Download PDF
ads:
CARLOS EDDY VALDEZ SALAZAR
AVALIAÇÃO ATRAVÉS DA INSPEÇÃO MAGNÉTICA DA
CONDIÇÃO SUPERFICIAL DE ANÉIS DE ROLAMENTO DE AÇO
DIN 100Cr6 APÓS TORNEAMENTO DURO A SECO
Tese de Doutorado apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo
para a obtenção do título de Doutor em
Engenharia.
São Paulo
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CARLOS EDDY VALDEZ SALAZAR
AVALIAÇÃO ATRAVÉS DA INSPEÇÃO MAGNÉTICA DA
CONDIÇÃO SUPERFICIAL DE ANÉIS DE ROLAMENTO DE AÇO
DIN 100Cr6 APÓS TORNEAMENTO DURO A SECO
Tese de Doutorado apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo para
a obtenção do título de Doutor em Engenharia.
Área de Concentração:
Engenharia Mecânica
Orientador:
Linilson Rodrigues Padovese
São Paulo
2008
ads:
Este exemplar foi revisado e alterado em ralação à versão original, sob responsabilidade
única do autor e com a anuência do seu orientador.
São Paulo, 01 de Novembro de 2008
Assinatura do autor
Assinatura do orientador
FICHA CATALOGRÁFICA
Valdéz, Carlos Eddy Salazar.
Avaliação através da inspeção magnética da condição superficial de
anéis de rolamento de aço DIN 100Cr6 após torneamento duro a seco.
P160 + anexos
Tese (Doutorado)
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Departamento de Engenharia Mecânica.
1. Processos de fabricação 2. Tensão Residual 3. Ens
aios Magnéticos não
destrutivos 4. Ruído Magnético de Barkhausen
DEDICATÓRIA
Dedico este trabajo a mi familia (padres, hermanos e hijo)
"O homem encontra a Deus atrás de cada porta que a ciência logra abrir."
- Albert Einstein
"A ciência se compõe de erros, que, por sua vez, são os passos para a verdade.”
- Julio Verne
“As grandes coisas são feitas por pessoas que tem grandes idéias e saem pelo mundo para
fazer com que seus sonhos se tornem realidades.”
- Ernest Holmes
“O sucesso da vida significa unicamente insistência e ação.
- Emerson
“Competência, planejamento, determinação, espírito de equipe e amor são as qualidades
essenciais para ser dono do futuro. Mas também é preciso ter fé, acreditar.”
- Roberto Schinyashiki
"Só existem dois dias no ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se
chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente
viver."
- Dalai Lama
AGRADECIMENTOS
Ao Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, onde pude aperfeiçoar-me profissionalmente ao longo destes anos.
Ao senhor orientador, Prof. Dr. Linilson Rodrigues Padovese, pela oportunidade
concedida e pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
apoio financeiro que tornou viável a minha permanência nesta escola.
À empresa FAG pelo material, equipamentos e pessoal técnico fornecido para a
realização dos ensaios de torneamento duro.
A minha mãe, Dona Vilma, e meu pai, Don Carlos, que me apoiaram e motivaram
incondicionalmente nos momentos difíceis, pelo exemplo de coragem e amor que
sempre me mostraram, e por compartilhar da minha felicidade nas minhas conquistas.
A meus irmãos Wilber e Luis, pela confiança, companheirismo e força, mostrados em
todo momento.
A minha tia Matilde de Valdez, meus primos Eng. Edgardo e Gustavo Valdez, a meus
tios Eng. Freddy Manrique e Lc. Ivie de Manrique, as minhas tias Gloria, Esperanza, e
Betty Salazar e Lc. Carmen Manrique, a minhas primas Karina e Viviana Manrique, e a
minhas amigas MSc. Mishene Pinheiro e Diana Oropeza P., pelo carinho,
companheirismo e alento nos momentos mais difíceis de minha vida.
A minha amiga Eng. Blanca Antequera, que, com seu carinho, conhecimentos e
alegria, me motivou a finalizar este trabalho.
Aos técnicos e professores dos departamentos de Engenharia Mecânica e Engenharia
Metalúrgica e de Materiais do Centro Universitário da FEI.
Aos técnicos, professores, funcionários e amigos da EPUSP e do IF, em especial aos
meus colegas do LADIN, pelo companheirismo, amizade e colaboração mútua.
A todas as pessoas e amigos que de uma forma ou de outra contribuíram no
desenvolvimento deste trabalho.
A Deus por ter-me dado vida para trabalhar neste desafio.
RESUMO
O presente trabalho visa apresentar informações que viabilizem a fabricação de componentes
de rolamentos com limites superiores de resistência à fadiga, com a intenção de proporcionar
uma vida útil maior ao rolamento, e, também, a otimização da fabricação das peças,
dispensando em alguns casos o processo final e usual de retificação, o que implica uma
redução de custos. As motivações deste estudo o a geração de altas tensões residuais
compressivas no torneamento duro-seco a altas velocidades, a aplicação do RMB como
técnica de medição das tensões residuais em aço 100CrMn6 e a otimização da
qualidade/custos na fabricação de rolamentos. Para atingir essas metas, será estudada a
influência dos parâmetros da usinagem (velocidade de corte (V
c
), avanço (a), penetração (p) e
desgaste da ferramenta (VB)) na geração das tensões residuais superficiais (σ
R
) e sobre as
forças de torneamento (F
c
, F
a
, F
p
), em anéis internos de rolamentos cônicos de aço DIN
100CrMn6 endurecidos termicamente, procurando-se estabelecer uma correlação entre o
desgaste da ferramenta e os referidos esforços e tensões residuais. Na etapa experimental, será
utilizado um planejamento fatorial completo para executar os ensaios e medições projetadas.
No ensaio de torneamento, serão medidas as forças de corte utilizando-se, para isso, um
dinamômetro piezoelétrico. Em seguida, serão efetuadas medições de rugosidade. Também
será realizado o estudo da microestrutura através da análise metalográfica. As tensões
residuais serão medidas utilizando-se o método do furo-cego com extensometria elétrica, e as
medidas das alterações microestruturais superficiais serão realizadas pela técnica do Ruído
Magnético de Barkhausen (RMB). Serão correlacionados os valores de tensão residual
obtidos pela técnica do furo com o RMB.
Palavras-chave: torneamento a altas velocidades; torneamento duro; desgaste da ferramenta,
tensões residuais; forças de usinagem, ruído magnético de Barkhausen.
ABSTRACT
The present work presents information for the manufacturing of ball bearings components
with higher limits of resistance to fatigue, enabling a longer useful life and also the
optimization of the production of the pieces, making the usual and final process of grinding
unnecessary, which would result in a costs reduction. The motivations of this study are the
generation of compressive high residual stress in the hard-dry turning at high speeds, the
application of the MBN as technique of measurement of the residual stress in steel
100CrMn6, and the optimization of the quality/costs in the manufacturing of ball bearings. In
order to achieve these purpose, the work will study the influence of the machining parameters
(cutting speed (Vc), feed rate (a), depth of cut (p), and wear of tool (VB)) in the generation of
the superficial residual tensions and also the turning forces (Fc, Fa, Fp), in internal conical
rings of ball bearings of steel 100CrMn6 thermally hardened, seeking to find a correlation
between the stress of the tool and the referred efforts. In the experimental phase, a complete
factorial planning will be used to perform the tests and measurements projected. In the turning
tests, the cutting forces will be measured using a piezoelectric dynamometer. After that,
measurements of superficial roughness will be performed. Also, the study of the
microstructure will be made through the metallographic analysis. The residual tensions will be
measured using the strain gage hole-drilling method and the measurement of the superficial
microestrutural alterations will be carried out using the technical of the magnetic Barkhausen
noise (MBN). The values of residual tension obtained by the hole-drilling will be correlated
with the RMB.
Keywords: high speed turning; hard turning; tool wear, residual stress; machining forces,
magnetic Barkhausen noise
SUMARIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SIMBOLOS
Capitulo 1 .- Introdução 01
1.1 Justificativa 04
1.2 Objetivos desta tese 06
Capitulo 2 Revisão da literatura 08
2.1 Usinagem 08
2.1.1 Usinagem a alta velocidade 09
2.1.1.1 Vantagens técnicas do processo usinagem a altas velocidades 11
2.1.1.2 Desvantagens técnicas do processo usinagem a altas velocidades 12
2.1.2 Torneamento com altas velocidades de corte 12
2.1.3 Torneamento a seco 14
2.2 Ferramenta de corte 15
2.2.1 Ferramentas de Nitreto de boro cúbico policristalino 18
2.3 Integridade Superficial 20
2.3.1 Topografia da superfície 24
2.3.2 Camada branca 26
2.3.3 Tensão residual 27
2.3.3.1 Classificação das Tensões Residuais 32
2.3.3.2 Medição de tensões residuais 34
2.3.3.3 Técnicas para medição de tensões residuais 36
2.3.3.4 Resumo histórico da Técnica do Furo 42
2.3.3.5. Princípios fundamentais da técnica do furo 44
2.3.3.5.1 Furos Passantes 44
2.3.3.5.2 Furos Cegos 47
2.3.3.5.3 Técnica do Furo Incremental (TFI) 51
2.3.3.6 Produção de tensões residuais na usinagem 53
2.3.3.7 Tensões residuais no processo de torneamento 54
2.4 Fundamentos do Ruído Magnético de Barkhausen 56
2.4.1 Efeito Barkhausen 59
2.4.2 Freqüência de excitação no RMB 62
2.4.3 Intensidade de magnetização no RMB 63
2.4.4 Efeito da microestrutura no RMB 63
2.4.5 Tensões mecânicas e tensões residuais no RMB 64
Capitulo 3 - Projeto Experimental 67
Metodologia 67
Procedimento Experimental 68
3.1 Torneamento Duro 68
3.1.1 Planejamento Experimental 68
3.1.2 Condições de ensaio 69
3.1.3 Máquina-Ferramenta 71
3.3.4 Corpos de prova 71
3.3.5 Ferramenta de Corte 74
3.3.6 Porta Ferramenta 75
3.3.7 Transdutor para a medida dos esforços de usinagem 75
3.3.8 Sistema ferramenta-transdutor-inserto 75
3.4 Medição da Rugosidade 76
3.5 Caracterização Microscópica 77
3.6 Medida das Tensões Residuais – Método do Furo Cego 80
3.7 Medidas do Ruído Magnético de Barkhausen 83
3.7.1 Sonda para medição de RMB 85
3.7.2 Processamento de sinais do ruído magnético de Barkhausen 87
Capitulo 4 Resultados experimentais - analise
90
4.1 Dureza inicial das amostras 90
4.2 Forças de usinagem 91
4.3 Rugosidade 97
4.4 Ferramenta de corte CBN 103
4.5 Microestrutura dos corpos de prova 108
4.6 Tensões residuais 119
4.7 Ruído Magnético de Barkhausen 136
Capitulo 5 Conclusões 150
Capitulo 6 Referências bibliográficas 151
Anexos 161
Anexo 01: Classificação da ferramenta usada nos ensaios de torneamento duro
(Sandvik Coromant, 2002)
161
Anexo 02: Classificação da Porta ferramenta utilizada nos ensaios de torneamento
duro (Sandvik Coromant, 2002).
162
Anexo 03: Especificações do transdutor piezoelétrico. (PCB-260A01 da PCB
Piezotronics)
163
LISTA DE FIGURAS
N
o
Descrição
Página
2.1 Diagrama das
(SCHULZ, 1997).
10
2.2 Variação da temperatura em função da velocidade de corte (SCHULZ,
1999).
11
2.3 Velocidades de corte convencional e HSM (MULLER e SOTO, 1999) 13
2.4 Diagrama de dureza-tenacidade dos materiais de ferramentas de corte
(Adaptado de SANDVICK COROMANT, 1994).
17
2.5 Representação esquemática dos componentes da integridade superficial
(ALVAREZ, 2006).
21
2.6 Efeitos da usinagem na integridade de superfície (HIOKI, 2006). 23
2.7 Mecanismos básicos de geração de tensões residuais em diferentes
processos de fabricação e beneficiamento, (PITELLA, 2003)
30
2.8 Esquema da interação térmico-mecânico-metalúrgico na geração da
s
tensões residuais (SIMON, 1997).
32
2.9 Representação esquemática da categorização das tensões residuais, segundo
a escola alemã (MACHERAUCH et al, 1973, KANDIL, 2001).
33
2.10 Representação por anéis deformados do efeito do alívio de tensões, quando
aplicado o método do furo (PITELLA 2003).
38
2.11 Placa com furo sujeita a um estado plano de tensões 45
2.12 Geometria de uma roseta extensômetros horária [3 elementos] (ASTM E
837, 1999).
46
2.13 a) Relaxação de deformação (VISHAY, 1993) ; b) Verificação dos
resultados das medições, segundo ASTM E 837, para campos de tensão
uniformes em profundidade (ASTM, 1994).
49
2.14 Princípio da técnica do furo incremental (TFI). 51
2.15 Geração das tensões residuais nos processos de usinagem (,).
54
2.16 Origem da tensão residual em superfícies usinadas (BETCK, 1993) 56
2.17 Paredes de domínios magnéticos num material ferromagnético 57
2.18 A curva de histerese 58
2.19 Durante a magnetização é gerada a emissão do RMB como conseqüência
dos incrementos abruptos na indução magnética
60
2.20 Variação de valor máximo do RMB em função do teor de carbono, para dois
valores diferentes de taxa de campo magnético (CAPÓ-SANCHEZ et al.,
2004).
64
2.21 Influencia da tração e a compressão no alinhamento dos domíni
os e seu
efeito no RMB
65
2.22 Resposta do sinal de RMB em função da tensão (aplicada ou residual) 65
3.1 Codificação das amostras (anéis cônicos internos de rolamento) 69
3.2 Máquina ferramenta usada nos experimentos 71
3.3 Esquema do corpo de prova do ensaio de torneamento 72
3.4 Fotos das peças após ensaio de usinagem: a) fixada no torno; b)
identificação com eletro-caneta.
72
3.5 Micrografia do Aço 100Cr6 antes da usinagem, com aumento de 200 vezes.
73
3.6 Ciclo de tratamento térmico do aço AISI 52100 74
3.7 Transdutor piezoelétrico triaxial PCB-260A01 da PCB Piezotronics 75
3.8 Desenho de montagem do sistema ferramenta – transdutor - inserto 76
3.9 Detalhes do sistema ferramenta – transdutor – inserto, em usinagem 76
3.10 (a) Rugosímetro Surftest SJ–201P Mitutoyo; (b) Dispositivo de nivelação
do anel cônico para medição da rugosidade.
77
3.11 Máquina de desbaste, lixamento e polimento automática Abramin
Struers
79
3.12 Equipamento usado para a micrografia 79
3.13 (a) Configuração da instrumentação indicada pela Vishay. (b) Quadro de
registro das deformações.
80
3.14 Fresa de carbide – alta rotação: FG 39 - KG Sorensen 81
3.15 Fresadora pneumática SR 200 – Vishay 82
3.16 Medidor de Microdeformações P3 – Vishay 82
3.17 (a) Vista
dos suportes e do microscópio (luneta) utilizados na fixação dos
anéis; (b) Equipamento completo sendo usado durante o ensaio
83
3.18 Esquema da cadeia de medição do sinal Barkhausen 84
3.19 Sistema de medição de ruído magnético de Barkhausen utilizado 84
3.20 (a) componentes do dispositivo de fixação giratório, (b) montagem previa à
medição do RMB
85
3.21 Sonda (a) completa e (b) ampliação (mostra mais a detalhe o sensor
comercial).
86
3.22 Interface usuário do software MBNTool 88
4.1 Dureza inicial dos anéis internos de rolamento 91
4.2 Componentes da Força de usinagem total: forças de avanço, força de corte e
força de penetração.
91
4.3 Curvas das forças de usinagem em cada condição de usinagem 90
4.4 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre o esforço de usinagem quando se
usa ferramenta nova
93
4.5
Efeito dos parâmetros de usinagem sobre o esforço de usinagem quando a
ferramenta tem 2000 m de uso
93
4.6
Efeito dos parâmetros de usinagem sobre o esforço de usinagem quando a
ferramenta tem 4000 m de uso
94
4.7
Efeito dos parâmetros de usinagem sobre o esforço de usinagem quando a
ferramenta tem 6000 m de uso
94
4.8
Efeito dos parâmetros de usinagem sobre o esforço de usinagem quando a
ferramenta tem 8000 m de uso
95
4.9 Perfiles de rugosidade em Ra da superfície das amostras depois de torneadas
97
4.10 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade quando se usa
ferramenta nova
98
4.11 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade quando a ferramenta
tem 2000 m de uso
99
4.12 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade quando a ferramenta
tem 4000 m de uso
100
4.13 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade quando a ferramenta
tem 6000 m de uso
101
4.14 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre
a rugosidade quando a ferramenta
tem 8000 m de uso
102
4.15 Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (1) v
c
1,f1,a
p
1 ; (2) v
c
2,f1,a
p
1
104
4.16 Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (3) v
c
1,f2,a
p
1 ; (4) v
c
2,f2,a
p
1
105
4.17 Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (5) v
c
1,f1a
p
2 ; (6) v
c
2,f1,a
p
2
106
4.18 Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (7) v
c
1,f2,a
p
2 ; (8) v
c
2,f2,a
p
2
107
4.19 Micrografia (200 X) da peça usinada na condição de standard 108
4.20 Micrografia 500 x – Condição de usinagem 1 109
4.21
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 2
110
4.22
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 3
111
4.23
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 4
112
4.24
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 5
113
4.25
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 6
114
4.26
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 7
115
4.27
Micrografia 500 x – Condição de usinagem 8
116
4.28 Espessura da camada branca nas peças usinadas 118
4.29 (a) Condição Temperado e revenido; (b) –Condição Standard: v
c-s
: 100
m/min; f
s
: 0,1 mm/rot; a
p-s
: 0,3 mm
119
4.30
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 1
120
4.31
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 2
121
4.32 Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 3 122
4.33
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 4
123
4.34
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 5
124
4.35
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 6
125
4.36
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 7
126
4.37
Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 8
127
4.38 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual quando a
ferramenta estava nova (0 m de uso)
129
4.39 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual quando a
ferramenta tem 2000 m de uso
132
4.40 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual quando a
ferramenta tem 4000 m de uso
133
4.41 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual quando a
ferramenta tem 6000 m de uso
134
4.42 Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual quando a
ferramenta tem 8000 m de uso
135
4.43 Componentes do Yoke: (a) Núcleo de FeSi (laminado), (b) Bobina de
excitação
136
4.44 Apresentação dos níveis de Vrms do sinal de RMB, por condição de
usinagem
4.45 Efeitos dos parâmetros de usinagem sobre o Vrms do RMB com a
velocidade de corte fixada em Vc1: 150 m/min
138
4.46 Efeitos dos parâmetros de usinagem sobre o Vrms do RMB com a
velocidade de corte fixada em Vc2: 210 m/min.
139
4.47 Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 0
de
usinagem
141
4.48 Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 1
de
usinagem
142
4.49 Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 2
de
usinagem
143
4.50 Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 3
de
usinagem
144
4.51 Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 4
de
usinagem
145
4.52
Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 5
de
usinagem
146
4.53
Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 6
de
usinagem
147
4.54
Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 7
de
usinagem
148
4.54
Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 8
de
usinagem
149
LISTA DE TABELAS
N
o
Descrição
Página
2.1 Classificação dos processos de usinagem 08
2.2 Variáveis que influenciam na usinagem a seco 15
2.3 Mudanças superficiais devido à energia aplicada durante a fabricação de
peças (,)
22
2.4 Fontes que podem originar tensões residuais (Simon, 1997) 31
2.5 Origens de Tensões Residuais (Campos, 2006) 31
2.6 Produção de tensões residuais (Physique & Industrie, 2006) 31
2.7 Comparação geral de diferentes técnicas de medição de tensões residuais
(Lu, 1996)
39
2.8 Comparação de diferentes técnicas de medição de tensões residuais
considerando os problemas do material e os problemas geométricos da
região a ser analisada (Lu, 1996).
40
2.9 Aplicabilidade de cada cnica de medição de tensões residuais para
materiais freqüentemente encontrados na indústria (Lu, 1996).
41
3.1 Parâmetros de corte do ensaio de torneamento 70
3.2 Condições do ensaio de torneamento 70
3.3 Faixas de variação dos elementos do aço DIN 100Cr6 72
3.4 Características do tratamento térmico do aço DIN 100Cr6 73
3.5 Característica da sonda utilizada 86
4.1 Valores das médias do Vrms do RMB: todas as condições de ensaio 136
LISTA DE SÍMBOLOS
Letras Latinas
Símbolo Descrição
a
p
Profundidade de corte mm
B Indução magnética T
B
m
Indução máxima T
B
r
Indução de remanescência T
CBN Nitreto de boro cúbico
DM Dry machining – usinagem a seco
f Avanço Mm/rot
f Freqüência Hz-
F
c
Força de corte N
F
a
Força de avanço N
F
p
Força de penetração N
F
U
Força de usinagem total N
HRc Dureza Rockwell C
HSM High speed machining – usinagem altas velocidades
h
min
Espessura mínima de usinagem
H Campo magnético A/m
Hc Campo coercitivo A/m
HT Hard turning – Torneamento duro
Lc Percurso de corte m
n Número de volas
N Número de sinais
PCD Diamante cúbico policristalino
Ra Rugosidade media
µm
RMB Ruído magnético de Barkhausen
r
ε
Raio de ponta de ferramenta mm
rms Valor médio quadrático
T Temperatura °C
t Tempo S
v
c
Velocidade de corte m/min
VB Desgaste de flanco mm
V Tensão elétrica V
Z Profundidade do furo
µm
Letras Gregas
Símbolo
Descrição
ε
1,
ε
2,
ε
3
Deformações medidas pelos extensômetros nas direções 1, 2, 3.
µm
ε
r
Deformação radial
µm
ε
Deformação específica -
δ
Profundidade da camada superficial na qual o campo magnético é
atenuado em até 1/e (e = base neperiana) do valor na superfície;
γ
Ângulo de saída do cavaco
o
µ
0
Permeabilidade no vácuo
µ
r
Permeabilidade relativa
σ
Condutividade elétrica do material
σ
I
Tensão residual de primeira ordem MPa
σ
II
Tensão residual de segunda ordem
σ
III
Tensão residual de terceira ordem
σ
c
Tensão residual circunferêncial MPa
σ
l
Tensão residual longitudinal MPa
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é uma ampliação da tese de doutorado desenvolvida pelo Prof. Dr.
Sergio Delijaicov: “Modelagem das tensões residuais no processo de torneamento duro de um
aço 100CrMn6 e suas correlações com os esforços de corte”. Neste estudo usaram-se
ferramentas de corte novas - de nitreto de boro cúbico (CBN) -, anéis de aço DIN 100CrMn6
usinados em um processo de torneamento “duro, a seco e a altas velocidades”. Além disso, foi
empregada a técnica do Furo Cego na medição das tensões residuais geradas nas peças pela
usinagem.
Os resultados apresentados na tese do Prof. Delijaicov mostraram que os parâmetros
avanço de corte (f) e profundidade de corte (a
p
) são os mais significativos na geração das
tensões residuais (σ
R
) e no valor da força de penetração (F
p
). Verificou-se, ainda, que o
principal fator de influência nas tensões residuais é a força de penetração, e estabeleceu-se,
assim, uma correlação entre essas grandezas. A microestrutura da amostra torneada não
apresentava variações superficiais, nem subsuperficiais nas condições de usinagem
preestabelecidas (parâmetros e ferramentas).
Ademais, observou-se no referido estudo do Prof. Delijaicov que a execução organizada
da investigação acadêmica de temas tecnológicos, em pareceria com o setor industrial,
possibilita o conhecimento de dados que podem indicar melhorias na qualidade e na
fabricação de seus produtos. Neste sentido, a revisão do estado de arte industrial e acadêmico
da usinagem de pistas de rolamentos e das técnicas de ensaios não destrutivos mostrou a
importância destes assuntos na atualidade. Sendo assim, a consideração das propostas de
trabalhos futuros, presentes na do Prof. Delijaicov, conduziram à definição dos objetivos deste
projeto. Pois, o estudo dos assuntos aqui envolvidos é de importância econômica, científica e
2
social. Assim, eles serão explicitados sucintamente, ao longo da seqüência evolutiva deste
trabalho.
Quanto aos assuntos que serão abordados, um deles é a usinabilidade dos materiais. Esta é
uma propriedade que depende da interação entre o processo de fabricação e as características
do material da peça. Ela é difícil de ser determinada, pois depende de diversos fatores
envolvidos nos processos de usinagem, ou seja, parâmetros de usinagem, tipos de
ferramentas, máquinas operatrizes e fluidos de corte (quando utilizados). Por isso, observa-se
que cada material apresenta condições particulares que ditam as normas mais adequadas de
usinagem.
A respeito do desenvolvimento industrial para processos de usinagem, há atualmente duas
tendências principais: A usinagem a seco (DM) e a usinagem a altas velocidades de corte
(HSM). Nestes processos tem-se maior geração de calor na região de corte, fato que exige o
uso de ferramentas especiais, com revestimentos mais resistentes ao desgaste provocado pelas
elevadas temperaturas (isolamento térmico entre o substrato e o cavaco), o que aumenta a vida
útil das ferramentas (CSELLE e BARIMAI, 1995).
O uso ou não do fluido de corte também terá forte influência sobre o desgaste da
ferramenta e sobre a qualidade superficial das peças usinadas. Isso porque, o fluido tem a
função de minimizar a carga térmica na interface peça-ferramenta e de auxiliar na eliminação
de cavacos. Desta forma, aumenta a vida útil da ferramenta e, conseqüentemente, a taxa
produção, quando comparadas ao que ocorre na usinagem a seco (TONSHOLL et al., 1995;
KUSTAS et al., 1997). No entanto, em alguns casos, o o se usa fluidos de corte aquosos
quando se utilizam ferramentas de PCD, CBN e cerâmicas, que possuem maior resistência ao
calor, porém baixa resistência aos choques térmicos. Além disso, a necessidade de redução
dos custos logísticos (compra-armazenamento-descarte do fluido), assim como o rigor das
novas legislações ambientais e a maior consciência ecológica de indústrias e usuários, está
orientando as empresas metal-mecânicas à produção via usinagem a seco (OLIVEIRA, 2003;
MICARONI, 2001; SCANDIFFIO, 2000).
3
No caso da usinagem de peças de aços endurecidos, em uma produção seriada, as
operações de acabamento através do torneamento, no intento de evitar o processo de
retificação, reduziriam consideravelmente o tempo e os custos de fabricação, possibilitando,
em alguns casos, a redução desses dois fatores em até 60% (MOMPER, 2000). Segundo
Abrão e colaboradores (1996), as forças de corte na usinagem de materiais endurecidos são de
30% a 60% maiores do que aquelas desenvolvidas quando se usinam materiais de menor
dureza, o que exige uma escolha cuidadosa do tipo e da geometria da ferramenta de corte.
Ainda em relação à ferramenta, a ão de sua ponta contra a peça durante o torneamento
gera uma deformação plástica na região de corte do material usinado. Além disso, os atritos
nas interfaces ferramenta-cavaco e cavaco-peça geram variações térmicas de tais níveis, que
chegam a provocar transformações metalúrgicas na superfície e subsuperfície da peça.
(BRINKSMEIER et al. 1992). Uma camada fina de martensita, conhecida como camada
branca, pode ser gerada pelas altas temperaturas e o pido resfriamento na região de corte,
devido à re-têmpera do material da superfície da peça (TÖENSHOFF, 1994). O desgaste da
ferramenta é um dos principais fatores na formação desta microestrutura nos os usinados,
pois gera o aumento da temperatura na região de corte (LIU e BARASH, 1976 e FLEMING et
al., 1998). Por outro lado, o processo de torneamento em materiais endurecidos provoca
tensões residuais de compressão em camadas superficiais e subsuperficiais da peça de
trabalho, e aumenta, assim, a sua resistência à fadiga (MATSUMOTO et al., 1999).
Na atualidade dispõe-se de vários métodos de medição das tensões residuais, tais como:
difração de raios-X, mecânicos, ultra-som, eletromagnéticos, etc.; sendo que os mais
utilizados nos meios acadêmicos e industriais são a difração de raios-X e a técnica do furo
com rosetas extensométricas elétricas, em virtude de seu alto grau de desenvolvimento
tecnológico (DELIJAICOV, 2004). Uma das técnicas mais promissoras de ensaios não
destrutivos, que está sendo intensamente estudada é a do ruído magnético de Barkhausen
(RMB), que pode ser usada para a inspeção ou detecção de alterações internas de materiais
ferromagnéticos (em particular de aços) - resultantes da aplicação de tratamentos rmicos e
das tensões e/ou deformações mecânicas -, presença de defeitos, etc. (PEREZ, 2003,2005;
CAPO, 2004).
4
A partir de todas essas considerações, depreende-se que os principais usuários dos
resultados obtidos neste estudo serão os fabricantes de peças de aços endurecidos que
trabalharão submetidos à fadiga. Pois, através de tais resultados, esses fabricantes terão a
possibilidade de otimizar segmentos de seus processos produtivos (melhoria na qualidade de
seus produtos, maior produtividade, eliminação da etapa de retificação), reduzindo, assim, os
custos de produção.
O trabalho está estruturado da seguinte forma:
No capítulo 1 apresentam-se a introdução, a justificativa e os objetivos da tese;
No capítulo 2 uma revisão teórica a respeito da usinagem a altas velocidades, do
torneamento a seco, da tensão residual, e do fenômeno do RMB;
No capítulo 3 descreve-se o material utilizado e geometria das amostras, a medição das
forças de usinagem, as medidas da dureza superficial, as medidas da tensão residual
(usando o método do furo cego), a caracterização microestrutural das amostras ensaiadas,
e as medições de RMB;
No capítulo 4 mostra-se os resultados experimentais obtidos;
No capítulo 5 apresenta-se as conclusões das medições feitas nas amostras torneadas;
No capítulo 6 apresenta-se as referências bibliográficas que serviram como base no
desenvolvimento desta tese.
