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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJU
INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Avaliação Computacional de um Sistema de
Gaseificação em leito Fluidizado utilizando o
software CSFB
Autor: Braulio Almeida de Melo
Orientador: Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora
Co-orientador : Dr. Rubenildo Vieira de Andrade
Itajubá, Julho de 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJU
INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Avaliação Computacional de um Sistema de
Gaseificação em leito Fluidizado utilizando o
software CSFB
Autor: Braulio Almeida de Melo
Orientador: Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora
Co-orientador: Dr. Rubenildo Vieira de Andrade
Curso: Mestrado em Engenharia Mecânica
Área de Concentração: Conversão de Energia
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica como parte
dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Mecânica.
Itajubá, Julho de 2008
M.G. – Brasil
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJU
INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Avaliação Computacional de um Sistema de
Gaseificação em leito Fluidizado utilizando o
software CSFB
Autor: Braulio Almeida de Melo
Orientador: Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora
Co-orientador : Dr. Rubenildo Vieira de Andrade
Composição da Banca Examinadora:
Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora - IEM/UNIFEI
Prof. Dr. Rubenildo Vieira de Andrade – IEM/UNIFEI
Prof. Dr. Osvaldo Venturini – IEM/UNIFEI
Prof. Dr. Vladimir Melian Cobas – IEM/UNIFEI
Prof. Dr. Flávio Neves Teixeira – DCTEF/UFSJ
Dedicatória
À Deus pela força em todos os momentos difíceis.
À toda minha família, em especial aos meus queridos pais, Geraldo Tafuri e Mariângela
Almeida, pela força, paciência, carinho e ensinamentos.
À meu irmão, Bruno Melo, pela amizade e apoio.
À minha noiva Karen Michelline e toda sua família.
À todas amizades que conquistei na cidade de Itajubá.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Electo Eduardo Silva Lora, pela orientação e amizade no decorrer desses anos.
A todos os companheiros do NEST/IEM/UNIFEI.
Ao Dr. Rubenildo Vieira de Andrade, pela colaboração no trabalho, amizade e pelos
ensinamentos.
Aos Msc. (as) Cristina Sales e Aldemar Martinez pela amizade e companheirismo.
A todos os professores e técnicos da Universidade Federal de Itajubá.
Aos meus companheiros de república.
A FAPEMIG pelo apoio financeiro no decorrer dos anos.
Resumo
MELO, B. A. (2008), Avaliação Computacional de Sistema de Gaseificação em leito
Fluidizado utilizando o software CSFB, Itajubá, 130p. Dissertação (Mestrado em
Conversão de Energia) - Instituto de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de
Itajubá.
No capítulo 1 desse trabalho são abordados conceitos básicos relacionados a
tecnologias de aproveitamento energético. No entanto, uma maior importância é dada para o
processo de gaseificação, suas técnicas e modelos de gaseificação. No capítulo 2, destacam-se
os processo de gaseificação em leitos fluidizados, abordando aspectos gerais de fluidização.
Nos capítulos 3 e 4, respectivamente, são realizados um estudo detalhado da planta de
gaseificação de leito fluidizado borbulhante do NEST/IEM/UNIFEI e do software CSFB -
Comprehensive Simulator for Fluidized Bed, versão 3. No capítulo 5, destacam-se a
metodologia e os resultados das simulações-experimentos, tal como estudo comparativo
destes resultados. Por fim, concluí-se o trabalho com uma breve conclusão dos resultados
obtidos, seguido do anexo A, que envolve o equacionamento do software e o do anexo B,
composto de discussões/justificativas relacionadas ao trabalho.
Palavras-chave
Processo de gaseificação, Gaseificação em leito fluidizado, software CSFB, estudo
comparativo simulações-experimentos.
Abstract
MELO, B. A. (2008), Computational Evaluation of Fluidized Bed Gasification System using
CSFB Itajubá, 130 p. MSc. Dissertation - Instituto de Engenharia Mecânica,
Universidade Federal de Itajubá.
In Chapter 1 of this work it is introduced basic concepts related the technologies of
utilization energy. However, a larger importance is give for the process gasification, your
techniques and models of gasification. In Chapter 2, we detach with a larger emphasis the
process gasification in fluidized bed. In Chapter 3, we detach a study detailed of plant
gasification in fluidized bed, located in Núcleo de Excelência em Sistemas térmicos
NEST/IEM/UNIFEI. In Chapter 4, detach aspects general software CSFB - Comprehensive
Simulator for Fluidized Bed version 3. In chapter 5, detach the methodology and the results
simulation-experiments, just as study comparative of these results. Finally we concluded the
work with an abbreviation conclusion of the results followed of the annex, that involves
equations of the software CSFB and arguments related to the work.
Keywords
Process gasification, Gaseification in Fluidized Bed, software CSFB, study comparative
simulation-experiments.
Objetivos
Revisão bibliográfica relacionada à tecnologia de gaseificação.
Descrição do equipamento - Gaseificador de Leito Fluidizado Borbulhante.
Descrição do software CSFB - Comprehensive Simulator for fluidized Bed - versão 3.
Testes no Gaseificador de Leito Fluidizado Borbulhante operando com casca de arroz.
Comparação dos testes experimentais com os da modelagem utilizando software CSFB.
Sumário
DEDICATÓRIA __________________________________________________________ IV
AGRADECIMENTOS ______________________________________________________ V
RESUMO ________________________________________________________________ VI
ABSTRACT ____________________________________________________________ VII
OBJETIVOS ____________________________________________________________VIII
SUMÁRIO ________________________________________________________________ 9
LISTA DE FIGURAS ______________________________________________________ 13
LISTA DE TABELAS _____________________________________________________ 16
SIMBOLOGIA ___________________________________________________________ 18
CAPÍTULO 1 ____________________________________________________________ 20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ______________________________________________ 20
1.1. Biomassa ----------------------------------------------------------------------------------------------20
1.2. Definição de Gaseificação --------------------------------------------------------------------------22
1.3. Reacões Quimicas do Processo de Gaseificação ------------------------------------------------23
1.4. Tipos de Gaseificadores ----------------------------------------------------------------------------25
1.4.1. Gaseificadores de Leito Fixo -------------------------------------------------------------25
1.4.1.1. Gaseificador Contracorrente (“Updraft”) ---------------------------------------------25
1.4.1.2. Gaseificador Concorrente (“Downdraft”) --------------------------------------------26
1.4.1.3. Gaseificador de Fluxo Cruzado (“Cross-Flow”) ------------------------------------27
1.4.2. Gaseificadores de Leito Fluidizado ------------------------------------------------------28
1.4.2.1. Gaseificador de Leito Fluidizado Borbulhante --------------------------------------28
1.4.2.2. Gaseificador de Leito Fluidizado Circulante -----------------------------------------29
1.5. Qualidade e Limpeza do Gás de Biomassa ------------------------------------------------------30
10
1.6. Influência dos Parâmetros Operacionais no Gás produzido -----------------------------------32
1.6.1. Fator de ar -----------------------------------------------------------------------------------33
1.6.2. Temperatura do Leito ----------------------------------------------------------------------33
1.6.3. Teor de alcatrão no gás obtido------------------------------------------------------------35
1.6.4. Composição do gás obtido ----------------------------------------------------------------35
1.6.5. Agente Oxidante ----------------------------------------------------------------------------36
1.7 Plantas de Gaseificadores de Leito Fluidizado ---------------------------------------------------37
1.8 Modelos de Leito Fluidizados ----------------------------------------------------------------------38
1.8.1. Modelos de Gaseificação em Leito Fluidizado ----------------------------------------38
CAPÍTULO 2 ____________________________________________________________ 42
FLUIDIZAÇÃO __________________________________________________________ 42
2.1. Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------42
2.2. Etapas de Fluidização -------------------------------------------------------------------------------43
2.2.1. Velocidade Terminal -----------------------------------------------------------------------47
2.2.2. Altura do Leito Expandido ----------------------------------------------------------------48
2.3. Principais caracteristicas das partículas envolvidas na fluidização ---------------------------49
2.4. Fração de vazios no leito ---------------------------------------------------------------------------51
2.5. Classificação das partículas ------------------------------------------------------------------------52
CAPÍTULO 3 ____________________________________________________________ 55
PLANTA DE GASEIFICAÇÃO DO NEST/IEM/UNIFEI _______________________ 55
3.1. Equipamento ------------------------------------------------------------------------------------------55
3.2. Descrição do reator ----------------------------------------------------------------------------------58
3.2.1. Plenum ---------------------------------------------------------------------------------------58
3.2.2. Placa distribuidora de ar -------------------------------------------------------------------58
3.2.3. Leito ------------------------------------------------------------------------------------------59
3.2.4. Freeboard ------------------------------------------------------------------------------------61
3.3. Sistema de Alimentação do Equipamento --------------------------------------------------------63
3.4. Influência do fator de ar no projeto do reator ----------------------------------------------------65
3.5. Sistemas Auxiliares ----------------------------------------------------------------------------------66
CAPÍTULO 4 ____________________________________________________________ 68
SOFTWARE CSFB - COMPREHENSIVE SIMULATOR FOR FLUIDIZED BED
EQUIPMENT ____________________________________________________________ 68
4.1. Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------68
11
4.2. Hipóteses e limitações relativas ao CSFB --------------------------------------------------------69
4.3. Diagrama de blocos do SOFTWARE CSFB ----------------------------------------------------72
4.4. Dados de entrada (inputs)---------------------------------------------------------------------------74
4.5. Principais Dados de saída (outputs) ---------------------------------------------------------------74
4.6. Sensibilidade do software csfb ---------------------------------------------------------------------76
4.7. Validação do software CSFB ----------------------------------------------------------------------76
CAPÍTULO 5 ____________________________________________________________ 79
METODOLOGIA E RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES E DOS TESTES
EXPERIMENTAIS _______________________________________________________ 79
5.1. Introdução ---------------------------------------------------------------------------------------------79
5.2. Metodologia das simulações no CSFB -----------------------------------------------------------79
5.2.1. Dados do equipamento - Geometria básica ---------------------------------------------80
5.2.2. Dados do equipamento – Isolamento térmico ------------------------------------------83
5.2.3. Características dos fluxos– Alimentação de sólidos ----------------------------------86
5.2.4. Características dos fluxos – Análise imediata e outras características do material
carbonáceo -------------------------------------------------------------------------------------------------87
5.2.5. Características dos fluxos – Composição granulométrica das partículas sólidas -89
5.2.6. Características dos fluxos – Agente de gaseificação ----------------------------------90
5.2.7. Características operacionais adicionais---------------------------------------------------------91
5.2.8. Parâmetros de convergência ---------------------------------------------------------------------91
5.4. Resultados das simulações -------------------------------------------------------------------------95
5.5. Planejamento e execução dos testes experimentais ------------------------------------------- 105
5.6. Resultados dos testes experimentais ------------------------------------------------------------ 109
5.7. Comparação dos resultados ---------------------------------------------------------------------- 118
5.8. Causas das divergências dos resultados -------------------------------------------------------- 121
CAPÍTULO 6 ___________________________________________________________ 122
Conclusões ----------------------------------------------------------------------------------------------- 122
Sugestão para trabalhos futuros ----------------------------------------------------------------------- 125
Anexo A --------------------------------------------------------------------------------------------------- 126
Anexo B – OPINIÃO DO PROFESSOR MARCIO DE SOUZA-SANTOS ---------------------- 129
Problemas com os dados inseridos no programa: ------------------------------------------------- 129
Problemas com dados de operação: ----------------------------------------------------------------- 129
Problemas com a operação: --------------------------------------------------------------------------- 130
Dificuldades em simular o processo: ---------------------------------------------------------------- 131
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________________ 132
13
Lista de Figuras
Figura 1 - Gaseificador de leito fixo do tipo contracorrente (QUAAK et. Al.1999) ------------26
Figura 2 – Gaseificador de leito fixo do tipo concorrente (QUAAK et. al.1999) ---------------27
Figura 3 - Gaseificador de leito fixo do tipo fluxo cruzado (Olofsson, 2005) -------------------28
Figura 4 - Gaseificador de leito fluidizado borbulhante (Olofsson, 2005)------------------------29
Figura 5 - Gaseificador de leito fluidizado circulante (Olofsson, 2005) --------------------------30
Figura 6 - Concentração de alcatrão e particulados no gás produzido em diferentes
gaseificadores (Guigon e Large, 1990) ----------------------------------------------------------------31
Figura 7 - Métodos Primários (DEVI et.al.,2003). ---------------------------------------------------31
Figura 8 - Métodos Secundários (DEVI et. al.,2003). -----------------------------------------------32
Figura 9 - Variação da Temperatura do leito em relação ao fator de ar (adaptado Paasen,
2004) --------------------------------------------------------------------------------------------------------33
Figura 10 - Influência do fator de ar na composição percentual em volume do gás obtido
(Aguiar, 2003) ---------------------------------------------------------------------------------------------36
Figura 11 - Variação da perda de carga no leito em função da velocidade superficial (adaptado
Rhodes (1998)) --------------------------------------------------------------------------------------------43
Figura 12 - Volume hidrodinâmico de uma partícula (Rhodes (1998)) ---------------------------49
Figura 13 - Representação dos diâmetros (
i
d e
e
d ) na partícula (Gómez 2002). ----------------50
Figura 14 - Classificação de pós de Geldart (Geldart, 1986) ---------------------------------------53
Figura 15 - Esquema da metodologia utilizada no projeto do gaseificador de leito fluidizado
borbulhante (Van den Enden e Lora (2004)) ----------------------------------------------------------57
Figura 16 - Placa distribuidora --------------------------------------------------------------------------59
Figura 17 - Influência da altura dinâmica do leito no teor de alcatrão do gás (Van den Enden e
Lora, 2004) -------------------------------------------------------------------------------------------------60
14
Figura 18 - Influência da altura dinâmica do leito no PCI do gás (Van den Enden e Lora
2004), -------------------------------------------------------------------------------------------------------61
Figura 19 - Densidade da partícula versus altura do reator (Rhodes, 1998) ----------------------62
Figura 20 - Influência da localização do ponto de alimentação na qualidade do gás (Van den
Enden e Lora, 2004) --------------------------------------------------------------------------------------64
Figura 21 - Influência do fator de ar no desempenho do reator (Van den Enden e Lora 2004),65
Figura 22 - Influência do fator de ar no poder calorífico do gás (Van den Enden e Lora
2004), -------------------------------------------------------------------------------------------------------66
Figura 23 – Esquema de um reator de leito fluidizado a ser simulado pelo programa CSFB
(Rabi, 2002) ------------------------------------------------------------------------------------------------70
Figura 24 – Esquema do modelo de gaseificação em leito fluidizado borbulhante no CSFB
(Rabi, 2002) ------------------------------------------------------------------------------------------------71
Figura 25 - Modelo de núcleo sem reagir (a) e modelo de núcleo exposto (b) (Souza-Santos,
1987) --------------------------------------------------------------------------------------------------------72
Figura 26 - Diagrama de bloco do software CSFB (Rabi, 2002)-----------------------------------73
Figura 27 - Algumas cotas relacionadas aos parâmetros de projeto do gaseificador de leito
fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI (Souza-Santos, 2000) -------------------------------------------80
Figura 28 - Detalhe do distribuidor com tubos perfurados ou flutes para injeção de ar no leito
(Souza-Santos, 2000) -------------------------------------------------------------------------------------81
Figura 29 - Concentração dos principais componentes do gás gerado obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.----------------------------96
Figura 30 - Concentração dos principais componentes do gás gerado obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.----------------------------96
Figura 31 - Poder calorífico do gás gerado obtido através das simulações do CSFB com uma
altura de leito dinâmico de 2000 mm. ------------------------------------------------------------------97
Figura 32 - Poder calorífico do gás gerado obtido através das simulações do CSFB com uma
altura de leito dinâmico de 1100 mm. ------------------------------------------------------------------98
Figura 33 - Influência do fator de ar no desempenho do gaseificador obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.----------------------------99
Figura 34 - Influência do fator de ar no desempenho do gaseificador obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.----------------------------99
Figura 35 - Influência do fator de ar na temperatura em dois pontos do leito e “freeboard”
obtido através das simulações do CSFB com uma altura de leito dinâmico de 2000 mm. --- 100
15
Figura 36 - Influência do fator de ar na temperatura em dois pontos do leito e “freeboard”
obtido através das simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm. --- 101
Figura 37 - Influência do fator de ar na taxa de conversão de carbono obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.-------------------------- 102
Figura 38 - Influência do fator de ar na taxa de conversão de carbono obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.-------------------------- 102
Figura 39 - Influência do fator de ar no teor de alcatrão do gás obtido através das simulações
do CSFB para as duas alturas de leito dinâmico (1100 mm e 2000 mm). ---------------------- 103
Figura 40 – Influência do fator de ar na vazão de gás gerado através das simulações do CSFB
para as duas alturas de leito dinâmico (1100 mm e 2000 mm). ---------------------------------- 104
Figura 41 - Influência do fator de ar na velocidade superficial dos gases e na velocidade
mínima de fluidização para altura dinâmica de leito de 2000 mm ------------------------------- 104
Figura 42 - Influência do fator de ar na velocidade superficial dos gases e na velocidade
mínima de fluidização para altura dinâmica de leito de 1100 mm ------------------------------- 105
Figura 43 - Sistema de medição de vazão de ar ---------------------------------------------------- 107
Figura 44 - Localização dos transdutores de temperatura ao longo do reator ------------------ 108
Figura 45 - Analisador de gás ------------------------------------------------------------------------- 109
Figura 46 - Concentrações de
24
H e ,COCH
no gás gerado versus o fator de ar (experimental)111
Figura 47 - Poder calorífico do gás versus o fator de ar (experimental) ------------------------ 112
Figura 48 - Esquema utilizado para realização do balanço de massa no equipamento. ------- 113
Figura 49 - Gráfico comparativo da concentração de CO no gás obtido entre os resultados do
experimento e da simulação com o software CSFB------------------------------------------------ 118
Figura 50 - Gráfico comparativo da concentração de CH
4
no gás obtido ----------------------- 119
Figura 51 - Gráfico comparativo da concentração de H
2
no gás obtido ------------------------- 119
Figura 52 - Gráfico comparativo do poder calorífico do gás obtido ----------------------------- 120
16
Lista de Tabelas
Tabela 1.1 - Principais parâmetros relacionados a operação e a qualidade do gás obtido ------34
Tabela 1.2 - Influência do de agente oxidante e da pressão de operação na qualidade do gás
obtido ( NOGUEIRA E LORA,2003) -----------------------------------------------------------------36
Tabela 1.3 - Algumas plantas de GLFB e suas características (National Energy Technology
Laboratory, 2002) -----------------------------------------------------------------------------------------37
Tabela 1.4 - Algumas plantas de GLFC e suas características (National Energy Technology
Laboratory, 2002) -----------------------------------------------------------------------------------------37
Tabela 2.1 – Constantes obtidas experimentalmente ------------------------------------------------46
Tabela 2.2 - Principais características das partículas segundo Geldart (Rhodes, 1998) --------54
Tabela 3.1 - Principais características de projeto do original gaseificador (Van den Enden e
Lora, 2004) -------------------------------------------------------------------------------------------------56
Tabela 3.2 - Algumas dimensões da região do leito (Aguiar, 2003) -------------------------------59
Tabela 4.1 - Principais dados de projeto e condições operacionais do gaseificador RENUGAS
do IGT (de Souza – Santos, 2007) ----------------------------------------------------------------------77
Tabela 4.2 - Comparação entre as simulações e os experimentos referentes a composição do
gás de saída no topo de Freeboard do gaseificador RENUGAS do IGT (mol.%) (de Souza –
Santos, 2007) ----------------------------------------------------------------------------------------------78
Tabela 5.1 - Dados geométricos do reator de leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI ---------81
Tabela 5.2 - Dados geométricos do reator de leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI ---------82
Tabela 5.3 - Espessura de diferentes secções do isolamento no reator de leito fluidizado do
NEST/IEM/UNIFEI --------------------------------------------------------------------------------------84
Tabela 5.4 - Condutividade térmica dos materiais que compõem o isolamento do reator de
leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI ---------------------------------------------------------------85
17
Tabela 5.5 - Emissividade média da superfície externa do leito e freeboard do reator de leito
fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI ---------------------------------------------------------------------86
Tabela 5.6 – Poder calorífico superior da casca de arroz (base seca) utilizada no processo ---87
Tabela 5.7 - Vazão de mássica de casca de arroz para diferentes valores do fator de ar (F.A) 87
Tabela 5.8 - Análise imediata da casca de arroz (base úmida) -------------------------------------88
Tabela 5.9 - Análise elementar da casca de arroz (base seca) --------------------------------------88
Tabela 5.10 - Propriedades morfológicas das partículas sólidas (biomassa e inerte) do
processo de gaseificação ---------------------------------------------------------------------------------89
Tabela 5.11 – Composição granulométrica das partículas ------------------------------------------89
Tabela 5.12 - Vazão de volumétrica e mássica de ar introduzido no interior do reator para
diferentes valores de fator de ar -------------------------------------------------------------------------90
Tabela 5.13 - Características do ar introduzido no distribuidor ------------------------------------91
Tabela 5.14 - Parâmetros de convergência utilizadas nas simulações para uma altura dinâmica
do leito de 2000 mm. -------------------------------------------------------------------------------------94
Tabela 5.15 - Parâmetros de convergência utilizada nas simulações para uma altura dinâmica
do leito de 1100 mm. -------------------------------------------------------------------------------------94
Tabela 5.16 - Planejamento dos testes experimentais --------------------------------------------- 106
Tabela 5.17 - Condições operacionais e percentuais em volume dos componentes do gás
obtido ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 110
Tabela 5.18 - Dados experimentais utilizados para o balanço de massa e energia do processo112
Tabela 5.19 - Densidades dos principais componentes do gás gerado nas condições normais116
18
Simbologia
IGCC Sistemas de gaseificação integrada a ciclos combinados
F.A Fator de ar
PCI Poder calorífico inferior
PCS Poder calorífico superior
ca
V
/
Razão ar/combustível real
est
ar
Ar estequiométrico
GLFB Gaseificador de Leito Fluidizado Borbulhante
GLFC Gaseificador de Leito Fluidizado Circulante
JANAF Joint Army-Navy-Air Force
MFIX
Multiphase Flow with Interphase eXchange
ASPEN
Advanced System for Process ENginnering
CSFB
Comprehensive Simulator for fluidized Bed Equipament
sg
υ
Velocidade superficial do gás de fluidização (m/s)
mf
υ
Velocidade mínima de fluidização (m/s)
tr
υ
Velocidade de transporte das partículas (m/s)
Re
p
Número de Reynolds da partícula
GLP Gás liquefeito de petróleo
TDH TRANSPORT DISENGAGEMENT HEIGHT
IPT Instituto de Pesquisa Tecnológico do Estado de São Paulo
19
IGT Institute of Gas Technology
fluxo
P :
Queda de pressão do gás através do leito (N/m
2
)
mf
HL :
Altura do leito nas condições de mínima fluidização (m)
mf
ε
:
Porosidade do material do leito nas condições de mínima fluidização
s
ρ
:
Densidade do material sólido do leito (kg/m
3
)
g
ρ
:
Densidade do gás (kg/m
3
)
g:
Aceleração da gravidade (m/s
2
)
:
f
HL
Altura do leito fixo de partículas (m)
:
f
ε
Porosidade do material inerte do leito na condição de leito fixo (estacionário)
:
g
µ
Viscosidade dinâmica do gás (Pa.s)
:
pe
d
Diâmetro da esfera com o mesmo diâmetro que a partícula (m)
:
φ
Esfericidades das partículas
H
:
altura do leito expandido (m)
f
H
:
altura do leito estático (m)
f
ε
:
porosidade do leito na condição de mínima fluidização
ε
: porosidade do leito expandido
i
d
:
Diâmetro do menor círculo inscrito ao sólido (mm)
e
d
:
Diâmetro do maior círculo circunscrito ao sólido (mm)
TDH
z
:
Altura TDH (m)
D
z
:
Altura dinâmica do leito (m)
leito
A
:
Área do leito do reator
20
Capítulo 1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
1.1. BIOMASSA
Segundo NOGUEIRA e LORA (2003), o termo biomassa engloba a matéria vegetal
gerada através da fotossíntese e seus derivados, tais como: resíduos florestais, agrícolas,
animais e orgânicos (resíduos industriais, domésticos e municipais), que podem ser utilizados
na produção de energia.
