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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Faculdade de Medicina
GLOMERULOESCLEROSE
SEGMENTAR E FOCAL PRIMÁRIA:
CURSO CLÍNICO E FATORES PREDITORES
DA RESPOSTA AO TRATAMENTO
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
ROBERTA GAZZI SALUM
Belo Horizonte
2008
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ROBERTA GAZZI SALUM
GLOMERULOESCLEROSE
SEGMENTAR E FOCAL PRIMÁRIA:
CURSO CLÍNICO E FATORES PREDITORES
DA RESPOSTA AO TRATAMENTO
EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação
da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Minas Gerais como requisito parcial para a
obteão do grau de Mestre.
Área de concentrão: Saúde da Criança e do
Adolescente.
Orientadora: Prof. Dra. Eleonora Moreira Lima.
Co-orientador: Prof. Dr. Eduardo Araújo Oliveira.
Belo Horizonte
2008
II
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
III
Salum, Roberta Gazzi.
S181g Glomeruloesclerose segmentar e focal primária [manuscrito]; curso clínico
e fatores preditores da resposta ao tratamento em crianças e adolescentes./
Roberta Gazzi Salum. - - Belo Horizonte: 2008.
85f.
Orientadora: Eleonora Moreira Lima.
Co-orientador: Eduardo Araújo Oliveira.
Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente.
Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina.
1. Glomerulosclerose Segmentar e Focal. 2. Síndrome Nefrótica. 3.
Adolescente. 4. Dissertações acadêmicas. I. Lima, Eleonora Moreira. II.
Oliveira, Eduardo Araújo. III. Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Medicina. IV. Título
NLM: WS 320
Reitor: Prof. Ronaldo Tadêu Pena
Vice-Reitora: Prof
a
. Heloisa Maria Murgel Starling
Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Jaime Arturo Ramirez
Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares
FACULDADE DE MEDICINA
Diretor: Francisco José Penna
Vice-Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Tarcizo Afonso Nunes
Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Carlos Faria Santos Amaral
Chefe do Departamento de Pediatria: Prof
a
. Cleonice de Carvalho Coelho Mota
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em em Ciências da Saúde Área de
Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente: Prof. Joel Alves Lamounier
COLEGIADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Prof. Joel Alves Lamounier
Prof. Eduardo Araújo de Oliveira
Profª Ana Cristina Simões e Silva
Prof. Francisco José Penna
Profª Ivani Novato Silva
Prof. Lincoln Marcelo Silveira Freire
Prof. Marco Antônio Duarte
Profª Regina Lunardi Rocha
Ludmila Teixeira Fazito (Rep. Disc. Titular)
Dorotéa Starling Malheiros (Rep. Disc. Suplente)
IV
Aos meus pais, Roberto e Maria José, pelo
amor e incentivo
que me proporcionaram chegar
a esta etapa profissional.
V
AGRADECIMENTOS
Ao Dr. Luiz Ronaldo Alberti, pelo amor, compreensão e incentivo constantes.
À minha orientadora, Dr
a
. Eleonora Moreira Lima, pelo carinho, paciência e disponibilidade
durante estes anos de convivência diária.
Ao meu co-orientador, Dr. Eduardo Araújo Oliveira, pela ajuda na elaboração desta dissertação.
Ao Dr. Jo Maria Penido Silva, pelos ensinamentos, não apenas médicos mas também de
convivência e relacionamento.
Aos membros do Grupo do Rim: Dr. José Silvério dos Santos Diniz, Dr. Luiz Sérgio Bahia
Cardoso, Dr
a
. Maria Goretti Moreira Guimarães Penido, Dr
a
. Ana Cristina Simões e Silva, Dr
a
.
Cristina Boisson Morais Soares, Dr. Sérgio Veloso Brant Pinheiro, Dr. João Luiz Monteiro, Dr
a
.
bora da Cruz Cerqueira, Dr
a
. Mariana Guerra Duarte, Dr
a
. Mariana Affonso Vasconcelos,
Dr
a
. Cristiane Dias, pelos conhecimentos compartilhados.
Ao Dr. Marcelo Militão Abrantes, pela grande ajuda com o banco de dados e análise estatística.
Aos preceptores da Residência de Pediatria, aos colegas do CTI pediátrico e aos residentes da
pediatria do Hospital das Clínicas da UFMG.
À equipe de cirurgia pediátrica, pela “parceria” no atendimento aos pacientes.
Aos médicos, enfermeiros e funcionários do setor de hemodiálise do HC-UFMG.
Aos funcionários da Biblioteca J. Baeta Vianna do Campus da Saúde da UFMG.
Às minhas avós, Vivi e Mercedes, e ao meu a, Salum (in memorian), que não se cansaram de
me ensinar o valor do estudo.
Aos meus irmãos, Ricardo, Rodrigo e Renata, pela amizade e convivência.
VI
Em especial aos pacientes da Unidade de Nefrologia Pediátrica do HC-UFMG, razão deste e de
outros trabalhos.
VII
ÍNDICE GERAL
AUXÍLIOS INSTITUCIONAIS..............................................................................................IV
AGRADECIMENTOS.............................................................................................................VI
ÍNDICE DAS TABELAS ............................................................................................................ X
ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES ............................................................................................... XII
LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS. .................................................. XIII
RESUMO ....................................................................................................................................... 1
1. ABSTRACT ................................................................................................................................ 3
2. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 5
2.1. Dados da literatura ................................................................................................................ 6
3. OBJETIVO ............................................................................................................................... 13
3.1. Objetivo geral ..................................................................................................................... 13
3.2. Objetivos específicos .......................................................................................................... 13
4. PACIENTES E MÉTODOS ................................................................................................... 14
4.1. População ........................................................................................................................... 14
4.1.1. Critérios de inclusão .................................................................................................... 14
4.1.2. Critérios de exclusão ................................................................................................... 14
4.2. Variáveis analisadas ........................................................................................................... 14
4.2.1. Dados cnico-laboratoriais ......................................................................................... 14
4.2.2. Dados histopatológicos ............................................................................................... 15
4.2.3. Dados cnicos e laboratoriais ..................................................................................... 16
4.2.4. Reposta ao tratamento ................................................................................................. 16
4.3. Análise estatística ............................................................................................................... 18
4.3.1. Descrição dos resultados ............................................................................................. 18
4.3.2. Curso clínico e resposta ao tratamento ...................................................................... 18
VIII
5. RESULTADOS ........................................................................................................................ 20
5.1. Características dos pacientes à admissão no serviço ......................................................... 20
5.2. Fatores preditores da resposta ao corticóide ...................................................................... 22
5.2.1. Distribuição das varveis de acordo com a resposta ao corticóide ........................... 22
5.3. Fatores preditores da resposta à ciclofosfamida ................................................................ 26
5.3.1. Distribuição das varveis de acordo com a resposta à ciclofosfamida ..................... 28
5.4. Fatores preditores da resposta à ciclosporina .................................................................... 33
5.4.1. Distribuição das varveis de acordo com resposta à ciclosporina ............................ 34
5.5. Fatores preditores da resposta à pulsoterapia com metilprednisolona .............................. 37
5.6. Tacrolimus e micofenolato mofetil .................................................................................... 38
5.7. Uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) .................................... 38
5.8. Evolução dos pacientes ao longo do seguimento ............................................................. 38
5.9. Análise de sobrevida .......................................................................................................... 40
5.9.1. Influência do uso da ciclofosfamida na sobrevida renal ............................................. 41
5.9.2. Influência da resposta à ciclosporina na sobrevida renal ........................................... 44
6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 45
6.1. Resposta à corticoterapia .................................................................................................... 48
6.2. Resposta à ciclofosfamida .................................................................................................. 49
6.3. Resposta à ciclosporina ...................................................................................................... 52
6.4. Histopatologia ..................................................................................................................... 54
7. CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 56
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 60
ANEXOS ...................................................................................................................................... 67
ANDICE ................................................................................................................................. 70
IX
ÍNDICE DAS TABELAS
Tabela 1: Características dos pacientes portadores de GESF (n=113).................................20
Tabela 2: Dados histopatológicos da revisão das biópsias (n=110)........................................21
Tabela 3: Distribuição das variáveis categóricas de acordo com a resposta ao corticóide. 23
Tabela 4: Distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta aos corticóides.23
Tabela 5: Dados histopatológicos de acordo com a sensibilidade ao cortiide...................24
Tabela 6: Modelo multivariado baseado nas varveis à admissão (n=113).........................25
Tabela 7: Modelo criado a partir dos coeficientes das variáveis significativas ...................26
Tabela 8: Resposta à ciclofosfamida..........................................................................................26
Tabela 9: Resposta à ciclofosfamida de acordo com a sensibilidade inicial ao corticóide. .27
Tabela 10: Resposta à ciclofosfamida de acordo com a sensibilidade ao corticóide ...........27
Tabela 11: Distribuição das variáveis categóricas de acordo com a resposta à
ciclofosfamida...............................................................................................................................28
Tabela 12: Distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta à ciclofosfamida
........................................................................................................................................................29
Tabela 13: Dados histopatológicos de acordo com a resposta à CFM...................................30
Tabela 14: Modelo multivariado baseado nas variáveis à admissão ....................................31
Tabela 15: Resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida de acordo com a resposta inicial
ao corticóide.................................................................................................................................32
Tabela 16: Resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida de acordo com a resposta ao
primeiro ciclo...............................................................................................................................32
Tabela 17: Resposta à ciclosporina de acordo com sensibilidade inicial ao corticóide.......33
Tabela 18: Sensibilidade ao corticóide no momento da prescrição de ciclosporina............33
Tabela 19: Distribuição das variáveis categóricas de acordo com resposta à ciclosporina 34
X
Tabela 20: Distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta à ciclosporina35
Tabela 21: Dados histopatológicos relacionados à resposta à ciclosporina..........................36
Tabela 22: Modelo multivariado baseado nas variáveis à admissão (n=27).........................37
Tabela 23: Resposta à pulsoterapia com metilprednisolona...................................................37
XI
ÍNDICE DAS ILUSTRAÇÕES
Quadro 1.......................................................................................................................................15
Quadro 2.......................................................................................................................................17
Figura 1: Evolução dos pacientes ao longo do seguimento.....................................................39
Gráfico 1: Tratamento atual dos pacientes em controle no serviço (n=53)..........................40
Gráfico 2: Sobrevida renal de acordo com a resposta ao corticóide.....................................41
Gráfico 3: Sobrevida renal de acordo com reposta à ciclofosfamida....................................41
Gráfico 4: Sobrevida renal dos pacientes rtico-resistentes de acordo com a resposta à
ciclofosfamida...............................................................................................................................42
Gráfico 5: Sobrevida renal de pacientes rtico-sensíveis de acordo com a resposta à
ciclofosfamida...............................................................................................................................43
Gráfico 6: Sobrevida renal de acordo com a resposta à ciclosporina....................................44
XII
LISTA DE SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS.
BRA Bloqueador do receptor de angiotensina
C’3 Fração 3 do complemento
CAPD Continuous ambulatorial peritoneal dialysis
CD rtico-dependente
CFM Ciclofosfamida
CsA Ciclosporina A
CTI Centro de Tratamento Intensivo
DRC Doença renal crônica
DRCT Doença renal crônica terminal
GESF Glomeruloesclerose segmentar e focal
GRIM Grupo do Rim
HC Hospital das Clínicas
HIV Vírus da imunodeficiência humana
IC Intervalo de confiança
IECA Inibidor da enzima conversora de angiotensina
IgM Imunoglobulina M
IMFD Imunofluorescência direta
ISKDC International Study of Kidney Disease in Children: Nephrotic Syndrome in
Children
MMF Micofenolato mofetil
OR Odds ratio
P24h Proteinúria em urina de 24 horas
SNCR ndrome nefrótica córtico-resistente
SNLM ndrome nefrótica por lesõesnimas
SNLM ndrome nefrótica por lesõesnimas
SPSS Statistical Package for Social Sciences
SC Superfície corpórea
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UNP Unidade de Nefrologia Pediátrica
XIII
RESUMO
Introdução: a glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) é a principal causa de síndrome
nefrótica córtico-resistente em crianças e também uma das causas mais comuns de doença renal
crônica terminal. O objetivo do presente trabalho foi descrever a resposta ao tratamento de
crianças com GESF e correlacioná-la com os parâmetros clínicos, laboratoriais e
histopatológicos. Método: estudo retrospectivo observacional de 113 crianças e adolescentes
com o diagnóstico de GESF primária, confirmado por análise histopatológica de fragmento de
biópsia renal, entre um e 18 anos de idade, atendidos na Unidade de Nefrologia Pediátrica do
HC-UFMG, de 1970 até 2007. Resultados: todos os pacientes fizeram uso de prednisona: 42
(37,2%) apresentaram remissão e 25 (22,1%) apresentaram resposta parcial. A existência de
hematúria à admissão (p=0,001) e o aumento na idade de início dos sintomas (p=0,034)
estiveram relacionados à pior resposta à corticoterapia. A ciclofosfamida (CFM) foi usada em
84 pacientes (74,3%). Após o uso da CFM, 42 (50%) apresentaram remissão e 16 (19%),
resposta parcial. A resposta inicial à corticoterapia foi relacionada à melhor resposta à
ciclofosfamida. Os pacientes com córtico-resistência inicial tiveram 3,8 chances a mais de não
responderem à ciclofosfamida, enquanto os córtico-resistentes no momento da prescrição de
CFM tiveram 15,7 vezes mais chances de não responderam ao tratamento. A ciclosporina (CsA)
foi usada em 27 pacientes. Destes, 22 (81,5%) apresentaram remissão após o uso da CsA: todos
os córtico-sensíveis e 12 (71%) dos córtico-resistentes. Proteinúria mais alta em urina de 24
horas à admissão relacionou-se à pior resposta à ciclosporina. A sobrevida renal foi maior no
grupo de pacientes córtico-sensíveis (p=0,0002). A resposta à ciclofosfamida, ainda que parcial,
assim como a resposta à ciclosporina, esteve relacionada à melhora da sobrevida e preservação
da função renal. Conclusão: a presença de hematúria à admissão e maior idade de início dos
sintomas estiveram relacionadas à córtico-resisncia. A córtico-sensibilidade esteve associada à
melhor resposta à ciclosfosfamida e à ciclosporina. Proteinúria mais acentuada à admissão
esteve relacionada à pior resposta à ciclosporina. As alterações histopatológicas não estiveram
relacionadas à resposta terapêutica ou ao prognóstico. Os pacientes que apresentaram resposta à
terapia seja com corticóides, ciclosfosfamida ou ciclosporina evoluíram com melhor
preservação da função renal quando comparados aos pacientes que não responderam a nenhum
destes tratamentos.
1
Palavras-chave: Glomeruloesclerose segmentar e focal. Síndrome nefrótica córtico-resistente.
Ciclosporina. Ciclofosfamida.
2
1. ABSTRACT
Introduction: Focal and segmental glomerulosclerosis (FSGS) is the main cause of steroid-
resistant nephrotic syndrome in children and also one of the most common causes of chronic
renal disease. The objective of this study was to describe the response to treatment in children
with FSGS and to correlate it with the clinical, laboratory and pathologic classification
parameters. Method: retrospective study of 113 children and adolescents between 1 and 18
years of age with a primary diagnosis of FSGS, confirmed by means of renal biopsy, admitted
to the Unit of Pediatric Nephrology at the HC-UFMG between 1970 and 2007. Results: all
patients were initially treated with oral prednisone: 42 (37.2%) achieved complete remission
and 25 (22.1%) showed partial response. The presence of hematuria (p=0,001) and older
children at the beginning of the symptoms (p=0,034) were associated with poor response to
prednisone. Eighty four patients (74.3%) were given cyclophosphamide (CPM). Forty-two
(50%) achieved complete remission where as response was partial for 16 (19%). Complete
remission or partial response to the initial course of prednisone. was associated with the
response to CPM Those with nonresponse to initial steroid treatment had 3.8 times more risk of
nonresponse to CPM, while the later nonresponse to steroid treatment had 15.7 times more
probability of nonresponse to CPM. CsA was administered to 27 patients of which 22 (81.5%)
achieved remission after the use of the CsA: all steroid-sensitive and 12 (71%) of the steroid-
resistant. Only the level of proteinúria in 24-hour urine at the time of admission was a risk
factor associated with nonresponse to CsA in multivariate analysis. Renal survival was better in
the group of steroid-sensitive patients (p=0,0002). The response to the CPM, even partial, as
well as the response to the CsA, was related to better preservation of renal function.
