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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA
Atividade antioxidante, composição fenólica e mineral
de vinhos espumantes brasileiros
CLÁUDIA ALBERICI STEFENON
Caxias do Sul
2006
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ii
CLÁUDIA ALBERICI STEFENON
Atividade antioxidante, composição fenólica e mineral
de vinhos espumantes brasileiros
Caxias do Sul
2006
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Biotecnologia da Universidade
de Caxias do Sul, visando a obtenção do grau de
Mestre em Biotecnologia.
Orientadora: Prof
a
Dr
a
Mirian Salvador
Co-orientador: Prof Dr João A.P. Henriques
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iii
Dedico esse trabalho aos meus pais Antonio (in
memorian) e Lourdes pelos ensinamentos ao longo
da vida; a minha ir Luciana pelo carinhoso
incentivo; aos meus filhos Anderson e Caio, fonte de
amor e coragem para enfrentar e ultrapassar todos
os obstáculos, e ao meu amado esposo Ivo pelo amor
e apoio incondicionais durante esta caminhada.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram para o sucesso desse trabalho, especialmente:
À Prof
a
Dr
a
Mirian Salvador, pela orientação, confiança e amizade e ao Prof. Dr. João
A. P. Henriques, pela co-orientação, incentivo e amizade;
À Prof
a
Dr
a
Regina Vanderlinde, à Prof
a
Dr
a
Maria Lúcia Yoneama e ao Prof. Dr.
Jhonny Ferraz Dias, pela colaboração e companheirismo;
À CAPES, ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia a à Pró-Reitoria de Pós-
Graduação e Pesquisa da Universidade de Caxias do Sul;
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia desta Universidade,
especialmente ao coordenador do Curso, Prof. Dr. Maurício M. da Silveira;
Aos funcionários do INBI/UCS, especialmente à Claudia B. Marques, pela paciência e
amizade e aos colegas do Laboratório de Alimentos, em especial à Luciana Kurz, pela
agradável convivência e amizade;
Às bolsistas de iniciação científica, especialmente à Camila de Martini Bonesi e
Mariangela Colombo, pelo carinho e presença constante durante esta jornada.
Aos colegas de curso, em especial à minha grande amiga Morgane P. Franzoni, pelo
apoio e amizade incondicional;
Ao Laboratório Randon Ltda pela imprescindível parceria e credibilidade aportada a
esta dissertação.
Às empresas vinícolas, Casa Valduga Ltda, Cave de Amadeu Ltda, Cooperativa
Vinícola Aurora Ltda, Estabelecimento Vinícola Armando Peterlongo Ltda, Möet Henessy
Vinhos e Destilados; Vinhos Salton S/A e Vinícola Monte Lemos Ltda, por terem cedido
gentilmente as amostras utilizadas neste trabalho e à Associação Brasileira de Enologia, pela
constante luta pelo reconhecimento do papel do enólogo nas diversas áreas de atuação desta
profissão.
A Deus, por ter iluminado meus passos até aqui.
v
“Caso acredite
-
se que o vinho possua um
composto protetor contra doenças, então
devemos considerar quase um sacrilégio
tentar isolar esta substância. O medicamento
se encontra pronto e em uma forma
altamente palatável.”
St. Leger et al., 1979.
vi
ÍNDICE
LISTA DE TABELAS E QUADRO.....................................................................................viii
LISTA DE FIGURAS.........................................................................................................x
LISTA DE ABREVIATURAS...........................................................................................xi
RESUMO................................................................................................................................xii
ABSTRACT...........................................................................................................................xiii
1.INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1
2. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 3
2.1 Substâncias antioxidantes presentes em uvas e vinhos................................................ 3
2.1.1 Polifenóis.....................................................................................................................4
2.1.1.1 Polifenóis não-flavonóides....................................................................................... 6
2.1.1.2 Polifenóis flavonóides.............................................................................................. 7
2.1.1.3 Ácido L-ascórbico.................................................................................................. 10
2.2 Vinhos espumantes...................................................................................................... 12
2.3 Avaliação da atividade antioxidante........................................................................... 15
2.4 Quantificação de polifenóis......................................................................................... 16
2.5 Metais em uvas e vinhos.............................................................................................. 16
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 19
3.1 Artigo 1 - Antioxidant activity of sparkling wines made using Charmat and
Champenoise Methods ...................................................................................................... 20
3.2 Artigo 2 - Influência da Segunda Fermentação na Composição Fenólica e Mineral
de Vinhos Espumantes...................................................................................................... 47
3.3. Considerações gerais e perspectivas.......................................................................... 71
vii
4. CONCLUSÕES............................................................................................................. 77
5. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR........................................................................ 78
ANEXO I..............................................................................................................................I
ANEXO I I ........................................................................................................................III
viii
LISTA DE TABELAS E QUADRO
Quadro 1. Classificação dos compostos fenólicos de acordo com o esqueleto básico ..........4
ARTIGO 1
Table 1. Main characteristics of the sparkling wines studied ............................................ 37
Table 2. Mean concentration values of sugar, total polyphenols, total flavonoids, total
hydroxicinnamates (TH) and
ascorbic acid in the sparkling wines analyzed
..........................38
Table 3
. Phenolic compounds (mg/L) identified by HPLC
in the sparkling wines analyzed
....39
Table 4. Anthocyanin contents (mg/L) identified by HPLC in red/rosé spakling wines... 40
Table 5. Mean
values of IC
50
for the different sparkling wines analyzed
..................................41
Table 6. Mean survival values of the Saccharomyces cerevisae yeast treated with hydrogen
peroxide (H
2
O
2
) 75mM in the presence and absence of the different sparkling wines ..... 42
Table 7. Variance explained by the first PCs ..................................................................... 43
ARTIGO 2
Tabela 1. Principais características dos vinhos base e espumantes estudados .................. 51
Tabela 2. Valores médios dos principais parâmetros enológicos dos vinhos base e
espumantes analisados.........................................................................................................55
Tabela 3. Valores médios da concnetração de ácido ascórbico, polifenóis totais,
flavonóides totais, hidroxicinamatos totais e pressão nas amostras analisadas.................57
Tabela 4. Compostos fenólicos identificados por CLAE nos vinhos base e nos seus
respectivos espumantes........................................................................................................59
Tabela 5. Teor de metais determinado nas diferentes amostras de vinhos espumantes
através da técnica de PIXE..................................................................................................61
ix
ANEXO I
Tabela I.1. Teor de Metais Determinado nas Diferentes Amostras de Vinhos Espumantes
Através da Técnica de PIXE.................................................................................................II
ANEXO II
Tabela II.1. Valores Médios de IC
50
para os Diferentes Vinhos base e Espumantes
Analisados ............................................................................................................................IV
Tabela II.2. Valores Médios de Sobrevivência da Levedura Saccharomyces cerevisiae
Tratada com Peróxido de Hidrogênio 75mM em Presença e Ausência dos Diferentes
Vinhos base e Espumantes.................................................................................................... V
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema simplificado da biossíntese dos compostos fenólicos..............................5
Figura 2. Estruturas dos ácidos gálico (a) e elágico (b) ........................................................6
Figura 3. Estrutura do ácido caféico.....................................................................................7
Figura 4. Estrutura do resveratrol (trans 3,5,4
'
- trihidroxiestilbeno) .................................7
Figura 5. Estrutura da (+)-catequina (R
1
= H, R
2
= OH e R
3
= H) e da (-)-epicatequina (R
1
= OH, R
2
= H e R
3
= H)..........................................................................................................8
Figura 6. Estrutura das antocianinas mais freqüentemente encontradas na natureza.......9
Figura 7. Estrutura das procianidinas B
1
, B
2,
B
3
e
B
4
.........................................................10
Figura 8. Estrutura do ácido L-ascórbico .......................................................................... 11
Figura 9. Esquema simplificado dos métodos de elaboração de vinhos espumantes
Charmat (a) e Champenoise (b) ........................................................................................... 14
Figura 10. Princípio básico da técnica de PIXE ................................................................. 18
ARTIGO 1
Fig. 1. Scores plot of the phenolic compounds and main characteristics of the
Champenoise sparkling wines using the two first principal components obtained by
PCA……………………………………………………………………………………………44
Table 2. Scores plot of the phenolic compounds and main characteristics of the Charmat
Demi-sec sparkling wines using the two first principal components obtained by PCA… 45
Table 3
.
Scores plot of the phenolic compounds and main characteristics of the Charmat
Brut sparkling wines using the two first principal components obtained by PCA........... 46
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
GA - Galic Acid
AM - Alexandria Muscat
C - Catechin
CH - Chardonnay
CLAE - Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
CMa - Candia Malvasia
CMu - Canelli Muscat
CS - Cabernet Sauvignon
DE - Dry Extract
DPPH
- 1,1-Difenil 2-Picrilhidrazil
EC – Epicatechin
H
2
O
2
- Peróxido de Hidrogênio
IR - Italic Riesling
MaB - Malvasia Bianca
MaC - Malvasia de Cândia
MB – Moscato Bianco
ME – Merlot
MoC – Moscato Canelli
PIXE - Particle-Induced X-Ray Emission
PN - Pinot Noir
ProB1, B2, B3 e B4 - Procyanidins B1, B2, B3 e B4
PR - Prosecco
RDE - Reduced Dry Extract
SE - Semillon
UV - Ultra-Violeta
WMu - White Muscat
WMa - White Malvasia
xii
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade antioxidante de vinhos
espumantes Brasileiros provenientes da Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul, Brasil, elaborados
através dos métodos Charmat e Champenoise, bem como identificar as possíveis
modificações no perfil fenólico e mineral decorrentes da segunda fermentação dos vinhos
base. A medida da atividade antioxidante in vitro baseou-se na capacidade de varredura dos
diferentes vinhos espumantes frente ao radical livre 1,1 difenil-2-picrilhidrazil (DPPH
·
). Os
estudos in vivo foram realizados em células eucarióticas da levedura Saccharomyces
cerevisiae tratadas com os vinhos espumantes e com o agente oxidante peróxido de
hidrogênio. A composição fenólica foi avaliada por cromatografia líquida de alta eficiência
(CLAE) e o perfil mineral foi determinado através da técnica de PIXE (particle-induced X-ray
emission). Os vinhos espumantes Charmat e Champenoise, tanto brut quanto demi-sec,
apresentaram significativa atividade antioxidante, a qual foi associada à presença de
compostos fenólicos. De modo geral, espumantes Charmat brut apresentaram maior atividade
antioxidante que os Charmat demi-sec e os Champenoise. Após a segunda fermentação,
observou-se uma significativa redução na concentração de polifenóis totais e flavonóides
totais nos espumantes Charmat e um aumento destes compostos nos Champenoise. A
concentração de hidroxicinamatos totais e de metais diminuiu após a segunda fermentação,
independentemente do método de elaboração. Após a segunda fermentação, verificou-se
aumento nas atividades antioxidantes em comparação com os respectivos vinhos base.
Embora outros estudos sejam necessários, este trabalho demonstra o potencial antioxidante
dos vinhos espumantes Charmat e Champenoise, bem como as diferenças encontradas na
composição fenólica e mineral após a segunda fermentação.
xiii
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the antioxidant capacity of Brazilian
sparkling wines of Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul, Brasil, elaborated by Charmat and
Champenoise methods, as well as identifying any possible modification in the phenolic and
mineral composition after the second fermentation of the base wine. In vitro, antioxidant
activity was determined by the capacity of the different sparkling wines to scavenge the free
radical 1,1 difenyl-2-picrylhydrazyl (DPPH
·
). In vivo, studies were done using
Saccharomyces cerevisiae eukaryotic cells treated with the sparkling wines and/or with the
oxidant agent hydrogen peroxide. The phenolic composition was evaluated by high
performance liquid chromatography (HPLC) and the mineral profile was determined by
PIXE (particle-induced X-ray emission) technique. Brut and demi-sec Charmat and
Champenoise sparkling wines presented significant antioxidant activity, which was associated
to the presence of phenolic compounds. In general, the Charmat brut sparkling wines
presented higher antioxidant activity than the Charmat demi-sec and Champenoise wines.
After the second fermentation, it was observed a significant reduction in the concentration of
both total phenolic compounds and total flavonoids in Charmat sparkling wines and increased
titres of these compounds in Champenoise wines. Total hidroxycinamate and metal
concentrations decreased after the second fermentation, despite of the elaboration method.
After the second fermentation, increased antioxidant activities were observed in comparison
to the respective base wines. Although further studies are needed, this work reveals the
antioxidant activity of the sparkling wines Charmat and Champenoise, as well as the
differences found in the phenolic and mineral profile after the second fermentation.
1. INTRODUÇÃO
Inúmeros estudos demonstraram que o consumo moderado de vinhos,
principalmente tintos, pode trazer benefícios à saúde humana. Acredita-se que este efeito
benéfico ocorra devido à presença, nestes vinhos, de compostos fenólicos, os quais podem
agir como queladores de íons metálicos e/ou seqüestradores de espécies reativas, que estão
associadas a várias doenças como, por exemplo, mal de Parkinson, esclerose múltipla,
retinopatias, aterosclerose, infarto do miocárdio, efisema pulmonar, cirrose hepática e vários
tipos de câncer.
Os vinhos espumantes são obtidos através da segunda fermentação de vinhos
convencionais, denominados de vinhos base, objetivando a produção natural de dióxido de
carbono
(espumantização). Os principais métodos de elaboração utilizados o os processos
Charmat (segunda fermentação em grandes recipientes vinários) e Champenoise (segunda
fermentação na própria garrafa). No Brasil, os vinhos utilizados para a elaboração de vinhos
espumantes são oriundos de uvas da espécie Vitis vinifera, com concentrações finais de açúcar
variáveis em função do tipo de vinho espumante como, por exemplo, até 15,0 g.L
-1
(brut) e
entre 15,1 a 20,0 g.L
-1
(demi-sec).
Acredita-se que o perfil fenólico dos vinhos espumantes seja similar ao do seu
respectivo vinho base, que pode ser elaborado somente com variedades brancas (base blanc
de blancs) ou através de mesclas entre cultivares brancas e tintas (base blanc de noirs). Até o
momento, não existem dados sobre as modificações nos perfis fenólico e mineral decorrentes
da segunda fermentação. Além disso, também são pouco conhecidos os benefícios que o
consumo moderado de vinhos espumantes poderia aportar à saúde humana.
2
No Brasil, em 2004, mais de cinco milhões de litros de vinhos espumantes foram
consumidos, com a aptidão da Serra Gaúcha para a elaboração de espumantes já sendo
reconhecida e comparada à da mais importante região do mundo, a Champagne, na França.
Em vista disso, este trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade antioxidante de
vinhos espumantes brasileiros elaborados pelos métodos Charmat e Champenoise, bem como
determinar a concentração dos compostos fenólicos e de metais destas amostras. A influência
da concentração de açúcar e do tipo de uva e/ou assemblage na atividade antioxidante
também foi investigada. Além disso, verificou-se o efeito da segunda fermentação nos perfis
fenólico e mineral dos vinhos espumantes.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Substâncias antioxidantes presentes em uvas e vinhos
Antioxidantes são compostos que podem auxiliar na manutenção do equilíbrio redox,
funcionando como bloqueadores dos processos de óxido-redução desencadeados por espécies
reativas em excesso. Entre os antioxidantes mais conhecidos, podem-se citar as vitaminas,
principalmente A, C e E, e os polifenóis, entre outros compostos (Halliwell & Gutteridge,
1999).
Os vinhos possuem quantidades significativas de polifenóis (ácidos fenólicos,
estilbenos, flavonóides, etc.), além de outros compostos, como por exemplo, o ácido
ascórbico (Ribéreau-Gayon et al., 2003), e apresentam, portanto, reconhecida atividade
antioxidante, a qual está associada à prevenção de cardiopatias e ncer, principalmente (Cui
et al., 2002; Eng et al., 2003; Da Luz & Coimbra et al., 2004; Newaz et al., 2005).
Uma vez que os vinhos espumantes são elaborados através da segunda fermentação de
vinhos base (obtidos de uvas brancas, rosadas e/ou tintas), acredita-se que sua composição
fenólica seja semelhante. Entretanto, até o momento, o existem estudos sobre o perfil
fenólico dos vinhos espumantes elaborados no Brasil e a relação com sua possível atividade
antioxidante.
4
2.1.1 Polifenóis
Os polifenóis possuem, no mínimo, um anel aromático no qual, ao menos um
hidrogênio é substituído por um grupamento hidroxila. Podem ser classificados, segundo o
tipo de esqueleto principal, em não-flavonóides e flavonóides, conforme representado na
Tabela 1 (Carvalho et al., 2001).
Quadro 1. Classificação dos compostos fenólicos de acordo com o esqueleto básico
(adaptado de Carvalho et al., 2001).
Nomenclatura
Esqueleto Básico
(C6
CX)*
Classes de Polifenóis
C6 Fenóis simples, benzoquinonas
C6
C1 Derivados do ácido benzóico
C6
C2 Acetofenonas e ácidos fenilacéticos
C6
C3 Fenilpropanóides, derivados dos ácidos cinâmicos
C6
C4 Naftoquinonas
C6
C1
C6 Xantonas
NÃO-FLAVONÓIDES
C6
C2
C6
Estilbenos
C6
C3
C6 Flavonóides
(C6
C3)
2
Lignanas
(C6
C3
C6)
2
Diflavonóides
(C6)
n
Melaninas vegetais
(C6
C3)
n
Ligninas
(C6
C1)
n
Taninos hidrolisáveis
FLAVONÓIDES
(C6
C3
C6)
n
Procianidinas ou taninos condensados
* C6 corresponde ao anel benzênico e CX à cadeia substituinte com X átomos de carbono.
Aos polifenóis, em geral, atribui-se a capacidade de quelar metais, seqüestrar o radical
superóxido e o oxigênio singlet. Os polifenóis apresentam, ainda, atividade antitrombótica,
antinflamatória, antiviral, antialérgica e de proteção aos hepatócitos (Croft, 1998; Landrault et
al., 2001; Roig et al., 2002; Yilmaz & Toledo, 2004).