A utilização da biomassa apresenta algumas vantagens em relação aos combustíveis
fosseis, por exemplo, a redução das emissões de gases de efeito estufa através do
aproveitamento direto por meio da combustão da matéria orgânica em fornos ou caldeiras.
Atualmente no Brasil, o recurso de maior potencial para geração de energia elétrica é o
bagaço de cana de açúcar. A grande difusão e alta produtividade alcançada pela lavoura
canavieira têm disponibilizado uma enorme quantidade de matéria orgânica, encontrada na
forma de bagaço e proveniente de usinas e destilarias de cana de açúcar localizadas
principalmente no Estado de São Paulo, maior produtor nacional de cana de açúcar.
As principais tecnologias de aproveitamento energético da biomassa são: combustão
direta, gaseificação, pirólise, digestão anaeróbica, fermentação e transesterificação
.
21
Na Combustão direta ocorre a transformação da energia química dos combustíveis em
calor. Os principais equipamentos que utilizam a combustão direta são: fogões, fornos e
caldeiras. A tecnologia de combustão direta é um processo muito prático, porém necessita-se
uma técnica mais eficiente para o aproveitamento da biomassa nesses processos.
A Gaseificação, tecnologia estudada nesse trabalho, trata basicamente de um processo
de conversão de combustíveis sólidos em gasosos, através de reações termoquímicas. O gás
resultante é uma mistura de monóxido de carbono (CO), hidrogênio (H
2
), metano (CH
4
),
dióxido de carbono (CO
2
) e nitrogênio (N
2
), cujas proporções percentuais variam de acordo
com as condições operacionais do processo.
A utilização do gás de biomassa apresenta diversos usos alternativos, tais como:
motores de combustão interna e externa, turbinas a gás e a produção de gás de síntese.
A pirólise, também denominada carbonização, ocorre a conversão de um combustível
em outro de melhor qualidade e conteúdo energético. Para exemplificar esse processo,
podemos citar a conversão de uma determinada quantidade de lenha em carvão (principal
combustível gerado).
A vantagem da tecnologia de pirólise está na utilização de resíduos vegetais. Nesse
caso ocorre a compactação de subprodutos agroindustriais, transformando esses resíduos em
briquetes. Os briquetes possuem maiores teores de carbono e poder calorífico, sendo
utilizados com grande eficiência na geração de calor e potência.
Na digestão anaeróbia, assim como a pirólise, ocorre na ausência de ar. Trata-se de um
processo, que ocorre naturalmente com quase todos os compostos orgânicos. Esse processo
consiste na decomposição do material pela ação de bactérias.
Nesse processo ocorre o aproveitamento energético de resíduos orgânicos, por
exemplo, esterco e resíduos industriais. O produto final do processo é o biogás, um composto
de metano (CH
4
) e dióxido de carbono (CO
2
), com conteúdo energético em torno de 5.500
kcal/m
3
.
Outra importante técnica de aproveitamento da biomassa é o processo de fermentação,
o qual é um processo biológico anaeróbio, em que os açúcares dos vegetais (batata, milho,
beterraba, cana de açúcar dentre outros) são convertidos em álcool, por meio da ação de
microrganismos.
A transesterificação é um processo químico que consiste da reação de óleos vegetais,
tendo como produto final a glicerina e o biodiesel.
22
1.2. DEFINIÇÃO DE GASEIFICAÇÃO
No processo de gaseificação é possível converter um sólido orgânico em um
combustível gasoso. Os principais componentes resultantes desse processo são monóxido de
carbono (CO), hidrogênio (H
2
), metano (CH
4
), dióxido de carbono (CO
2
) e nitrogênio (N
2
),
que variam de acordo com as condições operacionais do processo.
Segundo NOGUEIRA e LORA (2003), a gaseificação ocorre em equipamentos
denominados gaseificadores, que são classificados de maneiras distintas de acordo com os
seguintes parâmetros:
Poder calorífico do gás: o gás gerado nesses equipamentos pode ser de baixo poder
calorífico (até 5 MJ/Nm
3
), médio poder calorífico (de 5 a 10MJ/Nm
3
) e alto poder
calorífico (de 10 a 40MJ/Nm
3
).
Tipo de agente de gaseificação: a utilização do agente oxidante tem influência
primordial na qualidade do gás gerado. Esses agentes oxidantes podem ser ar, vapor e
oxigênio.
Pressão de trabalho: são divididos em atmosféricos e pressurizados (até 3Mpa).
Direção do movimento relativo da biomassa e do agente oxidante: são divididos em
leito fixo (contracorrente, concorrente e fluxo cruzados) e leito fluidizados
(borbulhante e circulante).
O gás produzido nos gaseificadores é conhecido como gás pobre, devido a quantidades
de ar inferiores à estequiométrica (mínimo teórico para a combustão), que consequentemente
forma um gás com baixo poder calorífico.
As reações ocorridas no processo de gaseificação são bastante complexas. Em termos
teóricos podemos dividí-las em zonas, conforme veremos a seguir.
Na zona de secagem ocorre a remoção da umidade da biomassa, pois em alguns casos,
como a lenha recém-cortada e o bagaço de cana, apresentam elevada umidade, cerca de 50%,
torna-se necessário remover a umidade para uma faixa de 5 a 25% de umidade, de modo a não
comprometer a composição e o poder calorífico do gás obtido.
23
A pirólise é uma determinada zona do reator onde ocorre a degradação térmica da
biomassa (volatilização), na ausência total ou quase total de oxigênio. É nessa zona que
ocorre a formação de alcatrões, voláteis e sólidos.
Segundo Bridgwater (1995), a degradação térmica da biomassa em ausência total ou
quase total de agente oxidante ocorre a temperaturas relativamente baixas (500 - 1000ºC),
ocorrendo a transformação em outros combustíveis, frações sólidas, líquidas e gasosas,
constituindo numa mistura complexa de compostos orgânicos.
A combustão no interior no reator tem como principal característica a produção de
dióxido de carbono (CO
2
) e vapor a partir do carbono da biomassa em reação com oxigênio
do ar. Nesse processo ocorre uma reação exotérmica, liberando uma grande quantidade de
calor com uma temperatura variando entre 700 a 2000ºC.
Na fase de redução, ao contrário da fase de combustão, ocorrência de uma reação
endotérmica a uma temperatura compreendida entre 800 a 1100ºC.
Estas etapas descritas anteriormente, variam em diferentes regiões do reator (reatores
de leito fixo) ou em um volume como um todo (reatores de leito fluidizado), conforme se
visto em detalhes adiante.
1.3. REAÇÕES QUÍMICAS DO PROCESSO DE
GASEIFICAÇÃO
As reações químicas mais importantes das etapas descritas anteriormente, serão
abordadas a seguir (Equações 1.1 a 1.10):
1.GASEIFICAÇÃO: As reações provenientes dessa etapa são divididas em dois tipos:
reações heterogêneas e homogêneas
Reações homogêneas:
222
HCOOHCO ++
(Reação de Shift) (1.1)
224
H3COOHCH ++
(1.2)
Reações heterogêneas:
24
CO2COC
2
+
(Reação de Bouduard) (1.3)
22
HCOOHC ++
(Reação de gás de água ou reação carbono-vapor) (1.4)
42
CHH2C +
(Reação de formação do metano) (1.5)
2.OXIDAÇÃO DO CARBONO
COO
2
1
C
2
+
(1.6)
22
COOC +
(1.7)
3.PIRÓLISE
iscondensávealcatrãogasescoquecalorBiomassa
+
+
+
+
(1.8)
4.OXIDAÇÃO PARCIAL DOS PRODUTOS DA PIRÓLISE
22242
H CO O )CH H (CO
+
+
+
+
(1.9)
5.CRAQUEAMENTO DO ALCATRÃO
42
CH COCOcalor vaporAlcatrão
+
+
+
+
(1.10)
Segundo NOGUEIRA e LORA (2003), essas equações estão longe de retratar a
complexidade do processo. No entanto, através delas pode-se realizar importantes análises do
processo:
De acordo com as equações (1.1), (1.2) e (1.4), quando introduzimos 30% de vapor de
água ao ar (agente oxidante), aumentamos o teor de hidrogênio (H
2
) e monóxido de
carbono (CO) no gás obtido.
Conforme equação (1.5), o aumento da pressão favorece a formação do metano (CH
4
)
devido a diminuição do número de moles dos reagentes para o produto.
25
1.4. TIPOS DE GASEIFICADORES
Segundo Ciferno (2002), os reatores utilizados nos processos de gaseificação são
classificados conforme a pressão de trabalho em baixa pressão ou pressurizados, e segundo o
tipo de leito (fixo e fluidizado).
1.4.1. Gaseificadores de Leito Fixo
Na gaseificação em leito fixo a matéria a ser gaseificada se move por ão da
gravidade, isto é, apresenta um movimento descendente no interior do reator. Os
gaseificadores de leito fixo são divididos em contracorrente, concorrente e fluxo cruzado.
Esta tecnologia apresenta vantagens para a conversão de biomassa em pequena escala,
além de apresentar elevada eficiência energética. Esses gaseificadores o sistemas simples
podendo trabalhar com combustíveis de alta densidade e baixa granulometria (10-100 mm),
tais como cavacos de madeira e carvão.
1.4.1.1. Gaseificador Contracorrente (“Updraft”)
Esses gaseificadores são de tecnologia antiga e relativamente simples. A alimentação
do combustível (biomassa) é realizada por um silo localizado na parte superior do reator.
Após a passagem no silo, a biomassa flui para parte inferior do reator, onde ocorre a injeção
de ar, e em seguida a extração do gás pela parte superior do gaseificador. A temperatura de
saída do gás está em torno de 250°C a 400°C, variando com a temperatura na zona de
combustão, com a altura da zona de pirólise e com a umidade da biomassa (Olade, 1987).
Os gaseificadores do tipo “updraft” (Figura 1) possuem elevada eficiência térmica,
porém necessita de um eficiente sistema limpeza, devido à produção de um gás de baixa
qualidade. Um gás de baixa qualidade apresenta elevados teores de alcatrão e particulados,
havendo restrições com relação ao uso em motores de combustão interna e outros
equipamentos. Portanto, a grande utilidade do gás extraído nesses equipamentos está
relacionada ao fornecimento de energia térmica (aquecimento doméstico e utilizações em
indústrias).
26
Figura 1 - Gaseificador de leito fixo do tipo contracorrente (QUAAK et. Al.1999)
1.4.1.2. Gaseificador concorrente (“Downdraft”)
A alimentação da biomassa nestes gaseificadores ocorre na parte superior do
equipamento, assim com nos gaseificadores do tipo contracorrente. As diferenças destes
modelos em relação ao “updraft” estão na injeção de ar e na extração do gás de biomassa. Nos
gaseificadores do tipo concorrente (Figura 2) o ar é introduzido pela lateral ou pelo topo dos
reatores, já a extração é realizada na parte inferior do reator, com temperatura próxima dos
700°C (Olade,1987).
Outra importante diferença nestes gaseificadores diz respeito às zonas de reação no
interior do reator, observa-se a troca de posição das zonas de combustão e de redução se
comparado com os gaseificadores do tipo contracorrente (“updraft”).
Este reator apresenta uma distribuição uniforme da temperatura, baixo custo
operacional e alta eficiência no craqueamento de alcatrão. A alta eficiência no craqueamento
do alcatrão é conseqüência da redução da garganta na zona de combustão, produzindo um gás
de melhor qualidade, que pode ser utilizado em motores de combustão interna.
As desvantagens desses equipamentos estão na capacidade limitada, cerca de 580kW,
devido a redução do diâmetro da garganta e produção de um gás com o alto teor de cinzas e
fuligem. Outra desvantagem dessa tecnologia é a sensibilidade a umidade, que prejudica a
eficiência térmica e o poder calorífico do gás gerado.
27
Figura 2 – Gaseificador de leito fixo do tipo concorrente (QUAAK et. al.1999)
1.4.1.3. Gaseificador de Fluxo Cruzado (“Cross-Flow”)
Nestes gaseificadores a alimentação da biomassa ocorre na parte superior do
gaseificador, isto é, processo similar aos gaseificadores do tipo contracorrente e concorrente.
A injeção de ar é realizada no lado oposto ao da extração do gás de biomassa, o gás produzido
é extraído a uma temperatura próxima dos 900°C.
Com relação a qualidade dos gás, sabe-se que o gaseificador de fluxo cruzado (Figura
3) produz um gás de baixo poder calorífico e com grande quantidade de voláteis se
comparado com os demais gaseificadores.
28
Figura 3 - Gaseificador de leito fixo do tipo fluxo cruzado (Olofsson, 2005)
1.4.2. Gaseificadores de Leito Fluidizado
Há muitos anos os gaseificadores de leito fluidizado são utilizados na conversão
termoquímica da turfa. Atualmente, esses equipamentos utilizam como combustíveis bagaço
de cana, casca de arroz, serragem etc. Estes equipamentos têm como característica principal a
utilização de um material inerte com granulometria média de 250
µ
m. A principal função do
inerte no leito é possibilitar um melhor contato entre sólido-gás, aumentar as taxas de reação e
consequentemente, aumentar a eficiência do processo.
Diferentemente dos gaseificadores de leito fixo, os gaseificadores de leito fluidizado
são adequados à conversão de uma maior quantidade de biomassa (até 20 ton/h). Estes
equipamentos apresentam ampla aplicação em sistemas de gaseificação integrada a ciclos
combinados (IGCC).
1.4.2.1. Gaseificador de Leito Fluidizado Borbulhante
Estes equipamentos possuem baixa conversão de carbono e menor eficiência do
processo se comparado com os gaseificadores de leito circulante.
29
A alimentação da biomassa nestes gaseificadores é realizada sobre a placa de
distribuição, que é a responsável pela introdução de ar no interior do equipamento. A
temperatura de operação desses reatores está entre 700°C a 900°C, o controle de temperatura
é realizada mediante a variação da relação ar/combustível do processo.
A figura 4 mostra um esquema de um gaseificador de leito fluidizado borbulhante,
nesses reatores o gás produzido é extraído no topo, onde se encontra um ciclone para separar a
areia e as cinzas contidas no gás.
Figura 4 - Gaseificador de leito fluidizado borbulhante (Olofsson, 2005)
1.4.2.2. Gaseificador de Leito Fluidizado Circulante
Nos gaseificadores de leito fluidizado circulante ocorre uma recirculação de partículas
sólidas, conforme mostrado na figura 5. Neste tipo de reator ocorre uma maior conversão de
carbono, devido ao maior tempo de residência das partículas combustíveis no reator. Outra
característica importante nesses reatores diz respeito a maior eficiência e a maior capacidade
especifica.
30
Figura 5 - Gaseificador de leito fluidizado circulante (Olofsson, 2005)
1.5. QUALIDADE E LIMPEZA DO GÁS DE BIOMASSA
O gás produzido no processo de gaseificação contém monóxido de carbono (CO),
hidrogênio (H
2
) e metano (CH
4
), sendo esses componentes fundamentais na determinação do
poder calorífico do gás obtido. Além destes componentes citados acima, o gás gerado no
processo contém diversos outros gases inertes, tais como: dióxido de carbono (CO
2
),
nitrogênio (N
2
), vapor d’água, etc.
As impurezas contidas no gás gerado são verdadeiros “vilões” no processo de
gaseificação. Esses contaminantes quando não removidos, causam graves problemas nos
equipamentos que utilizam o gás como combustível.
Um dos maiores contaminantes presentes no gás de biomassa é o alcatrão, esse
composto é constituído de uma complexa mistura de hidrocarbonetos condensáveis,
principalmente aromáticos.
Segundo Guigon e Large (1990), o teor de alcatrão e particulados no gás obtido
através do processo de gaseificação, pode variar de acordo com tipo de reator utilizado na
produção do gás (Figura 6).
31
Figura 6 - Concentração de alcatrão e particulados no gás produzido em diferentes
gaseificadores (Guigon e Large, 1990)
Segundo Devi at. all. (2003), os métodos de remoção do alcatrão podem ser
classificados em: primários e secundários. Nos métodos primários ocorre um tratamento
interno ao gaseificador, com intuito de prevenir ou converter o alcatrão. A figura 7 mostra um
esquema de gaseificação com utilização de métodos primários de redução de alcatrão.
Figura 7 - Métodos Primários (DEVI et.al.,2003).
Os secundários são métodos de tratamento onde o alcatrão é removido após o
gaseificador. Esses métodos podem ser químicos ou físicos, podendo ser divididos em:
craqueamento (térmico ou catalítico) e métodos mecânicos, conforme mostra a figura 8.
32
Figura 8 - Métodos Secundários (DEVI et. al.,2003).
O craqueamento catalítico é um método de remoção de alcatrão muito eficiente devido
à utilização de catalisadores, tais como: dolomita, silicato de ferro e compostos de níquel.
O método de craqueamento térmico sofre redução na eficiência térmica do processo e
apresenta a necessidade de uma energia adicional. Essa energia adicional se trata basicamente
da injeção de um pequeno volume de ar, para manter a combustão e alcançar a temperatura de
craqueamento do alcatrão.
Os métodos mecânicos são sistemas compostos de ciclone, filtros de mangas, filtros
cerâmicos, lavadores de gases e separadores. Esses métodos apresentam grande eficiência na
remoção do alcatrão, no entanto, podem ser considerados inviáveis em casos que utilizam
água como fluido de limpeza. A água utilizada nesse processo se torna um efluente de difícil
tratamento e descarte, sendo mais adequada a utilização de outros métodos.
1.6. INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS OPERACIONAIS NO
GÁS PRODUZIDO
Segundo Narváez (1996), uma grande influência dos parâmetros operacionais na
qualidade do gás gerado. Os principais parâmetros operacionais estudados são: agente de
gaseificação, fator de ar, temperatura do leito, teor de alcatrão, percentual de cada
componente do gás obtido e seu poder calorífico (PCI e PCS).
33
1.6.1. Fator de ar
O fator de ar é definido como a relação entre a razão ar/combustível real (
ca
V
/
) e o ar
estequiométrico (
est
ar
), conforme visto na equação 1.11.
est
ca
ar
V
FA
/
=
(1.11)
Esse parâmetro é muito importante na operação de um reator, na bibliografia
encontramos valores de fator de ar entre 0,2 e 0,4 (Gómez, 1996).
Paasen (2004) comprovou a influência do fator de ar na temperatura do leito e do
freeboard em operações com gaseificadores de leito fluidizado borbulhante atmosférico
utilizando o ar como agente oxidante e lenha como biomassa (figura 9).