Conclusion: the presence of hematúria at the time of admission and older children at the
beginning of the symptoms (p=0,034) were related to steroid nonresponse. Steroids sensitivity
was associated with better response to CPM and CsA treatment. Higher proteinuria at admission
was associated with nonresponse to CsA. None of the histological features of FSGS were
significant predictors of the response to treatment. The nonresponse to treatment was associated
with chronic kidney failure. Patients with complete or partial response to prednisone, CPM or
CsA had an improved clinical course. The nonresponse to treatment was a risk factor associated
with chronic kidney failure.
3
Key-words: Segmental and focal Glomeruloesclerose. Steroid-resistant nephrotic-syndrome.
Cyclosporin. Cyclophosphamide.
4
2. INTRODUÇÃO
A glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF) é a principal causa de síndrome
nefrótica córtico-resistente em crianças e também um das causas mais comuns de doença renal
crônica terminal (DRCT) secundária nessa faixa etária. O tratamento da GESF é um dos
maiores desafios enfrentados pelos nefrologistas. Aproximadamente apenas 30% dos pacientes
respondem ao tratamento com corticóides, muitas vezes por período de tempo limitado (EDDY;
SYMONS, 2003). Ao longo dos últimos anos, medicações imunossupressoras alternativas tais
como a ciclofosfamida e a ciclosporina têm sido utilizadas para o tratamento da GESF.
Contudo, apesar dos avanços em termos de terapêutica, os resultados até o momento não são
totalmente satisfatórios, seja pelos efeitos colaterais dessas drogas, seja pelo relativo alto índice
de dependência ou resistência primária ou secundária a esses medicamentos. Em recente artigo
que apresentou uma série de revisões publicadas no periódico Pediatric Nephrology, Trachtman
(2007) resume bem o estado atual do manejo da GESF em crianças:
Toda especialidade médica pode apresentar uma lista de seus triunfos. Em
Nefrologia, podemos enumerar marcantes avanços na terapia dialítica, no
transplante renal, no tratamento da doença renal crônica e na identificação das
bases moleculares e genéticas de várias doenças renais. Contudo, cada
especialidade médica tem também reluzentes falhas no entendimento da
etiopatogenia de algumas doenças e óbvias lacunas na abordagem desses
problemas. Para os nefrologistas, GESF idiopática é um paradigma dessa situação
(TRACHTMAN, 2007).
Durante os 37 anos de atuação da Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital das
Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, foram acumulados dados de
aproximadamente 130 pacientes com ndrome nefrótica (SN) por GESF, comprovada por
estudo histopatológico. Trata-se de uma das maiores casuísticas de GESF de um único serviço
especializado, com população homonea de pacientes acompanhados pela mesma equipe
médica e utilizando um mesmo protocolo clínico durante esse período. Assim, acredita-se que
essa experiência documentada em registros próprios na Unidade possa contribuir para os
aspectos relacionados ao tratamento da GESF em crianças e adolescentes. Nesse contexto, o
presente estudo de coorte retrospectivo foi delineado com o intuito de se verificar o curso
clínico e os fatores preditores da resposta ao tratamento de crianças e adolescentes com GESF
admitidos consecutivamente na Unidade de Nefrologia Pediátrica (UNP) entre 1970 e 2007.
5
2.1. Dados da literatura
quase um século, pesquisadores alemães descreveram uma condição clínica
caracterizada por edema, proteinúria, hipoalbuminemia e hipercolesterolemia, o que é hoje
definido como síndrome nefrótica. Essa condição era diferente da doença renal crônica descrita
por Bright (1836). A descrição foi baseada nas necropsias de crianças que apresentavam
alterações clínicas compatíveis com SN e faleceram de inanição, infecção (sobretudo peritonite)
e falência renal (BRIGHT, 1836). Somente após a descoberta dos antibióticos e dos corticóides
de uso oral (entre 1920 e 1950) houve redução na mortalidade dessas crianças (CHESNEY
2004; FAHR, 1925; MULLER, 1905).
A incidência da síndrome nefrótica é de aproximadamente 2/100.000 crianças.
Cerca de 80% delas apresentam SN por lesões nimas (SNLM) e respondem à terapia com
corticóides com melhora ou resolução da proteinúria (FILLER et al., 2003).
O termo síndrome nefrótica por lesões nimas descreve uma doença na qual, à
microscopia óptica, não há alterações significativas em relação ao glomérulo normal, embora o
grau de alterações considerado significativo seja ainda controverso.
O termo glomeruloesclerose segmentar e focal é utilizado para descrever uma lesão
glomerular caracterizada por colapso vascular e esclerose mesangial envolvendo um segmento
do glomérulo como um todo (segmentar) e apenas alguns glomérulos, mas não todos eles
(focal). As áreas de esclerose acometem primeiramente os glomérulos justamedulares e,
portanto, podem não ser vistas em cortes de biópsias renais superficiais contendo somente a
córtex. A natureza focal das lesões faz com que, algumas vezes, a GESF seja classificada como
SNLM, pela ausência de alterações no fragmento histológico analisado (DANTAS et al., 2006;
D’AGATI; FOGO, 2003).
A lesão glomerular descrita na GESF primária ou idiopática pode também ser
causada por outras situações clínicas como infecções virais (vírus da imunodeficiência humana
- HIV, hepatite B, parvovírus B19), exposição a drogas (interferon α, analgésicos, heroína),
hipertensão arterial, refluxo vésico-ureteral, obesidade mórbida, diabetes mellitus, doenças
neoplásicas, envelhecimento, adaptação funcional ou lesão estrutural do parênquima renal,
diversas glomerulopatias, entre outras causas. A definição de GESF primária ou idiopática
somente pode ser feita quando a biópsia renal com as alterações típicas for acompanhada de
informações clínicas e laboratoriais que excluam uma causa secundária (DANTAS et al., 2006).
A glomeruloesclerose segmentar e focal primária é uma importante causa de
síndrome nefrótica córtico-resistente e de doença renal crônica (DRC), acometendo
6
aproximadamente 7 a 15% das crianças e 15 a 20% dos adultos, sendo que alguns estudos
mostraram prevalência de 25 a 30% (BAHIENSE-OLIVEIRA et al., 2004; GIPSON et al.,
2006; GLASSOC; COHEN; ADLER, 1996). É a glomerulopatia que leva maior número de
crianças à doença renal terminal e é a causa mais comum de doença grave recorrente no pós-
transplante renal infantil nos Estados Unidos, atingindo aproximadamente 46% dos casos
(McENERY et al., 1992; MICHIELSEN, 1995).
Segundo Filler et al. (2003), houve aumento na incidência da GESF e redução da
SNLM nas últimas décadas. Essa constatação parece alcançar principalmente crianças afro-
americanas, indianas, iranianas, sauditas e sul-americanas.
No International Study of Kidney Disease in Children: Nephrotic Syndrome in
Children (ISKDC) realizado em 1978, a incidência de GESF foi de 7,9%, enquanto nas últimas
duas décadas essa incidência foi descrita como sendo de 18,2% no Canadá e de 23 e 31% em
dois outros estudos norte-americanos. A razão desse aumento não está ainda bem definida,
sendo atribuída às variantes histopatológicas da GESF, aos fatores genéticos e à obesidade
(FILLER et al., 2003; ISKDC, 1978).
A GESF é clinicamente diferenciada da SNLM pela presença, em alguns pacientes,
de hematúria, hipertensão, alteração da função renal ao diagnóstico, má-resposta à
corticoterapia e evolução para insuficiência renal terminal (KORBET, 2002).
As variáveis relativas a pior prognóstico dos pacientes com GESF são: idade do
início dos sintomas (>4 anos), creatinina sérica à admissão (>1,0 mg/dL) e ausência de resposta
aos corticóides (ABRANTES et al., 2006; KORBET, 2002; 2003). Crianças de raça negra e
hispânica também vêm apresentando pior desfecho que as de raça branca (INGULLI; TEJANI,
1991).
A presença de um fator circulante vem sido relacionada como causa de GESF em
alguns pacientes, com base em algumas observações (SHARMA et al., 2004):
recorrência da doença pós transplante renal em cerca de 30 a 40% dos pacientes com
recorrência da proteinúria logo após o transplante ou poucos dia após;
redução da proteinúria e estabilização da função renal com a realização de plasmaferese
nos estágios iniciais da doença ou imediatamente após o transplante;
a injeção de plasma ou frações de plasma de pacientes com GESF recorrente pode
causar proteinúria em animais experimentais;
aumento da permeabilidade glomerular à albumina pela injeção de plasma de pacientes
com GESF recorrente em modelos in vitro.
7
Recentes estudos moleculares identificaram genes relacionados à síndrome nefrótica
córtico-resistente e/ou glomeruloesclerose segmentar e focal, entre eles: NPHS2, WT1 e
ACTN4. As mutações no gene NPHS2, localizado no cromossomo 1q25-31 que codifica a
podocina, foram inicialmente identificadas em famílias com síndrome nefrótica resistente
autossômica recessiva. Mutações no gene NPHS2 podem ser responsáveis por casos
esporádicos de síndrome nefrótica córtico-resistente (SNCR) na criança (BOUTE et al., 2002;
CHO et al., 2008). A mutação no gene WT1 (supressor do tumor de Wilms) é sabidamente
causadora de duas síndromes clínicas associadas à SNCR: ndrome de Danys-Drash e
síndrome de Frasier, ambas caracterizadas por pseudo-hermafroditismo masculino,
glomerulopatia e risco de desenvolvimento de tumores do trato geniturinário. Alguns estudos
relatam alterações nesse gene em pacientes portadores de GESF isolada (KANEMOTO et al.,
2007; NIAUDET; GLUBER, 2006). A mutação no gene alfa actina 4 (ACTN4), localizado no
cromossomo 19q13 que codifica a alfa actina 1, proteína encontrada no podócito e envolvida na
manutenção da arquitetura dos processos podais, determina uma forma familiar de SNCR com
herança autossômica dominante que se inicia na vida adulta (KAPLAN et al., 2000; RANA et
al., 2003).
Na GESF primária idiopática ainda não um critério histológico universalmente
aceito como preditor da resposta à terapia imunossupressora (ABEYAGUNAWARDENA et
al., 2002). Na tentativa de padronizar a classificão dos achados histológicos da GESF,
D’Agati e Fogo (2003) propuseram uma subclassificação com cinco variantes histológicas:
Clássica: consolidação segmentar e focal do tufo glomerular por aumento da matriz
extracelular, obliterando lúmen do capilar glomerular. Pode envolver um mero
indefinido de glomérulos, sem restrição quanto ao grau de hipertrofia e hiperplasia de
podócitos. É a forma mais comum de GESF.
Peri-hilar: deve haver ao menos um glomérulo com hialinose peri-hilar com ou sem
esclerose; e mais de 50% do glomérulo com lesões segmentares devem apresentar
esclerose peri-hilar e/ou hialinose. Geralmente não há hipercelularidade mesangial. Essa
variante é freqüentemente encontrada em GESF secundária, podendo também estar
presente na GESF primária.
Celular: presença de ao menos um glomérulo com hipercelularidade endocapilar,
acometendo no mínimo 25% do tufo e causando oclusão do lúmen do capilar. Qualquer
segmento, peri-hilar ou periférico, pode ser afetado.
8
Tip: presença de ao menos uma lesão segmentar envolvendo o pólo tubular,
apresentando ou adesão entre o tufo e a cápsula de Bowman ou confluência de
podócitos com células tubulares parietais ou epiteliais ao lúmen tubular. Esta variante
parece ter curso clínico semelhante ao da SNLM, com melhor resposta à corticoterapia e
melhor prognóstico (HAAS; YOUSEFZADEH et al. 2002).
Colapsante: presença de ao menos um glomérulo com colapso, com hipertrofia e
hiperplasia de podócitos.
Algumas subclassificações de variantes histopatológicas m sendo relacionadas
com melhor desfecho da doença. Abeyagunawardena et al. (2007) relatam resposta mais
favorável à corticoterapia em crianças com expansão mesangial e lesões tip. A variante
colapsante vem sendo relacionada à pior resposta aos imunossupressores (DEEGENS et al.,
2008; THOMAS et al., 2006). No entanto, em estudo retrospectivo realizado em adultos
portadores de GESF primária, não foi descrita correlação entre os subtipos histológicos e
prognóstico (CHUN et al., 2004).
O objetivo principal do tratamento da SN é a normalização da proteinúria, com o
intuito de se preservar a função renal e reduzirem-se as complicações relacionadas ao quadro
nefrótico. A persistência de proteinúria nefrótica é associada a pior prognóstico. Cerca de 50%
dos pacientes com proteinúria nefrótica progridem para insuficiência renal terminal em cinco a
10 anos (KORBET, 2002). Não existe consenso no tratamento da GESF primária. A terapia
inicial das crianças com SN é feita com corticóide oral na dose de 2 mg/kg/dia ou 60 mg/m
2
/dia.
Como nenhuma variável clínica ou histológica é capaz de predizer a resposta do paciente
portador de GESF à corticoterapia, a resposta ao tratamento passa a ser o melhor indicador de
prognóstico. Aproximadamente 25% dos pacientes portadores de GESF podem responder a esta
terapia e, portanto, ela é também instituída nesta afecção (KORBET, 2003).
De acordo com a resposta ao tratamento com corticóides, os pacientes são
classificados de acordo com os critérios propostos pelo ISKDC em (ABRAMOWICZ et al.,
1970; TUNE; LIBERMAN; MENDOZA, 1996):
córtico-sensíveis: apresentam remissão clínica e laboratorial completa;
córtico-sensíveis com recidivas freqüentes: remissão da proteinúria, porém com duas
ou mais recidivas em período de seis meses;
córtico-dependentes: apresentam remissão somente durante o uso da droga e recidivam
com a redução da dose ou até 15 dias após suspensão da corticoterapia;
9
córtico-resistentes: sem resposta aos corticóides (prednisona 2 mg/kg ou 60 mg/m
2
)
após quatro semanas de uso contínuo, seguida de outras quatro semanas com dose
mínima de 40 mg/m
2
em dias alternados.
A remissão ao tratamento com corticóides relaciona-se a melhor prognóstico.
Segundo Ponticelli et al. (1999), houve significativo aumento de pacientes com remissão ou
resposta parcial e melhora da sobrevida renal quando se aumentou o tempo de terapia com
corticosteróide de 16 para 75 semanas em adultos. O tratamento deve ser mantido por quatro a
seis meses para definir-se a córtico-resistência (ARBUS et al., 1982; BURGESS, 1999;
PONTICELLI et al., 1999).
A GESF apresenta tradicionalmente uma resposta insatisfatória aos corticóides e a
remissão espontânea é rara (CATTRAN; RAO, 1998; SCHWARTZ et al., 1995;
YOSHIKAWA et al., 1986). Em virtude desse fato, novas drogas imunossupressoras têm sido
propostas: azatioprina, ciclofosfamida, levamizole, ciclosporina, micofenolato mofetil e
tacrolimus, apenas com melhora parcial dos resultados.
A azatioprina, imunossupressor bastante utilizado no passado, não se mostrou eficaz
no tratamento de pacientes com recidivas freqüentes ou córtico-resistentes (ABRAMOWICZ et
al., 1970; BARRATT et al., 1977).
A ciclofosfamida tem sua maior aplicação nos pacientes córtico-dependentes e
naqueles que entram em remissão da proteinúria, mas apresentam recidivas freqüentes. Em
pacientes córtico-resistentes, o índice de resposta varia de 0 a 19% (HABIB; GUBLER, 1973;
YOSHIKAUA, 1986). Geary et al. (1984) mostraram melhor sobrevida renal em pacientes
córtico-resistentes com resposta parcial à ciclofosfamida. Outro estudo realizado na Bahia
mostrou que proteinúria persistente e progressão para insuficiência renal terminal foram mais
freqüentes em pacientes tratados somente com prednisona que naqueles que receberam
ciclofosfamida associada à prednisona (MARTINELLI et al., 2004). O tratamento com duração
de 12 semanas de CFM tem se mostrado mais efetivo que terapias de menor duração
(MEYRIER, 2004).
