diferentes entre si. Em entrevista, Gomes citou o caso do movimento Dogma 95
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,
com filmes bastante diferentes, mas que ficaram conhecidos por uma estética
adotada pelo cineasta dinamarquês Lars Von Trier como positiva. Já Cláudio Assis,
vê a determinação como uma brincadeira que ainda não gerou repercussão:
Ainda nem pegou esse movimento, essa coisa nem pegou. O movimento
mangue, a questão é que naquele momento a gente estava fazendo
[produzindo filmes] também. Mas nós somos parceiros da mesma coisa, os
meninos até hoje trabalham comigo, fizeram Baixio das Bestas, fizeram
Amarelo Manga e vão fazer a Febre do Rato. Nós somos amigos,
contemporâneos. Foi uma brincadeira que Amin criou.
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Em acordo com Assis, está o roteirista Hilton Lacerda (2008), ao tratar da
expressão como uma brincadeira, no entanto, como já abordado anteriormente,
acha que essa identificação de um cinema periférico confere status ideológico às
produções.
Já o diretor Paulo Caldas (2008), segue na mesma linha adotada por
Gomes:
Eu acho que a morte de Chico Science precipitou um pouco isso. E o
cinema, por incrível que pareça, teria prolongado mais. Isso foi uma
expressão criada pelo Amin Stepple, um cineasta e roteirista, com um cunho
muito engraçado, muito interessante, midiático mesmo. De provocar a mídia
para que isso nos ajudasse na divulgação dos filmes. [Refere-se às palavras
de Amin Stepple] Então vamos criar esse negócio, quanto ao Manguebeat a
gente não tem nada a ver com aquela coisa do mangue, a gente é Árido
Movie, que é uma coisa mais seca, uma linguagem não só do sertão, mas a
dureza, a pedra, a coisa árida mesmo, o sol, a coisa forte.
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Adotando a expressão como um ideal propagandístico, o fotógrafo Fred
Jordão (2008), aposta na ideia como uma necessidade de mercado:
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O movimento Dogma 95 foi criado pelos cineastas Lars Von Trier e Thomas Vinterberg na Dinamarca,
em 1995, e cujo objetivo foi elaborar um manifesto com uma ordem de preceitos técnicos para realização de
filmes que deveriam operar sob a lógica da naturalidade, ou seja, proibida a utilização de cenários, iluminação
artificial, ou qualquer recurso que não estivesse presente na cena. A câmera deverá estar na mão e o som deve
ser ambiente. O manifesto era contrário, na verdade, a uma linha de produção industrial, que acreditam seus
idealizadores, contribuir para destituir o caráter artístico do cinema. Desta forma, no movimento Dogma 95 foram
produzidos diversos filmes com várias nacionalidades, entre eles, os mais cultuados são os dois primeiros, Festa
de família (1995), de Thomas Vinterberg, e Os idiotas (1998), de Lars Von Trier.
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ASSIS, Cláudio. Campinas, 18 de março de 2008.
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CALDAS, Paulo. Recife, 22 de setembro de 2008.
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