Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA - PPGEU
PAULA CHRISTYAN DE MEDEIROS SOUZA
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
CANTEIROS DE OBRAS DE EDIFÍCIOS MULTIPISO NA
CIDADE DO RECIFE/PE
João Pessoa - PB
Setembro – 2007
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
PAULA CHRISTYAN DE MEDEIROS SOUZA
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM
CANTEIROS DE OBRAS DE EDIFÍCIOS MULTIPISO NA
CIDADE DO RECIFE/PE.
Área de Concentração:
Gerenciamento e Reutilização de Resíduos
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Urbana -PPGEU da
Universidade Federal da Paraíba, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA URBANA.
Orientador: Prof. Dr. Aluísio Bráz de Mélo
Co-Orientador: Prof. Dr. Béda Barkokébas Jr.
João Pessoa – Paraíba
Setembro de 2007
ads:
S731g Souza, Paula Christyan de Medeiros.
Gestão de resíduos da construção civil em
canteiros de obras de edifícios multipiso na cidade
de Recife/PE/.Paula Christyan de Medeiros Souza
– João Pessoa,2007
147 p.
Orientador: Aluísio Braz de Melo.
Co-orientador:Béda Barkokébas Júnior.
Dissertação (mestrado) – UFPB/CT
1. Engenharia Urbana. 2. Resíduos da
Construção e demolição (RDC). 3. Indicadores de
Geração de Resíduos(IGR).4. Canteiro de obra -
reciclagem
UFPB/BC. CDU: 711.4(043.2)
PAULA CHRISTYAN DE MEDEIROS SOUZA
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CANTEIROS DE OBRAS
DE EDIFÍCIOS MULTIPISO NA CIDADE DO RECIFE/PE .
Apresentada ao programa de Pós-Graduação em
Engenharia urbana do Centro de Tecnologia da
Universidade Federal da Paraíba, em 28 de
Setembro de 2007.
BANCA EXAMINADORA:
__________________________________________
Prof. Dr. Aluísio Braz de Melo
Orientador
PPGEU/UFPB
__________________________________________
Prof. Dr. Béda Barkokébas Jr.
Co-Orientador
POLI/UPE
__________________________________________
Profa. Dra. Cláudia Coutinho Nóbrega
Examinador Interno
PPGEU/UFPB
__________________________________________
Profa. Dra. Nelma Mirian Chagas de Araújo
Examinador Externo
CEFET/PB
AGRADECIMENTOS
Antes de todos agradeço a Deus por tudo.
Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq pelo
apoio financeiro.
Ao SEBRAE/PE e ao SINDUSCON/PE, pelo apoio financeiro e técnico concedido através do
PROJETO ENTULHO LIMPO/PE.
A Escola Politécnica de Pernambuco da Universidade de Pernambuco pelo apoio técnico.
Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Aluísio Braz de Melo, pela dedicação paciência e
sabedoria dedicadas a mim durante esses dois anos.
Ao meu querido co-orientador, Prof. Béda Barkokébas Júnior, pela colaboração essencial para
este trabalho, pela inteligência dedicada, pela paciência e pelos “puxões de orelha”. Agradeço
também pela confiança e pelos conselhos e orientações desde a iniciação científica.
Ao Prof. Dr. Alexandre Duarte Gusmão, meu primeiro orientador da iniciação científica, pelo
acompanhamento de todas as atividades desenvolvidas, pelas idéias para o melhoramento
deste trabalho, pela competência, inteligência na viabilização de todas as boas idéias e
confiança em mim depositada.
A amiga Fabiana Padilha Carneiro que me reintroduziu no mundo dos resíduos e mostrou que
amizade e confiança são ingredientes perfeitos para o sucesso de qualquer trabalho. Além de
ter papel importantíssimo na realização deste estudo.
Aos integrantes do Grupo de Engenharia Aplicada ao Meio Ambiente AMBITEC, Mariana
Santos de Siqueira, Elias e Thalita, que sem a ajuda deles seria muito mais difícil o
levantamento de todos os dados deste trabalho.
Aos mestrandos em Engenharia Urbana, pelas conversas, pelos trabalhos em grupo, pelos
ensinamentos, especialmente as amigas para toda vida: Aida Pontes de Aquino, Janine
Holmes Gualberto e Patrícia Gigliola.
Aos meus pais, Paulo José de Souza e Tereza Cristina R.M.Souza,pela confiança, pelo amor e
por todo esforço dedicado na minha educação e por sempre acreditarem em mim. Por terem
me ensinado que o mundo é difícil sim, mas que com honestidade, estudo e competência
podemos ir longe.
Ao meu irmão Pablo por sempre acreditar em mim e me mostrar que por pior que seja o
problema, com fé, dedicação e paciência podemos vencê-lo.
A minha avó Maria Rosa pela dedicação com que cuidou de mim em João Pessoa.
Ao meu marido Ariberto Fernandes, por me ajudar a sempre optar pelo melhor caminho e
pelo amor e paciência dedicados.
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CANTEIROS DE OBRAS
DE EDIFÍCIOS MULTIPISO NA CIDADE DO RECIFE/PE
Paula Christyan de Medeiros Souza
RESUMO
Em razão dos diversos impactos ambientais e econômicos causados pelos Resíduos da
Construção e Demolição-RCDs no Brasil, foi criada em 2002 uma Legislação Federal
específica, a Resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
que impõe aos geradores a obrigatoriedade da segregação, reutilização e reciclagem dos seus
resíduos. Posteriormente, foi aprovada em Recife/PE a Legislação Municipal (Lei
17.072/2005, de 03 de janeiro de 2005) para o setor, no qual se estabelecem as diretrizes e
critérios para o programa de gerenciamento de resíduos da construção civil. O objetivo deste
trabalho foi oferecer ao setor da construção civil subsídios para gestão dos seus resíduos nos
canteiros de obra, visando atender as novas exigências legais. Para isto foi planejada,
implantada e monitorada uma proposta de Sistema de Gerenciamento de Resíduos-SGR, em 7
canteiros de obra de edifícios multipiso na cidade do Recife, baseado na metodologia de Obra
Limpa. Concomitantemente realizou-se o levantamento de Indicadores de Geração de
Resíduos-IGR por serviço em 19 canteiros de obras: alvenaria (tijolos), acabamento (gesso em
pasta, placas cerâmicas e argamassa de revestimento interno) e demolição; para que se possa
contribuir nas estimativas mais precisas em relação às quantidades dos RCDs gerados nos
canteiros de obras de Recife/PE. O resultado do estudo mostrou que a implantação do SGR
teve sucesso de 86%, e que foi feita de forma economicamente viável e ambientalmente
correta. Os indicadores mensurados na fase de acabamento das obras foram: argamassa, com
um índice de geração de resíduos de 4,5% ou 0,88kg/m
2
; o gesso, com 5,97kg/m
2
e as placas
cerâmicas, com 5,9% ou 0,90kg/m
2
. Na fase de alvenaria obteve-se um indicador de 12,7% de
perda. Para demolição o indicador de geração de resíduos obtido foi de 907 kg/m
2
.
Palavras-chave: Gestão. Resíduos da construção e demolição RCD. Iindicadores de
geração de resíduos. Segregação. Reciclagem. Canteiro de obra.
MANAGEMENT OF CIVIL CONSTRUCTION WASTE AT SITES OF
RESIDENTIALS BUILDINGS IN THE CITY OF RECIFE.
ABSTRACT
Due to the various environmental and economical impacts caused by the waste
generated in the civil construction and demolition activity in Brazil new specific
federal regulations were set in 2002 by the National Council for the
environment(CONAMA) through Deliberation 307/2002 which turned mandatory
the separation of all types of such waste as well as their recycling and reuse. More
recently, a new bill was put forward in the form of Ordinance Nº17.072/2005 on
January, 3 2005 establishing all the criteria and directions through a set guidelines
for the management of waste at construction sites in order to meet the standards
required by the new law. After conceiving and applying the Waste Management
System (WMS) at seven residential building work sites within the City of Recife it
was possible to obtain the following results analysed through the Obra Limpa
Methodology. In parallel a survey was carried out for the indicators used to measure
the generation of waste (WGI) such as: demolishing, masonry and finish (plaster, tiles
and mortar use). The results showed that the use of the new system had a success rate
of 86% and proved to be both economically and environmentally feasible besides
being legally correct. The indicators measured in the finish phase were: mortar with a
generation of 4,5% or 0,88 kg/sq.meter; plaster with 5.97 kg/sq.meter; and tiles with
5,9% or 0,90 kg/sq.meter. As for the fase of masonry the reading was a 12,7% loss,
and finally for he stage of demolishing the figures were 907 kg/sq.meter.
Key-Words: management; civil construction and demolishing waste - RCD; waste generation
indicators; separation; recycling; sites of residential buildings.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura de gestão dos resíduos, conforme a Resolução nº 307 do CONAMA................................... 21
Figura 2 - Bombonas para acondicionamento inicial dos resíduos........................................................................ 31
Figura 3 - Suportes para Bags em Metal e Madeira .............................................................................................. 32
Figura 4 - Baias móvel e fixa para resíduos .......................................................................................................... 33
Figura 5 - Caçamba estacionária ........................................................................................................................... 33
Figura 6 - Padronização dos adesivos para sinalização ......................................................................................... 34
Figura 7– Fluxograma de Metodologia do Estudo Experimental (pesquisa de campo). ...................................... 41
Figura 8- Treinamento dos operários no canteiro de obra ..................................................................................... 46
Figura 9 - Treinamento dos operários no canteiro de obra .................................................................................... 54
Figura 10 - Notas para a limpeza nos canteiros de obra ........................................................................................ 56
Figura 11- Trecho de escada da Obra “A”: situação inicial antes da implantação da limpeza.............................. 57
Figura 12 - Trecho de escada da Obra “A”: situação final após a implantação da limpeza SGR.......................... 57
Figura 13 - Trecho de escada da Obra “A”: situação inicial antes da implantação da limpeza............................ 57
Figura 14 - Trecho de escada da Obra “A”: situação final após a implantação da limpeza SGR......................... 57
Figura 15 - Trecho do pavimento da Obra “A”: situação inicial antes da implantação da limpeza...................... 58
Figura 16 - Trecho do pavimento da Obra “A”: situação final após a implantação da limpeza (SGR)................ 58
Figura 17 - Serviço de assentamento de tijolos na Obra “A”: situação inicial antes da implantação da limpeza. 58
Figura 18 - Serviço de assentamento de tijolos na Obra “A”: situação final após a implantação da limpeza (SGR)
....................................................................................................................................................................... 58
Figura 19 - Organização na estocagem de materiais na Obra “A”: situação inicial antes da implantação SGR .. 59
Figura 20 - Organização na estocagem de materiais na Obra “A”: situação inicial antes da implantação SGR .. 59
Figura 21 - Pequenos problemas de limpeza nas áreas de circulação dos pavimentos anteriormente à
implantação do SGR na obra B: situação inicial da limpeza ......................................................................... 59
Figura 22 - Pequenos problemas de limpeza no térreo anteriormente à implantação do SGR na obra B: situação
inicial da limpeza........................................................................................................................................... 59
Figura 23 - Pavimento da Obra “B”: situação inicial antes da implantação da SGR............................................ 60
Figura 24 - Pavimento da Obra “B”: situação inicial depois da implantação da SGR (localização das bombonas)
....................................................................................................................................................................... 60
Figura 25 - Piso protegido para aplicação do gesso, após implantação do SGR .................................................. 60
Figura 26 - Placa chamando a atenção sobre a limpeza, após implantação do SGR ............................................ 60
Figura 27 - Estocagem dos materiais no térreo - situação inicial de organização do canteiro de obra B, antes da
implantação do SGR...................................................................................................................................... 61
Figura 28 - Estocagem dos materiais nos pavimentos - situação inicial de organização do canteiro de obra B,
antes da implantação do SGR........................................................................................................................ 61
Figura 29 - Trecho de escada da Obra C: situação inicial antes da implantação do SGR .................................... 61
Figura 30 - Trecho de escada da Obra C: situação final após a implantação do SGR......................................... 61
Figura 31 - Trecho do corredor com RCD obstruindo parte da circulação da Obra C: situação inicial antes da
implantação da limpeza ................................................................................................................................. 62
Figura 32 - Trecho do corredor da Obra C: situação final após a implantação da limpeza (SGR)....................... 62
Figura 33 - Resíduos de gesso sobre o piso da Obra C: situação inicial antes da implantação da limpeza .......... 63
Figura 34 - Resíduos de gesso sobre a lona plástica no piso da Obra C: situação final após a implantação da
limpeza (SGR)............................................................................................................................................... 63
Figura 35 - Localização das bombonas no corredor da Obra C: situação final após a implantação da limpeza
(SGR) ............................................................................................................................................................ 63
Figura 36 - Pavimento ainda com serviços em execução da Obra C: situação final após a implantação da limpeza
(SGR) ............................................................................................................................................................ 63
Figura 37 - Situação de organização da estocagem de materiais na obra C, anterior a implantação do SGR ...... 64
Figura 38 - Situação da Limpeza e organização do canteiro da obra C, após a implantação do SGR.................. 64
Figura 39 - Situação de acúmulo de resíduos na periferia da obra C, anterior a implantação do SGR ................ 64
Figura 40 - Situação de acúmulo de resíduos na periferia da obra C, depois a implantação do SGR .................. 64
Figura 41 – Sinalização por placa educativa de deposição adequada de lixo no canteiro de obra C.................... 65
Figura 42 - Sinalização por placa educativa incentivando a limpeza no canteiro de obra C ................................ 65
Figura 43 - Situação inicial de acúmulo de resíduos na base das paredes na obra D, anterior a implantação do
SGR ............................................................................................................................................................... 66
Figura 44 - Situação inicial de acúmulo de resíduos na base das paredes na obra D, posterior a implantação do
SGR ............................................................................................................................................................... 66
Figura 45 - Aplicação de gesso e acúmulo de resíduo diretamente sobre o piso na obra D ................................. 66
Figura 46 - Aplicação de gesso e acúmulo de resíduo sobre a lona plástica colocada no piso na obra D ............ 66
Figura 47 - Limpeza do piso após a implantação do SGR na obra D ................................................................... 67
Figura 48 - Limpeza da escada após a implantação do SGR na obra D ............................................................... 67
Figura 49 - Organização dos materiais no pavimento térreo da obra D, após SGR ............................................. 67
Figura 50 - Organização dos materiais nos pavimentos da obra D, após SGR..................................................... 67
Figura 51 - Sinalização adotada na obra D sobre limpeza e segurança após o SGR ............................................ 68
Figura 52 - Sinalização adotada na obra D sobre deposição do lixo após o SGR ................................................ 68
Figura 53 - Situação inicial da limpeza no térreo da obra E................................................................................. 69
Figura 54 - Situação final da limpeza no térreo da obra E.................................................................................... 69
Figura 55 - Situação inicial da limpeza na obra “E” antes da implantação do SGR............................................. 69
Figura 56 - Situação final da limpeza na obra “E” após a implantação do SGR .................................................. 69
Figura 57 - Dificuldade para a retirada dos resíduos de gesso na obra “E” sem o uso de lona plástica ............... 70
Figura 58 - Facilidade para a retirada dos resíduos de gesso na obra “E” com o uso de lona plástica, após a
implantação SGR........................................................................................................................................... 70
Figura 59 - Mistura entre resíduos de cerâmica e placas cerâmicas que ainda seriam aplicadas, na obra “E”..... 70
Figura 60 - Organização do estoque de placas cerâmicas nos pavimentos, após a implantação do SGR, na obra
“E”................................................................................................................................................................. 70
Figura 61 - Situação inicial da limpeza, antes da implantação SGR na obra “E”................................................. 71
Figura 62 - Situação da limpeza após a implantação do SGR, na obra “E” (sexto mês da inspeção), numa
tentativa frustrada de esconder o resíduo nas varandas. ................................................................................ 71
Figura 63 - Situação inicial da limpeza antes da implantação do SGR, na obra F. .............................................. 71
Figura 64 - Situação da limpeza após a implantação do SGR, na obra F. ............................................................ 71
Figura 65 - Situação da limpeza do pavimento, após a implantação do SGR, na obra F. .................................... 72
Figura 66 - Situação da limpeza da escada após a implantação do SGR, na obra F............................................. 72
Figura 64 - Situação inicial da limpeza antes da implantação do SGR na obra G................................................ 72
Figura 65 - Situação final da limpeza após da implantação do SGR na obra G ................................................... 72
Figura 66 - Situação inicial da limpeza nas escadas antes da implantação do SGR na obra G ............................ 73
Figura 67 - Situação final da limpeza no térreo após da implantação do SGR na obra G.................................... 73
Figura 68 - Sinalização por cartazes educativos nos pavimentos na obra G ........................................................ 73
Figura 69 - Situação final da limpeza nos corredores após da implantação do SGR na obra G ........................... 73
Figura 70 - Notas para a segregação inicial nos canteiros de obra ....................................................................... 74
Figura 71 - Situação inicial dos resíduos antes da implantação do SGR na obra A ............................................. 75
Figura 72 - Acondicionamento inicial dos resíduos após a implantação do SGR na obra A................................ 75
Figura 73 - Acondicionamento inicial do RCD antes da implantação do SGR na obra A ................................... 76
Figura 74 - Acondicionamento inicial dos resíduos classe A após da implantação do SGR na obra A ............... 76
Figura 75 - Acondicionamento inicial do RCD após a implantação do SGR na obra A ...................................... 76
Figura 76 - Acondicionamento inicial do RCD após a implantação do SGR na obra A ...................................... 76
Figura 77 - Alocação das Bombonas nos pavimentos alternados na obra B ........................................................ 77
Figura 78 - Resíduos Classe “A” segregados em sacos de cimento usados na obra B ......................................... 77
Figura 79 - Alocação das Bombonas no refeitório no canteiro da obra B ............................................................ 77
Figura 80 - Alocação da Bombona na central de corte de madeira no canteiro da obra B ................................... 77
Figura 81 - Alocação das Bombonas nos pavimentos alternados na obra C ........................................................ 78
Figura 82 - Fardo de papel segregado dos outros RCDs na obra C...................................................................... 78
Figura 83 - Resíduos de Gesso armazenados separadamente nos próprios sacos de sua embalagem original –
Obra C ........................................................................................................................................................... 79
Figura 84 - Marcação no piso para receber temporariamente os RCDs da classe A, como acondicionamento
inicial no próprio pavimento da obra C ......................................................................................................... 79
Figura 85 - Alocação de bombonas a cada dois pavimentos na obra D - Situação após SGR............................. 79
Figura 86 - Falhas na segregação do resíduo da Classe A, antes da implantação do SGR na obra D .................. 80
Figura 87 - Resíduo da Classe A armazenados em sacos de cimento usados, esperando o processamento e a
reutilização na obra D.................................................................................................................................... 80
Figura 88 - Alocação dos dispositivos de coleta de RCD a cada três pavimentos na obra E. Situação após o SGR
....................................................................................................................................................................... 81
Figura 89 - Alocação dos dispositivos de coleta de RCD no pavimento vazado na obra E. Situação após o SGR
....................................................................................................................................................................... 81
Figura 90 - Local demarcado para receber os resíduos de gesso na obra E.......................................................... 81
Figura 91 - Local demarcado para receber os resíduos de Classe A na obra E .................................................... 81
Figura 92 - Uso inadequado do dispositivo para segregação do RCD de plástico na obra F, após implantação do
SGR ............................................................................................................................................................... 82
Figura 93 - Uso inadequado do dispositivo com resíduos orgânicos na obra F após implantação do SGR ......... 82
Figura 94 - Usos inadequados das bombonas não respeitando a capacidade e o tipo de resíduo na obra “F”...... 82
Figura 95 - Uso da bombona indicada para resíduos de metal como depósito de água, na obra “F”. Situação após
a implantação do SGR................................................................................................................................... 82
Figura 96 - Outros materiais da obra apoiados nas bombonas, obstruindo sua fácil utilização na obra F............ 83
Figura 97 - Ausência de bombonas em vários pavimentos na obra F. Situação após a implantação do SGR...... 83
Figura 98 - Bombonas instaladas em pavimentos alternados para o armazenamento temporário dos resíduos da
Classe A na obra G........................................................................................................................................ 83
Figura 99 - O resíduo de gesso armazenado em sacos e então levados pela empresa aplicadora. Situação na obra
G após a implantação do SGR....................................................................................................................... 83
Figura 100 - Resíduos de papelão segregados e transportados para as baias ao final do dia. Situação na obra G
após implantação SGR .................................................................................................................................. 84
Figura 101 - Falhas pontuais na segregação inicial dos RCDs. Situação na obra G após implantação SGR ....... 84
Figura 102 - Bombonas colocadas na cozinha. Situação na obra G ..................................................................... 84
Figura 103 - Recipiente para depósito de resíduos orgânicos no refeitório. Situação da obra G, após a
implantação do SGR...................................................................................................................................... 84
Figura 104 - Notas para o acondicionamento final nos canteiros de obra ............................................................ 85
Figura 105 - Caçamba com RCDs misturados antes da implantação do SGR, na obra A.................................... 86
Figura 106 - Detalhe da caçamba com RCDs misturados antes da implantação do SGR, na obra A................... 86
Figura 107 - Baias cobertas e sinalizadas com cartazes nas cores representativas para cada tipo de resíduo da
Obra A ........................................................................................................................................................... 87
Figura 108 - Caçamba com RCD depois da implantação do SGR, na obra A...................................................... 87
Figura 109 - Baias devidamente sinalizadas para cada tipo de resíduo, na obra A. ............................................. 87
Figura 110 - Baia operando além da capacidade de armazenamento de resíduos, na obra A............................... 87
Figura 109 - Caçamba estacionária alocada fora do canteiro de obra, antes da implantação do SGR, na obra B.88
Figura 110 - Utilização de bags para acondicionar resíduo de papel e plástico no canteiro de obra B, após
implantação do SGR...................................................................................................................................... 88
Figura 111 - Alocação da caçamba dentro do canteiro de obra B, após implantação do SGR............................. 89
Figura 112 - Detalhe da baia com capacidade esgotada para o volume de resíduo na obra B.............................. 89
Figura 113 - Caçamba contendo RCD sem segregação, antes da implantação do SGR, na obra C ..................... 90
Figura 114 - Caçamba com pequenas quantidades de resíduos de outra classe, depois da implantação do SGR na
obra C ............................................................................................................................................................ 90
Figura 115 - Baias cobertas destinadas aos resíduos de Classe B, conforme SGR, na obra C. ............................ 90
Figura 116 - Baia para acondicionamento do resíduo de gesso, conforme SGR, na obra C. ............................... 91
Figura 117 - Armazenamento do RCDs de Classe “A” para reciclagem na obra “D” ......................................... 91
Figura 118 - Baias destinadas ao armazenamento de materiais recicláveis da Obra “D”..................................... 91
Figura 119 - Tonéis para armazenamento de resíduo de plástico no canteiro de obra E ...................................... 92
Figura 120 - Baia para acondicionamento do resíduo de gesso da Obra E........................................................... 92
Figura 121 - Baias para acondicionamento de resíduos recicláveis na Obra E .................................................... 92
Figura 122 - Reutilização de resíduo de Classe A, para serviço de aterro no canteiro de obra E, antes da
implantação do SGR...................................................................................................................................... 92
Figura 123 - Baias utilizadas para armazenamento de materiais de construção, na obra F .................................. 93
Figura 124 - Caçamba estacionária antes da implantação do SGR, na obra F...................................................... 93
Figura 125 - Caçamba estacionária após implantação do SGR, na obra F. .......................................................... 93
Figura 126 - Baias com cores diferentes para cada tipo de resíduo, dentro do canteiro de obra G ...................... 94
Figura 127 - Caçamba colocada no exterior do canteiro de obra G, com RCD contaminado com resíduo
orgânico......................................................................................................................................................... 95
Figura 128 - Avaliação da destinação dos RCDs na saída do canteiro de obra. ................................................... 95
