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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
NÍVEL: MESTRADO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ENDODONTIA
AVALIAÇÃO COMPARATIVA IN VITRO, DO PREPARO DO CANAL RADICULAR
REALIZADO COM OS SISTEMAS MANUAL E OSCILATÓRIO POR ALUNOS DE
GRADUAÇÃO, ATRAVÉS DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
ANDRÉA CABRAL DE MELLO VANZIN
CANOAS/RS
2005
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ANDRÉA CABRAL DE MELLO VANZIN
AVALIAÇÃO COMPARATIVA IN VITRO, DO PREPARO DO CANAL RADICULAR
REALIZADO COM OS SISTEMAS MANUAL E OSCILATÓRIO POR ALUNOS DE
GRADUAÇÃO, ATRAVÉS DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Dissertação de Mestrado apresentada no Curso de
Pós-Graduação em Odontologia da Universidade
Luterana do Brasil – RS, como requisito final para
obtenção do título de Mestre em Endodontia
Orientador: Prof. Dr. Fernando Branco Barletta
Linha de Pesquisa: Condutas preventivas,
restauradoras e cirúrgicas em Odontologia.
CANOAS/RS
2005
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Dedicatórias
Aos meus pais Romar e Marta,
Que me deram todo o amor e a educação para que me tornasse
a pessoa que sou. Sem dúvida, devo a vocês todas as minhas
conquistas profissionais. Mas, o que mais admiro em vocês é a
honestidade, generosidade e a bondade no coração, que são um
exemplo em todos os dias de minha vida.
Se puder transmitir um pouco disso para o meu filho já estarei
feliz.
Muito obrigada por estarem comigo em todos os momentos de
minha vida!
Amo vocês!
Aos meus irmãos Henrique, Leonardo e Guilherme
Por tudo o que vivemos juntos, brincadeiras, brigas e risadas.
Apesar de não termos mais tanto tempo, vocês são meus grandes
amigos e fontes de inspiração, cada um especial a seu jeito.
Amo vocês!
Ao meu marido Rodrigo
Pela dedicação incondicional, algumas vezes exausta,
esclarecendo dúvidas sobre fraldas e mamadeira por telefone.
Por compreender minhas ausências e o pouco tempo que te
dedicava.
Por fazer parecer que o spaghetti à bolonhesa aos domingos
não fazia falta.
Pela tranqüilidade que me transmites.
“Eu gosto de você
E gosto de ficar com você
Meu mundo é tão feliz contigo
Meu melhor amigo é o seu amor”.
Os Tribalistas
Te amo!
Ao meu filho Eduardo
Fazia tempo que, antes do beijinho de boa noite, te dizia: logo,
logo terei mais tempo para ficar contigo. Chegou este dia, e
tenho certeza de que te orgulharás de mim.
Mas o meu maior orgulho, é ver a criança linda, carinhosa e
feliz que és!
Obrigada pela tua compreensão, mesmo sem compreender.
“Se esta rua, se esta rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu amor passar”.
Te amo!
Agradecimentos Especiais
Ao Prof. Raphael Onorino Carlos Loro (in memorian),
Pelo exemplo de vida profissional.
Pela obstinação e dedicação em tudo o que fazia, sempre com
ternura e humanidade.
Pela confiança que me depositou, abrindo-me as portas de uma
carreira envolvente e fascinante, com novos desafios a cada dia.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Fernando Branco Barletta
Por ter me ensinado, apesar de que tudo provasse o contrário, a
gostar de Endodontia, ainda no curso de graduação.
Por ter sido um constante incentivador de meu aperfeiçoamento
e qualificação profissional, nos anos que se seguiram.
Por ter me acolhido com orientada.
Obrigada!
À prof
a
. Dr
a
. Vânia Fontanella,
Pela simplicidade, disponibilidade e atenção dispensada.
Pela competência, tornando simples o que parecia ser
complicado. Como se tivesse todo o tempo do mundo.
Por ter criado o método para a avaliação das imagens e por ter
realizado as medidas.
Obrigada!
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ter me acompanhado em todos os momentos e principalmente
por ter colocado em minha vida pessoas tão especiais!
Ao Prof. Dr. Elias Motcy Oliveira, pelo carinho, tranqüilidade e pelas palavras
de incentivo, confirmando o grande Mestre que é. Pela sabedoria, experiência e
dedicação. Sinto não ter tido oportunidade de usufruir mais de seu convívio.
Ao Prof. Dr. José Antônio Poli de Figueiredo, pelo exemplo que nos deu
sendo um “apaixonado” por Endodontia, por seu conhecimento e incentivo à
pesquisa e, sobretudo, por ser uma pessoa extremamente sensível e amável.
Aos demais Professores do curso de Mestrado da ULBRA, que
contribuíram para que o meu conhecimento se tornasse mais amplo e interessante.
Às colegas de curso Ana, Caro, Dani e Nica, as companheiras dos
momentos de lazer e estudo, que me acolheram e apoiaram.
Aos colegas do Mestrado, Charles, Cláudia, Daniel, Gláucia, Isabela,
Marilin e Max, pela convivência e apoio.
Aos colegas novos do curso Cris, Flávia e Mateus, que apesar do pouco
contato sempre se mostraram companheiros.
A Nica, Dani, Maristela, Cris e Mateus, que me auxiliaram com material em
momento de grande sufoco. Obrigada!
À secretária do curso de Mestrado Alexandra, sempre disposta e “com
sorriso nos lábios”.
À Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, por autorizar a
realização da fase experimental do estudo nas dependências da Faculdade de
Odontologia e fornecer as condições necessárias para a sua realização.
À direção da faculdade de Odontologia da PUCRS, nas pessoas dos
professores Raphael Onorino Carlos Loro (in memorian), João Miguel Messina
da Cruz, Elaine Bauer Veeck, Túlio Mazzini Carvalho e Angélica Maria Genehr
Fritscher, que sempre promoveram as melhores condições para um trabalho com
qualidade e harmonia, ouvindo-nos e incentivando-nos.
Às Prof
as
. Dr
as
. Marcia Rejane Brücker, Elaine Bauer Veeck e Nilza Pereira
da Costa, da Disciplina de Radiologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, por terem permitido a realização das radiografias naquele serviço e
me auxiliado, com disponibilidade e perfeccionismo.
À Comissão Científica e de Ética da PUCRS na pessoa da Prof
a
. Dr
a
. Marília
Gerhardt de Oliveira, pela disponibilidade e agilidade na aprovação do projeto.
Aos meus colegas e amigos da Disciplina de Endodontia da PUCRS,
professores Alexandre, Maristela e Simone, pelo apoio, incentivo, compreensão
que tiveram com as minhas ausências e pelas boas conversas.
Ao Altair, técnico da Medicina Diagnóstica Mãe de Deus Center, pela
paciência, disponibilidade e alegria dispensadas durante as horas em que se
dedicou à tomada das imagens de tomografia computadorizada.
Ao Dr. Vinícius Dutra, radiologista da Medicina Diagnóstica Mãe de Deus
Center, por ter me auxiliado e possibilitado a realização das imagens de tomografia
computadorizada. Pela paciência e disponibilidade nos momentos em que
necessitei.
Ao Dr. Mário Wagner, pela paciência e competência na realização da análise
estatística.
Ao meu marido Rodrigo, pelo Abstract.
A Revisione, pela revisão de Português e formatação.
A todos os alunos que me auxiliaram na fase experimental deste estudo: Ana
Paula, Ana Paula, Ângela, Camila, Carina, Carolina, Caroline, Cibele, Débora,
Dianjara, Fernanda, Fernanda, Helen, Luiz Gustavo, Leonardo, Marilia, Peter,
Renata, Tiago, Vanessa, pela paciência, disponibilidade e entusiasmo.
À aluna Carina Folkman, que com tanta dedicação e boa vontade me
auxiliou com a pesquisa bibliográfica.
Às colegas “Integradinhas”, professoras Angélica, Maria Cecília, Sandra, e
Simone, pela convivência agradável nos momentos de trabalho e de lazer.
Aos meus pais, Marta e Romar, pelo apoio financeiro.
À minha madrinha e tia Telita, por ter sido sempre tão dedicada como uma
mãe e por ter me inspirado a seguir a carreira odontológica através de seu amor pelo
que faz.
Aos meus avós Betinha, Yeddo e Nona (in memorian), por serem a parte
doce da minha vida.
Às minhas cunhadas Carmem, Dani e Monique pelo carinho que sempre me
dedicaram.
À Maria Helena e ao Cláudio Luís, pelo carinho e apoio.
E a todos que estiveram presentes nesta jornada...
Muito obrigada!
“Não há nada como um
sonho para criar o futuro”.
Victor Hugo
RESUMO
Proposição: o objetivo deste estudo foi avaliar comparativamente, in vitro, através
de tomografia computadorizada Multi Slice, o preparo do canal radicular realizado
por alunos de graduação da FOPUCRS com os sistemas manual e oscilatório,
levando-se em consideração o desgaste produzido nas paredes do canal radicular e
o tempo necessário.
Metodologia: foram utilizadas raízes mesiais com dois canais radiculares, de 20
molares inferiores humanos extraídos por indicação clínica. Vinte alunos de
graduação realizaram o preparo de dois canais radiculares cada um: um com
sistema manual e o outro com sistema oscilatório. O preparo para ambos os canais
radiculares foi realizado com a técnica escalonada, utilizando-se limas manuais
Flexofile. O tempo foi registrado durante os preparos. Os dentes foram escaneados
em tomografia computadorizada antes e após o preparo. Através dos programas
Adobe Photoshop®, as imagens de tomografia computadorizada foram coloridas,
sobrepostas e as áreas de contorno demarcadas. A medida da distância entre as
superfícies externas dos canais radiculares anatômico e cirúrgico foi realizada.
Utilizando-se a imagem anteriormente obtida para as medidas lineares, a área total
de desgaste foi medida.
Resultados: com relação à medida linear de desgaste, não houve diferença entre as
técnicas. A parede distal apresentou maior desgaste no terço cervical do que no
médio em ambas as técnicas. A área total de desgaste foi maior no terço cervical do
que no médio. Com relação ao tempo de preparo, não houve diferença
estatisticamente significante entre as duas técnicas.
Conclusão: não foi possível afirmar que houve diferença de desgaste nas paredes
do canal radicular, com exceção da distal, com relação aos terços e sistemas. o
houve diferença entre os dois sistemas no tocante ao tempo. O sistema oscilatório
constitui-se em uma boa alternativa como recurso auxiliar para o preparo do canal
radicular no ensino de graduação.
Unitermos: Endodontia, instrumentação, tratamento do canal radicular, tomografia
computadorizada por raios-X.
SUMMARY
Proposition: The objective of this research was to evaluate by comparison, in vitro,
by means of Multi Slice Computerized tomography, the preparation of the root canal
as performed by graduate students at the dental school of PUC, Rio Grande do Sul,
with manual and automated system Adiel Super Endo 16® instrumentation, taking
into consideration the wear produced on the walls of the root canal and the time
required.
Methodology: The study was conducted on mesial roots with two root canals, in 20
mandibular extracted adult molars by clinical indication. Twenty graduate students
provided, each, the preparation of the two root canals: one with the manual system
and the other with the automated system. The preparation for both canals was
performed with the step back technique using Flexofile® manual files. The time for
preparation was recorded. The teeth were scanned with computerized tomography
before and after the preparation. The computerized tomography images were
colored, superposed and the areas outlined with Adobe PhotoShop® software. The
measuring points between the external surfaces of the root canal before and after the
instrumentation was recorded. Using the image produced previously for the linear
measuring, the dentine removed total area was assessed.
Results: With regards to the measurement of the linear abrasion there was no
difference between the techniques on any portion, with the exception of the distal,
which presented a amount of dentine removed in the cervical portion than in the
middle portion with both techniques. The dentine removed total area presented some
difference between the portions, of which, in the cervical portion, the average was
greater than that in the middle portion. Regarding the preparation time, there was no
statistically relevant difference between any of the two systems.
Conclusion: It is not possible to affirm that there were differences in the wearing off
of the root canal, with the exception of the distal, with regards to the portions and
systems. There was no difference in time between both systems.
Unitermos: endodontics, instrumentation, root canal preparation, computed
tomography.
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................9
SUMMARY................................................................................................................10
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................13
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................14
2 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................18
2.1 PREPARO AUTOMATIZADO DO CANAL RADICULAR.............................18
2.2 PREPARO AUTOMATIZADO REALIZADO POR ALUNOS DE
GRADUAÇÃO...............................................................................................32
2.3 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA..................................................................................38
3 PROPOSIÇÃO...................................................................................................53
3.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................53
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.........................................................................53
4 METODOLOGIA ................................................................................................54
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS.........................................................................54
4.2 LOCAIS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA.................................................54
4.3 SELEÇÃO E PREPARO DOS DENTES.......................................................54
4.4 DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE TRABALHO............................59
4.5 PREPARO DOS DENTES PARA A OBTENÇÃO DAS IMAGENS ..............60
4.6 OBTENÇÃO DAS IMAGENS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
INICIAL..........................................................................................................62
4.7 GRUPOS EXPERIMENTAIS / PREPARO DOS CANAIS RADICULARES..64
4.8 REGISTRO DO TEMPO................................................................................69
4.9 QUESTIONÁRIO...........................................................................................69
4.10 OBTENÇÃO DAS IMAGENS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
FINAL............................................................................................................69
4.11 METODOLOGIA EMPREGADA PARA A ANÁLISE DOS RESULTADOS..70
4.12 CORRESPONDÊNCIA ENVIADA AOS PROFESSORES............................75
4.13 ANÁLISE ESTATÍSTICA ..............................................................................76
4.13.1 Cálculo de tamanho de amostra ...........................................................76
4.13.2 Análise dos resultados..........................................................................76
5 RESULTADOS...................................................................................................78
5.1 MEDIDA LINEAR DE DESGASTE ...............................................................78
5.2 ÁREA TOTAL DE DESGASTE.....................................................................81
5.3 TEMPO..........................................................................................................82
5.4 INTERCORRÊNCIAS............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
5.5 ANÁLISE QUALITATIVA..............................................................................83
6 DISCUSSÃO......................................................................................................84
7 CONCLUSÕES................................................................................................102
REFERÊNCIAS.......................................................................................................103
APÊNDICES ...........................................................................................................109
ANEXO ...................................................................................................................119
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Dente posicionado na morsa para a realização das manobras de
abertura da câmara pulpar e preparo do canal radicular...........................57
Figura 2 – Confirmação dos dois canais radiculares na raiz mesial..........................58
Figura 3 – Dentes posicionados nos frascos.............................................................61
Figura 4 Dentes posicionados para a obtenção das imagens de tomografia
computadorizada.......................................................................................62
Figura 5 – Sistema oscilatório Adiel Super Endo 16 .................................................67
Figura 6 Cortes axiais nos terços cervical, médio e apical, antes e depois do
preparo......................................................................................................72
Figura 7 Medida da distância linear de desgaste, através do programa Adobe
Photoshop ..............................................................................................74
Figura 8 – Medida da área de desgaste, através do programa ImageLab .............75
Figura 9 – Desgaste vestibular..................................................................................79
Figura 10 – Desgaste lingual.....................................................................................79
Figura 11 – Desgaste distal.......................................................................................79
Figura 12 – Desgaste mesial.....................................................................................80
Figura 13 – Desgaste total ........................................................................................80
Figura 14 – Diferença na área de resgate.................................................................81
1 INTRODUÇÃO
A terapia endodôntica objetiva o selamento do sistema de canais radiculares
através de suas fases distintas: acesso cirúrgico, preparo do canal radicular e
obturação.
Especial atenção é dada à fase do preparo do canal radicular, que tem como
objetivo promover a limpeza, desinfecção e modelagem do canal radicular. Para
atingir tais objetivos, o preparo é composto por duas etapas que atuam
concomitantemente, uma química e outra mecânica.
A etapa química compreende a utilização de substâncias químicas auxiliares
que atuam no interior do canal radicular, auxiliando na remoção de conteúdo
orgânico e inorgânico.
Com o auxílio de instrumentos endodônticos, a etapa mecânica do preparo
consiste em promover uma ampliação correta do canal radicular, mantendo sua
forma original cônica com menor diâmetro em apical, que facilite posteriormente a
obturação (SCHILDER, 1974).
Entretanto, a etapa mecânica torna-se limitada e dificultada por variações da
anatomia dental, como canais radiculares atrésicos e com curvaturas acentuadas, o
que impõe ao profissional tomar uma série de cuidados (BATISTA et al., 2003).
Muitas vezes, deve-se valer de diferentes técnicas e sistemas de preparo para evitar
15
a ocorrência de acidentes, como degraus, zips, perfurações, desvios e perda de
comprimento de trabalho. Além disso, é a manobra do tratamento endodôntico que,
quando realizada manualmente, demanda o maior tempo de trabalho, ocasionando a
fadiga tanto no profissional quanto no paciente.
Na década de 60, com o intuito de agilizar o preparo do canal radicular,
surgiram alguns sistemas automatizados, como o Giromatic (Micro Mega S.A.) e o
Dynatrac. Tais sistemas não ganharam credibilidade, principalmente, por
trabalharem com movimentos de rotação do instrumento no canal radicular,
considerados incorretos para a época (LEONARDO; LEONARDO, 2002).
Mais recentemente, Roane et al. (1985) propuseram movimentos rotacionais
de força balanceada na instrumentação, com resultados que centralizariam melhor o
instrumento no canal radicular preparado e apresentariam baixa incidência de
desvios. Assim, os sistemas automatizados foram relançados e desenvolvidos para
reproduzir os movimentos realizados manualmente durante o preparo do canal
radicular e podem ser classificados em dois tipos: sistemas de rotação contínua e
sistemas oscilatórios.
Os primeiros são instrumentos de níquel-titânio, fabricados especificamente
para trabalharem em motores elétricos, com controle de velocidade e torque. Os
sistemas oscilatórios são aparelhos acopláveis ao micromotor do equipamento
odontológico, aos quais adaptam-se limas manuais de o inoxidável ou de níquel-
titânio, que realizam movimentos rotacionais alternados de ¼ de volta à direita e ¼
de volta à esquerda, com amplitude que varia de 30 a 45 graus e com redução de
velocidade (SYDNEY et al., 2000a).
16
Com o advento da automação no preparo do canal radicular, tal manobra
tornou-se mais simples e segura devido à diminuição do tempo necessário para a
sua realização e do esforço físico despendido (ABOU-RASS & ELLIS, 1996;
ARROYO et al., 1998; SYDNEY et al., 2000; BATISTA et al., 2003).
Conforme Arroyo et al. (1998), os sistemas oscilatórios têm a vantagem de
não necessitarem de limas especiais, podendo-se usar as mesmas que o
profissional emprega habitualmente. Ainda, segundo Sydney et al. (2000a), a
possibilidade de tracionamento dos instrumentos em direção à porção externa da
curvatura, o que é denominado desgaste anticurvatura (ABOU-RASS et al., 1980),
denota similaridade com os movimentos da instrumentação manual, assim, trabalha-
se de forma automatizada de maneira bem próxima a habilidade manual.
