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ATRIBUTOS QUALITATIVOS DE FRUTOS DE MAMOEIRO HÍBRIDO
- UENF/CALIMAN 01 - SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇAO E DOSES DE
NITROGÊNIO E POTÁSSIO.
SÁVIO DA SILVA BERILLI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY
RIBEIRO - UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ
ABRIL - 2006
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ATRIBUTOS QUALITATIVOS DE FRUTOS DE MAMOEIRO HÍBRIDO
- UENF/CALIMAN 01 - SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇAO E DOSES DE
NITROGÊNIO E POTÁSSIO.
SÁVIO DA SILVA BERILLI
Orientador: Prof. Jurandi Gonçalves de Oliveira
CAMPOS DOS GOYTACAZES RJ
ABRIL - 2006
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em Produção
Vegetal
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ATRIBUTOS QUALITATIVOS DE FRUTOS DE MAMOEIRO
HÍBRIDO - UENF/CALIMAN 01 - SOB LÂMINAS DE IRRIGAÇAO E
DOSES DE NITROGÊNIO E POTÁSSIO.
SÁVIO DA SILVA BERILLI
Aprovada em 06 de abril de 2006
Comissão Examinadora:
_____________________________________________________________
Prof. Salassier Bernardo (Ph. D. Irrigação e drenagem) UENF
_____________________________________________________________
Prof. Luiz Carlos Chamhum Salomão (D. Sc. Fisiologia vegetal) UFV
Prof. Pedro Henrique Monnerat (Ph. D. Nutrição mineral de plantas) UENF
_____________________________________________________________
Prof. Jurandi Gonçalves de Oliveira (D.Sc. Biologia Vegetal) -UENF
Orientador
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em Produção
Vegetal
ii
A meus pais e irmãos
A meus amigos de Muqui e Campos
A amada Paulinha
Ao Cursilho de Cristandade
DEDICO E OFEREÇO
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus e a Nossa Senhora por todas as graças e proteção;
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF e ao
curso de Produção Vegetal pelo bom curso oferecido e pela oportunidade de
trabalho;
A Capes pela concessão bolsa;
À FINEP e ao CNPq pelo financiamento do projeto;
Aos meus pais, por todo entusiasmo, dedicação e ensinamentos;
A meus irmãos Saulo, Sueli, Soniza, Silvana e Simone pelo cario e
acolhimento;
A uma pessoa muito especial, a linda Paulinha, que durante tanto tempo esteve
a meu lado me apoiando e amando nos bons e maus momentos desta jornada
científica.
A Dono Maria e ao Juja (“e a festa continua”), por sempre ter tanta paciência e
amizade comigo.
Aos professores Jurandi, Messias, Salassier, Alexandre, Salomão e Monerat
pelos conselhos acadêmicos e ao professor Silvério e Dona Inês pelo carinho
paterno dedicado.
Ao Crespo pelo companheirismo e amizade.
Aos meus amigos do Peito: Jacaré, Guim, Silvio e Pablo. E todos os outros
grandes amigos de infância de Muqui.
iv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................4
2.1.Cultura do mamoeiro no Brasil........................................................4
2.2.Qualidade...........................................................................................5
2.3.Efeitos da irrigação, adubação nitrogenada e potássica
na qualidade de frutos de mamão.................................................10
2.3.1.Irrigação..............................................................................10
2.3.2.Adubação...........................................................................11
3-MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................15
3.1.Localização do experimento..........................................................15
3.2.Delineamento experimental...........................................................15
3.3.Aplicação dos tratamentos............................................................16
3.4.Sistema de irrigação.......................................................................19
3.5.Caracterização pós-colheita dos frutos....................................... 19
3.5.1.Coloração da casca.......................................................... 19
v
3.5.2.Firmeza do fruto e da polpa...................................................................20
3.5.3.Concentração de solúveis totais da polpa......................21
3.5.4. Acidez total titulável da polpa.........................................21
3.5.5.Concentração de vitamina C da polpa.............................22
3.5.6.Concentração de açúcares da polpa...............................23
3.6.Fisiologia do desenvolvimento do fruto.......................................23
3.6.1.Crescimento dos frutos....................................................23
4-RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................25
4.1.Dados climáticos e irrigação.........................................................25
4.2.Qualidade pós-colheita..................................................................28
4.2.1.Experimento com nitrogênio...........................................28
4.2.1.1-Coloração da casca.......................................................28
4.2.1.2.Firmeza do fruto e da polpa..........................................32
4.2.1.3. Concentração de sólidos solúveis totais da polpa...34
4.2.1.4. Acidez total titulável da polpa.....................................36
4.2.1.5. Concentração de vitamina C da polpa........................37
4.2.1.6. Concentração de açúcares da polpa..........................39
4.2.1.7.Algumas considerações................................................41
4.2.2.Experimento com potássio.........................................................42
4.2.2.1.Coloração da casca........................................................43
4.2.2.2.Firmeza do fruto..............................................................48
4.2.2.3. Concentração de sólidos solúveis totais da polpa....50
4.2.2.4. Acidez total titulável da polpa.....................................53
4.2.2.5.Conteúdo de vitamina C da polpa................................54
4.2.2.6. Concentração de açúcares da polpa..........................55
vi
4.2.2.7Algumas considerações.................................................60
4.3.Fisiologia do desenvolvimento do fruto.......................................60
4.3.1.Crescimento do fruto........................................................61
4.3.1.1.Duração do crescimento dos frutos.............................63
4.3.1.2.Tratamento de adubação e padrão de resposta
da curva..........................................................................65
4.4.Considerações finais......................................................................68
5.CONCLUSÃO.................................................................................................72
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................73
7.APÊNDICE.....................................................................................................82
vii
RESUMO
BERILLI, Sávio da Silva, M.S., Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, abril de 2006. Atributos qualitativos de frutos de mamoeiro
híbrido - uenf/caliman 01 - sob lâminas de irrigaçao e doses de nitrogênio e
potássio. Orientador: Jurandi Gonçalves de Oliveira.
O experimento foi montado em Linhares-ES, na fazenda Caliman
Agrícola S/A, e teve como objetivo avaliar as características qualitativas e de
desenvolvimento dos frutos do mamoeiro híbrido UC01 em diferentes períodos
de desenvolvimento dos frutos, sob diferentes dosagens de nitrogênio e
potássio e diferentes lâminas de água aplicada. Os frutos foram colhidos no
estádio de maturação I (uma pinta amarela) e conduzidos ao laboratório para
as análises pós-colheita e acompanhados no campo para as análises de
crescimento. Observou-se para as características de qualidade dos frutos que
houve pouca interferência dos diferentes níveis de adubação nitrogenada e
potássica, assim como das diferentes lâminas de água aplicadas. De modo
geral, a aplicação de diferentes doses de potássio proporcionou maiores
influências na qualidade dos frutos quando comparado com aplicação de
diferentes doses de nitrogênio para os fatores avaliados. No entanto, as
maiores diferenças observadas neste trabalho foram devido às diferentes
épocas de desenvolvimento dos frutos, onde os fatores climáticos influenciaram
bastante nas características de qualidade e na taxa de crescimento dos frutos.
Conseqüentemente, os resultados observados para o desenvolvimento dos
viii
frutos mostraram-se pouco significativos para as diferentes doses de adubação
com N e K, enquanto nenhuma significância foi verificada para lâminas de
irrigação. A não significância dos diferentes níveis de adubação (N e K) e
irrigação, deram-se principalmente pelo excesso de precipitação ocorrida
durante o período de avaliação. Com os resultados avaliados podemos
concluir que fatores climáticos como a temperatura e precipitação influenciam
mais nos atributos de qualidade e desenvolvimento dos frutos, do que as
diferentes doses de adubação e irrigação para estas condições.
ix
ABSTRACT
BERILLI, Sávio da Silva, M.S., Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, april 2006. Quality parameters of fruits of papaya tree hybrid
under irrigation depths and levels of nitrogen and potassium. Advisor: Jurandi
Gonçalves de Oliveira.
The experiment was carried out at the Caliman Agrícola farm S/A,
Linhares, Espirito Santo. The aim of the work was to estimate the qualitative
characteristics and development of the UC01 hybrid papaya fruit at different
developmental staiges of the fruit under different nitrogen dosages (in the form
of sulphate of ammonium) and potassium (in the form of potassium chloride)
and different water applied (because of ETº replacement). The fruit was picked
up in the ripening period (a yellow spot) and later on it was estimated at the
laboratory, viewing the postharvest analyses and followed up in the field
considering the development analyses. Moreover, the high incidence of rain at
the beninning of the experiment has significantly influenced the answer to the
applied treatments. Thus, as to the fruit quality chacacterstics, it has been
observed that there has been little interference from the different levels of
nitrogenous and potassic fertilizing, and considering the different volumes of
water. On the whole, there has been a higher effectiveness of the potassic
fertilizing treatments than that of nitrogenous fertilizing on the fruit quality
attributes. The greatest differences that have been found, were due to the
different estimate periods, slowing that climatic factors have influenced
x
significantly on the quality characteristics. Consequently the results that have been
observed for the fruit growth, have proved to be of little significance considering the
different fertilizing doses with N and K, and not significant at all for irrigation
volumes, once the greatest differences have occurred due to the fruit growth
different periods. Thus, viewing the results the results presented, we can draw the
conclusion that climatic factors such as temperature, precipitation and relative
humidity, have exested more influence on the papaya fruit growth and quality
attributes than the fertilizing and irrigation treatments, so that the conditions for this
work could be fulfilled.
1 . INTRODUÇÃO
O mamão (Carica papaya L.) é um fruto muito apreciado em várias partes
do mundo por ser uma fruta com características peculiares de sabor, odor e
textura. A Europa, por exemplo, é um dos consumidores que aprecia esta fruta e
exige além de características físico-químicas desejáveis, bom aspecto visual e
fitossanidade adequada.
A produtividade de mamão obtida no Brasil está entre as melhores do
mundo, sendo considerado o maior produtor mundial, com uma parcela de 26% do
total produzido no ano de 2000. Essa cultura é considerada também uma grande
geradora de empregos e rendas para os Estados e municípios onde a cultura está
implantada, por exemplo, o Estado do Espírito Santo, que é um dos maiores
produtores nacionais, obteve 17.500 empregos diretos e 61.250 empregos
indiretos no ano de 2000 com a cultura do mamão (RUGGIERO et al., 2003).
A comercialização dos frutos de mamão no mercado interno e externo é
bastante expressiva, sendo comercializado no ano de 2000, mais de 166 mil
toneladas no CEAGESP SP (AGRIANUAL, 2002). Porém, para que haja uma
consolidação na comercialização de frutos brasileiros, tanto para o mercado
interno quanto para o externo, é de fundamental importância que fatores de pós-
2
colheita sejam perfeitamente dominados, de modo que estes produtos ao
chegarem em seus locais de comercialização possam apresentar suas melhores
qualidades juntamente com maior tempo de prateleira.
O Brasil possui um potencial muito grande quando diz respeito ao cultivo do
mamão, pois possui grandes áreas agricultáveis e condições edafoclimáticas
ótimas em boa parte de seu território. Dessa forma, considerando que o melhor
genótipo já se tenha estabelecido, e que haja um bom manejo cultural no controle
de pragas, doenças e plantas daninhas e um bom manejo de irrigação e
adubação, o fator limitante para que os frutos cheguem com qualidade até o ponto
de comercialização, principalmente o mercado externo, são as características de
pós-colheita dos frutos, como: aspectos físico-químicos e características
sensoriais desejáveis.
Devido a grandes dificuldades enfrentadas pelos produtores na cultura do
mamoeiro no Brasil como baixa produtividade para o cultivar ‘Sunrise Solo’ (40t e
podendo chegar a mais de 60t/ha) e o alto preço das sementes de híbridos dos
mamoeiros do grupo ‘Formosa’ (U$3500 e U$4000/Kg), associado a outros
problemas que afetam a produção e comercialização do mamão no Brasil e no
exterior, a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF)
iniciou um programa de melhoramento genético para a cultura do mamoeiro no
Brasil em 1996. Até o ano de 2002, a UENF já havia registrado nove híbridos de
mamão junto ao Ministério da Agricultura, sendo um dos híbridos lançados
oficialmente em 2003, o UENF/CALIMAN01 (UC01) (PEREIRA et al., 2004).
Vários são os fatores relacionados com a qualidade dos frutos na pós-
colheita, como por exemplo, frutos colhidos em períodos de temperaturas mais
moderadas apresentam-se com maiores pesos médios, enquanto frutos colhidos
em períodos de temperaturas mais altas apresentam menores pesos médios,
sendo que neste caso o tempo para o completo desenvolvimento dos frutos é
menor, proporcionando maiores colheitas (OLIVEIRA & CALDAS, 2004).
O mamão é um fruto climatérico, caracterizado pela sua elevada
concentração de água, alta taxa respiratória. Apresenta casca fina e polpa
3
sensível e macia, sendo facilmente injuriado, conferindo-lhe altos índices de perda
em pós-colheita (JACOMINO et al., 2003).
O mamoeiro apresenta exigências nutricionais crescentes e contínuas
durante o primeiro ano, atingindo o máximo aos doze meses de idade. O fato de
esta cultura apresentar uma intensa produção de frutos durante todo o seu ciclo,
mostra que a planta necessita constantemente de água e nutrientes em intervalos
freqüentes para que essa produção não seja interrompida (COELHO & OLIVEIRA,
2003).
As características qualitativas de pós-colheita dos frutos de mamão estão
relacionadas a fatores culturais de pré-colheita, como a adubação, sendo o
potássio e o nitrogênio os nutrientes requeridos em maior quantidade pela cultura
(TRINDADE et al., 2000). A irrigação é outro fator cultural que influência tanto na
qualidade dos frutos quanto na produtividade, sendo, portanto, um fator
imprescindível para regiões produtoras de mamão. Mesmo em regiões onde a
precipitação anual ultrapassa os 1200mm, a irrigação suplementar se faz
necessária para que a planta consiga suprir a demanda por água e nutrientes
durante todo o ano. (OLIVEIRA et al., 1994; TRINDADE et al., 2000).
Para que se consiga frutos de mamão com qualidade, é necessário que se
realizem estudos direcionados a este fim, pois as diferentes formas de manejo
resultam em diferentes aspectos de pós-colheita. Sendo assim, devem ser
realizados estudos que determinem quais os melhores manejos para produzir
frutas de melhor qualidade para comercialização, em função de condições
especiais, como a irrigação e adubação, de acordo com os diferentes climas e
solos onde a planta é cultivada.
Os objetivos desse trabalho foram: 1) acompanhar o desenvolvimento de
frutos de mamão híbrido UC01 fecundados em três épocas distintas do ano e sob
diferentes lâminas de irrigação e doses de N e K; 2) caracterizar os frutos de
mamão UC01 quanto aos atributos de qualidade: teor de sólidos solúveis totais,
acidez total titulável, coloração da casca, firmeza do fruto, concentração de
vitamina C e de açúcares, em função das diferentes lâminas de irrigação e doses
de N e K aplicados.
4
2 . REVISÃO DE LITERATURA
2.1 . A cultura do mamoeiro no Brasil
A maior parte do mamão comercializado no mundo está concentrada nas
Américas, sendo que o Brasil é o principal produtor mundial, produzindo 26% de
toda produção mundial no ano de 2000 (TRINDADE et al., 2000; RUGGIERO et
al., 2003).
Apesar de o Brasil juntamente com o México e a Malásia ser um dos
maiores exportadores dessa fruta (principalmente para o mercado Europeu), o
mercado interno brasileiro ainda é a grande saída para a produção de mamão
(MARIN, 2000; TRINDADE et al., 2000).
O mamão vem ganhando grande espaço na exportação de frutas
brasileiras, tendo os Estados Unidos e a Europa como os principais mercados
importadores desse produto. A exportação brasileira de mamão vem aumentando
ano a ano. Em 1997 o país exportou 7.869 toneladas e em 2000 atingiu a marca
de 12.746 toneladas (AGRIANUAL, 2002). Esse aumento de 62% da quantidade
de mamão exportada, em menos de cinco anos, demonstra todo o potencial desta
cultura, do ponto de vista econômico, para as exportações brasileiras.
5
As maiores produções e produtividades de mamão no Brasil estão
concentradas nos Estados do Espírito Santo e Bahia. Esses dois Estados
tiveram no ano de 2000 uma área colhida de 5.944 ha e 24.130 ha,
respectivamente. Essas áreas produtoras de mamão, para estes Estados,
representam uma importante parcela no índice de empregos diretos e indiretos
gerado pela cultura (AGRIANUAL, 2002.; RUGGIERO et al., 2003).
Os grupos de mamão mais explorados no Brasil são: Solo (‘Sunrise Solo’,
‘Improved Sunrise Solo Line72/12’) e Formosa (‘Tainung N
0
1’). Existe também um
material do grupo solo, selecionado a partir de uma mutação do ‘Sunrise Solo’,
bastante plantado tendo boa aceitação nos mercados externos, principalmente o
europeu, conhecido como ‘Golden’. O híbrido recém lançado UC01 vem sendo
bastante pesquisado e possui um grande potencial de sucesso nos mercados
interno e externo.
O mamão é um fruto de curta vida pós-colheita, levando de seis a doze dias
para atingir a sua maturidade fisiológica (GOMEZ, 1999). A época de colheita
influencia, significativamente, a maioria das características de qualidade dos frutos
de mamão (OLIVEIRA, 1999).
