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MARA SÉRGIA PACHECO HONÓRIO COELHO
ASSOCIAÇÃO ENTRE O AUMENTO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
COM FATORES SÓCIODEMOGRÁFICOS E INDICADORES DE RISCO
PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
EM ADULTOS DE FLORIANÓPOLIS
FLORIANÓPOLIS
2007
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MARA SÉRGIA PACHECO HONÓRIO COELHO
ASSOCIAÇÃO ENTRE O AUMENTO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
COM FATORES SÓCIODEMOGRÁFICOS E INDICADORES DE RISCO
PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
EM ADULTOS DE FLORIANÓPOLIS
Dissertação submetida ao Programa de Pós-
graduação em Nutrição, no Centro de Ciências
da Saúde da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito parcial para obtenção
do título de Mestre em Nutrição.
Orientadora: Profª. Maria Alice Altenburg de
Assis, Drª.
Florianópolis
2007
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MARA SÉRGIA PACHECO HONÓRIO COELHO
ASSOCIAÇÃO ENTRE O AUMENTO DO ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
COM FATORES SÓCIODEMOGRÁFICOS E INDICADORES DE RISCO
PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS
EM ADULTOS DE FLORIANÓPOLIS
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM NUTRIÇÃO
e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Nutrição, do Centro de
Ciência da Saúde da Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, em 27 de março de 2007.
__________________________________________________
Vera Lúcia Cardoso Tramonte, Dr.
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição – UFSC
Banca examinadora:
__________________________________________________
Maria Alice Altenburg de Assis, Dr.
UFSC/CCS/NTR – Presidente
__________________________________________________
Erly Catarina de Moura, Dr.
UFPA/CCS/NTR – Membro
__________________________________________________
Arlete Catarina Titoni Corso, Dr
UFSC/CCS/NTR – Membro
__________________________________________________
Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos, Dr.
UFSC/CCS/NTR – Membro Suplente
Dedico esta minha dissertação aos meus filhos,
Bianca e Bruno,
razão da minha vida, do meu esforço,
do meu empenho em ser alguém melhor.
Ao meu marido Sandro, companheiro verdadeiro.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus que confirma sua presença em cada obstáculo que
enfrento, em cada momento de alegria, em cada momento de tristeza, em cada momento de
vitória, como este que vivo agora.
Aos meus pais Maria e José pelo apoio incondicional em todos os momentos da
minha vida, pelo incentivo aos estudos e pelo exemplo de uma vida digna.
Aos meus filhos queridos Bianca e Bruno que tanto sofreram com a minha ausência.
Que bom que vocês existem!
Ao meu marido Sandro, maior incentivador! Sem seu companheirismo, seu amor, sua
compreensão este sonho não poderia ser realizado.
Aos meus irmãos José Nilton e Maria Beatriz, pelo apoio e afeto.
Aos queridos Noranei, César e Maria pelo carinho e dedicação aos meus filhos nos
momentos em que não pude estar com eles.
À Universidade Federal de Santa Catarina pela oportunidade de retornar e dar
continuidade à minha formação no programa de Pós-Graduação em Nutrição.
À Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e aos professores pela
contribuição à minha formação.
À minha orientadora, Profª Drª Maria Alice Altenburg de Assis, por dividir seu
conhecimento, pelo constante incentivo e confiança depositada em meu trabalho.
A Profª Drª Erly Catarina de Moura pelos ensinamentos nas análises dos dados
.
À nutricionista Fabiana Martin Baramarchi e a acadêmica do Curso de Nutrição da
UFSC Vanessa Caroline Campos, pelo auxílio na formatação das referências bibliográficas.
Às Nutricionistas Beatriz Desirré, chefe do Serviço de Nutrição e Dietética do
Hospital Universitário (HU), e Maria Luiza Alencar, chefe de Dietoterapia do HU, pelo
apoio e compreensão.
Às colegas nutricionistas do HU pelo incentivo e palavras acolhedoras nos momentos
difíceis.
Aos amigos Alessandra Erdmann, Patrícia Acioly, Isaura Clemente, Carla
Galego, Francine Ferrari, Murilo Pereira, Braian Cordeiro, Ana Paula Calaes, Renata
Régis, Nara, Carlos Mello, Fernando e todos que de uma forma ou de outra me ajudaram e
incentivaram a realizar este trabalho.
RESUMO
COELHO, MSPH. Associação entre o aumento do índice de massa corporal com fatores
sócio-demográficos e indicadores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em
adultos de Florianópolis. Florianópolis, 2007. [Dissertação de Mestrado - Universidade
Federal de Santa Catarina].
Diversos estudos têm tentado desvendar a complexa relação entre a mudança do índice
de massa corporal (IMC) e as variáveis sócio-demográficas, de saúde e comportamentais.
Objetivo: Investigar a associação entre o aumento do IMC após os vinte anos de idade e os
fatores sócio-demográficos e indicadores de risco para doenças crônicas não transmissíveis
em adultos de Florianópolis. Delineamento: Estudo de delineamento transversal, baseado em
um sistema de vigilância de fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis através
de entrevistas telefônicas (SIMTEL). Método: 1.341 indivíduos (572 homens e 769 mulheres)
que participaram do SIMTEL. O aumento relativo do IMC (definido pela diferença do IMC
atual e do IMC aos 20 anos), variável dependente, foi analisado em diferentes categorias de
variáveis independentes em um modelo de análise de regressão linear múltipla, baseado em
um modelo hierárquico de fatores associados ao aumento do IMC, por sexo. As variáveis
independentes foram agrupadas em categorias hierárquicas incluindo características sócio-
demográficas, de saúde, comportamentais e de consumo alimentar. Resultados: Na idade
atual, 53,1% dos homens e 34,9% das mulheres tinham excesso de peso (BMI25 kg/m
2
).
Entre os 20 anos de idade e a idade no momento da entrevista, o IMC aumentou de 22,1 kg/
m
2
(DP = 2,5 kg/m
2
) para 25,7 kg/m
2
(DP = 3,7 kg/m
2
) entre os homens, e de 20,2 kg/m
2
(DP = 2,4 kg/m
2
) para 24,2 kg/m
2
(DP = 4,2 kg/m
2
) entre as mulheres. As variáveis
associadas ao aumento do IMC para ambos os sexos foram: o avanço da idade, não trabalhar,
referir ter diabetes, pressão alta, doença do coração, dislipidemias, auto referência ao estado
de saúde regular ou ruim, realizar dieta para perda de peso, ser ex-fumante, não realizar
atividade física no lazer e ser sedentário. Somente para o sexo feminino estiveram associadas
ao aumento do IMC as variáveis menor escolaridade, referir ter osteoporose e não consumo de
risco de bebida alcoólica. Exclusivamente entre os homens, a variável estado civil (ser
casado) apresentou associação com o aumento do IMC. O modelo de regressão linear mostrou
que para os homens as variáveis sócio-demográficas, as características de saúde e
comportamentais, respectivamente, explicaram 9,9%, 9,0% e 6,0% do aumento do IMC após
os 20 anos de idade. Para as mulheres, as variáveis sócio-demográficas, as características de
saúde e comportamentais, respectivamente, explicaram 23,3%, 18,4% e 8,6% do aumento do
IMC após os 20 anos de idade. Conclusão: Elevado ganho de IMC após os 20 anos e altas
taxas de excesso de peso foram observadas neste grupo de adultos de Florianópolis. Diversas
características sócio-demográficas e de saúde estudadas foram associadas com o aumento do
IMC. Os resultados indicam a importância de se identificar os determinantes do aumento do
IMC.
Palavras-chave: aumento do IMC. Indicadores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis. Características sócio-demográficas. Comportamento relacionado à saúde.
Florianópolis. Brasil.
ABSTRACT
COELHO, MSPH. Association between increased body mass index and
sociodemographic factors and risk indicators for chronic noncommunicable diseases
among adults in Florianópolis. Florianópolis, 2007. [Dissertação de Mestrado -
Universidade Federal de Santa Catarina].
Background: Several studies have attempted to uncover the complex relationship
between changes in body mass index (BMI) and sociodemographic, health and behavioral
variables. Objective: To investigate the association between increased BMI after the age of
20 year and sociodemographic factors and risk indicators for chronic noncommunicable
diseases among adults in Florianópolis. Design: Cross-sectional study based on a
surveillance system for risk factors for chronic noncommunicable diseases, by means of
telephone interviews (SIMTEL). Methods: 1341 individuals (572 men and 769 women)
participated in SIMTEL. The relative increase in BMI (defined as the difference between
current BMI and BMI at age 20 years) was taken as the dependent variable and was analyzed
for different categories of the independent variables, in a multiple linear regression analysis
model that was based on a hierarchical model of factors associated with BMI gain, according
to sex. The independent variables were grouped into a hierarchy of categories, including
sociodemographic, health, behavioral, and dietary characteristics. Results: At current age
(time of the interview), 53.1% of the men and 34.9% of the women presented excess weight
(BMI 25 kg/m
2
). Mean BMI increased from 22.1 kg/m
2
(s.d. = 2.5 kg/m
2
) at age 20 years to
25.7 kg/m
2
(s.d. = 3.7 kg/m
2
) at current age for men, and from 20.2 kg/m
2
(s.d. = 2.4 kg/m
2
) at
age 20 years to 24.2 kg/m
2
(s.d. = 4.2 kg/m
2
) at current age for women. For both sexes, the
variables associated with increased BMI were: advancing age, not working, reported
diabetes, high blood pressure, heart disease, dyslipidemia, self-rated regular or poor health
status, dieting to lose weight, being a former smoker, not doing physical activities during
leisure time and being sedentary. For the women only, the variables associated with
increased BMI were: lower schooling level, reported osteoporosis and non-risky consumption
of alcoholic beverages. For the men only, the variable of marital status (being married)
presented an association with increased BMI. The linear regression model showed that, for
the men, the sociodemographic, health and behavioral characteristics, respectively,
accounted for 9.9%, 9.0% and 6.6% of the increase in BMI since the age of 20 years. For the
women, the sociodemographic, health and behavioral characteristics, respectively, accounted
for 23.3%, 18.4% and 8.6% of the increase in BMI after the age of 20 years. Conclusion:
Large gains in BMI after the age of 20 years and high rates of excess weight were observed in
this group of adults in Florianópolis. Many sociodemographic and health characteristics
were associated with increased BMI. The findings indicate the importance of identifying the
determinants of BMI gain.
Keywords: Increased BMI. Risk indicators for chronic noncommunicable diseases.
Sociodemographic characteristics. Health-related behavior. Florianópolis. Brazil.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Marco teórico, estruturado em blocos hierarquizados, para análise da variação
do Índice de Massa Corporal após os 20 anos de idade. Florianópolis, SC, 2005. .................. 28
Figura 2 – Fatores associados ao aumento do Índice de Massa Corporal após os 20 anos
de idade em homens, Florianópolis, SC, 2005. – Modelo Final............................................... 48
Figura 3 – Fatores associados ao aumento do Índice de Massa Corporal após os 20 anos
de idade em mulheres, Florianópolis, SC, 2005. – Modelo Final. ........................................... 49
Tabela 1 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme características sócio-
demográficas. Florianópolis, SC, 2005. ................................................................................... 30
Tabela 2 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme aumento do índice de
massa corporal (IMC) após os 20 anos de idade. Florianópolis, SC, 2005. ............................. 31
Tabela 3 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme a classificação do
estado nutricional aos 20 anos de idade e atual. Florianópolis, SC, 2005. ............................... 32
Tabela 4 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme características de
saúde. Florianópolis, SC, 2005. ................................................................................................ 33
Tabela 5 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme características
comportamentais. Florianópolis, SC, 2005. ............................................................................. 34
Tabela 6 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme características do
consumo de alimentos. Florianópolis, SC, 2005. ..................................................................... 35
Tabela 7 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC após
os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis sócio-demográficas para o sexo
masculino. Florianópolis, SC, 2005. (N=572). ......................................................................... 36
Tabela 8 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC após
os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis sócio-demográficas para o sexo
feminino (N=769). Florianópolis, SC, 2005. ............................................................................ 37
Tabela 9 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC após
os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de saúde para o sexo masculino
(N=572). Florianópolis, SC, 2005. ........................................................................................... 38
Tabela 10 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de saúde para o sexo feminino
(N=769). Florianópolis, 2005. .................................................................................................. 39
Tabela 11 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis comportamentais para o sexo
masculino (N=572). Florianópolis, SC, 2005. .......................................................................... 40
Tabela 12 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis comportamentais para o sexo
feminino (N=769). Florianópolis, SC, 2005. ............................................................................ 41
Tabela 13 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de consumo de alimentos para
o sexo masculino (N=572). Florianópolis, SC, 2005. .............................................................. 42
Tabela 14 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de consumo de alimentos no
sexo feminino (N=769). Florianópolis, SC, 2005. ................................................................... 43
Tabela 15 – Associação entre aumento de Índice de Massa Corporal após os 20 anos de
idade e variáveis sócio-demográficas, de saúde, comportamentais e dietéticas em homens
e mulheres, Florianópolis, SC, 2005. ....................................................................................... 44
Tabela 16 – Fatores associados ao aumento do ÍMC após os 20 anos de idade em
homens. Florianópolis, SC, 2005. ............................................................................................ 46
Tabela 17 – Fatores associados ao aumento do Índice de Massa Corporal em mulheres,
Florianópolis, SC, 2005. ........................................................................................................... 47
SUMÁRIO
1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA ......................................................................... 10
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 16
2.1 Objetivo geral .................................................................................................................. 16
2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................... 16
3 DEFINIÇÃO DE TERMOS .............................................................................................. 17
4 METODOLOGIA ................................................................................................................ 17
4.1 Projeto SIMTEL – CINCO CIDADES ........................................................................... 18
4.1.1 Amostragem ........................................................................................................... 19
4.1.2 Levantamento de dados .......................................................................................... 20
4.1.3 Coleta de dados ...................................................................................................... 21
4.2 Estudo da associação entre o aumento do IMC a partir dos 20 anos de idade,
fatores sócio-demográficos e indicadores de risco para DANTs .................................... 22
4.2.1. Tipo de estudo ....................................................................................................... 22
4.2.2 Critérios de inclusão ............................................................................................... 22
4.2.3 Variáveis de estudo ................................................................................................ 22
4.2.4 Elaboração do banco de dados ............................................................................... 26
4.2.5 Análise de dados .................................................................................................... 26
4.2.6 Aspectos éticos ....................................................................................................... 29
5 RESULTADOS .................................................................................................................... 30
5.1 Características da população de estudo ........................................................................... 30
5.2 Relação das variáveis independentes com o aumento do IMC após os 20 anos
de idade. .......................................................................................................................... 35
5.3 Análise de Regressão Múltipla Hierarquizada dos fatores relacionados ao
aumento de IMC após os 20 anos de idade. .................................................................... 45
6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 50
6.1 Características da população estudada ............................................................................ 50
6.2 Fatores relacionados ao aumento de IMC após os 20 anos de idade. ............................. 54
7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 61
ANEXOS ................................................................................................................................. 68
ANEXO A: Amostras Autoponderadas de Linhas Telefônicas Residenciais (LTR)
em Municípios ................................................................................................................. 69
ANEXO B: Roteiro de Entrevista Telefônica ....................................................................... 70
10
1 CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
A obesidade é a doença crônica não transmissível de maior prevalência nas sociedades
industrializadas e constata-se seu aumento nas últimas décadas, tanto em países desenvolvidos
como em desenvolvimento. Em razão disso vem sendo considerada uma epidemia global e se
constitui no principal problema de saúde pública da atualidade
1
.
De acordo com a WHO, em 2005, 1,6 bilhões de pessoas maiores de 15 anos tinham
excesso de peso e cerca de 400 milhões eram obesos. Em uma projeção para 2015, a WHO
estima que aproximadamente 2,3 bilhões de adultos terão sobrepeso e mais de 700 milhões
serão obesos
2
. Nos Estados Unidos, os dados do National Health and Nutrition Examination
Survey - NHANES evidenciaram que em 1999, 60% dos adultos americanos apresentavam
sobrepeso ou obesidade
3
. Estimativas do NHANES em 2004 revelaram um aumento
significativo da obesidade entre os americanos com prevalências de 33,2% entre as mulheres
e 31,1% entre os homens
3
.