A literatura científica tem mostrado que algumas faculdades de Odontologia
da Europa, Estados Unidos e, recentemente, no Brasil estão introduzindo ao
aprendizado de Endodontia aparelhos e instrumentos para a automação do preparo,
pois consideram ser de sua responsabilidade o ensino de técnicas que são
amplamente utilizadas pela comunidade endodôntica e que têm sucesso
comprovado (BAUMANN & ROTH, 1999; GLUSKIN et al., 2001; SONNTAG et al.,
2003; HÄNNI et al., 2003; ARBAB-CHIRANI & VULCAIN, 2004).
Com relação aos recursos metodológicos empregados para a avaliação do
preparo do canal radicular, pode-se citar: microscopia eletrônica de varredura
(BAKER et al., 1975), canais simulados de resina (WEINE et al., 1975), cortes
histológicos (WALTON, 1976), moldes do canal radicular com silicone (ABOU-RASS;
JASTRAB, 1982), cortes na raiz do dente para avaliar o canal radicular antes e após
17
o preparo (BRAMANTE et al., 1987), tomografia computadorizada (TACHIBANA &
MATSUMOTO, 1990) e plataforma radiográfica (SYDNEY et al., 1991). Algumas
limitações destes métodos têm sido discutidas, o que estimula novas buscas.
Um dos métodos mais recentes para a avaliação, a tomografia
computadorizada, permite analisar o canal radicular em suas três dimensões, antes
e após o preparo, avaliar a ação dos instrumentos nas suas paredes e armazenar as
imagens para realizar as medidas necessárias, sem promover cortes no dente.
Diante da complexidade da fase de preparo do canal radicular durante o
tratamento endodôntico e dos benefícios proporcionados pelo sistema oscilatório
nesta fase, fica clara a necessidade da avaliação do desempenho de alunos de
graduação quando utilizado este sistema.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 PREPARO AUTOMATIZADO DO CANAL RADICULAR
A terapia endodôntica tem como objetivo, através do acesso cirúrgico,
preparo químico mecânico e obturação, obter o selamento do sistema de canais
radiculares dentro dos princípios biológicos e mecânicos que regem o tratamento.
Com o objetivo de proporcionar um preparo adequado em dentes com canais
radiculares atrésicos e com curvaturas na região apical, Clem (1969) propôs a
instrumentação em etapas. Segundo o autor, instrumentos menos calibrosos que o
de número 40 são capazes de acompanhar a curvatura do canal radicular e atingir o
comprimento de trabalho, mas não são suficientes para realizar o preparo dos terços
médio e cervical do canal radicular. Sendo assim, a técnica preconizada consiste em
realizar o preparo apical com limas de menor calibre (25, 30, 35) e completá-lo com
limas mais calibrosas (40, 45, 50) na porção reta do canal radicular.
Schilder (1974) preconizou que o preparo do canal radicular fosse baseado
em dois princípios básicos: limpeza e modelagem. O autor observou que o canal
radicular, ao final do preparo, deve apresentar uma forma progressivamente cônica
afunilada, com maior diâmetro no terço cervical, preservando a curvatura original
sem a ocorrência de transporte. Desta maneira, as soluções irrigadoras podem
conseguir maior penetração, e a obturação do canal radicular pode ter uma melhor
adaptação no espaço vazio.
19
Ainda nesta ordem de idéias, levando em consideração que o preparo do
canal radicular deve permitir acesso livre ao terço apical, sem interferências
dentinárias no terço cervical, Abou-Rass et al., em 1980, também recomendaram
que as zonas de segurança, parede mesial das raízes mesial de molares inferiores e
mésio-vestibular de molares superiores, poderiam ser mais desgastadas e as zonas
de risco, paredes opostas, preservadas, visto que essas são mais estreitas, portanto
mais frágeis. Tal procedimento é recomendado principalmente no tratamento de
canais radiculares curvos e atrésicos. Este preparo é denominado pelos autores de
limagem anticurvatura.
A fase de preparo do canal radicular, quando realizada manualmente, é
aquela que despende maior tempo de trabalho. Também, é uma manobra que exige,
por parte do operador, destreza, habilidade e paciência. Para facilitar esta etapa,
diminuindo o tempo de consulta e reduzindo a fadiga tanto do paciente quanto do
profissional, têm-se buscado a automação do preparo do canal radicular.
Os primeiros aparelhos surgiram na década de 60, sendo que o precursor foi
o Giromatic (Micro-Mega). Tal aparelho realizava movimentos de rotação alternada,
à direita e à esquerda, utilizando limas convencionais manuais. Este e outros
aparelhos criados na época caíram em desuso devido ao grande índice de fratura de
limas, que não eram fabricadas para este propósito. Além disso, os movimentos
empregados pelos aparelhos não eram os mesmos preconizados, na época, para o
preparo manual dos canais radiculares (LEONARDO; LEONARDO, 2002).
Em 1967, Frank avaliou o desempenho de um novo aparelho que, segundo o
fabricante, realizava o preparo do canal radicular de maneira “rápida e fácil”. O
20
sistema, denominado Giromatic, foi desenvolvido para adaptar instrumentos manuais
e realizar movimentos alternados de um quarto de volta. O autor utilizou o sistema
em dentes humanos extraídos e não houve fratura de instrumento ou perfuração de
raiz. Apesar do fabricante recomendar a utilização do sistema oscilatório a partir da
exploração, o autor indica o uso de alargadores ou limas manualmente, pois, na sua
experiência, o sistema oscilatório, freqüentemente, não atingiu o comprimento total
de exploração ou obliterou o canal radicular. Segundo o autor, houve completa
perda de sensibilidade tátil do instrumento no canal radicular. Aduz, ainda, que esta
instrumentação deve ser utilizada como coadjuvante do preparo do canal radicular, e
não utilizada isoladamente.
Jungmann et al. (1975) avaliaram o preparo de 150 molares inferiores
(divididos em três grupos), com dois canais radiculares. Os dentes do grupo I não
foram instrumentados (grupo controle); no grupo II, os dois canais radiculares foram
preparados manualmente, um com limas tipo K e o outro com alargadores; e, no
grupo III, um dos canais radiculares foi preparado manualmente com limas tipo K e o
outro com alargadores acionados pelo sistema oscilatório Giromatic. Os dentes
foram seccionados em quatro porções: apical, médio-apical, médio-cervical e
cervical. Foram avaliados dois cortes, apical e cervical, ambos medidos nas suas
quatro faces, com auxílio de um microscópio. A conclusão foi de que nenhuma
técnica de instrumentação produziu um formato circular no terço apical e, quanto
mais longe do ápice, mais irregular fica a forma do canal radicular. Os preparos
realizados com limas tipo K e movimentos de alargamento produziram canais
radiculares mais circulares, seguidos do sistema oscilatório Giromatic e dos
alargadores com movimentos de alargamento. Limas com movimentos de limagem
produziram os canais radiculares menos circulares.
21
Weine et al. (1976) compararam dois movimentos de instrumentação manual
e dois sistemas oscilatórios, Giromatic e W&H, no preparo de canais simulados.
Foram reproduzidos blocos de resina com um canal, com curvaturas normalmente
encontradas nos canais mésio-vestibulares de primeiros molares superiores ou
mesiais de molares inferiores, e blocos de resina com dois canais, simulando
premolares superiores. Seis canais únicos e dois canais duplos foram preparados
por cada técnica: manual com movimentos de alargamento, manual com
movimentos de limagem, sistema oscilatório Giromatic, e sistema oscilatório W&H.
Fotografias do preparo foram realizadas antes e após sua realização para avaliação
da qualidade. O tempo despendido para cada preparo foi registrado. Também, foram
preparados com o sistema oscilatório Giromatic os canais radiculares curvos de um
dente extraído, os quais foram radiografados após o uso de cada instrumento. De
acordo com os resultados, a técnica que necessitou de menos tempo para o preparo
foi a manual com movimentos de alargamento. Tal técnica foi realizada na metade
do tempo das outras. A que levou mais tempo foi àquela realizada com sistema
oscilatório W&H. As duas técnicas restantes necessitaram de tempo similar para a
sua realização. Após a análise das fotografias, os autores puderam concluir que
quatro, dos seis canais curvos preparados com o sistema oscilatório W&H,
apresentaram degraus que não puderam ser ultrapassados. Na maioria dos blocos,
o tamanho do zip apical foi maior em canais preparados como os sistemas
oscilatórios, menor com preparo manual e movimentos de alargamento e menor
ainda com preparo manual e movimentos de limagem. Nos blocos com dois canais,
o preparo oscilatório pareceu muito semelhante àqueles preparados manualmente.
Quanto ao preparo dos canais radiculares do dente extraído, quando foram
22
utilizadas limas de menor calibre, conseguiu-se acompanhar a curvatura, mas, a
partir do instrumento de n
o
25, houve desvio do trajeto original do canal radicular.
Abou-Rass e Jastrab (1982) investigaram o efeito do uso de sistemas
automatizados na qualidade do preparo do canal radicular. Cem molares superiores
e inferiores foram usados no estudo e divididos em quatro grupos de vinte e cinco
dentes cada um, preparados da seguinte forma: grupo I - manualmente com lima tipo
K de n
o
30 ou n
o
35 para canais radiculares curvos e n
o
40 para os retos mesiais ou
vestibulares, e n
o
55 para distais e palatinos; grupo II ampliados até o instrumento
de n
o
25 e uma broca Peeso n
o
1 usada na porção reta dos canais radiculares, de 4 a
6 milímetros a partir da entrada. Após tais procedimentos, o preparo apical foi
concluído conforme protocolo do grupo I; grupo III foram preparados da mesma
maneira daqueles do grupo II, porém com broca Gates-Glidden n
o
1 no lugar da
Peeso; grupo IV – preparados com sistema oscilatório Giromatic, sendo que o
calibre das limas usadas para o preparo apical foi o mesmo daquelas dos grupos
anteriores. O tempo de preparo e os erros ocorridos foram registrados para cada
dente. Após o término do preparo, os canais radiculares foram preenchidos com
silicone. Os dentes foram desmineralizados e toda a estrutura dentária removida. Os
modelos de silicone de todos os canais radiculares foram fotografados em vistas
mesial, distal e vestibular. Ao avaliarem os resultados, os autores concluíram que o
uso do sistema oscilatório Giromatic produziu preparos uniformes, com conicidade
adequada, removeu aberrações morfológicas, promoveu uma anatomia irregular do
preparo apical, necessitou menos tempo para o preparo e produziu os maiores erros
de procedimento, incluindo perfurações, degraus e perda de comprimento de
trabalho. O preparo manual foi o que consumiu maior tempo para o preparo, foi
inefetivo na remoção de aberrações anatômicas e produziu canais radiculares com
23
pouca definição de preparo apical e conicidade. O uso de broca Peeso para a
ampliação do terço cervical foi efetivo em promover um preparo de qualidade com
significante economia de tempo e mínimos erros. O grupo preparado com broca
Gates-Glidden produziu resultados semelhantes àqueles relatados para o grupo
preparado com broca Peeso.
Weisz (1985) realizou um estudo clínico de 700 dentes com lesão periapical.
O preparo dos canais radiculares foi realizado exclusivamente com limas Girofiles,
acionadas por sistema oscilatório Giromatic. Os dentes foram acompanhados de 6
meses até 2 anos através de radiografias. Os autores evidenciaram ausência de
lesão periapical em 40% dos casos e redução no tamanho da lesão em 56% dos
casos, concluindo que os resultados demonstraram ser o sistema oscilatório
Giromatic efetivo no preparo dos canais radiculares.
Roane et al. (1985), avaliando o preparo de canais radiculares, observaram
que quanto maior a curvatura maior é a tendência de se reduzir o diâmetro do
instrumento de preparo apical. Tal manobra pode colocar em risco a completa
limpeza e/ou desinfecção desta porção do canal radicular. Baseados em tais
conceitos desenvolveram uma técnica para a realização do preparo do canal
radicular denominada “movimento de força balanceada”, que consistia em utilizar o
instrumento endodôntico com movimentos rotacionais: ¼ de volta em sentido horário
e ½ volta em sentido anti-horário. Após 12 anos de pesquisas, os autores puderam
concluir que, realizando o preparo desta maneira, seria possível utilizar instrumentos
mais calibrosos no terço apical sem promover desvio do trajeto do canal radicular. E,
ainda, que estes movimentos, associados ao lançamento de um instrumento mais
flexível e com ponta modificada (inativa), promoveriam melhor controle do
24
instrumento no canal radicular do que qualquer outro movimento previamente
reconhecido.
Após a comprovação da eficácia desta nova cinemática de instrumentação e
o desenvolvimento de novos instrumentos endodônticos, com avanços na sua forma
e ligas mais flexíveis, outros aparelhos automatizados foram lançados no mercado.
Existem dois tipos de sistemas: rotação contínua e oscilatório.
Os sistemas de rotação contínua utilizam instrumentos de níquel-titânio
fabricados com conicidade e desenho diferentes, os quais necessitam de motores
elétricos para funcionarem. Estes instrumentos têm a vantagem de possuírem efeito
memória de forma e superelasticidade e promoverem a limpeza em toda a extensão
de canais radiculares curvos e atrésicos, respeitando a sua anatomia. Entretanto,
como são feitos de ligas especiais, têm um custo elevado (HÄNNI et al., 2003),
muitas vezes, não estão disponíveis e podem ser usados poucas vezes, sob pena
de fraturarem no interior do canal radicular (SONNTAG et al., 2003a).
os aparelhos oscilatórios são adaptáveis ao ar-comprimido do
equipamento odontológico, empregam cinemática de rotação nos sentidos horário e
anti-horário com amplitude de 30
o
a 45
o
, dependendo do aparelho. A redução de
velocidade varia de 4:1 a 16:1. A eles o acoplados instrumentos manuais de aço
inoxidável ou de níquel-titânio.
Os movimentos recomendados são de tração do instrumento contra a porção
externa da curvatura (ABOU-RASS et al., 1980), o que apresenta similaridade com o
complexo de movimentos da instrumentação manual. Tal fato facilita sobremaneira a
25
introdução deste sistema ao profissional que nunca o utilizou (SYDNEY, 2002) e
apresenta as vantagens de possibilitar o controle do desgaste nas zonas de risco,
bem como poder direcionar o instrumento para as regiões menos acessíveis do
canal radicular.
Dentre as vantagens apresentadas pelos sistemas oscilatórios, pode-se
destacar o fato de não necessitarem limas especiais, promoverem uma diminuição
no tempo de trabalho, permitirem maior ampliação do canal radicular,
proporcionarem um canal cirúrgico mais centrado e serem úteis em qualquer técnica
de preparo (SYDNEY et al., 2000a).
Abou-Rass e Ellis (1996) compararam o tempo e a qualidade do preparo
realizado manual e mecanicamente utilizando 125 canais simulados com curvaturas
de 50
o
a 70
o
, os quais foram divididos em 5 grupos: grupo I - instrumentação
manual; grupo II - sistema Canal Finder/instrumentação manual/sistema Canal
Finder; grupo III - sistema Canal Finder/instrumentação manual/sistema oscilatório
M4; grupo IV - sistema Canal Finder; grupo V - sistema oscilatório M4. Os autores
concluíram que os preparos realizados com o sistema Canal Finder e com o sistema
oscilatório M4 são superiores em termos de tempo e qualidade, mas não devem ser
utilizados no comprimento total de trabalho em canais radiculares curvos e atrésicos.
Também que se pode realizar um preparo manual até o instrumento n
o
25 e
complementar com preparo automatizado, obtendo-se melhor resultado do que
apenas com a instrumentação manual.
Hülsmann et al. (1997) analisaram 150 incisivos inferiores extraídos e
compararam, em microscopia eletrônica de varredura, o preparo do canal radicular
26
utilizando instrumentação automatizada com os aparelhos Endoplaner, Excalibur,
Ultrasonics (Piezon Máster 400), Giromatic, Intra-Endo 3-LDSY, sistema Canal
Finder, Canal Leader 2000 e Endolift e instrumentação manual com alargadores e
limas Hedströem. Os resultados mostraram que nenhum sistema removeu
completamente a lama dentinária e as raspas de dentina. A unidade de ultra-som,
seguida do sistema Canal Leader 2000 e da instrumentação manual, foram os que
melhor atuaram, enquanto o uso do Giromatic, Endolift, sistema Canal Finder e a
peça de mão Intra-Endo 3-LDSY resultaram em limpeza insuficiente das paredes do
canal radicular.
Lloyd et al. (1997) avaliaram a habilidade de modelagem do sistema
oscilatório M4 e limas Safety Hedströem no preparo de canais simulados. Foram
utilizados canais simulados de resina com várias angulações e posições de
curvaturas. Imagens dos canais antes e após o preparo foram realizadas com o
auxílio de uma câmera de vídeo, armazenadas e manipuladas em computador com
um programa de análise de imagens. O tempo de preparo variou significantemente
entre os tipos de canais: os canais com curvaturas de 20
o
foram preparados mais
rapidamente do que os com curvaturas de 40
o
. Através da sobreposição das
imagens, foi possível concluir que zips foram observados em 16 dos 40 canais, 11
dos quais em canais com curvaturas de 40
o
. Degraus foram encontrados em 19
canais e perfuração em apenas 1. Excesso de material removido na zona de risco foi
encontrado em 20 canais, mas apenas naqueles com curvaturas de 40
o
. Baseados
nesses dados, os autores concluíram que a incidência de acidentes foi
significantemente influenciada pela forma do canal, os quais ocorreram com maior
freqüência naqueles canais que apresentavam curvaturas de 40
o
.
27
Cordero et al. (1997) compararam o preparo do canal radicular de 35 dentes
humanos extraídos com 44 canais radiculares com curvaturas médias de 30
o
,
utilizando limas Safety Hedströem e Flexofile acionadas pelo sistema oscilatório M4.
Colocando limas no interior do canal radicular e sobrepondo as imagens, antes e
após o preparo, os autores concluíram que o deslocamento do trajeto da curvatura,
o transporte apical e a perda do comprimento de trabalho foram maiores nos casos
preparados com Flexofile e que, em 40% dos casos preparados com Safety
Hedströem, houve fratura dos instrumentos de menor calibre.
Arroyo et al. (1998) descreveram o uso clínico do sistema oscilatório M4,
analisando suas características, indicações, maneira de utilizar e contra-indicações.