A ciclosporina A (CsA) é uma droga imunossupressora amplamente usada na
síndrome nefrótica córtico-resistente. Sua eficia depende mais da resposta inicial ao
corticóide que de outras variantes clínico-laboratoriais ou histológicas. A CsA associada ao
corticóide pode induzir remissão em maior número de pacientes, sendo também usada com boa
resposta naqueles com recidivas freqüentes. No entanto, após suspensão da medicação, mais de
75% desses pacientes recidivam após dois meses, o que pode resultar em dependência da droga
10
e aumento do potencial nefrotóxico (KORBET, 2002; MEYRIER et al., 1994; NIAUDET,
1994; PONTICELLI et al., 1993).
Recentemente, o micofenolato mofetil (MMF) vem sendo usado em baixo número
de pacientes córtico-resistentes, resultando em redução da proteinúria e estabilização da função
renal, mas com poucos relatos de remissão completa (CATTRAN et al., 2004). A manutenção
de remissão em pacientes córtico-dependentes vem sendo mostrada com resposta similar à da
ciclosporina. (MENDIZÁBAL et al., 2005). É uma droga que tem mostrado benefícios para
pacientes refratários aos tratamentos convencionais ou que desenvolvem toxicidade à CsA. São
poucos os efeitos colaterais secundários ao uso de MMF nos estudos realizados com pacientes
nefróticos, sendo mais freqüentes as manifestações gastrintestinais (CHOI et al., 2002; SAHIN
et al., 2007).
Segarra et al. (2002) mostraram que o tacrolimus associado ao corticóide pode
induzir remissão em pacientes córtico-resistentes sem resposta à ciclosporina. Porém, em
pacientes ciclosporina-dependentes, o tacrolimus não mostrou significativa eficácia, ocorrendo
recidivas após sua suspensão. Em estudo realizado na África do Sul com 20 crianças portadoras
de glomeruloesclerose segmentar e focal, todas córtico-resistentes e/ou ciclofosfamida-
resistentes, foi observada remissão completa em 40% e parcial em 45%, no período de um ano,
com o uso de tacrolimus (0,2 a 0,4 mg/kg/dia), associado à baixa dose de corticóides. Durante o
seguimento, apenas 25% das crianças se mantiveram em remissão e 50% com resposta parcial.
Com a suspensão da droga, algumas crianças apresentaram recidivas, assim como foi observado
com a ciclosporina (BHIMMA et al., 2006).
Novos estudos clínicos com acompanhamento de longo prazo necessitam ser
realizados para verificar a real resposta do tacrolimus e micofenolato, assim como seus efeitos
nefrotóxicos (SEGARRA et al., 2002).
As drogas imunossupressoras têm importante papel no tratamento da GESF. No
entanto, todas elas apresentam efeitos colaterais como leucopenia, hipertensão, piora da função
renal, diabetes mellitus, hipertricose, hipertrofia gengival, entre outros, devendo seu uso ser
criterioso, com monitoração cuidadosa desses efeitos para o paciente.
Os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) são importantes no
tratamento da GESF, por reduzirem a proteinúria e a velocidade de declínio do ritmo de
filtração glomerular. O valor dos bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA) ainda não foi
bem elucidado, com poucos estudos em crianças até o presente momento, mas com boa resposta
em associação aos IECAs em adultos (PRAGA; HERNANDEZ; MONTOYOC, 1992; WHITE
et al., 2003).
11
Uma vez que a falha terapêutica está associada à progressão para doença renal
terminal, a remissão parcial ou completa da proteinúria com qualquer terapia parece reduzir o
risco de falência renal (HODSON; CRAIG, 2008).
Apesar dos novos tratamentos propostos, alguns pacientes têm curso clínico
desfavorável, com deterioração rápida da função renal e sem resposta a qualquer terapia
instituída (MIYATA et al., 1986).
12
3. OBJETIVO
3.1. Objetivo geral
Descrever a resposta ao tratamento e correlacioná-la com os parâmetros clínicos,
laboratoriais e histopatológicos em crianças e adolescentes com síndrome nefrótica por
esclerose segmentar e focal dos glomérulos.
3.2. Objetivos específicos
Analisar as características clínico-laboratoriais à admissão preditoras da resposta ao
tratamento da GESF e sobrevida renal:
a) variáveis clínicas: sexo, cor, hipertensão arterial, década de admissão no serviço,
idade de início dos sintomas, idade à admissão no serviço, tempo de seguimento;
b) variáveis laboratoriais: presença de hematúria, creatinina sérica, clearence de
creatinina, proteinúria em urina de 24 horas.
Analisar as características anatomopatológicas de rim preditoras e da resposta ao
tratamento da GESF:
a) variáveis histopatológicas: percentual de glomérulos com esclerose segmentar,
percentual de glomérulos totalmente esclerosados, localização da esclerose
segmentar, forma da lesão (clássica ou colapsante), grau de lesão interstício-tubular,
grau de lesão vascular, imunofluorescência direta para imunoglobulina M (IgM),
fração 3 do complemento (C’3) e outros, alterações na matriz mesangial,
celularidade mesangial, fibrose intersticial, atrofia tubular, envolvimento de vasos
sangüíneos.
13
4. PACIENTES E MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada de acordo com as recomendações da Declaração de
Helsinque e da Resolução n
o
196/96 do Ministério da Saúde, sobre pesquisa envolvendo seres
humanos (PETROIANU, 2000), e foi aprovada pela Câmara do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas
Gerais (ANEXO A).
4.1. População
Foi realizado um estudo retrospectivo observacional de 113 crianças e adolescentes
entre um e 18 anos de idade, atendidos na Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital das
Clínicas da UFMG, de 1970 até 2007, com o diagnóstico de SN secundária à GESF, confirmado
por análise histopatológica de fragmento de biópsia do tecido renal.
4.1.1.Critérios de inclusão
Diagnóstico histológico de glomeruloesclerose seguimentar e focal com período
mínimo de seguimento ambulatorial de seis meses.
4.1.2.Critérios de exclusão
Pacientes com período de acompanhamento clínico inferior a seis meses e pacientes
admitidos na unidade com clearence de creatinina abaixo de 40 mL/min/1,73m
2
. Assim, 17
pacientes foram excluídos da análise.
4.2. Variáveis analisadas
4.2.1.Dados clínico-laboratoriais
Os dados foram coletados dos prontuários da Unidade de Nefrologia Pediátrica do
HC-UFMG. À admissão, as seguintes informações foram registradas: sexo, peso, estatura, idade
dos sintomas iniciais, idade à admissão, creatinina sérica, presença ou não de hematúria,
pressão arterial, proteinúria em urina de 24 horas e uso de IECAs e de corticóide ou de outros
imunossupressores. Estas mesmas informações foram obtidas no início de cada tratamento com
14
corticóides e outros imunossupressores, próximo à realização da biópsia e também na última
evolução clínica.
4.2.2.Dados histopatológicos
As biópsias foram obtidas por via percutânea e os fragmentos foram todos
reexaminados pelo Prof. Eduardo Alves Bambirra, de acordo com a classificação adaptada de
Churg, Habib e White (1970). O nefropatologista desconhecia informações a respeito da
evolução clínica e resposta ao tratamento dos pacientes. As variáveis histopatológicas estão
apresentadas no QUADRO 1:
Quadro 1
Protocolo de avaliação histopatológica dos pacientes com GESF,
adaptado de Churg, Habib e White (1970)
Dados histopatológicos
de glomérulos totalmente esclerosados
________
glomérulos com esclerose segmentar
________
Localizão da esclerose segmentar
pólo vascular pólo tubular
Forma da lesão
colapsante “tip celular
Lesão interstício-tubular
0 + ++ +++
Lesão vascular
0 + ++ +++
IMFD – IgM
0 + ++ +++
IMFD – C’3
0 + ++ +++
IMFD – outros
0 + ++ +++
Matriz mesangial
sem alterações focal leve moderada intensa
Celularidade mesangial
sem alterações focal leve moderada intensa
Fibrose intersticial
sem alterações focal leve moderada intensa
Atrofia tubular
sem alterações focal leve moderada intensa
Envolvimento vasos sangüíneos
sem alterações focal leve moderada intensa
+ leve
++ moderada
+++ intensa
IMFD: imunofluorescência direta
IgM: imunoglobulina M
C’3: fração 3 do complemento
15
4.2.3.Dados clínicos e laboratoriais
A SN foi definida nos casos com proteinúria de 24 horas > 50 mg/kg ou >40 mg/m
2
/
h ou relação proteinúria/creatinúria em amostra única de urina > 2,0 (para pacientes sem
controle de esfíncteres, que impossibilitou coleta de urina 24 horas) associada ou não a edema
generalizado.
A presença de hematúria foi definida como a presença no sedimento de urina de
mais de 5 hemácias por campo em aumento de 400x.
A hipertensão arterial foi definida como valores de pressão sistólica e/ou diastólica
persistentemente superiores ao percentil 95 para sexo, idade e estatura, de acordo com medidas
estabelaelecidas pelo Consenso de Hipertensão (National High Blood Pressure Education
Program Working Group on High Blood Pressure in Children and Adolescents, 2004).
A taxa de filtração glomerular foi calculada a partir da fórmula de Schwartz e a
DRC foi determinada como a redução do ritmo de filtração glomerular abaixo de 60
mL/min/1,73m
2
por três ou mais meses (SCHWARTZ et al., 1976; SCHWARTZ; GAUTHIER,
1985).
4.2.4.Reposta ao tratamento
Inicialmente, todos os pacientes foram tratados com prednisona 2 mg/kg/dia (dose
máxima de 60 mg/24 horas) em doses únicas diárias por quatro semanas, seguidas por mais
quatro semanas, com doses em dias alternados. Os pacientes foram classificados de acordo com
a resposta inicial ao tratamento com prednisona em: córtico-sensíveis e córtico-resistentes; e de
acordo com a evolução clínica em: córtico-sensíveis, córtico-dependentes e córtico-resistentes.
Foram utilizados os critérios propostos pelo ISKDC (ABRAMOWICZ et al., 1970).
Pacientes córtico-sensíveis foram aqueles que apresentaram remissão completa ou
parcial da proteinúria com uso do corticóide. Os córtico-dependentes foram os que atingiram a
remissão, porém com a redução da corticoterapia, ou apresentaram recidiva da doença até 15
dias após a suspensão do tratamento. Estes podem ser ainda subdivididos em córtico-
dependentes de altas doses ou baixas doses de corticóide. Os pacientes córtico-resistentes foram
os que não apresentaram redução da proteinúria
Os valores de proteinúria usados nesta classificação foram:
Remissão completa: relação proteína / creatinina em amostra única de urina < 0,2,
proteinúria em urina de 24 horas < 150 mg ou < 4 mg/m
2
/h;
16
Resposta parcial: redução da proteinúria > 50% do valor inicial em urina de 24 horas ou
relação proteína / creatinina em amostra única de urina < 1,0;
Não-resposta: ausência de redução da proteinúria (inferior a 50%) ou relação proteína /
creatinina em amostra única de urina > 1,0.
Durante o curso clínico, após o paciente ser classificado como córtico-resistente, o
tratamento foi individualizado de acordo com a evolução clínica e resposta anterior ao
tratamento com corticóides. Foram utilizados três outros esquemas de imunossupressão:
ciclofosfamida, ciclosporina A e protocolo de Mendoza (MENDOZA; REZNICK;
GRISWOLD, 1990).
A ciclofosfamida foi usada na dose de 2 mg/kg/dia por 12 semanas ou 3 mg/kg/dia
por 8 semanas associados à administração de prednisona em dose diária ou em dias alternados.
A ciclosporina foi usada na dose de 5 a 6 mg/kg/dia (dividida em duas doses diárias)
e com ajuste da dose de acordo com o nível sérico (colhido antes da próxima dose) para mantê-
lo entre 100 e 200 ng/mL. A prednisona era freqüentemente associada, em doses variáveis e em
dias alternados.
O esquema de Mendoza consiste em pulsoterapia venosa com metilprednisolona (30
mg/kg/dia) e uso de prednisona oral 2 mg/kg/dia em dias alternados. A pulsoterapia com
metilprednisolona foi realizada conforme esquema no QUADRO 2:
Quadro 2
Esquema de pulsoterapia com metilprednisolona (MENDOZAet al., 1990)
Semana Metilprednisolona Doses Prednisona
1 a 2 30mg/kg 3x sem 6 ___________
3 a 10 30mg/kg 1x sem 8 2 mg/kg, dias alternados (dose máxima de 60 mg)
11 a 18 30mg/kg 2/2 sem 4 Redução progressiva
19 a 50 30mg/kg 4/4 sem 8 Redução progressiva
51 a 82 30mg/kg 8/8 sem 4 Redução progressiva
Nos pacientes para os quais se prescreveu o esquema descrito, se ao final da segunda
semana de tratamento não houvesse redução significativa da proteinúria ou a relação protna /
creatinina dosada na urina de amostra única permanecesse >2 na 10ª semana de tratamento,
iniciava-se ciclofosfamida (2 a 2,5 mg/kg/dia) por 10 ou 12 semanas (MENDOZA; REZNICK;
GRISWOLD, 1990; MENDOZA; TUNE, 1997; TUNE; KIRPEKAR; SIBLEY, 1995).
17
4.3. Análise estatística
4.3.1.Descrição dos resultados
Os dados deste trabalho foram digitados em um banco de dados desenvolvido no
programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 11.5 e os resultados descritivos
foram obtidos da listagem e freqüência das características das diversas variáveis e do
cruzamento de algumas dessas características, com base em tabelas de contingência.
4.3.2.Curso clínico e resposta ao tratamento
Esta análise foi conduzida em duas etapas. Na primeira etapa, foi feita a análise
univariada para identificar quais variáveis foram associadas ao desfecho “resposta ao
tratamento ao longo do tempo”. As variáveis categóricas foram analisadas pelo método qui-
quadrado e as contínuas pelo teste de Mann-Whitney.
Na segunda etapa, foi desenvolvido um modelo de regressão logística para verificar
quais variáveis estiveram associadas de maneira independente à resposta ao tratamento. Todas
as variáveis com valor de p < 0,25 na análise univariada (do teste qui-quadrado e do teste de
Mann-Whitney) foram incluídas no modelo inicial. Em seguida, aquelas com o maior valor de p
(menor significância estatística) foram retiradas uma a uma até que restassem somente variáveis
com valor de p < 0,05, indicando que elas apresentavam associação significativa e
independente.
As seguintes variáveis foram incluídas nesta análise:
hematúria;
hipertensão;
década de admissão;
sexo;
cor;
idade à admissão no serviço;
idade do início dos sintomas;
creatinina à admissão;
clearence de creatinina calculado pela fórmula de Schwartz à admissão;
18
proteinúria dosada em urina de 24 horas (dividida pela superfície correa).
Uma vez que tanto a reposta parcial quanto a remissão completa da proteinúria estão
relacionadas à melhora da sobrevida renal, os pacientes com resposta parcial foram somados
aos córtico-sensíveis para fins de análise estatística (ABEYAGUNAWARDENA et al., 2007;
CATTRAN; RAO, 1998).
19
5. RESULTADOS
5.1. Características dos pacientes à admissão no serviço
Foram submetidos à análise estatística 113 pacientes. As características
demográficas e laboratoriais da população estudada no momento da admissão no serviço de
nefrologia pediátrica estão descritas na TAB. 1.
