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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
JOSÉ JEAN DE OLIVEIRA TOSCANO
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE IDOSOS
DO SEXO FEMININO
Aracaju, SE
Maio, 2005
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1
JOSÉ JEAN DE OLIVEIRA TOSCANO
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE IDOSOS
DO SEXO FEMININO
Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-
graduação em Medicina da Universidade Federal
de Sergipe, como pré-requisito para obtenção do
título de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientador:
Prof. Dr. Antônio César Cabral de Oliveira
Aracaju, SE
Maio, 2005
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2
JOSÉ JEAN DE OLIVEIRA TOSCANO
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE IDOSOS
DO SEXO FEMININO
Dissertação apresentada a banca examinadora do
Núcleo de Pós-graduação em Medicina da
Universidade Federal de Sergipe, como pré-requisito
para obtenção do título de Mestre em Ciências da
Saúde.
Aprovada em
________/________/__________
____________________________________________
Prof. Dr. Antônio César Cabral de Oliveira (Orientador)
Universidade Federal de Sergipe
_____________________________________________
Profa. Dra. Tânia Bertoldo Benedetti
Universidade Federal de Santa Catarina
_____________________________________________
Prof. Dr. Carlos Umberto Pereira
Universidade Federal de Sergipe
3
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, que nunca mediram esforços para propiciar uma educação de qualidade,
colocando-a sempre como prioridade.
À minha mãe, Francisca Xavier de Oliveira que mesmo sem compreender muito bem a
importância do caminho acadêmico e profissional escolhido por seu filho, soube esperar
pacientemente os resultados. Obrigado Mãe, e aguarde, porque vem mais.
Ao meu pai, José Coelho Toscano, que aos 88 anos, sem nenhuma limitação nas atividades da
vida diária, caracteriza bem o que o estilo de vida ativo pode representar numa idade avançada.
À minha futura velhinha do coração, Chrystiane Toscano.
As idosas que fazem parte dos grupos de convivência do município de Aracaju, em especial
aquelas que participaram desta pesquisa.
A todos aqueles – coordenação, professores, funcionários e alunos – que compuseram a
primeira turma do Mestrado em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe - UFS.
4
AGRADECIMENTOS
Embora a ciência seja impotente para apresentar provas de Deus, ela não é capaz de recusar a
possibilidade de uma divindade. Obrigado Senhor pela tua intercessão.
A orientação de um trabalho científico requer competência, disponibilidade, disciplina,
engajamento e ética. Felizmente pude encontrar todas essas características no orientador deste
trabalho, o Prof. Dr. Antônio César Cabral de Oliveira. Contudo, o que mais me envaidece é
que, através deste estudo foi possível não apenas crescer como pesquisador, mas também
estabelecer uma relação de amizade sólida.
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (SEMASC), sob a direção da Sra.
Rosária de Souza Rabelo, pela liberação dos grupos de convivência para coleta dos dados deste
trabalho de pesquisa.
A gerente de Atenção à Pessoa Idosa da SEMASC, Sra. Margarida Maria Ferreira Ribeiro,
que acolheu o projeto e não mediu esforços para efetivação da coleta dos dados nos grupos de
convivência.
Aos responsáveis pelos grupos de convivência visitados, pela receptividade e colaboração
oferecida durante nossas visitas.
A Bibliotecária Cleusa Telles, UNICAMP, pela presteza no envio das referências solicitadas.
Aos amigos Agostinho Jr., Alexandre Campos e Rubens Souza. Juntos pudemos mostrar que
ciência e bom humor, quando relacionados dão um resultado significativo.
Aos acadêmicos do curso de Educação Física da UFS que compuseram a equipe de coleta de
dados deste trabalho de pesquisa: Lindsei Brabec, Walesca dos Santos, Priscila Silveira, Carla
Angélica, Rosa Luciana, Maressa Garcia, e Ronicledson Macedo. Vocês foram muito
importantes para a construção deste estudo.
Aos professores envolvidos diretamente na avaliação deste trabalho (qualificação e defesa),
Carlos Umberto Pereira, Valmira dos Santos, José Augusto Soares Barreto Filho, Tânia
Bertoldo Benedetti e Antônio César Cabral de Oliveira. Muito obrigado pelas críticas e
sugestões.
A professora Dra. Tânia Bertoldo Benedetti, pela sua atenção ao nosso trabalho e por
disponibilizar o instrumento empregado neste estudo antes mesmo da sua publicação.
A professora Giovana Zarpellon Mazo, pela gentileza em ter enviado sua tese de doutoramento,
logo após a defesa.
5
Não acreditas que eu, que habituei meu
corpo a certos exercícios, tenha
envelhecido com saúde e vigor? Convence-
te que, empenhes-te no que te empenhares,
faça o que fizeres, nunca te arrependerás
de haver exercitado o corpo.
Sócrates 470 – 399 a.C.
RESUMO
6
ATIVIDADE FÍSICA E QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE IDOSOS
DO SEXO FEMININO
O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenômeno
mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. O objetivo principal deste estudo foi
verificar os níveis de atividade física e relacioná-los com a qualidade de vida em indivíduos
idosos. O tipo de estudo foi o transversal e a amostra composta por 238 idosos do gênero
feminino, valor este representativo dos idosos que freqüentam os 21 grupos de convivência
investigados. As idosas foram estratificadas por grupo etário, tendo idade média de 69,2 (± 6,6)
anos. Para identificar os níveis de Atividade Física (AF), foi utilizado o Questionário
Internacional de Atividade Física (IPAQ) e para avaliar a Qualidade de Vida, foi empregado o
SF-36. A análise estatística dos dados foi realizada utilizando-se os procedimentos da estatística
descritiva (média, desvio-padrão, mediana, distribuição de freqüência absoluta e relativa). Para
análise inferencial foi utilizado o teste de associação Qui-quadrado e, quando necessário, foi
adotado o teste exato de Fisher. Também foi empregado o teste de Kruskal-Wallis e quando
necessário o teste de Mann-Whitney. O grau de significância adotado foi p 0,05. Os resultados
obtidos demonstram que a maioria das idosas deste estudo eram viúvas; foram consideradas
analfabetas funcionais; todas praticamente eram da religião católica; não trabalhavam; tinham um
rendimento de até 1 salário mínimo e eram da classe econômica D. As condições de saúde
apontaram que praticamente todas as idosas relataram alguma morbidade, sendo a hipertensão a
doença mais prevalente. Apesar disto, as idosas demonstraram uma percepção de saúde positiva.
A discussão da QV das idosas foi elaborada a partir da avaliação dos oito domínios do
instrumento SF-36, ou sejam: CF = Capacidade Funcional; AF = Aspectos Físicos; DOR = Dor;
EGS = Estado Geral de Saúde; VITAL = Vitalidade; AS= Aspectos Sociais; AE = Aspectos
Emocionais; SM = Saúde Mental. Pudemos observar que as idosas neste estudo apresentam os
menores escores nos domínios SM (54,9±7,7), CF (58,9±23,0), DOR (59,9±24,7) e EGS
(61,9±21,3). Os maiores escores foram alcançados nos domínios AS (80,5±23,5), AE (75,1±37,9),
AF (67,4±37,8) e VITAL (67,2±18,7). Foi encontrado um percentual de 64,7% de idosas
classificadas como “mais ativas”. As AF realizadas dentro e ao redor da habitação de forma
moderada a vigorosa (AF Doméstica = 34%), representam o maior gasto energético das idosas
em relação aos outros três domínios (AF Lazer = 33%; AF Transporte = 30% e AF Trabalho =
3%). Foi identificado neste estudo, uma relação significativa entre o nível de AF e a QVRS em
todos os seus domínios. Portanto, se pode observar que as idosas que eram mais ativas
apresentaram qualidade de vida maior em todos os domínios investigados. As observações
obtidas na temática investigada, deve servir de embasamento teórico para formulações de ações
de promoção da AF em grupos de convivência no município de Aracaju.
PALAVRAS-CHAVE: Atividade Física; Qualidade de Vida; Idoso.
7
ABSTRACT
PHYSICAL ACTIVITY AND QUALITY OF LIFE IN RELATION TO HEALTH IN
ELDERLY FEMALE
The increase of the elderly population in relative and absolute numbers is a world wide
phenomenon which is occurring at a level without precedents. The main objective of this study
was to verify the levels of physical activity related to the quality of life amongst the elderly. The
type of study was transversal in which the data was composed of 238 elderly women. The
representative value of the elderly women belong to the 21 investigated groups, the elderly were
divided by age, in which the average age wasa 69,2. To identify the levels of physical activity
(AF) the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) was used and to evaluate the
quality of life, the SF- 36 was set. The statistic analysis of the data was made utilizing the
descriptive statistics. For an inferential analysis, the chi-squared tests was utilized and when
necessary the Fisher’s exact test. The Kruskal- Walli’s test was also utilized and also, whenever
necessary, the Mann-Whitney test. The level of relevance adopted was p < 0,05. The results
obtained show that the majority of the elderly women were widows, were considered functional
illiterate, were Catholic, didn’t work, lived off of a minimum salary and were form the economic
D group. Their health conditions pointed that almost all the elderly women had some degree of
morbidity and hypertension was the most common disease. However, the elderly women
presented a positive attitude towards their health. The discussion if quality of life of the elderly
women was elaborated with the starting point being the eight dominoes from the instrument SF-
36 CF = Functional Capacity; ASF = Physical Aspects; DOR = Pain; EGS = General Health
Situation; VITAL = Vitality; AS = Social Aspects; AE = Emotional Aspects; SM = Mental
Health. We noticed that the elderly women of our study have the lowest scores in SM (54,9
±7,70), CF (58,9 ±3,0), DOR (59,9 ±24,7) and EGS (61,9 ±21,3) and the highest scores were
attributed to the following dominoes; AS (81,5 ±23,6), AE (75,1 ±37,9), AF (67,4 ±37,8) and
VITAL (67,2 ±18,7). It was identified that 64.7% of the elderly women were classified as more
active. The AF were done inside and around the habitat in a moderate and vigorous way (AF
Domestic = 34%) representing a larger use energy amongst the elderly women compared to the
other 3 dominoes (AF Leisure = 33%, AF Transport = 30% and AF Work = 3%). In this study a
significant relation between the level of the AF and QVRS in all dominoes were identified.
Therefore, we can state that in this study the elderly who were more active had a better quality of
life in all their dominoes. The observations obtained in the thematic studied should be utilized as
theoretic basis is order to formulate action plans to promote AF in coexistence groups in Aracaju.
KEY WORDS: Physical Activity; Quality of Life; Elderly.
8
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS................................................................................................................... ix
LISTA DE QUADROS E GRÁFICO............................................................................................x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES.......................................................................................xi
LISTA DE ANEXOS.....................................................................................................................xii
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................13
2. REVISÃO DA LITERATURA...............................................................................................20
2.1 Qualidade de Vida................................................................................................................20
2.1.1 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde......................................................................23
2.1.2 Qualidade de Vida e o Idoso.........................................................................................29
2.2 Atividade Física e o Idoso....................................................................................................33
2.3 Atividade Física, Qualidade de Vida e o Idoso....................................................................38
2.4 Grupos de Convivência........................................................................................................41
3. MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................................45
3.1 Caracterização do Estudo.....................................................................................................45
3.2 População e Amostra............................................................................................................45
3.3 Instrumentos.........................................................................................................................48
3.4 Procedimentos para Coleta dos Dados.................................................................................51
3.5 Análise Estatística................................................................................................................53
4. RESULTADOS.........................................................................................................................54
5. DISCUSSÃO.............................................................................................................................66
5.1 Características sócio-demográficas......................................................................................66
5.2 Condições de saúde..............................................................................................................68
5.3 Atividade física....................................................................................................................72
5.4 Qualidade de vida relacionada à saúde................................................................................76
5.5 Atividade física e Qualidade de vida...................................................................................79
6. CONCLUSÕES........................................................................................................................83
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................86
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................88
9. ANEXOS.................................................................................................................................100
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuição da amostra em relação às características sócio-demográficas. Aracaju –
SE, 2004......................................................................................................................................54
Tabela 2 Distribuição das condições de saúde da amostra. Aracaju – SE, 2004.......................55
Tabela 3 Prevalência das morbidades auto-referidas pela amostra. Aracaju – SE, 2004..........56
Tabela 4 Distribuição da amostra nas diferentes formas de Atividade Física em minutos por
semana. Aracaju – SE, 2004.......................................................................................................57
Tabela 5 Associação do nível de Atividade Física com as características sócio-demográficas.
Aracaju – SE, 2004.....................................................................................................................59
Tabela 6 Associação do nível de atividade física com as condições de saúde. Aracaju – SE,
2004............................................................................................................................................60
Tabela 7 Distribuição dos domínios da QVRS (Média / DP / Md). Aracaju – SE, 2004..........60
Tabela 8 Associação entre as características sócio-demográficas e os domínios da
QVRS..........................................................................................................................................62
Tabela 9 Associação entre as condições de saúde e os domínios da QVRS. Aracaju – SE,
204...............................................................................................................................................63
Tabela 10 Associação entre os domínios da QVRS e AF. Aracaju – SE, 2004.........................64
10
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Objetivos, vantagens e desvantagens dos instrumentos genéricos e específicos da
qualidade de vida............................................................................................................................26
Quadro 2 Relação de questionários para pessoas idosas...............................................................36
Quadro 3 Distribuição das idosas entrevistadas por grupo de convivência e estrato
etário...............................................................................................................................................46
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1 - Distribuição da amostra em relação aos domínios do IPAQ. Aracaju, SE,
2004................................................................................................................................................58
11
LISTA DE ABREVIATURAS
AE - Aspectos Emocionais;
AF – Atividade Física
AS - Aspectos Sociais;
ASF - Aspectos Físicos;
CF - Capacidade Funcional
EGS - Estado Geral de Saúde;
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPAQ - International Physical Activity Questionnaire
PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio
QV – Qualidade de Vida
QVRS – Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
SEMASC – Secretaria Municipal de Assistência Sócia e Cidadania
SM - Saúde Mental
VITAL - Vitalidade
12
LISTA DE ANEXOS
Anexo A: Autorização da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania – SEMASC -
para coleta de dados nos grupos de convivência..........................................................................101
Anexo B: Aprovação do projeto de pesquisa pelo comitê de ética em pesquisa em seres humanos
da Universidade Federal de Sergipe.............................................................................................103
Anexo C: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)...............................................105
Anexo D: Estudo Piloto...............................................................................................................107
Anexo E: Quadro demonstrativo dos grupos de convivência do município de Aracaju atendidos
pela SEMASC...............................................................................................................................110
Anexo F: Critério de Classificação Econômica Brasil................................................................112
Anexo G: Roteiro da Entrevista (Identificação; Sócio Econômico, Condições de Saúde, SF-36,
IPAQ)...........................................................................................................................................114
13
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos indivíduos deseja viver cada vez mais, porém a experiência do
envelhecimento está trazendo angústias e decepções. Em nossa sociedade, os idosos são pessoas
com possibilidades menores de vida digna, dada não apenas a imagem social da velhice entre nós,
vista como época de perdas e incapacidades, mas principalmente, pela situação objetiva de
aposentadoria insuficiente, oportunidades negadas e exclusão social da grande maioria
(PASCHOAL, 2000).
Até bem recentemente, os países não registravam um número tão elevado de idosos nas
estatísticas da população. Estima-se que os avanços científicos e técnicos permitirão ao ser
humano viver entre 110 e 120 anos – uma expectativa de vida que corresponderia aos limites
biológicos – ainda no presente século. Dados recentes apontam que o número de pessoas com
100 anos ou mais de idade, aumentará 15 vezes na primeira metade do século XXI (VERAS,
2004).
O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é um fenômeno
mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. Em 1950, eram cerca de 204 milhões de
idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava o valor
de 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As
projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1.900 milhões de pessoas, montante
equivalente à população infantil de 0 a 14 anos de idade. Atualmente, uma em cada dez pessoas
tem 60 anos de idade ou mais e, para 2050, estima-se que a relação será de uma para cinco em
todo o mundo, e de uma para três nos países desenvolvidos. Uma das explicações para esse
fenômeno é um incremento de 19 anos na expectativa de vida das pessoas em todo o mundo, fato
verificado desde 1950 (IBGE, 2000).
14
A demografia revela dados, apontando os países em desenvolvimento com uma
concentração de 71% dos idosos no mundo em 2030. De acordo com Garcia et al. (2002), a
transição demográfica naqueles países revela uma preocupação por não haver sinais claros de
uma mobilização social e institucional para enfrentar a longevidade com qualidade. No Brasil, em
particular, o envelhecimento vem sendo encarado mais pelo viés da ação médico-sanitária, do que
por transformações estruturais que possam ser traduzidas em melhoria da qualidade de vida
(QV).
No Brasil, o número de idosos passou de 3 milhões em 1960 para 7 milhões em 1980 e
para 14 milhões em 2000, revelando um aumento de quase 500% em 40 anos. Estima-se que
alcançará 32 milhões em 2020, tendo como causas principais o declínio da mortalidade a partir da
década de 60 e da queda da fecundidade a partir de 80 (IBGE, 2004). Ademais, estima-se que em
2025, que entre os dez países no mundo com maior número de idosos, nosso país ocupará a sexta
posição (WHO, 1998).
Estudos epidemiológicos, com base populacional, visando traçar as características
multidimensionais da população idosa no Brasil começaram a ser realizados na região sudeste,
destacando Ramos (1986); Ramos et al., (1993) em São Paulo e Veras (1989; 1994) no Rio de
Janeiro. No nordeste, destaca-se o estudo com base populacional, realizado no estado de Sergipe
em 1992 (GOVERNO DO ESTADO DE SERGIPE, 1992), intitulado “Diagnóstico sobre a
qualidade de vida do idoso no estado de Sergipe”, mais recentemente, Coelho Filho e Ramos
(1999) objetivou verificar o perfil multidimensional dos idosos da área urbana de Fortaleza.
As capitais nordestinas experimentam atualmente rápido aumento de suas populações,
sendo atualmente a terceira região do Brasil com maior proporção de idosos em relação à
população total (IBGE, 2004). De acordo com Coelho Filho e Ramos (1999), seus habitantes
15
envelhecem envoltos por aglomerados urbanos, sob condições de vida extremamente adversas,
particularmente no que se refere a suas implicações sociais e em termos de saúde pública.
Segundo a pesquisa nacional de amostra por domicílio - PNAD 2003 - (IBGE, 2004), o
Estado de Sergipe, tem uma população idosa de 140.562 indivíduos e no município de Aracaju se
encontra a maior proporção deles, isto é, 23% de todos os idosos do estado, o que representa um
contingente de 32.363 indivíduos.