O movimento empregado por tal aparelho é de giro em sentido horário e anti-horário
com amplitude de 30
o
, reproduzindo o movimento de força balanceada, o mesmo
empregado na instrumentação manual e permite a utilização de qualquer técnica de
instrumentação. Os autores citam as vantagens da utilização desses dispositivos:
não necessitar de limas especiais; diminuir o tempo de trabalho e a fadiga do
profissional e do paciente; poder ser usado em toda a extensão do canal radicular;
melhorar a limpeza do canal radicular, visto que realiza uma maior remoção de
dentina em menor espaço de tempo; acessar mais facilmente canais atrésicos ou
curvos e; em pacientes com abertura limitada de boca, permitir trabalhar mais
confortavelmente. Também são apresentadas algumas limitações, como perda de
grande parte da sensibilidade tátil; dificuldade de confecção de um batente apical;
movimentação dos cursores durante os movimentos e, devido à facilidade com que
se chega com limas mais calibrosas ao limite apical, pode-se produzir dilacerações,
zips, falsos trajetos, transporte do canal radicular. Ao finalizar, os autores concluem
que, se a técnica empregada estiver correta, os resultados serão satisfatórios, mas
28
se estiver errada, conseguirão efeitos indesejáveis mais rapidamente do que com o
preparo manual.
Fabra Campos e Pastora (1999) avaliaram o desvio do trajeto do canal
radicular de raízes mesiais curvas de molares inferiores e superiores através de
imagens digitalizadas, obtidas de quatro cortes ao longo da raiz. Os cortes foram
realizados, fotografados com o auxílio de uma lupa estereoscópica e, após remontar
os dentes em um muflo, esses foram preparados com limas tipo K até a de n
o
25,
acionadas pelo sistema oscilatório M4. Após o preparo, os cortes foram novamente
fotografados. Os resultados mostraram que houve um aumento da área dos canais
radiculares em todos os casos, um significante transporte do centro do canal
radicular em direção distal (furca) nos cortes cervical e médio-cervical e um
transporte em direção oposta da furca, ou seja, para mesial, nos cortes médio-apical
e apical.
Kosa et al. (1999) compararam o transporte do canal radicular em raízes com
curvaturas moderadas, realizando o preparo com diferentes sistemas automatizados.
Após a secção da raiz a 2mm do comprimento de trabalho e realização de fotografia,
a qual foi projetada com aumento de 20X e a linha externa do canal radicular traçada
em papel, os dentes foram preparados de acordo com as seguintes técnicas:
sistema de rotação contínua Quantec série 2000 e sistema de rotação contínua
Profile série 29 acionados a motor elétrico; limas Flex-R acionadas pelo sistema
oscilatório Endo-Gripper; e limas Shaping Hedströem de níquel-titânio acionadas
pelo sistema oscilatório M4. Os dentes foram novamente fotografados conforme
descrito anteriormente, e uma linha correspondente à área do canal radicular
instrumentado traçada sobre a anterior. Os resultados mostraram que o sistema de
29
rotação contínua Quantec 2000 apresentou significante transporte quando
comparado com o sistema de rotação contínua Profile rie 29. Não houve
diferenças significativas no transporte do canal radicular entre os outros sistemas e a
direção do transporte não teve relação com a direção da curvatura do canal
radicular. O preparo do canal radicular levou menos tempo para ser realizado com o
sistema de rotação contínua Profile série 29, seguido das limas Flex-R com sistema
oscilatório Endo Gripper, Quantec 2000 e limas Shaping Hedströem de níquel-titânio
com sistema oscilatório M4.
Sydney et al. (2000b) fizeram um estudo comparativo do preparo do canal
radicular realizado manualmente e com sistema oscilatório. Utilizaram 30 molares
superiores divididos em 2 grupos de 15 dentes cada. O grupo I foi preparado com
instrumentação manual e o grupo II com o sistema oscilatório KaVo 3624 e cabeça
3LD, seguindo a mesma seqüência do grupo I. A avaliação foi realizada através da
plataforma radiográfica. Os resultados mostraram que a instrumentação manual foi
mais eficiente na manutenção da curvatura apical do que aquela realizada com
sistema oscilatório. No preparo manual, o número de desvios verificados foi de
apenas dois, enquanto que, no preparo com sistema oscilatório, o número de
desvios foi de quatro dos quinze dentes do grupo. Não houve desvio nos dentes com
curvaturas muito superiores à média do grupo, mostrando que não houve correlação
entre o grau de curvatura e a ocorrência de acidente.
Schäfer e Zapke (2000) analisaram a efetividade do preparo do canal
radicular realizado manualmente e com sistemas automatizados de 120 dentes
humanos extraídos, metade deles com raízes retas e a outra metade com raízes
curvas. Os dentes foram preparados com a técnica seriada e limas Flexofile, a
30
técnica escalonada e limas Flexofile, a técnica seriada e limas Hedströem, o sistema
oscilatório KaVo-Endo Flash e limas Flexofile e o sistema de rotação contínua Profile
com conicidade .04 e .06. O instrumento utilizado para o preparo apical em todos os
dentes foi o de n
o
40. As raízes foram cortadas ao meio no sentido longitudinal e
analisadas em microscopia eletrônica de varredura quanto à quantidade de raspas
de dentina e smear layer. Os autores concluíram que não foram encontrados canais
radiculares completamente limpos em nenhum grupo. A melhor limpeza foi efetuada
nos canais radiculares retos, quando comparados aos curvos. Em todos os dentes,
foi observada uma melhor limpeza nos terços médio e cervical do que no apical. A
instrumentação manual com limas Hedströem promoveu limpeza semelhante à
realizada com o sistema oscilatório KaVo-Endo Flash. Os melhores resultados de
limpeza, especialmente em canais radiculares curvos, foram obtidos pelo sistema de
rotação contínua Profile.
Sydney et al. (2001) utilizando a metodologia da plataforma radiográfica,
analisaram os desvios apicais em raízes mésio-vestibulares de primeiros molares
superiores extraídos, com curvaturas variando entre 13
o
e 24
o
, empregando os
sistemas oscilatórios M4, Endo-Gripper e contra-ângulo KaVo. O instrumento de
dilatação máxima apical foi o de n
o
35. Os resultados mostraram um índice de
14,28% de desvio para os três sistemas oscilatórios e de 7,14% para o grupo em
que o preparo foi realizado manualmente, sendo que o grau de amplitude de
oscilação dos sistemas não influiu nos resultados.
Simi Júnior et al. (2002) analisaram o desempenho de limas Flex-R utilizadas
manualmente e acopladas ao sistema oscilatório Endo-Gripper, em 46 raízes
mesiais de molares inferiores e mésio-vestibulares de molares superiores. Um grupo
31
foi preparado manualmente com movimentos de força balanceada e o outro com o
sistema oscilatório Endo-Gripper. Após o preparo, os canais radiculares dos dentes
foram moldados, descalcificados e observados para verificar a presença ou não de
desvio apical, a uniformidade do preparo e a lisura das paredes. Os resultados
mostraram que houve desvio apical em oito dentes preparados manualmente e em
dois com o sistema oscilatório, embora não tenha havido diferença estatisticamente
significante em nenhum quesito avaliado.
Borges et al. (2002) analisaram a atuação da instrumentação com sistemas
oscilatório e de rotação contínua nas paredes do canal radicular de 40 molares
superiores humanos extraídos. Metade dos dentes foi preparada por sistema de
rotação contínua Pow R e a outra metade por limas de níquel-titânio Ônix R
acopladas ao sistema oscilatório Endo-Gripper. O preparo apical foi realizado até o
instrumento de n
o
40. Após o preparo, as raízes foram seccionadas longitudinalmente
e analisadas com lupa estereoscópica por três observadores. Os autores
concluíram, baseados nos resultados, que o sistema de rotação contínua teve uma
maior atuação na parede interna do canal radicular e que o sistema oscilatório teve
uma maior atuação na parede externa do canal radicular, os dois casos com
diferença estatística significante. Comparando os dois sistemas, o de rotação
contínua foi o que melhor atuou nos três terços, embora não tenha havido diferença
estatística significante entre os grupos estudados.
Batista et al. (2003) analisaram a qualidade do preparo realizado com limas
de níquel-titânio Onyx-R manual e mecanicamente com sistema oscilatório Endo-
Gripper, quanto à ocorrência de acidentes durante o preparo, ao tempo despendido
durante o preparo, o índice de fratura dos instrumentos, a conicidade e as alterações
32
do comprimento de trabalho. Foram utilizados 40 canais simulados com curvaturas
de 20
o
e 40
o
. Os canais foram fotografados antes e após o preparo. As fotografias
foram digitalizadas, sobrepostas e analisadas através do programa Adobe
Photoshop. Os resultados não apontaram diferenças estatísticas significantes
quanto à ocorrência de defeitos durante o preparo. Houve desvio apical e perda de
comprimento de trabalho em um canal com 20
o
de curvatura preparado
manualmente. Embora o grupo preparado com o sistema oscilatório Endo-Gripper e
curvatura de 20
o
tenha sido o que apresentou maior índice de conicidade regular,
não houve diferença estatística significante entre os grupos estudados. Houve três
casos de fratura de instrumentos em canais com 40
o
de curvatura preparados com
Endo-Gripper. O tempo necessário para a realização do preparo foi maior para o
sistema manual, apresentando diferença estatisticamente significante.
2.2 PREPARO AUTOMATIZADO REALIZADO POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO
Atualmente, os cursos de graduação das Faculdades de Odontologia do
mundo inteiro permitem aos estudantes obter um conhecimento básico em todas as
áreas de ensino.
O objetivo do ensino de Endodontia nos cursos de graduação é fazer com que
o aluno adquira o mínimo de conhecimento e competência para realizar o tratamento
e também incentivá-lo ao aperfeiçoamento após o término do curso. Tal reflexão é
importante, pois no Brasil são os clínicos gerais que realizam a maioria dos
tratamentos endodônticos.
33
As técnicas de preparo do canal radicular têm mudado, a instrumentação
automatizada tem ganho popularidade pelas várias vantagens comentadas
anteriormente, e clínicos gerais, à procura de aperfeiçoamento, têm-se confrontado
com esses sistemas em cursos e adquirido os equipamentos para utilizar em seus
consultórios.
Inúmeras escolas no mundo têm-se atentado para o ensino de
instrumentação automatizada para alunos de graduação. Pode-se comprovar na
literatura o relato das vantagens do preparo automatizado para operadores
experientes e inexperientes, mesmo que isto ainda gere controvérsia.
Baumann e Roth (1999) compararam estudantes do terceiro ano da
Faculdade de Odontologia de Colônia, Alemanha, com dentistas experientes, no que
diz respeito à habilidade no uso de sistemas de rotação contínua com limas de
níquel-titânio, especialmente com relação à forma do canal radicular e à fratura dos
instrumentos. Para tal, foram utilizados 102 canais simulados com curvaturas de 47
o
.
Os blocos de resina foram filmados antes do preparo em uma posição fixa e as
imagens armazenadas em computador. Vinte estudantes sem treinamento prévio e
doze cirurgiões-dentistas prepararam três canais cada e um endodontista e um
estudante treinado prepararam quinze canais cada. Após o preparo com
instrumentos Profile, os canais foram submetidos a outra filmagem, as imagens
comparadas e o desvio do trajeto original do canal medido em nove níveis. Como
resultado, 16 de 170 instrumentos fraturaram e 98% dos preparos exibiram boa
conicidade, paredes lisas e batentes apicais bem definidos. Maior quantidade de
material removido na superfície externa do canal foi próxima ao ápice e na superfície
interna foi próxima do terço médio. Os achados mostraram que todos os operadores,
34
com e sem experiência, utilizaram os sistemas de rotação contínua com sucesso e
que obtiveram uma boa forma final do canal.
Namazikhah et al. (2000) compararam os resultados de preparos de canais
radiculares realizados por alunos de graduação da Faculdade de Odontologia do Sul
da Califórnia, Estados Unidos, utilizando instrumentação manual com limas tipo K e
sistema de rotação contínua. Cento e noventa e seis molares superiores e inferiores
foram preparados por noventa e oito alunos de graduação, sendo que cada aluno
preparou um molar superior e um molar inferior, usando instrumentação manual em
um molar e instrumentação automatizada em outro. Nenhum dos estudantes tinha
experiência prévia em preparo de molares, somente no de dentes anteriores e pré-
molares, e nem em preparo automatizado. A avaliação foi realizada através de
sobreposição de radiografias antes e as o preparo. Os resultados não
encontraram diferença estatisticamente significante entre as duas técnicas na
diminuição da incidência de erros durante os procedimentos realizados por
estudantes inexperientes. Apesar de tal resultado estatístico, os autores destacaram
dois resultados: maior perda de comprimento de trabalho e desvio apical com a
instrumentação manual e maior prevalência de perfuração com o sistema de rotação
contínua.
Com o objetivo de avaliar a habilidade de estudantes de Odontologia no
preparo do canal radicular utilizando o sistema de rotação contínua GT em
comparação com limas manuais de aço inoxidável e brocas de Gates-Glidden,
Gluskin et al. (2001) utilizaram raízes mesiais de 54 molares inferiores com dois
canais radiculares, com curvaturas de grau leve a severo. Os preparos foram
realizados por alunos de graduação de uma Faculdade de Odontologia em São
35
Francisco, Estados Unidos, sem experiência prévia em preparo automatizado. Os
dois canais radiculares, do mesmo dente, foram preparados pela técnica coroa-
ápice, sendo que um deles manualmente com limas Flexofile e brocas Gates-
Glidden e o outro com sistema de rotação contínua GT. A análise dos resultados,
através da tomografia computadorizada, demonstrou não haver diferença estatística
significativa entre as duas técnicas de preparo no que diz respeito à qualidade. O
tempo, registrado durante o preparo, foi significantemente menor para o sistema de
rotação contínua do que para o manual.
Sonntag et al. (2003a) compararam o preparo realizado manualmente e com
sistema de rotação contínua por alunos de graduação da Faculdade de Odontologia
de Marburg, Alemanha. Foram utilizados 210 canais simulados, de resina, com a
mesma forma, os quais foram preparados por 21 alunos sem experiência anterior em
preparo de canal radicular, com limas manuais de aço inoxidável, utilizando a técnica
escalonada e com sistema de rotação contínua e limas de níquel-titânio, utilizando a
técnica coroa-ápice. Foram analisados o comprimento de trabalho, a forma do canal,
a incidência de fratura e o tempo de preparo. Os resultados demonstraram que zips
e degraus ocorreram significantemente menos freqüente com o sistema de rotação
contínua do que com o manual. O correto comprimento de trabalho foi
significantemente mais freqüente com as limas rotatórias de níquel-titânio do que
com as de aço inoxidável. Fraturas ocorreram com significante menor freqüência nas
limas de aço inoxidável. O tempo necessário para o preparo foi significantemente
maior para o manual do que para o sistema de rotação contínua. A experiência
anterior de preparo manual não refletiu uma melhora de qualidade no preparo
automatizado subseqüente. Os autores concluíram que operadores inexperientes
realizaram melhores preparos de canal com sistema de rotação contínua com limas
36
de níquel-titânio do que manualmente com limas de aço inoxidável. Entretanto, o
preparo automatizado foi relacionado com um número significantemente maior de
fraturas de instrumento.
Hänni et al. (2003) descreveram a experiência inicial seguida da introdução do
sistema de rotação contínua Profile .04, de alunos de graduação de uma faculdade
de odontologia em Zurique, Suíça. Quarenta e três alunos aprenderam, entre janeiro
e julho de 2001, em um curso laboratorial pré-clínico, a fazer o preparo do canal
radicular manualmente, com limas de aço inoxidável e de níquel-titânio utilizando
movimentos de força balanceada, e com sistema de rotação contínua, utilizando
Profile .04. Entre novembro de 2001 e fevereiro de 2002, vinte destes alunos (grupo
A) fizeram, em seu curso clínico, o tratamento endodôntico de 51 dentes humanos
extraídos, usando instrumentação manual, rotatória, ou ambas. O segundo grupo de
vinte alunos (grupo B) tratou 36 dentes entre abril e julho de 2002. As características
dos dentes tratados e as técnicas de preparo para cada caso foram registradas. Os
estudantes também completaram um curto questionário, avaliando suas opiniões
sobre o novo curso. Dos 87 dentes tratados durante o curso clínico, foram
preparados 34 dentes com Profile.04, 14 com Profile.04 e instrumentação manual e
39 com instrumentação manual. Nenhum instrumento rotatório foi fraturado durante
o curso clínico, embora alguns instrumentos tenham sido fraturados durante o curso
pré-clínico. De acordo com os questionários, os alunos consideraram o preparo
automatizado positivo. Os autores comentaram ter sido difícil introduzir os sistemas
de rotação contínua na graduação, porque os instrumentos e a infra-estrutura
necessários são caros e o tempo pode não ser suficiente no currículo
sobrecarregado. Entretanto, concluíram que o sistema rotatório foi bem-sucedido ao
ser introduzido no programa endodôntico de graduação.
37
Sonntag et al. (2003b) avaliaram o preparo do canal radicular realizado por
alunos de graduação da Faculdade de Odontologia de Marburg, Alemanha. Trinta
alunos, sem experiência prévia em preparo de canal radicular manual ou
automatizado, realizaram o preparo em 600 canais simulados com curvaturas
severas (40
o
), manualmente, com limas de níquel-titânio (técnica escalonada) e com
sistema de rotação contínua e limas de níquel-titânio (técnica coroa-ápice). Os
blocos foram fotografados, antes e após o preparo, com câmera digital e as imagens
comparadas. Após o preparo, todos os estudantes preencheram um questionário
sobre a técnica realizada com duas questões de múltipla escolha. Os resultados
demonstraram que zips e degraus ocorreram significantemente menos freqüente
com sistema de rotação contínua do que com a manual. O correto comprimento de
trabalho foi significantemente mais freqüente com o preparo automatizado do que
com o manual. Fraturas ocorreram em apenas 1,3% dos casos com ambos os
sistemas. O tempo necessário para o preparo manual foi significantemente maior do
que para o automatizado. Experiência anterior com o preparo manual não refletiu em
um aumento de qualidade no preparo rotatório subseqüente. Aproximadamente 85%
dos alunos afirmaram ter sentido maior segurança no preparo com sistema de
rotação contínua do que no manual, e 50% concluíram que os preparos manual e
automatizado deveriam ser ensinados no curso de graduação. Os autores
concluíram que operadores inexperientes realizam melhores preparos com o sistema
de rotação contínua do que com o sistema manual e que não houve diferença com
relação à fratura de instrumentos quando comparados os dois sistemas.