No Brasil, o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade tem sido detectado
desde a década de 70. As análises comparativas entre os inquéritos antropométricos nacionais
(Estudo Nacional de Despesa Familiar – ENDEF - 1974/1975 e a Pesquisa Nacional sobre
Saúde e Nutrição – PNSN - 1989) realizadas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) revelaram o dobro da prevalência de sobrepeso em adultos com mais de
20 anos no período de 1975 a 1989, sendo este acréscimo maior nos homens do que nas
mulheres, com exceção das mulheres na região sudeste
4
.
Os estudos “Inquérito Domiciliar sobre o comportamento de Risco e Morbidade
Referida para Doenças e Agravos não Transmissíveis” realizado pelo Instituto Nacional do
Câncer (INCA 2002-2003)
5
e “Pesquisa de Orçamento Familiar” (POF 2002-2003)
6
realizada
pelo IBGE,
forneceram os dados mais recentes sobre a obesidade no Brasil. Os dados da POF
6
mostram uma prevalência de excesso de peso de cerca de 40% entre os adultos maiores de 20
anos, não havendo diferenças substanciais entre os sexos. A obesidade afetou 8,9% de
homens e 13,1% de mulheres no país.
Na cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, os dados da POF revelaram uma
prevalência de 33,9% de excesso de peso e 6,2% de obesidade entre os homens maiores de 20
anos de idade. Entre as mulheres, 21,4% estavam com excesso de peso e 7,9% foram
classificadas como obesas. Os dados do INCA
5
(2002-2003) revelaram uma prevalência de
11
excesso de peso de 43,7% entre os homens e 34,3% entre as mulheres. A prevalência de
obesidade foi semelhante entre os sexos, com 10% para os homens e 11% entre as mulheres.
O sobrepeso e a obesidade são conhecidos fatores de risco para o diabetes mellitus
(DM)
7
, a hipertensão arterial sistêmica (HAS)
8
, a doença coronariana
9
, o cálculo biliar
10
, o
infarto do miocárdio
11
e alguns tipos de câncer
12
. O sobrepeso e as flutuações de ganho de
peso na vida adulta estão relacionados ao aumento do risco de mortalidade
13
e com o risco de
desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Em particular, um alto
ganho de peso tem sido associado com o aumento de morbidades como o câncer de mama
14,
15
, a doença cardiovascular na meia idade
15
e em fases mais tardias da vida
14, 15
, e o DM
1
. Por
outro lado, a perda de peso tem sido associada com diminuição dos fatores de risco para a
doença coronariana, incluindo HAS, níveis plasmáticos de colesterol e de triglicerídeos
16
, e a
insulinemia
17
.
Diversos estudos já mostraram que quanto maior o índice de massa corporal (IMC) da
população, maior é a prevalência de risco cardiovascular
18,19,20
. A avaliação de homens e
mulheres participantes do estudo de Framingham, em um período de 26 anos revelou que a
obesidade é um fator de risco para eventos cardiovasculares, especialmente a doença
coronariana, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral, independente da idade, HAS,
níveis plasmáticos de colesterol, tabagismo, intolerância à glicose e presença de hipertrofia
ventricular esquerda
21
.
Por outro lado, diversos estudos tem mostrado que a obesidade, especialmente a do
tipo central, se associou a HAS, intolerância à glicose, hipertrigliceridemia com níveis de
lipoproteína de alta densidade (HDL) baixos e hiperinsulinemia
22
. Num estudo prospectivo
com homens americanos, Oguma et al.
23
, observaram que o ganho de peso aumentou
significativamente o risco do desenvolvimento de DM tipo 2.
No Brasil, Gigante et al.
24
avaliaram a prevalência de obesidade em adultos da cidade
de Pelotas (RS) e seus fatores de risco e verificaram que, entre as mulheres a obesidade esteve
associada à ocorrência de DM ou HAS, e entre os homens com a HAS.
Cabrera & Filho
25
, avaliaram a prevalência de obesidade em idosos da cidade de
Londrina (PR) e a associação com hábitos e co-morbidades e identificaram uma maior relação
entre obesidade central, HAS e DM, nos homens. Nas mulheres, a freqüência de HAS foi
maior nas obesas. As mulheres obesas não apresentaram maior freqüência de DM do que as
não obesas, porém as pacientes com relação cintura-quadril (RCQ) >0,96 e as com a
circunferência abdominal (CA) >98cm apresentaram maior freqüência de DM.
12
Dados semelhantes foram encontrados por Barreto et al.
26
na cidade de Bambuí (MG).
Os autores verificaram que, no sexo feminino a obesidade se associou positivamente à
presença de DM e HAS e inversamente à atividade física.
Mais recentemente, as pesquisas têm focalizado os fatores determinantes e associados
ao ganho de peso em adultos: o estilo de vida, a mortalidade e a prevalência de DCNTs.
As causas da obesidade e do ganho de peso são multivariadas, representando uma
combinação de fatores que resultam do aumento da energia ingerida e diminuição do gasto
energético
27
. Diversos fatores biológicos, demográficos, socioculturais e comportamentais
podem estar associados ao ganho de peso
28
, mas pouco se conhece sobre a história do ganho
de peso e seus determinantes na população em geral. A idade, o nível inicial de sobrepeso, o
nível socioeconômico e de escolaridade, a paridade, o sedentarismo e a etnicidade estão entre
os fatores associados com a mudança de peso ao longo do tempo
29,30,31
.
A definição de peso saudável é tema ainda em debate, mas a tendência é definí-lo a
partir da relação entre o IMC e desfechos de saúde como a mortalidade geral, a doença
cardiovascular, o DM, etc. O relato do British Regional Heart Study
32
sugeriu que as taxas
mais baixas de mortalidade por qualquer causa de morte foram encontradas na faixa de IMC
entre 20,0 e 23,9 kg/m
2
. Revisões anteriores
33, 34
sugeriram que a faixa de IMC entre 20,0 e
27,0 kg/m
2
não apresentou aumento significativo no risco de mortalidade em estudos de
seguimento. Outros estudos têm sugerido que a morbidade associada ao sobrepeso também deve
ser considerada na determinação do peso corporal ideal
35,36
.
A OMS recomenda para a população uma faixa de IMC entre 21 a 23 kg/m
2
. Para
indivíduos, a recomendação é de 18,5 a 24,9 kg/m
2
, evitando ganhos de peso maiores do que
5 kg na vida adulta
37
. Estima-se que, para cada 5% de aumento de peso acima daquele
apresentado aos 20 anos de idade ocorre um aumento de 20% no risco de desenvolver a
síndrome de resistência a insulina na meia idade
38
. Esse complexo metabólico, inflamatório e
hemodinâmico, por sua vez, se associa ao desenvolvimento de DCNTs , tais como o DM e a
doença cardiovascular
39,40,41
.
Estudos também têm evidenciado a obesidade como risco independente para a doença
coronariana em mulheres. Rexrode et al.
11
verificaram, em um estudo prospectivo com
enfermeiras americanas, num período de 16 anos, que as mulheres com ganho de peso igual
ou maior a 11 kg apresentaram um aumento significativo no risco de infarto, quando
comparadas as mulheres que mantiveram o peso estável no mesmo período. No estudo de
Manson
18
mulheres americanas com IMC acima de 32 kg/m² apresentaram um risco relativo
de morte por doença cardiovascular 4,1 vezes maior que aquelas com IMC menor que 19 kg/m².
13
Estudos epidemiológicos vêm estudando a complexa relação entre os fatores
sociodemográficos e a alteração do peso
42
. Etnicidade, idade e baixo nível sócio econômico
têm sido associados à alteração de peso
43
. Nos americanos, a obesidade é mais comum em
americanos negros do que em brancos, com uma diferença particularmente maior entre as
mulheres
44
. Considerando-se que os negros historicamente pertencem a um nível
socioeconômico mais baixo que os brancos, tem sido hipotetizado que as diferenças raciais de
composição corporal estejam associadas às desvantagens socioeconômicas
45
.
Em relação às associações entre excesso de peso e nível sócio-econômico, em países
desenvolvidos, renda e nível educacional estão inversamente associados à obesidade,
principalmente no sexo feminino
46
Entretanto, de acordo com análises realizadas por
Monteiro et al.
47
utilizando dados da Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996/97, o crescimento
acelerado da obesidade, em particular ocorreu entre os estratos sociais de menor renda.
Monteiro et al.
48
em 2001, avaliaram
os efeitos independentes da renda e educação no risco da
obesidade na população adulta brasileira e observaram que em sociedades em transição, como o
Brasil, a renda tende a ser um fator de risco, enquanto que a educação desempenha papel protetor.
Segundo a avaliação da relação entre a renda e a prevalência do excesso de peso
realizada na POF (2002–2003)
6
, entre os homens, a freqüência do excesso de peso aumentou
de modo uniforme e intenso com a renda enquanto, entre as mulheres, a relação com a renda
foi menos intensa, com tendência curvilínea, de modo que as maiores prevalências de excesso
de peso foram encontradas nas classes intermediárias de renda.
Chor et al.
31
estudaram a associação do ganho de peso na vida adulta com etnicidade e
nível socioeconômico em servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro. Os autores
verificaram que a etnicidade negra e mulata foi associada com o aumento do ganho de peso
somente entre as mulheres, fato parcialmente explicado devido à associação com o baixo
nível sócio-econômico.
Enquanto entre mulheres o desenvolvimento de sobrepeso e obesidade é tido como
ocorrência da meia idade (40 a 45 anos)
49
, dados longitudinais nos Estados Unidos confirmam
que as mulheres jovens constituem o maior grupo de risco para o ganho de peso e obesidade.
O mesmo estudo americano sugere que as mulheres foram mais propensas a grandes ganhos
de peso ou perdas num período de 10 anos. As mulheres foram duas vezes mais propensas ao
maior ganho de peso do que os homens
50
.
Na abordagem do ganho de peso relacionada aos aspectos vinculados a alterações na
dieta e atividade física, deve-se destacar que o aumento da ingestão energética pode ser
decorrente tanto do maior consumo quantitativo de alimentos como também qualitativo com
14
escolha de alimentos com maior densidade energética, ou pela combinação dos dois
51
. Nos
Estados Unidos, dados nacionais de dieta e atividade física indicaram que o consumo dos
americanos foi em média de 340 Kcal/dia maior em 1994 do que em 1984 e 500 Kcal/dia
maior do que em 1977 e que o relato de atividade física manteve-se constante. Essas
diferenças entre o padrão de ingestão energética e atividade física sugerem que a tendência do
ganho de peso nos adultos americanos pode ser atribuída ao consumo excessivo de energia
27
.
A ascensão na prevalência de sobrepeso e obesidade na população brasileira tem sido
relacionada à mudança no consumo alimentar e a uma redução na atividade física,
configurando um “estilo de vida ocidental contemporâneo”
51
. Os alimentos tradicionais da
dieta do brasileiro, como arroz e feijão perderam importância nas últimas três décadas,
enquanto o consumo de alimentos industrializados como bolachas e refrigerantes aumentou
em 400%. Em uma análise dos fatores associados ao padrão de consumo alimentar, com base
na PPV de 1996-1997, Sichieri et al.
52
identificaram que um padrão de consumo tradicional
(destacando arroz, feijão, farinha e açúcar) foi fator protetor para o sobrepeso.
Neste contexto, têm sido largamente recomendado o aumento no consumo de
alimentos de baixa densidade energética e ricos em fibras como frutas, hortaliças e cereais
integrais para o controle do peso. Em um estudo prospectivo de coorte com 74.091
enfermeiras americanas para avaliar a ingestão de fibras e o ganho de peso, Liu et al.
53
concluíram, que o ganho de peso esteve inversamente associado ao aumento no consumo de
cereais integrais e positivamente associado ao aumento do consumo de cereais refinados.
O hábito de fumar e o consumo de bebida alcoólica têm sido marcadores freqüentes
em estudos de obesidade. Hall et al.
54
em um estudo nos Estados Unidos com homens e
mulheres fumantes submetidos a um programa de tratamento para parar de fumar, avaliaram
se o ganho de peso causa recaída e se uma intervenção preventiva de restrição calórica pode
diminuir o ganho de peso e por conseqüência a reincidência ao fumo. Os autores concluíram
que a restrição calórica pode reforçar o valor da nicotina aumentando o risco de recaída e
sendo o ganho de peso uma “seqüela” adquirida ao parar de fumar mudanças atitudinais são
necessárias. Corroborando com esses autores Ferrara et al.
55
avaliaram, num grupo de dez
mulheres, o ganho de peso e o metabolismo do tecido adiposo após o ato de parar de fumar.
Os autores observaram um aumento na atividade da lipoproteína lipase no metabolismo das
células do tecido adiposo, fato que pode contribuir para o ganho de peso corporal associado
ao ato de parar de fumar. Relacionando o consumo de álcool ao ganho de peso, Wanamethe &
Shaper
56
em um estudo prospectivo com 6832 homens britânicos, entre 45-65 anos,
observaram que a prevalência de homens com um IMC elevado (IMC 28 Kg/m
2
) aumentou
15
significativamente no grupo com consumo moderado para muito intenso de álcool (30g/dia).
Os autores concluíram que o consumo intenso de álcool contribuiu diretamente para o ganho
de peso e obesidade, independente do tipo de bebida alcoólica consumida.
No Brasil, há carência de informações sobre padrões de mudança de peso para homens
e mulheres nas diversas fases da vida adulta, bem como a sua associação com fatores sócio-
demográficos e fatores de risco para DCNTs. Os inquéritos domiciliares, instrumentos
utilizados para gerar informações sobre o perfil epidemiológico da população brasileira, são
operacionalmente complexos, de alto custo e envolvem períodos longos de tempo. Uma
melhor opção são os inquéritos realizados por entrevistas telefônicas, utilizados com sucesso
em populações onde os serviços de telefonia alcançam ampla cobertura residencial
57
.
As pesquisas por entrevistas telefônicas estão amplamente difundidas e são utilizadas
em muitos estudos epidemiológicos
58,59
. Canadá, Estados Unidos, França, Suíça, Espanha e
Islândia estão entre os países que dispõem de pesquisas de saúde por entrevista telefônica.
Diferentes estudos têm comparado as entrevistas telefônicas com os inquéritos domiciliares, e
os resultados mostram que as entrevistas telefônicas produzem estimativas semelhantes aos
inquéritos domiciliares, com redução de custos, maior flexibilidade e rapidez de execução sendo
considerada uma técnica eficiente em sistemas de vigilância de fatores de risco para DCNTs
em regiões geográficas com ampla cobertura telefônica
60,61
.
Com o objetivo de estudar o perfil epidemiológico da população adulta brasileira em
relação às DCNTs e seus fatores de risco, foi implantado no Brasil, o Sistema de
monitoramento de fatores de risco para DCNTs por meio de entrevistas telefônicas
(SIMTEL)
57
. O projeto foi implantado pioneiramente no município de São Paulo no ano de
2003 e após, em 2005, estendido a cinco capitais brasileiras, (Florianópolis, São Paulo,
Salvador, Belém e Goiânia)
57,62
.
A oportunidade de se contar com um banco de dados dotado de diversas informações
sobre fatores sócio-demográficos, de estilo de vida e Doenças crônicas não transmissíveis e
seus fatores de risco para a população adulta da cidade de Florianópolis, apresenta-se como
cenário ideal para o estudo das associações entre o aumento do IMC após os vinte anos de
idade, fatores sócio-demográficos e indicadores de risco para DCNTs.
O presente estudo avaliou o aumento do IMC após os vinte anos de idade em uma
amostra representativa de homens e mulheres da cidade de Florianópolis e examinou
especificamente a associação do aumento do IMC com os fatores sócio-demográficos e de
risco para DCNTs na proposta do sistema municipal de monitoramento dos fatores de risco
para Doenças crônicas não transmissíveis por entrevistas telefônicas.