5
A biossíntese dos polifenóis pode ocorrer a partir de carboidratos, através de duas
rotas biogenéticas (Figura 1): pela via do ácido chiquímico (A) ou pela via do acetato-
polimalato (B). A origem biogenética determina o padrão de substituintes do polifenol
resultante. Dessa maneira, através da rota do ácido chiquímico, obtêm-se compostos com
grupos hidroxilas em posição orto, que se formam a partir do ácido cinâmico. Por outro lado,
pela rota acetato-polimalato, originam-se compostos com grupos hidroxilas em posição meta
(Croft, 1998; Carvalho et al., 2001).
Figura 1. Esquema simplificado da biossíntese dos compostos fenólicos (adaptada de
Carvalho et al., 2001; Rosier, 2003).
CHALCONAS
(precursor comum)
PIRUVATO
TANINOS
ACETIL CoA
MALONIL CoA
FLAVONÓIDES
ERITROSE 4P
Ácido
CHIQUÍMICO
ANTOCIANINAS
Ácido
CINÂMICO
Ácido
BENZÓICO
FENILALANINA
Fenóis
Via das
PENTOSES
Fosfoenol
piruvato
Via
GLICOLÍTICA
(A) (B)
HEXOSES
6
Em videiras, as características genéticas de cada variedade influenciam diretamente a
formação de compostos fenólicos (Bowers et al., 1993; Boulton et al., 1995). Diversos
fatores vitícolas estão intrinsecamente ligados ao processo de biossíntese, tais como, porta-
enxerto, temperatura, umidade, exposição solar, tipo de solo, adubação e manejo do dossel,
bem como, da maturação da uva e suas sementes (Boulton et al., 1995; Yokotsuka et al.,
1999; Delgado et al., 2004; Cortell et al., 2005), entre outros. No processo de elaboração de
vinhos espumantes a concentração de polifenóis varia também em função das diversas
técnicas que podem ser utilizadas, tais como: rendimento da prensagem, tempo e temperatura
de maceração, levedura utilizada, período fermentativo, clarificação, estabilização, filtração,
amadurecimento e envelhecimento (Singleton et al., 1983; Cheynier et al., 1993; Mayén et
al., 1995; Wightman et al., 1997; Vasserot et al., 1997; Fuhrman et al., 2001; Dunn et al.,
2005; Mazauric & Salmon, 2005), entre outros.
2.1.1.1 Polifenóis não-flavonóides
Entre os compostos denominados não-flavonóides, os derivados do ácido benzóico, do
ácido cinâmico e estilbenos merecem atenção especial. O ácido gálico é o derivado do ácido
benzóico mais importante em enologia e é encontrado na natureza geralmente na forma de seu
dímero de condensação, o ácido elágico (Figura 2, Carvalho et al., 2001). Atua como varredor
de radicais livres em pH estomacal (Jamroz & Beltowski, 2001), além de possuir atividades
antifúngica e antiinflamatória (Yilmaz & Toledo, 2004).
Figura 2. Estruturas dos ácidos gálico (a) e elágico (b) (Ribéreau-Gayon et al., 2003).
7
Entre os derivados do ácido cinâmico distribuídos no reino vegetal estão os ácidos
caféico e ferúlico. O ácido caféico (Figura 3) é um dos compostos mais encontrados (na forma
livre ou esterificada com o ácido tartárico) em vinhos brancos (Andrés-Lacueva et al., 2002;
Ribéreau-Gayon et al., 2003). Apresenta atividade antibacteriana e antiviral e é capaz de
inibir a enzima lipoxigenase, que está relacionada com a biossíntese de leucotrienos e
prostaglandinas (Trueba & Sanchez, 2001).
Figura 3. Estrutura do ácido caféico (Ribéreau-Gayon et al., 2003).
O resveratrol (trans 3,5,4’ trihidroxiestilbeno) é um estilbeno presente em vinhos,
principalmente tintos. Por ser uma das fitoalexinas responsáveis pela resposta imune da
planta a ataques fúngicos, o seu teor é dependente do nível de estresse sob o qual se
encontrava a videira durante a produção do fruto (Flanzy, 2003). O resveratrol (Figura 4)
apresenta atividade antioxidante in vivo, propriedades antiaterogênica, apoptótica e de
redução dos riscos de câncer (Leiro et al., 2004; Yilmaz & Toledo, 2004).
Figura 4. Estrutura do resveratrol (Flanzy, 2003).
2.1.1.2 Polifenóis flavonóides
Os flavonóides estão presentes em plantas, frutos, verduras e legumes e são
responsáveis, muitas vezes, pelo odor e cor dos vegetais (Croft, 1998). Estes compostos
HO
8
possuem um esqueleto de quinze átomos de carbono (C6-C3-C6) caracterizados pela presença
de dois anéis aromáticos unidos por um heterociclo oxigenado (Trueba & Sánchez, 2001;
Flanzy, 2003; Ribéreau-Gayon et al., 2003).
As subclasses mais estudadas de flavonóides são as flavanonas (hesperidina,
naringenina), flavonas (apigenina, luteolina), flavonóis (quercetina, miricetina), flavanóis
(catequina, epicatequina, taninos condensados) e isoflavonas (genesteína, daizeína) (Ross &
Kasum, 2002). As estruturas da (+)-catequina e da (-)-epicatequina, compostos abundantes em
vinhos, são mostradas na Figura 5.
Figura 5. Estrutura da (+)-catequina (R
1
= H, R
2
= OH e R
3
= H) e da (-)-epicatequina (R
1
=
OH, R
2
= H e R
3
= H) (Flanzy, 2003).
As antocianidinas (forma livre) se apresentam mais estáveis quando ligadas a uma
molécula de úcar, em geral glicose ou galactose. Podem fazer parte de grandes complexos
coloridos e/ou estarem complexadas com diferentes metais (Croft, 1998; Zuanazzi et al.,
2001). Entre as antocianinas mais freqüentemente encontradas na natureza (Figura 6), a mais
abundante em variedades de Vitis vinifera tintas é denominada de 3-monoglicosídio de
malvidina (Ribéreau-Gayon et al., 2003) e apresenta importante capacidade antioxidante
frente às espécies reativas do oxigênio (Sánchez-Moreno et al., 2003).
9
Figura 6. Estruturas das antocianinas mais freqüentemente encontradas na natureza (Cabrita
et al., 2003).
Os taninos (derivados da polimerização de moléculas elementares de função fenol) são
classificados, segundo sua estrutura química, em: a) taninos hidrolisáveis, compreendendo os
galotaninos e os elagitaninos, os quais liberam, após hidrólise ácida, os ácidos gálico e
elágico; b) taninos condensados, formados pela condensação de duas ou mais unidades 3-
flavanol (catequina ou epicatequina), também denominados de procianidinas, por possuírem a
propriedade de liberar as antocianidinas (Flanzy, 2003; Ribéreau-Gayon et al., 2003; Santos
& Mello, 2001). As procianidinas (Figura 7) B
1
, B
2
, B
3
e B
4
(dímeros resultantes da
condensação de duas unidades de 3-flavanol unidas em C4-C8) atuam como protetores da
membrana celular, inibidores da peroxidação lipídica, varredores de radicais livres e
queladores de metais (Roig et al., 2002).
Várias classes de flavonóides mostraram capacidade de diminuir a formação de
malondialdeído (um produto decorrente da peroxidação lipídica) e de seqüestrar radical
hidroxila (Puppo, 1992). A atividade varredora dos flavonóides tem sido observada, também,
contra espécies reativas do nitrogênio e do ácido hipocloroso (Cotelle et al., 1996; Van Acker
et al., 1998; De Groot & Rauen, 1998).
10
Figura 7. Estruturas das procianidinas B
1
, B
2
, B
3
e B
4
(Cabrita et al., 2003).
2.1.1.3 Ácido L-ascórbico
O ácido L-ascórbico ou vitamina C (Figura 8) é um importante antioxidante com
diversas funções metabólicas em plantas, animais e fungos. (Smirnoff et al., 2001; Valpuesta
& Botella, 2004). Humanos, além de primatas e outros mamíferos, não são capazes de
sintetizar o ácido L-ascórbico, pois o gene responsável pela codificação da enzima
responsável pelo último passo na via encontra-se não funcional (Valpuesta & Botella, 2004).
Devido à sua importância para o organismo humano (formação do tecido conjuntivo,
transporte de íons, proteção das células contra os danos causados por radicais livres, etc.),
alimentos ricos em ácido L-ascórbico vêm sendo incorporados à dieta muito tempo
(Valpuesta & Botella, 2004; Newaz et al., 2005). Em plantas, além do papel antioxidante, a
vitamina C está associada ao crescimento celular e a biossíntese de ácido giberélico
(regulador de crescimento), antocianinas e inúmeros metabólitos secundários (Barata-Soares
et al., 2004).
11
Figura 8. Estrutura do ácido L-ascórbico (Hancock et al., 2000).
Em fungos, incluindo leveduras do gênero Saccharomyces, ocorre a biossíntese de D-
eritroascorbato, um análogo do ácido ascórbico, a partir de uma molécula de D-arabinose
(Smirnoff et al., 2001). Em S. cerevisiae, especificamente, a formação de ácido L-ascórbico
ocorre quando as lulas são crescidas em meios de cultura contendo L-galactose, L-
galactona-1,4-lactona ou L-gulona-1,4-lactona (Hancock et al., 2000; Sauer et al., 2004). Em
vinhos, existem pequenas quantidades de arabinose e galactose, o que poderia favorecer a
biossíntese de ácido ascórbico durante a segunda fermentação. Além disso, as substâncias
pécticas dos vinhos também podem colaborar na biogênese deste ácido. (Ribéreau-Gayon et
al., 2003).
Diferentes espécies de plantas possuem, caracteristicamente, distintas concentrações
de ácido L-ascórbico. Os altos teores encontrados nas folhas sugerem que a biossíntese deste
ácido pode ser regulada pela oferta de luz. Em uvas, de acordo com o estágio de maturação, a
concentração oscila em torno de 50 mg.L
-1
(Ribéreau-Gayon et al., 2003). Nos vinhos e
espumantes, diferentes teores de ácido ascórbico podem ser encontrados em função da
variedade e grau de maturação das uvas, das práticas de vinificação (Ribéreau-Gayon et al.,
2003), da adição deste ácido como coadjuvante ao dióxido de enxofre (Marks & Morris,
1993) e da levedura utilizada (Hancock et al., 2000; Sauer et al., 2004), entre outros aspectos.
12
2.2 Vinhos espumantes
Este tipo de vinho é atualmente produzido na maioria dos países vitivinícolas,
incluindo o Brasil. Os vinhos espumantes recebem diferentes denominações em função do
país de origem, como, por exemplo, Champagne na França, Cavas na Espanha, sparkling
wine nos Estados Unidos, spumanti na Itália, vinho espumante no Brasil, etc. De acordo com
a Legislação Brasileira (Decreto 99.066 de 08/03/1990), os vinhos espumantes podem ser
elaborados somente com cultivares Vitis vinifera.
Em síntese, o processo de elaboração de vinhos espumantes consiste, primeiramente,
na obtenção do vinho base, que ocorre através da transformação da matéria-prima (uva) em
vinho. O vinho base pode ser obtido de variedades brancas (base blanc de blancs) ou através
de mesclas entre cultivares brancas e tintas (base blanc de noirs). Após, procede-se a segunda
fermentação, que pode ocorrer através dos métodos Charmat (grandes recipientes vinários) ou
Champenoise (na própria garrafa) (Flanzy, 2003; Ribéreau-Gayon et al., 2003). Além disso,
inúmeras variações são possíveis no que diz respeito ao teor de açúcar, tais como, até 6,0 g.L
-1
(extra-brut), de 6,1 a 15,0 g.L
-1
(brut), de 15,1 a 20,0 g.L
-1
(seco), de 20,1 a 60,0 g.L
-1
(demi-
sec) e mais de 60,0 g.L
-1
(doce) (Decreto 99.066 de 08/03/1990), sendo que os espumantes
Champenoise, são normalmente elaborados dentro das classes extra-brut a seco.
O método Charmat (Figura 9) é iniciado com a escolha de um assemblage (mistura
harmoniosa entre os vinhos que farão parte do produto final) ou de um vinho varietal (vinho
com no mínimo 75% de uma determinada uva). O vinho base é transferido para recipientes
vinários resistentes à pressão (autoclaves) e adiciona-se licor de tirage (uma parcela de vinho
base, açúcar refinado e leveduras em uma proporção necessária para atingir uma pressão de de
cerca 6 atmosferas). Desta forma, a segunda fermentação torna-se um processo mais pido,
sendo que a temperatura é controlada (~ 10ºC) e o período de fermentação pode levar de dias
a algumas semanas. A técnica sur lie (autólise das leveduras) pode ser realizada (a duração é
13
variável, mas não costuma ultrapassar um período de 6 meses). Após alguns dias de repouso à
baixa temperatura efetuam-se as transferências para as cubas de acabamento (para
determinação da concentração final de açúcar), filtração e engarrafamento (Flanzy, 2003;
Miele & Miolo, 2003).
O método Champenoise (Figura 9) também é iniciado com a obtenção do vinho base
(assemblage ou varietal). Este vinho é então engarrafado e adiciona-se licor de tirage. A
segunda fermentação é um processo lento, que ocorre em ambientes com temperatura
controlada (+/- 10ºC) e dura em média 60 dias. A próxima etapa é a sur lie, em que o vinho
espumante permanece por um período mínimo de 8 meses a uma temperatura que varia de 15
a 18ºC. Após o período de envelhecimento, efetua-se o remuage para decantar os sedimentos
(aproximadamente 20 dias). Finaliza-se o processo através do dégorgement (descarte dos
sedimentos), adição de licor de expedição (para determinar da concentração final de açúcar) e
uso de conservantes (Flanzy, 2003; Miele & Miolo, 2003).
Uma vez que os vinhos espumantes são elaborados a partir de uvas brancas e/ou tintas
(com ou sem maceração pelicular), acreditasse que sua composição seja função das
características de cada varietal e do processo de elaboração, devendo-se considerar, no
entanto, o aporte de polifenóis em produtos obtidos com a participação de vinhos tintos
(espumantes rosados ou tintos) (Andrés-Lacueva et al., 2002; Sanchéz-Moreno et al., 2003;
Fragopoulou et al., 2003; Pozo-Bayón et al., 2004). A presença de hidroxicinamatos (em
especial, ácido caftárico e coutárico) e trans-resveratrol foi descrita em espumantes
elaborados com a participação de variedades brancas e tintas (Cheynier et al., 1993; Chamkha
et al., 2003; Pózo-Bayon et al., 2003). Além destes, foram identificados, ainda, compostos
como os ácidos gálico, ferúlico e catequina (Ibern-Gómez, et al., 2000).
Até o momento, são poucos os estudos existentes sobre a atividade biológica de vinhos
espumantes. Cavas mostraram-se capazes de inibir a peroxidação lipídica in vitro (Satué-
14
Gracia et al., 1999) e a administração de Champagnes aumentou a concentração de vitamina
E no plasma sangüíneo (Cartron et al., 2003).
Figura 9. Esquema simplificado dos métodos de elaboração de vinhos espumantes Charmat
(a) e Champenoise (b) (adapatada de Miolo & Miele, 2004).
Vinho base
Licor de tiragem e
Fermentão
Estabilizão à frio
Filtração
Licor de expedão
Filtração
Engarrafamento
Método Charmat
(autoclave)
Vinho base
Licor de tiragem
Engarrafamento
Fermentação na garrafa
Envelhecimento
Autólise
Remuage
Pupitres
Dégorgement
Licor de expedão
Rotulagem
Método Champenoise
(cssico ou tradicional)
Sur Lie
(autólise das leveduras)
Remuage
Pupitres
Dégorgement
Licor de Expedição
15
2.3 Avaliação da atividade antioxidante
Diferentes metodologias têm sido desenvolvidas para obter-se uma medição
qualitativa ou quantitativa, da capacidade antioxidante de compostos, com base em testes
químicos ou utilizando-se culturas celulares. Dentre os testes in vitro existentes, a medida de
capacidade de varredura do radical DPPH
(1,1 difenil 2-picrilhidrazil) vem sendo bastante
utilizada. O DPPH
é um radical estável que pode ser reduzido por um antioxidante,
resultando na diminuição de coloração que é, então, determinada espectrofotometricamentea
517 nm (Cao et al., 1993; Espin et al., 2000; Fukumoto & Mazza, 2000).
Embora os ensaios in vitro sejam, geralmente, de mais fácil execução, nem sempre os
resultados obtidos corroboram os observados em sistemas biológicos (Henriques et al., 2001;
Soares et al., 2003). Em células, a expressão da atividade antioxidante é mais complexa pois
envolve questões de permeabilidade celular e possível metabolização dos compostos
ensaiados, além de um complexo sistema regulatório enzimático de defesas antioxidantes
endógenas celulares (Gralla & Valentine, 1991; Halliwell & Gutteridge, 1999). Desta
maneira, torna-se interessante associar os dois tipos de metodologias a fim de que sejam
obtidos resultados mais confiáveis.
A levedura S. cerevisiae é um dos melhores modelos de sistema biológico para estudos
de citotoxicidade, avaliação de capacidade antioxidante e genotoxicidade de inúmeros
compostos (Henriques et al., 2001; Maris et al., 2001; Pungartnik et al., 2002; Soares et al.,
2003; Raspor, et al., 2005), mostrando-se um ensaio rápido, sensível, econômico e
reprodutível, apresentando resultados confiáveis na identificação da atividade biológica. Os
dados obtidos nesse tipo de teste apresentam uma correlação de, aproximadamente, 70% em
relação ao observado no homem (Rabello-Gay et al., 1991).