Arbab-Chirani e Vulcain (2004) avaliaram o impacto dos sistemas de rotação
contínua com limas de níquel-titânio no uso clínico do ensino de graduação em
faculdades de odontologia da França, e avaliaram as impressões dos estudantes
38
quando aprenderam e usaram este sistema. Para tal, um questionário foi enviado
para 16 faculdades de Odontologia da França. Os dados coletados diziam respeito
ao ensino e ao uso de sistemas de rotação contínua com limas de níquel-titânio para
o preparo do canal radicular. A necessidade de ensinar técnicas rotatórias com
instrumentos de níquel-titânio para estudantes de Odontologia foi unanimidade entre
as escolas e palestras e cursos de laboratório foram organizados. Em treze dos
dezesseis hospitais-escola, os estudantes puderam usar sistemas de rotação
contínua para realizar o preparo de canais radiculares em pacientes sob a
supervisão de professores. Concordâncias foram encontradas na maioria das
respostas, como, por exemplo, o tipo de sistema automatizado ensinado e usado
clinicamente. Algumas diferenças foram também observadas, como a associação do
preparo manual com o automatizado e em qual estágio do currículo este foi
introduzido. Os autores concluíram, analisando os questionários, que um
consenso nacional sobre a necessidade de ensino do preparo do canal radicular
com sistemas automatizados nas faculdades de Odontologia francesas e que tais
sistemas têm causado impacto ao ensino de endodontia e são amplamente
lecionadas e utilizadas naquelas faculdades.
2.3 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
A anatomia do canal radicular é extremamente complexa, formando o que
denominamos de sistema de canais radiculares, pela freqüente presença de canais
acessórios, recorrentes, laterais e delta apical. Os estudos de preparo do canal
39
radicular são normalmente limitados pela metodologia de avaliação, que esbarra no
fato daquele encontrar-se confinado no interior da raiz do dente.
Inúmeras metodologias vêm sendo utilizadas para avaliar o preparo do canal
radicular. Elas podem ser invasivas, como os cortes histológicos, a microscopia
eletrônica de varredura, os cortes seriados na raiz do dente, a impressão de silicone
dos canais radiculares instrumentados; ou não, como as comparações radiográficas
e a tomografia computadorizada. Outra possibilidade de avaliação é o canal
simulado que não necessita de dentes para a realização do preparo e possibilita a
padronização de curvaturas e comprimentos.
Outro recurso metodológico amplamente empregado para a avaliação do
preparo é o canal simulado, confeccionado em resina transparente de poliéster, que
foi introduzido por Weine et al. em 1975. Oitenta cones de prata de n
o
20 foram
lubrificados e colocados em moldes de cera, os quais foram preenchidos com uma
mistura de resina de poliéster transparente. Os cones de prata foram previamente
curvados de maneira que simulassem a curvatura freqüentemente encontrada em
raízes mesiais de molares superiores e inferiores. Após a completa polimerização da
resina, os cones de prata foram removidos. A avaliação foi realizada através de
fotografias dos blocos, executadas antes e após o preparo. Segundo os autores,
uma das vantagens de trabalhar em blocos de resina é que, após sua confecção, os
canais apresentam formas, diâmetros e curvaturas semelhantes. Além disto, o
preparo do canal pode ser diretamente visualizado e comparado. E concluem
afirmando que estes blocos podem ser utilizados como ferramenta educacional para
visualização de procedimentos endodônticos.
40
Walton (1976) comparou, através do exame histológico, a efetividade de
diferentes métodos de preparo do canal radicular em todas as dimensões. As
técnicas utilizadas foram: seriada com movimentos de limagem, seriada com
movimentos de alargamento e escalonada com movimentos de limagem. O objetivo
foi avaliar, quantitativamente, a porcentagem de paredes do canal radicular que
foram tocadas pelas limas endodônticas, e comparar, em canais radiculares retos e
curvos, se houve alguma diferença. Cinqüenta e dois dentes humanos com
problemas periodontais ou finalidade protética, com um total de 91 canais
radiculares, foram divididos em três grupos, todos preparados com limas tipo K.
Após duas horas, os dentes foram extraídos e, logo após, radiografados nos
sentidos vestíbulo-lingual e mésio-distal. O grau de curvatura de cada raiz foi
determinado, as quais foram divididas em dois grupos: curvaturas com mais e com
menos de 10
o
. As coroas foram separadas das raízes, os dentes foram
descalcificados e embebidos em parafina. Cortes com 6µm a m de espessura
foram obtidos em intervalos de 100µm ao longo eixo do dente em alguns casos e
com intervalos de 300µm no sentido axial em outros. Os cortes foram fixados com
hematoxilina e eosina e foram examinados ao microscópio óptico. Cada corte foi
analisado, e as porções do canal radicular em que houve a remoção de pré-dentina
das paredes do canal radicular, expondo a dentina, foram medidas, obtendo-se a
porcentagem de paredes tocadas pelo instrumento. Os resultados mostraram que
não houve diferença estatisticamente significante entre os dois movimentos da
técnica seriada e canais radiculares retos ou curvos. A técnica escalonada resultou
em paredes mais planas do que a técnica seriada utilizando movimentos de limagem
e alargamento, diferença estatisticamente significante. Com relação aos canais
radiculares curvos e retos comparando as três técnicas, foram encontradas paredes
41
mais planas nos canais radiculares retos do que nos curvos, diferença
estatisticamente significante. Também se constatou que havia extensas áreas que
aparentavam não terem sido tocadas pelas limas.
Com o objetivo de avaliar a aparência das paredes do canal radicular após o
preparo do canal radicular, Bolanos e Jensen, (1980) utilizaram microscopia
eletrônica de varredura. Cinqüenta e quatro canais radiculares foram preparados
com as técnicas escalonada ou seriada, empregando como solução irrigadora soro
fisiológico; soro fisiológico + RC-Prep; hipoclorito de sódio ou hipoclorito de sódio +
RC-Prep. O critério de avaliação foi baseado na presença de restos de dentina nas
paredes do canal radicular. Os autores concluíram ser a técnica seriada a que
resultou em canais radiculares mais limpos, entretanto, o houve diferença
estatisticamente significante entre as diferentes soluções irrigadoras e a solução
quelante.
Utilizando moldes de silicone, Abou-Rass e Jastrab (1982) avaliaram o
preparo do canal radicular com os sistemas manual e automatizado em dentes
extraídos. Para a avaliação do desempenho de tais sistemas, os autores realizaram
o preparo, preencheram os canais radiculares com silicone e, posteriormente,
descalcificaram o dente. Os modelos foram fotografados em faces mesial, distal e
vestibular e as fotografias projetadas, uma a uma, em um telão para sete
endodontistas cegados. Cada avaliador analisou as três faces de cada modelo e
utilizou os seguintes critérios de avaliação: forma do preparo apical, remoção de
aberrações, lisura, uniformidade e conicidade das paredes. Os resultados foram
originados da soma de um dos quatro escores, cada um valendo 1, 2, 3 ou 4 pontos,
designado para cada critério.
42
Em 1987, Bramante et al. desenvolveram o método de secção das raízes, o
que implica em, previamente ao preparo do canal radicular, incluir a raiz do dente em
resina acrílica incolor. Após a confecção de um muflo, o qual permite o
reposicionamento do bloco de resina, a raiz do dente foi seccionada em três terços:
cervical, médio e apical. Cada porção da raiz foi fotografada e, após o
reposicionamento do dente, o preparo do canal radicular foi realizado. Foram
realizadas novas fotografias das porções seccionadas e as imagens do canal
radicular anatômico e cirúrgico ampliadas e sobrepostas, possibilitando o registro do
desgaste realizado nas paredes mesial, distal, vestibular e lingual/palatina. A
sobreposição das imagens, antes e após o preparo, possibilitou aos autores
realizarem uma análise comparativa direta da área instrumentada e do transporte do
trajeto do canal radicular.
O método radiográfico é bastante consagrado e destacou-se com a confecção
da plataforma radiográfica por Sydney et al. (1991), onde, através da sobreposição
de imagens, observaram a ocorrência ou não de desvio apical em raízes curvas,
após o preparo do canal radicular. Tal método permite obter, na mesma radiografia,
a posição do instrumento antes a após o preparo. O dispositivo é composto de
suporte para adaptá-lo no cilindro do aparelho de Raio-X, uma forma para cubo de
gelo, dois lados de uma caixa de pontas de guta-percha, uma régua de plástico e
cola plástica. Este dispositivo montado, com o filme posicionado e adaptado no
cilindro do aparelho de Raio-X, permite com que mais de uma tomada radiográfica
seja realizada, sempre na mesma posição. A diferença de posição das limas permite
utilizar o método de Schneider para calcular o grau de desvio que ocorre após o
preparo do canal radicular.
43
Os métodos acima descritos constituem-se de boas ferramentas para a
avaliação do preparo do canal radicular e têm sido utilizadas ao longo dos anos por
inúmeros pesquisadores. Entretanto, algumas limitações têm sido repetidamente
discutidas, o que em absoluto invalida os estudos realizados, mas abre caminho
para a procura de novos métodos.
Uma das recentes inovações no campo de diagnóstico na medicina é o uso
da tomografia computadorizada. Esta ferramenta pode desenvolver um ótimo
potencial no campo da pesquisa endodôntica.
Parks (2000) define a tomografia computadorizada como um exame no qual a
atenuação da radiação, emitida em torno de um plano do paciente, é medida por um
conjunto de detectores e processada por um computador. A imagem resultante é
vista e pode ser ajustada no monitor, sendo então impressa em filmes e/ou
armazenada em meio magnético. Dados numéricos de imagens, contidos em cortes
tomográficos adquiridos seqüencialmente, no plano axial, permitem a reconstrução
da imagem em outros planos.
Tachibana e Matsumoto (1990) observaram dentes da maxila e da mandíbula
de pacientes voluntários utilizando tomografia computadorizada com cortes de 2
milímetros e reconstrução da imagem em programa de computador. Foi possível
observar o número de canais radiculares, grau de curvatura da raiz, localização da
câmara pulpar e visualização de material obturador de canal radicular. Os autores
concluíram que foi possível observar estruturas que o difíceis de visualizar com
radiografia convencional, e que o exame gerou as imagens necessárias para uma
reconstrução tridimensional de canais radiculares, raízes e dentes, mas observações
44
detalhadas o puderam ser realizadas com esta técnica. Além disso, que a
quantidade de radiação é alta, o tempo de trabalho para a realização do exame é
longo e o aparelho é muito caro e ocupa bastante espaço.
Berutti (1993) propôs um método para visualizar tridimensionalmente o
sistema de canais radiculares antes e após o preparo. Cortes axiais de 1mm foram
realizados em toda a extensão das raízes mesiais de molares inferiores. Criou-se um
sistema para remontagem dos cortes antes do preparo. Os cortes foram
fotografados com lupa estereoscópica antes e após o preparo. As fotomicrografias
dos cortes foram digitalizadas e transferidas para gráficos de computador, o qual
reconstruiu os cortes, gerando uma imagem tridimensional do dente e do sistema de
canais radiculares antes e após o preparo. Os autores concluíram, através dos
resultados, que este modelo computadorizado experimental permite reproduzir
cortes de todos os tipos com grandes possibilidades para a realização de medidas e
análises.
Nielsen et al. (1995) avaliaram a validade da microtomografia
computadorizada para o uso em pesquisa endodôntica. Quatro molares superiores
foram escaneados por aparelho de microtomografia computadorizada. O preparo
dos canais radiculares foi realizado em todos os dentes e dois deles obturados.
Cortes tomográficos de 127µm foram arquivados. De acordo com os resultados,
pôde-se concluir que a microtomografia computadorizada é uma nova e inovadora
ferramenta para a pesquisa endodôntica. Foi capaz de mostrar a anatomia dentária
interna e externa; registrar as mudanças, em tempos diferentes, de área e volume
dos tecidos; avaliar mudança de volume depois do preparo ou da obturação; e
avaliar o transporte do canal radicular após o preparo. Além de seu potencial para
45
pesquisa, também é uma excelente ferramenta para o ensino, visto que imagens das
estruturas dentais estariam disponíveis em um formato inédito.
Gambill et al. (1996) utilizaram tomografia computadorizada para avaliar
canais radiculares preparados com limas manuais de níquel-titânio e de aço
inoxidável e dois métodos de instrumentação: limagem e alargamento. Foram
utilizados trinta e seis dentes monorradiculares humanos extraídos, escaneados com
resolução de 1mm antes e após o preparo. Seis porções foram avaliadas: a 3,5; 5,5;
7,5; 9,5, e 11, 5mm do vértice do dente. Posteriormente, dois cortes foram realizados
na raiz do dente, a 5,5 e 11,5mm do vértice, fotografados, digitalizados e
comparados com as imagens de tomografia computadorizada. Comparando as
imagens antes e após a instrumentação, os autores concluíram que o uso de limas
de níquel-titânio com movimentos de limagem promoveu menor transporte do canal
radicular, removeu menor volume de dentina, produziu canais radiculares mais
circulares e necessitou de menor tempo para instrumentação do que as limas de
aço-inoxidável empregadas com movimentos de dilatação. E ainda, que o sistema
de tomografia computadorizada utilizado neste estudo mostrou-se reprodutível e um
método não invasivo para avaliar certos aspectos do preparo de canais radiculares.
As dimensões das imagens de tomografia computadorizada e dos cortes dos dentes
ficaram muito próximas quando comparadas. Inicialmente, os autores intencionavam
realizar o primeiro corte da região apical a 1,5mm do vértice, mas não foi possível,
pois a distorção do espaço do canal radicular neste nível impossibilitou a medida,
provavelmente devido ao pequeno diâmetro do canal radicular neste nível, à cera
utilizada no ápice e ao aumento da curvatura de alguns dentes próximo do ápice.
46
Com o objetivo de desenvolver um método para reproduzir imagens do dente
em três dimensões, Rhodes et al. (1999) adaptaram um protótipo de unidade de
microtomografia computadorizada para quantificar a qualidade do preparo do canal
radicular. Dez molares inferiores foram escaneados com uma resolução de 20µm e
as imagens, registradas em cinco pontos predeterminados. Após o preparo dos
canais radiculares, os dentes foram novamente escaneados e a raiz seccionada nos
cinco pontos em que foram realizadas as imagens de microtomografia
computadorizada. Os cortes foram vídeo-digitalizados com resolução de tamanho de
pixel de 25µm. A área total interna e externa de cada nível foi calculada para as
reconstruções de microtomografia computadorizada e para as imagens vídeo-
digitalizadas. Ambas tiveram significante correlação nas áreas internas e externas. A
área total da superfície externa e interna do canal radicular foi calculada antes e
após o preparo, em cada nível, resultando uma quantidade de dentina removida de
28% do volume original do canal radicular. Baseados nos resultados, os autores
concluíram que a microtomografia computadorizada mostrou fidelidade para
experimentos em endodontia, bem como ser uma técnica não invasiva, possibilitar a
reconstrução de imagens tridimensionais e poder ser aplicada tanto
quantitativamente quanto qualitativamente. Entretanto, o tempo necessário para o
exame foi longo, de 3 horas para a tomada das imagens de cada dente e 6 horas
para a reconstrução da imagem, e o equipamento é caro. Complementaram dizendo
não sugerirem este método para o uso clínico, mas ser uma ótima ferramenta para
pesquisa.
Valendo-se da mesma metodologia que Rhodes et al. (1999), Rhodes et al.
(2000) compararam duas técnicas de instrumentação com limas de níquel-titânio,
utilizando microtomografia computadorizada. Dez molares inferiores com três canais
47
radiculares cada um foram divididos em dois grupos. Os dentes do grupo I foram
preparados com limas manuais de quel-titânio e os do grupo II com o sistema de
rotação contínua Profile. O tempo despendido para os preparos foi registrado, sendo
que a instrumentação automatizada necessitou de menos tempo. Após o preparo, as
raízes dos dentes foram seccionadas nos cinco pontos predeterminados, as imagens
vídeo-digitalizadas e comparadas com as imagens de microtomografia
computadorizada. Comparando os dois tipos de imagens obtidas pôde-se concluir
que houve alta correlação entre elas. Com relação às imagens obtidas em
microtomografia computadorizada utilizando a sobreposição das imagens dos cortes,
antes e após o preparo, com cores diferentes para cada uma, os autores não
encontraram diferença estatística significante entre os grupos no que diz respeito à
área de dentina removida e ao transporte do centro do canal radicular. Ambas as
técnicas mantiveram os canais radiculares no seu centro. Quanto ao uso de
microtomografia computadorizada como metodologia de avaliação, os autores
afirmam ser este um método não invasivo, que permitiu avaliar o canal radicular
antes, durante e após o preparo sem alterar a amostra.
De acordo com Ruschel et al. (2001), o uso de tal exame em pacientes é
limitado por problemas, como artefatos causados por restaurações metálicas,
movimentos do paciente, exposição à radiação e custos. Todavia, a tomografia
computadorizada constitui-se em uma alternativa para avaliar a atuação dos
instrumentos endodônticos nas paredes do canal radicular em estudos in vitro,
permitindo analisar os dados através de medidas e observar com mais detalhes
mudanças geométricas na forma dos canais radiculares após o preparo.
48
Peters et al. (2001) analisaram os efeitos de técnicas de preparo no volume e
área do canal radicular, utilizando, através de microtomografia computadorizada,
reconstruções tridimensionais em imagens de raízes de molares superiores. Os
dentes foram escaneados antes e após o preparo, com uma resolução de 19,6µm.
Os grupos, cada um com 10 dentes, foram preparados utilizando limas manuais de
níquel-titânio e os sistemas de rotação contínua Lightspeed, Profile .04 e GT. A partir
da subtração das imagens, foi realizada uma avaliação da superfície da área
instrumentada. A análise dos resultados mostrou canais radiculares mais circulares,
com maiores diâmetros e mais retos do que antes do preparo. Entretanto, todas as
técnicas deixaram 35% ou mais da área do canal radicular sem preparo. Embora
tenha havido diferenças estatisticamente significantes entre o preparo dos três tipos
de canais radiculares analisados, retos, curvos e inclinados, poucas diferenças
foram observadas no que diz respeito ao sistema utilizado. Os autores concluem que
a microtomografia computadorizada é uma técnica inovadora e não invasiva para
ilustrar mudanças na geometria do canal radicular.
Bergmans et al. (2001) buscaram uma metodologia para análise quantitativa
do preparo do canal radicular, utilizando microtomografia computadorizada com um
programa de computador em um modelo de construção matemática. Utilizaram um
molar inferior, que foi escaneado por um aparelho de microtomografia
computadorizada com resolução de 30µm, e os dados enviados sob forma digital
para a memória do computador, que transformou as informações armazenadas em
imagens tridimensionais. Os três canais radiculares do dente foram preparados
utilizando o sistema de rotação contínua Profile 04 até o instrumento n
o
25 nos canais
radiculares mesiais e n
o
35 no distal. Após o preparo, o dente foi novamente
escaneado posicionado em um dispositivo que reproduziu a posição da primeira
49
tomada de imagem. O tempo necessário para cada registro de imagens foi em torno
de 3,5 horas. A análise das imagens, sobrepostas e em duas cores, antes e após o
preparo, pôde ser realizada em rotação de 360
o
. Valores numéricos foram obtidos
para volume e transporte do canal radicular. Os autores concluíram ser esta uma
metodologia objetiva para avaliação quantitativa do preparo do canal radicular.