16
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Avaliar a associação do aumento do Índice de Massa Corporal após os vinte anos de
idade com fatores sociodemográficos e indicadores de risco para doenças crônicas não
transmissíveis em adultos de Florianópolis.
2.2 Objetivos específicos
Estimar o aumento do IMC após 20 anos de idade segundo o sexo.
Avaliar a associação entre o aumento do IMC após os 20 anos de idade e variáveis
sóciodemográficas.
Avaliar a associação entre o aumento do IMC após os 20 anos de idade e variáveis de
saúde.
Avaliar a associação entre o aumento do IMC após os 20 anos de idade e variáveis
comportamentais.
Avaliar a associação entre o aumento do IMC após os 20 anos de idade e variáveis
dietéticas.
17
3 DEFINIÇÃO DE TERMOS
Destaca-se a seguir a definição de alguns termos empregados no presente estudo:
Doenças crônicas não transmissíveis: Grupo de doenças permanentes e de progressão
lenta, causadas por alteração patológica não reversível e que deixam incapacidade
residual
2,37
.
Fator de Risco: características ou circunstâncias como aspectos do comportamento
individual, hábitos, exposição ambiental e características hereditárias ou congênitas,
associados à condição de saúde com base em evidências epidemiológicas que são
observáveis ou identificáveis antes do evento (dano à saúde) a que estão associados.
Variável que aumenta a probabilidade do indivíduo adquirir determinada doença quando
exposto a ela
2,37
.
Fatores de proteção: características ou circunstancias que estão associados aos
recursos individuais e que atenuam ou neutralizam o efeito do risco
2,37
.
18
4 METODOLOGIA
4.1 Projeto SIMTEL – CINCO CIDADES
Este estudo é parte do projeto “SIMTEL – CINCO CIDADES: implantação, avaliação
e resultados de um sistema municipal de monitoramento de fatores de risco nutricionais para
doenças crônicas não transmissíveis a partir de entrevistas telefônicas em cinco municípios
brasileiros”. O SIMTEL é um projeto multicêntrico que foi realizado em cinco capitais
brasileiras (Belém, Salvador, São Paulo, Florianópolis e Goiânia) em 2005. O projeto foi
pioneiramente implantado no município de São Paulo em 2003, mostrando viabilidade
operacional, bom desempenho do sistema SIMTEL em nosso meio e indicando que
estimativas confiáveis da freqüência e distribuição dos principais fatores de risco para DCNTs
podem ser obtidas de forma rápida e com custo bastante inferior ao observado em inquéritos
domiciliares, pelo menos em grandes centros urbano
57
.
A fundamentação científica, objetivos, metodologia, estratégia de ação e resultados
esperados foram descritos no projeto de pesquisa apresentado e aprovado pelo CNPq
62
. Em
síntese, o SIMTEL é um sistema municipal de monitoramento de fatores de risco para
doenças e agravos não transmissíveis, apoiado em inquéritos anuais realizados em amostra
probabilística da população adulta residente em domicílios servidos por linhas telefônicas
fixas. A seleção de indivíduos para entrevista é feita em duas etapas envolvendo inicialmente
o sorteio de um conjunto de linhas telefônicas residenciais do município e, a seguir, o sorteio
de um indivíduo com 18 ou mais anos de idade por linha. As entrevistas do SIMTEL são
realizadas por telefone e com o auxilio de computador e têm duração média de 7 minutos.
Envolvem a leitura direta da tela do computador de um conjunto de perguntas curtas e
simples, o registro na mesma tela de alternativas pré-determinadas de respostas, o salto de
blocos de perguntas na dependência das respostas dadas pelos entrevistados, a gravação das
entrevistas para posterior controle de qualidade e a criação automática de bancos de dados
com o conteúdo das entrevistas. As perguntas versam sobre características demográficas e
sócio-econômicas dos entrevistados e de suas famílias, padrões de alimentação e de atividade
física, hábito de fumar e consumo de bebidas alcoólicas, peso e altura referidos, auto-
avaliação do estado de saúde e referência a diagnóstico médico de doenças e agravos não
transmissíveis como diabetes e pressão alta. Cada número de telefone sorteado recebe até 10
19
ligações em dias e horários variados para exclusão de linhas não elegíveis (linhas fora de
serviço, permanentemente sem resposta ou comerciais) ou para obtenção de aquiescência
familiar com o estudo e sorteio do individuo que será entrevistado. As entrevistas são
realizadas logo após o sorteio ou, no caso de ausência do sorteado, em dia e horário de sua
conveniência.
Para a avaliação do desempenho do sistema, são computadas as taxas de sucesso do
sistema (percentual das linhas sorteadas e elegíveis que redundaram em entrevistas
completas), a taxa de recusa (na fase de agendamento ou de entrevistas) e a proporção de
linhas ou indivíduos que não puderam ser contactados.
4.1.1 Amostragem
Os procedimentos de amostragem empregados pelo SIMTEL visaram obter amostras
probabilísticas da população de indivíduos com 18 ou mais anos de idade, residentes em
domicílios servidos por linhas telefônicas fixas em cinco municípios brasileiros no ano de
2005. A previsão do número mínimo de indivíduos estudado pelo sistema em cada município
era de 2.000. Este número permite estimar com coeficiente de confiança de 95% e erro
máximo de cerca de dois pontos percentuais a freqüência de qualquer fator de risco na
população estudada. Erros máximos de cerca de três pontos percentuais seriam esperados para
estimativas específicas segundo gênero, assumindo-se, respectivamente, 45% e 55% de
homens e mulheres na amostra final
57
. As etapas e os métodos de amostragem foram descritos
no projeto SIMTEL
57
.
A primeira etapa da amostragem em Florianópolis (SIMTEL/MFpolis), envolveu o
sorteio sistemático, de 14.000 linhas telefônicas do cadastro eletrônico das linhas residenciais
fixas da BRASILTELECOM, através do método de amostras auto ponderadas de linhas
telefônicas residenciais (LTR), desenvolvido pela coordenação do SIMTEL (Anexo 1). O
processo de sorteio foi estratificado, segundo os bairros e regiões da cidade, com idêntica
fração de amostragem em cada estrato. A seguir, as 14.000 linhas sorteadas foram re-
sorteadas e divididas em quarenta réplicas de 350 linhas, cada réplica reproduzindo a mesma
proporção de linhas por região da cidade. A divisão da amostra integral em réplicas foi feita
em função da dificuldade em se estimar previamente a proporção das linhas do cadastro que
seriam elegíveis para o sistema (linhas residenciais ativas). Foram feitas ligações para as
20
linhas telefônicas constantes das réplicas sorteadas de um a nove (num primeiro sorteio) e de
21 a 26 (num segundo sorteio), ou 5250 linhas - (15 x 350).
A segunda etapa da amostragem consistiu no sorteio dos indivíduos – um por linha
telefônica que seriam entrevistados pelo sistema. O sorteio do indivíduo a ser entrevistado em
cada linha elegível foi feito a partir da relação nominal de todos moradores do domicílio com
pelo menos 18 anos de idade, ordenados de forma crescente segundo a idade, e da consulta a
seqüências aleatórias de números correspondentes aos números de ordem dos adultos
residentes no domicílio. Essa etapa, executada em paralelo a realização das entrevistas entre
10 de maio e 20 de dezembro de 2005 envolveu a identificação prévia entre as linhas
sorteadas, daquelas que eram efetivamente residenciais e que estavam ativas (linhas elegíveis)
e a obtenção da aquiescência dos usuários dessas linhas em participar do sistema. Para tal
foram feitas ligações para as linhas telefônicas constantes das réplicas sorteadas de um a nove
(num primeiro sorteio) e de 21 a 26 (num segundo sorteio), ou 5250 linhas (15 x 350). Foram
consideradas não elegíveis para o sistema as linhas fora de serviço, que correspondiam a
empresas ou que não existiam mais (n=1970), além das linhas que não respondiam a dez
chamadas feitas em dias e horários variados, incluindo sábado, domingo e períodos noturnos,
e que, provavelmente correspondiam a domicílios fechados (n=720) resultando, assim, em um
total de 2552 linhas telefônicas elegíveis, ou 48,7% do total inicialmente sorteado. Foram
observadas recusas em participar do sistema de monitoramento, em 304 (11,9%) das linhas
elegíveis. Assim o sorteio do indivíduo a ser entrevistado pelo sistema pode ser realizado em
2013 (78,9%) do total de 2552 linhas elegíveis. A taxa final de sucesso do estudo
(identificação e sorteio dos indivíduos para a entrevista e realização das entrevistas) foi de
78,9%. As entrevistas realizadas tiveram a duração mediana de 6,8 minutos (média de 7,5
minutos e desvio padrão de 3,3 minutos).
4.1.2 Levantamento de dados
O questionário do SIMTEL (pré-testado em 2003 no município de São Paulo)
57
foi
constituído por cerca de 76 perguntas curtas e simples, a grande maioria comportando
categorias pré-estabelecidas de respostas (Anexo 2). As perguntas do questionário abordaram
em particular: a) características sócio-demográficas dos indivíduos (idade, sexo, estado civil,
etnicidade, nível de escolaridade, bairro onde mora e cômodos no domicílio, número de
21
adultos e número de linhas telefônicas); b) características do padrão de alimentação e de
atividades físicas associadas à fatores de risco para DCNTs; c) características indicativas da
composição corporal (peso e altura recordados); d) freqüência do consumo de cigarros e de
bebidas alcoólicas; e e) auto-avaliação do estado de saúde do entrevistado e referência a
diagnóstico médico anterior de pressão alta, doença do coração, hipercolesterolemia,
hipertrigliceridemia, osteoporose e diabetes.
O presente estudo integra o projeto realizado no município de Florianópolis e refere-se
especificamente a análises da associação entre o aumento do IMC a partir dos 20 anos de
idade, fatores sócio-demográficos e indicadores de risco para DCNTs.
4.1.3 Coleta de dados
Em Florianópolis, o SIMTEL foi operado por equipe técnica composta por três
agendadores/entrevistadores, um coordenador e dois assistentes de coordenação. O período
total de operação do sistema foi de oito meses (10 de maio a 20 de dezembro de 2005),
incluindo-se uma semana dedicada a treinamento e pré-teste dos instrumentos utilizados na
coleta de dados.
Para a realização das entrevistas foram realizadas as chamadas telefônicas iniciais para
todas as linhas sorteadas. Após a confirmação de tratar-se de linha residencial havia o
esclarecimento das características e finalidades da pesquisa. Após o consentimento em
participar do estudo o morador relacionava por ordem crescente de idade os moradores
adultos do domicílio e dessa relação era sorteado o indivíduo a ser entrevistado. Os indivíduos
sorteados para a entrevista foram chamados em dia e horário sugeridos pelo morador do
domicílio que atendeu à chamada inicial do sistema. As explicações sobre o sistema foram
repetidas e após a aquiescência para a entrevista o questionário era aplicado, registrando-se as
respostas obtidas diretamente em meio eletrônico, alimentando de forma contínua um banco
de dados em formato “D – Base”. Em caso de insucesso no atendimento às chamadas,
procediam-se novas ligações aos indivíduos sorteados em horários e dias variados, incluindo
os fins de semana, por até dez vezes.
Visando ao controle posterior da qualidade das entrevistas, e com a concordância dos
entrevistados, o conteúdo das entrevistas realizadas foi gravado e também armazenado em
meio eletrônico. O conteúdo gravado das entrevistas telefônicas (todas as entrevistas iniciais
22
feitas pelos entrevistadores e uma amostra aleatória de 20% das entrevistas ulteriores) foi
revisado por este pesquisador que apontava os problemas e falhas na vocalização das questões
ou no registro das respostas e indicava a necessidade de novo contato telefônico com o
entrevistado para correções de respostas.
4.2 Estudo da associação entre o aumento do IMC a partir dos 20 anos de idade, fatores
sócio-demográficos e indicadores de risco para DCNTs
4.2.1. Tipo de estudo
Trata-se de um estudo de delineamento transversal, de base populacional, no qual a
população avaliada foi composta pelas pessoas com idade superior a 21 anos de idade que
responderam à entrevista do SIMTEL.
4.2.2 Critérios de inclusão
No presente estudo foram entrevistados 2013 indivíduos, 809 homens (40,2%) e 1204
mulheres (59,8%) dos quais foram excluídos os indivíduos com menos de 21 anos de idade
(n=123), as mulheres gestantes (n=16), os indivíduos que não informaram o peso atual
(n=28), a altura atual (n=65), o peso aos 20 anos de idade (n=272) e indivíduos que
apresentaram perda de peso após os 20 anos de idade (n=168). Finalmente, a amostra do
presente estudo foi composta por 1.341 indivíduos, sendo 572 homens (42,7%) e 769
mulheres (57,3%).
4.2.3 Variáveis de estudo
a) Variável dependente
23
A variável de desfecho estudada foi o aumento relativo do IMC após os 20 anos de
idade. O peso atual, a altura atual e o peso corporal aos vinte anos de idade foram auto
referidos. O IMC aos 20 anos de idade foi computado a partir do peso em kg aos 20 anos de
idade, dividido pelo quadrado da altura em metros (kg/m
2
) e o IMC atual foi computado a
partir do peso atual, em kg, dividido pelo quadrado da altura, em metros (kg/m
2
). A validade
das informações do peso e altura auto-referidos foi evidenciada em outros estudos
63,64
.
O aumento relativo do IMC foi computado pela diferença entre o IMC atual e o IMC
aos 20 anos de idade dividida pelo IMC aos 20 anos de idade, multiplicado por 100:
Aumento do IMC após os 20 anos = (IMC atual – IMC aos 20 anos)/(IMC aos 20 anos * 100).
b) Variáveis independentes
Sóciodemográficas:
Sexo: variável categórica dicotômica (feminino, masculino).
Idade: variável categorizada nas seguintes faixas etárias: 21-24; 25-34; 35-44; 45-54; 55-
64; 65 anos.
Etnia: auto-referida pelo entrevistado através da cor da pele: (branca, negra, parda ou
morena e amarela): variável categórica dicotômica (não branca, branca).
Escolaridade: categorizada em anos de estudo: 8 anos; 9-11 anos; 12 anos.
Estado civil informado pelo entrevistado como casado, solteiro, viúvo ou separado:
variável categórica dicotômica (casado, não casado).
Trabalho: variável categórica dicotômica (sim, não).
Características de saúde:
Estado de saúde auto-referido pelo entrevistado como excelente, bom, regular ou ruim:
variável categórica dicotômica (regular ou ruim, excelente ou bom).
Pressão alta: auto-referida pelo entrevistado segundo referência de diagnóstico médico.
Variável categórica dicotômica (sim, não).
Diabetes: auto-referida pelo entrevistado segundo referência de diagnóstico médico.
Variável categórica dicotômica (sim, não).
24
Dislipidemia: auto-referida pelo entrevistado segundo comunicação do médico de
colesterol e/ou triglicérides elevados. Variável categórica dicotômica (sim, não).
Doenças do coração: auto-referida pelo entrevistado segundo comunicação do médico.
Variável categórica dicotômica (sim, não).
Osteoporose: auto-referida pelo entrevistado segundo comunicação do médico. Variável
categórica dicotômica (sim, não).
Excesso de peso aos 20 anos. Foram classificados com excesso de peso os indivíduos que
apresentaram IMC 25 Kg/m
2
, segundo a classificação do estado nutricional, baseada no
IMC, da Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995)
65
. Variável categórica dicotômica
(sim, não).
Características comportamentais:
Dieta no último ano: variável categórica dicotômica (não, sim).
Medição mensal de peso: variável categórica dicotômica (não, sim). Esta variável foi
obtida no questionário telefônico por meio de categorias de freqüência sobre o tempo que
havia se pesado da última vez. Posteriormente foi categorizada em não (menos de três meses,
menos de seis meses, nunca se pesou) e sim (menos de uma semana, menos de um mês).
Atividade física no lazer: auto-referido pelo entrevistado como a prática de algum tipo de
exercício físico ou esporte. Variável categórica dicotômica (sim, não).
