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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
Curso de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental - CLINEX
Avaliação da densidade capilar e reatividade
microvascular cutâneas em obesos portadores de
síndrome metabólica
Elizabete Goes da Silva
Rio de Janeiro
2008
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
Curso de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental - CLINEX
Avaliação da densidade capilar e reatividade
microvascular cutâneas em obesos portadores de
síndrome metabólica
Elizabete Goes da Silva
Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em
Fisiopatologia Clínica e Experimental da Universidade do Estado
do Rio de Janeiro para obtenção do título de Mestre em Ciências
Orientadores:
Professora Doutora Virginia Genelhu de Abreu
Professor Doutor Eduardo Tibiriçá
Rio de Janeiro
2008
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i
ii
FICHA CATALOGRÁFICA
Silva, Elizabete Goes da.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas em
obesos portadores de síndrome metabólica /
Elizabete Goes da Silva. – Rio de Janeiro,
2008.
xv, 98p.
Orientadores: Virgínia Genelhu de Abreu, Eduardo Tibiriçá.
Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Centro Biomédico, Curso
de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental.
1. Densidade capilar. 2. Reatividade microvascular. 3. Obesidade. 4. Síndrome metabólica. I.
Genelhu, Virgínia, Tibiriçá, Eduardo. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de
Ciências Médicas. Fisiopatologia Clínica e Experimental. III. Título.
iii
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
Curso de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental - CLINEX
Avaliação da densidade capilar e reatividade microvascular cutâneas
em obesos portadores de síndrome metabólica
Elizabete Goes da Silva
Orientadores:
Professora Doutora Virginia Genelhu de Abreu
Professor Doutor Eduardo Tibiriçá
Banca examinadora:
Professor Doutor Antônio Cláudio Lucas da Nóbrega
Professora Doutora Eliane de Abreu Soares
Professor Doutor Emílio Antônio Francischetti
Rio de Janeiro
2008
iv
DEDICATÓRIA
Aos meus amados pais
Domingos (in memorian) e Lourdes,
pelo exemplo de perseverança
e superação de dificuldades.
Ao meu amado marido Raphael,
por todo amor e companheirismo
que eu poderia ter nesta etapa
do meu crescimento profissional.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela presença constante em minha vida;
À professora Virginia Genelhu de Abreu, pelo exemplo incentivador, pela orientação
primorosa e pela imensurável dedicação ao ensinar;
Ao professor Emílio Antônio Francischetti, pela oportunidade de realizar este estudo e
principalmente, pelas enriquecedoras discussões sobre obesidade, fundamentais para
o desenvolvimento deste trabalho;
Ao professor Eduardo Tibiriçá, pelos valiosos ensinamentos sobre microcirculação, os
quais contribuíram significativamente para elaboração desta dissertação;
À minha querida família, em especial a minha mãe Lourdes, meu marido Raphael, meus
irmãos Cristina, William e Elisângela, meus padrinhos Raimundo e Francisca, meus
sogros Maria Virgínia e Antônio Carlos, pelo apoio, incentivo, paciência e compreensão
pela minha ausência aos “eventos” familiares;
Aos amigos que se tornaram pacientes e aos pacientes que se tornaram amigos; em
ambos os casos, muito obrigada pela disponibilidade e paciência durante a coleta de
dados e realização do estudo;
À amiga nutricionista Márcia Simas, por ter contribuído para o meu retorno ao Clinex
após o término da residência, pelos ensinamentos compartilhados e por todo o estímulo
nos momentos de dificuldade;
Aos amigos e bolsistas de iniciação científica Bruno Celoria e Elba Rodrigues, pelo
auxílio, apoio, dedicação e participação incansável no desenvolvimento deste estudo;
vi
À amiga nutricionista Isabel Jereissati, por compartilhar trabalhos, conhecimentos,
alegrias, dificuldades e ansiedades ao longo de todo o período de realização do
mestrado;
Às amigas que compõem a equipe do Clinex e que contribuíram decisivamente para
elaboração deste trabalho: secretária da pós-graduação Amélia Gomes e as biólogas
Maria de Lourdes Guimarães e Débora Valença;
Aos secretários Silvana, Fátima, Solange, Rubens e Eliane, pela disposição em ajudar
e colaborar direta e indiretamente para a realização de algumas etapas desta pesquisa;
Às nutricionistas Lívia Nogueira e Marcela Knibel e às bolsistas de iniciação científica
Renata Pina, Rafaella, Fernanda e Paula, pelos momentos de descontração, amizade e
convivência agradável;
Ao biólogo Vagner Ismerim Lobão, por ter gentilmente auxiliado e contribuído para a
realização de exames bioquímicos no Laboratório Central do Hospital Pedro Ernesto.
A todos os colegas do Serviço de Nutrição e Dietética dos Hospitais Clementino Fraga
Filho e Conde Modesto Leal, pela motivação e compreensão das minhas trocas de
plantão e ausências durante a realização deste estudo.
vii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Características de todos os participantes de acordo com o grupo de
estudo..............................................................................................................................47
Tabela 2. Características dos participantes do estudo: indivíduos eutróficos (n= 30) e
obesos portadores (n= 20) ou não de síndrome metabólica (n= 25)..............................48
Tabela 3. Correlações de Pearson entre as variáveis antropométricas, metabólicas e
hemodinâmicas avaliadas nos pacientes obesos (n= 45)...............................................50
Tabela 4. Comparação entre as características da microcirculação cutânea avaliadas
em indivíduos eutróficos (n= 30) e obesos (n= 45).........................................................51
Tabela 5. Comparação entre as características da microcirculação cutânea avaliadas
em indivíduos eutróficos (n= 30), obesos sem (n= 25) e com síndrome metabólica
(n=20)..............................................................................................................................52
Tabela 6. Correlações de Pearson entre os parâmetros de avaliação microvascular e as
variáveis hemodinâmicas avaliadas nos pacientes obesos (n =45)................................57
Tabela 7. Correlações de Pearson entre os parâmetros de avaliação microvascular e as
variáveis metabólicas avaliadas nos pacientes obesos (n =45)......................................57
viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Alterações da homeostase na célula endotelial vascular sob condições de
resistência e hiperinsulinemia compensatória.................................................................23
Figura 2. Associação entre disfunção microvascular e síndrome metabólica............... 26
Figura 3. Equipamentos utilizados para a avaliação da microcirculação cutânea por
videomicroscopia...................................................................................................................................42
Figura 4. Fluxograma de pacientes do estudo...............................................................46
Figura 5. Comparação entre a densidade capilar cutânea média/ mm² no estado basal,
durante HRPO e após congestão venosa, em cada grupo.............................................54
Figura 6. Comparação entre o recrutamento capilar durante HRPO (aumento
percentual do número de capilares/ mm²) entre os três
grupos..............................................................................................................................54
Figura 7. Redução da densidade capilar cutânea média durante HRPO conforme
elevação dos valores de circunferência de cintura estratificados em
quartis..............................................................................................................................55
Figura 8. Redução da densidade capilar cutânea média durante HRPO conforme
elevação dos valores de IMC estratificados em quartis..................................................56
Figura 9. Redução da densidade capilar cutânea média durante HRPO conforme
elevação dos valores de HOMA-IR estratificados em tercis...........................................58
Figura 10. Correlação entre as concentrações de leptina plasmática e a densidade
capilar cutânea média obtida após indução da congestão venosa................................59
ix
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AGNE- Ácidos graxos não esterificados
CC- Circunferência da cintura
CV- Congestão venosa
EDHF- Endothelium derived hyperpolarizing factor
ET-1- Endotelina 1
FC- Freqüência cardíaca
HOMA- Homeostasis model assessment
HDL- High density lipoprotein
HRPO- Hiperemia reativa pós-oclusiva
IDF- International Diabetes Federation
IMC- Índice de massa corporal
LDL- Low density lipoprotein
MAP-K- Proteína quinase ativada por mitógeno
MCP-1- Monocyte chemoattractant protein 1
NCEP- ATPIII- National Cholesterol Education Program- Adult Treatment Panel III
NHANES- National Health and Nutrition Survey
NO- Nitric oxide
PAD- Pressão arterial diastólica
PAI-1- Plasminogen activator inhibitor-1
PAM- Pressão arterial média
PAS- Pressão arterial sistólica
PI3-K- Fosfatidilinositol 3 quinase
RCQ- Razão cintura- quadril
TG- Triglicerídeos
TNF-α- Tumoral necrosis factor α
VEGF- Vascular endothelial growth factor
VLDL- Very low density lipoprotein
x
RESUMO
Silva, EG. Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas
em obesos portadores de síndrome metabólica. Rio de Janeiro, 2008. 98p.
Dissertação (Mestrado) – Curso de Pós-graduação em Fisiopatologia Clínica e
Experimental – Clinex. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
1. Contexto: evidências recentes apontam a obesidade como um dos fatores causais
da disfunção microvascular, a qual contribui para o desenvolvimento das alterações
fisiopatológicas da síndrome metabólica.
2. Objetivo: avaliar a densidade capilar e a reatividade microvascular cutâneas em
obesos portadores de síndrome metabólica comparados a indivíduos eutróficos e
obesos, ambos sem este diagnóstico.
3. Casuística: participaram deste estudo transversal 20 obesos portadores de síndrome
metabólica (SM) definida de acordo com NCEP - ATP III (2001) (idade 37,8±2,3 anos),
25 obesos sem SM (idade 40,12±2,3anos) e 30 eutróficos (idade 42,77±1,2 anos), de
ambos os sexos.
4. Métodos: foram estudadas as seguintes variáveis (através de seus respectivos
métodos): peso, altura, índice de massa corporal (IMC), circunferência da cintura (CC),
circunferência do quadril, razão cintura-quadril, glicose (enzimático hexoquinase), índice
de resistência à insulina (HOMA-IR), insulina, leptina, adiponectina (radioimunoensaio),
colesterol total, HDL-colesterol, triglicerídeos (enzimático), LDL-colesterol (fórmula de
Friedwald), ácido úrico (enzimático), pressão arterial sistólica e diastólica, freqüência
cardíaca (oscilométrico), densidade capilar cutânea média (DCCM) basal e após
estímulos- durante hiperemia reativa pós-oclusiva (HRPO) e pós congestão venosa
(CV) (videomicroscopia), aumentos absoluto e percentual do nº capilares/ mm² durante
HRPO e aumentos absoluto e percentual do nº capilares/ mm² pós-CV.
5. Resultados: obesos (n=45) apresentaram a DCCM durante HRPO e após indução
da CV superiores a que foi determinada sob condições basais (136±4,10 vs.
131,5±3,7;135,5±3,91 vs. 131,5±3,7, respectivamente, p<0,05), conforme verificado em
eutróficos (143,9±4,2 vs. 135,2±4,14; 147,7±4,8 vs. 135,2±4,14, respectivamente,
p<0,0001). No entanto, constatou-se que essa capacidade de recrutamento capilar
xi
durante HRPO de indivíduos obesos foi significativamente inferior à mensurada em
eutróficos (2,6% vs. 7,2%, respectivamente, p=0,03) o que evidencia um
comprometimento da reatividade microvascular nos obesos. Com relação à congestão
venosa, verificou-se a presença de rarefação capilar após sua indução em obesos
quando comparados aos eutróficos (135,5±3,91 vs. 147,7±4,8, respectivamente,
p=0,05). Ao considerar o diagnóstico SM, observou-se que somente os obesos
acometidos por esta condição não exibiram diferenças significativas entre a DCCM
basal e as obtidas após estímulos (vs. HRPO e CV, p= 0,33 e p= 0,14,
respectivamente). Alterações expressivas na reatividade microvascular desses
indivíduos foram demonstradas ao comparar o recrutamento capilar durante HRPO
entre os três grupos estudados (p ANOVA= 0,04; p<0,05 eutróficos vs. obesos com
SM). Detectou-se a ocorrência de correlações inversas e significativas entre CC e
DCCM basal (r= -0,34; p= 0,02), bem como entre IMC e DCCM basal (r= -0,35, p= 0,02)
e após CV (r= -0,35, p= 0,02). Através da análise de CC e IMC em quartis, observou-se
uma redução significativa no número de capilares visualizados durante HRPO (p<0,05)
conforme aumento de ambas medidas antropométricas. À exceção da CC, não
evidenciamos a associação entre os demais componentes da SM (glicemia, pressão
arterial, dislipidemia) e parâmetros de avaliação da função microvascular cutânea,
assim como entre estas mesmas variáveis e as adipocitocinas adiponectina e leptina. A
resistência à insulina parece influenciar a DCCM durante HRPO, uma vez que os
obesos pertencentes ao mais elevado tercil dos valores de HOMA-IR apresentaram
uma redução significativa no número de capilares obtidos durante HRPO.
6. Conclusões: (1) A obesidade encontra-se associada com alterações estruturais
(rarefação capilar) e funcionais na microcirculação cutânea, as quais ocorrem
proporcionalmente ao aumento do grau de obesidade global e central; (2) A presença
de SM permite identificar, dentre os obesos, aqueles que efetivamente apresentam
alterações funcionais no recrutamento capilar quando comparados aos eutróficos; (3)
Dentre os critérios de definição, a CC é o único componente clínico da SM relacionado
significativamente com modificações na microcirculação cutânea; (4) O aumento no
grau de resistência à insulina ocorre paralelamente à redução gradativa e significativa
da densidade capilar cutânea obtida durante HRPO.
xii
ABSTRACT
Silva, EG. Evaluation of skin capillary density and microvascular reactivity in
obese metabolic syndrome carriers. Rio de Janeiro, 2008. 98p. Dissertação
(Mestrado) – Curso de Pós-graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental –
Clinex. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
1. Context: recent evidence indicates obesity as one of the causes of microvascular
dysfunction, which contributes to the development of pathophysiological alterations in
metabolic syndrome.
2. Aim: to evaluate skin capillary density and microvascular reactivity in obese metabolic
syndrome carriers compared with obese and eutrophic subjects, both without this
diagnosis.
3. Casuistic: in this cross-sectional study participated 20 obese metabolic syndrome
carriers, according to ATP-III criteria (aged 37,8 ± 2,3 years), 25 obese without
metabolic syndrome (aged 40,12±2,3 years) and 30 eutrophic subjects (aged 42,77±1,2
years), without distinction of sex.
4. Methods: following variables (through respective methods) were studied: body
weight, height, body mass index (BMI), waist circumference (WC), hip circumference,
waist hip ratio, glucose (enzymatic), insulin resistance index (HOMA-IR), insulin, leptin,
adiponectin (radioimmunoassay), total cholesterol, HDL- cholesterol, triglycerides
(enzymatic), LDL-cholesterol (Friedwald equation), uric acid (enzymatic), blood pressure
systolic and diastolic, cardiac frequency (oscilometric), mean skin capillary density
(MSCD) at baseline and after stimulus- during post-occlusive reactive hyperemia
(PORH) and venous congestion (VC) (video-microscopy), absolute and percentage (%)
increases in the number of capillaries/mm² during PORH, and absolute and % increases
in the capillaries/mm² after VC.
5. Results: obese (n=45) presented the MSCD during PORH and after VC upper than
MSCD determined in baseline conditions (136±4,10 vs. 131,5±3,7; 135,5±3,91 vs.
131,5±3,7, respectively, p<0,05), as verified in eutrophic subjects (143,9±4,2 vs.
135,2±4,14; 147,7±4,8 vs. 135,2±4,14, respectively, p<0,0001). However, this capacity
xiii
of capillary recruitment during PORH was significantly lower than the recruitment
measured in eutrophic (2,6% vs. 7,2%, respectively, p=0,03), what points to
modifications in microvascular reactivity in obese. With regarding to VC, we noted the
presence of capillary rarefaction after its induction in obese compared to eutrophic
(135,5±3,91 vs. 147,7±4,8, respectively, p=0,05). When the MS diagnosis was
considered, we observed that only obese MS carriers did not show significant
differences between the MSCD at baseline and the MSCD obtained after stimulus
(PORH and VC, p= 0,33 and p= 0,14, respectively). Relevant alterations in the
microvascular reactivity were demonstrated when recruitment during PORH was
compared between three studied groups (p ANOVA= 0,04; p<0,05 eutrophic vs. obese
with MS). It was detected the presence of negative and significant correlations between
WC and MSCD at baseline (r= -0,34, p= 0,02), as well as between BMI and MSCD at
baseline (r= -0,35, p= 0,02) and after VC (r= -0,35, p= 0,02). By analyses of WC and
BMI in quartiles, a significant reduction in the number of capillaries during PORH was
observed (p< 0,05) in proportion to elevation of both measures. With exception of WC,
we did not evidence association between the others components of MS (blood glucose,
blood pressure, dyslipidaemia) and parameters of microvascular function evaluation, as
well as between these variables and adipocytokines (adiponectin and leptin). Insulin
resistance seems to influence the MSCD during PORH, once obese included in the
higher HOMA-IR values tertile showed a significant decrease in the number of capillaries
obtained during PORH.
6. Conclusions: (1) Obesity is associated with structural (capillary rarefaction) and
functional alterations in the skin microcirculation, which occurred proportionally to the
increase of global and central obesity grade; (2) The presence of MS allows to identify,
among obese, those who effectively show functional alterations in the skin capillary
recruitment when compared to eutrophic; (3) Among definition criteria, the WC is the
only one clinic component of MS significantly related to modifications in the skin
microcirculation; (4) Increase in the insulin resistance grade occurs parallels with
significant and gradative reduction in MSCD during PORH.
xiv
SUMÁRIO
Páginas
LISTA DE TABELAS………………………………………………………………..................vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..............................................................................................viii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................................ix
RESUMO...........................................................................................................................x
ABSTRACT......................................................................................................................xii
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
1.1. Obesidade: uma epidemia mundial.......................................................................2
1.2. Aspectos etiológicos da obesidade.......................................................................3
1.3. Conseqüências fisiopatológicas da obesidade: síndrome metabólica..................4
1.3.1. O impacto da síndrome metabólica sobre o perfil de morbi- mortalidade....9
1.4. Fisiopatologia da Síndrome metabólica..............................................................10
1.4.1. Obesidade abdominal e resistência à insulina...........................................10
1.4.2. O papel dos AGNE no desenvolvimento da resistência à insulina.............12
1.4.3. O papel das adipocitocinas no desenvolvimento da resistência à
insulina..................................................................................................................14
1.5. Principais manifestações clínicas da ndrome metabólica................................17
1.5.1. Hiperglicemia e intolerância à glicose.........................................................17
1.5.2. Hipertensão arterial.....................................................................................17
1.5.3. Dislipidemia aterogênica.............................................................................18
1.6. Síndrome metabólica e microcirculação.............................................................19
1.6.1. Estrutura da microcirculação e do sistema capilar.....................................20
1.6.2. Mecanismos fisiopatológicos da disfunção microvascular na síndrome
metabólica............................................................................................................21
1.6.3. Disfunção microvascular cutânea na síndrome metabólica.......................27
2. OBJETIVOS................................................................................................................30
3. CASUÍSTICA...............................................................................................................32
3.1. Pacientes............................................................................................................33
3.2. Elegibilidade dos pacientes.................................................................................34
4. DESENHO DO ESTUDO E PLANO DE TRABALHO.................................................35
xv
5. MÉTODOS..................................................................................................................36
5.1. Avaliação antropométrica....................................................................................37
5.1.1. índice de massa corporal............................................................................37
5.1.2. Circunferência da cintura (CC), de quadril (CQ) e razão cintura-quadril....37
5.2. Avaliação hemodinâmica....................................................................................37
5.3. Avaliação metabólica..........................................................................................38
5.3.1. Metabolismo glicídico..................................................................................38
5.3.2. Metabolismo lipídico...................................................................................38
5.3.3. Ácido úrico..................................................................................................39
5.3.4. Adipocitocinas.............................................................................................39
5.3.4.1. Leptina sérica................................................................................39
5.3.4.2. Adiponectina plasmática...............................................................39
5.4. Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas.........40
5.5. Análise estatística dos dados..............................................................................42
6. RESULTADOS............................................................................................................44
6.1. Casuística...........................................................................................................45
6.2. Avaliação microvascular cutânea na obesidade e na síndrome metabólica......50
7. DISCUSSÃO...............................................................................................................60
7.1. Casuística...........................................................................................................61
7.2. Características antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas.......................62
7.3. Avaliação microvascular cutânea na obesidade e na síndrome metabólica......66
8. CONCLUSÕES...........................................................................................................74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................76
ANEXOS..........................................................................................................................93
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
1
1. INTRODUÇÃO
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
2
1. INTRODUÇÃO
1.1. Obesidade: uma epidemia mundial
Atualmente a obesidade é considerada como um grande problema de saúde pública,
o qual atinge proporções epidêmicas em muitos países (Vasan et al., 2005). Ao definir
sobrepeso e obesidade pela presença de um índice de massa corporal superior a 25 e
30 kg/m², respectivamente, a Organização Mundial de Saúde (2006) estima a existência
de aproximadamente 1,6 bilhão de adultos com excesso de peso e pelo menos 400
milhões de indivíduos clinicamente obesos, dados que evidenciam sua magnitude em
nível mundial (WHO, 2006).
