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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
Colegiado de Pós-Graduação em Zootecnia
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-
610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE
CORTE.
WILSON GONÇALVES DE FARIA JÚNIOR
BELO HORIZONTE
ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG
2008
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1
WILSON GONÇALVES DE FARIA JÚNIOR
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA E NUTRICIONAL DO HIBRÍDO DE SORGO BRS-
610 [Sorghum bicolor (L.) Moench] E DE SUAS SILAGENS EM OITO IDADES DE
CORTE.
Dissertação apresentada à Escola de Veterinária da
Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em Zootecnia.
Área de Concentração: Nutrição e Alimentação Animal
Orientador: Prof. Dr. Lúcio Carlos Gonçalves
BELO HORIZONTE
ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UFMG
2008
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2
F224a
2008
Faria Júnior, Wilson Gonçalves, 1983-
Avaliação agronômica e nutricional do hibrído de sorgo BRS-610 [Sorghum
bicolor (l.) Moench] e de suas silagens em oito idades de corte./ Wilson Gonçalves
de Faria Júnior. - 2008.
102p. : il.
Orientador: Lúcio Carlos Gonçalves
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Veterinária
Inclui bibliografia
1. Ruminante - Alimentação e rações - Teses. 2. Sorgo - Silagem - Teses 3.
Nutrição animal - Teses 4. Valor nutricional – Teses. 5. Digestibilidade - Teses I.
Gonçalves, Lúcio Carlos. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de
Veterinária. III. Título.
CDD – 636.208 5
3
Dissertação defendida e aprovada em 25 de Janeiro de 2008, pela Comissão Examinadora constituída
por:
_______________________________
Prof. Dr. Lúcio Carlos Gonçalves
Orientador
_______________________________
Profa. Dra. Eloísa Oliveira Simões Saliba
_______________________________
Dr. Luiz Gustavo Ribeiro Pereira
4
5
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe, Maria Dalva Moraes de Faria, “in memória”, que tanto sonhou e
lutou para que isto fosse possível.
6
AGRADECIMENTOS
À minha querida família que sempre me apoiou e vibrou com as minhas conquistas. Aos meus pais,
exemplo de força e determinação, a minha irmã, pelo apoio e compreensão. Obrigado pelo amor de
todos vocês.
Agradeço ao Professor e amigo Lúcio Carlos Gonçalves pela orientação, pela oportunidade concedida,
pela confiança, amizade, pelos conselhos e ensinamentos e pelo companheirismo.
Ao professor Iran Borges pelos ensinamentos, amizade e disponibilidade para esclarecer minhas
dúvidas.
Ao Dr. José Avelino da Embrapa Milho e Sorgo, pela amizade e contribuição para a realização de
trabalhos como este, sempre com profissionalismo, competência e muita disponibilidade em ajudar.
Ao professor Norberto Mario Rodriguez, Rogério Martins Maurício e a Professora Eloísa de Oliveira
Simões Saliba pelos ensinamentos.
Ao Dr. Luiz Gustavo Ribeiro Pereira da Embrapa Semi-árido, pela amizade, colaboração e pela
disponibilidade em ajudar.
Á Juliana Colodo pelo amor, companheirismo e compreensão.
Aos amigos Cleber Santos, Davi Leite, Eduardo Oliveira e Josué pela amizade.
Aos amigos irmãos Alex, Cristiano, Daniel, Diogo, Frederico, Gabriel, Guilherme, Gustavo, Luciano,
Robertinho, Roberto Antunes e Wellington pela amizade, companheirismo e ajuda durante todo o
trabalho.
As amigas de mestrado Juliana Cordeiro, Mariana Magalhães, Yuri Benevides, pela amizade e
companheirismo.
Aos amigos Toninho e Carlos pela amizade, presteza e colaboração imprescindíveis dentro do
laboratório de Nutrição.
Ao Departamento de Zootecnia da EV-UFMG, pela oportunidade de crescimento profissional.
Ao Colegiado de pós-graduação em Zootecnia pela presteza
Aos funcionários do laboratório de Nutrição.
A Embrapa Milho e Sorgo e ao CNPq pelos recursos financeiros concedidos para realização deste
trabalho.
7
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................................... 11
ABSTRACT ...................................................................................................................................... 12
CAPÍTULO I: REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 13
1. INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................................................... 13
2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................. 14
2.1 A CULTURA DE SORGO ................................................................................................ 14
2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE SILAGEM........................................................... 20
2.3 DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE FORRAGEIRAS ..................................................... 25
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 32
CAPÍTULO II: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO HÍBRIDO DE SORGO BRS-610 EM
OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO............................................................................................ 42
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 43
2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 44
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 45
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 54
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 54
CAPÍTULO III: VALOR NUTRITIVO DA PLANTA INTEIRA, COLMO, FOLHA E PANÍCULA
DO SORGO BRS-610 EM OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO................................................ 57
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 58
2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 58
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 59
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 69
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 69
CAPÍTULO IV: QUALIDADE DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE ESTÁDIOS DE
MATURAÇÃO.................................................................................................................................. 73
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 74
2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 75
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 76
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 84
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 84
CAPÍTULO V: AVALIAÇÃO DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE ESTÁDIOS DE
MATURAÇÃO PELA TÉCNICA IN VITRO SEMI-AUTOMÁTICA DE PRODUÇÃO DE GASES.
........................................................................................................................................................... 88
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 89
2. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 89
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................. 91
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................................... 95
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................... 96
CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO FINAL.......................................................................................... 98
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1: Qualificação da fermentação da silagem com relação ao valore de pH, associado ao
conteúdo de matéria seca (MS) ......................................................................................................... 24
Tabela 1.2: Proposta para qualificação da fermentação das silagens............................................... 25
Tabela 2.1: Estádios de maturação avaliados................................................................................... 44
Tabela 2.2. Stand (mil plantas por hectare) e alturas (cm) do sorgo BRS-610 colhido em oito
estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) .......................................................... 45
Tabela 2.3. Porcentagens (%) de colmo, folha e panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de
maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)............................................................................. 46
Tabela 2.4. Produções de matéria verde (PMV t.ha
-1
), de matéria seca (PMS t.ha
-1
) e de matéria
seca digestível (PMSD t.ha
-1
) da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação
(E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) .............................................................................................. 49
Tabela 2.5. Produções de matéria verde (t.ha
-1
) das frações de colmo, folha e panícula das plantas
do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) 51
Tabela 2.6. Produções de matéria seca (t.ha
-1
) das frações de colmo, folha e panícula das plantas do
sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8) ..... 52
Tabela 2.7. Produções de matéria seca digestível (PMSD t.ha
-1
) das frações de colmo, folha e
panícula da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4,
E5, E6, E7 e E8)................................................................................................................................ 53
Tabela 3.1......................................................................................................................................... 59
Tabela 3.2: Teores de proteína bruta (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do
sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)......................... 61
Tabela 3.3.1: Teores médios de fibra insolúvel em detergente neutro (% na MS) da planta, do
colmo, das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,
E5, E6, E7 e E8)................................................................................................................................ 63
Tabela 3.3.2: Teores médios de fibra insolúvel em detergente ácido (% na MS) da planta, do colmo,
das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6,
E7 e E8)............................................................................................................................................. 64
Tabela 3.3.3: Teores de celulose (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo
BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).................................... 65
Tabela 3.3.4: Teores de hemiceluloses (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do
sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).......................... 66
Tabela 3.3.5: Teores de lignina (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo
BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).................................... 67
Tabela 3.3.6: Teores de digestibilidade in vitro da matéria seca (% na MS) da planta, do colmo, das
folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e
E8)..................................................................................................................................................... 68
Tabela 3.4: Teores de matéria seca (%), proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em detergente
neutro (%FDN na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS), hemiceluloses
(%HEM na MS), celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade in vitro da
9
matéria seca (%DIVMS) do sorgo BRS-610 produzidas em oito estádios de maturação da planta
(E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)..................................................................................................... 69
Tabela 4.1: Valores de matéria seca (%), pH, nitrogênio amoniacal em porcentagem do nitrogênio
total (N-NH
3
/NT) e ácidos orgânicos (lático, acético, propiônico e butírico) em% da MS das
silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
........................................................................................................................................................... 77
Tabela 4.2: Pontuação e classificação das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios
de maturação da planta (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) ..................................................................... 80
Tabela 4.3: Teores de proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em detergente neutro (%FDN
na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS), hemiceluloses (%HEM na MS),
celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade in vitro da matéria seca
(%DIVMS) das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4,
E5, E6, E7 e E8)................................................................................................................................ 81
Tabela 5.1: Produções cumulativas de gases (em ml/g de MS) após os tempos de incubação de 6,
12, 24, 48, 72 e 96 horas das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação (E2, E3, E4,
E5, E6, E7 e E8)................................................................................................................................ 91
Tabela 5.2: Potencial máximo de produção de gases (A) em ml/g de MS, tempo de colonização
(TC) em horas, taxa de produção de gases (µ) em ml/g de MS/h, degradabilidade efetiva da MS
(DEMS) para as taxas de passagem 2,0%, 5,0% e 8,0% e degradação da MS (DMS) em 96 horas de
incubação das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação da planta....................... 94
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Representação gráfica das linhas de tendências para porcentagens das frações de colmo,
folha e panículas em função das idades de corte das plantas. ........................................................... 47
Figura 2.2: Representação gráfica das linhas de tendências para as produções de matéria seca
(PMS) das frações de colmo, folha e panículas em função das idades de corte das plantas. ............ 52
Figura 5.1: Produção acumulativa de gases das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de
maturação.......................................................................................................................................... 92
Figura 5.2: Produção de gases por hora das silagens do híbrido de sorgo BRS-610 em sete estádios
de maturação. .................................................................................................................................... 94
ANEXOS
Anexo I: Correlações entre os parâmetros agronômicos (Capítulo II) ............................................. 99
Anexo II: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III)
......................................................................................................................................................... 100
Anexo III: Correlações entre parâmetros avaliados na silagem (Capítulo IV)............................... 102
10
LISTA DE ABREVIATURAS
A: Potencial máximo de produções de gases
CEL: Celulose
CH
4
: Gás metano
CHO’S: Carboidratos solúveis
CO
2
: Gás carbônico
DEMS: Degradabilidade efetiva da matéria
seca
DIVMO: Digestibilidade in vitro da matéria
orgânica
DIVMS: Digestibilidade in vitro da matéria
seca
DMS: Degradação da matéria seca
E1: Estádio de enchimento dos grãos
E2: Estádio de grãos leitosos
E3: Estádio de grãos leitosos/pastoso
E4: Estádio de grãos pastosos
E5: Estádio de grãos pastosos/farináceo
E6: Estádio de grãos farináceo
E7: Estádio de grãos duros
E8: Estádio de grãos secos
ED: Energia digestível
EM: Energia metabolizável
FDA: Fibra insolúvel em detergente ácido
FDN: Fibra insolúvel em detergente neutro
H
2
: Gás hidrogênio
HBD: Hidroxibenzaldeído
HEM: Hemiceluloses
Kg
0,75
: Peso metabólico
LIG: Lignina
MS: Matéria seca
N: Nitrogênio
N-NH
3
/NT: Nitrogênio amoniacal
O
2
: Oxigênio
PB: Proteína bruta
PEG: Polietilenoglicol
pH: potencial de hidrogênio
PMS: Produções de matéria seca
PMSD: Produções de matéria seca digestível
PMV: Produções de matéria verde
PT: Poder tampão
PV: Peso vivo
PVC: poli (cloreto de vinila)
PVP: polivinilpolipirrolidona
SGD: Siringaldeído
t.ha
-1
: Toneladas por hectare
TC: Tempo de colonização
UFMG: Universidade Federal de Minas
Gerais
UTM: unidade de tamanho metabólico
VAN: Vanilina
11
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo determinar o momento de ensilagem do híbrido de sorgo BRS-
610 (Sorghum bicolor), por meio do estudo das características agronômicas, composição
bromatológica, digestibilidade in vitro e cinética de fermentação ruminal pela técnica in vitro
semi-automática de produção de gases. Para a planta e suas frações (colmo, folha e panicula)
foram avaliados oito estádios de maturação dos grãos (enchimento-E1, leitoso-E2, leitoso/pastoso-
E3, pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7, seco-E8), já para as silagens foram
avaliados os últimos sete estádios. A altura e o stand das plantas apresentaram médias de 2,43 m e
155,2 mil plantas/ha. As menores porcentagens colmo (46,1%) ocorreram entre E4 e E5. As
porcentagens de folhas reduziram com a maturidade da planta, já a panícula mostrou acréscimos
até E5, sem diferença nos próximos estádios. As produções de matéria seca e matéria seca
digestível da planta reduziram a partir de E5. Os teores de matéria seca da planta e do colmo
mostraram aumentos significativos a partir de E5, já para as folhas e as panículas isso ocorreu a
partir de E4. As plantas e folhas mostraram reduções nos valores de proteína bruta com o avanço
da idade, enquanto as panículas aumentaram e os colmos apresentaram pouca variação. Os
menores teores de fibra insolúvel em detergente neutro e detergente ácido da planta ocorreram
entre E4 e E6. O aumento nos componentes da parede celular das folhas e colmos foi compensado
pela redução desses na panícula com o aumento da idade da planta. Os teores de lignina da planta e
folhas não diferiram com a idade da planta. Os teores de lignina do colmo aumentaram enquanto
os resultados para a panícula reduziram. A digestibilidade in vitro da matéria seca da planta não foi
alterada pelo estádio de maturação da planta. Já para a folha reduziu linearmente entre o período
avaliado. Por outro lado à panícula mostrou aumentos até E3, não diferindo nos cortes sucessivos.
A planta apresentou melhor valor nutritivo entre E4 e E6. Já as partes da planta comportaram de
forma diferente quanto às mudanças nos valores nutricionais entre os estádios de maturação da
planta, sendo as folhas e as panículas as mais variáveis. As silagens mostraram teores de matéria
seca de 19,8% a 47,3%, com valores entre 25% e 35% sendo observados entre E4 e E7. Os
valores de pH (3,7 a 4,2), para as silagens produzidas até E7, associado ao baixo teor de nitrogênio
amoniacal (1,2% a 6,0%) sugerem adequada conservação do material. Os teores de ácido lático e
acético reduziram com o avanço do estádio de maturação da planta no momento da ensilagem. Os
teores de proteína bruta das silagens, não diferiram do material original. Os teores de fibra
insolúvel em detergente neutro e das hemiceluloses alteraram com a ensilagem mostrando
reduções, pelo consumo das hemiceluloses durante a fermentação. Os menores teores dos
componentes da parede celular foram verificados entre E3 e E5, enquanto que a lignina não variou
até E6. As digestibilidades das silagens reduziram com a maturidade. Já as produções cumulativas
e o potencial máximo de produção de gases não diferiram entre as silagens, mostrando médias de
170 e 170,5 ml/g de MS. Entre E3 e E4 ocorreram os menores tempos de colonização, mas entre
E5 e E8 observaram-se as maiores taxas de fermentações. As degradabilidades efetivas foram
semelhantes entres as silagens, com média de 46,2%. Com base nesses resultados recomenda-se a
ensilagem do híbrido de sorgo BRS-610 no estádio de grãos pastoso/farináceo.
Palavras chaves: Digestibilidade, estádio de maturação, qualidade, ruminantes, sorgo.
12
ABSTRACT
The objectives of this work were evaluate the moment of ensilage of the hybrid of sorghum BRS-
610 (Sorghum bicolor), by the study of the agronomics characteristics, chemical composition, in
vitro digestibility and ruminal fermentation kinetic by semi-automated in vitro gas production
technique. For the plant and their fractions (stem, leaf and panicle) on eight stage of maturation
(early grain fill -E1, milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-
E6, hard dough-E7, dry-E8 ) the had been evaluated, already for the silage the seven finish stage
had been evaluated. The height and stand of the plants had presented 2.43 m and 155.2 thousand
plants/ha average. The minors percentage steam (46.1%) had occurred between E4 and E5. The
percentage leaf had reduced with the maturity of the plant, already the participation of panicle
showed additions until the E5, from there, did not have alterations in the successive stage. The
productions of dry matter and dry matter digestible of the plant had reduced from E5. The contents
of dry matter of the plant and steam had presented significant increases from E5, already for the
leaf and panicles had increased from E4. The plants and leaf had shown reductions in the values of
crude protein with the advance of the age, while panicles had increased and the steam had
presented little variation. The minors neutral detergent insoluble fiber and acid detergent insoluble
fiber contents of the plant occurred between E4 and E6. The increase in the components of the
cellular wall of leaf and steam was compensated by the reduction of these in panicle with the
increase of the age of the plant. The lignin contents of the plant and leaf had not differed with the
age of the plant. The lignin contents of steam had increased, while the results for panicle had
reduced. The in vitro dry matter digestibility of the plant was not modified by the stage of
maturation of the plant. Already for the leaf reduced linearly between the evaluated periods. On
the other hand panicle showed increases up to E3, not differing in the successive cuts. The plant
better presented nutritional value between E4 and E6. Already the parts of the plant had held of
different form how much to the changes in the nutrition values between the maturation stage of the
plant, being most changeable leaf and panicles. The silages had shown contents the dry matter the
19.8% a 47.3%, with values between 25% and 35% being observed between E4 and E7. The
values of pH (3.7 to 4.2), for the silages produced until E7, associated to the low ammonia
nitrogen contents (1.2% to 6.0%) suggest adequate conservation of the material. The acid acetic
and latic contents had reduced with the advance of the stage de maturation of the plant on the
ensilage moment. The silages crude protein contents not differing from the fresh material. The
neutral detergent fiber and hemicelluloses contents had modified with the ensilage showing
reductions, by the hemiceluloses consumption during the fermentation. The lower contents of the
cellular wall had been verified between E3 and E5, while the lignin did not vary until E6. The
silages digestibilities had reduced whit maturidad. Already the cumulative productions and the
maximum potential gas production had not differed between the silages, showing means of 170
and 170.5 ml/g of DM. Between E3 and E4 had occurred to minor lag phase, but between E5 and
E8 had been observed the biggest rate of gas production. The effective degradabilities had been
similar among the silages, with 46.2% means. These results recommend ensiling of the hybrid of
sorghum BRS-610 to the solf dough/hard dough stage of grains.
Key words: sorghum, maturation stadium, quality, ruminants, digestibility.
13
CAPÍTULO I: REVISÃO DE LITERATURA
1. INTRODUÇÃO GERAL
O sorgo [Sorghum bicolor (L.) Moench] é o
quinto cereal em importância no mundo e
mais significante que esta posição, é a grande
variação na distribuição mundial,
destacando-se as regiões semi-áridas dos
trópicos e subtrópicos. O Brasil encontra-se
entre os dez maiores produtores de sorgo do
mundo (FAO, 2007). Nos países da África o
sorgo é uma das principais fontes de amido
para a alimentação humana, porém no Brasil
é utilizado principalmente na alimentação
animal.
Na alimentação animal o sorgo pode ser
utilizado de várias formas: os grãos, nas
formulações de concentrados para
monogástricos e ruminantes; e a planta
inteira, cortada verde, silagem, e/ou ainda, na
forma de pastejo da rebrota, que pode atingir
até 60% da produção do primeiro corte. A
menor exigência em pluviosidade têm
estimulado o plantio e expansão da cultura
para produção animal.
Para produção de silagem o sorgo tem se
destacado por sua facilidade de cultivo, altos
rendimentos, menor exigência em umidade e
especialmente pela qualidade da silagem
produzida, sem necessidade de aditivos para
estimular a fermentação (Zago, 1991) e valor
nutritivo próximo à silagem de milho. Em
regiões áridas e semi-áridas o sorgo tem sido
cultivado como primeira cultura, já em
regiões de melhor distribuição de chuvas tem
apresentado boa adaptação ao cultivo de
safrinha (Demarchi et al., 1995, Pedreira et
al. 2003). Assim o sorgo na forma de silagem
mostra-se como alternativa de grande
impacto na alimentação suplementar para os
períodos de escassez de alimentos, causados
pelos longos períodos de estiagem que
ocorrem nos países de clima tropical (Cabral
et. al., 2002).
O grande número de híbridos e variedades de
sorgo colocados em ensaios de avaliação e
no mercado nacional demonstra a grande
variabilidade genética desta espécie.
Característica explorada pela Embrapa, em
seu Programa de Melhoramento Genético de
Milho e Sorgo, com o objetivo de selecionar
híbridos com melhores características
agronômicas (maior produtividade, melhor
relação colmo/folha:panícula e resistência a
doenças), e melhor valor nutritivo
(digestibilidade da fibra e grãos de textura
macia). Por isso, os novos materiais
genéticos, antes de serem lançados no
mercado, precisam ser avaliados pelas
instituições de pesquisa para que os
produtores e técnicos possam ser orientados
na escolha do material para ensilagem, do
ponto ótimo de colheita e resposta animal.
Para um melhor aproveitamento desses
novos materiais na forma de silagem é
importante determinar o ponto ideal de
ensilagem baseado no potencial agronômico,
na composição química e digestibilidade da
planta como um todo e suas frações, que
sabidamente influenciam na qualidade final
da silagem, tanto nos aspectos nutricionais
quanto nos fermentativos. O estádio de
maturação em que são colhidas as forrageiras
e submetidas ao processo de ensilagem, tem
sido um dos fatores que mais alteram a
qualidade e o valor nutritivo da silagem, bem
como os teores de digestibilidade.
Este trabalho teve como objetivo determinar
o momento de ensilagem do híbrido de sorgo
BRS-610 (Sorghum bicolor) que associe
melhor produção, qualidade e valor
nutricional da silagem, por meio do estudo
das características agronômicas, composição
bromatológica, digestibilidade in vitro e
cinética de fermentação ruminal pela técnica
in vitro semi-autómatica de produção de
gases.
14
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 A CULTURA DE SORGO
2.1.1 Sistemática e caracterização da
planta de sorgo
O sorgo cultivado é uma espécie anual,
pertencente à família das Poaceae, sendo
inicialmente descrito por Linneus (1753), no
livro Species Plantarium. Em 1794, Moench
separou o gênero Sorghum do gênero
Holcus, e em 1961, Clayton adotou Sorghum
bicolor (L.) Moench como nome específico
para sorgos cultivados (Compton, 1990).
A região central do continente africano é o
provável centro de origem do sorgo
(Sorghum bicolor (L.) Moench), em função
da grande diversidade de formas selvagens
encontradas naquela localidade. Após a sua
descoberta na África, a cultura se expandiu
para a Arábia, Índia e China (Fancelli, 1986;
Silva 1986; Compton, 1990). Apesar de ser
uma cultura muito antiga (5000 a 7000
A.C.), somente a partir do fim do século
passado passou a ter um grande
desenvolvimento em muitas regiões agrícolas
do mundo (Bastos, 1982; Fancelli, 1986;
Veiga, 1986; Compton, 1990). Esta cultura
teve significativa expansão no Brasil a partir
de 1970, difundindo-se nas regiões Sul,
Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País
(Fancelli, 1986).
Em função da região de origem e seleção
natural, o sorgo suporta bem altas
temperaturas e apresenta boa resistência à
desidratação, devido ao sistema radicular
extenso e fibroso, que permitem explorar
camadas mais profundas do solo; ao ritmo de
transpiração eficaz (retardamento do
crescimento) e às características foliares que
minimizam as perdas de água por
transpiração (ausência de pilosidades, menor
superfície foliar e células que fecham os
estômatos sob condições adversas), assim,
conferindo ao sorgo melhor resistência e
adaptabilidade a condições adversas (Zago,
1991).
2.1.2 Características agronômicas da
planta de sorgo
O sorgo é uma planta C4, de dias curtos, com
altas taxas fotossintéticas e a grande maioria
dos materiais genéticos de sorgo requerem
temperaturas superiores à 21
o
C para um bom
desenvolvimento e alguns híbridos são
sensíveis ao fotoperíodo, o que pode
comprometer o crescimento e a produção de
matéria seca em plantios mais tardios (Pinho
et al., 2007).
O ciclo da planta varia de 90 a 190 dias. No
entanto híbridos de maturação precoce
podem completar o ciclo com 80 dias
(Demarchi et al., 1995). Em função de suas
características agronômicas, mostra-se pouco
exigente em água, completando o ciclo com
pluviosidade em torno de 450 mm, mas pode
vegetar com até 300 a 380 mm, desde que
bem distribuídos nos períodos críticos de
dependência hídrica, que ocorrem em torno
de 20-25 dias iniciais da cultura
(germinação) e aos 50-60 dias, na fase de
polinização e enchimento dos grãos, segundo
Santos (2003).
As plantas de sorgo crescem em uma ampla
faixa de solos, tolerando variações de
fertilidade e de equilíbrio de nutrientes, no
entanto, apresentam melhores rendimentos à
medida que as condições de fertilidade sejam
elevadas e equilibradas. Segundo Baruqui
(1979) solos profundos, friáveis, bem
estruturados e que ocorrem em áreas mais
planas a suavemente onduladas prestam-se
melhor à cultura do sorgo, devendo ser
evitados solos rasos, mal drenados e
arenosos.
A época de plantio depende das
características climáticas de cada região. A
recomendação de Sans et al. (2003) para o
plantio de sorgo em Minas Gerais varia de 15
de Outubro a 30 de Novembro, a partir do
qual haveria um decréscimo gradativo na
produção de grãos pelas deficiências
climáticas que aumentariam a incidência de
panículas vazias, enquanto que Zago (1999)
mencionou que o sorgo poderia ser plantado
15
no Centro-Sul do Brasil de agosto até
meados de abril. Devido ao tamanho
reduzido de suas sementes, o preparo de solo
e os cuidados na semeadura devem ser mais
intensivos que o milho, necessitando de uma
profundidade de semeadura de 3 cm,
devendo o adubo estar ao lado da semente
em 3 cm e 2 cm abaixo da mesma, estando o
solo com a mínima presença de torrões, esses
cuidados serão decisivos na garantia de um
adequado stand de plantas (Alvarenga et al.,
2003).
A densidade ideal varia com o tipo de sorgo
e seu propósito: para o sorgo granífero
próximo de 200 a 220 mil plantas/ha; para o
forrageiro, cerca de 100 a 150 mil plantas/ha,
a fim de diminuir o acamamento que
normalmente pode ocorrer em populações
maiores; para os de duplo propósito, de 130 a
170 mil plantas/ha e, para o sorgo sacarino,
100 mil plantas/ha. Os espaçamentos variam
de 50 a 80 centímetros, com preferência para
este último, por proporcionar maiores
facilidades na execução de trabalhos
culturais (Zago, 1991).
Segundo Viana et al. (2001), estão
disponíveis no mercado três tipos de sorgo
como recurso forrageiro: os sorgos
graníferos, os forrageiros e os de duplo
propósito, classificados segundo o porte, o
qual determina a proporção dos componentes
(folha, colmo e panícula) da planta. Estes
híbridos variam na altura, produção de
matéria seca e composição bromatológica,
produzindo silagens com valores nutritivos
diferentes. Os híbridos graníferos variam de
1,00-1,60 metros, com panículas bem
desenvolvidas e grãos maiores. Os sorgos do
tipo forrageiro são adaptados a produção de
silagem e ao corte verde, com altura entre 2 e
3 metros, já que possuem elevada
produtividade de matéria seca e boa
adequação à mecanização. Contudo os
híbridos de porte alto produzem silagens com
valores nutritivos normalmente inferiores aos
de uma boa silagem de milho devido a uma
menor proporção de grãos na massa ensilada
(Zago, 1997). Existem, ainda, os híbridos de
duplo propósito (forragem e grão), com
altura média entre 2,0 e 2,5 metros, os quais
apresentam boa produtividade de matéria
seca aliada à boa produção de grãos,
destacando-se como opção para produção de
silagem de elevado valor nutricional. As
plantas ainda diferem dentro do próprio
grupo de acordo com a suculência do colmo
(colmo seco ou suculento), presença ou
ausência de taninos, tolerância à seca e
outras características.
O sorgo após o corte mantém vivo seu
sistema radicular, o que possibilita, sob
condições adequadas de umidade,
temperatura e fertilidade do solo, uma
rebrota que pode produzir até 60% da
produção de matéria seca do primeiro corte
(Zago, 1991).
2.1.3. Uso do sorgo para produção de
silagem
A considerável resistência ao estresse hídrico
e a possibilidade de utilização de cultivares
de ciclo precoce tornam o sorgo uma opção
para o cultivo em sucessão a culturas
principais (plantio de safrinha) nas regiões
em que as condições climáticas não sejam
limitantes. Nos locais de baixos índices
pluviométricos e/ou sujeitas a veranicos o
cultivo ocorre como cultura principal. Isso
reduz os riscos de perdas da cultura e auxilia
no planejamento de volumosos para
suplementação durante o período seco na
forma de silagem (Valente, 1992). Diante do
exposto, seguindo a tendência da produção
de grãos de sorgo, a utilização do sorgo para
produção de silagem também vem crescendo
a cada ano, principalmente nas regiões áridas
e semi-áridas, onde esta cultura se sobressai
(Souza et al., 2003).
Para produção de silagens, as culturas de
milho e de sorgo seriam aquelas mais
adaptadas ao processo de ensilagem, por sua
facilidade de cultivo, facilidades de
mecanização, altos rendimentos e
especialmente pela qualidade da silagem
produzida sem o uso de aditivos ou pré-
murchamento para estimular a fermentação,
16
proporcionando a obtenção de excelentes
desempenhos dos animais alimentados com
as mesmas (Valente et al., 1984b; Zago,
1991; Tjandraatmadja et al., 1993; Demarchi
et al., 1995; Bernardino et al.,1997; Borges
et al., 1997a, Zago, 1999).
Critérios de seleção de cultivares
A seleção de híbridos de sorgo para silagem
têm sido principalmente a altura da planta, a
produtividade de matéria seca, a produção de
grãos, o melhor equilíbrio entre as partes da
planta (relação colmo:folha/panícula), a
resistência ao acamamento, melhor
digestibilidade das partes vegetativas,
tolerância a seca e resistência a pragas e
doenças (Cummins, 1971, Brito et al., 2000a,
Pesce et al., 2000b, Neumann et al. 2004),
bem como melhor qualidade fermetativa das
silagens.
Produtividade da cultura do sorgo
A produtividade de matéria seca por hectare
é um dos principais fatores que compõem os
custos de produção da silagem. Segundo
Valente et al. (1984a) produções de matéria
verde inferiores a 40 toneladas tornariam a
atividade inviável economicamente. Devido
aos mais variados tipos de sorgos, aliada a
enorme diversidade de cultivares, condições
de manejo, condições climáticas e de
fertilidade do solo a literatura apresenta uma
ampla variação nos dados de produção de
matéria seca. Pereira et al. (1993) obtiveram
produções de matéria seca de 18,0; 16,6 e
14,6 toneladas de matéria seca para
cultivares de sorgo de porte alto, médio e
baixo, respectivamente. Já Brito et al.
(2000a) e Rocha Júnior et al. (2000a)
encontraram produtividades de matéria seca
variando de 3,3 a 5,5 toneladas por hectare
para híbridos de porte baixo, e de 9,3 a 12,2
para híbridos de porte médio e alto. O baixo
rendimento de matéria seca encontrado por
esses autores foi atribuído à época de corte a
que foram submetidos os híbridos, em
estádio de grãos leitosos/pastosos. De acordo
com Corrêa (1996) a produção de matéria
seca de híbridos de duplo propósito e de um
híbrido forrageiro aumentou com o avanço
do estádio de maturação, com os maiores
valores observados nos estádios de grão
pastoso e farináceo. Algumas variedades de
sorgo apresentam maiores produções de
matéria verde (MV) e matéria seca (MS) que
o milho. Além disso, o sorgo tem sido
apontado como uma boa alternativa de
plantio próximo a centros urbanos, onde as
culturas de milho, estão sujeitas à retirada
das espigas, acarretando grandes prejuízos à
qualidade das silagens (Carvalho et al.,
1992).
Relação entre colmo:folha e panícula
A proporção de grãos é um importante fator
determinante da qualidade das silagens para
Vilela (1985), pois neles encontram-se a
maior fração energética disponível da planta,
sendo responsáveis pela maior elevação no
teor de matéria seca do sorgo. Gontijo Neto
et al. (2004) encontraram grandes variações
nas proporções das partes da planta entre os
híbridos de sorgo avaliados, com valores de
29,01% a 53,38% para colmos, de 29,91% a
52,43% para panícula e de 16,70% a 22,64%
para folhas. Já Araújo (2006) cita
porcentagens de 50,38% a 72,32% para
colmo, de 19,97% a 34,85% para panículas e
de 4,7% a 16,44%, para as folhas. Os
resultados de Molina et al. (2000) foram
intermediários e variaram de 40,5% a 67,0%
para colmo, de 24,2 a 36,6% para panículas e
de 12,1% a 21,6% para folhas. De acordo
com Neumann et al. (2002) a massa foliar
não está relacionada com a altura da planta
de sorgo, mas as frações de colmo e
panículas tendem, respectivamente, a
aumentar e diminuir com o aumento do porte
da planta.