Está bem estabelecido que o mundo da velhice é, no momento, e por várias razões, um
mundo essencialmente feminino. Atualmente no Brasil elas representam 56%, e em Sergipe
58,3% (IBGE, 2004). Em conseqüência da feminização da velhice, elas são mais facilmente
encontradas e estão mais disponíveis para serem sujeitos de pesquisa do que os homens.
Inclusive, nos Grupos de Convivência para idosos, a grande maioria é freqüentada apenas por
mulheres.
Estudos epidemiológicos mostram que a maior longevidade das mulheres proporciona
mais riscos do que vantagens, uma vez que ela é física e socialmente mais frágil do que os
homens. Portanto, a feminização da velhice é vista principalmente como problema médico-social
(CAMARANO, 1999).
O novo quadro demográfico juntamente com as conseqüências epidemiológicas, têm
estimulado pesquisas nas ciências da saúde, afim de verificar a saúde dos idosos, estimar os
recursos humanos e financeiros e subsidiar intervenções e implementações de programas de
saúde (TESTA e SIMONSON, 1996). Do ponto de vista da saúde pública, a noção de
envelhecimento satisfatório e com qualidade, consiste na otimização da expectativa de vida e na
minimização da morbidade física, psicológica e social.
16
Nos últimos trinta anos, o constructo qualidade de vida tem emergido como um atributo
importante de formulação de políticas públicas (PASCHOAL, 2000). Nos dias atuais questiona-
se como proporcionar QV de acordo com as exigências específicas de cada faixa etária.
Em geral, se pode afirmar que a ausência de doenças em idosos é privilégio de poucos. No
entanto, ciente de que a saúde transcende a simples condição de estar ou não doente, também se
pode compreender que o completo bem-estar pode ser atingido por muitos, independentemente da
presença ou não de doenças. Desta maneira, novos indicadores se fazem necessários para avaliar
a condição saudável de um indivíduo idoso.
O conceito de QV, sendo influenciado por todas as dimensões da vida, inclui, mas não
está limitado à saúde. Contudo, diante do impacto que a saúde pode ter na vida das pessoas, se
faz necessário indicadores que possam nortear um conceito operacional desta dimensão na QV.
Portanto, a qualidade de vida relacionada à saúde refere-se à forma como as pessoas percebem
sua própria saúde (que pode predizer a perda funcional, a morbidade e a mortalidade), quão bem
estão fisicamente, psicologicamente e socialmente durante as suas atividades diárias (MMWR,
1995).
O estudo da QV em indivíduos idosos, é um estudo dos novos tempos, que possibilita
contemplar um envelhecimento com qualidade cotidiana, ultrapassando as oportunidades
oferecidas meramente ao acaso (CARDOSO & GONÇALVES, 1998). De acordo com NERI
(1993), envelhecer com qualidade depende do delicado equilíbrio entre as limitações e as
potencialidades do indivíduo, o qual lhe possibilita lidar, em diferentes graus de eficácia, com as
perdas inevitáveis do envelhecimento.
O estilo de vida saudável tem sido associado ao hábito de práticas de atividades físicas e
conseqüentemente, a melhores padrões de saúde e qualidade de vida. Este referencial toma a
forma de um paradigma na medida em que constitui o modelo contemporâneo no qual se
17
fundamenta a maioria dos estudos envolvendo a relação positiva entre atividade física, saúde,
estilo de vida e qualidade de vida, o qual vem sendo desencadeado no âmbito da Educação Física,
cujo eixo epistemológico centra-se no aumento do nível de atividade física habitual da população
em geral (ASSUMPÇÃO, 2002).
Há evidências epidemiológicas que apontam o efeito positivo do estilo de vida ativo ou o
envolvimento em programas de atividade física, na prevenção e minimização dos efeitos
deletérios do envelhecimento (ACMS, 1998; PAFFENBARGER e LEE 1996; RIBEIRO, 2002).
Nos últimos anos, tem aumentado o interesse por estudos que relacionam a atividade
física regular com o processo de envelhecimento saudável, principalmente quanto ao seu impacto
na qualidade de vida (MAZO, 2003; MOTA, 2002; SILVA, 2002; SHEPARD,2003; LEE e
PAFFENBARGER, 2000).
Estudos de cunho epidemiológico envolvendo idosos são importantes para que seus
resultados possam direcionar programas de promoção da saúde, principalmente no que diz
respeito a um comportamento mais ativo, que possam causar impacto positivo na qualidade de
vida relacionada à saúde. Trabalhos nesta perspectiva apontam que os adultos mais velhos são
menos ativos que os adultos mais jovens, e que as mulheres mais velhas são menos ativas que os
homens mais velhos (YUSUF et al., 1996; KAMIMOTO et al., 1999).
De acordo com Mazo (2003), o Brasil como outros países, dispõe de poucos dados sobre a
prevalência da atividade física e a sua relação com a qualidade de vida entre pessoas idosas,
principalmente do sexo feminino.
No contexto atual da assistência ao idoso, tem-se estimulado por meio de iniciativas
governamentais e não-governamentais, a adoção de estratégias de atenção a esta população e
entre elas está o atendimento em Centros de Convivência, onde são formados os Grupos de
18
Convivência para idosos, forma mais aceita e difundida em todo o mundo, por apresentar uma
resposta efetiva a problemática do idoso que é o isolamento social (MAZO, 2003).
Portanto, o grupo de convivência para idosos consiste no atendimento à pessoa idosa,
mediante o desenvolvimento de atividades que favoreçam além do convívio social, o
fortalecimento de práticas produtivas, exercício da cidadania, autonomia, envelhecimento ativo e
saudável (ROLIN, 1998).
Neste estudo, questiona-se o nível de atividade física e a sua relação com a qualidade de
vida de mulheres idosas participantes de Grupos de Convivência.
Diante do contexto abordado, foram elaborados para o presente estudo os seguintes
objetivos:
OBJETIVO GERAL
Verificar os níveis de atividade física e associar com a qualidade de vida em indivíduos
idosos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar as características sócio-demográficas e as condições de saúde.
Identificar o nível e distribuição das diferentes formas de atividade física.
Associar os níveis de atividade física com as características sócio-demográficas e as
condições de saúde.
Identificar a distribuição dos domínios da qualidade de vida.
Associar a qualidade de vida com as características sócio-demográficas e as condições de
saúde.
19
QUESTÕES INVESTIGADAS:
A qualidade de vida está associada com as características sócio-demográficas e as condições
de saúde das idosas?
O nível de atividade física está associado com as características sócio-demográficas e as
condições de saúde das idosas?
Há uma associação entre o nível de atividade física e a qualidade de vida das idosas?
20
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 QUALIDADE DE VIDA
O reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de que saúde não pode ser
definida apenas como a ausência de doenças, resultou num aumento das pesquisas científicas, dos
cuidados em saúde, e do interesse público em avaliar e promover a qualidade de vida (TESTA e
SIMONSON, 1996).
Qualidade de vida é um termo que tem sido utilizado com diferentes significados. Apesar
de bastante utilizado no meio científico e no senso comum, é difícil defini-lo objetivamente.
Provavelmente, a falta de consenso a respeito de significado deste conceito, se deva ao fato de
que ele é um dos mais multidisciplinarmente usados, resultando em definições multifacetadas,
transitando em um campo semântico polissêmico (MINAYO et al., 2000).
Por serem múltiplos os fatores que determinam a qualidade de vida de pessoas ou
comunidades, Nahas (2001) afirma que a combinação de fatores (individuais e sócio-ambientais)
modificáveis ou não, que moldam e diferenciam o cotidiano do ser humano, resulta numa rede de
fenômenos e situações que, abstratamente pode ser chamada de qualidade de vida.
Assim, a qualidade de vida, pode indicar bem-estar pessoal, posse de bens materiais,
participação em decisões coletivas e muito mais. De fato, são tão numerosos os sentidos possíveis
que já se afirmou que QV é daquelas palavras que, querendo dizer muito, acaba por pouco
significar (PIRES et al., 1998). Tendo em conta a diversidade de definições que a literatura
expõe, na maior parte das vezes mal utilizada, chegou-se a sugerir que o termo “Qualidade de
Vida” fosse banido do nosso léxico (BOWLING, 1997).
21
A QV como instrumento de marketing curiosamente chega ao limite de servir de slogan
para propaganda de cemitério: “Memorial do Carmo, o primeiro cemitério vertical do Rio de
Janeiro. O único com qualidade de vida.” (www.memorialdocarmo.com.br).
Na literatura, Paschoal (2000) destaca uma série de definições do conceito de QV:
Qualidade de vida é o grau de satisfação ou insatisfação, sentido pela pessoa, com vários
aspectos da sua vida (ABRAMS, 1973).
Qualidade de vida é a sensação de bem-estar de uma pessoa, a sua satisfação ou insatisfação
com a vida, ou a sua felicidade ou infelicidade (DALKEY E ROURKE, 1973).
Qualidade de vida é a extensão em que prazer e satisfação caracterizam a existência humana
(ANDREWS, 1974).
Qualidade de vida são os aspectos da vida autoconhecidos e autoavaliados (ANDREWS E
WITHEY, 1976).
Qualidade de vida é o grau em que as pessoas realizam os seus objetivos de vida (CELLA E
CHERIN, 1987).
Qualidade de vida é expressa, em termos de distância, entre a posição de uma pessoa e seus
objetivos. A satisfação refere-se à conquista de um objetivo, ou à sensação de aproximação
dele (SARTORIUS, 1987).
Qualidade de vida é a qualidade das nossas vidas em cada ponto do tempo entre o nascimento
e a morte (TORRANCE, 1987).
Qualidade de vida é quão bem o indivíduo vive a sua própria vida, é a resposta emocional do
indivíduo à sua situação, de acordo com algum padrão ético sobre como viver uma boa vida
(BJORK E ROSS, 1994).
22
Qualidade de vida é o quanto vale à pena a vida de uma pessoa, para a própria pessoa
(SANDOE E KAPPEL, 1994).
A OMS, por meio do seu grupo de especialistas em QV, desenvolveu um conjunto de
esforços para estabelecer um consenso sobre uma definição de QV, que mais se se aproxima da
sua autêntica concepção. Ficou acordado que QV deveria ser entendida como a “percepção do
indivíduo da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores, nos quais ele vive,
e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (The WHOQOL GROUP,
1995).
Ao definir QV, o grupo de especialistas da OMS também reconheceu que não há uma
definição consensual sobre QV, mas afirma que existe entre os pesquisadores, uma considerável
concordância acerca de algumas características que envolvem a mesma (THE WHOQOL
GROUP, 1995; PASCHOAL, 2000), tais como:
Subjetividade: cada vez mais se reconhece que este conceito é subjetivo. Não é subjetividade
pura e total, pois há condições externas às pessoas, presentes no meio e nas condições de vida
e de trabalho, que influenciam a qualidade de vida das mesmas. O conceito de subjetividade
dá-se, pela sua pertinência, a um universo ideológico. Mas quando este não é explicado,
ocorre a utilização de sinônimos, que, em vez de esclarecerem o conceito, acabam por
confundi-lo.
Multidimensionalidade: tem a sua base no termo vida. Existe um consenso em considerar que
a vida compreende múltiplas facetas/dimensões. Refere-se a um conjunto complexo que se
tem de levar em conta quando se defina e mede a QV. Dada a multiplicidade de aspectos da
vida, reconhece-se a necessidade de explicar as suas dimensões. The Whoqol Group (1995),
23
se refere a que pelo menos três dimensões devem ser levadas em consideração: a física, a
psicológica e a social.
Bipolaridade: o conceito de QV possui dimensões positivas e negativas. Assim, qualquer
avaliação de QV deve sempre incluir dimensões positivas e negativas, enfatizando as
percepções dos indivíduos acerca destas dimensões.
Mutalidade: a avaliação da QV muda com o tempo, pessoa, lugar e contexto cultural, e, para
uma mesma pessoa, muda conforme o seu estado de espírito ou humor. Essa característica
aumenta a dificuldade de aferição.
Na ausência de definições operacionais amplamente aceitas, é necessário que os
pesquisadores definam claramente qualidade de vida no contexto de seu interesse e identifiquem
seus componentes particulares ou domínios inerentes ao objeto de estudo.
2.1.1 QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE
Como foi visto anteriormente, a compreensão do conceito de QV não deve centrar-se na
saúde, mas deve se fomentar levando-se em consideração todas as dimensões da vida. Contudo,
diante do impacto que a saúde pode ter na vida das pessoas, o conceito que mais se relaciona com
o contexto desse estudo é o proposto pela Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR,
1995), ao afirmar que “a qualidade de vida relacionada à saúde refere-se a forma como as
pessoas percebem sua própria saúde (que pode predizer a perda funcional, a morbidade e a
mortalidade), quão bem estão fisicamente, psicologicamente e socialmente durante as suas
atividades diárias”.
Segundo Ferreira (2000), a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS) é um
subconjunto dos aspectos da qualidade de vida relacionados, na existência individual, com o
24
domínio saúde. Para Kaplan et al. (1989), a qualidade de vida relacionada à saúde, refere-se ao
impacto da saúde sobre três funções: atividade social, mobilidade e atividade física.
De acordo com posicionamentos de Paschoal (2000), Ebrahim (1995) e Rejeski et
al.(1996), avaliar a QVRS tem sua importância justificada nos seguintes aspectos:
Melhorar a vida do indivíduo nos seus diferentes aspectos e não simplesmente na cura da
doença e na prevenção da morte;
Existir um desenvolvimento contínuo de indicadores sociais e padrões normativos de
comparação para promoção da saúde;
Avaliar os efeitos das políticas de saúde e sociais e destinar recursos de acordo com as
necessidades;
Fazer levantamentos populacionais de problemas percebidos de saúde;
Prover uma medida-padrão única para expressar os resultados de intervenções em cuidados
de saúde, como a análise do custo-benefício;
Conseguir avaliações mais acuradas da saúde de indivíduos e populações, e também
avaliações dos benefícios e prejuízos que podem resultar do cuidado da saúde;
Medir o resultado de uma conduta ou tratamento (medicação, terapia, dieta e atividade, entre
outros);
Identificar indivíduos que necessitam de atenção particular e propor uma política de atenção
adequada;
Poder ter suas medidas encaradas com um modo de estender o alcance dos efeitos ou
impactos das intervenções na saúde.
De acordo Bowling (1995), Testa e Simonson (1996), desde que as expectativas com
relação à saúde e a habilidade para enfrentar as limitações e incapacidades podem afetar, de
25
forma importante, a percepção de saúde e satisfação com a vida de uma pessoa, duas pessoas com
o mesmo estado de saúde podem ter qualidade de vida muito diferente.
A avaliação da qualidade de vida envolve comparação com critérios objetivos e
subjetivos, associados a normas e a valores sociais e individuais, igualmente sujeitos a alterações
no decorrer do tempo. As condições objetivas podem ser verificadas por observadores externos,
mediante parâmetros conhecidos e replicáveis. As condições subjetivas são verificadas de modo
indireto, com base em relatos dos indivíduos e nas opiniões que vigoram no grupo (NERI, 2001).
A constatação de que os indicadores objetivos não representam completamente a
experiência de qualidade de vida de indivíduos e populações, levou os pesquisadores a investir
em indicadores subjetivos. Para conhecer a experiência de qualidade de vida, é necessário ir
diretamente ao indivíduo, para ouvir dele como a vida lhe parece.
A tradução de qualquer instrumento de avaliação e aplicação transcultural é um tema
polêmico, contudo, Bullinger et al. (1993), consideram que existe um “universo cultural” de QV
que, independentemente da nação, cultura ou época, é importante que as pessoas possuam boa
condição física, se sintam bem psicologicamente, socialmente integradas e funcionalmente
competentes.
Verifica-se que há uma tendência para o incremento, em todas as áreas do conhecimento,
de pesquisas que envolvam a temática da qualidade de vida e que utilizem instrumentos de
medidas com as seguintes características (MAZO, 2003):
Clareza na definição conceitual de QV;
Método de aplicação flexível (auto-administrado, administrado por entrevista);
Propriedades psicométricas avaliadas;
Disseminado e validado em diferentes contextos;
26
Possibilidade de comparações nacionais e internacionais.
Os instrumentos mais utilizados na avaliação da QV consideram as percepções
individualizadas como a principal fonte de dados, ou seja, centram-se na integração de
concepções subjetivas (percepção individual) e na multidimensionalidade (vários domínios de
relações do indivíduo com o meio), interessando saber o que o indivíduo percebe sobre sua QV
diante do mundo de relações (VILARTE et al., 2004).
Atualmente se reconhece que as medidas válidas de QVRS devem ser usadas para avaliar
as intervenções na saúde. O importante é saber como se sente o indivíduo, em lugar de como os
médicos crêem que ele deveria sentir-se em função das medidas clínicas (RIBEIRO, 2002).
Os instrumentos mais usuais para aferir a QV, podem ser classificados em genéricos e
específicos. No quadro 1, são descritos os objetivos, vantagens e desvantagens destes
instrumentos.
27
Quadro 1: Objetivos, vantagens e desvantagens dos instrumentos genéricos e específicos da
qualidade de vida.
Instrumentos Objetivos Vantagens Desvantagens
Genéricos Medir todos os
aspectos
importantes da
QV
- incluem grande variedade de
domínios;
- podem ser usados em
qualquer população;
- detectam efeitos diferenciais
sobre aspectos diferentes do
estado de saúde;
- permitem comparações do
impacto relativo dos vários
programas de atenção à saúde;
- medem aspectos gerais de QV
- possibilidade de não
focalizarem
adequadamente a área de
interesse;
- possibilidade de menor
resposta (capacidade de
detectar mudanças) em
condições específicas.
Específicos Avaliar aspectos
do estado de
saúde,
específicos para
a área de
interesse.
- são clinicamente sensíveis e
mais responsivos;
- avaliam populações
específicas de doenças, grupos
de diagnósticos e conceitos ou
domínios individuais.
- não permitem
comparações, se houver
outras patologias ou
condições para as quais
não foram desenhados;
- são limitados em
termos de populações e
intervenções;
- são restritos aos
domínios de relevância
para a doença, não
medindo outras
dimensões também
importantes para a QV.
Fonte: Adaptado de MAZO (2003).
As medidas de avaliação genérica de saúde disponíveis, não são capazes de dizer
exatamente para o profissional de saúde, o que fazer. Entretanto, são capazes de demonstrar se os
indivíduos conseguem executar determinadas atividades que normalmente fazem e como se
sentem quando as estão praticando. As aplicações repetidas desses instrumentos no decorrer de
um período podem definir a melhora ou piora do indivíduo em diferentes aspectos tanto físico
como emocional, tornando-se úteis para avaliação de determinada intervenção (EBRAHIM,
1995; CICONELLI et al., 1999).
Segundo TAMBURINI (1998) apud PASCHOAL (2000), autor de extensa compilação de
instrumentos de avaliação da qualidade de vida (803 instrumentos genéricos e específicos), os
28
instrumentos recém-elaborados são aperfeiçoamentos dos antigos, tendo uma estrutura
multidimensional, levando-se em conta a opinião do indivíduo, sendo mais simples e breves e
preenchendo as propriedades necessárias ao uso como instrumentos de medida.
