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FAE
CENTRO UNIVERSITÁRIO
ROBERTO PEDROSA LUPARELLI
IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
DESPERDIÇADORES DE ÁGUA EM INSTITUIÇÕES HOSPITALARES
CURITIBA
2009
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ROBERTO PEDROSA LUPARELLI
IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE EQUIPAMENTOS
DESPERDIÇADORES DE ÁGUA EM INSTITUIÇÕES HOSPITALARES
Dissertação apresentada como requisito
fundamental à obtenção ao grau de Mestre em
Políticas Públicas, pelo Programa de Pós-
Graduação Área de Meio Ambiente, Centro
Universitário – FAE.
Orientador: Prof. Dr. Cleverson V. Andreoli.
Co-orientador: Prof. Dr. Carlos M. Garcias
CURITIBA
2009
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“A água teria valor independente de sua
capacidade de satisfazer desejos humanos.
Seu valor seria determinado por sua contribuição em preservar a vida, manter a
ordem natural como fator de integridade, estabilidade e beleza da biosfera. A água
é a própria essência da vida e, nessa condição, seu valor não derivaria de qualquer
avaliação. Fato é que a dependência da vida em relação a água não provém de
uma relação causal, particular, mas das relações que constituem a ordem interativa
em que está inserida.” (Wilson Cabral, 2004)
AGRADECIMENTO
Aos Professores do Mestrado, por terem me possibilitado novas percepções em
relação a consumo, meio ambiente, sustentabilidade e gerações futuras,
conhecimentos que não faziam parte do meu cotidiano.
Ao orientador Professor Dr. Cleverson V. Andreoli, que pelos seus conhecimentos
e grande auxílio permitiu que essa dissertação fosse concretizada.
Ao Professor Doutor Carlos Mello Garcias que pacientemente me ajudou na
organização das idéias para a elaboração da dissertação.
Ao Professor Dr. Antoninho Caron pelo carinho e profissionalismo que muito me
ajudou para a conclusão desta dissertação.
Às pessoas que concederam as entrevistas nas organizações pesquisadas.
Aos colegas de curso, pelos incentivos e orientações que ocorreram ao longo do
curso.
RESUMO
LUPARELLI, Roberto Pedrosa. Identificação e avaliação de equipamentos
desperdiçadores de água em instituições hospitalares. Curitiba, 2009. 145 p.
Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas) - FAE - Centro Universitário.
Foram pesquisados em Curitiba doze hospitais considerados pela concessionária
de água do Paraná (Sanepar) como grandes consumidores de água. Os dados de
consumo de água no ano de 2008 serviram como base na pesquisa. Foram
selecionados três equipamentos que necessitam de muita água para suas
atividades, ou seja, quinas de lavar roupas, máquinas de hemodiálises e
autoclaves. Aplicou-se um questionário, que ao ser respondido pelos responsáveis
pelas áreas selecionadas mostrou um perfil da forma como é gerenciada a água
em cada hospital. O levantamento de dados permitiu que algumas informações se
tornassem relevantes. A falta de hidrômetros nos setores avaliados
impossibilitando os controles de consumo; o não reaproveitamento da água que
caracterizou-se como desperdício; o volume de água que poderia ser reaproveitado
considerando apenas os três equipamentos do estudo chega a 37.000 m
3
em um
ano. O consumo de água nas lavanderias atinge 47% do consumo total, que fica
próximo do valor preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 50%. Nas
máquinas de hemodiálise o volume de água de possível reaproveitamento é de
6.700 m
3
no ano. Nas máquinas de autoclave chega a 11.508 m
3
o volume de água
que tem possibilidade de ser reaproveitado. Considerando o número de leitos
analisados o consumo litro/leito/dia chega a 9.818,9. Ações de reaproveitamento
fariam com que este valor chegasse a 9.457,43 litros/leito/dia, proporcionando uma
economia de 361,47 litros leito/dia. A taxa de ocupação e o controle de custos são
vitais na área da saúde. O gerenciamento da água permite que o consumo e o
custo por leito seja reduzido. O objetivo desta pesquisa, além de apontar os
desperdícios foi deixar a mensagem de que existem maneiras de se controlar o
consumo de água nas atividades hospitalares.
Palavras-chave: Água – Desperdício; Instituições hospitalares; Equipamentos
hospitalares; Sustentabilidade; Meio Ambiente.
ABSTRACT
LUPARELLI, Roberto Pedrosa. Identificação e avaliação de equipamentos
desperdiçadores de água em instituições hospitalares. Curitiba, 2009. 145 p.
Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas) - FAE - Centro Universitário.
Twelve hospitals considered for the water concessionaire (Sanepar) of the Paraná
had been searched in Curitiba as great water consumers. The data of water
consumption in the year of 2008 had served as base in the research. Three
equipment had been selected that needs much water for its activities, that is,
machines to wash clothes, machines of hemodialysis and sterilizers. A
questionnaire was applied, that to the being answered for the responsible ones for
the selected areas showed a profile of the form as the water in each hospital is
managed. The data-collecting allowed that some information if became excellent.
The lack of hydrometers in the evaluated sectors disabling the consumption
controls; not the to reuse of the water that was characterized as wastefulness; the
volume of water that could be to reuse considering only the three equipment of the
study arrives the 37,000 m
3
in one year. The water consumption in the laundries
reaches 47% of the total consumption, that is next to the value praised for the
Health Department, that is of 50%. In the machines of hemodialysis the volume of
water of possible to reuse is of 6.700 m
3
in the year. In the sterilizer machines m3
arrives the 11,508 the volume of water that has possibility of being to reuse.
Considering the number of analyzed stream beds the consumption liter/stream
bed/day arrives the 9,818,9. Actions of to reuse would make with that this value
arrived the 9,457,43 liters/stream bed/day, having provided a economy of 361,47
liters stream bed/day. The tax of occupation and the control of costs are vital in the
area of the health. The management of the water allows that the consumption and
the cost for stream bed are reduced. The objective of this research, beyond pointing
wastefulnesses was to leave the message of that ways of if controlling the water
consumption exist in the hospital activities.
Key-words:
Water - Wastefulness; Hospital institutions; Hospital equipment;
Environment.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETA.......................................................... 24
FIGURA 2 - ATRIBUIÇÕES DE ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES ASSISTENCIAIS........ 61
QUADRO 1 - DISPONIBILIDADE DA ÁGUA DENTRE OS PAÍSES....................................... 25
QUADRO 2 – FORMAS DE CONSUMO................................................................................. 25
QUADRO 3 – VOLUME DE ÁGUA POR PESSOA.................................................................. 25
QUADRO 4 - DISPONIBILIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA DENTRE REGIÕES...............
26
QUADRO 5 – INDICADORES DE CONSUMO DE ÁGUA POR LEITO HOSPITALAR............ 40
QUADRO 6 - RECURSOS DE CONSUMO.............................................................................. 67
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - HOSPITAIS GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA COM MÉDIA MENSAL
DE CONSUMO – 2005 até 2008........................................................................
90
TABELA 2 - GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA – 2008 – COM MÉDIA MENSAL
DE CONSUMO...................................................................................................
91
TABELA 3 - IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO................................................................... 92
TABELA 4 - DISTRIBUIÇÃO DE LEITOS............................................................................... 93
TABELA 5 - CONTROLE DE HIDRÔMETROS....................................................................... 94
TABELA 6 - USO DE POÇO ARTESIANO............................................................................. 94
TABELA 7 – AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE DE ROUPA LAVADA E A RELAÇÃO COM O
CONSUMO DE ÁGUA........................................................................................
95
TABELA 8 – ITENS DE CONTROLE – MÁQUINAS DE LAVAR – LAVANDERIA................. 96
TABELA 9 – CONTROLE DO CONSUMO DE ÁGUA E AVALIAÇÃO DE REUTILIZAÇÃO
EM HEMODIÁLISE.........................................................................................
97
TABELA 10 – AVALIAÇÃO DO NÚMERO DE ESTERILIZAÇÕES E EXISTÊNCIA DE
CONTROLES E REUTILIZACÃO DA ÁGUA..................................................
98
TABELA 11 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO MENSAL MEDIDO COM O ESTIMADO
POR HOSPITAL - 2008...................................................................................
99
TABELA 12 - ÍNDICE DE CONSUMO (IC) DOS HOSPITAIS PESQUISADOS..................... 101
TABELA 13 - PARTICIPAÇÃO DO CONSUMO DA LAVANDERIA NO CONSUMO TOTAL. 102
TABELA 14 - DESPERDÍCIO DE ÁGUA DAS LAVANDERIAS – 2008 (m
3
).......................... 103
TABELA 15 - DESPERDÍCIO DE ÁGUA DAS MÁQUINAS DE HEMODIÁLISE – 2008 (m
3
). 104
TABELA 16 - DEPERDÍCIO DE ÁGUA DAS AUTOCLAVES – 2008 (m
3
).............................. 106
TABELA 17 – CÁLCULO DA NOVA DIA MENSAL CONSUMIDA POR HOSPITAL
DESCONTADOS OS DESPERDÍCIOS..........................................................
107
TABELA 18 - ÍNDICE DE CONSUMO (IC) SEM DESPERDÍCIO......................................... 108
TABELA 19 - COMPARAÇÃO DE ÍNDICE DE CONSUMO (IC) COM E SEM
DESPERDÍCIO................................................................................................
109
TABELA 20 – SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA – 2008.................................. 109
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANA - Agência Nacional de Águas
CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente
EAS - Estabelecimento Assistencial da Saúde
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas
ISO - International Standard Organization
OMS - Organização Mundial da Saúde
ONU - Organização das Nações Unidas
PNDCA - Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
PNQ - Prêmio Nacional de Qualidade
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PURA - Programa de Uso Racional da Água
SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SANASA - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A
SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente
SILOS - Sistemas Locais de Saúde
SUS - Sistema Único de Saúde
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
.............................................................................................................
15
1.1 ENUNCIADO DO PROBLEMA.............................................................................. 17
1.2 OBJETIVOS........................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral......................................................................................................
17
1.2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................... 17
1.3 A IMPORTÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO.............................................
18
1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO.............................................................................. 20
2 REVISÃO DA LITERATURA
.......................................................................................
23
2.1 A ÁGUA DENTRO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE:
PRIORIDADE.........................................................................................................
23
2.2 A AGENDA 21: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA.......................................
31
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E SUSTENTABILIDADE..................................................
34
2.4 POLÍTICAS PÚBLICAS E MEIO AMBIENTE.........................................................
38
2.4.1 Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA)..................
38
2.4.2 Programa de Uso Racional da Água (PURA)......................................................
39
2.4.3 Pró-Água – Hospital de Clínicas..........................................................................
39
2.4.4 Ações Implementadas pela Sabesp....................................................................
40
2.4.5 Legislação – Paraná............................................................................................ 42
2.4.6 Legislação Federal.............................................................................................. 43
2.4.7 Reuso da Água.................................................................................................... 43
2.5 POLÍTICAS PÚBLICAS, URBANIZAÇÃO E A GESTÃO HOSPITALAR............ 45
2.6 AS ORGANIZAÇÕES COMPLEXAS E O SETOR DE SAÚDE: O COTIDIANO
DA CONVIVÊNCIA DA ECONOMICIDADE E O DESPERDÍCIO..........................
51
2.7 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE INSTITUIÇÃO HOSPITALAR........................ 57
2.8 A ESTRUTURA FÍSICA DE UM EDIFÍCIO HOSPITALAR.................................... 61
2.9 PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ÁGUA –
PNCDA...................................................................................................................
62
2.10 APLICAÇÃO DO PNCDA ÀS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES..........................
65
2.10.1 Etapas do Processo: 1. Levantamento de Dados............................................... 66
2.10.2 Etapas do Processo: 2. Levantamento do Sistema Hidráulico............................
66
2.11 O CONSUMO DA ÁGUA EM UM EDIFÍCIO HOSPITALAR.................................. 67
12
2.12 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE FUNCIONAMENTO DOS
EQUIPAMENTOS SELECIONADOS DOMO DESPERDIÇADORES DE
ÁGUA.....................................................................................................................
69
2.12.1 Central de Esterilização de Material....................................................................
69
2.12.2 Hemodiálise......................................................................................................... 72
2.12.3 Lavanderia Hospitalar..........................................................................................
74
2.12.4 Esgoto da Lavanderia..........................................................................................
76
2.12.5 Métodos e Técnicas de Lavagem........................................................................
77
3
MÉTODOS ADOTADOS NA PESQUISA
....................................................................
81
3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA......................................................... 81
3.2 IDENTIFICAÇÃO DE GRANDES CONSUMIDORES E TENDÊNCIAS................ 82
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS QUE SÃO GRANDES
CONSUMIDORES DE ÁGUA................................................................................
82
3.4 IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES
PELO PORTE........................................................................................................
83
3.5 CONTROLES DE CONSUMO E IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES....................... 83
3.6 AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE DE ROUPA LAVADA E A RELAÇÃO COM O
CONSUMO DE ÁGUA...........................................................................................
84
3.7 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE........ 84
3.8 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NO PROCESSO DE
ESTERILIZAÇÃO...................................................................................................
84
3.9 AVALIAÇÃO DO CONSUMO MENSAL DE ÁGUA DAS INSTITUIÇÕES
HOSPITALARES ...................................................................................................
85
3.10 CÁLCULO DO ÍNDICE DE CONSUMO (IC).......................................................... 85
3.11 AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PELA
LAVANDERIA ........................................................................................................
86
3.12 AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA DA LAVANDERIA............................
86
3.13 AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA EM HEMODIÁLISE..........................
87
3.14 AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA EM AUTOCLAVES.......................... 87
3.15 AVALIAÇÃO DO CONSUMO POSSÍVEL SEM DESPERDÍCIO........................... 87
3.16 AVALIAÇÃO DO NOVO ÍNDICE DE CONSUMO (IC) LEVANDO-SE EM
CONTA O REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA......................................................
88
3.17 REGISTROS DE DEPOIMENTOS OBTIDOS....................................................... 88
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
...................................................................................
89
4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS GRANDES CONSUMIDORES E TENDÊNCIA................ 89
13
4.1.1 Identificação e Classificação das Instituições Hospitalares pelo Porte............... 91
4.1.2 Controle de Consumo e Identificação das Fontes...............................................
93
4.1.3 Avaliação do Consumo da Água em Lavanderias de Instituições
Hospitalares........................................................................................................
94
4.1.4 Avaliação do Consumo de Água no Serviço de Hemodiálise............................. 96
4.1.5 Avaliação do Consumo de Água no Processo de Esterilização..........................
97
4.2 AVALIAÇÃO DO CONSUMO MENSAL DAS INSTITUIÇÕES
HOSPITALARES....................................................................................................
99
4.2.1 Cálculo do Índice de Consumo (IC).....................................................................
101
4.2.2 Avaliação da Contribuição do Consumo de Água pela Lavanderia.................... 102
4.2.3 Avaliação do Desperdício de Água em Lavanderia.............................................
102
4.2.4 Avaliação do Desperdício de Água em Hemodiálise...........................................
104
4.2.5 Avaliação do Desperdício de Água em Autoclaves.............................................
105
4.2.6 Avaliação do Consumo Possível sem Desperdício............................................. 106
4.2.7 Avaliação o Índice de Consumo (IC) Levando-se em Conta o
Reaproveitamento da Água.................................................................................
107
4.3 SUGESTÕES DE MEDIDAS PARA A DIMINUIÇÃO DO DESPERDÍCIO
HOSPITALAR DE ÁGUA NOS EQUIPAMENTOS ESTUDADOS.........................
110
4.3.1 Processo de Lavagem com Ozônio.....................................................................
113
4.3.2 Controle do Consumo..........................................................................................
114
4.3.3 Educação para o Funcionamento das Instituições Hospitalares.........................
115
4.3.4 Sugestões Identificadas pelos Entrevistados...................................................... 117
4.4 PROJETO DE RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA NA ÁREA
HOSPITALAR......................................................................................................
119
4.4.1 Levantamento de Dados........................................................................................ 120
4.4.2 Cálculo do Índice de Consumo e do Índice de Referência.................................... 121
4.4.3 Campanha de Conscientização............................................................................. 122
4.4.4 Levantamento do Sistema..................................................................................... 123
4.4.4.1 Sistema hidráulico...............................................................................................
124
4.4.4.2 Procedimentos dos usuários...............................................................................
125
4.4.4.3 Sistemas especiais............................................................................................ 126
4.4.5 Diagnóstico............................................................................................................ 127
4.4.6 Plano de Intervenção............................................................................................. 128
4.4.6.1 Reaproveitamento da água.................................................................................
129
4.4.7 Avaliação Econômica.............................................................................................
130
14
4.4.8 Avaliação do Impacto de Redução........................................................................ 130
5 CONCLUSÕES
............................................................................................................
133
5.1 PROPOSIÇÃO PARA PESQUISA E TRABALHOS FUTUROS............................ 135
REFERÊNCIAS
..............................................................................................................
136
ANEXOS
.........................................................................................................................
143
15
1 INTRODUÇÃO
No mundo moderno observa-se claramente a grande preocupação com a
questão da sustentabilidade ambiental. Ao pensarmos em sustentabilidade emergem
algumas preocupações, anseios e incompreensões, o que nos leva a crer na
importância deste tema para o meio hospitalar.
O setor de saúde atualmente movimenta grande quantia em dinheiro bem
como milhões de pessoas que passam pelo atendimento das redes hospitalares
públicas e privadas. É dentro da área da saúde que encontramos altos índices de
geração de lixo, consumo de água, consumo de energia, utilização de materiais não
biodegradáveis, entre outras premissas da sustentabilidade ambiental que também
não são respeitadas.
As questões levantadas acima se agravam quando vemos que a própria
Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que dentro de algumas décadas, a
água doce será o recurso natural mais escasso e disputado pela maioria dos países.
Em condições de uso fácil, não haveria mais que 0,01% do total de água do planeta.
Uma previsão pessimista da Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que
em 2005 faltaria água para dois terços da população mundial.
A preocupação com a água, com a poluição e com os impactos sociais, o
surgimento dos movimentos preservacionistas e os avanços da ciência são
acontecimentos que foram se somando ao longo da história, pressionando
mudanças, definindo ideários e determinando um novo paradigma que incorporasse
as questões ambientais, expressas em uma política ambiental (SANTOS, 2004).
Dados mostram que o Brasil possui a maior reserva de água do planeta,
cerca de 8% da água doce disponível, isso é um fator preocupante, pois a educação
ambiental deve agir de forma a preservar essa água doce. E ainda, apesar da
grande quantidade de água existente, a concentração de água doce disponível para
o consumo não se torna disponível para a grande população.
No Paraná, a preocupação ambiental também é uma bandeira significativa e
teve um grande marco no primeiro semestre de 2006, quando Curitiba foi cidade
sede de dois assuntos da pauta da biodiversidade mundial: o Protocolo de
Cartagema (sobre Biossegurança (MOP-3)) e a Diversidade Biológica (COP-8).
Outra ponderação a ser feita com relevância a essa problemática se refere à
política de saúde e de sustentabilidade ambiental. Ambas têm normas a serem
16
cumpridas. Em seus discursos se complementam, mas na prática não são vistas e
nem entendidas como complementares. Buscou-se com essa pesquisa deixar claro
a complementaridade existente bem como a importância da criação de leis
específicas que se fizerem necessárias no decorrer dessa pesquisa.
A primeira aproximação feita para a dissertação de mestrado foi nas aulas
sobre sustentabilidade, desenvolvimento sustentável, dificuldade com usos de água
potável, consumo de energia; nas reflexões provocadas pelos professores uma certa
inquietação provocou as primeiras ideias para buscar respostas a questões que
estavam sempre muito próximas ao contexto profissional, qual seja, a engenharia e
a manutenção hospitalar. A busca de informações referentes a esses assuntos
dentro da área de engenharia hospitalar como também em relação a
sustentabilidade passaram a ter maior importância.
Algumas preocupações tornaram-se eixos de motivação: consumo de água,
consumo de energia, desperdícios, e tudo que pudesse se referir ao que estava
aprendendo e como era na prática exercida no ambiente hospitalar. As leituras
realizadas com Tundisi (2005), os documentos do Programa Nacional de Combate
ao Desperdício de Água (PNDCA), Programa de uso Racional de Água (PURA) e
outros artigos específicos formulados sobre organizações complexas como a
hospitalar indicaram caminhos iniciais para trilhar no percurso desta pesquisa. A
questão escolhida buscou primeiro respostas da necessidade emergente do sistema
hospitalar em colaborar nos programas de economia de água e não somente a
preocupação primária e reduzida com os resíduos que depois de muitas ‘batalhas’
considerou uma legislação para apoiar a obrigatoriedade.
E em segundo lugar escolher entre as muitas ‘lacunas’ de abusos e
excessos do uso da água, aqueles equipamentos que eram comuns, cotidianos pela
sua demanda a serviços de saúde hospitalar e que pelo seu uso imprescindível,
indispensável e vital poderiam merecer uma atenção também emergente, de
estudos para uso econômico, contemplando a possibilidade de programas de
sustentabilidade no eixo hospitalar.
17
1.1 ENUNCIADO DO PROBLEMA
Diante do exposto anteriormente, a questão central que colocada para o
desenvolvimento do trabalho de pesquisa foi a busca de um gerenciamento
hospitalar competente que tenha como foco não a minimização de custos,
recursos e procedimentos de operacionalização do sistema, mas o nível de
consciência e preocupação dos gestores com programas de sustentabilidade no
complexo hospitalar. Em que medida a necessidade do uso racional da água inclui a
participação de organizações complexas (como a hospitalar), com programas de
economicidade, sem desqualificar serviços de saúde e proteção prestados à
população? Quais equipamentos e procedimentos indicam consumo abusivo de
água e quais soluções podem ser recomendadas?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
Identificar e avaliar o desperdício de água em equipamentos hospitalares.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Rever as bases teóricas, descrevendo os diversos aspectos referentes, atual crise
ambiental dos usos e abusos da água e que afeta o mundo global em diversos
setores com a finalidade de compreender a necessidade da economicidade;
b) Identificar equipamentos/procedimentos que consomem água como insumo
principal para a realização de suas atividades;
c) Avaliar os resultados das atividades implementadas em relação ao consumo de
água;
18
d) Apresentar algumas sugestões que levem em conta os resultados obtidos,
discutindo alternativas de enfoque tecnológico, legal, institucional e de cultura
gerencial no encaminhamento de soluções que contribuam para a proteção
ambiental.
1.3 A IMPORTÂNCIA E CONTRIBUIÇÃO DO ESTUDO
Segundo Pielou (FRESHWATER, 1998) “a água é muito mais do que um
recurso natural. Ela é uma parte integral do nosso planeta. Está presente há bilhões
de anos e é parte da dinâmica funcional da natureza”. Mas a água tem uma finitude,
é algo a ser preservado, o volume de água doce na superfície da Terra é fixo e na
medida em que a população cresce as aspirações das comunidades aumentam a
disponibilidade de água se torna escassa. Algumas medidas foram tomadas por
políticas ambientais e de sustentabilidade, mas que não passam de gotas em nosso
oceano poluído de água doce (CLARKE e KING, 2005).
Preservação e gerenciamento de bacias, uso conjunto de reservas hídricas,
programas de redução de consumo em indústrias e moradia. Mas o interesse desta
preservação deve ser de todos independente do sistema social ou organizações e
nem sempre a consciência desta realidade faz parte dos planos de gestão de
determinados contextos e instituições: o descaso coloca em perigo a sobrevivência
humana, limita o desenvolvimento da sociedade e aumenta a desigualdade entre
comunidades locais e globais. Dentro deste contexto, é emergente ações para
economicidade da água e muitas vezes podem ser encontradas em grandes estudos
de hidrobacias, de dessalinização, mas também podem ser iniciados por estudos
que analisem funções e operacionalizações de equipamentos.
O foco desta pesquisa tem como eixo norteador conhecer e avaliar
desperdiçadores de água em instituições onde diversos equipamentos têm um
elevado grau de consumo, tendo em vista seu uso crítico e vital. No conjunto destes
desperdiçadores estão contidos processos que envolvem planejamento, realizações
de atividades específicas destinadas a maximizar o uso destes equipamentos, pois
uma expectativa no campo da saúde de que esta funcionalidade atinja seus
objetivos pelas qual foi programada.
19
O sistema hospitalar, organização complexa pode ser alertada sobre a
necessidade de sua participação na condução de programas de redução de
consumo: outras pesquisas realizaram ‘esta chamada’ como foram os estudos da
UNICAMP, no Hospital de Clínicas de São Paulo e a Universidade Metodista de São
Paulo com pesquisa extensiva a hospitais da região.
A preocupação com a importância do estudo extrapola a reflexão mecânica
do ‘antes e depois’ da minimização de desperdícios, mas deve também buscar
outros significados (que podem ser também valorativos e de gestão), dentro do
sistema hospitalar, considerando-se a interação entre eles e que pode responder a
algumas premissas nas questões ambientais, como:
podemos com certeza realizar, estas atividades relevantes de
economicidade da água, dentro do contexto hospitalar, buscando a
redução do consumo e ao mesmo tempo as ações clínicas não perderão
a qualidade necessária para a consecução dos objetivos na eficácia de
prestação de serviços ao paciente, dentro dos padrões necessários
perfilados;
estas iniciativas contribuirão com as políticas públicas de
sustentabilidade de nosso país, na medida em que identificando
desperdiçadores e reduzindo consumo a nível micro,uma valorização
deste bem finito, preservando suprimentos para futuras gerações;
é interesse da Agência Nacional de Águas (ANA), que estas ações (a
nível meso e micro) se solidifiquem, padronizem e que contemplem em
curto prazo “um olhar” das políticas públicas sobre a atividade hospitalar,
com procedimentos legislativos sobre a gestão do lixo hospitalar e ou
resíduos sólidos.
Ainda para refletirmos um pouco mais sobre esta última premissa, qual seja
a gestão do lixo hospitalar, acreditamos que uma legislação voltada à gestão do
consumo da água transformaria sobremaneira os cuidados para a economicidade.
Todo o hospital produz resíduo e se prepara para administrá-lo, mas não podemos
esquecer que também todo hospital utiliza de forma prioritária na prestação de
serviços a água e que pode não só otimizar seu consumo, mas também utilizar
fontes alternativas, utilizando águas menos nobres para fins menos nobres (ANA,
2009), mantendo igual qualidade necessária.
20
Acreditamos que o estudo acrescentará também às pesquisas realizadas,
um diferencial importante: a consideração do desperdício, não no nível da
manutenção do equipamento e/ou da presença de redutores, mas também as
barreiras de cultura e informação que podem ‘bloquear’ a visão de procedimentos
mais eficazes.
1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO
A discussão das premissas acima apontadas requer o estudo e a
organização da estrutura deste trabalho em 4 capítulos (excluindo a introdução e a
conclusão), para apresentação deste trabalho acadêmico. Antecipando a
apresentação dos capítulos, as primeiras ideias do trabalho de pesquisa, sua
relevância, o problema, seus objetivos e procedimentos operacionais estarão
contidos em uma introdução.
O segundo capítulo consiste no referencial teórico, que buscará pela
pesquisa bibliográfica e documental conteúdos para reflexão dos seguintes temas:
A ÁGUA DENTRO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: PRIORIDADE
A AGENDA 21: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA
POLÍTICAS PÚBLICAS E SUSTENTABILIDADE
POLÍTICAS PÚBLICAS E MEIO AMBIENTE
AS ORGANIZAÇÕES COMPLEXAS E O SETOR DE SAÚDE: O COTIDIANO DA
CONVIVÊNCIA DA ECONOMICIDADE E O DESPERDÍCIO
A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE INSTITUIÇÃO HOSPITALAR
A ESTRUTURA FÍSICA DE UM EDIFÍCIO HOSPITALAR
PROGRAMA PNCDA
APLICAÇÃO DO PNCDA ÀS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES
O CONSUMO DA ÁGUA EM UM EDIFÍCIO HOSPITALAR
CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE FUNCIONAMENTO DOS EQUIPAMENTOS
SELECIONADOS DOMO DESPERDIÇADORES DE ÁGUA
A metodologia utilizada no desenvolvimento desta pesquisa é apresentada
no terceiro capítulo.
A modalidade da pesquisa é quantitativa e qualitativa. Com relação ao seu
objetivo a pesquisa seguiu a metodologia exploratória e descritiva, com a realização
de uma pesquisa de campo. Neste sentido utilizamos como instrumento de coleta de
21
dados um formulário com perguntas abertas e fechadas (Anexo 1) e aplicada pelo
pesquisador através de entrevistas. Para descrever analisar e avaliar o fenômeno
utilizou-se a abordagem de estudo de caso.
De acordo com Santos (1999, p. 29) nesta proposta ocorre a seleção de um
objeto de pesquisa e aprofunda-se os aspectos característicos. Segundo Martinelli
(1999, p. 46), o estudo de caso é a articulação do caráter técnico, que investiga a
realidade, com o caráter lógico, que deve estar apoiado em referências teóricas.
A aplicação das entrevistas foram feitas em doze hospitais localizados na
cidade de Curitiba e a escolha dos mesmos foi por amostragem intencional, ou seja,
hospitais da região metropolitana de Curitiba e que tenham em seus serviços a
presença de equipamentos de lavanderia, autoclave e hemodiálise. Os dados
coletados serão analisados quanti e qualitativamente, em categorias (estas
emergirão dos dados coletados, bem como dos objetivos específicos desta
pesquisa) e também comparando indicadores por registros de quadros e tabelas.
Como procedimentos de pesquisa, as etapas foram assim desenvolvidas:
a) elaboração do referencial teórico pela pesquisa bibliográfica e documental;
b) execução de entrevistas com fabricantes de equipamentos selecionados
(lavanderia, autoclave e hemodiálise) para levantamento de indicadores de consumo
de água previsto. Esta pesquisa servirá de referência para comparação e análise
dos dados coletados nos hospitais. O conteúdo deste levantamento estará
registrado no próximo capítulo, quando trataremos da contextualização do ambiente
hospitalar e equipamentos selecionados;
c) construção do formulário a ser aplicado por entrevistas e aplicação de teste
piloto em hospital que não participará posteriormente da análise dos dados;
d) após seleção dos hospitais, agendamento com os mesmos para aplicação
dos formulários. Durante o processo será alertado a não identificação do hospital a
ser pesquisado e dos dirigentes hospitalares em relação as respostas, resguardando
a idoneidade deste estudo;
e) aplicação das entrevistas e posteriormente a classificação dos dados;
f) análise dos dados obtidos e correlação com o referencial teórico e com
outras informações obtidas (estudos dos indicadores de consumo e outros
documentos de outras pesquisas congêneres já realizadas).
22
No quarto capítulo registrou-se a contextualização do ambiente hospitalar
selecionado para entrevista de campo e estudo de caso, com foco nos
equipamentos selecionados.
Nos hospitais, sujeitos participantes da pesquisa e também os equipamentos
desperdiçadores selecionados, obteremos a indicação dos consumos mais
significativos. Outras fontes de consulta também foram selecionadas, como o
depoimento de fabricantes de equipamentos de lavanderia, de autoclave e de
hemodiálise, aonde levantaremos os indicadores de consumo de água previstos na
fabricação, para posteriormente compararmos com a realidade hospitalar.
E, finalmente no quinto capítulo apresentou-se os resultados da pesquisa,
ordenando-se os dados por tabelas, quadros e transcrições eletrônicas de trechos
de expressões qualitativas. Descreveu-se os dados, classificando-os e comparando-
os com dados oficiais de organizações de pesquisa que divulgam informações de
consumo de água em hospitais e também com resultados de nossa pesquisa de
indicadores sugeridos por contatos com fabricantes de equipamentos. Analisou-se
os dados também correlacionando-os com as referências teóricas investigadas na
pesquisa bibliográfica.
Os resultados alcançados foram discutidos nas conclusões da pesquisa e
utilizados para produzir sugestões e ideias nas questões de meio ambiente e no
contexto de economicidade de água no ambiente hospitalar.
23
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 A ÁGUA DENTRO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: PRIORIDADE
Os últimos relatórios do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) indicam a possibilidade de uma crise sem precedentes na história da
humanidade que poria em risco a sobrevivência das espécies, incluindo a humana
(TUNDISI, 2005, p. 2).
Os relatórios sugerem seis macros alterações nos mecanismos e legislação
sobre o uso da água, a avaliação dos impactos, a disponibilidade da água per capita
e as necessidades de gerenciamento integrado, controle dos desperdícios e dos
desastres que podem ocorrer (enchentes e secas) (TUNDISI, 2005, p. 2):
1- água potável e da qualidade para todos
2- aumento dos suprimentos e alternativas
3- crescimento populacional e usos de água na agricultura
4- controle da enchente e secas
5- mudanças climáticas e seus efeitos
6- impactos sociais e econômicos nos usos da água.
Os gestores da água que apenas se orientam pelo ciclo hidrogeológico,
quantidades e qualidades para o gerenciamento devem procurar conhecimentos nas
bases sociais e econômicas que definem e dão condições de sustentabilidade.
Fatores como avaliação, disponibilidade e a influência da água no desenvolvimento
obrigam que sejam feitas novas avaliações que mudem a forma de planejar e
gerenciar os recursos hídricos (TUNDISI, 2005, p. 2).
