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EMERSON CRUZ DE OLIVEIRA
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA NUTRICIONAL DE ANIMAIS TREINADOS
SUBMETIDOS À DESNUTRIÇÃO E RECUPERAÇÃO NUTRICIONAL
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação
do núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte
integrante dos requisitos para obtenção do título de
Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração:
Bioquímica Estrutural e Fisiológica.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva
CO-ORIENTADORA: Prof. Dr
a
. Maria Lúcia Pedrosa
OURO PRETO – MG
MAIO 2007
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Catalogação: [email protected]
O48a Oliveira, Emerson Cruz de.
Avaliação bioquímica nutricional de animais treinados submetidos à
desnutrição e recuperação nutricional [manuscrito] / Emerson Cruz de
Oliveira. - 2007.
xiii, 139f.: il.; tabs.
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva.
Co-orientadora: Profª. Dra. Maria Lúcia Pedrosa.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto.
Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Núcleo de Pesquisas em Ciências
Biológicas.
Área de concentração: Bioquímica Estrutural e Fisiológica.
1. Exercícios físicos - Teses. 2. Desnutrição - Teses. 3. Ratos - Teses.
4. Avaliação nutricional - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto.
II. Título.
CDU: 612.39
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ii
iii
Minha maravilhosa FAMÍLIA
Meu amor DANIELA CORRÊA E CASTRO DE CARVALHO
Vocês me deram força para realizar esse trabalho. Ele é dedicado a vocês.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao professor Marcelo Eustáquio Silva pela confiança e, sobretudo pela coragem de me
aceitar como orientando, mesmo sabendo do tamanho do desafio. Obrigado amigo!
À professora Maria Lúcia Pedrosa pela ajuda e pela forma agradável como fez críticas e
deu sugestões que durante esse trabalho.
Ao meu big brother Allan Crinstian Gonçalves, pelas várias madrugadas que passamos
preparando seminários juntos em Mariana. Pelos finais de semana que passamos
estudando estatística. Pela companhia nos momentos de maior estresse assim como das
melhores risadas durante esse curso.
À Wanda pela amizade toda ajuda e pelas boas risadas.
Ao professor Rinaldo Cardoso dos Santos por toda ajuda sempre que necessário.
Aos amigos do Laboratório de Nutrição Experimental – LABNEX: Flávia, Fabrício,
Heloísa, Jamilly, Laura, Larissa, Heberth, Aleçandra, Bruno, Joamir, Fabiano, Maísa,
Juliana, Kamylla, Hamilton e Reinaldo.
Ao Cássio, Joelma, Juliana, Marcos, Nilza, Luciana, Fernanda, Geórgia, Aline,
Leonardo, Olímpio e demais colegas do mestrado.
Ao Jair Pastor Mota, pela ajuda e bom humor na rotina diária no LABNEX e à Cida por
sua competência na secretaria do NUPEB. E a ambos pela amizade.
Aos professores do NUPEB e à UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO.
À DEUS, por me colocar diante de tantas pessoas maravilhosas como as já citadas além
dos amigos e amigas das repúblicas Totalizô e Seleta. Quantos momentos agradáveis,
quanta amizade...
v
ÍNDICE
RESUMO vii
ABSTRACT viii
LISTA DE TABELAS ix
LISTA DE SIGLAS xii
1. INTRODUÇÃO 1
2. REVISÃO DE LITERATURA 4
2.1 Desnutrição 4
2.2 Metabolismo protéico 6
2.3 Desnutrição protéico-calórica - fisiopatologia involutiva - metabolismo protéico 9
2.4 Mecanismos de adaptação à desnutrição protéico-calórica - metabolismo protéico 10
2.5 Exercício e metabolismo protéico 12
2.6 Metabolismo lipídico 14
2.7 Exercício e metabolismo lipídico 20
2.8 Metabolismo dos carboidratos 21
2.9 Exercício e metabolismo dos carboidratos 24
2.10 Recuperação nutricional 25
2.11 Hepatotoxicidade 27
2.12 Modelos experimentais de desnutrição e exercício 30
3. OBJETIVOS GERAIS 33
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 33
4. MATERIAIS E MÉTODOS 34
4.1 Grupos experimentais 34
4.2 Dietas 35
4.3 Treinamento 36
4.4 Avaliação nutricional e bioquímica 37
4.5 Tratamento estatístico 40
5. RESULTADOS 41
5.1 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL 41
5.1.1 Médias de peso corporal final 41
5.1.2 Médias de ganho de peso semanal 41
5.1.3 Médias de ingestão protéica semanal 42
5.1.4 Médias de ingestão alimentar semanal 42
5.1.5 Médias de eficiência alimentar semanal 43
5.1.6 Médias da quantidade de fezes semanal 43
5.2 ORGÃOS E MÚSCULOS 44
5.2.1 Médias de peso do coração 44
5.2.2 Média de peso relativo do coração 45
5.2.3 Médias de peso do músculo sóleo 46
5.2.4 Médias de peso relativo do músculo sóleo 46
5.2.5 Médias de peso do músculo extensor longo dos dedos 46
5.2.6 Médias de peso relativo do músculo extensor longo dos dedos 47
5.3 GLÂNDULA ADRENAL 48
5.3.1 Médias de peso da glândula adrenal e de peso relativo da glândula adrenal 48
5.4 BAÇO E HEMOGLOBINA 49
vi
5.4.1 Médias de peso do baço 49
5.4.2 Médias de peso relativo do baço 49
5.4.3 Médias das Concentrações séricas Hemoglobina 49
5.5 FUNÇÃO HEPÁTICA 51
5.5.1 Médias de peso do fígado 51
5.5.2 Médias de peso relativo do fígado 51
5.5.4 Médias de atividade da Alanina Aminotransferase 52
5.5.5 Médias de atividade da Aspartato Aminotransferase 53
5.5.6 Médias de atividade da Fosfatase Alcalina 53
5.5.7 Médias das concentrações séricas de Proteínas Totais 54
5.5.8 Médias das concentrações séricas de Albumina 55
5.5.9 Estimativa média das concentrações séricas de Globulinas 55
5.5.10 Médias das concentrações sérica de Glicose 55
5.6 FUNÇÃO RENAL 56
5.6.1 Médias de peso do rim 56
5.6.2 Médias de peso relativo do rim 57
5.6.3 Médias das concentrações séricas de Uréia 57
5.6.4 Médias das concentrações séricas de Creatinina 57
5.7 PERFIL LIPÍDICO 58
5.7.1 Médias das concentrações séricas Colesterol Total 58
5.7.2 Médias das concentrações séricas Colesterol HDL 59
5.7.3 Estimativa média das concentrações séricas de Outras Frações de Colesterol 59
5.7.4 Médias das concentrações séricas Triglicérides 60
5.7.5 Médias da atividade da Paraoxonase 60
6. DISCUSSÃO 62
7. CONCLUSÕES 75
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 76
9. ANEXOS 89
vii
RESUMO
A desnutrição, que representa um importante problema de saúde mundial, e a
recuperação nutricional, necessitam de atenção especial em função das diversas
alterações metabólicas implicadas no processo. Uma completa avaliação bioquímica
nutricional de animais em estado de recuperação ainda não foi realizada, e menos ainda
é conhecido a respeito dos efeitos do exercício físico nesses organismos. O
desconhecimento da magnitude do estresse provocado pelo treinamento definiu a
escolha de um protocolo de treinamento físico que pudesse ser integralmente cumprido
pelos animais, ainda que não resultasse em melhoras de todos os parâmetros analisados.
O objetivo desse trabalho foi verificar se a desnutrição causa modificações no perfil
bioquímico nutricional e se a recuperação associada, ou não, ao exercício físico (natação
30 minutos por dia, 5 dias por semana durante 8 semanas) pode interferir nesse
processo. Foram utilizadas 52 ratas Fisher divididas seis grupos: Controle Sedentário
(CS), Controle Treinado (CT), Recuperado Sedentário (RS), Recuperado Treinado
(RT), Desnutrido Sedentário (DS) e Desnutrido Treinado (DT). Os animais foram
mantidos em gaiolas individuais e receberam água e dieta ad libitum. Após nove
semanas, os animais foram anestesiados e sacrificados. Os resultados foram comparados
usando-se Anova Two Way (p 0.05). Observamos que os animais recuperados
apresentaram maiores ganhos de peso e eficiência alimentar. As concentrações de
colesterol total e das frações de colesterol foram maiores nos animais desnutridos e o
treinamento físico reduziu os níveis de colesterol somente nos animais recuperados. Os
valores de atividade da Paroxonase indicam que as HDLs dos animais desnutridos
podem não realizar a proteção antioxidante esperada para essas moléculas. A avaliação
de parâmetros da função hepática mostrou um comprometimento do fígado nos animais
desnutridos, fato que não ocorreu nos recuperados. Entretanto, a avaliação de
parâmetros da função renal mostrou que tanto os animais desnutridos quanto os
recuperados apresentaram comprometimento renal. Concluímos que o a recuperação
nutricional não reverteu os danos causados pela desnutrição somente na função renal e
que o exercício na intensidade e no volume aplicado nesse experimento não
potencializou nem prejudicou a recuperação nutricional.
Palavras chaves: Desnutrição; Recuperação nutricional; Exercício físico.
viii
ABSTRACT
The malnutrition, which represents an important world health problem, and the
nutritional recovery, needs special attention in course of metabolic changes involved in
those processes. A complete nutritional biochemistry evaluation of animals in recovery
state was not done yet, and the knowledge about the effects of exercise on these
organisms is very incomplete. The lack of knowledge of the stress intensity provoked
by training, defined a choosing for a training protocol that could be integrally fulfilled
by the animals, in spite of it could not bring changes on the analyzed parameters. The
aim of this work was to verify whether malnutrition causes modifications in rat’s
metabolic profile and if nutritional recovery associated or not with exercise (swimming,
30 minutes/day, five days/week during 8 weeks) can interfere in this process. Fifty six
Fisher female rats (28 days old) were divided into six groups: control sedentary (CS),
control trained (CT), recovered sedentary (RS), recovered sedentary (DT),
malnourished sedentary (MS) and malnourished trained (MT). The animals were kept in
individual cages and received water and food ad libitum. After 9 weeks, the animals
were anesthetized and sacrificed. Results were compared by two-way ANOVA (p
0.05). It was observed that recovered animals had higher weight gain and food
efficiency. Total cholesterol and fractions concentrations were higher in the
malnourished animals and that training reduced cholesterol level only in recovery
animals. The values of Paraoxonase activity show that the HDLs of malnourished
animals could be not doing the antioxidant protection that was expected for this
lipoprotein. The evaluation of the hepatic function parameters show a liver injury of
malnourished animals, fact that not occurred on the recovered ones. But the evaluation
of renal function parameters suggest that even recovered and malnourished animals had
renal injury. In conclusion, nutritional recovery did not revert the actual damages made
by malnutrition only in the kidney function and the exercise protocol applied in this
experiment did not improve nor harmed the nutritional recovery.
Key Words: Malnutrition; Nutritional recovery; Physical exercise.
ix
LISTA DE TABELAS
nº. página
I
Composição das dietas, quantidade de cada componente para cada
1000g de dieta. Dieta AIN-93M, contendo 12% de proteína (Dieta
Controle); Dieta AIN-93M modificada, contendo 6% de proteína
(Dieta Hipoprotéica); e Dieta AIN-93M modificada, contendo 0% de
proteína (Dieta Aprotéica)
36
II
Médias de peso corporal final (Peso Final); Médias de ganho de peso
semanal (GP); e Médias de ingestão protéica semanal (IP) de animais
dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT);
Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido
Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos durante ou após
nove semanas de experimento
42
III
Médias de ingestão alimentar semanal (IA); Médias de eficiência
alimentar semanal (EA*); e Médias da quantidade de fezes semanal
(QF) de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle
Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado
(RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT),
obtidos durante nove semanas de experimento
44
IV
Médias de peso do coração (Coração); Médias de peso relativo do
coração* (Coração*); de animais dos grupos: Controle Sedentário
(CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido
Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
45
V
Médias de peso do músculo sóleo (Sóleo); Médias de peso relativo do
músculo sóleo* (Sóleo*); Médias de peso do músculo extensor longo
dos dedos (ELD); e Médias de peso relativo do músculo extensor
longo dos dedos (ELD*) de animais dos grupos: Controle Sedentário
(CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido
Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
47
VI
Médias de peso da adrenal (Adrenal); e Médias de peso relativo da
adrenal* (Adrenal*) de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS);
Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado
Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado
(DT), obtidos após nove semanas de experimento
48
x
LISTA DE TABELAS (continuação)
VII
Médias de peso do baço (Baço); Médias de peso relativo do baço*
(baço*) e Médias das concentrações séricas de Hemoglobina de animais
dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT);
Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido
Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas
de experimento
50
VIII
Médias de peso do fígado (Fígado); Médias de peso relativo do fígado*
(Fígado*); e Médias das concentrações séricas de Hemoglobina
(Hemoglobina) de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS);
Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado
Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT),
obtidos após nove semanas de experimento
52
IX
Médias de atividade da Alanina Aminotransferase (ALT); Médias de
atividade da Aspartato Aminotransferase (AST); e Médias de atividade da
Fosfatase Alcalina (ALP) de animais dos grupos: Controle Sedentário
(CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado
Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT),
obtidos após nove semanas de experimento
54
X
Médias das concentrações séricas de Proteínas Totais (Proteínas Totais);
Médias das concentrações séricas de Albumina (Albumina); Estimativa
média das concentrações séricas de Globulinas (Globulinas); e Médias
das concentrações séricas de Glicose de animais dos grupos: Controle
Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido
Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
56
XI
Médias de peso do rim (Rim); Médias de peso relativo do rim (Rim*);
Medias das concentrações séricas de Uréia (Uréia); e Medias das
concentrações séricas de Creatinina de animais dos grupos: Controle
Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido
Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
58
XII
Médias da concentração de colesterol total (Colesterol); Médias da
concentração de colesterol total HDL (HDL); Médias da estimativa das
concentrações séricas outras frações de colesterol (LDL e VLDL); e
Médias da concentração de triglicérides (TG) de animais dos grupos:
Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado
Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário
(DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de
experimento
60
xi
LISTA DE TABELAS (continuação)
XIII
Médias da atividade da Paraoxonase de animais dos grupos: Controle
Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido
Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
61
xii
LISTA DE SIGLAS
AGL - ácidos graxos livres
ALP - Fosfatase Alcalina
ALT - Alanina Aminotransferase
AMP - Adenosina mono-fosfato
AST - Aspartado Aminotransferase
ATP - Adenosina tri-fosfato
C
14
- Carbono-14
CS - Controle Sedentário
CT - Controle Treinado
DP - desvio padrão
DS - Desnutrido Sedentário
DT - Desnutrido Treinado
EA - eficiência alimentar
ELD - extensor longo dos dedos
FAD - Flavina Adenina Dinucleotídio
FAO - Food and Agriculture Organization
GLUT-1 - Glucose transporter 1
GLUT-4 - Glucose transporter 4
GP
- ganho de peso
HDL
- Hight Density Lipoprotein
IA
- ingestão alimentar
LCAT
- Lecitina Colesterol Aciltransferase
LDL
- Low Density Lipoprotein
p.c.
- Peso corporal
Pi
- fosfato inorgânico
PON
- Paraoxonase
QF
- quantidade de fezes
RPM
- rotações por minuto
xiii
LISTA DE SIGLAS (continuação)
RS
- Recuperado Sedentário
RT
- Recuperado Treinado
SRN
- Síndrome de Recuperação Nutricional
TGO
- Transaminase glutâmico-oxalacética
TGP
- Transaminase glutâmico-pirúvica
VLDL
- Very Low Density Lipoprotein
1
1. INTRODUÇÃO
Em 1985, Oldfors e Sourander estudando o efeito do exercício no músculo
esquelético de ratos desnutridos encontraram evidências contundentes que suportam a
hipótese de que o músculo esquelético se adapta ao estado nutricional e que essa
adaptação pode ser alterada pela modificação das demandas impostas ao músculo, como
acontece no exercício. Essa hipótese já naquela época era um forte argumento para se
estudar atividade física e nutrição. Recentemente, área é pouco explorada, como pode
ser observado a seguir a maioria das contribuições científicas são antigas e
fragmentadas criando algumas respostas e muitas perguntas. Nosso objetivo é responder
algumas dessas perguntas, sobretudo no que diz respeito ao estado geral da saúde do
animal.
Os primeiros trabalhos que encontramos e que estudaram exercício e desnutrição
sugeriam que os animais desnutridos apresentam maior capacidade para corrida em
função de seu menor peso corporal (Fuge e cols., 1968) e que o exercício acarreta
modificações na composição corporal, diminuindo a porcentagem de gordura da carcaça
desses animais, com conseqüente aumento da massa magra (Crews e cols., 1969).
Já em teste de “endurance” utilizando a natação, foi observado que os animais
desnutridos apresentaram maior consumo de oxigênio que animais controle, e ainda que
a restrição protéica ou a restrição na ingestão energética podem influenciar a
performance de maneira diferente, não sendo possível explicar a diferença baseando-se
no peso corporal (Hansen-Smith e cols., 1977).
Foi relatado também que animais desnutridos que permaneceram sedentários
sofreram mais atrofia muscular que animais exercitados e que o treinamento impediu a
2
perda de mitocôndrias no sarcolema de animais desnutridos, porém exercitados (Oldfors
& Sourander, 1985). (Mello, 1994)
Mello (1994) mostrou que a desnutrição causou aumento nas concentrações
musculares de glicogênio, e que uma única sessão de exercício provocou grande
utilização desse substrato nos animais desnutridos. Os animais desnutridos foram
capazes de manter altas concentrações de glicose circulante talvez em função dos níveis
elevados de ácidos graxos livres. Durante o exercício, a glicose sanguínea e o
glicogênio muscular são as principais fontes de carboidratos. Foi constatado por esse
estudo que animais desnutridos não mobilizariam o glicogênio de maneira significativa,
durante o exercício agudo, e sim se utilizavam dos ácidos graxos livres (AGL) como
substratos energéticos.
Outro trabalho refere-se ao exercício como coadjuvante no processo de
recuperação nutricional, uma vez que o mesmo estimulou o crescimento linear sem
causar prejuízos na homeostase bioquímica do organismo (Silva e cols., 1999).
Galdino & Mello (2000) observaram que o treinamento físico minimizou os
efeitos deletérios da desnutrição e não prejudicou a gestação e nem o desenvolvimento
fetal de ratas Wistar. Em outro trabalho, Galdino e cols. (2000) observaram também que
a liberação de insulina induzida pela glicose é reduzida em ratos que receberam a dieta
com baixas concentrações protéicas (6%), mas que esse efeito é contraposto pela maior
sensibilidade dos tecidos alvos à insulina, o que permite manter a glicemia em níveis
normais. Essa adaptação permite aos animais desnutridos preservar a sua habilidade de
resposta ao exercício aeróbio. Então o treinamento aeróbico mostrou-se benéfico aos
animais desnutridos, pois causou maior crescimento corporal sem desregular a
homeostasia da glicose. (Galdino & Mello, 2000) (Galdino e cols., 2000)
O trabalho mais recente que encontramos no qual foram utilizadas dietas
manipuladas, uma contendo 17% de proteína e outra contendo 6% de proteína foi o de
Papoti e cols. (2003). Esse foi o segundo de dois trabalhos que encontramos onde o
interesse passou a ser o grupo recuperado ao invés do desnutrido. O primeiro foi o de
Silva e cols., (1999), entretanto não foi realizado um protocolo de treinamento físico,
mas sim quatro testes de esforço de natação para se determinar se a máxima fase estável
de lactato sofre influência da recuperação nutricional. Os autores concluíram que os
animais em recuperação nutricional apresentaram menores valores de lactato circulante
3
que os animais controle, indicando que a recuperação nutricional altera a cinética de
lactato durante exercício de natação em ratos (Papoti e cols., 2003)
Os demais trabalhos encontrados na literatura realizaram restrição protéica para
obter animais desnutridos e não mais dieta hipoproteicas como vinha sendo feito no
passado. A restrição foi feita tanto em experimentos que utilizaram dietas manipuladas
(Lewis e cols., 1998), quanto em experimentos que utilizaram dietas comerciais (Agote
e cols., 2001; Gavete e cols., 2002; Lewis e cols., 1997; Santos-Cunha e cols., 2004).
Podemos perceber que uma avaliação bioquímica nutricional de animais
treinados submetidos à desnutrição protéico-calórica seguida da recuperação nutricional
ainda não foi completada e que importantes marcadores da função hepática como as
transaminases e fosfatase alcalina, do perfil lipídico como o colesterol total, HDL e
triglicérides, ainda não foram estudados.