1.1 Justificativa
Observando a literatura especializada, pode-se constatar que a otimização dos processos
de manufatura, outrora baseada em tendências isoladas, adquiriu uma visão global (da
COSTA, 1993). Dentre desses processos, os de usinagem são os mais amplamente
empregados dentro da cadeia de fabricação de produtos mecânicos, no industrializado mundo
moderno, daí a grande importância das pesquisas tecnológicas voltadas à usinagem. Segundo
Merchant (1998), o impacto econômico da usinagem é significativo, uma vez que este tipo de
processo representa mais de 15% do valor total de todos os produtos industrializados, quer
sejam mecânicos ou não. A usinagem transforma em cavaco aproximadamente 10% de toda a
produção de metais, além de empregar dezenas de milhares de pessoas (TRENT, 1984).
5
Desde meados dos anos oitenta, observa-se, nas empresas brasileiras, uma mudança na
forma de lidar com os processos de manufatura, em especial com a usinagem de componentes
metálicos, em função da globalização da concorrência (BIANCHI, 1997). Assim, a demanda
de pesquisas na área de usinagem surge em razão dos desafios enfrentados pelas indústrias,
relacionados à produtividade, qualidade, flexibilidade e compatibilidade com o meio ambiente
(RODRIGUES, 2005). A procura de soluções tecnológicas está, então, direcionada ao
desenvolvimento e ao emprego de novos processos de usinagem ou à otimização dos
conhecidos. Um exemplo disso é o torneamento de acabamento de aços endurecidos,
substituindo operações por retificação durante a fase de fabricação. O caso real apresentado
pela AB Sandvik (SANDVIK, 2000) mostra o processo de fabricação de um eixo de
transmissão (de tratores) da empresa Case Carr Hill Plant. Os autores indicam que a mudança
da operação de retificação pelo torneamento também foi aplicado a outros componentes
fabricados pela Case, em função dos seguintes resultados obtidos:
Maior produtividade devido a tempos reduzidos de ciclo;
Maior capacidade operacional do torneamento, proporcionando superfícies de boa
qualidade
Menores custos de usinagem com poucas máquinas, que também são menos caras
Menor prejuízo ambiental graças à possibilidade de usinagem sem refrigeração.
Sob outro ângulo, os avanços nos estudos e no desenvolvimento dos ensaios não
destrutivos (END) objetivam incrementar a operatividade industrial, a redução de custos e a
confiabilidade dos produtos e serviços. Os ENDs podem ser realizados durante a fabricação,
construção, montagem, inspeção em serviço e manutenção. Aplicam-se para verificar a
existência ou não de descontinuidades, defeitos, degradação em serviço ou características
tecnológicas dos materiais (acabados ou semi-acabados); tudo isso, sem alterar as
características físicas, químicas, mecânicas ou dimensionais, e sem interferir no uso posterior
dos componentes avaliados (ABENDE, 2005). Os ENDs são baseados em princípios sicos
definidos. O efeito do Ruído Magnético Barkhausen (RMB) é um todo não destrutivo de
caracterização interna de ferromagnéticos que ainda não é aplicado como END, porém,
existem estudos sobre sua utilização. O efeito Barkhausen acontece durante o processo de
magnetização dos materiais ferromagnéticos e é produto do movimento dos domínios
magnéticos. Este movimento seria afetado pela presença de descontinuidades na estrutura do
6
material e pelas tensões mecânicas que viessem a atuar como ancoragem durante o
movimento (BIRKET et al., 1989).
Assim sendo, este trabalho procura compreender o torneamento duro e a seco, no qual se
utilizam ferramentas de CBN, e desta forma, fornecer dados que viabilizem a otimização da
fabricação de componentes de aço endurecidos (redução de processos, maximização do uso da
ferramenta de corte, redução do tempo de produção) e das características finais das peças
(aumento do limite de fadiga, diminuição da rugosidade superficial), e adicionalmente
apresentar uma cnica não destrutiva que permita apurar os níveis de tensão residual
superficiais gerados durante a usinagem.
Ressalta-se ainda que, com relação a este último tema, o grupo de pesquisa do Laboratório
de Análise Dinâmica e Instrumentação (LADIN) da EPUSP-PME, coordenado pelo Prof. Dr.
Linilson R. Padovese, vem realizando trabalhos investigativos alguns anos, como
demonstram as recentes publicações sobre o assunto (ANGLADA et al., 2001,2002,2004;
BENITEZ et al., 2003,2005; CAPÓ et al, 2002,2004; FUJIMOTO et al., 2000; MARTINS et
al, 2000; PADOVESE et al.,2000), procurando relacionar as respostas das peças de o aos
campos magnéticos com aspectos relativos às alterações microestruturais das mesmas.
1.2 Objetivos desta Tese
Este trabalho será desenvolvido com o intuito de levantar informações que permitam
avaliar a influência dos parâmetros de usinagem por torneamento duro na integridade
superficial de anéis internos cônicos de rolamento, fabricados de aço DIN 100Cr6. Neste
sentido, os seguintes objetivos específicos estão previstos:
1. Investigar a influência dos parâmetros de corte nos esforços de usinagem.
2. Investigar a influência dos parâmetros de corte no desgaste da ferramenta de CBN.
3. Investigar a influência do desgaste da ferramenta de CBN na microestrutura de peças
torneadas.
4. Investigar os níveis de tensão residual presentes nas peças utilizando o método do furo
cego.
7
5. Propor modelos matemáticos que estabeleçam correlação entre os níveis das tensões
residuais geradas nos corpos de prova durante a usinagem e os parâmetros do processo.
6. Analisar os sinais de RMB obtidos nas peças torneadas através de métodos de
processamento de sinais.
7. Investigar a influência dos parâmetros de corte nos sinais de RMB.
8
CAPÍTULO 2
REVISÃO DE LITERATURA
Este capítulo apresenta a revisão bibliográfica dos assuntos mais relevantes aqui
desenvolvidos. Para usinar o corpo de prova de acordo com as características deste estudo, foi
necessário ter em conta o torneamento com altas velocidades de corte, torneamento a seco e a
ferramenta de corte (nitreto de boro cúbico). Para analisar as tensões residuais estudou-se o
método do furo. E, para executar a medição de RMB, foi necessário entender o princípio do
fenômeno magnético de Barkhausen.
2.1 Usinagem
Nos processos de usinagem uma quantidade de material é removida da peça com auxílio de
uma ferramenta de corte. Ocorre, assim, a produção de cavaco, e a formação de uma peça
com formas e dimensões preestabelecidas. A norma DIN 8580 aplica-se a esses processos de
fabricação. Uma classificação dos mesmos é apresentada na tabela 2.1.
Tabela 2.1 - Classificação dos processos de usinagem
Usinagem com Ferramenta
de Geometria Definida
Usinagem com Ferramentas
de Geometria Não Definida
Usinagem por Processos Não
Convencionais
- Tornear
- Fresar
- Furar
- Rosquear
- Alargar
- Brochar
- Serrar
- Plainar, outros
- Retificar
- Brunir
- Lapidar
- Lixar
- Polir
- Jatear
- Tamborear
- Outros
- Remoção térmica
- Remoção química
- Remoção eletroquímica
- Remoção por ultra-som
- Remoção por jato d'água
- Outros
Segundo da Costa (1993) a otimização dos processos de manufatura tem sido vista sob uma
nova perspectiva global. Por isso, pesquisas em processos de usinagem m grande
9
importância, uma vez que representam o processo mais utilizado dentro da cadeia de
fabricação de peças.
Uma propriedade importante dos materiais é a usinabilidade. A determinação desta
propriedade é uma tarefa difícil, dada a sua dependência em relação aos diversos fatores
próprios dos processos de usinagem: parâmetros de corte (velocidade de corte, avanço,
profundidade de corte), máquinas-ferramentas, ferramentas, e fluidos de corte. Disso tudo,
depreende-se que cada material apresenta condições particulares, as quais regem os
procedimentos mais adequados de usinagem.
O desenvolvimento recente de máquinas-ferramentas mais rígidas e de ferramentas de corte
cerâmicas e de nitreto cúbico de boro (CBN) viabilizou o processo do torneamento duro de
materiais ferrosos na faixa de 50 a 65 HRC. Entre as importantes vantagens deste processo,
destacam-se a formação de elevadas tensões residuais de compressão, que aumenta
significativamente a vida em fadiga do componente usinado (ABRÃO e ASPINWALL, 1996
e LIU e MITTAL, 1998) desde que se escolham adequadamente os parâmetros de usinagem,
e, também, a substituição da etapa da retificação no processo produtivo, que o torneamento
duro é considerado uma usinagem de acabamento.
2.1.1 Usinagem a alta velocidade
HSM (high speed smachining) é uma expressão em inglês que significa “usinagem a alta
velocidade”. Desde que a usinagem a altas velocidades difundiu-se nos meios científicos e
industriais, busca-se uma definição completa e bem aceita sobre este processo de corte.
muito tempo a definição de usinagem a alta velocidade é um assunto polêmico. No entanto,
existem avançadas discussões entre os pesquisadores do assunto, que buscam delimitar a
fronteira entre a usinagem convencional e a de alta velocidade (CHRISTOFFEL, 2001), assim
como definir as zonas de baixa e alta velocidade de corte (NOVASKI, 2001).
A usinagem a altas velocidades foi relatada pela primeira vez em 1931, por Carl J. Salomón
(BLACK, 1989; DEWES et al., 1999), em uma patente alemã (Deutsche Patentschrift Nr.
523594), requerida depois pela empresa Friedrich Krupp A.G. (SALOMON, 1931 apud
SCHUTZER e SCHULZ, 2003). A teoria de Salomón assume que em altas velocidades de
10
corte (de 3 a 5 vezes maior que as velocidades convencionais) a temperatura na aresta cortante
tenderia a diminuir, o que proporcionaria um ganho de produtividade na usinagem com
ferramentas convencionais.
Segundo ASM (1989), pode-se definir teoricamente este tipo de usinagem como sendo aquele
que possui a velocidade acima da qual a localização do cisalhamento desenvolve–se
completamente na zona primária do mesmo. Posteriormente, Schulz (1996) indica qual a
definição a ser considerada, por ser holística, ou seja, por envolver a máquina, a ferramenta, a
peça e o processo. Em 1997, Schulz apresenta, através de um diagrama, a relação das
variáveis do processo com a tecnologia de corte HSM (figura 2.1.).
Figura 2.1 - Diagrama das variáveis do processo relacionadas à tecnologia HSM (SCHULZ,
1997).
Observa-se na literatura, que outro termo em inglês, o HSC (high speed cutting) também é
utilizado por alguns autores para expressar assuntos da mesma natureza (OLIVEIRA, 2003).
Diversos trabalhos indicam que a redução da temperatura varia conforme a velocidade de
corte e para diferentes materiais, sendo que esta redução é mais significativa nos metais não
ferrosos, vide figura 2.2 (SHULZ, 1999).
11
Figura 2.2 – Variação da temperatura em função da velocidade de corte (SCHULZ, 1999).
Segundo Hioki (2006), atualmente os trabalhos relacionados à usinagem a altas velocidades
podem ser agrupados em quatro áreas:
Mecanismo de desgaste da ferramenta;
Integridade superficial;
Mecanismo de formação de cavaco;
Problemas relacionados à usinagem a alta velocidade de materiais endurecidos.
2.1.1.1 Vantagens técnicas do processo de usinagem a altas velocidades
As vantagens do uso da usinagem a alta velocidade podem-se considerar:
Alta taxa de remoção, quando comparado a outros processos de acabamento, como a
retificação;
Diminuição das forças de corte proporcional ao aumento das velocidades do mesmo;
Melhoria do nível de precisão, especialmente durante a usinagem de componentes
delgados, em virtude da redução de carga ocasionada pelos cavacos (ALTAN et al.,
1998);
12
Melhoria do acabamento superficial e redução dos danos causados à camada
superficial do material (ALTAN et al., 1998, SANDVIK, 2000);
Peças sem rebarbas (SANDVIK, 2000);
Melhora nos mecanismos de remoção de cavaco (SANDVIK, 2000);
Possibilidade de simplificação do ferramental, etc. (NOVASKI, 2001).
2.1.1.2 Desvantagens técnicas do processo de usinagem a altas velocidades
Desgaste excessivo da ferramenta (FALLBOHMER et al., 2000; SANDVIK, 2000);
Máquinas-ferramentas mais caras (mais rígidas e mais velozes);
Complexidade no sistema de programação e controle do CNC;
Alto custo do material da ferramenta;
Uso de um sistema especial de fixação da ferramenta.
2.1.2 Torneamento com altas velocidades de corte
Segundo a norma ABNT NBR 6162 (1989), a velocidade de corte é definida como a
velocidade instantânea de um ponto de referência da aresta cortante da ferramenta, segundo a
direção e sentido de corte. De outra forma, trata-se da velocidade relativa com a qual o
material usinado passa pela aresta da ferramenta (GORCZYCA, 1987). Dessa maneira, é
possível constatar a dependência da velocidade de corte em relação ao material da peça e ao
desempenho das ferramentas, associados às características da máquina-ferramenta
(RODRIGUES, 2005).
Muller e Soto (1999) manifestaram que a faixa de velocidade de corte está relacionada à
aplicação específica; na figura 2.3 ilustram-se as faixas de velocidade em função da operação
de usinagem.
13
Figura 2.3 – Velocidades de corte convencional e HSM (MULLER e SOTO, 1999)
Quanto ao torneamento, nele a ferramenta executa movimento de translação enquanto a peça
gira em torno de seu próprio eixo. A forma final da peça será cônica ou cilíndrica.
Desde 1990, o torneamento com alta velocidade de corte (high speed turning [HST]) passou a
ser considerado como uma alternativa razoável em processos de fabricação. Isso, devido à
evolução das técnicas utilizadas e ao barateamento dos componentes de fabricação das
máquinas e das ferramentas utilizadas nessa tecnologia. Em 1987, Konig et al. relatam que, no
que se refere aos materiais endurecidos, a substituição do processo de retificação pelo
torneamento em duro é plausível não somente com relação ao tempo, mas também com
relação ao custo de produção.
Algumas condições estabelecidas para o fresamento de topo a alta velocidade também podem
ser aplicadas ao torneamento a alta velocidade: aplicações em materiais endurecidos de alta
rigidez, eliminação ou redução de rebarbas após a usinagem, usinagem de eletrodos; além
disso, também algumas condições do torneamento duro (hard turning [HT]) são válidas: altas
taxas de remoção de material, maior flexibilidade de processo (perfis e múltiplas faces de
usinagem sem mudança ou dressagem de rebolo - a respeito da retífica), e características
ecologicamente favoráveis uso de nenhuma ou mínima quantidade de fluido de corte, o que
não exigiria tratamentos nem instalações dispendiosas e nocivas para ao meio ambiente,
relacionados ao armazenamento, transporte, separação do cavaco e à eliminação do fluido de
corte degradado após o uso (SCANDIFFIO, 2000; FACCIO, 2002).
14
2.1.3 Torneamento a seco
As principais funções do fluido de corte em operações de usinagem o a redução da geração
de calor, através da diminuição do atrito entre a ferramenta e o cavaco – fato que minimiza os
esforços na usinagem e a retirada do calor da peça e da ferramenta. Em algumas operações
de usinagem, o fluido também tem a função de transportar o cavaco para fora da região de
corte (SCANDIFFIO, 2000).
As funções dos fluidos de corte não estão disponíveis em operações de usinagem a seco. Isto
significa que existe, nesse caso, maior atrito entre a ferramenta e a peça e entre o cavaco e a
ferramenta, assim como maior dificuldade na retirada dos cavacos. A ferramenta é submetida
a uma elevada carga térmica, o que pode gerar níveis mais altos de desgastes por adesão,
abrasão, difusão e oxidação e, portanto, a redução de sua vida útil. Ademais, o efeito da
redução da refrigeração pode acarretar um aquecimento adicional na máquina e, por
conseqüência, problemas na precisão da peça. Esta, ao receber maior quantidade de calor,
dilata-se, e isso dificulta a obtenção de tolerâncias apertadas, além de fazer com que ela possa
ter sua camada superficial metalurgicamente afetada pelo calor (DINIZ et al, 2000).
Quanto às temperaturas de usinagem mais altas, elas influenciam na formação do cavaco, que
podem resultar longos, em formas de fitas, ou encaracolados. Ambos prejudicam o bom
resultado do trabalho. Rodrigues de Paula e Abrão (1999) mostram que o cavaco formado em
operação de torneamento a seco deo ABNT 1045 foi do tipo fita, emaranhado, e que o tipo
de cavaco muda com o uso de fluido de corte. Poulachon et al. (2002) realizaram ensaios de
torneamento a seco, a média e altas velocidades, em peças de aço 35NiCrMo16 e reportou-se
à geração de camada branca nos cavacos. Diniz et al. (2003) observaram que, ao tornear a
seco o o ABNT 52100 com velocidade de corte de 175 m/min, obtiveram melhor
acabamento superficial da peça e menos desgaste da ferramenta de CBN utilizada.
Novamente, Poulachon et al. (2005) executaram ensaios de torneamento a seco com
velocidade de corte de 150 m/min em quatro tipos de aço, entre eles o 100Cr6, observando
que, neste tipo de aço, o incremento do desgaste da ferramenta de baixo CBN não produziu
aumento significativo da camada branca gerada no corpo de prova.
Na tabela 2.2 Scandiffio (2000) indica os fatores a serem considerados na usinagem a seco.
15
Tabela 2.2 - Variáveis que influenciam na usinagem a seco (SCANDIFFIO, 2000)
Material
Usinabilidade
Propriedades térmicas
Máquina-Ferramenta
Nova/velha
Remoção de cavaco
Estado de conservação
Ferramenta
Capacidade de dissipar calor
Remoção de cavaco
o Geometria
o Tamanho do grão
Revestimento da ferramenta
Capacidade de penetração térmica
Resistência ao desgaste
Dureza a quente
Estabilidade química
Condições de corte
Vida da ferramenta
Tempo de usinagem
Taxa de remoção de material
Operações de usinagem
Torneamento
Fresamento
Furação
Rosqueamento
Mandrilamento
Peça a ser usinada
Acabamento
Geometria
Complexidade
o Forma
o Dimensional
2.2 Ferramenta de corte
Segundo a norma ABNT NBR 6175 (1979), a ferramenta de usinagem mecânica é constituída
de arestas cortantes, e destinada à remoção de cavaco. No caso da ferramenta possuir uma
única superfície de saída, é chamada de ferramenta monocortante, quando possui mais de uma
superfície de saída é chama de ferramenta multicortante. De acordo com Machado e Silva
(1999) e Yen et al. (2004), a geometria da ferramenta de corte exerce influência na usinagem
dos metais, mais especificamente na zona de deformação da peça, na distribuição de tensões,
na temperatura e nos esforços de corte.
16
Segundo Rodrigues (2005), geralmente são duas as variáveis que podem ser modificadas para
avaliar a eficiência de uma ferramenta de corte: o material constitutivo (substrato e
revestimento) e a geometria de corte.
Na seleção de uma ferramenta para aplicação determinada, faz-se necessário que as
expectativas de resultado sejam bem definidas. Por exemplo, nos USA, práticas tradicionais
enfatizam várias medições relacionadas à velocidade, como quantas peças por aresta de corte
ou por hora podem ser produzidas. Entretanto, no Japão verifica-se a valorização da
confiabilidade e previsibilidade, reflexo do grau de dependência quanto aos processos de
produção sem supervisão humana. Assim, depois de se definir o desempenho ótimo, pode-se
iniciar o processo de seleção da ferramenta, considerando cinco fatores principais (KATBI,
1996):
Substrato;
Cobertura;
Quebra-cavacos;
Preparação da aresta de corte;
Geometria.
Para Diniz (2000), a seleção do material da ferramenta de corte deve considerar os seguintes
fatores:
Material a ser usinado;
Processo de usinagem;
Máquina operatriz;
Forma e dimensões da ferramenta;
Custo do material da ferramenta;
Condições de usinagem;
Tipo de operação.
Qualquer que seja o material da ferramenta em consideração, é preciso que ela apresente
características de menor ou maior nível, dependendo dos diversos fatores citados acima. Três
dessas principais características são:
Dureza a quente;
Tenacidade;
17
Estabilidade química.
Não existe uma classificação geral de materiais para ferramentas. Entretanto, Diniz et al.
(2000) sugerem o agrupamento das mesmas, com base em suas características químicas. Os
materiais citados a seguir estão em ordem acrescente de dureza a quente e resistência ao
desgaste por abrasão:
Aços rápidos;
Aços rápidos com revestimento;
Metal duro;
Metal duro com revestimento;
Cerâmica;
Nitreto de boro cúbico;
Diamante.
Em geral, quando se aumenta a dureza a quente e a resistência ao desgaste por abrasão,
diminui-se a tenacidade do material (figura 2.4).
Figura 2.4 Diagrama de dureza-tenacidade dos materiais de ferramentas de corte (Adaptado
de SANDVICK COROMANT, 1994).
18
Na usinagem a altas velocidades, o aumento da temperatura causado pelo aumento da
velocidade de corte, além de gerar o desgaste da ferramenta por abrasão, também acelera a
ocorrência de outros fenômenos de desgaste entre a peça e a ferramenta, tais como a difusão e
a oxidação. Desse modo, alguns materiais são recomendados especificamente para aplicações
em usinagem a altas velocidades, dentre os quais se destacam o diamante policristalino
(PCD), para materiais não ferrosos, e o nitreto de boro cúbico (CBN), para materiais ferrosos,
principalmente em operações de semi-acabamento e acabamento (SUDO, 2001; CORREA,
2001; BRANDÃO, 2006).
Afora isso, nota-se que o desenvolvimento de novas ferramentas de corte tem crescido em
virtude de três fatores: a constante demanda pelo aumento de produtividade, o advento de
materiais de difícil usinabilidade e os índices de segurança, saúde e adequação ambiental
(QUINTO, 1996).
2.2.1 Ferramentas de Nitreto de boro cúbico policristalino
O cristal de nitreto cúbico de boro (CBN) é um composto fabricado artificialmente através da
utilização de altas pressões e altas temperaturas. Após a obtenção do diamante artificial, a
General Electric Co. produziu-o com sucesso pela primeira vez, em 1957.
Obtém-se o composto BN pela seguinte reação química:
BCl
4
+ NH
3
BN + 3HCl
O BN tem estrutura cúbica hexagonal (similar à grafite, com números aproximadamente
iguais de boro e nitrogênio, organizados alternadamente) e pode transformar-se em estrutura
cúbica, conhecida como CBN, similar ao diamante - como ocorre com o carbono. Essa
transformação se dá através de um processo com pressões de 5000 a 9000 MPa e temperaturas
de 1500 a 19000 °C, na presença de um catalisador (geralmente lítio). Assim como o
diamante, o CBN é uma estrutura muito gida, a sua dureza varia entre 4000 e 5500 HV.
Além disso, ele possui elevada resistência ao calor (1000 °C) e uma condutividade térmica na
ordem de 100 W/(m.°C) (DINIZ et al., 1999). Hodgson e Trendler (1981) destacaram, ainda,
que o nitreto de boro cúbico (CBN) é insensível à oxidação e inerte ao carbono.
19
Após sua sinterização na forma de cristais, o CBN é novamente sinterizado. Desta vez com
múltiplos cristais, constituindo-se, assim, um policristal (PCBN) na forma de finas camadas
aglutinadas sobre a superfície de substratos de Carbetos Cementados, sendo que tais camadas
possuem uma espessura média de 0,5 mm. O tamanho, a proporção dos cristais de CBN e o
tipo de material que o compõe, variam de acordo com a aplicação específica (TRENT, 1996).
O desempenho e as propriedades das ferramentas dependem principalmente da alta dureza do
CBN, mas a proporção da segunda fase também é importante. Os insertos de nitreto cúbico de
boro (CBN) dividem-se em duas categorias, conforme a profundidade de corte: pastilhas
(CBN-H), para desbaste e semi-acabamento (a
p
> 0,5 mm), com 90% em volume de nitreto
cúbico de boro e pastilhas (CBN-L), para acabamento (a
p
< 0,5 mm), em que uma fase
cerâmica é adicionada com o intuito de melhorar a estabilidade química e térmica da
ferramenta.
Chou et al. (2002) confirmam que, para operações de acabamento no processo de torneamento
de materiais endurecidos, os insertos de CBN-L, além de produzirem melhor acabamento
superficial na peça (Ra
=
0,25 µm), apresentam uma vida maior quanto ao desgaste, quando
comparados aos insertos de CBN-H, mais duros e mais tenazes. Segundo o pesquisador,
existem algumas possíveis explicações para este fato, a saber:
Insertos de CBN-L possuem maior resistência de ligação, produzida pelo aglomerante, do
que as ferramentas de CBN-H.
Insertos de CBN-L possuem menor condutividade rmica do que os de CBN-H. Isso faz
com que grande parte do calor gerado na zona de corte seja transferido para o cavaco.
Como a temperatura gerada é suficientemente alta para o seu recozimento, o cavaco
amolece, diminuindo, com isto, o desgaste da ferramenta pelo deslizamento.
Segundo Diniz et al. (1999), alguns cuidados devem ser tomados na utilização de ferramentas
de PCBN:
Não utilizar PCBN em materiais de baixa dureza;
Utilizar a maior rigidez possível do sistema máquina-ferramenta-dispositivo de
fixação-peça;
20
A geometria da ferramenta deve ser negativa (normalmente γ = -5°), para garantir
resistência ao choque, com ângulo de folga α = a e o maior ângulo lateral de
posição possível (no mínimo 15°), para minimizar a possibilidade de quebra da aresta;
A aresta de corte deve ser chanfrada (0,1 mm x 20 a 45°) para que os esforços de corte
sejam direcionados ao centro da ferramenta e, assim, haja a diminuição da chance de
quebra da aresta.
A adequação do material, da geometria da ferramenta e dos parâmetros de corte não é uma
tarefa simples. Contudo, o esforço de pesquisadores e fabricantes de ferramentas de corte, no
sentido de oferecer um banco de dados dos parâmetros de usinagem, tem facilitado a tarefa de
otimização do torneamento. Observa-se atualmente, a obtenção de uma vida útil maior da
ferramenta de corte, aliada às tolerâncias dimensionais e geométricas mais ajustadas nas peças
trabalhadas quando emprega-se adequadamente as variáveis de entorno do processo de
usinagem.
2.3 Integridade Superficial
Para atender as crescentes exigências na fabricação e especificação de peças com superfícies
acabadas com alta qualidade superficial e tolerâncias dimensionais dentro das especificações
estabelecidas se requer o entendimento das áreas inter-relacionadas da metalurgia,
usinabilidade e ensaios mecânicos. A qualidade superficial de uma peça se mede com a
integridade superficial que alem da topologia da superfície, tem em conta as propriedades
mecânicas e metalúrgicas. O termo “integridade superficial” foi citado pela primeira vez em
1964 por Field e Kahles, e em 1971, na 21ª Assembléia Geral do CIRP (College International
pour la Recherche em Productique), a integridade superficial tornou-se oficialmente
reconhecida como um campo de pesquisa (BECKER et al, 2005). Da analise da integridade
superficial do material, após o processo de fabricação, tenta-se explicar qualquer alteração
ocorrida na superfície e subsuperfície do componente, usando ao ximo as possíveis
informações retiradas do próprio material da peça (SANCHEZ, 2006). A figura 2.5 apresenta
uma representação esquemática dos elementos que compõem a integridade superficial
(ALVAREZ, 2006).
21
Figura 2.5 – Representação esquemática dos componentes da integridade superficial
(ALVAREZ, 2006).
Griffiths (2001) definiu a integridade superficial como a condição topográfica, química,
mecânica e metalúrgica de uma superfície fabricada e a sua relação com o desempenho
funcional. Para Chevrier et al. (2003) a integridade superficial mede a qualidade da superfície
usinada, por meio da interpretação da estrutura da superfície e da subsuperfície do material,
analisando a influência dos parâmetros de corte em algumas variáveis como tensão residual,
rugosidade superficial e força de corte. Groover (2001) indicou que a importância do estudo
da integridade superficial deve-se aos seguintes fatores:
Razões estéticas: superfícies polidas, livre de arranhões e falhas são preferíveis para
impressionar o consumidor;
Aspecto de segurança;
Atrito;
Propriedades mecânicas e físicas: falhas ou fendas podem ser concentradores de tensão;
Superfícies polidas têm melhor contato elétrico.
Assim mesmo, Groover (2001) manifesta que a analise da integridade superficial deve ser
empregada nos processos de manufatura onde as peças produzidas serão altamente solicitadas,
envolvendo altos custos, indicação da previsão do tempo de vida em serviço da peça, e
segurar a vida humana. Na tabela 2.3 mostra as mudanças superficiais e subsuperfíciais
atribuídas às diferentes formas de energia aplicadas na fabricação de peças.
22
Tabela 2.3 – Mudanças superficiais devido à energia aplicada durante a fabricação de peças.
FORMAS DE
ENERGIA
POSSIVEIS ALTERAÇOES OU DANOS
Mecânica
Tensões residuais superficial
Trincas: microscópicas e macroscópicas
Deformações plásticas
Falhas, dobras, ou sulcos
Vazios ou inclusões introduzidos mecanicamente
Variação na dureza (encruamento)
Térmica
Mudanças metalúrgicas (recristalização, mudança de fase na
superfície, mudança do tamanho de grão).
Resolidificação do material
Mudança na dureza
Química
Ataque intergranular
Contaminação química
Absorção de certos elementos tais como o H e o Cl na superfície do
material
Corrosão
Tensão de corrosão
Dissolução dos microconstituintes
Elétrica
Mudança na condutividade elétrica
Mudança no comportamento magnético
Crateras produzidas por pequenos curtos circuitos resultantes de
técnicas elétricas
Atualmente muitas indústrias utilizam a usinagem como processo de fabricação dos
componentes que produzem, dos quais vários exercem funções de extrema importância, pelo
fato do perigo que uma eventual falha pode ocasionar. Por exemplo, isso se observa em
componentes mecânicos usados na indústria aeronáutica, onde qualquer pane de um
equipamento o sistema que exige extrema confiabilidade pode provocar grandes desastres.
Sabe-se que os processos que constituem a usinagem convencional são basicamente processos
termomecânicos, nesses processos quase todo o trabalho mecânico é convertido em calor.