A água se faz presente em nosso planeta das seguintes formas:
precipitação: água adicionada à superfície da terra a partir da atmosfera pode
ser líquida (chuva) ou sólida (neve ou gelo);
evaporação: processo de transformação da água liquida para a fase gasosa
(vapor d'água). A maior parte da evaporação se a partir dos oceanos; nos
lagos, rios e represas também ocorre evaporação;
transpiração: processo de perda de vapor d'água pelas plantas, o qual entra
na atmosfera;
infiltração: processo pelo qual a água é absorvida pelo solo;
percolação: processo pelo qual a água entra no solo e nas formações
24
rochosas até o lençol freático;
drenagem: movimento de deslocamento da água nas superfícies, durante a
precipitação.
Podemos chamar as etapas acima de ciclo hidrogeológico ou ciclo de vida
da água na terra.
A distribuição de água no planeta se apresenta obedecendo aos seguintes
gráficos:
FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETA
Fonte: CLARKE e KING, 2004, p. 21.
25
Dos 2,5% da água doce um pouco mais de 2/3 não estão disponíveis para
consumo (CLARKE e KING, 2004, p. 21).
Se considerarmos a disponibilidade da água dentre os países, temos a
seguinte distribuição:
QUADRO 1 - DISPONIBILIDADE DA ÁGUA DENTRE OS PAÍSES
PAÍSES
(
%
)
DISPONIBILIDADE
16,3 ABUNDÂNCIA
16,7 SUFICIÊNCIA RELATIVA
24,5 ÁGUA NO LIMITE
34,7 ÁGUA INSUFICIENTE
7,8 ÁGUA ESCASSA
FONTE: CLARKE e KING, 2004, p. 22.
A forma com que essa água é consumida nos países se apresenta desta
forma:
QUADRO 2 – FORMAS DE CONSUMO
%
CONSUMO
10 DOMÉSTICO
21 INDUSTRIAL
69 AGRÍCOLA
FONTE: CLARKE e KING, 2004, p. 24.
Enquanto o volume da água doce permanece constante, observa-se o
aumento de consumo por pessoa.
QUADRO 3 – VOLUME DE ÁGUA POR PESSOA
ANO
m
3
/ ANO/PESSOA
1900 350 m
3
2000 642 m
3
FONTE: CLARKE e KING, 2004, p. 25.
Fatores como aumento populacional, desenvolvimento industrial e maior
necessidade de produção de alimentos caracterizam o aumento do consumo de
26
água (CLARKE e KING, 2004, p. 24).
As águas subterrâneas estão disponíveis em todas as regiões da terra,
sendo um importante recurso natural. Os usos mais frequentes são para
abastecimento doméstico, irrigação e fins industriais. A facilidade de usos desses
recursos se com facilidade pela sua disponibilidade próximo ao local de uso e
também pela qualidade, pois estão em sua maioria livre de patógenos e
contaminantes. A disponibilidade permanente é um outro fator do uso das águas
subterrâneas (TUNDISI, 2005, p. 12).
No ano de 2000 foram retiradas para beber as seguintes porcentagens de
água subterrâneas das regiões:
QUADRO 4 - DISPONIBILIDADE DE ÁGUA SUBTERRÂNEA DENTRE REGIÕES
REGI
Ã
O
%
AMÉRICA DO SUL 29%
ÁSIA-PACÍFICO 32%
EUA 51%
EUROPA 75%
FONTE: CLARKE e KING, 2004, p. 26.
Aldo Rebouças (2004, p. 179) aponta alguns fatores que podem dificultar a
busca para o desenvolvimento sustentável em relação à água:
Crescimento da população nas grandes cidades de forma desordenada;
Fornecimento pouco eficiente da água disponível, onde as perdas totais da
água tratada que é injetada na rede de distribuição em torno de 30 a 60%;
Grandes desperdícios dos usuários realçando que no setor doméstico estão
por volta de 30 a 40% e que a irrigação graças a métodos menos eficientes,
pode-se considerar uma perda de 90%;
Lançamento de grande quantidade de esgotos não tratados nos rios e
outros corpos da água causando uma degradação da qualidade da água
disponível em níveis inimagináveis;
Considerando que a quantidade de cidades que possuem saneamento e
tratamento de esgoto ainda é pequeno, pois se alega que o custo é muito
alto, deve-se ressaltar que o investimento em saneamento básico.
27
Fornecimento da água, coleta/tratamento de esgotos e coleta mais a
disposição adequada do lixo que é produzido, permite uma economia de 4 a
5 lares nos gastos médicos para tratamento de doenças provenientes da
água.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi introduzido pelo relatório
“Nosso Futuro Comum”, preparado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento publicado em 1987 e coordenado pela Dra. Gro Harlem Brundtland
(WCED, 1987, apud REBOUÇAS, 2006, p. 37).
O desenvolvimento é sustentável quando provê as necessidades da geração
atual sem comprometer a habilidade de que as futuras gerações possam prover as
suas (REBOUÇAS, 2006, p. 37). Também pode ser chamado de desenvolvimento
social includente, ambientavelmente sustentável e economicamente sustentado
(DOWBOR e TAGNIN, 2005, p. 18).
Desenvolvimento sustentável numa visão global, ou seja, em nível planetário
deve ser compreendido como a espécie humana deve fazer uso dos recursos
naturais não procurando alterar as atuais condições de equilíbrio climático atual e a
biodiversidade existente (REBOUÇAS, 2006, p. 37).
Também o desenvolvimento sustentável pode ser visto como a solidariedade
sincrônica com as gerações presentes e a solidariedade diacrônica com as
sociedades futuras, buscando a harmonia entre os objetivos sociais, ambientais e
econômicos e que levem em conta ações conjuntas, os padrões de demanda e as
modalidades de ofertas (DOWBOR e TAGNIN, 2005, p. 18).
Segundo Aspásia Camargo
1
(TRIGUEIRO, 2005, p. 315), o desenvolvimento
sustentável, através da Agenda 21 na Conferência do Rio de Janeiro, permitiu pela
primeira vez uma articulação mais efetiva da dimensão econômica, social e
ambiental. Após dez anos da Conferência do Rio de Janeiro, em 1992, o “calcanhar
de Aquiles” do desenvolvimento sustentável foi a carência de mecanismos de
governança, ou seja, instrumentos que fortalecem a capacidade de governar e da
expansão de instrumentos de gestão, ampliando a eficácia de resultados e a
mobilização de atores mais estratégicos.
1
CAMARGO, Aspásia; CAPOBIANCO, João Paulo; OLIVEIRA, José Antonio Puppim de. Meio
ambiente Brasil: avanços e obstáculos pós Rio-92. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. p. 35.
28
Considerando por este prisma, a oferta de água apresenta-se como um fator
fundamental em relação a manutenção dos ecossistemas naturais e ecossistemas
produtivos identificados como produtores de alimentos e fibras por meio das
atividades humanas (REBOUÇAS, 2006, p. 37).
Segundo Marq de Villiers, “A água existente hoje é a mesma quantidade na
pré-história. As pessoas é que estão fazendo muitíssimo mais do que é
ecologicamente sensato e todos são dependentes da água para viver” (VILLIERS,
2002, p. 36).
Rebouças (2006, p. 37) alerta que alterações na oferta natural da água
provocada por mudanças climáticas, possibilitarão variações no equilíbrio dinâmico
dos ecossistemas naturais como na produtividade agrícola, gerando sérias
consequências econômicas e sociais.
Os seres humanos consomem água, desperdiçam-na, envenenam e mudam
os ciclos hidrológicos, sem analisarem e se importarem com as conseqüências.
Muita gente, pouca água, água nos lugares errados e em quantidades erradas. A
população humana cresce explosivamente, mas a demanda por água está
crescendo duas vezes mais rápido (VILLIERS, 2002, p. 36).
A sustentabilidade nos ecossistemas produtivos está relacionada com a
produção agrícola e tem como base o balanço hídrico das bacias hidrográficas. A
sustentabilidade produtiva com reflexos na sustentabilidade social e econômica está
relacionada à produção e a comercialização de grãos, fibras, proteínas, frutas,
madeiras, etc., contidos nesta dada bacia hidrográfica. A possibilidade da
manutenção da sustentabilidade e desta, em relação à produção, dependerá de
mudanças tecnológicas, mudanças nas estruturas sociais e institucionais sem
esquecer a implementação de mecanismos de proteção dos recursos naturais
renováveis, ou seja, conservação do solo, dos recursos hídricos e a biodiversidade.
O que fica claro é que sem água não existe a produção de alimentos (REBOUÇAS,
2006, p. 38).
D’Agostini (2007, p. 107) afirma que disponibilidade é a propriedade de
qualquer meio revelar-se acessível na medida em que é demandado. O fato de
existir em grande quantidade, não significa necessariamente disponibilidade
elevada. O autor afirma que a escassez existe quando a quantidade demandada é
maior que a quantidade existente. a indisponibilidade é a limitação de acesso a
meios existentes em quantidades escassas ou o. Para ele a disponibilidade
29
depende de três fatores: quantidade, qualidade e regularidade na quantidade e na
qualidade de meios. Assim, em forma de uma equação temos:
Disponibilidade = f (quantidade, qualidade, regularidade).
Um produto será sempre nulo quando qualquer um de seus fatores for igual a zero.
Segundo Andreoli (2003, p. 45), os problemas de abastecimento mais
relevantes no Brasil são devido à combinação de crescimento desordenado e da
consequente degradação da qualidade da água.
O crescimento constante nas áreas urbanas somado à ocupação
inapropriada dos mananciais influencia na alteração do regime hídrico e diminuição
da qualidade das águas.
Três fatores o preponderantes nos efeitos causados sobre o regime
hídrico:
Alteração do regime de produção: a impermeabilização é nociva tanto
em épocas de muitas chuvas, pois provoca erosões e aumenta os
picos de cheia como em época de estiagem, pois impede que a água
se fixe no solo;
Ausência de infraestrutura básica: falta de coleta e tratamento de
esgoto, coleta de lixo e a disposição inadequada de resíduos leva
contaminantes aos rios que têm a qualidade da água comprometida, o
que dificulta a potabilização da água.
Desperdício: ao se associar baixo custo e disponibilidade
aparentemente abundante, o uso do recurso natural se torna
negligente, mal administrado pelo homem. As perdas provocadas
pelas companhias de saneamento no Brasil ultrapassam em média
40% da água bruta, retirada dos mananciais. O desperdício gerado
pelo consumo alienado contribui mais ainda para o chamado
desperdício.
30
Sperling citado por Andreoli (2003, p. 51) lista alguns fatores que
influenciam o consumo da água:
CLIMA: Climas secos e quentes induzem ao maior consumo;
PORTE DA COMUNIDADE: Cidades maiores geralmente apresentam maior consumo per capita;
CONDIÇÕES ECONOMICAS DAS COMUNIDADES: Melhor nível econômico associa-se a maior
consumo;
GRAU DE INDUSTRIALIZAÇÃO: As indústrias representam grande proporção de consumo;
MEDIÇÃO DE CONSUMO: Presença de medição inibe desperdício e consumo desnecessário;
CURSO DA ÁGUA: Custo mais elevado inibe o consumo;
PRESSÃO DA ÁGUA NA REDE: Elevada a pressão induz a gastos, pela vazão unitária;
PERDAS NO SISTEMA: Perdas implicam na necessidade de maior produção.
Andreoli (2003, p. 51) sugere que conhecer as características de cada uso
da água e os fatores que determinam suas demandas constitui elemento importante
para que se possa racionalizar e harmonizar os diferentes usos e compatibilizá-los
com a disponibilidade na natureza.
Se a pouco tempo a água era considerada um recurso natural
abundante e sem risco de exaustão, atualmente tornou-se de fato um recurso
escasso. Ao se reconhecer o valor econômico da água com custos de uso e de
troca, o fator racionalização nos aspectos qualitativo e quantitativo pode garantir aos
usuários um uso mais eficiente. O grande desafio do século é a escassez de água,
devido ao crescimento da população e de seus padrões de consumo desprovido de
ética e sustentado pelo baixo valor econômico da água; disponibilidade de água
reduzida provocada pelas alterações ambientais geradas pela humanidade,
refletindo diretamente sobre a dinâmica do ciclo hidrológico; deterioração da
qualidade da água pelos diversos usos da sociedade somada à falta de políticas
ambientais que definam critérios e restrições rígidos; falta de percepção sobre a
gravidade da crise; inadequado gerenciamento dos recursos hídricos, gerando uma
falta de responsabilidade ética e social no uso e exploração dos solos dos
mananciais (ANDREOLI, 2003).
O custo de tratamento e o custo de recuperação são proporcionais ao
aumento de consumos de produtos químicos utilizados para o tratamento da água.
Quanto menor for a qualidade da água bruta, maior serão estes custos (ANDREOLI,
2003).
31
2.2 A AGENDA 21: LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICADA
A Agenda 21 Brasileira é uma proposta realista e exequível de
desenvolvimento sustentável, desde que se leve em consideração às restrições
econômicas, político-institucionais e culturais que limitam sua implementação.
A Agenda 21 Brasileira procura estabelecer equilíbrio negociado entre os
objetivos e as estratégias das políticas ambientais e de desenvolvimento econômico
e social, para consolidá-los num processo de desenvolvimento sustentável. Esse
esclarecimento é indispensável uma vez que os planos de desenvolvimento no
Brasil tendem, em geral, a listar objetivos e diretrizes potencialmente conflitivas sem
explicitar para o poder público os valores e preferências envolvidos.
As ações prioritárias da Agenda 21 Brasileira ressaltam o seu caráter
afirmativo, condizente com a legitimidade que adquiriu em virtude de ampla consulta
e participação nacional.
A Agenda 21 Brasileira não está estruturada apenas como um conjunto
hierarquizado e interdependente de recomendações gerais, camuflando as tensões
e os conflitos econômicos e político-institucionais que, com grande probabilidade,
vão emergir quando de sua implementação.
Nesses casos, para que o processo de implementação se viabilize em torno
das estratégias e ações propostas, recomenda-se maior nitidez nas negociações de
médio e longo prazo, para aliviar as pressões de curto prazo onde predomine o
cálculo econômico imediato. É o princípio da progressividade atuando em favor do
desenvolvimento sustentável.
Experiências históricas de exploração predatória dos diferentes biomas
ilustram os desafios da sustentabilidade, dentro do atual padrão de acumulação e de
crescimento econômico do país.
A Agenda 21 Brasileira sugere que para tornar realidade tantos e diversos
objetivos, sejam ampliados os instrumentos de intervenção, por meio de negociação
entre as instituições públicas e privadas, ou de mecanismos efetivos de mercado.
Praticar a Agenda 21 pressupõe a tomada de consciência individual dos
cidadãos sobre o papel ambiental, econômico, social e político que desempenham
em sua comunidade.
O Brasil tem em seu território mais de 15% da água doce em forma líquida
do mundo, mas sua distribuição é desigual: o Nordeste sofre com a desertificação,
32
enquanto a Amazônia é cortada por um sem-número de rios. Muitos desses,
contudo, já estão comprometidos pela ação humana. No Pantanal, os rios são
ameaçados por práticas agrícolas inadequadas. Da mesma forma, o rio São
Francisco, que banha uma extensa região pobre e carente de água, vem sofrendo
redução de sua disponibilidade hídrica, agravando os conflitos de seu uso, em
especial entre os setores de irrigação e hidroelétrico. Na Região Sudeste, o Tietê é
um modelo de descaso com as águas doces e o rio Paraíba do Sul reclama ações
de revitalização.
Para enfrentar todos esses problemas dispomos da Lei de Recursos
Hídricos (n. 9433, aprovada em 1997 e de uma Agência Nacional de Águas)
(BRASIL, 1997).
O novo modelo exige que as ações em cada bacia sejam definidas
participativamente por meio de seu comitê e sua agência, encarregada de gerir o
sistema como um todo, dirimindo conflitos, aplicando cobranças e estabelecendo
políticas de correção das questões consideradas prioritárias. Fazer a população
participar do destino de seus rios mais próximos, adotá-los como um bem a ser
protegido e dotar o comitê de um corpo representativo, eis um dos principais
desafios que iremos enfrentar nos próximos dez anos.
Adotar sistema de acompanhamento da Política Nacional de Gestão dos
Recursos Hídricos por meio de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável das
Bacias e Sub-bacias Hidrográficas, bem como a aplicação dos instrumentos de
outorga e cobrança pelo uso da água, especialmente com finalidades de uso
econômico, é uma medida que sinalizará a sociedade para a necessária
racionalização do seu uso.
Isso não significa que estamos propondo a "privatização do uso da água",
pois o Comitê da Bacia pode e deve facilitar o seu acesso, que dá prioridade
máxima para a água de beber e a dessedentação dos animais. Mas considera-se
também que, sendo a água um recurso escasso e estratégico e um bem econômico
de grande valor, seu uso para atividades agrícolas ou industriais, especialmente as
de grande porte, como a irrigação, deve ser contabilizado como custo para estimular
o tratamento dos resíduos ou para permitir a reposição.
Nas áreas rurais, defensivos agrícolas e fertilizantes constituem um fator de
contaminação tanto da água quanto do solo, pois chegam aos rios por carreamento
ou atingem os lençóis subterrâneos por infiltração.
33
Nos centros urbanos, as margens dos rios sofrem ocupação irregular e estão
tomadas por depósitos de lixo, que além de poluição e doenças, agravam os efeitos
das enchentes, trazendo danos sociais e econômicos não à população
diretamente atingida, mas à economia como um todo, devido aos efeitos negativos
múltiplos.
O Oceano Atlântico é a principal vítima da urbanização brasileira, tendo em
vista a enorme concentração de grandes e pequenas cidades na região litorânea
que canalizam esgoto e lixo para o mar.
É urgente aumentar a quantidade de água disponível, em pontos críticos das
bacias hidrográficas brasileiras, protegendo os mananciais e combatendo o
desmatamento das matas ciliares, bem como a ocupação irregular que provoca o
assoreamento das margens dos rios, especialmente nas áreas densamente
povoadas ou sujeitas à ocupação para atividades agrícolas.
O combate a tais problemas depende, em grande parte, do estabelecimento
de políticas urbanas adequadas, uma vez que a maioria das grandes cidades
brasileiras cresceu sem nenhum planejamento. A efetiva aplicação da Lei de
Recursos Hídricos é reconhecida pelos diferentes segmentos sociais que
participaram da Consulta Nacional da Agenda 21 Brasileira como o instrumento
adequado para fazer frente aos problemas acima referidos.
Ações e recomendações:
Difundir a consciência de que a água é um bem finito, espacialmente mal
distribuído no nosso país, sendo muito farto na Amazônia despovoada e
muito escasso no semi-árido nordestino.
Implementar a Política Nacional de Gestão de Recursos Hídricos,
implantando de forma modelar e prioritária, os Comitês e Agências de
Bacias Hidrográficas dos rios Paraíba do Sul, São Francisco, Paraná-Tietê e
Araguaia-Tocantins, nos próximos cinco anos.
Desencadear um programa de educação ambiental no nordeste,
mobilizando grandes produtores, empresas públicas, governos locais e as
comunidades, especialmente as ribeirinhas, em torno dos pontos críticos do
rio São Francisco, desenvolvendo na população percepção da estreita
relação ente desmatamento, perda de água e desertificação.
Promover a educação ambiental, principalmente das crianças e dos jovens
nos centros urbanos, quanto às consequências do desperdício de água. As
34
escolas e a mídia são parceiros privilegiados para implementação desta
ação.
Assegurar a preservação dos mananciais, pelo estabelecimento de florestas
protetoras e proteger as margens dos rios e os topos das chapadas do
Brasil Central, recuperando com prioridade absoluta suas matas ciliares.
Implantar um sistema de gestão ambiental nas áreas portuárias, de forma a
assegurar sua competitividade internacional controlando rejeitos,
derramamento de óleo e melhoria da qualidade de serviços.
Promover a modernização da infraestrutura hídrica de uso comum e de
irrigação associado ao agronegócio no marco do desenvolvimento
sustentável.
Estimular e facilitar a adoção de práticas agrícolas e de tecnologias de
irrigação de baixo impacto sobre o solo das águas.
Desenvolver e difundir tecnologias de reutilização da água para uso
industrial (... e de prestação de serviços...).
Impedir nos centros urbanos a ocupação ilegal das margens dos rios e
lagoas, o que implica, além do cumprimento da legislação, o
desenvolvimento e a execução de políticas habitacionais para população de
baixa renda.
Combater a poluição do solo e da água e monitorar os seus efeitos sobre o
meio ambiente ns suas mais diversas modalidades, especialmente resíduos
perigosos, de alta toxidade e nocivos aos recursos naturais e a vida humana
(BRASIL, 2004d).
2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS E SUSTENTABILIDADE
Política pública provém do conceito de Política associado ao conceito de
Administração, e dispõe sobre orientações para a tomada de decisões em assuntos
públicos, políticos ou coletivos.
Entende-se por políticas públicas o conjunto de ões coletivas voltadas
para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público
que visa dar conta de determinadas ões, em diversas áreas. Expressa a
transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no
espaço público [...] (GUARESCHI et al., 2004, p.180).
35
As políticas públicas devem expressar o conjunto de objetivos que
informam determinados programas de ação governamental e condicionam a sua
execução.
Devem representar um sistema de regras respeitantes à direção de
negócios públicos, diretrizes preestabelecidas entre os pactuantes de forma
participativa e democrática contempla diretrizes formuladas pelas políticas:
comercial, de rendas, econômica, fiscal e monetária.
Políticas públicas são ações governamentais executadas com dinheiro
público e voltadas a fornecer serviços básicos como educação, saúde, segurança,
habitação, cultura e informação para a maioria da população que não pode pagar
por esses serviços. Contudo, aparentemente, no Brasil, por algumas razões que não
serão objeto deste estudo, ocorre exatamente o contrário, ou seja, a classe dia e
alta tem acesso a programas de assistência social não alcançado pelos mais
pobres. Um exemplo são as universidades públicas federais, que possuem um corpo
discente predominantemente de poder aquisitivo mais alto, capaz de pagar
universidades particulares, em detrimento daqueles que dispõem de um poder
aquisitivo menor e teriam acesso ao ensino superior de forma gratuita ou
subsidiada por bolsas de estudo.
[...] resulta, efetivamente, no pagamento de subsídios públicos
relativamente altos para programas que não alcançam os mais pobres e de
subsídios muito baixos para aqueles programas que alcançam as camadas
sociais mais carentes. Esta distorção pode ser explicada, pelo menos em
parte, pela identificação de grupos sociais que conseguem influenciar
políticas públicas elaboradas pelos governos. No Brasil a falta de
mecanismos institucionais democráticos, que influenciem as decisões
políticas governamentais, permite que uma fração da sociedade que o
carece tão severamente destes benefícios seja capaz de obtê-los por meio
de influência política, criando as distorções observadas [...] (LOURENÇO,
2005).
Historicamente e no final do século XVIII, pela extensão territorial deste
país, o ‘caminho dos rios’ foi para nós oportunidade de contato comercial com outros
países que ‘negociavam‘ riquezas naturais, levando ouro e pedras preciosas para o
oceano. Como cultura brasileira na geração de energia elétrica e desde o início do
século XX, assistimos a implementação de uma política que ainda hoje prioriza o
uso da rede fluvial para este fim o que caracterizou a indiferença com valores
ecossistêmicos. Mas foi a partir de 1934, com o Código das Águas, que conseguiu-
36
se observar um rigor maior para o uso das águas onde seus legisladores mostravam
claramente a emergência de observar a qualidade e o valor de recursos hídricos.
Quando se fala em políticas públicas e sustentabilidade, estamos
conscientes que vamos discutir bens primários da humanidade. A questão ambiental
recebeu mais atenção a partir de 1972 e 1977, quando se discute esta temática pela
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente em Estocolmo e depois na
Conferência das Nações Unidas sobre água em Mar Del Plata. Na pauta e nesta
discussão, um deles com certeza, de valor indispensável a sobrevivência e finito é o
recurso natural da água, cada vez mais escasso.
Em 1973 foi criado no Brasil a Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), mas por questões políticas buscamos refletir mais intensamente sobre a
gestão e recursos naturais somente em 1980.
O aprofundamento destas questões inicia a ser debatida por São Paulo e em
1983 foi criado o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA). Procurando
descentralizar e municipalizar onde inúmeros Conselhos Municipais de Meio
Ambiente e entidades da sociedade civil, garantiram espaços para encaminhamento
de causas preservacionistas. São Paulo, assim, garante esta discussão antecipada
no sentido que os conflitos neste período na área de meio ambiente eram motivados
por poluição de diversos rios, entre eles o Tietê, a população usuária contestava
medidas de sua adesão e resolução dos problemas. Como na maioria dos
municípios brasileiros, a participação se restringia mais no nível de saneamento e foi
somente com a crise do abastecimento paulista que as iniciativas de movimentos
populares se tornaram mais frequentes desencadeando a implantação de consórcios
intermunicipais de rios, a emergência de soluções para degradação da represa
Billings, que obrigava a reversão de águas poluídas dos rios Pinheiro e Tietê para
funcionar. É importante considerar que paulatinamente estes movimentos populares
interferiram por ocasião da formulação de legislações para a Constituição de 1988,
incluindo como eixo norteador de políticas públicas para o setor a participação da
sociedade civil na gestão de águas.
Mas foi somente a partir de 1991 que São Paulo instituiu, através da
Lei n. 7.663/91 (SÃO PAULO, 1991), o Sistema Estadual de Recursos Hídricos,
nascendo assim o primeiro modelo de lei participativa das águas:
37
“a partir do Sistema Estadual de Recursos Hídricos o território paulista foi
dividido em 22 regiões hidrográficas, institui-se a gestão por bacia, com
participação efetiva da sociedade civil no processo decisório. A Lei paulista
reforçou preceitos do Código de Águas e da Constituição ao contemplar
instrumentos de gestão, como o Plano de Bacias, a cobrança pela água e o
Fundo Estadual de Recursos Hídricos Fehidro, para utilização direta nos
Comitês de Bacias colegiados, com poder deliberativo, que reúnem em
igual número e poder de decisão, representantes dos municípios, dos
órgãos de Estado e da sociedade civil organizada para gestão integrada,
descentralizada e participativa das águas“.
Ressalta-se que na medida em que estas discussões ‘tomaram corpo’,
fortaleceram as reflexões e o planejamento participativo que caracterizou ‘a fala’ do
grupo de técnicos brasileiros na grande Conferência Internacional sobre Água e
Meio Ambiente realizada em Dublin, em 1992. Ao final deste Encontro, ficaram
enunciados os ‘princípios de Dublin’ que nortearam a gestão de políticas públicas de
águas no mundo todo,
”a escassez e o desperdício da água doce representam sérias e
crescentes ameaças ao desenvolvimento sustentável e a proteção ao
meio ambiente, a saúde e o bem-estar do homem. A garantia de
alimentos, o desenvolvimento industrial e o equilíbrio dos
ecossistemas estarão sob risco se a gestão do solo e da água não se
tornarem realidade na presente década, de forma bem mais efetiva
do que tem sido no passado”.
A agenda 21, documento assinado por 170 países durante a “Eco 92” no
Brasil, representa o esforço conjunto de governos e povos para identificar ações que
aliem desenvolvimento a proteção ambiental e se constituiu marco para as ações
mundiais. Com maior aprofundamento discutiremos este assunto no próximo
capítulo, adiantando que a proposição 15 desse documento discute especificamente
as questões relacionadas à água.
Em 1995, foi criado o Ministério do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos e
da Amazônia Legal e, em janeiro de 1997 foi sancionada a Lei n. 9433/97 (BRASIL,
1997) que define a Política Nacional de Recursos Hídricos que instituiu o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Para viabilizar sua
implementação, cria a ANA - Agência Nacional de Águas (2009), cujos objetivos são:
Assegurar a necessária disponibilidade de água para a atual e as futuras
gerações (bem de domínio público e com uso prioritário) em padrões de
qualidade adequados aos respectivos usos.
A utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
38
A prevenção e a defesa contra eventos críticos, de origem natural ou
decorrente do uso integrado dos recursos hídricos.
A legislação brasileira tem como base outros princípios internacionais
colocando-a como uma das mais arrojadas. Porém, é preciso ter a clareza de que a
distância entre as Leis e a prática ainda é imensa e que é preciso romper barreiras
do corporativismo nos diversos setores governamentais e na própria sociedade, que
ainda o Estado como único agente responsável pelo controle da poluição, dos
recursos naturais e do saneamento. É necessário que seja exercida através de
políticas públicas efetivas para as águas, fortalecendo o Sistema Nacional e os
Sistemas Estaduais, para que sejam conhecidos e reconhecidos pela sociedade
como um instrumento de gestão ambiental, descentralizado e participativo, capaz de
promover a recuperação dos recursos naturais e da gestão das águas.
2.4 POLÍTICAS PÚBLICAS E MEIO AMBIENTE
2.4.1 Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA)
Na cada de 80 se percebia a necessidade de políticas de conservação
e de uso racional da água. Esta evidência ficou clara a partir do Simpósio
Internacional sobre Economia de Água de Abastecimento Público, realizado em
1986 (SILVA, TAMAKI, GONÇALVES, 2006). Algumas iniciativas como
desenvolvimento de componentes de baixo consumo de água foram desenvolvidos
entre fabricantes e instituições de pesquisa. Porém, só em 1997 surgia o PNCDA.
Diversos documentos técnicos de apoio, na área de conservação, tecnologia
de sistemas públicos de abastecimento de água, tecnologia de sistemas prediais de
água e esgoto e campanhas de educação foram elaborados.
Os objetivos do programa em âmbito nacional são: definir e implementar um
conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e
institucionais, para uma efetiva economia dos volumes de água demandados para o
consumo nas áreas urbanas. Trata-se, hoje, da busca da eficiência no uso da água
“em todas as fases de seu ciclo de utilização, desde a captação até o consumo final”
(SILVA, CONEJO, GONÇALVES, 1998).
39
2.4.2 Programa de Uso Racional da Água (PURA)
Foi criado em 1995, através de um convênio envolvendo a Escola
Politécnica da USP (através do laboratório de Sistemas Prediais), a Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP) e o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT). O programa foi estruturado em seis macroprogramas
desenvolvidos em paralelo, ou sejam, Banco de Dados, Laboratório Institucional,
Avaliação e Adequação de Tecnologias, caracterização de Demanda e Impactos da
Economia da Água em Edifícios Residenciais e Habitações Unifamiliares, Programas
da Qualidade e Programas Específicos da Economia de Água em Diferentes tipos de
Edifícios (GONÇALVES e OLIVEIRA, 1997, citado por SILVA, TAMAKI e
GONÇALVES, 2006).
Este macroprograma prevê a realização de estudos de caso em edifícios de
escritórios, escolas, hospitais, entre outros, visando determinar metodologias de
auditoria e procedimentos de intervenção que seriam estendidos a outros locais. Em
1997 foram realizados três estudo de caso no Estado de São Paulo. Foram
denominados: PURA-EE (duas escolas), PURA-DP (uma delegacia), PURA-HC (um
hospital). Foi dado início no mesmo ano um estudo de caso em um campi
universitário, chamado de PURA-USP.
2.4.3 Pró-Água – Hospital de Clínicas
O início do Programa foi em julho de 2003 e foi desenvolvido em parceria
com a Prefeitura do Campus e com a superintendência da instituição. Este
Programa constitui-se na FASE II do Programa de Conservação de Água da
Unicamp implantado desde 1999.
A contabilização do consumo de água do HC passou ao longo dos últimos
anos, por quatro fases distintas. As fases 1 e 2 anteriores ao Pró-Água/HC que são
respectivamente: estimativa do volume medido e a leitura de dados de um
hidrômetro mecânico instalado no abastecimento da edificação; fase 3, com a
aquisição dos dados via coletor manual conectado a um medidor mecânico com
saída pulsada; e a fase 4 (atual) com o monitoramento remoto.
Os dados coletados eram enviados via cabo telefônico para a
40
concessionária local (SANASA). O programa computacional SSSAN gera dados,
relatórios e gráficos relacionados ao consumo da edificação, podendo ser acessado
via internet. A aquisição remota ou local foi graças à instalação de um hidrômetro
tipo mecânico com saída pulsada (modelo Woltman Horizontal H4000, classe A e B,
DN100, Marca Nansen).
O agente consumidor considerado foi o número de leitos funcionantes, pois
a população flutuante é de difícil contabilização.
No período do estudo, o índice de consumo (IC) foi de 1326,8 litros/leito/dia,
para uma média de 401 leitos funcionantes a um consumo de 12694 m
3
/ mês.
Salermo et al. (2004) cita que os valores de IC em hospitais disponíveis na
bibliografia situam-se entre 250 e 600 litros/leito/dia, sendo o valor do IC encontrado
bastante superior.
No quadro 5 são apresentados, a título de comparação, os valores
recomendados por alguns autores nacionais para hospitais:
QUADRO 5 – INDICADORES DE CONSUMO DE ÁGUA POR LEITO HOSPITALAR
Tipologia
Unidade
Valores
Origem
Hospitais litros/dia/leito 250 DMAE P. Alegre, 1988
Hospitais litros/dia/leito 25 SABESP, 1993
Hospitais e Casas de saúde litros/dia/leito 250 Macintyre, 1982
Hospital litros/dia/leito 300 a 600 Melo e Neto, 1988
Hospital litros/dia/leito 1158 Oliveira, 1999
Fonte: SALERMO, 2004, p. 9.