Figura 129 - Modelo do Controle de Transporte de Resíduos adotado nas obras fonte Obra Limpa................... 96
Figura 130 - Comprovante emitido na entrada (balança) do Aterro da Muribeca – Recife/PE............................ 97
Figura 131 - Máquina utilizada para triturar o resíduo de gesso na obra B.......................................................... 98
Figura 132 - Reutilização de parte do resíduos de Classe A em aterro de partes da obra B................................. 98
Figura 133 - Moinho utilizado para triturar o resíduo de Classe A na obra D...................................................... 98
Figura 134 - Produto da moagem do resíduo de Classe A reutilizado na obra D ................................................. 98
Figura 135 - Armazenamento do resíduo de Classe “A” separado em granulometrias diversas. ......................... 99
Figura 136 - Bloco produzido com resíduo de gesso reciclado............................................................................ 99
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Perdas em entulho realizado por Skoyles (1976) ................................................................................. 36
Tabela 2 - Perdas por material............................................................................................................................... 37
Tabela 3 - Critério para estabelecimento das notas no monitoramento das obras ................................................. 46
Tabela 4 - Caracterização dos Empreendimentos (amostra de campo) ................................................................. 53
Tabela 5 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra A .......................................................................... 100
Tabela 6 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra B .......................................................................... 101
Tabela 7 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra C .......................................................................... 101
Tabela 8 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra D .......................................................................... 101
Tabela 9 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra E........................................................................... 102
Tabela 10 - IDEMP Médio das Obras Demolidas ............................................................................................... 103
Tabela 11 - Quadro de Caracterização do Processo Construtivo das obras avaliadas ......................................... 104
Tabela 12 - Índice de Perdas de Tijolos – IPT, na Obra 1................................................................................... 104
Tabela 13 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 2................................................................................................ 105
Tabela 14 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 3................................................................................................ 105
Tabela 15 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 4................................................................................................ 105
Tabela 16 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 5................................................................................................ 105
Tabela 17 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 6................................................................................................ 105
Tabela 18 - IPT Médio das Obras Monitoradas................................................................................................... 106
Tabela 19 – Índice de Perdas para Argamassa de Revestimento – Obra 9......................................................... 107
Tabela 20 - Índice de Perdas para Argamassa de Revestimento – Obra 10......................................................... 108
Tabela 21 - Índice de Perdas para Argamassa de Revestimento – Obra 11......................................................... 108
Tabela 22 - IP1 e IP2 Médio das Obras Monitoradas.......................................................................................... 109
Tabela 23 - Índice de Perdas de Gesso em Pasta – Obra 17................................................................................ 110
Tabela 24 - Índice de Perdas de Gesso em Pasta – Obra 18................................................................................ 110
Tabela 25 - Índice de Perdas de Gesso em Pasta – Obra 19................................................................................ 111
Tabela 26 - IP1 Médio das perdas de gesso em pasta nas Obras Monitoradas.................................................... 111
Tabela 27 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 12 ............................................................................. 112
Tabela 28 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 13 ............................................................................. 112
Tabela 29 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 14 ............................................................................. 112
Tabela 30 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 15 ............................................................................. 113
Tabela 31 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 16 ............................................................................ 113
Tabela 32 - IP1 e IP2 Médio das Obras Monitoradas.......................................................................................... 114
SUMÁRIO
João Pessoa - PB...................................................................................................................................................I
Resumo................................................................................................................................................................... vi
Abstract .................................................................................................................................................................vii
Lista de Figuras ....................................................................................................................................................viii
Lista de Tabelas...................................................................................................................................................... xi
Capítulo 1 - Introdução.......................................................................................................................................... 15
1.1 Justificativa.................................................................................................................................................. 16
1.2 Objetivos ..................................................................................................................................................... 17
Capítulo 2 - Fundamentação Teórica..................................................................................................................... 19
2.1 Região Metropolitana do Recife.................................................................................................................. 19
2.2 Resíduos da Construção Civil...................................................................................................................... 19
2.2 Legislação.................................................................................................................................................... 23
Municípios..................................................................................................................................................... 23
Geradores....................................................................................................................................................... 24
2.3 Gestão de Resíduos da Construção Civil..................................................................................................... 28
2.3.1 Metodologia Obra Limpa .................................................................................................................... 29
2.3.1.1 Dispositivos para acondicionamento inicial .................................................................................. 31
2.3.1.2 Dispositivos para acondicionamento final..................................................................................... 32
2.3.1.3 Acessórios...................................................................................................................................... 34
2.4 Perdas na Construção Civil.......................................................................................................................... 35
Capítulo 3 – Metodologia...................................................................................................................................... 39
Estudo Experimental – pesquisa de campo ....................................................................................................... 43
3.1 Sistema de Gerenciamento de Resíduos - SGR ........................................................................................... 43
3.1.1.1 Reunião Inaugural ............................................................................................................................. 43
3.1.1.2 Treinamento Gerencial ...................................................................................................................... 43
3.1.1.3 Visita inicial aos canteiros de obras................................................................................................... 43
3.1.3 Monitoramento ..................................................................................................................................... 45
3.2 Indicador de Geração de Resíduo - IGR...................................................................................................... 47
3.2.1 Demolição ............................................................................................................................................ 47
3.2.2 Alvenaria .............................................................................................................................................. 47
3.2.3 Acabamento.......................................................................................................................................... 48
Capítulo 4 – Resultados e Discussões ................................................................................................................... 52
4.1 Sistema de Gerenciamento de Resíduos...................................................................................................... 52
4.1.1 Planejamento para implantação do SGR .............................................................................................. 52
4.1.1.1 Reunião inicial – definição da amostra de campo.......................................................................... 52
4.1.1.2 Treinamento Gerencial nos canteiros de obra................................................................................ 52
4.1.1.3 Visita inicial nos canteiros de obra – caracterização da amostra de campo................................... 52
4.1.1.4 Elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos - GR......................................................... 53
4.1.2 Implantação do SGR – projeto piloto ................................................................................................... 54
4.1.3 Monitoramento do SGR – projeto piloto .............................................................................................. 55
4.1.3.1 Limpeza no canteiro de obra.............................................................................................................. 55
4.1.3.1.1 Limpeza da Obra “A” (nota inicial=8,0 e nota final=9,8) .................................................... 56
4.1.3.1.2. Limpeza da Obra B (nota inicial=9,8 e nota final=9,9)........................................................ 59
IV.1.3.1.3. Limpeza da Obra C (nota inicial=8,1 e nota final=9,9)...................................................... 61
4.1.3.1.4 Limpeza da Obra D (nota inicial=9,4 e nota final=9,3) ........................................................ 65
4.1.3.1.5 Obra E (nota inicial=8,6 e nota final=9,7) ............................................................................ 68
4.1.3.1.6 Limpeza da Obra F (nota inicial=7,0 e nota final=9,1)......................................................... 71
4.1.3.2 Acondicionamento inicial do RCD nos canteiros de obra ............................................................ 73
4.1.3.2.2 Obra B ....................................................................................................................................... 76
4.1.3.2.4 Obra D ........................................................................................................................................ 79
4.1.3.2.5 Obra E......................................................................................................................................... 80
4.1.3..2.6 Obra F........................................................................................................................................ 81
IV.1.3.2.7. Obra G.................................................................................................................................... 83
4.1.3.3 Acondicionamento Final do RCD nos canteiros de obra.............................................................. 85
4.1.3.3.1 Obra A ....................................................................................................................................... 86
4.1.3.3.2 Obra B ....................................................................................................................................... 87
4.1.3.3.3 Obra C ........................................................................................................................................ 89
IV.1.3.3.4. Obra D.................................................................................................................................... 91
4.1.3.3.5 Obra E........................................................................................................................................ 91
4.1.3.3.6 Obra F......................................................................................................................................... 93
4.1.3.3.7 Obra G ........................................................................................................................................ 94
4.1.3.4 Destinação Compromissada dos RCDs na saída do canteiro de obra........................................... 95
4.1.5 Avaliação de custo/benefício para a implantação do SGR. ............................................................. 99
4.2 Indicadores de Geração de Resíduos - IGR.............................................................................................. 102
4.2.1 Demolição....................................................................................................................................... 102
4.2.2 Alvenaria ........................................................................................................................................ 104
4.2.3 Acabamento................................................................................................................................... 106
4.2.3.1 Argamassa de Revestimento Interno ........................................................................................... 106
4.2.3.2 Gesso ........................................................................................................................................... 109
4.2.3.3 Placas Cerâmicas ......................................................................................................................... 111
Capítulo 5 - Conclusões....................................................................................................................................... 115
Sugestões para Trabalhos Futuros ................................................................................................................... 117
CAPÍTULO 6 - Referências ................................................................................................................................ 119
Apêndices ............................................................................................................................................................ 121
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
14
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
15
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
A indústria, seja qual for, gera resíduos desde a retirada dos recursos naturais, passando pelo
transporte, até o pós-consumo. A industrialização e a concentração da população nos centros
urbanos, além da demanda por bens de consumo, em um curto intervalo de tempo,
provocaram a geração descontrolada de grandes quantidades de resíduos, causando problemas
em escala planetária, seja esses resíduos na forma sólida, líquida ou gasosa. Os problemas
causados pela poluição sensibilizaram inicialmente alguns setores da sociedade, resultando na
formulação de uma consciência ambiental na disseminação da idéia de uma produção mais
sustentável, isto é, de usar os recursos de forma racional para que as gerações futuras possam
utilizá-las, sendo esta a base do desenvolvimento sustentável.
Assim como na maior parte das atividades industriais, a indústria da construção civil também
é responsável por diversos impactos ambientais negativos. Por estar predominantemente
inserida dentro dos limites urbanos, seus resíduos são considerados parte dos Resíduos
Sólidos Urbanos-RSU (CARNEIRO, 2005). Segundo Pinto (1999), a indústria da construção
representa cerca de 50% em massa dos resíduos sólidos urbanos. O problema causado pelos
resíduos da construção civil é que na maioria das vezes esses são depositados em locais
proibidos ou em aterros oferecidos pelo município, sem nenhum tipo de segregação,
diminuindo a vida útil dos aterros e impossibilitando a reutilização e/ou reciclagem,
impactando negativamente o meio ambiente urbano.
Para o enfrentamento do problema do gerenciamento dos resíduos de construção no Brasil, foi
criada a Resolução 307/2003 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que
impõe aos geradores o princípio do gerador pagador, obrigando a indústria da construção civil
e os municípios a melhor gestão deste tipo de resíduo.
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
16
1.1 Justificativa
A Indústria da Construção Civil ocupa uma posição de grande destaque na economia
nacional, haja vista a significante parcela do Produto Interno Bruto - PIB do país pela qual é
responsável (estudos mostram que o Construbusiness a cadeia produtiva em que se insere a
construção – responde por valores superiores a 15% do PIB nacional - SOUZA, 2005).
Porém, apesar deste aspecto economicamente positivo aspectos ambientalmente negativos,
exemplo disto é a geração de resíduos na fase de construção, que pode chegar até 50% em
massa do volume de RSU.
Tentando minimizar os impactos gerados por este setor entrou em vigor o ano de 2002, no
Brasil, a Resolução n° 307 do CONAMA, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para a gestão dos resíduos da construção e demolição, sendo assim um instrumento de grande
importância para sustentabilidade do setor e a preservação ambiental.
A cidade do Recife, no estado de Pernambuco, foi escolhida para este trabalho por vários
motivos, entre eles, reconhece-se o esforço do município no cumprimento da Resolução
n°307 do CONAMA através da elaboração e aprovação do Plano de Gerenciamento de
Resíduos de Construção, o qual é Lei Municipal desde o início de 2005 (Lei Nº.17.072/2005),
fruto de um trabalho conjunto entre a Prefeitura da Cidade do Recife e o Sindicato da
Indústria da Construção Civil de Pernambuco (SINDUSCON/PE). Outro fator determinante
para a escolha desta cidade foi a grande quantidade de novas edificações, principalmente as
multipiso de caráter residencial.
Para se adequar a essa nova realidade, o Sinduscon-PE juntamente com a Agencia de apoio
ao Empreendedor e Pequeno Empresário de Pernambuco - SEBRAE e a Escola Politécnica de
Pernambuco (POLI/UPE) firmaram um convênio em 2003, chamado Entulho Limpo
Pernambuco, para estudos na área de resíduos da construção e demolição, objetivando a
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
17
adequação do setor à realidade da legislação vigente. Dentre as atividades do Projeto Entulho
Limpo Pernambuco estava a implantação de um Sistema de Gerenciamento de Resíduos em
um conjunto de obras de construtoras associadas ao SINDUSCON-PE, formando um projeto
piloto. Destacou-se também como importante o levantamento de Indicadores de Geração de
Resíduos por serviço, dentro das técnicas construtivas utilizadas pelas construtoras atuantes
na cidade de Recife/PE. Tais indicadores mostram-se imprescidíveis para estimativa da
quantidade de resíduos gerados pelo setor, contribuindo para o planejamento das empresas em
relação aos seus resíduos, pois o Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
PGRCC tem sido item obrigatório para aprovação da construção diante a prefeitura local. Da
parte da prefeitura o interesse maior é relativo ao planejamento mais preciso das ações
preventivas e corretivas do poder público.
Diante do exposto, este trabalho vem avaliar a implantação de um modelo de gerenciamento
de resíduos da construção e demolição dentro de canteiros de obras em Recife/PE e levantar
indicadores de geração de resíduos por serviço.
1.2 Objetivos
Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é oferecer ao setor da construção civil subsídios para gestão
dos resíduos da construção e demolição nos canteiros de obra, visando atender as novas
exigências legais vigentes.
Objetivos específicos:
CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO
18
Planejar, implantar e analisar os resultados da aplicação do Sistema de Gerenciamento
de Resíduos-SGR em 7 (sete) canteiros de obra de edifícios multipiso na cidade do
Recife/PE.
Levantar Indicadores de Geração de Resíduos - IGR por serviço: demolição, alvenaria
(tijolos) e acabamento (gesso em pasta, placas cerâmicas e argamassa de revestimento
interno) para contribuir com as estimativas de geração desses resíduos em Recife/PE.
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
19
CAPÍTULO 2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Região Metropolitana do Recife
2.2 Resíduos da Construção Civil
O crescimento populacional urbano aumentou bastante nas últimas cadas. Sabe-se que até
2025 a população mundial terá crescido 50% em relação a de 1996, e 2/3 desta população
estará vivendo em áreas urbanas (SOUZA et al., 2003). O Brasil, a partir da segunda metade
do culo, vem sofrendo grandes transformações em função do crescimento demográfico (sua
população aumentou 2,7 vezes entre 1950 e 1970 , passando 74,3% a viver em zonas urbanas)
e da modernização de suas bases de desenvolvimento (VIANNA, 1992).
Em conseqüência deste acelerado crescimento houve uma demanda por bens de consumo e
moradias, gerando uma grande quantidade de resíduos. Para manter a salubridade no ambiente
urbano, a administração pública passou gerenciar os resíduos sólidos urbanos, com grandes
dificuldades, gastos altos e poucas áreas disponíveis.
Os Resíduos de Construção e Demolição - RCD foram vistos sempre como parte dos resíduos
sólidos urbanos, porém começaram a ser notados devido aos problemas causados pelo seu
mau gerenciamento. A deposição dos resíduos em áreas públicas, cursos de água e terrenos
abandonados acabavam por criar um problema maior, pois este tipo de resíduo acaba atraindo
outros e tornando-se um ponto de vetores causadores de doenças. Embora o entulho apresente
em sua composição vários materiais que, isoladamente, são reconhecidos pela NBR 10.004/87
-Resíduos Sólidos Classificação (ABNT,2004), como resíduos inertes (rochas, tijolos,
vidros, alguns plásticos, etc.), não está disponível até o momento, análises sobre a
solubilidade do resíduo como um todo, de forma a garantir que não haja concentrações
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
20
superiores às especificadas na referida norma acima, o que o enquadraria como "resíduo
classe II o inerte". Deve-se, ainda, lembrar que a heterogeneidade do RCD e a
dependência direta de suas características com a obra que lhe deu origem pode mudá-lo de
faixa de classificação, ou seja, uma obra pode fornecer um RCD inerte e outra pode apresentar
elementos que o tornem não-inerte ou até mesmo perigoso - como por exemplo, a presença de
amianto que, no ar é altamente cancerígeno (ZORDAN, 2000).
Os resíduos da construção, em geral, representam no RSU até cerca de 50% em massa.
Segundo Carneiro (2003), em estudo realizado em Recife/PE, o RCD representa 49% dos
RSU.
Até recentemente os resíduos da Indústria da Construção Civil eram geridos pela
administração pública, diferentemente das outras indústrias, que tinham a obrigação de tratar
seus próprios resíduos. Tal prática representava um gasto alto para os cofres públicos, e por
ser considerado como indústria, as novas políticas públicas foram voltadas para o princípio do
gerador pagador.
Para resolver os problemas dos Resíduos de Construção e demolição-RCD foi criada uma
legislação específica, a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA
número 307, que diretrizes para gestão dos RCDs tanto para as construtoras quanto para o
poder público. Na Figura 1 pode-se observar a logística das obrigações dos atores envolvidos
na gestão dos RCDs:
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
21
Figura 1 - Estrutura de gestão dos resíduos, conforme a Resolução nº 307 do CONAMA
Nesta resolução são considerados RCDs os resíduos provenientes de construções, reformas,
reparos e demolições de obras de construção, e os resultantes da preparação e da escavação de
terrenos, tais como tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,
colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico,
vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc.
Esta mesma resolução determina que os RCDs devem ser separados por classes, que são
quatro:
Classe “A”: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de
infra-estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações componentes
PREFEITURAS
Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos
Pequenos Geradores Grandes Geradores
Resíduos da Construção Civil
Resíduos
da
Construção
Civil
Área de Destinação
Temporária dos
RCD
Reciclagem ou
Reutilização
Dos RCD
Exigências
Específicas
Normativas
Programa Municipal de
Gerenciamento de Resíduos
Projetos de Gerenciamento de
Resíduos
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
22
cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto
(blocos, tubos etc), produzidas nos canteiros de obras.
Classe “B”: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros.
Classe “C”: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis, que permitam a sua reciclagem/recuperação, a
exemplo dos produtos oriundos de gesso.
Classe "D": são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como
tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde
oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações
industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham
amianto ou outros produtos nocivos à saúde".
A experiência importante a relatar neste estudo é todo o trabalho desenvolvido por instituições
pernambucanas para minimizar os impactos causados pelos RCDs. No ano de 2002, com o
objetivo de inserir a cidade do Recife/PE e o setor da Construção Civil dentro dos moldes da
legislação, foi criado um grupo de trabalho no SINDUSCON/PE, formado pela Escola
Politécnica de Pernambuco-POLI da Universidade de Pernambuco-UPE e da Universidade
Federal de Pernambuco - UFPE, que resultou na criação e implantação do Programa Entulho
Limpo Pernambuco. Tal Programa abordou entre outras ões, o diagnóstico da situação dos
RCDs na cidade, soluções para os resíduos classe A”, ações de educação ambiental em
canteiros de obras e reuniões com as prefeituras da Região Metropolitana do Recife(Jaboatão
dos Guararapes, Olinda, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Camaragibe, Cabo de Santo
Agostinho, São Lourenço da Mata, Araçoiaba, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Moreno, Itapissuma
e Recife), universidades, setor privado envolvido e outras instituições (Agência Estadual de
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
23
Meio Ambiente e Recursos Hídricos-CPRH, Ministério Público, entre outros.) para discussão
do Plano de Gerenciamento Integrado de RCDs. Como produto destas reuniões, realizadas
mensalmente durante um ano, surgiu o Programa de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil sob a forma da Lei Municipal nº 17.072.
