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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA – MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CLÍNICA INTEGRADA
FERNANDA ZANDER GRANDE
AVALIAÇÃO DA DUREZA SUPERFICIAL DE CIMENTOS RESINOSOS
UTILIZADOS NA CIMENTAÇÃO DE PINOS DE FIBRA DE VIDRO.
PONTA GROSSA
2006
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FERNANDA ZANDER GRANDE
AVALIAÇÃO DA DUREZA SUPERFICIAL DE CIMENTOS RESINOSOS
UTILIZADOS NA CIMENTAÇÃO DE PINOS DE FIBRA DE VIDRO.
Dissertação apresentada para obtenção do
título de mestre na Universidade Estadual de
Ponta Grossa, no curso de Mestrado em
Odontologia – Área de concentração em
Clínica Integrada.
Orientador: Prof. Dr. Abraham Lincoln
Calixto
PONTA GROSSA
2006
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Grande, Fernanda Zander
G751a Avaliação da dureza superficial de cimentos resinosos utilizados
na cimentação de pinos de fibra de vidro / Fernanda
Zander Grande. Ponta Grossa, 2006.
120 f.; il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Ponta Grossa,
curso de Mestrado em Odontologia – área de concentração em Clínica
Integrada
Orientador Prof. Dr. Abraham Lincoln Calixto
1-Cimentos de resina. 2-Microdureza Vickers 3-Pinos de
fibra. IT.
CDD: 617.695
DADOS CURRICULARES
Fernanda Zander Grande
NASCIMENTO 03-09-1980 Ponta Grossa - Paraná - Brasil
FILIAÇÃO Italo Sergio Grande
Angela Zander Grande
1998/2002 Curso de Graduação em Odontologia.
Universidade Estadual de Ponta
Grossa (UEPG).
2003 Curso de Aperfeiçoamento em
Endodontia. Escola de
Aperfeiçoamento Profissional da
Associação Brasileira de Odontologia
Regional Ponta Grossa – Paraná
2004/2006 Curso de Pós-graduação em
Odontologia Área de Concentração -
Clínica Integrada, Nível Mestrado.
Universidade Estadual de Ponta
Grossa (UEPG)
Dedico a Deus que meu deu a oportunidade de estar viva e ter
nascido na família em que nasci. Agradeço ao Senhor todos os dias por ser quem eu
sou e poder contribuir mesmo que de maneira singela para melhorar o mundo dos
homens.
Ao meu pai Italo, você é meu exemplo, meu espelho. Se em toda
minha vida eu conseguir ser metade do que você é, meu querido pai, já estarei
totalmente realizada. Obrigada por ser o homem mais brilhante, mais inteligente,
mais honesto, mais carinhoso e mais centrado que existe neste mundo e por ter me
dado a vida mais maravilhosa que alguém pode ter.
À minha mãe Ângela que é linda por dentro e por fora. Sem você
nada do que realizei até hoje teria sido possível. Obrigada por ter dedicado a sua
vida para mim e para minha irmã, nunca saberei como retribuir este seu gesto.
Tentarei fazer isso estando sempre ao seu lado, como você sempre esteve ao meu.
Saiba que meu amor por você é o maior e o mais puro de todos os amores.
À minha irmã Christiana que tanto me ajudou na procura de
artigos, ficando horas no consultório para mim. Chris, eu tenho muito orgulho de
você, porque você é bonita, inteligente, vencedora e uma pessoa maravilhosa. Saiba
que minha casa sempre será a sua casa também e que nos meus sonhos e nas
minhas realizações você sempre estará presente.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Ao meu orientador Prof. Dr. Abraham Lincoln Calixto, por ter
repartido seu grande conhecimento comigo, por ter tido paciência e amizade. Tenho
grande admiração por você, pois é um excelente profissional e professor, muito
inteligente, esforçado, engraçado, criativo, sempre com uma visão aberta, sabendo
me mostrar como pensar da forma mais correta. Serei sempre grata por tudo.
Ao Prof. Dr. João Carlos Gomes e a Prof
a
. Dr
a
. Osnara Maria
Mongruel Gomes por sempre acreditarem e lutarem pelo crescimento do nosso
Mestrado e de nossa Instituição e por abrirem as portas de sua casa para todos nós.
Temos muito orgulho de vocês.
Ao Prof. Dr. Gibson Luiz Pilatti pela realização da estatística deste
trabalho e por ser sempre solícito às minhas dúvidas.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual de Ponta Grossa, na pessoa de seu reitor
Paulo Roberto Godoy e vice-reitor Ítalo Sérgio Grande pela oportunidade
outorgada.
Aos professores do curso do mestrado Abraham Lincoln Calixto,
Antonio Edgar Krolling, Benjamim de Melo Carvalho, Carlos Roberto Berger,
Denise Stadler Wambier, Elizabete Brasil dos Santos, Gislaine Celusniak,
Gibson Luiz Pilatti, Joane Augusto Souza Junior, Jorim Souza das Virgens
Filho, Leide Mara Schimidt, Stella Kossatz Pereira, Ulisses Coelho, Vitoldo
Antônio Kozlowski Júnior
À Prof
a
. Dr
a
. Leide Mara Schimidt, pelos conhecimentos que nos
passou no início do curso e que foram muito importantes na minha formação
profissional e principalmente pessoal. Hoje vejo como suas aulas foram valiosas. A
senhora é uma das melhores professoras que tive.
À Morgana das Graças Procz dos Santos pela sua competência,
amizade e dedicação ao curso.
À bibliotecária Ângela Maria de Oliveira pela ajuda na procura de
artigos científicos e revisão metodológica desta dissertação.
À companhia Dentsply pela doação dos materiais utilizados no
desenvolvimento da parte experimental da dissertação.
Aos meus companheiros de mestrado. Tenho muito carinho por cada
um de vocês João, José David, Márcia, Marissol, Laufer, Paty, Pri, Rafinha,
Ricardo, mas não poderia deixar de falar de quatro pessoas que marcaram muito
estes dois anos. Sandrinha, obrigada por colocar juízo em nossas cabecinhas, por
ser alegre e batalhadora nos momentos mais difíceis. Veri, obrigada por me mostrar
que se lutarmos por aquilo que queremos tudo dará certo, você é vencedora e eu te
adoro. Juju e Carol, minhas irmãzinhas do coração, graças a Deus vocês surgiram
na minha vida nestes anos tão difíceis, mas também maravilhosos, obrigada por
compartilharem comigo tantos momentos importantes de choro e de gargalhadas.
Vocês tornaram este caminho muito menos penoso. Estarei sempre aqui quando
precisarem de um ombro amigo.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o
desenvolvimento deste trabalho.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi analisar a interação de dois tipos de ativação de
sistemas adesivos (fotoativável e ativação dual) e dois tipos de ativação de cimentos
resinosos (ativação química e ativação dual) nos valores de microdureza Vickers dos
cimentos em diferentes profundidades de polimerização e diferentes proximidades
com o sistema adesivo utilizado. Foram utilizados 50 incisivos bovinos inferiores que
tiveram suas coroas seccionadas transversalmente para a utilização da porção
radicular. Os condutos radiculares foram preparados para a cimentação de pino de
fibra de vidro. Os dentes foram divididos aleatoriamente em cinco grupos: I) Sistema
adesivo Prime & Bond 2.1 com Self Cure Activator e cimento resinoso dual EnForce;
II) Sistema adesivo Prime & Bond 2.1 e cimento resinoso dual EnForce; III) ED
Primer e cimento resinoso químico Panavia 21; IV) Sistema adesivo Clearfil SE Bond
e cimento resinoso químico Panavia 21 e V) Sistema adesivo Prime & Bond 2.1 com
Self Cure Activator e cimento resinoso dual EnForce. No grupo V o cimento EnForce
não foi fotoativado ficando apenas com a ativação química. Após a cimentação dos
pinos as raízes foram então seccionadas em três secções de 3 mm de espessura
(cervical, média e apical) e após sete dias foi feita a análise da microdureza Vickers.
As secções de cada terço foram divididas em quadrantes iguais e em cada
quadrante foram realizadas duas identações, sendo uma próxima ao pino de fibra de
vidro e a outra próxima à parede do conduto radicular. Os resultados foram
submetidos à análise estatística ANOVA três critérios, havendo diferença estatística
entre os grupos foi feito o teste de Tukey para a comparação dos grupos dois a dois.
A aplicação do teste de Análise de Variância à três critérios revelou haver diferenças
estatisticamente significantes para as variáveis independentes: grupo, posição,
região, interação entre grupo e posição (p<0,001), e interação entre grupo e região
(p=0,041), não havendo, contudo, diferença estatisticamente significante para as
interações entre posição e região (p=0,983) e para a interação entre grupo, posição
e região (p=0,85). Concluiu-se que: a dureza superficial, independente do tipo de
cimento e dos sistemas adesivos esteve sempre presente em todas as regiões
analisadas do canal radicular; o cimento resinoso quimicamente ativado (GIII)
apresentou maiores valores de dureza superficial quando comparado ao cimento
resinoso de dupla ativação, independente da região analisada do canal radicular; o
fator profundidade de polimerização interferiu nos valores de dureza superficial em
todos os grupos, sendo mais evidente para os grupos onde o cimento foi fotoativado
(GI e GII) do que para os grupos com ativação química (GIII, GIV e GV) que
mostraram maior uniformidade nos três terços do conduto radicular; Houve
interferência dos sistemas adesivos utilizados nos valores de microdureza para
todos os grupos, o que pode ser observado nos menores valores encontrados
próximo aos sistemas adesivos, sendo mais evidente no GIV que utilizou o sistema
adesivo autocondicionante e menos evidente no grupo III que utilizou o Primer do
próprio cimento, mostrando a incompatibilidade entre os sistemas adesivos com
menor pH e a fase quimicamente ativada dos cimentos resinosos.
Palavras-chave: Cimentos de Resina. Microdureza. Pinos de fibra.
ABSTRACT
The purpose of this study was to investigate the interaction between two methods of
adhesive systems activation (chemically cured and dual cured) and two methods of
resin cements activation (chemically cured and dual cured) in Vickers microhardness
values of resin cements, in differents depths of cure and differents distances of the
adhesive systems used. There were 50 bovin inferior incisives which had their
crowns transversaly crosscuted to use the root portion. The canal roots were
prepared to the fiber posts cementation. The teeth were randomly divided in five
groups: I) Adhesive system Prime & Bond 2.1 with Self Cure Activator and dual resin
cement EnForce; II) Adhesive system Prime & Bond 2.1 and dual resin cement
EnForce; III) ED Primer and chemically cured resin cement Panavia 21; IV) Adhesive
system Clearfil SE Bond and chemically cured resin cement Panavia 21 e V)
Adhesive system Prime & Bond 2.1 with Self Cure Activator and dual resin cement
EnForce. In group V The EnForce wasn’t light-cured standing only with the
chemically activation. After posts cementation the roots were cuted in 3 portions with
3 mm eatch (cervical, medium and apical) and after 7 days the specimens were
tested. The specimens were divided in quadrants that recived 2 identations, one next
the fiber post and other next the canal root surface. Data were submitted to three-
way ANOVA and Tukey’s test. The application of these tests revealed statistically
significant differences for the variables: group, position, region; interaction between
group and position (p< 0,001), and interaction between group and region (p= 0,041).
There weren’t, however, statistically significant differences interaction between
position and region (p= 0.85). The conclusions were: the superficial hardness,
independently of the kind of cement and adhesive system was always present in all
regions of root canal; the chemically cured resin cement demonstrated the higher
values of hardness; the factor depth of cure interfered in superficial hardness values
in all groups, being more evident in GI and GII than GIII, GIV e GV; there was
interference of adhesive systems in microhardness values for all groups, what can be
observed in smaller values found next the adhesive systems. It was more evident in
GIV that used the self-etched adhesive system and less evident in GIII that used ED
Primer. The findings of this study demonstrates that the pH of adhesive systems
inluences the microhardness values of resin cements.
Key-words: Resin Cements. Microhardness. Fiber Posts.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Incisivo inferior bovino antes do corte ..................................................70
Figura 2 - Corte transversal da coroa do incisivo bovino......................................70
Figura 3 - Paquímetro digital demostrando o comprimento
das raízes.............................................................................................70
Figura 4 - Cilindro de PVC com cera e a raiz incluída...........................................71
Figura 5 - Raiz posicionada na cera com dique de borracha................................71
Figura 6 - Preparo do conduto com broca de
Largo (Maillefer)..................................................................................72
Figura 7 - Pino de fibra de vidro Reforpost (Angelus)...........................................72
Figura 8 - Silano (Dentsply).................................................................................. 75
Figura 9 - Silanização do pino...............................................................................75
Figura 10 - Sistema adesivo fotopolimerizável
Prime & Bond 2.1 (Dentsply)…………………………………… .............76
Figura 11 - Self Cure Activator (Dentsply)...............................................................76
Figura 12 - Aplicação do sistema adesivo com pincel
Microbrush............................................................................................77
Figura 13 - Radiômetro Demetron Research Corp..................................................77
Figura 14 - Cimento resinoso dual EnForce (Dentsply)..........................................78
Figura 15 - Papel e espátula para manipulação
do cimento EnForce............................................................................78
Figura 16 - Inserção do cimento com broca Lentulo (Maillefer)..............................78
Figura 17 - Estabilização do pino com pinça...........................................................78
Figura 18 - Fotoativação..........................................................................................78
Figura 19 - ED Primer que acompanha o cimento
Panavia 21 (Kuraray)............................................................................80
Figura 20 - Recipiente para a mistura dos líquidos A e B......................................80
Figura 21 - Cimento resinoso Panavia 21 (Kuraray).............................................80
Figura 22 - Pastas base e catalisadora do
cimento resinoso Panavia 21 (Kuraray).............................................80
Figura 23 - Inserção do cimento com broca
Lentulo (Maillefer)................................................................................81
Figura 24 - Estabilização do pino com pinça.........................................................81
Figura 25 - Sistema adesivo autocondicionante
Clearfil SE Bond (Kuraray)………………………………….…………...82
Figura 26 - Máquina de corte (ISOMET) com o dente posicionado.......................84
Figura 27 - Secções transversais representando..................................................84
os terços
Figura 28 - Microdurômetro HMV-2 (Schimadzu)...................................................85
Figura 29 - Divisão da secção transversal em quadrantes e
regiões de medição.............................................................................86
Figura 30 - Divisão dos quadrantes com lâmina
de bisturi...............................................................................................86
Figura 31 - Momento da identação com o diamante Vickers.................................86
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Valores de média para a variável dependente microdureza
segundo grupo.......................................................................................91
Gráfico 2 - Valores de média para a variável dependente microdureza
segundo região.......................................................................................92
Gráfico 3 - Valores de média para a variável dependente microdureza
segundo grupo e região..........................................................................92
Gráfico 4 - Valores de média para a variável dependente microdureza
segundo posição....................................................................................93
Gráfico 5 - Valores de média para a variável dependente microdureza
segundo grupo e posição.......................................................................93
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Valores de média e desvio padrão para a variável
dependente microdureza segundo grupo,
posição e região...................................................................................88
Tabela 2 - Valores de dureza para os corpos-de-prova do
grupo I................................................................................................115
Tabela 3 - Valores de dureza para os corpos-de-prova do
grupo II...............................................................................................116
Tabela 4 - Valores de dureza para os corpos-de-prova do
grupo III..............................................................................................117
Tabela 5 - Valores de dureza para os corpos-de-prova do
grupo IV.............................................................................................119
.
Tabela 6 - Valores de dureza para os corpos-de-prova do
grupo V..............................................................................................120
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Composição dos materiais utilizados de acordo
com as especificações dos fabricantes..............................................73
Quadro 2 - Especificações do pino de fibra de vidro
Reforpost (Ângelus), segundo o fabricante........................................74
Quadro 3 - Divisão dos grupos de estudo de acordo com o
sistema adesivo e agente cimentante
utilizados neste estudo........................................................................74
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Bis-GMA Bisfenol A glicidilmetacrilato
cm Centímetro
EDTA Ácido etilenodiaminotetracético
HEMA 2-Hidroxietilmetacrilato
g Gramas
Kgf QuilogramaForça
mm Milímetros
mm
2
Milímetros quadrados
MEV Microscópio eletrônico de varredura
MPa Megapascal
mW/cm
2
MiliWatts por centímetro quadrado
N Newton
NaOCl Cloreto de sódio
pH Potencial de hidrogênio iônico
TEGMA Trietilenoglicidilmetacrilato
UDMA Dimetacrilato de uretano
UEDMA Etildimetacrilato de uretano
4-META 4-metacriloxietil trimetilano anidro
μm Micrômetro
°C Grau Celsius
% Porcentagem
X Aumento de lente óptico
ZOE Cimento de óxido de zinco e eugenol
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................16
2 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................21
3 PROPOSIÇÃO ................................................................................................68
4 MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................69
4.1 OBTENÇÃO E PREPARO DOS DENTES .....................................................69
4.2 MATERIAIS UTILIZADOS...............................................................................72
4.3 DESCRIÇÃO DA OBTENÇÃO DOS GRUPOS EM
ESTUDO..........................................................................................................75
4.4 SECCIONAMENTO DAS RAÍZES PARA
ANÁLISE DA MICRODUREZA........................................................................83
4.5 ANÁLISE DA MICRODUREZA VICKERS.......................................................85
4.6 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO...................................................................87
5 RESULTADOS ...............................................................................................88
6 DISCUSSÃO...................................................................................................94
7 CONCLUSÃO...............................................................................................103
REFERÊNCIAS...................................................................................................................104
APÊNDICE A - Materiais utilizados: apresentação comercial
e recomendações dos fabricantes...............................................108
APÊNDICE B - Valores da microdureza Vickers de acordo
com a profundidade e a região de medição...............................114
16
1 INTRODUÇÃO
Dentes tratados endodonticamente normalmente necessitam de
restaurações com a aplicação de pinos intra-radiculares. Esses pinos podem ser
metálicos fundidos ou pinos pré-fabricados não metálicos que estão sendo muito
utilizados atualmente (STEWARDSON, 2001). Em ambos os casos, os pinos devem
se comportar como parte integrante da restauração e precisam apresentar uma série
de requisitos (STEWARDSON, 2001). Um pino ideal deve prover retenção, de
maneira a evitar o deslocamento da restauração e transferir forças adequadamente
ao dente, diminuindo os riscos de fratura radicular (ASMUSSEN; PEUTZFELDT;
HEITMANN, 1999). Os pinos pré-fabricados podem ser encontrados em vários
formatos, tamanhos e materiais, e desta forma podem ser utilizados nas diferentes
variações anatômicas do canal radicular e nas diferentes localizações do elemento
dental (ASMUSSEN; PEUTZFELDT; HEITMANN, 1999; STEWARDSON, 2001).
A melhora nas propriedades estéticas das restaurações livres de
metal criou a necessidade do desenvolvimento de pinos intra-radiculares capazes de
combinar propriedades óticas das restaurações estéticas e propriedades mecânicas
ideais (ASMUSSEN; PEUTZFELDT; HEITMANN, 1999). Os pinos pré-fabricados de
fibra de vidro têm sido o sistema de escolha para a reconstrução de dentes
anteriores tratados endodonticamente. Além de elevada resistência mecânica e
módulo de elasticidade semelhante ao da dentina, esses pinos possuem como
vantagem, a estética e o fato de a maioria deles ser fototransmissor, ou seja,
permitirem uma melhor penetração da luz através dos materiais, possibilitando uma
melhor fixação ao dente, uma vez que podem ser cimentados adesivamente
(ASMUSSEN; PEUTZFELDT; HEITMANN, 1999; VARELA et al., 2003). O
conhecimento do substrato dentário, principalmente o da dentina, associado ao
17
desenvolvimento tecnológico dos sistemas adesivos e cimentos resinosos têm
proporcionado melhores valores de adesão na cimentação desses pinos (FERRARI;
MANOCCI, 2000).
A utilização dos cimentos resinosos aumentou substancialmente nos
últimos anos sendo o material de escolha para a cimentação de peças estéticas
metal free e resinas indiretas. Esses materiais também são indicados para a
cimentação de pinos estéticos confeccionados em fibra de vidro ou carbono (EL-
MOWAFY; RUBO; EL-BADRAWAY, 1999). O sucesso dos tratamentos que utilizam
pinos intra-radiculares e cimentos resinosos depende de três fatores: do pino intra-
radicular, do cimento resinoso e do sistema adesivo a ser utilizado (VARELA et al.,
2003). Os cimentos resinosos têm sido recentemente recomendados para a
cimentação de pinos intra-radiculares por proporcionarem maior retenção e
aumento da resistência à fratura das raízes, quando comparados com os cimentos
convencionais (HOFMANN et al., 2001). Esses cimentos tiveram sua composição
modificada em relação às resinas compostas devido a adoção de grupamentos
funcionais hidrofílicos, hidroxietil metacrilato (HEMA) e 4-metacriloxietil trimetilano
anidro (4-META) (MAIA; VIEIRA, 2003).
De acordo com a reação de polimerização, os cimentos resinosos
podem ser classificados em fotoativáveis (polimerização pela emissão de luz azul),
autoativáveis (polimerização por reação química) ou duais (polimerização por reação
química e pela luz azul). Neste último, a reação de polimerização é iniciada pela
emissão de luz azul e por reação química (peróxido de benzoíla), através de
fotoiniciadores, como as cetonas aromáticas (canforoquinona) e aminas promotoras
da reação de polimerização. Essa característica serve para assegurar a completa
polimerização do cimento, mesmo sob restaurações opacas e espessas, onde a luz
18
não é capaz de chegar (GOMES; CALIXTO, 2004; MAIA; VIEIRA, 2003; PRAKKI;
CARVALHO, 2001).
