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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Mestrado
Área de Concentração: Psicologia Aplicada
FERNANDA MACHADO
FERNANDA MACHADOFERNANDA MACHADO
FERNANDA MACHADO
Estudo das falsas memórias no Teste Pictórico de Memória
(TEPIC-M)
UBERLÂNDIA
2010
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FERNANDA MACHADO
FERNANDA MACHADOFERNANDA MACHADO
FERNANDA MACHADO
Estudo das falsas memórias no Teste Pictórico de Memória
(TEPIC-M)
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Psicologia
Mestrado, do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal de Uberlândia,
como requisito parcial à obtenção do
Título de Mestre em Psicologia Aplicada.
Área de Concentração: Psicologia
Aplicada
Orientador (a): Prof. Dr. Ederaldo José
Lopes
UBERLÂNDIA
2010
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
M149e
Machado, Fernanda, 1982-
Estudo das falsas memórias no teste pictórico de memória
(TEPIC-M) [manuscrito] / Fernanda Machado. - 2010.
80 f. : il.
Orientador: Ederaldo José Lopes.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,
Programa de Pós-Graduação em Psicologia.
Inclui bibliografia.
1.
Memória - Teses. I. Lopes, Ederaldo José. II.Universidade Fe-
deral de Uberlândia. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. III.
Título.
CDU: 159.953
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FERNANDA MACHADO
Estudo das falsas memórias no Teste Pictórico de Memória
(TEPIC-M)
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Psicologia Aplicada da
Universidade Federal de Uberlândia como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Psicologia.
Uberlândia, 5 de novembro de 2010.
Banca examinadora:
Prof. Dr. Ederaldo José Lopes – UFU – Orientador.
Profª. Drª. Renata Ferrarez Fernandes Lopes – UFU
Profª. Drª. Carmem Beatriz Neufeld – USP-RP
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Dedico este trabalho aos meus pais, Alfredo e
Neusa; aos meus avôs Arlindo e Edson
(sempre presente em minha vida), minhas
avós, Nair e Noêmia, por serem a minha base,
meus exemplos e por me apoiarem
incondicionalmente. E ao meu marido Flávio,
por me apoiar e estar ao meu lado, sempre.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, acima de tudo, pela minha vida, minha família e minhas vitórias. Sem Ele
nada disso seria possível.
Aos meus pais, Alfredo e Neusa, pelo amor incondicional, apoio, carinho e compreensão. Por
acreditarem em mim mais do que eu mesma e jamais me deixarem desistir de lutar frente aos
desafios encontrados. Obrigada pelo incentivo, pela confiança. Se não fosse por vocês não
estaria comemorando hoje esta conquista. E meus irmãos, Daniel e Roberta, por
compreenderem os inúmeros momentos em família que estive ausente, pelo apoio, amizade,
incentivo e amor.
Ao meu marido Flávio, companheiro, melhor amigo, confidente. Pelo apoio, paciência,
dedicação e o amor que cresce a cada dia de convivência. Obrigada por me aturar nas
incontáveis horas de mau humor, de estresse, de cansaço, as insônias, ansiedades, enfim, por
passar por tudo isso ao meu lado, me encorajando sempre e torcendo pelas minhas vitórias!
Sua presença foi, é e sempre será essencial à minha vida.
Ao meu orientador Ederaldo José Lopes, por contribuir com o meu aprendizado sempre: nas
aulas, supervisões ou ‘tira-dúvidas’ via email. Obrigada pelo incentivo, e principalmente pela
paciência. é possível realizar um trabalho deste porte se tivermos ao nosso lado pessoas
empenhadas em nos orientar e questionar, nos fazer construir e desconstruir. Obrigada pelas
respostas, mas principalmente, obrigada pelas dúvidas que surgiram durante o processo de
construção desta dissertação. Somente através delas é que deixei a comodidade e consegui
buscar respostas. Porém somente com a sua ajuda é que muitas delas puderam ser
respondidas!
À Cláudia Araújo da Cunha, mestre e amiga; pessoa de importância indescritível no processo
da minha formação pessoal e profissional. Obrigada por fazer parte da minha vida.
Aos professores doutores Renata Ferrarez Fernandes Lopes e Joaquim Carlos Rossini, pelas
contribuições na qualificação.
Aos professores que permitiram as aplicações do teste em suas aulas e todos aqueles que
voluntariamente participaram desta pesquisa.
Ao Fabian Marin Rueda, por permitir que fosse realizado um estudo sobre o TEPIC-M, pela
atenção e por toda ajuda necessária para conclusão deste trabalho.
A Marineide, sempre ao nosso lado para ajudar, independente de estar ou não ao seu alcance.
Definitivamente uma pessoa maravilhosa e insubstituível. Obrigada pelo carinho!
À CAPES, pela concessão da bolsa de mestrado para realização desta pesquisa.
À minha querida amiga-irmã Maria Amélia Chamma Maximiano meus sinceros
agradecimentos. As palavras não serão suficientes para descrever a minha gratidão por ter
você ao meu lado sempre! Obrigada ser minha auxiliar de pesquisa (e principalmente pelos
incontáveis minutos que teve de sustentar o banner nos braços). Obrigada por dividir comigo
as minhas angústias e ansiedades, por ler diversas vezes esta dissertação para apontar as
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falhas... e ainda, pelas caminhadas, confidências, risadas, grimas, enfim... Melzinha
obrigada por cada segundo que passei ao seu lado em Uberlândia, e por cada segundo ao
telefone agora que estamos geograficamente distantes. Jamais conseguiria ter concluído este
trabalho se não fosse pelo seu apoio.
À Sara, mãezinha do coração, obrigada por me acolher em sua casa, fazendo desta o meu
segundo lar. Agradeço o carinho, o zelo, as preocupações e o amor de mãe. Obrigada por tudo
que fez (e ainda faz) por mim.
Ao Marcelo Barini (Mor), sem dúvida um grande exemplo em minha vida. Exemplo de
caráter, de esforço, de determinação de alegria. Companheiríssimo na vida e também no
mestrado. Obrigada por me incentivar e me animar nos momentos que mais precisei. Me
orgulho muito de você!
À Danielle Yoshida, amiga querida, pela amizade, carinho e força de sempre. Por não medir
esforços para estar ao meu lado, e por compreender as demoras em responder emails,
mensagens ou retornar ligações. Sua amizade é de importância indescritível à minha vida.
Ao meu querido amigo Tiago Regis, sempre presente em minha vida, me apoiando e me
incentivando a sonhar cada vez mais alto. Obrigada por tudo!
Às amigas Lúcia e Lenira, pelo carinho, amizade e confiança. Por torcerem por mim e
principalmente, por entenderem a minha ausência nos momentos mais importantes da vida
dos meus afilhados Vítor e Guilherme. Em breve estarei mais próxima de todos vocês!
À Erika Almeida - amiga, companheira, confidente - obrigada por dividir comigo a minha
“mochilinha de pedra”. Agradeço os domingos de conversa, os emails, os almoços, as
“trilhas”... sem elas a vida definitivamente não teria a menor graça. Obrigada por fazer parte
do meu mundo.
À Andressa Bazan, querida amiga e companheira, meu agradecimento pelas pequenas
(grandes) coisas do dia a dia, que contribuíram para que minha adaptação e moradia em Ji-
Paraná se tornassem mais fáceis e divertidas. E definitivamente, à Ana Beatriz e Marina, por
tornarem meus dias mais alegres, sempre.
Às amigas sempre presentes, Marcela e Franciely, que independente da distância nunca
mediram esforços para ajudar quando precisei, pela amizade, apoio, força e carinho desde o 1º
período da faculdade. A saudade por aqui é imensa!
As colegas e amigas - do mestrado: Débora, Cláudia, Josiane, Juliene, Vanessa Coelho e
Vanessa Cristina. Agradeço a cada uma de vocês o carinho, amizade e companheirismo.
Ao Maiango Dias, pela amizade, força, carinho e confiança. Por estar sempre ao meu lado,
independente da distância. Por não medir esforços para me auxiliar sempre que precisei. A
você meu querido amigo, ‘minha sincera gratidão e amizade eterna’.
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Ainda que se narrem os acontecimentos verídicos
passados, a memória relata não os próprios
acontecimentos que decorreram, mas sim as
palavras concebidas pelas imagens daqueles fatos,
os quais, ao passarem pelos sentidos, gravaram no
espírito uma espécie de vestígios. Por conseguinte, a
minha infância que não existe presentemente,
existe no passado que não é. Porém, a sua
imagem, quando a evoco e se torna objeto de
alguma descrição, vejo-a no tempo presente porque
ainda está na minha memória.” (Santo Agostinho)
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RESUMO
O estudo da memória, há tempos, tem despertado curiosidade e fascinação, sendo um
tema importante não somente para a Psicologia, como também para outras áreas do
conhecimento, como a Filosofia, História, Neurologia, Fisiologia entre outras. As atividades
realizadas no nosso cotidiano não são registradas pela nossa memória tal como aconteceram.
Nós interpretamos os eventos vividos através de nossos próprios esquemas, percepções,
pensamentos e reações. Tudo o que vivemos exerce grande influência naquilo que lembramos,
podendo distorcer o processo de codificação, armazenamento e recuperação daquelas
informações, criando lembranças de fatos que nunca ocorreram ou criando distorções de fatos
ocorridos. Este fenômeno é chamado de falsas memórias, e podemos defini-las como
recordações que as pessoas têm de fatos ou eventos que na verdade nunca ocorreram, ilusões
ou distorções de fatos ocorridos. O presente trabalho trata-se de um estudo sobre a ocorrência
de falsas memórias no teste pictórico de memória TEPIC-M, e teve por objetivo manipular a
variável tempo em três grupos distintos (G1 tempo exposição (TE) 1 min, G2 TE 3 min e G3
TE 5 min) a fim de perceber se esta variável exerce influência no aparecimento de falsas
memórias. Participaram desta pesquisa 273 participantes, sendo 113 do sexo masculino e 160
do sexo feminino. As aplicações foram realizadas coletivamente nas salas de aula, em turmas
de cursos escolhidos por conveniência. Os resultados deste estudo mostraram que houve uma
diminuição significativa da percentagem de respostas falsas considerando os tempos de
exposição de G1 para os tempos de G2 ou G3, porém, não houve diferença significativa entre
os tempos de exposição G2 e G3. Os resultados foram discutidos em termos das principais
teorias e achados sobre falsas memórias, teoria da capacidade da memória de curto prazo e a
teoria do código duplo.
Palavras chave: Teste pictórico de memória, falsas memórias, memória de curto prazo.
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ABSTRACT
The study of memory, for some time, has aroused curiosity and fascination, as an
important issue not only for Psychology, but also for other areas of knowledge, such as
Philosophy, History, Neurology, Physiology, among others. The activities performed in
everyday life are not recorded by our memory as happened. We interpret the events
experienced through our own schemes, perceptions, thoughts and reactions. All that we live
greatly influences what we remember and can distort the processes of encoding, storing and
retrieving that information, creating memories of events that never occurred, or creating
distortions on occurred facts. This phenomenon is called false memories, and we define them
as memories that people have of facts or events that never actually occurred, illusions or
distortions of occurred facts. The present work is a study on the occurrence of false memories
in the pictorial recognition memory test (Teste Pictórico de Memória - TEPIC-M), and aimed
to manipulate the time variable into three groups (G1-time exposure (TE) 1 min, G2 TE 3 min
and G3 TE 5 min) in order to understand whether this variable influences the appearance of
false memories. The study gathered 273 college students, 113 males and 160 females. The
applications were made collectively in the classrooms, in groups of randomly selected
courses. The results of this study showed a significant decrease in the percentage of false
answers given the exposure times of G1 to G2 or G3, but no significant difference between
exposure times G2 and G3 was found. The results were discussed in terms of the main
theories and findings on false memories, theory of the capacity of short-term memory and
dual coding theory.
Keywords: Pictorial memory test, false memory, short-term memory.
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Valores nimos, valores máximos, médias e desvios padrão, relativos às idades
dos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
TABELA 2: Distribuição de freqüências e porcentagens de acertos, obtidos pelos
participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
TABELA 3: Distribuição de freqüências e porcentagens de falsas memórias, obtidas pelos
participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
TABELA 4: Distribuição de freqüências e porcentagens de acertos relativas ao tempo de
apresentação, gasto pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados
totais.