Nos Estados Unidos, cerca de 65% da população adulta encontra-se acima do peso
adequado (Stein & Colditz, 2004). De acordo com dados do National Health and Nutri-
tion Examination Survey (NHANES), o período compreendido entre as duas últimas dé-
cadas do século XX caracterizou-se pelo aumento de 40% e 110 % na prevalência de
pessoas acima do peso desejável e obesidade, respectivamente (Rasouli et al., 2007;
Ogden et al., 2007). Recentemente Ogden et al. (2006) encontrou um aumento
significativo na ocorrência de obesidade em homens entre 1999-2000 e 2003-2004
(aumento da prevalência de 27,5 % para 31,7%). Em mulheres, não foi encontrada
diferença relevante nas taxas de prevalência ao comparar esses dois períodos,
permanecendo significativamente elevada (34%).
Tendências similares de aumento na prevalência de sobrepeso e de obesidade po-
dem ser observadas em outros países e regiões do mundo. Na Europa, verificou-se que
em uma década houve um aumento expressivo de 10 a 40% na prevalência de obesi-
dade na maioria dos países, destacando-se a Inglaterra, com um aumento superior ao
dobro, entre os anos 80 e a década de 90 (Pinheiro, 2004). Em 1980, cerca de 6% dos
homens e 8 % das mulheres britânicas podiam ser classificados como obesos; em 2002
a proporção de homens e mulheres acometidos pela obesidade aumentou para 23 e
25%, respectivamente (Rennie & Jebb, 2005).
Corroborando a tendência de aumento global da prevalência de indivíduos acima do
peso, dados do inquérito nacional realizado recentemente (Pesquisa de Orçamentos
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
3
Familiares-POF, 2002-2003) demonstram que cerca de 40% dos indivíduos adultos
apresentam excesso de peso, não havendo diferença significativa entre homens e mu-
lheres, ao passo que a obesidade acomete cerca de 8,9% dos homens e 13,1% das
mulheres adultas. Quando comparados com os resultados de dois grandes estudos de
caráter nacional realizados anteriormente, Estudo Nacional de Despesa Familiar-
ENDEF (1974/75) e Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição- PNSN (1989), estas
estimativas tornam-se mais preocupantes: a prevalência de excesso de peso na
população masculina mais que duplica entre a primeira e a terceira pesquisa, enquanto
que a prevalência de obesos mais que triplica; com relação a evolução de excesso de
peso e obesidade entre mulheres, verifica-se aumentos da ordem de 50% entre 1974-
1975 e 1989 e relativa estabilidade entre 1989 e 2002-2003 (IBGE, 2004).
1.2. Aspectos etiológicos da obesidade
A determinação da etiopatogenia da obesidade representa um verdadeiro desafio
para os serviços de saúde, provavelmente devido ao seu caráter marcadamente hetero-
gêneo e multifatorial. Segundo a WHO (World Health Organization, 2003a), a ocorrência
de obesidade reflete a interação complexa entre fatores dietéticos, ambientais e predis-
posição genética. Em outras palavras, apesar de ser bem aceito que o estilo de vida e
outros fatores ambientais tenham influência sobre os determinantes da obesidade, sa-
be-se que sua suscetibilidade é em parte determinada pelo sinergismo entre genes e
meio ambiente, o que significa que um ambiente “obesogênico” é tipicamente necessá-
rio para a expressão do fenótipo (Loos & Bouchard, 2003).
A prevalência elevada da obesidade tem sido apontada como conseqüência não
intencional dos avanços econômicos, sociais e tecnológicos nas últimas décadas, que
contribuíram para a aquisição de hábitos alimentares não saudáveis e comportamento
sedentário (Aronne, 2002). Ambos encontram-se relacionados com o desequilíbrio crô-
nico entre a ingestão de energia e gasto energético, o que resulta no balanço energéti-
co positivo, aumento no estoque de energia e ganho de peso (Pereira et al. 2003; Loos
& Bouchard, 2003).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
4
Dentre os diversos componentes da dieta, destaca-se o excesso de energia consu-
mida, principalmente a proveniente de lipídios, favorecendo o aumento da adiposidade
(WHO, 2003b). Apesar de existirem evidências robustas de que o elevado consumo de
lipídios encontra-se significativamente associado com obesidade (Riccardi et al., 2004),
ainda permanece controverso se a maior influência sobre o ganho de peso advém da
composição da dieta (com alta concentração de gorduras e carboidratos simples) ou de
sua densidade energética, independente da contribuição de um macronutriente espe-
cífico (Pinheiro et al., 2004).
Em adição aos efeitos adversos sobre a composição corporal, deve-se levar em
consideração que o padrão alimentar tipicamente relacionado com a obesidade parece
aumentar o estresse oxidativo e potencial pró-inflamatório, principalmente por encon-
trar-se associado com anormalidades metabólicas no estado pós-prandial, o que corro-
bora a importância do papel da dieta sobre a morbidade em indivíduos obesos (Espo-
sito & Giugliano, 2006).
1.3. Conseqüências fisiopatológicas da obesidade: síndrome metabólica
Por encontrar-se significativamente relacionada com o desenvolvimento de diabetes
tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia, dentre outras condições mórbidas, a obesi-
dade constitui um dos mais importantes fatores de risco para a ocorrência de doenças
cardiovasculares (Caballero, 2003). Estudos observacionais prospectivos têm demons-
trado que uma elevação relativa do peso corporal, mais freqüentemente como conse-
qüência do aumento do conteúdo de gordura corporal, está associada com a maior
prevalência de co-morbidades (Després, 2001). A maioria desses estudos tem usado o
Índice de Massa Corporal (IMC) como indicador da presença de obesidade e de adipo-
sidade relativa, sendo considerado por Low et al. (2006) uma medida favorável do
excesso de peso capaz de correlacionar-se com ambas morbidade e mortalidade.
A constelação de anormalidades metabólicas freqüentemente relacionadas à obesi-
dade, como intolerância a glicose, resistência à insulina, dislipidemia aterogênica, hiper-
tensão arterial, estados pró-inflamatório e pró-trombótico constitui a chamada síndrome
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
5
metabólica (Meigs, 2006), um fenótipo reconhecidamente preditor de risco cardio-
vascular e de diabetes tipo 2 (Ford, 2005a; Galassi et al., 2006).
Segundo Ford et al. (2004), múltiplos fatores podem contribuir para o aparecimento
da síndrome metabólica, dentre os quais podem ser considerados o estilo de vida se-
dentário e a ocorrência de obesidade. A síndrome parece ser relativamente incomum
na ausência de excesso de peso (Park et al., 2003) e uma justificativa para esse
achado consiste na influência deletéria que o acúmulo de gordura corporal exerce sobre
as anormalidades vigentes em indivíduos com elevada suscetibilidade metabólica.
Dentre as condições predisponentes ao aumento dessa suscetibilidade, podem ser
consideradas a presença de defeitos na cascata de sinalização de insulina, variabili-
dade poligênica em determinados grupos étnicos, envelhecimento e disfunção endó-
crina (Grundy, 2007). Além desses fatores, os resultados do Coronary Artery Risk De-
velopment in Young Adults (CARDIA) Study apontaram para a necessidade de valorizar
outros potenciais contribuintes para a síndrome; neste estudo, a baixa ingestão de fi-
bras dietéticas e a elevada ingestão de carboidratos e gorduras representaram impor-
tantes fatores de risco para a ocorrência da síndrome metabólica (Carnethon et al.,
2004), o que sugere uma etiopatogenia com elevada complexidade e provavelmente
multicausal.
O conceito de síndrome metabólica, também conhecida como síndrome X (Reaven,
1988) ou síndrome de resistência à insulina (DeFronzo et al., 1991), existe há décadas
e diversos critérios foram propostos para sua definição. Atualmente existem 6 defi-
nições distintas (Ritchie & Connell, 2007), que concordam em alguns componentes
essenciais como intolerância a glicose, hipertensão arterial e dislipidemia (Eckel et al,
2005), mas que se diferenciam nos parâmetros necessários e a maneira pela qual es-
sas anormalidades são utilizadas para o diagnóstico (Reaven, 2006).
A primeira iniciativa em estabelecer uma definição internacional foi proposta pela
Organização Mundial de Saúde em 1998, seguida pelos critérios estabelecidos pelo
European Group for the Study of Insulin Resistance (EGIR) em 1999. Nestas duas
propostas de classificação, o diagnóstico de síndrome requer a presença de resistência
à insulina como uma das condições sine qua non (Meigs, 2006), com a finalidade
enfatizar a sua importância como fator de risco e causa primária da síndrome. Em 2001,
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
6
os parâmetros para definição de síndrome metabólica publicados pelo National Cho-
lesterol Education Program- Adult Treatment Panel III (NCEP- ATP III) surgiram como
uma alternativa aos anteriores, uma vez que não estipulavam a necessidade de doas-
gem de insulina, a realização de teste oral de tolerância à glicose ou mesmo a técnica
do clamp euglicêmico hiperinsulinêmico para avaliação direta de resistência à insulina
(Eckel et al., 2005; Ritchie & Connell, 2007), o que facilitou o seu uso rotineiro na pra-
tica clínica e a tornou amplamente utilizada. Recentemente, os fatores de risco sugeri-
dos pelo ATPIII foram revisados pela American Heart Association (ADA), sendo modifi-
cados os valores correspondentes à glicemia de jejum (redução de 110 para <100 mg/
dl), em concordância com o novo ponto de corte estabelecido pela American Diabetes
Association para glicemia de jejum alterada (Genuth et al. 2003; Grundy et al., 2005).
Com o intuito de redirecionar a resistência à insulina ao patamar de fator de risco
metabólico primordial, em 2003 a American Association of Clinical Endocrinologists
(AACE) considerou a presença de intolerância à glicose ou glicemia de jejum elevada
como uma das condições necessárias para definição da “síndrome de resistência à
insulina”, as quais deveriam ser investigadas somente naqueles indivíduos que apre-
sentassem elevado risco para resistência a ação do hormônio, identificados pela pré-
sença de idade superior a 40 anos, estilo de vida sedentário, história familiar de diabe-
tes tipo 2, doença cardiovascular ou hipertensão, síndrome do ovário policístico, estea-
tose hepática, dentre outros fatores de risco (Einhorn et al., 2003). Para Meigs (2006),
esta definição é a menos específica dentre as que foram propostas, possivelmente por
incluir no grupo de indivíduos considerados de risco para o desenvolvimento da resis-
tência à insulina aqueles que apresentavam condições marcadamente heterogêneas.
O diagnóstico de síndrome metabólica proposto em 2005 pelo International Diabe-
tes Federation (IDF) enfatizou a presença de uma elevada circunferência de cintura
(marcador de obesidade abdominal) como pré-requisito para sua definição, uma vez
que a distribuição central de gordura corporal encontra-se associada de forma indepen-
dente com os demais componentes da síndrome metabólica, inclusive a resistência à
insulina (Carr et al., 2004). Conforme verificado no quadro comparativo a seguir, assim
como o ATPIII, o IDF não considerou a avaliação direta da resistência à insulina como
essencial para definição da síndrome metabólica, em função das dificuldades de men-
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
7
suração e necessidade de padronização dos resultados (IDF, 2005). A proposta do IDF
consistiu em estabelecer parâmetros que permitissem a identificação da síndrome
metabólica em diferentes populações (Alberti et al., 2005). No entanto, até o momento
não foram estabelecidos valores específicos da circunferência da cintura (CC) para a
América Latina e a recomendação atual consiste na utilização de pontos de corte suge-
ridos para a população sul-asiática; a obesidade abdominal deve ser definida pela pré-
sença de CC igual ou superior a 90 e 80 cm em homens e mulheres, respectivamente.
Estes valores de definição constituem os mesmos propostos para chineses e japo-
neses, ao passo que para europeus, as medidas estipuladas de CC correspondem a
94cm em homens e 80 cm em mulheres. Nos Estados Unidos, a obesidade abdominal
deve permanecer definida pelos os pontos de corte sugeridos pelo ATPIII (IDF, 2005).
A determinação da prevalência da síndrome metabólica vai depender principalmente
da definição utilizada, além da faixa etária, sexo e etnia da população estudada (Ritchie
& Connell, 2007), o que notavelmente dificulta a comparação entre os resultados dos
estudos sobre prevalência.
Enquanto que a maior ocorrência de síndrome metabólica em um determinado se-
xo parece depender da etnia da população em estudo, de um modo geral a prevalência
tende a elevar-se com a o aumento da idade, independente de sexo ou grupo étnico
(Reynolds & He, 2005). No NHANES 1999-2000, a prevalência foi superior em mulhe-
res (29,3%) quando comparada a de homens (24,1%) e ambas elevaram-se conforme
aumento da faixa etária analisada; em homens e mulheres com idade igual ou superior
a 60 anos, a prevalência de síndrome metabólica encontrada foi em torno de 46,1% e
39,7%, respectivamente (Ford, 2004).
Nos Estados Unidos, a prevalência de síndrome metabólica definida de acordo com
os critérios do ATPIII entre os períodos de 1988-1994 e 1999-2000 aumentou de forma
expressiva em indivíduos com idade superior a 20 anos (principalmente em mulheres-
aumento de 23,5%), perfazendo cerca de 55 milhões (27%) de portadores de síndrome
metabólica neste país (Ford, 2004). Em 2002, baseada nos mesmos parâmetros de
definição, a prevalência aumentou para 34,6% e quando utilizados os critérios do IDF,
encontrou-se em torno de 39,1% (Ford, 2005b). Utilizando a definição da WHO
modificada pelo EGIR, Hu et al. (2004) encontraram uma prevalência de síndrome
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
8
metabólica em adultos europeus em torno de 15%, a qual foi obtida a partir da análise
de 11 estudos longitudinais prospectivos, que contaram com a participação de mais de
11 mil indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 30 e 89 anos, acompanhados
em média por 8,8 anos.
Quadro comparativo dos parâmetros adotados e os níveis de definição das prin-
cipais propostas de diagnóstico da síndrome metabólica.
Critérios WHO (1998) NCEP- ATPIII (2001) IDF (2005)
Condições prévias Resistência a insulina*
ou glicemia de jejum
110mg/dl ou
intolerância à glicose†
Obesidade abdominal
(valores específicos de
acordo com a etnia)
Número de
anormalidades
e 2 dos seguintes
critérios
3 dos seguintes
critérios
e 2 dos seguintes
critérios
Obesidade IMC > 30 kg/m² e/ou
RCQ >0,9 () ou
RCQ > 0,85 ()
CC >102 cm ()
ou > 88 cm ()
Glicemia 110 mg/dl 100 mg/dl ou
diagnóstico de diabetes
HDL-colesterol <35 mg/dl ()
<40 mg/dl ()
<40 mg/dl ()
<50 mg/dl ()
<40 mg/dl (); <50 mg/dl ()
ou em tratamento com drogas
para HDL-c reduzido
Triglicerídeos 150 mg/dl 150 mg/dl 150 mg/dl ou em tratamento
com drogas para TG elevados
Hipertensão
(PAS/PAD)
140/ 90 mmHg 130/ 85 mm Hg 130 (PAS) ou 85 (PAD)
mm Hg ou tratamento
com drogas para hipertensão
Outros Microalbuminúria-
excreção de
albumina urinária
20μg/min
WHO: World Health Organization; NCEP-ATP III - National Cholesterol Education Program-Adult Treat-
ment Panel III; IDF: International Diabetes Federation; TG: triglicerídeos; IMC: índice de massa corporal;
RCQ: razão cintura-quadril; CC: circunferência da cintura; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão
arterial diastólica. * Resistência à insulina avaliada através da técnica do clamp euglicêmico hiperinsulinê-
mico;
† intolerância à glicose definida pela glicose plasmática 140 mg/dl 2 horas após ingestão de 75 g
glicose durante realização do teste oral de tolerância à glicose.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
9
1.3.1. O impacto da síndrome metabólica sobre o perfil de morbi-mortalidade
Apesar da heterogeneidade na definição e prevalência, a maioria dos estudos sobre
síndrome metabólica, independente dos parâmetros adotados, tem demonstrado sua
importância em identificar indivíduos com elevado risco para doença cardiovascular e
diabetes tipo 2 (Wilson et al., 2005, Lorenzo et al., 2006, Kolovou et al., 2007).
Um dos primeiros estudos longitudinais prospectivos que permitiu a avaliação do
impacto da síndrome metabólica sobre mortalidade por doença cardiovascular foi o
Kuopio Ischaemic Heart Disease Risk Factor Study, o qual teve a participação de mais
de 1200 indivíduos acompanhados em média por 11,4 anos. Em 2002, Lakka et al.
demonstraram que nesta população as taxas de mortalidade por doença cardiovascular
e por todas as causas encontraram-se significativamente elevadas em homens que
apresentavam síndrome metabólica, mesmo após ajuste para outros fatores de risco
convencionais. Vale ressaltar que para esta análise no baseline foram excluídos indiví-
duos com diabetes, considerado um fator de risco independente para doença cardio-
vascular (Rader, 2007) e cuja presença poderia comprometer a interpretação dos resul-
tados. No entanto, a associação entre síndrome metabólica e doença cardiovascular
independente do status glicêmico foi evidenciada posteriormente por Alexander et al.
(2003). Neste estudo, embora os indivíduos portadores de síndrome e diabetes apre-
sentassem uma elevada prevalência de doença coronariana (19,2%), esta permaneceu
significativamente elevada mesmo na ausência de diabetes (13,9%).
Achados similares ao Kuopio foram encontrados no Diabetes Epidemiology: Collabo-
rative Analysis of Diagnostic Criteria in Europe (DECODE) Study, o qual evidenciou a
maior ocorrência de óbitos em indivíduos não-diabéticos, portadores de síndrome
metabólica, participantes de 11 estudos de coorte europeus. As razões de hazard para
a mortalidade por todas as causas e por doença cardiovascular nestes indivíduos
foram, respectivamente, 1,44 e 2,26 em homens e 1,38 e 2,78 em mulheres, mesmo
após ajuste para idade, colesterolemia e tabagismo (Hu et al., 2004).
Os resultados de uma meta-análise recém publicada por Galassi et al. (2006), obtida
a partir da avaliação de 21 estudos prospectivos, demonstraram que a síndrome meta-
bólica aumentou o risco para doença cardiovascular em 61% e contribuiu para a maior
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
10
risco de incidência de doença cardiovascular (risco relativo [RR] 1,53; 95% intervalo de
confiança [IC], 1,26- 1,87), doença coronariana (RR 1,52; 95% IC, 1,37-1,69) e acidente
vascular encefálico (RR 1,76; 95% IC, 1,37-2,25). Neste estudo, a análise em subgru-
pos evidenciou que a síndrome constituiu um fator de risco para doença cardiovascular
mais expressivo no sexo feminino.
Com a finalidade de avaliar o impacto da síndrome metabólica sobre a incidência de
doença cardiovascular e diabetes, Wilson et al. (2005) avaliaram a incidência destes
agravos em 3323 participantes do Framingham Offspring Study, acompanhados em mé-
dia por 8 anos. Em homens, os riscos relativos ajustados para a idade e com 95% de
intervalo de confiança para doença cardiovascular, doença coronariana e diabetes tipo
2 foram 2,88, 2,54 e 6,92, respectivamente. Contrariamente ao que foi observado por
Galassi et al. (2006), mulheres portadoras de síndrome metabólica apresentaram menor
risco relativo para doença cardiovascular quando comparadas ao sexo masculino (RR
2,25; 95% IC, 1,31-3,88), porém com valor similar de risco para diabetes tipo 2 (RR 6,9;
95% IC, 4,34- 10,94). Esses dados corroboram a relevância do diagnóstico de síndrome
metabólica, o qual elevou em 7 vezes o risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2
em ambos os sexos.
Em adição a esses achados, evidências robustas apontam para a associação entre
síndrome metabólica e diversas condições patológicas, como colelitíase (Méndez-Sán-
chez et al., 2005), doença renal crônica (Chen et al., 2004), síndrome dos ovários poli-
císticos (Carvalheira & Saad, 2006) e esteatose hepática não alcoólica (Zivkovic et al.,
2007). Dado o exposto, o diagnóstico de síndrome metabólica pressupõe que um amplo
espectro de repercussões adversas pode ocorrer neste grupo de indivíduos.