700
750
800
850
900
950
1000
0.22 0.23 0.24 0.25 0.26 0.27 0.28 0.29 0.3
Fator de ar
Temperatura (°C)
Temp. do leito Temp. do freeboard
Figura 9 - Variação da Temperatura do leito em relação ao fator de ar (adaptado Paasen,
2004)
1.6.2. Temperatura do leito
A temperatura do leito é um parâmetro de grande influência na operação dos
gaseificadores, assim como na qualidade final do gás obtido. Tendo em vista a sua
importância, muitos pesquisadores têm se dedicado ao estudo desse parâmetro. A Tabela 1.1
34
mostra a influência da temperatura em operações realizadas com casca de arroz em
gaseificadores de leito fluidizado borbulhante atmosférico.
Tabela 1.1 - Principais parâmetros relacionados a operação e a qualidade do gás obtido
Característica Fonte
Andrade (2003)
Jiang (2003) Sanches (1994)
Ferrero (1989)
Eficiência [%] n.d. 43 63-67
Temperatura de operação do
leito [°C]
780 550-770 759 721-871
Alimentação [kg/h] n.d. 25 n.d. 75-105
Velocidade superficial [m/s]
n.d. 0,495 0,75 n.d.
Fator de ar 0,21 0,122 0,55 n.d.
Agente fluidizante ar ar ar n.d.
Composição do gás gerado
% (Vol.)
N
2
n.d. n.d. n.d. 61,19
O
2
n.d. 1,67 n.d. n.d.
CO 14 14 11,7 12,31
CO
2
n.d. 14 n.d. 13,62
H
2
2,4 2,2 4,3 5,46
CH
4
5 4,74 2,8 5,99
C
2
H
4
n.d. n.d. n.d. 1,13
PCI [MJ/Nm³] 3,8 4 4 4,1-6,2
n.d. não determinado ou reportado
35
1.6.3. Teor de alcatrão no gás obtido
O alcatrão proveniente do gás de biomassa é uma complexa mistura de hidrocarbonetos
condensáveis que contém principalmente, compostos poliaromáticos. Segundo Nordgreen
(2006), o alcatrão é definido como todo contaminante orgânico com peso molecular superior
ao do benzeno.
A importância desse parâmetro operacional está relacionada diretamente a qualidade do
gás gerado, pois na verdade, os altos teores de alcatrão danificam os equipamentos e reduz sua
vida útil.
Estudos realizados comprovam a influência da temperatura de operação no teor de
alcatrão contido no gás. Segundo Paasen (2004), testes experimentais utilizando madeira
como biomassa constataram uma queda significativa no teor de alcatrão em operações com
temperaturas próximas de 820°C. Contudo, é importante ressaltar que não é aconselhável
operar com temperaturas acima dos 850°C, pois elevadas temperaturas de operação
ocasionam paradas do sistema devido a fusão das cinzas com material inerte do leito.
1.6.4. Composição do gás obtido
Os principais componentes contidos no gás de biomassa são monóxido de carbono
(CO), hidrogênio (H
2
), metano (CH
4
), os inertes dióxido de carbono (CO
2
) e nitrogênio (N
2
),
com presença de C
2
H
4
, C
2
H
6
e C
3
H
6
. O percentual em volume desses componentes contidos
no gás gerado é influenciado pelas condições operacionais do processo.
Segundo Lv at. all. (2004), influência da temperatura, do fator de ar e do tamanho
médio da partícula de biomassa na composição em volume do gás obtido. Na figura 10,
observa-se a influência do fator de ar na composição percentual em volume do gás produzido
em operação com casca de arroz com o gaseificador de leito fluidizado borbulhante do
NEST/IEM/UNIFEI.
36
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0,21 0,23 0,25 0,27 0,29 0,31
Fator de ar
CO, CH4 e H2 (% vol.)
CO CH4 H2
Figura 10 - Influência do fator de ar na composição percentual em volume do gás obtido
(Aguiar, 2003)
1.6.5. Agente oxidante
O agente oxidante utilizado nos gaseificadores de leito fluidizado tem grande
influência na qualidade final do gás obtido. Esse agente fluidizante, como também é chamado,
influência no poder calorífico, na composição percentual, no teor de alcatrão, assim como na
operação desses equipamentos.
Os principais agentes oxidantes utilizados nos gaseificadores são ar, o vapor ou o
oxigênio puro. Na tabela 1.3, mostramos a influência do agente oxidante e da pressão do
reator na qualidade final do gás produzido, em especial o poder calorífico do gás (PCI).
Tabela 1.2 - Influência do de agente oxidante e da pressão de operação na qualidade do gás
obtido ( NOGUEIRA E LORA,2003)
Agente de gaseificação Ar Vapor de água Oxigênio
Pressão de operação Atmosférico Atmosférico Pressurizado
Poder calorífico (MJ/Nm
3
) 4-6 10-18 8-14
37
1.7 PLANTAS DE GASEIFICADORES DE LEITO
FLUIDIZADO
Neste item observam-se algumas características construtivas e operacionais de algumas
plantas de gaseificadores de Leito Fluidizado borbulhante (GLFB) e Circulante (GLFC)
existentes em todo mundo (Tabelas 1.4 e 1.5).
Tabela 1.3 - Algumas plantas de GLFB e suas características (National Energy Technology
Laboratory, 2002)
Equipamento/
pressão
operação
Agente
oxidante
Temperatura
(°C)
Combustível
(Consumo)
Poder
Calorífico
(MJ/Nm
3
)
Fabricante
GLFB
atmosférico
Ar 650
Madeira (100
t/dia)
5,6
EPI –Energy
products of
Idaho
GLFB
pressurizado (15
bar)
O
2
, vapor 700-900
Madeira/
(50 t/dia)
5,52 Stein
GLFB
pressurizado
(20-23 bar)
Ar, vapor 850-950
Madeira
(45t/dia)
4 a 6 Tampella
Tabela 1.4 - Algumas plantas de GLFC e suas características (National Energy Technology
Laboratory, 2002)
Equipamento/
pressão
operação
Agente
oxidante
Temperatura
(°C)
Combustível
(Consumo)
Poder
Calorífico
(MJ/Nm
3
)
Fabricante
GLFC
atmosférico
Ar 700-950
Madeira
(9t/dia)
4-7
TPS - Termiska
Processer
GLFC
atmosférico
Ar 850-900
Resíduos
florestais
(45-100t/dia)
4,5-5,5 Aerimpianti
GLFC
atmosférico
Ar 800
Casca de
Madeira
(84-108t/dia)
5,8 Lurgi
38
1.8 MODELOS DE LEITO FLUIDIZADOS
A modelagem de um processo não é uma tarefa fácil, que se espera que o modelo
seja o mais fiel possível a realidade e represente um determinado fenômeno sem grandes
desvios. Todavia, para que seja possível a idealização de um modelo a necessidade de se
fazer algumas considerações, pois do contrário, a solução do problema seria extremamente
complexa.
Sendo assim, os modelos podem assumir hipóteses como o regime permanente;
restrições na dimensão do problema, por exemplo, ser unidimensional; fluido incompressível;
regime laminar; entre outros.
A evolução tecnológica tem ajudado no desenvolvimento de modelos mais complexos
e mais abrangentes. O tempo de processamento, que é um dos grandes limitantes dos
modelos, tem sido reduzido com o aparecimento de computadores cada vez mais velozes.
Nos últimos anos, como conseqüência dessa evolução, começaram a ser
disponibilizados diferentes pacotes comerciais que utilizam o método de volumes finitos
como, por exemplo, o CFX, o FLUENT e o ASPEN, os quais permitem a modelagem de
diferentes fenômenos envolvendo mecânica dos fluidos, transferência de calor e combustão.
Os métodos que envolvem processo de conversão termoquímica (combustão e
gaseificação) são complexos necessitando algumas vezes da introdução de constantes
cinéticas ou ainda rotinas especificas, como no caso de modelos de volatilização.
Especificamente para o caso da gaseificação existe um pacote comercial denominado
de CSFB - Comprehensive Simulator for Fluidized Bed Equipment que se propõe a modelar
reatores de leito fluidizado, tais como caldeiras e gaseificadores.
Neste trabalho pretende-se avaliar a capacidade desse software em modelar
gaseificadores de leito fluidizado borbulhante através da comparação de resultados
experimentais e dos resultados gerados pelo software.
1.8.1. Modelos de gaseificação em Leito Fluidizado
Muitos pesquisadores têm se dedicado ao estudo e desenvolvimento de modelos de
gaseificadores, seja eles de leito fixo ou leito fluidizado, os quais são complexos devido aos
fenômenos envolvidos no funcionamento desses equipamentos. Sabe-se que o comportamento
do processo de gaseificação depende de muitos fatores, por exemplo: tipo de material
39
envolvido no processo, temperatura e pressão de operação, tempo de residência do sólido e do
gás no reator e taxa de alimentação ar/biomassa.
Segundo Ergudenler (1997), para se realizar a modelagem de um reator químico é
fundamental entender e representar a natureza física e hidrodinâmica do sistema, para depois
inserir parâmetros cinéticos e químicos.
Buekens (1984) apresentou em seu trabalho uma ampla revisão bibliográfica e
classifica os modelos em várias classes, como descrito a seguir:
Modelo de equilíbrio: O reator é considerado uma “caixa” com informações de
entrada de ar e combustível. A composição do gás é calculada com uma temperatura de
reação constante, utilizando-se reações de equilíbrio homogêneas ou heterogêneas. Quando
todas as substâncias envolvidas no equilíbrio se encontram no mesmo estado físico diz-se que
um equilíbrio homogêneo. Analogamente, o equilíbrio onde estão envolvidas mais de uma
fase é chamado de equilíbrio heterogêneo.
Modelo cinético: O reator é dividido em regiões, onde cada região se encontra em
equilíbrio químico, e a temperatura é determinada pelo balanço de energia dessas regiões,
separadamente.
Modelo estacionário ou em regime permanente: Este modelo tem como base as
equações governantes por espécie química, energia na fase sólida e energia na fase gasosa
com termos transientes desprezíveis. Alguns modelos consideram a mesma temperatura do
gás e do sólido.
Modelo semi-transiente: Os termos transientes nas equações governantes são
calculados supondo um estado pseudo - estacionário, tendo como base a hipótese de regime
permanente.
Modelo transiente: As equações governantes são utilizadas sem simplificações.
Cousins (1978) elaborou um modelo simplificado, no qual foi assumido que a reação
fundamental na zona de redução é a reação de Boudouard havendo algumas hipóteses
simplificadoras, tais como:
• O combustível é formado apenas de C, H, O e N;
40
• O enxofre e as suas reações são desprezíveis;
• Todo nitrogênio entrando na zona de redução, sai na forma de N
2
;
• A reação de formação de amônia (NH
3
) é desprezada;
• Todo o carbono e hidrogênio são convertidos em CO
2
e H
2
O na zona de oxidação.
Adicionalmente outros tipos de modelos são encontrados na literatura, por exemplo:
• Modelo Termodinâmico ( Double, 1989; Bacon ,1985)
• Modelo de fase única (Prudy, 1981; Carman e Amudson, 1979)
• Modelo de duas ou três fases (Van den Aaren, 1986)
• Modelo transiente (Weimer e Clough, 1981)
A maioria dos modelos de duas fases em leitos fluidizados podem ser divididos em
duas regiões: fase de baixa densidade e fase de alta densidade.
Nos modelos de três fases um comportamento combinado gás-sólido. Estes
modelos têm sido aplicados em estudos da combustão do carvão em leito fluidizado operando
em regime permanente (Chen, 1977).
Kaupp (1984) identificou seis características dos combustíveis que afetam diretamente
a qualidade do gás produzido, são eles:
• Forma física e estrutura da partícula combustível;
• Umidade;
• Teor de voláteis;
• Conteúdo de cinza;
• Composição da cinza;
• Poder calorífico.
Com relação ao modelo de equilíbrio, podemos citar o programa STANJAN
(Reynolds, 1986), que é escrito em FORTRAN e foi desenvolvido por Reynolds na
Universidade de Stanford e empregado na Joint Army-Navy-Air Force (JANAF) (Stull e
Prophet, 1971). Este programa pode calcular o equilíbrio entre múltiplas fases, além de
fornecer um eficiente algorítmo para minimizar a energia livre de Gibbs nas misturas.
O Chemkin é um pacote adicional de subrotinas do FORTRAN, que facilita a
modelagem de reações químicas (Kee, 1980). A aplicação dessas subrotinas é de grande
41
interesse em aplicações onde se utiliza cálculos termodinâmicos e problemas envolvendo
cinética química.
Outro modelo de finalidade hidrodinâmica, que descreve reações químicas e
transferência de calor em escoamentos densos ou diluídos, é conhecido como MFIX –
“MULTIPHASE FLOW WITH INTERPHASE EXCHANGE” (Syamlal, 1994). Este modelo
calcula detalhadamente dados relacionados à pressão, temperatura, composição e a
distribuição de velocidade nos reatores.
Alguns trabalhos de modelagem têm sido realizados utilizando o ASPEN
(“ADVANCED SYSTEM FOR PROCESS ENGINNERING”), esta ferramenta de
modelagem foi desenvolvida pelo Instituto de Tecnologia da Universidade de Massachusets.
O ASPEN, de acordo com o DOE - United States Department of Energy, simula
processos de conversão de carvão vegetal servindo como ferramenta de modelagem química,
geração de potência e outros processos (Sotudeh-Gharebaagh, 1997). O “ASPEN PLUS” é
amplamente utilizado em projetos na indústria química, devido a sua capacidade de simular
variados processos.
O CSFB “COMPREHENSIVE SIMULATOR FOR FLUIDIZED BED
EQUIPMENT” (Souza Santos, 2001) é um modelo gás-sólido, em regime permanente e
unidimensional. Esse pacote comercial faz uso da fluidodinâmica, da transferência de calor e
da cinética química.
Maiores detalhes relacionados ao princípio de funcionamento, restrições, hipóteses do
modelo e comparação com resultados experimentais obtidos na planta do NEST/IEM/UNIFEI
serão abordados no decorrer deste trabalho.
42
Capítulo 2
FLUIDIZAÇÃO
2.1. INTRODUÇÃO
Como visto anteriormente, os reatores de leito fluidizado são divididos em leito
fluidizado borbulhante e circulante.
Os primeiros trabalham com menores velocidades de fluidização, maiores tamanhos de
partícula e baixo tempo de residência no interior do reator. Com relação a seu desempenho,
podemos afirmar que esses gaseificadores apresentam certo limite no que se refere a liberação
de potência por unidade de área.
Os gaseificadores de leito fluidizado circulante operam com velocidades mais altas e
maiores taxas de recirculação de particulados, que de certo modo ocasiona em um maior
tempo de residência das partículas no interior do reator, consequentemente um aumento de
sua eficiência.
Segundo Geldart (1973), a fluidização do leito depende do agente oxidante, da
velocidade de fluidização e do tamanho e forma das partículas. Nos próximos itens desse
capítulo, realizam-se uma abordagem relacionada às etapas de fluidização e as principais
características fluidodinâmicas aplicadas a reatores de leito fluidizado.
43
2.2. ETAPAS DE FLUIDIZAÇÃO
Segundo Souza-Santos (1996), a velocidade superficial de nima fluidização (V
mf
)
constitui-se um importante parâmetro, pois permite verificar se as condições de fluidização no
leito de partículas sólidas foram sido alcançadas ou não.
Durante o aumento da velocidade superficial do gás no interior do reator, encontramos
diferentes comportamentos ao longo da fluidização. Estas etapas serão abordadas ao longo
desse item, tendo como base o gráfico da figura 11.
Figura 11 - Variação da perda de carga no leito em função da velocidade superficial (adaptado
Rhodes (1998))
Primeira Etapa: Esta etapa consiste de um leito fixo (estático), ou seja, as partículas contidas
no interior do reator sofrem um aumento progressivo da força de arraste, consequentemente,
ocorre um aumento de perda de pressão ao longo do leito. Este fenômeno acontece devido ao
aumento da velocidade superficial das partículas. Na verdade, com o aumento da velocidade
superficial, as partículas tendem a apresentar uma menor resistência ao escoamento,
ocorrendo uma expansão quase uniforme do leito. Um dos fenômenos ocorridos no início da
fluidização está relacionado ao peso efetivo das partículas contidas no interior do reator, sabe-
Queda de
pressão
(
p
)
Velocidade superficial do gás (
sg
υ
)
V
mf
V
tr
1° etapa 2° etapa 3° etapa
44
se que ao iniciar o processo de fluidização, as forças de arraste do gás em movimento estão
em equilíbrio com o peso efetivo das partículas. Uma forma matemática para descrever esse
processo será mostrada conforme a equação 2.1 (Kunii e Levenspiel (1977)).
gHLP
gsmfmffluxo
))(1(
ρρε
=
(2.1)
Onde:
fluxo
P
:
Queda de pressão do gás através do leito (N/m
2
)
mf
HL
:
Altura do leito nas condições de mínima fluidização (m)
mf
ε
:
Porosidade do material do leito nas condições de mínima fluidização
s
ρ
:
Densidade do material sólido do leito (kg/m
3
)
g
ρ
:
Densidade do gás (kg/m
3
)
g:
Aceleração da gravidade (m/s
2
)
No caso de mínima fluidização, a equação 2.1 pode ser simplificada, conforme
mostrada a equação 2.2.
g
HL
P
gsmf
mf
fluxo
))(1(
ρρε
=
(2.2)
Para uma queda de pressão num leito fixo de partículas não esféricas e tamanhos iguais,
podemos definir a formulação conforme a equação de Ergun (equação 2.3).
)(
)()1(
75,1
)(
)()1(
150
3
2
2
3
2
pef
sggf
pef
sggf
f
fluxo
dd
HL
P
φε
υρε
φε
υµε
+
(2.3)
Onde:
:
f
HL
Altura do leito fixo de partículas (m)
:
f
ε
Porosidade do material inerte do leito na condição de leito fixo (estacionário)
45
:
g
µ
Viscosidade dinâmica do gás (Pa.s)
:
sg
υ
Velocidade superficial do gás de fluidização (m/s)
:
pe
d
Diâmetro da esfera com o mesmo diâmetro que a partícula (m)
:
φ
Esfericidades das partículas
Muitos materiais além de o esféricos, possuem diferentes tamanhos de partículas,
sendo necessária a determinação da granulometria, para em seguida determinar seu diâmetro
médio equivalente de partícula (D
p
). Para este caso, é necessário substituir o d
pe
pelo D
p
na
equação 2.3.
A combinação das equações 2.1 e 2.3, obtém-se a equação de Ergun (equação 2.4).
2
3
2
3
2
3
)(
)(
)1(150
)(
75,1
g
gsgp
g
gmfp
mf
mf
g
gmfp
f
gDDD
µ
ρρρ
µ
ρυ
φε
ε
µ
ρυ
φε
=
+
(2.4)
Onde:
:Re
g
gmfp
pmf
D
µ
ρυ
Número de Reynolds da partícula na condição de mínima
fluidização
:
)(
2
3
g
gsgp
gD
µ
ρρρ
Número de Arquimedes para o sistema bifásico (gás-sólido)
Nas condições de mínima fluidização, com intuito de simplificar ainda mais a equação
2.4 (equação de Ergun). Foram sugerido por Wen e Yu as seguintes relações (equações 2.5 e
2.6), para casos onde os valores de
mf
ε
e
φ
sejam desconhecidos, ou somente um deles seja
conhecido.
14
)(
1
3
φε
mf
(2.5)
11
)(
)1(
2
3
φε
ε
mf
mf
(2.6)
Substituindo as relações propostas por Wen e Yu (1966) na equação 2.4, obtém-se as
seguintes equações simplificadas.
46
:
1650
)(
2
g
gsp
mf
gD
µ
ρρ
υ
=
Velocidade superficial mínima de fluidização para
pequenas partículas, com 20Re <
pmf
.
(2.7)
5,0
5,24
)(
=
g
gsp
mf
gD
ρ
ρρ
υ
Velocidade superficial mínima de fluidização para
grandes partículas, com 100Re >
pmf
.
(2.8)
Para uma ampla variedade de partículas, válida para toda faixa de números de
Reynolds, temos:
1
5,0
2
3
2
2
1
)(
c
gD
cc
D
g
gsgP
g
mfgp
+=
µ
ρρρ
µ
υρ
(2.9)
Onde: Segundo Gómez (1996), c
1
e c
2
são constantes obtidas experimentalmente, que
englobam os valores esfericidade e porosidade do material (tabela 2.1).
Tabela 2.1 – Constantes obtidas experimentalmente
c
1
c
2
Referência Bibliográfica
32,09 0,0415 Santana e D’ Ávila (1986)
33,70 0,0408 Wen e Yu (1966)
25,25* 0,0651* Souza- Santos (1996)
*Especificamente para carvão mineral
Segunda Etapa: Após uma expansão quase uniforme do leito é atingida a velocidade mínima
de fluidização (V
mf
). Nesta etapa apresentamos certo equilíbrio entre a força exercida sobre o
gás e o peso das partículas no interior do leito. No gráfico da figura 11, mostra o
comportamento constante da perda de carga, embora haja um aumento da velocidade
superficial, este estágio é tratado segundo a literatura como fluidização incipiente. Um
importante fenômeno surgido nesta etapa é a ocorrência de uma disposição bifásica ao longo
do reator, essa disposição bifásica consiste de uma fase de emulsão (fase densa) e uma fase de
bolhas (fase diluída).
47
Terceira Etapa: Com o aumento da velocidade superficial, atingimos a velocidade de
transporte das partículas (V
tr
), após ultrapassar essa velocidade passamos de regime
borbulhante para turbulento. Essa etapa consiste um aumento brusco da quantidade de
partículas transportadas, razão pela qual, chamamos de regime de transporte pneumático.