Tabela 1: Características dos pacientes portadores de GESF (n=113)
Variáveis N (%)
Sexo masculino:feminino - n (%) 74 (65,5%): 39 (34,5%)
Cor branca:não-branca - n (%) 56 (49,6%): 57 (50,4%)
Hematúria presente - n (%) 31 (39,8%)
Hipertensão arterial - n (%) 39 (46,9%)
Idade de início dos sintomas (anos) 3,3 (2,1–6,7)*
Idade à admissão no serviço (anos) 5,3 (3,0–8,7)*
Creatinina (mg/dL) 0,6 (0,4–0,8)*
Clearence de creatinina (mL/min/1,73m
2
) 104,3 (79,6–142,2)*
P24h/SC ** 3,7 (1,7–6,2)*
cada de admissão - 70: 80: 90: 2000 (%) 8,0%: 26,5%: 56,6%: 8,8%
Tempo de seguimento (anos) 8,9 (3,6–12,9)*
*Mediana (P25–P75)
**
P24h/SC: proteinúria em urina de 24 horas (g) por superfície corpórea
SC = superfície corpórea
Houve predominância do sexo masculino (65%) nesta casuística. Metade dos
pacientes foi classificada como “brancos” e os demais como “não-brancos” em relação à etnia,
embora esta classificação seja meramente fenotípica. No momento da admissão, a hematúria
esteve presente em 31 pacientes (39,8%) e hipertensão arterial em 39 (46,9%).
A mediana da idade do início dos sintomas foi de 3,3 anos, enquanto a mediana da
idade à admissão no serviço foi de 5,3 anos, o que mostra que os pacientes foram atendidos
inicialmente nos serviços de atenção priria até o encaminhamento para o serviço
especializado de nefrologia pediátrica. A maior parte da casuística é de pacientes admitidos nas
20
décadas de 80 e 90. Eles foram seguidos por período entre seis meses e 26 anos, com mediana
de tempo de 8,9 anos.
Alguns pacientes tratados previamente com corticóides antes do encaminhamento
para o serviço foram admitidos com proteinúria negativa, o que explica a grande variação dos
níveis de proteinúria à admissão. A grande maioria (84%) tinha função renal preservada na
admissão, com clearence de creatinina acima de 70 mL/min.
Todos os pacientes foram submetidos à biópsia renal com diagnóstico
histopatológico de GESF, sendo que 110 tiveram suas biópsias revistas por um mesmo
nefropatologista e reclassificadas de acordo com a adaptação de Churg, Habib e White (1970).
A mediana da idade no momento da biópsia foi de 6,9 anos. Três pacientes tiveram suas
biópsias analisadas por outros patologistas e por isso não foram incluídos na análise
histopatologica. Os dados histopatológicos da revisão das biópsias renais estão apresentados na
TAB. 2.
Tabela 2: Dados histopatológicos da revisão das biópsias (n=110)
Dados da biópsia
Número de glomérulos 12 (9 – 20)*
Número de glomérulos totalmente esclerosados 2 (1 – 3)*
Percentual de glomérulos totalmente esclerosados 12% (5,0% – 17,1%)*
21
N
o
glomérulos totalmente com esclerose segmentar 2 (1 – 3)*
Percentual de glomérulos com esclerose segmentar 16,7 (11,1 – 25)*
Localização da esclerose segmentar 89,1% pólo vascular / 10,9% pólo tubular
Forma da lesão 83,6% clássica / 16,4% colapsante
Lesão interstício-tubular 0: 1,8% / +: 64,5% / ++: 33,6% / +++: 0%
Lesão vascular 0: 62,7% / +: 30,9% / ++: 6,4% / +++: 0%
IMFD – IgM Negativo: 56,4% / positivo: 43,6%
IMFD – C’3 Negativo: 60% / positivo 40%
IMFD – outros Negativo: 84,5% / positivo: 15,5%
Matriz mesangial sem alterações: 9,1% / focal: 61,8%
leve: 26,4% / moderada-intensa: 2,7%
Celularidade mesangial sem alterações: 9,1% / focal: 60%
Leve:30% / moderada-intensa: 0,9%
Fibrose intersticial sem alterações: 25,5% / focal: 44,5%
Leve: 26,4% / moderada-intensa: 3,6%
Atrofia tubular sem alterações: 25,5% / focal: 45,5%
Leve: 23,6% / moderada-intensa: 5,5%
Envolvimento vasos sangüíneos sem alterações: 67,3% / focal: 25,5%
leve: 5,5% / moderada-intensa: 1,8%
* mediana (P25 – P75)
+ leve
++ moderada
+++ intensa
IMFD: imunofluorescência direta
IgM: imunoglobulina M
C’3: fração 3 do complemento
5.2. Fatores preditores da resposta ao corticóide
Todos os pacientes desta análise receberam corticoterapia com prednisona; 42
(37,2%) apresentaram remissão, 25 (22,1%) resposta parcial e 46 (40,7%) não responderam e
foram considerados córtico-resistentes.
5.2.1.Distribuição das variáveis de acordo com a resposta ao corticóide
Foi realizada análise univariada para identificar as variáveis associadas ao desfecho
“resposta à corticoterapia”. As variáveis categóricas foram analisadas pelo todo qui-
22
quadrado e as contínuas pelo teste de Mann-Whitney. As variáveis catericas analisadas estão
descritas na TAB. 3.
Tabela 3: Distribuição das variáveis categóricas de acordo com a resposta ao corticóide
Variáveis categóricas
Resposta ao corticóide
Córtico-
sensível
Córtico-
resistente
N (%) N (%)
Total
N (%)
p #
Sexo
Masculino 41 (36,3%) 33 (29,2%) 74 (65,5%)
Feminino 26 (23%) 13 (11,5%) 39 (34,5%)
0,24
7
Cor
Branco 31 (27,4%) 25 (22,1%) 56 (49,6%)
Não-branco 36 (31,9%) 21 (18,6%) 57 (50,4%)
0,39
9
Hematúria à admissão
Sim 17 (15%) 28 (24,8%) 45 (39,8%)
Não 50 (44,2%) 18 (15,9%) 68 (60,2%)
0.00
0
Hipertensão à admissão
Sim 27 (23,9%) 26 (23%) 53 (46,9%)
Não 40 (35,4%) 20 (17,7%) 60 (53,1%)
0,09
Década de admissão
70 6 (5,3%) 3 (2,7%) 9 (8%)
80 20 (17,7%) 10 (8,8%) 30 (26,5%)
90 38 (33,6%) 26 (23%) 64 (56,6%)
2000 3 (2,7%) 7 (6,2%) 10 (8,8%)
0,21
8
# Qui-quadrado
As variáveis sexo (p=0,247), hematúria à admissão (p<0,001), hipertensão (p=0,09)
e década de admissão no serviço (p=0,218) apresentaram valor de p menor que 0,25 e foram
incluídas no modelo de regressão logística.
As variáveis contínuas analisadas estão descritas na TAB. 4.
Tabela 4: Distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta aos corticóides
Variáveis Contínuas
Córtico-sensíveis
n=67
mediana (P25–P75)
Córtico-resistentes
n=46
mediana (P25–P75)
p #
P24h /SC à admissão 4,0 (1,14 – 6,06)* 5,13 (2,85 – 6,99)* 0,04
Idade à admissão (anos) 5,5 (3,0 – 7,9)* 6,5 (3,0 – 11,9)* 0,231
Idade de início dos sintomas (anos) 3,1 (2,1 – 6,1)* 4,1 (2,1 – 11,6)* 0,188
Creatinina admissão (mg/dL) 0,7 (0,4 – 0,8)* 0,6 (0,4 – 0,8)* 0,627
Clearence de creatinina admissão
(mL/min/1,73 m
2
)
89,8 (73,9 – 144,3)* 109,2 (88,3 – 142,1)* 0,216
# Mann-Whitney
23
*Mediana (P25 – P75)
P24h/SC: proteinúria em urina de 24 horas (g) por superfície corpórea
SC = superfície corpórea
As variáveis proteinúria de 24 horas à admissão (p=0,040), idade de início dos
sintomas (p=0,188), idade à admissão no serviço (p=0,213) e clearence de creatinina à
admissão (p=0,216) apresentaram valor de p menor que 0,25 nos modelos univariados e foram
incluídas no modelo de regressão logística.
A TAB. 5 mostra as variáveis histológicas estudadas, de acordo com resposta à
prednisona.
Tabela 5: Dados histopatológicos de acordo com a sensibilidade ao corticóide
Dados da biópsia rtico-sensíveis Córtico-resistentes Valor p
Idade no momento da
biópsia (anos)
6,8 (4,5 – 11,1)* 6,8 (3,5 – 12,5)* 0,993
Percentual de glomérulos
totalmente esclerosados
12,5% (5% – 16,7%)* 12,5% (6,9% - 19,1%)* 0,902
Percentual de glomérulos
com esclerose segmentar
16,7% (10% – 25%)* 16,7% (12,5% - 25%)* 1,0
Localização da esclerose
segmentar
pólo vascular: 87,7%
pólo tubular: 12,3%
lo vascular: 91,1%
lo tubular: 8,9%
0,572
Forma da lesão clássica: 87,7%
colapsante: 12,3%
clássica: 77,8%
colapsante: 22,2%
0,167
Lesão interstício-tubular 0: 1,5% / +: 69,2% / ++: 29,3% 0: 2,2% / +: 24,4% / ++: 11,2% 0,466
Lesão vascular 0: 61,5% / +: 35,4% / ++: 3,1% 0: 64,4% / +: 24,4% / ++: 11,2% 0,152
IMFD – IgM negativo: 49,2% / positivo: 50,8% negativo: 68,9% / positivo: 15,6% 0,070
IMFD – C´3 negativo: 53,8% / positivo: 46,2% negativo: 68,9% / positivo: 31,1% 0,113
IMFD – outros negativo: 50% / positivo: 9,1% negativo: 34,5 / positivo: 6,4% 0,981
Matriz mesangial Sem alterações: 7,7%
focal: 67,7%
leve: 23,1%
moderada/ intensa: 1,5%
Sem alterações: 11,4%
focal: 53,3%
leve: 31,1%
moderada / intensa: 4,4%
0,440
24
Celularidade mesangial Sem alterações: 7,7%
focal: 63,1%
leve: 29,2%
moderada/ intensa: 0%
Sem alterações: 11,1%
focal: 55,6%
leve: 31,1%
moderada / intensa: 6,9%
0,558
Fibrose intersticial Sem alterações: 21,5%
focal: 49,2%
leve: 27,7%
moderada/ intensa: 0,9%
Sem alterações: 31,1%
focal: 35,6%
leve: 26,7%
moderada / intensa: 6,7%
0,287
Atrofia tubular Sem alterações: 21,6%
focal: 52,3%
leve: 21,5%
moderada / intensa: 4,6%
Sem alterações: 31%
focal: 22,2%
leve: 6,7%
moderada / intensa: 4,4%
0,376
Envolvimento vasos
sangüíneos
Sem alterações: 67,7%
focal: 27,7%
leve: 4,6%
moderada / intensa: 0%
Sem alterações: 66,7%
focal: 22,2%
leve: 6,7%
moderada / intensa: 4,4%
0,333
*Mediana (P25 – P75)
+ leve
++ moderada
+++ intensa
IMFD: imunofluorescência direta
IgM: imunoglobulina M
C’3: fração 3 do complemento
As variáveis forma da lesão (p=0,167), intensidade de lesão vascular (p=0,152),
imunofuorescência direta para IgM (p=0,070) e C’3 (p=0,113), que apresentaram valor de p
menor que 0,25 no modelo univariado, foram incluídas no modelo de regressão logística.
Após ajustamento pelo modelo de regressão logística, duas variáveis permaneceram
significativamente associadas à resposta à corticoterapia: hematúria e idade de início dos
sintomas (TAB. 6).
A variável histológica “grau de lesão vascular” mostrou tendência à significância,
com valor p=0,056.
Tabela 6: Modelo multivariado baseado nas variáveis à admissão (n=113)
Variável Coeficiente Erro-
padrão
OR IC 95% P
Hematúria 1,37 0,42 3,9 1,7–9,0 0,001
Idade de início dos sintomas (anos) 0,12 0,06 1,1 1,01–1,2 0,034
OR = odds ratio
A partir dos valores de coeficientes das variáveis significativas no modelo
multivariado, foi criado um modelo para mostrar a influência destas sobre a resposta à
corticoterapia. A TAB. 7 mostra a chance de resposta à corticoterapia de acordo com a idade e
presença ou não de hematúria, de acordo com os achados deste estudo. A cada aumento de 1
25
ano na idade, a chance de resposta diminui em aproximadamente 2 a 3% e a presença de
hematúria reduz a chance de resposta em aproximadamente 30% para crianças de mesma idade.
Tabela 7: Modelo criado a partir dos coeficientes das variáveis significativas
na análise multivariada para chance de resposta à corticoterapia
Idade (anos)
Percentual de resposta à corticoterapia
Hematúria
Ausente Presente
1 81,0% 51,97%
2 79,0% 48,0%
3 76,8% 45,8%
4 74,6% 42,7%
5 72,1% 39,7%
6 69,6% 36,8%
8 64,1% 31,2%
10 58,2% 26,2%
12 52,1% 21,7%
14 45,9% 17,8%
16 39,8% 14,4%
18 34,1% 11,6%
5.3. Fatores preditores da resposta à ciclofosfamida
A ciclofosfamida foi usada em 84 pacientes (74,3%) desta casuística. As indicações
para o uso foram as recidivas freqüentes em córtico-sensíveis (n=19), a córtico-dependência
(n=32) e também córtico-resistência em 33 deles.
A mediana da idade dos pacientes no momento da prescrição da ciclofosfamida foi
de 6,2 (4,1–9,2) anos para os córtico-sensíveis iniciais e 4,8 (3,2–8,3) anos para os córtico-
resistentes iniciais. O tempo entre o início do uso de corticóides e a prescrição de
ciclofosfamida foi de 68,5 (30,2–117,2) meses para os primeiros e 19,9 (7,0–74,5) meses para
os últimos.
Após o uso da ciclofosfamida, 42 (50%) dos pacientes atingiram a remissão, 16
(19%) apresentaram resposta parcial e 26 (31%) não apresentaram resposta (TAB. 8):
Tabela 8: Resposta à ciclofosfamida
26
Resposta ao uso de ciclofosfamida N (%) % de resposta
Ciclofosfamida
Remissão completa 42 50%
Resposta parcial 16 19%
o-resposta 26 31%
Total 84 100,0
A resposta à ciclofosfamida de acordo com a resposta inicial ao corticóide está
descrita na TAB. 9.
Tabela 9: Resposta à ciclofosfamida de acordo com a sensibilidade inicial ao corticóide
Sensibilidade inicial
ao corticóide
Resposta a ciclofosfamida (CFM)
N (%)
p #
Remissão
completa
Resposta
parcial
o-resposta Total 0,015
rtico-sensível 31 (36,9%) 10 (11,9%) 10 (11,9%) 51 (60,7%)
rtico-resistente 11 (13,1%) 6 (7,1%) 16 (19,1%) 33 (39,3%)
Total 42 (50%) 16 (19%) 26 (31%) 84 (100%)
# Qui-quadrado
Durante o seguimento, dos 51 pacientes inicialmente córtico-sensíveis, nove
tornaram-se córtico-resistentes. Entre os 42 córtico-sensíveis no momento da prescrição de
ciclofosfamida, quatro apresentavam recidivas freqüentes e 38 eram córtico-dependentes, o que
motivou o emprego da droga. A resposta à ciclofosfamida de acordo com a córtico-
sensibilidade no momento da prescrição da droga está descrita na TAB. 10.
Tabela 10: Resposta à ciclofosfamida de acordo com a sensibilidade ao corticóide
no momento da prescrição
Sensibilidade ao
corticóide logo
antes do uso de
CFM
Resposta a ciclofosfamida (CFM)
N (%)
p #
Remissão
completa
Resposta
parcial
o-resposta Total
0,000
rtico-sensível 30 (35,7%) 9 (10,7%) 3 (3,6%) 42 (50%)
rtico-resistente 12 (14,3%) 7 (8,3%) 23 (27,4%) 42 (50%)
Total 42 (50%) 16 (19%) 26 (31%) 84 (100%)
# Qui-quadrado
27
A resposta à ciclofosfamida foi mais favorável nos pacientes córtico-sensíveis
(p<0,001). No entanto, 19 entre os 42 córtico-resistentes (45,2%) que usaram o medicamento
apresentaram remissão parcial ou completa.
