29
crianças violentadas apresentam, os fatores de risco, os meios de proteção e as
possibilidades de encaminhamentos.
Considerando o papel do professor como agente de educação e de formação, ficam
evidentes as falhas de sua atuação para intervenções adequadas, conforme resultados de
pesquisa (Brino, 2002; Brino & Williams, 2003; Koller & Lisboa, 2004). A escola como
espaço público, em constante interação com a família, é apontada como um dos mais
significativos agentes de socialização da criança, por se tratar de um ambiente de cidadania,
conforme definido por Souza Santos (2004). De acordo com Brino e Williams (2003), a
escola mostra-se o lugar ideal para detecção e intervenção em casos de abuso sexual
infantil, em que, na maioria das vezes, o agressor encontra-se na família. Enquanto
instituição social educativa, a escola é reconhecido locus de referência de valores sociais,
culturais e éticos. Além da sua função educativa, desempenha importante papel na vida da
criança, podendo contribuir na prevenção da violência em suas mais diversas formas.
Contribuindo no esclarecimento de questões sobre o processo de exclusão, Aun,
Vasconcellos & Coelho (2005) afirma que as famílias em contexto de pobreza encontram-
se constantemente estressadas em suas atividades rotineiras, pois são privadas de outros
bens, como o lazer e a cultura. As crianças, basicamente, freqüentam dois espaços sociais
de referência, a família e a escola. O lazer e a brincadeira são inexistentes, geralmente
relegados, sem nenhuma importância para o desenvolvimento psicossocial da criança.
Sobre o brincar, Winnicott (1971) fundamenta a importância dessa atividade para
as crianças, coloca-o como fenômeno natural e universal, que significa a própria saúde.
Explicita que “o brincar facilita o crescimento e, portanto, a saúde; o brincar conduz aos
relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma forma de comunicação a serviço da
comunicação consigo mesmo e com os outros” (p.63). Entende-se, portanto, que o brincar
tem um papel insubstituível no processo vital de encontro consigo mesmo e com o outro. A
criança, através da formação e utilização das diversas manifestações simbólicas –
linguagem, imagem mental, desenho representativo, imitação na ausência de modelo,
fabulação lúdica –, adquire condições de, gradativamente, ir-se percebendo como alguém
que constrói a própria história de vida de modo ativo e interativo. Winnicott (1971) ressalta,
ainda, a importância fundamental da interação do adulto quanto à sensibilidade de enxergar
como a criança está se organizando em seu processo adaptativo através de uma conquista