Avaliação cardiológica pré-operatória em cirurgia vascular
A recomendação dessa profilaxia foi apoiada em dois ensaios
randomizados. O primeiro foi realizado por Mangano et al
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, que fizeram um estudo duplo
cego, placebo controlado com o atenolol. Foram avaliados 200 pacientes submetidos à
cirurgia não-cardíaca, e observou-se a diminuição de mortalidade geral, 21% para 9%,
morte cardíaca 12% para 4% em dois anos. E uma redução de isquemia miocárdica no pós-
operatório de 39% para 24%.
Posteriormente, Poldermans et al
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, avaliaram o uso do bisoprolol em um
ensaio randomizado com 112 pacientes de alto risco submetidos à cirurgia vascular e
observaram uma diminuição de mortes por causa cardíaca, 3,4% para o grupo que usou
droga, contra 17% para o grupo placebo. Também não foi detectado IAM não-fatal para o
grupo do bisoprolol. O estudo não foi cego e isso pode ter acarretado alguns vieses.
Em seguida, Boersma et al
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avaliaram 1.351 pacientes submetidos a
cirurgias de alto risco e mostraram que, entre os pacientes que receberam
betabloqueadores, houve menos complicações cardiovasculares 0,8% contra 2,3%, em
relação ao grupo placebo. Também foi demonstrada diminuição de eventos cardíacos de
9,9% para 2,3% para aqueles que fizeram uso de betabloqueadores e apresentavam no pré-
operatório evidência de isquemia pelo ecocardiograma sob estresse, especialmente quando
o exame evidenciava até quatro segmentos anormais em pacientes com três ou mais fatores
de riscos.
Os defensores dos betabloqueadores argumentam que, ao promoverem um
bloqueio dos receptores beta adrenérgicos, haverá uma diminuição na liberação de
catecolaminas e do consumo de oxigênio pelo miocárdio, levando a um aumento da
estabilidade da placa e elevação do limiar para fibrilação ventricular em presença de
isquemia. Dessa maneira, os eventos cardíacos seriam diminuídos no perioperatório
27,28,29
.
Em contraposição aos defensores dos betabloqueadores, o “Perioperative -
blockade” (Pobble)
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avaliou se o uso de metoprolol reduziria a morbimortalidade
cardiovascular em 30 dias e o tempo de internamento, para as cirurgias vasculares.
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