A regularidade planejada para a cidade não foi idéia geral entre os luso-brasileiros,
tanto que não raro a cidade nascia “ao léu, organicamente ancoradas aos acidentes
topográficos, ora encarapitadas em cima de outeiros, como mandava a milenar tradição
lusa das cidades em acrópole, como é o caso do porto, de Lisboa, de Olinda, de Salvador,
do rio do castelo; ora nas planícies, aos pés dos morros e cordeadas ao sabor dos caprichos
de seus primeiros povoadores, geralmente pessoas totalmente alheias a esses problemas de
urbanização e daí a espontaneidade e a imprevisibilidade desses traçados”.
24
Era costume dos espanhóis traçarem as ruas em xadrez seguindo as determinações
das Leys Generales de Las Índias. Os portugueses, porém, adaptavam-se mais às próprias
condições naturais dos terrenos. Segundo Carlos Lemos, a urbanização e a arquitetura
regular, simétrica e dotada de beleza foram implantados somente por alguns engenheiros
militares, cujo projeto tratava-se de uma povoação próxima a uma fortificação. Talvez isso
explique o fato das ruas de Corumbá terem sido traçadas paralelas ao rio e cortadas por
outras, já que na região havia fortes que delimitavam a vila, como Forte de Caxias, Forte
de São Francisco e Forte de Santo Antônio. Na planta de 1889
25
observa-se a delimitação
da região pelos fortes.
Através da planta de Corumbá traçada em 1875
26
, é possível observar a quantidade
de ruas. Na parte alta, paralelas ao rio, havia as ruas Delamare, Barão de Iguapehy,
Alencastro e Bella Vista,
27
cortadas por São Pedro, Câmara, Coronel Carvalho, Santa
Thereza, São Gabriel, 7 de Setembro, Major Gama e Oriental. Concentravam-se neste
espaço a cadeia pública, a Igreja Nossa Senhora da Candelária e os largos de São Pedro, de
Santa Theresa e Carmo, além de moradias. Na parte baixa, a rua Augusta
28
era o caminho
único e porta de entrada para os viajantes que chegavam nos navios.
Na planta de Corumbá de 1889
29
, traçada em cumprimento às ordens do marechal
Manoel Deodoro da Fonseca, observa-se que na parte baixa da cidade permaneceu a
Alfândega e na parte alta, as praças e as casas dos civis e militares. Mais detalhado, o
traçado permite a localização das residências do comandante da Divisão, da 1ª e 2ª
24
LEMOS, Carlos A. C. Arquitetura Brasileira. São Paulo: Melhoramentos, 1979. p. 25.
25
Cf. [Anexos- Figura 3, p. 207].
26
Planta da cidade de Corumbá, 1889. Raul Silveira de Mello. Corumbá, Albuquerque e Ladário. Rio de
Janeiro. Biblioteca do Exército, 1966. p. 206. [Anexos- Figura 2, p. 206].
27
Tratam-se hoje respectivamente das ruas: Delamare, 13 de Junho e D. Aquino Correa, cortadas por
Tiradentes, Antônio João, Antônio Maria Coelho, Frei Mariano, 15 de Novembro, 7 de Setembro, Major
Gama e Oriental.
28
Atualmente denominada de Manoel Cavassa.
29
Planta da cidade de Corumbá, 1889. Raul Silveira de Mello. Corumbá, Albuquerque e Ladário. Rio de
Janeiro. Biblioteca do Exército, 1966. p. 132. [Anexos – Figura 3, p. 207].
128