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Succulence and death. Cabbage, pig tripe, and
white radish. Cobra soup – the more venomous the
serpent, the more potent the tonic; gelatinous and
steaming and delicious beyond description –
garnished with petals of snow-white
chrysanthemum. Later, amid the crowded stalls of
the night market, we watch as an elderly Chinese
man hands over a small fortune in cash to another
elderly man, a snake seller much esteemed for the
rarity and richness of poison of his stock. The
snake man pockets the money, narrows his eyes,
and with studied suddenness withdraws a long,
writhing serpent from a cage of bamboo. Holding it
high, his grasp directly below its inflated venom
glands, its mouth open, its fangs extended, he
slashes it with a razor-sharp knife from gullet to
midsection, the movement of the blade in his hand
following with precise rapidity the velocity of the
creature’s powerful whiplashings, which send its
gushing blood splattering wildly. Laying down the
blade, the snake man reaches his blood-drenched
hand with medical exactitude into the open
serpent, withdraws its still-living bladder, drops it
into the eager hands of his customer, who, with
gore dripping from between his fingers onto his
shirt, raises the pulsing bloody organ to his open
mouth, gulps it down, and wipes and licks away
the blood that runs down his chin (TOSCHES,
2002, p. 26-27).
Na tradução para o português:
Suculência e morte. Repolho, tripa de porco e
rabanete. Sopa de cobra – quanto mais venenosa
a serpente, mais potente o tônico; gelatinosa e
fumegante e indescritivelmente deliciosa –
guarnecida com pétalas de crisântemos brancos
como a neve. Mais tarde, em meio às barracas
lotadas do mercado noturno, assistimos a um
velho chinês entregando uma pequena fortuna em
dinheiro vivo a outro senhor, um vendedor de
serpentes muito estimado pela raridade e riqueza
das peçonhas em seu estoque. O vendedor guarda
o dinheiro, semicerra os olhos e, com um
movimento abrupto e estudado, retira de uma
gaiola de bambu uma serpente comprida, que se
contorce por inteiro. Ele a segura no alto, fazendo
pressão diretamente abaixo de suas inchadas
glândulas de veneno, sua boca aberta, suas
presas estendidas. Então, a abre, com uma faca
afiadíssima, da garganta até o meio do corpo,
acompanhando, com movimentos precisos e
velozes da lâmina em sua mão, o potente
chicotear da criatura, que faz seu sangue jorrar