2.2 Legislação
O objeto deste estudo é auxiliar o setor da construção civil de Recife/PE a adequar-se em
basicamente três legislações, são elas:
Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 Estabelece diretrizes, critérios e
procedimentos para a gestão dos resíduos da construção.
Resolução CONAMA nº 348, de 16 de agosto de 2004 - Altera a Resolução
CONAMA no 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos
perigosos.
Lei 17.072, de 04 de janeiro de 2005, que estabelece as diretrizes e critérios para o
Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
A Resolução 307 do CONAMA estabelece de forma clara as responsabilidades para o
gerador e para os Municípios.
Municípios
Segundo a resolução os municípios brasileiros devem implementar a gestão dos resíduos da
construção civil através do Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil, a ser elaborado pelos Municípios e pelo Distrito Federal, e devem conter:
1. Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, o qual deve
conter:
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
24
as diretrizes técnicas e procedimentos para o Programa Municipal de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e para os Projetos de
Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil ;
o cadastramento de áreas, públicas ou privadas, aptas para recebimento,
triagem e armazenamento temporário de pequenos volumes;
o estabelecimento de processos de licenciamento para as áreas de
beneficiamento e de disposição final de resíduos;
a proibição da disposição dos resíduos de construção em áreas não licenciadas;
o incentivo à reinserção dos resíduos reutilizáveis ou reciclados no ciclo
produtivo;
a definição de critérios para o cadastramento de transportadores;
as ações de orientação, de fiscalização e de controle dos agentes envolvidos;
as ações educativas visando reduzir a geração de resíduos e possibilitar a sua
segregação.
2. Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil.
Geradores
Para os geradores, a resolução prioriza a não geração, este fato vem a fortalecer os programas
de gestão da qualidade e de perdas existentes, e incentiva a evolução tecnológica do setor, por
procedimentos mais produtivos.
Esta Resolução propõe que além de separar os resíduos por classes e definir sua destinação
por elas, cita os locais onde não pode haver deposição, facilitando a fiscalização e aplicação
de sanções. Isto busca preservar os espaços públicos e o meio ambiente. Este projeto deverá
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
25
ser apresentado junto com os projetos iniciais do empreendimento e deve ser analisado junto
ao órgão ambiental competente.
Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil deverão contemplar as
seguintes etapas:
I - caracterização: nesta etapa o gerador deverá identificar e quantificar os resíduos;
II - triagem: deverá ser realizada, preferencialmente, pelo gerador na origem, ou ser realizada
nas áreas de destinação licenciadas para essa finalidade, respeitadas as classes de resíduos
estabelecidas no art. 3º desta Resolução;
III - acondicionamento: o gerador deve garantir o confinamento dos resíduos após a geração
até a etapa de transporte, assegurando em todos os casos em que seja possível, as condições
de reutilização e de reciclagem;
IV - transporte: deverá ser realizado em conformidade com as etapas anteriores e de acordo
com as normas técnicas vigentes para o transporte de resíduos;
V - destinação: deverá ser prevista de acordo com as classes:
I - Classe A”: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
II - Classe “B”: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura;
III - Classe “C”: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com
as normas técnicas especificas.
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
26
IV - Classe “D”: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas técnicas especificas.
A Resolução nº 348, de 16 de agosto de 2004 - Altera a Resolução CONAMA nº 307, de 5 de
julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.
Sancionada em janeiro de 2005 a Lei 17.072, estabelece as diretrizes e critérios para o
Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil na cidade do Recife/PE.
Esta lei tem um aspecto bastante positivo no momento que é definido numericamente no
ART.1º a diferença entre o pequeno e o grande gerador, pois define para o poder público a
fração que deve ser gerenciada por ele.
III - pequeno gerador: o gerador responsável pela atividade de construção, demolição,
reforma, escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos de até 1,0 m
3
/dia;
IV - grande gerador: o gerador responsável pela atividade de construção, demolição, reforma,
escavação e correlatas que gerem volumes de resíduos superiores a 1,0 m
3
/dia, em cada uma
das fases do empreendimento.
Do Art 3º ao 5º a lei diz como deve acontecer o transporte, onde os resíduos o devem ser
depositados, a co-responsabilidade do construtor em relação a deposição irregular do seu
resíduo e as sanções que serão tomadas, caso não seja cumprida a Lei.
Art. - Fica proibida a disposição de resíduos da construção civil, em qualquer volume, e
resíduos provenientes de podação e jardinagem, em volume superior a 100 litros/dia, para a
coleta domiciliar regular.
A legislação, em seu Art e Art 7º, afirma sobre a obrigatoriedade da segregação e da
elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil para toda atividade
geradora de resíduos em quantidade superior a 1,0 m
3
/dia.
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
27
Art 6º - O grande gerador deverá proceder a separação e identificação dos resíduos no local de
origem, obedecendo à classificação preconizada pela legislação vigente sobre a matéria e
originária dos órgãos federais, estaduais e municipais.
Art. 7º - Toda atividade geradora de resíduos em quantidade superior a 1,0 m
3
/dia em
funcionamento, bem como aqueles que pretendam se instalar no território do Município do
Recife, devem obter licença de operação e para tanto submeter à provação do órgão gestor da
limpeza urbana deste Município o respectivo Projeto de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, para cada uma das unidades Instaladas, tendo como objetivo estabelecer os
procedimentos necessários para o manejo e destinação ambientalmente adequados dos
resíduos gerados na atividade.
Esta legislação define as penalidades pelo seu não cumprimento
Art 12 - São penalidades por descumprimento do estabelecido nesta Lei:
I - notificação de advertência por escrito, remetida por Aviso de Recebimento- AR, nas
hipóteses de postura inadequada, ou de dúvida em relação à aplicação de multa;
II - multa de R$ 100,00 a R$ 1.000,00, pelo não cumprimento da classificação e separação
dos resíduos;
III - multa de R$ 300,00 a R$ 5.000,00, pela o apresentação do Projeto de Gerenciamento
dos Resíduos da Construção Civil;
IV - multa de R$ 100,00 a R$ 5.000,00, por disposição de resíduos em logradouros públicos
municipais, por disposição de resíduos em áreas de interesse ambiental (margens de rios,
lagoas, manguezais e outros) e por disposição de resíduos em terrenos particulares sem prévia
autorização da Empresa de Limpeza Urbana da Cidade do Recife - EMLURB;
V - suspensão da licença de operação por 90 dias, por reincidência na não apresentação do
Projeto de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil;
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
28
VI - a cassação definitiva da licença de operação, por nova ocorrência, quando aplicada a
suspensão, da não apresentação do Projeto de Gerenciamento dos Resíduos da Construção
Civil.
Um importante instrumento desta lei é a vinculação do relatório final de resíduos da obra a
solicitação e liberação de alvará.
Art 13 - Os grandes geradores deverão, ao final da obra, apresentar Relatório comprovando o
cumprimento do estipulado no Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil,
sendo expedida certidão, pelo órgão responsável pela limpeza urbana, que comporá o acervo
de documentos para solicitação de Alvará e certidão junto a Secretaria de Planejamento e
Secretaria de Finanças do Município.
2.3 Gestão de Resíduos da Construção Civil
Em estudo realizado no material desenvolvido pelo Projeto WAMBUCO (Waste Manual for
Building Constructions) em países europeus, observou-se que o maior diferencial da proposta
metodológica está no planejamento e envolvimento dos profissionais anteriormente a
construção, ainda na fase de projeto.
O programa europeu sugere que as principais medidas devem ser tomadas antes do início da
obra, ainda durante a fase de projeto, para que os profissionais envolvidos entendam a
importância da minimização da geração de resíduos. Os passos, segundo o WAMBUCO, para
gestão otimizada de resíduos são:
1 – Estudos iniciais e planejamento da gestão de resíduos em obra (legislação vigente,
prevenção da geração de resíduos, plano de recolhimento e destinação);
2 – Contrato para o recolhimento dos resíduos (definição de quantidades, cláusulas contratuais
para separação e tratamento, análise financeira da gestão dos resíduos);
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
29
3 - Gestão de resíduos durante o período de construção (definição dos responsáveis pela
coleta, treinamento das empresas subcontratadas, controle da separação, organização dos
contentores e do transporte interno, externo e tratamento dos resíduos);
4- Documentação de tratamento de resíduos (comprovantes de tratamento adequado).
Em pesquisa realizada verificou-se que no Brasil os sistemas de gerenciamento de resíduos
implantados são feitos através de ações independentes de algumas construtoras, ou através da
implantação de um sistema bastante disseminado em algumas capitais brasileiras pelo
SINDUSCON/PE e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Pernambuco -
SENAI/PE, que é o sistema Obra Limpa de Gerenciamento de Resíduos em Canteiros de
Obras.
2.3.1 Metodologia Obra Limpa
A metodologia OBRA LIMPA parte de uma análise da situação do canteiro e define
intervenções para as etapas de segregação e destinação dos resíduos. São consideradas
questões como:
Sinalização e ordenação de fluxos;
Treinamento da equipe de execução e equipes terceirizadas;
Implantação de dispositivos de transporte e captação diferenciada de resíduos;
Adequação dos novos fluxos ao arranjo físico do canteiro;
Orientação para aplicação de resíduos reciclados;
Destinação compromissada para cada tipo de resíduo não reutilizado;
Reutilização e/ou reciclagem de resíduos;
Aproveitamento de aparas (de blocos, metais, madeira e outros).
A implantação da metodologia pode ser dividida nas seguintes etapas:
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
30
Palestra de orientação voltada à direção e ao corpo técnico da construtora, informando
sobre a necessidade de colocar a gestão de resíduos entre as metas da construtora;
Diagnóstico sobre a sistemática de tratamento e destinação dos resíduos em cada um
dos canteiros de obra da empresa;
Proposta para implantação e detalhamento das alterações necessárias para transporte e
coleta do que será descartado;
Adoção de recipientes específicos para a segregação dos diferentes materiais: madeira,
plásticos, metal, papel, etc;
Treinamento rápido dos funcionários;
Acompanhamento contínuo por dois meses para a solução de problemas pontuais que
possam surgir;
Transformação do canteiro de obras em um local limpo e seguro;
Avaliação mensal dos resultados, com base em relatórios que pontuam o desempenho
da equipe em relação à limpeza do canteiro, segregação e destinação dos materiais
descartados;
Comprovação documental da destinação compromissada dos resíduos da obra, obtida
em cada um dos locais de destinação dos resíduos.
Entre as vantagens que podem ser observadas para as construtoras, após a implantação da
metodologia, pode-se destacar:
Redução do volume de resíduos a descartar;
Redução do consumo de materiais, como areia e pedra;
Mudança de cultura na empresa;
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
31
Diferencial de imagem no mercado;
Redução de acidentes de trabalho;
Otimização do fluxo de resíduos e melhoria da produtividade;
Ajuste aos padrões de desenvolvimento sustentável;
Não ser responsabilizada por passivo ambiental;
Atender aos requisitos ambientais dos programas de certificação, como o PBQP-H,
QualiHab e ISO 14.000.
2.3.1.1 Dispositivos para acondicionamento inicial
Os resíduos devem ser inicialmente acondicionados no próprio local onde são gerados.
Plásticos, madeiras, papéis e metais de pequenas dimensões devem ser acondicionados em
bombonas plásticas de 50 litros ou outro recipiente aberto e resistente. Internamente os
recipientes podem conter um saco de ráfia adequado ao tamanho da bombona, facilitando a
disposição dos resíduos e a coleta para destinação final (Figura 2). Os recipientes para
resíduos orgânicos devem possuir tampa e ser usados com sacos de lixo apropriados.
Figura 2 - Bombonas para acondicionamento inicial dos resíduos
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
32
2.3.1.2 Dispositivos para acondicionamento final
O acondicionamento final dos resíduos deve facilitar sua retirada e destinação final. Este
acondicionamento deve garantir que os resíduos continuem segregados. Outros materiais
devem ser acondicionados em baias fixas ou móveis ou caçambas estacionárias.
Big bags
Os big bags devem ser utilizados no acondicionamento de papéis, plásticos e outros materiais
leves como fardamentos, luvas, botas, etc. O tamanho recomendado para os bags é de 90 cm x
90 cm x 120 cm. O local dos bags deve ser coberto e protegido de chuva. Devem ser
construídos suportes para o posicionamento dos bags, que podem ser metálicos ou em
madeira. A finalidade do suporte é manter o bag aberto, portanto, o bag deve estar apoiado no
chão, e não suspenso. É recomendado o uso de dobradiças na parte frontal do suporte para
facilitar a retirada do bag (Figura 3).
Figura 3 - Suportes para Bags em Metal e Madeira
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
33
Baias
O número de baias, assim como tipo e suas dimensões, devem ser determinados de acordo
com a necessidade de utilização de cada obra (Figura 4).
Figura 4 - Baias móvel e fixa para resíduos
Caçambas estacionárias
Estas caçambas comumente têm capacidade de 4,5 a 5,5 m
3
. Seu uso deve ser determinado de
acordo com a necessidade de cada obra, normalmente para acondicionamento de resíduos de
madeira e/ou classe “A”. A Figura 5 mostra o tipo de caçamba utilizada em Recife/PE.
Figura 5 - Caçamba estacionária
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
34
2.3.1.3 Acessórios
Para garantir que os resíduos continuem segregados e facilitar seu transporte do local de
acondicionamento inicial até o acondicionamento final, é fundamental o uso de alguns
acessórios.
Etiquetas auto-adesivas
Todos os dispositivos para coleta devem estar sinalizados com etiqueta auto-adesiva
indicando o material e com cor padronizada (Figura 6). Estas etiquetas devem ter tamanho
A4. As bombonas usam os adesivos diretamente colados. Outros dispositivos necessitam de
plaquetas onde o adesivo é colado.
Figura 6 - Padronização dos adesivos para sinalização
Placas para sinalização
Para sinalizar baias e suportes para bags, devem ser usadas plaquetas de madeira ou outro
material com 29,7 cm de altura e 21 cm de largura (tamanho A4), onde serão colados os
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
35
adesivos com indicação do material a ser acondicionado.
Sacos de ráfia
É recomendado o uso de sacos de ráfia de 90 cm de altura x 60cm de largura para a bombona
de 50 litros. O saco deve ser colocado de modo que vista internamente a bombona, ficando
com uma pequena aba dobrada para fora e assim assegure que o material ficará dentro do
dispositivo.
2.4 Perdas na Construção Civil
A questão de gerenciamento de resíduos está intimamente associada ao problema do
desperdício de materiais e mão-de-obra na execução dos empreendimentos (CARNEIRO
,2006). Em relação a este problema, nos últimos anos, o setor da construção civil vem
passando por uma reestruturação necessária para manter-se competitiva no mercado. Os
recursos financeiros tornaram-se cada vez mais escassos, obrigando as construtoras a utilizar
processos e técnicas construtivas mais modernas evitando desperdícios. Como exemplo destes
avanços pode-se citar os sistemas de qualidade implantados nas empresas, que organizam e
padronizam vários serviços, diminuindo as perdas.
O consumidor final dos produtos do setor passou a ser mais exigente em relação ao preço,
qualidade e postura ambientalmente correta das empresas.
A principal causa de origem dos RCDs da construção civil é o elevado índice de perdas
ocorridas nos canteiros de obras. O desperdício gerado nos canteiros pode ser de dois tipos: o
que está inerente à massa de edificação e o RCD (GRIGOLI, 2000).
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
36
Segundo um amplo estudo realizado por SOUZA (2005) as parcelas de participação do total
de perdas podem ser divididas em aproximadamente 30% em forma de RCD e 70% as perdas
incorporadas.
Em um estudo europeu realizado em 114 canteiros por Skoyles (1976), podem ser verificadas
perdas essencialmente em RCD de diversos materiais (Tabela 1):
Tabela 1 - Perdas em entulho realizado por Skoyles (1976)
Índice de perda Material N° de
canteiros
Faixa de variação de
resultados (%)
Real Usual
Concreto em infra-estrutura 12 3 a 18 8 2.5
Concreto em superestrutura 3 - 2 2.5
Aço 1 - 5 2.5
Tijolos Comuns 68 1 a 20 8 4.0
Tijolos à Vista 62 1 a 22 12 5.0
Tijolos estruturais vazados 2 - 5 2.5
Tijolos estruturais maciços 3 9 a 11 10 2.5
Blocos leves 22 - 9 5.0
Blocos de concreto 1 1 a 22 7 5.0
Telhas(inclusive cumeeira) 1 - 10 2.5
Madeira – tábuas 3 - 15 5.0
Madeira - Compensados 2 12 a 22 15 5.0
Rev.Argamassados - paredes 4 - 5 5.0
Rev.Argamassados - tetos 4 2 a 7 3 5.0
Rev. Cerâmicos - paredes 1 1 a 4 3 2.5
Rev. Cerâmicos – pisos 1 - 3 2.5
Tubos de cobre 9 - 7 2.5
Tubos de PVC 1 - 3 2.5
Conexões de cobre 7 - 3 -
Vidro – Chapas 3 - 9 5.0
Janelas pré-envidraçadas 2 - 16 -
FONTE:Souza (2005)
As pesquisas realizadas no Brasil consideram perda incorporada juntamente com a perda em
RCD, porém para efeito comparativo estes números podem ser utilizados neste estudo
retirando o percentual de 70% correspondente a perda incorporada (Tabela 2).
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
37
Tabela 2 - Perdas por material
% PERCENTUAL MÉDIO DE PERDAS Materiais
Pinto (1989) Soibelman (1993) SOUZA et al.(1998)
Concreto usinado 1,50 12,9 9
Aço 26,0 19,00 10
Componentes de vedação 13,00 - -
Cimento 33,00 82,6 95
Cal Hidratada 102,00 - 97
Areia lavada 39,00 44,4 76,00
Argamassa colante 86,5 - -
Placas cerâmicas –
Parede
9,5 - -
Placas cerâmicas - Piso 7,5 - -
Argamassa - 93,6 -
Tijolo Furado - 50 17
Tijolo Maciço - 54,00 -
Emboço Interno - - 104
Emboço Externo - - 67,00
Placas Cerâmicas - - 16
Gesso - - 45
Pode-se observar que uma variação considerável de um estudo para outro. Tal fato pode
ser explicado pela despadronização do setor no processo construtivo, além da execução de
alguns serviços serem feitos de forma artesanal, e da elevada rotatividade de mão-de-obra do
setor. As obras do quadro acima possuía tecnologias tradicionais de construção(estrutura de
concreto armado,paredes com tijolos cerâmicos e revestimentos de argamassa.
Reduzir os índices de perdas de materiais é extremamente desejável, levando-se em
consideração os aspectos econômicos e ambientais. Sob o ponto de vista econômico, tal
redução pode ser determinante para a sobrevivência das empresas diante de um mercado cada
vez mais competitivo. Sob o ponto de vista ambiental, a redução das perdas de materiais traz
CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
38
como benefício a redução do consumo de recursos naturais, além da redução do RCD, cujas
áreas para sua deposição estão se exaurindo, principalmente nos grandes centros urbanos
(PALIARI et al. 2002).
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
39
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
A metodologia utilizada para abordar o tema deste trabalho foi dividida em duas etapas: um
estudo referencial que contempla a fundamentação teórica (Capítulo II) com uma síntese das
pesquisas realizadas em publicações sobre o tema da gestão de resíduos da construção civil
em canteiros de obras; e um estudo experimental (pesquisa de campo), o qual foi
desenvolvido com base numa combinação entre uma efetiva proposta de ação numa amostra
de canteiros de obras na cidade de Recife/PE e a análise dos resultados obtidos ao longo de
um período de tempo determinado para o monitoramento e levantamento de dados.
Por sua vez, a etapa do estudo experimental consistiu basicamente em duas atividades
distintas. A primeira atividade correspondeu na experimentação de um Sistema de
Gerenciamento de Resíduos (SGR) numa amostra constituída de sete canteiros de obra de
edifícios residenciais multipisos (estrutura de concreto armado) da cidade do Recife/PE. Essa
amostra faz parte de um universo maior que a princípio contava com 30 canteiros de obras
que foram selecionados pelo Programa Piloto do Projeto Entulho Limpo Pernambuco, que é
uma parceria entre várias entidades e instituições do Estado de Pernambuco
(SINDUSCON/PE, SEBRAE/PE UFPE, POLI/UPE e Associação das Empresas do Mercado
Imobiliário de Pernambuco - ADEMI/PE). Tal programa encontra-se em andamento e
consiste numa das ões conseqüentes com vista à gestão compromissada do RCD no
município em questão, sendo programada a implantação em duas etapas piloto, contando cada
uma delas com 15 canteiros de obras. A amostra utilizada neste trabalho, composta por sete
canteiros de obras, foi resultado das primeiras adesões, no caso, das respectivas empresas que
se dispuseram a participar do processo.
Para que o Sistema de Gerenciamento de Resíduos SGR fosse implantado da mesma forma
em todos os canteiros, adotaram-se três etapas. Inicialmente foi feito o planejamento, seguido
das etapas de implantação e de monitoramento das atividades, este último durante sete meses
da pesquisa de campo, nos sete canteiros de obras que aderiram à proposta de execução do
SGR.