Os cimentos com ativação química foram largamente utilizados para
a cimentação de vários tipos de trabalhos protéticos. Esses materiais apresentam
uma polimerização uniforme através de toda a restauração, porém apresentam a
desvantagem do tempo de trabalho limitado. Os cimentos fotoativáveis são
normalmente utilizados para a cimentação de facetas estéticas anteriores, no
entanto a diminuição da profundidade de polimerização com o aumento da
espessura da restauração causada pela atenuação da luz, tem limitado a sua
utilização. Os cimentos resinosos duais iniciam sua ativação química quando se
misturam as pastas base e catalisadora e também quando são submetidos à luz de
um fotopolimerizador (EL-BADRAWAY; EL-MOWAFY, 1995).
Em restaurações estéticas indiretas e cimentação de pinos intra-
radiculares, uma porção da luz emitida pelo fotopolimerizador é absorvida pelo
material e não é transmitida para o cimento. Nessa situação, áreas do cimento que
receberam luz insuficiente para ativar as substâncias fotossensíveis, dependem
apenas da ativação química para assegurar a sua completa polimerização
(FONSECA; CRUZ; ADABO, 2004). Uma polimerização adequada é um fator
fundamental para a obtenção das propriedades físicas e mecânicas necessárias
para um bom desempenho clínico dos cimentos resinosos (SANTOS et al., 2000).
Entretanto, estudos realizados através de testes de microdureza, têm
demonstrado que os cimentos com ativação dual não atingem sua dureza máxima
quando polimerizados apenas quimicamente (CAUGHMAN; CHAN; RUEGGEBERG,
2001; FONSECA; CRUZ; ADABO, 2004; RUEGGEBERG e CAUGHMAN, 1993).
Outro fator importante a ser considerado, baseado em trabalhos recentes que
demonstram menor força de união entre os sistemas adesivos fotoativáveis
19
simplificados e materiais resinosos quimicamente ativados, devido ao baixo pH
destes adesivos, é a existência de uma incompatibilidade química entre o sistema
adesivo utilizado e a fase química ativada do cimento resinoso (FRANCO et al.,
2005; SANARES et al., 2001).
A conversão dos monômeros resinosos tem sido analisada por
espectrofotometria de raios infra-vermelhos (CAUGHMAN; CHAN; RUEGGEBERG,
2001; RUEGGEBERG; CAUGHMAN, 1993.) e por testes de propriedades físicas,
como dureza e resistência flexural. Esses estudos demonstraram que as
propriedades mecânicas têm correlação positiva com o grau de conversão dos
materiais resinosos, ou seja, quanto maior o grau de conversão dos materiais
resinosos, melhores propriedades físicas irão apresentar (DARR; JACOBSEN,
1995).
Existe a necessidade de maiores esclarecimentos por meio de
estudos científicos que possam demonstrar o comportamento dos cimentos
resinosos, principalmente os de dupla polimerização indicados para a cimentação de
pinos de fibra de vidro, frente aos fatores que possam interferir no sucesso desse
procedimento, como a dificuldade de penetração da luz.
As propriedades mecânicas obtidas durante a cimentação de pinos
de fibra de vidro são fatores fundamentais na obtenção de união adesiva ao
substrato dentinário e boa qualidade final do trabalho executado pelo cirurgião
dentista. Frente a esse fato, e sendo a avaliação da microdureza superficial um
método indireto de verificação do grau de conversão dos monômeros em polímeros
(HOFMANN et al., 2001), o objetivo deste trabalho foi analisar a interação de
diferentes sistemas adesivos de ativação pela luz azul e dual e dois tipos de
ativação de cimentos resinosos (ativação química e ativação dual) nos valores de
20
microdureza Vickers dos cimentos em diferentes profundidades de polimerização e
diferentes proximidades com o sistema adesivo utilizado.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
Buonocore (1955), em seu trabalho utilizou dois métodos no
tratamento da superfície do esmalte para melhorar a adesão dos materiais
restauradores à esta superfície. No primeiro método utilizou uma diluição de 50% de
um reagente de fosfomolibdênio contendo tungstênio e sódio juntamente com uma
solução de ácido oxálico a 10%. No segundo método foi utilizada uma solução de
ácido fosfórico a 85%. Obteve então uma comparação qualitativa da adesão nos
dois métodos através de testes periódicos de resistência feitos na resina acrílica
colocada no esmalte e na dentina tratada e não tratada de dentes extraídos.
Evidências positivas foram encontradas nos dentes que utilizaram o tratamento com
os ácidos. Em seguida, os mesmos procedimentos foram realizados “in vivo” em
pacientes voluntários, obtendo-se resultados que também mostraram uma melhora
significativa na adesão da resina acrílica quando foram utilizados os ácidos
descritos. O ácido fosfórico mostrou uma força de adesão maior que o ácido
fosfomolibdênio-oxálico, abrindo uma possibilidade para a melhora na adesão das
restaurações e conseqüentemente diminuição de cáries recorrentes.
Em seu trabalho clássico, Bowen (1963), observou que as
propriedades físicas dos materiais utilizados para restaurações dentárias
melhoraram quando foram reforçados por partículas de sílica que receberam um
tratamento especial de superfície. Esse tratamento foi realizado com vinilsilano.
Antes a sílica era considerada hidrofílica e após o tratamento tornou-se organofílica.
Para servir de matriz orgânica para o reforço de sílica, um comonômero foi
preparado utilizando-se bisfenol e glicidil metacrilato (Bis-GMA). Após isto foi feita a
mistura da sílica com o Bis-GMA. Obteve-se uma boa consistência quando foi
utilizado 70% de sílica e 30% do comonômero. Vários testes foram realizados para
22
analisar as características físicas do novo material normalmente fazendo-se uma
comparação do mesmo com o cimento de silicato. As características observadas
foram: força de fratura, solubilidade e desintegração, coeficiente de expansão
térmica, estabilidade de cor, opacidade, força de compressão, força de tração,
módulo de elasticidade, dureza de superfície e toxicidade. Praticamente todas as
propriedades melhoraram com a utilização do reforço de sílica tratada em conjunto
com o Bis-GMA.
Nakamichi; Iwaku e Fusayama (1983), realizaram um estudo com a
finalidade de verificar a possibilidade da utilização de dentes bovinos em
substituição aos dentes humanos em pesquisas, pois, é cada vez maior a dificuldade
de se obter dentes humanos com o progresso da Odontologia conservadora. Foram
utilizados três cimentos de policarboxilato, um cimento de ionômero de vidro, um
cimento de fosfato de zinco e duas resinas compostas. Estudaram dentes humanos
e bovinos extraídos e hígidos. O esmalte e a dentina dos incisivos superiores e dos
primeiros molares humanos superiores foram preparados, assim como o esmalte e a
dentina dos incisivos inferiores bovinos, expondo os dois substratos. Também foi
investigada a mudança na adesão de acordo com a profundidade da dentina. Foram
comparados dentes extraídos a menos de cinco dias e a mais de seis meses, a fim
de observar a mudança na adesão dependendo do tempo de estocagem dos dentes.
Uma matriz de cobre foi colocada em contato com o substrato preparado e
preenchida com os cimentos e resinas. As amostras foram submetidas ao teste de
resistência adesiva a uma velocidade de 0,8 mm/min. As morfologias do esmalte e
da dentina foram analisadas através do microscópio eletrônico de varredura (MEV).
Não houve diferenças estatísticas na resistência adesiva entre o esmalte bovino e
humano, bem como na dentina superficial dos dois substratos, independentemente
do material utilizado e do tempo de armazenamento dos dentes. A resistência
23
adesiva reduziu na dentina bovina mais profunda. As morfologias do esmalte e da
dentina, humana e bovina, apresentaram-se semelhantes nas fotomicrografias, tanto
antes como após o condicionamento ácido.
Blackman; Barghi e Duke (1990), desenvolveram um estudo onde
examinaram e compararam a influência de materiais intermediários utilizando duas
marcas comerciais de cerâmica na polimerização de cimentos resinosos para a
cimentação de restaurações cerâmicas indiretas. Foram feitas amostras cerâmicas
de 11 mm em quatro espessuras (0,5; 1; 2; 3 e 4 mm) com dois materiais: Vita VMK
68 porcelain (Vivadent, Baldwin Park, Calif.) e Dicor cast glass ceramic (Dentsply
International, York. Pa.). Amostras de resina de 0,5 mm por 6 mm de diâmetro foram
feitas em um molde metálico entre a amostra cerâmica e uma placa de vidro. Para
esse estudo dois tipos de cimentos resinosos foram utilizados: light curing Porcelite
yellow (Kerr Manufacturing Co; Romulus, Mich.) e dual curing Dicor translucent
(Dentsply International). Os tempos de exposição variaram de 30 a 120 segundos.
As amostras foram montadas em placas de vidro e a superfície polimerizada através
do vidro foi analisada pelo teste de microdureza Knoop. A polimerização dos dois
cimentos atingiu cura mais satisfatória sob amostras de cerâmicas finas do que sob
as amostras mais espessas. Nenhum aumento na dureza foi constatado com o
aumento do tempo de exposição à luz. Os cimentos Porcelite yellow e Dicor
translucent cement alcançaram altos níveis de dureza no tempo de 60 segundos sob
as amostras de 0,5 e 1 mm das duas cerâmicas. Utilizando amostras finas de
porcelanas, Dicor cement atingiu sua presa máxima em um tempo menor que o
recomendado. Os dois cimentos estudados tiveram presas melhores sob espessuras
de cerâmica de 3 mm e 4 mm sob as amostras da Dicor glass-ceramic com o tempo
recomendado de 60 segundos. O Porcelite cement precisou de um tempo de
24
ativação maior. Nenhum dos cimentos obteve uma presa suficiente sob as
espessuras de 3 e 4 mm da cerâmica VMK 68.
Hansen e Asmussen (1993), realizaram uma pesquisa com o
objetivo de examinar a relação entre a dureza superficial de uma resina fotoativável,
ativada por diferentes fontes (aparelhos fotopolimerizadores), e a profundidade de
polimerização. Para o teste de dureza, foram preparadas 15 amostras para cada
aparelho fotoativador, utilizando um molde de teflon com diâmetro de 3,6 mm. O
molde foi preenchido com uma resina de micropartícula (Silux Plus, 3M) e colocado
no fundo das amostras de teste em contato íntimo com uma superfície de dentina
úmida e plana. Utilizou-se dentina humana como superfície de fundo das amostras,
para simular a reflexão da luz da dentina humana in vivo. A porção superior do
material restaurador foi coberto com uma matriz e irradiada por 40 segundos. As
amostras foram irradiadas com um intervalo de 2 minutos entre elas e armazenadas
a 37ºC. Após 7 dias, a dureza da superfície e da parte profunda foram mensuradas
com uma Máquina de Micro-identação Wallace (dureza Vickers). Uma força inicial de
0,01 N por 15 segundos foi aplicada, seguida de uma força de 1 N por 60 segundos.
Para o teste de cavidade a profundidade de polimerização de 10 fontes de ativação
foram testadas em cavidades realizadas em molares humanos extraídos. As
cavidades eram cilíndricas com um diâmetro de aproximadamente 4,5 mm e uma
profundidade de 8 a 10 mm. As cavidades foram preenchidas com uma resina de
micropartícula (Silux Plus, 3M), cobertas por uma matriz e irradiadas por 40
segundos. Após 5 minutos, a superfície oclusal do dente foi aplainada com um disco
de carborundum até que o compósito fosse exposto. A resina não polimerizada foi
descartada e a dureza do material restante foi mensurada através de um medidor.
Foram realizadas 4 amostras para cada fonte polimerizadora. Não houve relação
entre a profundidade de polimerização e a dureza superficial. O trabalho mostrou
25
que as fontes de irradiação pobres podem polimerizar a superfície da amostra tão
efetivamente quanto as fontes fortes, no entanto as superfícies mais endurecidas,
em alguns casos, esconde um material pobremente polimerizado ou até não
polimerizado.
Rueggeberg e Caughman (1993), examinaram a extensão de
polimerização utilizando espectroscopia de raios infra-vermelhos em quatro marcas
de cimentos duais que foram submetidos a várias condições de polimerização.
Analisou-se especificamente a capacidade da ativação química alcançar níveis
equivalentes de monômeros convertidos a ativação através da luz. Os cimentos
utilizados no trabalho foram: Ultra-Bond (Dent-Mat Corp), Mirage FLC (Chameleon
Dental), Porcelite (Sybron/Kerr) e Heliolink (Vivadent USA). Os materiais foram
manipulados conforme as instruções do fabricante. Após completamente
espatulados, os cimentos foram colocados sobre um cristal KRS-5. Um pequeno
pedaço de tira de poliéster foi colocado sobre os cimentos e pressionada, fazendo
com que o material se espalhasse através do cristal. Os materiais receberam os
seguintes tratamentos: foram colocados imediatamente em um local livre da
exposição da luz (ativação química), ou foram fotoativados por 60 segundos. Um
segundo grupo de amostras foi preparado utilizando uma camada de 1,5 mm de
resina composta Heliomolar. Essa lâmina polimerizada foi pressionada contra os
cimentos espatulados e não polimerizados, e então foram polimerizados através da
lâmina. As amostras foram fotopolimerizadas por 20 segundos ou por 60 segundos.
Em vários tempos após a espatulação (2, 5, 10, 30, 60 minutos), as amostras foram
colocadas no espetrofotômetro infra-vermelho. A porcentagem de monômeros
convertidos em polímeros foi calculada para cada amostra e para cada tempo
especifico, utilizando uma técnica estandartizada. O potencial de polimerização dos
componentes químicos e dos componentes fotopolimerizáveis das quatro marcas
26
comerciais avaliadas tiveram muita variação conforme a marca. Mesmo após 24
horas, a polimerização dos componentes da ativação química foi significativamente
menor do que quando a resina foi exposta a qualquer tipo de luz. Não houve
nenhuma evidência indicando um aumento substancial na conversão de monômeros
dos componentes de ativação química 24 horas após a espatulação. Para quase
todas as resinas testadas, a polimerização observada 10 minutos após a
espatulação foi quase equivalente a polimerização após 24 horas.
Darr e Jacobsen (1995), realizaram um trabalho para determinar a
eficiência e proporção de polimerização dos cimentos resinosos de ativação dual,
quando polimerizados de acordo com as instruções do fabricante com um emissor
de luz visível apropriado, sob condições onde a polimerização pela luz foi excluída e
a ativação foi dependente apenas da reação química. Os materiais utilizados neste
trabalho foram: Porcelite (Kerr), Duo cement (Coltène), Dual (Ivoclar), Universal
Zement (Ivoclar) e Kulzer (Heraeus Kulzer). Os agentes de união foram utilizados na
forma de um fino filme entre a restauração e o dente. As amostras foram feitas
utilizando-se duas placas de vidro com espaçadores de papel entre elas para criar a
lâmina antes e depois da polimerização. Para variar a espessura das lâminas uma
série de espaçadores de papel indo de 95 μm a 987 μm foram utilizados. Observou-
se que a dureza tornou-se constante a partir de uma lâmina acima de 180 μm . Os
testes foram então realizados com lâminas de espessura de 200 μm e os materiais
foram manipulados numa proporção de 1 para 1. O material espatulado foi colocado
em uma placa de vidro e dois espaçadores foram colocados de cada lado da placa.
Outra placa foi então pressionada contra os espaçadores, criando uma fina lâmina.
Dois grupos foram preparados, o grupo do cimento dual que foi preparado de acordo
com as instruções do fabricante utilizando uma fonte de luz visível, e o grupo de
ativação somente química, cujas amostras foram preparadas sob um filtro amarelo
27
minimizando a ativação da luz ambiente. Dez amostras de cada grupo foram
realizadas e testadas por um período de 28 horas. A microdureza foi mensurada em
um microidentador de teste Wallace com um diamante Vickers. Cada amostra foi
testada diretamente após a polimerização, após 40 segundos e então após 10, 20 e
30 minutos seguidos de 4, 24 e 28 horas com 10 identações realizadas em cada
amostra em cada tempo. Foi realizada a análise de variância (ANOVA) e o teste t de
student. Apesar dos valores de dureza demonstrarem um bom grau de
polimerização, é possível dizer que os agentes cimentantes testados precisam de 24
horas para atingirem as suas características ideais. A polimerização pela luz mostrou
um melhor efeito nos 30 minutos iniciais mas, após isto, os dois grupos aumentaram
a dureza de maneira semelhante. Os resultados sugeriram que os agentes
cimentantes foram de fato insuficientemente polimerizados durante os primeiros
estágios da cimentação. Ocorreu um rápido aumento da dureza imediatamente após
a polimerização pela luz, seguida de um constante aumento na dureza nas 24 horas
seguintes. As amostras de polimerização somente química mostraram um constante
aumento nas primeiras 24 horas, mas estavam muito moles para serem examinadas
nos primeiros 30 minutos. A polimerização dual foi mais efetiva que a polimerização
apenas química. Clinicamente poderão existir áreas pobremente polimerizadas nas
regiões mais profundas das restaurações.
El-Badraway e El-Mowafy (1995), analisaram a dureza de alguns
cimentos resinosos duais disponíveis no mercado, muitos deles ainda não
investigados previamente. Foram analisados quando polimerizados apenas por
ativação química e também pelas duas maneiras: ativação química e através de luz
visível. O efeito de lâminas cerâmicas e inlays de resina composta na dureza dos
cimentos também foi investigado. Sete marcas comerciais de cimentos resinosos
duais foram analisadas: Dicor MGC Cement (Dentsply), Dual Cement (Vivadent),
28
Indirect Porcelain System Dentist bonding kit (3M), Porcelite Dual Cure (Kerr), Sono-
Cem (ESPE), Twinlook (Heraeus Kulzer). Quatro amostras em forma de disco
medindo 2,5 mm de espessura e 6 mm de diâmetro foram preparadas com cada
cimento em um molde de teflon, não fotoativadas. As amostras foram mantidas em
uma caixa escura e colocadas em uma estufa a 37ºC sem presença de luz. Foram
preparadas mais quatro amostras com cada material da mesma maneira, porém
estas foram submetidas à luz de um fotopolimerizador por 60 segundos, em apenas
uma superfície. Uma máquina Tukon 300 para microdureza Knoop (Acco Industries
Inc. Wilson Instrument Division, Bridgeport, Conn.) foi utilizada para cada espécie,
determinando a dureza superficial em 1 hora, 24 horas e 1 semana de intervalos.
Cinco leituras de dureza foram obtidas de cada amostra, para cada intervalo. Os
dados foram submetidos a análise de variância (ANOVA). Na segunda parte da
investigação, foi analisado o efeito de inlays de diferentes espessuras de cerâmica
na dureza dos cimentos. Seis espaçadores, de 1 mm cada um foram preparados
com um material para restaurações de inlay (Laboratory Inlay kit, Kerr Manufactoring
Co.). Vinte e quatro amostras foram preparadas com cada cimento da mesma
maneira já descrita, porém, durante a fotopolimerização, os espaçadores eram
colocados entre o fotopolimerizador e a superfície de topo das amostras, variando a
espessura dos espaçadores. A dureza superficial também foi analisada da mesma
maneira descrita anteriormente. Os valores de dureza de todos os cimentos foram
menores com a ativação química do que com a ativação dual. Com poucas
exceções, os cimentos resinosos demonstraram um aumento na dureza com o
passar do tempo. Na segunda parte desse trabalho, quando os cimentos foram
polimerizados através de espaçadores cerâmicos, a maioria apresentou uma
diminuição na dureza com o aumento na espessura dos espaçadores. Para três dos
cimentos analisados, a ativação apenas química resultou em valores de dureza 25%
29
menores do que os valores obtidos com a ativação dual, mesmo após uma semana
de estocagem. Para um número considerável de cimentos, uma significante redução
da dureza foi observada quando foram utilizados espaçadores com 2 a 3 mm de
espessura. O Dicor MGC Cement exibiu os maiores valores de dureza.
Tenis et al. (1997), afirmaram que durante muito tempo as
restaurações em dentes tratados endodonticamente desafiaram a dentística
restauradora. Dessa forma, meios auxiliares de retenção e resistência têm sido
estudados, buscando melhorias na restauração do elemento dental. Dentre esses
meios auxiliares estão os pinos intra-radiculares pré-fabricados que, como o próprio
nome indica, são confeccionados previamente, respeitando características básicas
que permanecem constantes em cada sistema. Segundo os autores, os pinos pré-
fabricados, oferecem benefícios imediatos, como facilidade de manipulação e
extinção de fases laboratoriais, que por sua vez diminuem o tempo clínico,
possibilitando a restauração do elemento dentário imediatamente. Os pinos pré
fabricados podem ser rosqueáveis ou cimentados e independentemente do tipo
utilizado, é de grande importância a técnica e o tamanho do pino utilizado. Para a
utilização de tais pinos, o conduto radicular deve ser preparado adequadamente,
com mínimo estresse dentinário. Os pinos pré-fabricados permitem a utilização de
diversos sistemas de núcleos de preenchimento tais como: resina composta,
amálgama, ionômero de vidro e, os mais indicados, os compósitos reforçados com
titânio. Observaram que o fracasso do dente está ligado diretamente ao dente e não
a falhas nos sistemas de pinos pré-fabricados. Verificaram também que esses pinos
têm as vantagens de possuírem resistência igual ou maior que a dos núcleos
fundidos, sem as imperfeições da fundição além de serem utilizados em canais não
paralelos ou multirradiculares.
