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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ASPECTOS SUPRESSIVOS DA RESPOSTA IMUNE EM
PORTADORES DE TUBERCULOSE ATIVA
ALEXANDRE SILVA DE ALMEIDA
RIO DE JANEIRO
2008
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ii
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Medicina
Aspectos supressivos da resposta imune pulmonar em portadores de
tuberculose ativa
Alexandre Silva de Almeida
Orientadores:
Dr. José Roberto Lapa e Silva
Dr. John Lap Ho
Dr. Adalberto Rezende Santos
Tese submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Clínica
Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Doutor em Ciências.
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2008
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Almeida, Alexandre Silva de
Aspectos supressivos da resposta imune pulmonar em portadores de
tuberculose ativa / Alexandre Silva de Almeida. – Rio de Janeiro: UFRJ /
Faculdade de Medicina, 2008.
xviii, 236 f. : il. ; 31 cm.
Orientadores: José Roberto Lapa e Silva , John Lap Ho e Adalberto
Rezende Santos
Tese (doutorado) UFRJ/Faculdade de Medicina, Programa de Pós-
Graduação em Clínica Médica, Pneumologia, 2008.
Referências bibliográficas: f. 133-153
1. Tuberculose - imunologia. 2. Marcadores biológicos . 3. Reação em
cadeia da polimerase. 4. Infecções por Mycobacterium - imunologia. 5.
Estudos longitudinais . 6. Humano. 7. Pneumologia – Tese. I. Lapa e Silva,
José Roberto. II. Ho, John L. III. Santos, Adalberto Rezende. IV.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Programa
de Pós-Graduação em Clínica Médica, Pneumologia. V. Título.
iii
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Faculdade de Medicina
Aspectos supressivos da resposta imune pulmonar em pacientes com tuberculose ativa
Alexandre Silva de Almeida
Orientadores:
Prof. José Roberto Lapa e Silva
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. John Lap Ho
Weill Medical College of Cornell University, New York-USA
Dr. Adalberto Rezende Santos
Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro
Tese submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários a
obtenção do grau de Doutor em Ciências.
Aprovada em
Banca examinadora:
Prof. José Roberto Lapa e Silva
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Dr. Milton Ozório de Moraes
FIOCRUZ- Rio de Janeiro
Prof. Marcelo Torres Bozza
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. Heitor Siffert Pereira de Souza
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Prof. Geraldo Moura Batista Pereira
Universidade do Estado do Rio de Janeiro e FIOCRUZ
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2008
iv
Dedico aos meus pais, Sérgio (in memoriam) e Iliani
A meus irmãos Luciana, Claudia e Alex
Ao amigo, e figura paterna, Almeida
v
Agradecimentos
Inicialmente à minha família pela presença, suporte e carinho durante o
desenvolvimento deste trabalho. Muitas das dificuldades foram superadas pelo telefone ou por
e-mail mas a verdade é que a distância física nunca nos afastou.
Agradeço especialmente à minha mãe Iliani Almeida por ser “Pãe” e por enxergar
sempre além nas minhas necessidades. Poucas são as palavras de gratidão a você.
Agradeço ao meu pai Sergio Gonçalves, pois sem você nada seria possível e mesmo
ausente você sempre estará presente em minha memória...
Agradeço aos meus orientadores, José Roberto Lapa e Silva, Adalberto Rezende
Santos e John Lap Ho pelo extenuante trabalho de lapidação científica elaborado por vocês,
que espero fazer jus nesta defesa e na minha carreira daqui por diante.
A Sidra Vasconcellos pelo companheirismo, paciência e suporte ao longo desta
jornada de trabalho. Você sabe o quanto este trabalho significou para nós e por isto sou grato
pelo quanto se doou a ele... Obrigado!
Aos meus amigos do Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa, da Unidade de
Pesquisa em Tuberculose e do Laboratório de Biologia Molecular do HUCFF, do
Departamento de Hanseníase e do Departamento de Ultra-Estrutura e Biologia Celular da
Fiocruz. Vocês são muitos, mas lembro de cada um com particularidade e deixo aqui o meu
obrigado a todos pelo incentivo e amizade. Dentre eles destaco alguns que contribuíram de
forma muito importante em diferentes aspectos, alargando as minhas experiências pessoais
(Alessandra Coelho, Alexandre Felipe, Amanda Brum, Carlos Miranda, Diogo Coutinho,
Eliane Barbosa, Elizabeth Sampaio, Guilherme Inocêncio, Helene Barbosa, Jorge Salgado,
Joseane Fonseca, Luís Afonso, Martha Oliveira, Maurício Paiva, Milton Ozório, Neio
Boéchat, Patrícia Lago, Phillip Suffys, Rosane Barbosa, Rosane Telles, Rose Telles e
Walcemir Filho).
A Teresa Gouda pela paciência, bom humor e ajuda nos dias difíceis da burocracia
acadêmica.