A segunda atividade foi a realização de um levantamento de dados para a determinação de
Indicador de Geração de Resíduo (IGR), tendo como amostra um total de 19 canteiros de
obras, também de edifícios residenciais multipavimentos, em Recife/PE. Esse levantamento
ocorreu para algumas etapas da construção (demolição, alvenaria e acabamento) e para alguns
materiais utilizados nos serviços executados (tijolos cerâmicos, argamassa de revestimento,
gesso e placas cerâmicas). O item demolição foi escolhido por se tratar de uma fase única, em
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
40
curto período de tempo e com grande geração de RCD (refere-se às práticas de demolições
das construções onde são construídos os edifícios multipavimentos). O objetivo desse
levantamento foi estimar a quantidade de RCD gerado, representativo, nos canteiros de obra
selecionados na cidade em questão, contribuindo para formar uma base de dados de referência
para o setor da construção civil local.
Para determinar o Indicador de Geração de Resíduo IGR foi utilizada uma metodologia
diferente para cada uma das fases das obras selecionadas: demolição (construção antiga),
alvenaria e acabamento (edifícios multipavimentos). Na fase de alvenaria de vedação o
material escolhido para o levantamento de dados foi apenas o tijolo cerâmico (8 furos),
considerando-se que esse material é o mais utilizado pelas construtoras locais e ainda que a
geração de outros resíduos durante a execução das alvenarias é insignificante em relação ao
material tijolo cerâmico. Na fase de acabamento foram selecionados os materiais com maior
representatividade tanto em relação ao tempo de duração do serviço quanto em relação à
quantidade a ser executada nestas obras. Portanto, em relação ao acabamento foram
escolhidos os seguintes materiais para o levantamento do IGR: a argamassa para revestimento
interno; o gesso em pasta e a placa de cerâmica para piso.
Na Figura 7 pode–se observar o fluxograma proposto para a realização dessas duas atividades.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
41
Figura 7– Fluxograma de Metodologia do Estudo Experimental (pesquisa de campo).
GESTÃO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CANTEIROS DE OBRAS EM RECIFE/PE
Demolição
IGR
Indicador de Geração de Resíduo
Alvenaria
(tijolos cerâmicos)
Acabamento
(Gesso, argamassa de
revestimento e cerâmica)
1. Levantamento
da área total a
ser demolida
2. Levantamento
dos resíduos
retirados
3. Definição do
indicador de
geração
1. Caracterização da
obra e da tecnologia
construtiva
2. Prévia marcação da
amostra de tijolos
3. Contagem dos
tijolos assentados na
execução da
alvenaria
1. Levantamento da
área a ser
revestida.
2. Pesagem dos
resíduos gerados
Planejamento Monitoramento
SGR
Sistema de Gerenciamento de Resíduos
1.
Apresentação
do Projeto GR
2. Alocação dos
dispositivos
3. Treinamento
dos
trabalhadores
1.
Reunião
Inaugural
(escolha das
empresas
construtoras)
2. Treinamento
Gerencial
3. Visita inicial
aos canteiros de
obras
4. Elaboração do
Projeto GR
Avaliação dos itens:
1. Limpeza
2. Acondicionamento
inicial
3. Acondicionamento
final
4. Destinação
compromissada dos
resíduos
Implantação
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
43
Estudo Experimental – pesquisa de campo
3.1 Sistema de Gerenciamento de Resíduos - SGR
3.1.1 Planejamento
3.1.1.1 Reunião Inaugural
Inicialmente foi realizada por intermédio do Sindicato da Indústria da Construção Civil de
Pernambuco (SINDUSCON/PE), uma reunião inaugural com as 30 construtoras inscritas para
apresentação do Projeto Entulho Limpo Pernambuco e da etapa de implantação do SGR,
quando foram explicados os objetivos do Programa Piloto e a sua forma de implantação. A
partir desta reunião foi definido, para um primeiro momento das ações do programa piloto, o
compromisso de 15 empresas (construtoras) que implantariam o SGR, em pelo menos um de
seus canteiros de obras.
3.1.1.2 Treinamento Gerencial
Este treinamento teve o objetivo de informar e conscientizar os engenheiros residentes nos
canteiros de obras selecionados sobre a importância da adoção de práticas adequadas a um
eficaz gerenciamento dos RCDs, a fim de conseguir a adesão dos engenheiros residentes nas
obras ao modelo de gestão de resíduos a ser implantado. Tal evento também foi importante
para apresentar a realidade atual sobre a geração de tais resíduos na cidade do Recife/PE, bem
como a legislação vigente para o enfrentamento desse problema. O treinamento foi ministrado
nas instalações da Escola Politécnica de Pernambuco da Universidade de Pernambuco e foi
patrocinado pelo SEBRAE/PE e SINDUSCON/PE com uma carga horária total de 6 horas.
3.1.1.3 Visita inicial aos canteiros de obras
Nesta fase foi realizada uma visita inicial de reconhecimento aos canteiros de obras onde
foram levantados os dados necessários para adequação da metodologia à realidade de cada
canteiro. Foram levantados dados como número de pavimentos, tamanho dos apartamentos,
valor de venda dos imóveis, área de entorno da obra, pontos críticos de geração de resíduos.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
44
Com esse material foi possível preparar desenhos esquemáticos (croquis) dos 7 canteiros de
obras e caracterizar cada empreendimento.
3.1.1.4 Elaboração do Projeto GR
Após a análise dos dados colhidos na etapa anterior, elaborou-se o Projeto de Gerenciamento
de Resíduos adaptado à realidade de cada canteiro. Neste Projeto, foram definidos os itens a
serem avaliados, a programação das visitas, as práticas que deveriam ser mudadas durante a
execução dos serviços, as indicações corretas sobre a segregação dos resíduos nos
pavimentos, com uso de dispositivos, e os itens do checklist, que foram aplicados durante o
monitoramento. O projeto especifica ainda os tipos de resíduos, seus fluxos, o
dimensionamento e a quantificação dos dispositivos de coleta e a alocação adequada dos
mesmos na obra. No Anexo I encontra-se o modelo do projeto cedido às construtoras
participantes.
3.1.2 Implantação
3.1.2.1 Apresentação do Projeto GR
Esse documento foi apresentado e entregue às empresas construtoras em reunião específica,
quando foram mais uma vez explicadas todas as etapas do processo a ser implantado. As
dúvidas foram esclarecidas sendo estabelecido um cronograma comum para o início das ações
e para o período de monitoramento. Neste caso, ficou acordado que as ações se iniciariam a
partir da compra e instalação dos dispositivos determinados no Projeto GR para cada canteiro
de obra.
3.1.2.2 Alocação dos dispositivos
A alocação dos dispositivos foi apresentada no Projeto GR, sendo estabelecidas algumas
recomendações em relação à quantidade, tipo e localização dos mesmos nas obras. Para isso
foi combinado um prazo para as empresas providenciarem a compra dos dispositivos de coleta
e os instalarem de modo adequado em seus canteiros.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
45
3.1.2.3 Treinamento dos trabalhadores
Depois das empresas providenciarem a instalação dos dispositivos de coleta, foi realizada uma
visita para conferência dos mesmos, quando então foi ministrado um treinamento com os
funcionários de cada canteiro de obra, com duração de 1 hora. Os assuntos abordados nestes
treinamentos foram: o problema ambiental causado pela ausência ou falha no gerenciamento
dos resíduos de construção civil, a legislação nacional e municipal vigente e finalmente, de
modo explicativo, foi apresentado o sistema de gerenciamento de resíduos a ser implantado,
procurando demonstrar a importância da participação de todos para o sucesso no resultado
final.
3.1.3 Monitoramento
Após a etapa da implantação foram realizadas visitas mensais, durante sete meses, em
algumas empresas o número de visitas foi menor em virtude da finalização das obras, para a
verificação do cumprimento das recomendações estabelecidas no sistema de gerenciamento
de resíduos, implantado nos canteiros de obras. Em cada visita foram avaliados: a limpeza nos
pavimentos, a segregação dos resíduos no acondicionamento inicial (utilização das bombonas
nos pavimentos do próprio edifício), a segregação dos resíduos no acondicionamento final
(utilização das baias e/ou bags, no térreo, dentro dos canteiros), e a destinação compromissada
dos resíduos (controle para o destino dos resíduos fora dos canteiros).
A avaliação foi feita através do estabelecimento de notas, com auxílio de um checklist
padrãodo Obra Limpa (Figura 8), sendo que essas notas foram atribuídas por itens avaliados
(limpeza, acondicionamento e destinação dos resíduos) e por pavimentos inspecionados.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
46
Figura 8- Treinamento dos operários no canteiro de obra
Os critérios utilizados para uniformização dessas notas estão na Tabela 3. As notas de 1 a 2
foram atribuídas quando não havia cumprimento de nenhum dos itens do programa
(checklist), de 3 a 4 quando havia o cumprimento com falhas significativas como, por
exemplo, a falta de sinalização nos dispositivos. As notas de 5 a 6 quando a empresa cumpria
o sistema com poucas falhas como, por exemplo, falta de sacos de fia para transporte dos
resíduos. De 7 a 8 quando o sistema era implantado adequadamente porém com falhas
pontuais. De 9 a 10 quando o sistema era implantado sem falhas, isto é, cumprindo todas as
diretrizes do sistema de gestão.
Tabela 3 - Critério para estabelecimento das notas no monitoramento das obras
Notas Critérios
1-2 Péssimo. Sistemática não implementada. Muito resíduo acumulado
por muito tempo no pavimento.
3-4 Ruim.Sistemática parcialmente implementada.Resíduo acumulado
e não segregado de forma generalizada no pavimento
5-6 Regular. Sistemática ineficaz.Presença de problemas pontuais em
diferentes locais ou em volume significativo.
7-8 Bom. Sistemática adequadamente implementada, porém com falhas
pontuais e em pequenos volumes.
10 Excelente. Sistemática não implementada.Muito resíduo acumulado
por muito tempo no pavimento.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
47
3.2 Indicador de Geração de Resíduo - IGR
3.2.1 Demolição
O procedimento adotado foi:
Levantamento da planta baixa das três casas (construções existentes no local onde os
edifícios multipavimentos foram construídos) com o objetivo de se ter à área total a
ser demolida em cada canteiro de obra da amostra;
Levantamento e medição de todo resíduo retirado da demolição através da cubagem
dos caminhões do número de viagens;
Definição do indicador volume de RCD gerado por área demolida.
A geração dos resíduos da demolição foi calculada aplicando-se a seguinte fórmula:
Ac
V
IDEMV =
(1)
Onde:
IDEMV – índice de geração de resíduos de demolição em volume (m
3
/m
2
)
V – volume total dos resíduos transportados (m
3
)
Ac – área de construção das edificações demolidas (m
2
)
Para o cálculo do índice de geração em peso, foi considerado um peso específico aparente
para o resíduo igual a 1.400 kg / m
3
,baseado no peso específico do solo:
1400
=
IDEMVIDEMP (2)
Onde:
IDEMP – índice de geração de resíduos de demolição em peso (kg / m
2
)
3.2.2 Alvenaria
As obras consideradas como amostra neste estudo são edifícios multipavimento em estrutura
de concreto armado com vedação em alvenarias executadas com tijolos cerâmicos de 8 furos
assentados com uso de argamassa.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
48
Na fase de alvenaria foram analisadas seis obras para levantar a geração de resíduos dos
tijolos cerâmicos. Para este estudo foi selecionado estimar a geração de RCD apenas para o
material tijolo cerâmico, pois se constatou que na execução da alvenaria, a geração de RCD
proveniente da argamassa de assentamento, foi muito pequena em relação ao tijolo cerâmico.
Para determinação do indicador de geração de resíduos de tijolos cerâmicos, adotou-se a
metodologia proposta por Souza (2005). De acordo com tal metodologia, antes dos pedreiros
começarem seu trabalho, é marcado com um “X” um determinado número de blocos do tipo
que serão usados no serviço (NT), no estoque próximo à maior frente de trabalho. Isso
significa que se consideram apenas os elementos que estão estocados em cada pavimento em
que serão aplicados na alvenaria. O levantamento foi realizado por pavimento, sendo o
resultado, por obra, a média total.
No último dia do período de estudo, procedeu-se a contagem do número de blocos marcados
remanescentes no estoque (N1) em cada pavimento e o número de blocos marcados assentes
(N2) na alvenaria executada naquele pavimento. O índice de perda de tijolos (IPT) foi
calculado como:
)1(
)21(
(%)
NNT
NNNT
IPT
+
=
(3)
Para efeito deste estudo, o procedimento foi repetido quatro vezes (uma vez por semana,
considerando que as medições foram realizadas durante quatro semanas) em cada um dos
canteiros, com exceção da Obra 5. A marcação dos blocos em duas situações distintas: tijolos
fornecidos a granel(armazenados de forma unitária) e tijolos paletizados,isto é, armazenados
em grupos, em paletes.
3.2.3 Acabamento
Para a fase de acabamento foram escolhidos os itens que tinham maior representatividade
tanto em quantidade de material a ser aplicado quanto no tempo de execução dos mesmos.
Portanto, foram escolhidas as placas de revestimento de piso, o gesso e a argamassa de
revestimento interno. Como primeiro passo da metodologia, antes da pesagem dos resíduos
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
49
gerados nesse serviço, foi realizado o levantamento de cada área (m
2
) a ser revestida. Os
resíduos gerados eram estocados no pavimento, de forma segregada, pelos operários da obra
para que se pudesse realizar a sua pesagem durante a visita específica para esse fim, a qual
ocorria uma vez por semana.
3.2.3.1 Argamassa de Revestimento
A metodologia utilizada para determinação do índice de geração de perda de argamassa
consistiu na pesagem do resíduo gerado por meio de uma balança analógica. Nesta
metodologia não foi possível o controle dos materiais na entrada do produto no ambiente onde
se realizava o levantamento, pois a argamassa era misturada no térreo, e se destinava aos
vários serviços simultâneos. Com isso, tem-se apenas o índice de perda por unidade de área.
Para o cálculo do índice de perda relativo adotou-se o rendimento de 1 m
2
por saco de 20 kg
de argamassa(AG=20). As perdas foram calculadas pela aplicação das seguintes fórmulas:
A
R
IP =1 (4)
Onde:
IP1 – índice de perda em peso (kg/m
2
)
R – peso dos resíduos (kg)
A – área de assentamento da argamassa (m
2
)
AG
IP
IP
1001
2
= (5)
Onde:
IP2 – índice de perda relativo (%)
AG – quantidade de argamassa necessária para assentar 1 m
2
(kg). Logo AG=20
As medições foram realizadas durante quatro semanas, seguindo o tempo sugerido na
metodologia para aferição da perda nos tijolos.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
50
3.2.3.2 Gesso
A metodologia utilizada para determinação do índice de geração de perda de gesso consistiu
na pesagem do resíduo gerado por meio de uma balança.
O índice de perda deste material foi obtido através da pesagem dos resíduos gerados por
cômodo, fornecendo um índice de peso por área construída. Também neste caso não se
conseguiu controlar o peso total de gesso na entrada do cômodo, mas apenas o resíduo gerado.
A perda foi calculada pela seguinte fórmula:
A
R
IP =1 (6)
Onde:
IP1 – índice de perda em peso (kg/m
2
)
R – peso dos resíduos (kg)
A – área de assentamento do gesso (m
2
)
No entanto, sabe-se que parte do peso dos resíduos de gesso deve ser atribuído à água
incorporada ao mesmo. De acordo com informações fornecidas por empresas aplicadoras de
gesso, esta parcela é de aproximadamente 50% do peso final do resíduo. Porém, em virtude da
falta de precisão deste percentual, foi realizado um experimento em laboratório, no qual se
obteve um percentual de água de 21% presente nos resíduos de gesso. Tal resultado foi
utilizado para retirar a parcela de água do cálculo do índice de geração dos resíduos de gesso.
3.2.3.3 Placas Cerâmicas
A metodologia utilizada para determinação do índice de geração de perda de placas cerâmicas
consistiu na pesagem do resíduo gerado por meio de uma balança analógica.
O índice de perda deste material foi obtido através da pesagem dos resíduos gerados por
cômodo, fornecendo um índice de peso por área construída, ou percentual em peso por área
construída. Também neste caso o se conseguiu controlar o peso total de placa cerâmica na
entrada do cômodo.
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA
51
As perdas foram calculadas usando as seguintes fórmulas:
A
R
IP =1
(7)
Onde:
IP1 – índice de perda em peso (kg / m
2
)
R – peso dos resíduos (kg)
A – área de assentamento da cerâmica (m
2
)
AG
IP
IP
1001
2
=
(8)
Onde:
IP2 – índice de perda relativo (%)
AG – quantidade de cerâmica necessária para 1 m
2
(kg)
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
52
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Sistema de Gerenciamento de Resíduos
4.1.1 Planejamento para implantação do SGR
4.1.1.1 Reunião inicial – definição da amostra de campo
Com o objetivo de reunir as empresas inscritas e explicar o Sistema de Gerenciamento de
Resíduos SGR, foi realizada uma reunião na sede do Sindicato da Indústria da Construção
Civil de Pernambuco - SINDUSCON/PE. Tal reunião teve como pauta o problema ambiental
dos resíduos, a Lei Municipal nº 17.072/05, a resolução CONAMA nº307 e como seria
implantado o sistema de gerenciamento de resíduos nos canteiros de obras. Das quinze
empresas construtoras presentes, sete delas concordaram com a implantação do sistema de
gerenciamento de resíduos em um dos seus canteiros de obras, desta forma estes canteiros
passaram a constituir o objeto de estudo da presente pesquisa.
4.1.1.2 Treinamento Gerencial nos canteiros de obra
O treinamento gerencial foi ministrado nas dependências da escola Politécnica de
Pernambuco com a presença dos engenheiros responsáveis pelo gerenciamento das obras a
serem atendidas, alunos de iniciação científica e funcionários da Agência Pernambucana de
Meio Ambiente e Recursos Hídricos CPRH, órgão este responsável pelo gerenciamento
ambiental do estado, totalizando 34 pessoas. O curso teve duração de seis horas e incluía o
conhecimento do problema ambiental causado pelos resíduos de construção e demolição, as
legislações vigentes relacionadas aos resíduos de construção civil e o SGR proposto no
programa piloto.
4.1.1.3 Visita inicial nos canteiros de obra – caracterização da amostra de campo
Para elaborar o plano de gestão de resíduos foi feito um levantamento sobre as características
dos empreendimentos indicados, desta forma obteve-se a caracterização da amostra deste
estudo. A Tabela 4 apresenta os empreendimentos caracterizados, os quais são aqui
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
53
identificados pelas letras “A”, “B”, C”, “D”, ”E”, F” e “G”, a fim de se preservar as
identidades das empresas construtoras envolvidas. Todas as empresas possuem sistema de
gestão da qualidade certificado.
Destaca-se que as Obras “A”, “F” e “G” eram de alto padrão construtivo e as obras “B”, “C” ,
“D” e E” eram de médio padrão. Os empreendimentos “A” e B” estavam na fase de
estrutura e vedações externas e os restantes estavam na fase de acabamento. Todas as
construções eram residenciais, possuíam entre 12 e 31 pavimentos e tinham apartamentos que
variavam a área construída entre 90 a 220 m
2
.
Tabela 4 - Caracterização dos Empreendimentos (amostra de campo)
Empreendimentos Residenciais – edifícios multi-pavimentos Características
Obra A Obra B Obra C Obra D Obra E Obra F Obra G
Nº de Pavimento
– tipo
25 21 25 12 22 31 20
Padrão
construtivo
alto médio médio dio médio alto alto
Área construída
nos aptos.
150m
2
90m
2
90m
2
120m
2
105m
2
148m
2
220m
2
4.1.1.4 Elaboração do Projeto de Gerenciamento de Resíduos - GR
Os projetos de GR foram feitos para cada uma das empresas participantes, de acordo com a
realidade de cada canteiro de obra, seguindo sempre a mesma metodologia. Esses projetos
foram entregues uma semana após a visita inicial de levantamento de informações nos
canteiros de obra. Nos projetos estão registrados detalhadamente todos os resíduos a serem
monitorados em cada canteiro, bem como estão estabelecidas as formas a serem adotadas para
realizar o acondicionamento inicial e final dos resíduos gerados. Nesse projeto também estão
definidas as formas de transportes dos resíduos dentro e fora do canteiro de obras. Além disso,
destaca-se no projeto a identificação do destino final do RCD, que caracteriza a destinação
compromissada do mesmo.
A distribuição dos dispositivos de coleta nos pavimentos, o custo dos dispositivos, por item e
em relação ao total da implantação, e o lay-out do canteiro de obras com a distribuição dos
dispositivos de coleta, também estão inseridos no projeto GR. Para melhor visualização, os
projetos estão inseridos no Anexo I deste trabalho.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
54
4.1.2 Implantação do SGR – projeto piloto
Após a aquisição, construção e distribuição dos dispositivos de coleta nos pavimentos foram
realizados treinamentos com todos os funcionários de cada canteiro de obra. Tal treinamento
incluía a sensibilização para o problema ambiental, esclarecimentos sobre a legislação vigente
em relação aos resíduos de construção, destacando a obrigatoriedade legal da separação e
gerenciamento do resíduo no canteiro de obras, bem como os procedimentos de separação,
registro, coleta e transporte dos RCDs, além da importância de cada funcionário na
implementação do sistema. A Figura 7 ilustra a metodologia de treinamento utilizada em
todos os canteiros estudados, as palestras eram feitas de forma participativa e os
equipamentos utilizados foram um retro-projetor e slides ilustrativos .
