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BIANCA RACHID DIAS
Identificação de iGb3 e iGb4 em células de
melanoma B16F10-Nex2 e efeito
antitumoral de células dendríticas primadas
com iGb3 mediado por células iNKT.
São Paulo
2010
Tese apresentada à Universidade
Federal de São Paulo Escola
Paulista de Medicina, para obtenção
do título de Doutor em Ciências.
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BIANCA RACHID DIAS
Identificação de iGb3 e iGb4 em células de
melanoma B16F10-Nex2 e efeito
antitumoral de células dendríticas primadas
com iGb3 mediado por células iNKT.
Orientador: Prof. Dr. Luiz R.Travassos
São Paulo
2010
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo
Escola Paulista de
Medicina, para obtenção do título de Doutor
em Ciências.
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Dias, Bianca Rachid
Identificação de iGb3 e iGb4 em células de melanoma murino B16F10-
Nex2 e efeito antitumoral de células dend
ríticas primadas com iGb3
mediado por células iNKT/ Bianca Rachid Dias São Paulo, 2010.
144 f.
Tese (Doutorado) Universidade Federal de São Paulo. Programa de Pós-
graduação em Microbiologia, Imunologia e Parasitologia
Título em inglês: Identification of iGb3 and iGb4 in melanoma
B16F10-Nex2 cells and the iNKT cell-mediated antitumor effect of
dendritic cells primed with iGb3
1. Melanoma B16F10-Nex2 2. Células iNKT
3. Glicoesfingolipídeos iGb3, iGb4 e GM3 4. Células Dendríticas
5. Imuno vigilância
Trabalho realizado na Unidade de Oncologia
Experimental (UNONEX), no Departamento
de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia,
da Universidade Federal de São Paulo
Escola Paulista de Medicina
com auxílio
financeiro concedido pel
a Fundação de
Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo
(FAPESP)
Dedico essa tese
Aos meus pais Angela Lúcia e José Vitor
Ao meu marido Maury Yamazaki
À minha irmã Briana
À minha madrasta Elaine
Aos amigos da Disciplina de Biologia Celular
Amigos meus Toquinho
Amigos meus está chegando a hora
Em que a tristeza aproveita pra entrar
E todos nós vamos ter que ir embora
Pra vida lá fora continuar.
Tem sempre aquele que
Toma mais uma no bar
Tem sempre um outro que
Vai direitinho pro lar .
Mas tem também
Uma sala que está vazia,
Sem luz, sem amor, sombria,
Prontinha pro show voltar.
E em novo dia
A gente vê novamente
A sala se encher de gente
Pra gente comemorar.
Pai nosso em aramaico
Abwun d’bwashmaya
Nethqadash shmakh
Teytey malkuthakh
Nehwey tzevyanach aykanna d’bwashmaya aph b’arha.
Hawvlan lachma d’sunqanan yaomana
Washboqlan khaubayan (wakhtahayan)
aykana daph khnan shbwoqan l’khayyabayn
Wela tahlan l’nesyuna
Ela patzan min bisha
Metol dilakhie malkutha wahayla wateshbukhta
l’ahlam almin.
Ameyn.
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
À Deus, por me proteger nas estradas entre Campinas / São Paulo / São José dos
Campos, nos dias de chuva e de perigo.
Ao meu orientador, Prof. Luiz R. Travassos que sofreu todos esses anos me
orientando e corrigindo meus relatórios, paper e tese. Obrigada por compartilhar sua
sabedoria. E não poderia deixar de lado um agradecimento pelas comemorações no
Outback e pelas celebrações da Queda da Bastilha.
À minha coorientadora Elaine G. Rodrigues, por me ajudar a fazer todo o trabalho
pesado nesses anos, pelos seus ensinamentos, conselhos, conversas e apoio.
Ao Prof. Leonardo Nimrichter, por me auxiliar nos primeiros passos das extrações
lipídicas.
Ao Prof. Igor C. Almeida e seu aluno Ernesto Nakayasu que me socorreram em
todos os momentos difíceis dessa tese e que foram sempre responsáveis por notícias boas.
Aos Professores com quem aprendi a tomar decisões burocráticas nas Comissões e
Representações que participei e que sempre respeitaram minhas opiniões, Profa. Célia,
Profa. Ieda, Profa. Olga, Profa. Rosana, Profa. Tânia, Prof. José Daniel, Prof. Renato e
Prof. Zoilo.
À Fapesp, pelo suporte financeiro dado em todos esses anos.
Aos meus grandes amigos de labuta Alisson, Andrey, Ellen, Fabiana, Márcia,
Manoela e Thaysa pelas conversas e risadas na sala de cultura e por me darem forças
quando encontrava as células contaminadas, enfim por toda a amizade. Apesar da distância
vocês serão sempre meus grandes amigos.
Aos amigos de laboratório Amanda (Profa. Miriam), Ana Beatriz, Carla, Carla
(Profa. Ieda), Carlos, Carol (Profa. Célia), Cíntia, Denise, Eliana, Flávia, Filipe, Felipe,
Jorge, Juliana, Juliana (Profa. Ieda), Karina, Kátia (Profa. Rosana), Luana, Luis, Mariana,
Milene (Profa. Rosana), Natasha, Rafael (Toddy), Sabrina, Simone, Teresa (Prof. Sérgio),
Tiemi, Vanessa (Prof. Sérgio). Obrigada por me apoiarem em todos os momentos, por me
ensinarem e ajudarem nos experimentos, pelas conversas científicas e descontraídas.
Agradecimentos
Aos funcionários da Disciplina de Biologia Celular Seu Américo, Seu Antônio
Furlaneti, Claudeci, Cláudio, José Carlos, Luizão, Márcia, Maria, Marcelo, Rose e D.
Sebastiana que sempre facilitaram meu trabalho me ajudando com os materiais e
experimentos que precisava fazer.
À Mércia secretária da Pós-graduação do Departamento de Microbiologogia,
Imunologia e Parasitologia, que tantas vezes me socorreu.
Agradeço aos meus primos, tios e meus avós que sempre me acharam louca por
querer estudar mais, mas que certamente nesse momento estão muito orgulhosos com
minhas conquistas, principalmente meus tios compadres Tio Élson e Tia Marta, Tio Nilson
e Tia Valéria, Tio Vicente e Tia Sônia, e meus avós Sebastião e Maria.
Aos meus sogros Mirley e Hitoshi que me levaram vários sábados para o laboratório
e ficavam chateados quando as células estavam contaminadas ou quando os experimentos
não davam certo.
Aos meus cunhados Guilherme, Joana, Luciana e Walt que por conhecerem parte da
área de pesquisa, me aturaram discutindo conceitos científicos, obrigada pela paciência.
Aos meus pais que apesar de às ve zes questionarem os caminhos que escolhi,
estiveram sempre presentes me apoiando e incentivando. Sofreram e se alegraram comigo
tantas vezes, além de serem “paitrocinadores” em diversos momentos. Devo tudo à vocês.
Amo vocês.
À minha madrasta Elaine que junto com meu pai me apoiou sempre.
Ao meu marido que sempre foi incentivador e companheiro na minha vida, indo
comigo aos sábados, domingos e madrugadas ao laboratório. Obrigada por entender quando
eu tinha que trabalhar entre Natais e Anos-Novos, quando tinha poucos dias de férias e por
sempre estar ao meu lado. Eu te amo muito muitão.
E por último à pessoa que mais amo no mundo, minha irmã Briana, que me apóia
incondicionalmente, me incentiva, e em quem eu me espelho pela sua ética, determinação,
disciplina e força. Obrigada por tudo, te amo Brizinha.
ÍNDICE
ABREVIAÇÕES.....................................................................................................................i
RESUMO................................................................................................................................ii
ABSTRACT...........................................................................................................................iii
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................1
1.1 Melanoma.....................................................................................................................1
1.2 Células iNKT................................................................................................................5
1.2.1 Células NKT e resposta imune anti-tumoral................................................................5
1.3 CD1...............................................................................................................................7
1.4 Lipídeos ........................................................................................................................9
1.4.1 a-Galactosilceramida ..............................................................................................10
1.4.1.1 Tratamentos com a-GalCer...............................................................................11
1.4.2. Isoglobosil ceramida...............................................................................................12
1.4.3. Gangliosídeos ........................................................................................................14
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................16
3. MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................17
3.1 Animais.......................................................................................................................17
3.2 Células........................................................................................................................17
3.3 Reagentes ...................................................................................................................18
3.4 Ensaio de citometria de fluxo (FACS)......................................................................19
3.5 Obtenção de células tumorais crescidas in vivo.......................................................19
3.6 Obtenção de células apresentadoras de antígeno (APCs)........................................20
3.6.1 Células monocíticas provenientes de precursores da medula óssea.............................20
3.6.2 Células dendríticas provenientes de precursores de medula óssea...............................21
3.7 Detecção de Mycoplasma sp. através da técnica de PCR.........................................21
3.8 Preparo de lisado de células B16F10 -Nex 2 crescidas in vivo................................22
3.8.1 Obtenção de Lisado com nitrogênio líquido (NL)......................................................22
3.8.2 Ultracentrifugação dos lisados e obtenção das frações membranar e citosólica ............23
3.9 Obtenção de frações lipídicas a partir do melanoma murino B16F10-Nex 2.........23
3.10 Dessalinização das frações ......................................................................................25
3.11 Cromatografia de Camada Delgada (TLC)............................................................25
3.12 Ensaio de ativação do hibridoma DN32.D3...........................................................26
3.12.1 Ensaio com fibroblastos CD1d como células apresentadoras de antígenos ..............26
3.12.2 Ensaio com macrófagos de medula óssea como células apresentadoras de antígenos ..27
3.12.3 Ensaio com células dendríticas de medula óssea como células apresentadoras de
antígenos ........................................................................................................................27
3.13 Screening das frações lipídicas...............................................................................28
3. 14 Ensaio de detecção de IL -2 e IL-4 por ELISA .....................................................29
3.15 Separação dos componentes lipídicos das frações F3A, através de coluna de sílica
..........................................................................................................................................29
3.16 Separação de iGb3 por TLC preparativa a partir das frações F3A e F4A............30
3.17 Ensaio de estimulação de hibridomas NKT (DN32.D3) utilizando as frações iGb3
F3A e iGb3 F4A...............................................................................................................31
3.18 Separação de glicoesfingolipídeos neutros e de carga negativa...........................31
3.19 Per-N,O-metilação de Glicoesfingolipídeos (GSLs) neutros..................................32
3.20 Analise de GSL permetilados de F3A por espectrometria de massa íon-trap de
ionização linear (ESI-LIT-MS).......................................................................................33
3.21 Ensaio de citotoxicidade de células dendríticas pulsadas com iGb3 e a-GalCer
contra células tumorais B16F10-Nex 2..........................................................................33
3.21.1 Análise de citotoxicidade in vitro ...........................................................................33
3.22 Experimentos in vivo...............................................................................................34
3.22.1 Análise de sobrevida de camundongos WT e CD1dKO............................................34
3.22.2 Ensaio de metástase pulmonar in vivo.....................................................................35
3.23 Análise estatística.....................................................................................................35
4. RESULTADOS................................................................................................................36
4.1 Análise de sobrevida e desenvolvimento tumoral em animais deficientes em CD1d
..........................................................................................................................................36
4.2 Padronização do ensaio de ativação do hibridoma de células NKT, DN32.D3, por
fibroblastos CD1d.........................................................................................................39
4.2.1 Caracterização por FACS das células utilizadas no ensaio..........................................39
4.2.2 Padronização do ensaio com α-galactosilceramida ....................................................41
4.3 Obtenção de células tumorais B16F10-Nex2 crescidas in vivo...............................42
4.4 Obtenção e isolamento de frações lipídicas das células tumorais B16F10-Nex 2..45
4.5 Dessalinização das frações obtidas ...........................................................................53
4.6 Ensaio de estimulação de células DN32.D3 pelas frações lipídicas do melanoma
murino B16F10-Nex2......................................................................................................53
4.7 Obtenção de células apresentadoras de antígenos murinas maturadas a partir de
precursores de medula óssea para ensaio de ativação de células DN32.D3.................60
4.8 Ensaio de ativação de células DN32.D3 pelas frações lipídicas obtidas a partir do
melanoma murino B16F10-Nex2 apresentadas por BMDC..........................................62
4.9 Dosagem de IL-4 no ensaio de ativação de células DN32.D3 pelas frações F3A e
F4A...................................................................................................................................64
4.10 Inibição da ativação de células DN32.D3 pelo gangliosídeo GM3 adicionado a
células dendríticas de medula óssea (BMDC)................................................................68
4.11 Separação de compostos presentes na fração F3A em coluna de sílica...............68
4.12 Ensaio de ativação das células DN32.D3 NKT por subfrações obtidas após a
fração F3A ser submetida à coluna de sílica..................................................................71
4.13 Análise preliminar dos componentes lipídicos das frações F3A e F4A. Evidência
para a expressão de iGb3 e GM3.....................................................................................71
4.14 Ensaio de estimulação de células DN32.D3 NKT pelos produtos iGb3F3A e
iGb3F4A...........................................................................................................................74
4.15 Caracterização de lipídeos presentes em F3A por ESI-LIT-MS (electronspray
ionization-linear ion trap-mass spectrometry)................................................................76
4.16 Ensaio de Citometria de fluxo de células dendríticas incubadas com a-GalCer e
iGb3..................................................................................................................................87
4.17 Ensaio de citotoxicidade in vitro de células NKT estimuladas com iGb3 contra
células B16F10-Nex2......................................................................................................87
4.18 Proteção anti-tumoral in vivo conferida por células dendríticas de medula óssea
estimuladas com iGb3 e a-GalCer...................................................................................90
5. DISCUSSÃO....................................................................................................................92
6. CONCLUSÕES................................................................................................................97
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................99
8. ANEXOS........................................................................................................................113
8.1 Comitê de Ética........................................................................................................113
8.2 Publicação................................................................................................................114
Abreviações
- i -
ABREVIAÇÕES
a-GalCer a-galactosilceramida;
B16F10-Nex2 sublinhagem de melanoma murino B16F10 isolada na UNONEX;
BMDC células dendríticas de medula óssea;
C34:1 ácido graxo com 34 carbonos e 1 insaturação;
CD1d-KO animais knock-out para o gene CD1d;
d18:1- esfingosina com 18 carbonos e 1 insaturação;
DN32.D3 hibridoma de célula NKT;
ESI-LIT-MS “electronspray ionization linear ion-trap mass spectrometer”;
Fibroblastos-CD1d fibroblastos transfectados com o gene CD1d;
Gb3 globotrihexosilceramida;
Gb4 globotetraosilceramida;
GD2 disialil gangliosídeo 2;
GD3 disialil gangliosídeo 3;
GM1 monosialil gangliosídeo 1;
GM2 monosialil gangliosídeo 2;
GM3 monosialil gangliosídeo 3;
GSL glicoesfingolipídeo;
Hex hexose-hexose;
HPTLC “high performance thin layer chromatography”;
iGb3 isoglobotrihexosilceramida;
iGb4 isoglobotetraosilceramida;
iNKT linfócitos NKT com TCR invariante responsivas à a-Galactosilceramida;
m/z massa/carga iônica;
MeN-Ac/Me-N-glicolilneuraminico ácido N-acetilneuramínico metilado / N-
glicolilneuramínico metilado;
NANA acido N- acetilneuramínico;
TLC “thin layer chromatography”;
WT animais selvagens (wild type).
Resumo
- ii -
RESUMO
Células iNKT restritas a CD1d são protetoras contra o desenvolvimento de
melanoma murino, B16F10-Nex2, subcutaneamente em animais singênicos. Essa proteção
pode ser deduzida pelo desenvolvimento acelerado do tumor em animais geneticamente
deficientes na expressão de CD1d (CD1d-KO), com sobrevida significantemente menor do
que a observada com animais WT submetidos ao mesmo desafio de células tumorais.
CD1d é uma família de glicoproteínas relacionadas a MHC classe I, envolvidas na
apresentação, principalmente em células dendríticas, de antígenos lipídicos para células
iNKT. No presente trabalho focalizamos a identificação do lipídeo endógeno expresso em
células de melanoma capaz de induzir uma resposta de vigilância imune baseada em células
iNKT. Verificamos também a possibilidade de proteger animais contra o desenvolvimento
tumoral utilizando células dendríticas primadas com o lipídeo endógeno.
A extração dos componentes lipídicos de melanoma foi realizada a partir de tumores
crescidos in vivo, evitando-se assim artefatos do cultivo celular in vitro. Foram testados três
diferentes protocolos de extração (A, B e C), obtendo-se 14 frações diferentes que foram
testadas na ativação do hibridoma DN32.D3, uma linhagem de células NKT murinas
imortalizadas. A fração F3 do protocolo A (F3A) ativou o hibridoma DN32.D3 medido
pela produção de IL-2. Para uma eficiente apresentação dos lipídeos dessa fração
utilizamos com sucesso células dendríticas de medula óssea (BMDC) nos ensaios in vitro e
in vivo, para apresentação de F3A e glicolipídeos ativadores de células NKT, a-
galactosilceramida (a-GalCer) e isoglobotrihexosilceramida (iGb3).
Na tentativa de isolar o composto estimulatório presente em F3A de melanoma, essa
fração foi analisada por HPTLC revelada com diversos reagentes específicos para resíduos
de ácido siálico, açúcares neutros, fosfato e lipídeos totais. A fração também foi submetida
a separações em colunas de sílica, ensaio de “immunostaining” quimioluminescente com
lectina de Bandeiraea simplicifolia e análises em espectrometria de massa, onde foram
identificados gangliosídeos como GM3 bem como glicoesfingolipídeos neutros como iGb3,
Gb3, iGb4 e Gb4 por ESI-LIT-MS (electrosptray ionization-linear íon trap-mass
spectrometry).
Resumo
- ii -
Quando iGb3 foi incubado com BMDC e testado com células DN32D3 essas foram
ativadas produzindo IL-2. GM3 consistentemente era um inibidor dessa ativação de células
iNKT.
Ensaios de citotoxicidade foram então realizados e verificamos que células de NKT
estimuladas por BMDC incubadas com a-GalCer ou iGb3 circundavam as células tumorais
B16F10-Nex2 visualizadas em microscopia de fluorescência e, em ensaio in vitro, as
células NKT promoviam lise de até 40% das células tumorais B16F10-Nex2.
Realizamos então ensaios in vivo, onde camundongos foram inoculados
endovenosamente com células do melanoma murino e tratados ou não com células
dendríticas primadas com a-GalCer ou iGb3. Ao excisarmos os pulmões dos animais,
notamos que os grupos tratados com lipídeos ativadores de células NKT tinha cerca de 4
vezes menos nódulos pulmonares que o grupo não tratado.
Nossos resultados mostram que o melanoma murino B16F10-Nex2 possui a
molécula iGb3 e sua precursora iGb4, capaz de ativar células NKT conferindo a essas
capacidade citotóxica in vitro contra o melanoma. Esse lipídeo (iGb3) também mostrou um
efeito protetor contra metástases pulmonares oriundas do melanoma murino quando
apresentado por células dendríticas utilizadas em protocolo de terapia celular.
Esse é o primeiro trabalho mostrando que efetivamente um glicolipídeo endógeno
ligante de CD1d é capaz de ativar células NKT com efeito protetor antitumoral, através de
terapia celular com células dendríticas.
Palavras chave: Melanoma B16F10-Nex2, células iNKT, glicoesfingolipídeos iGb3 e iGb4
GM3, células dendríticas, imuno vigilância.
Abstract
- iii -
ABSTRACT
CD1d-restricted iNKT cells are protective against the murine melanoma B16F10-
Nex2 growing subcutaneously in syngeneic animals. This is inferred from the fast tumor
growth in animals genetically deficient in CD1d (CD1d-KO), which showed a survival time
significantly shorter than that of WT animals equally challenged with tumor cells. CD1d
belongs to a family of glycoproteins resembling MHC class I, involved in the presentation,
chiefly in dendritic cells, of lipidic antigens to iNKT cells. In the present work we focus on
the identification of an endogenous lipid component expressed in melanoma cells able to
induce an immunosurveillance response based on iNKT. We also investigated the
possibility of animal protection against tumor development by using dendritic cells primed
with the endogenous lipid.
The extraction of membrane lipid components was carried out from in vivo grown
tumors, thus avoiding artifacts from the in vitro grown cultures. Three different extraction
protocols were tested (A, B, C), and 14 different fractions were obtained and tested for the
activation of hybridoma DN32.D3, a cell line of immortalized murine NKT cells. Fraction
F3 of protocol A (F3A) activated hybridoma DN32.D3 to produce IL-2. For an efficient
presentation of lipids from this fraction we successfully used bone marrow dendritic cells
(BMDC) on in vitro and in vivo assays. F3A and NKT-cell activating glycolipids, a-
galactosylceramide (a-GalCer) and isoglobohexosylceramide (iGb3), were tested.
In the attempt to isolate the stimulatory component present in the melanoma F3A
fraction, HPTLC was used and revealed with several specific reagents for sialic acid
residues, neutral sugars, phosphate and total lipids. The fraction was also separated in silica
columns, immunostained with Bandeiraea simplicifolia BS-1 lectin and analyzed by mass
spectrometry. Ganglioside GM3 and neutral glycosphingolipids iGb3, Gb3, iGb4 and Gb4
were identified by ESI-LIT-MS (electrospray ionization-linear ion trap-mass spectrometry).
By incubation of iGb3 with BMDC and these with DN32.D3 cells, the latter were
activated to produce IL-2. GM3 consistently inhibited the activation of iNKT cells.
Cytotoxicity assays were then carried out, in which we found that NKT cells
stimulated by BMDC, primed with a-GalCer or iGb3, encircled the B16F10-Nex2 tumor
Abstract
- iii -
cells as visualized by fluorescent microscopy. NKT cells promoted lysis of up to 40% of
tumor cells.
In vivo tests showed that mice injected endovenously with murine melanoma cells
and treated with dendritic cells primed with a-GalCer or iGb3, had lungs with 4-fold fewer
nodules than an equally challenged but untreated group.
The present results show that the murine melanoma B16F10-Nex2 expresses iGb3
and its precursor iGb4, being able to activate NKT cells and conferring them a cytotoxic
activity in vitro against melanoma. Such lipid (iGb3) was also protective in vivo reducing
the melanoma pulmonary metastases when presented by dendritic cells used in cellular
therapy protocol.
This is the fist work showing effectively that an endogenous CD1d-restricted
glycolipid able to activate iNKT cells display a protective antitumor effect, using cellular
therapy with dendritic cells.
Key words: B16F10-Nex2 melanoma, iNKT cells, glycosphingolipids iGb3 and iGb4,
GM3, dendritic cells, imunosurveillance.
Introdução
- 1 -
1. INTRODUÇÃO
1.1 O Melanoma
O melanoma é um câncer com origem nos melanócitos. Os melanócitos são células
produtoras de pigmento (melanina) em humanos e outros vertebrados. No desenvolvimento
embrionário essas células migram de seu ponto de origem na crista neural para a camada
basal da epiderme na pele (Baker et al., 1997) (Chudnovsky et al., 2005). A transformação
maligna dos melanócitos leva à proliferação anormal dessas células, com crescimento radial
e vertical com células invadindo a membrana basal, atingindo a derme, infiltrando-se nas
vias linfáticas e nos vasos sanguíneos e dando origem a metástases em sítios distantes do
tumor primário.
A homeostasia dos melanócitos é regulada por queratinócitos presentes na epiderme.
Em resposta a luz ultravioleta, estes queratinócitos secretam fatores que regulam a
sobrevivência, diferenciação, proliferação e motilidade destes melanócitos, estimulando
estas células a produzir melanina. Portanto, os melanócitos têm a função de proteger a
nossa pele contra os danos causados pela luz ultravioleta (Gray-Schopfer et al., 2007).
Existe uma série de fatores de risco para o desencadeamento de tumores da pele. De acordo
com a Organização Mundial da Saúde, sensibilidade ao sol, pele clara e exposição
excessiva ao sol são fatores que predispõem ao desenvolvimento do melanoma maligno.
Dessa forma, medidas preventivas para se evitar a doença devem ser tomadas, tais como,
evitar a exposição prolongada ao sol, principalmente em horários onde a incidência da
radiação ultravioleta (UVB) dos raios solares é maior, além do uso de equipamentos de
proteção, como óculos escuros, chapéu e filtro solar.
Algumas mutações estão ligadas ao processo maligno nos melanócitos, sendo que
cerca de 65% afetam o gene BRAF e 20% o N-RAS. Além disso, Patton et al., 2005,
observou a freqüente perda de função de p53 no melanoma.
Tradicionalmente, o desenvolvimento e a progressão do melanoma apresenta 4 passos
característicos. (1) Melanócitos gerando nevus displásico com estrutura e arquitetura atípica
Introdução
- 2 -
diferente de um nevus comum; (2) Ocorre então uma fase de crescimento radial (RGP) do
melanoma primário seguido pelo crescimento vertical (VGP); (3) No VGP, células do
melanoma podem infiltrar a membrana basal e invadir a derme; (4) inicia-se o processo
metastático com as células tumorais alcançando diversos órgãos (Muller et al., 2009).
Essas transformações celulares apresentam sintomas característicos como o
aparecimento de lesões escuras com bordas irregulares, acompanhada de coceira e
descamação. Em casos de uma lesão pigmentada pré-existente, ocorre aumento no
tamanho, alteração na coloração e na forma da lesão que passa a ser assimétrica com bordas
irregulares (INCA). O ABCD das lesões do melanoma são classicamente definidos como
segue: Assimetria, uma metade diferente da outra; Bordas irregulares, contornos mal
definidos; Cor variável, várias cores numa mesma lesão; Diâmetro, maior que 6 milímetros.
De acordo com o INCA, no Brasil, em 2008, de todos os 470.000 casos de câncer
cerca de 6.000 casos eram de melanoma, com incidência dessa neoplasia em indivíduos
com cor de pele branca. O National Câncer Institute (NCI) estima que em 2009 cerca de
68.720 novos casos ocorreriam nos Estados Unidos com 8.650 mortes devido ao
melanoma.
O melanoma de pele é menos freqüente que outros tumores de pele como
basocelular e espinocelular porém, devido sua alta capacidade metastática a letalidade é
elevada. Nos estágios iniciais do melanoma nos quais as células ainda não se espalharam,
tumor e linfonodos podem ser excisados e o paciente apresenta baixo risco de recorrência.
Pacientes diagnosticados tardiamente ou com melanoma metastático apresentam um pior
prognóstico, pois essas células são resistentes aos tratamentos convencionais, quimioterapia
e radioterapia. Esses pacientes apresentam uma média de sobrevida de apenas 6 meses e, de
5 anos em menos de 5% dos pacientes.
Devido à dificuldade de tratamento do melanoma, pesquisadores concordam que
novas terapias devem ser desenvolvidas (Gray-Schopfer et al, 2007). Pesquisas bioquímicas
têm buscado drogas que possam combater o melanoma ou prevenir sua formação, levando a
descoberta de novas quimioterapias com ação antitumoral. A excisão cirúrgica é sempre a
primeira opção, mas, em determinados casos, existe um espalhamento da lesão que dificulta
essa remoção, justificando um tratamento tópico. Rodrigues et al., 2008, mostraram que
camundongos inoculados subcutaneamente com células de melanoma B16F10-Nex2
Introdução
- 3 -
podiam ser tratados topicamente com gomesina, um peptídeo antimicrobiano isolado de
aranha Acanthoscurria gomesiana. Além de retardar o crescimento tumoral esse tratamento
prolongou significativamente a sobrevida dos animais tratados. Esse é um raro exemplo
desse tipo de intervenção.
Outro ponto crítico no desenvolvimento do melanoma murino é a angiogênese.
Diversos pesquisadores vêm buscando formas de impedir a nutrição do tumor inibindo o
suprimento sanguineo. Numerosos trabalhos focalizam esse aspecto do crescimento tumoral
bem como os inibidores da angiogênese que podem ter efeito no câncer. Paschoalin et al.,
2007, mostraram que a secreção de TOP (Thimet oligopeptidase) não foi diretamente tóxica
à célula tumoral, mas protegeu camundongos desafiados com B16F10-Nex 2 quando esses
foram tratados com TOP recombinante. Essa enzima degrada bradicinina que está
envolvida na angiogênese juntamente com NO.
1.2 Células iNKT
Os linfócitos NKT são maturados no timo através de células precursoras CD4
+
CD8
+
(em timócitos imaturos do córtex) que interagem com CD1, gerando duas subpopulações
majoritárias, CD4
+
e CD4
-
CD8
-
(DN) conforme descrito por Bendelac (1995) e
Brutkiewicz & Sriram (2002). Essas células produzem citocinas tipo Th1 (IFN-γ) e Th2
(IL-4, IL-13), e cada vez mais tem sido demonstrada sua importância em infecções por
microorganismos e na resposta imune antitumoral. Fígado e baço são os órgãos onde há
maior população de células NKT, e é rara sua presença em linfonodos (Matsuda et al.,
2000).
As células NKT, expressam marcadores das células NK (NK1.1) ao mesmo tempo
que apresentam um repertório de TCRs (T-cell receptors) restrito, onde mais de 90% das
células contem um determinado TCR invariante (Va14Ja18Vβ8 em camundongos e
Va24Ja18Vβ11 em humanos), sendo pois denominadas NKT invariantes ou iNKT. Essas
células reconhecem antígenos apresentados por CD1, uma molécula semelhante a MHC
classe I, associada à β2-microglobulina, relativamente não polimórfica, expressa em células
da linhagem hematopoiética. Foram identificados cinco homólogos para essa molécula,
Introdução
- 4 -
sendo que um deles é expresso em camundongos, o CD1d, responsável pela seleção
positiva de células NKT no timo, resultando na seleção de células NKT CD4+ e NKT
CD4
-
CD8
-
(Brutkiewicz & Sriram, 2002).
Essas células dividem-se em dois subtipos. Linfócitos NKT tipo I reagem com a-
GalCer, um glicolipídeo originado da esponja marinha Agellus mauritianus, quando
apresentado por CD1d. O segundo tipo dessas células são restritas a CD1d porém não
reagem com a-GalCer e seu TCR não é considerado invariante. Estudos realizados por Cui
et al. em 1997 mostraram que animais deficientes em Ja281 não tinham células NKT tipo I,
enquanto Mendiratta et al., 1997, mostraram a ausência de ambos os tipos de NKT em
camundongos deficientes em CD1d.
