e aí, depois desta regra, no mínimo sempre tinham 2, porque uma ligava para a
outra e vinham, mesmo com chuva; que foi o que me sustentou ali naquele parque,
nos últimos 4 anos... porque elas sempre estavam lá... faça chuva, faça sol, então
eu sabia que valia a pena eu ir para lá para aquele lugar que muitas vezes,
principalmente agora no final, eu tinha vontade de não ir mais, tanto que pedi para
sair. Bom, eu trabalhei com criança também, teve um período que eu tive um time de
vôlei legal, a gente até foi lá se expor naquele campeonato municipal da SME... os
guris lá, bem magrinhos – mas valeu lá como experiência; eu, técnica, nunca fui,
sempre fui professora... porque no nível do técnico acho que exige mais do
profissional, não que... por exemplo, eu vou colocar isto até para ilustrar a coisa
anterior do animador e do professor: por exemplo, na SME tem espaço para quem
quer ser técnico, eu acho... existiria uma boa possibilidade de trabalho para quem
quer ser somente um técnico; e ... o cara que é técnico não deixa de ser um
professor... só que ele está num outro nível; eu não tenho capacidade de ser
técnica, primeiro porque não gosto desta coisa... não gosto mais, já fui atleta desta
coisa de olimpíada, de medalha, já fui até para os Jogos Brasileiros, eu era atleta
mesmo, fui até para Brasília, passei 30 dias, na época de adolescência, fui da
seleção gaúcha de ginástica rítmica desportiva em 1973, imagina... enfim, posso
dizer que tive a minha experiência no esporte de alto rendimento, não é? Então, este
mundo não é o que eu gostaria de ter mas acho que não teria problema nenhum de
conviver com um profissional desta linha, que ganhasse a mesma coisa que eu,
tivesse uma equipe só e fizesse um bom trabalho, muito bem feito, ‘muito obrigado’
e acho que ele estaria sendo um professor. Eu sempre gostei de ser aquela dos
fundamentos básicos... eu posso tranquilamente dar uma aula de vôlei para quem
não sabe ou para quem joga mais ou menos... já para quem joga ‘tri’ bem, eu posso
dar uma aula, prescrever um treinamento, posso... posso dar uma ‘inventada’ ali,
tenho algumas coisas para fazer com aquele sujeito ali, para ele aquecer, para ele
treinar o toque dele... mas mais do que isto não me pede, porque eu não sou uma
pessoa que me arvoro a isto; basquete, idem e assim com os outros esportes... acho
que tem espaço para todo mundo. Mas eu quero voltar é ao ‘formigueiro’: então,
com as crianças eu trabalhei a recreação, que parece que não é nada... recreação é
o lugar que mais parece que não é nada da EF... porque, na verdade, tu não és
nem professor nem animador, porque tu estás ali recreando aquelas criancinhas
pequenininhas... então, eu considero a recreação ‘o não-lugar da EF’... e agora, no
final da carreira, me vejo indo para o ‘não-lugar’ – a recreação – e na história do
formigueiro é isto: eu, quando vinha no final do ano trabalhando com aquelas
crianças de 3, 4, 5, 6 anos, trabalhando a recreação, eles me adoravam, eu adorava
eles, aí eu comecei a criar vinculo – eram seis, seis só; às vezes eram só quatro e
às vezes eram só dois, eram ‘pobres, pobres, pobres, de marré, marré, marré’: eu
chamo pobre aquele do chinelo de dedo gasto no dedão e no calcanhar... não tem
maior coisa que descreva para mim a pobreza hoje em dia: é uma criança chegar
com um chinelo gasto no dedão e no calcanhar... puxa, porque o sujeito não tem
dinheiro para comprar um chinelo de dedo .... aquilo, para mim, é o símbolo da
pobreza... pois, não é o ‘havaianas’ este que é o símbolo do Brasil? Então o