Dos instrumentos relacionados com a avaliação da qualidade de vida traduzidos para o
português do Brasil e com sua validade psicométrica, existem dois instrumentos que, apesar de
terem sido validados há pouco tempo, são os empregados com mais freqüência em estudos que
procuram estabelecer uma relação da QV com a AF.
O World Health Organization Quality Life – WHOQOL foi elaborado pelo grupo de
especialistas em QV da Organização Mundial de Saúde, construído através de um método
transcultural. Esse instrumento está disponível em 20 diferentes idiomas. O WHOQOL foi
concebido nas versões longa (100 questões) e abreviada (26 questões). A primeira contempla seis
domínios (psicológico, físico, nível de independência, relações sociais, ambiente e
espiritualidade), enquanto que a versão abreviada, obtida dos melhores desempenhos
psicométricos da versão completa, avalia quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e
meio ambiente). A partir dos resultados obtidos no Brasil, os pesquisadores concluíram que os
instrumentos WHOQOL – 100 e WHOQOL –abreviado, estão em condições de serem usados no
país (FLECK et al., 1999).
O SF-36 – Health Survey of the International Quality of Life Assessment, é outro
questionário desenvolvido para avaliar a QVRS. O SF-36 possibilita comparações dos níveis de
QVRS entre populações de diferentes contextos sociais e culturais. Este instrumento já traduzido
para o português e testado em suas propriedades de medida – validade, reprodutibilidade e
objetividade – em população brasileira (CICONELLI, 1997). Este instrumento avalia a QVRS em
dois componentes a saber: resumo dos componentes da saúde física (funções motoras, limitação
29
de origem física, dores no corpo e saúde geral), e resumo dos componentes da saúde mental
(vitalidade, funções sociais, limitações de origem emocional e indicadores de saúde mental).
O campo de aplicação dos dois instrumentos surpacitados é vasto, podendo ser utilizado
para caracterizar o estado de saúde da população em geral e o impacto de determinadas medidas a
nível estrutural e político, mas também para caracterizar o estado de saúde de grupos específicos,
bem como pode ser utilizado para apoio à tomada de decisão de prestadores de cuidados
(FERREIRA, 2000).
2.2.2 QUALIDADE DE VIDA E O IDOSO
Em recente revisão da literatura latino-americana (PASCHOAL, 2000), ficou
evidenciado que a quantidade de estudos da QV relacionada ao idoso ainda é pequena, e se for
considerado esse constructo como tema central, o número é ainda menor.
A literatura sobre QVRS tem focalizado seu debate sobre as possibilidades da sobrevida
aumentada da espécie humana. O interesse na esperança de vida saudável foi substituindo antigos
indicadores de resultado em saúde, como índices de mortalidade, morbidade, expectativa de vida,
uso de serviços, acesso aos mesmos, dentre outros (BOWLING, 1995; EBRAHIM, 1995).
Com o desenvolvimento das ciências médicas e sociais nos últimos sessenta anos, o que
vem promovendo um aumento da longevidade do ser humano, paralelamente, vem ocorrendo
mudanças do perfil de morbi-mortalidade das populações do planeta, aumentando a prevalência
de doenças crônico-degenerativas.
Para portadores de tais afecções crônicas, o principal objetivo não é a cura, pelo menos no
estágio atual da ciência, mas sim o seu controle, impedindo que ocorram seqüelas e complicações
30
que serão responsáveis pela deterioração da capacidade funcional, pela dependência, perda de
autonomia, necessidade de cuidados e institucionalização (TAMBURINI, 1998 Apud
PASCHOAL, 2000). Portanto, quando a preocupação passa a ser a qualidade da vida e não
apenas sua quantidade, a medida da qualidade de vida torna-se imperativa.
A OMS considerou que um desafio da nossa civilização, é aumentar a expectativa de vida
ativa e não só aumentar a esperança de vida, ou seja, é pouco provável que se possa aumentar
mais o tempo de vida, mas pode-se pelo contrário, melhorar consideravelmente a QV nas pessoas
idosas (RIBEIRO, 2002).
No domínio da pesquisa, cresce o interesse pela caracterização das variáveis que
determinam uma boa qualidade de vida na velhice. De acordo com Mazo (2003), muitas
pesquisas apresentam como resultado, a melhoria da qualidade de vida do idoso, mas não têm
como objeto de estudo a qualidade de vida ou não avaliaram esta variável e nem a definiram com
clareza.
Os conceitos estruturais de multidimensionalidade associados à qualidade de vida na
velhice, conduziram Lawton (1991) à construção de um modelo amplamente conhecido na
literatura gerontológica internacional que engloba quatro dimensões conceituais:
Competência comportamental: representa a avaliação socionormativa do funcionamento do
indivíduo no tocante a saúde, funcionabilidade física, cognição, comportamento social e
utilização do tempo;
Condições ambientais: a qualidade de vida na velhice tem relação direta com a existência de
condições ambientais que permitam aos idosos desempenhar comportamentos biológicos e
psicológicos adaptativos. A adoção de providências que visem facilitar e promover a
31
interação física e social do idoso com o ambiente pode aumentar a sua eficácia e assim a
qualidade de vida real e percebida do idoso;
Qualidade de vida percebida: a avaliação subjetiva que cada pessoa faz de seu funcionamento
em qualquer domínio das competências comportamentais é o conteúdo primário da qualidade
de vida percebida. Essa dimensão compreende uma estrutura interna que corre em paralelo
com a competência comportamental.
Bem-estar subjetivo: esse domínio reflete a avaliação pessoal sobre o conjunto e a dinâmica
das relações entre as três áreas precedentes. Um aspecto essencial desse domínio é a
capacidade de acomodação às perdas e de assimilação de informações positivas, os idosos
preservam a capacidade de desenvolver estratégias compensatórias de natureza emocional,
que lhes permitem manter o equilíbrio.
Inúmeros problemas que afetam a qualidade de vida dos idosos em um país como o nosso,
demandam respostas urgentes em diversas áreas. Às políticas públicas cabe garantir os direitos
fundamentais (habitação, renda, alimentação), e desenvolver ações voltadas às necessidades
específicas da população idosa, como centros de convivência, assistência especializada à saúde,
serviços de apoio domiciliar ao idoso, programa de medicamentos, universidades da terceira
idade, etc (ASSIS, 1998).
Manter a QV adquirida na idade adulta é sinônimo de envelhecer com sucesso. Em
primeiro lugar, consiste em sentir-se bem, na ausência de agravos e doenças que possam tornar-se
impedimento para a realização plena de habilidades e capacidades. Em segundo, compreende
abertura e vontade para envolver-se com as múltiplas facetas e objetos que a convivência, o
trabalho e o lazer podem proporcionar para a vida plena de valores e possibilidades. Em terceiro,
consiste em dirigir o idoso para o exercício integral de competências físicas e mentais, ação essa
32
compreendida como o resultado de atitudes dirigidas ao relacionamento pessoal, satisfação
emocional, prestação de apoio social e o despertar para o sentido da vida (SPIRDUSO et al.,
2001)
Estudos sobre a QV e o idoso têm-se revelado de grande importância para uma maior
compreensão do processo de envelhecimento pessoal e coletivo. Estes estudos devem levar em
consideração que o processo de envelhecimento é uma experiência heterogênea e subjetiva, onde
cada indivíduo pauta a sua vida de acordo com padrões, normas, expectativas, desejos, valores e
princípios diferentes (MAZO, 2003).
Sozinhos, os indicadores tradicionais de saúde não conseguem explicar o fato de que
idosos portadores de doença, possam se sentir saudáveis. Assim, a percepção do indivíduo do
seu estado de saúde está se transformando em indicador importante de seu bem-estar, servindo ao
mesmo tempo, para a avaliação de suas necessidades de saúde.
33
2.2 ATIVIDADE FÍSICA E O IDOSO
Nas últimas décadas, tem aumentado o interesse sobre as intervenções e as pesquisas na
Educação Física e Desportos abordando o processo de envelhecimento. Nesta variedade de
estudos, o fenômeno do envelhecimento populacional desperta a atenção sobre a importância da
AF sob a perspectiva da promoção da saúde (ANDRESEN et al., 2000; SPIRDUSO et al., 2005;
SHEPARD, 2003).
No presente estudo, a atividade física é definida como qualquer movimento corporal
produzido pela musculatura esquelética que resulte num gasto energético acima dos níveis de
repouso (CASPERSEN, et al., 1985). Esta definição considera como eixos principais as
atividades relacionadas ao trabalho (atividades ocupacionais), as ações domésticas (em casa e no
quintal), ao transporte (deslocamento caminhando ou de bicicleta) e as atividades de lazer
(incluindo exercícios físicos, esportes, dança, etc.).
Neste modelo conceitual, a AF pode ser classificada como comportamento, sendo este
modelo particularmente útil no estudo da epidemiologia da AF, que tem como um dos seus eixos
de investigação a associação entre a AF e outros comportamentos e condições.
A AF tem sido associada ao bem estar, à saúde e à qualidade de vida das pessoas em todas
as faixas etárias, sendo mais visível a partir da meia idade, quando os riscos potenciais da
inatividade se materializam, levando a perda precoce de vidas e de anos de vida útil.
Com efeito, o declínio nas diversas funções e órgãos, não deve ser atribuído
exclusivamente ao processo de envelhecimento por si só. Algumas das alterações morfológicas e
funcionais parecem estar associadas à maior taxa de sedentarismo das pessoas idosas, e não tão
somente ao inexorável envelhecimento celular (SHEPARD, 2003).
34
Em estudo realizado por Leveille (1999), foi evidenciado que o declínio físico na velhice
está relacionado a causas múltiplas, envolvendo uma combinação do envelhecimento biológico,
doenças e certos padrões de estilo de vida, particularmente, baixos níveis de atividade física.
Os comportamentos tipicamente associados aos idosos, referem-se à passividade e à
imobilidade, com reduzida atividade física, criando determinados tipos de padrões e estereótipos
que influenciam, freqüentemente, a forma de agir desse grupo populacional. A visão mais
freqüentemente associada ao envelhecimento é aquela que induz as pessoas a estabelecerem uma
relação linear, causal e obrigatória do envelhecimento com a fragilidade, com as diversas
patologias, bem como com a perda generalizada da vitalidade. Essa idéia parece surgir reforçada
entre os idosos que, associando o envelhecimento com declínio físico, resistem à idéia de
alteração dos seus comportamentos motores. Assim, os seus hábitos de vida e de rotinas diárias
são preenchidos por formas de ocupação pouco ativas, criando fortes relações de dependência
com o meio que os rodeia (MOTA, 2002).
Faz-se importante destacar que o contexto social em que os idosos vivem, determina
comportamentos que reforçam os preconceitos sociais e que favorecem a falta de disposição dos
mesmos para procurar a prática de AF. Vencida essa barreira, Chogahara et al. (1998) afirmam
que a prática de AF pelos idosos possibilita benefícios nas relações sociais, no bem-estar e na
melhoria da auto-estima.
Há certo consenso entre os gerontologistas, de que as implicações na diminuição da
capacidade funcional no envelhecimento, podem ser atribuídas em termos de 50% ao estilo de
vida sedentário (MATSUDO, 2001).
Destaca-se que o custo do sedentarismo é alto. Baseado na tendência atual estima-se que
em 2020 as mortes atribuídas às doenças crônicas não transmissíveis, estarão em torno de 73%
(CDC, 1999). Em recente estudo de coorte com mais de 70.000 mulheres pós-menopausa, foi
35
apontado que aquelas que eram mais fisicamente ativas tiveram um risco menor de desenvolver o
câncer de mama (McTIERMAN et al., 2003).
Por outro lado, diversos estudos (LEMURA et al., 2000; LEVEILLE, et al., 1999;
CURTIS, et al., 2000; SHEPARD, 2005) demonstraram as potencialidades da atividade física no
aumento da capacidade de realizar as atividades básicas do dia-a-dia. Resultados de um estudo
com grupos de idosos dependentes e independentes mostraram que, o andar, a prática de
atividades no exterior, a flexibilidade da articulação escápulo-umeral e da articulação coxo-
femural, explicava em aproximadamente 40% a variação de um índice de incapacidade entre o
grupo de idosos dependentes em relação aos independentes (CUNNINGHAM et al., 1993).
É importante destacar também, o bem-estar psicológico dos idosos que está positivamente
associado à AF. Numa revisão de 38 estudos, McAuley e Rudolph (1995) analisaram a relação da
AF com o envelhecimento e o bem-estar psicológico, onde foi encontrada uma associação
positiva entre essas variáveis.
Em estudo de Cassidy et al (2004), foi verificado uma relação positiva entre o estilo de
vida ativo e a saúde mental de mulheres idosas. Inclusive, na depressão, que é uma doença
comum em idosos, foi realizado um estudo longitudinal por Strawbridge et al. (2002) em que foi
encontrado forte efeito positivo do exercício em idosos com essa doença.
Assim, a possibilidade de ter uma vida fisicamente ativa, ser capaz de realizar as
atividades da vida diária, são fatores que podem ter efeitos positivos sobre o que a pessoa sente,
sobre a sua auto-avaliação e como os outros a vêm. Tem sido demonstrado que a atividade física
está associada ao aumento da alegria, satisfação de vida, auto-eficácia, auto-conceito, auto-
estima, da imagem corporal e da qualidade de vida (BERGER, 1989; MOTA, 2002).
Portanto, com o aumento da esperança de vida, o desenvolvimento de programas de
atividade física com o intuito de melhorar a saúde e o bem-estar, assim como a qualidade de vida
36
da pessoa idosa, tem ganhado um interesse crescente (HAWKINS et al., 1999). Programas esses
que podem intervir tanto na saúde física quanto na mental, destacando que devem ser precedidos
de uma avaliação do estilo de vida em relação à AF.
A avaliação do nível habitual de atividade física em grupos etários específicos na
população, é um parâmetro importante na formação de políticas públicas que favoreçam o
engajamento das pessoas em um estilo de vida mais ativo. No entanto, para a associação da AF
com a saúde, em idosos, é essencial que os métodos de avaliação do nível de AF sejam
satisfatórios para o uso epidemiológico.
De acordo com Washburn (2000), o uso de questionários é o único método aplicável em
estudos epidemiológicos, devido à facilidade de administração e a extensa quantidade de
informação em relação ao tempo e custo envolvido.
As características de alguns questionários de AF, construídos ou adaptados para serem
aplicados em pessoas mais velhas, estão destacados no quadro 1.
37
Quadro 2: Relação de questionários para pessoas idosas
Questionário Tempo
recordado
Forma(s) de
aplicação
Componentes
Modified Baecke Questionnaire for
Older Adults
1 ano Entrevista face a
face
Lazer, esporte e
atividades
domésticas
Physical Activity Scale for the Elderly
– PASE
1 semana Entrevista via
telefone
Auto-administrado
Lazer, trabalho e
atividades
domésticas
CHAMPS Physical Activity
Questionnaire
1 semana Entrevista via
telefone
Auto-administrado
Lazer, exercícios
e atividades da
vida diária
ZUTPHEN Physical Activity
Questionnaire
1 semana Auto-administrado Lazer
Questionnaire Physical Activity - EPIC 1 ano Auto-administrado Lazer, esporte,
trabalho e ativ.
domésticas
YALE Physical Activity Survey –
YPAS
1 semana Entrevista Lazer, exercícios
e atividades
domésticas
International Physical Activity
Questionnaire – IPAC (adaptado para
idosos)
1 semana Entrevista face a
face
Trabalho, tarefas
domésticas,
transporte e lazer
Fonte: Virtuoso Jr., 2004
A reprodutibilidade dos questionários de AF demonstraram, em geral, bons índices. Na
escolha de questionário para avaliação do nível de AF em idoso, alguns aspectos devem ser
considerados, tais como: a adequação à faixa etária; as características psicométricas no idioma; a
população na qual se pretende aplicar o instrumento; a forma de administração; o tempo e os
recursos financeiros disponíveis para aplicação do estudo.
Enfim, verifica-se que, conforme Finch e Owen (2001), a avaliação do nível de AF de
idosos, pode acrescentar fontes de dados necessárias para intervenções baseadas em prevenção.
38
2.3 ATIVIDADE FÍSICA, QUALIDADE DE VIDA E O IDOSO
Como já pudemos perceber, qualidade de vida é um sistema complexo. O enfoque num
único elemento pode distorcer a compreensão do todo ou oferecer uma explicação muito
simplista de seu funcionamento. No entanto, a alteração de um elemento pode gerar mudanças
abrangentes na sua multidimensionalidade.
Por outro lado, cada vez mais se dá importância à dimensão qualitativa da AF, ou seja,
como a mesma pode afetar positivamente as dimensões mais subjetivas da natureza humana,
como sejam o bem-estar e a qualidade de vida (MOTA, 2002).
Evidências sugerem a associação entre atividade física e qualidade de vida, considerando
que o estilo de vida ativo promove melhorias na qualidade de vida das pessoas de todas as idades,
principalmente na velhice, quando os riscos da inatividade física se potencializam. Em geral, as
atividades físicas estão associadas a melhorias em vários aspectos da QVRS, independentemente
da idade, status da atividade ou saúde dos participantes (U.S. DEPARTMENT OF HEALTH
AND HUMAN SERVICES, 1998; REJESKI, 2001, TAYLOR et al, 2004).
A posição do Colégio Americano de Medicina do Esporte sobre o exercício para idosos,
distingue os objetivos da atividade física para tais pessoas em relação aos adultos jovens. No caso
destes, o exercício é recomendado para a prevenção de doenças cardiovasculares, câncer e
diabetes e para aumentar a expectativa de vida. Já para os idosos, espera-se que o exercício e a
atividade física possam combater a fragilidade e a vulnerabilidade causadas pela inatividade,
minimizar as mudanças biológicas do envelhecimento, reverter a síndrome do desuso, controlar
as doenças crônicas, maximizar a saúde psicológica, aumentar a mobilidade e a atividade
locomotora e auxiliar na reabilitação de agravos agudos e crônicos (ACSM, 1998).
Para melhorar a qualidade de vida, o Conselho de Colégios Médicos da Catalunia,
recomenda a atividade física, considerando-a uma necessidade orgânica que tem efeitos
39
favoráveis para a saúde, não sendo motivo de exceção a idade ou o nível de aptidão física
(GRIMA et al., 1996).
Quanto ao impacto da AF habitual sobre a QVRS, parece não estar restrito somente às
importantes adaptações fisiológicas, mas também sobre o estado de humor e o grau de
dependência, podendo aumentar também a QV, melhorar a capacidade de trabalho e de lazer,
além de alterar a taxa de declínio no estado funcional (SHEPARD 1995; DEPARTMENT OF
HEALTH, 2004).