Aos meu amigos da Divisão de Medicina Internacional e Doença Infecciosas da
Universidade Cornell de Nova York e a alguns outros especiais (Omar, Richard, Carioca,
Rodrigo, Paul, Janaína Saad, Jee, Luís, Tofol, Pedro, Gladys, Sergio, Ron, Hong-Xia, Bea,
vi
Maria Quintas, Andrea, Richard Huard e a todos do Dynamo de Nova York) que tornaram
bastante agradáveis os dias longe de casa.
À minha prima Karla Dias, Alexandre Maffini, e a futura Sarah pela companhia em
Connecticut com um toque bem brasileiro. Vocês aliviaram o peso da distância familiar...
À Gisele Pequeno pelo apoio, incentivo além das longas noites de conversa e a intensa
divisão que se tornaram uma alavanca muito grande para a finalização desta tese. Devo muito
a você!
Especial agradecimento à minha grande família por todo o pensamento positivo em
particular a Arnaldo Marques, Claudia Kapps, Cláudio Ventura, Francisco da Costa, Gabriel
Rodrigues, Luciano Lucena, Marilia Kapps, Mirian Dias, Nelma Cyrino.
E a tudo e todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste
trabalho.
Ao suporte dos projetos Millenium Institute of Science, PRONEX/CNPq, Fogarty NIH
D43 TW000018-16S, NIH, RO1 HL61960, R21 AI063147 e R21 AI62332 e FAPERJ-
Aluno Nota Dez.
vii
E não me esquecer, ao começar o trabalho, de me preparar
para errar. Não esquecer que o erro muitas vezes se havia
tornado o meu caminho. Todas as vezes que não dava certo o
que eu pensava ou sentia, é que se fazia enfim uma brecha, e, se
antes eu tivesse tido coragem, já teria entrado por ela. Mas eu
sempre tivera medo do delírio e erro. Meu erro, no entanto,
devia ser o caminho de uma verdade: pois só quando erro é que
saio do que conheço e do que entendo. Se a 'verdade' fosse
aquilo que posso entender, terminaria sendo apenas uma
verdade pequena, do meu tamanho.
Palavras de Clarice Lispector registradas por Affonso Romano
de Sant'Anna no ensaio O ritual epifânico do texto em “Que
fazer de Ezra Pound?”.
viii
Lista de Figuras
FIGURA 1: ESTIMATIVA DE NOVOS CASOS, 2005 ___________________________________ 11
F
IGURA 2: MODELO DE AÇÃO DE IRAK _________________________________________ 58
F
IGURA 3: MODELO DE AÇÃO DE SOCS _________________________________________ 60
FIGURA 4: MODELO DE AÇÃO DE NEMO ________________________________________ 65
F
IGURA 5: RELAÇÃO DE GENES ANALISADOS POR RT-PCR __________________________ 87
FIGURA 6: CURVAS PADRÃO PARA DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE AMPLIFICAÇÃO POR
RT_PCR ________________________________________________________ 88
FIGURA 7: AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DOS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS PULMONARES EM
PACIENTES COM
TB ATIVA, OUTRAS PNEUMOPATIAS (OLD) E VOLUNTÁRIOS
SAUDÁVEIS
(HCW) ANTES DO INÍCIO DO TRATAMENTO ANTI-TB _____________ 97
F
IGURA 8: AVALIAÇÃO DOS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS PULMONARES NO MOMENTO DO
DIAGNÓSTICO
(0) E DURANTE O TRATAMENTO ANTI-TB (15, 30, 60 E 180 DIAS) __ 99
F
IGURA 9: VARIAÇÕES DA EXPRESSÃO DE RNAM DOS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS NOS
PACIENTES COM
TB ATIVA DURANTE O TRATAMENTO ANTI-TB _____________ 101
F
IGURA 10: EXPRESSÃO DE RNAM DE MEDIADORES IMUNOLÓGICOS DURANTE A RESPOSTA EM
MONÓCITOS IN VITRO INFECTADOS PELO
M. TUBERCULOSIS H37RV ___________ 109
F
IGURA 11: EXPRESSÃO DE RNAM DE MEDIADORES IMUNOLÓGICOS DURANTEA RESPOSTA DE
PBMC IN VITRO INFECTADAS PELO M. TUBERCULOSIS H37RV _______________ 110
F
IGURA 12: NÍVEIS DE MEDIADORES IMUNOLÓGICOS DURANTE A RESPOSTA DE PBMCS IN VITRO
INFECTADOS PELO
M. TUBERCULOSIS H37RV POR ELISA __________________ 112
F
IGURA 13: MODELO ILUSTRATIVO DA MODULAÇÃO IMUNOLÓGICA NEGATIVA NO PULMÃO
ASSOCIADA COM A
TB ATIVA _______________________________________ 117
F
IGURA 14: CLONAGEM E DIGESTÃO DOS GENES GLCB E MPT-51 DE M.TB _____________ 131
F
IGURA 15: BLOTS DE HIBRIDAÇÃO DOS DIFERENTES CLUSTERS DE M.TB (IS6110)
COMPARAÇÃO COM A PRESENÇA DO GENE
MPT-51 DE M.TB ________________ 131
F