De acordo com Zago (1997) a maior
participação de colmo no sorgo pode
comprometer o valor nutritivo por ser a
fração que apresenta menores índices de
digestibilidade. Já Neumann et al. (2002)
analisando o teor de proteína bruta (PB) no
componente colmo de híbridos de porte alto
e médio encontraram menor valor para o
17
colmo (1,96%) em relação à panícula e
folhas que apresentaram 7,62% e 5,45%,
respectivamente. Esses autores, ainda,
observaram menor digestibilidade in vitro da
matéria seca (DIVMS) para a fração colmo
de híbridos de dupla aptidão (54,77% e
53,91%) quando comparado ao híbrido
forrageiro (62,47%). Silva et al. (1999b)
avaliando silagens de sorgo de porte alto,
médio e baixo, com diferentes combinações
de colmo:folha x panícula, concluíram que o
aumento da participação da panícula na
planta inteira reduziu os teores de
constituintes da fibra e elevou os valores de
DIVMS e a digestibilidade in vitro da
matéria orgânica (DIVMO), em todos os
híbridos estudados, demonstrando uma
necessidade de participação mínima de 40%
de panícula na planta de sorgo, para obtenção
de silagens de boa qualidade. A participação
de panícula, ainda, facilitou a compactação.
Entretanto Bruno et al. (1992), trabalhando
com híbridos de sorgo forrageiro de baixa
produção de grãos para silagem, concluíram
que os maiores valores de PB, de fibra e
lignina se encontram na porção de folhas e as
menores nos colmos, nesta fração foram
relatadas, ainda, as maiores porcentagens de
carboidratos solúveis, resultando em
melhores DIVMS, seguida das frações de
folhas e panículas. Esses resultados
contradizem a literatura mais recente e
indicam a evolução obtida com a seleção de
cultivares com melhor equilíbrio e qualidade
das partes da planta de sorgo.
Teor de matéria seca
O teor de matéria seca da planta é um
importante fator determinante do tipo de
fermentação no processo de ensilagem. Nos
sorgos este teor varia com a idade de corte,
com a natureza do colmo, com a proporção
de panícula da planta e interação
genótipo/ambiente (Carvalho et al., 1992,
Silva et al, 1999a). Segundo Gontijo Neto et
al. (2004) o teor de matéria seca (MS) da
planta é a relação entre as proporções e os
teores de MS dos componentes da planta.
Das frações da planta de sorgo, o colmo é a
porção que menos contribui para a elevação
do teor de matéria seca, seguido pelas folhas,
já as panículas, permitem grandes ganhos de
matéria seca num curto período (Carvalho et
al., 1992, Gontijo Neto et al., 2004). Brito et
al. (2000b) avaliando sorgos de porte alto,
médio e baixo conseguiram produzir silagens
de boa qualidade a partir de materiais com
teores de matéria seca variando de 25,5% a
31,5%, colhidos nos estádios de grão
leitoso/pastoso. A fim de garantir um teor
ideal de MS no momento da ensilagem
(variando entre 27% a 37% de MS no
material verde), Demarchi et al. (1995)
recomendam que os sorgos com altas
porcentagens de grãos sejam colhidos entre
os estádios de grão leitoso e pastoso; sorgos
com percentagens médias, entre os estádios
pastoso e farináceo; e sorgos com baixa
percentagem de grãos, nos estádios de grão
duro. Mas sobre o aspecto nutricional a
ensilagem do sorgo deveria ser realizada
quando os grãos da planta estivessem no
estádio leitoso a pastoso, pois com o avanço
da maturidade há redução na digestibilidade
da matéria seca das frações fibrosas (Tonani,
1995), no entanto Zago (1991) cita que a
elevação da porcentagem de panícula e,
conseqüentemente, de amido altamente
digestível que ocorre com o amadurecimento
compensa a diminuição da digestibilidade da
fração fibrosa, mantendo inalterada a
digestibilidade da matéria seca.
Momento de colheita e qualidade da
silagem
A obtenção de uma silagem de alta qualidade
depende principalmente da colheita da
forrageira num momento ótimo do seu
estádio de desenvolvimento (Araújo et al.
2007). A maturação das forrageiras
eventualmente envolve declínio do valor
nutritivo devido principalmente ao acúmulo
de constituintes da parede celular. A
acumulação de nutrientes é peculiar de cada
espécie, mas sofre influência de fatores como
temperatura, luminosidade, disponibilidade
de água, adubação, tipo de solo e variação
quanto ao genótipo (variedade e/ou híbrido).
18
Isso reforça a necessidade do conhecimento a
respeito do comportamento de cada opção
forrageira nas diversas condições de manejo
e estádio de maturação. Pires et al. (2006)
avaliaram a qualidade e o valor nutricional
das silagens de dois híbridos de sorgo de
duplo propósito (AG 2006 e BR700) e um
forrageiro (BR601) com a colheita das
plantas em oito estádios de maturação dos
grãos. Esses autores relataram aumentos nos
teores de MS (de 20,78% para 41,89%) e
lignina (de 3,74% para 4,53%), e reduções
nas frações fibrosas (FDN- de 64,98% para
50,52% e FDA- de 37,38% para 29,25%) e
proteína (de 8,52% para 6,38%) com o
avanço do estádio de maturação. Já a
DIVMS mostrou comportamento variável,
com redução nos teores (de 57,31% para
52,53%) para o híbrido forrageiro. Tanto às
perdas de matéria seca (1,21% a 1,74%)
quanto os valores de pH (3,54 a 3,85) e de
nitrogênio amoniacal (5,96% a 7,79%)
caracterizaram as silagens produzidas como
de boa qualidade. De modo semelhante,
Araújo et al. (2007) avaliaram três híbridos
de sorgo de porte médio (BR700, BR701 e
Massa-3) em cinco épocas de corte da planta,
com os grãos variando entre os estádios de
grãos leitosos a grãos duros. Esses autores
observaram aumentos (p<0,05) nos teores
médios de MS (29,86% para 47,13%), mas
não nos teores de PB (6,44% a 6,97%), FDN
(59,11% a 61,48%), FDA (34,48% a
38,67%), Lignina (4,78% a 6,02%) e DIVMS
(47,24% a 52,19%) com a maturidade da
planta. Os valores de pH (3,75 a 3,89),
nitrogênio amoniacal (5,44% a 7,12% N
total), e os ácidos orgânicos, acético (1,06%
a 1,38% na MS), butírico (0,15% a 0,6% na
MS) não alteraram com o aumento da idade
de corte da planta, contudo os teores de ácido
lático reduziram com a maturidade da planta
(de 13,44% para 7,11%). De modo geral, os
resultados sugerem que houve adequada
fermentação em todas as épocas de corte.
Molina et al. (2002) avaliaram as silagens de
seis híbridos de sorgo, graníferos (AG2006 e
BR601), de duplo propósito (BR700 e
BR701) e forrageiros (BR303 e BR304), em
três estádios de maturação dos grãos (leitoso,
pastoso e farináceo). Os valores de MS
variaram tanto quanto ao tipo de sorgo,
variando de 25,1% a 42,1%MS, com os
maiores valores para os híbridos forrageiros,
quanto à idade de corte, com os valores
aumentando com a maturidade da planta,
mostrando valores médios de 27,3% a
39,7%. Já os valores de PB (6,5%), FDN
(47,03%), FDA (28,5%), Lignina (4,4%) e
pH (3,8), nitrogênio amoniacal (10,1% N
total), ácidos orgânicos, lático (8,1%),
acético (1,4%) e butírico (0,1%) não
variaram quanto à idade de corte ou tipo de
híbrido de sorgo. Assim, as silagens obtidas
em todos os tratamentos foram consideradas
de boa qualidade. Os dados da literatura
sugerem a possibilidade de produção de
silagens de bom padrão de fermentação e boa
qualidade nutricional com sorgos de porte
baixo, médio e alto, devido à ampla
variedade de híbridos disponíveis desde que
respeite as peculiaridades de cada material
quanto ao momento ideal de corte.
Produção animal
Restle et al. (2002) avaliaram a manipulação
da altura de corte (14 ou 45 cm) do sorgo
AG-2006 sobre o valor nutricional das
silagens e o consumo e desempenho de
novilhos superprecoces. A elevação da
altura de corte reduziu os teores de MS
(38,47% x 34,38%), FDN (52,24% x
42,57%) e FDA (28,44% x 25,48%), porém e
elevou os teores de DIVMO (53,59% x
63,67%), energia digestível (ED) (2,32 x
2,78 Mcal/kg de MS) e energia
metabolizável (EM) (1,90 x 2,28 Mcal/kg de
MS). Segundo os autores a elevação na
proporção de panícula (33,1% x 41,0%) e
folhas (23,5% x 28,2%), seguida da redução
de colmo (43,4% x 30,8%) na silagem com o
corte mais alto justificam as alterações no
valor nutricional das silagens. Contudo, os
consumos de MS por unidade de tamanho
metabólico (UTM) (109,8 e 108,3 g
MS/kg
0,75
) não foram alterados pelas alturas
de corte da planta, isso porque o maior teor
de MS da silagem produzida com menor
19
altura de corte compensou o maior teor de
FDN, que poderia resultar em menor
consumo de MS (Mertens, 1994). O
consumo de energia digestível por UTM, o
ganho de peso e a eficiência energética não
variaram com a altura de corte, com médias
de 0,323 g/kg
0,75
, 1,304 kg/dia e 17,42
Mcal/kg de ganho de peso diário,
respectivamente. Porém o corte mais alto
melhorou a conversão alimentar.
Lusk et al. (1984) avaliando silagens de
milho e sorgo não observaram diferenças na
produção de leite (24,4 x 24,7 l/dia) e
encontraram valores de digestibilidade
aparente da matéria seca variando de 59,8%
a 61,4% e 58,3% a 58,8%, para milho e
sorgo respectivamente. No entanto Lusk et
al. (1984) e Gomide et al. (1987)
encontraram maiores ingestões de matéria
seca para silagens de sorgo que para silagens
de milho (1,83% x 2,64% do peso vivo (PV)
e 1,68% x 2,00% PV, respectivamente).
Nichols et al. (1998) compararam o efeito da
silagem de sorgo e silagem de milho na dieta
de vacas holandesas de alta produção. Não
foi observado por estes autores diferença no
consumo de matéria seca (25,69 kg/dia), na
produção (36,71 kg/dia) e composição do
leite (gordura, 3,2%; proteína, 3,1%; e
lactose, 4,9%) referente ao fornecimento das
respectivas silagens. Já Aydin et al. (1999)
avaliaram o desempenho de vacas
holandesas de alta produção alimentadas
com diferentes volumosos (silagem de sorgo,
silagem de sorgo BMR, silagem de alfafa e
silagem de milho) em uma dieta com relação
volumoso:concentrado 65:35. Neste trabalho
a dieta com silagem de sorgo apresentou os
menores valores para consumo de matéria
seca (3,5% do peso vivo) e produção de leite
corrigida para 4% de gordura (20,7 kg/dia).
A silagem de sorgo apresentou 84,9% do
consumo de matéria seca e 71,4% da
produção de leite em relação à silagem de
milho.
Segundo Van Soest (1994), o limite de
digestibilidade para que os fatores físicos
atuem no controle do consumo é de 66,7%.
Os fatores fisiológicos têm maior
importância no controle do consumo em
forragens com digestibilidade superior a esta.
A ingestão de MS por carneiros consumindo
gramíneas frescas varia normalmente entre
40 e 100 g MS/UTM e para silagens de 20 a
75 g MS/UTM (McDonald et al., 1991).
Pereira et al. (1993) encontraram valores de
consumo de MS, em ovinos, de 63,3; 81,7; e
74,6 g MS/UTM, respectivamente, para os
híbridos de porte alto (AG2002), médio
(AG2004E) e baixo (AG2005E). Souza et al.
(2003) avaliaram o valor nutritivo das
silagens de cinco sorgos forrageiros e
encontraram consumos de MS de 53,6 (AGX
202) a 66,7 g MS/kg
0,75
(AG 2006). Valores
inferiores foram obtidos por Tonani (1995)
para sorgo forrageiro, 547-F (50,6 g
MS/kg
0,75
), de duplo propósito, Conti-Silo,
(62,4 g MS/kg
0,75
) e granífero, Conti-silo-03,
(59,2 g MS/kg
0,75
). Martins et al. (2003)
avaliaram o consumo e digestibilidade dos
sorgos forrageiros (BR601 e AG2002) e de
duplo propósito (BR700 e BR701) colhidos
no estádio de grão leitoso-pastoso. Segundo
esses autores todas as silagens foram de boa
qualidade, com teores de MS de 29,74%,
24,86%, 35,76% e 35,02% para os sorgos
BR601, AG2002, BR700 e BR70,
respectivamente. Os consumos de MS foram
semelhantes (p>0,05), com média de 62,94 g
MS/kg
0,75
, porém o BR601 apresentou maior
consumo de MS digestível em relação aos
outros que foram semelhantes entre si (42,25
x 31,43 g MS/kg
0,75
/dia), isso devido a maior
digestibilidade aparente da MS em relação
aos outros (61,75% x 50,83%).
O sorgo BRS-610
O sorgo BRS-610 obtido pela embrapa pelo
cruzamento dos materiais CMSXS 232A x
CMSXS 234R destaca-se pela resistência
moderada a doenças como Antracnose e
ferrugem e boa resistência a
Helmintosporiose. O BRS-610 é um sorgo de
colmo seco, com panícula semi-aberta, de
grãos vermelhos, endosperma semiduro e
sem tanino. Observa-se ainda, boa resistência
20
ao acamamento o que favorece a colheita
mecanizada, com mínimas perdas a campo e
resistência à acidez do solo (Rodrigues et al.,
2004).
2.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE
SILAGEM
2.2.1 Processo de ensilagem
O processo de ensilagem consiste na
conservação anaeróbica da forrageira por
meio de fermentação ácida. As bactérias
epifíticas ácido láticas convertem os
carboidratos solúveis em ácidos orgânicos
principalmente o ácido lático e acético. A
produção desses ácidos causa à diminuição
do pH e a inibição de crescimento de
microrganismos indesejáveis, preservando
desta forma a forragem ensilada. A
fermentação consiste na conversão de
carboidratos solúveis em ácidos orgânicos,
por meio de microrganismos inerentes ao
próprio meio, que tendo encontrado
condições adequadas prevalecem. De acordo
com Van Soest (1994), o tempo de
fermentação ocorre normalmente entre 10 e
14 dias, dependendo, principalmente do teor
de carboidratos solúveis (CHO’S), do poder
tampão (PT) e do conteúdo de umidade da
forragem.
2.2.2 Microflora da silagem
A microflora da silagem é determinante
sobre a qualidade dos processos
conservativos que ocorrem com as forragens
ensiladas. De modo geral ela se divide em
dois grupos: microrganismos desejáveis
(bactérias láticas) e indesejáveis (Clostridium
sp., enterobactérias, leveduras e fungos
aeróbios) que levam a perdas de MS e
comprometem o consumo de silagem pelos
animais. As bactérias ácido láticas,
inicialmente, estão presentes em menor
número, porém com a acidificação do meio
tornam desfavorável a proliferação de seus
competidores. Considera-se o número de
aproximadamente 10
8
bactérias láticas por
grama de material ensilado como suficiente
para garantir uma fermentação apropriada à
conservação da silagem (Muck, 1988). As
bactérias láticas podem ser
homofermentativas, que produzem apenas
ácido lático, e heterofermentativas que
produzem além do ácido lático, etanol ou
ácido acético e dióxido de carbono
(McDonald et al., 1991). Os principais
gêneros de bactérias láticas são
Lactobacillus, Pediococcus, Leuconostoc,
Enterococcus e Streptococcus.
2.2.3 Alterações bioquímicas
Quatro processos biológicos podem
influenciar negativamente a ensilagem de
uma forrageira: a respiração da planta, a
atividade enzimática da planta, a atividade
clostrídica, e finalmente a atividade de
microrganismos aeróbicos. As alterações
bioquímicas que ocorrem na forrageira
iniciam-se antes mesmo da ensilagem,
imediatamente após o corte da planta, pela
ação de enzimas oxidativas da planta e
respiração de microrganismos aeróbios. A
extensão desse processo consome parte dos
carboidratos solúveis e pode comprometer a
velocidade de queda no pH das silagens por
deficiência de material prontamente
fermentável. Isso prolonga a ação de enzimas
e microrganismos indesejáveis, resultando
em perdas de MS e qualidade da silagem
(Van Soest, 1994). O material a ser ensilado
passa por um processo fermentativo
seqüencial: o primeiro estádio envolve a
rápida eliminação do O
2
pela respiração das
plantas e pelas bactérias aeróbicas
facultativas. Em uma boa silagem, o O
2
deveria ser eliminado em 24h. Em um
segundo estádio, as bactérias anaeróbicas
predominantes continuam o processo
fermentativo, na ausência de O
2
, pela
utilização de carboidratos solúveis como
substrato para produzir ácido lático em
quantidades suficientes para superar o poder
tampão da forragem e estabilizar a silagem a
um pH inferior a 4,2. Desta forma, previne-
seo, desta forma, a ação de outros
microrganismos, a proteólise e a deaminação
dos aminoácidos pelas enzimas da planta e
21
de outros microrganismos indesejáveis
(Borges et al., 1999) que levam a perdas de
MS e comprometem o consumo de silagem
pelos animais.
2.2.4 Conteúdo de matéria seca
Segundo Knabe e Weise (1974), os fatores
que controlam as fermentações secundárias
são a atividades da água, proveniente da
própria umidade da planta, e a acidez. O teor
de matéria seca é um bom indicativo da
atividade de água e exerce maior efeito sobre
o desenvolvimento das bactérias do gênero
Clostridium sp que a acidez, pois esses
microrganismos são mais sensíveis ao teor de
umidade que as bactérias produtoras de ácido
láctico (McDonald et al., 1991). O conteúdo
de MS é considerado como o fator de maior
importância no processo de fermentação,
uma vez que a ensilagem de materiais com
excessiva umidade, não é desejável, pois
requerem níveis excessivamente altos de
carboidratos solúveis para garantir rápida
queda nos valores de pH (3,6 a 4,2) a fim de
inibir a atividade clostridiana e a degradação
protéica. Além disso, silagens com alta
umidade podem limitar o consumo
voluntário de MS e conseqüentemente, o
desempenho animal (Forbes, 1986). Segundo
McDonald et al. (1991) os valores de matéria
seca devem ser superiores a 25% para evitar
maiores perdas por efluentes e fermentações
indesejáveis. Contudo silagens de sorgo de
boa qualidade podem ser obtidas com teores
de matéria seca variando de 20% a 35%
(Meeske et al., 1993, Borges et al., 1997a,
Bernardino et al., 1997, Brito et al., 2000b,
Rocha Jr. et al, 2000a, Pires et al., 2006).
Para Van Soest (1994) os valores de matéria
seca das silagens deveriam estar em torno de
30%, pois assim, é garantido maior consumo
animal. Por outro lado, teores de matéria
seca acima de 45% podem comprometer a
qualidade da silagem por dificultar a
compactação e expulsão do oxigênio na
massa ensilada. Isso leva ao aumento da fase
aeróbica do processo de ensilagem, com
perdas de matéria seca, produção de calor
(reações de Maillard) e perda na qualidade
da silagem pela deterioração ocasionada pela
ação de microrganismos aeróbicos (fungos,
leveduras e enterobactérias). Além disso, a
fase aquosa da fermentação perde
mobilidade. Assim, produtos da fermentação
se difundem mais lentamente entre as
colônias de bactérias, não ocorrendo uma
redução eficaz do pH para inibir a ação das
enzimas da planta, enquanto que, próximo às
colônias, torna-se tão ácido que a
fermentação é inibida (Moisio e Heikonen,
1994). Pereira et al. (1993) e Silva et al.
(1999a) encontraram teores de MS de 25,0%,
28,3%, 35,4% e de 24,7%, 31,9%, 37,8%, ao
ensilar sorgos de porte alto, médio e baixo,
respectivamente. Já Pesce et al. (2000b)
obtiveram para 20 genótipos de sorgo um
teor médio de 25,7% MS (20,2% a 29,7%)
no momento da ensilagem.
2.2.5 Carboidratos fermentáveis
Teores mínimos de 8% a 10% de
carboidratos solúveis na MS são requeridos
para uma adequada fermentação. Os
principais carboidratos solúveis prontamente
fermentáveis são a sacarose, a frutose, a
glicose e as frutosanas. O amido é
geralmente estável na ensilagem, já que
maior parte das bactérias ácido láticas não
tem a habilidade de fermentar diretamente o
amido (McDonald et al., 1991). Em
condições de baixo conteúdo de carboidratos
solúveis partes dos carboidratos estruturais,
como hemiceluloses, podem fornecer
substrato energético adicional para
fermentação, podendo ocorrer consumo de
até 40% dessa fração durante o processo de
ensilagem. Segundo Henderson (1993) e Van
Soest (1994) os teores de celulose
permanecem praticamente inalterados,
exceto quando há extenso desenvolvimento
de fungos. Dados da literatura citam
concentrações de carboidratos solúveis na
MS de sorgo variando de 4% a 20%, com
redução significativa (p<0,05) nas
concentrações de carboidratos solúveis à
medida que o tempo de fermentação
progredia.
22
2.2.6 Alterações na fração protéica
A composição da fração protéica é um fator
importante no valor nutricional da silagem.
Nas forragens frescas a maior parte do
nitrogênio esta na forma de proteína
verdadeira (75% a 90%) e pequena parte na
forma de aminoácidos livres, peptídeos,
aminas, nucleotídeos e nitratos (McDonald et
al., 1991). A concentração de nitrogênio
amoniacal em forragens é usualmente
inferior a 1%, (Oshima e McDonald, 1978),
mas com a ensilagem a degradação protéica
por enzimas das plantas e a ação de bactérias
láticas, entéricas e clostrídios alteram a
composição da fração nitrogenada na
silagem (Van Soest, 1994, Rodriguez et al.,
1998, Gonçalves et al., 1999) com a
produção de nitrogênio solúvel e nitrogênio
amoniacal (Henderson, 1993).
A proteólise inicia-se logo após o corte da
forrageira, sendo mais extensa nas primeiras
12 a 24 horas do processo fermentativo, fase
na qual cerca de 40% da proteína pode ser
solubilizada na forma de nitrogênio não
protéico. A atividade das proteases em pH 4
cai para cerca de 15% a 35% da atividade
demonstrada em pH 6 e 7. A ação das
bactérias sobre a proteína geralmente é
associada a fermentações secundárias, que
alteram o curso da fermentação dificultando
a queda do pH. Nas silagens consideradas
com bom padrão de fermentação os valores
de nitrogênio amoniacal são inferiores a 10%
do nitrogênio total, sendo a amônia derivada
principalmente da deaminação de
aminoácidos específicos, amidas, e da
redução de nitratos pelas bactérias lácticas
(Fairbairn et al., 1992). No entanto, em
silagens mal conservadas e com evidências
de fermentações indesejáveis (Clostridia e
Pseudomonas) apresentam teores de
nitrogênio amoniacal acima de 15%, o que
indica quebra excessiva da fração protéica.
Nessas silagens a degradação proteolítica
envolve consumo de ácido lático e acético
para produção de ácido butírico, resultando
em aumento do pH da silagem. Ainda,
envolve a deaminação de aminoácidos com a
formação de isóacidos e diaminas como
histamina, cadaverina e putrescina. Em suma
ocorre perda de MS, energia e valor
nutritivo, que irão limitar o consumo e
predispor a riscos na saúde do animal (Van
Soest, 1994). Os teores de nitrogênio
amoniacal em silagens de sorgo variam de
0,5% a 7,8% do nitrogênio total.
2.2.7 Valores de pH das silagens
A velocidade com que ocorre a queda do pH
é tão importante quanto o valor de pH final
para a preservação da qualidade da silagem,
pois reduz a proteólise e inibe o crescimento
de microrganismos indesejáveis. A
velocidade com que os valores de pH
decrescem são resultantes da disponibilidade
de um ambiente anaeróbico e da relação
entre substratos fermentáveis e capacidade
tamponante da forragem. Esse é exercido por
bases inorgânicas de potássio e cálcio,
proteínas, aminoácidos livres e pela
capacidade de produção de amônia (Van
Soest, 1994). De modo geral, as silagens de
sorgo já nas primeiras 24 horas de
fermentação apresentam valores de pH
capazes de minimizar a atividade proteolítica
das enzimas e bactérias e tendem a
estabilizar antes de 10 dias, transcorridos da
ensilagem (McDonald et al., 1991, Borges et
al., 1997a, Brito et al., 2000b e Rocha Jr. et
al., 2000b), com valores entre 3,6 a 4,3.
Existe uma estreita relação entre as taxas e as
extensões de queda do pH e o teor de MS da
forragem para que ocorra inibição do
crescimento de microrganismos indesejáveis
(Muck, 1988). Em condições de maior
umidade da silagem (<25% MS) há
necessidade de menores valores de pH, já em
silagens com MS acima de 45% os valores
de pH têm menor importância. Sendo assim,
valores de pH igual ou superior a 4,5
indicam deterioração nas silagens com alta
umidade e não necessariamente nas silagens
com baixa umidade (Meyer et al., 1989;
McDonald et. al., 1991; Van Soest, 1994).
23
2.2.6 Ácidos Orgânicos das silagens
Os ácidos orgânicos mais importantes
envolvidos na determinação da qualidade das
silagens são o ácido lático, acético e butírico.
Apesar de todos os ácidos formados na
fermentação contribuírem para redução do
pH da silagem, o ácido lático é o principal
por apresentar maior constante de
dissociação (Kd), sendo responsável pela
redução do pH a valores inferiores a 4,2 e
conseqüentemente inibição de
microrganismos indesejáveis (Moisio e
Heikonen, 1994). O ácido lático é produzido
por bactérias láticas homo e
heterofermentativas e têm sua produção
máxima quando a fermentação é dominada
pelas primeiras. Segundo Muck (1988), a
conversão homofermentativa de glicose a
lactato resulta em zero e 0,7% de perdas de
MS e energia, respectivamente, enquanto a
fermentação heterolática converte glicose a
lactato, etanol, e dióxido de carbono, com
24% e 1,7% de perdas de MS e energia,
respectivamente.
Já o ácido acético é produzido por
enterobactérias, bactérias láticas
heterofermentativas e, em menor porção, por
clostridios. Os conteúdos de ácido acético
estão relacionados às menores taxas de
decréscimos e maiores valores finais de pH
nas silagens, como resultado da ação
prolongada dessas bactérias. Além de afetar
negativamente a queda do pH, as
fermentações promovidas por esses
microrganismos acarretam maiores perdas de
matéria seca e energia do material ensilado
(Muck e Bolsen, 1991). Geralmente silagens
com elevados teores de ácido lático e baixos
de ácido acético apresentam maior
instabilidade aeróbica, pois fungos e
leveduras são capazes de consumir o lactato
e reduzir a qualidade das silagens com a
exposição ao ar em silos abertos. O ácido
acético apresenta maior efeito inibitório
sobre leveduras e fungos. Assim, Driehuis et
al. (1999) e Kung Jr. (2000), em sua revisão,
destacam a sugestão de outros autores, de
utilizar inoculantes que associem bactérias
homo e heterofermentativas para elevar o
teor de ácido acético e propiciar maior
estabilidade aeróbia. Silagens bem
conservadas apresentam valores inferiores a
2,5% na MS de ácido acético (Tomich et al.,
2003).
O conteúdo de ácido butírico reflete a
extensão da atividade clostridiana sobre a
forragem ensilada e está relacionado a
menores taxas de decréscimo, maior valor
final de pH e de nitrogênio amoniacal nas
silagens, indicando processos fermentativos
ineficientes (Fisher e Burns, 1987). O
conteúdo desse ácido pode ser considerado
um dos principais indicadores negativos da
qualidade do processo fermentativo.
Também corresponde àquelas silagens que
apresentaram perdas acentuadas de matéria
seca e energia da forragem original durante a
fermentação e, freqüentemente, esse
conteúdo de ácido butírico é positivamente
correlacionado à redução da palatabilidade e
do consumo da forragem (Mcdonald et al.,
1991, Tomich et al., 2003). Em silagens bem
conservadas os teores desse ácido são
inferiores a 0,3% da MS.
2.2.6 Classificação das silagens
Os parâmetros comumente utilizados para
predizer a qualidade do processo
fermentativo e a conservação da forragem
abrangem os valores de pH, teores de matéria
seca, nitrogênio amoniacal em relação ao
nitrogênio total e os ácidos orgânicos. A
classificação por pontos de Tomich et al.
(2003) abrange esses fatores e associa o
valor de pH ao teor de matéria seca da
silagem, levando em conta os teores de
nitrogênio amoniacal em relação ao teor de
nitrogênio total e os ácidos orgânicos:
acético e butírico, como indicadores de
fermentações indesejáveis, como consta na
tabela 1.1.
Os teores de MS aumentam com a
maturidade da planta e logo estão associados
com o valor nutritivo (Andrade e Carvalho,
1992). Silagens com teores de MS inferiores
a 20% podem ter perdas de MS na forma de
24
efluentes, já nas silagens com teores acima
de 45% MS as principais perdas ocorrem por
produção de gases (McDonald et al., 1991).
Os valores de pH obtidos, associados ao teor
de matéria seca da silagem fornecem uma
indicação da eficiência de neutralização da
atividade das enzimas proteolíticas e do
desenvolvimento de fermentações
indesejávei
s.
Tabela 1.1: Qualificação da fermentação da silagem com relação ao valore de pH, associado ao
conteúdo de matéria seca (MS)
Valor de pH associado ao conteúdo de MS
Conteúdo de MS (%)
< 20 20-30 30-40 > 40 Pontos
< 4,0 < 4,2 < 4,4 <4,6 25
> 4,0 - 4,2 >4,2 - 4,4 > 4,4 - 4,6 > 4,6 - 4,8 20
> 4,2 - 4,4 > 4,4 - 4,6 > 4,6 - 4,8 > 4,8 - 5,0 15
> 4,4 - 4,6 > 4,6 - 4,8 > 4,8 - 5,0 > 5,0 - 5,2 10
> 4,6 - 4,8 > 4,8 - 5,0 > 5,0 - 5,2 > 5,2 - 5,4 5
Valor de pH
> 4,8 > 5,0 > 5,2 > 5,4 0
Compilado de Tomich et al. (2003)
.
O teor de nitrogênio amoniacal fornece uma
indicação do grau de proteólise bacteriana e
a degradação de aminoácidos no silo e
juntamente com os valores de produção de
ácido butírico indica o desenvolvimento de
bactérias do gênero clostridium (Oshima e
McDonald, 1978). A semelhança do ácido
butírico, os altos teores de ácido acético
sugerem fermentações indesejáveis e perda
de MS, energia e qualidade da silagem. Esses
parâmetros em associação aos valores de
digestibilidade e teores de constituintes da
parede celular fornecem uma idéia da
qualidade da silagem e se relacionam ao
consumo e desempenho dos animais (Van
Soest, 1994). Embora o ácido lático seja
freqüentemente utilizado para a avaliação da
qualidade da fermentação, a quantidade
desse ácido necessária para reduzir
rapidamente o pH e inibir os processos que
promovem a deterioração do material
ensilado, altera-se com a capacidade de
tamponamento da forrageira e com o
conteúdo de umidade da silagem. Essa
condição além de determinar que não existe
um único conteúdo de ácido lático em
silagens que permita a eficiente conservação
da forragem, impede o estabelecimento de
níveis deste ácido como parâmetro para a
avaliação do processo fermentativo (Tomich
et al., 2003).
Na tabela 1.2 encontra-se a proposta de
qualificação da fermantação das silagens,
segundo a pontuação obtida. A fermentação
com qualificação excelente corresponde
àquela que ocorreu com perdas
Ác. Butirico
Ác. Acético
N-NH3/NT (%)
(% da MS)
(% da MS)
Valor Pontos Valor Pontos Valor Pontos
< 10,0 25 0,0 - 0,1 50 < 2,5 0
10,0 - 13,0 20 > 0,1 - 0,3 40 > 2,5 - 4,0 -5
> 13,0 - 17,0 15 > 0,3 - 0,5 30 > 4,0 - 5,5 -10
> 17,0 - 21,0 10 > 0,5 - 0,7 20 > 5,5 - 7,0 -15
> 21,0 - 25,0 5 > 0,7 - 0,9 10 > 7,0 - 8,5 -20
> 25,0 0 > 0,9 0 > 8,5 -25
25
insignificantes de matéria seca e de energia e
manteve a qualidade da fração protéica da
forragem original durante a armazenagem. A
qualificação de boa fermentação indica
perdas mínimas de matéria seca e/ou de
energia e/ou pequena alteração na qualidade
da fração protéica, sem prejuízo significativo
no valor nutritivo da forragem, na sua forma
conservada. A qualificação de fermentação
regular designa silagens que apresentam
alguma perda de matéria seca e/ou de energia
e/ou alteração no valor da fração protéica, de
forma a comprometer o valor nutritivo da
silagem em relação à forragem original. A
qualificação de fermentação ruim é
apresentada por silagens que tiveram
considerável alteração no valor nutritivo da
forrageira original, representada por perdas
significativas de matéria seca e/ou energia e
redução no valor nutritivo da fração protéica,
podendo ter o seu consumo comprometido.