Geralmente os autores trabalham com quatro dos seis grupos que utilizamos, ora
trabalhando com desnutridos e controle, ora com recuperados e controle. Em alguns
trabalhos não foi realizado treinamento físico dos animais e sim testes físicos, e mesmo
aqueles que aplicaram um protocolo de treinamento, os autores optaram por avaliar
alguns parâmetros do estado bioquímico nutricional, deixando a literatura carente de
uma avaliação completa realizada com animais nos seis grupos: Controle Sedentário,
Controle Treinado, Recuperado Sedentário, Recuperado Treinado, Desnutrido
Sedentário e Desnutrido Treinado.
Nosso trabalho centra-se no estudo do efeito do treinamento físico sobre a
recuperação nutricional e para conseguirmos ter um experimento devidamente
controlado precisamos ter entre os grupos experimentais o grupo desnutrido, haja vista
que importantes informações para comparação ainda não existem.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Desnutrição
Estima-se que existam cerca de 815 milhões de desnutridos no mundo: 777
milhões nos países em desenvolvimento, 27 milhões nos países em transição e 11
milhões nos países industrializados (FAO, 2001). Desse total 30% vivem no sul e outros
30% no leste da Ásia, 25% na região subsaariana da África e 8% na América latina e
Caribe. Entre crianças abaixo dos cinco anos, 193 milhões (36%) estão abaixo do peso,
230 milhões (43%) são mirradas e 50 milhões (9%) são debilitadas (Shils e cols., 2003).
Em virtude da variação dos quadros clínicos, uma definição precisa de
desnutrição torna-se difícil. Gómez (1946) propôs que a desnutrição seria um estado de
diferentes graus de intensidade e variadas manifestações clínicas produzidas pela
deficiente assimilação, pelo organismo, de quantidades adequadas dos diversos
componentes do complexo nutriente (proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e
vitaminas). Barbosa (1954) define desnutrição como uma doença carencial, evolutiva,
crônica, exclusivamente vinculada à idade da lactância, que sob o denominador comum
da fome, afeta especificamente a nutrição e cujo substrato metabólico reside na
alteração da função fundamental da célula, o crescimento. Já Shils e cols. (2003)
definem desnutrição protéico-calórica como um estado em que às necessidades
fisiológicas por proteínas, calorias ou ambos não podem ser satisfeitas pela dieta.
A origem da desnutrição protéico-calórica pode ser dividida em dois grupos. A
distrofia primária, quando há paralelismo entre nutrição celular e a dieta ingerida pelo
indivíduo, onde a alteração tissular ocorre em função de uma dieta errada, quantitativa
5
ou qualitativamente: a criança é normal, não apresentando nenhum fator orgânico ou
psíquico que reduza ou impossibilite a ingestão, digestão e absorção dos nutrientes ou
que aumente a degradação ou excreção dos mesmos. Já na distrofia secundária, não há
paralelismo entre nutrição celular (alterada) e dieta (normal), o que existe são quadros
patológicos que levam a uma menor ingestão alimentar (a criança pode apresentar
fissura palatina), digestão prejudicada (fibrose cística do pâncreas), absorção
insuficiente (doença celíaca induzida pelo glúten), ou perdas acentuadas (nefrose)
(Marcondes e cols., 1976).
Podemos subdividir a desnutrição humana em dois subtipos que são
caracterizados pelos quadros clínicos que os indivíduos apresentam, embora a patogenia
seja uniforme: carência protéico-calórica. Assim, temos o Marasmo e o Kwashiorkor.
O Marasmo é caracterizado pela ocorrência de uma adaptação à deficiência
calórica, assim, o decréscimo no consumo de nutrientes, sobretudo calorias, levaria a
criança a utilizar as suas próprias reservas, impedindo o aparecimento de sinais de
desnutrição. Como as necessidades de carboidratos não são supridas pela dieta,
ocorreria uma diminuição nos níveis de insulina (processo que ocorre no jejum
prolongado), com aumento nos níveis de glucagon, cortisol, epinefrina e hormônio do
crescimento. A lipase hormônio-sensível aumentaria a sua atividade e mobilizaria os
ácidos graxos do tecido adiposo. Os lipídios na corrente sanguínea, em forma de
triglicérides, e ligados à albumina seriam levados ao fígado e, pela ação da carnitina,
entrariam na mitocôndria para dar início ao processo da ß-oxidação. Os acetatos
produzidos se ligariam à coenzima A formando acetil-CoA que pode seguir dois
caminhos: entrar no ciclo do ácido cítrico, ou formar cetonas. O aumento na
concentração das cetonas possibilitaria ao cérebro e sistema nervoso uma opção de
fonte de energia alternativa à glicose. Assim, a maior mobilização de ácidos graxos
possibilitaria uma diminuição da gliconeogênese, poupando aminoácidos dos tecidos,
representado pela menor taxa de catabolismo protéico e levando a uma diminuição na
produção da amônia que vai para o fígado. Como resultado desse processo temos
também uma diminuição na excreção da uréia (Mahan & Escott-Stump, 2005).
Já no Kwashiorkor aconteceria uma ruptura no processo de adaptação levando
ao aparecimento do fígado gorduroso e do edema, as principais características desse tipo
de desnutrição. Na deficiência, sobretudo de proteínas, ocorreria um menor estímulo no
6
hipotálamo, diferente do que ocorre na deficiência calórica, assim os níveis de cortisol
estariam também elevados, porém menores do que no marasmo. Ainda em comparação
ao marasmo, haveria uma menor mobilização dos ácidos graxos e aminoácidos, que
refletiria em um melhor estado dos tecidos adiposo e muscular no Kwashiorkor.
Ocorreria também uma diminuição dos aminoácidos plasmáticos resultando em uma
menor síntese de proteínas plasmáticas, sobretudo albumina, evento responsável pelo
surgimento do edema (Mahan & Escott-Stump, 2005).
Como no Kwashiorkor a quantidade de dieta oferecida não é a causa da
desnutrição, mas sim a baixa concentração de proteínas, a cetose não seria possível, pois
as concentrações de carboidratos em níveis normais não possibilitariam uma diminuição
nos níveis de insulina (Mahan & Escott-stump, 2005).
Dentre as manifestações que acontecem nos dois tipos de desnutrição, um
destaque especial pode ser dado para a hipoglicemia, pois esta pode estar relacionada à
morte súbita no caso do desnutrido (Marcondes e cols., 1976).
2.2 Metabolismo protéico
Dentre os diferentes grupos de substâncias que compões a base da alimentação e
nutrição humana, não podemos destacar qualquer grupo como sendo mais importante
que os demais. Entretanto, em estados carenciais crônicos a falta de alguns
grupamentos, mais que outros, repercute mais intensamente na homeostasia,
demonstrando com isso uma hierarquia bioquímica imperceptível quando o organismo
se mantém livre de carências. As proteínas destacam-se nessa hierarquia devido à sua
importante participação nas estruturas de sustentação de órgãos e tecidos e sua atuação
como peças intermediárias (hormônios protéicos e enzimas) que atuam em diferentes
etapas da maquinaria metabólica. A organização estrutural, que vai desde a forma mais
simples de seus constituintes ou unidades estruturais, os aminoácidos, até às mais
elevadas, como os peptídeos e as proteínas complexas (proteínas do sangue, tecidos,
enzimas e hormônios protéicos) permite que as proteínas funcionem como pequenas
chaves bioquímicas nas reações metabólicas, integrando ciclos em função da estrutura
7
peculiar dos aminoácidos ou mesmo como moléculas destinadas a transpor limites
celulares para agirem no compartimento extracelular como ocorre com a albumina, a
mais abundante proteína do sangue (Marcondes e cols., 1976).
O mesmo autor cita as várias etapas que os aminoácidos percorrem desde sua
entrada no organismo, quando ainda compõem as proteínas dietéticas, até sua retirada
como escórias nitrogenadas ou carbônicas. Assim as etapas são: 1) digestiva; 2)
absortiva; 3) circulante, extracelular; 4) intracelular; e finalmente, 5) de catabolismo e
eliminação. Nesse caminho, após a transposição do epitélio entérico, por meio de
mecanismos ativos, os aminoácidos livres são encaminhados, via sistema porta,
obrigatoriamente para o fígado. Os aminoácidos são retidos no parênquima hepático por
ser esse um local de síntese protéica, particularmente de albumina. Uma pequena porção
escapa para circulação geral. Em geral, os aminoácidos que chegam à circulação vão se
somar aos demais contingentes de aminoácidos lá presentes, formando um reservatório
geral ou “pool” disponível para o constante intercâmbio intra e extracelular. Esses
aminoácidos passam pelos rins onde são filtrados nos glomérulos e, em seguida,
recuperados pelos túbulos renais numa proporção de 98%. A pequena parte dos
aminoácidos que se perde na filtração glomerular se soma às diversas frações
nitrogenadas (uréia, creatinina, amônia, acido úrico) ou carbônicas que compõem os
produtos finais e irreversíveis do catabolismo protéico. A urina constitui a maior rota de
excreção das frações nitrogenadas e a uréia representa a maior fração eliminada, estando
diretamente relacionada à ingestão protéica, em condições normais (Wilikinson &
Menderall, 1963).
As proteínas plasmáticas ou totais podem ser distinguidas em seis frações após
migração eletroforética e podem ser identificadas e designadas em ordem decrescente
de mobilidade como: albumina, alfa-1 e alfa-2 globulinas, betaglobulinas, fibrinogênio e
gamaglobulina. A síntese de albumina e fibrinogênio ocorre no fígado, assim como
algumas globulinas, entretanto, a maior parte das gamaglobulinas é sintetizada nas
células plasmáticas e nos linfócitos de todo sistema reticuloendotelial (Marcondes e
cols., 1976). As proteínas estão envolvidas em múltiplas funções, como a manutenção
da pressão osmótica e da viscosidade do sangue, transporte de nutrientes, metabólitos,
hormônios e produtos de excreção, regulação do pH sanguíneo, e participação na
coagulação sanguínea (Guyton, 2002). Normalmente, a concentração de proteínas totais
8
apresenta-se aumentada na desidratação, por hemoconcentração, no mieloma múltiplo,
na macroglobulinemia, crioglobulinemia, no lupus eritematoso, na artrite reumatóide,
em infecções crônicas, na linfogranuloma e endocardite bacteriana subaguda. Por outro
lado, concentrações diminuídas das proteínas totais são encontradas quando ocorrem
falhas hepáticas, transtornos intestinais e renais, hemorragia, ou por desnutrição grave
(Wilkinson & Mendehall, 1963). Em casos de inanição, as proteínas de reserva,
especialmente do músculo e do fígado, são degradadas para alimentar a neoglicogênese,
ao mesmo tempo em que ocorre diminuição das proteínas totais do plasma, provocando
queda na osmolaridade plasmática, o que resulta em saída de líquidos da corrente
circulatória para os tecidos (edema). No caso de doenças hepáticas, os níveis séricos das
proteínas totais podem diminuir devido a alterações de sua síntese, ou devido ao
aumento de sua degradação ou ainda devido a sua perda extra vascular (Rothschild e
cols., 1972; Tavill, 1972). (WILKINSON & Mendehall, 1963)
A albumina é a proteína mais abundante no plasma, perfazendo cerca de 50% do
total das proteínas. É sintetizada no fígado (cerca de 120 mg/kg diariamente) e contribui
com 80% da osmolaridade do plasma sanguíneo, consistindo, também, uma importante
reserva protéica, bem como um transportador de ácidos graxos livres, aminoácidos,
metais, cálcio, hormônios e bilirrubina (Guyton, 2002). A albumina também tem função
importante na regulação do pH sanguíneo, atuando como ânion. A única causa do
aumento da albumina plasmática (hiperalbuminemia) é a desidratação ou choque. A
concentração de albumina plasmática pode diminuir (hipoalbuminemia) em várias
situações, como por exemplo, em doenças hepáticas crônicas, na doença renal, em
estados de desnutrição, em infecções prolongadas, em queimaduras graves, ou em
hemorragia grave (Wilkinson & Mendehall, 1963). Quando os níveis de albumina
encontram-se diminuídos e os níveis das globulinas, particularmente das gama-
globulinas encontram-se elevados (Havens, Jr. e cols. 1954), podemos afirmar que uma
doença hepática crônica está estabelecida, primariamente devido a uma síntese
diminuída da albumina (Wilkinson & Mendehall, 1963). (HAVENS, Jr. e cols., 1954)
9
2.3 Desnutrição protéico-calórica - fisiopatologia involutiva - metabolismo protéico
O metabolismo protéico envolve numerosas etapas de um processo seqüencial
para que ocorra o aproveitamento da proteína da dieta. Assim, outras substâncias
necessitam da perfeita ocorrência dessas etapas, pois sua própria síntese e atividade
dependem do correto curso desse processo seqüencial. Por isso, compreende-se que o
abalo metabólico carencial não se limita a um, mas a múltiplos fenômenos que se
somam e contribuem para que o resultado final seja mais expressivo e grave do que se
poderia esperar.
A partir da baixa ingestão de proteínas na dieta pode-se estabelecer uma escala
involutiva fisiopatológica que pouco a pouco pode eliminar funções biológicas
imprescindíveis. Assim, Marcondes (1976) cita três etapas desse processo.
1
a
Etapa – Um menor estímulo à secreção e síntese de enzimas gástricas,
pancreáticas e entéricas ocorreria em resposta à baixa ingestão de proteínas. Em razão
disso ocorreria no lúmen intestinal uma redução no contingente de aminoácidos
endógenos, resultantes tanto da hidrólise recuperativa das células epiteliais descamadas
quanto das próprias enzimas digestivas que já cumpriram suas funções.
Consequentemente, as proteínas alimentares, incompletas quanto ao seu valor biológico,
não formariam uma mistura quantitativa e qualitativa ideal de aminoácidos para ser
transferida ao meio interno e posteriormente aos locais de ocorrência de síntese
protéica. O pool de aminoácidos supriria temporariamente esse desequilíbrio,
entretanto, a falta crônica de suprimento protéico leva o organismo progressivamente a
lançar mão de aminoácidos procedentes de todas as fontes endógenas disponíveis, isto
é, das reações de transaminação e carboxilação, além da própria degradação protéica,
que no caso da albumina plasmática corresponde de 4 a 5% do total circulante diário.
2
a
Etapa – Interrupção do impulso anabólico que ocorreria em função da redução
do pool de aminoácidos, ou seja, diminui os reservatórios de matéria-prima para síntese
protéica, o que pode afetar os fenômenos de incorporação destinados ao crescimento.
Assim, a fisiologia e o metabolismo protéico básicos são preservados à custa da
interrupção do crescimento.
10
3
a
Etapa – A próxima etapa seria a utilização das reservas estruturais e
funcionais. Como a massa muscular representa a maior reserva, ela apresenta sinais de
desgaste, uma vez que as miofibrilas não serão reparadas em função da pouca oferta de
aminoácidos. Todos os demais órgãos são atingidos, porém, os metabolicamente mais
ativos como o fígado, os rins e a mucosa intestinal serão os mais prejudicados. O fígado
deixa de sintetizar albumina em níveis normais gerando hipoalbuminemia, com
conseqüente perturbação do volume plasmático levando ao edema. Na tentativa de
reequilibrar o volume plasmático, ocorre um relativo aumento das globulinas
(especialmente da fração gama) em resposta a hipoalbuminemia. O hepatócito perde sua
capacidade de metabolizar gordura, seguindo-se a esteatose carencial. A mucosa
intestinal afetada na dinâmica de cito-renovação e sofrendo transformações involutivas
no seu relevo, apresenta deterioração nas microvilosidades, alteram-se também as
mitocôndrias e outros componentes citoplasmáticos, as taxas de síntese de
dissacaridases caem a níveis baixos. (Chandra e cols., 1968); Marcondes e cols. 1970).
Nos rins, diversas alterações, sobretudo no epitélio tubular, vão afetar a capacidade de
reabsorção de aminoácidos (Marcondes e cols. 1970).
É importante ressaltar que ratos tratados com dietas contendo baixas
concentrações de proteínas não desenvolvem edema, isso se deve ao fato do rato não
consumir dietas com essas características conforme consome dietas balanceadas. Para
esse fim os porcos seriam mais indicados, pois consomem vorazmente a dieta com
baixas concentrações protéicas facilitando o aparecimento do edema (Widdowson,
1968).
2.4 Mecanismos de adaptação à desnutrição protéico-calórica - metabolismo protéico
O ajustamento mais precoce à desnutrição parece ser a redução da excreção
urinária nitrogenada, essa redução se faz de tal forma que o balanço seja restabelecido a
um novo nível. Tal ajustamento ocorreria não por redução do “turnover” (contínuo
estado de síntese e degradação de proteínas, necessário para manter o pool metabólico
ativo de aminoácidos) geral nitrogenado, mas por modificações ou diversificações dos
11
caminhos metabólicos, de tal forma que menor proporção de nitrogênio disponível
venha a ser excretada e maior proporção passe a ser utilizada para síntese protéica. O
comportamento da síntese protéica também seria diferente, o fígado manteria ou
aumentaria a síntese protéica, enquanto o músculo, por ser o maior reservatório,
reduziria a taxa de síntese. Em relação à albumina, que inicialmente apresenta
decréscimo na taxa de síntese seguindo de redução das taxas de degradação, observa-se
também sua transferência do compartimento extra para o intracelular, visando à
preservação da massa de albumina circulante (Waterlow, 1968). Assim, a manutenção
da massa de albumina intravascular em nível normal, com uma taxa de catabolismo
reduzida, sugeriria um ajustamento adequado do mecanismo de adaptação.
Experimentos usando ratos e arginina com todos os átomos de carbono marcados com
carbono 14 (C
14
) mostraram que, no animal desnutrido, a reutilização desse aminoácido
se faz a taxas de 70%, enquanto em animais normais, é de 50% (Stephen & Waterlow,
1966).
Reforçando estas constatações, os estudos de Mariani e cols. (1963) e Gaetani e
cols. (1964), revelaram um aumento das enzimas ativadoras de aminoácidos no fígado
de ratos desnutridos. Além disso, foi mostrado também que ocorre um decréscimo na
atividade das enzimas do ciclo da uréia em animais desnutridos (Schimke, 1962).
Assim, na desnutrição ambos os mecanismos fornecem condições favoráveis e mais
chances para que todo aminoácido que chegue ao fígado seja imediatamente
incorporado, assim como há menor probabilidade de acontecer a sua desaminação. Os
estudos de Stephen & Waterlow (1968), em biopsias de fígado de crianças desnutridas,
confirmaram um aumento da ativação dos aminoácidos, enquanto a argininosuccinase,
uma enzima-chave do ciclo da uréia, encontrava-se com a atividade diminuída.
Para que as adaptações enzimáticas acima referidas ocorram, mecanismos
regulatórios endócrinos são necessários. Assim, níveis aumentados de cortisol na
criança desnutrida, segundo Alleyne & Young (1967), parecem estar ligados a um
prolongamento da vida média e a um decréscimo na produção de insulina (Baig &
Edozien, 1965). No metabolismo protéico a insulina, até certo ponto, age no sentido
oposto ao cortisol, já que promove a incorporação de aminoácidos aos músculos,
enquanto o cortisol age, catabolicamente, no músculo e, anabolicamente, no fígado
(Marcondes e cols., 1976).
(Alleyne & Young, 1967; Gaetani e cols., 1964; MARIANI e cols., 1963; Stephen & Waterlow, 1966; Cohen & HANSEN, 1962)
12
Crianças com kwashiorkor têm taxas de síntese de albumina reduzida, enquanto
a síntese de gamaglobulina se mantém inalterada (Cohen & Hansen, 1962). Aliado a
isso, após um período de sete a dez dias, foi observado em crianças desnutridas e em
processo de recuperação, que ocorre também uma diminuição na taxa de degradação da
albumina, indicando assim uma resposta compensatória à baixa ingestão de proteínas
(James & Hay, 1968).
Normalmente, 40% da massa total de albumina está no espaço intravascular,
enquanto 60% está no extra vascular. Na desnutrição, a maior perda acontece no pool de
albumina extra vascular e foi mostrado ainda que a albumina, no organismo desnutrido,
se desloca do espaço extra vascular para o intravascular (Cohen & Hansen, 1962; James
& Hay, 1968). Assim, a massa de albumina seria preservada durante pequenos períodos
de ingestão de dietas com baixa concentração de proteínas.
A ingestão de proteína não pode ser considerada separadamente da ingestão de
energia, quanto aos seus efeitos sobre o metabolismo de albumina. Foi demonstrado em
ratos que a ingestão de uma dieta com baixas concentrações de proteínas leva a variação
nas concentrações de albumina, que ocorrem inversamente com a ingestão energética,
ou seja, para ocorrer a hipoalbuminemia seria necessário que a ingestão energética fosse
maior que as necessidades do animal (Lunn & Austin, 1983).