1.4. Fisiopatologia da síndrome metabólica
1.4.1. Obesidade abdominal e resistência à insulina
Um importante mecanismo através do qual a obesidade contribui para a presença
de alterações metabólicas e hemodinâmicas na síndrome parece ser a resistência à
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
11
ação periférica da insulina, principalmente quando a obesidade central está presente
(Eckel et al., 2005). Resultante do acúmulo de tecido adiposo na região superior do
abdômen, a obesidade central tem sido correlacionada com diversos fatores de risco
cardiometabólicos (Grundy, 2004).
A primeira observação de que a maior adiposidade na porção superior do corpo
poderia estar associada com a presença de doenças como diabetes, aterosclerose e
gota foi realizada por Vague em 1956, pioneiro em fazer na década anterior a distinção
entre os padrões de distribuição corporal de gordura relacionados ao gênero- obesi-
dade andróide e ginecóide (Frayn, 2002).
O excesso de gordura na porção superior do abdômen pode ser secundária ao
maior depósito de tecido adiposo no peritônio (gordura intra-abdominal ou visceral) e/
ou no tecido subcutâneo e as contribuições específicas de cada compartimento para a
ocorrência de resistência à insulina, dentre outras alterações metabólicas, têm sido foco
constante de discussão na literatura (Grundy et al., 2005). Apesar das evidências de
que o tecido adiposo subcutâneo desempenha um papel na resistência à insulina
(Smith et al., 2001), a gordura visceral correlaciona-se de forma independente com
todos os critérios utilizados para definição da síndrome metabólica (Carr et al. 2004), o
que sugere uma importante participação desse compartimento nos seus mecanismos
fisiopatológicos.
A determinação do conteúdo de gordura abdominal pode ser realizada de forma
mais precisa através da tomografia computadorizada e ressonância magnética (Shen et
al., 2003), porém a circunferência da cintura tem sido utilizada como uma alternativa de
menor custo e que apresenta uma elevada correlação com massa de gordura abdo-
minal (subcutânea e visceral) (Pouliot et al., 1994) e risco cardiometabólico (Lemieux et
al., 2000; Klein et al., 2007).
A obesidade abdominal tem sido apontada como um importante contribuinte para a
ocorrência da resistência à insulina, considerada uma das condições responsáveis pelo
aparecimento das alterações fisiopatológicas da síndrome metabólica (Bergman, 2007).
A insulina exerce importantes funções endócrinas mediante sua interação com
receptores de membrana. Por estimular a captação de glicose pelo músculo esquelético
e adipócitos, bem como inibir a sua produção hepática (através da inibição da gliconeo-
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
12
gênese e glicogenólise), este hormônio constitui um dos mais importantes reguladores
dos níveis de plasmáticos de glicose. Além dessas funções, a insulina estimula a
lipogênese, a glicogênese e a síntese de proteínas no tecido adiposo, no músculo
esquelético e nos hepatócitos (Wassink et al., 2007).
Resistência à insulina (RI) pode ser definida como uma resposta insuficiente de
órgãos-alvo (fígado, células do músculo esquelético e tecido adiposo) a níveis fisioló-
gicos de insulina plasmática e um dos principais mecanismos envolvidos parece ser um
distúrbio na via de transdução de sinal deflagrada pelo hormônio (Sesti, 2006). A RI
leva a um aumento compensatório na produção de insulina pela célula β pancreática, o
que resulta em hiperinsulinemia. Além da obesidade, podem ser citados como possíveis
fatores predisponentes a maior susceptibilidade genética, envelhecimento (Rader,
2007) e retardo do crescimento intra-uterino (Barker, 2004), dentre outros.
As vias metabólicas que associam obesidade abdominal e RI parecem envolver
principalmente a presença de elevados níveis séricos de ácidos graxos não-esterifi-
cados (AGNE) e modificação na síntese de algumas adipocitocinas; ambos podem de-
sempenhar um papel central na patogênese da resistência à insulina relacionada à
obesidade e síndrome metabólica (Van Gaal et al., 2006).
1.4.2. O papel dos AGNE no desenvolvimento da resistência à insulina
A elevação das concentrações séricas de AGNE é comum em indivíduos obesos,
principalmente naqueles com obesidade abdominal (Lebovitz, 2006). O tecido adiposo
visceral é menos responsivo às ações antilipolíticas da insulina (Després & Lemieux,
2006) e mais responsivo aos efeitos lipolíticos de catecolaminas do que o tecido
adiposo subcutâneo (Lebovitz, 2006); ambos mecanismos contribuem para a maior
liberação de AGNE nas circulações porta e sistêmica. O aumento plasmático de AGNE
favorece o acúmulo ectópico de lipídios no músculo esquelético, no fígado e pâncreas,
o que predispõe ao desenvolvimento de resistência insulínica, alteração no metabolis-
mo hepático e dislipidemia aterogênica (Rasouli et al., 2007).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
13
Apesar das evidências de que a exposição a maiores concentrações de AGNE por
um período curto de tempo promovem secreção de insulina (Nolan et al., 2006), alguns
estudos têm sugerido que a elevação crônica de AGNE plasmáticos são “lipotóxicos”
para o pâncreas e conduzem a uma redução na secreção de insulina através da indu-
ção da apoptose da célula β. A lipotoxicidade seria mediada pela presença de maiores
quantidades de produtos metabólicos, como as ceramidas, que contribuiriam para a for-
mação de óxido nítrico e estímulo a apoptose (Lebovitz, 2006). Além desses efeitos,
tem sido postulado que a presença de uma elevada concentração de AGNE conduziria
a um aumento na β oxidação em detrimento da via glicolítica, o que resultaria em uma
menor captação de glicose pela célula β pancreática e por conseguinte, uma redução
na secreção de insulina estimulada pela glicose (Zraika et al., 2002).
Nas células musculares esqueléticas, a maior concentração de ácidos graxos ou de
seus metabólitos prejudicam a cascata de fosforilação de insulina uma vez que pro-
movem a indução da fosforilação dos resíduos de serina /treonina do substrato do
receptor de insulina 1 (IRS-1). Dessa forma, não ocorre a fosforilação da tirosina do
IRS-1, o que resulta em uma ativação prejudicada da fosfotidilinositol- 3 quinase (PI3-
K), redução da translocação do GLUT-4 para a membrana plasmática e portanto
redução da captação de glicose estimulada pela insulina (Savage et al., 2005). Nos
adipócitos, os AGNE também reduzem a captação de glicose (Wassink et al., 2007);
além disso, o efeito inibitório exercido pela insulina sobre a lipólise é suprimido, o que
leva a um aumento na produção de AGNE e estabelecimento de um ciclo vicioso (Singh
et al., 2006).
O exato mecanismo fisiopatológico pelo qual os AGNE contribuem para RI no fígado
permanece incerto (Wassink et al., 2007). O fígado pode influenciar os níveis plasmá-
ticos de glicose através da gliconeogênese e glicogenólise, e as duas vias contribuem
para a produção endógena de glicose. Em indivíduos saudáveis, a elevação aguda de
AGNE estimula a gliconeogênese, mas não modifica a produção total de glicose hepá-
tica, devido a uma redução compensatória na glicogenólise (auto-regulação hepática)
(Chen et al., 1999). Entretanto, em pacientes com diabetes tipo 2, a elevação sérica de
AGNE estimula tanto a gliconeogênese quanto a glicogenólise, o que contribuiu para
um aumento na produção hepática de glicose (Boden et al., 2001). Em obesos, a maior
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
14
concentração de AGNE circulantes também parece predispor a uma maior produção
endógena de glicose (Singh et al., 2006).
1.4.3. O papel das adipocitocinas no desenvolvimento da resistência à insulina
A descoberta da leptina e de suas funções biológicas em 1994 permitiu o conhe-
cimento de outras atribuições do tecido adiposo, além de estoque de energia (Ronti et
al., 2006). Atualmente reconhecido como órgão com significativa atividade autócrina,
parácrina e endócrina, o tecido adiposo participa de diversos processos metabólicos e
hemodinâmicos principalmente através da secreção de moléculas denominadas adipo-
citocinas (Van Gaal et al., 2006).
Adipocitocinas são mediadores bioativos liberados pelos adipócitos (leptina, resis-
tina, adiponectina, angiotensinogênio, inibidor do ativador do plasminogênio 1 [PAI- 1] )
e/ ou por outras células presentes no tecido adiposo, como células inflamatórias
infiltradas (tumor necrosis factor α [TNF- α], interleucina 6 [IL-6], monocyte chemo-
attractant protein 1 [MCP-1], IL-1) as quais podem contribuir, de forma direta ou indireta,
para a resistência à insulina, hipertensão arterial e aterosclerose (Tilg & Moschen, 2006;
Ritchie & Connell, 2007).
A leptina é uma molécula produzida pelo tecido adiposo de forma predominante,
porém não exclusiva, uma vez que é sintetizada em menor quantidade pelo epitélio do
fundo gástrico, células vasculares, placenta, ovário, músculo esquelético e fígado
(Guzik et al., 2006). Além de regular o gasto energético através da termogênese, a
ligação da leptina a seus receptores hipotalâmicos permite sua atividade sobre o
controle da ingestão alimentar: estimula a liberação de peptídios anorexígenos e pro-
move a inibição de peptídios orexígenos, como o neuropeptídio Y e a proteína agouti
(Ronti et al., 2006).
A presença do receptor de leptina em vários tecidos supõe uma ampla atividade
periférica (Ailhaud, 2006). Com relação a sua atuação em outras vias metabólicas, a
leptina reduz o conteúdo de lipídios no músculo esquelético, fígado e células pan-
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
15
creáticas, provavelmente por favorecer a β oxidação, o que contribui para melhorar a
sensibilidade à ação da insulina (Ronti et al., 2006).
Os níveis plasmáticos de leptina estão relacionados com o estoque de gordura
corporal e encontram-se elevados em indivíduos obesos e em modelos experimentais
de obesidade (Ailhaud, 2006), o que sugere uma resistência à sua atividade nesta
condição. A resistência a leptina pode ser o resultado de uma redução no seu trans-
porte para o sistema nervoso central, atenuação da cascata de sinalização no hipo-
tálamo (Munzberg & Myers, 2005; Ahima, 2006) ou por fatores genéticos (Beltowski,
2006).
Por conseguinte, a resistência a leptina pressupõe que seus mecanismos de ação
encontram-se prejudicados. A ocorrência de alterações no balanço energético pode
favorecer o aumento de peso corporal e menor sensibilidade periférica à insulina em
função da obesidade. Além disso, a hiperleptinemia parece atuar diretamente sobre
IRS-1 e 2, promovendo a sua fosforilação no resíduo de serina/treonina, o que prejudica
a atividade da enzima PI3-K e conseqüentemente, a transdução adequada dos sinais
intracelulares deflagrados pela insulina (Ren, 2004).
Adiponectina é uma citocina anti-inflamatória produzida exclusivamente pelos adipó-
citos (Singh et al., 2006) e que apresenta seus níveis fisiológicos no plasma negativa-
mente correlacionados com obesidade visceral, resistência à insulina e síndrome meta-
bólica (Côté et al., 2005, Patel et al., 2006) contrariamente ao que costuma ser
observado com relação às demais adipocitocinas (Berg & Scherer, 2005).
Vários mecanismos têm sido descritos na tentativa de elucidar a relação entre
concentração plasmática de adiponectina e sensibilidade à insulina. No fígado, a adipo-
nectina parece aumentar a sensibilidade à insulina por reduzir o influxo de AGNE,
aumentar a oxidação de ácidos graxos (Wassink et al., 2007) e reduzir a síntese de
glicose endógena através da supressão das vias gliconeogênicas hepáticas (Pajvani &
Scherer, 2003; Côté et al., 2005). No músculo, a adiponectina atuaria estimulando a
captação de glicose e oxidação de ácidos graxos (Kadowaki &Yamauchi, 2005). Esses
efeitos seriam mediados através do aumento da fosforilação da proteína quinase de-
pendente do AMP-cíclico (AMPK), que uma vez ativada no músculo esquelético, fígado
e adipócitos, afeta muitos aspectos do metabolismo celular, dentre os quais podem ser
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
16
citados: a translocação do GLUT-4 para superfície celular, o que acelera a captação de
glicose e a fosforilação e inativação da acetil Coa carboxilase, o que contribui para um
aumento na oxidação de ácidos graxos (Hopkins et al, 2007).
TNF- α é uma citocina pró inflamatória originalmente definida em função da sua
capacidade de induzir necrose hemorrágica em células neoplásicas (Argilés et al.,
1997) que tem recebido um grande destaque na literatura, principalmente nas últimas
décadas, devido a sua participação como molécula reguladora no tecido adiposo
(Warne, 2003). Em 1993, o TNF- α foi o primeiro produto do tecido adiposo a ser
proposto como um possível elo molecular entre obesidade e resistência a insulina
(Katsuki et al., 1998, Ronti et al, 2006), o que permitiu a sua classificação como
adipocitocina.
Sintetizado pelos adipócitos e por macrófagos infiltrados no tecido adiposo (Berg &
Scherer, 2005), o TNF- α apresenta suas concentrações elevadas em humanos e em
roedores obesos (Warne, 2003). Evidências sugerem que um dos mecanismos pelo
qual o TNF- α pode promover resistência à insulina inclui a indução de defeitos na
cascata de sinalização (Lebovitz, 2006). In vitro, adipócitos sob exposição crônica de
TNF- α exibiram uma expressiva redução da captação de glicose estimulada pela
insulina e os mecanismos envolvidos incluíram alterações na auto-fosforilação do
receptor estimulada pelo próprio hormônio e redução da fosforilação do substrato do
receptor de insulina 1, o maior substrato desse receptor in vivo (Hotamisligil et al.,
1994a). Essas alterações parecem ser secundárias a modificações do IRS-1 por
fosforilação em serina, o que torna essa molécula inibitória para a sinalização do
receptor. In vivo, a neutralização de TNF- α resultou em um aumento na auto-
fosforilação de ambos, substrato e receptor de insulina (Hotamisligil et al., 1994b,
Wassink et al., 2007). Esses achados sugerem que o TNF- α exerce importantes efeitos
sobre a sensibilidade a ação periférica da insulina e metabolismo de glicose.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
17
1.5. Principais manifestações clínicas da síndrome metabólica
1.5.1. Hiperglicemia e intolerância à glicose
Na vigência de resistência a insulina, a captação de glicose nos adipócitos e no
músculo esquelético é reduzida, enquanto que a produção hepática de glicose é au-
mentada; ambos efeitos contribuem para uma elevação compensatória na produção de
insulina pela célula β pancreática com o objetivo de manter os níveis séricos de glicose
normais (Reaven, 2005). Apesar da normoglicemia de jejum, geralmente os indivíduos
desenvolvem hiperinsulinemia e tolerância à glicose reduzida (Lebovitz, 2006). Contu-
do, o aumento da demanda sobre a célula β favorece a ocorrência de falha neste me-
canismo compensatório, o que resulta em hiperglicemia (Wassink et al., 2007). A hi-
perglicemia encontra-se relacionada com a maior geração de espécies reativas de oxi-
gênio e maior produção de produtos finais de glicação avançada, o que pode contribuir
para a disfunção endotelial (Kim et al., 2006).
1.5.2. Hipertensão arterial
Múltiplos mecanismos parecem estar envolvidos no desenvolvimento da hipertensão
relacionada com a obesidade (Francischetti & Genelhu, 2007). Tem sido demonstrado
que hiperinsulinemia, a hiperleptinemia e a elevação plasmática de ácidos graxos livres
(Sarafidis & Bakris, 2007), anormalidades freqüentemente observadas em obesos,
promovem um aumento da atividade do sistema nervoso simpático, a qual encontra-se
relacionada com vasoconstricção, aumento do débito cardíaco e da reabsorção renal de
sódio; todos esses efeitos podem contribuir para o desenvolvimento da hipertensão
(Montani et al., 2002; Rahmouni et al., 2005). Vale ressaltar que sob condição de
resistência, a ação vasodilatadora da insulina é atenuada, como resultado da redução
da síntese e biodisponibilidade de óxido nítrico, enquanto que a produção de
endotelina-1 (ET-1), um vasoconstritor, pode estar aumentada, o que contribui para a
elevação da pressão sanguínea (Muniyappa et al., 2007).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
18
Além da noção de que a resistência à insulina constitui um importante fator que
predispõe a ocorrência de hipertensão arterial, achados recentes demonstram a
influência da redução plasmática de adiponectina sobre a pressão arterial média de
forma independente da resistência à insulina (Francischetti et al., 2007); embora os
mecanismos que relacionam hipertensão e hipoadiponectinemia não sejam completa-
mente conhecidos, tem sido postulado que um dos possíveis mediadores dessa asso-
ciação consiste na ativação do sistema renina-angiotensina no tecido adiposo
secundária à hipoadiponectinemia (Massiera et al., 2001).
O angiotensinogênio, precursor de um dos mais potentes vasoconstrictores - a
angiotensina II, é expresso e produzido nos adipócitos. Evidências apontam para a
associação entre hipertensão e um aumento na produção de angiotensinogênio encon-
trado na obesidade (Ronti et al., 2006). Por um outro lado, a redução moderada de
peso corporal mostrou ser capaz de reduzir os componentes do sistema renina-
angiotensina no plasma de obesos, modificações significativamente associadas com a
diminuição da pressão arterial diastólica (Barbato et al., 2006). Além de seus efeitos
vasoconstrictores, a angiotensina II diretamente estimula a expressão de várias
moléculas de adesão nas células vasculares e reduz a biodisponibilidade de óxido
nítrico, fatores relacionados com disfunção endotelial (Wassink et al., 2007).
1.5.3. Dislipidemia aterogênica
A dislipidemia na síndrome metabólica é caracterizada pela elevação plasmática de
triglicerídeos (TG), redução das concentrações de HDL-colesterol e a presença de
valores normais ou levemente elevados de partículas de LDL-c, as quais encontram-se
pequenas e densas (Wassink et al., 2007).
Sob condições normais, a insulina inibe a secreção excessiva de VLDL na circu-
lação sistêmica por atuar sobre a degradação de apo B através de uma via dependente
de PI3K. Na RI, o sinergismo entre o maior influxo de AGNE no fígado e a menor
degradação de partículas de apo B favorece o aumento na produção hepática de par-
tículas de VLDL ricas em triglicerídeos (TG) e apo B (Semenkovich, 2006). Essas lipo-
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
19
proteínas apresentam menor clivagem periférica pela lípase lipoprotéica (LLP), uma vez
que essa enzima encontra-se com atividade reduzida (no tecido adiposo mais do que
no muscular) sob condições de resistência à insulina. Esta alteração na atividade da
LLP, entretanto, parece contribuir menos para a hipertrigliceridemia do que o aumento
que ocorre na síntese de VLDL (Eckel et al., 2005).
Como conseqüência, ocorre uma degradação lenta de partículas que contém TG, o
que resulta não somente no seu aumento sérico, como conduz a uma menor dispo-
nibilidade de proteínas de superfície e fosfolipídios necessários para a formação de
HDL (Wassink et al., 2007). Além disso, uma elevação plasmática de VLDL resulta, pela
ação da proteína de transferência de éster de colesterol, em uma redução na con-
centração de colesterol e um aumento de TG nas partículas de HDL. Essas mudanças
no metabolismo e composição conduzem à formação de HDL ricos em TG, os quais
são pequenos e densos. Essa mudança estrutural favorece uma depuração mais rápida
pelo fígado através da lípase hepática, o que resulta na redução dos seus níveis
plasmáticos (Rana et al., 2007).
Além do HDL, a composição de LDL também é modificada de forma similar (Semen-
kovich, 2006). Estas mudanças na composição do LDL são atribuíveis a depleção
relativa colesterol não esterificado, de colesterol esterificado e fosfolipídios, com nenhu-
ma mudança ou com um aumento nos TG na partícula de LDL. Pequenas e densas
partículas de LDL são mais aterogênicas (St-Pierre et al., 2001)
por serem mais tóxicas
ao endotélio, mais hábeis em atravessar a membrana basal endotelial, mais suscetíveis
à oxidação e por se ligarem mais seletivamente aos receptores “scavengers” dos
macrófagos derivados dos monócitos, dentre outras características (Eckel et al., 2005).