2.2.1. Velocidade Terminal
Em leito fluidizado bifásico (gás-sólido), sabe-se que as partículas sólidas se
movimentam sem conservar uma posição definida. Segundo Gómez (1996), este estado
fluidodinâmico é caracterizado por ter uma velocidade superficial superior à velocidade
superficial de mínima fluidização e inferior à velocidade terminal de uma partícula ou do
conjunto das mesmas, caracterizadas pelo diâmetro médio equivalente (d
p
).
Segundo Kunii e Levenspield (1977), define a velocidade terminal como a máxima
velocidade do gás que limita o leito fluidizado, ou seja, a velocidade da partícula que produz a
sua elutriação do reator.
Para se determinar na prática a velocidade terminal das partículas de um material sólido
qualquer, é utilizado o método da medida de velocidade da corrente do fluido necessária para
se equilibrar a partícula sólida ou o conjunto das mesmas, mantendo-as suspensas nesta
corrente gasosa (Gómez, 1996).
A velocidade terminal de uma partícula ou do conjunto delas pode ser determinada
teoricamente, através do uso de diferentes equações que relacionam as propriedades físicas do
material sólido e do gás que o percorre. Souza-Santos (1996) utiliza o seguinte cálculo
interativo para se estimar a velocidade terminal de partículas esféricas.
1. Determinar o número de Reynolds da partícula (Re
p
)
g
tgp
p
vd
µ
ρ
=Re
(2.10)
2. Determinamos a fórmula de velocidade terminal a ser utilizada tomando como base o
número de Reynolds da partícula (Re
p
)
48
p
gg
gp
t
d
g
v
3/1
22
225
)(4
=
µρ
ρρ
Para 0,4 <Re
p
<500 (2.11)
g
pgp
t
dg
v
µ
ρρ
18
)(
22
=
Para Re
p
<0,4 (2.12)
5,0
)(1,3
=
g
pgp
t
gd
v
ρ
ρρ
Para Re
p
>500 (2.13)
2.2.2. Altura do Leito Expandido
A altura de leito expandido pode ser estimada através da equação 2.14. Segundo
Gómez (1996), está expressão pode ser utilizada devido a falta de dados do sistema sólido-gás
nas condições de mínima fluidização.
f
f
HH
=
ε
ε
1
1
(2.14)
Onde:
H
: altura do leito expandido mm
f
H :
altura do leito estático mm
f
ε
:
porosidade do leito na condição de mínima fluidização
ε
:
porosidade do leito expandido
Segundo McCabe (1991), o valor da porosidade do leito na condição de mínima
fluidização (
f
ε
), para partículas esféricas, está compreendido entre 0,4 e 0,45, aumentando,
49
ligeiramente, ao diminuir o diâmetro da partícula. Detalhes referentes ao cálculo desse
parâmetro são abordados no capitulo 5 desse trabalho.
2.3. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS PARTÍCULAS
ENVOLVIDAS NA FLUIDIZAÇÃO
As características físicas das partículas envolvidas na fluidização são importantes
parâmetros avaliados no processo. A importância dessas características está intimamente
ligada à fluidodinâmica dos reatores. Como principais características físicas das partículas,
têm-se:
Densidade das partículas (kg/m
3
): A densidade é definida como a razão entre a massa
de uma partícula e o seu volume hidrodinâmico (equação 2.15). Este volume
hidrodinâmico da partícula inclui o volume de todos os poros abertos e fechados
(figura 12).
Figura 12 - Volume hidrodinâmico de uma partícula (Rhodes (1998))
partícula da icohidrodinâm volume
partícula da massa
partícula de Densidade =
(2.15)
Densidade verdadeira da partícula: razão entre massa da partícula e o volume ocupado
por ela (equação 2.16).
50
particula cadapor ocupado volume
partícula da massa
partícula da a verdadeirDensidade =
(2.16)
Esfericidade das partículas (
φ
): Segundo Peçanha e Massarani, (1980) (citado por
Gómez (2002)), uma definição que obtém resultados satisfatórios estabelece a seguinte
definição de esfericidade (
φ
):
d
d
e
i
=
ϕ
(2.17)
Onde:
i
d :
Diâmetro do menor círculo inscrito ao sólido (mm)
e
d :
Diâmetro do maior círculo circunscrito ao sólido (mm)
Na Figura 13 mostra-se uma foto do material inerte obtida em um microscópio de varredura
(Gómez, 2002).
Figura 13 - Representação dos diâmetros (
i
d e
e
d ) na partícula (Gómez 2002).
Granulometria das partículas: Devido as formas irregulares das partículas,
necessidade de terminar a granulometria dessas partículas. A distribuição do tamanho
das partículas é determinada através da porcentagem de massa retida na peneira
levando em conta os diâmetros dos orifícios de cada peneira.
51
Diâmetro médio (
m
d ): O diâmetro médio de uma partícula é uma importante
definição, tendo em vista a dificuldade da caracterização dimensional do material. O
diâmetro médio (
m
d ) é determinado da seguinte forma (Kunii e Levenspiel 1977):
1
=
i
i
m
d
x
d (2.18)
Onde:
i
d :
Diâmetro médio das partículas retidas entre uma peneira e a sua subseqüente
(mm)
i
x : Fração mássica das partículas com diâmetro médio igual a
i
d
2.4. FRAÇÃO DE VAZIOS NO LEITO
A fração de vazios representa os espaços vazios existentes entre as partículas sólidas
que formam o leito. Sabe-se que esse parâmetro depende do tipo, tamanho e da disposição
dessas partículas no leito. A fração de vazios no leito (
ε
) pode ser determinada da seguinte
forma:
L
SL
V
VV
=
ε
(2.19)
Onde:
L
V
:
Volume do leito (m
3
)
S
V :
Volume dos sólidos (m
3
)
O volume do leito (
L
V
) é representado por:
LL
AHV
=
(2.20)
52
Onde:
L
H
:
Altura do leito (m)
A: Seção transversal do leito (m
2
)
Tendo a massa das partículas (
P
m
), a densidade do leito (
L
ρ
) é calculada da seguinte
forma:
L
P
L
V
m
=
ρ
(2.21)
Com a densidade dos sólidos (
P
ρ
) e massa das partículas (
P
m
), obtém-se o volume dos
sólidos (
S
V ), este volume corresponde ao espaço que as partículas ocupariam caso não
existisse espaço vazio entre elas. Desse modo determina-se à fração de vazios em termos de
densidade do leito e partículas:
P
L
ρ
ρ
ε
=
1
(2.22)
2.5. CLASSIFICAÇÃO DAS PARTÍCULAS
Tendo em vista as diversas quantidades de partículas, sabe-se que nem todas elas
podem ser fluidizadas de forma eficiente. Muitas variáveis, tais como densidade e tamanho
médio das partículas tendem a apresentar diferentes padrões no processo de fluidização.
Geldart (1973) caracterizou as partículas pelas suas diferenças de densidade
(
gásp
ρρ
) e tamanho médio, classificando-as em quatro grupos de acordo com as suas
propriedades e condições ambientes.
A classificação de pós realizada por Geldart é amplamente usada em todos os campos
da tecnologia de pó e podem ser descritas da seguinte forma: (Rhodes, 1998)
53
Grupo A Este grupo corresponde aos particulados que fluidizados por ar nas
condições ambientes, originam a região de fluidização não-borbulhante, que se inicia a
velocidade mínima de fluidização (V
mf
), seguida por fluidização borbulhante com o
aumento da velocidade de fluidização.
Grupo B Grupo de particulados que dão somente fluidização borbulhante nas
condições de mínima fluidização.
Grupo C Grupo correspondente aos particulados muito finos, aderentes e
extremamente difíceis de fluidizar.
Grupo D Grupo composto de partículas grandes que possuem a habilidade para
produzir leitos de jorro profundos
A classificação de Geldart relacionada aos grupos dos particulados está representada de
acordo com a figura 14.
Figura 14 - Classificação de pós de Geldart (Geldart, 1986)
Segundo Rhodes (1998), as propriedades de fluidização de um material particulado em
ar podem ser preditas podendo estabelecer em qual grupo se encontra. No entanto, é
importante lembrar que para temperaturas e pressões acima da ambiente, um particulado pode
aparecer em um grupo diferente do que ocupa em condições ambientes, isto ocorre devido ao
54
efeito das propriedades do gás no agrupamento. Na tabela 2.2 apresenta-se um resumo das
principais características relacionadas às propriedades típicas das diferentes classes de pó.
Tabela 2.2 - Principais características das partículas segundo Geldart (Rhodes, 1998)
GRUPO GRUPO C GRUPO A GRUPO B GRUPO D
Característica
mais
relevante
Fluidização
Difícil
Ideal para
fluidização
Inicia o
borbulhamento
a V
mf
Sólidos grossos
Sólidos
típicos
Farinha de trigo e
cimento
Cracking
catalitico
Areia de
construção
Cascalho e
grãos de café
Propriedades
Expansão
do leito
Baixa devido a
canalização
Alta Moderada Baixa
Taxa
de aeração
Inicialmente
rápida em seguida
exponencial
Lenta e linear Rápida Rápida
Propriedades
das bolhas
Sem bolhas -
canalização
As bolhas
quebram e
coalescem –
tamanho de bolha
máximo
Sem limites
de tamanho
Sem limites de
tamanho
Mistura
de sólidos
Muito baixo Alto Moderado Baixo
Gás
Backmixing
Muito baixo Alto Moderado Baixo
Jorro
Não Não
Somente na
superfície
Sim, mesmo
leitos
profundos
55
Capítulo 3
PLANTA DE GASEIFICAÇÃO DO NEST/IEM/UNIFEI
3.1. EQUIPAMENTO
A planta de gaseificação utilizada para os testes experimentais é composta de um
gaseificador de leito fluidizado borbulhante localizado nas instalações do Núcleo de
Excelência em Geração Termoelétrica e Distribuída NEST/IEM/UNIFEI.
A fabricação desse reator foi realizada pela TERMOQUIP ENERGIA
ALTERNATIVA, com apoio financeiro da CEMIG, em parceria com a Universidade Federal
de Itajubá - UNIFEI. O projeto da planta foi realizado por Van den Enden e Lora (2004),
utilizando o software CSFB – Comprehensive Simulator for Fluidized Bed Equipament,
desenvolvido pelo professor Marcio Souza-Santos da Faculdade de Engenharia Mecânica de
Campinas.
Na tabela 3.1 são mostradas as principais características de projeto do gaseificador
gerado pelo software CSFB.
56
Tabela 3.1 - Principais características de projeto do original gaseificador (Van den Enden e
Lora, 2004)
Parâmetros Unidades
Valor
Combustível Bagaço de cana
Vazão de combustível kg/s 0,03
Umidade do combustível % 15
Posição do ponto de alimentação (altura) m 0,3
Diâmetro da seção interna do leito m 0,57
Altura dinâmica do leito m 2
Diâmetro interno do Freeboard m 0,75
Altura do Freeboard m 3
Vazão de ar (agente oxidante) m
3
/s 0,032
Temperatura do leito °C 1000
Vazão de saída de gás Nm
3
/s 0,052
Temperatura de saída de gás °C 800
Poder calorífico inferior do gás MJ/Nm
3
4,7
Potência térmica kW 245
Eficiência a frio % 57
Eficiência a quente % 75
Como observado na tabela 3.1 e no decorrer do trabalho, o programa necessita da
altura dinâmica do leito como dado de entrada; parâmetro este, de difícil determinação. O
autor do software CSFB reconhece isto, mas insiste que não tem um modelo que permita uma
aproximação confiável da altura dinâmica partindo da altura estática do leito. Para modelagem
de um equipamento existente, ele propõe ajustar o modelo ao valor real observado. No caso
do projeto é necessário assumir o valor da altura dinâmica.
Os resultados gerados no software CSFB foram obtidos conforme a metodologia
proposta pelos autores do projeto. Esta metodologia foi dividida em duas etapas:
Primeira etapa: Consiste na determinação das principais vazões de ar e biomassa,
dimensões do reator, dimensões da placa distribuidora e estimativa de outros
parâmetros operacionais e de projeto.
57
Segunda etapa: Esta etapa foi realizada com o auxilio do software CSFB, na qual foi
possível obter melhores parâmetros operacionais e de projeto do reator. Os principais
parâmetros de desempenho avaliados pelo software CSFB foram:
Avaliação da influência do fator de ar nas condições operacionais e na
qualidade do gás gerado.
Determinação do melhor ponto de introdução da biomassa no reator.
Influência da altura dinâmica do leito no desempenho do equipamento e
qualidade do gás gerado.
Na figura 15 é mostrado um esquema relacionado a metodologia utilizada no projeto
do gaseificador de leito fluidizado borbulhante utilizando o programa CSFB.
Figura 15 - Esquema da metodologia utilizada no projeto do gaseificador de leito fluidizado
borbulhante (Van den Enden e Lora (2004))
Dados do
Gaseificador
Dimensionamento
preliminar
Melhoria do desempenho
(uso CSFB)
Resultados
-
Potência térmica da
planta
-Analise elementar e
imediata da biomassa
-Distribuição do tamanho
de partículas
Parâmetros estimados:
-Poder calorífico do gás
-Eficiência do gaseificador
-Fator de ar
Resultado dos cálculos:
-Biomassa consumida
-Vazão de ar
-Diâmetro interno do
gaseificador
Geometrias e tipo de placa de
distribuição
Primeira estimativa da altura
do leito, localização do ponto
de alimentação da biomassa,
dados geométricos do
freeboard (altura e diâmetro)
Diâmetro, altura e isolament
o
Freeboard
Objetivos: obtenção de valores máximos
de eficiência e qualidade do gás gerado.
Esses valores foram obtidos através da
variação de parâmetros operacionais e de
projeto.
Fator de ar para
uma dada
altura do leito
Densidade e
granulometria
do inerte
Altura do
leito expand.
Localização do ponto de
alimentação da biomassa
Valores recomendados para
projeto e parâmetros de
desempenho
-
Fator de ar
-Altura do leito
-Densidade e
granulometria do
inerte
-Localização do
ponto de alimentação
-Altura e diâmetro
do Freeboard
58
3.2. DESCRIÇÃO DO REATOR
O reator de leito fluidizado borbulhante do NEST/IEM/UNIFEI trabalha a pressão
atmosférica e utiliza ar como agente de gaseificação. No interior desse reator encontra-se
material inerte (óxido de alumina), que tem função primordial nas trocas térmicas e nas
reações existentes no interior do reator.
Sob o ponto de vista operacional o reator é dividido em partes, conforme será visto nos
itens abaixo.
3.2.1. Plenum
O plenum está situado na base do reator, e apresenta duas entradas laterais flangeadas.
Uma das entradas é responsável pelo pré-aquecimento do leito, através de um queimador a
GLP. A outra entrada é responsável pela passagem do agente oxidante (ar) no reator de leito
fluidizado, o ar é aspirado a temperatura ambiente e comprimido num compressor radial,
destinado ao processo de gaseificação. Com intuito de melhorar a eficiência do sistema, o ar
passa por um processo de aquecimento no interior do ciclone, onde recebe calor dos gases
produzidos na gaseificação e em seguida é injetado na parte inferior do plenum.
3.2.2. Placa distribuidora de ar
O distribuidor de ar é um dispositivo projetado para assegurar que o agente oxidante
sempre seja distribuído uniformemente pela seção transversal do leito. É uma parte crítica do
projeto de um sistema de leito fluidizado. Dados referentes ao projeto desses distribuidores
são encontrados nos estudos de Kunii (1991) e Basu (1984). Na figura 16 observa-se a placa
distribuidora do gaseificador de leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI, composta de 37
flutes (injetoras), sendo que cada injetor possui 4 furos radiais de 3 mm de diâmetro.
59
Figura 16 - Placa distribuidora
3.2.3. Leito
O leito é a região onde ocorre o processo de gaseificação, nessa região tem-se
aproximadamente 168 kg de inerte, correspondendo a uma altura estática de 500mm, abaixo
da especificação de projeto devido as condições operacionais do equipamento.
A parede do leito é constituída de concreto, tijolo refratário e fibra de cerâmica,
responsável por diminuir a transferência de calor para o ambiente. Na tabela 3.2 são
especificadas algumas dimensões do leito do gaseificador de leito fluidizado borbulhante.
Tabela 3.2 - Algumas dimensões da região do leito (Aguiar, 2003)
Especificação Dimensão (mm)
Diâmetro Interno 474
Altura Estática 500-1000
Altura Dinâmica 2000
Espessura de Isolamento 129
Segundo Van den Enden e Lora (2004), tendo como base os resultados das simulações
com o software CSFB, foi observada a influência da altura dinâmica do leito na qualidade do
gás gerado. Nas figuras 17 e 18, observam-se a influência da altura dinâmica do leito no poder
calorífico e no teor de alcatrão contido no gás.
60
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
0 1 2 3 4
Altura dimica do leito (m)
Teor de alcatrão no gás (% em
massa)
Figura 17 - Influência da altura dinâmica do leito no teor de alcatrão do gás (Van den Enden e
Lora, 2004)
De acordo com este resultado (figura 17), o gaseificador deve operar com uma altura
dinâmica do leito de 2,5 m (altura estática de aproximadamente 1,8 m), onde se observa
menor teor de alcatrão do gás gerado.
Quando se opera abaixo da altura dinâmica de 2,5m, ocorre baixo tempo de residência
das partículas no interior do reator, consequentemente, altos teores de alcatrão. Porém, se
ultrapassarmos muito a altura dinâmica de 2,5m, observa-se o fenômeno de Slug-Flow,
indesejável do processo de gaseificação. O fenômeno de Slug-Flow consiste no aumento das
bolhas no interior do reator causando oxidação dos combustíveis formados no processo de
emulsão.
61
3,6
3,7
3,8
3,9
4
4,1
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5
Altura dimica do leito (m)
Poder calorífico inferior do gás
(MJ/kg)
Figura 18 - Influência da altura dinâmica do leito no PCI do gás (Van den Enden e Lora
2004),
Na figura 18, observa-se com aumento da altura dinâmica do leito, um aumento no
tempo de residência das partículas no interior do reator, consequentemente, uma melhoria no
poder calorífico do gás, até um ponto ótimo de altura dinâmica do leito (2,5m). A partir desse
ponto ótimo de altura dinâmica, ocorre uma queda no poder calorífico do gás devido ao
fenômeno Slug-Flow.
3.2.4. Freeboard
A região de Freeboard está localizada acima da região do leito, até uma determinada
altura onde as partículas conseguem atingir antes de iniciar o movimento descendente em
direção ao leito fluidizado.
Segundo Rhodes (1998), a região do Freeboard (vão livre) pode ser dividida em 3
zonas, como mostra a figura 19.
62
Figura 19 - Densidade da partícula versus altura do reator (Rhodes, 1998)
A zona de respingo (splash) consiste na região acima da superfície do leito, essa região
apresenta a característica de retorno das partículas grossas para o leito.
Na zona de desprendimento, ocorrência da diminuição da concentração das
partículas finas em suspensão, com o aumento da altura.
Na terceira e última zona, denominada região de transporte diluído, que está localizado
acima da zona de desprendimento, observa-se nessa região um fluxo de partículas e uma
concentração de suspensão constante com a altura.
No ponto de vista de projeto de reatores, o termo TDH (“TRANSPORT
DISENGAGEMENT HEIGHT”) trata-se de um parâmetro de grande importância, pois o
sistema de saída de gases deve ser colocado acima do TDH.
Segundo Rhodes (1998), o TDH é definido como a altura entre a superfície do leito até
o topo da zona de desprendimento (figura 19). Sabe-se que acima do TDH, o fluxo de arraste
e a concentração de partículas são constantes.
63
Na literatura, muitos pesquisadores se dedicaram ao estudo de correlações empíricas
para o TDH, entre esses pesquisadores pode-se citar Horio (1980), que desenvolveu a equação
(3.1), descrita abaixo.
5,0
47,4
Bvs
dTDH =
(3.1)
Onde:
Bvs
d corresponde ao diâmetro volumétrico equivalente de uma bolha na superfície
Segundo Gómez (2002), as correlações existentes na literatura e utilizadas na maioria
dos modelos matemáticos para definição do TDH são variadas. Porém, algumas consideram o
TDH em função somente da velocidade superficial média do gás, ignorando a natureza do
fenômeno e desprezando as características das partículas a diferentes alturas do Freeboard.
Segundo Souza-Santos (1987), obtém-se a seguinte expressão para altura de TDH:
)2,187,16()(369,0
2,1
sgsgDTDH
Lnvvzz +=
(3.2)
Onde:
TDH
z :
é a altura TDH (m)
D
z :
é a altura dinâmica do leito (m)
sg
v :
é a velocidade superficial média do gás (m/s)
3.3. SISTEMA DE ALIMENTAÇÃO DO EQUIPAMENTO
No processo de gaseificação em leito fluidizado o desempenho operacional do sistema
de alimentação é um fator primordial nas operações do reator. A importância de um sistema
de alimentação eficaz está ligada a diversos fatores operacionais, tais como: o controle de
temperatura e a qualidade final do gás gerado.
Simulações realizadas no software CSFB demonstram a influência da altura do ponto
de alimentação da biomassa na qualidade do gás gerado. Na figura 20, observa-se baixo teor
64
de alcatrão em um ponto de alimentação situado próximo a 0,4m (altura medida a partir da
placa distribuidora). No projeto final do gaseificador do NEST essa medida é de 0,435 m.
1,55
1,6
1,65
1,7
1,75
1,8
1,85
0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7
Ponto de alimentação de biomassa (m)
Teor de alcatrão no gás (% em
massa)
Figura 20 - Influência da localização do ponto de alimentação na qualidade do gás (Van den
Enden e Lora, 2004)
O ponto de introdução da biomassa no reator não deve ser muito elevado, pois ao
aumentar a altura do ponto de alimentação, consequentemente, ocorrerá uma redução do
tempo de residência das partículas ocasionando uma perda na conversão de carbono, além de
aumentar o teor de alcatrão do gás gerado. Por outro lado, um ponto de alimentação próximo
à placa de distribuição resultará em um processo de combustão iminente, desfavorecendo o
processo de gaseificação e comprometendo o gás obtido.