2.5 Exercício e metabolismo protéico
No exercício aeróbio a intensidade do exercício parece estar associada ao
aumento da oxidação dos aminoácidos (Babij e cols., 1983) resultando no aumento das
necessidades protéicas pelo organismo. Assim, durante o exercício, os aminoácidos de
cadeia ramificada como a leucina, isoleucina e valina seriam os mais utilizados pela
ativação da oxoácido desidrogenase de cadeia ramificada (Kasperek & Snider, 1987),
que se encontra ativada no músculo e fígado (Dohm e cols., 1977; Henderson e cols.,
1985). O aumento na taxa de oxidação desses aminoácidos poderia contribuir para
aumento na utilização de alanina e de glutamina na atividade muscular esquelética e
excreção aumentada de uréia (Garrett Jr. & Kirkendall, 2003). Entretanto, a produção
13
estimada da uréia pelo aumento da oxidação dos aminoácidos é relativamente pequena
até a intensidade de 70% do VO
2
máx (Carraro e cols., 1993). Além disso, foi observado
que o exercício de “endurance” moderado promove a retenção de nitrogênio, o que não
justificaria um aumento na ingestão de aminoácidos por parte dos indivíduos que
praticam esse tipo de atividade (Garrel e cols., 1988; Todd e cols., 1984; Butterfield &
Calloway, 1984).
Baseado na informação que a alta ingestão energética acaba fornecendo
aminoácidos em quantidades acima do normal para atletas (Lemon, 1995), ainda não
havia sido documentada deficiência de aminoácidos causada pelo exercício para esse
público, entretanto, crianças e adolescentes que têm a necessidade aumentada de
aminoácidos em função do crescimento ou grupos que restringem voluntariamente a
ingestão de energia total ou de alguns tipos de alimentos como os indivíduos em dieta
para emagrecimento ou os vegetarianos, podem ser considerados vulneráveis quando
praticam exercício com alto dispêndio de energia (Garrett Jr. & Kirkendall, 2003).
A ingestão insuficiente de aminoácidos de cadeia ramificada poderia aumentar a
produção de serotonina, levando à sensação de letargia que é descrita como fadiga
central (Newsholme & Parry-Billings, 1994). O triptofano, precursor da serotonina,
compete com aminoácidos de cadeia ramificada pelo mesmo transportador sanguíneo-
cerebral, assim um aumento nas quantidades de triptofano e/ou uma diminuição nas
quantidades de aminoácidos de cadeia ramificada podem levar a uma grande
concentração cerebral de serotonina. Por outro lado, uma redução nas quantidades de
aminoácidos de cadeia ramificada (dada em função do aumento da oxidação)
combinada com um incremento nas concentrações de triptofano no exercício
prolongado (devido à remoção de aminoácidos da albumina, pela mobilização dos
ácidos graxos livres para a obtenção de energia) poderia afetar a performance por
precipitar o aparecimento da fadiga central (Garrett Jr. & Kirkendall, 2003).
Nos exercícios anaeróbios, ou de força, a ingestão protéica necessária varia de
1,5 a 1,8g. kg
-1
. d
-1
(valores 88 a 125% acima do recomendado que é de 0,8g. Kg
-1
. d
-1
)
(Lemon e cols., 1992; Tarnopolsky e cols., 1992), podendo ser ainda maiores (Fern e
cols., 1991; Vukovich e cols., 1992). Um problema inerente às pesquisas onde os
indivíduos ingerem quantidades muito altas de proteínas é o uso de esteróides
14
anabolizantes que podem interferir no metabolismo protéico (Griggs e cols., 1989;
Bhasin e cols., 1996).
2.6 Metabolismo lipídico
(THOMPSON & TROWELL, 1952) (Barbezat & HANSEN, 1968) (ISSELBACHER & BUDZ, 1963) (HOLEMANS & LAMBRECHTS, 1955) (LEWIS e cols., 1964) (MACDONALD, 1960)
Foi demonstrado que na desnutrição ocorre falha na absorção de gorduras
(Gomez e cols., 1956); Holemans & Lambrechts, 1955), e que uma pequena parte da
gordura fecal parece ser de origem endógena, uma vez que a excreção pode continuar
mesmo se for ingerida uma dieta livre de gorduras (Underwood e cols., 1967). Três
possíveis fatores poderiam explicar esse fato: a secreção de lípase pancreática estaria
diminuída (Thompson & Trowell, 1952), porém menos que outras enzimas digestivas
pancreáticas (Barbezat & Hansen, 1968); os sais biliares estariam desconjugados,
conforme observado em oito de cada vinte casos de kwashiorkor na África do Sul
(Redmond e cols., 1972) e por último a atrofia da mucosa intestinal, que prejudicaria a
formação dos quilomicrons (Isselbacher & Budz, 1963).
A gordura corporal mostra-se diminuída tanto no kwashiorkor quanto no
marasmo, entretanto crianças com marasmo se mostram mais afetadas e apresentam
menores valores para percentual de gordura quando se consideram as dobras cutâneas
tricipital e subescapular (Keet e cols., 1970).
O fígado gorduroso observado no kwashiorkor é o segundo critério utilizado,
depois do edema, para diferenciá-lo do marasmo. Mas como a baixa ingestão de
proteínas produz o fígado gorduroso? Uma explicação é que a deficiência de calorias
permite uma maior mobilização de ácidos graxos provenientes do tecido adiposo, em
quantidades maiores que a capacidade hepática de oxidá-los ou reesterificá-los. Na
desnutrição realmente ocorre mobilização de ácidos graxos não esterificados, resultando
em aumento das concentrações dos mesmos no plasma (Lewis e cols.,1964). Embora os
ácidos graxos não esterificados sejam um combustível alternativo à glicose, sua
toxicidade, quando em grandes concentrações, limita sua utilidade. Assim, as altas
concentrações de ácidos graxos não esterificados estimulam a síntese de corpos
cetônicos, que possuem as vantagens de serem hidrossolúveis, de possuírem menor
15
toxicidade, além da possibilidade de serem utilizados pelo cérebro (Walker-Smith &
McNeish, 1989).
A capacidade de captação hepática de ácidos graxos é muito maior do que a taxa
de dissociação dos ácidos graxos da albumina e maior também que o tempo gasto no
trânsito através dos espaços sinusoidais e de Disse (Walker-Smith & McNeish, 1989).
No hepatócito os ácidos graxos se ligam a uma proteína o que facilita sua
difusão através do citosol até as enzimas associadas à membrana que realizam a
oxidação e reesterificação. Seguindo a esterificação até acil-CoA graxo ocorre assim o
primeiro de dois importantes pontos de ramificação, conduzindo tanto a acilglicerídeos,
e daí para formação de ß-lipoproteína, quanto a acilcarnitina, e daí para ß-oxidação na
mitocôndria. As primeiras enzimas nesses dois caminhos são respectivamente
glicerofosfato aciltransferase e carnitina aciltransferase. As proporções relativas de
ácidos graxos metabolizados a acilglicerídeos ou a produtos da oxidação variam
inversamente nos diferentes estados fisiológicos, embora o fluxo total através destes
dois caminhos seja determinado apenas pela taxa de expedição de ácidos graxos para o
hepatócito. É provável que a atividade da carnitina aciltransferase seja o principal
regulador. Em jejum a glicerofosfato aciltransferase tem baixa atividade favorecendo a
cetogênese (Aas & Daae, 1971), o glucagon por sua vez estimula intensamente a
cetogenêse em hepatócitos isolados (Cristiansen, 1977).
Na mitocôndria ocorre reformação de acil-CoA graxo e ß-oxidação até acetil-
CoA. A partir daí ocorre outro importante ponto de ramificação, onde o acetil-CoA ou
combina-se com o oxalocetato para formar citrato que vai alimentar o ciclo do ácido
tricarboxílico ou vai formar acetoacetil-CoA e daí formar acetoacetato. O fluxo através
da via de síntese de citrato parece ser mantido, a despeito das diferentes taxas de
oxidação de ácidos graxos. Quando aumenta a taxa de oxidação de ácidos graxos a
formação de citrato fica saturada, o que leva ao aumento da taxa de formação de corpos
cetônicos (Walker-Smith & McNeish, 1989).
Considerando todos esses processos, a maior mobilização de ácidos graxos não
esterificados e maior captação desses pelos hepatócitos resultam em uma maior
cetogênese e não no acúmulo de triacilglicerol no fígado. Portanto, o fígado gorduroso
deve estar associado ou com a síntese aumentada de triglicérides ou com a liberação
prejudicada destes (Walker-Smith & McNeish, 1989).
16
As baixas concentrações séricas de triglicérides encontradas em crianças com
Kwashiorkor e em ratos com fígado gorduroso produzidos pela desnutrição, sugerem
que a liberação de triglicérides possa estar prejudicada (Lewis e cols.,1964). Os
mecanismos que podem causar uma liberação prejudicada de triglicérides incluem:
1) Síntese reduzida de ß-apoproteínas, como resultado do comprometimento
causado pela desnutrição. Foi demonstrado que ratos desnutridos com baixos níveis de
triglicérides, que receberam injeção de uma fração do soro contendo uma lipoproteína
(VLDL) tinham as concentrações de triglicérides aumentadas (Flores e cols., 1973).
2) Síntese de lipoproteínas anormais. Ratos alimentados com ácido orótico
desenvolvem fígados gordurosos devido à falência em exportar VLDL e LDL como
resultado da incapacidade de glicosilar apoproteínas. As apoproteínas são deficientes
em N-acetilglicosamina e ácido N-acilneuramínico. Este efeito não é observado em
camundongos, frangos, macacos ou humanos (Walker-Smith & Mcneish, 1989).
3) Secreção prejudicada da ß-lipoproteína, gerada devido à ausência dos agentes
lipotróficos como a colina, metionina e inositol. Em ratos a deficiência de colina não
produz alteração gordurosa e fibrose hepática, entretanto no homem ainda existem
dúvidas sobre o seu papel. O inositol é incorporado nas membranas como
fosfatidilinositol e sua deficiência provoca um fígado gorduroso principalmente por
prejudicar a secreção de ß-lipoproteína através da membrana. O inositol também
estimula a mobilização de ácidos graxos através da estimulação da lípase hormônio
sensível e através da estimulação da síntese de ácidos graxos (Holub, 1982).
4) Oxidação prejudicada de ácidos graxos que irá desviá-los para via do
glicerofosfato aciltransferase e portanto aumentará os triglicérides hepáticos. Por
exemplo, a deficiência em riboflavina que causa fígado gorduroso em ratos que recebem
uma dieta rica em gordura. Foi demonstrado que esse fato estava associado com a
redução na ß-oxidação de ácidos graxos, causada por níveis reduzidos do cofator FAD
e, portanto, com atividade reduzida da acil- CoA-desidrogenase (Olpin & Bates, 1982b;
Olpin & Bates, 1982a).
Os lipídeos que se acumulam no fígado são os triglicérides (Macdonald, 1960),
com pouca redução dos fosfolipídios como a fosfatidilcolina e uma redução mais
pronunciada para a fosfatidiletanolamina (Chatterjee & Mukherjee, 1968). O colesterol
17
livre é pouco reduzido enquanto os ésteres de colesterol são mantidos nos níveis
normais (Truswell e Hansen., 1969). (Truswell & HANSEN, 1969)
O colesterol está presente em todas as células como um componente estrutural
das membranas e das lipoproteínas (HDL, VLDL e principalmente, LDL). É também o
precursor para formação dos hormônios esteróides pelas gônadas e córtex adrenal.
Cerca de 70% a 75% do colesterol plasmático encontram-se esterificados (ésteres do
colesterol) e 25% a 30% existem como colesterol livre (Guyton, 2002). O colesterol é
excretado na bile, sob a forma de sais biliares, ou na urina, na forma de hormônios
esteroidais. Os níveis sanguíneos de colesterol podem estar aumentados no
hipotireoidismo, em obstruções biliares, diabetes mellitus, pancreatite ou quando são
utilizadas dietas ricas em carboidratos ou gorduras. Durante a gestação, os níveis de
colesterol têm valores máximos, em função do aumento da síntese de esteróides
gonadais nessa fase. Durante a lactação, os níveis aumentados de colesterol têm sido
atribuídos ao aumento da síntese de lipoproteínas plasmáticas. Níveis diminuídos são
encontrados em casos de desnutrição, hipertireoidismo, e em casos de doenças genéticas
relacionadas com a síntese diminuída de apolipoproteínas do plasma (Chang e cols.,
1986). Assim, uma vez que o fígado exerce um papel chave no metabolismo
lipoprotéico, os distúrbios hepáticos estão associados com as alterações nos perfis
lipoprotéicos. Estes distúrbios são resultantes das lipoproteínas alteradas e da síntese
alterada das apolipoproteínas, deficiência de lecitina colesterol-aciltransferase (LCAT),
enzima que esterifica o colesterol, defeitos lipolíticos, reconhecimento hepático
anormal, e captação anormal de partículas de lipoproteínas e regurgitação de lipídios
biliares no plasma (Seidel, 1987). A anormalidade mais característica nos pacientes com
danos hepatocelulares é o declínio na porcentagem de ésteres do colesterol, um
resultado da deficiência da LCAT (Sabesin e cols., 1977). Os pacientes com doença
hepática têm também um aumento na lecitina e no colesterol não esterificado, com um
declínio da lisolecitina. Os níveis de colesterol sérico total podem estar muito elevados
nas doenças hepáticas colestáticas crônicas. Quando os níveis elevam-se a 600-
800mg/dL ou mais, aparecem os xantomas em várias partes do corpo. Níveis muito
baixos (inferiores a l00mg/dL) podem ser encontrados em cirróticos subnutridos (Day e
cols., 1979). O declínio nos ésteres de colesterol afeta as diferentes frações de
lipoproteína. Esses defeitos têm sido mais estudados na hepatite alcoólica. As
18
anormalidades incluem um aumento nos fosfolipídios das lipoproteínas de densidade
muito baixa (VLDL) e um declínio nos ésteres do colesterol das lipoproteínas de
densidade elevada (HDL). Além da diminuição na atividade da LCAT, está aumentada
a taxa do catabolismo da apoproteína A1. As subpopulações de HDL estão
variavelmente reduzidas na doença crônica do fígado. A concentração de HDL
3
está
reduzida, enquanto a da HDL
2
está preservada. A concentração da HDL
3
pode estar
elevada se o paciente continuar a ingerir álcool, por exemplo (Chang e cols., 1986).
Os triglicérides, também conhecidos como gorduras neutras, são compostos
químicos constituídos de três moléculas de ácido graxo de cadeia longa ligadas à uma
molécula de glicerol. Eles têm a função de fornecer energia ao organismo, assim como a
glicose, gerando energia na forma de ATP (Guyton, 2002). A maior parte dos
triglicérides é sintetizada no fígado, e uma menor parte nas células adiposas. Os
triglicérides formados no fígado são, em sua maior, parte transportados pelas
lipoproteínas até as células do tecido adiposo, para serem armazenados até que sejam
necessários para o fornecimento de energia. A primeira etapa na síntese dos triglicérides
é a conversão dos carboidratos em acetil-CoA, o qual é seqüencialmente oxidado,
gerando dióxido de carbono e átomos de hidrogênio. Os átomos de hidrogênio são então
oxidados pelas enzimas oxidativas das mitocôndrias para a formação de ATP. Os
triglicérides também podem ser formados a partir de proteínas, quando há uma oferta
excessiva de proteínas, e conseqüentemente um excesso de aminoácidos, os quais
também podem ser convertidos a acetil-CoA, o qual também poderá ser convertido em
triglicérides. Em pacientes com dano hepatocelular, pode ocorrer hipertrigliceridemia
moderada (250-500 mg/dL), enquanto que em casos mais graves, em pacientes com
fígado gorduroso, esses valores estarão acima de 500 mg/dL (Mendenhall & Mortiaux,
1962). Uma vez que os triglicérides são encontrados em uma fração da lipoproteína de
baixa densidade (LDL), a causa da hipertrigliceridemia pode ser decorrente da lipólise
deficiente ou da depuração ineficiente do fígado. Em pacientes com fígado gorduroso
com obesidade e/ou diabetes meilitus, o nível dos triglicérides normalmente está
aumentado (Mendenhall & Mortiaux, 1962). Nestes casos, a hipertrigliceridemia é
induzida principalmente pelos carboidratos, enquanto que no alcoólatra resulta,
principalmente, da atividade diminuída da lípase lipoprotéica (Mortiaux & Dawson,
1961). (MORTIAUX & DAWSON, 1961) (MENDENHALL & MORTIAUX, 1962)
19
A paraoxonase (PON-1) é uma enzima principalmente expressada no fígado e
secretada na corrente sangüínea ligada a lipoproteína de alta densidade (HDL) (Kelso e
cols., 1994). PON-1 está envolvida no metabolismo dos substratos endógenos, ela
metaboliza fosfolípides oxidados em LDL e HDL (Aviram e cols., 1998) e
homocisteína tiolactona (Jakubowski, 2000). Diversos estudos clínicos relatam que a
PON-1 possui papel na prevenção fisiológica da doença cardiovascular (Mackness e
cols., 2001).
Existem evidências que a lipoproteína de alta densidade (HDL) previne
aterosclerose inibindo a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL). A
infiltração dos monócitos nas paredes das artérias necessita do efeito estimulatório da
LDL oxidada. O HDL associado às enzimas paraoxonase (PON-1) e lecitina colesterol
acil transferase (LCAT) inibem a oxidação das LDLs (Bielicki & Forte, 1999).
Foi demonstrado que o aumento da paraoxonase sérica diminui o risco de
doença arterial coronariana através da destruição de moléculas pro inflamatórias
envolvidas no início da progressão das lesões ateroscleróticas (Kujiraoka e cols., 2000).
O potencial antiaterogênico da paraoxonase vem de sua capacidade de hidrolisar
lipídeos oxidados e fosfolípides prevenindo, assim, que eles se acumulem nas partículas
de LDL. Além da inibição da oxidação da LDL, há evidências em animais e modelos
in vitro” que a paraoxonase pode proteger a HDL contra sua auto-oxidação e, assim,
manter sua integridade (Oda e cols., 2002). Como a HDL remove o excesso de
colesterol dos tecidos (transporte reverso do colesterol) e inibe o processo inflamatório,
a preservação da partícula de HDL pode ser o papel benéfico da paraoxonase. No
sangue, a paraoxonase pode hidrolisar homocisteína tiolactona, um metabólito da
homocisteína (Jakubowski, 2000). Homocisteína tiolactona pode ter efeitos adversos na
síntese de proteínas e pode levar à disfunção endotelial e dano vascular (Jakubowski,
2005). A detoxicação da homocisteína tiolactona pode ser a função cardioprotetora da
paraoxonase.
Resultados em modelos animais demonstram a proteção antiaterogênica da
PON. Camundongos deficientes em PON não são capazes de proteger suas LDLs do
processo de oxidação (Shih e cols., 1998) enquanto camundongos transgênicos com
HDL isoladas de humanos (tinham de duas a quatro vezes aumento da atividade de
PON no plasma) eram mais protegidos contra a oxidação das LDLs de maneira dose
20
dependente (Tward e cols., 2002). Outra forte evidência no papel da PON, é que
camundongos deficientes de PON são mais propensos a desenvolver a aterosclerose que
o tipo selvagem, quando alimentados com uma dieta rica em gordura e colesterol.
2.7 Exercício e metabolismo lipídico
Durante o exercício, a oxidação de gordura é influenciada pela intensidade e
duração da atividade, pela disponibilidade de ácidos graxos plasmáticos e pela
disponibilidade de carboidratos. Foi observado em ciclistas treinados que a uma
intensidade de 25% do VO
2
máx., a gordura forneceu 86% da energia consumida
(principalmente pela oxidação de ácidos graxos plasmáticos). Os triglicérides
intramusculares por sua vez contribuíram com o gasto energético total apenas a partir da
intensidade de 65% do VO
2
máx.. Tanto ácidos graxos plasmáticos quanto triglicérides
intramusculares contribuíram pouco (13%, cada) com o gasto energético total a 85% do
VO
2
máx.. Assim, pode-se concluir que a gordura é o maior substrato para exercícios de
intensidade baixa e moderada (abaixo de 65% do VO
2
máx.). Já em relação à duração da
atividade, foi observado que a contribuição dos ácidos graxos plasmáticos para o gasto
energético total aumentou de 3% durante os três primeiros minutos para 49% nos
minutos finais do teste (2 horas a 25 e 65% do VO
2
máx.), por outro lado a contribuição
dos triglicérides intramusculares diminuiu de 27% para 16% no mesmo teste (Romijn e
cols., 1993). Acredita-se que a baixa contribuição dos ácidos graxos plasmáticos para o
gasto energético nos exercícios de alta intensidade esteja relacionada ao fato de que a
mobilização, o transporte e a captação dos ácidos graxos plasmáticos sejam muito lentos
para suportar altas taxas de metabolismo. Já a disponibilidade de carboidratos reduz a
oxidação das gorduras principalmente os ácidos graxos de cadeia longa, possivelmente
devido a aumentos na malonil-CoA. A ingestão de glicose 40 minutos antes da
realização do exercício a 50% do VO
2
máx. elevou as concentrações plasmáticas de
glicose e de insulina e reduziu a oxidação de gordura em 34% (Coyle e cols., 1997).