O objetivo deste estudo foi diagnosticar a forma de consumo e os possíveis
pontos de desperdício (vazamentos e mau uso) nas áreas hospitalares. O estudo foi
feito considerando o edifício hospitalar e os seus pontos de consumo existentes na
edificação em estudo.
2.4.4 Ações Implementadas pela Sabesp
Para combater o desperdício e racionalizar o uso da água através de ações
normativas, a Sabesp implantou o Programa de Uso Racional da Água - PURA,
41
inicialmente na própria empresa, servindo de modelo para outras instituições
(SABESP, 2009).
Para alcançar seus objetivos, a Sabesp firmou um contrato com a Escola
Politécnica da USP, para o desenvolvimento das bases tecnológicas do PURA. Além
disso, foram firmados convênios com fabricantes de equipamentos hidráulicos, entre
outros (SABESP, 2009).
A partir daí, foram desenvolvidos projetos de uso racional da água em
hospitais, escolas, escritórios comerciais etc. com resultados impressionantes.
Confira os resultados de economia no consumo de água em alguns locais
onde ocorreram as intervenções do PURA (SABESP, 2009):
HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO
Ações realizadas: Diagnóstico das instalações prediais; pesquisa e correção de
vazamentos na rede externa, reservatórios e pontos de consumo; substituição de
equipamentos convencionais por econômicos.
HOSPITAL GERAL DO EXÉRCITO
Ações realizadas: Avaliação dos consumos nos últimos anos, remanejamento da
rede de incêndio do hospital (65 metros); impermeabilização de reservatórios,
reforma dos sanitários; substituição e adição de equipamentos convencionais por
equipamentos economizadores; gerenciamento de consumo de 16 medidores
eletrônicos interligados por um sistema.
INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL
(IAMSPE)
Ações realizadas: Detecção e conserto de vazamentos visíveis e não visíveis na
rede externa, reservatórios e instalações hidráulicas e prediais; troca de
equipamentos convencionais por outros economizadores de água (cerca de 243
pontos); estudo para reaproveitamento de água dos destiladores e reúso de água no
processo da caldeira.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / USP - FASE I E II
Ações realizadas: Detecção e conserto de vazamentos visíveis e não visíveis na
rede externa, reservatórios e instalações hidráulicas e prediais; troca de
42
equipamentos convencionais por outros economizadores de água (3.900 pontos);
campanha educacional; estudo para reaproveitamento de água dos destiladores.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO / USP - FASE III
Ações realizadas: Detecção e conserto de vazamentos visíveis e não visíveis na
rede externa, reservatórios e instalações hidráulicas e prediais; troca de
equipamentos convencionais por outros economizadores de água (3.900 pontos);
campanha educacional; estudo para reaproveitamento de água dos destiladores
(SABESP, 2009).
Os hospitais são grandes consumidores de água tratada. Devido as suas
características, os hospitais tendem a ter elevado consumo de água graças a um
grande número de funcionários, pacientes e acompanhantes. Por isso, os hospitais
também têm potencial elevado na implementação de programas de racionalização
do uso da água, com redução de consumo e diminuição de custos da conta de água.
Atualmente, porém, poucos deles desenvolvem programas neste sentido
(UNIVERSIDADE DA ÁGUA, 2004).
2.4.5 Legislação – Paraná
No Estado do Paraná e também em Curitiba existem leis que buscam
colaborar com a redução de desperdício de água em edificações. A seguir
apresenta-se algumas leis:
Lei n. 10.785 de 18/09/2003: Cria no Município de Curitiba o Programa de
Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações - PURAE; Iniciativa do
Vereador João Claudio Derosso.
Lei n. 15.672 de 13/11/2007: Cria o Programa de Conservação e Uso Racional de
Água nas Edificações Públicas do Paraná.
Proposição n. 05.00219.2006 Projeto de Lei Ordinária: Autoriza o Poder
Executivo Municipal a promover a substituição, dos vasos sanitários
convencionais, conforme especifica. Iniciativa do Vereador João Claudio Derosso.
43
Proposição n. 05.00056.2007 Projeto de Lei Ordinária: Determina a
obrigatoriedade da utilização de águas pluviais em toda a rede pública
municipal de educação; Iniciativa Vereador Dr. Valdenir Dias.
Proposição n. 05.00245.2007 Projeto de Lei Ordinária: Institui a política
Municipal de combate ao Aquecimento Global e as Mudanças Climáticas, torna
obrigatório o uso de sistemas e procedimentos que visam à eficiência
energética dos imóveis, cria incentivos e dá outras providencias; Iniciativa
Vereadores Aladim Luciano e João Cláudio Derosso.
2.4.6 Legislação Federal
Resolução RDC n. 154 DE 15/06/2004 do Ministério da Saúde, ANVISA: Estabelece
o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise.
Resolução RDC n. 306, de 07/12/2004, do Ministério da Saúde, ANVISA - Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Alcance do ato: Federal
Brasil. Área de atuação: Tecnologia de Serviços de Saúde.
2.4.7 Reuso da Água
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (BREGA e MANCUSO,
2007, p. 23) pode-se dizer que:
reuso indireto: acontece quando a água e usada, uma ou mais que
uma vez no âmbito doméstico ou industrial, depois e descarregada
nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada a jusante, de forma
diluída.
reuso direto: vem a ser o uso planejado e deliberado de esgotos
tratados para certas finalidades como irrigação, uso industrial recarga
do aquífero e água potável.
44
reciclagem interna: e quando acontece o reuso da água na própria
instalação industrial e tem como objetivo a economia de água e o
controle da poluição.
Para Lavrador Filho (BREGA F° e MANCUSO, 2007, p. 25), os termos
abaixo têm os seguintes significados:
reuso de água: E o aproveitamento de água previamente utilizados,
uma ou mais que uma vez, em alguma atividade humana, com o
objetivo de suprir as necessidades de outros usos benéficos, inclusive
o original.
reciclagem de água: e o reuso interno da água, antes de sua
descarga em sistema geral de tratamento ou outro local de
disposição, para servir como fonte suplementar de abastecimento do
uso original.
Para Westeroff (BREGA F° e MANCUSO, 2007, p. 26):
reuso não potável para fins industriais: uso em refrigeração, águas de
processo para utilização em caldeiras, etc.
reuso não potável pra fins domésticos: são aqui considerados os
casos de reuso de águas em jardins, descargas sanitárias e utilização
desse tipo de água em grandes edifícios.
Hespanhol (2007, p. 38) alerta para a demanda sempre crescente de água
que vem sendo sistematicamente reprimida, pela redução de disponibilidade
(crescimento populacional e expansão industrial) e a degradação sistemática dos
mananciais.
Ainda segundo Hespanhol (2007, p. 38) além da importância e necessidade
do desenvolvimento de uma cultura e uma política de conservação de água em
todos os setores da sociedade, o reuso consciente e planejado, nas mais diversas
áreas, constitui o mais moderno e eficaz instrumento de gestão para a
sustentabilidade dos recursos hídricos nacionais.
Segundo Hespanhol (2007, p. 89), atualmente nenhuma forma de ordenação
política, institucional, legal ou regulatória orienta as atividades de reusos praticados
45
no território nacional. Os projetos que existem, estão sem vinculação com programas
de controle de poluição, recursos hídricos e bacias hidrográficas.
Hespanhol (2007, p. 90) enumera abaixo algumas sugestões que promovam
e regulamentem a prática sustentável de reuso de água no território nacional.
Estabelecer uma política de reuso definindo objetivos e metas,
modalidades, áreas prioritárias e condições locais e/ou regionais
para implementação da prática;
Propor estruturas institucionais para a promoção e gestão de
programas e projetos nacionais, regionais e locais;
Estabelecer um arcabouço legal incluindo diretrizes padrões e
códigos de prática;
Estabelecer um arcabouço regulatório, incluindo atribuições,
responsabilidades, incentivos e penalidades;
Estabelecer critérios para a avaliação econômico-financeira de
programas e projetos;
Estabelecer normas e programas para informação, para educação
ambiental e para participação pública nos programas e projetos;
Estabelecer um sistema de monitoramento, avaliação e divulgação
dos programas nacionais, regionais e locais.
2.5 POLÍTICAS PÚBLICAS, URBANIZAÇÃO E A GESTÃO HOSPITALAR
Em regiões densamente urbanizadas o principal uso dos recursos hídricos é
o abastecimento urbano que exige cada vez mais água em quantidade e qualidade,
mas ao mesmo tempo constitui o seu principal problema (lançamento de efluentes
sem tratamento nos corpos hídricos) e a ocupação de área de proteção dos
mananciais (BRITTO e BARRAQUÉ, 2008, p. 124).
A noção de governança da água em áreas metropolitanas está ligada a uma
ação pública capaz de coordenar diferentes atores para atingir objetivos definidos
coletivamente (BRITTO e BARRAQUÉ, 2008, p. 124).
O fato de água não estar ao alcance de todos e, nas áreas urbanas, ser
cada vez menos acessível, considerando fatores geográficos e econômicos, tem se
46
agravado pelo crescimento e densidade populacional nas grandes cidades, que
aumenta a demanda por água e alimento, impulsionada pelas atividades industriais
e agrícolas. No sentido direto a produção de esgoto e lixo também aumenta
descarregando muita poluição nos rios, provocando crescente degradação dos
recursos hídricos. A questão da água no contexto da urbanização não é somente
nos aspectos de fornecimento e tratamento de esgoto, mas em uma visão mais
ampla fazem parte de um contexto maior de utilização de recursos naturais nas
sociedades humanas. Tal noção não se forma na sociedade sem uma ampla
referenda política, social, econômica e até mesmo técnica ambiental (LIMA, 2002,
citado por GALINDO e FURTADO, 2006, p. 73).
Por ser a água um fator estratégico para a sobrevivência das cidades, a
gestão da conservação e da sustentabilidade dos recursos hídricos pressupõe um
olhar que, além dos elementos naturais, enxergue um acúmulo de experiências e
conhecimentos construídos, enfocando parâmetros de diversidade político-cultural e
de justiça socioambiental (GALINDO e FURTADO, 2006, p. 74).
Em função de suas várias dimensões (biológica, cultural, política e
econômica) a água torna-se um eixo vital das relações sociais, exigindo uma
abordagem integrada que considere não apenas os aspectos biogeográficas, de
quantidade e qualidade, mas também os aspectos socioeconômicos e o papel dos
diferentes sujeitos sociais (BARBOSA et al., 1997 apud GALINDO e FURTADO,
2006, p. 76).
Duas tendências atuais caracterizam as agendas ambientais e urbanas:
a) Incorporações de padrões genéricos de sustentabilidade urbana e de
qualidade de vida, associados a uma certa “eficiência ecológica” das cidades;
b) alternativas de gestão ligadas ao planejamento estratégico e ao marketing
das cidades (ACSELRAD, 2001 apud GALINDO e FURTADO, 2006, p. 76).
A cidade, no século XXI, para ter uma vida urbana sustentável, precisa
superar sua degradação física, conquistar a sustentabilidade ampliada que envolve
a dimensão ambiental, social e econômica do desenvolvimento e conquistar a
sustentabilidade progressista que trabalha a sustentabilidade como um processo
pragmático do desenvolvimento sustentável (BUARQUE, 1994, apud FURTADO,
2001, p. 1).
47
O Estatuto das cidades adota a sustentabilidade como um objetivo,
conceituando-a como (GALINDO e FURTADO, 2006, p. 80),
[...] adoção de padrões de produção e consumo de bens e serviços e de
expansão urbana compatíveis com os limites da sustentabilidade
ambiental, social e econômica do município e do território sob sua área de
influencia (Artigo 2°, inciso VIII).
Embora os problemas ambientais urbanos não sejam recentes, somente nas
últimas décadas começaram a fazer parte da consciência pública, principalmente em
função da escala e da gravidade por eles assumidas. No Brasil, a institucionalização
da questão ambiental urbana não apresentou reflexos concretos nas cidades. Existe
uma distância entre o discurso contido nas agendas e documentos e a realidade
socioambiental das cidades. Isso acontece pela falta de política pública que levam
em conta não somente o efeito e degradação ambiental, social e urbana, mas
também as suas causas e formas de produção do espaço urbano (SILVA e
TRAVASSOS, 2008, p. 28).
A Conferência do Milênio em 2000, promovida pela Organização das Nações
Unidas, permitiu a criação de oito metas de desenvolvimento do milênio. Destaca-se
a meta 7 que é subdividida em três objetivos: integrar os princípios do
desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda
de recursos ambientais; reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população
sem acesso permanente e sustentável a água potável segura; e alcançar ate 2020
uma melhora significativa na vida de pelo menos 100 milhões de habitantes de
assentamentos precários (SILVA e TRAVASSOS, 2008, p. 31).
Entre 1940 e 2000, o Brasil apresentou um crescimento da população
urbana de 31,2% para 81,2% provocando uma forte concentração populacional em
cidades cada vez maiores (SILVA e TRAVASSOS, 2008, p. 32). Isso fez
aumentar o movimento de “periferização” das cidades, devido às condições
econômicas da população. São justamente as regiões desprezadas pelo mercado
imobiliário formal e/ou em áreas de restrições de uso, como beira de córregos,
encostas de morros, terrenos sujeitos a enchente ou áreas de proteção ambiental e
são de alguma forma as áreas mais frágeis do ponto de vista ambiental, mas que
são ocupados de forma precária e predatória (SILVA e TRAVASSOS, 2008, p. 34).
O abastecimento de água encanada atingiu no Brasil, no ano de 2006,
93,1% da população urbana do país. A região Norte, porém, para o mesmo ano, a
48
porcentagem da população que não contava com água encanada era de 27,9%
(SILVA e TRAVASSOS, 2008, p. 37).
A maior proporção de esgotos tratados sobre os coletados no Brasil fica nos
municípios cuja população é maior que 1 milhão de habitantes, 52%. Tal proporção
cai a medida que a população diminui e, nas cidades com menor de 5 mil habitantes,
chega a 10% (SILVA e TRAVASSOS, 2008, p. 38).
Existe um estreito relacionamento entre carência de infra-estrutura de
saneamento e importantes indicadores de saúde, como a mortalidade infantil. A
ausência de abastecimento de água e de coleta de esgotos é uma das principais
responsáveis pela proliferação de doenças graves, seja através do consumo de
água não tratada ou pelo contato físico com águas poluídas (SILVA e TRAVASSOS,
2008, p. 38).
A disposição de resíduos sólidos e efluentes domésticos em cursos d'água
influencia na contaminação de águas superficiais e subterrâneas, muitas vezes
tornando-as indisponíveis ao abastecimento público, bem como, o processo de
assoreamento dos rios, agravando o problema das enchentes urbanas (SILVA e
TRAVASSOS, 2008, p. 39).
Os problemas ambientais urbanos não são apenas a água, o saneamento
básico, o lixo, a educação e a saúde. A poluição do ar decorrente da produção
industrial e do aumento da circulação de veículos congestionando as vias públicas
são opções do desenvolvimento econômico adotadas a atingem
indiscriminadamente o conjunto da população urbana (SILVA e TRAVASSOS, 2008,
p. 43).
A formulação de políticas públicas, assim como, a implantação de
instrumentos de gestão urbano-ambiental são importantes para o desenvolvimento
econômico e social, visando a sustentabilidade urbana (ARAÚJO, 2008, p. 71).
Segundo Garcias (2007), o despertar para questões ambientais foi
provocado pela alta concentração da população em ambientes urbanos que não
foram devidamente estruturados para receberem esta demanda de recursos
naturais. O crescimento das cidades, que destroem os mananciais e a ocupação de
novas bacias hidrográficas, faz com que as cidades tenham que buscar água cada
vez mais distante, aumentando os custos de geração e manutenção. É importante
que a população demonstre interesse crescente na participação das decisões,
entendendo que o problema só seresolvido quando houver efetiva participação da
49
comunidade. O desafio e a transformação da sociedade consumista em uma
sociedade que seja mais participativa e conscientizada da responsabilidade de
participar e se envolver em questão ambientais. Profissionais das empresas de
saneamento tem investido em programas de treinamento e conscientização dos
usuários em busca de um uso mais racional para a água, já que toda a água
consumida se transforma em esgoto. Os resultados não foram bons. Em longo prazo
o resultado poderá ser alcançado que o público consumidor serão as crianças de
hoje, mais conscientes e dispostas a participar.
A Constituição Brasileira no caput do art. 6
o
. da C.F. aponta como direitos
sociais a educação, saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância e a assistência aos
desamparados (BERNARDI, 2006, p. 51).
na Constituição Federal capítulos especiais sobre educação (art. 205 a
214) e saúde (196 a 200). A educação e saúde são direitos de todos e dever do
Estado. É atribuição dos entes constitutivos do estado brasileiro, - união, os estados,
o distrito federal e os municípios a promoção da educação e da saúde a todos os
brasileiros, de acordo com os princípios fixados em lei (BERNARDI, 2006, p. 51).
A saúde e a educação são deveres do estado, e tanto a União, como os
Estados-membros, Distrito Federal e os Municípios participam de seu custeio,
devendo anualmente destinar um percentual de suas receitas tributárias. O Sistema
Único de Saúde (SUS) faz parte de uma rede hierarquizada e regionalizada. Todos
os municípios brasileiros atuam na área de saúde, embora nem todos ainda
possuam a gestão plena de seus serviços, sendo que em alguns os recursos são
repassados a eles através de outras esferas governamentais (BERNARDI, 2006, p.
52).
Observar o meio ambiente como um todo faz de uma consciência social. Ao
observar a cidade, deve-se ter em conta de que por mais que ela se aproxime do
meio ambiente natural, ainda é uma construção artificial do homem, e, portanto uma
agressão ao meio ambiente (BERNARDI, 2006, p. 56).
Uma das funções sociais da cidade é manter-se saudável para garantir
qualidade de vida para os atuais e futuros habitantes, de um horizonte próximo ou
distante. A saúde urbana significa a sustentabilidade ambiental, social, cultural,
política, mantendo um nível de qualidade que preserve condições favoráveis para o
desenvolvimento da vida (BERNARDI, 2006, p. 58).
50
A sustentabilidade, em todos os seus aspectos, ambiental, econômico,
social, cultural, político, é uma nova maneira de reconhecer a uma das funções
sociais da cidade, tão importante quanto às demais funções. Utilizar, preservando,
renovando, reutilizando, reciclando, respeitando, constitui-se numa visão ética da
civilização e do seu instrumento de desenvolvimento que é a cidade. A civilização
construiu a cidade, que construiu a civilização (BERNARDI, 2006, p. 58).
Dentro da concepção de implementação da qualidade e do controle
ambiental, os hospitais possuem programas como: controle de infecções hospitalar,
gerenciamento de resíduos de serviços de saúde e de acreditação hospitalar. Esses
programas e certificações são requisitados pelo mercado competitivo, por
consumidores, pelos investidores e pelos órgãos de fiscalização (SISINO e
MOREIRA, 2005).
A gestão hospitalar, ao criar um programa de ecoeficiência hospitalar poderá
monitorar e identificar todas as fontes de uso de água, energia e materiais, localizar
possíveis áreas de desperdícios e identificar os efluentes líquidos e emissões
atmosféricas. A participação do funcionário através da conscientização e
treinamento é o passo inicial para que os hospitais sejam participantes ativos em
questões ambientais, através da criação de uma política ambiental (SISINO e
MOREIRA, 2005).
Segundo Gonçalves (2007) a avaliação de parâmetros que indiquem o
comprometimento de organizações, sua comunidade, com a gestão ambiental e
responsabilidade social deve ser incluída nos sistemas de qualidade, através da
implantação evolutiva de programas de conservação de água. Esses programas,
além de possibilitar a gestão e recursos para uso adequado da água, contribuem
para a diminuição do impacto ambiental, para o desenvolvimento sustentável e para
a melhoria da qualidade de vida das cidades.
O Ministério da Saúde elaborou em 2001 uma cartilha que promove uma
Campanha Educativa dirigida aos serviços de saúde, especialmente aos hospitais,
com o objetivo de estimular a racionalização e a redução do uso de energia elétrica
e água (BRASIL, 2002c).
Um hospital além de atender as necessidades dos pacientes e da
comunidade, por meio da medicina, deve ser líder na preservação, manutenção e no
melhoramento do meio ambiente para benefício da geração atual e das vindouras. A
obtenção desta liderança é obtida com a implantação de um programa realista e
51
prático que faça parte integral das atividades internas e externas que são
desenvolvidas para: conservar de maneira mais eficiente os recursos naturais e a
energia nas atividades do hospital; controlar eficientemente e minimizar a produção
de dejetos para não agredir o meio ambiente; utilizar produtos e materiais que
permitam o menor impacto negativo sobre o meio ambiente; criar ou prosseguir com
programas de ação que beneficiem a saúde da região, assim como do meio
ambiente (MALAGÓN-LONDOÑO, MORERA e LAVERDE, 2003, p. 159).
Por ser um assunto novo para muitos hospitais é importante que todo o
pessoal da instituição se familiarize com o tema e que uma comissão assuma a
responsabilidade pelo programa (MALAGÓN-LONDOÑO, MORERA e LAVERDE,
2003, p. 160).
Um Programa de Manutenção e Melhoria do Meio Ambiente necessita de
algumas ações a serem desenvolvidas: auditoria do meio ambiente; plano de ação;
criação da comissão do meio ambiente; e controle de um cronograma de progressos
(MALAGÓN-LONDOÑO, MORERA e LAVERDE, 2003, p. 160).
2.6 AS ORGANIZAÇÕES COMPLEXAS E O SETOR DE SAÚDE: O COTIDIANO
DA CONVIVÊNCIA DA ECONOMICIDADE E O DESPERDÍCIO
Os desperdícios no Setor da Saúde ainda não estão devidamente
equacionados. Este setor como um todo, ainda carece de uma reavaliação, que
deve envolver:
a) o desenvolvimento de ries estatísticas confiáveis como forma de dotá-lo
de um instrumento capaz de estabelecer controles estatísticos de produtividade do
setor como um todo e das diferentes unidades que o compõem;
b) estimular o estabelecimento de coerência política e administrativa;
c) harmonizar e equilibrar os pesos da prática da medicina preventiva e da
curativa;
d) estabelecer a coerência administrativa desse processo;
e) e aprimorar continuamente a educação e qualidade da mão de obra
empregada.
No estado em que encontra o processo de gestão das diferentes unidades
que o compõe, é visível a presença de um processo de desperdícios no sistema de
52
saúde, em hospitais, clínicas ou casas de saúde que se espalham ao longo do país.
Os sintomas dessa realidade foram mencionados por Vassallo citado por
Sacramento (2001, p. 84) e ficaram evidentes nas considerações realizadas pela
articulista quando analisa e avalia as questões voltadas à capacidade de gestão, ao
uso esporádico de equipamentos caros, o desconhecimento dos custos hospitalares,
a presença de exames dicos desnecessários, a inadequação de processos de
gestão, a falta de procedimentos padronizados.
Analisando a mesma questão, Nogueira apud Sacramento (2001, p. 85)
considera: “A experiência tem nos mostrado que, num grande número de situações,
além de gastar pouco, gasta-se mal: 30% a 40% se perde em processos mal
gerenciados e excessivamente complexos; desperdícios de tempo, material,
recursos e equipamentos; duplicidade de esforços; iniciativas isoladas; e ausência
de um planejamento coerente” são elementos visíveis tanto no Sistema de Saúde
como das Instituições de Saúde.
Como decorrência do momento histórico, do processo administrativo que
vive o Setor de Saúde (Sistema e Instituições) e da carência de informações
estruturadas pode-se concluir empiricamente pela presença de inúmeros fatores que
se constituem em “vilões” estimuladores da presença de diversas formas de
desperdícios.
A identificação desses fatores, como decorrência do atual estágio da prática
da gestão organizacional no setor, torna possível estabelecer a partir de avaliações
empíricas, ou através da leitura de alguns trabalhos esparsos, que demonstram a
pontualidade de abordagens e estudos, focados na gestão da produtividade do
sistema como um todo, afetado, principalmente, por modificações decorrentes de um
quadro tipicamente voltado a decisões de âmbito político, onde convive-se com o
contínuo de mudanças e imprecisões.
Neste ambiente, a visualização de desperdícios torna-se possível a partir de
análises como as efetuadas por Lima citado por Sacramento (2001, p. 85) a respeito
da importância dos “contratos de gestão e a conformação de modelos gerenciais
para as organizações hospitalares públicas”, trazem interessantes considerações
qualitativas e sintomáticas da realidade dos desperdícios no setor. Observa a autora
que:
53
“... as organizações blicas hospitalares apresentam uma dimensão
racional e inadequadamente valorizada. Tomaram da perspectiva racional
aquilo que lhes é menos apropriado - a divisão funcional, a ênfase na
especialização, no elevado número de níveis hierárquicos, na comunicação
vertical e na formalização - e deixaram de lado o que qualquer organização
precisa ter: a permanente preocupação com a (re)definição de seus
objetivos e resultados, com sua avaliação sistemática e com a
padronização dos processos de trabalho passíveis de maior normalização,
além de buscar imprimir eficiência às ações envolvidas” e que, “...ao
considerar-se as particularidades da administração pública, tais como a
instabilidade, a descontinuidade, a intermitência, a indefinição, a
incongruência, a distorção e a não responsabilização em relação aos
objetivos, e o elevado grau de centralização, pode-se dizer que estes
condicionantes conferem grande instabilidade e incerteza às organizações
hospitalares blicas, que elas são fortemente dependentes deste
segmento do ambiente.”
Outra fonte a ser considerada são os registros apontados pela imprensa que
evidenciam através, ou da discussão de realidades ou dos efeitos nem sempre
favoráveis presentes no setor, um quadro onde se fazem presentes desperdícios em
suas mais variadas formas de expressão (ARRUDA, 1996; GAMA NETO, 1997;
SEGATTO, 1996 apud SACRAMENTO, 2001, p. 86). Agindo como fonte documental
que possibilita a identificação, ainda que empírica, de muitos dos fatores que são os
responsáveis pela presença de desperdícios em suas diferentes formas de
expressão além de identificar a sua correlação dos fatores culturais e o processo
educacional predominante.
Dentre os diferentes setores da economia, o da saúde cercou-se de uma
série de características onde pontuam valores próprios. Na gestão das instituições
de saúde, o que pode ser constatado com facilidade é a presença de uma postura
conceitual que defende e responsabiliza a indefinição e a não adoção de uma
filosofia voltada à profissionalização do setor, em virtude da quase impossibilidade
da adoção de um processo da “elevada complexidade” das estruturas presentes no
setor. Na realidade, o que pode ser observado, é que de fato se de um lado existe
um significativo grau de complexidade, de outro, observa-se a presença de um setor
com características culturais e repleto de valores diferenciados e entrelaçados que
acabam por refletir a presença de um elevado grau de resistência na aceitação das
novas realidades que se fazem presentes em todos os níveis sociais.
São exemplos dessa modificação de direcionamento a crescente
preocupação da classe médica, expressa em ações voltadas à busca da qualidade
(LEON, 1966, apud SACRAMENTO, 2001, p. 87), fato que soma-se à clara
consciência de muitos dos profissionais desta área, de que nas instituições de saúde
54
desperdiça-se pelo simples desconhecimento dos efeitos de ações adotadas e
porque hospitais e casas de saúde, públicas ou privadas, pouco se faz nessa
direção permanecendo a convivência com um elevado nível de desperdícios. Na
realidade muito poucos o os exemplos da presença de ações continuas e não
apenas pontuais neste setor. Como resultado, observa-se em áreas como as de
manutenção, pronto socorro, UTI e farmácia, em função da qualidade da mão de
obra utilizada e como decorrência do processo de gestão adotado em muitas dessas
instituições, distanciamento entre representantes do corpo clínico e a estrutura
organizacional existente. Outra razão está no não reaproveitamento dos resíduos
sólidos, presentes nessa atividade, que acabam sendo indiscriminadamente
classificados como infectados e descartados.
Quando se fala em qualidade na área da saúde é importante lembrar que, no
âmbito internacional, é a partir dos anos oitenta “que profissionais da saúde dos
Estados Unidos começaram a usar os modelos e conceitos de Controle Total e o de
Melhoramento Contínuo da Qualidade” (NOVAES, 1997 citado por SACRAMENTO,
2001, p. 87), embora a questão da qualificação do dico seja anterior; e que, no
âmbito nacional, o mesmo acontece, nas Instituições Hospitalares, após os anos 90.
No Brasil, a preocupação com a qualidade emerge com força a partir dos
anos 90. A oficialização do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ) acontece em
1991 (MELLO, 1998 apud SACRAMENTO, 2001, p. 88), sessenta anos após os
trabalhos de Walter A. Shewhart
2
, e ele é concedido a organizações dos setores
industrial e de serviço. Na área hospitalar, embora essa preocupação existisse antes
de 1990, é só a partir desta data que o tema passa ser alvo de interesse.
Também faz parte desse esforço a busca da certificação ISO 9002, realizada
ou em curso em diferentes organizações voltadas ao atendimento da saúde. No
mesmo período, ocorre o lançamento do Manual de Acreditação (NOVAES, 1994,
apud SACRAMENTO, 2001, p. 89), documento que começa a ser elaborado a partir
de 1988 quando “a Organização Panamericana da Saúde recebeu o mandato dos
seus Corpos Diretivos para reforçar as atividades de Cooperação Técnica aos
Países Membros e mobilizar os recursos de transformação dos sistemas nacionais
para desenvolvimento dos Sistemas Locais de Saúde (SILOS)”.
2
Dr. Walter Shewart, desenvolveu durante a década de 30 no Laboratório Bell Telephone trabalhos
sobre amostragem e controle de Processo (SACRAMENTO, 2001, p. 88).
55
Para melhor compreender e dimensionar a realidade do setor de saúde na
área hospitalar, no Brasil é importante relembrar alguns fatos históricos: o primeiro
hospital surge em 1543 na cidade de Santos; a primeira escola de medicina, “Escola
Cirúrgica” em fevereiro de 1808 (MIRSHAWKA, 1994, apud GALVÃO e FEDERIGHI,
2002, p. 212) na Bahia e em abril do mesmo ano inaugura-se a do Rio de Janeiro; a
preocupação com a gestão hospitalar acontece a partir de 1930; os cursos voltados
à administração hospitalar despontam a partir da segunda metade do século XX “na
Universidade de São Paulo, na Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro, em
entidades religiosas como a da Ordem dos Camilianos e na Universidade UNAERP,
de Ribeirão Preto e até a segunda metade do século XX, os hospitais foram
construídos, salvo raras exceções, sem qualquer planejamento, tendo em vista
apenas as necessidades comunitárias de subsistência” (MIRSHAWKA, 1994, apud
SACRAMENTO, 2001, p. 93).
Assim, os últimos cinquenta anos assistem: a) a emergência da figura do
administrador hospitalar e a convivência deste com uma herança representada por
um processo de gestão empírico; b) a busca do gerenciamento profissional; c) a
releitura e redefinição da missão e objetivos existentes; d) a busca de uma melhor
compreensão do setor; e) a implantação dos primeiros programas de qualidade, e; f)
a oferta de cursos de especialização para profissionais da área ganha impulso a
partir da década de 70, através de esforços da Ordem Camiliana, que
posteriormente são oferecidos por outras Instituições, como é o caso do Programa
de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e da
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas.
Relacionando as variáveis das questões: evolução histórica, inadequação de
planejamento, carência de administradores profissionais, valores, pressupostos,
cultura, educação formal, formação profissional e juventude da administração
hospitalar compreende-se o porquê da existência de um ambiente favorável à
geração de constantes desperdícios.
Somam-se a estas a presença de profissionais nem sempre capazes de
percebê-los com clareza, que se preocupam mais com seus efeitos do que com
suas causas, que estão despreparados para solucioná-los, e não conseguem
visualizar a existência de processos e procedimentos incapazes de agregar valor às
atividades fim de cada Instituição.
56
Analisando a questão, o autor Machline citado por Sacramento (2001, p. 93),
considera que o orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS), concede a cada
pessoa uma verba de R$ 170,00 por ano e que nos Estados Unidos o Medicare orça
uma verba de US$ 4.800 por pessoa, e conclui ser “inadmissível” a presença de
desperdícios no setor. Infelizmente concluí que isso não acontece e menciona
alguns exemplos: hospitais inacabados; medicamentos incinerados; socorristas não
aproveitados; centros cirúrgicos ociosos; terapia excessiva, entre outros.