30
Ganss e Jung (1998), realizaram um trabalho com o intuito de avaliar
o efeito de materiais restauradores provisórios com e sem eugenol em sua
composição, na força de adesão de cimentos resinosos duais à dentina. Como a
estrutura e a permeabilidade das amostras podem influenciar na força de adesão e
na característica de difusão da dentina, os valores da força de adesão e a espessura
da dentina foram correlacionados. Utilizaram 16 terceiros molares encrustrados em
material resinoso fotoativável e seccionados horizontalmente na câmara pulpar e no
meio da coroa, utilizando um disco diamantado com refrigeração. As amostras foram
divididas em cinco grupos de 12 elementos e a superfície de dentina foi cortada,
sendo que, em quatro dos grupos, foram completamente cobertas com material
temporário. No grupo 1 as amostras foram cobertas com ZOE, no grupo 2, as
amostras receberam o Temp-Bond (com eugenol, Kerr), no grupo 3 utilizou-se
Fermit (resina composta temporária, Vivadent) e, no grupo 4 utilizou-se Provicol
(com hidróxido de cálcio, Voco). As amostras do grupo 5 foram mantidas limpas,
para servirem de controle. Todas as amostras foram armazenadas em solução
salina (37ºC) por 10 dias. Após esse período os materiais temporários foram
removidos com uma cureta até que a superfície da dentina estivesse
macroscopicamente limpa. As amostras dos 4 grupos e do grupo controle foram
limpas com clorexidina, lavadas com água e secas com ar. O adesivo Syntact
(Vivadent) foi utilizado de acordo com as recomendações dos fabricantes. Para a
aplicação dos compósitos, cilindros de plástico estandartizados foram preenchidos
com Dual Cement (Vivadent). Esses cilindros foram colocados sobre a dentina e
fotoativados por 60 segundos com o Optilux 400 (Demetron). Os cilindros resultantes
tinham 1,4 mm de diâmetro e dois cilindros foram colocados sobre cada dente. A
força de adesão foi avaliada através de uma máquina de teste universal Zwick. A
maior força de falha foi utilizada. A força de adesão foi calculada em MPa. Após a
31
força ter sido aplicada, a espessura da dentina na interface compósito/dentina,
dependendo da profundidade da câmara pulpar, foi mensurada com um paquímetro.
Os resultados mostraram não existir diferenças estatísticas na força de adesão entre
os grupos. Houve uma leve tendência para menores valores de força adesiva
quando as espessuras de dentina foram menores. A conclusão foi de que os
materiais com ou sem eugenol não tem efeito adverso na força de adesão do
cimento resinoso dual (Dual Cement), utilizado em conjunto com o adesivo Syntact.
Ainda permanecem muitas dúvidas sobre o número relativo de
radicais livres, dependendo do material e intensidade de irradiação e sua relação
com a dureza. Esse fato motivou Menezes e Muench (1998), a realizarem uma
pesquisa, relacionando número relativo de radicais livres com dureza Knoop de
resinas compostas. Foram empregadas resinas compostas de cores claras e
escuras respectivamente, a saber: Z100 (ultrafina) da 3M, A2 e B2; Silux Plus
(micropartículas) da 3M, XL e U; Heliomolar RO (micropartícula) da Vivadent, 20 e
30. A fotoativação foi feita com fonte de luz halógena da marca XL 1500 (3M). A sua
intensidade máxima, lida com radiômetro (Demetron Research Corp.), foi de 580
mW/cm
2
.
Para se conseguir as outras intensidades empregadas (110, 180, 300
mW/cm
2
), intercalaram-se dispositivos para distanciar a fonte do objeto irradiado. Os
tempos de irradiação foram de 10, 20, 30, 40, 50, 60, 80 e 90 segundos. Os corpos-
de-prova foram obtidos em moldes de silicona de 2,5 mm de diâmetro e 2,0 mm de
espessura. Cinco minutos após a irradiação, os corpos-de-prova eram submetidos
aos ensaios de ressonância paramagnética eletrônica, para determinar o número de
radicais livres. Para os ensaios de dureza Knoop foram feitos corpos-de-prova
empregando-se discos de poliacetil, com perfurações de 2,5 mm de diâmetro e 2,0
mm de espessura. Os testes foram realizados com as cores claras, A2, XL e 20
respectivamente dos materiais Z100, Silux Plus e Heliomolar RO. As durezas foram
32
determinadas na face de irradiação e na face oposta. As intensidades usadas para
os ensaios de dureza foram 110 e 300 mW/cm
2
, pelos tempos de 20, 40, 60 e 80
segundos. As durezas foram determinadas nos tempos de 5 minutos, 1 hora, 1 dia, 1
semana e 1 mês. A cor influenciou no número de radicais livres. As cores claras
apresentaram valores maiores de dureza. O número relativo de radicais livres
aumentou com o aumento da intensidade e tempo de irradiação. A resina Z100
apresentou um número relativo de radicais livres 3 vezes maior do que as outras
duas. A maior intensidade de luz conduziu em média a maiores valores de durezas
nas três resinas, e o maior tempo de exposição não aumentou a dureza da resina
Z100. A dureza aumentou no tempo de 1 mês e o lado da irradiação sempre
apresentou dureza maior do que o lado oposto. A resina Z100 apresentou dureza
bem maior que as outras duas. Com a resina Z100 não foram encontradas
correlações entre o número relativo de radicais livres e a dureza, ao contrário das
outras duas resinas.
Asmussen; Peutzfeldt e Heitmann (1999), investigaram quatro tipos
de pinos intra-radiculares, sendo dois feitos de zircônia (Biopost e Cerapost), um
feito de titânio (PCR), que recebeu um tratamento especial de superfície para aderir
à resina composta utilizada como material do núcleo, e o último feito de fibra de
carbono (Composipost). Canais radiculares artificiais foram feitos em um bloco de
metal, com diâmetros correspondentes aos dos pinos. Os pinos foram então
cimentados nos canais artificiais com Panavia 21 (Kuraray). Após o endurecimento
do agente cimentante em 24 horas, as amostras foram colocadas numa Máquina de
Teste Universal (Instron) para produzir uma curva de deflexão. A rigidez dos pinos
foi definida como a força necessária para flexionar o pino em 0,05 mm e o limite
elástico foi definido quando a curva de deflexão começou a ficar em linha reta. A
força do pino foi definida no momento em que houve a curva máxima de deflexão.
33
Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância e ao teste t de student.
Os resultados mostraram diferenças consideráveis entre os quatro tipos de pinos,
sendo os pinos a base de cerâmica os mais rígidos e fortes. A rigidez do
Composipost foi menor do que o PCR. O PCR foi tão forte quanto os pinos
cerâmicos, porém menos rígido do que estes. Os pinos de fibra de carbono
apresentaram os menores valores de rigidez, limite elástico e força, o que pode fazer
com que estes distribuam as forças para o dente de maneira mais uniforme.
El-Mowafy; Rubo e El-Badraway (1999), avaliaram o grau de dureza
obtido para cimentos resinosos de ativação química apenas e também para os de
ativação dual. Foram utilizados 8 cimentos resinosos: Adherence M
5
(Confi-Dental
Products, Louesville), Choice (Bisco, Ine, Itasca), Duolink (Bisco, Ine), EnForce
(Dentsply/Caulk, Milford), Lute-It (Jeneric/Pentron, Ine, Wallingford), Nexus (Kerr
USA, Orange), Resinomer (Bisco, Ine) e Variolink (Vivadent, Shaan, Liechtenstein).
O efeito da interposição de uma lâmina cerâmica na dureza dos cimentos foi
avaliada. Oito amostras de 6 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura foram
preparadas para cada cimento, utilizando-se anéis de aço. Um grupo de amostras foi
preparado e mantido em uma caixa escura a 37ºC sem ativação pela luz. Outro
grupo de amostras foi preparado da mesma maneira, porém foram submetidas à
ação do fotoativador por 60 segundos. A microdureza das amostras foi mensurada
através de um identador Knoop (Tukon 300 microhardness tester, Acco Industries,
Inc, Wilson Instrument Division, Bridgeport, Ct 06602). A dureza foi determinada em
1 hora, 1 dia e 1 semana. Cinco identações foram obtidas para cada amostra em
cada tempo. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste ANOVA. O
efeito da interposição de uma lâmina cerâmica na dureza dos cimentos foi analisada
numa segunda etapa. Um grupo de 6 espaçadores cerâmicos de espessuras de 1
mm até 6 mm foram preparados com Cerec Vita Blocks (Vita Zahnfabrik, Bad S
34
ackingen, Germany). O espaçador foi colocado entre a superfície superior da
amostra e do aparelho fotoativador. A dureza dos cimentos em geral foi menor para
aqueles com ativação apenas química quando comparados com os cimentos de
ativação dual. Para 3 dos cimentos examinados (Adherence, Duolink e Variolink) a
ativação apenas química resultou em valores de dureza menores que 50% dos
valores obtidos com a ativação dual, mesmo após uma semana de estocagem. Para
a maioria dos cimentos avaliados houve uma dureza significativamente menor
quando utilizados os espaçadores de 2-3 mm. O EnForce apresentou maiores
valores de dureza quando as amostras foram ativadas quimicamente nos três
intervalos de tempo.
Schilke et al. (1999), realizaram um estudo com o intuito de avaliar se
a dentina bovina pode ser comparada à dentina humana em testes de resistência
adesiva. Foram utilizados 30 incisivos permanentes bovinos, 30 dentes decíduos e
30 terceiros molares humanos, não irrompidos. Os dentes bovinos foram
seccionados com disco diamantado com refrigeração na junção cemento/esmalte.
Os dentes humanos e as coroas dos dentes bovinos foram seccionadas no sentido
mésio-distal. A raiz e a metade coronária lingual dos dentes humanos foram
descartadas. As metades coronárias vestibulares de todos os dentes e as raízes
bovinas foram incluídas em resina acrílica autopolimerizável, para que a dentina
fosse reduzida, através de desgaste da superfície vestibular e pulpar, a uma
espessura de 1,0 mm. Sobre as superfícies dentinárias pulpar e vestibular da
dentina das raízes bovinas e das coroas dos dentes permanentes humanos, e sobre
a superfície vestibular da dentina dos dentes decíduos, foi aplicado o sistema
adesivo (Syntact Enamel/Denting Bonding System) e uma resina híbrida (Tetric) de
acordo com as instruções do fabricante. Após 24 horas as amostras foram
submetidas ao teste de cisalhamento. A dentina humana decídua apresentou os
35
menores resultados de resistência adesiva, enquanto os maiores valores foram
atingidos pela dentina bovina radicular. Não houve diferença estatística entre a
resistência da dentina profunda e da dentina superficial. Da mesma forma, não
houve diferença estatística entre a resistência adesiva da dentina coronária humana
e bovina. Concluiu-se que a dentina bovina pode substituir a dentina humana
permanente em estudos de adesão, porém não pode substituir a dentina decídua.
Ferrari et al. (2000), realizaram um estudo com o objetivo de analisar
a morfologia dos túbulos dentinários no interior do canal radicular. Analisaram
também se houve aumento na área superficial para a adesão após o
condicionamento ácido e a influência da densidade dos túbulos na formação da
camada híbrida. Utilizaram 30 dentes anteriores humanos, que tiveram suas coroas
removidas. As raízes foram instrumentadas com irrigação de hipoclorito de sódio a
2,5% e foram divididas em três grupos de forma aleatória. No grupo I as amostras
foram preparadas para observação da morfologia original e do tamanho dos túbulos
dentinários da dentina radicular em MEV, após a instrumentação endodôntica e
antes do condicionamento ácido. No grupo II as amostras foram preparadas para
análise em MEV, para calcular o aumento da superfície dentinária para adesão e
identificar as áreas com problemas de adesão após o condicionamento da dentina
radicular com ácido fosfórico a 32% por 15 segundos. No grupo III as amostras
foram preparadas para a observação da camada híbrida e dos tags resinosos. O
canal radicular foi condicionado, lavado e seco com pontas de papel absorvente.
Seguiu-se a aplicação do sistema adesivo All Bond 2 em todas as paredes do canal.
Foi feita então a cimentação de um pino de fibra de carbono com cimento resinoso
C&B (Bisco). Após a cimentação do pino e completa ativação do cimento resinoso,
as amostras foram fraturadas no sentido longitudinal. As amostras foram preparadas
para MEV. Foi observado que a densidade dos túbulos dentinários foi
36
significativamente maior no terço coronário do que nos terços médio e apical. Houve
aumento do diâmetro dos túbulos após o condicionamento ácido. A superfície
dentinária disponível para a adesão aumentou em 202% no terço coronário, 156%
no terço médio e 113% no terço apical após o condicionamento ácido. A camada
híbrida apresentou-se menos espessa no terço apical, enquanto nos terços médio e
cervical, a espessura da camada híbrida foi significativamente maior. Os braços
laterais dos tags de resina foram observados somente nos terços médio e cervical.
Ferrari e Manocci (2000), realizaram um estudo com o objetivo de
avaliar in vivo o comportamento de um sistema adesivo de frasco único na dentina
radicular durante o procedimento de cimentação adesiva de um pino de fibra de
vidro. Para esse trabalho foi selecionado um caso clínico de fratura radicular
cervical, cujo dente havia sido tratado endodonticamente há sete anos e estava
indicado para a extração. O canal radicular recebeu um preparo para a cimentação
de um pino de fibra de vidro. Foi realizado então o condicinamento ácido da dentina
radicular com ácido fosfórico a 32% por 15 segundos. Após a lavagem e secagem
foram aplicadas duas camadas do sistema adesivo One-Step (Bisco) que foi
fotoativado por 20 segundos. O pino de fibra de vidro foi cimentado com o cimento
resinoso C&B (Bisco). Com a autorização do paciente, após uma semana o dente foi
extraído e seccionado no sentido longitudinal. Uma das secções foi preparada para
análise em MEV da camada híbrida, e a outra secção foi mergulhada em uma
solução de ácido clorídrico a 30% por 24 horas, para dissolução do substrato
dentário e observação dos tags resinosos. Observou-se tags mais compridos no
terço cervical do que nos terços médio e apical e a camada híbrida teve espessura
de 3 a 5 μm. Concluiu-se que o sistema adesivo One-Step utilizado em conjunto com
o cimento resinoso C&B tem bons resultados na cimentação de um pino de fibra de
vidro.
37
Sabe-se que o grau de polimerização pode alterar a dureza
superficial das resinas e que este depende de vários fatores como: tempo de
fabricação ou tempo de prateleira do produto, tipo de aparelho fotoativador, cor da
resina, tempo de polimerização, tempo pós-polimerização, intensidade da luz e
profundidade da resina composta. Baseando-se nesses dados, Santos et al. (2000),
compararam o grau de dureza Knoop da resina composta através de corpos-de-
prova nas profundidades de 1, 2, 3 e 4 mm, em tempos de 20 e 40 segundos,
utilizando 3 aparelhos fotoativadores, sendo 2 do tipo pistola e 1 a cabo. Os
aparelhos fotoativadores utilizados foram o Optilight II (Gnatus) e o XL 1500 (3M) do
tipo revólver e o aparelho Fibralux (Dabi Atlante), a cabo. Foram testados dois
tempos de ativação (20 e 40 segundos) utilizando a resina Z100 (3M) na cor A2 e
variando 4 profundidades (1, 2, 3 e 4 mm) e 3 repetições com 3 medidas para cada
região. Para os testes foi utilizada uma matriz de poliacetato composta de 2 partes:
uma totalmente plana e outra contendo uma cavidade retangular de 6 mm de
profundidade, 4 mm de largura e 3 mm de altura. A cavidade da hemi-matriz foi
preenchida com a resina e coberta com uma lamínula de vidro para a obtenção de
maior lisura superficial e ausência de bolhas. Em seguida, a outra parte da matriz
era sobreposta, ficando apenas uma pequena extremidade em contato com o meio
externo, na qual foi feita a incidência de luz dos fotoativadores. Terminada a
ativação, a parte superior da matriz e a lamínula de vidro foram removidas. A
superfície da resina para análise foi a que esteve em contato com a lamínula. A
resina composta, logo após a sua ativação e ainda posicionada na hemi-matriz, foi
levada ao microdurômetro HMV 2000 (Shimadzu). Para o teste foi utilizado o
penetrador Knoop com 50 g de carga, pelo tempo de 45 segundos. Em cada
milímetro foram realizados 3 ensaios de dureza nos 2 mm centrais de cada
profundidade. Os valores foram submetidos à análise estatística. Para o fator tempo
38
constatou-se que com 40 segundos a microdureza foi maior que com 20 segundos.
Para o fator aparelho, o aparelho a cabo Fibralux promoveu a menor microdureza. O
primeiro milímetro de profundidade apresentou sempre os maiores valores de
dureza. Foi detectada diferença entre os aparelhos do tipo revólver no tempo de 40
segundos, ou seja, o aparelho XL 1500 promoveu maior dureza que o Optilight. Em
uma mesma profundidade, a dureza sempre foi maior no tempo de 40 segundos. As
profundidades mostraram diferenças estatísticas significativas entre si, tendo sido
encontrada maior dureza para as menores profundidades.
Schilke et al. (2000), compararam o número e o diâmetro dos túbulos
dentinários da dentina de incisivos centrais permanentes bovinos e da dentina
humana decídua e permanente (terceiros molares). Tanto a dentina coronária como
a radicular dos dentes bovinos foram avaliadas, enquanto somente a dentina
coronária dos dentes humanos foi submetida a investigação. Os dentes foram
cortados mesio-distalmente, a metade lingual e as raízes dos dentes humanos foram
descartadas e, em seguida, a superfície vestibular e pulpar das coroas de todos os
dentes e das raízes bovinas foram desgastadas até a dentina remanescente atingir a
espessura de 1,0 mm. Esse procedimento determinou que a superfície pulpar
representaria a dentina profunda, enquanto a superfície vestibular representaria a
dentina mediana. O número dos túbulos dentinários foi contado no centro de cada
corpo-de-prova em fotomicrografias com 500 X de aumento, enquanto o diâmetro
dos mesmos (apenas 10 túbulos para cada corpo-de-prova) foi determinado a um
aumento de 15.000 X. De todos os grupos avaliados, a dentina radicular bovina
apresentou o maior número de túbulos dentinários por mm
2
. A densidade dos
túbulos dentinários foi maior na dentina profunda, próxima à câmara pulpar, para
todos os grupos, com exceção para a dentina bovina, que apresentou valores
semelhantes para a dentina mediana e profunda. A média do diâmetro dos túbulos
39
dentinários na dentina radicular bovina foi maior que na dentina humana, entretanto
sem diferença estatisticamente significativa. Segundo os autores, os resultados
desse estudo sugerem que, em preparos padronizados, a dentina coronária de
incisivos centrais bovinos pode substituir a dentina de molares humanos em estudo
de adesão, enquanto a dentina radicular bovina parece ser menos apropriada para
este tipo de estudo, devido a significativa maior densidade dos túbulos dentinários.
Caughman; Chan e Rueggeberg (2001), em seu experimento,
analisaram o desempenho de seis cimentos de ativação dual em cinco situações
clinicas diferentes, verificando se esses agentes cimentantes realmente exercem as
funções as quais se propõem. Foram utilizados os cimentos, Calibra, Choice, Insure,
Lute-it!, Nexus e Variolink II. As cinco situações clínicas foram semelhantes a:
cimentação das margens de uma restauração com fotoativação (Ligth Mylar),
fotoativação na profundidade de 3 mm em porcelana (inlay), cimentação das
margens de uma restauração com ativação de um cimento resinoso dual (Dual
Mylar), ativação dual na profundidade de 3 mm em porcelana (onlay) e ativação
química (sem ativação pela luz) de um cimento resinoso na cimentação de uma
coroa metálica. Os corpos-de-prova foram guardados em recipientes escuros e
submetidos, após sete dias, ao teste de conversão de polimerização (conversão dos
monômeros e polímeros). Este teste obtém um espectro da quantidade de
monômeros não convertidos. Concluíram que nenhum dos seis cimentos duais
testados foram efetivos em todas as situações clínicas, não atendendo a todas suas
funções propostas. O grau de conversão máxima de um cimento resinoso de
ativação dual foi melhor do que a conversão máxima quando utilizada apenas o
modo de fotoativação. O uso de uma única pasta fotoativável deve ser restrita a
situações clínicas onde a profundidade alcançada seja menor do que 3 mm. Quando
essa profundidade for maior os cimentos duais devem ser usados, pois
40
apresentaram efetividade nesse caso. Muitos dos sistemas testados apresentaram
graus de conversão semelhantes quando apenas ativados quimicamente ou
somente ativados pela luz, demonstrando maior efetividade da combinação das
modalidades de ativação.
Gaston et al. (2001), realizaram um trabalho com o objetivo de
mensurar a resistência adesiva de um cimento resinoso em três diferentes regiões
da dentina no interior do canal radicular (terço cervical, médio e apical). Para isso,
foram selecionados 20 caninos humanos, os quais tiveram as coroas removidas na
altura da junção amelo-cementária. Em seguida, foi realizado o preparo para o pino
com brocas Gates-Glidden, em baixa rotação. As raízes tiveram as superfícies
mesial ou distal desgastadas longitudinalmente até a exposição do canal radicular.