O treinamento aeróbico resulta em uma adaptação no metabolismo lipídico que
permite ao indivíduo, em uma mesma intensidade de exercício, conseguir um
21
predomínio maior de oxidação de gordura se comparado ao período anterior ao
treinamento (Jansson & Kaijser, 1987; Phillips e cols., 1996), sendo o aumento na
capacidade oxidativa do músculo esquelético a explicação para tal fenômeno. A fonte
de gorduras pode ser os ácidos graxos plasmáticos ou os triglicérides intramusculares.
A hipótese do aumento na utilização dos ácidos graxos plasmáticos (Kiens e cols., 1993;
Kiens, 1997; Turcotte e cols., 1992) encontra suporte nos achados que o treinamento
aumenta o potencial para uma rápida oxidação de ácidos graxos plasmáticos no inicio
do exercício (Romijn e cols., 1993) e no fato de uma maior expressão (49%) de uma
proteína de ligação dos ácidos graxos três semanas após o início do treinamento (Kiens,
1997). Já a hipótese da oxidação aumentada dos triglicérides intramusculares se baseia
na observação de um aumento de 100% na degradação desses durante o exercício em
contraste com um decréscimo de 41% na utilização do glicogênio muscular além de
uma oxidação aumentada de gorduras em indivíduos que se exercitaram a 64% do VO
2
máx. (Hurley e cols., 1986).
2.8 Metabolismo dos carboidratos
A digestão dos carboidratos fornece três dissacarídeos principais, a lactose, a
sacarose e a maltose. A hidrólise dos dissacarídeos origina os monossacarídeos como a
glicose, galactose e frutose. Assim, cada molécula de lactose fornece uma molécula de
glicose e uma de galactose; cada molécula se sacarose fornece uma molécula de glicose
e uma de frutose e cada molécula de maltose fornece duas moléculas de glicose. A
absorção dos monossacarídeos ocorre de duas formas: absorção ativa e individual de
substâncias e absorção passiva de todos eles por difusão através do epitélio absortivo,
em virtude de gradientes osmóticos. No processo de absorção ocorre uma transformação
da glicose em glicose-6-fosfato catalisada por uma hexoquinase a glicoquinase. Esse
sistema atua na absorção intestinal, assim como nos túbulos renais e na captação da
glicose do sangue pelas células em geral. Esse processo é estimulado pelo magnésio e
pela insulina (que determina, por isso, uma maior utilização da glicose pelos tecidos e,
no fígado, um aumento de captação da glicose e sua oxidação além de uma diminuição
22
da glicogenólise e da neoglicogênese) e inibido pelo hormônio do crescimento,
adrenalina e glicocorticóides. A absorção depende da metabolização satisfatória, da
integridade do epitélio da mucosa e do correto funcionamento da tireóide. A
metabolização da glicose-6-fosfato se faz nos seguintes sentidos principais: 1)
transformação em glicose-1-fosfato (enzima fosfoglicomutase) e em seguida em
glicogênio; 2) transformação em frutose-6-fosfato (enzima fosfoglicoisomerase) e, a
seguir, o conjunto de reações da via de Embden-Meyerhof que termina no ciclo do
ácido cítrico (ciclo de Krebs), com produção de água, gás carbônico e energia; e 3)
transformação em ácido-6-fosfoglicônico (enzima glico-6-fosfato-de-hidrogenase). As
forças hipoglicemiantes e hiperglicemiantes mantêm a glicemia em faixas consideradas
de normalidade. Assim, a oxidação ou metabolização (estimulada pela insulina e
tireóide, aumentada com a atividade muscular e febre), o armazenamento hepático sob a
forma de glicogênio (estimulado pela insulina e pelas altas concentrações de glicose
sanguínea), e a excreção renal (estimulada pelos níveis hiperglicêmicos) são
consideradas forças hipoglicemiantes e as forças hiperglicemiantes seriam a passagem
da glicose do fígado para o sangue (estimulada pelo glucagon, adrenalina, hormônio do
crescimento, níveis hipoglicêmicos e acelerada em casos de asfixia) e absorção
intestinal (Marcondes e cols., 1976).
O pâncreas e o intestino têm metabolismo acelerado e grande consumo calórico-
protéico, assim, no caso da desnutrição, as lesões nesses órgãos são precoces e intensas.
Em resumo, podemos destacar: 1) atrofia das células acinosas pancreáticas, com
degeneração hialina, dilatação dos canalículos intralobulares e esclerose periacinosa; 2)
atrofia focal ou difusa do epitélio intestinal, com desaparecimento das vilosidades e
aumento do infiltrado linfoplasmocitário; 3) diminuição da atividade de lactase e
sacarase. Assim, a absorção de glicose fica prejudicada em desnutridos com edema, fato
constatado em teste oral de tolerância a glicose que revelou curvas compatíveis com
baixa absorção intestinal, pois os níveis glicêmicos de jejum (geralmente baixos) não se
alteram no decorrer da prova. Por outro lado, nos testes de tolerância a glicose, por via
intravenosa, o resultado varia de acordo com o tipo de desnutrição do paciente. Em
crianças menores de um ano e portadoras de marasmo, as curvas sugeriram aumento de
tolerância à glicose, supostamente devido a alterações no sistema
hipotálamo/hipófise/adrenal: a hipótese é que haja menor liberação de adrenalina e
23
diminuição da neoglicogênese, do que resulta um estado de hiperinsulinismo funcional
relativo. Já em crianças maiores, porém portadoras de Kwashiorkor, especialmente as
que apresentam edema, o teste mostrou diminuição de tolerância à glicose: nesses casos,
a explicação é outra e provavelmente está ligada à diminuição da capacidade do fígado
de armazenar glicogênio, mesmo quando grandes quantidades de glicose são oferecidas,
talvez por algum defeito enzimático (Chandra e cols. 1968).
A prova de adrenalina também revelou resultados que variaram de acordo com o
tipo de desnutrição. Em crianças com Kwashiorkor a curva glicêmica não mostrou
elevação considerada normal, o que sugere depósitos hepáticos de glicogênio
diminuídos ou dificuldade de mobilização: como existem trabalhos mostrando que no
Kwashiorkor os depósitos hepáticos de glicogênio não estão diminuídos, conclui-se que,
provavelmente, a resposta pobre à adrenalina seja em função da deficiente mobilização,
podendo ser em função de defeitos enzimáticos (fosforilase). Já no marasmo, a resposta
à adrenalina foi acima dos padrões normais, o que concorda com inúmeras afirmações
de que no marasmo não há comprometimento hepático e enzimático na maioria dos
casos; entretanto, a obtenção de curvas acima dos padrões normais, com normalização
após o tratamento, permite especular se a atividade da fosforilase hepática estaria
aumentada no marasmo (Cook, 1967). Os níveis glicêmicos de jejum refletem a
severidade e prognóstico da desnutrição com maior fidelidade do que qualquer outra
alteração metabólica. A morte súbita no desnutrido tem sido atribuída à hipoglicemia,
pois crianças nos piores estados nutricionais apresentam os mais baixos níveis
glicêmicos e maiores índices de mortalidade. A hipoglicemia costuma ser mais intensa
no marasmo com grande depleção muscular, do que no Kwashiorkor (mesmo
edemaciados), ao contrário das alterações das proteínas séricas e do colesterol, que são
muito mais intensas no Kwashiorkor. O reconhecimento clínico da hipoglicemia é
muito importante, pois a ministração endovenosa de glicose hipertônica pode salvar a
vida do paciente no último momento (Marcondes e cols., 1976).
24
2.9 Exercício e metabolismo dos carboidratos
Durante o exercício prolongado, a glicose muscular e a glicose sanguínea
derivam da glicogenólise hepática e são importantes para a contração muscular, tanto
que a fadiga durante o exercício tem sido associada à depleção das reservas de
carboidratos (Coyle e cols., 1986). O aumento da disponibilidade de glicogênio
muscular, assim como a ingestão de carboidratos durante a atividade física, tem
demonstrado uma melhoria no rendimento físico (Coyle e cols., 1986; Hawley e cols.,
1997).
A velocidade da glicogenólise durante o exercício depende da intensidade do
mesmo, sendo contudo mais rápida nos primeiros estágios da atividade (Gollnick e
cols., 1974; Vollestad & Blom, 1985). A uma determinada intensidade de exercício o
nível de glicogênio muscular decai em função do aumento na atividade da fosforilase
que existe em duas formas: uma mais ativa – “forma a”; e uma menos ativa – “forma
b”. A mudança da “forma b” para “forma a” ocorre em resposta ao aumento da
concentração de Ca
2+
no sarcoplasma, gerada pela contração muscular e pela
estimulação hormonal gerada pela adrenalina (Hargreaves e cols., 1995; Richter e cols.,
1982). Outros moduladores alostéricos, tais como o AMP (adenosina mono fosfato),
substratos inorgânicos como o fosfato inorgânico (Pi), além do próprio glicogênio,
influenciam na atividade da fosforilase do glicogênio.
O exercício é um estímulo muito eficiente para promover a absorção muscular
de glicose, sendo inclusive um estímulo mais eficiente para promover essa absorção do
que uma estimulação máxima promovida pela insulina (James e cols., 1985). Mais uma
vez a amplitude do aumento da captação está relacionada com a intensidade e duração
da atividade (Katz e cols., 1986). Em uma dada intensidade, o aumento da duração do
exercício é seguido da maior captação de glicose que gera ativação das enzimas
glicolíticas e oxidativas, responsáveis pelo seu metabolismo. A translocação do
GLUT-4 dos estoques intracelulares para a membrana plasmática é o principal
mecanismo responsável pelo aumento do transporte da glicose no sarcolema durante o
exercício foi demonstrado em ratos (Goodyear e cols., 1991; Lund e cols., 1995) e
humanos (Kristiansen e cols., 1996; Kristiansen e cols., 1997), ao passo que a
25
distribuição do GLUT-1 que é responsável pelo transporte de glicose em condições
basais não é influenciada pelo exercício (Goodyear e cols., 1991; Kristiansen e cols.,
1996). A translocação de GLUT-4 e o aumento da absorção da glicose podem ocorrer
na ausência da insulina (Gao e cols., 1994; Ploug e cols., 1984), concordando com a
informação que as contrações musculares estimulam a incorporação de glicose por meio
de um mecanismo diferente do estimulo da insulina (Lund e cols., 1995; Lee e cols.,
1995), podendo os dois estímulos se somarem.
Aliado à maior captação muscular de glicose está a liberação hepática de glicose
para que a glicose sanguínea permaneça em níveis normais ou levemente acima dos
valores de repouso. Em exercícios muito intensos a maior liberação de glicose hepática
pode resultar em hiperglicemia, contrastando com exercícios prolongados de
intensidade moderada que podem gerar hipoglicemia quando a captação de glicose pelo
músculo exceder a liberação hepática. A regulação envolve o glucagon e a insulina e as
atividades desses hormônios sobre o fígado. Acreditou-se que o estímulo para liberação
da glicose era a baixa concentração da mesma no sangue, “feedback” clássico. Existem
evidencias que a estimulação do fígado possa ocorrer em paralelo com a ativação da
contração do músculo esquelético, das respostas cardiorepiratórias e dos centros
neuroendócrinos que modulam diversos processos metabólicos de maneira que haja
estimulação do fígado do tipo “feed-forward”, particularmente nos exercícios mais
intensos (Garrett Jr. & Kirkendall, 2003). A importância do “feedback” não pode ser
deixada de lado, pois as altas concentrações de glicose no sangue podem inibir
(McConell e cols., 1994) ou mesmo abolir completamente (Howlett e cols., 1998) o
aumento da liberação da glicose pelo fígado. Tomadas em conjunto, essas informações
mostram a importância crucial do fígado em relação à homeostasia durante o exercício.
2.10 Recuperação nutricional
Humanos desnutridos em tratamento apresentam um conjunto de manifestações
clínicas, bioquímicas e histológicas que podem, em conjunto, compor a Síndrome de
Recuperação Nutricional (SRN). Dentre as manifestações clínicas podemos citar: 1)
26
hepatomegalia; 2) distensão abdominal; 3) ascite; 4) rede venosa colateral; 5) alterações
de pele e fâneros; e 6) fácies de lua cheia. As quatro primeiras são de nosso interesse e
serão comentadas. Informações sobre as demais podem ser encontradas em Marcondes
e cols., (1976).
A hepatomegalia acomete 79% dos desnutridos e 94% dos casos de
kwashiorkor. Inicia-se em torno do 20º dia de tratamento, para atingir o máximo no 35º
dia, parece não corresponder à esteatose, pois essa é maior na fase de desnutrição e
diminui à medida que a SRN se instala, dando lugar a uma deposição maior de
glicogênio na célula hepática. A distensão abdominal ocorre junto da hepatomegalia. A
ascite ou popularmente “barriga d'água” já está bem evidenciada no 31º dia de
tratamento e ocorre em 42% dos casos de marasmo e em 84% dos casos de
kwashiorkor, ao passo que a rede venosa colateral se faz mais notória entre as 4ª e 5ª
semanas de tratamento, incidindo em 55% dos casos de marasmo e 96% dos casos de
kwashiorkor. Esse conjunto de fatores permite especular a existência de um quadro de
hipertensão portal intra-hepática na SRN. As manifestações bioquímicas como a
disproteinemia, aumento dos líquidos intra e extracelulares e a eosinofilia também são
comuns na SRN. A diminuição das proteínas totais, albumina e betaglubulina, com
aumento quase sempre, da gamaglobulina são revertidas com o tratamento com exceção
da fração gamaglobulina, que aumenta ainda mais, chegando à hipergamaglobulinemia.
A diluição do organismo desnutrido, traduzida pelo aumento de seus líquidos intra e
extracelulares, durante a recuperação aumenta ainda mais, e no termino da SRN, volta
aos valores normais. Já a eosinofilia representaria uma tendência oposta ao que ocorre
com todo o organismo, existem evidências da hipertrofia das adrenais durante a
desnutrição, indicando uma hiperfunção da glândula, que resultaria em eosinofilia
sanguínea elevada na recuperação. A manifestação histológica mais evidente ocorre no
fígado, portanto, antes do órgão voltar ao normal durante a recuperação nutricional,
algumas alterações podem ser observadas: o desaparecimento da esteatose é gradual e o
tecido hepático assume um quadro caracterizado pelo aumento do volume da célula,
reduzido número de grânulos intraprotoplasmáticos, dando a impressão de células
insufladas; esse aspecto recebe o nome de “imagem de depleção protéica”, havendo
aumento nas quantidades absolutas de glicogênio, água e nitrogênio nas células. Essa
27
mudança histológica que seria responsável pela hepatomegalia (Marcondes e cols.,
1976).(Ashworth, 1969)
Nesse sentido, Ashworth (1969) estudou a recuperação nutricional em oito
crianças entre 10 meses e 3 anos que apresentaram pesos entre 50% a 70% do peso
normal para altura. Durante a recuperação nutricional, a taxa de crescimento foi 15
vezes maior do que a das crianças normais da mesma idade e 5 vezes maior do que
outras crianças com altura e peso semelhantes. Após atingirem o peso normal para
altura, a ingestão alimentar das crianças caiu para um nível aproximado ao das crianças
normais de mesma altura e peso, porém mais novas.
Assim, podemos concluir que a SRN ocorre em decorrência de uma ruptura com
o novo equilíbrio alcançado pelo desnutrido, pelas adaptações que possibilitam a
manutenção da vida. Essa ruptura traz como conseqüência um aumento na velocidade
de crescimento, e os sintomas apresentados seriam a expressão clínica das diferentes
velocidades de crescimento dos diversos órgãos e tecidos, gerando uma desarmonia
temporal no crescimento.
2.11 Hepatotoxicidade
A maioria das lesões hepáticas produzidas por drogas e ou traumatismos são
cálcio dependentes e envolvem interação com o citocromo P-450 promovendo formação
de metabólitos e radicais livres que podem ser altamente reativos e tóxicos para as
células (Thomas & Reed, 1989; Bellomo e cols., 1991; Kedderis, 1996; Nishikawa e
cols., 1994).
(REITMAN & FRANKEL, 1957; Cohen & Kaplan, 1979) (LATNER & SKILLEN, 1961)
Esses radicais livres se ligam covalentemente em pontos críticos da membrana
celular dos hepatócitos, promovendo peroxidação lipídica, desintegrando o
citoesqueleto, alterando a morfologia e a funcionalidade mitocondrial, modificando o
cálcio intracelular com ativação de enzimas catabólicas com efeitos celulares
potencialmente deletérios (Nicotera e cols., 1990; Gincel e cols., 2001). Dentre as
enzimas ativadas pelo cálcio, incluem-se as fosfolipases, proteases e as ATPases
envolvidas no transporte transmembrana, síntese de proteínas, lipogênese e reações de
28
desacilação/reacilação necessários à renovação de fosfolipídeos, e as endonucleases que
estão associadas à fragmentação de cromatina (Nicotera e cols., 1990; Gincel e cols.,
2001). Como conseqüência desse processo, ocorrem alterações nas concentrações de
diversas enzimas, proteínas, lipídios e fosfolipídios plasmáticos, como por exemplo,
aspartado aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina
(ALP), proteínas totais, albumina, colesterol total, colesterol HDL, e nos triglicérides.
Dessa forma, as determinações bioquímicas dos níveis destas enzimas e proteínas, inter-
relacionadas, constituem importantes marcadores da função hepática. A aspartato
aminotransferase (AST), também conhecida como transaminase glutâmico-oxalacética
(TGO), é uma enzima que catalisa a transaminação reversível de aspartato e 2-
cetoglutarato em oxalacetato e glutamato. A AST está presente em muitos tecidos e
apresenta duas isoformas, a citosólica e a mitocondrial, sendo mais abundante no fígado
e nos músculos esqueléticos e por isso pode ser utilizada como indicador de danos
nesses tecidos (Reitman & Frankel, 1957; Cohen & Kaplan, 1979). Ela apresenta meia
vida sanguínea de 17 horas e nos hepatócitos localiza-se principalmente na mitocôndria
(80%). Elevações nos seus níveis estão associadas à hepatite infecciosa e tóxica, à
cirrose, à obstrução biliar, ao fígado gorduroso (esteatose hepática), em casos de
hemólise, deficiência de selênio e vitamina E, e também após o exercício intenso (Van
der Meulen e cols., 1991). Quando associada a valores diminuídos de colesterol e
albumina, revelam com razoável certeza, disfunções hepáticas (Chang e cols., 1986).
Alanina aminotransferase (ALT), também chamada de transaminase glutâmico-
pirúvica (TGP), é uma enzima encontrada predominantemente no fígado, em menores
concentrações nos rins e em baixas concentrações no coração e nos músculos
esqueléticos (Latner & Skillen, 1961). Ela catalisa a transferência do grupo amina da
alanina para o cetoglutarato com a formação de glutamato e piruvato. A ALT tem meia-
vida sanguínea de 47 horas e no hepatócito, localiza-se no citoplasma (90%), e na
mitocôndria (10%). Por esta razão, qualquer lesão tissular ou doença afetando o
parênquima hepático liberará uma maior quantidade da enzima para a corrente
sanguínea, elevando os níveis séricos da ALT. As causas mais comuns de elevação dos
níveis da ALT são: hepatite virótica, mononuclease infecciosa, lesão hepatocelular
induzida por drogas (DeRitis e cols., 1972). Nesses casos, os níveis de elevação da ALT
são praticamente os mesmos da AST. No caso de cirrose, hepatopatia alcoólica aguda,
29
congestão hepática passiva, obstrução dos ductos biliares extra-hepáticos e tumor
metastático do fígado, os níveis da ALT encontram-se normalmente menos elevados em
relação aos níveis da AST. (ROSS e cols., 1951)
A fosfatase alcalina (ALP) localiza-se na membrana celular (Fishman, 1974) e
compreende um grupo de enzimas fosfohidrolases que possuem atividades máximas em
pH alcalino, próximo de 10 (Ross e cols., 1951). Nestas condições, esta enzima catalisa
a hidrólise de ésteres do ácido fosfórico. Sua maior concentração está no fígado, nas
células do epitélio intestinal, nos ossos, nos túbulos renais e na placenta (Hugon &
Borgers, 1966). A concentração sérica de ALP em animais jovens é 2 a 3 vezes maior
do que em adultos (Kaplan, 1972). Em gestantes, devido a sua presença na placenta,
pode ocorrer aumento de até 300%, na comparação com o observado em não grávidas
(Hulstaert e cols., 1973). A isoforma hepática da ALP (ALP1) é a que predomina no
plasma, fazendo com que esta enzima tenha maior importância no diagnóstico da
doença hepatobiliar, de forma que numa colestase, por exemplo, quanto maior a
atividade detectável de ALP, maior o grau de obstrução biliar. Por outro lado, a
isoenzima ALP óssea (ALP2), também é encontrada no plasma, juntamente com a
ALP1, obrigando, dessa forma, em casos de doenças ósseas, o fracionamento dessas
isoenzimas através do teste de estabilidade ao calor e pelo fracionamento eletroforético,
uma vez que a isoenzima ALP1 é termoestável e a isoenzima ALP2 é inativada pelo
calor (Moss, 1987). Em danos do parênquima hepático, o aumento da ALP é baixo a
moderado. Quando há danos no fluxo biliar ou quando há lesões expansivas, ou mesmo
lesões pequenas, mas numerosas, como uma metástase tumoral, os níveis da ALP
podem elevar-se até dez vezes o limite superior normal. Já no caso de obstrução
completa do fluxo biliar, a ALP eleva-se somente duas vezes o limite superior, porém,
nestes casos, a bilirrubina sérica também se encontra elevada, paralelamente à ALP.