16
2.4 Quantificação de polifenóis
Diferentes metodologias têm sido desenvolvidas para a determinação qualitativa ou
quantitativa dos teores de polifenóis em extratos vegetais, produtos a base de frutas ou ervas,
bem como em derivados da uva. Dentre as técnicas existentes, a espectrofotometria UV com
diferentes comprimentos de onda, tem sido uma ferramenta útil e amplamente utilizada em
enologia (Zoecklein et al., 2000).
Os polifenóis de mostos e vinhos absorvem as radiações do espectro ultravioleta (UV)
e, portanto, para a quantificação de polifenóis totais em vinhos brancos, utiliza-se a leitura da
absorbância a 280nm (Iland et al., 2000; Zoecklein et al, 2000; Ribéreau-Gayon et al., 2003).
Para a dosagem de hidroxicinamatos totais utiliza-se a leitura da absorbância a 320nm
(Zoecklein et al., 2000). O teor de flavonóides totais pode ser obtido através de fórmula
específica (FT = [A
280
– 4] – (0,66) x [A
320
– 1,4]), conforme descrito por Iland et al., (2000).
Para a identificação de compostos isolados, utiliza-se, normalmente, a cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE), realizada com colunas cromatográficas e fases móveis
apropriadas (Zoecklein et al., 2000).
2.5 Metais em uvas e vinhos
A uva, como todo produto vegetal, possui uma composição variada de elementos
minerais que depende do tipo de solo, clima, cultivar, porta-enxerto, adubações efetuadas,
tratamentos fitossanitários, maturação da uva, técnicas de vinificação, produtos e práticas
enológicas e do contato do vinho com materiais e equipamentos utilizados nas fases de
elaboração, conservação, estabilização e engarrafamento (Creasy et al., 1993; Thomas et al.,
1993; Jaganathan & Dugar, 1998; Rizzon, 2005).
17
Alguns dos minerais presentes nos vinhos são indispensáveis para o processo
fermentativo, como fonte de nutrientes para as leveduras (fósforo, enxofre, etc.). Outros
podem ser tóxicos, como, por exemplo, chumbo e cobre, devendo ser estabelecidos limites
para preservar a saúde do consumidor (Kocsonya et al., 2002; Rizzon, 2005). O perfil mineral
de um vinho pode, ainda, contribuir para sua caracterização em função da origem geográfica
(Almeida & Vasconcelos, 2003; Thiel et al., 2004).
O potássio, o cálcio e o magnésio, os cátions mais importantes no vinho, são
classificados como macro-elementos em relação ao teor. O ferro está presente nos vinhos em
pequena quantidade, na forma de íon ferroso, mais facilmente assimilável. O vinho possui
também pequena quantidade de lítio, ao qual é atribuído efeito antidepressivo. Outros cátions
classificados como micro-elementos (sódio, manganês, zinco e rubídio), além de alumínio,
silício, titânio, cromo e níquel (Rizzon, 2005; Chen et al., 1994; Monaci et al., 2003; Lara et
al., 2005), podem estar presentes nos vinhos em concentrações reduzidas.
Atualmente, muitas descobertas foram feitas na determinação de elementos-traço em
materiais biológicos e ambientais utilizando técnicas nucleares. Entre estas, pode-se citar a
técnica de PIXE (Particle-Induced X-Ray Emission), baseada na emissão de raios-X
característicos dos elementos presentes em uma amostra quando esta é irradiada por feixes de
íons carregados (prótons, partícula α) (Figura 10, Maxwel et al., 1995; Kertész et al., 2005).
Esse procedimento possibilita a identificação e a quantificação simultânea dos
elementos da tabela periódica (do sódio ao urânio) de forma rápida e precisa. Além disso, essa
técnica exige uma pequena quantidade de material para a análise e não é destrutiva, ou seja, as
amostras irradiadas por PIXE podem posteriormente ser analisadas por outras técnicas
complementares. É uma técnica com alta sensibilidade, permitindo medir a concentração de
elementos presentes em nível de traços (Johansson et al., 1995; Kenedy et al., 1999; Uzonyi
& Szabó, 2005).
18
Figura 10.
Princípio básico da técnica de PIXE. Em (1) um feixe de prótons provoca a
emissão de um elétron da camada K de um átomo de cálcio. Em (2) o mostrados dois
possíveis modos de preenchimento da vacância deixada nessa camada, com os respectivos
raios-X emitidos (reproduzida de Kern, 2004).
(2) (1)
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este capítulo é apresentado na forma de dois artigos científicos, seguidos por
considerações gerais e perspectivas. Além dos dados apresentados nos artigos mencionados,
determinou-se também o perfil mineral dos vinhos espumantes discutidos no ítem 3.1
(ANEXO I) e a atividade antioxidante dos vinhos base, constantes do ítem 3.2 (ANEXO II).
Estes resultados serão incluídos em publicações futuras.
3.1 Artigo 1
O artigo constante neste ítem, o qual será submetido à revista Food Research
International, tem como objetivo principal avaliar a atividade antioxidante de dezenove
vinhos espumantes brasileiros elaborados pelos métodos Charmat (n = 12) e Champenoise (n
= 7) por conceituadas vinícolas da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, estado responsável
por mais de 90 % da produção deste tipo de vinho. As principais características enológicas, a
composição fenólica e o teor de ácido ascórbico destes vinhos espumantes, bem como a
influência do método de elaboração e da concentração de úcar na atividade antioxidante,
também são discutidos.
20
Antioxidant activity of sparkling wines
made using Charmat and Champenoise methods
Cláudia A. Stefenon
a
, Mariangela Colombo
a
, Regina Vanderlinde
a,b
,
João A. P. Henriques
a, c
, Mirian Salvador
a *
a
Instituto de Biotecnologia, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil
b
Laboratório de Referência Enológica, Caxias do Sul, RS, Brasil
c
Faculdade de Farmácia, Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS, Brasil
*
Address for correspondence: Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do Sul, Rua Francisco
Getúlio Vargas, 1130, 95070-560, Caxias do Sul, RS, Brasil. Tel.: +55-54-3218-2664, e-mail:
claudia.alberici@terra.com.br
Abstract
Several studies on the antioxidant capacity of wines were performed, but very little is
known on this activity in sparkling wines. Therefore the objective of this study was to
evaluate the antioxidant activity of 19 Brazilian sparkling wines made using the Charmat
(second fermentation in large containers) or the Champenoise method (second fermentation in
the bottle itself). All the sparkling wines tested showed significant antioxidant activity, both in
vivo and in vitro. Generally Charmat brut sparkling wines presented more antioxidant activity
than the Charmat demi-sec and the Champenoise ones. In most of the sparkling wines studied,
the majority compound found was gallic acid, although trans-resveratrol, (+)-catechin, (-)-
epicathechin and procyanidins B
1
, B
2
, B
3
and B
4,
were also identified. Significant differences
were observed in the concentrations of these compounds, considering the type of
grape/assemblage used and the method to make sparkling wines and this data were.
Keywords: Sparkling wine; Antioxidant; Saccharomyces cerevisiae; DPPH
; Phenolic compounds.
21
1. Introduction
The process of making sparkling wines begins by obtaining the base wine from white
grapes (blanc de blancs) or from white and red grapes (blanc de noirs). White base wines are
obtained when fermentation takes place without contact between the most and the grape skins.
When a period of maceration occurs (with the skins) the wines obtained will be red or rosés,
depending on the time and intensity of this maceration (Hidalgo, Pueyo, Pozo-Bayón,
Martínez-Rodríguez, Martín-Álvarez, & Polo, 2004). The base wine is then submitted to a
second fermentation, in order to produce carbon dioxide naturally. The main methods used to
make sparkling wines are: the Charmat method (second fermentation in large containers) and
the Champenoise method (second fermentation in the bottle itself). Sparkling wines may be
varietals (only a single variety of grapes) or assemblage/coupage (cuts between two or more
varieties of grapes) (Ribéreau-Gayon, Glories, Maujean, & Dubourdieu, 2003). After the end
of the second fermentation, the sparkling wines may be classified according to sugar content.
Brazilian Law classifies sparkling wines in 5 classes, including brut (6.1 to 15 g/L of sugar)
and
demi-sec (15.1 to 20 g/L) (BRASIL, 1990).
Sparkling wines are rich in phenolic compounds (Pozo-Bayón, Hernández, Martín-
Álvares, & Polo, 2003; Chamkha, Cathala, Cheynier, & Douillard, 2003; Ibern-Gómes,
Andrés-Lacueva, Lamuela-Raventós, Buxaderas, Singleton, & de la Torre-Boronat, 2000),
with known antioxidant activity (Yilmaz, & Toledo, 2004; Cartron et al. 2003; Roig, Cascón,
Arola, Bladé, & Salvadó, 2002; Satué-Gracia, Andrés-Lacueva, Lamuela-Raventós, &
Frankel, 1999). The content of these compounds, however, depends on several factors,
including variety of grape, fruit growth and ripening conditions, quality of the base wine,
yeast used and sur lie (time needed to mature) (Mazauric & Salmon, 2005; Cortell, Halbleib,
Gallagher, Righetti, & Kennedy, 2005; Delgado, Martín, del Álamo, & González, 2004).
22
Several studies have already been performed in order to evaluate the antioxidant
activity of red and white wines (Cartron et al. 2003; De Beer, Joubert, Gelderblom, &
Manley, 2003; Jamroz & Beltowski, 2001; Landrault, Poucheret, Ravel, Gasc, Cros, &
Teissedre, 2001); however, there are few data on the antioxidant capacity of sparkling wines
(Cartron et al. 2003; Satué-Gracia et al. 1999). Furthermore, there are no reports on the
influence of the different methods for making and/or sugar concentration in the biological
activity of these wines.
Therefore, the purpose of this study was to determine the antioxidant capacity of
Brazilian sparkling wines in vitro (scavenging capacity of the free radical 1.1-diphenyl-2-
picrylhydrazyl (DPPH
) and in vivo (in eukaryotic cells of the Saccharomyces cerevisiae
yeast). The influence of the different methods used to make it (Charmat or Champenoise), the
concentration of sugar (brut or demi-sec) and the phenolic composition on the antioxidant
activity of these wines was also evaluated.
2. Material and methods
2.1. Samples
Nineteen sparkling wines were studied; twelve Charmat (seven brut and five demi-
sec) and seven Champenoise, made by seven different wineries in the “Serra Gaúcha”, the
mountains situated in the south of Brazil. The main characteristics of the sparkling wines used
are shown in Table 1. These samples were made from twelve varieties: Pinot Noir (PN),
Chardonnay (CH), Italic Riesling (IR), Semillon (SE), White Muscat (WMu), Merlot (ME),
Cabernet Sauvignon (CS), Prosecco (PR), White Malvasia (WMa), Candia Malvasia (CMa),
Canelli Muscat (CMu) and Alexandria Muscat (AM). The first fermentation (base wines) was
performed at 15 °C for an average of 16 days. In the second fermentation, the mean
temperature was 12 ± 2 °C with the foam formation time varying between 30 and 90 days.
23
The aging period varied from zero to 540 days (Table 1). Except for sparkling wines 9, 10 and
11, obtained from fermentations with S. cerevisiae, in all the others S. bayanus was used in
both fermentations. In order to perform the assays, the sparkling wines were previously
degassed, using a vacuum pump with a valve for air removal, coupled to a workbench
agitator.
2.2. Chemical reagents
DPPH
, trans-resveratrol, (+)-catechin, (-)-epicatechin, gallic acid and procyanidin B
3
were acquired from Sigma-Aldrich, St. Louis, MO. The procyanidins B
1
, B
2
and B
4
were
kindly provided by Dr. Regina Vanderlinde (Instituto Brasileiro do Vinho, Brazil). The
anthocyanins 3-glycoside of cyanidine, 3-glycoside of delphinidine, 3-glycoside of peonidine
and 3-glycoside of malvinidine were acquired from Extrasynthese, Gennay, France. The other
reagents were acquired from E. Merck, Damstadt, Germany.
3. Methods
3.1. Enological analysis of sparkling wines
The alcohol content, total acidity, pressure, volatile acidity, pH, free and total SO
2
, dry
extract and reduced dry extract, concentration of sugar and ascorbic acid were determined
using the methods described by Zoecklein, Fugelsang, Gump, & Nury, 2000. All analyses
were performed in duplicate.
3.2. Determination of polyphenols by UV spectrophotometry
Total polyphenols and total hydroxycinnamates were quantified by measuring the
absorbances at 280 nm and 320 nm (Shimadzu UV-1700 spectrophotometer), respectively.
The results of total polyphenols were expressed as mg/L of catechin and those of
24
hydroxycinnamates as mg/L of caffeic acid. The total flavonoids (TF) were calculated using
the following formula, as described by Iland, Ewart, Sitters, Markides, & Bruer, 2000:
TF = [(A
280
– 4) – 0.66] x (A
320
– 1.4).
The results were expressed in mg/L of catechin. All the analyses were performed in duplicate.
3.3. Determination of polyphenols by HPLC
Just before the analysis by high-efficiency liquid chromatography, 5 mL of each
sample were filtered through a cellulose membrane with a 0.20 µm-diameter. The equipment
used for analysis consisted of a chromatographic system with a liquid gradient LC-DAD
Series 1100 (Palo Alto, CA), with a Diode Array (DAD) detector system. A Zorbax 300 SB
C18 (12 mm x 4.6 mm x 5 µm) pre-column and a C18-ODS (150 mm x 4 mm x 5 µm)
(Agilent Technologies, USA) column were used.
In order to determine trans-resveratrol, a mobile phase consisting of the ultra pure
water and acetonitrile (75:25 v/v) pH 3.0 was used, at a constant flow of 1.0 mL/min for 20
min at a controlled temperature of 20 °C. The peak was detected at 306 nm and the sample
volume injected was 20 µL (Jeandet, Bessis, Maume, Meunier, Peyron, & Trollat, 1995).
In order to determine cianidine-3-glycoside, delphinidine-3-glycoside, peonidine-3-
glycoside and malvidine-3-glycoside, a mobile phased was used, comprised of solvents A,
ultra pure water/formic acid/acetonitrile (87:10:3 v/v/v) and B, ultra pure water/formic
acid/acetonitrile (40:10:50 v/v/v) at a continuous flow of 0.8 mL/min
at a controlled
temperature of 25 °C. The peak was detected at 518 nm and the sample volume injected was
50 µL.
The elution conditions were: 50-60% (30 min), 60-100% (30 min) and 100-50% (10
min) (OIV- Resolution OENO 22/2003).
In order to determine the concentrations of procyanidins B
1
, B
2
, B
3
e B
4
, (+)-catechin,
(-)-epicatechin and gallic acid, a mobile phase was used constituted by solvent A (50 mmol/L
25
of ammonium hydroxide diphosphate pH 2.6), solvent B (20% of A and 80% of acetonitrile)
and by solvent C (0.2 mol/L of orthophosphoric acid pH 1.5), at a constant flow of 0.5
mL/min at a controlled temperature of 40 °C. The peak was detected at 204 nm and the
sample volume injected was 5 µL. Elution conditions were: 100% of A for 5 min; 96% of A
and 4% of B for 10 min; 92% of A and 8% of B for 10 min; 8% of B and 92% of C for 20
min; 30% of B and 70% of C for 5 min; 40% of B and 60% of C for 5 min; 80% of B and
20% of C for 5 min; 100% of A for 5 min. (Lamuela-Raventós & Waterhouse, 1994).
3.4. Evaluation of antioxidant activity in vitro
The scavenging capacity of free radical DPPH
was measured adding to the sparkling
wines pure or diluted in distilled water [0.1; 1.0; 10 and 50% (v/v)] a Tris-HCl buffer
solution (100 mM, pH 7.0) containing 250 µM of DPPH
dissolved in ethanol. In the control
tube, sterilized distilled water was used in place of sparkling wines. The tubes were kept in
the dark for 20 minutes and the absorbance was measured at 517 nm (Shimadzu UV-1700
spectrophotometer) (Yamaguchi, Takamura, Matoba, & Terão, 1998). The results were
expressed in values of IC
50
(quantity of sparkling wine needed to reduce 50% of the free
radical DPPH
), calculated by polynomial regression graphs (Mensor et al., 2001), using the
mean of triplicates.
3.5. Evaluation of antioxidant activity in vivo
The assays in vivo were performed using cells of S. cerevisiae XV 185-14c yeast
(MAT α ade 2-1, arg 4-17, his 1-7, lys 1-1, trp 1-1, trp 5-48, hom 3-10), kindly provided by
Dr. R. C. Von Borstel (Departament of Genetics, University of Alberta, Canada). Cell
suspensions of 2 x 10
6
cells/mL obtained from the exponential growth phase were treated with
hydrogen peroxide 75 mM, in the presence and absence of sparkling wines. The tubes were
26
incubated for 1 h at 28 ºC. Then the samples were diluted into a 0.9% (p/v) sodium chloride
solution, seeded into an YPD culture medium (10 g/L of yeast extract, 20 g/L of peptone, 20
g/L of dextrose and 20 g/L of agar-agar) and incubated for 72 h at 28 ºC. After incubation, the
colonies were counted, and 100% survival was considered the total of colonies observed on
the control plate (untreated cells).
3.6. Data analysis
The data were analyzed using the following tests: Kruskal-Wallis H, Spearman
Correlation and Principal Component of Analysis (PCA), through program SPSS 12.0 for
Windows.
4. Results and discussion
4.1. Enological analysis and determination of polyphenols by UV spectrophotometry
The alcohol contents of the different sparkling wines analyzed varied from 11.23 to
13.05% (v/v), and total acidity from 5.08 to 8.21 g/L of tartaric acid. The mean levels of
pressure, volatile acidity and pH were 5.7 ± 0.2 atm, 0.588 ± 0.091 g/L of acetic acid and 3.29
± 0.14 g/L, respectively. The mean concentrations of free SO
2
were 20.00 ± 8.12 mg/L and
total SO
2
were 122.00 ± 37.25 mg/L. The analysis of the dry extract and reduced dry extract
showed, respectively, values of 23.45 ± 3.57 and 19.10 ± 2.95 mg/L for the brut samples, and
58.34 ± 9.93 and 16.05 ± 2.69 mg/L for the demi-sec sparkling wines (data not shown). The
sugar concentration varied from 5.48 to 12.47 g/L, for the brut samples, and from 36.15 to
54.41 g/L for the demi-sec sparkling wines (Table 2). These values are found within the range
established by Brazilian law (BRASIL, 1990) for sparkling wines.