TABELA 5: Distribuição de freqüências e porcentagens de respostas de falsas memórias,
emitidas pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
TABELA 6: Valores do teste de Kolmogorov-Smirnov (KS) para FM (falsas memórias) e
MV (memórias verdadeiras) para os três tempos de exposição da lâmina do
TEPIC-M
TABELA 7: Valores dos postos médios obtidos no teste de Kruskal-Wallis para FM (falsas
memórias) e MV (memórias verdadeiras) para os diferentes tempos de
exposição da lâmina do TEPIC-M
TABELA 8: Valores dos postos médios obtidos no teste de Mann-Whitney para FM (falsas
memórias) e MV (memórias verdadeiras) nos três tempos de exposição da
lâmina do TEPIC-M
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................... 12
CAPÍTULO 1: MEMÓRIA ......................................................................................................................... 17
CAPÍTULO 2: FALSAS MEMÓRIAS ....................................................................................................... 21
2.1 FALSAS MEMÓRIAS: CONCEITOS GERAIS ............................................................................. 21
2.2
FALSAS MEMÓRIAS: TEORIAS E DADOS EXPERIMENTAIS ............................................... 25
2.2.1 FALSAS MEMÓRIAS EM PESQUISAS COM DIFERENTES TEMPOS DE
APRESENTAÇÃO DOS ESTÍMULOS................................................................................................. 27
2.2.2 FALSAS MEMÓRIAS EM PESQUISAS COM ESTÍMULOS PICTÓRICOS ......................... 28
2.2.3
TEORIAS EXPLICATIVAS DAS FALSAS MEMÓRIAS ....................................................... 30
2.3
FALSAS MEMÓRIAS: ALÉM DOS DADOS EXPERIMENTAIS ............................................... 34
CAPÍTULO 3: TEPIC-M ............................................................................................................................ 38
3.1 O TESTE PICTÓRICO DE MEMÓRIA.......................................................................................... 38
3.2 PESQUISA REALIZADA COM O TEPIC-M SOBRE FALSAS MEMÓRIAS............................. 45
CAPÍTULO 4: OBJETIVO ......................................................................................................................... 47
4.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................. 47
4.2
OBJETIVO GERAL......................................................................................................................... 47
4.3
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 47
4.4 HIPÓTESE ....................................................................................................................................... 48
CAPÍTULO 5: MÉTODO ........................................................................................................................... 49
5.1 PARTICIPANTES............................................................................................................................ 49
5.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.................................................................................. 50
5.3 PROCEDIMENTOS......................................................................................................................... 51
5.4 APLICAÇÃO DOS TESTES ........................................................................................................... 51
CAPÍTULO 6: RESULTADOS .................................................................................................................. 54
6.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS ............................................................................................................ 54
6.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS ....................................................................................... 57
6.3 DISCUSSÃO DOS DADOS ............................................................................................................ 61
CAPÍTULO 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 65
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 67
ANEXO I: PARECER DO COMTÊ DE ÉTICA ........................................................................................ 76
ANEXO II: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.............................................. 77
APÊNDICE 1 .............................................................................................................................................. 78
12
INTRODUÇÃO
O estudo da memória, tempos, tem despertado curiosidade e fascinação, sendo um
tema importante não somente para a Psicologia, como também para outras áreas do
conhecimento, como a Filosofia, História, Neurologia, Fisiologia entre outras. O interesse
pelo estudo do tema inclui tanto a compreensão dos processos responsáveis pela memória
(armazenamento, codificação e recuperação das informações) como a compreensão de suas
falhas (amnésia, esquecimento, falsas memórias, entre outros).
Não como pensar na vida sem um mecanismo que garanta a consciência de nossa
história passada, de nosso presente e do planejamento do nosso futuro. Esse mecanismo é a
memória. Sem o seu bom funcionamento nada faz sentido: amizades, estudos, viagens,
relações sociais; e também não conseguiríamos realizar nenhuma tarefa comum do cotidiano,
uma vez que todas elas exigem conhecimentos prévios (aprendizagens) que foram
armazenados e posteriormente recuperados para a realização das mesmas.
A memória pode ser compreendida como um processo pelo qual experiências
anteriores levam à alteração do comportamento (Helene & Xavier, 2003; Magila & Xavier,
2000); ou ainda um processo pelo qual, experiências anteriores são recuperadas a fim de
serem usadas no presente (Sternberg, 2000). Anderson (2005) define a memória como “o
registro da experiência que é subjacente à aprendizagem” (p. 4). Squire e Kandel (2003) a
definem como “o processo pelo qual aquilo que aprendemos persiste ao longo do tempo”
(p.14). Grecc (1976) afirma que “não é possível recordar coisa alguma se ela não tiver sido
aprendida” (p. 16). Izquierdo e Izquierdo (2004) a denominam como “a aquisição, o
armazenamento e a evocação de informações” (p. 367). Para Pergher e Stein (2005) é por
meio da memória que as pessoas viajam no próprio passado e fundamentam suas visões de
futuro e, portanto, pela forma como planejam suas vidas. Para Izquierdo (1988), “memória é a
capacidade de armazenar e evocar informações” (p. 7). A partir destas definições de memória
13
percebe-se que esta pode ser compreendida, de maneira geral, como uma capacidade
cognitiva capaz de interligar presente e passado, bem como fazer projeções e programações
para o futuro (Alves, 2006).
Atualmente várias teorias na psicologia cognitiva que explicam a memória. Estas
teorias diferem no que se refere ao funcionamento e à disposição das informações contidas na
mesma, contudo, fazem uso do mesmo pressuposto que postula algumas fases para o
processamento da memória (Neufeld & Stein, 2001). Estas fases ou processos da memória
são: codificação, armazenamento e recuperação (Atkinson, Atkinson, Smith, Bem & Nolen-
Hoeksema, 2002; Izquierdo, 1988; Matlin, 2004; Neufeld & Stein, 2001; Sternberg, 2000,
2008).
A codificação é o meio pelo qual estímulos sensoriais são transformados em uma
espécie de representação mental, ou seja, como transformamos um input físico e sensorial em
uma espécie de representação que pode ser colocada na memória (Sternberg, 2000). O
armazenamento consiste na maneira como a informação codificada é mantida na memória e a
recuperação refere-se à forma como a informação armazenada na memória é acessada
(Sternberg, 2000, 2008). Estas três fases ou processos são geralmente considerados como
seqüenciais, porém eles são interdependentes e interagem simultaneamente (Sternberg, 2008).
A memória humana é flexível (Matlin, 2004). É um mecanismo tão completo e
complexo que pode funcionar bem mesmo em tarefas em que dados inadequados são
fornecidos como pistas. De acordo com Matlin (2004) podemos identificar algo descrito, a
partir de uma lista de pistas, mesmo que uma delas esteja incorreta. No entanto, não se pode
comparar a memória a um aparelho de vídeo cassete, que grava os acontecimentos tais como
ocorreram (Atkinson et al., 2002; Pergher & Stein, 2003). A memória humana não representa
necessariamente as situações vivenciadas de forma fidedigna (Pergher & Stein, 2003). A
memória também tem um lado obscuro e frágil, podendo apresentar distorções em lembranças
14
do passado (Ávila & Stein, 2006); ilusões (Bianco, Stein & Pergher, 2005) ou falhas (Pergher
& Stein, 2003; Stein & Pergher, 2001). Para Alves (2006, p. 13) “a nossa memória é antes um
processo de transformação, interpretação e síntese das informações sensoriais do que um
registro fiel do mundo externo”.
De acordo com Sternberg (2000), geralmente a capacidade de recordar não é
valorizada como o ar que se respira. Contudo, “assim como nos tornamos conscientes da
importância do ar quando não o temos suficientemente para respirar” (Sternberg, 2000, p.
204), a maioria das pessoas só presta atenção na própria memória quando ela falha (Pergher &
Stein, 2003); ou seja, quando se esquecem de coisas importantes e/ou corriqueiras, tais como:
se tomaram ou não um remédio; o que foram comprar ao chegar ao supermercado; o nome
daquela pessoa que encontraram dias depois de apresentadas; ou quando observam “pessoas
com graves deficiências de memória” (Sternberg, 2000, p. 204).
O tipo de erro na memória mais conhecido é o esquecimento, e é facilmente
identificável. Apesar de ser considerado um erro da memória, Pergher & Stein (2003)
consideram o esquecimento um mecanismo que contribui em grande parte para a inteligência.
É através do esquecimento de inúmeras situações que se abstrai e se trabalha com
conhecimentos genéricos. Sendo assim, para estes autores, tão importante quanto conseguir
armazenar informações é conseguir esquecê-las.
Além do esquecimento, a memória pode apresentar diversos outros tipos de erros,
falhas ou distorções. O fenômeno da falsificação mnemônica, que ocorre tão freqüentemente
como o esquecimento, é um tipo de erro de memória que em geral não é identificado, e têm
interessado pesquisadores desde os primórdios do século XX (Stein, Feix & Rohenkhohl,
2005), porém foi no começo da década de 90 que se observou um notável crescimento das
pesquisas sobre este tema. As falsas memórias (FM) podem ser definidas, portanto, como
recordações que as pessoas normais têm de fatos específicos como se estes tivessem ocorrido
15
durante determinado episódio de suas vidas, quando de fato não ocorreram naquele momento
(Brainerd, 2010) ou lembranças de ter vivenciado eventos que, na verdade, nunca ocorreram
(Stein & Pergher, 2001).
As atividades realizadas no cotidiano das pessoas, tais como ler um livro, assistir a
uma aula, ver um filme, conversar com amigos não são registradas pela memória exatamente
como aconteceram. De acordo com Alves (2006) as pessoas interpretam esses eventos através
dos próprios esquemas, percepções, pensamentos e reações. Tudo o que é vivenciado exerce
grande influência naquilo que é lembrado pelas pessoas, podendo distorcer o processo de
codificação, armazenamento e recuperação daquelas informações, criando lembranças de
fatos que nunca ocorreram ou criando distorções de fatos ocorridos. Para Roediger e
McDermott (2001), ao tentar recuperar eventos passados, as pessoas podem se lembrar de
alguma coisa como sendo dita por alguém ou lida em algum lugar quando, na verdade, isto foi
somente inferido por elas.
O presente trabalho relata de um estudo sobre o aparecimento de FM no Teste
Pictórico de Memória (TEPIC-M) (Rueda & Sisto, 2007). O objetivo deste teste é avaliar a
memória visual por meio de estímulos figurais e caracteriza-se como medida de memória de
curta duração. A utilização deste instrumento deu-se pela probabilidade dos participantes do
teste apresentarem tanto esquecimentos quanto falsas memórias. A única pesquisa realizada
relacionando o TEPIC-M às falsas memórias é a de Cunha, Sisto e Machado (no prelo), que
será descrita posteriormente. Nesta pesquisa teremos como foco o tempo de apresentação da
lâmina do teste, uma vez que consideramos o mesmo demasiadamente curto, e acreditamos
que este pode estar relacionado com o aparecimento das FM.
Por se tratar de um teste recentemente construído e validado, são poucas as pesquisas
sobre o TEPIC-M [Cunha, Sisto & Machado (no prelo); Rueda (2006); Rueda, Sisto, Cunha
& Machado (2007); Rueda, Sisto, Cunha, Machado, Morais Júnior; Vitorino & Sousa (2007);
16
Rueda, Cecilio-Fernandes & Sisto (2008); Rueda & Sisto (2008); Rueda (2009); Silva (2009);
Tormin (2008); Tormin, Cunha & Lopes (2008)], e ainda mais reduzidas àquelas que
relacionam o teste com as FM (Cunha, Sisto & Machado, no prelo).
Este texto encontra-se dividido em capítulos. O primeiro discorre sobre aprendizagem
e memória, uma vez que não é possível recordar o que não tenha sido aprendido. Neste
capítulo podemos encontrar ainda algumas definições e breve histórico dos estudos sobre o
tema, os modelos explicativos e os processos de codificação, armazenamento e recuperação
da memória humana.
No segundo capítulo serão apresentadas definições e breve histórico das pesquisas
sobre as falsas memórias, características e teorias que procuram explicar seu aparecimento:
Construtivismo, Monitoramento da Fonte e Teoria do Traço Difuso.
O terceiro capítulo contém a justificativa, o objetivo geral, os objetivos específicos e
as hipóteses que nortearam este trabalho.
O quarto capítulo trata do método empregado para a realização do estudo:
participantes, instrumento de coleta de dados, procedimentos e intervenção.
No quinto capítulo a apresentação dos resultados e análises estatísticas, bem como
uma discussão dos dados encontrados nesta pesquisa com a literatura pesquisada.
Para finalizar, o sexto capítulo traz as conclusões finais acerca da análise empreendida
dos resultados e das implicações psicoeducacionais que sustentam tais resultados para futuras
pesquisas sobre as falsas memórias.
17
CAPÍTULO 1: MEMÓRIA
A memória possui um papel fundamental no processamento das informações, e um
funcionamento anormal desta prejudicaria de maneira geral o cotidiano das pessoas (Reynolds
& Bigler, 2001). Os primeiros registros dos filósofos gregos sobre a memória trazem
informações de que estes estudiosos acreditavam que as lembranças seriam como uma
impressão em cera, ou seja, acreditava-se que a memória humana tinha capacidade de ser uma
representação fidedigna da realidade. A metáfora de Platão comparava a memória humana a
um aviário e as memórias específicas eram pássaros posteriormente capturados. autores
como Grecc (1976) utilizam a analogia do gravador para explicar a recordação da memória
retilínea. Recordar eventos passados seria equivalente a tocar uma fita, na qual algo foi
gravado anteriormente, no gravador (Grecc, 1976). Hoje se sabe que a visão dos filósofos e de
inúmeros modelos posteriores é inadequada (Pergher & Stein, 2003). Não se pode levar
demasiado longe a analogia da memória com impressões de cera, pássaros que retornam ao
aviário ou a gravadores. O sistema cognitivo humano e, conseqüentemente, a memória
humana são muito mais complexos.
De acordo com Anderson (2005) os primeiros estudos rigorosos sobre a memória
humana foram feitos por Hermann Ebbinghaus, em 1885. Ebbinghaus ensinou a si mesmo
uma série de silabas sem sentidos, formadas por consoante vogal consoante, pois
acreditava que estas labas sem sentido constituíam um material experimental melhor, uma
vez que não permitiam associações previamente aprendidas. As contribuições destes estudos
foram inicialmente metodológicas e empíricas, mostrando como a memória podia ser
rigorosamente estudada, identificando algumas relações empíricas importantes que resistiram
ao teste do tempo, como a curva de retenção (curva que mostra que o esquecimento inicial é
18
rápido, porém decresce drasticamente ao longo do tempo) e a curva de aprendizagem (com
aceleração negativa e ganhos menores a cada dia).
As explicações teóricas de Ebbinghaus não exercem muita influência nas pesquisas de
aprendizagem subseqüentes, porém ele “plantou as sementes de uma tradição de pesquisa em
memória humana que acabou por se tornar mais proeminente do que a pesquisa de
aprendizagem em animais” (Anderson, 2005, p. 5). Para Myers (1999), as principais
contribuições de Ebbinghaus foram que a porção lembrada resulta do tempo gasto para
aprender, e que as primeiras e as últimas palavras em uma lista seriam mais facilmente
lembradas que as intermediárias.
Por volta da década de 1960, pesquisadores propuseram um modelo de memória
diferenciando dois tipos de memórias propostos por William James: memória primária, capaz
de armazenar informações temporárias em uso no momento, e memória secundária, capaz de
manter informações armazenadas por um longo período de tempo (Sternberg, 2008). Atkinson
e Shiffrin (1968) publicaram um modelo sobre a memória humana. Composto de três
armazenadores: sensorial: que armazenava informações limitadas por um curto período de
tempo, de curto prazo: que armazenava informações por um período um pouco maior e de
longo prazo: de grande capacidade e que armazenava informações por períodos muito longos
(Sternberg, 2008). Para estes autores o processamento da informação se dava de forma serial,
ou seja, inicialmente a informação passaria pelo processamento sensorial, depois pela
memória de curto prazo e posteriormente transferida (ou não) para a memória de longo prazo.