IGURA 16: BLOTS DE HIBRIDAÇÃO DOS DIFERENTES CLUSTERS DE M.TB E COMPARAÇÃO COM A
PRESENÇA DO GENE
GLCB DE M.TB ___________________________________ 132
ix
Lista de Tabelas
TABELA 1: ESQUEMAS DE TRATAMENTO PRECONIZADOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE _____ 17
T
ABELA 2: PRIMERS UTILIZADOS NAS ANÁLISES POR RT-PCR ________________________ 85
TABELA 3: DADOS DEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E LABORATORIAIS DE TODOS OS INDIVÍDUOS
ENVOLVIDOS NO ESTUDO NO MOMENTO DO DIAGNÓSTICO
___________________ 94
T
ABELA 4: COMPARAÇÃO DOS GRUPOS L, M E H DOS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS POR
MÚLTIPLOS TESTES ESTATÍSTICOS
___________________ _________________ 103
TABELA 5: COMPARAÇÃO DOS MEDIADORES EXPRESSOS EM CASOS DE TB DURANTE O
TRATAMENTO ANTI
-TB COM A EXPRESSÃO EM CONTROLES SAUDÁVEIS HCW E
PORTADORES DE OUTRAS PNEUMOPATIAS
OLD__________________________ 105
TABELA 6: ASPECTOS CLÍNICOS E A CORRELAÇÃO COM OS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS EM
PACIENTES COM TB ATIVA__________________________________________ 107
x
Resumo
Almeida, Alexandre Silva de. Aspectos supressivos da resposta imune em portadores de
tuberculose ativa. Rio de Janeiro, 2008. Tese de Doutorado (Doutorado em Ciências).
UFRJ / Faculdade de Medicina, 2008.
RACIONAL: A Tuberculose (TB) é uma das principais doenças infecciosas que assolam a
humanidade. O Brasil ocupa a 15 posição entre os 22 países com 80% dos casos de TB em
todo o mundo. A infecção por Mycobacterium tuberculosis (M. tb) resulta numa resposta
imune complexa que pode controlar todo o processo infeccioso ou permitir o progresso da
tuberculose latente para a doença ativa. A interação entre células pulmonares, e os mediadores
pró e anti-inflamatórios durante a infecção já foi descrita em inúmeras publicações nas
últimas décadas. Entretanto, pouco se sabe sobre aspectos da imunologia no envolvimento de
células pulmonares humanas durante a infecção primária e a TB ativa. METODOLOGIA:
Usando a reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR), a expressão do RNAm
para GAPDH e para 17 genes envolvidos na regulação da resposta imune (TNFα, IL-10, IL-
12p35 & p40, IFNγ, TGFβ-RI & RII, IL-1Rn, CD80, CD86, SOCS3, SOCS1, TLR2, IRAK-
M, NEMO, IDO e IL-23) foi estudada em 30 portadores de TB, 11 portadores de outras
pneumopatias (OLD) e 16 voluntários saudáveis (HCW) antes e após o início da
quimioterapia (Rx) para TB. Amostras de células pulmonares foram coletadas através do
escarro induzido. RESULTADOS: antes do tratamento houve predominância da expressão
das seguintes citocinas anti-inflamatórias, inflamatórias, receptores e genes reguladores de
supressão da resposta imune em TB: IFNγ, IL-12p35, IL-12p40, TLR2, IRAK-M, IL-1Rn,
TGFβRI e TGFβRII, IDO, IL-10, SOCS3 e SOCS1, comparados a OLD e HCW (p<0.05,
Kruskal-Wallis). Dos mediadores imunológicos avaliados a partir de 15° dia de tratamento,
mantiveram-se com expressão significativa ao final do tratamento SOCS1, SOCS3, TLR2,
IRAK-M, IL-12p35, IL-12p40, NEMO e IFNγ, quando comparados aos grupos controles.
CONCLUSÕES: antes do tratamento, a expressão de citocinas inflamatórias e o grau de
ativação das células presentes no meio pulmonar são contrabalançados pela expressão de
fatores desativadores, os quais podem estar envolvidos na supressão da resposta imune,
resultando na TB ativa. Associado a isto, após início do tratamento a redução da carga bacilar,
citocinas anti-inflamatórias, receptores e outros fatores (IL-10, TGFβ-RI, TGFβ-RII, NEMO,
TLR2, IDO, PPARγ) e genes regulatórios supressivos (SOCS1, SOCS3) aumentam sua
expressão. Isto pode contribuir para a contenção da inflamação pulmonar excessiva, limitando
xi
o dano tecidual. Alternativamente, pode facilitar a recidiva da tuberculose em pacientes
suscetíveis.
xiii
Abstract
Almeida, Alexandre Silva de. Suppressive aspects from the host immune response in
active TB patients. Rio de Janeiro, 2008. Graduation in Science. Medical College from
Federal University of Rio de Janeiro, 2008.