As amostras foram divididas em dois grupos com 10 amostras cada, de acordo com
o cimento resinoso utilizado, a saber: (G1) C&B Metabond (Bisco) e (GII) Panavia
21(Kuraray). As amostras foram cortadas com disco de diamante de forma a obter-
se em média 6 a 10 palitos por amostra, com dimensões de 1,0 mm X 1,0 mm X 8,0
mm, os quais foram divididos de acordo com a região a que pertenciam. Os palitos
foram submetidos ao teste de microtração, a uma velocidade de 0,6 mm/min, e os
resultados indicaram que não houve diferenças estatisticamente significativas entre
os cimentos resinosos testados, entretanto, houve diferença na resistência adesiva
entre as regiões analisadas (p<0,05), sendo esta maior na região cervical que nas
regiões média e apical.
Hofmann et al. (2001), testaram a hipótese do mecanismo de
ativação química dos cimentos resinosos ser efetivo na polimerização desses
materiais. Além disso, o efeito da ativação química foi comparado com a fotoativação
(testando a fotoativação apenas da pasta base) e foi comparado também com a
ativação dual (testando a fotoativação após a mistura da pasta base com a pasta
41
catalisadora). Um cimento resinoso com ativação exclusivamente química serviu
como controle. Finalmente, a influência da irradiação através de uma camada de
porcelana de 2,5 mm nos cimentos fotoativados e de ativação dual foi determinada.
Foram realizadas medidas da força flexural, módulo de elasticidade e dureza
superficial. Os cimentos duais utilizados foram: Cerec Vita Duo Cement (Coltène),
Variolink II (Vivadent), Sono Cem (ESPE), Nexus (Kerr). O cimento de ativação
química foi o Panavia 21 (Kuraray). Amostras dos cimentos duais foram realizadas
através de camadas microscópicas de acordo com cinco diferentes métodos de
ativação. a) Ativação química: iguais quantidades de pasta base e pasta catalisadora
foram misturados. O material espatulado foi colocado nos moldes utilizando Centrix.
b) Ativação dual: depois da espatulação os materiais foram introduzidos nos moldes
e irradiados por 40 segundos dos dois lados utilizando lâmpada halógena com uma
intensidade de luz de 950 mW/cm
2
. c) Ativação dual através da porcelana: as
amostras foram preparadas da mesma maneira que do grupo anterior, porém
durante a irradiação, overlays de cerâmica de 2,5 mm foram posicionados entre a
ponta do aparelho fotoativador e as amostras. d) Ativação pela luz: a pasta base dos
materiais de ativação dual foram introduzidas nos moldes e irradiados como já
descrito. e) Ativação pela luz através da porcelana: as pastas base foram irradiadas
através de overlays cerâmicos. As amostras da resina ativada quimicamente
(Panavia 21) foram exclusivamente preparadas de acordo com o grupo de ativação
exclusivamente química. A força flexural e o módulo de elasticidade foram avaliados
de acordo com a ISO 4049. Amostras de 2 X 2 X 2.5 mm foram preparadas
utilizando um molde dividido de aço inoxidável colocado sobre uma lâmina. Os
cimentos resinosos foram inseridos no molde com leve excesso e cobertos com
matriz e uma lâmina. As amostras do grupo exclusivamente de ativação química
foram armazenadas de maneira a excluir totalmente a luz ambiente. De acordo com
42
a ISO 4049, as amostras fotoativadas devem ser irradiadas posicionando a
extremidade do fotoativador sobre o centro do molde e ativando a luz pelo tempo
designado. Nesse estudo toda a amostra foi irradiada utilizando quatro
fotoativadores idênticos colocados sobre todo o molde, de tal maneira que a
irradiação foi uniforme em toda a amostra. As amostras foram removidas dos moldes
e analisadas por uma máquina de teste universal. A força flexural e o módulo de
elasticidade foram calculados. Para avaliar a dureza superficial, amostras de 5 X 5
mm foram preparadas entre lâminas, utilizando um molde de silicone com 2 mm de
altura. A ativação foi realizada de acordo com os protocolos já descritos. A dureza
Vickers foi medida 24 horas após a polimerização utilizando um identador com
4.905N por 30 segundos. Para cada amostra foram realizadas 3 identações. Dez
amostras foram preparadas para cada tipo de ativação e tipo de cimento. A análise
estatística foi realizada utilizando o teste de Mann-Whitney. Para todos os materiais
e parâmetros, a ativação dual produziu valores maiores do que a ativação apenas
pela luz, mesmo quando irradiados através da porcelana. No protocolo de ativação
pela luz utilizando a porcelana houve uma diminuição dos valores quando
comparados com o protocolo de ativação pela luz, sem utilizar a porcelana. Os
autores concluíram que a dupla ativação determinou melhores resultados que a
ativação química e foto, para os mesmos cimentos, compensando a falta de
irradiação nos grupos fotoativados através do espaçador cerâmico.
Prakki e Carvalho (2001), realizaram uma revisão da literatura sobre
os cimentos resinosos duais e observaram que os cimentos resinosos são
compostos por um sistema monomérico Bis-GMA em combinação com monômeros
de baixa viscosidade, além de cargas inorgânicas (vidros com carga metálica, SiO
2
)
tratadas com silano. Possuem agentes de união que são uma combinação de
monômeros resinosos bifuncionais e polimerizáveis (4-META, HEMA e outros) e
43
solventes orgânicos: água, acetona e álcool. Quanto à ativação, os cimentos
resinosos podem ser classificados em autoativáveis, ativáveis por ação de luz visível
e dupla reação (dual). Neste último, a reação de ativação é iniciada pela emissão de
luz visível e por reação química (peróxido de benzoíla), monômeros fotoiniciadores,
como as cetonas aromáticas (canforoquinona) e aminas promotoras da reação de
polimerização. Esta categoria serve para assegurar a completa ativação do cimento,
mesmo sob restaurações opacas e espessas, onde a luz não é capaz de alcançar.
Os cimentos resinosos de cura dual foram desenvolvidos para ser utilizados sob
restaurações estéticas, pois permitem a passagem de luz, que irá iniciar a ativação,
cabendo à reação química a função de complementar a reação em regiões
profundas, onde a luz não é capaz de alcançar. Se o cimento dual não sofrer a
fotoativação, poderá ocorrer uma grande reação inflamatória, uma vez que a reação
química unicamente não será capaz de compensar a reação iniciada pela luz visível,
levando a uma subpolimerização do material. Para que se obtenha adequada linha
de cimentação e redução dos efeitos indesejáveis da diluição dos monômeros
resinosos da camada híbrida, uma solução pode se encontrar na utilização de
cimentos resinosos duais em associação a sistemas de união também de ativação
dual. Os resultados dos trabalhos que envolvem cimentos resinosos da categoria
dual, vêm demonstrando desempenho extremamente promissor. Entretanto,
trabalhos futuros, principalmente trabalhos clínicos à longo prazo, ainda são
necessários para que se possa de fato consagrá-los. Por hora, fica o profissional
consciente, incubido de obedecer rigorosamente às características, limitações e
indicações desses materiais, a fim de otimizar os seus procedimentos, uma vez que,
nenhum material ainda é capaz de satisfazer à todas as situações clínicas.
Sanares et al. (2001), avaliaram o efeito de quatro sistemas adesivos
de frasco único, com diferentes pH, na união a resinas foto e quimicamente ativadas,
44
através do teste de microtração e análise em MEV. Foram selecionados 24 terceiros
molares humanos recentemente extraídos. O esmalte oclusal foi inicialmente
removido pelo corte de um disco de diamante e a dentina subjacente foi polida com
lixa 600, sob constante refrigeração, com o objetivo de criar smear layer. Os dentes
foram aleatoriamente divididos em quatro grupos, de acordo com o sistema adesivo
utilizado, a saber: (GI) Prime & Bond NT; (GII) Optibond Solo; (GIII) Single Bond e
(GIV) One-Step. Os sistemas adesivos foram empregados de acordo com as
recomendações dos fabricantes. A seguir, cada grupo foi dividido em dois
subgrupos, de acordo com o tipo de ativação da resina composta utilizada: resina
composta fotoativável (Z100) e quimicamente ativada (Bis Fil 2B), totalizando 8
subgrupos com 3 dentes cada. Esses materiais foram aplicados de acordo com as
instruções dos fabricantes de tal forma que um bloco de resina com 5,0 mm de altura
foi confeccionado sobre a superfície dentinária. Após serem armazenados em água
destilada por 24 horas a 37°C, cada amostra foi cortada com disco de diamante em
pequenos palitos de 0,9 mm de espessura, totalizando 48 a 67 palitos para cada
grupo, os quais foram devidamente fixados e submetidos ao teste de microtração a
uma velocidade de 1,0 mm/min em Máquina Universal de Ensaios (Model 4440,
Instron Inc. Canton, MA, USA). O modo de fratura foi individualmente avaliado em
estereomicroscópio a 30 X, e foram classificadas em: a) falha adesiva; b) falha
mista; c) falha coesiva. Os dados foram submetidos à análise estatística (ANOVA)
para avaliar os efeitos dos sistemas adesivos e do modo de ativação das resinas
compostas, e a interação entre estes dois parâmetros na resistência adesiva. Para
análise em MEV foram selecionados quatro palitos de cada grupo. Além disso, foi
obtida a acidez de cada sistema adesivo e a correlação entre este fator e a
resistência adesiva foi analisada através de regressão linear simples. Os resultados
mostraram que o efeito dos diferentes sistemas adesivos, os modos de ativação das
45
resinas compostas e a interação entre estes dois fatores foram estatisticamente
significativas (p<0,01). Não foram encontradas diferenças estatísticas na força
adesiva entre os quatro sistemas adesivos testados com a resina fotoativável
(p>0,05), entretanto, a resistência adesiva foi significativamente menor quando a
resina quimicamente ativada foi utilizada. Foi encontrada uma correlação positiva
entre a acidez dos sistemas adesivos e a força adesiva para o subgrupo da resina
composta quimicamente ativada. O tipo de falha predominante ocorreu ao longo da
interface sistema adesivo/resina composta.
Stewardson (2001), por meio de um artigo de revisão da literatura,
demonstrou a importância recente dos pinos não metálicos, a causa da maioria de
suas falhas e os tipos de pinos não metálicos disponíveis no mercado. Afirmou que a
introdução dos sistemas de pinos não metálicos iniciou uma gama de atividades de
pesquisa em torno desses materiais. Os resultados dessas pesquisas demonstram
que esses pinos podem ser largamente utilizados na prática clínica, porém com uma
correta indicação e técnica. Também é essencial considerar que uma restauração
retida por um pino é composta de um sistema formado pelo pino, pelo material do
núcleo e pelo agente cimentante e que focar a atenção em apenas um deles é um
equívoco. Cada um desses elementos pode influenciar no sucesso de toda a
restauração. Os clínicos devem conhecer as recomendações para a seleção do pino
adequado a cada situação, bem como a técnica correta a ser utilizada.
De forma geral, os sistemas de ativação por luz são vantajosos e o
profissional tem grande controle sobre o tempo de trabalho, porém algumas
dificuldades podem ser encontradas em alguns sistemas de ativação, tais como a
porcentagem de conversão dos monômeros, o grau e a profundidade de
polimerização. Carreira e Vieira (2002), utilizaram duas resinas compostas
(Definite/Degussa e Filtek P 60/3M), cor A 3,5 para a realização de 20 corpos-de-
46
prova (10 de cada resina) com medidas de 2 mm de espessura por 8 mm de
diâmetro. Após o preenchimento da matriz metálica com resina, colocou-se uma tira
de matriz de poliéster e a seguir fotoativou-se por 40 segundos, mantendo-se a
ponta do fotoativador sobre a matriz. A intensidade de luz foi medida através dos 10
corpos de prova de cada resina, usando-se um radiômetro. Esses corpos-de-prova
foram recolocados na matriz metálica e a fonte de luz foi aplicada através dos
mesmos. Para a outra medição a luz foi aplicada sem a presença da matriz,
obtendo-se assim a intensidade de luz sem a interferência da matriz. Nesse trabalho,
também foi medida a intensidade de luz em diversas distâncias do fotoativador e
para isso, foram interpostas matrizes metálicas perfuradas com espessuras
diferentes (2 mm; 6,3 mm e 9,3 mm) entre o radiômetro e a ponta do fotoativador. Os
resultados encontrados mostram que há uma queda acentuada de intensidade de
luz que ocorre através de 2 mm de resina composta, podendo a diminuição da
energia de ativação chegar até a 95%. A redução na intensidade de luz através de 2
mm da resina composta varia conforme os materiais. O fato da intensidade de luz
diminuir com a distância da fonte de luz em relação à resina composta, permite-nos
fazer uso de técnicas de ativação para controle de contração sem a necessidade de
novos equipamentos. O uso de matrizes metálicas diminui a intensidade de luz,
portanto, em situações clínicas diárias, deve-se dar preferência às matrizes
transparentes que permitem a passagem da luz, principalmente em áreas de difícil
acesso à ponta do fotoativador.
Consani et al. (2002), realizaram um trabalho com a finalidade de
verificar o efeito da inserção do compósito em camadas ou bloco único e dos
métodos de ativação por luz intermitente, sobre os valores de dureza Knoop dos
compósitos odontológicos Z100 (3M) e Alert (Jeneric/Pentron), com diferentes
conteúdos de carga. As amostras foram confeccionadas em uma matriz acrílica
47
contendo uma cavidade com 4 mm de diâmetro por 4 mm de espessura. O
compósito foi inserido na matriz de duas maneiras diferentes, ou seja, em uma única
porção ou em duas camadas com 2 mm de espessura cada uma. Os corpos-de-
prova foram então fotoativados de acordo com um dos métodos propostos: luz
contínua emitida pelo aparelho XL 3000, com intensidade de 520 mW/cm
2
, por 40
segundos; duplo pulso, com espaçador de 12 mm de comprimento adaptado na
ponteira do aparelho XL 3000, para que a emissão de luz fosse de 150 mW/cm
2
por
10 segundos, seguido de 30 segundos a 520 mW/cm
2
, sem espaçador; e luz pulsátil
de 520 mW/cm
2
emitida pelo aparelho Optilux 400 especialmente adaptado para
esse propósito, sendo 2 segundos ligado e 1 segundo desligado, até completar 60
segundos. Cinco corpos-de-prova foram confeccionados para cada grupo, de acordo
com o método de fotoativação e tipo de inserção, totalizando 30 repetições para
cada material. Os corpos foram submetidos ao teste de dureza Knoop nas regiões:
30 mm abaixo da superfície de incidência direta da luz, nas regiões intermediárias de
1,5 mm e 2,5 mm de profundidade e na região de fundo. As medidas de dureza
foram feitas com penetrômetro HMV 2000 Shimadzu (Japão), sob carga de 50 g, por
30 segundos Quatro penetrações foram realizadas em cada região de análise,
totalizando 16 penetrações para cada amostra. A análise de variância e o teste de
Tukey (5%) mostraram que a Z100 apresentou maior valor de dureza, a inserção
dupla foi melhor que a inserção única e a dureza de superfície foi maior que nas
demais profundidades, independentemente dos demais fatores. Para a resina Z100,
todos os métodos de ativação promoveram maior dureza na inserção dupla,
enquanto que na Alert, a ativação por luz contínua promoveu similaridade estatística
entre os dois tipos de inserção. A Z100 mostrou similaridade estatística entre os
métodos de fotoativação somente na inserção dupla, enquanto na resina Alert a
48
similaridade estatística ocorreu na inserção única entre as ativações por duplo pulso
e luz pulsátil.
Fan et al. (2002), realizaram um estudo que pesquisou se a
profundidade de polimerização de vários matizes de cinco resinas compostas
comercialmente disponíveis estava dentro da definição do padrão ISO quando foram
irradiadas com uma intensidade de 300mW/cm
2
. Na especificação da ISO, a
profundidade de polimerização é definida como 50% do comprimento das amostras
de resina composta ativada após a porção não ativada ter sido retirada por
raspagem ou escavação. Depois é usado um critério específico de
aprovação/reprovação para comparar a profundidade de polimerização de 1,5 mm
requerida para determinar se o material encontra-se dentro das normas
padronizadas. Para o trabalho foi utilizada uma fonte de luz ativadora (Optilux 400,
Demetron). Como o objetivo do estudo era pesquisar diversas resinas compostas e
não comparar as marcas, os materiais foram designados como A, B, C, D e E. A
profundidade de polimerização para cada amostra foi determinada usando o método
descrito no padrão ISO 2000 para materiais cimentantes e restauradores
fotoativáveis. Para a confecção das amostras foi utilizado um molde de aço de 6 mm
de altura por 4 mm de diâmetro. Em seguida, as amostras foram irradiadas com a
luz fotoativadora ajustada pra liberar 300mW/cm
2
. Cada amostra de resina composta
foi irradiada pelo tempo recomendado pelo fabricante. O material não polimerizado
foi removido manualmente através da raspagem com uma espátula. Com um
micrômetro, foi medido o comprimento do corpo-de-prova polimerizado. A
profundidade de polimerização foi registrada como 50% do comprimento medido do
remanescente. Os autores concluíram que uma intensidade de luz de 300mW/cm
2
polimerizará com eficiência a maioria dos matizes das resinas compostas no tempo
indicado pelo fabricante, mas alguns materiais podem requerer tempo maior.
49
Acreditam que é importante para o dentista estabelecer o tempo apropriado de
polimerização de várias resinas compostas usadas no consultório odontológico, e
periodicamente verificar a eficácia do desempenho da luz polimerizadora e da resina
composta.
Hagge; Wonng e Lindemuth (2002), avaliaram o efeito de três
diferentes tipos de cimentos endodônticos na retenção de pinos intra-radiculares
cimentados com cimentos resinosos. Para isso, 64 dentes unirradiculares foram
tratados endodonticamente e divididos de forma aleatória em quatro grupos, com 16
dentes cada. Os dentes do Grupo I (controle) não foram obturados. Os demais
dentes foram obturados com guta percha e os seguintes cimentos: (GII) cimento
endodôntico a base de eugenol (Kerr Pulp Canal Sealer); (GIII) cimento endodôntico
resinoso (AH 26); (GIV) cimento endodôntico a base de hidróxido de cálcio
(Sealapex). Após uma semana de armazenamento em 100% de umidade, os canais
foram preparados para pino (10,0 mm de profundidade) e o pino Parapost foi
cimentado com Panavia 21. Após 48 horas, as amostras foram montadas em tubos
de PVC com resina acrílica, e os pinos foram removidos verticalmente utilizando a
Máquina Universal de Ensaios, a 1,0 mm/min. Os resultados foram submetidos à
análise estatística, observando-se que as amostras do Grupo I apresentaram maior
retenção dos pinos que as do Grupo II, mas nenhuma outra diferença significativa foi
encontrada entre os grupos. Os autores concluíram que a formulação química dos
cimentos endodônticos utilizados não interferiu significativamente na retenção dos
pinos intra-radiculares cimentados com cimento resinoso.
Machado et al. (2002), avaliaram, por meio de teste de dureza, a
capacidade de polimerização de três aparelhos fotoativadores diferentes, utilizando
uma única resina composta. Para este procedimento foram selecionados aparelhos
fotoativadores de luz visível, de marcas comerciais diferentes: Curing Light 2500
50
(3M), Kreative Kuring Light (Kreative Inc.) e Apollo 95 E (DMC Corp.). A Charisma
(Kulzer) foi a resina composta utilizada. Durante a avaliação dos aparelhos
fotoativadores, procedeu-se a medição, através de um radiômetro Curing
Radiometer (Demetron), da intensidade de luz emitida. A determinação dos valores
de intensidade de luz foi realizada em todos os aparelhos, antes e após o uso,
durante um tempo de exposição de 10 segundos. Para a obtenção dos corpos-de-
prova, utilizou-se uma matriz metálica cilíndrica, composta de duas porções distintas,
cada uma contendo cavidade com 4 mm de diâmetro, 5 mm de altura e 2 mm de
profundidade. As duas porções da matriz foram justapostas com o emprego de pinos
guias, conferindo uma superfície plana à cavidade interna. Os tempos de exposição
à luz foram aqueles recomendados pelos fabricantes dos aparelhos. Para o Curing
Light 2500, foram confeccionados 5 corpos-de-prova fotoativados por 40 segundos.
No aparelho Kreative Kuring Light, foram confeccionados 5 corpos-de-prova
fotoativados por 10 segundos. No aparelho Apollo 95 E os 5 corpos-de-prova foram
fotoativados por 6 segundos. Neste aparelho o tempo de exposição foi determinado
através de informações obtidas no plano piloto. As medidas de dureza foram
realizadas após 24 horas de confecção dos corpos-de-prova. O aparelho utilizado foi
o Wolpert (Otto-Wolpert_Werke GMBH), equipado com diamante Vickers e uma
carga de 50g, durante um tempo de 30 segundos. Com uma régua e uma lâmina de
bisturi, os corpos-de-prova receberam uma linha no sentido do longo eixo, dividindo-
o a cada milímetro. Em cada milímetro foram realizadas 6 impressões, 3 de cada
lado, sendo sempre uma central e duas laterais, até uma profundidade padronizada
de 3 mm. Avaliando comparativamente a dureza Vickers, o fotoativadorr Curing Light
2500, utilizado com 40 segundos, a resina apresentou maior valor de dureza. O
aparelho Apollo 95 E, utilizado com 6 segundos, apresentou menor valor de dureza,
ficando o Kreative Kuring Light, utilizado com 10 segundos em posição intermediária.