5.3.1.Distribuição das variáveis de acordo com a resposta à ciclofosfamida
Os pacientes que fizeram uso da ciclofosfamida foram distribuídos em dois grupos,
o primeiro composto de pacientes com resposta parcial ou completa após uso da droga e o
segundo dos que não responderam. As TAB. 11 a 13 mostram as diferenças entre os grupos,
para as variáveis estudadas.
A distribuição das varveis catericas de acordo com a resposta à ciclofosfamida
está descrita na TAB. 11.
Tabela 11: Distribuão das varveis categóricas de acordo com a resposta à ciclofosfamida
Variáveis categóricas
Resposta à ciclofosfamida
Resposta
completa ou
parcial
N (%)
o-
resposta
N (%)
Total
N (%)
p #
Sexo
Masculino 37 (44%) 19 (22,6%) 56 (66,7%)
Feminino 21 (25%) 7 (8,3%) 28 (33,3%)
0,404
Cor
Branco 28 (33,3%) 11 (13,1%) 39 (46,4%)
o-branco 30 (35,7%) 15 (17,9%) 45 (53,6%)
0,612
Hematúria à
admissão
Sim 20 (23,8%) 11 (13,1%) 31 (36,9%)
o 38 (45,2%) 15 (17,9%) 53 (63,1%)
0,492
Hipertensão à
admissão
Sim 28 (33,3%) 11 (13,1%) 39 (46,4%)
o 30 (35,7%) 15 (17,9%) 45 (53,6%)
0,612
cada de
admissão
70 4 (4,8%) 2 (2,4%) 6 (7,1%)
80 13 (15,5%) 9 (10,7%) 22 (26,2%)
90 39 (46,4%) 14 (16,7%) 53 (63,1%)
2000 2 (2,4%) 1 (1,2%) 3 (3,6%)
0,67
# Qui-quadrado
Nenhuma das variáveis categóricas apresentou significância estatística.
28
A TAB. 12 mostra a distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta à
ciclofosfamida.
Tabela 12: Distribuão das varveis contínuas de acordo com a resposta à ciclofosfamida
Variáveis contínuas
Resposta à ciclofosfamida
Resposta completa
ou parcial (N = 58)
Não-resposta
(N = 26)
p #
Idade de início dos sintomas (anos) 2,9 (1,0 – 5,2) 2,8 (1,9 – 6,7) 0,996
Idade à admissão (anos) 4,1 (2,8 – 7,3) 4,2 (2,0 – 9,8) 0,663
Creatinina à admissão (mg/dL) 0,6 (0,4 – 0,8) 0,6 (0,4 – 0,8)* 0,934
Clearence de creatinina admissão 98,5 (79,2 – 139,2) 108,3 (78,1– 144,5) 0,511
P24h/SC à admissão 3,4 (1,8 – 6,3) 4,4 (2,1 – 6,2) 0,348
P24h à prescrição da ciclofosfamida 2,7 (0,6 – 7,4) 4,3 (2,8 – 7,7 0,075
Idade uso ciclofosfamida (anos) 6,0 (3,9 – 8,8) 4,8 (3,3 – 10,4) 0,776
Tempo entre início de corticóide e
prescrição de ciclofosfamida (meses)
59,9 (16,1 – 112,4) 42,6 ( 15,2 – 81,1) 0,264
# Mann-Whitney
*Mediana (P25 – P75)
P24h/SC: proteinúria em urina de 24 horas (g) por superfície corpórea
SC: superfície corpórea
Nenhuma das variáveis contínuas apresentou diferença com significado estatístico
na análise univariada. No entanto, a proteinúria em urina de 24 horas à prescrição da CFM, com
valor de p=0,075, foi incluída na análise multivariada.
Na TAB. 13 visualiza-se a distribuição das variáveis relacionadas à biópsia renal, de
acordo com a resposta à ciclofosfamida.
29
Tabela 13: Dados histopatológicos de acordo com a resposta à CFM
Parâmetros histopatológicos
Resposta completa ou
parcial
Não-resposta p #
Idade no momento da biópsia
(anos)
6,3 (4,2 – 10,5)* 5,8 (3,3 – 11)* 0,667
Percentual de glomérulos
totalmente esclerosados
13,4% (5,0% – 17,2%)* 12,5% (2,9% - 18,3%)* 0,616
Percentual de glomérulos com
esclerose segmentar
16,7% (12,5% - 25%)* 14,3% (10,4% - 24,1%)* 0,859
Localização da esclerose
segmentar
pólo vascular: 87,9%
pólo tubular: 12,1%
pólo vascular: 92%
pólo tubular: 8%
0,584
Forma da lesão
clássica: 84,5%
colapsante: 15,5%
clássica: 80%
colapsante: 20%
0,617
Lesão do interstício-tubular
0: 1,7% / +: 69%
++: 29,3%
0: 4% / +: 52%
++: 44%
0,320
Lesão vascular
0: 53,4% / +: 39,7%
++: 6,9%
0: 64% / +: 24%
++: 12%
0,348
IMFD – IgM
negativo: 53,4%
positivo: 46,6%
negativo: 48%
positivo: 52%
0,649
IMFD – C’3
negativo: 56,9%
positivo: 43,1%
negativo: 56%
positivo: 44%
0,940
IMFD – outros
negativo: 84,5%
positivo: 15,5%
negativo: 88%
positivo: 12%
0,676
Matriz mesangial
sem alterações: 6,9%
focal: 62,1%
leve: 29,3%
moderada / intensa: 1,7%
Sem alterações: 12%
focal: 44%
leve: 36%
moderada / intensa: 8%
0,296
Celularidade mesangial
sem alterações: 6,9%
focal: 63,8%
leve: 29,3%
moderada / intensa: 0%
Sem alterações: 12%
focal: 36%
leve: 48%
moderada / intensa: 4%
0,071
Fibrose intersticial
sem alterações: 22,4%
focal: 44,8%
leve: 31%
moderada/ intensa: 1,8%
Sem alterações: 20%
focal: 36%
leve: 32%
moderada/ intensa: 12%
0,240
30
Atrofia tubular
sem alterações: 22,4%
focal: 48,3%
leve: 25,9%
moderada/intensa: 3,4%
Sem alterações: 20%
focal: 32%
leve: 32%
moderada/intensa: 16%
0,161
Envolvimento de vasos
sangüíneos
sem alterações: 63,8%
focal: 27,6%
leve: 8,5%
moderada / intensa: 0%
Sem alterações: 56%
focal: 32%
leve: 4%
moderada / intensa: 8%
0,142
*Mediana (P25 – P75)
+ leve
++ moderada
+++ intensa
IMFD: imunofluorescência direta;
IgM: imunoglobulina M
C’3: fração 3 do complemento
As variáveis com valor p < 0,25 incluídas na análise multivariada foram: resposta
inicial ao corticóide (p=0,015), sensibilidade ao corticóide no momento da prescrição da
ciclofosfamida (p<0,001), proteinúria de 24 horas à prescrição de ciclofosfamida (p=0,075),
celularidade mesangial (p=0,071), fibrose intersticial (p=0,240), atrofia tubular (p=0,161) e
envolvimento de vasos sangüíneos (p=0,142).
Após ajustamento pelo modelo de regressão logística, apenas a resposta inicial ao
corticóide permaneceu significativamente associada à resposta à ciclofosfamida. Os pacientes
com córtico-resisncia inicial tiveram 3,8 vezes mais chances de o responderem à
ciclofosfamida. Ao acrescentar na análise a variável “sensibilidade ao corticóide no momento
da prescrição da CFM”, esta variável permaneceu como a única estatisticamente relacionada à
reposta à droga e, neste caso, os pacientes córtico-resistentes no momento da prescrição de
CFM tiveram 15,7 vezes mais chances de não responderam ao tratamento (TAB. 14).
Tabela 14: Modelo multivariado baseado nas varveis à admissão
e sensibilidade ao corticóide antes da prescrição da CFM (n=84)
Variável Coeficiente Erro-padrão OR IC95% p
Reposta inicial ao corticóide
1,35 0,49 3,8 1,4 – 10,1 0,006
Sensibilidade ao corticóide no
momento da prescrição de CFM
2,756 0,675 15,7 4,2 – 59,0 0,000
As complicações decorrentes do uso de ciclofosfamida foram pouco freqüentes neste
estudo. Infecções recorrentes ocorreram em seis (5,3%) pacientes, leucopenia leve em quatro
(3,5%) dos pacientes com recuperação rápida após suspensão da droga e dois casos de alopécia.
31
Dos pacientes desta casuística, 19 foram submetidos a um segundo ciclo de
ciclofosfamida associado ou não à pulsoterapia com metilprednisolona. As indicações do
segundo ciclo de ciclofosfamida foram as mesmas do primeiro ciclo: recidivas freqüentes em
córtico-sensíveis, córtico-dependência e córtico-resistência (TAB. 15).
Tabela 15: Resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida de acordo com a resposta inicial ao
corticóide
Sensibilidade inicial ao
corticóide
Resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida (CFM) p #
Remissão completa ou
parcial
N (%)
o-resposta
N (%)
Total
N (%)
0,658
rtico-sensível 6 (31,6%) 2 (10,5%) 8 (42,1%)
rtico-resistente 6 (31,6%) 5 (26,3%) 11 (57,9%)
Total 12 (63,2%) 7 (36,8%) 19 (100%)
# Qui-quadrado
o houve diferença estatística entre os pacientes córtico-sensíveis e córtico-
resistentes em relação à resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida.
Foi avaliada a relação entre a resposta ao primeiro e ao segundo ciclo de
ciclofosfamida (TAB. 16).
Tabela 16: Resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida de acordo com a resposta ao primeiro
ciclo
Resposta ao primeiro ciclo de
ciclofosfamida
Resposta ao segundo ciclo de ciclofosfamida
p #
Remissão
completa ou
parcial
N (%)
o-
resposta
N (%)
Total
N (%)
0,170
Resposta completa ou parcial 8 (42,1%) 2 (10,5%) 10 (52,6%)
o-resposta 4 (21,1%) 5 (26,3%) 9 (47,4%)
Total 12 (63,2%) 7 (46,8%) 19 (100%)
32
# Qui-quadrado
Dos 19 pacientes submetidos ao segundo ciclo de ciclofosfamida, 12 apresentaram
resposta parcial ou completa (63,2%), sendo que quatro destes não tiveram resposta ao primeiro
ciclo. o houve relação estatística entre as respostas ao primeiro e segundo ciclos de
ciclofosfamida.
5.4. Fatores preditores da resposta à ciclosporina
Nesta casuística, 27 pacientes fizeram uso de ciclosporina. A distribuição dos
pacientes que fizeram uso de ciclosporina de acordo com a sensibilidade inicial ao corticóide
está apresentada na TAB. 17.
Tabela 17: Resposta à ciclosporina de acordo com sensibilidade inicial ao corticóide
Sensibilidade inicial ao
corticóide
Resposta à ciclosporina p #
CsA-sensível
N (%)
CsA-resistente
N (%)
Total
N (%)
0,302
rtico-sensível 10 (37%) 1 (3,7%) 11 (40,7%)
rtico-resistente 12 (44,5%) 4 (14,8%) 16 (50,3%)
Total 22 (81,5%) 5 (18,5%) 27 (100%)
# Qui-quadrado
No momento da prescrição da ciclosporina, 10 pacientes eram córtico-sensíveis e 17
córtico-resistentes. As indicações para sua prescrição foram a córtico-dependência a altas doses
de corticóide (10) e córtico-resistência (17) no momento da prescrição da droga (TAB. 18).
Tabela 18: Sensibilidade ao corticóide no momento da prescrição de ciclosporina
Sensibilidade ao
corticóide logo antes da
prescrição da
ciclosporina
Resposta à ciclosporina p #
CsA-sensível
N (%)
CsA-resistente
N (%)
Total
N (%)
0,077
rtico-sensível 10 (37%) 0 10 (37%)
rtico-resistente 12 (44,5%) 5 (18,5%) 17 (63%)
33
Total 22 (81,5%) 5 (18,5%) 27 (100%)
# Qui-quadrado
Após o uso da ciclosporina, 22 pacientes (81,5%) entraram em remissão: todos os
córtico-sensíveis e 12 (44,4%) córtico-resistentes. Houve tendência à diferença estatística para
resposta à ciclosporina entre os córtico-sensíveis e os córtico-resistentes (p=0,077). O baixo
número de pacientes que fizeram uso da CsA provavelmente contribuiu para que a diferença
não fosse significativa para um intervalo de confiança de 95%. Esta variável foi também
incluída na análise multivariada.
5.4.1.Distribuição das variáveis de acordo com resposta à ciclosporina
Os pacientes que fizeram uso da ciclosporina foram classificados em ciclosporina-
sensíveis e ciclosporina-resistentes. As TAB. 19, 20 e 21 mostram as diferenças entre os grupos
para as variáveis estudadas.
Na TAB. 19 verifica-se a distribuição das varveis categóricas, de acordo com a
resposta à ciclosporina.
Tabela 19: Distribuição das variáveis categóricas de acordo com resposta à ciclosporina
Variáveis categóricas
Resposta à ciclosporina
Resposta completa
ou parcial
N (%)
o-
resposta
N (%)
Total
N (%)
p #
Sexo
Masculino 16 (59,3%) 3 (11,1%) 19 (70,4%)
Feminino 6 (22,2%) 2 (7,4%) 8 (29,6%)
0,616
Cor
Branco 7 (25,9%) 3 (11,1%) 10 (37%)
o-branco 15 (55,6%) 2 (7,4%) 17 (63%)
0,326
Hematúria à
admissão
Sim 13 (48,2%) 3 (11,1%) 16 (59,3%)
o 9 (33,3%) 2 (7,4%) 11 (40,7%)
0,97
Hipertensão à
admissão
Sim 10 (37%) 1 (3,7%) 11 (40,7%)
o 12 (44,5%) 4 (14,8%) 16 (59,3%)
0,296
cada de
Admissão
70 0 0 0
80 3 (11,1%) 0 3 (11,1%)
90 15 (55,6%) 2 (7,4%) 17 (63%)
2000 4 (14,8%) 3 (11,1%) 7 (25,8%))
0,139
# Qui-quadrado
34
Entre as variáveis categóricas, somente a década de admissão apresentou valor de p
menor que 0,25, sendo incluída na análise multivariada.
A distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta à ciclosporina está
descrita na TAB. 20.
Tabela 20: Distribuição das variáveis contínuas de acordo com a resposta à ciclosporina
Variáveis contínuas CsA-sensíveis
N = 22
CsA-resistentes
N = 5
p #
Idade início dos sintomas (anos)
2,8 (2,0 – 6,4)* 12,4 (2,9 – 13,5)* 0,146
Idade à admissão (anos)
4,7 (2,9 – 8,3)* 12,8 (6,3 – 13,8)* 0,129
Creatinina à admissão (mg/dL)
0,5 (0,3 – 0,8)* 0,5 (0,5 – 1,1)* 0,284
Clearence de creatinina admissão
(mL/min/1,73m
2
)
135.9 (89,2 – 166,7)* 110,7 (94,5– 153,5)* 0,786
P24h / SC
2,2 (1,1 – 4,4)* 5,6 (4,6 – 13,6)* 0,045
P24h pré administração de CsA
2,1 (0,9 – 4,4)* 6,7 (5,6 – 9,1)* 0,022
Idade do uso CsA (anos)
10,2 (5,6 – 12,4)* 13,3 (7,2 – 16,4)* 0,232
Tempo entre início de corticóide e
prescrição de CsA (meses)
116,1 (50,8 – 204,4)* 18,2 (7,9–216,3)* 0,411
# Mann-Whitney
*Mediana (P25 – P75)
P24h/SC: proteinúria em urina de 24 horas (g) por superfície corpórea
SC: superfície corpórea
A proteinúria 24 horas por superfície corpórea à admissão (0,045) e a proteinúria
logo antes da administração da ciclosporina (p=0,022) foram as únicas variáveis que
apresentaram associação com a resposta à ciclosporina na análise univariada. As variáveis idade
de início dos sintomas, idade à admissão no serviço e idade ao uso da ciclosporina apresentaram
p < 0,25 e foram incluídas na análise multivariada.