RATIONALE: Tuberculosis (TB) is one of the most important contagious diseases. Brazil is
included among the 22 countries with 80% of cases of TB around the world. Infection with
Mycobacterium tuberculosis (M. tb) results in a complex immune response that could control all
the process or progress from latent infection to active disease. A complex interaction among
lung cells, pro and anti-inflammatory mediators during the period of M tb infection has been
published in the last decades. Thereafter, there is scarce data on immune events that indeed
occur in the “milieu” of the lung at the earlier phases of the disease and cytokine pattern
expressed in the human lungs during active TB is still matter of debate. METHODS: Using RT-
PCR, expression of mRNA for GAPDH and for 18 genes involved in immune regulation
(TNFα, IL-10, IL-12p35 & p40, IFNγ, TGFβ-RI & RII, IL-1Rn, CD80, CD86, SOCS3, SOCS1,
TLR2, IRAK-M, NEMO, IDO and IL-23) was studied in 30 Tb patients,11 Other Lung Disease
(OLD) and 16 Healthy Care Workers (HCW) before and after initiation of chemotherapy (Rx)
for TB. Lung cells were recovered by induced sputum. RESULTS: Prior to Rx there is a
predominance of expression of some anti-inflammatory, inflammatory cytokines, signal
transductions proteins, receptors and suppressive regulatory immune genes with p<0.05 by
kruskal-Wallis analysis (IFNγ, IL-12p35, IL-12p40, TLR2, IRAK-M, IL-1Rn, TGFβRI and
TGFβRII, IDO, IL-10, SOCs3 and SOCs1) compared with OLD and HCW. CONCLUSIONS:
Our results are in line with the idea that before therapy the expression of inflammatory
cytokines and the degree of cell activation present in the pulmonary “milieu” is counter-
balanced by a relevant expression of deactivating factors. They could be involved in the
suppression of immune response resulting in active TB. In addition, after starting Rx - and
induction of bacilli clearance, anti-inflammatory cytokines, cytokines receptors and other
factors (IL-10, TGFβ-RI, TGFβ-RII, NEMO, TLR2, IDO, and PPARγ) and suppressive
regulatory genes (SOCS1, SOCS3) were differentially increased. This may contribute to
containment of excessive lung inflammation thus limiting tissue damage. Alternatively, it may
facilitate clinical TB relapse in susceptible patients.
xiv
Lista de Abreviaturas
aa - aminoácidos
AIDS - Síndrome da imunodeficiência adquirida
APC - Células apresentadoras de antígeno
ATP - Adenosina tri-fosfato
BAAR - bacilo álcool-ácido resistente
BAL -Lavado broncoalveolar
BCG - bacilo Calmette-Guérin
BK – Bacilo de Koch
CD - Cluster of differentiation
CEP - Comitê de ética em pesquisa
CF - Filtrado de cultura
CFP - Proteína do filtrado de cultura
CMI - Imunidade mediada por célula
DC - Células dendríticas
dl - decilitro
DNA - Ácido desoxirribonucleico
DNAc - DNA complementar
DOTS - Tratamento diretamente observado de curta duração
DTT - Ditiotreitol
EA - Escarro espontâneo
EI - Escarro induzido
GlcB- Malato sintetase
HCW – Trabalhadores de saúde
HIV - Vírus da imunodeficiência humana
HLA – Antígenos leucocitários humanos
HNTB - O Estudo da história natural da tuberculose
HUCFF - Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
ICAM -1 - moléculas de adesão intercelular tipo I
IDO - Indoleamina-pirrol 2,3 dioxigenase
IDT - Instituto de Doenças do Tórax
IFNγ- interferon gama
IL - Interleucina
INH - Isoniazida
Ipr1 – Gene de resistência a patógeno intracelular 1
IRAK-M -Quinase 3 associada ao receptor de interleucina 1
JAK - Janus quinase
KatG - catalase peroxidase
Kd - Quilobase
kDa - Quilodalton
Ko - Knockout
L. monocytoigenes - Listeria monocytogenes
LAM - Lipoarabinomanana
LBP – Proteína ligante de LPS
LPS - lipopolissacarídeos
LRG - IFN-inducible p47GTPase
M. tb - Mycobacterium tuberculosis
mAb – Anticorpo Monoclonal
MAPK - Mitogen-activated protein kinase
MDR – multidroga-resistência
Mf - Monócitos
mg - miligrama
MHC – Complexo de Histocompatibilidade Principal
min - minuto
MOTT - Micobactérias não tuberculosas
MPT-51 - Proteína de ligação a fibronectina C, 85C.