A passagem da informação da memória de curto prazo para a de longo prazo, de
acordo com os autores, dependeria de processos de controle, tais como: repetição da
informação, codificação adequada da informação para a memória de longo prazo, importância
da informação para a pessoa, bem como pistas ou estratégias de recuperação utilizadas para
auxiliar o momento da recuperação da informação (Rueda & Sisto, 2008).
19
Outro modelo sobre a memória surgiu com as pesquisas de Baddeley e Hitch (1974): o
modelo de memória de trabalho. Este modelo é composto por quatro elementos: esboço
visual/espacial que armazena imagens visuais por um curto período, alça fonológica que
armazena o discurso interior por um curto período para compreensão verbal e repetição
acústica, executivo central responsável por coordenar as atividades da atenção e comandar
as respostas e o buffer episódico sistema capaz de integrar informações de diferentes partes
da memória de trabalho de maneira tal que tenham significado para o indivíduo (Sternberg,
2008).
Um novo procedimento de pesquisas sobre memória humana surge após o modelo de
Baddeley e Hitch (1974): “a memória de curto prazo atualmente é compreendida como
fragmento de um sistema mais potente, a memória de trabalho, responsável pelo
processamento e pela coordenação dos processos mentais em tempo” (Baddeley, 2000, p. 77).
O modelo de memória de trabalho corresponde a um modelo de MLP conhecido como
Teoria do Código Duplo (Paivio, 1986). Os componentes da memória de trabalho alça
fonológica e esboço visual/espacial correspondem aos componentes verbal e imagéticos do
modelo de Paivio (1986; ver também de Veja & Marschark, 1996).
De acordo com a teoria do Código Duplo (Paivio, 1986)
os desenhos o bem mais memorizados por estarem codificados, a um
tempo, num módulo ilustrado e verbalmente. Experiências mostram que
necessidade de maior tempo para denominar uma imagem (dizer “elefante”
quando se vê a imagem) que ler o grafismo da palavra (a palavra “elefante”).
Uma explicação do fenômeno assenta-se na distinção entre memória lexical
e memória semântica. Na leitura, a unidade ortográfica da palavra está
codificada em memória lexical para possibilitar a vocalização, mas a
interpretação semântica é opcional; portanto a leitura é muito rápida
(aproximadamente 500 ms por palavra). Inversamente, na denominação, a
imagem (p. ex., um elefante) deve passar obrigatoriamente na memória
20
semântica a fim de ser interpretada antes de encontrar a palavra adequada na
memória lexical, o que leva mais tempo (800 ms) (Lieury, 2001, p. 59).
A teoria de Paivio e Csapo (1969) supunha que se a codificação dupla do estímulo
pictórico existe, ela necessariamente precisaria de tempo suplementar em relação à palavra,
uma vez que ler é mais rápido. Os experimentos dos referidos autores mostraram que os
desenhos são bem memorizados em velocidade lenta, porém deixa de ser o caso quando em
velocidade rápida (Lieury, 2001).
21
CAPÍTULO 2: FALSAS MEMÓRIAS
2.1 FALSAS MEMÓRIAS: CONCEITOS GERAIS
As FM podem ser definidas como recordações que as pessoas têm de fatos ou eventos
que na verdade nunca ocorreram (Alves & Lopes, 2007; Ávila & Stein, 2006; Roediger &
McDermott, 2000; Stein & Neufeld, 2001), ilusões (Bianco et al., 2005) ou distorções de fatos
ocorridos (Stein, Feix & Rohenkhohl, 2005). Isto ocorre porque na realidade os fatos não são
registrados literalmente como aconteceram.
Para Mazzoni & Scoboria (2007) o termo falsas memórias
has been applied to a wide array of phenomena in the psychological
literature, ranging at extremes from erroneously recalling a word as having
been on a previosly presented list (e.g., Roediger & McDernott, 1995) to
elaborate autobiographical descriptions of personally experienced events
(e.g.. Loftus & Pickrell, 1995). In the most general sense, false memory can
be defined as any instance in which a memory is reported for an event or
component of an event that has not been experienced (p. 788).
De acordo com Neufeld, Brust e Stein (2010) o conceito de falsas memórias vem
sendo construído desde o final do século XIX, devido às pesquisas pioneiras em países
europeus. O termo falsas lembranças surgiu pela primeira vez em 1881, utilizado por
Theodule Ribot, em Paris, em um caso de um homem de 34 anos, Louis, que se lembrava de
acontecimentos que nunca haviam ocorrido. Ainda de acordo com as autoras, no início do
século XX foi a vez de Freud estudar os erros de memória ao revisar a teoria da repressão. De
acordo com esta teoria as memórias dos acontecimentos traumáticos vividos na infância
22
seriam reprimidas, ou seja, esquecidas, podendo surgir posteriormente, em algum momento
da vida adulta. Freud relata que algumas lembranças de suas pacientes poderiam ser
recordações de desejos primitivos ou fantasias da infância, e não necessariamente de eventos
vividos, sendo, portanto, falsas informações.
Os primeiros estudos específicos sobre o fenômeno da falsificação mnemônica foram
realizados na França, por Binet, e datam de 1900; e por Stern em 1910 na Alemanha, ambos
demonstrando as falsas memórias em crianças. Uma grande contribuição dos estudos de Binet
foi categorizar a sugestão na memória em dois tipos: auto sugerida aquelas que provêm de
processos internos do próprio indivíduo, e deliberadamente sugerida - aquelas que provêm do
ambiente (Neufeld, Brust & Stein 2010).
As primeiras pesquisas feitas com adultos sobre este fenômeno foram realizadas por
Bartlett (1932; ver também Roediger & McDermott; 2000). “Ele foi o primeiro a estudar as
falsas memórias utilizando materiais com maior grau de complexidade para memorização”
(Neufeld, Brust & Stein 2010, p. 23). Para este pesquisador, o recordar é um processo
construtivo e baseado nas experiências, expectativas e conhecimentos prévios individuais,
bem como dos esquemas que cada indivíduo possui (Stein & Neufeld, 2001; Stein & Pergher,
2001). Para Bartlett (1932) não conseguimos recordar os detalhes exatos de uma experiência
ou evento vivido, porém o que armazenamos na memória seria os temas e esquemas mais
gerais destes eventos e experiências. Dessa maneira, após um longo período de tempo, se
tentássemos recuperar aquelas informações, as lacunas na recordação seriam preenchidas com
detalhes consistentes aos esquemas.
Para Alves (2006), Bartlett forneceu importantes contribuições na distinção das
memórias construtiva e reprodutiva. A memória construtiva refere-se à recuperação precisa e
detalhada do evento vivido ou informações apresentadas. A memória reprodutiva diz respeito
ao processo ativo de recordação, no qual a recuperação reflete mais a compreensão geral do
23
evento vivido que do evento em si. Para Mazzoni (2005) se a memória fosse de fato exata, ela
poderia ser comparada a uma seqüência de fotografias, ou seja, uma seqüência estática e
fidedigna da realidade, sem qualquer interferência externa, porém sabemos que isso não
acontece na realidade. A memória possui caráter construtivo em graus variáveis e é através do
resultado de processos de reconstrução que as informações relevantes são reativadas e criadas
para aquilo que se deseja lembrar.
Bartlett (1932) destacou ainda a importância das expectativas individuais para o
entendimento e a recordação dos fatos, descrevendo o recordar como sendo um processo
reconstrutivo, baseado em esquemas e conhecimento geral prévio do indivíduo (Neufeld,
Brust & Stein, 2010; Stein & Pergher, 2001), salientando a influência da cultura e o papel da
compreensão nas lembranças (Neufeld, Brust & Stein 2010). Isso foi demonstrado em seu
experimento clássico: Bartlett apresentou a universitários ingleses uma lenda do folclore dos
índios norte-americanos (“A guerra dos fantasmas”, do inglês “The war of the ghosts”), na
qual inúmeros fatos, incluindo sua seqüência, não eram familiares à cultura inglesa. Os
participantes foram instruídos a ler duas vezes a lenda e, posteriormente, foram solicitados
que a reproduzissem. Os intervalos variavam de quinze minutos, horas, dias e até anos.
Bartlett constatou que ao invés de se lembrar da lenda tal como foi lida, os participantes
relatavam-na de maneira reconstruída, com base em suas expectativas e suposições ocidentais,
frutos de suas experiências de vida. Os participantes adicionaram à lenda fatos inexistentes,
mas relacionados à sua cultura, de maneira que lhes parecesse mais familiar (Neufeld, Brust
& Stein 2010; Stein & Neufeld, 2001). Para Matlin (2004) os esquemas são conhecimentos
generalizados que temos sobre determinadas situações ou eventos. Os esquemas são formados
a partir de inúmeros exemplos específicos de acontecimentos que vivenciamos e resumem as
características importantes contidas em tais eventos. Com o passar do tempo eventos isolados
não podem ser distinguidos de outros eventos semelhantes. Esse conceito de esquemas
24
“sugere que podemos evocar erroneamente eventos que nunca ocorreram se eles forem
conceitualmente semelhantes aos esquemas por nós desenvolvidos” (Matlin, 2004, p. 94).
Logo a tendência é a de que a memória torne-se menos exata com o tempo, principalmente
porque continuamos vivenciando eventos e situações semelhantes.
De acordo com Stein e Neufeld (2001), as FM podem originar-se de maneira
espontânea ou via implantação externa através de sugestão. As FM espontâneas são distorção
da memória que ocorrem de maneira interna, ou seja, endógena ao sujeito. Essa auto-sugestão
pode ocorrer se o indivíduo lembrar-se apenas da essência do fato vivenciado, e não da
memória literal. Esta pode não estar mais acessível devido a, por exemplo, uma interferência.
Ao julgar uma informação posteriormente, a pessoa compara a essência do fato vivenciado
com essa informação e julga lembrar-se desta última, como o verdadeiro evento vivido
(Brainerd & Reyna, 1995).
As FM sugeridas ocorrem a partir da implantação externa, ou seja, exógena ao sujeito.
Essas sugestões podem ocorrer de maneira acidental ou deliberada. Nas pesquisas sobre as
falsas memórias sugeridas, ocorre um fenômeno chamado efeito da falsa informação. Um
alvo é apresentado aos participantes da pesquisa. Posteriormente, falsas informações são
sugeridas aos mesmos. Quando questionados sobre o evento, os sujeitos reconhecem a falsa
informação como sendo o alvo apresentado, e não o alvo real (Stein & Neufeld, 2001). É
importante ressaltar que as FM não se tratam de mentiras (Alves, 2006). As falsas memórias,
tanto espontâneas quanto sugeridas são fenômenos de base mnemônica, ou seja, lembranças, e
não fenômenos de base social, como mentiras ou dissimulações por pressão social (Stein &
Neufeld, 2001).
Loftus (1997) ressalta que é muito difícil encontrar diferenças entre as lembranças
falsas e as verdadeiras. Nas palavras de Salvador Dalí: "a diferença entre as lembranças falsas
e verdadeiras é a mesma das jóias: as falsas sempre aparentam ser as mais reais, as mais
25
brilhantes." De acordo com Neufeld, Brust e Stein (2010) as falsas memórias “podem parecer
muito mais brilhantes, contendo muito mais detalhes, ou até mesmo mais vívidas que as
memórias verdadeiras” ( pp. 21-22). As pessoas que sofrem com esse tipo de erro da memória
realmente acreditam que aquela lembrança é verdadeira. Elas podem descrever situações com
detalhes e lembram-se inclusive dos sentimentos experienciados na ocasião.
2.2 FALSAS MEMÓRIAS: TEORIAS E DADOS EXPERIMENTAIS
A investigação experimental das falsas memórias teve como ponto de partida principal
o trabalho de Deese (1959), que publicou um artigo sobre a criação de listas de palavras
baseadas nas normas de associação semântica de Kent-Rosanoff, cujo objetivo era verificar
como fatores associativos semânticos afetariam a recordação de palavras, além de medir os
índices de intrusões que cada lista produzia. De acordo com Alves (2006) o autor utilizou
trinta e seis listas de doze palavras semanticamente associadas. Cada uma das listas possuía
uma palavra que traduzia sua essência temática, que recebeu o nome de distrator crítico. Estas
listas foram construídas a partir das normas de associação de palavras pela obtenção do
forward associative strength que é a tendência do distrator crítico eliciar cada item da lista. O
autor utilizou ainda outra variável, backward associative strength, ou seja, a força associativa
de cada alvo para com o distrator crítico, ou seja, “a tendência média de cada alvo eliciar o
distrator crítico era crucial na produção dos efeitos de recordação em algumas listas” (Alves,
2006, p. 36).
Todavia, o impacto da pesquisa de Deese apareceu bem mais tarde quando
Roediger e McDermott (1995) adaptaram o estudo dele criando, no início da década de 90, o
procedimento DRM: Deese-Roediger-McDermott (ver também; Bruce & Winograd, 1998;
Watson, Poole, Bunting & Conway, 2005). A popularidade do artigo de Roediger e
26
McDermott pode ser demonstrada nas mais de 1.000 vezes que foi citado (Gallo, no prelo).
Neste procedimento os participantes ouvem uma lista de 15 palavras e, imediatamente após a
lista, pede-se que recordem em qualquer ordem tantas palavras quanto puderem. Nesta tarefa
os participantes geralmente introduzem uma palavra no momento da recordação que não
constava da lista original. Apresentadas as palavras: porta, parede, casa, construção, estrutura,
telhado; com grande probabilidade, alguém poderia dizer que foi apresentada a palavra janela
na lista previamente estudada. Roediger e McDermott (1995) realizaram dois estudos: o
primeiro consistiu na reaplicação do estudo de Deese, utilizando as seis listas de doze
palavras que mais facilitaram o aparecimento da recordação incorreta dos distratores críticos.