Os principais componentes responsáveis pela alimentação da biomassa no interior do
reator fluidizado borbulhante do NEST/IEM/UNIFEI são:
Silo: Componente responsável pelo armazenamento do combustível (biomassa)
durante a operação do gaseificador.
Dosador: Componente responsável pela dosagem da quantidade de biomassa
necessária para o processo de gaseificação. O dosador está localizado entre o silo e a
rosca sem-fim, e possui um conversor de freqüência responsável pelo controle de sua
velocidade. Um dos problemas desse componente está relacionado a grande
65
sensibilidade quando submetido a elevadas temperaturas, devido à utilização de um
material sintético (borracha) na parte superior das paletas da válvula rotativa. Este
material sintético deve possuir certa flexibilidade para ajudar na passagem da
biomassa para a rosca sem fim do gaseificador.
Rosca sem fim: Componente responsável por introduzir o material proveniente do
dosador para o interior do reator.
3.4. INFLUÊNCIA DO FATOR DE AR NO PROJETO DO
REATOR
O desempenho do gaseificador pode ser avaliado através da sua eficiência (a frio e a
quente). Na figura 21, com a variação do fator de ar, observa-se melhor desempenho do
equipamento quando operando com fator de ar em torno de 0,3. No entanto, na figura 22, é
observada uma queda do poder calorífico do gás gerado em valores acima de 0,28.
20
30
40
50
60
70
80
0,2 0,22 0,24 0,26 0,28 0,3 0,32
Fator de ar
Eficiência (%)
eficiência a frio eficiência a quente
Figura 21 - Influência do fator de ar no desempenho do reator (Van den Enden e Lora 2004),
66
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
0,2 0,22 0,24 0,26 0,28 0,3 0,32
Fator de ar
Poder calorifico inferior (MJ/kg)
Figura 22 - Influência do fator de ar no poder calorífico do gás (Van den Enden e Lora
2004),
3.5. SISTEMAS AUXILIARES
Pré-aquecimento do leito: O sistema de pré-aquecimento realiza a queimada de GLP, que
aquece o material inerte contido no leito até uma temperatura de 400°C. Após atingir está
temperatura é realizada a introdução de biomassa no interior do reator, iniciando a combustão,
seguida do processo de gaseificação.
pós-queimador: A principal função do “flare” é incinerar os gases não utilizados na geração
de calor e/ou eletricidade. Esses gases são queimados na parte inferior interna do pós-
queimador, através da combustão auxiliar de GLP. Os gases são incinerados por um
queimador do tipo atmosférico, após a incineração são expelidos na atmosfera, através de uma
chaminé.
Sistema de tratamento dos gases: Devido aos altos teores de alcatrão e particulados contidos
no gás proveniente de um gaseificador de leito fluidizado borbulhante, necessita-se de um
eficaz sistema de limpeza de gás. No laboratório de gaseificação do NEST/IEM/UNIFEI é
utilizado um sistema com ciclone, onde as partículas maiores são separadas pela ação da força
centrífuga. Após a passagem do gás pelo ciclone, ele segue para um lavador de gases com
67
água (tipo nebulização), onde os resíduos são coletados em um separador, obtendo assim um
gás de melhor qualidade e útil na geração de eletricidade em determinados equipamentos.
68
Capítulo 4
SOFTWARE CSFB - COMPREHENSIVE SIMULATOR FOR
FLUIDIZED BED EQUIPMENT
4.1. INTRODUÇÃO
O software CSFB “COMPREHENSIVE SIMULATOR FOR FLUIDIZED
EQUIPMENT” é um simulador escrito em linguagem FORTRAN e corresponde à
implementação numérica de um modelo matemático. O software CSFB começou a ser
desenvolvido em 1980, através de uma pesquisa experimental sobre gaseificação de biomassa
em leito fluidizado, realizada no Instituto de Pesquisa Tecnológico do Estado de São Paulo
IPT em parceria com a Universidade Sheffield, no Reino Unido. Ao longo dos anos, o
modelo vem sendo modificando, recebendo melhorias junto ao Institute of Gas Technology
IGT - EUA (de Souza-Santos, 1992, 1993).
Este programa está disponível comercialmente e possui a capacidade de modelar
diversos sistemas térmicos, tais como: fornalhas, caldeiras, gaseificadores e o processo de
pirólise.
O programa CSFB foi desenvolvido pelo professor Marcio de Souza-Santos e calcula
o desempenho de gaseificadores em regime permanente usando balanços diferenciais de
energia e massa ponto a ponto, a cinética das reações químicas, a dinâmica da fluidização e
69
um banco de dados auxiliares, responsável pelo cálculo das propriedades físico-químicas
(Nogueira e Lora , 2003).
O software tem como dados de entrada os parâmetros geométricos de projeto do
equipamento, características dos combustíveis utilizados, características referentes ao material
inerte existente no reator, efeitos internos e externos (temperatura, pressão, fluxos de entrada
dentre outros) e critérios numéricos de convergência relacionada à conversão de carbono.
Após o processamento o software fornece resultados como: composição e poder
calorífico do gás gerado, eficiência do equipamento dentre outros parâmetros de saída,
abordados no decorrer deste trabalho.
4.2. HIPÓTESES E LIMITAÇÕES RELATIVAS AO CSFB
Segundo Rabi (2002), o modelo CSFB é composto de aproximadamente 100 relações
matemáticas, correspondente a equações diferenciais não-lineares acopladas. Nessas equações
são englobados os balanços de massa e de energia, a cinética das reações químicas,
correlações auxiliares e equações constitutivas.
O modelo CSFB assume que as grandezas físicas variam apenas na coordenada axial
z, medida a partir da base do leito (figura 23). Variações radiais não são admitidas e
considera-se que existe simetria axial no leito. Conforme visto na figura 23, o índice D e F se
refere a secção do leito e freeboard, respectivamente. As duas fases do leito, emulsão e
bolhas, são indicadas por E e B, respectivamente.
A emulsão é composta por sólidos (índice S) e gases (índice G), onde o subscrito GE
é usado para o gás na emulsão, o GB para o gás nas bolhas e SE para o conjunto de sólidos na
emulsão. Cada conjunto de sólidos está associado a um determinado índice m, sendo m=1
para o sólido carbonífero, m=2 para calcário e m=3 para material inerte. As propriedades
referentes às partículas recebem o índice P.
70
Figura 23 – Esquema de um reator de leito fluidizado a ser simulado pelo programa CSFB
(Rabi, 2002)
Outras hipóteses básicas relacionadas ao software CSFB são abordadas a seguir:
1. O material carbonáceo, o inerte e o calcário são alimentados de forma contínua, não
apresentando restrições em relação à alimentação do inerte, podendo ser realizada em
batelada.
2. As grandezas físicas variam apenas com a coordenada z (figura 24), ou seja, para
uma dada grandeza física há variações ao longo de z, modeladas a partir de equações
diferenciais ordinárias.
71
Figura 24 – Esquema do modelo de gaseificação em leito fluidizado borbulhante no CSFB
(Rabi, 2002)
3. Variações radiais não são admitidas e supõe-se que haja simetria axial no leito.
4. Na base do leito (z=0) assume-se um modelo bifásico Souza-Santos (1987). As duas
fases são:
Fase de partícula ou emulsão (densa) é a fase na qual a vazão volumétrica do gás
equivale à vazão na condição de mínima fluidização.
Fase de bolhas (diluída) é a fase na qual passa todo o excesso de gás acima daquele
correspondente à mínima fluidização.
A fase de emulsão (densa) é composta por quatro possíveis espécies diferentes de
materiais: gás intersticial, sólido carbonáceo, inerte e calcário, sendo que estes dois últimos
podem ser considerados opcionais, porém um deles, pelo menos, está presente.
5. Para níveis acima da base (z>0) as simplificações acima são abandonadas, e a vazão
mássica através de cada fase é governada por equações diferenciais de massa e balanço de
energia.
6. A fase de bolha é livre de partículas sólidas.
72
7. O regime de “Plug-flow" é considerado para o gás nas bolhas e para o gás
intersticial na fase de emulsão. A vazão de gás no “freeboard” é também tratada como sendo
regime “Plug-flow".
8. A temperatura e composição ao longo do reator variam devido a processos físicos e
químicos ocorridos no seu interior.
9. As reações heterogêneas (gás-sólido) entre o gás e o sólido carbonáceo são descritas
por dois possíveis modelos básicos (“unreacted-core ou exposed-core”) (Figura 25).
10. No modelo de núcleo não reativo (“unreacted-core”), o centro ativo das partículas
é mantido coberto com uma camada de cinza, formada pelo material sólido reagido. No
modelo de centro exposto (“exposed-core”), a capa de cinza se decompõe em partículas de
pequeno tamanho à mesma velocidade que é formada.
Figura 25 - Modelo de núcleo sem reagir (a) e modelo de núcleo exposto (b) (Souza-Santos,
1987)
O software CSFB adota como padrão o núcleo exposto (“exposed-core”) para os
processos de combustão e gaseificação de partículas em leito fluidizado. Para os processos de
desvolatização, secagem, calcinação e outras reações, o programa assume um modelo de
núcleo não reativo (“unreacted-core”).
4.3. DIAGRAMA DE BLOCOS DO SOFTWARE CSFB
Na figura 26 é mostrada a estratégia envolvida no processo de simulações do software
CSFB, alguns pontos relacionados ao simulador serão enfatizados abaixo:
73
Os dados são preenchidos e processados utilizando o sistema internacional de
unidades (SI).
Em determinados processos alguns dados não são necessários, por exemplo, dados
relacionados ao calcário (limestone) na gaseificação, nesses casos utilizam-se o valor
nulo (zero) para o dado de entrada.
Com intuito de obter resultados mais próximos da realidade, diminuindo ao máximo o
grau de desvio, é fundamental atentar para o correto preenchimento dos dados de
entrada do software.
Todos os dados necessários são lidos no inicio da execução do programa através de
uma sub-rotina específica. Os arquivos podem ser gerados no Word, Wordpad ou
Bloco de notas.
Figura 26 - Diagrama de bloco do software CSFB (Rabi, 2002)
74
4.4. DADOS DE ENTRADA (INPUTS)
Os principais dados de entrada (inputs) são:
Parâmetros de Controle: São parâmetros relacionados ao modo de operação, número
máximo de interações realizado pelo software, critérios de convergência envolvendo
conversão de carbono (máxima e mínima) e critérios de desvios e tolerância nos
cálculos realizados pelo software.
Parâmetros Geométricos do Equipamento São parâmetros relacionados aos
diâmetros do leito e do “freeboard”, especificações de altura, características das placas
de distribuição (espessura, condutividade, diâmetro dos orifícios), pontos de
alimentação de combustível no reator.
Dados do equipamento – Isolamento térmico: Dados correspondentes às características
do isolamento térmico (espessura, condutividade térmica média e emissividade média
nas superfícies) no distribuidor e nas paredes da secção do reator (leito e “freeboard”).
Características dos componentes sólidos: Com relação aos parâmetros de entrada
relacionados aos componentes sólidos, o CSFB necessita dos seguintes dados: espécie
de sólidos alimentados, tipo de material alimentado (carvão, lignina, madeira ou
biomassa), fluxos mássicos, densidades (real e aparente), esfericidade, umidade,
granulometria e análise imediata e elementar.
Características dos componentes gasosos: Esses parâmetros correspondem às
características do gás introduzido através do distribuidor, responsável pela fluidização
do reator. Os principais dados de entrada são: fluxos mássicos, composição dos gases
e suas condições de temperatura e pressão de entrada.
Características operacionais adicionais: Estes parâmetros permitem indicar o modelo
das reações heterogêneas (núcleo exposto e núcleo não reativo), a temperatura média
do ar ao redor do equipamento, a pressão média no leito e no interior dos tubos e a
velocidade média do ar.
4.5. PRINCIPAIS DADOS DE SAÍDA (OUTPUTS)
Após o processamento do programa são gerados os seguintes resultados:
75
Parâmetros de desempenho do equipamento: Esses parâmetros incluem todos os
aspectos da operação na unidade de operação, tais como: vazão de gases e sólidos que
deixam o equipamento, conversão de carbono, taxa de misturas, tempo de residência
das partículas, TDH (“Transport Disengagement Height”), teor de alcatrão contido nos
gases gerados, etc.
Propriedades como composição e vazão são fornecidas para cada ponto do reator (leito
e “freeboard”).
Composição, distribuição do tamanho da partícula e vazão de líquidos e sólidos em
cada ponto do equipamento.
Verificação do balanço de massa.
Perfis de temperatura para cada componente do gás.
Taxas e parâmetros relacionados à transferência de calor.
Mensagens de erro para o usuário do software ao inserir dados fora da realidade
operacional.
Informação ponto a ponto relacionado à dinâmica da fluidização, tais como: diâmetro
e elevação da velocidade nas fases de bolhas no leito, frações de vazios, distribuição
das diversas espécies sólidas ao longo do leito e “freeboard”, velocidade superficial,
taxa de circulação de partículas no leito e fluxos de sólidos ao longo do “freeboard”.
Perfis de composição de cada espécie química (18 componentes) ao longo do reator
para cada fase (emulsão, bolhas e gás no freeboard).
Principais perdas de carga para diversos pontos ou seções do equipamento.
Parâmetros que descrevem operações com os ciclones (se houver), onde ocorre a
reciclagem dos sólidos coletados.
No caso de simulações em caldeiras, são abordados os seguintes parâmetros: calor
total transferido para os tubos imersos na secção do leito e do “freeboard”,
temperatura da parede externa em qualquer ponto da secção do leito e do “freeboard”,
vazão do vapor produzido junto com todas as condições termodinâmicas e eficiência
da caldeira.
No caso de simulações em um gaseificador, são abordados os seguintes parâmetros:
entalpia de combustão (poder calorífico) a frio e a quente do gás produzido, taxa de
energia (poder calorífico x vazão mássica), eficiência a frio e a quente.
Além de todos esses parâmetros, o programa realiza uma análise através de gráficos e
tabelas, as relações mais importantes serão listadas em anexo A, no final deste trabalho.
76
4.6. SENSIBILIDADE DO SOFTWARE CSFB
Segundo Souza-Santos (2007), o programa CSFB é particularmente sensível aos
seguintes parâmetros:
1. Análise elementar e imediata da biomassa utilizada como combustível no processo.
2. Poder calorífico da biomassa utilizada no processo.
3. Distribuição granulométrica da biomassa e do inerte utilizado no processo.
4. Vazões mássicas, pressões e as composições do agente oxidante introduzido no
leito.
5. Geometria do equipamento (dimensões relacionadas à altura e diâmetro do reator)
4.7. VALIDAÇÃO DO SOFTWARE CSFB
Segundo Souza-Santos (2007), a nova versão do software CSFB tem apresentado
pequenos desvios quando comparado com resultados experimentais. O mesmo apresenta
diversas validações do software em unidades pilotos, entre elas a unidade RENUGAS do
Institute of Gás Technology (IGT), localizada em Chicago. O RENUGAS é um gaseificador
de biomassa pressurizado que utiliza oxigênio e vapor da água como agentes oxidantes da
gaseificação.
Na tabela 4.1 são mostradas as principais características geométricas do equipamento,
bem como alguns dados utilizados na sua validação do software, maiores detalhes da planta
são encontradas no trabalho de Evans at. all (1986).
77
Tabela 4.1 - Principais dados de projeto e condições operacionais do gaseificador RENUGAS
do IGT (de Souza – Santos, 2007)
Dados geométricos do equipamento Teste T12-1 Teste T12-3a
Diâmetro equivalente do leito (m) 0,292 0,292
Altura do leito
a
(m) 1,585 1,585
Diâmetro equivalente do Freeboard (m) 0,451 0,451
Altura do Freeboard (m) 6,147 6,147
Posição do ponto de alimentação (m) 0,381 0,381
Características dos fluxos introduzidos Teste T12-1 Teste T12-3a
Vazão de biomassa (kg/s) 8,113E-2 8,922E-2
Vazão de O
2
através do distribuidor (kg/s) 2,058E-2 2,320E-2
Vazão de vapor através do distribuidor (kg/s) 4,922 E-2 6,156E-2
Temperatura de injeção do O
2
(K) 644 644
Temperatura de injeção do vapor (K) 672 672
Injeção intermediaria de N
2
(kg/s) 4,3772E-2 3,658E-2
Posição da injeção de N
2
a
(kg/s) 0,381 0,381
Pressão média no leito (kPa) 2170 804,6
a
posição acima do distribuidor
Na tabela 4.2 mostra-se a comparação entre os resultados gerados no software CSFB e
os dados experimentais referentes à composição do gás de saída no topo do Freeboard.
De acordo com a tabela 4.2, observam-se pequenos desvios entre os dados
experimentais e os resultados simulados com o software CSFB. Segundo o autor do software,
o mesmo nível de precisão tem sido obtido para outras operações, demonstrando assim, que o
CSFB é uma ferramenta útil no melhoramento das condições operacionais de unidades
industriais, assim como ferramenta auxiliar de projeto de novos equipamentos. Embora,
estudos realizados na Universidade da Califórnia indiquem divergências na versão 3.5 do
software CSFB. Segundo o Departamento de Engenharia Biológica e de Agricultura da
Universidade Califórnia as simulações com o CSFB apresentaram baixas concentrações nos
78
percentuais dos componentes do gás, principalmente, no percentual de monóxido de carbono
quando comparado com testes experimentais realizadas em sua unidade piloto.
Tabela 4.2 - Comparação entre as simulações e os experimentos referentes a composição do
gás de saída no topo de Freeboard do gaseificador RENUGAS do IGT (mol.%) (de Souza –
Santos, 2007)
Componentes
Teste T12-1 Teste T12-3a
Real Simulação Real Simulação
H
2
12,05 12,8236 12,69 10,9190
CO 8,00 8,9422 7,22 7,4793
CO
2
17,06 16,8148 17,42 16,0494
CH
4
7,37 7,7883 7,60 6,7511
H
2
O 35,82 33,9739 40,30 43,3730
H
2
S n.d. 0,0048 n.d. 0,0050
NH
3
n.d. 0,0416 n.d. 0,1612
NO n.d. 0,0000 n.d. 0,0051
NO
2
n.d. 0,0000 n.d. 0,0000
N
2
19,18 19,4990 14,34 15,2545
N
2
O n.d. 0,0000 n.d. 0,0000
O
2
n.d. 0,0000 n.d. 0,0000
SO
2
n.d. 0,0024 n.d. 0,0000
HCN n.d. 0,0002 n.d. 0,0007
C
2
H
4
0,03 0,0625 0,00 0,0000
C
2
H
6
0,22 0,0085 0,02 0,0000
C
3
H
6
n.d 0,0000 n.d. 0,0000
C
3
H
8
0,00 0,0000 0,00 0,0000
C
6
H
6
0,27 0,0383 0,41 0,0000
n.d. não determinado ou reportado
Capítulo 5
METODOLOGIA E RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES E DOS
TESTES EXPERIMENTAIS
5.1. INTRODUÇÃO
Conforme visto no capítulo 1, o processo de gaseificação ocorre em uma faixa de fator
de ar compreendida entre 0,2 e 0,3 (Van den Enden e Lora, 2004). Tendo como base essa
faixa de valores, foi realizado os experimentos e as simulações com o software CSFB. As
simulações foram realizadas tomando como base as características do reator de leito
fluidizado borbulhante do NEST/IEM/UNIFEI operando com casca de arroz como
combustível.
No decorrer das simulações, alguns procedimentos foram essenciais para a elaboração
deste trabalho, no decorrer deste capítulo abordaremos maiores detalhes referentes a estes
procedimentos.
5.2. METODOLOGIA DAS SIMULAÇÕES NO CSFB
Os principais parâmetros relacionados aos dados de entrada do gaseificador de leito
fluidizado borbulhante são: parâmetros numéricos de convergência, dados referentes à
geometria e isolamento do equipamento, características das partículas sólidos (biomassa e
80
inerte) e agente fluidizante utilizado no processo, assim como características operacionais
adicionais.
5.2.1. Dados do equipamento - Geometria básica
As características geométricas do reator têm influência direta no processo de
gaseificação. Essas características são mostradas nas figuras 27 e 28.
Figura 27 - Algumas cotas relacionadas aos parâmetros de projeto do gaseificador de leito
fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI (Souza-Santos, 2000)
81
Figura 28 - Detalhe do distribuidor com tubos perfurados ou flutes para injeção de ar no leito
(Souza-Santos, 2000)
Tendo como base as figuras 27 e 28, nas tabelas 5.1 e 5.2 são abordados os principais
dados de entrada, os códigos utilizados e suas respectivas dimensões.