A realidade da questão da saúde hoje ainda é preocupante. Leon (1997)
analisa o quadro da saúde brasileira onde destaca:
a) em alguns hospitais públicos, os médicos praticam a chamada loteria da
vida. Sem recursos para atender todos os pacientes, eles são forçados a escolher
aqueles com maiores chances de sobrevivência. Entre um paciente idoso e um
jovem, jogam todas as fichas no jovem;
b) o índice de infecção hospitalar no Brasil é três vezes maior do que o
aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS);
c) os brasileiros com mais dinheiro no bolso são obrigados a recorrer ao
sistema privado de saúde. Aí a armadilha é outra: contratos mirabolantes, com
cláusulas de exclusividade e cheios de carência, deixam na mão, pacientes com
doenças graves e caras;
d) no ranking mundial da mortalidade infantil aos 5 anos, feito pela OMS, o
Brasil aparece em sexagésimo terceiro lugar. Perde para países como Haiti, Vietnã,
Irã (LEON, 1997 apud SACRAMENTO, 2001, p. 94).
Apesar de as condições de saúde de uma população serem resultado de
uma conjugação sistêmica resultante das condições “alimentação, moradia,
saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte e lazer”
(LEON, 1997 apud SACRAMENTO, 2001, p. 94), o que pode ser visto a partir das
diversas informações pesquisadas e coligidas neste trabalho é que existe uma
distância muito grande entre intenção e ação, conforme demonstram estatísticas
como a do crescimento de casos de malária, que aumentaram de 144 para 577
casos, respectivamente de 1979 para 1992, ou a situação da dengue que evoluiu de
3,2 para 126 casos de 1992 para 1996 para cada mil brasileiros. Dados que
corroboram a visualização da presença da triste aliança entre as mais variadas
formas de desperdícios, notadamente, a de recursos humanos e ambientais e
associadas à filosofia que orienta as linhas de gestão das questões inerentes a
57
recursos ambientais, políticas de saúde, visão sistêmica das relações de causas e
efeitos contidas nesse processo, influenciadas pela componente cultural, pelos
valores vigentes e pelo sistema econômico financeiro, que direciona a economia
para ganhos em curto prazo, provocando sérias conseqüências nas relações de
médios e longos prazos.
Também a questão do gerenciamento do resíduo sólido, que é uma fonte de
desperdício de recursos, é debatida por Paulella citado por Sacramento (2001, p. 12)
e é objeto de uma profunda análise na dissertação de mestrado de Risso (1993),
apud Sacramento (2001, p. 12). Observa a autora que embora “em 1903 W.F. Morse
tenha publicado um trabalho no qual estabelecia dados relativos ao número de
pessoas que contraíam enfermidades devido ao contato direto com materiais
contaminados quando da manipulação de resíduos lidos em instituições
hospitalares”, a partir da década de 30 é que existe uma atenção focada na
questão conforme dados coletados pela autora na obra de Genatios.
A cronologia estabelecida por Genatios estabelece um quadro cronológico
de significativa importância, ao mesmo tempo em que destaca a preocupação do
indivíduo com a redução dos desperdícios de potencial humano e mesmo de vidas:
“até a década de 20 não publicações sobre o assunto; na de 30 começa
a ser dada importância aos problemas produzidos pelos resíduos sólidos
em hospitais e se buscam soluções para alguns deles; na de 40 numerosos
trabalhos o publicados sobre a utilização da incineração como método de
tratamento, sua importância e desvantagens; na de 50 destaca-se a urgente
necessidade de um manejo apropriado dos resíduos hospitalares de forma
a evitar que se transforme em forma de contaminação. A incineração
continua a ser utilizada e começa a preocupação com o controle dos
resíduos radioativos; na de 60 numerosas publicações dão maior ênfase
aos problemas e à busca de soluções abordando; na de 70 destaca-se a
utilização de técnicas mais avançadas na abordagem dos problemas
decorrentes, principalmente da utilização crescente de materiais
descartáveis, ao uso generalizado de material radioativo e à contaminação
atmosférica” (RISSO, 1993 apud SACRAMENTO, 2001, p. 12).
2.7 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE INSTITUIÇÃO HOSPITALAR
Ao longo da história, os hospitais passaram de locais destinados ao abrigo e
atendimento (essencialmente espiritual de pobres, velhos e moribundos) a
instituições de cura, formação e transmissão de saber.
Analisando pelo sentido da palavra, Ferreira (1996) afirma que o verbete
58
hospital provém do latim hospitale e indica o estabelecimento onde se internam e
tratam doentes e pode ser equiparado ao nosocômio, do grego nosokômeion, que
também significa hospital. O verbete noso (do grego nósos) significa doença ou
moléstia (GALVÃO e FEDERIGHI, 2002, p. 209).
Mirshawka apud Galvão e Federighi (2002, p. 209) comenta mostrando outro
entendimento, que a palavra hospital vem do latim hospitalis, adjetivo derivado de
hospes (hospedeiro, estrangeiro, viajante), significando também, o que agasalho,
que hospeda. Para Borba citado por Galvão e Federighi (2002, p. 210), a palavra
hospital vem do latim "hospes" que significa hóspede de origem a "hospitais" e
"hospitium", palavras que designam o local onde se abrigavam, além dos enfermos,
viajantes e peregrinos. Quando o estabelecimento se ocupou dos pobres, incuráveis
e insanos, a designação era "hospitium", ou seja, hospital de psiquiatria.
Para Rosen (1994), o hospital foi inicialmente estabelecido como instituição
filantrópica e urgência de auxílio ao pobre, sendo caracterizado como instituição
religiosa e espiritual. Miquelin (1992) afirma que a função primordial dos hospitais
era oferecer abrigo e hospedagem aos peregrinos, sadios ou não (citados por
(GALVÃO e FEDERIGHI, 2002, p. 210-211).
Foucault (1999) considera que a transformação do hospital foi decorrente da
necessidade de anulação de seus efeitos negativos, ou seja, como era um local de
acúmulo de pessoas doentes, tornava-se um foco de doenças e um perigo para a
sociedade (GESTÃO..., 2007, p. 2). A partir do século XVIII, surgiu a prática de
visitas de observação a hospitais já existentes na Europa, com o objetivo de redefinir
um programa de reconstrução dessas instituições.
Empenhados em fazer viver as ameaças pela morte, o hospital
contemporâneo não se preocupa em recuperar o doente apenas, mas, sim, interditar
a morte, de adiá-la, medicando-a. O que num primeiro momento era uma cerimônia
torna-se um processo tecnológico com a intervenção médica. Além de recuperar a
força de trabalho e devolvê-la ao mercado, o hospital contemporâneo reproduz o
capital, se torna uma empresa que realiza uma atividade econômica, em que o
capital se multiplica direta e indiretamente (GALVÃO e FEDERIGHI, 2002, p. 211).
Num conceito moderno, o hospital é um edifício que tem por finalidade
receber pacientes cujos problemas não puderam ser resolvidos em um outro,
ambiente envolvido com a saúde (MALAGÓN-LONDOÑO, MORERA e LAVERDE,
2003).
59
Atualmente, os hospitais estão entre os organismos mais complexos de
serem administrados. Neles estão reunidos vários serviços e situações simultâneas:
hospital é hotel, lavanderia, serviços médicos, limpeza, vigilância, restaurante,
recursos humanos e relacionamento com o usuário (CELESTINO, 2002 apud
GESTÃO..., 2007, p. 2).
O hospital tem como missão a recuperação da saúde das pessoas. Desde a
administração até a sua alta, existe uma série de etapas que exigem a participação
de toda uma equipe multidisciplinar é onde são colocadas à disposição de todos os
envolvidos recursos físicos, materiais e humanos (MALAGÓN-LONDOÑO, MORERA
e LAVERDE, 2003).
Pereira (2000) refere que as instituições hospitalares constituem uma área
complexa e específica de gestão. Essas instituições, principalmente as antigas, se
originam de grupos religiosos, congregações de estrangeiros ou associações de
profissionais de saúde, através que direcionam a organização para área assistencial,
ficando a área administrativa submetida a um nível inferior de atenção. Para Deming
(2003, p. 197) hospitais são empresas do setor de serviços, que é o setor que mais
emprega pessoas nos Estados Unidos.
Ainda, segundo Malagón-Londoño, Morera e Laverde (2003, p. 6), o hospital
representa um universo de características particulares, paradoxais e diferentes. São
os enfermos que chegam com esperança de cura, são familiares angustiados em
busca de informações, são pais felizes pelo nascimento dos filhos, são executivos
que procuram verificar seu estado de saúde, são acidentados, o visitantes,
médicos, laboratoristas, enfermeiros, funcionários administrativos, de serviços gerais
e de manutenção.
Gonçalves (2000) considera que devido à complexidade das atividades do
hospital, sua gestão torna-se conservadora. Com dificuldade de implementar
processos de mudança os hospitais que se percebem como um negócio, estão
buscando transformações que possibilitem a continuidade de sua existência.
Em um hospital desenvolve-se trabalho assistencial, praticam-se
procedimentos cirúrgicos, realizam-se exames de laboratório, procedimentos de
diagnósticos, procedimentos em unidades de terapia intensiva, fisioterapia, cozinha-
se, lava-se roupa, realizam-se atividades de engenharia e de manutenção fornece-
se serviço de hotelaria, gerenciam-se verbas e atividades de recursos humanos
(MALAGÓN-LONDOÑO, MORERA, LAVERDE, 2003, p. 7).
60
Segundo Cobra (2001, p. 260), o hospital é um segmento que enquadra
entre as maiores indústrias do mundo que é a hospitalidade, na qual se incluem os
hotéis. Nos Estados Unidos 12 milhões de pessoas trabalham no segmento
hospitalar.
Hospitais são empreendimentos empresariais, que lidam com a vida
humana, mas necessitam de administração voltada a perceber o hospital como um
negócio lucrativo ou gerador de liquidez que alavanque novos empreendimentos e
melhorias nos processos já existentes (TAJRA, 2006, 17). Ainda segundo Tajra
(2006, p. 32), a empresa hospitalar é um sistema complexo, que lida com a vida,
além de lidar com "miniempresas" super especializadas, tais como: Serviço de
nutrição e dietética (SND) limpeza hospitalar, lavanderia, laboratórios centros
cirúrgicos, central de esterilização clínica de imagem, Unidade de Terapia Intensiva
(UTIs), serviço completo de hotelaria, serviços de remoções, manutenção, etc.
Hospital é parte integrante de uma organização médica e social, cuja função
básica consiste em proporcionar à população assistência médica integral, curativa e
preventiva, sob qualquer regime de atendimento, inclusive o domiciliar constituindo-
se também em centro de educação capacitação de recursos humanos e de
pesquisas em saúde, bem como encaminhamento de pacientes (BRASIL, 2002, p.
104).
Segundo Mirshawka apud Galvão e Federighi (2002, p. 212), a assistência
hospitalar no Brasil teve início logo após o descobrimento. Uma obra de Braz Cubas
faz surgir em Santos, o primeiro hospital do Brasil, a Santa Casa de Misericórdia, em
1543.
Outras obras foram as Santas Casas de Misericórdia de Vitória (ES), de
Olinda (PE), de Ilhéus e Salvador (BA), e a do Rio de Janeiro (RJ). Antes do final do
século XVI, foi criada a Santa Casa de São Paulo, em 1884, com menos de 150
leitos. Todas estas obras tiveram caráter caritativo sem nenhuma participação
governamental nem no estabelecimento de normas para a criação de hospitais. Os
hospitais foram criados no Brasil através de beneficências de grupos imigrantes
ingleses, portugueses, alemães, israelitas, sírio, libaneses, japoneses (GALVÃO,
2002, p. 212).
O aparecimento de novas tecnologias e o crescimento econômico
possibilitaram aos hospitais que crescessem em números, no volume e na
complexidade de suas atividades.
61
2.8 A ESTRUTURA FÍSICA DE UM EDIFÍCIO HOSPITALAR
O hospital em termos modernos necessita de uma estrutura física funcional,
fruto de planejamento e bem localizado. Este edifício deve abrigar: setor gerador de
energia elétrica, um grande volume de água potável, tanque ou cilindros de oxigênio
e óxido nitroso, cilindros de GLP ou gás natural, central de ar comprimido, central de
vácuo, central de ar condicionado, geradores, central telefônica, elevadores. Deve
possuir serviços de cozinha, lavanderia, farmácias, central de esterilização,
laboratórios, setor de manutenção, centro cirúrgico, centro obstétrico, unidade de
terapia intensiva, setor de imagem, setor de hemodiálise, setores administrativos,
informática, refeitórios, lanchonetes, estacionamento (MALAGÓN-LONDOÑO,
MORERA, LAVERDE, 2003, p. 9).
FIGURA 2 - ATRIBUIÇÕES DE ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES ASSISTENCIAIS
Obs.: todas as atribuições e listagens de atividades estão nas Normas Para Projetos Físicos de
Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (BRASIL, 2004a).
Para cada uma das 8 atribuições são apresentadas uma listagem de
atividades que poderão ser desdobradas em sub-atividades, conforme a
necessidade do estabelecimento assistencial da Saúde (EAS).
62
Equipamentos médico-hospitalares são todos os equipamentos necessários
para o funcionamento das diversas unidades assistenciais como: unidades básicas
de saúde, centros de saúde, unidades mistas, laboratórios de análises, hospitais,
centros de referências e outros (BRASIL, 1994, p. 19).
Os equipamentos médico-hospitalares se dividem em quatro classes:
1) Equipamentos médico-assistencial: são os utilizados nas ações de diagnose e
terapia em ações de promoção da saúde dos pacientes. Com relação ao consumo
de água destaca-se a área da nefrologia, especialmente em decorrência do grande
consumo de água necessário no processo de hemodiálise.
2) Equipamentos de apoio: É um conjunto de quinas e aparelhos que compõe
uma unidade de processamento, com características de apoio à área assistencial:
serviço de nutrição e dietética; serviço de lactário; lavanderia; central de material e
esterilização; serviço de manipulação da farmácia. Em todas essas unidades, o
consumo de água é essencial para os seus funcionamentos. Destacam-se em
relação ao estudo proposto as áreas de lavanderia e central de material e
esterilização.
3) Equipamentos de infraestrutura: São sistemas destinados a dar suporte ao
funcionamento adequado às unidades assistenciais e aos setores de apoio, como
por exemplo: central de vácuo e central de ar condicionado que são também
dependentes da água para o seus funcionamentos.
2.9 PROGRAMA NACIONAL DE COMBATE AO DESPERDÍCIO DE ÁGUA
PNCDA
A criação do Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
PNCDA, na esfera federal, visa atender uma antiga demanda do Setor Saneamento,
delineada desde o início da década de 1980 e sistematizada no “Seminário
Internacional sobre Economia de Água de Abastecimento Público” (BRASIL, 1999, p.
7).
63
O programa tem por objetivo geral promover o uso racional da água de
abastecimento público nas cidades brasileiras, em benefício da saúde pública, do
saneamento ambiental e da eficiência dos serviços. O objetivo específico do
programa é contribuir para uma efetiva economia dos volumes de água demandados
para consumo nas áreas urbanas.
a) Sistemas especiais para estudos de redução de consumo de água no contexto
hospitalar
O PNDCA indica sistemas especiais que poderão receber atenção especial
para estudos: sistema de ar condicionado, de ar comprimido, de vácuo, de vapor, de
destilação, de esterilização e de hemodiálise (osmose reversa). Dentre as sugestões
apresentadas no modelo PNDCA, o consta lavanderia, porém será acrescentado
e procurar-se-á demonstrar que o consumo de água gerado nesta atividade é muito
significativo em um hospital que possua lavanderia hospitalar.
b) Adequação de processos
Para que os processos sejam avaliados, são necessárias respostas à
análise dos seguintes fatores:
Quais os processos que utilizam no cotidiano de suas atividades?
Como se dá a operação dos processos?
Quais os equipamentos, sistemas e usuários envolvidos?
Qual a quantidade e qualidade necessárias da água?
Quais as rotinas e procedimentos existentes?
c) Avaliação da oferta de água
O documento ressalta a importância de continuidade do abastecimento de
água, a qualidade necessária a cada uso específico e a preservação da saúde
pública dos usuários internos e externos.
d) O papel da concessionária no fornecimento de água
A responsabilidade pela água oferecida à população é da concessionária
que ao fornecer água potável, se utiliza de tecnologia necessária para eliminar todos
64
os poluentes e agentes ameaçadores a saúde, de acordo com os parâmetros da
polubilidade (fixada pela Portaria MS n.1469 de dezembro de 2000).
Outra responsabilidade da concessionária é o programa de pesquisa e
monitoramento da rede de água distribuída, coletando amostras e análises mensais.
Os parâmetros observados se caracterizam por bactérias heterotróficas, coliformes,
cloro, cor, turbidez, PH, ferro total, alumínio, chumbo, flúor, cromo total e outros.
Cabe à concessionária garantir o fornecimento contínuo de água. O sistema de
reserva de água da edificação pode garantir o fornecimento em caso de eventual
interrupção. Nos casos em que a concessionária precisa interromper o fornecimento
de água por um período e o hospital não tem reserva suficiente, a concessionária
disponibiliza um sistema de carros-pipa para atender às necessidades. Não existe
por parte da concessionária limite da quantidade de água que o consumidor pode
retirar da rede pública de abastecimento.
e) O uso de águas subterrâneas para fornecimento
A opção pelo uso desta fonte de água tem atraído muitas edificações
urbanas pela aparente economia gerada. Atualmente, o consumidor deixa de pagar
pela quantidade de água consumida e se estiver em conformidade com a legislação
é taxada apenas em função da quantidade de efluentes encaminhados à rede
pública, de acordo com a leitura realizada em medidor instalado na saída do poço
artesiano. O manancial subterrâneo não deixa de ser uma reserva estratégica para o
suprimento de água. Normalmente esta água não precisa de tratamento para
consumo, devido ao processo natural de filtragem do subsolo. As águas
subterrâneas estão disponíveis em todas as regiões do globo terrestre, sendo um
importante uso natural. Estas águas são normalmente utilizadas para abastecimento
doméstico, para irrigações e para fins industriais (TUNDISI, 2005, p.12). Fatores
como disponibilidade permanente, proximidade com o local da utilização e qualidade
para uso fazem com que as águas subterrâneas sejam cada vez mais consumidas.
A metodologia PNCDA aborda questões primárias de consumo dos
chamados grandes consumidores, em relação aos diversos usos possíveis para a
água consumida. Em um caso, a água é utilizada principalmente para fins sanitários
convencionais e em outro pode ser um sistema de resfriamento de uma fonte de
calor. Estudos realizados indicam que algumas estruturas se enquadram como
65
grandes consumidores de água, tais como: lavanderias, terminais rodoferroviários,
aeroportos, escolas e creches, edifícios públicos, shoppings, hotéis, grandes prédios
de apartamentos, restaurantes, clubes esportivos, escritórios, indústrias com uso
intensivo de água no processo, hospitais e pronto atendimento.
Para se avaliar se o consumo de um determinado edifício é elevado, deve-se
levar em conta a que ele se destina, mas também conhecer índices de consumo tais
como:
- Litro/m
2
de área construída;
- Litro/pessoa (edifícios públicos, comerciais, de escritório, etc.);
- Litro/hóspede (hotéis);
- Litro/leito (hospitais);
- Litro/aluno (escolas);
- Litro/veículo lavado (postos de lavagem de veículos);
- Litro/refeição (restaurante);
- Litro/kg de vapor (caldeira);
- Litro/kwh consumido (ar condicionado);
- Litro/kg de roupa seca (lavanderia).
É importante também estabelecer um período de consumo, que pode ser
dia, semana ou mês. Um outro dado a verificar, é se um determinado índice, por
exemplo, o do restaurante (Litro/refeição), será diferente, conforme a característica
do edifício (restaurante de hotel, de fábrica ou de hospital), pois os valores variam
muito, inclusive com o tipo de refeição que é preparado.
2.10 APLICAÇÃO DO PNCDA ÀS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES
O Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNDCA) sugere
uma metodologia que tem por objetivo reduzir o consumo de demanda de água
potável sem a redução do nível de desempenho do sistema hidráulico e sem
prejuízo na atividade para qual o edifício foi construído. Nessa pesquisa se
aplicada a metodologia no contexto hospitalar e para isto serão descritas as etapas
do processo e também as orientações para implementação do programa com vistas
ao combate ao desperdício.
66
2.10.1 Etapas do Processo: 1. Levantamento de Dados
Esta informação é de máxima importância para o conhecimento do perfil de
consumo de água. O histórico considerado se o levantamento do consumo no
período de 12 meses. Este levantamento poderá ser obtido via administração ou
gestão de manutenção dos hospitais ou por meio da Companhia de Saneamento
Básico que presta serviços ao município. Em ambos os casos são necessários a
identificação de hidrômetros correspondentes às áreas analisadas.
No caso de hospitais, pode-se obter a chamada ‘população fixa’, que vem a
ser o número de funcionários que trabalha em um empreendimento. Pode-se fazer o
levantamento em relação à taxa de ocupação de um hospital, levando-se em
consideração o número de pacientes comparado ao número de leitos em um
determinado período ou, também, pode-se determinar como índice o número de
leitos total do hospital. Para nossa pesquisa, utilizaremos o sistema: número de
leitos, a quantidade (kg) de roupa lavada e a quantidade de hemodiálises realizadas
e a quantidade de ciclos de esterilização por autoclave a vácuo na central de
materiais.
O índice de consumo seobtido (quando as diversas situações permitirem)
através de levantamentos na área de gestão de manutenção dos hospitais
pesquisados ou na companhia de abastecimento do município. No caso dos índices,
os dados serão obtidos, através de literatura, documentos específicos e/ou através
de informações obtidas junto com os fabricantes de equipamentos.
2.10.2 Etapas do Processo: 2. Levantamento do Sistema Hidráulico
Algumas informações importantes que têm relação com o sistema hidráulico
necessitam prioritariamente serem conhecidas, especialmente pela fonte de
suprimento:
O levantamento deve conter informações relativas a:
a) fonte do sistema público de água;
b) fonte de poço artesiano;
c) fonte mista ou sistema público aliado ao poço artesiano;
67
d) fornecimento por caminhão pipa. Esta informação é importante, porque
pode haver um consumo maior da água quando o sistema é suprido por poço
artesiano e o esgoto não é tarifado.
2.11 O CONSUMO DA ÁGUA EM UM EDIFÍCIO HOSPITALAR
Cada equipamento consome uma determinada quantidade de recursos em
relação ao seu tempo de uso. Recursos de consumo contínuo são recursos
consumidos em quantidade proporcional ao tempo efetivo de uso do equipamento
no procedimento. Entre os recursos desta categoria, incluem-se energia elétrica,
água, gases e alguns tipos de fármacos (NASCIMENTO, 2008, p. 319).
QUADRO 6 - RECURSOS DE CONSUMO
ATIVIDADE
EQUI
PAMENTO
RECURSOS CONSUMIDOS
Lavagem de roupas Máquina de lavar Máquina, sabão, água, energia
Hemodiálise Máquina de hemodiálise Máquina, água, energia
Esterilização Autoclave Máquina, água, energia elétrica, vapor
Consumo de água fria (AF)
As diversas unidades funcionais do EAS demandam água fria de forma
diferenciada, portanto o cálculo do consumo total necessário ao dimensionamento
do(s) reservatório(s) é possível a partir do cálculo dos consumos parciais das
unidades (BRASIL, 2004a, p. 124).
As bases de cálculo do dimensionamento são:
População:
- Paciente interno: permanece 24 horas no EAS e consome para sua higienização,
portanto, o correspondente ao residente em hotel ou alojamento (excluindo cozinha
e lavanderia), ou seja, 120 litros/dia.
- Paciente externo, doador e público: permanecem poucas horas no EAS e
consomem cerca de 10 litros/dia.
- Funcionário e aluno: permanece o turno de trabalho, nos EAS e consome para a
68
higienização, portanto, o correspondente ao consumo de atividades comerciais, 50
litros/dia.
Determinadas atividades, proporcionalmente marcantes no total de
consumo do EAS, a saber:
a) reabilitação (hidroterapia): correspondente ao consumo das instalações
equipamentos: piscina, tanque de turbilhão, tanque de Hubbard, tanque de gato, etc.
b) Diálise: 180 litros por equipamento de hemodiálise em uso turno. Reservatório da
água especialmente tratada para diálise: capacidade mínima de 20 litros por
equipamento da hemodiálise em uso.
c) Laboratórios.
d) Cozinha: para preparo e cocção dos alimentos, lavagem de panelas e utensílios,
louças, bandejas, talheres e carrinhos. No caso da cozinha tradicional estima-se o
consumo em 25 litros/refeição.
e) Lactário e nutrição enteral.
f) Central de material esterilizado.
g) Lavanderia: base de cálculo é a quantidade de roupa:
- observação atendimento imediato: 6 kg/paciente/dia
- internações clínicas médicas, cirúrgicas e pediátricas: 4 kg/paciente/dia
- internação clínica obstétrica: 6 kg/paciente/dia
- internação clínica especializada: variável
- internação intensiva: 6 kg/paciente/dia
Estima-se entre 25 a 30 litros de água para cada quilo de roupa seca.
h) Limpeza e zeladoria.
Reservatório: calculado o consumo diário do EAS, a reserva de água fria, no caso de
abastecimento a partir da rede pública, deve ter autonomia mínima de dois dias ou
mais, em função da confiabilidade do sistema.
O reservatório deve possuir no mínimo dois compartimentos, de modo a
permitir as operações da limpeza e manutenção.
Consumo de Água Quente (AQ)
A exemplo da água fria, o consumo de água quente é diferenciado para as
diversas unidades funcionais do EAS e as bases de cálculo são a população e
determinadas atividades.
69
O consumo de água quente pela população refere-se à higienização e,
portanto, é função do nível de conforto das instalações e do clima. Considerando
como condições mínimas de conforto o uso pessoal em banho, a população
consumidora se restringe ao paciente interno, acompanhante, funcionário e aluno.
Finalmente, o consumo médio de água quente por banho é de ordem de 30 litros a
60°C.
No que se refere às atividades, tem de se considerar no cálculo de consumo,
as unidades (caso existam):
a) Reabilitação (hidroterapia).
b) Cozinha: é o consumo para preparo e cocção de alimentos e lavagem de
utensílios estimado em 12 litros a 60°C por refeição.
c) Lactário e nutrição enteral.
d) central de material esterilizado.
e) Lavanderia: a base de cálculo é a quantidade da roupa, ou seja, 15 litros a 74°C
por quilo de roupa seca.
f) Limpeza e zeladoria.
Esgoto Sanitário (Lançamento Externo)
Caso a região onde a EAS estiver localizada tenha rede blica de coleta e
tratamento de esgoto, todo o esgoto resultante desse pode ser lançado nessa rede
sem qualquer tratamento. Não havendo rede de coleta e tratamento, todo o esgoto
terá que receber tratamento antes de ser lançado em rios, lagos, etc. (BRASIL,
2004a, p. 126).
2.12 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE FUNCIONAMENTO DOS
EQUIPAMENTOS SELECIONADOS DOMO DESPERDIÇADORES DE
ÁGUA
2.12.1 Central de Esterilização de Material
Como as diferentes áreas de um hospital apresentam grande variabilidade
de consumo de água, este item vai abordar de uma forma mais detalhada alguns
70
setores que se destacam pelo consumo de água que são: central de materiais e
esterilização (CEM), hemodiálise e lavanderia.
A CEM é definido pelo Ministério da Saúde como o conjunto de elementos
destinados à recepção, expurgo, preparo, esterilização, guarda e distribuição dos
materiais para as unidades dos estabelecimentos assistenciais à saúde (POSSARI,
2003, p. 17).
A partir de 1950, os hospitais no Brasil iniciaram a implantação dos primeiros
centros de materiais parcialmente centralizados. No início de 1970, alguns hospitais
brasileiros de grande porte, iniciam a implantação de setores destinados a serem
unidades autônomas e independentes dos centros cirúrgicos apesar de que por volta
de 1990, ainda havia centros de materiais e esterilização agregados aos centros
cirúrgicos (POSSARI, 2003, p. 28).
O processo de trabalho de enfermagem na unidade de centro de material e
esterilização tem por finalidade contribuir com os processos assistenciais
desenvolvidos nas unidades consumidoras (unidades de internação, pronto
atendimento, centro cirúrgico, centro obstétrico, endoscopia, centro de cirurgia
ambulatorial, UTI's, lavanderia, etc.). O objetivo da central de material é receber
artigos e instrumentais contaminados, artigos limpos provenientes da lavanderia e
ao final dos processos transformarem todos os artigos em condições seguras de
uso, que serão utilizados nos processos do complexo hospitalar (POSSARI, 2003, p.
22). Os artigos normalmente esterilizados são: vidros, agulhas, roupa (campo
cirúrgico), bandejas e jogos de instrumentos. A operação de esterilização consiste
em operações pelo aquecimento de vapor a pressão, a temperaturas que excedam
122°C, por um determinado tempo. A esterilização a vapor é chamada de “método
autoclave" (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 1997, p. 308).
Certos produtos como plásticos, borrachas ou instrumentos delicados são
esterilizados em outro tipo de autoclave, que usa o gás oxiatileno como agente
esterilizante, que requer menos temperatura impedindo que os materiais se
danifiquem. A esterilização a gás requer maiores preocupações de segurança e
necessita de um tempo de geração que pode chegar a 12 horas (ORGANIZAÇÃO
PAN-AMERICANA DE SAÚDE, 1997, p. 308).
O serviço de esterilização em um hospital possui cobertura durante sete dias
por semana com duração de vinte e quatro horas. O serviço inclui limpeza,
preparação de instrumentos, inspeção dos campos cirúrgicos e esterilização. Para o
71
controle de infecções, estes pacotes devem ser marcados e registrados para
comprovar que foram esterilizados. Um pacote é considerado estéril por um período
determinado, depois do qual precisa ser esterilizado novamente. Cada instituição
define o prazo conforme seus critérios (ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE
SAÚDE, 1997, p. 309).
O objetivo da autoclave é a esterilização final de produtos que requerem o
decréscimo de sua carga microbiana, a fim de se obter sua condição estéril
(ampolas com soluções injetáveis, frascos-ampolas, meio de cultura em frascos não
herméticos, roupas de áreas limpas e embaladas, utensílios variados, porta filtros de
aço inox, etc.) utilizando vapor saturado sob pressão.
Esterilização é um conjunto de operações destinadas a eliminar ou
inviabilizar a reprodução da maior quantidade de formas de microorganismos contido
em um objeto ou substância (BAUMER, 2006, p. 55).
Segundo um dos fabricantes, a bomba de vácuo é um equipamento
agregado destinado a suprir as necessidades da câmara de esterilização.
A Bomba de Vácuo de Anel Líquido (ofertado separadamente) é um
componente utilizado para remoção do ar e/ou vapor existente na câmara de
esterilização. Sua capacidade de sucção é diretamente proporcional ao volume da
câmara de esterilização.
Como a bomba de vácuo apresenta uma grande importância no consumo de
água, deve ser efetuada a regulagem da vazão de água da circulação conforme a
potência do motor apresentada abaixo:
Bomba de vácuo de 1.5 CV 200 l/h 3.33 L/min
Bomba de vácuo de 3.0 CV 250 l/h 4.16 L/min
Bomba de vácuo de 5.0 CV 300 l/h 5,0 L/min
Bomba de vácuo de 7.0 CV 350 l/h 5,8 L/min
Bomba de vácuo de 7.5 CV 370 l/h 6,1 L/min
Recomendações do fabricante de água da bomba de vácuo
Utilização: Executa a função de fazer pré-vácuo na câmara interna do equipamento,
nas etapas de pré-vácuo e de secagem.
72
Observações: Para se melhorar a performance de funcionamento, rendimento e
desperdício de água, deve-se regular a vazão de água de circulação da bomba
(SERCON, 2008).
2.12.2 Hemodiálise
No ser humano, os rins desempenham as seguintes funções:
remoção dos produtos tóxicos do metabolismo (principalmente a ureia,
resultado da digestão das proteínas);
regulação do equilíbrio ácido-base no corpo, que se modifica em função das
diversas reações metabólicas;
controle do volume e da decomposição dos líquidos corporais (em particular o
sangue);
regulação da pressão arterial (como decorrência direta da função anterior);
secreção de hormônios (BRASIL, 2002a, p. 272).
A perda das funções renais, mesmo por um curto período representa um
risco à vida. Se houver insuficiência renal, um equipamento deverá ser usado para
manter a qualidade da vida do paciente até que os rins reassumam sua função. Se a
perda da função renal for irreversível, a única solução definitiva é um transplante
bem sucedido. Enquanto não ocorre o transplante, a insuficiência renal crônica é
contornada através da diálise, que permite manter a vida do paciente. A diálise é um
procedimento que remove o excesso de líquidos e de substâncias acumuladas no
organismo do paciente com insuficiência renal, oriundas do metabolismo das células
e da ingestão de alimentos e líquidos. Substâncias como a ureia, creatinina, potássio
e íons de hidrogênio o prejudiciais ao organismo e provocam sintomas como
fraqueza, acidose, hipertensão, náuseas, vômitos, etc. A diálise não promove o
restabelecimento dos rins e nem restaura as suas funções, é, sim, uma terapia
substitutiva que realiza parcialmente as funções renais. É uma solução limitada e a
saúde do paciente se torna prejudicada (BRASIL, 2002a, p. 272).
A hemodiálise é um dos tratamentos dialíticos. A hemodiálise é um processo
de filtragem e depuração de substâncias indesejáveis do sangue, extracorpórea,
73
através de um rim artificial, em pacientes com insuficiência renal crônica ou aguda,
que o organismo não consegue eliminar as substâncias metabolizadas em
excesso, devido à falência dos mecanismos excratores renais.