1.6. Síndrome metabólica e microcirculação
As conseqüências adversas associadas à obesidade e síndrome metabólica favo-
recem o aumento do risco de diabetes tipo 2 e doença cardiovascular, considerada a
principal causa de óbito no Brasil (DATASUS, 2004).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
20
No entanto, segundo De Jongh et al. (2004a), a associação entre obesidade e doen-
ça cardiovascular não se limita à ocorrência de alterações patológicas somente em
grandes artérias, como infarto do miocárdio e acidente vascular encefálico. Evidências
recentes apontam a obesidade como um dos fatores causais da disfunção microvas-
cular, a qual contribui significativamente para o risco de desenvolvimento de microna-
giopatia, hipertensão arterial e resistência à insulina.
Os mecanismos fisiopatológicos que relacionam a obesidade e disfunção micro-
vascular parecem ser de caráter multifatorial. As diversas substâncias bioativas produzi-
das pelo tecido adiposo (como AGNE, adiponectina, TNF- α, leptina) influenciam a
função microvascular através de atividade direta sobre a resistência vascular, vasodila-
tação e função endotelial (Serné et al., 1999). Além disso, a resistência às ações da
insulina prejudica seus efeitos hemodinâmicos, o que contribui para a ocorrência de
alterações na homeostasia vascular. Nesse sentido, a disfunção na microcirculação
pode ser considerada como sendo a base fisiopatológica de uma constelação de mani-
festações clínicas decorrentes do desarranjo metabólico relacionado com a obesidade.
1.6.1. Estrutura da microcirculação e do sistema capilar
A definição exata da microcirculação permanece em discussão. Do ponto de vista
morfológico, a microcirculação compreende vasos com diâmetro inferior a 150 μm, o
que inclui arteríolas, capilares e vênulas. No entanto uma outra definição tem sido
proposta, baseada em aspectos fisiológicos ao invés de estruturais: todos os vasos que
respondem ao aumento de pressão através de uma redução miogênica no seu lúmen
(pequenas artérias e arteríolas) deveriam ser incluídos na microcirculação, em adição
aos capilares e vênulas (Levy et al., 2001, Serné et al., 2007).
Cada artéria nutridora que entra em um órgão ramifica-se de 6 a 8 vezes antes que
as artérias se tornem suficientemente pequenas para serem chamadas de arteríolas, as
quais continuam ramificando-se até alcançar diâmetros de 5 a 9 micrômetros em suas
extremidades, onde suprem os capilares (Guyton & Hall, 2002).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
21
O sangue da arteríola passa através de uma série de metarteríolas, que apresen-
tam estrutura intermediária entre a das arteríolas terminais e a dos capilares. As metar-
teríolas não têm revestimento muscular contínuo, mas as fibras do músculo liso envol-
vem o vaso em pontos intermitentes, denominados esfíncteres pré-capilares, os quais
controlam a fluxo sanguíneo em função das necessidades teciduais (Aguiar et al.,
2007).
Os capilares são estruturas extremamente delgadas, com paredes tubulares forma-
das somente por uma camada de células endoteliais altamente permeáveis, circunda-
das por uma membrana basal (Guyton & Hall, 2002). Sua principal função consiste em
promover as trocas de nutrientes, oxigênio e produtos de excreção celular entre os te-
cidos e o sangue circulante, secundárias às variações na demanda (Levy et al., 2001).
Densidade capilar corresponde ao número de capilares presentes por área de tecido
e determina a distância de difusão entre o leito vascular e as células, o que favorece o
intercâmbio de substâncias (Shore, 2000). A densidade capilar muscular encontra-se
positivamente correlacionada com sensibilidade à insulina; tem sido proposto que a
insulina reduz o tônus arteriolar pré-capilar e/ou altera a vasomoção, redirecionando o
fluxo sanguíneo de vasos não nutritivos para a rede de capilares nutritivos, o que re-
sulta em um aumento expressivo no número de capilares perfundidos, processo deno-
minado recrutamento capilar funcional (Baron, 2000; Serné et al., 2002). Por um outro
lado, quanto maior o número de capilares presentes, menor será a distância de difusão
para as células musculares, o que favorece o acesso da insulina e a sua interação com
receptor de membrana.
1.6.2. Mecanismos fisiopatológicos da disfunção microvascular na síndrome
metabólica
Estudos experimentais e clínicos têm indicado a rarefação capilar como um impor-
tante mecanismo envolvido na patogênese da hipertensão arterial e da redução da sen-
sibilidade à ação periférica da insulina em indivíduos obesos (De Jongh et al., 2004a).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
22
A diminuição da densidade e do recrutamento capilar pode ser secundária a alte-
rações na vasodilatação dependente de endotélio no nível pré-capilar nestes indivíduos
(Serné et al., 1999). Em condições fisiológicas, o relaxamento vascular ocorre quando
receptores da membrana das células endoteliais são ativados por fatores humorais
(acetilcolina, bradicinina, adenosina difosfato, insulina) ou quando há um aumento do
atrito exercido pelo fluxo sanguíneo sobre a camada endotelial (shear stress), levando à
ativação da óxido nítrico sintase endotelial (e-NOS) presentes nestas células e à
conseqüente produção de óxido nítrico (NO, do inglês nitric oxide), um potente vaso-
dilatador (Dusse et al., 2003).
As vias de sinalização deflagradas pela insulina que contribuem para a ativação da
e-NOS e síntese de NO são completamente distintas dos mecanismos que envolvem a
participação de receptores acoplados a proteína G cálcio-dependentes. A partir da inte-
ração com seu receptor, a insulina promove o início da cascata de transdução de sinais
a partir da fosforilação do IRS-1, que culmina com a fosforilação e ativação da PI3-K,
PDK-1 e subseqüentemente Akt, a qual diretamente fosforila e ativa a e-NOS (Mon-
tagnani, 2001; Kim et al., 2006).
A vasodilatação e o aumento do fluxo sanguíneo são as maiores conseqüências
fisiológicas da produção de NO estimulada pela insulina no endotélio vascular (Kim et
al., 2006). O NO produzido difunde-se para as células musculares lisas subjacentes e
parece promover a vasodilatação em dois estágios. Em estudos experimentais, de-
monstrou-se que inicialmente ocorre a dilatação das arteríolas terminais e abertura dos
esfíncteres pré-capilares, o que aumenta o número de capilares perfundidos (recruta-
mento capilar) em poucos minutos, sem mudança concomitante no fluxo sanguíneo to-
tal. No segundo estágio, ocorre o relaxamento de grandes vasos de resistência após
cerca de 60- 90 minutos de estimulação com concentrações fisiológicas de insulina
(Vincent et al., 2002; Muniyappa et al., 2007).
Em adição às ações promotoras de vasodilatação, a insulina estimula a secreção de
endotelina-1 (Potenza et al., 2005), um vasoconstrictor, a partir da via de sinalização
dependente da proteína quinase ativada por mitógeno (MAP-K) e independente da via
da PI3-K(Kim et al., 2006). Parece que o estímulo para a expressão de moléculas de
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
23
adesão celulares, E- seletina (Montagnani, 2002) e um fator pró trombótico, o inibidor
do ativador do plasminogênio 1, também sejam dependentes da via MAP-K.
Sob condições fisiológicas, essas ações hemodinâmicas opostas da insulina perma-
necem em equilíbrio, o que contribui para a homeostase cardiovascular (Muniyappa et
al., 2007). No entanto, na presença de resistência à insulina, hiperinsulinemia compen-
satória e alterações associadas com a síndrome metabólica, há um detrimento da via
da PI3K, enquanto que as vias relacionadas com a MAP-K nas células vasculares per-
manecem funcionando normalmente, ou mesmo elevadas (Jonk et al., 2007), o que
contribui para uma superposição dos efeitos vasoconstrictores aos vasodilatadores
(Figura 1).
Além disso, a constelação de anormalidades vigentes no contexto da obesidade e
síndrome metabólica predispõe a ocorrência de disfunção endotelial, a qual pode ser
definida como uma alteração na capacidade de relaxamento vascular dependente de
endotélio e caracterizada pelo desequilíbrio na produção de mediadores que controlam
o tônus vascular, agregação plaquetária, coagulação e fibrinólise (Beltowski, 2006).
Figura 1. Alteração da homeostase na célula endotelial vascular sob condições de resistência e
hiperinsulinemia compensatória. A redução da atividade do IRS-1 e/ou PI3K compromete a síntese de
NO estimulada pela insulina. Em contrapartida ao detrimento da via vasodilatadora, a síntese de ET-1
dependente de MAP-K permanece, o que favorece as ações vasoconstrictoras da insulina. Adaptado de
Jonk et al., 2007.
Via MAP
-
quinase
Célula
endotelial
Vasoconstricção
V
asodilatação
Obesidade
TNF
- α
Leptina
AGNE
TNF
- α
na
AGNE
Célula muscular lisa vascula
r
Via MAP
-
quinase
Célula
endotelial
Vasoconstricção
V
asodilatação
Obesidade
TNF
- α
Leptina
AGNE
TNF
- α
AGNE
Célula muscular lisa vascular
Insulina
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
24
A obesidade encontra-se associada com um aumento na inflamação sistêmica (Berg
& Scherer, 2005). O tecido adiposo visceral tem sido apontado como o responsável por
alterações nos valores plasmáticos de proteína C reativa, IL-6, TNF-α, angiotensino-
gênio, fibrinogênio, PAI-1, MCP-1, adiponectina e leptina, as quais encontram-se rela-
cionadas com a indução e manutenção dos estados pró-inflamatório e pró-trombótico
presentes na obesidade (Shoelson et al., 2006; Van Gaal et al., 2006). Neste contexto,
vale ressaltar que macrófagos infiltrados no tecido adiposo também participam ativa-
mente da produção de citocinas pró-inflamatórias (IL-6, TNF-α), as quais contribuem
diretamente para a ocorrência da disfunção endotelial através de mecanismos que
conduzem a uma redução da atividade e expressão da e-NOS, menor biodisponibilida-
de de NO (promovem aumento na produção de espécies reativas de oxigênio), estimu-
lam a expressão da ET-1(Jonk et al., 2007) e favorecem a ativação da via do NF-κ B.
Uma vez induzida, esta via aumenta a expressão de citocinas e de moléculas de
adesão endoteliais, como ICAM, VCAM e E-seletina (Kim et al., 2006; Muniyappa et al.,
2007), as quais relacionam-se com patologias vasculares por favorecer a adesão, o
rolamento e a infiltração de monócitos na parede do vaso, dando início ao processo de
aterogênese.
A leptina consiste em uma adipocitocina com ação pleiotrópica e que apresenta efei-
tos relevantes sobre o sistema vascular. Tem sido proposto o conceito de resistência
seletiva a leptina, segundo o qual somente seu efeito anorexígeno estaria comprome-
tido na obesidade (Mark et al., 2002). Além de contribuir para a resistência à insulina, o
que per se compromete a função endotelial, evidências obtidas a partir de estudos in
vitro e in vivo indicam que a leptina apresenta propriedades pró-aterogênicas e pró-
inflamatórias, as quais podem exacerbar-se na vigência da hiperleptinemia presente na
obesidade; os mecanismos parecem envolver indução da disfunção endotelial, aumento
da expressão de moléculas de adesão ICAM e VCAM, elevação da pressão sanguínea
(Guzik et al., 2006; Beltowski, 2006) e de PAI-1 (Mertens et al., 2006).
A adiponectina apresenta importantes propriedades anti-aterogênicas e anti-infla-
matórias (Guzik et al., 2006), contudo seus níveis plasmáticos encontram-se reduzidos
na obesidade, diabetes e outras condições de resistência à insulina (Van Gaal et al.,
2006). Estudos in vitro indicam que essa alteração pode ser atribuída, pelo menos par-
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
25
cialmente, ao TNF-α secretado pelo tecido adiposo, embora outros fatores possam con-
tribuir para a redução da expressão do gene que a codifica (Whitehead et al., 2006).
Tem sido demonstrado que a adiponectina apresenta a capacidade de inibir a expres-
são de moléculas de adesão estimulada pelo TNF-α, principalmente por promover a
inativação da via do NF-κ B nuclear (Ouchi et al., 2000; Brooks et al., 2007). Em adição
a esses achados, uma série de estudos in vitro e in vivo sugere que a adiponectina
exerça ações protetoras sobre as células endoteliais. Por promover a ativação da
AMPK, a adiponectina favorece a fosforilação e ativação da e-NOS endotelial (Chen et
al., 1999, Hopkins et al., 2007). Além disso, a atividade da adiponectina contribui para a
redução da expressão de receptores scavengers nos macrófagos (Ouchi et al., 2001;
Kadowaki & Yamauchi et al., 2005), o que pode prevenir a formação de células espu-
mosas a partir da captação de partículas de lipoproteínas oxidadas.
Embora não represente um critério clínico de definição da síndrome metabólica, a
hiperuricemia constitui uma anormalidade relativamente comum na obesidade e resis-
tência à insulina (Carvalheira & Saad, 2006) e que parece contribuir para a disfunção
endotelial. Estudos experimentais têm demonstrado sua capacidade de estimular a
proliferação de células da musculatura lisa vascular (Rao et al., 1991) e de exercer
efeitos pró-inflamatórios, principalmente através da indução da síntese de MCP-1 e
TNF- α (Johnson et al., 2003). A geração de espécies reativas de oxigênio pela xantina
oxidorredutase, enzima responsável pela produção de ácido úrico, pode favorecer a
ocorrência de alterações na função endotelial por comprometer a disponibilidade de NO
(Berry & Hare, 2004).
Dado o exposto, algumas anormalidades presentes na obesidade e síndrome meta-
bólica comprometem o recrutamento capilar e a função microvascular por dois impor-
tantes mecanismos. As diversas moléculas bioativas liberadas pelo tecido adiposo
(AGNE, adipocitocinas) podem prejudicar a cascata de sinalização da insulina e,
portanto, seus efeitos vasodilatadores nas arteríolas terminais e nos esfíncteres pré-
capilares. Além disso, esses fatores ao atuarem diretamente sobre as células endo-
teliais, podem favorecer a sua disfunção, o que contribui para a ocorrência de altera-
ções estruturais e funcionais na microcirculação (Figura 2) (Serné et al., 2007).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
26
Figura 2. Associação entre disfunção microvascular e síndrome metabólica. As diversas moléculas
produzidas pelo tecido adiposo podem contribuir de forma direta para a redução da vasodilatação
microvascular e do recrutamento capilar através da indução da disfunção endotelial ou indiretamente por
interferirem nas ações hemodinâmicas da insulina. As conseqüências deletérias incluem aumento da
resistência vascular periférica e resistência à insulina, o que predispõe a ocorrência de diabetes tipo 2 e
hipertensão arterial. Adaptado de Serné et al., 2007.
Estudos clínicos observacionais encontraram uma significativa correlação negativa
entre pressão sanguínea sistólica e densidade capilar, possivelmente pelo aumento da
resistência vascular periférica secundária a rarefação de capilares (Antonios et al.,
1999a; Serné et al., 2001; Debbabi et al., 2006).
Embora a rarefação microvascular possa constituir uma conseqüência da elevação
da pressão arterial (Levy et al., 2001), a redução do número de capilares não é uma
anormalidade encontrada somente em tecidos de pacientes hipertensos. Indivíduos
com elevação intermitente nos valores de pressão arterial (Antonios et al., 1999b) e
normotensos com predisposição genética para hipertensão arterial (Noon et al., 1997;
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
27
Antonios et al., 2003) apresentaram rarefação capilar, o que sugere que alterações na
microcirculação precedem a elevação da pressão sanguínea e podem desempenhar
um papel causal. Cálculos obtidos a partir de um modelo matemático desenvolvido em
um estudo experimental demonstraram que a rarefação superior a 42% pode elevar a
resistência vascular em 21% (Greene et al., 1989; Serné et al., 2007).
Além dessas associações, mudanças na perfusão capilar têm sido relacionadas a
resistência à insulina por alterar a disponibilidade de glicose (Irving et al., 2002). A den-
sidade capilar funcional mostrou ser negativamente correlacionada com a resistência a
insulina; a ocorrência de disfunção microvascular, a qual envolve recrutamento
prejudicado de capilares nutritivos, tem sido apontada como uma condição que em
parte explica os defeitos na habilidade da insulina em aumentar a captação de glicose
nos estados de resistência ao hormônio (De Jongh et al., 2004a).
A redução da área de superfície capilar e função endotelial microvascular alterada
podem contribuir para a resistência a insulina por diversos mecanismos, dentre eles o
aumento da distância de difusão da insulina e glicose do espaço vascular para as
células musculares, a qual prejudica o transporte transcapilar dessas substâncias
(Gudbjornsdottinr et al., 2005) e a interação da insulina com o seu receptor de mem-
brana. Portanto, o sinergismo desses efeitos dificulta a captação de glicose mediada
pelo hormônio (figura 2) (Serné et al., 1999, Serné et al., 2007).
1.6.3. Disfunção microvascular cutânea na síndrome metabólica
A disfunção microvascular constitui um processo sistêmico que ocorre de forma
similar no leito vascular de múltiplos tecidos. A identificação de modificações na função
da microcirculação e vaso-reatividade por técnicas não invasivas pode levar a identi-
ficação precoce de indivíduos com elevado risco de doença coronariana e vascular peri-
férica (Abularrage et al., 2005).
Embora o tecido muscular seja o principal sítio periférico de captação de glicose
mediada pela insulina e resistência vascular, os estudos clínicos têm avaliado o tecido
cutâneo devido a sua capacidade de ser diretamente visualizado e avaliado in vivo (De
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
28
Jongh et al., 2004a). Os efeitos metabólicos e microvasculares mediados pela insulina e
pela pressão sanguínea demonstrados no músculo e na pele parecem ser comparáveis
(Serné et al., 2001; Frisbee, 2007), o que torna o estudo da função microvascular cutâ-
nea um modelo representativo da microcirculação muscular. Além disso, o aumento do
risco de doença coronariana avaliado através do escore de Framingham encontrou-se
significativamente associado com alterações no recrutamento capilar cutâneo, o que
permitiu corroborar a existência da relação entre fatores de risco cardiovasculares e
função microvascular avaliada neste tecido (Ijzerman et al., 2003).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica INTRODUÇÃO
29
Justificativa do Estudo
Em função de sua abrangência crescente e do impacto adverso que promove sobre
o perfil de morbi-mortalidade, a obesidade constitui um dos principais desafios para os
serviços de saúde pública na atualidade. O aprimoramento do conhecimento sobre os
mecanismos fisiopatológicos relacionados com as conseqüências deletérias da
obesidade pode proporcionar a caracterização de biomoléculas e vias metabólicas
envolvidas com a exacerbação e/ou atenuação dessas anormalidades. Até o presente
momento, não foi encontrado na literatura um estudo que investigasse as caracte-
rísticas da função microvascular em obesos portadores de síndrome metabólica através
da videomicroscopia, a qual permite avaliar, de forma não-invasiva e sob condições
absolutamente fisiológicas (sem administração de drogas ou contrastes), a reatividade
microvascular e o recrutamento capilar. Evidências apontam para a relevância desses
fatores na manutenção da homeostase vascular, que uma vez comprometida na vigên-
cia do excesso de peso, favorece a presença de uma constelação de alterações
metabólicas e hemodinâmicas que elevam o risco cardiometabólico neste grupo de
pacientes.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica OBJETIVOS
30
2. OBJETIVOS
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica OBJETIVOS
31
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral:
Avaliar as características estruturais e funcionais da microcirculação cutânea de
pacientes obesos portadores de síndrome metabólica comparados a indivíduos
eutróficos e obesos, ambos sem este diagnóstico.
2.2. Objetivos específicos:
Verificar a associação entre parâmetros de avaliação das características estruturais
e funcionais da microcirculação cutânea de indivíduos obesos e:
1. variáveis antropométricas (índice de massa corporal, circunferência da cintura e
razão cintura-quadril);
2. adipocitocinas circulantes (leptina e adiponectina) ;
3. metabolismo lipídico (colesterol total, HDL- colesterol, LDL- colesterol e
triglicerídeos);
4. metabolismo glicídico (glicemia de jejum, insulina sérica de jejum, índice de
resistência à insulina- HOMA- IR);
5. os níveis séricos de ácido úrico;
6. variáveis hemodinâmicas (freqüência cardíaca e os valores de pressão arterial
sistólica, diastólica e média).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica CASUÍSTICA
32
3. CASUÍSTICA
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica CASUÍSTICA
33
3. CASUÍSTICA
3.1. Pacientes
Foram convidados a participar deste estudo através de carta ou telefonema, os 200
pacientes que constituíram a casuística de um projeto de doutorado sobre genética da
obesidade desenvolvido no Laboratório de Fisiopatologia Clínica e Experimental –
CLINEX. Também foram selecionados candidatos entre os funcionários e alunos do
Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), pacientes atendidos na Clínica de
Hipertensão (CLINEX - HUPE) e no Ambulatório Geral de Nutrição (HUPE), bem como
contatos indicados pelos próprios pacientes, perfazendo um universo de 175 indivíduos
obesos e 33 indivíduos eutróficos (IMC < 25 kg/m²) que compareceram a uma
entrevista inicial. Nesta ocasião, os indivíduos eutróficos, que posteriormente
constituíram um dos grupos utilizados como controle, submeteram-se à avaliação
clínico-laboratorial para investigação de suas condições de saúde (anexo 1). A análise
da microcirculação foi realizada naqueles cuja cor da pele permitia a aplicação do
método de capilaroscopia (brancos e mulatos). Os critérios de inclusão/ exclusão
(descritos a seguir - item 3.2) foram estabelecidos previamente para a seleção dos
grupos constituídos por pacientes obesos.