MTC - Complexo Mycobacterium tuberculosis
MyD88 – Gene de resposta primária de diferenciação mielóide (88)
xv
NEMO - IKBKG inhibitor of kappa light polypeptide gene enhancer in B-cells, kinase gamma
NFkB – fator nuclear kappa B
NK - Natural killers
nm - Nanômetros
NOS - Óxido nítrico sintase
NRAMP - natural resistance-associated macrophage protein 1
OMS - Organização Mundial de Saúde
OLD – Outras pneumopatias
PAMP – Padrões moleculares de associação a patógenos
PBMC – Células mononucleares de sangue periférico
PBS – Salina tamponada por fosfato, Phosphate buffered saline
PCTH - Programa de Controle da Tuberculose Hospitalar
pH - Concentração de íons de hidrogênio
PIB Produto interno bruto
PIM - Fosfatidilinositol manosideo
PMN -Células polimorfonucleares
PPD – derivado protéico purificado
PZA - Pirazinamida
RIF - Rifampicina
RNA -Ácido ribonucléico
RNAm -Ácido ribonucléico mensageiro
RNI - Radicais intermediários de nitrogênio
RPM - Rotações por minuto
RT-PCR – Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real
SINAM/ MS - Sistema de Informação de Agravos de Notificação da Vigilância Sanitária - Ministério da Saúde
SOCS - Supressor de sinalização de citocinas
SodA - Superóxido dismutase
SP110b - Interferon-induced protein 41, 30kD
sst1 – Gene de Super-susceptibilidade a Tuberculose 1
STAT – Sinal tradutor e ativador de transcrição
TAE - Tris acetato EDTA
TB - Tuberculose
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TCR - T cell receptor
TGFβ - Fator transformador de crescimento
TGFβ -RI - receptor I do Fator transformador de crescimento
TGFβ - RII - receptor II do Fator transformador de crescimento
Th1 - Células T helper tipo 1
TLR – Receptores tipo Toll
TMB - 3,3’,5,5’-Tetrametilbenzidina
TNFα- Fator de necrose tumoral - alfa
TNFR- Receptor para o fator de necrose tumoral
Treg - Células T reguladoras
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
UTR – Região não transcrita
WT – Tipo selvagem
°C - Grau Celsius
µl - Microlitro
xvi
Sumário
1.0 INTRODUÇÃO ___________________________________________________________1
2.0 R
EVISÃO DA LITERATURA _________________________________________________6
2.1 T
UBERCULOSE: ASPECTOS GERAIS E ELEMENTOS HISTÓRICOS ______________ 6
2.2 E
PIDEMIOLOGIA DA TUBERCULOSE ___________________________________ 9
2.3 O
MYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS E A PATOGÊNESE DA DOENÇA___________ 11
2.3.1 O ESQUEMA DE TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO A TUBERCULOSE E
OUTROS ASPECTOS
_________________________________________ 15
2.3.2 P
REDISPOSIÇÃO GENÉTICA E EXPRESSÃO GÊNICA NO HOSPEDEIRO
HUMANO ________________________________________________ 19
2.3.3 A
IMUNOPATOGENIA DA TUBERCULOSE E A IMUNIDADE INATA ______ 21
2.3.4 O
GRANULOMA ___________________________________________ 26
2.3.5 I
MUNIDADE ADAPTATIVA OU ADQUIRIDA NA TUBERCULOSE ________ 28
2.3.6 C
ÉLULAS T REGULATÓRIAS CD4+CD25+ NA RESPOSTA IMUNE
ADAPTATIVA _____________________________________________ 33
2.3.7 C
ÉLULAS T γδ ____________________________________________ 34
2.3.8 C
ÉLULAS T CD1+ _________________________________________ 36
2.3.9 I
MUNIDADE ADQUIRIDA HUMORAL E PROTEÍNAS DO M. TB __________ 37
2.4 A
PARTICIPAÇÃO DAS CITOCINAS E OUTROS FATORES MOLECULARES NA
RESPOSTA IMUNE À TUBERCULOSE __________________________________ 40
2.4.1 IFNγ ____________________________________________________ 40
2.4.2 TNFα___________________________________________________ 42
2.4.3 IL-12
P35 E IL-12P40 _______________________________________ 44
2.4.4 IL-23
P19 ________________________________________________ 46
2.4.5 IL-10 ___________________________________________________ 48
2.4.6 R
ECEPTORES _____________________________________________ 50
2.4.6.1 TGFβ-RI
E TGFβ-RII _____________________________ 50
2.4.6.2 CD-80 e CD-86 __________________________________ 52
2.4.6.3 IL-1Rn _________________________________________ 54
2.4.6.4 TLR-2 _________________________________________ 56
2.4.7 M
EDIADORES INTRACELULARES, IMUNOSSUPRESSORES E ENZIMA ____ 58
2.4.7.1 IRAK-M _______________________________________ 58
2.4.7.2 SOCS1
E SOCS3 _________________________________ 60
2.4.7.3 IDO ___________________________________________ 63