Quando a obstrução é parcial, a ALP eleva-se tanto quanto na obstrução completa,
contudo, a bilirrubina não se apresenta elevada, caracterizando um caso de icterícia
dissociada (Kaplan, 1972).
30
2.12 Modelos experimentais de desnutrição e exercício
Resolvemos criar essa seção em função da variação nos modelos experimentais
encontrados na literatura. Tivemos dificuldade de encontrar trabalhos semelhantes, o
que dificultou as comparações dos dados já existentes, assim como a comparação aos
dados que produzimos.
Os trabalhos mais antigos a que tivemos acesso são do mesmo grupo de
pesquisadores e no primeiro dos dois trabalhos os autores utilizaram uma dieta com
baixa concentração de proteínas (8% de caseína) em termos de porcentagem do peso
total da dieta em comparação à utilização de ração comercial (25% de proteínas) no
grupo controle. O protocolo de exercício era forçado em esteira rolante onde os animais
iniciaram o treinamento correndo 10 minutos/dia a uma velocidade de 22 metros/minuto
com 8º de inclinação em cinco dias/semana. Com aumento progressivo, ao final de 3
meses os animais correram 120 minutos/dia a uma velocidade de 31 metros/minuto,
com 12 “sprints” de um minuto a uma velocidade de 42 metros/minuto em intervalos de
10 minutos. Os autores avaliaram as atividades da citocromo oxidase, sucinato oxidase
e sucinato desidrogenase, além dos níveis de citocromo-C e mioglobina no músculo
esquelético (Fuge e cols., 1968). No segundo trabalho os autores repetiram a dieta
hipoproteica (8% de caseína) e utilizaram como dieta controle uma dieta manipulada
que continha 22% de caseína. Os animais correram no inicio do experimento 10
minutos duas vezes ao dia com intervalos de 4 horas a uma velocidade de 22
metros/minuto com 8º de inclinação em cinco dias/semana. Ao final de 3 semanas os
animais correram 120 minutos/dia a uma velocidade de 31 metros/minuto, com 12
“sprints” de um minuto a uma velocidade de 42 metros/minuto em intervalos de 10
minutos. Nesse trabalho os autores avaliaram a ingestão alimentar, peso corporal, ganho
de peso, quantidade de água, proteína, gordura e cinzas da carcaça dos animais (Crews e
cols., 1969).
Em outro trabalho (Hansen-Smith e cols., 1977) foram utilizadas dietas contendo
27% 15% ou 8% de proteínas por 10 semanas ministradas “ad libitum” a três grupos de
animais, além de restrição no oferecimento em 35% das dietas contendo 27% e 15% a
31
outros dois grupos. Nesse trabalho foi realizado um teste de natação para determinar o
consumo de oxigênio nos diferentes grupos experimentais.
Oldfors & Sourander (1985) utilizaram dietas contendo 14% de proteínas para
animais controle e dietas contendo 1,5% de proteínas para o grupo desnutrido. O
treinamento em esteira rolante iniciou-se com 15 minutos nas duas primeiras semanas a
uma velocidade de 18 metros/minuto com 5º de inclinação em cinco dias/semana, e teve
duração de 12 semanas, onde os animais correram 60 minutos nas duas últimas semanas
alterando também a inclinação da esteira para 12º. Os autores avaliaram o peso
corporal, consumo alimentar, peso do sóleo e ELD, diâmetro das fibras musculares,
além de possíveis perdas no conteúdo de mitocôndrias desses dois músculos.
Mello (1994) utilizou dieta controle contendo 25% de proteínas e dieta aprotéica
contendo 6% de proteínas para gerar desnutrição em ratas durante a gestação e lactação.
Os filhotes (fêmeas) também comeram essas dietas do nascimento até o sacrifício que
ocorreu aos 45 dias. Os autores realizaram uma única sessão de exercício e avaliaram o
peso corporal; as concentrações séricas de proteínas totais, albumina, glicose, ácidos
graxos livres; o hematócrito; e conteúdo de glicogênio muscular, hepático e cardíaco.
Silva e cols. (1999) utilizaram fêmeas e dividiram os animais em três grupos:
grupo controle que recebeu 17% de proteínas até 70 dias de idade; grupo recuperado
onde as mães e filhotes receberam 6% de proteínas durante a gestação e lactação e
posteriormente 17% de proteína do desmame aos 70 dias; e grupo desnutrido que
recebeu 6% de proteína da vida uterina até os 70 dias. O exercício foi realizado a partir
do 30º dia, e o protocolo consistia de 60 mim/dia, por 5 dias/semana, durante 40 dias.
Os autores avaliaram o peso corporal; ingestão alimentar; concentrações séricas de
proteínas totais, albumina, glicose, ácidos graxos livres e insulina; conteúdo hepático e
muscular de glicogênio e conteúdo de lipídios no fígado.
Galdino & Mello (2000) utilizaram uma dieta controle contendo 17% de
proteínas e dieta para desnutrição contendo 6% de proteínas durante 17 dias (gestação).
O treinamento de natação também se estendeu por 17 dias com sobrecarga de 5% da
massa corporal afixado ao tronco, 5 dias por semana, durante 60 mim/dia. Os autores
avaliaram nas gestantes: peso corporal; concentrações de glicose, albumina e proteínas
totais; glicogênio no fígado, útero e músculo gastrocnêmio. E nos fetos: peso corporal;
32
concentrações glicose, albumina e proteínas totais; glicogênio no fígado; teores de DNA
e proteínas teciduais no cérebro, coração e fígado.
Galdino e cols. (2000) realizaram uma desnutrição intra-uterina e o desmame
dos animais aos 21 dias. O treinamento consistia de 60mim/dia, cinco dias/semana, com
sobrecarga 5% do peso corporal e foi realizado do desmame aos noventa dias de vida.
Os autores realizaram testes de tolerância à insulina e à glicose; determinaram as
concentrações de glicogênio; captação de glicose; síntese de glicogênio e produção de
lactato em músculos sóleos isolados. Avaliaram ainda o peso corporal; as concentrações
séricas de glicose, proteínas totais, albumina, insulina; as concentrações de glicogênio
do fígado e de insulina no pâncreas.
O trabalho mais recente no qual foram utilizadas dietas manipuladas uma
contendo 17% de proteínas e outra contendo 6% de proteínas foi o de Papoti e cols.
(2003). Esse foi o segundo de dois trabalhos que encontramos, onde o interesse passou a
ser o grupo recuperado ao invés do desnutrido, entretanto, não foi realizado um
protocolo de treinamento, mas sim quatro testes de esforço (natação) para determinar se
a máxima fase estável de lactato sofre influencia da recuperação nutricional.
Os demais trabalhos encontrados na literatura realizaram restrição protéica para
obter animais desnutridos e não mais dietas aprotéicas como vinha sendo feito no
passado. A restrição foi feita tanto em experimentos que utilizaram dietas manipuladas
(Lewis e cols., 1998), quanto em experimentos que utilizaram dietas comerciais (Agote
e cols., 2001; Gavete e cols., 2002; Lewis e cols., 1997; Santos-Cunha e cols., 2004).
33
3. OBJETIVOS GERAIS
Investigar os efeitos do treinamento físico em natação com baixo volume e baixa
intensidade sobre parâmetros bioquímicos e nutricionais de ratas Fisher submetidas à
desnutrição protéico-calórica pós-desmame e recuperação nutricional.
3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar os efeitos dos fatores estado nutricional e treinamento físico em
parâmetros nutricionais; parâmetros da função renal; parâmetros da função hepática;
parâmetros do perfil lipídico; atividade da paraoxonase (enzima envolvida na defesa
antioxidante do organismo); e peso de órgãos e músculos.
34
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Grupos experimentais
Cinqüenta e seis ratas Fisher foram desmamadas aos 28 dias de idade e
distribuídas em dois grupos de acordo com o teor protéico da dieta recebida dos 28 aos
58 dias de vida, caracterizando a primeira etapa do experimento:
a) Grupo Controle, contendo 24 animais que receberam dieta AIN-93M (Reeves
e cols., 1993) (Tabela I);
b) Grupo Desnutrido, contendo 32 animais que receberam dieta Aprotéica (AIN-
93M, modificado o teor de caseína para 0%) (Tabela I).
Posteriormente, aos 58 dias de idade, os animais foram subdivididos em seis
grupos experimentais de acordo com o teor protéico da dieta e a realização ou não de
treinamento físico por nove semanas, o que caracterizou a segunda etapa do
experimento. Assim, os grupos ficaram configurados da seguinte forma:
Controle Sedentário (CS, n = 12): animais alimentados com dieta controle
durante todo o experimento; não realizaram treinamento físico.
Controle Treinado (CT, n = 12): animais alimentados com dieta controle durante
todo o experimento; realizaram treinamento físico.
35
Recuperado Sedentário (RS, n = 8): animais alimentados com dieta aprotéica
durante a primeira etapa (30 dias) e alimentados com dieta controle durante a segunda
etapa (9 semanas); não realizaram treinamento físico.
Recuperado Treinado (RT, n = 8): animais alimentados com dieta aprotéica
durante a primeira etapa (30 dias) e alimentados com dieta controle durante a segunda
etapa (9 semanas); realizaram treinamento físico.
Desnutrido Sedentário (DS, n = 8): animais alimentados com dieta aprotéica
durante a primeira etapa (30 dias) e alimentados com dieta hipoprotéica (AIN-93M,
modificado o teor protéico para 5%, Tabela I) durante a segunda etapa (9 semanas); não
realizaram treinamento físico.
Desnutrido Treinado (DT, n = 8): animais alimentados com dieta aprotéica
durante a primeira etapa (30 dias) e alimentados com dieta hipoprotéica durante a
segunda etapa (9 semanas); realizaram treinamento físico.
4.2 Dietas
Durante o experimento foi utilizada dieta AIN-93M modificando-se as
concentrações protéicas conforme apresentado na Tabela I. A mistura de vitaminas e a
mistura de minerais foram manipuladas em nosso laboratório, seguindo as
recomendações de (Reeves e cols., 1993). As dietas eram igualmente preparadas em
nosso laboratório e armazenadas sob refrigeração (-4 ºC), até o momento do uso. Os
animais receberam água filtrada e dieta ad libitum e foram mantidos em gaiolas
individuais em ambiente com ciclos de luz/escuridão de doze horas e temperatura de 25
± 1 ºC.
36
Tabela I. Composição das dietas, quantidade de cada componente para cada 1000g de
dieta. Dieta AIN-93M, contendo 12% de proteína (Dieta Controle); Dieta AIN-93M
modificada, contendo 6% de proteína (Dieta Hipoprotéica); e Dieta AIN-93M
modificada, contendo 0% de proteína (Dieta Aprotéica).
Composição Dieta Controle Dieta Hipoprotéica Dieta Aprotéica
Colina
2,5g 2,5g 2,5 g
Mistura de Vitaminas
1
10,0g 10,0g 10,0g
Mistura de Minerias
2
35,0g 35,0g 35,0g
Fibra
50,0g 50,0g 50,0g
Caseína
147,0g 60,0g 0,0g
Óleo
40,0g 40,0g 40,0g
Amido de milho
715,5g 802,5g 862,5g
1
Mistura de vitaminas (g/Kg de mistura): Acetato de retinol – 2.000.000IU / Colecalciferol – 200.000IU /
Ácido p-aminobenzóico – 10,00 / I-Inositol – 10,00 / Niacina – 4,00 / Pantotenato de cálcio – 4,00 /
Riboflavina – 0,80/ Tiamina HCL – 0,50 / Piridoxina HCL – 0,50 / Ácido fólico – 0,20 / Biotina – 0,04 /
Vitamina B12 – 0,003 / Sacarose – q.s.p. 1000. / Colina – 200,0 / α-Tocoferol – 10.000IU.
2
Mistura de minerais (g/Kg de mistura): NaCl – 139,3 / KI – 0,79 / MgSO
4
.7H
2
O – 57,3 / CaCO
3
– 381,4
/ MnSO
4
.H
2
O – 4,01 / FeSO
4
.7H
2
O – 27,0 / ZnSO
4
.7H
2
O - 0,548 / CuSO
4
.5H
2
O – 0,477 / CoCl
2
.6H
2
O –
0.023 / KH
2
PO
4
– 389,0
4.3 Treinamento
Os animais treinados foram adaptados ao meio liquido (água a 31 ± 1 ºC) (Harri
& Kuusela, 1986) da seguinte forma: 1º e 2 º dias, 30 min em piscina com água rasa; 3º
e 4º dias, duas séries de 15 min por 5 min de intervalo em piscina com água a 50cm de
profundidade e no 5º dia, nadaram 30 min contínuos, mantendo a mesma profundidade
do dia anterior. Da segunda à nona semana os animais exercitados repetiram a sessão do
quinto dia de adaptação, cinco dias por semana. Os animais sedentários foram
submetidos ao contato com a água, durante 30 min, em piscina com água rasa, durante
todo o experimento para passarem pelo mesmo estresse do manuseio diário.
Ressalta-se que o limiar anaeróbico de ratos Wistar é alcançado com a
sobrecarga de 4,9 ± 0,1% (média ± DP) do peso corporal (Voltarelli e cols., 2004).
Desta forma, abaixo deste limiar o exercício é considerado aeróbico. A opção pela
ausência de sobrecarga no presente estudo foi escolhida para preservar a característica
37
aeróbica do exercício. Além disso, o percentual do consumo máximo de oxigênio
(VO
2
max) de ratos que nadam sem sobrecarga externa é de 45-65%, e de animais que
nadam com 4% do peso corporal é de 65-70% (American Physiological Society, 2006).
4.4 Avaliação nutricional e bioquímica
Controle da ingestão alimentar
O controle da ingestão alimentar foi feito durante todo o experimento e os
valores apresentados são referentes à média semanal para cada grupo. Todos os animais
eram pesados e para cada gaiola era registrada a quantidade de dieta oferecida ao
animal, a quantidade de dieta que havia sobrado, e a quantidade de dieta que o animal
desperdiçava, jogando para fora do comedouro. Assim, foi possível calcular a
quantidade média de dieta ingerida semanalmente, ou Ingestão Alimentar (IA) e o
ganho médio de peso, ou Ganho de Peso (GP) que foi calculado pela formula: [(peso
final - peso inicial)/9 semanas]. Baseado na IA e no GP foi possível calcular a média de
eficiência alimentar, ou Eficiência Alimentar (EA) que corresponde à divisão do valor
médio do ganho de peso pelo valor médio da ingestão alimentar, e pode ser calculada
pela formula:
EA = (GP)
(IA)
A média da ingestão protéica também foi calculada para cada grupo, baseado na
porcentagem protéica da dieta e na média da ingestão alimentar. Como a Dieta controle
continha 12%, e a hipoproteica 6% de proteína, chegamos à quantidade média de
proteína ingerida por regra de três, a partir da média da ingestão alimentar de nove
semanas.
Abaixo de cada gaiola foram colocadas bandejas para coletar as fezes dos
animais que eram cuidadosamente separadas da dieta desperdiçada para posterior
38
pesagem. Cabe ressaltar que nessa fase do experimento os animais foram alojados em
gaiolas de aço individuais.
Sacrifício e coleta de material biológico
Após nove semanas de treinamento os animais foram pesados, pré-anestesiados
com Éter e sacrificados por ensanguinação, aproximadamente 72 horas após a última
sessão de exercício, e em jejum de 8 horas. Cada gaiola foi cuidadosamente
inspecionada e o alimento e as bandejas foram retiradas para garantir que o animal não
tivesse acesso sequer às próprias fezes durante o período de jejum, evitando assim a
coprofagia.
A pele dos animais foi cortada próxima à pata dianteira para possibilitar a
localização do plexo braquial. O sangue foi coletado por secção do plexo braquial e
posteriormente centrifugado a 3000 RPM por 15 minutos para obtenção do soro e
plasma que eram guardados sob refrigeração (- 4ºC). Todas as dosagens foram
realizadas em até quatro dias após o sacrifício, exceto hemoglobina que era feita
imediatamente após a secção e utilizando-se 10 μL do sangue.
Após a coleta do sangue o abdômen e tórax de cada animal foram abertos para
coleta e pesagem do Fígado, Rim, Coração, Baço e Adrenal. Os músculos Sóleo e
Extensor Longo dos Dedos (EDL) de cada animal, também foram localizados, coletados
e pesados em balança digital. O peso relativo apresentado nos resultados corresponde à
divisão do peso de cada órgão pelo peso corporal do respectivo animal multiplicado por
1000 e está apresentado em valores médios para cada grupo. A multiplicação por 1000
foi necessária para permitir a visualização dos valores relativos da glândula adrenal que
são muito pequenos.
39
Dosagens bioquímicas utilizando kits comerciais
Foram feitas dosagem das concentrações séricas de Proteínas Totais, Albumina,
Uréia, Creatinina, Glicose, Colesterol Total, Colesterol HDL e Triglicérides. Também
foram determinadas as atividades das Aspartato Aminotransferase (AST), Alanina
Aminotransferase (ALT) e da Fosfatase Alcalina (ALP). Todas as dosagens foram
realizadas de acordo com as orientações do fabricante dos kits comerciais (Labtest
Diagnóstica). Detalhes da execução de cada dosagem citada acima e os princípios das
técnicas podem ser encontrados no Anexo “b”. Para leitura da amostras utilizamos o
Espectrofotômetro Femto 600 PLUS (Anexo “a”). (Beltowski e cols., 2002)
Determinação da atividade da Paraoxonase
A dosagem da atividade da Paraoxonase (PON) foi realizada de acordo com
Beltowski e cols. (2002), tendo como base a velocidade de hidrólise do fenilacetato.
Para o procedimento do teste, foi preparada uma solução contendo 1μL de
fenilacetato e 1500μL de Tris HCl (9mM) em pH=8, dessa solução foi retirado 0,5mL e
misturados a 2mL de Tris HCl (9mM) em pH=8 contendo CaCl
2
(0,9mM). Foram
colocados 5μL de soro e a absorbância foi monitorada a 270nm e obtida em exatamente
3 minutos. A leitura do branco foi realizada como descrito acima, porém sem adicionar-
se o soro e foi subtraído das absorbâncias obtidas. Foi usado o coeficiente de extinção
molar, do fenilacetato, 1.310 (mol/L_1cm_1) e os resultados foram expressos em U/mL
onde uma U hidroliza 1 mmol de fenilacatato por minuto. Nesse caso o
espectrofotômetro utilizado foi o Femto 700S com fonte de luz Ultra Violeta (Anexo
“a”).
40
4.5 Tratamento estatístico
A comparação entre os seis grupos foi feita utilizando-se ANOVA Two-way para
duas fontes de variação (estado nutricional e treinamento físico). A primeira em três
níveis (controle, recuperado e desnutrido) e a segunda em dois níveis (sem treinamento
e com treinamento físico) (Anova Two-way 3 x 2) seguida de post hoc para
comparações múltiplas de Bonferroni quando a diferença encontrada em função de uma
interação entre estado nutricional e treinamento físico era significativa (p < 0,05). Essa
análise de variância considera isoladamente cada fator, no nosso caso o estado
nutricional e o treinamento físico, e após a obtenção ou não de diferença para cada fator
o teste permite encontrar interações em os dois fatores. Assim, caso seja ou não
encontrada diferença para cada fator a interação entre os fatores é avaliada. Sempre que
uma interação é encontrada realiza-se o pos teste, no nosso caso o de Bonferroni, para
identificar e comparar o valor para cada um dos grupos do experimento. Esse modelo
estatístico busca encontrar interações significativas para os parâmetros estudados em
um modelo experimental.
As análises estatísticas foram feitas utilizando-se o software Prism® da
GraphPad versão 4.00 para Windows, GraphPad Software, San Diego, Califórnia, USA,
www.graphpad.com.
41
5. RESULTADOS
5.1 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
5.1.1 Médias de peso corporal final
Em relação às médias de peso corporal final foi observada diferença significativa
em função do estado nutricional. Os animais do grupo controle apresentaram os maiores
valores, seguidos dos animais do grupo recuperado e os animais do grupo desnutrido
apresentaram os menores valores. Não foi observada diferença significativa em função
do treinamento. Entretanto, ocorreu uma interação entre estado nutricional e
treinamento, assim, os animais CS, CT e RS apresentaram os maiores valores. Os
grupos RS e RT foram semelhantes e os menores valores foram dos animais DT e DS,
respectivamente (Tabela II).