Garip e Günday (2001) compararam o preparo do canal através da tomografia
computadorizada, com uma definição de 3mm. Oitenta canais simulados foram
usados, metade com curvatura de 20
o
e outra metade com 30
o
. Os canais foram
preparados com limas manuais Nitiflex e Hedströem de níquel-titânio, Flexofile e
Hedströem de aço inoxidável, utilizando a técnica escalonada. Imagens a 1,5mm e
6mm do ápice foram realizadas antes e após o preparo. Através da sobreposição
destas imagens, foi possível concluir que todos os tipos de lima respeitaram a
curvatura do canal e, no terço médio, as limas de aço inoxidável desgastaram mais a
porção interna do canal do que as limas de níquel-titânio. No terço apical, as limas
de níquel-titânio causaram maior desgaste em direção à parte interna, enquanto que
as de o inoxidável causaram maior desgaste em direção à face externa do canal.
O transporte do canal nos dois níveis foi significantemente menor para as limas de
níquel-titânio do que para as de aço inoxidável.
Gluskin et al. (2001) utilizando tomografia computadorizada compararam o
sistema de rotação contínua GT com instrumentos manuais de aço inoxidável no
preparo do canal radicular. Utilizaram raízes mesiais curvas de 27 molares inferiores
que tivessem dois canais, sendo que um canal radicular foi preparado manualmente
com a técnica coroa-ápice e limas de aço inoxidável Flexofile e o outro com sistema
de rotação contínua com limas de níquel-titânio GT. Os dentes foram escaneados
50
antes e após o preparo do canal radicular, com uma definição de 50µm, os dados
reconstruídos em imagens tridimensionais e as imagens de quatro cortes
tomográficos axiais sobrepostos. Os autores concluíram que as porções cervical e
médio-cervical tiveram uma área estatisticamente menos preparada com o sistema
rotatório. Os instrumentos rotatórios ficaram significantemente mais no centro do
canal radicular do que os de aço inoxidável. No terço médio, houve menor transporte
do canal radicular em direção à furca com o sistema de rotação contínua do que com
as limas de aço inoxidável. O preparo realizado com o sistema de rotação contínua
foi mais rápido do que o manual. Sobre a metodologia de avaliação, concluíram
ainda ser um método não invasivo, que permite a fácil medida do desgaste das
paredes do canal radicular. Entretanto, devido à complexidade anatômica do canal
radicular na região apical, foi difícil interpretar algumas imagens, o que
provavelmente seria solucionado com cortes menores do que 50µm, melhorando a
resolução.
Utilizando microtomografia computadorizada e um programa específico para
este fim, Bergmans et al. (2002) avaliaram o preparo de canais mesiais de molares
inferiores utilizando os sistemas de rotação contínua Lightspeed e GT. Os dentes
foram escaneados com uma definição de 30µm antes e após o preparo, sendo que
cada procedimento demorou aproximadamente 3,5 horas. As imagens sobrepostas
dos cortes tomográficos axiais foram analisadas em cinco pontos predeterminados.
Também foi realizada uma reconstrução das imagens em ts dimensões e, através
de sobreposição e diferentes cores, pôde-se determinar as áreas trabalhadas do
canal radicular. Os resultados indicaram que o sistema GT apresentou diferença
estatística, removendo mais dentina dos terços médio ao apical do que o sistema
Lightspeed e que ambas as técnicas apresentaram valores não significantes para
51
transporte do canal radicular. Quanto ao uso de microtomografia computadorizada
como metodologia de avaliação, os autores concluíram ser uma técnica não invasiva
e, se combinada com programas apropriados, gera dados em três dimensões com
imagens de alta resolução de dentes humanos extraídos.
Peters et al. (2003) analisaram o resultado do preparo realizado com o
sistema de rotação contínua Protaper, em função da variada anatomia do canal
radicular, utilizando microtomografia computadorizada. Onze molares superiores
foram escaneados em sistema de microtomografia computadorizada, com resolução
de 36µm. A análise das imagens sobrepostas foi realizada em três dimensões e
concluiu-se que o volume dos canais radiculares aumentou significantemente e que
o sistema de rotação contínua Protaper foi mais efetivo em canais radiculares
estreitos do que em canais radiculares amplos. Os autores ressaltam a
confiabilidade e reprodutibilidade do sistema utilizado neste estudo. Também
destacam o fato de ser um método não invasivo para avaliar a geometria do canal
radicular e os efeitos das técnicas de preparo, o que havia sido relatado
anteriormente por Peters et al. (2001).
Com o objetivo de avaliar a atuação do sistema de rotação contínua
FlexMaster no preparo do canal radicular de onze molares superiores, Hübscher et
al. (2003) utilizaram a microtomografia computadorizada. Com uma resolução de
34µm, os dentes foram escaneados antes e após o preparo, as imagens
reconstruídas tridimensionalmente e sobrepostas por programa de computador
próprio para este fim. Os canais radiculares sem preparo foram mostrados em verde
e as áreas preparadas mostradas em vermelho. Constataram com os resultados que
o sistema de rotação contínua FlexMaster trabalhou nos canais radiculares atrésicos
52
e curvos até os instrumentos de n
os
40 e 45, sem significantes erros de preparo,
como zips, degraus ou perfurações. A forma do canal radicular anatômico teve
impacto insignificante no preparo, indicando que os instrumentos FlexMaster foram
capazes de preparar canais radiculares atrésicos e curvos. Os autores concluíram a
importância da imagem tridimensional para a comparação da forma do canal
radicular anatômico e cirúrgico e acrescentam ser um método não invasivo e
confiável para a análise do preparo do canal radicular.
Tademir et al. (2005) compararam o preparo do canal radicular realizado
com instrumentos de níquel-titânio Hero 642 e com instrumentos manuais de aço
inoxidável. Foram utilizadas 20 raízes mésio-vestibulares de molares superiores que
apresentassem curvaturas entre 25
o
e 35
o
. Os dentes foram escaneados por um
aparelho de tomografia computadorizada helicoidal antes e após o preparo, com
resolução de 1mm. Dez dentes foram preparados com sistema automatizado e
instrumentos de quel-titânio Hero 642 e 10 dentes com sistema manual e
instrumentos de aço inoxidável. Para analisar o grau de transporte, a menor
distância entre a imagem da superfície do canal radicular não instrumentado e a
superfície radicular foi medida e comparada com as mesmas medidas obtidas nas
imagens do canal radicular instrumentado. Os resultados mostraram menor
transporte com os instrumentos de níquel-titânio, principalmente nos terços cervical
e médio. Os autores constataram que com esta técnica é possível comparar a
anatomia do canal radicular antes e após o preparo.
3 PROPOSIÇÃO
3.1 OBJETIVO GERAL
Constituiu o objetivo do presente estudo avaliar, comparativamente, in vitro,
através de tomografia computadorizada Multi Slice, o preparo do canal radicular
realizado por alunos de graduação da FOPUCRS com os sistemas manual e
oscilatório Adiel Super Endo 16.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a atuação dos instrumentos nas paredes do canal radicular
medindo-se a área de desgaste das paredes vestibular, lingual, mesial e
distal, nos terços cervical, médio e apical, através da sobreposição das
imagens dos canais radiculares anatômico e cirúrgico.
Medir a área total de desgaste, após o preparo químico-mecânico, nos
terços cervical, médio e apical.
Medir o tempo despendido durante o preparo químico-mecânico.
Avaliar, através de um questionário, a percepção do aluno de graduação
envolvido na pesquisa, após ter realizado o preparo do canal radicular com
os sistemas manual e oscilatório.
4 METODOLOGIA
4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Este trabalho foi realizado após a aprovação pelo Comitê de Ética da
Universidade Luterana do Brasil (Anexo A).
4.2 LOCAIS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA
Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul (Porto Alegre, Rio Grande do Sul).
Medicina Diagnóstica Mãe de Deus Center (Porto Alegre, Rio Grande do Sul).
4.3 SELEÇÃO E PREPARO DOS DENTES
Foram utilizados 20 molares inferiores humanos extraídos por indicação
clínica, cujas coroas apresentavam-se íntegras, restauradas ou com pouca
destruição. Os dentes, do acervo da Disciplina de Endodontia da Faculdade de
Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
55
apresentavam-se armazenados em um frasco de vidro contendo água destilada e
sob refrigeração a uma temperatura de 10
o
C.
A limpeza e desinfecção dos dentes foram realizadas da seguinte maneira:
raspagem dos remanescentes do ligamento periodontal , com auxílio de
curetas periodontais (curetas periodontais 13 - 14 – Duflex);
imersão em hipoclorito de sódio a 1% (Virex 2% Johnsons & Johnsons,
diluído em água destilada), por 1 hora;
lavagem em água corrente durante 1 minuto;
armazenamento em água destilada, sob refrigeração, com trocas semanais
da solução.
Os seguintes critérios de exclusão foram utilizados através da avaliação
radiográfica: dentes com tratamento endodôntico, pinos intra-radiculares,
reabsorções, rizogênese incompleta e fraturas radiculares.
Para a padronização da amostra alguns cuidados foram tomados. Foram
selecionados dentes que apresentassem comprimento entre 18 e 20 milímetros,
aferidos com paquímetro digital (Digimatic Caliper - Mitutoyo), da cúspide mesial
mais alta ao vértice da raiz mesial. Os dentes selecionados foram numerados
aleatoriamente de 1 a 20 na raiz mesial e suas faces vestibulares identificadas com
marcador preto para retroprojetor (Pilot).
Posteriormente, a raiz distal de cada dente foi removida com o auxílio de
ponta diamantada cilíndrica de extremidade ogival número
4219 (Fava) em caneta
de alta rotação (Extra Torque – Kavo).
56
Após a remoção da raiz distal, foram realizadas radiografias para verificar a
possibilidade de inclusão do dente no experimento. A técnica utilizada foi a da
bissetriz, com uma distância foco-filme de 40 centímetros, tempo de exposição de
0,61 segundos, com 70 kVp e 8 mA (Spectro 70X - Dabi Atlante). Cada dente foi
posicionado em um filme radiográfico (KodaK - Ultra-speed n
o
2), com o auxílio de
cera utilidade (Clássico) e radiografado nos sentidos vestíbulo-lingual e mésio-distal.
As duas incidências foram realizadas no mesmo filme, utilizando-se sete lâminas de
chumbo cortadas ao meio, sobrepostas e presas com fita adesiva (3M) para proteger
o lado que não estava sendo radiografado. Os dentes foram posicionados com a
coroa voltada para a marca identificadora, e a porção lingual ou mesial em contato
com o filme. Cada radiografia foi identificada com um número de chumbo colocado
no lado inferior esquerdo do filme, correspondente ao número do dente radiografado.
Todas as radiografias do experimento foram realizadas com filmes provenientes da
caixa de lote: 31018180, data de fabricação: 05 2003 e validade: 12 2005. O
processamento das radiografias foi realizado em processadora automática com
tempo de 4 minutos e 30 segundos de seco a seco a 28
o
C (AT 2000 XR - Air
Techniques).
Após o exame das radiografias, com o auxílio de pontas diamantadas
esféricas n
o
1012 (Fava) acopladas em caneta de alta rotação (Extra Torque - Kavo)
o acesso à câmara pulpar foi realizado de acordo com os princípios propostos por
De Deus (1992).
Durante a etapa de abertura da câmara pulpar, foi realizada irrigação com
hipoclorito de sódio a 1% (Virex 2% – Johnsons & Johnsons, diluído em água
destilada). A solução irrigadora foi acondicionada em seringa descartável de 10mL
57
(Plastipak), na qual foi acoplada agulha hipodérmica 25X4 (B-D). A aspiração foi
realizada com uma cânula suctora e ponta de n
o
10 (B-D), que, adaptada ao equipo,
foi posicionada na entrada da abertura da câmara pulpar durante a irrigação.
Para a realização da abertura da câmara pulpar e preparo do canal radicular,
os dentes tiveram suas raízes envoltas em uma gaze umedecida e foram presos
verticalmente entre as garras de uma morsa (Baby Vice, 40 mm), dessa forma o
operador não visualizava a raiz do dente (Figura 1).
Figura 1 – Dente posicionado na morsa para a realização das manobras de
abertura da câmara pulpar e preparo do canal radicular.
58
Após a abertura da câmara pulpar, os canais radiculares foram localizados
com o auxílio de uma sonda de Rhein (Golgran).
Foram utilizados para este experimento apenas os dentes que apresentassem
dois canais distintos em toda a extensão da raiz mesial. Para a confirmação clínica
desta condição, a exploração de cada canal radicular foi realizada com lima tipo K
n
o
10 (Dentsply - Maillefer) até que a ponta do instrumento aparecesse justaposto ao
forame radicular. A seguir, colocou-se um instrumento em cada canal radicular,
confirmando-se a presença de dois canais quando as pontas das limas aparecessem
em saídas distintas (Figura 2).
Figura 2 – Confirmação dos dois canais radiculares na raiz mesial.
59
Após a confirmação da presença dos dois canais radiculares na raiz mesial e
de posse das radiografias, verificou-se o grau de curvatura de cada raiz. Incluiu-se
no estudo dentes que apresentassem canais radiculares com curvaturas variando
entre 15
o
e 30
o
graus. A medida das curvaturas foi realizada de acordo com o
método descrito por Schneider (1971). Sobre uma folha de papel vegetal, colocada
em cima da radiografia, em negatoscópio, traçou-se uma linha que correspondia ao
eixo axial do canal radicular e uma segunda linha desde o forame apical até a
intersecção com a primeira linha ao nível do ponto onde o canal radicular começava
a separar-se do eixo longitudinal. O ângulo que se formou foi medido com um
transferidor.
As etapas de seleção e preparo dos dentes, determinação do comprimento de
trabalho, preparo do terço cervical e registro do tempo de trabalho foram realizadas
pela autora do estudo.
4.4 DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE TRABALHO
Para determinação do comprimento de trabalho a câmara pulpar foi repleta de
hipoclorito de sódio a 1% (Virex 2% – Johnsons & Johnsons, diluído em água
destilada) e, com um instrumento Flexofile n
o
10 (Dentsply-Maillefer), foi-se
penetrando gradualmente, milímetro a milímetro até que a ponta do instrumento
estivesse justaposta à saída foraminal, manobra esta auxiliada por uma lupa
(Tinffany). Neste momento, deslizou-se o cursor para que tangenciasse o bordo de
referência, que poderia ser a cúspide mésio-vestibular ou mésio-lingual, dependendo
60
do canal radicular em que se estivesse trabalhando, determinando-se assim o
comprimento real do canal radicular. A partir desta medida, recuou-se em 1mm,
determinando-se o comprimento de trabalho. A medida do comprimento de trabalho
e o bordo de referência de cada canal radicular foram registrados em uma ficha, ao
lado do número do respectivo dente (Apêndice A). Esta manobra foi realizada para
os dois canais radiculares de todos os dentes. Durante esta etapa o dente foi
apreendido na mão para possibilitar a visualização da ponta do instrumento
justaposto ao forame radicular.
4.5 PREPARO DOS DENTES PARA A OBTENÇÃO DAS IMAGENS DE
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
Para possibilitar a tomada de imagens em tomografia computadorizada os
dentes foram secos com jato de ar da seringa tríplice do equipo odontológico. A
seguir, as raízes dos dentes foram colocadas no interior de frascos plásticos
retangulares (recipientes vazios de cones de guta-percha Endopoints), numerados
de 1 a 20 com marcador para retroprojetor azul de ponta fina 1mm (Pilot) e suas
coroas fixadas nos frascos com o auxílio de fita crepe (3M). Os dentes foram
colocados nos frascos com sua face vestibular voltada para a parede numerada
(Figura 3).
61
Figura 3 – Dentes posicionados nos frascos
Em seqüência, os dentes foram randomizados e divididos em dois grupos:
grupo I preparo manual; e grupo II preparo oscilatório, sendo dez dentes para
cada grupo. Este sorteio teve o intuito de selecionar a técnica que seria utilizada no
primeiro canal radicular preparado, sendo ele sempre o canal sio-vestibular. Os
números dos dentes pertencentes a cada grupo foram anotados na mesma folha na
qual fez-se o registro dos comprimentos de trabalho (Apêndice A).
62
4.6 OBTENÇÃO DAS IMAGENS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
INICIAL
As imagens foram obtidas através do aparelho de tomografia
computadorizada Multi-Slice (Somaton Emotion Duo – Siemens) e do programa
Specials Dental.
Os recipientes contendo os dentes foram posicionados sobre plataforma do
aparelho, em coluna, em grupos de 10, com as faces vestibulares voltadas para
cima (Figura 4).
Figura 4 – Dentes posicionados para a obtenção das imagens de tomografia
computadorizada
63
Cortes axiais foram obtidos com 1mm de espessura e intervalos de
reconstrução de 0,1mm, 130Kv e 45mAs e filtro ósseo, em toda a extensão do
dente, de cervical para apical. A velocidade de rotação do tubo foi de 1,8s e a saída
do diafragma de 5mm. O tempo gasto para escanear cada dente foi de 16s.
Após a obtenção das imagens dos dois grupos de 10 dentes, o programa do
tomógrafo iniciou a reconstrução dos cortes de 1mm para 0,01mm, o que forneceu
melhor definição às imagens. O tempo gasto para a reconstrução foi de 5 minutos
para cada dente. Com a reconstrução, as, em média, 54 imagens originadas
anteriormente transformaram-se, em média, em 450.
As imagens resultantes do exame foram armazenadas em vinte discos
compactos (CD-R - Nipponic), de maneira que a imagem de cada dente, com seus
dois canais radiculares, foi armazenada em um CD. Os CDs foram identificados com
o número do dente e a letra A, referente a “antes do preparo”, com caneta para
retroprojetor preta (Pilot).
Após o registro inicial das imagens, os dentes foram novamente
armazenados, porém, agora, em frascos individuais e numerados, facilitando sua
identificação, contendo água destilada e armazenados sob refrigeração a uma
temperatura de 10
o
C.
64
4.7 GRUPOS EXPERIMENTAIS / PREPARO DOS CANAIS RADICULARES
Os canais radiculares foram preparados por alunos de graduação do curso de
Odontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Foram
selecionados, aleatoriamente, 20 alunos, que tivessem cursado as Disciplinas de
Endodontia de Laboratório e Endodontia Clínica I e II. Os alunos selecionados não
tinham experiência prévia no preparo de canais radiculares com nenhum tipo de
sistema automatizado. Cada aluno preparou um dente com dois canais radiculares,
sendo que um canal radicular foi preparado manualmente e o outro com sistema
oscilatório.
Previamente ao início da fase experimental, um material teórico explicativo da
técnica que seria realizada para os dois grupos foi distribuído aos alunos (Apêndice
B). Após a leitura do material, uma demonstração prática da utilização do sistema
oscilatório em um dente extraído foi realizada pela autora do estudo.