As condições de melhor adaptação da cultura do mamoeiro são
encontradas em regiões tropicais, com temperaturas variando de 22 a 28
0
C e
umidade relativa em torno de 60 a 85%. O mamoeiro não tolera encharcamento do
solo por períodos prolongados, pois pode afetar o desenvolvimento da cultura, a
qualidade dos frutos na pós-colheita ou mesmo levar a planta à morte. Ventos
fortes também podem ser prejudiciais, pois podem provocar tombamentos das
plantas. O tipo de solo mais apropriado é o argilo-arenoso, com pH em torno de
5,5 a 6,7 (MANICA, 1982; TRINDADE et al., 2000).
2.2.Qualidade
O termo qualidade é definido por FERREIRA (1999) como: “propriedade
atributo ou condição das coisas ou das pessoas capaz de distinguí-las e de lhes
6
determinar a natureza”, ou ainda, “numa escala de valores, atributo que permite
avaliar e, conseqüentemente, aprovar, aceitar ou recusar qualquer coisa”.
Segundo SAMS (1999), qualidade é um termo de difícil definição, pois
depende diretamente do público alvo a quem esta irá afetar. De acordo com esse
autor, a qualidade na pós-colheita deve ser orientada para o público consumidor
de verduras e frutas frescas, de modo que a partir de avaliações sensoriais
(qualitativas) e analíticas (quantitativas) pode-se determinar a melhor qualidade
para este específico público alvo.
Para a avaliação da qualidade de frutas frescas podem ser adotados alguns
métodos físico-químicos de análise na pós-colheita, como por exemplo, a medida
da textura da polpa, a concentração de sólidos solúveis totais, a acidez total
titulável, o teor de vitaminas, a concentração e a constituição dos açúcares, além
da coloração da casca, etc (SAMS, 1999; MARINHO, 2001; OLIVEIRA et. al.,
2002).
A preferência no mercado internacional de mamão é por frutos com polpa
rosada ou avermelhada, exceto para os EUA, onde os consumidores preferem a
polpa alaranjada (GIACOMETTI, 1987). WILLS & WIDJANARKO (1995), citados
por OLIVEIRA (1999), observaram que o desenvolvimento da cor característica da
casca dos frutos é um dos primeiros atributos observados pelos consumidores ao
aferir a qualidade.
A despigmentação das clorofilas é na maioria dos casos uma característica
que indica o amadurecimento dos frutos de mamão, mesmo que diferentes
cultivares apresentem quantidades variáveis de pigmentos na casca, o que foi
observado por GIOVANNINI et al. (2004b), quando compararam as concentrações
das clorofilas ‘a’ e ‘b’ dos cultivares ‘Golden’ e ‘Sunrise Solo 72/12’ durante o
amadurecimento desses. Nesse trabalho foi observado, a partir das variáveis de
fluorescência da clorofila ‘a’, que a eficiência quântica efetiva (?F/F’
M
), ou seja, a
atividade das clorofilas que está diretamente relacionada com a concentração dos
pigmentos cloroplastídicos e a organização dos cloroplastos, caiu com o
amadurecimento do fruto, para ambas as cultivares.
7
De acordo com GIOVANNINI et al. (2004b), a queda da ?F/F’
M
pode ser
explicada com a destruição das clorofilas de acordo com o amadurecimento dos
frutos junto com uma maior desorganização dos componentes cloroplastídicos,
dificultando a fluidez da cadeia eletroquímica nos tilacóides. Resultados
semelhantes também foram encontrados por FONSECA et al. (2003) quando
compararam a quantidade de pigmentos (clorofilas ‘a’, ‘b’ e carotenóides totais) na
casca de frutos de mamão da variedade ‘Sunrise Solo’ e ‘Golden’.
O desaparecimento da coloração verde ocorre devido à degradação das
clorofilas e exposição ou síntese dos carotenóides, ocorrendo simultaneamente
um aumento da taxa respiratória, sendo esta máxima na plena maturação. A
maturação segue com a perda de massa dos frutos, a mudança de coloração da
polpa, destruição do látex e perda parcial da firmeza da polpa, devido à destruição
da celulose e pectina da parede celular (DRAETTA et al., 1975).
O mamão é considerado um fruto climatérico, pois as taxas respiratórias
são típicas dessa denominação. Além disso, outras características são
observadas com o amadurecimento da fruta, tais como o acúmulo de açúcares,
modificação da coloração e diminuição da firmeza do fruto. Para isso é necessário
que o fruto tenha atingido o estádio de maturação fisiológico, caso contrário o fruto
permanece verde e murcha (PADUA, 1986; citado por OLIVEIRA, 1999). Um fator
de fundamental importância que afeta a qualidade dos frutos na pós-colheita, é o
estádio de desenvolvimento fisiológico do fruto, uma vez que mesmo depois de
atingido o estádio de maturação fisiológica, os processos bioquímicos
relacionados com o amadurecimento ocorrem em velocidade e intensidade
diferentes. Os frutos colhidos no estádio dois (duas pintas amarelas) foram os que
apresentaram melhores associações entre características de qualidade e manejos
pós-colheita (SOUZA, 2004).
A diferença entre os cultivares e o estádio fisiológico do fruto pode
influenciar as características qualitativas dos frutos de mamão. Tais diferenças
podem ser observadas entre alguns cultivares dos grupos Solo e Formosa, no que
diz respeito a teores de vitamina C, consistência da polpa, sólidos solúveis totais e
perda de peso. GIOVANINNI et al. (2004b) observaram que o cultivar ‘Golden’ e o
8
híbrido UC01 produzem frutos com maior teor de vitamina C do que o híbrido
‘Tainung 01’. SELVARAJ et al. (1982) citado por OLIVEIRA (1999), observaram
também que em vários cultivares de mamão, em diferentes estádios de
desenvolvimento, houve um declínio do teor de amido e de alguns minerais,
porém um aumento dos teores de açúcares solúveis. Além disso, a acidez do fruto
foi diminuindo ao amadurecer, ocorrendo o inverso com o teor de carotenóides e
de vitamina C, sendo este último bastante expressivo.
A vitamina C é um poderoso antioxidante que os vegetais produzem a partir
de açúcares. Essa substância é produzida através de rotas metabólicas
secundárias que produzem o ácido ascórbico (LEHNINGER et al., 1995;
COULTATE, 2004).
Segundo GIOVANNINI et al.
(2004b), há uma alta correlação positiva entre
o aumento da concentração de sólidos solúveis totais e o de vitamina C, onde
ambos acompanham de forma crescente o amadurecimento do fruto. Pôde-se
perceber, também, que há diferenças significativas entre os cultivares existentes
comercialmente, a época de colheita e formação desses frutos com o teor de
vitamina C. Os teores de vitamina C no cultivar ‘Solo’ aumentam à medida que o
fruto amadurece, variando de 60 a 100 mg de ácido ascórbico por 100g de polpa
(JACOMINO et al., 2003).
O
0
Brix é uma característica bastante utilizada em estudos de qualidade,
porém para medição de sucos de frutas é de melhor aceitação que se denomine
de sólidos solúveis totais (SST). Por definição,
0
Brix corresponde a escala de
percentagem de matéria seca nas soluções de sacarose quimicamente puras
(LEME & BORGES, 1965). Uma vez que um suco de frutas é composto de vários
constituintes químicos além de sacarose, cabe melhor a denominação de sólidos
solúveis totais.
Segundo JACOMINO et al. (2003), os frutos de mamão podem apresentar
variações muito grandes quando colhidos em diferentes estádios de maturação,
sendo que a pigmentação do fruto e a percentagem de sólidos solúveis totais são
as mais influenciadas. Porém, o teor de açúcar no fruto sofre pouca variação após
a colheita, pois este é um fruto que acumula pouco amido. Ainda de acordo com
9
esse autor, os principais açúcares encontrados no mamão são a sacarose, a
glicose e a frutose.
As análises de açúcares são importantes índices de qualidade dos frutos,
sendo que os principais componentes do grupo dos carboidratos, são a sacarose
e a glicose, juntamente com polissacarídeos, como amido e celulose. As análises
de açúcares têm dois objetivos básicos: um é a necessidade de se identificar
todos os açúcares presentes no alimento o outro objetivo é obter uma indicação
da quantidade de açúcares presentes nos alimentos (COUTATE, 2004).
As concentrações de SST podem ser influenciadas por variáveis climáticas,
como épocas de maiores ou menores temperaturas durante o desenvolvimento
dos frutos, onde frutos analisados em janeiro (maiores valores) apresentaram
valores de SST diferentes de frutos analisados em outubro (menores valores),
para as cultivares Golden, Tainung 01 e o híbrido UC01. Naturalmente, as
análises de SST apresentaram diferentes valores dentre as cultivares e os
híbridos (GIOVANNINI et al., 2004b; SOUZA, 2005).
FAGUNDES & YAMANISHI (2001) constaram em quatro estabelecimentos
de comercialização em Brasília-DF, frutos de mamão do grupo formosa com SST,
variando de 9,9 a 12,5
0
Brix; ATT de 0,04 a 0,16%; e relação SST e ATT de 74,7 a
275,7. Além disso, também foi constatado uma firmeza de polpa que variou de
0,56 a 1,04 kg/cm
2
, estando abaixo da firmeza adequada para a comercialização,
uma vez que os consumidores preferem frutos com firmeza de polpa mais elevada
(SANTANA et al., 2004). Para a exportação de frutos de mamão é exigido um teor
mínimo de 11,5º Brix (JACOMINO et al., 2003).
A textura dos vegetais é influenciada por fatores ambientais, culturais e
genéticos, sendo que a firmeza desejável varia entre espécies e com a maturidade
fisiológica das culturas (SAMS, 1999).
A firmeza do fruto é uma característica de qualidade que tem influência no
grau de maturação dos frutos e na comercialização. Assim, frutos com baixa
firmeza apresentam menor resistência ao transporte, armazenamento e ao
manuseio (FAGUNDES & YAMANISHI, 2001). Para ZHANG & PAULL (1990),
somente após o amarelecimento de 80% da casca é que há significativa
diminuição da firmeza de frutos de mamão.
2.3.Efeitos da irrigação, adubação nitrogenada e potássica na qualidade de
frutos de mamão
2.3.1.Irrigação
Em regiões onde a precipitação média é inferior a 1000 mm por ano, a
irrigação torna-se indispensável para a produção comercial do mamão, devido à
intensa demanda hídrica requerida tanto pela parte vegetativa quanto pela parte
reprodutiva, principalmente devido à intensa produção de flores e frutos
(BERNARDO et al., 1996 e COELHO & OLIVEIRA, 2003).
As áreas plantadas com os maiores índices de produtividade, localizadas
na região norte do Espírito Santo e sul da Bahia, mostram o grande potencial das
condições edafoclimáticas encontradas em grande parte dos cultivos de mamão
desta região, no entanto, para um bom índice de produtividade e qualidade dos
frutos, uma adoção de tecnologia como sistema irrigação de alta freqüência seria
imprescindível (TOREZANI, 2003).
Segundo TOREZANI (2003), lavouras de mamoeiro monitoradas e irrigadas
por meio de sistemas de irrigação localizada com fertirrigação, proporcionam além
de uma maior produtividade, índices qualitativos de pós-colheita muito superiores.
Ainda de acordo com esse autor, o pomar alcança maiores níveis de
aproveitamento de frutos para exportação e maior aceitação desses frutos nos
mercados internos, pois os mesmos são mais saborosos e de polpa mais
consistentes. Vê-se, assim, que existe uma agregação de valor ao produto final,
proporcionando uma melhor rentabilidade para o agricultor.
O déficit hídrico no mamoeiro implica diretamente em uma queda de
produtividade, pois este induz uma redução no diâmetro do caule e no
crescimento da planta, além de aumentar a produção de flores estéreis. Os níveis
de exigência de água na cultura do mamoeiro variam com as diferentes fases do
desenvolvimento vegetativo (BERNARDO et al., 1996).
SILVA et al. (2001), quando estudaram a relação entre produtividade e
lâmina de irrigação aplicada em um pomar experimental da cidade de Soretama-
ES, observaram uma relação linear, assim como, um aumento do número de
frutos por planta com o aumento da lâmina aplicada. O peso médio dos frutos não
sofreu influência com os diferentes intervalos de aplicação das lâminas. Observou-
se que a melhor lâmina aplicada foi a de 120 % de reposição da
evapotranspiração. Apesar de ter havido um aumento na produtividade, não foi
constatado efeito das diferentes lâminas de água nem dos turnos de rega
utilizados, nos teores de sólidos solúveis totais e firmeza da polpa. O que vem
confirmar experimentos realizados por ALMEIDA et al. (2003), variando diferentes
níveis de lâmina d’água aplicada que também obtiveram melhores resultados com
aplicação de 120% da evapotranspiração de referência.
ALMEIDA et al. (2002) observaram que existe uma variação entre
diferentes lâminas de irrigação e diferentes doses de adubos quanto ao nível dos
macro e micronutrientes encontrados nas análises foliares. Esses dados indicam
que o estudo e a adoção de práticas de irrigação e adubação são indispensáveis
para se obter os melhores resultados, com relação à produtividade.
Fatores de pré-colheita como fertilização, irrigação, época de colheita e
seleção de cultivares, ocasionam um impacto principal na firmeza. Assim, estudos
direcionados às melhores recomendações de manejo, podem alcançar uma
textura desejável, que agradará o consumidor (SAMS, 1999).
2.3.2. Adubação
O nitrogênio é o elemento mais requerido pelos vegetais, fazendo parte de
vários componentes celulares, incluindo aminoácidos e ácidos nucléicos. Portanto,
a deficiência de nitrogênio rapidamente inibe o crescimento vegetativo (TAIZ &
ZEIGER, 2004). Com a deficiência do nitrogênio as folhas maduras amarelecem,
em seguida caindo. As folhas novas do mamoeiro apresentam-se com pecíolo
mais delgado, limbos foliares menos desenvolvidos e entrenós mais curtos
(COELHO & OLIVEIRA, 2003). Segundo estes autores a deficiência de nitrogênio
no mamoeiro promove, também, redução no crescimento e alterações no
particionamento da matéria seca.
O potássio é um macronutriente que permanece na forma iônica após ser
absorvido pelos vegetais, podendo ser encontrado em solução no citosol, no
vacúolo, ou pode estar ligado eletrostaticamente a compostos com carbono. Este
elemento é um importante regulador osmótico das células vegetais, sendo
responsável também pela ativação de várias enzimas envolvidas na respiração e
fotossíntese. Sendo assim, sua deficiência pode gerar sintomas de clorose na
forma de manchas marginais nas folhas que então evoluem para uma necrose. O
potássio é um macronutriente móvel dentro da planta, podendo assim ser
translocado das folhas mais velhas para as partes mais novas da planta. Por isso
os sintomas de deficiência desse elemento apresentam-se normalmente nas
folhas mais velhas (TAIZ & ZAIGER, 2004).
Segundo CUNHA & MARINHO (1999), citados por ALMEIDA et al. (2002), o
nitrogênio, juntamente com o potássio, são os elementos mais exportados para os
frutos de mamão. Apesar de o elemento encontrado mais expressivamente no
fruto do mamão ser o potássio, sendo este encontrado principalmente combinado
com vários ácidos orgânicos, o nitrogênio é o elemento mais exigido pela planta,
sendo crescente sua absorção durante o ciclo da planta. Dentre os
macronutrientes, o N, o K e o Ca são os mais exigidos, sendo o P pouco extraído
(COELHO & OLIVEIRA, 2003). A relação N:K que proporciona a maior
produtividade no mamoeiro é de 1:1(N: K
2
O) (OLIVEIRA, 2002; OLIVEIRA, 2004).
Os níveis de nutrientes nos frutos de mamão são de grande importância por
influenciarem o manuseio na pós-colheita. Por exemplo, os níveis de cálcio no
mesocarpo podem influenciar na sensibilidade dos frutos aos tratamentos térmicos
(PAULL, 1994).
A exigência do nitrogênio é maior na fase de desenvolvimento do
mamoeiro, sendo indispensável nos primeiros cinco a seis meses após o plantio.
Este elemento é exportado na faixa de 23% do total absorvido para as flores e
frutos neste período (COELHO & OLIVEIRA, 2004). Embora o nitrogênio seja o
principal nutriente associado ao aumento da produtividade da cultura do mamão,
este elemento, quando em excesso, é também o causador de vários distúrbios
fisiológicos ocorridos nesta cultura (MARINHO et al., 2001).
Além das concentrações adequadas de nitrogênio requerido para uma boa
qualidade e produtividade de frutos, as diferentes fontes desse elemento, também
podem afetar os aspectos de pós-colheita. De acordo com MARINHO et al. (2001),
o aumento da dose de sulfato de amônio provocou um decréscimo linear dos
sólidos solúveis totais, enquanto a aplicação de nitrato de amônio promoveu a
produção de frutos com teores mais elevados de vitamina C. Porém, ainda de
acordo com esses autores, a massa média dos frutos, o pH e o teor de ácido
cítrico não foram afetados pelas diferentes fontes de nitrogênio.
Os elementos mais limitantes para a produtividade do mamoeiro são o
nitrogênio e o fósforo. Estas limitações se agravam em função de possíveis perdas
na aplicação de adubos nitrogenados e da alta capacidade de aderência aos
colóides inorgânicos no solo (SANTANA et al., 2003).