O rim artificial (máquina de hemodiálise) bombeia o sangue por algumas
horas, várias vezes por semana, através de um acesso vascular, por canais
sanguíneos muito pequenos ligados por uma membrana delgada de celofane. No
outro lado desta membrana, um líquido dialisador (de constituinte parecida com
plasma normal do sangue) para qual passam por difusão as substâncias
indesejadas do sangue (GUYTON, 1993 citado por TIBERY, 2000).
Uma sessão de hemodiálise realiza apenas parte do trabalho dos rins e dura
normalmente de 3 a 4 horas. Os pacientes habitualmente necessitam de três
sessões de hemodiálise por semana (BRASIL, 2002a, p. 273).
A água adotada para tratamento da hemodiálise deve ser potável e passar
por técnicas de osmose recurso e/ou deionização que são técnicas mais utilizadas
para atingir a qualidade recomendada para o uso no tratamento. Utilizam-se também
práticas de desinfecção e manutenção dos circuitos da água, bem como medição da
concentração físico-químicas e bacteriológicas periódicas, controlando pH e
concentração de cloro (CALDERARO, HELLER, 2001, citado por TIBERY, 2000). A
qualidade da água da hemodiálise segue as exigências da ANVISA pela RDC n. 154
de junho de 2004.
O objetivo do trabalho não é analisar o consumo da água do dialisador, mas
o consumo da água que o entra em contato com fluidos sanguíneos, pois essa
água é rejeitada, fazendo parte apenas do processo da circulação da máquina e
para manter a temperatura ideal para o processo.
O manual de medidas de racionalização do uso de água para grandes
consumidores (B3), do Programa Nacional do Combate ao Desperdício de Água,
estabelece que no sistema de hemodiálise por osmose reversa a perda de água é
de 160 litros por seção de hemodiálise (BRASIL, 1999, p. 25).
Segundo o Sr. Samuel Silva Oliveira, Técnico de Tratamento de Água para
hemodiálise, atuando no Setor de Nefrologia (um dos entrevistados nesta pesquisa)
afirma que a quantidade de água desperdiçada é de 150 litros por seção de
hemodiálise.
74
2.12.3 Lavanderia Hospitalar
A central de processamento de roupas hospitalares (ou lavanderia
hospitalar) realiza mais do que a simples lavagem de roupas: é um setor de apoio
aos serviços de saúde, responsável por gerenciar itens patrimoniais importantes, ao
classificar, pesar, lavar, secar, passar, consertar, embalar e distribuir cada roupa do
hospital com uma qualidade e em tempo adequado ao bom funcionamento do
estabelecimento assistencial da saúde (EAS). A lavanderia, dentro de sua eficácia
busca atender ao hospital nos seguintes aspectos:
controle de infecções;
recuperação, conforto e segurança do cliente;
racionalização, tempo, material e energia;
redução dos custos operacionais.
Em relação ao controle de infecção, as lavanderias hospitalares são
consideradas áreas críticas (BRASIL, 2002a, p. 473).
Além dos maquinários necessários, o grande volume de insumos (água,
energia elétrica, vapor, sabão) e também os riscos operacionais que oferece (calor,
ruído, infecção, acidentes de trabalho), deve-se levar em conta o número de horas
trabalhadas, quantidade de roupa suja que chega (BRASIL, 2002a, p. 473).
O planejamento de uma lavanderia hospitalar depende de suas funções,
complexidade de ações e aspecto econômico das instalações.
A lavanderia é de grande importância para o funcionamento das diversas
unidades hospitalares e, assim, qualquer que seja a sua dimensão e capacidade,
deverá ser planejada, instalada, organizada e controlada com o rigor dispensado às
demais unidades do hospital.
A roupa limpa é indispensável ao funcionamento eficiente de um hospital.
Estudos realizados na área da microbiologia revelaram que o processo da
roupa em um ambiente único, utilizado nas lavanderias tradicionais, propiciava a
recontaminação constante da roupa limpa na lavanderia. Esses estudos mostraram,
ainda, que grande número de bactérias jogadas no ar, durante o processo de
separação da roupa suja, contaminava todo o ambiente circundante.
Tais descobertas revolucionaram a planta física da lavanderia hospitalar, as
instalações, o equipamento e os métodos utilizados no processo da roupa.
A principal medida introduzida na moderna lavanderia hospitalar, para o
75
controle das infecções, foi a instalação da barreira de contaminação, que separa a
lavanderia em duas áreas distintas:
- área suja (considerada contaminada): utilizada para separação e lavagem;
- área limpa: utilizada para acabamento e guarda.
Esta barreira de contaminação será realmente eficiente se existirem as
lavadoras de desinfecção, com duas portas de acesso, uma para cada área, na
parede que separa a área contaminada da área limpa. A barreira de separação
também poderá ser dotada de visores, para facilitar a comunicação e o controle.
Nos hospitais de pequeno porte que utilizam, ainda, as lavadoras
tradicionais, a barreira de contaminação pode ser efetivada por meio de uma área
física, ou seja, um espaço intermediário. Neste caso, a área de lavagem esta
compreendida entre as áreas de separação e acabamento.
A qualidade da água a ser utilizada na lavanderia é muito importante para o
processo de lavagem.
A análise da água existente na localidade é indispensável ao planejamento
da lavanderia.
A água deve atender, pelo menos, a três requisitos:
1) Ser “mole”, pois a água “dura” contém sais de cálcio e magnésio e sua utilização
na lavagem da roupa produz desperdício de produtos à base de sabão, além da
destruição prematura da roupa e diminuição da capacidade de absorção do tecido,
tornando a roupa áspera e acinzentada.
2) Não conter ferro ou manganês, que amarelam a roupa e danificam as máquinas,
devendo ser eliminados por meio de filtragem.
3) Não conter matéria orgânica, que também deve ser eliminada por meio de
filtragem.
Metade da água utilizada no hospital é destinada ao consumo da lavanderia.
Estima-se entre 35 a 40 litros de água para cada quilo de roupa seca nas máquinas
de lavagem, em cargas individuais (BRASIL, 1986, p. 17).
A água a ser utilizada, uma vez que exerce ação mecânica e química na
lavagem da roupa, deve satisfazer os seguintes requisitos:
- aspecto: límpido e sem materiais em suspensão;
- teor de sólidos em suspensão: inferior a 15 mg/litro;
- dureza: inferior a 30 ppm de carbonato de cálcio;
- alcalinidade livre: nula;
76
- alcalinidade total: 250 ppm de carbonato de sódio;
- temperatura adequada.
As “Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde”, editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2004, afirmam que
caso a região onde o EAS estiver localizado tenha rede pública de coleta e
tratamento de esgoto, todo o esgoto resultante desse pode ser lançado nessa rede
sem qualquer tratamento (BRASIL, 2004a, p. 126).
Segundo o “Manual da Lavanderia Hospitalar” editado pelo Ministério da
Saúde em 1986, os hospitais da zona urbana lançam seu efluente diretamente na
rede de esgotos, onde será devidamente tratado (BRASIL, 1986, p. 18).
As “Normas para Projetos Físicos de Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde” estima entre 25 a 30 litros de água para cada kg de roupa seca o consumo
em uma lavanderia hospitalar (BRASIL, 2004a, p. 125).
O “Manual da Lavanderia Hospitalar” afirma que metade de água utilizada no
hospital destina-se ao consumo na lavanderia, e estima o consumo entre 35 a 40
litros de água para cada kg de roupa seca (BRASIL, 1986, p. 17).
O novo “Manual de Processamento de Roupas de Serviços de Saúde:
Prevenção e Controle os Riscos”, lançado em 2007 em formato eletrônico (BRASIL,
2007, p. 17), estabelece que a estimativa de capacidade da unidade de
processamento de roupas é a mesma, presente na versão do Manual de
Lavanderias de 1986, uma vez que não existem estudos recentes sobre o assunto.
O mesmo manual estabelece que a região onde a unidade esteja localizada tenha
rede coletiva de coleta e tratamento de esgoto, todo o efluente resultante pode ser
lançado nessa rede sem tratamento prévio (BRASIL, 2007, p. 51).
2.12.4 Esgoto da Lavanderia
O esgoto da lavanderia deve ter uma capacidade suficiente para receber o
efluente de todas as máquinas de lavar, simultaneamente, não incorrendo no perigo
de transbordamento e contaminação.
As canaletas sob o gradil devem ter aproximadamente 20 cm de
profundidade, com inclinação para facilitar o escoamento imediato da carga total das
lavadoras.
77
Nunca se deve utilizar a mesma canalização para a área limpa e a suja.
Com a lavagem, certa quantidade de felpa e outros resíduos acompanham o
efluente. A par disso, é importante a instalação de uma caixa de suspensão (ou
caixa de gordura) com tela para reter os fiapos de roupa e impedir o entupimento da
rede. Essa caixa deve ser instalada entre o serviço de lavanderia e o esgoto do
restante do hospital.
Os hospitais da zona urbana lançam seu efluente diretamente na rede de
esgotos, onde será devidamente tratado.
Os hospitais localizados em lugares onde inexiste rede de esgotos lançam
seu efluente no rio ou em fossa séptica, após prévio tratamento. Pelo perigo de
contaminação, o efluente deve ser tratado com cloro (20 a 25 ppm) antes de ser
lançado no rio. Por norma, a capacidade de uma fossa não pode exceder 75.000
litros por dia (NB 19 da ABNT). Outras informações podem ser colhidas no livro de
normas - Portaria MS-GM nº 1884/94, deste Ministério (BRASIL, 1986, p. 18).
Caso a região onde a unidade estiver localizada tenha rede coletiva de
coleta e tratamento de esgoto, todo o efluente resultante pode ser lançado nessa
rede sem tratamento prévio. Não havendo rede de coleta e tratamento, todo o
efluente deve receber tratamento antes de ser lançado em cursos d’água,
eliminando-se, antes, materiais graxos (excesso de gorduras), materiais sólidos
decorrentes da quebra das fibras e ajustando-se o pH para a faixa estabelecida
(usualmente entre 4,5 e 10,5), de acordo com a Resolução CONAMA n. 357/2005,
que estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes (BRASIL, 2007,
p. 51).
2.12.5 Métodos e técnicas de lavagem
Os princípios de lavagem da roupa pouco têm se modificado, que as
máquinas de lavar passaram por uma grande evolução, acompanhando o avanço
tecnológico.
Os métodos e técnicas de lavagem da roupa, geralmente, associam alguns
princípios para melhor alcançar seu objetivo.
Os princípios associados no processo de lavagem são de ordem física
(mecânica, temperatura e tempo) e química (detergência, alvejamento, acidulação,
amaciamento, desinfecção).
78
Todas as instruções do processo de lavagem devem ser rigidamente
seguidas, senão poderá causar danos irreparáveis aos tecidos, dificultar a remoção
de diversos tipos de manchas e ocorrer gastos desnecessários de tempos e
produtos (BASTOS, PIERRI, ZIPPINOTTI, 2001, p. 151).
O correto nível da água no tambor interno é fator importante para a eficiência
da ação mecânica. A inobservância do nível correto prejudica seriamente todo o
processo de lavagem e provoca gasto desnecessário de água (BASTOS, PIERRI,
ZIPPINOTTI, 2001, p. 153).
Toda máquina lavadora deve estar equipada com um indicador de nível, a
fim de que o operador possa efetuar o controle. Existem 3 níveis de água: alto, baixo
e médio. Estes níveis são determinados pela relação entre a quantidade de água
necessária para a operação e a capacidade da lavadora (BASTOS, PIERRI,
ZIPPINOTTI, 2001, p. 154).
A lavanderia utiliza, em grande volume um dos recursos naturais e
atualmente em fase de escassez, a água. Possui grande uso como processo, mas
ao mesmo tempo, baixa taxa de pós-tratamento e quase nada de reutilização
(FARIAS, 2006, p. 135).
Farias (2006, p. 136) aponta os motivos e os classifica como internos
(referem-se ao microambiente) e externos (referem-se ao macroambiente).
Os internos são:
Custo de implantação de Estações de Tratamento de Esgotos ou
Águas Residuais (ETEs).
Área física.
Qualificação operacional da ETE.
Baixo índice de profissionalismo do segmento principalmente
lavanderias internas.
Clientes despreparados para “enxergar” esse adicional como
vantagem na proposta dos serviços ofertados.
Os externos são:
Instituições reguladoras e fiscalizadoras que não promovem as
empresas e o processo de respeito ao meio ambiente, como
qualificação empresarial.
79
Órgão governamentais (secretarias municipais, estaduais, federais),
instituições sindicais, federativas, de comunicação, de crédito, etc. que
não agregam valores e benefícios às empresas “saudáveis e limpas”.
Segundo Farias (2006, p. 136), a consciência passa pela exigência legal.
Quanto aos tipos de poluição causadas pelas lavanderias, o autor cita:
Poluição química
É originada pelos produtos químicos utilizados no processo de lavagem de
roupas, que podem interferir no meio ambiente por:
Variações de pH: (ácido – neutro – alcalino) dos produtos utilizados.
Contaminações ambientais de alguns produtos químicos.
Redução dos níveis de oxigênio da água.
Crescimento orgânico.
Eutrofização.
Colorir a água, o meio ambiente, etc.
Poluição física
É originada pelos resíduos sólidos, químicos ou não, utilizados no processo
de lavagem de roupas e que podem interferir no meio ambiente por:
Variações de pH: (ácido – neutro – alcalino) dos produtos utilizados.
Contaminações por produtos químicos e físicos.
Redução dos níveis de oxigênio da água.
Poluição térmica: variações de temperatura, água quente e/ou vapor.
Lixos sólidos: resto de tecidos, plásticos, etc.
Poluição biológica
É originada por resíduos e excrementos residuais do processo de lavagem
de roupas, que podem interferir no meio ambiente, por:
Roupas sujas hospitalares (sangue – fezes – urina – outros excrementos).
Roupas contaminadas, infecto-contagiosas.
Medicamentos diversos.
Outras contaminações biológicas.
80
Para Farias (2006, p. 136) a prevenção ou redução da poluição na
lavanderia passa pelos seguintes pontos:
Tratamento de água para despejos.
Máximo reuso de água na lavanderia.
Equalização da temperatura da água, esfriando a água para despejo.
Ainda para Farias (2006, p. 137), o início para a consciência da sociedade
passa pela ênfase e divulgação destes fatores. O número da licença ambiental das
lavanderias deve ser divulgado em propostas, fôlderes, eventos, como parte
integrante da responsabilidade empresarial.
A necessidade da recuperação (preservar, limpar, reciclar, etc.) do meio
ambiente é evidente, mas a ação de não sujar ainda é tímida, precisando ser
incentivada e realizada de forma coletiva, consciente e sistemática (FARIAS, 2006,
p. 134).
81
3 MÉTODOS ADOTADOS NA PESQUISA
A modalidade da pesquisa é quantitativa e qualitativa. Com relação ao seu
objetivo a pesquisa seguiu a metodologia exploratória e descritiva, com a realização
de uma pesquisa de campo. Neste sentido utilizamos como instrumento de coleta de
dados o formulário com perguntas abertas e fechadas (Anexo 1) e aplicada pelo
pesquisador através de entrevistas. Para descrever, analisar e avaliar o fenômeno
utilizou-se a abordagem de estudo de caso.
De acordo com Godoy (2006, p. 29), o estudo de caso podem surgir de
situações cotidianas, identificados a partir do desejo do pesquisador de explicar
alguma situação a partir da prática.
O objetivo geral da pesquisa é levantar, identificar e avaliar o desperdício de
água em equipamentos hospitalares.
Para tanto, os procedimentos foram divididos em três etapas:
a) identificação de equipamentos que são grandes consumidores de água;
b) avaliação de resultados visando à redução do consumo;
c) apresentação de sugestões no enfoque tecnológico legal institucional e gerencial.
3.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA DA PESQUISA
O estudo tem como objetivo estudar três equipamentos hospitalares que são
considerados grandes consumidores de água.
Os dados da pesquisa foram obtidos junto aos funcionários dos diversos
hospitais que fizeram parte da amostra. A pesquisa ocorreu no início de 2008 na
cidade de Curitiba nos os hospitais selecionados que serão chamados pelas letras
B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L e M.
Os dados referentes à instituição, número de funcionários, número de leitos,
taxa de ocupação, consumos de água, fornecimento e controles de água nos
hospitais foram respondidos pelos responsáveis pela manutenção dos respectivos
hospitais.
As perguntas referentes aos setores de lavanderia foram respondidas pelas
chefias do setor. As perguntas referentes a hemodiálise foram respondidas pelos
responsáveis pelo setor de hemodiálise de cada hospital. Em relação às autoclaves
82
as respostas foram obtidas junto às enfermeiras chefes de cada central de materiais.
O conteúdo das questões formuladas encontram-se no anexo 1 e totalizam 33
perguntas.
3.2 IDENTIFICAÇÃO DE GRANDES CONSUMIDORES E TENDÊNCIAS
A seleção dos hospitais foi feita considerando a relação fornecida pela
Sanepar como sendo grandes consumidores de água, com volume mensal de
consumo acima de 400 m
3
. A identificação dos hospitais é feita adotando-se a
terminologia de letras.
Os consumos considerados correspondem ao período compreendido entre
2005 a 2008, pois uma análise do histórico destes consumos pode revelar algumas
particularidades. No entanto a pesquisa transcorrerá usando como referencia o ano
de 2008.
As tabelas fornecidas pela Sanepar de 2005, 2006, 2007 e 2008
correspondem aos consumos mensais destes hospitais, compreendidos de A a M
(Anexo 4, 5, 6 e 7). A coluna A será desconsiderada no estudo, pois se trata de um
hospital que não se encontra na área de pesquisa, que é a cidade de Curitiba.
A tabela 1 montada com os valores considerados como média mensal de
consumo de 2005 a 2008 foi calculada pela soma dos consumos mensais de cada
hospital dividindo-se por 12. O processo foi repetido em todos os anos considerados.
A variação percentual informa como se comporta o consumo nos anos
considerados.
3.3 IDENTIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS QUE SÃO GRANDES
CONSUMIDORES DE ÁGUA
Embora a metodologia PNCDA sugira uma análise em sistema de ar
condicionado, sistema de ar comprimido, sistema de vácuo, sistema de vapor,
sistema de hemodiálise e sistema de destilação (BRASIL, 1999, p. 23) a pesquisa
em questão se realizada além da hemodiálise, nos setores de lavanderia
(máquinas de lavar) e central de materiais (autoclaves). O setor de lavanderia foi
83
escolhido, pois segundo o “Manual de lavanderias” (BRASIL, 1986, p. 17) metade da
água utilizada no hospital é destinada ao consumo da lavanderia. Considerando que
a grande maioria dos hospitais possuem central de materiais (CEM) que é definido
pelo Ministério da Saúde como um conjunto de elementos destinados à recepção
expurgo, preparo, esterilização, guarda e distribuição dos materiais para as unidades
dos estabelecimentos assistenciais à saúde (POSSARI, 2003, p. 17). A decisão de
incluir na pesquisa as autoclaves foi determinada pela necessidade do uso de
bombas de vácuo no processo de esterilização, considerando-se que as bombas de
vácuo necessitam de consumir água para sua refrigeração.
3.4 IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS INSTITUICOES HOSPITALARES
PELO PORTE
A natureza jurídica de uma instituição hospitalar define o tipo de paciente a
ser atendido. Os hospitais particulares atendem a convênios particulares e a clientes
que pagam a própria conta. Os hospitais filantrópicos se comprometem a dispor de
75% de seus leitos para atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os
hospitais públicos atendem a rede publica de saúde.
A natureza jurídica, o número de leitos, o número de funcionários e a taxa de
ocupação permitem identificar a estrutura de cada hospital.
Essas informações são fornecidas junto aos funcionários responsáveis pelo
setor de manutenção de cada hospital.
3.5 CONTROLES DE CONSUMO E IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES
Informações que indiquem de onde provem à água que atende aos hospitais
e se existem algum tipo de controle de consumo geral de água. Os objetivos o
identificar a procedência da água e as formas de controle.
84
3.6 AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE DE ROUPA LAVADA E A RELAÇÃO COM O
CONSUMO DE ÁGUA
As perguntas referentes a lavanderia buscam informações em relação a
quantidade de roupa lavada por dia e por mês, a existência de hidrômetros no setor,
qual o consumo de água mensal e a existência de alguma forma de reutilização da
água.
Informações referentes a itens de controle de nível de água, relógio no setor,
controle de tempo de lavagem, reposição de produto químico, controle de
temperatura da água e existência de balança pode servir de indicador em relação ao
gerenciamento do consumo da água na lavanderia.
As respostas obtidas devem ser fornecidas pelas pessoas que gerenciam
cada setor da lavanderia.
3.7 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE
As perguntas buscam identificar quais hospitais possuem serviços de
hemodiálise. Informações quanto ao número de seções de hemodiálises mensais,
controles de consumo de água, se possui hidrômetro no setor, qual a forma de
reutilização e qual o destino final da água ajudam na formação de um quadro
referente à hemodiálise. Serviços próprios ou terceirizados devem fazer parte das
informações.
3.8 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA NO PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO
As perguntas referentes às autoclaves referem-se a hospitais que possuem
esterilização, quantas autoclaves existem, qual número de esterilizações por dia e
por mês é feita, a existência de controle de consumo de água, se existe hidrômetro
no setor, a existência de alguma forma de reutilização e qual o destino final da água.
As informações devem ser fornecidas pela enfermeira responsável pela
central de materiais de cada hospital.
85
3.9 AVALIAÇÃO DO CONSUMO MENSAL DE ÁGUA DAS INSTITUIÇÕES
HOSPITALARES
Para se saber o consumo de cada hospital, leva-se em conta o consumo de
cada equipamento que faz parte do estudo, o consumo por leito e o consumo por
funcionário. Compara-se este valor obtido com o valore fornecido pela
concessionária.
O resultado do número de leitos x taxa de ocupação é obtido pela
multiplicação da quantidade de leitos existentes pela taxa de ocupação. Este valor
corresponde à quantidade de leitos realmente ocupados no período.
O consumo relacionado aos funcionários é obtido pela multiplicação pelo
número de funcionários de cada hospital x 50 litros de água.
O consumo relacionado aos leitos obtém-se multiplicando o número de leitos
x taxa de ocupação x 120 litros de água.
O consumo das lavanderias é obtido pela multiplicação da quantidade de
roupas lavadas mensalmente x 30 litros de água.
O consumo de hemodiálise se obtém pela multiplicação do número de
seções mensais x 400 litros de água.
O consumo das autoclaves é obtido pela multiplicação do número de
esterilizações mensais x 125 litros de água.
3.10 CÁLCULO DO ÍNDICE DE CONSUMO (IC)
Segundo Salermo et al. (2004) através da fórmula dos valores de IC em
hospitais disponíveis na bibliografia situam-se entre 250 e 600 litros/leito/dia.
O índice de consumo está relacionado ao consumo por leito. Cada IC
calculado indicará o consumo por leito em cada hospital.
Os valores calculados devem ser comparados com os fornecidos na
bibliografia que indicam que o consumo hospitalar se situa entre 250 a 600
litros/leito/dia.
86
Fórmula do Índice de Consumo:
Onde:
IC = Índice de Consumo (litro/agente consumidor*dia);
C
m
= Consumo mensal (m
3
);
NA = Número de agentes consumidores;
D
m
= Quantidade de dias úteis no referido mês (30 dias).
O cálculo de IC levará em conta o número de leitos funcionantes (número de leitos x taxa de
ocupação), pois a população flutuante é de difícil contabilização.
3.11 AVALIAÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA PELA
LAVANDERIA
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1986, p. 17) as lavanderias o
responsáveis por 50% do consumo de água nos hospitais.
O objetivo é comparar este dado com os valores calculados na pesquisa.
Considerando os hospitais que forneceram os seus consumos de água e os
respectivos consumos médios mensais no âmbito de 2008 desses hospitais.
O cálculo é feito pela divisão da soma dos consumos médios com a soma
dos valores consumidos nas respectivas lavanderias.
O objetivo é saber qual a contribuição no consumo total em relação as
lavanderias analisadas.
3.12 AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA DA LAVANDERIA
Para se chegar aos resultados devem ser considerados os consumos reais
das lavanderias subtraídos dos consumos estimados. O resultado indicado é
considerado como desperdício. A meta é estimar o desperdício anual nas
lavanderias, se houver.
87
O consumo real é o valor fornecido por cada hospital. O consumo estimado
é calculado multiplicando-se a quantidade de roupas lavadas por mês x 30 litros de
água.
3.13 AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA EM HEMODIÁLISE
O desperdício de água em hemodiálise é calculado pela multiplicação do
número de seções realizadas mensalmente por cada hospital x 160 litros de água.
O valor de 160 litros de água é considerado como a quantidade de água
passível de reaproveitamento por seção.
Os valores mensais multiplicados por 12 servem como base para
reaproveitamento ou desperdício no ano.
3.14 AVALIAÇÃO DO DESPERDÍCIO DE ÁGUA EM AUTOCLAVES
O desperdício de água em autoclaves é calculado pela multiplicação do
número de esterilizações mensais realizadas por cada hospital x 125 litros de água.
O valor de 125 litros corresponde ao consumo de água que cada bomba de
vácuo necessita para sua refrigeração em cada ciclo.
O valor mensal multiplicado por 12 define um consumo anual de água que,
ao não ser reaproveitada, será considerada como desperdício.
3.15 AVALIAÇÃO DO CONSUMO POSSÍVEL SEM DESPERDÍCIO
O valor da nova média mensal de consumo é calculado subtraindo-se os
valores dos desperdícios de cada equipamento da média mensal do ano de 2008,
nos respectivos hospitais.
Este valor pretende demonstrar que a eliminação do desperdício diminuiria o
volume de água consumido por cada hospital.
88
3.16 AVALIAÇÃO DO NOVO ÍNDICE DE CONSUMO (IC) LEVANDO-SE EM
CONTA O REAPROVEITAMENTO DA ÁGUA
Com os valores da nova média mensal de consumo (item 3.15) calcula-se o
novo IC. Este valor será um índice de consumo (IC) sem desperdício.
No item 3.10 obteve-se o IC considerando-se os desperdícios.
Subtraindo-se o valor de IC (com desperdício) do novo IC (sem desperdício)
chega-se a um valor de litro/leito/dia economizado por todos os hospitais analisados.
3.17 REGISTROS DE DEPOIMENTOS OBTIDOS
Em contatos informais com funcionários dos hospitais selecionados obteve-
se expressões verbais que auxiliaram compreender a realidade processual e técnica
das três áreas investigadas (lavanderia, hemodiálise e autoclave). As informações
obtidas anteriores a aplicação do questionário formal de pesquisa auxiliaram na
redação daqueles questionamentos (Anexo 2).
A seguir serão apresentados os resultados das cinco entrevistas informais
assistemáticas e que se caracterizam como diálogo sem roteiro (Anexo 3). Os
entrevistados autorizaram o pesquisador a identificar cargos e responsabilidade.
89
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O objetivo deste item é transferir os dados objetivos, quanti e qualitativos,
tabulando e descrevendo respostas de dados expressos numérica e
conceitualmente de cada uma das perguntas realizadas. Posteriormente, procurar-
se-á compreender e explicar tabelas e quadros, a luz das referências teóricas
contempladas.
4.1 IDENTIFICAÇÃO DOS GRANDES CONSUMIDORES E TENDÊNCIA
Para a Sanepar, os hospitais considerados grandes consumidores de água
são aqueles que consomem mensalmente acima de 400 m
3
/mês.
Além dos dados fornecidos pela Sanepar, a coleta dos dados foi realizada
presencialmente, atingindo 100% do grupo de hospitais escolhidos. As informações
relacionadas aos equipamentos selecionados, ou seja, máquinas de lavar roupa,
autoclaves e aparelhos de hemodiálise foram obtidas com os responsáveis pelo uso
dos equipamentos em cada estabelecimento hospitalar. as informações
referentes ao consumo de água e aos seus controles foram respondidas pelos
setores de engenharia ou setores de manutenção dos hospitais.
A tabela 1 ilustra as médias mensais dos consumos hospitalares de água
dos hospitais do Município de Curitiba, considerados pela pesquisa como grandes
consumidores. Corresponde aos anos 2005 a 2008, pois uma análise do histórico
deste consumo pode revelar algumas particularidades. No entanto, a pesquisa
transcorrerá em torno da tabela 2, referente ao ano de 2008. Os dados referentes ao
consumo mensal foram fornecidos pela empresa distribuidora de água no Município
de Curitiba, a Sanepar, porém a soma e as médias foram calculadas pelo autor
(Anexo 4, 5, 6 e 7). A coluna A não será considerada na presente investigação, pois
corresponde a um hospital de um município vizinho que, apesar de integrar a Região
Metropolitana de Curitiba, está fora do âmbito do estudo.
90
TABELA 1 – HOSPITAIS GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA –– COM MÉDIA MENSAL DE
CONSUMO – 2005 até 2008
Hospitais 2005 2006 2007 2008
Variação %
(2005-2008)
B 3.235,16 3.182,66 3.517,75 4.284,25 32
C 2.580,08 2.812,25 3.123,0 2.518,5 (3)
D 3.884,08 2.615,25 2.056,16 1.866,5 (48)
E 3.025,33 3.076,25 2.574,91 2.586,25 (17)
F 6.670,66 8.758,91 10.145,41 8.422,91 26
G 8.199,25 6.520,83 5.812,25 5.944,5 (38)
H 3.309,25 3.071,66 3.160,33 2.654,75 (20)
I 5.428,41 4.356,16 5.895,0 8.845,25 62
J 6.567,16 6.453,33 3.692,5 7.794,66 18
K 16.435,41 24.327,83 13.288,41 12.158,0 (26)
L 2.075,41 2.211,5 3.130,16 6.068,08 192
M 2.427,75 2.817,08 2.469,58 2.828,83 16
Fonte: LUPARELLI, com base nos dados da Sanepar.
Entre os anos de 2005 a 2008 dentre os hospitais analisados, seis obtiveram
decréscimo no consumo de água. Destaca-se o hospital D com uma variação de
48% a menor em seu consumo. Outros seis hospitais tiveram aumento no consumo
destacando-se o hospital L como uma variação de 192% (Tabela 1).
De modo geral, pode-se perceber variações no consumo de água nestas
instituições nos quatro anos em questão. Os valores de consumo indicados parecem
ser significativos. Isso justifica ainda mais uma preocupação em realizar um estudo
referente a como se comportam os consumos aqui em foco.
A tabela 2 faz menção aos consumos médios mensais (m
3
) por hospital no
ano de 2008 e que será o ponto de partida para todo o estudo realizado.
91
TABELA 2 – GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA – 2008 – COM MÉDIA MENSAL DE
CONSUMO
Ano Hospitais Média Mensal/m³
2008
B 4.284,25
C 2.518,5
D 1.866,5
E 2.586,25
F 8.422,91
G 5.944,5
H 2.654,75
I 8.845,25
J 7.794,66
K 12.158,0
L 6.068,08
M 2.828,83
Fonte: LUPARELLI, com base nos dados da Sanepar.
Para a consecução da presente pesquisa, como mencionado anteriormente,
foi usado como base o consumo de 2008 e os hospitais considerados serão
chamados pelas letras B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L e M.
4.1.1 Identificação e Classificação das Instituições Hospitalares pelo Porte
Foram identificadas as instituições pela sua natureza jurídica, número de
funcionários, número de leitos e taxa de ocupação (Tabela 3). É preponderante o
número de hospitais filantrópicos (58%) dentre os maiores hospitais de Curitiba.
Fatores como número de funcionários, número de leitos e taxa de ocupação são
indicadores importantes para se considerar como são chamados os maiores
hospitais. A relação entre maiores hospitais e grandes consumidores de água pode
ser considerada uma relação direta. A taxa de ocupação nessas instituições tem
uma variação na taxa de ocupação que vai de 68% até 100%.
92
TABELA 3 – IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
Hospitais
Natureza
jurídica
de
funcionários
de leitos
Taxa de
ocupação (%)
B P 800 200 90
C P 670 134 90
D F 500 140 100
E F 1500 233 90
F P 1004 225 70
G P e F 1652 300 85
H F 917 158 68
I PU 1200 200 95
J F 1700 345 83
K PU
3576
643 70,24
L F
1400
585 98
M F 257 262 85
Legenda: P = Privada; F = Filantrópica; PU = Pública.
A estrutura de um hospital é baseada no número de leitos que compõem a
instituição. O dimensionamento do número de funcionários que compõem a estrutura
hospitalar está baseado nas suas especialidades, número de leitos e número de
leitos de UTI. A taxa de ocupação representa o quanto de número de leitos esteve
ocupado no período. Essas informações foram baseadas no ano de 2008 (Tabela 4).