Assim, a atividade física surge como um elemento potencializador da qualidade de vida
da pessoa idosa, na medida em que seu nível de independência funcional ou de qualidade de vida
está dependente da sua capacidade de manter autonomamente as diferentes facetas da sua
atividade diária (MOTA, 2000).
De acordo com Mazo (2003), na área da Educação Física, torna-se importante fazer uma
avaliação da qualidade de vida e da atividade física dos idosos com o objetivo de:
Avaliar os efeitos da atividade física;
Fazer levantamentos populacionais de problemas relacionados com o sedentarismo;
Medir a eficiência do resultado de um programa de intervenção com atividade física;
Melhorar a vida dos idosos nos seus diferentes aspectos;
Determinar a escolha de intervenções de atividade física;
Proporcionar comparações internacionais e avançar com intervenções;
Em estudos sobre a associação atividade física versus qualidade de vida, tem-se utilizado
diferentes instrumentos de avaliação. A fim de esclarecer as opções metodológicas apresentadas,
convêm citar alguns estudos que estabeleceram essa relação.
40
Apesar de haver estudos recentes que demonstram associação da QV e AF a partir de
vários instrumentos, acreditamos que o SF-36 possa ser uma boa opção, por já ter sido utilizado
em estudos nacionais, além de ser uma medida internacional que possibilita comparações com
populações de diferentes contextos sociais e culturais.
Brown et al (2000) utilizaram o SF-36 e analisaram a relação entre AF e benefícios de
saúde em mulheres jovens e idosas. Dentre os resultados, obtiveram associações significativas
entre o escore do SF-36 e a atividade física em todas as faixas de idade.
Mais recentemente, Ribeiro (2002) aplicou o SF-36 em idosos praticantes e não
praticantes de AF, chegando a conclusão de que a AF contribui para uma melhor QVRS. Mesma
conclusão foi apontada por Silva (2002) em um estudo com mulheres de meia idade portadoras
de doença vascular periférica.
A reprodutibilidade do SF-36 em mulheres idosas foi verificada por Silva et al. (2000),
sendo demonstrado uma boa reprodutibilidade nos componentes da saúde física e mental no
grupo de mulheres estudadas.
O incremento da qualidade de vida pela atividade física na pessoa idosa, só pode ser
efetivo numa situação em que o sujeito se sinta plenamente integrado e no qual se possa
perspectivar o seu desenvolvimento no seio de um grupo socialmente relevante, particularmente
nos aspectos afetivos. Assim, os espaços e os programas dirigidos para a atividade física surgem,
com um interesse especial face às possibilidades, reconhecidas, nos diferentes domínios da
existência humana (MOTA, 2000).
41
2.6 GRUPOS DE CONVIVÊNCIA
O desafio maior no século XXI será cuidar de uma população de mais de 32 milhões de
idosos, a maioria com nível sócio-econômico e educacional baixos e uma alta prevalência de
doenças crônicas e incapacitantes (RAMOS, 2003).
O acesso a serviços preventivos contribui para o aumento da probabilidade de uma velhice
saudável e influencia o seu impacto nos serviços de saúde (JANES et al., 1999).
No âmbito da intervenção, aumenta a consciência de que é importante identificar e
promover condições que permitam a ocorrência de uma velhice longa e saudável, com uma
relação custo-benefício favorável para indivíduos e instituições sociais.
Os grupos de convivência para a Terceira Idade surgem como proposta de manter os
idosos ativos e envolvidos em tarefas de variadas espécies, em atividades que poderão ir ao
encontro de suas necessidades, com o objetivo de aumentar seu bem-estar e, conseqüentemente,
proporcionar-lhes uma vida mais significativa e prazerosa (GUIZZO et al., 1998)
A atenção em grupos pode contribuir sobremaneira para a melhor qualidade de vida do
idoso, possibilitando a promoção, proteção e controle das doenças crônicas e incapacidades,
procurando manter a autonomia do indivíduo. Estudos têm apontado que o trabalho em grupos
facilita o conhecimento e controle das enfermidades, a aderência às práticas do auto-cuidado e a
convivência com os problemas (ZIMERMAN, 1997; MOREIRA, 2000).
Ao que tudo indica, no Brasil, a gerontologia deve muitos dos seus conhecimentos às
UNATIs e aos Grupos de Convivência, espaços que ganham notoriedade na operacionalização de
políticas de atenção ao idoso (VERAS et al., 2002).
O serviço estruturado no interior de um Grupo de Convivência visa reunir equipes
multidisciplinares, como proposta de orientação de trabalhos na área de gerontologia, objetivando
42
redescobrir como “apesar da idade” é possível manter ou retornar a ter atividades que irão,
indiscutivelmente, melhorar a qualidade de vida.
A ação educativa em grupos pode facilitar o exercício da autodeterminação, da
independência e da resiliência, entendida com o conjunto de forças psicológicas e biológicas
exigidas para que uma pessoa, ou um grupo de pessoas, supere com sucesso as situações
adversas. O grupo pode funcionar como uma rede de apoio que mobilize a aceitação do indivíduo
e de seu problema, na busca de sentido para a vida, na auto-estima, e até mesmo, no senso de
humor, aspectos essenciais para ampliar a resiliência e diminuir a vulnerabilidade das pessoas.
(GARCIA et al., 2002)
A Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94), estabelecida em 1994, criou normas para os
direitos sociais dos idosos, garantindo autonomia, integração e participação efetiva como
instrumento de cidadania. Aquele documento legal foi reivindicado pela sociedade, sendo
resultado de inúmeras discussões e consultas ocorridas nos estados, nas quais participaram idosos
ativos, aposentados, professores universitários, profissionais da área de gerontologia e geriatria e
várias entidades representativas desse segmento, que elaboraram um documento que se
transformou no texto base da lei.
A Política Nacional do Idoso objetiva criar condições para promover a longevidade com
qualidade de vida, colocando em prática ações voltadas, não apenas para os que estão velhos, mas
também para aqueles que vão envelhecer, bem como lista as competências das várias áreas e seus
respectivos órgãos. A implantação dessa lei estimulou a articulação dos ministérios setoriais para
o lançamento, em 1997, de um Plano de Ação Governamental para Integração da Política
Nacional do Idoso. Os nove órgãos que compõem este plano são os Ministérios da Previdência e
Assistência Social, da Educação, da Justiça, Cultura, do Trabalho e Emprego, da Saúde, do
Esporte, Turismo e Transporte, que devem elaborar proposta orçamentária, no âmbito de suas
43
competências, visando ao financiamento de programas nacionais compatíveis com a política
nacional do idoso.
Na relação do que compete às entidades públicas, encontram-se importantes obrigações
como estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como os
centros de convivência.
Em recente estudo de KROEFF (1999), em diferentes grupos de convivência, os idosos
entrevistados indicaram uma busca de estímulo externo para tornarem-se socialmente mais
ativos, sendo os grupos contribuidores para a reatividade nestes sujeitos, tornando-se socialmente
mais atuantes pelo estímulo proporcionado pelo ambiente grupal.
A Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania / SEMASC é um dos órgãos
públicos responsáveis pela coordenação e/ou execução dos serviços, programas, projetos,
benefícios e ações na perspectiva de inclusão social dos idosos. O atendimento a esse segmento
populacional, está pautado na Política Municipal do Idoso - Lei n. 2925 de 08 de Junho de 2001
e no Plano Plurianual de Assistência Social 2002/2005, na perspectiva de proteção social.
A SEMASC começou a estruturar o atendimento aos grupos de idosos em 1985, na época
em torno de 5 grupos. Atualmente, a SEMASC atende a 23 grupos distribuídos em várias regiões
do município de Aracaju.
Junto ao aumento do envelhecimento da população mundial, os valores e conceitos com
relação à velhice passam por uma forte transformação social e conflitada devido ao despreparo da
realidade atual. Entretanto, a releitura globalizada sobre o envelhecimento, procura oportunizar
ações preventivas, fornecendo subsídios para a construção de um novo modo de viver a velhice.
Os grupos de convivência tornam-se socialmente necessários, no sentido de resgatar a
qualidade de vida e transformar estigmas viciados em torno do envelhecimento (KROEFF, 1999).
44
Faz-se necessário desenvolver modelos de atenção à saúde do idoso que superem as
práticas tradicionais, pois o atendimento que lhes é oferecido habitualmente restringe-se, na
melhor das hipóteses, ao tratamento clínico das doenças específicas (VERAS, 2004). Essa
hipervalorização do aspecto curativo da saúde é claramente apontada pelos idosos, onde esses
atribuem os cuidados à saúde ao consumo de remédios, consultas médicas e exames (BORINI et
al., 2002).
A participação em atividades de lazer nos centros de convivência leva as pessoas a se
sentirem felizes e mais saudáveis. Essa percepção de saúde não está vinculada necessariamente a
ausência de doenças. Trata-se da convivência com as mesmas com garantia de autonomia e
independência, como também uma diminuição do consumo de medicamentos, principalmente os
indicados para as doenças emocionais (BORINI et al., 2002).
Entrevistas realizadas por BORINI et al. (2002) em um centro de convivência municipal
do interior de São Paulo, as autoras apontaram que a participação nas atividades de lazer para os
idosos parece minimizar as alterações advindas do envelhecimento; ao mesmo tempo, os idosos
estão mais atentos aos seus problemas de saúde. Assumem uma posição mais ativa diante dos
cuidados à saúde.
Esses centros representam, também, para eles a oportunidade para vivenciar experiências
até então não permitidas pelos compromissos com o trabalho e pelas responsabilidades dos papéis
familiares assumidos que não foram desenvolvidas ao longo da vida adulta.
45
3. METODOLOGIA
3.1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTUDO
O desenho escolhido para delinear o presente estudo foi o transversal. Este método,
segundo Pereira (2000), se caracteriza por descrever as características dos eventos na população,
por verificar associação entre os eventos, assim como identificar subgrupos aos quais podem ser
oferecidas atenções especiais.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A população deste estudo foi constituída por mulheres, com idade mínima de 60 anos
cadastradas nos grupos de convivência assistidos pela Secretaria Municipal de Assistência Social
e Cidadania (SEMASC) do município de Aracaju – SE.
A SEMASC foi escolhida por representar o órgão público que mais grupos de
convivência atende em Aracaju, sendo no total 23 grupos distribuídos em todas as regiões da
cidade.
Apesar de esses grupos aceitarem indivíduos com menos de 60 anos de idade, foi
determinado o ponto de corte em 60 anos, por ser esta a idade que em dois documentos oficiais
(Lei 8,842/94, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso e a Política Nacional de Saúde do
Idoso, publicada no diário oficial, n.237-E, seção 1, p.20 a 24 de 13 de Dezembro de 1999) define
a categoria de idoso.
Em relação ao gênero, a feminização da velhice se faz presente nos grupos de convivência
visitados para compor a amostra, ou seja, na grande maioria dos grupos a predominância é de
mulheres e em vários deles sequer, existe o cadastro de algum idoso do gênero masculino. De
acordo com levantamento feito por Mazo (2003), há uma carência de estudos que tratam da
46
relação da qualidade de vida no processo de envelhecimento, principalmente quanto ao gênero
feminino.
Para que se obtivesse o quantitativo de idosos do gênero feminino de 60 anos de idade ou
mais, foram visitados previamente todos os grupos, ocasião que foi apresentado um memorando
da SEMASC (Anexo A), sendo autorizada a visita e a respectiva coleta de dados. O resultado
quanto ao número total da população de interesse do estudo foi a seguinte: foram identificados e
visitados 21 grupos de convivência, sendo que dois dos grupos foram excluídos por estarem com
problemas nos locais de reunião. A quantidade de sujeitos (587 idosas) estava distribuída nos
seguintes estratos etários:
60 – 64 anos: 172
65 – 69 anos: 165
70 – 74 anos: 130
75 – 79 anos: 78
80 anos: 42
Os critérios adotados para este estudo foram:
Critérios de inclusão da amostra
Estar cadastrada no grupo de convivência;
Ser do sexo feminino com idade de 60 anos ou mais;
Critérios de exclusão da amostra
Não estar presente no dia da visita do pesquisador ao grupo;
Se recusar a assinar o termo de consentimento livre e esclarecido – TCLE (Anexo C)
47
Para composição da amostra, foi utilizada a técnica de seleção aleatória estratificada por
estratos etários. Para dimensionar o tamanho da amostra, utilizamos a fórmula proposta por
Barbeta (1999), adotando um grau de confiança de 95% e margem de erro de 5%. A partir da
população de referência, estimou-se que, pelo menos 238 idosas deveriam participar do estudo,
sendo estas distribuídas nos seguintes estratos etários:
60 – 64 anos: 69
65 – 69 anos: 67
70 – 74 anos: 52
75 – 79 anos: 30
80 anos: 20
Os estratos foram divididos aleatoriamente entre os grupos de convivência. Após o sorteio
foi obtido o quadro amostral a ser pesquisado.
Quadro 3 – Distribuição das idosas entrevistadas por grupo e estrato etário
NOME DO GRUPO ENDEREÇO IDOSAS
60-64 65-69 70-74 75-80 80
Total
N. Sra. Mãe dos Pobres Porto Dantas 01 01 01 00 01
04
Revoada Alto da Jaqueira 06 08 05 03 01
23
Assoc.dasLavadeiras 18 do Forte 04 04 03 02 02
15
N.Sra. da Soledade Soledade 03 02 01 01 01
08
Reviver Lamarão 01 01 02 01 00
05
Santa Maria Coroa do Meio 03 05 03 03 01
15
Fascinação Pereira Lobo 02 02 01 01 00
06
Madre Tereza Calcutá Jabotiana 04 01 02 00 01
08
È bom viver Sol Nascente 02 03 03 01 02
11
Idosos do Japãozinho Japãozinho 03 03 01 00 01
08
Renascer Nova Veneza 04 03 02 01 00
10
São José Operário* Castelo Branco --- --- --- --- ---
00
Santos Dumont Santos Dumont 03 03 03 01 00
10
Pedro Averan Manoel Preto 02 03 01 01 01
08
Vida Nova Farolândia 02 02 01 00 01
06
Novo Milênio Aloque --- 01 01 01 01
04
Irene Romão de Brito Santa Maria* --- --- --- --- ---
00
João Paulo II B. Industrial 02 01 02 03 00
08
São João de Deus Santo Antônio 01 01 01 00 01
04
São Francisco de Assis Jard Esperança 02 03 02 01 01
09
Renascer São Conrado 10 06 07 05 01
29
Getúlio Vargas Siqueira Campos 11 10 07 03 02
33
Padre José de Anchieta Augusto Franco 03 04 03 02 02
14
TOTAL 21
69 67 52 30 20 238
* Não foram inclusos por não estarem se reunindo no período da coleta.
48
3.3 INSTRUMENTOS
Para avaliar a qualidade de vida dos idosos foi empregado o instrumento “The Medical
Outcomes Study 36-item short-form healthy survey” (SF-36), desenvolvido por Ware &
Sherbourne (1992), traduzido e validado para a realidade brasileira por Ciconelli (1997). Devido
ao seu conteúdo abrangente, que se refere tanto a saúde física quanto a mental, à sua robustez
psicométrica, à sua relativa simplicidade, é que o SF-36 está a transformar-se num dos
instrumentos genéricos de medição do estado de saúde com maior potencial na utilização
internacional (RIBEIRO, 2002)
O SF-36 é um questionário multidimensional composto por 36 itens, com duas a seis
possibilidades de respostas objetivas, distribuídos em oito domínios, a saber:
O domínio Capacidade Funcional (CF) – objetiva medir as limitações na execução de
atividades físicas, desde as básicas até às mais extenuantes.
O domínio Aspectos Físicos (ASF) - objetiva medir a limitação em saúde em termos do tipo
e da quantidade de trabalho executado.
O domínio Dor (DOR), - objetiva medir não só a intensidade e o desconforto causados pela
dor, mas também a forma como interfere nas atividades cotidianas normais.
O domínio Estado Geral de Saúde (EGS), - objetiva medir a percepção holística de saúde,
incluindo a saúde atual, a resistência à doença e a aparência saudável.
O domínio Vitalidade (VITAL), que inclui os níveis de energia e fadiga.
O domínio Aspecto Emocional (AE) – objetiva medir a limitação no tipo ou quantidade de
dedicação ao trabalho ou outras atividades devido a problemas emocionais como, depressão e
ansiedade.
49
O domínio Aspecto Social (AS), - objetiva captar a quantidade e qualidade das atividades
sociais, assim como o impacto dos problemas físicos e emocionais nas atividades sociais.
O domínio Saúde Mental (SM), que inclui questões referentes a importantes dimensões da
saúde mental, que são a ansiedade, a depressão, a perda de controle em termos
comportamentais ou emocionais e o bem estar psicológico.
Além dos domínios acima, um item de avaliação comparativa entre as condições de saúde
atual e de um ano atrás, é observado, porém não entra na análise geral da escala.
Os oito domínios supracitados podem ser agrupados em dois grandes componentes: o
físico e o mental. O primeiro envolve os domínios: CF, ASF, DOR e EGS, enquanto no
componente mental são incluídos: SM, VITAL, AS e AE (CICONELLI, 1997).
A avaliação dos resultados é feita mediante a atribuição de escores para cada questão, os
quais são posteriormente transformados numa escala de zero a 100 (Raw Scale), onde o escore
100 corresponde ao melhor estado de saúde e o escore zero, ao pior estado de saúde. Não existem
pontos de corte e cada domínio é analisado separadamente. Propositalmente, a escala não admite
um valor único que resuma toda a avaliação. Tal estratégia visa evitar que, obtendo-se uma média
de valores, possam ocorrer erros na identificação dos verdadeiros problemas relacionados à saúde
do indivíduo ou mesmo subestimá-los (CICONELLI, 1997). Assim, quanto mais baixa for a
pontuação, pior será o estado de saúde do indivíduo, em relação ao domínio em análise. Por fim,
se obtém para cada uma das oito dimensões, um valor atribuído de 0 a 100%.
Para avaliar o nível de atividade física, foi empregado o Questionário Internacional de
Atividades Físicas (International Physical Activity Questionnaire – IPAQ) (MATSUDO, 2001).
O IPAQ foi desenvolvido a partir das dificuldades encontradas em mensurar o nível de AF nas
diferentes idades e entre diferentes países. Em 1998, um grupo de pesquisadores iniciou o
50
desenvolvimento do IPAQ, e em 2000, foram realizados estudos em 12 países, entre eles o Brasil,
para determinar a confiabilidade e a validade daquele instrumento (MATSUDO et al., 2001).
Pouco depois, em 2001, foi publicado um relatório, no qual indicava que o questionário
apresentava características psicométricas aceitáveis para uso em estudos de prevalência sobre a
participação em AF.