5.1.2 Médias de ganho de peso semanal
Os animais se diferiram significativamente apenas em função do estado
nutricional. Os animais do grupo recuperado apresentaram os maiores valores, seguidos
dos animais do grupo controle e os animais do grupo desnutrido apresentaram os
menores valores (Tabela II).
42
5.1.3 Médias de ingestão protéica semanal
Em relação à média de ingestão protéica semanal, houve diferença significativa
em função do estado nutricional. Os animais do grupo controle apresentaram os maiores
valores, seguidos dos animais do grupo recuperado e os animais do grupo desnutrido
apresentaram os menores valores. Não foi observada diferença significativa em função
do treinamento e não houve interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela II).
Tabela II – Médias de peso corporal final (Peso Final); Médias de ganho de peso
semanal (GP); e Médias de ingestão protéica semanal (IP) de animais dos grupos:
Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT),
obtidos durante ou após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Peso Final (g) GP (g) IP (g)
CS
206,83 ± 13,68
a
9,58 ± 4,41 12,81 ± 0,74
CT
201,17 ± 13,18
a
9,42 ± 2,33 14,10 ± 0,95
RS
186,17 ± 15,38
a,
15,15 ± 3,32 11,41 ± 1,06
RT
170,29 ± 7,18
b
15,45 ± 2,02 10,20 ± 1,01
DS
55,14 ± 16,31
c
1,38 ± 2,66 8,20 ± 3,24
DT
74,14 ± 19,63
c
1,67 ± 2,67 7,49 ± 2,85
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 <0,0001 <0,0001
Treinamento
NS NS NS
Interação
0,0080 NS NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni.
5.1.4 Médias de ingestão alimentar semanal
Em relação às médias de ingestão alimentar semanal, houve diferença
significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo controle
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do grupo recuperado e os
43
animais do grupo desnutrido apresentaram os menores valores. Não foi observada
diferença significativa em função do treinamento e não houve interação entre estado
nutricional e treinamento (Tabela III).
5.1.5 Médias de eficiência alimentar semanal
Para médias de eficiência alimentar semanal, houve diferença significativa em
função do estado nutricional. Os animais do grupo recuperado apresentaram os maiores
valores, seguidos dos animais do grupo controle e os animais do grupo desnutrido
apresentaram os menores valores. Não foi observada diferença significativa em função
do treinamento e não houve interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela
III).
5.1.6 Médias da quantidade de fezes semanal
Para médias de quantidade de fezes produzida semanalmente, houve diferença
significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo recuperado
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do grupo controle e os animais
do grupo desnutrido apresentaram os menores valores. Não houve diferença
significativa em função do treinamento e nem interação entre estado nutricional e
treinamento (Tabela III).
44
Tabela III – Médias de ingestão alimentar semanal (IA); Médias de eficiência alimentar
semanal (EA*); e Médias da quantidade de fezes semanal (QF) de animais dos grupos:
Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS);
Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT),
obtidos durante nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros IA (g) EA (*) QF (g)
CS
106,77 ± 6,17 0,08 ± 0,03 3,48 ± 0,62
CT
117,51 ± 7,91 0,07 ± 0,02 3,33 ± 1,03
RS
95,06 ± 8,80 0,15 ± 0,04 6,12 ± 0,82
RT
85,02 ± 8,42 0,18 ± 0,03 4,98 ± 0,43
DS
68,37 ± 26,97 0,02 ± 0,04 1,55 ± 0,38
DT
62,38 ± 23,76 0,04 ± 0,05 1,28 ± 0,52
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 <0,0001 0,0109
Treinamento
NS NS NS
Interação
NS NS NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. * Eficiência Alimentar (EA) corresponde à divisão do
valor médio do ganho de peso (GP) pelo valor médio da ingestão alimentar (IA), e pode ser calculada pela
formula: EA = (GP)/ (IA).
5.2 ORGÃOS E MÚSCULOS
5.2.1 Médias de peso do coração
Em relação às médias de peso do coração foi observada uma diferença
significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo controle
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do grupo recuperado e os
animais do grupo desnutrido apresentaram os menores valores. Não foi observada
diferença significativa por efeito do treinamento. Houve interação entre estado
nutricional e treinamento de forma que os animais CT, CS e RS apresentaram os
maiores valores seguidos dos RT. Os grupos RS e RT foram semelhantes e os menores
valores foram observados nos grupos DT e DS, respectivamente (Tabela IV).
45
5.2.2 Média de peso relativo do coração
O peso relativo de cada órgão corresponde à divisão do peso do órgão pelo peso
corporal do respectivo animal multiplicado por 1000. Assim, para as médias de peso
relativo do coração, foi observada uma diferença significativa em função do estado
nutricional, nesse caso os animais do grupo desnutrido apresentaram os maiores valores
seguidos dos animais do grupo controle e animais do grupo recuperado,
respectivamente. Não foi observada diferença significativa por efeito do treinamento.
Houve interação entre estado nutricional e treinamento de forma que os animais DS e
DT apresentaram os maiores valores enquanto os demais grupos foram semelhantes
(Tabela IV).
Tabela IV – Médias de peso do coração (Coração); Médias de peso relativo do coração*
(Coração*); de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT);
Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS);
e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Coração (g)
Coração*
(g/1000g p.c.)
CS
0,75 ± 0,05
a
3,62 ± 0,22
b
CT
0,79 ± 0,06
a
3,92 ± 0,28
b
RS
0,67 ± 0,02
a,
3,63 ± 0,29
b
RT
0,60 ± 0,07
b
3,59 ± 0,37
b
DS
0,29 ± 0,07
c
5,25 ± 0,44
a
DT
0,36 ± 0,08
c
4,85 ± 0,55
a
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 <0,0001
Treinamento
NS NS
Interação
0,0116 0,0070
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas. * = resultado da divisão do peso de cada órgão pelo peso corporal
do respectivo animal e posterior multiplicação por 1000, valor em grama para cada 1000 gramas de peso
corporal – p.c..
46
5.2.3 Médias de peso do músculo sóleo
Para as médias de peso do músculo sóleo foi observada uma diferença
significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo recuperado
apresentaram os maiores valores seguidos dos animais do grupo controle e o menor
valor foi dos animais do grupo desnutrido. Não foi observada diferença significativa por
efeito do treinamento. Houve uma interação entre estado nutricional e treinamento,
assim os animais RS, RT e CS apresentaram os maiores valores, seguidos dos CT, que
foram semelhantes à CS. Os menores valores foram dos grupos DT e DS (Tabela V).
5.2.4 Médias de peso relativo do músculo sóleo
As médias de peso relativo do músculo sóleo apresentaram uma diferença
significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo recuperado
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do grupo desnutrido e os
menores valores foram apresentados pelos animais do grupo controle. Não foram
observadas diferenças significativas por efeito do treinamento e não houve interação
entre estado nutricional e treinamento (Tabela V).
5.2.5 Médias de peso do músculo extensor longo dos dedos
Para as médias de peso do músculo extensor longo dos dedos foi observada uma
diferença significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo
recuperado apresentaram os maiores valores, sendo os valores intermediários
apresentados pelos animais do grupo controle e os menores valores pelos animais do
grupo desnutrido. Não foram observadas diferenças significativas por efeito do
treinamento e não houve interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela V).
47
5.2.6 Médias de peso relativo do músculo extensor longo dos dedos
As médias de peso relativo dos músculos extensores longos dos dedos
apresentaram uma diferença significativa em função do estado nutricional. Os animais
do grupo recuperado apresentaram os maiores valores, sendo os valores intermediários
apresentados pelos animais do grupo desnutrido e os menores valores pelos animais do
grupo controle. Não foram observadas diferenças significativas por efeito do
treinamento nem houve uma interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela
V).
Tabela V – Médias de peso do músculo sóleo (Sóleo); Médias de peso relativo do
músculo sóleo* (Sóleo*); Médias de peso do músculo extensor longo dos dedos (ELD);
e Médias de peso relativo do músculo extensor longo dos dedos (ELD*) de animais dos
grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário
(RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado
(DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Sóleo (g)
Sóleo*
(g/1000g p.c.)
ELD (g)
ELD*
(g/1000 p.c.)
CS
0,08 ± 0,01
a,
0,39 ± 0,06 0,08 ± 0,02 0,39 ± 0,08
CT
0,07 ± 0,02
b
0,35 ± 0,10 0,09 ± 0,02 0,45 ± 0,06
RS
0,09 ± 0,01
a
0,48 ± 0,04 0,11 ± 0,02 0,57 ± 0,12
RT
0,09 ± 0,01
a
0,52 ± 0,05 0,09 ± 0,02 0,55 ± 0,11
DS
0,03 ± 0,01
c
0,54 ± 0,22 0,02 ± 0,01 0,43 ± 0,24
DT
0,04 ± 0,02
c
0,53 ± 0,22 0,03 ± 0,02 0,46 ± 0,16
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 0,0012 <0,0001 0,0115
Treinamento
NS NS NS NS
Interação
0,0175 NS NS NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para o parâmetro onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas. * = resultado da divisão do peso de cada órgão pelo peso corporal
do respectivo animal e posterior multiplicação por 1000, valor em grama para cada 1000 gramas de peso
corporal – p.c..
48
5.3 GLÂNDULA ADRENAL
5.3.1 Médias de peso da glândula adrenal e de peso relativo da glândula adrenal
As médias de peso da glândula adrenal, tanto absoluto quanto relativo ao peso
corporal apresentaram diferença significativa em função do estado nutricional. O peso
da glândula dos animais do grupo controle foi maior do que dos animais do grupo
recuperado e os animais do grupo desnutrido apresentaram os menores valores. Já a
média de peso relativo foi maior nos animais do grupo recuperado, seguidos dos
animais do grupo controle e os valores inferiores foram apresentados pelos animais do
grupo desnutrido. Não foram observadas diferenças significativas por efeito do
treinamento e não houve interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela VI).
Tabela VI – Médias de peso da adrenal (Adrenal); e Médias de peso relativo da adrenal*
(Adrenal*) de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT);
Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS);
e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Adrenal (g) Adrenal* (g/1000g p.c.)
CS
0,024 ± 0,008 0,12 ± 0,04
CT
0,031 ± 0,012 0,16 ± 0,06
RS
0,024 ± 0,004 0,13 ± 0,03
RT
0,027 ± 0,006 0,16 ± 0,03
DS
0,004 ± 0,001 0,08 ± 0,03
DT
0,005 ± 0,003 0,07 ± 0,03
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 0,0001
Treinamento
NS NS
Interação
NS NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por
semana, com duração de 30 minutos, sem sobrecarga adicional, por 9 semanas. * = resultado da divisão
do peso de cada glândula pelo peso corporal do respectivo animal e posterior multiplicação por 1000,
valor em grama para cada 1000 gramas de peso corporal – p.c..
49
5.4 BAÇO E HEMOGLOBINA
5.4.1 Médias de peso do baço
Para as médias de peso do baço foi observada diferença significativa em função
do estado nutricional. Os animais do grupo recuperado apresentaram os maiores valores,
os animais do grupo controle apresentaram valores intermediários e os animais do grupo
desnutrido os menores valores. Não foi observada diferença significativa por efeito do
treinamento. Houve, entretanto, uma interação entre estado nutricional e treinamento.
Desta forma, os animais RS, NS, NT e RT foram semelhantes e maiores do que os
animais DT e DS (Tabela VII).
5.4.2 Médias de peso relativo do baço
As médias de peso relativo do baço apresentaram diferença significativa em
função do estado nutricional. Assim, os animais do grupo recuperado apresentaram os
maiores valores, seguidos dos animais do grupo controle e os menores valores foram
dos animais do grupo desnutrido. Não foram observadas diferenças significativas por
efeito do treinamento e não houve interação entre estado nutricional e treinamento
(Tabela VII).
5.4.3 Médias das Concentrações séricas Hemoglobina
Houve diferença significativa em função do estado nutricional, sendo que os
animais do grupo controle apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do
grupo recuperado e os animais do grupo desnutrido apresentaram os menores valores.
50
Não foram observadas diferenças significativas por efeito do treinamento e nem houve
interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela VII).
Tabela VII – Médias de peso do baço (Baço); Médias de peso relativo do baço* (baço*)
e Médias das concentrações séricas de Hemoglobina de animais dos grupos: Controle
Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado
Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após
nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Baço (g)
Baço*
(g/1000 p.c.)
Hemoglobina
(μmol/L)
CS
0,43 ± 0,05
a
2,07 ± 0,29 13,26 ± 1,00
CT
0,42 ± 0,04
a
2,09 ± 0,24 13,17 ± 1,12
RS
0,46 ± 0,05
a
2,47 ± 0,12 11,11 ± 0,33
RT
0,41 ± 0,05
a
2,40 ± 0,25 11,60 ± 0,41
DS
0,10 ± 0,03
b
1,81 ± 0,32 8,77 ± 1,76
DT
0,14 ± 0,03
b
1,88 ± 0,17 8,18 ± 1,06
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 <0,0001 <0,0001
Treinamento
NS NS NS
Interação
0,0349 NS NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas. * = resultado da divisão do peso de cada órgão pelo peso corporal
do respectivo animal e posterior multiplicação por 1000, valor em grama para cada 1000 gramas de peso
corporal – p.c..
51
5.5 FUNÇÃO HEPÁTICA
5.5.1 Médias de peso do fígado
Houve diferença significativa devido ao estado nutricional. Os animais do grupo
controle apresentam maiores valores seguidos dos animais do grupo recuperado, os
menores valores foram dos animais do grupo desnutrido. Não foi observada diferença
significativa em função do treinamento. Entretanto, houve uma interação entre estado
nutricional e treinamento, desta forma, os animais CS, CT e RS foram semelhantes e
apresentaram os maiores valores quando comparados aos demais grupos. Os animais do
grupo RT também apresentaram diferença em relação ao grupo DT e esse, por sua vez,
foi diferente do grupo DS que apresentou os menores valores (Tabela VIII).
5.5.2 Médias de peso relativo do fígado
Foi observada uma diferença significativa devido ao estado nutricional. Os
animais do grupo desnutrido apresentaram os maiores valores seguidos dos animais do
grupo recuperado e os menores valores foram observados nos animais do grupo
controle. Não foi observada diferença significativa devido ao treinamento. Entretanto,
houve interação entre estado nutricional e treinamento, de forma que os animais DT
apresentaram os maiores valores se comparados aos demais grupos. Os animais DS e
RS se mostraram semelhantes. Além disso, o grupo RS se mostrou semelhante aos
grupos CT, RS e CT que apresentaram os menores valores (Tabela VIII).
52
Tabela VIII – Médias de peso do fígado (Fígado); Médias de peso relativo do fígado*
(Fígado*); e Médias das concentrações séricas de Hemoglobina (Hemoglobina) de
animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado
Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido
Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Fígado (g)
Fígado*
(g/1000g p.c.)
CS
5,87 ± 0,52
a
28,41 ± 1,87
c
CT
5,79 ± 0,55
a
28,80 ± 2,61
c
RS
5,84 ± 0,45
a
31,39 ± 1,13
,c
RT
4,84 ± 0,46
b
28,49 ± 3,13
c
DS
2,00 ± 0,61
d
36,33 ± 3,30
b
DT
3,04 ± 0,66
c
41,76 ± 6,25
a
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0,0001 <0,0001
Treinamento
NS NS
Interação
<0,0001 0,0065
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas. * resultado da divisão do peso de cada órgão pelo peso corporal do
respectivo animal e posterior multiplicação por 1000, valor em grama para cada 1000 gramas de peso
corporal – p.c..
5.5.4 Médias de atividade da Alanina Aminotransferase
Foi observada uma diferença significativa devido ao estado nutricional. Os
animais do grupo desnutrido apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do
grupo controle e os menores valores foram dos animais do grupo recuperado. Houve
também uma diferença significativa por efeito do treinamento. Os animais treinados
apresentaram maiores valores que os animais sedentários. Não foi observada interação
entre estado nutricional e treinamento (Tabela IX).
53
5.5.5 Médias de atividade da Aspartato Aminotransferase
Para esse parâmetro foi observada uma diferença significativa devido ao estado
nutricional. Os animais do grupo desnutrido apresentaram os maiores valores seguidos
dos animais do grupo controle e os animais do grupo recuperado apresentaram os
menores valores. Houve diferença significativa por efeito do treinamento onde os
animais treinados apresentaram maiores valores que os animais sedentários. Houve
ainda uma interação entre estado nutricional e treinamento onde os animais DT
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais CS, CT e DS que foram
semelhantes. Os animais RT e RS foram semelhantes e apresentaram os menores
valores (Tabela IX).
5.5.6 Médias de atividade da Fosfatase Alcalina
Houve diferença significativa em função do estado nutricional, onde os animais
do grupo desnutrido apresentaram os maiores valores, seguidos pelos animais do grupo
recuperado e os menores valores foram observados nos animais do grupo controle. Não
houve diferença significativa por efeito do treinamento. Entretanto, houve uma
interação entre estado nutricional e treinamento, assim, os animais DT e DS
apresentaram os maiores valores, seguidos pelo grupo CT que foi semelhante a RS. RS
por sua vez foi semelhante à CS e RT (Tabela IX).
54
Tabela IX – Médias de atividade da Alanina Aminotransferase (ALT); Médias de
atividade da Aspartato Aminotransferase (AST); e Médias de atividade da Fosfatase
Alcalina (ALP) de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado
(CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário
(DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros ALT (U/mL) AST (U/mL) ALP (μKat/L)
CS
20,16 ± 7,03 65,20 ± 6,95
b
15,71 ± 3,99
d
CT
21,79 ± 8,05 63,11 ± 9,75
b
18,93 ± 5,64
c,
RS
7,96 ± 2,97 25,04 ± 5,96
c
35,20 ± 11,42
b
RT
11,11 ± 3,22 28,81 ± 5,15
c
26,76 ± 6,06
,c
DS
23,29 ± 5,05 63,03 ± 10,43
b
47,35 ± 7,68
a
DT
36,15 ± 14,45 99,28 ± 13,16
a
56,20 ± 6,13
a
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0.0001 <0.0001 <0.0001
Treinamento
0,0154 <0.0001 NS
Interação
NS <0.0001 0,0085
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas.
5.5.7 Médias das concentrações séricas de Proteínas Totais
As médias das concentrações séricas de proteínas totais revelaram uma diferença
significativa devido ao estado nutricional. Os animais do grupo recuperado
apresentaram maiores valores, seguidos dos animais do grupo controle e os menores
valores foram observados nos animais do grupo desnutrido. Não houve diferença
significativa por efeito do treinamento. Todavia houve interação entre estado nutricional
e treinamento, onde os animais dos grupos RT, CS e RS apresentaram os maiores
valores, seguidos dos animais CT que foram semelhantes a RS e os menores valores
foram dos grupos DS e DT (Tabela X).
55
5.5.8 Médias das concentrações séricas de Albumina
Em relação às médias das concentrações séricas de albumina todos os grupos são
estatisticamente semelhantes e não foi observada diferença significativa em função do
estado nutricional, como efeito do treinamento e não houve interação entre estado
nutricional e treinamento (Tabela X).
5.5.9 Estimativa média das concentrações séricas de Globulinas
Foi observada uma diferença significativa devido ao estado nutricional. Assim,
os maiores valores foram apresentados pelos animais do grupo recuperado, seguidos dos
animais do grupo controle e os menores valores foram dos animais do grupo desnutrido.
Não houve diferença significativa por efeito do treinamento. Houve uma interação entre
estado nutricional e treinamento. Assim, os animais RT, RS e CS apresentaram os
maiores valores seguidos dos animais CT e os menores valores foram dos grupos DT e
DS (Tabela X).
5.5.10 Médias das concentrações sérica de Glicose
Os resultados mostram que houve diferença significativa em função do estado
nutricional. Os animais do grupo controle apresentaram os maiores valores, seguidos
dos animais do grupo recuperado e os animais do grupo desnutrido apresentaram os
menores valores. Os animais sedentários apresentaram valores superiores aos animais
treinados. Não foi observada interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela
X).
56
Tabela X – Médias das concentrações séricas de Proteínas Totais (Proteínas Totais);
Médias das concentrações séricas de Albumina (Albumina); Estimativa média das
concentrações séricas de Globulinas (Globulinas); e Médias das concentrações séricas
de Glicose de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado (CT);
Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS);
e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\
Parâmetros
Proteínas
Totais (g/L)
Albumina
(μmol/L)
Globulinas
(g/dL)
Glicose
(mmol/L)
CS
69,75 ± 3,75
a
491,54 ± 74,47 3,58 ± 0,41
a,
8,63 ± 1,49
CT
63,64 ± 4,74
b
487,89 ± 57,8 3,00 ± 0,33
b
7,28 ± 1,77
RS
69,72 ± 3,68
a,
488,95 ± 9,99 3,60 ± 0,38
a,
7,39 ± 0,91
RT
71,37 ± 4,04
a
489,65 ± 34,75 3,76 ± 0,39
a
6,39 ± 0,61
DS
60,90 ± 4,78
c
520,45 ± 31,31 2,50 ± 0,29
c
6,63 ± 0,85
DT
60,34 ± 5,26
c
496,10 ± 69,52 2,61 ± 0,70
c
6,73 ± 0,84
Valor de p (Anova Two Way)
Estado
Nutricional
<0.0001 NS <0.0001 0,0079
Treinamento
NS NS NS 0,05
Interação
0,0299 NS 0,0151 NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas.