Tabagismo: referido pelo entrevistado como ex-fumante, fumante atual e nunca fumante.
Variável categórica.
Consumo de risco de bebida alcoólica: classificou-se como de risco, o consumo diário
médio acima das recomendações da OMS
66
, ou seja, mais de duas doses de bebidas para
homens e mais de uma dose para mulheres. Variável categórica dicotômica (sim, não).
Sedentarismo: foram considerados sedentários os indivíduos que concomitantemente
referiram não realizar atividade física no lazer, que classificaram como leve ou muito leve
o esforço físico realizado no trabalho e que referiram não realizar sozinhos a limpeza
pesada de sua casa. Variável dicotômica (sim, não).
Características de consumo alimentar
Este bloco foi formado por um grupo de variáveis marcadoras de consumo alimentar
não saudável e saudável. Foram criadas variáveis dicotômicas de consumo a partir das
questões 12 a 28. Para a construção das variáveis dicotômicas, o item de consumo de interesse
que representava risco (não: para o consumo saudável e sim: para o consumo não saudável)
25
recebia número 1 e o item de consumo que representava proteção (não: para o consumo não
saudável e sim: para o consumo saudável) recebia número 2.
Consumo alimentar não saudável
Consumo alimentar não saudável foi definido a partir da identificação dos fatores de
risco dietéticos para o desenvolvimento de DCNTs: alimentação rica em gorduras saturadas e
colesterol, alimentos altamente refinados e processados e alimentação pobre em frutas,
legumes e verduras
67
. O consumo de alimentos com alta concentração de energia, elevado teor
de gordura e/ ou açúcares promove ganho de peso. Assim, é recomendado o consumo de
carnes magras e a retirada da gordura aparente das carnes, o consumo de leite com baixo teor
de gordura ou desnatados e que não exceda a uma vez por semana o consumo de alimentos ou
bebidas concentrados em gorduras e açúcares.
Baseadas nestas recomendações, as seguintes variáveis de consumo foram
caracterizadas como de consumo alimentar não saudável
67, 68
.
Consumo de refrigerantes: medido por meio de freqüência de consumo simples
considerando-se como não saudável o consumo de uma ou mais vezes na semana.
Variável categórica dicotômica (sim, não).
Consumo de leite integral: considerado como não saudável a referência de consumo de
leite do tipo integral. Variável categórica dicotômica (sim, não).
Consumo de carne com gordura ou frango com pele: variável categórica dicotômica (sim,
não).
Consumo alimentar saudável
Consumo alimentar saudável foi definido a partir da identificação dos fatores
dietéticos de proteção ao desenvolvimento de DCNTs: consumo diário de frutas, legumes,
verduras e leguminosas, baixo consumo de gordura saturada e açúcar livre, e diminuição do
consumo de sal (sódio)
67
. A alimentação rica em fibras proveniente dos alimentos, sem adição
de farelos, é constituída de alto teor de alimentos relativamente pouco refinados e pobres em
gorduras e açúcares como legumes, frutas, verduras, leguminosas e cereais integrais e
constitui um indicador para uma alimentação saudável
68
.
Baseadas nestas recomendações, as seguintes variáveis de consumo foram
caracterizadas como de consumo alimentar saudável:
Consumo de frutas, legumes e verduras: medido por meio de freqüência de consumo
simples, considerando-se saudável o consumo de cinco ou mais vezes por dia, conforme a
26
recomendação do Guia Alimentar para a população brasileira
68
. Variável categórica
dicotômica (sim, não).
Feijão: medido por meio de freqüência de consumo simples e considerando-se como
saudável a freqüência de consumo igual ou maior a três vezes por semana. Variável
categórica dicotômica (sim, não).
4.2.4 Elaboração do banco de dados
Primeiramente foi criado automaticamente um banco de dados em dBASE (DBF) a
partir do registro das respostas das entrevistas. Posteriormente, o segundo banco foi montado
a partir dessas informações no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS,
versão 10.0), no qual foram incluídas somente as variáveis de interesse.
4.2.5 Análise de dados
A caracterização da população estudada segundo as características sóciodemográficas,
de saúde, comportamentais e de consumo de alimentos foi descrita em porcentagem.
Para a classificação dos indivíduos segundo o estado nutricional atual e aos 20 anos de
idade, utilizaram-se os pontos de corte do IMC, propostos pela Organização Mundial de Saúde
(WHO, 1995)
65
: baixo peso (IMC <18,5 Kg/m2), peso normal (18,5 IMC 24,9), sobrepeso
(25 IMC 29,9) e obesidade (IMC 30 Kg/m2), e excesso de peso (IMC 25 Kg/m2 ).
Procedeu-se também a classificação dos indivíduos, segundo o aumento relativo do
IMC após os 20 anos de idade em: 0 a 9%, 10 a 19%, 20 a 29% e maior ou igual a 30%.
Para verificação da associação entre o aumento relativo de IMC após os 20 anos de
idade e as variáveis independentes foi realizado o teste de diferenças de médias de t-Student,
estratificado por sexo.
Para verificação da associação entre o aumento do IMC e as variáveis independentes,
foi efetuada a análise de regressão linear simples para cada variável independente,
considerando-se intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 5% (p < 0,05).
27
As variáveis associadas com o aumento do IMC (p<0,05) foram selecionadas para
análise de regressão múltipla conforme o bloco do modelo hierarquizado, estratificado por sexo.
A análise hierarquizada é uma alternativa para estudos epidemiológicos com grande
número de variáveis. Considerando-se a possibilidade de que uma ou mais variáveis de
confusão possam explicar parcial ou totalmente o efeito detectado, torna-se indispensável o
emprego de análise multivariada na identificação de fatores de risco independentes. O
primeiro passo para a realização desta análise é estabelecer um marco conceitual que explicite
as relações entre os fatores de risco, propondo-se então, uma hierarquização das variáveis
independentes. A modelagem hierarquizada proposta é mantida durante a análise dos dados
permitindo a seleção das variáveis mais associadas com o desfecho em estudo
69
.
Uma vez que havia muitas variáveis de interesse para o estudo da relação entre o
aumento do IMC após os 20 anos de idade e os fatores de risco para as DCNTs utilizou-se a
hierarquização das variáveis em bloco. Estruturou-se, então, um marco teórico (Figura 1) com
as variáveis independentes selecionadas a partir dos resultados presentes na literatura e
disponíveis no banco de dados, discriminadas em blocos hierarquizados e ordenadas de
acordo com a procedência com que atuariam sobre o desfecho
69
.
Para avaliar a associação entre as variáveis independentes e o desfecho (aumento
relativo do IMC após os 20 anos de idade), foi utilizada a análise de regressão linear múltipla
hierarquizada.
Ao estudarem-se múltiplas exposições, o modelo hierarquizado indica a ordem em que
devem entrar as variáveis
69
. Deste modo, o bloco de variáveis sóciodemográficas constituiu o
bloco mais distal do marco teórico, sendo o primeiro a ser incluído e permaneceu exercendo
uma ação de ajuste para as variáveis situadas inferiormente.
Após o ajuste pelo primeiro bloco, cada bloco passa a ser controle para os blocos
seguintes, que nesta análise apresentaram a seguinte ordem: características sócio-
demográficas, de saúde, comportamentais e características dietéticas.
Na análise de regressão linear hierarquizada, as variáveis selecionadas são mantidas no
modelo mesmo que sua significância estatística não seja preservada com a inclusão de blocos
hierárquicos inferiores. Para interpretação dos resultados consideraram-se como fatores de
risco independente aqueles com a identificação de associação significativa (p < 0,05).
A análise dos dados foi realizada utilizando-se o programa Statistical Package for the
Social Sciences, versão 10.0 (SPSS Inc., 1999).
28
1º nível: sócio-econômico demográfico
2º nível: características de saúde
3º nível: comportamental
4º nível: Consumo de alimentos
não saudável saudável
Desfecho:
Figura 1 – Marco teórico, estruturado em blocos hierarquizados, para análise da
variação do Índice de Massa Corporal após os 20 anos de idade. Florianópolis, SC, 2005.
Aumento do Índice de Massa Corporal
Dieta no último ano
Medição mensal de peso
Atividade física no lazer
Tabagismo
Consumo de risco de bebida alcoólica
Sedentarismo
Estado de saúde
Pressão alta
Diabetes
Dislipidemias
Doenças do coração
Osteoporose
Excesso de peso aos 20 anos
Refrigerantes
Leite integral
Carne com gordura ou
frango com pele
Frutas e hortaliças
Feijão
Escolaridade
Estado civil
Trabalho
Sexo
Idade
Etnia
29
4.2.6 Aspectos éticos
Em se tratando de entrevista por telefone, o consentimento livre e esclarecido foi
substituído pelo consentimento verbal obtido por ocasião dos contatos telefônicos com os
entrevistados. Nessas ocasiões, esclareceu-se que os dados obtidos seriam utilizados apenas
para fins de pesquisa e implantação de sistema municipal de monitoramento de fatores de
risco para doenças e agravos não transmissíveis. Os entrevistados foram também esclarecidos
sobre a possibilidade de desistir de participar do estudo a qualquer momento da entrevista,
sobre a inexistência de risco ou danos extras à sua saúde e sobre a garantia do sigilo das
informações fornecidas. A todos os entrevistados forneceu-se um número de telefone para
esclarecimento de dúvidas quanto ao projeto. O projeto de pesquisa foi aprovado
primeiramente pelo Comitê de Ética da Universidade de São Paulo (USP) e posteriormente
pelo Comitê de Ética da UFSC sob protocolo nº. 077/05.
30
5 RESULTADOS
5.1 Características da população de estudo
A Tabela 1 apresenta as características sócio-demográficas da população do estudo,
composta por 1341 pessoas, sendo 769 do sexo feminino e 572 do sexo masculino, com idade
entre 21 e 86 anos. Entre os homens, a média de idade foi de 40,69 anos (desvio padrão
=13,82) e mediana de 38 anos. Entre as mulheres, a média de idade foi de 40,64 anos (desvio
padrão=13,42 anos) e mediana de 39 anos. Cerca de um terço de homens e mulheres estavam
situados na faixa etária entre 35 e 44 anos. Aproximadamente três quartos dos indivíduos de
ambos os sexos referiram ter cor branca. Quanto à escolaridade, quase a metade dos homens e
mulheres referiram ter 12 ou mais anos de estudo. Observou-se ainda, maior freqüência de
casados do que de não casados em ambos os sexos, e que mais da metade dos homens e
mulheres referiram estar trabalhando.
Tabela 1 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme características
sócio-demográficas. Florianópolis, SC, 2005.
Características sócio-demográficas categorias
Homens Mulheres
p
(n=572) (n=769)
Idade (faixa etária)
0,563
21 a 24 11,2 10,7
25 a 34 26,4 27,8
35 a 44 30,4 28,0
45 a 54 14,0 16,5
55 a 64 10,5 11,2
65 e mais 7,5 5,9
Etnia (cor da pele)
0,145
não branca 29,2 25,6
branca 70,8 74,4
Escolaridade (anos de estudo)
0,623
8 21,0 21,1
9-11 30,6 32,9
12 48,4 46,0
Estado civil <0,001
casado 65,7 53,2
não casado 34,3 46,8
Trabalho
<0,001
não 22,2 36,9
sim 77,8 63,1
31
Entre a idade de 20 anos e a idade atual dos entrevistados, o IMC aumentou de
22,1kg/m
2
(desvio padrão = 2,5kg/m
2
) para 25,7kg/m
2
(desvio padrão = 3,7kg/m
2
) para os
homens e de 20,2 kg/m
2
(desvio padrão = 2,4 kg/m
2
) para 24,2 kg/m
2
(desvio padrão = 4,2
kg/m
2
) para as mulheres. Em média, desde a idade de 20 anos, o aumento relativo médio de
IMC foi de 16,8% (desvio padrão = 14,4%) para os homens, e de 20,5% (desvio padrão =
19,4%) para as mulheres.
A tabela 2 apresenta a distribuição percentual de homens e mulheres conforme o
aumento de índice de massa corporal após os 20 anos de idade. Desde a idade de 20 anos, a
maioria dos homens (63,8%) e das mulheres (62,2%) ganhou mais do que 10% do seu IMC
inicial. Um quarto das mulheres (25,2%) e 14% dos homens apresentaram um aumento do
IMC 30%.
Tabela 2 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme aumento do
índice de massa corporal (IMC) após os 20 anos de idade. Florianópolis, SC, 2005.
Aumento do IMC (%) *
Homens Mulheres
p
(n=572) (n=769)
0,000
0 – 9 36,2 37,7
10 – 19 30,2 20,9
20 – 29 19,6 16,1
30 14,0 25,2
* Aumento do IMC = ( IMC atual – IMC aos 20 anos)/IMC aos 20 anos * 100
Na tabela 3, apresenta-se a freqüência de classificação do estado nutricional aos 20
anos de idade e atual entre homens e mulheres. Na avaliação do estado nutricional aos 20
anos, 10,8% dos homens e 3,1% das mulheres apresentavam sobrepeso. Na comparação do
estado nutricional aos 20 anos e atual verificou-se o aumento das freqüências de excesso de
peso, sobrepeso e obesidade para ambos os sexos.
32
Tabela 3 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme a
classificação do estado nutricional aos 20 anos de idade e atual. Florianópolis, SC, 2005.
Estado nutricional
Homens Mulheres
p
(n=572) (n=769)
Estado nutricional aos 20 anos
0,000
Baixo peso 7,5 22,2
Eutrofia 81,3 74,0
Sobrepeso 10,8 3,1
Obesidade 0,3 0,7
Estado nutricional atual
0,000
Baixo peso 0,7 3,4
Eutrofia 46,2 61,8
Sobrepeso 40,9 23,3
Obesidade 12,2 11,6
Na Tabela 4, apresentam-se as características de saúde estudadas. Em ambos os sexos,
a maioria dos entrevistados, 83,6% dos homens e 72,6% das mulheres, referiram seu estado
de saúde como bom ou excelente. Quanto à presença de diagnóstico médico de DCNTs, nota-
se freqüências maiores de pressão alta e dislipidemia em ambos os sexos. Entre as mulheres
foi observada maior freqüência de osteoporose e referência de estado de saúde regular ou
ruim do que entre os homens. A freqüência de excesso de peso foi significativamente maior
entre os homens quando comparados as mulheres.
33
Tabela 4 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme características de
saúde. Florianópolis, SC, 2005.
Características de saúde categorias
Homens Mulheres
p
(n=572) (n=769)
Estado de saúde auto-
referido
<0,001
regular ou ruim 16,4 27,4
bom ou excelente 83,6 72,6
Excesso de peso aos 20 anos
<0,001
sim 11,2 3,8
não 88,8 96,2
Referência a diagnóstico médico:
Pressão alta
0,863
sim 17,7 17,3
não 82,3 82,7
Diabetes
0,898
sim 4,0 4,2
não 96,0 95,8
Doenças do coração
0,649
sim 5,8 6,4
não 94,2 93,6
Dislipidemia
0,151
sim 16,1 19,1
não 83,9 80,9
Osteoporose
<0,001
sim 0,7 7,3
não 99,3 92,7
Na tabela 5, apresentam-se as características comportamentais estudadas. Mais da
metade de homens e mulheres referiram preocupação em medir o peso mensalmente. Entre as
mulheres observaram-se maiores freqüências do hábito de realizar dieta para a perda de peso e
menores freqüências dos hábitos de realizar atividade física no lazer, consumir bebida
alcoólica (consumo de risco) e sedentarismo quando comparadas aos homens. Entre os
homens, verifica-se uma freqüência maior de ex-fumantes e de consumo de risco de bebida
alcoólica quando comparados às mulheres.
34
Tabela 5 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme
características comportamentais. Florianópolis, SC, 2005.