Este instrumento permite estimar o tempo semanal gasto na realização de atividades
físicas de intensidade moderada e vigorosa, com a duração mínima de 10 minutos e em diferentes
contextos de vida como trabalho, tarefas domésticas, transporte e lazer. Há, todavia, a
possibilidade de estimar o tempo despendido em atividades passivas como as realizadas na
posição sentada.
Os diversos domínios estão assim compreendidos:
Domínio 1: Atividade Física no Trabalho: apresenta questões sobre as AF no trabalho
remunerado ou voluntário, fora de casa;
Domínio 2: Atividade Física no Transporte: apresenta questões sobre as AF realizadas no
deslocamento de um lugar para outro, através de meios de transporte ou a pé.
Domínio 3: Atividade Física Doméstica: apresenta questões sobre as AF realizadas dentro e ao
redor da habitação.
Domínio 4: Atividade Física de Lazer: apresenta questões sobre as AF de recreação, desporto,
exercício ou lazer.
Para avaliar o nível de AF das idosas atras do IPAQ, foi utilizado o critério baseado em
recomendações de limiares de AF que resultam em benefícios para a saúde, classificando-as
como “mais ativas” aquelas com prática de AF de pelo menos 150 minutos por semana
(min/sem), e “menos ativas” aquelas com práticas de menos de 150 minutos (ACSM, 2000;
MARSHALL e BAUMAN, 2001).
51
Em geral, o IPAQ é um instrumento com boa estabilidade de medidas e uma precisão
aceitável para uso em estudos populacionais com adultos jovens e de meia idade. Para utilização
em pessoas idosas, foram incluídas nas questões do IPAQ, exemplos de atividades que são
comuns às pessoas desse grupo etário. Além disso, o campo para preenchimento das informações
foi modificado, passando a ser requerido que o entrevistador registre o tempo médio habitual para
cada dia da semana e o tempo médio de realização dessas atividades físicas (BENEDETTI et al.,
2004).
3.4 PROCEDIMENTO PARA COLETA DOS DADOS
Para realização das entrevistas foram treinados 7 acadêmicos voluntários do curso de
Educação Física da UFS. Esse treinamento durou aproximadamente 20 dias, quando foram
discutidos os seguintes procedimentos:
Apresentação dos objetivos do estudo;
Apresentação dos instrumentos de pesquisa;
Exposição das dúvidas quanto a questões específicas;
Organização do roteiro da entrevista;
Explicação quanto a postura do entrevistador para com os idosos;
Concordância inter-avaliador das respostas do instrumento aplicado.
Quanto a esse último procedimento, duas idosas que fazem parte de um grupo de
atividades físicas da UFS, foram convidadas a responder o roteiro da entrevista aplicado pelos
oito componentes da equipe, em dias diferentes. Ao final obtivemos 91% de concordância.
52
Ademais, um dos grupos de convivência foi escolhido aleatoriamente, para a realização de
um teste piloto (Anexo D). Durante o estudo piloto todo o roteiro de coleta de dados foi aplicado
por todo o grupo de pesquisadores objetivando padronizar o procedimento de todos. Após uma
discussão de alguns pontos divergentes, foi elaborado um cronograma de visitas.
As visitas foram realizadas no período de Julho a Setembro de 2004, obedecendo ao
horário e dia de reuniões dos grupos (Anexo E).
As visitas eram agendadas diretamente com a responsável pelo grupo, e no dia
determinado a equipe de pesquisadores se fazia presente, explicava os objetivos da visita e pedia
a colaboração dos presentes para viabilização do trabalho. Realizada a identificação de todas as
participantes daquele grupo e não havendo presença total, era feito um novo sorteio referente ao
respectivo estrato etário para a devida substituição.
Depois de feita essa identificação, as idosas eram convidadas pela equipe a responder o
questionário em outra dependência física do local de reuniões. Desta forma, o restante dos idosos
podia continuar com suas atividades normais programadas para aquele dia.
Feita as acomodações, o entrevistador explicava mais detalhadamente o projeto de
pesquisa, sendo lido e devidamente assinado pelas participantes o TCLE.
Na grande maioria dos grupos foi possível realizar todas as entrevistas em uma única
visita.
53
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O tratamento estatístico empregou ferramentas de informática tais como planilha
eletrônica Excel e o pacote estatístico SPSS-10.0.
A análise estatística dos dados foi realizada utilizando-se os procedimentos da estatística
descritiva (média, desvio-padrão, mediana, distribuição de freqüência absoluta e relativa).
Para análise entre as variáveis categóricas, foi utilizado o teste de associação Qui-
quadrado e, quando necessário, foi adotado o teste exato de Fisher.
O teste de Kruskal-Wallis foi usado para comparar os escores dos domínios da qualidade
de vida com as características sócio-demográficas e as condições de saúde. Quando necessário foi
utilizado o teste de Mann-Whitney. O grau de significância adotado foi p 0,05.
54
4. RESULTADOS
Para uma melhor ordenação didática dos resultados, os mesmos serão apresentados neste capítulo
seguindo a seguinte sistematização:
Características sócio-demográficas;
Condições de saúde;
Níveis de atividade física;
Qualidade de vida relacionada à saúde;
Níveis de atividade física e qualidade de vida relacionada à saúde.
55
TABELA 1 – Distribuição da amostra em relação às características sócio-demográficas
Características N %
Estrato etário
60-64
65-69
70-74
75-79
80
69
67
52
30
20
29,0
28,2
21,8
12,6
8,4
Estado civil
Solteira
Casada/vivendo com parceiro
Divorciada/separada
Viúva
30
50
32
126
12,6
21,0
13,4
53,0
Escolaridade
Sem instrução
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 ou mais anos
75
137
18
08
31,5
57,5
7,5
3,5
Religião
Católica
Evangélica / Outras
225
13
94,5
5,5
Trabalho
Remunerado
Voluntário
Não trabalha
16
23
199
6,7
9,7
83,6
Rendimento pessoal mensal
Sem rendimento
Até 1 sal. min.
Mais de 1 até 2 sal. min.
Mais de 2 até 3 sal. min.
Mais de 3 até 5 sal. min.
Mais de 5 sal. min.
24
128
64
10
05
07
10
53,8
26,9
4,2
2,1
3,0
Classe econômica
B
C
D
E
10
41
164
23
4.2
17.2
68.9
9.7
As 238 idosas que compuseram a amostra desse estudo foram divididas em cinco estratos
etários, sendo os estratos de 60-64 e 65-69 os que apresentaram maior prevalência entre as que
estavam freqüentando os grupos de convivência da SEMASC – Aracaju, SE. A média de idade
das idosas foi de 69,2 (±6,6) anos.
56
A maioria das idosas foi classificada na categoria de viúva (53%). A escolaridade da
amostra foi baixa, com 89% estando incluídas nas categorias sem instrução e com até 4 anos de
estudo. Destes, 57,5% tinham somente entre um e três anos de escolarização e 31,5% não tinham
freqüentado escola. Praticamente todas as idosas adotavam o catolicismo como religião (94,5%).
As idosas que não trabalhavam representaram um total de 83,6%. Entre as que
trabalhavam, houve uma prevalência maior para o trabalho voluntário (9,7%) em relação ao
trabalho remunerado (6,7%).
O rendimento mensal pessoal de até um salário mínimo foi o mais prevalente com 53,8%,
seguido de rendimento entre um e até dois salários com 26,9% dos casos. Somente 9,3% das
idosas relataram que ganhavam mais do que dois salários.
Na tabela 2 são apresentadas as condições de saúde da amostra. De acordo com Lima
Costa et al.(2003), as condições de saúde da população idosa podem ser determinadas pelos “seus
perfis de morbidade e mortalidade, presença de déficits físicos e cognitivos, percepção de saúde,
utilização de serviços de saúde, entre outros indicadores mais específicos”. Neste estudo, foram
identificadas as condições de saúde através da percepção de saúde e da presença ou não de
doenças.
TABELA 2 – Distribuição das condições de saúde da amostra. Aracaju – SE, 2004.
Condições de saúde N %
Percepção de saúde
Positiva
Negativa
179
59
75,2
24,8
Doenças
Sim
Não
229
09
96,2
3,8
57
A grande maioria das idosas (75,2%) apresenta percepção de saúde positiva. Quanto às
doenças, 96,2% relataram que apresentam algum tipo de morbidade, estando às mesmas
distribuídas na tabela 3.
As doenças das idosas neste estudo foram identificadas através do auto-relato (Tabela 3).
TABELA 3 – Prevalência das morbidades auto-referidas pela amostra. Aracaju – SE, 2004.
Doenças auto-referidas N %
Hipertensão Arterial
Problemas na coluna
Hipercolesterolemia
Problemas na visão
Artrite/Artrose/Reumatismo
Labirintite
Osteoporose
Diabetes
Depressão
Problemas cardíacos
Problemas auditivos
Outros
136
105
81
76
69
59
56
51
36
32
27
25
57,1
44,1
34,0
31,9
29,0
24,8
23,5
21,4
15,1
13,4
11,3
10,5
A grande maioria das idosas relataram ter mais de uma doença e a freqüência foi
identificada a partir do tipo de doença referida em cada indivíduo.
As principais doenças prevalentes na amostra foram: hipertensão arterial (57,1%);
lombalgia (44,1%); hipercolesterolemia (34,0%); problemas na visão (31,9%) e
artrite/artrose/reumatismo (29,0%).
A amostra foi dividida em dois níveis de AF: menos e mais ativas. As idosas mais ativas
representam 64,7%, e as menos ativas 35,3%. O gráfico 1 apresenta a distribuição das diferentes
formas de AF em minutos por semana de atividades físicas moderadas e vigorosas (períodos
mínimos de 10 minutos contínuos).
58
Os resultados indicam que as AF em casa, no lazer e no transporte foram os domínios da
AF que se destacaram, ou seja, que representaram o período de tempo de AF moderadas e
vigorosas, realizado pelas idosas, por pelo menos 10 minutos contínuos.
A tabela 4 apresenta a distribuição das idosas em relação a média de minutos por semana
em cada domínio da AF.
TABELA 4 – Distribuição da amostra nas diferentes formas de Atividade Física em minutos por
semana. Aracaju – SE, 2004.
Domínios do IPAQ n X
(min/sem)
DP
(min/sem)
AF no trabalho
14 90,7 80,9
AF no transporte
170 60,6 42
AF doméstica
199 178,0 159,1
AF lazer
187 119,6 88,9
Tempo sentado
Transporte
Durante a semana
Fim de semana
135
238
238
118,7
400,9
410,1
104,9
114,9
115,7
Gráfico 1 - Distribuição da amostra em relação aos
domínios do IPAQ. Aracaju - SE, 2004
3%
30%
34%
33%
AF Trabalho
AF Transporte
AF Doméstica
AF Lazer
59
O domínio AF no trabalho representa as atividades realizadas pelas idosas em seus
trabalhos (remunerados ou voluntários). Neste estudo, 14 idosas (5,8%) executam trabalho
remunerado ou voluntário, com intensidade moderada à vigorosa, com média de 90,7 minutos por
semana (min/sem).
No domínio AF no transporte, que se relaciona com o deslocamento de um lugar para
outro, nenhuma idosa utiliza a bicicleta como meio de transporte. O deslocamento através da
caminhada é feito por 170 idosas.
O domínio AF doméstica representa as atividades que as idosas executam numa semana
normal dentro e ao redor da sua habitação. Nesse domínio, 199 (83,6%) realizam atividades
moderadas e vigorosas, com média de 178 (min/sem).
O domínio AF no lazer inclui as atividades físicas de recreação, desporto, exercício ou
lazer que as idosas executam numa semana normal. Estas representam um total de 187 idosas
(78,5%) que realizam AF vigorosa à moderada, com média de 119,6 (min/sem).
Quanto ao tempo sentado, este se refere ao tempo que as idosas permanecem sentadas em
diferentes locais, durante a semana e no fim-de-semana, também incluindo o domínio tempo
gasto sentado durante o transporte em ônibus, carro e outros veículos. Das idosas que utilizam
transporte 135 (56,7%), o tempo médio que as idosas gastam sentadas, para se deslocar de um
lugar para outro é de 135 min/sem. Quanto aos outros locais, todas as idosas permanecem
sentadas um tempo médio maior nos finais de semana (410,1 min/sem) em relação à semana
(400,9 min/sem).
Na tabela 5, é apresentada a distribuição das idosas em relação às suas características
sócio-demográficas e o nível de AF.
60
TABELA 5 – Associação do nível de Atividade Física com as características sócio-demográficas.
Aracaju – SE, 2004.
Características
Sócio-demográficas
Mais Ativo
n. %
Menos Ativo
n. %
X
2
Valor p
Estrato etário
60-64
65-69
70-74
75-79
80
57 82,6
43 64,2
36 69,2
12 40,0
06 30,0
12 17,4
24 35,8
16 30,8
17 60,0
14 70,0
28,725
0,000
Estado civil
Solteira
Casada/vivendo com parceiro
Divorciada/separada
Viúva
20 66,7
36 72,0
21 65,6
77 61,1
10 33,3
14 28,0
11 34,4
49 38,9
1,940
0,585
Escolaridade
Sem instrução
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 anos ou mais
46 61,3
88 64,2
15 83,3
05 62,5
29 38,7
49 35,8
03 16,7
03 37,5
3,139
0,371
Religião
Católica
Evangélica / Outras
147 65,6
07 50,0
77 34,4
07 50,0
1,409
0,235
Trabalho
Sim
Não
12 75,0
142 63,7
04 25,0
81 36,3
1,640
0,200
Trabalho voluntário
Sim
Não
15 66,7
138 64,5
08 33,3
76 35,5
0,045
0,832
Rendimento pessoal mensal
Sem rendimento
Até 1 sal. min.
Mais de 1 até 2 sal. min.
Mais de 2 até 3 sal. min.
Mais de 3 até 5 sal. min.
Mais de 5 sal. min.
16 11,0
82 53,2
41 26,6
05 3,2
04 2,6
05 3,2
07 10,1
46 54,8
24 28,6
04 4,8
01 1,2
02 2,4
1,474
0,916
Classe econômica
B
C
D
E
08 72,7
26 65,0
106 64,6
14 60,9
03 27,3
13 35,0
58 35,4
09 39,1
0,460
0,928
61
Observa-se uma diferença significativa para o estrato etário e o nível de AF (p=0,000).
Nas demais características sócio-demográficas não houve diferença significativa com o nível de
AF.
Na tabela 6 foi verificada a distribuição entre as condições de saúde e o nível de AF.
TABELA 6 – Associação do nível de atividade física com as condições de saúde. Aracaju – SE,
2004.
Condições de saúde
Mais Ativo
n %
Menos Ativo
n %
X
2
Valor p
Percepção de saúde
Positiva
Negativa
133 74,7
21 35,0
45 25,3
39 65,0
30,999
0,000
Doenças
Sim
Não
148 64,6
06 66,7
81 35,4
03 33,3
0,016
0,900
Entre o nível de AF e as condições de saúde, foi demonstrada diferença significativa entre
o nível de AF e a percepção de saúde (p=0,000),indicando que as idosas menos ativas têm uma
percepção mais negativa de saúde. Não foi observado diferença significativa entre o nível de AF
e as doenças.
Na tabela 7 é feita a distribuição das idosas em relação aos domínios da QVRS.
TABELA 7 – Distribuição dos domínios da QVRS (Média / DP / Md). Aracaju – SE, 2004.
Domínios Média Desvio
Padrão
Mediana Mínimo Máximo
Capacidade Funcional
58,9 23,0 63 10 100
Aspectos Físicos
67,4 37,8 87,5 0 100
Dor
59,9 24,7 61 0 100
Estado Geral de Saúde
61,9 21,3 67 10 100
Vitalidade
67,2 18,7 70 20 100
Aspectos Sociais
80,5 23,5 87 12,5 100
Aspectos Emocionais
75,1 37,9 100 0 100
Saúde Mental
54,9 7,7 56 28 76
62
Considerando-se que os escores do SF-36, em cada domínio, podem variar de zero a 100, e que
quanto maior o valor melhor a QVRS, encontramos nos resultados como os quatro domínios mais
baixos a saúde mental, capacidade funcional, dor e estado geral de saúde; e como os quatro
domínios que apresentaram melhor QVRS foram identificados a vitalidade, aspectos físicos,
aspectos emocionais e aspectos sociais.
63
TABELA 08 – Associação entre as características sócio-demográficas e os domínios da QVRS.
Características
Sócio-demográficas
CF
X DP
AF
X DP
DOR
X DP
EGS
X DP
VITAL
X DP
AS
X DP
AE
X DP
SM
X DP
Estrato etário
60-64
65-69
70-74
75-79
80
66,4±21,7
65,9±23,7
61,0±25,4
49,0±22,1
54,7±25,0
63,7±41,0
70,5±33,7
69,7±38,7
58,3±40,1
77,5±32,3
59,2±27,1
61,7±24,5
61,3±22,1
56,8±27,2
57,1±21,0
65,7±21,3
62,7±20,1
62,6±22,3
55,9±22,5
54,1±19,2
68,1±18,8
66,8±17,2
69,4±20,3
64,5±18,0
64,7±20,7
79,8±25,3
79,0±24,3
84,4±19,5
79,3±25,4
80,8±21,3
73,4±40,6
78,1±36,5
75,0±36,6
74,4±36,8
73,3±41,3
54,7±8,5
55,9±7,2
55,1±7,0
53,8±8,9
53,8±7,1
p
0,006 0,545 0,888 0,075 0,684 0,843 0,942 0,782
Estado civil
Solteira
Casada/vivendo
Divorciada/separada
Viúva
58,3±25,2
63,5±23,6
55,1±25,3
63,9±23,4
61,6±36,4
69,0±39,6
63,2±40,6
69,2±36,9
56,0±23,4
61,8±25,7
55,6±21,9
61,1±25,4
57,8±19,5
58,6±19,7
58,3±21,5
65,2±22,0
65,5±20,1
65,7±17,6
63,1±20,1
69,4±18,4
78,9±21,4
80,8±26,9
77,8±25,0
81,6±22,2
65,6±36,6
78,6±39,7
72,9±39,2
76,7±37,3
53,8±8,3
55,9±
7,7
55,2±7,9
54,7±7,6
p
0,234 0,597 0,548 0,058 0,288 0,737 0,073 0,719
Escolaridade
Sem instrução
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 anos ou mais
60,4±24,2
62,1±24,2
61,9±23,4
72,5±20,7
68,0±35,7
66,7±39,1
68,0±35,1
71,8±45,1
61,2±25,8
59,7±24,8
59,0±22,4
52,8±21,1
59,6±21,7
63,8±21,7
60,3±16,5
55,6±22,2
64,4±20,6
68,1±18,4
73,0±12,7
66,2±14,8
80,6±21,8
80,3±24,2
84,9±21,8
76,7±30,8
73,9±38,5
76,4±36,6
85,2±32,7
62,6±51,7
55,0±
7,6
54,9±7,4
55,1±7,9
53,5±14,1
p
0,632 0,968 0,903 0,331 0,422 0,884 0,596 0,966
Religião
Católica
Evangélica/outras
62,4±23,5
54,2±30,9
68,7±37,5
46,4±37,8
60,4±25,0
52,2±19,7
62,3±21,1
55,6±41,1
67,5±18,7
63,5±19,1
81,2±23,3
70,7±25,0
75,4±37,8
71,5±41,4
55,0±7,8
53,1±7,5
p
0,355 0,026 0,231 0,239 0,328 0,117 0,596 0,135
Trabalho
Sim
Não
70,6±21,0
61,3±24,1
78,3±38,8
66,7±37,7
67,5±24,9
59,4±24,7
67,7±22,5
61,1±21,2
69,6±20,7
67,1±18,6
90,0±13,4
80,0±23,8
86,7±27,5
74,4±38,5
54,9±5,1
54,9±7,9
p
0,152 0,160 0,210 0,225 0,428 0,161 0,331 0,681
Trabalho Volunt.
