28
de condimentos no desenvolvimento de microrganismos deterioradores, e mesmo
patogênicos, veiculados por alimentos. As diferentes civilizações, através de complexas
manifestações de arte e cultura, mormente gastronômicas, apropriam-se dos diferentes
recursos naturais renováveis, disponíveis localmente, para agregar palatabilidade e
qualidade sanitária aos seus alimentos.
Diferentes espécies de Allium ssp. , dentre as cerca de 500 descritas, entre elas
os diferentes bulbos de cebolas e o alho propriamente dito, bem como os tipos foliares
como o “nirá” japonês ou o “jiucai” chinês, são empregadas largamente como alimento,
como condimentos ou especiarias, ou mesmo como medicamentos, mormente no
hemisfério norte. Estas plantas constituem uma fonte abundante de saponinas
esteroidais, de alcalóides, bem como de compostos sulfurosos. O alho “nirá” ou
“jiucai”, Allium tuberosum Rottler ex Sprengl. – Liliaceae – constitui-se em alimento
diário consumido geralmente verde, recém-colhido, pela grande maioria da população
chinesa, distribui-se por todo o continente, sendo utilizado não somente como alimento,
mas como medicamento, sendo esse país seu maior produtor mundial. Além do uso
como alimento, tanto as porções foliares, mas principalmente as sementes, possuem
reputada indicação na medicina tradicional chinesa como tratamento da impotência
masculina e das emissões noturnas. Segundo o Dicionário das Drogas Chinesas, a parte
foliar desse alho é utilizada para o tratamento de dores abdominais, diarréia,
hematemese, agressões de ofídios, bem como para tratamento da asma, ao passo que as
sementes, na medicina popular, são usadas prioritariamente, como tônicos e
afrodisíacos. No ano de 2001, o governo chinês reconheceu oficialmente - e passou a
indicar - o consumo desta espécie de alho, tanto como alimento quanto como
medicamento, em todo o país (Hu et al., 2006). Sang et al. (2003) remetem a estudos
fitoquímicos de “jiucai” ou alho chinês, indicando que as saponinas esteroidais referidas
são glicosídeos que ocorrem espontaneamente, com propriedades de formação de
espuma, com acentuada atividade hemolítica, toxicidade para peixes e formação de
complexos com a colesterina. Nos anos recentes, segundo os autores, os glicosídeos
esteroidais vêm despertando crescente interesse pelo largo espectro de sua ação
biológica em seres vivos, incluindo ação antidiabética, antitumoral, antitussígena, bem
como de inibição de agregação de plaquetas.
No Brasil, segundo Lima et al. (2005), Allium tuberosum, com sinonímia de A.
odorum, é conhecido como cebolinha chinesa, sendo largamente utilizado como