Os dados histopatológicos foram estratificados de acordo com a resposta à
ciclosporina, conforme a TAB. 21.
35
Tabela 21: Dados histopatológicos relacionados à resposta à ciclosporina
Parâmetros
histopatológicos
CsA-sensíveis CsA-resistentes p #
Idade à biópsia (anos) 5,6 (3,7 – 11,5)* 13,3 (6,5 – 14,3)* 0,261
Percentual de glomérulos
totalmente esclerosados
13,3% (5,8% - 22,6%)* 16,7% (2,4% - 25%)*
0,759
Percentual de glomérulos
com esclerose segmentar
14,3% (12,9% - 21,5%)* 16,7% (4,9% - 40,3%)*
0,619
Localizão da esclerose
segmentar
lo vascular: 85,7%
lo tubular: 14,3%
lo vascular: 100%
lo tubular: 0%
0,369
Forma da lesão
clássica: 76,2%
colapsante: 23,8%
clássica: 80%
colapsante: 20%
0,856
Lesão interstício-tubular 0:4,8%/+:61,9%/++ :33,3% 0:0%/ +: 80% / ++:20% 0,714
Lesão vascular 0:66,6%/ +:28,6% / ++: 4,8 0:80%/ +: 20% / ++: 0% 0,798
IMFD – IgM
negativo: 95,2%
positivo: 4,8%
negativo: 100%
positivo: 0%
0,619
IMFD – C’3
negativo: 95,2%
positivo: 4,8%
negativo: 100% positivo:
0%
0,619
IMFD – outros
negativo: 81%
positivo: 19%
negativo: 80%
positivo: 20%
0,961
Matriz mesangial
sem alterações: 14,2%
focal: 61,5%
leve: 9,5%
moderada / intensa: 4,8%
Sem alterações: 20%
focal: 80%
leve: 0%
moderada / intensa: 0%
0,840
Celularidade mesangial
sem alterações: 14,3%
focal: 76,2%
leve: 9,5%
moderada / intensa: 0%
Sem alterações: 20%
focal: 80%
leve: 0%
moderada / intensa: 0%
0,752
Fibrose intersticial
sem alterações: 42,9%
focal: 42,9%
leve: 14,2%
moderada/ intensa: 0%
Sem alterações: 40%
focal: 60%
leve: 0%
moderada/intensa: 0%
0,613
Atrofia tubular
sem alterações: 42,9%
focal: 38,1%
leve: 9,5%
moderada/intensa: 9,5%
Sem alterações: 40%
focal: 60%
leve: 0%
moderada/intensa: 0%
0,701
Envolvimento vasos
sangüíneos
sem alterações: 66,7%
focal: 33,3%
leve: 0%
moderada / intensa: 0%
Sem alterações: 80%
focal: 20%
leve: 0%
moderada / intensa: 0%
0,562
*Mediana (P25 – P75)
+ leve
++ moderada
+++ intensa
IMFD: imunofluorescência direta
IgM: imunoglobulina M
C’3: fração 3 do complemento
36
Nenhuma das alterações histopatológicas apresentou relação com a resposta à
ciclosporina.
Após ajustamento pelo modelo de regressão logística, apenas a proteinúria de 24
horas à admissão permaneceu significativamente associada à resposta à ciclosporina. A idade à
admissão no serviço apresentou tendência à associação (TAB. 22).
Tabela 22: Modelo multivariado baseado nas variáveis à admissão (n=27)
Variável Coeficiente
Erro-
padrão
OR IC95% p#
Proteinúria 24h admissão / SC 0,25 0,12 1,3 1,01 – 1,06 0,037
Idade à admissão no GRIM 0,227 0,123 1,26 0,986 – 1,60 0,065
SC: superfície corpórea
5.5. Fatores preditores da resposta à pulsoterapia com metilprednisolona
Foram submetidos à pulsoterapia com metilprednisolona 16 pacientes, sendo 81%
deles córtico-resistentes iniciais. Sete apresentaram remissão parcial ou completa (43,8%). Não
houve diferença estatística entre os córtico-resistentes e córtico-sensíveis para a resposta à
pulsoterapia (TAB. 23).
Tabela 23: Resposta à pulsoterapia com metilprednisolona
Sensibilidade inicial
ao corticóide
Resposta à pulsoterapia
p #
Remissão completa ou
parcial
N (%)
o-
resposta
N (%)
Total
N (%)
0,550
rtico-sensível 2 (12,5%) 1 (6,2%) 3 (18,7%)
rtico-resistente 5 (31,3%) 8 (50%) 13 (81,3%)
Total 7 (43,8%) 9 (56,2%) 16 (100%)
# Qui-quadrado
Houve grande variação na administração da pulsoterapia com metilprednisolona nos
pacientes. Alguns deles usaram por curto período de tempo, enquanto outros completaram o
protocolo de Mendoza, o que impossibilitou a análise da resposta a esse tratamento.
37
A mediana do tempo entre o início dos sintomas e a prescrição da pulsoterapia foi de
4,2 anos (1,5–5,8) e a mediana de tempo de uso de metilprednisolona foi de 81,1 semanas
(59,2–140).
5.6. Tacrolimus e micofenolato mofetil
Quatro pacientes deste estudo fizeram uso de micofenolato mofetil (MMF). Todos eram
inicialmente rtico-resistentes e não apresentaram remissão com ciclosporina. Entre eles,
apenas um apresentou remissão com o uso de MMF e outro apresentou redução parcial da
proteinúria.
O tacrolimus foi prescrito para quatro pacientes. Dois deles haviam usado MMF
sem resposta. Nenhum apresentou remissão com tacrolimus, mas três deles tiveram redução
parcial da proteinúria.
5.7. Uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA)
Os IECAs foram usados por 65 pacientes. A redução da proteinúria foi observada
em 27 (41,5%) casos. No entanto, alguns destes estavam em uso concomitante de outros
imunossupressores, o que impediu de atribuir a redução da proteinúria somente ao IECA.
5.8. Evolução dos pacientes ao longo do seguimento
As características dos pacientes avaliados à admissão no serviço foram analisadas de
forma contínua ao longo do seguimento. No momento da última evolução, as variáveis
mostraram diferenças em relação à admissão.
Dos 53 pacientes hipertensos à admissão, 16 tornaram-se normotensos sem
necessidade de uso de anti-hipertensivos. No entanto, 21 (35%) que eram normotensos à
admissão desenvolveram hipertensão arterial.
Ao longo do seguimento, 11 pacientes (9,7%) foram transferidos para outros
serviços e 23 (20,3%) abandonaram o tratamento (perda); 25 (22,1%) evoluíram com piora da
função renal, sendo que três continuam em tratamento conservador, dois abandonaram o
serviço, 10 (8,8%) encontram-se em tratamento hemodialítico e apenas um em diálise
peritoneal. Quatro (3,5%) dos que estavam em hemodiálise foram transplantados. Oito (7%)
faleceram, cinco deles (4,4%) com doença renal terminal: um em diálise peritoneal (CAPD),
38
dois em hemodiálise e dois em tratamento conservador. A FIG. 1 mostra esquematicamente
essa evolução.
113 PACIENTES
IRC = 25
CONSERVADOR
= 7 CAPD = 2 HD = 16
PERDA = 2
ÓBITO = 2
CONTROLE
AMBULATORIAL = 3
ÓBITO = 1 TX = 4
ÓBITO = 2
SEM IRC = 88
PERDA = 21
TRANSFERIDOS
= 11 ÓBITO = 3
CONTROLE
AMBULATORIAL = 53
HD = 10
113 PACIENTES
IRC = 25
CONSERVADOR
= 7 CAPD = 2 HD = 16
PERDA = 2
ÓBITO = 2
CONTROLE
AMBULATORIAL = 3
ÓBITO = 1 TX = 4
ÓBITO = 2
SEM IRC = 88
PERDA = 21
TRANSFERIDOS
= 11 ÓBITO = 3
CONTROLE
AMBULATORIAL = 53
HD = 10
Figura 1: Evolução dos pacientes ao longo do seguimento.
Ainda 53 pacientes (47%) em acompanhamento no serviço de nefrologia
pediátrica com função renal preservada; 16 estão sem medicação e em remissão da doença e 11
fazem uso somente de IECAs. Na última avaliação clínica, 16 estavam em uso de prednisona,
10 em uso de ciclosporina e um usava ciclofosfamida. Dois pacientes estavam em uso de MMF
e um em uso de tacrolimus (GRÁF. 1).
39
sem medicação
29%
prednisona
23%
CFM
2%
CsA
19%
IECA
21%
MMF
4%
tacrolimus
2%
Gráfico 1: Tratamento atual dos pacientes em controle no serviço (n=53).
5.9. Análise de sobrevida
A sobrevida renal considerada clearence de creatinina superior a 50 mL/min/1,73m
2
foi significativamente maior no grupo de pacientes córtico-sensíveis, sendo de 93,6% em cinco
anos, 92% em nove anos e 75% em 20 anos. Nos córtico-resistentes, a sobrevida renal foi de
76% em cinco anos e 58% em 10 anos (p=0,0002 - log rank).
40
tempo de seguimento (anos)
302520151050
sobrevida renal
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
córtico-sensíveis
córtico-resistentes
p = 0,0002
Gráfico 2: Sobrevida renal de acordo com a resposta ao corticóide.
5.9.1.Influência do uso da ciclofosfamida na sobrevida renal
A sobrevida renal foi melhor nos pacientes que apresentaram resposta à
ciclofosfamida (96% em dois anos e 77% em 17 anos), em relação aos que não responderam
(95% aos dois anos e 42% aos 11 anos).
tempo de seguimento (anos)
302520151050
sobrevida renal
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CFM sensíveis
CFM resistentes
p = 0,0002
Gráfico 3: Sobrevida renal de acordo com reposta à ciclofosfamida.
41
Entre os pacientes córtico-resistentes, aqueles que responderam parcialmente ou
entraram em remissão com ciclofosfamida não evoluíram para doença renal terminal. Os que
não responderam ao tratamento com ciclofosfamida apresentaram sobrevida renal de 90% em
cinco anos e 30% em 11 anos (GRÁF. 4).
tempo de seguimento (anos)
20181614121086420
sobrevida renal
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CFM senveis
CFM resistentes
p = 0,031
Gráfico 4: Sobrevida renal dos pacientes córtico-resistentes de acordo com a resposta à
ciclofosfamida.
42
Entre os pacientes córtico-sensíveis, a resposta à ciclofosfamida também esteve
relacionada à maior sobrevida renal, sendo 75% em 17 anos para aqueles que entraram em
remissão, 78% em sete anos para os que apresentaram resposta parcial e 63% em nove anos
para os que não apresentaram resposta (GRÁF. 5).
tempo de seguimento (anos)
302520151050
sobrevida renal
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
não resposta CFM
resposta parcial CFM
resposta total CFM
p = 0,035
Gráfico 5: Sobrevida renal de pacientes córtico-sensíveis de acordo com a resposta à
ciclofosfamida.
43
5.9.2.Influência da resposta à ciclosporina na sobrevida renal
A sobrevida renal foi de 86% em nove anos para os pacientes que responderam à
ciclosporina e apenas 25% em três anos para os que não responderam (GRÁF. 6).
tempo de seguimento (anos)
20181614121086420
sobrevida renal
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
CSA sesíveis
CSA resistentes
p = 0,0002
Gráfico 6: Sobrevida renal de acordo com a resposta à ciclosporina.
44
6. DISCUSSÃO
A glomeruloesclerose segmentar e focal é a doença glomerular primária que mais
freqüentemente leva à doença renal crônica terminal (DRCT) na criança. Cerca de 40 a 80% dos
pacientes não respondem à terapia com corticóides e apresentam risco mais elevado de
progressão para DRCT. Nesses pacientes, a indução de remissão completa ou parcial da
proteinúria por outros agentes imunossupressores pode melhorar ou manter estável a função
renal (THOMAS, 2006; TROYANOV et al., 2005).
O presente estudo consistiu na avaliação de parâmetros clínicos, laboratoriais e de
biópsia renal associados à resposta ao tratamento em crianças e adolescentes portadoras de
GESF, atendidas na Unidade de Nefrologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Minas Gerais (UNP–HC–UFMG).
A Unidade de Nefrologia Pedtrica do HC-UFMG funciona como um centro de
referência para crianças com doenças renais, recebendo pacientes de todo o estado de Minas
Gerais e de outros estados do Brasil.
Vários pacientes desta casuística iniciaram tratamento do primeiro episódio de SN
em suas regiões de origem e foram encaminhados para o serviço quando apresentaram resposta
desfavorável indicando não se tratar de glomerulonefrite por lesões mínimas. Somam-se ainda
as dificuldades financeiras, de transporte e culturais de residentes em cidades no interior de
Minas Gerais, que contribuem para a demora do atendimento especializado das crianças que são
encaminhados após primeira avaliação na cidade de origem. Esses fatores possivelmente
explicam a diferença entre a idade do início dos sintomas nefróticos e a idade à admissão no
serviço.
Apesar do encaminhamento mais tardio dos pacientes, a grande maioria (84%) foi
admitida no serviço com função renal preservada e clearence de creatinina superior a 70
mL/min/1,73m
2
. A creatinina sérica e o clearence de creatinina calculado pela fórmula de
Schwartz (SCHWARTZ et al., 1976; SCHWARTZ; GAUTHIER, 1985) à admissão no serviço
não mostraram relação com a resposta aos esquemas imunossupressores (corticoterapia - TAB.
4; ciclofosfamida - TAB. 12; ciclosporina - TAB. 20). Em estudo realizado em adultos, Rydell
et al. (1995) mostraram que um aumento na creatinina sérica no início do tratamento estaria
relacionado à progressão para doença renal terminal, fato não confirmado no presente estudo.
Apesar da hipertensão arterial (HA) ser, reconhecidamente, um fator de risco para a
progressão das doenças renais (FOGO, 2007), no presente estudo a HA à admissão não foi uma
45
variável relacionada à resposta terapêutica ou ao prognóstico (TAB. 3, 11, 19). A prevalência de
HAS à admissão era de 46,9% e no final do estudo de 53,1%. No entanto, dos 53 pacientes
hipertensos à admissão, 16 tornaram-se normotensos, o que levou à suspensão da administração
de anti-hipertensivos, enquanto 21 (35%) que eram normotensos à admissão desenvolveram
hipertensão arterial.
Outras publicações também não destacam hipertensão arterial como fator de risco
para pior prognóstico (ABEYAGUNAWARDENA et al.; 2007; PAIK et al., 2007;
SOUTHWEST PEDIATRIC NEPHROLOGY STUDY GROUP, 1985). Todos os hipertensos
receberam terapia anti-hipertensiva, com o uso preferencial de IECA ou bloqueadores do
receptor da angiotensina (BRA), mas também foi usada nifedipina e, com menos freqüência, os
demais anti-hipertensivos. É possível que o controle da pressão arterial dos pacientes com os
medicamentos anti-hipertensivos tenha contribuído para que esta variável não se associasse à
pior resposta terapêutica e/ou prognóstico.
Tem sido observado que crianças que desenvolvem GESF são mais velhas que
aquelas com síndrome nefrótica por lesões mínimas (SNLM). Boyer, Moulder e Somers (2007),
em estudo realizado com 193 crianças, sendo 48 delas (24,9%) portadoras de GESF e 145
portadoras de SNLM - todos os diagnósticos confirmados por biópsia renal - mostraram
mediana de idade de início dos sintomas de 2,9 anos na SNLM e de 5,7 anos na GESF. Esse
mesmo estudo evidenciou também maior idade de início dos sintomas nos pacientes córtico-
resistentes (7,7 + 5,2 anos) em comparação aos córtico-sensíveis (4,7 + 3,3 anos; p=0,07).