As células NKT podem produzir tanto citocinas tipo Th1 (IFN-γ) como Th2 (IL-4,
IL-13), e cada vez mais tem sido demonstrada sua importância em infecções por
microorganismos bem como na resposta imune anti-tumoral contribuindo para a ativação
de diversas outras células do sistema imune como células dendríticas (DC), NK ou
linfócitos T. Dessa forma, as células NKT podem tanto ter papel citotóxico como efeito
adjuvante (Seino et al, 2006). Azuma et al., 2003, mostraram que outros componentes
celulares podem ser supressores da resposta antitumoral mediada por células NKT,
incluindo células T regulatórias (Treg), que podem suprimir a proliferação, produção de
citocina, e atividade citotóxica de células NKT.
Embora diversas âncoras de GPI isoladas de microorganismos patogênicos
(Trypanosoma cruzi, Plasmodium falciparum, Trypanosoma brucei) tenham se ligado ao
CD1d, nenhuma delas foi capaz de estimular células NKT ex-vivo (Procopio et al., 2002;
Brutkiewicz & Sriram, 2002). O mecanismo da ação protetora dessas células contra esses
patógenos não está esclarecido (Wilson et al., 2002).
Células NKT são ativadas por IL-12, produzida por macrófagos e células
dendríticas. Mas igualmente expressam receptores para IFN-γ, o que as torna células de
ativação muito rápida (Kawamura et al., 1998).
Como já foi referido, vários trabalhos demonstram que há várias subpopulações de
linfócitos NKT com ações distintas, produzindo citocinas pró-inflamatórias e/ou citocinas
com perfil anti-inflamatório (Godfrey e Kronenberg, 2004, Brigl e Brenner, 2004 e Smyth
et al., 2002, Crowe et al., 2005). Taniguchi et al., 2003, Brigl & Brenner, 2004 e Wu et al.,
Introdução
- 5 -
2005, mostraram que linfócitos NKT produzem, dependendo de sua sub-população IL-4,
IL-10, IL-13 e IFN-?, indicando a participação destas células no processo de modulação do
sistema imune.
Atualmente está bem estabelecida a importância de células NKT no sistema imune
(Champagne et al., 2005), apresentando atividades antimicrobiana (Sugawara et al.,, 2002),
auto-imune (Cardell, 2006) e anti-tumoral (Brutkiewicz, 2006).
1.2.1 Células NKT e resposta imune anti-tumoral
Células NKT ativadas induzem a morte celular tumoral, por diversos mechanismos
incluindo liberação de perforina, assim como a expressão de FASL e TRAIL. A
importância das células NKT no desenvolvimento tumoral foi demonstrada pela primeira
vez em trabalho onde os animais desenvolvendo melanoma metastático foram injetados
com IL-12. Animais deficientes em células NKT tipo I (camundongos Ja18 KO) eram
incapazes de controlar o crescimento tumoral nessas condições. Enquanto o animal
selvagem injetado com IL-12 não apresentava metástases, animais KO reconstituídos com
células NKT comportavam-se como os selvagens (Cui et al, 1997).
Park et al., 2003, complementaram esse estudo demonstrando que células NKT
mediaram a rejeição de metástases hepáticas após injeção de IL-12, porém outras células
foram efetoras na rejeição de tumores subcutâneos, possivelmente células dendríticas
linfóides, sugerindo que células efetoras anti-tumorais variam de acordo com o
microambiente tumoral.
A citotoxicidade de células NKT humanas pode ser direta ou via células dendríticas
“cross-primed” com antígenos tumorais apresentados por CD1. Vários grupos têm utilizado
α-galactosilceramida como ligante de CD1 apresentado por células dendríticas, para
ativação de células NKT. Essas podem secretar citocinas como IL-2, IFN-γ, ativadoras de
células NK citotóxicas estabelecendo um ativo infiltrado anti-tumoral (Metelitsa et al.,
2001).
Motohashi et al., 2002, demonstraram que células Va24 NKT estão em menor
número no sangue periférico em pacientes com câncer em estágio avançado e que células
Introdução
- 6 -
NKT tipo 2 atuam como células regulatórias suprimindo a resposta antitumoral mediada
por linfócitos citotóxicos T CD8+. Terabe et al., 2000, mostraram que em um modelo de
recorrência tumoral, fibroblastos transformados produziram tumor em camundongos, o qual
inicialmente regrediu pela atividade de CTLs T CD8
+
e depois foi reativado por células T
CD4
+
CD1d dependentes que produziam IL-13. Recentemente os autores compararam os
efeitos da regulação negativa observada em camundongos deficientes em Ja281 (com
ausência de células NKT tipo I) com camundongos CD1d deficientes (ambos os tipos),
identificando células NKT tipo 2 como células regulatórias envolvidas na reativação do
crescimento tumoral (Terabe et al., 2005). Seino e Taniguchi, 2005, relataram que
linfócitos NKT tipo I e tipo II podem interagir mutuamente reprimindo outras funções e
desencadeando um feedback negativo na resposta imune antitumoral. No modelo de Terabe
et al., 2000, enquanto animais selvagens apresentavam alta freqüência de recorrência
tumoral, animais deficientes em CD1d, ou STAT-6 não apresentavam recorrência
sugerindo fortemente que o efeito era dependente de células NKT do tipo 2, produtoras de
IL-13. Na UNONEX (UNIFESP), foi obtida evidência de que células NKT regulatórias
estavam envolvidas na resposta imune contra o melanoma B16F10-Nex2 no camundongo
pelo efeito protetor obtido pela neutralização de IL-13 usando a quimera IL-13Rα2-Fc
(Hebeler-Barbosa et al., 2008).
Dependendo do microambiente tumoral células NKT apresentam um efeito protetor
direto ou mesmo indireto. Para isso, elas devem ser estimuladas via ligante especifico de
natureza lipídica ou glicolipídica com CD1d. Wu et al., 2003 demonstraram que o
gangliosídeo GD3, expresso em altas concentrações em linhagens de melanoma humano,
pode ligar-se à CD1d e reagir com linfócitos NKT murinos. Nesse trabalho, os autores
também sugerem que a apresentação de GD3 ocorra via cross-priming, ou seja, GD3 deve
ser captado e apresentado por uma célula apresentadora de antígenos e não pela própria
célula tumoral, uma vez que esta última não expressa em sua superfície a molécula de
CD1d. O eventual efeito estimulante de células NKT por gangliosídeos como o GD3
relatado nesse trabalho é, no entanto, contrário a um grande número de outras evid ências
que mostram que gangliosídeos agem como moléculas imunosupressoras. De fato, a
liberação de glicolipídeos no meio tem sido considerada como uma forma de evasão do
tumor contra a sua detecção, resultando em disseminação para sítios metastáticos distantes
Introdução
- 7 -
(Zeng et al., 2000a). A supressão da expressão de GD3 reduz o crescimento tumoral,
angiogênese e produção de VEGF (Zeng et al., 2000b). Na prática, estratégias de
quimioterapia e vacinas antitumorais incluem o bloqueio da síntese de glucoesfingolipídeos
bem como anticorpos anti-gangliosideos, respectivamente (Radin, 1999; Livingston, 1998).
A importância das células NKT no controle do desenvolvimento tumoral quando IL-
12 é aplicado ao hospedeiro foi demonstrada por Cui et al., 1997 e por Park et al., 2003. No
entanto, o papel dessas células na rejeição tumoral na ausência dessa interleucina ainda não
foi determinado. Em nosso trabalho, animais deficientes em CD1d tem rápido
desenvolvimento de melanoma implantado subcutaneamente indicando que células efetoras
CD1d-restritas são essenciais para a imunovigilância (ver em Resultados).
1.3 CD1
Ao contrário das moléculas de MHC I, que apresentam peptídeos aos linfócitos T
CD8+ citotóxicos, moléculas de CD1 apresentam lipídeos e glicolipídeos a células NKT
(Porcelli & Modlin, 1999).
O CD1 é uma família de glicoproteínas de membrana composta por heterodímeros
em que a segunda molécula é ß2-microglobulina, de maneira similar a MHC classe I. Em
humanos essas moléculas são codificadas por cinco genes CD1a, CD1b e CD1c
(classificados como grupo I), CD1d (grupo II) e CD1e (considerado um grupo
intermediário). Em camundongos, somente CD1d está presente (Calabi, 1986).
Apesar de CD1d e MHC I terem semelhanças nas suas estruturas secundárias e
terciárias e nos domínios a associados de forma não covalente a ß2-microglobulina, as
diferenças são notadas na topografia e na superfície molecular onde o antígeno se liga,
sendo esta superfície maior, com dois “pockets” de ligação lipídica (A’ e F’) e com
características mais hidrofóbicas (Zeng et al., 1997). Assim, os principais ligantes das
moléculas CD1d são os que possuem características lipídicas.
Uma das várias dificuldades encontradas no estudo das células de mamíferos,
normais e tumorais, é a de encontrar um ligante natural, endógeno para CD1d. Para as
moléculas CD1a, b e c, alguns ligantes já são conhecidos. Lipídeos encontrados na parede
Introdução
- 8 -
celular de micobactérias, como ácido micólico, manosídeo fosfatidilinositol (PIM),
lipoarabinomanose (LAM) são apresentados por CD1b (Sieling et al., 1995), enquanto
CD1a é capaz de reconhecer um lipopeptídeo de Mycobacterium tuberculosis e CD1c
reconhece um glicofosfolipídeo micobacteriano que possui somente uma cauda lipídica
curta (Brigl & Brenner, 2004). Gumperz et al., 2000 descreveu o reconhecimento por CD1d
de glicolipídeos e lipídeos endógenos encontrados em células de mamíferos (self-lipids)
como fosfatidilinositol, fosfatidiletanolamina e fosfatidilglicerol.
O principal ligante conhecido de CD1d que ativa células NKT é a a-
galactosilceramida (a-GalCer), um glicolipídeo extraído da uma esponja marinha Agellus
mauritianus, e provavelmente expresso em bactérias. Experimentos realizados por vários
grupos mostram que a falta de interação CD1d-NKT e da ativação de linfócitos NKT
podem prejudicar a resposta imune murina contra alguns agentes infecciosos, como por
exemplo, Pseudomonas aeruginosa, Borrelia burgdorferi (Sköld et al., 2003),
Mycobacterium tuberculosis (Sugawara et al., 2002), Plasmodium yoelii (Mannoor et al.,
2001) e Leishmania major (Ishikawa et al., 2000). Quando camundongos são infectados
endovenosamente com esporozoítas de Plasmodium berghei e P. yoelii e tratados com a a-
GalCer, observou-se parasitemia reduzida (Gonzáles-Aseguinolaza et al., 2000).
Zajonc et al., 2008 mostraram a estrutura cristalizada do complexo CD1d-iGb3. A
cadeia ceramida de cada antígeno é geralmente ancorada dentro de um “groove” de ligação
hidrofóbica, onde no pocket A’ liga-se a cadeia de ácido graxo e no pocket F’ insere-se a
esfingosina. A parte glicídica encontra-se na porção externa ao CD1 para ser reconhecida e
interagir com TCR de linfócitos NKT.
Giabbai et al., 2005, também mostraram a estrutura cristalizada de CD1d murino
nesse trabalho ligado a fosfatidilcolina, com ácidos graxos contendo dupla ligação cis
apresentando melhor ligação ao pocket A’ do CD1d murino, o mesmo não sendo observado
para a ligação insaturada trans.
Rauch et al., 2003 demonstraram que um hibridoma de células NKT murinas
reconheceu moléculas de fosfatidiletanolamina que continham pelo menos uma cadeia acil
insaturada em configuração cis, e que a intensidade da ligação ao CD1d aumentava de
acordo com o aumento da insaturação. Fischer et al., 2004 relataram que fosfatidilinositol
Introdução
- 9 -
manosídeo isolado de micobactérias foi capaz de induzir células NKT humanas e murinas a
secretar IFN-γ.
1.4 Lipídeos
Um número cada vez maior de pesquisadores tem demonstrado que moléculas de
natureza lipídica como gangliosídeos, esfingolipídeos neutros e fosfo-esfingolipídeos,
âncoras de glicosilfosfatidilinositol entre outros, interagem com células do sistema imune
induzindo respostas estimulatórias assim como imunosupressoras, sugerindo que receptores
lipídicos podem ser muito importantes na regulação da resposta imune.
Células responsáveis pela resposta imune inata (macrófagos, células dendríticas,
células NKT), assim como células responsáveis pela resposta imune adaptativa (linfócitos T
e B) respondem a estímulos induzidos por determinadas moléculas de natureza lipídica,
como esfingosina-1-fosfato (S1P) que é um esfingolipídeo implicado na regulação de
funções celulares cardíacas (Liliom et al., 2001; Sugiyama et al., 2000b) e pressoras
(Sugyiama et al., 2000a) tendo sua concentração livre no organismo regulada pela atividade
de fosfatases (Mandala et al., 2000), limitando assim os efeitos colaterais desta molécula.
É um conhecimento clássico que moléculas lipídicas isoladas de microorganismos
patogênicos para o homem são capazes de interagir com células do hospedeiro. A mais
estudada é o LPS (lipopolissacarídeo), isolado da membrana externa de bactérias Gram-
negativas, o qual, ao interagir com a proteína-ligante de LPS e CD14, promove a formação
de agregado com TLR-4 (Toll-like receptor-4), que ativa a expressão de genes de moléculas
pro-inflamatórias através de sinalização por NF-κB e MAP quinase.
Diversos estudos foram recentemente desenvolvidos com lipoglicanos de parasitos.
Ancoras GPI altamente purificadas isoladas de Trypanosoma cruzi reagiram com TLR-2
(Toll-like receptor-2) e induziram a produção de IL-12, TNF-α e NO por macrófagos
murinos e humanos (Campos et al., 2001). Um GIPL (glicoinositolfosfolipídeo) isolado
desse mesmo parasita quando associado a LPS apresentou atividade imunoregulatória sobre
macrófagos e células dendríticas humanas, reduzindo a expressão de moléculas de MHC
Introdução
- 10 -
classe I, CD86, CD40, e redução na secreção de TNF-α, IL-10 e IL-12, sendo a porção
ceramida da molécula a responsável pela maior parte das atividades apresentadas
(Brodskyn et al., 2002).
Durante a resposta de fase aguda, a interação de HDL (high density lipoproteins) e
LDL (low density lipoproteins) ativa enzimas complexadas a elas, induzindo o
aparecimento de espécies oxidadas de LDL, que apresentam atividade pro-inflamatória.
Essas moléculas oxidadas, cujo maior componente é a lisofosfatidilcolina, ligam-se à
receptores acoplados à proteína G e promovem a diferenciação de monócitos em células
dendríticas maduras, capazes de secretar IL-12 mas não IL-10 e de estimular a produção de
IL-2 e IFN-γ por linfócitos T singeneicos e alogeneicos. Essa atividade pode ser inibida por
excesso de LDL nativo, refletindo as condições de homeostase do indivíduo e sugerindo
que um aumento na concentração de fosfolipídeos seja um sinal endógeno de ativação do
sistema imune, altamente controlado por lipoproteínas durante a resposta de fase aguda
(Perrin-Cocon et al., 2001; Coutant et al., 2002).
Outros trabalhos têm comentado sobre o reconhecimento de moléculas com
características lipídicas por células NKT. Entre eles estão o de Kinjo et al., 2005, que
descreve o reconhecimento de um glicoesfingolipídeo de Sphingomonas, uma bactéria
gram-negativa que não contém lipopolissacarídeo. Frações glicolipídicas isoladas da
parede celular de M. tuberculosis contendo fosfatidilinositolmanosídios foram as
responsáveis pelo recrutamento de células NKT para as lesões granulomatosas, onde
células NKT são os leucócitos predominantes (Apostolou et al., 1999). Todavia, animais
deficientes em CD1d comportavam-se exatamente da mesma forma que os selvagens
quando infectados com M. tuberculosis (Behar et al., 1999). Quando tratados com a-
GalCer, no entanto, camundongos infectados com M. tuberculosis apresentaram um
aumento no recrutamento de linfócitos ao pulmão, redução de CFU (colony forming units)
micobacteriana pulmonar e aumento na sobrevida (Chackerian et al., 2002)
1.4.1 a-Galactoceramida
Até pouco tempo, o único ligante de CD1d descrito, capaz de eficientemente
estimular e proliferar células NKT com TCR invariante era a α-galactosilceramida (α-
Introdução
- 11 -
GalCer), um glicolipídeo com açúcar α-anomérico contendo uma cadeia acilada de 26
carbonos e esfingosina, isolada da esponja marinha, Agellus mauritianus, pela Kirin
Brewery Company (Japão).
Embora a ligação dessa molécula e de seu equivalente sintético, KRN7000,
provoque forte secreção de IL-4 e IFN-γ por células NKT, o glicolipídeo não foi isolado em
células de mamíferos e outros organismos, que são incapazes de sintetizar
glicoesfingolipídeos com terminais de α-GalCer (Brutkiewicz & Sriram, 2002, Wilson et
al., 2002).
Há estudos que mostram a importância da variação nas porções N-acil de moléculas
de a-galactosilceramidas no reconhecimento por NKT restritas a CD1d. Conforme descrito
por Yu et al., 2005, uma molécula com 20 carbonos e duas insaturações no ácido graxo tem
sua apresentação por células apresentadoras de antígeno não profissionais facilitada
comparativamente à α-GalCer KRN7000, tida com ativadora clássica de linfócitos NKT
via CD1d.
Brossay, 1998 relata que α-Galcer contendo esfingosina com 18 carbonos é capaz
de estimular mais eficientemente células NKT restritas a apresentação via CD1d do que α-
GalCer composta por uma esfingosina com um número menor de carbonos. Da mesma
forma, uma cadeia de ácido graxo composta por 26 carbonos foi mais eficiente na
estimulação do que aquelas moléculas que possuíam 2 carbonos a menos.
Kronemberg (2005) também cita os efeitos da alteração na estrutura molecular de
α-GalCer. Um análogo de α-GalCer com a base esfingóide mais curta, OCH, apresentou
maior secreção de IL-4 do que IFN-? quando adicionado a esplenócitos em cultura. A
secreção de citocinas do tipo Th2 está correlacionada com a redução do comprimento da
cadeia alifática de OCH. Em contraste, molécula C-glicosídica análoga a α-GalCer
Introdução
- 12 -
estimulou mais a produção de IFN-? que IL-4 por células NKT murinas, conforme
descreveram Schmieg et al., 2005.
1.4.1.1 Tratamentos com a-GalCer
Inquéritos clínicos (clinical trials) utilizando injeções endovenosas de a-GalCer
foram realizados como descreve Giaccone et al., 2002. As doses foram bem toleradas
pelos pacientes, entretanto um aumento nos níveis de citocinas TNF-a e GM-CSF foi
observado somente em pacientes com altos níveis de células NKT Va24, sem efeito
antitumoral.
Em compensação, estudos com células dendríticas pulsadas com a-GalCer
aumentaram a resposta antitumoral em camundongos, tendo esse tratamento ativado células
NKT in vivo, inibindo a metástase tumoral. Uma completa inibição de mestástases de
melanoma B16 no fígado foi observada com esse tratamento (Toura et al., 1999).
Em 2005 Ishikawa et al., avaliaram em estudos clínicos de fase I que, de 11
pacientes com câncer de pulmão em estágio avançado, tratados com injeções endovenosas
de células dendríticas pulsadas com a-GalCer, 1 paciente depois da primeira e segunda
dose do tratamento teve um aumento significativo de células NKT Va24 no sangue
periférico. Dois outros pacientes apresentaram respostas significativas após a terceira dose.
Nieda et al., 2004 também desenvolveram um estudo com esse mesmo tratamento em
pacientes com metástases malignas, mostrando que linfócitos NKT ativados induziram uma
ativação de células T e NK e aumentaram os níveis séricos de IFN-?. Efeitos benéficos
desse tratamento foram observados igualmente em pacientes com adenocarcinoma.
Α α-GalCer exerce um efeito tão intenso de ativação de células NKT com uma
única administração que elas ficam anérgicas a re-estimulação por pelo menos 30 dias
(Sullivan et al., 2005; Parekh et al., 2005). Além disso α-GalCer ativa células iNKT a
produzir citocinas do tipo 1 e 2 limitando sua eficácia. Derivados químicos desse
glicoesfingolipídeo com ceramidas modificadas estão sendo investigados tendo como alvo
respostas imunes especificamente ligadas a um tipo, Th-1 ou Th-2 (Savage et al., 2006).
Introdução
- 13 -
1.4.2. Isoglobosilceramida
Existem evidências de respostas imunes do tipo Th-1 contra patógenos exógenos
que seriam induzidas por células iNKT após o reconhecimento de um ligante endógeno na
presença de IL-12. Esse ligante foi identificado como iGb3 (Mattner et al., 2005).
Contudo, células iNKT podem reconhecer outros antígenos endógenos (Porubsky et al.,
2007) e portanto o microambiente de diferentes tecidos ou tipos de inflamação podem
determinar o fenótipo da produção de citocinas por células iNKT.
A molécula de iGb3 é um glicoesfingolipídeo neutro contendo 3 hexoses (2
galactoses e 1 glucose) ligadas a ceramida.
O globosídeo globotriaosilceramida (Gb3) é o principal glicoesfingolipídeo neutro
de leucócitos, plaquetas, fígado, baço e a maioria de outros tecidos não neurais. É o
determinante P
k
no sistema P de grupo sanguíneo. A sua estrutura contem uma galactose
terminal ligada α-(1-4) a β-lactose. A forma isoglobo (iGb3) contém, ao invés disso, uma
galactose terminal ligada α-(1-3) a β-lactose, e está presente em concentrações muito
inferiores ao Gb3. O iGb3 mas não Gb3 é capaz de estimular células NKT de maneira
similar a a-GalCer.
Zhou et al., 2004 reforçam a importância da estrutura da molécula que se liga ao
CD1d. Da mesma forma que Gb3 e iGb3, existem as isoformas Gb4 e iGb4. Gb4, ou
globotetraosylceramida é o determinante P com a estrutura: GalNAc(β1-3)-Gal(α1-4)-
Gal(β1-4)-GlcCer. O iGb4 tem a Gal subterminal ligada α-(1-3) a lactose-ceramida. Os
autores mostraram que isoglobotetraosilceramida não estimula linfócitos NKT, porém
Introdução
- 14 -
quando a β-hexosaminidase (enzima lisossomal) remove a porção terminal GalNAc desta
molécula, gera iGb3 (isoglobotrihexosilceramida) que apresenta ação estimulatória ao
linfócito, demonstrando assim que a alteração da molécula através do processamento de
iGb4 em iGb3 é importante para o reconhecimento e ativação de NKT. Ainda nesse
trabalho, quando células DN32.D3 são estimuladas com iGb3 e SAP B, ocorre maior
produção de IL-2. Os autores sugerem que iGb3 possa ser um ligante endógeno do Vα14
murino.
Zhou, 2006 e Mattner et al., 2005 obtiveram dados semelhantes, e sugeriram que a
expressão de iGb3 em tecidos periféricos esteja envolvida no controle da resposta de
células NKT contra infecções, tumores e doenças auto-imunes.
Em alguns trabalhos iGb3 não foi encontrado quando timo e células dendríticas
humanas e murinas foram analizadas em HPLC (Speak et al., 2007), apesar do RNA
mensageiro de iGb3 sintase ter sido detectado em diversos tecidos murinos incluindo no
timo (Milland et al., 2006; Porubsky et al., 2007). Outro trabalho (Christiansen et al., 2008)
sugere que a falta de iGb3 seria devida a ausência de uma iGb3-sintase funcional em
humanos. Em contraste a esses resultados, tetraglicosilceramidas de isoglobo e globo séries
foram recentemente identificados no timo humano, assim como iGb3 e iGb4 foram
identificados no timo murino por ESI-LIT-MS extremamente sensível (Li et al, 2008a,
2008b, 2009).
Um dos componentes que pode se ligar ao iGb3 é uma lectina de Bandeiraea
simplicifolia, especificamente a isolectina B4 (BSI-B4) que tem grande afinidade pela
porção terminal de resíduos a-D- galactosil.
1.4.3. Gangliosídeos
Os gangliosídeos são formados por uma ceramida, pelo menos duas moléculas de
hexoses complexadas a pelo menos um ácido siálico, que pode ser ácido N-
acetilneuramínico ou ácido N-glicolilneuramínico. Essa molécula em particular refere-se ao
gangliosídeo GM3.
Introdução
- 15 -
Os gangliosídeos tem diversas funções biológicas incluindo a modulação do sistema
imunológico. Essas moléculas estão diferencialmente expressas em diversas células
neoplásicas se comparadas com suas correspondentes normais, além de estarem envolvidas
na progressão tumoral e na imunossupressão de uma resposta antitumoral produzida pelo
hospedeiro.
Gangliosídeos secretados por tumores de origem neuroectodérmica (neuroblastoma
e melanoma) interferem na maturação de células dendríticas. Na presença de GM2,
precursores monocíticos mostram aderência aumentada, expressão reduzida de MHC classe
II, de moléculas estimulatórias e receptor para GM-CSF (CD116), bem como reduzida
estimulação de linfócitos T, células dendríticas maduras não foram afetadas pela presença
do gangliosídeo. Os autores sugerem que a diferenciação interrompida por GM2 dos
precursores de células dendríticas possa ser um mecanismo de escape tumoral (Wolfl et al.,
2002). Anticorpos anti-gangliosídeos (ex. GD3, GD2, GM2) reagem com células de
melanoma as quais hiper-expressam esses glicolipídeos. Um anticorpo monoclonal (R24),
específico pra GD3, foi utilizado para a regressão de lesões metastáticas de melanoma
humano (Houghton et al., 1985).
Moléculas do gangliosídeo GM3 contendo ácido N-glicolilneuramínico foi capaz de
modular negativamente a expressão de células T CD4
+
murinas, especialmente quando
essas células não estavam ativadas (de Leòn et al., 2006). Da mesma forma Deng et al.,
2000 mostrou que células de melanoma MEB4 (ricas em GM3) depletadas do gangliosídeo
endógeno [através do tratamento com 1-phenyl-2-hexadecanoylamino-3-pyrrolidino-3-
propanol (PPPP)], apresentou baixa capacidade tumorigênica quando injetadas em
camundongos.
Introdução
- 16 -
Anteriormente, em 1987, Ladish et al., já havia relatado que entre várias células da
sublinhagem de linfoma AKR, as que apresentavam maiores concentrações de
gangliosídeos eram altamente tumorigênicas e tinham mais capacidade metastática. Estas
publicações demonstram a atividade inibitória dos gangliosídeos sobre o sistema imune,
dando suporte a nossa hipótese que gangliosídeos presentes no melanoma murino B16F10
regulam negativamente a atividade estimulatória de outros componentes lipídicos dessas
células.
Células dendríticas derivadas de medula óssea, tratadas com GD3 e GM3 antes da
maturação induzida por LPS, tiveram suprimidas a expressão de CD40, CD80, CD86 e
MHC II, além de apresentarem uma queda na produção das citocinas IL-6, IL-10, IL-2 e
TNF-a no ensaio com GD3 (Bronnum et al., 2005).
Shurin, 2001 já havia demonstrado por citometria de fluxo que o gangliosídeo GD2
derivado de células tumorais de neuroblastoma murino (N2a), conferiu significativa
redução de CD11c, CD86 e MHC II em células dendríticas de camundongo tratadas em
cultura com o gangliosídeo.
É sabido que linhagens de melanoma murino e humano liberam (“shedding”)
antígenos tumorais no meio de cultura e isso ocorre igualmente in vivo.
Aparentemente, entre os glicolipídeos liberados, e atuando em baixas
concentrações, alguns são estimulatórios de respostas imunes como as que envolvem
células NKT, e outros são imunomoduladores negativos como os gangliosídeos. O
crescimento tumoral é combatido pelas células iNKT (produtoras de IFN-g) mas é
favorecido pelos gangliosídeos
Objetivos
- 16 -
2. OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho centraram-se na obtenção e identificação de um composto
lipídico do melanoma murino B16F10-Nex2 capaz de estimular células NKT a exercer uma
atividade imune antitumoral. Eles se basearam na determinação prévia de que células NKT
tem um papel importante na imunidade inata contra o melanoma num modelo singênico.
Nossos esforços procuraram pois:
Obter frações lipídicas provenientes de protocolos de extração lipídica de melanoma
murino obtido de crescimento in vivo;
Testar as frações obtidas nos protocolos de extração lipídica quanto ao seu potencial
de ativação de hibridomas de células NKT;
Obter células apresentadoras de antígenos provenientes de medula óssea em
especial células dendríticas (BMDC);
Em colaboração com a Universidade do Texas El Paso (Prof. Igor C. Almeida),
identificar possíveis lipídeos estimulatórios utilizando espectrometria de massa (íon-
trap);
Realizar ensaios de citotoxicidade de hibridomas NKT ativados após cultivo com
BMDC primadas com iGb3 contra células tumorais B16F10-Nex 2;
Realizar ensaios in vivo com BMDC incubadas com glicoesfingolipídeos a fim de
testar a proteção com esse tratamento contra a metástase pulmonar por células de
B16F10-Nex2.
Materiais e Métodos
- 17 -
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Animais
Foram utilizados camundongos C57Bl/6 machos de seis a oito semanas (WT),
adquiridos do Biotério do ICB-USP e camundongos C57Bl/6 machos geneticamente
deletados de CD1d (KO) da mesma idade, cedidos pelo professor Ricardo T. Gazzinelli
(UFMG). Os camundongos foram mantidos no CEDEME (UNIFESP) em condições “spf”
(sala isolada de acesso restrito, em isoladores, com água, ração e serragem autoclavadas, e
manipulação em fluxo laminar). Todas as experiências com animais foram aprovadas pelo
Comitê de Ética da UNIFESP.
3.2 Células
Células B16F10-Nex 2, sublinhagem isolada na UNONEX-UNIFESP do melanoma
murino B16F10, foram mantidas em meio RPMI 1640 (GIBCO) suplementado com 10%
de Soro Fetal Bovino (SFB, GIBCO). A linhagem B16F10 foi isolada por Fidler (1975) de
um tumor espontâneo e é singênica em camundongos C57Bl/6.