SILVA et al. (2003) constataram que os aumentos das doses de nitrogênio
e potássio promoveram maiores rendimentos na cultura do mamoeiro do que
aumentos das lâminas de irrigação, sendo o nitrogênio mais limitante do que o
potássio na produtividade. A utilização de adubação nitrogenada e potássica
proporcionou aumento de produtividade, tendo como ponto máximo 93,41
t/ha/ano, no primeiro ano de colheita com doses máximas físicas de 347 kg/ha/ano
e 360 kg/ha/ano de N e K
2
O, respectivamente para o cultivar ‘Sunrise Solo’
(OLIVEIRA & CALDAS, 2004). Segundo AWADA & LONG (1978), citados por
OLIVEIRA & CALDAS (2004), diferentes doses de nitrogênio, fósforo e potássio
resultaram diferentes produtividades, sendo que o nível médio de nitrogênio (686
kg/ha) aumentou o número de frutos de mamão colhidos, tanto comercializáveis
como deformados, além de diminuir o tamanho do fruto em relação ao nível baixo
de nitrogênio (171 kg/ha).
OLIVEIRA et al. (2002) observaram que não houve alteração na qualidade
dos frutos de mamão durante o armazenamento após terem sido submetidos a
tratamentos de adubação na pré-colheita, como diferentes níveis de nitrogênio,
fósforo e potássio quanto ao teor de sólidos solúveis totais e firmeza do fruto,
maduro e verde.
Segundo CRUZ et al. (2003b), diferentemente de vários autores, a
deficiência de N não promoveu acúmulo de nenhum dos três principais açúcares
(glicose, frutose e sacarose). O acúmulo do amido provavelmente ocorreu em
detrimento à formação de sacarose. Segundo KEN et al. (1984), citados por CRUZ
et al. (2003b), a alocação de carbono (amido e sacarose) está relacionada com
processos mais dependentes da nutrição do que a própria taxa fotossintética.
3 . MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Localização do experimento.
Os experimentos foram conduzidos na Fazenda Caliman Agrícola S/A,
localizada no município de Linhares, Estado do Espírito Santo, em um pomar de
mamoeiro híbrido UENF/Caliman 01 (UC01). O plantio foi feito em fileira dupla
com espaçamento de 3,8 x 2,0 x 1,8 m, com área de 5,22 m
2
por planta. A área de
cada parcela foi de 125,28 m
2
.
3.2. Delineamento experimental
O delineamento estatístico utilizado foi o de blocos casualizados, em
esquema fatorial 3x4x4 (três lâminas de irrigação, quatro períodos de avaliação e
quatro doses de nitrogênio); um segundo experimento foi montado, no mesmo
esquema fatorial, utilizando, porém, quatro doses de potássio totalizando 48
tratamentos em cada experimento. Os experimentos foram compostos de 3
repetições, com 12 parcelas experimentais para cada arranjo de fatores (N ou K) e
24 plantas por parcela, considerando 8 plantas úteis, conforme croquis
apresentados nas Figuras 1 e 2 . A Figura 3 ilustra de forma esquemática, os dois
experimentos juntos.
No primeiro experimento foi avaliada a interação lâmina de irrigação x doses
de nitrogênio, tendo como fatores três lâminas de irrigação equivalentes a 70, 110
e 150% da evapotranspiração de referência, estimada pela equação de Penman-
Monteith-FAO-56 (ALLEN et al. 1998) e quatro doses de nitrogênio, 10, 15, 20 e
25 gramas de nitrogênio por planta por mês na forma de sulfato de amônio.
No segundo experimento foi avaliada a interação lâmina de irrigação x doses
de potássio, tendo como fatores três lâminas de irrigação equivalentes a 70, 110 e
150% da evapotranspiração de referência, estimada pela equação de Penman-
Monteith FAO-56 (ALLEN et al. 1998) e quatro doses de potássio 18, 29, 39 e 50 g
de potássio por planta por mês na forma de cloreto de potássio.
Os períodos de avaliação foram compostos por amostragens mensais nos
experimentos onde se procederam a quantificação das variáveis nos meses de
junho, julho, agosto e setembro (2005) para variáveis de qualidade e fevereiro,
março, abril, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro de
2005 e janeiro de 2006 para as medidas do crescimento dos frutos.
Os dados foram submetidos à análise de variância, com aplicação do teste F
a 5% de probabilidade, onde se procedeu ao teste nos fatores isoladamente e nas
suas respectivas interações. Os graus de liberdade de tratamentos foram
desdobrados utilizando-se o teste Tukey a 5% de probabilidade para comparação
das médias. Devido ao elevado número de fatores e de interações optou-se por
desdobramento independentemente da significância ou não, como forma de
detectar possíveis combinações entre fatores com significância.
Em caso de não significância, optou-se de um fator isolado, proceder a
discussão dos dados levando-se em consideração o efeito médio do fator em
questão.Testes de regressões foram testados ao nível de 5% de probabilidade,
para as diferentes combinações dos tratamentos.
3.3. Aplicação dos Tratamentos
No primeiro e segundo mês, a irrigação foi uniforme em todos os
tratamentos, de acordo com a demanda evapotranspirométrica e a adubação foi
de 5 g de N/planta/mês para todos os tratamentos, sendo que a fonte de
nitrogênio usada foi o sulfato de amônio. As irrigações e as adubações
diferenciadas foram iniciadas 60 dias após o transplantio das mudas no campo,
quando foi realizada a sexagem das plantas.
As adubações básicas de plantio e as adubações com os demais nutrientes
(micronutrientes) ao longo do ciclo da cultura foram realizadas conforme as
recomendações da Fazenda e de acordo com as análises de solo. Os adubos
foram aplicados manualmente em cobertura, mensalmente, no período de
avaliação.
Figura 1- Croqui de uma parcela contento oito plantas úteis e as plantas bordadura
dentro da parcela.
Figura 2- Croqui de um dos experimentos (N ou K), contendo os três blocos.
Figura 3 Croqui da área contendo os dois experimentos juntos (N e K),
mostrando as linhas de irrigação e os blocos de cada experimento.
BLOCO I BLOCO II BLOCO III
B
-
I
B
-
I
B
-
II
B
-
III
B
-
III
B
-
II
3.4.Sistema de Irrigação
Foi utilizado um sistema de irrigação por microaspersão, com medidores de
vazão por lâmina de irrigação e um microaspersor para quatro plantas.
Próximo à área do experimento foi instalada uma estação meteorológica
que forneceu os dados para estimar a evapotranspiração potencial de referência
obtida a partir da equação de Penman-Monteith FAO-56 (ALLEN et al. 1998). As
lâminas de irrigação foram aplicadas nas parcelas, diariamente, quando
necessário, calculadas com o balanço hídrico diário, sem turno de rega fixo.
O controle do volume aplicado por tratamento foi feito em função do tempo
de irrigação através de registros e manômetros, instalados nas seis linhas de
derivação.
3.5.Caracterização pós-colheita dos frutos
3.5.1.Coloração da casca
As medições da coloração da casca dos frutos foram realizadas com os
frutos no estádio I de maturação (uma pinta amarela), assim como todas as outras
análises de qualidade. Para essa avaliação foi utilizado um colorímetro portátil
(Chroma Meter, modelo CR-300, Minolta). Foram realizadas três leituras, em três
partes eqüidistantes, na região equatorial do fruto, as quais compuseram um valor
médio para os seguintes parâmetros de cor: 1) luminosidade: parâmetro de Hunter
‘L’; 2) cromaticidade: parâmetro de Hunter ‘a’ que indica para este trabalho a
perda da cor verde e parâmetro de Hunter ‘b’ que mostra a evolução da cor
amarela; e ângulo hue, ‘h
0
’ que indica a coloração da amostra (BROU et al., 2004).
O sistema Hunter L, a e b, está baseado no conceito de um espaço colorido
com a cor definida pelas três coordenadas (X,Y e Z). A coordenada vertical (L)
parte de L=0 (preto), passando pelo cinza até L=100 (branco). A coordenada
horizontal ‘a’ parte de a (verde) passando pelo cinza até +a (vermelho). A outra
coordenada horizontal ‘b’, parte de b (azul) até +b (amarelo) (COULTATE, 2004)
(Figura 4).
Para amostragem, foram coletadas duas amostras dentro de cada bloco de
cada tratamento, sendo três blocos por tratamento, totalizando 144 frutos por
período avaliado. Foram avaliados quatro meses, com uma única colheita por mês
nos meses de junho, julho, agosto e setembro de 2005.
Figura 4: Parâmetros de cor de Hunter: cromaticidade ‘a’, ‘b’ e luminosidade ‘L’ e
parâmetro de coloração ‘h
0’
.
3.5.2.Firmeza do fruto
Foram realizadas medidas da firmeza do fruto com e sem a casca. Para as
medidas da firmeza com a casca, foram escolhidos três pontos, eqüidistantes, na
altura do terço médio do fruto (pouco abaixo da região equatorial, ao lado oposto
do pedúnculo). Essas medições foram efetivadas diretamente sobre a casca do
fruto (sem prévia raspagem da casca).
Para as medidas de firmeza da polpa do fruto, cada fruto foi dividido em
duas faces na altura da região de medição da firmeza do fruto (próximo a região
equatorial), porém com as medições feitas internamente, diretamente na polpa do
fruto, em três pontos em locais distintos de onde foi medida a firmeza do fruto.
Branco
Amarelo
verde
Azul
Vermelho
Preto
+b
-
b
-
a
L = 0
L = 100
Amarelo
verde
Azul
Vermelho
h
o
Para a medição da firmeza foi utilizado um penetrômetro de bancada (Fruit
Pressure Tester, Italy; modelo 53205) com adaptador de 8,0 x 8,0 mm (altura x
diâmetro). Os resultados foram expressos em Newton (N).
Para amostragem, foram coletadas duas repetições de cada tratamento,
sendo três blocos por tratamento, totalizando 144 frutos por período avaliado.
Foram avaliados quatro meses, com uma única colheita por mês nos meses de
junho, julho, agosto e setembro de 2005.
3.5.3.Concentração de sólidos solúveis totais da polpa
A concentração de sólidos solúveis totais (expresso em
0
Brix) foi lido no
suco extraído de uma amostra de tecido da polpa a partir da extração por prensa
de mão. As leituras foram efetuadas por um refratômetro manual (Samar MT-
032).
Foram coletadas duas repetições de cada tratamento, sendo três blocos por
tratamento, totalizando 144 frutos por período avaliado. Foram avaliados quatro
meses, com uma única colheita por mês nos meses de junho, julho, agosto e
setembro de 2005.
3.5.4.Acidez total titulável da polpa
Para a determinação da acidez total titulável (ATT) da polpa dos frutos foi
empregado o método da titulação com hidróxido de sódio 0,01 N até pH 8,2. Para
essa análise, 30g de polpa foram retiradas na região mediana dos frutos, e
homogeneizadas em 100 mL de água destilada por um Mix (mix-vertical SB30,
Black & Decher). Os resultados foram expressos em percentagem de ácido cítrico,
de acordo com o método da AOAC (1984). O pHmetro usado foi Orion, modelo
410A.
A ATT foi calculada de acordo com a seguinte expressão:
ATT (% de ácido cítrico) = (V*N*P’*f*100)
Peso da amostra(g)
Em que V é o volume (mL) de NaOH gasto na titulação, N é a normalidade
do NaOH, P’ o milequivalente do ácido predominante (ácido cítrico = 0,064) e f o
fator de correção.
Foi coletada uma repetição de cada bloco, sendo três blocos por
tratamento, totalizando 72 frutos por período avaliado. Foram avaliados quatro
meses, com uma única colheita por mês nos meses de junho, julho, agosto e
setembro de 2005.
3.5.5.Concentração de vitamina C da polpa
Para cada fruto avaliado foi retirado 1g de tecido da polpa para análise da
concentração de ácido ascórbico. Foi utilizado para a determinação o método
oficial da AOAC (1984), que consiste na avaliação através da titulação com 2,6-
dicloroindofenol (2,6-DCP). A amostra da polpa foi macerada em 10mL de ácido
oxálico 1%. Desse extrato foi retirado uma alíquota de 2mL que foi misturado a
mais 5mL de ácido oxálico 1%, seguindo a titulação com o 2,6-DCP. A titulação foi
encerrada quando a solução permaneceu na cor rosa por mais de 10 segundos. A
titulação foi efetuada em triplicata (cada amostra ou repetição foi avaliada três
vezes), descontando-se ao final o volume gasto na titulação do branco. A
concentração de ácido ascórbico foi determinada ajustando-se os resultados da
titulação à curva-padrão preparada a partir de soluções de ácido ascórbico
(Sigma-Aldrich, USA) de concentrações conhecidas.
Foi coletada uma repetição de cada bloco, sendo três blocos por
tratamento, totalizando 72 frutos por período avaliado. Foram avaliados quatro
meses, com uma única colheita por mês nos meses de junho, julho, agosto e
setembro de 2005.
3.5.6.Concentração de açúcares da polpa
Foram retirados 20 g de tecido da polpa do fruto para estocagem a -70
0
C
que posteriormente foram utilizadas para as análises de açúcares. Essas análises
da concentração de açúcares nos frutos de mamão foram feitas pelo método
enzimático, onde a glicose reage com a hexoquinase (EC2.7.1.1), e a frutose
reage com a fosfoglicose-isomerase (EC5.3.1.9). As amostras foram lidas em um
leitor de ELIZA (Multiskan-Labsystem). Esse procedimento segue o descrito por
STITT et al. (1989).
Foi coletada uma repetição de cada bloco, sendo três blocos por
tratamento, totalizando 72 frutos por período avaliado. Foram avaliados quatro
meses, com uma única colheita por mês nos meses de junho, julho, agosto e
setembro de 2005.
3.6.Fisiologia do desenvolvimento do fruto
3.6.1.Crescimento dos frutos
A taxa de crescimento do fruto foi acompanhada a partir de flores marcadas
em três diferentes épocas do ano, de acordo com a época de colheita do mesmo.
Sendo assim, foram feitas marcações de flores recém abertas para posteriores
medições do calibre (parte mais larga do fruto) e comprimento do fruto. As
medidas foram realizadas com um paquímetro digital, sendo expresso em mm.
A primeira marcação das flores hermafroditas foi feita em março, o que
correspondeu à colheita de frutos em junho. Os frutos colhidos em junho tiveram
seu desenvolvimento ao longo do período de temperaturas mais elevadas.
A segunda marcação das flores hermafroditas foi feita em maio, sendo que
o período de colheita dos frutos foi em outubro. Os frutos colhidos em outubro se
desenvolveram ao longo do período mais frio, durante o inverno, os quais
estiveram sujeitos a temperaturas mais baixas durante todo o seu
desenvolvimento.
A terceira e última marcação das flores hermafroditas foi feita em agosto,
tendo assim o período de colheita no mês de janeiro. Os frutos colhidos em janeiro
foram submetidos a temperaturas intermediárias quando do seu desenvolvimento.
As medições do calibre e comprimento dos frutos foram feitas em intervalos
de 7 dias no primeiro mês de desenvolvimento dos frutos. Do segundo mês em
diante as medições foram feitas de 14 em 14 dias. As medições tiveram início
após a antese e prosseguiram até o momento da colheita dos frutos. O ponto de
colheita foi aquele correspondente ao estádio 1, ou seja, ‘uma pinta amarela’
(classificação de acordo com práticas de colheita e pós-colheita realizadas pela
empresa).
Para compor a média de comprimento e calibre dos frutos ao longo do seu
desenvolvimento, foi feita uma média dessas medidas por parcela (média em cada
bloco para cada tratamento, sendo que cada tratamento teve três blocos) com o
acompanhamento do crescimento dos frutos na planta. Buscou-se marcar o maior
número de flores possíveis por repetição nas semanas de marcações, sendo que
o número de flores hermafroditas abertas neste período variou bastante entre as
parcelas e os períodos de avaliação.
4. RESULTADOS E DISCUSSÂO
4.1.Dados climáticos e irrigação
Neste tópico, pode-se observar alguns dados climáticos, os quais têm a
finalidade de facilitar o entendimento dos resultados apresentados a seguir. No
Quadro 1 tem-se dados climáticos como precipitação mensal e total, temperatura
média mensal e umidade relativa do local do experimento no período de
fevereiro/2005 a janeiro/2006. Também estão mostrados os dados de precipitação
efetiva, irrigação necessária e lâmina total aplicada.
Para uma melhor interpretação dos resultados, também foram feitos
gráficos a fim de mostrar a influência da precipitação mensal nos tratamentos de
irrigação (Figura 4).
Analisando os dados climáticos, pode-se perceber que em função dos
diferentes meses de avaliação (tempo em que os frutos se desenvolveram), houve
uma considerável mudança climática, tendo proporcionado resultados mais
expressivos para os diferentes meses de avaliação.
Considerando o excesso de precipitação que ocorreu durante o
experimento, a lâmina total nos doze meses, ou seja, o somatório da irrigação com
a precipitação efetiva não variou muito entre os 3 tratamentos (818, 935, 999 mm,
respectivamente, L-1, L-2 e L-3). É de capital importância notar que o excesso de
precipitação, ou seja, precipitação menos precipitação efetiva, foi muito elevado
nos três tratamentos (971, 990 e 1058, respectivamente, nos tratamentos L-1, L-2
e L-3) (Quadro 2).
A pouca diferença entre as lâminas totais e os excessos de precipitação
nos três tratamentos dificultaram a diferenciação na produtividade bem como nos
outros atributos de qualidade aqui avaliados.