Os participantes deste estudo recordaram 40% dos distratores críticos além de palavras
apresentadas. Já no teste de reconhecimento não existiu diferenças significativas entre
reconhecimento verdadeiro e o falso (86% e 84%, respectivamente), sendo possível que os
resultados do teste de reconhecimento tenham sido afetados pelo teste de recordação. Para
testar esta afirmação, no segundo estudo, após a apresentação das listas, metade dos
participantes fazia um teste de recordação e a outra metade deles realizava um teste de
matemática. Desta vez as pessoas recordaram falsamente 55% dos distratores críticos. Em
relação ao reconhecimento, a taxa de reconhecimento falso foi mais alta para aqueles que
fizeram teste de recordação do que aqueles que fizeram teste de matemática (81% e 72%,
respectivamente). A taxa de reconhecimento correto com recordação foi maior do que a sem
recordação (79% e 65%, respectivamente), ou seja, recordar realmente interfere no reconhecer
tanto no reconhecimento correto, quanto no falso (Roediger & McDermott, 1995).
Nos tópicos a seguir descreveremos pesquisas que utilizaram diferentes tempos de
apresentações ou que foram realizadas com estímulos pictóricos, e serviram para nortear o
presente estudo.
27
2.2.1 FALSAS MEMÓRIAS EM PESQUISAS COM DIFERENTES TEMPOS DE
APRESENTAÇÃO DOS ESTÍMULOS
McDermott e Watson (2001) realizaram experimentos com listas contendo 16 palavras
relacionadas semanticamente e durações curtas (20 ou 250 ms/palavra). Apesar de terem
encontrado um aumento de falsas recordações com um pequeno aumento da duração da
apresentação das palavras, com aumentos ainda mais longos na duração da apresentação
(1000, 3000 ou 5000 ms/palavra) as falsas recordações declinaram. O modelo hipotético
duplo de ativação e monitoramento proposto por McDermott e Watson (2001) sugere que, nos
tempos mais rápidos de apresentação, aumentar-se-ia a ativação com o aumento do tempo, o
que acabaria por produzir um aumento também das FM, o que seria explicado em função da
falta de controle consciente. Por outro lado, em tempos mais longos, supõe-se que os
participantes teriam utilizado estratégias mentais conscientes que interfeririam nos efeitos da
ativação espalhada.
Huang e Janczura (2008) realizaram um estudo manipulando quatro tempos diferentes
(20ms, 250ms, 1000ms ou 3000ms) em um teste de reconhecimento, a fim de verificar a
influência destes no surgimento de falsas memórias no procedimento DRM. Este estudo
contou com 100 voluntários sendo 25 homens e 75 mulheres de faixas etárias entre 17 e 60
anos. Os pesquisadores utilizaram 10 listas de palavras semanticamente relacionadas, cada
uma contendo 15 palavras, de acordo com as normas de Stein e Pergher (2001). Cada lista
incluía uma palavra que traduzia a essência semântica da lista (palavra crítica) não
apresentada inicialmente. Os resultados confirmam àqueles encontrados por McDermott e
Watson (2001) de que processos conscientes desempenham papel central na ocorrência das
falhas mnemônicas.
28
2.2.2 FALSAS MEMÓRIAS EM PESQUISAS COM ESTÍMULOS PICTÓRICOS
Vários foram os trabalhos que focalizaram o papel do formato das representações de
memória no desempenho de pessoas em tarefas de visualização de imagem. Estes trabalhos
tiveram como foco central a investigação de como as habilidades dos participantes em
manipular e transformar imagens eram afetadas pela natureza do código de memória usado no
momento da aprendizagem. Seguindo essa abordagem um grupo de pesquisadores preocupou-
se em avaliar o papel dos componentes visual e verbal da memória ativa no processamento da
informação a longo prazo (Brandimonte & Gerbino, 1993; 1996; Brandimonte, Hitch &
Bishop, 1992a, 1992b).
Das inúmeras pesquisas realizadas com este enfoque, as de maior interesse para este
trabalho são as que se pautam na hipótese da recodificação verbal. Segundo essa hipótese, ao
aprenderem algum tipo de material visual (pictórico) as pessoas tendem a recodificá-la
espontaneamente numa forma verbal. Essa codificação dos estímulos visuais em verbais
geralmente facilita o desempenho dos participantes nas tarefas de memória. Entretanto,
trabalhos utilizando materiais visuais apontaram que os efeitos benéficos da codificação
verbal não podem ser generalizados (Bartlett, Till & Levy, 1980; Schooler & Engstler-
Schooler, 1990). A facilitação ocorreria apenas em situações cujas informações verbais seriam
de algum valor para a realização da tarefa, porém, quando a tarefa necessitasse de uma análise
visual do estímulo, o processamento verbal poderia prejudicar o desempenho dos
participantes.
Esta hipótese pode ser confirmada a partir de trabalhos realizados por Brandimonte &
cols. Em um estudo experimental utilizou-se tarefas que envolviam a geração e a manipulação
de imagens visuais dos estímulos (Brandimonte, Hitch & Bishop, 1992a). Na tarefa o
participante deveria subtrair mentalmente partes da imagem de um objeto apresentado, e
29
posteriormente nomeasse a parte restante após a subtração mental. No primeiro experimento
os participantes visualizavam estímulos facilmente nomeáveis (ou familiares, como carro,
cachimbo, etc). Notou-se que os resultados foram melhores quando a aprendizagem inicial
dos objetos era feita com supressão articulatória, ou seja, quando, durante a memorização, era
realizada uma tarefa interferente (como, por ex. repetir um som sem sentido). Em
experimentos seguintes os pesquisadores manipularam a nomeabilidade dos estímulos.
Percebeu-se que os resultados que confirmaram os efeitos da supressão articulatória foram
encontrados somente nos itens fáceis de nomear, não havendo, no entanto, efeitos sobre os
aqueles estímulos que eram difíceis de nomear.
Em estudos posteriores Brandimonte, Hitch & Bishop, (1992b) utilizaram estímulos de
fácil e difícil nomeação, em uma tarefa de rotação mental de imagens. Os participantes
deveriam memorizar um conjunto de figuras, sendo que somente metade dos participantes
utilizou a supressão articulatória durante a fase de aprendizagem. Em seguida, solicitava que o
sujeito fizesse a rotação mental de cada figura apresentada num ângulo de 90º (sentido anti-
horário). Ao realizar a rotação, o participante se deparava com um conjunto de duas letras
unidas que deveria ser nomeada. No primeiro experimento a supressão articulatória teve efeito
positivo sobre os estímulos facilmente nomeáveis. No segundo experimento, em que, logo
abaixo da figura era apresentado um nome, a tarefa do participante foi prejudicada
severamente pela nomeação quando os estímulos eram dificilmente nomeáveis. Os resultados
sugerem que a recodificação verbal dos estímulos na memória ativa durante a aprendizagem
prejudica a habilidade dos sujeitos de gerar imagens da memória a longo prazo.
O estudo realizado por Tormin, Cunha e Lopes (2008) teve por objetivo foi avaliar o
rascunho visuo-espacial da memória de trabalho em 41 estudantes de música, por meio de
uma tarefa visuo-espacial, e foi realizado à partir da da adaptação de duas lâminas do teste
TEPIC-M. As autoras utilizaram estímulos pictóricos (desenhos) e verbais (palavras) para
30
verificar possíveis diferenças no processamento destes estímulos. Como resultado as autoras
mostraram os participantes tiveram melhor desempenho na recordação dos itens quando não
foi exigida a localização do objeto. As palavras escritas, em comparação aos mesmos
estímulos apresentados de forma pictórica, foram os estímulos mais recordados pelos
participantes. Ressalta-se aqui que neste estudo o tempo de apresentação da lâmina adaptada
do TEPIC-M foi de 1 minuto, tempo estipulado pelos autores do teste para a aplicação do
mesmo.
2.2.3 TEORIAS EXPLICATIVAS DAS FALSAS MEMÓRIAS
Rodrigues e Albuquerque (2007) relatam que as falsas memórias têm sido amplamente
estudadas pelo procedimento DRM. De acordo com Alves (2006) vários artigos têm sido
publicados utilizando este procedimento, cada qual testando diferentes variáveis e obtendo
resultados importantes em relação às falsas memórias (ver, p. ex., Gallo, no prelo; Stein &
cols., 2010).
Apesar de amplamente utilizado para pesquisas sobre as falsas memórias, o
procedimento DRM não é o único meio para se estudar sobre o tema. A pesquisa de Pezdek e
Lam (2007) examinou as metodologias utilizadas por psicólogos cognitivistas ao estudarem
as falsas memórias. Foram realizadas buscas no PsycINFO no período de 1872 até as
primeiras semanas de janeiro de 2004, utilizando o termo “false memory” para busca. Os
resultados foram limitados a “journal articles, empirical study and the classification codes:
cognitive process, or learning and memory, or developmental psychology, or cognitive and
perceptual development” (p. 4). Foram encontrados 188 artigos. Posteriormente 10 novos
artigos foram identificados e adicionados à lista, sendo estes artigos freqüentemente citados
nas pesquisas cognitivas sobre falsas memórias, mas excluídos do PsycINFO por não serem
31
encontrados a partir da expressão “false memory”. De acordo com os autores, foram
classificados 6 tipos de pesquisas sobre as falsas memórias, bem como a porcentagem em que
aparecem nos artigos: whole new event planted (13,1%), new ou changed details planted
(16,2%), DRM (41,4%), general recognition memory (15,7%), source monitoring (6,1%),
others (7,6%).
Atualmente existem três teorias que se propõem a explicar os achados deste
procedimento. São elas: o Construtivismo, o Monitoramento da Fonte e a Teoria do Traço
Difuso (FTT).
De acordo com Bransford e Franks (1971 apud Stein & Cols., 2010) na teoria
Construtivista o indivíduo “incorpora na memória a compreensão de novas informações
extraindo seu significado e reestruturando-as de forma coerente com seu entendimento” (p.
28). De acordo com os autores, a cada tentativa de compreensão de situações vistas, ouvidas
ou sentidas os indivíduos reconstruiriam o significado destas vivências. A memória passaria a
ser uma “única interpretação da experiência vivida, reunindo informações que realmente
estavam presentes no evento original e interpretações feitas a partir deles (idem, p. 28).
O modelo construtivista postula que a memória é inacurada por natureza. Os erros de
memória ocorrem devido ao fato de eventos realmente vividos serem influenciados por nossas
experiências prévias, integrando-se ao novo evento vivido. Assim, para os teóricos
construtivistas, as pessoas se recordam daquilo que elas acreditam ser o significado do evento,
e não necessariamente do evento em si. Essa recordação pode ser distorcida, incorreta ou até
mesmo falsa. Os eventos são interpretados de acordo com a vivência, e essas interpretações
são integradas aos esquemas da pessoa. Dessa maneira, o conteúdo da informação pode ser
facilmente modificado na memória.
Os teóricos construtivistas afirmam que a memória tem natureza construtiva, ou seja,
ela é construída ao longo da vida de maneira maleável e suscetível mudanças. Os episódios
32
vivenciados pelas pessoas são integrados às interferências e outras elaborações que vão além
do fato vivenciado (Alves, 2006). De acordo com Stein e Neufeld (2001), a crítica feita a esse
modelo refere-se ao fato dos autores construtivistas afirmarem que a memória original seria
substituída por uma nova memória, fruto da integração da primeira com memórias prévias,
pressupondo que a memória original deixaria de existir.
O monitoramento da fonte, proposto por Johnson e Raye (1981) centrou-se em como
os participantes dos testes distinguiam a origem da informação na qual a memória se baseava,
seja a fonte externa (eventos vividos), seja a fonte interna (informações derivadas
internamente, ou seja, imaginadas ou produzidas) (Stein & Neufeld, 2001). Nesta teoria
busca-se identificar a origem das lembranças e informações que são recebidas e armazenadas
na memória. Ao tomar uma decisão sobre a fonte de determinada lembrança, essa informação
armazenada é recuperada e utilizada nas operações de julgamento dos fatos, que podem ser
verdadeiros ou falsos (Alves, 2006). Essas decisões são baseadas no julgamento de inúmeras
características armazenadas nos traços de memória.
De acordo com Brainerd, Stein e Reyna (1998) na teoria do Traço Difuso (FTT
Fuzzy Trace Theory) a memória não é um sistema unitário, mas sim, concebem a memória
como dois sistemas independentes: a memória literal e a de essência. A memória literal
contém lembranças dos detalhes específicos do evento, já a memória da essência armazenaria
somente o significado do fato ocorrido. “As representações literais e de essência também
diferem em sua durabilidade. A memória literal é mais susceptível aos efeitos de interferência
por processamento de informações, tornando-se inacessível mais rapidamente do que a
memória de essência, considerada mais duradoura e mais robusta que a primeira” (Brainerd,
Howe & Reyna, 1996, citado por Stein & Neufeld, 2001, p. 182).
Para a teoria do Traço Difuso os traços de memória de essência não são extraídos dos
traços literais, mas sim, processados em paralelo e independentemente uns dos outros. Dessa
33
maneira, representações literais e da essência são codificadas em paralelo e armazenadas
separadamente de forma dissociada (Reyna & Lloyd, 1997). A recuperação destas duas
memórias também ocorrerá de maneira dissociada. Por exemplo: o fato de uma pessoa
guardar um documento em uma gaveta da estante do escritório. No momento em que guardar
o documento na gaveta específica do escritório, estará armazenando, ao mesmo tempo e de
forma independente memórias literais do evento (o documento está sendo guardado na
terceira gaveta da estante do escritório), bem como memórias da essência desse mesmo
evento (alguma coisa importante está sendo guardada dentro de uma gaveta). Com o passar do
tempo será bem mais fácil para a pessoa lembrar-se de que alguma coisa foi guardada em uma
gaveta do que recordar-se o local exato em que o documento foi guardado, devido às
diferenças na durabilidade dos traços literais e de essência, conforme mencionado
anteriormente.