Os dados da literatura relatam que cerca de 60 a 80% das crianças tiveram o
primeiro episódio de SN abaixo de seis anos de idade. Aproximadamente 79,6% dos pacientes
com diagnóstico de SNLM e 50% dos pacientes portadores de GESF tinham menos de seis anos
ao início dos sintomas. A idade média ao diagnóstico foi de três anos para SNLM e seis anos
para GESF. O aumento na idade diminuiu a probabilidade do diagnóstico de SNLM e aumentou
a probabilidade de GESF (ISKDC, 1978; SOROF et al., 1998).
No presente estudo, embora todos os pacientes tivessem o diagnóstico de GESF, a
idade de início dos sintomas foi uma das variáveis implicadas na resposta à corticoterapia, com
valor p=0,231 na análise univariada e p=0,034 na análise multivariada (intervalo de confiança -
IC 95%: 1,101-1,269 TAB. 4 e 6). Para cada aumento de um ano na idade de início dos
sintomas da síndrome nefrótica, ocorreu redução de aproximadamente 3% na chance de
resposta à corticoterapia (TAB. 7). Este dado é compatível com os publicados na literatura, que
evidenciaram relação entre maior idade e córtico-resistência. A idade do início dos sintomas
não apresentou relação com a resposta à ciclofosfamida e, para a resposta à ciclosporina, a
46
idade foi uma variável com tendência à associação estatística (p=0,065) na análise multivariada
(TAB. 22). No entanto, com um número mais alto de pacientes tratados com ciclosporina, a
resposta terapêutica provavelmente se associará com a idade de início dos sintomas.
A hematúria na síndrome nefrótica varia de acordo com o diagnóstico etiológico.
Segundo dados do ISKDC (1978), hematúria acima de 100.000 células/m
2
/h em primeira
amostra de urina matinal ocorreu em 22,7% dos pacientes com SNLM, 48,4% dos pacientes
com GESF e 58,8% dos pacientes com glomerulonefrite membrano-proliferativa. A presença de
hematúria é universalmente aceita como fator de risco para diagnóstico de GESF, mas não tem
sido apontada como fator de pior prognóstico (ABEYAGUNAWARDENA et al., 2007; EDDY;
SYMMONS, 2003; PAIK et al., 2007; SOUTHWEST PEDIATRIC NEPHROLOGY STUDY
GROUP, 1985).
Huang et al. (2004) verificaram que crianças portadoras de GESF com
hipercelularidade mesangial apresentaram hematúria mais freqüentemente. No presente estudo,
a existência de hematúria à admissão foi uma das variáveis implicadas na resposta à
corticoterapia, com valor de p<0,001 na análise univariada e p=0,001 na análise multivariada
(IC 95%: 1,711-9,02; TAB. 3 e 6). A existência de hematúria à admissão associou-se à redução
na chance de resposta ao corticóide em cerca de 30% para crianças da mesma idade (TAB. 7),
mas não foi associada às respostas à ciclofosfamida e ciclosporina.
A proteinúria à admissão mais baixa associou-se à melhor resposta tanto à
corticoterapia quando à ciclosporina no presente estudo. No caso da corticoterapia, a proteinúria
de 24 horas à admissão foi significativamente associada à resposta na análise univariada (TAB.
4), enquanto para o tratamento com ciclosporina a proteinúria de 24 horas mais baixa foi
relacionada à resposta, inclusive na análise multivariada (TAB. 20 e 22). No entanto, a relação
entre resposta ao tratamento e a proteinúria em urina de 24 horas não foi descrita em outros
trabalhos. É possível que o fato de os pacientes terem sido tratados inicialmente fora do serviço
e encaminhados quando apresentaram resultado desfavorável possa ter influenciado esta
variável. Alguns pacientes córtico-sensíveis ou córtico-dependentes podem ter sido admitidos
com proteinúria mais baixa que os córtico-resistentes. Uma vez que a resposta à ciclosporina foi
relacionada à resposta ao corticóide, o mesmo deve ter ocorrido na análise da relação entre
proteinúria e resposta à CsA.
47
6.1. Resposta à corticoterapia
O início do uso de corticóides no tratamento da síndrome nefrótica na década de
1950 resultou em resolução da proteinúria em diversos pacientes, com redução na mortalidade
de 67% no período pré-corticóide para aproximadamente 9% (ARNEIL; LAM, 1966).
Apesar da corticoterapia ser considerada de primeira linha para os pacientes com
GESF, a literatura mostra índice de remissão completa de apenas 30% (EDDY; SYMONS,
2003; ISKDC, 1981). Ainda assim, a resposta favorável à corticoterapia é considerada fator de
bom prognóstico, mesmo quando uma resposta inicial é seguida de córtico-resistência após
recidivas freqüentes (GIPSON et al., 2007). A córtico-sensibilidade é um importante fator
preditor de sobrevida renal para pacientes com GESF, sendo que aqueles que atingem remissão
da proteinúria têm desfecho semelhante aos pacientes com SNLM (MEYRER, 2004). No
presente estudo, os pacientes córtico-sensíveis também apresentaram melhor preservação da
função renal em relação aos córtico-resistentes, com sobrevida renal (considerada como
clearence de creatinina superior a 50 mL/min/1,73m
2
) de 93,6% para os córtico-sensíveis e de
76% para osrtico-resistentes em cinco anos (p=0,0002; GRÁF. 2).
De acordo com o ISKDC (1981), 78,1% das crianças com síndrome nefrótica
exibiram resposta à prednisona após oito semanas de uso, mas apenas 29,7% dos pacientes com
GESF foram córtico-sensíveis.
Em estudo realizado pelo Southwest Pediatric Nephrology Study Group (1985) com
75 crianças portadoras de GESF, entre as 56 que receberam corticóides, apenas 16 (28,6%)
tiveram remissão da proteinúria. Nesse estudo, a resposta ao corticóide não foi fator de melhor
prognóstico para os pacientes. Em revisão de 12 trabalhos incluindo 378 crianças portadoras de
GESF com média de seguimento de 5,8 anos e dados coletados por período superior a 20 anos,
71% das crianças não apresentaram resposta, 3% resposta parcial e apenas 25% tiveram
remissão completa da proteinúria em resposta à corticoterapia, administrada de acordo com as
recomendações do ISKDC (KORBET; SCHWARTZ; LEWIS, 1994). Estudo recente realizado
em Boston (EUA) relata córtico-sensibilidade em apenas 24% dos pacientes portadores de
GESF (BOYER; MOULDER; SOMERS, 2007).
Todos os pacientes do presente estudo receberam corticoterapia. Verificou-se que 42
(37,2%) entraram em remissão, 25 (22,1%) apresentaram resposta parcial e 46 (40,7%) não
responderam e foram considerados córtico-resistentes. Os córtico-sensíveis foram submetidos à
biópsia renal porque apresentaram recidivas freqüentes ou porque se tornaram córtico-
dependentes de altas doses de corticóides ou córtico-resistentes durante o seguimento. O
48
percentual de resposta dos pacientes à corticoterapia foi superior ao da maioria dos estudos e
comparável somente com a pesquisa canadense, que mostrou remissão em 42% dos pacientes
(CATTRAN; RAO, 1998). Dois outros trabalhos realizados no Brasil com portadores de GESF
descreveram córtico-sensibilidade de 25,3% no estudo paulista (ANDRADE et al., 2006) e de
35,2% no estudo baiano (MARTINELLI et al., 2004).
Ponticelli et al. (1999) obtiveram resposta completa ou parcial da proteinúria e
estabelailizão da função renal em cerca de 70% dos pacientes ao aumentarem o tempo de
tratamento com corticóides para 16 a 75 semanas de uso. Outros autores também referiram
melhor resposta (30 a 60%) com a corticoterapia prolongada (AGARWAL et al., 1993; BANFI
et al., 1991; KORBET; SCHWARTZ; LEWIS, 1994; PEI et al., 1987; TROYANOV et al.,
2005).
A corticoterapia prolongada vem sendo considerada importante tanto na indução
como na manutenção de remissão da proteinúria. O tempo médio para remissão da síndrome
nefrótica, quando ocorre, é de três a quatro meses ou até seis meses após o início da
corticoterapia. Portanto, os estudos com pacientes portadores de SN córtico-resistente em
adultos recomendam prolongar por quatro a seis meses o tempo de tratamento com corticóides
para definir-se a sensibilidade à medicação (PONTICELLI et al., 1999; THOMAS, 2006).
No presente estudo, por se tratar-se de análise retrospectiva que incluiu pacientes
desde a década de 1970, a maioria usou o esquema clássico do ISKDC (1978) e poucos usaram
corticoterapia prolongada antes de serem considerados córtico-resistentes.
Como descrito na literatura, também na presente pesquisa os pacientes córtico-
sensíveis apresentaram sobrevida renal superior à dos pacientes córtico-resistentes (GRAF. 2),
reforçando o conceito de que a córtico-sensibilidade total ou parcial é o parâmetro mais
importante relacionado à sobrevida renal.
6.2. Resposta à ciclofosfamida
A ciclofosfamida tem sido usada em crianças com síndrome nefrótica desde a
década de 1950. As indicações para seu emprego são córtico-dependência e recidivas freqüentes
em pacientes córtico-sensíveis, enquanto para pacientes córtico-resistentes não parece trazer
grande benefício (MEYRIER, 2004).
O ISKDC publicou investigação realizada entre junho de 1974 e junho de 1980, com
60 crianças portadoras de GESF córtico-resistente. Dessas crianças, 25 foram tratadas somente
com prednisona (40 mg/m
2
) em dias alternados e outras 35 com o mesmo esquema de
49
prednisona, associada a 2,5 mg/kg diários de ciclofosfamida por 90 dias. Durante o período de
um ano de seguimento não houve diferença estatística entre o grupo que usou somente
prednisona e o que usou prednisona + ciclofosfamida, no que diz respeito à redução da
proteinúria e sobrevida renal. Os autores concluíram não haver benefício no uso de
ciclofosfamida para pacientes portadores de GESF córtico-resistentes (TARSHISH et al.,
1996).
Abeyagunawardena et al. (2007) administraram ciclofosfamida como o primeiro
agente citotóxico em 51 crianças córtico-resistentes e obtiveram remissão em 22 (43,1%). A
duração dessa remissão variou de oito a 78 meses, com média de 46 meses. Segundo os autores,
esta resposta satisfatória à CFM em crianças córtico-resistentes justificou o emprego da droga
nesse grupo.
Martinelli et al. (2004) estudaram 30 pacientes córtico-sensíveis com recidivas
freqüentes e córtico-resistentes (adultos e crianças). Metade dos pacientes recebeu somente
prednisona e a outra metade prednisona + CFM, de acordo com o esquema preconizado pelo
ISKDC (TARSHISH et al., 1996). Remissão completa ou parcial foi observada em 35,2% dos
que usaram somente prednisona e 46,7% dos que fizeram o uso da terapia mista. Quando
analisados separadamente, a remissão nos córtico-resistentes foi de apenas 33,3% ao usarem
terapia mista. A persistência de proteinúria nefrótica e a progressão para doença renal crônica
foram observadas com mais freqüência no grupo que não usou CFM. Os autores concluíram
que a ciclofosfamida associada à prednisona é uma alternativa para o tratamento de pacientes
portadores de GESF primária córtico-resistente. No entanto, esses resultados devem ser
confirmados com estudos controlados usando CFM e placebo (MARTINELLI et al., 2004).
Avaliação feita em Seoul, na qual 48 pacientes córtico-resistentes foram submetidos
a curso de ciclofosfamida associada à prednisona por oito semanas, verificou remissão completa
em 20% e parcial em 4,2% dos casos. Notou-se melhor resposta à ciclofosfamida em pacientes
que eram inicialmente córtico-sensíveis (41,2%) e se tornaram córtico-resistentes ao longo do
seguimento do que naqueles que eram córtico-resistentes desde o início (9,7%) - (PAIK et al.,
2007). Estes resultados foram confirmados pela presente casuística que também detectou uma
melhor resposta à CFM em pacientes inicialmente córtico-sensíveis que se tornaram resistentes
ao longo do seguimento, sugerindo, mais uma vez, que a córtico-sensibilidade, mesmo
transitória, é um fator muito importante, determinante de melhor resposta às terapias
alternativas, assim como melhor sobrevida renal.
50
Geary et al. (1984) obtiveram resposta completa ou parcial em 60% de 29 crianças
córtico-resistentes que fizeram uso de ciclofosfamida, além de menor incidência de doença
renal terminal entre aqueles que responderam ao tratamento.
No serviço de Nefrologia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo, 39,5% dos 96
pacientes portadores de GESF que fizeram uso de ciclofosfamida alcançaram remissão, sendo
que 30,2% mantiveram remissão sustentada (ANDRADE et al., 2006).
Nesta análise, 84 (74,3%) pacientes fizeram uso de ciclofosfamida; 58 deles (69%)
exibiram resposta parcial ou remissão completa (TAB. 8). Em acordo com os dados da
literatura, esta resposta, ainda que parcial, contribuiu para a melhor preservação da função renal
tanto em pacientes córtico-sensíveis quanto nos córtico-resistentes (GRÁF. 3, 4, 5). Entre os
córtico-resistentes iniciais, 11 (33,3%) tiveram remissão e seis (18,2%) responderam
parcialmente à CFM (TAB. 9). Na análise da resposta à ciclofosfamida, de acordo com a
córtico-sensibilidade no momento da prescrição da droga, 12 dos pacientes córtico-resistentes
(28,6%) apresentaram remissão e sete (16,6%) resposta parcial (TAB. 10). O percentual de
resposta observado foi superior aos descritos na literatura.
A sensibilidade ao corticóide foi o único fator preditor de melhor resposta à
ciclofosfamida. A porcentagem de resposta completa ou parcial à CFM entre os córtico-
sensíveis foi de 80,4%, enquanto entre os córtico-resistentes foi de 51,5% (TAB. 8 - p=0,005).
Os pacientes com córtico-resistência inicial apresentaram chance 3,8 vezes maior de não
responderem à ciclofosfamida, enquanto os córtico-resistentes no momento da prescrição de
CFM tiveram chance de 15,7 vezes maior de não responderam ao tratamento (TAB. 14),
reforçando o conceito de que o benefício maior do uso de CFM é para pacientes que
responderam ao corticosteróide. Um número significativo de pacientes fez uso de
ciclofosfamida; as complicações decorrentes do seu uso foram pouco freqüentes e os resultados
foram satisfatórios, condições que justificaram o emprego deste medicamento para o tratamento
da GESF nos pacientes aqui analisados.
Também a sobrevida renal dos pacientes com resposta à ciclofosfamida foi melhor
do que as dos que não responderam (GRAF. 3). Entre os córtico-resistentes, os com resposta
parcial ou que apresentaram remissão com ciclofosfamida não evoluíram para doença renal
terminal (GRAF. 4). Menor progressão para doença renal terminal em pacientes que respondem
à ciclofosfamida é descrita também por outros autores (TUNE; KIRPEKAR; SIBLEY, 1995).
Portanto, o estudo atual reforça as observações de que a resposta ao corticóide, assim como à
ciclofosfamida, modifica o prognóstico dos pacientes com síndrome nefrótica por GESF.
51
6.3. Resposta à ciclosporina
A ciclosporina é um inibidor de calcineurina usado desde a década de 1980 para
tratamento imunossupressor de pacientes submetidos a transplante de órgãos. Seu emprego na
SN é baseado em sua ação nos seguintes mecanismos: efeito sobre as células T, inibindo a
produção de interleucina 2, a proliferação de células T citotóxicas e a ativação de linfócitos B;
na indução de vasoconstrição glomerular que resultaria em redução da proteinúria por
alterações hemodinâmicas, mas que potencializa a nefrotoxicidade (ZIETSE et al. 1992).
A ciclosporina é o imunossupressor de maior importância no tratamento da
síndrome nefrótica córtico-resistente (PONTICELLI et al., 1993). A CsA vem sendo usada em
pacientes com síndrome nefrótica nas últimas duas décadas, induzindo remissão da proteinúria
em cerca de 50 a 100% dos casos (CATRAN et al., 1999; SÜMEGI et al., 2008). Uma resposta
favorável à terapia com ciclosporina, mesmo com recidivas posteriores, é relacionada a melhor
prognóstico, assim como ocorre com a corticoterapia (CATTRAN et al., 1999). Além de manter
remissão sustentada, a CsA permite a redução da exposição ao corticóide nos pacientes córtico-
sensíveis (DURKAN et al., 2001).