Características
comportamentais
categorias
Homens Mulheres
p
(n=572) (n=769)
Dieta no último ano <0,001
não 82,0 62,4
sim 18,0 37,6
Medição mensal de peso
0,146
sim 76,6 73,1
não 23,4 26,9
Atividade física no lazer
<0,001
não 41,4 54,6
sim 58,6 45,4
Tabagismo
<0,001
ex-fumante 27,4 19,0
nunca 51,9 61,5
fumante 20,6 19,5
Consumo de risco de bebida
alcoólica
<0,001
sim 42,3 19,5
não 57,7 80,5
Sedentarismo
0,005
sim 25,0 18,6
não 75,0 81,4
A distribuição percentual das características de consumo de alimentos estudados é
apresentada na Tabela 6. Mais da metade dos indivíduos de ambos os sexos referiram
consumir refrigerantes. Entre os homens, foi observado um consumo maior de carne com
gordura e frango com pele (42,0%) quando comparados as mulheres. O consumo de leite
integral (48,1%) foi maior entre os homens, porém não foi observada diferença significativa
entre os sexos. Destaca-se o consumo de feijão mais do que três vezes na semana maior entre
os homens (65,4%) do que entre as mulheres. Metade das mulheres referiu consumir feijão
numa freqüência menor do que três vezes na semana. O consumo de frutas e hortaliças foi
elevado em ambos os sexos com freqüências de 66,3% e 74,5% entre homens e mulheres,
respectivamente.
35
Tabela 6 – Distribuição percentual de homens e mulheres conforme
características do consumo de alimentos. Florianópolis, SC, 2005.
Consumo de alimentos categorias
Homens Mulheres
p
(n=572) (n=769)
Refrigerantes
<0,001
sim 62,2 60,3
não 37,8 39,7
Leite integral
0,011
sim 48,1 41,1
não 51,9 58,9
Carne com gordura ou frango com pele
<0,001
sim 42,0 22,6
não 58,0 77,4
Frutas e hortaliças ( 5 vezes/dia)
0,045
não 33,7 25,5
sim 66,3 74,5
Feijão (vezes/semana)
<0,001
<3 34,6 50,2
3 65,4 49,8
5.2 Relação das variáveis independentes com o aumento do IMC após os 20 anos de
idade.
Nas tabelas 7 a 14 apresentam-se as diferenças de média e desvios padrão do aumento
relativo do IMC após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis sócio-
demográficas, de saúde, comportamentais e de consumo alimentar, para o sexo masculino e
feminino.
As tabelas 7 e 8 apresentam as relações entre o aumento relativo do IMC após 20 anos
de idade e as variáveis sóciodemográficas para o sexo masculino e feminino, respectivamente.
Em ambos os sexos, um maior aumento relativo de IMC foi observado com o aumento da
faixa etária e em indivíduos que não trabalhavam. Um maior aumento relativo de IMC foi
observado nos homens casados em comparação aos não casados, no entanto esta diferença
não foi observada entre as mulheres casadas e as não casadas. Entre as mulheres, o aumento
relativo de IMC foi maior para as que haviam referido menos anos de estudo, mas esta
diferença não foi encontrada entre as categorias de escolaridade para os homens.
36
Tabela 7 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC após
os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis sócio-demográficas para o sexo
masculino. Florianópolis, SC, 2005. (N=572).
Variáveis sócio-demográficas categorias N
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Idade (faixa etária) <0,001
21 a 24 64 7,61 7,37
25 a 34 151 15,52 11,69
35 a 44 174 15,90 11,62
45 a 54 80 20,50 13,96
55 a 64 60 25,57 19,48
65 e mais 43 19,70 22,71
Etnia (cor da pele) 0,557
não branca 167 16,26 12,30
branca 405 17,04 15,21
Escolaridade (anos de estudo) 0,185
8 120 18,42 18,58
9-11 175 16,66 13,90
12 277 16,21 12,56
Estado civil (casado) <0,001
sim 376 19,29 15,42
não 196 12,06 10,80
Trabalho 0,011
não 127 19,66 19,66
sim 445 16,00 12,43
37
Tabela 8 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC após
os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis sócio-demográficas para o sexo
feminino (N=769). Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis sócio-demográficas categorias N
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Idade (faixa etária) <0,001
21 a 24 82 5,86 5,80
25 a 34 214 12,47 12,40
35 a 44 215 20,86 17,71
45 a 54 127 29,32 22,42
55 a 64 86 34,10 21,01
65 e mais 45 33,48 21,08
Etnia (cor da pele) 0,081
não branca 197 22,62 20,10
branca 572 19,83 19,06
Escolaridade (anos de estudo) <0,001
8 162 27,87 21,49
9-11 253 20,99 18,99
12 354 16,87 17,57
Estado civil (casado) 0,203
sim 409 21,38 19,52
não 360 19,60 19,16
Trabalho <0,001
não 284 26,19 22,14
sim 485 17,24 16,69
As tabelas 9 e 10 apresentam as relações entre o aumento relativo do IMC e as
variáveis de saúde para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Em ambos os sexos, o
aumento relativo de IMC foi maior para os indivíduos que referiram estado de saúde regular
ou ruim, diagnóstico médico de pressão alta, diabetes, doenças do coração e dislipidemia.
Somente para as mulheres, o aumento relativo de IMC foi maior para as que referiram
diagnóstico médico de osteoporose. O aumento relativo de IMC não apresentou diferenças de
médias entre homens e mulheres que apresentaram excesso de peso aos 20 anos de idade.
38
Tabela 9 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC após
os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de saúde para o sexo masculino
(N=572). Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis de saúde categorias N
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Estado de saúde 0,002
regular ou ruim 94 20,96 18,03
bom ou excelente 478 16,00 13,46
Excesso de peso aos 20 anos 0,391
não 508 17,00 14,70
sim 64 15,36 11,87
Referência a diagnóstico médico:
Pressão alta <0,001
sim 101 23,82 20,13
não 471 15,31 12,38
Diabetes <0,001
sim 23 28,88 20,32
não 549 16,31 13,91
Doenças do coração 0,001
sim 33 24,80 24,69
não 539 16,33 13,42
Dislipidemia <0,001
sim 92 23,70 19,04
não 480 15,50 12,96
Osteoporose 0,115
sim 4 28,15 20,83
não 568 16,73 14,35
39
Tabela 10 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de saúde para o sexo feminino
(N=769). Florianópolis, 2005.
Variáveis de saúde categorias n
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Estado de saúde <0,001
regular ou ruim 211 29,57 22,73
bom ou excelente 558 17,13 16,72
Excesso de peso aos 20 anos 0,169
não 740 20,73 19,57
sim 29 15,70 12,01
Referência a diagnóstico médico:
Pressão alta sim 133 35,30 23,61 <0,001
não 636 17,46 16,80
Diabetes <0,001
sim 32 36,51 25,56
não 737 19,85 18,76
Doenças do coração <0,001
sim 49 35,07 27,81
não 720 19,56 18,26
Dislipidemias <0,001
sim 147 28,16 21,12
não 622 18,75 18,48
Osteoporose <0,001
sim 56 33,07 21,46
não 713 19,56 18,85
Nas tabelas 11 e 12 encontram-se as relações entre o aumento relativo do IMC e as
variáveis comportamentais para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Para homens
e mulheres foi observado uma média de aumento relativo de IMC maior entre os que
relataram fazer dieta no último ano, que não praticavam atividade física no lazer, ex-fumantes
e sedentários. Somente entre as mulheres, o aumento relativo de IMC foi maior entre as que
referiram não consumo de risco de bebida alcoólica.
40
Tabela 11 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis comportamentais para o sexo
masculino (N=572). Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis comportamentais categorias N
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Dieta no último ano <0,001
sim 103 23,07 15,38
não 469 15,44 13,84
Medição mensal de peso 0,51
sim 438 16,59 14,25
não 134 17,53 14,97
Atividade física no lazer 0,004
sim 335 15,36 12,30
não 237 18,87 16,77
Tabagismo 0,006
ex-fumante 157 19,55 18,32
nunca fumante 297 16,11 12,67
fumante atual 118 14,96 12,07
Consumo de risco de bebida alcoólica 0,704
não 330 17,01 14,16
sim 242 16,55 14,77
Sedentarismo 0,002
sim 143 20,00 17,85
não 429 15,75 12,92
41
Tabela 12 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis comportamentais para o sexo
feminino (N=769). Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis comportamentais categorias n
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Dieta no último ano <0,001
sim 289 24,88 20,12
não 480 17,94 18,42
Medição mensal de peso 0,671
sim 562 20,36 18,91
não 207 21,03 20,56
Atividade física no lazer 0,005
sim 349 18,40 17,52
não 420 22,33 20,61
Tabagismo 0,002
ex-fumante 146 24,00 20,37
nunca fumante 473 20,63 19,92
atual fumante 150 16,92 15,68
Consumo de risco de bebida alcoólica <0,001
não 619 21,97 20,09
sim 150 14,65 14,63
Sedentarismo <0,001
sim 143 27,11 25,17
não 626 19,05 17,45
As relações entre o aumento relativo do IMC e as variáveis de consumo de alimentos
são apresentadas nas tabelas 13 e 14 para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Nas
variáveis de consumo de alimentos, o aumento relativo da média de IMC não se mostrou
diferente para homens e mulheres que tinham padrão alimentar não saudável (consumo
regular de refrigerantes, consumo de leite integral e de carne e frango com gordura visível) e
saudável (consumo regular de frutas e hortaliças, consumo regular de feijão).
42
Tabela 13 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de consumo de alimentos para
o sexo masculino (N=572). Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis de consumo de alimentos categorias n
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Refrigerantes 0,399
sim 356 16,42 13,54
não 216 17,47 15,76
Leite integral 0,689
sim 275 16,56 14,39
não 297 17,05 14,46
Carne com gordura ou frango com pele 0,465
sim 240 16,30 14,73
não 332 17,19 14,19
Frutas e hortaliças ( 5 vezes/dia) 0,579
não 193 17,28 13,60
sim 379 16,58 14,82
Feijão ( 3 vezes por semana) 0,079
não 198 18,27 15,53
sim 374 16,04 13,75
43
Tabela 14 – Diferenças de médias e desvios padrão (dp) do aumento relativo do IMC
após os 20 anos de idade, entre as categorias das variáveis de consumo de alimentos no
sexo feminino (N=769). Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis de consumo de alimentos categorias N
Aumento relativo do IMC
p
média dp
Refrigerantes 0,767
sim 464 20,71 19,39
não 305 20,29 19,34
Leite integral 0,640
sim 316 20,15 19,52
não 453 20,82 19,26
Carne com gordura ou frango com pele 0,154
sim 174 22,38 19,66
não 595 20,01 19,25
Frutas e hortaliças ( 5dias/semana) 0,167
não 196 18,89 18,48
sim 573 21,11 19,63
Feijão ( 3 vezes por semana) 0,555
não 386 20,96 19,82
sim 383 20,13 18,90
A tabela 15 apresenta os resultados das análises de associação entre o aumento do
IMC após os 20 anos de idade e as variáveis sócio-demográficas, de saúde, comportamentais
e de consumo de alimentos, estratificadas por sexo. Entre as características sócio-
demográficas, para ambos os sexos, a variável idade apresentou associação positiva e trabalho
associação negativa com o aumento do IMC. A etnicidade não apresentou associação
significativa para ambos os sexos. Destaca-se ainda que, entre os homens, o estado civil
mostrou-se negativamente associado com o aumento do IMC após os 20 anos de idade, mas
não esteve associado ao aumento do IMC após os 20 anos de idade, entre as mulheres. Por
outro lado, a variável escolaridade não apresentou associação significativa com o aumento do
IMC após os 20 anos de idade entre os homens, mas apresentou-se negativamente associada
ao aumento do IMC após os 20 anos de idade entre as mulheres.
No bloco de variáveis de saúde, o estado de saúde auto-referido, a pressão alta, o
diabetes, as doenças do coração e dislipidemia apresentaram associação negativa com o
aumento do IMC após os 20 anos de idade, em ambos os sexos. A osteoporose e o aumento
do IMC após os 20 anos de idade apresentaram associação negativa e significativa entre as
mulheres. O excesso de peso aos 20 anos não esteve associado ao aumento do IMC após os 20
anos de idade, em ambos os sexos.
Na análise das variáveis comportamentais, dieta no último ano, atividade física no
lazer e tabagismo mostraram associação negativa com o aumento do IMC após os 20 anos de
44
idade, em ambos os sexos. O sedentarismo apresentou associação negativa com o aumento do
IMC após os 20 anos de idade, para os homens e associação positiva para as mulheres. O
consumo de risco de bebida alcoólica não esteve associado ao aumento do IMC após os 20
anos de idade entre os homens, porém mostrou-se associado negativamente entre as mulheres.
No bloco das variáveis de consumo de alimentos, todas as variáveis estudadas
perderam significância nesta análise.
Tabela 15 – Associação entre aumento de Índice de Massa Corporal após os 20 anos de
idade e variáveis sócio-demográficas, de saúde, comportamentais e dietéticas em homens
e mulheres, Florianópolis, SC, 2005.
Variáveis
Homens Mulheres
r p r p
Sócio-demográficas
Idade (faixa etária) 0,270 <0,001 0,462 <0,001
Etnia (cor da pele) 0,025 0,557 -0,063 0,081
Escolaridade (anos de estudo) -0,056 0,185 -0,214 <0,001
Estado civil -0,238 <0,001 -0,046 0,203
Trabalho -0,106 0,011 -0,223 <0,001
Saúde
Estado de saúde -0,128 0,002 -0,287 <0,001
Pressão alta -0,225 <0,001 -0,349 <0,001
Diabetes -0,171 <0,001 -0,172 <0,001
Doenças do coração -0,137 0,001 -0,196 <0,001
Dislipidemia -0,209 <0,001 -0,191 <0,001
Osteoporose -0,066 0,115 -0,181 <0,001
Excesso de peso aos 20 anos -0,036 0,391 -0,050 0,169
Comportamentais
Dieta no último ano -0,203 <0,001 -0,174 <0,001
Medição mensal de peso 0,028 0,510 0,015 0,671
Atividade no lazer -0,120 0,004 -0,101 0,005
Tabagismo -0,114 0,006 -0,114 0,002
Consumo de risco de bebida
alcoólica
-0,016 0,704 -0,150 <0,001
Sedentarismo -0,128 0,002 0,162 <0,001
Dietéticas
Refrigerantes 0,035 0,399 -0,011 0,767
Leite integral 0,017 0,689 0,017 0,640
Carne com gordura ou
frango com pele
0,031 0,465 -0,051 0,154
Frutas e hortaliças ( 5dias/semana) -0,023 0,579 0,050 0,167
Feijão ( 3 vezes por semana) -0,074 0,079 -0,021 0,555
45
5.3 Análise de Regressão Múltipla Hierarquizada dos fatores relacionados ao aumento
de IMC após os 20 anos de idade.
Na avaliação da influência das variáveis sócio-demográficas, de saúde e
comportamentais relacionadas com o aumento do IMC, foi construído um modelo de
regressão linear múltiplo hierarquizado por sexo. Nesta análise permaneceram no modelo as
variáveis que apresentaram associação significativa com o aumento do IMC na análise de
regressão linear simples (p < 0,05).
Para os homens (tabela 16), as variáveis etnia e escolaridade perderam significância na
análise de regressão simples (tabela 17) permanecendo fora da análise múltipla hierarquizada.
No bloco de variáveis sócio-demográficas, a idade, o estado civil e trabalho permaneceram
associados negativamente ao aumento do IMC.
Dentre as variáveis de saúde, a osteoporose perdeu significância, sendo retirada da
modelagem. O estado de saúde auto-referido, pressão alta, diabetes, doenças do coração e
dislipidemia permaneceram associados de modo negativo ao aumento do IMC após os 20
anos de idade.
No bloco das variáveis comportamentais, as variáveis: medição mensal de peso e
consumo de risco de bebida alcoólica perderam significância. As variáveis dieta no último
ano, atividade física no lazer, tabagismo e sedentarismo mostraram-se negativamente
associadas ao aumento do IMC após os 20 anos de idade. O modelo final com as relações de
fatores de risco para o aumento do IMC após os 20 anos de idade para o sexo masculino está
representado na Figura 2.
