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tuação objetiva de aposentadoria insuficiente, analfabetismo, oportunidades nega-
das, desqualificação tecnológica e exclusão social. Destaca-se que, mesmo em con-
dições tão adversas, encontramos idosos que se sentem felizes, que se dizem con-
tentes com suas vidas (PASCHOAL, 2004).
Mas os idosos podem continuar ativos em seu meio, contribuindo para o
bem – estar de si, de sua família e da sociedade. Não necessariamente se tornam
um ônus, podendo assumir papéis sociais diversos na comunidade. Porém, podem
necessitar do cuidado de outras pessoas, pois o envelhecimento funcional, inexorá-
vel e universal, predispõe, à medida que os anos passam, à necessidade de alguma
ajuda para desempenhar suas atividades do dia a dia. O grau de dependência é va-
riável, desde os que não precisam de nenhuma ajuda, até os totalmente dependen-
tes. Na situação de dependência, o grande desafio é respeitar a individualidade e a
autonomia da pessoa.
Em nosso país, os estereótipos da velhice comprometem a possibilidade de
uma qualidade de vida melhor, em nosso meio a velhice está associada à perda,
incapacidade, dependência, impotência, doença, desajuste social, baixos rendimen-
tos, solidão, viuvez, entre outras características que generalizam a idéia que se faz
desta fase de vida. Tal visão estereotipada, aliada a dificuldade de se distinguir entre
senilidade
1
e senescencia
2
, normal
3
e patológico
4
, leva a negação da velhice ou a
negligência de suas vontades, necessidades e desejos.
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O conceito de senilidade refere-se ao envelhecimento normal, pode se manifestar por um conjunto
de modificações que afetam tanto a estrutura física e as funções fisiológicas como as atividades cog-
nitivas. As mudanças cognitivas que sobrevêm com o envelhecimento natural relacionam-se na maio-
ria das vezes, às funções superiores: linguagem, gnosias, praxias e memória.(GROISMAN, 2002)
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Senescencia significa declínio da capacidade funcional ou envelhecimento. Pode ser causado por
alterações moleculares e celulares que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos como
um todo. Esse declínio se torna perceptível ao final da vida reprodutiva, muito embora as perdas fun-
cionais do organismo comecem a ocorrer muito antes. (MANSUR e VIUDE, 1996)
3
Na senilidade a degeneração, as infiltrações, a atrofia, a hipertrofia, a ossificação, a calcificação, a
esclerose, a contração, a compressão, as mudanças na forma e na constituição de novos tecidos
seriam todas uma parte normal do processo do envelhecimento.(GROISMAN, 2002)
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O patológico é a variação quantitativa do normal. Segundo Caguilhem (1978) é a alteração do esta-
do normal, ao nível da totalidade orgânica, e em se tratando do homem ao nível da totalidade indivi-
dual consciente, em que a doença torna-se espécie de mal. Ser doente é, realmente para o homem,
ter uma vida diferente, mesmo no sentido biológico da palavra. A velhice e a doença estão interliga-
das.