As FM são hoje reconhecidas como um fenômeno que se materializa no dia
a dia das pessoas, têm sua base no funcionamento saudável da memória e
não são a expressão de patologia ou distúrbio. Pensando nisso, os estudos
têm avançado no sentido de explicar as bases cognitivas e neurofuncionais
desse fenômeno. Não obstante, ainda um longo caminho a ser
percorrido, pois alguns mecanismos das FM permanecem como um campo
a ser explorado. O fenômeno das FM tem provocado o interesse da
comunidade científica desde o início do século passado. A trajetória dessas
pesquisas foi sendo ampliada para dar conta da realidade de suas
implicações nas mais diversas áreas da Psicologia, como a Jurídica e a
Clínica, bem como em outras disciplinas das áreas humanas e da saúde.
(Neufeld, Brust & Stein 2010, pp. 37-38)
34
2.3 FALSAS MEMÓRIAS: ALÉM DOS DADOS EXPERIMENTAIS
As pesquisas sobre este tema são importantes tanto no cotidiano de diversos
profissionais e das pessoas em geral, até no meio jurídico e nos estudos científicos. Na vida
cotidiana, se as pessoas soubessem da existência das falsas memórias, evitariam atritos e
discussões umas com as outras, ao afirmarem com certeza que disseram ou fizeram alguma
coisa, quando na realidade apenas pensaram em fazê-lo. Diversos profissionais podem
melhorar seu desempenho em tarefas cotidianas ao tomar conhecimento deste tipo de falha na
memória e de suas implicações.
Pergher e Grassi-Oliveira (2010) exemplificam o papel que a memória pode exercer
em uma situação típica do cotidiano: um casal que passa por crises conjugais e que vive um
momento conflituoso no relacionamento pode apresentar distorções da memória que
contribuem para perpetuar as brigas e discussões. Isto é, graças à memória inúmeras
lembranças distantes e/ou recentes acabam sendo trazidas à tona no momento da discussão,
porém acabam sendo recuperadas de maneira distorcida recebendo o “colorido” do momento;
sendo relembradas como mais estressantes do que realmente o foram no momento da briga
anterior. Assim o motivo imediato pelo qual a discussão ocorreu acaba sendo recoberto por
inúmeros outros problemas, tornando cada vez mais distante a resolução do conflito.
De acordo com Beck (1999) padrões semelhantes dessa tendenciosidade da memória
também pode ser observado nas relações conflituosas entre pais e filhos, professor e aluno,
chefe e subordinado, entre outros. Para o autor “em todos esses casos, uma verdadeira
avalanche de lembranças do passado é cuidadosamente selecionada, editada e acrescida à
situação imediata, tornando suas proporções muito maiores do que realmente deviam ser” (p.
232).
35
Wainer, Pergher e Piccoloto (2004) alertam para o fato de que memória está
amplamente envolvida em um processo terapêutico, e é indispensável que o terapeuta a
conheça suficientemente bem para conseguir auxiliar seus pacientes a alcançarem os objetivos
desejados. Para Pergher e Grassi-Oliveira (2010) os “motivos de busca por psicoterapias
sempre possuem relação com a memória” (p. 228). De acordo com os autores uma vez que a
psicoterapia busca a reestruturação das crenças do paciente, acaba se tornando um cenário
propício para distorções mnemônicas. Para minimizar efeitos como este, o terapeuta deverá
estar ciente dos próprios vieses (Pergher e Grassi-Oliveira, 2010).
De acordo com Alves (2006), dentre as técnicas psicoterápicas sugestivas a hipnose
pode ser considerada um exemplo clássico e polêmico, uma vez que tem ajudado pessoas a se
recordarem de eventos vividos, mas não recordados facilmente. Porém, estudos recentes
demonstram pouco ou nenhum sinal de que esta técnica ajuda a melhorar a precisão destas
lembranças, principalmente nos casos de testemunhas (Schacter, 2003). De acordo com o
autor, algumas mulheres relatam em psicoterapias que foram abusadas quando crianças e que
agora conseguem recuperar tais memórias do passado traumático. A acusação deste crime
geralmente recai sobre pessoas próximas à suposta tima, como pais, tios ou irmãos. Em
grande parte dos casos a confirmação do caso é praticamente impossível, devido ao tempo
passado e a impossibilidade de serem feitos exames laboratoriais. Outros casos, ainda que
relatados como recentes, não conseguem ser confirmados, pois os exames físicos não
comprovam tais agressões.
Loftus (1997) cita alguns casos de mulheres que passaram por sessões de hipnose que
as auxiliaram a lembrar de eventos traumáticos vividos na infância. Em um dos casos, Loftus
relata que após as sessões de psicoterapia, uma enfermeira passou a acreditar que havia
sofrido de abusos sexuais e psicológicos na infância, além de “se lembrar” de ter participado
de rituais satânicos, presenciado a morte de uma amiga de oito anos de idade, entre outros.
36
Anos depois esta mulher finalmente reconhece que os fatos não se passavam de falsas
memórias implantadas pelo psiquiatra, sendo indenizada após denunciar o mesmo. Outras três
mulheres cujos casos também foram relatados por Loftus também reconheceram após algum
tempo que as falsas memórias foram implantadas pelos profissionais que as atendiam, sendo
todas elas indenizadas posteriormente.
Schacter (2003), Mazzoni (2005) e Callerago (2006) ressaltam outro aspecto da
sugestionabilidade, como é o caso das confissões falsas a partir de interrogatórios policiais
associados à tensão emocional, pressão social e ainda, sugestão de quem está interrogando. O
indivíduo acaba tendo distorções de memória chegando até mesmo a se contradizer durante o
relato ou confessar algo que não cometeu. Dessa maneira, as pesquisas sobre a falsificação
mnemônica no campo jurídico, visam contribuir para que pessoas não sejam condenadas
erroneamente, baseadas somente em relatos de testemunhas oculares que podem vir a
apresentar distorções na memória. Welter e Feix (2010) realizaram estudos com foco no
testemunho infantil. De acordo com os autores “é comum que juízes de direito, promotores de
justiça, delegados de polícia e advogados de defesa, entre outros, perguntem aos psicólogos se
podem confiar no que uma criança diz, se podem tomar seu relato como expressão da
realidade concreta” (p.159). Para os autores, a avaliação da precisão dos relatos de uma
recordação é imprescindível no caso de julgamentos no campo forense. Dessa forma, a
questão da credibilidade da memória faz com que sejam consideradas as vulnerabilidades às
quais a memória humana está sujeita, seja em crianças ou em adultos.
Estudos sobre as distorções mnemônicas podem apontar caminhos a serem seguidos
ou evitados quando se deseja coletar relatos fidedignos e confiáveis, capazes de dar
consistência e credibilidade aos testemunhos.
Feix e Pergher (2010), visando minimizar erros cometidos por entrevistadores
forenses, mesmo daqueles mais experientes, apresentam a Entrevista Cognitiva (EC), uma das
37
técnicas de coleta de testemunho que estão a serviço dos profissionais da área forense. De
acordo com os autores, o papel do entrevistador investigativo que irá obter a confissão da
testemunha é crucial. Este terá a missão de obter as informações precisas contidas na memória
da testemunha, evitando influenciar a testemunha que será interrogada.
Do exposto, fica clara a possibilidade de ocorrência do fenômeno das falsas memórias
em diversas ocasiões no cotidiano das pessoas. Sua presença como ilusão, intrusão ou
falseamento nos mecanismos de memória se estendem a tarefas de recordação e
reconhecimento em laboratório, bem como em tarefas padronizadas como um teste de
memória. O próximo capítulo abrangerá o teste TEPIC-M (Rueda & Sisto, 2007) e a produção
de recordações falsas, mostrando que o fenômeno não se restringe ao procedimento DRM.
38
CAPÍTULO 3: TEPIC-M
3.1 O TESTE PICTÓRICO DE MEMÓRIA
O objetivo do teste pictórico de memória (TEPIC-M, Rueda & Sisto, 2007) é avaliar a
memória visual por meio de estímulos figurais ou pictóricos (representando por substantivos
concretos), caracterizado como uma medida de memória de curta duração. A opção pelo teste
pictórico foi devido ao fato desse tipo de estímulo ser adequado para grande parte da
população, desde crianças até adultos ou idosos, e que possuam ou não problemas de
deterioração cognitiva. O manual fornece os fundamentos para a construção do instrumento,
por meio de uma breve história do construto memória, sua relação com outras variáveis e
definições. E ainda, descreve os resultados de validade e precisão, disponibiliza as normas de
aplicação, correção e interpretação do teste.
De acordo com os autores, os materiais necessários para sua aplicação são: manual do
teste, teste, crivo de correção, lápis ou caneta preta ou azul para realização do teste e vermelha
para a correção do mesmo, cronômetro ou relógio. O teste é composto por uma figura com
vários desenhos e detalhes que podem ser agrupados nas categorias: água (peixe, jet-ski etc.),
céu (pássaro, sol, balão etc.) e terra (barraca, casa, árvore etc.). Pode ser aplicado em qualquer
pessoa indiferentemente do sexo e idade, observadas as tabelas normativas para interpretação
dos resultados. Os estudos com o teste focaram pessoas com idades entre 17 e 97 anos.
Para construção do teste, num primeiro momento foi elaborado um desenho
com várias figuras de tamanhos diferentes. Esse desenho foi submetido a
um estudo de conteúdo por três psicólogos com experiência sobre o tema,
que sugeriram a retirada de alguns itens e o acréscimo de outros. Esse
desenho foi testado com um grupo de 80 estudantes universitários. Os
resultados indicaram a necessidade de retirar alguns itens, porque estavam
39
repetidos. Por exemplo, no desenho havia três flores, sendo verificado que
muitos sujeitos colocavam na folha de resposta “flor”, “flores”, “3 flores”,
“2 flores”, o que dificultava a correção do teste. Retirados os itens, o
desenho ficou caracterizado como um quadro em preto e branco com uma
paisagem de campo, o qual ficou composto por 51 itens. (Rueda & Sisto,
2007, p 31).
Foi realizada uma nova configuração do teste com o objetivo de equalizar a
quantidade de itens pertencentes a cada agrupamento do desenho. Para tanto, retirou-se alguns
itens do agrupamento terra e acrescentaram-se itens ao agrupamento água, cuja proporção era
de um item na água para três na terra e dois no céu. O novo desenho do teste ficou composto
por 55 itens. Com base nesses itens é que os estudos de validade e precisão do instrumento
foram realizados. De acordo com os autores, dos 55 itens, apenas 5 deles indicaram
diferenciação de acordo com o sexo. Os itens que favoreceram as mulheres foram
“trampolim” e “parque”. Os itens que favoreceram os homens foram “nuvem”, “cadeira” e
“mesa”. Concluiu-se que houve equilíbrio nos vieses ocorridos para os homens e mulheres.
Por se tratar de um teste recentemente construído e validado, a maioria das pesquisas
feitas com o TEPIC-M buscou evidências de validade para o referido teste. Rueda (2006)
realizou um estudo cujo objetivo foi verificar a relação existente entre os constructos memória
e inteligência. O estudo foi realizado com 51 candidatos à obtenção da Carteira Nacional de
Habilitação. Foram aplicados o TEPIC-M e o Teste Conciso de Raciocínio (TCR) (Sisto,
2006, citado por Rueda, 2006). O TCR é um teste composto por seqüências de figuras
geométricas que formam uma seqüência gica e apresentam uma parte faltando. O
participante deve completá-lo escolhendo entre as alternativas a parte que melhor complete o
desenho. O teste é dividido em quatro partes A, B C e D. Nas partes A e B o participante tem
quatro alternativas de respostas e nas partes C e D o participante escolhe entre seis
alternativas. O instrumento é composto por 20 itens e a aplicação é realizada em 15 minutos.
40
Os instrumentos foram aplicados de maneira individual por um psicólogo que possuía o curso
de perito examinador credenciado pelo DETRAN-MG. Os resultados deste estudo
evidenciaram correlações positivas e significativas entre o agrupamento Terra e a pontuação
total do TCR (0,38 e 0,36, respectivamente). Esse dado pode fornecer evidência de validade
para o TEPIC-M.
Rueda, Sisto, Cunha e Machado (2007) realizaram um estudo com o objetivo de
procurar evidências de validade para a versão preliminar do TEPIC-M. Para tanto, utilizaram
como variáveis de critério os Testes de Atenção Dividida e Sustentada AD e AS (Sisto,
Noronha, Lamounier, Bartholomeu & Rueda, 2006, citado por Rueda, Sisto, Cunha &
Machado, 2007). O Teste AD se propõe a avaliar a atenção dividida, ou seja, a capacidade do
indivíduo para manter a atenção com qualidade e concentração em dois ou mais estímulos. É
composto por seqüências de nove figuras geométricas agrupadas. Os participantes do teste
devem marcar com um risco dois tipos de combinações de duas figuras diferentes.
O Teste AS se propõe a avaliar a atenção sustentada, ou seja, a capacidade que o
indivíduo tem para focar a atenção em um determinado estímulo, competindo com outros, e
manter sua atenção por um determinado período de tempo. Os participantes devem assinalar
apenas um tipo de estímulo dentre as possibilidades. Neste teste são fornecidas três medidas.
A concentração, que corresponde à soma dos itens que deveriam ser assinalados (tarefa
solicitada) menos erros e omissões; a velocidade com qualidade, que corresponde à
quantidade de itens que o indivíduo fez ao todo menos erros e omissões; e por fim a
sustentação, que pode ser calculada pela soma dos itens das três primeiras linhas, que eram
para ser assinalados e assim o foram, com os itens que não eram para ser marcados e não o
foram, subtraindo desse total os erros e as omissões. Esse mesmo procedimento é adotado
para as três últimas linhas do teste. Após a obtenção destes dois índices, subtrai-se o primeiro
41
do segundo. O resultado é interpretado conforme tabela do manual, e revela se o participante
manteve, perdeu ou aumentou a sustentação.