Quadro 1: Valores médio e totais de temperatura média (T med em
0
C), umidade
relativa (UR, em %), precipitação total (P, em mm), precipitação efetiva (PE, em
mm), lâmina irrigada (LI, em mm) e lâmina total (LT, em mm) em função dos
meses e dos níveis de irrigação L-1 (70% da ET
0
), L-2 (110% da ET
0
) e L-3 (150%
da ET
0
). O período de amostragem está compreendido entre fevereiro de 2005 a
janeiro de 2006.
L-1(mm)
L-2 (mm)
L-3 (mm)
Mês
(2005/2006)
T
med
( ºC)
UR
(%)
P
(mm)
PE
LI LT
PE
LI LT
PE
LI LT
fevereiro 25,5 93 185
março 25,6 94 222
abril 24,5 94 86 63
8 71
60 13 72
55
18 73
maio 23,0 95 194 78
1 79
73 4 78
71
6 77
junho 21,5 97 233 56
3 59
54 5 59
52
7 59
julho 20,6 94 32 32
19 50
32 30 61
32
40 71
agosto 21,6 94 22 22
27 48
23 42 62
23
56 79
setembro 22,1 95 92 80
20 100
80 32 112
77
44 121
outubro 24,2 90 41 41
48 89
41 78 119
41
109
150
novembro 23,4 96 286 113
5 118
110
8 118
76
12 88
dezembro 24,6 93 139 76
25 101
71 46 118
56
67 123
janeiro 25,5 90 67 67
38 102
67 69 136
59
100
159
Total/Média 23,5 94 1599
628
194
818
609
328
935
541
458
999
Quadro 2: Valores de lâminas totais, representada como a soma da irrigação mais
precipitação efetiva (I + PE), valores de precipitação total, precipitação efetiva e
excesso de precipitação, todos expressos em mm de lâmina d’água.
L-1(mm)
L-2 (mm)
L-3 (mm)
Lâmina total (I + PE) 818 935 999
Precipitação total 1599 1599 1599
Precipitação efetiva 628 609 541
Excesso de precipitação 917 990 1058
0
50
100
150
200
250
300
abr/05 mai/05 jun/05 jul/05 ago/05 set/05 out/05 nov/05 dez/05 jan/06
Meses
Precipitação e Lâmina aplicada (mm)
Precipitação Lâmina 1 Lâmina 2 Lâmina 3
Figura 4: Precipitação mensal e lâminas de irrigação aplicada (dados em mm), em
função dos meses e dos níveis de irrigação L-1 (70% da ET
0
), L-2 (110% da ET
0
)
e L-3 (150% da ET
0
) em função dos meses avaliados.
4.2.Qualidade pós-colheita
4.2.1.Experimento com Nitrogênio
Não houve diferença significativa a 5% de probabilidade para o fator lâmina
aplicada, assim como suas interações. Possivelmente a não existência de
diferença significativa para o fator lâmina aplicada (irrigação + precipitação efetiva)
foi conseqüência das condições climática locais, cujo regime pluviométrico foi
extremamente alto durante quase todos os meses de avaliação (lâmina total
aplicada variando de 819 a 999 mm e excesso de precipitação variando de 776 a
1058 mm) (Quadro 2). O excesso de água disponível no solo pode ter sido
responsável pela pouca diferenciação entre as lâminas de água aplicada,
necessária para expressar resultados mais significativos. Além deste fato, é
possível que as adubações feitas tenham sofrido processos de lixiviação,
principalmente no experimento com nitrogênio, uma vez que este elemento é
bastante móvel no solo (ALMEIDA et al., 1985; ANGHINONI, 1985; URQUIAGA et
al., 1993).
Testes de regressões foram testados, porém não foi detectada nenhuma
em qualquer tratamento de qualidade, tanto para nitrogênio quanto para potássio.
Para os fatores doses de nitrogênio e períodos de avaliação, houve
diferença significativa para os fatores isoladamente, assim como suas interações a
5% de probabilidade pelo teste F.
4.2.1.1.Coloração da casca
Não houve diferença significativa (P<0,05) para as medidas dos
componentes de coloração da casca ‘a’, ‘b’ e ‘L’, entre os meses avaliados (junho,
julho, agosto e setembro) e os níveis de adubação, tendo ocorrido significância
apenas para o índice de cor ‘h
0
’.
A Tabela 1 contém os valores médios para as variáveis ‘L’, ‘a’, ‘b’ e ‘h
0’
em
função das dosagens de nitrogênio aplicado às plantas na forma de sulfato de
amônio. Esses resultados mostram que os componentes da coloração da casca
dos frutos, no que diz respeito às variáveis: luminosidade ‘L’ e cromaticidade ‘a’ e
‘b’, não foram afetados pela aplicação de dosagens crescentes da fonte
nitrogenada.
Tabela 1: Valores médios dos parâmetros de cor ‘L’, ‘a’, ‘b’ e ‘h
0’
em frutos de
mamão em função das doses de N (como sulfato de amônio), avaliados entre os
meses de junho a setembro de 2005.
Doses de N (g/planta*mês)
Variável de cor L
Mês de
avaliação
10 15 20 25
junho 35,1aA 34,4aA 33,6aA 33,6aA
julho 34,6aA 35,1aA 34,6aA 34,6aA
agosto 33,3aA 34,6aA 34,0aA 32,8aA
setembro 35,0aA 35,2aA 32,8aA 34,3aA
Variável de cor a
junho -8,6aA -9,6aA -8,9aA -8,8aA
julho -9,4aA -9,3aA -9,2aA -9,0aA
agosto -9,8aA -10,1aA -9,6aA -9,4aA
setembro -8,9aA -9,4aA -9,6aA -9,1aA
Variável de cor b
junho 14,6aA 14,1aA 13,5aA 13,7aA
julho 14,5aA 14,3aA 14,0aA 13,9aA
agosto 13,7aA 14,2aA 13,8aA 13,0aA
setembro 13,3aA 13,8aA 13,7aA 12,7aA
Variável de cor h
0
junho 115bA 119aA 118aA 118aA
julho 117abA 118aA 118aA 118aA
agosto 119aA 119aA 119aA 121aA
setembro 119aA 119aA 120aA 120aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de N (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
Resultados observados por ZHOU & PAULL (2001), estudando o padrão de
resposta para coloração da casca de frutos de mamão (cultivar ‘Sunset’) desde a
antese até a completa maturação, mostram que valores da variável ‘b’ foram
constantes na maior parte do desenvolvimento dos frutos (50 a 120 dias após
antese), sendo esta diferenciada somente no processo de maturação (125 a 137
dias após antese). Os valores encontrados por estes autores para essa variável
estão entre 13 e 15, na maior parte do desenvolvimento dos frutos (exceto para os
50 primeiros dias após antese), ou seja, valores bem próximos dos encontrados
neste trabalho, mesmo para cultivares diferentes, tendo atingindo valores
próximos de 30 com o chegar da maturidade. Dessa forma, pode-se considerar
que estes frutos avaliados estão todos no mesmo estádio de maturação com base
nesta característica, mostrando que os tratamentos não proporcionaram
alterações significativas na coloração dos frutos.
O ângulo h
0
mostrou-se variável em função do tempo de aplicação do
tratamento com doses de nitrogênio, porém não foi afetado (P<0,05) pelas
diferentes doses. Esse resultado pode estar relacionado também com as
diferentes épocas do ano em que os frutos foram avaliados. Os resultados
mostraram que o ângulo h
0
foi tanto maior quanto maior o tempo de aplicação do
tratamento de nitrogênio, mostrando-se significativamente (P<0,05) dependente
quando aplicado a dose de 10g de N por planta por mês. Mesmo nas outras doses
de nitrogênio, em valores absolutos, houve um acréscimo dos valores médios de
h
0
, de modo que nos dois primeiros meses, os menores valores foram
encontrados, o que significa que os frutos analisados nos meses de junho e julho
possuíam coloração menos verde do que os frutos analisados nos dois últimos
meses (Figura 4).
Segundo ARAUJO (2005), o suprimento insuficiente de nitrogênio pode
reduzir a síntese de pigmentos clorofilados em folhas de mamoeiro, podendo ter
um padrão de acúmulo desses pigmentos entre os diferentes órgãos da planta
(LAUCHLI, 1984; MOREIRA, 1990). Apesar de o fruto imaturo de mamoeiro ser
um órgão clorofilado, o nível de adubação aplicado teve pouca influência sobre a
coloração da casca dos frutos, o que permite inferir que pouco interferiu nos teores
dos pigmentos (clorofilas e carotenóides) responsáveis pela coloração da casca
dos frutos. Muito provavelmente, tal resposta pode ter ocorrido devido ao excesso
de precipitação e possibilidade de lixiviação dos elementos aplicados.
4.2.1.2.Firmeza do fruto e da polpa
Os resultados mostram que houve diferença significativa (P<0,05) para a
firmeza do fruto (FF) entre os meses avaliados. Porém, não foi observada
qualquer diferença na FF, bem como na firmeza da polpa (FP) quanto aos níveis
de adubação, lâminas de irrigação, bem como as interações entre esses fatores
(Tabela 2). Isto também pode estar relacionado ao excesso de precipitação
ocorrido neste período.
Tabela 2: Valores médios dos parâmetros firmeza do fruto (FF) e firmeza da polpa
(FP) medidas em Newton,
nos frutos de mamão em função das doses de
nitrogênio e avaliado entre os meses de junho a setembro de 2005.
Doses de N (g/planta*mês) Mês de
avaliação
FF (N)
10 15 20 25
junho 98aA 106aA 89bA 104aA
julho 141aA 125aA 128abA 109aA
agosto 129aA 133aA 124abA 130aA
setembro 154aA 138aA 147aA 136aA
FP (N)
junho 28aA 23aA 56aA 27aA
julho 79aA 59aA 53aA 71aA
agosto 84aA 85aA 79aA 91aA
setembro 76aA 63aA 84aA 67aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de N (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
Os dados observados na Tabela 2 mostram que a FF foi influenciada pela
época de colheita com a aplicação de 20g de nitrogênio por planta por mês, não
sendo observada diferença (P<0,05) em nenhum outro tratamento. Esses
resultados mostraram que a adubação nitrogenada teve pouco efeito sobre a
firmeza do fruto e nenhum efeito significativo sobre a firmeza da polpa. Com
relação ao tratamento de irrigação não foram verificadas diferenças significativas
(P<0,05) para os valores de FF e FP.
Tanto o fator FF quanto a FP mostraram valores médios crescentes, nos
tratamentos avaliados, com o passar dos meses, sendo observado de modo geral,
um aumento da firmeza. Sendo assim, os primeiros meses de avaliação
apresentaram menores valores e os últimos os maiores valores de FF e FP,
podendo-se dizer que, mesmo não tendo havido grandes diferenças, o período
correspondente ao desenvolvimento do fruto foi o principal responsável pelas
variações desses fatores. Isso pode ter ocorrido devido às variações na
temperatura (médias mensais) e precipitação durante o desenvolvimento dos
frutos.
SILVA et al. (2005), quando estudaram os efeitos da temperatura e
precipitação sobre a firmeza da polpa em dois cultivares de frutos de mamão
(‘Golden’ e ‘Gran Golden’), constataram que quanto maior a temperatura e a
precipitação, menor firmeza encontrada nesses frutos.
Tendo em vista a discussão acima, frutos colhidos nos primeiros meses de
avaliação deste experimento se desenvolveram em períodos mais quentes e com
maiores precipitações (média dos quatro meses que antecederam a colheita) do
que os frutos colhidos nos meses subseqüentes, como pode-se observar
claramente esta tendência no Quadro 1. Porém, SOUZA (2005), quando estudava
a influência das diferentes épocas de desenvolvimento dos frutos de mamão para
vários cultivares, observou que frutos nos estádios iniciais de maturação (uma
pinta amarela), colhidos no mês de janeiro, apresentaram maiores valores de
firmeza do que frutos colhidos nos meses de agosto e outubro. Essas informações
indicam que as medidas de firmeza em frutos de mamão são bastante
influenciadas pelas condições climáticas durante o desenvolvimento dos mesmos.
Ainda, estas variações no atributo firmeza se mostram específicas para cada
período de avaliação, dependente diretamente das temperaturas médias e
precipitações mensais (SAMS, 1999).
4.2.1.3.Concentração de sólidos solúveis totais da polpa
Os valores da concentração de sólidos solúveis totais (SST) diferiram,
significativamente, entre os diferentes meses avaliados e entre os níveis de
adubação, de acordo com a análise de variância ao nível de 5% de probabilidade,
não tendo sido observado diferença entre os níveis de irrigação. A diferença
significativa (P<0,05) entre os meses aconteceu apenas para o nível de 10g de
N/planta*mês. Da mesma forma, esse nível demonstrou ser o que possui o maior
teor de SST para as diferentes doses de N durante o mês de junho com respostas
significativas (Tabela 3).
Tabela 3: Valores médios da concentração de sólidos solúveis totais, SST (dado
em
0
Brix), acidez total titulável, ATT (em % de ác. cítrico) e teor de vitamina C, Vit-
C (dado em mg/100g de PF) em frutos de mamão em função das doses de
nitrogênio, avaliados entre os meses de junho a setembro de 2005.
Doses de N (g/planta*mês) Mês de
avaliação
SST (
0
Brix)
10 15 20 25
junho 11,35aA 9,43aB 10,15aAB 9,8aB
julho 9,41bA 9,82aA 9,90aA 10,03aA
agosto 9,87abA 9,17aA 9,60aA 9,78aA
setembro 10,73abA 10,68aA 10,24aA 10,96aA
ATT (% ác. cítrico)
junho 0,23bA 0,31aA 0,27aA 0,23bA
julho 0,30abA 0,32aA 0,29aA 0,29abA
agosto 0,42aA 0,41aA 0,34aA 0,41aA
setembro 0,36abA 0,28aA 0,36aA 0,34abA
Vitamina-C (mg/100g PF)
junho 21,60abA 21,10abA 14,10aA 15,23aA
julho 25,36abA 22,27abA 19,77aA 22,77aA
agosto 15,40bA 13,92bA 15,50aA 16,69aA
setembro 29,37aA 28,38aA 24,12aA 24,02aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de N (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
No primeiro mês de avaliação, o maior valor de SST foi observado no
tratamento com 10g de N/planta*mês, diferindo (P<0,05) dos tratamentos com 15
e 25 g N/planta mês. Ainda, no tratamento com 10g de N/planta*mês foi verificada
diferença entre os meses avaliados, onde o mês de junho obteve o maior valor
médio, diferindo (P<0,05) do segundo mês de avaliação (julho).
Os resultados mostram que apesar de em alguns casos ter ocorrido
diferenças significativas, de modo geral, houve pouca diferença no teor de SST
entre os meses avaliados e entre as diferentes doses de N, podendo-se inferir que
esses tratamentos influenciaram muito pouco nessa variável. Porém, ao observar
os valores, percebe-se de modo geral, que houve uma queda nos três primeiros
meses de avaliação seguida de uma posterior elevação no último mês, no entanto,
os valores encontrados não apresentaram grandes variações, e, portanto, essa
sutil diferença entre os meses de colheita, são provavelmente variações normais
entre os frutos e não devido a algum tratamento.
Resultados apresentados por SOUZA (2005), estudando aspectos
qualitativos de diferentes cultivares de mamão, mostram valores de SST do UC01
maiores para frutos colhidos no mês de janeiro, quando comparado a frutos
colhidos no mês de agosto, indicando assim que os meses correspondentes ao
desenvolvimento e a colheita do fruto influenciaram nessas características de
qualidade dos frutos de mamão. Comparando os resultados daquele autor com os
deste experimento, foi notado, que os valores de SST para os frutos colhidos no
mês de agosto, próximos de 10
0
Brix, foram os que mais se aproximaram dos
valores observados neste experimento, enquanto os frutos colhidos nos meses de
janeiro e outubro, apresentaram valores próximos de 11,5
0
Brix. Essas
informações indicam que para ocorrer maiores variações nos teores de SST, seria
necessário que as avaliações fossem feitas em intervalos maiores ao longo do
ano, a fim de que fatores ambientais, como temperatura, fizessem efeito.
4.2.1.4.Acidez total titulável da polpa
Os valores médios de acidez total titulável (ATT) variaram pouco entre os
níveis de adubação e a época de colheita, sendo que para as diferentes doses de
N aplicadas, não foram observadas diferenças significativas (P<0,05). O que foi
verificado somente entre os meses avaliados (Tabela 3).
Como pôde ser observado, houve diferença significativa dentro das doses
aplicadas com 10 e 25g de nitrogênio por planta por mês entre os diferentes
meses avaliados. Porém, uma tendência de aumento da acidez pode ser
observada em quase todos os tratamentos com o passar dos meses avaliados. Os
dois primeiros meses de avaliação apresentaram valores médios absolutos de
ATT, inferiores aos valores médios dos dois últimos meses, o que indica, a partir
deste fator, que os frutos colhidos nos meses de junho e julho mostraram-se mais
maduros fisiologicamente do que os frutos colhidos nos meses posteriores, pois
de acordo com OLIVEIRA Jr. (2002), a acidez da polpa de mamão decresce com o
amadurecimento do fruto.