Tabela 5.1 - Dados geométricos do reator de leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI
Parâmetros de projeto
Código do
parâmetro
Dimensão
(m)
Leito - Diâmetro interno equivalente DD 0,474
“Freeboard” - Diâmetro interno equivalente DF 0,702
Leito – Altura dinâmica ZD 2*
Posição do topo do “freeboard” ZF 5
Diâmetro dos orifícios no distribuidor DOD 0,003
Diâmetro interno dos flutes no distribuidor DIFLUT 0,019
Diâmetro externo dos flutes no distribuidor DOFLUT 0,025
Posição do ponto de alimentação de biomassa ZFEED (1)
0,435
* Especificação de projeto
82
Tabela 5.2 - Dados geométricos do reator de leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI
Parâmetros de projeto Código do
parâmetro
Número
Número de orifícios no sistema de distribuição NOD 148
Número de flutes no sistema de distribuição NFLUT 37
Cálculo da altura dinâmica do leito: O cálculo da altura dinâmica do leito foi
determinado com base nas equações 2.14 e 2.22, abordados no capítulo 2.
f
f
HH
=
ε
ε
1
1
(5.1)
Onde:
H
: Altura do leito expandido mm
f
H :
Altura do leito estático mm
f
ε
:
Porosidade do leito na condição de mínima fluidização
ε
:
Porosidade do leito expandido
P
L
ρ
ρ
ε
= 1
(5.2)
Tendo a massa das partículas (
P
m ), a densidade do leito (
L
ρ
) é calculada da seguinte
forma:
L
P
L
V
m
=
ρ
(5.3)
Onde:
LL
AHV =
(5.4)
L
H :
Altura do leito (m)
A: Seção transversal do leito (m
2
)
Segundo Santana e D’ Ávila (citado por mez, 1996), a porosidade do leito
estacionário ou fixo é de 0,4, valor geralmente aceito para cálculos de projeto. Já para a
83
porosidade do leito expandido (
ε
), adotou-se um valor de 0,52 (Gómez, 1996). Com isso,
obtém-se a altura de leito expandido igual a 1,25 vezes a altura de leito estática. Sabe-se que a
altura de leito é de 500 mm, o que implica em uma altura de leito expandido é 625 mm. Esse
valor é baixo se comparado com os valores descritos pelo projeto do reator de leito fluidizado
borbulhante, que determina uma altura dinâmica do leito de 2000 mm (Van den Enden e Lora,
2004), o que leva a um regime de gaseificação de baixa eficiência.
Em leitos de pequena altura as bolhas chegam à superfície ainda com uma quantidade
considerável de oxigênio na composição do gás que fica no seu interior. Quando a bolha
rompe na parte superior do leito acontece a combustão dos produtos da gaseificação,
começando pelo H
2
.
Por outro lado a altura de injeção da biomassa foi definida em 0,435 m, devido a mesma
ser injetada muito perto da superfície do leito expandido, provavelmente, parte dela acabe
“flutuando” na superfície do leito.
Para altura do leito de 500 mm encontrou-se um limite operacional do gaseificador, pois
valores acima incorriam em problemas operacionais durante o processo de partida
(desligamento freqüente do queimador) e necessidade de um compressor de alta pressão para
a fluidização do leito.
Natarajan (1998) cita, em seu estudo sobre gaseificação em leito fluidizado, publicações
sobre ensaios nesse tipo de reator, que reportam para altura do leito estático valores menores
que 1m, indicando ainda, para relação altura estática pelo diâmetro do leito, valor até 2,4.
5.2.2. Dados do equipamento – Isolamento térmico
Os dados de entrada relacionados ao isolamento térmico da parede do reator de leito
fluidizado são mostrados nas tabelas 5.3, 5.4 e 5.5, esses dados englobam a espessura de
isolamento, a condutividade térmica média e a emissividade média da superfície externa.
Os parâmetros de entrada referentes à espessura de isolamento nas secções do reator e
no distribuidor foram:
Espessura da secção do leito (XISD): Variável correspondente a medida do isolamento
na parede do equipamento, conforme mostrado na figura 27. No caso do gaseificador de leito
fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI, esta parede refratária é composta de três materiais: tijolo
84
refratário, concreto refratário e aço. Os dados correspondentes a este parâmetro são mostrados
na tabela 5.3. A área do programa mais afetada por esta variável é a transferência de calor
para o ambiente, entretanto, esta quantidade de calor transferida para o ambiente é
normalmente pequena, se comparada com a potência térmica do gaseificador.
Espessura da secção do Freeboard (XISF): Variável de projeto similar ao “XISD”,
porém este parâmetro corresponde à secção do “freeboard”, conforme mostrado na figura 27.
No “freeboard” está parede refratária é composta de dois materiais (concreto refratário e aço),
os dados correspondentes a este parâmetro são mostrados na tabela 5.3.
Espessura do Distribuidor (XISDI): Corresponde ao isolamento na base do
distribuidor, conforme mostrado na figura 28. Normalmente, para este isolamento, utiliza-se
uma base metálica, responsável pela proteção da placa de distribuição.
Tabela 5.3 - Espessura de diferentes secções do isolamento no reator de leito fluidizado do
NEST/IEM/UNIFEI
Parâmetros de projeto Código do
parâmetro
Espessura
Espessura da secção do leito XISD 0,261
Espessura da secção do Freeboard XISF 0,147
Espessura do Distribuidor XISDI 0,01
Os parâmetros de entrada referentes à condutividade térmica nas secções do reator e
no distribuidor foram:
Condutividade térmica média para secção do leito (AKISD): Esta variável corresponde
à condutividade térmica do material isolante que compõe a parede do reator na secção do
leito. Conforme dito anteriormente, no gaseificador de leito fluidizado borbulhante do
NEST/IEM/UNIFEI utilizam-se três materiais isolantes, segundo o manual do programa
CSFB, para realizar o cálculo da “AKISD” utiliza-se a equação 5.5.
=
i
i
i
k
x
XISD
AKISD
(5.5)
85
Onde:
x
i
: é a espessura de cada material que compõe a secção do leito
k
i
: condutividade térmica de cada material que compõe a secção do leito
Condutividade térmica média para secção do “freeboard” (AKISF): Esta variável
corresponde a condutividade térmica do material isolante que compõem a parede do reator na
secção do “freeboard”. Sabe-se que na secção do “freeboard” do gaseificador de leito
fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI, são constituídos de dois materiais isolantes, que com a
utilização da equação 5.1 obtém-se o valor de “AKISF”.
Condutividade térmica média para o distribuidor (AKISDI): Esta variável corresponde
à condutividade do material isolante utilizado na base da placa distribuidora, conforme visto
no parâmetro XISDI na figura 28.
Tabela 5.4 - Condutividade térmica dos materiais que compõem o isolamento do reator de
leito fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI
Parâmetros de projeto
Código do
parâmetro
Condutividade.
Térmica
(W/mK)
Condutividade térmica média para secção do leito AKISD 0,9652
Condutividade térmica média para secção do Freeboard AKISF 0,776
Condutividade térmica média para o distribuidor AKISDI 0,2
Os parâmetros de entrada referente à emissividade nas superfícies externas do reator
foram:
Emissividade média da superfície externa para secção do leito (EPSD): Este parâmetro
corresponde à emissividade térmica média de radiação na superfície externa da secção do
leito. O manual do software recomenda o valor de 0,92, o qual valor foi utilizado em todas as
simulações.
Emissividade média da superfície externa para secção do “freeboard” (EPSF): Este
parâmetro corresponde a emissividade térmica média de radiação na superfície externa da
secção do freeboard”. O manual do software recomenda o valor de 0,92, o qual valor foi
utilizado em todas as simulações.
86
Tabela 5.5 - Emissividade média da superfície externa do leito e freeboard do reator de leito
fluidizado do NEST/IEM/UNIFEI
Parâmetros de projeto Código do
parâmetro
Emissividade
Emissividade média da superfície externa da secção do leito EPSD 0,92
Emissividade média da superfície externa da secção do
freeboard
EPSF 0,92
5.2.3. Características dos fluxos– Alimentação de sólidos
Os parâmetros de entrada referente as características dos fluxos utilizados no software
CSFB foram:
Tipo de carbonáceo alimentado (MTKIND): Este parâmetro indica o tipo de
carbonáceo sólido ou liquido introduzido no equipamento. O programa CSFB possui uma
ampla faixa de materiais carbonáceos, onde para cada tipo de material atribui-se um número.
No caso da casca de arroz não um banco de dados específicos, utilizando, portanto o
código MTKIND = 8, que corresponde a biomassa em geral.
Poder calorífico superior do carbonáceo (MJ/kg) (HHVDB): Este parâmetro
corresponde ao poder calorífico em base seca do combustível (carbonáceo). Com o poder
calorífico em base seca da amostra (tabela 5.6), o programa calcula o valor em base úmida
através da seguinte expressão:
DRYWET
HHV
AMTPES
HHV
=
100
)1(
1
(5.6)
Onde:
AMTPES (1): percentual em massa da umidade da biomassa
WET
HHV : Poder calorífico superior (base úmida) da biomassa
DRY
HHV
: Poder calorífico superior (base seca) da biomassa
87
Tabela 5.6 – Poder calorífico superior da casca de arroz (base seca) utilizada no processo
Parâmetro
Código do
parâmetro
PCS (MJ/kg)
Poder calorífico superior da casca de arroz HHVDB 14,22*
*Determinada no laboratório através da bomba calorimétrica
Massa de material inerte no reator (kg) (AMASS (3)): Parâmetro referente a massa de
inerte que compõe o leito no reator. Sabendo que o inerte pode ser alimentado de forma
contínua ou em batelada, no caso da planta de gaseificação do NEST/IEM/UNFEI, utiliza-se a
operação de inerte em batelada usando aproximadamente 168 kg de alumina no reator,
correspondente a uma altura de leito estático de 500mm.
Vazão mássica de biomassa (kg/s) (FMTES (1)): Este parâmetro corresponde à vazão
mássica de biomassa no interior do reator, esta vazão de combustível é obtida através da
calibração da válvula rotativa de alimentação do gaseificador. Na tabela 5.7 mostramos a
vazão mássica de biomassa utilizada nas simulações para os diferentes fatores de ar.
Tabela 5.7 - Vazão de mássica de casca de arroz para diferentes valores do fator de ar (F.A)
F.A 0,219 0,226 0,236 0,239 0,249 0,257 0,269
m
&
(kg/s)
0,043011
0,041825
0,040291
0,038819
0,037272
0,035980
0,034608
*Determinada através da calibração da rosca alimentadora do gaseificador
Temperatura de alimentação da biomassa (K) (TPES (1)): Na maioria dos casos, esse
parâmetro não sofre grandes influências nos resultados das simulações. Nas simulações
realizadas com casca de arroz, adotamos a temperatura de 298K, temperatura recomendada
pelo manual do software.
5.2.4. Características dos fluxos – Análise imediata e outras características
do material carbonáceo
Estes parâmetros correspondem à análise imediata (base seca e úmida) da biomassa
utilizada no processo de gaseificação. Nas tabelas 5.8 e 5.9, são mostrados parâmetros em
base seca e úmida da casca de arroz, combustível utilizado no processo de gaseificação e nas
simulações com o software CSFB.
88
Com exceção da umidade da casca de arroz, determinada no laboratório do
NEST/IEM/UNIFEI, os outros parâmetros de análise imediata e elementar foram tomados da
literatura. Souza-Santos (2007) recomenda a determinação destes parâmetros mediante a
avaliação das amostras do combustível utilizado. O nosso critério é que as possíveis
diferenças na composição não levariam a mudança consideráveis nos resultados.
Tabela 5.8 - Análise imediata da casca de arroz (base úmida)
Análise imediata (biomassa) Massa percentual (base úmida)
Umidade AMTPES(1) 10,53*
Voláteis VOLAT 57,91**
Carbono fixo CARFIX 15,15**
Cinzas ASHES 16,41**
TOTAL 100
*Determinada no laboratório do NEST/IEM/UNIFEI
** Nogueira e Lora (2003)
Tabela 5.9 - Análise elementar da casca de arroz (base seca)
Análise elementar (biomassa) Massa percentual (base seca)
Carbono(C) PWPDB(1,1) 40,984
Hidrogênio(H) PWPDB(1,2) 3,324
Nitrogênio(N) PWPDB(1,3) 0,424
Oxigênio(O) PWPDB(1,4) 35,884
Enxofre(S) PWPDB(1,5) 0,044
Cinzas PWPDB(1,6) 18,34
TOTAL 100
Nogueira e Lora (2003)
Na tabela 5.10 apresentam-se algumas propriedades das partículas sólidas (biomassa e
inerte) utilizadas como dados de entrada do software CSFB e nos testes experimentais com o
gaseificador de leito fluidizado borbulhante do NEST/IEM/UNIFEI.
89
Tabela 5.10 - Propriedades morfológicas das partículas sólidas (biomassa e inerte) do
processo de gaseificação
Características dos sólidos Biomassa (casca de arroz) Inerte (alumina)
Densidade aparente (Kg/m
3
) ROPES (1) 940* ROPES (3) 3610**
Densidade verdadeira (Kg/m
3
) RORES (1) 1440* RORES (3) 3960**
Esfericidade das partículas FISP (1) 0,3* FISP (3) 0,7*
Formas das partículas ISHAPE (1) Cilindro/
agulha
ISHAPE (3) Esfera
*Califórnia Energy Commission **Dados do fabricante da alumina
5.2.5. Características dos fluxos – Composição granulométrica das
partículas sólidas
A determinação da granulometria das partículas foi realizada com peneiras de diversos
diâmetros. Na tabela 5.11, mostramos os resultados da composição granulométrica da
biomassa e dos parâmetros que devem ser fornecidos como dados de entrada do software
CSFB.
Tabela 5.11 – Composição granulométrica das partículas
Biomassa (Casca de arroz) Inerte (óxido de alumínio)
Diâm. da peneira (mm) Massa ret. (%) Diâm. da Peneira (mm) Massa ret. (%)
2 41 0,6 32,29
1,18 49,70 0,425 57,635
0,6 8,26 0,3 2,9
0,425 0,496 0,25 0,153
0,3 0,26 0,15 0,016
0,250 0,29 0,075 0,03
0,053 0,03
*Determinada no laboratório de solos da UNIFEI
90
5.2.6. Características dos fluxos – Agente de gaseificação
Sabe-se que as características dos fluxos introduzidos no interior do reator (biomassa e
ar) constituem um importante parâmetro operacional no processo de gaseificação, pois tem
grande influência na fluidização, nas reações e outros fenômenos gás-sólidos ocorridos no
interior do reator. Nas tabelas 5.12 e 5.13 são abordados os principais parâmetros do ar
fornecido como agente de gaseificação no reator.
Vazão mássica de ar no distribuidor (FMGID): Corresponde a vazão de ar introduzido
no interior do reator através dos injetores do distribuidor. Esta vazão de ar foi medida
experimentalmente por uma placa de orifício instalada na tubulação de ar, localizada na
entrada do plenum. Na tabela 5.12 mostramos as vazões mássicas de ar utilizadas no decorrer
das simulações com o software CSFB.
Tabela 5.12 - Vazão de volumétrica e mássica de ar introduzido no interior do reator para
diferentes valores de fator de ar
F.A 0,219 0,226 0,236 0,239 0,249 0,257 0,269
v
&
(m
3
/h) 135 135 136 133 133 132,44 133
m
&
(kg/s)
0,03975 0,03975 0,040044
0,039161
0,039161
0,038996
0,039161
*Considerando a densidade do ar 1,06Kg/m
3
Temperatura do ar no distribuidor (TEGID): Consiste da temperatura do ar (agente
oxidante) introduzido através do distribuidor situado na parte inferior do reator. No caso das
simulações com o software CSFB a temperatura de entrada foi de 333K (65°C). Já que o ar de
gaseificação é pré-aquecido.
Pressão do ar através do distribuidor (PEGID): Parâmetro correspondente à pressão do
ar introduzido na base do reator. No caso das simulações com o software CSFB a pressão
utilizada de 113,33 kPa.
Composição do ar introduzido no distribuidor (PYGID): Refere-se à composição do
agente oxidante introduzido no interior do reator. No caso das simulações com o software
CSFB foi utilizado a composição do ar padrão, mostrada na tabela 5.13.
91
Tabela 5.13 - Características do ar introduzido no distribuidor
Componentes Sigla Porcentagem
Ar
PYGID(1) 0,93
2
H
PYGID(2) 0,00005
2
N
PYGID(8) 78,0949
2
O
PYGID(10) 20,94
2
CO
PYGID(13) 0,035
=
22
1
)(
j
jPYCAG
100
5.2.7. Características operacionais adicionais
Os principais parâmetros operacionais utilizadas nas simulações com o software CSFB
foram:
Temperatura média do ar (TAMB): Consiste na temperatura média do ar ao redor do
equipamento; este parâmetro é utilizado como base de cálculos para transferência de calor do
equipamento. O manual do software CSFB recomenda um valor padrão de temperatura média
de 298K, que foi o valor utilizado em todas as simulações.
Velocidade média do ar (VV): Este parâmetro corresponde à velocidade média do ar
ao redor do equipamento, e conforme o TAMB, é utilizado como base de cálculos para
transferência de calor do equipamento. O manual do software CSFB recomenda um valor
padrão de velocidade média de 2 m/s, que foi o valor utilizado em todas as simulações.
5.2.8. Parâmetros de convergência
Os principais parâmetros referentes à convergência utilizados na execução do software
foram:
92
Mínimo valor suposto para conversão de carbono fixo (CCMIN): A entrada do
material carbonáceo é composta de carbono fixo, voláteis, umidade e cinzas. Sabe-se
que o carbono está presente nos voláteis em frações de carbono fixo e devido aos
processos físicos e químicos, parte desse carbono passa de sua forma de origem para
fase gasosa. Na fase gasosa, o carbono está presente nas moléculas de vários
componentes, tais como: CO, CO
2
, CH
4
entre outros. O CCMIM está relacionado ao
valor mínimo de carbono convertido para fase gasosa no interior do leito. No manual
do software CSFB recomenda um o valor de 0,2, porém esse valor pode chegar a 0,4
quando se tem dificuldade de convergência durante as simulações. No decorrer das
simulações tomamos como referência para esse parâmetro, valores compreendidos
entre 0,2 – 0,4, conforme será visto nas tabelas 5.14 e 5.15.
Máximo valor suposto para conversão de carbono fixo (CCMAX): O CCMAX está
relacionado ao máximo valor de carbono convertido para fase gasosa no interior do
leito. Normalmente, o manual do software CSFB recomenda o valor de 0,9 nas
simulações, que foi o valor utilizado em todas as simulações.
Critério de convergência de carbono fixo no leito (CCDEV): Este valor corresponde
ao máximo desvio exigido para o cálculo de conversão do carbono fixo. O manual do
software estabelece um valor padrão de 0,01, este valor não pode ser excessivamente
grande, pois aumenta o tempo computacional gasto para a simulação, o autor do
software recomenda um valor de no máximo 0,02. No decorrer das simulações
tomamos como referência para esse parâmetro, valores compreendidos entre 0,01
0,02, conforme será visto nas tabelas 5.14 e 5.15.
Critério de convergência para a integração numérica de massa e energia (TOLMB): O
sistema de balanço diferencial de massa e energia no leito e freeboard podem ser
integrados utilizando algum nível de tolerância. Com o decréscimo da tolerância,
diminuem-se os erros acumulados durante a integração, por outro lado aumenta o
tempo computacional para solução dos sistemas. O manual do CSFB estipula valores
compreendidos entre 0 e 0,001, mas assume um valor padrão de 10
-6
, porém no caso
de dificuldade de convergência pode-se aumentar o TOLMB para 10
-5
que ainda
obtém-se bons resultados. No decorrer das simulações tomamos como referência para
esse parâmetro, valores compreendidos entre 10
-5
10
-6
, conforme será visto nas
tabelas 5.14 e 5.15.
93
Após o preenchimento de todos os dados de entrada, não foi possível obter a
convergência quando se utilizava uma altura de leito dinâmico de 625 mm, correspondente a
uma altura de leito estática de 500 mm. Foram realizadas diversas tentativas, onde foram
variados os parâmetros relativos à convergência tomando como base os valores recomendados
pelo manual do software. Em todas as tentativas o programa sempre apresentava como dado
de saída a seguinte mensagem de advertência:
MESSAGE NUMBER: 303
STOP: THE SUPERFICIAL VELOCITY "UV" IS SMALLER THAN
THE NECESSARY TO MAINTAIN MINIMUM FLUIDIZATION "UMF".
IT IS POSSIBLE THAT THIS SITUATION OCCURS JUST FOR THE
PRESENT ITERATION. TRY TO CHANGE THE GUESSES FOR THE
FIXED-CARBON CONVERSION.
PLEASE, CONSULT THE MANUAL FOR DETAILED INSTRUCTIONS.
Esta mensagem de “erro” foi observado em todas as simulações com a altura dinâmica
de leito de 625 mm, mesmo após a consulta do manual do software do CSFB versão 3,
mudanças de diversos parâmetros e insistentes tentativas o modelo não convergiu para a altura
de leito referida. Por não obter êxito nas simulações com uma altura de leito dinâmico de 625
mm, elevamos gradativamente a altura de leito dinâmico obtendo convergência para altura de
1100 mm (menor altura de leito dinâmico que programa não apresentou problemas de
convergência) e para altura de 2000 mm (altura de projeto do reator recomendada por Van
den Enden e Lora, 2004). Na execução das “corridas” para as duas alturas de leito dinâmico
(1100mm e 2000mm), a principal mensagem de erro fornecida pelo software foi o erro 1301,
representado abaixo:
MESSAGE NUMBER 1301:
STOP: THE INTEGRATION OF DIFFERENTIAL EQUATIONS HAS
FAILED BECAUSE THE PROBLEM MAY BE VERY STIFF.
IT IS SUGGESTED TO TRY THE FOLLOWING:
1- VERIFY THE TOLERANCE (TOLMB) SET FOR THE SOLUTION OF
DIFFERENTIAL EQUATIONS. IT MAY BE TOO LOW.
RECOMMENDED VALUE IS 1.0D-06
2- CHANGE INITIAL GUESSES "CCMIN" AND "CCMAX".
3- DECREASE THE TEMPERATURE OF THE BED.
PLEASE, CONSULT THE MANUAL FOR FURTHER INSTRUCTIONS.