A qualificação de fermentação péssima
corresponde às silagens que apresentaram
processo fermentativo totalmente inadequado
à conservação da forragem, além de baixo
valor nutritivo, provavelmente, uma silagem
que não será consumida pelos animais
(Tomich et al., 2003).
Tabela 1.2: Proposta para qualificação da
fermentação das silagens
Pontuação Classificação
90 - 100 Excelente
70 - 89 Boa
50 - 69 Regular
30 - 49 Ruim
< 30 Péssima
Compilado de Tomich et al. (2003).
2.3 DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE
FORRAGEIRAS
A digestibilidade das forrageiras é um
importante parâmetro na formulação de
dietas para ruminantes. Os ensaios in vivo
envolvendo a produção animal e a
digestibilidade são os métodos mais precisos
para determinar o valor nutricional dos
alimentos. Entretanto, o custo financeiro para
que os mesmos possam ser realizados é alto,
pois requerem o uso de animais, alimentos,
mão-de-obra e tempo. Com o intuito de
reduzir estes problemas as metodologias in
vitro de avaliação de alimentos foram
desenvolvidas no sentido de viabilizar o
estudo nutricional destes.
As técnicas in vitro que utilizam
microrganismos e/ou enzimas que
reproduzam as condições do trato digestivo
dos ruminantes, pela simplicidade de
execução, baixo custo, acurácia e alta
correlação com dados obtidos in vivo têm se
tornado cada vez mais populares (Williams,
2000). O método de digestibilidade de duplo
estágio proposto por Tilley e Terry (1963) é
um dos mais utilizados para avaliação da
digestibilidade de forragens, sendo
considerado preciso em predizer o valor
energético do alimento (Minson, 1990). A
avaliação da digestibilidade de uma
forrageira torna-se importante, baseando-se
na necessidade de comparar diferentes
materiais considerando-se que os mais
digestíveis podem apresentar melhor retorno
econômico e produtivo.
2.3.1. TÉCNICA IN VITRO DE DOIS
ESTÁGIOS
A técnica in vitro para determinação da
digestibilidade da matéria seca sofreu muitas
modificações ao longo do tempo, e em 1963
Tilley e Terry desenvolveram a técnica dos
dois estágios que até hoje é amplamente
utilizada. A técnica in vitro de dois estágios
consiste da incubação de uma pequena
quantidade de amostra (0,5 g) em 10 ml de
líquido ruminal e 40 ml de solução
tamponante, em frascos mantidos em
condições de anaerobiose por um período de
48 horas. Após 48 horas de incubação a
fermentação é então paralisada pela adição
de ácido clorídrico. Em seguida o resíduo é
digerido em pepsina ácida. Após 48 horas de
digestão, a amostra é finalmente centrifugada
e seca para determinação da digestibilidade
in vitro da matéria seca. Já em 1963 a técnica
26
de Tilley e Terry era capaz de estimar a
digestibilidade in vitro da MS com boa
precisão, no entanto com uma referência
mínima à dinâmica da fermentação ruminal.
Devido à necessidade de uma técnica mais
rápida para análise de rotina de forrageira a
técnica de Tilley e Terry (1963) sofreu
algumas modificações, sem sacrifícios a
acurácia ou precisão. Holden (1999) adaptou
a técnica proposta por Tilley e Terry (1963)
para a utilização do simulador de rúmen
Daisy
II
Ankom®, que permite a avaliação
simultânea de grande número de amostras.
Segundo Holden (1999) e Mabjeesh et al.,
(2000) o simulador de rúmen Daisy
II
Ankom®, estimou com acurácia os valores
de digestibilidade in vitro em comparação ao
método tradicional e de referência proposto
por Tilley e Terry (1963), mostrando, ainda,
menos laboriosa e com menor demanda de
tempo. O Daisy
II
Ankom® é composto de
quatro frascos de incubação e controles de
temperatura e rotação constante. Amostras de
0,5 g dos materiais são pesados, colocados
em recipientes específicos “Bag F-57
Ankom®” (ANKOM Technology Corp.,
Fairport, NY) com porosidade de 57
mícrons, e selados em seladoras elétricas. A
obtenção da digestibilidade da MS é obtida
por diferença de pesos antes e depois da
incubação.
2.3.1.1. Fontes de variação da técnica
Fatores como o preparo das amostras e do
líquido ruminal, a porosidade dos saquinhos,
a manutenção da anaerobiose, a mistura de
tampões, o pH e a temperatura podem afetar
os estudos de fermentação in vitro (Holden,
1999, Mabjeesh et al., 2000).
Preparo das amostras
Durante o preparo da amostra a secagem
desta pode influenciar a degradabilidade da
matéria seca. A secagem em temperaturas
acima de 60°C pode reduzir em até 17% a
degradabilidade, devido alteração na
composição química do alimento,
principalmente nos constituintes
nitrogenados de forrageiras (Weiss, 1994). O
tamanho da partícula e a homogeneização da
amostra influência de forma marcante nos
resultados obtidos principalmente em
forrageiras como o sorgo pela diferença na
densidade e no valor nutritivo das partes da
planta (colmo, folhas e panículas).
Recomenda-se a moagem a 1 milimetro a
fim de minimizar essas variações.
Porosidade dos saquinhos
Na porosidade do saquinho (57 mícrons), a
perda de partículas não é um fator importante
e o impacto sobre a degradabilidade do
nitrogênio do alimento é baixo, no entanto, a
seleção de microrganismos ruminais capazes
de infiltrar nos saquinhos é ainda um
problema para o uso da técnica, tornando o
micro-ambiente dentro dos sacos diferente
daquele do conteúdo ruminal.
Líquido ruminal
A variação na qualidade do líqüido ruminal é
a principal fonte de variação nos ensaios em
in vitro que simulam o ambiente ruminal
(Rymer et al., 1999). As amostras dos
líqüidos ruminais sofrem ampla variação
pela dificuldade de amostragem
representativa da parte sólida e líquida nos
diferentes compartimentos, bem como na
preparação do inoculo (Jessop e Herrero,
1996, Bueno et al., 2005). As bactérias
celulolíticas tendem a permanecer aderidas
na fase sólida, sendo fundamental na
degradação de materiais fibrosos. Isso resulta
em variações na atividade microbiana, na
quantidade e nos espécimes da população de
microrganismos do rúmen (bactérias e
protozoários) (Pell e Schofiel, 1993). Fatores
como a dieta do animal, o momento da coleta
do líquido, a espécie do animal doador e a
diluição podem interferir nos resultados dos
ensaios (Cone et al., 1996, 2002).
Manutenção da Anaerobiose, Tampões, pH
e Temperatura
Segundo Hungate (1966), Leedle e Hespell
(1983) a manutenção da anaerobiose é
essencial na manutenção da atividade dos
27
microrganismos celulolíticos e aminolíticos.
Nos ambientes em que anaerobiose não é
mantida há redução no número de bactérias e
protozoários ciliados ativos no liquido
ruminal (Coleman, 1985). A maioria dos
meios usa o CO
2
como agente redutor e o
bicarbonato e o fosfato para neutralizar os
ácidos da fermentação, mantendo o pH entre
6,8 e 7,0. Sendo fundamental o fluxo
contínuo de CO
2
durante a preparação do
meio e do inoculo para manter a viabilidade
dos microrganismos. Variações na
temperatura levam a decréscimos na
atividade e no número de microrganismos
viáveis no líqüido ruminal, esta deve ser
mantida entre 39ºC +/- 0,5ºC.
2.3.2 TÉCNICA IN VITRO SEMI-
AUTOMÁTICA DE PRODUÇÃO DE
GASES (RPT)
As técnicas in vitro de mensuração dos gases
produzidos com a fermentação de alimentos
no rúmen começaram a se desenvolver com a
identificação da íntima relação entre
produções de gases e fermentação dos
alimentos (Quin, 1943). As técnicas de
mensuração da produção cumulativa de
gases foram desenvolvidas para predizer a
fermentação dos alimentos para ruminantes
(Rymer et al., 2005). No entanto, a técnica de
produção de gases foi introduzida como
método de rotina na avaliação de alimentos
apenas após o trabalho de Menke et al.
(1979) no qual foi descrita a elevada
correlação entre a produção de gases in vitro
e a digestibilidade aparente in vivo.
Atualmente as principais metodologias
usadas são o teste das seringas de vidro
graduadas (Menke e Ehrensvard, 1974);
técnica do transdutor manual (Theodorou et
al., 1994); sistemas automáticos (Pell e
Schofield, 1993), e semi–automáticos
(Maurício et al., 1999).
2.3.2.1 Metodologias
Na metodologia de seringas de vidro
graduadas o volume de gases produzidos era
correspondente ao deslocamento do êmbolo
das seringas (Menke e Ehrensvard,, 1974). A
produção de gases após 24 horas de
incubação era associada aos valores da
análise bromatológica dos alimentos
(proteína bruta, fibra bruta, extrato etéreo e
cinzas) para estimar a energia metabolizável.
Blümmel e Ørskov (1993) adaptaram a
técnica e passaram a fazer leituras periódicas
de produção cumulativa de gases, iniciando
os estudos sobre a cinética de fermentação
dos alimentos pela produção de gases.
Já Pell e Schofield (1993) propuseram um
sistema automático e computadorizado para
leitura da produção de gases das amostras
utilizando sensores de pressão. O método,
embora eficiente, apresentava elevado custo,
baixa capacidade numérica para avaliação de
alimentos e os gases produzidos não eram
liberados. Outros sistemas automáticos
foram propostos por Davies et al. (1995) e
Cone et al. (1996) que criaram sistemas
automáticos, que permitia o escape dos gases
após as leituras de pressão.
No entanto, Theodorou et al., (1994)
propuseram um sistema em que a pressão é
medida diretamente pelo transdutor manual
(psi) e o volume de gás (ml) por seringas
plásticas acopladas ao transdutor e ao frasco
de fermentação através de uma válvula de
três saídas. O método permite leituras em
intervalos regulares e os gases são removidos
após cada leitura, permitindo a construção
gráfica do volume de gases acumulado e o
tempo de fermentação. Desta forma o perfil
de produção cumulativa de gases representa
a cinética do processo fermentativo. A curva
de produção de gases foi matematicamente
descrita por France et al. (1993). As
principais vantagens desta técnica
(Theodorou et al., 1994) em relação ao
método de Menke et al. (1979) foram o
aumento do número de substratos a serem
testados e a rapidez das leituras. Esta técnica
foi adotada no Departamento de Agricultura
da University of Reading (UK) para
avaliação de forrageiras tropicais,
temperadas bem como de outros alimentos.
28
A evolução da técnica de Theodorou et al.,
(1994) resultou no sistema semi-automático,
proposto por Maurício et al. (1999). Esses
autores eliminaram as leituras através das
seringas e passaram a estimar o volume de
gases através dos dados de pressão pela
função quadrática derivada de leituras
simultâneas de pressão e volume de gases
produzidos. Estes mesmos autores
desenvolveram um "software" que permitiu o
envio direto de dados do transdutor de
pressão para um micro-computador e semi-
automatizaram a técnica, possibilitando um
incremento na acurácia das leituras e no
número de leituras, melhora na descrição da
lag time e na capacidade de avaliar um
grande número de alimentos por
experimento]. Além disso, o sistema é
relativamente barato, de fácil manutenção, de
fácil adaptabilidade e com redução
considerável no tempo de mensuração.
2.3.2.2 Produtos da fermentação
Os gases gerados de forma direta na
fermentação dos carboidratos e de forma
indireta na neutralização dos ácidos graxos
voláteis pelo tampão bicarbonato presente no
líquido ruminal ou saliva artificial são os
gases medidos nas técnicas in vitro de
produção de gases (Getachew et al., 1998).
Os principais produtos finais oriundos do
consórcio ruminal de bactérias, fungos e
protozoários são os ácidos: acético,
propiônico e butírico, além do gás carbônico
(CO
2
), metano (CH
4
) e hidrogênio (H
2
) e a
produção destes gases pode ser utilizada para
o estudo da taxa e extensão da degradação
ruminal (Hobson e Stewart, 1997, Stern et
al., 1997; Williams, 2003).
Os gases são produzidos principalmente
quando o substrato é fermentado a acetato e
butirato. Já o substrato fermentado a
propionato produz gases apenas do
tamponamento do ácido, com relativamente
pequena quantidade de gás sendo produzido
a partir do propionato. A proporção molar
dos ácidos graxos de cadeia curta (acético,
butírico e propiônico) produzida tem estreita
relação com o tipo de substrato fermentado.
Carboidratos rapidamente fermentáveis
produzem relativamente maiores proporções
de propionato do que de acetato, e
conseqüentemente menos gases diretos.
Desta maneira a comparação de substratos
diferentes deve levar em conta relação
acetato: propionato no final da fermentação
(Williams, 2000).
Hungate (1966) descreveu a estequiometria
das reações da fermentação das hexoses no
rúmen:
1 mol de hexose + 2 H
2
O 2 Acetato +
2 CO
2
+ 4 H
2
1 mol de hexose + 2 H
2
2 Propionato
+ 2 H
2
O
1 mol de hexose 2 Butirato +
2 CO
2
+ H
2
CO
2
+ 4 H
2
CH
4
+ 2H
2
2.3.2.3 Aplicações da técnica in vitro de
produção de gases
Avaliação de alimentos
Segundo Menke e Steingass (1988) a
predição da energia metabolizável dos
alimentos é mais acurada quando baseada em
dados de composição química e de produção
de gases, do que apenas em dados de
composição química. Ainda neste trabalho,
os autores relatam os efeitos associativos de
diferentes alimentos, assumindo que as
mesmas interações que ocorrem in vivo,
também devem ocorrer in vitro.
Esta técnica permite a avaliação de várias
espécies, híbridos e genótipos de forrageiras
(Pell e Schofield, 1993; Campos et al., 2000;
Leite et al., 2002; e Tomich et al., 2002)
sobre diferentes condições de produção
(Doane et al., 1997, Maurício et al., 2001b e
Noguera et al, 2005) e/ou tratamentos físicos
(Oliveira et al., 2002) e químicos (Faria et
al., 2002) quanto a fermentabilidade de seus
substratos. Esta técnica permite, ainda, a
incubação de mais de um alimento em um
29
mesmo frasco de fermentação, podendo ser
útil para determinar o nível ótimo de
inclusão de um determinado alimento na
dieta (Campos et al, 2000).
Vários trabalhos têm investigado a técnica in
vitro de produção de gases para avaliar a
ação de fatores antinutricionais (taninos,
saponinas e alcalóides) sobre o valor
nutritivo de alimentos (Khazaal e Ørskov,
1994; Khazaal et al., 1996) e sobre a
microbiota ruminal. Esta técnica, ainda, tem
sido sugerida na predição da eficiência de
agentes ligantes como polietilenoglicol
(PEG) e polivinilpolipirrolidona (PVP)
(Makkar et al., 1995, Khazaal et al., 1996,
Mlambo et al., 2000, Schofield, 2000).
A estimativa das taxas de digestão das
frações solúveis e insolúveis dos
carboidratos pela técnica de produção de
gases foi proposta por Pell e Schofield
(1993), a fim de fornecer dados para serem
usados em modelos nutricionais (Schofield,
2000). Através da subtração das curvas de
produção de gases do alimento intacto e da
curva obtida pelo resíduo de FDN deste
mesmo alimento, podem ser estimados a
curva de produção de gases para a fração
solúvel em detergente neutro e seus
respectivos parâmetros de degradação
(Schofield e Pell, 1995, Noguera et al.,
2005).
Predição de consumo
De acordo com Minson (1990) a principal
barreira para utilização de uma forrageira é a
capacidade de consumo voluntário desta.
Segundo Getachew et al. (1998) as
avaliações de produção in vitro de gases têm
sido extensivamente utilizadas para
caracterização da cinética de fermentação e
para predição do consumo voluntário, com
significante correlação entre a produção de
gases e o consumo de matéria seca (Blümmel
et al.,1997). Contudo a produção de gases
não considera a produção microbiana. Diante
disso, deve-se associar a degradação dos
substratos após 24 horas de incubação.
Assim a determinação conjunta da produção
de gases com a degradabilidade do substrato
no período de 24 horas permitem o cálculo
da taxa do fator de partição do substrato
degradado a um volume de gases produzidos,
o qual reflete a variação na proporção de
substrato degradado incorporado como
massa microbiana.
Blümmel e Ørskov (1993) além de
encontrarem altas correlações (r= 0,88) entre
os parâmetros de produção de gases e o
consumo de MS, observaram também altas
correlações destes parâmetros com a ingestão
de MS digestível (r= 0,93) e taxa de
crescimento dos animais (r= 0,95).
Rodrigues et al. (2002) também conseguiram
predizer a ingestão de MS em ovelhas
adultas através de correlações com os dados
obtidos pela técnica de produção de gases.
Estimativa de produção de biomassa
microbiana
Alguns substratos apresentam diferenças na
eficiência na síntese microbiana, com altos
volumes de gases, porém, apresentando
comparativamente baixa produção de
biomassa. Sendo assim, parâmetros
complementares como os ácidos graxos
voláteis, amônia e dosagem de produção de
proteína microbiana são importantes na
avaliação de alimentos pelas técnicas de
digestibilidade in vitro. Segundo Williams
(2000), a metodologia de produção de gases
pode ser adaptada para avaliar a produção de
biomassa microbiana. Por meio da diferença
obtida entre os valores de digestibilidade in
vitro verdadeira e aparente em conjunto com
a utilização de cálculos estequiométricos é
possível estimar a produção de massa
microbiana (Blümmel et al., 1997, Getachew
et al., 1998). Rymer et al (1999) usaram
metodologia semelhante a citada
anteriormente e descrevem equações que
estimam a produção de massa microbiana
para diversos alimentos.
2.3.2.4 Fontes de variação da técnica in
vitro de produção de gases
Preparação da Amostra
30
A secagem de amostras a baixa temperatura
por períodos mais prolongados são mais
recomendadas para se evitar alterações no
valor nutritivo causadas pelo calor (Van
Soest, 1994). Segundo Vik-Mo (1989) a
utilização de microondas, liofilização e
secagem a frio de amostras de silagens
podem reduzir as alterações indesejáveis,
com melhor conservação dos ácidos graxos
voláteis e da fração nitrogenada. As técnicas
in vitro de produção de gases requerem
moagens finas para garantir a
homogeneidade, já que utilizam pequena
quantidade de substrato (0,2 a 1 grama).
Contudo o tamanho da partícula altera a taxa
de degradação pela variação da área
superficial disponível para a colonização da
microflora ruminal (Mould et al., 2000).
Diante disso é importante a padronização do
tamanho das partículas, assim a maioria das
técnicas utilizam amostras moídas a 1
milimetro. (Menke et al., 1979; Pell e
Schofield, 1993; Theodorou et al., 1994;
Mauricio et al., 1999a).
Fluido ruminal
Em relação ao líquido ruminal é importante
descrever as condições em que este foi
obtido, uma vez que este pode variar em
qualidade e homogeneidade de acordo com a
espécie, raça, dieta, condição fisiológica,
sexo e hora de coleta em relação ao horário
de alimentação (Pereira, 2003) e estes fatores
podem afetar o perfil de degradação dos
substratos incubados (Schofield, 2000).
Mauricio et al. (1999a) afirmaram que o
líquido ruminal coletado de duas a quatro
horas após a refeição apresenta aumento da
população microbiana, com tendência a
domínio de espécies sacarolíticas e
aminolíticas. Williams (2000) afirmaram que
o líquido ruminal coletado pela manhã antes
do fornecimento da dieta é menos ativo que
aquele coletado duas horas após a refeição,
porém, apresenta melhor homogeneidade na
sua composição e atividade. Menke et al.
(1979), Theodorou et al. (1994), Cone et al.
(1996) e Maurício et al. (1999) recomendam
a coleta do líquido ruminal antes da refeição
do animal, já Pell e Schofield (1993)
recomendam a coleta 2 horas após a refeição.
Segundo Mauricio et al. (1999a) o líquido
ruminal deve ser coletado de várias partes
distintas do rúmen, e o transporte realizado
em garrafas térmicas completamente cheias,
para total eliminação do oxigênio. Vários
métodos são utilizados para coleta do fluido
ruminal. Para estudos de digestibilidade in
vitro a filtragem direta é a metodologia mais
utilizada, recuperando muitos
microrganismos, especialmente os
celulolíticos. Após a coleta a manutenção das
condições de anaerobiose é conseguida
gaseando-se a superfície continuamente com
CO
2
.
A quantidade de líqüido ruminal varia entre
as diferentes metodologias, mas não existem
diferenças na produção total de gases quando
se compara concentração alta ou baixa de
líqüido ruminal, ocorre apenas um aumento
na taxa de produção de gases nas primeiras
24 horas com maior quantidade de líqüido
ruminal (Hidayat et al., 1993, Pell e
Schofield, 1993). Segundo estes autores a
maior quantidade de bactérias aumenta a
taxa, mas não a extensão da digestão,
podendo-se afirmar assim que a taxa de
digestão no rúmen é afetada pelo ambiente
ruminal, mas a extensão é controlada pela
composição da forrageira. Menke et al.
(1979) e Cone et al. (1996) usam 33% de
líqüido ruminal, contra 25% de Pell e
Schofield (1993) e 10% de Theodorou et al.
(1994) e Maurício et al. (1999).
Tamponamento
O rúmen é um sistema onde há um constante
influxo de água e ingesta, e produção de
ácidos oriundos da fermentação. O pH
ruminal, entretanto, permanece constante (6-
7) uma vez que os ácidos da fermentação são
removidos do meio por absorção através da
parede ruminal, fluxo para os
compartimentos seguintes e/ou neutralizados
pelo sistema tampão. Existe alguma
variação na composição das salivas artificiais
utilizadas por diferentes laboratórios, mas de
31
uma maneira geral, seguem as proporções do
estudo de McDougall (1948). Recomenda-se
um tampão bicarbonato e fosfato, uma fonte
de nitrogênio, solução mineral e resazurina
como indicador do potencial redox. Durante
a preparação do meio recomenda-se a
contínua utilização de CO
2
para manutenção
do baixo potencial redox para que não haja
prejuízo aos microrganismos estritamente
anaeróbicos, como os celulolíticos e
aminolíticos.
Para garantir um ambiente propício a
fermentação e ao desenvolvimento dos
microrganismos ruminais, os valores de pH
do líquido ruminal não devem ser inferiores
a 6,0, tendo como valores ótimos 6,2 a 6,8
(Russel e Dobrowski, 1980, Schofield,
2000). Se estes valores abaixarem muito (pH
< 6,0), as bactérias celulolíticas podem
tornar-se menos ativas (Russel e Dobrowski,
1980) e, além disto, ocorrer uma redução na
produção de dióxido de carbono por mol de
ácido graxo produzido (Beuvink e Spoelstra,
1992).
Temperatura e Pressão
O controle de temperatura a 39ºC deve ser
feito de forma criteriosa, pois a atividade
microbiana, o volume de gases produzidos e
a pressão são influenciados diretamente pela
temperatura (Schofield, 2000). A altitude
local de cada laboratório onde se realiza a
técnica in vitro semi-automática de
produções de gases influência na relação
pressão e volume, como demonstrado por
Mauricio et al. (1999b). Segundo esse autor
em Piracicaba-SP, no Centro de Energia
Nuclear na Agricultura (CENA, altitude 780
m), a relação indica 1 psi = 4,35 ml de gás, já
na Inglaterra (altitude 66 m), 1 psi = 3,95 ml,
e no Laboratório de Nutrição Animal da
Escola de Veterinária da UFMG- Belo
Horizonte/MG (altitude 836 m) 1 psi = 4,38
ml. Isso demonstra que a instalação da
técnica semi-automática requer a obtenção
de equações específicas para cada local e
respectiva altitude.
2.3.2.5 Modelagem da cinética de
produção de gases
Para descrever a correta interpretação dos
resultados da cinética de fermentação
ruminal é importante ajustar os dados ao
modelo utilizado (Fondevilla e Barrios,
2001). A princípio as equações propostas
para experimentos in situ foram empregadas
na técnica in vitro de produção de gases, e
continuamente vários outros modelos têm
sido propostos com este propósito (Ørskov e
McDonald, 1979; McDonald, 1981; France
et al. 1993; Schoefield et al., 1994; France et
al. 2000; France et al., 2005).
Inicialmente, o modelo de Ørskov e
McDonald (1979) foi adaptado para a
produção in vitro de gases. Este modelo
assume uma taxa fracional constante de
produção de gases in vitro durante todo o
processo e que todos os componentes
solúveis e produtos da hidrólise são
fermentados, além de considerar que o
substrato tem composição homogênea, fatos
que não são realidade. Já France et al.
(1993) assumiram que a taxa fracional de
degradação pode variar ao longo do processo
de degradação e propuseram um modelo
aplicável às condições in vitro. Schofield e
Pell (1994) e Groot et al. (1996)
demonstraram que a produção de gases do
alimento é resultante da fermentação de uma
fração rapidamente disponível, outra
lentamente fermentável e finalmente uma
contribuição oriunda da reciclagem de massa
microbiana e propuserem equações com
ajustes multifatorais, com equações
bicompartimental e com ajuste
tricompartimental, respectivamente
(Fondevilla e Barros, 2001).
Os modelos multicompartimentais são mais
adequados quando se usa um número muito
grande de leituras, como ocorre nos sistemas
completamente automatizados, porém isto
não ocorre quando o número de leituras é
limitado (Fondevilla e Barros, 2001). A
equação de France et al. (1993), apesar de
apresentar interpretação fisiológica
32
questionável, pode ser a mais apropriada
nestas condições. Uma comparação
matemática de ajustes de modelos de curvas
de produção de gases (Dhanoa et al, 2000)
mostrou que a equação de France et al.
(1993) é melhor adaptada em descrever a
cinética de produção dos gases devido a sua
flexibilidade em ajustar dados que
apresentem ou não forma sigmoidal.
France et al. (1993) propõem um modelo
para descrever à cinética de produção in vitro
de gases, assumindo que a taxa de
degradação pode variar durante o processo
de degradação, conforme mostra a equação:
Y = A * [1-exp(-b(t-lag)-c(t-lag))]
Em que,
Y é a produção acumulada de gases (ml);
A é o potencial máximo de produção in vitro
de gases (ml)
b e c são as taxas fracionais constantes
(horas
-1
e horas
-0,5
respectivamente);
lag é o tempo de colonização (horas);
t é o tempo de incubação (horas).
2.3.2.6 Avaliação de silagens de sorgo
Mauricio et al. (2003) avaliaram as silagens
dos sorgos BR700, BR701, BR601 e
AG2002 pela técnica in vitro semi-
automática de produções de gases. Esses
autores relataram potencial máximo de
produção de gases (A) de 166 a 194 ml,
tempo de colonização (Lag time) de 2,1 a 2,4
horas e taxa de fermentação (µ ) de 0,044 a
0,056 ml/g de MS/h. A degradabilidade da
MS com 96 horas obtidas por essa técnica
(59% a 65%) foram próximas aos valores de
digestibilidade obtidos pela técnica in vitro
(Tilley e Terry, 1963) e degradação da MS in
vivo. Cabral et al. (2002) e Souza et al.
(2003) avaliaram a digestibilidade in situ e in
vitro das silagens de diferentes cultivares de
sorgo (alto e baixo tanino) e encontraram
valores de degradabilidade da MS em 96h
próximos de 60%. Pires (2007) avaliou
silagens de quatro híbridos de sorgo
(CMSXS165, BR601, BR700 e CMSXS114)
e relatou valores de A de 173 a 212 ml, de
Lag time de 1,35 a 1,88 horas e µ de 0,019 a
0,034 ml/g de MS/h. Os valores de
degradabilidade da MS variaram de 53,8% a
69,0%. Já Araújo (2006) avaliando seis
híbridos de sorgo encontrou valores de A de
177,3 a 185,0, de Lag time de 1,12 a 1,75
horas e de µ de 0,026 ml/g de MS/h.
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42
CAPÍTULO II: CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DO HÍBRIDO DE
SORGO BRS-610 EM OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO.
RESUMO: Avaliou-se o stand, a altura, a porcentagem de colmo, folhas e panículas, as produções
de matéria verde (PMV), de matéria seca (PMS) e matéria seca digestível (PMSD), em toneladas
por hectare, da planta, do colmo, da folha e da panícula do sorgo BRS-610 com as plantas colhidas
em oito estádios de maturação de grãos (enchimento-E1, leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-
E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7, seco-E8). O delineamento utilizado foi
inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento, e as médias foram comparadas
pelo teste Scott-knott (p<0,05) e realizou-se o estudo de regressão pelo pacote estatístico SAEG
9.1(2007). A altura e o stand das plantas apresentaram médias de 2,43 m e 155,2 mil plantas/ha. As
menores porcentagens de colmo (46,1%) foram observadas entre E4 e E7. Houve redução nas
porcentagens de folhas (27,2% para 8,6%), já as panículas aumentaram (37,9% para 42,87%) até o
E5, não diferindo nos cortes sucessivos. As PMS e PMSD da planta reduziram a partir de E5. As
PMS e PMSD (t.ha
-1
) das frações de colmo e folha reduziram com o avanço da idade da planta e as
principais alterações ocorreram entre E4 e E6. Já a panícula apresentou comportamento quadrático
para as PMV, PMS e PMSD (t.ha
-1
), com os maiores valores entre E4 e E6 para as duas últimas.
Para os parâmetros avaliados o sorgo BRS-610 deve ser colhido no estádio de grãos
pastoso/farináceo.
Palavras chaves: colmo, estádios de maturação, folha, panícula, produção, sorgo.
AGRONOMICS CHARACTERISTICS OF THE HYBRID OF SORGHUM BRS-610 IN
EIGHT STAGES OF MATURATION
ABSTRACT: The stand, the height, the percentage of steam, leaves and panicles, the productions
of green matter (PGM), dry matter (PDM) and digestible dry matter (PDDM), in tons for hectare,
of the plant, steam, leaf and panicle of sorghum BRS-610 with the plants harvested to the eight
stages the grain maturation (early grain fill -E1, milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4,
soft dough/Floury-E5, Floury-E6, hard dough-E7, dry-E8 ) was evaluated. It was used a complete
randomized design, with four repetitions for treatment, and the means had been compared by the
test Scott-knott (p<0.05) and had were accomplished the regression study by program statistician
SAEG 9.1 (2007). The height and stand of the plants had presented 2.43 m and 155.2 a thousand
plants/ha means. The minors percentage of steam (46,1%) had been observed among E4 and E7. It
had reduction in percentage of leaves (27.2% to 8.6%), already panicles had increased (37.9% to
42.87%) until the E5, not differing in the successive cuts. The PDM and PDDM, of the plant had
reduced from E5. The PDM and PDMD (t.ha
-1
) of the fractions of steam and leaf had reduced with
the advance of the age of the plant and the main alterations had occurred between E4 and E6.
Already panicle presented quadratic behavior for the PGM, PDM and PDMD (t.ha
-1
), with the
biggest values among E4 and E6 for the two last ones. For the evaluated parameters the sorghum
BRS-610 must be harvested to the on soft dough/dough grain stage
Key words: leaf, maturation stage, panicle, production, sorghum, steam..
43
1. INTRODUÇÃO
O sorgo é uma cultura rústica que tolera
elevadas temperaturas, vegeta em ampla
faixa de solos e apresenta boa resistência ao
estresse hídrico. No entanto, a exigência em
umidade torna-se crítica nos períodos logo
após a germinação, nas fases de polinização
e enchimento dos grãos (Antunes, 1979). O
sorgo BRS-610 é um híbrido que se destaca
quanto à resistência a pragas e doenças e
apresenta boa adaptabilidade às condições de
cerrado pela tolerância à acidez do solo.
Os critérios para a seleção de híbridos de
sorgo para silagem têm sido, principalmente,
a altura da planta, a produtividade, a
produção de grãos, a resistência a doenças e
pragas e a tolerância à seca (Zago, 1991).
Atualmente os programas de melhoramento
genético do sorgo vêm buscando materiais
que associem boa produção de matéria seca e
bom equilíbrio entre proporção de colmo,
panículas e folhas, a fim de se obter
materiais de maior valor nutritivo e melhor
rendimento.
De acordo com Pesce et al. (2000) a
produtividade de matéria seca aumenta
segundo a altura da planta ou seu
amadurecimento. Lusk et al (1984) e Pereira
et al (1993) relatam que a produtividade do
sorgo para produção de silagem pode ser
mais elevada que a do milho, principalmente
em condições marginais de cultivo.