51
Independentemente do aparelho fotoativator utilizado, observou-se que quanto maior
a profundidade da resina, menores os valores de dureza Vickers encontrados.
Maluly Filho (2002), realizou um trabalho com o objetivo de avaliar o
grau de polimerização de dois cimentos resinosos duais (Rely X/3M e Variolink
II/Vivadent), através de testes de microdureza Vickers. Para isso foram utilizados 20
dentes bovinos hígidos, que foram seccionados transversalmente no limite
esmalte/cemento. As raízes foram desprezadas e as coroas seccionadas
transversalmente na metade da distância cérvico-incisal. Cada fragmento de coroa
foi incluído em resina acrílica e desgastado até a total exposição da dentina. Os
cimentos foram aderidos aos dentes em um anel de aço com 6 mm de diâmetro e
0.2 mm de altura. No início as amostras de cimento foram fotoativadas diretamente e
depois através de um espaçador cerâmico com 8 mm de diâmetro e 2 mm de altura,
utilizando laser de argônio e luz visível como fontes ativadoras. As amostras foram
então divididas em quatro quadrantes e submetidas ao teste de dureza Vickers na
porção central de cada quadrante. Os resultados não mostraram haver diferença
estatística nos valores de microdureza entre os dois cimentos testados. As amostras
que foram fotoativadas diretamente apresentaram maior microdureza quando
comparadas com as que foram fotoativadas através do espaçador cerâmico. As
amostras mostraram maior dureza quando fotoativadas com o laser, havendo
diferença estatística.
Martins et al. (2002), realizaram um trabalho estudando a influência
da intensidade de luz e cor da resina no grau da dureza Knoop de um compósito
odontológico. Foi utilizada a resina composta Fill Magic nas matizes A, B, C, D e I,
croma 3. As amostras foram feitas através de matrizes de poliéster envoltas por um
anel de cobre, com cavidade na região central medindo 2 mm de espessura por 6
mm de diâmetro. Foi utilizado um aparelho fotoativador Elipar Trilight (ESPE)
52
calibrado para emitir 3 intensidades de luz diferentes, a saber: 450 mW/cm
2
, 800
mW/cm
2
e uma intensidade de luz gradativa de 100mW/cm
2
a 800 mW/cm
2
, durante
40 segundos. A inserção do material foi feita em um único incremento e condensado
na cavidade da matriz que foi interposta por lâminas de vidro. A polimerização do
material realizou-se adaptando a ponta do aparelho fotoativador diretamente sobre a
lâmina de vidro. Foram realizados 18 corpos de prova para cada cor, ou seja, 6
corpos de prova por intensidade, totalizando 90 corpos de prova. Os testes de
dureza foram realizados após a armazenagem por 24 horas nas regiões de topo e
base, sob uma carga de 100g por 10 segundos, utilizando um microdurômetro HMV-
2000 Schimadzu Microhardness Tester (Japão) e um penetrador tipo Knoop
acoplado a um sistema de análise que utilizava um software de imagem CAMS-WIN
(New Age Industries- EUA), perfazendo um total de 10 penetrações por amostra,
com distância de 1 mm entre as identações, sendo 5 na superfície de incidência da
luz e 5 na região oposta, totalizando 900 medições. Em relação a intensidade de luz,
as diferenças foram estatisticamente significativas, ao se verificar que, com a
intensidade de luz progressiva, obteve-se em média o maior grau de dureza Knoop.
Notou-se também que, apesar de não haver diferença estatística no grau de dureza
da resina composta segundo a cor, as cores C3 e D3 apresentaram, em média,
menores valores de dureza que as demais, concluindo-se portanto, que a cor do
compósito não influenciou no grau de dureza em corpos de prova com 2 mm de
espessura.
As propriedades físicas e biológicas dos cimentos resinosos podem
variar consideravelmente devido às diferenças na quantidade e qualidade das suas
fases poliméricas e inorgânicas, assim como a eficácia dos seus mecanismos de
presa. Atlar; Tam e McComb (2003), fizeram um estudo com o objetivo de comparar
a força flexural, o módulo de elasticidade, a radiopacidade e o pH de marcas
53
comerciais de 5 categorias de agentes cimentantes. Dois agentes cimentantes
resinosos foram incluídos. Os materiais utilizados nessa pesquisa foram: cimento de
fosfato de zinco Flecks (Reystone/Mizzy), cimento de ionômero de vidro
convencional Fuji luting cement (GC Corp.), cimento de ionômero de vidro
modificado por resina Rely X Vitremer luting cement (3M Dental Products), cimento
resinoso dual Calibra (Dentsply), cimento resinoso dual Rely X Adhesive resin
cement (3M Dental Products), resina autopolimerizável Crown & Bridge luting
cement (Bisco Dental Products). Os cimentos de ativação dual foram fotoativados
em um grupo e não foram fotoativados em outro grupo. Todos os materiais foram
utilizados de acordo com as recomendações dos fabricantes. O cimento de fosfato
de zinco foi manipulado e utilizado na técnica incremental. O cimento de ionômero
de vidro convencional foi espatulado por 20 segundos e o cimento de ionômero de
vidro modificado por resina foi espatulado por 30 segundos. A fotoativação foi
realizada por 1 minuto com uma luz halógena de 440 mW/cm
2
a uma distância de 3
cm. A força flexural, o módulo de elasticidade e a radiopacidade dos materiais foram
determinados de acordo com a ISO 4049 e, em seguida, foi realizada a análise
estatística. Para o teste de pH, cada material foi espatulado sobre uma placa de
vidro limpa, com uma espessura de mais ou menos 2 mm. Um eletrodo foi colocado
em íntimo contato com cada material e o pH foi mensurado imediatamente após a
espatulação, após 1, 5, 15 e 30 minutos e, ainda após 1, 3, 4, 6 e 24 horas. Os
dados foram submetidos à análise estatística. Todos os cimentos resinosos tiveram
maior força flexural do que o cimento de fosfato de zinco. Apresentaram também
maior força flexural do que o cimento de ionômero de vidro convencional e do que o
cimento de ionômero de vidro modificado por resina após 24 horas e após 3 meses.
Quando os cimentos de ativação dual não foram fotoativados, a força flexural foi
menor do que quando realizou-se a fotoativação após 25 horas e 3 meses. O
54
cimento de ionômero de vidro modificado por resina teve força flexural maior do que
o convencional e também do que o cimento de fosfato de zinco, nos dois tempos
estudados. Não houve diferença estatística entre os tempos de 24 horas e de 3
meses, para nenhum cimento estudado. O cimento de fosfato de zinco teve o maior
valor de módulo de elasticidade após 24 horas e 3 meses e o cimento de ionômero
de vidro modificado apresentou o menor valor. A condição de não fotoativação
diminuiu o módulo de elasticidade do cimento Rely X Adhesive. Não houve diferença
estatística entre os tempos de 24 horas e 3 meses para o fosfato de zinco e os
grupos dos cimentos resinosos e existiu um aumento do módulo de elasticidade de
24 horas para 3 meses para os cimentos de ionômero de vidro convencional e
modificado. Os resultados da radiopacidade mostraram diferenças significativas
entre os grupos. O cimento de fosfato de zinco teve a maior radiopacidade. Os
cimentos duais e o cimento de ionômero de vidro convencional mostraram
radiopacidade praticamente igual a do esmalte humano. A radiopacidade do cimento
de ionômero de vidro modificado por resina ficou entre a radiopacidade do esmalte e
a da dentina. O cimento autopolimerizável mostrou radiopacidade similar a da
dentina, sendo a menor radiopacidade dos cimentos testados. O cimento de
ionômero de vidro convencional inicialmente teve o pH mais ácido (1,5) e, após 24,
horas apresentou um pH de 6,4. O fosfato de zinco foi inicialmente também muito
ácido (2,2) e após 24 horas o valor subiu para 6,8. O cimento de ionômero de vidro
modificado por resina teve um pH inicial de 3,6 subindo em 24 horas para 5,7. Os
valores iniciais de pH para os cimentos resinosos foram maiores que os valores para
os cimentos de ionômero de vidro e o fosfato de zinco, ficando entre 4,4 e 5,5. No
entanto, o valor final do pH dos cimentos resinosos, foi menor do que o pH final dos
cimentos de ionômero e do fosfato de zinco ficando, entre 4,9 e 5,4.
55
Maia e Vieira (2003), realizaram uma revisão da literatura e
apresentaram algumas propriedades físico-mecânicas dos cimentos resinosos
disponíveis atualmente. Em relação à solubilidade, os cimentos resinosos
apresentam solubilidade significativamente menor, in vitro, quando comparados aos
cimentos de fosfato de zinco, policarboxilato, ionômero de vidro e ionômero de vidro
reforçado por resina. Salientaram também que a conversão dos monômeros em
polímeros também pode determinar o grau de desgaste dos cimentos resinosos. O
desgaste dos cimentos diminui com o aumento do grau de conversão e com o
aumento de partículas por volume. Quanto ao tamanho da partícula inorgânica, os
cimentos resinosos híbridos apresentam menor resistência ao desgaste do que os
cimentos resinosos microparticulados. As propriedades físicas dos cimentos
resinosos também sofrem influência do grau de conversão dos monômeros em
polímeros. Em regiões mais profundas dos preparos cavitários ou onde a opacidade
e a espessura do material restaurador impedem a transmissão da luz, a
polimerização realizada apenas pela ativação da luz visível não é suficiente, sendo
então necessária a associação de um sistema de autoativação. A ação dos dois
sistemas de ativação aumenta o grau de conversão dos monômeros em polímeros e
melhora as propriedades físicas dos cimentos. Quanto ao procedimento de união e
retenção das restaurações indiretas, tem-se usado a tecnologia dos sistemas
adesivos em combinação com os cimentos resinosos. Essa combinação no uso de
materiais fluidos e técnicas para a criação de rugosidades microscópicas propiciou
uma interação íntima entre as superfícies dos substratos e contribuiu para o
crescimento no uso do cimento resinoso, apesar de ter aumentado também a
complexidade do uso clínico desse cimento. Qualquer contaminação da superfície
dental ou manipulação e aplicação incorretas dos componentes do sistema adesivo
resultará em mau prognóstico para a força de adesão.
56
Suh et al. (2003), realizaram um estudo que examinou a
polimerização de resinas foto e químicamente ativadas que foram contaminadas
com monômeros resinosos acidificados, através do uso de calorimetria diferencial
escaneada. Versões foto e quimicamente ativadas de resinas de Bis-GMA/TEGDMA
foram preparadas. Quatro monômeros resinosos acidificados cada um com
grupamentos funcionais carboxílicos (DSDM e MAA) ou fosfóricos (MP e 2MP) foram
adicionados em uma concentração de 10% em peso a essas resinas para simular a
mistura da resina composta e monômeros ácidos não polimerizados ao longo da
interface adesivo simplificado de um passo/ compósito. Diferentes concentrações do
monômero mais ácido (2MP) (10% a 50% para a resina fotoativada e 2% a 4%) para
a resina quimicamente ativada) também foram adicionadas para examinar a sua
contribuição em diminuir o grau de polimerização destas misturas de resinas. O
efeito do sulfinato benzeno de sódio na polimerização da resina quimicamente
ativada que foi contaminada com 10% em peso de 2MP também foi investigada. Os
autores encontraram que a uma concentração de 10% em peso todos os
monômeros acidificados tiveram um efeito limitado na polimerização da resina
fotoativada. O grau de polimerização na resina quimicamente ativada foi bastante
reduzido pelos monômeros carboxílicos (DSDM e MAA), enquanto que a
polimerização foi completamente inibida na presença dos monômeros
organofosfatados (MP e 2MP). Reduções substanciais no grau de polimerização das
resinas fotoativadas ocorreram apenas na presença de altas concentrações de 2 MP
(30% a 50%). A maior inibição de polimerização foi observada quando a resina
quimicamente ativada foi contaminada com 2% a 3% de 2MP, com completa inibição
a 4%. A adição do sulfinato benzeno de sódio à resina quimicamente ativada
contaminada com 2 MP reverteu as resinas não polimerizadas previamente, mas o
grau de polimerização continuou inferior ao da resina quimicamente ativada não
57
contaminada. Esta diminuição do grau de polimerização das resinas quimicamente
ativadas por até mesmo concentrações muito baixas de monômeros resinosos
acidificados é justificada pela incompatibilidade reportada entre adesivos
simplificados e compósitos quimicamente ativados.
Tsai; Meyers e Walsh (2003), determinaram a profundidade de
polimerização e a microdureza de uma resina polimerizada com 3 fontes existentes
no mercado e 2 protótipos de LEDs. Um segundo objetivo desse estudo foi analisar
a performance de dois protótipos de LED, contendo apenas um LED, em termos de
profundidade de polimerização e microdureza dos compósitos. Foram analisadas a
profundidade de polimerização e microdureza, utilizando os LEDs disponíveis no
mercado. Os três LEDs utilizados foram o E-light (GC Corporation, Tókio, Japão), O
Elipar Freelight (3M ESPE ST Paul, MN, EUA) e o Blue LED 475 H (RF System Lab,
Nagano, Japão). Esses LEDs contém 64, 19 e 7 LEDs respectivamente. A lâmpada
de alta intensidade utilizada foi o Demetron Optilux 501 (Kerr, Orange, CA, EUA),
enquanto que a lâmpada halógena utilizada como controle foi a QTH light (Sirona
Dental Systems GmbH, Bensheim, Alemanha). Uma resina híbrida (Filtek Z 250 3M
ESPE) foi utilizada como material de teste. Três cores diferentes foram utilizadas, a
saber: B1, A3 e C4. A resina foi introduzida na metade de um molde de alumínio
cilíndrico dividido, com um diâmetro de 2,5 mm e uma profundidade de 10,0 mm. O
molde foi preenchido com a resina e comprimido para se conseguir uma superfície
plana. A resina foi então fotoativada utilizando um dos tipos de fonte de luz, pelo
topo do guia de luz, a 0,5mm de distância da superfície da resina. O tempo de 40
segundos foi utilizado para todas as fontes de luz. A profundidade de polimerização
foi determinada utilizando uma técnica estandartizada (ISO 4049: 2000).
Imediatamente após a irradiação, o material não ativado é removido com uma
espátula. A altura do cilindro com a resina foi medida com um micrômetro, e o
58
resultado dividido por dois. A profundidade de polimerização foi medida para as três
cores de resina. Foram utilizadas 10 amostras para a cor A3 e cinco para as cores
B1 e C4 para cada fonte ativadora. A dureza Vickers das amostras da cor A3 foram
determinadas por toda a extensão da resina ativada, utilizando um identador
universal (Leitz Wetzlar, Alemanha). A profundidade de polimerização e microdureza
utilizando os protótipos de LED, também foram analisadas. Os dois protótipos de
LEDs em investigação empregaram um LED de 5 mm de diâmetro. Os
procedimentos para a profundidade de polimerização e microdureza foram
realizados como já descrito, com cinco amostras de cor A3 utilizadas para cada fonte
de luz. Foi avaliada a duração da ativação de um agente adesivo utilizando os
protótipos de LEDs. Os dois protótipos de LEDs e o Demetron Optilux 501 foram
utilizados nesta parte do estudo, para fotoativar um agente adesivo GC Fuji Coat LC
(GC Corporation, Tókio, Japão). As amostras foram ativadas em 5 e 10 segundos
por incremento e a dureza Vickers de cada uma foi testada, até que alcançasse a
mesma dureza que o controle. As amostras do controle foram ativadas por 40
segundos com o Optilux 501 e a dureza Vickers foi determinada. Os LEDs
analisados nesse estudo, e que são disponíveis no mercado, obtiveram uma
adequada profundidade de polimerização e microdureza, quando utilizou-se a resina
em incrementos de 2 mm ou menos. Para as profundidades maiores do que 2 mm, a
sua performance foi pior do que a performance das lâmpadas halógenas e das
lâmpadas de alta intensidade.
A morfologia da dentina tratada com o ataque ácido e desproteinizada
é completamente diferente da dentina tratada apenas com o ataque ácido. O
diâmetro dos túbulos dentinários aumenta e a área de dentina intertubular residual
diminui. Varela et al. (2003), realizaram um estudo com o objetivo de investigar o
efeito do NaOCl (cloreto de sódio) na interface dente-resina usando microscopia
59
eletrônica (MEV) e a força de adesão para diferentes protocolos de cimentação de
pinos. Foram utilizados 120 dentes unirradiculares (apenas a raiz). O tratamento
endodôntico foi realizado e os dentes foram armazenados a 37C. Em cada dente,
11 mm de guta-percha foram removidos, utilizando Gates-Glidden, deixando de 2 a 5
mm de guta-percha apical. O preparo para os pinos foi realizado com constante
refrigeração, utilizando-se as brocas recomendadas. O conduto radicular de todos os
dentes foi tratado com ácido ortofosfórico a 37% por 60 segundos, para expor as
fibras colágenas e remover a smear layer. As amostras foram divididas em dois
grupos cada um com 60 dentes. No grupo I não foi realizado o tratamento com o
NaOCl. Já as amostras do grupo II receberam o tratamento com o NaOCl a 10% por
60 segundos e depois foram lavados com água destilada. Foram realizados 4
diferentes protocolos de cimentação para cada grupo (I e II): um grupo de 15 dentes
foi cimentado com Panavia 21 Ex (Kuraray), outro grupo, também com 15 dentes, foi
cimentado com Dual Cement (Vivadent), outro grupo recebeu o cimento Panavia 21
Ex e o adesivo ED Primer (Kuraray) e o outro recebeu o cimento Dual Cement e o
mesmo adesivo. Dos 15 dentes utilizados em cada grupo, 5 foram selecionados
aleatoriamente para a análise MEV e os 10 dentes restantes foram submetidos ao
teste de força adesiva na máquina Mod. ELIB-5/W, (Iberest, Madri, Espanha). Os
dados foram verificados pela análise de variância de múltiplos fatores (MANOVA),
com nível de significância de 95%. O adesivo ED Primer aumentou a força adesiva
dos cimentos resinosos. Não houve diferença estatística entre Panavia 21 Ex e o
Dual Cement. O NaOCl e o cimento Panavia 21 Ex diminuíram a força de adesão e o
NaOCl e o adesivo dentinário aumentaram a força de adesão. O tratamento com o
NaOCl criou tags cilíndricos e sólidos com poucos ramos laterais. Os dentes sem o
tratamento com o NaOCl tiveram tags falsos e finos com muitos ramos laterais. A
presença dos tags resinosos aumentou a força de adesão. O NaOCl e o ED Primer
60
juntos promoveram aumento das forças de adesão entre o cimento resinoso e a
dentina em dentes tartados endodonticamente.
Wang et al. (2003), apresentaram uma revisão dos mais importantes
testes laboratoriais realizados nos materiais odontológicos. O conhecimento desses
testes pode proporcionar ao clínico uma opinião mais crítica em relação aos
materiais encontrados no mercado. A maioria destes testes deve ser realizada de
acordo com a ISO. Dentre os testes apresentados pelos autores estão: teste de
tração, teste de compressão, teste de força compressiva, teste de resistência flexural
e resistência à fadiga e teste de dureza. O teste de dureza superficial é
constantemente utilizado para avaliar a resistência superficial dos materiais à
deformação plástica pela penetração. O método mais usual para determinar a
dureza é através da profundidade de uma identação em uma determinada área. Isto
é realizado com um identador específico, com força e tempo estipulados. Existem
quatro tipos de dureza mais utilizadas: Brinell, Rockwell, Vickers e Knoop. Cada um
desses métodos é determinado por uma escala definida pela combinação da força
de identação e da geometria do identador. A dureza Vickers consiste em identar o
material com um identador de diamante na forma de uma pirâmide com uma base
quadrada e um ângulo de 136 graus entre as faces opostas, submetido a uma carga
que vai de 1 a 100 Kgf. A carga é normalmente aplicada de 10 a 30 segundos. As
duas diagonais de identação deixadas na superfície do material, após a remoção do
identador, são medidas em um microscópio e a área é calculada. Este teste é
importante para a avaliação do grau de polimerização de compósitos resinosos e
cimentos resinosos.
Fonseca et al. (2004), avaliaram a influência da ativação química,
comparada à dupla ativação (química e pela luz), na dureza de 4 cimentos resinosos
duais: Scotchbond Resin Cement (3M), Variolink II (Vivadent), Enforce (Dentsply) e
61
Panavia F (Kuraray). A mesma quantidade de pasta base e catalisadora foram
espatuladas de acordo com as recomendações do fabricante. Após a espatulação,
os cimentos foram inseridos em moldes de acrílico com cavidades circulares de 4
mm de diâmetro e 2 mm de altura. Os moldes foram cheios com uma pequeno
excesso de material. Um suporte metálico com uma abertura que permitia a
fotoativação e um peso de 1 Kg foram posicionados no topo dos cimentos resinosos
para permitir o deslocamento do material em excesso. Todos esses procedimentos
foram realizados no interior de uma caixa escura para a revelação de filmes
radiográficos, evitando o contato dos materiais com a luz. Em seguida, os cimentos
foram submetidos a cada um dos tipos de ativação: 1) os cimentos do grupo self-
cure (apenas ativação química), permaneceram nas mesmas condições (descrita
acima) por 60 segundos; e 2) a superfície superior dos cimentos dos grupos de
ativação dual foram fotoativados por 60 segundos, utilizando uma luz de fonte
halógena (Curing Light 2500, 3M) e foram usados como grupo controle. As amostras
foram guardadas em uma estufa a 37ºC, até os testes. A dureza Vickers foi
mensurada em 1 hora, 24 horas e 7 dias após a espatulação do cimento, utilizando
um M Testor, um diamante Vickers e uma força de 0.3 N por 30 segundos. Vinte e
quatro situações foram testadas: 4 cimentos, 3 tempos e 2 ativações. Para cada
condição, 5 amostras foram feitas. Para cada amostra, 12 valores de dureza foram
obtidos, sendo 3 em cada quadrante da amostra. A análise estatística foi realizada
através do software GMC 8.1. Foram realizadas comparações entre os modos de
ativação para cada cimento e tempo estudados, usando o teste t de Student; entre 1
hora e 7 dias. Para cada cimento e modo de ativação, também através do teste t de
Student e entre os grupos com ativação química para todos os cimentos em cada
tempo, usando ANOVA. Acima do tempo de 24 horas a ativação química apenas foi
incapaz de promover dureza similar à obtida pela ativação dual. Assim como a
62
ativação dual, a ativação química também promoveu um aumento progressivo da
dureza de 1 hora para 7 dias. O Scotchbond Resin Cement e o Variolink II,
mostraram respectivamente, a maior e a menor dureza, para os 3 tempos.