Na tabela 5.14 e 5.15, respectivamente, são mostrados os parâmetros de convergência
utilizados na execução do software durante as simulações com uma altura de leito dinâmico
de 2000 mm e para a altura dinâmica de 1100 mm.
94
Tabela 5.14 - Parâmetros de convergência utilizadas nas simulações para uma altura dinâmica
do leito de 2000 mm.
Parâmetros de
convergência
Fator de ar
0,219 0,226 0,236 0,239 0,249 0,257 0,269
CCMIN 0,2 0,2 0,20 0,20 0,3 0,3 0,3
CCMAX 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9
CCDEV 10
-2
10
-2
10
-2
10
-2
-2
102 ×
-2
102 ×
-2
102×
TOLMB 10
-6
10
-6
10
-6
10
-6
10
-5
10
-5
10
-5
Tabela 5.15 - Parâmetros de convergência utilizada nas simulações para uma altura dinâmica
do leito de 1100 mm.
Parâmetros de
convergência
Fator de ar
0,219 0,226 0,236 0,239 0,249 0,257 0,269
CCMIN 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4
CCMAX 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9
CCDEV
-2
102×
-2
102×
-2
102×
-2
102×
-2
102×
-2
102×
-2
102×
TOLMB 10
-5
10
-5
10
-5
10
-5
10
-5
10
-5
10
-5
Conforme observado nas tabelas 5.14 e 5.15, para determinados valores do fator de ar
não foi possível obter a convergência, sendo necessário alterar o parâmetro relativo à mínima
conversão de carbono fixo (CCMIN), critério de convergência de carbono fixo no leito
(CCDEV) e critério de convergência para a integração numérica de massa e energia
95
(TOLMB). A máxima conversão de carbono fixo (CCMAX) manteve o valor fixo nas
simulações.
Após alguns ajustes nos parâmetros de convergência (tabelas 5.14 e 5.15), o programa
foi executado sem maiores problemas na máquina Pentium 3, com duração máxima de 20
minutos para cada variante calculada. O número de interações nas simulações variou entre 4 e
9, tendo como base esses parâmetros foram gerados diversos resultados, mas para título de
comparação com os testes experimentais avaliamos somente a composição do gases na saída
do “freeboard”, o poder calorífico dos gases produzidos (quente e frio) e o desempenho do
gaseificador (eficiência a frio e a quente).
Segundo Souza-Santos (2007), a nova versão do programa CSFB (versão 12) é capaz
de modelar leitos com baixa altura dinâmica e os processos decorrentes da mesma, tais como
a combustão do hidrogênio no “freeboard”, elutriação etc. Isso deverá ser verificado
extensivamente já que testes preliminares indicam que os problemas continuam.
5.4. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES
Neste item serão mostrados os resultados gerados pelo software CSFB versão 3.
Conforme dito anteriormente, foram realizadas as simulações para dois valores da altura
dinâmica do leito (2000 mm e 1100 mm), que para leitos de menor altura não foi possível
atingir a convergência, em outras palavras o programa não consegue correr até o final. Foram
obtidos os seguintes resultados:
Composição do gás gerado: O programa CSFB calcula as concentrações dos
componentes do gás obtido ao longo da extensão do reator. Nas figuras 29 e 30 são mostradas
as influências do fator de ar nas concentrações dos principais componentes do gás (CO, CH
4
,
H
2
,CO e N
2
), tomados como referência o gás de saída no topo do “freeboard” (base seca).
96
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
% vol.
CO CH4 H2 CO2 N2
Figura 29 - Concentração dos principais componentes do gás gerado obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
% vol.
CO CH4 H2 CO2 N2
Figura 30 - Concentração dos principais componentes do gás gerado obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.
97
Conforme observado nos gráficos das figuras 29 e 30, constata-se que para as duas
alturas de leito dinâmico simuladas não houve uma grande diferença na composição
percentual dos gases obtidos. Das diversas simulações executadas, o programa não mostrou
grande sensibilidade no parâmetro referente à altura dinâmica do leito. Veremos mais adiante,
no decorrer do trabalho, que a composição percentual do componente monóxido de carbono
(CO) foi principal desvio encontrada na comparação dos resultados simulação-experimento.
Poder Calorífico do gás gerado: Nas figuras 31 e 32 são mostradas as entalpias de
combustão (poder calorífico) frio e quente do gás nas condições de altura dinâmica de 2000
mm e 1100 mm. Sabendo que nas condições a “frio” referimos ao gás a 298K, pressão
atmosférica, limpo e seco. Nas condições a “quente” temos gás produzido nas condições no
“freeboard”, ou seja, a alta temperatura e com umidade.
0
1
2
3
4
5
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Poder calorífico do s
(MJ/kg)
Poder calorifico do gás ( a quente) Poder calorifico do gás (a frio)
Figura 31 - Poder calorífico do gás gerado obtido através das simulações do CSFB com uma
altura de leito dinâmico de 2000 mm.
98
0
1
2
3
4
5
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Poder calorífico (MJ/Kg)
Poder calorifico do gás (a quente) Poder calorifico do gás (a frio)
Figura 32 - Poder calorífico do gás gerado obtido através das simulações do CSFB com uma
altura de leito dinâmico de 1100 mm.
Nos gráficos das figuras 31 e 32, podemos observar uma melhoria no poder calorífico
do gás obtido para altura de leito dinâmica de 2000 mm. Resultados similares foram
observados por Van den Enden e Lora (2004), estudando a influência da altura dinâmica no
poder calorífico do gás.
Análise de desempenho do gaseificador: O desempenho do gaseificador é expresso
através das eficiências a frio e a quente do gaseificador. Nas figuras 33 e 34 são mostradas as
influências do fator de ar na análise de desempenho do gaseificador (eficiência a frio e
quente) para a altura dinâmica de leito 2000 mm e 1100 mm.
99
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Eficiência (%)
EF. A FRIO EF. A QUENTE
Figura 33 - Influência do fator de ar no desempenho do gaseificador obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Eficiência (%)
EF. A FRIO EF. A QUENTE
Figura 34 - Influência do fator de ar no desempenho do gaseificador obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.
Nos gráficos das figuras 33 e 34, observa-se que para altura dinâmica de 2000mm,
obtemos melhores valores de desempenho do equipamento. No decorrer do aumento do fator,
próximo ao fator de ar de 0,269 e altura dinâmica de 2000mm (figura 33), foi constatado uma
eficiência a quente em torno de 70%, próximo ao valor encontrado por Van den Enden e Lora
(2004). Com relação à eficiência a frio não foi possível atingir o desempenho de 40%,
100
constatando uma diferença considerável se comparado com as especificações de projeto, que
tinha como eficiência 57%.
Temperatura de operação: Sabe-se que a temperatura de operação tem grande
influência na qualidade final do gás gerado. Através dos dados de saída do software CSFB é
possível determinar a temperatura em diversos pontos do reator, nas figuras 35 e 36 são
mostradas as temperaturas em um ponto médio do leito e no “freeboard” quando se realiza a
variação do fator de ar durante a simulação para a altura dinâmica de leito 2000 mm e 1100
mm.
Figura 35 - Influência do fator de ar na temperatura em dois pontos do leito e “freeboard”
obtido através das simulações do CSFB com uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.
101
Figura 36 - Influência do fator de ar na temperatura em dois pontos do leito e “freeboard”
obtido através das simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.
Conforme observado no capitulo 1 desse trabalho, estudos similares tem sido
abordados por Paasen (2004), onde comprovava a influência do fator de ar na temperatura de
operação dos reatores. Com relação aos gráficos das figuras 35 e 36, podemos observar
maiores temperaturas para o leito dinâmico de 2000mm, conseqüentemente, obtendo um gás
com melhor qualidade, isto é, com menor teor de contaminantes (alcatrão).
Taxa de conversão de carbono: Tendo em vista a importância da determinação da
fração de conversão de carbono no processo de gaseificação, podemos observar através da
figuras 37 e 38 a influência do fator de ar na taxa de conversão de carbono na execução das
simulações para a altura de leito dinâmico de 2000 mm e 1100 mm.
102
80
81
82
83
84
85
86
87
88
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Taxa de conversão de
carbono (%)
Figura 37 - Influência do fator de ar na taxa de conversão de carbono obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 2000 mm.
80
81
82
83
84
85
86
87
88
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Taxa de conversão de
carbono (%)
Figura 38 - Influência do fator de ar na taxa de conversão de carbono obtido através das
simulações do CSFB para uma altura de leito dinâmico de 1100 mm.
Teor de alcatrão do gás gerado: A qualidade do gás produzido no processo de
gaseificação tem grande importância em sua aplicação. Um dos principais indicativos de
qualidade é o teor de contaminantes, principalmente, o alcatrão contido no gás. Sabe-se que, o
alcatrão é um composto indesejável por danificar e reduzir a vida útil dos equipamentos que
utilizam o s como combustível. Tendo em vista a importância do teor de alcatrão no gás
gerado, na figura 39 é observada através das simulações com o software CSFB a influência do
103
fator de ar no teor de alcatrão do gás gerado para a altura dinâmica do leito de 2000 mm e
1100 mm.
2
3
4
5
6
7
8
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Alcatrão (% Molar)
Altura dinâmica do leito de 2000 mm
Altura dinâmica de leito de 1100 mm
Figura 39 - Influência do fator de ar no teor de alcatrão do gás obtido através das simulações
do CSFB para as duas alturas de leito dinâmico (1100 mm e 2000 mm).
De acordo com a figura 39, podemos observar a influência do fator de ar e da altura
dinâmica do leito na qualidade do gás produzido (teor de alcatrão). Observa-se uma melhora
na qualidade do gás, ou seja, uma queda no teor de alcatrão do gás gerado no decorrer do
aumento do fator de ar. Também pode ser observada uma melhoria na qualidade do gás ao
elevarmos a altura dinâmica do leito.
Vazão de gás produzido (m
3
/h): A vazão de gás produzido é um importante indicativo
operacional do processo, tendo em vista sua importância foi possível determinar a influência
do fator de ar na vazão de gás produzido. Na figuras 40 é observada a influência do fator de ar
na vazão de gás produzida no topo do “freeboard” para uma altura de leito dinâmica de 2000
mm e 1100 mm.
104
250
270
290
310
330
350
370
390
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Vazão de gás
produzido (m3/h)
Altura dinâmica do leito de 2000 mm
Altura dinâmica do leito de 1100 mm
Figura 40 – Influência do fator de ar na vazão de gás gerado através das simulações do CSFB
para as duas alturas de leito dinâmico (1100 mm e 2000 mm).
Perfil de velocidades: O software CSFB permite determinar a velocidade superficial
dos gases e a velocidade mínima de fluidização. Nas figuras 41 e 42 apresenta-se a influência
do fator de ar nos perfis de velocidade. Esses perfis de velocidades obtidos através das
simulações com o software CSFB, tendo como referência a velocidade na altura média do
leito (velocidade mínima de fluidização e velocidade superficial) para uma altura de leito
dinâmico de 2000 mm e 1100 mm.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Velocidade ( m/s)
Velocidade Mínima de Fluidização Velocidade Superficial
Figura 41 - Influência do fator de ar na velocidade superficial dos gases e na velocidade
mínima de fluidização para altura dinâmica de leito de 2000 mm
105
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Velocidade (m/s)
Velocidade Mínima de Fluidizão Velocidade Superficial
Figura 42 - Influência do fator de ar na velocidade superficial dos gases e na velocidade
mínima de fluidização para altura dinâmica de leito de 1100 mm
5.5. PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DOS TESTES
EXPERIMENTAIS
Os testes experimentais foram realizados tomando como base a variação do fator de ar,
no intuito de avaliar sua influência na concentração dos principais componentes do gás, no
seu poder calorífico (PCI), bem como no desempenho do equipamento.
Primeiramente, foi realizada a calibragem da rosca de alimentação do gaseificador,
com intuito de determinarmos a vazão de biomassa (casca de arroz) introduzida no interior do
reator. Após a realização da calibragem do equipamento, planejamos os testes experimentais
de acordo com a tabela 5.16, realizando a variação do fator de ar para a biomassa (casca de
arroz) alimentada no reator. Os valores obtidos através das equações (5.7), (5.8) e (5.9)
considerando a temperatura do reator a 750°C e a velocidade superficial do leito em torno de
0,7 m/s.
106
Tabela 5.16 - Planejamento dos testes experimentais
Velocidade
superficial Vs [m/s]
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
FA
0,2 132,03 158,44 184,84 211,25 237,66 264,06
0,22 120,03 144,03 168,04 192,05 216,05 240,06
0,24 110,03 132,03 154,03 176,04 198,05 220,05
0,25 105,63 126,75 147,87 169,00 190,12 211,25
0,26 101,56 121,88 142,18 162,50 182,81 203,12
0,28 94,31 113,17 132,03 150,89 169,75 188,62
0,3 88,02 105,63 123,23 140,83 158,44 176,04
0,32 82,52 99,02 115,53 132,03 148,54 165,04
0,34 77,67 93,20 108,73 124,26 139,80 155,33
0,36 73,35 88,02 102,70 117,36 132,03 146,70
0,38 69,49 83,39 97,29 111,18 125,08 138,98
0,4 66,01 79,22 92,42 105,62 118,83 132,03
Vazão de ar [m³/h] 115,16 138,19 161,23 184,26 207,29 230,32
Vs : velocidade do fluido se o reator estivesse vazio
A massa de combustível introduzida no interior do reator pode ser calculada da
seguinte forma (equação 5.7):
+
=
15,273
15,273T
VA
ArFA
m
leito
slleito
teorico
.comb
(5.7)
Onde:
F.A: Relação entre a razão ar/combustível real e o ar estequiométrico
:
teórico
Ar Ar teórico (equação 5.8)
leito
A : Área do leito do reator (equação 5.9)
(
)
tttt
teórico
OHSCAr ++= 0333,0265,0375,00889,0
(5.8)
(
)
4
2
leito
leito
d
A
=
π
(5.9)
107
A vazão de ar introduzida no interior do reator é determinada por uma placa de orifício
instalada na tubulação de ar, localizada na entrada do plenum (figura 43). Já a vazão de
biomassa foi determinada de acordo com a calibragem da rosca rotativa (dosador) do
equipamento. Esta calibragem é realizada variando a rotação do motor, responsável pela
introdução de biomassa no interior do equipamento.
Figura 43 - Sistema de medição de vazão de ar
A temperatura do reator durante a operação é monitorada através de 16 termopares
(figura 44), mas em termos operacionais utilizamos apenas 5 pontos, os principais pontos são
os seguintes:
108
Figura 44 - Localização dos transdutores de temperatura ao longo do reator
T
ar
– Temperatura do ar na entrada do plenum.
T
leito1
– Temperatura na região inferior do leito.
T
leito2
– Temperatura na região superior do leito.
T
3
– Temperatura dos gases de combustão, no pré-aquecimento do leito.
T
14
– Temperatura dos gases na saída do reator.
O sistema de aquisição de dados é fabricado pela empresa LYNX Tecnologia
Eletrônica Ltda. Este sistema efetua o monitoramento on-line da temperatura ao longo do
reator.
O sistema de análise de gás (figura 45) é realizado por um analisador amostral de
modelo MPS-6500 fabricado pela Rosemount Analytical Inc. Esse sistema fornece a leitura
109
do CO (monóxido de carbono), CH
4
(metano) e H
2
(hidrogênio), principais compostos do gás
produzido.
Figura 45 - Analisador de gás
Na realização dos testes experimentais com casca de arroz foi realizada a variação do
fator de ar, entre 0,219 e 0,269, no intuito de avaliar sua qualidade final no gás gerado
(composição, poder calorífico do gás), bem como o desempenho do gaseificador (eficiência a
frio e a quente).
5.6. RESULTADOS DOS TESTES EXPERIMENTAIS
Na realização dos experimentos, a temperatura do reator manteve em torno de 700°C.
Na tabela 5.17 observam-se maiores detalhes referentes as vazões mássicas (biomassa e ar),
fator de ar e percentual em volume dos principais componentes do gás gerado.
110
Tabela 5.17 - Condições operacionais e percentuais em volume dos componentes do gás
obtido
Vazão de
ar (m3/h)
Carga de
biomassa
(kg/h)
Fator de ar
(FA)
Componentes
do gás
Vol %
133 124,59 0,269
CO 13,5
CH
4
2,7
H
2
0,69
132,44 129,53 0,257
CO 13,6
CH
4
3
H
2
0,98
133 134,18 0,249
CO 13,9
CH
4
3,1
H
2
1,29
133 139,75 0,239
CO 15
CH
4
3,6
H
2
1,58
136 145,05 0,236
CO 14,6
CH
4
3,5
H
2
1,84
135 150,57 0,226
CO 16,8
CH
4
4,2
H
2
2,32
135 154,84 0,219
CO 17,8
CH
4
4,5
H
2
1,71
Na Figura 46 podem ser observadas as variações das principais concentrações do gás
gerado em porcentagem de volume versus o fator de ar.
111
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
% vol
CO CH4 H2
Figura 46 - Concentrações de
24
H e ,COCH
no gás gerado versus o fator de ar (experimental)
O cálculo do poder calorífico é realizado a partir de sua composição volumétrica,
conforme mostrado nas equações (5.10).
=
=
n
i
igig
CPCIPCI
1
.
(5.10)
3
/;7,108,356,12
24
NmMJCCCPCI
HCHCOgas
++=
Onde:
24
,,
HCHCO
CCC correspondem às concentrações volumétricas dos componentes.
Conforme observado na figura 47, percebemos uma queda gradativa no poder
calorífico do gás obtido ao aumentarmos o fator de ar durante a operação. Esta queda do
poder calorífico está relacionada à diminuição da porcentagem em volume dos componentes
do gás de biomassa. Com isto, podemos constatar melhores condições de operações para um
fator de ar de 0,219.
112
0
1
2
3
4
5
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Poder calorifico inferior
(MJ/Nm3)
Figura 47 - Poder calorífico do gás versus o fator de ar (experimental)
Tendo em vista sua importância no desempenho desses equipamentos, a eficiência a
frio e a quente é uma importante variável de projeto a ser analisada. Para determinação da
eficiência desse processo, foi necessária a realização de um balanço de massa, tal como
algumas hipóteses fundamentais para solução do balanço. Na tabela 5.18 são descritos os
principais dados experimentais utilizados no balanço de massa do processo.
Tabela 5.18 - Dados experimentais utilizados para o balanço de massa e energia do processo
F.A
0,219 0,226 0,236 0,239 0,249 0,257 0,269
biom
m
&
(Kg/h)
154,84
150,57
145,05
139,75
134,18
129,53
124,59
ar
m
&
(m
3
/h)
135 135 136 133 133 132,44
133
O balanço de massa e energia do gaseificador será realizado conforme o esquema
mostrado na figura 48.
113
Figura 48 - Esquema utilizado para realização do balanço de massa no equipamento.
Utilizando a lei de conservação da massa (Equação 5.11) para o volume de controle
(V.C) da figura 48, temos:
=
SE
mm
(5.11)
cinzasOHgásarbiom
mmmmm
VAPOR
&&&&&
++=+
2
(5.12)
Com base na tabela 5.18 é possível realizar os cálculos para obter as eficiências (frio e
quente) para o fator de ar de 0,219.
Cálculo da vazão de vapor de água (
VAPOR
OH
m
2
&
):
=
100
2
W
mm
biomOH
VAPOR
&&
(5.13)
hkg
h
kg
m
VAPOR
OH
/30,16
100
53,10
84,154
2
=
=
&
Gaseificador
Ciclone
com
m
&
ar
m
&
OVAPORH
m
2
&
gás
m
&
CINZAS
m
&
V.C
114
Cálculo da vazão de cinzas (
cinzas
m
&
):
=
100
.UB
biomcinzas
Cinzas
mm
&&
(5.14)
Onde:
UB
Cinzas
.
corresponde a porcentagem de cinzas em Base úmida
hkg
h
kg
m
cinzas
/39,25
100
4,16
84,154 =
=
&
Calculando a vazão de ar nas condições normais (0°C e 1 atm), tem-se:
+
=
KT
K
mm
E
arar
NORMAL
)15,273(
15,273
&&
(5.15)
Onde:
E
T
(ºC) corresponde a temperatura de entrada do ar no plenum
h
Nm
K
K
h
m
NORMAL
ar
33
68,110
)6015,273(
15,273m
135 =
+
=
&
Em termos de vazão mássica de ar, tem-se:
NORMALNORMAL
arar
h
Nm
m
ρ
×=
3
68,110
&
(5.16)
Considerando a densidade do ar igual a 1,303
3
Nm
kg
, obtém-se:
h
Kg
m
NORMAL
ar
21,144=
&
115
Substituindo as vazões mássicas na Equação (5.12), obtém-se a vazão mássica de gás
gerado:
gás
m
&
= 257,36
h
kg
Sabendo que de acordo com a equação (5.17), podemos realizar o cálculo da densidade
do gás gerado nas condições normais, da seguinte forma:
NORMALNORMAL
xxgas
C
ρρ
=
(5.17)
Onde:
C
x
: corresponde a concentração volumétrica de cada componente do gás gerado
NORMAL
x
ρ
: referem-se a densidade de cada componente nas condições normais
+++++=
outrosoutrosNNCOCOHHCHCHCOCOgas
CCCCCC
NORMAL
ρρρρρρρ
22222244
(5.18)
Onde:
outrosoutros
C
ρ
correspondem ao somatório de cada componente pela densidade dos
compostos hidrocarbonetos (C
2
H
4
, C
2
H
6
, C
3
H
8
e C
3
H
6
). Segundo a literatura esses
hidrocarbonetos representam menos de 1% do gás gerado, conseqüentemente, não sofrem
grande influência no poder calorífico e na eficiência do equipamento.