A produção de matéria seca por hectare de
uma forrageira destinada à produção de
silagem é uma característica importante a ser
considerada na avaliação econômica do
sistema de produção de volumosos. Segundo
Valente (1992) produções de matéria verde
inferiores a 40 toneladas tornariam a
atividade inviável economicamente. As
produções de matéria seca são muito
variáveis, em função da ampla variedade de
materiais, condições de manejo, condições
edafoclimáticas, época de cultivo e idade da
planta, e variam de 5,1 a 27,8 t.ha
-1
para
sorgos de porte médio a alto (Rocha Júnior et
al., 2000, Molina et al., 2002, Pedreira et al.,
2003, Gontijo Neto et al., 2004). De acordo
com Pires et al (2006) as produções de
matéria seca de dois híbridos de sorgo de
duplo propósito e de um híbrido forrageiro
aumentaram com o avanço do estádio de
maturação, sendo os maiores valores
observados nos estádios de grão pastoso e
farináceo.
A proporção de grãos na planta de sorgo, no
momento de ensilagem, está relacionada à
qualidade das silagens, porque neles
encontram-se a maior fração energética
disponível da planta. Além disso, são os
principais responsáveis pela elevação do teor
de matéria seca com o avançar do estádio de
maturação da planta. Segundo Silva et al.
(1999), 40 a 50% da MS deveria ser
composta de grãos no momento da
ensilagem, com o objetivo de garantir
qualidade e consumo da silagem. Relatos da
literatura indicam porcentagens de colmo na
planta de sorgo de 20,3% a 83,9% na MS,
proporções de folhas de 8,5% a 35,0% e de
panículas de 8,9% a 59,2%.
A altura da planta pode estar correlacionada
positivamente com a produção de matéria
natural e matéria seca. Entretanto,
geralmente se correlacionam também
positivamente com porcentagem de colmo e
com a porcentagem de acamamento,
características pouco desejáveis para a
produção eficiente de forragem (Corrêa ,
1996).
O objetivo deste experimento foi avaliar as
características agronômicas do híbrido de
sorgo BRS-610 (Sorghum bicolor (L.)
Moench) em oito estádios de maturação .
Foram avaliadas as produções de matéria
verde, de matéria seca e de matéria seca
digestível da planta inteira e suas partes
(colmo, folha e panícula,) convertidas em
toneladas por hectare, o número de plantas
por área, convertida em mil plantas/hectare, a
altura e a proporção das partes em relação à
planta inteira.
44
2. MATERIAL E MÉTODOS
O híbrido de sorgo BRS-610, de colmo seco,
sem tanino, obtido do cruzamento dos sorgos
CMSXS 232A X CMSXS 234R, pertencente
ao programa de melhoramento genético de
sorgo da Embrapa Milho e Sorgo foi
cultivado, colhido e ensilado na EMBRAPA
Milho e Sorgo, localizada no km 65 da MG
424, no município de Sete Lagoas, em Minas
Gerais, entre 19º28’ de latitude Sul e 44º15’
de longitude Oeste de Greenwich, com
altitude média de 732 metros, no ano
agrícola de 2004/2005.
O material foi semeado em canteiros de 7 m
de comprimento e 3,5 m de largura, com
espaçamento entre linhas de 0,70 m e o corte
foi realizado rente ao solo em duas linhas
centrais, descartando-se um metro nas
extremidades dos canteiros. O sorgo foi
plantado em 26 de novembro de 2004, com o
florescimento ocorrendo em 16/02/2005 aos
82 dias de idade da planta e os cortes foram
realizados em intervalos de sete dias, nas
datas a seguir: 23/02/2005, 02/03/2005,
09/03/2005, 16/03/2005, 23/03/2005,
30/03/2005, 06/04/2005, 13/04/2005. Os
cortes correspondem as oito estádios de
maturação dos grãos da planta (E1, E2, E3,
E4, E5, E6, E7 e E8), conforme descrito na
tabela 2.1.
Tabela 2.1: Estádios de maturação avaliados
Dias pós-plantio
Dias pós- florescimento Estádios de maturação
Estádios dos grãos
89 7 E1 Enchimento
96 14 E2 Leitoso
103 21 E3 Leitoso/Pastoso
110 28 E4 Pastoso
117 35 E5 Pastoso/farináceo
124 42 E6 Farináceo
131 49 E7 Duro
138 56 E8 Seco
Ao corte foram avaliados a altura das plantas
(cm) e o número de plantas da área colhida
(número de plantas colhidas convertido em
mil plantas por hectare foi obtido por
multiplicação pelo fator de conversão: 10/(2
linhas * 5metros * 0,7 m de espaçamento
entre linhas) = 1,43). O material amostrado
de cada canteiro foi pesado, para avaliação
da produção de matéria verde e seca por
hectare. Para estimativa da produção por
hectare multiplicou-se a produção do
canteiro pelo fator de conversão 1,43. Desse
material, dez (10) plantas foram fracionadas
e suas partes pesadas para determinação da
proporção de colmo, folha e panícula.
Amostras da planta e suas frações foram
imediatamente picadas em picadeira
estacionária, amostradas de forma
homogênea e identificadas. Posteriormente
foram levados ao Laboratório de Nutrição
Animal da Escola de Veterinária da UFMG,
onde os materiais foram submetidos à
pesagem e pré-secagem em estufa de
ventilação forçada a 55°C durante 72 horas.
Após este período o material foi deixado à
temperatura ambiente por duas horas, para
estabilização e obtenção de peso constante, e
imediatamente pesado para determinação da
matéria pré-seca. As amostras pré-secas
foram então moídas em moinho tipo Willey
utilizando peneira de um milímetro,
amostrados e armazenados em recipientes de
polietileno com tampa. As amostras foram
submetidas à determinação de matéria seca
em estufa a 105°C (AOAC, 2000) e
digestibilidade “in vitro” da matéria seca,
45
segundo procedimento descrito por Tilley e
Terry (1963), adaptado por Holden (1999)
para utilização do simulador de rumem
Daisy
II
ANKOM
®
O delineamento estatístico foi inteiramente
casualizado com quatro repetições
(canteiros) por corte. Descrito pelo modelo
estatístico:
Y
ij
= µ+ Τ
i
+ €
ij
em que,
Y
ij
=observação da variável resposta no
estádio de maturação “i”
µ = média geral
Τ
i
= efeito do estádio de maturação da
planta; i = E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8
ij
= erro aleatório no estádio de maturação
“i”; €
ij
N (0, 1)
Os dados obtidos foram submetidos á análise
de variância e determinou-se as correlações
de Pearson entre as variáveis. As
comparações das médias foram realizadas
pelo teste de agrupamentos Scott-Knott, em
nível de 5% de probabilidade e determinou-
se as equações de regressão para as variáveis
analisadas em função das idades de corte
pelo pacote estatístico SAEG 9.1 2007.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Stand
Na tabela 2.2 encontram-se os números de
plantas colhidas, convertido em mil plantas
por hectare em oito estádios de maturação da
planrta, E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8. O
número de plantas (stand) sofreu variação
(p<0,05) entre os cortes, variando de 115 a
207 mil plantas por hectare, com média de
155 mil plantas/ha, valor próximo as 161 mil
plantas/ha encontradas por Ferreira (2005)
para o híbrido BRS-610. Segundo Corrêa
(1996) a utilização de canteiros pequenos
podem ser responsáveis pela variação no
stand de plantas, o que justifica em parte a
variação encontrada entre os cortes. Esse
autor cita ainda a possibilidade de ataque de
pragas às plantas ainda jovens.
Tabela 2.2. Stand (mil plantas por hectare) e alturas (cm) do sorgo BRS-610 colhido em oito
estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)
Idade da planta ao corte em dias
Variável E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Stand
1
163,6 b 207,5 a 160,7 b 140,7 c 161,4 b 115,0 d 147,5 c 145,0 c 155,2
Altura
2
(cm)
248 a 255 a 259 a 250 a 263 a 234 b 220 b 213 b 243
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação: 1:
8,58% e 2: 5,29%; Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5-
pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco. Stand (mil plantas por hectare).
Altura
Como pode ser observada na tabela 2.2, a
altura das plantas variaram de 213 a 263 cm,
com média de 243 cm, que o classifica como
sorgo forrageiro (Zago, 1991; Rodrigues et
al., 2004). Houve redução (p<0,05) na altura
da planta entre o sexto e sétimo corte. Essa
redução não era esperada e provavelmente
ocorreu por variação das plantas, como
sugerido por Corrêa (1996) que também
observou variação na altura de três híbridos
de sorgo colhidos em oito estádios de
maturação. Já Araújo (2002) não observou
variação da altura dos híbridos de sorgo
(BR700, BR701 e Massa-3) com o avanço da
46
maturidade do estádio de grãos leitoso ao
duro. Apesar da variação ocorrida nesse
experimento a altura média (243 cm) foi
semelhante ao descrito por Oliveira et al.
(2005) para o híbrido de sorgo BRS-610.
Porcentagens de caule, folhas e panícula
Na tabela 2.3 estão as médias obtidas para
caules, folhas e panículas, como
porcentagem da matéria seca da planta
inteira em oito estádios (E1, E2, E3, E4, E4,
E5, E6, E7 e E8) de maturação dos grãos.
As porcentagens das partes da planta (colmo,
folha e panícula), entre E1 e E8 variaram
com o avançar do estádio de maturação da
planta e apresentaram correlações
significativas (p<0,001) e elevadas com o
estádio de maturação da planta; folhas (r= -
0,91); panícula (r= 0,82) e colmo (r= -0,42).
O colmo apresentou a maior porcentagem na
planta em comparação a folha e a panícula
por todo o período experimental. Essas duas
últimas inverteram suas participações entre
E3 e E4 permanecendo assim nos cortes
subseqüentes.
Tabela 2.3. Porcentagens (%) de colmo, folha e panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de
maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
4
Colmo
1
58,74 a 59,39 a 54,11 a 45,75 b 45,70 b 44,50 b 48,92 b 53,45 a 51,32
Folha
2
27,20 a 22,23 b 16,83 d 19,26 c 14,96 d 12,63 e 11,89 e 8,65 f 16,71
Panícula
3
14,06 a 18,38 d 29,07 c 34,99 b 39,34 a 42,87 a 39,19 a 37,89 a 31,97
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott. Coeficiente de variação: 1:
7,82%; 2: 11,68%; 3: 12,27%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4-
pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Colmo
De modo geral houve diluição na
participação da fração de colmo pelo
aumento da panícula com o avançar da
maturidade da planta, semelhante ao
observado por Zago e Pozar (1991), Corrêa
(1996) e Araújo (2002). As porcentagens de
colmo foram inferiores (p<0,05) e
semelhantes entre si nos cortes realizados
entre E4 (pastoso) e E7 (duro). A equação de
regressão quadrática;%Colmo= 289,72 -
4,0774x + 0,0171x
2
, R
2
= 0,81, em que x
corresponde a idade de corte da planta,
indica efeito quadrático dessa fração em
relação a idade de corte, que pode ser melhor
visualizado graficamente na Figura 2.1. A
tendência de aumento na porcentagem de
colmo observada a partir de E6 está
associada à redução (p<0,05) das frações de
folhas e da panícula, mesmo que esta não
tenha sido significativa. Como observado na
tabela 1.3 a porcentagem de colmo variou de
45,50% a 59,39%. As porcentagens de colmo
obtidos neste experimento para as plantas
colhidas no estádio de grão pastoso (E4) a
farináceo (E6) estão de acordo com aos
resultados médios descritos por Neumann et
al. (2002) (50,95%) e Gontijo Neto et al.
(2004) (44,0%) para híbridos de porte alto.
De acordo com Hart (1990) as porcentagens
de colmo na planta de sorgo forrageiro são
muito variáveis em função da amplitude de
cultivares, condições de manejo, adubação e
épocas de plantio dentre outras variáveis.
Segundo Cummins (1971) o potencial de
melhoramento dos híbridos de sorgo
produzidos para silagem está relacionado à
obtenção de linhagens que mantenham
valores próximos a 50% da parte colmo em
relação às folhas e panículas.
Folha
47
Observa-se na tabela 2.3 e na figura 1.1
redução progressiva e significativa (p<0,05)
da fração de folhas, variando de 27,2% (E1-
enchimento) a 8,65% (E8-seco) com a
maturidade da planta. A equação de
regressão linear, %Folha= 55,006 - 0,3374x
R
2
= 0,92, em que x corresponde a idade de
corte da planta, indica reduções a taxa de
0,34% ao dia com o avanço da maturidade da
planta. Esse comportamento era esperado em
virtude do aumento da panícula, que exerce
efeito diluidor sobre as porcentagens de folha
e colmo na MS da planta com o avançar da
idade de corte, indicada pelas correlações
negativas e significativas (p<0,001) entre a
panícula e folhas (r= -82) e colmos (r= -
0,86). Corrêa (1996) relatou reduções
médias de 25,8% para 14,7% na
porcentagem de folhas na matéria seca da
planta de três híbridos de sorgo com o
avanço da maturidade. Os resultados deste
ensaio foram inferiores aos obtidos por
Oliveira et al. (2005) para o mesmo hibrido
no estádio de grãos pastoso (19,26% x
27,34%). As perdas de folhas mortas com a
maturidade, apesar de não quantificada
foram observadas visualmente ao corte e
pode ter colaborado com a redução na
porcentagem de folhas com o avanço da
maturidade da planta. Segundo Corrêa
(1996) há aumento na participação de folhas
mortas na ordem de 2,2% a 77,7% com o
avanço da maturidade, sendo que esse autor
encontrou valores médios de 27%, 28% e
45% de folhas mortas para três híbridos de
sorgo avaliados.
% Colmo = 0,0171x
2
- 4,0774x + 289,72
R
2
= 0,8119
% Panícula= -0,0202x
2
+ 5,1216x - 284,04
R
2
= 0,9718
% Folha = -0,3374x + 55,006
R
2
= 0,9194
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
82 89 96 103 110 117 124 131 138 145
Idade de corte da planta (Dias)
Porcentagem na MS da planta
% Colmo % Panícula % Folha
Figura 2.1: Representação gráfica das linhas de tendências para porcentagens das frações de
colmo, folha e panículas em função das idades de corte das plantas.
Panícula
As porcentagens de panícula na matéria seca
da planta aumentaram de forma significativa
(p<0,05) até E5 (pastoso/farináceo), não
diferindo (p>0,05) nos cortes sucessivos.
Contudo em números absolutos verificou-se
redução na porcentagem de panícula nos
cortes realizados em E7 (grãos duros) e E8
(grãos secos), como pode ser observado na
tabela 2.3 e figura 2.1. O comportamento
dessa fração resultou na equação de
regressão quadrática,% Panícula = - 284,04 +
5,1216x - 0,0202x
2
R
2
= 0,97, em que x
48
corresponde a idade de corte da planta. O
maior valor numérico foi observado em E6
(42,9%) resultando no ponto de inflexão da
curva de tendência da porcentagem de
panícula na planta com a idade de corte.
Aumentos na participação da panícula são
desejáveis, pois representam a fração de
melhor valor nutritivo e uns dos principais
fatores que influenciam na velocidade de
elevação da matéria seca na planta (Carvalho
et al., 1992; Zago, 1992), apresentam, ainda,
melhorias na ambiência ruminal por fornecer
carboidratos prontamente disponíveis na
forma de amido para o crescimento
microbiano (Van Soest, 1994). Araújo
(2002) não observou aumento significativo
da participação da panícula com a
maturidade, sendo relatado apenas uma
tendência de aumento. Por outro lado
Andrade e Carvalho (1992), Zago (1992) e
Corrêa (1996) observaram aumentos
gradativos dessa fração com a maturidade
com tendência de estabilização dos
resultados entre os estádios de grão pastoso a
farináceo. Esses resultados respaldam o
comportamento da panícula descrito neste
ensaio. Silva et al. (1999) sugere a
participação mínima de 40% de panícula na
MS da planta no momento do corte para
obtenção de silagens com elevado valor
nutricional. Essa concentração foi observada
nos cortes entre E5 (grãos Pastoso/farináceo)
e E7 (grãos duros). Em estádios mais
avançados de maturidade podem ocorrer
aumentos nas perdas dessa fração nas fezes
dos ruminantes pela dificuldade de quebra
durante o consumo e ruminação dos grãos de
sorgo por seu tamanho reduzido e resistência
do pericarpo. Isso reduz a degradação no
rumem, havendo perda de fração de alto
valor nutricional nas fezes. Assim Demarchi
et al. (1995) recomendam que os sorgos com
altas percentagens de grãos sejam colhidos
entre os estádios de grão leitoso e pastoso;
sorgos com percentagens médias, entre os
estádios pastoso e farináceo; e sorgos com
baixa percentagem de grãos, nos estádios de
grão duro. Brito et al. (2000) e Rocha Jr. et
al. (2000), avaliaram sorgos de porte médio a
alto nos estádios de grãos leitoso a pastoso e
relataram proporções de panículas (8,5% a
28% na MS) inferiores aos obtidos neste
trabalho.
O sorgo BRS-610 foi avaliado por Ferreira
(2005) e Oliveira et al. (2005) no estádio de
grão leitoso a pastoso e observa-se
comportamento distinto entre as proporções
das frações da planta nos dois ensaios. Os
resultados obtidos por Oliveira et al. (2005)
para porcentagem de panícula (35,2%) e
colmo (42,3%) foram próximos aos descritos
nesse experimento. Já àqueles relatados por
Ferreira (2005) foram superiores quanto à
proporção de panículas (50,6% na MS) e
folhas (23,5% na MS) e inferiores quanto ao
colmo (25,9%). As diferenças obtidas quanto
às frações das plantas para um mesmo
híbrido nos diferentes experimentos podem
ser resultado do efeito conjunto de variáveis
como as condições edafoclimáticas presentes
em cada região durante a época de plantio e
o ano de cultivo, o nível de adubação, a
ocorrência de pragas e a intensidade
luminosa a que a planta foi submetida.
Planta inteira
Produção de matéria verde (PMV)
Com pode ser observado na tabela 2.4, a
produção de matéria verde (PMV) foi
semelhante e superior até E4 (pastoso), com
redução (p<0,05) nos cortes sucessivos, fato
justificado pelas alterações nos conteúdos de
matéria seca da planta inteira nos cortes
realizados em estádios mais avançados de
maturidade (Tab.3.1 cap. III). Contudo a
equação de regressão linear para produção de
matéria verde da planta (PMV da planta =
134,85 - 0,8426x R
2
= 0,93, em que x
corresponde à idade da planta ao corte)
revela reduções à taxa de 0,84% ao dia com
o avanço da maturidade da planta, o que
corresponde a 5,9 t.ha
-1
a cada semana de
avanço na idade de corte. As PMV da planta
reduziram em números absolutos de 54,6
t.ha
-1
(E1) para 16,1 t.ha
-1
(E8), mostrando
49
correlação alta e negativa com o estádio de
maturação da planta (r= -0,93 p<0,0001). As
PMV encontradas nesse ensaio estão de
acordo com as descritas pela literatura (Brito
et al., 2000, Molina et al., 2000, Rocha Jr et
al., 2000), para os sorgos de porte médio a
alto, variando de 24,0 a 51,0 t.ha
-1
.
Tabela 2.4. Produções de matéria verde (PMV t.ha
-1
), de matéria seca (PMS t.ha
-1
) e de matéria
seca digestível (PMSD t.ha
-1
) da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação
(E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)
Estádio de maturação da planta ao corte
Variável
E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
PMV 54,57 a
53,79 a 49,57 a 49,57 a 38,43 b 27,86 c 23,86 c 16,07 d 39,21
PMS 10,54 a 9,84 a 10,36 a 10,96 a 9,69 a 8,32 b 7,76 b 7,26 b 9,34
PMSD
6,52 a 5,87 a 6,10 a 6,23 a 5,65 a 4,85 b 4,65 b 4,34 b 5,53
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos
grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-
seco. Coeficiente de variação (CV).= (PMV= 12,1%; PMS= 2,46%; PMSD= 17,5%)
Produção de matéria seca (PMS)
As produções de matéria seca (PMS) foram
superiores e não diferiram entre si até E5,
estádio de grãos pastoso/farináceo. Contudo
entre E5 (9,69 t.ha
-1
) e E6 (8,32 t.ha
-1
) houve
redução (p<0,05) na PMS, não diferindo nos
cortes sucessivos. Os aumentos nos teores de
matéria seca da planta de 19,39% em E1 para
45,86% em E8 (capítulo III, Tab.3.1) não
foram suficientes para aumentar a PMS da
planta com a maturidade, observando o
efeito da PMV sobre a PMS (r= 0,77
p<0,001). As PMS encontradas neste ensaio
estão de acordo com a variação de 7,3 a
10,98 t.ha
-1
descrita por vários autores para
híbridos de porte médio a alto (Brito et al.,
2000, Neumann et al., 2002, Rodrigues Filho
et al., 2006, Silva et al., 2007). Oliveira et al.
(2005) avaliaram quatro híbridos de sorgo
forrageiro de porte médio a alto, (BRS-610,
CMSXS 762, BR 506 e BR700), com o corte
realizado entre o estádio de grão pastoso a
farináceo. O híbrido BRS-610 apresentou
PMV e PMS superior ao deste ensaio, com
valores de 63,90 t.ha
-1
e de 14,22 t.ha
-1
,
respectivamente. Essas diferenças podem
estar associadas a condições edafoclimáticas
associadas às regiões e ano que foram
conduzidos os experimentos, bem como a
maior população de plantas observada por
esses autores (186,6 x 155,2 mil plantas/ha).
Os resultados da literatura mostram a ampla
variabilidade nas PMS dos genótipos e
híbridos de sorgo pela influência de muitas
variáveis, como fertilidade de solo,
variabilidade genética, número de plantas/ha,
estádio de maturação dos grãos, condições
climáticas e de manejo, proporção de colmo,
folhas e panículas, altura das plantas dentre
outras. (Pereira et al., 1993, Costa et
al.,1995, Dermarchi et al., 1995, Valente,
1997, Silva et al., 1999, Brito et al., 2000).
As PMV e PMS de híbridos de sorgo tendem
a aumentar com o avançar da maturidade,
segundo Zago (1991), Corrêa (1996) e
Romero et al. (2000). Já Carvalho e Andrade
(1992) e Araújo (2002) não relataram
variações significativas na PMS com o
avançar da maturidade da planta. Os
resultados obtidos neste experimento para as
PMV e PMS discordam dos resultados
encontrados na literatura, ao indicar redução
desses parâmetros a partir de E5 (grãos
pastoso/farináceo). Isso, porém, pode estar
associado ao longo período experimental
deste ensaio. A extensão do período
experimental pode ter favorecido as reduções
nas PMV e PMS do híbrido por ocasião da
maior susceptibilidade ao acamamento, a
perdas de folhas, ao ataque de pássaros, a
50
quebra de panículas e as perdas de grãos com
o avançar do estádio de maturação da planta.
Produção de matéria seca digestível
(PMSD)
A produção de matéria seca digestível
(PMSD) é um parâmetro na avaliação do
potencial forrageiro de uma cultura e/ou
genótipos, já que agrega e inter-relaciona
produtividade e valor nutritivo. Porém,
apesar de existirem muitos trabalhos que
avaliaram a produtividade e os valores de
digestibilidade da planta de sorgo, poucos
são os pesquisadores que exploram este
parâmetro.
As PMSD (t.ha
-1
) e as PMS (t.ha
-1
) da planta
demonstraram comportamento semelhante
entre si, com correlação de 0,98 (p<0,0001).
A PMSD foi superior e semelhante entre si
nos cortes realizados entre E1 e E5 e
inferiores e semelhantes entre si entre E6 e
E8. Contudo a PMSD apresentou tendência
de redução a taxa de 0,04% ao dia com o
avanço da maturidade, o que representa
reduções de 0,3 t.ha
-1
a cada semana de
intervalo entre cortes, indicada pela equação
de regressão linear (PMSD da planta=
10,474 – 0,0436x R
2
= 0,86, em que x
corresponde a idade da planta). Fato
associado à redução da PMS, já que a
digestibilidade in vitro da MS não sofreu
alteração com a maturidade e não houve
correlação significativa entre esse parâmetro
(capítulo III, tab.3.3.4).
Ferreira (2005) avaliou seis híbridos de
sorgo, dentre eles o BRS-610, com o corte da
planta com o grão no estádio leitoso a
pastoso. Esse autor encontrou PMV, PMS e
PMSD que variaram de 38,67 a 56,48 t.ha
-1
,
10,30 a 18,14 t.ha
-1
e 5,83 a 10,76 t.ha
-1
,
respectivamente. As PMV do BRS-610
descritas por esse autor (54,76 t.ha
-1
) estão de
acordo com as encontradas no presente
estudo (53,79 a 49,57 t.ha
-1
). Por outro lado a
PMS (14,22 t.ha
-1
) e a PMSD (8,48 t.ha
-1
)
foram superiores, resultado que pode estar
associado ao maior teor de matéria seca
(25,83% x 20,33%-21,26% MS) encontrado
por esse autor, uma vez que os teores de
digestibilidade “in vitro” da MS foram
superiores neste ensaio (55,32% x 58,76%).
Observou-se correlação negativa (p< 0,001)
entre os estádio de maturação da planta e as
PMV(r= -0,93), as PMS (r= -0,59) e as
PMSD ( r= -0,62). Por outro lado, houve
correlação positiva (p< 0,001) entre as PMV
e o Stand (r= 0,50), a altura das plantas (r=
0,69) e a PMS (r= 0,77). Comportamento
semelhante foi descrito por Ferreira (2005)
que encontrou correlação (p< 0,05) de r=
0,45, r= 0,53 e r= 0,90 entre as PMS e o
stand, a altura das plantas e a PMV,
respectivamente. Esses resultados estão de
acordo com os de Zago (1991) e Corrêa
(1996), que afirmam que a produtividade de
matéria seca geralmente está correlacionada
com a altura da planta e essa a produção de
matéria verde.
Frações da planta (Colmo, folha e
panícula)
Produção de matéria verde (PMV) de
colmo, folha e panícula
As PMV da fração de colmo não diferiram
(p>0,05) até E4, mas ocorreu redução nos
cortes sucessivos. Porém, como pode ser
observado na tabela 2.5 as PMS do colmo
reduziram de 39,87 t.ha
-1
(E1) para 13,16
t.ha
-1
(E8), com reduções à taxa de 0,57% ao
dia com o avanço da maturidade. As PMV
das folhas sofreram alteração com o estádio
de maturação da planta, indicando reduções
significativas (9,76 t.ha
-1
para 0,56 t.ha
-1
) à
taxa de 0,19% ao dia com o avanço da idade
da planta. Já as PMV da fração
correspondente à panícula, como esperado,
apresentaram comportamento quadrático
com valores superiores e semelhantes entre si
nos cortes realizados com as plantas entre E3
e E4, sendo verificada redução (p<0,05) nos
cortes sucessivos até E7.
Gontijo Neto et al. (2004) avaliaram as PMV
de colmo, folha e panícula de quatro híbridos
51
de sorgo forrageiro colhidos no estádio de
grãos farináceo e constataram valores médios
de 44,0 t.ha
-1
, 20,29 t.ha
-1
e 35,65 t.ha
-1
,
respectivamente. Os valores encontrados por
esses autores foram superiores ao verificados
nesse experimento. Já Oliveira et al. (2005)
avaliaram as PMV de colmo, folha e
panícula da planta do sorgo BRS-610
colhidas com o grão no estádio pastoso.
Esses autores encontram PMV de colmo e de
folhas superiores (47,61 x 36,37 t.ha
-1
e 8,12
x 4,79 t.ha
-1
) e de panícula semelhantes (8,12
x 8,41 t.ha
-1
) as observadas neste
experimento. Os híbridos de sorgo
apresentam ampla variação nas
produtividades e composição das partes em
função das condições que são conduzidos os
ensaios, como fertilidade de solo, nível de
adubação, condições climáticas e de ano,
densidade de plantio, altura e estádio de
maturação. As PMV das frações de colmo,
folha e panícula ocorreram conforme as
seguintes equações de regressão:
PMV (t.ha
-1
) do colmo = 94,367 - 0,5716x
(R
2
= 0,93)
PMV (t.ha
-1
) das folhas= 25,401 - 0,1878x
(R
2
= 0,93)
PMV (t.ha
-1
) da panícula = -62,234 +
1,3069x - 0,0061x
2
(R
2
= 0,86)
Em que x = idade da planta.
Tabela 2.5. Produções de matéria verde (t.ha
-1
) das frações de colmo, folha e panícula das plantas
do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Colmo
1
39,87 a 39,21 a 36,32 a 36,37 a 29,79 b 21,82 c 19,40 c 13,16 d 29,49
Folha
2
9,76 a 7,70 b 4,91 c 4,79 c 2,49 d 1,41 e 1,05 e 0,56 f 4,08
Panícula
3
4,94 c 6,88 b 8,35 a 8,41 a 6,15 b 4,63 c 3,41 d 2,35 d 5,64
Médias seguidas de letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos
grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-
seco. Coeficiente de variação: 1=12,27%; 2= 22,6%; 3= 18,23%.
Produção de matéria seca (PMS) de colmo,
folha e panícula
As médias para PMS (t.ha
-1
) de colmo, folha
e panículas em oito estádios (E1, E2, E3, E4,
E4, E5, E6, E7 e E8) de maturação dos grãos
da planta estão na tabela 2.6. As PMS do
colmo foram superiores e semelhantes entre
si, nos cortes compreendidos entre E1 e E4, e
inferiores nos cortes posteriores.
As PMS das folhas reduziram de 2,84 t.ha
-1
para 0,44 t.ha
-1
no período compreendido
entre E1 e E8, o que corresponde a uma
redução de 85% na PMS com a maturidade
da planta. Fato provavelmente relacionado à
perda de folhas devido à queda espontânea
de folhas mortas e/ou perda de massa seca
com o avançar da maturidade da planta
(Pereira et al., 2003).
As panículas mostraram aumentos
significativos na PMS entre E2 e E4, com os
maiores valores obtidos entre E4 e E6,
período com valores semelhantes entre si.
Contudo, a partir daí, houve redução
(p<0,05) nos valores de PMS nos cortes
subseqüentes. Segundo Zago (1991) a
redução da PMS da panícula pode ser
resultado do ataque de pássaros e quebras de
panículas com a colheita.
Oliveira et al. (2005) e Ferreira (2005)
avaliaram o sorgo BRS-610 colhidos com a
planta no estádio de grãos leitoso a pastoso e
pastoso, respectivamente. As PMS de colmos
(6,69 t.ha
-1
) e de folhas (1,09 t.ha
-1
) citadas
pelos primeiros foram próximas às obtidas
neste experimento (5,34 t.ha
-1
e 1,65 t.ha
-1
).
Já Ferreira (2005) encontrou valores
inferiores para PMS de colmos (3,63 t.ha
-1
) e
52
superiores para PMS de folhas (3,34 t.ha
-1
).
No tocante as PMS das panículas esses
autores citaram valores de 7,19 t.ha
-1
e 5,08
t.ha
-1
, respectivamente, que são superiores as
2,92 t.ha
-1
e 3,98 t.ha
-1
encontradas nesse
experimento nos cortes das plantas com os
grãos no estádio leitoso/pastoso e pastoso,
respectivamente.
Tabela 2.6. Produções de matéria seca (t.ha
-1
) das frações de colmo, folha e panícula das plantas
do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Colmo
1
6,16 a 5,63 a 5,34 a 5,20 a 4,45 b 3,50 c 3,33 c 2,66 c 4,53
Folha
2
2,84 a 2,14 b 1,65 c 2,20 b 1,45 d 1,01 e 0,82 e 0,44 f 1,57
Panícula
3
1,47 c 1,79 c 2,92 b 3,98 a 3,82 a 3,42 a 2,70 b 1,88 c 2,75
Médias seguidas de letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos
grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-
seco. Coeficiente de variação, 1=13,96%; 2= 18,65%; 3= 23,64%.
A figura 2.2 mostra a representação gráfica
das linhas de tendência e as equações de
regressão para as PMS de colmo, folhas e
panícula em função das idades da planta. Foi
observado relações lineares negativas entre
as PMS para as frações de colmo e de folhas
com o avanço da idade da planta, as reduções
ocorreram à taxa de 0,07 e 0,04% ao dia,
respectivamente. Já para a fração
correspondente à panícula observou-se
relação quadrática, com acréscimos nas PMS
até E4 e E6, momento em que se observou o
maior valor para PMS; a partir daí, com o
avanço da idade da planta ocorreram
reduções nas PMS da panícula.