23
Segundo Diniz et al. (2000) e Machado & Silva (2004) o três as regiões geradoras de calor
na peça que se usina: zona primaria, secundaria e terciária; a zona primaria, onde ocorre a
deformação e a separação do cavaco, é a principal geradora de calor. A segunda zona
geradora de calor é a zona secundaria, gera-se devido ao atrito do cavaco com a superfície de
saída da ferramenta; e o último é a zona terciária, se produz devido às deformações
superficiais da peça e seu atrito com a superfície de folga da ferramenta. O calor dissipado
para o cavaco, a peça e a ferramenta varia segundo o tipo de material da peca e da ferramenta,
dos parâmetros de corte usados e do tipo de lubrificação-refrigeração utilizado. Hioki (2006)
indicou que as alterações na integridade superficial das superfícies usinadas por esses
processos, são a somatória dos efeitos térmico e mecânico, provenientes das zonas primaria e
terciária, mostrando-lo esquematicamente através da figura 2.6.
Figura 2.6 – Efeitos da usinagem na integridade de superfície (HIOKI, 2006).
24
Da bibliografia sobre o assunto, a maioria dos trabalhos restringe-se à caracterização dos
padrões de superfícies usinadas. Apenas alguns se aprofundam no estudo da relação dos
parâmetros de corte com a integridade superficial (ABRÃO e ASPINWALL, 1996; EL-
WARDANY et al., 2000a; EL-WARDANY et al., 2000b).
2.3.1 Topografia da superfície
Segundo a norma ASME B46.1-1996 (ASME, 1996) a topografia é “a representação
tridimensional das irregularidades da superfície geométrica”. A avaliação da textura
superficial para entender a topografia superficial foi considerado por Correa et al. (2004). A
avaliação da topografia da superfície por meio de perfis bidimensionais vem sendo utilizada
desde 1930, ela apresenta algumas vantagens: é de operação simples, rápidas, e muito mais
econômico quando comparadas com os equipamentos de perfilometria tridimensional.
Inicialmente, em função das limitações dos equipamentos utilizados nas medições de
superfície, os resultados das médias das amplitudes (Ra) e das distâncias do pico-vale (Rt)
tornaram-se aceitos, atualmente, devido às limitações do Ra e do Rt o valor das médias
quadráticas (Rq) é considerado estatisticamente mais representativo (MANSUR & SILVA,
2003; SURFACE METROLOGY GUIDE, 2006).
A variação ou a dispersão dos resultados da medição da topografia é uma característica
inerente aos processos de remoção termomecânicos, tais como os processos de usinagem
convencionais (torneamento, fresamento, furaçao, retifica, etc.). Nesses processos, os que
usam ferramentas de corte com geometria definida, o avanço apresenta-se como o parâmetro
que tem a maior influência na rugosidade. Além disso, ele e a velocidade de corte têm grande
importância sobre o tempo de usinagem e, conseqüentemente, sobre a rentabilidade do
processo (HIOKI, 2006). Constancia dessas considerações são os resultados obtidos por
vários pesquisadores que analisaram aspectos do torneamento duro e seus resultados na
rugosidade superficial nas suas amostras.
Nesse sentido, no torneamento de engrenagens, de aço 27MnCr5 e, com dureza de 850 HV
0,3
Rech & Moisam (2002), verificaram que a expressão teórica de Ra, expressada em função do
avanço (f) e do radio de ponta da ferramenta (r
ε
), fornecia valores próximos aos
25
experimentais, desde que a ferramenta usada nos ensaios seja nova, é dizer, desgaste zero. A
expressão de Ra utilizada pelos pesquisadores é:
dxxy
l
l
R
m
l
m
a
.)(
0
=
(2.1)
Também observaram que o avanço foi o parâmetro mais influenciou na geração de maiores
níveis de rugosidade nas peças.
Chou et al. (2002) realizaram ensaios de torneamento duro em amostras o AISI 52100,
utilizaram dois tipos de ferramenta de PCBN, um com baixo e outro com alto conteúdo de
CBN. Nos ensaios realizados pelos pesquisadores, fixaram o avanço e a profundidade de
corte, encontrando que a rugosidade era maior quando usaram velocidades de cortes mais
altas, e também aumentava com o comprimento de corte devido ao desgaste da ferramenta.
Torneando também aço AISI 52100, mas em faceamento, Schwach & Gou (2005), também
obtiveram resultados similares, ou seja, a rugosidade era maior nas amostras quando maior
eram a avanço e o nível de desgaste da ferramenta.
No torneamento longitudinal de corpos de prova de aço DIN18MnCr5, com durezas em torno
de 550 HV, Gunnberg et al (2006) utilizaram ferramentas de corte de PCBN com diferentes
geometrias. Eles observaram que o aumento do avanço tem uma influencia negativa na
rugosidade, em quanto que o aumento do raio da ferramenta tem uma influencia positiva na
rugosidade superficial. Grzesik & Wanat (2006) tornearam amostras cilindricas de aço DIN
41Cr4, endurecidas a aproximadamente 60 HRc usando dois tipos de ferramenta de PCBN,
uma tipo convencional (SNGN 120408 T01020) e outra tipo wiper (CNGA 120408 T01020
WG). Os resultados observados nesse trabalho mostraram que a rugosidade é basicamente
função do avanço e principalmente da geometria da ferramenta, sendo que o do tipo wiper
superou ao do tipo convencional.
Com relação à velocidade de corte (v
c
), normalmente o acabamento superficial melhora
quando o aumento da mesma. A melhoria ocorre de forma rápida auma determinada
velocidade crítica, devido à contínua redução das dimensões da aresta postiça. Depois que
esta já ficou reduzida a um tamanho insignificante, pouca melhora adicional do acabamento
26
superficial é obtida com aumentos maiores da velocidade de corte. A velocidade crítica varia
bastante em função dos seguintes fatores: material da ferramenta, ângulo de saída, fluido de
corte, dimensões do cavaco, material da peça, etc. (STEMER, 1995). Na seqüência, com o
aumento da velocidade de corte (Vc), a rugosidade oscila por obra da vibração do sistema
máquina-peça-ferramenta-dispositivo de fixação; vibração que se dá de acordo com cada faixa
de velocidade (HIOKI, 2006 apud DINIZ et al., 2000). A utilização de velocidades acima da
recomendada favorece o aumento da rugosidade, devido à rápida formação de sulcos de
desgaste no flanco e na aresta secundária da ferramenta (HIOKI, 2006 apud DEGNER e
BOTTEGER, 1979).
2.3.2 Camada branca
O termo camada branca” decorre da cor que a camada superficial apresenta na microscopia
óptica, após preparação metalografica típica também observa-se a camada branca na
microscopia eletrônica de varredura e na microscopia eletrônica de transmissão. A
microestrutura da camada branca é reconhecida como uma “martensita anormal” composta de
nanocristais e de material parcialmente transformado com alta densidade de discordância.
Acredita-se que ela seja composta de linhas de martensita muito finas (células mal orientadas
entre 30 nm e 100 nm), com carbonetos primários dispersos e altos teores de austenita retida,
caracteriza-se porque, alem de ser muito mais dura é frágil, a sua microestrutura difere do
núcleo da peça usinada. Se lhe associa a tensões residuais de tração. A camada branca pode
ser gerada em componentes de ligas ferrosas e em alguns casos em algumas ligas não
ferrosas, através de diferentes processos de usinagens convencional (torneamento, fresamento,
retífica, etc.) e não convencional (eletroerosão, laser, etc.), ou em condições específicas como:
na usinagem dura, a altas velocidades, a seco, ou com mínima quantidade de fluido de corte
(DOLINSEK et al., 2004; POULACHON et al. 2005, SCHWACH & GUO, 2006). A
presença da camada branca em componentes usinados foi feita por primeira vez em 1912 por
Stead. A espessura típica encontrada na literatura, em peças usinadas, encontra-se na faixa de
1 a 15 µm, variando conforme a condição e o tipo de processo de usinagem (RAMESH et al.,
2005; GUO & SCHWACH, 2005; BOSHEH e MATINVEGA, 2006, RAMESH &
MELKOTE, 2008).
27
Existem pelo menos três teorias explicam o mecanismo de formação da camada branca e que
podem ser resumidas da seguinte forma:
Mecanismo de escoamento plástico, o qual produz uma estrutura homogênea ou uma
estrutura refinada;
Mecanismo rmico, rmico, o qual aquece (austenização) e resfriamento (re-tempera),
muito rápida, a estrutura original tornando-a dura e frágil;
Mecanismos de reação da superfície com o ambiente, tais como: nitretação, carbonetação,
sulcamento por oxidação [oxide ploughing”] (YE-YUAN YANG et al., 1995; SHOFER
et al, 2001; BOSHEH e MANTIVEGA, 2005; RAMESH & MELKOTE, 2008).
Devido a que o mecanismo de formação da camada branca é complexo, devem-se realizar
estudos a fim de poder compreender a sua relação com os parâmetros de corte. As
preocupações pela da camada branca não decorre de sua formação, composição ou
microestrutura, mas sim de sua presença nos componentes usinados (HIOKI, 2006). A
presença da camada branca pode ser considerada uma vantagem tribológica, pois confere um
aumento da dureza da superfície com estabilidade térmica, não entanto, a sua dureza e
fragilidade, permitiria a nucleação e propagação de microtrincas, perpendiculares ou
paralelas, à superfície. (CHOU & EVANS, 1999; BOSHEH e MANTIVENGA, 2005;
RAMESH et al., 2005).
Ye-Yuan Yang et al. (1995, 1996) produziram uma camada branca homogênea e contínua na
superfície, por meio de impactos de esferas de aço (HRc 60) com 100 mm de diâmetro contra
a superfície de uma placa de aço (contendo 0,57%C), temperado e revenido de onde foram
retirados pinos para ensaio de desgaste pino-disco. Os pesquisadores concluíram que a
camada branca é prejudicial à resistência ao desgaste, pois, a perda de massa é maior nos
pinos com a camada. O mecanismo de desgaste por delaminação é acelerado pelas
microtrincas existentes na superfície. Nos pinos sem camada branca, o mecanismo de
desgaste foi o microcorte.
28
2.4 Tensão residual
Designam-se por tensões residuais (σ
R
) as tensões elásticas que existem em um corpo
(estrutura ou componente mecânico), na ausência de solicitações externas - térmicas ou
mecânicas - (PEIXOTO, 2004; MARTINS et al, 2005); o formadas pelo estado de tensões
internas do material, que se mantém equilibrado (somatório das forças e dos momentos igual a
zero) quando livre da influência de esforços externos. As tensões residuais o resultados da
deformação plástica não uniforme de um corpo, que pode acontecer por efeito de uma
mudança não homogênea de forma ou de volume (DIETER, 1986). Elas podem ser geradas
ou modificadas em qualquer estágio do ciclo de vida de uma peça, desde a sua produção até o
seu descarte (BREINKSMEIER et al, 1982). Por exemplo, na usinagem de uma peça, ao se
retirar o seu material (cavaco), formam-se regiões (camadas superficiais e subsuperficiais)
que são deformadas plasticamente, o que impede às regiões elásticas adjacentes (camadas
subsuperficiais mais profundas) de experimentarem uma recuperação elástica completa que as
conduza à condição de não-deformadas. Outro exemplo: em um tratamento térmico
superficial, as transformações de fase são acompanhadas de mudanças no volume específico
do material, fazendo com que o mesmo, aquecido dentro da zona termicamente afetada, se
expanda, sendo contido pelo material mais frio, que é isento de transformação de fase.
(RODEIRO, 2003).
A superposição de várias operações de conformação não produz uma distribuição final de
tensões residuais que seja a soma algébrica das distribuições correspondentes às sucessivas
operações, sendo, em geral, o processo final de deformação que determina o estado de tensões
residuais resultante. Apesar disso, a superposição de distribuições de tensões é um
procedimento válido quando se pensa no efeito que as tensões residuais têm na resposta de um
corpo a um sistema de tensões externo. Para todos os fins práticos, podem-se considerar as
tensões residuais como se fossem tensões ordinárias aplicadas (DIETER, 1986).
As tensões residuais somente podem ser elásticas, sendo que o valor máximo que podem
alcançar é o do limite elástico do material, categorizam-se como de tração ou de compressão.
Devido a sua complexidade, dificilmente podem ser previstas com exatidão, geralmente, são
consideradas como inoportunas pela dificuldade no prognóstico de sua magnitude (sinal e
direção) e pela adversa habilidade que possuem, de combinarem-se às tensões causadas por
corrosão e àquelas presentes nas situações de fadiga (SUTERIO, 2005).
29
Os efeitos das tensões residuais podem ser tanto benéficos quanto prejudiciais ao desempenho
de componentes ou estruturas mecânicas. Isso dependerá do sinal, da intensidade, da
distribuição e da relação da tensão residual com a superposição de tensões causadas por
solicitações aplicadas e/ou de serviço (mecânicas, térmicas ou químicas) (MARTINS, 2005).
Por isso, essas tensões residuais são objeto de numerosos estudos que procuram definir,
analisar, medir, controlar e predizer (no caso de uma modelagem ou simulação numérica) as
suas conseqüências nos materiais ou peças, e, principalmente, na vida útil dos componentes
em serviço (BENITEZ, 2002).
Os mecanismos básicos que originam as tensões residuais são comuns a muitos processos
termo-químico-mecânicos, tal como se pode observar no diagrama da figura 2.12, apresentado
no trabalho de Pitella (2003), segundo o qual a classificação dos mecanismos dar-se-ia em
função da:
• Deformação mecânica diferencial;
• Contração ou expansão térmica diferencial;
• Variações volumétricas devido à transformação de fase do material;
• Variações volumétricas devido à diversificação de microconstituintes;
• Desigualdades estruturais em uniões mecânicas.
30
Figura 2.12 Mecanismos básicos de geração de tensões residuais em diferentes processos de fabricação e beneficiamento (PITELLA, 2003).
31
Simon (1997) classifica as principais fontes de origem das tensões residuais, como observadas
na tabela 2.4, e Campos (2006), na tabela 2.5, pretende sumariar os diferentes processos que
as originam.
Tabela 2.4 – Fontes que podem originar tensões residuais (SIMON, 1997)
Carregamento elasto-plástico Flexão, torção, tração, compressão
Usinagem Polimento, retificação, torneamento, fresagem
Montagem e compósitos Soldagem, colagem, composição
Conformação Laminação, trefilação, jateamento, forjamento, estampado
Tratamentos térmicos e
termoquímicos superficiais
Têmpera, cementação, carbonitretação, nitretação
Revestimento Galvanização, CVD
Tabela 2.5 – Origens de Tensões Residuais (CAMPOS, 2006)
(1)
Deformação plástica local Compreende todos os processos de
carregamento mecânico, moagem e usinagem
(2)
Fornecimento ou Retirada de calor + (1)
Soldagem, fundição, processos de tratamento
térmico
(3)
Diferente expansão térmica de diferentes
fases + (2)
Processos de recobrimento
(4)
Gradientes de composição química + (2)
Tratamentos de superfície (cementação,
nitretação) e revestimentos
Tabela 2.6 – Produção de tensões residuais (PHYSIQUE & INDUSTRIE, 2006)
Produto preliminar Fundição, laminação, forjamento, estampado,
extrusão, conformação, jateamento, dobramento, etc.
Remoção superficial Usinagem, eletroerosão, etc.
União Soldadura, uso de rebite, etc.
Tratamentos superficiais mecânicos Jateamento com granalha, texturização por laser, etc.
Tratamentos térmicos, químicos ou
termoquímicos
Têmpera, carburização, nitretação, carbonitretação,
revestimentos de PVD ou CVD, eletrodeposição, etc.
32
De acordo com o que é observado na tabela 2.6, a Physique & Industrie classifica a produção
de tensões residuais em função dos processos de fabricação e tratamentos superficiais aos
quais é submetido um material ou uma peça.
Na figura 2.13, apresenta-se um esquema da interação térmico-mecânico-metalúrgica, que
explica a complexidade da gênesis das tensões residuais devido ao tratamento dos materiais:
tratamento mecânico, térmico, químico ou a combinação de alguns destes.
Nesta pesquisa e na maior parte da literatura específica, o termo “tensão residual” será
utilizado para designar as tensões residuais de 1
a
ordem.
Figura 2.13 – Esquema da interação térmico-mecânico-metalúrgica na geração das tensões
residuais (SIMON, 1997).
2.4.1 Classificação das Tensões Residuais
Conforme a origem e/ou distribuição das deformações, as tensões residuais podem ser
classificadas em função da escala na qual se distribuem, ou seja, do volume de material
afetado ou sujeito à sua ação. Esse volume varia de alguns angstrons cúbicos
3
) até alguns
milímetros cúbicos (mm
3
). Deve-se ressaltar, entretanto, que o fenômeno é sempre o mesmo,
isto é, as deformações permanecem internamente no material, não importando a sua origem
(DAMASCENO, 1993; MARTINS, 2004).
33
Existem várias classificações das tensões residuais. Uma delas, proposta por Cullity (1978),
distingue dois tipos principais: a) macrotensões (deslocamento do pico de difração de raios-X)
e b) microtensões (alargamento do pico de difração de raios-X). Já a escola alemã sugere uma
classificação mais precisa, definindo três tipos diferentes de tensões residuais: tensões de
ordem (σ
I
), de 2ª ordem (σ
II
), e de 3ª ordem (σ
III
), vide figura 2.14 (MACHERAUCH, 1973).
Figura 2.14 – Representação esquemática da categorização das tensões residuais, segundo a
escola alemã (MACHERAUCH et al, 1973, KANDIL, 2001).
(i) Tensões residuais de ordem (σ
I
): são mais ou menos homogêneas ao longo de volumes
relativamente extensos (muitos grãos) e estão em equilíbrio quando estendidas à
globalidade do material; qualquer interferência no equilíbrio de forças e momentos de um
elemento de volume contendo tensões de 1ª ordem trará como conseqüência uma alteração
em suas dimensões. As tensões residuais macroscópicas são quantidades tensoriais, com
magnitude e direções principais, que variam de região para região interna do componente.
A escala de atuação destas tensões pode atingir até alguns milímetros.
(ii) Tensões residuais de ordem (σ
II
): são relativamente homogêneas em parte ou ao longo
de um ou alguns grãos, no interior de uma fase, ou ao redor de um precipitado. Devido à
dimensão microscópica, a região de influência no equilíbrio destas tensões abrange um
número pequeno de grãos; elas são consideradas propriedades escalares da peça (p.e.
porcentagem de trabalho a frio ou dureza). As variações macroscópicas de dimensões de
um elemento de volume que contém tensões residuais de ordem são detectáveis apenas
se ocorrerem várias destas perturbações elementares em diferentes regiões do material. A
escala de tamanho das zonas em que estas tensões atuam é da ordem de alguns microns.
34
(iii)Tensões residuais de ordem (σ
III
): são heterogêneas quando analisadas em uma área
submicroscópica, ou seja, à escala de algumas distâncias interatômicas, estando em
equilíbrio ao longo de regiões muito reduzidas de um grão; se houver uma ruptura do
equilíbrio deste tipo de tensões, nenhuma variação macroscópica de dimensões será
detectável. Além disso, elas são geradas pelos defeitos cristalinos (discordâncias e
lacunas) e, assim mesmo, distribuem-se em torno deles. As tensões de 3
a
ordem possuem
variação na escala atômica, na ordem de alguns décimos de nanômetros, e também o
consideradas propriedades escalares do componente.
A classificação conhecida como convencional identifica as tensões residuais σ
I
como
macroscópicas, as σ
II
como microscópicas e as σ
III
como submicroscópicas.
A tensão residual local é a superposição destes três tipos de tensões em cada ponto (x, y, z) de
uma amostra ou componente:
σ
R
= σ
I
+ σ
II
+ σ
III
ou (2.2)
),,( zyx
III
I
i
R
σσσ
==
(DAMASCENO 1993; BENITEZ, 2002; PITELLA, 2003; CALLE, 2004; BENEGRA, 2005)
2.3.3.2 Medição de tensões residuais
O empenho, por parte dos fabricantes de peças submetidas à esforços dinâmicos, em
compreender melhor os efeitos das tensões residuais gerou o desenvolvimento de uma série de
técnicas, dispositivos e instrumentos de medição experimentais baseados em diferentes
princípios. A medição “in loco”, por exemplo, é hoje amplamente utilizada no
monitoramento da confiabilidade operacional de estruturas e componentes mecânicos,
principalmente em situações de elevada complexidade. Tal controle possibilita o correto
gerenciamento e análise de riscos, bem como a avaliação da reabilitação e do desempenho de
novas técnicas de projeto, construção e montagem.
35
De início, as medições eram feitas exclusivamente através de técnicas destrutivas, muitas
vezes com a introdução de novas tensões durante o ensaio. Posteriormente, outros todos
foram desenvolvidos e, hoje, existem diversas técnicas para a medida e determinação das
tensões residuais sendo aperfeiçoadas constantemente, e nas quais o conceito de incerteza da
medição está cada vez mais presente. Além do aperfeiçoamento dos métodos já existentes,
outros novos estão sendo desenvolvidos no intuito de propiciar novas aplicações de uso para a
medição das tensões residuais, complementar as técnicas existentes, melhorar os níveis de
incertezas, detectar e quantificar tensões residuais de forma rápida, de modo a gerar vantagens
econômicas aos usuários (MARTINS et al, 2005, SUTERIO, 2005). Afora isso, é certo que,
na atualidade, é pouco provável que uma única técnica possa resolver todos os problemas
relacionados à medição; entretanto, a combinação entre elas pode atender à maioria das
necessidades tanto da indústria, quanto dos laboratórios de pesquisas (SUTERIO, 2002).
Convencionalmente, as cnicas de medição de tensões residuais são classificadas em
métodos não-destrutivos, semidestrutivos, e destrutivos.
Os métodos semidestrutivos e destrutivos baseiam-se na alteração do estado de equilíbrio das
tensões residuais, o que provoca o alívio destas, no ponto ou na região de medição. As
deformações causadas pelo alívio são medidas e, através de modelos matemáticos adequados,
são determinadas as tensões residuais. Nestes dois métodos, somente são analisadas as tensões
residuais macroscópicas.
Os métodos não-destrutivos são baseados nas variações de parâmetros físicos ou
cristalográficos do material em análise, relacionados às tensões residuais que provocam tais
alterações. Esses métodos determinam de forma combinada todas as tensões residuais
existentes no material, sejam elas microscópicas, submicroscópicas ou macroscópicas. Não
há, entretanto, possibilidade de distinção entre elas.
Segundo Suterio (2005), a escolha de uma técnica de medição deve levar em conta a natureza
da parte a ser analisada e o tipo de medição a ser realizada. Estes parâmetros incluem os
seguintes aspectos:
A natureza do material: estrutura cristalográfica, textura, composição química e fase;
O tipo de tensões residuais (macrotensão e microtensão);
36
O gradiente de tensões residuais na parte analisada (gradiente através da espessura ou da
superfície);
A geometria e região da parte analisada (profundidade, dimensão e forma da superfície);
O ambiente onde a medida é realizada (em campo ou em laboratório);
O tipo de intervenção (destrutiva ou não-destrutiva);
O tempo (razão de medição) e a extensão da intervenção;
A incerteza e a repetibilidade do método;
O custo da medição e dos equipamentos necessários.
A determinação das tensões residuais por métodos analíticos é muito difícil, pois exige o
conhecimento de toda a história de carregamento do material do componente, e, raramente se
conhece, com o rigor necessário, essa informação. Assim mesmo, e apesar da modelagem
numérica de processos de fabricação ter crescido vertiginosamente nos últimos anos e se
convertido em uma poderosa ferramenta na predição de tensões residuais, uma avaliação com
referência em resultados experimentais ainda é essencial (PEIXOTO, 2004).
Os desenvolvimentos teóricos para tratamento da deformação do reticulado da rede cristalina,
a qual se relaciona com as tensões, são obtidos a partir da teoria clássica da elasticidade. Ou
seja, o que é medido é a deformação elástica causada por tensões residuais de 1
a
e 2
a
ordens
(PITELLA, 2003).
2.4.3 Técnicas para medição de tensões residuais.
Com já foi dito anteriormente, várias técnicas têm sido utilizadas para se medir as tensões
residuais nos metais. Segue abaixo uma enumeração de tais técnicas, conforme a ASM
(1995):
1. Técnicas de relaxação de tensões.
1.1. Técnicas de relaxação utilizando “strain gages” elétricos e mecânicos.
Chapa:
Técnica de seccionamento;
37
Técnica de Gunnert;
Técnica de furação de Mathar-Soete;
Técnica de serragem sucessiva de Stablein.
Cilindros sólidos e tubos:
Técnica de usinagem sucessiva de Heyn-Bauer;
Técnica da perfuração de Mesnager-Sachs.
Sólidos tridimensionais:
Técnica da furação de Gunnert;
Técnica do seccionamento de Rosenthal-Norton.
1.2 Técnicas de relaxação utilizando outros aparelhos que não sejam “strain gages”
elétricos e mecânicos:
Técnica de divisão do sistema em redes;
Técnica de furação da camada frágil;
Técnica de furação da camada fotoelástica.
2. Técnicas de difração de raios-X:
Técnica do processo de filme;
Técnica do processo difratométrico.
3. Técnicas que se valem de propriedades sensíveis à tensão:
3.1 Técnicas de ultra-som:
Técnica da onda ultra-sônica polarizada;
Técnica da atenuação ultra-sônica.
3.2 Técnicas de medição das durezas.
Técnica de nanoindentação
4. Técnicas de trinca.
Técnica da trinca induzida pelo hidrogênio;
38
Técnica da trinca induzida por corrosão sob tensão.
Uma análise comparativa que resume as técnicas consagradas de medição de tensões
residuais, assim como considerações acerca dos níveis prático, técnico e econômico, é
apresentada por Lu (1996), nas tabelas 2.7, 2.8 e 2.9. A tabela 2.7 apresenta uma comparação
geral entre os diferentes métodos de medição. A tabela 2.8 também apresenta uma
comparação entre eles, mas leva em consideração os problemas do material e os problemas
geométricos da região a ser analisada. a tabela 2.9 apresenta a aplicabilidade de cada
técnica em materiais freqüentemente encontrados na indústria.
Dentre os principais métodos de medição de tensões residuais, a difração de raios-X e o
método do furo são os mais utilizados, devido a sua confiabilidade, principalmente quando
comparados a outros métodos mecânicos destrutivos. Enquanto a técnica de difração de raios-
X é reconhecida pela sua natureza não-destrutiva (apesar de sua medição limitar-se às
camadas muito próximas à superfície e o equipamento ter um custo elevado, além de pouca
portabilidade), a técnica do furo apresenta as vantagens de ser relativamente simples,
empregar instrumentação portátil, ser de baixo custo e ter uma limitação apenas parcial na sua
aplicação em componentes, que o furo executado não afeta o funcionamento dos mesmos.
O método do furo baseia-se na avaliação da resposta (deformação) da peça frente às
perturbações geométricas produzidas pela ão mecânica (remoção localizada de material).
Em seguida, analisam-se essas deformações para que se determine o estado tensional (tensão
residual) que lhes deu origem. Na figura 2.15 apresenta-se esquematicamente a deformação
do furo após o relaxamento das tensões residuais de tração unidirecional. Esse todo é
considerado semi-destrutivo. Isso porque, o material removido é limitado e, na maioria dos
casos, pode ser tolerado e reparado adequadamente.
Figura 2.15 – Representação, por anéis deformados, do efeito do alívio de tensões, quando
aplicado o método do furo (PITELLA 2003).
39
Tabela 2.7 – Comparação geral de diferentes técnicas de medição de tensões residuais (LU, 1996)
Métodos
Descrição
Furo cego Deflexão Secionamento Raios X Difração de nêutrons Ultra-som Magnético
Hipóteses básicas
Tensão biaxial e
uniforme na
superfície do furo
Tensão biaxial e
uniforme de um
retângulo de dimensões
grandes em relação à
espessura.
Campo de tensão 3-D
Padrão: Material
policristalino de grãos
finos, isotrópico e
homogêneo
Material policristalino,
isotrópico e homogêneo
Material isotrópico e
homogêneo, tensão
homogênea no caminho
acústico entre o
transmissor e o receptor
Material ferromagnético
Tipo de tensões
residuais analisadas
Macroscópica Macroscópica Macroscópica
Macroscópica
Microscópica
Macroscópica
Microscópica
Macroscópica
Microscópica
Submicroscópica
Macroscópica
Microscópica
Submicroscópica
Parâmetros medidos
Deformação ou
deslocamento
superficial
Deformação ou deflexão
Deformação ou
deslocamento
superficial
Mudança no
espaçamento
interplanar do material
policristalino
Mudança no
espaçamento
interplanar do material
policristalino
Variação da velocidade
da onda ultra-sônica
Amplitude do Ruído
Barkhausen ou
permeabilidade
magnética
Área de análise mínima
(uso padrão)
0,5 mm
2
1000 mm
2
100 mm
2
(“strain gages”)
100 mm
2
0,5 mm
2
4 mm
2
0,1 mm
2
(método de alta
freqüência)
30 mm
2
(método
convencional)
1 mm
2
(método Barkhausen)
100 mm
2
(método permeabilidade
magnética)
Mínima profundidade
de análise
20 µm 20 µm 1 a 2 mm
Dezenas de
micrometros
1 mm 15 µm a 300 µm 100 µm
Custo do equipamento
(US$)
10.000 a 50.000 1.000 15.000 100.000 a 200.000
Poucas centenas de
milhões
40.000 a 200.000 10.000 a 60.000
Sistema portátil de
medição
Sim Não Sim Não Não Sim Sim
Problemas no caso de
grãos grandes e de
textura grosseira
Não Não Não Sim Não Sim Sim
Sensibilidade para
endurecimento por
deformação plástica
Baixa Baixa Baixa Alta Média Alta Alta
Incerteza típica ± 20 MPa ± 30 MPa ± 10 MPa ± 20 MPa ± 30 MPa ± 10 a 20 MPa ± 10 a 20 MPa
Tempo de preparação
2 horas 8 horas 5 a 200 horas 8 horas 1 semana 20 minutos 10 minutos
Tempo de medição 40 minutos 30 minutos 40 minutos 20 minutos 2 horas Alguns minutos Instantâneo
Profundidade de
inspeção
0,02 a 15 mm 0,1 a 3 mm
Todas as profundidades
dentro de 1mm
1 a 50 µm (medidas n
ão
destrutivas).
10 mm
(medidas destrutivas)
2 a 50 mm 0,15 a 3 mm 0,1 a 1 mm
40
Tabela 2.8 Comparação de diferentes técnicas de medição de tensões residuais, considerando os problemas do material e os problemas
geométricos da região a ser analisada (LU, 1996).