2.4.7.4 NEMO _________________________________________ 64
2.5 A
RESPOSTA IMUNE COMPARTIMENTALIZADA NO PULMÃO________________ 66
3.0 H
IPÓTESE____________________________________________________________ 70
4.0 O
BJETIVOS GERAL _____________________________________________________ 70
4.1 O
BJETIVOS ESPECÍFICOS __________________________________________ 70
xvii
5.0 M
ATERIAL E MÉTODOS _________________________________________________ 72
5.1 D
ESENHO DO ESTUDO ____________________________________________ 72
5.2 C
RITÉRIOS DE INCLUSÃO __________________________________________ 72
5.3 C
RITÉRIOS DE EXCLUSÃO _________________________________________ 73
5.4 T
AMANHO AMOSTRAL ____________________________________________ 73
5.5 A
SPECTOS ÉTICOS _______________________________________________ 73
5.6 Q
UESTIONÁRIO PADRONIZADO _____________________________________ 74
5.7 PA
CIENTES ENVOLVIDOS NO ESTUDO ________________________________ 75
5.8 I
NDUÇÃO DO ESCARRO ___________________________________________ 76
5.9 M
ANIPULAÇÃO DO ESCARRO _______________________________________ 77
5.10 S
EPARAÇÃO DO MATERIAL:________________________________________ 77
5.11 C
OLORAÇÃO ___________________________________________________ 80
5.12 O
BTENÇÃO DE CÉLULAS MONONUCLEARES DE SANGUE PERIFÉRICO E MONÓCITOS
_____________________________________________________________ 81
5.13 E
STÍMULO MYCOBACTERIANO E ELISA ______________________________ 82
5.14 I
SOLAMENTO DO RNA TOTAL E SÍNTESE DE DNA COMPLEMENTAR _________ 83
5.15 I
NICIADORES OU PRIMERS:_________________________________________ 84
5.16 R
EAL TIME PCR ________________________________________________ 86
5.17 E
FICIÊNCIA DE QUANTIFICAÇÃO DOS GENES ALVOS _____________________ 87
5.18 C
URVAS PADRÃO________________________________________________ 87
5.19 A
NÁLISE ESTATÍSTICA____________________________________________ 89
6.0 R
ESULTADOS _________________________________________________________ 91
6.1 D
ADOS DEMOGRÁFICOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS____________________ 91
6.2 E
XPRESSÃO DE MEDIADORES IMUNOLÓGICOS EM CÉLULAS PULMONARES NO
MOMENTO DO DIAGNÓSTICO
_______________________________________ 95
6.3 E
XPRESSÃO DE MEDIADORES IMUNOLÓGICOS EM CÉLULAS PULMONARES DE
PORTADORES DE
TB AO LONGO DO TRATAMENTO _______________________ 98
6.4 E
VOLUÇÃO TEMPORAL DOS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS EXPRESSOS POR CÉLULAS
PULMONARES DE PORTADORES DE
TB CORRIGIDOS PELA EXPRESSÃO INICIAL
(TEMPO ZERO) _________________________________________________ 100
6.5 A
NÁLISE ESTATÍSTICA DOS MEDIADORES IMUNOLÓGICOS EM TB AO LONGO DO
TRATAMENTO COMPARADA A EXPRESSÃO INICIAL EM
OLD E HCW ________ 102
6.6 C
OMPARAÇÃO DOS MEDIADORES EXPRESSOS EM CASOS DE TB DURANTE O
TRATAMENTO COMPARADA A EXPRESSÃO INICIAL EM
OLD E HCW ________ 104
6.7 C
ORRELAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA COM CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS EM
PORTADORES DE
TB_____________________________________________ 107
6.8 E
XPRESSÃO DE MEDIADORES PNEUMOLÓGICOS EM CÉLULAS DO SANGUE
PERIFÉRICO
(PBMC) ESTIMULADAS IN VITRO POR ANTÍGENOS DO “M.TB _ 108
7.0 D
ISCUSSÃO _________________________________________________________ 113
8.0 C
ONCLUSÕES ________________________________________________________ 128
9.0 P
ERSPECTIVAS E LIMITAÇÕES DO ESTUDO__________________________________ 129
10.0 R
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________ 133
11.0 A
NEXOS ____________________________________________________________ 154
11.1 A
NEXO 1 APROVAÇÃO ORIGINAL DO PROJETO PELO CEP FM/HUCFF ______ 155
xviii
11.2 A
NEXO 2 ULTIMA APROVAÇÃO DO PROJETO PELO CEP FM/HUCFF _______ 156
11.3 A
NEXO 3 APROVAÇÃO ORIGINAL DO PROJETO PELO IRB WMCCU_________ 157
11.4 A
NEXO 4 ULTIMA APROVAÇÃO DO PROJETO PELO IRB WMCCU __________ 159
11.5 A
NEXO 5 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) _____ 160
11.6 A
NEXO 6 QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA ____________________________ 162
11.7 A
NEXO 7 ARTIGO SUBMETIDO À AVALIAÇÃO DA REVISTA J EXP MED ______ 179
11.8 A
NEXO 8 ARTIGO NO PRELO- PEDIATRICS_____________________________ 216
11.9 A