Antes de realizar o preparo no dente do experimento, com o objetivo de
conhecer a cinemática da peça oscilatória, cada aluno realizou o preparo em um
dente extraído, mono-radicular, seguindo a técnica preconizada, posicionado na
morsa. Em prosseguimento, foi entregue ao aluno o dente em que ele iria trabalhar.
Ao primeiro aluno foi entregue o dente n
o
1 e assim sucessivamente.
Anteriormente aos procedimentos de preparo dos canais radiculares, os
ápices das raízes de todos os dentes foram cobertos com cera utilidade (Clássico).
65
Para o presente experimento, duas técnicas de instrumentação foram
empregadas. Para os dentes do grupo I o preparo do canal radicular foi realizado
manualmente, empregando-se a técnica escalonada com recuo programado, de
acordo com Walton (1976); e para os do grupo II realizou-se instrumentação
automatizada com sistema oscilatório Adiel Super Endo 16 (Adiel) e a mesma
técnica utilizada para o grupo I.
Os instrumentos utilizados para os dois grupos foram limas de aço-inoxidável
Flexofile (Dentsply-Maillefer), de comprimento de 21mm e com numeração
seqüencial de 15 a 45, num total de 140 limas. Cada lima foi utilizada em dois canais
radiculares e depois descartada.
Antes e após o primeiro uso, as limas que seriam utilizadas foram escovadas
sob água corrente (escova dental Oral B de cerdas macias) e secas em temperatura
ambiente. Durante o preparo do canal radicular, as limas foram mantidas em um
dispositivo próprio para este fim (Endometric - Angelus), contendo no seu interior
10mL de hipoclorito de dio a 1% e seu refil substituído a cada novo preparo.
Todas as limas, antes de serem utilizadas no canal radicular, foram pré-curvadas na
sua porção final (6mm), com o auxílio de uma pinça clínica.
Inicialmente, foi realizado o preparo do terço cervical em todos os canais
radiculares com uma broca Gates-Glidden n
o
1 (Dentsply-Maillefer), adaptada no
contra-ângulo do motor de baixa rotação do equipamento odontológico, a qual foi
introduzida girando no canal radicular a uma profundidade de 3mm. Para verificar a
medida, utilizou-se um cursor de silicone (Dentsply-Maillefer) na broca. A seguir,
repetiu-se procedimento semelhante com uma broca Gates-Glidden n
o
2 a uma
66
profundidade de 2mm. O movimento utilizado foi o de introdução e tração da broca
em direção ao longo eixo do canal radicular. Este movimento foi realizado duas
vezes para cada broca. Entre um uso e outro, as brocas foram lavadas com escova
de cerdas macias sob água corrente (escova dental Oral B) e secas em temperatura
ambiente.
O preparo dos dentes do grupo I seguiu os princípios da técnica escalonada
com recuo programado, empregando-se movimentos de limagem com introdução e
tração oblíqua contra todas as paredes do canal radicular. O primeiro instrumento
empregado foi o de n
o
15, trabalhando no comprimento de trabalho. Em
prosseguimento, foram utilizados, em seqüência numérica, mais três instrumentos,
sendo que a último instrumento empregado no comprimento de trabalho foi a de
n
o
30. A seguir, foram utilizados os instrumentos de n
os
35, 40 e 45, cada um deles
recuando 1mm do comprimento utilizado no instrumento anterior. Entre os
instrumentos de n
os
35, 40 e 45, o instrumento de n
o
30 foi novamente empregado no
comprimento de trabalho com o objetivo de verificar a manutenção deste
comprimento e de suavizar degraus que pudessem ter sido formados. Cada
instrumento foi utilizado até que se apresentasse “solto” no canal radicular. Se o
instrumento seguinte não atingisse o comprimento necessário, o anterior seria
novamente utilizado.
Para os dentes do grupo II, as limas foram acopladas ao sistema oscilatório
Adiel Super Endo 16 (Adiel) (Figura 5), a qual foi adaptada no micromotor de baixa
rotação do equipamento odontológico (Dabi Atlante). A cinemática empregada pelo
aparelho é de movimentos de rotação alternada à direita e à esquerda com
amplitude de oscilação de 45
o
e com redução de velocidade de 16:1. Os operadores
67
empregaram movimentos suaves de vaivém de pequena amplitude, com tração do
instrumento contra as paredes do canal radicular, sempre entrando e saindo girando
no canal radicular. Anteriormente ao início do preparo do canal radicular, uma
exploração manual, com lima n
o
15, foi realizada com o objetivo de criar um caminho
para a penetração dos instrumentos acionados a motor. Em seguida, a seqüência de
instrumentação foi a mesma empregada para os dentes do grupo I.
Figura 5 – Sistema oscilatório Adiel Super Endo 16
A substância química auxiliar utilizada durante toda a etapa de preparo
químico-mecânico do canal radicular, nos dois grupos, foi o hipoclorito de dio a
1%, acondicionado em seringa tipo descartável de 10mL (Plastipak), na qual foi
acoplada agulha hipodérmica 25X4 (B-D). A agulha foi calibrada com um cursor de
68
silicone, de maneira a penetrar 3mm aquém do comprimento de trabalho. O volume
de solução irrigadora utilizada foi de 2mL a cada troca de instrumento, com
movimentos de vaivém em associação com a aspiração. A aspiração foi realizada
por uma cânula suctora e ponta de 40X10 (B-D), a qual foi acoplada no equipo
odontológico e posicionada na entrada da câmara pulpar durante a irrigação. A
câmara pulpar permaneceu repleta de solução irrigadora durante o preparo químico-
mecânico.
Após a finalização do preparo, realizou-se irrigação com 2mL de hipoclorito de
sódio a 1%, aspiração e irrigação com EDTA trissódico a 17% (Iodontec). A solução,
acondicionada em seringa plástica descartável de 10mL com agulha (Plastipak), foi
colocada no interior do canal radicular, agitada com o instrumento de n
o
30, e lá
permaneceu durante 3 minutos. A seguir, foi realizada irrigação final com 2mL de
hipoclorito de sódio a 1%, o canal radicular foi aspirado e seco com pontas de papel
absorvente (Tanari) de tamanho compatível com o diâmetro do último instrumento
utilizado no canal radicular (n
o
30), no comprimento de trabalho.
Conforme explicado anteriormente, o preparo de todos os dentes foi iniciado
pelo canal radicular mésio-vestibular. Desta maneira, um número idêntico de canais
mésio-vestibulares e mésio-linguais foi preparado com cada sistema, baseado no
estudo de Gluskin et al., (2001).
69
4.8 REGISTRO DO TEMPO
O tempo despendido durante o preparo de cada canal radicular foi registrado
com o auxílio de um cronômetro digital (Nike), que foi acionado ao iniciar o emprego
do primeiro instrumento (n
o
15) e desligado ao finalizar o emprego do último
instrumento (n
o
45) no preparo do canal radicular. Os valores de tempo (em minutos
e segundos) foram registrados em uma ficha (Apêndice C).
4.9 QUESTIONÁRIO
Após a realização do preparo do dente, cada aluno respondeu a um
questionário (Apêndice D). Os questionários preenchidos foram entregues
anonimamente.
4.10 OBTENÇÃO DAS IMAGENS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
FINAL
Para a obtenção das imagens de tomografia computadorizada final, os dentes
foram armazenados nos mesmos frascos utilizados para a obtenção das imagens de
tomografia computadorizada inicial.
70
Os procedimentos realizados para a tomada tomográfica final foram os
mesmos anteriormente descritos no item 4.6.
Os CDs (Maxell) utilizados para armazenar as imagens foram identificados
com o número do dente seguido da letra D referente a “depois do preparo”.
4.11 METODOLOGIA EMPREGADA PARA A ANÁLISE DOS RESULTADOS
As imagens de tomografia computadorizada, contidas em CDs, foram salvas
no disco rígido do computador (Compac, Presario 4410). Este procedimento foi
realizado para as imagens de um dente de cada vez, antes e depois do preparo, em
ordem numérica. Após ter-se selecionado os cortes e salvo as imagens dos três
terços do dente n
o
1, antes e depois do preparo, as imagens restantes foram
apagadas do computador. O mesmo procedimento foi realizado para todos os
dentes.
As imagens dos três terços da raiz foram selecionadas da seguinte maneira
(Figura 6):
a imagem do dente antes do preparo foi aberta através do programa E-
Film, que permite a visualização do dente em cortes axiais;
deslizou-se o cursor do mouse no sentido cérvico-apical, até que as
entradas dos dois canais radiculares aparecessem. Neste momento,
tomou-se nota do número correspondente àquela imagem;
em prosseguimento, deslizou-se o cursor do mouse em direção ao ápice
dentário até que a imagem do dente não aparecesse mais. O número
correspondente àquela imagem foi anotado;
71
subtraindo-se o segundo valor do primeiro, o número resultante foi dividido
por três, correspondendo aos terços cervical, médio e apical;
os valores de cada terço foram divididos por dois, o que correspondia à
metade do terço que seria analisado;
as imagens de cada terço, correspondentes aos números previamente
determinados, foram armazenadas em arquivo específico, em formato Joint
Photographics Experts Group (JPEG), no disco rígido do computador;
cada imagem foi denominada com o número do dente, seguido das letras
“a” (antes do preparo) ou d” (depois do preparo) e das letras “a” (apical),
“m” (médio) ou “c” (cervical);
as medidas para selecionar as imagens dos três cortes do dente antes do
preparo foram as mesmas medidas utilizadas para realizar as imagens do
dente após o preparo.
Este procedimento foi realizado para todos os dentes e, ao final, salvas em
um CD (Maxell).
72
Figura 6 – Cortes axiais nos terços cervical, médio e apical, antes e depois do
preparo.
73
Os procedimentos anteriormente descritos foram realizados pela autora do
estudo. Os CDs com as imagens gravadas e uma ficha para a anotação dos
resultados (Apêndice E), foram entregues para uma professora de Radiologia,
previamente calibrada, a qual realizou os passos seguintes:
duas imagens digitais, do mesmo dente e do mesmo terço, antes e depois
do preparo, foram importadas para o programa Adobe Photoshop;
as duas imagens foram recortadas de maneira que ficassem com uma
pequena margem ao redor do dente;
na imagem “antes do preparo”, a área externa à raiz e o canal radicular
foram coloridos em degradê para mapeamento de tons de cinza, variando
de preto a amarelo, originando uma imagem do dente em preto e das áreas
externa e do canal radicular em amarelo;
o mesmo procedimento foi realizado para colorir a imagem “após o
preparo”, porém com a cor azul;
o preenchimento das duas figuras foi removido restando apenas os seus
contornos, um em amarelo e outro em azul;
as duas imagens foram sobrepostas e a imagem resultante ampliada;
linhas guia foram traçadas no pixel mais externo de cada uma das quatro
faces dos dois canais radiculares, anatômico e cirúrgico (Figura 7);
com o auxílio da ferramenta régua, posicionada entre uma linha e outra,
realizou-se a medida, em pixels, da medida linear de desgaste de cada
parede. O mesmo procedimento foi realizado para os dois canais
radiculares.
Com o objetivo de verificar a validade das medidas realizadas, a avaliadora
realizou medidas em duplicata em 30% das imagens.
74
Figura 7 – Medida da distância linear de desgaste, através do programa Adobe
Photoshop
Para se medir a área de desgaste, as imagens sobrepostas utilizadas
anteriormente foram abertas através do programa ImageLab, o qual realizou o
cálculo da área total de desgaste (Figura 8).
Os resultados da distância linear e da área de desgaste de todos os dentes
foram anotados em planilha do programa Excel.
75
Figura 8 – Medida da área de desgaste, através do programa ImageLab
4.12 CORRESPONDÊNCIA ENVIADA AOS PROFESSORES
Com o objetivo saber a opinião sobre o uso de sistemas automatizados no
ensino de graduação de faculdades de Odontologia de vários estados do país,
elaborou-se uma correspondência que foi enviada por correio eletrônico para seis
professores de Endodontia (Apêndice F).
76
4.13 ANÁLISE ESTATÍSTICA
4.13.1 Cálculo de tamanho de amostra
Para detectar uma diferença entre os grupos de magnitude a um desvio
padrão (tamanho de efeito 1) e fixando-se em 5% e poder em 80%, foi estimado
que seriam necessários 20 dentes, 20 canais radiculares por grupo.
4.13.2 Análise dos resultados
Os dados foram descritos por média e desvio padrão sendo estratificados
entre os fatores, sistema utilizado para o preparo e terço preparado do canal
radicular. Os efeitos sobre os desgastes das superfícies foram avaliados por análise
de variância fatorial levando em conta simultaneamente os fatores sistema, terço e a
interação entre ambos. O nível de significância adotado foi de 5%. As análises foram
realizadas com o programa SPSS versão 12 e os gráficos com o programa
SigmaPlot versão 8.0.
Com relação às medidas realizadas em duplicata, para se verificar a
concordância das medidas dos pixels de desgaste utilizou-se o coeficiente de
correlação intraclasse, uma vez que não foi possível o coeficiente Kappa devido à
natureza quantitativa das variáveis envolvidas.
77
Para comparar o tempo de preparo do canal radicular entre os dois sistemas
foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes.
5 RESULTADOS
5.1 MEDIDA LINEAR DE DESGASTE
Os resultados estão expressos na Tabela 1 e nas Figuras 9 a 13.
Tabela 1 – Comparação da medida linear de desgaste (em pixels) das paredes
do canal radicular, segundo o terço e o sistema de preparo utilizado.
Manual oscilatório
Médio Cervical médio cervical Significância (P)*
Características
n=14 n=19 n=14 n=19
sistema terço interação
Face do
canal
vestibular
5,64±4,43 5,79±3,39 5,36±3,95 4,79±3,46
0,50 0,82 0,71
Lingual
4,21±3,95 6,32±3,61 3,93±3,05 4,21±3,17
0,17 0,17 0,29
Distal
4,36±2,76 7,95±4,48 4,50±3,72 5,16±3,99
0,17 0,03 0,13
Mesial
3,93±2,02 3,16±1,92 3,36±2,71 2,84±1,80
0,40 0,22 0,81
Diferença de
área
190,1±104,5 435,7±174,2 184,4±96,2 328,1±148,3
0,11 <0,01
0,15
Desgaste
total
18,1±9,6 23,2±9,9 17,1±9,4 17,0±9,8
0,14 0,31 0,29
Os dados são apresentados como média e desvio padrão.
*significância estatística obtida em modelo de análise de variância fatorial.
79
Figura 9 – Desgaste vestibular
Figura 10 – Desgaste lingual
Figura 11 – Desgaste distal
80
Figura 12 – Desgaste mesial
Figura 13 – Desgaste total
Com relação à medida linear de desgaste, em pixels, nas quatro faces do
canal radicular, constatou-se que:
na face vestibular, não foi encontrada diferença no desgaste entre as
técnicas e os terços (cervical e médio);
na face lingual, também não foi encontrada diferença no desgaste entre as
técnicas e os terços (cervical e médio);
na face distal, o terço cervical apresentou um desgaste maior em relação
ao terço médio em ambas as técnicas (p = 0,03);
81
na face mesial, não foi encontrada diferença no desgaste entre as técnicas
e os terços (cervical e médio);
considerando o total da medida linear de desgaste nas quatro faces do
canal radicular, não foi encontrada diferença entre as técnicas e os terços
(cervical e médio).
Quanto à avaliação da concordância nas medidas de desgaste, o coeficiente
de correlação intraclasse geral foi de 0,986.
5.2 ÁREA TOTAL DE DESGASTE
O resultado está expresso na Figura 14.
Figura 14 – Diferença na área de resgate
82
Analisando a área total de desgaste em pixels, os terços apresentaram
diferença estatisticamente significante entre si, sendo que o terço cervical
apresentou uma média maior do que o terço médio (p < 0,01).
5.3 TEMPO
O sistema oscilatório foi, na média, 3 minutos mais rápido do que o sistema
manual, entretanto, não é possível afirmar que um sistema foi mais rápido que o
outro.
5.4 INTERCORRÊNCIAS
Clinicamente, foi possível detectar perfuração na região apical da raiz de um
canal radicular. Houve perda de comprimento de trabalho em dois canais
radiculares, sendo que, em um deles, o instrumento ficou 1mm aquém do
comprimento de trabalho; e, no outro, 2mm aquém. Nos três casos relatados
anteriormente, o preparo foi realizado com o sistema manual.
83
5.5 ANÁLISE QUALITATIVA
Ao avaliar-se as respostas dos questionários respondidos pelos alunos que
realizaram o experimento, pôde-se concluir que:
85% dos alunos consideraram o preparo com o sistema oscilatório mais
fácil de realizar do que com o manual por reduzir o tempo e o desgaste do
operador, proporcionando mais conforto;
15% dos alunos consideraram o sistema manual mais fácil de executar por
ser o que aprenderam e o que utilizam na prática;
45% dos alunos relataram ter sentido dificuldade devido à perda da
sensibilidade tátil com o sistema oscilatório;
1% dos alunos sentiu insegurança quanto ao tempo de permanência do
instrumento dentro do canal radicular, quando utilizado o sistema oscatório;
1% manifestou receio de uma possível perfuração decorrente do uso do
sistema oscilatório;
100% dos alunos relataram ter interesse em realizar maior treinamento
com instrumentação automatizada no futuro.
6 DISCUSSÃO
O preparo químico-mecânico do canal radicular tem sido, ao longo dos anos,
fonte de intensas pesquisas no que diz respeito a técnicas, sistemas e instrumentos
empregados. Esta etapa operatória é a que demanda maior tempo de trabalho.
Portanto, o que se almeja é a redução deste tempo e, por conseguinte, um menor
desgaste do profissional e do paciente, sobretudo mantendo-se a qualidade do
tratamento. Além disso, a sanificação endodôntico e a modelagem do sistema de
canais radiculares, permitindo abrigar uma obturação adequada, são de extrema
importância para o sucesso do tratamento endodôntico.
Uma das preocupações nesta linha de pesquisa recai sobre a metodologia de
avaliação, que pode variar dependendo do tipo de análise que se pretende realizar.
Inúmeras metodologias, seja através de imagens (SYDNEY et al., 1991; NIELSEN et
al., 1995) ou com cortes seriados (WALTON, 1976; BAKER et al., 1975; BRAMANTE
et al., 1987), foram desenvolvidas para contemplar diferentes características do
canal radicular após o seu preparo. Desta forma, buscou-se na literatura a
metodologia de avaliação que melhor se adaptasse às necessidades do presente
estudo.
Nesta ordem de idéias, a técnica valendo-se da plataforma radiográfica
(SYDNEY et al., 1991) é de fácil confecção e não invasiva, porém apenas avalia se
houve ou não desvio do trajeto do canal radicular após o preparo, limitando-se a
uma imagem bidimensional. No entanto, através deste dispositivo, é possível
85
verificar até pequenos desvios, o que contribui para estudos de efetividade de
técnicas e instrumentos para o preparo de canais radiculares curvos.