Em alguns experimentos foram utilizados fibroblastos murinos (linhagem RBL)
transfectados com o gene de CD1d murino (fibroblastos-CD1d), cedidos pelo professor
Ricardo T. Gazzinelli, foram mantidos em meio RPMI 1640 sup lementado com 10% SFB
em presença do antibiótico G418 (Geneticin, GIBCO). Hibridomas DN32.D3 (NKT),
também cedidos pelo professor Ricardo T. Gazzinelli foram mantidos em um meio de
cultura constituído de 50% de RPMI e 50% de α-MEM (GIBCO), suplementado com 5%
SFB, 2mM de L-glutamina, 100U/ml de penicilina, 100 µg/ml de estreptomicina e 50 µM
de 2-β-mercaptoetanol, todos os reagentes adquiridos da Gibco.
Materiais e Métodos
- 18 -
Células L929 (NCTC clone 929), um fibrossarcoma murino capaz de produzir TNF,
foram mantidas em meio DMEM suplementado com 10% SFB. Quando as células estavam
quase com 70% de confluência o meio foi trocado, as células foram lavadas na garrafa com
PBS 1x e adicionado 50 ml de meio para a garrafa de 150 cm
2
. O meio foi recolhido a cada
sete dias e testado para micoplasma, e os sobrenadantes negativos foram centrifugados por
5 minutos a 2.000 rpm, filtrados e congelados a -20º C, originando o meio L usado na
diferenciação dos macrófagos.
3.3 Reagentes
α-Galactosilceramida (cedida pelo Prof. Dapeng Zhou, MD Anderson Cancer
Center, Houston, TX), foi utilizada como ligante clássico na estimulação de hibridomas
NKT e ensaios in vivo.
GD3 e GM3 (Matreya, USA), foram utilizados para cromatografias HPTLC e
ensaio de estimulação do hibridoma DN32.D3 in vitro.
Isoglobotrihexosilceramida (Aléxis Biochemical) foi utilizado como padrão em
cromatografias HPTLC, para ensaios de immunostaining, estimulação de hibridoma NKT e
ensaios in vivo.
Metanol, clorofórmio, 1-butanol, diisopropil-éter, n-propanol, acetona (Merck), e
hidróxido de amônia (QUIMIS), coluna Sep-Pak Plus C18 (Waters) foram utilizados nas
extrações de frações lipídicas de células tumorais, e placas de TLC (thin layer
chromatography) de alumínio com sílica (Merck) para a verificação da composição geral
das frações tumorais de natureza lipídica obtidas.
As placas de TLC foram reveladas com solução de resorcinol (USB) HCl (200mg
de resorcinol diluídos em 80mL de HCl e 0,25 mL de 0,1M de sulfato de cobre,
completando o volume para 100mL com água), coloração específica para resíduos de ácido
siálico, a 150°C durante 10 minutos. Os glicoconjugados foram revelados com solução de
orcinol (USB) H
2
SO
4
(0,5g de orcinol em 100mL de 3M de ácido sulfúrico) a 130°C,
lipídeos e fosfolipídeos foram revelados com uma solução de ácido orto-fosfórico (5,16g de
sulfato de cobre pentahidratado diluído em 80 mL de água, adicionado de 9,4 mL de ácido
Materiais e Métodos
- 19 -
orto-fosfórico, volume final de 100mL com água) a 180°C; fosfolipídios especificamente,
foram corados com solução de molibdênio (SIGMA) (4g de trióxido de molibdênio
dissolvido por aquecimento em 50mL de ácido sulfúrico) à temperatura ambiente, e
lipídeos foram visualizados através de iodo sublimado à temperatura ambiente.
3.4 Ensaio de citometria de fluxo (FACS)
Entre 5x10
5
a 10
6
células/marcador foram lavadas uma vez com PBS-BSA (Sigma)
1% e centrifugadas a 1.500 rpm por 3 minutos. As células foram novamente lavadas uma
vez com PBS, centrifugadas e o pellet ressuspendido em 60µl de PBS contendo 2µl do
anticorpo biotinilado conjugado com o fluorocromo, sendo em seguida incubadas em gelo
durante uma hora. Lavou-se duas vezes com PBS e 500 µl de paraformaldeído 2% foi
adicionado para fixação, seguindo-se a leitura das amostras em equipamento FACScalibur,
Becton and Dickinson.
As células DN32.D3 foram incubadas com anticorpos reativos para os seguintes
marcadores: NK1.1-FITC, Vβ8-PE e CD3ε-PE. Os fibroblastos transfectados com CD1d
foram incubados com anticorpos contra MHC classe I-FITC e CD1d-FITC. Células
dendríticas provenientes de medula óssea (BMDC) foram marcadas para CD1d-FITC,
CD86-FITC, CD80-FITC, CD11c-PE, MHC I-FITC e MHC II-FITC. Macrófagos de
medula óssea foram marcados com F4/80-FITC, CD1d-FITC, MHC II-FITC, CD11b-PE e
CD11c-PE.
Todos os anticorpos utilizados foram da Pharmingen.
3.5 Obtenção de células tumorais crescidas in vivo
Para extração das frações lipídicas das células B16F10-Nex 2, optou-se pela
utilização das células crescidas in vivo, ao invés das células cultivadas in vitro, chegando
desta forma mais próximo da forma nativa de desenvolvimento tumoral. Animais C57Bl/6
foram injetados subcutaneamente com 5x10
4
células em 100 µl. O crescimento tumoral foi
Materiais e Métodos
- 20 -
acompanhado com paquímetro a cada dois ou três dias a partir do surgimento de nódulo
tumoral. O cálculo do volume tumoral foi realizado utilizando-se dois diâmetros, sendo o
diâmetro maior D e o menor d, compondo a seguinte fórmula: V= (D x d
2
) 0,52/1000
(cm
3
). A fórmula baseia-se num volume apresentando uma forma geométrica elíptica. Em
todas as circunstâncias todos os animais foram sacrificados com tumores máximos
subcutâneos de 3 cm
3
.
Para efeito de obtenção dos tumores para extração asséptica de lipídeos, volumes de
1cm³ foram utilizados. Antes do armazenamento, uma amostra foi retirada com alça de
platina flambada e colocada em 5 ml de meio LB para controle de contaminação bacteriana
e uma outra alíquota foi utilizada para verificação de contaminação por Mycoplasma sp.
Alguns tumores foram congelados a -70°C e outros foram congelados e liofilizados.
3.6 Obtenção de células apresentadoras de antígeno (APCs)
3.6.1 Células monocíticas provenientes de precursores da medula óssea
Ossos femurais de camundongos machos C57Bl/6 foram excisados e limpos,
retirando-se toda a musculatura a eles aderida, lavados em álcool 70%, posteriormente em
álcool iodado e por último em PBS 1X/antibiótico [50 ml de PBS 1X, 500 µl de
penicilina/estreptomicina (100x) e 50 µl de garamicina (40 mg/ml)]. As epífises foram
cortadas com o auxílio de uma tesoura estéril e as células da medula óssea foram obtidas
após a lavagem do seu interior utilizando-se seringa. Para cada fêmur foi utilizado 10 ml de
meio de diferenciação (meio RPMI + 30% meio L + 20% SFB), e as células foram
plaqueadas em placas de Petri. No quarto dia a partir da extração foi adicionado à placa de
Petri mais 10 ml de meio de diferenciação. As células foram mantidas em estufa com 5%
de CO
2
a 37
o
C e estavam aptas a serem utilizadas para os ensaios de ativação no sétimo dia
após a extração.
Materiais e Métodos
- 21 -
A maturação de macrófagos a partir de precursores medulares foi confirmada pela
presença de marcadores específicos em FACS como descrito a seguir: CD11c, CD1d,
CD11b, MHC II, F4/80.
3.6.2 Células dendríticas provenientes de precursores de medula óssea
A mesma técnica descrita no item anterior foi utilizada e as células de medula óssea
foram obtidas após a lavagem interna dos ossos femurais com 10 mL de uma solução de
PBS/antibióticos [50 ml de PBS 1X, 500 µl de penicilina/estreptomicina (100x) e 50 µl de
garamicina (40 mg/ml)] utilizando-se seringa. As células foram centrifugadas por 3 minutos
a 1.000 rpm, e ressuspensas em meio para diferenciação (RPMI suplementado com 10%
SFB, aminoácidos não-essenciais (50x) GIBCO, 50 µM ß-mercaptoetanol GIBCO, 30
ng/ml de GM-CSF PEPROTECH e 10 ng/ml de IL-4 PEPROTECH), sendo então
plaqueadas 2,5x10
6
células/ 800 µl/ well em placas de 24 poços. No terceiro e sexto dias a
partir da extração o meio foi trocado lentamente e as células mantidas em estufa com 5% de
CO
2
a 37
o
C. As células estavam aptas a serem utilizadas para os ensaios no sétimo dia após
a extração.
A maturação de células dendríticas a partir de precursores medulares foi confirmada
pela presença de marcadores específicos em FACS citados a seguir: CD11c, CD1d, MHC I,
F4/80, CD80, CD86
3.7 Detecção de Mycoplasma sp. através da técnica de PCR
A fim de excluir contaminação com Mycoplasma sp. dos tumores crescidos in vivo,
a amostra foi aquecida durante 5 minutos a 95°C com 50 µl de tampão LOTE (3 mM de
Tris-HCl pH 7,5, 0,2 mM de EDTA) e 10 µl dessa solução foram incubados com 10
pmol/µl de primers sense 5´GGC GAA TGG GTG AGT AAC ACG 3´ e anti-sense 5´CGG
ATA ACG CTT GCG ACC TAT 3’, 50 mM de MgCl
2
, buffer 10x para PCR (200 mM
Materiais e Métodos
- 22 -
Tris-HCl pH 8,4, 500 mM KCL), 10 mM de dNTP , 5 U (1µl) de Taq e água para um
volume final de 30 µl (todos os reagentes são da GIBCO).
A reação foi realizada em aparelho termociclador PTC-200 (MJ Reaearch), em 30
ciclos de 94°C por 1 minuto, 60°C por 1 minuto e 72°C por 1,5 minutos, com uma extensão
final de 72°C por 10 minutos, mantendo-se a reação a 4
o
C ao final. Os produtos obtidos
foram analizados em gel de agarose 1,2% e o fragmento esperado deve conter
aproximadamente 350 pb.
Todas as células utilizadas nos ensaios de estimulação de DN32.D3 também foram
testadas para Mycoplasma sp. Retiramos 1 ml de cada cultura de células, a amostra foi
centrifugada a 12.000 rpm por 5 minutos, o sobrenadante descartado e adicionado tampão
LOTE como descrito acima.
3.8 Preparo de lisado de células B16F10 -Nex 2 crescidas in vivo
Foi utilizado o método de lise das células tumorais com nitrogênio líquido
alternando congelamento e descongelamento do tumor. O tumor foi primeiramente
macerado com êmbolo de seringa em placa de Petri adicionando-se 5 ml de PBS 1x e
transferido para um tubo Falcon de 15 ml, e colocado para repousar por 10 minutos. Com
pipeta Pasteur somente o sobrenadante foi transferido para um tubo Falcon com 50 ml e o
volume completado com PBS 1x, o sobrenadante foi filtrado em filtro “Cell Strainer”
(COSTAR) com pipeta, centrifugado e lavado com PBS 1x por 5 minutos a 1.500 rpm. O
procedimento foi repetido três vezes.
3.8.2 Obtenção de Lisado com nitrogênio líquido (NL)
O sobrenadante foi transferido para tubo Falcon de 50 ml e passou por sessões
consecutivas de congelamento em nitrogênio líquido e descongelamento em banho a 37º C.
O procedimento foi realizado 6 vezes e a eficiência da lise foi verificada em microscópio
Materiais e Métodos
- 23 -
óptico, o sobrenadante após centrifugação a 1.500 rpm foi reservado para a
ultracentifugação.
3.8.3 Ultracentrifugação dos lisados e obtenção das frações membranar e citosólica
Os sobrenadantes foram transferidos para tubos utilizados em rotor SW 41ti, e
ultracentrifugados por 1h 30 minutos a 100.000g. O sobrenadante (referente ao citosol -
NLc) foi separado do pellet (referente à membrana - NLm) e as amostras foram irradiadas
com 30.000 rads a fim de esterilizar a amostra, estando essas prontas para os ensaios de
estimulação. As frações foram padronizadas pela quantidade em mg/ml de proteína
presente nas amostras.
3.9 Obtenção de frações lipídicas a partir do melanoma murino B16F10-Nex 2
Foram utilizados três protocolos de extração lipídica dos tumores crescidos in vivo.
O Protocolo A utiliza a clássica partição de Folch. Sobre 200 mg de tumor liofilizado foi
adicionado 1 ml de solução de clorofórmio : metanol (C:M) 1:1 (v/v) e agitado em vortex à
temperatura ambiente em alta velocidade por 1 minuto, sendo em seguida a amostra
centrifugada a 3.000 rpm por 10 minutos. Todos os sobrenadantes foram recolhidos e o
processo foi repetido três vezes sobre o pellet. Dos sobrenadantes recuperados, parte foi
reservada e parte foi evaporada em fluxo de nitrogênio gasoso (N
2
). Ambas as partes foram
consideradas como primeira fração denominada F1A. O pellet sofreu nova extração com os
solventes clorofórmio : metanol : água (C:M:W) 1:2:0,8 (v/v/v) a extração foi realizada por
três vezes obtendo dos sobrenadantes combinados a segunda fração, F2A.
À fração F1A foram adicionados 6 ml de clorofórmio : metanol (2:1) com 1 ml de
água, a mistura foi vigorosamente agitada em vortex e centrifugada a 3.000 rpm por 10
minutos gerando duas fases, a fase superior (F3A) e a fase inferior (F4A). Assim como a
Materiais e Métodos
- 24 -
fração F1A, parte do sobrenadante de F4A foi reservado e a outra parte foi seca em N
2
.
Sobre F4A seca adicionamos 5 ml de clorofórmio : metanol : água 1:100:100. Essa mistura
foi vortexada e centrifugada (da mesma forma descrita acima) obtendo duas novas fases
correspondentes às frações F5A e F6A.
Foi utilizado um segundo protocolo de extração de componentes lipídicos das
células tumorais, o Protocolo B, onde 1g de tumor liofilizado foi sonicado em 20 ml de
clorofórmio : metanol 1:1 (v/v), o tubo preenchido com nitrogênio gasoso, fechado
hermeticamente e a mistura foi agitada com magneto por 18 horas a 4°C. A amostra foi
então centrifugada a 2.000 rpm por 10 minutos e o sobrenadante transferido para outro
tubo. O pellet foi re-extraído com clorofórmio : metanol 1:1 por 4 horas a 4°C. Os
sobrenadantes foram combinados e reduzidos a ¼ do volume em N
2
e deixado por 18 horas
a -20°C. A amostra foi novamente centrifugada e o sobrenadante originou a fração F1B,
que foi seca em N
2
e liofilizado. Ao material liofilizado adicionou-se diisopropiléter (DIPE)
: 1-butanol 3:2, agitou-se no vortex e em seguida a mistura foi sonicada por 1 minuto,
adicionando 0,3% de NaCl aquoso (10 ml para cada 1 g de tumor). A amostra foi
novamente agitada em vortex seguida de sonicação por 2 minutos, centrifugada a 2.000
rpm por 10 minutos, originando uma fase superior (F2B) e uma fase inferior (F3B). Sobre a
fase inferior adicionou-se 20 ml DIPE : 1-butanol 3:2. A amostra foi agitada em vortex, e
sonicada por 2 minutos, centrifugada, originando uma nova fase superior (F4B) e inferior
(F5B).
No Protocolo C, ao tumor não liofilizado adicionou-se 3 mL de água; ele foi
macerado em um homogeneizador de tecidos tipo Potter, mantendo-se sempre a amostra
em gelo. Em seguida, adicionamos metanol, a amostra foi agitada, e finalmente
completamos com clorofórmio na proporção final de clorofórmio : metanol : água (C:M:W)
4:8:3. A amostra foi agitada em agitador orbital em temperatura ambiente por 1 hora,
centrifugada a 3.000 rpm por 10 minutos, e os sobrenadante reservado. O pellet foi re-
extraído com C:M:W 4:8:3, e todos os sobrenadantes foram combinados observando o
volume exato obtido. Aos sobrenadantes combinados que continham a concentração de
C:M:W 4:8:3, adicionou-se água até obter a proporção 4:8:5,6. Após essa etapa a amostra
foi centrifugada por 10 minutos a 3.000 rpm, formando uma fase superior (F1C), e uma
inferior (F2C). A fração F2C foi seca em nitrogênio e foi re-extraída com C:M:W 4:8:5,6 ,
Materiais e Métodos
- 25 -
combinando a fase superior à F1C. A fase F1C foi seca em nitrogênio e ressuspendida em
3 mL de C:M:W 2:43:55 e purificada em coluna SepPak C18. A eluição do material da
coluna foi feita com 3 ml metanol 100% seguida de 3 ml de C:M 1:1. A combinação de
ambos eluentes originaram a fração F3C.
Todas as frações obtidas foram mantidas secas, a -20
o
C, sendo todas as frações
diluídas em metanol, exceto F2C que é diluída em clorofórmio, antes de serem
cromatografadas. Para um primeiro ensaio de estimulação do hibridoma DN32.D3, as
frações foram diluídas em 500 µl e uma alíquota de 50 µl foi retirada e transferida para um
tubo estéril. Essas alíquotas foram secas em nitrogênio e posteriormente ressuspendidas em
de meio RPMI 1640, diluídas e incubadas com as células como descrito no ensaio de
estimulação.
Após essa etapa, todas as amostras foram padronizadas por peso seco obtido na
fração.
3.10 Dessalinização das frações
As frações foram passadas por uma coluna SepPack C18 (WATERS) para retirar
contaminantes por sais. A coluna foi lavada com o auxílio de uma seringa de vidro com 5
ml de água destilada, 3 ml metanol : água 1:1, 3 ml metanol, 3 ml metanol : água (1:1) e
equilibrada com clorofórmio : metanol : água (C:M:W) 2:43:55. Cada amostra foi diluída
em 1 ml de C:M:W 2:43:55 e aplicadas na coluna. O material não ligado foi recolhido e
testado em TLC para certificar que toda a amostra estava ligada na coluna. Lavamos a
coluna com 10 ml de C:M:W 2:43:55 para retirar excesso de contaminantes e então a
amostra foi eluída com 4 ml de metanol e 4 ml de C:M 1:1. Todas as frações obtidas foram
mantidas secas, a -20
o
C.
3.11 Cromatografia de Camada Delgada (TLC)
Materiais e Métodos
- 26 -
Todas as frações obtidas foram diluídas em 500 µl de C:M 1:1 e foram aplicados 4
µl de cada uma delas em placas de alumínio com sílica para cromatografia (Merck). As
amostras foram cromatografadas em cuba de vidro contendo uma solução de clorofórmio :
metanol : 0,25% KCl aquoso na proporção de 60:35:8. Alteramos a fase móvel (solvente)
para HPTLC a fim de melhorarmos a visualização das bandas lipídicas, passamos a utilizar
a combinação de n-propanol: NH4OH: água na proporção 60 : 9,5 : 11,5.
Por fim com o mesmo objetivo alteramos novamente o sistema de solvente para
C:M:W 60:35:8, permitindo que as bandas nas TLCs não migrassem até o front e
possibilitando a migração de todo iGb3 aplicado.
As placas foram secas e reveladas com iodo, resorcinol, orcinol, solução de sulfato
de cobre e molibdênio e queimadas em estufa nas temperaturas de 25°C, 150°C, 130°C,
180°C e temperatura ambiente, respectivamente. Todas as placas coradas foram
fotografadas com câmera digital.
3.12 Ensaio de ativação do hibridoma DN32.D3
3.12.1 Ensaio com fibroblastos CD1d como células apresentadoras de antígenos
Fibroblastos-CD1d foram plaqueados em placas para cultura com 96 poços,
5x10
4
células/50 µl/poço. Após 1 hora, quando as células já estavam aderidas, o meio foi
aspirado adicionando-se em seguida 100 µl/poço de α-galactosilceramida (a-GalCer),
diluído em meio RPMI 10% SFB com 5% DMSO, partindo-se da concentração de 10
ng/mL e realizando-se diluições seriadas até 1,25 ng/mL. A cada diluição seriada realizada
a suspensão foi sonicada por 1 minuto em banho com gelo. Incubou-se as células por 4
horas em estufa com 5% CO
2
a 37°C, e em seguida adicionou-se o hibridoma DN32.D3,
5x10
4
células/100 µl/poço incubando-se a reação por 18 horas em estufa com 5% CO
2
a
37°C. Ao término do período de incubação, recolheu-se o sobrenadante para dosagem da
IL-2 secretada pelo hibridoma estimulado via ligação com CD1d expressando o antígeno
Em alguns experimentos, o protocolo sofreu algumas variações na quantidade de DMSO
Materiais e Métodos
- 27 -
utilizada e no tempo de incubação, como descrito em Resultados. Utilizando concentrações
de 5 ng/ml até 0,15 ng/ml de a-GalCer fibroblastos-CD1d foram incubados por 24 h, o
ensaio desenvolvendo-se como o anterior. Como controles foram utilizados fibroblastos-
CD1d incubados com DN32.D3, sem estímulo, e a detecção de IL-2 nesse controle
denominamos de produção basal de IL-2.
3.12.2 Ensaio com macrófagos de medula óssea como células apresentadoras de
antígenos
Macrófagos provenientes de medula óssea foram plaqueados em placas para cultura
com 12 poços, 5x10
5
células/600µL/poço. Após 1 hora, quando as células já estavam
aderidas, ao meio foi adicionado 50 µl/poço de α-galactosilceramida (controle positivo),
iGb3 ou frações, diluídos em meio RPMI 10% SFB em diversas concentrações. Incubaram-
se as células por 24 horas em estufa com 5% CO
2
a 37°C, e em seguida adicionou-se o
hibridoma DN32.D3, 5x10
5
células/600µl/poço incubando-se a reação por 18 horas em
estufa com 5% CO
2
a 37°C. Ao término do período de incubação, recolheu-se o
sobrenadante para dosagem da IL-2 secretada pelo hibridoma estimulado via ligação com
CD1d expressando o antígeno. Como controles foram utilizadas células dendríticas (DC),
DN32.D3, e estas duas células juntas, todas sem estímulo, sendo esta última combinação
considerada como o branco da reação.
3.12.3 Ensaio com células dendríticas de medula óssea como células apresentadoras de
antígenos
Células dendríticas provenientes de medula óssea foram plaqueadas em placas para
cultura com 12 poços, 5x10
5
células/600µL/poço. Após 1 hora, quando as células já estavam
aderidas, ao meio foi adicionado 50 µl/poço de α-galactosilceramida (controle positivo),
iGb3 ou frações, diluídos em meio RPMI 10% SFB em diversas concentrações. Incubaram-
se as células por 24 horas em estufa com 5% CO
2
a 37°C, e em seguida adiciono u-se o
Materiais e Métodos
- 28 -
hibridoma DN32.D3, 5x10
5
células/600µl/poço incubando-se a reação por 18 horas em
estufa com 5% CO
2
a 37°C. Ao término do período de incubação, recolheu-se o
sobrenadante para dosagem da IL-2 secretada pelo hibridoma estimulado via ligação com
CD1d expressando o antígeno. Como controles foram utilizados células dendríticas (DC),
DN32.D3, e estas duas células juntas, todas sem estímulo, sendo esta última combinação
considerada como o branco da reação.
3.13 Screening das frações lipídicas
Todas as frações obtidas nos 3 protocolos de extração de componentes lipídicos das
células tumorais foram testadas quanto à sua capacidade de ligação ao CD1d e consequente
ativação do hibridoma de células NKT, DN32.D3.
Fibroblastos-CD1d, 5x10
4
células/50 µl/poço em placa de 96 poços, foram mantidos
por 1 hora em estufa com 5% CO
2
a 37°C. Durante esse período, as frações foram
solubilizadas em 500 µl de metanol (exceto F2C que foi solubilizada em clorofórmio),
agitadas em vortex e sonicadas. Uma alíquota correspondente a 10% do volume de cada
fração foi retirada, transferida para um tubo estéril e seca em fluxo de nitrogênio gasoso.
Essas alíquotas foram então solubilizadas em 500 µl de meio RPMI contendo 10% SFB
para o ensaio com 24 horas de incubação. Foram realizadas diluições seriadas para cada
fração a ser testada, e a cada nova diluição a amostra foi agitada em vortex e sonicada.
O meio de cultura dos fibroblastos-CD1d foi substituído por 100 µl do meio acima
citado contendo as frações diluídas, incubando-se por 24 horas. Ao final desta incubação
adicionaram-se 5x10
4
células/100µL/poço de DN32.D3, incubando-se em seguida em estufa
com 5% CO
2
a 37°C por 18 horas. Os sobrenadantes foram recolhidos para dosagem de IL-
2.
Como controle positivo foi utilizado α-galactosilceramida em diluições seriadas a
partir das concentrações iniciais de 10 ng/ml ou 5 ng/ml. O “background” da reação foi
quantificado pela incubação da DN32.D3 com os fibroblastos não estimulados em meio
RPMI.
Materiais e Métodos
- 29 -
3. 14 Ensaio de detecção de IL -2 e IL-4 por ELISA
Nos sobrenadantes dos ensaios descritos foram quantificadas a interleucina-2 (IL-2)
e também a IL-4, somente para as frações F3A, F4A e a-GalCer . Placa de ELISA Maxi-
Sorb (NUNC) foi sensibilizada com 2µg/mL de anticorpo de captura anti-IL-2 murina e
com 4µg/mL de anticorpo de captura anti-IL-4 murina em um volume de 50 µl/poço,
diluído em PBS e incubada por 12 horas à temperatura ambiente (t.a.). As placas foram
lavadas três vezes cada com PBS/Tween 20- 0,05% e incubada com 200 µl de PBS/BSA
1% por uma hora à t.a., e novamente lavada 3 vezes com PBS/Tween. Adicionaram-se os
sobrenadantes de cultura descritos no item anterior e a IL-2 e a IL-4 recombinantes em suas
respectivas placas, 50 µl/poço, durante 2 horas à t.a. As placas foram lavadas com
PBS/Tween e adicionou-se 50 µl/poço de anticorpo anti-IL-2 e anti-IL-4 biotinilados na
concentração de 200 ng/ml de cada anticorpo incubando-se à t.a. por duas horas. As placas
foram novamente lavadas por mais 3 vezes e então 50 µl/poço de streptavidina-peroxidase
diluída 1:1000 foi adicionada, incubando-se por 1 hora à t.a.. Lavou-se mais três vezes as
placas com PBS/Tween, mais três vezes com PBS e a revelação foi realizada com uma
solução de 5 ml de tampão citrato-fosfato, 2 mg de OPD (SIGMA), 2,5 ml de água e 10 µl
de água oxigenada 30%, 50 µl/poço, em estufa a 37°C por 10 minutos envolvendo as placas
com papel alumínio. Para parar a reação adicionou-se 50 µl/poço de ácido sulfúrico 4N, e
realizamos a leitura em leitor de ELISA Multiskan Titertek em comprimento de onda de
492 nm. Todos os anticorpos e as interleucinas recombinantes foram adquiridos da
Pharmingen e diluídos em PBS-BSA 0,1%.
3.15 Separação dos componentes lipídicos das frações F3A, através de coluna de sílica
Materiais e Métodos
- 30 -
A coluna de sílica, com volume de 15 ml (HPLC sorbent, 60µ - SIGMA), foi
equilibrada com clorofórmio. As frações F3A após serem dessalinizadas em coluna C18
foram ressuspendidas em clorofórmio : metanol (2:1) e aplicado no máximo 2 mg da fração
com uma pipeta Pasteur de vidro sobre o topo da sílica. Para cada solvente utilizado para a
eluição, amostras de 4 ml foram recolhidas.
O material foi eluído da coluna de acordo com sua polaridade, utilizando-se
solventes com polaridades crescentes. Iniciou-se a eluição com clorofórmio
(aproximadamente 60 ml) e compostos de baixa polaridade, denominados C, foram
recolhidos. Foi realizado um dot-blot de cada alíquota coletada em placas de sílica para
TLC, posteriormente coradas com iodo sublimado. Após a eluição completa das moléculas
lipídicas com afinidade pelo clorofórmio, iniciou-se a eluição da amostra com acetona (Ac),
utilizando aproximadamente 50 ml do solvente, obtendo-se lipídeos com características
mais polares. O mesmo procedimento de dot-blot foi realizado para controle da eluição dos
componentes solúveis em acetona, finalizando a eluição com metanol (M) (cerca de 50 ml),
por fim recolhendo o restante dos lipídeos com características mais polares. O processo de
eluição de F3A durou de 9 - 11 horas, em fluxo gravitacional.
As alíquotas contendo o material eluído com cada solvente foram combinadas, secas
e pesadas, submetidas à cromatografia e testes quanto à capacidade de ativação de células
NKT.
3.16 Separação de iGb3 por TLC preparativa a partir das frações F3A e F4A
As frações lipídicas obtidas após extração usada no protocolo A foram secas em
nitrogênio e ressuspendidas em C:M 1:1 em concentração final 1 mg/ml para serem
aplicadas em placas de HPTLC como já descrito anteriormente. A aplicação da amostra foi
feita de forma preparativa, contínua em 9cm de extensão e no 10º cm foi aplicado 10µg de
iGb3 como padrão. Após a cromatografia a porção final da TLC (contendo iGb3 padrão e
parte da amostra aplicada) foi recortada e corada com iodo para detecção das bandas. O Rf
da banda única de iGb3 padrão foi marcado e usado como guia para a amostra
cromatografada. Toda sílica da TLC que estava na altura da banda de iGb3 foi raspada e
Materiais e Métodos
- 31 -
reservada para a extração dos lipídeos ligados à sílica. Os lipídeos foram extraídos da sílica
com C:M (1:2), C:M (1:1) e C:M (2:1), e o extrato centrifugado a 3.000 rpm por 10
minutos e seco em nitrogênio gasoso. As amostras denominadas iGb3 F3A e iGb3 F4A
foram novamente cromatografadas e coradas com iodo, orcinol e resorcinol para
verificação de sua purificação. As frações foram também testadas no ensaio de estimulação
do hibridoma de células NKT, DN32.D3
3.17 Ensaio de estimulação de hibridomas NKT (DN32.D3) utilizando as frações iGb3
F3A e iGb3 F4A
As frações iGb3 F3A e iGb3 F4A foram testadas quanto à sua capacidade de
ativação do hibridoma de células NKT, DN32.D3.