Figura 9 - Treinamento dos operários no canteiro de obra
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
55
4.1.3 Monitoramento do SGR – projeto piloto
Seguindo a metodologia proposta foram realizadas visitas para monitoramento, avaliação e
ajuste da metodologia. Tais visitas avaliaram a limpeza do canteiro, organização, segregação
correta dos resíduos nos recipientes de coleta (bombonas e baias) e destinação compromissada
e registrada. Era previsto inicialmente na metodologia que o monitoramento mensal fosse
feito durante apenas três meses, porém verificou-se a necessidade de acompanhar os serviços
nos canteiros de obra por mais tempo para que o SGR fosse analisado por um período maior.
Assim, alguns canteiros foram avaliados pelo período de sete meses e outros em um período
menor devido a finalização da obra ou fim do prazo estabelecido para este estudo.
4.1.3.1 Limpeza no canteiro de obra
Para este item avaliado (limpeza) a realidade encontrada em todos os canteiros de obras foi
bastante semelhante, salvo algumas pequenas diferenças. Na Figura 10, pode-se verificar,
através das notas, a evolução média gradativa deste item avaliado nos sete canteiros de obras
(amostra de campo). Observa-se, na Obra “E”, uma queda na nota no sexto mês de análise.
Tal fato, provavelmente deve-se a um relaxamento que pode ter ocorrido na prática adequada
ao SGR, levando em conta que o processo é diferente daquele em que os operários estão
acostumados nos canteiros de obra. Isso indica que para alcançar os objetivos iniciais
necessidade de acompanhamento periódico, visando a manutenção e a renovação do
compromisso com o SGR proposto.
Outro ponto importante a ser observado, ainda no Figura 10, é a diferença entre as notas da
Obra “F” e as demais obras, sobretudo na primeira avaliação. Tal fato deve-se ao menor
compromisso dos gestores da referida obra em implantar efetivamente o SGR. Entretanto,
percebe-se mais destacadamente, para as obras “A”, “C”, “E” e “F”, uma evolução muito
positiva entre as notas iniciais e finais, demonstrando a tendência para todas elas alcançar as
notas maiores atribuídas às obras B” e “G”. A propósito as obras B” e “G” se mantiveram
com notas altas (próximo de 10) desde a primeira avaliação. A obra “D” também se manteve
com mesmas notas desde o início da avaliação, porém com nota mais próximo de 9. Portanto,
pode-se dizer que na maioria dos casos houve esforço para aumentar o compromisso com a
limpeza das obras, que se revelou em maior evolução positiva das notas ao longo do tempo.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
56
LIMPEZA
6,0
6,5
7,0
7,5
8,0
8,5
9,0
9,5
10,0
1 2 3 4 5 6 7
Visitas Mensais
Notas
Obra A
Obra B
Obra C
Obra D
Obra E
Obra F
Obra G
Figura 10 - Notas para a limpeza nos canteiros de obra
Conforme já destacado, o padrão inicial definido para avaliação das obras foi de três meses,
mas para um maior aprofundamento sobre a continuidade das práticas de gestão das
respectivas empresas, decidiu-se prolongar a avaliação por mais quatro meses, o que
possibilitou a identificação mais clara da importância de um monitoramento mais rígido e
constante do SGR ao longo do tempo. É importante ressaltar que conforme apresentado no
Figura 10, as empresas “A”, “C”, “D e “F” não apresentam resultados em todos os meses da
avaliação, pois as obras se encerraram ao longo do período de avaliação do sistema de gestão.
A seguir tem-se a análise mais detalhada da avaliação do item limpeza de cada canteiro de
obra.
4.1.3.1.1 Limpeza da Obra “A” (nota inicial=8,0 e nota final=9,8)
As Figuras 11, 12, 13 e 14 mostram a situação da obra “A” em relação à limpeza antes e
depois da implantação do SGR. Nota-se uma grande melhoria, principalmente, nas áreas de
circulação, escadas e corredores. As áreas de circulação, utilizadas pelos operários dentro do
canteiro de obra, estando livres de RCD espalhados pelo piso proporcionam aos operários um
ambiente salubre. Além disso, a limpeza imediata destes locais acaba reduzindo os riscos de
acidentes de trabalho.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
57
Figura 11- Trecho de escada da Obra “A”: situação
inicial antes da implantação da limpeza
Figura 12 - Trecho de escada da Obra “A”: situação
final após a implantação da limpeza SGR
Figura 13 - Trecho de escada da Obra “A”: situação
inicial antes da implantação da limpeza
Figura 24 - Trecho de escada da Obra “A”:
situação final após a implantação da limpeza SGR
Nos pavimentos foi constatada a falta de limpeza imediata após a execução dos serviços,
fossem eles considerados grandes ou pequenos. Na Figura 15, observa-se que quando ocorria
a desforma de uma laje, o pavimento passava um longo período sem realizar limpeza. Depois
da implantação do SGR os pavimentos passaram a ser limpos logo após a execução do
serviço, como mostra a Figura 16.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
58
Figura 35 - Trecho do pavimento da Obra “A”:
situação inicial antes da implantação da limpeza
Figura 46 - Trecho do pavimento da Obra “A”:
situação final após a implantação da limpeza (SGR)
Para ilustrar a falta de limpeza após os serviços de assentamento de tijolos na execução de
alvenarias, tem-se nas Figuras 17 e 18, o antes e depois, respectivamente.
Figura 57 - Serviço de assentamento de tijolos na
Obra “A”: situação inicial antes da implantação da
limpeza
Figura 68 - Serviço de assentamento de tijolos na
Obra “A”: situação final após a implantação da
limpeza (SGR)
Ainda no canteiro da Obra “A”, foi observada que, anteriormente à implantação do SGR,
havia uma certa organização em relação aos materiais de construção estocados no canteiro de
obra, devido à implantação anterior de um Sistema de Gestão de Qualidade. A Figura 19
mostra a organização dos materiais estocados na área de periferia do canteiro de obra, e a
Figura 20 mostra a estocagem de materiais nos pavimentos.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
59
Figura 79 - Organização na estocagem de materiais
na Obra “A”: situação inicial antes da implantação
SGR
Figura 8 - Organização na estocagem de materiais
na Obra “A”: situação inicial antes da implantação
SGR
4.1.3.1.2. Limpeza da Obra B (nota inicial=9,8 e nota final=9,9)
A Obra B não apresentava grandes problemas em relação à limpeza, anteriormente à
implantação do SGR, devido ao sistema de gestão da qualidade já implantado. Nas Figuras 21
e 22 pode-se ver os problemas de limpeza pontuais encontrados, principalmente nas áreas de
circulação – corredores.
Figura 9 - Pequenos problemas de limpeza nas áreas
de circulação dos pavimentos anteriormente à
implantação do SGR na obra B: situação inicial da
limpeza
Figura 10 - Pequenos problemas de limpeza no
térreo anteriormente à implantação do SGR na obra
B: situação inicial da limpeza
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
60
As Figuras 23 e 24 ilustram a situação de limpeza encontrada na maioria dos pavimentos da
obra “B”, antes e depois da implantação do SGR. Na comparação entre as duas Figuras,
percebe-se que ao se implantar o SGR tem-se a presença das bombonas localizadas no
pavimento, para segregar os tipos de RCDs gerados, naquele pavimento.
Figura 113 - Pavimento da Obra “B”: situação
inicial antes da implantação da SGR.
Figura 124 - Pavimento da Obra “B”: situação
inicial depois da implantação da SGR (localização
das bombonas)
A Figura 25 mostra a técnica de utilizar lonas plásticas para proteger o piso e facilitar a
limpeza no serviço de aplicação de gesso. Na Figura 26 ver-se o cartaz produzido para
incentivar e lembrar aos funcionários sobre a necessidade da limpeza constante dos
pavimentos. As atitudes ilustradas em tais figuras demonstram o interesse da equipe gerencial
em fazer com que o SGR funcione.
Figura 135 - Piso protegido para aplicação do
gesso, após implantação do SGR
Figura 146 - Placa chamando a atenção sobre a
limpeza, após implantação do SGR
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
61
Os materiais de construção eram somente transportados em quantidades para execução dos
serviços em cada pavimento. O armazenamento, tanto no rreo quanto nos pavimentos, era
feito de forma organizada. Este fato está apresentado nas Figuras 27 e 28.
Figura 157 - Estocagem dos materiais no térreo -
situação inicial de organização do canteiro de obra
B, antes da implantação do SGR
Figura 168 - Estocagem dos materiais nos
pavimentos - situação inicial de organização do
canteiro de obra B, antes da implantação do SGR
IV.1.3.1.3. Limpeza da Obra C (nota inicial=8,1 e nota final=9,9)
A Obra C possuía uma limpeza razoável antes da implantação do SGR, considerando que
foram encontrados apenas problemas pontuais em alguns serviços, os quais, após sua
conclusão, o pavimento passava longos períodos sem a limpeza adequada. Estes problemas
foram detectados, principalmente, nas áreas de circulação, exemplificas nas Figuras 29 e 30.
Figura 179 - Trecho de escada da Obra C: situação
inicial antes da implantação do SGR
Figura 18 - Trecho de escada da Obra C: situação
final após a implantação do SGR
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
62
As Figuras 31 e 32 mostram o antes e o depois da implantação do SGR, ilustrando a situação
encontrada nos corredores da área de circulação comum aos apartamentos do edifício.
Figura 19 - Trecho do corredor com RCD
obstruindo parte da circulação da Obra C: situação
inicial antes da implantação da limpeza
Figura 20 - Trecho do corredor da Obra C: situação
final após a implantação da limpeza (SGR)
Nas Figuras 33 e 34 observa-se uma grande geração de resíduo de gesso espalhado no piso.
Segundo pesquisa feita com os funcionários dos canteiros envolvidos, o grande volume de
gesso gerado ocorre pela combinação de vários fatores, como mão-de-obra não qualificada, o
pagamento do serviço por produção e o baixo preço do produto (gesso). Nesta obra foram
tomadas algumas atitudes para minimizar os impactos, entre elas o uso de um retardador de
pega para o gesso e a proteção do piso com lonas plásticas, para facilitar a limpeza do piso
nos ambientes de trabalho.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
63
Figura 21 - Resíduos de gesso sobre o piso da Obra
C: situação inicial antes da implantação da limpeza
Figura 224 - Resíduos de gesso sobre a lona plástica
no piso da Obra C: situação final após a implantação
da limpeza (SGR)
Após a implantação do SGR proposto, as limpezas eram feitas sistematicamente após cada
serviço, ao final do dia. A Figura 35 mostra a melhoria na área de circulação e a 36 mostra o
pavimento ainda em obras, porém limpo.
Figura 235 - Localização das bombonas no corredor
da Obra C: situação final após a implantação da
limpeza (SGR)
Figura 246 - Pavimento ainda com serviços em
execução da Obra C: situação final após a
implantação da limpeza (SGR)
As Figuras 37 e 38 abaixo mostram a organização do canteiro nas áreas de periferia da obra.
Anteriormente a organização ocorria, porém como a limpeza não era feita da forma correta, a
organização não era evidenciada. Tal fato pode ser observado nas Figuras 39 e 40.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
64
Figura 257 - Situação de organização da estocagem
de materiais na obra C, anterior a implantação do
SGR
Figura 26 - Situação da Limpeza e organização do
canteiro da obra C, após a implantação do SGR
Após o serviço de concretagem e desforma parcial dos elementos estruturais, a área ficava
com resíduos acumulados entre as escoras (cimbramento). Isto deixou de acontecer depois
que o SGR foi implantado na obra C. As Figuras 39 e 40 mostram a situação da área de
periferia antes e depois da execução desses serviços.
Figura 27 - Situação de acúmulo de resíduos na
periferia da obra C, anterior a implantação do SGR
Figura 28 - Situação de acúmulo de resíduos na
periferia da obra C, depois a implantação do SGR
Um item de grande importância, como ação pró-ativa adotada pela administração do canteiro
de obra C, foi a sinalização através da distribuição de placas informativas no canteiro de
obras. Tais placas traziam lembretes para a atenção de todos os funcionários de que existe um
Sistema de Gestão de Resíduos sendo implantado, que a empresa tem interesse e que precisa
da colaboração de todos para o SGR funcionar (Figuras 41 e 42).
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
65
Figura 29 – Sinalização por placa educativa de
deposição adequada de lixo no canteiro de obra C
Figura 30 - Sinalização por placa educativa
incentivando a limpeza no canteiro de obra C
A Obra C conseguiu, ao final, cumprir o item limpeza de forma satisfatória, usando de todas
as orientações dadas e ações práticas, como a limpeza logo após cada serviço, o
comprometimento da equipe e a organização do canteiro e dos setores onde os serviços eram
executados.
4.1.3.1.4 Limpeza da Obra D (nota inicial=9,4 e nota final=9,3)
A obra em questão apresentava antes da implantação do SGR uma limpeza razoável, devido
ao Sistema de Gestão da Qualidade implantado, porém ainda não possuía uma sistemática
de limpeza adequada. Isso pode ser visto nas Figuras 43 e 44. O resíduo era colocado em
pilhas, em vários pontos do pavimento, e somente era recolhido no final de semana, o que
mantinha a obra sempre com aspecto de sujeira, já que os resíduos mais leves
eram espalhados facilmente pelo vento no espaço dos pavimentos.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
66
Um problema crítico, encontrado neste canteiro, foi com o serviço de aplicação de gesso. A
grande quantidade desse tipo de resíduo gerado e a dificuldade para limpeza dos pavimentos,
após a aplicação do gesso ocasionavam um sério problema de limpeza, organização e
prevenção de acidentes de trabalho (Figura 45). Procurando reduzir o problema, foram
instaladas lonas plásticas no piso, durante a execução do serviço (Figura 46). Em relação à
quantidade de resíduo gerado (gesso) não foi tomada nenhuma providência pela empresa.
Figura 335 - Aplicação de gesso e acúmulo de
resíduo diretamente sobre o piso na obra D
Figura 346 - Aplicação de gesso e acúmulo de
resíduo sobre a lona plástica colocada no piso na
obra D
As Figuras 47 e 48 apresentam a situação de limpeza após a implantação do SGR. A empresa
implantou a etapa de limpeza após a execução de serviços, sendo essa etapa executada ora
pelos próprios funcionários da construtora ora por pessoal terceirizado.
Figura 313 - Situação inicial de acúmulo de
resíduos na base das paredes na obra D, anterior a
implantação do SGR
Figura 324 - Situação inicial de acúmulo de
resíduos na base das paredes na obra D, posterior a
implantação do SGR
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
67
Figura 357 - Limpeza do piso após a implantação
do SGR na obra D
Figura 368 - Limpeza da escada após a implantação
do SGR na obra D
Em relação à organização, a Obra D, anteriormente à implantação do SGR, apresentava
certo nível de organização. A limpeza implementada pelo SGR evidenciou a organização do
canteiro de obras, como mostram as Figuras 49 e 50. Esta organização motivou a gerência do
canteiro a manter o sistema SGR adotado, pois além do benefício à segurança dos operários,
os clientes elogiavam a limpeza e a organização da construtora.
Figura 379 - Organização dos materiais no
pavimento térreo da obra D, após SGR
Figura 38 - Organização dos materiais nos
pavimentos da obra D, após SGR.
Um fator bastante positivo foi a implantação também de sinalização através de placas
informativas e educativas no canteiro de obras, mostrando a limpeza como aliado da
segurança no trabalho (Figuras 51 e 52).
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
68
Figura 39 - Sinalização adotada na obra D sobre
limpeza e segurança após o SGR
Figura 40 - Sinalização adotada na obra D sobre
deposição do lixo após o SGR
A obra D obteve bons resultados em relação à limpeza, a metodologia foi incorpororada de
forma bastante eficaz, o canteiro sempre limpo mostrava as falhas nos métodos construtivos,
podendo a construtora identificar os pontos fracos desses métodos em relação ao desperdício e
à geração de resíduos.
4.1.3.1.5 Obra E (nota inicial=8,6 e nota final=9,7)
Nas Figuras 53 e 54 são apresentadas a situação da limpeza do pavimento térreo da Obra “E”
na etapa de diagnóstico e na visita de acompanhamento após a implantação. Observou-se que,
mesmo a empresa tendo certificação de qualidade, havia falha na organização e limpeza do
canteiro de obra. Este problema ocorria pela falta de procedimentos de rotina para gestão dos
resíduos.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
69
Figura 413 - Situação inicial da limpeza no térreo
da obra E
Figura 424 - Situação final da limpeza no térreo da
obra E
Observando-se as Figuras 55 e 56, verifica-se uma sensível melhora após a implantação do
SGR nos pavimentos. Anteriormente à implantação do SGR, o serviço era executado e o
pavimento não era limpo. Depois da implantação do SGR a limpeza passou a ser feita
sistematicamente ao final do dia do serviço executado.
Figura 435 - Situação inicial da limpeza na obra “E”
antes da implantação do SGR
Figura 446 - Situação final da limpeza na obra “E”
após a implantação do SGR
Como nas outras obras deste estudo, o serviço de revestimento de paredes com o uso da pasta
em gesso sempre apresentou uma grande quantidade de resíduos gerados, deixando os
pavimentos em serviço com o acesso comprometido durante vários dias, devido à dificuldade
na limpeza do piso. Para solucionar tal problema (facilitar a limpeza), foi sugerida a
colocação prévia de lonas plásticas nos pisos dos locais onde os serviços eram realizados. As
Figuras 57 e 58 mostram as situações do piso antes e depois da utilização da referida lona.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
70
Figura 457 - Dificuldade para a retirada dos
resíduos de gesso na obra “E” sem o uso de lona
plástica
Figura 468 - Facilidade para a retirada dos resíduos de
gesso na obra “E” com o uso de lona plástica, após a
implantação SGR
A Figura 59 mostra resíduos de cerâmica misturados com as placas cerâmicas que ainda
seriam assentadas no piso. Esta falta de organização além de prejudicar a circulação das
pessoas na obra, ainda ocasionava grande perda de materiais. A Figura 60 mostra a
organização dos materiais após a implantação do sistema SGR.
Figura 47 - Mistura entre resíduos de cerâmica e
placas cerâmicas que ainda seriam aplicadas, na obra
“E”.
Figura 48 - Organização do estoque de placas
cerâmicas nos pavimentos, após a implantação do
SGR, na obra “E”.
Conforme mencionado na análise do gráfico da Figura 10, as Figuras 61 e 62 mostram o
deslize da construtora em relação à limpeza no sexto mês de monitoramento. Os funcionários
limpavam o pavimento e depositavam os resíduos nas varandas dos apartamentos em
construção, numa tentativa frustrada de obter boas notas na inspeção no processo de
monitoramento do SGR.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
71
Figura 49 - Situação inicial da limpeza, antes da
implantação SGR na obra “E”.
Figura 50 - Situação da limpeza após a implantação
do SGR, na obra “E” (sexto mês da inspeção), numa
tentativa frustrada de esconder o resíduo nas
varandas.
4.1.3.1.6 Limpeza da Obra F (nota inicial=7,0 e nota final=9,1)
O único item razoavelmente aceitável nesta obra foi a limpeza, pois apesar de não cumprir os
requisitos do Sistema de Gestão de Resíduos, a obra cumpria o sistema de segurança do
trabalho e o sistema de qualidade.
As Figuras 63 e 64 mostram um exemplo de como se encontravam as áreas de circulação e o
interior dos apartamentos antes da implantação do SGR. Percebe-se que a sujeira no
pavimento não era intensa.
Figura 51 - Situação inicial da limpeza antes da
implantação do SGR, na obra F.
Figura 52 - Situação da limpeza após a implantação
do SGR, na obra F.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
72
As Figuras 65 e 66 mostram os pavimentos limpos após a implantação do sistema SGR.
Figura 53 - Situação da limpeza do pavimento, após
a implantação do SGR, na obra F.
Figura 54 - Situação da limpeza da escada após a
implantação do SGR, na obra F.
4.1.3.1.7 Limpeza da Obra G (nota inicial=9,8 e nota final=9,9)
Nesta obra os resultados do item limpeza foram satisfatórios, considerando que a empresa
tinha uma preocupação com esse item, para o cumprimento das exigências do programa de
segurança e de qualidade adotados nos seus canteiros de obras. Porém, suas ações se davam
sem nenhuma sistemática pré-estabelecida. Com a implantação do SGR, a empresa
incorporou como regra a limpeza do pavimento após o fim do serviço, ou ao final do dia.
Nas Figuras 64 a 65, percebe-se a limpeza do canteiro anteriormente e posteriormente a
implantação do SGR. Os problemas anteriores eram pontuais, isto é, muitas vezes o
pavimento era limpo, porém o resíduo ficava no pavimento.
Figura 55 - Situação inicial da limpeza antes da
implantação do SGR na obra G
Figura 56 - Situação final da limpeza após da
implantação do SGR na obra G
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
73
O canteiro possuía uma boa organização antes da implantação do SGR, o que facilitou a
rápida adaptação da construtora a este item do sistema. As Figuras 66,67 e 69 mostram a
organização e limpeza do canteiro antes e depois da implantação do SGR.
Um fator positivo foi a adoção de sinalização por cartazes educativos nos pavimentos (Figura
68).