Sim
Não
61,2±21,4
62,0±24,3
67,7±42,0
67,7±37,4
53,2±18,9
60,6±25,2
63,5±20,8
61,8±21,4
67,1±18,3
67,3±18,8
82,3±23,2
80,4±23,5
72,2±41,3
75,5±37,6
52,5±8,8
55,2±7,6
p
0,713 0,909 0,252 0,659 0,974 0,735 0,738 0,158
Rendimento mensal
Sem rendimento
Até 1 sal. min.
Mais de 1 até 2 sal.
Mais de 2 até 3 sal.
Mais de 3 até 5 sal.
Mais de 5 sal. min.
61,2±24,6
60,6±25,3
62,1±22,7
71,1±17,6
79,0±15,5
62,8±20,9
63,5±37,5
65,2±38,4
69,2±37,9
80,5±34,8
90,0±22,3
71,4±39,3
59,2±25,7
63,0±23,4
57,8±23,2
67,5±20,1
88,4±25,9
61,7±20,2
61,2±21,6
63,6±20,4
61,6±22,2
60,7±21,7
75,6±11,2
65,7±18,8
66,6±20,0
69,3±21,9
67,0±18,2
67,2±13,9
73,0±21,3
66,4±
9,8
79,8±27,4
78,7±22,5
84,3±22,8
90,3±17,4
82,6±38,9
71,6±6,0
73,5±40,5
71,6±38,8
81,5±34,3
88,8±33,3
52,4±50,4
61,6±6,0
54,0±8,0
55,8±8,5
55,3±7,3
50,6±8,0
61,6±6,0
54,8±9,4
p
0,559 0,493 0,165 0,795 0,953 0,176 0,077 0,177
Classe econômica
B
C
D
E
62,2±22,7
60,6±22,0
62,3±24,6
61,6±24,6
61,3±37,6
75,6±32,7
67,3±38,5
56,5±40,0
47,9±18,0
63,2±24,0
59,9±25,3
59,4±24,2
54,2±18,9
69,2±16,7
61,7±21,9
54,5±22,7
65,0±12,2
71,7±16,6
67,1±18,9
61,5±22,3
71,7±31,0
85,1±22,0
80,9±23,0
75,1±24,5
60,6±49,0
90,0±25,5
73,9±38,5
65,2±40,8
54,5±11,4
57,8±
6,7
54,2±7,6
55,4±7,8
p
0,940 0,232 0,292 0,044 0,201 0,323 0,022 0,126
CF = Capacidade Funcional; AF = Aspectos Físicos; DOR = Dor; EGS = Estado Geral de Saúde; VITAL =
Vitalidade; AS= Aspectos Sociais; AE = Aspectos Emocionais; SM = Saúde Mental.
64
Observou-se diferença significativa entre o estrato etário com o domínio da QVRS
Capacidade Funcional (p=0,006); religião com o domínio Aspectos Físicos (p= 0,026); e classe
econômica com os domínios estados geral de saúde (p=0,044) e aspectos emocionais (p=0,022).
As idosas com idade entre 75-79 anos estão mais relacionadas com a capacidade funcional baixa
(49%). A religião evangélica com aspectos físicos (46,4). Quanto a classe econômica., as idosas
da classe B2 estão mais relacionadas como os domínios EGS (54,2) e AE (60,6) baixos, enquanto
a classe econômica C com os referidos domínios mais altos EGS (69,2) e AE (90,0). Não houve
diferença significativa entre as demais características.
A tabela 09 apresenta a distribuição das idosas com a percepção de saúde e a QVRS.
TABELA 09 – Distribuição entre as condições de saúde e os domínios da QVRS. Aracaju – SE,
2004.
Condições de
Saúde
CF
X DP
AF
X DP
DOR
X DP
EGS
X DP
VITAL
X DP
AS
X DP
AE
X DP
SM
X DP
Percepção Saúde
Positiva
Negativa
68,1±21,2
43,5±22,5
75,3±35,4
44,1±35,1
64,9±23,7
45,1±21,9
70,6±15,6
36,4±14,4
72,1±17,9
59,9±15,6
85,7±21,5
65,6±22,7
80,3±35,3
60,0±41,5
56,2±7,3
51,0±7,9
p
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
Doenças
Sim
Não
60,9±23,8
86,6±11,4
66,9±37,9
80,5±32,5
59,0±24,4
83,2±22,0
61,3±21,2
78,0±18,5
66,6±18,4
83,3±19,3
80,3±23,5
89,0±22,7
74,8±38,1
85,2±33,7
54,8±7,8
59,1±5,2
p
0,001 0,279 0,006 0,018 0,011 0,166 0,402 0,059
CF = Capacidade Funcional; AF = Aspectos Físicos; DOR = Dor; EGS = Estado Geral de Saúde; VITAL =
Vitalidade; AS= Aspectos Sociais; AE = Aspectos Emocionais; SM = Saúde Mental.
Entre as condições de saúde e os domínios da QVRS, houve diferença significativa em
todos os domínios. As idosas com percepção de saúde negativa apresentam menor QVRS. Em
relação às doenças, houve diferença significativa nos domínios CF (p=0,001), DOR (p=0,006);
EGS (p=0,018); e VITAL (p=0,011). As idosas que não estavam doentes apresentam maior
QVRS.
65
A tabela 10 apresenta a distribuição do nível de AF com os domínios da QVRS.
TABELA 10 – Distribuição entre os domínios da QVRS e AF. Aracaju – SE, 2004.
Níveis de AF
CF
X DP
AF
X DP
DOR
X DP
EGS
X DP
VITAL
X DP
AS
X DP
AE
X DP
SM
X DP
Mais Ativo
Menos Ativo
70,1±20,1
46,9±23,4
75,3±35,4
52,9±37,9
64,1±23,1
52,2±26,0
69,1±18,4
48,8±20,1
72,9±16,0
56,9±18,9
85,1±22,6
72,5±23,0
81,6±33,4
63,5±42,9
56,6±7,3
51,8±7,7
p
0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,001 0,000
CF = Capacidade Funcional; AF = Aspectos Físicos; DOR = Dor; EGS = Estado Geral de Saúde; VITAL =
Vitalidade; AS= Aspectos Sociais; AE = Aspectos Emocionais; SM = Saúde Mental.
Verifica-se que houve diferença significativa entre o nível de AF e todos os domínios da
QVRS. Em geral, as idosas menos ativas apresentaram uma média de QVRS menor quando
comparadas com as mais ativas.
66
5. DISCUSSÃO
5.1 Características Sócio-demográficas
Existem várias maneiras de classificar as características de indivíduos. Conforme Pereira
(1995), as diversas formas de segmentação da população devem ser entendidas como uma
primeira aproximação ao tema, objetivando antever o efetivo populacional e subsidiar as
discussões sobre as necessidades futuras da população.
Os idosos com 60 anos ou mais, representam 9,3% da população brasileira, apresentando
uma redução relativa com o aumento dos estratos etários. Esta população idosa, é predominante
do gênero feminino, totalizando cerca de 56% dos indivíduos. No Estado de Sergipe, este
percentual é um pouco maior, atingindo cerca de 58,3% segundo dados do IBGE (2001). No
presente estudo a maioria das idosas investigadas, encontrava-se com idades entre 60 a 69 anos,
perfazendo um percentual de 57,2%.
O estado civil de viuvez entre as idosas neste estudo, predomina com 53%, valores que
são superiores aos 40 % encontrados na população brasileira com 60 anos ou mais (IBGE, 2001).
Um dos fatores que pode explicar este estado, é que as percentagens de um segundo casamento
são maiores entre os homens viúvos e geralmente ocorre contra mulheres mais jovens (VERAS,
1994).
A prevalência de idosos considerados analfabetos funcionais, ou seja, com até três anos de
estudo, no Brasil, perfaz um total de 57,9%. No entanto, em Sergipe este percentual se apresenta
bem maior com valores que alcançam segundo o IBGE (2004) a 75,3%. Neste estudo, foi
detectado que quase todas as idosas (89,0%), se encontravam na condição de analfabetas
funcionais.
67
A religião é, para muitas pessoas, o mais importante quadro de referência pessoal,
especialmente para adultos na segunda metade de suas vidas. Neste estudo, todas as idosas
declararam praticar uma religião, tendo a grande maioria (94,5%) expressado um seguimento da
religião católica. Jung afirma que é essencial que o ser humano tenha um objetivo no futuro, e
sugere que a razão pela qual todas as grandes religiões apresentam esperança de uma vida após a
morte, é para tornar possível ao homem viver a segunda metade de sua vida com tanto propósito
quanto a primeira (GOLDSTEIN 2002).
A proporção de idosos que exercem alguma ocupação no Brasil é de 30,4%, isso quando
analisados ambos os gêneros. Neste estudo, as idosas que estão engajadas em algum trabalho
remunerado ou voluntário, representam um total de 16,4%. Tais valores são semelhantes aos
encontrados em um estudo multicêntrico coordenado pela Organização Pan-Americana de Saúde,
e que foi levado a efeito em sete países da América Latina e Caribe, incluindo o Brasil. Nesse
estudo, o percentual de idosas que tinha atividade laboral foi um pouco maior que 19,1%
(LEBRÃO e DUARTE 2003).
De acordo com dados do IBGE (2004), no Brasil, 43,8% das pessoas com 60 anos ou
mais de idade, percebem um rendimento per capita familiar médio mensal de até 1 salário
mínimo. No Estado de Sergipe, a população de idosos que vive em família com até 1 salário
mínimo chega a 54,4%, o que demonstra um nível sócio-econômico aquém deste grupo frente a
realidade nacional.
Em estudo qualitativo, conduzido entre mulheres idosas residentes na cidade de Bambuí-
MG, foi verificado que a questão financeira é intrinsecamente ligada à questão da saúde
(UCHÔA, 2003). A situação econômica do próprio idoso e de sua família surge, assim, como
fator fundamental para a manutenção da saúde, podendo exarcebar ou aliviar as conseqüências de
um problema de saúde.
68
No presente estudo foi investigada a renda individual mensal, sendo encontrado um
percentual de 63,8% de idosas vivendo com até 1 salário mínimo. Como era de se esperar, a
maior parte desse rendimento é proveniente de aposentadorias e pensões.
O rendimento salarial tem forte associação com a classe econômica, ou seja, quanto
menor o rendimento mensal familiar, mais baixa é a classe econômica. Neste estudo, foi possível
observar que 78,6% das idosas encontram-se nas classes sociais mais baixas como D e E.
Conforme afirma Veras (1994), uma das características da situação econômica do idoso
observada nas sociedades, é que as pessoas idosas são, em geral, menos favorecidas
economicamente do que os adultos mais jovens da mesma população.
Destarte, se pode observar que o grupo investigado se caracterizou como sendo de baixas
condições socio-econômicas, grupo este de alta demanda nos serviços de saúde pública
convencionais, fato que deve ser considerado na formulação de novas intervenções na promoção
da saúde do idoso, destacando o conjunto de ações oferecidas a ele nos grupos de convivência.
5.2 Condições de Saúde
As condições de saúde das idosas neste estudo foram investigadas por meio das variáveis
percepção de saúde e presença de morbidade auto-referida.
A auto-avaliação da saúde determinada por meio de uma simples pergunta, é um dos
indicadores mais usados em pesquisas gerontológicas (LIMA-COSTA et al., 2004). No Brasil, os
dados mais abrangentes sobre esse tema foram coletados no suplemento de saúde da Pesquisa
Nacional de Amostras de Domicílio (PNAD), realizada em 1998 pelo IBGE (LIMA-COSTA,
2003).
69
Atualmente, as avaliações de saúde auto-referidas não são mais consideradas apenas
impressões de saúde. Estudos têm mostrado que os indivíduos que relatam condições de saúde
ruim ou muito ruim, têm risco de mortalidade consistentemente mais alto do que aqueles que
reportam melhor estado de saúde (IDLER e BENYAMINI, 1997).
A percepção da própria saúde pode ser considerada um indicador consistente e robusto do
estado de saúde das pessoas, porque tem sido observado, que ela está forte e independentemente
associada ao uso de serviços de saúde e à mortalidade (KORTEN et al., 1999; HELMER et al.,
1999). Essa avaliação apresenta confiabilidade e validade equivalente a outras medidas mais
complexas (MANDERBACKA et al., 1999).
O contingente de idosa no presente estudo que se referiu ter uma percepção de saúde
positiva (excelente, boa e muito boa) foi de 75,2%. Em estudo recente, Silva (2002) ao aplicar o
mesmo instrumento em mulheres de meia idade, encontrou uma percepção positiva de cerca de
83,5%.
Os dados do relatório da PNAD feito em 1998 mostraram que somente 24,5% da
população idosa brasileira classificavam sua saúde como boa ou muito boa, contudo, esse dado
deve ser interpretado com cautela, pois 38% das entrevistas foram respondidas por outra pessoa,
por ser uma avaliação subjetiva não deveria ser respondida dessa forma, além do mais, são
apontadas diferenças marcante na opinião de outras pessoas confrontadas com as das idosas
(UCHOA et al., 2004). Estudos epidemiológicos conduzidos em algumas cidades brasileiras
mostram que a percepção de saúde caracterizada como boa / muito boa em idosos, varia entre
70% em São Paulo e 44% no Rio de Janeiro (LIMA-COSTA, et al., 2004).
Portanto, na busca por indicadores simples da condição de saúde, a ser aplicado numa
população que aumenta rapidamente, a auto-avaliação da saúde vem se consolidando em
70
pesquisas epidemiológicas por representar uma percepção integrada do idoso, em suas dimensões
biológica, psíquica e social.
Quanto à morbidade auto-referida, no Brasil, 69% dos idosos relatam ter pelo menos um
tipo de doença ou condição crônica, sendo essa proporção maior entre as mulheres (75%) do que
entre os homens (62%). Esse relato aumenta com a idade, sendo mais freqüente entre as idosas
em todas as faixas etárias (LIMA-COSTA et al., 2003).
O fato de a mulher ter maior longevidade e apresentar mais doenças crônicas do que o
homem deve ser considerado como um aspecto importante a ser levado em conta no
delineamento de programas de promoção da saúde do idoso.
Entre as idosas deste estudo, apenas 3,9% referiram estar livres de alguma morbidade,
dados que são menores que os encontrados em estudo multidimensional realizado em grande
centro urbano do NE do Brasil (COELHO FILHO e RAMOS, 1999).
Apesar de estudos de morbidade auto-referida, poderem subestimar as prevalências de
doenças ou condições crônicas, devido a problemas de memória e/ou ausência de diagnóstico,
alguns trabalhos mostram prevalências razoavelmente semelhantes da hipertensão auto-referida,
quando comparadas às determinadas por meio de medidas da pressão arterial (LIMA-COSTA et
al., 2003; RAMOS, 2003).
Um idoso com uma ou mais doenças crônicas pode ser considerado um idoso saudável. A
ausência de doenças é privilégio de poucos e o completo bem-estar pode ser atingido por muitos,
independentemente da manifestação ou não de doenças. De acordo com Ramos (2003), qualquer
pessoa que chegue aos oitenta anos com capacidade de gerir sua própria vida e determinar
quando, onde, e como se darão suas atividades de lazer, convívio social e trabalho, certamente
será considerada uma pessoa saudável.
71
De acordo com Wolinsk et al. (1995), os estudos sobre determinantes de mortalidade em
idosos, têm mostrado que as doenças crônicas referidas ou diagnosticadas não afetam
significativamente o risco de morte, provavelmente devido à variabilidade com que as mesmas
doenças afetam a capacidade funcional.
Ao analisar as doenças referidas no presente estudo pelas idosas, a hipertensão é a mais
prevalente, com 57,1%. Estudos realizados em outros países têm mostrado que a hipertensão e a
artrite são as doenças mais freqüentemente relatadas pela população idosa (CDC, 1999). No
Brasil, a hipertensão (44%) e a artrite (38%), são também as doenças mais relatadas, seguidas por
doença do coração, diabetes e asma/bronquite (LIMA-COSTA, et al., 2003).
Como se pode observar, a população estudada segue um padrão quanto à prevalência de
morbidades auto-referidas, com ênfase na hipertensão arterial, fato já esperado, uma vez que o
aumento da pressão sanguínea tem sido, freqüentemente, considerado uma das inexoráveis
conseqüências do envelhecimento.
A hipertensão arterial em idosos é considerada uma das causas mais importantes de
morbi-mortalidade prematura, não só pela sua alta prevalência, como também por constituir
maior fator de risco para complicações cardiovasculares, estando diretamente relacionada com a
incapacidade e perda de autonomia, o que leva a diminuição na qualidade de vida do idoso
(ABERNETHY, 2002).
Apesar de não ter sido objetivo deste estudo investigar a composição corporal desta
população, pode-se facilmente observar excesso de peso corporal na grande maioria das idosas
que freqüentam os grupos de convivência, o que representa um fator determinante no aumento da
pressão arterial. Em recente estudo randomizado de Stewart et al (2005), foi investigado os
efeitos de um programa de exercícios envolvendo atividades aeróbias e resistidas em indivíduos
idosos com hipertensão, após seis meses foi verificada diminuição na pressão diastólica,
72
conforme os autores, é a possibilidade de mudanças na composição corporal dessa população
ocasionada pelo exercício físico, que melhora a saúde cardiovascular de homens e mulheres
idosos.
Como pôde ser observado no presente estudo, a grande maioria dos idosos relatou a
presença de doenças, e mesmo assim, a condição de morbidade não necessariamente representou
um aspecto negativo no estado de saúde.
Sendo assim, numa população idosa, que tem como característica a presença de pelo
menos uma doença, destaca-se a importância da própria percepção de saúde, justificada pelo
aspecto multidimensional do conceito de saúde.
5.3 Atividade Física
Para avaliar o nível de AF das idosas foi utilizado o IPAQ, adaptado por Benedetti et al.