Células dendríticas da medula foram plaqueadas em placa de 96 poços,
5x10
4
células/50 µl/poço, e mantidas por 2 horas em estufa com 5% CO
2
a 37°C. Durante
esse período, as frações foram solubilizadas em C:M (1:1) 1 mg/ml, agitadas em vortex e
sonicadas. Alíquotas de diferentes concentrações de cada fração foram retiradas,
transferidas para um tubo estéril e secas em fluxo de nitrogênio gasoso. Essas alíquotas
foram então solubilizadas em meio RPMI contendo 10% SFB nas concentrações finais de
100 µg/ml, 12 µg/ml, 3 µg/ml, 1 µg/ml e controle (células sem estímulo) para iGb3 F3A e
100 µg/ml, 25 µg/ml, 5 µg/ml, 1 µg/ml e controle (para iGb3 F4A), todos em volume final
de 100 µl/poço. A cada nova diluição a amostra foi sonicada. As amostras foram incubadas
por 24 horas. Ao final desta incubação adicionaram-se 5x10
4
células/100 µl/poço de
DN32.D3, incubando-se em seguida em estufa com 5% CO
2
a 37°C por 18 horas. Os
sobrenadantes foram recolhidos para dosagem de IL-2.
3.18 Separação de glicoesfingolipídeos neutros e de carga negativa
A fração F3A foi cromatografada em uma resina de troca de ânions forte (SAX)
(POROS 50 HQ, Applied Biosystems, São Paulo, Brazil) para separação de
Materiais e Métodos
- 32 -
glicoesfingolipídeos neutros e carregados. A coluna foi previamente lavada com 4 ml de
metanol, 2 ml de 80% acetonitrila / ácido trifluoroacético 0,05%, e finalmente equilibrada
com 10 ml de metanol. Amostras foram diluídas a um volume final de 5 ml com metanol
100% e passada pela coluna.
A coluna foi então lavada com 6 ml de metanol e eluída com 6 ml de 250mM de
acetato de amônia em metanol 100%. Glicolipídeos neutros foram recolhidas da fração não
ligada, enquanto a fração eluída era composta principalmente de gangliosídeos. Todas as
amostras foram secas em fluxo de nitrogênio gasoso.
As frações foram dessalinizadas em coluna de fase reversa (Discovery DSC-18,
Supelco, Bellefonte, PA, USA). A coluna possuía 3 ml e foi lavada com 4 ml de metanol,
equilibrada com 5 ml de água deionizada e as amostras foram ligadas à coluna com 5 ml de
0,1M de KCl.
Depois de lavada com 10 ml de água as amostras foram eluídas com 10 ml de
metanol e secas em fluxo de nitrogênio gasoso.
3.19 Per-N,O-metilação de Glicoesfingolipídeos (GSLs) neutros
Modificações realizadas no método de Ciucanu e Kerek (1984 e 2003) foram
empregadas para per-N,O-metilação de GLSs. Glicoesfingolipídeos (1-20µg) foram
colocados em um vial de vidro cônico adicionado de 150 µl de DMSO sem o uso de
condições secadoras especiais ou atmosfera de gás inerte. Hidróxido de sódio (algumas
miligramas) em pó foi adicionado à amostra em solução e misturada a temperatura
ambiente até completa dissolução por agitação vigorosa em vortex. Em seguida 80 µl de
iodometano foi adicionado com uma seringa, e a mistura foi agitada em shaker orbital à
temperatura ambiente por 1 hora. A reação de metilação foi interrompida com 2 ml água e
2 ml de diclorometano antes da mistura ser vortexada. As amostras foram centrifugadas, a
fase aquosa foi removida e a fase orgânica foi lavada duas vezes com água. Após a lavagem
final as amostras foram secas em nitrogênio gasoso e ressuspendidas em 200 µl de metanol
puro para a análise em espectrometria de massa.
Materiais e Métodos
- 33 -
3.20 Analise de GSL permetilados de F3A por espectrometria de massa íon-trap de
ionização linear (ESI-LIT-MS)
Os glicoesfingolipídeos permetilados foram analisados por espectrometria de massa
íon-trap de ionização linear (ESI-LIT-MS) como descrito por Li et al. As amostras
permetiladas foram ligadas em tips de nanospray e analisadas em espectômetro íon-trap
(LTQ XL com ETD, Thermo Fisher Scientific, San Jose, CA). A voltagem do spray foi
ajustada para 0,7 to 1,5 kV conforme a variação dos tips. Depois da detecção de
glicolipídeos permetilados inteiros por MS
1
, seguiram-se as fragmentações sequenciais
(MS
2
-MS
4
), gerando as espécies glicolipídicas representadas por fragmentação manual ou
por mapeamento total de íons (TIM) de m/z 667 (marcadores de Gb3 e iGb3) ou m/z 912
(marcadores de Gb4 e iGb4) de acordo com Li et al., 2008a e b. A energia de colisão foi
ajustada para 60% da análise manual ou TIM. Para calcular a quantidade de iGb3 na fração
F3A nós usamos a seguinte equação: A(iGb3)
amostra
= (A(iGb3)
211corr
+
A(iGb3)
371
) /
[A(iGb3)
211corr
+ A(iGb3)
371
+ (2x A(Gb3)
329
, onde A(iGb3)
211 corr
= A(iGb3)
esperado
/
A(iGb3)
máximo de iGb3 detectado
, onde A(iGb3)
211
e A(iGb3)
371
são a abundancia (A) de
marcadores iGb3 m/z 211 e m/z 371, e A(Gb3)
329
marcador de Gb3 m/z 329 (Li et al.,
2008b).
3.21 Ensaio de citotoxicidade de células dendríticas pulsadas com iGb3 e a-GalCer
contra células tumorais B16F10-Nex 2
3.21.1 Análise de citotoxicidade in vitro
Materiais e Métodos
- 34 -
Células B16F10-Nex 2 (2x10
5
) foram incubadas em garrafas de 25 cm
3
com 0,5 µCi
de [
3
H] timidina (NEN, Boston, MA) por 24 h. Os hibridomas de células NKT, DN32.D3,
foram ativados com prévia incubação com células dendríticas pulsadas com ou sem iGb3
por 4-6 h. As células NKT ativadas e células do melanoma [
3
H] B16F10-Nex 2 foram co-
cultivadas por 4 horas em placa de 96-well de fundo chato nas razões de 1/12 to 1/400, em
triplicatas. Todas as células foram coletadas em Cell Harvester e a radioatividade foi
medida em um contador beta. A percentagem de lise (citotoxicidade específica) foi
calculada utilizando a seguinte fórmula: (E-C)/E x 100, onde E é a radioatividade (cpm) no
sistema de DCs pulsadas com glicolipídeo e C é o controle do valor de radioatividade nas
células dendríticas não estimuladas. Os valores foram subtraídos do valor máximo de
radioatividade de células de melanoma não ligadas com a timidina.
3.22 Experimentos in vivo
Foram utilizados animais machos C57Bl/6 wild type (WT) obtidos do CEDEME
(UNIFESP) e animais machos geneticamente deficientes em CD1d (CD1dKO) obtidos do
Profº Ricardo T. Gazzineli, UFMG. Os animais tinham entre 6 a 8 semanas de idade. Eles
foram mantidos em isoladores no biotério da Disciplina de Biologia Celular da UNIFESP e
sempre manuseados dentro de fluxo laminar estéril, utilizando-se ração e água esterilizada.
3.22.1 Análise de sobrevida de camundongos WT e CD1dKO
Injeções subcutâneas de células B16F10-Nex 2 em dose de 5x10
5
, 5x10
4
e 5x10
3
foram utilizadas. O acompanhamento da sobrevida foi realizado, sacrificando-se os animais
quando esses apresentavam volume tumoral máximo de 3.000 mm
3
. O volume tumoral em
mm
3
era obtido através da mensuração de dois diâmetros tumorais em milímetros
utilizando-se paquímetro e calculado pela fórmula V= (D x d
2
x 0.52)/1000 (cm
3
), onde D
corresponde ao maior diâmetro e d ao menor diâmetro.
Materiais e Métodos
- 35 -
3.22.2 Ensaio de metástase pulmonar in vivo
Para o modelo metastático, animais C57Bl/6 WT e CD1dKO foram injetados por
via endovenosa com 1x10
5
células/100 µl de B16F10-Nex2 e tratados nos dias 2 e 4 com
uma suspensão contendo 5x10
5
células/ml pela veia da cauda (BMDC ativadas com 20
µg/ml de iGb3 ou com 200ng/ml de a-GalCer). Após 21 dias os animais foram sacrificados,
os pulmões foram retirados, lavados com PBS 1x e o número de nódulos pulmonares foi
quantificado com o auxílio de uma lupa. Após a contagem os pulmões foram novamente
lavados e colocados em solução de paraformaldeído.
3.23 Análise estatística
Experimentos in vitro e in vivo foram analisados utilizando teste “t” de Student. O
experimento de sobrevida animal foi testado para Kaplan-Meyer e logrank. Valores de p
0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
Resultados
- 36 -
4. RESULTADOS
4.1 Análise de sobrevida e desenvolvimento tumoral em animais deficientes em CD1d
Animais knock-out (KO) para CD1d, molécula responsável pela apresentação de
antígenos lipídicos e glicolipídicos às células NKT, e camundongos machos C57Bl/6 (WT)
foram inoculados subcutaneamente com células de melanoma murino B16F10-Nex2, para
comparar o desenvolvimento tumoral e a mortalidade desses animais. Os animais foram
divididos em grupos de 5 indivíduos, e foram inoculados com 5x10
5
, 5x10
4
ou 5x10
3
células/animal. O volume tumoral foi quantificado a cada 2-3 dias com uso de paquímetro,
e foi permitido que o tumor chegasse a um máximo de 3 cm
3
, quando então os animais
eram sacrificados.
Na Figura 1 observa-se que os animais CD1d-KO foram mais sensíveis ao
desenvolvimento subcutâneo do melanoma murino B16F10-Nex2, nas 3 concentrações de
células implantadas, apresentando menor sobrevida quando comparados aos animais WT.
Esse efeito mostrou-se mais significante nas doses de 5x10
5
e 5x10
4
, com a dose de 5x10
3
apresentando uma diferença discreta entre os 2 grupos de animais. Os animais WT e CD1d-
KO injetados com a maior dose de células tumorais foram os que apresentaram maior
diferença significativa na sobrevida (Figura 1A). Enquanto todos os animais KO haviam
morrido ou sacrificados até o dia 25 após o inóculo, somente 20% dos animais WT tinham
morrido e desses, 60% dos animais tinham tumores menores que 0,5 cm
3
.
Na Figura 1B observamos a sobrevida de animais WT e CD1d KO inoculados com
5x10
4
B16F10-Nex 2. Os animais KO tiveram uma sobrevida maior que no ensaio anterior,
porém ainda muito abaixo quando comparados ao grupo WT que apresentou sua primeira
morte depois que todos os animais do outro grupo já haviam morrido ou foram sacrificados
com tumor de máximo volume. No ensaio onde os grupos foram injetados com 5x10
3
células tumorais, o período de sobrevivência não foi maior para o grupo WT e não
encontramos diferença significativa com essa dosagem (Figura 1C).
Resultados
- 37 -
A)
B)
Ensaio de sobrevida 5 x 10
4
B16F10-Nex 2
Dias após inóculo
Sobreviventes (%)
Ensaio de sobrevida 5 x 10
4
B16F10-Nex 2
Dias após inóculo
Sobreviventes (%)
Dias após inóculo
Ensaio de sobrevida 5 x 10
5
B16F10-Nex 2
Sobreviventes (%)
CD1dKO
WT
Dias após inóculo
Ensaio de sobrevida 5 x 10
5
B16F10-Nex 2
Sobreviventes (%)
Dias após inóculo
Ensaio de sobrevida 5 x 10
5
B16F10-Nex 2
Sobreviventes (%)
CD1dKO
WT
Resultados
- 38 -
C)
FIGURA 1 - Sobrevida de animais C57Bl/6 (WT) e CD1dKO. Grupos de 5 camundongos
machos foram inoculados subcutaneamente com A) 5x10
5
células, B) 5x10
4
células, C)
5x10
3
células B16F10-Nex2. Os animais foram observados para anotar a sobrevida e o
volume tumoral foi quantificado a cada 2 dias, sacrificando-se os animais que
apresentavam volume de no máximo 3 cm
3
.
Ensaio de sobrevida 5 x 10
3
B16F10-Nex 2
Sobreviventes (%)
Dias após inóculo
Ensaio de sobrevida 5 x 10
3
B16F10-Nex 2
Sobreviventes (%)
Dias após inóculo
Resultados
- 39 -
Com base nesses experimentos mostramos que células NKT tem forte influência na
resposta anti-tumoral, e decidimos que para nossos próximos ensaios utilizaríamos a dose
de 5x10
4
células B16F10-Nex 2.
4.2 Padronização do ensaio de ativação do hibridoma de células NKT, DN32.D3, por
fibroblastos CD1d
4.2.1 Caracterização por FACS das células utilizadas no ensaio
Para a realização desse ensaio, foram necessárias 2 linhagens celulares: uma de
fibroblasto s murinos transfectados com o gene de CD1d (Fibroblastos-CD1d), responsável
pela apresentação dos antígenos de origem lipídica às células NKT, e a segunda, o
hibridoma DN32.D3, originário de células NKT murinas, ambos cedidos pelo Prof. Ricardo
T. Gazzinelli.
Primeiramente, as células a serem utilizadas no ensaio foram analisadas quanto à
expressão de marcadores específicos de superfície por citometria de fluxo.
Na Figura 2A observa-se um resultado esperado. Verificou-se que as células
DN32.D3 são formadas por duas populações, cerca de 20% das células têm em sua
superfície os marcadores NK1.1 (marcador de célula NK); dessas, 12,6% co-expressam o
marcador CD3e (presente em linfócitos) e 16,1% expressam NK1.1 e Vβ8 (representativo
do TCR invariante da célula NKT), confirmando que esse hibridoma apresenta
características de um linfócito NKT. A linhagem celular fib roblastos-CD1d tem 93% da
população co-expressando marcadores de CD1d e MHC I em sua superfície (Figura 2B).
Essas células foram cultivadas em presença de G418, utilizado para eliminar células que
porventura tenham perdido o inserto transfectante. Como controle positivo analisou-se a
presença de moléculas de MHC classe I, sempre presentes (98% da população).
Essas análises foram repetidas diversas vezes para confirmar a estabilidade das
características necessárias a cada tipo de células. As células apresentavam algumas
variações nos marcadores, mas nada que comprometesse os ensaios.
Resultados
- 40 -
A)
B)
FIGURA 2- Análise de marcadores de superfície das células DN32.D3 e fibroblastos
transfectados com o gene de CD1d murino, por citometria de fluxo (FACS). A) Células
DN32.D3 duplo marcadas para NK1.1/CD3e e anticorpos anti-Vβ8-PE. B) Fibroblastos-
CD1d duplo marcados com CD1d/MHC I.
12,6 %
7 %
12,6 %
7 %
16,1 %16,1 %
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD1d
MHC I
93,3 %
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD1d
MHC I
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD1d
MHC I
93,3 %
Resultados
- 41 -
4.2.2 Padronização do ensaio com α-galactosilceramida
O ativador clássico de células NKT via CD1d é a α-galactosilceramida (α-GalCer),
e por esse motivo, o composto foi utilizado na padronização do ensaio de ativação de
células DN32.D3. A α-GalCer, um glicolipídeo, é mantido seco, a -20
o
C. Para sua
utilização no ensaio, foi diluido em meio RPMI com 10% de soro fetal bovino e DMSO,
seguido de sonicação em gelo por 1 minuto. Foram testadas duas concentrações de DMSO
com 5% e 2%, sendo elas não-tóxicas para os fibroblastos- CD1d em um período de 4 horas
de incubação. Para incubação de 24 horas a concentração de 5% de DMSO foi prejudicial
aos fibroblastos.
A apresentação de α-GalCer via CD1d pode ocorrer pela ligação direta do
glicolipídeo ao receptor na superfície celular ou através de processamento endógeno do
mesmo previamente à apresentação na superfície. Na hipótese de que as frações de natureza
lipídica extraídas do tumor pudessem ser apresentadas após processamento endógeno,
implicando talvez em um tempo de incubação maior, padronizamos o ensaio de
estimulação para 24 horas de incubação com o estímulo (α-GalCer) e os fibroblastos-
CD1d. Realizamos um ensaio sem DMSO e o resultado foi muito satisfatório, assim
optamos por utilizar meio sem DMSO e período de incubação de 24 horas em todos o
ensaios de ativação.
Fibroblastos-CD1d foram então incubados com α-GalCer por 24h a 37 °C, 5% CO
2
.
Ao final do período de incubação, foram adicionadas as células DN32.D3, incubando-se a
reação por 18 horas a 37
o
C, 5% CO
2
. O sobrenadante de cultura foi recolhido e a
interleucina IL-2 secretada pelas células DN32.D3 ativadas foi quantificada por ELISA.
Em todos os ensaios de ativação, fibroblastos-CD1d incubados com as células
DN32.D3 em meio de cultura sem adição de α-GalCer foram consideradas como controle
(ou o “branco” da reação).
Como mostra a Figura 3A, a α-GalCer foi diluída seriadamente partindo-se da
concentração de 10 ng/ml até 1,25 ng/ml. Observa-se uma resposta dependente da dose de
Resultados
- 42 -
α−GalCer utilizada. A produção máxima de IL-2 foi de 0,8 ng/ml quando as células foram
estimuladas com 10 ng/ml do lipídeo. Na Figura 3B temos o ensaio sem o uso de DMSO e
tempo de incubação de 24 horas. Os resultados foram melhores que o ensaio anterior, pois
com 5 ng/ml de a-GalCer foram detectados 2,3 ng/ml e mesmo na menor concentração de
0,15ng/ml, o glicolipídio foi capaz de ativar as células a secretar cerca de 200pg/ml de IL-2.
Concluímos, portanto, que o melhor ensaio foi aquele sem adição de DMSO e com
24 horas de incubação. Mesmo em menores concentrações os fibroblastos foram capazes de
apresentar a α-GalCer de forma eficiente sendo o complexo capaz de ativar o hibridoma
DN23.D3.
4.3 Obtenção de células tumorais B16F10-Nex2 crescidas in vivo.
Com o ensaio de ativação funcionando, o próximo passo foi tentar isolar e averiguar
a presença de componentes presentes no melanoma murino capazes de estimular uma
resposta imune antitumoral. Para tanto, animais C57Bl/6 foram inoculados com 5x10
4
células B16F10-Nex2 subcutaneamente e os tumores foram extraídos assepticamente
quando o seu volume atingia cerca de 1 cm
3
. Para excluir a possibilidade de que moléculas
lipídicas de microorganismos contaminantes pudessem interferir na ativação das células
DN32.D3, testes para detecção de Mycoplasma sp. por técnica de PCR foram realizados em
todos os tumores retirados dos camundongos (Figura 4). Além de teste para presença de
bactérias, coletando-se amostras do tumor com alça de platina e cultivando-se em caldo LB,
por pelo menos 48 horas em estufa a 37
o
C, todos os tumores apresentaram-se livres de
Mycoplasma sp. Os tumores que apresentaram resultado positivo para Mycoplasma sp ou
bactérias foram descartados.
Descartada a possibilidade de alguma contaminação, preparamos um lisado de
células crescidas in vivo utilizando alternadamente, ciclos repetidos de congelamento e
descongelamento em nitrogênio líquido e banho a 37
o
C. Em seguida, os lisados foram
ultracentrifugados como descrito em Materiais e Métodos para separação das frações de
Membrana e Citosol. As concentrações utilizadas nos ensaios foram baseadas na
quantidade de mg de proteína/ml presente em cada fração, assim para a fração de
Resultados
- 43 -
FIGURA 3 - Padronização do ensaio de ativação do hibridoma DN32.D3 via ligação com
CD1d apresentando α-galactosilceramida (α-GalCer). A reação ocorreu na presença de A)
5% de DMSO com 4 horas de incubação; B) ausência de DMSO durante 24 horas. Os
controles (células DN32.D3 e fibroblastos transfectados incubados sem estímulo)
considerado zero.
Resultados
- 44 -
FIGURA 4 - PCR para verificação da presença de contaminação por Mycoplasma sp. nos
tumores extraídos. Tumores de 7 animais foram coletados (T1 a T7), e reações de PCR
realizadas com primers específicos para Mycoplasma sp. Std, Padrão de Peso molecular;
DN, células DN32.D3; Ct+, controle positivo; Ct-, controle negativo; Fib-CD1d,
fibroblastos-CD1d.
Resultados
- 45 -
membrana foram feitas diluições nas concentrações de 1,1 mg proteína/ml até 0,007 mg
proteína/ml e para o citosol utilizamos de 3,4 mg proteína/ml até 0,008 mg proteína/ml.
Todas as soluções diluídas foram sonicadas por 1 minuto em banho com gelo antes de
serem adicionadas ao ensaio. Na Figura 5 observamos que a fração citosólica de 0,085 mg
proteína/ml induziu a maior secreção de IL-2 (350 pg/mL, Figura 5A), enquanto que a
fração membranar com 0,44 mg proteína/ml induziu a secreção de quantidades superiores a
500 pg/mL (Figura 5B) e com 0,03 mg proteína/ml a produção foi de 320 pg/ml de IL-2.
Estes resultados sugerem que existe um componente lipídico capaz de estimular linfócitos
NKT via CD1d no melanoma murino e que encontra-se majoritariamente na fração de
membrana da célula tumoral.
4.4 Obtenção e isolamento de frações lipídicas das células tumorais B16F10-Nex 2
Nosso objetivo era identificar e caracterizar possíveis compostos lipídicos presentes
no tumor de melanoma B16F10-Nex2, capaz de estimular uma resposta imune antitumoral.
Para o isolamento das frações lipídicas de células B16F10-Nex2 foram utilizados tumores
crescidos in vivo, evitando-se desta forma as condições artificiais de cultivo in vitro de
células tumorais. Camundongos C57Bl/6 foram injetados com células tumorais, e os
tumores foram extraídos assepticamente quando o volume destes atingia cerca de 1 cm
3
.
Todo material utilizado estava livre se contaminações por bactérias ou Mycoplasma sp.,
assim como as células utilizadas.
Para o isolamento das frações lipídicas, foram testados três diferentes protocolos de
extração de lipídeos denominados de A, B e C, os quais se referem à extração por Folch,
extração final com diisopropil-éter (DIPE)/1-butanol e extração com passagem por coluna
SepPak C18, respectivamente (maiores detalhes em Materiais e Métodos).
Todas as frações resultantes das diferentes extrações, as mais brutas e as mais
purificadas, foram cromatografadas em placa de sílica para cromatografia de camada fina
(HPTLC, High Performance Thin Layer Chromatography), e reveladas com resorcinol para
visualização da presença de resíduos de ácido siálico, orcinol para verificação da presença
de glicolipídeos e outros açúcares, e também com ácido orto-fosfórico, para visualização de
Resultados
- 46 -
A)
B)
FIGURA 5 - Ensaio de ativação das células DN32.D3 por células dendríticas estimuladas
por frações citosólica e de membrana de melanoma B16F10-Nex2. A) fração citosólica; B)
fração de membrana. Como controle foram utilizadas células DN32.D3 e células
dendríticas sem estímulo.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
3,4 1,36 0,34 0,085 0,034 0,023 0,008 ctr
Fração citosólica (mg proteína/ml)
IL-2 (ng/ml)
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
1,1 0,44 0,11 0,03 0,01 0,007 ctr
Fração de membrana (mg proteína/ml)
IL-2 (ng/ml)
Resultados
- 47 -
fosfolipídeos. As corridas foram realizadas com o sistema solvente, clorofórmio-metanol-
KCl aquoso 0,25% (60 : 35 : 8, v/v/v).
O Esquema 1 mostra o resultado de extração referente ao protocolo A, onde
partindo de uma massa tumoral liofilizada, foram obtidas 6 frações provenientes de todo o
processo de extração, denominadas F1A a F6A. Todo o processo de extração está
detalhado em Materiais e Métodos, podendo-se notar que as frações iniciais apresentam
uma hidrofobicidade maior que as frações finais, extraídas com maior quantidade de água.
Na Figura 6 encontram-se as HPTLCs referentes às frações obtidas com esse
primeiro protocolo de extração. As placas reveladas com orcinol (Figura 6A) e resorcinol
(Figura 6B) mostram que as frações F1A, F2A, F3A, F4A e F6A contém 2 bandas que
representam glico-componentes que contém ácido siálico. A fração F5A também apresenta
2 bandas em orcinol, porém somente um dos componentes dessa fração contém resíduos de
ácido siálico. A terceira banda observada em F2A revelada com resorcinol necessitaria de
confirmação, uma vez que essa banda não é revelada na placa com orcinol. Com exceção
da fração F3A, todas as outras frações contém fosfolipídeos (Figura 6C).
Utilizando-se o protocolo B, foram obtidas 5 frações ao longo do processo de
extração, F1B a F5B, também partindo de tumor liofilizado (Esquema 2). Na Figura 7
encontram-se as TLCs referentes às frações obtidas com o protocolo B de extração. As
placas de HPTLC dessas frações reveladas com orcinol (Figura 7A) e resorcinol (Figura
7B) mostram que as frações F1B, F3B e F5B contém 3 bandas distintas de
glicoconjugados, sendo que 1 desses componentes contém resíduos de ácido siálico. F2B e
F4B apresentam 2 bandas reveladas com orcinol, porém nenhuma banda foi revelada com
resorcinol, sugerindo que esses componentes não contenham resíduos de ácido siálico. Na
coloração para fosfolipídeos (Figura 7C), mostra que as frações F1B e F2B contém a
maior parte dos fosfolipídeos extraídos nesse protocolo (cada fração apresenta 1 banda bem
corada), com as demais frações apresentando uma leve contaminação por essas moléculas
(em F3B nota-se duas bandas fracamente reveladas, e em F4B e F5B aparece uma banda
fracamente revelada).
No protocolo C (Esquema 3) as três frações (F1C a F3C) foram obtidas a partir de
massa tumoral não liofilizada, sendo extraídas no primeiro sistema de solventes utilizado
(clorofórmio-metanol-água). Nas placas de sílica reveladas com orcinol (Figura
Resultados
- 48 -
ESQUEMA 1 Esquema da extração de lipídios do melanoma murino B16F10-Nex2.
Seis frações (F1A a F6A) foram obtidas dos tumores crescidos subcutaneamente e
liofilizados.
Pellet
Liofilizado
C
-
M (2:1) 3x
Pellet
C
-
M
-
W (1:2:0,8) 3x
C
-
M (2:1)
+ água
Pellet
Sobrenadante
F2A
Sobrenadante
F1A
Fase superior
F3A
Fase inferior
F4A
C
-
M
-
W
(1:100:100)
Fase superior
F5A
Fase inferior
F6A
Resultados
- 49 -
A) B)
C)
FIGURA 6 - Cromatografia de camada fina (HPTLC) das frações F1A a F6A, obtidas utilizando
protocolo de extração A. As frações foram diluídas em 50 µl de C-M 1:1 e cerca de 4 µl foram
aplicados. A) Placa revelada com orcinol para açúcares ou glicoconjugados; B) Placa revelada com
resorcinol para ácido siálico; C) Placa revelada com ácido orto-fosfórico para fosfolipídeos. O
sistema de solventes utilizado foi Clorofórmio Metanol KCL aquoso 0,25% (60:35:8)
F 1A F2A F3A F4A F5A F6AF 1A F2A F3A F4A F5A F6A
F1A
F2A
F3A
F4A
F5A F6AF1A
F2A
F3A
F4A
F5A F6A
Resultados
- 50 -
ESQUEMA 2 Esquema da extração de lipídios do melanoma murino B16F10-Nex2.
Cinco frações (F1B a F5B) foram obtidas dos tumores crescidos subcutaneamente e
liofilizados.
Pellet
Liofilizado
C
-
M(1:1)
Agitador magnético
18 horas - 4°C
Pellet (2a. Extração)
C-M (1:1)
Sobrenadante
18h
-25°C
centrifuga
Pellet
Sobrenadante
F1B
DIPE/1
-
butanol
(3:2)
10mL
0,3% NaCl
Fase superior
F2B
Fase inferior
F3B
DIPE/1
-
butanol
(3:2)
Fase supe
rior
F4B
Fase inferior
F5B
Resultados
- 51 -
A) B)
C)
FIGURA 7 - Cromatografia de camada fina (HPTLC) das frações F1B a F5B, obtidas
utilizando protocolo de extração B. As frações foram diluídas em 100 µl de C-M 1:1 e 4 µl
foram aplicados. A) revelação com orcinol; B) revelação com resorcinol; C) revelação com
ácido orto-fosfórico. Ver Figura 9 para os alvos revelados. O sistema de solventes utilizado foi
Clorofórmio Metanol KCL aquoso 0,25% (60:35:8)
F1B F2B F3B F4B F5BF1B F2B F3B F4B F5B
F1B F2B F3B F4B F5BF1B F2B F3B F4B F5B
F1B F2B F3B F4B F5BF1B F2B F3B F4B F5BF1B F2B F3B F4B F5B
Resultados
- 52 -
ESQUEMA 3 Esquema da extração de lipídios do melanoma murino B16F10-Nex2.
Três frações (F1C a F3C) foram obtidas dos tumores crescidos subcutaneamente e não
liofilizados.