Métodos
Descrição
Furo cego Deflexão Secionamento Raios-X
Difração de
nêutrons
Ultra-som Magnético
Problemas para o
caso de estrutura e
grãos grandes
Não Não Não Sim Sim Não Sim
Sensibilidade à
deformação
causadora de
encruamento
Baixa Baixa Baixa Alta Média Alta Alta
Análise em
material de
múltipla fase
Tensão média
em todas as
fases
Tensão média
em todas as
fases
Tensão média
em todas as
fases
Tensão em cada
fase se a menor
fase exceder
certa fração de
volume
Tensão em cada
fase se a menor
fase exceder
certa fração de
volume
Tensão média
em todas as
fases
Tensão média
em todas as
fases
ferromagnéticas
Medidas de tensão
em materiais
amorfos
Possível Possível Possível
Impossível
Impossível Impossível
Possível em
fases
ferromagnéticas
Medidas em
partes com baixo
raio de curvatura
Possível
r > 5 mm
Possível com
o método de
“Sachs”
Difícil
Possível
r > 0,5 mm
Possível,
medidas abaixo
da superfície
Difícil,
necessidade
de sensor
especial
Possível
r > 5 mm
Medidas em
camadas
(espessuras da
camada)
Maior que 50
µm
2 a 3 µm Maior que 2 mm
Todas as
espessuras
Maior que 2 mm
0,1 a 3 mm
(problemas de
porosidade)
0,01 a 1 mm
41
Tabela 2.9 – Aplicabilidade de cada técnica de medição de tensões residuais para materiais freqüentemente encontrados na indústria (LU, 1996).
Métodos Descrição
Furo cego Deflexão Seccionamento Raios-X Difração de nêutrons Ultra-som Magnético
Aços-carbono Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Aços de baixa
liga
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Aços inox Sim Sim Sim Sim, grãos não
muito grandes
Sim Baixa
sensibilidade
Difícil
Ligas de
alumínio
Sim Sim Sim Sim, problemas de
tamanho dos grãos
Sim Sim Não
Ligas de titânio Sim Sim Sim Sim, problemas na
fase β
Sim Sim Não
Ligas de níquel Sim Sim Sim Sim, problemas de
tamanho dos grãos
Sim Sim Sim
Cristais simples Sim, grãos
grandes
Não Não Sim, algumas
fibras
Sim, pequenos
tamanhos
Difícil Não
Polímeros Sim Sim Sim Sim, se cristalino Sim, se cristalino Não Não
Compósitos Sim Não Não Sim, matriz
cristalina
Sim, matriz
cristalina
Difícil Sim, matriz
ferromagnética
Estruturas
soldadas
Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
Partes montadas Sim Sim Não Sim Não Sim Sim
Superfície com
encruamento
mecânico
Sim Sim Difícil Sim Sim, depende da
profundidade tratada
(maior que 2 mm)
Sim Sim
Tratamentos
térmicos ou
químicos
Sim,
problemas c/
camadas finas
Sim Não Sim Não Difícil para
tensão
superficial
Sim
42
2.4.4 Resumo histórico da Técnica do Furo
O princípio quantitativo da técnica do furo (hole-drilling method) foi explorado pela primeira
vez em 1934, por J. Mathar, que utilizou a solução de Kirsch e o princípio da superposição
para obter a quantificação dos níveis de tensões a partir do alívio mecânico provocado pela
execução de um furo circular em placas tensionadas. Mathar valeu-se de extensômetros
mecânicos para medir os deslocamentos em torno dos furos (PITELLA, 2003).
Posteriormente, Soete e Vancrombrugge (1950) aumentaram a precisão da técnica com a
utilização de extensômetros elétricos. Em 1951, Milbradt propôs o todo do anel central
(ring core method), em alternativa ao do furo, por ser mais sensível na medição das
deformações relaxadas, embora menos localizada.
A aplicação moderna do método deve-se aos estudos de Rendler e Vigness (1966), que
desenvolveram a técnica do furo de modo a obterem um procedimento sistemático e
facilmente reproduzível, definindo a geometria das rosetas de extensômetros, posteriormentes
normalizadas pela norma americana ASTM E 837- 89 (1989) [roseta tipo A na revisão de 99].
Desde então, novos métodos têm sido propostos, com a intenção de aperfeiçoar a técnica do
furo. Nawwar et al. (1976) propuseram uma modificação na mesma, a qual visava à
possibilidade de se determinar as tensões residuais em placas finas. Em 1994, Zhu e Smith
desenvolveram uma análise teórica que permitiu a aplicação dacnica em superfícies curvas.
Schajer e Yang (1994), por sua vez, através de seus estudos, possibilitaram o emprego do
método em materiais com anisotropia elástica, comum em materiais modernos como os
compósitos reforçados com fibras. Até então, o método convencional somente podia ser
aplicado em materiais isotrópicos. Tootoonian e Schajer (1995), com a finalidade de aumentar
a sensibilidade na medição da relaxação de deformação pela técnica do furo incremental
(TFI), propuseram que o furo fosse efetuado incrementalmente com um aumento progressivo
de diâmetro. Em 1997, os mesmos autores apresentaram uma nova roseta de seis (06)
extensômetros, que permite a medição da relaxação de deformação radial e tangencial. Com
isso, a sensibilidade na medição das deformações melhorou em um fator de 2,3 e a
profundidade de avaliação aumentou aproximadamente 33%, relativamente às rosetas
retangulares anteriormente normalizadas pela ASTM. Essa roseta foi designada por roseta
tipo C na recente revisão da norma ASTM E 837-99 (1999).
43
Relativamente aos processos de furação, Beaney e Procter (1974) otimizaram a usinagem por
jatos de ar abrasivo, conseguindo, assim, um furo sem tensões residuais induzidas pelo
próprio processo de remoção de material. Em 1982, Flaman introduziu um método de corte
em velocidades elevadas. O processo consiste na utilização de pequenas fresas acionadas por
uma turbina de ar comprimido, o que permite que se alcancem velocidades de rotação na
ordem das centenas de milhar de rotações por minuto. Além de reduzir o risco de introdução
de tensões residuais parasitas, este método viabiliza a obtenção de furos com geometrias
perfeitas.
Quanto aos métodos de cálculo, Kelsey (1956) publicou o primeiro trabalho sobre a
determinação de tensões residuais não uniformes em profundidade, obtida através da técnica
do furo incremental (TFI), desenvolvendo, para isto, o método da deformação incremental
(MDI). Pela primeira vez eram utilizados furos cegos em vez de furos passantes. Bijak-
Zochowski (1978), por sua vez, inseriu o todo integral (MI). Em 1981, Schajer aplicou
com sucesso o método dos elementos finitos no cálculo das constantes de calibração e
apresentou um novo método de cálculo da TFI: o da rie de potências (MSP). A norma
americana citada anteriormente, assim como a nota técnica TN-503-4, da Vishay (1993),
apresenta tabelas e diagramas de lculo das constantes de calibração deduzidas por Schajer
(1981).
Com isso, nota-se que, nos anos 80, a determinação das tensões residuais em profundidade
tornou-se o principal objetivo das investigações nesta área. Técnicas avançadas, que se valem
de elementos finitos, permitiram o desenvolvimento de procedimentos de cálculo de tensões
residuais que não seriam praticáveis somente com o recurso da calibração experimental
(Shajer, 1988). Assim, muitos investigadores têm-se dedicado aos diversos aspectos técnicos
relacionados à TFI. E isso tem trazido importantes contribuições para o lculo de tensões
residuais não uniformes em profundidade. Daí resulta a literatura publicada que trata dessa
questão (FLAMAN et al, 1985; NICKOLA, 1986; NIKU-LARI et al, 1985; SCHAJER et al,
1985; SHWARZ & KOCKELMANN, 1993; SCHAJER & ALTUS, 1996; ZUCCARELLO,
1999), e, inclusive, a determinação de estados triaxiais de tensão residual não uniforme em
profundidade (WERN et al., 1997).
Uma das principais limitações da TFI, no entanto, é a ocorrência do efeito de plastificação.
Este efeito, que ocorre sempre que o estado de tensão residual induz deformações plásticas
44
localizadas, devido à concentração de tensões em torno do furo, tem sido alvo de
investigações recentes (BEGHINI ET AL., (1994, 1998), GIBMEIER ET AL., 1999; VANGI
E ERMINI, 2000). Mas, no momento, observa-se que ainda não se apresentam reportes de
estudos sobre efeito no caso de tensões não uniformes em profundidade.
2.4.5 Princípios fundamentais da técnica do furo.
2.4.5.1 Furos Passantes
Para se avaliar mecanicamente as tensões residuais, as tensões locais poderão ser medidas por
meio da relaxação de deformação resultante da execução do furo. Os primeiros métodos
utilizados nessa medição eram completamente destrutivos, pois exigiam o corte e o
secionamento das amostras, pela remoção de sucessivas camadas do material.
No caso mais simples, o de uma placa fina sujeita a um estado plano de tensões, a teoria da
elasticidade permite que, na ausência de deformação plástica nas imediações do furo, se
obtenha uma solução analítica. A solução baseia-se nos estudos de Kirsch (1898) sobre os
estados de tensão criados pela presença de furos em placas finas (concentração de tensões).
Com base na solução de Kirsch - que considera que o material é isotrópico e linearmente
elástico -, para um estado biaxial de tensão residual, a relaxação de deformação radial e
tangencial em torno do furo pode ser obtida por:
).2cos(.).().(
minmaxminmax
βσσσσε
BA +++=
(2.3)
Esta equação e as que vêm logo abaixo constituem a base da técnica do furo. As constantes A,
B e C são designadas como constantes de calibração e o ângulo β indica a localização de
medida em torno do furo (medido no sentido horário relativamente à direção da tensão
principal máxima). As constantes de calibração dependem das propriedades elásticas do
material e da razão entre a distância radial do ponto de medida e o raio do furo (r). No caso
simples de furos passantes em placas finas (estados planos de tensão), os valores das
constantes são dados diretamente a partir da solução de Kirsch:
+++=
+++=
).2cos(.).()..(
).2cos(.).()..(
minmaxminmax
minmaxminmax
βσσσσε
βσσσσε
θ
τ
CA
BA
(2.4)
45
Os valores das constantes são negativos, pois as deformações relaxadas têm sinal inverso às
tensões residuais iniciais. Um dos processos tradicionais, utilizado na técnica do furo, para se
medir a relaxação da deformação consiste em usar a extensometria elétrica. Embora outros
processos possam igualmente ser usados com o mesmo fim, tal como a interferometria
holográfica (FURGIUELE et al, 1991; MAKINO et al, 1996). Para rosetas tradicionais
normalizadas (rosetas tipo A e B (ASTM, 1999)), por exemplo, interessa reter a 1ª equação de
(2.4). Isso porque ela permite que se relacione a relaxação de deformação radial medida e as
tensões presentes no material. Assim, em um estado plano de tensão, a relaxação de
deformação radial e as tensões principais podem ser relacionadas através de uma equação
geral da seguinte maneira:
minmax
).2cos.().2cos.(
σ
β
σ
β
ε
τ
BABA
+
+
=
(2.5)
D : diâmetro de amostragem
Do: diâmetro do furo
P : localização do extensômetro
r
: deformação radial
β : ângulo de localização
Figura 2.16 - Placa com furo sujeita a um estado plano de tensões.
Como se vê, existem três incógnitas. Por isso, fazem-se necessárias três medições
independentes, para que se possa calcular as tensões principais e a sua direção. Uma das
possibilidades de medição das deformações relaxadas consiste em utilizar uma roseta com os
extensômetros alinhados radialmente em torno do furo. A norma americana ASTM E 837
padronizou as rosetas de extensômetros, com base nos trabalhos de Rendler e Vigness (1966).
A figura 2.17 representa a roseta ASTM E 837 horária (clockwise), a 45º. Os três
extensômetros são alinhados radialmente de modo que os eixos dos extensômetros 1 e 3
façam um ângulo de 90º; o extensômetro 2 é colocado na bissetriz, no 2º (posição 2b) ou no 4º
(posição 2) quadrante.
46
.
Figura 2.17 - Geometria de uma roseta de extensômetros horária (ASTM E 837, 1999).
A roseta horária difere das anti-horárias em virtude da troca dos eixos dos extensômetros 1 e
3. Nestas últimas, o ângulo que define a direção da tensão principal é medido no sentido anti-
horário. A referência em ambas as rosetas é o extensômetro 1. A posição 2 é preferível
relativamente à posição 2b, sendo que esta é utilizada se houver problemas de espaço,
nomeadamente em zonas próximas de arestas.
O ângulo β, indicado na figura 2.17, é o ângulo (medido no sentido horário) entre o
extensômetro 1 e a direção da tensão principal máxima. As deformações radiais medidas
pelos três extensômetros relacionam-se às tensões principais por intermédio da equação (2.5),
considerando a posição de cada extensômetro. Resolvendo simultaneamente as três equações
resultantes em função das tensões principais e da sua direção, obtém-se:
+
=
++
+
+
=
++
+
=
)(
).2(
arctan
.4
).2()(
.4
.4
).2()(
.4
13
213
2
213
2
13
13
min
2
213
2
13
13
max
εε
εεε
β
εεεεε
εε
σ
εεεεε
εε
σ
BA
BA
(2.5)
47
Um valor positivo de β indica que a direção de σ
max
faz um ângulo β horário com o
extensômetro 1. Um valor negativo indica que β é medido no sentido anti-horário. Quando o
numerador e o denominador da equação que define β o nulos, tem-se um estado biaxial de
tensões iguais (hidrostático), em que β deixa de ter significado.
Algum cuidado deve ser tomado na determinação da tensão residual com as equações
deduzidas. Pois, por um lado, o valor das constantes de calibração indicadas na equação (2.4)
referem-se às deformações pontuais. Por isso, não considera o efeito da área finita dos
extensômetros. Por outro, devido ao enrolamento do fio dos extensômetros, por exemplo,
estes o são perfeitamente radiais, antes, assemelham-se a pequenos segmentos paralelos.
Além disso, os extensômetros são igualmente sensíveis à deformação tangencial, embora
neste caso o erro cometido ao desprezar-se a sensibilidade tangencial dos extensômetros seja
desprezível, comparado aos associados com o processo de medida e cálculo das tensões
(VISHAY, 1993).
2.4.5.2 Furos Cegos
As equações anteriores foram deduzidas para furos passantes em placas finas. Contudo, na
prática da Engenharia existem componentes cujas placas possuem diversas formas e
tamanhos. Interessava, pois, desenvolver o método para aplicações mais gerais, utilizando-se,
para isso, pequenos furos cegos. A introdução de um furo cego em um campo plano de
tensões produz um estado bastante complexo de tensões. Por este motivo, não existe uma
solução analítica exata obtida via teoria da elasticidade. Felizmente, Rendler e Vigness (1966)
demonstraram que tanto no método do furo passante quanto no do furo cego a relaxação da
deformação varia de forma sinusoidal em torno do círculo concêntrico com o furo, isto é,
embora as constantes A e B sejam diferentes para o caso do furo cego, a equação (2.3)
continua válida. Neste caso, os valores de A e B podem ser conseguidos por calibração
experimental ou numérica, utilizando-se campos de tensão bem definidos. A relaxação de
tensão depende da profundidade do furo e, geralmente, as constantes A e B são determinadas
pela medição da relaxação de deformação para uma profundidade do furo igual ao seu
diâmetro. A equação (2.4) ignora o efeito da profundidade finita do furo. Contudo, as suas
constantes aproximam-se daqueles valores para grandes profundidades.
48
Por fim, com relação às equações, aquelas encontradas para o caso do furo passante podem
aqui ser aplicadas. Isso, desde que se determinem os valores corretos de A e B. Não sendo
possível determiná-los analiticamente, deve-se fazê-lo através de calibração experimental ou
através de métodos numéricos, tais como o método dos elementos finitos. Ademais, para
qualquer estado inicial de tensões residuais, e para um diâmetro fixo do furo, a relaxação de
deformação (ε
1
, ε
2
, ε
3
) aumenta conforme a profundidade do mesmo, embora o gradiente
diminua.
Quanto à profundidade do furo, ela normalmente deve ser de pelo menos Z/D = 0,4 (Z:
profundidade do furo, D: diâmetro de amostragem), de forma a maximizar o sinal (ASTM,
1994; VISHAY, 1993). A ASTM E 837 propõe um método para avaliar a não uniformidade
do campo de tensões ou os erros de medida. De acordo com este método, o furo deve ser feito
de forma incremental, de modo que, durante os primeiros 60% da profundidade total, os
incrementos não excedam 10% da mesma, e que, durante os restantes 40%, eles o
ultrapassem 20% da profundidade total. Após a medição das deformações relaxadas, deve-se
calcular as somas e as diferenças das deformações medidas, isto é, ε1+ε3 e ε3-ε1,
respectivamente. Em seguida, é necessário expressar cada série de dados como frações dos
seus valores quando a profundidade do furo atinge 0,4 vezes o diâmetro médio da roseta de
extensômetros (D). Finalmente, que se fazer um gráfico que expresse as deformações
relaxadas adimensionais em função da profundidade do furo adimensional. O diagrama da
figura 2.18 (b), retirada da norma, ilustra a variação esperada.
O diagrama da figura 2.18 (a) mostra também a influência de D
0
/D (D
0
: diâmetro do furo, D:
diâmetro de amostragem) sobre a variação da relaxação de deformação radial. Ambos os
casos representados na figura (a Kelsey; b Rendel & Vigness) envolvem estados uniformes
uniaxiais de tensão. As curvas são consideradas representativas da resposta esperada durante
as medições quando a tensão residual é uniforme em todo o furo.
49
(a) (b)
Figura 2.18 – (a) Relaxação de deformação (adimensionalizada para 100% quando Z/D = 0,4)
em função da razão entre a profundidade do furo e o diâmetro D da roseta de extensômetros
(VISHAY, 1993). (b) Verificação dos resultados das medições, segundo ASTM E 837, para
campos de tensão uniformes em profundidade (resposta esperada) (ASTM, 1994).
A norma ASTM utiliza esse método como critério de validação das medições. Assim, pontos
experimentais que se afastem mais de 3% das curvas indicadas na norma (figura 2.18 (b.))
indicam não uniformidade do campo de tensões em profundidade ou erro nas medições das
deformações. A norma recomenda que, quando a direção da tensão residual principal máxima
é mais próxima da direção axial do extensômetro 2 do que das direções dos extensômetros 1 e
3, a soma (ε
1
+ε
3
-2ε
2
) é numericamente maior que a diferença (ε
3
-ε
1
); a verificação deve ser
feita considerando a soma (ε
1
+ε
3
-2ε
2
) em vez de (ε
3
-ε
1
). Nota-se que nas equações (2.6)
podem-se constatar três diferentes grupos para os termos da relaxação de deformação
(SCHAJER et al, 1996; SCHAJER, 1988):
+
=
=
+
=
2
).2(
2
)(
2
)(
213
13
13
εεε
εε
εε
t
q
p
(2.6)
50
Para um material isotrópico, p é proporcional à deformação média hidrostática residual, q é
proporcional à deformação de corte a 45º do extensômetro 1 e t é proporcional à deformação
de corte ao longo do eixo 1. Nas medições com a cnica do furo, os fatores de
proporcionalidade em cada caso são inferiores aos reais porque a relaxação de deformação é
parcial, ao contrário, por exemplo, do que ocorre no método do anel central (ring core
method). A utilização destas três grandezas simplifica os cálculos das tensões, particularmente
no caso dos cálculos das tensões não uniformes em profundidade. O agrupamento anterior
permite escrever as relações tensão-deformação (SCHAJER, 1988) da seguinte forma:
=
=
=
B
t
T
B
q
Q
A
p
P
.2
.2
.2
(2.7)
Onde P, Q e T são as tensões correspondentes às deformações anteriormente definidas. Estas
equações aplicam-se ao caso em que o furo é feito auma determinada profundidade e as
correspondentes deformações medidas são usadas como base dos cálculos da tensão residual.
Este é o procedimento indicado pela norma ASTM E 837 (1999) no caso de corpos de prova
finos. No caso de corpos de prova de maior espessura, embora o método anterior possa ser
usado, determinando a relaxação de deformação para uma profundidade de 0,4D, a norma
recomenda uma média ponderada que leve em conta os valores obtidos ao longo de uma série
de pequenos incrementos. Tal procedimento reduz os efeitos dos erros aleatórios na medição
da deformação e aumenta, assim, a precisão e a estabilidade no cálculo das tensões. Estas
podem ser calculadas pelas seguintes equações, que têm em conta o efeito de cada incremento
(ASTM, 1999, BEANEY & PROCTER, 1974; SCHAJERa, 1988):
=
=
=
2
2
2
.2
.
.2
.
.2
.
B
tB
T
B
qB
Q
A
pA
P
(2.8)
51
As equações (2.5) podem, então, ser utilizadas para determinar as tensões principais e as suas
direções.
2.4.5.3 Técnica do Furo Incremental (TFI)
A metodologia indicada até este ponto é válida para campos de tensão uniformes ao longo
da profundidade do furo, não se aplica, pois, a um grande número de casos ocorridos na
prática da Engenharia. Em muitos casos, os campos de tensões residuais são o uniformes,
particularmente em zonas próximas da superfície.
Operações de corte ou tratamentos mecânicos superficiais, como o jateamento, introduzem
fortes campos de tensão com elevados gradientes à superfície. O desenvolvimento dos
métodos numéricos permitiu aperfeiçoar a técnica do furo, de modo a empregá-la na avaliação
da distribuição das tensões residuais em profundidade.
A medição de tensões não uniformes em profundidade requer que o furo seja feito de forma
incremental até uma profundidade limite que depende do diâmetro do furo. Portanto, para que
seja possível avaliar as tensões residuais em função da profundidade, as tensões residuais
existentes em cada um dos sucessivos incrementos de profundidade deverão ser determinadas
com base nas medidas de relaxação de deformação realizadas à superfície. A figura 2.14
esquematiza o princípio da técnica do furo incremental.
Figura 2.14 - Princípio da técnica do furo incremental (TFI).
52
Existem essencialmente quatro métodos de cálculo das tensões:
O método integral [MI] (BIJAK-ZOCHOWSKI, 1978, SCHAJERb, 1988; FLAMAN &
MANNING, 1985);
O método da série de potências [MSP] (SCHAJER, 1981);
O método da deformação incremental [MDI] (MAEDER et al, 1991; SHAWRZ &
KOCKELMANN, 1993);
O método da tensão média [MTM] (VISHAY, 1993; NIKCKOLA, 1986).
Outros autores propuseram procedimentos de cálculo para a TFI que podem ser considerados
como modificações dos métodos já indicados (SHAWRZ & KOCKELMANN, 1993; WERN,
1995).
Cada um dos métodos referidos tem sua aplicação principal e seus respectivos desvios. As
pesquisas recomendam o uso do Método Integral para a avaliação das tensões residuais em
que se verificam gradientes significativos.
No Método Integral assume-se que a deformação relaxada na superfície do material da peça
furada é o resultado do acúmulo das tensões residuais, originalmente existentes na zona de
cada incremento sucessivo, ao longo da profundidade do furo. Este é um método híbrido, que
leva em conta coeficientes de sensibilidade ao relaxamento do material baseado na análise por
elementos finitos e o cálculo do estado de tensões com o uso de rosetas extensométricas.
O método integral não se presta à medida das tensões residuais na superfície da peça. A sua
medida “confiável” dá-se a partir de 0,02 mm a 0,03 mm da superfície. É preciso
complementá-lo com a respectiva medida por difração de raios-X. Nesse sentido, pela
natureza e princípios de medidas não se pode comparar os resultados obtidos pela técnica do
furo incremental com a técnica da difração de raios-X.
53
2.4.6 Produção de tensões residuais na usinagem
Os processos de usinagem convencional, em materiais metálicos, estão sempre associados às
deformações elásticas e plásticas, bem como às alterações da microestrutura, aos defeitos da
rede cristalina e à produção de calor na região superficial e subsuperficial. Nesses processos,
gera-se uma nova superfície e, produzem-se cavacos que são retirados da região usinada.
Apesar da multiplicidade dos parâmetros em questão quando se trata da geração de tensões
residuais nos processos de usinagem, ela pode ser abordada de uma forma prática. As tensões
residuais são oriundas essencialmente de duas fontes principais: das deformações plásticas
não homogêneas e das transformações de fase associadas às variações volumétricas. No caso
da usinagem por retirada de cavaco, as deformações plásticas são os resultados da ação
mecânica da ferramenta sobre a peça que será usinada. A liberação localizada de calor na
região usinada também pode ser uma fonte de deformações plásticas adicionais caso as
tensões térmicas geradas ultrapassem o limite de escoamento do material.
Por outro lado, a interação da ferramenta com a peça pode também ser responsável pelo
aparecimento de transformações de fase. As deformações plásticas resultantes de forças
perpendiculares ou paralelas à superfície induzem tensões de compressão, enquanto as
deformações plásticas associadas aos aquecimentos localizados implicam uma tendência para
tensões de tração. As transformações de fase podem induzir tensões de compressão ou de
tração segundo o tipo de variações volumétricas em jogo ou segundo o modo como as
deformações plásticas "acomodam" as tensões de transformação.
Na figura 2.15, o diagrama mostra a geração das tensões residuais pelos processos de
usinagem com remoção de cavaco.
54
Figura 2.15 - Geração das tensões residuais nos processos de usinagem.
2.4.7 Tensões residuais no processo de torneamento
As tensões residuais geradas pelo processo de torneamento dependem tanto do tipo de
material usinado, quanto dos parâmetros de torneamento. O cenário ideal de parâmetros de
processo para se obter tensões residuais compressivas (ou ao menos tensões de tração baixas)
é obtido se a relação entre as tensões residuais, parâmetros de processo e características do
material usinado é conhecida. Infelizmente, devido à alta complexidade do mecanismo de
geração de tensão residual, não se tem ciência desta informação. Portanto, nenhuma regra
quantitativa é aplicada, e os parâmetros de torneamento são normalmente selecionados
desconsiderando-se o problema da tensão residual.
Usinagem por
arranque de cavaco
Processo por
esmagamento
Processo por
corte
Tensões residuais na superfície usinada
Tensões residuais
de compressão
Tensões residuais
de tração
Deformação plástica por
forças paralelas e
perpendiculares à superfície
Deformação plástica
resultante, em parte,
da produção de calor
Deformação plástica
essencialmente pela
produção de calor
Heterogeneidades associadas
às transformações de fase
55
Como se sabe, a tensão residual é relacionada à incompatibilidade entre a camada superficial
e o núcleo do material. Assim sendo, qualquer mecanismo que gera uma variação na forma ou
na geometria de uma camada superficial também gera as tensões residuais. Tal variação pode
ocorrer devido a três mecanismos: mecânico (deformação plástica), térmico (fluxo plástico
térmico) e físico (variação específica de volume). Mais de um mecanismo pode estar presente
ao mesmo tempo, e o resultado das tensões residuais é uma superposição de tensões residuais
geradas por mecanismos simples (CAPELLO, 2005).
Usuda et al. (1983) afirmam que, quando a tensão de compressão na região da ferramenta é
maior do que a tensão de tração na região posterior, surge uma tensão residual de compressão.
Quanto ao efeito térmico, se a camada externa, ao se expandir volumetricamente, sofre uma
restrição por parte da camada inferior, surge, como no caso anterior, uma tensão residual de
compressão, (HIOKI, 2006). Matsumoto et al. (1986) apresentam uma explicação mais
detalhada acerca da formação da tensão residual advinda do efeito térmico. Segundo o autor,
durante a usinagem a seco, a camada próxima à superfície sofre mais aquecimento e dilatação
que as camadas interiores. Além disso, após o corte, a superfície permanece mais aquecida
que as camadas internas, devido ao fato de que o resfriamento ocorre de dentro para fora e a
troca de calor com o ar na superfície da peça é baixa. Logo, as camadas externas dilatam-se e
sofrem uma tensão de compressão por parte das camadas internas. Se essa compressão
exceder a tensão de escoamento do material, então uma tensão residual de tração permanecerá
após o resfriamento. Para aços de baixa dureza a tensão residual na superfície é de tração, já
para os de alta dureza, é de compressão.
Na figura 2.16, Bectk (1993) mostra o efeito térmico nas tensões residuais em casos nos quais
a superfície resfria mais rapidamente do que o núcleo da peça. No gráfico da figura (a), após a
usinagem, a temperatura da superfície e das camadas abaixo dela é maior do que a
temperatura ambiente, mas não o suficiente para promover transformação metalúrgica. A
superfície, pela ação do fluido de corte, sofre resfriamento mais rápido do que as camadas
internas. A maior contração da superfície em relação às camadas internas gera tensões que
ultrapassam a tensão de escoamento, provocando deformações plásticas na superfície (linha
tracejada A). As camadas internas que sofreram apenas deformações elásticas retornam às
suas dimensões iniciais e surge uma tensão compressiva na superfície devido à diferença
dimensional entre ela e a camada interna (linha tracejada B).
56
(a) (b)
Figura 2.16 – Origem da tensão residual em superfícies usinadas (HIOKI apud BETCK,
1993)
Na figura 2.16(b), a temperatura de usinagem alcança níveis que permitem a transformação de
camada de austenita retida (linha tracejada A). As camadas internas, que resfriam mais
lentamente, proporcionam a transformação da austenita em martensita (linha tracejada B).
Visto que a camada interna de martensita é volumetricamente maior que a camada externa de
austenita, ocorre o alongamento elástico da superfície e surge, então, uma tensão residual de
tração.
De maneira geral, a existência da tensão residual de tração na superfície incentiva a
ocorrência de fissura, fato que causa a redução da resistência à fadiga. Em contrapartida, essa
resistência aumenta quando tensão residual de compressão (USUDA et al., 1983 apud
HIOKI, 2006).
2.5 Fundamentos do Ruído Magnético de Barkhausen
O processo de magnetização em materiais magnéticos tem sido objeto de importantes e
difíceis investigações há vários anos, tendo em vista os diversos fatores que nele estão
envolvidos. Tal processo pode ser descrito tanto em escala macroscópica, quanto
microscópica, e pode-se analisá-lo através de diferentes técnicas.