Higher values of total polyphenols, total flavonoids and total hydroxycinnamates were
found in samples 7 and 12 (red sparkling wines). As to the whites, major variations were
27
observed depending on the grape/assemblage used and the method by which the sparkling
wine was made. The ascorbic acid content of the sparkling wines studied varied from 11.40 to
79.40 mg/L (Table 2). Up to the present, there are no data in the literature concerning the
content of this acid in sparkling wines, and it is believed that its concentration is the result of
the variety of grape and its degree of maturity (Ribéreau-Gayon et al., 2003), the offer of
sunlight on the vine (Valpuesta & Botella, 2004), the yeast metabolism (Hancock, Galpin, &
Viola, 2000) and/or the ascorbic acid added to them (Marks & Morris, 1993).
4.2. Polyphenols analysis by HPLC
In most of the sparkling wines analyzed, the main phenolic component was gallic acid,
at levels varying from 0.5 to 50.5 mg/L. The sparkling wine prepared with 10% Chardonnay,
60% Merlot and 30% Pinot Noir (sample 12) added higher contents of all polyphenols
analyzed. Larger amounts of trans-resveratrol, (+)-catechin and procyanidins B
1
, B
3
and B
4
were observed in sample 7, produced with the following grapes: Italic Riesling (40%), Merlot
(10%) and Cabernet Sauvignon (50%). Higher values of (-)-epicatechin were obtained in the
sparkling wine produced with 40% Pinot Noir and 60% Chardonnay (sample 1). Sparkling
wine 10, prepared with Chardonnay grapes (100%), presented the highest levels of
procyanidin B
2
(Table 3).
So far no studies have been performed on the phenolic composition of Charmat
sparkling wines. As to the Champenoise, it was observed that the Brazilian sparkling wines
presented (Table 3) higher concentrations of gallic acid than those reported for Spanish
sparkling wines prepared using the following varieties Macabeo, Xarel.lo, Parellada,
Chardonnay, Trepat, Monastrel and Garnacha (Pozo-Bayón et al., 2003; Ibern-Gómes et al.,
2000; Satué-Gracia et al., 1999). Similar values of (+)-catechin were described in Spanish
sparkling wines (Ibern-Gómes et al., 2000), as well as in French Champagnes of the Pinot
28
Noir and Chardonnay varieties (Chamkha et al., 2003). The (-)-epicatechin and trans-
resveratrol content of the Brazilian sparkling wines prepared using the Champenoise method
proved similar to that found in French Champagnes (Chamkha et al., 2003). Procyanidin B
3
values similar to those found in the present study were described for Spanish sparkling wines
(Satué-Gracia et al., 1999). As far as we know this is the first report on the presence of
procyanidins B
1
, B
2
and B
4
in sparkling wines.
For the red and rosé sparkling wines the contents of cyanidine-3-glycoside,
delphinidine-3-glycoside, peonidine-3-glycoside and malvidine-3-glycoside, four important
anthocyanins found in red grapes and wine (Zoecklein et al., 2000) were also quantified
(Table 4). As expected, the sample of rosé sparkling wine (sample 13) presented lower
concentrations among the four compounds analyzed compared to the two samples of red
sparkling wines (7 and 12). The main and most plentiful anthocyanin found in red varieties,
malvidine monoglycoside (Ribéreau-Gayon et al., 2003), was the main compound in the three
sparkling wine samples evaluated.
4.3. Evaluation of antioxidant activity in vitro
Table 5 shows the Charmat brut sparkling wine (sample 3) made from an assemblage
of Italic Riesling, Semillon and White Muscat grapes, presented the highest degree of
antioxidant activity (IC
50
= 1.83 ± 0.49%). The Charmat brut sparkling wines (samples 3, 5
and 6) showed a higher antioxidant capacity than their respective demi-sec peers (samples 15,
16 and 17) (Table 5). Higher values of (+)-catechin, procyanidin B2 and gallic acid (Table 3)
were found in these brut sparkling wines, compared to their demi-sec peers.
Sparkling wines 6 (Charmat) and 10 (Champenoise) were prepared exclusively with
the Chardonnay variety, and the greatest capacity for scavenging of free radical DPPH
(Table
5) was observed in sample 6, which presented higher ascorbic acid contents (Table 2), trans-
29
resveratrol, (+)-catechin, (-)-epicatechin and procyanidins B
1
, B
3
and B
4
than sample 10
(Table 3).
The same assemblage (40% Pinot Noir and 60% Chardonnay), when submitted to the
different methods to make it showed differences in the antioxidant capacity. Sample 8
(Champenoise) presented higher antioxidant activity than sparkling wine 1 (Charmat) (Table
5). Higher values of total flavonoids (Table 2) and procyanidins B
2
and B
3
(Table 3) were
found in sparkling wine 8.
Sparkling wines 11 and 14, obtained by assemblage of the Pinot Noir (20%) and
Chardonnay grapes (80%), were prepared using the Champenoise method by different
wineries. Sample 11 presented a greater capacity to scavenge free radical DPPH
than sample
14 (Table 5). The latter showed lower (+)-catechin, (-)-epicatechin, gallic acid and
procyanidin B
1
, B
2
and B
4
contents (Table 3), indicating the influence of the vinification
techniques adopted by each winery on the phenolic composition and antioxidant activity of
the sparkling wines.
Apparently, antioxidant activity does not depend exclusively on the total polyphenols
content. Samples 7 and 12 (red sparkling wines) with significant amounts of phenolic
compounds (Tables 2, 3 and 4) did not show the highest antioxidant activity. Studies have
already demonstrated that the biological activity of resveratrol, specifically the inhibition of
the tyrosinekinase protein p56, is diminished when glycosilation of the hydroxyl groups
occurs (Soleas, Diamandis, & Goldberg, 1997). Therefore, it is possible that some
polyphenols, when connected to carbohydrates (for instance the anthocyanidines of red wines)
present less antioxidant activity than their respective aglycones, which might account at least
in part for the results observed. Among the red sparkling wines, the presence of a negative
correlation between the antioxidant capacity in vitro and the concentrations of cyanidine-3-
glycoside, peonidine-3-glycoside and malvidine-3-glycoside (all with a value of r = 0.985)
30
and delphinidine-3-glycoside (r = 1), at a level of significance of p = 0.01 corroborates this
hypothesis.
4.4. Evaluation of the antioxidant activity in vivo
In order to determine antioxidant activity in vivo, the highest non-cytotoxic
concentration of sparkling wines was used, i.e., 10.0% (v/v) (data not shown). All the samples
evaluated were able to protect the yeast cells against damage caused by hydrogen peroxide
(Table 6).
Of the two red sparkling wines studied, sample 12, which presented the highest
polyphenol and ascorbic acid contents of all the sparkling wines evaluated (Tables 2 and 3)
showed higher antioxidant activity in vivo than sparkling wine 7 (Table 6).
Differences in the antioxidant activity of sparkling wines because of the Charmat and
Champenoise methods used to make them are shown in this study. Similarly to what was
observed in vitro, the Charmat brut sparkling wines generally presented a higher antioxidant
capacity than those prepared by the Champenoise method, including the cases in which the
sparkling wines were made using the same varieties/assemblages and/or by the same wineries
(samples 1 and 8, and 6 and 10) (Table 6).
The greatest differences between the two methods of making sparkling wines are the
sur lie time and the area of contact between the sparkling wine, the yeasts and the larger
container. It has already been demonstrated that the yeasts are able to adsorb different
compounds present in the wines, including catechin and epicatechin (Mazauric & Salmon,
2005; Ribéreau-Gayon et al., 2003). The white Charmat sparkling wines, both brut (samples 1
and 6) and demi-sec (sample 17), prepared with a shorter sur lie time than their respective
peers Champenoise (samples 8 and 10) (Table 1), presented higher (+)-catechin and (-)-
epicatechin contents (Table 3). A negative correlation was observed between the sur lie
31
period and antioxidant activity in vivo (r = - 0.519, p = 0.01), i.e., the longer the sur lie
period, the smaller was the antioxidant capacity of the sparkling wines. This correlation was
even greater in the group of the Champenoise sparkling wines (r = - 0.842, p = 0.05). The
statistical analysis of the principal components (PCA), for all sparkling wines, revealed that
the first two principal components explain more than 70% of total variance (Table 7). This
analysis corroborated ours data, since the sur lie variable appears as one of the factors of
bigger influence on the antioxidant activity in the Champenoise (Fig. 1) than Charmat
sparkling wines (Fig. 2 and 3).
The Charmat demi-sec sparking wines (samples 15, 16 and 17) presented lower
antioxidant activity (Table 6) than observed for their respective Charmat brut peers (samples
3, 5 e 6), similarly to what was observed in vitro. Negative correlations between the in vivo
antioxidant capacity and the sugar contents (r = - 0.476, p = 0.01) and dry extract (r = - 0.346,
p = 0.05) were found in these two groups of sparkling wines. This is the first time that
differences are shown in the antioxidant potential of sparkling wines as a function of its sugar
concentration. Orange juices with added sugar showed less antioxidant activity than juices
without added sugar (Franke et al., 2004), corroborating the results found in our work. The
PCA analysis showed that, for the group of Charmat demi-sec sparkling wines, the sugar
concentration was one of the main variables that had influenced the antioxidant response of
these wines (Fig. 2).
The phenolic compounds have an acknowledged antioxidant capacity, and can
scavenger free radicals, chelate metals, and diminish lipid peroxidation (Yilmaz & Toledo,
2004; Cartron et al., 2003; Roig et al., 2002; Jamroz & Beltowski, 2001). Polyphenol
formation by the vine is influenced by natural factors such as variety of grape, genetic
susceptibility to diseases, climate and soil, besides viticultural management (rootstock, vigor,
exposure to sunlight as a function of the conduction system, fertilization, etc.) (Cortell et al.,
32
2005; Delgado et al., 2004; Ribéreau-Gayon et al., 2003). Enology also plays an important
role in determining the phenolic profile of the final product, using techniques such as
industrial maturing, press yield, maceration time and temperature, yeast used, fermentation
period, clarification, stabilization, filtration, maturing, aging, etc. (Mazauric & Salmon, 2005;
Ribéreau-Gayon et al., 2003).
In this study, the phenolic compounds showed an important role in the antioxidant
activity. Interestingly, the PCA analysis showed a stronger association between the phenolic
compounds and the antioxidant activity for the Champenoise than Charmat sparkling wines
(Fig. 1, 2 and 3). Then, the phenolic compounds role may be greater in the antioxidant activity
for the sparkling wines made by Champenoise method. Moreover, the table 7 shows that the
two first principal components were responsible for more than 85% of variance these method.
Summarizing, the results presented in this study show that: a) the Charmat and
Champenoise sparkling wines, both brut and demi-sec, present significant antioxidant activity,
which is associated with the presence of phenolic compounds; b) in general, Charmat brut
sparkling wines present higher antioxidant activity than the demi-sec Charmats and the
Champenoise; c) there are major differences in the concentrations of phenolic compounds in
sparkling wines as a function of the type of grape/assemblage used and the method used to
make them.
Although further studies are needed, the data shown in this work suggest that it is
possible to obtain a specific phenolic profile in sparkling wines by choosing the grapes and/or
assemblages (blanc de blancs or blanc de noirs) and the enological practices adopted, thus
enabling the production of sparkling wines with greater antioxidant activity and thus with a
higher added value. Furthermore, the moderate/guided consumption of sparkling wines may
be a further alternative in seeking a healthy life.
33
Acknowledgements
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), UCS
(Universidade de Caxias do Sul), LABRAN (Laboratório Randon Ltda), ABE (Associação
Brasileira de Enologia), Möet Henessy do Brasil Vinhos e Destilados Ltda, Casa Valduga
Ltda, Cave de Amadeu Ltda, Cooperativa Vinícola Aurora Ltda, Estabelecimento Vinícola
Armando Peterlongo Ltda, Vinhos Salton S/A e Vinícola Monte Lemos Ltda. The authors
thank Ana Cristina Andreazza for her technical assistance in data analysis and to Dr. Luis
Fernando Revers for his assistance in discussion.
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37
Table 1
Main characteristics of the sparkling wines studied
Samples Assemblage Wineries Base wines Sur lie *
(days)
Charmat Brut
1 40% PN, 60% CH A** Blanc de Noirs 30
2 60% PN, 40% CH B Blanc de Noirs 126
3 50% IR, 30% SE, 20% WMu C Blanc de Blancs No aging
4 50% IR, 33% PN, 17% CH B Blanc de Noirs 60
5 30% IR, 70% CH D Blanc de Blancs 60
6 100% CH E Blanc de Blancs 30
7 40% IR, 10% ME, 50% CS B Red 193
Champenoise
8 40% PN, 60% CH A Blanc de Noirs 180
9 100% PR F Blanc de Blancs 150
10 100% CH F Blanc de Blancs 540
11 20% PN, 80% CH F Blanc de Noirs 270
12 10% CH, 60% ME, 30% PN F Red 365
13 50%PN, 50% CH F Rosé 150
14 20% PN, 80% CH G Blanc de Noirs 365
Charmat Demi-sec
15 50% IR, 30% SE, 20% WMu C Blanc de Blancs No aging
16 30% IR, 70% CH D Blanc de Blancs 60
17 100% CH E Blanc de Blancs 30
18 56% WMa, 25% CMa,
10% CMu, 9% AM
B Blanc de Blancs 8
19 74% IR, 14% PN, 12% CH B Blanc de Noirs 30
* Time needed to mature; ** Distinct letters corresponding to different wineries in the Serra
Gaúcha/Rio Grande do Sul/Brazil. Grape legend: Pinot Noir (PN), Chardonnay (CH), Italic
Riesling (IR), Semillon (SE), White Muscat (WMu), Merlot (ME), Cabernet Sauvignon (CS),
Prosecco (PR), White Malvasia (WMa), Candia Malvasia (CMa), Canelli Muscat (CMu) and
Alexandria Muscat (AM).
38
Table 2
Mean concentration values of sugar, total polyphenols, total flavonoids, total hydroxycinnamates and ascorbic acid in the sparkling
wines analyzed.
Samples Assemblage
Sugar ± Sd*
(g/L)
Total
polyphenols ± Sd
(mg/L
of catechin)
Total
flavonoids ± Sd
(mg/L
of catechin)
Total
hydroxycinnamates ± Sd
(mg/L
of caffeic acid)
Ascorbic acid
± Sd (mg/L)
Charmat
Brut
1
40% PN, 60% CH
12.47 ± 0.23
a**
353.94 ± 4.19
a**
155.75 ± 2.94
a**
39.78 ± 0.22
a**
33.30 ± 0.03
a**
2
60% PN, 40% CH
5.48 ± 0.26
b
185.08 ± 7.13
b
52.25 ± 4.19
b
26.61 ± 0.61
b
21.90 ± 0.01
b
3
50% IR, 30% SE, 20% WMu
11.42 ± 0.08
c
163.70 ± 4.19
c
6.16 ± 1.68
c
31.50 ± 0.50
c
28.90 ± 0.03
c
4
50% IR, 33% PN, 17% CH
9.33 ± 0.20
d
193.04 ± 1.68
b
23.76 ± 1.67
d
33.94 ± 0.55
d
11.40 ± 0.04
d
5
30% IR, 70% CH
8.94 ± 0.17
d
519.87 ± 0.00
d
301.98 ± 1.67
e
43.66 ± 0.33
e
21.80 ± 0.03
b
6
100% CH
10.48 ± 0.22
e
420.14 ± 3.35
e
220.27 ± 12.15
f
40.05 ± 3.05
a
22.60 ± 0.06
b
7
40% IR, 10% ME, 50% CS
10.55 ± 0.29
e
1351.19 ± 3.35
f
779.66 ± 6.70
g
113.33 ± 0.66
f
32.60 ± 0.04
a
Champenoise
8
40% PN, 60% CH
5.84 ± 0.14
b
362.32 ± 0.84
a
192.20 ± 1.67
h
34.11 ± 0.22
d
11.90 ± 0.03
d
9
100% PR
7.28 ± 0.15
f
483.00 ± 5.86
g
234.10 ± 5.87
f
49.95 ± 0.05
g
20.50 ± 0.02
e
10
100% CH
8.04 ± 0.19
d
620.43 ± 4.19
h
364.83 ± 4.19
i
51.33 ± 0.00
h
16.70 ± 0.03
f
11
20% PN, 80% CH
7.24 ± 0.11
f
493.47 ± 2.93
g
242.48 ± 5.03
f
50,39 ± 0.39
g
21.20 ± 0.01
b
12
10% CH, 60% ME, 30% PN
9.91 ± 0.07
d
2790.92 ± 41.90
i
1869.93 ± 22.63
j
185.00 ± 3.89
i
79.40 ± 0.02
g
13
50%PN, 50% CH
6.59 ± 0.20
g
616.24 ± 37.71
h
300.72 ± 21.37
e
63.33 ± 3.33
j
43.60 ± 0.04
h
14
20% PN, 80% CH
5.89 ± 0.19
b
374.89 ± 0.84
j
216.08 ± 0.42
f
31.78 ± 0.11
c
46.50 ± 0.03
i
Charmat
Demi-sec
15
50% IR, 30% SE, 20% WMu
37.49 ± 0.39
h
185.49 ± 0.84
b
15.38 ± 1.68
k
34.16 ± 0.16
d
29.00 ± 0.03
c
16
30% IR, 70% CH
51.06 ± 0.14
i
508.97 ± 3.35
k
306.17 ± 9.22
e
42.77 ± 0.44
e
19.10 ± 0.07
j
17
100% CH
54.41 ± 0.09
j
523.22 ± 3.35
d
296.95 ± 1.68
e
45.44 ± 0.33
k
19.50 ± 0.04
j
18
56% WMa, 25% CMa,
10% CMu, 9% AM
36.15 ± 0.13
k
339.69 ± 0.84
l
145.69 ± 0.42
l
38.94 ± 0.05
a
61.30 ± 0.03
k
19
74% IR, 14% PN, 12% CH
36.40 ± 0.04
k
216.92 ± 0.42
m
32.55 ± 0.42
m
36.94 ± 0.05
l
15.70 ± 0.03
l
* Standard deviation; ** Data followed by different letters for each column differ significantly by Kruskal Wallis H test (p
0.05). Grape
legend: Pinot Noir (PN), Chardonnay (CH), Italic Riesling (IR), Semillon (SE), White Muscat (WMu), Merlot (ME), Cabernet Sauvignon
(CS), Prosecco (PR), White Malvasia (WMa), Candia Malvasia (CMa), Canelli Muscat (CMu) and Alexandria Muscat (AM).