Os instrumentos foram aplicados coletivamente, em sala de aula, não excedendo 30
pessoas por grupo; totalizando aproximadamente 20 minutos de aplicação. A ordem de
aplicação dos testes foi: AS, TEPIC-M e por último AD. Os resultados mostraram correlações
nulas ou baixas, mas significativas, entre as medidas de memória e atenção sustentada, o que
foi considerado uma evidência de validade discriminante. No caso do teste de atenção
dividida não foram observadas correlações significativas. De acordo com os autores,
o estudo também permitiu verificar que existe uma relação entre a idade e
os constructos estudados, uma vez que conforme aumentou a idade
diminuiu o desempenho nos testes de atenção e de memória. Isso pode ser
considerado como uma evidência de validade desenvolvimental para ambos
os testes, e vai de encontro do proposto por Anderson, Idaka, Cabeza e
Craik (2000) (Rueda, Sisto, Cunha & Machado, 2007, p. 75).
Rueda et al. (2007) realizaram um estudo com o intuito de verificar evidências de
validade para o teste pictórico de memória em relação ao constructo inteligência. O estudo
contou com 436 participantes que cursavam desde a segunda série do ensino fundamental até
cursos universitários, sendo 182 do sexo masculino e 254 do feminino. As idades dos mesmos
variaram de 10 a 60 anos. Os testes aplicados de maneira coletiva foram o TEPIC-M e o Teste
de Raciocínio Inferencial (RIn). O RIn (Sisto, 2006, citado por Rueda et al., 2008) é um teste
de inteligência não verbal que avalia o fator g” proposto por Spearman. O RIn é composto
por quatro séries (A, B, C e D), totalizando 40 itens, no qual as séries são ordenadas por
dificuldade crescente. O teste consiste no participante identificar dentre quatro opções
possíveis nas duas primeiras séries, e entre seis opções possíveis nas duas últimas qual o
desenho que completa a forma adequada, sendo o tempo de aplicação de 25 minutos. Os
resultados mostraram correlações que variaram de 0,19 até 0,44 para os três ambientes que
42
compõem o TEPIC-M, e correlações variando entre 0,40 até 0,56, quando considerada a
pontuação total do teste. Em relação aos grupos extremos, os participantes com alta e baixa
pontuação no teste RIn (Sisto, 2006, citado por Rueda et al., 2008) apresentaram diferenças
nas quatro medidas do teste de memória. Dessa forma, foram verificadas evidências de
validade de critério concorrente e por grupos extremos para o TEPIC-M.
Tormin (2008) realizou um estudo cujo objetivo foi avaliar se havia diferenças entre
musicistas e não musicistas no processamento de informações viso-espaciais e se o estudo de
música exerce influência nas habilidades testadas pelas tarefas de recordação. Nesta pesquisa
foram feitas adaptações na lâmina de desenho do teste TEPIC-M que possibilitaram investigar
o processamento de informações viso-espaciais e verbais de curto prazo. A pesquisa foi
realizada com universitários dos cursos de Música, Letras e Engenharia da Universidade
Federal de Uberlândia. Os resultados mostraram que os musicistas tiveram um
comportamento intermediário em relação aos não musicistas, porém não superior, e se
aproximam dos estudantes do curso de Letras no processamento de informação verbal e dos
estudantes do curso de Engenharia no processamento da informação viso-espacial. Os dados
sugerem que o estudante da música abrange e desenvolve mecanismos de memória viso-
espaciais e verbais.
Outro dado encontrado nesta pesquisa foi que os estudantes de Engenharia tiveram o
maior número de acertos em memória viso-espacial, independente do estímulo e níveis da
tarefa exigida nos testes de memória. Para todos os grupos estudados, o efeito de
superaprendizagem do código verbal foi destacado, uma vez que os resultados indicaram
maior eficiência na decodificação e repetição sub-vocal dos estímulos PALAVRAS. Estes
resultados podem ser utilizados para fomentar políticas de incentivo à educação musical nas
escolas públicas e particulares o país (Tormin, 2008).
43
O estudo de Tormin, Cunha e Lopes (2008) teve por objetivo foi avaliar o rascunho
visuo-espacial da memória de trabalho em 41 estudantes de música, com idades entre 15 e 57
anos, por meio de uma tarefa visuo-espacial. As autoras utilizaram estímulos pictóricos
(desenhos) e verbais (palavras) para verificar possíveis diferenças no processamento destes
estímulos. Nessa investigação utilizou-se a metodologia cognitiva experimental, baseada no
modelo de memória de trabalho de Baddeley. Esta pesquisa foi realizada a partir da adaptação
de duas lâminas do teste TEPIC-M para atingirem os objetivos propostos. Os resultados
mostraram que o desempenho dos participantes foi melhor na recordação quando a tarefa não
exigiu a localização do objeto. O estímulo mais recordado pelos participantes foram as
palavras escritas, em comparação aos mesmos estímulos apresentados de forma pictórica.
Finalmente houve diferenças no desempenho dos alunos em relação à memória visuo-
espacial.
Com o objetivo de verificar evidências de validade quanto ao processo de resposta e
desenvolvimental do TEPIC-M, Rueda e Sisto (2008) realizaram uma pesquisa com 511
indivíduos de 10 a 60 anos. Destes, 220 eram do sexo masculino e 291 do feminino (43,1% e
56,9% respectivamente). A fim de estudar os indivíduos em função da idade foram criados
grupo de acordo com as faixas etárias: 10 a 17 anos; 18 aos 25 anos e pessoas com 26 anos ou
mais. O primeiro grupo (10 a 17 anos) foi composto por 253 indivíduos (49,5%); o segundo
grupo (18 aos 25 anos) por 181 participantes (35,4%); e no terceiro grupo (acima dos 26 anos)
77 participantes (15,1%). O teste foi aplicado coletivamente em sala de aula.
Os resultados evidenciaram que, quanto ao processo de resposta, os itens
relacionados aos três ambientes que compõem o desenho (terra, céu e
água) produziram veis de dificuldade significativamente diferenciados,
comprovando a hipótese de que esses componentes afetam a recuperação
da informação. Em relação à validade desenvolvimental, verificou-se que o
desempenho dos indivíduos considerados adultos jovens foi superior ao das
pessoas mais velhas e mais novas (Rueda & Sisto, 2008, p. 223).
44
Rueda, Cecilio-Fernandes e Sisto (2008) realizaram um estudo com o intuito de
procurar evidências de validade concorrente e por grupos externos para o TEPIC-M.
Participaram do estudo 204 estudantes universitários com idades entre 17 e 56 anos. Foram
utilizados o TEPIC-M e o Teste de Raciocínio Inferencial (RIn) (Sisto, 2006, citado por
Rueda et al., 2008). Os testes foram aplicados de maneira coletiva. Os resultados mostraram
correlações positivas quanto à validade concorrente. Em relação aos grupos extremos, os
estudantes mostraram correlações positivas nos resultados de ambos os testes. Com base
nestes resultados foram constatadas evidências de validade concorrente e por grupos extremos
pata o TEPIC-M.
Silva (2009) escreveu uma nota técnica com o intuito de apresentar o TEPIC-M,
explicando o objetivo, a justificativa, o conteúdo do manual do teste bem como suas
evidências de validade. A autora destaca a importância de testes como este, que apresentam
consistência teórica e várias evidências de validade, e acima de tudo, a aprovação do mesmo
pelo Conselho Federal de Psicologia.
Rueda (2009) realizou um estudo cujo objetivo foi verificar a relação existente entre
os constructos atenção concentrada e memória de curto prazo. Para tanto, utilizou os teste de
Atenção Concentrada (Teaco-FF) e o Tepic-M. O Teaco-FF consiste em um instrumento que
“possui 500 estímulos em 20 colunas com 25 estímulos cada. Do total, 180 são estímulos-
alvo, e cada coluna contém 9 alvos e 16 distratores” (Rueda, 2009, p. 186). O teste foi
desenvolvido com objetivo de avaliar a capacidade de atenção concentrada em pessoas que
procuram a avaliação psicológica pericial para obtenção da carteira nacional de habilitação
(CNH).
O estudo foi realizado com 207 indivíduos (estudantes universitários e motoristas) que
passavam pelo processo de renovação, mudança ou adição da CNH. Os instrumentos foram
45
aplicados de maneira coletiva em uma parte dos participantes (os universitários) e
individualmente nos casos de avaliação psicológica pericial. Os resultados deste estudo
revelaram correlações positivas e significativas entre os resultados de ambos os testes,
fornecendo, portanto, evidência de validade para o teste Teaco-FF. Apesar do autor afirmar
que uma das limitações do estudo foi a amostra (maioria universitários, o que não permite que
a amostra fosse considerada homogênea), esta pesquisa pode fornecer evidências de validade
para que esses instrumentos possam ser utilizados como uma ferramenta a mais quando se
realiza a avaliação psicológica pericial no contexto do trânsito.
3.2 PESQUISA REALIZADA COM O TEPIC-M SOBRE FALSAS MEMÓRIAS
Cunha, Sisto e Machado (no prelo) realizaram uma pesquisa com o TEPIC-M cujo
intuito foi verificar as possíveis correlações estabelecidas entre a idade dos participantes e o
número de falsas memórias nas respostas dos mesmos. Participaram desta pesquisa 885
alunos do ensino fundamental e médio, de duas escolas da rede pública de ensino, sendo 365
do sexo masculino e 520 do sexo feminino (respectivamente 41,24% e 58,76%). A aplicação
do teste deu-se coletivamente em salas de aula. As falsas memórias foram medidas pela
quantidade de respostas erradas, ou seja, lembranças de estímulos pictóricos que não estavam
presentes na lâmina. Os resultados apresentaram uma correlação inversamente proporcional à
idade dos alunos. Isto significa que, quanto mais velhos, menos erravam ao responderem ao
teste. A maioria dos participantes tinha de 13 a 17 anos, faixa etária essa que correspondia aos
alunos do 8º e 9º ano. Os autores acreditam que o fato dos participantes terem falsas
lembranças, e até mesmo não se lembrarem dos nomes dos símbolos expostos numa lâmina
46
num curto prazo de tempo, evidencia que quanto mais jovens menos concentrados e menos
atentos estão à solicitação de uma tarefa.
47
CAPÍTULO 4: OBJETIVO
4.1 JUSTIFICATIVA
A motivação para a realização deste trabalho foi a possibilidade do teste TEPIC-M
apresentar tanto esquecimentos quanto falsas memórias. Embora Cunha, Sisto e Machado (no
prelo) tenham encontrado uma relação inversa entre idade e falsas memórias /esquecimento, o
que os levou a atribuir esse fato a problemas atencionais, parece plausível supor que um dos
problemas possa se situar nas dificuldades atencionais não por causa da idade, mas por causa
do tempo de exposição da lâmina do teste. Ou seja, considera-se que o tempo possa ser curto
demais para gerar uma representação mais fidedigna dos elementos presentes na lâmina,
possibilitando o processamento correto. Por essa razão decidiu-se pela realização deste
estudo.
4.2 OBJETIVO GERAL
Investigar se durações superiores no tempo de exposição padrão da lâmina do teste
TEPIC-M exercem influência no aparecimento de falsas memórias nas respostas dos
participantes.
4.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a ocorrência ou não de falsas memórias decorrentes da aplicação do teste
TEPIC-M.
48
Comparar as percentagens de falsas memórias e acertos obtidas pelos participantes em
função dos tempos de exposição da lâmina do TEPIC-M para cada grupo:
G1(exposição de 1 minuto), G2 (exposição de 3 minutos) e G3 (exposição de 5
minutos).
4.4 HIPÓTESE
Com o aumento do tempo de exposição da lâmina do teste ocorrerá uma diminuição
das falsas memórias nas respostas dos participantes.
49
CAPÍTULO 5: MÉTODO
5.1 PARTICIPANTES
Participaram desta pesquisa 273 estudantes universitários, sendo 113 (41,39%) do
sexo masculino e 160 (58,61%) do sexo feminino. Os participantes freqüentavam as turmas
de administração, ciências contábeis, enfermagem, engenharia civil, engenharia mecatrônica,
geografia, música, química e teatro, todas da Universidade Federal de Uberlândia, em
Uberlândia-MG. Os participantes foram divididos em três grupos:
G1: com tempo de apresentação do teste de 1 minuto, foi composto por 144
participantes, com idades entre 17 e 45 anos, sendo 66% do sexo feminino e
34% do sexo masculino.
G2: com tempo de apresentação do teste de 3 minutos, foi composto por 59
participantes, com idades entre 18 e 56 anos, sendo 54,2% do sexo feminino e
45,8% do sexo masculino.
G3: com tempo de apresentação do teste de 5 minutos, foi composto por 70
participantes, com idades entre 17 e 38 anos, sendo 47,1% do sexo feminino e
52,9% do sexo masculino.
50
5.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Para esta pesquisa foi utilizado o teste pictórico de memória (Rueda & Sisto, 2007)
adaptado a um banner de 1,20m x 1,50m, para que os participantes visualizassem a lâmina do
teste impressa ao invés de projetada. A escolha do banner se deu pelo fato de nem todas as
salas de aula em que ocorreram as aplicações possuírem equipamentos de projeção (data
show), e ainda, os retro-projetores não se encontrarem em bom estado de conservação, o que
não nos permitiria afirmar que todos os participantes da pesquisa visualizariam a mesma
qualidade de imagem. Ressalta-se que esta medida de banner foi utilizada por se tratar da
medida aproximada da lâmina projetada.
O TEPIC-M tem como objetivo avaliar a memória visual de pessoas, por meio de 55
estímulos figurais (pictóricos), divididos em três categorias, quais sejam, céu (13 itens: arco-
íris, balão, pessoa no balão, helicóptero, avião, pára-quedas, pessoa em pára-quedas, pára-
quedista, sol, nuvem, pássaro, foguete, céu), terra (26 itens: árvore, fogueira, barraca, carro,
gangorra, escorregador, balanço, parque, bola, cesta de basquete, cadeira, mesa, poço, balde,
criança, pipa, linha da pipa, rabiola, casa, janela, porta, chaminé, fumaça, caminho, grama,
terra) e água (16 itens: pato, peixe, deck, pescador, vara de pesca, linha da vara, barco, vela,
jet-ski, trampolim, pessoa no trampolim, lancha, onda, surfista, prancha, água), representando
substantivos concretos, caracterizado como uma medida de memória de curta duração (Rueda
& Sisto, 2007).