57
Em um material ferromagnético, como o ferro ou o cobalto, os spins dos elétrons de um
átomo podem influenciar os spins de elétrons dos átomos adjacentes devido ao acoplamento
da energia de troca. O resultado disso é a formação de grupos de 10
9
-10
12
átomos, nos quais
os momentos de dipolos magnéticos de todos os átomos apontam na mesma direção. Estes
conjuntos de átomos são chamados de domínios de Weiss e os limites entre eles são as
paredes de Bloch. Em uma amostra desmagnetizada, o dipolo magnético de cada um dos
domínios magnéticos apresenta direções aleatórias caso não se tenha nenhum campo
magnético neto aplicado na peça (HALLIDAY et al., 1997; LEWIN, 2002). Na figura 2.17
vêem-se os domínios magnéticos de um material ferromagnético orientados aleatoriamente.
No entanto, em cada um deles todos os dipolos magnéticos orientam-se em uma dada direção,
esquematizada pelas setas.
Figura 2.17 – Paredes de domínios magnéticos em um material ferromagnético
Campos magnéticos alternados podem causar movimentos das paredes (indo e vindo) entre
domínios adjacentes. Quando uma parede se move, empurra de um lado e fica mais separada
do outro lado. Dessa forma, o domínio aumenta de tamanho por um lado e, pelo outro se
comprime. O resultado final é uma variação na magnetização média da amostra.
A resposta de um material ferromagnético a um campo externo é resumida pela curva de
histerese apresentada esquematicamente na figura 2.18. Observa-se que H é o campo
magnético externo e B é a indução magnética resultante. (A figura está sem escala, uma vez
que a força de B é tipicamente milhares de vezes maior do que a de H).
58
Figura 2.23 – A curva de histerese
A curva começa no ponto a, quando uma amostra desmagnetizada é exposta a um campo
magnético externo. A indução magnética aumenta ao longo da curva ab. Se a força do campo
externo continuar aumentando, todos os domínios serão alinhados até alcançarem a saturação.
Neste ponto, a estrutura do domínio torna-se mais simples porque o material tende a
converter-se em um monodomínio (PEREZ, 2002), e, nesta situação a indução não aumenta
além da saturação => B = B
m
.
Do ponto b, se o campo externo fosse reduzido a 0, a curva não retornaria pelo mesmo
percurso e a indução diminuiria até o ponto c (H = 0 e B = B
r
). A amostra apresentaria, neste
caso, magnetização na direção do campo externo aplicado. Esta indução residual poderia
ser retirada com a aplicação de um campo magnético em sentido inverso, correspondente a
–Hc sendo, então, o percurso da curva o trecho cd. Deste modo obtém-se uma nova curva de
B-H. (HALLIDAY, RESNICK et al., 1997).
Se um campo magnético alternado for aplicado à amostra, a curva de histerese será percorrida
como um laço, e os domínios magnéticos terão sua direção invertida repetidamente. O
movimento irreversível das paredes do domínio - que é a causa do Ruído Magnético de
Barkhausen é extremamente influenciado pelos defeitos da estrutura, tais como lacunas,
inclusões, variações de fase, discordâncias, ancoragens por imperfeições pontuais e tensões
residuais no material (PEREZ, 2002). A mudança do campo magnético em cada um dos
59
domínios cria um minúsculo, mas detectável, pulso elétrico em uma bobina de fio. A coleção
de todos os pulsos produzidos pelos movimentos dos domínios provoca um sinal em forma de
ruído, por isso é chamado de Ruído Magnético de Barkhausen.
2.4.1 Efeito Barkhausen
Em 1919, Heinrich Georg Barkhausen descobriu o efeito atualmente conhecido por seu
proprio nome. A descoberta do Efeito Magnético de Barkhausen ou Ruído Magnético de
Barkhausen (RMB) derivou do trabalho do físico alemão em acústica e magnetismo. O RMB
é um dos quatro efeitos microscópicos (magnéticos e mecânicos) que ocorrem em um material
ferromagnético sujeito à tensão ou a um campo magnético variável no tempo. Os outros
efeitos são a emissão magneto-acústica, a emissão magneto-mecânica, e o efeito de Kaiser
(GUPTA et al., 1997).
Barkhausen interpretou o seu experimento como sendo a demonstração das irregularidades na
magnetização de um material ferromagnético. Sendo assim, mostrou que o processo de
magnetização caracterizado pela curva de histerese não é contínuo, mas sim uma seqüência de
pequenos e abruptos degraus, originários do movimento dos domínios magnéticos
influenciados pelo campo magnético (chamado de saltos de Barkhausen), vide
esquematicamente na figura 2.19.
Na curva de histerese, a etapa que mostra forte incremento da indução em decorrência do
aumento do campo aplicado obedece ao movimento abrupto irreversível das paredes de
domínio ao vencer os pontos de ancoragem, e como ocorre de forma irregular, confere ao
RMB um caráter estocástico (SERNA, 2007). Estas mudanças descontínuas da indução (em
forma escalonada) são conhecidas como pulos de indução ou, de Barkhausen. Os segmentos
ab, cd, etc. representam os pulos irreversíveis e se caracterizam pelo rápido incremento da
indução. Já os pulos reversíveis estão representados pelos segmentos bc, de, etc., e se
caracterizam pelo lento incremento da indução (figura 2.19).
O efeito Barkhausen também pode ser detectado através da corrente gerada em um sensor
piezoelétrico colado ao material, conhecido como emissão acústica de Barkhausen (EAB)
(KWUN e BURKHARDT, 1989).
60
Figura 2.19 - Durante a magnetização gera-se a emissão do RMB como conseqüência dos
incrementos abruptos na indução magnética.
Uma vez que o principal mecanismo do aumento na indução magnética é a movimentação das
paredes entre domínios adjacentes, estes movimentos também provocam emissão acústica
(ondas mecânicas no material) por efeito da magnetoestricção do mesmo e de uma variação
no campo magnético próximo à superfície da amostra.
Observa-se que a direção e a magnitude das tensões mecânicas exercem forte influência sobre
a distribuição de domínios, sobre a dinâmica de movimento das paredes dos mesmos, por
conseguinte, sobre o comportamento dos saltos Barkhausen, devido à interação
magnetoelástica. Além disso, a resistência do campo magnético, o tamanho de grão, a
composição química, a microestrutura, a dureza, as tensões residuais, os defeitos, a
rugosidade superficial e a fadiga também influenciam no movimento das paredes dos
domínios.
Como foi dito, o efeito Barkhausen é detectado através da corrente induzida pelo campo
magnético, numa bobina de fio condutor colocada próxima à superfície da amostra
magnetizada enquanto acontece o movimento das paredes dos domínios. Os resultados da
variação da magnetização apresentam-se em forma de pulsos elétricos induzidos na bobina
(SAPSOJEVEI et al, 1996; NG et al, 1995).
B: densidade de fluxo
H: campo magnético
61
O Ruído de Barkhausen tem um espectro de freqüência que se inicia com a magnetização e,
na maioria dos materiais, chega a componentes harmônicos de 2 MHz. O ruído é atenuado
exponencialmente em função da distância percorrida dentro do material. A profundidade
alcançada determina até onde se pode obter informações (profundidade da medição).
Nos últimos anos, o fenômeno do Ruído Magnético de Barkhausen (RMB) tem sido bastante
estudado, dada a importância de sua possível implementação como potencial técnica de ensaio
não destrutivo, devido à sua dependência com relação à estrutura e integridade superficial dos
materiais ferromagnéticos. Afora isso, o RMB também viabiliza a avaliação ou determinação
de características intrínsecas ao material, como as metalúrgicas, as microestruturais e as
mecânicas (CAPO et al, 2002; PEREZ, 2002). Porém, existem ainda algumas dificuldades no
uso do RMB, que dizem a respeito principalmente à alta sensibilidade deste sistema. Pois,
uma pequena mudança, seja nos parâmetros microestruturais das amostras ou em um dos
parâmetros correspondentes aos dispositivos do sistema de aquisição do RMB, pode produzir
desafios adicionais para a interpretação dos resultados. Em conseqüência disso, a calibração
para cada caso específico faz-se indispensável (PEREZ, 2002).
A vantagem de evitar a destruição das peças estudadas quando se faz uso do RMB como
sistema de controle de qualidade ou nos processos de manutenção de componentes
construídos com material ferromagnético torna esta técnica, de relativo baixo custo, atraente
para a indústria produtora ou usuária de aço. A alta potencialidade de aplicação do RMB na
monitoração dos materiais ferromagnéticos tanto em pesquisas como comercialmente, fez
com que os principais esforços de desenvolvimento tenham se voltado ao estabelecimento de
correlações ótimas entre as propriedades intrínsecas dos materiais ferromagnéticos (mecânicas
ou elétricas) e as atividades de Barkhausen (PEREZ, 2002). Neste sentido, sabe-se que, desde
a década de 70, Tiitto aplicava o efeito de Barkhausen para desenvolver um sensor para
avaliação em ensaios não-destrutivos (END) para testar a integridade de metais (TIITTO,
1978). Desde então, os sensores de Barkhausen foram usados em uma variedade de aplicações
de END, a saber: medição do estado de tensão uniaxial ou biaxial de um metal, medição da
deformação plástica, determinação da vida à fadiga e detecção de defeitos como a queima da
superfície por retíficação.
62
2.5.2 Freqüência de excitação no RMB
A profundidade de emissão de RMB depende da freqüência que se utiliza para excitar o
campo magnético. Jiles (2000) indica que a banda de freqüência da emissão Barkhausen es
no intervalo de 10 Hz a 500 KHz. E a faixa de freqüência de excitação normalmente
empregada encontra-se entre 0,01 Hz e 100 Hz.
O efeito da profundidade no RMB é uma decorrência do chamado “efeito de pele”, que pode
ser calculado através da relação:
ro
f
µµσ
δ
...
2
=
(2.9)
Onde:
- δ: profundidade da camada superficial na qual o campo magnético é atenuado em até 1/e
(e = base neperiana) do valor na superfície;
- f : freqüência;
- σ: condutividade elétrica do material;
- µ
o:
permeabilidade no vácuo;
- µ
r
: permeabilidade relativa.
Segundo Altpeter (1996), os eventos Barkhausen excitados a maiores distâncias da superfície
resultam em pulsos de tensão com menor freqüência do que a dos eventos excitados na
superfície. Moorthy et al. (2003) indicam que as análises dos sinais em altas freqüências do
RMB fornecem informação da magnetização próxima à superfície, enquanto as análises em
baixas freqüências provêem informação acerca do núcleo abaixo da superfície. Dhar e
Atherton (1992) trabalharam com aço de baixo carbono na faixa de freqüências entre 0 Hz e
250 Hz. Eles verificaram que quanto maior a freqüência de excitação, maior é a atividade
RMB. Fato este que foi atribuído a um aumento nas interações das paredes de domínio com
os pontos de ancoragem conforme ocorreu o aumento da freqüência de magnetização. Mitra e
Jiles (1997), ao trabalharem com aços elétricos (Fe-Si-B), reportaram a um aumento no rms
da tensão de RMB na medida em que a freqüência de excitação (10-80 Hz) aumentou.
63
2.4.3 Intensidade de magnetização no RMB
Dhar e Atherton (1992), Padovese et al. (2000), trabalhando com aços de baixa liga,
constataram que, com o aumento do campo aplicado, a amplitude do sinal RMB também
aumenta a se aproximar da saturação magnética. Isto foi explicado pelo mecanismo de
movimentação de domínios nos baixos campos magnéticos, nos quais, à proporção que
aumenta o campo magnético, as paredes de domínio atingem energia suficiente para
sobrepassar as barreiras. Mitra e Jiles (1997) indicaram que os aços elétricos têm uma
resposta similar com a variação da intensidade de magnetização.
2.4.4 Efeito da microestrutura no RMB
Vários trabalhos têm relacionado o RMB com a microestrutura, em diversos tipos de aços. As
imperfeições, como os contornos de grão, as fases precipitadas, a presença de discordâncias e
lacunas, interferem na movimentação das paredes de domínios magnéticos (SERNA, 2007).
A dependência das emissões do RMB em relação ao tamanho de grão pode ser explicada pelo
fato de que os ferros policristalinos e os possuem várias não homogeneidades, cavidades,
inclusões, precipitações, discordâncias e outros defeitos do cristal que trava o movimento das
paredes dos domínios (KAMEDA & RANJAN, 1987; SIPAHI & JILES, 1993). Nos aços
elétricos, os defeitos mais significativos localizam-se nos contornos de grão (SIPAHI &
JILES, 1992). Em 1987, Ranjan et al. reportaram a um incremento na amplitude do sinal de
Barkhausen com o aumento do tamanho de grão. Isto é justificado pelo fato de que o RMB
depende do caminho livre que têm as paredes de domínios para se movimentar. Assim, quanto
maior o tamanho de grão, maior é a distância entre os pontos de ancoramento, através dos
quais os domínios magnéticos podem movimentar-se. Resultados similares são referidos por
Dong-Wom & Dongil (2003), que trabalharam com aço SA 508.
uanto à influência do teor de carbono, Kameda e Ranjan (1987), em seu trabalho com aços
carbono, relacionaram o valor de pico máximo à variação do teor de carbono. Encontraram,
assim, um ximo em 0,46% C, a partir do qual a curva começa decrescer. Resultados
similares foram obtidos por Capó-Sanchez et al. (2004) (figura 2.20).
64
Figura 2.20 - Variação de valor máximo do RMB em função do teor de carbono, para dois
valores diferentes de taxa de campo magnético (CAPÓ-SANCHEZ et al., 2004).
O RMB varia inversamente com a dureza. Altos valores de dureza são relacionados a um
aumento na densidade de discordâncias que atuam como barreiras à movimentação
irreversível dos domínios. A quantidade e a morfologia de carbonetos influenciam os valores
do RMB. Os carbonetos menores, em menor quantidade e esferoidizados mostram um valor
RMB maior do que mostram os de formato de agulhas (JEONG et al., 1999).
Moorthy et al. (2003) sugerem que o RMB pode ser usado na determinação de um perfil de
dureza em amostras endurecidas superficialmente. Eles constataram que, ao diminuir a
dureza, o nível de RMB aumenta devido ao fato de que as paredes de domínios podem
movimentar-se mais facilmente.
2.5.5 Tensões mecânicas e tensões residuais no RMB
A magnetização de materiais ferromagnéticos sofre a influência do estado de tensões do
material através da magnetostrição, sendo que a deformação plástica aumenta as regiões com
alta densidade de discordâncias, as quais impedem o movimento das paredes de domínio
(SIPAHI e JILES, 1992; 1993).
Ao se aplicar um campo magnético a um material com magnetoestrição positiva, na mesma
direção em que está sendo submetido à tração, o número de emissões de Barkhausen aumenta,
65
enquanto que, sob compressão, diminui. Isso acontece porque a tração causa o alinhamento
dos domínios na direção do eixo cristalográfico mais próximo ao eixo no qual está sendo
aplicada a tensão. Se o campo magnético aplicado é perpendicular ao eixo de tensão, o efeito
é contrário (SIPAHI, 1994).
A figura 2.21 mostra como a tração ou a compressão afetam a disposição dos domínios e a
amplitude das emissões de Barkhausen em um aço AISI 4340 (BARTON et al, 1979; FIX et
al, 1990).
Figura 2.21 - Influência da tração e da compressão no alinhamento dos domínios, e seu efeito
no RMB
A figura 2.22 mostra a resposta do sinal de Barkhausen, em geral para algum estado de tensão
de ferromagnético. A tensão de compressão tem valores negativos e o sinal apresenta baixa
amplitude. O laço de histerese é mais largo. Com o estado de tensão de tração, o sinal de
RMB tem amplitude alta e o laço de histerese mostra-se mais fino. Além disso, os valores da
tensão de tração apresentam-se como positivos.
Figura 2.22 – Resposta do sinal de RMB em função da tensão (aplicada ou residual)
66
Medições de tensões residuais superficiais em os estruturais, feitas através do ruído
magnético de Barkhausen, mostram um resultado acurado, quando uma calibração
adequada (FIX et al, 1990). A curva de calibração define o limite de magnitude de tensão que
pode ser medida, e determina a dependência entre o sinal e o nível de tensão. A medição das
tensões residuais é feita mediante a comparação entre o sinal da amostra e a curva de
calibração
(GAUTHIER et al, 1998). Como o ruído magnético de Barkhausen é sensível à
microestrutura, o sinal muda de um material para outro e, portanto, a calibração dos materiais
deve ocorrer separadamente. Fix et al. (1990) avaliaram a praticabilidade do uso do RMB na
fabricação de eixos de cames, analisando as tensões residuais e as queimas após o processo de
retíficação. Os dados de tensão residual obtidos foram comparados aos de difração por raios-
X, e os de queimadura aos da inspeção com ataque químico (Nital). Neste caso os autores
indicaram que o RMB mostrou confiabilidade e velocidade de resposta para uso industrial.
Gupta et al. (1997), retificando componentes de aço AISI 52100 em diferentes condições de
uso do fluido refrigerante (100%, 50%, 25% e 0%), conseguiram relacionar as tensões
residuais (medidas via difração de raios-x) às amplitudes do sinal do RMB obtidas.
67
CAPÍTULO 3
PROJETO EXPERIMENTAL
Este capítulo apresenta uma descrição da metodologia, do procedimento experimental e
materiais e equipamentos utilizados na fase experimental.
Metodologia
As atividades desenvolvidas neste trabalho são:
a) Ensaios de torneamento duro a seco nos anéis de rolamento. Os anéis (corpos de prova),
ferramenta de corte (insertos CBN), a Maquina-ferramenta (Torno CNC) e o operador do
torno (funcionário) foram providenciados pela FAG.
b) Medidas do Ruído Magnético de Barkhausen (RMB), executadas antes do analise
metalográfico. Os equipamentos de: excitação magnética, filtrado e amplificação de sinal,
software de aquisição e processamento de sinais de RMB; foram providenciados pelo
LADIN – EPUSP.
c) Caracterização das amostras quanto à tensão superficial pela técnica do método do furo. A
realização das medições pelo método do furo cego foi realizada no Centro Universitário
da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) – Laboratório de Resistência dos Materiais.
d) Obtenção dos perfis de rugosidade superficial, realizadas no Laboratório de Fenômenos de
Superfície (LFS) do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da
USP.
e) Caracterizações metalográficas e microscópicas, quanto à sua morfologia e acabamento
superficial Esta etapa foi desenvolvida no Centro Universitário da FEI Laboratório de
Materiais.
68
Procedimento Experimental
3.1 Torneamento duro
Os ensaios de torneamento foram realizados num torno CNC, usando insertos de CBN. Para a
medição das forças de usinagem, foi usado um transdutor piezoelétrico tri-direcional
(fabricado pela PCB), montado diretamente no cabo da ferramenta.
3.1.1 Planejamento Experimental
O planejamento experimental foi elaborado para ser realizado através de uma análise fatorial
completa e uma replicação em dois níveis e 3 fatores (velocidade de corte, avanço,
profundidade de penetração), para cinco condições de desgaste da ferramenta de corte,
perfazendo um total de 40 corpos usinados. A seguir se explica as características do ensaio de
torneamento.
Condições Fixas
a) Material do corpo de prova : Aço DIN 100CrMn6;
b) Geometria dos corpos de prova : [figura 3.2];
c) Dureza dos corpos de prova : 62 ± 2HRc;
d) Ferramenta de corte : CBN 200 – Sumitomo;
e) Geometria da ferramenta de corte : VNMA 160408;
f) Máquina operatriz : Torno CNC - Okuma LB300;
g) Usinagem a seco
Variáveis Independentes
a) Velocidade de corte (V
C
) : 150 e 210 m/min;
b) Avanço (f) : 0,08 e 0,16 mm/rotação;
c) Profundidade de corte (a
p
) : 0,025 e 0,07 mm;
d) Percurso de corte (L
C
) : 0, 2000, 4000, 6000 e 8000 m.
69
Variáveis Dependentes
a) Forças de usinagem (corte, avanço, penetração);
b) Rugosidade;
c) Tensão residual (método do furo e RMB);
d) Microestrutura da região usinada;
e) Desgaste de flanco da ferramenta de corte (VB).
3.1.2 Condições de ensaio
a) Antes de iniciar os ensaios, se marcaram todas as amostras para sua fácil identificação
e manuseio. Do código, a letra C significa cutting ou usinado, e os dois dígitos
indicam o número de anel. Os anéis com números impares indica que são as amostras
“originais” e as marcadas com números pares são as réplicas, de para cada condição de
usinagem estabelecida. A figura 3.1mostra a codificação dos anéis impares
(“originais”).
Vc
s
- f
s
- a
p.s
Temperado
e Revenido
T
C0
C11
Vc
1
f
1
a
p1
Vc
2
f
1
a
p1
C01
C05
C09
C15
C19
C03
C13
C07
C17
Vc
1
f
2
a
p1
Vc
2
f
2
a
p1
C21
C25
C29
C31
C35
C39
C23 C33
C27 C37
Vc
1
f
1
a
p2
Vc
2
f
1
a
p2
Vc
1
f
2
a
p2
Vc
2
f
2
a
p2
C41
C45
C49
C51
C55
C59
C61
C65
C69
C71
C75
C79
C43
C53
C63
C73
C47 C57
C67
C77
Lc
NOVO
Lc
4000
Lc
8000
Lc
2000
Lc
6000
PARAMETROS
DE USINAGEM
Vc
s
- f
s
- a
p.s
Temperado
e Revenido
T
C0
Vc
s
- f
s
- a
p.s
Temperado
e Revenido
T
C0
Temperado
e Revenido
T
C0
C11
Vc
1
f
1
a
p1
Vc
2
f
1
a
p1
C01
C05
C09
C15
C19
C03
C13
C07
C17
C11
Vc
1
f
1
a
p1
Vc
2
f
1
a
p1
C01
C05
C09
C15
C19
C03
C13
C07
C17
C11
Vc
1
f
1
a
p1
Vc
2
f
1
a
p1
C01
C05
C09
C15
C19
C03
C13
C07
C17
Vc
1
f
1
a
p1
Vc
2
f
1
a
p1
C01
C05
C09
C15
C19
C03
C13
C07
C17
Vc
1
f
2
a
p1
Vc
2
f
2
a
p1
C21
C25
C29
C31
C35
C39
C23 C33
C27 C37
Vc
1
f
2
a
p1
Vc
2
f
2
a
p1
C21
C25
C29
C31
C35
C39
C23 C33
C27 C37
Vc
1
f
2
a
p1
Vc
2
f
2
a
p1
C21
C25
C29
C31
C35
C39
C23 C33
C27 C37
Vc
1
f
1
a
p2
Vc
2
f
1
a
p2
Vc
1
f
2
a
p2
Vc
2
f
2
a
p2
C41
C45
C49
C51
C55
C59
C61
C65
C69
C71
C75
C79
C43
C53
C63
C73
C47 C57
C67
C77
Vc
1
f
1
a
p2
Vc
2
f
1
a
p2
Vc
1
f
2
a
p2
Vc
2
f
2
a
p2
C41
C45
C49
C51
C55
C59
C61
C65
C69
C71
C75
C79
C43
C53
C63
C73
C47 C57
C67
C77
Vc
2
f
1
a
p2
Vc
1
f
2
a
p2
Vc
2
f
2
a
p2
C41
C45
C49
C51
C55
C59
C61
C65
C69
C71
C75
C79
C43
C53
C63
C73
C47 C57
C67
C77
Lc
NOVO
Lc
4000
Lc
8000
Lc
2000
Lc
6000
Lc
NOVO
Lc
4000
Lc
8000
Lc
2000
Lc
6000
Lc
4000
Lc
8000
Lc
2000
Lc
6000
PARAMETROS
DE USINAGEM
Figura 3.1 - Codificação das amostras (anéis cônicos internos de rolamento)
b) Para garantir a profundidade de corte constante durante os ensaios foram executados
em cada corpo de prova um passe de usinagem de ‘semiacabamento’, com uma única
70
condição standard pré-estabelecida (v
c.s
, f
s
, a
p.s
), antes de realizar o ensaio na condição
programada.
Condição standard : v
c.s
, f
s
, a
p.s
(previa à condição programada do ensaio)
Parâmetros (3) : v
c
, f, a
p
2
3
= 8
Percurso de corte (L
c
) : 5
(L
c1,
L
c2,
L
c3,
L
c4,
L
c5
).
Então : 5 x 8 = 40 corpos de prova.
Com 01 replicação : 40 x 2 = 80 corpos de prova.
A tabela 3.1 mostra os parâmetros de corte e as suas grandezas, usadas no ensaio de
torneamento. As grandezas escritas em itálico correspondem aos parâmetros de
usinagem da condição de estandardização, ou seja, prévio aos ensaios de torneamento,
com o intuito de deixar todas as amostras geometricamente iguais, depois do
tratamento térmico.
Tabela 3.1 - Parâmetros de corte do ensaio de torneamento
Velocidade de
corte
[m/min]
Avanço
[mm/rot]
Profundidade
de corte
[mm]
Percurso de
corte
[m]
standard v
c.s
100 f
s
0,1 a
p.s
0,3
L
c.1
Novo
mínimo
v
c1
150 f
1
0,08 a
p1
0,025 L
c.2
2000
máximo
v
c2
210 f
2
0,16 a
p2
0,075 L
c.3
4000
L
c.4
6000
L
c.5
8000
Na tabela 3.2 apresenta-se o detalhamento das condições do ensaio do torneamento
duro.
Tabela 3.2: Condições do ensaio de torneamento.
Condição Velocidade corte Avanço Profundidade corte
1: v
c1
f
1
a
p1
v
c1
: 150 m/min f
1
: 0,08 mm/rot a
p1
: 0,025 mm
2: v
c2
f
1
a
p1
v
c2
: 210 m/min f
1
: 0,08 mm/rot a
p1
: 0,025 mm
3: v
c1
f
2
a
p1
v
c1
: 150 m/min f
2
: 0,16 mm/rot a
p1
: 0,025 mm
4: v
c2
f
2
a
p1
v
c2
: 210 m/min f
2
: 0,16 mm/rot a
p1
: 0,025 mm
5: v
c1
f
1
a
p2
v
c1
: 150 m/min f
1
: 0,08 mm/rot a
p2
: 0,075 mm
6: v
c2
f
1
a
p2
v
c2
: 210 m/min f
1
: 0,08 mm/rot a
p2
: 0,075 mm
7: v
c1
f
2
a
p2
v
c1
: 150 m/min f
2
: 0,16 mm/rot a
p2
: 0,075 mm
8: v
c2
f
2
a
p2
v
c2
: 210 m/min f
2
: 0,16 mm/rot a
p2
: 0,075 mm
71
3.1.3 Máquina-Ferramenta
A máquina-ferramenta usada nos ensaios foi um torno CNC OKUMA LB300 (figura 3.2),
com as seguintes especificações:
Potência do motor do fuso: VAV 15/11 (KW)
Velocidade do fuso: 45 – 4500 (rpm)
Torre: doze posições para a ferramenta
Máximo diâmetro torneável: 370 (mm)
Máximo comprimento de corte: 250 (mm)
Alta pressão de refrigeração
Fig. 3.2 – Máquina ferramenta usada nos experimentos
3.3.4 Corpos de prova
Os ensaios foram realizados na pista do anel interno de rolamentos cônicos, (figura 3.2),
produzidos pela FAG - Rolamentos FAG Ltda. O material das peças é o o DIN 100Cr6, a
composição química, segundo a norma técnica DIN; é mostrada na Tabela 3.3.
Tabela 3.3 - Faixas de variação dos elementos do aço DIN 100Cr6
C Si Mn Cr P S Ni Cu Composição
Valores
%
% % % < % < % < % < %
Mínimo 0,90 0,50 1,00 1,40 0,03 0,025 0,30 0,30
Máximo 1,05 0,07 1,20 1,55
72
Os anéis foram tratados termicamente (tempera e revenido) e apresentaram dureza em torno
de 60 a 65 HRc. Usou-se um durômetro digital Shimadzu, modelo HMV2 Micro Hardness
Tester para medir os níveis das durezas dos 80 corpos de prova (escala Rockwell C).
Na figura 3.3 mostra-se esquematicamente a geometria do corpo de prova, e na figura 3.4
mostram-se fotografias do corpo de prova (a) depois de finalizado o ensaio de torneamento e
(b) durante a etapa de identificação.
Figura 3.3 - Esquema do corpo de prova do ensaio de torneamento
(a) (b)
Figura 3.4 - Fotos das peças após ensaio de usinagem: a) fixada no torno; b) identificação com
eletro-caneta.
73
A figura 3.5 mostra a microestrutura típica do aço 100CrMn6 temperado e revenido sua
matriz é tipicamente martensítica, com alto teor de carbono e carbonetos primários dispersos
em toda a sua massa.
Figura 3.5: Micrografia do aço DIN 100Cr6 antes da usinagem, com aumento de 200 vezes.
100
A qualidade deste o para rolamento está ligada a sua excelente microestrutura. A
combinação do tipo do aço, do tratamento térmico e a sua alta vida em serviço na região de
rolamento conferem um excelente desempenho a estas peças. Entretanto, a austenita retida
poderá estar presente na microestrutura do aço, reduzindo a sua dureza e conseqüentemente a
sua vida em serviço. A tabela 3.4 e a figura 3.6 indicam-se os ciclos de tempera e revenido do
aço DIN 100CrMn6.
Tabela 3.4 - Características do tratamento térmico do aço DIN 100Cr6
TEMPERADO REVENIDO
Temperatura de Têmpera
840
±
5 °C
Temperatura de Revenido
150 – 180 °C
Temperatura de Banho de Óleo
60 °C ±5
Tempo de Revenimento
80 – 120 min
Vazo de Nitrogênio
50 – 70 m
3
/h
Dureza
63-66 HRc
Dureza Final
60 – 64 HRc
74
Figura 3.6 – Ciclo de tratamento térmico do aço DIN 100Cr6
3.3.5 Ferramenta de Corte
As ferramentas de corte utilizadas nos ensaios foram do tipo VNMA 160404(08) – BCN 200,
com quatro pastilhas, revestidas com cerâmicas à base de TiAlN e fabricadas pela Sumitomo.
São ferramentas indicadas para usinagem em corte interrompido e corte contínuo, para
velocidades na faixa de 150 a 300 m/min.
Características da Ferramenta VNMA 160404 – BNC200
V – formato da ferramenta – ângulo de ponta de 35
0
;
N – ângulo de folga – 0
0
;
M – classe de tolerância conforme anexo 01;
A – tipo de ferramenta – plana, com 4 pastilhas;
16 – comprimento da aresta em mm;
04 – largura da ferramenta – s = 4,76 mm;
04 – raio de ponta – r = 0,4 mm;
BNC200 – classe do material da pastilha para acabamento (Sumitomo).