Figura 57 - Situação inicial da limpeza nas escadas
antes da implantação do SGR na obra G
Figura 58 - Situação final da limpeza no térreo após
da implantação do SGR na obra G
Figura 59 - Sinalização por cartazes educativos nos
pavimentos na obra G
Figura 60 - Situação final da limpeza nos corredores
após da implantação do SGR na obra G
4.1.3.2 Acondicionamento inicial do RCD nos canteiros de obra
Na visita inicial aos canteiros de obra verificou-se que a maioria das empresas não realizavam
nenhum tipo de segregação dos RCDs. Esta prática foi adotada a partir da implantação do
SGR.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
74
No monitoramento do item acondicionamento inicial, foi avaliado se os conjuntos de
bombonas estavam alocados e identificados de forma correta, se havia sacos de ráfia no
interior das bombonas, e se os materiais estavam separados de acordo com a Resolução
CONAMA n° 307.
No Figura 70 são apresentadas as notas obtidas no item “acondicionamento inicial” nas visitas
de monitoramento, realizadas em sete canteiros de obras. A variação ocorrida nas notas das
três primeiras inspeções é considerada dentro dos padrões de aceitação por se tratar de um
período de adaptação e conscientização dos trabalhadores, fator este decisivo no sucesso para
a implantação do SGR. No entanto, ainda no Figura 70, pode-se observar que em todos os
canteiros, a nota obtida na terceira visita foi superior ou igual a 8,0, ou seja, a sistemática
estava sendo implantada adequadamente, apesar de detectados falhas pontuais e em pequenos
volumes.
Deve-se destacar que na obra F a nota máxima (8,0) foi igual a menor nota das outras obras, o
que revela a dificuldade de engajamento dos funcionários (gerentes e operários) da obra F em
atender satisfatoriamente aos objetivos do SGR. Percebeu-se também o quanto é importante a
colocação dos dispositivos para recepção temporária dos RCDs nos pavimentos dos edifícios
em construção, sendo tolerado no máximo uma alternância de um pavimento sem dispositivo,
para o melhor resultado no item acondicionamento inicial.
ACONDICIONAMENTO INICIAL
5
6
7
8
9
10
1ª Visita Visita 3ª Visita 4ª Visita 5ª Visita 6ª Visita 7ª Visita
Visitas Mensais
Notas
Obra A
Obra B
Obra C
Obra D
Obra E
Obra F
Obra G
Figura 61 - Notas para a segregação inicial nos canteiros de obra
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
75
4.1.3.2.1 Obra A
No canteiro de obras A, anteriormente ao SGR, não se fazia segregação dos materiais. A
empresa adquiriu os equipamentos de segregação inicial, no caso, as bombonas para os
materiais recicláveis e os adesivos de sinalização e marcação do piso para armazenamento
temporário dos resíduos da classe A. Foram adquiridos conjuntos de quatro bombonas para
serem colocados em pavimentos alternados, refeitório, escritório, almoxarifado e centrais de
madeira e de ferro.
A Figura 71 mostra os resíduos não segregados e espalhados pelo canteiro antes da
implantação do SGR, enquanto que a Figura 72 mostra a fase de implantação do SGR com as
bombonas com sacos de ráfia no interior em local de fácil acesso, sem obstrução da passagem,
sinalizada.
Figura 621 - Situação inicial dos resíduos antes da
implantação do SGR na obra A
Figura 632 - Acondicionamento inicial dos resíduos
após a implantação do SGR na obra A
Antes da implantação do SGR os resíduos eram colocados em vários pontos do pavimento,
sem segregação. Com o SGR os resíduos passaram a ser depositados separados e em local
determinado. As Figuras 73 e 74 mostram os resíduos após a implantação.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
76
Figura 643 - Acondicionamento inicial do RCD antes
da implantação do SGR na obra A
Figura 654 - Acondicionamento inicial dos resíduos
classe A após da implantação do SGR na obra A
A Figura 75 mostra uma pequena baia para depósito de metal na central de corte de ferro. Este
equipamento foi escolhido porque a bombona de 50 litros não suportava a produção de
resíduos gerada diariamente.
Na Figura 76 observa-se um fardo de papel separado, porém fora da bombona por ter as
dimensões maiores. A empresa foi orientada a agir desta forma quando o material fosse maior
que a capacidade dos equipamentos de segregação inicial.
Figura 665 - Acondicionamento inicial do RCD após
a implantação do SGR na obra A
Figura 676 - Acondicionamento inicial do RCD após
a implantação do SGR na obra A
4.1.3.2.2 Obra B
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
77
A obra B obteve bons resultados em relação à segregação e acondicionamento inicial. Foram
adquiridos conjuntos de bombonas para pavimentos alternados(Figura 77), escritório,
refeitório (Figura 79) e centrais de corte e dobra de aço e corte de madeira (Figura 80). Na
Figura 78 observam-se resíduos da classe “A” armazenados em sacos de cimento, no local
demarcado para este fim.
Apesar de todo o empenho da equipe de trabalho no canteiro da obra B observou, no início da
implantação do SGR, que muitos funcionários, por não serem alfabetizados, tinham
dificuldades para identificar os dispositivos e segregar corretamente os RCDs. Logo que este
problema foi detectado foram tomadas algumas providências, colocando exemplo dos
materiais em cada bombona e enfatizando nos treinamentos as cores representativas de cada
resíduo.
Figura 68 - Alocação das Bombonas nos pavimentos
alternados na obra B
Figura 69 - Resíduos Classe “A” segregados em sacos
de cimento usados na obra B
Figura 70 - Alocação das Bombonas no refeitório no
canteiro da obra B
Figura 71 - Alocação da Bombona na central de corte
de madeira no canteiro da obra B
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
78
4.1.3.2.3 Obra “C”
Na obra C foram adquiridos todos os dispositivos de segregação inicial(Figura 81)
requisitados pelo SGR e ainda inovou-se criando um dispositivo para fixar papel/papelão de
tamanhos maiores, que consistia em uma base de madeira com um ferro cravado na vertical.
Os papéis eram presos no metal, formando um fardo que depois era retirado, amarrado e
levado para a baia (Figura 82). A obra implantou com empenho e obteve bons resultados
apesar de algumas falhas comuns, como a deposição de resíduos de um tipo em um
dispositivo destinado para outro.
Figura 72 - Alocação das Bombonas nos
pavimentos alternados na obra C
Figura 73 - Fardo de papel segregado dos outros
RCDs na obra C
A Figura 83 mostra o gesso segregado dos outros RCDs e armazenado nos próprios sacos de
sua embalagem original, ainda no pavimento onde ocorreu o serviço que o utilizou. O resíduo
da classe A era depositado na marcação indicada no piso de cada pavimento, nem sempre com
os cuidados de segregação necessários (Figura 84).
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
79
Figura 74 - Resíduos de Gesso armazenados
separadamente nos próprios sacos de sua embalagem
original – Obra C
Figura 75 - Marcação no piso para receber
temporariamente os RCDs da classe A, como
acondicionamento inicial no próprio pavimento da
obra C
4.1.3.2.4 Obra D
A obra D foi especial porque ela já possuía uma sistematização para proceder a segregação do
RCD no seu canteiro, o que permitia um aproveitamento de todo o resíduo da classe A,
moendo-o. Porém, não havia uma segregação com respeito aos outros resíduos gerados.
As bombonas (Figura 85) foram alocadas a cada dois pavimentos, fato este que atrapalhava a
segregação inicial e afetava diretamente a segregação final. A variação encontrada nas notas
foi decorrente de falhas pontuais, tais como o fato do resíduo ser depositado em bombona
errada e existência de resíduo orgânico nos pavimentos.
Figura 76 - Alocação de bombonas a cada dois pavimentos na obra D - Situação após SGR
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
80
A Figura 86 mostra os resíduos da Classe A, bastante misturados com outros resíduos e
armazenados em qualquer ponto do pavimento, antes da implantação do SGR, o que
caracterizava falha na sistemática existente de segregação do RCDs. Na Figura 87 os RCDs
separados de forma organizada (após SGR), prontos para o processo de aproveitamento
realizado no próprio canteiro.
Figura 776 - Falhas na segregação do resíduo da
Classe A, antes da implantação do SGR na obra D
Figura 787 - Resíduo da Classe A armazenados em
sacos de cimento usados, esperando o processamento
e a reutilização na obra D
4.1.3.2.5 Obra E
Na obra E os dispositivos de coleta inicial eram dispostos a cada três pavimentos. Isto
ocasionou muitos problemas de segregação, mesmo com o empenho da equipe da obra.
As bombonas podem ser vistas nos pavimentos, conforme Figura 88, e no pavimento vazado
conforme a Figura 89. A empresa fez marcação no piso para receber o RCD da Classe A
(Figura 90) e para o resíduo de gesso (Figura 91) e também sinalizou todos os locais
apropriados para receber estes resíduos nos pavimentos.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
81
Figura 79 - Alocação dos dispositivos de coleta de
RCD a cada três pavimentos na obra E. Situação após
o SGR
Figura 80 - Alocação dos dispositivos de coleta de
RCD no pavimento vazado na obra E. Situação após o
SGR
Figura 81 - Local demarcado para receber os resíduos
de gesso na obra E
Figura 82 - Local demarcado para receber os resíduos
de Classe A na obra E
4.1.3..2.6 Obra F
Em um primeiro momento, os responsáveis pela Obra “F” mostraram-se interessados em
implantar o sistema SGR pela obrigatoriedade da legislação. Manifestaram adesão ao
programa piloto ao adquirir os dispositivos e fazer com que seus funcionários participassem
do treinamento.
No entanto, a falta de empenho da equipe gerencial refletia-se no engajamento dos outros
funcionários, o que prejudicou a implantação do SGR de forma adequada. O comportamento
de descaso com uso adequado dos dispositivos pode ser verificado pela seqüência de figuras a
seguir.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
82
A bombona para armazenamento dos resíduos de plástico, vista na Figura 92, continha, além
deste RCD, resíduo úmido gua suja) e restos de cerâmica. A Figura 93 mostra resíduos
orgânicos na bombona de um dos pavimentos, sendo esta não destinada para este fim.
Figura 83 - Uso inadequado do dispositivo para
segregação do RCD de plástico na obra F, após
implantação do SGR
Figura 84 - Uso inadequado do dispositivo com
resíduos orgânicos na obra F após implantação do
SGR
Verifica-se na Figura 94 uma quantidade de resíduos de plásticos maior que a capacidade da
bombona. Ver-se também que este mesmo resíduo plástico ocupa outro dispositivo vizinho,
não especificado para ele. Observa-se na Figura 94 também a bombona de metal com papel e
madeira, além da ausência dos sacos de ráfia.
A Figura 95 demonstra a falta de empenho da equipe de obra, quando a bombona de metal
está sendo utilizada para armazenamento de água utilizada para execução dos serviços na
própria obra.
Figura 85 - Usos inadequados das bombonas não
respeitando a capacidade e o tipo de resíduo na obra “F”
Figura 86 - Uso da bombona indicada para resíduos
de metal como depósito de água, na obra “F”.
Situação após a implantação do SGR.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
83
Na Figura 96 tem-se o exemplo do descuido com o SGR ao colocar outros materiais da obra
apoiados nas bombonas, obstruindo sua fácil utilização. A ausência de bombonas também foi
constatada na maioria dos pavimentos, como se ver na Figura 97 que ilustram bem a situação
encontrada.
Figura 87 - Outros materiais da obra apoiados nas
bombonas, obstruindo sua fácil utilização na obra F
Figura 88 - Ausência de bombonas em vários
pavimentos na obra F. Situação após a implantação do
SGR
IV.1.3.2.7. Obra G
A obra G adquiriu todos os equipamentos necessários para a implantação do sistema. As
bombonas foram instaladas em pavimentos alternados juntamente com a marcação do piso
para o armazenamento temporário dos resíduos da Classe A (Figura 98). Já o resíduo de gesso
era armazenado em sacos e então levado pela empresa aplicadora (Figura 99).
Figura 89 - Bombonas instaladas em pavimentos
alternados para o armazenamento temporário dos
resíduos da Classe A na obra G
Figura 90 - O resíduo de gesso armazenado em
sacos e então levados pela empresa aplicadora.
Situação na obra G após a implantação do SGR
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
84
Os resíduos de tamanhos maiores, como caixas de cerâmica, eram colocados em pilhas e
transportados para as baias ao final do dia (Figura 100). Apesar do empenho da equipe
houveram falhas pontuais na segregação inicial. Tal fato pode ser observado na Figura 101.
Figura 91 - Resíduos de papelão segregados e
transportados para as baias ao final do dia. Situação na
obra G após implantação SGR
Figura 921 - Falhas pontuais na segregação inicial
dos RCDs. Situação na obra G após implantação SGR
A Figura 102 mostra bombonas na cozinha, local onde se teve a maior dificuldade na
segregação inicial, devido à falta de empenho das cozinheiras. Na Figura 103 tem-se, em
destaque, o recipiente de resíduos orgânicos do refeitório.
Figura 93 - Bombonas colocadas na cozinha. Situação
na obra G
Figura 94 - Recipiente para depósito de resíduos
orgânicos no refeitório. Situação da obra G, após a
implantação do SGR.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
85
4.1.3.3 Acondicionamento Final do RCD nos canteiros de obra
A avaliação do acondicionamento final consistia em verificar o nível de resíduos no interior
das baias, identificando se não estava excedente em relação ao volume estabelecido, bem
como se os RCDs chegavam segregados ao local especificado para acondicionamento final,
ainda no canteiro de obra. Dessa forma, com base no formulário de inspeção, se atribuiu uma
nota a cada visita mensal de inspeção.
No Figura 104, tem-se a evolução das notas em relação ao acondicionamento final dos RCDs
nos sete canteiros de obra. Pode-se observar que a maioria das equipes (correspondente às
obras) conseguiu realizar a segregação final do RCD de forma adequada, com exceção da
equipe correspondente à obra F, que recebeu sempre notas muito baixas (4,0) ao longo do
período de monitoramento. Tal fato pode ser explicado pela persistência da equipe
operacional em continuar com os velhos bitos, apoiado pela falta de comprometimento da
equipe gerencial da obra F.
ACONDICIONAMENTO FINAL
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
Visita Visita Visita Visita Visita Visita Visita
Visitas Mensais
Notas
Obra A
Obra B
Obra C
Obra D
Obra E
Obra F
Obra G
Figura 954 - Notas para o acondicionamento final nos canteiros de obra
Analisando o Figura 104, a exceção da obra F, pode-se perceber que houve uma grande
variação das notas atribuídas às obras ao longo do período de monitoramento. Essa oscilação
das notas revela, na maioria dos casos estudados, a dificuldade enfrentada no que se refere a
dar destino aos materiais recicláveis, após a recepção nas baias (acondicionamento final no
canteiro de obra). Este problema de fluxo para os resíduos recicláveis fazia com que as baias
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
86
ficassem com a capacidade esgotada, favorecendo que os tipos de materiais recicláveis se
misturassem.
Da mesma forma que foi avaliada nos outros itens do SGR, a Obra F teve também um
desempenho ruim nesta avaliação, sendo o seu mau desempenho atribuído à falta de interesse
da equipe gerencial do canteiro de obra. Deve-se destacar que essa foi a única obra que teve
dois treinamentos e mesmo assim não foi possível conscientizar a equipe sobre a importância
da gestão dos RCDs nos canteiros de obra. O resultado desta obra e das outras seis está
descrito nos itens a seguir.
4.1.3.3.1 Obra A
Inicialmente os resíduos saíam desta obra sem qualquer tipo de segregação dentro da caçamba
estacionária como mostram as Figuras 105 e 106.
Figura 96 - Caçamba com RCDs misturados antes da
implantação do SGR, na obra A
Figura 976 - Detalhe da caçamba com RCDs
misturados antes da implantação do SGR, na obra A
Após a implantação do SGR foram construídas baias cobertas e sinalizadas com cartazes nas
cores representativas para cada tipo de resíduo, conforme Figura 107. Na Figura 108 pode-se
observar que o resíduo transportado na caçamba estacionária era apenas o de Classe A, um
cenário muito diferente do apresentado no primeiro momento nas Figuras 105 e 106.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
87
Figura 987 - Baias cobertas e sinalizadas com
cartazes nas cores representativas para cada tipo de
resíduo da Obra A
Figura 998 - Caçamba com RCD depois da
implantação do SGR, na obra A
As Figuras 109 e 110 mostram a causa das variações ocorridas nas notas entre uma visita e a
subseqüente. Nas baias uma grande quantidade de material armazenado, aguardando
recolhimento.
Figura 100 - Baias devidamente sinalizadas para cada
tipo de resíduo, na obra A.
Figura 101 - Baia operando além da capacidade de
armazenamento de resíduos, na obra A.
4.1.3.3.2 Obra B
Todos os resíduos gerados na obra B eram depositados, antes da implantação do SGR, sem
segregação na caçamba estacionária que era alocada fora do canteiro de obra, por problema de
espaço físico, como mostra a Figura 109.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
88
Figura 102 - Caçamba estacionária alocada fora do canteiro de obra, antes da implantação do SGR, na obra B.
Após a implantação do SGR a empresa adotou as baias e os bags como dispositivos de
acondicionamento final no canteiro de obra, além da caçamba estacionária, somente utilizada
para os resíduos de Classe A.
A Obra B foi a única empresa a optar pelo o uso de bags (Figura 110), devido à falta de
espaço físico para a separação dos RCDs em baias. No entanto, os bags foram utilizados
apenas para materiais leves: papel e plástico.
Figura 103 - Utilização de bags para acondicionar resíduo de papel e plástico no canteiro de obra B, após
implantação do SGR.
Seguindo as recomendações dadas, a empresa colocou a caçamba estacionária para dentro do
canteiro de obra, evitando o uso indevido pelos vizinhos do empreendimento para deposição
de resíduos domiciliares dentro da mesma, prática essa bastante comum, que torna o resíduo
de Classe A contaminado (Figura 111).
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
89
A obra B também obteve variações nas notas devido ao preenchimento das baias acima de sua
capacidade de armazenamento, chegando a espalhar resíduos no seu entorno e/ou dentro das
outras baias vizinhas (Figura 112). Apesar de todo o empenho da equipe gerencial deste
canteiro, houve muita dificuldade em encontrar destinação adequada para resolver o problema
de fluxo dos materiais recicláveis, a demora no recolhimento ocasionou o acúmulo de
material.
Figura 104 - Alocação da caçamba dentro do
canteiro de obra B, após implantação do SGR
Figura 105 - Detalhe da baia com capacidade
esgotada para o volume de resíduo na obra B.
4.1.3.3.3 Obra C
Na obra C, como nas apresentadas anteriormente, todo o resíduo produzido na obra era
depositado juntamente na caçamba estacionária, como mostra a Figura 113. Em um segundo
momento, a empresa obteve um desempenho melhor, porém os resíduos de outras classes
ainda chegavam à caçamba em pequenas quantidades, decorrentes da varrição dos pavimentos
(Figura 114).
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
90
Figura 106 - Caçamba contendo RCD sem
segregação, antes da implantação do SGR, na obra C
Figura 107 - Caçamba com pequenas quantidades
de resíduos de outra classe, depois da implantação
do SGR na obra C
A Figura 115 mostra as baias construídas pela empresa, valorizando o recurso das cores por
tipo de resíduo para facilitar a memorização dos trabalhadores, proporcionando uma boa
aparência do local, demonstrando o engajamento da construtora em relação ao cumprimento
do programa piloto.
Figura 108 - Baias cobertas destinadas aos resíduos de Classe B, conforme SGR, na obra C.
A Figura 116 apresenta a baia para os resíduos de gesso devidamente coberta e sinalizada,
com maior proteção ao acondicionamento desse tipo de resíduo.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
91
Figura 109 - Baia para acondicionamento do resíduo de gesso, conforme SGR, na obra C.
IV.1.3.3.4. Obra D
A obra D obteve resultados bastante positivos em relação à segregação do RCD, como um
todo. A empresa realizava reciclagem do resíduo de Classe A dentro dos serviços da obra,
tendo na segregação inicial dos RCDs importante contribuição neste processo de reciclagem.
Na Figura 117 pode-se ver a forma como eram armazenados os resíduos de classe “A”, e na
Figura 118 as baias, devidamente sinalizadas e cobertas, destinadas ao armazenamento de
materiais recicláveis.
Figura 110 - Armazenamento do RCDs de Classe “A”
para reciclagem na obra “D”
Figura 111 - Baias destinadas ao armazenamento de
materiais recicláveis da Obra “D”
4.1.3.3.5 Obra E
A equipe da Obra E construiu todos os dispositivos de acondicionamento final descritos no
projeto de Gerenciamento de Resíduos, com exceção da baia para resíduo de plástico, pois
foram utilizados tonéis por opção da empresa, conforme ilustrado na Figura 119. A baia para
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
92
resíduo de gesso foi construída em área coberta, atendendo as exigências (Figura 120). As
baias para os outros resíduos foram construídas em outra localização do canteiro de obra,
sendo que apenas a baia para resíduo de papel foi coberta (Figura 121).
Figura 112 - Tonéis para armazenamento de resíduo
de plástico no canteiro de obra E
Figura 113 - Baia para acondicionamento do resíduo
de gesso da Obra E
A empresa não utilizava caçambas estacionárias para os resíduos de Classe A, pois os mesmos
eram reutilizados como aterro no próprio canteiro de obra. Um dos benefícios para empresa
após a implantação do SGR foi a melhoria na qualidade do material que passou a usar como
aterro, pois antes o material utilizado possuía uma grande quantidade de outros resíduos,
como mostra a Figura 122.