NEXO 9 ARTIGO PUBLICADO- BRAZ J MED BIOL RES ____________________ 227
Introdução 1
1.0 Introdução
A tuberculose é uma das enfermidades mais antigas e conhecidas do mundo e
representa um problema de saúde pública segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
sendo considerada, como uma enfermidade reemergente, desde 1993. Os principais fatores
que contribuem para a manutenção e agravamento do problema são a persistência da pobreza
em nossa sociedade e a ocorrência da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (em inglês
AIDS) nos grandes centros. O aumento da ocorrência da resistência a múltiplas drogas
(MDR) é outro fator agravante. Cerca de 1,2 bilhões de pessoas no mundo vivem abaixo do
limiar da pobreza absoluta (< 1,00 US$ /dia) e os países de baixo e médio/baixo rendimento
econômico (PIB per capita US$ ao ano < 2995,00 – segundo conceito do Banco Mundial)
concentram mais de 95% dos casos de óbtio por tuberculose. As nações de baixos recursos
econômicos (PIB per capita US$ ao ano < 755,00) acolhem 65% dos casos de tuberculose
ativa e 71% de óbitos sendo que aproximadamente 42% da população mundial vivem nessas
nações. A tuberculose (TB) é a doença pragmática da pobreza, sendo amplamente
reconhecido que os mais pobres são os que mais se infectam e desenvolvem a doença ativa.
Associado a isto, o impacto econômico da tuberculose é dramático nos países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, no qual se insere o Brasil, o qual apresenta uma
média anual de 90-95 mil casos novos e re-tratados de TB em todo o país (WHO 2007). A
implementação de medidas de intervenção sob o controle operacional da OMS e com o apoio
direto do Banco Mundial, incluem a estratégia do programa denominado de Estratégia de
Tratamento Supervisionado da Tuberculose (DOTS em inglês) para o controle a TB; além da
colaboração associada entre programas TB x HIV na prevenção do HIV e controle da TB, a
investigação e desenvolvimento de novas vacinas anti-TB, testes diagnósticos e
medicamentos específicos (Assessoria de Pneumologia Sanitária, 2005; Programa Nacional
de Controle da Tuberculose 2007; (World Health Organization (WHO) Report, 2007).
Introdução 2
Um segundo aspecto está associado à resposta imune do hospedeiro frente ao
Mycobacterium tuberculosis (M. tb) com a regulação de moléculas imunes que influenciam o
curso da doença no seu hospedeiro natural, o homem. Uma vez infectado, um amplo arsenal
de defesa incluindo barreiras inatas da resposta imune, dá seqüência a uma elaborada ativação
específica da resposta imune adaptativa que entra em ação contrapondo-se ao M. tb. Em
linhas gerais, a resposta adaptativa é provida por células T CD4
+
e CD8
+
reguladas por
citocinas e outros mediadores imunológicos, assim como pela produção de anticorpos
específicos, suficientes para eliminar ou conter a progressão da doença ativa (Salgame 2005;
Rook et al. 2005). Conseqüentemente, cerca de 70% dos indivíduos expostos ao bacilo
contêm a infecção na porta de entrada. Dos 30% que desenvolvem a infecção latente, a
imensa maioria não apresenta qualquer conseqüência clínica, e cerca de 10% dos indivíduos
infectados desenvolvem a doença ativa. Segundo a OMS, um terço da população mundial, ou
seja, dois bilhões de pessoas, tem infecção latente por tuberculose (WHO – Report 2007). Os
indivíduos com TB latente representam um reservatório da doença, de onde posteriormente
uma fração desenvolverá a forma ativa. A progressão silenciosa acobertada pelo estado de
latência da TB representa um empecilho estratégico no combate e controle da tuberculose
neste grupo de indivíduos em escala mundial. Complementa-se a isto os diferentes estágios de
progressão da doença, incluindo a já descrita latência e a reativação do Mycobacterium e a
própria doença ativa. Aparentemente, estes estágios de progressão podem estar conectados
primariamente pela presença do M. tb ou pela resposta imune local do pulmão no hospedeiro
humano (Kaufmann et al. 2005). Conseqüentemente, pode haver uma correlação entre ambos
os fatores, resposta imune do hospedeiro e virulência do patógeno, na determinação dos
desfechos do processo infeccioso desencadeado pelo M. tb.
