ampla entre químicos e farmacólogos para a análise dos extratos, de onde se obtêm extratos,
frações e finalmente, as substâncias puras. Neste sentido, torna-se indispensável à análise da
potência das frações e das substâncias puras em relação à sua concentração. Esta avaliação
permite predizer se o principal componente químico responsável pela atividade biológica foi
realmente determinado (Filho & Yunes, 1998).
Para que se obtenha uma boa amostra vegetal com o mínino possível de perda de suas
substâncias ativas ou que se consiga obter a maior reserva de seus metabólitos ativos, vários
fatores devem ser levados em consideração tais como: variações temporais, espaciais, ciclo
circadiano, herbivoria, nutrientes, radiação ultravioleta, altitude, dentre outros. Apesar da
existência de um controle genético, esses e outros fatores podem influenciar no conteúdo total,
bem como as proporções relativas de metabólitos secundários nas plantas (Waterman, 1989).
De fato, os metabólitos secundários representam uma interface química entre as plantas e o
ambiente circundante, portanto, sua síntese é freqüentemente afetada por condições
ambientais (Kutchan, 2001).
A época em que uma planta é coletada é um dos fatores de maior importância, visto que a
quantidade e, às vezes, até mesmo a natureza dos constituintes ativos não são constantes
durante o ano. São relatadas, por exemplo, variações sazonais no conteúdo de praticamente
todas as classes de metabólitos secundários, como óleos essenciais (Palá-Paúl et al., 2001),
sesquiterpenos
(Schmidt et al., 1998), ácidos fenólicos (Grace & Logan, 1996) flavonóides e
iridóides (Menković et al., 2000), saponinas (Kim et al., 1991), alcalóides (Elgorashi et al., 2002),
taninos (Salminen et al., 2001), glicosídeos cianogênicos (Kaplan et al., 1983) dentre outras. Os
casos mais freqüentemente relatados envolvem plantas e/ou metabólitos empregados na
terapêutica, podendo ser citados os seguintes exemplos: as folhas de Digitalis obscura
apresentam as menores concentrações de cardenolídeos na primavera e uma fase de rápido
acúmulo no verão, seguida por uma fase de decréscimo no outono (Roca-Pérez et al., 2004); as
concentrações de hipericina e pseudo-hipericina na erva de São João (Hypericum perforatum,
utilizada no tratamento de depressões leves a moderadas) aumentam de cerca de 100 ppm no
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