Jardim (2004), realizou um trabalho no qual avaliou a dureza
superficial de cimentos resinosos após cimentação de pinos de fibra de vidro,
observando o efeito da profundidade de polimerização e sistemas adesivos. Para
isso utilizou 40 dentes bovinos (apenas a porção radicular) tratados
endodonticamente e preparados para receber pinos de fibra de vidro. As raízes
foram divididas aleatoriamente em 4 grupos, de acordo com o sistema adesivo e o
agente cimentante utilizado. No grupo I foram utilizados o sistema adesivo do Bistite
II DC (Tokuyama Corp.) e o cimento resinoso dual Bistite II DC (Tokuyama Corp.).
No grupo II utilizou-se o sistema adesivo fotoativável Scotchbond multi-uso plus (3M
ESPE) e o cimento resinoso dual Rely X (3M ESPE), no grupo III, o sistema adesivo
fotoativável Single Bond (3M ESPE) e o cimento resinoso dual Rely X (3M ESPE) e,
no grupo IV, o sistema adesivo auto-condicionante One up Bond (Tokuyama Corp.) e
o cimento resinoso dual Rely X (3M ESPE). As técnicas de aplicação dos sistemas
adesivos, cimentos resinosos e cimentação dos pinos, seguiram as instruções dos
respectivos fabricantes. Após tempo de armazenamento, as amostras foram
seccionadas, para a obtenção de três secções radiculares, representantes dos
terços cervical, médio e apical, cada secção com 3,0 mm de espessura. As amostras
foram polidas e armazenadas em frascos escuros individuais, para que não
houvesse interferência da luz externa na polimerização dos cimentos, em estufa a
37°C por 24 horas, para em seguida serem submetidas ao ensaio de dureza Vickers
e análise da camada híbrida em MEV. Para realização das medidas de dureza, cada
secção radicular foi dividida em quadrantes, nos quais foram realizadas três
medidas, próximo à dentina radicular, na região intermediária e próximo ao pino de
63
fibra de vidro. As amostras também foram submetidas à análise da camada híbrida
em MEV e, para isso, as amostras foram levadas ao aparelho de metalização áurica
e ao Microscópio Eletrônico de Varredura JSM-T 330 A (JEOL LTDA. Tokyo, Japão).
As fotomicrografias foram obtidas com 1000 X de aumento. A autora concluiu que a
dureza superficial, independentemente do tipo de cimento resinoso e dos sistemas
adesivos esteve sempre presente por todas as regiões do canal radicular e que o
cimento resinoso quimicamente ativado apresentou maiores valores de dureza
superficial quando comparado com os cimentos de ativação dual independente da
região do canal radicular. Dentre os grupos experimentais cujo cimento resinoso foi
de ativação dual, somente o grupo III apresentou menores valores de dureza na
região próxima ao sistema adesivo. Nos outros grupos, os sistemas adesivos não
interferiram na dureza superficial. O fator profundidade de polimerização não
interferiu na dureza do cimento quimicamente ativado mas, para o cimento de dupla
ativação, os grupos apresentaram menores valores de dureza a partir de 3,0 mm de
profundidade. A formação da camada híbrida foi evidente, independentemente do
cimento resinoso, sistema adesivo e da profundidade de polimerização.
Tay et al. (2004), apresentaram um artigo analisando a
movimentação de água através dos adesivos simplificados e dos cimentos de
ionômero de vidro e relataram as implicações clínicas desse fenômeno. Os adesivos
dentários eram comumente utilizados em três passos. Mais recentemente esses três
passos foram unidos em apenas dois, o condicionamento ácido e a aplicação de
duas camadas de um adesivo de frasco único, nos quais a primeira camada serviria
como primer e a segunda como agente adesivo. Quando os fabricantes adicionaram
uma concentração de monômeros ácidos nas suas formulações de primers, criaram
os adesivos self-etching. A água é um componente desses adesivos que permite
que os monômeros ácidos sejam efetivamente ionizados para que possam
64
desmineralizar o substrato dentário. Esses primers combinam dois passos em um.
As superfícies que recebem o primer são então recobertas com uma camada mais
hidrofóbica de adesivo que é fotoativada. Os avanços mais recentes na tecnologia
de adesão são os adesivos all-in-one, que condicionam, utilizam o primer e o
adesivo em apenas uma aplicação. Estes adesivos são extremamente hidrofílicos.
Assim como os adesivos single-bottle total-etch, os adesivos single-step self-etch
são diretamente recobertos pelas resinas compostas sem uma camada adicional de
um agente de união mais hidrofóbico. Sabe-se que os compósitos ativados
quimicamente, que utilizam a amina terciária como catalisador, não possuem uma
boa adesão com a maioria dos adesivos single-bottle total-etch e com todos os
adesivos single-step self-etch. Isso ocorre porque os monômeros ácidos desativam
as aminas básicas. Nesses adesivos, a camada mais superficial, que tem sua
polimerização inibida pelo oxigênio, contém monômeros ácidos que ficam em
contato direto com o compósito ativado quimicamente, onde podem agir com a
amina terciária básica e inativá-las. Tentando minimizar esse problema, foram
introduzidos no mercado adesivos simplificados duais que incluíam um frasco com
um co-iniciador químico, mas a adversidade de interações químicas é apenas
parcialmente responsável pela incompatibilidade entre os adesivos simplificados e
os compósitos químicos. O outro fator responsável por essa incompatibilidade é a
observação recente de que os adesivos simplificados, em particular os single-step
sel-etch, comportam-se como membranas permeáveis após a polimerização. Um
simples experimento que pode ser realizado para demonstrar que os adesivos
simplificados são membranas permeáveis quando utilizados na dentina úmida, é
utilizar um adesivo fotoativável na superfície de dentina úmida e então recobrir o
adesivo fotoativado com resina e deixar no escuro por 10-20 minutos após a
fotoativação. Os compósitos fotoativáveis utilizam um sistema catalisador totalmente
65
diferente, que é geralmente menos sensível aos monômeros ácidos. Durante esse
período a água sai da camada de adesivo e fica presa na forma de blísteres de
água, ao longo da interface adesivo/resina, tornando essa interface extremamente
fraca.
Alencar Júnior (2005), utilizou três unidades fotoativadoras na
polimerização de uma marca comercial de cimento resinoso de dupla ativação (Rely
X-3M), com a interposição de lâminas de cerômero e de porcelana, para avaliar a
microdureza superficial do cimento resinoso em sua superfície de topo e de base. A
confecção dos corpos-de-prova foi realizada utilizando-se matrizes metálicas com 2
mm de espessura e 16 mm de diâmetro, com um orifício central medindo 8 mm de
diâmetro, coincidindo com o diâmetro da ponta das unidades fotoativadoras. Na
tentativa de reproduzir a espessura das restaurações indiretas foram utilizados
espaçadores com 2 mm e 4 mm de espessura, de cerâmica e cerômero. Foram
realizados 4 corpos-de-prova para cada grupo, com os três aparelhos fotoativadores
e para cada grupo do material intermediário. O cimento foi inserido no orifício central
em uma única porção com o auxílio de uma seringa Centrix. Após a inserção do
cimento, esses foram fotoativados com as diferentes fontes de luz posicionadas
diretamente sobre as pastilhas de cerâmica e cerômero. Os corpos-de-prova foram
acondicionados em recipientes à prova de luz e mantidos em estufa a 37°C durante
24 horas. Para a determinação da microdureza, as superfícies da base e do topo
foram divididas em quadrantes e 5 identações foram feitas. Os dados foram obtidos
e os resultados submetidos à análise estatística. Concluiu-se que o aparelho KM
200R proporcionou os melhores resultados em todas as situações analisadas. A
interposição de uma pastilha, tanto de cerômero quanto de porcelana reduziram os
valores de dureza obtidos para todos os corpos-de-prova. Os aparelhos
66
fotoativadores à base de LED proporcionaram valores de dureza bem abaixo do KM
200 R, ficando o GG DENT. com resultados melhores que o ULTRALED.
Corrêa et al. (2005), realizaram um trabalho com o objetivo de
estudar aspectos micromorfológicos da dentina bovina, a fim de normalizar o uso de
dentes bovinos, substituindo dentes humanos em pesquisas científicas e embasar
novos estudos comparativos, uma vez que a literatura apresenta poucos estudos
aprofundados sobre o asssunto. Dentes bovinos foram fixados em formol tamponado
a 10%. Foram preparadas lâminas pelas técnicas de desgaste e de descalcificação.
Em seguida essas lâminas foram coradas por Hematoxilina/Eosina e Tricômico de
Masson. Os autores concluíram que a dentina bovina apresenta maior número de
túbulos dentinários/área próximo à polpa e menor número próximo ao esmalte,
semelhante à dentina humana. Apresenta também maior diâmetro nas proximidades
do esmalte e menor diâmetro nas proximidades da polpa, ao contrário da dentina
humana. Ainda a distribuição da dentina intertubular bovina, próxima à polpa, não foi
uniforme ao longo do dente. Considerando essas conclusões, especialmente a que
mostra maior diâmetro dos túbulos dentinários próximo ao esmalte, na dentina
bovina, é razoável supor alterações em pesquisas que utilizam essa dentina em
substituição à dentina humana.
Franco et al. (2005), realizaram um trabalho com o intuito de
observar, através de teste de resistência adesiva, o efeito da acidez (pH) de
diferentes sistemas adesivos na polimerização de uma resina composta de ativação
química (Adaptic). Foram utilizados os sistemas adesivos ARM, Prime & Bond 2.1,
Scotchbond Multi Purpouse e Single Bond. Foram feitos cinco grupos experimentais,
sendo G1: Adaptic/ARM/Adaptic; G2: Adaptic/Prime & Bond 2.1/Adaptic; G3:
Adaptic/Sotchbond Multi Purpouse/Adaptic; G4: Adaptic/Single Bond/Adaptic e G5:
Adaptic/Adaptic. Utilizou-se uma matriz de aço inoxidável com uma abertura central
67
com forma cônica, para se obter dois discos de resina composta. A resina química
Adaptic foi inserida em uma metade da matriz e após a sua ativação, uma camada
de adesivo foi aplicada na interface de união e fotoativada. A outra metade da matriz
foi justaposta sobre a primeira metade e inseriu-se a resina.O conjunto foi adaptado
em uma máquina de ensaio universal para determinar a resistência à tração. Foi
realizada a análise estatística e chegou-se à conclusão de que os adesivos com os
menores valores de pH (Prime & Bond 2.1 e Single Bond) apresentaram as menores
médias de resistência à tração, mostrando que o pH dos sistemas adesivos
influencia na resistência adesiva e na polimerização de materiais resinosos
quimicamente ativados.
68
3 PROPOSIÇÂO
O objetivo neste trabalho foi analisar a interação de diferentes tipos
de ativação de sistemas adesivos (fotoativável e ativação dual) e dois tipos de
cimentos resinosos (ativação química e ativação dual) nos valores de microdureza
Vickers dos cimentos nos diferentes terços radiculares e diferentes proximidades
com o sistema adesivo utilizado.
69
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 OBTENÇÃO E PREPARO DOS DENTES
Para a realização deste trabalho foram utilizados 50 dentes bovinos.
Os dentes foram limpos com curetas periodontais e armazenados em uma solução
aquosa de timol e soro fisiológico a 0,9% refrigerados a 4°C, +/- 1ºC até o momento
da experiência (JARDIM, 2004).
Como o objetivo foi utilizar apenas a porção radicular dos dentes, os mesmos
tiveram as coroas e parte da raiz seccionada transversalmente na máquina de corte
universal
1
, de modo que as raízes ficassem com um comprimento de 17 mm que é o
comprimento médio das raízes dos incisivos centrais humanos, o que foi aferido com
um paquímetro digital
2
(Figuras 1, 2 e 3).
_____________________
1
ISOMET 1000 Precision Saw (Buehler), modelo 112180
2
Mitutoyo, Japão
70
Figura 1- Incisivo inferior bovino antes do corte
Figura 2- Corte transversal da coroa do incisivo bovino
Figura 3- Paquímetro digital demonstrando o comprimento das raízes
71
Cilindros de 20 mm de altura foram obtidos de barras de PVC de 25
mm de diâmetro, nos quais os fragmentos radiculares foram incluídos com uso de
cera rosa número 7
3
visando facilitar a manipulação das amostras (Figuras 4 e 5).
Os condutos radiculares tiveram a polpa removida com o auxílio de
limas do tipo K da segunda série
4
e em seguida, foi realizado o preparo do conduto
para receber o pino intra-radicular. Este preparo foi feito em baixa velocidade com
brocas do tipo Largo número 5
5
para o pino de fibra de vidro número 3
6
que possui
1,5 mm de diâmetro (Figuras 6 e 7).
Após este preparo, os condutos foram irrigados com soro fisiológico e
as raízes foram então armazenadas em água destilada, a 37°C +/- 1ºC até o
momento da cimentação dos pinos que ocorreu trinta dias após a obtenção dos
dentes. Não foram realizados os tratamentos endodônticos para que não houvesse
variáveis adicionais ocasionadas pelos líquidos de irrigação e cimentos
endodônticos.
Figura 4- Cilindro de PVC com cera e a raiz incluída Figura 5- Raiz posicionada na cera com dique
de borracha
_____________________
3
Horus
4
Maillefer
5
Maillefer/Dentsply
72
6
Reforpost/Angelus
Figura 6- Preparo do conduto com broca de Largo
Figura 7- Pino de fibra de vidro Reforpost
4.2 MATERIAIS UTILIZADOS
Foram utilizados dois sistemas adesivos, dois cimentos resinosos e
um tipo de pino intra-radicular de fibra de vidro cujas composições encontram-se nos
Quadros 1 e 2.
73
Material Composição Lote
Silano (Dentsply) Silano, etanol, ácido acético 269338
Self Cure Ativator
(Dentsply)
Sulfinato de sódio aromático, acetona
etanol.
121405
Prime & Bond 2.1
(Dentsply), pH 2.1
Resinas dimetacrilatos elastoméricas,
dipentatriol pentacrilato (PENTA),
fotoiniciadores, estabilizadores,
hidrofluoreto de cetilamina, acetona.
265579
EnForce
(Dentsply)
Pasta base: TEGDMA, BDMA, vidro de
bário silicato de alumínio e bário
silanizado, sílica pirolítica silanizada,
canforoquinona, EDAB, BHT, pigmentos
minerais e DHEPT; pasta catalisadora:
dióxido de titâneo, sílica pirolítica
silanizada, pigmento mineral, bisfenol A
diglicidilmetacrilato (Bis-GMA) BHT,
EDAB, TEGDMA e peróxido de benzoíla
154345
Clearfil SE Bond
(Kuraray), pH 1.9
Primer ácido: 10-metacriloxidecyl
dihidrogenio fosfato, 2-
hidroxietilmetacrilato (HEMA),
dimetacrilato hidrofílico, N-N dietanol-P-
toluidine, canforoquinona, agua; bond: 10-
metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato,
bisfenol A diglicidilmetacrilato (Bis-GMA),
2-hidroxietil metacrilato (HEMA),
dimetacrilato hidrofóbico, canforoquinona,
N-N dietanol-P-toluidine, silica coloidal
silanizada
51308
ED Primer
(Kuraray), pH 2.9
10-metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato,
hidroxietil metacrilato (HEMA) metacrilato
5-ácido aminosalicílico
51132
Panavia 21
(Kuraray),
Bisfenol A polietoxi dimetacrilato, 10-
metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato,
dimetacrilato hidrofóbico e dimetacrilato
hidrofílico
51132
Quadro 1- Composição dos materiais utilizados de acordo com as especificações dos
Fabricantes.
74
Diâmetro
1,5 mm
Composição
Fibra de vidro (70%)
Resina epóxi (30%)
Módulo flexural
856,9 MPa
Deformação
Força máxima 5,1%
Quadro 2- Especificações do pino de fibra de vidro Reforpost (Angelus), segundo o fabricante.
Os dentes foram divididos em cinco grupos de maneira aleatória com
dez dentes cada. Cada grupo recebeu um tratamento diferente (Quadro 3).
Grupos Sistema adesivo
Tratamento
dentinário
Agente
cimentante
Forma de
ativação
GI
Prime & Bond 2.1
com Self Cure
Activator
Ácido fosfórico 15
segundos
EnForce Dual
GII
Prime & Bond 2.1
Ácido fosfórico 15
segundos
EnForce Dual
GIII
ED Primer
Acelerador de
polimerização
Sem
condicionamento
ácido
Panavia 21 Químico
GIV
Clearfil SE Bond
Sistema adesivo
autocondicionante
Panavia 21 Químico
GV
Prime & Bond 2.1
Ácido fosfórico 15
segundos
EnForce Químico
Quadro 3- Divisão dos grupos de estudo de acordo com o sistema adesivo e agente cimentante
utilizados neste estudo
75
4.3 DESCRIÇÃO DA OBTENÇÃO DOS GRUPOS EM ESTUDO
Inicialmente os condutos radiculares foram condicionados com ácido
fosfórico a 37%
7
por 15 segundos e lavados pelo dobro do tempo. A secagem foi
feita com cones de papel absorvente
8
e leve jato de ar por 5 segundos.
Foi realizada uma limpeza prévia do pino com álcool 70, em seguida
realizou-se sua silanização
9
(Figuras 8 e 9).
Figura 8- Silano
Figura 9- Silanização do pino
_____________________
7
Magicacid (Vigodent)
8
Dentsply
9
Silano Dentsply
76
GRUPO I
Misturou-se em recipiente próprio uma gota do adesivo Prime & Bond
2.1 e uma gota do Self Cure Activator
10
, ou seja, ativador de autopolimerização
(Figuras 10 e 11). Aplicou-se uma camada do adesivo no conduto radicular
utilizando-se um pincel
11
, seguindo-se a aplicação de um leve jato de ar por 5
segundos (Figura 12). Os excessos de adesivo foram removidos com cones de
papel absorvente. O sistema adesivo foi fotoativado por 20 segundos com um
aparelho fotoativador de lâmpada halógena Optilight Plus
12
com uma densidade de
potência de 600 mW/cm
2
aferido com radiômetro
13,
, com a ponta do aparelho
próxima à raiz (Figura 13).
Figura 10- Sistema Adesivo fotopolimerizável Figura 11- Self Cure Activator
Prime & Bond 2.1
________________________________
10
Dentsply
11
Microbrush
12
Gnatus, ponteira Turbo de 10mm
13
Demetron Research Corp Model 100-EUA
77
Figura 12- Aplicação do sistema adesivo Figura 13- Radiômetro Demetron Research
com pincel Microbrush Corp.
Para o preparo do cimento resinoso dual EnForce, porções
equivalentes de pasta base e pasta catalisadora foram dispensadas em um papel
para manipulação e então manipuladas com uma espátula plástica por 10 segundos
(Figuras 14 e 15). O cimento foi inserido no interior do conduto radicular com o
auxílio de uma broca Lentulo
14
, por 10 segundos e o pino foi introduzido no conduto
da maneira mais central possível sendo estabilizado com uma pinça (Figuras 16 e
17). O excesso de cimento foi removido com o auxílio de um pincel. Para a
fotoativação do cimento resinoso foram utilizados 60 segundos padronizando a
distância da ponta do aparelho fotoativador que deveria estar sempre próximo ao
pino e numa mesma direção (Figura 18). Os materiais foram utilizados de acordo
com as recomendações dos respectivos fabricantes. As amostras foram
armazenadas a seco em frascos escuros, em estufa a 37ºC, +/- 1ºC até o momento
dos cortes (72 horas).
_________________
14
Maillefer/Dentsply
78
Figura 14- Cimento resinoso dual EnForce Figura 15- Papel e espátula para
manipulação do cimento EnForce
Figura 16- Inserção do cimento com Figura 17.-Estabilização do pino
broca Lentulo com pinça
Figura 18- Fotoativação
79
GRUPO II
Os procedimentos realizados neste grupo foram todos iguais aos
citados no grupo anterior com uma ressalva no que diz respeito ao sistema adesivo
utilizado. Neste caso não houve a utilização do sistema Self Cure Activator para que
o adesivo permanecesse com a ativação apenas pela luz. Foi utilizada uma camada
de adesivo no interior do conduto que também foi fotoativado por 20 segundos. As
amostras também foram armazenadas a seco em frascos escuros, em estufa a 37°C
+/- 1ºC até o momento dos cortes (72 horas).