Foram utilizadas também as folhas de respostas originais do teste e um cronômetro.
51
5.3 PROCEDIMENTOS
Após o parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa à presente pesquisa (Anexo
I), iniciou-se o contato com os diretores de diversos cursos da Universidade Federal de
Uberlândia para a apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II).
Em posse do referido Termo de Consentimento e do parecer favorável dos diretores dos
cursos, diversos professores foram procurados para realizar a aplicação dos testes. Ao entrar
na sala, a pesquisadora e a auxiliar de pesquisa se apresentavam para os alunos e informavam
aos mesmos os procedimentos para realização do teste, conforme instrução dos autores.
5.4 APLICAÇÃO DOS TESTES
Os locais de aplicação foram salas de aula da Universidade Federal de Uberlândia,
com instalações elétricas adequadas. As aplicações foram realizadas coletivamente nas salas
de aula, escolhidas por conveniência, e incluíram as turmas de administração, ciências
contábeis, enfermagem, engenharia civil, engenharia mecatrônica, geografia, música, química
e teatro, todas da Universidade Federal de Uberlândia, totalizando treze aplicações (todas
realizadas em dias e horários previamente agendados com os professores das disciplinas e
com autorização prévia dos diretores dos cursos); e contaram com a ajuda de uma auxiliar de
pesquisa graduada em psicologia, previamente treinada para aplicação dos mesmos. A auxiliar
certificava-se, antes do início da aplicação do teste, que todos os participantes estivessem em
posições adequadas para a visualização do mesmo, organizando os alunos na sala de modo
que houvesse “espaço para andar entre as fileiras” (Rueda & Sisto, 2007, p. 49). Os grupos
não excederam 30 pessoas, sendo que as mesmas foram dispostas em até 4 fileiras de
carteiras. Estes cuidados foram tomados a fim de que todos os participantes visualizassem o
52
banner sem reflexos ou qualquer outro fator que os impedissem de enxergar todos os
estímulos. As aplicações tiveram duração média de 20 minutos em cada sala. Todas as
instruções relativas ao local da aplicação dos testes foram rigorosamente seguidas, conforme
descritas no manual do teste: “a sala de aplicação deve ser arejada, com boa iluminação,
silenciosa e não deve transmitir sons, de modo a assegurar o sigilo da situação de aplicação de
teste” (Rueda & Sisto, 2007, p. 50).
Para o G1 (controle) foi utilizado o procedimento adotado pelos autores, que
determina um minuto de exposição da lâmina a ser visualizada e dois minutos para que os
participantes registrem na folha de resposta o que conseguiram memorizar. As explicações
para realização dos testes foram conforme instrução dos autores, com as devidas alterações de
acordo com a adaptação realizada para a pesquisa:
"Este é um teste de memória. Será apresentado um banner com vários
desenhos e detalhes. Vocês terão um minuto para olhar e memorizá-los.
Vou pedir para vocês não falarem nem escreverem nada. Apenas olhem o
banner e tentem memorizar a maior quantidade de desenhos e detalhes que
conseguirem"
(Rueda & Sisto, 2008, p. 227)
.
No G2 a variável tempo foi modificada para três minutos de exposição do banner a ser
visualizado, mantendo o tempo de dois minutos para que os participantes registrassem na
folha de resposta os itens que recordavam.
No G3 a variável tempo foi modificada para cinco minutos de exposição do banner a
ser visualizado, mantendo o tempo de dois minutos para que os participantes registrassem na
folha de resposta os itens que recordavam. Ambos os grupos receberam as explicações
descritas acima, salvo as alterações em relação ao tempo para visualização.
Após a instrução mostrou-se o banner com a imagem do teste. O tempo de
apresentação ocorreu de acordo com os grupos previamente determinados (G1, G2 e G3).
53
Após a visualização do banner e conforme instrução dos autores: "Agora quero que peguem a
folha e escrevam a maior quantidade de desenhos e detalhes que conseguirem. Vocês terão
dois minutos para isso" (Rueda & Sisto, 2008, p. 227).
Após a aplicação dos testes, os mesmos foram corrigidos e compilados.
Posteriormente foram submetidos à analise estatística. Finalmente, foram analisados e
discutidos pelos pesquisadores a partir dos referenciais teóricos levantados. Do total de 55
itens da lâmina do teste, privilegiou-se a contagem dos erros cometidos pelos três grupos de
alunos quando foram questionados sobre o que lembravam a partir da exposição da lâmina.
Foram computadas como erros as palavras que não faziam parte dos 55 itens considerados
corretos no teste pictórico de memória.
54
CAPÍTULO 6: RESULTADOS
6.1 DESCRIÇÃO DOS DADOS
Participaram desta pesquisa, 273 participantes, sendo 113 (41,39%), do sexo
masculino e 160 (58,61%), do sexo feminino.
Na tabela 1, estão demonstrados os valores mínimos, valores ximos, médias e
desvios padrão, relativos às idades dos participantes, de acordo com o gênero e resultados
totais.
Tabela 1. Valores mínimos, valores máximos, médias e desvios padrão, relativos às idades
dos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
Grupos/Idades
V. Mínimos V. Máximos Médias Desvios Padrão
Masculino 18 anos 45 anos 21 a 10 m 4 a 5 m
Feminino 17 anos 56 anos 21 a 8 m 5 anos
Total 17 anos 56 anos 21 a 9 m 4 a 9 m
Na tabela nº 2, estão demonstradas as freqüências e as porcentagens de acertos,
obtidos pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
Tabela 2. Distribuição de freqüências e porcentagens de acertos, obtidos pelos participantes,
de acordo com o gênero e resultados totais.
Acertos Masc. Masc. Fem. Fem. Total Total
Frq % Frq % Frq %
De 5 a 10 05 4,42 04 2,50 09 3,30
De 11 a 15 20 17,70 36 22,50 56 20,52
De 16 a 20 59 52,22 69 43,12 128 46,58
De 21 a 25 25 22,12 40 25,00 65 23,81
De 26 a 30 04 3,54 11 6,88 15 5,49
Total 113 100,00 160 100,00 273 100,00
55
Na tabela 3, estão demonstradas as freqüências e as porcentagens de falsas
memórias, obtidas pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
Tabela 3. Distribuição de freqüências e porcentagens de falsas memórias, obtidas pelos
participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
Falsas Memórias Masc. Masc. Fem. Fem. Total Total
Frq % Frq % Frq %
Zero 90 79,66 117 73,11 207 75,82
Uma 17 15,04 38 23,74 55 20,15
Duas 05 4,42 05 3,15 10 3,66
Três 01 0,88 00 0,00 01 0,37
Total 113 100,00 160 100,00 273 100,00
Na tabela 4 estão demonstradas as freqüências e as porcentagens relativas ao tempo de
apresentação, gasto pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
Tabela 4. Distribuição de freqüências e porcentagens de acertos relativas ao tempo de
apresentação, gasto pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados
totais.
Tempo Masc. Masc. Fem. Fem. Total Total
Frq % Frq % Frq %
Um minuto 49 43,37 95 59,38 144 52,75
Três minutos 27 23,89 32 20,00 59 21,61
Cinco minutos 37 32,74 33 20,62 70 25,64
Total 113 100,00 160 100,00 273 100,00
Na tabela 5, estão demonstradas as freqüências e as porcentagens de respostas de
falsas memórias, emitidas pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
56
Tabela 5. Distribuição de freqüências e porcentagens de respostas de falsas memórias,
emitidas pelos participantes, de acordo com o gênero e resultados totais.
Respostas Masc. Masc. Fem. Fem. Total Total
Frq % Frq % Frq %
Anzol 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Areia, praia 01 4,35 02 4,65 03 4,55
Balão 05 21,74 10 23,26 15 22,73
Balão, pedalinho 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Balão, pula-pula 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Balsa 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Bambolê 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Banana-boat 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Barranco 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Bicicleta 00 0,00 02 4,65 02 3,03
Brinquedos 00 0,00 03 6,98 03 4,55
Cachorro, Igreja 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Caiaque, balão 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Cisne 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Corrimão 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Escada 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Esqui 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Estrada 00 0,00 02 4,65 02 3,03
Estrada, torre 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Jangada 01 4,35 01 2,33 02 3,03
Lâmpada 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Lareira 00 0,00 02 4,65 02 3,03
Mastro 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Pedalinho 03 13,04 00 0,00 03 4,55
Pista 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Praia 01 4,35 04 9,30 05 7,58
Praia, areia, banner 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Prédio 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Pula-pula 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Rato, lenha 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Regatas, sombrinha 01 4,35 00 0,00 01 1,52
Rua 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Skate 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Submarino 00 0,00 01 2,33 01 1,52
Telescópio 00 0,00 02 4,65 02 3,03
Tobogã 00 0,00 02 4,65 02 3,03
Total 23 100,00 43 100,00 66 100,00
57
6.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS
Para cada participante foi calculada a probabilidade das falsas memórias (FM) e das
memórias verdadeiras (MV) dividindo-se o número de FM e MV por 55, número máximo de
acertos possíveis no TEPIC. Como as probabilidades de FM eram pequenas, para facilitar a
leitura, os dados foram transformados em percentagens de FM e MV (Apêndice 1).
A partir das percentagens foram feitas análises no sentido de se verificar a
normalidade da distribuição desses dados para se decidir que testes estatísticos poderiam ser
mais adequados para o teste de hipóteses.
Considerando-se as 3 amostras independentes, para cada distribuição das percentagens
de FM e MV aplicou-se o teste Kolmogorov-Smirnov (KS) para verificar a normalidade da
distribuição. Na tabela 6, os resultados podem ser visualizados.
Tabela 6. Valores do teste de Kolmogorov-Smirnov (KS) para FM (falsas memórias) e MV
(memórias verdadeiras) para os três tempos de exposição da lâmina do TEPIC-M.
Tempos de exposição (TE, em minutos) Valores de KS
FM * MV**
1 5,00 0,99
2 3,92 0,92
3 4,16 0,82
* p < 0,01
** p > 0,05
Como se pode observar, somente os dados relativos às MV apresentam distribuição
normal. Nenhum dos grupos apresentou distribuição normal dos dados para as FM.
58
A ausência de normalidade na distribuição dos dados nos sugere o uso de estatística
não-paramétrica. Alia-se a isso o fato de que uma forte assimetria dos dados, bem como a
variável de interesse neste estudo não alcança um nível de medida intervalar, mas ordinal.
Finalmente, que se considerar que as amostras estudadas diferem em tamanho, o que pode
aumentar a heterogeneidade da variância. Há algumas medidas que podem ser tomadas
quando violações de suposições fundamentais para se realizar uma análise de variância
(ANOVA). Os testes de Kruskal-Wallis (mais de duas amostras independentes), o teste de
Mann-Whitney (duas amostras independentes) e o teste de Wilcoxon (duas amostras
pareadas) são alternativas não paramétricas para a ANOVA. São usados quando os dados
possuem distribuição não normal, ou quando ocorre qualquer outra violação às suposições
necessárias para a realização de uma ANOVA (Dancey, C.P. & Reidy, J., 2006; Siegel &
Castellan Jr., 2006).
Feitas essas considerações e tendo-se optado pelo uso de estatística não paramétrica,
inicialmente foi feita uma análise das possíveis diferenças de percentagem entre as falsas
memórias e as memórias verdadeiras. Tomou-se cada tempo de exposição e aplicou-se o teste
de Wilcoxon (Dancey, C.P. & Reidy, J., 2006). Para G1, os resultados mostraram que houve
uma diferença significativa entre as FM e as MV, sendo as últimas mais presentes que as
primeiras, Z = -6,68, p < 0, 001. O mesmo efeito foi observado para G2 (Z = -6,68 p < 0, 001)
e para G3 (Z = -7,27, p < 0, 001). Desse modo, pode-se afirmar que dentro de cada grupo, as
memórias verdadeiras predominaram sobre as falsas memórias.
Em segundo lugar, procedeu-se a uma análise das diferenças entre os grupos,
considerando que cada grupo foi identificado com um tempo de exposição da lâmina do
TEPIC-M. Visto que havia três amostras independentes, o teste adequado é o Kruskal-Wallis.
Os resultados podem ser visualizados na Tabela 7.
59
Tabela 7. Valores dos postos médios obtidos no teste de Kruskal-Wallis para FM (falsas
memórias) e MV (memórias verdadeiras) para os diferentes tempos de exposição
da lâmina do TEPIC-M.
Tempos de exposição (TE, em minutos) Postos médios
___________________________________________________________________________
FM * MV **
1 147,47 105,38
3 123,98 167,96
5 126,44 175,95
* p < 0,01
** p < 0,001
Esses resultados mostram que tanto para as FM (χ² = 9,68, p < 0,01) quanto para as
MV (χ² = 49,48, p < 0, 001) houve diferenças estatisticamente significativas entre os três
tempos de exposição e, por conseguinte, entre os três grupos. Este resultado mostra uma
tendência aparente de que há uma diminuição nas percentagens de FM com o aumento do TE,
enquanto observa-se um aumento das MV com o aumento do TE.
A fim de se verificar mais detalhadamente essas possíveis tendências, procedeu-se
uma análise dos diferentes TE por meio do teste de Mann-Whitney. Na tabela 8, encontram-se
os resultados obtidos.
60
Tabela 8. Valores dos postos médios obtidos no teste de Mann-Whitney para FM (falsas
memórias) e MV (memórias verdadeiras) nos três tempos de exposição da lâmina
do TEPIC-M.