Para as mulheres, (tabela 9), perderam significância na análise de regressão linear
simples as variáveis referentes à etnia e ao estado civil (bloco das variáveis sócio-
demográficas), bem como a variável referente à medição mensal de peso (bloco das variáveis
comportamentais), sendo, portanto excluídas do modelo. Permaneceram na modelagem, as
variáveis: idade, escolaridade e mercado de trabalho (bloco das variáveis sócio-
demográficas), as variáveis: estado de saúde auto-referido, pressão alta, diabetes, doenças do
coração, dislipidemia e osteoporose (bloco das variáveis de saúde) e as variáveis: dieta para
perda de peso, atividade física no lazer, tabagismo, consumo de risco de bebida alcoólica e
sedentarismo (bloco das variáveis comportamentais), as quais apresentaram uma associação
negativa com o aumento do IMC após os 20 anos de idade, na análise de regressão linear
múltipla hierarquizada.
46
O modelo de regressão linear mostrou que para os homens as variáveis sócio-
demográficas, as características de saúde e comportamentais, respectivamente, explicaram
9,9%, 9,0% e 6,0% do aumento do IMC após os 20 anos de idade (Tabela 16). Para as
mulheres, as variáveis sócio-demográficas, as características de saúde e comportamentais,
respectivamente, explicaram 23,3%, 18,4% e 8,6% do aumento do IMC após os 20 anos de
idade (Tabela 17).
O modelo final com as relações de fatores de risco para o aumento do IMC após os 20
anos de idade para o sexo feminino está representado na Figura 3.
Tabela 16 – Fatores associados ao aumento do ÍMC após os 20 anos de idade em
homens. Florianópolis, SC, 2005.
Bloco de Variáveis r p R
2
aj p
Sócio-demográficas
0,099 <0,001
Idade -0,188 <0,001
Estado civil -0,186 <0,001
Trabalho -0,081 0,055
Saúde
0,090 <0,001
Estado de saúde -0,59 0,154
Pressão alta -0,140 0,001
Diabetes -0,101 0,016
Doenças do coração -0,080 0,051
Dislipidemia -0,144 0,001
Comportamentais
0,066 <0,001
Dieta no último ano -0,203 <0,001
Atividade física no lazer -0,097 0,084
Tabagismo -0,104 0,011
Sedentarismo -0,065 0,244
47
Tabela 17 – Fatores associados ao aumento do Índice de Massa Corporal em mulheres,
Florianópolis, SC, 2005.
Bloco de Variáveis r p R
2
aj p
Sócio-demográficas
0,233 <0,001
Idade -0,418 <0,001
Escolaridade -0,128 <0,001
Trabalho -0,068 0,043
de saúde
0,184 <0,001
Estado de saúde -0,170 <0,001
Pressão alta -0,243 <0,001
Diabetes -0,066 0,052
Doenças do coração -0,079 0,021
Dislipidemia -0,076 0,026
Osteoporose -0,086 0,010
Comportamentais
0,086 <0,001
Dieta para perda de peso -0,185 <0,001
Atividade física no lazer -0,031 0,416
Tabagismo -0,086 0,014
Consumo de risco de bebida alcoólica -0,154 <0,001
Sedentarismo -0,013 <0,001
48
1º nível: sócio-econômico demográfico
Ser casado Sexo
Não trabalhar O avanço da idade
2º nível: características de saúde
3º nível: comportamental
Desfecho:
Figura 2 – Fatores associados ao aumento do Índice de Massa Corporal após os 20 anos
de idade em homens, Florianópolis, SC, 2005. – Modelo Final.
Aumento do Índice de Massa Corporal
Referência de Estado de saúde ruim
Presença de Pressão alta
Presença de Diabetes
Presença de Doenças do coração
Presença de Dislipidemias
Realizar dieta no último ano
Não Praticar atividade física no lazer
Ser ex-fumante
Ser sedentário
49
1º nível: sócio-econômico demográfico
Menor escolaridade Sexo
Não trabalhar Avanço da idade
2º nível: características de saúde
3º nível: comportamental
Desfecho:
Figura 3 – Fatores associados ao aumento do Índice de Massa Corporal após os 20 anos
de idade em mulheres, Florianópolis, SC, 2005. – Modelo Final.
Aumento do Índice de Massa Corporal
Referir Estado de saúde ruim
Presença de Pressão alta
Presença de Diabetes
Presença de Doenças do coração
Presença de Dislipidemias
Presença de Osteoporose
Realizar dieta no último ano
Não praticar atividade física no lazer
Ser ex-fumante
Não consumo de risco de bebida alcoólica
Ser sedentário
50
6 DISCUSSÃO
6.1 Características da população estudada
O método empregado para obtenção dos dados nesse estudo, se diferencia de outros
estudos populacionais que avaliaram o aumento do IMC e seus determinantes, pois foi
baseado no auto-relato do peso e altura atuais, do peso aos 20 anos de idade e fatores de risco
para DCNTs utilizando um questionário aplicado por entrevistas telefônicas realizadas com
um público que abrangia de jovens adultos a idosos. Existem referenciais bibliográficos
ressaltando que o auto-relato do peso por jovens tem boa validade e muitos estudos têm
utilizado o auto-relato do peso e estatura por jovens e adultos para avaliar a associação entre o
estilo de vida e fatores sóciodemográficos e a obesidade e o ganho de peso
42,53,70,71
.
O método de entrevistas telefônicas vem sendo usado em vários estudos
epidemiológicos. Nos Estados Unidos, em 1984, foi criado pelo Centro de Controle de
Doenças (CDC) o sistema Behavioral Risk Factor Surveillance System (BRFSS), considerado
o maior sistema de monitoramento de fatores de risco para DCNTs de todo o mundo, gerando
dados confiáveis permitindo avaliar problemas de saúde emergentes e políticas públicas de
saúde reunindo características de simplicidade, agilidade e baixo custo
72
. Seguindo este
modelo e com o mesmo objetivo, em 1995 foi implantado em Madri, na Espanha o Sistema de
Vigilância de Factores de Riesgo associados a Enfermedades No Transmissibles
(SIVFRENT). No Brasil, em 2003, foi implantado em São Paulo o SIMTEL que mostrou que
o sistema pode alcançar bom desempenho quanto aos aspectos relacionados à
representatividade da amostra dos indivíduos estudados, além de baixo custo e agilidade
57
.
Diversas pesquisas têm sido realizadas utilizando dados de sistemas de entrevistas
telefônicas. Galán et al.
58
, 2004, avaliaram a influência do método de entrevistas telefônicas e
entrevistas domiciliares sobre a estimação dos fatores de risco para a saúde associados ao
comportamento e a realização de práticas preventivas. Os autores concluíram que os
resultados obtidos através das entrevistas telefônicas e domiciliares foram muito similares e
que este fato associado ao baixo custo das entrevistas realizadas por telefone justifica a
utilização deste método para a investigação em saúde pública. Galán et al.
59
, 2005, utilizaram
dados do SIVFRENT e avaliaram a utilidade da vigilância dos fatores de risco de doenças
crônicas não transmissíveis por entrevistas telefônicas para orientar as políticas públicas de
51
saúde. Os resultados revelaram um progresso no número de indicadores quanto ao consumo
de tabaco e álcool, o aumento do sobrepeso e da obesidade e do emprego de práticas
preventivas. Os autores enfatizaram a utilidade dos dados obtidos por entrevistas telefônicas
para priorizar as atividades de intervenção e promoção à saúde.
No presente estudo a população avaliada apresentou freqüências semelhantes entre os
sexos para o aumento do IMC acima de 10% após os 20 anos de idade, porém maior entre os
homens. Entre as mulheres, um quarto da amostra apresentou aumento do IMC 30%, o
dobro da freqüência nesta categoria quando comparadas aos homens.
As freqüências de aumento de IMC encontradas neste estudo foram elevadas e esses
dados corroboram com estudos que avaliaram o ganho de peso em adultos. Em um estudo
realizado com servidores homens e mulheres de uma universidade do Rio de Janeiro, Chor et
al.
31
avaliaram a associação do ganho de peso após os 20 anos de idade com etnicidade e nível
socioeconômico e constataram um aumento da prevalência de obesidade no grupo estudado
com um ganho de peso acentuado entre as mulheres negras (1,6 kg ) e mulatas (1,2 kg), para
cada dez anos de vida adulta quando comparadas às mulheres brancas. Lahmann et al.
30
, em
estudo longitudinal realizado na Suécia com 5464 mulheres entre 45 e 73 anos, avaliaram o
ganho de peso após os 20 anos de idade e observaram que 77% das mulheres tiveram um
ganho de peso maior que 10%.
Apesar da carência de estudos comparativos que avaliem o aumento do IMC em
adultos no Brasil, os nossos achados seguem a tendência de estudos recentes que avaliaram a
prevalência do excesso de peso na população brasileira e em Florianópolis. Segundo a
Pesquisa de Orçamento Familiar (POF)
6
de 2002-2003, cerca de 40% da população adulta
brasileira apresentou excesso de peso, não havendo diferenças substanciais entre os sexos. O
estudo também revelou que a obesidade afetou 8,9% de homens e 13,1% de mulheres no país.
Entre os períodos de 2002-2003, a prevalência do excesso de peso tendeu a aumentar com a
idade, de modo mais rápido para os homens e de modo mais lento, porém, mais prolongado
entre as mulheres. Em Florianópolis, os dados da POF revelaram uma prevalência de 33,9%
de excesso de peso e 6,2% de obesidade entre os homens maiores de 20 anos de idade. Entre
as mulheres, 21,4% apresentaram excesso de peso e 7,9% apresentaram obesidade. De modo
semelhante, dados do Inquérito Domiciliar sobre o comportamento de Risco e Morbidade
Referida para Doenças Crônicas não Transmissíveis realizado pelo Instituto Nacional do
Câncer (INCA)
5
de 2002-2003, confirmam em Florianópolis, uma prevalência de sobrepeso e
excesso de peso maior entre os homens e prevalências de obesidade praticamente iguais entre
os sexos, sendo maior entre as mulheres.
52
Em nosso estudo, os fatores de risco relacionados às características de saúde,
comportamentais e dietéticas apresentam um padrão diferenciado para determinados grupos
de indicadores. A percepção do estado de saúde, morbidade referida e restrição das atividades
rotineiras são indicadores importantes e amplamente utilizados para avaliar as condições de
saúde populacionais. No inquérito realizado pelo INCA
5
, nas 15 capitais estudadas, de forma
geral, as mulheres referiram com maior freqüência que os homens, que seu estado de saúde
foi regular ou ruim, mas as diferenças não foram estatisticamente significativas na cidade de
Florianópolis. Esta mesma realidade foi observada em nosso estudo, em que a referência ao
estado de saúde regular ou ruim foi referida com maior freqüência pelas mulheres do que
pelos homens (27,4% versus 16,4%).
Estudos de prevalência de HAS são escassos no Brasil. Na população estudada no
presente estudo, verificou-se freqüências elevadas e semelhantes de pressão alta para homens
(17,7%) e mulheres (17,3%). Os dados mais recentes foram obtidos pelo INCA
5
em 2002-
2003 que constatou que a prevalência de HAS nas 15 capitais brasileiras e Distrito Federal
variou de 7,4% a 15,7% nas pessoas com idade entre 25 e 39 anos. O mesmo estudo verificou
em Florianópolis que a freqüência de HAS auto-referida aumentou com a idade, com
prevalências de 12,1% na população de 25 a 39 anos, 28,3% naqueles entre 40 e 59 anos e
58,9% nos idosos (acima de 60 anos). Dados internacionais obtidos em Madri (Espanha),
através do SIVFRENT
58
por entrevistas telefônicas em adultos entre 18 e 64 anos no período
de 1999 a 2000, revelaram uma prevalência de hipertensão arterial elevada de 13,5% e 13,3%
entre homens e mulheres, respectivamente.
Relativo ao diabetes, foram obtidas freqüências semelhantes entre os sexos neste
estudo. O mesmo foi observado nos resultados do inquérito realizado pelo INCA
5
em 2002-
2003 em Florianópolis, porém com prevalências maiores de diabetes auto-referida em adultos
acima de 25 anos, sendo de 7,8% entre os homens e 7% entre as mulheres. Goldenberg et al.
73
avaliaram a prevalência de DM segundo diferenciais sociais e de gênero em 2.007 adultos
entre 30 e 69 anos em São Paulo e constataram uma prevalência de 9,4% entre as mulheres e
8,7% entre os homens.
A morbidade por doenças isquêmicas do coração representa uma grande carga para o
país. A maioria dos estudos populacionais revela maior risco de doenças do coração entre
homens do que em mulheres
74
. No presente estudo, não foram encontradas diferenças
substanciais entre os sexos, porém a freqüência de doença do coração auto referida foi maior
entre as mulheres (6,4%) do que nos homens (5,8%) e as freqüências de dislipidemia foram
elevadas, sendo maiores entre as mulheres (19,1%) do que entre os homens (16,1%). O
53
INCA
5
avaliou a prevalência de angina e infarto agudo do miocárdio e constatou em
Florianópolis que a prevalência de doenças isquêmicas do coração não apresentou diferenças
significativas entre os sexos, porém sendo maior no sexo masculino (5,6%) do que no sexo
feminino (4,3%). Dados obtidos pelo SIVFRENT
58
no período de 1999 a 2000 em Madri
demonstraram uma prevalência de colesterol elevado de 18,2% entre os homens e 15,3% entre
as mulheres.
No Brasil, o número de estudos sobre a prevalência de osteoporose é pequeno embora
seja a doença osteometabólica mais comum
75
. A freqüência de osteoporose observada em
nosso estudo revelou diferenças substanciais entre os sexos sendo significativamente maior
entre as mulheres. Tenenhouse et al.
76
, em 2000, avaliaram a prevalência de osteoporose em
10.061 homens e mulheres maiores de 25 anos em Montreal (Canadá) e constataram
prevalências de osteoporose maiores entre as mulheres (15,8%) do que nos homens (6,6%).
Zanette et al.
77
, avaliaram a prevalência de osteoporose através da análise de 810 laudos de
densitometria óssea de homens e mulheres de um serviço auxiliar de diagnóstico-terapia de
São Leopoldo no Rio Grande do Sul e observaram freqüência de osteoporose em coluna
lombar e fêmur de 5,1% e 4,0% entre as mulheres com idade menor de 50 anos e, 29,9% e
13,9% entre as mulheres acima de 50 anos.
A realização de dieta e a medição mensal de peso representam uma preocupação
positiva em manter o peso adequado. As freqüências detectadas em nosso estudo apontam
para uma maior freqüência de realização de dieta no último ano entre as mulheres e medição
mensal de peso entre os homens. Figueiredo
78
, em 2003, avaliou os determinantes do
consumo de frutas, legumes e verduras (FLV) em adultos residentes no município de São
Paulo e constatou que fazer dieta para perda de peso foi um comportamento
significativamente mais freqüente entre as mulheres (30,3%). Galán et al.
59
, avaliando os
dados espanhóis do SIVFRENT entre 1995 e 2003 afirmaram que uma maior inatividade
física, uma menor freqüência de realização de dietas associado a uma dieta menos saudável
foram coerentes com o aumento da prevalência de sobrepeso e obesidade observados na
população de Madri.
Quanto à atividade física, no presente estudo os homens apresentaram maior
freqüência de sedentarismo do que as mulheres (25%versus 18,6%), o que difere dos
resultados obtidos pelo INCA
5
em Florianópolis que constatou uma prevalência de 35,3% de
insuficientemente ativos entre os homens e 51,9% entre as mulheres. Prevalências de
sedentarismo maiores entre as mulheres também foram reveladas pelos dados do
54
SIVFRENT
58
em Madri de 1999 a 2000 e por Monteiro et al.
57
através dos dados do SIMTEL
(2003) em São Paulo.
Quanto ao tabagismo, no Brasil segundo dados do INCA
5
, em cidades
economicamente mais desenvolvidas das regiões Sul e Sudeste, a prevalência de tabagismo
entre as mulheres já se aproxima da prevalência observada entre os homens. O mesmo estudo
constatou em Florianópolis prevalências de 24,5% de fumantes regulares entre os homens e
18,9% entre as mulheres. As freqüências de fumantes encontradas em nosso estudo são
semelhantes a estes resultados, porém não foram constatadas diferenças substanciais entre os
sexos. Prevalências semelhantes foram encontradas nos estados americanos em 2003 pelo
BRFSS
79
.