A variação da ATT de acordo com as diferentes épocas de desenvolvimento
dos frutos de mamão (assim como verificado neste ensaio), foi observado por
SOUZA (2004), onde se constatou que frutos colhidos no mês de agosto e janeiro
apresentavam maiores ATT quando comparado a frutos colhidos no mês de
outubro. De acordo com vários autores, as condições de desenvolvimento dos
frutos podem influenciar fortemente nas suas características de qualidade
(ARRIOLA et al., 1980; MATHEIS & FELLMAN, 1999), sendo que para este
experimento, os dois primeiros meses apresentaram menores valores de ATT,
comparado aos dois últimos. Avaliando algumas variáveis climáticas ocorridas no
período de formação desses frutos (Figura 4), observa-se que os frutos colhidos
nos dois primeiros meses, estiveram sob temperaturas mais elevadas, e maiores
precipitações mensais quando comparado aos meses subseqüentes, podendo-se
concluir que temperaturas e precipitações mais elevadas na formação dos frutos
podem diminuir a ATT.
4.2.1.5.Concentração de vitamina C da polpa
Não houve diferenças significativas para a concentração de vitamina C dos
frutos entre os níveis de nitrogênio aplicados ao nível de 5% de probabilidade,
porém foi constatada diferença significativa (P<0,05) entre os meses dentro das
doses 10 e 15g de adubação nitrogenada por planta por mês.
As medidas observadas da concentração de vitamina C, apesar de não
significativas estatisticamente, sofreram aumentos gradativos com o passar dos
meses avaliados, com exceção do mês de agosto, que apresentou uma queda dos
valores em relação aos demais meses (Tabela 3). O mês de agosto, de modo
geral, foi o mês que apresentou os menores valores de vitamina C em
contrapartida, o mês de setembro foi o que registrou os maiores acúmulos de
vitamina C. Sabendo que os níveis de vitamina C aumentam com a maturação dos
frutos (GIOVANINNI et al., 2004b; SOUZA, 2005), pode-se dizer que frutos
colhidos no mês de setembro apresentam características mais atrativas em termos
de concentração de vitamina C do que os frutos colhidos nos mês de agosto.
Altas temperaturas favorecem a oxidação do ácido ascórbico (AA) em ácido
d-hidro-L-ascórbico (ADHA), podendo chegar à formação de ácido 2,3-diceto-L-
gulônico (ADCG). A formação de ADCG é um processo irreversível e quase
instantâneo em valores de pH alcalino. Esse processo é rápido na neutralidade e
mais lento em condições ácidas (COULTATE, 2004; FENNEMA, 2005). Em frutos
de mamão o pH da polpa se encontra entre 5 e 6 ( SOUZA, 2004; CORRÊA, 2005;
SOUZA, 2005), ou seja, ligeiramente ácido, indicando assim, que a polpa do
mamão possui um pH favorável à conservação do AA, podendo esse, sofrer
alterações de acordo com as condições climáticas, como a temperatura. Tendo
sido o mês de setembro o que apresentara maiores concentrações de vitamina C,
pode-se dizer que a temperatura em que os frutos desse período se
desenvolveram, foi mais baixa (Quadro 1) quando comparada a outros meses, ao
que tudo indica este foi o fator responsável por tal resposta.
O nitrogênio é um elemento bastante móvel no solo (ALMEIDA et al., 1985;
ANGHINONI, 1985; URQUIAGA et al., 1993), sendo assim, provavelmente este
deva ter sido bastante lixiviado durante o período do experimento, haja vista que
as precipitações médias foram bem elevadas (Quadro 1), o que, muito
provavelmente, deva ter influenciado na diferenciação (P<0,05) das doses do
adubo aplicado. No entanto, quando observados os teores de vitamina C nos
diferentes níveis de adubação nitrogenada, verifica-se que os valores médios das
duas primeiras doses (10 e 15g de N/planta*mês), apresentam em média valores
maiores do que as duas últimas (20 e 25g de N/planta*mês), mesmo que não haja
diferenças significativas estatisticamente.
A glicose é o açúcar precursor na rota biossintética do ácido ascórbico
(COULTATE, 2004), portanto, a maior disponibilidade desse açúcar pode levar a
um maior acúmulo de AA por parte do fruto. Por outro lado, o nitrogênio na forma
de NH
4
+
é tóxico para as células, e, portanto, deve ser é rapidamente incorporado
a esqueletos carbônicos. Tendo em vista que todo o açúcar necessário ao
metabolismo vegetal vem do processo fotossintético (TAIZ & ZEIGER, 2004), e
são necessários cinco equivalentes de glicose para fixar 8 equivalentes de NH
4
+
(COULTATE, 2004), é razoável pensar que o nitrogênio seja um concorrente do
AA na obtenção de glicose para sua biossíntese. Portanto, uma possível
explicação para a redução do conteúdo de vitamina-C com o aumento das doses
de nitrogênio no solo poderia estar relacionada com a concorrência entre estas
duas rotas por esqueletos carbônicos, onde o aumento da disponibilidade de
nitrogênio no solo diminuiria a elaboração de vitamina-C na polpa dos frutos de
mamão, ainda que em níveis não significativos.
4.2.1.6.Concentração de açúcares da polpa
Para o acúmulo de glicose na polpa, foi observada diferença entre os
períodos de avaliação (Tabela 4), sendo que essas diferenças só foram
significativas (P<0,05) na aplicação de 10g de N/planta*mês. Para as diferentes
doses de N aplicadas, não foi observada qualquer diferença significativa (P<0,05).
Tabela 4: Valores médios da concentração de glicose, frutose (µmol /g PF) em
frutos de mamão em função das doses de N, avaliados entre os meses de junho a
setembro de 2005.
Doses de N (g/planta*mês) Mês de
avaliação
glicose (µmol*g
-1
PF)
10 15 20 25
junho 164abA 193aA 222aA 199aA
julho 216aA 190aA 188aA 133aA
agosto 155abA 150aA 159aA 123aA
setembro 118bA 127aA 148aA 128aA
frutose (µmol *g
-1
PF)
junho 123aA 164aA 185aA 152aA
julho 153aA 128aA 107aA 133aA
agosto 131aA 130aA 132aA 123aA
setembro 116aA 129aA 150aA 128aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de N (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
De acordo com a tabela anterior, os valores observados para teores de
glicose da polpa mostram uma nítida queda no teor de glicose no decorrer dos
meses de avaliação em quase todos os níveis de adubação. Este fato mostra uma
possível influência das condições climáticas com as concentrações desse açúcar
na polpa.
Tendo em vista o comentário anterior, as condições climáticas ocorridas
neste experimento mostram que o desenvolvimento dos frutos ocorridos nos
meses que antecederam a colheita de junho e julho estiveram sob maiores
temperaturas médias mensais em relação ao desenvolvimento dos frutos que
antecederam os outros dois meses de colheita (agosto e setembro). Sendo assim,
com o aumento da temperatura, aumenta-se também a atividade dos processos
fotossintéticos, ocasionando um aumento da produção de açúcares solúveis (TAIZ
& ZEIGER, 2004). Com isso, podemos dizer que frutos colhidos nos meses de
junho e julho apresentaram as maiores concentrações de glicose, quando
comparados a frutos colhidos em agosto e setembro, mostrando, pelo menos para
este fator, qualidade superior dessas frutas, para estas condições.
Para a concentração de frutose da polpa, os resultados mostraram que não
houve efeito (P<0,05) sobre essa variável para os diferentes níveis de adubação
bem como entre os meses avaliados (Tabela 4). No entanto, de modo geral, o mês
de junho foi o mês que apresentou as maiores concentrações de frutose, assim
como foi verificado para o acúmulo de glicose. Dessa forma, os mesmos fatores
que influenciaram nas concentrações de glicose, podem ter influenciado as
concentrações de frutose, visto que o padrão de resposta observado para um, é
também observado para o outro após os frutos terem atingido o ponto de
maturação (ZHOU & PAULL, 2001).
Quando avaliado os teores dos dois açúcares, de modo geral, nota-se que
em quase todos os meses de avaliação, os maiores teores de frutose e glicose,
foram coincidentes. Provavelmente, nos meses onde houve maiores teores de
glicose e frutose, as atividades metabólicas na planta não foram tão intensas
quanto nos meses onde os teores desses açúcares foram mais baixos. Segundo
CHAN & HARVEY (1979), quando frutos de mamão possuem concentrações de
glicose e frutose mais baixas e sacarose mais altas há um indicativo de que esses
açúcares estejam sendo intensamente demandados por rotas metabólicas
envolvidas nos processos relacionados como desenvolvimento e amadurecimento
do fruto de mamão.
4.2.1.7.Algumas considerações:
Um outro fator a ser considerado neste experimento é que durante todo o
período de avaliação houve uma constante precipitação na área experimental
(Quadro 1), de tal sorte que sendo o nitrogênio um elemento bastante móvel no
solo (ANGHINONI, 1985; ALMEIDA et al., 1985; URQUIAGA et al., 1993),
possivelmente tenha ocorrido uma considerável lixiviação do mesmo, o que
dificultou as avaliações das diferentes doses aplicadas. Da mesma forma, a alta
precipitação mensal observada, muito provavelmente, diminuiu as diferenciações
entre as lâminas de água aplicadas, igualando-as em certos momentos.
De forma geral, as variáveis observadas sofreram pouca ou nenhuma
influência dos tratamentos. Os fatores de qualidade avaliados não sofreram
grandes alterações devido aos diferentes níveis de adubação (10, 15, 20 e 25g de
N/planta*mês), assim como as diferentes lâminas de água aplicadas (70, 110 e
150% da ET
0
) e os diferentes meses avaliados (junho, julho, agosto e setembro).
Esses resultados vêm confirmar dados apresentados por MARINHO et al. (2001),
COELHO et al. (2005) e CRUZ et al. (2005), que avaliaram o efeito de diferentes
fontes nitrogenadas em fatores de qualidade do mamão como SST, ATT, firmeza
da polpa, dentre outros, os quais também, não observaram respostas,
estatisticamente, significativas para estas características. Dessa forma, nota-se
que o nitrogênio não exerceu uma função diferencial tão acentuada nesta cultura
em vários parâmetros relacionados à qualidade do fruto.
As maiores e mais freqüentes diferenças observadas neste experimento
ocorreram em função da época de desenvolvimento dos frutos. Há assim,
portanto, uma indicação de que a qualidade dos frutos de mamão sofre forte
influência da época do ano em que os mesmos são avaliados, muito
provavelmente, em função das alterações nas variáveis climáticas como umidade
relativa do ar, precipitação pluviométrica, e, principalmente, temperaturas máximas
e mínimas mensais.
4.2.2.Experimento com Potássio
Não houve diferença significativa a 5% de probabilidade para o fator lâmina
de irrigação para as características de FF, FP, ATT, SST, teor de vitamina e
cromaticidade ‘a’, ‘b’ e ângulo ‘h
0
’, assim como suas interações. Somente, foram
constatadas diferenças significativas entre os níveis de irrigação para o parâmetro
de cor ‘L’ e na concentração dos açúcares solúveis.
Para os fatores doses de potássio e períodos de avaliação houve efeito
significativo desses fatores isoladamente, assim como suas interações a 5% de
probabilidade pelo teste F. Quando houve diferença (P<0,05) para níveis de
irrigação, optou-se pela interação dos níveis de irrigação pelas doses de potássio,
fixando-se os meses de avaliação.
4.2.2.1.Coloração da casca
Para as variáveis ‘a’, ‘b’ e ‘h
0
’ não houve diferença significativa para o fator
irrigação e suas interações ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F, sendo
significativo os fatores meses de avaliação e doses de adubação (Tabela 5). Para
a variável ‘L’, houve efeito do fator irrigação e doses de adubação (Tabela 6).
Tabela 5: Valores médios dos índices de cromaticidade ‘a’, ‘b’ e ângulo hue, ‘h
0
’,
em frutos de mamão em função das doses de potássio, avaliados entre os meses
de junho a setembro de 2005.
Doses de K (g/planta*mês) Mês de
avaliação Variável de cor a
18 29 39 50
junho -10,7aA -11,0aA -10,7aA -10,6aA
julho -10,0aA -10,0aA -9,6aA -10,1aA
agosto -10,0aA -10,0aA -9,5aA -9,8aA
setembro -9,2aA -9,4aA -9,3aA -9,2aA
Variável de cor b
junho 13,6aA 15,1aA 13,3aA 14,5aA
julho 14,1aA 13,9aA 14,2aA 14,9aA
agosto 13,1aA 12,4aA 12,3aA 12,6aA
setembro 12,9aA 13,8aA 13,5aA 13,3aA
Variável de cor h
0
junho 122aA 120aA 123aA 121aA
julho 120aA 120aA 119aA 119aA
agosto 122aA 123aA 123aA 123aA
setembro 121aA 120aA 120aA 120aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de K (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
Os valores obtidos para o índice de cromaticidade ‘a’ mostraram que houve
um nítido aumento dos valores de ‘a’, apesar de não ser significativa (P<0,05),
com o decorrer dos meses para todos os níveis de adubação (Tabela 5). O que
permite dizer que de modo geral, os frutos avaliados nos primeiros meses tinham
coloração verde mais intensa do que os frutos avaliados nos últimos meses, fato
este não percebido no experimento com nitrogênio. O mês de junho apresentou os
menores valores de ‘a’ e o mês de setembro apresentou os maiores, indicando
uma possível perda de coloração verde com o passar dos meses de avaliação.
Para os índices de cromaticidade ‘b’ e ‘h
0
’, mostrados na Tabela 5, não foi
observada diferença significativa (P<0,05) que mostrasse algum padrão indicativo
de perda ou ganho de cor devido à aplicação de adubação potássica, bem como
em função do período de avaliação. Ainda assim, de modo geral, os dois primeiros
meses apresentaram maiores médias do que os dois últimos para o índice de
cromaticidade ‘b’, o que indica uma maior proximidade para a coloração amarela
nos primeiros meses.
O fato de os dois primeiros meses apresentarem valores mais altos do
índice de cromaticidade ‘b’ e menores de ‘a’, o que indica uma maior coloração
verde e amarela simultaneamente nos frutos, pode estar relacionado ao fato de
que os frutos desenvolvidos nos meses que antecedem as colheitas de junho e
julho estiveram sob maiores temperaturas e maiores precipitações ocorridas
nestes períodos em relação aos frutos desenvolvidos nos meses que antecederam
as colheitas de agosto e setembro (Quadro 1).
Os níveis de adubação potássicas também apresentaram de modo geral,
um acréscimo dos valores médios de ‘b’ em quase todos os níveis, o que indica
uma maior proximidade da coloração amarela com o aumento das doses de K por
planta. Isto pode estar relacionado ao fato de que a deficiência de potássio reduz
a taxa fotossintética por unidade de área (MALAVOLTA, 1982; PRETTY, 1982),
podendo possivelmente alterar o conteúdo dos pigmentos fotossintéticos nos
tecidos, de acordo com a disponibilidade deste no solo. Porém, tal diferença é
quase imperceptível, não tendo diferença significativa estatisticamente.
Para o ângulo ‘h
0
’, não foi percebido grandes diferenças, mesmo em
valores absolutos, para os diferentes meses e níveis de adubação, estando este
indicando para a coloração verde em todos os tratamentos.
Os diferentes níveis de adubação influenciaram em pequena magnitude na
concentração de pigmentos clorofilados e acessórios com o aumento das doses
de potássio. Apesar dessa pequena influência, sabe-se que o potássio apresenta
considerável influencia sobre a fotossíntese, uma vez que níveis ótimos de K,
favorecem maiores concentrações de clorofila por unidade de área. Além disso, o
potássio é responsável por várias funções nas rotas metabólicas envolvidas no
processo fotossintético (MENGEL, 1982; TAIZ & ZAIGER, 2004).
Nenhum dos três parâmetros anteriormente avaliados foi afetado (P<0,05)
pelos tratamentos com irrigação, no entanto o índice de luminosidade ‘L’ mostrou-
se sensível (P<0,05) a estes tratamentos. Sendo que para este fator, o efeito da
irrigação mostrou-se significativo (P<0,05) somente para o primeiro mês de
avaliação, dentro do nível 29g de K/planta*mês. As diferenças significativas
(P<0,05) ocorridas devido a diferentes doses de adubo aplicadas, ocorreram
somente no mês de setembro, para a lâmina L-2 (Tabela 6).
Quando avaliados os dados de luminosidade (‘L’) de modo geral, nota-se
que em quase todos os meses de avaliação (Tabela 6), houve um acréscimo dos
valores com o aumento da lâmina de água aplicada em quase todos os períodos,
porém só no primeiro mês (junho) foi observada diferença significativa (P<0,05)
para o tratamento de irrigação L-1, na aplicação de 29g de K/planta*mês. Esse
padrão de resposta poderia estar relacionado com um possível amadurecimento
dos frutos com maior volume de água aplicada, no entanto, apesar dessa pequena
diferença observada para a variável luminosidade, trabalhos realizados por
OLIVEIRA Jr. (2002) avaliando mudanças na coloração da casca em função do
período pós-colheita, também não observaram diferenças significativas em frutos
de mamão para esta variável, mesmo quando compararam frutos mais verdes
com frutos em estádios mais avançados de amadurecimento.
Tabela 6: Valores médios dos parâmetros de luminosidade ‘L’
em frutos de
mamão em função das doses de potássio e das lâminas de irrigação, avaliados
entre os meses de junho a setembro de 2005.