PMS da planta (t.ha
-1
) = -0,0021x
2
+ 0,4025x - 9,0354
R
2
= 0,87
PMS do colmo (t.ha
-1
) = -0,0718x + 12,688
R
2
= 0,97
PMS da panícula (t.ha
-1
) = -0,0037x
2
+ 0,8443x - 45,077
R
2
= 0,90
PMS da folha (t.ha
-1
) = -0,0444x + 6,6039
R
2
= 0,90
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
89 96 103 110 117 124 131 138
PMS da planta PMS do colmo PMS da pacula PMS da folha
PMS (t.ha
-1
)
Idade de corte das plantas em dias
Figura 2.2: Representação gráfica das linhas de tendências para as produções de matéria seca
(PMS) das frações de colmo, folha e panículas em função das idades de corte das plantas.
53
Segundo Zago (1992) as frações de folha e
panícula são as que apresentam melhor valor
nutritivo e digestibilidade total, de modo que
a redução da produção dessas frações por
área pode comprometer o rendimento de
materiais de melhor valor nutricional. Assim
a colheita do sorgo deve privilegiar os
estádios de maturação que demonstrem
maior PMS e PMSD por hectare.
Produção de matéria seca digestível
(PMSD)
De modo geral, as PMSD (t.ha
-1
) das frações
de colmo, folha e panícula foram reflexos de
suas respectivas PMS, pelas elevadas
correlações (r = 0,97, r = 0,99 e r = 0,98,
p<0,001 respectivamente) obtidas entre esses
paramêtros, mas as digestibilidades também
influenciaram nas frações de folha e panícula
(r = 0,91 e r= 0,69 p<0,001). Na tabela 2.7
estão as PMSD do colmo, folha e panícula
das plantas do sorgo BRS-610 colhidas em
oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,
E4, E5, E6, E7 e E8). As PMSD do colmo
podem ser agrupadas em três grupos; com a
maior PMSD ocorrendo em E1, valores
intermediários e semelhantes entre si entre
E2 e E5 e os valores inferiores nos cortes
sucessivos. Contudo a equação linear de
regressão para PMSD de colmo (PMSD do
colmo= 7,7582 – 0,0444x R
2
= 0,94, em que
x corresponde a idade da planta), indica
decréscimos de 0,04% ao dia com o avanço
da maturidade da planta.
Quanto as PMSD das folhas houve redução
de 1,82 para 0,17 t.ha
-1
com o avanço da
maturidade da planta. Contudo reduções
significativas ocorreram até E4, não
diferindo nos cortes sucessivos. Os
decréscimos ocorreram linearmente, à taxa
de 0,03%, com a idade da planta (PMSD de
folhas = 4,4044- 0,0312x R
2
= 0,90, em que
x= idade da planta) As reduções nas PMSD
da folha foram resultados da redução tanto
na PMS quanto na digestibilidade das folhas
com a maturidade, mostrando, ainda, com
elevada correlação (r = - 0,88 p<0,001) com
o estádio de maturação. A menor
digestibilidade das folhas está associada a
processos de lignificação e formação de
ligações entre a lignina e as hemiceluloses
das folhas com a maturidade (Araújo, 2006).
Tabela 2.7. Produções de matéria seca digestível (PMSD t.ha
-1
) das frações de colmo, folha e
panícula da planta do sorgo BRS-610 colhidas em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E4,
E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Colmo
1
4,01 a 3,31 b 2,87 b 3,14 b 2,71 b 2,14 c 1,95 c 1,63 c 2,72
Folha
2
1,82 a 1,32 b 0,88 c 1,22 b 0,75 c 0,47 d 0,31 d 0,17 d 0,87
Panícula
3
0,71 c 1,09 c 2,11 b 2,92 a 2,76 a 2,54 a 1,99 b 1,34 c 1,93
Médias seguidas de letras distintas na linha diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Estádios de maturação dos
grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8-
seco. Coeficiente de variação, 1=13,97%; 2= 18,57%; 3= 25,00%.
As PMSD da panícula variaram de 0,71 a
2,76 t.ha
-1
, mostrando comportamento
quadrático em função da maturidade da
planta (PMSD da panicula= -38,206 +
0,7039x – 0,003x
2
R
2
= 0,93, em que x=
idade de corte da planta). Assim, no primeiro
momento o avanço da idade da planta
proporcionou acréscimos nas PMSD da
panícula, com os valores superiores obtidos
entre E4 e E6 e num segundo momento o
avanço na idade de corte da planta resultou
em reduções (p<0,05) nos cortes sucessivos.
54
Fato que podem estar associadas a perdas de
grãos por ataque de pássaros ou quebra de
panículas (Zago, 1991), pois a
digestibilidade da fração não variou nesse
período.
O ponto de ensilagem poderia ser
determinado com a definição dos estádios de
maturação que associassem máxima
porcentagem de panícula, máxima produção
de matéria seca (PMS) por área e um teor de
MS do material adequado ao processo de
ensilagem (Corrêa, 1996; Araújo, 2002). O
híbrido de sorgo BRS-610 apresentou
aumentos na proporção de panícula até E5
não diferindo nos cortes sucessivos e as
maiores PMS e PMSD foram observadas até
E5. Já os teores de MS elevaram com a
maturidade, atingindo com valores de 25 a
35% MS entre os estádios E5 e E7.
4. CONCLUSÃO
O sorgo BRS-610 mostra-se como boa opção
de volumoso para ensilagem pela boa
produtividade e bom equilíbrio entre as
frações da planta. O corte deve ocorrer em
E5, estádio de grão pastoso/ farináceo.
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57
CAPÍTULO III: VALOR NUTRITIVO DA PLANTA INTEIRA, COLMO, FOLHA
E PANÍCULA DO SORGO BRS-610 EM OITO ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO.
RESUMO: Avaliou-se o valor nutricional das plantas, colmos, folhas e panículas do sorgo BRS-
610 colhido em oito estádios de maturação (enchimento-E1, leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3,
pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7, seco-E8). O delineamento utilizado foi
inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento, e as médias foram comparadas
pelo teste Scott-knott (p<0,05) e realizou-se o estudo de regressão pelo pacote estatístico SAEG
9.1(2007). O estádio de maturação alterou a composição química da planta e suas frações. Houve
comportamento distinto das frações da planta com a maturidade. Os teores de matéria seca
aumentaram com a maturidade da planta, já os teores de proteína bruta frações fibrosas e
digestibilidade mostraram comportamentos variáveis com relação às frações da planta. As folhas e
panículas foram às frações com maiores alterações na composição química com a maturidade de
corte da planta. A planta apresentou melhor valor nutritivo entre E4 e E6. Já as partes da planta
comportaram de forma diferente quanto às mudanças nos valores nutricionais entre os estádios de
maturação da planta, sendo as folhas e as panículas as mais variáveis.
Palavras chaves: digestibilidade, estádios de maturação, frações fibrosas, qualidade.
NUTRITIONAL VALUE OF THE WHOLE PLANT, STEAM, LEAF AND PANICLE OF
SORGHUM BRS-610 IN EIGHT STAGES OF MATURATION
ABSTRACT: The nutritional value of the plant, steam, leaf and panicle of sorghum BRS-610
harvested to the eight stages the maturation (early grain fill-E1, milky-E2, milky/soft dough-E3,
soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-E6, hard dough-E7, dry-E8 ) was evaluated. It was
used a complete randomized design, with four repetitions for treatment, and the means had been
compared by the test Scott-knott (p<0.05) and had were accomplished the regression study by
program statistician SAEG 9.1 (2007). The stage de maturation modified the chemical composition
of the plant and their fractions. It had distinct behavior the fractions of the plant with the maturity.
The contents of dry matter had increased with the maturity of the plant, already the crude protein
contents, fibrous fractions and digestibility had shown changeable behaviors with regard to
fraction of the plant. The leaves and panicles had been to the fractions with bigger alterations in
the chemical composition with the maturity of cut of the plant. The plant better presented
nutritional value between E4 and E6. Already the parts of the plant had behaviored of different
form as much as to the changes in the nutritional values between the stages maturation of the plant,
being most changeable leaves and panicles.
Key words: digestibility, fibrous fractios, maturity stadium, quality.
58
1. INTRODUÇÃO
O Sorgo é uma das opções para produção de
forragem suplementar de alta qualidade para
suplementação na forma de silagem durante
o período seco do ano. No Brasil o sorgo se
destaca principalmente em condições
marginais de cultivo pela alta produtividade
e valor nutricional (Zago, 1991, Alvarenga,
1994, Resende, 2001). Dentre os cultivares
de sorgo o híbrido BRS-610 destaca-se pela
resistência a doenças como Antracnose,
ferrugem e Helmintosporiose. Observa-se
ainda, boa resistência ao acamamento o que
favorece a colheita mecanizada, com
mínimas perdas a campo e resistência à
acidez do solo (Rodrigues et al., 2004).
A proporção e composição química do
colmo, folhas e panícula variam
consideravelmente de acordo com o estádio
de maturação (Goto et al, 1991, Corrêa,
1996, Snyman e Joubert, 1996, Molina,
2000). Os teores de matéria seca (MS),
proteína bruta (PB) e constituintes da parede
celular da planta são fatores importantes na
qualidade nutricional, digestibilidades e
consumo das silagens (Carvalho et al., 1992,
Borges et al. 1997, Rodriguez et al. 1999).
Os teores de matéria seca da planta de sorgo
são influenciados pelo estádio de maturação
da planta, principalmente pela elevação dos
teores de matéria seca das folhas e panículas
(Zago, 1991, Araújo, 2002). A panícula
apresenta os melhores coeficientes de
digestibilidade total (Zago, 1991, Neumann
et al.2002) e o aumento de sua participação
na planta eleva a digestibilidade da planta e
conseqüentemente da silagem produzida
(Hart, 1990, Silva et al., 1999b, Restle et al.,
2002, Cabral et al., 2003).
Os componentes da parede celular da planta
(fibra insolúvel em detergente neutro (FDN),
fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) e
Lignina) influenciam no consumo e nos
coeficientes de digestibilidade da matéria
seca (Van Soest, 1994). Na planta de sorgo
pode ocorrer redução dos componentes da
parede celular com a maturidade, devido a
maior participação da panícula, local de
acúmulo de reservas, na forma de amido
(Meeske et al., 1993). Molina et al. (2000) e
Araújo (2002) sugerem que os aumentos da
participação da panícula e diluição das
frações de colmo e folhas foram
determinantes para manutenção dos teores de
FDN da planta de sorgo com o avanço da
maturidade.
O objetivo deste experimento foi avaliar o
valor nutricional do sorgo BRS-610 e suas
frações de colmo, folha e panícula em oito
estádios de maturação, por meio da
composição química (MS, PB, FDN, FDA,
lignina) e digestibilidade in vitro da MS.
2. MATERIAL E MÉTODOS
As amostras foram obtidas como descrito no
material e métodos do capítulo II.
Determinou-se os teores de matéria seca em
estufa a 105°C e proteína bruta, método
kjeldhal, segundo AOAC (2000). As frações
fibrosas foram determinadas pelo método
seqüencial de Van Soest et al. (1991), com 2
mililitro de amilase termo-resistente no
aparelho Fiber analyzer ANKOM
220
,
utilizando o saquinho F-57 ANKOM
®
e a
digestibilidade in vitro da matéria seca
(DIVMS), foi realizada segundo
procedimento de dois estágios descrito por
Tilley e Terry (1963), adaptado por Holden
(1999) para utilização do simulador de
rumem Daisy
II
ANKOM
®
. Na determinação
da DIVMS o inoculo foi obtido de um
bovino adulto, castrado, de raça européia,
fistulado, mantido em dieta composta de
feno de Tyfton 85, ad libitum e 3 kg de
concentrado comercial 20% de PB ao dia,
dividida em duas suplementações às 8:00 e
17:00 horas. A coleta do liquido ruminal foi
realizada antes da alimentação e armazenado
em garrafas térmicas por curto período de
tempo. No laboratório de Nutrição Animal
da Escola de Veterinária da UFMG o líqüido
ruminal foi filtrado e mantido em banho-
59
maria a 39ºC, sob injeção contínua de CO
2,
na superfície.
O delineamento estatístico foi inteiramente
casualizado com quatro repetições
(canteiros) por corte.
Descrito pelo modelo estatístico:
Y
ij
= µ+ Τ
i
+ €
ij
em que,
Y
ij
= observação da variável resposta no
estádio de maturação “i”
µ = média geral
Τ
i
= efeito do estádio de maturação da planta
ao corte; i = E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8
ij
= erro aleatório no estádio de maturação
“i”; €
ij
N (0, 1)
Os dados obtidos foram submetidos á análise
de variância e determinou-se as correlações
de Pearson para as variáveis analisadas. As
comparações das médias foram realizadas
pelo teste de agrupamentos de Scott-Knott,
em nível de 5% de probabilidade e
determinou-se as equações de regressão para
as variáveis analisadas em função das idades
de corte pelo pacote estatístico SAEG 9.1
2007.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Teores de matéria seca (MS)
Planta inteira
Os teores de matéria seca (MS) das plantas
inteiras, dos colmos, das folhas e das
panículas em oito estádios de maturação (E1,
E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8) estão na tabela
3.1. Os teores de MS da planta variaram de
19,39% a 45,86% entre E1 e E8. Os valores
de MS da planta foram semelhantes (p>0,05)
até E5. Porém nos cortes sucessivos
observou-se acréscimos à taxa de 0,92% ao
dia nos teores de MS da planta, com o
avançar da idade da planta no período entre
E5 e E8 (%MS da planta = 0,9224x - 84,218,
R
2
= 0,89, em que x= idade de corte, entre
E5 e E8). Neste ensaio, os cortes das plantas
entre E5 e E8 apresentaram teores de MS
(25,26 a 32,60% de MS) próximos (25-35%)
aos recomendados na literatura (Van Soest,
1994; Borges et al., 1997; Pesce et al., 2000)
para garantir uma boa conservação da
silagem.
Tabela 3.1: Teores de matéria seca (%) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo
BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
19,39 c 18,36 c 20,33 c 21,26 c 25,26 c 29,84 b 32,6 b 45,86 a 26,61
Colmo
2
15,44 c 14,4 c 14,73 c 14,29 c 14,97 c 15,96 b 17,24 b 20,44 a 15,93
Folha
3
29,23 e 27,9 e 34,76 e 46,55 d 58,53 c 71,36 b 78,68 a 79,12 a 53,27
Panícula
4
29,88 d 26,00 d 34,66 d 47,81 c 62,31 b 73,7 a 79,2 a 79,84 a 54,17
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1=14,5%, 2= 7,8%, 3= 8,1% e 4= 10,3%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
De modo semelhante, Araújo (2002) avaliou
o comportamento de três híbridos de sorgo
entre o estádio de grão leitoso a duro Os
teores de MS encontrados variaram de
28,83% a 53,36%, com médias de 39,16%,
36,71% e 41,73% para o BR700, BR701 e
Massa-3, respectivamente. Os maiores
valores obtidos por esse autor estão
60
relacionados a maior proporção da fração de
panícula (38,6% a 43,66%) e menor
percentagem de colmo (33,53% a 39,84%),
que também justifica em parte a elevação
mais precoce dos teores de MS da planta
quando comparado ao comportamento do
BRS-610 neste ensaio. Segundo Zago (1991)
e Pereira et al (1993), o teor de MS eleva-se
mais rapidamente em híbridos de sorgo de
portes médios ou baixo, pela elevação
precoce da participação da panícula na
planta. Já Rodrigues Filho et al. (2006) e
Ibrahim (2007) avaliaram o sorgo BRS-610
colhido no estádio de grãos pastoso. Esses
autores citam valores de MS superiores
(27,71% e 25,83%) aos 20,33% encontrados
neste experimento. Esses resultados mostram
os efeitos das variações de ano, condições
climáticas, área e época de plantio sobre os
teores de MS das plantas de sorgo.
Frações da planta (Colmo, Folha e
Panícula)
No tocante as frações de colmos, folhas e
panículas observou-se variações nos teores
de matéria seca entre elas, contudo todas
aumentaram os teores de MS com o avanço
do estádio de maturação da planta (tabela
3.1). Os teores de MS do colmo foram
semelhantes e inferiores até E5, porém nos
cortes sucessivos houve aumentos
significativos no teor de MS do colmo de
14,97% para 20,44%, mostrando acréscimos
de 0,26% ao dia no período entre E5 e E8 (%
MS do colmo = 0,2528x - 15,074 R
2
= 0,92,
em que x= idade da planta, entre E5 e E8).
Já os valores de MS das folhas foram
semelhantes até E3 e os aumentos
significativos ocorreram entre E3 e E7, com
tendência de estabilização para o corte em
E8. Os teores de MS das folhas variaram de
29,33% a 79,12% entre E1 e E8, com
acréscimos à taxa de 1,23% ao dia, segundo
a equação linear de regressão,%MS das
folhas = 1,2328x – 86,654 R
2
= 0,95, em que
x= idade da planta entre E1 e E8).
De modo semelhante às folhas, as frações de
panículas também mostraram aumentos mais
precocemente que a fração de colmo com o
avançar do estádio de maturação da planta.
Os teores de MS da panícula variaram de
26,88 a 79,84%, em E1 e E8. Observaram-se
acréscimos de 1,27% ao dia à medida que
aumentou a idade de corte da planta. (% MS
da panícula = 1,2709x - 90,078 R
2
= 0,94,
em que x= idade da planta, entre E1 e E8).
Contudo os aumentos significativos
concentraram entre E4 e E6, de modo que os
valores de MS da panícula até E3 foram
semelhantes entre si e inferiores em relação
aos cortes posteriores. Os teores de MS da
panícula tenderam a estabilizar a partir de
E6, não diferindo nos cortes sucessivos.
Os teores de MS da planta apresentaram
correlações positivas (p<0,001) com a
porcentagem e os teores de MS das panículas
(r=0,55 e r=0,77) e com os teores de MS das
folhas (r=0,82). Fato que associado as
maiores taxas de acumulo de matéria seca
das folhas (1,23%) e panículas (1,27%) em
relação aos colmos (0,26%) indicam a
importância das frações de panícula e folhas
na elevação da MS da planta com o avanço
da maturidade da planta. De modo geral, o
teor médio de MS do colmo (15,93%)
correspondeu a 29,41% do teor médio de MS
da panícula. Das frações da planta o colmo é
a que menos contribui para elevação do teor
de MS da planta e ainda, exerce resistência à
elevação da MS da planta, proporcionada
pela panícula e em menor grau pelas folhas.
Isso ocorre devido ao menor teor de MS e
pela maior participação do colmo na planta
em todos os estádios de maturação. Vários
trabalhos ressaltam a importância da
panícula na elevação dos teores de MS da
planta (Zago,1992; Nogueira, 1995; Corrêa,
1996; Araújo, 2002).
Os teores médios de MS obtidos para as
frações de panícula (68,00%) e folha
(64,95%), entre E5 e E6, foram superiores as
médias descritas por Neumann et al. (2002),
Pedreira et al. (2003) e Gontijo Neto et al.
(2004), de 49,99%, 56,67% e 52,86% para
61
panícula e de 30,01%, 42,31% e 29,71% para
folhas, respectivamente, em estádios
semelhantes de maturação dos grãos
(pastoso/farináceo a farináceo). Por outro
lado, os teores de MS do colmo (15,0% a
16,0%) foram inferiores aos obtidos por
esses autores (28,46%, 27,46% e 20,66%,
respectivamente). Silva et al. (1999a)
afirmam que os teores de MS dos
componentes da planta são variáveis
conforme a interação genótipo/ambiente,
atuando sobre o acúmulo de MS da planta.
3.2 Teores de proteína bruta (PB)
Planta inteira
Os valores de proteína bruta nas plantas de
sorgo mostram ampla variação em função
das diferenças quanto às proporções de
panícula e folhas na planta, níveis de
adubação, idade da planta ao corte dentre
outros. Na tabela 3.2 são observados os
valores de proteína bruta (PB) da planta, do
colmo, da folha e da panícula do sorgo BRS-
610 em oito estádios de maturação (E1, E2,
E3, E4, E5, E6, E7 e E8).
Os teores de PB da planta mostraram
decréscimos lineares de 0,05% para cada dia
de avanço na idade da planta (%PB da
planta= -0,0499x + 12,714 R
2
= 0,95, em que
x= idade da planta), reduzindo de 8,25% em
E1 para 5,69% em E8, o que representa um
decréscimo de 31% no teor de PB com o
avanço do estádio de maturação da planta.
Contudo entre E4 e E6 os teores de PB
mostraram-se semelhantes (p>0,05).
Tabela 3.2: Teores de proteína bruta (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do
sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
8,25 a 8,16 a 7,37 b 7,10 c 6,74 c 6,84 c 6,27 d 5,69 e 7,05
Colmo
2
4,87 a 4,44 a 3,28 b 3,63 b 3,41 b 3,11 b 3,52 b 2,88 b 3,64
Folha
3
14,65 a 12,76 b 11,76 b 12,13 b 10,35 c 9,54 c 8,79 d 8,80 d 11,10
Panícula
4
9,33 b 9,61 b 8,78 b 10,14 a 10,95 a 10,31 a 10,28 a 9,70 a 9,89
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1=4,92%, 2= 11,83%, 3= 6,90% e 4= 6,70%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Esse comportamento foi observado por
Corrêa (1996) que aponta reduções, na
ordem de 43%, nos teores de PB com a
maturidade da planta, reduzindo de 10,1%
para 5,8%. Por outro lado Araújo (2002)
indica poucas variações nos teores de PB
com a maturidade da planta de sorgo. Os
valores médios de PB encontrados neste
estudo foram inferiores aos valores citados
por Gonçalves et al. (1999), mas superiores
aos descritos por Brito et al. (2000),
Neumann et al. (2004) e Noguera et al.
(2005). Segundo Church (1988) as dietas
para ruminantes devem apresentar pelo
menos de 7% de PB para fornecer nitrogênio
suficiente para o desenvolvimento normal
das bactérias ruminais, permitindo uma
fermentação eficiente. Valores superiores ao
recomendado por esse autor foram obtidos
até E4, entretanto para os cortes realizados
em estádios mais avançados seria necessário
suplementação protéica para suprir as
necessidades de nitrogênio no rumem.
Frações da planta
Os teores de proteína bruta (PB) das frações
de colmo, folhas e panícula variaram entre os
estádios de maturação da planta (tabela 3.2.).
O colmo foi à fração com menores alterações
62
nos valores de PB com o avanço do estádio
de maturação da planta. Esses variaram de
2,88% a 4,87%, e os valores superiores
foram encontrados na planta mais jovem,
mostrado redução (p<0,05) entre E2 e E3, e
sem alteração (p<0,05) nos cortes sucessivos.
O colmo foi a fração com menor teor de PB,
o que pode justificar em parte a menor
variação nos conteúdos desse parâmetro com
a maturidade da planta.
As folhas apresentaram os maiores valores
de PB em comparação com as outras partes
da planta, variando de 8,8% a 14,6% entre os
cortes. Reduções (p<0,05) foram observadas
desde o primeiro corte, entre E1 e E2. Já
entre E2 e E4 os valores mostraram-se
semelhantes entre si, porém nova redução
ocorreu entre E4 e E5 com tendência de
estabilização para os dois últimos estádios
(E7 e E8). Apesar de ocorrer intervalos de
estádios de maturação com valores de PB
semelhantes estatisticamente, a equação de
regressão mostra reduções lineares nos teores
de PB da folha com o avanço da idade da
planta, indicando decréscimos de 0,05% a
cada dia de avanço na idade da planta (%PB
da folha = -0,0499x + 12,714 R
2
= 0,95, em
que x= idade da planta entre E1 e E8).
A panícula como esperado aumentou os
teores de PB com a maturidade da planta,
variando de 8,78% a 10,95%, porém isso
ocorreu tardiamente quando os grãos já se
encontravam no estádio pastoso. O
acréscimo no teor de PB da panícula apesar
de significativo foi pequeno, (10%), quando
comparado à redução de 40% nos teores de
PB das folhas.
Os maiores teores de PB foram observados
para as folhas, seguidas pela panícula e por
último o colmo, resultados que se encontram
de acordo com os resultados obtidos por
Bruno et al. (1992). Já Neumann et al. (2002)
encontraram maiores porcentagens de PB
para as frações de panícula (7,62%), seguida
pelas folhas (5,45%) e colmo (1,96%). No
entanto esses resultados foram inferiores aos
obtidos nesse experimento, entre E5 e E7,
que corresponde aos mesmos estádios de
maturação avaliados por esse autor. Nesse
estudo os decréscimos nos teores de PB das
folhas e do colmo (r= 0,86 e r= 69 p<0,001)
resultaram na redução da porcentagem de PB
da planta com a maturidade. Carvalho et al
(1992) encontraram reduções nos teores de
PB do colmo de 1,62%, no estádio de grão
leitoso, para 0,64% e 0,85% nos estádios de
grãos farináceos e duros respectivamente. Já
para as folhas esses autores encontraram
reduções nos conteúdos de PB de 9,97% para
5,83% e 4,96% para os mesmos estádios
mencionados acima, respectivamente.
3.3 Frações fibrosas
A determinação das frações fibrosas é
importante na caracterização do valor
nutritivo da forragem, pois os conteúdos de
fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)
relacionam-se às reduções de consumo,
enquanto as frações de fibra insolúvel em
detergente ácido (FDA) e lignina são
associadas às reduções na digestibilidade das
forrageiras.
3.3.1 Fibra insolúvel em detergente neutro
Na planta, os teores de fibra insolúvel em
detergente neutro (FDN) variaram de 59,49%
a 68,24% como pode ser observado na tabela
3.3.1. Esses foram superiores até E3 e
inferiores entre E4 e E7, não diferindo dentro
desses intervalos. Contudo em E8 houve
aumento nos valores de FDN. A equação de
regressão mostra comportamento quadrático
para os valores de FDN da planta com
valores inferiores ocorrendo em E6 (%FDN
da planta= 0,0077x
2
– 1,8595x + 173,83 R
2
=
0,79, em que x= idade da planta, entre E1 e
E8) . O aumento nos teores de FDN em E8
está relacionado à redução da proporção de
panícula na planta (tabela 2.2 capitulo II)
nesse estádio, além disso, acrescenta-se o
aumento nos teores de FDN na panícula para
esse estádio. Isso pode ser resultado da
redução de grãos na panícula, seja por ataque
de pássaros, seja por perda durante a
63
colheita. Snyman e Juoubert (1996), Tonani
et al. (2001) e Noguera et al. (2005) não
observaram alterações nos teores de FDN
com o avanço do estádio de maturação de
grãos leitosos a farináceo em vários híbridos
de sorgo avaliados, mostrando valores
médios de 66,2%, 60,6% e 75,7%,
respectivamente. Com exceção do ultimo
autor, os valores obtidos por eles estão de
acordo com os resultados deste experimento.
As variações nas porcentagens das partes
constituintes da planta são os principais
responsáveis pela variação nos teores das
frações fibrosas entre os genótipos e híbridos
de sorgo. Ibrahim (2007) e Rodrigues Filho
et al. (2006) encontraram teores de FDN de
56,22% (leitoso/pastoso) e 50,28% (grão
pastoso/farináceo), respectivamente para o
híbrido BRS-610, sendo esses inferiores aos
correspondentes neste ensaio, 65,85% (E3) e
59,49% (E5). Esses resultados confirmam a
redução nos teores de FDN para esse híbrido
com o avanço da maturidade da planta e as
diferenças entre os resultados desses autores
e do presente estudo, podem ser atribuídos às
diferenças nas condições edafoclimáticas
entre locais e ano de cultivo.
Tabela 3.3.1: Teores médios de fibra insolúvel em detergente neutro (% na MS) da planta, do
colmo, das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,
E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
68,24 a 67,38 a 65,85 a 62,86 b 61,93 b 59,49 b 63,43 b 65,01 a 64,27
Colmo
2
67,39 d 71,05 c 80,47 b 80,92 b 83,2 a 83,88 a 84,38 a 82,35 a 79,2
Folha
3
63,14 c 66,99 b 66,96 b 68,77 b 72,09 a 69,57 b 73,23 a 73,23 a 69,25
Panícula
4
74,81 a 54,91 b 39,21 c 31,93 d 28,27 d 28,57 d 33,24 d 35,26 c 40,77
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1=3,66%, 2= 1,83%, 3= 4,04% e 4= 10,63%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
O comportamento da FDN diferiu entre as
partes da planta, com o colmo apresentando
os maiores percentuais, seguidos pela folha e
como esperado a panícula com os menores
valores, como pode ser observado na tabela
3.3.1 acima. Os teores de FDN do colmo
foram inferiores e semelhantes entre si até
E4, porém a partir de E5 houve um aumento
nesses valores com tendência de
estabilização para os cortes sucessivos. Os
valores variaram de 67,39% a 84,38% e
mostraram um comportamento quadrático,
segundo a equação de regressão: %FDN do
colmo= - 0,0134x
2
+ 3,3478x – 125,09 R
2
=
0,96, em que x= idade da planta entre E1 e
E8. As folhas mostraram valores de FDN de
63,14% a 73,23% e a equação de regressão
(%FDN da folha= 0,1922x + 47,435 R
2
=
0,87, em que x= idade da planta entre E1 e
E8) indicou acréscimos lineares de 0,19% a
cada dia de avanço na idade da planta,
mesmo com a tendência de estabilização dos
valores a partir de E5. Já as panículas
apresentaram valores de FDN de 28,27%
(E5) a 74,81% (E1), com reduções até E5.
Valores inferiores e semelhantes entre si
foram observados entre E5 e E7. No entanto
em E8 houve aumento desse parâmetro para
a panícula, cuja explicação já foi comentada
anteriormente para a planta. Diante desses
resultados a panícula também mostrou
comportamento quadrático para os teores de
FDN ditados pela equação: %FDN da
panícula = 0,043x
2
– 10,484x + 665,3 R
2
=
0,98, em que x= idade da planta entre E1 e
E8. Pedreira et al. (2003) avaliando oito
64
híbridos de sorgo forrageiros colhidos no
estádio de grãos farináceo encontraram
teores de FDN de 59,06% para o colmo, de
71,72% para as folhas e de 52,51% para as
panículas. Os valores citados por esse autor
para o colmo foram inferiores aos 83,88%
(E6) encontrados neste ensaio, já para as
folhas e panículas os valores foram
superiores aos 69,57% e 28,57%,
respectivamente. Contudo a interação das
partes resultou em valores de FDN na planta
proximos entre os dois ensaios (60,82% x
63,43%).
3.3.2 Fibra insolúvel em detergente ácido
(FDA)
Na tabela 3.3.2 são observados os valores de
fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) da
planta, colmo, folha e panícula do sorgo
BRS-610 em oito estádios de maturação (E1,
E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8). Os teores de
FDA para a planta mostraram
comportamento quadrático com o avanço do
estádio de maturação da planta, apresentando
valores inferiores entre E4 e E6. Os valores
variaram de 34,26% (E6) a 39,01% (E8). Já
o colmo e as folhas apresentaram aumentos
na FDA até E5, com tendência de
estabilização nos estádios de maturação
posteriores, variando de 39,65% (E1) a
53,10% (E6) para o colmo e de 31,75% (E1)
a 39,65% (E8) para as folhas. A panícula, de
modo contrário e esperado, reduziu seus
teores de FDA com o aumento da maturidade
até E4, sem alteração nos valores para os
cortes subseqüentes.
Tabela 3.3.2: Teores médios de fibra insolúvel em detergente ácido (% na MS) da planta, do
colmo, das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4,
E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
37,41 a 37,3 a 36,6 a 35,51 b 35,25 b 34,26 b 36,95 a 39,01 a 36,54
Colmo
2
39,95 d 42,57 c 50,57 b 49,69 b 52,87 a 53,10 a 52,74 a 51,51 a 49,12
Folha
3
31,75 c 35,48 b 34,98 b 35,82 b 37,78 a 38,78 a 39,51 a 39,65 a 36,72
Panícula
4
35,90 a 25,01 b 18,52 c 13,59 d 11,69 d 10,96 d 12,98 d 14,49 d 17,89
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1=4,62%, 2= 2,36%, 3= 4,68% e 4= 13,35%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Segundo Snyman e Joubert (1996), Tonani et
al. (2001) e Noguera et al. (2005) os teores
de FDA na planta não foram influenciados
pelo avanço do estádio de maturação da
planta. Esses autores encontraram teores
médios de 39,3%, 37,44% e 39,18%,
respectivamente, estando próximos aos
resultados encontrados neste estudo. Nesses
trabalhos as frações de colmo, folha e
panícula interagiram de maneira a manter
constantes os valores dos constituintes da
parede celular da planta. Contudo no
presente estudo a redução nos teores de FDA
da panícula conseguiu até certo ponto
superar os aumentos ocorridos no colmo e na
folha. O aumento na proporção de panícula
na planta com o avanço da maturidade foi
determinante nesse efeito, pois os teores de
FDA dessa fração passaram a ter maior
influência na planta. O sorgo BRS-610
avaliado por Ibrahim (2007) no estádio de
grãos leitoso apresentou valor inferior ao
encontrado neste estudo (28,80% x 36,60%),
já Rodrigues Filho et al. (2006) citam valor
superior (41,48% x 35,25%), avaliando o
híbrido no estádio de grãos
pastoso/farináceo. Isso ocorreu pelas mesmas
razões comentadas para a FDN. Pedreira et
65
al. (2003) relataram valores de FDA da
planta próximos aos encontrados neste
experimento (34,26% em E6), apesar de
citarem valores inferiores para o colmo e
superiores para a panícula. Isso confirma o
fato de que a composição química da planta é
resultado da interação entre composição
química das frações e suas respectivas
participações na planta (Neumann et al.,
2002). Os teores de FDA da planta, colmo,
folha e panícula neste experimento
mostraram comportamento quadrático
ditados pelas equações de regressão abaixo:
%FDA da planta = 0,0052x
2
- 1,1787x +
101,87 R
2
= 0,71
%FDA do colmo = - 0,0107x
2
+ 2,6762x -
113,75 R
2
= 0,94
%FDA das folhas = - 0,0018x
2
+ 0,5506x -
2,6491 R
2
= 0,93
%FDA da panícula = 0,0214x
2
- 5,2485x +
332,89 R
2
= 0,99
em que x= idade da planta entre E1 e E8.