Células
tumorais
C-M-W (4:8:3)
Pellet re
-
extração
C-M-W (4:8:3)
Sobrenadante
Fase superior 1
Fase inferior 2
F2C
Agitador orbital
centrifuga
C-M-W (4:8:5,6)
Fase inferior 1
C
-
M
-
W
(4:8:5,6)
Fase superior 2
F1C
Coluna Sep
-
Pak
C18
F3C
Resultados
- 53 -
8A) e resorcinol (Figura 8B), observa-se a presença de 2 bandas de glicoconjugados em
F1C e F3C, ambas contendo resíduos de ácido siálico. F2C apresenta uma banda revelada
com orcinol, porém não revelada com resorcinol, sugerindo que esse componente contenha
resíduos de açúcares, porém não de ácido siálico. Enquanto as frações F1C e F3C não
apresentam componentes que sugerem a presença de fosfolipídeos, a fração F2C apresenta
uma banda fortemente revelada com ácido orto-fosfórico (Figura 8C).
Os gangliosídeos GD3, GM3 e GM1 foram utilizados como padrões e revelados
com orcinol (Figura 9A), resorcinol (Figura 9B) e ácido orto-fosfórico (Figura 9C) e seus
R
F
s comparados nas HPTLCs com as frações de melanoma murino.
4.5 Dessalinização das frações obtidas
Todas as frações foram dessalinizadas em coluna SepPack C18 antes de todas as
cromatografias e ensaios de estimulação. Controlamos a quantidade e qualidade dos
componentes presentes nas frações através da revelação das placas de HPTLC por iodo
sublimado, que se liga em todo componente lipídico, antes e depois da dessalinização da
amostra em coluna C18. Comparando as TLCs, verificamos que nenhuma perda qualitativa
ou quantitativa dos componentes presentes na amostra foram notadas. Após toda a eluição
da amostra a coluna foi lavada. Os sobrenadantes da lavagem foram reunidos, concentrados
e aplicados em dot-blot em HPTLC para ser revelada com iodo (dados não mostrados).
Nenhum componente lipídico foi detectado, concluindo assim que não houve perda
significativa de material.
4.6 Ensaio de estimulação de células DN32.D3 pelas frações lipídicas do melanoma
murino B16F10-Nex2.
As frações obtidas nos três diferentes protocolos foram testadas como ligantes no
ensaio de estimulação de células NKT para detectarmos se alguma fração era capaz de
induzir a produção de IL-2 pelo hibridoma.
Resultados
- 54 -
A) B) C)
FIGURA 8 - Cromatografia de camada fina (TLC) das frações F1C a F3C, obtidas
utilizando protocolo de extração C. As frações foram diluídas em 100 µl de C-M 1:1
(exceto a fração F2C que foi diluída só em clorofórmio) e 4 µl foram aplicados. A)
revelação com orcinol; B) revelação com resorcinol; C) revelação com ácido orto-fosfórico.
Ver Figura 9 para os alvos revelados. O sistema de solventes utilizado foi Clorofórmio
Metanol KCL aquoso 0,25% (60:35:8)
F1C F3C F2CF1C F3C F2C
F1C
F3C
F2CF1C
F3C
F2C
F1C F3C F2CF1C F3C F2C
Resultados
- 55 -
A) B) C)
FIGURA 9 - Cromatografia de camada fina (HPTLC) de GD3, GM3 e GM1 usados como
padrão. Foram aplicados 5 µg de cada gangliosídeo. A) Placa revelada com orcinol; B)
Placa revelada com resorcinol; C) Placa revelada com ácido orto-fosfórico.
GD3 GM3 GM1
GD3 GM3 GM1
GD3 GM3 GM1
GD3 GM3 GM1GD3 GM3 GM1
GD3 GM3 GM1GD3 GM3 GM1
GD3 GM3 GM1GD3 GM3 GM1GD3 GM3 GM1
Resultados
- 56 -
Todas as frações foram secas com nitrogênio gas e ressuspendidas em 500 µl de
metanol (ou clorofórmio para F2C), retirada uma alíquota de 50 µl e transferida para um
tubo estéril. Essa alíquota foi novamente seca em nitrogênio e ressuspendida em meio
RPMI completo, sonicando-se por 1 minuto em banho com gelo. A partir dessa suspensão,
as frações foram diluídas sequencialmente, iniciando-se em 10X até 320X diluídas. Todas
as diluições foram seguidas de um ciclo de sonicação em banho com gelo de 1 minuto.
Observa-se na Figura 10A que somente a fração F3A induziu a produção de IL-2
em diferentes diluições, superior à citocina detectada no controle. Notamos que com o
aumento da diluição a produção da interleucina foi mais eficiente alcançando níveis de
cerca de 650 pg/ml de IL-2. As concentrações mais diluídas de F1A e F2A apresentaram
uma pequena detecção de IL-2, níveis muito baixos próximos de 40 pg/ml acima do basal
em ambas frações. Também nas maiores diluições das frações F4A e F5A detectamos a
produção de IL-2, cerca de 90 pg/ml e 100 pg/ml a mais que no controle, enquanto todas as
diluições de F6A produziram menos interleucina que a reação basal (Figura 10B).
Em nenhuma das frações do protocolo B (Figura 10C e D) foram detectados níveis
de produção de IL-2 superiores ao encontrado no controle. Assim esse protocolo não gerou
frações capazes de estimular as células DN32.D3.
No protocolo C somente a fração F3C ativou as células DN32.D3 a secretar IL-2
(Figura 10E) chegando a 150 pg/ml de IL-2 a mais que no controle, porém essas
quantidades foram inferiores às encontradas em F3A. As frações F1C e F2C não
produziram níveis de IL-2 próximos ao encontrado no basal.
Em sistemas controle, colocamos as células utilizadas no ensaio em contato, sem a
presença de qualquer lipídeo e dosamos a quantidade de IL-2, considerada como produção
basal da citocina no ensaio. Exceto para as frações F3A e F3C, todas as outras frações
lipídicas obtidas apresentaram níveis de produção de IL-2 menores que o basal.
Curiosamente conforme as frações foram diluídas, a produção de IL-2 aproximava-se do
nível basal detectado no controle, sugerindo que além da presença de lipídeos capazes de
ativar hibridomas de células NKT, também estariam presentes nas frações do melanoma
murino componentes com atividade inibitória dessas células.
Devido a esses ensaios, optamos por focar a evolução do nosso trabalho na fração
F3A por ter sido ativadora e F4A, por ser a inferior de uma mesma etapa de extração de
Resultados
- 57 -
A)
B)
Frações Protocolo A
-0,15
-0,05
0,05
0,15
0,25
0,35
0,45
0,55
0,65
0,75
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F4A
F5A
F6A
ctr
Frações Protocolo A
-0,15
-0,05
0,05
0,15
0,25
0,35
0,45
0,55
0,65
0,75
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F4A
F5A
F6A
ctr
Frações Protocolo A
-0,15
0
0,15
0,3
0,45
0,6
0,75
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1A
F2A
F3A
ctr
Frações Protocolo A
-0,15
0
0,15
0,3
0,45
0,6
0,75
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1A
F2A
F3A
ctr
F1A
F2A
F3A
ctr
Resultados
- 58 -
C)
D)
Frações Protocolo B
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1B
F2B
F3B
ctr
Frações Protocolo B
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1B
F2B
F3B
ctr
Frações Protocolo B
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1B
F2B
F3B
ctr
F1B
F2B
F3B
ctr
Frações Protocolo B
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F4B
F5B
ctr
Frações Protocolo B
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
10 x
20 x
40 x
80 x
160 x
320 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F4B
F5B
ctr
Resultados
- 59 -
E)
FIGURA 10 - Ativação de células DN32.D3 via CD1d apresentando frações de natureza
lipídica extraídas de células tumorais utilizando-se o Protocolo A (F1A a F6A), Protocolo
B (F1B a F5B) e Protocolo C (F1C a F3C). As frações diluídas de 10 a 320X foram
incubadas com as células na ausência de DMSO e por 24 horas. A) Frações F1A a F3A e
controle (ctr); B) Frações F4A a F6A e ctr; C) Frações F1B a F3B e ctr; D) Frações F4B,
F5B e ctr; E) Frações F1C a F3C e ctr; os controles são as células DN32.D3 incubadas com
os fibroblastos-CD1d na ausência de estímulo. A linha vermelha mostra o nível basal de IL-
2 encontrado no controle.
Frações Protocolo C
3,1
3,2
3,3
3,4
3,5
3,6
40 x
60 x
80 x
100 x
120 x
150 x
40 x
60 x
80 x
100 x
120 x
150 x
40 x
60 x
80 x
100 x
120 x
150 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1C
F2C
F3C
ctr
Frações Protocolo C
3,1
3,2
3,3
3,4
3,5
3,6
40 x
60 x
80 x
100 x
120 x
150 x
40 x
60 x
80 x
100 x
120 x
150 x
40 x
60 x
80 x
100 x
120 x
150 x
ctr
Diluição das frações
IL-2 ng/ml
F1C
F2C
F3C
ctr
F1C
F2C
F3C
ctr
Resultados
- 60 -
F3A. A partir de então todas as frações extraídas foram secas e pesadas para serem
padronizadas pelo peso seco. Para cada 200 mg de tumor liofilizado, cerca de 2 mg a 2,5
mg de fração F3A e de 85mg a 87mg da fração F4A foram obtidos.
4.7 Obtenção de células apresentadoras de antígenos murinas maturadas a partir de
precursores de medula óssea para ensaio de ativação de células DN32.D3
A fim de otimizar a apresentação das frações lipídicas obtidas de células de
melanoma murino B16F10, buscamos avaliar a eficiência de células apresentadoras de
antígeno, macrófagos e células dendríticas murinas, em nosso sistema de estimulação de
linfócitos NKT DN32.D3. Após várias tentativas de obtenção de células dendríticas a partir
de esplenócitos murinos, os resultados não corresponderam às nossas expectativas. Assim,
optamos por obter células apresentadoras a partir de precursores de medula óssea. As
células foram maturadas com os fatores adequados para cada tipo celular, como é descrito
em Materiais e Métodos. Para verificarmos se a maturação dos precursores foi eficiente
utilizamos anticorpos conjugados com fluorocromos para marcadores de superfície de
macrófagos e células dendríticas.
Utilizando-se de protocolo de maturação para macrófagos (meio L), cerca de 74%
das células eram positivas para F4/80 (Figura 11A), e quase metade da população (49%)
apresentava marcadores para CD1d na superfície (Figura 11B). A presença deste marcador
na superfície da célula é fundamental para que esta população seja utilizada em nossos
ensaios de estimulação, uma vez que os lipídeos de nossas frações serão apresentados via
CD1d. Cerca de 68% da população de macrófagos apresentava coloração positiva para
MHC II e 91,5% tinha CD11b em sua superfície (Figura 11C e 11D, respectivamente) e
somente 11,5% das células coraram para o marcador CD11c (dado não mostrado). A forte
marcação para F4/80 e CD11b sugere a eficiência na maturação de macrófagos neste
protocolo, e a forte marcação para CD1d permite a utilização dessas células em nossos
ensaios.
Como já foi descrito em Materiais e Métodos, para a maturação de células
dendríticas a partir de precursores de medula óssea, as células foram primeiramente
Resultados
- 61 -
A) B)
C) D)
FIGURA 11 - Análise de marcadores de superfície de macrófagos murinos maturados a
partir de precursores de medula óssea por citometria de fluxo (FACS). Marcação simples
positiva para : A) F4/80- FITC, 74%, B) CD1d- FITC, 49%, C) MHC classe II- FITC 68%
e D) CD11b-PE 91,5%
MHC II
68%
CD11b
91,5%
MHC II
68%
MHC II
68%
CD11b
91,5%
CD11b
91,5%
F4/80
74%
CD1d
49%
F4/80
74%
F4/80
74%
CD1d
49%
CD1d
49%
Resultados
- 62 -
cultivadas em presença de GM-CSF. Todavia, ajustes ao protocolo foram necessários, pois
o rendimento da maturação das células era baixo: abolimos a lise de hemácias, e
acrescentamos IL-4 ao meio de maturação observando que o rendimento aumentou quase
30%. Como principal marcador para observarmos a maturação dessas células, utilizamos
CD11c, CD86 e CD1d visualizado na Figura 12, onde as células foram duplo coradas.
Cerca de 46% das células de medula óssea, após a diferenciação com GM-CSF e IL-4,
coraram para CD11c e CD1d, ao total, 48% das células coraram para CD11c e 68% para
CD1d (Figura 12A). Quando as células foram coradas com anti- CD86 e CD1d, cerca de
7% dessas eram duplo positivas, sendo 7,8% das células marcadas só com anti- CD86 e
49,7% das células coraram para CD11c (Figura 12B). As células duplo coradas para
F4/80/CD11b representaram menos de 30% das células (dados não mostrados).
4.8 Ensaio de ativação de células DN32.D3 pelas frações lipídicas obtidas a partir do
melanoma murino B16F10-Nex2 apresentadas por BMDC
Com as frações F3A e F4A obtidas em cada extração, novos ensaios foram
realizados a fim de confirmar a ativação de células DN32.D3 via CD1d pela fração F3A
dessa vez apresentada por células dendríticas maturadas de medula óssea, quantificando a
produção de IL-2 pelas células NKT.
As frações individualizadas foram secas em fluxo de nitrogênio gas e
ressuspendidas em 500 µl metanol, retirada uma alíquota correspondente a 2µg/ml e
transferida para tubo estéril. Essa alíquota foi novamente seca em fluxo de nitrogênio e
ressuspendida em meio de cultura celular e sonicada por 1 minuto em banho com gelo a
cada diluição. A partir dessa suspensão, as frações foram diluídas sequencialmente, sendo
que o primeiro poço continha aproximadamente 1mg/ml F3A e incubadas com macrófagos
e precursores de células dendríticas da medula óssea. Os resultados dos novos experimentos
estão representados na Figura 13A. Nessa figura vemos a produção de IL-2 no ensaio com
a fração F3A apresentada por macrófagos. Como esperado, a ativação das células NKT por
essa fração (125 µg/ml) se manteve, com níveis de IL-2 de 310 pg/ml, acima do controle, e
maiores do que os obtidos com F3A apresentada por fibroblastos-CD1d. Com a
Resultados
- 63 -
A) B)
FIGURA 12 - Análise de marcadores de superfície de células dendríticas murinas
maturadas a partir de precursores da medula óssea por citometria de fluxo (FACS).
Marcação duplo-positiva para: A) CD1d-FITC/CD11c-PE, 46%, B) CD86-FITC/CD11c-
PE, 7%.
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD1d
CD11c
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD86
CD11c
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD1d
CD11c
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD1d
CD11c
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD86
CD11c
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
CD86
CD11c
Resultados
- 64 -
mesma concentração de F3A testada no ensaio anterior, a apresentação dessa fração por
células dendríticas (BMDC) chegou a produzir quase 3 vezes mais IL-2, cerca de 900 pg/ml
de citocina (Figura 13B). Ainda nesse ensaio vemos que a produção de IL-2 chegou a
1.025 pg/ml para 250 µg/ml de F3A e foi de 600 pg/ml com 15µg/ml de fração.
Partindo de uma concentração de 56 µg/ml da fração F4A, o perfil de ativação foi
mantido, ou seja, mesmo sendo essa fração apresentada por células dendríticas somente
uma concentração apresentou a produção de IL-2 superior à encontrada no controle.
Enquanto 28 µg/ml da fração produziu 0,17ng/ml de IL-2 a mais que o controle, todas as
outras concentrações de F4A produziram menos IL-2 que o controle, que produziu um total
de 2,2 ng/ml de citocina (Figura 13C).
Comparando a produção de IL-2 pelas células DN32.D3, com as 3 células
apresentadoras utilizadas nos ensaios de estimulação, concluímos que as células dendríticas
foram as que melhor ativaram as células NKT. Passamos então a utilizar essas células nos
próximos ensaios de ativação.
Em seguida, avaliamos a produção de IL-4 pelas células NKT ativadas por essas
frações.
4.9 Dosagem de IL-4 no ensaio de ativação de células DN32.D3 pelas frações F3A e F4A
A produção de interleucina IL-4 em resposta às frações F3A e F4A foi também
determinada. Na Figura 14 observamos que tanto F3A como F4C induziram a produção
de IL-4 onde todas as concentrações das frações atingiram níveis superiores ao encontrado
no controle. Em geral, as concentrações de F3A mostraram tendência de titulação no
ensaio, mas produziram menos IL-4 que em F4A.
Resultados
- 65 -
A)
B)
Ensaio de ativação com F3A apresentada por macrófagos
0
0,1
0,2
0,3
0,4
1000 500 250 125 63 31 15 ctr
F3A µg/ml
IL-2 ng/ml
Ensaio de ativação com F3A apresentada por BMDC
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1000 500 250 125 63 31 15 ctr
F3A µg/ml
IL-2 (ng/ml)
Resultados
- 66 -
C)
FIGURA 13 - Ensaio de ativação de células DN32.D3 por macrófagos e células dendríticas
apresentando F3A e F4A. A reação foi incubada por 24 h. A) apresentação de F3A por
macrófagos; B) apresentação de F3A por células dendríticas (BMDC); e C) apresentação de
F4A por células dendríticas BMDC). Como controle foram utilizadas células DN32.D3 e
células apresentadoras sem estímulo. Em A e B o valor do controle foi subtraído das
frações.
Ensaio de ativação de F4A apresentada por BMDC
2
2,5
3
56 28 14 7 3,5 1,75 ctr
F4A µg/ml
IL-2 ng/ml
F4A
ctr
Ensaio de ativação de F4A apresentada por BMDC
2
2,5
3
56 28 14 7 3,5 1,75 ctr
F4A µg/ml
IL-2 ng/ml
F4A
ctr
Ensaio de ativação de F4A apresentada por BMDC
2
2,5
3
56 28 14 7 3,5 1,75 ctr
F4A µg/ml
IL-2 ng/ml
F4A
ctr
Resultados
- 67 -
FIGURA 14 Produção de IL-4 no ensaio de ativação de células DN32.D3 via CD1d
apresentando F3A e F4A extraídas de células tumorais. Os controles são as células
DN32.D3 incubadas com BMDC na ausência de estímulo. O valor do controle foi subtraído
das frações.
Produção de IL-4 utilizando F3A e F4A
0
0,1
0,2
0,3
0,4
56
28
14
7
3,5
1,75
0,87
0,43
56
28
14
7
3,5
1,75
0,87
ctr
Frações µg/ml
IL-4 ng/ml
F3A
F4A
Resultados
- 68 -
4.10 Inibição da ativação de células DN32.D3 pelo gangliosídeo GM3 adicionado a
células dendríticas de medula óssea (BMDC)
Tendo em vista os efeitos descritos de gangliosídeos sobre a ativação de células
NKT, investigamos as atividades de GM3 incubado por 24 horas com BMDC previamente
a adição de células NKT. Na Figura 15 é mostrado que o gangliosídeo, mesmo nas
menores concentrações inibe a produção basal de IL-2 pelas células NKT.
4.11 Separação de compostos presentes na fração F3A em coluna de sílica
Na tentativa de encontrar moléculas responsáveis pela ativação das células NKT
utilizamos uma coluna de sílica para separação de fase normal por adsorção (Barreto-
Bergter et al., 2004) e a fração F4A foi utilizada para padronização do método devido ao
seu maior rendimento. As amostras foram eluídas em alíquotas de 4 mL de clorofórmio,
acetona e metanol, seqüencialmente aumentando assim a polaridade dos componentes
separados a cada solvente.
Baseado nessa padronização utilizamos o mesmo método com a fração F3A. As
diversas subfrações, eluídas, foram examinadas através de dot-blots revelados com iodo
sublimado, acido orto-fosfórico com sulfato de Cu, orcinol, resorcinol e molibdenio. Os
resultados mostraram que os componentes de F3A eluídos com clorofórmio em coluna de
sílica são possivelmente lipídeos/glicolipídeos menos polares e a eluição com metanol traz
glicolipídeos/fosfolipídeos, mais polares. Os gangliosídeos foram eluídos na transição dos
solventes acetona e metanol, possivelmente carreados juntamente a glicolipídeos com
polaridade intermediária.
As frações resultantes da cromatografia em sílica foram reunidas da seguinte forma:
1-3Cs, 15-22Ac, 23-25Ac e 26-30M. A fração F3A apresentou 4 bandas, reveladas com
iodo, sulfato de cobre/ácido orto-fosfórico e orcinol. A Figura 16 mostra a separação dos
componentes da fração 3A e subfrações reveladas diferencialmente.
Resultados
- 69 -
FIGURA 15. Inibiç ão da ativação de células NKT por GM3 apresentado por células
dendríticas (DC). DCs foram tratadas com GM3 a 5 ng/ml e concentrações menores até
0,035 ng/ml por 24 h, e colocadas em co-cultura com células DN32.D3 NKT por 18 h.
Os sobrenadantes foram analisados por ELISA. Mesmo nas menores concentrações a
inibição da ativação de células NKT (produção de IL-2) foi intensa. Os resultados são
representativos de 3 experimentos independentes.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
5 2,5 0,62 0,31 0,15 0,07 0,035 ctr
GM3 comercial ng/ml
IL-2 ng/ml
GM3
ctr
Resultados
- 70 -
A) B) C)
D) E)
FIGURA 16 - Cromatografia em camada fina (HPTLC) da fração F3A e das frações
obtidas após cromatografia em coluna de sílica. As amostras foram diluídas nos mesmos
solventes que foram separados na coluna de sílica e 5 µg a 10 µg foram aplicados. A)
revelação com iodo sublimado; B) revelação com ácido orto-fosfórico; C) revelação com
orcinol; D) revelação com resorcinol; GM3 foi utilizado como controle positivo; E)
revelação com molibdênio. O solvente utilizado para a corrida na placa foi n-
propanol:amônia:água (60:9:11). “a” a “d”, bandas coradas.
F3A
1-3C 15-22Ac 23-25Ac 26-32M
a”
b”
c”
d”
F3A
1-3C 15-22Ac 23-25Ac 26-32M
a”
b”
c”
d”
c”
d”
c”
d”
F3A
1-3C 15-22Ac
23-25Ac 26-32M GM3
c”
d”
c”
d”
F3A
1-3C 15-22Ac
23-25Ac 26-32M GM3
F3A
a”
b”
c”
d”
1-3C 15-22Ac 23-25Ac
26-32M
F3A
a”
b”
c”
d”
1-3C 15-22Ac 23-25Ac
26-32M
F3A
a”
b”
c”
d”
1-3C 15-22Ac 23-25Ac
26-32M
a”
b”
c”
d”
F3A 1-3C
15-22Ac
23-25Ac
26-32M
a”
b”
c”
d”
F3A 1-3C
15-22Ac
23-25Ac
26-32M
a”
b”
c”
d”
F3A 1-3C
15-22Ac
23-25Ac
26-32M
c”
d”
F3A 1-3C 15-22Ac 23-25Ac 26-32M
c”
d”
F3A 1-3C 15-22Ac 23-25Ac 26-32M
c”
d”
F3A 1-3C 15-22Ac 23-25Ac 26-32M
Resultados
- 71 -
4.12 Ensaio de ativação das células DN32.D3 NKT por subfrações obtidas após a fração
F3A ser submetida à coluna de sílica
As subfrações provenientes da separação de F3A em coluna de sílica foram testadas
a fim de avaliarmos sua capacidade de ativação de células DN32.D3 via CD1d presente em
APCs quantificada através da produção de IL-2 pelas células NKT.
As subfrações de F3A cromatografadas em coluna de sílica foram secas em fluxo de
nitrogênio gasoso e ressuspendidas em acetona para a subfração acetona de F3A após a
coluna de sílica (Ac), em clorofórmio para a subfração clorofórmio (Cs), em metanol para a
subfração metanólica (M ).
Testamos as frações 1-3C (Cs), 22-25Ac (Ac) e 26-32M (M). No ensaio onde a
amostra (Cs), que favoreceu a separação de lipídeos menos polares, ao ser apresentada
pelas células dendríticas levou os hibridomas a produzir IL-2 abaixo de 0,05ng/mL (Figura
17A). A subfração Ac (que favorece a separação de gangliosídeos) promoveu níveis de IL-
2 abaixo do controle, sugerindo inibição da ativação de células NKT. A capacidade de
estimular linfócitos NKT a produzir IL-2 foi detectada na subfração M (Figura 17C), cuja
extração favorece a presença de fosfolipídeos e outros lipídeos de maior polaridade como
glicolipídeos neutros. A concentração de IL-2 chegou a 0,25 ng/mL. Todos os ensaios
foram repetidos mais de 3 vezes e em vários deles notamos que a produção de IL-2
observada para essa subfração era muito próxima dos níveis detectados nos ensaios com a
fração F3A total.
4.13 Análise preliminar dos componentes lipídicos das frações F3A e F4A. Evidência
para a expressão de iGb3 e GM3.
Os dados recentes sobre iGb3 como um possível ligante endógeno de moléculas
CD1, capaz de estimular linfócitos NKT (Zhou et al., 2004) estimulou-nos a verificar se
esse glicolipídeo estaria presente nas frações F3A e F4A e se teria um papel relevante na
Resultados
- 72 -
A)
B)
Subfração de acetona da coluna de sílica
3,3
3,4
3,5
3,6
3,7
3,8
20 5 1 0,1 ctr
Subfração Ac µg/ml
IL-2 ng/ml
Ac
ctr
Subfração de acetona da coluna de sílica
3,3
3,4
3,5
3,6
3,7
3,8
20 5 1 0,1 ctr
Subfração Ac µg/ml
IL-2 ng/ml
Ac
ctr
Ac
ctr
Ac
ctr
Subfração de clorofórmio coluna de sílica
0
0,02
0,04
0,06
500 50 10 ctr
Subfração Cs µg/ml
IL-2 ng/ml
Resultados
- 73 -
C)
FIGURA 17 - Ensaio de ativação das células DN32.D3 NKT com células dendríticas
apresentando as subfrações de F3A após fracionamento em coluna de sílica. A) subfração
Cs de F3A; B) subfração Ac de F3A; C) subfração M de F3A. Como controle células
DN32.D3 NKT e células dendríticas incubadas sem estímulo.
Subfração metanólica da coluna de sílica
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
100 50 5 2 1 0,1 ctr
Subfrações M µg/ml
IL-2 ng/ml
Resultados
- 74 -
resposta antitumoral. Na Figura 18A observa-se na HPTLC a presença em F3A de um
componente com R
F
semelhante ao GM3 (indicado pela seta), corado por orcinol e
resorcinol, o que sugere ser um glicolipídeo contendo resíduos de ácido siálico,
característico de gangliosídeos. A presença majoritária de GM3 poderia dificultar a
observação da possível presença de iGb3 na amostra se este fosse minoritário, desta forma,
recorremos à utilização de HPTLCs preparativas usando como padrão iGb3 comercial
purificado (Axxora). Após coloração com iodo sublimado, a faixa de sílica correspondente
ao R
F
do iGb3 da fração F3A foi coletada por raspagem, combinadas em um tubo e em
seguida os lipídeos ali presentes foram separados da sílica utilizando C-M (1:2), C-M (1:1)
e C-M (2:1) (alternando centrifugações de 3.000rpm por 10 minutos), os sobrenadantes
foram reunidos e secos em nitrogênio gasoso obtendo-se 1 mg de substância.
Essa nova fração, denominada iGb3 F3A, foi submetida a nova cromatografia e
analisada como mostra a Figura 18B, na qual observa-se a presença de um componente em
F3A com R
F
semelhante ao iGb3 comercial utilizado como controle, corado por orcinol e
não por resorcinol, sugerindo ser um glicolipídeo que não contém resíduos de ácido siálico.
Ainda nessa figura observamos que esse método de separação propiciou a obtenção de uma
amostra enriquecida de iGb3, com ausência de GM3.
O mesmo protocolo foi realizado para a fração F4A, que não apresentou atividade
estimulatória para células NKT. Em F4A também observou-se a presença majoritária de
GM3 e uma presença de menores quantidades de iGb3 (Figuras 19A, B), e obtivemos uma
fração enriquecida denominada iGb3 F4A.
Ambos os produtos obtidos dessas TLCs foram submetidos ao ensaio de
estimulação de células NKT.
4.14 Ensaio de estimulação de células DN32.D3 NKT pelos produtos iGb3F3A e
iGb3F4A
Para o ensaio primeiro utilizamos iGb3 comercial purificado apresentado por
células dendríticas de medula óssea com as concentrações entre 100 µg/ml e 1 µg/ml de
lipídeo. A Figura 20A mostra a titulação nos níveis de IL-2 sendo dose-dependentes à
Resultados
- 75 -
A) B)
FIGURA 18 - Cromatografia de camada fina (HPTLC) da fração F3A. As frações foram
diluídas em clorofórmio-metanol (1:1) na concentração de 1mg/ml e 6 µl foram aplicados.
A) Placa antes da cromatografia preparativa, revelada com orcinol (seta indicando banda
dupla com Rf similar ao Rf de GM3), resorcinol e controles de GM3 e iGb3 comerciais
corados com orcinol; B) Placa após a cromatografia preparativa, revelada com orcinol (seta
identificando banda com Rf semelhante ao Rf de iGb3, antes não visualizada), resorcinol e
controles GM3 e iGb3 corados com orcinol. As placas foram corridas no sistema solvente
clorofórmio-metanol-água (C:M:W) (60:35:8).
Resultados
- 76 -
concentração de iGb3. Com 50 µg/ml obtivemos 3,3 ng/ml interleucina. A amostra iGb3
F3A foi então testada no ensaio de estimulação de células DN32.D3 NKT e o sobrenadante
foi dosado para IL-2. O iGb3F3A foi utilizado nas concentrações de 100 µg/ml a 1 µg/ml e
controle sem o lipídeo. Os níveis de IL-2 foram de quase 50 pg/ml de IL-2 com 25 µg/ml
de lipídeo atingindo o máximo de 58 pg/ml com 5 µg/ml (Figura 20B).
A fração iGb3F4A também foi testada no ensaio de estimulação de células
DN32.D3. Na Figura 20C, o lipídeo na concentração de 25 µg/ml, induziu a produção de
160 pg/ml de IL-2.