GRUPO III
Foi utilizado o ED Primer que acompanha o cimento resinoso químico
Panavia 21, misturando-se uma gota do líquido A e do líquido B em recipiente
próprio por 5 segundos (Figura 19 e 20). O primer é aplicado no conduto com o
auxílio de um pincel e um leve jato de ar de 5 segundos aplicado no interior do
conduto para a evaporação dos componentes voláteis. O ED Primer é um
acelerador da presa do cimento segundo o fabricante.
80
Figura 19- ED Primer que acompanha o cimento Figura 20- Recipiente para a mistura dos
Panavia 21 líquidos A e B
Iguais quantidades de pasta base e catalisadora do cimento Panavia
21 de ativação química foram espatuladas em um papel para manipulação com uma
espátula plástica por 20 segundos (Figuras 21 e 22). O cimento foi inserido no
interior do conduto radicular com o auxílio de uma broca Lentulo e então o pino foi
introduzido no conduto da maneira mais central possível sendo estabilizado com
uma pinça (Figuras 23 e 24).
Figuras 21- Cimento Panavia 21 Figura 22- Pastas base e catalisadora do cimento
Panavia 21
81
Figura 23- Inserção do cimento Figura 24- Estabilização do pino
com broca Lentulo com pinça
O excesso de cimento foi removido com o auxílio de um pincel. Após
o tempo completo de endurecimento do cimento (7 a 8 minutos), as amostras foram
armazenadas a seco em frascos escuros, em estufa a 37°C, +/- 1ºC até o momento
dos cortes (72 horas).
GRUPO IV
Neste grupo os procedimentos de cimentação foram os mesmos
descritos no grupo anterior, havendo apenas a substituição do ED Primer pelo
sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond, o qual possui dois frascos
sendo um primer e um bond (Figura 25). O primer foi aplicado com pincel de forma
ativa por 20 segundos no canal radicular, aplicando-se um leve jato de ar de 5
segundos. Em seguida, aplicou-se o bond também com pincel e um leve jato de ar
de 5 segundos.
82
Figura 25- Sistema adesivo autocondicionante Clearfil SE Bond
O sistema foi fotoativado por 20 segundos. Os dentes também foram
armazenados a seco em frascos escuros, em estufa a 37°C, +/-1ºC até o momento
dos cortes (72 horas).
GRUPO V
Os materiais e os procedimentos realizados neste grupo foram todos
iguais aos realizados no grupo I, com uma ressalva no que diz respeito a forma de
ativação. Neste grupo o cimento resinoso EnForce não foi fotoativado
permanecendo apenas a ativação química, esperou-se de 7 a 8 minutos para o
completo endurecimento do cimento. Os dentes foram armazenados a seco em
frascos escuros, em estufa a 37°C +/- 1ºC até o momento dos cortes (72 horas).
83
4.4 SECCIONAMENTO DAS RAÍZES PARA ANÁLISE DA MICRODUREZA
As raízes dos dentes em estudo, após 72 horas receberam cortes
transversais de maneira a se obter três secções (moedas), cada uma representando
um terço: terço cervical (C), terço médio (M) e terço apical (A). As diferentes secções
radiculares foram identificadas para a realização dos cortes transversais. Para isso
foi utilizada uma máquina de corte universal
15
(Figura 26). A porção cervical mais
superficial da raiz de 1,0 mm foi desprezada de modo que os outros cortes ficassem
paralelos. Cada moeda apresentou 3,0 mm de espessura e para isto foram cortadas
a cada 3,3 mm para descontar a espessura do disco de diamante que é de 0,3 mm.
A porção mais apical restante também foi desprezada. Desta forma, foram obtidas
três secções transversais, com 3,0 mm de espessura, para cada secção (Figura 27).
As amostras foram então polidas em politriz
16
com lixas d’água de granulação
decrescente seqüencial, números 400, 600, 1200 e 2000 (3M), por 60 segundos
para cada lixa, sob constante refrigeração com água. Após o polimento de cinco
amostras as lixas eram substituídas. As amostras foram armazenadas a seco em
frascos escuros em estufa a 37°C, +/- 1ºC até o momento da análise da microdureza
que foi realizada 7 dias após a cimentação dos pinos.
__________________
15
ISOMET1000PrecisionSaw (Buehler),modelo112180
16
Arotec(AropolE)
84
Figura 26- Máquina de corte Isomet com o dente posicionado
Figura 27- Secções transversais representando os terços
c
MA
85
4.5 ANÁLISE DA MICRODUREZA VICKERS
Para a análise da microdureza superficial foi utilizado o
microdurômetro HMV-2 Schimadzu
17
(Figura 28) com um identador de diamante
Vickers (Figura 31) utilizando uma carga de 50 gramas durante 30 segundos. As
identações foram realizadas sempre na face apical de cada secção. Para esta
análise as secções de cada terço foram divididas em quatro quadrantes iguais com o
auxílio de uma lâmina de bisturi e em cada quadrante duas identações foram feitas
(Figura 30), sendo uma delas próxima ao pino de fibra de vidro e a outra próxima à
parede dentinária do conduto radicular, ou seja próxima ao sistema adesivo (Figura
29). Desta maneira avaliou-se a microdureza em relação a profundidade de
polimerização do cimento e também as diferenças nas durezas encontradas no
cimento resinoso quando em proximidades diferentes do sistema adesivo.
Figura 28- Microdurômetro HMV-2 (Schimadzu)
_____________________
17
Micro Hardness Tester - Corporation Kyoto - Japan
86
Figura 29- Divisão da secção transversal em quadrantes e regiões de medição
(verde: próximo ao sistema adesivo; vermelho: próximo ao pino)
Figura 30- Divisão dos quadrantes com lâmina de bisturi
Figura 31- Momento da identação com o diamante Vickers
87
4.6 PLANEJAMENTO ESTATÍSTICO
Para cada dente foi analisada a microdureza em três diferentes
regiões da raiz: terços cervical, médio e apical. Em cada uma destas regiões foram
feitas quatro medições próximas à parede do canal e outras quatro medições
próximas ao pino. Calculou-se a média aritmética das quatro repetições, a qual foi
utilizada como unidade de análise nos testes estatísticos.
A variável dependente microdureza foi avaliada pelo teste de Análise
de Variância (ANOVA) a três critérios, tendo como variáveis independentes: grupo
(sistema adesivo/tratamento dentinário/agente cimentante), com os seguintes
grupos: GI – Prime & Bond 2.1 com Self Cure Activator (dual)/ ácido fosfórico 15
segundos/ EnForce dual, GII - Prime & Bond 2.1 fotoativável/ácido fosfórico 15
segundos/ EnForce dual, GIII – ED primer/ sem condicionamento ácido/ Panávia 21,
GIV – Clearfil SE Bond fotoativável/ autocondicionante/ Panávia 21, GV - Prime &
Bond 2.1 com Self Cure Activator (dual)/ ácido fosfórico 15 segundos/ EnForce dual
sem fotoativação; região da raiz (terço cervical, médio e apical) e posição de
avaliação da microdureza (próximo à parede do canal (AD) e próximo ao pino (P).
Havendo diferença entre os grupos pelo teste de ANOVA, empregou-se o teste de
Tukey para comparação dos grupos dois a dois. Dentro de cada grupo, a
microdureza foi analisada em relação à variável independente posição de avaliação
da microdureza através do teste t para observações pareadas. Para todos os testes
foi adotado como nível de significância o valor de p 0,05. Os testes foram
executados utilizando-se o software SPSS versão 10.0 for Windows.
88
5 RESULTADOS
Os valores de média e desvio padrão para a variável dependente
microdureza, tendo como fatores grupo, posição e região, encontram-se expressos
na tabela 1. A aplicação do teste de Análise de Variância à três critérios revelou
haver diferenças estatisticamente significantes para as variáveis independentes:
grupo, posição, região, interação entre grupo e posição (p<0,001), e interação entre
grupo e região (p=0,041), não havendo, contudo, diferença estatisticamente
significante para as interações entre posição e região (p=0,983) e para a interação
entre grupo, posição e região (p=0,85).
Tabela 1- Valores de média e desvio padrão para a variável dependente microdureza segundo grupo,
posição e região
continua
Grupo Posição Região n Média Desvio padrão
I AD Cervical 10 49.08 5.11
Médio 10 45.82 5.50
Apical 10 44.56 4.07
Total 30 46.48 5.14
P Cervical 10 56.16 3.76
Médio 10 55.42 4.96
Apical 10 51.58 3.19
Total 30 54.38 4.40
Total Cervical 20 52.62 5.68
Médio 20 50.62 7.09
Apical 20 48.07 5.06
Total 60 50.43 6.19
II AD Cervical 10 49.85 3.00
Médio 10 46.69 3.84
89
continuação
Grupo Posição Região n Média Desvio Padrão
Apical 10 44.87 4.60
Total 30 47.13 4.28
P Cervical 10 58.30 4.02
Médio 10 53.44 3.23
Apical 10 50.98 2.70
Total 30 54.24 4.48
Total Cervical 20 54.07 5.54
Médio 20 50.06 4.89
Apical 20 47.92 4.82
Total 60 50.68 5.63
III AD Cervical 10 54.43 7.42
Médio 10 54.18 7.10
Apical 10 51.93 5.48
Total 30 53.51 6.59
P Cervical 10 56.49 8.28
Médio 10 57.51 6.46
Apical 10 53.93 5.29
Total 30 55.97 6.73
Total Cervical 20 55.46 7.72
Médio 20 55.84 6.82
Apical 20 52.93 5.34
Total 60 54.74 6.72
IV AD Cervical 10 38.71 3.55
Médio 10 41.36 2.15
Apical 10 36.37 2.51
Total 30 38.81 3.40
P Cervical 10 51.51 3.45
90
continuação
Grupo Posição Região n Média Desvio Padrão
Médio 10 52.27 3.80
Apical 10 51.33 6.17
Total 30 51.70 4.49
Total Cervical 20 45.11 7.39
Médio 20 46.81 6.35
Apical 20 43.85 8.94
Total 60 45.25 7.60
V AD Cervical 10 40.85 2.73
Médio 10 40.67 2.05
Apical 10 40.98 2.15
Total 30 40.83 2.25
P Cervical 10 42.34 3.72
Médio 10 42.59 2.55
Apical 10 42.22 4.03
Total 30 42.38 3.37
Total Cervical 20 41.59 3.27
Médio 20 41.63 2.46
Apical 20 41.60 3.21
Total 60 41.60 2.95
Total AD Cervical 50 46.58 7.45
Médio 50 45.74 6.56
Apical 50 43.74 6.41
Total 150 45.35 6.88
P Cervical 50 52.96 7.53
Médio 50 52.24 6.70
Apical 50 50.00 5.91
Total 150 51.73 6.82
91
conclusão
Grupo Posição Região n Média Desvio Padrão
Total Cervical 100 49.77 8.12
Médio 100 48.99 7.36
Apical 100 46.87 6.89
Total 300 48.54 7.55
No gráfico 1 observam-se os valores de média para a variável
dependente microdureza segundo grupo. Após a aplicação do teste ANOVA a três
critérios (p<0,001), o teste de Tukey demonstrou que o grupo III foi o que apresentou
maior valor de microdureza, seguido dos grupos II, I, IV e V. Houve diferença
estatisticamente significante entre todos os grupos (p<0,001), exceto entre os grupos
I e II (p=0,998), segundo teste de Tukey.
50,43
50,68
54,74
45,25
41,6
0
10
20
30
40
50
60
grupo I grupoII grupoIII grupoIV grupoV
grupo I
grupoII
grupoIII
grupoIV
grupoV
Gráfico 1- Valores de média para a variável dependente microdureza segundo grupo
No gráfico 2 estão expressos os valores de média para a variável
dependente microdureza segundo região. Após a aplicação do teste ANOVA a três
critérios (p<0,001), o teste de Tukey demonstrou que houve diferença
estatisticamente significante entre os terços cervical e apical (p<0,001) e entre os
92
terços médio e apical (p=0,003). Não houve, no entanto, diferença estatisticamente
significante entre os terços cervical e médio (p=0,446), segundo teste de Tukey.
49,77
48,99
46,87
45
46
47
48
49
50
cervical médio apical
cervical
médio
apical
Gráfico 2 - Valores de média para a variável dependente microdureza segundo região
No gráfico 3 encontram-se expressos os valores de média para a
variável dependente microdureza segundo grupo e região. O teste de ANOVA a três
critérios demonstrou haver diferença estatisticamente significante para a interação
entre grupo e região (p=0,041). Pode-se observar que os valores de microdureza
foram menores na região apical, principalmente para os grupos I e II, e de maneira
menos evidente para os grupos III, IV e V.
Gráfico 3- Valores de média para a variável dependente microdureza segundo grupo e
região
No gráfico 4 observa-se os valores de média para a variável
dependente microdureza segundo posição. A posição P apresentou maiores valores
52,62
50,62
48,07
54,07
50,06
47,92
55,46
55,84
52,93
45,11
46,81
43,85
41,59
41,63
41,6
0
10
20
30
40
50
60
grupoI grupoII grupo III grupoIV grupoV
cervical
médio
apical
93
de microdureza do que a posição AD, segundo o teste ANOVA a três critérios
(p<0,001).
45.35
51.73
42
44
46
48
50
52
AD P
AD
P
Grágico 4 - Valores de média para a variável dependente microdureza segundo posição
No gráfico 5 podem ser vistos os valores média para a variável
dependente microdureza segundo grupo e posição. O teste de ANOVA a três
critérios demonstrou haver diferença estatisticamente significante para a interação
entre grupo e posição (p<0,01). Em todos os cinco grupos, os valores de
microdureza foram estatisticamente superiores para a posição P, em relação à
posição AD, segundo testes t para observações pareadas (p<0,03).
46,48
54,38
47,13
54,24
53,51
55,97
38,81
51,7
40,83
42,38
0
10
20
30
40
50
60
grupoI grupoII grupoIII grupoIV grupoV
AD
P
Gráfico 5- Valores de média para a variável dependente microdureza segundo grupo e
posição
94
6 DISCUSSÃO
Durante muitos anos, os núcleos metálicos fundidos foram
unanimidade entre os pesquisadores e clínicos, porém, a dificuldade técnica para a
confecção de um perfeito núcleo metálico fundido, e fraturas radiculares freqüentes
ocasionadas pela falta de resiliência do metal, levaram à busca de novas alternativas
e desenvolvimento de materiais. Várias modalidades de pinos pré-fabricados têm
sido propostas para substituírem os núcleos metálicos fundidos, e entre elas
destacam-se os pinos não metálicos fabricados com fibras de carbono ou fibras de
vidro (BERGER; CAVINA, 2004). Os pinos pré-fabricados não metálicos oferecem
uma nova opção de tratamento para dentes tratados endodonticamente, sendo de
fácil manipulação e de uso direto possibilitando a confecção em apenas uma
consulta (TÊNIS et al., 1997).
Os pinos não metálicos de fibra de vidro estão sendo amplamente
utilizados, pois permitem uma melhor penetração da luz através do material
restaurador e possuem boas propriedades estéticas devendo ser utilizados em
conjunto com restaurações estéticas livres de metal (ASMUSSEN; PEUTZFELDT;
HEITMANN, 1999; BERGER; CAVINA, 2004).
A cimentação adesiva é indicada como técnica de eleição para a
cimentação dos pinos de fibra, já que os cimentos resinosos apresentam módulo de
elasticidade menor do que o da dentina e do pino (aproximadamente 7 GPa) e são
resilientes. A composição química dos pinos de fibra permite a adesão aos cimentos
resinosos (FERRARI; MANOCCI, 2000).
Para a técnica de cimentação adesiva de pinos intra-radiculares pré-
fabricados não metálicos são utilizadosrios sistemas adesivos e cimentos
resinosos, sendo necessário inicialmente conhecer a morfologia da dentina radicular
95
antes e depois do condicionamento ácido para a utilização correta dos materiais
(FERRARI; MANOCCI, 2000).
A morfologia da dentina radicular é bem diferente da morfologia da
dentina coronária e conseqüentemente o processo de adesão também será
diferente. Isto ocorre devido às alterações no número e disposição dos túbulos
dentinários na região radicular. A densidade tubular e o diâmetro dos túbulos
diminuem gradualmente do terço coronário para o terço apical, o que torna a adesão
menos favorecida nestas áreas (FERRARI, et al., 2000).
É importante ressaltar que a disponibilidade de dentes humanos para
pesquisa científica tem diminuído muito. As Comissões de Bioética estão cada vez
mais exigentes em relação ao uso desses dentes em pesquisas. Também é cada
vez mais difícil obter-se dentes humanos que estejam hígidos para este fim. Por
esse motivo, cada vez mais os dentes bovinos estão sendo utilizados, porém são
poucos os trabalhos na literatura que fazem estudos comparativos entre dentes
humanos e bovinos (CORRÊA, et al., 2005; NAKAMICHI; IWAKU; FUSAYAMA,
1983; SCHILKE et al., 1999, 2000).
Nakamichi; Iwaku e Fusayama (1983), constataram que a resistência
de união é menor na dentina bovina nas regiões mais profunda. As morfologias do
esmalte e da dentina humana e bovina apresentaram-se semelhantes nas
fotomicrografias, tanto antes como após o condicionamento ácido. Já para Schilke et
al. (2000), a dentina coronária de incisivos centrais bovinos pode substituir a dentina
de molares humanos em estudos de adesão, enquanto a dentina radicular bovina
parece ser menos apropriada para este tipo de estudo, devido a significante maior
densidade dos túbulos dentinários. Corrêa et al. (2005), chegaram a resultados que
indicam que a dentina bovina mostrou maior densidade de túbulos por área nas
proximidades da polpa e menor densidade de túbulos por área nas proximidades do
96
limite amelo-dentinário, semelhante à dentina humana, porém, os túbulos dentinários
apresentaram maior diâmetro próximo ao esmalte e menor diâmetro próximo à
polpa, ao contrário da dentina humana. Em nosso estudo as raízes dos dentes
comportaram-se como matrizes para que pudesse ser realizada a cimentação dos
pinos de fibra de vidro, não havendo influência do tipo de substrato nos resultados.
Neste trabalho optou-se por não realizar o tratamento endodôntico
dos dentes bovinos para que não houvesse variáveis adicionais que pudessem
interferir nos procedimentos adesivos, ocasionadas pelos líquidos de irrigação e
cimentos endodônticos. Normalmente as substâncias mais comumente utilizadas
para a irrigação do canal radicular durante o tratamento endodôntico são o ácido
etileno-di-amino-tetra-acético (EDTA) e o hipoclorito de sódio. O EDTA pode
desnaturar as fibras colágenas das paredes do canal radicular e isso pode alterar a
adesão posterior do cimento resinoso ao canal radicular. Quanto ao hipoclorito de
sódio, este pode liberar oxigênio comprometendo a ativação dos agentes adesivos e
cimentantes (BERUTTI; OSRI; GRANDINI, 2003).
Um outro fator a ser considerado ainda durante o tratamento
endodôntico é a escolha do cimento obturador. Muitos cimentos endodônticos
possuem eugenol na sua composição o que poderia alterar a posterior reação de
polimerização dos sistemas adesivos e agentes cimentantes, mas de acordo com os
trabalhos de Hagge; Wonng e Lindemuth (2002) e Ganss e Jung (1998), a
formulação química dos cimentos endodônticos utilizados não interferiu
significativamente na retenção dos pinos intra-radiculares não metálicos cimentados
com cimento resinoso.
Os cimentos resinosos como já discutido, são o material de escolha
para a cimentação de pinos de fibra de vidro (EL-MOWAFY;RUBO; EL-BADRAWAY,
1999). Basicamente, a composição dos cimentos resinosos é semelhante à das
97
resinas compostas com algumas alterações, ou seja, apresentam uma matriz
orgânica e partículas inorgânicas à base de sílica e vidro, unidas pelo silano. A fase
orgânica é constituída por bisfenol A-metacrilato de glicidila (Bis-GMA) ou uretano
dimetacrilato (UEDMA). As partículas inorgânicas apresentam-se com diferentes
tamanhos e formas (angulares, esféricas ou arredondadas), bem como, diferenciam-
se pelo menor ou maior percentual de carga que é incorporada na resina, com o
objetivo de adequar a viscosidade do material às condições específicas desejáveis
para a função de cimento resinoso (FONSECA; CRUZ; ADABO, 2004; GOMES;
CALIXTO, 2004).
Os cimentos resinosos também são divididos de acordo com o seu
sistema de ativação. Podem ser autoativáveis ou quimicamente ativados,
apresentando uma reação peróxido-amina após a mistura das pastas base e
catalisadora. Os cimentos de ativação exclusivamente química podem ser indicados
em qualquer situação clínica onde exista possível impedimento da passagem de luz
para produzir a ativação física. Os cimentos fotoativáveis ou de ativação física
apresentam fotoiniciadores como a canforoquinona e são indicados apenas para
casos clínicos em que exista a possibilidade de passagem da luz através da peça
protética, capaz de produzir a ativação completa do cimento resinoso. Estes
cimentos apresentam a vantagem clínica de permitirem um tempo de trabalho
bastante longo (GOMES; CALIXTO, 2004). Combinando as vantagens dos cimentos
quimicamente ativados e fotoativáveis foram desenvolvidos os cimentos de ativação
dual. Monômeros fotoiniciadores e aminas estão presentes na composição química
do cimento, como uma forma adicional ao sistema de ativação de polimerização.