3.3.3 Celulose (CEL)
Na tabela 3.3.3 são observados os valores de
celulose da planta, colmo, folha e panícula
do sorgo BRS-610 em oito estádios de
maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).
Os valores de celulose foram obtidos pela
diferença entre as frações de FDA e lignina e
cinzas insolúveis. O teor de celulose da
planta não alterou com o avanço do estádio
de maturação da planta e variou de 28,08% a
34,32%. Esse comportamento foi resultante
do efeito diluidor da panícula sobre a fração
de colmo, pois a redução nos teores de
celulose na fração de panícula com o avanço
da maturidade da planta compensou o
aumento desse componente na fração de
colmo no mesmo período. Já as folhas
apresentaram teores de celulose constantes
entre E1 e E8. Os teores de celulose do
colmo variaram de 35,41% a 46,42% e
mostraram aumentos significativos até E5
com estabilização a partir desse estádio de
maturação. Já as folhas mostraram reduções
(p<0,05) nos teores de celulose até E4, não
alterando nos estádios sucessivos. Araújo
(2002) avaliou três híbridos de sorgo de
duplo propósito (BR700, BR701 e Massa-3)
em cinco estádios de maturação da planta
(grãos leitoso a duro). Esse pesquisador não
encontrou alteração nos teores de celulose
com o avanço do estádio de maturação da
planta.
Tabela 3.3.3: Teores de celulose (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo
BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
32,44 29,15 31,55 28,08 30,32 29,23 31,63 34,32 30,84
Colmo
2
35,41 c 36,76 c 44,00 b 43,18 b 46,42 a 45,75 a 45,56 a 44,23 a 42,68
Folha
3
26,84 30,13 29,39 29,20 31,78 29,91 27,70 31,35 29,54
Panícula
4
28,54 a 20,40 b 14,62 c 10,87 d 9,13 d 8,43 d 9,61 d 10,11 d 13,96
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1= 9,90%; 2= 3,58%; 3= 14,,45%; 4= 15,83%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Os teores de celulose colmo e panícula neste
experimento mostraram comportamento
quadrático ditados pelas equações de
regressão abaixo:
% celulose do colmo = -0,0093x
2
+ 2,3122x -
97,236 R
2
= 0,91
% celulose da folha = 29, 54
% celulose da panícula = 0,016x
2
- 3,9711x +
254,83 R
2
= 0,99
66
em que x= idade da planta entre E1 e E8.
3.3.4 Hemiceluloses (HEM)
Na tabela 3.3.4 são observados os valores de
hemiceluloses da planta, colmo, folha e
panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios
de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e
E8). Os valores de hemiceluloses foram
obtidos pela diferença entre as frações FDN
e FDA. Na planta houve redução nos valores
de hemiceluloses entre E4 e E5 não alterando
nos cortes posteriores. Esses valores
variaram de 25,23% a 30,82%. Os teores de
hemiceluloses das folhas não alteram ao
longo do estádio de maturação e mostraram
média de 32,22%. Já a redução desse
componente nas panículas de 40,64% para
20,77% entre E1 e E8, superou o aumento de
27,44% para 30,42% no colmo no mesmo
período, o que justifica a redução das
hemiceluloses na planta com o avanço da
maturidade. Araújo (2002) encontrou valores
inferiores para hemiceluloses em relação aos
resultados deste experimento e não se
observou alteração ao longo do estádio de
maturação.
Tabela 3.3.4: Teores de hemiceluloses (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do
sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
30,82 a 30,41 a 29,25 a 27,30 a 26,68 b 25,23 b 26,48 b 26,61 b 27,85
Colmo
2
27,44 b 28,48 b 29,91 a 31,23 a 30,33 a 30,78 a 31,75 a 30,42 a 30,04
Folha
3
31,47 31,67 30,49 32,95 33,00 32,08 32,54 33,58 32,22
Panícula
4
40,64 a 29,90 b 20,69 c 18,34 d 16,58 d 17,60 d 20,26 c 20,77 c 23,10
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1= 3,84%; 2= 4,5%; 3= 4,33%; 4= 10,12%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Os teores de hemiceluloses da planta, colmo
e panícula neste experimento mostraram
comportamento quadrático ditados pelas
equações de regressão abaixo:
% celulose da planta = -0,1051x + 39,779 R
2
= 0,78
% celulose do colmo = -0,003x
2
+ 0,745x -
15,228 R
2
= 0,88
% celulose da panícula = 0,0231x
2
- 5,5916x
+ 353,61 R
2
= 0,96
em que x= idade da planta entre E1 e E8.
3.3.5 Lignina
Na tabela 3.3.5. podem ser observados os
teores de lignina da planta, do colmo, da
folha e da panícula. Os teores de lignina da
planta foram constantes, entretanto nas
frações de colmo e folhas aumentaram e na
panícula reduziram ao longo do estádio de
maturidade. Isso resultou na semelhança dos
valores de lignina na planta com o avanço da
idade. Esses resultados estão de acordo com
os obtidos por Araújo et al. (2007), mas
discordam dos resultados de Hanna et al.
(1981) e Goto et al. (1991) que observaram
aumentos nos teores de lignina ao longo da
maturidade. Danley e Vetter (1973) sugerem
diferentes efeitos da maturidade com relação
à lignificação dos materiais. Por outro lado à
elevação da participação da panícula no
conteúdo de MS da planta associado aos
valores inferiores de lignina nesta fração
podem ter suprido a lignificação das folhas e
colmo. O valor de lignina (3,91%)
encontrado por Ibrahim (2007) para o BRS-
610 foi próximo ao descrito neste ensaio
(4,97%). O colmo e as folhas mostraram
67
aumentos nos teores de lignina até E5 não
diferindo nos cortes sucessivos. Já a panícula
comportou de modo contrário com valores
inferiores e semelhantes entre si entre E4 e
E7. Os valores médios de lignina das frações
de colmo, folha e panícula foram 6,41%,
6,70% e 3,75%, respectivamente. Já
Neumann et al. (2002) encontraram maiores
valores de lignina no colmo (3,68%), folha
(2,81%) e panícula (1,42%) nessa ordem.
Tabela 3.3.5: Teores de lignina (% na MS) da planta, do colmo, das folhas e da panícula do sorgo
BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
4,97 5,15 5,04 4,64 4,93 5,04 5,32 4,70 4,97
Colmo
2
5,54 c 5,81 b 6,57 a 5,85 b 6,44 a 7,35 a 7,13 a 7,59 a 6,41
Folha
3
4,91 c 5,36 c 6,27 b 6,62 a 7,32 a 7,46 a 7,37 a 8,31 a 6,70
Panícula
4
5,63 a 4,72 a 4,10 a 2,73 b 2,57 b 2,53 b 3,37 b 4,38 a 3,75
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1=14,27%, 2= 12,40%, 3= 10,50% e 4= 24,56%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Os níveis de lignina nos materiais são
inversamente correlacionados com a
digestibilidade da forrageira (Hanna et
al.,1981; Nogueira, 1995). Segundo Noguera
(2002) o avanço do estádio de maturação de
híbridos de sorgo foi acompanhado por
aumento na concentração de
hidroxibenzaldeído, vanilina e siringaldeído.
Noguera (2002) considera a vanilina o
principal derivado do ácido ferúlico
responsável por ligações fortes entre a
lignina e as hemiceluloses. Esses autores
observaram menores digestibilidades para os
materiais que apresentaram maior relação
vanilina/siringaldeído.
Os teores de lignina do colmo, folha e
panícula neste experimento foram ditados
pelas equações de regressão abaixo:
% Lignina do colmo = 0,0525x + 0,4498 R
2
= 0,81
% Lignina das folhas = 0,0236x - 0,2805 R
2
= 0,83
% Lignina da panícula = 0,0039x
2
- 0,9101x
+ 56,372 R
2
= 0,94
em que x= idade da planta entre E1 e E8.
3.3.6 Digestibilidade in vitro da matéria
seca (DIVMS)
Segundo Minson (1990) existe correlação
positiva entre o consumo e a digestibilidade
da forragem. Além disso, a digestibilidade é
uma medida do valor energético, pois existe
alta correlação com a energia digestível e a
energia metabolizável. De acordo com Tilley
e Terry (1963) os resultados de
digestibilidade obtidos pela técnica in vitro
apresentam alta correlação com a
digestibilidade in vivo, o que permite usá-la
para estimar o comportamento das
forrageiras nos animais. Segundo Corrêa
(1996) o efeito da maturidade sobre o sorgo é
variável para os diferentes híbridos. Na
tabela 3.3.6 são apresentados os valores de
digestibilidade in vitro da matéria seca da
planta, do colmo, das folhas e da panícula do
sorgo BRS-610 em oito estádios de
maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8).
A digestibilidade in vitro da matéria seca
(DIVMS) da planta mostrou valores
semelhantes entre as idades da planta, o que
está de acordo com os resultados obtidos por
Araújo (2002) e Corrêa (1996) que avaliaram
68
o comportamento de híbridos de sorgo de
duplo propósito e forrageiros com o avançar
do estádio de maturação da planta. O
aumento da participação dos grãos na planta
com a maturidade pode ter compensado as
alterações na composição e nos teores dos
constituintes da parede celular (Silva et al.,
1999b), que geralmente correlacionam
negativamente com a digestibilidade da
planta (Hart, 1990). O valor médio de
DIVMS (59,11%) encontrado neste
experimento foi semelhante aos valores
médios obtidos por Corrêa (1996) para os
híbridos AG2006, de duplo propósito,
(58,92%) e BR601, de caráter forrageiro,
(58,82%). Por outro lado Araújo (2002)
encontrou valores inferiores para híbridos de
duplo propósito, BR700 (52,26%) e BR701
(54,32%) e próximos para o Massa-3
(58,09%). Os resultados mostram que a
maior proporção de panícula nos híbridos de
duplo propósito não foram suficiente para
proporcionar maior digestibilidade da planta,
sugerindo que a qualidade da fibra das
frações de colmo e folhas podem ser
determinantes na digestibilidade da planta
(Gontijo Neto et al., 2002). Ibrahim (2007)
encontrou valor de DIVMS inferior para o
BRS-610 colhido no estádio de grãos leitosos
em comparação ao obtido neste ensaio
(55,32% x 59,59%). Essa variação pode ser
associada às diferenças nas condições de
execução entre os ensaios, como clima,
adubação e as diferenças nas proporções das
partes da planta.
Tabela 3.3.6: Teores de digestibilidade in vitro da matéria seca (% na MS) da planta, do colmo,
das folhas e da panícula do sorgo BRS-610 em oito estádios de maturação (E1, E2, E3, E4, E5, E6,
E7 e E8)
Fração da Estádio de maturação da planta ao corte
Planta E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
Planta
1
61,83 59,59 58,76 56,97 58,20 58,51 59,93 59,13 59,11
Colmo
2
64,99 a 58,90 c 54,01 d 60,24 b 61,16 b 61,20 b 58,31 c 61,31 b 60,01
Folha
3
64,15 a 62,17 52,94 b 55,55 b 51,95 b 46,30 c 38,00 d 37,87 d 51,12
Panícula
4
48,14 c 61,50 b 75,14 a 73,48 a 72,08 a 73,79 a 73,17 a 71,39 a 68,59
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1=3,36%, 2= 4,00%, 3= 5,19% e 4= 4,74%. Estádios de maturação dos grãos: E1- enchimento; E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Os valores de DIVMS do colmo reduziram
de 64,99% (E1) para 54,01% (E3), contudo
em E4 houve aumento nos teores de DIVMS
para 60,24% com tendência de manutenção
desse valor nos cortes sucessivos. A redução
na DIVMS justifica-se pela transmudação de
carboidratos solúveis do colmo para a
panícula para a formação de amido, já o
aumento da DIVMS a partir de E4 pode estar
associada ao restabelecimento dos teores de
carboidratos solúveis no colmo depois de
completada a maturação fisiológica dos
grãos. No entanto, as folhas apresentaram
reduções nos valores de DIVMS de 64,15%
(E1) para 37,87% (E8), mostrando
decréscimos lineares na ordem de 0,55% a
cada dia de avanço na maturidade da planta
(%DIVMS da folha= - 0,5584x + 114,5 R
2
=
0,93, em que x= idade da planta entre E1 e
E8). Por outro lado, a panícula sofreu
aumentos significativos nos valores de
DIVMS até E3, a partir daí, os valores foram
superiores e semelhantes entre si até E8.
Neumann et al. (2002) avaliaram as DIVMS
das frações de colmo, folha e panícula de
dois híbridos de duplo propósito e dois
forrageiros, com as plantas colhidas no
estádio de grãos pastoso/farináceos e
69
farináceo/duro, respectivamente. Os
resultados mostraram superioridade para os
colmos dos sorgos forrageiros quanto a esse
parâmetro (60,1% x 54,3%). Já as frações de
folhas e panículas apresentaram valores
semelhantes entre os híbridos avaliados por
esses autores, com médias de 54,85% e
68,20%, respectivamente. No entanto os
valores médios obtidos por esses autores para
as panículas (68,20%) e para os colmos
(57,22%) foram inferiores aos obtidos neste
experimento entre E5 e E7, já as folhas
foram mais digestivas (54,85%).
Com o intuito de melhor visualização da
composição bromatológica da planta do
sorgo BRS-610 nos diferentes estádios de
maturação foi elaborada a tabela 3.4.
A variabilidade no valor nutricional de cada
componente da planta e entre os estádios de
maturação sugerem a possibilidade de
melhorias na qualidade nutricional do sorgo,
por intermédio de programas de
melhoramento genético e determinação do
momento de colheita para cada variedade,
visando a obtenção de materiais de melhor
valor nutritivo para as diferentes partes da
planta e fornecendo informações das
melhores épocas de corte para cada material
lançado no mercado.
Tabela 3.4: Teores de matéria seca (%), proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em
detergente neutro (%FDN na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS),
hemiceluloses (%HEM na MS), celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade
in vitro da matéria seca (%DIVMS) do sorgo BRS-610 produzidas em oito estádios de maturação
da planta (E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Estádio de maturação da planta ao corte
Variável E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
MS* 19,39 c 18,36 c 20,33 c 21,26 c 25,26 c 29,84 b 32,6 b 45,86 a 26,61
PB
1
8,25 a 8,16 a 7,37 b 7,1 c 6,74 c 6,84 c 6,27 d 5,69 e 7,05
FDN
2
68,24 a 67,38 a 65,85 a 62,86 b 61,93 b 59,49 b 63,43 b 65,01 a 64,27
FDA
3
37,41 a 37,3 a 36,6 a 35,51 b 35,25 b 34,26 b 36,95 a 39,01 a 36,54
HEM
4
30,82 a 30,41 a 29,25 a 27,30 a 26,68 b 25,23 b 26,48 b 26,61 b 27,85
CEL
5
32,44 29,15 31,55 28,08 30,32 29,23 31,63 34,32 30,84
LIG
6
4,97 5,15 5,04 4,64 4,93 5,04 5,32 4,70 4,97
DIVMS
7
61,83 59,59 58,76 56,97 58,20 58,51 59,93 59,13 59,11
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação: *
14,5%, 1= 4,92%, 2=3,66%, 3=4,62%, 4=3,84%, 5=9,90%, 6=14,27%, 7=3,36%. Estádios de maturação dos grãos: E1-
enchimento; E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
4. CONCLUSÃO
O sorgo BRS-610 mostra-se de boa
qualidade e apresentou melhor valor
nutritivo entre E4 e E6. Já as partes da planta
comportaram de forma diferente quanto às
mudanças nos valores nutricionais entre os
estádios de maturação da planta, sendo as
folhas e as panículas as mais variáveis.
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73
CAPÍTULO IV: QUALIDADE DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE
ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO
RESUMO: Avaliou-se a qualidade das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de
maturação da planta (grãos leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5,
farináceo-E6, duro-E7, seco-E8). O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com
quatro repetições por tratamento, e as médias foram comparadas pelo teste Scott-knott (p<0,05) e
realizou-se o estudo de regressão pelo pacote estatístico SAEG 9.1(2007). Valores de matéria seca
variaram de 19,8 a 47,3%, com valores entre 25 e 35% sendo observados entre E4 e E7. Com base
nos valores de pH, nitrogênio amoniacal e nos ácidos orgânicos as silagens podem ser classificadas
como de excelente a boa qualidade. Os teores de fibra insolúvel em detergente neutro e de
hemiceluloses sofreram reduções com a ensilagem, pelo consumo da hemiceluloses durante a
fermentação. Os menores teores dos componentes da parede celular foram verificados entre E3 e
E5, enquanto a lignina não variou até E7. As digestibilidades das silagens variaram com a
maturidade da planta, reduzindo de 60,5% para 49,7% entre E2 e E8. Os resultados deste
experimento indicam a ensilagem do híbrido de sorgo entre E3 e E5, estádio de grãos leitoso a
pastoso, pois associam boa fermentação e bom valor nutritivo.
Palavras chaves: digestibilidade, estádio de maturação, pH, qualidade, valor nutritivo.
QUALITY OF THE SILAGES OF SORGHUM BRS-610 IN SEVEN STAGES OF
MATURATION
ABSTRACT: The quality of the silages of sorghum BRS-610 harvested to the seven stages the
grain maturation (milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-
E6, hard dough-E7, dry-E8) was evaluated. It was used a complete randomized design, with four
repetitions for treatment, and the means had been compared by the test Scott-knott (p<0.05) and
had were accomplished the regression study by program statistician SAEG 9.1 (2007). Values of
dry matter had varied of 19.8 to 47.3%, with values among 25 and 35% being observed between
E4 and E5. On the basis of the values of pH, ammoniac nitrogen and acid organic the silages can
be classified as excellent to the good quality. The neutral detergent insoluble fiber and
hemicelluloses contents had suffered reductions with the ensilage, by the consumption of
hemicelluloses during the fermentation. The lower contents of the cellular wall had been verified
among E3 and E5, while the lignin did not vary until E7. The digestibilities of the silages had
varied with the maturity of the plant, reducing of 60.5% to 49.7% among E3 and E8. The results of
this experiment indicate the ensilage of the hybrid of sorghum between E3 and E5, milky the soft-
dough stage of grains, therefore they associate good fermentation and good nutritional value.
Key words: digestibility, maturation stage, nutritional value, pH, quality.
74
1. INTRODUÇÃO
A ensilagem é uma das principais formas de
conservação de forrageiras utilizada no
Brasil, garantindo a alimentação dos
ruminantes durante o período de estiagem. O
sorgo é uma gramínea amplamente utilizada
para produção de silagem por apresentar
características agronômicas desejáveis,
possibilidade de mecanização de todo
processo, possuir características propícias a
uma adequada fermentação anaeróbica,
produzir silagem de qualidade compatível à
silagem de milho e com menores custos de
produção, seja pela elevada produtividade ou
maior resitência a pragas e doenças como o
híbrido BRS-610.
O processo de ensilagem é a conservação da
forrageira por fermentação anaeróbica pela
ação de bactérias ácido láticas que convertem
os açúcares a ácidos orgânicos,
principalmente ácido lático e acético.
Segundo McDonald et al. (1991) e Van Soest
(1994) a preservação adequada da forrageira
pelo processo de ensilagem depende da
produção de ácido lático a fim de estabilizar
o pH da silagem produzida. A rápida
estabilização do pH é então dependente do
conteúdo de açúcares disponíveis para a
fermentação e do poder de tamponamento da
forrageira.
Uma silagem de boa qualidade apresenta
baixos teores de amônia, na qual a fração
nitrogenada não protéica é principalmente
representada por aminoácidos. As silagens de
baixa qualidade variam entre dois extremos:
silagens com baixos teores de matéria seca
(MS), inferiores a 20%, e silagens com
elevado teor de MS, acima de 45%. As
silagens com baixa %MS favorecem a
produção de efluentes e o desenvolvimento
de bactérias do gênero clostridium. Essas
silagens geralmente apresentam alto pH (>5),
altos níveis de amônia, presença de ácido
butírico e odor característico (McDonald et.
al., 1991). Já as silagens com %MS acima de
45% favorecem a ocorrências de
fermentações secundárias, principalmente
por coliformes, e leveduras. O elevado teor
de MS dificulta a compactação, impedindo a
eliminação completa do oxigênio. Isso
propicia o desenvolvimento de fungos e a
ocorrência de fermentações aerobicas com
degradação e perdas de MS por gases,
produção de calor e reações de Maillard
(Van Soest, 1994). Ademais, Demarchi et al.
(1995) acrescentaram que silagens de sorgo
produzidas com elevado teor de MS
poderiam ocasionar um aumento das perdas a
campo, através da perda de folhas
senescentes e de grãos em função da
fragilidade da ligação dos mesmos na
panícula.
O teor de MS é um dos principais fatores que
afetam a fermentação durante o processo de
ensilagem, e a qualidade da silagem
produzida, além de estar positivamente
correlacionado com o consumo (McDonald
et al., 1991; Van Soest, 1994). A estimativa
da qualidade do processo de conservação de
uma forrageira na forma de silagem baseia-se
em parâmetros como: teor de matéria seca,
pH, nitrogênio amoniacal em relação ao
nitrogênio total, digestibilidade in vitro da
matéria seca e concentração de ácidos
orgânicos (acético, butírico, propiônico e
lático) (Borges et al., 1997; Araújo, 2002,
Tomich et al 2003). Já o valor nutricional é a
relação entre a digestibilidade e o consumo
da silagem por ruminantes. Os constituintes
da parede celular da planta, representados
pelo teor de fibra insolúvel em detergente
neutro (FDN), de fibra insolúvel em
detergente ácido (FDA) e lignina apresentam
correlações negativas com a digestibilidade,
e conseqüentemente com o teor de nutrientes
digestíveis totais. (Pesce et al., 2000).
Com o avançar da maturidade, verificam-se
aumentos nos teores de carboidratos
estruturais (FDN, de FDA e lignina) da
planta, o que depende, em grande parte, das
proporções de caules, folhas e panículas,
podendo alterar a qualidade das silagens.
(Goto et al., 1991). No entanto, para o sorgo
a redução da qualidade da fibra pode ser
75
compensada por uma maior participação da
panícula, principalmente em cultivares de
elevada produção de grãos, resultando em
manutenção ou elevação nos teores de
digestibilidade in vitro da MS (DIVMS)
(Zago, 1991). Entretanto, existem vários
trabalhos contraditórios na literatura acerca
do efeito do estádio de maturação do sorgo
sobre o valor nutritivo das silagens. Araújo et
al. (2007) não observaram diferenças nos
teores FDN, FDA, lignina e DIVMS para
híbridos de dupla aptidão colhidos em
estádios de grãos leitoso, leitoso/pastoso,
pastoso, farináceo e duro. Já Pires et al.
(2006) avaliando oito estádios de maturação
(do florescimento até grãos secos) de
híbridos de sorgo de dupla aptidão,
observaram um comportamento diferente
entre os híbridos para as características de
acumulação das frações fibrosas e DIVMS.
O objetivo deste experimento foi avaliar a
qualidade da silagem do sorgo BRS-610 em
sete estádios de maturação da planta ao corte
pela determinação dos teores de MS, pH,
nitrogênio anomiacal em relação ao
nitrogênio total, ácidos orgânicos (lático,
acético, propiônico e butírico), teores de
proteína bruta, frações fibrosas (FDN, FDA,
hemiceluloses, celulose e lignina) e DIVMS
das silagens produzidas nos estágios de grãos
leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-E4,
pastoso/farináceo-E5, farináceo-E6, duro-E7
e seco-E8.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O híbrido de sorgo BRS-610 foi cultivado e
colhido conforme descrito no capitulo II. Em
cada idade de corte as plantas foram cortadas
manualmente rente ao solo e imediatamente
picadas em picadeira estacionária. O material
foi amostrado de forma homogênea, ensilado
em silos de laboratórios (PVC) com 10 cm
de diâmetro e 40 de comprimento. A
compactação foi realizada com soquete de
madeira. Os silos foram fechados com
tampas de PVC dotadas de válvula do tipo
Bunsen, lacrados com fita adesiva e
identificados. Os silos foram pesados antes e
após a ensilagem, e posteriormente levados
ao Laboratório de Nutrição Animal da Escola
de Veterinária da UFMG.
A abertura dos silos foi realizada aos 56 dias
de fermentação. Durante a abertura foi
realizada avaliação visual, para observação
do aspecto físico, cheiro e presença ou não
de mofo. As silagens foram retiradas dos
silos e homogeneizadas. Parte do material foi
submetida à prensagem em prensa hidráulica
Carver, para extração do suco, no qual foram
imediatamente avaliados o pH em
potenciômetro Beckman, e nitrogênio
amoniacal em relação ao nitrogênio total, por
destilação com cloreto de cálcio e óxido de
magnésio, utilizando solução de ácido bórico
como solução receptora e titulação com
ácido clorídrico (AOAC, 2000). Parte do
suco da silagem (10 ml) foi congelada com
ácido metafosfórico na diluição de 5:1, para
posterior determinação dos ácidos orgânicos
em cromatografia gasosa (cromatógrafo
Shimadzu GC-17ª) usando-se coluna capilar
Nukol empacotada (10 m de comprimento x
1
/
4
de polegada de diâmetro) com Cromosorb
101 (80-100 mesh) como fase estacionária.
A outra parte foi submetida à pesagem e pré-
secagem em estufa de ventilação forçada a
55°C durante 72 horas. Após este período o
material foi deixado à temperatura ambiente
por duas horas, para estabilização e obtenção
de peso constante, e imediatamente pesado
para determinação da matéria pré-seca. As
amostras pré-secas foram processadas e
analisadas conforme descrito no material e
métodos do capitulo III.
Para as variáveis analisadas tanto no material
original quanto nas silagens adotou-se um
delineamento estatístico inteiramente
casualizado, num arranjo fatorial 7 (
estádios) x 2 (materiais), com quatro
repetições (canteiros) por corte. Descrito
pelo modelo estatístico:
Y
ijl
= µ+ Τ
i
+ M
l
+ (T*M)
il
+ €
ijl
em que,
76
Y
ijl
=observação da variável resposta no
estádio de maturação “i”
µ = média geral
Τ
i
= efeito do estádio de maturação da planta
ao corte; i = E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8
M
l
= efeito do material; l = original e silagem
(T*M)
il
= efeito da interação estádio de
maturação x material
ij
= erro aleatório no estádio de maturação
“i”; €
ij
N (0, 1)
Para as variáveis avaliadas somente na
silagem (pH, nitrogênio amoniacal e ácidos
orgânicos) adotou-se um delineamento
inteiramente casualizado. Descrito pelo
modelo estatístico:
Y
ij
= µ+ Τ
i
+ €
ij
em que,
Y
ij
=observação da variável resposta no
estádio de maturação “i”
µ = média geral
Τ
i
= efeito do estádio de maturação da planta
ao corte; i = E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8
ij
= erro aleatório no estádio de maturação
“i”; €
ij
N (0, 1)
Os dados obtidos foram submetidos á análise
de variância e as comparações das médias
das variáveis quanto ao estádio de maturação
da planta foram realizadas pelo teste de
agrupamentos Scott-Knott, em nível de 5%
de probabilidade. Já as comparações das
médias entre os materiais originais e as
silagens foram realizadas pelo test t de
Student, em nível de 5% de probabilidade,
pelo pacote estatístico SAEG 9.1 2007.
Determinou-se, ainda, as correlações de
Pearson para as variáveis analisadas. Foi
estimado o modelo de equação de regressão
para as variáveis analisadas em função das
idades de corte pelo pacote estatístico SAEG
9.1 2007.
A qualidade da fermentação da silagem foi
determinada segundo critério de pontos
proposto por Tomich et al. (2003) e descrito
no capitulo I, presentes nas tabelas 1.1 e 1.2.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de matéria seca (MS), proteína
bruta (PB), pH, nitrogênio amoniacal (N-
NH3/NT), digestibilidade in vitro (DIVMS)
e ácidos orgânicos das silagens do sorgo
BRS-610 em sete estádios de maturação
(grãos leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3,
pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-
E6, duro-E7, seco-E8) são apresentados na
Tabela 4.1.
Matéria seca (MS)
Os valores de matéria seca (MS) das silagens
nos diferentes estádios de maturação podem
ser agrupados em três grupos; o primeiro até
E4, com valores inferiores e semelhantes
entre si, variando 19,86% a 24,48% MS; o
segundo entre E5 e E7, com valores
intermediários e semelhantes, variando de
27,59% a 32,37% MS; e o terceiro em E8,
valor de 47,31% MS. A equação linear de
regressão indica acréscimos à taxa de 0,53%
nos teores de MS da silagem a cada dia de
avanço na maturidade da planta (%MS da
silagem= 0,5348x - 33,099 R
2
= 0,82%, em
que x= idade da planta entre E2 e E8).
Araújo et al. (2007) avaliaram as taxas de
acúmulo de MS nas silagens de sorgos de
duplo-propósito com o avanço do estádio de
maturação da planta. Esses autores relataram
taxas de acréscimos na matéria seca de
0,57% (BR700), 0,59% (BR701) e 0,77%
(Massa-3), que estão de acordo com os
resultados obtidos neste experimento. Os
valores de MS das silagens elevaram-se com
a maturidade como observado por Molina et
al. (2002), Pires et al. (2006) e Araújo et al.
(2007).
77
Tabela 4.1: Valores de matéria seca (%), pH, nitrogênio amoniacal em porcentagem do nitrogênio
total (N-NH
3
/NT) e ácidos orgânicos (lático, acético, propiônico e butírico) em% da MS das
silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e
E8)
Estádio de maturação da planta ao corte
Variável E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
MS
1
19,86 c 24,15 c 24,48 c 27,59 b 30,52 b 32,37 b 47,31 a 29,47
pH
2
3,70 d 3,80 d 3,90 c 4,00 c 4,10 b 4,20 b 4,50 a 4,00
N-NH
3
/NT
3
1,25 d 1,44 d 2,26 c 2,54 c 4,26 b 4,42 b 5,99 a 3,16
ác. lático
4
10,48 a 8,66 a 7,64 a 7,92 a 7,56 a 5,16 b 3,8 b 7,32
ác. acético
5
2,72 a 1,9 a 2,39 a 2,72 a 2,65 a 1,95 a 0,89 b 2,17
ác. propiônico
6
0,02 b 0,02 b 0,02 b 0,03 b 0,11 a 0,09 a 0,05 b 0,05
ác butírico
7
0,03 c 0,03 c 0,03 c 0,02 c 0,07 c 0,04 b 0,12 a 0,05
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação
(CV)1= 11,98%, 2= 2,9%, 3= 22,3%, 4= 21,26%; 5=26,97%; 6= 50,81%; 7= 38,16%. Estádios de maturação dos grãos:
E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Valores de MS próximos aos observados
neste experimento foram descritos por Pires
et al. (2006), variando de 20,78% a 41,89%;
e superiores foram descritos por Molina et al.
(2002) (27,30 a 39,70%) e Araújo et al.
(2007) (29,86 a 47,13%) que apresentaram
média de 34,46 e 38,57% MS,
respectivamente, para o mesmo estádio de
maturação do grão, de diferentes híbridos de
sorgo de duplo proposito e forrageiros,.
Nesse estudo os teores de MS tidos como
ideais por Van Soest (1994) foram obtidos
entre E5 e E7. As variações de MS das
silagens do sorgo BRS-610 colhidos entre E2
e E6 (24,15% a 30,52%) foram inferiores aos
descritos por Ibrahim (2007)(26,77% a
39,49% MS) e Ribeiro (2005)(28,27% a
39,49% MS), que avaliaram sorgos de porte
alto e colmo seco. Já o trabalho de Silva et
al. (1999) mostrou valores de MS inferiores
para os hibridos forrageiros (25,27%)
comparado aos de duplo-propósito (30,13%)
e graniferos (31,02%) indicando a
importância da panicula no aumento da MS
das silagens. Ferreira (2005) relatou valor
médio de 28,42% de MS para o hibrido
BRS-610 colhido no estádio de grãos
leitosos, sendo superior ao encontrado neste
ensaio. As variações nos teores de MS
relatados na literatura são resultado das
diferenças tanto entre os genotipos quanto as
condições de execução dos experimentos,
resultado em diferentes relações nas partes
das plantas mesmo quando se compara
hibridos iguais em diferentes locais e anos de
cultivo (Silva et al., 2007; Pinho et al.,
2007). Não se observou diferença nos teores
de MS da planta e sua respectiva silagem nos
diferentes estádios de maturação, o que
corrobora com outros trabalhos que
avaliaram silagens de sorgo (Nogueira, 1995;
Borges et al., 1997; Rocha Jr et al.,2000;
Molina et al., 2002; Ferreira, 2005; Ribeiro,
2005; Ibrahim, 2007).