Figura 114 - Baias para acondicionamento de
resíduos recicláveis na Obra E
Figura 115 - Reutilização de resíduo de Classe A,
para serviço de aterro no canteiro de obra E, antes da
implantação do SGR
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
93
4.1.3.3.6 Obra F
As baias da obra F, vistas na Figura 123, foram utilizadas para armazenamento de material da
obra, não por falta de espaço, mas por descaso em relação ao programa piloto de GR por parte
da equipe gerencial. Na comparação entre as imagens vistas na Figura 124 (antes da
implantação do SGR) e na Figura 125 (depois da implantação do SGR), pode-se observar que
não houve esforço para a mudança das práticas no canteiro de obra F, ou seja, a quantidade de
resíduos recicláveis no interior das caçambas é grande nos dois casos. Portanto, a implantação
do SGR não modificou em nada a rotina deste canteiro de obras.
Figura 116 - Baias utilizadas para armazenamento de materiais de construção, na obra F
Figura 117 - Caçamba estacionária antes da
implantação do SGR, na obra F.
Figura 118 - Caçamba estacionária após implantação
do SGR, na obra F.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
94
4.1.3.3.7 Obra G
A obra G, apesar do espaço limitado no canteiro de obra, procurou realizar a segregação da
melhor forma, construindo baias e explorando bem os recursos de cores por tipos de resíduos
(Figura 126). Essa estratégia tem sido importante para ajudar os funcionários na separação
correta dos resíduos nas respectivas baias e também tem sido utilizada como marketing
ecológico para a empresa.
Figura 119 - Baias com cores diferentes para cada tipo de resíduo, dentro do canteiro de obra G
Na Figura 127 pode-se observar que apesar do esforço da equipe em separar o resíduo desde a
fonte geradora (local onde o serviço foi realizado), a falta de espaço no interior do canteiro de
obra acabou levando a situação em que a caçamba fica instalada no exterior do canteiro, ou
seja, na rua junto à calçada. Esse fato, além de ser uma situação irregular frente ao código de
postura municipal, propicia uma contaminação dos RCDs, pela utilização da mesma caçamba
como depósito para os resíduos orgânicos, de forma clandestina pelos vizinhos ao
empreendimento e transeuntes. Neste caso, todo o trabalho implementado para a gestão
diferenciada dos resíduos de construção dentro do canteiro de obra é desperdiçado, tornando
inviável o material potencialmente reciclável armazenado na caçamba.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
95
Figura 120 - Caçamba colocada no exterior do canteiro de obra G, com RCD contaminado com resíduo
orgânico.
4.1.3.4 Destinação Compromissada dos RCDs na saída do canteiro de obra
No Figura 128 observa-se que a maioria das empresas teve oscilações nas notas ao longo do
período de monitoramento, devido a dois principais motivos: a escassez de empresas
licenciadas junto ao órgão ambiental e o não preenchimento, ou mesmo o preenchimento
inadequado do CTR Controle de Transporte de Resíduos. Este último atribui-se à cultura de
não seguir procedimentos de documentação para os fluxos de RCD, apesar de todas as
empresas terem certificação de qualidade, o que exige uma padronização e documentação dos
processos.
DESTINAÇÃO COMPROMISSADA
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
Visita Visita Visita Visita 5ª Visita Visita Visita
Visitas Mensais
Notas
Obra A
Obra B
Obra C
Obra D
Obra E
Obra F
Obra G
Figura 121 - Avaliação da destinação dos RCDs na saída do canteiro de obra.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
96
Na região da grande Recife/PE existem poucas empresas cadastradas, no órgão ambiental
CPRH, autorizadas para o transporte de resíduos recicláveis. Tal fato dificulta o transporte e a
destinação adequada dos RCDs gerados pelas construtoras em suas obras. Em virtude da
demora no recolhimento dos resíduos e por falta de espaço no canteiro para armazená-los, os
RCDs foram muitas vezes entregues aos catadores não licenciados, embora, mesmo nesses
casos, o CTR tenha sido emitido. Esta prática, apesar de não ser legalizada, cumpre de certa
forma o papel social da empresa, contribuindo para os rendimentos dos catadores de rua.
A Figura 128 mostra o modelo de CTR adotado pelas empresas, onde se pode ver que existem
as identificações do empreendimento e do coletor dos RCDs, além de constar a quantidade e
os tipos dos resíduos recolhidos, a data e a hora da coleta e a assinatura do coletor.
Figura 122 - Modelo do Controle de Transporte de Resíduos adotado nas obras fonte Obra Limpa
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
97
No que se refere aos resíduos de classe A, a grande dificuldade encontrada foi o seu
encaminhamento para o Aterro da Muribeca, único local público licenciado atualmente para
recebimento deste tipo de resíduo, desde que transportados por empresas licenciadas.
As empresas construtoras, procurando garantir que seus resíduos de Classe A tivessem destino
adequado, o que caracteriza destinação compromissada, passaram a exigir comprovante
emitido na entrada do Aterro da cidade, ao receber o resíduo. A partir desta prática, as
empresas coletoras começaram a cobrar um valor mais alto pelas caçambas retiradas das obras
e que seriam destinadas ao Aterro da Muribeca. A Figura 130 mostra o tipo de comprovante
emitido pelo Aterro da Muribeca com a classificação dos resíduos recebidos.
Figura 123 - Comprovante emitido na entrada (balança) do Aterro da Muribeca – Recife/PE.
Algumas obras tiveram soluções criativas e sustentáveis para seus resíduos dentro do canteiro
de obra. A Obra B reutilizava parte dos resíduos de gesso como agregado para reaplicação
deste material no revestimento de paredes. Isto era feito através da trituração deste material
com a quina apresentada na Figura 131. Além disto, reutilizava os resíduos de classe A
para aterramento de algumas áreas na obra, como mostra a Figura 132.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
98
Figura 1241 - Máquina utilizada para triturar o
resíduo de gesso na obra B
Figura 1252 - Reutilização de parte do resíduos de
Classe A em aterro de partes da obra B
A obra D utilizava-se de um moinho para trituração dos resíduos de classe A, que eram
reutilizados dentro da obra, principalmente para execução de serviços de contra piso. A Figura
133 mostra o moinho e a Figura 134 o produto gerado após moer o resíduo.
Figura 126 - Moinho utilizado para triturar o resíduo
de Classe A na obra D
Figura 1274 - Produto da moagem do resíduo de
Classe A reutilizado na obra D
A Figura 135 apresenta os resíduos de Classe A triturados e “separados” em porções
conforme diferentes granulometrias. Utilizando-se do mesmo princípio de reaproveitamento
de resíduos a empresa da obra D confeccionava com restos de gesso, tijolos mestres (guias de
espessura, Figura 136) para revestimento das paredes.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
99
Figura 1285 - Armazenamento do resíduo de Classe
“A” separado em granulometrias diversas.
Figura 1296 - Bloco produzido com resíduo de gesso
reciclado
4.1.5 Avaliação de custo/benefício para a implantação do SGR.
A estratégia utilizada para avaliar os custos e os benefícios da implantação do SGR no
canteiro de obra foi realizar a quantificação dos resíduos de Classe B, considerando que, após
a implantação do SGR, estes resíduos não ocuparam mais espaço na caçamba estacionária,
utilizada para transporte de resíduos que eram retirados do canteiro de obra. Vale salientar que
foram levados em consideração o custo dos treinamentos, o direito de uso do Sistema obra
Limpa e a hora dos trabalhadores parados. Portanto, como uma análise simplificada,
procurou-se quantificar a economia que a empresa (construtora) obteve com a menor
utilização de caçambas, para retirar RCD do canteiro de obra. Os dados foram levantados a
partir do CTR, embora se saiba que em alguns canteiros de obra havia o preenchimento do
CTR de forma rotineira e em outros não. A seguir, utilizam-se dados de quatro canteiros de
obra para exemplificar a avaliação custo/benefício da implantação do SGR.
As empresas que preenchiam o CTR utilizavam duas unidades de medida de acordo como os
resíduos Classe B eram vendidos ou doados, o volume(m3) ou o peso massa(kg). Para
quantificar os resíduos que estavam em peso em volume, utilizou-se os índices de conversão
utilizados no estudo de Pucci (2005), tal estudo quantificou os resíduos gerados em uma obra
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
100
residencial multipavimentos, características semelhantes as obras deste estudo, que implantou
o sistema Obra Limpa na cidade de São Paulo. Para se obter o volume , mutiplicou-se o índice
de conversão do material pelo peso aferido em obra.
A obra A de acordo com a quantificação levantada (Tabela 5) obteve uma geração de 39,84m
3
de resíduos de Classe B. Considerando que o custo para a empresa com a caçamba, com
capacidade para 5m
3
de resíduos, é de R$70,00 (setenta reais) por caçamba, conclui-se que a
economia da obra “A”, com a menor necessidade de caçambas, foi de R$ 557,76 (quinhentos
e cinqüenta e sete reais e setenta e seis centavos). Como a obra A investiu apenas R$692,30
(seiscentos e noventa e dois reais e trinta centavos) para implantar o SGR em sete meses,
verifica-se que o investimento é praticamente compensado, levando em conta apenas a análise
com o tratamento dado aos resíduos de Classe B.
Tabela 5 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra A
OBRA “A”
Resíduos de Classe
“B”
Peso kg Volume m
3
Índices de
conversão kg/m
3
Volume (m
3
)
Papel 460 - 47,5
1
9,68
Madeira 51,09 - 350
1
0,15
Metal 60 - 1177,5
1
-
Plástico - 30 30
1
30
Total
39,84
FONTE: Pucci (2006)
1
Seguindo o mesmo procedimento para a Obra B, verificou-se que o volume aferido de
resíduos de classe B foi de 130m
3
(Tabela 6). Isso representou uma economia com as
caçambas para retirada de resíduos do canteiro de obra da ordem de R$1.825,18 (hum mil,
oitocentos e vinte e cinco reais e dezoito centavos) em seis meses do SGR, cujo custo de
implantação foi de apenas R$ 605,00 (seiscentos e cinco reais). Esta obra incorporou o
preenchimento do CTR como rotina, o que permitiu um levantamento mais preciso dos
resíduos de Classe B.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
101
Tabela 6 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra B
OBRA “B”
Resíduos de Classe
“B”
Peso kg Volume m
3
Índices de
conversão kg/m
3
volume (m
3
)
Papel - 32,67 47,5
1
32,67
Madeira - 95,63 350
1
95,63
Metal - - 1177,5
1
-
Plástico - 2,07 30
1
2,07
Gesso - - 1000 -
Manta asfáltica - 0,72 - -
Total
130,37
FONTE: Pucci (2006)
1
Para a obra C o volume de resíduos de Classe B medidos foi de 45,65 m
3
(Tabela 7), sendo a
economia com as caçambas de R$ 639,00, em cinco meses do SGR. O custo com a
implantação do SGR neste canteiro de obra foi de R$ 683,60.
Tabela 7 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra C
OBRA “C”
Resíduos de Classe
“B”
Peso kg Volume m
3
Índices de
conversão kg/m
3
volume
m
3
Papel 800 - 47,5
1
16,84
Madeira 400 24,5 350
1
25,64
Metal 200 - 1177,5
1
0,17
Plástico 90 - 30
1
3,00
Total
45,65
FONTE: Pucci (2006)
1
Na Obra D foi investido cerca de R$ 313,00, em cinco meses de implantação do SGR e
obteve-se uma economia com as caçambas para retirada dos resíduos de Classe B de cerca de
R$ 193,06. A obra D fazia a quantificação dos resíduos de forma razoável, porém o
quantitativo de resíduos de Classe B foi apenas de 13,79m
3
, conforme Tabela 8.
Tabela 8 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra D
OBRA “D”
Resíduos de Classe
“B”
Peso kg Volume m
3
Índices de
conversão kg/m
3
volume
m
3
Papel 644,2 - 47,5
1
13,56
Madeira - - 350
1
0
Metal 270 - 1177,5
1
0,23
Plástico - - 30
1
0
Gesso - - 1000 0
Manta asfaltica - - 0,72 0
Total
13,79
FONTE: Pucci (2006)
1
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
102
Considerando-se o ritmo lento das obras e fazendo-se uma projeção para a geração desse tipo
de resíduo nos meses seguintes da obra D”, deduz-se que o valor investido no SGR seria
recuperado em 8 meses.
A obra E realizava um rígido controle da saída dos resíduos de Classe B (Tabela 9). O valor
investido para implantação do SGR foi de cerca de R$ 459,10, que foi recuperado totalmente
em pouco mais de dois meses. O valor economizado foi de R$ 1.402,38 em sete meses de
obra.
Tabela 9 - Quantificação dos Resíduos de Classe B na Obra E
OBRA “E”
Resíduos de Classe
“B”
Peso kg Volume m
3
Índices de
conversão kg/m
3
volume
m
3
Papel 1150 21 47,5
1
45,21
Madeira 9,00 350
1
9
Metal 25 - 1177,5
1
0,02
Plástico 12 0,3630 30
1
0,76
Gesso 44460 - 1000,00 44,46
Manta asfaltica - 0,72 - 0,72
Total
100,17
FONTE: Pucci (2006)
1
4.2 Indicadores de Geração de Resíduos - IGR
4.2.1 Demolição
Para determinação do indicador de geração de resíduos de demolição foi analisada a
demolição de três casas. Inicialmente, em visita ao local, se levantou a área a ser demolida e
durante a demolição apropriou-se o volume gerado, através da contagem dos caminhões que
saíram do canteiro de obra e medição dos volumes transportados por caminhão.
De posse dessas informações, juntamente com a área da casa demolida, foi calculado o
indicador de geração de resíduos de demolição por área dividindo-se o peso total dos resíduos
transportados pela área das edificações demolidas, conforme a fórmula:
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
103
Ac
R
IDEMV =
Onde: IDEMV – indicador de geração de resíduos de demolição por área (m
3
/ m
2
)
R – peso total dos resíduos transportados (kg)
Ac – área de construção das edificações demolidas (m
2
)
Para o cálculo do indicador de geração em peso, foi considerado um peso específico aparente
para o resíduo transportado igual a 1.400 kg/m
3
:
1400
=
IDEMVIDEMP
Onde: IDEMP – Indicador de geração de resíduos de demolição por área (kg/m
2
)
De acordo com o levantamento, as duas casas demolidas tinham uma área total de 1.017,89
m
2
, sendo que foi gerado um volume total de resíduos em torno de 650 m
3
. Dessa forma, o
IDEMV índice de geração de resíduos de demolição por área, obtido foi de 0,64 m
3
/m
2
de
área demolida. Isso corresponde a um IDEMP de 894 kg/m
2
de área demolida.
Para a terceira edificação foi efetuado o mesmo procedimento de aferição, levantamento e
cálculos. A área total da edificação demolida era de 1.263 m
2
, e o volume total de resíduos
aferido foi 830 m
3
. Neste caso, tem-se um indicador de geração de resíduos de demolição por
área de 0,657 m
3
/m
2
de área demolida. Isso corresponde a um IDEMP de 920 kg/m
2
de área
demolida. Dessa forma, calculando-se a média dos dois cálculos de IDEMP, aqui
exemplificados, obtêm-se um valor de 907 kg/m
2
de resíduo por área demolida.
Tabela 10 - IDEMP Médio das Obras Demolidas
Referência da
Obra
IDEMP
(kg/m
2
)
1 e 2 894
3 920
Média 907
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
104
4.2.2 Alvenaria
Inicialmente determinou-se o tipo de tijolo que seria estudado, sendo o escolhido aquele que é
o mais utilizado pelas construtoras recifenses: o tijolo cerâmico de oito furos e dimensões 9
cm x 19 cm x 19 cm. As obras escolhidas eram de empreendimentos residenciais tipo
multipiso. As características das técnicas construtivas adotadas estão expostas na Tabela 10.
Tabela 11 - Quadro de Caracterização do Processo Construtivo das obras avaliadas
Referência da Obra Característica
Processo Construtivo
1 2 3 4 5 6
Número de
Tijolos (Lote marcado)
600 500 500 500 500 500
Tempo de Observação (semanas)
04 04 03 04 04 04
Tipo de Fornecimento
Paletizado Granel Granel Granel Granel Granel
Projeto de Paginação
Não Não Não Não Sim o
As Tabelas 11 a 16 apresentam os resultados obtidos nas Obras 1, 2, 3, 4, 5 e 6,
respectivamente, para o período de monitoramento que foi de quatro semanas. Observa-se que
o valor do IGR variou entre 0,8% e 25,8%, dependendo da semana e da obra. Os resultados
mostram uma grande dispersão, que pode ser relacionada aos procedimentos de assentamento
de tijolos e à mão-de-obra envolvida em cada caso.
Tabela 12 - Índice de Perdas de Tijolos – IPT, na Obra 1
Período N1 N2 IPT (%)
1ª semana
0 526 12,3
2ª semana
0 560 6,6
3ª semana
0 445 25,8
4ª semana
0 552 8,0
Média -- -- 13,2
NT = 600 tijolos paletizados
N1 = número de blocos marcados remanescentes no estoque em cada pavimento
N2 = número de blocos marcados assentes na alvenaria executada naquele pavimento
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
105
Tabela 13 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 2
Período N1 N2 IPT (%)
1ª semana
0 416 16,8
2ª semana
0 457 8,6
3ª semana
0 377 24,6
4ª semana
0 429 14,2
Média -- -- 16,1
NT = 500 tijolos a granel
Tabela 14 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 3
Período N1 N2 IPT (%)
1ª semana
0 458 8,4
2ª semana
114 383 0,8
3ª semana
0 372 25,6
Média -- -- 11,6
NT = 500 tijolos a granel
Tabela 15 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 4
Período N1 N2 IPT (%)
1ª semana
0 409 22,1
2ª semana
0 482 3,6
3ª semana
0 467 7,0
4ª semana
0 477 4,6
Média -- -- 9,3
NT = 500 tijolos a granel
Tabela 16 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 5
Período N1 N2 IPT (%)
1ª semana
0 472 5,6
2ª semana
0 390 22,0
3ª semana
0 439 12,2
4ª semana
0 460 8,0
média -- -- 12,0
NT = 500 tijolos paletizados
Tabela 17 - Índice de Perdas de Tijolos – Obra 6
Período N1 N2 IPT (%)
1ª semana
0 472 5,6
2ª semana
0 364 25,0
3ª semana
0 454 9,2
4ª semana
0 426 14,8
Média -- -- 13,7
NT = 500 tijolos a granel
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
106
Tabela 18 - IPT Médio das Obras Monitoradas
Referência da
Obra
IPT
(%)
1 13,2
2 16,1
3 11,6
4 9,3
5 12,0
6 13,7
Média 12,7
Analisando a média da perda de tijolos de 12,7%, observou-se que, apesar da utilização das
novas técnicas construtivas adotadas em algumas das construtoras pesquisadas, as
construtoras recifenses possuem um índice maior que o estudo realizado por Souza (2005),
cujo valor médio encontrado foi de 10%. Em relação aos números britânicos publicados em
Skoyles (1976), de 8%, o indicador de geração de resíduo de Recife/PE apresentou-se 63%
mais alto.
4.2.3 Acabamento
A geração de resíduos dos diferentes materiais analisados neste item foi mensurada
semanalmente, porém como cada obra possuía um ritmo de produção diferente, os cálculos
foram feitos por cômodo e não por semanas.
4.2.3.1 Argamassa de Revestimento Interno
O monitoramento de geração de resíduos no serviço de argamassa de revestimento interno foi
feito em três canteiros de obras, aqui denominadas de obra 9, 10 e 11, respectivamente. A
aferição dos índices foi feita em diferentes cômodos como mostram as Tabelas 18, 19 e 20.
Vale salientar que a aplicação deste material nas obras 9 e 10 foi apenas em áreas molhadas
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
107
(cozinhas, banheiros e varandas). Destaca-se também que a argamassa era preparada em
pequenas quantidades e uma nova argamassa era produzida quando acabava a primeira.
Toda argamassa era utilizada até o término do serviço naquele período, além de haver
proteções no piso (folha de zinco) para reaproveitamento do material que caia no chão.
O índice utilizado como comparativo para este item foi o contido nos estudos de Skoyles
(1976), pois este trata de perda em resíduos o incorporados na construção, ou seja, aqueles
resíduos que saem da obra em forma de RCD.
Na obra 9, segundo a Tabela 19, o índice encontrado foi 5,8%, estando esta obra apenas um
pouco acima dos padrões internacionais, os quais no estudo de Skoyles(1976) são da ordem
de 5%.
Tabela 19 – Índice de Perdas para Argamassa de Revestimento – Obra 9
Período Cômodo Área (m
2
) Resíduo
(kg)
IP1
(kg/m
2
)
IP2
(%)
1ª semana Cozinha 39,18 21 0,54 2,7
2ª semana Varanda 6,33 18 2,84 14,2
3ª semana Cozinha 39,18 22 0,56 2,8
4ª semana Cozinha 39,18 26,5 0,68 3,4
média -- -- -- 1,15 5,8
Foi admitido um consumo médio de 1 saco de 20 kg/m
2
IP1 – índice de perda em peso
IP2 – índice de perda relativo
A obra 10 obteve um índice bastante similar à Obra 9(5,7%), obtendo uma diferença de
apenas 0,1%. Ainda analisando a Tabela 20, constatou-se a perda em resíduo de 1,13 kg de
argamassa pronta em resíduo a cada metro quadrado executado.