Espera-se que a reação química seja capaz de completar a polimerização nas
regiões onde a luz é incapaz de chegar. (GOMES, CALIXTO, 2004; HOFMANN et
al., 2001).
98
Para obter-se uma adequada cimentação é preciso que a conversão
dos monômeros dos cimentos resinosos em polímeros seja a maior possível
(MENEZES; MUENCH, 1998). A avaliação do grau de polimerização de materiais
resinosos pode ser feita através de técnicas de espectroscopia de raios infra-
vermelhos (RUEGGEBERG; CAUGHMAN, 1993), porém uma avaliação indireta
utilizando a dureza superficial é totalmente aceitável (HOFMANN et al., 2001; WANG
et al., 2003). Em nosso trabalho foi utilizada a microdureza Vickers para analisar o
grau de polimerização dos cimentos resinosos, para isso foi utilizado o
Microdurômetro HMV-2 (Schimadzu) com um carga de 50 gramas por 30 segundos
que calcula automaticamente a dureza após a identação. A dureza Vickers é
determinada pela força necessária para criar uma deforrmação na superfície da
amostra e a dimensão da deformação permanente.
Vários trabalhos compararam os valores de dureza dos cimentos
nos diferentes tipos de ativação e encontraram melhores resultados para os
cimentos resinosos de ativação dual em relação aos cimentos de ativação química e
ativação somente pela luz (ATLAR; TAM; McCOMB, 2003; CAUGHMAN; CHAN;
RUEGGEBERG, 2001; DARR, JACOBSEN, 1995; EL-BADRAWAY; EL-MOWAFY,
1995; EL-MOWAFY; RUBO; EL-BADRAWAY, 1999; HOFMANN et al., 2001;
RUEGGEBERG; CAUGHMAN, 1993). Os resultados de Jardim (2004), discordam
dos encontrados nos trabalhos citados acima, já que o cimento resinoso de ativação
química em seu estudo foi o que apresentou melhores valores de dureza Vickers.
Em nosso trabalho o grupo III em que utilizamos o cimento quimicamente ativado
Panavia 21 foi o que apresentou maior média de dureza demonstrando a eficácia do
cimento corroborando também com os achados de Jardim (2004).
Outros trabalhos analisaram a ativação dos cimentos através da interposição
de espaçadores entre a fonte de luz e o material (ALENCAR JÚNIOR, 2005;
99
BLACKMAN; BARGHI; DUKE, 1990; CARREIRA; VIEIRA, 2002; EL-BADRAWAY;
EL-MOWAFY, 1995; EL-MOWAFY; RUBO; EL-BADRAWAY, 1999; FONSECA;
CRUZ; ADABO, 2004; SANTOS et al., 2000; MALULY FILHO, 2002), em todos estes
trabalhos quanto maior a interposição de espaçadores menor foi a ativação dos
cimentos. Outros trabalhos demonstram ter havido diminuição na dureza superficial
dos cimentos conforme a profundidade de polimerização dos mesmos (CONSANI et
al., 2002, FAN et al., 2002; GASTON et al., 2001; HANSEN; ASMUSSEN, 1993;
JARDIM, 2004; MACHADO et al., 2002; SANTOS et al., 2000; TSAI; MEYERS;
WALSH, 2003). Para Tsai; Meyers e Walsh (2003), conforme aumenta-se a
profundidade do incremento de resina diminui-se a dureza pois uma menor
quantidade de canforoquinona é atingida pela luz, sendo assim, menor é a
polimerização da mesma. Os resultados do nosso trabalho também concordam com
estes trabalhos citados acima, pois, nos grupos I e II onde foi realizada a
fotoativação, os valores de microdureza foram menores na região apical, o que foi
menos evidente nos grupos III, IV e V onde não foi realizada a fotoativação. Nos
sistemas fotoativados, a polimerização não ocorre por todo o material de maneira
uniforme, como ocorre nas resinas quimicamente ativadas (MARTINS et al., 2002).
Nos grupos III, IV e V nota-se uma maior uniformidade entre os terços cervical,
médio e apical, já que nos grupos III e IV o cimento utilizado foi o quimicamente
ativado e no grupo V o cimento EnForce foi utilizado de maneira química, ou seja,
sem fotoativação.
Estudos indicam que a ativação química apenas não é suficiente para
que os cimentos resinosos duais alcancem sua máxima conversão (FONSECA;
CRUZ; ADABO, 2004), o que também foi observado em nosso estudo já que o grupo
V, onde o cimento dual foi utilizado apenas com sua ativação química, foi o que
apresentou menor média de microdureza Vickers.
100
Alguns trabalhos analisam o aumento gradativo da dureza com o
tempo de armazenamento das amostras. Para Darr e Jacobsen (1995) os agentes
cimentantes apresentaram-se insuficientemente polimerizados durante os primeiros
estágios da cimentação, havendo um aumento gradativo na dureza dos cimentos
com o aumento do tempo de armazenamento das amostras concordando com El-
Badraway e El-Mowafy (1995) e El-Mowafy; Rubo e El-Badraway (1999), que
também encontraram resultados parecidos e discordando de Rueggeberg e
Caughman (1993) que observaram que para quase todas as resinas testadas, a
polimerização 10 minutos após a espatulação foi quase equivalente à polimerização
após 24 horas. Em nosso estudo aguardou-se um período estabelecido de 7 dias
para a análise da dureza das amostras.
Existem evidências que sugerem que a força de adesão dos
cimentos resinosos à dentina é influenciada pela compatibilidade dos modos de
ativação entre os sistemas adesivos e cimentos utilizados. Alguns fabricantes
incluem um ativador adicional aos adesivos de passo único para torná-los duais para
melhorar a efetividade da adesão aos compostos duais ou químicos (FRANCO et
a.l., 2005; SANNARES, et al. 2001). Os resultados observados em nosso trabalho
demonstram não haver melhoras quando se utilizou o Self Cure Activator (Dentsply),
não havendo diferença estatística entre os grupos I e II. Acredita-se que a causa
principal da incompatibilidade dos adesivos simplificados às resinas de
polimerização química pode estar relacionada à acidez dos adesivos (pH). Para
Sannares et al. (2001), analisando o efeito de quatro sistemas adesivos de frasco
único, com diferentes pHs, na união a resina foto e quimicamente ativadas, através
do teste de microtração e análise em MEV, houve uma diminuição significativa na
resistência adesiva quando foi utilizado o sistema adesivo simplificado em conjunto
com resinas quimicamente ativadas. Os autores relataram haver uma interação entre
101
os monômeros resinosos ácidos presentes na camada superficial do sistema
adesivo simplificado que é inibida pelo oxigênio presente nos componentes
catalisadores peróxido-amina comumente presentes nos compósitos quimicamente
ativados, além da incorporação de bolhas de ar durante a espatulação dos cimentos
quimicamente ativados. Franco et al. (2005) chegaram a resultados que concordam
com Sanares observando que quanto menor foi o pH do sistema adesivo utilizado,
menor foi a resistência de união à resina quimicamente ativada. Os achados deste
estudo demonstram que o pH dos sistemas adesivos influencia a ativação e a força
de união dos materiais quimicamente ativados. Suh et al. (2003); Tay et al. (2004),
também chamaram a atenção para a incompatibilidade dos adesivos simplificados
de um passo com os compósitos de ativação química que utilizam aminas terciárias
como componente do catalisador. Esta incompatibilidade é parcialmente causada
pela neutralização das aminas terciárias básicas pelos monômeros ácidos residuais
da camada de oxigênio inibido de adesivo. Outro fator responsável pela falta de
adesão das resinas químicas com os adesivos fotoativados é o recente
descobrimento de que os adesivos simplificados de um passo comportam-se como
membranas permeáveis após fotoativados. Esta permeabilidade dos adesivos
permite a formação de bolhas na interface compósito-adesivo. Essas bolhas
aumentam o estresse entre os materiais e diminui a resistência adesiva das resinas
químicas à dentina. Suh et al. (2003) utilizaram diferentes concentrações de
monômeros acidificados para contaminar resinas fotoativáveis e de ativação
química, com o intuito de simular o contato da resina composta e monômeros ácidos
não polimerizados ao longo da interface adesivo/compósito quando utilizam-se os
adesivos simplificados de um passo. Observaram que os monômeros acidificados
tiveram um efeito limitado na polimerização da resina fotoativada, porém reduções
substanciais no grau de polimerização das resinas quimicamente ativadas ocorreram
102
quando estas foram contaminadas com os monômeros resinosos acidificados Em
nosso estudo houve diferença estatística significante entre as posições AD (próximo
ao sistema adesivo) e P (próximo ao pino de fibra de vidro), sendo os valores
próximos à posição AD sempre menores do que os valores próximos da posição P
em todos os grupos. Isto ficou mais evidente no grupo IV que utilizou o sistema
adesivo simplificado autocondicionante que possui um valor baixo de pH e menos
evidente no grupo III que utilizou o ED Primer do cimento resinoso Panavia 21 que é
de ativação química. Provavelmente isto ocorreu devido ao baixo pH do sistema
adesivo Clearfil SE Bond que é de 1,9 (GOMES; CALIXTO, 2004), evidenciando a
existência de uma incompatibilidade do cimento resinoso químico com o adesivo
autocondicionante que é o mais ácido.
Com base em nossos achados concordamos com a influência do pH
ácido dos sistemas adesivos em provavelmente reduzir a adesão dos cimentos
resinosos, pois encontramos valores de dureza menores com pHs menores. É
importante que o clínico possa evitar este tipo de combinação.
103
7 CONCLUSÃO
De acordo com a metodologia proposta e com base nos resultados
obtidos, concluímos que:
a) O cimento resinoso quimicamente ativado (GIII) apresentou
maiores valores de dureza superficial quando comparado ao cimento
resinoso de dupla ativação, independente da região analisada do
canal radicular;
b) O fator profundidade de polimerização interferiu nos valores de
dureza superficial em todos os grupos, sendo mais evidente para os
grupos onde o cimento foi fotoativado (GI e GII) do que para os
grupos com ativação química (GIII, GIV e GV) que mostraram maior
uniformidade nos três terços do conduto radicular;
c) Houve interferência dos sistemas adesivos utilizados nos valores
de microdureza para todos os grupos, o que pode ser observado nos
menores valores encontrados próximo aos sistemas adesivos, sendo
mais evidente no GIV que utilizou o sistema adesivo
autocondicionante e menos evidente no grupo III que utilizou o Primer
do próprio cimento, mostrando a incompatibilidade entre os sistemas
adesivos com menor pH e a fase quimicamente ativada dos cimentos
resinosos.
104
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108
108
APÊNDICE A:
Materiais utilizados: apresentação comercial e recomendações dos
fabricantes.
109
SISTEMA ADESIVO PRIME&BOND 2.1 (Dentsply)
Apresentação comercial do Sistema Adesivo
Kit composto por:
Prime & Bond 2.1 4,0ml
Instruções de uso
Composição química:
Resinas dimetacrilato elastoméricas
Dipentacriol Pentacrilato (PENTA)
Fotoiniciadores
Estabilizadores
Acetona
Flúor
Técnica de aplicação:
(Recomendações do fabricante)
1. Limpar a cavidade;
2. Condicionar com ácido fosfórico 37% em esmalte por 30 segundos e dentina
por 15 segundos
3. Lavar com spray ar/água
4. Secar gentilmente com ar
5. Aplicar uma camada do Adesivo e deixar repousar por 30 segundos
6. Fotopolimerizar por 10 segundos
7. Aplicar a segunda camada
8. Remover excessos com ar durante 5 segundos
9. Fotopolimerizar por 10 segundos
110
SISTEMA ADESIVO CLEARFIL SE BOND (Kuraray)
Apresentação comercial do Sistema Adesivo:
Kit composto por:
Primer 6ml
Bond 5ml
Casulos para mistura 1
Estojo dispensador 1
Guia de utilização e bula
Composição química
Primer
10-Metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato (MDP)
2-Hidroxietil metacrilato (HEMA)
Metacrilato hidrofílico
Canforoquinona
N,N Dietanol-p-toluidine
Água
Bond
10-Metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato (MDP)
Bis-fenol A diglicidilMetacrilato (Bis-GMA)
2-Hidroxietil metacrilato (HEMA)
Dimetacrilato hidrofóbico
Canforoquinona
N,N Dietanol-p-toluidine
Sílica Coloidal Silanizada
Técnica de aplicação;
(Recomendações do fabricante)
1. Limpar a cavidade
2. Aplicar o Primer e deixar repousar por 20 segundos
3. Secar levemente com ar
4. Aplicar o adesivo
5. Espalhar gentilmente com ar
6. Fotopolimerizar por 10 segundos
111
CIMENTO RESINOSO DUAL ENFORCE (Dentsply)
Apresentação comercial do Cimento Resinoso;
Kit composto por:
1 seringa de pasta ctalisadora 3,5g
1 seringa de pasta base matizada cor A2 2,5g
instruções de uso
Composição química
Pasta base matizada
TEGDMA
BDMA
Vidro de Boro Silicato de Alumínio e Bário Silanizado
Sílica Pirolítica Silanizada
Canforoquinona
EDAB
BHT
Pigmentos Minerais DHEPT
Pasta Catalisadora
Dióxido de Titânio
Sílica Pirolítica Silanizada
Pigmento Mineral
Resina Bis-GMA
BHT
EDAB
TEGDMA
Peróxido de Benzoíla
Técnica de aplicação:
(Recomendações do fabricante)
1. Misturar quantidades equivalentes de pasta base e pasta catalisadora
2. Após obter-se uma mistura homogênia, aplicar uma camada do cimento no
pino intra-radicular e inseri-lo no conduto com o auxílio de uma broca Lentulo
3. Remover os excessos de cimento com pincel
4. Fotopolimerizar o cimento por 60 segundos
112
CIMENTO RESINOSO QUÍMICO PANAVIA 21 (Kuraray)
Apresentação comercial do Cimento Resinoso:
Kit composto por:
1 seringa de pasta base 7,6g
1 seringa de pasta catalisadora 7,6g
ED Primer:
Líquido A
Líquido B
Composição química
ED Primer
10-metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato (MDP)
2-hidroxietil metacrilato (HEMA)
N-metacriloil 5-ácido aminosalicílico (5-NMSA)
Panavia 21
Bisfenol A polietoxi dimetacrilato
10-metacriloxidecyl dihidrogenio fosfato
Dimetacrilato hidrofóbico
Dimetacrilato hidrofílico
Técnica de aplicação:
(Recomendações do fabricante)
1. Misturar uma gota do líquido A e uma gota do líquido B do ED Primer por 5
segundos
2. Aplicar o ED Primer na estrutura dentária limpa e esperar 60 segundos
3. Aplicar um leve jato de ar para a evaporação dos componentes voláteis.
4. Dispensar quantidades iguais das pastas base e catalisadora do Cimento
Panavia 21
113
5. Espatular o cimento por 20 segundos
6. Aplicar o cimento no interior do conduto com broca Lentulo
7. Aguardar o tempo de endurecimento do cimento (7 minutos)
114
APÊNDICE B:
Valores das microdurezas Vickers de acordo com a profundidade e a região de
medição
115
Nas tabelas 2, 3, 4 e 5 são apresentados os valores de Dureza
Vickers (HV) obtidos em corpos-de-prova dos respectivos grupo I, grupo II, grupo III
e grupo IV, de acordo com a profundidade de polimerização (C: terço cervical, M:
terço médio e A: terço apical) e região de medição (M1: próximo ao pino e M2:
próximo ao sistema adesivo)
Tabela 2- Valores de dureza para os corpos de prova do grupo I
continua
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
1 C 47.4 58.2
M 43.8 48.3
A 41.8 49.5
_________________________________________________________________________________
2 C 47.4 56.7
M 56.6 61.1
A 39.3 48.1
_________________________________________________________________________________
3 C 45.4 53.9
M 41.1 54.7
A 50.8 50.2
_________________________________________________________________________________
4 C 47.0 51.4
M 43.8 49.8
A 40.1 49.3
_________________________________________________________________________________
5 C 52.2 58.1
M 40.7 57.7
A 45.5 56.0
_________________________________________________________________________________
6 C 43.5 54.0
M 39.6 52.9
A 43.4 47.1
_________________________________________________________________________________
7 C 51.1 53.3
M 49.2 51.8
A 42.2 54.2
116
Tabela 2- Valores de dureza para os corpos de prova do grupo I
conclusão
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
8 C 61.2 62.9
M 52.8 62.1
A 50.8 56.5
_________________________________________________________________________________
9 C 50.6 60.6
M 45.8 57.0
A 46.7 52.0
_________________________________________________________________________________
10 C 44.9 52.4
M 47.9 56.1
A 46.7 51.6
_________________________________________________________________________________
Tabela 3. Valores de dureza para os corpos de prova do grupo II.
continua
_________________________________________________________________________________
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
1 C 48.4 55.7
M 47.7 50.4
A 51.5 49.5
_________________________________________________________________________________
2 C 49.3 59.0
M 50.0 51.0
A 47.1 51.3
3 C 51.8 59.6
M 47.6 54.2
A 41.0 51.0
_________________________________________________________________________________
4 C 47.4 57.2
M 48.7 55.7
A 45.5 53.0
_________________________________________________________________________________
5 C 50.0 57.8
M 47.1 50.3
A 43.0 50.0
117
Tabela 3. Valores de dureza para os corpos de prova do grupo II.
conclusão
_________________________________________________________________________________
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
6 C 55.7 62.5
M 49.0 52.5
A 46.5 48.2
_________________________________________________________________________________
7 C 53.8 61.0
M 49.9 56.0
A 50.8 55.5
_________________________________________________________________________________
8 C 47.1 62.5
M 41.5 57.5
A 35.8 46.2
_________________________________________________________________________________
9 C 47.3 48.6
M 39.5 49.1
A 44.1 48.4
_________________________________________________________________________________
10 C 47.6 59.4
M 43.6 57.9
A 43.4 51.7
_________________________________________________________________________________
Tabela 4. Valores de dureza para os corpos-de-prova do grupo III.
continua
_________________________________________________________________________________
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
1 C 50.3 53.4
M 52.3 61.2
A 50.8 57.3
_________________________________________________________________________________
2 C 66.7 70.4
M 49.5 56.1
A 50.4 50.1
_________________________________________________________________________________
3 C 41.5 44.1
M 41.1 45.9
A 62.9 56.2
_________________________________________________________________________________
118
Tabela 4. Valores de dureza para os corpos-de-prova do grupo III.
conclusão
_________________________________________________________________________________
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
4 C 60.8 59.9
M 66.3 67.8
A 61.9 62.5
_________________________________________________________________________________
5 C 53.6 58.5
M 53.5 60.3
A 54.6 55.3
_________________________________________________________________________________
6 C 44.5 41.4
M 47.9 47.6
A 52.5 50.4
_________________________________________________________________________________
7 C 43.6 48.5
M 59.5 57.6
A 54.5 53.6
_________________________________________________________________________________
8 C 55.5 61.9
M 54.4 59.2
A 48.8 47.9
_________________________________________________________________________________
9 C 60.7 59.3
M 58.0 60.3
A 47.5 54.2
_________________________________________________________________________________
10 C 58.2 59.1
M 59.3 60.4
A 51.1 57.8
_________________________________________________________________________________
119
Tabela 5. Valores de dureza dos corpos-de-prova do grupo IV.
_________________________________________________________________________________
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
1 C 32.8 48.5
M 40.7 51.7
A 31.1 36.2
_________________________________________________________________________________
2 C 40.2 49.4
M 40.2 46.1
A 38.9 50.3
_________________________________________________________________________________
3 C 44.2 55.8
M 38.6 47.8
A 36.9 49.8
_________________________________________________________________________________
4 C 35.8 50.9
M 42.7 52.1
A 36.0 54.9
_________________________________________________________________________________
5 C 39.4 54.3
M 39.3 50.0
A 35.3 51.5
_________________________________________________________________________________
6 C 41.3 54.4
M 40.1 57.9
A 37.4 52.4
_________________________________________________________________________________
7 C 36.9 52.8
M 41.3 52.3
A 36.2 55.6
_________________________________________________________________________________
8 C 43.1 56.8
M 41.2 56.3
A 35.8 48.8
_________________________________________________________________________________
9 C 36.5 52.0
M 45.7 51.9
A 40.7 59.9
_________________________________________________________________________________
10 C 36.9 47.7
M 43.8 56.6
A 35.4 51.4
_________________________________________________________________________________
120
Tabela 6. Valores de dureza dos corpos-de-prova do grupo V.
_________________________________________________________________________________
Corpo-de prova Profundidade Região
______________________
M1 M2
1 C 43.2 48.9
M 37.8 46.0
A 39.8 44.9
_________________________________________________________________________________
2 C 34,8 42.4
M 41.8 42.0
A 38.0 33.9
_________________________________________________________________________________
3 C 39.2 43.5
M 39.8 33.1
A 43.6 45.7
_________________________________________________________________________________
4 C 38.1 36,2
M 40.9 38.8
A 43.6 44.9
_________________________________________________________________________________
5 C 42.0 44.4
M 41.5 42.0
A 41.3 42.2
_________________________________________________________________________________
6 C 43.3 38.7
M 38.3 42.0
A 43.0 42.2
_________________________________________________________________________________
7 C 42.5 45.3
M 41.5 45.0
A 38.0 42.2
8 C 41.7 43.9
M 39.0 45.4
A 40.9 47.0
9 C 42.8 41.4
M 44.9 42.6
A 42,3 43.4
10 C 40.8 38.7
M 41.0 38.5
A 41.5 37.0
_________________________________________________________________________________
121
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