Com relação aos teores de CO
2
e N
2
por não serem medidos nos experimentos devido
à falta de recursos, adotamos um percentual de 17,42 % de CO
2
( Mansaray, 1999)
Para os outros componentes, obtemos os percentuais em volume, segundo a tabela
5.17, utilizando um fator de ar de 0,219.
CO = 17,8 % ; CH
4
= 4,5% ; H
2
= 1,71%
E finalmente, para o N
2
obtemos o seguinte percentual por balanço:
N
2
= 58,57%
116
As densidades para cada componente do gás nas condições normais estão mostradas
na tabela 5.19.
Tabela 5.19 - Densidades dos principais componentes do gás gerado nas condições normais
Compostos CO
2
CO H
2
N
2
CH
4
NORMAL
ρ
(Kg/m
3
)
1,98 1,260436 0,090768 1,2661436 0,717
Substituindo as concentrações dos componentes e os dados da tabela 5.19 na equação
5.18 , determinamos a densidade do gás gerado nas condições normais.
2614,1.5857,098,1.1742,009,0.0171,0717,0.045,026,1.178,0 ++++=
NORMAL
gas
ρ
NORMAL
gas
ρ
=1,34kg/Nm
3
Com isso chegamos à vazão mássica de gás nas condições normais:
h
Nm
Nmkg
hkg
m
gás
3
3
8,191
/34,1
/36,257
==
&
Com todas as vazões mássicas (biomassa, ar e gás), o poder calorífico (biomassa e
gás) e a entalpia do ar nas condições normais, determinam-se o desempenho do equipamento
(eficiência a frio e a quente) do equipamento (NOGUEIRA E LORA, 2003).
ararbiombiom
gásgás
F
hmPCIm
PCIm
+
=
&&
&
η
(5.19)
Onde:
ar
h
corresponde a entalpia do ar (gás ideal) a temperatura de entrada no reator
30,4%0,304
36,33321,1441610084,154
1004.48,191
3
3
3
==
+
×
=
kg
KJ
h
kg
kg
KJ
h
kg
Nm
KJ
h
Nm
F
η
117
A eficiência a quente do gaseificador é obtida levando em considerando o calor latente
do gás (Equação 5.20).
ararbiombiom
gásgásgásgás
F
hmPCIm
hmPCIm
+
+
=
&&
&&
η
(5.20)
Onde:
ar
h corresponde a entalpia do ar (gás ideal) a temperatura de entrada no reator.
gás
h corresponde ao somatório dos produtos de cada concentração pela entalpia dos
componentes (Equação 5.21).
xxgás
hCh
=
(5.21)
+++++=
outrosoutrosNNCOCOHHCHCHCOCOgás
hChChChChChCh
22222244
(5.22)
Substituindo as entalpias e as concentrações de cada componente do gás gerado na
equação (5.22), obtemos:
kg
KJ
h
gás
80,616=
Levando em conta o calor latente do gás obtemos a eficiência a quente do gaseificador.
%65,36366,0
36,33321,1441610084,154
80,61636,2571004.48,191
3
3
3
==
+
+×
=
kg
KJ
h
kg
kg
KJ
h
kg
kg
KJ
h
kg
Nm
KJ
h
Nm
F
η
118
5.7. COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS
Os resultados das simulações com o software CSFB apresentam divergências em
comparação com os testes experimentais. Entre as principais divergências, observam-se
baixas concentrações de monóxido de carbono (CO), conforme observado na figura 49.
0
5
10
15
20
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
CO, %vol.
Altura dinâmica de 1100 mm Altura dinâmica de 2000 mm Experimental
Figura 49 - Gráfico comparativo da concentração de CO no gás obtido entre os resultados do
experimento e da simulação com o software CSFB
De acordo com os resultados gerados no CSFB, tanto para uma altura dinâmica de
2000 mm, como para a altura de 1100 mm, foram observadas concentrações muito baixa na
composição percentual do componente monóxido de carbono (CO). Outra discrepância
observada no comparativo simulador-experimento, diz respeito ao comportamento ascendente
do componente CO, principalmente, para altura dinâmica de 2000mm. Na altura dinâmica de
leito de 1100 mm é observado um comportamento constante da composição percentual de
CO, porém para esses resultados ainda se encontram sérias divergências se comparado com os
experimentos.
Na figura 50 correspondente ao teor de CH
4
, podemos observar menores taxas de
desvios entre o simulador CSFB e os experimentos, porém o simulador ainda apresenta um
comportamento oposto aos dos dados experimentais.
119
0
1
2
3
4
5
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
CH4 , % vol.
Altura dinâmica de 1100 mm Altura dimica de 2000 mm
Experimental
Figura 50 - Gráfico comparativo da concentração de CH
4
no gás obtido
A figura 51 mostra o comparativo entre o simulador-experimento para o componente
hidrogênio (H
2
) do gás. Mais uma vez, o software CSFB apresentou divergência em seus
resultados, apresentando um comportamento completamente oposto aos resultados
experimentais. O maior desvio observado para valores superiores a 0,235 de fator de ar é
conseqüência provavelmente da intensificação da combustão do H
2
no “freeboard” com o
oxigênio levado pelas bolhas.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
H2, % vol.
Altura dinâmica de 1100 mm Altura dinâmica de 2000 mm
Experimental
Figura 51 - Gráfico comparativo da concentração de H
2
no gás obtido
120
Para as concentrações dos outros componentes (CO
2
e N
2
), não foi possível obter o
gráfico comparativo devido à falta de dados experimentais relativos às concentrações desses
componentes.
Devido a influência das concentrações dos componentes (CO, CH
4
e H
2
) no poder
calorífico do gás obtido, foi observado uma tendência oposta entre os testes experimentais e o
resultados simulados quando avaliamos a influência do fator de ar no poder calorífico do gás
(figura 52).
0
1
2
3
4
5
0,215 0,225 0,235 0,245 0,255 0,265 0,275
Fator de ar
Poder calorifico do
gás (MJ/Nm3)
Poder calorifico (altura dinâmico do leito de 1100mm)
Poder calorifico (altura dinâmico do leito de 2000mm)
Poder calorifico (Experimentos)
Figura 52 - Gráfico comparativo do poder calorífico do gás obtido
Os resultados da simulação e as divergências observadas entre o modelo e os
experimentos foram discutidas com o professor Marcio Souza-Santos. No anexo B são
apresentadas as suas considerações, várias das quais já discutidas ao longo do texto.
121
5.8. CAUSAS DAS DIVERGÊNCIAS DOS RESULTADOS
Na figura 53, observa-se possíveis causas das divergências entre as operações e as
simulações com software CSFB versão 3.
Figura 53 - Gráfico comparativo entre as causas das divergências entre os experimentos e a
simulação com CSFB
Nos testes experimentais, a biomassa foi introduzida muito próxima ao leito expandido,
ocasionando um regime de gaseificação de baixa eficiência devido à “flutuação” da biomassa
na superfície do leito expandido.
A utilização de um material inerte (óxido de alumina) com granulometria muito fina,
contribui para a formação de grandes bolhas no interior do reator (Slug Flow). Essas bolhas
contribuem para combustão do componente hidrogênio com oxigênio contido nas bolhas.
A versão 3 do software CSFB, apresentou dificuldades de convergência para leitos de
baixa altura. Segundo o autor do software, a nova versão do software (versão 20) não
apresenta esse tipo de problema, sendo capaz de realizar simulações com casca de arroz com
resultados mais realísticos do processo.
122
Capítulo 6
CONCLUSÕES
Com a realização deste trabalho podem-se concluir as vantagens da utilização da
técnica de gaseificação em leito fluidizado, tendo em vista a disponibilidade de matéria
orgânica (biomassa) nas regiões brasileiras. Outro fato observado na execução desse trabalho,
diz respeito à importância dos modelos de gaseificação e as suas dificuldades de
implementação, tendo em vista a complexidade do processo de gaseificação em leito
fluidizado. Alguns modelos comerciais disponíveis no mercado foram apresentados, entre eles
o Comprehensive Simulator for Fluidized Bed - CSFB, utilizado para a simulação de
gaseificação do NEST/IEM/UNIFEI.
Através dos resultados dos testes e da modelagem com o software CSFB, conclui-se a
influência dos parâmetros operacionais, principalmente, do fator de ar na qualidade final do
gás obtido, tal como no desempenho do equipamento. Essa influência do fator de ar pode ser
observada tanto nos testes experimentais realizados com casca de arroz, como nas simulações
com o software CSFB, embora os resultados não tenham o mesmo comportamento.
Os resultados da simulação com o software CSFB - Comprehensive Simulator for
Fluidized Bed versão 3 não tem coincidência satisfatória se comparado com os testes
experimentais realizados com casca de arroz. Segundo o autor, as discrepâncias dos resultados
pode ser fruto da sensibilidade do software CSFB aos parâmetros relacionados à análise
imediata e elementar da biomassa alimentada, tal como as características físico-químicas das
partículas envolvidas no processo (casca de arroz e inerte). No entanto, o software CSFB não
123
apresentou grande sensibilidade nos parâmetros destacados anteriormente pelo autor. Os
parâmetros de maiores sensibilidades observados no decorrer das simulações foram os fluxos
mássicos (biomassa e agente oxidante) e os parâmetros geométricos do equipamento.
Outra possível causa dessas discrepâncias, diz respeito à falta de um banco de dados
específicos para a casca de arroz. Segundo o Departamento de Engenharia Biológica e de
Agricultura da Universidade da Califórnia, que realizou um estudo comparativo entre os
experimentos e os resultados gerados no CSFB versão 3.5, foi encontrado baixos teores nas
concentrações dos componentes do gás, principalmente, na concentração de monóxido de
carbono (CO). Conforme visto na elaboração deste trabalho, problemas similares também
foram observados nas simulações-experimentos realizados com casca de arroz, comprovando
que o CSFB precisa de revisão, provavelmente na rotina de desvolatização ou ajustes de
coeficientes cinéticos, conforme citado pela Universidade da Califórnia.
Souza-Santos (2007) afirma que a discrepância entre os dados experimentais da
Universidade da Califórnia e os resultados da modelagem com o CSFB são resultados de não
ter se enquadrado no modelo o aquecimento elétrico externo do reator. Uma vez, corrigido
este erro, a concordância foi satisfatória.
Outros fatos relevantes foram observados no decorrer da execução deste trabalho, pois
o programa parte da hipótese que a altura dinâmica do leito é mantida constante, o que não é o
caso da maioria dos projetos de gaseificadores. Sendo assim, essa variável deveria ser
calculada e não servir de dado de entrada do programa.
O programa não foi capaz de modelar o processo físico do gaseificador para as
condições dos testes, que para a altura do leito de 500 mm ele não conseguiu a
convergência. A justificativa que indica problemas de operação incorreta do gaseificar,
abordada pelo autor do software no anexo B do trabalho, não pode ser considerada válida,
que o modelo deveria ser capaz de modelar inclusive estes regimes ditos “errados”.
O programa é válido para uma análise preliminar do processo e avaliação da operação
do reator, mas ainda deve ser (e esta sendo) aprimorado para que possa simular diferentes
condições do processo de gaseificação, em particular leito de baixa altura.
A versão 20 do software CSFB esta disponível comercialmente, segundo o autor do
software com diversas melhorias, principalmente, na parte cinética das varias reações
envolvidas, mostrada no anexo A do trabalho. Uma analise detalhada dos dados, resultados e
124
das simulações dos ensaios com casca de arroz foram abordadas pelo autor do software
CSFB, estas discussões/justificativas estão abordadas no anexo B do trabalho.
125
SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
Para sugestões de futuros trabalho, pode-se realizar a mudança de projeto e operação do
gaseificador de leito fluidizado. Essas mudanças são:
Alteração do ponto de alimentação da biomassa: Durante os testes experimentais,
provavelmente, a biomassa era introduzida em um ponto de alimentação muito
próximo ao leito expandido. Em conseqüência disto, obtém-se um regime de baixa
eficiência.
Aumento da granulometria do inerte: Durante os experimentos foi utilizado um inerte
com granulometria muito baixa ocasionando a formação de grandes bolhas no interior
do reator e favorecendo o fenômeno chamado Slug flow, indesejável na operação
desses reatores.
Além das propostas descritas anteriormente, é sugerido realizar novas simulações com a
nova versão do software CSFB. Segundo o autor do software, a versão 20 do CSFB pode
simular leitos de baixa altura, assim como modelar operações utilizando casca de arroz como
combustível.
126
ANEXO A
Principais reações químicas consideradas no software CSFB:
222
22242
1
SOaNOaOH
a
COOa
aa
a
SNOCH
SN
H
S
NOH
aSaNaOaH
+++
++++
R.1
SHaN
a
COHaa
a
OHaSNOCH
S
N
SO
H
OaSaNaOaH
2222
2
)
2
1()1( +++++
R.2
SHaNHaHa
a
a
a
OHaCOCOSNOCH
SNS
N
O
H
OaSaNaOaH
23222
)
2
3
2
(2 +++++
R.3
SHaNHaOHaCHHaaa
a
SNOCH
SNOSNO
H
aSaNaOaH
23242
)
2
3
2
2( +++++++
R.4
SHaN
aa
COHa
a
NOaSNOCH
S
ON
S
H
OaSaNaOaH
2222
)
2
2
1()
2
()2( +++++
R.5
1
CharVolatileFuel
daf
+
R.6
TarGasesVolatile +
R.7
OHSolidusCarbonaceoDrySolidusCarbonaceoWet
2
+
R.8
SHaN
aa
COHa
a
NOaSNOCH
S
ON
S
H
OaSaNaOaH
222
)
2
2
1(2)
2
()2( +++++
R.9
SHaN
aa
COHa
a
ONaSNOCH
S
ON
S
H
OaSaNaOaH
2222
)
2
2
1()
2
()1( +++++
R.10
2
CharTar
R.11
23
COCaOCaCO +
R.12
422
222 CaSOOSOCaO ++
R.13
OHAbsorbentDryAbsorbentWet
2
+
R.14
OHCaSSHCaO
22
++
R.15
OHInertSolidDryInertSolidWet
2
+
R.16
422
222 MgSOOSOMgO ++
R.17
OHMgSSHMgO
22
++
R.19
222
HCOOHCO ++
R.20
22
22 COOCO +
R.21
OHOH
222
22 +
R.22
OHCOOCH
2224
22 ++
R.23
OHCOOHC
22262
6472 ++
R.24
127
OHNOONH
223
6454 +
R.25
OHSOOSH
2222
2232 ++
R.26
NOON 2
22
+
R.27
OH
b
NObSObCObOb
bbb
bSNOHC
H
NSCS
NO
H
CbSbNbObHbC
2222
2
)
2
2
4
( +++++++
R.28
4
322
)(
)
2
3
22
4
(
CHbb
NHbSHbCObHbbbb
b
SNOHC
OC
NSOSNOC
H
bSbNbObHbC
+++++
R.29
4
322
)(
)
2
3
2
4
2(
CHbb
NHbSHbCObHbbb
b
bSNOHC
OC
NSOSNO
H
CbSbNbObHbC
++++++
R.30
OHCOOHC
22242
223 ++
R.31
OHCOOHC
22263
6692 ++
R.32
OHCOOHC
22283
435 ++
R.33
OHCOOHC
22266
612152 ++
R.34
222
22434 HONCOOHCN +++
R.35
224
3HCOOHCH ++
R.36
2242
422 HCOOHHC ++
R.37
2262
522 HCOOHHC ++
R.38
2263
633 HCOOHHC ++
R.39
2283
733 HCOOHHC ++
R.40
2266
966 HCOOHHC ++
R.41
232
3422 HNONHNO ++
R.42
223
3422 HONNHNO ++
R.43
OHNNHON
2232
3423 ++
R.44
OHNOHNO
222
2 ++
R.45
OHONHNO
222
2 ++
R.46
OHNHON
2222
++
R.47
22
CONOCONO ++
R.48
22
2 COONCONO ++
R.49
222
CONCOON ++
R.50
OHHCNCONH
23
++
R.51
128
ONON
222
22 +
R.52
NOOON 42
22
+
R.53
22
22 NOONO +
R.54
129
ANEXO B OPINIÃO DO PROFESSOR MARCIO DE SOUZA-
SANTOS
PROBLEMAS COM OS DADOS INSERIDOS NO PROGRAMA:
Vários dados críticos inseridos no programa simulador (CSFB) contém grandes
incertezas, pois foram retirados da literatura e não determinados em laboratório. Entre
eles: composições imediatas e elementares do combustível, densidades da alumina,
fator de forma da casca de arroz, etc. Tais dados influenciam muito o processo de
fluidização e gaseificação, que estão obviamente fortemente acoplados.
Outros dados muito importantes foram estimados. Entre eles a altura dinâmica do
leito. Também, têm decisiva influência nos resultados.
As temperaturas no leito foram lidas por apenas dois termopares. Isto pode levar a
grandes incertezas.
PROBLEMAS COM DADOS DE OPERAÇÃO:
Embora vários ensaios tenham sido realizados com significativas diferenças em
fatores de ar (variando entre 0,239 e 0,219), as temperaturas no leito ficaram todas em
700°C. Isto é uma impossibilidade. Assim, fica muito comprometida a confiabilidade
dos dados medidos e resultados reportados.
Não foi determinada a altura real de leito. Já comentado.
Não foi determinada a fração de conversão de carbono. Tal dado é básico para estimar
a eficiência do processo bem como para comparar com resultados de simulação.
Não foram determinadas concentrações de gases muito importantes, entre eles o CO
2
.
130
PROBLEMAS COM A OPERAÇÃO:
A concentração de hidrogênio nos gases produtos de todos os ensaios é muito baixa.
Isto contradiz todos os resultados de gaseificação em operações razoavelmente bem
conduzidos. A média dessas concentrações sempre fica entre 9 e 13% para operações
com ar à pressões várias (inclusive ambiente). Tal problema pode estar relacionado
com um dos fatores abaixo:
a. Grandes bolhas ao longo do leito ou mesmo Slug-flow. Nesta última condição o
diâmetro das bolhas chega a alcançar o diâmetro interno do leito. Mesmo bolhas grandes
levam a baixa troca de massa entre essa fase e a emulsão. Como mostrei em vários artigos e
no livro, as bolhas acabam funcionando como um reservatório de oxigênio e oxidando grande
parte dos gases combustíveis durante suas trajetórias ao topo do leito. Além disso, ao
chegarem ao topo do leito, rompem-se e, agora no Freeboard, acabam de oxidar parte dos
gases trazidos pela emulsão. A simulação mostra que os diâmetros das bolhas ficaram muito
grandes ao longo do leito e regime de slug-flow foi obtido próximo ao topo do leito. Isto
confirma a minha avaliação e explicação das baixas concentrações de hidrogênio. Quero
também lembrar que um processo de gaseificação qualquer que forneça abaixo de 8% em
hidrogênio não é aceitável comercialmente. Os ensaios mostram concentrações de H
2
entre
0,69% e 3,6%. Embora a concentrações de CO tenham sido razoáveis, a qualidade do gás
depende principalmente na concentração de hidrogênio. O monóxido de carbono se oxida em
velocidade menor que o hidrogênio, e isto explicaria o fato de que tenha sobrevivido melhor à
oxidação ao longo do leito e do Freeboard causado pela presença de grandes bolhas. A causa
de grandes bolhas está no fato de que velocidades superficiais de gases ficaram muito acima
da mínima de fluidização. Obviamente, sempre se obtém velocidade superficial acima da
mínima, mas, em processos de gaseificação, deve-se procurar não ultrapassar muito. A
penalidade é obter bolhas relativamente grandes com os efeitos comentados. Assim, os
ensaios mostram grandes problemas.
b. Possível infiltração de ar no trem de amostragem de gases. Isto também levaria a
baixas concentrações de hidrogênio. Porém, esta hipótese é menos provável que a indicada
acima.
c. Possíveis segregações entre a casca de arroz e a alumina. Tal processo ocorre em
determinadas condições de fluidização e permite que as partículas de menor densidade ou
131
velocidade de fluidização “flutuem” na superfície do leito. Tal problema leva a vários
problemas, entre eles que a pirólise do combustível flutuando não ocorra no interior do leito.
Os gases da devolatilização são ricos em CO e contém pouco H
2
. Por outro lado, o simulador
não indica que tenha havido segregação. Desse modo, a hipótese “a” continua ser a mais
provável.
A temperatura no leito também ficou abaixo do que usualmente se obtém em processo
bem sucedidos. Os ensaios mostraram temperaturas em torno de 700°C, enquanto que
o usual é operar acima 800°C. Embora pareça pequena, 100°C trazem grandes
diferenças em qualidade de gás e conversão de carbono.
DIFICULDADES EM SIMULAR O PROCESSO:
O CSFB (3.0) ou a nova versão CSFMB, não podem responder bem quando dados
inseridos aos programas contém grandes incertezas.
O programa não está preparado para simular com precisão operações com
combustíveis fora dos listados no manual, tal como casca de arroz. Por outro lado, a
nova versão permite que correções em cinéticas das várias (mais de 100) reações
possam ser inseridas. Cabe lembrar que cinzas em combustíveis operam como
catalisadores ou envenenadores para várias reações importantes do processo. O correto
é obter na literatura ou em laboratório as cinéticas, ao menos de reações mais
importantes. Outra alternativa, embora menos desejável, é calibrar o programa por
tentativa e erro modificando alguns parâmetros de cinética até reproduzir um ensaio. A
partir daí, o programa estaria pronto para ser utilizado para prever futuras operações e
mesmo para otimizar o processo. Este é um trabalho demorado, mas que poderia ser
feito com a nova versão do programa.
132
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