75
3.3.6 Porta Ferramenta
A porta ferramenta utilizada nos ensaios foi construída segundo a designação da tabela 3.4 e
especialmente projetada para alojar o transdutor piezoelétrico das medidas das forças de
torneamento, conforme se observa no anexo 2.
3.3.7 Transdutor para a medida dos esforços de usinagem
É objetivo do processo de torneamento de aços endurecidos a usinagem final de peças
mecânicas sem o uso do processo de retificação. Para isto, usam-se altas velocidades de corte,
pequenos avanços e pequenas profundidades de corte, que permitem obter a precisão e
acabamento superficial desejado da peça. O sistema máquina-transdutor-ferramenta deve ser o
suficientemente rígido para o interferir nos resultados dos ensaios; com esta finalidade, é
recomendável o uso de transdutores piezoelétricos, pois oferecem características desejáveis
para a medida com precisão das forças de usinagem. A figura 3.7 ilustra o transdutor usado
(PCB-260A01 da PCB Piezotronics).
Figura 3.7 – Transdutor piezoelétrico triaxial PCB-260A01 da PCB Piezotronics
3.3.8 Sistema ferramenta-transdutor-inserto
O suporte da ferramenta foi projetado na forma bi-partida com a finalidade de alojar o
transdutor piezoelétrico. A montagem é feita usando um pino roscado, de modo que se exerça
uma força de compressão de 50 KN sobre o transdutor, conforme indicação do fabricante.
Desta forma, o sistema ferramenta-transdutor permanece suficientemente rígido como se fosse
uma única peça. As figuras 3.8 e 3.9 ilustram montagem e indicam o sentido das forças
medidas.
76
Figura 3.8 – Desenho de montagem do sistema ferramenta – transdutor – inserto.
Figura 3.9 – Detalhes do sistema ferramenta – transdutor – inserto, em usinagem.
3.4 Medição da Rugosidade
Os ensaios foram realizados na pista do anel interno de rolamentos cônicos, depois de serem
torneados nas condições de usinagem predeterminadas. Foi usado um suporte e um
rugosímetro portátil. Em cada corpo de prova foram realizadas cinco medições,
perpendiculares à direção do avanço, a cada 72º a respeito do eixo do anel, para se estabelecer
a rugosidade Ra. O rugosímetro utilizado foi do tipo Portátil, modelo Surftest SJ–201,
fabricado pela Mitutoyo, (figura 3.10(a)) que encontrava-se ajustado a um “cut-offde 0,8
mm. Este foi conectado a um computador que registrava e processava os dados obtidos pelo
instrumento, através do software fornecido pelo próprio fabricante do instrumento. A amostra
Transdutor
Piezoelétrico
Torre
Fe
rramenta de Corte
Porta Ferramenta
77
foi fixada em um dispositivo de fixação, projetado e fabricado especificamente para as
medições de rugosidade, que permitia, além de posicionar horizontalmente a superfície
externa do anel (onde se realizaram as medições), girar 360º os anéis, vide figura 3.10(b).
(a) (b)
Figura 3.10 – (a) Rugosímetro Surftest SJ–201P – Mitutoyo; (b) Dispositivo de nivelação do
anel cônico para medição da rugosidade.
3.5 Caracterização Microscópica
Foi cortada uma seção paralela ao eixo do anel, o avanço de corte foi manual, sendo realizado
lentamente, a fim de evitar queima nas superfícies que estavam em contato com o disco
abrasivo. A seguir, as amostras foram embutidas em resina para preparação de bordas, depois
de resfriadas foram polidas e logo atacadas quimicamente. Seguidamente se tomaram as
micrografias. Os materiais e equipamentos usados são descritos a continuação.
Corte
Equipamento : Maquina de Corte (Cut off)
Fabricante : Panambra
Modelo : Mesotom
Ferramenta : Disco Abrasivo
Fabricante : Struers
Modelo : Poly Fast
78
Refrigeração : Fluido de corte
Fabricante : Panambra
Tipo : Aditom (aditivo antioxidante)
Razão : 30:1 [Água:Fluido de corte]
Embutimento:
Equipamento : Prensa de embutimento
Fabricante : Panambra
Modelo : Tempopress 2
Materiais: Resinas
a) Fenólica para preparação de borda
Fabricante : Struers
Tipo : Poly Fast
b) Fenólico de moldagem
Fabricante : Baq
P.F. : 23451R
Polimento
Equipamento : Máquina de desbaste, lixamento e polimento automática (figura 3.11).
Fabricante : Struers
Modelo : Abramin
Material :
a) Lixas dágua
Fabricante : Norton
Modelo : Água T 223
Grão # : 120, 220, 320, 400, 500 e 600.
b) Pasta diamantada
Fabricante : Struers
Grão : 6 µm, 3 µm e 1 µm.
79
Figura 3.11 – Máquina de desbaste, lixamento e polimento automática – Abramin – Struers
Ataque químico
Material : Nital 3%
Tempo : 10 s
Micrografia (figura 3.12)
Microscópio Óptico : Leica DMLM
Câmera : Sony ST50 CE
Figura 3.12- Equipamento usado para a micrografia
80
3.6 Medida das Tensões Residuais - Método do Furo Cego.
Foram medidos os perfis das tensões residuais subsuperficiais dos anéis de rolamento através
do método do furo incremental, se usou rosetas de extensômetros elétricos, fresas de metal
duro, fresadora pneumática e um medidor de micro deformações.
A instrumentação das amostras foi realizada de acordo à configuração indicada pela Vishay
(vide figura 3.13 (a)), fabricante do equipamento e do software de analise de dados de tensão
residual (pelo método do furo cego incremental).
1
2
3
circunferencial
longitudinal
σ
σ
(a)
(b)
z ( mm ) d1 (10
-6
) d2 (10
-6
) d3 (10
-6
)
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
0,22
0,24
0,26
0,28
0,30
Figura 3.13: (a) Configuração da instrumentação indicada pela Vishay. (b) Quadro de registro
das deformações.
Depois de fixado o anel, executava-se o ensaio, furando o centro da roseta extensométrica
(aproximadamente a 20000 rpm) com a fresa de metal duro, com 1,8 mm de diâmetro.
Utilizou-se uma fresa nova em cada medição, a fresa trabalhava girando a aproximadamente
200000 rpm, a profundidade de corte foi de 20 microns, o avanço foi de 3 microns por
minuto. Após cada furação se esperava 4 minutos para que se estabilizem as deformações
superficiais devido ao relaxamento das tensões internas.
Os valores de deformações lidos no medidor de microdeformações foram digitados no quadro
da figura 3.13 (b), onde z é a profundidade de corte e d1, d2, d3 são os valores medidos pelas
grades da roseta. Esses dados foram processados com o software H-Drill (Vishay Micro
81
Measurements), obtendo-se os resultados e as curvas das tensões residuais. Nos gráficos de
tensão residual a curva azul a tensão residual circunferêncial e a curva roxa é a tensão residual
longitudinal.
Para a execução de este ensaio, previamente construiu-se um suporte rígido para a fresadora
pneumática. Também se projetou e fabricou um dispositivo de fixação para os anéis cônicos,
com o intuito de que roseta extensométrica, colada na pista do anel de rolamento, fique
perpendicular à fresa. Este dispositivo de fixação de anel cônico foi montado no suporte da
fresadora, ambos componentes se fabricaram de aços 1020 e 1045 (vide figuras 3.17 (a) (b)).
Rosetas extensométricas
Fabricante : Excel
Modelo : PA-062RE-120-L
Fresa cônica invertida – Metal duro (Figura 3.14)
Fabricante : KG Sorensen
Modelo : FG 39
Figura 3.14 – Fresa de carbide – alta rotação: FG 39 - KG Sorensen
Fresadora Pneumática – Alta Rotação (Figura 3.15)
Fabricante : Vishay
Modelo : RS 200
82
Figura 3.15 – Fresadora pneumática RS 200 – Vishay
Medidor de micro deformações digital (Figura 3.16)
Fabricante : Vishay
Modelo : P3
Figura 3.16 – Medidor de Microdeformações P3 – Vishay.
Software de avaliação das tensões residuais
Software : H-drill
Fornecedor : Vishay
Programa usado: Método Integral
83
(a) (b)
Figura 3.17: (a) Vista dos suportes e do microscópio (luneta) utilizados na fixação dos anéis;
(b) Equipamento completo sendo usado durante o ensaio.
3.7 Medidas do Ruído Magnético de Barkhausen
Os sinais de Barkhausen foram obtidos através da cadeia de medição desenvolvida no
LADIN, consistindo de três sistemas básicos: o conjunto excitador-sensor (que constitui a
sonda), os componentes do condicionador de sinal e o sistema de aquisição e tratamento de
dados; todos eles representados esquematicamente na figura 3.18.
Por meio da fonte bipolar, marca Kepco, modelo BOP 20-20 D, gera-se uma corrente variável
que passa através da bobina de excitação do yoke, gerando um campo magnético variável,
com freqüência de 40 Hz. A corrente da fonte bipolar é controlada por um sinal de onda
senoidal gerado no microcomputador e enviado à fonte pela saída D/A do sistema de
aquisição. No condicionador, o sinal é filtrado por um filtro passa banda de quarta ordem (de
1-100 kHz) e amplificado por um amplificador de ganho variável programável até 8000
vezes. Os dados são condicionados em uma placa de aquisição de dados de 12 bits, com
freqüência de amostragem de 200 kHz. As medições foram executadas em quatro pontos de
em cada anel, espaçados a 90º (a respeito do seu eixo), em cada ponto foram adquiridos cinco
sinais de RMB, sempre durante a descida do campo senoidal. A figura 3.19 mostra uma
fotografia dos componentes do sistema de medição do RMB
84
Figura 3.18 – Esquema da cadeia de medição do sinal Barkhausen.
Condicionador
Fonte Bipolar
Placa de aquisição
de dados
Condicionador
Fonte Bipolar
Placa de aquisição
de dados
Figura 3.19 - Sistema de medição de ruído magnético de Barkhausen utilizado.
85
Prévio aos ensaios foi necessário, projetar e fabricar um dispositivo de fixação giratório para
os anéis cônicos, a fim de facilitar a execução das medições do RMB Utilizaram-se materiais
magneticamente transparentes: alumínio, bronze e polímero rígido. Na figura 3.20(a)
mostram-se os componentes que o conformam e, na figura 3.20(b), um corpo de prova fixado
no dispositivo.
(a) (b)
Figura 3.20 – (a) componentes do dispositivo de fixação giratório, (b) montagem previa à
medição do RMB
3.7.1 Sonda para medição de RMB
A sonda para medição do RMB foi construída no laboratório e é constituída por um yoke
metálico - de laminas de FeSi - e um sensor de tipo indutivo, centrado no extremo inferior do
yoke. As pernas do núcleo do yoke foram chanfradas com jato de água a fim de evitar
mudanças nas suas propriedades magnéticas. O chanfro das pernas permite um apoio melhor
na superfície usinada dos corpos de prova.
Usou-se um sensor tipo indutivo igual aos utilizado nos leitores de disquete. Ele tem um
núcleo de ferrita e uma bobina de fio de cobre. A superfície de ferrita que fica em contato com
86
a amostra a ser medida tem 0,2 mm de largura por 7 mm de comprimento. Esta área utilizada
na obtenção do sinal faz parte do circuito magnético secundário. Desta forma, a tensão
induzida na bobina é gerada como um fluxo tangencial, relativamente ao fluxo no material.
As características de sonda usada se apresentam na tabela 3.5. A figura 3.21 mostra a sonda
(a) completa e (b) ampliada mostrando mais o detalhe do sensor comercial empregado.
Tabela 3.5. Características da sonda utilizada.
Comprimento
bobina excitadora
(mm)
Número de
espiras bobina
excitadora
Calibre do fio
(AWG)
Campo medido
no ar
(A/m)
Sensor
20 250 16 12500 Leitor de disquete
(a) (b)
Figura 3.21 - sonda (a) completa e (b) ampliação (mostra mais a detalhe o sensor comercial).
O princípio de funcionamento do sensor segue a lei de Faraday ou de indução
eletromagnética, onde uma tensão V aparece no extremo de uma bobina de n voltas, devido ao
fluxo magnético variável
φ
na bobina.
=
dt
d
nV
φ
.
(3.1)
87
Os pulsos de tensão induzidos correspondem ao sinal do ruído magnético de Barkhausen. A
configuração da sonda, seja a posição do sensor com relação ao yoke, ou os parâmetros de
excitação empregados, podem influenciar os resultados do monitoramento.
3.7.2 Processamento de sinais do ruído magnético de Barkhausen
Por ser o sinal do ruído magnético de Barkhausen aleatório, não estacionário, deve ser tratado
através de métodos estatísticos. As analises de sinais aplicados aos sinais de RMB foram: no
domínio do tempo adia do rms do sinal (Vrms) e a media do rms do envelope do sinal; no
domínio da freqüência foi analisado o espectro do envelope, do qual foi calculado o rms.
Para isso, e com o intuito de facilitar o processamento de sinais de RMB, se realizou uma
pesquisa no mercado, encontrando que é possível adquirir diferentes softwares processadores
de sinais, mas eles além de ter elevados preços caracterizam-se por serem gerais,o
adaptados à lógica de processamento de sinais de ensaios com a cnica de RMB. Então, foi
desenvolvido o software MBNTool, pelo prof. Dr. Físico Francisco Palácios Fernández
(Universidade Oriente de Cuba) e com a orientação do doutorando Físico Manuel Alberteris
(Ladin), em março do 2008. O software está suportado na versão 7.0 do MatLab e possibilita
a aplicação de um conjunto de procedimentos próprios da técnica magnética do RMB,
O software desenvolvido apresenta estrutura modular, nele se programaram diferentes
procedimentos que até o primeiro trimestre do 2008 se realizavam com subrotinas
independentes. Dessa maneira num só software pode obter-se as seguintes facilidades:
1. Seleção múltiple dos dados a processar;
2. Pre-processamento dos dados elegidos;
3. Filtrado sinal;
4. Determinação do valor eficaz, da envolvente, da energia do sinal, etc.
5. Salvar os resultados em formato Excel.
6. Diferentes opções para a visualização dos resultados.
O software está formado por uma interfase usuário que permite a interação com o usuário de
forma amistosa, prevendo a ocorrência de erros com a ativação de desativação automática dos
88
controles pertencentes a procedimentos de cálculos que não possuam os dados ou a
configuração de cálculo apropriada (figura 3.22).
Figura 3.22 – Interface usuário do software MBNTool
A seguir se explicam resumidamente os parâmetros analisados do sinal de RMB neste
trabalho:
a) Valor eficaz ou raiz média quadrática - Vrms (root mean square).
Se o sinal for centrado, isto é, com média nula, o valor rms é equivalente ao desvio padrão e
representa uma medida do tamanho médio das flutuações ao redor da média, sendo dado pela
raiz quadrada da variância, na seguinte equação:
( )
2
1
1
1
)(
=
=
N
i
i
mx
N
xrms (3.2)
Onde:
- x é o sinal,
- N é o número de sinais,
- m é o valor médio de x.
89
Este parâmetro tem sido muito utilizado nas análises de sinais de RMB para relacionar a
influência da microestrutura, principalmente com relação ao tamanho de grão e dos
precipitados.
b) Valor envelope do sinal (Vrmse)
Este parâmetro indica a envoltória do sinal temporal, calculando através da transformada de
Hilbert. Os resultados obtêm-se da seguinte relação:
+
=
=
+∞
+∞
+
ε
ε
ε
π
ds
st
sx
ds
st
sx
ds
st
sx
tx
H
.
)(
.
)(
lim.
)(1
)(
0
(3.3)
Através da analise de envelope do sinal do RMB em diferentes freqüências de excitação
encontrou-se picos simples nas altas freqüências e picos duplos nas baixas freqüências de
excitação (MOORTHY et al., 2003).
c) Densidade espectral de potencia (DEP)
Este parâmetro indica como a potência do sinal aleatório está distribuída no domínio da
freqüência, também é chamado de espectro de potencia. Num sinal aleatório, a distribuição de
potencia com a frequencia é dado pela transformada de Fourier da função de autocorrelação
do sinal:
+
=Γ
o
o
Fj
xxxx
deF
τ
τ
τπ
ττγ
.)()(
2
(3.4)
Moorthy et al. (2003), analisaram o espectro em diferentes bandas, observando que os
resultados em baixas freqüências provem de profundidades maiores no interior da amostra,
enquanto as analises nas altas freqüências correspondem à condição mais superficial.
90
CAPÍTULO 4
RESULTADOS EXPERIMENTAIS E ANÁLISE
4.1 Dureza inicial das amostras
Devido à conicidade dos anéis, as medidas de dureza foram feitas na face transversal de
menor diâmetro da amostra. A face transversal de maior diâmetro estava em contato com a
mesa do microdurômetro. Ambas as faces destas peças encontravam-se usinadas e paralelas.
Na figura 4.1 mostram-se os valores das durezas [HRc]. As barras cinzas claras, desde 1 até 9
mostram os valores na condição standard. As barras 10 e 11 correspondem aos valores do anel
que se encontrava no estado temperado e revenido (T). A medição representada pela barra 11
difere das outras porque foi feita na superfície usinada da pista de rolamento. A barra em
cinza escura representa o valor médio da dureza dos anéis.
Nas amostras estandardizadas encontrou-se a dureza em torno de 64 a 69 HRc. Na amostra
sem estandardizar, ou seja, temperada e revenida, os valores medidos foram acima de 65 HRc.
Verificou-se que todos os valores encontravam-se próximos do valor médio.
Posteriormente aos ensaios de torneamento, tentou-se obter um perfil de durezas,
principalmente na região próxima à superfície usinada. Entretanto, não foi possível medi-lo,
pois, a marca do indentador do microdurômetro era grande demais para se ter valores
subsuperficiais menores que 5 µm, medidos a partir da superfície.
91
0
20
40
60
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
DUREZA (HRc)
ANÉIS
DUREZA INICIAL DOS ANÉIS
DIA
FINAL
TEMP TEMP
ENCOSTO PISTA
PISTA
ENCOSTO DO ROLAMENTO
COM SEMI ACABAMENTO
SEM
SEMI ACABAMENTO
Figura 4.1 – Dureza inicial dos anéis internos de rolamento.
4.2 Forças de usinagem
O esquema da configuração utilizada para identificar às componentes da força de usinagem -
Fc, Fa e Fp - pode ser observado na figura 4.2. Os resultados das forças de avanço, de corte e
de penetração, medidas individualmente, em cada condição de usinagem são apresentados na
figura 4.3. Os rculos pequenos nas curvas indicam o nível de uso da ferramenta (0, 2000,
4000, 6000 e 8000 metros), momento em que executava as medições.
Figura 4.2 – Componentes da Força de usinagem total: forças de avanço, força de corte e
força de penetração.
92
Figura 4.3 – Curvas das forças de usinagem em cada condição de usinagem
[Os círculos pequenos nas curvas indica o nível de percurso de corte: 0, 2000, 4000, 6000 e
8000 m].
As figuras 4.4 a 4.8 representam os resultados das análises fatoriais para as forças de
usinagem total (Fu) em função dos parâmetros velocidade de corte, avanço e profundidade de
corte, medidas nos anéis.
93
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Fu-0 (N)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=29,07231
vc (m/min)
150,
vc (m/min)
210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
0
20
40
60
80
100
120
140
Fu-0 (N)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Figura 4.4 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre os esforços de corte para a ferramenta
nova
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Fu-2000 (N)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=14,38592
vc (m/min) 150,
vc (m/min) 210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
Fu-2000 (N)
p (mm): 0,75
a (mm/rot):
0,08
0,16
Figura 4.5 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre os esforços de corte para a ferramenta
com 2000 metros de uso
94
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Fu-4000 (N)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=32,75901
vc (m/min) 150,
vc (m/min) 210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
Fu-4000 (N)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Figura 4.6 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre os esforços de corte para a ferramenta
com 4000 metros de uso
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Fu-6000 (N)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=21,83773
vc (m/min) 150,
vc (m/min) 210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
140
Fu-6000 (N)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Figura 4.7 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre os esforços de corte para a ferramenta
com 6000 metros de uso
95
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Fu-8000 (N)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=15,61123
vc (m/min) 150,
vc (m/min) 210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
40
60
80
100
120
140
160
180
Fu-8000 (N)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Figura 4.8 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre os esforços de corte para a ferramenta
com 8000 metros de uso
O exame dos resultados obtidos nas diferentes condições de usinagem apresenta o seguinte:
Da figura 4.4, observa-se que, em todas as condições de usinagem, a força de avanço
apresentou o menor valor, seguido da força de corte. A força de penetração foi quem
apresentou o maior valor.
Fa < Fc < Fp
Avaliando o grau de influencia dos parâmetros no processo de torneamento duro, pode-se
observar que a profundidade de corte é quem apresenta maior a influencia nos níveis das
forças de usinagem, ficando no segundo lugar o avanço, e em último, a velocidade de
corte.
a
p
maior influencia nas forças de corte
a influencia menor que a profundidade de corte mas superior que a velocidade de corte
v
c
menor influencia nas forças de corte.
96
Em termos de magnitudes, observa-se que a força de penetração é o parâmetro mais
importante do torneamento duro, contrastando com o torneamento convencional, que
apresenta a força de corte como parâmetro significativo.
As figuras 4.4 a 4.8 representam os resultados das analises fatoriais para as forças de
usinagem medidas nos corpos de prova, em função dos parâmetros velocidade de corte,
avanço e profundidade de corte. Estas figuras mostram que, os parâmetros significativos
em intervalos de 95% de confiança, desde o inicio até os 8000 m de usinagem com a
mesma ferramenta são, a profundidade de corte e o avanço, respectivamente.
Das mesmas figuras, observa-se que, nas condições onde a profundidade de corte é a
menor, ou seja, 0,025 mm, aumento nos valores da força de usinagem com o aumento
do uso da ferramenta, o que pode indicar a existência de uma correlação direta entre o
desgaste da ferramenta com as forças de corte.
Nos casos onde a profundidade de corte é 0,075 mm e avanço 0,08 mm/rot, observa-se
similitude nos valores da força de usinagem independentemente do nível de uso da
ferramenta. Entretanto, ao se incrementar o avanço observar-se aumento progressivo das
forças de corte com o aumento do uso da ferramenta, o que indicaria correlação direta
nessas condições.
97
4.3 Rugosidade
Os resultados das medições executadas na pista do anel de rolamento o apresentados em
função do parâmetro da rugosidade média Ra (roughness average). Escolheu-se esse
parâmetro porque a superfície medida apresenta sulcos de usinagem bem orientados
(torneamento), motivo pelo qual à
distância entre sulcos foi similar ao avanço. Como a
distancia entre sulcos foi na faixa de 0,1 mm e 0,32 mm, a escolha do valor do mínimo
comprimento de amostragem (cut off) recaiu em 0,8 mm. A figura 4.9 mostra as curvas dos
valores das rugosidades em Ra medidas nas amostras, após o ensaio de torneamento.
Rugosidade (Ra) - Originais
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
0 2000 4000 6000 8000
Uso da Ferramenta (m)
Ra (um)
1er Cond. 2da Cond 3ra Cond 4ta Cond 5ta Cond 6ta Cond 7ma Cond 8va Cond
Figura 4.9 – Rugosidades (Ra) das amostras após torneadas.
As figuras 4.10 a 4.14 representam os resultados das análises fatoriais para as rugosidades em
função dos parâmetros velocidade de corte, avanço e profundidade de corte, medidas nos
anéis.
98
Rugosidade para 0 m de uso da ferramenta de corte
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Ra-0 (um)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=,0459743
Vc (m/min)
150,
Vc (m/min)
210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Ra-0 (um)
p (mm): ,7500E-1
a (mm/rot):
0,08
0,16
Observed vs. Predicted Values
2**(3-0) design; MS Residual=,0459743
DV: Ra-0 (um)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
Observed Values
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Predicted Values
Figura 4.10 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade para a ferramenta nova
99
Rugosidade para 2000 m de uso da ferramenta de corte
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Ra-2000 (um)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=,0112734
Vc (m/min)
150,
Vc (m/min)
210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Ra-2000 (um)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Observed vs. Predicted Values
2**(3-0) design; MS Residual=,0112734
DV: Ra-2000 (um)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Observed Values
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Predicted Values
Figura 4.11 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade para a ferramenta com
2000 metros de uso
100
Rugosidade para 4000 m de uso da ferramenta de corte
Plot of Marginal Means and Conf. Lim its (95,%)
DV: Ra-4000 (um)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=,0537771
Vc (m/min)
150,
Vc (m/min)
210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
Ra-4000 (um)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Observed vs. Predicted Values
2**(3-0) design; MS Residual=,0537771
DV: Ra-4000 (um)
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Observed Values
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Predicted Values
Figura 4.12 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade para a ferramenta com
4000 metros de uso
101
Rugosidade para 6000 m de uso da ferramenta de corte
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Ra-6000 (um)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means com puted from MS Error=,4266503
Vc (m/min)
150,
Vc (m/min)
210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
-2
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Ra-6000 (um)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Observed vs. Predicted Values
2**(3-0) design; MS Residual=,4266503
DV: Ra-6000 (um)
-1 0 1 2 3 4 5 6 7
Observed Values
-1
0
1
2
3
4
5
6
Predicted Values
Figura 4.13 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade para a ferramenta com
6000 metros de uso
102
Rugosidade para 8000 m de uso da ferramenta de corte
Plot of Marginal Means and Conf. Limits (95,%)
DV: Ra-8000 (um)
Design: 2**(3-0) design
NOTE: Std.Errs. for means computed from MS Error=,1295756
Vc (m/min)
150,
Vc (m/min)
210,
p (mm): 0,025
a (mm/rot):
0,08
0,16
-1
0
1
2
3
4
5
6
7
Ra-8000 (um)
p (mm): 0,075
a (mm/rot):
0,08
0,16
Observed vs. Predicted Values
2**(3-0) design; MS Residual=,1295756
DV: Ra-8000 (um)
-1 0 1 2 3 4 5 6 7
Observed Values
-0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
Predicted Values
Figura 4.14 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a rugosidade para a ferramenta com
8000 metros de uso
103
As figuras 4.10 a 4.14 representam os resultados das analises fatoriais, para as rugosidades
medidas nas amostras, em função dos parâmetros velocidade de corte, avanço e profundidade
de penetração. Do exame dessas figuras pode-se observar o seguinte:
Os níveis da rugosidade (Ra) se encontram próximos de 0,6
µ
m, para profundidade de
corte de 0,025 mm e ferramenta com até 6000 metros de uso, independentemente do
avanço e a velocidade de corte. Também se observa que, para velocidades maiores,, a
rugosidade é menor. Só, a partir dos 8000 metros de uso da ferramenta observa-se
incremento acentuado, para avanços superiores a 0,08 mm/rot. Isto indica que no
torneamento duro do aço DIN 100Cr6 as condições de usinagem, com velocidade de corte
ao redor de 150 m/min, favorecem a geração de rugosidades classe N6.
Quando se utilizou a profundidade de corte maior (a
p
2 = 0,075mm) observou-se que, os
valores da rugosidade (Ra) nas amostras superaram 2 µm. Isto pode ser explicado pelo
fato da profundidade de corte estabelecer o mínimo valor de Ra, independentemente dos
valores da velocidade de corte e do avanço, para peças com dureza superiores a 60 HRc.
Do analise de das figuras, tem-se que quanto mais severa for a condição de usinagem e
maior for o nível de uso da ferramenta de corte, o Ra cresce consideravelmente, devido ao
desgaste atingido na ferramenta (superfícies produzidas mais irregulares).
4.4 Ferramenta de corte CBN
Depois de terminado os ensaios, em cada condição de usinagem pré-estabelecida, a
ferramenta foi fotografada com ampliações de 100x na superfície de saída e 200x no flanco
que estava em contato com a peça. As ampliações foram definidas pela área mais afetada pelo
desgaste, na superfície de saída foi maior do que nos flancos.
Todas as fotografias mostram ferramentas de corte com uso superior a 8000 metros. As
figuras 4.15, 4.16, 4.17, 4.18 apresentam as ferramentas das condições de ensaio 1 e 2, 3 e 4,
5 e 6, e 7 e 8, respectivamente.
104
Vc: 150 m/min – a: 0,08 mm/vol
p: 0,025 mm
Vc: 210 m/min – a: 0,08 mm/vol
p: 0,025 mm
Condição 1
Condição 2
Figura 4.15 – Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (1) v
c
1,f1,a
p
1 ; (2) v
c
2,f1,a
p
1
Fotografia da ferramenta usada na condição (1) a1p1v1: praticamente o mostra
dano na ferramenta; observa-se ligeira queima superficial na superfície de saída, não
há desgaste de flanco, o que indica, que nesta condição, a ferramenta pode continuar a
ser usada.
Fotografia da ferramenta usada na condição (2) a1p1v2: a ferramenta apresenta
queima de aproximadamente 400 µm na superfície de saída medido desde a ponta
e inicio de cratera próxima à aresta de corte oposta, de 30 µm de diâmetro superficial.
No flanco, observam-se marcas do desgaste de área triangular, sendo
aproximadamente 100 µm na parte mais larga, medidas a partir da aresta de corte.
105
Vc: 150 m/min – a: 0,16 mm/vol
p: 0,025mm
Vc: 210 m/min – a: 0,16 mm/vol
p: 0,025mm
Condição 3
Condição 4
Figura 4.16 – Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (3) v
c
1,f2,a
p
1 ; (4) v
c
2,f2,a
p
1
Fotografia da ferramenta usada na condição (3) a1p2v1: a ferramenta, apresenta
queima de aproximadamente 250 µm a partir da ponta e cratera na superfície de saída
em forma de asas com largura de 120 µm. No flanco observam-se leves riscos.
Fotografia da ferramenta usada na condição (4)
a1p2v2:
a ferramenta apresenta
queima de aproximadamente 650 µm medida a partir da ponta. Observa-se, também,
que a cratera, com raio aproximado de 100 µm, é mais acentuada na aresta de corte de
contato. No flanco, observam-se marcas de queima de 220 µm aproximadamente,
medidas paralelamente a partir da ponta da ferramenta.