Este estudo foi iniciado somente após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pes-
quisa (CEP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (número do projeto no CEP: 517-
CEP/ HUPE). Todos os participantes tiveram pleno conhecimento do estudo e de seus
objetivos e, caso concordassem em participar, assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido (anexo 2).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica CASUÍSTICA
34
3.2. Elegibilidade dos pacientes
Os pacientes que foram efetivamente incluídos no grupo de estudo preencheram os
seguintes critérios:
1 Homens ou mulheres com idade mínima de 18 anos;
2 Obesos, apresentando IMC igual ou superior a 30 Kg/m² (WHO, 2003);
3 Portadores de síndrome metabólica, definida pela presença de três ou mais
critérios a seguir: circunferência da cintura com valores > 88 cm para mulheres e
> 102 cm para homens, valores de pressão arterial sistólica 130 mm Hg e
diastólica 85 mm Hg; valores de glicemia 110 mg/dl; níveis séricos de
triglicerídeos 150 mg/ dl; níveis séricos de HDL- colesterol < 40 mg/dl para
homens e < 50 mg/dl para mulheres (NCEP- ATP III, 2001);
4 Terem assinado o termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram excluídos do estudo os pacientes:
1 Com hiperpigmentação cutânea ou os que apresentavam cor e/ou espessura de
epiderme que dificultassem a aplicação do método de videocapilaroscopia
cutânea;
2 Portadores de diabetes mellitus; lúpus eritematoso sistêmico; doenças reuma-
tológicas; fenômeno de Raynaud; psoríase e outras patologias cutâneas; infarto
do miocárdio ou acidente vascular encefálico; insuficiência cardíaca (classe III ou
IV NYHA); níveis de creatinina sérica superiores a 1,3 mg/dl ou clearance de
creatinina 60 ml/min, doenças hepáticas; doenças psiquiátricas e hipertensão
arterial estágio II, definida pela presença de valores de pressão sistólica 160
mm Hg ou pressão diastólica 100 mm Hg de acordo com o JNC 7 Report
(Chobanian et al., 2003);
3 Impossibilitados de serem submetidos a washout de medicações (hipolipemian-
tes e anti-hipertensivos) por um período de 2 semanas, sendo essa suspensão
avaliada mediante critério clínico pelo médico responsável.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DESENHO DO ESTUDO
35
4. DESENHO DO ESTUDO E PLANO DE TRABALHO
O ensaio clínico caracteriza-se por ser do tipo observacional, transversal e contro-
lado. Na visita V1 foi feita a seleção dos pacientes de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão. Nesta visita os pacientes que não faziam uso de medicação foram
orientados a comparecer a uma visita V2 no Laboratório do CLINEX às 07:30 horas,
com a recomendação de jejum de 12 horas antecedendo a coleta de sangue. Todo o
processamento de sangue foi feito atendendo as especificações próprias de cada
variável. Alíquotas de plasma e soro foram estocadas a – 20ºC ou a – 70ºC, conforme
apropriado, para as determinações laboratoriais.
Nesta ocasião, os pacientes foram submetidos à avaliação nutricional, para deter-
minação das medidas antropométricas; avaliação laboratorial, para coleta de sangue;
avaliação clinica, quando foram feitos os registros de pressão arterial (anexo 1) e
avaliação videocapilaroscópica, para análise da microcirculação cutânea.
Na primeira visita os pacientes que faziam uso de medicações foram submetidos
somente à avaliação nutricional e a uma consulta clínica, na qual foi considerada a
possibilidade de suspensão de drogas mediante critério clínico pelo médico respon-
sável. Após washout de 2 semanas, os pacientes cuja medicação foi suspensa compa-
receram a uma visita V2, na qual foi realizada avaliação laboratorial, bem como
avaliação videocapilaroscópica.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
36
5. MÉTODOS
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
37
5.1. Avaliação antropométrica
5.1.1. Índice de massa corporal (IMC)
Este índice foi calculado através da divisão do peso (em kg) pela estatura elevada
ao quadrado (em m²) (WHO, 2000).
O peso foi estimado através do uso de uma balança antropométrica da marca Fili-
zola (precisão de 0,1 kg) e a estatura foi aferida através do uso de um estadiômetro
(precisão 0,5 cm), com os pacientes sem sapatos.
5.1.2. Circunferência da cintura (CC), de quadril (CQ) e razão cintura-quadril (RCQ)
As circunferências da cintura (CC) e de quadril (CQ) foram mensuradas com o
auxílio de uma fita métrica inextensível, graduada em centímetros, com o paciente em
pé. A circunferência da cintura foi determinada no ponto médio entre a crista ilíaca e a
borda inferior do último arco costal. A circunferência do quadril foi medida na maior
circunferência na extensão posterior das nádegas.
A razão cintura-quadril foi obtida a partir da divisão da circunferência da cintura pela
circunferência do quadril.
5.2. Avaliação hemodinâmica
A pressão arterial e a freqüência cardíaca foram aferidas pelo método oscilométrico
através do uso do Dinamap (1846, Critikon), com manguito de tamanho apropriado, no
membro superior não dominante com o paciente sentado. Após 5 minutos de repouso,
foram consideradas 3 medidas seqüenciais de pressão arterial com intervalos de 3
minutos, que não se diferenciassem mais do que 10 mm Hg nos valores de pressão
arterial sistólica e 5 mm Hg nos valores de pressão arterial diastólica. A média da pres-
são arterial foi obtida a partir da média aritmética dos valores de pressão arterial
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
38
sistólica e pressão arterial diastólica dessas 3 medidas. A pressão arterial média foi
obtida pelo cálculo do dobro da média da pressão arterial diastólica, somado à média
da pressão arterial sistólica, sendo este resultado dividido por três. A freqüência
cardíaca foi determinada a partir do cálculo da média aritmética dos valores obtidos nos
três momentos de aferição da pressão arterial.
5.3. Avaliação metabólica
5.3.1. Metabolismo glicídico
As amostras para dosagem da glicemia foram coletadas após 12 horas de jejum,
em tubo sem anticoagulante, com centrifugação após 30 minutos e dosagem por meto-
do enzimático-hexoquinase, no mesmo dia da coleta. Os valores foram expressos em
mg/dl.
As concentrações séricas de insulina de jejum foram determinadas por radioium-
noensaio usando reagentes da LINCO Research, St Louis, USA, específicos para insu-
lina humana. Neste ensaio a reatividade cruzada com a pro-insulina humana é inferior
a 0,2% (Morgan & Lazarow, 1963). Os valores foram expressos em μU/ml.
O índice de resistência à insulina foi obtido utilizando-se a Fórmula da Avaliação
do Modelo Homeostático (HOMA), na qual a resistência é determinada pelo produto da
insulinemia de jejum (μU/ml) e da glicemia de jejum (mmol/L) dividido por 22,5; este
índice é altamente correlacionado com o clamping euglicêmico hiperinsulinêmico
(Mathews et al., 1985; Avignon et al.,1999).
5.3.2. Metabolismo lipídico
O colesterol total foi dosado pelo método de Huang modificado, o HDL-colesterol
pelo sistema enzimático COD-ANA, Lab Test e os triglicerídeos, após saponificação,
pela reação de Hantzch, usando o método de Soloni modificado.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
39
O LDL-colesterol foi estimado usando-se a fórmula de Friedwald, válida quando os
valores de triglicerídeos são inferiores a 400 mg/dl: Colesterol total – (HDL-colesterol +
triglicerídeos / 5) (Friedwald et al., 1972). Os valores foram expressos em mg/dl.
5.3.3. Ácido úrico
O ácido úrico foi dosado pelo método enzimático (uricase) através do Kit BT 3000
(Winer) e seus valores foram expressos em mg/ dl.
5.3.4. Adipocitocinas
5.3.4.1. Leptina sérica
As concentrações séricas de leptina de jejum foram determinadas por radioimuno-
ensaio usando reagentes da LINCO Research, St Louis, USA, específicos para leptina
humana.
Alíquotas de 500 μl de soro, coletadas em jejum de pelo menos 12 horas, foram
armazenadas em freezer com a temperatura mantida a -20º C. O coeficiente de
variação intra-ensaio do kit é de 5,0 ± 0,86% e inter-ensaio de 4,5 ± 0,55%. Os valores
foram expressos em ng/ml.
5.3.4.2. Adiponectina plasmática
As amostras foram coletadas após jejum de 12 horas, em tubo com anticoagulante
EDTA. Depois foram centrifugadas e armazenadas em alíquotas no freezer a -80ºC, até
o momento do ensaio.
A concentração de adiponectina plasmática foi determinada por radioimunoensaio
usando reagentes da LINCO Research, St Louis, USA, específicos para adiponectina
humana.Os valores obtidos foram multiplicados pela diluição e divididos por 1.000,
sendo expressos em μg/ml. O coeficiente de variação intra-ensaio do kit é de 3,9 ±
1,28% e inter-ensaio de 8,5 ± 0,78%.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
40
5.4. Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas
A microcirculação cutânea consiste em dois leitos vasculares: o leito de capilares
nutritivos e o termorregulatório, que constitui o padrão dominante e contribui com apro-
ximadamente 85% do fluxo sanguíneo total. Apesar de contribuir com somente 15% do
fluxo, a rede de capilares nutritivos é a que mantém a viabilidade do tecido.
Videocapilaroscopia intravital é o único método que permite a visualização direta
de capilares nutritivos cutâneos em humanos (Hern & Mortimer, 1999) e que tem sido
utilizado para avaliar a rarefação capilar e suas causas (estruturais ou funcionais). O
número de capilares cutâneos espontaneamente perfundidos no estado basal foi
considerado a densidade capilar basal. Contudo, como é um método que depende da
presença de hemácias nos capilares para sua identificação, poderia não evidenciar
capilares não-perfundidos sob condições basais; estes capilares preenchidos de forma
intermitente representam uma importante reserva funcional, a qual deve ser capaz de
atender às variações na demanda tecidual. Para obter a sua visualização, a indução da
congestão venosa e hiperemia reativa pós-oclusiva têm sido utilizadas. A congestão
venosa aumenta a pressão no interior das vênulas e favorece o retorno do fluxo
sanguíneo para a rede capilar, o que permite a passagem passiva de hemácias para os
capilares não-perfundidos ou intermitentemente perfundidos (Serné et al., 2001). Tem
sido postulado que o máximo da densidade capilar (número de capilares por mm² de
pele) durante congestão venosa depende principalmente do número anatômico de
capilares (densidade estrutural), enquanto que a hiperemia reativa, por promover e
induzir a atuação de mecanismos vasodilatadores nas células endotelialis (dentre eles o
shear stress) secundários ao bloqueio temporário com posterior liberação do fluxo
sanguíneo arterial, pode auxiliar na detecção do recrutamento de capilares inicialmente
não perfundidos (reatividade microvascular), e nesse caso, refletir fatores estruturais e
funcionais (Antonios et al, 2003; Serné et al, 1999).
O estudo da microcirculação foi conduzido em um ambiente com temperatura con-
trolada (21º a 24º C), ajustada se necessário, após o indivíduo permanecer sob aclima-
tização por pelo menos 20 minutos. A temperatura cutânea foi monitorada durante todo
o período de realização da avaliação, a qual foi conduzida com o paciente sentado e
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
41
com a mão não dominante no nível da altura do coração. Os pacientes foram orienta-
dos a abster-se de bebidas que contivessem cafeína e a manter o padrão usual de ativi-
dade física na véspera do estudo.
A densidade capilar cutânea média, ou seja, o número de capilares por mm² de
pele dos pacientes, foi avaliada através de microscopia intravital de alta resolução em
cores (Moritex, Cambridge, UK), utilizando um sistema de vídeo-microscopia com
objetiva de imersão (amplificação em 200 vezes) equipada de sistema de epi-ilumi-
nação na pele do dorso da segunda falange do dedo médio da mão não dominante
(Figura 3) (Antonios et al., 1999a). Com a finalidade de corrigir as irregularidades da su-
perfície da pele e obter uma melhor translucência cutânea, aplicou-se óleo de parafina
no local a ser avaliado quando necessário (Hern & Mortimer, 1999). A aquisição, assim
como o registro em disco e análise posterior das imagens foram realizados através de
um sistema integrado semi-automático (Microvision Instruments, Evry, France). A con-
tagem do número total de capilares por campo microscópico (1 mm²) foi obtida através
de programa de análise de imagens semi- automático calibrado previamente (Saisam,
Microvision Instruments, Evry, France), por dois observadores diferentes, os quais
estavam cegos com relação a classificação dos indivíduos obesos em portadores ou
não de síndrome metabólica. Os coeficientes de variação intra e inter-observador
corresponderam a 4,3 e 3,3%, respectivamente; o primeiro foi determinado a partir da
análise de 20 imagens em 2 ocasiões separadas por um mesmo avaliador, enquanto
que o coeficiente de variação inter-observador foi obtido mediante avaliação de 15
imagens por um segundo observador e comparados com a contagem efetuada pelo
primeiro avaliador.
A densidade capilar média foi obtida pelo cálculo da média aritmética do número
de capilares contados em três campos microscópicos contíguos no estado basal, assim
como após indução da congestão venosa e da hiperemia reativa pós-oclusiva, para
diferenciação entre as alterações funcionais e estruturais envolvidas na redução da
densidade capilar dos pacientes (Serné et al., 2001). A densidade capilar anatômica foi
avaliada durante indução de congestão venosa através de manguito digital inflado até a
pressão de 60 mmHg durante 2 minutos, posicionado no braço dos pacientes. Dez
minutos após a liberação da congestão venosa, a hiperemia reativa foi induzida pelo
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
42
bloqueio do fluxo sanguíneo arterial durante 3 minutos através de manguito acoplado a
um esfingmomanômetro inflado a 30 mmHg acima da pressão arterial sistólica do
paciente. As imagens foram então gravadas imediatamente (15- 30 segundos) após
liberação do fluxo arterial.
Figura 3. Equipamentos utilizados para a avaliação da microcirculação cutânea por videomicroscopia.
5.5. Análise estatística dos dados
Utilizou-se para a descrição das variáveis contínuas, as médias aritméticas com
seus respectivos erros padrões ou medianas, seguidas dos valores mínimo e máximo
da distribuição. Para apresentação das variáveis categóricas, foram utilizados o número
absoluto e freqüência relativa. As variáveis que não apresentaram distribuição normal,
foram transformadas em logaritmo: triglicerídeos, leptina e HOMA-IR. As comparações
entre as distribuições das variáveis de obesos e eutróficos foram feitas através do teste
t de Student não pareado; para comparação das médias das variáveis de obesos
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica MÉTODOS
43
portadores de síndrome metabólica, obesos sem síndrome metabólica e indivíduos
eutróficos, utilizou-se a análise de variância (ANOVA), seguida do pós-teste de Tukey
para determinação das diferenças entre os grupos. Teste t de Student pareado foi
utilizado para comparar a densidade capilar média basal e a obtida durante indução da
hiperemia reativa pós-oclusiva, assim como a densidade capilar média basal e a
visualizada pós-congestão venosa, em cada grupo estudado. A apreciação estatística
da comparação de proporções foi baseada no teste Qui-quadrado. Foi calculada a
correlação entre variáveis contínuas através do coeficiente de correlação de Pearson e
procedeu-se à regressão linear múltipla stepwise com a finalidade de verificar a
associação entre algumas variáveis de interesse. O nível de significância estatística
considerado foi p< 0,05. A análise estatística foi realizada no software SPSS versão
12.0.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
44
6. RESULTADOS
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
45
6. RESULTADOS
6.1. Casuística
Compareceram 175 pacientes obesos e 33 indivíduos eutróficos a uma entrevista
inicial, a qual contemplou a aplicação dos critérios de elegibilidade estabelecidos pre-
viamente e culminou com a exclusão de 99 pacientes, dentre eles 25 diabéticos tipo 2 e
os demais em função da cor e/ ou espessura da pele. Após esta consulta, foram consi-
derados 76 indivíduos obesos elegíveis, de ambos os sexos, os quais foram orientados
a comparecer no Laboratório do CLINEX para serem submetidos às avaliações labo-
ratorial, clinica, nutricional e videocapilaroscópica. Verificou-se a possibilidade de sus-
pensão de drogas em 24 pacientes obesos que faziam uso de medicação, porém
mediante avaliação médica, somente 9 puderam ser submetidos a washout. Na primeira
semana, os pacientes foram reavaliados em uma nova consulta clínica e todos pude-
ram permanecer com a medicação suspensa até o término do período de 2 semanas.
Foram excluídas todas as imagens obtidas a partir do estudo da microcirculação de
16 indivíduos obesos e 3 eutróficos cuja nitidez comprometia a análise microvascular de
forma adequada; a visualização dos capilares depende do grau de pigmentação e/ou
espessura de epiderme e a dificuldade imposta por esses fatores pode tornar-se evi-
dente somente no momento da aplicação do método de videocapilaroscopia.
Conforme verificado no fluxograma dos pacientes do estudo (Figura 4), após análise
dos critérios definidores de elegibilidade e das imagens obtidas através de
videomicroscopia cutânea, incluíram-se 45 indivíduos obesos de ambos os sexos, dos
quais 20 foram classificados como portadores de síndrome metabólica definida
segundo critérios da NCEP - ATP III (2001), além dos indivíduos que constituíram os
dois grupos utilizados para controle. O primeiro grupo controle foi composto por 25 obe-
sos sem a presença de síndrome metabólica e o segundo foi formado por 30 indivíduos
saudáveis do ponto de vista clínico e metabólico, com valores de Índice de Massa
Corporal (IMC) inferiores a 25 Kg/ m².
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
46
Figura 4: Fluxograma de pacientes do estudo.
As características antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas de todos os par-
ticipantes do estudo, constituídos por indivíduos eutróficos e obesos, são apresentadas
na Tabela 1.
175 obesos
76 obesos
Aplicação dos critérios de
elegibilidade
Exclusão: 99 pacientes; 74
em função da cor/espessura
da pele e 25 diabéticos tipo 2
Avaliação quanto a realização de
washout em 24 pacientes
Exclusão: 15 pacientes sem
possibilidade de washout
61 obesos
Avaliação por videomicroscopia Exclusão: 16 pacientes obesos
45 obesos
25 obesos sem
síndrome metabólica
20 obesos com
síndrome metabólica
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
47
Tabela 1. Características de todos participantes de acordo com o grupo de
estudo.
Características Eutróficos
(n= 30)
Obesos
(n= 45)
P valor
Idade (anos) 42,77 ± 1,18 39,09 ±1,65 0,074
Sexo masculino, n (%) 8 (26) 17 (37,7) 0,453
Fumantes, n (%) 7 (23,3) 10 (22,2) 0,910
Peso (kg) 61,56 ± 1,7 98,53 ± 2,45 0,000
Índice de massa corporal (kg/m²) 22,76 ± 0,36 35,44 ± 0,64 0,000
Circunferência de cintura (cm) 80,27 ± 1,29 107,26 ± 1,47 0,000
Circunferência de quadril (cm) 96,72 ± 0,84 116,37 ± 3,10 0,000
Razão cintura- quadril 0,82 ± 0,01 0,90 ± 0,01 0,000
PAS (mmHg) 108,24 ± 2,09 123,06 ± 2,13 0,000
PAD (mmHg) 66,07 ± 2,04 77,67 ± 1,58 0,000
Pressão arterial média (mmHg) 81,47 ± 2,28 92,80 ± 1,67 0,000
Freqüência cardíaca (bpm) 69,23 ± 1,90 72,90 ± 1,46 0,126
Ácido úrico (mg/dl) 3,72 ± 0,18 5,45 ± 0,23 0,000
Colesterol Total (mg/dl) 215,75 ± 7,59 202,33 ± 5,27 0,152
Triglicerídeos (mg/dl) 110,16 ± 7,05 159,51 ± 13,91 0,002
HDL-colesterol (mg/dl) 54,28 ± 2,01 47,13 ± 1,55 0,006
LDL-colesterol (mg/dl) 139,43 ± 6,84 123,33 ± 5,03 0,056
Glicose (mg/dl) 90,94 ± 1,29 98,16 ± 2,44 0,013
Insulina (μU/ml) 10,16 ± 0,67 21,92 ± 1,47 0,000
HOMA-IR 2,26 ± 0,15 5,42 ± 0,49 0,000
Leptina (ng/ml) 10,36 ± 1,04 38,75 ± 3,88 0,000
Adiponectina (μg/ml) 7,91 ± 0,77 6,48 ± 0,58 0,134
Valores são expressos como média ± erro padrão da média.
PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; HDL: lipoproteína de alta densidade;
LDL: lipoproteína de baixa densidade; HOMA-IR: índice de resistência à insulina.
Dentre as variáveis estudadas, comparando-se ambos os grupos, observou-se que
não houve diferença significativa entre eles com relação ao sexo, idade, número de fu-
mantes, freqüência cardíaca, adiponectina, além dos valores séricos de colesterol total
e LDL- colesterol.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
48
A Tabela 2 apresenta as características dos indivíduos eutróficos e dos pacientes
obesos, classificados de acordo com o diagnóstico de síndrome metabólica segundo
NCEP- ATPIII (2001).
Tabela 2. Características dos participantes do estudo: indivíduos eutróficos
(n=30) e obesos portadores (n= 20) ou não de síndrome metabólica (n= 25).
Características Eutróficos
(n=30)
Obesos sem SM
(n=25)
Obesos com SM
(n=20)
P valor
Idade (anos) 42,77 ± 1,18 40,12 ± 2,34 37,8 ± 2,32
0,191
Sexo masculino, n (%) 8 (27) 9 (36)
8 (40)
0,310
Fumantes, n (%) 7 (23) 5 (20) 5 (25) 0,927
Peso (kg) 61,56 ± 1,7† 93,74 ± 2,83* 104,53 ± 3,91 0,000
Índice de massa corporal (kg/m²) 22,76 ± 0,36 34,50 ± 0,70 36,62 ± 1,12 0,000
Circunferência de cintura (cm) 80,27 ± 1,29† 104,7 ± 1,81* 110,47 ± 2,26 0,000
Circunferência de quadril (cm) 96,72 ± 0,84 116,66 ± 2,02 116,01 ± 6,62 0,000
Razão cintura-quadril 0,82 ± 0,01† 0,90 ± 0,01 0,91 ± 0,02 0,000
PAS (mmHg) 108,24 ± 2,09† 117,55 ± 2,53* 129,94 ± 3,00 0,000
PAD (mmHg) 66,07 ± 2,04† 74,25 ± 1,97* 81,95 ± 2,29 0,000
Pressão arterial média(mmHg) 81,47 ± 2,28† 88,68 ± 2,01* 97,94 ± 2,40 0,000
Freqüência cardíaca (bpm) 69,23 ± 1,90 70,48 ± 1,31 75,93 ± 2,75 0,061
Ácido úrico (mg/dl) 3,72 ± 0,18† 5,06 ± 0,25 5,94 ± 0,39 0,000
Colesterol total (mg/dl) 215,75 ± 7,59 200,36 ± 7,66 204,8 ± 7,2 0,312
Triglicerídeos (mg/dl) 110,16 ± 7,05‡ 113,6 ± 11,6* 216,90 ± 21,99 0,000
HDL-colesterol (mg/dl) 54,28 ± 2,01‡ 51,28 ± 1,69* 41,95 ± 2,34 0,000
LDL-colesterol (mg/dl) 139,43 ± 6,84 126,36 ± 7,43 119,55 ± 6,59 0,135
Glicose (mg/dl) 90,94 ± 1,29‡ 93,44 ± 2,28* 103,7 ± 2,46 0,003
Insulina (μU/ml) 10,16 ± 0,67 19,12 ± 1,16* 25,41 ± 2,82 0,000
HOMA- IR 2,26 ± 0,15† 4,42 ± 0,31* 6,68 ± 0,98 0,000
Leptina (ng/ml) 10,36 ± 1,04 40,47 ± 5,41 36,49 ± 5,62 0,000
Adiponectina (μg/ml) 7,91 ± 0,77 6,76 ± 0,72 6,14 ± 0,96 0,290
Valores apresentados em média ± erro padrão da média. SM- síndrome metabólica; PAS- pressão
arterial sistólica; PAD- pressão arterial diastólica; HDL- lipoproteína de alta densidade; LDL- lipoproteína
de baixa densidade; HOMA-IR- índice de resistência à insulina. Análise pós-teste (Teste de Tukey): † p<
0,05 eutróficos vs. obesos com e sem síndrome metabólica; * p< 0,05 obesos sem síndrome metabólica
vs. obesos com síndrome metabólica; ‡ p< 0,05 eutróficos vs. obesos com síndrome metabólica.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
49
Ao comparar os três grupos estudados, verificou-se que os mesmos não diferiram
com relação à idade, sexo, número de fumantes, freqüência cardíaca e os níveis séri-
cos de colesterol total e LDL-colesterol, bem como os valores plasmáticos de adiponec-
tina. Indivíduos eutróficos apresentaram diferenças significativas com relação à maioria
das variáveis metabólicas e hemodinâmicas avaliadas quando comparados aos obesos,
independente de ser portador ou não de síndrome metabólica. No entanto, observamos
que algumas características específicas (triglicerídeos, HDL-c e glicemia) foram
estatisticamente diferentes somente ao comparar eutróficos e os obesos com síndrome
metabólica. Além das esperadas diferenças significativas entre obesos com e sem
síndrome metabólica, principalmente quanto aos critérios definidores do diagnóstico,
nossos achados demonstraram que obesos portadores de síndrome metabólica eram
mais resistentes à insulina do que os que não apresentaram a síndrome, ainda que a
presença da resistência à insulina não seja condição incluída na definição de síndrome
pelo NCEP-ATPIII (2001).
A Tabela 3 mostra as correlações obtidas a partir da análise da associação entre as
variáveis antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas no grupo de indivíduos
obesos (n= 45).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
50
Tabela 3. Correlações de Pearson entre as variáveis antropométricas, metabólicas
e hemodinâmicas avaliadas nos pacientes obesos (n= 45).
Variáveis IMC (Kg/m
2
) Circunferência
Cintura (cm)
Razão cintura-
quadril
r P valor r P valor r P valor
Glicose (mg/dl) 0,11 0,47 0,09 0,54 0,04 0,81
Insulina (μU/ml)
0,43 0,00 0,41 0,01 0,24 0,11
HOMA-IR 0,38 0,01 0,36 0,02 0,21 0,17
Leptina (ng/ml) 0,59 0,00 0,39 0,00 0,27 0,07
Adiponectina (μg/ml) -0,16 0,29 -0,06 0,72 -0,08 0,60
Colesterol total (mg/dl) 0,00 0,98 -0,03 0,87 0,02 0,89
HDL-colesterol (mg/dl) 0,09 0,57 -0,08 0,61 -0,09 0,57
LDL-colesterol (mg/dl) 0,00 0,99 0,02 0,87 0,03 0,82
Triglicerídeos (mg/dl) -0,01 0,93 -0,05 0,74 0,07 0,67
PAS (mm Hg) 0,38 0,01 0,35 0,02 0,37 0,01
PAD (mm Hg) 0,22 0,15 0,14 0,36 0,29 0,05
PAM (mm Hg) 0,29 0,05 0,23 0,13 0,34 0,02
FC (bpm) 0,12 0,45 0,26 0,09 -0,18 0,25
HOMA-IR: índice de resistência à insulina; HDL: lipoproteína de alta densidade; LDL: lipoproteína de
baixa densidade; PAS: pressão arterial sistólica, PAD: pressão arterial diastólica; PAM: pressão arterial
média, FC: freqüência cardíaca. Valores ajustados para sexo, idade e tabagismo.
6.2. Avaliação microvascular cutânea na obesidade e na síndrome metabólica
Ao avaliar as características da microcirculação cutânea em indivíduos obesos e
eutróficos (Tabela 4), verificou-se que não houve diferenças significativas entre os
grupos com relação à densidade capilar média basal, a qual reflete o número de
capilares espontaneamente perfundidos. A densidade capilar cutânea média obtida
durante a indução da hiperemia reativa pós-oclusiva (HRPO) e a determinada após a
realização da congestão venosa foram significativamente superiores à média do
número de capilares visualizados no estado basal, em obesos (136 ± 4,10 vs. 131,5 ±
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
51
3,7; 135,5 ± 3,91 vs. 131,5 ± 3,7, respectivamente, p<0,05) e em eutróficos (143,9 ± 4,2
vs. 135,2 ± 4,14; 147,7 ± 4,8 vs. 135,2 ± 4,14, respectivamente, p<0,0001). No entanto,
os dois grupos apresentaram diferenças significativas com relação ao recrutamento
capilar funcional durante HRPO (aumento relativo no número de capilares/mm²),
evidenciadas por uma elevação percentual mais expressiva no número de capilares
perfundidos sob esta condição em indivíduos eutróficos quando comparados aos
obesos (7,2% [-1,2; 15,6] vs. 2,6% [-13,6; 23,1], respectivamente, p= 0,03). Achados
similares foram encontrados após indução da congestão venosa; os valores
correspondentes aos aumentos absoluto e relativo na densidade capilar em obesos
foram significativamente inferiores aos observados em eutróficos (p= 0,002). Além
disso, a densidade capilar cutânea média após congestão venosa foi menor no grupo
de obesos quando comparados aos eutróficos (135,5 ± 3,91 vs. 147,7 ± 4,8,
respectivamente, p=0,05), o que demonstra a presença de diferenças estruturais entre
os grupos.
Tabela 4. Comparação entre as características da microcirculação cutânea avalia-
das em indivíduos eutróficos (n= 30) e obesos (n= 45).
Variáveis Eutróficos
(n=30)
Obesos
(n=45)
P valor
Densidade capilar cutânea média (nº capilares/mm²)
Basal 135,2 ± 4,14 131,5 ± 3,70 0,52
Durante HRPO 143,9 ± 4,20* 136 ± 4,10** 0,19
Após congestão venosa 147,7 ± 4,8* 135,5 ± 3,91** 0,05
Aumento absoluto no nº capilares/ mm²†
Durante HRPO 9 (-2,0; 24,7) 3,7 (-18,5; 28) 0,03
Após congestão venosa 11,3 (-6,1; 38,7) 2,7 (-18,0; 26) 0,002
Aumento relativo (%) no nº capilares/ mm²†
Durante HRPO 7,2 (-1,2; 15,6) 2,6 (-13,6; 23,1) 0,05
Após congestão venosa 8,7 (-4,0; 24,3) 2,0 (-14,9; 18) 0,002
Valores são expressos como média ± erro padrão da média. †- Valores apresentados em mediana
(mínimo; máximo). HRPO: hiperemia reativa pós oclusiva. * p< 0,0001 vs. basal; ** p< 0,05 vs. basal.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
52
As características da microcirculação de indivíduos eutróficos e pacientes obesos,
portadores ou não de síndrome metabólica, estão descritas na Tabela 5.
Tabela 5. Comparação entre as características da microcirculação cutânea avalia-
das em indivíduos eutróficos (n= 30), obesos sem (n= 25) e com síndrome
metabólica (n= 20).
Variáveis Eutróficos
(n= 30)
Obesos sem SM
(n= 25)
Obesos com SM
(n= 20)
P valor
Densidade capilar cutânea média (nº capilares/ mm²)
Basal 135,2 ± 4,14 132,25 ± 5,43 130,62 ± 4,98 0,795
Durante HRPO 143,9 ± 4,2* 138,61 ± 5,81** 132,79 ± 5,78 0,329
Após congestão venosa 147,7 ± 4,8* 136,51 ± 5,55** 134,24 ± 5,57 0,151
Aumento absoluto no nº de capilares/ mm²†
Durante HRPO 9 (-2,0; 24,7) 7,3 (-11,5; 28) 1,8 (-18,5; 20,3) 0,045‡
Após congestão venosa 11,3 (-6,1; 38,7) 2,5 (-17,3; 23) 3,1 (-18; 26) 0,008§
Aumento relativo (%) no nº de capilares/ mm²†
Durante HRPO 7,2 (-1,2; 15,6) 5,3 (-8,7; 23,1) 1,45 (-13,6; 17,1) 0,049‡
Após congestão venosa 8,7 (-4,0; 24,3) 1,8 (-9,3; 18) 2,55 (-14,9; 15,4) 0,009§
Valores apresentados em média ± erro padrão da média. †- valores apresentados em mediana (mínimo;
máximo). SM- síndrome metabólica; HRPO- hiperemia reativa pós oclusiva.
* p< 0,0001 vs. basal; ** p< 0,05 vs. basal.Análise pós-teste (teste de Tukey): ‡ p< 0,05 eutróficos vs.
obesos com SM; § p< 0,05 eutróficos vs. obesos com e sem SM.
A avaliação da densidade capilar cutânea média no estado basal e após induções
da HRPO e da congestão venosa permitiu constatar que os grupos não apresentaram
diferenças significativas com relação à média do número de capilares visualizados nes-
tas três condições, ou seja, não detectamos rarefação capilar (estrutural ou funcional)
(Tabela 5), apesar da relevante diferença observada entre eutróficos e obesos com
síndrome metabólica durante HRPO (143,9 ± 4,8 vs. 132,8 ± 5,8) e congestão venosa
(147,7 ± 4,8 vs. 134,3 ± 5,6). Além disso, observou-se que embora os obesos sem
síndrome metabólica consigam recrutar capilares, o aumento na perfusão não ocorreu
de forma tão expressiva como o que foi verificado em indivíduos eutróficos. Nossos
dados demonstraram que os aumentos absoluto e relativo na densidade capilar média
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
53
após indução da congestão venosa foram significativamente diferentes entre eutróficos
e obesos, independente do diagnóstico de síndrome metabólica.
Conforme observado na Tabela 5 e na Figura 5, somente obesos portadores de
síndrome metabólica não apresentaram um aumento significativo no número de
capilares perfundidos durante HRPO (p= 0,33) e após indução da congestão venosa
(p= 0,14), comparativamente à densidade capilar média no estado basal, o que indica a
ocorrência de alterações estruturais e funcionais na microcirculação cutânea destes
indivíduos.
Em adição a esses achados, a Tabela 5 demonstra que os prejuízos a função
microvascular de pacientes obesos portadores de síndrome metabólica podem ser
evidenciados quando procedemos à comparação entre recrutamento capilar alcançado
pelos grupos (aumento absoluto e relativo no número de capilares durante HRPO). A
análise pós-teste de Tukey revelou que indivíduos eutróficos exibiram um maior
recrutamento capilar funcional quando comparados somente ao grupo de obesos com
síndrome metabólica (7,2% vs. 1,4%; p= 0,04) (Figura 6), o que permite constatar que
este grupo apresenta um comprometimento importante da reatividade microvascular e
do recrutamento capilar cutâneo. Essas alterações no recrutamento da reserva capilar
funcional sugerem que, sob condições basais, os capilares de obesos portadores de
síndrome metabólica provavelmente encontram-se recrutados ao máximo.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
54
Figura 5: Comparação entre a densidade capilar cutânea média/ mm² no estado basal, durante indução
da HRPO e congestão venosa, em cada grupo. HRPO: hiperemia reativa pós-oclusiva; CV: congestão
venosa; SM: síndrome metabólica. * p< 0,0001 vs. basal; ** p< 0,05 vs. basal.
Figura 6. Comparação entre o recrutamento capilar durante HRPO (aumento percentual do número de
capilares/ mm²) entre os três grupos. HRPO: hiperemia reativa pós-oclusiva; SM: síndrome metabólica.
*p< 0,05 eutróficos vs obesos com síndrome metabólica.
Eutróficos
Eutróficos
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
55
No grupo de indivíduos obesos, a natureza inversa da relação entre a densidade ca-
pilar cutânea média após indução do recrutamento capilar através da hiperemia reativa
e os parâmetros antropométricos (IMC e circunferência da cintura) pode ser visualizada
nas Figuras 7 e 8. Ao estratificar a distribuição das variáveis IMC e circunferência de
cintura em quartis, observa-se que à medida que são considerados os valores mais ele-
vados de ambas medidas antropométricas, ocorre uma redução significativa no número
de capilares durante HRPO.
Figura 7. Redução da densidade capilar cutânea média durante HRPO conforme elevação dos valores
de circunferência de cintura estratificados em quartis. HRPO: hiperemia reativa pós-oclusiva.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
56
Figura 8. Redução da densidade capilar cutânea média durante HRPO conforme elevação dos valores
de IMC estratificados em quartis. HRPO- hiperemia reativa pós-oclusiva.
Verificou-se, também, correlação inversa e significativa entre circunferência da
cintura e a densidade capilar média basal (r= -0,34; p= 0,02), bem como entre as
medidas de IMC e a média do número de capilares no estado basal
(r= -0,35; p= 0,019) e após congestão venosa (r= -0,35; p= 0,02).
Com relação aos demais parâmetros hemodinâmicos e metabólicos, conforme
observado nas Tabelas 6 e 7, não houve correlação significativa entre o recrutamento
capilar cutâneo, a densidade capilar cutânea média (sob condições basais e após con-
gestão venosa) e os valores de pressão arterial sistólica, diastólica, média e a frequên-
cia cardíaca, assim como entre esses mesmos parâmetros de avaliação microvascular
e as concentrações sanguíneas de glicose, insulina, índice de HOMA, lipídios (coleste-
rol total, triglicerídeos, LDL-colesterol, HDL-colesterol) e adiponectina. Na tabela 7, evi-
denciamos a ocorrência de correlações inversas e significativas entre leptina e a den-
sidade capilar média basal (r= -0,33; p= 0,03), assim como entre esta adipocitocina e a
densidade capilar média obtida após indução da congestão venosa (r= -0,33; p= 0,03).
Além desses resultados, constatou-se uma tendência de correlação inversa entre o
recrutamento capilar após HRPO e os níveis séricos de ácido úrico (r= -0,28, p= 0,057).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
57
Tabela 6: Correlações de Pearson entre os parâmetros de avaliação microvas-
cular e as variáveis hemodinâmicas avaliadas nos pacientes obesos (n= 45).
Variáveis Densidade capilar
média basal
Recrutamento capilar
durante HRPO¹
Densidade capilar
média após CV
r P valor r P valor r P valor
PAS (mm Hg) -0,08 0,62 -0,23 0,12 -0,04 0,80
PAD (mm Hg) -0,06 0,7 -0,23 0,12 -0,07 0,66
PAM (mm Hg) -0,07 0,65 -0,25 0,10 -0,06 0,69
FC (bpm) 0,13 0,39 -0,12 0,42 0,17 0,26
Valores ajustados para sexo, idade e tabagismo. PAS: pressão arterial sistólica, PAD: pressão arterial
diastólica, PAM: pressão arterial média, FC: freqüência cardíaca, HRPO: hiperemia reativa pós oclusiva,
CV: congestão venosa.
¹ Definido pelo aumento percentual do número de capilares visualizados durante indução da hiperemia
reativa pós oclusiva.
Tabela 7: Correlações de Pearson entre os parâmetros de avaliação microvas-
cular e as variáveis metabólicas avaliadas nos pacientes obesos (n= 45).
Variáveis Densidade capilar
média basal
Recrutamento capilar
durante HRPO¹
Densidade capilar
média após CV
r P valor r P valor r P valor
Glicose (mg/dl) 0,02 0,88 -0,07 0,62 0,07 0,66
Insulina (μU/ml)
-0,19 0,21 -0,11 0,46 -0,21 0,16
HOMA-IR -0,16 0,29 -0,12 0,45 -0,17 0,26
Colesterol total (mg/dl) -0,04 0,78 0,03 0,87 0,00 1
HDL-colesterol (mg/dl) 0,09 0,56 -0,06 0,67 0,05 0,74
LDL-colesterol (mg/dl) -0,05 0,73 0,13 0,40 0,00 0,99
Triglicerídios (mg/dl) -0,10 0,50 -0,09 0,57 -0,08 0,58
Leptina (ng/ml) -0,33 0,03 0,17 0,28 -0,33 0,03
Adiponectina (μg/ml) -0,12 0,42 0,07 0,64 -0,10 0,52
Valores ajustados para sexo, idade e tabagismo. HOMA-IR: índice de resistência à insulina;
HDL: lipoproteína de alta densidade; LDL: lipoproteína de baixa densidade; HRPO: hiperemia reativa pós
oclusiva, CV: congestão venosa.
