Resultados e Discussão
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conseguia dormir, eu não tinha sono.(...) Sabe não tinha vontade de fazer
nada, ficava horas e horas assim olhando, olhando em uma direção só.
Assim, se chegasse alguém e falasse comigo tudo bem, se não podia pegar
fogo. Fazia reunião na casa da minha irmã, todo mundo contava piada e eu
tava de pijama, todo mundo arrumado e eu de pijama” (Madalena – GFD
medicação).
“Eu não tinha estímulo para nada... pra sair, pra conversar, pra comer. Eu
na realidade fiquei numa redoma e emagreci pra caramba” (Carina - GFD
proposta terapêutica não medicamentosa)
“Eu não tinha vontade de fazer nada, só de ficar deitada... “ (Regina – GFD
medicamento e outras propostas terapêuticas não medicamentosa).
“Medo,era um pânico que me dava, batedeira de vez em quando eu tenho
mas tava dando direto. Me dava o medo, medo, medo, medo assim... Medo da
vida, medo de eu não conseguir sobreviver. Tinha medo de faltar alimento
para os meus filhos. Medo! (...) Nossa, eu nunca senti isso antes!Já passei
por perca já, mas dessa vez eu senti isso, não dormir acordar várias vezes no
meio da noite, e aquele medo acabava comigo. Minha filha ficava brava
comigo, e aquele medo, de tanto que eu chorava, eu tinha muita lágrima.
Impressionante! (Solange - GFD grupo de apoio e recepção à triagem).
“Eu tinha medo, eu ia trabalhar eu tinha medo, eu queria ir, mas ficava
deitada, a cabeça tava lá no serviço, mas o corpo... E por mais de um mês eu
parei de trabalhar, eu fiquei só no quarto. O melhor lugar da minha casa era
o quarto. Eu não fazia comida, eu não fazia nada! Banho eu fiquei três dias
sem tomar. Sabe de entrar assim no chuveiro e ficar vendo... de ligar o
chuveiro e vestir a roupa” (Zélia - GFD grupo de apoio e recepção à
triagem).
“Eu vejo as pessoas felizes, contentes por aí, que não tem tanta... às vezes
acontece uma coisinha, eu fico com uma raiva danada da pessoa. Eu
trabalho no meio de um monte de gente, às vezes acontece uma coisinha e
pra mim foi o fim do mundo. Eu olho as outras pessoas e parece que elas
estão tranqüilas e eu olho aquilo sabe... Faço os meus pensamentos, eu só
fico pensando, pensando, pensando... Eu vejo as pessoas viver
tranquilamente e eu só pensando em tragédia, eu acho que eu não devo ser
normal. (...) Quando eu não to legal, as pessoas estão conversando e eu acho
que elas estão falando de mim. Eu já fico com raiva e eu vejo as pessoas
vivendo tranqüilas assim” (Mara – GFD medicamento e outras propostas
terapêuticas não medicamentosa).
“Eu tenho manias né! De cuidado né, parece que tudo vai ter que durar a
vida inteira. Sabe assim não poder fazer nada...Eu não sei por que mas eu
acho que é demais, faz tempo que eu tenho, mas agora é que eu to dando
importância pra isso. Eu achava que era uma coisa boba né. Mas nossa, não
é possível viver assim! Eu acho que agora ta demais, de uns meses para cá.
Eu sempre tive, mas até então eu achava que era bobeira, Eu falava eu não
vou falar isso para o médico... Mas agora eu to machucando os meus filhos
(voz embargada) ...” (Márcia - GFD grupo de apoio e recepção à triagem).
“Ah! No meu caso eu não aceitava, eu me sentia um monstro, assim o que eu
sentia pelos meus pais, né. Porque era só eu que sentia isso. Todo mundo: aí
eu amo eles e tal, e eu não sentia isso. Eu falei: nossa deve ter alguma coisa
errada, né. Daí eu fui tentar entender se o problema tava em mim, ou se
tinha algum problema” (Paula – GFD medicamento e outras propostas
terapêuticas não medicamentosa).
Foram muitas e diversas as manifestações dos sofrimentos relatados.