39
Table 3
Phenolic compounds (mg/L) identified by HPLC in the sparkling wines analyzed
Samples Assemblage Galic
acid
trans –
resveratrol
Catechin
Epicatechin
Procyanidin
B
1
Procyanidin
B
2
Procyanidin
B
3
Procyanidin
B
4
Charmat Brut
1
40% PN, 60% CH
4.800 0.131 4.039 6.267 0.559 0.118 1.367 1.265
2
60% PN, 40% CH
2.980 0.196 1.697 0.792 0.258 0.026 1.190 0.144
3
50% IR, 30% SE, 20% WMu
3.550 0.082 2.732 3.108 0.202 0.470 1.199 0.146
4
50% IR, 33% PN, 17% CH
0.500 0.101 1.266 0.230 3.128 1.113 0.259 0.918
5
30% IR, 70% CH
14.510 0.172 6.635 2.409 5.112 0.466 1.563 1.127
6
100% CH
11.370 0.087 7.080 3.531 3.447 0.816 2.048 1.398
7
40% IR, 10% ME, 50% CS
10.030 0.675 8.773 4.287 6.304 2.314 6.045 2.381
Champenoise
8
40% PN, 60% CH
2.130 0.099 1.952 0.460 4.357 0.934 1.809 0.270
9
100% PR
10.050 0.066 2.661 0.994 5.726 1.088 1.127 0.176
10
100% CH
18.210 0.038 1.313 0.221 1.732 2.805 0.798 0.147
11
20% PN, 80% CH
9.690 0.062 2.790 1.080 5.710 1.050 1.040 0.170
12
10% CH, 60% ME, 30% PN
50.460 3.699 25.030 18.120 27.840 9.380 13.870 3.410
13
50%PN, 50% CH
17.190 0.041 2.480 1.100 4.220 0.650 1.980 0.340
14
20% PN, 80% CH
0.590 0.306 0.840 0.210 2.520 0.360 1.820 0.050
Charmat Demi-sec
15
50% IR, 30% SE, 20% WMu
1.400 0.091 2.439 0.732 0.784 0.178 1.427 0.575
16
30% IR, 70% CH
14.100 0.185 6.589 2.345 3.944 0.364 1.334 0.901
17
100% CH
1.080 0.113 6.246 3.590 2.808 0.744 2.868 1.208
18
56% WMa, 25% CMa,
10% CMu, 9% AM
0.890 0.172 1.379 0.401 4.127 0.141 0.519 0.417
19
74% IR, 14% PN, 12% CH
0.740 0.138 1.240 0.188 3.166 1.215 0.364 0.540
Grape legend: Pinot Noir (PN), Chardonnay (CH), Italic Riesling (IR), Semillon (SE), White Muscat (WMu), Merlot (ME), Cabernet
Sauvignon (CS), Prosecco (PR), White Malvasia (WMa), Candia Malvasia (CMa), Canelli Muscat (CMu), Alexandria Muscat (AM).
40
Table 4
Anthocyanin contents (mg/L) identified by HPLC in red/rosé sparkling wines
Samples Sparkling wines Cyanidine
3-glycoside
Delphinidine
3-glycoside
Peonidine
3-glycoside
Malvidine
3-glycoside
Charmat
7 40% IR, 10% ME, 50% CS 0.964 0.843 1.043 10.130
Champenoise
12 10% CH, 60% ME, 30% PN
0.677 1.319 0.613 7.045
13
*
50% PN, 50% CH 0.296 0.623 0.178 1.797
* Rosé sparkling wine. Grape legend: Italic Riesling (IR), Merlot (ME), Cabernet Sauvignon (CS),
Chardonnay (CH) and Pinot Noir (PN).
41
Table 5
Mean values of IC
50
for the different sparkling wines analyzed
Samples Sparkling wines
IC
50
± Sd* (%)
Charmat Brut
1
40% PN, 60% CH
11.80 ± 1.28
a**
2
60% PN, 40% CH
13.03 ± 1.19
a
3
50% IR, 30% SE, 20% WMu
1.83 ± 0.49
b
4
50% IR, 33% PN, 17% CH
80.76 ± 2.75
c
5
30% IR, 70% CH
20.76 ± 5.12
d
6
100% CH
20.26 ± 0.32
e
7
40% IR, 10% ME, 50% CS
31.50 ± 0.42
f
Champenoise
8
40% PN, 60% CH
9.05 ± 1.04
g
9
100% PR
19.63 ± 0.63
e
10
100% CH
30.83 ± 2.01
f
11
20% PN, 80% CH
11.09 ± 1.81
a
12
10% CH, 60% ME, 30% PN
32.83 ± 0.13
f
13
50%PN, 50% CH
16.77 ± 0.54
h
14
20% PN, 80% CH
39.53 ± 1.53
i
Charmat Demi-sec
15
50% IR, 30% SE, 20% WMu
26.87 ± 0.58
j
16
30% IR, 70% CH
32.56 ± 0.43
f
17
100% CH
25.04 ± 0.13
d
18
56% WMa, 25% CMa, 10% CMu, 9% AM
23.73 ± 0.57
d
19
74% IR, 14% PN, 12% CH
26.10 ± 1.93
d
* Standard deviation; ** Data followed by different letters for each column differ significantly by
Kruskal Wallis H test (p
0.05). Grape legend: Pinot Noir (PN), Chardonnay (CH), Italic Riesling
(IR), Semillon (SE), White Muscat (WMu), Merlot (ME), Cabernet Sauvignon (CS), Prosecco (PR),
White Malvasia (WMa), Candia Malvasia (CMa), Canelli Muscat (CMu) and Alexandria Muscat
(AM).
42
Table 6
Mean survival values of the Saccharomyces cerevisiae yeast treated with hydrogen peroxide (H
2
O
2
)
75mM in the presence and absence of the different sparkling wines
Samples
(10% v/v)
Treatments
Survival ± Sd* (%)
Charmat Brut
1 40% PN, 60% CH
93.55 ± 0.25
a**
2 60% PN, 40% CH
93.65 ± 4.75
a
3 50% IR, 30% SE, 20% WMu
96.90 ± 3.10
a
4 50% IR, 33% PN, 17% CH
100.00 ± 0.00
a
5 30% IR, 70% CH
78.70 ± 3.70
b
6 100% CH
96.75 ± 0.35
a
7 40% IR, 10% ME, 50% CS
62.43 ± 8.30
c
Champenoise
8 40% PN, 60% CH
84.22 ± 1.91
d
9 100% PR
56.80 ± 1.00
e
10 100% CH
53.58 ± 0.95
e
11 20% PN, 80% CH
34.80 ± 0.50
f
12 10% CH, 60% ME, 30% PN
85.50 ± 0.90
d
13 50%PN, 50% CH
65.41 ± 1.21
c
14 20% PN, 80% CH
85.05 ± 3.35
d
Charmat Demi-sec
15 50% IR, 30% SE, 20% WMu
65.45 ± 1.05
c
16 30% IR, 70% CH
64.85 ± 2.35
c
17 100% CH
79.20 ± 3.60
b
18 56% WMa, 25% CMa, 10% CMu, 9% AM
100.00 ± 0.00
a
19 74% IR, 14% PN, 12% CH
95.30 ± 4.70
a
H
2
O
2
(control)
27.95 ± 0.25
g
* Standard deviation; ** Data followed by different letters for each column differ significantly by
Kruskal Wallis H test (p
0.05). Grape legend: Pinot Noir (PN), Chardonnay (CH), Italic Riesling
(IR), Semillon (SE), White Muscat (WMu), Merlot (ME), Cabernet Sauvignon (CS), Prosecco (PR),
White Malvasia (WMa), Candia Malvasia (CMa), Canelli Muscat (CMu) and Alexandria Muscat
(AM).
43
Table 7
Variance explained by the first PCs
PC Eigenvalue Explained
variance (%)
Cumulative
variance (%)
Charmat Brut
1 11.83 51.45 51.45
2 4.70 20.41
71.86
Champenoise
1 15.94 69.29 69.29
2 3.92 17.03
86.32
Charmat Demi-sec
1 12.41 53.95 53.95
2 4.37 19.00
72.95
44
Fig. 1. Scores plot of the phenolic compounds and main characteristics of the Champenoise
sparkling wines using the two first principal components obtained by PCA.
-
1.0
-
0.5
0.0
-
0.5
-
1.0
-1.0
-0.5
0
.0
0
.5
1.0
PC 1 (69.29%)
PC 2 (17.03%)
a
scorbic acid
resveratrol
procyanidin B3
reduced dry extract
procyanidin B1
dry extract
total flavonoids
sur lie
catechin
total polyphenols
sugar
galic acid
total
hydroxycinnamates
epicatechin
procyanidin B2
procyanidin B4
45
Fig. 2. Scores plot of the phenolic compounds and main characteristics of the Charmat Demi-sec
sparkling wines using the two first principal components obtained by PCA.
-
1.0
-
0.5
0.0
0.5
1.0
-
1.0
-
0.5
0.0
0.5
1.0
PC 1
(53.95%)
PC
2 (19.00%)
ascorbic acid
resveratrol
procyanidin B3
reduced dry extract
procyanidin B1
dry extract
total flavonoids
sur lie
catechin
total polyphenols
sugar
galic acid
total
hydroxycinnamates
epicatechin
procyanidin B2
procyanidin B4
46
Fig. 3. Scores plot of the phenolic compounds and main characteristics of the Charmat brut
sparkling wines using the two first principal components obtained by PCA.
-1.0
-0.5
0.0
0.
5
1.0
-1.0
-0.5
0.0
0.5
1.0
PC 1 (51.
45%)
PC 2
(
20.44
%)
a
scorbic acid
resveratrol
procyanidin B3
reduced dry extract
procyanidin B1
dry extract
total flavonoids
sur lie
catechin
total polyphenols
sugar
galic acid
total
hydroxycinnamates
epicatechin
procyanidin B2
procyanidin B4
47
3.2 Capítulo 2
O artigo constante neste ítem, o qual sesubmetido à revista indexada internacional,
tem como objetivo principal avaliar as modificações no perfil fenólico e mineral ocorridas
durante a segunda fermentação de vinhos base conduzidas através dos métodos Charmat e
Champenoise.
48
Influência da segunda fermentação na composição fenólica e mineral
de vinhos espumantes
Cláudia Alberici Stefenon
1
, Camila de Martini Bonesi
1
, Israel Pedruzzi
2
, Daniel Prá
3
, Regina
Vanderlinde
1,2
,Jhonny Ferraz Dias
3
, Maria Lúcia Yoneama
4
, Mirian Salvador
1
, João Antonio
Pêgas Henriques
1,3*
1
Instituto de Biotecnologia, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil;
2
Laboratório de
Referência Enológica, Caxias do Sul, RS, Brasil;
3
Centro de Biotecnologia/Instituto de Física, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil;
4
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo,
RS, Brasil;
5
Faculdade de Farmácia, Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS, Brasil
Palavras chave: vinho espumante, polifenóis, composição mineral, PIXE, CLAE
Resumo
Embora a composição dos vinhos espumantes Champenoise seja conhecida, não há,
até o momento, estudos sobre as modificações na composição fenólica e no perfil mineral
decorrentes da segunda fermentação de vinhos espumantes Charmat e Champenoise. Em vista
disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar as modificações no perfil fenólico e mineral
ocorridas durante a segunda fermentação de vinhos base da Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul,
Brasil, uma das regiões de maior destaque na produção de vinhos espumantes em todo o
mundo. A determinação da composição fenólica foi realizada através de CLAE
(Cromatografia Líquida de Alta Eficiência) e a quantificação de metais foi obtida pela técnica
de PIXE (Particle-Induced X-Ray Emission). Os resultados obtidos mostraram que após a
segunda fermentação, ocorre: a) significativa redução de polifenóis totais e flavonóides totais
nos espumantes Charmat e aumento na concentração destes compostos nos espumantes
Champenoise, b) diminuição na concentração de hidroxicinamatos totais, independentemente
do método de elaboração, c) aumento no teor de ácido gálico nos espumantes brut; d)
diminuição nos teores de trans-resveratrol nos espumantes Charmat, e) aumento de trans-
resveratrol nos espumantes Champenoise, f) diminuição na concentração de minerais em
todos os espumantes analisados. Embora outros estudos sejam necessários, este trabalho
mostra, pela primeira vez, as diferenças encontradas na composição fenólica e mineral de
vinhos espumantes em função dos métodos de elaboração e concentração de açúcar.
*
Endereço para correspondência: Instituto de Biotecnologia da Universidade de Caxias do
Sul, Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130, 95070-560, Caxias do Sul, RS, Brasil. Telefone:
+55-54-3218-2664.e-mail:[email protected].gov.br
49
Introdução
O processo de elaboração de vinhos espumantes é iniciado com a obtenção de um
vinho base varietal (a partir de apenas uma uva) ou assemblage (elaborado com cortes entre
duas ou mais uvas), a partir de uvas brancas (blanc de blancs) ou de uvas brancas e tintas
(blanc de noirs) (Hidalgo et al., 2004). Os vinhos base são submetidos a uma segunda
fermentação, objetivando a produção natural de dióxido de carbono. Os principais métodos de
elaboração são o Charmat (segunda fermentação em grandes recipientes vinários) e o
Champenoise (segunda fermentação na própria garrafa) (Ribéreau-Gayon et al., 2003). Após
o rmino da segunda fermentação, os vinhos espumantes podem ser divididos em classes
(Brasil, 1999), em função do seu teor de açúcar como, por exemplo, brut (até 15 g.L
-1
) ou
demi-sec (de 15,1 a 20 g.L
-1
).
A composição dos vinhos espumantes Champenoise é, em geral, similar aos seus
respectivos vinhos de origem (Flanzy, 2003). Entretanto, não há, até o momento, estudos
sobre as modificações na composição fenólica e no perfil mineral decorrentes da segunda
fermentação em vinhos espumantes, tanto Charmat quanto Champenoise.
Os compostos fenólicos apresentam reconhecida atividade antioxidante, a qual está
associada à diminuição na incidência de várias patologias, como aterosclerose e câncer (Eng
et al., 2003; Da Luz & Coimbra, 2004). Embora muitos minerais sejam essenciais para o
homem, quando em excesso, podem formar espécies reativas, incluindo o radical OH
, para o
qual o organismo não possui defesas antioxidantes (Halliwell & Gutteridge, 1999; Kern et al.,
2005).
Em vista disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar as modificações no perfil fenólico
e mineral ocorridas durante a segunda fermentação de vinhos base da Serra Gaúcha, Rio
Grande do Sul/Brasil, uma das regiões de maior destaque na produção de vinhos espumantes
no mundo.
50
Material e métodos
Amostras
Foram analisados quatro vinhos base, os quais originaram cinco vinhos espumantes, sendo
dois Charmat brut, dois demi-sec e um Champenoise. Todas as amostras foram cedidas por
vinícolas da Serra Gaúcha, Rio Grande do Sul/Brasil. De acordo com a legislação brasileira,
os vinhos espumantes são classificados como brut quando apresentam até 15 g.L
-1
de açúcar e
demi-sec entre 20,1 e 60,0 g.L
-1
. A primeira fermentação (vinhos base) foi conduzida a 15 °C
por um período dio de 16 dias. Na segunda fermentação, a média da temperatura foi 12 ±
2°C e o tempo de tomada de espuma variou entre 30 e 90 dias. A levedura Saccharomyces
bayanus foi utilizada em ambas fermentações. As principais características das amostras
estudadas são apresentadas na Tabela 1. Antes dos ensaios, os vinhos espumantes foram
previamente desgaseificados, utilizando-se uma bomba de vácuo, dotada de válvula de
expulsão de ar, acoplada a um agitador de bancada.
Reagentes Químicos
Trans-resveratrol, (+)-catequina, (-)-epicatequina, ácido gálico e a procianidina B
3
foram
adquiridos da Sigma-Aldrich, St. Louis, MO. As procianidinas B
1
, B
2
e B
4
foram gentilmente
cedidas pela Dra. Regina Vanderlinde (Instituto Brasileiro do Vinho, Brasil). Acetonitrila
(grau CLAE) e os demais reagentes foram adquiridos de E. Merck, Damstadt, Alemanha.
Análises Enológicas dos Vinhos Espumantes
A pressão, graduação alcoólica, concentração de úcar, extrato seco e extrato seco reduzido,
acidez total, acidez volátil, pH, SO
2
livre e total e ácido ascórbico foram determinados usando
métodos descritos por Zoecklein et al. (2000). Todas as análises foram realizadas em
duplicata.
51
Tabela 1. Principais características dos vinhos base e espumantes estudados.