De outra parte, as metodologias invasivas, que necessitam cortar o dente
para a avaliação, como os cortes histológicos (WALTON, 1976) e a análise em
microscopia eletrônica de varredura (BAKER et al., 1975), não possibilitam realizar a
comparação entre o canal anatômico e o canal cirúrgico. Isso, todavia, em absoluto,
invalida os experimentos que utilizam tais metodologias, que essas conseguem
avaliar a atuação dos instrumentos endodônticos nas paredes do canal radicular e a
ocorrência de desvio apical.
Nesta evolução, ressalta-se o estudo de Bramante et al. (1987), que, através
da secção de raízes, permite avaliar diferentes técnicas e sistemas de
instrumentação antes e após o preparo do canal radicular. Trata-se de uma
metodologia invasiva, que realiza cortes axiais em diferentes terços do canal
radicular. O cuidado no reposicionamento dos cortes para se realizar a análise
comparativa é fundamental, podendo apresentar dificuldade para os instrumentos
passarem por estes locais. Outras limitações são: a restrição da avaliação apenas às
áreas dos cortes pré-determinados e o fato de requerer bom treinamento prévio para
a sua reprodução.
Mais recentemente, o uso da tomografia computadorizada como método de
avaliação para o preparo do canal radicular tem sido cada vez mais investigado em
literatura internacional. Nielsen et al. (1995), Gambill et al. (1996), Rhodes et al.
(1999), Rhodes et al. (1999), Peters et al. (2001), Gluskin et al. (2001), Bergmans et
al. (2002), Peters et al. (2003) e Hübscher et al. (2003) concluíram que esta é uma
86
técnica não invasiva e gera dados em três dimensões para avaliar a geometria do
canal radicular e os efeitos das técnicas de preparo.
Concorda-se com os autores descritos em relação às principais qualidades
relativas ao uso desta metodologia, visto o fato de não ser invasiva e permitir a
avaliação do canal radicular em qualquer posição da raiz, antes, durante e após o
preparo, em ts dimensões. Embora os dentes sejam alterados com o preparo do
canal radicular, os dados originais gerados pelas imagens de tomografia
computadorizada permanecem disponíveis para a análise comparativa. Sendo
assim, no presente estudo, optou-se por utilizar a tomografia computadorizada como
metodologia de avaliação.
Na tentativa de aproximar as metodologias descritas na literatura com a
empregada neste estudo, encontrou-se uma dificuldade. Em países como Suíça,
Bélgica e Estados Unidos, um programa de computador foi desenvolvido
especificamente para realizar a análise comparativa entre as imagens do canal
radicular anatômico e cirúrgico. No presente estudo, necessitou-se desenvolver um
método que avaliasse as imagens obtidas utilizando-se programas disponíveis para
não aumentar o custo do trabalho. Portanto, utilizou-se os programas Adobe
Photoshop® e Image Lab® e conseguiu-se, através sobreposição das imagens e
aferição do espaço desgastado, um sistema de avaliação muito semelhante
daqueles utilizados por Peters et al. (2001), Bergmans et al. (2001), Gluskin et al.
(2001), Bergmans et al. (2002), Peters et al. (2003) e Hübscher et al. (2003).
Estudos de Tachibana e Matsumoto (1990), Rhodes et al. (1999), Bergmans
et al. (2001), Ruschel et al. (2001) relatam que as limitações do exame de tomografia
87
computadorizada são: o custo elevado e o longo tempo despendido para o exame,
em média 3 horas para cada dente. Ao contrário destes autores, no presente estudo,
não se necessitou de longo tempo para a realização do exame, que foi, em média, 3
horas para cada grupo de vinte dentes. É importante ressaltar que tal exame,
quando utilizado para avaliar o preparo de canais radiculares, é válido para
pesquisas in vitro, como foi relatado nos estudos de Tachibana e Matsumoto (1990)
e Rhodes et al. (1999). Segundo estes autores, a dose de radiação é alta para
avaliar, no paciente, o que se pode realizar com sucesso com radiografias.
A escolha de dentes humanos extraídos para a execução do experimento
deveu-se ao fato de se considerar fundamental buscar condições semelhantes à
clínica. Dummer et al. (1991) relatam que o uso de canais simulados, por
profissionais previamente treinados, constitui-se em uma boa alternativa como
metodologia de pesquisa, pois consegue-se padronizar comprimento, curvatura e
forma do canal. Entretanto, conforme Rhodes et al. (1999), a morfologia dos canais
simulados é simples: os canais são circulares e as curvaturas em apenas um
sentido, o que dificilmente corresponde à anatomia dental. Além disso, Lim e Weber
(1985) relataram que o calor friccional dos sistemas automatizados pode derreter
algumas resinas. E ainda, Weine et al. (1976), Lim e Webber (1985) e Peters et al.
(2001) acreditam que o canal simulado carece das qualidades da dentina humana,
tendo uma microdureza menor, o que poderia interferir nos resultados,
principalmente em preparos realizados por alunos de graduação, que têm pouca
experiência com dentes humanos extraídos e nenhuma experiência com blocos de
resina.
88
Como a maioria dos problemas e dificuldades relacionados ao tratamento
endodôntico ocorre em canais radiculares atrésicos, achatados e curvos,
selecionaram-se dentes que possuíssem tais características, como as raízes mesiais
de molares inferiores. Curvaturas radiculares são fatores que podem interferir
sobremaneira na qualidade do preparo do canal radicular. Sendo assim, no presente
estudo foi padronizado o grau de curvatura das raízes, para que as mesmas não
diferissem muito entre si. Optou-se pelo método de Schneider (1971) por ser
consagrado e utilizado na maioria dos trabalhos que necessitam tal metodologia
(JUNGMANN et al., 1975; CORDERO et al., 1997; KOSA et al., 1999; SYDNEY et
al., 2000; SONNTAG et al., 2003).
Da mesma forma, o comprimento das raízes pode alterar o grau de
dificuldade do preparo, interferindo nos resultados. Para evitar que isso ocorresse,
limitou-se o comprimento das raízes entre 18 e 20mm, tolerando-se uma diferença
de 3mm entre elas.
A utilização de dois canais radiculares na mesma raiz proporcionou uma
diminuição do número da amostra, pois a mesma tornou-se pareada. Esta manobra
também colaborou para reduzir o tempo de exame de tomografia computadorizada
pela metade, reduzindo, por conseguinte, o custo.
A raiz distal de todos os dentes foi removida a fim de facilitar a visualização
da raiz mesial na incidência proximal do exame radiográfico. Desta maneira,
conseguiu-se verificar a possível presença de dois canais radiculares nesta raiz.
89
As coroas dentais não foram removidas com o objetivo de manter as
dificuldades características do preparo de canais radiculares em molares. Acredita-
se que a remoção das coroas facilitaria o acesso ao canal radicular, bem como a sua
visualização tornar-se-ia mais fácil.
Optou-se por realizar o preparo do terço cervical em todos os dentes para
minimizar os riscos de acidentes e facilitar a instrumentação subseqüente,
conseguindo-se acessar a porção apical, que normalmente é curva, com menor
tensão nos instrumentos (ABOU-RASS et al., 1980; BATISTA et al., 2003). Tal
procedimento foi também realizado nos trabalhos de Abou-Rass et al. (1982),
Sydney et al. (2000a), Sydney et al. (2001), Rhodes et al. (2000), Peters et al.
(2001), Peters et al. (2003), Hübscher et al. (2003), que avaliaram preparo do canal
radicular realizado com diferentes sistemas e instrumentos.
O ápice das raízes foi coberto com um pedaço da cera utilidade para a
realização do preparo, com o objetivo de não haver extravasamento de solução
irrigadora pelo forame, permitindo a permanência desta no interior do canal radicular,
bem como seu refluxo, possibilitando a remoção dos detritos provenientes desta fase
operatória.
Durante o preparo do canal radicular, a raiz do dente foi envolta em uma gaze
para que o operador não a visualizasse e pudesse detectar possíveis intercorrências
durante esta fase da execução experimental.
A determinação do comprimento de trabalho a 1mm da saída foraminal,
deveu-se ao fato de se estar trabalhando in vitro, onde, através da manobra de
90
exploração e visualização da ponta do instrumento justaposto ao forame, consegue-
se situar com precisão o preparo do canal radicular dentro do canal dentinário,
sendo este comprimento da trabalho aceito pela maioria dos autores.
A fase de preparo do canal radicular, na Endodontia, é de extrema
importância para o sucesso do tratamento. Fase esta que tem por objetivo promover
a limpeza, modelagem e desinfecção do canal radicular, por meio de instrumentos
endodônticos e soluções químicas auxiliares. Entretanto, permanece em discussão
qual é a maneira mais eficiente e a que promove menor esforço do operador, já que
inúmeras técnicas e sistemas têm sido desenvolvidos.
A técnica de preparo utilizada para os dois grupos estudados, escalonada
com recuo programado (WALTON, 1976), foi escolhida por Faculdade de
Odontologia da PUCRS e a que os alunos utilizam. Além disso, é uma técnica
adequada para o preparo de canais radiculares curvos, trabalhando com
instrumentos mais calibrosos na porção reta e menos calibrosos na porção curva da
raiz. Compreende-se que a técnica coroa-ápice é a mais utilizada com sistema
oscilatório por promover a ampliação do canal radicular no sentido cérvico-apical,
proporcionando maior penetração da solução irrigadora e menor tensão do
instrumento na região apical. Entretanto, no presente, estudo realizou-se a
ampliação do terço cervical previamente ao preparo do canal radicular, eliminando-
se a constrição nesta região para que os instrumentos pudessem trabalhar mais
livres na porção apical do canal radicular, diminuindo o risco de desvio, degrau,
perfuração, empacotamento de dentina e fratura de instrumento.
91
A escolha do sistema oscilatório para o preparo do canal radicular deveu-se
principalmente ao fato de ser este um sistema de custo mais baixo do que os
sistemas de rotação contínua, tanto o aparelho, quanto os instrumentos utilizados. A
vantagem é que este sistema, se introduzido no curso de graduação, não
necessitaria de instrumentos diferentes daqueles que os alunos possuem. Além
disto, Sydney (2002) relata que os sistemas oscilatórios permitem a reprodução do
preparo manual, possibilitando respeitar as regiões de risco de dentes achatados e
com curvaturas, evitando-se o desgaste excessivo de algumas porções ou a falta de
limpeza de áreas pouco acessíveis. Destaca-se tamm o fato de não necessitar
instrumentos especiais, reduzir o tempo de trabalho, permitir maior ampliação do
canal radicular, proporcionar um canal cirúrgico mais centrado e poder ser utilizado
com qualquer técnica de preparo, como relatado nos estudos de Arroyo et al. (1998)
e Sydney et al. (2000a).
Os instrumentos utilizados para o preparo foram os manuais de aço-
inoxidável Flexofile por não possuírem ponta ativa e terem um desenho que
proporciona maior flexibilidade do que os instrumentos tipo K. Além de serem
instrumentos com melhor corte e de normalmente apresentarem deformações
visíveis antes de fraturarem, ao contrário dos de níquel-titânio. Outros motivos para a
escolha deste tipo de instrumento é o fato de estar facilmente disponível no
mercado, ter um custo mais baixo do que os de níquel-titânio e os alunos estarem
acostumados a utilizá-lo na prática da Disciplina de Endodontia da FOPUCRS.
A seleção do instrumento de n
o
30 para a realização do preparo apical de
todos os dentes deu-se por se considerar possível promover a limpeza desta região,
ao mesmo tempo em que se mantém acompanhando possíveis curvaturas do canal
92
radicular, que neste calibre ainda possui flexibilidade. Tal escolha está suportada
pelos estudos de Abou-Rass e Jastrab (1982), Fabra Campos e Pastora (1999),
Schäfer e Zapke (2000), Borges et al. (2002) e Rhodes et al. (1999), que utilizaram
limas de aço-inoxidável, tipo K ou flexível, de n
os
25 ou 30 para a realização do
preparo apical.
Limitou-se em dois o número de usos dos instrumentos para que não
houvesse diferença de desgaste de dentina entre uma técnica e outra. Os
instrumentos de primeiro uso foram utilizados em metade dos canais radiculares de
cada um dos sistemas, bem como os de segundo uso.
Os instrumentos foram escovados após o primeiro uso, bem como durante o
preparo químico mecânico foram mantidos armazenados em um dispositivo próprio
para este fim, com o objetivo de remover o acúmulo de resíduos armazenados em
sua parte ativa, o que poderia interferir na efetividade do preparo químico-mecânico.
O controle do volume da substância química auxiliar em 2mL a cada troca de
instrumento, bem como a profundidade de penetração da agulha 3mm aquém do
comprimento de trabalho deveu-se ao fato de promover adequada remoção da
dentina excisada evitando riscos de obliteração do terço apical do canal radicular.
O ensino de Odontologia, bem como o de outras áreas da saúde, tem
passado transformações no que diz respeito ao currículo dos cursos de graduação.
As novas diretrizes curriculares têm como objetivo formar um profissional
generalista, ou seja, um indivíduo capaz de atuar em todas as áreas do
conhecimento. No caso do cirurgião-dentista, é necessário que ele seja capaz de
93
tratar do paciente de maneira ampla, tendo condições de realizar procedimentos de
diferentes especialidades de acordo com a necessidade do paciente.
Nesta ordem de idéias, acredita-se que o ensino de Endodontia, além de
capacitar o aluno para a realização de tratamentos endodônticos de dentes mono e
polirradiculares, também possa abranger técnicas atualizadas que, além de
agilizarem o trabalho, trazem menor stress para o profissional e para o paciente.
Desta maneira, trabalhando com sistemas automatizados no curso de graduação, o
aluno egresso da faculdade teria capacidade para optar por um aperfeiçoamento
maior na área ou não. Ou poderia fazer uso destes sistemas sem a necessidade de
cursos complementares, muitas vezes sem preparo adequado, patrocinados por
empresas representantes de aparelhos e instrumentos.
A Endodontia evoluiu muito, nestes últimos 20 anos, com o surgimento de
novos instrumentos e da automação no preparo. Acredita-se que a ciência é
dinâmica, portanto a introdução de dispositivos que qualifiquem o aprendizado pode
ser de grande valia para o ensino de graduação. O uso de sistemas automatizados
na graduação está se tornando prática em algumas faculdades de Odontologia do
exterior, como em Zurique, na Suíça, e em treze faculdades, na França, que utilizam
sistema de rotação contínua. No Brasil, a FOUSP de Ribeirão Preto está utilizando
sistema de rotação contínua na graduação desde 2003, nas fases laboratorial e
clínica.
Concorda-se com Hänni et al. (2003) que as dificuldades para a introdução de
sistemas automatizados na graduação são o custo, que seria acrescido ao material
94
do aluno, e o tempo, que poderia não ser suficiente para o acréscimo deste sistema
no currículo sobrecarregado.
Verificou-se na literatura que a maioria dos estudos apresenta o relato de
profissionais experientes sobre as vantagens do uso de sistemas automatizados
para a realização do preparo químico-mecânico do canal radicular. Pensou-se,
portanto, em realizar um questionário que contivesse perguntas objetivas com o
intuito de saber, do aluno de graduação, suas impressões a respeito do uso do
sistema oscilatório, considerando-se que estes alunos não tinham experiência prévia
no preparo do canal radicular com este sistema.
Semelhante questionário foi realizado no estudo de Sonntag et al. (2003b), o
qual concluiu que aproximadamente 85% dos alunos afirmaram ter sentido maior
segurança no preparo com sistema de rotação contínua do que com manual, e 50%
concluíram que os preparos manual e automatizado deveriam ser ensinados no
curso de graduação.
Após a avaliação do questionário, observou-se que a maioria dos alunos
considerou o preparo oscilatório mais fácil de realizar e menos cansativo do que o
manual. Credita-se tal resposta ao fato de terem sido alunos do 7º e 9º semestre que
realizaram o experimento. Neste nível, eles possuem experiência no tratamento
de dentes anteriores, premolares e molares, portanto, têm domínio da técnica
endodôntica e conhecimento da anatomia do sistema de canais radiculares.
Entretanto, alguns alunos manifestaram terem sentido insegurança durante o uso do
sistema oscilatório. Possivelmente pelo fato de desconhecerem o referido sistema,
sendo a primeira vez que o utilizavam.
95
Com relação às correspondências eletrônicas enviadas para seis faculdades
de Odontologia do Brasil, obteve-se resposta de três pesquisadores. Uma destas
faculdades, a USP de Ribeirão Preto, utiliza preparo automatizado no ensino de
graduação. Desde 2003, os sistemas de rotação contínua vêm sendo utilizados, por
alunos de graduação daquela escola, para o preparo de canais radiculares nas fases
laboratorial e clínica. De acordo com a correspondência recebida, a prática deste
sistema de preparo no curso de graduação tem sido bem-sucedida e de ótima
aceitação pelos alunos. A segunda correspondência, da FO de Baurú, relatou que os
sistemas automatizados são ensinados no curso de graduação, mas os alunos não
os utilizam na prática, porém os alunos do curso de especialização sim. O terceiro
professor que respondeu, da USP de São Paulo, concorda com a idéia de introduzir
os sistemas automatizados no ensino de graduação, e cita: “entendo que os alunos
de graduação o devem ser privados dessa possibilidade”. Complementa
afirmando que qualquer alternativa de instrumentação automatizada deve ser
antecedida de familiaridade com o sistema de canais radiculares, bem como intenso
treinamento com o sistema escolhido.
Quanto às imagens de tomografia computadorizada, após a sua obtenção,
observou-se pouca definição no canal radicular, no corte axial do terço apical.
A definição da imagem gerada pelos aparelhos de microtomografia
computadorizada de países como Suíça, Bélgica e Estados Unidos é de alta
resolução, pois o tamanho dos cortes realizados é de até 19,6µm. O aparelho de
tomografia computadorizada utilizado para este estudo realiza cortes com tamanho
de 1mm. Isso gerou pouca definição na imagem dos milímetros finais do terço apical
das raízes, tanto no canal radicular anatômico quanto no cirúrgico, o que também foi
96
uma limitação nos estudos de Tachibana e Matsumoto (1990), Gambill et al. (1996),
Gluskin et al. (2001). Concorda-se com Gambill et al. (1996) que as possíveis
explicações para esta ocorrência são: o pequeno diâmetro do canal radicular nesta
região e o fato de ser esta a porção da raiz na qual as curvaturas freqüentemente se
localizam. Em conseqüência desta limitação, apenas a área de desgaste de dois
canais radiculares pôde ser aferida neste nível. Sendo assim, após a verificação dos
resultados, o foi possível avaliar a ocorrência de desvio apical, que o terço
apical foi excluído do estudo. Em contra partida, estudos de Rhodes et al (2000),
Garip e Günday (2001), Bergmans et al. (2002) e Hübscher et al. (2003) mostraram
ser a tomografia computadorizada uma excelente alternativa para avaliar a região
apical do canal radicular.