Doses de K (g/planta*mês) Lâmina de
irrigação Mês de avaliação - junho
18 29 39 50
L-1 32,8aA 31,8bA 32,5aA 33,1aA
L-2 34,0aA 35,8aA 32,4aA 34,2aA
L-3 32,6aA 36,3aA 34,9aA 35,1aA
Mês de avaliação julho
L-1 34,9aA 33,8aA 34,8aA 36,0aA
L-2 33,7aA 35,0aA 35,4aA 35,5aA
L-3 35,5aA 35,1aA 34,6aA 35,8aA
Mês de avaliação agosto
L-1 33,0aA 31,6aA 33,1aA 33,0aA
L-2 32,8aA 32,4aA 30,6aA 33,1aA
L-3 34,1aA 32,9aA 32,9aA 33,4aA
Mês de avaliação - setembro
L-1 33,0aA 34,7aA 32,8aA 33,7aA
L-2 31,0aB 35,7aA 36,8aA 34,1aAB
L-3 34,3aA 34,5aA 34,3aA 35,1aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de K (maiúscula) e as lâminas de
irrigação avaliadas (minúsculas).
Apesar de ter sido observada diferença (P<0,05) entre os tratamentos de
adubação para a lâmina L-2, esse foi um padrão de resposta isolado, não tendo
sido observado em nenhum outro mês de avaliação. Sendo assim, fica difícil
concluir sobre a influência das diferentes doses de adubação e irrigação para este
fator.
4.2.2.2.Firmeza do fruto
A FF não apresentou variações significativas (P<0,05) quanto à irrigação,
ao período de avaliação ou as doses de K aplicadas. No entanto, a FP mostrou-se
dependente da época de avaliação, não apresentando diferenças significativas
(P<0,05) para as doses de K aplicadas (Tabela 7).
Tabela 7: Valores médios da firmeza do fruto (FF) e firmeza da polpa (FP)
dados
em Newton em frutos de mamão em função das doses de potássio, avaliados
entre os meses de junho a setembro de 2005.
Doses K (g/planta*mês) Mês de
avaliação FF (N)
18 29 39 50
junho 105aA 138aA 135,39aA 128aA
julho 134aA 137aA 113,03aA 127aA
agosto 136aA 142aA 131,21aA 138aA
setembro 141aA 132aA 131,42aA 142aA
FP (N)
junho 45aA 40bA 65abA 40bA
julho 65aA 69bA 92abA 58abA
agosto 91aA 90aA 101aA 91aA
setembro 61aA 48bA 46bA 51abA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de K (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
Os dados mostram que a aplicação das doses de 29, 39, 50g de
K/planta*mês influenciou a variável FP, onde esta variou (P<0,05) em função dos
meses de avaliação, indicando que essa variável pode ter sido influenciada por
fatores climáticos como a temperatura e precipitação, sendo que para este
experimento, de modo geral, foi observado que com o aumento da precipitação e
temperatura dos meses envolvidos na formação dos frutos, os valores de FP e FF
diminuíram.
BROETTO et al. (2005), quando avaliaram a influência da temperatura dos
meses que antecederam (quatro meses) a colheita de frutos do cultivar ‘Sunrise
Solo’, não observaram diferenças expressivas com o ajuste de uma regressão
quadrática (R
2
=0,56). No entanto, as condições de desenvolvimento dos frutos nas
diferentes épocas do ano podem variar bastante de um ano para outro. Outros
autores como SOUZA et al. (2005), observaram diferenças na firmeza da polpa de
acordo com os diferentes meses de colheita (janeiro, agosto e outubro) para vários
cultivares (‘Tainung 01’, ‘Golden’, ‘UC01’, ‘UC02’ e ‘UC07’), enfatizando que além
da temperatura, outros fatores são responsáveis por uma maior ou menor firmeza
apresentada pelos frutos, como o genótipo envolvido.
Existe a influência da precipitação decorrente de cada mês, pois resultados
observados por SILVA et al. (2005) demonstraram uma relação muito próxima
entre a precipitação (média dos quatro meses que antecedem a colheita) e a
firmeza da polpa, tendo sido observado que quanto maior a precipitação, menor a
firmeza apresentada. Estes mesmos autores também verificaram uma relação
satisfatória quanto a influência da temperatura e a firmeza da polpa, sendo que
quanto maior a temperatura no decorrer do desenvolvimento do fruto, menor é a
firmeza, tendo como as cultivares avaliadas ‘Golden’ e ‘Gran Golden’.
O amolecimento da polpa de mamão, está relacionado à degradação da
pectina e outros componentes da parede celular, provocando, assim, uma
desordem estrutural no tecido da polpa, dentre as enzimas responsáveis por tal
evento, estão a poligalacturonase (PG-EC-3.2.1.15) e a pectina metilesterase
(PME EC-3.2.1.15), xilanase (EC-3.2.1.32) e celulase (EC-3.2.1.4) (PALL et al.,
1998). O amolecimento da polpa das frutas é influenciado por fatores climáticos
como altas temperaturas (FERGUSON et al., 1998; SAMS, 1998). É possível que
as diferenças de temperatura e precipitação observadas neste ensaio (quadro 1)
tenham influenciado na atividade das enzimas de degradação dos tecidos da
polpa da fruta, proporcionando alterações texturais como as observadas neste
experimento (Tabela 7).
4.2.2.3.Concentração de sólidos solúveis totais da polpa
Os valores da concentração de SST foram em média de 10
0
Brix (Tabela 8),
próximo do ponto ótimo de comercialização que é de 11 a 14
0
Brix de SST (ALVES
et al., 2003). No entanto, só foi verificada diferença significativa (P<0,05) para a
concentração de SST, entre os meses avaliados, no tratamento com 29 e 39g de
K/planta*mês.
Tabela 8: Valores médios dos parâmetros sólidos solúveis totais (
0
Brix), acidez
total titulável (% de ác. cítrico) e teor de vitamina C (mg/100g de PF) em frutos de
mamão em função das doses de potássio, avaliados entre os meses de junho a
setembro de 2005.
Doses de K (g/planta*mês) Mês de
avaliação
SST (
0
Brix)
18 29 39 50
junho 9,96aA 10,50abA 9,90abA 10,34aA
julho 10,17aA 9,57bA 9,97abA 10,22aA
agosto 9,61aA 9,10bA 8,89bA 9,39aA
setembro 10,51aA 11,37aA 11,21aA 10,56aA
ATT (% ác. cítrico)
junho 0,28aA 0,37aA 0,31aA 0,31aA
julho 0,34aA 0,32aA 0,30aA 0,30aA
agosto 0,36aA 0,38aA 0,38aA 0,36aA
setembro 0,36aA 0,32aA 0,32aA 0,34aA
Vitamina-C (mg/100g de PF)
junho 21,77aA 21,60aA 21,11aA 20,52aA
julho 20,26aA 20,33aA 22,43aA 17,68aA
agosto 18,27aA 20,85aA 21,05aA 20,26aA
setembro 21,54aA 25,21aA 23,62aA 19,27aA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de K (maiúscula) e os meses avaliados
(minúsculas).
Como pode ser visto na Tabela 8, os maiores valores foram observados no
último mês de avaliação. Sendo que neste mês (setembro) os dados climáticos
(Quadro 1) mostram que durante a formação desses frutos (abril-setembro) a
temperatura média mensal assim como a precipitação foram mais baixas. Com
isso, podemos dizer que os frutos desenvolvidos neste período, devido a baixas
temperaturas, prolongaram mais seu ciclo de desenvolvimento, possibilitando um
maior acúmulo de SST. Da mesma forma, menores precipitações podem ter
propiciado a concentração dos SST, mesmo tendo sido o experimento irrigado.
Quanto às diferentes doses de potássio aplicadas não houve qualquer
diferença entre os tratamentos (P<0,05), mostrando que este elemento pouco
influenciou na variável SST da polpa dos frutos. No entanto, o mês de agosto
apresentou, de forma consistente, valores médios de concentração de SST
sempre inferiores aos outros meses, para todos os níveis de adubação, o que
mostra que os frutos colhidos nesta época não apresentaram teores médios de
SST sequer a 10% (Tabela 8).
Apesar de a temperatura média dos quatro meses anteriores à colheita de
agosto ter sido maior do que a de setembro (Quadro 1), uma possível explicação
para os baixos valores de SST no mês de agosto, foi que durante a formação dos
frutos colhidos no mês de agosto, a temperatura média mensal, caiu
constantemente no decorrer dos meses até o período de colheita (Quadro 1), fato
este nítido até este mês de colheita. Talvez o fato de que o último mês de
formação do fruto tenha registrado a menor temperatura média mensal (20,6
0
C,
no mês de julho) tenha influenciado, dessa forma, na elaboração de açúcares
solúveis, resultando em teores de SST mais baixos nos frutos colhidos no mês de
agosto. Segundo vários autores, o aumento nos níveis de açúcares solúveis
somente é significativo nos dias que antecedem a maturidade fisiológica e no
processo de maturação dos frutos (HARVERY & CHAN, 1979; ZHOU & PAULL,
2001). Portanto, temperaturas mais baixas no último mês de formação
proporcionaram menores teores de SST.
Alguns autores vêm mostrando a importância das diferentes épocas de
desenvolvimento do ano no conteúdo de SST da polpa do mamão, o que pôde ser
observado por GIOVANNINI et al. (2004) quando estudavam a influência de
diferentes épocas de colheita no teor de SST de vários cultivares de mamão
(‘Golden’, ‘Tainung’, ‘UC01’, ‘UC02’ e ‘UC07’). Estes autores observaram que
frutos colhidos no mês de janeiro e agosto apresentavam teores de SST mais
elevado do que frutos colhidos no mês de outubro, o que mostra uma forte
influencia das temperaturas médias mensais que antecederam esses meses de
colheita.
O potássio é um íon encontrado dissociado nas soluções constituintes das
células vegetais (TAIZ & ZEIGER, 2004), podendo, portanto, contribuir para o
incremento do teor de SST nos frutos, como é verificado para o abacaxi, onde
maiores doses de potássio aumentam os teores de SST nos frutos, assim como a
melhoria de vários outros fatores ligados à qualidade dos frutos (GONÇALVES,
2000). Portanto, este experimento veio mostrar que não houve variações
significativas (P<0,05) no teor de SST da polpa de frutos de mamão devido a uma
maior disponibilidade deste elemento no solo de acordo com as diferentes doses
de potássio aplicadas. Fato esse possivelmente relacionado aos altos índices
pluviométricos decorrentes desses períodos de avaliação, o que deve ter
proporcionado uma lixiviação deste elemento aplicado no solo.
4.2.2.4.Acidez total titulável da polpa
Os valores de acidez total titulável (ATT) mostraram que não houve
diferença significativa (P<0,05) para os meses avaliados, para as doses de K e tão
pouco para as lâminas de irrigação (Tabela 8).
O dados mostraram que durante o mês de agosto a ATT foi maior em
relação aos outros meses, indicando uma maior acidez presente nesta época em
todos os tratamentos ainda que tal diferença não tenha se mostrado significativa
(P<0,05). Essa informação combinada com a média baixa de SST no mês de
agosto pode ser um indicativo de que estes frutos se encontravam num estádio de
maturação mais atrasado, ou seja, mais verdes fisiologicamente, confirmado por
informações de vários autores que mostram que baixos teores de SST e altos de
ATT indicam frutos mais vedes fisiologicamente, visto que, com o amadurecimento
os teores de SST aumentam e os de ATT diminuem (SILVA et al., 2005;
OLIVEIRA, 2002).
Ao que tudo indica, frutos que aparentemente foram colhidos em um
estádio de maturação igual aos demais em todos os meses (estádio 1),
mostraram-se menos maduros fisiologicamente do que os frutos colhidos no
mesmo estádio dos outros meses.
A explicação para os altos níveis de ATT no mês de agosto pode ser
atribuída, em parte, ao que aconteceu com os níveis de SST para este mesmo
mês, conforme já visto anteriormente, tendo sido influenciado por quedas de
temperaturas até o momento da colheita. Outro fato associado a esta informação,
é que da mesma forma que aconteceu com a temperatura média mensal, a
precipitação também caiu bruscamente no mês que antecedeu a colheita,
podendo ter ocasionado um efeito concentrante, proporcionando maiores
concentrações de ATT, apesar de o experimento ter sido irrigado. Veja que este
fato não alterou as concentrações de SST, provavelmente porque esta variável é
muito mais dependente da temperatura do que da precipitação, mesmo porque
não houve diferença significativa para esta variável quanto aos níveis de irrigação
aplicados.
É sabido que alguns ácidos orgânicos em plantas são produtos primários da
fotossíntese e participam como precursores na síntese de gorduras, carboidratos e
proteínas (TAIZ & ZEIGER, 2004). Em várias espécies vegetais tem sido
observado que o aumento na disponibilidade de potássio resulta em aumento da
ATT (PRETTY, 1982). Em abacaxi, com o aumento das doses de potássio, há
também um aumento dos teores de ATT (GONÇALVES, 2000). Porém, quando
observamos os valores médios de ATT para os diferentes níveis de adubação
potássica, nesse experimento, não foi notada qualquer diferença que indicasse o
efeito de algum tratamento. Sendo assim, o híbrido UC01 não alterou a ATT,
significativamente, a partir dos aumentos gradativos das doses de potássio, nas
condições desse experimento.
4.2.2.5.Concentração de vitamina C da polpa
As medidas da concentração de vitamina C, apresentadas na tabela 8,
mostraram que os tratamentos com adubação potássica, irrigação, bem como a
época de colheita dos frutos não resultaram em grandes variações nesse atributo
qualitativo, de modo que não houve diferença significativa (P<0,05) dessa variável
entre os referidos tratamentos. No entanto, quando avaliado os valores em
absoluto, pode-se perceber que o mês de agosto apresentou de modo geral as
menores concentrações de vitamina C em quase todos os tratamentos, ainda que
estatisticamente (P<0,05) não inferiores aos índices apresentados nos demais
meses avaliados.
Os resultados combinados de SST, ATT e Vit-C, indicam, portanto, que os
frutos colhidos no mês de agosto poderiam estar fisiologicamente menos
desenvolvidos do que os frutos colhidos nos outros meses avaliados (razão esta,
justificada pelas variáveis de SST e ATT vistas anteriormente), apesar de
apresentarem aparência (coloração da casca) semelhantes. OLIVEIRA (1999) e
GIOVANINNI et al. (2004b) já haviam observado que valores elevados de ATT
associados a baixos níveis de SST e Vit-C indicam que o fruto de mamão pode
estar imaturo fisiologicamente.
A adubação potássica pode induzir um aumento no teor de ácido ascórbico
(AA) em várias culturas, como é o caso do abacaxi (GONÇALVES, 2002). Porém,
quando comparado a outras fontes de variação, como fatores climáticos
(temperatura, UR, precipitação, etc.), estes assumem uma importância muito
maior (PRETTY, 1982). Sendo assim, pode-se inferir que possivelmente os fatores
que influenciaram nestas características avaliadas, deram-se muito mais devido
aos periodos de avaliação, ou seja, as características climáticas como,
temperatura e precipitação do que aos tratamentos com adubação e irrigação.
4.2.2.6.Concentração de açúcares da polpa
Os efeitos dos tratamentos com adubação potássica e irrigação sobre a
concentração dos açúcares solúveis mostraram-se significativos de acordo com o
teste F a 5% de probabilidade.
Para a concentração de glicose da polpa dos frutos colhidos no mês de
junho, observou-se que as maiores médias foram encontradas quando da
aplicação da lâmina L-2 (110% da ET
0
), enquanto os menores valores foram
observados na aplicação da lâmina L-1 (70% da ET
0
) (Tabela 9). Tal tendência foi,
de modo geral, predominante entre os quatro níveis de K aplicados, porém, só foi
observada diferença significativa (P<0,05) nos níveis de aplicação de 18 e 50g de
K/planta*mês.
Tabela 9: Valores médios da concentração de glicose (µmol /g PF) da polpa de
frutos de mamão em função das doses de potássio e das lâminas de água
aplicadas entre os meses de junho a setembro de 2005.
Doses de K (g/planta*mês) Lâmina de
irrigação
junho [glicose]( µmol*g
-1
PF)
18 29 39 50
L-1 143bAB 133aAB 156aA 65bB
L-2 370aA 139aB 169aB 158aB
L-3 150bA 162aA 136aA 124abA
julho [glicose]( µmol*g
-1
PF)
L-1 218aA 234aA 182aA 148aA
L-2 198aA 203aA 205aA 211aA
L-3 175aA 158aA 180aA 154aA
agosto [glicose]( µmol *g
-1
PF)
L-1 115aA 200aA 179abA 203aA
L-2 112aA 144aA 124bA 134aA
L-3 182aA 222aA 216aA 132aA
setembro [glicose]( µmol *g
-1
PF)
L-1 177aA 162aA 191aA 141bA
L-2 138aB 206aB 123aB 364aA
L-3 157aA 158aA 132aA 138bA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de K (maiúscula) e as lâminas avaliadas
(minúsculas).
