RESUMO
A proposta deste estudo foi avaliar, nos aspectos temporal e de amplitude, a
atividade elétrica dos músculos vasto medial oblíquo (VMO), vasto lateral longo (VLL)
e vasto lateral oblíquo (VLO) nos exercícios de step frontal: subida (SFS) e descida
(SFD) e step posterior: subida (SPS) e descida (SPD). Foram avaliados 27 indivíduos do
sexo feminino divididos em dois grupos: 15 clinicamente normais – Grupo Controle
(21,13 ± 2,17 anos) e 12 portadores da Síndrome da Dor Femoropatelar - SDFP (21,08
± 2,31). A altura do step foi regulada para dois ângulos - 45º e 75º - de flexão da
articulação do joelho. Um metrônomo auxiliou os voluntários quanto ao tempo de
execução do exercício, um eletrogoniômetro foi utilizado para controlar o ângulo de
flexão do joelho e um sensor de pressão foi utilizado para informar quanto ao início e o
final de cada exercício. A atividade elétrica foi captada por meio de eletrodos ativos
diferenciais simples de superfície, um eletromiógrafo de 8 canais (EMG System do
Brasil) e um programa de aquisição de dados (AqDados 7.02.06). O sinal elétrico
captado foi tratado por rotinas do software Matlab 6.1 que calcularam o tempo de início
da ativação elétrica para cada músculo (análise temporal) e a integral matemática da
área abaixo da envoltória do sinal retificado e filtrado (análise de amplitude). Os valores
da integral foram normalizados pela média das três contrações para cada músculo e
posteriormente calculada as relações VMO: VLO e VMO: VLL. O tempo relativo de
ativação foi determinado subtraindo-se o tempo de ativação do VLL e do VLO do
tempo de ativação do VMO (VMO - VLO e VMO-VLL). O teste t - Student (p ≤ 0,05)
revelou que, no exercício de subida no step a 75º, houve diferença significativa no
tempo relativo de ativação entre os grupos, tanto para o step frontal: VMO-VLO (p =
0,000) e VMO-VLL (p = 0,000), quanto para o step posterior: VMO-VLO (p = 0,000) e
VMO-VLL (p = 0,000). No grupo Controle prevaleceu uma ativação antecipada do
VMO em relação aos músculos VLL e VLO; já no grupo SDFP houve prevalência da
ativação simultânea e tardia do VMO em relação aos demais músculos. A ANOVA
thre-way e o teste de Duncan (p≤ 0,05) revelaram diferenças na relação VMO:VLO e
VMO:VLL quando comparados os grupos Controle e SDFP (p = 0,014). Os valores da
relação VMO:VLO e VMO:VLL foram significativamente maiores no step a 45º do que
a 75º (p = 0,000 e p = 0,016, respectivamente) nos dois grupos. A comparação entre os
exercícios realizados dentro de uma mesma angulação de step revelou que tanto a
relação VMO:VLO quanto VMO:VLL sempre foram maiores no SFS quando
comparado ao SFD (p = 0,010), ao SPS (p = 0,040) e ao SPD (p = 0,000). Não houve
diferença entre a SFD e a SPS (p=0,570) ou a SPD (p = 0,090). No grupo Controle o
SPS foi menor que a SPD (p = 0,030), enquanto que no grupo SDFP ocorreu o inverso
nas duas relações em ambos os steps. Nossos resultados sugerem haver diferenças no
controle motor entre os grupos quanto ao recrutamento muscular, tanto no step frontal
quanto no posterior no ângulo de 75º. Na análise da amplitude, o step a 45 º parece
recrutar mais seletivamente o músculo VMO em relação ao VLL e VLO do que no step
a 75º, podendo ser utilizado preferencialmente no tratamento de indivíduos portadores
de SDFP. Quanto à modalidade de step, o exercício de subida frontal (SFS) parece ser o
mais indicado quando o objetivo for a ativação seletiva do músculo VMO
principalmente no step a 45º.
Palavras – chave: Joelho, Dor Femoropatelar, EMG, Step, Exercícios, Quadríceps.