5.6 FUNÇÃO RENAL
5.6.1 Médias de peso do rim
Foi observada diferença significativa em função do estado nutricional. Nesse
caso os animais do grupo controle apresentaram os maiores valores, seguidos pelos
animais do grupo recuperado e os menores valores foram apresentados pelos animais do
grupo desnutrido. Não foi observada diferença significativa por efeito do treinamento.
Entretanto, houve uma interação entre estado nutricional e treinamento. Nesse caso, os
animais dos grupos CS, CT, RS e RT apresentaram os maiores valores e diferiram dos
57
animais DT que apresentaram valores intermediários, enquanto os animais DS
apresentaram os menores valores (Tabela XI).
5.6.2 Médias de peso relativo do rim
As médias de peso relativo do rim apresentaram diferença significativa em
função do estado nutricional. Os animais do grupo desnutrido apresentaram os maiores
valores, os animais do grupo recuperado apresentaram valores intermediários e os
menores valores foram dos animais do grupo controle. Não foi observada diferença
significativa por efeito do treinamento e não houve interação entre estado nutricional e
treinamento (Tabela XI).
5.6.3 Médias das concentrações séricas de Uréia
Para as médias das concentrações séricas de uréia foi observada uma diferença
significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo recuperado
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do grupo desnutrido e animais
do grupo controle, respectivamente. Não foram encontradas diferenças significativas
por efeito do treinamento. Também não houve interação entre estado nutricional e
treinamento (Tabela XI).
5.6.4 Médias das concentrações séricas de Creatinina
Para as médias das concentrações séricas de creatinina foi observada uma
diferença significativa em função do estado nutricional. Os animais do grupo desnutrido
apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do grupo recuperado e os
58
animais do grupo controle, respectivamente. Não foram encontradas diferenças
significativas por efeito do treinamento. Também não houve interação entre estado
nutricional e treinamento (Tabela XI).
Tabela XI – Médias de peso do rim (Rim); Médias de peso relativo do rim (Rim*);
Medias das concentrações séricas de Uréia (Uréia); e Medias das concentrações séricas
de Creatinina de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado
(CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário
(DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Rim (g)
Rim*
(g/1000g p.c.)
Uréia
(mmol/L)
Creatinina
(μmol/L)
CS
0,65 ± 0,06
a
3,15 ± 0,16 4,21 ± 0,84 15,36 ± 6,99
CT
0,58 ± 0,08
a
2,89 ± 0,41 4,19 ± 0,79 32,10 ± 19,59
RS
0,57 ± 0,05
a
3,07 ± 0,14 8,93 ± 1,78 75,07 ± 4,49
RT
0,55 ± 0,03
a
3,26 ± 0,17 9,31 ± 0,94 77,54 ± 7,05
DS
0,24 ± 0,05
c
4,41 ± 0,47 6,64 ± 2,15 99,44 ± 27,81
DT
0,31 ± 0,05
b
4,35 ± 0,68 6,82 ± 1,40 86,91 ± 25,60
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0.0001 <0.0001 <0.0001 <0.0001
Treinamento
NS NS NS NS
Interação
0,0016 NS NS 0,0524
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas. * resultado da divisão do peso de cada órgão pelo peso corporal do
respectivo animal e posterior multiplicação por 1000, valor em grama para cada 1000 gramas de peso
corporal – p.c..
5.7 PERFIL LIPÍDICO
5.7.1 Médias das concentrações séricas Colesterol Total
Para médias das concentrações séricas de colesterol total, houve diferença
significativa apenas em função do estado nutricional. Os valores foram maiores nos
59
animais do grupo desnutrido quando comparados aos animais do grupo controle e os
menores valores foram apresentados pelos animais do grupo recuperado (Tabela XII).
5.7.2 Médias das concentrações séricas Colesterol HDL
Em relação às médias das concentrações Colesterol HDL, houve diferença
significativa devido ao estado nutricional. Neste caso, os valores foram maiores nos
animais do grupo desnutrido, seguidos pelos animais do grupo recuperado e os menores
valores foram apresentados pelos animais do grupo controle. O treinamento também
gerou diferença significativa, os animais sedentários apresentaram valores maiores do
que os animais treinados. Não houve interação entre estado nutricional e treinamento
(Tabela XII).
5.7.3 Estimativa média das concentrações séricas de Outras Frações de Colesterol
As outras frações de colesterol (LDL e VLDL) foram analisadas em conjunto e
correspondem à diferença entre colesterol total e fração HDL. Para esse parâmetro, foi
observada uma diferença significativa devido ao estado nutricional. Assim, os valores
foram maiores nos animais do grupo desnutrido, quando comparados aos animais do
grupo controle e os menores valores foram apresentados pelos animais do grupo
recuperado. Não houve diferença significativa por efeito do treinamento e não houve
interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela XII).
60
5.7.4 Médias das concentrações séricas Triglicérides
Para esse parâmetro, foi observada uma diferença significativa devido ao estado
nutricional. Desta forma, os animais do grupo controle apresentaram maiores valores, e
os valores dos animais do grupo recuperado e animais do grupo desnutrido foram
semelhantes. Não houve diferença significativa por efeito do treinamento e não houve
interação entre estado nutricional e treinamento (Tabela XII).
Tabela XII – Médias da concentração de colesterol total (Colesterol); Médias da
concentração de colesterol total HDL (HDL); Médias da estimativa das concentrações
séricas outras frações de colesterol (LDL e VLDL); e Médias da concentração de
triglicérides (TG) de animais dos grupos: Controle Sedentário (CS); Controle Treinado
(CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado Treinado (RT); Desnutrido Sedentário
(DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros
Colesterol
(mmol/L)
HDL
(mmol/L)
LDL e VLDL
(mmol/L)
TG
(mmol/L)
CS
2,05 ± 0,66 1,11 ± 0,26 0,73 ± 0,17 0,77 ± 0,32
CT
1,69 ± 0,19 1,07 ± 0,21 0,54 ± 0,12 0,89 ± 0,23
RS
1,92 ± 0,25 1,64 ± 0,24 0,29 ± 0,10 0,52 ± 0,14
RT
1,59 ± 0,22 1,22 ± 0,31 0,36 ± 0,18 0,53 ± 0,11
DS
2,10 ± 0,50 1,55 ± 0,14 0,86 ± 0,38 0,52 ± 0,11
DT
2,20 ± 0,55 1,37 ± 0,20 0,69 ± 0,17 0,51 ± 0,14
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
0,0324 <0.0001 <0.0001 <0.0001
Treinamento
NS 0,0070 NS NS
Interação
NS NS NS NS
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por
semana, com duração de 30 minutos, sem sobrecarga adicional, por 9 semanas.
5.7.5 Médias da atividade da Paraoxonase
Foi observada uma diferença significativa devido ao estado nutricional. Os
animais do grupo recuperado apresentaram os maiores valores, seguidos dos animais do
grupo controle e os menores valores foram dos animais do grupo desnutrido. Houve
61
também uma diferença significativa por efeito do treinamento. Os animais sedentários
apresentaram maiores valores que os animais treinados. Foi observada ainda uma
interação entre estado nutricional e treinamento, onde os animais do grupo RS
apresentaram os maiores valores que foram seguidos dos animais RT. Os animais CS e
CT foram semelhantes e os menores valores foram dos grupos DT e DS (Tabela XIII).
Tabela XIII – Médias da atividade da Paraoxonase de animais dos grupos: Controle
Sedentário (CS); Controle Treinado (CT); Recuperado Sedentário (RS); Recuperado
Treinado (RT); Desnutrido Sedentário (DS); e Desnutrido Treinado (DT), obtidos após
nove semanas de experimento
1
.
Grupos\Parâmetros Paraoxonase (U/L)
CS
252,16 ± 17,82
c
CT
246,45 ± 8,31
c
RS
394,57 ± 56,53
a
RT
343,44 ± 39,81
b
DS
53,12 ± 6,68
d
DT
57,07 ± 10,26
d
Valor de p (Anova Two Way)
Estado Nutricional
<0.0001
Treinamento
0,0413
Interação
0,0284
1
Os resultados estão expressos em média ± desvio padrão. Valor de p < 0,05 = diferença significativa em
função das fontes de variação que são o estado nutricional, o treinamento ou ainda interação entre estado
nutricional e treinamento. NS = não significativo. Letras diferentes, sobrescritas na mesma coluna
indicam as diferenças significativas ao nível de p < 0,05 para os parâmetros onde foi encontrada uma
interação entre as fontes de variação estado nutricional e treinamento após a realização do pós teste de
Bonferroni. O treinamento de natação foi realizado 5 vezes por semana, com duração de 30 minutos, sem
sobrecarga adicional, por 9 semanas.
62
6. DISCUSSÃO
Avaliação de parâmetros nutricionais
O maior peso corporal dos animais controle, seguidos dos recuperados e dos
desnutridos era um resultado esperado em função do estado nutricional. Esperávamos
também que os valores do peso corporal dos animais dos grupos RS e RT fossem
estatisticamente semelhantes aos grupos CS e CT, fato que ocorreu somente em parte,
pois os valores dos animais RT foram ligeiramente menores que do RS. Se for
considerado apenas o peso corporal, podemos observar que os animais do grupo RS
alcançaram uma recuperação nutricional, entretanto, o efeito do exercício nos animais
do grupo RT não pode ser considerado ruim porque, estatisticamente, esse grupo foi
igual ao grupo RS. Os animais desnutridos apresentaram uma resposta diferente dos
demais grupos e nesse caso, apesar da igualdade estatística, os valores médios dos
animais exercitados foram superiores aos dados dos animais sedentários.
O nosso resultado é oposto ao que havia sido observado por outros autores
(Oldfors & Sourander, 1985) que encontraram diferença por efeito do treinamento entre
animais controle sedentários e controle treinados. Essa diferença ocorreu em função do
protocolo de treinamento que era de corrida a 18 metros/minutos, durante 12 semanas
naquele experimento, portanto, com uma maior duração. Ao contrário do observado por
eles, para animais desnutridos, os animais do presente estudo, em média, ganharam peso
durante o experimento, inclusive os valores do grupo desnutrido treinado foram maiores
do que os valores do grupo desnutrido sedentário, apesar de não existir diferença
significativa conforme descrito na literatura (Galdino e cols., 2000). Ainda assim,
63
concordamos que esse efeito do exercício é positivo e ressaltamos que o mecanismo que
gerou esse resultado precisa ser estudado.
Optamos por fazer um período de desnutrição aguda (dieta aprotéica por 30 dias)
e manter a desnutrição oferecendo aos animais uma dieta com 6% de proteína (caseína)
no período do treinamento, que se estendeu por oito semanas. Acreditávamos que os
animais não suportariam o estresse do treinamento (30 minutos/dia, 5 dias por semana,
sem sobrepeso, por 9 semanas) se continuassem a receber dieta aprotéica, mesmo sendo
o protocolo de treinamento caracterizado por baixo volume e por baixa intensidade, se
comparado ao protocolo de outros trabalhos (60 minutos/dia, 5 dias por semana, com
5% p.c., durante a gestação = 17 dias; e 60 minutos/dia, 5 dias por semana, com 5% p.c.
por 40 dias) (Galdino e cols., 2000; Silva e cols., 1999). Além disso, os maiores
períodos experimentais que encontramos na literatura, nos quais dietas aprotéicas foram
utilizadas, variaram de 21 (Costa e cols., 2000) a 28 dias (Oliveira e cols., 2000; Miura
e cols., 2001).
Encontramos um único trabalho que utilizou uma dieta contendo baixas
concentrações de proteína (1,5%) e submeteu os animais a treinamento físico (Oldfors
& Sourander, 1985), entretanto, a dieta base que esses autores modificaram antecede à
utilizada no presente estudo, que seguiu as diretrizes do “American Institute of
Nutrition”, publicada em 1993 (Reeves e cols., 1993). Os valores médios de peso dos
animais desnutridos no presente experimento foram menores que nos grupos controle e
recuperado, entretanto, devido a diferenças no protocolo de desnutrição e delineamento
experimental, não declinaram ao longo do estudo, conforme observado por Oldfors &
Sourander (1985) que trabalharam com 1,5% de proteína durante doze semanas.
O menor peso corporal dos animais desnutridos observado em nosso estudo já
havia sido relatado por outros autores (Papoti e cols., 2003; Silva e cols., 1999), em
experimentos com delineamentos distintos, mas ambos modificando as concentrações
de proteína para 6% (caseína) a partir de dieta AIN-93G (Reeves e cols., 1993), e
utilizando ratos Wistar. Essa resposta também havia sido descrita por outra autora
(Mello, 1994) que modificou a dieta AIN-76 obtendo uma dieta hipoprotreica contendo
também 6% de proteína.
Aos 60 dias de idade, os animais de Papoti e cols. (2003), que passaram por um
período de recuperação nutricional de 30 dias, apresentaram valores de peso corporal
64
inferiores e diferentes significativamente dos animais controle, indicando que a
recuperação nutricional não ocorreu, considerando apenas esse parâmetro. O mesmo
resultado já havia sido observado por outro grupo de pesquisadores para um período de
40 dias (Silva e cols., 1999). Assim, somos levados a acreditar que a diferença
significativa no peso corporal de animais recuperados sedentários em relação aos
animais controle sedentários depende do protocolo de desnutrição utilizado e que no
caso do nosso protocolo, desaparece após oito semanas.
O exercício não se mostrou eficiente em elevar o peso corporal dos grupos CT e
RT, quando comparados aos CS e RS respectivamente, entretanto, isso ocorreu com o
grupo DT, quando comparado ao DS, assim, não houve diferença estatística em função
do exercício isoladamente, mas quando foi feita a análise conjunta do estado nutricional
e treinamento físico, foi observada uma importante interação entre estes fatores, o que
justificaria a realização de novos estudos.
O maior ganho de peso nos animais recuperados era um resultado esperado em
função do déficit protéico (30 dias recebendo dieta aprotéica) na primeira etapa do
experimento e a retomada do crescimento possibilitada pela troca da dieta aprotéica pela
dieta controle na segunda etapa. Ashworth (1969) estudou a recuperação nutricional em
oito crianças entre 10 meses e 3 anos que apresentaram pesos variando de 50% a 70%
do peso normal para altura. Durante a recuperação nutricional, a taxa de crescimento de
crianças foi 15 vezes maior do que a das crianças normais da mesma idade e 5 vezes
maior do que outras crianças com altura e peso semelhantes. Após atingirem o peso
normal para altura, a ingestão alimentar das crianças caiu para um nível aproximado ao
das crianças normais de mesma altura e peso, porém mais novas.
A ingestão alimentar não justifica o ganho de peso se for considerado apenas os
valores absolutos, uma vez que os animais do grupo controle são maiores e por isso
apresentam uma maior capacidade de ingerir alimentos. Entretanto, se considerarmos a
quantidade de fezes produzidas, podemos observar que os animais recuperados podem
comer, proporcionalmente, a mesma quantidade que os controles ou até mais, em
função da quantidade de fezes aumentada nos recuperados. A ingestão alimentar maior
no grupo controle, seguido do grupo recuperado e desnutrido, respectivamente, está de
acordo com dados de um outro grupo (Hansen-Smith e cols., 1977), para animais
controle e desnutrido, ambos sedentários durante o período de oito semanas e contraria
65
aos resultados obtidos por outros pesquisadores (Oldfors & Sourander, 1985) que
observaram uma maior ingestão alimentar nos animais controle nas quatro primeiras
semanas e uma igualdade na ingestão alimentar entre controle e desnutrido, tanto
sedentários quanto exercitados, ao final do experimento (12 semanas). Alguns autores
(Ocken & Grunewald, 1988; Papoti e cols., 2003) não encontraram diferença entre o
grupo controle e o grupo recuperado para ingestão alimentar.
Apesar de não existir diferença significativa, observamos menores valores de
ingestão alimentar nos animais do grupo recuperado treinado e desnutrido treinado,
quando comparados aos animais do grupo recuperado sedentário e desnutrido
sedentário, respectivamente. Esses dados são semelhantes aos já descritos para animais
recuperados (Ocken & Grunewald, 1988). Entretanto, nossos animais do grupo controle
treinado apresentaram maiores valores para ingestão alimentar que os animais do grupo
controle sedentário, diferente do ocorrido no trabalho de Ocken & Grunewald (1988).
Ao calcularmos a ingestão protéica, observamos as mesmas tendências encontradas para
ingestão alimentar.
A eficiência alimentar calculada mostra que os animais recuperados comeram
proporcionalmente, mais que os demais grupos e, assim, confirmam que o maior ganho
de peso desses animais ocorre em função de um melhor aproveitamento do alimento,
corroborando dados da literatura (Silva e cols., 1999; Ocken & Grunewald, 1988). O
ganho de peso seguiu o resultado da eficiência alimentar, assim, o grupo recuperado
apresentou maior eficiência alimentar e, como conseqüência, maior ganho de peso,
sendo seguido pelo grupo controle e desnutrido que, por sua vez, apresentou os menores
valores.
A eficiência alimentar nos animais desnutridos deve ser analisada com cautela
para efeitos de comparação do resultado dos desnutridos com os controles e recuperados
em função da diferença no conteúdo protéico das dietas, 6% no caso dos desnutridos e
12% nos controles e recuperados. Os animais DT apresentaram valores duas vezes
maiores do que DS, mas a variação dentro do grupo é maior que as diferenças médias
encontradas, o que impossibilitou encontrar diferença estatística. Essa variação é
esperada, pois em uma situação desfavorável prevalece a capacidade individual onde os
mais adaptados sobrevivem.
66
O maior ganho de peso e eficiência alimentar mostram que os animais
recuperados estão com uma taxa metabólica aumentada, o que resultou numa maior
retenção de nutrientes, como pode ser observado pelos valores de peso do sóleo e ELD.
Avaliação de parâmetros da função hepática
Os animais recuperados apresentam maiores valores de proteínas totais que os
demais grupos. A recuperação nutricional gera um maior crescimento (Ashworth,
1969), o que nos leva a acreditar que a velocidade metabólica nos animais recuperados
estava aumentada, justificando os valores de proteínas totais que encontramos. Os
animais desnutridos, por sua vez, apresentaram valores abaixo do normal, porque que a
dieta que eles receberam continha quantidades inferiores ao requerimento do animal,
que é de 12%. Nos animais desnutridos faltam enzimas e substratos para síntese
protéica, resultando em prejuízo dessa síntese. Os animais do grupo CT apresentaram
valores inferiores a CS, possivelmente em função de um maior gasto energético imposto
pela atividade. Fato semelhante não ocorreu para fração das globulinas, assim como
para fração das albuminas. Considerando os valores do grupo recuperado, é possível
observar que existe uma relação entre o aumento das proteínas totais gerado por um
aumento na fração das globulinas, possivelmente as gamaglobulinas (anticorpos), isso
explicaria porque os baços desses animais estariam aumentados. No grupo desnutrido,
os níveis de albumina encontrados só podem ser explicados pela redução da fração das
globulinas nesses animais.
Essa resposta dos recuperados para proteínas totais não ocorreu em outro
trabalho (Silva e cols., 1999), entretanto, a ausência de diferença significativa para
concentrações séricas de albumina do nosso estudo reproduziu o observado por eles. Em
nosso trabalho calculamos a concentração das globulinas pela diferença entre proteínas
totais e albuminas para cada animal, Silva e cols. (1999) não calcularam essa diferença,
assim, pegando os valores médios apresentados por eles, foi possível chegar a uma
estimativa da concentração das globulinas naquele trabalho. Observamos que a ausência
67
de diferença na fração albumina em ambos os trabalhos se deve ao fato da diminuição
nas globulinas, seguindo a diferença observada nas proteínas totais.
A menor atividade das AST e ALT no grupo recuperado em relação ao controle
pode ser devido ao aumento na síntese protéica, pois os animais estavam saindo do
estado de desnutrição e passaram a receber uma dieta contendo 12% de proteína. Como
essas enzimas são necessárias ao processo de degradação protéica, é esperado que a suas
atividades estejam realmente reduzidas no caso de uma recuperação nutricional onde o
anabolismo está se sobressaindo ao catabolismo. No grupo desnutrido, que ainda está
recebendo uma dieta contendo 6% de proteína, a atividade das enzimas se mostra
aumentada, acima dos valores do controle, mostrando que o protocolo de desnutrição,
mesmo durante a fase de manutenção da desnutrição, causa um acentuado catabolismo.