Para os frutos colhidos em julho não houve diferenças (P<0,05) para a
concentração de glicose da polpa, de acordo com as doses de potássio e lâminas
de água aplicadas. No entanto, para o mês de agosto foi observado efeito
(P<0,05) da lâmina de água associada à dose de 39g de K/planta*mês no
acúmulo de glicose da polpa, onde o menor acúmulo desta foi verificado na
aplicação da L-2 e o maior acúmulo alcançado pelo nível L-3 (Tabela 9). Os frutos
colhidos em setembro apresentaram diferenças (P<0,05) na concentração de
glicose entre as lâminas para o último nível de adubação (50g de K/planta*mês),
de modo que o menor e o maior acúmulo foram verificados quando da aplicação
das lâminas L-3 e L-2, respectivamente (Tabela 9). Houve também diferença
(P<0,05) no acúmulo de glicose entre os níveis de adubação potássica associados
à aplicação da lâmina L-2 com a maior concentração de glicose verificado na
polpa dos frutos tratados com a dose de 50g de K/planta*mês.
Observando a tabela 9, pode-se dizer que houve uma ligeira predominância
no tratamento com a lâmina L-2 (110% da ET
0
) em acumular mais glicose nos
frutos, com exceção para o mês de agosto, onde a lâmina L-2 resultou em frutos,
de modo geral, com menor acúmulo de glicose.
O aumento dos teores de glicose da polpa ocorre naturalmente com o
desenvolvimento do fruto, o que já foi verificado por vários autores. Resultados
obtidos por CATUNDA et al. (2005), quando avaliavam teores de açúcares
solúveis em diferentes cultivares de mamão em função do tempo pós-colheita,
verificaram que o híbrido UC01 aumentou consideravelmente o teor de glicose da
polpa com o avanço no desenvolvimento do fruto. ZHOU & PAULL (2001), quando
estudavam o metabolismo de açúcares do mamão (‘Sunset’) em função do seu
desenvolvimento e amadurecimento, verificaram que até o ponto de maturação
fisiológica, havia pouca alteração nos níveis de glicose do fruto, sendo observado
um rápido aumento após este ponto.
A concentração de frutose na polpa dos frutos mostrou-se variável (P<0,05)
em função da lâmina de irrigação aplicada (Tabela 10). Quando foi associado a
aplicação de irrigação com doses de 18 e 50g de K/planta*mês, verificou-se nos
frutos colhidos no mês de junho que o acúmulo de frutose foi maior (P<0,05)
quando da aplicação da lâmina L-2. Os diferentes níveis de adubação potássica
também mostraram-se efetivos (P<0,05) na associação com as lâminas de
irrigação L-1 e L-2. Os resultados mostram que o teor de frutose dos frutos
tratados com a lâmina L-1 associado com a aplicação de 18g de K/planta*mês foi
maior que o verificado nos frutos tratados com a lâmina L-2 em associação com
de 50g de K/planta*mês foi maior.
Tabela 10: Valores médios da concentração de frutose (µmol/g PF) da polpa de
frutos de mamão em função das doses de potássio e das lâminas de água
aplicadas entre os meses de junho a setembro de 2005.
Doses de K (g/planta*mês) Mês de
avaliação junho [frutose]( µmol*g
-1
PF)
18 29 39 50
L-1 145bA 120aAB 120aAB 49bB
L-2 332aA 112aB 130aB 129aB
L-3 116bA 155aA 124aA 124abA
julho [frutose]( µmol *g
-1
PF)
L-1 176aA 165aA 127aA 113aA
L-2 123aA 155aA 146aA 190aA
L-3 130aA 123aA 142aA 126aA
agosto [frutose]( µmol*g
-1
PF)
L-1 134bA 158aA 163aA 184aA
L-2 236aA 157aAB 138aB 124aB
L-3 160abA 200aA 189aA 127aA
setembro [frutose]( µmol*g
-1
PF)
L-1 205aA 130abA 178aA 128bA
L-2 127aBC 203aB 92bC 329aA
L-3 166aA 122bA 144aA 133bA
Médias seguidas de uma mesma letra indicam que não houve diferença significativa ao nível de
5% de probabilidade pelo teste Tukey entre as dosagens de K (maiúscula) e as lâminas avaliadas
(minúsculas).
Para os frutos colhidos no mês de julho não foi verificada qualquer
diferença (P<0,05) no acúmulo de frutose na polpa dos frutos para os tratamentos
de irrigação e adubação (Tabela 10). Porém, no mês de agosto, com a aplicação
de 18g de K/planta*mês, foi observada diferença significativa na concentração de
frutose na polpa dos frutos, em função das diferentes lâminas de água aplicadas,
somente no tratamento onde o maior acúmulo desse açúcar foi observado quando
da aplicação da lâmina L-2 e a menor concentração de frutose com a aplicação da
lâmina L-1. No tratamento com a lâmina de irrigação L-2 foi observado o maior
acúmulo de frutose na polpa dos frutos com a aplicação de 18g de K/planta*mês,
superior (P<0,05) aos demais tratamentos (Tabela 10).
A colheita realizada em setembro mostrou que o acúmulo de frutose na
polpa dos frutos foi bastante variável dependendo da dosagem de K aplicada, bem
como da lâmina de água fornecida (Tabela 10). No tratamento onde foi aplicada a
lâmina L-2, a adubação potássica de 50g de K/planta*mês resultou em frutos com
maior (P<0,05) concentração de frutose na polpa.
Quando avaliados os valores de frutose na polpa de modo geral, percebe-
se que os resultados são bem semelhantes aos encontrados para valores de
glicose na polpa, ou seja, ambos com maiores concentrações nas lâminas L-2,
exceto para o mês de agosto. Provavelmente a mesma justificativa dada para o
padrão de resposta da glicose na polpa se aplica aos efeitos de frutose na polpa,
pois HARVERY & CHAN (1979) e ZHOU & PAULL (2001), estudando o padrão de
acúmulo de açúcares solúveis em frutos de mamão, desde a antese até o
amadurecimento, observaram que a glicose e a frutose após o início da maturação
fisiológica, apresentam o mesmo padrão de resposta. Dessa forma, frutos colhidos
nas lâminas L-2 apresentaram maiores concentrações de glicose e frutose,
portanto, com maiores teores iniciais (estádio 1 de maturação) desses açúcares,
apresentando frutos mais doces em relação às outras lâminas.
De modo geral, os dados indicam que o melhor manejo de irrigação para o
acúmulo dos açúcares solúveis (como a glicose e a frutose) seria com a lâmina L-
2 (o que corresponde a uma reposição de 110% da ET
0
), obtendo-se, assim,
níveis mais elevados de açúcares solúveis na polpa dos frutos, conseqüentemente
maior atrativo sensorial (doçura) que agrada aos consumidores.
4.2-2.7.Algumas considerações:
De modo geral, as variáveis avaliadas neste experimento não sofreram
grandes alterações em suas médias de acordo com os tratamentos aplicados. No
entanto, pode-se perceber que as variáveis de cor (‘a’, ‘b’ e ‘h
0
’), além da
concentração de SST e de Vit-C, a ATT e as medidas de firmeza, FF, FP foram
mais influenciadas pelos fatores climáticos, dependentes da época em que os
frutos se desenvolveram e em que foram colhidos, em comparação às diferentes
doses de adubo e os diferentes volumes de água aplicados.
rias são as fontes que podem ter contribuído para o erro experimental,
como o alto índice pluviométrico ocorrido na área do experimento (Quadro 1).
Pode-se dizer, seguramente, que houve interferência da chuva na discriminação
dos tratamentos onde foram aplicadas lâminas de irrigação, principalmente nos
primeiros meses de avaliação (Quadro 1), o que pode, certamente, ter interferido
nos resultados aqui apresentados.
Outras fontes de variação, segundo RAIJ (1982), diz respeito ao potássio
ser um elemento que apresenta grande variabilidade no solo, podendo ocorrer
superestimação ou subestimação de seus níveis disponíveis para a planta no solo.
Ainda, as adubações localizadas podem prejudicar as plantas com problemas de
salinidade, dentre outras fontes de variação.
4.3.Fisiologia do desenvolvimento do fruto
De acordo com análise estatística feita pelo teste F a 5% de probabilidade,
não foi constatada diferença significativa entre os tratamentos de irrigação para as
variáveis diâmetro e comprimento do fruto. Sendo assim, optou-se por fixar os
períodos de avaliação e desenvolver as regressões para cada nível de adubação
nitrogenada e potássica, os quais foram significativos (P<0,05).
4.3.1.Crescimento do fruto
Ao observar os resultados das Figuras 7 e 8, pode-se perceber que não
houve grandes variações no comprimento e diâmetro dos frutos em função dos
tratamentos de adubação nitrogenada e potássica. Os resultados mostram, ainda,
que os períodos de marcação das flores, P-2 e P-3, que correspondem à antese
das flores nos meses de maio e agosto, respectivamente, foram os que
apresentaram maiores variações para comprimento e diâmetro dos frutos em
função dos tratamentos com diferentes níveis de adubação nitrogenada e
potássica.
Para facilitar a interpretação desses resultados, esse capítulo será
subdividido em dois tópicos: ‘duração do crescimento dos frutos’ e ‘tratamentos de
adubação e padrão de resposta das variáveis comprimento e diâmetro dos frutos.
0 28 56 84 112 140 168 196
40
80
120
160
200
240
N1 N2 N3 N4
0 28 56 84 112 140 168 196
40
80
120
160
200
240
Y
1
=24,05660+2,03047X-0,00640X
2
R
2
=0,96
Y
2
=12,86083+2,80869X-0,01229X
2
R
2
=0,95
Y
3
=23,09991+1,69409X-0,00428X
2
R
2
=0,94
Y
4
=21,53028+2,22652X-0,00647X
2
R
2
=0,97
0 28 56 84 112 140 168 196
40
80
120
160
200
240
Y
1
=28,37201+2,11559X-0,00670X
2
R
2
=0,99
Y
2
=29,58793+2,11105X-0,00614X
2
R
2
=0,99
Y
3
=27,08488+2,30288X-0,00784X
2
R
2
=0,97
Y
4
=25,56472+2,27587X-0,00685X
2
R
2
=0,98
Dias após antese
P-3
P-2
P-1
Y
1
=32,22027+3,52547X-0,01830X
2
R
2
=0,99
Y
2
=32,34716+3,66147X-0,01903X
2
R
2
=0,99
Y
3
=32,81730+3,68295X-0,01893X
2
R
2
=0,99
Y
4
=33,45135+3,51722X-0,01776X
2
R
2
=0,99
Comprimento em mm
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
N1 N2 N3 N4
Y
1
=11,98619+0,96348X-0,00278X
2
R
2
=0,93
Y
2
=12,36726+1,03229X-0,00278X
2
R
2
=0,97
Y
3
=11,45194+1,06458X-0,00325X
2
R
2
=0,99
Y
4
=9,63296+1,12296X-0,00347X
2
R
2
=0,99
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
Y
1
= 9,34010+0,93220X-0,00189X
2
R
2
=0,83
Y
2
=12,14338+0,8932X-0,000057X
2
R
2
=0,93
Y
3
= 6,85651+1,26128X-0,00381X
2
R
2
=0,93
Y
4
= 6,61557+1,35629X-0,00445X
2
R
2
=0,97
P-3
P-2
P-1
Dias após antese
Y
1
=12,25188+1,61425X-0,00789X
2
R
2
=0,99
Y
2
=12,51428+1,64226X-0,00807X
2
R
2
=0,98
Y
3
=12,97961+1,67487X-0,00836X
2
R
2
=0,99
Y
4
=12,64837+1,71641X-0,00853X
2
R
2
=0,97
Diâmetro em mm
Figura 7: Comprimento e diâmetro dos frutos de mamão (em mm) ao longo do
período de desenvolvimento dos mesmos, em função das doses de N aplicadas
(N1-10g; N2-15g; N3-20g e N4-25g por planta por mês) com suas respectivas
curvas de ajustamento (regressão) em três períodos diferentes de marcação das
flores após antese (P-1: março, P-2: maio e P-3: agosto).
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
200
240
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
200
240
Y
1
=8,29545+2,52093X-0,00791X
2
R
2
=0,94
Y
2
=9,49337+1,93792X-0,00586X
2
R
2
=0,79
Y
3
=9,19898+2,25409X-0,00752X
2
R
2
=0,96
Y
4
=6,86193+2,23617X-0,00735X
2
R
2
=0,96
0 28 56 84 112 140 168 196
40
80
120
160
200
240
Y
1
=28,67742+2,20060X-0,00673X
2
R
2
=0,99
Y
2
=30,26030+2,17652X-0,00686X
2
R
2
=0,98
Y
3
=24,30971+2,48839X-0,00990X
2
R
2
=0,97
Y
4
=26,39055+2,23631X-0,00722X
2
R
2
=0,99
K1 K2 K3 K4
P-3
P-1
P-2
Dias após antese
Y
1
=36,21278+3,85448X-0,02024X
2
R
2
=0,98
Y
2
=34,94775+3,54086X-0,01837X
2
R
2
=0,99
Y
3
=35,94840+3,62046X-0,01866X
2
R
2
=0,98
Y
4
=35,65026+3,78827X-0,02032X
2
R
2
=0,98
Comprimento em mm
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160
Y
1
=-1,34552+1,39578X-0,00433X
2
R
2
=0,97
Y
2
= 0,27788+1,06448X-0,00308X
2
R
2
=0,87
Y
3
=-1,20125+1,45003X-0,00495X
2
R
2
=0,97
Y
4
= 1,82823+1,32563X-0,00426X
2
R
2
=0,91
0 28 56 84 112 140 168 196
0
40
80
120
160 K1 K2 K3 K4
Y
1
=11,5800+1,04720X-0,00304X
2
R
2
=0,98
Y
2
=10,5531+1,15461X-0,00369X
2
R
2
=0,99
Y
3
=15,968+0,74946X-0,000013X
2
R
2
=0,97
Y
4
=10,4339+1,11689X-0,00338X
2
R
2
=0,99
P-2
P-3
P-1
Dias após antese
Y
1
=12,79689+1,85894X-0,00963X
2
R
2
=0,98
Y
2
=14,23500+1,69381X-0,00837X
2
R
2
=0,99
Y
3
=18,14619+1,34909X-0,00374X
2
R
2
=0,90
Y
4
=13,84586+1,81697X-0,00939X
2
R
2
=0,98
Diâmetro em mm
Figura 8: Comprimento e diâmetro dos frutos de mamão (em mm) ao longo do
período de desenvolvimento dos mesmos, em função das doses de K aplicadas
(K1-18g; K2-29g; K3-39g e K4-50g de K por planta por mês) com suas respectivas
curvas de ajustamento (regressão) em três períodos diferentes de marcação das
flores após antese (P-1: março, P-2: maio e P-3: agosto).
4.3.1.1.Duração do crescimento dos frutos
De acordo com o padrão de crescimento dos frutos observado, percebe-se
que a época de desenvolvimento dos mesmos influenciou bastante na taxa de
crescimento destes, de tal modo que frutos marcados no período P-1 (março)
levaram em média 112 dias após a antese para serem colhidos no estádio I de
maturação. Por outro lado, frutos marcados nos períodos P-2 e P-3 (maio e
agosto, respectivamente), levaram aproximadamente 182 e 154 dias,
respectivamente, até atingirem o ponto de colheita. Não foi verificada diferença no
tempo total de desenvolvimento dos frutos em função dos diferentes níveis de
adubação, quer seja nitrogenada ou potássica, mostrando que esses tratamentos
não influenciaram no crescimento dos frutos (Figuras 7 e 8).
Esse padrão de resposta pode estar associado as variáveis climáticas como
a temperatura média mensal e a precipitação prevalecentes ocorrida durante o
período de desenvolvimento dos frutos. Nesse sentido, analisando o Quadro 2,
pode-se observar que o período P-1, correspondente a frutos marcados no mês de
março, foi aquele que registrou as temperaturas médias mensais mais altas
durante o seu desenvolvimento, assim como precipitações mais elevadas e UR
maiores.
Quadro 2: Tempo de desenvolvimento e dados climáticos: médias mensais de
temperatura (
0
C), UR(%) e precipitação (em mm) registrados no período de
desenvolvimento dos frutos de mamão, cujas flores foram marcadas em três
épocas distintas (P-1: março, P-2: maio e P-3: agosto).
s de
marcação
Tempo da antese à
maturação (dias)
Temperatura (média
mensal em
0
C)
UR (média
mensal em %)
Precipitação
(média mensal
em mm)
março 112 23,65 95,00 183,78
maio 182 22,23 94,13 117,33
agosto 154 23,18 93,60 116,00
Estes fatores climáticos apontados no Quadro 2, em conjunto,
proporcionaram um desenvolvimento dos frutos marcados no período P-1 (março)
mais rápido quando comparado aos frutos desenvolvidos ao longo dos outros
períodos.
De acordo com COOMBE (1976), para se iniciar o processo de expansão
celular é necessário que as células dos frutos em formação adquiram água e
solutos que irão para seus vacúolos, e posteriormente subsidiar a expansão
celular. Ainda segundo esse autor, a massa e as dimensões finais do fruto estão
ligadas a três fatores: número, densidade e volume das células. Sendo assim, o
volume das células depende basicamente de fatores ambientais, então, pode-se
inferir que no período P-1, onde a temperatura foi mais elevada, os processos
biológicos relacionados ao desenvolvimento dos frutos ocorreram mais
rapidamente do que em outros períodos menos quentes.
Um outro fator contribuinte desse processo é a precipitação mais abundante
e contínua ao longo de todo este período (Quadro 1), que pode ter contribuído
para uma nutrição mais eficiente destas plantas, uma vez que os elementos
minerais que são necessários para o crescimento e desenvolvimento do fruto,
chegam, principalmente, pelo fluxo em massa a partir do solo (TAIZ & ZEIGER,
2004). Portanto, tendo umidade relativa maior, temperaturas mais altas (não
estressantes) e precipitação regular durante todo o período de desenvolvimento
do fruto é de se esperar que os frutos não encontrem barreiras para seu rápido
desenvolvimento.