(2004). Esse instrumento inclui os domínios das AF no trabalho, como forma de transporte,
domésticas, de lazer e tempo sentado. Para classificar as idosas como “mais ativas”, foi utilizado
como critério as recomendações atuais de limiares de AF que resultam em benefícios à saúde.
Assim sendo, considerou-se pelo menos 150 minutos de atividades físicas no mínimo moderadas
por semana (PATE, 1995; ACSM, 2000; MARSHALL e BAUMAN, 2001).
Foi encontrado um percentual de 64,7% de idosas classificadas como “mais ativas”. As
AF realizadas dentro e ao redor da habitação de forma moderada a vigorosa (AF doméstica),
representam o maior gasto energético das idosas em relação aos outros três domínios, sendo as
tarefas mais comuns: lavar pratos, lavar banheiro, varrer a casa, passar pano e/ou lavar a casa. De
acordo com Ainsworth (2000), a demanda energética das mulheres durante suas vidas, é
73
representada principalmente palas atividades domésticas e estima-se que estas despendam 3,9
horas por dia em trabalhos domésticos e em tarefas de cuidados com a família.
Dentre as mais ativas, 33% realizam AF de lazer. As AF de Lazer representaram o
segundo domínio de AF com maior dispêndio energético das idosas neste estudo. Os trabalhos de
Yusuf et al. (1996) e Mazo (2003), apontam que a caminhada, a ginástica e a natação constituem
as principais AF das mulheres idosas. Entre os idosos há um declínio das AF coletivas,
destacando-se a caminhada e a corrida como atividades que levam o idoso a tornar-se mais ativo
(FARIA, 2001).
No presente estudo foi observado que as AF de Lazer são realizadas em grande parte no
próprio grupo de convivência, utilizando-se dos exercícios de alongamento e ginástica localizada
que são propostos por estagiários de Educação Física, contudo, foi observado que esses encontros
não despertam grande interesse, sendo verificado pouca adesão. Destacam-se em número de
participantes, dois grupos que oferecem dança em dias específicos.
Nas AF de Transporte, nenhuma idosa utiliza bicicleta para se deslocar, todas fazem uso
da caminhada, com uma média de 60,6 min/sem. Em estudo de Mazo (2003) foi encontrada uma
média 114 min/sem para a caminhada como forma de deslocamento em idosas. Diante dos dados,
se pode recomendar que as idosas estudadas possam ser estimuladas a realizar deslocamentos de
forma mais intensa, bem como utilizar percursos mais longos.
As AF de Trabalho foram as que menos contribuíram no dispêndio energético, além do
número de idosas trabalhando ser pequeno, as que trabalham o fazem em serviços manuais ou
atividades com intensidade leve.
As idosas que fizeram parte deste estudo, passam grande parte do seu dia durante a
semana, na posição sentada, e em maior tempo nos finais de semana. Há também muito tempo
despendido nessa posição em meios de transporte. Estes achados estão corroborados por estudos
74
de Souza (2001) e Anderson et al. (1998), ao verificar que as principais atividades detectadas do
dia-a-dia de mulheres idosas foram ver televisão, ouvir rádio, costurar, ler e receber visitas. Estas
atividades são predominantemente de intensidade leve, não exigindo nem desenvolvendo nenhum
estímulo benéfico à saúde.
De acordo com o IBGE (1998), no Brasil, ver televisão é o maior componente na
ocupação do tempo livre das pessoas. Fung et al. (2000), aponta que a falta de AF e a quantidade
de horas vendo televisão, estão associadas significativamente aos marcadores bioquímicos de
obesidade e ao risco de doenças cardiovasculares.
Fatores como a idade, sexo, ocupação, quantidade de filhos, educação, estado civil,
condição salarial e outros aspectos sociais que envolvem o contexto pessoal e demográfico são
considerados como determinantes da AF, diferindo entre eles em grau de associação. Estudos
recentes, têm se preocupado em estabelecer uma relação entre a AF , fatores sócio-demográficos
e condições de saúde (KING, 2001; BOOTH, et al., 2000; LIM, et al., 2005).
Compreende-se que estes determinantes podem favorecer a modificação ou a manutenção
do comportamento adequado. De acordo com Mazo (2003), o termo “determinante” não implica
nos fatores causais do comportamento humano, mas sim nos fatores que podem influenciar mais
expressivamente a opção por essa conduta.
Este estudo mostra uma diferença significativa entre os estratos etários e o nível de AF,
uma vez que as idosas mais jovens são mais ativas que as idosas de maior idade. Em recente
revisão de literatura, é evidenciado bem esse declínio da AF com o avanço da idade cronológica
(SALLIS, 2000).
Apesar do declínio da AF ser comum em ambos os sexos, o contexto sócio cultural da
mulher idosa apresenta maiores problemas que o dos homens para mudança de comportamento
em relação à AF, pois elas têm que enfrentar pouca experiência no passado com a prática regular
75
de AF; discriminação da sociedade com tal comportamento, e culpa por dedicar parte do tempo a
AF de lazer em detrimento das responsabilidades com a família.
Nas outras variáveis sócio-demográficas não foram encontradas diferenças significativas,
contudo, observa-se que as idosas menos ativas estavam mais relacionadas com rendimento de
até 1 salário mínimo (54,8%).
Com relação às variáveis das condições de saúde investigadas, foi encontrada diferença
significativa entre o nível de AF das idosas e a percepção de saúde, uma vez que as idosas com
percepção de saúde positiva tinham um nível de AF maior. De fato, a noção de saúde positiva
está fortemente associada a um grau de percepção que o indivíduo tem da sua condição física,
sendo que a mera ausência de doença, não é garantia de QV ou de saúde.
Lima-Costa (2004), ao verificar a auto-avaliação da saúde entre idosas segundo
comportamentos relacionados à saúde, foi encontrada associação significativa entre a auto-
avaliação e a prática de exercícios físicos de lazer nos últimos 90 dias. E quando comparado com
a freqüência da prática nesse período, pode-se observar melhor auto-avaliação entre aquelas que
tiveram maior freqüência de prática de exercícios.
. Em estudo realizado por Mazo (2003), apesar de não ter sido encontrada diferença
significativa entre o nível de AF e percepção de saúde, foi visto que, proporcionalmente, as
idosas mais ativas apresentaram melhor percepção de saúde.
Na outra variável relativa à condição de saúde, ou seja, presença de morbidade, não foi
encontrada diferença significativa frente ao nível de atividade física. Apesar de King et al. (1998)
observarem que os segmentos da população com doenças crônicas são os segmentos menos
ativos da população, Stewart et al. (1995) destacam que, mesmo sofrendo de alguma patologia
associada a limitações funcionais, indivíduos quando aumentam o seu tempo de exercício,
declararam um aumento do seu bem-estar psicológico, bem como de sua capacidade funcional.
76
A condição da presença de uma ou mais doenças crônicas, em geral constitui uma
importante barreira na adesão a programas de promoção da saúde. É comum as pessoas pensarem
que o engajamento em um programa de atividade física, pode agravar o estado mórbido. As
evidências demonstram que são raros os casos de contra-indicação absoluta da atividade física
associada a alguma doença, mesmo em indivíduos idosos. Assim sendo, oportunizar este tipo de
conhecimento a esta população, pode ampliar o envolvimento regular em programas de atividade
física. No presente estudo, apesar de ter sido encontrada em praticamente todos os grupos a oferta
de atividades físicas como forma de lazer com a presença de estagiários de Educação Física,
menos de 33% das idosas investigadas freqüentavam essas atividades.
Em resumo, não se pode deixar de considerar que a presença de morbidade é uma
condição comum em indivíduos a partir de 60 anos, e que na grande maioria destes não há
impedimento para o aumento no nível de AF. Com efeito, é importante ressaltar que idosas com
nível de AF alto, têm uma percepção de saúde positiva mesmo com presença de doenças.
5.4 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
A discussão no presente estudo da QV das idosas foi elaborada a partir da avaliação dos
oito domínios do instrumento SF-36 (CF = Capacidade Funcional; AF = Aspectos Físicos; DOR
= Dor; EGS = Estado Geral de Saúde; VITAL = Vitalidade; AS= Aspectos Sociais; AE =
Aspectos Emocionais; SM = Saúde Mental). Os quatro primeiros domínios correspondem ao
componente físico e os quatro últimos ao mental. São atribuídos escores de 0 a 100 a cada
domínio e quanto mais próximo de 100 a média dos escores, melhor a QVRS.
Pudemos observar que as idosas deste estudo apresentam escores menores nos domínios
SM (54,9 ±7,7), CF (58,9 ±23), DOR (59,9 ±24,7) e EGS (61,9 ±21,3). Os maiores escores foram
77
atribuídos aos domínios AS (80,5 ±23,5), AE (75,1 ±37,9), AF (67,4 ±37,8) e VITAL (67,2±18,7).
Ao se considerar o agrupamento dos domínios, se pode perceber que houve um número maior de
domínios com escores baixos nos componentes físico (CF, DOR, EGS ).
Destacam-se neste estudo, os escores obtidos no domínio Aspectos Sociais (80,5). Em
estudo de Farquhar (1995), foi identificado que os contatos sociais entre os idosos demonstram
ser componentes valiosos para uma boa QV quanto ao status de saúde.
Em estudo de Uchoa et al. (2004), foi observado que a avaliação da gravidade e relevância
de um problema de saúde em mulheres idosas parece determinada mais pela possibilidade de
enfrentá-lo do que pelo problema em si, e que este pode ser exacerbado ou minimizado pela
inexistência ou existência de suporte familiar ou comunitário. O que aponta a existência de
associações entre auto-avaliação da saúde e rede social de apoio (GRUNDY e SLOGGETT,
2003)
Apesar das relações sociais dos idosos geralmente serem no meio familiar, quando esses
participam de grupos de convivência, as relações se estendem aos seus pares dentro do grupo,
aumentando assim o seu suporte social.
Os fatores sócio-demográficos exercem uma influência importante na QV da população,
uma vez que estes oferecem um suporte material para o bem-estar, que influencia o modo de lidar
com os graus de qualidade da habitação, a estabilidade financeira, entre outros (VERAS e
ALVES, 1995).
Foram encontradas diferenças significativas entre os estratos etários e a CF (p=0,006), a
religião e os AF (p=0,026), a classe econômica e EGS (p=0,044) e os AE (p=0,022).
Estudos têm tentado esclarecer a questão da relação entre religiosidade e QV. Goldsntein
(2002) afirma que o aumento da auto-reflexão e introspecção que tende a se iniciar na meia-idade
e acentuar-se com o passar dos anos, traz consigo reflexões sobre o propósito da vida, o que abre
78
as portas para as questões religiosas. Estudo de Fajardo (1998) observou que o número de idosos
que se declara insatisfeitos ou muito insatisfeitos com a vida é quase o dobro entre os que não
tem práticas religiosas, quando comparados com os que têm.
O rendimento está diretamente associado a classe econômica. O rendimento é considerado
como um dos indicadores sociais de qualidade de vida, na medida em que é o reflexo da
produção de bem-estar e da satisfação da necessidade e de segurança. É evidente que a noção de
bem-estar não se pode restringir ao fator rendimento, na medida em que envolve diversas
dimensões da vida humana. Contudo, é inegável sua importância na sociedade, onde o acesso a
bens e serviços essenciais à sobrevivência depende da possibilidade de se poder pagar por estes
(DUCHIADE, 1995).
Em relação ao rendimento e à oportunidade de lazer, Riddick e Daniel (1984) verificaram
uma forte associação entre a participação em atividades de lazer e a satisfação de vida de
mulheres idosas. Assim, evidencia-se a importância de políticas públicas de promoção da saúde
através da AF.
Quando se avaliou a relação entre percepção de saúde e os domínios da QVRS, foram
encontradas diferenças significativas para todos os domínios (p=0,000). Quanto maior a
satisfação com a saúde, melhor a avaliação da QV. A mera ausência de doença, não é garantia de
boa QV ou de saúde. A percepção de saúde é um importante indicador de QV entre os idosos
(KAPLAN et al., 1996).
A variável percepção de saúde leva em conta o conceito de saúde da Organização
Mundial de Saúde, pois se sentir saudável não significa, necessariamente, não ter doença. Em
estudo de Castro-Bolaño et al. (1996), os idosos que tiveram uma percepção de saúde positiva
adotaram estratégias mais ativas, já idosas que demonstraram ter uma percepção de saúde
negativa, desenvolveram estratégias de confronto mais passivas.
79
Quanto à presença de morbidade foram encontradas diferenças significativas entre os
domínios da CF (p=0,001), DOR (p=0,006), EGS (p=0,018) e VITAL (p=0,011). Habitualmente,
observam-se idosos com incapacidades ou graves prejuízos funcionais passíveis de prevenção
e/ou reabilitação, vítimas da falta de investimento na saúde pública do país (ALBUQUERQUE,
2001). Isto representa um reflexo do sistema de saúde que, face à quase inexistência de medidas
de promoção de saúde e de profilaxia primária e secundária de doenças, não deixa outra opção
aos idosos senão procurar recursos na rede pública de saúde, onde permanecem em tratamento
durante muitos anos, ocupando os leitos hospitalares e com reinternações freqüentes.
5.5 Atividade Física e Qualidade de Vida
Na diversidade inerente à QV, há um elemento básico e interligado com todos os outros,
ou seja, a capacidade para realizar movimentos corporais de forma eficiente. A qualidade de vida
pode sofrer uma baixa considerável caso essa possibilidade de realização motora seja limitada.
As dificuldades na locomoção, no manuseio de instrumentos ou na manutenção e adaptação de
posturas nas diferentes tarefas do cotidiano, competem para a diminuição da autonomia do
indivíduo, principalmente no idoso, com conseqüências previsíveis para a sua qualidade de vida
(MANOEL, 2002; NAHAS, 2001).
Foi identificada neste estudo uma associação significativa entre o nível de AF e a QVRS
nos oito domínios presentes no instrumento, que como já foi explicado, pode ser resumido em
dois aspectos: físico e mental.
Baseados em extensa revisão da literatura das pesquisas que associam atividade física
relacionada com qualidade de vida e saúde Rejeski et al. (1995; 2001) apresentam evidências
80
indiretas de influência da AF sobre a QVRS, indicando efeitos positivos do exercício sobre
sintomas relacionados tanto aos domínios da QV relacionados aos aspectos da saúde física quanto
da saúde mental.
Na revisão dos referidos autores há elevado número de trabalhos estabelecendo relações
positivas do estilo de vida ativo sobre as atividades da vida diária, sob o domínio das funções
físicas, cognitivas e sociais. Essa percepção positiva pode ser exemplificada através da redução
da dor, na fadiga, no vigor e energia, no desempenho cognitivo e neuropsicológico, estados de
tensão e ansiedade, além de efetiva redução do estado de depressão, melhoria da atividade mental
e relacionamento social.
Quando o foco é saúde física, um recente estudo populacional realizado na Austrália com
mais de oito mil idosos a partir de 65 anos, foi verificado que o nível de AF está associado com a
melhoria dos aspectos físicos (LIM e TAYLOR, 2005). Complementando, Dunlop et al. (2005)
afirmam que a falta de atividade física regular é um potencial fator de risco que pode aumentar o
declínio funcional e os custos com tratamento. Nesse sentido, ACSM (2004) e Stiggelbout et al.
(2004) apontam o incremento de programas de atividade física como estratégia eficaz nos efeitos
da dor, no aumento da energia, vitalidade, capacidade funcional, dentre outros.
Em se tratando especificamente da saúde mental, uma sistemática revisão de estudos
publicados desde 1995, Taylor et al. (2004) concluíram que os efeitos são claros quanto ao bem
estar psicológico provocado pela prática da atividade física em idosos, sendo um dos mecanismos
de explicação para esses efeitos, o aumento do fluxo cerebral durante o exercício (COTTMAN e
BERCHTOLD, 2002). Algumas evidências sugerem que a atividade física também pode estar
associada com a prevenção ou o atraso no desenvolvimento da demência ou do mal de Alzheimer
(LAURIN et al., 2001; LANDI et al., 2004).
81
Faz-se importante destacar que os efeitos da atividade física, tanto na saúde física quanto
na mental, freqüentemente apareceram independentemente do desenho do estudo, idade, gênero,
nacionalidade, tipo da intervenção.
Outros autores como Koltyn (2001), Pérez (2001), Azpiazu (2002) e Brown et al. (2004)
apontam a associação da AF com a QVRS em mulheres idosas. Contudo, há um consenso de que
a AF pode intervir de forma diferente nos vários domínios da QVRS, e que a relação do nível de
AF com o aumento da percepção de QVRS se dá de forma diretamente proporcional.
Apesar da dificuldade em relacionar os achados neste estudo, com outros
metodologicamente semelhantes, dentro de um contexto sócio cultural que possa aproximar os
resultados, recentemente, Mazo (2003) publicou estudo sobre a relação da AF com a QVRS em
mulheres cadastradas em grupos de convivência do município de Florianópolis. A citada autora
investigou 198 mulheres com idade média de 73,6 anos, e seus resultados apresentam uma
diferença significativa entre os níveis de AF, sendo que as idosas mais ativas foram as que
apresentaram médias mais elevadas nos domínios físico e psicológico.
Também no município de Florianópolis foi realizada por Silva (2002) uma investigação
da relação da AF com a QVRS em 91 mulheres de meia idade. Os resultados apontaram que
sujeitos insuficientemente ativos quando comparado com os ativos, tinham uma chance menor
(93%) de apresentarem um nível positivo de QVRS.
Na cidade do Porto, Ribeiro (2002) ao dividir 88 idosos com idade média de 71,7 anos,
em indivíduos praticantes e não praticantes de AF, concluiu que os indivíduos que praticam AF,
apresentavam valores das médias mais elevadas e estatisticamente significantes nas oito
dimensões do SF-36, em relação ao grupo de indivíduos que não praticam AF. Em estudo
também na Europa, com população idosa representativa da Espanha, Guallar-Castillon (2004)
82
observou que idosos envolvidos em atividades físicas apresentaram escores mais altos em
praticamente todos os domínios do SF-36.
Diante dos dados verificados nesse estudo, é compreensível apontar que a mudança de
comportamento no idoso pode ser um aspecto relevante para a saúde pública. Em estudo
realizado por MAYER et al. (1994) ficou demonstrado que, após intervenção ao fim de dois anos,
houve um aumento da prática de AF dos indivíduos do grupo experimental, bem como uma
redução acentuada nos custos associados à terapia com recurso a medicamentos.
Ao que parece, o estilo de vida representa um importante componente na promoção da
saúde durante o processo de envelhecimento. De modo específico os níveis de AF podem intervir
de maneira efetiva pelo fato de estarem associados às limitações funcionais, que interferem direta
ou indiretamente em todos os domínios da qualidade de vida relacionada à saúde.