¹ Definido pelo aumento percentual do número de capilares visualizados durante indução da hiperemia
reativa pós oclusiva.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
58
Observou-se uma redução gradativa e significativa na densidade capilar cutânea
média durante indução da HRPO conforme aumento da resistência à insulina avaliada
por HOMA-IR (Figura 9), ou seja, à medida que são considerados os graus mais
elevados de resistência à insulina, verificou-se uma redução significativa na densidade
capilar durante indução do recrutamento microvascular, o que permite supor que a
resistência à insulina participe de vias ou mecanismos envolvidos com reatividade
microvascular.
A Figura 10 apresenta a correlação significativa verificada entre valores plasmáticos
de leptina e o número máximo de capilares evidenciados a partir da indução da conges-
tão venosa em indivíduos obesos, após ajuste para sexo, idade e tabagismo.
Figura 9. Redução da densidade capilar cutânea média durante HRPO conforme elevação dos valores
de HOMA-IR estratificados em tercis. HRPO: hiperemia reativa pós-oclusiva; HOMA-IR: índice de
resistência à insulina.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica RESULTADOS
59
Figura 10. Correlação entre as concentrações de leptina plasmática e a densidade capilar cutânea média
obtida após indução da congestão venosa.
Com a finalidade de verificar se a associação entre leptina e densidade capilar (sob
condições basais e após congestão venosa) ocorreu de forma independente da adipo-
sidade, foi realizada uma análise de regressão linear stepwise através de um modelo
que considerou a densidade capilar média basal como variável dependente e incluiu as
medidas antropométricas (IMC e CC), assim como a concentração plasmática de lepti-
na, como variáveis independentes. Nesta análise, somente a CC foi capaz de relacio-
nar-se de forma significativa com a densidade capilar basal, explicando cerca de 14,9%
da variação deste parâmetro de avaliação microvascular (R²= 14,9%; B= -0,982;
β= -
0,386, p= 0,01). Um modelo similar também foi elaborado, porém nesse caso utilizou-se
a densidade capilar média após congestão venosa como variável dependente e os
mesmos parâmetros utilizados no primeiro modelo como variáveis independentes.
Demonstrou-se que somente o IMC determinou a ocorrência de variações nos valores
de densidade capilar média pós-congestão venosa (R²= 14,7%; B= - 2,3; β = -0,383; p=
0,01).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
60
7. DISCUSSÃO
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
61
7. DISCUSSÃO
7.1. Casuística
A aplicação dos critérios de elegibilidade estabelecidos no presente estudo contri-
buiu para a exclusão de um número expressivo de pacientes (43%) que compareceu a
entrevista inicial. Levando-se em consideração a origem multiétnica da população
brasileira, composta aproximadamente por 45% de indivíduos não-brancos (IBGE,
2000), justifica-se uma perda considerável de prováveis participantes em função da
impossibilidade de avaliação videocapilaroscópica em indivíduos de raça negra ou que
apresentem características cutâneas que dificultem a visualização de capilares. A
presença de hiperceratose cutânea, relativamente comum na pele exposta ao sol de
forma freqüente, também constitui um outro fator que contribui para prejudicar a
avaliação dos capilares por videomicroscopia, uma vez que o aumento na espessura
cutânea interfere na visualização da microcirculação localizada no interior das papilas
dérmicas.
A decisão de excluir a participação de indivíduos portadores de diabetes adveio do
conhecimento já bem estabelecido de que a doença caracteriza-se por importantes alte-
rações funcionais e estruturais na macro e microcirculação (Caballero et al., 1999; Tibi-
riçá et al., 2007), o que poderia comprometer a interpretação dos achados sobre a in-
fluência de outros fatores de risco cardiometabólico, além da disglicemia, sobre a micro-
circulação avaliada em indivíduos obesos. Além do diabetes mellitus, considerou-se
como critério de exclusão o diagnóstico de doenças cutâneas ou de patologias sistêmi-
cas com manifestações cutâneas, como por exemplo fenômeno de Raynaud e doenças
reumatológicas, as quais caracterizam-se pela presença de alterações microvasculares
específicas, inclusive micro-hemorragias e capilares ectasiados (Silva et al., 1997;
Shore, 2000). No entanto, nenhum dos pacientes foi excluído em função do diagnóstico
desses agravos ou de evidências clínicas sugestivas da presença de patologias micro e
macrovasculares.
Optou-se por estudar as características da microcirculação cutânea somente em
indivíduos que pudessem ser submetidos a washout ou que não fizessem uso de medi-
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
62
cações, uma vez que têm sido demonstrados importantes efeitos de determinadas
drogas sobre a densidade capilar e reatividade microvascular, o que poderia interferir
na interpretação dos resultados deste trabalho. Debbabi et al. (2006) constataram que o
uso crônico de anti-hipertensivos foi capaz de corrigir a rarefação estrutural presente
em pacientes hipertensos, uma vez que nos mesmos a densidade capilar, tanto basal
quanto a obtida após indução da congestão venosa, foi significativamente superior
quando comparada a de normotensos e indivíduos hipertensos que nunca foram
submetidos a um tratamento. Nesse contexto, a não-inclusão de pacientes portadores
de hipertensão estágio II pode ser justificada pela provável inviabilidade de suspensão
de medicações anti-hipertensivas neste grupo. Ademais, Khan et al. (1999)
demonstraram que a administração de estatinas contribuiu para mudanças benéficas na
reatividade microvascular avaliada em pacientes com hipercolesterolemia.
7.2. Características antropométricas, metabólicas e hemodinâmicas
Os resultados do presente estudo permitem dizer que indivíduos eutróficos e obesos
apresentam diferenças marcantes com relação às variáveis metabólicas e hemo-
dinâmicas avaliadas, em concordância com achados prévios de que o aumento no peso
corporal caracteriza-se pela elevação concomitante nos valores de pressão arterial (Doll
et al., 2002) e por modificações nos parâmetros de avaliação do metabolismo glicídico e
lipídico (Dalton et al., 2003). Embora os nossos pacientes obesos apresentassem seus
níveis de pressão arterial dentro da faixa de normalidade (Chobanian et al., 2003),
quando comparados com indivíduos eutróficos, observou-se diferença de
aproximadamente 15 mmHg na pressão arterial sistólica (PAS) e cerca de 11 mmHg na
diastólica. Corroborando essa tendência na elevação da pressão arterial de acordo com
o aumento do peso corporal, ao utilizar dados do NHANES III, Brown et al. (2000)
verificaram que na população por ele estudada a média da pressão arterial sistólica foi
9 mmHg maior em homens e 11 mmHg em mulheres que apresentavam IMC superior a
30 kg/m² quando comparados aos indivíduos de mesmo sexo com valores de IMC
inferiores a 25 kg/m². Uma diferença na pressão arterial diastólica (PAD)
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
63
correspondente a 7 mmHg e 6 mmHg observada em homens e mulheres,
respectivamente, foi verificada ao comparar essas duas categorias de IMC.
No presente estudo, uma discrepância mais acentuada pôde ser verificada quando
comparamos os valores de pressão arterial entre obesos portadores de síndrome meta-
bólica e indivíduos eutróficos: 21,7 mmHg para PAS e 15,8 mmHg para PAD, porém
inferiores as medidas encontradas por Bahia et al. (2006). Nesse estudo, a diferença
observada na PAS e PAD ao comparar dois grupos constituídos por indivíduos
eutróficos e obesos com síndrome metabólica foi de 34,9 mmHg e 15,9 mmHg,
respectivamente. Esses dados indicam que, além da obesidade, a constelação de
anormalidades presentes na síndrome parece contribuir substancialmente para a
elevação da pressão arterial, o que pode repercutir adversamente sobre o risco de
doenças cardiovasculares. Evidências apontam que o risco de mortalidade por doença
coronariana isquêmica e acidente vascular encefálico dobra para cada aumento de 20
mmHg na PAS ou 10 mmHg na PAD (Lewington et al., 2002; Chobanian et al. 2003).
A necessidade de valorizar a distribuição corporal de gordura, mais do que a
definição de obesidade pelo IMC, tem sido respaldada pelas numerosas evidências
clínicas que sugerem forte associação entre o conteúdo de gordura na região
abdominal e risco cardiometabólico (Lemieux, 2000; Carr et al, 2004; Yusuf et al., 2005;
Klein et al., 2007). Apesar de existirem controvérsias na literatura a respeito de qual
parâmetro de distribuição de gordura corporal seria o mais apropriado para identificação
de indivíduos com elevado risco cardiometabólico (Després et al., 2001; Yusuf et al.,
2005), resultados recentes de uma meta-análise elaborada por Koning et al. (2007)
demonstraram que a CC e a RCQ constituem medidas capazes de evidenciar a
magnitude do acúmulo de tecido adiposo visceral e, portanto, associam-se signifi-
cativamente com o risco de doença cardiovascular. No presente estudo, além do IMC,
as medidas antropométricas indicadoras de acúmulo de gordura na região superior do
corpo associaram-se de forma positiva e significativa com a pressão arterial sistólica
(CC e razão cintura- quadril- RCQ), pressão arterial diastólica (RCQ), níveis
plasmáticos de insulina, HOMA-IR e leptina (CC), o que enfatiza a necessidade de
valorizar ambas medidas antropométricas na prática clínica.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
64
Múltiplos mecanismos têm sido propostos como mediadores da relação entre níveis
pressóricos e obesidade; o aumento nas concentrações plasmáticas de leptina (Carlyle
et al., 2002), ácidos graxos livres (Sarafidis & Bakris, 2007) e insulina (Muniyappa et al.,
2007), dentre outras anormalidades freqüentemente observadas em obesos, podem
atuar sinergicamente através da ativação de vias que contribuem para a elevação da
pressão arterial. Principalmente por promoverem o aumento da atividade simpática, dis-
função endotelial e uma up- regulation na atuação do sistema renina- angiotensina, es-
ses fatores elevam a retenção renal de sódio, promovem expansão do volume plas-
mático, favorecem a vasoconstricção e a indução de um estado pró- oxidativo, condi-
ções reconhecidamente associadas com o aumento da pressão arterial sistólica e dias-
tólica (Rahmouni et al., 2005; Francischetti & Genelhu, 2007).
A influência do excesso de gordura corporal sobre o aparecimento de anormalidades
no metabolismo glicídico tem sido bem demonstrada na literatura. Dados do Nurses’
Health Study, o qual envolveu a participação de mais 84.000 mulheres, demonstraram
que a obesidade constitui um dos mais importantes fatores de risco para o diabetes tipo
2 (Hu et al., 2001), cuja prevalência aumenta substancialmente à medida que são
considerados os valores mais elevados de IMC, em ambos os sexos (Must, 1999). No
presente estudo, apesar dos níveis glicêmicos encontrarem-se em média abaixo do
limite superior de normalidade estabelecido pela ADA (2007), os pacientes obesos
exibiram valores de insulina plasmática em jejum e do índice de resistência à insulina
avaliado por HOMA-IR aproximadamente o dobro aos que foram encontrados em
eutróficos. Quando classificamos os obesos com relação ao diagnóstico de síndrome
metabólica, observou-se que os portadores da síndrome apresentaram aumento de
aproximadamente 33% na concentração plasmática de insulina e de 51% nos valores
de HOMA-IR, comparativamente aos registrados em obesos sem síndrome metabólica.
Esses resultados confirmam que a resistência à insulina constitui uma relevante
característica da síndrome metabólica e que os parâmetros utilizados para esse
diagnóstico na prática clínica possibilitam a identificação daqueles indivíduos que
agregam importantes fatores de risco cardiometabólico adicionais. Nossos achados,
também demonstraram associação positiva e significativa entre insulina, HOMA-IR e as
variáveis IMC (r= 0,43; p= 0,001 e r= 0,38; p= 0,01, respectivamente) e CC (r= 0,41; p=
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
65
0,01 e r= 0,36; p= 0,02, respectivamente), confirmando os resultados obtidos por Siani
et al. (2002) em homens participantes do Olivetti Heart Study. A importância desses
achados consiste na verificação de que o excesso de peso corporal e a obesidade
central encontram-se relacionados com resistência à insulina e hiperinsulinemia
compensatória, anormalidades que freqüentemente precedem a elevação da glicemia e
que contribuem para o aparecimento dos componentes da síndrome metabólica.
Com relação ao metabolismo lipídico, algumas alterações tradicionalmente atribuí-
das ao excesso de peso corporal puderam ser verificadas quando comparamos as con-
centrações plasmáticas de triglicerídeos e HDL-c entre obesos e eutróficos. No entanto,
apesar das evidências obtidas a partir do The Framingham Offspring Study (Lamon-
Fava et al., 1996) de que a elevação do IMC encontra-se associada a um aumento nos
níveis séricos de colesterol, o presente estudo não mostrou diferença significativa deste
parâmetro entre os dois grupos. Achados semelhantes foram obtidos por Cercato et al.
(2004), os quais demonstraram elevação dosveis de triglicerídeos e redução nos
valores de HDL-c, mas sem diferenças significativas nos valores de colesterol total ao
comparar indivíduos obesos e eutróficos, de ambos os sexos. Embora não significativa,
a presença de uma concentração superior de colesterol total e de LDL-c no grupo de
eutróficos participantes do nosso estudo pode ser justificada pela influência de outros
fatores, além do excesso de peso corporal, sobre os níveis de colesterol. Brown et al.
(2000) verificaram que a prevalência de hipercolesterolemia aumentou paralelamente à
elevação do IMC; no entanto, quando os autores consideraram a influência da idade
sobre a relação entre essas variáveis, uma menor prevalência de hipercolesterolemia
foi observada em indivíduos obesos (16,5%) com idade inferior a 39 anos quando
comparados aos eutróficos (19,4%) que pertenciam à faixa etária 40- 59 anos. Esses
resultados evidenciam a necessidade de considerarmos a diferença de idade entre os
dois grupos do presente estudo, ainda que não seja estatisticamente significativa.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
66
7.3. Avaliação microvascular cutânea na obesidade e na síndrome metabólica
Ao avaliar a microcirculação cutânea de obesos e eutróficos, verificou-se que não
houve diferenças significativas entre os grupos com relação à densidade capilar média
basal, a qual reflete o número de capilares espontaneamente perfundidos. Conforme
observado em eutróficos, os indivíduos obesos também apresentaram densidade
capilar cutânea média durante HRPO e após indução de congestão venosa maior que a
observada sob condições basais. No entanto, verificou-se que essa capacidade de
recrutamento capilar foi significativamente inferior a que foi mensurada em eutróficos, o
que evidencia um comprometimento da reatividade microvascular. Além dessas
alterações funcionais, a presença de rarefação capilar após indução de congestão
venosa no grupo de obesos aponta para a ocorrência de anormalidades estruturais na
microcirculação nesses indivíduos. Quando procedemos à análise microvascular
cutânea levando-se em consideração o diagnóstico de síndrome metabólica, constatou-
se que somente no grupo de obesos acometidos por esta condição não houve
diferenças significativas entre a densidade capilar média basal e a obtida após
estímulos (HRPO e congestão venosa). Estes achados indicam que os capilares sob
condições basais encontram-se recrutados ao máximo e, portanto, os que são intermi-
tentemente preenchidos provavelmente não representam uma reserva funcional rele-
vante, provavelmente em decorrência de alterações funcionais e estruturais na micro-
circulação cutânea. Ainda que a rarefação capilar não tenha sido evidenciada neste
grupo, observou-se a presença de alterações expressivas na reatividade microvascular
somente em obesos portadores de síndrome metabólica quando comparados aos
eutróficos, o que sugere a provável participação de uma constelação de anormalidades
metabólicas e hemodinâmicas vigentes neste perfil de pacientes na ocorrência de
disfunção microvascular.
Evidências obtidas a partir de estudos experimentais e clínicos corroboram os acha-
dos de que a obesidade e a síndrome metabólica encontram-se associadas com disfun-
ção microvascular. Quando comparados aos seus congêneres eutróficos, ratos obesos
Zucker insulino-resistentes apresentaram rarefação microvascular no tecido muscular
esquelético (Frisbee, 2003a) e alterações na reatividade arteriolar (Frisbee, 2003b). Em
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
67
humanos, Gavin et al. (2005) verificaram redução significativa da densidade capilar no
músculo esquelético de indivíduos obesos, em ambos os tipos de fibras musculares. A
presença de alterações funcionais na microcirculação cutânea de obesos foi primeira-
mente descrita por De Jongh et al. (2004a), pioneiros em constatar que o recrutamento
capilar cutâneo após oclusão arterial e a vasodilatação microvascular dependente de
endotélio encontram-se prejudicados em mulheres obesas. Posteriormente, Clerk et al.
(2006) confirmaram os achados de redução do recrutamento microvascular no músculo
esquelético de indivíduos obesos, o que ratifica a possibilidade de que a disfunção
microvascular na obesidade ocorra no leito vascular de diferentes tecidos.
No presente estudo, verificou-se a existência de correlações inversas e significativas
entre medidas antropométricas (IMC e CC) e parâmetros de avalião da função
microvascular, o que evidencia a influência adversa que o excesso de peso corporal e a
obesidade central exercem sobre as características estruturais e funcionais da micro-
circulação. Estes resultados foram condizentes aos obtidos por De Jongh et al. (2006).
Estes autores constataram que o recrutamento capilar induzido por hiperemia reativa
encontra-se inversamente associado aos indicadores de distribuição central de gordura
corporal e adiposidade global, determinados através de ressonância magnética (área
de tecido adiposo visceral na região abdominal) e variáveis antropométricas, dentre
elas a CC e o IMC. Levando-se em consideração que a casuística desse estudo foi
constituída por adultos saudáveis e com sobrepeso, pressupõe-se que os efeitos
prejudiciais à microcirculação ocorram precocemente em indivíduos que apresentem
seu peso corporal acima do desejável e, portanto, antecedem o aparecimento clínico da
obesidade.
Vários mecanismos têm sido propostos na tentativa de elucidar a complexa inter-
relação entre obesidade e disfunção microvascular. Embora seus determinantes não
sejam completamente conhecidos, tem sido postulado que a rarefação capilar seja
secundária à redução da atividade biológica de substâncias vasodilatadoras, condição
inerente à disfunção endotelial freqüentemente observada na obesidade (Jonk et al.,
2007). Frisbee (2005) respaldou esse conceito ao demonstrar que a redução crônica na
biodisponibilidade de óxido nítrico contribuiu para a rarefação microvascular no músculo
esquelético de ratos obesos; uma possível explicação para esses achados seria a
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
68
perda da atividade do óxido nítrico como molécula pró-angiogênica e anti-apoptótica
(Cooke & Losordo, 2002). Alterações na capacidade de angiogênese (Tang et al., 2004)
ou a ocorrência de apoptose de células endoteliais (Kobayashi et al., 2005) têm sido
consideradas prováveis fatores que predispõem a rarefação estrutural vigente em
modelos experimentais de hipertensão, o que conduziu a suposição de que estes
mecanismos pudessem participar da patogênese da rarefação capilar na obesidade.
Apesar dessas evidências, Gavin et al. (2005) não encontraram diferenças significativas
entre indivíduos obesos e eutróficos no que se refere à expressão no tecido muscular
do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, do inglês vascular endothelial
growth factor), importante regulador da estrutura capilar no músculo esquelético e um
dos mais potentes fatores angiogênicos. Esses resultados não afastam a possibilidade
de que defeitos na angiogênese desempenhem um papel na disfunção microvascular
na obesidade, porém demonstram a complexidade e o provável caráter multifatorial dos
mecanismos envolvidos.
Além da concepção de que a fisiopatologia das alterações funcionais e estruturais
na microcirculação de obesos compartilha de vias e mecanismos comuns aos que
contribuem para a disfunção microvascular na hipertensão, tem sido sugerido que
anormalidades da microcirculação não somente precederiam a elevação da pressão
arterial (Antonios et al., 1999a) como poderiam manter ou mesmo amplificar a
hipertensão vigente em obesos (Jonk et al., 2007). Por um outro lado, o aumento da
pressão arterial poderia contribuir para a ocorrência de rarefação e disfunção
microvascular, o que favoreceria a implantação de um “ciclo vicioso”. Apesar das
evidências de que o recrutamento capilar cutâneo encontra-se inversamente associado
com a pressão arterial em indivíduos eutróficos (Serné et al., 1999) e em obesos
normotensos (De Jongh et al., 2004a), os resultados do presente estudo não
confirmaram esses achados, uma vez que não verificamos relação entre as medidas de
pressão arterial e indicadores da função microvascular. Tais observações conduzem a
importantes implicações. Ainda que exista uma certa dificuldade em discernir qual a
contribuição específica de cada uma das condições patológicas presentes na
obesidade sobre a função microvascular, no contexto de múltiplas alterações
metabólicas, possivelmente a pressão arterialo representa a mais prejudicial. Essa
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
69
noção foi bem descrita por Frisbee (2005), o qual verificou que em ratos obesos Zucker,
modelo experimental de síndrome metabólica, a administração de terapia anti-hiper-
tensiva evitou qualquer elevação na pressão arterial, porém não foi capaz de prevenir o
desenvolvimento da rarefação microvascular no músculo esquelético desses animais, o
que sugere a participação de outros fatores presentes na síndrome metabólica na
patogênese da rarefação microvascular.