Potencial de hidrogênio (pH)
Os valores de potencial de hidrogênio (pH)
das silagens aumentaram de 3,7 para 4,5, à
medida que avançou o estádio de maturação
da planta (Tabela 4.1). Aumentos nos valores
de pH com a maturidade foram observados
por Pires et al (2006) e Araújo et al (2007).
Segundo esses autores a elevação nos teores
de MS são os responsáveis pela elevação nos
teores de pH, com altas correlações entre MS
e pH, r=0,82 a r=0,86, p<0,01. Pires et al
78
(2006) concluíram que o híbrido de sorgo
(BR 601) apresentou menor acréscimo nos
valores de pH em função do menor aumento
nos teores de MS com a maturidade.
A acidificação é inibida pela falta de água e
pressão osmótica, que dificulta a
fermentação e distribuição dos ácidos
orgânicos na massa ensilada, sendo o pH
inversamente correlacionado com a umidade.
Assim em silagens com teores de MS
superior a 35%, o valor pH é menos
importante na avaliação e, portanto, mesmo
com pH alto estas silagens podem ser
consideradas de boa qualidade (McDonald et
al., 1991; Van Soest, 1994). Contudo em
silagens com elevada umidade o pH acima
de 4,2 indica fermentação proteolítica,
produção de aminas e ácido butírico. A
preservação da qualidade da forragem requer
que a respiração da planta, a atividade
proteolítica e clostridiana, assim como o
crescimento de microorganismos aeróbios
sejam limitados. Em geral, para que tais
atividades sejam inibidas é necessário que o
pH reduza a faixa de 3,6 a 4,2, rapidamente.
Esses valores foram mantidos pelas silagens
produzidas até E7 (estádio de grãos secos),
podendo ser consideradas de excelente
qualidade quanto aos valores de pH.
Está bem definido que os sorgos utilizados
no Brasil, geralmente têm um nível de
carboidratos solúveis suficientes para uma
boa fermentação, com conseqüente queda no
pH capazes de inibir alterações indesejáveis
(Borges et al., 1997; Silva et al., 1999; Brito
et al., 2000; Araújo, 2002). Apesar de não se
ter dosado os níveis de carboidratos solúveis
neste experimento pode-se inferir que houve
substrato fermentável (carboidratos solúveis
e hemiceluloses) suficiente durante o
processo de ensilagem, resultando em
adequados valores de pH. O elevado teor de
MS (47% de MS) no último corte pode ter
dificultado a compactação, a fermentação, a
distribuição dos ácidos e conseqüentemente a
redução do pH. As variações encontradas nos
valores de pH entre as silagens são
decorrentes das diferenças intrínsecas aos
híbridos com respeito aos conteúdos de MS,
carboidratos e relações das partes da planta, e
as diferenças quanto aos processos de
ensilagem (estádio de maturação da planta,
velocidade de ensilagem, uso de aditivos).
Nitrogênio amoniacal (N-NH
3
/NT)
Sabe-se que a fermentação provoca
alterações na composição das frações
nitrogenadas, reduzindo osveis de proteína
verdadeira e aumentando os níveis de
aminoácidos livres ou produtos da quebra
desses aminoácidos, incluindo amônia, CO
2
e animas (Oshima e McDonald, 1978). O
nível em que essa proteólise ocorre depende
de diversos fatores relacionados ao processo
de fermentação (Fairbairn et al., 1992) e a
avaliação de silagens quanto aos compostos
nitrogenados deve incluir métodos que
possam indicar os níveis em que essa
proteólise ocorreu.
Neste estudo, dosou-se o nível de nitrogênio
amoniacal (N-NH
3
/NT) no suco das silagens
como indicativo do grau de proteólise. Os
valores de N-NH
3
/NT foram baixos e
variaram de 1,25% a 5,99%, com aumento
progressivo a medidda que avançou o estádio
de maturação da planta (Tabela 4.1). A
elevação dos teores de MS, pH e redução nos
níveis de ácido lático podem ser responsáveis
pela elevação dos níveis de N-NH
3
/NT, em
decorrência de algum grau de proteólise
pelas enzimas da planta e/ou fermentação
clostridiana, revelada pelo aumento nos
níveis de ác. butírico nos estádios mais
avançadas de corte. Contudo Pires et al.
(2006) observaram valores de N-NH
3
/NT
superiores (6,03% a 7,79%) e que reduziram,
do florescimento ao estádio de grão seco, em
função da elevação dos teores de MS com a
maturidade. Por outro lado Araújo et al.
(2007) não observaram alterações nos níveis
de N-NH
3
/NT com a maturidade. Esses
autores observaram teores médios de N-
NH
3
/NT de 5,53%; 5,44% e 7,12% para os
híbridos de sorgo BR700, BR701 e Massa-3,
79
respectivamente, em silos experimentais de
PVC.
As variações nesse parâmetro são reflexos da
velocidade de queda no pH, que inibi a
atividade das enzimas proteolíticas da planta
e dos microrganismos proteolíticos presentes
na silagem. Silagens de muito boa qualidade
apresentam níveis de N-NH
3
/NT entre 0-
10%. Sendo assim, as silagens do híbrido
BRS-610 podem ser consideradas como de
muito boa qualidade em todos os estádios de
maturação, o que demonstra que a proteólise
ocorrida durante o processo fermentativo
dentro do silo foi reduzida, conservando-se a
qualidade da forrageira ensilada.
Ácidos orgânicos da silagem
Ácido lático
Os ácidos orgânicos mais comumente
determinados nas silagens são os ácidos
lático, acético, butírico, e propiônico.
Segundo McDonald et al. (1991) o ácido
lático é o principal regulador da acidez da
forrageira dentro do silo. Os valores de ácido
lático variaram de 3,80% a 10,48%. (tabela
4.1), sendo superiores e semelhantes entre si
até E6, contudo nos dois últimos cortes (E7 e
E8) houve reduções desses valores, o que
pode ter ocorrido pelo teor de MS mais
elevado (> 30%). Esse comportamento está
de acordo com os resultados de Moisio e
Heikonen (1994) e Araújo et al. (2007) que
relataram reduções no conteúdo de ácido
lático à medida que o teor de MS da silagem
aumentou. Araújo et al. (2007) citam
correlações negativas (p<0,001) entre ácido
lático e MS (r= -0,75), e entre ácido lático e
pH (r= -0,54). Contudo os valores descritos
por esses autores (6,30% a 15,42% na MS)
foram superiores aos encontrados neste
ensaio. Por outro lado valores inferiores
foram observados por Rocha Jr. et al.
(2000)(3,2% a 8,5%), Ferreira (2005)(3,37%
a 5,57%) e Ibrahim (2007)(4,15% a 6,31%).
As silagens produzidas até E7 podem ser
consideradas de muito boa qualidade (teores
de ácido lático acima de 5,0%), segundo
Borges et al. (1997). O ácido lático é um
produto resultante de fermentação e sofre
influência de fatores como: teor de MS,
concentração de carboidratos solúveis,
condições de anaerobiose, microflora
presente, capacidade tamponante da
forrageira e os produtos originais da
fermentação. Segundo Moisio e Heikomen
(1994), 1grama de nitrogênio de aminoácido
e peptídeos/ kg de MS requer 2,3 gramas de
ácido lático/ kg de MS para manter um pH
de 3,87.
Ácido acético
A presença de ácido acético em grandes
proporções está relacionada à ação
prolongada de enterobactérias e bactérias
heterofermentativas, cujas fermentações
acarretam maiores perdas de matéria seca e
energia (Muck e Bolsen, 1991), e possuem
menor eficiência para um adequado
abaixamento de pH da silagem. Os valores
de ácido acético oscilaram entre 0,89% a
2,72%, mas não diferiram até E7, reduzindo,
porém, em E8 (tabela 4.1). Rocha Jr. et al.
(2000), Molina et al. (2002) e Araújo et al.
(2007) citam valores entre 1,2 a 1,9% para
híbridos de duplo-propósito, o que pode
justificar os menores valores observados por
esses autores, já que a maior proporção de
grãos pode ter propiciado melhores
condições de fermentação. No entanto
produções de ácido acético podem estar
relacionadas com altas concentrações de
lactato. Borges et al. (1997) e Araújo et al.
(2007) encontraram correlações de r= 0,79 e
r = 0,63 (p<0,001), respectivamente, entre
esses dois ácidos. Esses autores sugerem que
nessas condições grande parte do acetato é
proveniente de fermentações heteroláticas e
não necessariamente indica má conservação
da silagem (Van Soest, 1994). Neste estudo
observou-se correlação (p<0,001) alta e
positiva entre ácido lático e ácido acético
(r=0,74) e diante dos baixos valores de
nitrogênio amoniacal e ácido butírico
acredita-se que tenha ocorrido situação
80
semelhante à descrita por esses autores.
Segundo Moisio e Heikonen (1994) a
elevação do teor de ácido acético inibe a
fermentação lática e acréscimos de 0,5% a
1% de ácido acético tende a aumentar o pH
de 3,87 para 4,10.
Ácido propiônico
Baixos teores de ácido propiônico são
esperados em silagens de boa qualidade, bem
preservadas, pois este ácido é produto de
fermentações secundárias, de bactérias
ácido-propiônicas e secundariamente pela
ação de clostrídios. Os valores de ácido
propiônico foram baixos e variaram de
0,02% a 0,11% (tabela 4.1). Esses resultados
foram próximos aos obtidos por Borges et al.
(1997), Rocha Jr. et al. (2000) e Araújo
(2006). A contribuição desse ácido para o
abaixamento do pH é muito baixa, contudo a
presença em pequena quantidade na forma
não ionizada auxilia na manutenção da
estabilidade aeróbica da silagem, pois, possui
ação antimicótica.
Ácido butírico
Segundo Knabe e Weise (1974), os fatores
que controlam as fermentações secundárias
são a atividade da água, proveniente da
própria umidade da planta, e a acidez, sendo
que o teor da matéria seca da planta antes da
ensilagem pode ser tomado como medida
dessa atividade. Os valores de ácido butírico
variaram de 0,03% a 0,12% (tabela 4.1). Os
valores de ácido butírico foram constantes e
inferiores até E6, no entanto, para os cortes
sucessivos foi observado acréscimos
significativos. Apesar das variações nos
conteúdos desse ácido os valores foram
baixos e sugerem uma boa conservação da
forragem, sem desenvolvimento significativo
de microrganismos do gênero Clostridium
sp. Borges et al. (1997), Rocha Jr. et al.
(2000) e Araújo et al. (2007) produziram
silagens de boa qualidade com teores de
ácido butírico variando de 0 a 0,3%,
enquanto outros autores não observaram a
presença desse ácido orgânico nas silagens
de sorgo (Nogueira, 1995; Ibrahim, 2007;
Ribeiro, 2005; Araújo, 2006).
A pontuação e classificação final das
silagens em função do estádio de maturação
da planta encontra-se na Tabela 4.2. Quanto
à qualidade de fermentação as silagens
podem ser classificadas como de excelente a
boa qualidade para todas os estádios de
maturação, refletindo a aptidão do híbrido
para ser conservado na forma de silagem.
Tabela 4.2: Pontuação e classificação das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios
de maturação da planta (E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8)
Pontuação das silagens
Estádio de maturação da planta ao corte
Variável E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8
PH 25 25 25 25 25 25 25
N-NH3/NT 25 25 25 25 25 25 25
Ac. Acético (% da MS) -5 0 0 -5 -5 0 0
Ac. Butírico (% da MS 50 50 50 50 50 50 40
Pontuação final 95 100 100 95 95 100 90
Classificação Excelente Excelente Excelente Excelente Excelente Excelente Boa
Segundo classificação proposta por Tomich et al. (2003)
81
Proteína Bruta (PB)
Na Tabela 4.3 são apresentados os teores de
proteína bruta (PB), fibra insolúvel em
detergente neutro (FDN), fibra insolúvel em
detergente ácido (FDA), hemiceluloses,
celulose, lignina e digestibilidade in vitro da
MS (DIVMS) das silagens do sorgo BRS-
610 produzidas com a planta em sete
estádios de maturação (E2, E3, E4, E5, E6,
E7 e E8). Os valores percentuais de PB
variaram de 5,99% a 7,27%. Houve redução
(p<0,05) nos teores de PB entre E4 e E5,
porém sem explicação, pois os valores
voltaram aos níveis anteriores nos estádios
posteriores. Além disso, os principais
componentes da planta (colmo e folha)
mostraram estabilização nos teores de PB
desde E3. As concentrações de PB nas
silagens devem ser interpretadas com
critério, pois não levam em conta as
alterações na fração nitrogenada, que ao final
do processo fermentativo podem ser
significativas (McDonald et al., 1991).
Durante o processo de pré-secagem pode
ocorrer volatilização de substâncias como a
amônia. Valores de PB obtidos neste ensaio
foram semelhantes aos observados por outros
pesquisadores (Molina et al., 2002; Pires et
al., 2006; Araújo et al., 2007), superiores aos
observados por Brito et al. (2000) e Rocha Jr.
et al. (2000) para os híbridos forrageiros (4,8
e 5,35%) e inferiores aos descritos para
híbridos de duplo propósito (8,7 e 7,4%). Os
teores de PB da planta (tabela 3.2 capitulo
III) e suas respectivas silagens não diferiram,
resultado que era esperado, pois a
fermentação geralmente não altera os níveis
de nitrogênio total, embora altere as
proporções das frações nitrogenadas (Van
Soest, 1994).
Tabela 4.3: Teores de proteína bruta (%PB na MS), fibra insolúvel em detergente neutro (%FDN
na MS), fibra insolúvel em detergente ácido (%FDA na MS), hemiceluloses (%HEM na MS),
celulose (%CEL na MS), lignina (%LIG na MS) e digestibilidade in vitro da matéria seca
(%DIVMS) das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de maturação (E2, E3, E4,
E5, E6, E7 e E8)
Estádio de maturação da planta ao corte
Variável (%MS)
E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 Média
PB
1
7,27 a 6,93 a 6,86 a 6,24 b 5,99 b 6,77 a 6,27 a 6,62
FDN
2
58,85 a 53,88 b 54,66 b 53,14 b 58,2 a 61,19 a 58,43 a 56,91
FDA
3
33,56 a 30,57 b 31,13 b 30,4 b 33,22 a 35,89 a 35,05 b 32,83
HEM
4
25,29 a 23,31 b 23,54 b 22,74 b 24,97 a 25,31 a 23,7 a 24,12
CEL
5
28,35 25,15 25,95 24,16 27,22 29,75 27,01 26,80
LIG
6
5,21 b 5,42 b 5,18 b 6,24 b 6,00 b 6,14 b 7,72 a 5,99
DIVMS
7
60,52 a 60,13 a 59,77 a 53,05 b 50,57 b 45,05 c 49,75 b 54,12
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem entre si (p<0,05) pelo teste Scott-Knott; Coeficiente de variação:
1= 5,84%, 2=6,59%, 3=7,21%, 4=5,40%, 5=8,38%, 6=13,00%, 7=4,85%. Estádios de maturação dos grãos: E2- leitoso;
E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
Frações fibrosas
A avaliação das frações fibrosas é muito
importante na determinação do valor
nutritivo e energético dos alimentos.
Segundo Minson (1990) existem correlações
negativas entre digestibilidade e valor
energético com os teores de FDN, FDA e
lignina das forrageiras. Segundo Van Soest
(1994) os teores de FDN correlacionam
82
negativamente com o consumo das forragens
frescas e conservadas. Assim, as
mensurações das frações fibrosas fornecem
um indicativo da digestibilidade e consumo
das forragens.
Os valores de FDN oscilaram de 53,14% a
61,19% e de FDA de 30,40% a 35,89%, já as
frações de hemiceluloses mostraram valores
de 22,74% a 25,31% e de celulose de
30,38% a 35,86%. Essas frações mostraram
comportamentos semelhantes e sofreram
reduções entre E2 e E3. Os resultados
mostram valores inferiores e semelhantes
entre si no intervalo de E3 a E5. As reduções
nos teores desses componentes estão
associadas ao aumento da participação da
panícula de 18,4% para 39,3% na MS da
planta (fração essa com menores teores de
constituintes da parede celular), e pela
redução do colmo (59,4% para 45,7% na
MS), que apresenta os maiores valores.
Segundo Bruno et al. (1992), Silva et al.
(1999) e Pires et al. (2006) a redução da
fração FDN e FDA das silagens são
acompanhadas por aumento na participação
da fração panícula na planta de sorgo.
Contudo os aumentos na porcentagem das
frações fibrosas nos cortes subseqüentes
ocorreram por aumento dos constituintes da
parede celular das frações de colmo e folha.
Isso indica que o aumento da participação da
panícula não foi suficiente para sustentar as
elevações dessas frações no colmo e folha
em estádios mais avançados de maturação do
sorgo (tabela 1.3 capitulo I). Danley e Vetter
(1973) registraram aumento do nível de FDN
e FDA das silagens com o avanço do estádio
de maturação de um sorgo forrageiro com
pouca participação da fração de panícula.
As silagens produzidas até E5 mostraram
reduções nos valores de FDN e
hemiceluloses comparado ao material
original, não havendo diferença nos cortes
sucessivos. Esse resultado concorda com os
resultados obtidos por vários autores (Muck,
1988, Silva et al. 1999 e Brito et al. 2000).
Neste trabalho, a diminuição nas
concentrações de FDN podem ter ocorrido
por hidrolise dos componentes estruturais
como hemiceluloses, o que vem a confirmar
que as hemiceluloses podem ser a principal
fonte adicional de substrato, para o processo
fermentativo no silo. Por outro lado, os
teores de FDA não sofreram alteração com a
ensilagem. Segundo Van Soest (1994), a
celulose praticamente não se modifica
durante a ensilagem, a não ser quando há
extensa degradação fungica.
Os resultados da literatura para silagens de
sorgo, ensiladas nos estádios de grãos leitoso
a pastoso, indicam valores de FDN e FDA
oscilando de 44,56% a 63,55% e 20,15% a
31,30%, respectivamente. Já Ferreira (2005)
encontrou para o híbrido BRS-610 valores de
FDN de 50,50% e de FDA de 24,75%.
Segundo Pesce et al. (2000) as silagens com
menores teores de FDN poderiam ter maior
consumo voluntário, devido à alta correlação
negativa entre FDN e consumo de MS por
ruminantes (Van Soest, 1994). Diante dos
resultados obtidos para o BRS-610 neste
ensaio e na literatura pode-se inferir que ele
apresenta uma fibra de boa qualidade,
mostrando teores de fibra próximos aos
relatados para sorgos de graníferos e de
duplo-propósito.
Os valores de hemiceluloses foram próximos
aos valores médios encontrados por Araújo
(2006) (24,62%) e Pires et al. (2006)
(23,73%), e inferiores ao observados por
Ibrahim (2007) (31,74%) e Ribeiro (2005)
(30,35%). Já os valores de celulose
encontrados neste experimento (24,2% a
29,7%) foram inferiores aos relatados por
Araújo (2002, 2006) de 28,0% a 36,3%.
Sabe-se que as enzimas das plantas e
bacterianas podem desdobrar hemiceluloses
em pentoses, que servem de fonte extra para
as bactérias ácido láticas (Muck, 1988;
McDonald et al., 1991). Como já discutido,
neste experimento há indícios de que as
frações de hemiceluloses sofreram
degradação durante o processo de ensilagem
para as plantas colhidas até E5. Segundo
Silva et al. (1999) a utilização das
hemiceluloses durante a fermentação é
83
controlada principalmente pelos teores de
carboidratos solúveis disponíveis para a
fermentação. Por outro lando os teores de
celuloses não sofreram alteração com a
ensilagem nos diferentes estádios de
maturação.
Os teores de lignina foram inferiores e
semelhantes entre si até E7, contudo no
último corte (E8) observou-se aumento nesse
valor. Os valores de lignina variaram de
5,21% a 7,72% com a maturidade. Houve
aumento nos teores de lignina com a
ensilagem o que não era esperado e pode ser
decorrente de erros de amostragem ou de
execução da técnica. Valores próximos
foram descritos por Ribeiro (2005)(3,31% a
9,49%) e Araújo et al. (2007)(4,72% a
6,48%). A lignina constitui um polímero
fenólico que se associa aos carboidratos
estruturais, celulose e hemiceluloses,
alterando significativamente a digestibilidade
destes carboidratos das forrageiras (Norton,
1982). Contudo mais importante que a
concentração da lignina é a sua composição e
a relação dos compostos hidroxibenzaldeído
(HBD), vanilina (VAN) e siringaldeído
(SGD). De acordo com Noguera (2002) o
avanço do estádio de maturação e o
conseqüente aumento do grau de lignificação
das frações fibrosas em híbridos de sorgo
forrageiros levam ao aumento da
concentração de HBD, VAN e SGD.
Segundo Saliba et al. (1999), a vanilina, que
é derivada o ácido ferúlico, é a maior
responsável pelas ligações da lignina com as
hemiceluloses e pela redução da
digestibilidade das forrageiras.
Digestibilidade in vitro da MS (DIVMS)
A qualidade de uma silagem é função de sua
composição química e de seu consumo pelos
animais, além da digestibilidade de seus
nutrientes (Dias et al., 2001). Segundo Silva
et al. (1999) os valores de DIVMS e DIVMO
são aumentados com o aumento da
participação de panícula na planta do sorgo,
sendo necessário pelo menos 40% desta
fração para obtenção de silagens de sorgo de
boa qualidade. Os valores de DIVMS
variaram de 45,05% a 60,52%. A equação de
regressão linear (%DIVMS da silagem= -
0,3657x + 96,911 R
2
= 0,82, em que x=
idade da planta entre E2 e E8) indica
reduções à taxa de 0,37% nos valores de
DIVMS a cada dia de avanço da maturidade,
contudo reduções significativas ocorreram a
partir de E4. Pires et al. (2006) e Araújo et
al. (2007) não encontraram efeito do estádio
de maturação sobre a DIVMS das silagens de
sorgo avaliadas, com médias que variaram de
54,93% a 57,79% e 47,24% a 52,19%,
respectivamente. No entanto, Zago (1992)
encontrou aumentos na digestibilidade das
silagens de sorgo com a maturidade pelo
aumento da proporção de panícula, por ser a
fração de maior digestibilidade da planta. De
modo semelhante Silva et al. (1999) também
encontrou maior teor de DIVMS pelo
aumento na proporção de panícula na massa
ensilada. Entretanto Hart (1990) e Andrade e
Carvalho (1992) não encontraram diferenças
na digestibilidade mesmo quando a
proporção de grãos era aumentada, seja pelo
aumento da altura de corte ou por avanço da
maturidade. O efeito do estádio de maturação
sobre a digestibilidade é variável em
diferentes materiais em decorrência da
variação na proporção das partes de colmo,
folha e panícula na planta e pelas diferenças
entre os valores nutricionais dessas frações, o
que interfere na qualidade final das silagens
de sorgo.
Cummins (1971) estudou silagens de grãos,
colmos e folhas de sorgos com e sem taninos
e observou que a ensilagem melhorou os
coeficientes de digestibilidade dos grãos,
mas não alterou os resultados para as frações
de folha e colmo. A melhoria na
digestibilidade dos grãos (50,0% x 66,0%
grãos com tanino e 65,0% x 75,0% grãos
sem tanino) pode estar associada à redução
dos teores de taninos e/ou gelatinização do
amido pela associação de calor e umidade,
condições presentes com a ensilagem.
Neumann et al. (2004) relataram valores
84
médios de 54,02% e 59,76% DIVMO para
híbridos forrageiros e de duplo-propósito
colhidos nos estádios de grãos farináceo a
duro e pastoso a farináceo, respectivamente.
Silva (1996), Brito et al. (2000) e Rocha Jr.
et al (2000) avaliaram sorgos forrageiros e de
duplo-propósito colhidos nos estádios de
grãos leitoso a pastoso. Os valores de
DIVMS foram semelhantes entre os ensaios
e de modo geral, variaram de 50 a 58%, o
que condiz com os resultados desse ensaio
para os mesmos estádios de maturação dos
grãos. Ferreira (2005) e Ibrahim (2007)
encontraram coeficientes de digestibilidade
para o sorgo BRS-610 (59,64%) próximo ao
obtido neste ensaio para o mesmo estádio de
maturidade (E3-leitoso/Pastoso).
Ao comparar a digestibilidade da planta e
sua respectiva silagem em diferentes estádios
de maturação da planta constatou-se redução
numérica a partir de E5 (58,2% x 53,0%) e
significativa nos últimos três estádios de
maturação, E6-farináceo (58,5% x 50,6%),
E7-duro (59,9% x 45,0%) e E8-seco (59,1%
x 49,8%). Os relatos na literatura são
conflitantes sobre esse aspecto. Alguns
autores observaram reduções (Borges et al.,
1999; Bernardino, 1996, Silva et al., 1999,
Ribeiro, 2005) com a ensilagem, devido ao
consumo da fração de carboidratos solúveis.
Contudo Nogueira (1995), Silva (1996),
Pesce et al., (2000), Ferreira (2005) e
Ibrahim (2007) não encontraram diferenças
entre o material original e suas silagens para
os teores de DIVMS. Por outro lado, alguns
pesquisadores relataram comportamento
distinto entre híbridos avaliados no mesmo
ensaio (Brito et al., 2000; Rocha Jr. et al.,
2000). Pelos valores de DIVMS as silagens
podem ser classificadas de boa a média
qualidade, segundo Borges et al., 1997. Nos
estádios de grãos leitosos (E2) a pastosos
(E4) observam-se bons valores nutricionais,
indicados pelos menores teores das frações
fibrosas, bons teores de digestibilidade e
teores de matéria seca que de modo geral não
limitariam o consumo de MS pelos
ruminantes.
4. CONCLUSÃO
O estádio de maturação dos grãos
influenciou tanto na qualidade da
fermentação quanto no valor nutritivo das
silagens do híbrido de sorgo BRS-610. Os
resultados deste experimento indicam que a
ensilagem do híbrido de sorgo BRS-610
entre E3 e E5, estádio de grãos leitoso a
pastoso, garante uma excelente fermentação
e bom valor nutritivo da silagem.
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88
CAPÍTULO V: AVALIAÇÃO DAS SILAGENS DO SORGO BRS-610 EM SETE
ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO PELA TÉCNICA IN VITRO SEMI-AUTOMÁTICA
DE PRODUÇÃO DE GASES.
RESUMO: Avaliou-se a qualidade das silagens do sorgo BRS-610 produzidas em sete estádios de
maturação de grãos (leitoso-E2, leitoso/pastoso-E3, pastoso-E4, pastoso/farináceo-E5, farináceo-
E6, duro-E7, seco-E8), pela técnica in vitro semi-automática de produção de gases. O
delineamento foi inteiramente casualizado, com quatro repetições por tratamento e as médias
foram compardas pelo teste Scott-knott (p<0,05). Os parâmetros potencial máximo de produção de
gases (A), tempo de colonização (L), taxa de produção de gases (µ) e degradabilidade efetiva da
matéria seca (MS) para as taxas de passagem de 2; 5 e 8%/h foram obtidos pelo modelo de France
et al. (1993). O potencial máximo de produção de gases não diferiu entre as silagens e indicou
média de 170,5 ml/g de MS. Os estádios de maturação entre E3 e E4 apresentaram menor tempo
de colonização. As maiores taxas de fermentações foram observadas nas silagens produzidas entre
E5 e E8. As degradabilidades efetivas foram semelhantes entres as silagens, com média de 46,2%.
O sorgo BRS-610 produziu silagens de qualidade satisfatória com destaque para as silagens
produzidas em E5 por associar melhor taxa de fermentação e menor tempo de colonização.
Palavras chaves: produção de gases, qualidade, ruminantes, valor nutritivo,
EVALUATION OF THE SILAGES OF SORGHUM BRS-610 IN SEVEN STAGES OF
MATURATION FOR SEMI-AUTOMATED IN VITRO GAS PRODUCTION TECHNIQUE
ABSTRACT: The quality of the silages of sorghum BRS-610 produced to the seven stages the
grain maturation ( milky-E2, milky/soft dough-E3, soft dough-E4, soft dough/Floury-E5, Floury-
E6, hard dough-E7, dry-E8 ) for the semi-automatic gas production technique (Reading pressure
technique) was evaluated. It was used a complete randomized design, with four repetitions for
treatment, and the means had been compared by the test Scott-knott (p<0.05). The parameters
potential of production of gases (A), lag phase (L), rate of gas production (µ) and effective dry
matter (DM) degradability for 2; 5 and 8%/h rate of passage had been gotten by the model of
France et al. (1993). The potential of gas production had not differed between the silages, showing
mean of 170.5 ml/g of DM. The stages among E3 and E4 had shown minor lag phase. The biggest
rate of gas production had been observed in the silages produced among stage of E5 and E8. The
effective degradabilities had been similar among the silages, with 46.2% mean. The sorghum BRS-
610 produced silage de satisfactory quality whit prominence for the silage produced to the E5 for
associating better rate of gas production and minor lag phase.
Key words: gas production, nutritional value, quality, ruminant.
89
1. INTRODUÇÃO
O sorgo BRS-610 obtido pela embrapa pelo
cruzamento dos materiais CMSXS 232A x
CMSXS 234R destaca-se pela resistência
moderada a doenças como antracnose e
ferrugem e boa resistência a
Helmintosporiose. O BRS-610 é um sorgo de
colmo seco, de grãos com endosperma semi-
duro e sem tanino. Observa-se ainda, boa
resistência ao acamamento o que favorece a
colheita mecanizada, com mínimas perdas a
campo e resistência à acidez do solo
(Rodrigues et al., 2004). Contudo necessita-
se avaliar o valor nutricional de suas silagens
e o melhor momento de colheita.
A qualidade nutricional de uma forrageira é
medida por sua digestibilidade e pelo
consumo voluntário. No entanto, as
avaliações destes parâmetros in vivo, são
técnicas laboriosas, caras e demoradas,
dificultando a avaliação de alimentos. Desta
forma, a utilização de técnicas laboratoriais
para predição de consumo e digestibilidade
tem sido uma opção para avaliação do valor
nutricional de alimentos de uma maneira
mais prática e rápida (Getachew et al., 1998).
A técnica de produção de gases in vitro
apresenta algumas vantagens quando
comparada com a técnica in vitro de Tilley e
Terry (1963). Os métodos in vitro são
baseados em medidas gravimétricas do
desaparecimento de componentes que nem
sempre contribuem para fermentação e
produção de gases. Além disso, na
metodologia de produção de gases a cinética
de fermentação pode ser avaliada em uma
única amostra utilizando uma pequena
quantidade de material. A técnica in vitro
semi-automática de produção de gases
(Mauricio et al., 1999) ou Reading Pressure
Technique (RPT) tem a capacidade de
avaliar grande número de substratos e
descrever a cinética de fermentação ruminal.
A técnica apresenta potencial de descrição da
cinética de fermentação, da taxa e extensão
da degradação de forrageiras. A técnica
constitui também uma ferramenta promissora
em avaliações das taxas de digestão das
frações solúveis e insolúveis dos alimentos,
utilizadas pelos sistemas modernos de
predição de consumo (NRC, 1996; NRC,
2001). A técnica in vitro semi-automática de
produção de gases apresenta a vantagem de
permitir a avaliação de um grande número de
amostras por experimento, com boa acurácia,
facilidade de manuseio e baixo custo por
amostra analisada.
O objetivo deste experimento foi determinar
o valor nutricional das silagens do sorgo
BRS-610 em sete estádios de maturação
através da avaliação da produção de gases e
da degradabilidade da matéria seca,
utilizando a técnica in vitro semi-automática
de produção de gases.
2. MATERIAL E MÉTODOS
As silagens avaliadas no presente trabalho
foram obtidas de acordo com a metodologia
descrita no capítulo IV. As silagens foram
moídas em partículas de aproximadamente 1
milimetro e armazenadas em recipientes de
polietileno para posterior avaliação pela
técnica in vitro semi-automática de produção
de gases (Maurício et al., 1999).
