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influenciou a concepção de criança, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Infantil (DCNEI), as quais definem as crianças pequenas da seguinte maneira:
Seres humanos portadores de todas as melhores potencialidades da espécie:
- inteligentes, curiosas, animadas, brincalhonas em busca de relacionamentos
gratificantes, pois descobertas, entendimento, afeto, amor, brincadeira, bom humor e
segurança trazem bem estar e felicidade;
- tagarelas, desvendando todos os sentidos e significados das múltiplas linguagens
de comunicação, por onde a vida se explica;
- inquietas, pois tudo deve ser descoberto e compreendido, num mundo que é
sempre novo a cada manhã;
- encantadas, fascinadas, solidárias e cooperativas desde que o contexto a seu redor,
e principalmente, nós adultos/educadores, saibamos responder, provocar e apoiar o
encantamento, a fascinação, que levam ao conhecimento, á generosidade e à
participação. (BRASIL, Ministério da Educação e Cultura, 1998).
Piaget atraiu os adeptos da Escola Nova, por corroborar cientificamente o conceito de
atividade, já presente nos seus sistemas educacionais. Nessa perspectiva, a Psicologia genética
atribui à atividade estruturante
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uma grande importância como fonte no processo de
aquisição de conhecimento e no desenvolvimento cognitivo em geral, que dependem da
interação entre assimilação e acomodação
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, implicando a aprendizagem e a equilibração, ou
seja, esse processo depende de um estímulo que deve provocar o interesse e a necessidade no
sujeito.
Piaget, diante do conceito de atividade, integra a atividade prática no desenvolvimento
intelectual, numa continuidade hierárquica, refinando a noção de atividade inicialmente ligada
à ação efetiva, que vai sendo interiorizada. Na verdade, “[...] a partir de certo nível de
desenvolvimento, diz Piaget, a mais autêntica atividade de investigação pode ser exercida por
reflexão, abstração e manipulação verbal” (CASTRO, 1974, p. 8).
Piaget não elaborou uma metodologia para a educação, mas organizou uma teoria sobre
o conhecimento, que auxiliou no desenvolvimento e na criação de práticas, através das suas
descobertas acerca do desenvolvimento infantil. A idéia de evolução natural da criança, aliada
à visão de que as atividades espontâneas e construtivas levam ao conhecimento e ao
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A seguir, explicitaremos mais detalhadamente o conceito de atividade auto-estruturante, no item sobre os tipos
de atividades.
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Assimilação, acomodação e adaptação: Adaptação é equilíbrio que se prolonga por toda a infância e
adolescência e, determina a estruturação própria destes períodos de existência. Estruturação se define entre
assimilação e acomodação, e, graças aos mecanismos de abstração simples e de abstração, “reflexionante”,
(PIAGET, 1967), a criança constrói seu mundo cognitivo. Adaptação, de uma forma geral, presume uma
interação recíproca entre o sujeito e o objeto, em que o sujeito possa incorporar a si o objeto, levando em conta
suas particularidades.