4.15 Caracterização de lipídeos presentes em F3A por ESI-LIT-MS (electronspray
ionization-linear ion trap-mass spectrometry)
A fração F3A foi examinada na Universidade do Texas El Paso por Ernesto
Nakayasu e Igor C. Almeida, sendo os lipídeos extraídos, permetilados pelo método de
Ciucano & Kerek (1984), e então examinados por ESI-LIT-MS. Assim como obtido em
uma primeira análise de espectroscopia de massa da fração F3A não metilada, realizada no
ICB da USP, detectou-se grande quantidade de GM3. Foi necessário diluir parte da amostra
em metanol puro, para posteriormente aplicá-la em uma coluna de troca aniônica (strong-
anion-exchange SAX). Ao lavar a coluna com metanol os glicolipídeos neutros foram
recolhidos e secos em nitrogênio gasoso, para depois serem metilados e analisados. Os
gangliosídeos foram eluídos da coluna com acetato de amônio 250mM preparado em
metanol 100%. Todas as análises descritas a seguir foram com os lipídeos permetilados.
Espécies iônicas com cargas únicas foram observadas na faixa de 1300-1600 m/z
(Figura 21A ). Esses ions eram compatíveis com espécies de GM3 trazendo grupos N-
acetil ou N-glicolilneuramínico (MeN-Ac/Me-N-glicolil = 30 m/z) e moléculas lípídicas
diferentes. Para confirmar a predição inicial, o pico majoritário de m/z 1372 (massa
monoisotópica de m/z 1371.8), representando uma espécie iônica com aduto de Na ([M-H
+ 2Na]
+
) foi submetido a fragmentações MS
2
e MS
3
(Figuras 21B, C). O espectro MS
2
mostra um pico em 996.7 m/z resultante da perda de N-acetilneuramínico (NANA). Dois
outros íons em m/z 824.4 e 449.2 correspondendo a NANA-Hex-Hex com aduto de Na e
Resultados
- 77 -
A) B)
FIGURA 19 Cromatografia de camada fina (HPTLC) da fração F4A. As frações
foram diluídas em clorofórmio-metanol (1:1) na concentração de 1mg/ml e 6 µl foram
aplicados. A) Placa antes da cromatografia preparativa, revelada com orcinol (seta
indicando banda com Rf similar ao Rf de GM3 e * indicando banda com Rf semelhante
ao Rf de iGb3), resorcinol e controles GM3 e iGb3 comerciais corados com orcinol; B)
Placa após cromatografia preparativa, revelada com orcinol (seta identificando banda com
Rf semelhante ao Rf de iGb3, antes não visualizada), resorcinol e controles GM3 e iGb3
corados com orcinol. As placas foram corridas no sistema solvente clorofórmio- metanol-
água (C-M-W) (60:35:8).
Resultados
- 78 -
A)
B)
Ensaio de estimulação com iGb3 comercial
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
100 12 3 1 ctr
iGb3 comercial µg/ml
IL-2 (ng/ml)
Ensaio de ativação com fração enriquecida de F3A
0
15
30
45
60
75
100 25 5 1 ctr
iF3A µg/ml
IL-2 (pg/ml)
Resultados
- 79 -
C)
FIGURA 20 - Dosagem de IL-2 após ensaio de ativação das células DN32.D3 NKT por
iGb3 comercial e isolado das frações de melanoma F3A e de F4A. A) Apresentação de
iGb3 comercial por BMDC em diversas concentrações partindo de 100 µg/ml até 1 µg/ml;
B) Apresentação de iGb3 de F3A por células dendríticas (BMDC), nas concentrações de
100 µg/ml, 25 µg/ml , 5 µg/ml e 1 µg/ml; C) Apresentação de iGb3 de F4A por DC nas
concentrações de 50 µg/ml, 25 µg/ml, 10 µg/ml e 5 µg/ml. Como controle (Ctr) foram
utilizadas células DN32.D3 NKT + BMDC sem estímulos.
Ensaio de estimulação com fração enriquecida de
F4A
0
30
60
90
120
150
180
50 25 10 5 ctr
iF4A µg/ml
IL-2 (pg/ml)
Resultados
- 80 -
A
B
C
D
GM3
species
1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
1372
1402
1484
1456
1514
1358
ITMS + p NSI
Full ms
NL: 3.94e6
1428
996.7
824.4
449.2
1341.8
1371.8
[M NANA + Na]
+
[M H
3
COH + Na]
+
[NANA-Hex-Hex + Na]
+
[Hex-Hex + Na]
+
MS2: 1371.8@55%
NL: 7.60e5
[M + Na]
+
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
449.2
966.7
996.7
792.6
548.6
[M NANA + Na]
+
[M NANA H
3
COH + Na]
+
[C34:1(OH)
2
-Cer H
2
O + H]
+
[Hex-Cer + Na]
+
[Hex-Hex + Na]
+
MS3: 1371.8@55% ? 996.7@55%
NL: 2.55e5
+ Na
+
N
O=
1371.8 996.7 792.6
548.6
NANA Gal Glc
Cer
824.4
449.2
Resultados
- 81 -
FIGURA 21 ESI-LIT-MS (electrospray ionization-linear ion trap-mass spectrometry)
do glicolipídeo preponderante na fração 3A. A) Espectro MS
1
de F3A permetilada; B)
Espectro MS
2
de espécie iônica de única carga ([M H + 2Na]
+
) de m/z 1371.8 observada
em (A). C) Espectro MS
3
da principal espécie iônica derivada em m/z 996.7 observada em
(B). D) Resumo dos fragmentos chave observados nos espectros de MS
2
e MS
3
de GM3
permetilado com m/z 1372. A estrutura do GM3, para simplificar está representada sem
permetilação. m/z relação massa/carga. A Figura é reproduzida de nosso trabalho
publicado no Molecular Cancer 2009, 8: 116 (Dias et al., 2009).
Resultados
- 82 -
Hex-Hex, respectivamente, foram observados. Para confirmar a natureza de GM3 no m/z
1372, o íon derivado 996.7 m/z foi submetido a fragmentação MS
3
(Figura 21C). Os ions
derivados de 792.6 e 548.6 m/z correspondiam a Hex-Cer + Na e C34:1 (OH
2
) ceramida,
respectivamente, provavelmente contendo esfingosina (d18:1) e ácido palmítico (C16:0). A
Figura 21D mostra os fragmentos principais dos espectros MS
2
e MS
3
de GM3 da fração
F3A.
Para a análise dos glicolipídeos neutros, utilizou-se como base o espectro de iGb3
comercial purificado (d18:1; C26:0), permetilado (Figura 22). O iGb3 apresentou m/z
1355 e esse ion foi submetido ao processo de fragmentação multistep gerando m/z 667
(MS
2
) ? m/z 445 (MS
3
) ? m/z 371 e 211 (MS
4
), sendo esses dois últimos fragmentos
marcadores característicos de iGb3. Na primeira fragmentação houve a perda da ceramida
composta por uma cadeia de esfingosina (d18:1) e outra cadeia de ácido graxo saturado
(C26:0); na fragmentação seguinte houve a perda de uma glucose (Glc), sendo o pico m/z
445 correspondente ao dissacarídeo Gala3/4Gal. A abundância relativa máxima (A
max
) de
m/z 371 foi de 100 e para o m/z 211 foi de 79.
Analisando agora os glicolipídeos neutros permetilados da fração F3A, o espectro
da Figura 23A mostra o pico m/z 1215 como o mais abundante. Sua fragmentação (MS
2
)
gerou o pico m/z 667 devido a perda da ceramida (d18:1; C16:0). Em MS
3
o pico anterior
gerou m/z 445 (perda de Glc) que após ser fragmentado (MS
4
) gerou os picos m/z 371, m/z
211, característicos de iGb3 e m/z 329 marcador para Gb3 sendo esse o pico mais
abundante (Figura 23B). Para estimar a abundância de iGb3 na amostra, calculamos
inicialmente a abundância corrigida de um pico, A(iGb3)corr = A(iGb3) esperado/ A(iGb3)
max., para esse caso A(iGb3 padrão)
211
corr = 1.27.
Para A(iGb3 amostra) é necessário o seguinte cálculo:
A(iGb3)
amostra
= (A(iGb3)
211corr +
A(iGb3)
371
) / [A(iGb3)
211corr
+ A(iGb3)
371
+ 2x A(Gb3)
329
],
ou seja (1,65+3,4) / [1,65+3,4+ (2x 100)] = 0.025 ( 2,5% ) (Figura 23C).
A presença de iGb4 e Gb4 da fração F3A foi caracterizada através dos espectros de
ESI-LIT-MS mostrados na Figura 24. O íon mais abundante tinha m/z 1460. Ao ser
fragmentado diversas vezes obtivemos os picos m/z 912 (MS
2
) ? m/z 690 (MS
3
)? m/z
431 (MS
4
) ? m/z 369, m/z 357, m/z 329 e m/z 315 (MS
5
) (Figura 24B), que referem-se a
perda de ceramida com ácido palmítico (MS
2
), perda de uma glucose (MS
3
), perda de N-
Resultados
- 83 -
FIGURA 22 ESI-LIT-MS de iGb3 comercial permetilado. A partir de m/z 1355, a
fragmentação MS
2
gerou m/z 667, marcador de Gb3 e iGb3. MS
4
do ion derivado de MS
3
,
m/z 445, gerou fragmentos característicos de iGb3 com m/z 371 e m/z 211.
Marcadores de iGb3
MS4 do pico m/z 445 de iGb3 comercial
Abundância relativa
Marcadores de iGb3
MS4 do pico m/z 445 de iGb3 comercial
Marcadores de iGb3
MS4 do pico m/z 445 de iGb3 comercial
Abundância relativa
Resultados
- 84 -
A)
B)
H
Glicoesfingolipídeos neutros (iGb3 e Gb3) encontrados em F3A
Abundância relativa
m/z
H
Glicoesfingolipídeos neutros (iGb3 e Gb3) encontrados em F3A
HH
Glicoesfingolipídeos neutros (iGb3 e Gb3) encontrados em F3A
Abundância relativa
m/z
marcador
(1,3%)
marcador
(3,4%)
marcador
(100%)
MS4 do pico m/z 445 encontrado em F3A
Abundância relativa
marcador
(1,3%)
marcador
(3,4%)
marcador
(100%)
MS4 do pico m/z 445 encontrado em F3A
marcador
(1,3%)
marcador
(3,4%)
marcador
(100%)
MS4 do pico m/z 445 encontrado em F3A
Abundância relativa
Resultados
- 85 -
C)
FIGURA 23 ESI-LIT-MS de glicoesfingolipídeos neutros permetilados da fração
F3A. Os glicolipídeos neutros da amostra F3A foram depletados de GM3 em coluna SAX.
A) Espectro MS
1
da amostra indica o pico majoritário m/z 1215; a estrutura de iGb3 é
mostrada ao lado com indicação das ligações glicosídicas e clivagem por glicosidases; B)
fragmentação do pico m/z 1215 (MS
1
) ? m/z 667 (MS
2
) ? m/z 445 (MS
3
) ? m/z 211
(iGb3), m/z 371 (iGb3) e m/z 329 (Gb3) (MS
4
). Os picos característicos de iGb3 estão
indicados com os valores m/z 371 e m/z 211 e de Gb3 corresponde a m/z 329, confirmando
presença de iGb3 e de Gb3 na fração F3A. C) Equações que permitem quantificar iGb3
presente na amostra em função da resposta de iGb3 padrão e presença majoritária de Gb3.
Resultados
- 86 -
A)
B)
FIGURA 24 ESI-LIT-MS de glicoesfingolipídeos neutros permetilados da fração
F3A. Os glicolipídeos neutros da amostra F3A foram depletados de GM3 em coluna SAX.
A) Espectro MS
1
da amostra indica o pico majoritário m/z 1460; a estrutura de iGb4 é
mostrada ao lado com indicação das ligações glicosídicas e clivagem por glicosidases; B)
fragmentação do pico m/z 1460 (MS
1
) ? m/z 912 (MS
2
) ? m/z 690 (MS
3
) ? m/z 431
(MS
4
) ? m/z 329 (iGb4), m/z 357 (iGb4), m/z 369 (iGb4) e m/z 315 (Gb4) (MS
5
). Os picos
característicos de iGb4 estão indicados com os valores m/z 329, m/z 357, m/z 369 e de Gb4
corresponde a m/z 315, confirmando presença de iGb4 e de Gb4 na fração F3A.
Abundância relativa
Glicoesfingolipídeos neutros (iGb4 e Gb4) encontrados em F3A
m/z
Abundância relativa
Glicoesfingolipídeos neutros (iGb4 e Gb4) encontrados em F3A
m/z
marcador
(2,5%)
marcador
(1,4%)
marcador
(2,7%)
marcador
(100%)
MS5 do pico m/z 431 encontrado em F3A
Abundância relativa
marcador
(2,5%)
marcador
(1,4%)
marcador
(2,7%)
marcador
(100%)
MS5 do pico m/z 431 encontrado em F3A
marcador
(2,5%)
marcador
(1,4%)
marcador
(2,7%)
marcador
(100%)
MS5 do pico m/z 431 encontrado em F3A
Abundância relativa
Resultados
- 87 -
acetilgalactosamina (MS
4
), sobrando um dissacarídeo Gala1/4Gal ou Gala1/3Gal. Os picos
resultantes de MS
5
m/z 369, m/z 357 e m/z 329 são marcadores característicos de iGb4
enquanto m/z 315 é marcador de Gb4. Diferente da análise de MS da Figura anterior
(mistura de iGb3/Gb3), a análise da mistura iGb4/Gb4 não permite uma análise
quantitativa.
4.16 Ensaio de Citometria de fluxo de células dendríticas incubadas com a-GalCer e
iGb3
DCs 5x10
4
foram primadas com 100 ng/ml de a-GalCer e com 1 µg/ml de iGb3 por
24 horas. Após esse período as células foram recolhidas e incubadas com anticorpos anti-
CD1d-FITC, CD80-PE, CD86-PE, MHCII-FITC, MHCI-FITC e CD11c-PE, para análise
por citometria de fluxo.
Na Figura 25 observa-se que as células dendríticas cultivadas com a-GalCer e com
iGb3 apresentaram CD1d aumentado significativamente de 34,2% (controle) para 62,5% e
60,3% respectivamente. Os demais marcadores mantiveram o mesmo nível de expressão
que o controle não tratado.
4.17 Ensaio de citotoxicidade in vitro de células NKT estimuladas com iGb3 contra
células B16F10-Nex2
Células DN32.D3 NKT ativadas por células dendríticas de medula óssea primadas
ou não com 20 µg/ml de iGb3 foram co-cultivadas por 4 horas com células B16F10-Nex 2.
As células tumorais foram incubadas por 24 horas com [
3
H] Timidina. As células efetoras
(NKT) foram adicionadas nas razões de 1/12 até 1/400 célula alvo (target, T)/célula efetora
(E).
Nas relações 1/100 (T/E) e 1/200 (T/E) ocorreu 40% de lise das células tumorais
(Figura 26) subtraindo-se a lise controle (células NKT não estimuladas com lipídeo).
Resultados
- 88 -
FIGURA 25 Análise de marcadores de superfície de células dendríticas murinas
maturadas a partir de precursores de medula óssea por citometria de fluxo (FACS). Células
controle (ctr), primadas com 100 ng/ml de a-GalCer ou com 1µg/mL de iGb3. Anticorpos
marcados com FITC ou PE.
Marcadores de superfície
0
30
60
90
CD1d CD80 CD86 MHCII MHCI CD11c
valor em %
ctr
a-GalCer
100ng/mL
iGb3
1µg/mL
Resultados
- 89 -
FIGURA 26 Células DN32.D3 NKT ativadas por células dendríticas de medula óssea
primadas ou não com 20 µg/ml de iGb3 foram co-cultivadas por 4 horas com células
B16F10-Nex 2. As células de B16F10-Nex 2 foram previamente incubadas com [
3
H]
timidina por 24 horas. Melanoma e células NKT foram co-cultivadas na razão de células
alvo/efetora conforme indicado e o efeito citotóxico foi medido pelo efeito lítico, como
descrito em Materiais e Métodos.
Citotoxicidade de células NKT contra B16F10-Nex 2
0
10
20
30
40
50
1/12 1/25 1/50 1/100 1/200 1/400
Relação de células alvo/efetora
Lise (%)
Resultados
- 90 -
4.18 Proteção anti-tumoral in vivo conferida por células dendríticas de medula óssea
primadas com iGb3 e a-GalCer
Camundongos foram injetados intravenosamente com 1x10
5
células de melanoma
murino B16F10-Nex2 em 100µl/animal para desenvolvimento de metástases pulmonares.
Esses animais foram então tratados com 5x10
5
BMDC não estimuladas ou primadas com
iGb3 (20 µg/ml) ou com a-GalCer (200 ng/ml) nos dias 2 e 4 após o desafio com células de
melanoma.
Na Figura 27A notamos que tanto os animais tratados com BMDC tratadas com
iGb3 como com a-GalCer tiveram cerca de 4x menos nódulos quando comparados aos
animais controle, tratados com as células BMDC sem estímulo. Na Figura 27B pulmões
com os nódulos pulmonares estão apresentados, representativos desse tipo de experimento.
Esses resultados demonstraram claramente que no ensaio de terapia celular com
BMDCs ambos os lipídeos utilizados estimularam uma resposta anti-tumoral, dependente
de células NKT, protetora contra o melanoma murino.
Resultados
- 91 -
A)
B)
FIGURA 27 - A) Proteção in vivo por BMDCs primadas com a-GalCer (200 ng/ml) ou
iGb3 (20 µg/ml) contra a colonização pulmonar por células de melanoma murino B16F10-
Nex 2 (1x10
5
) injetadas i.v. em camundongos C57Bl/6 (5 animais/grupo). BMDC
incubadas ou não com glicolipídeos foram administradas nos dias 2 e 4 depois do desafio.
Ctr, controle, BMDC naive não estimuladas; B) nódulos tumorais encontrados nos pulmões
murinos após 21 dias da injeção tumoral, e representativos do experimento. Os
experimentos são representativos de pelo menos 2 experimentos independentes. *p<0.05,
comparado ao controle.
Ensaio in vivo de metátase pulmonar
0
50
100
150
200
250
ctr a-GalCer iGb3
Grupos tratados
No. de nódulos pulmonares
ctr iGb3 (20
µ
g/ml)
a
-
GalCer (200ng/ml)
ctr iGb3 (20
µ
a
-
GalCer (200ng/ml)
Discussão
- 92 -
5. DISCUSSÃO
A resposta imune protetora contra o câncer envolve células efetoras e anticorpos.
Entre as células efetoras grande destaque tem sido dado aos linfócitos citotóxicos T-CD8
+
utilizando-se antígenos específicos apresentados por MHC classe I para esquemas de
vacinação principalmente através de terapia gênica (Yuan et al., 2009; Saenger et al.,
2008). No presente trabalho, observamos que células NKT restritas a CD1d são importantes
na resposta antitumoral, baseado no desenvolvimento acelerado do melanoma B16F10-
Nex2 em animais deficientes homozigotos (knock-out) para CD1d. Linfócitos iNKT,
possuem um TCR invariante e apresentam marcadores NK1.1 na sua superfície (Taniguchi
et al, 2003). Essas células têm sido amplamente estudadas nas doenças infecciosas,
autoimunes e na atividade modulatória do câncer. Elas fazem uma ponte entre a resposta
imune inata e a adaptativa podendo ser ativadas por células apresentadoras de antígenos,
que expressam CD1, semelhante a MHC classe I, mas ligando-se às moléculas lipídicas e
glicolipídicas. A ativação de células NKT pode levar a uma resposta antitumoral (Brigl &
Brenner, 2004).
Smyth et al., 2000, observaram a rejeição tumoral quando células iNKT foram
ativadas por um ligante tumoral não identificado promovendo uma resposta imune
adaptativa CD4
+
CD8
+
. Várias moléculas lipídicas foram identificadas capazes de ser
apresentadas por CD1. Entre elas, por exemplo estão as moléculas lipídicas de
Mycobacterium tuberculosis, apresentadas por CD1a, CD1b e CD1c.
Em nosso trabalho, investigamos a molécula lipídica de melanoma que fosse
reconhecida por linfócitos NKT ativando-os e assim, desencadeando uma resposta imune
antitumoral. Frações de natureza lipídica foram obtidas através da extração de tumores
crescidos in vivo e extraídos de forma estéril. Confirmamos que esses extratos estavam
livres de contaminação por Mycoplasma sp. ou outras bactérias, os quais poderiam
introduzir componentes de natureza lipídica que interfeririam com nossos estudos. Os
tumores passaram por três diferentes processos de extração, originando várias frações, que
Discussão
- 93 -
foram cromatografadas em HPTLC e testadas no ensaio de ativação das células DN32.D3
NKT.
De todas as frações obtidas, somente a fração F3A, gerada pelo Protocolo A de
extração, pareceu ser promissora, pois ativou células NKT, através da apresentação por
CD1d de seus componentes lipídicos, a produzir quantidades significantes de IL-2. Essa
ativação foi comparada com a das mesma células incubadas com α-GalCer. As demais
frações obtidas, com exceção de F3C, apresentadas por fibroblastos-CD1d ou células
dendríticas de medula óssea (BMDC) reduziram a produção basal de IL-2 das células NKT
sugerindo a presença de componentes inibitórios nessas frações. F3C quando incubada por
24 horas com fibroblastos-CD1d ativou os linfócitos NKT a secretarem IL-2, mas em
menor grau que F3A.
A separação de F3A por HPTLC forneceu bandas reveladas com orcinol e
resorcinol, sugerindo que essa fração contenha gangliosídeos. Uma dessas bandas tinha um
R
F
semelhante ao do gangliosídeo GM3. Esse gangliosídeo foi efetivamente caracterizado
na fração por espectrometria de massa (ESI-LIT-MS) de sua forma permetilada, contendo
uma base de esfingosina (d18:1) e ácido palmítico (C16:0). Moléculas de GM3 com ácido
N-acetil ou N-glicolilneuramínico foram identificadas.
Ao contrário dos resultados de Wu et al., 2003, que sugeriram a apresentação de
GD3 para ativação de células NKT, a incubação com GM3 (gangliosídeo majoritário do
melanoma murino) inibiu a produção de IL-2 por células NKT. Esses resultados são
corroborados pelos de Park et al., 2008, que mostraram que GM3 tem atividade inibitória
em células NKT. Essa característica inibitória de gangliosídeos tem sido geralmente aceita,
considerando-se mesmo que os gangliosídeos são imunossupressores e estão presentes em
altas concentrações em células tumorais. Anticorpos monoclonais como o R24 mostraram-
se ativos contra células de melanoma humano e não contra células normais devido a
hiperexpressão de gangliosídeos, particularmente GD3 e GM3 nas células tumorais (Pukel
et al., 1982).
A separação dos componentes da fração reativa F3A foi ensaiada utilizando-se uma
coluna de sílica de fase normal eluída seqüencialmente com 3 solventes, clorofórmio,
acetona e metanol. As frações foram reunidas de acordo com a presença de lipídeos (reação
com iodo sublimado) na eluição com cada solvente e testadas no ensaio de estimulação de
Discussão
- 94 -
células DN32.D3 NKT. A amostra oriunda da eluição com clorofórmio estimulou baixa
produção de IL-2, enquanto a eluição com acetona, trazia gangliosídeos que como foi visto
inibiam a produção basal de IL-2. Ao contrário, nas amostras eluidas com metanol,
detectamos a ativação das células NKT, produzindo níveis de IL-2 semelhantes aos obtidos
com a fração F3A. Esses resultados eram compatíveis com a presença de fosfolipídeos e/ou
glicolipídeos neutros como candidatos à ativação de células iNKT.
Em 2004 Zhou et al. demonstraram que animais deficientes na subunidade b da
enzima ß-hexosaminidase apresentaram redução de 95% das células NKT incluindo todas
as suas subpopulações. Essa enzima, presente em células dendríticas, é responsável por
remover resíduos ß-GalNAc (N-acetilgalactosamina) que são encontrados em
glicoesfingolipídeos da ganglio-series, globo e isoglobo-series. Ao sintetizar moléculas
características de cada grupo somente o isoglobosil iGb3 (isoglobotrihexosilceramida) foi
capaz de estimular e promover a expansão de células NKT humanas. Nesse trabalho os
autores sugeriram que iGb3 possa ser um ligante endógeno de Vα14 murino.
Ainda não havia sido descrito o isolamento de iGb3 a partir de linhagens tumorais, e
pouco ainda está esclarecido sobre a relação entre tumor e iGb3 ou seu precursor iGb4.
Empenhamo-nos então em verificar se a fração F3A poderia conter esse glicolipídeo.
Preliminarmente, mostramos em immunostaining (reação de dot-blotting) que a fração F3A
reagia com Bandeiraea simplicifolia (BS-I) da mesma forma que iGb3 padrão. Essa lectina
reconhece resíduos de α-galactosil terminais como os presentes em iGb3. Reações
similares nos cromatogramas não foram detectadas provavelmente pela pequena quantidade
desse glicolipídeo (resultados não mostrados).
Utilizamos então uma HPTLC preparativa para tentar isolar iGb3 das frações F3A e
F4A, mesmo não sendo esse componente detectado na primeira fração. Após a
cromatografia preparativa submetamos as amostras obtidas a nova HPTLC e detectamos a
presença do glicolipídeo (provavelmente Gb3 e iGb3) em ambas as frações. Tanto o iGb3
comercial purificado, como o iGb3 de F3A e F4A obtidos das TLCs preparativas foram
capazes de ativar células NKT murinas medido pela produção de IL-2.
A confirmação da natureza química desses glicoesfingolipídeos identificados nas
frações F3A e F4A foi feita utilizando-se espectrometria de massas, inicialmente no ICB da
USP (amostras não metiladas) e em seguida no The Border Biomedical Research Center,
Discussão
- 95 -
University of Texas El Paso, em colaboração com Igor C. Almeida e Ernesto S. Nakayasu,
utilizando ESI-LIT-MS com todos glicolipídeos extraidos na forma permetilada. No
conjunto, essas análises mostraram a presença predominante de GM3 com diferentes
cadeias de ácidos graxos, mas predominando ácido palmítico (C16:0) ligado a esfingosina
(d18:1). A alta quantidade de GM3 na fração F3A dificultava a detecção de outras espécies
lipídicas presentes em menor concentração. A melhor solução foi a separação de lipídeos
carregados e neutros utilizando uma coluna forte de troca aniônica (SAX), onde o
gangliosídeo fica preso na resina e os glicoesfingolipídeos neutros passam direto pela
coluna. Os glicolipídeos neutros foram então permetilados e examinados por ESI-LIT-MS.
Após multifragmentações do ion majoritário m/z 1215 detectamos fragmentos
característicos de iGb3 (m/z 211 e 371), e de Gb3 (m/z 329). Das multifragmentações
sofridas pelo ion m/z 1460 encontramos marcadores característicos de iGb4 (m/z 329, m/z
357 e m/z 369 de pequena abundância) e o marcador de Gb4 (m/z 315 de grande
abundância). Esses resultados mostram, pois que além da expressão predominante de GM3
contendo ácidos N-acetil e N-glicolilneutramínico, as células de melanoma B16F10-Nex2
sintetizam a série de globosidios, Gb3 e iGb3, Gb4 e iGb4, sendo as formas iso presentes
em quantidades bem inferiores às formas globo.
A análise fenotípica de células dendríticas incubadas por 24 horas com a-GalCer e
iGb3 foi igualmente explorada. Apesar de moléculas como MHC I, CD86 e CD80 não
apresentassem alterações significativas foi observado aumento na expressão de CD1d, de
34,2% do controle para 62,5% para a-GalCer e 60,4% para iGb3. Esse resultado é relevante
pois está associado a maior apresentação dos glicolipídeos ligantes, e pode se traduzir em
uma resposta antitumoral mais eficiente mediada por células iNKT.
A atividade citotóxica das células NKT estimulados com iGb3 contra as células
B16F10-Nex 2 foi ensaiada a seguir. Através de microscopia de fluorescência observamos
que células NKT ativadas com a-GalCer ou iGb3 rodeavam preferentemente as células
tumorais sugerindo uma interação entre as duas populações (resultados não mostrados).
Essa interação resultou em lise das células de melanoma medida utilizando-se células
tumorais marcadas com timidina. Após a realização do ensaio notamos que as células
efetoras estimuladas com iGb3, provocaram nas condições do experimento, 40% de lise das
células tumorais comparado ao ensaio onde células NKT não foram estimuladas. Esse
Discussão
- 96 -
resultado é bastante relevante, e provavelmente melhores condições para otimização das
respostas líticas podem ser alcançadas.
No modelo de melanoma metastático, utilizando-se um desafio endovenoso de
células tumorais, vimos que células CD11
+
CD1d
+
provenientes de medula óssea incubadas
com 20µg/ml de iGb3 reduziu em 75% o número de metástases no pulmão de
camundongos. O mesmo foi visto quando essas células foram estimuladas com a-GalCer
(200ng/ml). A apresentação de iGb3 e seu reconhecimento pode levar à proteção contra o
tumor, provavelmente mediada por células iNKT e em decorrência dessa reatividade
levando a uma resposta concomitante do tipo Th-1. Em termos de atividade funcional α-
GalCer é 100 vezes mais ativo que iGb3. Contudo em condições naturais α-GalCer não é
produzido em mamíferos embora não esteja excluída a sua produção por bacterias da flora
indígena. Ao contrário, isoglobosídeos são expressos em células de mamíferos e células
tumorais. Como iGb3 e iGb4 são moléculas efetoras naturais, elas podem ser liberadas no
microambiente tumoral e serem processadas e apresentadas por células dendríticas aos
linfócitos NKT, e esses reagirem contra o tumor e adicionalmente estimularem outras
células do sistema imunológico devido à produção de diversas citocinas. Gangliosídeos
como GM3 podem levar a um balanço da resposta ativadora e inibir essa estimulação
representando, pois um mecanismo de escape do tumor.
Como já foi referido anteriormente, o estímulo de células iNKT por α-GalCer é tão
forte que induz a anergia. Por outro lado o estímulo por α-GalCer pode levar a respostas
mixtas secundárias do tipo Th-1 e Th-2 diminuindo a sua eficácia. Modificações químicas
tem, por essa razão sido feitas tanto no α-GalCer como em iGb3 para aumentar a sua
eficácia e especificidade da resposta imunológica (Shang et al., 2008).