Os grupos de convivência podem representar uma estratégia eficaz de política pública de
promoção de um estilo de vida ativo. De acordo com Ferraz (1997), um dos aspectos
fundamentais para a percepção da felicidade é o convívio social, por meio da integração em
grupos onde o indivíduo sinta-se envolvido em AF, ocupacionais e recreacionais. Em estudo de
Stahl et al. (2001) foi verificado que, para ser fisicamente ativo o ambiente social é um forte
indicador.
Neste estudo, foi possível perceber que houve uma relação dos níveis de AF e da QVRS
com as características sócio-demográficas e condições de saúde das idosas que participam dos
grupos de convivência no município de Aracaju.
83
6. CONCLUSÕES
Participaram deste estudo 238 idosas, que estavam cadastradas em 21 grupos de
convivência do município de Aracaju, com média de idade de 69,2 anos. A maioria delas era
viúva, considerada analfabeta funcional por só terem até 3 anos de estudo, manifesta praticar a
religião católica, não trabalha, possui um rendimento de até 1 salário mínimo e integra a classe
econômica D.
As condições de saúde apontaram que praticamente todas as idosas relataram alguma
morbidade, sendo a hipertensão a doença mais prevalente. Apesar disso, as idosas demonstraram
uma percepção de saúde positiva.
As características da população idosa do presente estudo apresentam um perfil menos
favorecido em relação aos aspectos socioeconômicos. Provavelmente os resultados refletem as
condições investigadas particularmente de idosos mais pobres, os quais representam o segmento
com maiores demandas para os serviços de saúde.
O nível de AF das idosas que freqüentavam os grupos de convivência foi dividido em
mais e menos ativo, sendo as mais ativas identificadas em maior número. Os domínios que
representaram maior dispêndio energético foram as AF domésticas, AF de lazer, AF de transporte
e AF de trabalho, que teve uma contribuição pequena no dispêndio energético.
A relação dos níveis de AF com as características sócio-demográficas e as condições de
saúde, foi aceita apenas em parte. Nas características sócio-demográficas, apenas o estrato etário
apontou diferença significativa em relação ao nível de AF das idosas, o que mostra que quanto
menos idade tem a idosa, mais é ativa. Quanto às condições de saúde, o nível de AF difere
significativamente apenas nas idosas com percepção de saúde positiva, sendo as mesmas mais
ativas.
84
.O instrumento de QVRS utilizado, SF-36, permite pontuar os oito domínios de 0 a 100,
sendo quanto mais próximo do número máximo melhor a qualidade de vida de determinado
domínio. Colocados em ordem crescente, o perfil das idosas em relação aos domínios
investigados é o seguinte: Saúde Mental, Capacidade Funcional, Dor, Estado Geral de Saúde,
Vitalidade, Aspectos Físicos, Aspectos Emocionais e Aspectos Sociais.
Quando se estabelece associação entre os domínios da QVRS e as características sócio-
demográficas e as condições de saúde das idosas. Foi observada uma associação também apenas
em parte, contudo, há maior número de variáveis que apresentam relação significativa.
Foi encontrada associação entre o estrato etário e CF. As idosas mais jovens apresentam
maiores escores.
Na religião, houve diferença significativa entre a religião e os aspectos físicos. As
católicas apresentaram tiveram melhor pontuação.
Na classe econômica foi encontrada relação entre os domínios EGS e AE, sendo em
ambos as idosas da classe C apresentando maiores escores.
Na associação entre o nível de AF e a QVRS das idosas, foi observado que as idosas mais
ativas apresentaram diferença significativa em relação às menos ativas em todos os domínios da
QVRS investigados.
Apesar da promoção da saúde ser uma ação que envolve várias estratégias, acreditamos
que a adesão em programas de atividade física pode contribuir de forma expressiva na qualidade
de vida dessa população, tanto pelo engajamento social que ela representa e sua conseqüência na
saúde mental, como o estímulo positivo nos aspectos físicos, que na prática resulta em maior
autonomia.
85
Deve-se intervir nesta realidade, no sentido de aumentar o nível de AF das idosas, não
apenas daquelas que são menos ativas, mas ampliar a possibilidade de demanda energética nos
domínios da AF que são pouco explorados por aqueles que estão classificados como mais ativos.
86
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo apresenta as seguintes limitações:
O número de pesquisas em idosos no Brasil, utilizando os instrumentos empregados neste
estudo ainda é pequeno, dificultando a discussão com estudos similares.
Apesar da aceitação das idosas em participar do estudo, foi percebida certa dificuldade em
responder algumas questões, destacando, o tempo sentado durante a semana e final de semana.
Com base nas conclusões podemos considerar que:
Considerando a condição de saúde crônica do idoso, nem o indicador de morbidade, nem
os cuidados formais em serviços de saúde podem impactar na qualidade de vida dessa população.
A produção de teoria sobre os vários aspectos da qualidade de vida em idosos nas várias
regiões do país, deve ser um esforço cada vez mais crescente, para que assim se possa intervir de
forma efetiva nos programas de política de atenção ao idoso. Portanto, o instrumento de
qualidade de vida pode ser um indicador importante na avaliação das intervenções de promoção
da saúde em idosos.
A produção de conhecimento na temática investigada deve servir de embasamento teórico
para formulações de ações de promoção da AF em grupos de convivência do município de
Aracaju.
O importante é que as ações voltadas para AF não tenham o intuito apenas de ocupar o
tempo livre do idoso ou de tratá-lo como pessoa incapaz. É preciso evitar estabelecer estruturas
infantilizadoras.
87
Apenas ofertar AF nos grupos de convivência não é suficiente: Programas de promoção
da AF devem ser precedidos de informação sobre seus benefícios, avaliação das condições,
necessidades e expectativas dessa população em relação a uma mudança de comportamento.
Sendo assim, é importante que haja um planejamento de ações voltadas para este grupo
populacional, que tende a crescer cada vez mais, no sentido de preparar a sociedade brasileira
para um envelhecimento mais saudável de sua população, melhorando o nível de atendimento e
de suporte à população idosa, o que certamente diminuirá em muito o impacto sobre a rede
hospitalar, o custo de tratamento de saúde desta população e aumentará a qualidade de vida
adicional adquirida ao longo de décadas.
88
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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VILARTA, R.; GONÇALVES, A. Qualidade de vida – concepções básicas voltadas à saúde. In:
GONÇALVES, A.; VILARTA, R.(org) Qualidade de vida e atividade física: explorando teoria
e prática. São Paulo: Manole, 2004, p.27-62.
99
VIRTUOSO JR., J.S. Medidas de atividades físicas em pessoas idosas. In. BARROS, M.V.G.;
NAHAS, M.V. Medidas da Atividade Física: teoria e aplicação em diversos grupos
populacionais. Londrina: Midiograf, 2003.
WARE, J.E.; SHERBOURNE, C.D. The MOS 36 Item Short-Form Health Survey SF (36). I
Conceptual framework and item selection. Med Care, v.30, p.473-83, 1992.
WASHBURN, R.A. Assessment of physical activity older adults. Research Quarterly for
Exercise and Sport, v.7, n.2, p.79-88, 2000.
WHO. Population aging: a public health challenge. Geneva: World Health Organization Press
Office, 1998.
WOLINSKY, F.D.; JOHNSON, R.L.; STUMP, T.E. The risk of mortality among older adults
over an eight-year period. Gerontologist; 35, p.150-161, 1995.
YUSUF, H.; CROFT, J.; GILES, W., et al. Leisure-time physical activity among older adults.
Arch. Internal Med, v.156, n.12, p.1321-26, 1996.
ZIMERMAN, G.I.. Grupos com idosos. In: ZIMERMAN D.E., et al. Como trabalhamos com
grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, p.23-31, 1997.
100
ANEXOS
101
ANEXO A
AUTORIZAÇÃO DA SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E
CIDADANIA PARA COLETA DE DADOS NOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA
102
103
ANEXO B
APROVAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES HUMANOS DA UFS
104
105
ANEXO C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
106
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EM SERES HUMANOS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ATIVIDADE FÍSICA RELACIONADA À QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS
O principal objetivo desta pesquisa, que está sendo desenvolvida no curso de mestrado em
ciências da saúde da UFS, é avaliar os níveis de Atividade Física e relacionar com a qualidade de
vida em idosos que participam de grupos de convivência no município de Aracaju.
Gostaríamos de contar com vossa colaboração, durante aproximadamente 40 minutos,
para responder a um questionário com várias questões sob a forma de entrevista. Essa pesquisa é
independente das atividades que a senhora realiza nesse centro de convivência, não havendo
nenhum prejuízo caso se recuse a participar desse estudo.
Asseguramos que todas as informações fornecidas pela senhora terão como finalidade o
desenvolvimento desta pesquisa, garantindo-se o anonimato e sigilo das respostas.
Acredita-se que os resultados obtidos possam fornecer subsídios para reformulação e
implantação de programas de Promoção da Saúde visando um estilo de vida mais ativo nos
grupos de convivência.
Após a leitura do presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, solicitamos
vossa autorização para aplicação do questionário da referida pesquisa.
Contando com vossa participação, desde já, agradecemos a colaboração para viabilização
desse trabalho de pesquisa.
Cordialmente,
Prof. Dr. Antônio César Cabral de Oliveira (Orientador) 3212-6536
Prof. José Jean de Oliveira Toscano (Pesquisador) 8807-0814
Nome do entrevistado:__________________________________________________
Assinatura:___________________________________________________________
Nome do Entrevistador:_________________________________________________
Assinatura do Entrevistador:______________________________________________
Aracaju:________/_________/___________
107
ANEXO D
ESTUDO PILOTO
108
ESTUDO PILOTO
O estudo piloto representa um procedimento fundamental para evitar falhas
metodológicas. O objetivo é verificar se os instrumentos e procedimentos funcionarão conforme
especificado nos tipos de sujeitos para os quais a pesquisa está planejada.
Já que os instrumentos: Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), adaptado
por Benedetti (2004); e o de Qualidade de vida SF-36, (CICONELLI et al.1997), estão
devidamente validados e reproduzidos em população idosa no Brasil. Nesse estudo piloto,
objetivou-se aplicar todo o instrumento em um dos grupos de convivência para somente verificar
a relação da equipe de entrevistadores com os idosos e daqueles com as perguntas.
A amostra foi constituída por 23 idosas de um dos grupos de convivência da população do
referido estudo. A média de idade foi de 67,2 ± 5,2 anos.
As idosas demonstraram bastante atenção a explicação geral do objetivo do estudo, logo
depois, individualmente, a interação das idosas com a equipe de entrevistadores transcorreu de
forma cooperativa, apenas em um dos casos, a idosa não tinha condições auditivas para responder
as questões.
A distribuição das idosas com os entrevistadores se deu nas dependências do próprio
espaço físico do centro de convivência, sendo os mesmos dispostos de forma a não interferir na
resposta dos outros.
As entrevistas tiveram um tempo médio de 25 minutos, tempo considerado satisfatório,
pois entrevistas longas perdem aceitabilidade. Mesmo assim, uma idosa demonstrou certa
inquietação quanto ao número de perguntas.
109
Ao final, foi questionado sobre a dificuldade de resposta quanto às questões, em relação
ao IPAQ e ao SF-36. Duas idosas demonstraram dificuldade em responder a uma das questões do
IPAQ, especificamente o tempo sentado durante a semana.
Todas as idosas foram entrevistadas no mesmo dia.
De modo geral, o instrumento demonstrou ser adequado na sua forma de aplicação.
110
ANEXO E
QUADRO DEMONSTRATIVO DOS GRUPOS DE CONVIVÊNCIA
DO MUNICÍPIO DE ARACAJU ATENDIDOS PELA SEMASC
111
112
ANEXO F
CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA BRASIL
113
114
ANEXO G
ROTEIRO DA ENTREVISTA
115
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS / CONDIÇÕES DE SAÚDE
1. Nome_______________________________2. Data de Nascimento:_____/_____/_____
3. Estado civil:
( ) solteira ( ) casada/vivendo com parceiro ( ) separada/divorciada ( ) viúva
4.Qual o nível de escolaridade da Sra.
( ) Sem instrução ( )1 a 3 anos ( )4 a 7 anos ( )8 anos ( )9 a 11 anos ( )11 ou mais
5. Qual a religião da Sra. ( ) Católica ( ) Evangélica ( ) Espírita ( ) Outras_______
6. Atualmente a Sra. é:
( ) Aposentada ( ) Pensionista ( ) Aposentada e Pensionista ( ) Outra____________
7. A Sra. faz Trabalho remunerado? ( ) Sim ( ) Não Se Sim, em que?_______________
8. A Sra. faz Trabalho voluntário? ( ) Sim ( ) Não Se Sim, em que?_______________
9. Qual sua renda individual mensal (salários mínimos)
( ) sem rendimento ( ) Até 1 ( ) + de 1 a 2 ( ) + de 2 a 3 ( ) + de 3 a 5 ( ) + de 5
10. Indique nos espaços abaixo a quantidade (número) de itens que existe em sua casa:
TV em cores ( ) Rádio ( )
Banheiro ( ) Automóvel ( )
Empregada mensalista ( ) Aspirador de pó ( )
Máquina de lavar ( ) Videocassete / DVD ( )
Geladeira ( ) Freezer/ Geladeira duplex ( )
11.A Sra. é o chefe da família? ( ) Sim ( ) Não Se Não, qual o grau de instrução dele?
( )Analfabeto/Primário incompleto ( ) Primário completo/Ginasial incompleto
( )Ginasial completo/Colegial incompleto ( )Colegial completo/Superior incompleto
( )Superior completo.
12. A Sra. Fuma? ( ) Sim ( ) Não. Se Sim, com quantos anos começou a fumar_______
13 A Sra. é portadora de alguma das seguintes doenças ou condições?
( ) Osteoporose ( ) Parkinson ( ) Demência ( ) Depressão
( ) Diabetes ( ) Colest. Alto ( ) Catarata ( ) Tremor
( ) Glaucoma ( ) Tonteiras ( ) Perda Auditiva ( ) Esquecimento
( ) AVC ( ) Prob. Urin. ( ) Perda de peso ( ) Lombalgia
( ) Hip. Arterial ( ) Perda visual ( ) Artrite/Artrose ( ) Outros_______________
116
QUALIDADE DE VIDA (SF-36)
1. Em geral a Sra. diria que sua saúde é:
( ) Excelente ( ) Muito Boa ( ) Boa ( ) Ruim ( ) Muito Ruim
2. Comparada a um ano atrás, como a Sra. classificaria sua saúde em geral, agora?
( ) Muito melhor agora do que a um ano atrás
( ) Um pouco melhor agora do que há um ano atrás
( ) Quase a mesma de um ano atrás
( ) Um pouco pior agora do que há um ano atrás
( ) Muito pior agora do que há um ano atrás
3. Os itens seguintes são sobre atividades que a Sra. poderia fazer atualmente durante um dia
comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldades para fazer essas atividades? Nesse caso,
quanta?
(circule um número em cada linha)
ATIVIDADES Sim,
muita
Sim,
pouca
Não,
nenhuma
a. Atividades vigorosas, que exigem muito esforço, tais
como correr, levantar objetos pesados, participar em
esportes árduos
1
2
3
b. Atividades moderadas, tais como mover uma mesa,
passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa.
1 2 3
c. Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3
d. Subir vários lances de escada 1 2 3
e. Subir um lance de escada 1 2 3
f. Curvar-se ou ajoelhar-se 1 2 3
g. Andar mais de um quilômetro 1 2 3
h. Andar vários quarteirões 1 2 3
i. Andar um quarteirão 1 2 3
j. Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
4. Durante as últimas quatro semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu
trabalho ou com alguma atividade diária regular, como conseqüência de sua saúde física?
Sim Não
a. A quantidade de tempo que levava para fazer suas atividades diminuiu?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que gostaria?
1 2
c. Esteve limitada no seu trabalho ou em outras atividades?
1 2
d. Teve dificuldade para fazer seu trabalho ou outras atividades (p. ex.
necessitou de um esforço extra?
1 2
117
5. Durante as últimas quatro semanas, a senhora teve algum dos seguintes problemas com o seu
trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional
(como sentir-se deprimida ou ansiosa)?
Sim Não
a. A senhora diminuiu a quantidade de tempo que dedicava ao seu
trabalho ou a outras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que gostaria?
1 2
c. Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado
como geralmente faz?
1 2
6. Durante as últimas quatro semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos,
amigos ou ao grupo?
( ) De forma nenhuma ( ) Ligeiramente ( ) Moderadamente
( ) Bastante ( ) Extremamente
7. Durante as últimas quatro semanas, quanta dor no corpo a Sra. teve?
( ) Nenhuma ( )Muito leve ( ) Leve
( ) Moderada ( ) Grave ( ) Muito Grave
8. Durante as últimas quatro semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal
(incluindo o trabalho fora de casa e dentro de casa)?
( ) De maneira nenhuma ( ) Ligeiramente ( ) Moderadamente
( ) Bastante ( ) Extremamente
9. Estas questões são sobre como a Sra. se sente e como tudo tem acontecido com a Sra. durante
as últimas quatro semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime
da maneira como a Sra. se sente.
Todo
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a. Quanto tempo a Sra.
tem se sentido cheia de
vigor, de vontade e de
força?
1 2 3 4 5 6
b.Quanto tempo a Sra. tem
se sentido uma pessoa
muito nervosa?
1 2 3 4 5 6
118
Todo
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma
parte do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
c. Quanto tempo a Sra.
tem se sentido tão
deprimida que nada pode
anima-la?
1
2
3
4
5
6
d. Quanto tempo a Sra.
tem se sentido calma ou
tranqüila?
1
2
3
4
5
6
e. Quanto tempo a Sra.
tem se sentido com muita
energia?
1
2
3
4
5
6
f. Quanto tempo a Sra. tem
se sentido desanimada e
abatida?
1
2
3
4
5
6
g. Quanto tempo a Sra.
tem se sentido esgotada?
1 2 3 4 5 6
h. Quanto tempo a Sra.
tem se sentido uma pessoa
feliz?
1
2
3
4
5
6
i. Quanto tempo a Sra. tem
se sentido cansada?
1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas
emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc.)?
( 1 ) Todo o tempo ( 2 ) A maior parte do tempo ( 3 ) Alguma parte do tempo
( 4 ) Uma pequena parte do tempo ( 5 ) Nenhuma parte do tempo
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para a Sra.?
Sempre
verdade
Quase
sempre
verdade
Não
sabe
Quase
sempre
falsa
Sempre
falsa
a. A Sra. costuma adoecer um pouco
mais facilmente que as outras pessoas?
b. A Sra. é tão saudável quanto
qualquer pessoa que conhece?
c. A Sra. acha que sua saúde vai
piorar?
d. A sua saúde é excelente?
119
120
121
Data de Hoje:________ Duração:___________
122
123
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