106
Vc: 150 m/min – a: 0,08 mm/vol
p: 0,075 mm
Vc: 210 m/min – a: 0,08 mm/vol
p: 0,075 mm
Condi
ç
ão 5
Condi
ç
ão 6
Figura 4.17 – Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição (5) v
c
1,f1a
p
2 ; (6) v
c
2,f1,a
p
2
Fotografia da ferramenta usada na condição (5) a2p1v2: a ferramenta apresenta
queima leve na superfície de saída, sendo mais acentuada em uma área de
aproximadamente de 150 µm de raio e localizada a cerca de 450 µm (medidos a partir
da ponta da ferramenta) da aresta de corte atuante. O desgaste no flanco tem
comprimento de mais ou menos 150 µm. Observa-se queima no flanco de até 400 µm,
medida paralelamente, a partir da ponta da ferramenta.
Fotografia da ferramenta usada na condição (6) a2p1v1: a ferramenta apresenta
queima em toda a superfície de saída, de aproximadamente 850 µm - medidos desde a
ponta. Apresenta, também, desgaste de cratera na ponta da ferramenta de cerca 50 µm.
No flanco a queima atingiu o material base da ferramenta CBN, observando-se marcas
de queima de 500 µm (aproximadamente), medidas paralelamente desde a ponta.
107
Vc: 150 m/min – a: 0,16 mm/vol
p: 0,075mm
Vc: 210 m/min – a: 0,16 mm/vol
p: 0,075mm
Condição 7
Condição 8
Figura 4.18 – Desgaste das ferramentas de corte (vistas superior e lateral)
Condição: (7) v
c
1,f2,a
p
2 ; (8) v
c
2,f2,a
p
2
Fotografia da ferramenta usada na condição (7) a2p2v1: observa-se que o desgaste na
ponta da ferramenta alcança toda a espessura do CBN e atinge o material base da
ferramenta. Apresenta, também, desgaste de cratera, desgaste de flanco, lascamento e
queima na superfície de contato da ferramenta com o cavaco e a massa da peça. A ponta
da ferramenta mostra perda de material de aproximadamente 150 µm de diâmetro. O
comprimento da área afetada na superfície de saída é de aproximadamente 1200 µm,
medidos desde o nariz da ferramenta.
Fotografia da ferramenta usada na condição (8) a2p2v2: a ferramenta mostra um furo
quase circular de 150 µm na ponta da ferramenta e perda de material, tanto do CBN como
da base de metal duro da ferramenta. O desgaste de cratera alcança toda a área da ponta da
ferramenta até 900 µm de comprimento medido desde a ponta da ferramenta. O desgaste
de flanco tem um comprimento entre 1400 a 1500 µm. Nesta condição a perda de material
é acelerada.
108
4.5 Microestrutura dos corpos de prova
A operação de usinagem gera calor na interface metal-ferramenta. A temperatura local, com
isto, pode elevar-se a níveis suficientemente altos para que ocorra a re-têmpera do material do
corpo usinado e surgimento da camada branca na superfície e subsuperfície da peça. Os
esforços desenvolvidos nesta camada, pela transformação metalúrgica citada, podem
contribuir para que a resultante das tensões residuais seja também de tração, o que é altamente
desaconselhável para uma boa performance da peça em serviço.
Foram feitas as micrografias ópticas dos 41 corpos de prova usinados (uma na condição
standard e as outras quarenta nas condições de usinagem estabelecidas) com objetivo de se
detectar a presença da camada branca no metal. A figura 4.19 apresenta-se a fotografia da
peça na condição standard (C00- prévio a qualquer ensaio)
Figura 4-19 – Micrografia (200 X) da peça usinada na condição de standard.
As figuras 4.20 a 4.27 mostram as micrografias dos corpos de prova agrupados segundo as
condições de torneamento que foram executadas.
109
Peça C01 - CU: 0 m
Peça C03 – CU: 2000 m
Peça C05 – CU: 4000 m
Peça C07 – CU: 6000 m
Peça C09 – CU: 8000 m
Figura 4.20 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 1
110
Peça C11 - CU: 0 m
Peça C13 – CU: 2000 m
Peça C15 – CU: 4000 m
Peça C17 – CU: 6000 m
Peça C19 – CU: 8000 m
Figura 4.21 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 2
111
Peça C21 - CU: 0 m
Peça C23 – CU: 2000 m
Peça C25 – CU: 4000 m
Peça C27 – CU: 6000 m
Peça C29 – CU: 8000 m
Figura 4.22 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 3
112
Peça C31 - CU: 0 m
Peça C33 – CU: 2000 m
Peça C35 – CU: 4000 m
Peça C37 – CU: 6000 m
Peça C39 – CU: 8000 m
Figura 4.23 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 4
113
Peça C41 - CU: 0 m
Peça C43 – CU: 2000 m
Peça C45 – CU: 4000 m
Peça C47 – CU: 6000 m
Peça C49 – CU: 8000 m
Figura 4.24 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 5
114
Peça C51 - CU: 0 m
Peça C53 – CU: 2000 m
Peça C55 – CU: 4000 m
Peça C57 – CU: 6000 m
Peça C59 – CU: 8000 m
Figura 4.25 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 6
115
Peça C61 - CU: 0 m
Peça C63 – CU: 2000 m
Peça C65 – CU: 4000 m
Peça C67 – CU: 6000 m
Peça C69 – CU: 8000 m
Figura 4.26 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 7
116
Peça C71 - CU: 0 m
Peça C73 – CU: 2000 m
Peça C75 – CU: 4000 m
Peça C77 – CU: 6000 m
Peça C79 – CU: 8000 m
Figura 4.27 – Micrografia 500x - Condição de usinagem 8
117
A matriz das amostras é martensítica. As manchas brancas observadas são martensita, assim
como, também as mais escuras. A orientação cristalográfica de cada grão altera a cor da
estrutura da matriz, podendo ser escura ou clara; é martensítica nos dois casos. Isso ocorre
devido aos diferentes comprimentos de onda que cada cristal recebe da luz do microscópio e
emite na fotografia.
Em todas as micrografias observam-se diferenças entre o tamanho dos grãos da superfície e
da matriz. O tamanho de grão depende de dois fatores: a recristalização e a deformação
plástica. Quanto maior a deformação plástica, menores ou mais finos serão os grãos. Junto à
superfície têm-se grãos menores e na matriz grãos maiores.
Vêem-se em todas as micrografias pequenos pontos brancos que são carbonetos de Cromo
esferoidizados. Eles constituem aproximadamente de 3 a 5% da composição, e contribuem
muito para a resistência ao desgaste, impedindo sua propagação. Encontra-se em toda a
matriz, assim como também, na estrutura das camadas brancas.
A camada branca ocorre devido ao superaquecimento da superfície e subsuperfície devido ao
atrito na interface peça/ferramenta, levando a microestrutura ao campo austenítico. O rápido
resfriamento forma um novo tipo diferente de estrutura. Tal fenômeno denomina-se re-
têmpera. A austenita formada Cúbica de Face Centrada (CFC), com fator de empacotamento
(fe) igual a 0,74, após resfriada transforma-se em Tetragonal de Corpo Centrado (TCC), com
fator de empacotamento (fe) igual a 0,68. Como o fator de empacotamento após o
resfriamento é menor do que o original ocorre uma expansão volumétrica da matriz, gerando
tensão residual trativa na superfície e compressiva na matriz.
Das micrografias, observa-se que a re-têmpera ocorreu em quase todas condições
estabelecidas após os 2000 metros de uso da ferramenta de corte, sendo a espessura da
superfície alterada entre 2 µm e 8 µm.
Também se observa em varias micrografias uma pequena faixa escura de martensita revenida,
localizada logo abaixo da camada branca, gerada pelo aquecimento resultante da usinagem. O
revenido não altera o tamanho do grão. O tamanho do grão é alterado somente no campo
austenítico.
118
O exame das figuras 4.20 a 4.27 mostra que, para avanços de 0,16 mm/rot, em todos os
corpos de prova, ocorreu a formação da camada branca, independentemente dos valores da
velocidade de corte, da profundidade de penetração da ferramenta e do seu percurso de
trabalho em metros, sendo a camada branca mais espessa quando as condições de usinagem
foram mais severas.
Na figura 2.28 se apresenta graficamente as espessuras médias da camada branca geradas nas
peças usinadas, em este gráfico observa-se o crescimento da camada com o aumento do
percurso de corte
ESPESSURA DA CAMADA BRANCA
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
1 2 3 4 5 6 7 8
Condição de Torne ame nto
Espessura (um)
0 m 2000 m 4000 m 6000 m 8000 m
Figura 4.28 – Espessuras das camadas brancas nas peças usinadas
119
4.6 Tensões residuais
Nas figuras 4.29 a 4.37 são mostrados os gráficos das tensões medidos nas peças torneadas,
agrupados por condição de usinagem.
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição Temperado+Revenido
Tempera:
T = 840 ± 5 °C
t = 30 min
Revenido:
T = 165 ± 10 °C
t = 100 min
Anéis:
C T Lc : 2500 m
Figura 4.30 (a) – Condição Temperado e revenido
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição Estandardizado
Parâmetros de Usinagem:
V
c
= 100 m/min
f = 0,1 mm/rot
a
p
= 0,3 mm
Anéis:
C00 Lc :
2510 m
Figura 4.29 (b) – Condição Standard: v
c-s
: 100 m/min; f
s
: 0,1 mm/rot; a
p-s
: 0,3 mm
A curva vermelha representa as tensões residuais longitudinais.
A curva azul representa as tensões residuais circunferênciais.
120
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 01
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 150 m/min
f = 0,08 mm/rot
a
p
= 0,025 mm
Anéis:
C01 Lc: 0 m
C03 Lc: 2000 m
C05 Lc: 4000 m
C07 Lc: 6000 m
C09 Lc: 8000 m
Figura 4.30 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 1
121
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 02
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 210 m/min
f = 0,08 mm/rot
a
p
= 0,025 mm
Anéis:
C11 Lc: 0 m
C13 Lc: 2000 m
C15 Lc : 4000 m
C17 Lc : 6000 m
C19 Lc: 8000 m
Figura 4.31 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 2
122
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 03
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 150 m/min
f = 0,16 mm/rot
a
p
= 0,025 mm
Anéis:
C21 Lc: 0 m
C23 Lc: 2000 m
C25 Lc: 4000 m
C27 Lc: 6000 m
C29 Lc: 8000 m
Figura 4.32 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 3
123
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 04
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 210 m/min
f = 0,16 mm/rot
a
p
= 0,025 mm
Anéis:
C31 Lc: 0 m
C33 Lc: 2000 m
C35 Lc: 4000 m
C37 Lc: 6000 m
C39 Lc: 8000 m
Figura 4.33 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 4
124
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 05
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 150 m/min
f = 0,08 mm/rot
a
p
= 0,075 mm
Anéis:
C41 Lc: 0 m
C43 Lc: 2000 m
C45 Lc: 4000 m
C47 Lc: 6000 m
C49 Lc: 8000 m
Figura 4.34 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 5
125
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 06
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 210 m/min
f = 0,08 mm/rot
a
p
= 0,075 mm
Anéis:
C51 Lc : 0 m
C53 Lc : 2000 m
C55 Lc : 4000 m
C57 Lc : 6000 m
C59 Lc : 8000 m
Figura 4.35 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 6
126
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 07
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 150 m/min
f = 0,16 mm/rot
a
p
= 0,075 mm
Anéis:
C61 Lc : 0 m
C63 Lc : 2000 m
C65 Lc : 4000 m
C67 Lc : 6000 m
C69 Lc : 8000 m
Figura 4.36 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 7
127
MÉTODO DO FURO
Gráficos das curvas de Tensão Residual
Condição 08
Parâmetros de Usinagem:
v
c
= 210 m/min
f = 0,16 mm/rot
a
p
= 0,075 mm
Anéis:
C71 Lc : 0 m
C73 Lc : 2000 m
C75 Lc : 4000 m
C77 Lc : 6000 m
C79 Lc : 8000 m
Figura 4.37 – Curvas de Tensão Residual - Condição de usinagem 8
128
Atualmente,o existe um método absoluto de medida das tensões residuais. As medidas dos
perfis de tensões residuais só o possíveis através da remoção de camada. Entretanto, este
processo pode alterá-los, gerando erros indesejáveis. É importante dizer que a distribuição das
tensões residuais, presentes no componente, é devida à superposição das tensões residuais
desenvolvidas durante o processo de usinagem, por influência dos fatores térmicos
(aquecimento superficial do componente devido ao atrito com a ferramenta de corte durante o
processo de usinagem), fatores mecânicos (devido à relaxação de tensão causada pela
remoção de material e introdução de tensões originadas pela ocorrência de deformação
plástica localizada na superfície, durante o processo de usinagem), além das tensões residuais
pré–existentes no componente, decorrentes da etapa anterior do processo.
Nos perfis de tensões residuais, apresentados nas figuras 4.30 a 4.37 observam-se:
Para a ferramenta nova, os valores inicias das tensões residuais o de compressão ou
próximos de zero. Na medida em que a ferramenta se desgaste, as tensões iniciais geradas
na superfície tendem a ser de trativas.
Todas as peças torneadas apresentaram tensões residuais compressivas na subsuperfície,
até uma profundidade inferior a 0,2 mm. Abaixo dessa profundidade as tensões residuais
presentes em todas as amostras eram de tração.
As tensões residuais longitudinal e circunferencial apresentaram valores próximos, em
todo o perfil.
As figuras 4.38 a 4.42 representam os resultados das análises fatoriais para as tensões
residuais em função dos parâmetros velocidade de corte, avanço e profundidade de corte,
medidas nas amostras.
129
Tensão Residual para 0 m de corte
Plot de Medias Marginais
Uso da Ferramenta: 0 m
PF: 2^(3-0)
Pc: 0,025 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
-450
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
Teno Residual (MPa)
Pc: 0,075 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
a: 0,08 mm/rot
a : 0,16 mm/rot
Valores Observados vs. Predecidos
2**(3-0) design; MS Residual=1740,5
Uso da Ferramenta : 0 m
-450 -400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50
Valores Observados (MPa)
-450
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
Valores Predecidos (MPa)
Figura 4.38 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual para a ferramenta
nova (0 m de uso).
130
Tensão Residual para 2000 m de corte
Uso da Ferramenta: 2000 m
PF : 2^(3-0)
Pc: 0,025 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
Teno Residual (MPa)
Pc: 0,075 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
a : 0,08 mm
a : 0,16 mm
Valores Observados vs. Predecidos
PF 2^(3-0) ; MS Residual=8911,125
Uso da Ferramenta : 2000 m
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50
Valores Observados (MPa)
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
Valores Predecidos (MPa)
Figura 4.39- Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual para a ferramenta com
2000 metros de uso
131
Tensão Residual para 4000 m de corte
Uso da Ferramenta : 4000 m
PF 2^(3-0)
Pc: 0,025 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
500
600
700
Teno Residual (MPa)
Pc: 0,075 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
a : 0,08 mm/rot
a : 0,16 mm/rot
Valores Observados vs. Predecidos
PF 2^(3-0) ; MS Residual=63190,13
Uso da Ferramenta : 4000 m
-400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500 600 700
Valores Observados (MPa)
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
500
600
Valores Predecidos (MPa)
Figura 4.40 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual para a ferramenta
com 4000 metros de uso
132
Tensão Residual para 6000 m de corte
Uso da Ferramenta: 6000 m
PF : 2^(3-0)
Pc: 0,025 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
-600
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
500
Teno Residual (MPa)
Pc: 0,075 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
a : 0,08 mm/rot
a : 0,16 mm/rot
Valores Observados vs. Predecidos
PF 2^(3-0); MS Residual=2112,5
Uso da Ferramenta : 6000 m
-600 -500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400 500
Valores Observdos (MPa)
-600
-500
-400
-300
-200
-100
0
100
200
300
400
500
Valores Predecidos (MPa)
Figura 4.41 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual para a ferramenta
com 6000 metros de uso
133
Tensão Residual para 8000 m de corte
Uso da Ferramenta : 8000 m
PF: 2^(3-0)
Pc: 0,025 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
-400
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
Teno Residual (MPa)
Pc: 0,075 mm
Vc: 150, 210, (m/min)
a : 0,08 mm/rot
a : 0,16 mm/rot
Valores Observados vs. Predecidos
PF 2^(3-0) ; MS Residual=11026,13
Uso da Ferramenta : 8000 m
-400 -350 -300 -250 -200 -150 -100 -50 0 50
Valores Observados (MPa)
-350
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
Valores Predecidos (MPa)
Figura 4.42 - Efeito dos parâmetros de usinagem sobre a tensão residual para a ferramenta
com 8000 metros de uso
134
As figuras 4.38 a 4.42 representam os resultados das análises fatoriais, para as tensões
residuais, medidas nos corpos de prova, em função dos parâmetros velocidade de corte,
avanço e profundidade de corte. Do exame dos gráficos entende-se que:
Nas condições de usinagem onde se usa profundidade de corte de 0,025 mm e avanço de
0,08 mm, geram-se tensões compressivas maiores quando menor for a velocidade de
corte. Nesses casos pode-se explicar que velocidades mais altas geram maiores
temperaturas, o que motiva a redução dos níveis de tensão residual compressiva.
Nas condições de usinagem onde a profundidade de corte é 0,075 mm e avanço 0,08 mm,
geram-se tensões compressivas maiores quando menor for a velocidade de corte, menos
na ultima condição que apresentou um cambio na tendência de redução da tensão residual
compressiva. O que demonstra esses casos é que as velocidades mais altas geram maiores
temperaturas, o que motiva a redução dos níveis de tensão residual compressiva. Também
se observou que a maior profundidade de corte gerou maiores tensões residuais
compressivas, a que ferramenta tinha uso de 6000 m. com maior desgaste as tensões
residuais máximas compressivas se aproximaram a zero.
Nas condições de usinagem onde se usa profundidade de corte de 0,025 mm e avanço de
0,16 mm, e com a ferramenta com pouco uso, geraram-se tensões compressivas menores
quando menor for a velocidade de corte. Mas ao progredir o desgaste da ferramenta, os
resultados se inverteram, observando-se menores tensões compressivas com a maior
velocidade de corte, como mostrado quando a ferramenta atingiu os 8000 metros. Os
valores das tensões residuais compressivas são maiores, quanto maior é o avanço,
demonstrando que este parâmetro tem influencia determinante na geração da tensão
residual para essa profundidade de corte pequena.
Nas condições de usinagem onde a profundidade de corte é 0,075 mm e avanço 0,16 mm,
as tensões compressivas diminuem, quanto maior for a velocidade de corte. Os valores
obtidos foram menores que os gerados com menor profundidade de corte. Pode-se
explicar, que nessas condições, a maior velocidade de corte gera maior desgaste na
ferramenta com o seu uso, o que produziu solicitações térmicas maiores, e
conseqüentemente, reduziram os valores da tensão residual compressiva na subsuperfície
do anel.
135
As expressões fatoriais das tensões residuais circunferências, em função dos parâmetros de
usinagem: velocidade de corte, avanço e profundidade de corte, para os percursos de corte
estabelecidos são respectivamente:
MODELOS MATEMÁTICOS DA TENSÃO RESIDUAL
0 m -647,5 + 2,6 Vc + 8031,3 a - 14400,0 p - 43,8 Vc.a +69,0 Vc.p +3500,0 a.p
2000 m -1053,50 + 4,16 Vc + 5465,63 a - 5450,00 p - 29,48 Vc.a + 39,50 Vc.p + 1375,00 a.p
4000 m 929,0 - 5,8 Vc - 5271,9 a - 27870,0 p +23,6 Vc.a + 123,5 Vc.p + 79125,0 a.p
6000 m 364,2 - 2,1 Vc - 3443,7 a - 25750,0 p + 12,9 Vc.a + 90,7 Vc.p + 86500,0 a.p
8000 m -1163,5 + 4,3 Vc + 3334,4 a + 12270,0 p - 13,0 Vc.a - 34,8 Vc.p - 30375,0 a.p
136
4.7 Ruído Magnético de Barkhausen
Nesta fase foi construída a sonda utilizada, ela possui um núcleo com geometria tipo U, feito
com chapas de o FeSi. Os extremos das pernas, onde estariam em contato com a superfície
a ser analisada, foram chanfradas. Segundo os testes preliminares, para obter um bom sinal de
Barkhausen dos anéis de rolamento, utilizou-se uma freqüência de excitação de 40 Hz, e 5 A
de corrente de excitação (figura 4.43). Na tabela 4.3 apresentam-se valores das médias do
Vrms do RMB, de todas as condições de ensaio e níveis de uso da ferramenta.
Bobina fio de Cu - Ř 0,86 mm.
Aproximadamente 290 espiras
(a) (b)
Figura 4.43 – Componentes do Yoke: (a) Núcleo de FeSi (laminado), (b) Bobina de excitação.
Tabela 4.3 – Valores das médias do Vrms do RMB: todas as condições de ensaio.
Condição
1 2 3 4 5 6 7 8
Estado da
Ferramenta
Vrms
Novo 0,086 0,083 0,081 0,080 0,097 0,087 0,079 0,080
2000 0,113 0,092 0,093 0,094 0,089 0,092 0,086 0,114
4000 0,116 0,117 0,113 0,087 0,088 0,122 0,124 0,104
6000 0,105 0,120 0,112 0,101 0,114 0,103 0,140 0,090
8000 0,105 0,120 0,116 0,083 0,105 0,118 0,093 0,093
137
Vrms RMB
0,000
0,020
0,040
0,060
0,080
0,100
0,120
0,140
0,160
1 2 3 4 5 6 7 8
Condiçao do ensaio de Torneamento
Vrms
0 m 2000 m 4000 m 6000 m 8000 m
Figura 4.44 – Apresentação dos níveis de Vrms do sinal de RMB, por condição de usinagem.
Da figura 4.44 observa-se que os valores de rms do RMB tendem a aumentar com o desgaste
da ferramenta, mas não se tem uma tendência padrão. Isto pode se explicar indicando que o
sinal de Barkhausen está sendo influenciado tanto pela rugosidade superficial, a dureza
superficial, a camada branca presente nas peças torneadas com ferramenta desgastada e a
tensão residual.
Nas figuras 4.45 e 4.46 mostram-se gráficos dos efeitos dos parâmetros de usinagem sobre o
Vrms do RMB.
138
3D Sequential Graph
Variação da profundidade (p1 -> p2)
a1; Vc1: fixo
> 0,12
< 0,1175
< 0,1075
< 0,0975
< 0,0875
< 0,0775
< 0,0675
3D Sequential Graph
Variação da profundidade (p1 -> p2)
a2; Vc1: fixo
> 0,14
< 0,14
< 0,12
< 0,1
< 0,08
< 0,06
< 0,04
Figura 4.45 – Efeitos dos parâmetros de usinagem sobre o Vrms do RMB com a velocidade
de corte fixada em Vc1: 150 m/min.
139
3D Sequential Graph
Variação da profundidade (p1 -> p2)
a1; Vc2: fixo
> 0,14
< 0,1375
< 0,1275
< 0,1175
< 0,1075
< 0,0975
< 0,0875
< 0,0775
< 0,0675
3D Sequential Graph
Variação da profundidade (p1 -> p2)
a2; Vc2: fixo
> 0,12
< 0,115
< 0,105
< 0,095
< 0,085
< 0,075
< 0,065
< 0,055
Figura 4.46 – Efeitos dos parâmetros de usinagem sobre o Vrms do RMB com a velocidade
de corte fixada em Vc2: 210 m/min.
140
A análise fatorial para os valores de Vrms, mostrados nas superfícies de nível, nas figuras
4.45 e 4.46, revelaram que:
Observa-se que na tendência dos valores de Vrms, o parâmetro de usinagem velocidade de
corte apresentou-se como o mais influente na geração da superfície de resultados.
Os gráficos da figura 4.46 mostram que o Vrms tem um valor crescente como o aumento
do uso da ferramenta, alcançando valores máximos nos 4000 metros quando a
profundidade de corte è 0,025 mm e nos 6000 metros quando se incrementou a
profundidade de corte para 0,075mm. Isso demonstra que o nível de desgaste das
ferramentas e maior profundidade geraram mudanças na subsuperfície da peça, podendo
ser correlacionados com os RMS medidos.
Quando se analisou os gráficos com velocidade de corte maior (Vc2 = 210 m/min),
observou-se que, os valores do Vrms das amostras apresentaram variabilidade similar, ou
seja, apresentaram uma tendência crescente e decrescente, para as duas profundidades de
corte utilizadas. Essas superfícies de resposta mostram-se em forma de ondas
A explicação das diferenças nos Vrms medidos nas peças usinadas deve-se aos diferentes
tipos de microestrutura e tensões residuais geradas, em função dos parâmetros de corte e
níveis de uso da ferramenta em que foram realizados os ensaios de torneamento duro.
Aparentemente, nas medições do RMB a variável rugosidade não apresentou-se como a de
maior influência, devido às características do material das peças (composição e dureza).
141
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.47 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 1 de usinagem
142
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.48 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 2 de usinagem
143
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.49 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 3 de usinagem
144
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.50 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 4 de usinagem
145
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
0.5
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.51 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 5 de usinagem
146
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.52 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 6 de usinagem
147
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
10
-6
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.53 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 7 de usinagem
148
0 0.005 0.01 0.015 0.02 0.025 0.03 0.035 0.04 0.045 0.05
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
R
M
B
(
V
)
Tiempo(s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
10
2
10
3
10
4
10
5
10
-7
D
e
n
s
i
d
a
d
e
s
p
e
c
t
r
a
l
(
m
V
2
s
/
H
z
)
Tiempo (s)
0 m
2000 m
4000 m
6000 m
8000 m
Figura 4.54 – Envelope dos sinais de RMB no tempo e na freqüência: condição 8 de usinagem
149
Nas figuras 4.47 a 4.54, os resultados gráficos superiores representam os envelopes do RMB
suavizados através de filtragem por média deslizante. Os gráficos inferiores são os envelopes
dos mesmos sinais apresentados no domínio da freqüência. Também se observou que:
Do envelope dos espectros, a curva correspondente ao uso da ferramenta com zero metros
de uso, sempre mostrou o valor do pico máximo como sendo inferior, quando comparado
com os picos dos outros envelopes, correspondentes à mesma condição de usinagem mas
com a ferramenta com algum tempo de uso.
Assim mesmo, os valores dos picos máximos com ferramenta nova apresentaram uma
localização mais à direita e são mais achatados, do que os outros envelopes
correspondentes à ferramenta usada.
A posição dos picos máximos para todas as condições de usinagem e com uso de
ferramenta maiores a 2000 metros localizaram-se em torno de 0,025 segundos, sendo que a
medida que a condição de usinagem apresentou de mais leve à mais severa, o pico se
deslocou da direita à esquerda, respectivamente.
Os gráficos inferiores, correspondentes à densidade espectral mostraram que, para as
condições de usinagem com profundidade de corte de 0,025 mm, as curvas
correspondentes ao níveis de uso de ferramenta (para cada uma das condições) têm
deslocamento de níveis em função da maior profundidade de medição, o que
corresponderia às variações de tensões residuais e microestrutura das peças.
Quanto aos gráficos das condições de usinagem, com profundidade de corte de 0,075 mm,
as curvas não tenderam a se cruzar ao longo do incremento das freqüências.
150
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
As forças de usinagem (Fc, Fa, Fp) crescem com o aumento do desgaste da ferramenta.
Os valores da força de penetração são maiores que os de corte ou avanço.
A velocidade de corte é o parâmetro que menos influencia nas forças de usinagem.
A rugosidade superficial é influenciada pelo avanço, profundidade de corte e o nível de
desgaste da ferramenta.
Os parâmetros que causam maior desgaste na ferramenta de CBN foram a profundidade
de corte, e em segundo lugar a velocidade de corte.
Após 2000 metros de uso de ferramenta, transformações de fase na superfície foram
observadas nas amostras, com formações de camada branca, e mais abaixo, camada
escura, de espessuras variando em função do nível de severidade do torneamento e uso da
ferramenta.
O aumento do desgaste da ferramenta gerou menores valores de tensão residual de
compressão.
Os perfis de tensões residuais indicam que os maiores valores de tensões de compressão
se encontram abaixo dos 0,05 mm de profundidade.
Os valores de Vrms do RMB mostram boa correlação com o parâmetro Percurso da
ferramenta nas condições de usinagem não severas, ou seja, quando utilizaram-se
velocidades de corte baixas.
Das curvas dos envelopes dos espectros do RMB medidas nas peças usinadas, consegui-se
identificar com claridade quando a ferramenta utilizada nos ensaios estava na condição de
nova.
A análise dos sinais de RMB mostrou que, a microestrutura do material é o fator de maior
influência, mascarando as respostas das tensões residuais induzidas pela usinagem nos
anéis, nos dados obtidos das medições de RMB.
151
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Abrão A.M, Aspinwall D.K. Temperature evaluation when machining hardened hot work
die steel using PCBN tooling. Industrial Diamond Review, v. 56, n. 2, p. 40-44, 1996.
Altpeter, I. Nondestructive evaluation of cementite content in steel and white cast iron
using inductive Barkhausen noise, Journal of Nondestructive Evaluation
, v.
15, n. 2, p. 45-
60, 1996.
Alvarez Rosario John Ferney. Avaliaçao da integridade da superficie no torneamento de
um ferro fundido nodular com carboneto. Dissertação (Mestrado). Departamento de
Engenharia Mecânica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. Processos mecânicos de usinagem: Norma
NBR 6175, 1979.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. Movimentos e relações geométricas na
usinagem dos metais – terminologia: Norma NBR 6162. 37 p. 1989.
American Society for Metal. Metals Handbook. 9. ed. Metals Park, Ohio. v. 16, p. 597-
665, 1989.
ASM Handbook: Welding, Brazing and Soldering, v. 6, 1995.
ASTM-E-837-94a, Standard Test Method for Determining Residual Stresses by the Hole-
Drilling Strain-Gage Method, Reprinted from the Annual Book of ASTM Standards, p. 1-
7, 1994.
ASTM-E-837-99, Standard Test Method for Determining Residual Stresses by the Holle-
Drilling Strain-Gage Method, Repprinted from Annual Book of ASTM Standards, 1-10,
1999.
Baldej, R.; Moorthy, V.; Vaidyanathan, S. Influence of microstructural changes due to
tempering at 923 K and 1023 K on magnetic Barkhausen noise behaviour in normalized
2.25 Cr-1Mo ferritic steel, Materials Evaluation, v. 1, p. 81-84, 1997.
Barton J. R., Kusenberger F. N., Beissner R.E., and Matzkanin G. A., Advanced
quantitative magnetic nondestructive evaluation methods - Theory and experiment,
Nondestructive Evaluation of Materials, Plenum, New York, p. 435-477, 1979.