Os animais treinados apresentam atividade aumentada dessas enzimas e esse fato
pode ser observado, sobretudo, nos animais do grupo DT. Acreditamos que isso ocorra
em função de uma maior mobilização da gordura do apócito para o fígado, fato que
explicaria o maior peso relativo do fígado nesses animais. O fígado não conseguiria
exportar a gordura acumulada em função da falta das lipoproteínas e enzimas de
transporte de lipídeos. Koutedakis e cols. (1993), comparando indivíduos treinados e
não treinados, verificaram que o exercício aumenta de forma aguda a atividade de AST
e da ALT, e o nível de aptidão e a duração do exercício correlacionam-se às atividades
dessas enzimas. Amelink e cols. (1988) verificaram que a atividade da AST era
aumentada em 1%, em ratos, logo após uma sessão de treinamento em esteira, no
entanto, o mesmo não era observado em fêmeas, indicando que as modificações na
atividade dessa enzima parecem ter relação com o sexo, sendo menor nas fêmeas.
Em nosso experimento não objetivamos analisar os efeitos agudos do exercício
sobre as atividades das duas enzimas, mas sim se o treinamento e o estado nutricional
afetavam de forma crônica essas atividades nos três estados nutricionais. Portanto,
sacrificamos os animais 72 horas após a última a última sessão de exercício. Assim, o
que pode ser observado é o efeito do treinamento de nove semanas e do estado
nutricional sobre a atividade das duas enzimas. (Koutedakis e cols., 1993)
Foi possível ainda perceber que a desnutrição acarretou aumento tanto nas
atividades de AST e ALT quanto na fosfatase alcalina, e que a recuperação nutricional
tendeu a reverter o aumento na fosfatase alcalina. Os valores de fosfatase alcalina foram
68
maiores nos animais desnutridos, sendo reduzidos pela recuperação. Entretanto, essa
redução não foi suficiente para aproximar os valores dos animais recuperados dos
valores dos animais controle.
A fosfatase alcalina que é uma enzima localizada na membrana das células
hepáticas e pode indicar lise celular caso sua concentração esteja aumentada no plasma.
Diferente da AST e ALT, que estão envolvidas na degradação protéica e durante
aumento da síntese protéica estão diminuídas, nos amimais recuperados a fosfatase
alcalina mostra um aumento nesses animais contrário a diminuição da ALT e AST.
Como os animais desnutridos estavam recebendo uma dieta contendo 6% de proteínas,
não foi possível ocorrer aumento de síntese protéica nesses animais como aconteceu
com os recuperados, que passaram a receber 12%. Assim, os valores de AST, ALT e
fosfatase alcalina permitem concluir que animais desnutridos apresentam
comprometimento hepático.
A glicemia mostrou-se menor nos animais desnutridos quando comparados aos
recuperados e os controle apresentaram os maiores valores em função do estado
nutricional, o que era uma resposta esperada. Observamos que o exercício diminui a
concentração de glicose sanguínea, possivelmente por aumentar a sua captação pelo
músculo. Isso parece acontecer para os animais controle e recuperados, entretanto, não
para os animais desnutridos, possivelmente pela maior dificuldade de translocar o
GLUT-4 para membrana celular ou maior dificuldade do fígado em armazenar
glicogênio. Os animais do grupo DT apresentaram valores superiores aos DS, esse dado
reproduz o que aconteceu no experimento de Silva e cols. (1999), que observaram a
mesma tendência, entretanto, sem diferença significativa. Já Galdino e cols, (2000)
observaram valores significativamente maiores em animais DT, em comparação com
DS.
A glicemia, quando medida imediatamente após a realização do exercício, se
mostra reduzida tanto em animais quanto em humanos (Farrell e cols., 1991; Oakes e
cols., 1997; Hernandez e cols., 2000). Entretanto, quando se considera o efeito crônico
do exercício, freqüentemente não se observa redução da glicose sanguínea em animais
(Cunha e cols., 2005) ou em humanos (Banz e cols., 2003), ambos bem nutridos.
69
Avaliação de parâmetros da função renal
A diferença em função do estado nutricional e a diferença em função da
interação para peso dos rins mostram que os rins dos animais recuperados são menores
que dos controles e que os rins dos animais desnutridos são menores que os demais
grupos. Os animais DT, entretanto, apresentam maiores valores do que os animais DS.
Quando calculamos o peso relativo observamos diferença em função do estado
nutricional, onde o grupo desnutrido apresenta valores superiores aos demais grupos e
não existe diferença entre DT e DS. Para peso relativo esperávamos esse resultado, pois
os animais DT apresentaram maior peso corporal. Nossos dados estão de acordo com
Ocken & Grunewald (1988) para animais controle e recuperados. Ao contrário do que
ocorre com o coração e fígado, a interação entre estado nutricional e treinamento, não é
mais observada para peso do rim quando é feita a estatística para o peso relativo desse
órgão.
Tanto o peso absoluto quanto o peso relativo do rim foram semelhantes nos
animais do grupo controle e grupo recuperado, indicando que as alterações nas
concentrações de uréia e creatinina nesses animais não podem ser explicadas somente
pelo peso do órgão.
A análise das concentrações de uréia apresentou uma diferença em função do
estado nutricional, onde as dos animais do grupo controle são menores que as dos
desnutridos, que por sua vez são menores do que as dos recuperados, indicando
aumento na excreção de uréia tanto no grupo recuperado quanto no grupo desnutrido.
Os resultados de creatinina mostram efeito do estado nutricional, onde o grupo
recuperado apresentou valores maiores que o grupo controle e o grupo desnutrido
apresentou os maiores valores.(Stephen & Waterlow, 1968)
A análise da uréia e creatinina, aliadas ao peso relativo do rim, indicam uma
disfunção renal. Stephen & Waterlow (1968) demonstraram que a atividade da enzima
arginino succinase, uma enzima chave do ciclo da uréia, encontra-se com a atividade
diminuída na desnutrição. Esses dados nos levam a concluir que os animais desnutridos
e recuperados não conseguem eliminar a uréia excedente produzida.
70
Avaliação de parâmetros do perfil lipídico
Para colesterol total observamos diferença em função do estado nutricional, onde
os animais desnutridos apresentaram maiores valores que os animais controle e
recuperados. Diferente do que acontece com os animais desnutridos, onde não há
alteração, os animais controles e recuperados apresentam uma redução de ± 17% nos
níveis de colesterol. A literatura científica tem mostrado que o exercício físico,
geralmente, reduz os níveis de Colesterol Total, LDL, VLDL e TAG (Terao e cols.,
1989; Burneiko e cols., 2006) e eleva os níveis de HDL de ratos (Yu e cols., 1999;
Fletcher e cols., 2005) ou humanos (Banz e cols., 2003)
Para o HDL, onde houve diferença em função do estado nutricional, as
concentrações dos animais desnutridos foram maiores que dos animais recuperados e os
menores valores foram dos animais controle. A estatística mostrou ainda uma redução
em função do treinamento. Vale lembrar que o colesterol total nos animais controle e
recuperados apresentou uma redução na ordem de ± 17% e que a redução da fração
HDL dada pelo treinamento se deve principalmente à redução observada no colesterol
total. No grupo controle, a queda de ± 17% no colesterol total corresponderia na fração
HDL a um valor de 0,915 μmol/L de HDL, ou seja, esse valor de 1,07 μmol/L de HDL
significa proporcionalmente um aumento de 14,5% no grupo controle treinado. Já no
grupo recuperado, a redução do colesterol total e a conseqüente redução na fração HDL
não podem ser explicadas da mesma forma, pois o valor de 1,22 μmol/L de HDL está
11,3% abaixo do valor que deveria ser encontrado em proporção à redução do colesterol
total.
Para LDL e VLDL, o grupo desnutrido apresentou os maiores valores, seguido
do grupo controle e recuperado, assim, no grupo controle existe uma diminuição que
pode ser explicada pela diminuição do colesterol total. No desnutrido não há redução do
colesterol total, mas há redução dos triglicérides que pode ser explicada pela deficiente
síntese de lipoproteínas. Já os animais recuperados apresentaram uma queda nas
concentrações de LDL e VLDL e um aumento nas concentrações de HDL, a queda na
concentração de LDL e VLDL pode ser explicada pelo aumento nas concentrações das
HDL e não pela redução no colesterol total.
71
Diminuição nos níveis de Triglicérides no plasma dos animais desnutridos e
recuperados pode refletir em aumento nas concentrações desses no fígado, resultando
em fígado gorduroso. Os mecanismos que podem causar uma liberação prejudicada de
triglicérides incluem: síntese reduzida de ß-apoproteínas (Flores e cols., 1973); síntese
de lipoproteínas anormais; secreção prejudicada da ß-lipoproteína (Holub, 1982); e
oxidação prejudicada de ácidos graxos.
Os valores aumentados de Colesterol Total, HDL e outras frações nos animais
desnutridos podem ser explicados pela maior liberação de ácidos graxos do tecido
adiposo para a corrente sanguínea, decorrente da baixa da glicemia. Lewis e cols.
(1964), na tentativa de explicar o fígado gorduroso, levantaram essa hipótese e
explicaram que após a passagem pela corrente sanguínea, os lipídeos seriam
transferidos para o fígado. O maior peso de DT em relação à DS seria em função do
acúmulo de gordura no fígado.
A dieta para desnutrição aumentou o colesterol e, conseqüentemente, as suas
frações. Na circulação, o colesterol está associado às lipoproteínas plasmáticas: LDL,
HDL e VLDL. A metabolização dessas lipoproteínas depende de várias
apolipoproteínas, assim como a remoção dessas lipoproteínas da corrente sangüínea
depende de receptores protéicos presentes, principalmente, nas membranas dos
hepatócitos. Sugere-se que a deficiência na síntese protéica causada pela desnutrição
tenha comprometido a remoção do colesterol circulante, contribuindo para o aumento
do colesterol total no grupo desnutrido.
Acreditamos que o aumento nos níveis de HDL nos animais desnutridos refletiu
a tendência observada nos níveis de Colesterol Total, o que não ocorreu com o grupo
recuperado devido à redução dos níveis de outras frações de colesterol (LDL e VLDL).
Outras frações de colesterol não diminuíram no grupo controle e grupo desnutrido.
Avaliação da Paraoxonase, enzima envolvida na defesa antioxante do organismo
Observamos que atividade da paraoxonase foi maior no grupo RS do que no
grupo RT, que por sua vez foi maior que os grupos controles e os grupos desnutridos
72
apresentaram os menores valores. O HDL aumentado nos animais recuperados, em
relação aos controles, explica uma maior atividade da paraoxonase nos animais
recuperados. Por outro lado, a diminuição na atividade da paraoxonase nos animais
desnutridos não pode seguir o mesmo raciocínio, pois a concentração de HDL nos
animais desnutridos é maior que nos outros grupos, o que nos levaria a esperar uma
maior atividade de paraoxonase nos animais desnutridos, o que não ocorreu,
possivelmente pela deficiência na produção das proteínas necessárias para produzir a
partícula de HDL. Considerando que a paraoxonase está presente no HDL e que é uma
enzima necessária para um bom funcionamento do HDL, podemos concluir que a HDL
dos animais desnutridos é de qualidade inferior, podendo predispor os animais,
inclusive, ao aparecimento de arteriosclerose. Essa conclusão é corroborada ainda pelos
valores de HDL dos animais recuperados que tem maiores valores que o grupo controle
e, conseqüentemente, maiores valores de paraoxonase. A conclusão que as HDLs dos
animais desnutridos do presente experimento são de baixa qualidade pode ser obtida
pela análise da expressão dessa enzima.
Avaliação do baço e adrenal
Os animais desnutridos apresentaram menores pesos da adrenal e menores pesos
relativos da adrenal. De acordo com (Marcondes e cols. (1976)) os animais recuperados
deveriam apresentar maiores valores que os animais controle, entretanto, no presente
experimento isso não ocorreu, possivelmente porque não houve aumento da eosinofilia
em nossos animais. Como o peso da glândula adrenal variou unicamente em função do
estado nutricional, postulamos que nosso protocolo de exercício, de baixo volume e
baixa intensidade, é adequado mesmo para animais desnutridos. Mela & Kris-Etherton
(1984) relatam que já havia um grande número de estudos que apontavam o aumento da
glândula adrenal em protocolos de exercício forçado como o de esteira e o de natação e
mesmo exercício voluntário. O aumento dessa glândula indicaria que o protocolo de
exercício foi estressante. (Mela & Kris-Etherton, 1984)
73
O peso do baço seguiu o resultado da adrenal, onde os animais controle
apresentaram valores próximos aos recuperados e os animais desnutridos apresentaram
os menores valores. Para o peso relativo, os valores dos animais recuperados foram
maiores, seguidos do controle e os menores valores foram dos desnutridos. O peso
relativo do baço nos recuperados foi maior que o grupo controle, indicando que pode
existir um aumento do baço e que esse aumento tem correspondência principalmente
com o aumento da fração das globulinas. O baço, por ser um órgão rico, em linfócitos T
e B, e sendo que o linfócito B se diferencia em plasmócito e este é a célula produtora de
gamaglobulina, é esperado o aumento do tamanho relativo do baço no grupo
recuperado, o que não ocorre com o desnutrido porque faltam substratos para síntese
protéica. Não encontramos informações sobre o peso do baço de animais submetidos a
condições experimentais semelhantes às nossas.
Avaliação do músculo cardíaco e dos músculos esqueléticos sóleo e ELD
Os resultados de peso do sóleo e ELD variam da mesma forma, os animais
recuperados apresentam maiores valores absolutos e relativos, enquanto os valores dos
animais do grupo controle são maiores em valores absolutos e menores em valores
relativos que os animais do grupo desnutrido. Esses dados corroboram os achados de
Oldfors & Sourander (1985) para animais controle e desnutrido.
Oldfors & Sourander (1985) estudaram o efeito do exercício na prevenção da
atrofia dos músculos sóleo e EDL em ratos submetidos à desnutrição. Eles observaram
que a diferença no tamanho dos dois músculos quando comparados em si, foram
menores nos animais desnutridos exercitados e a diferença foi mais evidente nas fibras
tipo 2 do que nas fibras tipo 1, tanto no ELD (contração rápida) quanto no sóleo
(contração lenta). Houve também uma maior perda de peso no ELD, que tem
predominância de fibras do tipo 2, diferente do sóleo, que é composto principalmente
por fibras do tipo 1. Os ratos sedentários também apresentaram perdas de mitocôndrias.
Portanto, a predominância do tipo de fibra determina qual músculo vai atrofiar mais na
desnutrição. A explicação para a diferença seria a tonicidade do sóleo, que o protegeria
74
da atrofia e também a sobrecarga do peso corporal do animal durante a corrida. O
exercício não só protegeu o músculo da atrofia, como também da perda de
mitocôndrias, que já foi descrita em animais desnutridos (Hansen-Smith e cols 1977,
Oldfors e cols. 1983). O exercício também protege os músculos da perda de enzimas
respiratórias em animais desnutridos (Fuge e cols 1968).
Como nossos resultados são semelhantes para animais desnutridos e controles,
somos levados a acreditar que o aumento no metabolismo geral, imposto pela atividade,
pode ser o fator gerador da proteção, mais do que a participação do músculo no
movimento da natação ou o fato de suportar a sobrecarga do peso corporal na corrida.
75
7. CONCLUSÕES
O treinamento promoveu maior ganho de peso pelos animais desnutridos.
O protocolo de recuperação nutricional foi eficiente em promover a recuperação
do peso dos animais recuperados sedentários, mas o treinamento não alterou esse
quadro. O maior ganho de peso nos animais recuperados foi gerado pela maior
eficiência alimentar.
Considerando as atividades da aminotransferases, fosfatase alcalina e globulinas,
os dados sugerem um comprometimento hepático nos animais desnutridos, fato que não
ocorreu nos animais recuperados.
A elevação das concentrações de uréia sérica sugerem que tanto os animais
desnutridos, quanto os recuperados apresentaram comprometimento da função renal.
As concentrações de colesterol total e das frações de colesterol foram maiores
nos animais desnutridos. O treinamento reduziu a fração de colesterol HDL,
aparentemente decorrente de uma tendência à redução do colesterol total observado para
os grupos controle e recuperado, mas não para os animais desnutridos. Considerando o
perfil lipídico, nossos dados sugerem que o treinamento pode ser benéfico para animais
que receberam dieta normoprotéica, mesmo tendo sido submetido anteriormente à
desnutrição.
Os resultados para atividade da Paraoxonase sugerem que animais desnutridos
podem apresentar proteção antioxidante, esperada para as HDLs, comprometida.
A avaliação do peso da adrenal sugere que o protocolo de exercício utilizado não
foi estressante mesmo para animais desnutridos.
76
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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89
9. ANEXOS
a) Especificações dos espectrofotômetros utilizados
Espectrofotômetro Femto 600 PLUS
Espectrofotômetro Femto 700s
b) Bulas utilizadas para dosagens bioquímicas
Albumina
Colesterol HDL
Colesterol Total
Creatinina
Fosfatase Alcalina (ALP)
Glicose
Hemoglobina
Proteínas Totais
Transaminase glutâmico-oxalacética (TGO)
Transaminase glutâmico-pirúvica (TGP)
Triglicérides
Uréia
Espectrofotômetro 600 PLUS
Especificações Principais
• Faixa espectral: 325 a 1100 nm
• Largura de banda: 8 nm
• Display 16 caracteres, 2 linhas LCD
• Teclado tipo membrana, 15 teclas
• Função Go to
• Ajuste automático de 100.0 %T ou .000 Abs
• Programável:
- Regressão linear simples
- Armazena até 180 curvas de calibração
• Compartimento de amostras:
- Permite percurso ótico de 0,1 até 100 mm
- Carrinho manual para 3 posições
• Interface RS 232C
• Porta paralela Centronics
• Alimentação: Comutação Automática de Voltagem com fonte
chaveada, 117 e/ou 220 V (± 10%)
• Membrana do painel, Manual de Instalação e Uso em português
Outras Especificações
• Painel e tampa do compartimento de amostras em aço inox
• Banco ótico em alumínio fundido
• Monocromador com rede de difração 1200 linhas/mm
• Filtros óticos para seleção da segunda ordem
• 05 filtros com troca automática. Resistente a fungos
• Comprimento de onda
- Resolução: 1 nm
- Exatidão: melhor ou igual a 2 nm
• Lâmpada de tungstênio-halogênio
• Faixa fotométrica:
- Transmitância: 0 a 200.0 %T
- Absorbância: -0.1 a 2.5 Abs
- Concentração: 0 a 9999
• Exatidão fotométrica: 0.003 Abs de 0.0 a 0.3 Abs
• Ruído fotométrico: 0.001 Abs em 0 Abs
• Desvio fotométrico: 0.003 Abs/hora
• Luz espúria: 0.1 %T em 340 nm
• Potência: 90 VA
• Dimensões: 330 x 320 x 180 mm (l x c x h)
• Peso líquido: 8,5 kg
Acompanha:
• Suporte para 03 cubetas quadradas, 10 mm
• Manual de Instalação e Uso em português
• Capa de proteção
Espectrofotômetro 700S
Especificações Principais
• Faixa espectral: 200 a 1100 nm.
• Largura de banda: 7 nm.
• Display 16 caracteres, 2 linhas LCD.
• Teclado tipo membrana, 15 teclas.
• Ajuste de 100,0% T ou ,000Abs automático.
• Programável:
- Regressão linear simples
- Armazena 5 curvas, com até 9 pontos de calibração.
• Compartimento de amostra:
- Permite percurso ótico de 0,1 a 100 mm.
- Carrinho manual, 3 posições.
• Interface RS 232C
• Alimentação: comutação automática de voltagem, com fonte chaveada
voltagem 117 e/ou 220 V(±10%).
Outras Especificações
• Painel e tampa do compartimento de amostras em aço inox
• Banco ótico em alumínio fundido
• Monocromador: com rede de difração 1200 linhas/mm
• Filtros óticos para seleção da segunda ordem:
• 5 filtros com troca automática. Resistente a fungos
• Comprimento de Onda:
- Contador digital
- Resolução 1nm
- Reprodutibilidade 0,5 nm
- Exatidão melhor ou igual a 2nm
• Lâmpada. de tungstênio-halogênio. Vida útil aproximadamente 2000 horas
• Lâmpada de deutério
• Faixa fotométrica:
- Transmitância: 0 a 200.0 %T
- Absorbância: -0.1 a 2.5 Abs
- Concentração: 0 a 9999
• Exatidão fotométrica: 0.003 Abs. de 0.0 a 0.3 Abs.
• Ruído fotométrico: 0.001 Abs. a 0.0 Abs.
• Desvio fotométrico: 0.003 Abs./hora.
• Luz espúria: 0.1 %T em 340 nm (NaNO ).
2
• Potencia: 120 VA.
• Dimensões: 330 mm largura x 380 mm comprimento x 180 mm altura
• Peso líquido: 10 kg
Acompanha:
• Suporte para 3 cubetas quadradas de 10 mm.
• Manual de Instalação e Uso em Português
• Capa de Proteção
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