Dentre as anormalidades presentes na síndrome metabólica, a resistência à insulina
tem sido considerada como um dos componentes responsáveis pelo desenvolvimento
das alterações na reatividade microvascular. A insulina, em concentrações fisiológicas,
promove o recrutamento de capilares no músculo esquelético de roedores (Rattigan et
al., 1997) e de humanos saudáveis não-obesos (Coggins et al., 2001). Achados
semelhantes foram demonstrados no tecido cutâneo por Serné et al. (2002); além da
observação de que a insulina induziu o recrutamento capilar cutâneo e aumentou a
vasodilatação microvascular dependente de endotélio, este estudo realizado em
indivíduos saudáveis mostrou que o recrutamento capilar cutâneo promovido pela
insulina encontra-se associado significativamente com o número de capilares
recrutados durante hiperemia reativa pós-oclusiva (r= 0,71; p< 0,05). Embora o
mecanismo exato através do qual a insulina promova o recrutamento capilar permaneça
incerto, alguns achados obtidos a partir de estudos in vivo e in vitro indicam um papel
significativo para a liberação e atividade do NO (Vincent et al., 2003), o que não exclui
uma possível participação de outros mecanismos vasodilatadores estimulados ou não
pela insulina, como aqueles envolvidos com a atuação do endothelium-derived
hyperpolarizing factor (EDHF) (Imaeda et al., 2004; Rattigan et al., 2007). O EDHF tem
sido considerado como um importante mediador de vasodilatação no leito microvascular
e um dos fatores responsáveis pela resposta a hiperemia pós-oclusiva no tecido
cutâneo (Wiernsperger et al., 2007).
No contexto da obesidade e principalmente, da síndrome metabólica, estudos
experimentais (Wallis et al., 2002) e clínicos (Clerk et al., 2006) têm demonstrado a
ocorrência de alterações na reatividade e recrutamento microvascular secundárias a
resistência à insulina. No presente estudo, obesos portadores de síndrome metabólica
(os quais apresentaram maior grau de resistência ao hormônio), caracterizaram-se por
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
70
um comprometimento importante na reatividade microvascular. No entanto, nossos
achados não evidenciaram a existência de uma correlação direta, inversa e significativa
entre recrutamento capilar e resistência à insulina, resultados semelhantes ao
encontrado por Irving et al. (2002), porém divergentes dos que foram verificados por
Serné et al. (1999), De Jongh et al. (2004a) e Ijzerman et al. (2006). As explicações
para essas discordâncias não são suficientemente conhecidas, mas podem envolver
diferenças relacionadas à metodologia empregada e a natureza da população
estudada. Contudo, apesar da análise de correlação não demonstrar claramente
associação entre as variáveis em questão, vale ressaltar que os achados
correspondentes à distribuição dos valores de HOMA-IR em tercis não permitem
desconsiderar a possível relação existente entre resistência à insulina e recrutamento
capilar. À medida que são analisados os graus mais elevados de resistência à insulina
determinada por HOMA-IR, observa-se redução gradativa e significativa na densidade
capilar cutânea média obtida durante indução da HRPO.
O tecido adiposo e em particular o visceral parece secretar uma variedade de
adipocitocinas que exercem diversos efeitos sobre o sistema vascular e, portanto, têm
sido consideradas como mediadoras da inter-relação entre adipócitos e microcirculação.
No presente estudo, os valores de leptina correlacionaram-se inversamente e de forma
significativa com a densidade capilar média basal (r= -0,33; p= 0,03) e a obtida após
indução de congestão venosa (r= -0,33; p= 0,03), o que sugere a participação da leptina
na ocorrência de alterações estruturais na microcirculação cutânea. No entanto, a
contribuição da leptina para o desenvolvimento de disfunções endotelial e vascular
permanece controversa. Em paralelo às evidências de sua atuação como molécula pró-
angiogênica (Bouloumié et al., 1998; Artwohl et al., 2002) e vasodilatadora, uma vez
que promove a liberação de NO (Vechionne et al., 2002), estudos in vitro demonstraram
que a leptina é capaz de estimular a geração de espécies reativas de oxigênio
(Bouloumié et al., 1999), que sabidamente modulam a expressão de várias moléculas
pró-inflamatórias nas células endoteliais e contribuem para a redução da
biodisponibilidade do óxido nítrico. No presente estudo, uma análise de regressão linear
stepwise não mostrou a influência da leptina sobre a função microvascular de forma
independente das medidas de adiposidade. Em um modelo de regressão que
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
71
considerou os níveis de leptina e medidas antropométricas (IMC e CC) como variáveis
que pudessem influenciar a função microvascular, somente a CC e o IMC foram
capazes de correlacionar-se de forma independente com a densidade capilar média
basal e pós-congestão venosa, respectivamente. Encontrou-se na literatura somente
um estudo sobre avaliação microvascular por videomicroscopia que realizou a dosagem
de leptina e que demonstrou a existência de uma correlação inversa e significativa entre
esta adipocitocina e o recrutamento capilar durante HRPO (De Jongh et al., 2006). No
entanto, esses autores não avaliaram a relação entre leptina e densidade capilar média
(basal e pós-congestão venosa), o que dificulta a comparação com os nossos
resultados. Além disso, esse estudo não incluiu a leptina como variável independente
no modelo de regressão linear, o que pode comprometer a interpretação dos achados
sobre a associação da leptina com o recrutamento capilar, independentemente de
outros fatores de confundimento.
Demonstrou-se através de estudos in vivo e in vitro que a adiponectina exerce
diversos efeitos protetores sobre as células endoteliais, dentre os quais podem ser
considerados os estímulos a angiogênese (Shibata et al., 2004) e produção de NO
(Chen et al., 2003) mediante ativação da AMPK (Hopkins et al., 2007). Esses achados
conduziram a suposições de que a adiponectina, assim como a insulina, promovesse
relaxamento microvascular e recrutamento capilar (Rattigan et al., 2007), mecanismos
que seriam comprometidos na vigência de obesidade e resistência à insulina em função
da hipoadiponectinemia freqüentemente observada nessas condições (Arita et al.,
1999; Weyer et al., 2001). No entanto, apesar do presente estudo constatar que obesos
apresentam uma menor concentração plasmática de adiponectina do que indivíduos
eutróficos, a diferença entre os grupos não alcançou significância estatística. Além
disso, não evidenciamos nenhuma associação entre níveis de adiponectina e
parâmetros de avaliação da função microvascular. Até o presente momento, não foram
encontrados na literatura estudos sobre microcirculação cutânea que tivessem avaliado
a relação entre adiponectina e função microvascular.
Recentemente foi proposta uma hipótese de sinalização “vasocrine”, segundo a qual
as adipocitocinas liberadas pelos depósitos de gordura circunscritos às arteríolas nutri-
doras inibiriam diretamente as vias relacionadas com vasodilatação e, dessa forma,
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
72
causariam a redução do fluxo sanguíneo para a rede de capilares nutritivos sem neces-
sariamente exercer um efeito vascular sistêmico (Yudkin et al., 2005; Jonk et al., 2007).
Em outras palavras, existe a possibilidade de que a modulação exercida pelas
adipocitocinas sobre a função microvascular ocorra de uma forma parácrina e “vaso-
crine”, sem que haja repercussão sistêmica de suas propriedades vasoativas, o que
permite especular que seus níveis plasmáticos não obrigatoriamente possam se relacio-
nar com a ação exercida sobre a função microvascular no tecido cutâneo.
Ao avaliar as características estruturais e funcionais da microcirculação cutânea em
portadores de hiperlipidemia familial combinada, Keulen et al. (2002) verificaram que os
mesmos apresentaram redução significativa na densidade capilar média basal e
durante indução da HRPO, quando comparados aos indivíduos saudáveis e que ambos
os parâmetros de avaliação microvascular encontravam-se inversamente associados
aos níveis séricos de colesterol total e às partículas remanescentes de colesterol. Essas
associações, entretanto, não foram observadas por De Jongh et al. (2006), que
demonstraram que níveis plasmáticos de triglicerídeos (r = -0,48; p< 0,01) e de HDL-c
(r= 0,30; p= 0,04) correlacionaram-se com recrutamento capilar cutâneo em indivíduos
saudáveis com sobrepeso. Apesar dessas evidências, nossos achados não
demonstraram associação entre os parâmetros de avaliação do metabolismo lipídico e
a função microvascular.
O diagnóstico de síndrome metabólica, principalmente quando associado à
obesidade, constitui um indicador clínico da presença de elevados níveis circulantes de
marcadores de estresse oxidativo e de citocinas pró-inflamatórias (Van Guilder et al.,
2006), importantes fatores causais de disfunção microvascular. Dentre as
adipocitocinas, tem sido descrito que o TNF-α exerce efeitos danosos no recrutamento
capilar cutâneo durante HRPO em adultos (Ijzerman et al., 2006), possivelmente por
comprometer a cascata de sinalização da insulina e sua capacidade vasodilatadora,
além de estimular a síntese de espécies reativas de oxigênio pelas células endoteliais
(Picchi et al., 2006) ou mesmo induzir a lipólise, o que contribui para a maior liberação
de AGNE. A elevação plasmática de AGNE parece estar envolvida no menor
recrutamento capilar cutâneo durante HRPO e no comprometimento da vasodilatação
microvascular dependente de endotélio (De Jongh et al., 2004b).
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica DISCUSSÃO
73
No presente estudo, constatou-se uma tendência de associação inversa entre o
recrutamento capilar durante HRPO e concentrações séricas de ácido úrico (r= - 0,28;
p= 0,057). Apesar de não constituir um marcador de estresse oxidativo per se, a
elevação plasmática de ácido úrico, relativamente comum na obesidade e síndrome
metabólica, pressupõe um aumento da atividade de vias envolvidas no metabolismo de
purinas, as quais podem relacionar-se com a maior geração de espécies reativas de
oxigênio. A elevação da ação catalítica da xantina oxidorredutase, enzima responsável
pela síntese de ácido úrico, sabidamente contribui para a geração concomitante de
ânion superóxido, que ao se combinar com o óxido nítrico forma peroxinitrito. Tais
reações não somente favorecem a redução da biodisponibilidade de NO, como
predispõem a produção de um dos mais potentes oxidantes dos sistemas biológicos
(Berry & Hare, 2004).
O presente estudo apresenta algumas limitações. O delineamento transversal não
permite o estabelecimento de relações causa-efeito entre síndrome metabólica e
alterações na microcirculação cutânea; para esses objetivos, necessitaríamos de
estudos prospectivos e com uma casuística maior. Além disso, não foi contemplada a
avaliação de alguns aspectos que favorecem a ocorrência de tais alterações, dentre
eles o perfil pró-inflamatório e pró-oxidativo, os quais reconhecidamente encontram-se
correlacionados com disfunções endotelial e microvascular.
Dado o exposto, embora tenha sido evidenciada a presença de anormalidades
estruturais e funcionais na microcirculação cutânea de obesos e de indivíduos obesos
portadores de síndrome metabólica, alguns fatores de risco cardiometabólico
tradicionalmente associados a essas condições não se correlacionaram com
parâmetros de avaliação da função microvascular. Não obstante, nossos resultados
mostraram que indicadores facilmente obtidos na prática clínica, como por exemplo, as
medidas antropométricas (IMC e CC), o diagnóstico de síndrome metabólica e HOMA-
IR se associaram às mudanças estruturais e funcionais da microcirculação cutânea de
indivíduos obesos.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica CONCLUSÕES
74
8. CONCLUSÕES
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica CONCLUSÕES
75
8. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no presente estudo sugerem que:
- A obesidade encontra-se associada com alterações estruturais e funcionais na
microcirculação cutânea, evidenciadas pela presença de rarefação capilar e pela
redução na reatividade microvascular;
- O diagnóstico de síndrome metabólica permite identificar, entre os indivíduos obesos,
aqueles que efetivamente apresentam anormalidades na capacidade de recrutamento
capilar durante HRPO, o que sugere a influência adversa das alterações metabólicas e
hemodinâmicas vigentes neste perfil sobre a reatividade microvascular cutânea;
- Dentre os componentes clínicos utilizados para a definição da síndrome metabólica, a
circunferência da cintura foi o único parâmetro significativamente associado às medidas
de avaliação da função microvascular;
- A disfunção microvascular associou-se inversamente ao aumento do peso corporal e
ao acúmulo de gordura na região abdominal;
- A relação entre obesidade e alterações na densidade capilar e reatividade
microvascular parece não ser explicada pela concentração plasmática da leptina, uma
vez que a associação entre esta adipocitocina e a densidade capilar (basal e pós-
congestão venosa) não ocorreu de forma independente da adiposidade;
- Dentre as anormalidades presentes no contexto da síndrome metabólica, a resistência
à insulina desempenha um papel importante na ocorrência de alterações da reatividade
microvascular, uma vez que no tercil mais elevado de resistência à insulina, verificou-se
redução significativa no número de capilares visualizados durante HRPO.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica REFERÊNCIAS
76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica REFERÊNCIAS
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Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica ANEXOS
93
ANEXOS
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica ANEXOS
94
Anexo 1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO BIOMÉDICO- FCM
Programa de Pós- Graduação em Fisiopatologia
Clínica e Experimental- CLINEX
Ficha de Identificação
Paciente:______________________________________________________________
Reg. HUPE: ______________________
Endereço:______________________________________________________________
Bairro:_________________________________Município:_______________________
CEP: _____________ - ______
Telefones: ( ) próprio ( ) outro ________________________
DDD: ___ ___ ___ TEL: ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
CEL: ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___ ___
Data de Nascimento: ___ / ___ / _______ Idade: _______ anos
Nacionalidade: ( ) Brasileira ( ) outra ________________________
Naturalidade: ( ) Rio de Janeiro ( ) outra ________________________
Cor (especifique): ( ) branco ( ) não-branco, _______________________
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino - Profissão: _______________________
Grau de Instrução: ( ) 1º grau incompleto ( ) 2º grau incompleto ( ) 3º grau
incompleto ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau completo ( ) 3º grau completo
Estado civil: ( ) solteiro(a) ( ) casado(a) ( ) divorciado(a) ( ) viúvo(a)
Freqüência de atividade física: ( ) raramente / nunca ( ) < uma vez por semana
( ) uma vez por semana ( ) 2-3 vezes por semana ( ) 4-6 vezes por semana
diariamente: ____________________ Fumante: ( ) sim ( ) não
Uso de álcool no ultimo ano: (quatro drinks por mês, por semana ou por dia):
___________________
Exame Físico (se houver qualquer anormalidade especifique):
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica ANEXOS
95
Ficha de Avaliação Clínica
Nome do paciente:_______________________________________________________
Reg. HUPE: ______________________
Grupo sanguíneo: ( ) A ( ) B ( ) AB ( ) O RH: ( ) + ( ) -
Medidas antropométricas:
Peso: __________ Kg Altura: __________ IMC: __________
Grau de obesidade: ( ) OB1 ( ) OB2 ( ) OB3
Circunferência de Cintura: __________ Circunferência de Quadril: __________
Razão cintura / quadril: __________
Pressão arterial (sentado):
1ª ________ / ________ mm Hg Braço ______
2ª ________ / ________ mm Hg Braço ______
3ª ________ / ________ mm Hg Braço ______
Média das 3 leituras: ________ / ________ mm Hg
Pressão arterial média: ________ mm Hg
Frequancia cardíaca: ________ bpm
Pressão arterial (leitura em pé): ________ / _______mm Hg
Peso ao nascer: ________ Kg Altura: ________
Anamnese e história pregressa:
(S) sim (N) não (D) desconhece
( ) DM ( ) intolerância à glicose ( ) dislipidemia
( ) HAS – estágio: _______ ( ) ICC ( ) angina
( ) AVE ou IAM recente ( ) tabagismo ( ) alcoolismo
( ) endocrinopatia ( ) nefropatia ( ) hepatopatia
( ) doença psiquiátrica ( ) insuficiência venosa crônica
( ) hiperuricemia / gota
( ) queixas osteoarticulares – citar: _________________________________________
( ) sintomas respiratórios – citar: __________________________________________
( ) outras doenças – citar: ________________________________________________
( ) uso regular de medicação: _____________________________________________
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica ANEXOS
96
Ficha de Avaliação Clínica
História familiar: (S) sim (N) não - especificar parentesco e idade
( ) obesidade: _________________________________________________________
( ) dislipidemia: ________________________________________________________
( ) DM: _______________________________________________________________
( ) HAS: ______________________________________________________________
( ) AVE: ______________________________________________________________
( ) IAM: _______________________________________________________________
Comentários relevantes:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Data: ______________________ Assinatura e Carimbo: _______________
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica ANEXOS
97
Anexo 2
TERMO DE CONSENTIMENTO
Título do estudo: ESTUDO DE POLIMORFISMOS GENÉTICOS ASSOCIADOS À
OBESIDADE- -PPAR γ, LepR, Lep e β3R. AVALIAÇÃO DA FREQUÊNCIA E
REPERCUSSÕES NEUROENDÓCRINAS (LEPTINA, ADIPONECTINA, T3, T4, TSH),
METABÓLICAS (GLICOSE, INSULINA, LIPÍDIOS) E HEMODINÂMICAS (PRESSÃO
ARTERIAL E DENSIDADE CAPILAR CUTÂNEA) EM UMA AMOSTRA
POPULACIONAL DO RIO DE JANEIRO.
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Pesquisadores: Stênio Fernando Pimentel Duarte
Márcia Mattos Gonçalves Pimentel
Emílio Antônio Francischetti
Virgínia Genelhu de Abreu
Nome do paciente:___________________________________________________
Data de nascimento:______________
Número:____________
Eu, ____________________________________________________ identidade nº
_________________________, estou ciente e concordo livremente em participar na
pesquisa do Serviço de Genética Humana (SERVGEN) e da Clínica de Hipertensão
(CKINEX) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro visando, investigação de genes
associados à obesidade, utilizando técnicas de biologia molecular através de amostra
de sangue. Além disso, me foi informado que serão feitas avaliações metabólicas e
hemodinâmicas através de dosagens de leptina, adiponectina, glicose, insulina e
lipídios, T3, T4, TSH e avaliação da pressão arterial e da densidade capilar cutânea.
Declaro que entendi que este trabalho tem como objetivo a implementação de novas
técnicas laboratoriais, na investigação de doenças genéticas a partir de indivíduos com
sintomas de obesidade. De acordo com o que me foi informado este estudo beneficiará
os pacientes através dos diagnósticos encontrados e também suas famílias com
relação ao aconselhamento genético mais apropriado.
Avaliação da densidade capilar e da reatividade microvascular cutâneas na síndrome metabólica ANEXOS
98
Para a realização dos exames serão extraídos 10 mL de sangue periférico. Esta
quantidade é suficiente para as análises em questão, mas, caso não haja obtenção de
células necessárias para a análise, o paciente poderá ser solicitado, futuramente, para
nova coleta de sangue. O material a ser examinado será somente para fins deste
projeto.
Declaro que me foi informado, que o referido exame não apresenta risco ao paciente,
sendo realizado com material descartável e acompanhado pelo pesquisador
responsável.
A participação do paciente neste estudo é voluntária e o responsável poderá recusar-se
a participar ou se afastar dele a qualquer momento.
O sigilo e a confidencialidade das informações coletadas serão preservadas, assim
como suas identidades não serão reveladas. Cada amostra de material biológico fará
parte de um banco de dados identificados por códigos específicos. Os resultados, tanto
positivos como negativos, serão entregues a cada família participante e também serão
utilizados com fins científicos, podendo ser publicados em revistas científicas, estando
os registros disponíveis para uso da pesquisa.
O responsável terá todo e qualquer esclarecimento sobre este estudo durante e após a
duração da pesquisa.
Declaro que li e entendi o que me foi explicado.
Rio de Janeiro, _____de ___________________________de _____________.
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Assinatura do responsável/ paciente:
_______________________________________________
Assinatura do pesquisador:
_______________________________________________
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