É possivel que outros componentes lipídicos presentes no melanoma murino possam
ativar células NKT. Análises mais completas da fração lipídica dessas células será
necessária para identificá-los. Há uma dificuldade em determinar a atividade estimulatória
de componentes em misturas que envolvam GM3 ou outras moléculas lipídicas inibitórias
que possam camuflar seus efeitos.
Conclusões
- 97 -
6. CONCLUSÕES
No presente trabalho, mostramos que células NKT restritas a CD1d tem um papel
importante na imuno vigilância contra o desenvolvimento de tumores, e em nosso caso
melanoma murino B16F10-Nex 2. Na procura de ligantes endógenos de CD1d em células
apresentadoras, especialmente dendríticas de medula óssea, extraimos glicolipídeos das
células de melanoma murino B16F10-Nex2 desenvolvendo-se in vivo, e identificamos que
uma fração, F3A, era capaz de ativar células NKT do hibridoma DN32.D3 a secretar IL-2.
Essa fração F3A foi investigada por cromatografia em coluna de silica e HPTLC
preparativa identificando-se espécies de glicolipídeos acídicos, em particular gangliosídeo
GM3, e neutros, como Gb3/iGb3. Através de ESI-LIT-MS dessas espécies permetiladas,
caracterizou-se GM3, com esfingosina e ácido palmítico, e com N-acetil e N-
glicolilneuramínico. Na fração de glicolipídeos neutros foram caracterizados Gb3 e iGb3,
Gb4 e iGb4. Células dendríticas primadas com iGb3 ativaram celulas NKT a produzir IL-2
da mesma forma que a fração F3A. GM3 consistentemente apresentou um efeito inibitório
da ativação de células NKT. Dessa forma, o crescimento tumoral in vivo pode depender do
balanço entre essas moléculas ativadoras e inibitórias da resposta imune.
Ensaios de citotoxicidade mostraram que células iNKT ativadas com iGb3 foram
capazes de lisar in vitro células de melanoma murino B16F10-Nex2. Adicionalmente,
terapia celular com células dendríticas primadas com iGb3 ou α-GalCer exerceram
significante efeito protetor contra melanoma murino metastático com redução dos nódulos
pulmonares em até 75%.
Esses dados reforçam a idéia de que iGb3 e seu precursor iGb4 podem ser
ativadores endógenos de células NKT, com efeito protetor contra o melanoma e
potencialmente outros tumores. A terapia celular com células dendríticas primadas com
iGb3 demonstra pela primeira vez que esse isoglobosídeo pode ter um papel na resposta
imune antitumoral. Não se descarta a possibilidade de outros mediadores, inclusive com
estruturas “estendidas” similares a iGb3, participarem na ativação de células NKT.
Conclusões
- 98 -
Nossos resultados estimulam novas investigações visando o uso de iGb3 e de
derivados eventualmente mais eficientes na imunofarmacologia do melanoma e de outros
tumores.
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Anexos
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Anexos
- 114 -
PUBLICAÇÃO
O trabalho foi publicado em dezembro de 2009 na revista Molecular Câncer (volume 8
página 116), com índice de impacto de 5,34 sob o título:
Identification of iGb3 and iGb4 in melanoma B16F10-Nex2 cells and the iNKT
cell-mediated antitumor effect of dendritic cells primed with iGb3.
BioMed Central
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Molecular Cancer
Open Access
Research
Identification of iGb3 and iGb4 in melanoma B16F10-Nex2 cells and
the iNKT cell-mediated antitumor effect of dendritic cells primed
with iGb3
Bianca R Dias
1
, Elaine G Rodrigues
1
, Leonardo Nimrichter
2
,
Ernesto S Nakayasu
3
, Igor C Almeida
3
and Luiz R Travassos*
1
Address:
1
Experimental Oncology Unit (UNONEX), Department of Microbiology, Immunology and Parasitology, Universidade Federal de São
Paulo, São Paulo, Brazil,
2
Instituto de Microbiologia Prof Paulo de Góes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil and
3
The
Border Biomedical Research Center, Department of Biological Sciences, University of Texas at El Paso, Texas, USA
Email: Bianca R Dias - coquiek@yahoo.com; Elaine G Rodrigues - rodrigues.elaine@unifesp.br;
Leonardo Nimrichter - [email protected]; Ernesto S Nakayasu - [email protected]; Igor C Almeida - icalmei[email protected];
Luiz R Travassos* - [email protected]
* Corresponding author
Abstract
Background: CD1d-restricted iNKT cells are protective against murine melanoma B16F10-Nex2
growing subcutaneously in syngeneic C57Bl/6 mice as inferred from the fast tumor development in
CD1d-KO in comparison with wild type animals. CD1d glycoproteins are related to the class I
MHC molecules, and are involved in the presentation, particularly by dentritic cells (DC), of lipid
antigens to iNKT cells. In the present work we attempted to identify the endogenous lipid mediator
expressed in melanoma cells inducing such immunesurveillance response and study the possibility
of protecting animals challenged with tumor cells with lipid-primed DC.
Results: Crude cytosolic and membrane fractions from in vivo growing melanoma contained iNKT-
stimulating substances. Lipids were then extracted from these cells and one of the fractions (i.e.
F3A) was shown to prime bone marrow-derived dendritic cells (BMDC) to stimulate iNKT murine
hybridoma (DN32D3) cells to produce IL-2. The active fraction was analyzed by electrospray
ionization-mass spectrometry (ESI-LIT-MS) and both iGb3 and iGb4 were identified along with
GM3. When iGb3 was incubated with BMDC and tested with DN32D3 cells, IL-2 was equally
produced indicating iNKT cell activation. GM3 consistently inhibited this response. To assess the
antitumor response-induced by iGb3, a cytotoxicity assay in vitro was used with [
3
H]-thymidine
labeled B16F10-Nex2 cells. At target/effector (iGb3-activated iNKT) cell ratio of 100
-1
-100
-4
tumor
cell lysis was shown. The antitumor activity in vivo was tested in mice challenged i.v. with B16F10-
Nex2 cells and treated with iGb3- or α-galactosylceramide-primed DCs. A 4-fold lower tumor load
in the lungs was observed with either treatment.
Conclusion: Our results show the expression of globo and isoglobohexosylceramides in murine
melanoma B16F10-Nex2. The expression of iGb3 and its precursor, iGb4, on tumor cells may
prime an effective iNKT cell-dependent antitumor response, modulated negatively by GM3 which
is also produced in these cells. iGb3-primed BMDC exerted a significant iNKT cell-mediated anti-
tumor activity in mice challenged with melanoma cells.
Published: 7 December 2009
Molecular Cancer 2009, 8:116 doi:10.1186/1476-4598-8-116
Received: 29 September 2009
Accepted: 7 December 2009
This article is available from: http://www.molecular-cancer.com/content/8/1/116
© 2009 Dias et al; licensee BioMed Central Ltd.
This is an Open Access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License (http://creativecommons.org/licenses/by/2.0
),
which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original work is properly cited.
Molecular Cancer 2009, 8:116 http://www.molecular-cancer.com/content/8/1/116
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Background
Murine tumors are poorly immunogenic in syngeneic
mice that display the same set of major antigens and show
a high degree of autologous antigen tolerance. Tumor
cells grow silently in the syngeneic host until the immune
system is activated either by exogenous elicitors or endog-
enous products of apoptotic and necrotic tumor cells. The
host outcome is then determined by the imbalance
between tumor cell destruction and growth, in most cases
tending to the second condition, with deadly metastases.
Attempts at combating the tumor cells have used proin-
flammatory cytokines, particularly IL-12. A gene gun-
mediated skin transfection with IL-12 gene resulted in
regression of established primary and metastatic syn-
geneic murine tumors [1]. The protective effect by IL-12
required CD8
+
, but not CD4
+
T cells. A tumor-specific
immunological memory against a secondary tumor chal-
lenge was also observed. It is clear now that IL-12 stimu-
lates diverse resistance mechanisms in tumors depending
on the cell type, tumor microenvironment, and mouse
strain [2]. It is well recognized the association of IL-12
with NK cells to produce IFN-γ, a potent antitumor agent
acting directly against tumor cells [3] or upon macro-
phage activation. This seems to represent the immunolog-
ical core of the defense mechanisms against syngeneic
murine melanoma B16F10. Cui et al. [4] examined the
immune cellular response in B16 melanoma, Lewis lung
carcinoma, and FBL3 erythroleukemia elicited by IL-12
administration and found that Vα14-Jα18NKT cells were
mainly implicated in tumor rejection.
Natural killer T (NKT) cells are subsets of lymphocytes
expressing the T-cell receptor (TCR) and surface markers
characteristic of NK cells such as NK1.1. Type I NKT cells
express an invariant T cell receptor α-chain, Vα 14-Jα 18
in mice and Vα 24-Jα 18 in humans [5]. These cells are
activated by lipid antigens presented by CD1, a molecule
similar to MHC class I molecule. Type II NKT cells like-
wise require CD1 but have a more diverse TCR repertoire
and do not recognize the most potent glycolipid known to
activate NKT cells, the α-galactosylceramide (α-GalCer),
derived from the marine sponge Agelas mauritianus.
Rodents have a single CD1d gene whereas humans have 3
more CD1 antigen-presenting molecules. NKT cells have
innate-like responses which may include secretion of both
IFN-γ (Th-1) and IL-4 (Th-2) cytokines. Seino et al [6]
showed that α-GalCer induced expansion of Vα14 NKT
cells promoting inhibition of murine lung cancer. Toura
et al. [7] showed that α-GalCer-pulsed dendritic cells
(DC) exerted a potent antitumor cytotoxic activity against
tumor metastasis mediated by NKT cells. Besides α-Gal-
Cer, many other lipids have been described to activate
NKT cells such as glycosphingolipids from Sphingomonas
spp [8], the galactosyldiacylglycerol of Borrelia burgdorferi
[9], surface lipophosphoglycan of Leishmania donovani
[10], and the Mycobacterium leprae phosphatidylinositol
tetramannoside [11].
A lysosomal glycosphingolipid, isoglobotrihexosylcera-
mide (iGb3) was found to be stimulatory in both mouse
and human NKT cells [12]. Its expression in peripheral tis-
sues could induce NKT cell activation under pathophysio-
logical conditions such as cancer and autoimmune
disease [13]. The presence of iGb4 was also detected in
human thymus using mass spectrometry (MS) [14]. Mice
deficient in β-hexosaminidase B (a lysosomal enzyme that
converts iGb4 into iGb3) showed impaired NKT-cell
development [12]. More recently, MS has been used to
generate a database for glycosphingolipids from mouse
thymus and among the identified species, only iGb3 is a
stimulatory ligand of NKT cells [15].
In our study, we explored the anti-tumor effect of NKT
cells and identified iGb3 and iGb4 as glycolipids from
murine melanoma B16F10- Nex2 cells, the former being
able to activate NKT DN32D3 hybridoma cells to exert
antitumor responses in vitro and in vivo.
Methods
Reagents
Isoglobotri- and tetrahexosylceramide (iGb3 and iGb4)
were purchased from Alexis - Biochemical, PA and mono-
sialoganglioside 3 (GM3) from Matreya, PA. The α-galac-
tosylceramide (α-GalCer) was provided by Dapeng Zhou,
MD Anderson Cancer Center, Houston, TX. Solvents and
reagents used for high performance thin layer chromatog-
raphy (HPTLC) were purchased from Merck, Germany:
methanol, chloroform, precoated Silica Gel-60 HPTLC
plates (10 × 10 cm); orcinol reagent (0.5 g orcinol in 100
ml 3 M sulfuric acid); resorcinol reagent (200 mg resorci-
nol in 80 ml HCl and 0.25 mL 0.1 M copper sulfate, and
water to 100 ml); iodine.
Mice
Inbred male 6-8 week-old C57Bl/6 mice (WT) were pur-
chased from the Center for Development of Experimental
Models, Federal University of São Paulo (UNIFESP).
CD1d knockout (KO) mice of C57Bl/6 genetic back-
ground were provided by Ricardo T. Gazzinelli (Rene
Rachou Institute, Fiocruz, Belo Horizonte Brazil). KO ani-
mals were bred and maintained at the Animal Facility of
Cellular Biology Division/Experimental Oncology Unit,
UNIFESP. All animals were maintained in spf (specific
pathogen-free) conditions, and were used in accordance
with Animal Ethics Committee of UNIFESP, protocol no.
01561/2004.
Cell Lines and Culture Conditions
The murine melanoma B16F10-Nex2 was subcloned at
the Experimental Oncology Unit (UNONEX) from the
Molecular Cancer 2009, 8:116 http://www.molecular-cancer.com/content/8/1/116
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cell line B16F10 obtained from Ludwig Institute for Can-
cer Research (São Paulo, Brazil). CD1d-transfected B6
mouse C57SV fibroblasts [16] and the NKT DN32D3
hybridoma [17] were provided by Ricardo T. Gazzinelli
(Fiocruz, Belo Horizonte, Brazil). Hybridoma cells were
maintained in 50% RPMI-1640 medium and 50% α-
MEM medium (both from GIBCO), supplemented with
5% heat-inactivated fetal calf serum (FCS), 2 mM L-
glutamine, 100 U/ml penicillin/streptomycin and 50 μM
2-mercaptoethanol (all reagents from Invitrogen, Brazil).
Other cell lines were maintained in RPMI-1640 medium
supplemented with 10% FBS, 10 mM N-(2-hydroxye-
thyl)-piperazine-N'-2-ethanesulphonic acid (HEPES), 24
mM sodium bicarbonate (both from Sigma, St.Louis,
MO), 40 mg/ml gentamycin (Schering-Plough, São Paulo,
Brazil), pH 7.2. All cells were maintained at 37°C in
humidified atmosphere containing 5% CO
2
.
Dendritic cell differentiation from murine bone marrow
progenitors (BMDC)
Femurs from C57Bl/6 WT and KO mice were collected,
muscular tissue removed, and bones were washed sequen-
tially with 70% ethanol, iodide alcohol and PBS supple-
mented with gentamycin 40 mg/ml, penicillin 100 U/ml,
streptomycin 100 μg/ml (PBS gen/pen/str). After cutting
both ends of the femurs, the bone marrow was flushed
out with PBS gen/pen/str and the cells were centrifuged at
1,200 rpm for 5 min. The cells were suspended in 10 ml/
femur of RPMI 1640 supplemented with 10% of FCS,
non-essential aminoacids (50×), 50 μM 2-mercaptoetha-
nol (all from Gibco, Minneapolis, MN), 30 ng/ml murine
rGM-CSF, and 10 ng/ml murine rIL-4 (both cytokines
from PeproTech, Mexico) and placed in Petri tissue cul-
ture dishes (100 mm, Corning, NY). The cultures were fed
with complete medium every 3 d after gently swirling the
plates and replacing 80% of the spent medium. After 6-7
days of culture, large numbers of typical dendritic cells
were released. These cells were thereafter pulsed with α-
GalCer, iGb3 or lipid fractions extracted from B16F10-
Nex2 tumor cells.
Phenotypic analysis of mature BMDC
Bone marrow-derived dendritic cells (BMDC) were plated
in 96-well plates (TPP, Switzerland) and stimulated with
200 ng/ml LPS (Sigma, São Paulo, Brazil) or 200 ng/ml
LPS associated to IFN-γ 100 U (PeproTech, Mexico) for 24
h. Cells were harvested and incubated with normal
murine serum for 30 min on ice to block Fc receptors and
inhibit nonspecific staining. After 2 rounds of PBS wash-
ing, 5 × 10
5
to 10
6
cells/sample were incubated for 1 h on
ice with combinations of the following antibodies (1:30
dilution), purchased from Pharmingen (San Diego, CA):
anti-CD86 (B7.2)-PE, anti-MHC-II-FITC, anti-CD1d-
FITC, biotinylated anti-CD11c (revealed with streptavi-
din-PE). Surface fluorescence was measured on a FACS
Calibur flow cytometer (BD Biosciences, São Paulo, Bra-
zil), and data analyzed by the CellQuest Pro software
(Becton Dickinson, San Jose, CA).
Subcellular fractions from in vivo grown murine melanoma
B16F10-Nex2 cells
WT mice were inoculated subcutaneously with 5 × 10
4
B16F10-Nex2 murine melanoma cells. Tumor volumes
were measured every 3 days using a caliper and the for-
mula V = 0.52 (D × d
2
), where D and d are long and short
tumor diameters respectively. Tumors were excised at
1,500 mm
3
and maintained frozen at -80°C. Cytosolic and
membrane fractions were obtained by freezing-thawing
tumors in liquid nitrogen. Lysed tumors were suspended
in 50 ml PBS, filtered in nylon mesh and centrifuged at
441 g for 5 min for debris removal. The supernatant was
then submitted to ultracentrifugation at 100,000 g for 90
min. The cytosolic fraction is represented by the resulting
supernatant, and the pellet resuspended in RPMI 1640
medium supplemented with 10% FCS and 2% of DMSO,
contained the membrane fraction. Total protein was meas-
ured in both fractions, as described [18]. To isolate lipid
fractions from B16F10-Nex2 tumor cells, frozen tumors
were lyophilized and 200 mg (dry weight) were extracted
3× with chloroform/methanol (2:1, v/v). The suspension
was centrifuged in glass tubes (Pyrex) for 30 minutes at
1,764 g, the supernatant was collected, dried in nitrogen
stream and this fraction was named F1A. The pellet was re-
extracted 3× with chloroform/methanol/water (1:2:0.8, v/
v/v) and the material was processed as described for F1A.
This fraction was named F2A. From F1A, we obtained 2
more fractions by Folch's partition [19]. The upper aque-
ous phase was named F3A and the lower phase F4A. F4A
was extracted with chloroform/methanol/water
(1:100:100, v/v/v) and centrifuged in glass tubes for 30
minutes at 1,764 g and 4°C, generating two more frac-
tions, F5A (upper phase) and F6A (lower phase). All 6
fractions were solubilized in chloroform/methanol (1:1,
v/v) and desalted on C18 Sep-Pac Plus Columns (Waters
Corporation, Millford, MA), according to the manufac-
turer's instructions. All supernatants were dried under
nitrogen stream and stocked in a glass desiccator before
use (Fig. 1).
HPTLC resolution of fractions F3A and F4A
Fractions F3A and F4A were dissolved in chloroform/
methanol (1:1, v/v), sonicated on a water bath for 30 sec-
onds, and 1 mg/ml (dry weight) was applied on HPTLC
silica plates (Sigma). The mobile phase was chloroform/
methanol/water (60: 35: 8, v/v/v). Run HPTLC plates were
revealed with orcinol reagent (for hexose detection),
resorcinol-HCL reagent (for sialyl-containing carbohy-
drates) and iodine vapor (for total lipids). Ganglioside
GM3 and isogloboside iGb3 (5 μg/ml), used as standards,
were visualized with these reagents, and R
F
values deter-
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mined. Tumor F3A and F4A fractions were chromato-
graphed and at the R
F
values corresponding to GM3 and
iGb3 the silica was scraped off and extracted with chloro-
form: methanol (1:1, v/v), then centrifuged for 30 min at
1,764 g. The supernatant was collected and dried under
nitrogen stream. Preparative fractions isolated from F3A
and F4A chromatographies were called iF3A and iF4A,
respectively. The iF3A and iF4A fractions were dissolved in
chloroform: methanol (1:1, v/v), sonicated for 30 sec-
onds, resolved on silica gel 60 Å TLC plates (10 × 10 cm,
0.25 mm, Merck) and compared with GM3 and iGb3
standards.
In vitro stimulation of NKT DN32D3 hybridoma cells with
-GalCer, iGb3 and fractions of tumor B16F10-Nex2
On the 6
th
day of ex-vivo culture, BMDCs were stimulated
with α-GalCer (0.01-10 ng/ml) in complete medium
(RPMI 1640 supplemented with 10% FCS, 50 μM 2-mer-
captoethanol, 2 mM glutamine, gentamycin 40 mg/ml,
penicillin 100 U/ml, streptomycin 100 μg/ml, and 10 mM
HEPES) for 24 h. The NKT hybridoma DN32D3 (5 × 10
4
)
cells were co-cultured with 5 × 10
4
BMDC, stimulated or
not, in 96-well flat bottom microplates (TPP) in tripli-
cates, in a total volume of 200 μl/well. After 18 h at 37°C
and 5% CO
2
, supernatants were collected for IL-2 meas-
urement by ELISA. The same method was applied for
stimulation of BMDCs with iGb3 (0.5-100 μg/ml),
cytosolic fraction (0.008-3.41 mg protein/ml), membrane
fraction (0.007-1.1 mg protein/ml), F3A fraction (15-
1,000 μg/ml), iF3A fraction (1-100 μg/ml) and iF4A frac-
tion (5-50 μg/ml). A few experiments were also carried
out with CD1d-transfected fibroblasts as antigen-present-
ing cells, stimulated as described for BMDCs.
Measurement of IL-2 by ELISA
Enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) plates were
coated with 2 μg of murine anti-IL-2 monoclonal anti-
body in 50 μl binding buffer (0.1 M Na
2
HPO
4
, pH 9.0)
and incubated overnight at room temperature. After 3
rounds of washings (with PBS containing 0.05% Tween-
20), plates were blocked for 2 h at room temperature, with
PBS containing 1% bovine serum albumin and 0.05%
Tween-20. After washing, 50 μl/well of murine recom-
binant IL-2 at 0.032-4 ng/ml diluted in PBS-1% BSA, or
100 μl/well of culture supernatant were added and incu-
bated overnight at 4°C. Plates were washed and biotin-
conjugated murine anti-IL-2 monoclonal antibody (50
ng/100 μl/well) was added, following incubation for 2 h
at room temperature, washing and further incubation for
1 h at room temperature with 50 μl/well of HRP-strepta-
vidin (1:1000, diluted in PBS - 1% BSA). Reaction was
revealed by addition of 50 μl/well of 5 ml citrate-phos-
phate buffer pH 5.5, 2 ml water, 2 mg OPD and 10 μl
H
2
O
2
. A solution of 4N H
2
SO
4
(50 μl/well) was used to
terminate the reaction. Absorbance was measured at 490
nm. All reagents were purchased from Pharmingen, San
Diego, CA.
Separation of neutral and negatively charged
glycosphingolipids
Tumor lysate and F3A fraction were chromatographed in
a strong anion-exchange (SAX) resin (POROS 50 HQ,
Scheme for lipid extraction of B16F10-Nex2 murine melanomaFigure 1
Scheme for lipid extraction of B16F10-Nex2 murine melanoma. Six fractions (F1A to F6A) were obtained from
lyophilized subcutaneously grown tumors.
Pellet
Lyophilized
pellet
Pellet
FOLCH’S
partition
Supernatant
Supernatant
F1A
Upper phase
F3A
Lower phase
F4A
C-M-W
(1:100:100)
Upper phase
F5A F6A
Lower phase
C-M (2:1) 3X
C-M-W (1:2:0.8) 3X
F2A
F1A
FOLCH’S
partition
C-M-W
F5A F6A
Molecular Cancer 2009, 8:116 http://www.molecular-cancer.com/content/8/1/116
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Applied Biosystems, São Paulo, Brazil) for separation of
neutral and charged glycosphingolipids. The column was
previously washed with 4 ml methanol, 2 ml 80% ace-
tonitrile/0.05% trifluoroacetic acid, and finally equili-
brated with 10 ml methanol. Samples were diluted to a
final volume of 5 ml with 100% methanol and loaded
into the column. After washing with 6 ml methanol, elu-
tion was carried out with 6 ml of 250 mM ammonium
acetate in 100% methanol. Neutral glycolipids were
recovered in the unbound fraction, whereas the eluted
fraction was composed mainly of gangliosides. All sam-
ples were dried under highly pure N
2
stream. The eluted
fraction was desalted in a 3-ml reverse phase cartridge
(Discovery DSC-18, Supelco, Bellefonte, PA, USA). The
cartridge was washed with 4 ml methanol, equilibrated
with 5 ml deionized water, and the samples were loaded
in 5 ml 0.1 M KCl. After washing with 10 ml water, the
samples were eluted with 10 ml methanol and dried
under highly pure N
2
stream.
Permethylation of glycosphingolipids
All permethylation reagents were purchased from Sigma-
Aldrich, St. Louis, MO. Permethylation of glycosphingoli-
pids was carried out as described [20]. Briefly, the samples
were dissolved in 150 μL dimethylsulfoxide (DMSO), a
few milligrams of powdered NaOH were added, and the
mixture was vortexed vigorously. Then, 80 μL of
iodomethane was added and the reaction was carried out
for 1 h at room temperature in an orbital shaker. The reac-
tion was then quenched with 2 ml water and 2 ml dichlo-
romethane was added before the mixture was vortexed.
After brief centrifugation, the aqueous phase was removed
and the organic phase was washed twice with water. The
final organic phase was dried under N
2
and suspended in
200 μl pure methanol for MS as follows.
Electrospray ionization-linear ion trap-mass spectrometry
(ESI-LIT-MS) analysis
Permethylated glycosphingolipids were analyzed by electro-
spray ionization-linear ion trap-mass spectrometry (ESI-LIT-
MS) as described by Li et al. [14,21]. Briefly, permethylated
samples were loaded in static nanospray tips (New Objec-
tive) and analyzed in a linear ion-trap mass spectrometer
(LTQ XL with ETD, Thermo Fisher Scientific, San Jose, CA).
The spray voltage was set from 0.7 to 1.5 kV, varying accord-
ing to the tip. After detecting the intact permethylated glycol-
ipids by MS
1
, tandem fragmentation (MS
2
-MS
4
) of
individual glycolipid species was carried out manually, or by
total-ion mapping (TIM) of m/z 667 (marker of Gb3 and
iGb3) or m/z 912 (marker of Gb4 and iGb4) [14,21]. The
isolation window was set at 3 atomic mass units (a.m.u.) for
manual fragmentation and 1 a.m.u., for TIM. The collision
energy was set to 60% for either manual or TIM analysis. The
spectra were annotated manually. To calculate
the amount of iGb3 in fraction F3A we used the following
equation: A(iGb3)
sample
= (A(iGb3)
211corr
+ A(iGb3)
371
)/
[A(iGb3)
211corr
+ A(iGb3)
371
+ (2× A(Gb3)
329
, where
A(iGb3)
211corr
= A(iGb3)
predicted
/A(iGb3)
max using iGb3 standard
,
where A(iGb3)
211
and A(iGb3)
371
are the abundance (A) of
iGb3 markers m/z 211 and m/z 371, and A(Gb3)
329
that of
Gb3 marker m/z 329 [21].
In vitro cytotoxicity assay
The cytotoxic effect by activated NKT DN32D3 hybrid-
oma cells on B16F10-Nex2 tumor cells was evaluated as
described [22]. B16F10-Nex2 cells (2 × 10
5
) were incu-
bated in 25 cm
3
flasks with 0.5 μCi of [
3
H] thymidine
(NEN, Boston, MA) for 24 h. NKT hybridoma DN32D3
cells were activated by previous incubation with DC
primed with iGb3 (20 μg/ml) or unprimed DC for 4-6 h.
Activated NKT cells and [
3
H] B16F10-Nex2 cells were co-
cultured for 4 h on 96-well flat-bottom microtiter plates at
target/effector cell ratios of 1/12 to 1/400, in triplicates.
All cells were collected in a Cell Harvester and radioactiv-
ity was measured with a β-counter. The specific cytotoxic-
ity (% lysis) was calculated using the formula: (E-C)/E ×
100, where E is the radioactivity (cpm) in the glycolipid-
primed DC system and C the control radioactivity value in
the unprimed DC system. Values were subtracted from the
maximum radioactivity value of unchallenged labeled
melanoma cells.
In vivo experiments
WT and CD1d-KO animals (5 per group) were inoculated
subcutaneously with 5 × 10
4
B16F10-Nex2 tumor cells, on
the right flank, and tumor development was observed
every 2 days for 67 days. Animals were sacrificed at maxi-
mal tumor volumes of 3 cm
3
. To verify the protective
effect of activated BMDCs on the pulmonary metastatic
melanoma model, WT animals were injected intrave-
nously with 5 × 10
4
murine melanoma cells on day 0, and
on days 2 and 4 with 5 × 10
5
BMDCs (from WT mice) acti-
vated in vitro for 24 h with 200 ng/ml α-GalCer, or 20 μg/
ml iGb3. A group of WT animals was treated with BMDCs
obtained from CD1d-knockout mice stimulated with 20
μg/ml iGb3. Animals were sacrificed on day 14 and the
number of lung nodules was quantified using a stereomi-
croscope. Experiments were repeated twice.
Statistical analysis
Experiments in vitro and in vivo were analyzed using the
Student's t-test. The animal survival experiment in CD1d-
KO and WT animals, was analyzed by Kaplan-Meier and
logrank test. Values of p 0.05 were considered statisti-
cally significant.
Results
Survival of C57Bl/6 WT and CD1d-KO mice upon
challenge with melanoma cells
Mice aged 6-8 weeks were injected subcutaneously with 5
× 10
4
B16F10-Nex2 melanoma cells and tumor growth
was recorded every 2 days during 70 days. All CD1d-KO
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mice were dead or were sacrificed with tumors at the max-
imum size allowed after 32 days. In the WT mice, tumor
development was significantly slower with 20% of mice
still alive after 70 days (Fig. 2). This result suggests that
CD1d-dependent effector cells (e.g. NKT cells) play an
important role in anti-tumor progression in this syngeneic
model.
Activation of DN32D3 hybridoma cells
We have used NK1.1
+
DN32D3 cells (Vα14-Jα18/Vβ8
NKT mouse hybridoma) for stimulation in vitro. CD1d-
transfected fibroblasts, 5 × 10
4
, plated on 96-well plate,
were pulsed with different concentrations of α-galactosyl-
ceramide (α-GalCer), a classical activator of NKT cells, for
24 h. DN32D3 cells (5 × 10
4
cells/well) were added to a
final volume of 200 μl in RPMI 1640 and co-cultured with
the fibroblasts for 18 h. The culture supernatant was then
collected and production of IL-2 was quantified. Alterna-
tively, we used BMDCs for antigen presentation. BMDCs
are the most efficient cell type able to present the endog-
enous ligand iGb3 that stimulates NKT cells (Zhou et al.,
2004). These cells were cultivated with 30 ng/ml GM-CSF
and 10 ng/ml IL-4 for 6 days. Half of these cells double
stained for CD11c-PE and CD1d-FITC and this frequency
further increased after stimulation with LPS and IFN-γ.