Na análise do consumo de risco de álcool a literatura aponta para diferenças marcantes
entre os gêneros
80
. Em nosso estudo, a freqüência de consumo de risco de bebida alcoólica foi
elevada e significativamente mais freqüente entre os homens. O mesmo foi observado por
Monteiro et al.
57
avaliando dados do SIMTEL em São Paulo em 2003 e pelos resultados do
SIVFRENT
58
de 1999 a 2000 em Madri, porém com prevalências menores. Em contraste, no
estudo do INCA
5
a cidade de Florianópolis apresentou o menor consumo de risco de álcool do
país, com prevalência de 4,7%.
A análise das características dietéticas deste estudo revelou consumo elevado de
refrigerante em ambos os sexos. Maior proporção de homens do que de mulheres referiram o
consumo de leite integral, carne com gordura, frango com pele. Os homens também referiram
menor consumo de FLV e maior consumo do feijão, quando comparado às mulheres. Entre as
mulheres observou-se o maior consumo de FLV, menor consumo de gordura visível da carne
e frango e feijão. Estes dados corroboram com a pesquisa do INCA
5
que constatou em
Florianópolis que as mulheres referiram comer FLV pelo menos cinco vezes ou mais por
semana, com maior freqüência do que os homens. O percentual de homens que consumiram
leite integral e que nunca ou quase nunca retiram a gordura da carne e a pele de frango foi
superior às mulheres. Figueiredo
78
, em 2003, no município de São Paulo observou que o
consumo de FLV foi maior entre as mulheres e que o consumo de frituras, refrigerantes e
feijão foi mais freqüente entre os homens.
6.2 Fatores relacionados ao aumento de IMC após os 20 anos de idade.
55
Diante da realidade do aumento do excesso de peso na população brasileira e da
documentação dos efeitos adversos do sobrepeso e da obesidade na saúde e longevidade um
melhor conhecimento dos fatores comportamentais, sócio-demográficos e ambientais
determinantes das condições do ganho de peso pode auxiliar no desenvolvimento de
estratégias de prevenção.
O modelo de análise de regressão linear múltipla hierarquizada empregada neste
trabalho possibilitou identificar os fatores associados ao aumento do IMC na população
estudada residente no município de Florianópolis.
No bloco das variáveis sócio-demográficas, o aumento da faixa etária apresentou
associação positiva com o aumento do IMC após os 20 anos de idade em ambos os sexos.
Estudos populacionais mostram que a prevalência de excesso de peso tende a aumentar com a
idade. Essa tendência foi observada no estudo realizado pelo INCA
5
em Florianópolis que
revelou que o grupo etário com menores prevalências de excesso de peso foi o de 15 a 24
anos e o grupo composto por indivíduos com mais de 50 anos apresentou as prevalências mais
elevadas (60,2%). O mesmo estudo indicou que todas as capitais brasileiras estudadas
apresentaram o mesmo comportamento em relação à prevalência de excesso de peso.
Lahmann et al
30
, verificaram na Suécia um aumento do IMC nos grupos etários de 45 a 49
anos e 65 a 69 anos com declíneo do IMC no grupo maior de 70 anos.
A variável escolaridade esteve associada com o aumento do IMC somente entre as
mulheres. Os resultados mostram que uma maior escolaridade apresentou associação negativa
com o aumento do IMC após os 20 anos de idade. Diversos estudos ressaltaram que uma
posição sócio-econômica desfavorecida constitui um fator de risco para o ganho de peso e
obesidade. Uma revisão realizada por Monteiro et al.
81
, reunindo estudos que avaliaram o
estado sócio-econômico e obesidade em populações adultas de países em desenvolvimento e
publicados entre 1989 e 2003, mostrou um cenário com diferenças substanciais entre os
gêneros. Entre os homens os estudos demonstraram uma associação positiva entre estado
sócio-econômico e obesidade, enquanto entre as mulheres, os estudos revelaram uma
associação inversa. De modo semelhante, Sundsquist e Johansson
82
verificaram nos homens,
uma forte relação entre maior escolaridade e o IMC enquanto que para as mulheres a baixa
escolaridade esteve associada ao aumento do IMC. No inquérito realizado pelo INCA
5
, em
Florianópolis, foi constatado um padrão menor de prevalência de excesso de peso, sobrepeso
e obesidade no grupo de maior escolaridade com diferenças estatisticamente significativas
para a obesidade e o excesso de peso. Contudo, nas regiões Norte e Nordeste nas cidades de
Belém, Natal e João Pessoa, esse quadro se inverteu, com maiores estimativas pontuais no
56
grupo de maior escolaridade. Baltrus et al.
42
, em um estudo longitudinal na Califórnia
envolvendo homens e mulheres, investigaram a diferença racial no ganho de peso e
concluíram que o ganho de peso foi maior entre as mulheres negras e esteve associado à
desvantagem sócio-econômica atual e na infância, menor escolaridade e menor renda.
Em relação ao estado civil, os achados apontam que não ser casado apresentou
associação negativa com o aumento do IMC após os 20 anos de idade entre os homens.
Sundsquist e Johansson
82
, em um estudo longitudinal na Suécia, avaliaram a influência do
nível socioeconômico, etnicidade e estilo de vida sobre a mudança no índice de massa
corporal e verificaram que homens e mulheres que afirmaram estar solteiros na primeira
entrevista e depois casados na re-entrevista apresentaram média de aumento do IMC maior
dos que referiram estar casados nas duas etapas da pesquisa.
Quanto ao trabalho, os homens e mulheres que trabalhavam associaram-se
negativamente com o aumento relativo do IMC. Lahmann et al.
30
, constataram uma diferença
significante no ganho de peso entre as mulheres inseridas no mercado de trabalho e
aposentadas, sugerindo que a transição para aposentadoria resulta num maior ganho de peso.
Ball et al.
83
, em um estudo longitudinal que avaliou a prevalência e os preditores da
manutenção do peso em 8.726 mulheres jovens na Austrália observaram que mulheres com
ocupação de prestígio apresentaram uma propensão à manutenção do peso.
No bloco das variáveis de saúde, a referência ao estado de saúde bom ou excelente e
ter referido não ter diabetes, pressão alta, doença cardíaca e dislipidemia mostraram uma
associação negativa com o aumento do IMC em ambos os sexos. Referir não ter osteoporose
mostrou associação negativa com o aumento do IMC somente entre as mulheres. Sundsquist e
Johansson
82
,
relacionando o estado de saúde ao aumento no IMC, verificaram em homens e
mulheres que referiram estado de saúde ruim uma redução no IMC menor quando
comparados aos que afirmaram bom estado de saúde. A associação do ganho de peso com
DCNTs como pressão alta, diabetes, aterosclerose, dislipidemia, doenças do coração e
osteoporose também foi observada em outros estudos. Wannamethee et al.
32
, em um estudo
prospectivo com 7.176 homens na Inglaterra, avaliaram o efeito da mudança de peso na
doença cardiovascular e no DM e verificaram que a perda de peso esteve associada a redução
no risco de desenvolver DM e que o ganho de peso maior que 10% esteve associado ao risco
de doença cardiovascular e DM. Yarnell et al.
84
, examinando a associação do sobrepeso,
obesidade e da mudança de peso com a mortalidade e morbidade por eventos coronarianos,
verificaram que o IMC maior ou igual a 30 Kg/m
2
aumentou o risco para todas as causas de
mortalidade e doença isquêmica do coração. Os autores verificaram ainda, que o ganho de
57
peso esteve fortemente associado a fatores de risco de doença cardiovascular como
triglicerídeos, insulina, níveis glicêmicos e pressão arterial. No Brasil, Cercato et al.
85
estudaram a correlação entre IMC e a prevalência de fatores de risco cardiovascular em uma
população de obesos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo e verificaram um nítido aumento de HAS, DM e hipertrigliceridemia com o
aumento do IMC.
Dados epidemiológicos têm mostrado que o IMC elevado está correlacionado com a
elevada massa óssea e que a perda de peso pode levar a uma perda de massa óssea
86,87,88
. Lim
et al.
89
, identificaram os fatores de risco associados à osteoporose em 745 mulheres acima de
45 anos na Malásia e observaram que o IMC elevado esteve associado à preservação da massa
óssea. Em contrapartida, Zhao et al.
90
, avaliaram em 1988 chineses e 4489 americanos adultos
maiores de 19 anos, de ambos os sexos, a relação entre a obesidade e osteoporose e
verificaram uma relação inversa entre massa óssea e massa gorda, concluindo que o aumento
de massa gorda pode não ter um efeito benéfico sobre a massa óssea.
No bloco das variáveis comportamentais, o hábito de não ter realizado dieta no último
ano se associou negativamente ao aumento do IMC. Galán et al.
59
, avaliando os dados
espanhóis do SIVFRENT entre 1995 e 2003 observaram que a redução do hábito de realizar
dieta em ambos os sexos foi um marcador para o aumento do sobrepeso e obesidade na
população estudada.
A atividade física no lazer e não ser sedentário permaneceram associadas
negativamente ao aumento do IMC em ambos os sexos. Klesges et al
91
, em um estudo
longitudinal, avaliaram o impacto da dieta e da atividade física na alteração de peso em
adultos americanos e verificaram que o aumento da atividade física leve esteve associado ao
decréscimo do ganho de peso. Sundsquist e Johansson
82
verificaram uma forte associação
entre o IMC e o hábito de fazer atividade física. Os autores observaram que os homens que
pararam de realizar atividade física apresentaram um grande aumento no IMC quando
comparados aos homens que continuaram a atividade física no período do estudo. Parsons et
al.
92
, em estudo de coorte na Inglaterra, avaliaram o efeito da freqüência da atividade física
desde a adolescência no aumento do IMC até a idade adulta, e os resultados sugeriram que a
prática da atividade física desde a adolescência pode reduzir o aumento do IMC, porém esta
relação varia com a idade e o sexo. Os autores concluíram que a redução da atividade física
dos homens entre a adolescência e a vida adulta e a inatividade em ambos os estágios da vida
em mulheres pode influenciar no aumento do IMC.
58
Em relação ao tabagismo, ser fumante e nunca ter fumado permaneceu associado
negativamente ao aumento do IMC em ambos os sexos. Lins & Sichieri
93
avaliando a
influência da menopausa no IMC encontraram associação entre o hábito de fumar e uma
menor prevalência de sobrepeso do que as ex-fumantes e não fumantes. Yarnell et al.
84
verificaram que o hábito de fumar esteve fortemente associado à alteração de peso. Os autores
também observaram que entre os ex-fumantes e os que fumavam menos cigarros por dia o
aumento do IMC foi maior que os nunca fumantes. Lahmann et al.
30
, observaram que os
fumantes apresentaram um ganho de peso menor que os ex-fumantes e nunca fumantes.
No presente estudo, o consumo de risco de bebida alcoólica apresentou associação
negativa com o aumento do IMC somente entre as mulheres. Relacionando o consumo de
álcool ao ganho de peso, Lahmann et al.
30
encontraram uma menor associação entre álcool
ingerido e ganho de peso. Ball et al.
83
, constataram que mulheres que mantiveram o peso
estável no período do estudo tinham um perfil mais saudável, por nunca terem sido fumantes,
apresentarem baixa ingestão de álcool, não ter referido práticas de restrição ou compulsão
alimentar e passarem menos tempo sentadas. O estudo concluiu que mulheres com baixo
peso, sobrepeso ou obesidade iniciais, fumantes, com práticas alimentares restritivas e
consumo de fast foods – mesmo que raramente – apresentaram menor probabilidade à
manutenção de peso.
As associações observadas em nosso estudo corroboram com os dados encontrados na
literatura, salvo algumas exceções. As variáveis sócio-demográficas, de saúde e
comportamentais descritas estabelecem um quadro incompleto dos determinantes do aumento
do IMC. O fato de no nosso estudo as variáveis de consumo de frutas, legumes, verduras,
feijão, leite integral, frango com pele, carne com gordura e refrigerantes não apresentarem
associação com o aumento do IMC merece ser discutido.
O presente estudo avaliou através de um questionário aplicado por entrevistas
telefônicas variáveis dietéticas diretamente relacionadas aos fatores de risco para o
desenvolvimento de DCNTs. Estudos comparativos que avaliaram a ingestão alimentar com
dados obtidos por entrevistas telefônicas e entrevistas domiciliares apontaram que as
entrevistas telefônicas apresentam resultados comparáveis aos outros métodos de
entrevistas
94
.
Atualmente muitas pesquisas demonstram os benefícios de uma dieta rica em frutas e
verduras, entretanto não está muito claro como este tipo de dieta pode prevenir a obesidade ou
o ganho de peso excessivo, já que este pode ser decorrente tanto do maior consumo
quantitativo de alimentos (porções/dia) como também qualitativo com escolha de alimentos
59
com maior densidade energética (refrigerantes, leite integral, carne com gordura, alimentos
industrializados) em detrimento aos de menor densidade energética (frutas, legumes, verduras,
cereais integrais) ou pela combinação dos dois
51
.
Lahti-Koski et al.
95
estudaram a associação do IMC e da obesidade com atividade
física, escolha de alimentos, consumo de álcool e tabagismo entre 24.624 adultos avaliados
por um período de 15 anos. Os resultados revelaram que o consumo de vegetais foi
inversamente associado com a obesidade. O consumo de salsicha em ambos os sexos, de leite
integral entre as mulheres e leite semi-desnatado e desnatado entre os homens foram
positivamente associados com a obesidade.
A natureza observacional do tipo transversal do nosso estudo deve ser considerada
para que haja uma interpretação clara dos achados. Neste tipo de estudo as informações são
coletadas em um único momento, o que não nos permite realizar suposições de causalidade.
Por exemplo, não é possível identificar se a dieta foi antecedente ou conseqüente à mudança
no peso. Segundo Liu et al.
53
devemos considerar que a ingestão de alimentos e a alteração de
peso corporal são tempo-dependente e que o consumo alimentar pode levar a uma alteração
do peso, bem como o IMC alterado pode levar a uma real mudança na ingestão dietética e
assim influenciar no auto-relato da dieta atual.
Além disso, devemos considerar os problemas relacionados ao sub-relato de
indivíduos obesos em entrevistas dietéticas. Segundo Garcia
96
, alguns indivíduos diante da
avaliação dos seus hábitos tendem a relatar ou consumir menor quantidade de determinados
alimentos e outros, maior quantidade. Estes fatos comprometem significativamente as
inferências baseadas em estudos de consumo alimentar.
Diante do exposto, o presente estudo mostrou que muitas características sócio-
demográficas, de saúde e comportamentais estão associadas ao aumento do IMC em homens e
mulheres. Esses resultados sugerem que os esforços para o controle da epidemia da obesidade
devem considerar as complexas associações com o aumento do IMC detectadas neste trabalho
e em outros estudos. Os resultados, refletem ainda, que as entrevistas realizadas por telefone
constituem um instrumento eficaz para realizar um inquérito epidemiológico que permite
conhecer de maneira adequada os fatores de risco das DCNTs e a importância de incluir estas
informações em políticas públicas de prevenção, promovendo melhoria no estilo de vida da
população.
60
7 CONCLUSÃO
Com este estudo foi possível concluir que diferenças substanciais entre os sexos são
observadas quanto à freqüência da maioria dos fatores de risco estudados. Entre os fatores de
risco, foram mais freqüentes entre os homens a pressão alta, o excesso de peso aos 20 anos, o
hábito de fumar, o consumo de risco de bebida alcoólica, o sedentarismo, o menor consumo
de FLV e maior consumo de leite integral, carne com gordura, frango com pele e feijão. Entre
as mulheres foram mais freqüentes o relato de estado de saúde ruim, o diabetes, as
dislipidemias, as doenças cardíacas, a osteoporose, realizar dieta para perda de peso, o maior
consumo de FLV e menor consumo de gordura e feijão.