Em seis dentes, no terço médio da raiz, os dois canais radiculares
apareceram na imagem de tomografia computadorizada como canal único. O
mesmo ocorreu no terço cervical de um dos dentes. Acredita-se em duas hipóteses:
ou os canais radiculares estavam muito próximos nesta posição da raiz e, ao serem
instrumentados, uniram-se, ou, devido à sua proximidade, na imagem de tomografia
computadorizada, o apareceram nitidamente separados. Os terços que não
apresentaram dois canais radiculares distintos na imagem de tomografia
computadorizada foram excluídos do estudo.
Relativamente à interpretação dos resultados, em termos quantitativos,
considerando-se a medida em pixels, observou-se que o desgaste produzido nas
quatro paredes do canal radicular da raiz mesial, nos terços cervical e médio, foi de
41,36 para o sistema manual e 34,15 para o oscilatório, resultados estes que não
apresentaram diferença estatisticamente significante. Resultado semelhante foi
97
encontrado no estudo de Rhodes et al. (2000), que avaliou o preparo realizado com
os sistemas manual e rotatório contínuo; Peters et al. (2001), que comparou o
preparo realizado com sistema manual e dois rotatórios contínuos e de Gluskin et al.
(2001), o qual comparou preparos realizados por alunos de graduação com sistemas
de rotação contínua e manual.
Entretanto, o desgaste da parede distal do canal radicular da raiz mesial foi
71% maior do que o da face mesial, somando-se os valores dos dois terços
analisados. O mesmo ocorreu no estudo de Lloyd et al. (1997), utilizando sistema
oscilatório em blocos de resina; Cordero et al. (1997), preparando dentes extraídos
com sistema oscilatório; Fabra Campos e Pastora (1999), avaliando desvio do trajeto
do canal radicular decorrente do uso de um sistema oscilatório; Baumamm e Roth
(1999) os quais realizaram estudo em blocos de resina preparados por alunos de
graduação com sistema de rotação contínua e Garip e nday (2001), que
compararam, através da tomografia computadorizada, o preparo manual com
instrumentos de aço-inoxidável e níquel-titânio. É importante ressaltar, diante dos
estudos que avaliaram desgaste das paredes do canal radicular após o preparo com
sistema rotatório e oscilatório, que apenas os resultados de Borges et al (2002),
comparando um sistema de rotação contínua e um oscilatório, constataram uma
maior atuação do sistema oscilatório na parede externa do canal radicular, fato este
explicado pelos autores pela possibilidade que o sistema oscilatório oferece ao
operador em orientar o instrumento no movimento de anti-curvatura.
O fato de ter-se encontrado maior desgaste na parede interna do canal
radicular com os dois sistemas empregados no presente estudo, pode ser explicado
pelo grau de curvatura da raiz mesial e tendência do instrumento de aço-inoxidável
98
de trabalhar com tensão sobre a face distal, desgastando maior quantidade de
dentina nesta região do que na parede externa, embora tenha-se recomendado o
preparo anti-curvatura (ABOU-RASS et al.,1980) para a realização do experimento.
A ocorrência de maior desgaste na referida parede, também pode ter sido
decorrente do preparo com brocas de Gates-Glidden nos 3mm cervicais do canal
radicular.
Ao analisar-se o desgaste das paredes vestibulares dos canais radiculares da
raiz mesial, nos terços cervical e médio, percebeu-se um desgaste 18% maior do
que na parede lingual, diferença discreta que torna este dado clinicamente
irrelevante.
Avaliando-se a área total de desgaste do canal radicular, nos terços cervical e
médio, os resultados mostraram que houve um aumento significativo do canal
radicular cirúrgico em relação ao anatômico em todos os casos. O que também foi
encontrado no estudo de Fabra Campos e Pastora (1999), os quais empregaram
cortes seriados como metodologia de avaliação; Sonntag et al. (2003 - b), que ao
avaliarem o preparo utilizando a tomografia computadorizada concluíram que a área
de dentina removida foi 28% do volume original do canal radicular e Peters et al.
(2003), que compararam dois sistemas de rotação contínua e um manual.
A área de desgaste, em pixels, do terço cervical foi maior do que a do terço
médio, somando-se uma média de 763,8 e 374,5 respectivamente. Este resultado
pode ser atribuído ao fato de ter-se preparado o terço cervical com brocas de Gates-
Glidden n
os
1 e 2, correspondentes aos instrumentos de n
os
55 e 70, portanto mais
calibrosas do que os instrumentos utilizados no terço médio do canal radicular e
99
também à anatomia dental onde o terço cervical é significativamente mais amplo que
o terço médio.
É sabido que uma das vantagens dos sistemas automatizados é a diminuição
do tempo de trabalho durante o preparo do canal radicular.
No presente estudo, o preparo manual foi, na média, 3 minutos mais pido
do que o preparo com sistema oscilatório, o que não foi estatisticamente significante.
Atribui-se este resultado ao fato de ser a primeira vez que os operadores realizaram
preparo com sistema automatizado, o que deve ter gerado insegurança,
especialmente no momento de substituir o instrumento pelo subseqüente. Apenas
um estudo na literatura, o de Weine et al. (1976), apresentou tal achado. Realizando
o preparo em blocos de resina, o autor necessitou menos tempo para realizar o
preparo manualmente com movimentos de alargamento do que com sistema
oscilatório W&H, o que pode ser explicado por ser este um sistema de primeira
geração. Em contra partida, estudos de Abou-Rass e Jastrab (1982), Abou-Rass e
Ellis (1996), Gluskin et al. (2001), Sonntag et al. (2003a), Sonntag et al. (2003b) e
Batista et al. (2003), ao compararem o tempo entre o preparo manual e o
automatizado, concluíram que o preparo manual necessitou mais tempo para ser
realizado, sendo que, nos estudos de Gluskin et al. (2001), Sonntag et al. (2003a) e
Sonntag et al. (2003b), o preparo foi realizado por alunos de graduação.
Após a realização do experimental, constatou-se clinicamente perda de
comprimento de trabalho decorrente do preparo manual, em dois dentes, o que
também foi um achado nos estudos de Batista et al. (2003), em canais simulados;
Sonntag et al. (2003 - a) e Sonntag et al. (2003 - b), os quais avaliaram o preparo
100
realizado por alunos de graduação em blocos de resina tendo como resultado maior
perda de comprimento de trabalho como o sistema manual. No presente estudo
também foi um achado clínico a perfuração radicular em um dente preparado com o
sistema manual. Em contra partida, na literatura encontrou-se alguns estudos que
produziram maior incidência de erros no preparo em decorrência do uso de sistemas
automatizados. Cordero et al. (1997) obtiveram maior número de casos de perda de
comprimento de trabalho com limas Flexofile acopladas em sistema oscilatório.
Abou-Rass e Jastrab (1982) observaram perda de comprimento de trabalho e
perfuração em maior freqüência com sistema oscilatório do que com o manual.
Namazikhah et al. (2000), constataram maior incidência de perfuração com o
sistema de rotação contínua do que com o manual, sendo que os preparos foram
realizados por alunos de graduação.
É importante ressaltar, com relação ao uso da instrumentação automatizada
para o preparo do canal radicular, que tal sistema o elimina completamente a
instrumentação manual. Independente do tipo de sistema automatizado utilizado é
necessário que se realize a exploração e o refino do preparo, com o último
instrumento utilizado no comprimento de trabalho, manualmente. Devido à
diminuição da sensibilidade tátil durante o uso destes sistemas, algumas
particularidades anatômicas do canal radicular podem passar despercebidas durante
a exploração, bem como algumas áreas podem ficar pouco trabalhadas ao se
finalizar o preparo químico-mecânico. Esta constatação está de acordo com os
estudos de Frank (1967) e Abou-Rass e Ellis (1996), os quais concluem que o
preparo automatizado não deve ser realizado isoladamente, mas sim como
coadjuvante. No presente estudo, apenas a exploração foi realizada manualmente, o
restante dos instrumentos, até o final do preparo, foram utilizados acoplados no
101
sistema oscilatório. Tal conduta foi adotada para se evitar a interferência do preparo
manual nos resultados alterando a anatomia originada pela instrumentação
oscilatória, afastando-se dos propósitos deste estudo.
Após a exposição das informações do presente estudo, fica claro a
necessidade de reflexão a respeito do emprego de sistemas automatizados pelo
aluno de graduação. Acredita-se que tais dispositivos são de grande valia para a
especialidade e que podem ser utilizados com sucesso por operadores
inexperientes, após treinamento. Novas pesquisas sobre o tema se fazem
necessárias. Além da utilização de outras metodologias de avaliação, principalmente
as que analisam desvio do trajeto do canal radicular, o uso de outros sistemas, como
os de rotação contínua com instrumentos de níquel-titânio, deve ser avaliado.
7 CONCLUSÕES
Com base na metodologia empregada neste estudo é lícito concluir que:
1. não houve diferença estatisticamente significante com relação ao desgaste
linear das paredes vestibular, lingual e mesial do canal radicular com
relação aos sistemas e terços;
2. na parede distal do canal radicular, ocorreu maior desgaste no terço
cervical do que no terço médio, em ambas as técnicas, com diferença
estatisticamente significante;
3. a área total de desgaste foi maior no terço cervical do que no terço médio,
com diferença estatisticamente significante;
4. o sistema oscilatório foi, ma média, 3 minutos mais rápido que o sistema
manual, não havendo diferença estatisticamente significante;
5. com base nos questionários respondidos pelos alunos, o sistema oscilatório
constitui-se em uma boa alternativa como um recurso complementar para o preparo
do canal radicular no ensino de graduação.
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Apêndices
APÊNDICE A
FICHA COM O REGISTRO DOS COMPRIMENTOS DE TRABALHO E DIVISÃO
DOS DENTES EM GRUPOS
COMPRIMENTO DE TRABALHO DOS CANAIS RADICULARES
Dente
Canal MV
(em mm)
Bordo de referência
Canal ML
(em mm)
Bordo de referência
1 19 Cúspide MV 19 Cúspide ML
2 19 Cúspide MV 19,5 Cúspide ML
3 18 Bordo V 18 Cúspide ML
4 18,5 Cúspide MV 19 Cúspide ML
5 20 Cúspide MV 20 Cúspide ML
6 19 Cúspide MV 19 Cúspide ML
7 19 Cúspide MV 19 Bordo V
8 19 Cúspide MV 19 Cúspide ML
9 20 Cúspide MV 20 Cúspide ML
10 15 Cúspide MV 16 Cúspide ML
11 19,5 Cúspide MV 18,5 Cúspide ML
12 17,5 Cúspide MV 17 Cúspide ML
13 18 Cúspide MV 18 Cúspide ML
14 17 Cúspide MV 18 Cúspide ML
15 18 Cúspide MV 18,5 Cúspide ML
16 17 Cúspide MV 17 Cúspide ML
17 20 Cúspide MV 19 Cúspide ML
18 18 Cúspide MV 17 Cúspide ML
19 20 Cúspide MV 20 Cúspide ML
20 18 Bordo VM 18 Bordo M
Seqüência de trabalho: Iniciar pelo canal radicular mésio-vestibular.
Sistema que será utilizado no preparo do canal mésio-vestibular:
Manual: 2, 3, 5, 7, 8, 11,12, 14, 15, 19.
Oscilatório: 1, 4, 6, 9, 10, 13, 16, 17, 18, 20.
APÊNDICE B
MATERIAL DISTRIBUÍDO AOS ALUNOS QUE REALIZARAM O PREPARO DOS
CANAIS RADICULARES
ROTEIRO PARA EXECUÇÃO DA PARTE EXPERIMENTAL DA PESQUISA:
“ANÁLISE COMPARATIVA IN VITRO, DO PREPARO DO CANAL RADICULAR
REALIZADO MANUAL E MECANICAMENTE POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO,
ATRAVÉS DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA”
Proposição:
Objetivo Geral
Constitui o objetivo do presente estudo, avaliar, comparativamente, in vitro, através
de tomografia computadorizada Multi Slice, o preparo do canal radicular realizado
por alunos de graduação da FOPUCRS com os sistemas manual e oscilatório Adiel
Super Endo 16.
Objetivos específicos
1. Verificar a atuação dos instrumentos nas paredes do canal radicular medindo-
se a área de desgaste das paredes vestibular, lingual, mesial e distal, através
da subtração de imagens.
2. Medir o tempo despendido durante o preparo.
3. Avaliar, através de questionários, a impressão do aluno ao realizar o preparo
do canal radicular com o sistema oscilatório pela primeira vez.
ROTEIRO PARA EXECUÇÃO DA PARTE EXPERIMENTAL:
Os instrumentos utilizados para os dois grupos serão limas flexíveis de o
inoxidável, uso manual, (Flexofile, Dentsply-Maillefer) no comprimento de 21 mm e
com numeração seqüencial de 15 a 45.
112
O preparo dos dentes do grupo I seguirá os princípios da técnica escalonada
com recuo programado empregando-se movimentos de limagem com introdução e
tração oblíqua contra todas as paredes do canal radicular, mas principalmente
limagem anti-curvatura (ABOU-RASS et al., 1980).
O primeiro instrumento empregado será o de número 15, trabalhando no
comprimento de trabalho. Em prosseguimento, serão utilizados, em seqüência
numérica, mais três instrumentos, sendo que a último instrumento empregado no
comprimento de trabalho será a de número 30.
A seguir, serão utilizados os instrumentos de número 35, 40 e 45, cada um
deles recuando 1mm do comprimento utilizado no instrumento anterior. Entre os
instrumentos de número 35, 40 e 45, o instrumento de número 30 será novamente
empregado no comprimento de trabalho com o objetivo de verificar a manutenção
deste comprimento e de suavizar degraus que possam ter sido formados.
Para os dentes do grupo II, as limas serão acopladas ao sistema oscilatório
Adiel Super Endo 16 o qual será adaptado em micro-motor de baixa rotação do
equipamento. A cinemática empregada pelo aparelho é de movimentos de rotação
alternada à direita e à esquerda com amplitude de oscilação de 45 graus e com
redução de velocidade de 16:1. Os movimentos empregados pelo operador serão de
vaivém suave, com pequena amplitude, tracionando o instrumento contra todas as
paredes do canal, sempre entrando e saindo girando no canal radicular.
Anteriormente ao início do preparo do canal radicular, uma exploração manual
com lima número 15 será realizada, com o objetivo de criar um caminho para a
113
penetração dos instrumentos acionados a motor. Em seguida, a seqüência de
instrumentação será a mesma empregada para os dentes do grupo 1.
Cada instrumento se utilizado em dois canais radiculares e depois
descartado.
A substância química auxiliar utilizada durante toda a etapa de preparo
químico-mecânico do canal radicular, nos dois grupos, será o hipoclorito de sódio a
1%, acondicionado em seringa tipo descartável de 10cc na qual será acoplada
agulha hipodérmica 25X4. A agulha será calibrada com um cursor de silicone, de
maneira a penetrar 3 mm aquém do comprimento de trabalho. O volume de solução
irrigadora utilizada será de 2 mL a cada troca de instrumento, com movimentos de
vaivém, em associação com aspiração. A aspiração serealizada por uma cânula
suctora, na qual seacoplada ponteira de n
o
10, posicionada na entrada da câmara
pulpar durante a irrigação.
Após finalizar-se o preparo, com o objetivo de realizar a toalete final do canal
radicular, removendo-se a camada de magma dentinário, uma irrigação com EDTA
trissódico a 17% será realizada. A solução, acondicionada em seringa plástica
descartável de 10cc, será colocada no interior do canal radicular, agitada com o
instrumento de número 30, e permanecerá durante 3 minutos. A seguir, será
realizada irrigação final com 2ml de hipoclorito de sódio a 1%, o canal radicular será
aspirado e seco com pontas de papel absorvente de tamanho compatível com o
diâmetro do último instrumento utilizado no canal (número 30), no comprimento de
trabalho.
114
O tempo será registrado durante a realização do preparo do canal radicular.
Para tal, será utilizado um cronômetro digital, que será acionado no início e
desligado no término do preparo.
APÊNDICE C
FICHA PARA REGISTRO DO TEMPO DESPENDIDO DURANTE O PREPARO DO
CANAL RADICULAR (VALORES EXPRESSOS EM MINUTOS E SEGUNDOS).
Tempo
Dente
Manual Oscilatório
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
APÊNDICE D
QUESTIONÁRIO
1. Qual técnica de instrumentação você considerou mais fácil de executar:
( ) Manual
( ) Oscilatória
Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________
2. Você encontrou alguma dificuldade na realização do preparo químico-mecânico
do canal radicular com o sistema oscilatório?
( ) Sim
( ) Não
Se a resposta foi positiva, explique qual.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
________________
3. Você gostaria de ter mais treinamento para trabalhar com instrumentação
automatizada no futuro?
( ) Sim
( ) Não
APÊNDICE E
FICHA PARA REGISTRO DAS MEDIDAS DE DESGASTE (EM PIXELS)
Face
Vestibular Lingual Mesial Distal
Dente
Canal
A M C A M C A M C A M C
Vestibular 1
Lingual
Vestibular 2
Lingual
Vestibular 3
Lingual
Vestibular 4
Lingual
Vestibular 5
Lingual
Vestibular 6
Lingual
Vestibular 7
Lingual
Vestibular 8
Lingual
Vestibular 9
Lingual
Vestibular 10
Lingual
Vestibular 11
Lingual
Vestibular 12
Lingual
Vestibular 13
Lingual
Vestibular 14
Lingual
Vestibular 15
Lingual
Vestibular 16
Lingual
Vestibular 17
Lingual
Vestibular 18
Lingual
Vestibular 19
Lingual
Vestibular 20
Lingual
A – apical
M – médio
C – cervical
APÊNDICE F
QUESTIONÁRIO ENVIADO AOS PROFESSORES
Prezado Prof. Fulano;
Sou aluna do curso de Mestrado em Endodontia da ULBRA-RS sob a
orientação do Prof. Fernando Branco Barletta. O assunto da minha dissertação é o
uso de sistemas oscilatórios no ensino de graduação.
Gostaria de saber se vocês, na sua escola, utilizam algum sistema
automatizado para alunos de graduação. Se a resposta for positiva, qual o tipo e em
que nível?
Qual a sua opinião sobre a utilização de sistemas automatizados no ensino de
graduação?
Estou correspondendo-me com alguns professores no Brasil com o objetivo
de comentar as respostas na discussão do trabalho, que este tema é controverso
e, as opiniões, divergentes.
Sem mais para o momento, agradeço a atenção dispensada.
Atenciosamente,
Andréa Vanzin
CRO/RS 8864
Anexo
ANEXO A
APROVAÇÃO PELO COMITÊ DE ÉTICA
DA UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
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