Observa-se que o valor do IP1 variou entre 0,51 kg/m
2
e 2,84 kg/m
2
(ou IP2 de 2,6% a
14,2%), dependendo da semana e da obra. Os resultados mostram uma grande dispersão, que
pode ser relacionada aos procedimentos de aplicação da argamassa na alvenaria.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
108
Tabela 20 - Índice de Perdas para Argamassa de Revestimento – Obra 10
Período Cômodo Área (m
2
) Resíduo
(kg)
IP1
(kg/m2)
IP2
(%)
1ª semana Banheiro -
suíte 15,72 8 0,51 2,6
2ª semana Cozinha 22,21 20 0,90 4,5
3ª semana Pavimento
completo 147 65,6 2,24 11,2
4ª semana Cozinha 22,21 26 0,85 4,3
média -- -- -- 1,13 5,7
Foi admitido um consumo médio de 1 saco de 20 kg/m
2
A obra 11 utilizou argamassa de revestimento em todos os cômodos do apartamento (Tabela
21), não apenas em áreas molhadas como ocorreu nas obras 9 e 10. Observa-se que esta obra
obteve o menor índice de perda dos três canteiros estudados, devido, possivelmente, à
manutenção da mão-de-obra utilizada no período de avaliação.
Tabela 21 - Índice de Perdas para Argamassa de Revestimento – Obra 11
Período Cômodo Área (m
2
) Resíduo
(kg)
IP1
(kg/m2)
IP2
(%)
Suíte 2 20 27,7 0,72 3,6
Suíte master
19,5 21,4 0,91 4,6
1ª semana
Suíte 1 15,8 26,7 0,59 3,0
2ª semana Suíte 3 9 32,2 0,28 1,4
Sala de estar
2 31,9 0,06 0,3 3ª semana
Copa /
Cozinha 3,5 19,2 0,18 0,9
Sala de estar
2,2 43,7 0,05 0,2 semana
Copa /
Cozinha 12 61,1 0,19 1,0
média -- -- -- 0,37 1,9
Foi admitido um consumo médio de 1 saco de 20 kg/m
2
A Tabela 22 apresenta os valores dios de IP1 e IP2 obtidos em cada obra. Para o universo
das três obras monitoradas, tem-se um IP1 médio de 0,88 kg/m
2
, que corresponde a uma perda
percentual média de 4,5%, admitindo-se um consumo médio de 1 saco de 20kg/m
2
.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
109
Tabela 22 - IP1 e IP2 Médio das Obras Monitoradas
Referência da
Obra
IP1
(kg/m
2
)
IP2
(%)
9 1,15 5,8
10 1,13 5,7
11 0,37 1,9
Média 0,88 4,5
4.2.3.2 Gesso
Muitos dos canteiros de obras do Recife utilizam gesso para revestimento das paredes,
substituindo a argamassa tradicional, em razão do baixo preço do gesso no mercado local. O
serviço de gesso nas obras estudadas foi executado de forma terceirizada,ou seja, por
empresas contratadas pelas construtoras. Estas empresas trabalham por produção, e como o
gesso tem um baixo custo no mercado, elas preferem preparar uma grande quantidade de
pasta de gesso para uma frente de trabalho, do que perder tempo preparando a pasta em
pequenas porções, mesmo sabendo que haverá geração de muito resíduo desse produto. Este
material, como se sabe normalmente endurece rápido e, portanto, estando em excesso para
uma frente de trabalho, não pode mais ser utilizado tornando-se resíduo.
Nos empreendimentos monitorados, a pasta de gesso foi utilizada não apenas no revestimento
interno de paredes (exceto áreas molhadas), mas também no revestimento dos tetos (exceto
áreas molhadas). Nas Tabelas 23, 24 e 25 são apresentados os resultados obtidos em vários
pavimentos da Obra 17, e em diversos tipos de cômodos nas Obras 18 e 19, respectivamente.
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
110
Tabela 23 - Índice de Perdas de Gesso em Pasta – Obra 17
Pavimento Área
(m
2
)
Resíduo
(kg)
IP1
(kg/m
2
)
14º 782,48 4.550 5,82
13º 782,48 4.350 5,56
12º 782,48 4.240 5,42
11º 782,48 4.150 5,30
10º 782,48 3.740 4,78
782,48 3.940 5,03
782,48 3.590 4,59
782,48 3.490 4,46
782,48 3.590 4,59
782,48 3.390 4,33
782,48 3.390 4,33
782,48 3.500 4,47
782,48 3.280 4,19
782,48 3.180 4,06
Média -- -- 4,78
Tabela 24 - Índice de Perdas de Gesso em Pasta – Obra 18
Cômodo Área
(m
2
)
Resíduo
(kg)
IP1
(kg/m
2
)
Quarto 1 40,39 93 2,30
Quarto suíte 46,17 119 2,58
Quarto 1 40,39 133 3,29
Sala 87,42 503 5,75
Quarto 2 47,59 157 3,30
Quarto suíte 46,17 192 4,16
Quarto serviço 32,44 41 1,26
Quarto 1 40,39 133 3,29
Sala 87,42 503 5,75
Quarto 2 47,59 157 3,30
Quarto suíte 46,17 192 4,16
Quarto serviço 32,44 41 1,26
Aptos completos 513,46 2495 4,86
Aptos completos 256,73 753 2,93
Aptos completos 192,08 1841 9,58
Aptos completos 192,08 1128 5,87
Aptos completos 384,16 3000 7,81
Média -- -- 4,20
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
111
Tabela 25 - Índice de Perdas de Gesso em Pasta – Obra 19
Cômodo Área
(m
2
)
Resíduo
(kg)
IP1
(kg/m
2
)
Quarto simples 30,16 192 6,37
Quarto suíte 30,42 123,5 4,06
Sala 15,46 253 16,36
Corredor 2,12 19 8,96
Média -- -- 8,94
A Tabela 26 apresenta os valores médios de IP1 obtidos em cada obra. Para o universo das
três obras monitoradas, tem-se um IP1 médio de 5,97 kg/m
2
. Se for admitido um consumo
médio de 10 kg de gesso em por m
2
e um percentual de água incorporada ao resíduo do
gesso de 21% (obtido em ensaios de laboratório), tem-se um índice médio de geração de
resíduo de gesso em pó em peso de 38,7%.
Apenas na Obra 17 foram geradas em torno de 52 toneladas de resíduos de gesso. Este
número é preocupante, tendo em vista as restrições ambientais para a disposição de resíduos
de gesso impostas pela Resolução n° 307 do CONAMA.
Tabela 26 - IP1 Médio das perdas de gesso em pasta nas Obras Monitoradas
Referência da
Obra
IP1
(kg/m
2
)
17 4,78
18 4,20
19 8,94
média 5,97
4.2.3.3 Placas Cerâmicas
Os índices de perdas de placas cerâmicas foram levantados em cinco canteiros de obras em
Recife/PE. O monitoramento das perdas foi feito em cinco diferentes obras. Em cada obra
eram monitorados diferentes cômodos, como mostram as Tabelas de 26 a 30 para as Obras 12
a 16, respectivamente. Apesar de estarem sendo usadas cerâmicas no mesmo padrão 31 cm x
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
112
31 cm, as placas apresentavam variações de peso de uma obra para outra. Portanto, foi
admitido para cada canteiro um consumo médio de cerâmica em peso por metro quadrado. As
Tabelas de 26 a 30 mostram as medições feitas nas cinco obras e seus respectivos índices de
perdas em peso e em percentual.
Tabela 27 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 12
Cômodo Área (m
2
) Resíduo (kg) IP1
(kg/m
2
)
IP2
(%)
Quarto 1
9,79 10 1,02 6,8
varanda
10,02 5 0,50 3,3
média -- -- 0,76 5,1
Foi admitido um consumo médio de 14,9 kg de placa/m
2
Tabela 28 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 13
Cômodo Área (m2) Resíduo (kg) IP1
(kg / m2)
IP2
(%)
Quarto 1
10,82 5 0,46 3,4
Quarto 2
8,98 2 0,22 1,6
média -- -- 0,34 2,5
Foi admitido um consumo médio de 13,5 kg de placa / m
2
Tabela 29 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 14
Cômodo Área (m2) Resíduo (kg) IP1
(kg / m2)
IP2
(%)
Quarto 1
7,42 2,2 0,30 2,0
Quarto 2
7,80 6,6 0,85 5,7
Sala
20,56 6,5 0,32 2,1
WC social
2,7 1,5 0,56 3,7
Cozinha
13,56 4,6 0,34 2,2
Quarto 1
7,42 5,7 0,77 5,2
Quarto 2
7,8 4,6 0,59 4,0
Sala
20,56 8,5 0,41 2,8
WC social
2,7 2,5 0,93 6,2
Cozinha
13,56 13,8 1,02 6,8
Quarto 1
7,42 9,0 1,21 8,1
Quarto 2
7,8 8,9 1,14 7,7
Sala
20,56 9,1 0,44 3,0
WC social
2,7 6,7 2,48 16,6
Cozinha
13,56 19,2 1,42 9,5
média -- -- 0,85 5,7
Foi admitido um consumo médio de 14,9 kg de placa / m
2
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
113
Tabela 30 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 15
Cômodo Área (m2) Resíduo (kg) IP1
(kg / m2)
IP2
(%)
apartamento
126 251,4 2,00
12,5
média -- -- 2,00 12,5
Foi admitido um consumo médio de 15,9 kg de placa / m
2
Tabela 31 - Índice de Perdas de Placas Cerâmicas – Obra 16
Cômodo Área (m2) Resíduo (kg) IP1
(kg / m2)
IP2
(%)
Quarto Suíte
9,9 2 0,20 1,4
Quarto 1
8,5 4 0,47 3,3
Sala
27,1 5 0,18 1,3
Cozinha /
Serviço
13,6 15 1,10 7,6
WC Serviço
1,9 8 4,21 29,0
Quarto Serviço
4,8 1 0,21 1,4
Sala
27,1 21 0,77 5,3
Apt° Completo
81,8 18 0,22 1,5
Apt° Completo
81,8 12 0,15 1,0
Apt° Completo
81,8 40 0,49 3,4
Apt° Completo
81,8 51 0,62 4,3
Quarto 1
8,5 3 0,35 2,4
Sala
27,1 5 0,18 1,3
Quarto Serviço
4,8 1 0,21 1,4
Apt° Completo
81,8 31 0,38 2,6
Sala
27,1 11 0,41 2,8
Quarto Suíte
9,9 0,5 0,05 0,4
Quarto 1
8,5 0,5 0,06 0,4
Quarto 2
10,0 1 0,10 0,7
Sala
27,1 6 0,22 1,5
média -- -- 0,53 3,6
Foi admitido um consumo médio de 14,5 kg de placa / m
2
Observa-se que o valor do IP1 variou entre 0,34 a 2,0 kg/m
2
(ou IP2 de 2,5% a 12,5%),
dependendo da semana e da obra. Os resultados mostram uma grande dispersão, que deve
estar relacionada aos procedimentos de assentamento da placa cerâmica.
A Tabela 32 apresenta os valores dios de IP1 e IP2 obtidos em cada obra. Para o universo
das seis obras monitoradas, tem-se um IP1 médio de 0,90 kg/m
2
, que corresponde a uma
perda percentual de 5,9% (IP2). Fazendo um comparativo com índices para cerâmica de
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
114
Skoyles (1976), que é de 3%, o índice levantado neste trabalho (Recife/PE) é praticamente o
dobro.
Tabela 32 - IP1 e IP2 Médio das Obras Monitoradas
Referência da
Obra
IP1
(kg/m
2
)
IP2
(%)
12 0,76 5,1
13 0,34 2,5
14 0,85 5,7
15 2,00 12,5
16 0,53 3,6
média 0,90 5,9
CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES
115
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES
Considerando-se o campo de amostra do presente trabalho, ou seja, os sete canteiros de obra
onde foi implantado o Sistema de Gerenciamento de Resíduos SGR, observa-se um
resultado final positivo, tendo em conta o índice de adesão de 86% das construtoras com
participação compromissada com a Resolução nº 307 CONAMA e a Lei Municipal
17.072/2005. Os canteiros de obras que obtiveram os melhores resultados foram aqueles, cuja
equipe empenhou-se em realmente seguir os requisitos e exigências do SGR proposto.
A prática de limpeza da área onde acabara de ser executado determinado serviço pelo
trabalhador acabou sendo incorporada na maioria dos canteiros de obra monitorados, na
medida em que se percebeu, nessa prática, importância em relaçãoà boa aparência da obra.
Esta prática de limpeza imediata também facilitou identificar, na seqüência de execução de
serviços no canteiro de obra, a geração excessiva e localizada desses resíduos, numa situação
mais visível, tendo em vista que os resíduos de serviços anteriores passaram a ser rapidamente
retirados do local.
Em relação ao acondicionamento inicial a maioria das obras conseguiu realizar de forma
satisfatória apresentando falhas apenas pontuais, causadas, entre outros fatores, por falta de
atenção, descuido ou mesmo analfabetismo dos trabalhadores, que prejudicou a leitura da
sinalização incorporada ao canteiro de obra.
O acondicionamento final nas baias mostrou-se eficaz, embora tenham ocorrido problemas de
fluxo dos materiais recicláveis (resíduos de Classe “B”) do canteiro de obra para o mercado,
bem como, tenha tido dificuldade para uma logística de transporte destes materiais na saída do
canteiro de obra. Esse fato acabou provocando a acumulação desses resíduos num volume
CAPÍTULO V CONCLUSÕES
116
acima da capacidade de armazenamento das baias destinadas ao acondicionamento final (na
verdade, temporário) no canteiro de obra.
O maior problema encontrado por este estudo foi a destinação adequada ou compromissada
dos RCDs. O resíduo de Classe B”, por exemplo, não possui mercado formal consolidado,
logo a sua coleta é, geralmente, feita de maneira informal por catadores de rua. Essa prática,
pelo fato de o registro de saída do RCD do canteiro de obra não ter valor legal, caracteriza um
ciclo incompleto, pois a construtora não tem garantias de que o resíduo retirado da sua obra
irá realmente para a reciclagem.
As caçambas estacionárias passaram a ser o melhor local para a avaliação do item segregação
dos RCDs como um todo, pois se houvesse algum resíduo que não correspondesse ao da
Classe “A”, ter-se-ia a indicação de que em algum ponto do sistema estava havendo falha na
segregação dos resíduos.
As vigilâncias e a inspeções a cada 30 dias mostraram-se suficientes no período executado.
Apesar de instruir constantemente as construtoras sobre a importância em manterem os
registros da saída dos resíduos, através do preenchimento do Controle de Transporte de
Resíduos - CTR, esta ação era feita de forma muito precária por algumas construtoras, fosse
por esquecimento ou por não estabelecer uma rotina. Os melhores resultados da implantação
do SGR puderam ser mensurados, justamente, naquelas obras onde os controles de saída dos
resíduos foram feitos de forma rotineira.
Através da análise do custo/beneficio da implantação do SGR nos canteiros de obra pode-se
constatar que, em geral, durante os meses de implantação e monitoramento os custos iniciais
devido à implantação do SGR foram compensados financeiramente, por exemplo, pela
economia no número de caçambas contratadas na obra. Algumas obras avaliadas superaram,
em poucos meses, até 3 vezes o valor investido na implantação do SGR.
CAPÍTULO V CONCLUSÕES
117
Com relação ao estudo de Indicadores de Geração de Resíduos-IGR, o valor obtido para o
serviço de Demolição foi de 907 kg/m2. Para o serviço de assentamento de Alvenaria o IGR
médio obtido foi de 12,7%. O IGR encontrado para os Itens de Acabamento estudados foram:
4,5% para Argamassa, 5,9% para Placas Cerâmicas e 47,2% para Gesso.
Enfim, o estudo de Indicadores de Geração de Resíduos-IGR também foi bastante positivo,
pois se espera ter contribuído para subsidiar a elaboração dos Planos de Gerenciamento de
Resíduos da Construção Civil-PGRCC em Recife/PE, que é um dos objetivos deste trabalho.
Sugestões para Trabalhos Futuros
Avaliar a percepção e a continuidade dos Planos de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil implantados, conforme este estudo, em canteiros de obra;
Estudar solução logística para os resíduos recicláveis Classe “B” gerados no setor da
construção civil;
Estudo sobre a destinação adequada e viável para os resíduos de gesso no Estado de
Pernambuco;
CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS
119
CAPÍTULO 6 - REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: resíduos sólidos
classificação. Rio de Janeiro, 2004.
CARNEIRO, Fabiana Padilha. Diagnóstico e Ações da Atual Situação dos Resíduos de
Construção e Demolição na Cidade do Recife. 2005. Dissertação (Mestrado) Universidade
Federal da Paraíba. João Pessoa,2005.
CARNEIRO,Fabiana Padilha; SOUZA, Paula Christyan de Medeiros; GUSMÃO, Alexandre
Duarte;BARKOKÉBAS JÚNIOR, Béda; NASCIMENTO, Cristiane F. Análise dos
Benefícios gerados pela implantação de um modelo de gestão de resíduos em canteiros
de obras de construção civil na cidade do Recife. XI Encontro Nacional de Tecnologia no
Ambiente Construído.2006,Florianópolis.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 307 de 5 de julho de 2002.
Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção.
Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 348 de 16 de agosto de
2004. Altera a Resolução CONAMA no 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na
classe de resíduos perigosos.Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. RESOLUÇÃO No 275 DE 25 DE
ABRIL 2001 Código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva..Diário
Oficial da República Federativa do Brasil.
GRIGOLI, A. S. Entulho da Obra Reciclagem e Consumo na Própria Obra que o Gerou. In:
Entac2000, Modernidade e Sustentabilidade, VIII Encontro Nacional de tecnologia do
Ambiente Construído (Anais), Salvador, 2000
PALIARI, José C. et al. Avaliação das perdas de concreto usinado nos canteiros de obras. In:
ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, 9., 2002,
Foz do Iguaçu. Anais... São Paulo: ANTAC, 2002. CD-ROM.
PINTO, T. P. Metodologia para a Gestão Diferenciada de Resíduos Sólidos da Construção
Urbana. 1999. 189p. Tese (Doutorado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(PCC). São Paulo, 1999.
PINTO,T.P. Perdas de materiais em processos construtivos tradicionais. São Carlos,
Universidade Federal de São Carlos/Departamento de Engenharia Civil,1989.
Projeto WAMBUCO. Manual Europeu de resíduos da Construção de Edifícios. 2002
CAPÍTULO 6 REFERÊNCIAS
120
PUCCI, Ricardo Basile. Logística de resíduos da construção civil atendendo a resolução
CONAMA 307.2006.137p Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo (PCC), São Paulo, 2006.
SOILBELMAN, L. As perdas de materiais na construção de edificações: sua incidência e
controle. Porto Alegre,1993.Dissertação (Mestrado) Curso de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
SKOYLES, E.R. Material wasrage a misuse of resources. Building Research and Practice,
jul./aug.,1976
SOUZA, Paula Christyan de Medeiros Souza;CARNEIRO, Fabiana Padilha; BARKOKÉBAS
JÚNIOR, Béda; MONTEIRO, Eliana Cristina Barreto. Identificação da atual da situação
ambiental dos resíduos de construção e demolição na Região Metropolitana do Recife.
In: VI SEMINÁRIO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RECICLAGEM NA
CONSTRUÇÃO CIVIL, 2003, São Paulo.
SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes de . Perdas de materiais nos canteiros de obras :a queda do
mito. Qualidade na construção, 1998.
SOUZA,Ubiraci Espinelle Lemes de. Como reduzir Perdas nos canteiros - Manual de Gestão
do Consumo de materiais de construção civil – São Paulo,PINNI 2005.
RECIFE. Decreto 18.082, 13 de novembro de 1998. Disponível em:
http://www.recife.pe.gov.br. Acesso em: 15 fev. 2004.
RECIFE. Lei 17.072, de 04 de janeiro de 2005. Estabelece as diretrizes e critérios para o
Programa de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Disponível em:
http://www.recife.pe.gov.br/diariooficial>. Acesso em: 15 jan. 2005.
VIANNA, Marcelo Drugg Barreto & VERONESE, Gilberto.Políticas Ambientais
empresariais.Revista de administração pública.Rio de Janeiro,pp 123-144, jan./mar 1992.
ZORDAN, Sérgio Eduardo. Fichas Técnicas - Entulho da industria da construção civil. São
Paulo, maio 2000. Disponível em:
<http://www.reciclagem.pcc.usp/artigos1.htm>. Acesso em: 24 nov. 2004.
ANEXOS
121
GESTÃO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CANTEIROS DE OBRAS DE
EDIFICIOS MULTIPISO NA CIDADE DO RECIFE
APÊNDICES
ANEXOS
122
APÊNDICE I
Obra A – Levantamento de Informações
ANEXOS
123
ANEXOS
124
APÊNDICE II
Obra B – Levantamento de Informações
ANEXOS
125
ANEXOS
126
APÊNDICE III
Obra C – Levantamento de Informações
ANEXOS
1
27
ANEXOS
128
APÊNDICE IV
Obra D – Levantamento de Informações
ANEXOS
129
ANEXOS
130
APÊNDICE V
Obra E – Levantamento de Informações
ANEXOS
131
ANEXOS
132
APÊNDICE VI
Obra F – Levantamento de Informações
ANEXOS
133
ANEXOS
134
APÊNDICE VII
Obra A - Planejamento
ANEXOS
135
ANEXOS
136
APÊNDICE VII
Obra B – Planejamento
ANEXOS
137
ANEXOS
138
APÊNDICE VIII
Obra C – Planejamento
ANEXOS
139
ANEXOS
140
APÊNDICE IX
Obra D – Planejamento
ANEXOS
141
ANEXOS
142
APÊNDICE X
Obra E – Planejamento
ANEXOS
143
ANEXOS
144
APÊNDICE XI
Obra F – Planejamento
ANEXOS
145
ANEXOS
146
APÊNDICE XII
Obra G – Planejamento
ANEXOS
147
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo