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crescimento de condições predisponentes a sua presença, destacando-se os componentes da
SM - DM, HAS, Dislipidemia e Obesidade
(29)
. Assim, devemos considerar como muito
importante a identificação de possíveis fatores de risco modificáveis para o surgimento da IC,
permitindo adequada intervenção.
A obesidade visceral, outro fator correlacionado à SM, desenvolve seu papel agressor
ao miocárdio, através da produção de substâncias com ações cardiovasculares e sistêmicas,
tais como: leptina, citoquinas inflamatórias (interleucinas e fator de necrose tumoral), inibidor
do ativador de plasminogênio (PAI-1), ácidos graxos livres, além de promover uma redução
da adiponectina
(77)
. Desta forma, a perda da ação protetora vascular, gerada pela diminuição
dos níveis de adiponectina
(78-79)
, interligada a uma ação inflamatória e protrombótica,
determinará o substrato que será deletério ao sistema cardiovascular.
Conceitos atuais determinam que a fisiopatologia da IC se diferencia em relação ao
sexo e ao tipo de IC
(110-111)
. Nesses estudos verifica-se o predomínio de insuficiência cardíaca
com função sistólica preservada associada ao sexo feminino, além de idades avançadas e uma
menor freqüência de cardiopatia isquêmica
(112)
. Tal fato se correlaciona em registros
mundiais, como demonstrado por Rodruigues Artalejo
(113)
, segundo os quais o número de
óbitos referentes ao sexo feminino aumentou entre o período de 1980-2000. Fato muito
importante e que demonstra uma não-conformidade com relação ao tratamento de IC no sexo
feminino.
Segundo dados do estudo EPICA
(9)
, que avaliou pacientes portadores de IC na
comunidade, verificou-se que entre as mulheres a IC ocorre em idade mais avançada,
predominando a insuficiência cardíaca com função sistólica preservada. Kenchaiah et al
(114)
demonstrou que o risco de IC, quando relacionado com o aumento de uma unidade no IMC é
de 5% para os homens e de 7% para as mulheres e que, ao se comparar a incidência de IC
entre obesos e não obesos, a mesma apresenta o dobro de risco, sendo esse risco maior para o
grupo feminino - 2,12 (sexo feminino) / 1,90 (sexo masculino). Outros trabalhos
(115)
sugerem
que os hormônios femininos afetem a função cardíaca por meio de uma ação vaso-dilatadora
exercida pelo estrogênio que, em conjunto com a HAS, poderia diminuir a ação da renina e,
conseqüentemente, reduzir a fibrose miocárdica.
Um subestudo de Framingham
(116)
, realizado entre 1950 a 1999, determinou que em
uma população constituída de brancos, a prevalência de IC é maior em homens e que isso
poderia ser explicado pela maior incidência de aterosclerose no grupo masculino em relação
ao feminino. Barker et al
(117)
demonstrou que o aumento da epidemia de IC ocorria em uma
população masculina idosa (> 65 anos), com o aumento de sua prevalência associado