O aumento do excesso de peso e obesidade foi acentuado entre os homens. O aumento
do IMC após os 20 anos de idade foi similar entre os sexos e esteve associado às variáveis
estudadas de forma diferente para homens e mulheres. As variáveis associadas ao aumento do
IMC para ambos os sexos foram: o avanço da idade, não trabalhar, referir ter diabetes, pressão
alta, doença do coração, dislipidemias, auto referência ao estado de saúde regular ou ruim,
realizar dieta para perda de peso, ser ex-fumante, não realizar atividade física no lazer e ser
sedentário. Somente para o sexo feminino estiveram associadas ao aumento do IMC as
variáveis menor escolaridade, referir ter osteoporose e não consumo de risco de bebida
alcoólica. Exclusivamente entre os homens, ser casado apresentou associação com o aumento
do IMC.
Conclui-se que conhecer a freqüência dos fatores de risco para DCNTs e sua
associação com o aumento do IMC em Florianópolis é essencial para a implementação de
políticas públicas de prevenção ao excesso de peso e obesidade bem como das demais
DCNTs. Para tanto faz-se necessário a continuidade da monitorização dos fatores de risco
através de um método de curto prazo e baixo custo como SIMTEL/Fpolis mostrado neste
trabalho.
61
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68
ANEXOS
69
ANEXO A: Amostras Autoponderadas de Linhas Telefônicas Residenciais (LTR) em
Municípios
1 – Cadastro
¾ o conjunto dos números de LTR disponível, em cada município, deverá cobrir 90 %
ou mais das residências com telefone .
¾ os números deverão ser ordenados por região geográfica ou bairros.
¾ Numerar o total de LTR , obedecendo a ordenação acima definida .
2 - Sorteio
¾ O numero da ultima LTR corresponde ao total (N) de LTR existente no município
¾ O intervalo (I) é calculado por ( I = N / n ) ; onde n é o numero de LTR na amostra de
cada município.
¾ O inicio casual (IC) deverá ser um numero sorteado entre 1 e I .
¾ IC é o primeiro numero (n1) da ordem correspondente ao numero da LTR sorteada .
¾ As demais ordens são obtidas pelas somas sucessivas abaixo indicadas ....
1 - IC = n1
2 - n1 + I = n2
3 - n2 + I = n3
4 - n3 + I = n4
......
ultimo = n(anterior) + I
3 – Exemplo
Ordem Região LTR
1 N 38121552
2 N 38143546
3 N 34657685
4 N 32675413
5 L 35647865
6 L 38987690
7 L 34564352
8 L 37865649
---------------------------------------------------
N = 8 ; n = 4 ; I = 8/4 = 2 ; IC = 2
---------------------------------------------------
LTR SORTEADAS
---------------------------------------------------
1 = ic = 2 38143546
2 = 2 + 2 = 4 32675413
3 = 4+ 2 = 6 38987690
4 = 6 + 2 = 8 37865649
70
ANEXO B: Roteiro de Entrevista Telefônica
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
NÚCLEO DE PESQUISAS EPIDEMIOLÓGICAS EM NUTRIÇÃO E SAÚDE (NUPENS / USP)
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE DE SÂO PAULO
“Sistema municipal de monitoramento de fatores de risco para Doenças e agravos não transmissíveis
por meio de entrevistas telefônicas - SIMTEL”
1. Alô, o número do seu telefone é XXXX-XXXX Réplica XX Sr(a) XXXXXXXXX?
2. Bom dia/tarde/noite. Meu nome é MARA, e eu estou falando da Universidade Federal de Santa
Catarina. A pedido do Ministério da Saúde, a UFSC está avaliando as condições de saúde e nutrição
da população e o seu número de telefone foi sorteado para participar desta pesquisa. A entrevista
deve durar entre 10 e 15 minutos e o(a) sr(a) poderá interrompê-la a qualquer momento e,
eventualmente, reiniciá-la quando achar mais oportuno. Suas respostas serão mantidas em total
sigilo e utilizadas apenas para fins desta pesquisa. Caso tenha alguma dúvida sobre a pesquisa,
poderá esclarecê-la diretamente na FSP, no telefone: 3064-6068. O(a) sr(a) gostaria de anotar o
telefone agora ou no final ? Podemos iniciar a entrevista ?
sim – (pule para 3)
não
Qual o melhor horário para conversarmos ?
___________________________________. Encerre.
RETOMAR. Fazer a ligação para a pessoa sorteada no horário indicado e iniciar a entrevista.
Qual sua idade ? (só aceita 18 anos)
____ anos (se < 21 anos, pule a 10 e a 11)
3. Sexo:
( ) masculino (pule a 7)
( ) feminino (se > 50 anos, pule a 7)
4. No momento, o(a) sr(a) está estudando?
sim
não
5. Qual a última série que o(a) sr(a) completou na escola ? E o grau?
1 curso primário
2 curso ginasial
3 1º grau
4 2º grau ou colégio ou técnico
5 supletivo de 1º grau
6 supletivo de 2º grau
7 curso superior
8 pós-graduação
não sabe não sabe
nunca estudou
6. A sr(a) está grávida no momento?
sim (pule para 13)
não
7. O sr(a) sabe seu peso (mesmo que seja valor aproximado) ? (só aceita 30 Kg e < 300kg)
______ kg
não sabe
não quis informar
8. Quanto tempo faz que se pesou da última vez?
( ) menos de 1 semana
( ) menos de 1 mês
( ) menos de 3 meses
( ) menos de 6 meses
( ) nunca se pesou
71
9. O(a) sr(a) sabe sua altura ? (só aceita 1,20m e <2,20m)
__ m ____ cm
não sabe
não quis informar
10. O(a) sr(a) lembra qual seu peso aproximado quando tinha 20 anos de idade? (apenas para quem tem
mais de 20 anos)
sim
não (pule para 13)
11. Qual era? (só aceita 30 Kg e < 300kg)
________ kg
Agora eu vou fazer algumas perguntas sobre sua alimentação.
12. O(a) sr(a) costumar comer frutas todos ou quase todos os dias?
sim
não (pule para 15)
13. Num dia comum, quantas vezes o(a) sr(a) come frutas?
( ) 1 vez no dia
( ) 2 vezes no dia
( ) 3 ou mais vezes no dia
14. O(a) costuma comer saladas cruas todos ou quase todos os dias? (Ex: alface, tomate, pepino)
sim
não (pule para 17)
15. Num dia comum, o(a) sr(a) come saladas cruas
( ) no almoço
( ) no jantar ou
( ) no almoço e no jantar
16. O(a) sr(a) costuma comer verduras e legumes cozidos (como couve, cenoura, chuchu, berinjela,
abobrinha, , sem contar batata ou mandioca) todos ou quase todos os dias?
sim
não (pule para 19)
17. Num dia comum, o(a) sr(a) come verduras e legumes cozidos
( ) no almoço
( ) no jantar ou
( ) no almoço e no jantar
18. Em quantos dias da semana o(a) sr(a) come feijão?
( ) todos os dias
( ) 5 a 6 dias por semana
( ) 3 a 4 dias por semana
( ) 1 a 2 dias por semana
( ) quase nunca
( ) nunca
19. Em quantos dias da semana o(a) sr(a) toma refrigerante?
( ) todos os dias
( ) 5 a 6 dias por semana
( ) 3 a 4 dias por semana
( ) 1 a 2 dias por semana
( ) quase nunca (pule para 23)
( ) nunca (pule para 23)
20. Que tipo?
( ) normal
( ) diet/light
( ) ambos
72
21. Quantos copos/latinhas costuma tomar por dia?
1 2 3 4 5 6 ou +
22. O sr(a) costuma tomar leite?
sim
não (pule para 25)
23. Quando o sr(a) toma leite, que tipo de leite costuma tomar?
( ) integral
( ) desnatado ou semi-desnatado
os dois igualmente
24. O sr(a) costuma comer carne vermelha?
sim
não (pule para 27)
25. Quando o(a) sr(a) come carne vermelha com gordura, o(a) sr(a) costuma:
( ) tirar o excesso de gordura
( ) comer com a gordura
não come carne vermelha com muita gordura
26. O sr(a) costuma comer frango?
sim
não (pule para 29)
27. Quando o(a) sr(a) come frango com pele, o(a) sr(a) costuma:
( ) tirar a pele
( ) comer com a pele
não come pedaços de frango com pele
28. O(a) sr(a) está fazendo atualmente alguma dieta ?
sim (pule para 31)
não
29. Nos últimos doze meses, o(a) sr(a) fez alguma dieta ?
sim
não
30. Atualmente, o(a) sr(a) está fazendo tomando algum produto ou medicamento para perder peso?
sim (pule para 33)
não
31. Nos últimos doze meses, o(a) sr(a) tomou algum produto ou medicamento para perder peso??
sim
não
32. Com que freqüência o(a) sr(a) costuma ingerir alguma bebida alcoólica ?
( ) todos os dias
( ) 5 a 6 dias por semana
( ) 3 a 4 dias por semana
( ) 1 a 2 dias por semana
( ) quase nunca (pule para 37)
( ) nunca (pule para 37)
33. Num único dia o sr chega a tomar mais do que 2 latas de cerveja ou mais do que 2 taças de vinho ou
mais do que 2 doses de qualquer outra bebida alcoólica ? (apenas para homem, se 4=1)
sim
não
34. Num único dia a sra chega a tomar mais do que 1 lata de cerveja ou mais do que 1 taça de vinho ou
mais do que 1 dose de qualquer outra bebida alcoólica ? (apenas para mulher, se 4=2)
sim
não
35. No último mês, o(a) sr(a) chegou a consumir 5 ou mais doses de bebida alcoólica em pelo menos
uma ocasião?
sim
não
Nas próximas questões, vamos perguntar sobre suas atividades físicas do dia-a-dia.
36. O(a) sr(a) faz ou pratica algum tipo de exercício físico ou esporte ?
sim
não (pule para 43)
73
37. Qual o tipo principal de exercício físico ou esporte que o(a) sr(a) pratica?
caminhada
caminhada em esteira (pule para 40)
corrida (pule para 40)
corrida em esteira (pule para 40)
musculação (pule para 40)
ginástica aeróbica (pule para 40)
hidroginástica (pule para 40)
ginástica em geral (pule para 40)
natação (pule para 40)
artes marciais e luta (pule para 40)
bicicleta (pule para 40)
futebol (pule para 40)
basquetebol (pule para 40)
voleibol (pule para 40)
tênis (pule para 40)
outros (pule para 40)
38. Quando o(a) sr(a) faz caminhada, sua respiração costuma ficar:
( ) igual a de sempre
( ) um pouco aumentada
não sabe
39. O(a) sr(a) pratica o exercício pelo menos uma vez por semana ?
sim
não – (pule para 43)
40. Quantos dias por semana o(a) sr(a) costuma praticar esporte ou exercício?
( ) todos os dias
( ) 5 a 6 dias por semana
( ) 3 a 4 dias por semana
( ) 1 a 2 dias por semana
( ) menos do que 1 vez por semana
41. No dia que o(a) sr(a) pratica exercício ou esporte, quanto tempo dura esta atividade ?
( ) menos que 10 minutos
( ) 10 minutos
( ) 20 minutos
( ) 30 minutos
( ) 45 minutos
( ) 60 minutos ou mais
42. No momento o(a) sr(a) está trabalhando ?
sim
não – (pule para 50)
43. No seu trabalho, o(a) sr(a) anda a pé:
( ) nunca
( ) raramente
( ) freqüentemente
( ) sempre
44. No seu trabalho, o(a) sr(a) permanece sentado:
( ) nunca
( ) raramente
( ) freqüentemente
( ) sempre
45. No seu trabalho, o(a) sr(a) carrega carga pesada:
( ) nunca
( ) raramente
( ) freqüentemente
( ) sempre
74
46. Com relação ao esforço físico, o(a) sr(a) classificaria seu tipo de trabalho como:
( ) muito pesado
( ) pesado
( ) leve
( ) muito leve
não sabe
47. Para ir de sua casa para o trabalho, o(a) sr(a) costuma ir de:
( ) carro/moto (pule para 50)
( ) ônibus/metrô/trem (pule para 50)
( ) caminhando
( ) bicicleta
trabalha em casa (pule para 50)
48. Quanto tempo o(a) sr(a) gasta para chegar ao trabalho ?
( ) menos de 10 minutos
( ) 10 minutos
( ) 20 minutos
( ) 30 minutos
( ) 45 minutos
( ) 60 ou mais minutos
49. O sr(a) costuma fazer sozinho(a) a limpeza pesada da sua casa?
( ) sim
( ) não (pule para 53)
50. Quantos dias por semana?
5 a 6
3 a 4
1 a 2
51. Quantas horas por dia?
( ) menos de 1 hora
( ) entre 1 e 2 horas
( ) entre 3 e 4 horas
( ) entre 5 e 6 horas
( ) mais de 6 horas
52. O sr(a) costuma assistir televisão todos os dias?
sim (pule para 55)
não
53. Quantos dias por semana o(a) sr(a) costuma assistir televisão?
5 ou mais
3 a 4
1 a 2
não costuma assistir televisão (pule para 56)
54. Quantas horas por dia o(a) sr(a) costuma assistir televisão?
( ) menos de 1 hora
( ) entre 1 e 2 horas
( ) entre 3 e 4 horas
( ) entre 5 e 6 horas
( ) mais de 6 horas
Agora estamos chegando ao final do questionário e gostaríamos de saber sobre seu estado de saúde.
55. O(a) sr(a) classificaria seu estado de saúde como:
( ) excelente,
( ) bom,
( ) regular ou
( ) ruim
não sabe
não quis informar
75
56. Algum médico já lhe disse que o(a) sr(a) tem pressão alta ?
sim
não
57. E diabetes ?
sim
não
58. E doenças do coração ?
sim
não
59. E colesterol elevado ? [e/ou triglicérides elevado]
sim
não
60. E osteoporose ?
sim
não
61. O(a) sr(a) fuma ?
sim
não – (pule para 66)
62. Quantos cigarros o(a) sr(a) fuma por dia?
1-4 15-19
5-9 20-29
10-14 30-39
40 ou +
63. Que idade o(a) sr(a) tinha quando começou a fumar regularmente? (só aceita 5 anos e q3)
______ anos
64. O(a) senhor(a) já tentou parar de fumar?
sim (pule para 69)
não (pule para 69)
65. O(a) sr(a) já fumou ?
sim
não (pule para 69)
66. Que idade o(a) sr(a) tinha quando começou a fumar regularmente? (só aceita 5 anos e q3)
______ anos
67. Que idade o(a) sr(a) tinha quando parou de fumar? (só aceita q65 e q3)
______ anos
Para finalizar, nós precisamos saber:
68. Qual seu estado civil atual ?
( ) solteiro
( ) casado
( ) viúvo/separado
69. A cor de sua pele é:
( ) branca
( ) negra
( ) parda ou morena
( ) amarela
não sabe
não quis informar
70. Quantos cômodos têm na casa, não contando o banheiro ?
____ cômodos
76
71. Qual a região da cidade que o sr (a) mora?
( ) norte
( ) sul
( ) leste
( ) oeste
( ) centro
( ) continente
72. O sr(a) pode me dizer o nome do bairro?
__________________________________________
73. Além desta linha existe outra linha fixa de telefone em sua casa ?
sim
não – (Agradeça e encerre)
74. Se sim: Quantas ? (só aceita 2)
____ linhas
Sr(a) XXXXXXXXX Nós agradecemos muito pela sua colaboração. Se tivermos alguma dúvida voltaremos
a lhe telefonar. Se não anotou o telefone no início da pesquisa: Gostaria de anotar o número de telefone
da USP ?
- Se sim: O número é 3064-6068.
Observações (entrevistador):
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
CONFERÊNCIA (só aparece no excel)
correto (conferido com gravação)
incorreto (retornar ligação)
não conferido
Nota: Mencionar para o entrevistado as alternativas de resposta apenas quando as mesmas se iniciarem por
parêntesis.
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