93
TABELA 4 – DISTRIBUIÇÃO DE LEITOS
Número de leitos
Hospitais
UTI Apartamentos Enfermaria Total
Taxa média de
ocupação (%)
B
20 80 100 200 90
C
19 65 50 134 90
D
- - 140 140 100
E
38 9 186 233 90
F
34 111 80 225 70
G
29 75 196 300 85
H
- - 158 158 68,1
I
18 - 182 200 95
J
64 88 193 345 83
K
50 593 643 70,24
L
36 100 449 585 98
M
- - 262 262 85
4.1.2 Controle de Consumo e Identificação das Fontes
Todos os hospitais estudados possuem planilhas com seus respectivos
consumos mensais, fornecidos pela concessionária. Isto, no entanto, não implica o
efetivo controle do gasto de água. Trata-se, apenas, de um registro, sempre do
passado.
De acordo com a tabela 5, setenta e cinco por cento (75%) dos hospitais
anotam o consumo diário dos seus hidrômetros. Os hospitais que não o fazem
correspondem a 25%.
94
TABELA 5 – CONTROLE DE HIDRÔMETROS
Hospitais PERIODICIDADE DE REGISTROS
DIÁRIA NÃO VERIFICADO
B X
C X
D X
E X
F X
G X
H X
I X
J X
K X
L X
M X
Os hospitais que usam poço artesiano correspondem a 41%. A
concessionária (Sanepar) é responsável, portanto, pelo fornecimento total a 59%
dos hospitais. Pode-se afirmar que o fornecimento de água da concessionária foi de
42.541,08 m
3
mensais para os hospitais considerados (Tabela 6).
TABELA 6 – USO DE POÇO ARTESIANO
Hospitais USA NÃO USA
B X
C X
D X
E X
F X
G X
H X
I X
J X
K X
L X
M X
4.1.3 Avaliação do Consumo da Água em Lavanderias de Instituições Hospitalares
Os dados abaixo demonstram a quantidade de kg de roupa que são lavadas
mensalmente pelas instituições hospitalares analisadas e a correlação com o
95
consumo de água necessário para tal operação. A quantidade mensal de roupa
lavada dos hospitais analisados corresponde a 628.251,9 kg/mês. Os doze hospitais
considerados, oito possuem lavanderias próprias. Dois terceirizam a lavagem de
roupas (H e L) e dois lavam as roupas em outro hospital da rede (E e G, os quais
enviam a roupa para ser lavada no hospital D) (Tabela 7).
TABELA 7 – AVALIAÇÃO DA QUANTIDADE DE ROUPA LAVADA E A RELAÇÃO COM O
CONSUMO DE ÁGUA
Hospitais
Kilo
roupa/dia
Kilo
roupa/mês
Possui
hidrômetro
Consumo de
água mensal
Existe
reutilização de
água
B 2.000 60.000 NÃO 2.457 m
3
NÃO
C 1.160 35.000 NÃO 1.174,6 m
3
NÃO
D 5.000 150.000 NÃO 5.325 m
3
NÃO
F 1.830 55.000 SIM 1.440 m
3
NÃO
I 2.000 60.000 NÃO NÃO SABE NÃO
J 4.214 129.000 SIM NÃO SABE NÃO
K 4.511,7 135.351,9 SIM 3.566,4 m
3
NÃO
M 130 3.900 NÃO NÃO SABE NÃO
Total -
628.251,9
- - -
Apenas dois hospitais (F e K) possuem hidrômetro específico para
lavanderia. Um hospital (J), apesar de possuir um hidrômetro para lavanderia, não
registra seu consumo por ele. O consumo de água desta lavanderia é desconhecido,
apesar de lavar por dia 4.214 kg de roupas e no mês em torno de 129 toneladas. Os
outros hospitais (B, C e D) não têm hidrômetro e o consumo de água é estimado. As
duas lavanderias que possuem hidrômetro (F e K) consomem respectivamente
1.440 m
3
e 3.566,4 m
3
por s. O consumo de água informado nas lavanderias B,
C, D, F e K correspondem a 13.630 m
3
mensais. Nenhuma das lavanderias
pesquisadas possui qualquer sistema de reutilização de água, indo todo o volume
para o esgoto. Duas lavanderias (C e D) consomem água diretamente do poço
artesiano, mas por não possuírem um hidrômetro específico para a lavanderia o
consumo é estimado. O consumo do hospital C é 1.174,6 m
3
por mês e o hospital D
consome 5.325 m
3
por mês. Os hospitais E e G não possuem lavanderia, mas
enviam suas roupas para um hospital da rede (D).
96
De acordo com Bastos, Pierri e Zippinotti (2001, p. 153) as instruções do
processo de lavagem e controle do nível de água através do indicador precisam ser
rigidamente seguidas para evitar gastos desnecessários de água, tempo e produto.
Os hospitais B, C, D, F, I e K possuem sistema automático de lavagem, ou seja,
volume de água tempo de lavagem e quantidade de sabão são controlados por um
sistema automático instalado pelos fornecedores de insumos (Tabela 8).
TABELA 8 – ITENS DE CONTROLE – MÁQUINAS DE LAVAR – LAVANDERIA
Hospitais
Nível de
água
Relógio Tempo
Produto
Químico
Temperatura Balança
B A SIM A A A
SIM
C A SIM A A A
SIM
D A SIM A A A
SIM
F A SIM A A A
SIM
I A SIM A A A
SIM
J M SIM E M M
SIM
K A SIM A A A
SIM
Legenda: A= Automático; E=Estimado; M=Manual.
O hospital J trabalha com sistema manual, ou seja, tempo de lavagem,
controle de volume de água, tempo de cada lavagem e quantidade de produtos
dependem exclusivamente do operador da máquina.
É possível que o sistema automático seja mais eficiente que o manual, pois
as operações independem de possíveis imperfeições de operações que possam ser
cometidas pelos operadores.
Convém lembrar que a pesagem da roupa é sempre manual e um bom
controle de pesagem e uma balança mais precisa influenciam de sobremaneira o
processo de lavagem.
4.1.4 Avaliação do consumo de água no serviço de hemodiálise
Segundo as medidas de racionalização do uso da água para grandes
consumidores existe uma perda de água elevada no sistema de hemodiálise. O
processo de osmose reversa provoca uma perda de 10 a 40% dependendo da
qualidade de água. Em relação à utilização da água pelo paciente a perda é total
(BRASIL, 1999, p. 24).
97
Dos doze hospitais analisados apenas cinco possuem serviço de
hemodiálise (Tabela 9).
TABELA 9 – CONTROLE DO CONSUMO DE ÁGUA E AVALIAÇÃO DE REUTILIZAÇÃO EM
HEMODIÁLISE
Hospitais
Seções/mês
Controle/consumo
de água
Hidrômetro
no setor
Consumo
mensal
Água após o
processo
(reutiliza (R)
ou vai para o
esgoto (E))
Onde é
reutilizada
a água?
E
400
NÃO
NÃO
NÃO
E
NÃO
G
1100
NÃO
NÃO
NÃO
E
NÃO
J
600
NÃO
NÃO
NÃO
E
NÃO
K
90
NÃO
NÃO
NÃO
E
NÃO
L
1300
NÃO
NÃO
NÃO
E
NÃO
O hospital J, com 600 seções por mês, e o hospital K, com noventa seções
por mês, possuem serviço próprio de hemodiálise. O hospital E, com 400 seções por
mês, o hospital G, com 1.100 seções por mês, e o hospital L, com 1.300 seções por
mês, possuem seus serviços de hemodiálise terceirizados, ou seja, apenas as
dependências físicas pertencem ao hospital. Nenhum destes serviços possui
hidrômetro no setor. O consumo de água é estimado, considerando o processo de
osmose reversa.
A parte da água que é necessária à hemodiálise, ou seja, a água que entra
em contato com o paciente vai toda para o esgoto. A parte da água que poderia ser
reaproveitada (não entra em contato com o paciente) também vai para o esgoto.
Nenhum serviço de hemodiálise nos hospitais considerados reutiliza a água.
4.1.5 Avaliação do consumo de água no processo de esterilização
O serviço de esterilização e um hospital possui cobertura durante 7 dias por
semana com duração de 24 horas. O objetivo da autoclave é a esterilização final de
produtos que requerem o decréscimo de sua carga microbiana, a fim de se obter sua
condição estéril (ampolas, frascos, roupas limpas, instrumentais cirúrgicos e
utensílios variados) utilizando vapor saturado sob pressão (ORGANIZAÇÃO PAN-
AMERICANA DE SAÚDE, 1997, p. 309).
98
O processo de esterilização com autoclaves a vácuo está presente em dez
hospitais. Os outros dois (D e M) devido às suas características de atendimento não
necessitam de uso de esterilização.
Os hospitais B, C, E, F, G, H, I, J, K e L são responsáveis por 7673
esterilizações mensais.
Nenhum dos setores de esterilização, mais conhecidos como Central de
Esterilização de Materiais (CEM) possuem hidrômetro, apesar de necessitarem de
um grande volume de água. Por essa razão, nenhum registro de consumo de água
se faz presente nas unidades de esterilização.
Toda a água que passa pela bomba de vácuo vai para o esgoto. Não existe
sistema de reaproveitamento em unidade alguma (Tabela 10).
TABELA 10 – AVALIAÇÃO DOMERO DE ESTERILIZAÇÕES E EXISTÊNCIA DE CONTROLES
E REUTILIZACÃO DA ÁGUA
Hospitais
Número de
máquinas
Número de
esterilizações/
dia
Número de
esterilizações/
mês
Existe um
controle de
consumo de
água do setor
Possui
hidrômetro
para o setor
A água após o
processo é
reutilizada (R)
ou vai para o
esgoto (E)
Como é
reutilizada
B 3 30 900 NÃO NÃO E NÃO
C 2 25 747 NÃO NÃO E NÃO
E 3 3 264 NÃO NÃO E NÃO
F 3 37 1.100 NÃO NÃO E NÃO
G 2 36 1.080 NÃO NÃO E NÃO
H 1 6,6 197 NÃO NÃO E NÃO
I 4 26 780 NÃO NÃO E NÃO
J 3 20 600 NÃO NÃO E NÃO
K 5 39 1.170 NÃO NÃO E NÃO
L 2 27,9 835 NÃO NÃO E NÃO
A tabela 11 fornece uma ideia do consumo mensal dos hospitais analisados,
considerando o ano de 2008 e a média mensal de consumo de água de cada
hospital. Foram levados em consideração os seguintes itens: números de leitos x
taxa de ocupação, número de funcionários, serviços de lavanderia, hemodiálise e
autoclave. O objetivo da tabela é demonstrar como se comportam os consumos
referentes a essas variáveis acima citadas.
Segundo as Normas para projetos sicos de estabelecimentos
assistenciais de saúde (BRASIL, 2004a, p. 124), o paciente interno necessita de
120 litros de água/dia para sua higienização. A norma estabelece também que o
99
consumo diário de água por funcionário é de 50 litros/dia. Em se tratando de
lavanderia esta mesma norma estima entre 25 e 30 litros de água para cada kg de
roupa seca a ser lavada. Para o consumo de água das bombas de vácuo das
autoclaves o valor estabelecido foi de 125 litros por ciclo completo de esterilização.
Em relação à hemodiálise o consumo de água considerado foi calculado de 400
litros por seção (BRASIL, 1999, p. 24).
4.2 AVALIAÇÃO DO CONSUMO MENSAL DAS INSTITUIÇÕES HOSPITALARES
Ao se comparar o consumo mensal de água fornecido pela distribuidora com
o consumo estimado e levando-se em consideração os consumos nas lavanderias,
autoclave, hemodiálise, consumo por leito e consumo por funcionário são
constatados valores menores de consumo. Não são levados em conta alguns outros
consumos como, por exemplo, a água utilizada na cozinha no preparo das refeições
(25 litros/refeição) (BRASIL, 2004a, p. 125). Algumas diferenças como, por exemplo,
os hospitais I e K demonstram a necessidade de maior análise em relação aos
consumos de água (tabela 11).
A variação total entre o valor medido e o valor estimado em relação a todos
os hospitais da análise é de 18.808,88 m
3
/mês.
TABELA 11 – COMPARAÇÃO DO CONSUMO MENSAL MEDIDO COM O ESTIMADO POR
HOSPITAL - 2008
Hospitais
Média
mensal
2008/m
3
Número
de leitos
x taxa de
ocupação
Número de
funcionários
Lavanderia
m
3
Autoclave
m
3
Hemodiálise
m
3
Consumo/
leito
m
3
Consumo/
funcionário
m
3
TOTAL
m
3
B 4284,25 180 800 1800 112,5 - 648 880 3440,5
C 2518,5 120 670 1050 93,3 - 432 737 2312,3
D 1866,5 140 500 4500 - - 504 550 5554
E 2586,25 209 1500 - 33 160 752,4 1650 2395,4
F 8422,91 157 1004 1650 137,5 - 565,2 1104,4 3454,1
G 5944,5 255 1652 - 135 440 918 1817,2 3320,2
H 2654,75 107
917
- 24,5 - 385,2
1008,7 1418,4
I
8845,25 190 1200
1800
97,5 - 684 1320 3901,5
J
7794,66 286 1700
3870
75 240 1029,6 1870 7084,6
K
12158,00
450 3576
3060,5
146,3 36 1620 3933,6 8746,4
L
6068,08 574 1400
-
104,3 520 2066,4 1540 4232,5
M
2528,83 222 257
107
- - 799,2 304,7 1103,9
Total 65.772,68
- - 17.837,00 958,9 1.396,00 - - 46.963,8
100
O trabalho se propõe analisar o consumo de água relacionado a três
equipamentos, ou seja, quina de lavar, autoclaves e máquinas de hemodiálise. O
consumo relacionado aos pacientes, funcionários e outras atividades não fazem
parte da presente análise, porém existem estudos (SALERMO et al., 2004) que
comprovam a necessidade de se olhar com carinho o consumo de água nas
instituições hospitalares, pois itens como torneiras, chuveiros, panelas de pressão
possuem um alto consumo de água e podem gerar um grande desperdício. No item
sobre Políticas Públicas desta dissertação se encontram exemplos de trabalhos
desenvolvidos que realçam o consumo de água e seus desperdícios com as devidas
propostas de melhorias.
Em relação à tabela 11 observa-se que o hospital D tem indicado uma média
de consumo mensal em 2008 muito menor do que o consumo real apurado no
hospital. É provável a existência de uma fonte alternativa de abastecimento para
suprir necessidades de abastecimento de água deste estabelecimento.
A tabela 11 demonstra uma variação entre o valor fornecido pela
distribuidora de água e o valor estimado em torno de 46%.
Os consumos de água advindos dos leitos hospitalares foram estimados,
porém por serem permanentes merecem uma análise mais crítica destes consumos,
pois a rotatividade de pessoas é grande e não permite criar uma cultura de
consumo. Como os leitos hospitalares são distribuídos por alas e por andares, a
colocação de hidrômetros setoriais possibilita se chegar a um consumo real e
através de dados históricos de consumo, ao se comparar com algum indicador de
consumo, ações se desencadeariam. Segundo Tamaki (2003), a medição setorizada
se torna um instrumento de gestão da demanda de água.
As variações encontradas em alguns hospitais entre o consumo médio
mensal e o consumo calculado sugerem um aprofundamento nas pesquisas em
relação ao consumo de água.
O reaproveitamento da água dos setores de hemodiálise e autoclave podem
colaborar para uma redução no consumo da instituição permitindo que valores
menores sejam desembolsados. O volume de água advindo das lavanderias é
considerável e como a própria legislação permite que toda água seja colocada
diretamente no esgoto, no momento nenhuma solução se apresenta em relação à
qualidade desta água.
101
4.2.1 Cálculo do Índice de Consumo (IC)
O cálculo do índice de consumo leva em consideração o consumo de água
em litros por dia em relação aos leitos hospitalares. Esses dados demonstram o
consumo por leito em relação aos hospitais analisados.
Segundo Salermo et al. (2004) através da fórmula dos valores de IC em
hospitais disponíveis na bibliografia situam-se entre 250 e 600 litros/leito/dia.
Pelos cálculos de índice de consumo 66% dos hospitais considerados estão
acima dos valores de IC que se situam entre 250 e 600 litros/leito/dia.
O IC da tabela 12 demonstra uma variação de consumo por leito de 352,4
litros/leito/dia a 1788,3 litros/leito/dia.
O consumo de cada hospital considerando-se os dados fornecidos pela
Sanepar indica que o hospital que mais consome é o K (12158 m
3
) por mês e o que
menos consome é o D (1866,5 m
3
) por mês (Tabela 2). Ao se aplicar o IC, o hospital
de maior consumo passa a ser o F, pois seu IC é de 1788 litros/leito/dia e o de
menor consumo é o hospital L com IC correspondente a 352,4 litros/leito/dia.
A tabela 12 foi elaborada em ordem crescente de consumo por leito e
demonstra que a variação do menor para o maior IC é de 5 vezes maior.
TABELA 12 – ÍNDICE DE CONSUMO (IC) DOS HOSPITAIS PESQUISADOS
Hospitais IC
L 352,4
M
364,6
E 412,4
D 444,4
C 699,6
G 777,0
B 793,0
H 827,0
K 900,0
J 908,4
I 1.551,8
F 1.788,3
102
4.2.2 Avaliação da contribuição do consumo de água pela lavanderia
Os consumos apurados nas lavanderias correspondem a 47% do consumo
total de cada hospital. Apesar de estar abaixo dos 50% preconizado pelo Ministério
da Saúde (BRASIL, 1986, p. 17), o valor encontrado é relevante (Tabela 13).
TABELA 13 – PARTICIPAÇÃO DO CONSUMO DA LAVANDERIA NO CONSUMO TOTAL
Hospitais Média mensal 2008/m
3
Lavanderia m
3
B 4.284,25 2.457,0
C 2.518,5 1.174,6
D 1.866,5 5.325,0
F 8.422,91 1.440,0
K
12.158,0
3.566,4
Total 29.250,16 13.963
4.2.3 Avaliação do Desperdício de Água em Lavanderia
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1986, p. 17) o consumo de água
nas lavanderias corresponde a 50% do total do consumo. Isto justifica um estudo
neste setor buscando informações sobre possíveis desperdícios e formas de
diminuí-los.
As Tabelas 14 a 16 referem-se, especificamente, ao desperdício de água
dos hospitais pesquisados. Os valores encontrados baseiam-se em cálculos dos
consumos reais (quando existente esta informação mediante a leitura dos
hidrômetros) ou estimados (dados dos fornecedores de insumos ou gerentes das
áreas em estudo), comparados com os indicadores, os quais são mencionados,
aqui, ao se tratar de cada tabela separadamente.
No caso das lavanderias (Tabela 14), para efeito de quantificação, foi usado
como indicador o valor de 30 litros de água por kg de roupa a ser lavada (BRASIL,
2004a, p. 125). Para uma análise de possíveis desperdícios, foi trabalhado apenas
com as lavanderias B, C, D, F e K, pois são as que permitem extrair dados
comparativos. Estes cálculos foram feitos, por instituição, a partir da quantidade de
roupas lavadas mensal e anualmente. Como são conhecidos os valores estimados e
103
também os consumos indicados pelos hidrômetros, esses valores foram comparados
com os usados como indicador.
TABELA 14 – DESPERDÍCIO DE ÁGUA DAS LAVANDERIAS – 2008 (m
3
)
HOSPITAIS
Kg roupas/
mês
Consumo
mensal m
3
Consumo
estimado m
3
Desperdício
estimado mensal
m
3
Desperdício
estimado anual
m
3
B 60.000 2.457 1.800 657 7.884
C 35.000 1.174,6 1.050 124,6 1495,2
D 150.000 5.325 4.500 825 9.900
F 55.000 1.440 1.650 (210) (2.520)
K 135.351,9 3.566,4 4.060,52 (494,1) (5.929,2)
Total 435.351,9 13.963,0 13.060,52 902,5 10.830
A tabela 14 demonstra que os hospitais que possuem lavanderia o consumo
de água é estimado ou pelo administrador da lavanderia ou pelos fornecedores de
insumos. Ao se comparar estes dados com o indicador, o consumo estimado é
sempre maior que o calculado usando-se o indicador (30 litros de água/kg de roupa
suja). As lavanderias que se enquadram nestes resultados são B, C e D.
Nos hospitais onde as lavanderias possuem hidrômetros, pode-se considerar
o valor lido no hidrômetro como um valor real ou valor consumido. Ao se calcular o
consumo usando o indicador, o valor encontrado é maior que o valor real. As
lavanderias que se enquadram neste caso são F e K.
As lavanderias I, J e M por não possuírem valores de consumo de água,
nem mesmo estimados, não permitem uma análise numérica.
De modo geral, pode-se afirmar que a presença do hidrômetro demonstra o
valor efetivamente consumido, que pode até ser menor que os estimados pelo
fornecedor de insumos ou pelo administrador do serviço e, inclusive, menor que o
próprio indicador fornecido como base de cálculo pelo Ministério da Saúde (BRASIL,
2004a, p. 125). Isto mostra a necessidade da busca de um valor correto de consumo
real, que pode ser iniciado pela simples instalação de um hidrômetro. Vale ressaltar
que não é só a sua instalação que é importante, e, sim, um gerenciamento constante
desses valores, para, assim, ter uma possibilidade de comparação para ações que
busquem a redução de consumo da água e os seus insumos, bem como a
diminuição de efluentes que, consequentemente, possibilitam a redução de poluição
do meio ambiente.
104
A economia estimada nos hospitais é em torno de 902,5 m
3
/mês e durante o
ano pode-se chegar a uma economia de 10.830 m
3
.
4.2.4 Avaliação do desperdício de água em hemodiálise
O fato dos hospitais não controlarem o consumo de água da hemodiálise e
também não a reaproveitarem demonstra uma possibilidade de desperdício.
O PNCDA (BRASIL, 1999, p. 25) recomenda que a quantidade de água que
poderia ser reaproveitada é em torno de 160 litros por seção de hemodiálise. Na
presente pesquisa, optou-se pelo indicador fornecido pelo PNCDA que é de 160
litros por seção de hemodiálise.
Na Tabela 15 os valores foram calculados levando-se em consideração
apenas a quantidade de litros de água usada nas seções de hemodiálise que
poderiam ser reaproveitadas. A tabela 15 foi elaborada a partir dos dados da tabela
9, utilizando-se, como indicador o valor de 160 litros.
TABELA 15 - DESPERDÍCIO DE ÁGUA DAS MÁQUINAS DE HEMODIÁLISE – 2008 (m
3
)
Hospitais
Número de seções
mensais
Litros desperdiçados
por seção
T
otal
desperdício
mensal
m
3
Total desperdício
anual
m
3
E 400 160 64 768
G 1.100 160 176 2.112
J 600 160 96 1.152
K 90 160 14,4 172,8
L 1.300 160 208 2.496
Total 3.490 - 558,4 6.700,8
O volume de água que entra em contato com o paciente, que é necessário
para a realização da hemodiálise, não pode ser reaproveitado, por ser uma água
considerada contaminada. Esta vai diretamente para o esgoto. No Brasil, não
legislação que preveja o tratamento específico anterior ao seu lançamento na rede
pública de esgotos.
Os 160 litros, que também vão para o esgoto, poderiam ser reaproveitados,
pois constituem água limpa. Este volume pode ser chamado de desperdício.
Para o lculo da quantidade desperdiçada, foram utilizados os hospitais E,
G, J K e L que o os que oferecem em suas áreas físicas, seções de hemodiálise.
105
Os hospitais J e K possuem serviço próprio de hemodiálise. Nos hospitais E, G e L,
os serviços de hemodiálise são terceirizados. Nesta amostra, que considerada
apenas a perda de água limpa envolvida em cada seção, o volume total de
desperdício mensal é de 558,4 m
3
e o desperdício anual é de 6.700,8 m
3
.
Pode-se afirmar que o reuso dessa água é uma forma de diminuir a
quantidade de água considerada efluente e que tem uma influência no meio
ambiente por aumentar o volume de esgoto a ser tratado. Por ser uma água ainda
considerada limpa e tratar-se de um volume considerável, caberia uma análise de
como melhor se aproveitar esta água em cada instituição.
4.2.5 Avaliação do Desperdício de Água em Autoclaves
O serviço de esterilização e um hospital possui cobertura durante 7 dias por
semana com duração de 24 horas. O fato dos hospitais não identificarem o consumo
de água pelas autoclaves e não a reutilizarem justifica uma avaliação dessa água
considerada desperdiçada.
A estimativa de desperdício no processo de esterilização, leva em conta
apenas a quantidade de água que passa pelas bombas de vácuo durante o ciclo de
esterilização. A quantidade de água considerada como desperdício é de 125 litros
por ciclo. Considera-se desperdício o fato de que toda a água vai direto para o
esgoto e não ser considerado por nenhum hospital o seu reaproveitamento. Cada
esterilização será considerada como um ciclo (Tabela 16). O indicador utilizado, 125
litros por ciclo, é baseado na tabela de bombas de vácuo usadas em autoclaves,
dado fornecido por um fabricante dessas bombas (SERCON, 2008). A tabela 16 tem
como ponto de partida a tabela 10.
106
TABELA 16 - DESPERDÍCIO DE ÁGUA DAS AUTOCLAVES – 2008 (m
3
)
Hospitais
Número de ciclos /
mês
Desperdício
mensal m
3
Consumo
anual
B 900 112,5 1.350
C 747 93,3 1.119
E 264 33 396
F 1.100 137,5 1.650
G 1.080 135 1.620
H 197 24,6
295,2
I
780 97,5 1.170
J
600 75 900
K
1.170 146,3 1.755,6
L
835 104,3 1.251,6
Total
-
959,0
11.508
Na tabela 16, verifica-se que o desperdício mensal conjunto é em torno de
959 m
3
, que em um ano representa 11.508 m
3
totalmente desperdiçados. Neste
caso, também é imprescindível o estudo de formas de reutilização desta água, que
pode ser aproveitada no próprio processo de resfriamento da bomba de vácuo, com
a instalação de uma caixa d’água que acumulasse a água e a faça retornar para o
processo, quando a bomba de vácuo estiver em uso. Isso diminui, como nos casos
anteriores, a quantidade de efluentes e reduz o consumo e o custo da água no
hospital. Além disso, a criação de uma (ou várias) alternativa(s) em relação ao
desperdício deste líquido vem ao encontro das necessidades de se reduzir o
consumo desnecessário de água, para que mais pessoas tenham acesso a ela.
Nunca é tarde para relembrar que, segundo a ONU, uma pessoa precisa
diariamente de 110 litros de água para atender às suas necessidades básicas.
4.2.6 Avaliação do Consumo Possível sem Desperdício
Levando-se em conta os valores consumidos pelos hospitais mensalmente e
considerando a possibilidade da redução dos desperdícios na lavanderia, na
autoclave e na hemodiálise, valores menores de consumo de água mensal seriam
proporcionados aos hospitais.
107
Em relação aos hospitais analisados, havendo possibilidade de redução dos
desperdícios de água seria proporcionada uma economia de 3.124 m
3
/mês que ao
longo do ano representam uma economia de 37.488 m
3
/ano.
Ao se transformarem os valores acima em valores monetários a economia
financeira proporcionada seria significativa.
A tabela 17 demonstra a nova média mensal consumida por hospital
retirando-se da média anterior os valores que são desperdiçados e que poderiam ser
reaproveitados.
TABELA 17 – CÁLCULO DA NOVA MÉDIA MENSAL CONSUMIDA POR HOSPITAL
DESCONTADOS OS DESPERDICIOS
Hospitais
Média
Mensal/m³
Desperdício
lavanderia m³
Desperdício
autoclave m³
Desperdício
hemodiálise m³
Nova m
é
dia
mensal m³
B
4.284,25
657 112,5 - 3.514,75
C
2.518,5
124,6 93,3 - 2.300,6
D
1.866,5
825,0 - - 1.041,5
E
2.586,25
- 33 64 2.489,25
F
8.422,91
- 137,5 - 8.285,41
G
5.944,5
- 135 176 5.633,5
H
2.654,75
- 24,6
- 2.630,15
I
8.845,25
- 97,5 - 8.747,75
J
7.794,66
- 75 96 7.623,66
K
12.158,0
- 146,3 14,4 11.977,3
L
6.068,08
- 104,3 208 5.755,78
M
2.828,83
- - - 2.828,83
Total 65.972,48 1.606,6 959 558,4 62.848,48
4.2.7 Avaliação o Índice de Consumo (IC) Levando-se em Conta o
Reaproveitamento da Água
Considerando o consumo em litros/leito/dia nos hospitais analisados sem
levar em conta possíveis economias o consumo calculado é de 9.818,9 litros. Se
ações forem tomadas em relação a diminuição ou eliminação dos desperdícios o
consumo litros/leito/dia seria de 9457,43 litros. A economia proporcionada por estes
hospitais seria de 361,47 litros/leito/dia.
No período de um mês essa economia representaria um valor de 10.842,90
litros/leito/dia, que em um ano seria de 130.114,8 litros/leito/dia.
108
A Tabela 18 apresenta o novo lculo de IC considerando que os
desperdícios deixem de existir.
TABELA 18 – ÍNDICE DE CONSUMO (IC) SEM DESPERDÍCIO
Hospitais IC (litros/leito/dia)
B
650
C
638,93
D
444,4
E
402,1
F
1.759,1
G
736,3
H
819,3
I
1.534,6
J
887,3
K
886,6
L
334,2
M
364,6
A tabela 19 compara os valores de IC com desperdício com um novo IC sem
desperdício. Através de ações visando a redução do desperdício o hospital F
chegaria a uma economia de 29, 2 litros/leito/dia, o hospital G a uma economia de
40,7 litros/leito/dia, o hospital C a uma economia de 60,67 litros/leito/dia e o hospital
B teria uma economia de 143,0 litros/leito/dia, que representa para este hospital uma
economia de 18% no consumo de água.
Em relação aos hospitais considerados, o IC com desperdício chega a um
valor de 9.818,9 litros/dia/leito. Sem desperdícios, chega-se a um novo valor de IC
de 9.457,43 litros/dia/leito. A diferença que seria uma economia de 361,47
litros/dia/leito.
109
TABELA 19 – COMPARAÇÃO DE ÍNDICE DE CONSUMO (IC) COM E SEM DESPERDÍCIO
Hospitais
Com desperdício
(litros/leito/dia)
Sem desperdício
(litros/leito/dia)
Diferença
(litros/leito/dia)
B
793,0 650,0 143,0
C
699,6 638,93 60,67
D
444,4 444,4 0
E
412,4 402,1 10,3
F
1.788,3 1.759,1 29,2
G
777,0 736,3 40,7
H
827,0 819,3 7,7
I
1.551,8 1.534,6 17,2
J
908,4 887,3 21,1
K
900,0 886,6 13,4
L
352,4 334,2 18,2
M
364,6 364,6 0
Total
9.818,9 9.457,43 361,47
A tabela 20 apresenta um resumo dos resultados obtidos neste estudo
com base em 2008 considerando os consumos médios mensais. Esta tabela
demonstra a importância de se desenvolver ações que busquem a redução do
consumo e a eliminação de desperdícios no uso da água na área hospitalar com o
enfoque em equipamentos, que demandam para seu uso grande quantidade de
água.
TABELA 20 – SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA - 2008
Consumo
65.972,48 m
3
Consumo sem desperdício
62.848,48 m
3
Economia mensal
3.124,00 m
3
Economia anual
37.488,00 m
3
Economia
litros/leito/dia
361,47 litros
110
4.3 SUGESTÕES DE MEDIDAS PARA A DIMINUIÇÃO DO DESPERDÍCIO
HOSPITALAR DE ÁGUA NOS EQUIPAMENTOS ESTUDADOS
Apresentam-se, a seguir, sugestões que possam levar a uma redução do
consumo de água e, consequentemente, diminuir ao máximo o desperdício.
Pelo exposto pode-se observar que existe, realmente, um grande
desperdício de água por parte dos hospitais em geral. Os resultados do estudo aqui
realizado, certamente, se estendem para a grande maioria das instituições
hospitalares do país. Dada a cada vez maior conscientização em relação à
necessidade de se racionalizar o seu consumo, alguns estados da federação
apresentam legislação que discipline esta questão. No entanto, a aplicação destas
leis ainda é incipiente.
Colocando como exemplo a parte da legislação referente aos resíduos
sólidos hospitalares, cujo controle é obrigatório, a lei, por si só, não deixa outra
opção aos hospitais, que não o rígido controle destes resíduos. A falta de leis
consistentes em todo o território nacional quanto ao controle da água não apenas
por hospitais, mas por todas as instituições públicas, incentiva o desperdício. Da
mesma forma, a não aplicação da lei ou a falta de fiscalização.
A simples obrigatoriedade na instalação de hidrômetros nos setores onde o
consumo de água é evidente, é uma forma de controle e de possibilidades de
redução de consumo. A redução deste consumo, também leva a uma redução das
despesas, fatores críticos dentro dos hospitais, principalmente os considerados
públicos e/ou filantrópicos, que são os que atendem os pacientes do SUS, que são a
maioria (em torno de 70% do público).
Assim como as despesas com os resíduos sólidos hospitalares
(acondicionamento, transporte, pessoal envolvido, etc.) são altas e a diminuição da
sua produção acarreta em economia, também o menor uso de água, o seu reuso e
seu aproveitamento mais racional, têm como consequência uma grande redução de
custos.
