sua organização, foi a fórmula encontrada pelo Governo Federal, sob orientação dos
organismos internacionais (ONU, FAO e UNESCO), para incorporar como sua a proposta da
organização dos produtores por meio de entidades representativas.
Isso pode ser observado, principalmente, a partir de 1985 com a criação do Projeto
Nordeste, que tinha como objetivo o desenvolvimento econômico e social da região.
Apesar de os programas terem sido elaborados dentro de uma perspectiva de desenvolvimento
local sustentável
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, os quais deveriam ser implantados em pequenas localidades de forma
integrada, levando-se em consideração a sua sustentabilidade, isso não foi o que se deu na
prática (Costa & Ribeiro 2001, p. 2).
De acordo com Caporal e Costabeber (2000), um modelo de desenvolvimento
sustentável, tem que buscar respostas à problematização da relação sociedade e natureza. Esse
modelo, antagônico ao defendido pela corrente ecotecnocrática
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, é estruturado através da
junção dos enfoques culturalistas, ecossocialistas e do conceito de ecodesenvolvimento
proposto por Ignacy Sachs.
Que sustenta a necessidade de um novo critério de racionalidade que fosse amparado
por duas dimensões de solidariedade: a solidariedade diacrônica, com respeito às
gerações futuras, mas sem esquecer a solidariedade sincrônica, que deve ser
estabelecida entre gerações presentes. Além disso, supõe o pluralismo tecnológico,
calcado na importância da utilização das tecnologias tradicionais e modernas de
forma adequada, respeitando as condições do ecossistema local e, ao mesmo tempo,
estando de acordo com as necessidades e decisões conscientes dos atores envolvidos
nos processos de desenvolvimento. (Caporal e Costabeber, 2000, p.20).
Fica claro, que os programas estatais se aproximam mais do modelo proposto pela
corrente ecotecnocrática, onde se vislumbra o crescimento econômico continuado, na
tentativa de resolver a questão entre crescimento da produção, sociedade e meio ambiente
pela adoção de tecnologias e mecanismos de regulação de mercado. Não sugerindo estratégias
alternativas no que se refere à organização do trabalho, assim como as formas de produção.
Além disso, o referido modelo não considera os distintos modos de vida das comunidades
rurais, as diferentes culturas e o favorecimento a preservação da biodiversidade nos
agroecossistemas. Para Andrade (2004, p.242),
A visão que permeia os planos estatais demonstra a não-superação da visão
tecnológica que caracterizou a revolução verde. Num contexto marcado pela
precariedade do solo, pela insuficiência de água, e pelo exíguo tamanho das
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O desenvolvimento local sustentável é definido por Buarque (2002) “como um processo endógeno de mudança,
que leva ao dinamismo econômico e a melhoria da qualidade de vida da população em pequenas unidades
territoriais e agrupamentos humanos”.
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Caporal e Costabeber definem ecotecnocrática como um modelo de desenvolvimento baseado na modernização
tecnológica e capitalização da agricultura, mas desconsidera os efeitos nas áreas sociais, econômicas e
ambientais.