53
“... as organizações públicas hospitalares apresentam uma dimensão
racional e inadequadamente valorizada. Tomaram da perspectiva racional
aquilo que lhes é menos apropriado - a divisão funcional, a ênfase na
especialização, no elevado número de níveis hierárquicos, na comunicação
vertical e na formalização - e deixaram de lado o que qualquer organização
precisa ter: a permanente preocupação com a (re)definição de seus
objetivos e resultados, com sua avaliação sistemática e com a
padronização dos processos de trabalho passíveis de maior normalização,
além de buscar imprimir eficiência às ações envolvidas” e que, “...ao
considerar-se as particularidades da administração pública, tais como a
instabilidade, a descontinuidade, a intermitência, a indefinição, a
incongruência, a distorção e a não responsabilização em relação aos
objetivos, e o elevado grau de centralização, pode-se dizer que estes
condicionantes conferem grande instabilidade e incerteza às organizações
hospitalares públicas, já que elas são fortemente dependentes deste
segmento do ambiente.”
Outra fonte a ser considerada são os registros apontados pela imprensa que
evidenciam através, ou da discussão de realidades ou dos efeitos nem sempre
favoráveis presentes no setor, um quadro onde se fazem presentes desperdícios em
suas mais variadas formas de expressão (ARRUDA, 1996; GAMA NETO, 1997;
SEGATTO, 1996 apud SACRAMENTO, 2001, p. 86). Agindo como fonte documental
que possibilita a identificação, ainda que empírica, de muitos dos fatores que são os
responsáveis pela presença de desperdícios em suas diferentes formas de
expressão além de identificar a sua correlação dos fatores culturais e o processo
educacional predominante.
Dentre os diferentes setores da economia, o da saúde cercou-se de uma
série de características onde pontuam valores próprios. Na gestão das instituições
de saúde, o que pode ser constatado com facilidade é a presença de uma postura
conceitual que defende e responsabiliza a indefinição e a não adoção de uma
filosofia voltada à profissionalização do setor, em virtude da quase impossibilidade
da adoção de um processo da “elevada complexidade” das estruturas presentes no
setor. Na realidade, o que pode ser observado, é que de fato se de um lado existe
um significativo grau de complexidade, de outro, observa-se a presença de um setor
com características culturais e repleto de valores diferenciados e entrelaçados que
acabam por refletir a presença de um elevado grau de resistência na aceitação das
novas realidades que se fazem presentes em todos os níveis sociais.
São exemplos dessa modificação de direcionamento a crescente
preocupação da classe médica, expressa em ações voltadas à busca da qualidade
(LEON, 1966, apud SACRAMENTO, 2001, p. 87), fato que soma-se à clara
consciência de muitos dos profissionais desta área, de que nas instituições de saúde