O crescimento dos frutos que iniciaram o desenvolvimento nos períodos P-2
e P-3, acompanharam as variações climáticas (Quadro 2), principalmente a
temperatura. O período que registrou as menores temperaturas durante o
crescimento dos frutos, foi o P-2 que, conseqüentemente, resultou no período com
o maior tempo de ligação dos frutos à planta, enquanto que os frutos marcados no
período P-3 tiveram um crescimento a taxas intermediárias entre P-1 e o P-2.
Esse padrão de resposta foi verificado para todos os tratamentos de adubação (N
e K).
Vale ressaltar que independente do tempo para completo desenvolvimento
dos frutos em cada época de marcação das flores, esses apresentaram
comprimento e diâmetros, de modo geral, bem próximos entre si, ou seja, esses
frutos chegaram ao seu tamanho normal independente dos tratamentos ou das
épocas de desenvolvimento. Os frutos do híbrido UC01 possuem comprimento em
torno de 215mm e diâmetro de 99mm (PEREIRA, 2003).
4.3.1.2.Tratamentos de adubação e padrão de resposta da curva
Para fins estatísticos, as curvas que descrevem a taxa de crescimento dos
frutos de mamão em função do comprimento e diâmetro em relação aos dias após
antese foram ajustadas com regressões quadráticas, com altos valores de R
2
(>0,95) para a maior parte dos níveis de adubação (N e K). No entanto, pode-se
perceber que o padrão de resposta do crescimento do fruto de mamão tende a
uma assíntota com a aproximação do período de maturação do fruto.
A declividade das curvas no período de máximo crescimento das
regressões, de acordo com os diferentes períodos de desenvolvimento do fruto dá
um indicativo da taxa de crescimento dos frutos, avaliado pela variação no
comprimento ou diâmetro do fruto. Os resultados mostram que frutos que se
desenvolveram a partir da marcação das flores no período P-1 (flores marcadas
em março), apresentaram uma taxa de crescimento maior em comparação aos
frutos que desenvolveram em outras épocas. A maior taxa de crescimento dos
frutos, nesse período, refletiu diretamente no tempo para o completo
desenvolvimento dos frutos, isto é, no período entre a antese e a colheita. Sendo
assim, as flores marcadas no período P-1 resultaram em frutos que se
desenvolveram mais rápido que nos frutos das outras marcações.
Com relação a época P-2 de marcação dos frutos, foram 70 dias a mais no
tempo total de desenvolvimento dos frutos quando comparado ao período P-1,
enquanto para a época P-3 foram 42 dias a mais no desenvolvimento dos frutos
marcados quando comparado ao período P-1 (Quadro 2). Muito provavelmente a
variável temperatura deve ser o principal fator da aceleração da taxa de
crescimento dos frutos marcados em P-1, pois nesse período foi registrada a
média mais alta de temperatura em comparação aos outros períodos (Quadro 2).
Os diferentes níveis de adubação nitrogenada e potássica, de modo geral,
não proporcionaram grandes variações na taxa de crescimento dos frutos, no
entanto, pôde ser observado que a partir dos 112 dias após antese, os níveis de
adubação nitrogenada e potássica, mostraram-se mais influentes na diferenciação
dos níveis, para todos os períodos avaliados.
Apesar da pouca diferença verificada nos níveis de adubação, para o
experimento com nitrogênio, foi observado que o desenvolvimento dos frutos foi
mais expressivo nas doses N4, em todos os períodos, tanto para comprimento
quanto para o diâmetro (Figura). A curva de resposta para a dose N1, foi a que
expressou os menores valores, tendo as doses intermediárias N2 e N3, ocupando
naturalmente posições intermediárias das curvas, exceto para o último período
(Figura 7, P-3), onde o nível N3 ocupou posição inferior a N1. Esse padrão de
resposta pode ter sido, provavelmente, devido a erro experimental. Pois foi um
comportamento isolado, não tendo sido observado em qualquer outro período de
avaliação.
De maneira geral, o aumento no comprimento e diâmetro do fruto foi
proporcional as maiores doses de nitrogênio aplicadas, como é o caso das
regressões do nível N4 de adubação, onde se obteve maiores comprimentos e
diâmetros da aplicação desta dose, como pode ser observado na Figura 7.
Sabendo-se que o nitrogênio é um elemento constituinte de importantes
componentes das células vegetais, incluindo aminoácidos e ácidos nucléicos, a
maior disponibilidade desse elemento mineral possibilita haver um maior
crescimento do fruto (TAIZ & ZEIGER, 2004).
O crescimento do fruto de mamão em função das diferentes doses de
potássio aplicadas mostrou que, de modo geral, o nível de aplicação K1, foi o mais
efetivo. Obtendo-se os maiores valores de comprimento e diâmetro para este nível
em todos os períodos de avaliação (Figura 8). Pode ser observado também, que
não houve diferença entre as outras doses para essas variáveis, com exceção do
último período P-3, o qual mostrou um menor comprimento e diâmetro do fruto na
dose K2 em relação as demais doses. Esse fato pode ser explicado em parte,
devido a grande variabilidade dessas medidas, contribuindo com a variação dos
resultados. Outro comportamento desajustado foi observado no período P-2, da
Figura 8, tanto para comprimento quanto para diâmetro. Esse comportamento,
bem provavelmente, é devido a erro experimental.
O potássio é um elemento muito requerido pelos vegetais, agindo de várias
formas na planta, dentre as quais como estimulador de ‘fonte’ (BERINGER, 1982),
e favorecendo uma maior incorporação de CO
2
pelos cloroplastos, além de auxiliar
na fotofosforilação (MALAVOLTA, 1982). Apesar disso, foi observado na Figura 8
que a menor dose de potássio foi a que resultou em maiores valores de
comprimento e diâmetro do fruto. Uma possível explicação para esta resposta
poderia estar relacionada ao fato de que o solo já estivesse com níveis elevados
desse elemento. Portanto, o sutil decréscimo observado com o aumento das
doses, poderia estar agindo de forma negativa (tóxicas) sobre as variáveis de
comprimento e diâmetro.
Apesar das diferenças encontradas, o comprimento do fruto não variou
mais do que 25mm, enquanto o diâmetro não variou mais do que 20mm no
experimento com nitrogênio. Da mesma forma as maiores diferenças encontradas
no comprimento e diâmetro do experimento com potássio, ficaram em torno de 40
e 25mm, respectivamente, onde estas diferenças, na maioria dos casos, não
foram significativas. Para explicar essa baixa diferenciação são apresentadas três
hipóteses:
: O tempo após aplicação das doses nitrogenadas e potássicas não foram
suficientes para expressar resultados mais significativos;
: Condições adversas, como precipitação excessiva (Quadro 1), não
possibilitaram a diferenciação entre as lâminas de irrigação e, possivelmente,
lixiviou a maior parte do adubo aplicado em cobertura, dificultando a diferenciação
entre as doses;
: Os tratamentos não surtiram efeito, significativo, para estas
características avaliadas.
4.2.7.Considerações Finais:
Os atributos de qualidade estudados foram, efetivamente, pouco alterados
tanto pelos tratamentos com doses distintas de nitrogênio como quando da
aplicação de K. No entanto, o experimento com a aplicação de doses de K
mostrou-se mais efetivo (P<0,05) em alterar a concentração dos açúcares
solúveis, quando associado à irrigação, do que a aplicação das doses de N. De
modo geral, os dados mostraram que o fornecimento de N nas doses de 10, 15,
20 e 25g de N/planta*mês associado as lâminas de irrigação não teve efeito
significativo (P<0,05) sobre os atributos de qualidade do fruto de mamão aqui
investigados. Mais uma vez vale ressaltar que o controle sobre a disponibilidade
de água (o que seguramente se correlaciona com a disponibilidade dos elementos
minerais), foi muito prejudicado em função do excesso de chuva que atingiu a área
durante, praticamente, todo o período de avaliação possivelmente alterando os
resultados finais, mesmo sendo o híbrido UC01 sensível ao estresse hídrico
(NETTO et al., 2005).
Na avaliação da interação de época de colheita dos frutos e aplicação de N,
verificou-se efeito (P<0,05) sobre os atributos: concentração de SST e Vit-C, ATT,
FF, concentração de açúcares solúveis (glicose) e coloração (dada por ‘h
0’
) do
fruto. Já a interação época de colheita e adubação potássica mostrou-se efetiva
(P<0,05) na alteração dos atributos, concentração de SST, açúcares solúveis, FP
e coloração (dada por ‘L’).
Resultados obtidos por LIMA et al. (2005), estudando a produtividade e
classificação dos frutos de mamão ‘Golden’ em relação às épocas de plantio
mostraram que existe uma correlação muito forte entre os fatores ambientais,
derivados das diferentes épocas do ano, e características de produção da planta.
Provavelmente, esses mesmos fatores influenciaram as características de
qualidade dos frutos avaliados neste experimento, uma vez que o fator de maior
expressividade (P<0,05) foi os diferentes períodos de avaliação. Esses resultados
são confirmados por observações feitas por SOUZA et al. (2005) que perceberam
a existência de uma forte interação entre os parâmetros de qualidade como ATT,
Vit-C, SST e firmeza da polpa em função dos diferentes meses de colheita,
principalmente para o híbrido Tainung 01. SILVA et al. (2005), estudando os
efeitos da temperatura e precipitação em frutos de mamão ‘Golden’ e ‘Gran
Golden’, constataram que quanto maior a precipitação e a temperatura, menores
são os valores de firmeza encontrados, com uma correlação (R
2
) de
aproximadamente 90% e 91%, respectivamente, para uma regressão quadrática.
Experimentos realizados por SOUZA et al. (2004), mostraram que a época
de colheita influencia bastante nos teores de pigmentos dos frutos de vários
cultivares, sendo observado que níveis de clorofila e carotenóides são mais
elevados em frutos colhidos no mês de outubro do que em frutos colhidos no mês
de janeiro, fato este, devido, principalmente, a intensidade luminosa ocorrida em
cada época de desenvolvimento do fruto, pois apesar da participação direta da luz
na síntese de clorofila, essa em excesso resulta em um menor acúmulo de
pigmentos na casca (MERZLYAK et al., 2002).
Apesar da pouca influência dos tratamentos com N e K avaliados neste
experimento, a variável mais influenciada pelas diferentes doses de nitrogênio foi
a concentração de SST, enquanto que para a aplicação de potássio foram as
variáveis ‘L’ e concentração de açúcares solúveis. Resultados observados por
COELHO et al. (2005), mostraram que as aplicações de diferentes fontes
nitrogenadas não influenciaram nas características de qualidade como ATT e
concentração de SST em mamoeiro do grupo Formosa. Resultados semelhantes
observados por SOUZA et al. (2005) quando estudaram o efeito de diferentes
fontes e doses de nitrogênio sob a produtividade e outras características da planta
de mamoeiro híbrido Tainung 01, mostraram que não houve interferência sobre
estes atributos em função das diferentes doses e fontes nitrogenadas fornecidas
para as plantas. Esses resultados da literatura vêm confirmar a pouca influência
do nitrogênio em características de qualidade, como observado neste
experimento.
CRUZ et al. (2005), quando avaliaram as deficiências de nitrogênio sob a
cultivar Golden, verificaram que essa deficiência afetou negativamente a produção
de matéria seca total, a fotossíntese e a síntese de pigmentos clorofilados. Além
disso, a falta de adubação nitrogenada prejudica o pegamento e o
desenvolvimento de frutos e o estresse nutricional compromete a eficiência
fotoquímica da cultura (GOMES et al., 2005 e CRUZ et al., 2005). Entretanto, o
que foi observado nestes experimentos é que mesmo com doses duplicadas de
nitrogênio e potássio não foram observadas diferenças significativas entre os
atributos qualitativos avaliados. Muito provavelmente, a ausência de respostas
efetivas da variação no nível de fornecimento dos elementos N e K sobre esses
atributos qualitativos, pode ser devido ao excesso de chuva ocorrida nos períodos
de avaliação (Quadro 1), o que pode ter interferido nas diferenciações das lâminas
aplicadas e lixiviação dos nutrientes.
De modo geral, os resultados apresentados pelos dois experimentos
mostraram que os frutos estiveram em um estado de maturação menos
desenvolvido, fisiologicamente, quando comparado com os resultados dos
parâmetros de qualidade como concentração de SST, Vit-C, ATT e FP
apresentados por SOUZA (2004) e SOUZA (2005) para frutos maduros de vários
cultivares (Tainung, Golden, UC01, UC02 e UC07), revelando assim, a
disparidade entre os valores observados por estes autores para frutos maduros e
os frutos avaliados neste experimento. Sendo assim, não houve uma maior
proximidade dos valores observados neste experimento para qualquer tratamento
aplicado com relação a frutos mais desenvolvidos fisiologicamente.
Os resultados observados para o crescimento dos frutos, mostraram que
não houve grandes variações entre os diferentes níveis de adubação nitrogenada
e potássica para estas condições, cabendo a maior parte das diferenças
observadas aos diferentes períodos de avaliação. Isso mostra claramente a
influência de fatores climáticos como a temperatura, umidade relativa e
precipitação, nos processos fisiológicos de desenvolvimento dos frutos.
5 . CONCLUSÃO
As lâminas de irrigação e as doses de adubação nitrogenadas e potássicas
não influenciaram (P<0,05) na maioria dos fatores avaliados, sendo que as
diferentes épocas de colheita dos frutos foi o fator de maior significância (P<0,05)
para este experimento.
As aplicações das lâminas totais, devido ao excesso de precipitação, não
se mostraram significativas (P<0,05) para a taxa de crescimento dos frutos.
Porém, os tratamentos com adubação nitrogenada e potássica mostraram poucas
diferenças no desenvolvimento do fruto com as diferentes doses aplicadas. Foi
percebido que a taxa de crescimento dos frutos variou de acordo com as
diferentes épocas de antese, assim como a duração do seu desenvolvimento,
mostrando-se altamente significativo (P<0,05) para regressões quadráticas.
6 . REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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APÊNDICE
83
Anexo 1: Resumo da análise de variância, para as variáveis de qualidade brix, vitamina acidez total titulável, firmeza do fruto,
firmeza da polpa, glicose, frutose, sacarose, L, a, b e h
0
em função dos fatores: meses, lâmina de irrigação e doses de adubação,
com nitrogênio.
QM
FV GL Brix Vit. C ATT Fc Fp Gli Frut Sac Amid l a b h
Mês 3 7,430* 718,774* 0,063* 7960,2* 7341,0* 21367,1* 1087,3 1428778,6* 235917,0* 7,927 2,710* 5,011* 49,942*
Irrig. 2 0,295 4,750 0,011 1069,0 757,7 395,3 1278,2 24945,0 16849,3 3,022 0,819 1,576 0,761
Adub. 3 1,238 86,401* 0,001 609,9 1295,6 1257,3 631,9 27182,3* 9135,3 7,724 1,307* 4,553* 7,428
Mês*Irrig 6 0,556 47,691 0,005 1668,1 1206,3 2462,6 2480,1* 16732,4* 16467,0* 3,314 0,516 0,874 5,782
Mês*Adub 9 1,362* 31,494 0,007 516,7 1494,7 1995,9 2381,5* 19312,0* 19622,3* 2,632 0,322 0,491 2,425
Irrig*Adub 6 1,594* 44,292 0,003 675,8 842,7 3175,8 1805,1 8767,9 7867,6 2,970 0,202 0,742 2,357
Mês*irrig*Adub 17 0,998 26,740 0,003 541,7 704,0 1751,9 1445,9 10741,5 7100,2 5,491 0,422 1,525 4,605
84
Anexo 2: Resumo da análise de variância para as variáveis de qualidade brix, vitamina acidez total titulável, firmeza do fruto,
firmeza da polpa, glicose, frutose, sacarose, L, a, b e h
0
em função dos fatores: meses, lâmina de irrigação e doses de adubação,
com potássio.
QM
FV GL Brix Vit. C ATT Fc Fp Gli Frut Sac Amid l a b h
Mês 3 42,888*
41,787 0,023* 947,15 14150,83* 5322,93* 3878,82 474446,52* 189775,80* 31,418* 57,699 19,180* 70,683*
Irrig. 2 3,833 73,240 0,002 768,04 1102,39 7413,64* 9397,30*
48949,44* 61381,67* 11,684* 57,209 8,031* 7,806
Adub. 3 0,833 73,689* 0,003 561,71 1713,91* 965,45 2355,87 14862,21 52781,77* 4,299 44,665 2,145 6,391
Mês*Irrig 6 1,785 51,818 0,009 397,33 995,68 10348,79*
3458,36 622212,50* 31767,82* 2,442 50,002 2,383 6,250
Mês*Adub 9 12,429*
13,335 0,003 631,08 612,80 6392,85* 4140,75*
16967,51 24947,37* 3,853 53,671 1,954 4,458
Irrig*Adub 6 6,145 74,011* 0,003 939,87 692,63 6403,23* 7014,84*
13810,38 5671,78 2,107 41,287 0,878 1,610
Mês*irrig*Adub 18 16,362 31,165 0,005 966,50* 722,69 5233,18* 6049,41*
14382,89 10268,85 3,016 53,334 1,247 4,855
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