Tempos de exposição (TE, em minutos) Postos médios
FM MV
1 107,14 * 88,15**
3 89,45 135,80
1 112,82* 89,73 **
5 96,55 144,06
3 64,53*** 62,16 ***
5 65,39 67,39
* p < 0,01
** p < 0, 001
*** p > 0,05
A estatística confirma que uma diminuição significativa na percentagem de falsas
memórias do TE = 1 para o TE = 3, com U de Mann-Whitney = 3507,5 (Z = -2,57, p < 0,01) e
um aumento na percentagem de memórias verdadeiras na mesma condição, com U de Mann-
Whitney = 2254 (Z = -5,26, p < 0, 001). O mesmo resultado foi obtido quando se avaliam os
TE = 1 para TE = 5: para as FM, U de Mann-Whitney = 4273,5 (Z = -2,33, p < 0,01),
enquanto que para as MV, U de Mann-Whitney = 2481 (Z = -6,04, p < 0,001). Todavia, entre
TE = 3 e TE = 5 não houve diferença nos postos médios nem para as FM, U de Mann-
Whitney = 2083,5 (Z = -0,2, p > 0,05) nem para as MV, U de Mann-Whitney = 1897 (Z = -
0,79, p > 0,05).
61
6.3 DISCUSSÃO DOS DADOS
Para discussão deste trabalho serão levados em conta algumas pesquisas realizadas
sobre o tema, bem como teorias relevantes que buscam explicar os resultados encontrados: a
teoria do código duplo e a teoria da capacidade da memória de curto prazo; e ainda dados da
literatura sobre a codificação de estímulos pictóricos e verbais. Antes se faz necessário
retomar os objetivos e a hipótese que guiou este trabalho, a fim de confirmá-la ou não.
Em atenção ao objetivo geral deste estudo, que consistiu na investigação de tempos de
exposição (TE) superiores e sua relação com o aparecimento de falsas memórias, obteve-se
resultados positivos confirmando que tempos de exposição mais lentos exercem influência no
aparecimento de FM nas respostas dos participantes do teste. A análise estatística
demonstrada na tabela 8 confirma a diminuição significativa na percentagem de falsas
memórias de TE = 1 para o TE = 3, sendo que o mesmo resultado foi encontrado ao avaliar os
TE = 1 para TE = 5. Através destes dados confirma-se a ocorrência das FM nas respostas dos
participantes. Isso corrobora com os dados encontrados na pesquisa de Cunha, Sisto e
Machado (no prelo), primeira pesquisa que se propôs a estudar o aparecimento de falsas
memórias no TEPIC-M; e que serviu de motivação para realização desta pesquisa. Os
pesquisadores encontraram uma relação inversa entre idade e falsas memórias/esquecimento
atribuindo a esse fato problemas atencionais, uma vez que a maioria dos participantes tinha
idades entre 13 e 17 anos.
A hipótese desta pesquisa supunha que com aumento do TE ocorreria uma diminuição
das FM nas respostas dos participantes. Ao aumentar o tempo de exposição dos estímulos
acreditou-se que os participantes tiveram tempo suficiente para codificar e armazenar os
estímulos apresentados, causando uma diminuição na quantidade de respostas falsas.
62
Do ponto de vista dos estudos das falsas memórias, tem havido controvérsias quanto
aos efeitos da duração da apresentação dos estímulos sobre a produção de falsas memórias.
Roediger, Robinson e Balota (2001) mostraram que durações muito rápidas geraram uma
correlação entre as recordações corretas e falsas. No experimento realizado pelos
pesquisadores observou-se um aumento monotônico na recordação falsa com o aumento na
duração da apresentação. Toglia e Neuschatz (1996), no entanto, relataram decréscimos na
recordação falsa em testes apresentados imediatamente após a apresentação das listas com
intervalos interestímulos de 1 a 4 s. O mesmo padrão de resultados foi relatado por Gallo
(2001). Apesar dos resultados encontrados na literatura apresentarem controvérsias, os
experimentos realizados por McDermott e Watson (2001), Huang e Janczura (2008) e os
resultados encontrados nesta pesquisa tiveram resultados bastante semelhantes.
É importante destacar que, além do tempo de exposição aos estímulos a serem
recuperados posteriormente, a literatura mostra que existe um número máximo de
informações que conseguimos memorizar e relembrar em testes de memória de curto prazo; o
que acrescenta a esta discussão outra variável a ser considerada quando se trata do
aparecimento de falsas memórias no TEPIC-M: a quantidade de estímulos apresentadas na
lâmina do teste. Segundo Lopes (1997) o armazenamento de memórias de curto prazo possui
duas características básicas: a capacidade limitada de retenção, que fica em torno de 6 a 7
itens ou objetos, e a sua fragilidade, que contribui para o rápido esquecimento da informação
que acabamos de ouvir. Isto confirma os achados de Miller (1956) em um estudo no qual a
quantidade máxima de informações que a pessoa conseguiria manter na memória de trabalho
(ou span) era maior quando as palavras apresentadas formavam frases que tinham significado;
mostrando que a memória de curto prazo (MCP) teria uma capacidade equivalente à 7+- 2
unidades/blocos de informação (ou chunks de informação). Para Cowan (2009) o chunking é
63
uma maneira reiterativa de englobar a quantidade de informação para tarefas e habilidades
complexas e a maioria dos adultos podem reter de 3 a 5 itens por vez.
De acordo com o autor, este fenômeno denominado chunking ocorre devido ao fato
das informações adicionais provenientes, na maioria das vezes, da memória de longo prazo
(MLP) serem usadas para juntar as palavras que constituíam a frase em pequenos blocos (ou
chunks) que, posteriormente, facilitariam a evocação destas palavras (Miller, 1956). No teste
TEPIC-M observa-se que a quantidade de estímulos a serem retidos pelos participantes (55
itens no total) é extremamente superior à quantidade de informação que Miller (1956) aponta
como a capacidade de informações que conseguimos reter na MCP.
Para Cowan (2009) é importante ter controle sobre os ensaios repetições mentais
para memorizar e as estratégias de chunk. Quanto mais tempo dado, mais condições o
sujeito tem para agrupar os chunks e fazer ensaios, o que pode colaborar para a formação das
memórias verdadeiras. Por outro lado, o limite da capacidade pode ocorrer porque cada
chunking ou objeto na memória de trabalho é representado por neurônios concorrentes
ativados sinalizando várias características daquele mesmo objeto (Cowan, 2005). Por serem
muitos estímulos em pouco tempo e existirem características concorrentes distratoras, os
sujeitos podem formar os chunks confusos, o que pode ser uma explicação para a formação de
falsas memórias.
A literatura estudada aponta ainda para o fato do armazenamento de estímulos
pictóricos exigirem um tempo maior do que o armazenamento de estímulos verbais. Os
estímulos pictóricos (figuras) permitem uma representação dupla (Paivio, 1971; 1986), na
qual o código pictórico enseja um código verbal, um nome conforme prediz a hipótese da
recodificação verbal (Brandimonte, 1992a; Lopes, 1997). Embora a aditividade dos códigos
pictóricos e verbais possa facilitar o processo de recordação (Paivio, 1986), a demanda pela
verbalização interna requer tempo o qual está limitado pela exposição rápida de uma lâmina
64
com muitos estímulos para ser processados. Isso corrobora com o estudo de Tormin, Cunha e
Lopes (2008), o qual utilizou estímulos pictóricos (desenhos) e verbais (palavras) para
verificar possíveis diferenças no processamento de ambos. Para tanto foi realizada uma
adaptação de duas lâminas do teste TEPIC-M, porém foi mantido o tempo de apresentação da
lâmina sugeridos pelos autores (1 min). Nos resultados as autoras constataram que os
estímulos mais recordados pelos participantes foram os verbais (palavras) quando comparados
aos mesmos estímulos apresentados na forma pictórica, resultado este que vem de encontro
aos achados da teoria da codificação dupla de Paivio (1986).
65
CAPÍTULO 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo sobre o TEPIC-M visou alertar sobre o aparecimento das falsas memórias
nas respostas dos participantes. Teve importância fundamental ao sustentar o fato do teste ser
validado pelo Conselho Federal de Psicologia (Silva, 2009), pois, apesar de observar que a
presença de falsas memórias nas respostas dos participantes é significativa estatisticamente
falando, a percentagem das memórias verdadeiras é superior, o que não permite que o teste
seja invalidado. Buscamos também manipular uma das variáveis que acreditamos ser
responsável por esse fato, a fim de contribuir com a melhoria deste instrumento.
Apesar dos resultados positivos obtidos nesta pesquisa não se pode sugerir que o
tempo de exposição da lâmina do teste TEPIC-M seja modificado para 3 ou 5 minutos uma
vez que apesar de diminuir a quantidade de FM, ocasionou o aumento das MV, o que
provavelmente acarretaria na perda dos estudos de validades da amostra inicial do teste e
conseqüentemente uma diminuição significativa da variância das respostas. Nesta pesquisa, a
análise dos postos médios nas tabelas 7 e 8 confirmam que houve aumento dos mesmos
quando comparamos TE = 1 com TE = 3 e TE = 1 com TE = 5. Contudo, entre os TE = 3 e
TE = 5 não foram encontradas diferenças nem para as FM nem para as MV. Isso confirma os
resultados encontrados no estudo de Huang e Janczura (2008) cujos índices de acertos dos
participantes aumentaram em função do aumento do tempo de apresentação das palavras.
Enfatizamos aqui que, embora tenham sido encontradas respostas falsas, houve uma
diferença significativa destas em relação às memórias verdadeiras, com predominância das
últimas sobre as primeiras, resultado este que confirma a validade do referido teste.
Estudos futuros poderão ser realizados utilizando intervalos de exposição diferentes,
buscando um possível ponto ótimo onde se consiga uma diminuição das FM mantendo-se a
quantidade de MV nas respostas dos participantes. Não foi possível prever o impacto da
66
utilização do banner, ao invés da projeção da lâmina de respostas, o que abre caminhos para
novas pesquisas com o teste TEPIC-M.
67
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75
ANEXOS
76
ANEXO I: PARECER DO COMTÊ DE ÉTICA
77
ANEXO II: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
78
APÊNDICE 1
Apêndice 1: Percentagens de falsas memórias e memórias verdadeiras para cada grupo
estudado (G1, G2 e G3).
G1 G2 G3
Nº Partic. FM MV Nº Partic. FM MV Nº Partic. FM MV
1
0 30
145
0 40
204
0 36
2
0 45
146
2 52
205
4 50
3
2 34
147
0 29
206
0 32
4
0 23
148
0 34
207
2 30
5
0 23
149
0 30
208
2 27
6
2 34
150
0 43
209
0 41
7
0 30
151
0 25
210
4 41
8
0 38
152
0 38
211
2 41
9
0 34
153
0 34
212
0 36
10
0 30
154
2 34
213
4 36
11
4 25
155
0 36
214
0 52
12
0 27
156
2 32
215
0 29
13
2 16
157
0 45
216
0 38
14
5 21
158
0 32
217
0 49
15
2 27
159
0 38
218
0 52
16
0 36
160
0 30
219
2 49
17
0 32
161
0 40
220
0 36
18
0 36
162
0 34
221
0 47
19
0 38
163
0 38
222
0 29
20
0 18
164
0 32
223
0 47
21
0 25
165
0 30
224
0 41
22
0 34
166
0 21
225
0 27
23
0 36
167
0 43
226
0 34
24
2 34
168
0 45
227
0 41
25
0 34
169
0 45
228
0 34
26
0 25
170
0 38
229
0 50
27
0 30
171
0 43
230
0 43
28
0 29
172
0 36
231
0 45
29
0 36
173
0 27
232
0 38
30
0 32
174
0 34
233
0 41
31
2 25
175
0 40
234
0 50
32
2 49
176
0 43
235
0 36
33
2 30
177
0 32
236
0 40
34
0 38
178
2 18
237
0 40
35
0 29
179
2 27
238
0 45
36
0 29
180
0 29
239
0 38
37
0 25
181
0 38
240
0 34
38
0 32
182
0 40
241
0 30
79
39
0 32
183
0 32
242
0 45
40
0 34
184
0 32
243
0 45
41
2 29
185
2 30
244
0 45
42
2 25
186
0 40
245
0 36
43
0 43
187
0 38
246
0 29
44
0 36
188
2 30
247
0 30
45
2 36
189
0 27
248
0 29
46
0 27
190
0 38
249
0 36
47
0 38
191
0 41
250
2 38
48
0 27
192
0 40
251
0 45
49
0 34
193
0 41
252
0 41
50
0 16
194
0 43
253
0 50
51
0 14
195
0 34
254
2 38
52
0 32
196
0 40
255
0 25
53
0 30
197
2 41
256
0 38
54
0 30
198
0 43
257
0 32
55
2 25
199
0 45
258
0 25
56
0 27
200
0 36
259
0 32
57
0 45
201
0 32
260
0 45
58
2 34
202
0 27
261
0 36
59
2 32
203
2 40
262
0 32
60
0 34
263
0 29
61
2 36 Total: 59
264
0 29
62
0 34
265
0 34
63
2 27
266
0 25
64
2 36
267
0 27
65
2 30
268
4 34
66
2 47
269
0 30
67
0 27
270
0 32
68
0 34
271
2 29
69
0 30
272
0 30
70
4 38
273
0 36
71
0 20
72
0 32 Total: 70
73
2 21
74
0 32
75
2 23
76
2 25
77
0 21
78
0 40
79
4 30
80
4 16
81
0 21
82
0 27
83
0 23
84
2 34
85
2 36
86
4 23
87
0 30
88
0 21
89
2 41
90
2 29
91
2 29
92
0 29
80
93
0 23
94
2 38
95
2 25
96
0 23
97
0 27
98
0 21
99
0 36
100
0 32
101
0 29
102
2 14
103
0 36
104
0 32
105
2 25
106
0 34
107
2 25
108
2 21
109
0 34
110
0 30
111
2 36
112
0 40
113
2 30
114
0 21
115
0 38
116
0 32
117
0 29
118
2 21
119
4 49
120
0 21
121
0 32
122
0 36
123
0 29
124
0 40
125
0 34
126
0 29
127
2 38
128
0 29
129
0 27
130
0 16
131
0 32
132
2 29
133
0 23
134
0 12
135
0 34
136
0 32
137
0 29
138
2 25
139
0 27
140
0 34
141
0 27
142
0 36
143
0 32
144
0 23
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