Programas realizados, por exemplo, pelas Companhias de Eletricidade de
todo o Brasil (Procel), que destinam uma porcentagem do seu lucro a investimentos
para diminuição do consumo de energia elétrica em instituições públicas de saúde,
por exemplo, poderiam ser seguidos pelas empresas fornecedoras de água.
111
Quanto menor o consumo, menor será o investimento em novas instalações
de tratamento e de distribuição de água. Igualmente, ao se diminuir o desperdício,
mais pessoas poderão ter acesso a um bem que hoje se diz como um direito da
humanidade. Segundo a ONU, uma pessoa necessita de 110 litros de água por dia
para suprir todas as suas necessidades, porém no Brasil, o consumo por pessoa
chega a mais de 200 litros por dia nos grandes centros urbanos. Por outro lado,
cerca de 9 milhões de residências não têm acesso à água potável. Isso significa
que, além de jogar dinheiro fora, gastar mais de 110 litros de água por dia é
desperdiçar um recurso natural precioso e que falta para muita gente. E se um
processo de esterilização joga fora um valor próximo a esse a cada esterilização, os
hospitais, certamente, poderão colaborar expressivamente para que mais pessoas
sejam atendidas em seus direitos básicos (INSTITUTO AKATU, 2009). Além disso,
quanto menos água vai para o esgoto, menos capital é necessário para o seu
tratamento e, possivelmente, se possa redirecionar este valor para aplicações em
áreas onde o saneamento básico ainda é restrito.
Segundo Passeto (2006, p. 16), para cada R$ 1,00 gasto em saneamento
são poupados R$ 4,00 em saúde. Esta informação demonstra mais uma
possibilidade de se reduzir o consumo de água nos hospitais, pois a quantidade de
crianças que adentram os hospitais por doenças causadas pela falta de saneamento
é bastante grande – menos doentes, resultam em menos gastos de água nos
hospitais. Da população diretamente afetada, as crianças são as que mais sofrem e
65% das internações hospitalares de crianças menores de 10 anos estão
associadas à falta de saneamento básico (PASSETO, 2006, p. 10).
Parte da água utilizada na hemodiálise e na lavanderia, que vai para o
esgoto, é contaminada, o que obriga investimentos em tratamento dessa água. A
não obrigatoriedade do tratamento de água proveniente da lavagem de roupas é
mais uma forma de colaboração com a necessidade de se preocupar com o
saneamento, pois, segundo a legislação, as lavanderias hospitalares que estiverem
em cidades que possuam rede de esgoto, pode jogar o seu resíduo na rede da
cidade, colaborando com o aumento da contaminação do meio ambiente.
Assim, de modo geral, pode-se afirmar que são urgentes e prementes,
primeiramente o controle do consumo da água, facilmente resolvido pela instalação
de hidrômetros em todas as áreas em que o consumo de água é preponderante,
com a devida gestão destas informações; em segundo lugar, a implementação de
112
técnicas de reuso de água, da mesma forma que as indústrias já começam a fazê-lo,
com o objetivo de redução de consumo, de custos e menor agressão ao meio
ambiente.
Entretanto, apenas leis, hidrômetros e gestão não são suficientes para uma
efetiva redução no consumo e no desperdício, pois são as pessoas que precisam de
orientação e novos conhecimentos para que os resultados sejam alcançados e seja
dada continuidade às ações. É importante ressaltar que a área da saúde é muito
dependente do fator humano e que são estes os sujeitos cuja maneira de pensar e
agir precisa ser reorientada. Estes serão igualmente beneficiados, pois esta nova
forma de pensar e agir pode ser praticada fora da instituição, atingindo as famílias e
toda a sociedade.
O desperdício no setor de saúde ainda não é visto como uma oportunidade
pela gestão hospitalar. A ausência de um planejamento, que é responsabilidade da
administração, em relação aos desperdícios de tempo, material, recursos e
equipamentos, colaboram para um sistema de saúde ineficiente. O envolvimento
direto do administrador hospitalar é preponderante para soluções destes problemas.
Da mesma forma que existem na Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo (FIESP) um departamento de meio ambiente e desenvolvimento
sustentável – DMA, talvez a criação de um departamento de meio ambiente e
desenvolvimento sustentável em cada federação dos hospitais pudesse ajudar para
que novas idéias que alterem as formas de consumo de água dentro do ambiente
hospitalar. Um departamento de meio ambiente dentro de cada federação, poderia
ajudar a influenciar uma mudança também no comportamento da indústria que
atende a área hospitalar. Se especificações mais rígidas em relação a consumo de
água existissem, os fabricantes se adaptariam a essas novas regras e quem sabe
equipamentos que gerassem menos consumo de água necessitariam de ser
produzidos.
O PNCDA, no Manual B3 - Medidas de Racionalização do Uso de Água para
Grandes Consumidores, sugere o reaproveitamento da água de hemodiálise, na sua
parcela em volume que não entra em contato com o paciente, utilizando-se de um
reservatório que encaminharia esta água somente para uso em descarga e bacia
sanitária (BRASIL, 1999, p. 31).
Segundo Stange e Teixeira (2007, p. 259), apesar das oscilações
esperadas, a água da hemodiálise, proveniente do rejeito de osmose reversa, possui
113
características fisico-químicas e microbiológicas compatíveis com o seu
reaproveitamento na lavanderia, na caldeira e amesmo na rede de distribuição de
água dos hospitais, não sendo aceito de forma alguma seu desperdício como refugo
no processo.
Segundo Grull, Blum e Mancuso (2007, p. 513) é possível o reuso de água
em lavanderias de roupas hospitalares.
Tibery (2007), em um estudo realizado, analisa a viabilidade de reutilização
de água de uma unidade de hemodiálise sendo encaminhada e usada em uma
lavanderia hospitalar.
4.3.1 Processo de Lavagem com Ozônio
A tecnologia do uso do ozônio em lavanderias hospitalares foi introduzida no
Brasil em 1996 e a sua utilização em uma lavanderia nacional se deu em 1997.
Grande parte da sujidade encontrada nas roupas e tecidos é composta por
substâncias oxidáveis (cerca de 85%), o tempo de reação do ozônio com estas
partículas é muito rápido, que ao formarem compostos menores (processo de
fragmentação molecular) podem ser removidos do tecido pela ação mecânica da
lavadora e pela a sua dissolução na água. O ozônio por ser oxidante, também
permite o alvejamento do tecido, permitindo que em alguns tipos de sujidades, o uso
do cloro na maioria das formulações de lavagem, seja reduzido ou eliminado.
Operacionalmente, o processo de lavagem com o ozônio consiste na injeção
controlada do gás ozônio na água de lavagem.
Vantagem do processo
Redução do consumo de água em média de 30%, podendo atingir 65% no
caso de roupa de sujidade leve;
Redução da quantidade de produtos químicos entre 30 e 50%;
Aumento da vida útil dos tecidos, graças ao tempo de lavagem menor, a
diminuição da ação mecânica e a diminuição de produtos químicos;
114
Redução do impacto ambiental: o processo com ozônio gera menor volume
de efluentes (pelo menor consumo de água), menor uso de produtos
químicos, reduzindo de forma considerável o impacto ambiental de lavagem
de roupas.
Limitações para instalação
Necessidade de instalação de lavadoras especialmente fabricadas para
trabalho com ozônio; o custo benefício de conversão das lavadoras existentes
(em operação) pode não ser atrativo.
Necessidade de geradores de ozônio. Depende do porte da lavanderia. Existe
um gerador de ozônio que atende simultaneamente duas lavadoras.
Necessidade de instalação de equipamentos periféricos instalação de
bombas, filtros e sistema de contato ozônio-água.
Necessidade de treinamento específico de operadores. O nível de automação
requer familiarização no uso de computadores (GURJÃO, 2001, p. 155).
4.3.2 Controle do Consumo
De acordo com Tamaki (2003), o acompanhamento do consumo como
instrumento de gestão de demanda constitui-se em importante instrumento para o
controle de consumo de água. Quatro pontos devem ser considerados:
Contas: a partir da conta ou fatura emitida pela concessionária pode se obter
o consumo do mês. Deve-se estabelecer contatos constantes com o
departamento financeiro (responsável pelo pagamento das contas) e a
concessionária pública, a fim de verificar consumos elevados ou possíveis
erros no lançamento de dados.
Leituras: pelo fato da leitura de tarifação ser realizada uma vez por s,
pode-se adotar leituras diárias in loco. A realização diária das leituras, em um
mesmo horário permite constatar anomalias no consumo (vazamentos, por
115
exemplo) de um dia para o outro, o que através das contas seria
percebido após muito tempo.
Medição setorizada: com o objetivo de aumentar a correspondência entre o
consumo e a unidade consumidora deve-se adotar como instrumentos de
gestão de demanda de água a medição setorizada (ou setorização)
instalação de mais hidrômetros além daqueles utilizados pela concessionária
para fins de tarifação de água. Isto permite um melhor acompanhamento do
consumo por área hospitalar, pois facilita inclusive na gestão de custos,
como por exemplo, o custo por kg de roupa lavada que é muito importante
para um hospital. Pode ser até um fator de decisão de diretoria se vale a
pena ter uma lavanderia dentro do hospital.
Telemedição: existem algumas tecnologias de telemedição entre as quais o
autor cita: radiofrequência, power line carrier, rede pública de telefonia e TV a
cabo, satélite, barramento de campo e sistemas híbridos. Com relação à
tecnologia de barramento de campo, pode-se adotar desde um sistema
analógico, composto por hidrômetros com saída pulsada – possibilidade mais
simples (o que reduz os custos envolvidos); até o sistema digital, composto
por hidrômetros eletrônicos. Outra tecnologia muito usada principalmente por
concessionárias americanas é a radiofrequência.
4.3.3 Educação para o Funcionamento das Instituições Hospitalares
Considerando os depoimentos dos operadores envolvidos nas áreas de
lavanderia, hemodiálise, autoclave e consumos e controles sugere-se uma
campanha de conscientização com comunicação abrangente destinada aos
operadores em todos os seus níveis dos sistemas acima com abordagem nos
seguintes tópicos (OLIVEIRA e GONÇALVES, 1999, p. 6):
O porquê do uso racional da água;
As vantagens da redução do esgoto tratado;
Redução de gastos com as contas de água e energia;
Possibilidade de atendimento a maior número de usuários.
116
Sugestão de criação de uma campanha educativa destinada a usuários
específicos implementada através de palestras dirigidas aos funcionários das áreas
de lavanderia, hemodiálise, autoclave, manutenção de sistemas prediais
informando-os de procedimentos mais adequados para realização de suas
atividades. Essa ação deve ser conduzida por profissionais especialistas de cada
uma das áreas (OLIVEIRA e GONÇALVES, 1999, p. 8).
Vários são os meios possíveis de atingir os envolvidos em forma de
conteúdos (SILVA, TAMAKI e GONÇALVES, 2006, p. 53):
distribuição de fôlderes (modelos com diferentes linguagens);
adesivos;
cartazes e manuais de operação e manutenção dos equipamentos;
publicação de reportagens em jornais e revistas;
realização de palestras de conscientização e treinamentos;
disponibilização de informações através de gina na internet, e-mail e
telefone.
Segundo Silva e Gonçalves (2004, p. 11) para garantir que estas campanhas
atinjam resultados satisfatórios, é necessário estabelecer um caráter permanente de
ações como:
Caracterização dos hábitos e racionalização das atividades que
consomem água: implantação de procedimentos mais eficientes na
utilização da água, além de práticas como o aproveitamento de reuso da
água;
Divulgação, campanhas de conscientização e treinamentos; e
Gestão da demanda da água.
As mudanças comportamentais dos usuários, através de alterações de
hábitos e adoção de novas tecnologias são difíceis e demoram muito tempo para
ocorrer. Isso faz com que as campanhas devem ser permanentes e focadas não
numa falta momentânea da água (por motivo de estiagem, por exemplo), mas, sim,
na possibilidade real de dificuldade em se obter água com qualidade daqui a poucos
anos (CARDIA; ALUCCI, 1998, citado por SILVA e GONÇALVES, 2004, p. 17).
117
4.3.4 Sugestões identificadas pelos entrevistados
Das entrevistas concedidas pelos fabricantes e cnicos de equipamentos,
algumas sugestões podem e devem ser aproveitadas:
Hemodiálise
Devolver à água os seus componentes químicos naturais, armazenar e
voltar a usá-la no processo de osmose reversa para novamente ser usada;
Armazenar e usar para limpeza de piso e jardim;
Usar a água nas máquinas de lavanderia.
Lavanderia
Melhorar a eficiência nos processos de lavagem é uma forma de redução
de consumo que são basicamente: água, energia e produtos;
Manter em níveis aceitáveis o chamado “retorno” que é a quantidade de
roupa que retorna para ser relavada devido a inúmeras falhas no
processo;
Manter as máquinas em bom estado de manutenção, pois fatores como
vazamentos e desbalanceamento da máquina, provocam o aumento de
consumo de água;
Automatização dos veis de água e automatização da distribuição de
produtos químicos em todas as etapas do processo, pois além de permitir
boa lavagem permite o aumento de vida útil do enxoval hospitalar;
A automatização permite manter o padrão da roupa, menos mão de obra,
menor consumo de água, menor consumo de energia e menor retorno de
roupa;
Operadores bem treinados mantem o processo em níveis que possibilitam
melhor custo beneficio;
Necessidade de se preocupar com a quantidade de água
contaminada que é despejada diretamente no esgoto. Isso acontece
na grande maioria das lavanderias hospitalares do Brasil;
Aplicação de ozônio em alguns processos de lavagem;
Reutilização da água dos dois últimos enxágues para serem usadas no
início de uma próxima lavagem também deve ser considerada.
118
Autoclave
Reenviar a água que iria para o esgoto até uma caixa d`água para
posterior uso nas bombas de vácuo;
Armazenar a água que passa pela bomba de vácuo para ser usada na
limpeza de pisos, jardins ou em vasos sanitários.
Procedimentos simples podem alcançar resultados significativos. Algumas
perguntas básicas podem ser formuladas (FIESP, 2008):
A atividade que está consumindo água é realmente necessária?
Há tecnologia ou processo alternativo que evita ou reduz o consumo de
água?
É necessário usar água no processo ou existe uma alternativa técnica e
economicamente mais interessante?
Porque meu processo ou atividade usa tanta água?
Como é possível reduzir a quantidade de água utilizada?
Meus concorrentes usam mais ou menos água do que o meu hospital?
É necessário produzir este efluente ou resíduo?
A água limpa esta indo para o ralo/efluente, e se estiver por quê?
É possível reutilizar as águas servidas/efluentes no processo ou outros
usos menos exigentes como lavagem de pátios, rega de jardins, etc.?
O lançamento de efluentes está em conformidade com as exigências
legais?
O uso racional deve ser uma premissa, uma condição básica da
conservação da água.
Seria uma incoerência introduzir novas fontes se as atuais o estão sendo
utilizadas com eficiência. Além do uso racional da água, devem ser levado em
consideração outros fatores, como por exemplo, o uso racional da energia, e a
minimização dos resíduos sólidos no contexto de conservação da água (SILVA e
GONÇALVES, 2004, p. 16).
119
4.4 PROJETO DE RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA NA ÁREA
HOSPITALAR
3
A designação de grandes consumidores é apresentada em várias tipologias
de edifícios, as quais correspondem também a diversas preponderâncias de usos
finais da água. Dentre as várias tipologias de edifícios se encontram os hospitais que
são considerados grandes consumidores de água. Os hospitais são edifícios que
empregam pessoas, possui muitos equipamentos, como por exemplo, ar
condicionado, caldeiras, sanitários, chuveiros e torneiras. O consumo hospitalar
pode ser medido por quantidade de litros consumidos por leito, dentro de um
determinado período.
3
Os dados para elaboração do projeto foram adaptados conforme o Documento Técnico de Apoio B3
Medidas de Racionamento do Uso da Água para Grandes Consumidores – PNCDA (BRASIL, 1999,
p. 9).
120
4.4.1 Levantamento de Dados
Para se implantar um Programa de Racionalização do Uso da Água em um
hospital os documentos e dados a seguir devem ser avaliados:
projeto arquitetônico;
projeto hidráulico - sanitário;
histórico do consumo de água;
levantamento da população ou agente consumidor;
estabelecimento dos índices de consumo;
levantamento dos valores dos índices.
Projeto Arquitetônico
O projeto arquitetônico possibilita visualização e uma melhor distribuição
dos ambientes com os respectivos aparelhos sanitários. O projeto deve ser utilizado
como guia durante a vistoria de cada um dos ambientes e as anotações das
possíveis alterações podem ser registradas no projeto. Na falta desse projeto é
conveniente que se faça um croqui indicando todos os pontos de utilização.
Projeto Hidráulico - Sanitário
Através desse projeto, obtém-se as informações do traçado e as
características das tubulações necessárias de detecção e correção de vazamentos.
As informações dos dados de capacidade de reservatórios inferior e superior são
importantes para a avaliação do impacto de redução do consumo de água.
Histórico do Consumo de Água
Esta informação é de máxima importância para o conhecimento do perfil de
consumo de água do sistema antes do início da implementação do projeto. O
histórico considerado é o levantamento do consumo mensal de água relativo aos
últimos vinte e quatro meses. Estes valores são obtidos na maioria das vezes no
121
setor de contabilidade do edifício ou podem ser solicitados à companhia de
saneamento básico que presta serviços ao município onde está localizado o edifício
em estudo. Caso estes valores sejam obtidos da Companhia de Saneamento
Básico, é necessário fornecer o número do hidrômetro e o endereço completo. Estes
valores servirão de parâmetro para verificar se houve redução do consumo de água
decorrente de determinada ação implementada no projeto.
Levantamento da População ou do Agente Consumidor
A população de um hospital pode ser considerada da seguinte forma:
população fixa: composta do número de pessoas que permanecem no edifício
8 ou mais horas por dia. O número de funcionários é obtido através do
Departamento de Recursos Humanos.
população flutuante: obtida do número de visitantes que passam um curto
período do dia no edifício. Consideram-se nesse caso os visitantes
(familiares) e fornecedores que atendem o hospital. Essas informações
podem ser obtidas através dos controles de portaria de cada hospital.
4.4.2 Cálculo do Índice de Consumo e do Índice de Referência
O valor o índice de consumo de água (InCon) é obtido dividindo-se o
consumo diário de água pela população total, ou seja, população fixa mais
população flutuante ou pelo número de agente consumidor considerado. Em
seguida, calcula-se o consumo mensal de água de referência pela equação a seguir.
O valor encontrado divide-se pelo número total de agentes consumidores, obtendo-
se o índice de consumo de referência (InRef).
Equações para o cálculo de consumo mensal de água de referência:
Hospitais
Cm = 2,9 F + 11,8 BS + 2,5 L + 280 (2.6)
onde:
122
Cm = consumo mensal de água, m
3
;
F = número de funcionários;
BS = número de bacias sanitárias;
L = número de leitos.
Obtendo-se os dois índices, compará-los e verificar o nível de desempenho
do sistema em relação ao uso racional da água.
Outra sugestão para o cálculo do índice de consumo, neste caso
considerando o consumo por leito pode ser obtido pela formula:
Fórmula do Índice de Consumo:
Onde:
IC = Índice de Consumo (litro/agente consumidor/dia);
C
m
= Consumo mensal (m
3
);
NA = Número de agentes consumidores;
D
m
= Quantidade de dias úteis no referido mês (30 dias).
O cálculo de IC levará em conta o número de leitos funcionantes (número de leitos x taxa de
ocupação), pois a população flutuante é de difícil contabilização.
Os valores calculados devem ser comparados com os fornecidos na
bibliografia que indicam que o consumo hospitalar se situa entre 250 a 600
litros/leito/dia.
4.4.3 Campanha de Conscientização
Considera-se campanha de conscientização, uma forma de comunicação
mais abrangente tanto do ponto de vista da informação como do tipo de usuário, ou
seja, esta campanha é destinada a todos os usuários do sistema. A campanha de
conscientização deve abordar:
123
o porquê da economia de água;
as distâncias cada vez maiores de captação;
as vantagens da redução do volume de esgoto;
os benefícios do maior número de usuários atendidos;
a redução de gastos com as contas de água podem ser revertidos em
melhores condições de trabalho; e
a economia de energia resultante de menores volumes de água e de esgoto.
Esta campanha deve ser realizada de forma mais suave e agradável de tal
forma que o usuário se sinta estimulado e não obrigado a economizar água.
Algumas sugestões para a realização desta campanha são:
palestras;
fitas de vídeo e CD-ROM;
divulgação de matérias sobre o assunto no jornal interno;
distribuição de folhetos com sugestões de como economizar água;
cartazes com abordagem do tema.
4.4.4 Levantamento do Sistema
A realização deste trabalho possibilita um diagnóstico mais preciso, como
também a definição de ações que resultarão em uma maior redução do consumo de
água.
O levantamento do sistema consiste, basicamente, do conhecimento do
sistema hidráulico do edifício e dos procedimentos dos usuários relacionados ao uso
da água. É um trabalho realizado em quatro etapas:
· levantamento do sistema hidráulico externo;
· levantamento do sistema hidráulico interno;
· caracterização dos procedimentos dos usuários; e
· levantamento de sistemas especiais.
Estas quatro etapas devem ser realizadas simultaneamente, obtendo-se as
informações necessárias no menor tempo possível.
124
É também necessária a obtenção de informações relativas às características físicas
do edifício tais como:
· área de construção;
· área de pavimentação externa;
· área verde; e
· início de operação do edifício.
Estas informações contribuem para facilitar o entendimento do perfil de
consumo de água do edifício em estudo. Assim, se o edifício dispõe de uma área de
pavimentação externa e área verde muito grande, uma das questões a ser
investigada o as periodicidades de lavagem daquela área, bem como a de
irrigação do gramado, atividades que normalmente consomem muita água. A
realização dessas atividades poderá consumir menos água se os procedimentos e
os componentes de utilização adequados forem utilizados.
A informação sobre a data de início de operação do edifício possibilita uma
avaliação das condições de funcionamento do sistema, ou seja, estado das
tubulações e componentes de utilização.
4.4.4.1 Sistema hidráulico
Algumas informações importantes que têm relação com o sistema hidráulico
como um todo, independente se externo ou interno, devem inicialmente ser
levantadas:
a) Fonte de suprimento
O levantamento deve conter informações relativas à fonte de suprimento de água:
· sistema público de água;
· poço artesiano;
· mista - sistema público e poço artesiano;
· caminhão pipa.
Estas informações são importantes, porque pode haver um consumo maior
de água quando o sistema é suprido por poço artesiano e o esgoto não é tarifado.
125
b) Sistema de medição
Caso o edifício seja abastecido pelo sistema público de água é necessário o
cadastramento do número do hidrômetro, bem como da vazão nominal e do
diâmetro de entrada.
c) Sistema de reservação
Confirmar ou alterar as informações contidas no projeto hidráulico-sanitário sobre a
quantidade e a capacidade dos reservatórios.
4.4.4.2 Procedimentos dos usuários
O levantamento dos procedimentos relacionados aos usos da água deve ser
realizado com a maior discrição possível, para que o usuário não mude de
comportamento e, dessa forma, passe a mascarar as informações que serão
repassadas ao profissional, responsável pela campanha educativa.
Recomenda-se que essas observações sejam realizadas no levantamento
dos componentes de utilização e através de visitas ao local com outra finalidade,
como, por exemplo, para verificar o funcionamento de algum componente ou
equipamento.
Alguns ambientes em especial devem ser observados quanto aos
procedimentos dos usuários como, por exemplo: cozinha, lanchonete e laboratório.
Os procedimentos inadequados frequentemente observados nesses locais
são:
cozinha e lanchonete;
deixar torneira aberta enquanto observa alguma panela no fogão, corta
legumes ou conversa com outras pessoas;
lavar folhas com desperdício de água;
descascar legumes e frutas com a torneira aberta;
colocar frutas em cuba e deixar a torneira aberta somente em algumas, sem
proceder à higienização delas;
laboratório;
126
lavar vidraria com torneira liberando água somente em algumas peças
durante várias horas;
não fechar adequadamente a torneira após o uso.
Estas informações servem de apoio para a preparação da campanha
educativa direcionada àqueles usuários específicos.
Outros procedimentos inadequados podem ser observados em usuários de
uma forma geral, tais como:
não fechar adequadamente a torneira;
jogar lixo em bacia sanitária, como por exemplo, fio dental, ponta de cigarro,
restos de frutas;
jogar ou varrer o lixo para caixa sifonada, o que causa entupimento do esgoto
e, portanto, aumenta o consumo de água para a desobstrução da tubulação;
irrigação do jardim em horário inadequado - horário de muita insolação, o que
provoca maior evaporação e, consequentemente, maior consumo de água.
Estas informações são utilizadas para a preparação da campanha educativa
direcionada aos usuários de uma forma geral.
4.4.4.3 Sistemas especiais
Os sistemas considerados como exemplo são os seguintes:
sistema de ar condicionado;
sistema de ar comprimido;
sistema de vácuo;
sistema de vapor;
sistema de hemodiálise - osmose reversa;
sistema de destilação;
sistema de uso de autoclaves em central de materiais;
sistema de lavanderia.
As características técnicas desses equipamentos, tais como vazão, período
diário de funcionamento e perda de água no processo devem ser cadastradas para
se obter uma estimativa do percentual de contribuição desses equipamentos na
127
demanda de água do sistema. Além disso, estas informações possibilitam uma
avaliação técnica-econômica para a adequação de sistemas especiais visando
reaproveitar a água efluente de seu processo, exceto o sistema de ar condicionado,
onde verifica-se perda por evaporação. Outros sistemas especiais que provoquem
perdas de água e não foram considerados neste projeto podem ser incluídos,
devendo ser implementadas ações que visem o reaproveitamento de água ou a
diminuição de perdas nesses sistemas.
4.4.5 Diagnóstico
Após a conclusão do levantamento e processamento dos dados deve-se
elaborar o diagnóstico do sistema apresentando de forma simples e objetiva as suas
condições de funcionamento e, sobretudo, as perdas de água provenientes de
vazamentos.
Todas as informações que foram objeto do levantamento de dados e do
levantamento do sistema, anteriormente descritos, devem constar do Diagnóstico.
Recomenda-se uma espécie de resumo final que contemple, no mínimo, as
seguintes informações:
- consumo médio mensal de água - média dos últimos 24 meses (m
3
/mês);
- índice de consumo em questão - litro/pessoa/dia, litro/leito/dia, litro/refeição, etc.;
- índice de vazamento = número de componentes com vazamento x 100 (%)
no total de componentes
- estimativa mensal do volume de água perdido em vazamentos (m
3
/mês);
- índice de perda mensal = volume de água perdido em vazamentos x 100(%)
volume de água mensal consumido
O diagnóstico é fundamental para a obtenção de êxito na implementação do
projeto.
128
4.4.6 Plano de Intervenção
Com base no diagnóstico realizado elabora-se o plano de intervenção, cujas
ações devem ser iniciadas pelo ponto crítico do sistema. Mesmo que o sistema
esteja em boas condições, este poderá ainda ser melhorado com a implementação
de campanhas de conscientização e de campanhas educativas, além da substituição
de componentes convencionais por componentes de baixo consumo de água.
Campanhas Educativas
A campanha educativa é uma forma de comunicação destinada a usuários
específicos, ou seja, é feita através de palestras dirigidas aos funcionários de
cozinha, de lanchonete, de laboratórios, de limpeza, e de manutenção de sistemas
prediais, informando-os dos procedimentos corretos para a realização de suas
atividades.
Manutenção do Sistema
Considera-se a manutenção do sistema de fundamental importância para a
redução do consumo de água. Além disso, ela tende a deixar o sistema o mais
próximo das suas condições plenas de desempenho.
Alteração de Procedimentos de Uso da Água
Quando for o caso de alteração de procedimentos do uso da água, como a
higienização de alimentos ou de utensílios de cozinhas, cuidados especiais devem
ser tomados para evitar a perda da qualidade do serviço. Serão feitas análises
microbiológicas antes e depois da alteração do procedimento.
129
Substituição de Componentes Convencionais por Eficientes
O objetivo desta ação é reduzir o consumo de água independente da
vontade do usuário. Ela deve ser implementada quando o sistema estiver
completamente estável, ou seja, sem nenhum vazamento.
A especificação dos componentes eficientes que vão substituir um dos
dispositivos em torneiras e chuveiros para redução do consumo de água deve ser
realizada com base em observações das atividades dos usuários, da avaliação
técnica-econômica para a instalação do componente no local definido e da pressão
disponível no ponto de utilização. Setores que serão contemplados:
Mictórios
Bacia sanitária
Torneiras
Chuveiros e duchas
4.4.6.1 Reaproveitamento da Água
Ao se identificar equipamentos/procedimentos que consomem água como
insumo principal para a realização de suas atividades, deve-se proceder ações que
permitam o reaproveitamento no mesmo processo ou em outras atividades.
Alguns equipamentos que permitem o reaproveitamento de água e que
merecem estudos são:
- sistema de ar condicionado;
- sistema de ar comprimido medicinal;
- sistema de vapor com caldeira;
- equipamentos sanitários;
- sistema de hemodiálise por osmose reversa;
- lavanderia;
- sistema de autoclaves.
130
4.4.7 Avaliação Econômica
Antes da substituição e/ou adequação de sistemas e componentes ou,
ainda, do reaproveitamento da água recomenda-se uma avaliação econômica das
ações ou das atividades necessárias para a alteração do sistema, que têm por
objetivo reduzir o consumo de água. Assim, verifica-se com antecedência os
respectivos custos da ação a ser implementada, inclusive de mão de obra.
4.4.8 Avaliação do Impacto de Redução
A avaliação da redução do consumo de água pode ser feita após a
implementação de cada uma das ões fazendo-se a leitura no hidrômetro
diariamente e observando-se a redução do consumo diário, ou então, mensalmente,
fazendo-se a leitura no primeiro dia de cada mês. É importante conferir o consumo
apresentado na conta de água, que provavelmente apresentará alguma diferença
em relação àquele levantado no edifício, devido às datas das leituras.
Na avaliação é fundamental a consideração da população ou do agente
consumidor. Caso a análise seja realizada somente através do valor de consumo,
corre-se o risco de se obter resultados enganosos, exceto, quando a população é a
mesma antes e durante a implementação do projeto. O impacto de redução do
consumo é calculado conforme a equação:
onde:
IR = índice de redução do consumo de água após o projeto;
CI = consumo de água antes do projeto;
CF= consumo de água após o projeto.
CI – CF
IR = ------------------------------... x 100 (%)
CI
131
Esta informação de redução do consumo deve ser sempre repassada aos
usuários do edifício por meio da campanha de conscientização, que tem a função de
informar e incentivar o usuário a economizar água.
Através da implementação das ações do projeto poder-se-á reduzir o
consumo de água e evitar desperdícios sem alterar a qualidade do produto final ou
reduzir o grau de satisfação do usuário quando do uso da água.
O resultado da redução do consumo de água não é um final e sim um início
de um plano de ação dê continuidade ao resultado obtido, inclusive buscando novas
formas de redução e novos índices de redução de água.
Ações como:
Controle do consumo
Contas: a partir da conta ou fatura emitida pela concessionária pode se obter
o consumo do mês. Deve-se estabelecer contatos constantes com o
departamento financeiro (responsável pelo pagamento das contas) e a
concessionária pública, a fim de verificar consumos elevados ou possíveis
erros no lançamento de dados.
Leituras: pelo fato da leitura de tarifação ser realizada uma vez por s,
pode-se adotar leituras diárias in loco. A realização diária das leituras, em um
mesmo horário permite constatar anomalias no consumo (vazamentos, por
exemplo) de um dia para o outro, o que através das contas seria
percebido após muito tempo.
Medição setorizada: com o objetivo de aumentar a correspondência entre o
consumo e a unidade consumidora deve-se adotar como instrumentos de
gestão de demanda de água a medição setorizada (ou setorização)
instalação de mais hidrômetros além daqueles utilizados pela concessionária
para fins de tarifação de água. Isto permite um melhor acompanhamento do
consumo por área hospitalar, pois facilita inclusive na gestão de custos,
como por exemplo, o custo por kg de roupa lavada que é muito importante
para um hospital. Pode ser até um fator de decisão de diretoria se vale a
pena ter uma lavanderia dentro do hospital.
Telemedição: existem algumas tecnologias de telemedição entre as quais o
autor cita: radiofrequência, power line carrier, rede pública de telefonia e TV a
cabo, satélite, barramento de campo e sistemas híbridos. Com relação à
tecnologia de barramento de campo, pode-se adotar desde um sistema
132
analógico, composto por hidrômetros com saída pulsada – possibilidade mais
simples (o que reduz os custos envolvidos); até o sistema digital, composto
por hidrômetros eletrônicos. Outra tecnologia muito usada principalmente por
concessionárias americanas é a radiofrequência.
Sugere-se uma campanha de conscientização com comunicação abrangente
destinada aos operadores, funcionários e clientes, em todos os seus níveis, de
forma continuada nos seguintes tópicos:
O porquê do uso racional da água;
As vantagens da redução do esgoto tratado;
Redução de gastos com as contas de água e energia;
Possibilidade de atendimento a maior número de usuários.
133
5 CONCLUSÕES
A pesquisa e a metodologia empregada têm o objetivo de entender a forma
de como é utilizada a água nos equipamentos selecionados, identificando e
quantificando o desperdício. Apresenta também sugestões para que o mesmo seja
evitado dentro das instituições hospitalares.
No período de 2005 a 2008 houve uma diminuição no consumo de água em
50% dos hospitais analisados, destacando-se o hospital D com uma redução de
48%. Em relação aos hospitais que tiveram aumento no consumo chama a atenção
o hospital L com aumento de 192% no seu consumo.
Em relação à natureza jurídica das instituições pesquisadas destacam-se os
hospitais filantrópicos com a participação de 58%.
A taxa de ocupação nos hospitais estudados varia entre 68% até 100%.
Sendo que os valores acima, são encontrados respectivamente nos
hospitais H e D, que são de origem filantrópica.
Os controles dos hidrômetros são feitos em 75% dos hospitais pesquisados.
Os outros 25% ou seja, os hospitais B, I e L não fazem nenhum controle. Os
referidos hospitais estão entre os que tiveram variação positiva do consumo de água
entre os anos de 2005 a 2008 apresentando as seguintes variações: B = 32%; I =
62%; L = 192%, que foi a maior variação entre os hospitais analisados (Tabela 1).
Destaca-se a importância de haver um controle, pois as maiores variações ocorrem
justamente nos hospitais que não o fazem.
O abastecimento de água nos hospitais é feito pela concessionária (59%) e
poço artesiano (41%).
As lavanderias estão presentes em oito hospitais. Apenas dois possuem
hidrômetros em suas lavanderias e nenhuma delas faz qualquer tipo de
reaproveitamento da água. Por o possuírem hidrômetros o consumo destas
lavanderias é estimado pelo responsável ou pelo fornecedor de produtos químicos.
O hospital D que lava 150 toneladas de roupas por mês tem um consumo estimado
por mês de 5.325 m
3
mensais de água em sua lavanderia. Como o consumo médio
mensal deste hospital em 2008 foi de 1866,5 m
3
acredita-se que o mesmo possua
uma fonte alternativa de abastecimento, desconhecida pela concessionária.
O serviço de hemodiálise está presente em cinco hospitais. Dois possuem
serviço próprio e três o serviço é terceirizado. Em nenhum deles existe controle de
134
consumo de água, hidrômetros e reaproveitamento da água. O número de seções
de hemodiálise nesses hospitais mensalmente chega a 3490.
O serviço de esterilização esta presente em 10 hospitais e o número de
esterilizações nestes estabelecimentos corresponde a 7673 por mês. Não existe nos
setores nenhum controle sobre a água consumida, não possuem hidrômetro e toda a
água usada vai para o esgoto. Não existe nenhuma forma de reaproveitamento.
Existe uma diferença considerável em volume entre o consumo medido
(Sanepar) e o consumo estimado que chega a 18.808 m
3
/mês no ano de 2008. As
diferenças nos hospitais F (143%), I (126%) e K (39%), demonstram que existe uma
margem para novos estudos que verifiquem o real consumo de água na área
hospitalar.
O índice de consumo (IC) para cada hospital demonstra que 66% dos
hospitais analisados estão acima dos consumos estimados para a área de saúde.
Entre os hospitais existe uma variação de 5 vezes entre o menor e o maior
IC encontrado.
O consumo de água nas lavanderias corresponde a 47% do consumo de
água dos hospitais.
Os hospitais F e K, que possuem hidrômetro na lavanderia indicam um
consumo menor que o consumo estimado. Os hospitais que não possuem
hidrômetro demonstram um consumo maior que o consumo estimado. A colocação
de um hidrômetro em cada lavanderia indicaria um consumo real e se eliminaria a
dependência de informações para o cálculo de consumo e poderia servir como uma
forma de gerenciamento baseado num histórico de consumo. O desperdício
estimado nas lavanderias é de 10.830 m
3
no ano de 2008.
A quantidade de água desperdiçada por ano chega a 6.700,8 m
3
.
Considerando que todo este volume pode ser reaproveitado, os hospitais que
possuem este serviço poderiam ter uma economia de 6.700,8 m
3
por ano.
As autoclaves, através da bomba de vácuo desperdiçaram um volume anual
de 11.508 m
3
de água, considerando o ano de 2008. O reaproveitamento desta água
teria possibilitado uma redução no consumo de até 11.508 m
3
.
No ano de 2008, os hospitais, considerando apenas três equipamentos
poderiam ter economizado em um ano 37.488 m
3
de água.
135
O índice de consumo (IC) se houvesse um gerenciamento em relação aos
desperdícios teria proporcionado uma redução no consumo de 361,47 litros/leito/dia
em relação aos hospitais estudados.
5.1 PROPOSIÇÃO PARA PESQUISA E TRABALHOS FUTUROS
Na pesquisa realizada com os hospitais, acerca do consumo de água,
considerando os setores de lavanderia, hemodiálise e autoclave constatou-se um
consumo de água que ao não ser reaproveitado, foi considerado pela pesquisa
como desperdício. Sugere-se a formatação de novas pesquisas que possibilitem ao
setor de saúde um aprendizado para o melhor uso de um produto que é vital no
meio hospitalar.
A região de Curitiba possui uma grande rede hospitalar e em cada hospital
existem inúmeras áreas que merecem novas pesquisas.
As instalações que demandam grande consumo de água, a área de
produção de alimentos, devido ao seu trabalho ininterrupto também se torna um
grande consumidor de água. Não se deve esquecer os sistemas de ar condicionado
que estão presentes na maioria dos hospitais, não pelo conforto, mas também
devido a necessidade dos controles de infecção e os controles de temperatura dos
equipamentos, principalmente na área de imagem e tecnologia de informação cada
vez mais presente no ambiente hospitalar.
A concessionária de água deveria estar a frente incentivando novas
pesquisas e junto com a Secretaria de Meio Ambiente criar cursos buscando
informar e desenvolver o interesse dos funcionários da rede hospitalar para um novo
olhar para o consumo, desperdício e as influencias no meio ambiente.
Uma outra contribuição de pesquisa é mostrar que acontece no presente
pode ser minimizado, mas que os futuros projetos hospitalares levam em
consideração as inúmeras possibilidades de redução de consumo, antes que os
desperdícios possam acontecer.
A mensagem é desafiar que novas pesquisas sejam feitas nesta área e
quem sabe os projetos de novos hospitais compreendam a importância do
gerenciamento de um produto que é vital para um hospital, mas também é vital para
a vida de todos nós.
136
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Legal/Geral/Legislacoes%20Estaduais/SP/Lei7663-91.pdf>. Acesso em fev. 2009.
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<www.sercon.ind.br>. Acesso em set. 2008.
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v. 6, n.1, p. 49-61, jan./mar. 2006. (Disponível em:
<http://www.antac.org.br/ambienteconstruido/pdf/revista/artigos/Doc123151.pdf>.
Acesso em maio de 2008.
SILVA, G.S.; GONCALVES, O. M. Programas permanentes de uso racional da
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http://www.pura.poli.usp.br/download/BT_Gisele.pdf >. Acesso em maio de 2008.
142
SILVA, L.S.; TRAVASSOS, L. Problemas ambientais urbanos: desafios para a
elaboração de políticas públicas integradas. Cadernos Metrópole, v. 19, p. 27-47,
2008.
SILVA, R. T.; CONEJO, J. G. L.; GONÇALVES, O. M. Apresentação do programa:
Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água. Brasília: Programa
Nacional de Combate ao Desperdício de Água, 1998. 48 p. (DTA - Documento
Técnico de Apoio nº A1).
SISINO, C.; MOREITA, J. C. Ecoeficiência: um instrumento para a redução da
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STANGE, Karen; TEIXEIRA, Elisabeth Pelosi. Reaproveitamento da água pré-
tratada não utilizada para hemodiálise. In: TELLES, D. D.; COSTA, R. H. P. G.
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TAJRA, Sanmya Feitosa. Gestão estratégica na saúde: reflexões e praticas para
uma administração voltada para a excelência. São Paulo: Iátria, 2006.
TAMAKI, H.O. A medição setorizada como instrumento de gestão de demanda
de água em sistemas prediais: estudo de caso: programa de uso racional da água
da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2003. 151 p. Dissertação (Mestrado) –
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
TIBERY, L. R. Viabilidade da reutilização da água de uma unidade de
hemodiálise no setor de lavanderia em um hospital de grande porte, no
Município de Uberaba-MG: um estudo. Uberaba, MG, 2007. (Trabalho de
Conclusão de Curso de Enfermagem – Universidade de Uberaba).
TRIGUEIRO, André (Coord.). Meio ambiente no século 21. 4. ed. Campinas, SP:
Armazém do Ipê, 2005a.
TRIGUEIRO, André. Mundo sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta
em transformação. São Paulo: Globo, 2005b.
TUNDISI, Jose Galizia. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos:
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UNIVERSIDADE DA ÁGUA. 2004. Disponível em: <www.uniagua.com.br>. Acesso
em: 7 maio 2009.
VILLIERS, Marq de. Água: como o uso deste precioso recurso natural poderá
acarretar a mais séria crise do século XXI. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
143
ANEXOS
144
ANEXO 1 – QUESTIONÁRIO
Entrevista de Sustentabilidade Ambiental em Hospitais
Identificação da Instituição
1. Razão Social
__________________________________________________________________
2. Endereço:
_________________________________________________________________________________
___________________________________________________
3. Pessoa de contato_____________________________ cargo______________
e-mail _______________________________________telefone_______________
4. Tipo de Instituição Hospitalar
( ) Pública
( ) Privada
( ) Filantrópica
( ) Universitário
5. Tipo do hospital:
_________________________________________________________________________________
___________________________________________________
6. Número de funcionários total: _________________
7. Número de leitos:
UTI -
Apartamentos -
Enfermaria -
Taxa média de ocupação-
8. Qual o consumo total de água da instituição?
Hidrômetros Sanepar
_________________________________________________________________________________
___________________________________________________
Hidrômetros dos poços artesianos
_________________________________________________________________________________
145
___________________________________________________
9. Mantém um registro de consumo médio de água das faturas mensais?
Sim ( ) Não ( )
Qual foi o consumo mês a mês no ano de 2008?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
____________________________________
10. Quantos hidrômetros existem no hospital? Qual o histórico de consumo dos últimos 12 meses?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
____________________________________
11. Com que periodicidade estes hidrômetros são verificados?
( ) Diariamente
( ) Semanalmente
( ) Quinzenalmente
( ) Mensalmente
( ) Não e verificado
Se diariamente, quantas vezes por dia?
__________________________________________________________________
Lavanderia
12. Descreva
Quantidade de máquinas
de lavar
Consumo de água (L) Capacidade em kg de
cada máquina
Marca e modelo
de cada máquina
13. Quantos kg de roupas são lavadas por dia?
__________________________________________________________________
14. Quantos kg de roupas são lavadas por mês?
146
__________________________________________________________________
15. Possui hidrômetro para a lavanderia?
SIM ( ) NÃO ( )
16. Consumo nos últimos 12 meses mês a mês?
__________________________________________________________________
17. Existe reutilização da água?
SIM ( ) NÃO ( )
18. De que forma?
__________________________________________________________________
Hemodiálise
19. Descreva:
Quantidade de máquinas de
hemodiálise
Consumo de água L/H
(fabricante)
Marca e modelo de cada
máquina
20. Quantas seções de hemodiálise são feitas por mês?
3 horas - __________________________________________________________
4 horas - __________________________________________________________
21. Existe um controle de consumo de água no setor de hemodiálise?
__________________________________________________________________
22. Possui hidrômetro no setor?
SIM ( ) NÃO ( )
23. Consumo nos últimos 12 meses mês a mês?
_______________________________________________________________
24. A água após cada processo é reutilizada ou vai para o esgoto?
_____________________________________________________________
147
25. Onde é reutilizada?
_____________________________________________________________
Autoclave
26. Qual a quantidade de autoclaves a vácuo existentes na central de materiais?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
____________________________________
27. Descreva
Capacidade em litros de cada
máquina
Marca e modelo de cada
máquina
Consumo de água da bomba
de vácuo (L/h)
28. Qual a quantidade de esterilizações feitas por dia?
_______________________________________________________________
29. Quantas esterilizações foram feitas por mês no ano de 2008?
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
30. Existe um controle de consumo de água do setor? Como e feito?
__________________________________________________________________
31. Possui hidrômetro para o setor?
__________________________________________________________________
32. A água após o processo é reutilizada ou vai para o esgoto?
__________________________________________________________________
33. Como é reutilizada?
__________________________________________________________________
148
ANEXO 2 – REGISTROS DE DEPOIMENTOS OBTIDOS COM FUNCIONÁRIOS
DOS HOSPITAIS SELECIONADOS
Os dados abaixo serão apresentados por equipamento pesquisado.
LAVANDERIA - DEPOIMENTOS
“O hospital se preocupa com os gastos, mas nunca controlou o consumo de água.
No nosso hospital, o consumo de água é estimado pelo nosso fornecedor de insumo
para a lavanderia.”
“No hospital não existe um controle real de consumo de água”. Devido à minha
experiência e busca na literatura e cursos eu estimo o consumo de água da seguinte
forma:
Roupa leve – consumo = 25 litros por kg/roupa
Roupa pesada – consumo = 40 litros por kg/roupa.
“A nossa referência é o que o hidrômetro indica no final do mês”.
“Em 2007 quando o hidrômetro foi instalado na lavanderia pelo setor de engenharia,
o engenheiro nos passava o consumo diário. Atualmente não temos nenhuma
informação apesar do hidrômetro continuar existindo. Podemos dizer que a partir de
2008 em diante nenhum controle é realizado em relação ao hidrômetro”.
“A engenharia tem esse controle de consumo de água muitos anos, mas se é o
consumo correto nós não sabemos. A única coisa que fazemos é a anotação do
valor indicado no hidrômetro. Fazemos isso diariamente”.
“As máquinas são antigas. Nós não sabemos o consumo de água de cada máquina.”
“Quando faço o rateio de custos considero o volume de água gasto um valor
estimado, quero dizer, não sei quanto que é gasto de água”.
149
HEMODIÁLISE - DEPOIMENTOS
“Para que colocar hidrômetro no setor de hemodiálise?”
“Sabemos que consome muita água, mas nunca ninguém se preocupou”.
“Há muitos anos nós sugerimos o reaproveitamento dessa água. Ela pode ser usada
em varias situações como, por exemplo, lavanderia e limpeza. fui em congressos
que falam sobre isso, mas aqui em Curitiba nunca vi ninguém que se interessasse”.
“Acho que o controle da água deveria ser do interesse do hospital. Nós apenas
prestamos serviços de hemodiálise”.
AUTOCLAVES - DEPOIMENTOS
“Nunca soube que as bombas de vácuo jogavam água fora”.
“Nunca soube que era possível o reaproveitamento dessa água. Como poderia ser
feito?”
“Eu sempre pensei que a água usada era aquela usada que se transformava em
vapor, que é usada na esterilização”.
“Nunca ninguém da manutenção do hospital ou da manutenção das autoclaves, que
é feita pelo representante, disse alguma coisa de consumo de água da bomba de
vácuo”.
“Eu sei que quando a bomba de vácuo estraga nós temos que fazer esterilização
de materiais em outro hospital, pois nós só temos um autoclave”.
“Estou na manutenção deste hospital há mais de 18 anos. Sempre foi assim. A água
é jogada fora o dia inteiro”.
150
Durante a entrevista o funcionário da manutenção nos levou a observar a liberação
da água no esgoto das autoclaves do centro obstétrico e fizemos uma experiência
prática: um balde de 10 litros foi completado no tempo de 1 minuto e 19 segundos.
Essa água vai toda para o esgoto.
CONSUMO E CONTROLES - DEPOIMENTOS
“Nosso único controle é a conta que a Sanepar fornece.”
“A gente controla para ter como indicador, mas não como gestão da água. Fazemos
assim faz muito tempo”.
“Minha função é na área ambiental, mas a minha responsabilidade é controlar a
gestão do lixo, que é muito aqui no hospital. Nunca pensei no controle da água”.
“A gente não tem tempo de olhar os hidrômetros. Se tiver algum vazamento grande
o setor avisa”.
“Na parte predial, já teve uma empresa interessada em nos ajudar a reduzir o
consumo em relação a apartamentos e enfermarias, onde seria considerado
torneiras e chuveiros. Mas quando viram que as instalações eram muito velhas eles
desistiram”.
“Sinceramente, não vejo lógica de fazer um controle, apesar deles serem feitos. Nós
não pagamos água mesmo. Acho que a Sanepar não teria coragem de cortar a água
de um hospital”.
“Temos um poço artesiano para a lavanderia. O consumo é grande, mas nós não
pagamos pelo consumo”.
151
ANEXO 3 - ENTREVISTAS COM FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS OU
TÉCNICOS ESPECIALIZADOS DOS EQUIPAMENTOS
SELECIONADOS (HEMODIÁLISE, LAVANDERIA E AUTOCLAVE)
A seguir apresentaremos o resultado de cinco entrevistas informais
assistemáticas e que se caracterizam como diálogo sem roteiro. Os entrevistados
autorizaram o pesquisador a identificar cargos e responsabilidade.
HEMODIÁLISE
Entrevista com o Sr. Samuel Silva de Oliveira Técnico de Tratamento de Água
para Hemodiálise e Técnico de Enfermagem. Atuando no Setor de Nefrologia.
1. Qual é o processo que a máquina realiza?
Processo de hemodiálise:
Primeiro passo: 30 minutos de desinfecção
Segundo passo: dosagem e calibração
Terceiro passo: paciente em hemodiálise (4 horas de duração)
Quarto passo: retirar o paciente e o capilar
Quinto passo: 30 minutos de desinfecção.
2.Qual é consumo de água?
Este processo é que consome 100 litros de água tratada.
3.Qual o destino da água utilizada? Essa água é diretamente jogada no esgoto. o
é possível sua recuperação. É uma água contaminada.
Para obter-se 8 litros de água tratada desperdiça-se 12 litros.
Então para cada seção temos um desperdício de 150 litros.
4.Quantas seções são feitas por mês?
São feitas 90 seções por mês.
Mensal: 150 litros x 90 = 13.500 litros
5.Qual o nível de desperdício?
Retrolavagem: o processo libera para o esgoto 1500 litros por semana. Se
considerarmos um mês esse valor corresponde a 6.000 litros.
152
Água desperdiçada total, então será de 13.500 litros + 6.000, perfazendo um total de
19.500 litros.
Sugestões dadas pelo Sr. Samuel para o reaproveitamento da água que
atualmente é enviada para o esgoto o as seguintes: 1) devolver a água os seus
componentes químicos naturais, armazenar e voltar a usá-la no processo de osmose
reversa para novamente ser usada para a hemodiálise. 2) armazenar a água e usa-
la para limpeza de piso e jardim. 3) usar a água nas quinas de lavar da
lavanderia.
LAVANDERIA
Entrevista com o Sr. Suzuki, Diretor–Presidente da Suzuki Indústria e Comércio de
Máquinas.
Segundo o Sr. Suzuki, existem alguns fatores que podem contribuir para o
desperdício de água em uma lavanderia:
É muito importante que o nível de água da maquina esteja correto. Se estiver
maior ocorrera o desperdício de água e possibilitara que a diluição do sabão
não seja perfeita, além de prejudicar a ação mecânica da máquina. Se a
quantidade de água for menor, o processo de lavagem não ocorrerá dentro do
planejado. Nos dois casos pode-se provocar o retorno da roupa para uma
relavagem, que provocará além do desgaste da roupa, maior uso de água
para uma nova lavagem.
A grande maioria das máquinas chamadas convencionais depende da ação
humana no controle de nível de água. Essas ações permitem que ao longo do
tempo se tenha falha no processo, que levará ao desperdício não de água
como também de produtos químicos e energia.
As máquinas em que o nível de água é automatizado permitem um melhor
padrão de lavagem da roupa e consumo correto de água.
A automatização diminui a influência da variabilidade da ação humana.
A melhora no processo sempre possibilita a redução de consumo que são
basicamente: água, energia e produtos.
Um sistema de tratamento de efluentes da água da lavanderia permite a
153
recuperação de 80% do volume de água que poderá novamente ser usado no
processo.
Um dos maiores causadores de aumento de consumo nas lavanderias é o
que chamamos de “retorno”, que é a quantidade de roupa que retorna para
ser relavada devido a inúmeras falhas no processo.
É muito importante que as máquinas de lavar sejam mantidas em bom estado
de manutenção, pois fatores como vazamentos e desbalanceamento da
máquina provocam aumento do consumo de água.
Lavanderia: visão do fornecedor de produtos químicos
Segundo o Sr. Nilton Trentini, da Ecolab, fornecedor de produtos químicos
necessários para uma boa lavagem e conservação do enxoval hospitalar, alguns
fatores influenciam os consumos.
A automatização dos níveis de água, quanto a automatização da distribuição
dos produtos químicos que são acrescentados em todas as etapas do
processo de lavagem o muito importantes, pois além de permitir uma boa
lavagem mantém a vida útil do enxoval hospitalar.
A automatização mantém o padrão da roupa, menos mão-de-obra, menor
consumo de água, menor consumo de energia, menor retorno devido ao
aumento da repetibilidade do processo.
grande dificuldade de se liberar os operadores de maquinas de lavar para
treinamentos e reciclagens. Operadores bem treinados mantêm o processo
em níveis que possibilitam o melhor custo beneficio. Basta lembrar que a
colocação de mais roupa que a capacidade permitida fará com que a lavagem
não seja efetiva.
É de muita importância a presença de uma balança em cada lavanderia. Em
muitas lavanderias hospitalares que conheço verifiquei a ausência de uma
balança para a pesagem da roupa. Com certeza a falta de balança implica em
uma serie de falhas no processo.
Uma lavanderia hospitalar deve manter entre 3 e 5% a taxa de retorno de
roupa. Acima desse valor é muito importante uma avaliação.
154
Em mais de 20 anos trabalhando no ramo de lavanderia hospitalar um item
não pode passar despercebido: a quantidade de água contaminada, que é
despejada diretamente no esgoto. Isso acontece na grande maioria das
lavanderias hospitalares pelo Brasil.
Como economia de água é sugerida a aplicação de ozônio em alguns
processos de lavagem. A reutilização da água dos dois últimos enxágüe para
serem usadas no inicio de uma próxima lavagem também deve ser
considerada.
AUTOCLAVE
Entrevista com o Sr. Julio César Borini, Gerente Comercial da Borini Serviços
e Comércio de Equipamentos Hospitalares Ltda., representante exclusivo da
Indústria Baumer Equipamentos Hospitalares.
O Sr. Julio afirma que o desconhecimento pelo consumo de água nas bombas
de vácuo pode ser considerado na grande maioria dos hospitais paranaenses. As
pessoas que trabalham nas centrais de materiais sabem que a bomba de vácuo
funciona para retirar o ar contido na autoclave, mas quanto ao consumo de água e
porque precisa de água as pessoas desconhecem.
Alguns setores de manutenção sabem que o consumo de água é para
refrigerar a bomba, mas não questionam o consumo.
Segundo o Sr. Julio, a função da bomba de vácuo é retirar completamente o
ar contido dentro da câmara de esterilização. A necessidade de consumo de água é
para refrigerar as bombas, que ao trabalharem em alta rotação aquecem muito
rápido. O volume de água necessário é em função da potencia da bomba de vácuo.
A potencia da bomba de vácuo é proporcional ao volume de ar contido na câmara da
autoclave e a necessidade de se retirar esse ar no menor tempo possível.
Uma bomba de menor potencia poderia ser usada, porém o tempo de retirada
do ar se estenderia, fazendo com que o ciclo de esterilização tivesse um tempo
maior. Isso não é interessante, pois não atenderia ao volume de material que precisa
ser esterilizado.
Existem hospitais que precisam esterilizar em outras localidades, por não
155
possuírem o número de autoclaves necessário.
A Baumer reconhece que o consumo e o desperdício é muito grande, mas no
momento ainda não existe uma solução viável economicamente no mercado. Devido
a isso a Baumer esta testando uma bomba de vácuo resfriada a ar comprimido. Os
testes técnicos se mostraram eficientes, mas os custos são muito altos por ser um
produto importado. A proporção de custo com uma bomba de vácuo que consome
água é em torno de 10 vezes maior.
Uma sugestão para se reduzir o consumo de água é o reaproveitamento da
água que atualmente vai para o esgoto. Reenviar a água ate uma caixa d’água para
posterior uso nas bombas. A única coisa importante a ser observada é que a água
que sai das bombas possui alta temperatura (acima de 65°C) e a água usada para
refrigerar não deve estar acima de 3C.
Esta sugestão foi apresentada para alguns hospitais, porem ninguém se
interessou em por em pratica a idéia. O consenso geral é que a água é muito barata
e que não vale a pena se preocupar.
Entrevista com o Sr. Walmiro Raimundo Pereira, proprietário em Curitiba da
empresa Cospere Assistência Técnica em Equipamentos Hospitalares Ltda., que
presta assistência técnica para as autoclaves fabricadas pela Sercon Indústria e
Comércio de Aparelhos Médicos Ltda.
Os clientes nunca se preocuparam com o consumo de água.
Mesmo quando demos sugestões nenhum cliente se interessou, alegando
que o investimento não compensaria, pois o valor cobrado pela água é muito pouco.
As pessoas que trabalham nas centrais de materiais em sua maioria nem
sabem do consumo de água que existe. Para eles, a bomba de vácuo tem que
cumprir o seu papel no processo, isso que importa.
As pessoas que possuem conhecimento técnico alegam que o investimento
ou é alto ou não existem condições técnicas para realizá-lo.
As suas sugestões para reduzir o consumo de água são: 1) instalação de uma
caixa d’água que passa pela bomba e que possa ser armazenada e resfriada antes
de ser usada novamente no processo de resfriamento de bomba. 2) Armazenar a
água que passa pela bomba de vácuo para ser usada na limpeza de pisos, jardins,
ou em vasos sanitários.
156
ANEXO 4 – HOSPITAIS GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA – 2005 – COM MÉDIA MENSAL DE CONSUMO
Ano Mês
HOSPITAIS - VOLUME EM
A B C D E F G H I J K L M
2005
Jan
1775 2978 2105 3259 2595 8270 7842 2387 5355 3715 15145 1298 2117
Fev
1957 3156 2911 3482 2924 8573 7704 3436 5297 5156 14498 2175 3172
mar
2442 2979 1742 2224 2938 8782 8586 3374 5388 4933 16645 2064 2531
abr
2512 3251 1158 2639 3222 5442 8388 3609 6194 5325 18140 1815 2883
mai
2603 3488 2438 2341 2974 8054 7653 3215 4666 7454 15381 1781 2402
Jun
2673 3413 3194 5572 3285 3950 7833 3743 5247 5490 16498 1250 2571
Jul
2757 3257 3211 4217 3017 2731 7653 2851 5596 5375 17139 1909 2653
ago
2593 3282 3143 4407 3256 6090 7704 3840 6076 12436 18540 1239 2396
Set
2784 3170 2257 4551 2849 6735 8558 3406 5775 8010 17161 2639 2427
out
2584 3357 3400 3737 2966 4811 9007 3467 4857 6328 16078 3183 2509
nov
1355 3271 2353 4999 3077 8173 8841 3627 5372 8720 15674 3174 2341
dez
1265 3220 3049 5181 3201 8437 8622 2756 5318 5864 16326 2378 1131
Soma 27300 38822 30961 46609 36304 80048 98391 39711 65141 78806 197225 24905 29133
Média 2275 3235,16 2580,08 3884,08 3025,33 6670,66 8199,25 3309,25 5428,41 6567,16 16435,41 2075,41 2427,75
Fonte: LUPARELLI, com base nos dados da Sanepar.
157
ANEXO 5 – GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA – 2006 - COM MÉDIA MENSAL DE CONSUMO
Ano Mês
HOSPITAIS - VOLUME EM
A B C D E F G H I J K L M
2006
Jan
1696 4324 2463 4806 2729 8477 8529 3434 5039 5490 15105 2746 2160
Fev
2014 2615 3062 4188 2919 7728 9500 3078 4902 10016 17099 2929 4065
mar
2074 3118 2731 4123 3805 8813 6674 2841 3365 11818 15630 2072 2407
abr
2054 2127 2417 3147 3260 9562 5203 2002 5301 12031 17386 2438 2847
mai
1820 3321 2747 2695 3443 8819 5711 3012 5237 9840 13852 2134 2875
Jun
2491 3313 2645 4206 3501 9794 8003 3410 5542 9358 15414 2462 3169
Jul
2184 2881 3057 1964 3391 9372 7114 2757 4175 5575 133857 2391 3407
ago
1682 3411 2762 1261 3339 6985 7117 3045 4295 4427 13392 2141 3049
Set
1699 3714 2999 1067 2669 9213 4717 3163 4809 4351 12751 1444 2437
out
1826 3288 3071 1415 2751 8347 5106 3818 2951 231 12781 1563 2401
nov
1892 3047 2881 1350 2628 9034 5039 3382 2024 2322 12352 1756 2622
dez
1869 3033 2912 1161 2480 8963 5537 2918 4634 1981 12315 2462 2366
Soma 23301 38192 33747 31383 36915 105107 78250 36860 52274 77440 291934 26538 33805
Média 1941,75 3182,66 2812,25 2615,25 3076,25 8758,91 6520,83 3071,66 4356,16 6453,33 24327,83 2211,5 2817,08
Fonte: LUPARELLI, com base nos dados da Sanepar.
158
ANEXO 6 – GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA – 2007 – COM MÉDIA MENSAL DE CONSUMO
Ano Mês
HOSPITAIS - VOLUME EM
A B C D E F G H I J K L M
2007
Jan
1710 3029 2739 1236 2451 9792 5287 2824 5131 1038 12162 1468 2551
fev
1666 3075 3021 1949 2582 9954 5481 3517 4964 178 13395 2115 2550
mar
1867 3049 3115 1459 2681 11347 5929 2868 5621 157 15636 2606 2778
abr
1800 3645 3425 3259 2821 11171 5917 2577 5050 137 14276 2083 2783
mai
1663 3387 3622 1815 2555 10556 6484 2776 5015 256 15044 2050 2740
jun
1069 3818 3184 2093 2596 11224 5637 4107 5521 888 13908 1841 2283
jul
1260 3689 3549 2545 2585 9778 5642 3617 5094 710 13604 4280 2244
ago
1565 3558 3243 2404 2464 10360 5989 3046 6211 7393 13399 2522 2327
set
1665 3875 3074 1406 2475 11446 5890 1813 5305 8991 12870 820 2482
out
1373 3524 3084 2358 2514 10406 7005 3700 5554 9003 12334 6569 2426
nov
1378 3784 2692 2140 2562 8863 5230 3714 8582 8019 11545 5546 2449
dez
1092 3780 2728 2010 2613 6848 5256 3365 8692 7540 11288 5662 2022
Soma 18108 42213 37476 24674 30899 121745 69747 37924 70740 44310 159461 37562 29635
Média 1509 3517,75 3123 2056,16 2574,91 10145,41 5812,25 3160,33 5895 3692,5 13288,41 3130,16 2469,58
Fonte: LUPARELLI, com base nos dados da Sanepar.
159
ANEXO 7 – GRANDES CONSUMIDORES DE ÁGUA – 2008 – COM MÉDIA MENSAL DE CONSUMO
Ano Mês
HOSPITAIS - VOLUME EM
A B C D E F G H I J K L M
2008
jan
1.037 3.872 0 1.449 2.559 7.478 5.162 3124 8.754 6.947 11270 5670 6.150
fev
1.123 4.069 2.693 1.416 2.673 7.876 5.123 3261 8.899 4221 12251 5648 4.058
mar
1.083 4.347 2.537 1.420 2.712 7.955 5.784 3318 8.921 7.829 13311 5738 1.854
abr
1.310 4.074 2.805 1.771 2.626 4.596 5.955 3164 9.263 4436 11791 6130 2.359
mai
1.121 4.230 3.099 1.763 2.413 7.552 6.253 265 9.754 10.285 11999 6208 2.317
jun
1.134 4.118 3.000 1.947 2.293 8.318 6.522 3794 8.698 10.086 11659 5998 2.509
jul
719 4.559 3.370 1.919 2.629 7.985 6.355 1028 8.465 7.806 11764 6480 2.483
ago
328 4.665 155 1.812 2.466 9.400 5.810 3256 8.540 8.615 12304 5968 2.390
set
18 4.701 3.054 2.179 3.059 9.247 6.132 3081 8.243 8.518 13177 6463 2.435
out
50 4.357 3.430 1.842 2.473 9.611 6.678 575 8.952 9.318 12461 6427 2.427
nov
2.222 4.450 3.090 2.772 2.520 10.155 6.361 3646 9.302 7.571 12698 6059 2.598
dez
2.160 3.969 2.989 2.108 2.612 10.902 5.199 3345 8.352 7.904 11211 6028 2.366
Soma 12.305 51.411 30222 22.398 31.035 101.075 71.334 31857 106.143 93.536 145896 72817 33.946
Média 1025,41 4284,25 2518,5 1866,5 2586,25 8422,91 5944,5 2654,75 8845,25 7794,66 12158 6068,08 2828,83
Fonte: LUPARELLI, com base nos dados da Sanepar.
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