Beaney, E.M., Procter, E. A critical Evaluation of the Center Hole Technique for the
Measurement of Residual Stresses, Strain, v. 10, p. 7-15, 1974.
Becker, M., Santos, S.C., Sales W.F. Integridade superficial em usinagem. In: Lepikson
H.A. Tecnologias avanzadas de Manufatura. 1 ed. Jaboticaba –SP, Brasil: cubo
Multimídia. 2005. Cap. 6. p. 105-123.
Benegra M. Viabilidade do calculo das tensões residuais pela técnica de indentação
instrumentada em filmes finos de nitreto de titânio, 2005. Dissertação (Mestrado).
Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.
152
Benitez D.B. Metodologia de analise da influencia das tensões residuais no
comportamento à fratura Tese (Doutorado). Departamento de Engenharia Mecatrônica e
Sistemas Mecânicos da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
Bijak-Zochowski M. A Semi-Destructive Method of Measuring Residual Stresses,
VDIBerichte, v. 313, p. 469-476, 1978.
Black J.T. Mechanics of chip formation. In Davis J.R. (Ed) Metais Handbook: Machining,
ed. 9°, v. 19, p. 7-18, Ohio, USA: ASM, 1989.
Bosheh S.S., Mantivega P.T. White layer formation in hard turning of H13 tool steel at
high cutting speed using cbn tooling. International Journal of machine tools and
manufacture, v. 46, n. 2, p. 225-223, 2006.
Brandão, L.C. Estudo experimental da condução de calor no fresamento de materiais
endurecidos utilizando altas velocidades de corte. Tese (Doutorado), Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, 2001.
Braghini Jr. Metodologia para escolha de fluido de corte não agressivos para o meio
ambiente para aplicações em usinagem de metais. Tese (Doutorado), Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, 2002.
Breinksmeier E., Cammett J.T., Konig W., Leskovar P., Peters J., Tonshoff H. K.
Residual Stresses – Measurement and causes in machining processes, Annals of the CIRP,
v. 31, n. 2, p. 491-510, February 1982.
Calle M.A.G. Analise numérico computacional das tensões residuais induzidas pelo
jateamento com granalha. Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia Mecânica
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004.
Campos de M.F., Machado R., Hirsch T. Tensões residuais em aços avaliadas por difração
de raios-x: diferença entre micro e macro tensões residuais, Anais 3º Workshop de
Textura, 4 a 5 de setembro de 2006, São Paulo, SP, p. 115-131.
Capello E.; Residual stresses in turning Part I Influence of process parameters, Journal of
Materials Processing Technology, v. 160, p. 221–228, 2005.
Capó-Sanchez, J; Padovese, L.R.; Serna-Giraldo, C.P.
Utilización del efecto Barkhausen
en el análisis estructural de muestras de acero al carbono. In: II Congresso Nacional de
Engenharia Mecânica. João Pessoa, Brasil, Agosto 2002..
Capó-Sanchez, J, Padovese, L.R., Serna-Giraldo, C.P. Medição do ruído magnético
Barkhausen em aços carbono. In: 57 Congresso Anual da ABM Internacional. São Paulo,
Brasil, julio de 2002
Ceurter J.S., Smith C., Ott R.; Barkhausen noise inspection, Advanced materials &
processes, p. 29-31, april 2002.
Christoffel, K. High speed machining – from a tool manufacturer’s perspective. In.
Seminário Internacional de Alta Tecnologia - Manufatura Avançada, 6, 2001, Piracicaba-
SP. Anais… Piracicaba: Unimep, p.121-151, 2001.
Chou Y.K., Evans C.J., Barash M.M. Experimental investigation on CBN turning of
hardened AISI 52100 steel. Journal of Materials Processing technology, v. 124, p.274
283, 2002.
153
Correa M. Estudo das características do fresotorneamento ortogonal radial aplicado em
aço endurecido. Tese (Doutorado), Departamento de Engenharia de Fabricação, Faculdade
de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2001.
Costa da, D.D. Analise dos parâmetros de torneamento de os endurecidos. Tese
(Doutorado), Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade de Campinas, Campinas,
SP, 1993.
Cullity, B. D. Elements of x-ray diffraction. 2. ed. Addison-Wesley, Massachusetts, Read
Useful Definition of Internal Stresses ing, 1978
Damasceno D. Analise das tensões residuais após torneamento e retificação do aço ABNT
52100 endurecido. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Engenharia Mecânica da
Universidade Estadual de Campinas; Campinas, 1993.
Delijaicov, S. Modelagem das tensões residuais no processo de torneamento duro de um
aço 100CrMn6 e suas correlações com os esforços de corte, Tese (Doutorado),
Departamento de Engenharia Mecânica, Escola Politécnica da USP, Universidade de São
Paulo, São Paulo, 2004.
Dewes R.C., Chua K.S., Newton P.G., Aspinwall D.K., Temperature measurement when
higy speed machining hardened mould/die steel, v. 92-93, p. 293-301, 1999.
DHAR, A.; ATHERTON, D.L. Influence of magnetizing parameters on the magnetic
Barkhausen noise. IEEE Transactions on Magnetics, v. 28, n. 6, p. 3363-3366, 1992.
D. H. L. Ng, C. C. Yu, A. S. K. Li e C. C. H. Lo. Measurement of Barkhausen emission
and magnetoacoustic emission from a fractured steel bar; IEEE Transactions on
Magnetics, v. 31, n. 6; November de 1995.
Dieter, George E. Mechanical Metallurgy, SI Metric Edition, McGraw Hill, 1986 – p.
Diniz A.E., Marcondes F.C., Coppini N.L. Tecnologia da usinagem dos materiais, ed. 2,
244 p. São Paulo Artiliber Editora, 2000.
El-Wardany, T.I, Kishaswy H.A., Elbestawi M.A. Surface integrity of die material in high
speed hard machining, part 1: Micrographical analysis. Transactions of the ASME, v. 122,
p. 620-631, 2000.
El-Wardany, T.I, Kishaswy H.A., Elbestawi M.A. Surface integrity of die material in high
speed hard machining, part 2 Microhardeness variations and residual stress. Transactions
of the ASME, v. 122, p. 632-641, 2000.
Faccio, Ian; Investigações sobre o acabamento superficial de usinagem com altíssima
velocidade de corte. Dissertação (Mestrado) São Paulo, Departamento de Engenharia
Mecatrônica e Sistemas mecânicos, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, 2003.
Fallbohmer P., Rodrigues C.A., Ozel T., Altan T. High speed machining for cast iron and
alloy steel for die and mold manufacturing. Journal of material processing technology, v.
98, p. 104-115, 2000.
Field M., Kales J.F. Review of surface integrity of machining components. Annals of the
CIRP, v. 20/2, p. 153-163, 1971.
Field M., Kales J.F, Cammet J.T. Review of measuring methods for surface integrity.
Annals of the CIRP, v. 21, n.2, p. 219-238, 1972.
154
Fix R.M., Tiitto K., Tiitto S.; Automated control of camshaft grinding process by
Barkhausen noise, Materials Evaluation, v. 48, n. 7, p. 904-908, 1990.
Flaman, M.T. Investigation of Ultra-High Speed Drilling for Residual Stress
Measurements by the Center Hole Method, Experimental Mechanics, v. 22, n. 1, p. 26-30,
1982.
Flaman, M.T., Manning, B.H. Determination of Residual-Stress Variation with Depth by
the Hole-Drilling Method, Experimental Mechanics, v. 25, n. 9, p. 205-207, 1985.
Furgiuele, F.M., Pagnotta, L., Poggialini, A. Measuring Residual Stresses by Hole-
Drilling and Coherent Optics Techniques: A Numerical Calibration, J. Eng. Mat. and
Tech. (Trans. ASME), v. 113, n. 1, p. 41-50, 1991.
Garcia YR, Burgos JS, Gil,F, Rivalta J. Obtaining of residual stress along weld bead by
means of analytic and experimental methods. Soldagem Insp., v. 11 n. 2, p. 93-101, 2006.
Gauthier, J., Krause T.W, Atherton D.L; Measurements of residual stress in steel using the
magnetic Barkhausen noise technique, NDT& E International, v. 31, n°1, p. 23-31, 1998.
Gauthier J., Krause T.W., Atherton D. L. Measurement of residual stress in steel using the
magnetic Barkhausen noise technique, NDT & E International; v. 31, n. 1, p. 23; 1998
Gibmeier, J., Kornmeier, M., Scholtes, B. Plastic Deformation during Application of the
Holle-Drilling Method, 5th Europ. Conf. on Residual Stresses (ECRS 5), Delft A.J.
Bottger et al Eds., Trans Tech Pub., v. 1, p. 131-136, 28-3, September 1999.
Godoy C., Souza E.A., Branco J.R.T. e Lima M.M. Influência de tratamentos térmicos no
nível de tensões residuais em recobrimentos processados por aspersão térmica. Jornadas
SAM 2000 - IV Coloquio Latino-americano de Fractura y Fatiga, p. 831-838, Agosto de
2000.
Gorczyca F.E. Application of metal cutting theory. New York: Industrial Press, 298 p.,
1987.
Griffiths B. Manufacturing surface technology: Surface integrity & functional
performance. London:Penton Press, 237 p., 2001.
Grum J., Zerovnik P.; Use of Barkhausen effect in measurement of residual stress in steel
after heat treatment an grinding, In: 15 World Conference Nondestructive testing, Roma,
2000
Gupta H., Zhang M., Parakka A.P. Barkhausen Effect in Ground Steels, Acta Materialis,
v. 45, n. 5, p. 1917-1921, May 1997.
Halliday D., Resnick R., Walker J. Fundamentals of Physics Extended. New York, John
Wiley & Sons, Inc., 1997.
Hioki D. Usinagem dura do aço 100Cr6 com PCBN. Dissertação (Mestrado),
Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, 1998.
Hioki, D. Influência dos parâmetros de corte do fresamento HSM sobre o desempenho
tribológico do aço AISI H13 endurecido. Tese (Doutorado) Departamento de Engenharia
Mecânica, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.
Hodgson T.; Trendler P.H.H. Turning hardened toll steels with cubic boron nitride inserts.
Annals of the CIRP, v.30, p. 63-66, Janeiro de 1981.
155
Jagadish C., Clapham L., Atherton D.L. "Influence of Uniaxial Elastic Stress on Power
Spectrum and Pulse Height Distribution of Surface Barkhausen Noise in Pipeline Steel."
IEEE Transactions on Magnetics, v. 26, n. 3, p. 1160-1163, 1990.
Kameda, J.; Ranjan, R.; Nondestructive evaluation of steels using acoustic and magnetic
Barkhausen signals - I. Effect of carbide precipitation and hardness, Acta Metallurgical, v.
35, n. 7, p. 1515-26, 1987.
Kandil FA, Lord JD, Fry AT and Grant PV. A review of residual stress measurement
methods - a guide to technique selection. The UK's National Measurement Laboratory,
NPL Report MATC(A)O4, p. 1-7. 2001.
Katbi, K. Um guia sico, para facilitar o processo de seleção de pastilhas de usinagem.
Máquinas e Metais, n. 362, p. 42-50, março 1996.
Kelsey, R.A. Measuring Non-Uniform Residual Stresses by the Hole Drilling Method,
Proc. Of the Society for Experimental Stress Analysis (SESA), v. 14, n. 1, p. 181-194,
1956
Konig W., Lung D., Iding M. Alternative processes for cost reduction, Annals of the
CIRP, v. 36 n. 2, p. 443-444, 1987.
Konig, K. Spannungsvertilung über die Tiefe, Grundlagen der Meßverfahren, p. 31-35.
Kwun H., Burkhardt G.L., Electromagnetic techniques for residual stress measurements,
ASM Handbook, v. 17, p. 159-163, 1989. 22 Testing and Control(MD).
Liu, C.R.; Mittal, S. Optimal prestressing the surface of a component by superfinish hard
turning for maximum fatigue life in rolling contact. Wear, v.219, n.1, p.128 – 140, 1998.
Lord J.D., Grant P.V., Fry A.T., Kandil F.A. A UK residual stress intercomparison
exercise - Development of measurement good practice for the XRD and hole drilling
techniques. Materials Science Forum, 2002, v. 404-407, p. 567-572.
Machado A.R., Silva, M. B. Usinagem dos metais. ed. 4. Uberlândia: Editora da
Universidade Federal de Uberlândia, 1999.
Macherauch E, Wohlfahrt H, Wolfstieg U. Useful Definition of Internal Stresses, HTM -
Haerterei-Technische Mitteilungen, v. 28, Issue 3, p. 201-211, September 1973.
Maeder, G., Castex, L., Djafari, V., Poupeau, P. Précontraintes et Traitements
Superficiels, Techniques de l´Ingénieur, Traité Métallurgie M1180-1-26/M1181-1-8,
1991.
Makino, A., Nelson, D. Residual-stress Determination by Single-axis Holographic
Interferometry and Hole Drilling-Part I: Theory, Experimental Mechanics, v. 34, n. 1, p.
66-78, 1994.
Makino, A., Nelson, D.V. Fuchs, E.A., Williams, D.R., Determination of Biaxial Residual
Stresses by a Holographic-Hole Drilling Technique, J. Eng. Mat. Tech. (Trans. ASME), v.
118, p. 583-588, 1996.
Mansur T., Silva M.B. Analise do efeito das condições de corte no perfil e nos parâmetros
utilizados para a avaliação da rugosidade de superfícies usinadas por torneamento. In:
Simpósio do programa de Pós-graduação em engenharia mecânica, 13, Uberlândia, 2003.
13 POSMEC, Uberlândia – MG, 8p. 2003.
156
Martinez F.G., Saruls R Usinagem com e sem refrigeração – Verdades, Mito e tendências.
Mundo da Usinagem, v. 4, p. 16-17, 2004.
Martins COD, Strohaecker TR, Rocha AS, Hirsch TK. Comparação entre Técnicas de
Análise de Tensões Residuais em Anéis de Rolamento do Aço ABNT 52100, Estudos
Tecnológicos, v. 1, n. 2, p. 39-47, 2005.
Masuko M., Tomizawa K., Aoki S., Suzuki A. Experimental study on the effects of
sliding velocity and roughness orientation of metal surface on the function of lubricant
additives in controlling friction in a boundary lubrication regime. Tribological research
and design for engineering systems, v. 41, p. 741-798, 2003.
Michaelis. Dicionário Michelis. São Paulo: UOL, 2001 CD-ROM.
Milbradt K.P. Ring Method Determination of Residual Stresses, Proc. SESA, v. 9, n. 1,
1951.
Mitra A., Jiles D.C. Magnetic Barkhausen emissions in as-quenched Fe-Si-B amorphous
alloy, Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v. 168, p. 169-176, 1997.
Mitra A.; Govindaraju M.R.; Jiles, D.V. Influence of microstructure in micromagnetic
Barkhausen emissions in AISI 4140 steel. IEEE Transactions on Magnetics, v. 31, n. 6, p.
4053-4055, 1995.
Moorthy V., Shaw B.A.; Evans, J.T. Evaluation of tempering induced changes in the
hardness profile of case-carburised EN steel using magnetic Barkhausen noise analysis,
NDT&E International, v. 36, p. 43-49, 2003.
Moorthy V., Vaidyanathan S., Jayakumar T., Baldev R.A.J. Microestructural
characterization of quenched and tempered 0.2% C carbon steel using magnetic
Barkhausen noise analysis, Journal of Magnetism and Magnetic Materials, v. 171, p. 179-
189, 1997.
Moorthy V., Shaw B.A., Mountford P., Hopkins P. Magnetic Barkhausen emission
technique for evaluation of residual stress alteration by grinding in case-carburised En36
steel, Acta Materialia, v. 53, p. 4997–5006, 2005.
Muller P., Soto M. Usinagem se refrigeração de furos e roscas. In: Seminário
Internacional de alta tecnologia – Inovações tecnológicas na manufatura para o ano 2000,
4., Santa Bárbara d’Oeste. Anais... Santa Bárbara d’Oeste: Unimep, p.127-133, 1999.
Mummery L. Surface texture analysis The handbook, 1 ed. West Germany,
Hommelwerke Gmbh, 105 p., 1992.
Nawwar, A.M. McLachlan, K., Shewchuk, J., A Modified Hole-drilling Technique for
Determining Residual Stresses in Thin Plates, Experimental Mechanics, v. 33, p. 226-232,
1976.
Nelson, D., Fuchs, E., Makino, A., Williams, D. Residual-stress Determination by Single-
axis Holographic Interferometry and Hole Drilling-Part II: Experiments, Experimental
Mechanics, v. 34, n. 1, p. 79-88, 1994.
Ng D.H.L.; Cho K.S., Wong M.L., Chan, S.L.I., Ma X.Y., Lo C.C.H. Study of
microstructure, mechanical properties, and magnetization process in low carbon steel bars
by Barkhausen emission. Material Science and Engineering A, v. A00, p 1-13, 2003.
157
Nickola W.E. Practical Subsurface Residual Stress Evaluation by the Hole Drilling
Method, Proc. of Spring Conf. on Exp. Mechanics, New Orleans, Eds., SEM, p. 47-58,
1986.
Niku-Lari A., Lu J. and Flavenot J.F. Measurement of Residual Stress Distribution by the
Incremental Hole-Drilling Method, Journal of Mechanical Working Technology, v. 11,
p.165-188, 1985.
Novaski O. et al. Aspectos técnicos do fresamento na zona de transição entre as
velocidades convencionais e a alta velocidade. In: Congresso Brasileiro de Engenharia de
Fabricação – Cobef, 1., 2001, Curitiva-PR. Anais... Curitiba-PR: UFPR, 2001.
Noyan I.C. Cohen JB. Residual stress measurement by diffraction and interpretation
Sprintger-Verlag, Germany, v.1, p. 1-73 & 164-229, 1987.
Oliveira F.G. Usinagem em altíssimas velocidades, São Paulo: Erica, p. 29-35, 2003.
Peixoto Filho FT. Avaliação de sistemas de medição de tensões e tensões residuais em
dutos. Dissertação (Mestrado), Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
Physique & Industrie. Residual Stress Theory. Disponível em
<http://www.physiqueindustrie.com/residual_stress.php>. Acesso em 01 março 2007.
Pérez J.A.B.; Estudio de la dinámica de dominios magnéticos de aceros mediante el efecto
Barkhausen, disertación de maestría, universidad del oriente, Cuba, p. 1-50, 2002.
Pitella R.M. Determinação de tensões residuais em aço C45Pb k em condições limites de
usinagem. Dissertação (Mestrado), Departamento de Engenharia Mecânica da
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2003.
Poulachon G., Albert A., Schluraff M., Jawahir I.S.; An experimental investigation of
work material microstructure effects on white layer formation in PCBN hard turning,
International Journal of Machine Tools & Manufacture, vol. 45, p. 211–218, 2005.
Rael V., Diniz A.E. Utilização do corte a seco, com MQL e com fluido em abundancia no
fresamento de aço endurecido. Maquinas e Metais, v. 468, p. 58-74, 2005.
Ramesh A., Melkote S.N., Allard L.F., Riester L., Watkins T.R. Analysis of white layers
formed in hard turning of AISI 52100 steel, v. 390, p. 88-97, 2005.
Rendler, N.J., Vigness, I. Hole-Drilling Strain-Gage Method of Measuring Residual
Stresses, Experimental Mechanics, v. 6 n. 12, p. 577-586, 1966.
Rodeiro P.F. Análise de distribuição de temperaturas e tensões residuais em soldas do tipo
Ring-Weld. Dissertação (Mestrado), Departamento de Engenharia Naval da Universidade
de São Paulo; São Paulo, 2003.
Rodrigues, Alessandro Roger. Estudo da geometria de arestas de corte aplicadas em
usinagem com altas velocidades de corte. 2005. Tese (Doutorado), Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, 2005.
Sánchez J. A. Integridade superficial de peças cortadas por fio. EMD Word. v. 6, p. 10-11,
2006
Sandvik. Guia de aplicação – Fabricação de moldes e matrizes, Suécia, 208 p. 1999.
Sandvik.. Mundo da usinagem, Pesquisa acelera e o tom de modernidade à usinagem.
São Paulo : Sandvik Coromant, n.2, p. 7-12, 2000.
158
Sandvik. Mundo da usinagem 1.2001, Publicação da divisão Coromant da Sandvik do
Brasil.
Sandvik. Ferramenta e métodos – Fabricação de moles de matrizes. Suécia: 2002. 258 p.
Sandvik. Novas ferramentas Sandvik Coromant. Suplemento do catalogo de ferramentas
rotativas e do catalogo de ferramentas para torneamento. Suécia, 2004.
Scandiffio, Innocenzo. Uma contribuição ao estudo do corte a seco e ao corte com mínima
quantidade de lubrificante em torneamento de o. 2000. Dissertação (Mestrado),
Faculdade de Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP,
2000.
Schajer, G.S. Application of Finite Element Calculations to Residual Stress
Measurements, Journal of Eng. Mat. and Tech. (ASME), v. 103, n. 2, p. 157-163, 1981.
Schajer, G.S. Measurement of Non-Uniform Residual Stress Using the Hole-Drilling
Method. Part I - Stress Calculation Procedures, Journal of Eng. Mat. and Tech. (ASME),
v. 110, n. 4, p. 338-343, 1988.
Schajer, G.S. Measurement of Non-Uniform Residual Stress Using the Hole-Drilling
Method. Part II-Practical Application of the Integral Method, Journal of Eng. Mat. and
Tech. (ASME), v. 110, n. 4, p. 344-349, 1988.
Schajer, G.S., Yang, L. Residual-stress Measurement in Orthotropic Materials using the
Hole drilling Method, Experimental Mechanics, v. 51, p. 324-333, 1994.
Schajer, G.S., Altus, E. Stress Calculation Error Analysis for Incremental Hole-Drilling
Residual Stress Measurements, Journal of Eng. Mat. and Tech. (ASME), v. 118, n. 1, p.
120-126, 1996.
Schajer, G., Flaman, M.T., Roy, G., Lu, J. Hole-Drilling and Ring Core Methods, in
Handbook of Measurement of Residual Stresses, J. Lu Eds., Chapter 2, SEM, Bethel, p. 5-
34, 1996.
Schajer, G.S., Tootoonian, M. A New Rosette Design For More Reliable Hole-Drilling
Residua Stress Measurements, Experimental Mechanics, 54 (1997) 299-306.
Schulz, H.; Hochgesthwingidkeitsbearbeitun, Carl Hanser Verlag Munchen Wien, 1996.
Schulz, H.; State of art and trends of high speed machining, Seminário Internacional de
Alta Tecnologia - Usinagem com altíssima velocidade de corte e alta precisão,
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Julho 1997.
Schutzer K., Schulz, H.; Histórico da usinagem com altíssima velocidade até os dias
atuais. Usinagem em altíssimas velocidades. São Paulo: Erica, p. 13-28, 2003.
Schwarz, T., Kockelmann, H., Die Bohrlochmethode - ein für viele Anwendungsbereiche
optimales Verfahren zur Experimentellen Ermittlung von Eigenspannungen, HBM,
Meßtechnische Briefe, v. 29, n. 2, p. 33-38, 1993.
Silva da B.M. Alívio de tensões residuais em juntas soldadas de caixa espiral de turbina
hidráulica. Dissertação (Mestrado), Faculdade de Engenharia da Universidade Estadual
Paulista, Guaratinguetá, SP, 2005.
Silva L.R. Estudo da geometria de arestas de corte aplicadas de ferramentas aplicadas ao
torneamento de superligas a base de níquel com altas velocidades de corte. 2005. Tese
159
(Doutorado), Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. São
Carlos, SP, 2005.
Silva F.R., Novaski O. O congresso de Usinagem 2000. Máquinas e Metais, v. 423,
Aranda editora técnica e cultural Ltda, 2001.
Simon A. Introdution au thème “contraintes residuelles”, La revue de Metállurgie-CIT /
Science et génie des matériaux, Paris, v. 94, n. 2, p. 151-156, fevereiro 1997.
Sipahi L. B. and. Jiles D. C, An investigation of various procedures for analysis of
micromagnetic Barkhausen signals for nondestructive evaluation of steels, Nondestructive
Testing and Evaluation, v. 10, n. 3, p. 183 – 199, September 1992.
Sipahi, L.B. Overview of applications of micromagnetic Barkhausen emissions as
noninvasive material characterization technique. Journal Applied Physics, v.70, n. 10, p.
6978-6980, May 1994
Sipahi L. B. and Jiles D. C., Review of Progress in Quantitative NDE (D. O. Thompson
and D. E. Chimenti, Plenum, New York, 1992) 11B p. 1791
Society for Experimental Mechanics, Inc. Handbook of measurement of residual stresses:
Fairmont Press, Inc, 238 p., 1996.
Soete W., Vancrombrugge R. An Industrial Method for Determination of Residual Stress,
Proc. SESA, v. 8, n. 1, p. 17-18, 1950.
Spasojević D., Bukvić S., Milošević S., Stanley H.E.; Barkhausen noise: Elementary
signals, power laws, and scaling relations, The American Physical Society, v. 54, 3 p.
2531; Set 1996.
Stout K.J. Engineering surfaces – a philosophy of manufacture (a proposal for good
manufacturing practice). Proceedings of the Institution of Mechanical Engineers. Part B.
Journal of engineering manufacture, v. 212, n.3, p. 169-174, 1998.
Stout K.J. Blunt L.A. A contribution to the debate on surface classifications randon,
systematic, structured and structured and engineering, International Journal of machine
and manufacture, v. 41, p. 2039-2041, 2001.
Sudo T.T. Uma contribuição ao estudo do torneamento com alta velocidade. Dissertação
(Mestrado), Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
SP, 2001.
Surface Metrology Guide www.predev.com/smg/parameters.htm. Acesso em
28/12/2006.
Suterio R. Medição de tensões residuais por indentação associada à holografia eletrônica.
Tese (Doutorado) Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2005.
Suterio R., Viotti M.R., Gonçalves Jr. A.A., Kaufmann G.H. Avaliação preliminar de
métodos alternativos de medição de tensões residuais por indentação e por aquecimento
localizado combinados à holografia eletrônica, Conferencia sobre Tecnologia de
Equipamentos, Salvador, Bahia; cote 139, Agosto 2002, p. 19-21.
Tonshoff H., Arendt C., Ben Amor R. Cutting of Hardened Steel, Annals of the CIRP, v.
49, n. 2, p. 547-566, 2000.
160
Tootoonian M., Schajer G.S. Enhanced Sensitivity Residual-stress Measurements using
Taperhole Drilling, Experimental Mechanics, v. 52, p. 124-129, 1995
Trent E.M. Metal Cutting, ed. 3, Oxford:Butterworth_Heinemann. 1996.
Vangi D., Ermini M. Plasticity Effects in Residual Stress Measurement by the Hole
Drilling Method, Strain, v. 36, n. 2, p. 55-58, 2000.
Vishay, Measurement of Residual Stresses by the Hole-Drilling Strain Gage Method,
Tech. Note TN-503-4, 1993.
Vishay-Micromesures. RS 200 - Dispositif de percage destine a la mesure dês contrintes
residuelles par la methode du trou, Catalogo, France, p. 1-24, 1998.
Wern, H. Measurement of Non-Uniform Residual Stresses using the Hole Drilling
Method: A New Integral Formalism, Strain, v. 31, n. 2, p. 63-68, 1995.
Wern, H., Cavelius, R., Schlafer, D. A New Method to Determine Triaxial Non-Uniform
Residual Stresses from Measurements using the Hole Drilling Method, Strain, v. 33, n. 2,
p. 39-45, 1997.
Yen Y.C., Rech J., Altan T. and Hamdi, H. Influence of Cutting Edge Radius of Coated
Tool on Chip Formation in Orthogonal Cutting of Alloy Steel, Proceedings of CIRP
Conference on Modeling of Machining, France, May 2004.
Yang Y.Y., Fang H.S., Huang W.G. A study on wear resistance of white layer. Triboloby
International, v. 29, n. 5, p. 425-428, 1996.
Zhu, W.-X., Smith, D.J., Residual Stresses by Hole-drilling in Curved Components,
Recent Advances in Experimental Mechanics, Proc. of 10th Int. Conf. on Exp. Mech.,
Lisbon, J.F.S. Gomes et al Eds., v. 2, A.A. Balkema, p. 777-782, 18-22 July 1994,
Zuccarello, B. Optimal Calculation Steps for the Evaluation of Residual Stress by the
Incremental Hole-drilling Method, Experimental Mechanics, v. 39, n. 2, p. 117-124, 1999.
161
ANEXOS
Anexo 01 Classificação da ferramenta de corte utilizada nos ensaios de torneamento duro.
(Sandvik Coromant, 2002)
162
Anexo 02 Classificação da Porta ferramenta utilizada nos ensaios de torneamento duro.
(Sandvik Coromant, 2002).
163
Anexo 03 Especificações do transdutor piezoelétrico. (PCB-260A01 da PCB Piezotronics)
utilizada na medição das componentes da força de usinagem nos ensaios de torneamento duro
164
RECONHECIMENTO E AGRADECIMENTO ESPECIAL AOS INTEGRANTES DO
CENTRO UNIVERSITARIO FEI
Professores:
Dr. Sergio Delijaicov
Dr. Rodrigo Magnabosco
Dr. Jorge Kolososki
Aluna:
Karina Helena Bernardes do Nascimento
Secretaria Departamento de Mecânica:
Adelaide Bispo de Sá - CLM
Catia Cilene da Silva
Verônica de Souza Menezes
Técnicos:
Laboratório de Materiais
Antônio Magalhães Miron
Daniel Barduzzi Tavares
Gustavo Estrela da Silva
Geleci Ribeiro da Silva
Vlamir Anaia Rodrigues
Manoel Bento de Souza
Laboratório de Usinagem:
Ailton Custódio
Anderson da Silva Barbosa
Davi Maciel Ferreira
Douglas Oliveira Mathias de Souza
Jose Maria Perira Nascimento
Luiz Carlos Denadai
165
Nilton Cesar Barbosa
Oswaldo Correa da silva
Sebastião Mariano Brandão
Vanderlei Cassiano Pereira
Laboratório de Metalografía
Airton
MUITO OBRIGADO.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo