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Estas pessoas não gostam de viver num mundo dividido em compartimentos –
corpo e mente, saúde e doença, intelecto e sensação, ciência e senso comum,
indivíduo e grupo, sanidade e insanidade, trabalho e lazer. Lutam pela totalidade da
vida , onde o pensamento, o sentimento, a energia física, a energia psíquica, a
energia térmica, estejam integrados à experiência. (ROGERS, 1983, p.130).
O pensamento complexo surgiu na lacuna do pensamento simplificador, integra o
modo simples de pensar sem fragmentar, mutilar, reduzir, controlar e pretender dominar o
real de forma unidimensional. Por muito tempo, o conhecimento científico seguiu o
paradigma da simplificação dissipando a aparente complexidade dos fenômenos, porém, ao
pretender revelar a ordem simples, desintegrou a complexidade do real. Distinto do
pensamento disjuntivo que separa, isola e oculta, o pensamento complexo pretende articular,
aspirando ao conhecimento multidimensional, reconhecendo a incompletude e a incerteza. O
depoimento seguinte assim retrata:
Para dar aula eu não consigo fazer os meus planos de aula – hoje eu vou sentar e
fazer meus planos de aula até lá 25 de outubro, não consigo, eu tenho que a cada
dia que eu volto, repensar, encaminhar, não consigo fazer igual, a matéria é a
mesma , a disciplina é a mesma, mas os alunos são diferentes. Não sou criativa
para arrumar minha casa, para desenhar, para o lado artístico, não desenvolvi
ainda, mas eu gosto de ser criativa quando escrevo e quando eu dou aula.
Descartes ao separar o sujeito pensante ( filosofia) do objeto ( ciência) e evidenciar o
pensamento disjuntivo promoveu grandes progressos no conhecimento científico e na
reflexão filosófica, mas isolou a Física, a Biologia e a Ciência do homem. O pensamento
simplificador não concebe a conjunção do uno e do múltiplo, ou unifica anulando a
diversidade, ou sobrepõe a diversidade sem conceber a unidade. É incapaz de conceber a
complexidade da realidade antropossocial em sua microdimensão ( ser individual) e na
macrodimensão ( humanidade planetária).
A idéia de complexidade já estava presente na dialética de Hegel, quando introduzia a
contradição e a transformação na identidade. No século XIX, na microfísica e na macrofísica,
na relação complexa entre observador e o observado, e mais ainda relativamente à partícula
elementar que ora aparece como corpúsculo, ora como onda a complexidade já se fazia
presente. Entretanto, somente com a cibernética a complexidade foi admitida na ciência, na
relação com os fenômenos de auto-organização. O teorema de Gödel demonstra que num
sistema formalizado de lógica matemática existe uma proposição que é indecidida e que o