Na avaliação da qualidade nutricional das
silagens pela técnica in vitro semi-
automática de produção de gases um grama
de amostra foi adicionado aos frascos de
fermentação (160 ml) previamente injetados
com CO
2
. Foram utilizados três frascos por
repetição. Frascos contendo somente líquido
ruminal e meio de cultura (tampão) foram
usados como controle. Para cada frasco,
foram adicionados manualmente, utilizando
uma proveta, 90 mililitro de meio de cultura
conforme Theodorou et al. (1994). Os
frascos foram vedados com rolhas de
borracha (14 mm).
Para evitar que qualquer tipo de fermentação
ocorresse, os frascos foram mantidos a 4 ºC
durante a noite. Cinco horas antes da
inoculação os frascos foram removidos da
90
geladeira para estufa a 39 ºC até o momento
da inoculação. A inoculação foi feita usando
liquido ruminal obtido de um bovino macho
castrado da raça européia, fistulado, mantido
em dieta a base de volumoso (Feno de
Tyfton 85) à vontade e 3 kg de concentrado
comercial por dia (20% de PB). O líquido
ruminal foi retirado pela manhã antes da
alimentação do animal e armazenado em
garrafas térmicas previamente aquecidas. No
laboratório, o líquido ruminal foi filtrado sob
injeção contínua de CO
2
e mantido em
banho-maria a 39 ºC. A inoculação foi
realizada sob injeção de 10 ml do liquído
ruminal por frasco através de seringa plástica
conectada a uma agulha (0,6 milimetro). A
pressão originada pelos gases acumulados na
parte superior dos frascos foi medida através
de um transdutor de pressão (tipo T443A,
Bailey e Mackey, Inglaterra) conectado em
sua extremidade a uma agulha (0,6
milimetro). As leituras de pressão foram
tomadas em maior freqüência durante o
período inicial de fermentação e reduzidas
posteriormente (2, 4, 6, 8, 10, 12, 15, 19, 24,
30, 36, 48, 72, e 96 h). A partir da inserção
da agulha na tampa de borracha a pressão
produzida no interior dos frascos foi lida no
leitor digital. Os dados de pressão foram
utilizados para o cálculo do volume de gases
produzidos através de equação matemática
desenvolvida por Mauricio et al. (2003a):
VG (ml) = 0,051 P
2
+ 4,43 P - 0,004 (r
2
=
0,99)
em que,
VG = volume de gases produzido;
P = pressão em psi (pressão por polegada
quadrada).
Os resíduos de fermentação foram obtidos
através de filtragem em cadinhos de
porosidade 1 (Pirex - Vidrotec) previamente
pesados. Após filtragem, os cadinhos
contendo o resíduo de degradação foram
secados por 48 horas a 100ºC e pesados para
que fossem calculados os valores de
degradabilidade da matéria seca após 96
horas de fermentação (DMS).
Procedimentos estatísticos
Os dados de produção cumulativa de gases
oriundos da fermentação de cada tratamento
foram ajustados através do software
"Maximum Likelihood Program" (Ross,
1980) ao modelo de France et al. (1993):
Y = A
1 – exp
[
– b(t – L) – c x (
t –
L)
]
(1)
em que,
Y = produção cumulativa de gases (mL);
A = assíntota ou potencial máximo de
produção de gases;
L = tempo de colonização (lag time);
t = tempo de incubação em horas;
b (h
-1
) e c (h
-0,5
) = taxas fracionais
constantes.
Uma taxa fracional (h
-1
) combinada a
produção de gases (µ) foi calculada como:
µ = b + c
2
t (2)
em que,
µ = taxa de produção de gases (h
-1
),
calculada na metade do tempo para atingir a
assíntota;
b e c = parâmetros semelhantes ao da
equação (1);
t = tempo de incubação em horas.
As degradabilidades efetivas da matéria seca
(DEMS) empregando as taxas de passagem
de 2%, 5% e 8%/h para baixo, médio e alto
consumo, respectivamente, conforme
recomendações do Report.... (1984), foram
calculadas pela equação (3) proposta por
France et al. (1993), utilizando o software
MLP (Ross, 1980).
DEMS = S
0
e
-kT
(1 - kI)/ (S
0
+ U
0
)
(3)
em que,
91
k = taxa de passagem;
S
0
e U
0
= frações inicialmente fermentáveis e
frações não fermentáveis.
I =
T
exp -[(b + k) (t - T) + c(
t -
T)]dt
O delineamento utilizado foi inteiramente
casualizado. Para os dados de produção
cumulativa de gases após 6, 12, 24, 48, 72 e
96 horas de fermentação utilizou-se esquema
fatorial 7 x 6 (Época de corte x horários de
produção cumulativa de gases) com quatro
repetições. As épocas de ensilagem foram
submetidas ao estudo de regressão para os
parâmetros avaliados, porém não foram
observadas significâncias estatísticas.
Descrito pelo modelo estatístico:
Y
ijk
= µ+ Τ
i
+ A
k
+
(T*A)
ik
+
ij
em que,
Y
ijk
= observação da variável resposta para o
estádio de maturação “i” no tempo “k” no
bloco “j”
µ = média geral
Τ
i
= efeito do estádio de maturação da planta
ao corte; i = E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8
A
k
= efeito do tempo de incubação; k = 6, 12,
24, 48, 72 e 96 horas de incubação
(T*A)
ik
= efeito da interação estádio de
maturação x tempo de incubação
ij
= erro aleatório atribuído ao estádio de
maturação “i” no tempo de incubação “K”;
ik
N (0, 1)
A comparação das médias foi feita utilizando
o teste de agrupamentos de Scott-Knott, em
nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o
pacote estatístico SAEG 9.1 2007.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A composição química das silagens
avaliadas podem ser verificadas nas tabelas 5
e 7 do capítulo III. Na tabela 5.1 encontram-
se as produções cumulativas de gases das
silagens do híbrido de sorgo BRS-610 em
sete estádios de maturação da planta ao corte
(E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8), após 6, 12, 24,
48, 72 e 96 horas de fermentação.
Tabela 5.1: Produções cumulativas de gases (em ml/g de MS) após os tempos de incubação de 6,
12, 24, 48, 72 e 96 horas das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação (E2, E3,
E4, E5, E6, E7 e E8)
Tempos de Incubação (horas)
Estádio
de
maturação
6 12 24 48 72 96
E2 26,797 57,990 100,938 139,407 160,574 171,009 A
E3 31,399 70,737 108,304 142,433 162,303 172,176 A
E4 24,666 67,357 105,972 141,442 162,616 172,655 A
E5 18,808 60,749 108,033 144,910 165,005 174,752 A
E6 22,002 64,907 110,679 149,631 169,889 181,706 A
E7 18,349 55,758 102,524 140,029 160,042 171,499 A
E8 16,054 48,038 89,524 121,139 139,685 150,842 A
médias 22,582 60,791 103,711 139,856 160,016 170,663
Médias seguidas de letras distintas maiusculas na coluna, diferem entre si (p<0,5) pelo teste Scott-knott (p<0,05);
Coeficiente de variação= 7,52%. Estádios de maturação dos grãos: E2- leitoso; E3- leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5-
pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
92
De acordo com a Tabela 5.1, não foi
observada nenhuma variação significativa na
produção de gases entre os estádios de
maturação para um mesmo período de
incubação. A comparação entre períodos de
incubação para um mesmo estádio de
maturação mostrou-se com produções
acumuladas de gases crescentes (p<0,05) até
96 horas de incubação, com as médias de
22,58; 60,79; 103,71; 139,85; 160,01 e
170,66 ml/g de MS, para os tempos de
incubação 6, 12, 24, 48, 72 e 96 horas,
respectivamente. As semelhanças (p>0,05)
para as comparações entre os estádios de
maturação impossibilitam destacar as que
sofreram maior fermentação nos distintos
tempos de incubação. Contudo, apesar da
semelhança estatística (p>0,05), observa-se
uma tendência numérica de menor produção
de gases em E8 para os tempos de incubação
de 24 a 96 horas. Isso pode ser indicativo da
menor fermentação da fração fibrosa
lentamente degradável presente nesse
material em E8, representada principalmente
pelas folhas e colmos.
Na figura 5.1 se encontram as curvas de
produção cumulativa de gases da MS do
híbrido BRS-610 nos diferentes estádios de
maturação. Destaca-se a inferioridade
numérica da curva de produção cumulativa
de gases em E8 para os tempos de incubação
de 24 a 96 horas.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 163248648096
Tempo (horas)
Produção cumulativa de gases (mL/g de MS)
E2 E3
E4 E5
E6 E7
E8
Figura 5.1: Produção acumulativa de gases das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de
maturação.
O processo de lignificação dessas partes da
planta de sorgo pode ser o responsável pela
menor produção de gases nos estádios mais
avançados de maturação. Araújo (2006) e
Pires (2007) avaliaram a produção de gases
de seis híbridos (ATF54*9929036,
CMSXS217*9929012, MSXS206*9930002,
BR 601, BR 700 e VOLUMAX) e quatro
(CMSXS165, CMSXS114, BR601 e BR700)
genótipos de sorgo colhidos no estádio de
grãos leitoso/pastoso e farináceo/duro,
respectivamente. Esses autores encontraram
médias de produção cumulativa de gases por
tempo diferentes entre si, apresentando
93
valores de 19,04; 43,30; 89,99; 137,73 e
175,54 ml/g de MS e 19,485; 47,82; 86,63;
142,34 e 176,74 ml/g de MS, para os tempos
de incubação de 6, 12, 24, 48, 96 horas.
Esses valores, em comparação ao presente
estudo, foram inferiores para as primeiras 24
horas de incubação, o que mostra um menor
tempo de colonização e maior taxa de
fermentação para o BRS-610, possivelmente
pela disponibilidade de carboidratos solúveis
e melhor qualidade da fibra, favorecendo a
rápida colonização e início da degradação da
fibra.
A Figura 5.2 mostra a produção de gases por
hora da matéria seca das silagens do híbrido
de sorgo BRS-610 em sete estádios de
maturação. Neste gráfico pode-se observar
que para todas as silagens houve um
primeiro ponto de elevação de produção de
gases que ocorreu entre seis e doze horas,
possivelmente devido à fermentação de
carboidratos prontamente disponíveis, no
caso os carboidratos solúveis e o amido
presente na panícula da planta do sorgo. O
segundo ponto de elevação de produção de
gases observado também para todas as
silagens, ocorrido entre 30 e 48 horas,
corresponde à fermentação dos carboidratos
fibrosos (hemiceluloses e celulose),
pertencentes à parede celular.
Percebe-se que as silagens produzidas em E2
e E3 foram as primeiras a alcançar o ponto
de elevação de fermentação de carboidratos
prontamente fermentáveis, o que ocorreu nas
primeiras seis horas de incubação. Observa-
se que com o avanço da maturidade houve
um retardo na degradação desses
carboidratos. Isso pode ser justificado em
parte pelo menor acesso das bactérias
aminolíticas aos grânulos de amido presente
no grão de sorgo, devido ao menor teor de
umidade do grão, maior resistência da matriz
protéica que recobre os grânulos de amido no
endosperma e maior resistência do pericarpo
dificultando a degradação microbiana e
conseqüentemente a sua digestão.
Para que o amido da região vítrea dos grãos
de sorgo torne-se disponível para a digestão
é necessária à digestão preliminar da parede
celular e do arcabouço formado pela matriz
protéica e pelos corpos protéicos que
recobrem os grânulos de amido. Por isso, é
necessária a formação de “consórcios” de
microrganismos ruminais para que a digestão
dos grãos se processe. Portanto são
necessários a presença de microrganismos
celulolíticos e proteolíticos para a digestão
daquelas estruturas para que o amido se torne
disponível (Orskov, 1986; Antunes, 2005).
O menor ponto de elevação de fermentação
para os carboidratos da parede celular foi
observado para a silagem produzida em E8.
Contudo para os outros estádios de
maturação os pontos de elevações foram
muito próximos. Porém ao final de 72 horas
de incubação todas as silagens parecem ter
atingido o máximo da fermentação da fração
fibrosa, revelado pelas menores produções de
gases nesse momento. As produções de gases
observados a partir desse momento indicam
fermentações de substrato bacteriano.
Os parâmetros da cinética de produção de
gases e degradabilidades efetivas,
determinados pelo modelo de France et al.
(1993), referentes à matéria seca das silagens
em diferentes estádios de maturação do
sorgo, encontram-se na Tabela 5.2.
Os potenciais máximos de produção de gases
variaram de 147,00 a 179,00 ml/g de MS
para E8 e E6, respectivamente. Não foi
observado diferença numérica para as
silagens até E6 com tendência de redução em
E7 e E8. Contudo as degradações da MS
(DMS) após 96 horas foram semelhantes
(p>0,05) para as silagens nos diferentes
estádios de maturação da planta.
O tempo de colonização (TC) representa o
tempo compreendido entre o início da
incubação até a ação microbiana sobre a
amostra testada.
94
3
5
7
9
11
13
15
17
0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72
E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8
Tempo de incubação (horas)
P
ro
d
u
çã
o
d
e
g
ases
(
m
L/h)
Figura 5.2: Produção de gases por hora das silagens do híbrido de sorgo BRS-610 em sete
estádios de maturação .
Tabela 5.2: Potencial máximo de produção de gases (A) em ml/g de MS, tempo de colonização
(TC) em horas, taxa de produção de gases (µ) em ml/g de MS/h, degradabilidade efetiva da MS
(DEMS) para as taxas de passagem 2,0%, 5,0% e 8,0% e degradação da MS (DMS) em 96 horas
de incubação das silagens do sorgo BRS-610 em sete estádios de maturação da planta
Estádios de maturação
Paramêtros E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8
A (ml/g de MS) 175 178 176 171 179 168 147
TC (h:min) 01:28 01:54 01:03 01:06 01:59 02:00 01:42
µ (ml/g de MS/h) 0,03 0,02 0,03 0,05 0,04 0,05 0,051
DEMS 2,0%/h (%) 33,83 25,85 27,35 29,69 30,36 30,81 30,61
DEMS 5,0%/h (%) 24,57 13,73 14,78 18,56 17,98 15,67 17,03
DEMS 8,0%/h (%) 18,59 6,52 7,33 12,83 11,57 6,77 9,25
DMS 96 h (%)
1
45,03 a 43,035 a 44,33 a 45,29 a 48,53 a 50,35 a 48,34 a
1
Teste Scott-Knott (p>0,05); DEMS: Degradação efetiva da matéria seca; DMS 96- Degradabilidade "in vitro" da
matéria seca após 96 h, coeficiente de variação (CV) 1 =7,52 Estádios de maturação dos grãos: E2- leitoso; E3-
leitoso/pastoso; E4- pastoso; E5- pastoso/farináceo; E6- farináceo; E7- duro; E8- seco.
As reduções no tempo de colonização são
favorecidas pela presença de substratos
prontamente fermentáveis, ausência de
fatores antinutricionais e por características
físicas e químicas (como maior ou menor
teor de lignina) da parede celular da amostra.
Os TC variaram de 1:03 a 2:00 horas, com os
menores tempos de colonização (TC)
verificados para as silagens produzidas em
E4 (1:03 h) e E5 (1:06 h), momento em que
se observa aumento da fração de panícula e
boa qualidade da fibra das frações das folhas.
Contudo com o avanço da maturidade a
redução na qualidade da fibra (elevações nos
95
teores de FDN e FDA) das folhas volta a
elevar os tempos de colonização.
As taxas de produção de gases variaram de
0,03 a 0,05 ml/g de MS/h. Houve uma
tendência de maior taxa de produção de
gases entre E5 e E8, o que concorda com o
aumento da fração de panículas, cujo amido
apresenta maior taxa de fermentação que as
frações fibrosas presentes nas folhas e
colmos. A menor taxa de fermentação em
estádios mais imaturos, antes de E5,
justifica-se em parte pela maior participação
das frações de folhas e colmo na MS da
planta.
A degradabilidade efetiva da matéria seca
(DEMS) foi calculada para taxas de
passagem de 2%, 5% e 8% por hora
conforme recomendações do Report...
(1984). Segundo o Agricultural Research
Council (1984) trabalha-se com taxas de
passagem de 2,0%/h para bovinos e ovinos
alimentados em nível de mantença, de
5,0%/h para vacas de baixa produção (15 kg
de leite/dia) e para bovinos de corte e ovinos
alimentados com dietas mistas e de 8,0%/h
para vacas com médias e altas produções de
leite acima de 25 kg de leite/dia. Os valores
de DEMS deste trabalho encontram-se na
Tabela 2.
As alterações nas DEMS das silagens, em
função dos estádios de maturação, são mais
intensas em condições de maior taxa de
passagem (5% e 8%/h). As DEMS na taxa de
passagem de 2%/h sofreram pouca variação
com o estádio de maturação, variando de
25,9% a 33,9%. Contudo em situações de
taxa de passagem de 5%/h e 8%/h as DEMS
reduziram de 24,6% para 13,7% e de 18,6%
para 6,52%. Ressalta-se a redução
considerável da DEMS entre E2 e E3 para
todas as taxas de passagem mencionadas,
bem como as reduções observadas em E7 e
E8 a uma taxa de passagem de 8%/h.
Maurício et al. (2003b) ao avaliarem a
produção de gases das silagens de quatro
cultivares de sorgo obtiveram valores de
potencial máximo de produção de gases de
179, 179, 194 e 166 ml/g de MS, para os
híbridos BR700, BR701, BR601 e AG2002,
respectivamente. O valor encontrado por
estes autores para os híbridos BR700 e
BR701 foram semelhantes ao observado
neste estudo e o valor do BR601 superior ao
do presente trabalho. Pires (2007) avaliou a
qualidade da silagem de quatro híbridos de
sorgo com e sem tanino pela técnica semi-
automática de produções de gases. Esse autor
avaliando o sorgo BR700 encontrou valores
de A (173 ml/g de MS), TC (01:53 h: min), µ
(0,019ml/g de MS/h) e DEMS (29,7%,
17,8% e 13,6%, para 2%, 5% e 8% por hora)
semelhantes ao deste trabalho para o mesmo
estádio de maturação (Farináceo). Por outro
lado, Maurício et al. (2003b) avaliando
silagens de sorgo encontraram valores de
DEMS acima dos valores no presente
experimento, de 42,5%; 30,0% e 23,4% para
o híbrido BR700 e de 47,8%; 34,3% e 26,7%
para o híbrido BR601, respectivamente para
as taxas de passagens de 2%, 5% e 8% por
hora.
De acordo com Tomich (2003), partindo-se
do princípio que os gases produzidos
refletem a degradação da amostra testada, a
taxa e o potencial máximo de produção de
gases são, provavelmente, os principais
parâmetros para avaliar a qualidade de
forrageiras testadas pela técnica de produção
de gases. Sendo assim, forrageiras mais
fermentáveis ou digestíveis seriam aquelas
que apresentam maiores valores de potencial
máximo associado à alta taxa de produção de
gases, resultando numa maior fermentação
do material em menor tempo de incubação.
Seguindo esses parâmetros a silagem
produzida em E5 sobressai por associar
melhor taxa de fermentação e menor tempo
de colonização, uma vez que os valores de
potencial máximo de produções de gases
foram semelhantes.
4. CONCLUSÃO
O sorgo BRS-610 produziu silagens de
qualidade satisfatória com destaque para as
96
silagens produzidas em E5 por associar
melhor taxa de fermentação e menor tempo
de colonização, uma vez que os valores de
produção cumulativa e potencial máximo de
produções de gases foram semelhantes entre
os estádios de maturação avaliados.
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Tese (Doutorado) - Escola de Veterinária,
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2003.
98
CAPÍTULO VI: CONCLUSÃO FINAL
Os resultados deste experimento demonstram que o sorgo BRS-610, além das características já
conhecidas de resistência a pragas e doenças, possui características agronômicas e nutricionais que
o destacam para produção de silagem de excelente qualidade. Quanto ao momento de ensilagem
recomenda-se o estádio de grãos pastoso/farináceo.
99
Anexo I: Correlações entre os parâmetros agronômicos (Capítulo II)
Anexo I : Correlações entre os parâmetros agronômicos (Capítulo II)
Stand Altura PLA FOL COL PAN PLA COL FOL PAN PLA COL FOL PAN FOL COL PAN
1 -0,54 -0,64 -0,93 -0,92 -0,94 -0,59 -0,59 -0,89 -0,90 ns* -0,62 -0,88 -0,92 0,31 -0,49 -0,91 0,82
1 0,39 0,81 0,5 0,55 ns* ns* 0,52 0,37 -0,38 ns* 0,46 0,43 -0,42 0,62 0,40 -0,61
1 0,67 0,69 0,45 0,74 0,54 0,64 0,54 ns* 0,53 0,59 0,51 ns* ns* 0,48 0,51
Estádio de
Stand
Altura
Parâmetros
PMV
Estádio
(E)
PMV PMS PMSD PROPORÇÃO (%)
PLA 1 0,99 0,89 0,77 0,76 0,95 0,93 ns* 0,75 0,93 0,92 ns* 0,34 0,86 -0,70
FOL 1 0,87 0,76 0,79 0,96 0,93 ns* 0,78 0,93 0,91 ns* 0,32 0,86 -0,68
COL 1 0,45 0,54 0,86 0,92 -0,35 0,58 0,89 0,95 -0,45 0,55 0,95 -0,88
PAN 1 0,72 0,7 0,59 0,48 0,66 0,6 0,52 0,43 ns* 0,44 ns*
PM
S
PMV
PLA 1 0,48 0,7 ns* 0,98 0,77 0,66 ns* ns* 0,58 -0,39
COL 1 0,91 ns* 0,78 0,97 0,9 ns* 0,43 0,82 -0,73
FOL 1 ns* 0,71 0,94 0,99 ns* ns* 0,95 -0,71
PAN 1 ns* ns* ns* 0,98 -0,85 ns* 0,68
PM
S
P
MS
D
PLA 1 0,78 0,68 ns* ns* 0,6 -0,46
COL 1 0,94 ns* 0,41 0,87 -0,75
FOL 1 ns* 0,38 0,96 -0,78
PAN 1 -0,85 -0,37 0,74
%
P
MS
D
FOL 1 0,42 -0,82
COL 1 -0,82
PAN 1
%
PLA= Planta; FOL=Folha; COL= Colmo; PAN= Panícula; PMV= Produção de Matéria Verde; PMS= Produção de Matéria Seca; PMSD= Produção de Matéria Seca Digestível. Significativo
(p<0,05); ns*= não significativo (p>0,05).
100
Anexo II: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III)
Anexo II
: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III) continua....
Estádio PLA COL FOL PAN PLA COL FOL PAN FOL COL PAN PLA FOL COL PAN PLA FOL COL PAN PLA
1 0,85 0,66 0,96 0,94 -0,91 -0,71 -0,92 0,36 0,75 0,82 -0,74 -0,50 0,82 0,81 -0,77 ns* 0,43 0,6 -0,68 -0,79
Parâmetros
Estádio de
maturação
M
S
MS PB FDN FDA HEM
PLA
1 0,77 0,82 0,77 -0,79 -0,58 -0,72 ns* 0,59 0,53 -0,44 -0,32 0,64 0,52 -0,48 ns* 0,34 0,32 -0,39 -0,62
COL
1 0,64 0,80 -0,68 -0,46 -0,6 ns* 0,49 0,3 ns* ns* 0,52 ns* ns* 0,4 ns* 0,32 ns* -0,33
FOL
1 0,97 -0,87 -0,66 -0,89 0,41 0,72 0,78 -0,69 -0,53 0,79 0,76 -0,72 ns* 0,41 0,57 -0,62 -0,81
PAN
1 -0,87 -0,66 -0,88 0,44 0,70 0,79 -0,69 -0,55 0,78 0,78 -0,73 ns* 0,37 0,57 -0,63 -0,81
M
S
PB
PLA
1 0,69 0,86 -0,37 -0,76 -0,79 0,68 0,44 -0,77 -0,76 0,7 ns* ns* -0,63 0,64 0,73
COL
1 0,76 ns* -0,61 -0,81 0,79 0,51 -0,68 -0,80 0,79 ns* ns* -0,57 0,80 0,65
FOL
1 ns* -0,81 -0,84 0,77 0,54 -0,9 -0,83 0,8 ns* -0,33 -0,6 0,74 0,79
PAN
1 ns* 0,39 -0,38 -0,4 0,33 0,36 -0,41 ns* ns* 0,35 -0,35 -0,45
F
D
N
PB
FOL
1 0,69 -0,64 -0,46 0,88 0,64 -0,65 ns* 0,34 0,62 -0,6 -0,66
COL
1 -0,93 -0,67 0,78 0,97 -0,93 ns* ns* 0,78 -0,91 -0,8
PAN
1 0,71 -0,68 -0,92 0,99 0,37 ns* -0,68 0,99 0,81
PLA
1 -0,52 -0,64 0,71 0,81 ns* -0,53 0,67 0,87
F
D
N
F
D
A
FOL
1 0,73 -0,71 ns* ns* 0,62 -0,64 -0,7
COL
1 -0,92 ns* ns* 0,62 -0,92 -0,78
PAN
1 0,34 -0,30 -0,38 -0,68 0,97
PLA
1ns*ns*0,350,45
F
D
A
H
E
M
FOL
1 ns* ns* -0,37
COL
1ns*ns*
PAN
10,76
PLA
1
H
E
M
PLA= Planta; FOL= Folha; COL= Colmo; PAN= Panícula; PMV= Produção de Matéria Verde; PMS= Produção de Matéria Seca; PMSD= Produção de Matéria Seca Digestível. MS= Matéria
Seca; PB= Proteína Bruta; FDN= Fibra Insolúvel em Detergente Neutro; FDA= Fibra Insolúvel em Detergente Ácido; HEM= Hemicelulose; Significativo (p<0,05); ns*= não significativo
(p>0,05).
101
Anexo II: Correlações entre parâmetros avaliados na planta, colmo, folha e panícula (Capítulo III).
FOL COL PAN PLA PLA COL FOL PAN PLA COL FOL PAN
ns* 0,75 -0,8 ns* 0,85 0,72 -0,42 ns* ns* ns* -0,94 0,68
LIG DIVMS
Parâmetros
Estádio de
maturação (E)
CEL
MS
PLA
ns* 0
,
48 -0
,
54 ns* 0
,
71 0
,
55 ns* ns* ns* ns* -0
,
80
,
38
COL
ns* ns* ns* 0
,
36 0
,
47 0
,
44 ns* ns* ns* ns* -0
,
68 ns*
FOL
ns* 0
,
71 -0
,
75 ns* 0
,
79 0
,
67 -0
,
42 ns* ns* ns* -0
,
89 0
,
59
PAN
ns* 0
,
74 -0
,
76 ns* 0
,
83 0
,
68 -0
,
44 ns* ns* ns* -0
,
88 0
,
58
MS
PB
PLA
ns* -0
,
72 0
,
72 ns* -0
,
76 -0
,
65 0
,
38 ns* ns* ns* 0
,
89 -0
,
66
COL
-0
,
32 -0
,
76 0
,
78 ns* -0
,
70 -0
,
63 0
,
47 ns* 0
,
39 0
,
39 0
,
69 -0
,
74
FOL
-0
,
3-0
,
77 0
,
8ns*-0
,
75 -0
,
78 0
,
51 ns* ns* ns* 0
,
9-0
,
74
PAN
ns* 0
,
38 -0
,
41 ns* 0
,
42 ns* -0
,
3 ns* ns* ns* ns* ns*
PB
F
D
N
FOL
0
,
56 0
,
58 -0
,
66 ns* 0
,
69 0
,
59 -0
,
46 ns* ns* ns* -0
,
72 0
,
56
COL
ns* 0
,
95 -0
,
94 ns* 0
,
78 0
,
62 -0
,
66 ns* -0
,
43 -0
,
32 -0
,
77 0
,
88
PAN
ns* -0,88 0,98 ns* -0,71 -0,65 0,76 ns* 0,46 0,34 0,66 -0,92
PLA
-0
,
34 -0
,
65 0
,
71 0
,
36 -0
,
52 -0
,
32 0
,
64 ns* ns* ns* 0
,
43 -0
,
61
F
D
A
F
D
N
FOL
0
,
51 0
,
66 -0
,
72 ns* 0
,
77 0
,
67 -0
,
41 ns* ns* ns* -0
,
77 0
,
61
COL
ns* 0
,
97 -0
,
92 ns* 0
,
76 0
,
68 -0
,
65 ns* -0
,
39 ns* -0
,
77 0
,
86
PAN
0
,
82 ns* -0
,
87 0
,
98 -0
,
73 -0
,
65 0
,
75 ns* 0
,
46 0
,
30 0
,
68 -0
,
91
PLA
-0
,
3-0
,
34 0
,
34 0
,
49 ns* ns* 0
,
44 0
,
35 ns* ns* ns* -0
,
25
F
D
A
H
E
M
FOL
ns* ns* -0
,
32 ns* 0
,
4ns*-0
,
32 ns* ns* ns* ns* ns*
COL
-0
,
37 ns* ns* -0
,
32 ns* 0
,
4ns*-0
,
32 ns* ns* ns* ns*
PAN
ns* -0
,
87 0
,
94 ns* -0
,
67 -0
,
64 0
,
74 ns* 0
,
47 0
,
39 0
,
61 -0
,
92
PLA
ns* -0
,
74 0
,
83 ns* -0
,
72 -0
,
61 0
,
65 ns* ns* ns* 0
,
72 -0
,
74
H
E
M
C
E
L
FOL
1 ns* ns* ns* 0
,
3ns*ns*-0
,
3 ns* ns* ns* ns*
COL
1-0
,
88 ns* 0
,
73 0
,
52 -0
,
6ns*-0
,
35 ns* -0
,
70 0
,
82
PAN
1ns*-0
,
77 -0
,
65 -0
,
68 ns* 0
,
43 ns* 0
,
71 -0
,
89
PLA
1 ns* ns* ns* ns* ns* ns* ns* ns*
C
E
L
L
IG
FOL
10
,
63 -0
,
39 ns* -0
,
3ns*-0
,
73 0
,
62
COL
1-0
,
41 ns* ns* -0
,
31 -0
,
77 0
,
60
PAN
1ns*0
,
36 ns* 0
,
34 -0
,
70
PLA
1-0
,
31 ns* ns* ns*
D
I
V
M
S
L
IG
PLA
10
,
30 ns* -0
,
50
COL
1ns*-0
,
47
FOL
1-0
,
64
P
A
N
1
D
I
V
M
S
PLA= Planta; FOL= folha; COL= Colmo; PAN= Panícula; PMV= Produção de Matéria Verde; PMS= Produção de Matéria Seca; PMSD= Produção de Matéria Seca Digestível. MS= Matéria Seca;
PB= Proteína Bruta; FDN= Fibra Insolúvel em Detergente Neutro; FDA= Fibra Insolúvel em Detergente Ácido; HEM= Hemicelulose; CEL= Celulose; LIG= Lignina; DIVMS= digestibilidade in
vitro da MS; Significativo (p<0,05); ns*= não significativo (p>0,05).
102
Anexo III: Correlações entre parâmetros avaliados na silagem (Capítulo IV)
Anexo III: Correlações entre parâmetros avaliados na silagem (Capítulo IV)
Parâmetros
Estádio %MS
N-NH3
/NT
pH
ác.
ácetico
ác.
propiônico
ác.
butírico
ác. lático
PB FDN FDA CEL HEM LIG DIVMS
Estádio de
maturação (E)
1 0,85 0,90 0,91 -0,45 0,55 0,64 -0,78 -0,55 ns* 0,42 ns* ns* 0,66 -0,84
%MS
1 0,93 0,78 -0,60 ns* 0,66 -0,68 -0,41 ns* ns* ns* ns* 0,70 -0,56
N-NH3 /NT
1 0,83 -0,52 0,56 0,62 0,70 0,49 ns* 0,36 ns* ns* 0,68 -0,74
pH
1 -0,63 0,59 0,73 -0,85 -0,40 0,44 0,56 ns* ns* 0,73 0,74
ác. ácetico
1 ns* -0,50 0,75 ns* ns* -0,32 ns* ns* -0,43 ns*
ác. propionico
1 0,34 -0,42 -0,33 0,55 0,52 0,42 0,58 0,39 -0,64
ác. butírico
1 -0,57 -0,36 0,41 0,52 ns* ns* 0,59 -0,46
ác. lático
1 ns* -0,32 -0,44 ns* ns* -0,49 0,60
PB 1 ns* ns* ns* ns* -0,36 0,50
FDN
1 0,97 0,95 0,92 0,40 -0,51
FDA
1 0,93 0,80 0,50 -0,60
CEL
1 0,86 ns* -0,41
HEM
1ns*-0,29
LIG
1-0,63
DIVMS
1
MS= Matéria Seca; N-NH
3
/NT= Nitrogênio amoniacal; pH= Potencial de hidrogênio; PB= Proteína Bruta; FDN= Fibra Insolúvel em Detergente Neutro; FDA= Fibra Insolúvel em Detergente
Ácido; HEM= Hemicelulose; CEL= Celulose; LIG= Lignina; DIVMS= digestibilidade in vitro da MS; Significativo (p<0,05); ns*= não significativo (p>0,05).
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