Amostras Assemblage
Vinícola
Produtora
Base Sur Lie (dias)
Charmat Brut
Vinho base 1
Espumante 1
Pinot Noir (60%)
Chardonnay (40%)
A Blanc de Noirs 126
Vinho base 2
Espumante 2
Riesling Itálico (50%)
Semillon (30%)
Moscato (20%)
B Blanc de Blancs Sem
envelhecimento
Charmat Demi-sec
Vinho base 2
#
Espumante 3
Riesling Itálico (50%)
Semillon (30%)
Moscato (20%)
B Blanc de Blancs Sem
envelhecimento
Vinho base 4
Espumante 4
Riesling Itálico (74%)
Pinot Noir (14%)
Chardonnay (12%)
A Blanc de Noirs 30
Champenoise
Vinho base 5
Espumante 5
Pinot Noir (20%)
Chardonnay (80%)
C Blanc de Noirs 365
#
O vinho base 2 foi utilizado na elaboração dos vinhos espumantes 2 e 3.
Determinação de Polifenóis por Espectrofotometria UV
Polifenóis totais e hidroxicinamatos totais foram quantificados através da medida das
absorbâncias a 280nm e 320nm (espectrofotômetro Shimadzu UV-1700), respectivamente. Os
resultados de polifenóis totais foram expressos como mg.L
-1
de catequina e os de
hidroxicinamatos como mg.L
-1
de ácido caféico. Os flavonóides totais foram calculados
utilizando-se a seguinte fórmula: flavonóides totais = [A
280
4] (0,66) x [A
320
1.4], de
acordo com Iland et al., (2000). Todas as análises foram realizadas em duplicata.
52
Determinação de Polifenóis por CLAE
Imediatamente antes das análises por cromatografia líquida de alta eficiência, 5 mL de cada
amostra foram filtradas em membrana de celulose com 0,20 µm de diâmetro. O equipamento
utilizado para análise consistiu de um sistema cromatográfico de gradiente líquido LC-DAD
Series 1100 (Palo Alto, CA), com sistema detector de Diode Array (DAD). Utilizaram-se uma
pré-coluna Zorbax 300 SB C18 (12 mm x 4,6 mm x 5 µm) e uma coluna C18-ODS (150 mm
x 4 mm x 5 µm) (Agilent Technologies, USA).
Análise de trans-resveratrol. Para a determinação de trans-resveratrol, utilizou-se uma
fase móvel composta pelos solventes água ultra-pura e acetonitrila (75:25 v/v) pH 3.0, a um
fluxo constante de 1.0 mL.min
-1
por 20 min em temperatura controlada a 20°C. O pico foi
detedtado em 306 nm, e o volume de amostra injetado foi 20 µL (Jeandet et al., 1995).
Análise de Antocianinas. Para a determinação de cianidina-3-glicosídeo, delfinidina-
3-glicosídeo, peonidina-3-glicosídeo e malvidina-3-glicosídeo, utilizou-se uma fase móvel
composta pelos solventes A, água ultra pura/ácido fórmico/acetonitrila (87:10:3 v/v/v) e B,
água ultra pura/ácido fórmico/acetonitrila (40:10:50 v/v/v), a um fluxo constante de 0.8
mL.min
-1
em temperatura controlada a 25 °C. O pico foi detectado a 518 nm e o volume de
amostra injetado foi 50 µL.
As condições de eluição foram: 50-60% (30 min), 60-100% (30
min) e 100-50% (10 min) (OIV, 2003).
Análise de procianidinas, (+)-catequina, (+)-epicatequina e ácido gálico. Para a
determinação das concentrações das procianidinas B
1
, B
2
, B
3
e B
4
, (+)-catequina, (-)-
epicatequina e ácido gálico foi utilizada uma fase móvel composta pelo solvente A (50
mMol.L
-1
de difosfato de hidróxido de amônio pH 2,6), solvente B (20% de A e 80% de
acetonitrila) e pelo solvente C (0,2 Mol.L
-1
de ácido ortofosfórico pH 1,5), a um fluxo
constante de 0,5 mL.min
-1
em temperatura controlada a 40 °C. O pico foi detectado a 204 nm
e o volume de amostra injetado foi 5 µL. As condições de eluição foram: 100% de A por 5
53
min; 96% de A e 4% de B por 10 min; 92% de A e 8% de B por 10 min; 8% de B e 92% de C
por 20 min; 30% de B e 70% de C por 5 min; 40% de B e 60% de C por 5 min; 80% de B e
20% C por 5 min. e, 100% de A por 5 min. (Lamuela-Raventós & Waterhouse, 1994).
Análise da Composição Mineral por PIXE (Particle-Induced X-ray Emission)
A quantificação de metais em vinhos e espumantes foi realizada através da técnica de PIXE
(Johansson et al., 1995). Para tanto, 400 ml de cada amostra foram previamente secas em
estufa (Vulcan) e transformadas em pastilhas. Os ensaios foram conduzidos em um acelerador
3 MV Tandetron, utilizando-se um feixe de prótons (2 MeV) com uma corrente de 1 nA. O
tempo de análise para cada amostra oscilou em torno de 10 minutos e a mancha observada foi
da ordem de aproximadamente 2mm
2
. Cada pastilha foi posicionada na direção do feixe de
prótons através de um sistema eletro-mecânico. Os raios-X emitidos por indução do feixe de
prótons foram detectados através de um detector de Si(Li) (SLP series, EG&G Ortec, CA,
USA), com de resolução de 160 eV a 5,9 keV, posicionado a 135° em relação ao eixo X. O
procedimento de padronização baseou-se no manual de referência Standard Material 1515 -
NIST e a análise dos dados foi realizada através do código de GUPIX desenvolvido na
Universidade de Guelph (Maxwell et al., 1995).
Análise Estatística
Com exceção dos resultados obtidos por PIXE e por CLAE, os demais dados foram
analisados através dos testes Kruskal-Wallis H e correlação de Spearman (SPSS 12.0 for
Windows).
54
Resultados e Discussão
Análises Enológicas e Determinação de Polifenóis por Espectrofotometria UV
Os principais parâmetros enológicos dos vinhos base e seus respectivos espumantes são
mostrados na Tabela 2 e indicam que todos as amostras analisadas estão adequadas ao
previsto pela legislação brasileira (Brasil, 1999).
Após a segunda fermentação, observou-se maior graduação alcoólica, concentração de
açúcar e extrato seco em todos os espumantes analisados (Tabela 2). Estas modificações,
causadas pela ação das leveduras e adição de licor de tiragem, ocasionaram, obviamente,
alterações também nos níveis de extrato seco e extrato seco reduzido. A acidez total variou
significativamente após a segunda fermentação (Tabela 2), possivelmente em função das
técnicas de vinificação utilizadas e das interações entre gás carbônico, polifenóis e açúcar
(Boulton et al., 1995; Ribéreau-Gayon et al., 2003). Apesar das variações na acidez total, o
valor do pH mostrou-se praticamente constante em relação aos vinhos de origem (Tabela 2),
provavelmente devido aos sistemas tampão existentes nos vinhos (Boulton et al., 1995;
Dartiguenave et al., 2000). Os valores máximos permitidos pela legislação brasileira (Brasil,
1999) para acidez volátil e dióxido de enxofre são 1,2 g.L
-1
, em ácido acético, e 350 mg.L
-1
,
respectivamente. Valores abaixo do permitido para acidez volátil, SO
2
livre e SO
2
total foram
observados nos vinhos base e espumantes (Tabela 2), indicando a sanidade das uvas e a
utilização de boas práticas de vinificação (Boulton et al., 1995).
55
Tabela 2. Valores médios dos principais parâmetros enológicos dos vinhos base e espumantes analisados.
Amostras
Graduação
Alcoólica
± DP*
[%(v/v)]
Concentração
de Açúcar
± DP*
(g.L
-1
)
Extrato Seco
± DP*
(g.L
-1
)
Extrato Seco
Reduzido
± DP*
(g.L
-1
)
Acidez Total
± DP*
(mg.L
-1
de
ácido tartárico)
Acidez Volátil
± DP*
(mg.L
-1
de
ácido acético)
pH ± DP*
SO
2
Livre
± DP*
(mg.L
-1
)
SO
2
Total
± DP*
(mg.L
-1
)
Charmat Brut
Vinho base 1
10,78 ± 0,10
a**
1,09 ± 0,06
a**
21,35 ± 0,25
a**
21,30 ± 0,20
a**
7,77 ± 0,01
a**
0,525 ± 0,02 3,21 ± 0,33
15,50 ± 0,50
a**
56,00 ± 1,00
a**
Espumante 1
11,92 ± 0,03
b
5,48 ± 0,26
b
22,65 ± 0,25
b
18,20 ± 0,00
b
7,01 ± 0,01
b
0,555 ± 0,02 3,12 ± 0,10
14,50 ± 0,50
a
103,50 ± 0,50
b
Vinho base 2
11,08 ± 0,06
a
3,06 ± 0,06
c
17,75 ± 0,25
c
15,75 ± 0,25
c
7,00 ± 0,01
b
0,555 ± 0,02 3,45 ± 0,05
57,50 ± 0,50
b
135,50 ± 0,50
c
Espumante 2
11,93 ± 0,04
b
11,42 ± 0,08
d
26,95 ± 0,65
d
16,55 ± 0,75
c
7,62 ± 0,01
c
0,585 ± 0,02 3,18 ± 0,06
28,00 ± 1,00
c
144,50 ± 0,50
d
Charmat
Demi-sec
Vinho base 2
#
11,08 ± 0,06
a
3,06 ± 0,06
c
17,75 ± 0,25
c
15,75 ± 0,25
c
7,00 ± 0,01
b
0,555 ± 0,02 3,45 ± 0,05
57,50 ± 0,50
b
135,50 ± 0,50
c
Espumante 3
11,86 ± 0,05
b
37,49 ± 0,39
e
49,35 ± 0,75
e
12,85 ± 1,15
d
6,93 ± 0,01
d
0,615 ± 0,02 3,28 ± 0,04
34,50 ± 0,50
d
176,00 ± 1,00
e
Vinho base 4
10,73 ± 0,03
a
0,71 ± 0,02
a
16,95 ± 0,75
c
16,95 ± 0,75
c
5,37 ± 0,01
e
0,252 ± 0,02 3,37 ± 0,03
14,50 ± 0,50
a
67,50 ± 1,50
f
Espumante 4
11,53 ± 0,04
b
36,40 ± 0,04
a
50,05 ± 0,65
e
13,59 ± 2,11
d
5,42 ± 0,02
e
0,525 ± 0,02 3,16 ± 0,04
15,50 ± 0,50
a
115,50 ± 0,50
g
Champenoise
Vinho base 5
11,49 ± 0,06
b
1,91 ± 0,06
a
19,30 ± 0,30
e
18,40 ± 0,20
b
5,50 ± 0,01
f
0,585 ± 0,02 3,33 ± 0,03
16,50 ± 0,50
a
53,50 ± 0,50
a
Espumante 5
12,62 ± 0,04
c
5,89 ± 0,19
b
25,55 ± 1,05
d
20,65 ± 1,25
a
6,11 ± 0,01
g
0,495 ± 0,02 3,39 ± 0,04
21,50 ± 0,50
e
119,50 ± 1,50
g
* Desvio Padrão; ** Letras distintas diferem significativamente pelo teste de Kruskal Wallis H (para p
0,05);
#
O vinho base 2 foi utilizado na
elaboração dos vinhos espumantes 2 e 3.
56
O teor médio de vitamina C nos espumantes Charmat foi de 22,56 ± 4,53 mg.L
-1
(Tabela 3), sendo que o espumante Champenoise apresentou a maior concentração de ácido
ascórbico entre as amostras estudadas. Com exceção do vinho espumante 4, a concentração de
vitamina C aumentou após a segunda fermentação, o que pode ser atribuído à biossíntese
deste ácido pelas leveduras (Hancock et al., 2000) e/ou à adição de ácido ascórbico aos vinhos
espumantes (Marks & Morris, 1993). Correlação positiva foi observada entre a graduação
alcoólica e a concentração de ácido ascórbico (r = 0,530, p = 0,05) e entre os níveis de SO
2
total e este ácido (r = 0,610, p = 0,01).Observou-se, também, correlação positiva entre o
período de amadurecimento sobre as leveduras (sur lie) (Tabela 1) com os teores de extrato
seco (r = 0,446, p = 0,01) e com a graduação alcoólica (r = 0,513, p = 0,01) e correlação
negativa entre sur lie e acidez total (r = -0,486, p = 0,01), sugerindo a influência da levedura
na manutenção do equilíbrio necessário para o favorecimento da estabilidade e da
longevidade dos vinhos espumantes (Fleet, 1993).
A segunda fermentação e o método escolhido para a elaboração dos espumantes
exerceu influência, também, sobre o perfil fenólico e os teores de ácido ascórbico das
amostras estudadas. O espumante 5, elaborado através do todo Champenoise, mostrou
aumento na concentração de polifenóis totais e flavonóides totais em relação ao vinho base de
origem. Ao contrário, a concentração destes compostos diminuiu nos espumantes Charmat
(tanto brut quanto demi-sec) em comparação aos seus respectivos vinhos base (Tabela 3). A
redução dia nos níveis de polifenóis totais e de flavonóides totais observada nos vinhos
espumantes Charmat foi de 24,58 ± 0,72% e 57,19 ± 4,22%, respectivamente. A concentração
de hidroxicinamatos totais diminuiu após a segunda fermentação, independentemente do
método de elaboração (Tabela 3), provavelmente devido à ação das leveduras capazes de
57
Tabela 3. Valores médios da concentração de ácido ascórbico, polifenóis totais, flavonóides totais, hidroxicinamatos totais e pressão nas amostras
analisadas.
Amostras
Ácido Ascórbico
± DP*
(mg.L
-1
)
Polifenóis Totais
± DP*
(mg.L
-1
de catequina)
Flavonóides Totais
± DP*
(mg.L
-1
de catequina)
Hidroxicinamatos Totais
± DP*
(mg.L
-1
de ácido caféico)
Pressão
± DP*
(atm)
Charmat Brut
Vinho base 1
17,30 ± 0,03
a**
226,56 ± 0,00
a**
73,20 ± 0,00
a**
30,67 ± 0,00
a**
-
Espumante 1
21,90 ± 0,01
b
185,08 ± 7,13
b
52,25 ± 4,19
b
26,61 ± 0,61
b
5,70 ± 0,10
Vinho base 2
24,10 ± 0,01
c
240,38 ± 0,42
c
50,99 ± 0,42
b
38,00 ± 0,00
c
-
Espumante 2
28,90 ± 0,03
d
163,70 ± 4,19
d
6,16 ± 1,68
c
31,50 ± 0,50
b
5,60 ± 0,10
Charmat Demi-sec
Vinho base 2
#
24,10 ± 0,01
c
240,38 ± 0,42
c
50,99 ± 0,42
b
38,00 ± 0,00
c
-
Espumante 3
29,00 ± 0,03
d
185,49 ± 0,84
b
15,38 ± 1,68
d
34,16 ± 0,16
d
5,60 ± 0,10
Vinho base 4
18,00 ± 0,04
a
288,15 ± 9,64
e
73,20 ± 6,71
a
43,05 ± 0,061
e
-
Espumante 4
15,70 ± 0,03
e
216,92 ± 0,42
f
32,55 ± 0,42
e
36,94 ± 0,05
f
5,90 ± 0,10
Champenoise
Vinho base 5
24,00 ± 0,02
c
286,90 ± 2.52
e
119,29 ± 0,00
f
33,55 ± 0,55
d
-
Espumante 5
46,50 ± 0,03
f
374,89 ± 0.84
f
216,08 ± 0,42
g
31,78 ± 0,11
a
5,70 ± 0,10
* Desvio Padrão; ** Letras distintas diferem significativamente pelo teste de Kruskal Wallis H (para p
0,05);
#
O vinho base 2 foi utilizado na
elaboração dos vinhos espumantes 2 e 3.
58
metabolizar e/ou adsorver até 20% do teor destes compostos (Zoecklein et al., 2000;
Ribéreau-Gayon et al., 2003).
O vinho espumante 2 (Charmat brut) apresentou menores concentrações de polifenóis
totais, flavonóides totais e hidroxicinamatos totais quando comparado ao vinho espumante 3
(Charmat demi-sec), ambos obtidos a partir do vinho base n° 2 (Tabela 3). Espumantes demi-
sec são elaborados para apresentar teores mais elevados de acidez total, favorecendo desta
maneira a oxidação de compostos fenólicos por metais, principalmente ferro (Lopez-Toledano
et al., 2002), metal presente em maior concentração no vinho espumante 2. Correlação
negativa foi observada entre acidez total e polifenóis totais (r = -0,485, p = 0,05), acidez total
e flavonóides totais (r = -0,527, p = 0,05), acidez volátil e polifenóis totais (r = -0,513, p =
0,05) e acidez volátil e hidroxicinamatos totais (r = -0,575, p = 0,01);
Determinação de Polifenóis por CLAE
A segunda fermentação dos vinhos base ocasionou aumento na concentração de ácido gálico
nos espumantes brut, provavelmente, devido à hidrólise de procianidinas esterificadas com
este ácido (Stevens et al., 2002; Jordão, 2000). Nos espumantes demi-sec, este tipo de reação
parece ser desfavorecida, provavelmente em razão da presença de açúcar (Tabela 4).
Os teores de trans-resveratrol apresentaram-se diminuídos nos espumantes Charmat
(tanto brut quanto demi-sec), em comparação aos vinhos de origem, provavelmente devido às
etapas de acabamento como clarificação e ou filtração (Vrhovsek et al., 1997; Threlfall et al.,
1999). A amostra 5, elaborada pelo método Champenoise, mostrou, no entanto, teor mais
elevado deste composto do que seu vinho base (Tabela 4). Tanto a fermentação malolática
(Pezet & Cuenat, 1996) quanto a ação de leveduras com superexpressão da enzima β-
glicosidase (Vrhovsek et al., 1997) podem aumentar a concentração de trans-resveratrol em
vinhos. O espumante 5 foi obtido com o maior tempo sur lie em relação às demais amostras
59
(Tabela 1). Observou-se correlação positiva entre a concentração de trans-resveratrol e o
período de sur lie (r = 0,456, p = 0,05), sugerindo a interferência do tempo de contato entre as
leveduras e os espumantes na concentração de trans-resveratrol.