O uso da ciclosporina por curto período de tempo (seis meses) está associado, após a
suspensão da droga, a recidivas freqüentes. Ishikura et al. (2008) mostraram que o tratamento
com ciclosporina por seis meses iniciais mantendo nível sérico entre 80 e 100 ng/mL, seguido
de 18 meses de tratamento com ajuste de dose para manter o nível sérico de CsA entre 60 e 80
ng/mL, ocasionou menos recidivas e porém mais hialinose arteriolar (embora leve) quando
comparado ao tratamento com 2,5 mg/kg/dia sem ajuste da dose pelo nível sérico, pelos 18
meses subseqüentes.
A resposta à ciclosporina é estreitamente relacionada à córtico-sensibilidade. A
remissão completa com uso de ciclosporina em pacientes com GESF córtico-sensíveis chega a
73% e a resposta parcial a 7%, enquanto para pacientes córtico-resistentes a remissão ocorre em
29% e a resposta parcial em 22% (KORBET, 2002). Shatat et al. (2007) encontraram resposta à
ciclosporina em apenas 22,2% das crianças córtico-resistentes e 100% das córtico-dependentes
em sua casuística composta de 16 crianças portadoras de GESF.
Tejani, Suthanthiran e Pomrantz (1991) realizaram estudo randomizado com 28
crianças distribuídas em dois grupos: um tratado com ciclosporina e baixas doses de prednisona
e outro apenas com altas doses de prednisona (ambos tratados por oito semanas). Das 14
crianças que receberam a terapia combinada, 13 (92,8%) apresentaram remissão contra oito
(57,1%) das 14 do grupo tratado somente com prednisona. Não houve evidências de
52
nefrotoxicidade pela ciclosporina nesses pacientes, nem diferença entre os grupos em relação à
sustentação da remissão.
Estudo duplo-cego realizado por Lieberman e Tejani (1996) em um grupo de 25
crianças portadoras de GESF córtico-resistente ressaltou redução significativa na proteinúria no
grupo que fez uso de ciclosporina (3 mg/kg/dia divididos em duas doses diárias), em
comparação ao grupo que usou placebo. A remissão da proteinúria foi observada em 33,3% dos
pacientes que usaram ciclosporina, com resposta parcial nos demais 66,6% do mesmo grupo.
No grupo placebo, constatou-se resposta parcial em 16%. Nesse estudo o único fator preditor da
resposta à ciclosporina em análise multivariada foram os níveis de colesterol sistêmico antes do
emprego da droga. A ciclosporina é uma droga lipofílica e a hipercoclesterolemia pode levar à
redução de sua biodisponibilidade (LIEBERMAN; TEJANI, 1996).
Avaliação semelhante realizada por Cattran et al. (1999) obteve 70% de remissão
em pacientes córtico-resistentes em terapia combinada de prednisona + ciclosporina, enquanto a
remissão no grupo placebo + prednisona foi de apenas 4%, concluindo que a CsA é um
imunossupressor efetivo no tratamento dandrome nefrótica córtico-resistente.
Recentemente, Sümegi et al. (2008), comparando respostas à terapia ciclofosfamida
e ciclosporina em pacientes portadores de GESF e SNLM inicialmente córtico-sensíveis que se
tornaram córtico-dependentes ou córtico-resistentes, sugeriram que a CFM é tão efetiva quanto
a CsA para manter o paciente em remissão. A remissão parcial ou completa ocorreu em 81,8%
dos que usaram ciclofosfamida e em 93,2% dos que usaram ciclosporina. No final de cinco anos
de seguimento, 66,2% dos que usaram CFM e 66,6% dos que usaram ciclosporina continuaram
em remissão. A remissão sustentada sem recidivas por longo prazo foi mais freqüente no grupo
que usou ciclofosfamida. Esse estudo concluiu que a córtico-sensibilidade inicial foi fator de
bom prognóstico, ainda que os pacientes se tornassem córtico-dependentes ou córtico-
resistentes ao longo do seguimento e necessitassem de terapia alternativa, observação também
confirmada na presente pesquisa.
Segundo Abeyagunawardena et al. (2007), a resposta à ciclosporina em pacientes
córtico-resistentes é de cerca de 40%. Paik et al. (2007) relataram remissão completa em 33,3%
e parcial em 7,4% dos pacientes córtico-resistentes (n=27) submetidos à terapia com CsA. o
foi evidenciada relão entre a resposta inicial ao corticóide e a resposta à ciclosporina. De
acordo com os autores, um curso mais prolongado de corticoterapia e a introdução precoce da
ciclosporina poderiam melhorar o prognóstico dos portadores de GESF córtico-resistente (PAIK
et al., 2007).
53
Entre os 25 pacientes portadores de GESF tratados com ciclosporina na Santa Casa
de São Paulo, a remissão foi observada em 52%, sendo sustentada em apenas 20% (ANDRADE
et al., 2006).
Na presente casuística, 27 crianças fizeram uso de ciclosporina. De acordo com a
sensibilidade ao corticóide no momento da prescrição, a resposta à ciclosporina ocorreu em
100% dos córtico-sensíveis (90% dos córtico-sensíveis iniciais) e em 70,6% dos córtico-
resistentes (75% dos córtico-resistentes iniciais) - (TAB. 7 e 18). A melhor resposta dos
pacientes córtico-sensíveis é concordante com os dados encontrados na literatura, com
tendência à significância estatística nesta análise (p=0,07). A sobrevida renal dos pacientes que
responderam à ciclosporina foi superior à dos que não responderam, reforçando a hipótese de
que uma resposta à ciclosporina, ainda que parcial, é preditora de melhor prognóstico
(p=0,0002; GRAF. 6).
Enquanto a idade à admissão no serviço mostrou apenas tendência à associação com
a resposta à CsA, a proteinúria à admissão foi a única variável relacionada a esta resposta na
análise multivariada, refletindo talvez, a condição de melhor resposta nos pacientes córtico-
sensíveis cuja proteinúria à admissão seria mais baixa em conseqüência de córtico-terapia
prévia (TAB. 22). Outros trabalhos descrevem albumina sérica mais baixa, hipercolesterolemia
e maior idade ao diagnóstico como preditores de pior resposta à CsA (SHATAT et al. , 2007).
A hipercolesterolemia não foi analisada neste estudo.
6.4. Histopatologia
Neste estudo foram analisadas e reclassificadas 110 biópsias renais dos 113
pacientes portadores de glomeruloesclerose segmentar e focal acompanhados na Unidade de
Nefrologia Pediátrica do HC-HFMG no período de 1970 a 2007.
A influência da histopatologia na resposta aos imunossupressores e na sobrevida
renal tem sido motivo de controvérsias entre os diversos autores (ABEYAGUNAWARDENA
et al., 2007; DEEGENS et al., 2008; THOMAS et al., 2006).
Em estudo realizado pelo Southwest Pediatric Nephrology Study Group (1985), um
aumento na porcentagem de esclerose global dos glomérulos esteve relacionada à progressão
para doença renal crônica terminal. Alguns autores enfatizam melhor prognóstico para pacientes
com lesões tip (BEAMAN et al., 1987; D’ÁGATI, 2003) e pior prognóstico para pacientes com
a variante colapsante (SILVERSTEIN; CRAVER, 2007), mas esses dados não foram
observados no presente trabalho.
54
Esta investigação constatou que as variáveis forma da lesão (clássica ou colapsante),
grau de lesão vascular e imunofluorescência direta positiva para IgM e C’3 apresentaram
tendência à associação com a resposta ao corticóide (p<0,25), sendo incluídas na análise
multivariada. No entanto, apenas a variável “grau de lesão vascular” tendeu à significância
estatística, indicando uma pior resposta em pacientes com maior grau de lesão (p=0,056).
Abeyagunawardena et al. (2007) mostraram que as lesões tip e expansão mesangial
foram fatores preditores de melhor resposta à ciclofosfamida, enquanto a presença de lesões de
esclerose segmentar extensas foi associada à pior resposta.
Na análise univariada as variáveis celularidade mesangial, grau de fibrose intersticial, atrofia
tubular e envolvimento de vasos sangüíneos tenderam à associação com a resposta à
ciclofosfamida, com p<0,25. No entanto, nenhuma delas mostrou associação quando testadas
pela análise multivariada.
Nenhuma das alterações histopatológicas associou-se à resposta à ciclosporina. Nesta
pesquisa, as variáveis histológicas não foram preditoras da resposta aos imunossupressores nem
de sobrevida renal. A análise retrospectiva das lâminas de biópsias renais pode ter contribuído
para a redução do poder do estudo, uma vez que os cortes realizados algumas vezes não
permitiram maior detalhamento das lesões.
55
7. CONCLUSÕES
Resposta ao corticóide
Após o uso da prednisona, a remissão completa ou parcial ocorreu em 59% dos
pacientes, superior à resposta descrita na literatura.
A presença de hematúria à admissão e a idade maior ao início dos sintomas estiveram
relacionadas à pior resposta à corticoterapia.
As alterações histológicas encontradas não estiveram relacionadas à resposta à
prednisona.
Resposta à ciclofosfamida
O uso de ciclofosfamida em 84 pacientes (74,3%) associou-se à remissão completa
ou parcial em 69% dos pacientes, também superior aos dados da literatura.
A córtico-sensibilidade inicial foi relacionada à melhor resposta à CFM, resposta
esta 3,8 vezes maior entre os córtico-sensíveis iniciais e 15,7 vezes maior entre os córtico-
sensíveis no momento da prescrição da CFM. Embora a resposta à CFM tenha sido melhor
entre os córtico-sensíveis, 45,2% dos córtico-resistentes apresentaram resposta completa ou
parcial e melhor preservação da função renal que os que não responderam. Estes resultados
permitem sugerir que a ciclofosfamida é uma opção terapêutica para pacientes com GESF
córtico-sensíveis mas também em pacientes córtico-resistentes selecionados.
Resposta à ciclosporina
O uso da ciclosporina em 27 pacientes se associou à remissão em todos os pacientes
córtico-sensíveis e 12 (71%) dos córtico-resistentes. A resposta à ciclosporina foi superior à
resposta à ciclofosfamida, justificando seu emprego como agente de primeira escolha para os
pacientes portadores de GESF córtico-resistentes.
Sobrevida renal
A córtico-sensíbilidade mesmo que transitória se associou com melhor sobrevida
renal. Da mesma forma a resposta à ciclosfosfamida ou ciclosporina também foi relacionada
56
com melhor preservação da função renal quando comparados aos pacientes que não
responderam a nenhum destes tratamentos.
57
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Síndrome nefrótica córtico-resistente é relativamente pouco freqüente na criança,
correspondendo a 10-20% dos casos de síndrome nefrótica na criança.e representa um dilema
terapêutico para o pediatra e o nefrologista pediátrico devido à resposta terapêutica a aos
riscos de progressão para doença renal crônica terminal. O tratamento das crianças com SN
córtico-resistente constitui um problema, sendo dirigido contra alterações imunológicas ainda
pouco conhecidas e inclui o uso de corticosteróide, agentes alquilantes (CFM) ou inibidores da
calcineurina (CsA). Os estudos tem também demonstrado o efeito benéfico anti-proteinúrico
dos inibidores de enzima conversora e do receptor de angiotensina II. A ausência de resposta ao
tratamento sabidamente se associa em médio ou longo prazo, com a perda progressiva da
função renal e conseqüente necessidade de terapia de substituição renal. Os estudos controlados
e randomizados assim como os observacionais incluem uma população heterogênca de
pacientes que reúne pacientes córtico-sensíveis, córtico-resistentes iniciais e tardios, e com
diagnósticos histopatológicos de lesões mínimas e GESF. Em adição, os pacientes com GESF
com rtico-resistência inicial geralmente respondem pior à terapia imunossupressora que
pacientes com lesões mínimas ou córtico-sensibilidade inicial.
A SN córtico-resistente secundária à GESF compreende um grupo heterogêneo de
doenças que poderia explicar as variações de resposta terapêutica. Embora a maioria dos casos
de GESF seja esporádico, casos familiares foram identificado com herança autossômica
recessiva, autossômica dominante ou padrão de herança ainda desconhecido. As formas de
GESF familiar com comprometimento genético parecem ser causadas por alterações estruturais
do podócito ou da barreira de filtração glomerular. Em adição, certas formas de GESF
associadas à presença de mediadores circulantes que alteram a permeabilidade da membrana
glomerular.
Houve avanço no controle da doença, mas ainda longe do ideal, sendo necessários
estudos multicêntricos, randomizados e controlados para estabelecer a terapia mais eficaz no
controle da GESF. As crianças com mutações genéticas deveriam ser excluídas destes estudos,
uma vez que raramente respondem à terapêutica. No entanto, os testes genéticos estão
disponíveis em poucos centros e o custo ainda não permite o seu amplo uso.
A presente casuística foi avaliada por um período de quase 4 décadas e os diversos
esquemas terapêuticos prescritos refletem a dificuldade de se estabelecer uma linha terapêutica
eficaz para o tratamento da GESF. É interessante ressaltar que, apesar das diferenças
58
populacionais no que se refere a carga genética, influências ambientais e culturais o
comportamento clínico foi semelhante aos dados relatados nas diversas séries publicadas na
literatura. Reconhecemos ser fundamental a utilização dos testes genéticos para definir as
populações que realmente se beneficiarão do uso dos diferentes imunossupressores que, apesar
dosrios efeitos colaterais, são eficazes na prevenção da perda da função renal.
59
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66
ANEXOS
67
68
69
APÊNDICE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Seu(ua) filho(a) tem uma doença denominada síndrome nefrótica cuja biópsia renal
mostrou glomeruloesclerose segmentar e focal e está sendo convidado(a) a participar de um
estudo sobre esta doença. Os avanços na área da saúde ocorrem por meio de estudos como este
e, por isso, a participação de seu(ua) filho(a) é importante.
O objetivo desta pesquisa é avaliar a evolução desta doença, visando à melhora no
seu tratamento. Será realizada somente a coleta de dados dos prontuários de pacientes com
diagnóstico de glomeruloesclerose segmentar e focal, sem a necessidade de exames ou
consultas extras. O tratamento de seu(ua) filho(a) continuará normalmente, conforme
determinações do dico-assistente. Caso você concorde com a participação de seu(ua)
filho(a), não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua
vida.
Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa
ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua
participação no estudo, você não receberá nenhum valor em dinheiro nem terá qualquer tipo de
despesa. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado
com um número.
Eu, _______________________________________________, responsável pelo menor
____________________________________________________, li e ouvi o esclarecimento
acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que meu(inha) filho(a) será
submetido(a). A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi
que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha
decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não
terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo.
Eu concordo em participar do estudo.
Belo Horizonte, ____ de ___________ de _____.
_______________________________________
Ass. Responsável pelo menor
______________________________________
Ass. Pesquisador responsável
70
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA ADOLESCENTES E
ADULTOS
Você tem uma doença denominada síndrome nefrótica cuja biópsia renal mostrou
glomeruloesclerose segmentar e focal e está sendo convidado a participar de um estudo sobre
esta doença. Os avanços na área da saúde ocorrem por meio de estudos como este e por isso a
sua participação é importante.
O objetivo desta pesquisa é avaliar a evolução desta doença, visando à melhora no
seu tratamento. O projeto inclui somente a coleta de dados dos prontuários de pacientes com
diagnóstico de glomeruloesclerose segmentar e focal, sem a necessidade de exames ou
consultas extras, continuando normalmente o seu tratamento. Caso você concorde em participar,
não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida.
Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa
ou retirar seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua
participação no estudo, você não recebe qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de
que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua
responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois vo será
identificado com um número.
Eu,______________________________________________________________________,
li e ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a
que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu
entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar
minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado,
que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar do estudo.
Eu concordo em participar do estudo.
Belo Horizonte, ____ de ___________ de _____.
_______________________________________
Ass. Paciente (adulto / adolescente)
______________________________________
Ass. Pesquisador responsável
71
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