Incubation with the glycolipid also succeeded in activat-
ing NKT cells to produce IL-2 (not shown).
Stimulation of DN32D3 cells by cytosolic and membrane
fractions of B16F10-Nex2 cells
B16F10-Nex2 cells (5 × 10
4
) were injected subcutaneously
in C57Bl/6 mice and the tumor was excised when its vol-
ume reached 1,500 mm
3
. The tumor cells were lysed by
freezing/thawing, centrifuged at low speed and the super-
natant ultracentrifuged at 100,000 g to yield cytosolic and
membrane fractions that were tested for stimulation of
NKT cells. Both fractions were added to BMDC for 24 h
and co-cultured with NKT cells.
Stimulation of NKT cells depended on the fraction con-
centration (measured as mg of protein) with rather
restricted amounts for optimal IL-2 production (Fig. 3).
CD1d-knockout mice allowed faster subcutaneous develop-ment of B16F10-Nex2 tumors than WT miceFigure 2
CD1d-knockout mice allowed faster subcutaneous
development of B16F10-Nex2 tumors than WT
mice. Wild type mice (--) and CD1d-knockout mice (----)
were injected subcutaneously with 5 × 10
4
viable B16F10-
Nex 2 cells. Animal survival was registered for 70 days. Mice
were sacrificed when tumors reached 3,000 mm
3
. Results are
representative of 4 independent experiments. p < 0.001.
Days after injection
20 30 40 50 60 70
Survival (%)
0
20
40
60
80
100
WT mice
CD1d -KO mice
Days after injection
Survival (%)
Days after injection
20 30 40 50 60 70
Survival (%)
0
20
40
60
80
100
WT mice
CD1d -KO mice
Days after injection
Survival (%)
Days after injection
20 30 40 50 60 70
Survival (%)
0
20
40
60
80
100
WT mice
CD1d -KO mice
Days after injection
Survival (%)
Stimulation of DN32D3 NKT cells by cytosolic and mem-brane fractions of murine melanoma B16F10-Nex2Figure 3
Stimulation of DN32D3 NKT cells by cytosolic and
membrane fractions of murine melanoma B16F10-
Nex2. BMDCs were pulsed with different concentrations of
(A) Cytosolic and (B) Membrane fractions, both extracted
from in vivo growing murine melanoma B16F10-Nex2.
Primed BMDCs were co-cultured with NKT hybridoma cells
as described in Material and Methods, and the IL-2 produc-
tion was measured in the supernatants by ELISA. Ctr,
DN32D3 cells stimulated with untreated BMDCs.
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
3.4 1.36 0.34 0.085 0.034 0.023 0.008 ctr
Cytosolic fraction (mg protein/ml)
IL-2 (ng/ml)
A
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
1.1 0.44 0.11 0.03 0.01 0.007 ctr
Membrane fraction (mg protein/ml)
IL-2 (ng/ml)
B
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(page number not for citation purposes)
Lipid extraction from B16F10-Nex2 tumor cells and their
ability to activate NKT cells
The lipid fractions were obtained from lyophilized subcu-
taneously grown melanoma cells as described in Fig. 1. All
fractions desalted in SepPak C18 were tested for stimula-
tion of DN32D3 NKT cells. At 250 μg/ml the F3A fraction
stimulated NKT cells to produce 1 ng/ml of IL-2. At lower
concentrations (15-30 μg/ml) 600 pg/ml of IL-2 was
secreted (not shown). It was hypothesized that both stim-
ulatory and inhibitory lipids could be present in this frac-
tion. As to fraction F4A, a restricted concentration, 28 μg/
ml, was stimulatory with low IL-2 production. The other
fractions did not give significant results and some of them
inhibited the background stimulation of NKT cells (not
shown).
Putative stimulatory and inhibitory components of
fractions F3A and F4A
HPTLC analysis of fractions F3A and F4A showed a major
component stained with orcinol (for sugars in general)
and resorcinol (for sialic acid) with R
F
similar to GM3.
Together with GM3, another component appeared which
showed a running R
F
similar to iGb3 already reported to
stimulate NKT cells [12,13]. To detect the latter, lipid frac-
tions were resolved by preparative HPTLC developed with
C-M-W (60:35:8, v/v/v), The TLC samples with R
F
corre-
sponding to Gb3/iGb3 were scrapped off and were iso-
lated by washing with C-M (2:1, v/v) and centrifugation,
further washing (3×) of pellet with C-M (1:1, v/v) and
finally 3 washes with C-M (1:2, v/v). All washes were dried
and plotted on a new HPTLC plate. On Fig. 4A, a single
band of R
F
similar to the iGb3 standard was stained with
orcinol (iF3A). The same procedure was used for fraction
F4A yielding iF4A (Fig. 4B). Fractions iF3A (5 μg/ml) and
iF4A (25 μg/ml) stimulated NKT cells to produce 60 pg/
ml and 150 pg/ml of IL-2, respectively. In contrast, GM3
markedly inhibited the basal production of IL-2 by
unstimulated NKT cells, even at 0.035 ng/ml (not shown).
ESI-LIT-MS analysis of fraction F3A lipid components
Fraction F3A was permethylated and examined by ESI-
LIT-MS. Several singly-charged ion species were observed
at the 1300-1600 m/z range (Fig. 5A). These ions were
compatible with GM3 species bearing N-acetyl- or N-glyc-
olylneuraminic acid (ΔN-Ac/Me-N-glycolyl = 30 m/z) and
different lipid moieties. To confirm this initial prediction,
the major peak at m/z 1372 (monoisotopic mass at m/z
1371.8) representing a singly-charged ion species with
sodium adduct ([M - H + 2 Na]
+
) was subjected to MS
2
and MS
3
fragmentation (Fig. 5B-C). The MS
2
spectrum
revealed a major daughter-ion at m/z 996.7, resulting from
the loss of N-acetylneuraminic acid (NANA). Also, two
other ions were observed at m/z 824.4 and 449.2, most
likely corresponding to sodiated NANA-Hex-Hex and
Hex-Hex fragments, respectively (Fig. 5B). To confirm the
GM3 nature of m/z 1372, the major daughter-ion species
observed at m/z 996.7 was subjected to MS
3
fragmentation
(Fig. 5C). Two daughter-ions observed at m/z 792.6 and
548.6, most likely corresponding to the sodiated Hex-Cer
and C34:1(OH)
2
-ceramide fragments, respectively, cor-
roborated the presence of a ceramide moiety, probably
containing sphingosine (d18:1) and palmitic acid
(C16:0) (Fig. 5C). Fig. 5D depicts the key fragments
observed in the MS
2
and MS
3
spectra of the major GM3
species of fraction F3A.
Due to the high amount of GM3 species, the original
(non-permethylated) fraction F3A was fractionated using
a SAX column to separate neutral and charged glycosphin-
golipids. The neutral glycosphingolipids (NGSLs) recov-
ered in the flow-through fraction were permethylated
(pMe) and analyzed by ESI-LIT-MS. Two major peaks at
m/z 1215 (pMe Galα1-3/4Galβ1-4Glcβ1-1Cer) (Fig. 6A)
and at m/z 1460 (pMe GalNacβ1-4Galα1-3/4Galβ1-
4Glcβ1-1Cer) (Fig. 6C) were detected by total-ion map-
ping (TIM) of m/z 667 (marker of Gb3 and iGb3) or m/z
912 (marker of Gb4 and iGb4). The fragmentation of m/z
1215 gave rise to m/z 667 (pMe Galα1-3/4Galβ1-4Glcβ1-
) with loss of ceramide, followed by loss of glucose (Glc)
corresponding to m/z 445 (pMe Galα1-3/4Gal-). The last
fragmentation gave rise to m/z 371 (1.3% relative abun-
dance) and m/z 211 (3.4% relative abundance), which are
markers characteristic of iGb3, as well as the predominant
peak at m/z 329 (100% of relative abundance), a marker
Identification and isolation of GM3 and iGb3 fromF3A and F4AFigure 4
Identification and isolation of GM3 and iGb3
fromF3A and F4A. A) Fractions 20 μg, GM3 5 μg and
iGb3 5 μg were chromatographed and stained with orcinol.
The region corresponding to Gb3/iGb3 in an F3A prepara-
tive HPTLC was scraped off and extracted with C-M (1:1).
The concentrated extract was examined by HPTLC and
revealed with orcinol (iF3A). B) The same procedure as in
(A) was used to examine F4A and generate iF4A. Arrows
indicate bands with R
F
corresponding to GM3 (double band)
in F3A and F4A; * the same for Gb3/iGb3.
AB
F4A iF4A iGb3 GM3
*
F4A iF4A iGb3 GM3
*
F3A iF3A iGb3 GM3
*
F3A iF3A iGb3 GM3F3A iF3A iGb3 GM3
*
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Electrospray ionization-linear ion trap-mass spectrometry (ESI-LIT-MS) of the major glycolipid species from F3A fractionFigure 5
Electrospray ionization-linear ion trap-mass spectrometry (ESI-LIT-MS) of the major glycolipid species from
F3A fraction. A) MS
1
spectrum of permethylated F3A. B) MS
2
spectrum of the singly-charged ion species ([M -H + 2 Na]
+
) at
m/z 1371.8 observed in A. C) MS
3
spectrum of the major daughter-ion species at m/z 996.7 observed in B. D) Summary of key
fragments observed in the MS
2
and MS
3
spectra of permethylated GM3 species at m/z 1372. For simplification, the proposed
GM3 structure is depicted without permethylation. m/z, mass to charge ratio.
A
B
C
D
GM3
species
1000 110 0 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
1372
1402
1484
1456
1514
1358
ITMS + p NSI
Full ms
NL: 3.94e6
1428
996.7
824.4
449.2
1341.8
1371.8
[M – NANA + Na]
+
[M – H
3
COH + Na]
+
[NANA-Hex-Hex + Na]
+
[Hex-Hex + Na]
+
MS2: 1371.8@55%
NL: 7.60e5
[M + Na]
+
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
449.2
966.7
996.7
792.6
548.6
[M – NANA + Na]
+
[M –NANA –H
3
COH + Na]
+
[C34:1(OH)
2
-Cer – H
2
O + H]
+
[Hex-Cer + Na]
+
[Hex-Hex + Na]
+
MS3: 1371.8@55% ĺ 996.7@55%
NL: 2.55e5
+ Na
+
N
O=
1371.8 996.7
792.6
548.6
NANA
Gal
Glc
Cer
824.4
449.2
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of Gb3 (Fig. 6B). These peaks and those at m/z 227, 259,
315, 413, and 415 are consistent with those found by Li et
al. (2008), who described the fragmentation of the nonre-
ducing terminal disaccharide-1-ene of iGb3 and Gb3. The
results showed, therefore, that F3A contains a mixture of
iGb3 and Gb3. The amount of iGb3 in the sample was cal-
culated (see equation below), corrected according to the
A(iGb3)
211
in iGb3 (expected/maximum = 100/79 = 1.27,
correction factor).
Fragmentation of m/z 1460 (Fig. 6D) involved primarily a
loss of ceramide giving rise to m/z 912 (pMe GalNacβ1-
4Galα1-3/4Galβ1-4Glcβ1-), followed by loss of glucose,
m/z 690 (pMe GalNacβ1-4Galα1-3/4Galβ1-), and finally
loss of N-acetyl-galactosamine, with remaining pMe dis-
accharide Galα1/4Gal and Galα1/3Gal (m/z 431). Frag-
mentation of these generated markers of
isoglobotetraosylceramide (iGb4), m/z 329 (2.5%), m/z
357 (1.4%) and m/z 369 (2.7%), and a major peak char-
acteristic of globotetraosylceramide (Gb4) at m/z 315. Dif-
fering from the MS analysis of iGb3/Gb3, that of iGb4/
Gb4 is not quantitative. A summary of the fragmentation
AiGb AiGb AiGb AiGb
sample corr cor
() (() ())/[()3333
211 371 211
=+
rr
AiGb x
AGb x
++
=+ ++ =
()
()](. .)/[. . ].
32
3 1 65 3 4 1 65 3 4 2 100 0
371
329
0025 2 5(.%).
ESI-LIT-MS analysis of GM3-depleted permethylated neutral glycolipids of F3A fractionFigure 6
ESI-LIT-MS analysis of GM3-depleted permethylated neutral glycolipids of F3A fraction. A) Total ion-mapping of
m/z 667, marker of Gb3 and iGb3. B) MS
4
spectrum of the daughter-ion m/z 445 obtained after MS
3
fragmentation (not shown)
of the parent-ion at m/z 1215 observed in A. The fragments at m/z 371 (3.4%) and m/z 211(1.3%) are typical of iGb3, whereas
the fragment at m/z 329 (100%) is a marker of Gb3. C) Total ion-mapping (TIM) of m/z 912, marker of Gb4 and iGb4. D) MS
4
spectrum of the daughter-ion m/z 431 obtained after MS
3
fragmentation (not shown) of the parent-ion at m/z 1460 observed in
B . The fragments at m/z 329 (2.5%), m/z 357 (1.4%), and m/z 369 (2.7%) are characteristic of iGb4, whereas the fragment at m/
z 315 (100%) is a marker of Gb4. m/z, mass to charge ratio.
iGb3
marker
(1.3%)
iGb3
marker
(3.4%)
x10
x10
120 160 200 240 280 320 360 400 440 480
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
329
413
259
227
315
371
211
ITMS + p NSI
Full MS4 m/z 445
NL: 1.00
Gb3
marker
(100%)
415
1215
m/z
Relative Abundance (%)
ITMS + p NSI
NL: 1.7e2
1011
1089
1071
1243
1325
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1000 1100 1200 1300 1400
1216
1217
iGb4
marker
(2.7%)
x20
x20
iGb4
marker
(2.5%)
iGb4
marker
(1.4%)
ITMS + p NSI
Full MS5 m/z 431
NL: 0.64
120 160 200 240 280 320 360 400 440 480
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Relative Abundance (%)
315
399
245
227
401
209
171
301
431
283
181
195
369
329
357
Gb4
marker
(100%)
A
B
C
D
ITMS + p NSI
NL: 2.2e3
m/z
Relative Abundance (%)
1460
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1488
1516
1544
1400 1450 1500 1550 1600
1570
1461
1462
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sequences of permethylated NGSLs from fraction F3A is
shown on Fig. 7.
Stimulation of DN32D3 cells with iGb3
Since iGb3 was identified in F3A fraction of melanoma
cells and since the fraction also contained GM3 which
exerted an inhibitory activity on NKT cell stimulation we
tested the effect in this system of purified iGb3. On Fig. 8A
it is shown that iGb3 was able to stimulate NKT cells in a
dose-dependent manner being presented by BMDCs.
When compared to α-GalCer, however, iGb3 was 100-
fold less potent in terms of NKT cell stimulation and IL-2
production, but could still be used in microgram quanti-
ties for in vivo tests.
DC cells incubated with 1 μg/ml of iGb3 and analyzed by
FACS showed increased expression (50%) of CD1d and
slight increase of CD80 and CD86 (data not shown).
In vitro iGb3 cytotoxicity assay in B16F10-Nex2 cells
B16F10-Nex2 cells were incubated with [
3
H] thymidine
for 24 h and co-cultured for 4 h with DN32D3 NKT cells
activated by BMDCs primed with iGb3 (20 μg/ml) or
unprimed. The NKT (effector) cells were added at rates of
12 to 400 cells per tumor cell (target). At 100-200 iGb3-
activated NKT effector cells to 1 target cell ratio there was
a net 40% lysis of the tumor cells (Fig. 8B) after subtrac-
tion of the control lysis with no exogenous activation of
NKT cells.
In vivo anti-tumor protection of BMDC primed with iGb3
and -GalCer
Effective treatment of mice challenged intravenously with
B16F10-Nex2 cells was investigated using BMDCs primed
with iGb3 (20 μg/ml) and α-GalCer (200 ng/ml). Mice
were injected with 5 × 10
4
melanoma cells/100 μl/animal
and treated on days 2 and 4 with BMDCs primed with gly-
colipids. On Fig. 9A we show that animals treated with α-
GalCer and iGb3-primed BMDCs had 4-fold fewer nod-
ules than animals treated with unprimed DC. Clearly on
Fig. 9B we show that lungs of animals treated with BMDC-
glycolipids have very few nodules when compared to the
control animals. These results show that iGb3 similarly
with α-GalCer can display anti-tumor activity when pre-
sented by BMDCs. That the anti-tumor effect depended on
cytotoxic NKT cells is inferred from the inability of iGb3-
treated BMDCs from CD1d-KO mice to show any protec-
tive activity (not shown).
Discussion
NKT cells are at the edge of innate and adaptive immunity,
and have important roles in infectious diseases, autoim-
munity and cancer modulating activity, either promoting
or inhibiting tumor development. Clearly different sub-
types, time of activation, soluble or cell-bound ligands are
involved in these contradictory effects. Generally, anti-
tumor activities are linked to direct cytotoxicity of type I
NKT cells expressing perforin, FasL, TRAIL, but mainly
IFN-γ that activates other immune cells such as DCs, NK
Summary of fragmentation products in positive-ion mode ion trap-mass spectrometry of permethylated neutral glycolipids of fraction F3AFigure 7
Summary of fragmentation products in positive-ion mode ion trap-mass spectrometry of permethylated neu-
tral glycolipids of fraction F3A. iGb3 and Gb3 as well as iGb4 and Gb4 are recognized by the fragmentation of the disac-
charide-1-ene ions (m/z 445 and m/z 431, respectively). F, fragment ions; FNa+, fragment with Na+ adduct.
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cells and T cells [23]. These cells also produce IL-4 upon
activation with α-GalCer in the mouse, but after initial
stimulation, NKT cells are polarized for the production of
IL-4 with simultaneous increase in serum IgE levels, thus
modulating the immune response toward a Th2 pheno-
type [24]. Type II NKT cells are regulatory cells that sup-
press CD8
+
CTL-mediated antitumor activities. In a model
of tumor recurrence the CD8
+
T cell-mediated immuno-
surveillance was suppressed by IL-13 producing CD1d-
restricted CD4
+
T cells [25]. We also found evidence that
regulating NKT cells could be involved in the immune
response against B16F10-Nex2 melanoma in the mouse
by the protective effect exerted by the neutralization of IL-
13 using an IL-13Rα2-Fc chimera, enhanced by IL-12 [26].
In the present work, it is evident that type I NKT cells
(invariant or iNKT) play an important role in the protec-
tion against B16F10-Nex2 melanoma cells based on the
enhanced tumor progression in CD1d-KO animals. At a
limited density of tumor cells, WT mice showed increased
survival and after 70 days of tumor challenge, 20% of ani-
mals were still alive. IFN-γ-producing iNKT cells seem-
ingly play a role in anti-tumor protection by activating
other cytotoxic lymphocytes mainly through Th1 cytokine
cascades. Rejection of tumor was also observed when the
activation of iNKT cells by yet unidentified tumor-derived
ligands fostered a CD4
+
and CD8
+
adaptive immune
response [27].
iGb3-stimulated DN32D3 NKT cells are cytotoxic to B16F10-Nex2 melanoma cellsFigure 8
iGb3-stimulated DN32D3 NKT cells are cytotoxic to
B16F10-Nex2 melanoma cells. A) BMDCs were pulsed
with iGb3 for 24 h, co-cultured with DN32D3 NKT cells for
18 h, and IL-2 production was measured in the supernatant
by ELISA. The results are representative of three independ-
ent experiments. B) BMDCs were primed with 20 μg/ml
iGb3 for 24 h and co-cultured with NKT hybridoma cells for
4 h. B16F10-Nex2 cells were previously incubated with 5 μCi
of [
3
H] thymidine for 24 h. Melanoma and NKT cells were
co-cultured at the target/effector cell ratio indicated and the
cytotoxic (lytic) effect was measured as described in Material
and Methods.
A
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
100 12 3 1 ctr
iGb3 (ȝg/ml)
IL-2 (ng/ml)
B
0
10
20
30
40
50
1/12 1/25 1/50 1/100 1/200 1/400
Target/Effector cells ratio
Lysis (%)
In vivo antitumor effects of α-GalCer and iGb3Figure 9
In vivo antitumor effects of α-GalCer and iGb3. A) In
vivo protection by α-GalCer (200 ng/mL) and iGb3 (20 μg/ml)
against lung colonization by B16F10-Nex2 melanoma cells (1
× 10
5
) injected i.v. in C57Bl/6 mice (5 animals/group). Glycol-
ipid-primed BMDCs or unprimed BMDCs were administered
on days 2 and 4 after challenge. Ctr, control, unprimed naïve
BMDCs; B) Lungs representative of animals treated with
unprimed and glycolipid-primed BMDCs after 13 days of
tumor challenge. The experiments are representative of at
least 2 independent experiments. *p < 0.05, compared to the
control.
A
0
50
100
150
200
250
ctr Į-GalCer iGb3
No. Lung metastases
*
*
0
50
100
150
200
250
ctr Į-GalCer iGb3
No. Lung metastases
*
*
B
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For a CD1d-restricted protective response of iNKT cells in
the B16F10-Nex2 system, endogenous lipid components
of tumor cells should be recognized and we hypothesized
that they could be glycosphingolipids expressed on tumor
cells, particularly iGb3. Apparently, Vα14 TCR in iNKT
cells befits the foreign archetype ligand α-GalCer and the
recently described endogenous iGb3 [12,13] by adopting
two different conformations [28]. Although iGb3 has
been described as a candidate for the main endogenous
ligand of iNKT cells the biochemical fractionation of nat-
ural antigens is hampered by their low abundance in the
starting materials used. In fact, iGb3 was not found in
mouse or human thymus or DCs using a sensitive HPLC
assay [29]. Another report claimed that humans lack iGb3
due to the absence of a functional iGb3 synthase [30]. It
would seem, based on these reports, that iGb3 is unlikely
to be a physiologically relevant NKT cell-selecting ligand
in mouse and humans. In contrast to these reports, how-
ever, isoglobo and globo series tetraglycosylceramides
have recently been identified in human thymus, and iGb3
and iGb4 have been identified in the mouse thymus using
the more sensitive ESI-LIT-MS [14,15,21]. As pointed out
by Li et al. [21] in relation to the pseudogene hypothesis
of human iGb3 synthase, mRNA transcripts for iGb3 syn-
thase in human thymus have otherwise been recently
detected and a full-length cDNA has been cloned (unpub-
lished data).
In B16F10-Nex2 cells iNKT stimulating components were
present in the cytoplasm and cell membrane fractions.
Orcinol- and resorcinol-reacting glycolipids were
extracted from the subcutaneously grafted tumor with a
predominance of GM3 as expected for murine melanoma
cells. The fractions obtained after Folch's partition also
showed the presence of a glycolipid with the same R
F
of
iGb3 standard in HPTLC. The amount was quite small but
a preparative chromatography succeeded in the enrich-
ment of this species. Both GM3 and neutral glycolipids
had their presence confirmed in the permethylated form
by ESI-MS. Fragmentation of a predominant peak from
GM3 by MS
2
and MS
3
showed the presence of N-acetyl-
neuraminic acid and C34:1-(OH)
2
-ceramide, most likely
containing sphingosine (d18:1) and palmitic acid
(C16:0). Other species with different lipid moieties were
also shown in permethylated derivatives and are compat-
ible with the double band in HPTLC, a common charac-
teristic of GM3 [31]. The disproportionate amount of
GM3 in relation to iGb3 may explain the low NKT cell
stimulation of melanoma lipid fractions containing a
mixture of these glycolipids. Indeed, GM3 showed inhib-
itory activity of NKT cells [32] and it is generally accepted
that gangliosides are immunosuppressive cell surface
molecules often present in high concentrations in tumor
cells. These molecules may inhibit the immune response
that is implicated in tumor rejection. B16 murine
melanoma sublines with pharmacologically decreased
concentration of gangliosides produced fewer tumors in
mice than untreated cells [33]. Moreover, a GM3-conju-
gated vaccine induced anti-tumor activity against B16
melanoma in vitro and in vivo, and this effect was anti-
body-dependent [34]. Here, we observed that with
nonprimed BMDC, the background production of IL-2 by
NKT cells was completely inhibited by GM3.
Even considering the low amounts of isoglobotri- and iso-
tetrahexosyl ceramides (iGb3 and iGb4) in mammalian
cells they were identified in B16F10-Nex2 melanoma
along with predominant globotrihexosyl and globotetra-
hexosyl ceramide (Gb3 and Gb4) components by ion trap
mass spectrometry. Functionally, only iGb3 can stimulate
NKT cells [12] but iGb4 is converted to iGb3 in cells
expressing β-hexosaminidase B thus increasing the
amount of reactive ligands. Hexb
-/-
DCs fail to generate
iGb3 in the lysosome because they lack the β-hexosamin-
idase B required to remove the terminal GalNAc from
iGb4 [35].
In vitro, exogenous addition of iGb3 to BMDCs aiming at
iNKT cell activation was 100-fold less effective than α-Gal-
Cer as measured by IL-2 production. We found that iGb3
at 1 μg/ml or α-GalCer at 10 ng/ml activated NKT cells to
produce 1 ng/ml of IL-2. Why should then studies on
iGb3 be pursued on tumor cells apart from the fact that
these isoglobohexosylceramides be endogenous constitu-
ents of these cells possibly in higher amounts than in nor-
mal cells? In B16F10-Nex2 cells iGb3 and iGb4 (precursor
of iGb3) are natural effector molecules that may be shed
in the microenvironment and thus be processed and pre-
sented by DCs to iNKT cells able to lyse tumor cells and to
produce cytokines. This is an important component of the
immunosurveillance in C57Bl/6 mice since CD1d-KO
animals are significantly more susceptible to melanoma
growth than WT mice. This effect is regulated by GM3
which is abundantly expressed at the tumor cell surface. In
a melanoma metastatic model, however, we found that
iGb3 (20 μg/ml)-loaded CD11c
+
CD1d
+
BMDCs reduced
the number of lung nodules 4-fold, the same level of anti
tumor protection obtained with α-GalCer at 200 ng/ml.
Recognition that iGb3 can be protective against tumors
when presented by DCs, suggests that a Th-1 immune
response has been stimulated. Therefore iGb3 is an
important mediator of iNKT cell activation which may
contribute to host resistance to melanoma. To be used
pharmacologically modifications in iGb3 structure are
being investigated to improve its stimulatory activity. The
iGb3 analog 4"'-dh-iGb3 (nonreducing terminal Gal
deoxidized at 4-OH) and 4-OH-iGb3 (additional
hydroxyl group on C4 of phytosphingosine) promoted
significantly greater IFN-γ production [36]. Although 4"'-
dh-iGb3 is still less potent than α-GalCer, the latter exerts
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such a strong activation of NKT cells with a single admin-
istration that they become anergic to α-GalCer restimula-
tion for at least 30 days [37,38]. Moreover, α-GalCer may
activate iNKT cells to produce both Th-1 and Th-2
cytokines thus limiting its therapeutic effectiveness.
Chemical derivatives of α-Gal Cer with modified cera-
mides are being tested aiming at immune responses spe-
cifically directed to a Th-1 or Th-2 type [39].
It is conceivable that other components in the lipid frac-
tions of B16F10-Nex2 melanoma may activate NKT cells.
Such activity would be difficult to detect in a complex
mixture containing inhibitory GM3 species. We looked at
the neutral glycolipid fraction after removal of acidic spe-
cies and besides the globo- and isoglobohexosides identi-
fied, we also detected several dihexosylceramide species
with different ceramide composition (data not shown).
Further fractionation and structural and functional analy-
sis of the neutral glycolipid fraction and other B16F10-
Nex2 melanoma-derived lipid fractions are necessary to
explore this issue.
In conclusion, glycolipids iGb3, Gb3, iGb4 and Gb4 have
been identified in murine melanoma cells. Our results
demonstrate the important role of iNKT cells in the
immune cellular protection against susceptible animals
challenged with murine B16F10-Nex2 melanoma cells
and show the activation of these cells by iGb3 and nega-
tive modulation by GM3. BMDCs primed with iGb3 pro-
tected against tumor development and metastasis and this
effect depended on CD1d-restricted iNKTs. The present
study stimulates further investigation on the use of iGb3
and derivatives in the immunopharmacology of
melanoma and other tumors.
Abbreviations
BMDC: bone marrow dendritic cells; WT: wild type; KO:
knock-out; FBS: fetal bovine serum; Gb3 and iGb3: globo-
and isoglobotrihexosylceramide; Gb4 and iGb4: globo-
and isoglobotetrahexosylceramide; ESI-LIT-MS: electro-
spray ionization-linear ion trap-mass spectrometry; iNKT:
invariant natural killer T cells; TCR: T cell receptor;
HPTLC: high performance thin layer chromatography;
GM3: monosialylglycosphingolipid (NANA-Hex-Hex-
Cer); C-M-W: chloroform, methanol, water; GM-CSF:
granulocyte-macrophage colony-stimulating factor.
Competing interests
The authors declare that they have no competing interests.
Authors' contributions
BRD designed and performed all biochemical and cell
biological experiments, carried out data analysis and
drafted the manuscript. EGR assisted in cell biological and
immunological experiments, in vivo experiments and
their design. LN assisted in the early lipid extractions and
characterization as well as in the final draft of the manu-
script. ESN and ICA extracted and purified glycosphingol-
ipids, designed and carried out the ESI-LIT-MS
experiments, elaborated MS figures, and wrote part of the
manuscript (MS data). LRT, as Chairman of UNONEX
conceived the study, coordinated its execution and design,
and drafted and produced the final version of the manu-
script. All authors read and approved the present version
of the manuscript.
Acknowledgements
BRD was recipient of a Ph.D. fellowship from Fundação de Amparo a
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). EGR, LN and LRT are recipients
of Brazilian National Research Council (CNPq) fellowships. ESN was par-
tially supported by the George A. Krutilek memorial graduate scholarship
from Graduate School, UTEP. ICA was partially supported by the NIH
grant # 5G12RR008124. We thank the Biomolecule Analysis Core Analysis
at the Border Biomedical Research Center/Biology/UTEP (NIH grant #
5G12RR008124) for the access to the ESI-LIT-MS equipment.
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