Tabela 4. Compostos fenólicos identificados por CLAE nos vinhos base e nos seus
respectivos espumantes.
Polifenóis (mg.L
-1
)
Amostras
Ácido Gálico
trans -
Resveratrol
(+) -
Catequina
(-) -
Epicatequina
Procianidina
B
1
Procianidina
B
2
Procianidina
B
3
Procianidina
B
4
Charmat Brut
0,533 0,352 0,717 0,172 2,580 0,587 1,660 0,377
Vinho base 1
Espumante 1
2,980 0,196 1,697 0,792 0,258 0,026 1,190 0,144
1,370 0,135 2,760 0,850 2,180 0,240 3,820 0,490
Vinho base 2
Espumante 2
3,550 0,082 2,732 3,108 0,202 0,470 1,199 0,146
Charmat
Demi-sec
1,370 0,135 2,760 0,850 2,180 0,240 3,820 0,490
Vinho base 2
#
Espumante 3
1,400 0,091 2,439 0,732 0,784 0,178 1,427 0,575
0,760 0,229 1,142 0,221 2,763 1,294 0,531 0,608
Vinho base 4
Espumante 4
0,740 0,138 1,240 0,188 3,166 1,215 0,364 0,540
Champenoise
0,590 0,089 1,930 0,210 2,520 0,360 1,820 0,050
Vinho base 5
Espumante 5
1,370 0,306 0,840 0,850 2,180 0,240 3,820 0,490
#
O vinho base 2 foi utilizado na elaboração dos vinhos espumantes 2 e 3.
Nos espumantes Charmat, a concentração de (+)-catequina após a segunda
fermentação apresentou-se maior nos espumantes blanc de noir e menor nos obtidos a partir
do vinho base 2 (blanc de blancs). O espumante 5 (Champenoise) mostrou diminuição no teor
(+)-catequina em relação ao seu vinho base (Tabela 4). Sabe-se que a escolha dos varietais
60
(Pozo-Bayón et al., 2003) e das cnicas de vinificação (Boulton et al., 1995; Flanzy, 2003;
Ribéreau-Gayon et al., 2003; Mazauric & Salmon, 2005) podem interferir na composição
fenólica final de vinhos e espumantes. Além disso, como discutido anteriomente, uma
estreita relação entre concentração de úcar, graduação alcoólica, extrato seco e extrato seco
reduzido e o perfil fenólico dos vinhos espumantes. Observou-se correlação negativa entre o
teor de extrato seco reduzido e a concentração de (+)-catequina (r = -0,619, p = 0,01).
A (-)-epicatequina apresentou maior concentração nos espumantes brut (Charmat ou
Champenoise) do que os seus respectivos vinhos base (Tabela 4). Por outro lado, observou-se
uma pequena queda na concentração de (-)-epicatequina nos espumantes demi-sec, em relação
aos seus respectivos vinhos base, sugerindo, novamente, a interferência da concentração de
açúcar na composição fenólica.
De forma geral, as procianidinas B
1
, B
2
, B
3
e B
4
tiveram suas concentrações
diminuídas após a segunda fermentação (Tabela 4). É possível que, à semelhança do
observado em vinhos tintos, esta diminuiçào seja devida, provavelmente, às reações de
condensação como, por exemplo, das procianidinas com proteínas e polissacarídeos, às
reações de polimerização entre as diferentes procianidinas e/ou com as suas unidades
precursoras flavan-3-ol e aos fenômenos de degradação oxidativa (Lopez-Toledano et al.,
2002; Ribéreau-Gayón et al., 2003). Estas interações podem sofrer a influência das diferentes
técnicas adotadas durante o processo de elaboração/amadurecimento (Boulton et al., 1995;
Flanzy, 2003; Ribéreau-Gayón et al., 2003; Mazauric & Salmon, 2005), explicando, ao menos
parcialmente, as diferenças encontradas.
Análise da Composição Mineral por PIXE
As concentrações dos dezoito metais identificados nas amostras de vinhos espumantes e em
seus respectivos vinhos base são apresentadas na Tabela 5. Os metais mais abundantes nos
61
Tabela 5. Teor de metais determinado nas diferentes amostras de vinhos base e espumantes através da técnica de PIXE.
Metais (mg.L
-1
)
Amostras
K Ca Mg Cu Zn Al S Mn Br Ni Cl Ti Si Cr Rb Fe P Sr
Charmat Brut
Vinho base 1 839,4 237,7 125,1 3,0 29,7
67,6 28,3 55,2 nd*
1,8 47,3
4,6 17,7
3,7 10,3
21,9 49,9 9,2
Espumante 1 622,8 106,4 103,3 1,4 5,8 48,7 19,6 6,8 nd nd
31,2
3,9 14,5
3,5 7,7 17,0 38,4 9,5
Vinho base 2 791,6 177,8 113,5 1,8 23,2
56,5 25,9 47,8 4,0 nd 39,4
24,4
15,4
nd 10,1
15,1 45,1 9,7
Espumante 2 537,5 115,4 109,9 1,5 19,5
nd 21,2 2,2 5,1 nd 33,0
3,5 14,2
2,7 5,4 14,1 43,2 nd
Charmat
Demi-sec
Vinho base 2
#
791,6 177,8 113,5 1,8 23,2
56,5 25,9 47,8 4,0 nd 39,4
24,4
15,4
nd 5,4 15,1 45,1 9,7
Espumante 3 357,0 89,8 94,8 1,5 19,2
nd 17,7 1,9 4,0 nd 26,2
nd 11,9
1,3 6,3 8,3 34,9 nd
Vinho base 4 887,6 256,0 135,1 2,8 28,6
73,3 32,1 55,2 nd 1,3 50,6
4,2 19,3
3,6 7,8 5,7 53,3 9,6
Espumante 4 489,6 87,6 97,8 1,5 18,4
nd 20,0 34,1 4,0 nd 27,1
2,7 12,3
nd 9,2 7,8 34,2 nd
Champenoise
Vinho base 5
1046,6 178,4 140,1 1,9 37,2
64,9 25,2 4,3 6,3 nd 43,3
5,2 18,1
3,9 14,9
24,9 53,3 nd
Espumante 5
728,8 134,5 119,1 nd 20,2
nd 20,4 2,7 4,6 1,8 35,7
3,7 14,9
nd 6,8 17,5 45,3 nd
* não detectado;
#
O vinho base 2 foi utilizado na elaboração dos vinhos espumantes 2 e 3.
62
vinhos base e espumantes analisados foram potássio, cálcio e magnésio, considerados
majoritários em vinhos (Ribéreau-Gayón et al., 2003; Rizzon, 2005). Não foi identificada a
presença de chumbo nas amostras ensaiadas, ao contrário do observado em espumantes
europeus e australianos (Chen et al., 1994; Moreno et al., 2004). A o momento, não
existem relatos sobre a presença de S, Br, Cl, Ti, Si, Cr e Rb em vinhos espumantes, como
observado neste trabalho. Em relação aos demais metais, os teores encontrados foram
superiores aos identificados em Cavas, Champagnes e espumantes australianos elaborados
pelo método Champenoise (Chen et al., 1994; Moreno et al., 2004).
Com exceção de cromo, ferro, níquel, bromo, rubídio e estrôncio, os teores dos demais
metais diminuíram após a após a segunda fermentação em todos os espumantes analisados
(Tabela 5). Embora outros estudos sejam necessários, sabe-se que alguns metais são utilizados
ou adsorvidos pelas leveduras (Ribéreau-Gayón et al., 2003). Além disso, cobre, zinco, níquel
e ferro podem ser precipitados durante a segunda fermentação e/ou nos tratamentos de
estabilização dos vinhos espumantes (Goristein et al., 1984; Flanzy, 2003; Ribéreau-Gayón et
al., 2003) ou, ainda, serem quelados por compostos fenólicos (Wapnir, 1998; Franke et al.,
2004; Lopez-Toledano et al., 2002; Stevens et al., 2002). Com exceção, dos teores de bromo,
níquel, titânio, cromo e ferro, observou-se correlação negativa entre a concentração de ácido
gálico e os teores dos demais metais analisados. Trans-resveratrol e bromo, (+)-catequina e
níquel, (+)-catequina e rubídio, (-)-epicatequina e cromo, (-)-epicatequina e cobre, (-)-
epicatequina e rubídio e, procianidina B
4
e ferro, também apresentaram correlação negativa
entre si (dados não mostrados).
Após a segunda fermentação, observou-se aumento na concentração (ferro, bromo,
rubídio e estrôncio) ou o aparecimento de traços (cromo, níquel e bromo) de alguns metais.
Este fato deve-se, possivelmente, à contaminação com produtos enológicos e/ou ao contato
com filtros e materiais utilizados durante a elaboração dos espumantes conforme relatado por
63
Almeida & Vasconcelos, 2003; Monaci et al., 2003; Ribéreau-Gayón et al., 2003; Thiel et al.,
2004.
À exceção de bromo, rubídio e ferro, a concentração de todos os demais metais
mostrou correlação negativa com os teores de açúcar (dados não mostrados), indicando a
influência da concentração de úcar no perfil mineral dos vinhos espumantes. Em geral, os
teores de metais diminuíram (Tabela 5) em função do aumento da graduação alcoólica,
extrato seco, acidez total e dióxido de enxofre (Tabela 2). Correlações negativas entre estes
parâmetros e diversos metais foram encontradas (dados não mostrados).
Observou-se, ainda, correlação negativa entre o período de sur lie (Tabela 1) e a
concentração de cobre (r = -0,765, p = 0,01), zinco (r = -0,591, p = 0,01) e enxofre (r = -
0,546, p = 0,05). Sabe-se que cobre e zinco podem ser utilizados pelas leveduras como co-
fatores em rotas metabólicas (Eide & Guerinot, 1997; Ribéreau-Gayón et al., 2003) e o
enxofre pode ser consumido pelas células em situações de estresse nutricional (Ribéreau-
Gayón et al., 2003). Correlação negativa foi observada, ainda, entre o período de sur lie e a
concentração de alumínio (r = -0,502, p = 0,05), o qual pode participar da regulação da
expressão nica de determinadas proteínas envolvidas no processo de assimilação de
magnésio (Piña & Cervantes, 1996). É interessante salientar que os níveis de magnésio
diminuíram nos vinhos espumantes após a segunda fermentação (Tabela 5).
A atividade quelante do cobre pela vitamina C foi demonstrada (Wapnir, 1998;
Halliwell, 2001; Linder, 2001; Baker et al., 2001; Franke et al., 2005).
Observou-se
correlação negativa entre os teores de ácido ascórbico e a concentração de cobre (r = -0,815, p
= 0,05) e manganês (r = -0,716, p = 0,01).
Em resumo, os dados obtido neste trabalho mostram, pela primeira vez, as alterações
no perfil fenólico e mineral decorrentes da segunda fermentação em vinhos espumantes
Charmat e Champenoise. Embora outros estudos sejam necessários, demonstrou-se que a
64
influência das características enológicas, principalmente os níveis de acidez, dióxido de
enxofre, açúcar e sur lie podem interferir na composição fenólica e mineral dos vinhos
espumantes. Interações entre compostos fenólicos e metais são importantes do ponto de vista
enológico (estabilidade e qualidade geral) e biológico. Alguns íons metálicos podem atuar
como co-fatores em diversas rotas metabólicas (Eide & Guerinot, 1997; Kern et al., 2005), no
entanto, dependendo de sua concentração, podem contribuir com a geração de espécies
reativas tóxicas ao organismo (Halliwel & Gutteridge, 1999). O perfil mineral característico
encontrado nos vinhos estudados neste trabalho pode contribuir, ainda, na indicação de
procedência destes vinhos.
Agradecimentos
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior),
Universidade de Caxias do Sul, LABRAN (Laboratório Randon Ltda), ABE (Associação
Brasileira de Enologia), Möet Henessy do Brasil Vinhos e Destilados Ltda, Casa Valduga
Ltda, Cave de Amadeu Ltda, Cooperativa Vinícola Aurora Ltda, Estabelecimento Vinícola
Armando Peterlongo Ltda, Vinhos Salton S/A e Vinícola Monte Lemos Ltda.
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71
3.3. Considerações gerais e perspectivas
A superfície territorial com cultivo da videira no País atinge cerca de 30.000 ha, sendo
que sua cadeia produtiva (incluindo vinhos e derivados) compreende aproximadamente 600
vinícolas e é responsável pelo sustento de mais de 16.000 famílias e outros milhares de
empregos diretos e indiretos (IBRAVIN, 2005). A elaboração de vinhos espumantes é uma
das áreas de maior destaque na Serra Gaúcha, com padrão de qualidade internacional que vem
ganhando espaço e notoriedade mundial, com um consumo aproximado de cinco milhões de
litros por ano (UVIBRA, 2005). Em 2004, os produtos obtidos a partir dos todos Charmat
e Champenoise representaram 77% do mercado deste tipo de vinho (Miolo, 2005). O
surgimento de outras áreas vitivinícolas no Brasil aumenta, ainda mais, a importância de
pesquisas que favoreçam o constante aprimoramento das técnicas envolvidas no processo de
elaboração, bem como o entendimento dos prováveis benefícios aportado à saúde pelo
consumo moderado de vinhos espumantes.
O perfil enológico e mineral dos espumantes têm um importante papel, tanto do ponto
de vista enológico (estabilidade/qualidade geral) quanto do biológico (Goristein et al., 1984;
Ribéreau-Gayon et al., 2003; Jos et al., 2004). Os compostos fenólicos apresentam
reconhecida atividade antioxidante, capaz de contribuir na prevenção de inúmeras patologias,
inclusive aterosclerose e câncer (Eng et al., 2003; Da Luz & Coimbra, 2004). Embora muitos
minerais sejam essenciais ao homem, quando em excesso, podem formar espécies reativas,
incluindo OH
, para qual o organismo humano não possui defesas antioxidantes (Eide &
Guerinot, 1997; Halliwell & Gutteridge, 1999; Kern et al., 2005).
De modo geral, os espumantes Charmat apresentaram maior atividade antioxidante do
que os espumantes Champenoise. Após a segunda fermentação, a atividade antioxidante
aumenta e curiosamente, observa-se uma significativa redução de polifenóis totais e de
flavonóides totais, tanto nos espumantes Charmat brut quanto nos demi-sec. Isto reforça a
72
hipótese já relatada por outros autores, de que o efeito benéfico atribuído aos polifenóis
presentes nos vinhos, é, na verdade, resultado das interações e do sinergismo entre eles,
aquém de sua concentração (Roig et al., 2002). Ainda dentro deste contexto, observou-se que
os espumantes tintos/rosé, com maior concentração de compostos fenólicos, não apresentaram
maior atividade antioxidante (apesar do reduzido número amostrado) do que os espumantes
brancos, como se poderia esperar. Portanto, torna-se necessário um número maior de estudos
com o objetivo de esclarecer estes aspectos.
As uvas, em geral, apresentam baixas concentrações de ácido L-ascórbico, devido à
clivagem da molécula deste ácido, originando os ácidos tartárico e oxálico durante o período
de maturação (Barata-Soares et al., 2004). Como as uvas para a elaboração de espumantes são
colhidas um pouco antes da sua maturação plena (Mevél, 2005), não é surpreendente que os
vinhos base tenham apresentado maiores concentrações de ácido L-ascórbico do que vinhos
não destinados à elaboração de espumantes. Após a segunda fermentação, os espumantes
apresentaram um aumento na concentração de ácido L-ascórbico, podendo-se atribuir este
fato à biossíntese deste ácido pelas leveduras (Hancock et al., 2000) e/ou à adição do mesmo
aos espumantes (Marks & Morris, 1993). Uma maior concentração de vitamina C nos vinhos
espumantes poderia ser uma alternativa interessante, desde que utilizada de forma racional,
para reduzir a dose de utilização do dióxido de enxofre, realçar o frescor e, provavelmente,
aumentar a capacidade antioxidante destes vinhos. Para que ocorra a biossíntese de ácido L-
ascórbico por leveduras, a presença de galactose no meio é requerida. Leveduras modificadas
geneticamente para biossintetizar ácido L-ascórbico a partir de glicose ou para aumentar a
produção deste ácido a partir de galactose poderiam ser obtidas, levando-se sempre em
consideração as características enológicas de cada cepa.
Entre os diversos fatores avaliados neste estudo, pode-se observar que quanto maior o
período de amadurecimento sobre as leveduras (sur lie), menor a capacidade antioxidante dos
73
espumantes ensaiados. Esta técnica pode ser considerada a principal diferença entre os dois
métodos de elaboração de vinhos espumantes (Mevél, 2005), que os espumantes Charmat,
em geral, são obtidos com um sur lie mais curto. Em vista disso, torna-se importante avaliar o
período ideal” de amadurecimento nos espumantes Champenoise, para que se obtenha uma
considerável atividade antioxidante e se mantenham as características sensoriais mais
apreciadas neste tipo de produto.
A maior concentração de açúcar nos espumantes demi-sec diminuiu sua capacidade
antioxidante em relação aos seus respectivos pares brut. Entretanto, existe um vasto mercado
para vinhos e espumantes suaves (doces) no Brasil. Logo, é importante que se determine a
partir de qual concentração de úcar a atividade antioxidante começa a diminuir, sem deixar
de contrabalançar com as características exigidas pelo mercado consumidor.
As três principais uvas utilizadas na elaboração de espumantes no Brasil são a Riesling
Itálico, a Chardonnay e a Pinot Noir. Observou-se que a uva e/ou o assemblage escolhido
também influenciou na capacidade antioxidante (para mais ou para menos) dos vinhos
espumantes estudados, a exemplo do relatado em Cavas (Satué-Gracia et al., 1999). Portanto,
em estudos posteriores, uma amostragem maior de espumantes varietais (apenas uma uva) e
variaçãoes específicas nos assemblages poderiam ser testadas em relação à atividade
antioxidante. Isto poderia ser útil para incentivar o cultivo de determinadas variedades, em
detrimento de outras, favorecendo a estruturação do setor, com uma visão de longo prazo.
A segunda fermentação e o método de elaboração influenciaram na concentração de
ácido gálico, trans-resveratrol, (+)-catequina, (-)-epicatequina e procianidinas B
1
, B
2
, B
3
e B
4
dos vinhos espumantes ensaiados. O ácido gálico foi o composto majoritário nas amostras
ensaiadas, sendo que sua concentração foi maior que a encontrada em espumantes espanhóis
elaborados pelo método Champenoise (Satué-Gracia et al., 1999; Ibern-Gómez, et al., 2000;
Pozo-Bayón et al., 2003). O fato de este ácido ser considerado um bom antioxidante (Yilmaz
74
& Toledo, 2004) torna importante o resultado obtido, tanto do ponto de vista farmacológico
quanto do comercial. O trans-resveratrol é um dos compostos fenólicos mais estudados nos
dias atuais, com propriedades antioxidantes e antitumorais relatadas por diversos autores (Eng
et al., 2003; Soares et al., 2003; Yilmaz & Toledo, 2004). As diferenças encontradas na
concentração de trans-resveratrol entre os espumantes Charmat e Champenoise tornam
relevante a realização de mais pesquisas que permitam inferir sobre o uso de tecnologias que
visem a obtenção e/ou a preservação deste composto nos vinhos espumantes. As correlações
positivas encontradas no presente trabalho entre o período de sur lie e a concentração de
trans-resveratrol, bem como entre a concentração deste composto e a atividade antioxidante in
vivo, reforçam esta idéia.
Apesar das diferenças pontuais inerentes ao tipo de produto ensaiado, quantidades
significativas de procianidinas B
1
, B
2
, B
3
e B
4
, bem como de suas unidades monoméricas (+)-
catequina e (-)-epicatequina foram observadas. Estes compostos também o considerados
bons antioxidantes (Roig et al., 2002; Yilmaz & Toledo, 2004), sendo esta a primeira vez em
que foi relatada a presença das procianidinas B
1
, B
2
e B
4
em vinhos espumantes. A interação
entre estes compostos (polimerizações e/ou clivagens) poderia, no futuro, ser explicada
através de testes que utilizem a técnica de marcação isotópica.
Apesar de as características enológicas não terem sido o foco principal deste estudo,
observou-se que os veis de acidez, dióxido de enxofre, período de sur lie e concentração de
açúcar, principalmente, influenciaram na composição fenólica dos vinhos espumantes
avaliados. Além dos aspectos discutidos sobre sur lie e também sobre a concentração de
açúcar pode-se dizer que, para a elaboração de vinhos espumantes, o parâmetro acidez é um
dos mais importantes por ser o responsável pelo equilíbrio entre estrutura, sabor e aroma.
Verificou-se que teores elevados de acidez podem influenciar negativamente a atividade
antioxidante dos vinhos espumantes; logo, torna-se útil investigar como isto ocorre e a partir
75
de que concentração haveria prejuízos sensoriais ou biológicos. O uso racional e cada vez
menor de conservantes em alimentos e bebidas está sendo recomendado no mundo inteiro,
devido aos seus efeitos potenciais à saúde (Boulton et al., 1995). A fração livre (SO
2
ativo)
de dióxido de enxofre, que é a realmente importante do ponto de vista enológico (Boulton et
al., 1995; Fleet, 1993), interferiu positivamente na atividade antioxidante dos vinhos
espumantes, enquanto que o SO
2
total exerceu papel negativo. Portanto, iniciativas para que,
tanto produtores de uva (responsáveis diretos pela qualidade e sanidade das uvas) quanto
empresários (compromisso social) e enólogos (responsáveis técnicos pelos produtos) sejam
conscientizados da importância deste fator, são realmente necessárias.
Observou-se, no artigo 2, um perfil mineral semelhante nos vinhos base amostrados. É
possível que, ao aumentar-se o grupo amostrado, separando-o por regiões produtoras das
uvas, seja possível utilizar os resultados como coadjuvantes em processos de indicação de
procedência almejados pelo setor como, por exemplo, Vale dos Vinhedos e Pinto Bandeira,
entre outros. A técnica de PIXE é altamente sensível (Maxwel et al., 1995; Kertész et al.,
2005) e pode ser recomendada para esta finalidade. Como esperado, os teores de metais
mostraram-se diminuídos após a segunda fermentação, independentemente do método de
elaboração. Entretanto, é provável que a presença de compostos fenólicos e de ácido L-
ascórbico, além de parâmetros enológicos (principalmente teores de açúcar, acidez e dióxido
de enxofre) e provavelmente as técnicas de vinificação (filtração, estabilização tartárica,
clarificação, etc), influencie na composição mineral dos vinhos espumantes, demonstrando
mais uma vez que muitos aspectos ainda não estão claramente elucidados.
Em resumo, este trabalho abre novas perspectivas de estudo em vinhos espumantes,
visando, principalmente, avaliar o papel benéfico à saúde decorrente do seu consumo
moderado e o conseqüente aumento no valor agregado deste produto. Além disso, é possível
definir as melhores técnicas enológicas necessárias para a elaboração de vinhos espumantes
76
com características específicas. Avaliações da capacidade antioxidante de indivíduos
suplementados com vinhos espumantes, bem como o estudo de possíveis efeitos mutagênicos
e/ou antimutagênicos destes produtos também poderiam ser realizados.
4. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir que os vinhos espumantes
elaborados pelos métodos Charmat (brut e/ou demi-sec) ou Champenoise apresentaram
importante atividade antioxidante, tanto nos ensaios in vitro e in vivo. A segunda fermentação
modificou o perfil fenólico e mineral e aumentou a atividade antioxidante dos vinhos
espumantes estudados.
Especificamente, podem ser listadas as seguintes conclusões:
Vinhos espumantes Charmat brut, elaborados pela mesma vinícola a partir do mesmo
vinho base, apresentaram maior atividade antioxidante que os seus respectivos pares
Charmat demi-sec e Champenoise;
O tipo de uva e/ou o assemblage escolhido (blanc de blancs ou blanc de noirs)
influencia na capacidade antioxidante dos vinhos espumantes;
Após a segunda fermentação, observou-se uma significativa redução de polifenóis
totais e flavonóides totais nos espumantes Charmat e aumento na concentração destes
compostos nos espumantes Champenoise;
Obsevou-se uma significativa diminuição na concentração de hidroxicinamatos totais
e, em geral, na de metais, após a segunda fermentação dos vinhos base;
A segunda fermentação e o método de elaboração influenciam na concentração de
ácido gálico, trans-resveratrol, (+)-catequina, (-)-epicatequina e procianidinas B
1
, B
2
,
B
3
e B
4
dos vinhos espumantes;
Características enológicas, principalmente níveis de acidez, dióxido de enxofre,
período de sur lie e concentração de açúcar, influenciam nos perfis fenólico e mineral
e na atividade antioxidante dos vinhos espumantes.
78
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1102 p.
ANEXO I
II
Tabela I.1. Teor de Metais Determinado nas Diferentes Amostras de Vinhos Espumantes Através da Técnica de PIXE.
Metais (mg.L
-1
)
Amostras
K Ca Mg Cu Zn Al S Mn
Br Ni Cl Ti Si Cr Rb Fe P Sr
Charmat Brut
1
40% PN, 60% CH
614,2 134,0 113,3 1,7 29,3
53,1 9,2 3,0 5,8 1,4 33,4
20,4
15,6 1,9 8,6 23,8 50,5 nd*
2
60% PN, 40% CH
622,8 106,4 103,3 1,4 26,8
48,7 19,6
6,8 nd nd 31,2
3,9 14,5 3,5 7,7 17,0 38,4 9,5
3
50% RI, 30% SE, 20% MB
537,5 115,4 109,9 1,5 19,5
nd 21,2
2,2 5,1 nd 33,0
3,5 14,2 2,7 10,1 14,1 43,2 nd
4
50% RI, 33% PN, 17% CH
679,5 124,6 106,7 1,8 20,6
52,0 24,1
34,9
nd nd 34,3
nd 15,0 nd 7,9 15,9 43,2 nd
5
30% IR, 70% CH
571,0 143,3 113,2 2,7 25,8
53,0 24,4
5,4 nd 1,8 36,0
21,4
14,4 2,3 8,1 15,1 42,6 nd
6
100% CH
535,6 115,2 104,6 1,3 24,7
49,8 14,6
2,2 nd 1,6 32,2
nd 14,5 2,4 9,9 11,8 47,4 nd
7
40% RI, 10% ME, 50% CS
617,0 135,0 107,1 1,6 26,1
52,2 20,6
3,9 nd 1,6 32,1
3,9 14,9 2,0 11,5 15,4 43,2 nd
Champenoise
8
40% PN, 60% CH
741,0 139,8 122,1 1,8 29,0
nd 21,1
2,4 4,2 1,7 36,8
1,8 15,0 2,9 7,3 15,1 44,7 nd
9
100% PR
683,0 143,2 112,7 nd 23,2
51,7 20,8
1,9 nd nd 33,7
22,7
14,6 nd 7,5 21,0 43,3 nd
10
100% CH
641,1 112,6 111,4 1,5 24,0
47,5 16,3
65,7
nd nd 30,3
3,7 13,6 1,9 5,1 18,9 42,3 nd
11
20% PN, 80% CH
731,0 159,5 121,9 1,5 23,5
54,8 17,8
2,1 5,0 nd 36,4
nd 15,6 nd 8,8 12,3 49,7 nd
12
10% CH, 60% ME, 30% PN
640,3 184,0 119,5 1,7 5,6 nd 25,5
2,8 nd nd 39,1
3,8 15,2 nd 8,9 15,7 44,6 9,7
13
50% PN, 50% CH
712,6 173,1 120,3 1,8 20,7
56,4 25,5
47,3
3,8 1,8 38,3
22,8
15,1 3,1 10,9 17,0 45,7 nd
14
20% PN, 80% CH
730,8 134,5 119,1 nd 20,2
nd 20,4
2,7 4,6 1,8 35,7
3,7 14,9 nd 6,8 17,5 45,3 nd
Charmat Demi-sec
15
50% RI, 30% SE, 20% MB
357,0 89,8 94,8 1,5 19,2
nd 17,7
1,9 nd nd 26,2
nd 11,9 1,3 6,3 8,3 34,9 nd
16
30% IR, 70% CH
403,7 101,0 100,0 nd 21,5
44,5 20,9
2,0 nd 1,3 28,9
2,1 12,4 nd 8,3 12,8 37,7 nd
17
100% CH
289,9 81,2 88,6 nd 17,9
40,1 18,7
1,5 nd nd 25,5
nd 11,5 nd nd 9,4 34,1 nd
18
56% MaB, 25% MaC,
10% MoC, 9% MA
447,0 75,8 96,0 1,6 23,3
nd 19,0
25,7
nd nd 25,6
3,3 12,5 nd 6,1 12,0 35,8 nd
19
74% RI, 14% PN, 12% CH
489,6 87,6 97,8 1,5 18,4
nd 20,0
34,1
4,0 nd 27,1
2,7 12,3 nd 9,2 7,8 34,2 nd
Legenda: Pinot Noir (PN), Chardonnay (CH), Riesling Itálico (RI), Semillon (SE), Moscato Bianco (MB), Merlot (ME), Cabernet Sauvignon (CS), Prosecco
(PR), Malvasia Bianca (MaB), Malvasia de Cândia (MaC), Moscato Canelli (MoC), Moscato de Alexandria (MA); * não detectado.
ANEXO II
IV
Tabela II.1. Valores médios de IC
50
para os diferentes vinhos base e espumantes analisados.
Amostras
IC
50
± DP* (%)
Charmat Brut
1
Pinot Noir (40%) e Chardonnay (60%)
11,80 ± 1,28
a**
2
Pinot Noir (60%) e Chardonnay (40%)
13,03 ±
±±
± 1,19
a
3
Riesling Itálico (50%), Semillon (30%) e Moscato (20%)
1,83 ±
±±
± 0,49
b
4
Riesling Itálico (50%), Pinot Noir (33%) e Chardonnay (17%)
80,76 ± 2,75
c
5
Riesling Itálico (30%) e Chardonnay (70%)
20,76 ± 5,12
d
6
Chardonnay (100%)
25,26 ± 0,32
e
7
Riesling Itálico (40%), Merlot (10%) e Cabernet Sauvignon (50%)
31,50 ± 0,42
f
Champenoise
8
Pinot Noir (40%) e Chardonnay (60%)
9,05 ± 1,04
g
9
Prosseco (100%)
19,63 ± 0,63
e
10
Chardonnay (100%)
30,83 ± 2,01
f
11
Pinot Noir (20%) e Chardonnay (80%)
11,09 ± 1,81
a
12
Chardonnay (10%), Merlot (60%) e Pinot Noir (30%)
32,83 ± 0,13
f
13
Pinot Noir (50%) e Chardonnay (50%)
16,77 ± 0,54
h
14
Pinot Noir (20%) e Chardonnay (80%)
39,53 ±
±±
± 1,53
i
Charmat Demi-sec
15
Riesling Itálico (50%), Semillon (30%) e Moscato (20%)
26,87 ±
±±
± 0,58
j
16
Riesling Itálico (30%) e Chardonnay (70%)
32,56 ± 0,43
f
17
Chardonnay (100%)
25,04 ± 0,13
d
18
Malvasia Bianca (56%), Malvasia de Cândia (25%), Moscato Canelli (10%) e Moscato de Alexandria (9%)
23,73 ± 0,57
d
19
Riesling Itálico (74%), Chardonnay (14%) e Pinot Noir (12%)
26,10 ±
±±
± 1,93
d
Vinho Base
20
Pinot Noir (60%) e Chardonnay (40%) (base da amostra 2)
47,31 ±
±±
± 4,06
k
21
Riesling Itálico (50%), Semillon (30%) e Moscato (20%) (base das amostras 3 e 15)
32,17 ±
±±
± 2,72
d
22 Riesling Itálico (74%), Chardonnay (14%) e Pinot Noir (12%) (base da amostra 19)
35,41 ±
±±
± 4,17
l
23 Pinot Noir (20%) e Chardonnay (80%) (base da amostra 14)
39,72 ±
±±
± 7,18
i
* Desvio Padrão; ** Letras distintas diferem significativamente pelo teste de
Kruskal Wallis H
(para
p
0,05).
V
Tabela II.2. Valores médios de sobrevivência da levedura Saccharomyces cerevisiae tratada com peróxido de hidrogênio 75mM em
presença e ausência dos diferentes vinhos base e espumantes.
Tratamentos
Sobrevivência ± DP*
(%)
Charmat Brut
1 Pinot Noir (40%) e Chardonnay (60%) +H
2
O
2
93,55 ± 0,25
a*
2
Pinot Noir (60%) e Chardonnay (40%) +H
2
O
2
93,65 ±
±±
± 4,75
a
3
Riesling Itálico (50%), Semillon (30%) e Moscato (20%) +H
2
O
2
96,90 ±
±±
± 3,10
a
4
Riesling Itálico (50%), Pinot Noir (33%) e Chardonnay (17%) +H
2
O
2
100,00 ± 0,00
a
5
Riesling Itálico (30%) e Chardonnay (70%) +H
2
O
2
78,70 ± 3,70
b
6
Chardonnay (100%) +H
2
O
2
96,75 ± 0,35
a
7
Riesling Itálico (40%), Merlot (10%) e Cabernet Sauvignon (50%) +H
2
O
2
62,43 ± 8,30
c
Champenoise
8
Pinot Noir (40%) e Chardonnay (60%) +H
2
O
2
84,22 ± 1,91
d
9
Prosseco (100%) +H
2
O
2
56,80 ± 1,00
e
10
Chardonnay (100%) +H
2
O
2
53,58 ± 0,95
e
11
Pinot Noir (20%) e Chardonnay (80%) +H
2
O
2
34,80 ± 0,50
f
12
Chardonnay (10%), Merlot (60%) e Pinot Noir (30%) +H
2
O
2
85,50 ± 0,90
d
13
Pinot Noir (50%) e Chardonnay (50%) +H
2
O
2
25,41 ± 1,21
g
14
Pinot Noir (20%) e Chardonnay (80%) +H
2
O
2
85,05 ±
±±
± 3,35
d
Charmat Demi-sec
15
Riesling Itálico (50%), Semillon (30%) e Moscato (20%) +H
2
O
2
65,45 ±
±±
± 1,05
c
16
Riesling Itálico (30%) e Chardonnay (70%) +H
2
O
2
64,85 ± 2,35
c
17
Chardonnay (100%) +H
2
O
2
79,20 ± 3,60
b
18
Malvasia Bianca (56%), Malvasia De Cândia (25%), Moscato Canelli (10%) e Moscato De Alexandria (9%)+H
2
O
2
100,00 ± 0,00
a
19
Riesling Itálico (74%), Pinot Noir (14%) e Chardonnay (12%) +H
2
O
2
95,30 ±
±±
± 4,70
a
Vinho Base
20
Pinot Noir (60%) e Chardonnay (40%) +H
2
O
2
64,55 ±
±±
± 4,86
c
21
Riesling Itálico (50%), Semillon (30%) e Moscato (20%) +H
2
O
2
84,60 ±
±±
± 2,20
d
22 Riesling Itálico (74%), Pinot Noir (14%) e Chardonnay (12%) +H
2
O
2
100,00 ±
±±
± 0,00
a
23 Pinot Noir (20%) e Chardonnay (80%) +H
2
O
2
80,65 ±
±±
± 2,45
b
Peróxido de Hidrogênio 75mM
27,95 ± 0,25
g
*Letras distintas diferem significativamente pelo teste de
Kruskal
-
Wallis H
(para
p
0,05) .
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