Os estágios de imunodeficiência são os principais fatores de predisposição à
tuberculose, sendo o HIV é um dos principais fatores de risco de progressão da TB ativa em
Introdução 3
adultos (Frieden et al. 2003). Contudo, independentemente da infecção pelo HIV ou da
presença de outros fatores que induzem imunodeficiência, há um estado de deficiência
relativa da resposta imunitária que se caracteriza pela inibição da proliferação de linfócitos T
e pela redução da produção de IL-2 na TB (Ellner 1978; Toosi et al. 1986). Em alguns casos a
anergia tuberculínica é vista em pacientes com TB ativa frente ao teste cutâneo ao PPD
(Ellner 1978; Toosi et al. 1986). Alguns trabalhos tem revisto os aspectos da imunossupressão
na tuberculose, já que uma possível debilidade imunológica do hospedeiro poderia determinar
a viabilidade do M. tb tornar-se metabolicamente predisposto à ativação. Flynn & Chan
(2005) descrevem amplamente os aspectos da regulação do TNFα na formação e manutenção
do granuloma como estrutura de contenção do M. tb e a influência de antígenos do M. tb na
expressão de TNFα como preditor da queda do estado de latência e reativação da doença.
Ainda neste contexto associa-se a presença de células T
reg
CD4
+
CD25
+
Foxp3
+
que contribuem
para a supressão da resposta imune em pacientes ao M. tb pela inibição de IFNγ em células da
PBMC (Chen et al. 2007); condições médicas que comprometam o sistema imune como
diabetes melitus, insuficiência renal, terapia com corticosteróide, má nutrição, deficiência de
vitamina D e A; assim como defeitos na produção de IFNγ, TNFα ou no receptor para IFNγ
estão relacionados à tuberculose. Rook et al. 2005 abordam aspectos da natureza da resposta
imune frente a TB que efetivamente envolvem a resposta celular Th-1 em populações de
países em desenvolvimento na latitude 30° na linha do Equador. Entretanto, há indícios de
que a proteção não está diretamente associada ao tamanho da resposta mas sim à ineficiência
da vacinação pelo BCG, co-infecção, principalmente pelo HIV ou helmínticas, e a produção
paralela de IL-4 e IL-5 associada a estes processos (Rook et al. 2005). A deficiência na
eliminação do M. tb, segundo Toosi & Ellner, 1998, pode estar associada a uma excessiva
secreção de citocinas anti-inflamatórias nos sítios da infecção tuberculosa. Diante deste
cenário, o M. tb poderá determinar a transição da infecção e o estabelecimento da doença
Introdução 4
ativa. Entretanto, o tratamento anti-TB é capaz de reverter este quadro nos pacientes com seis
meses de terapia padrão na eliminação da carga bacilar, com resolução da infecção (Dieli et
al. 2000).
A maioria dos estudos realizados nos últimos anos sobre a patogenia da tuberculose
utilizou modelos animais que, embora muito úteis para a determinação dos fenômenos
biológicos de interação parasito-hospedeiro, nem sempre refletem com precisão o
desenvolvimento da infecção pelo M. tb no seu hospedeiro natural: o homem. Os estudos de
patogenia da tuberculose no homem, e principalmente a detecção de antígenos
micobacterianos tem sido realizados, em geral, através de estudos in vitro com o emprego de
células do sangue periférico (Sable et al. 2007; Schwander et al. 1998; de Jong et al. 1998).
Sabe-se, no entanto, que o sistema imune apresenta características que sugerem
compartimentalização, também na tuberculose (Schwander et al. 2000), daí o fato da
necessidade de um estudo no local da infecção para TB. O padrão ouro para o estudo do
compartimento pulmonar é o lavado broncoalveolar (BAL). Vários grupos, inclusive o nosso,
lançaram mão do método para investigação de questões ligadas à patogenia da tuberculose
(Nicholson et al. 1996; Bonecini-Almeida et al. 2004; Grassi et al. 2006; Ulrichs et al. 2005).
Neste âmbito, iniciamos em nosso grupo um projeto denominado “O Estudo da
História Natural da Tuberculose” (HNTB) e utilizamos o BAL como método para avaliação
de vários aspectos da resposta imune local no pulmão de pacientes com TB ativa (Nicholson
et al. 1996; Lapa e Silva et al. 1996; Bonecini-Almeida 1998 e Bonecini-Almeida et al.
2004). Com este modelo pudemos demonstrar resultados significativos envolvendo a
expressão local dos imunossupressores IL-10 e TGFβ, assim como a co-expressão dos
receptores TGFβRI e RII, atuando como moduladores negativos da resposta anti-TB em
pacientes com tuberculose ativa, se comparado a pacientes com outras pneumopatias ou
controles saudáveis. Em paralelo, foi detectada a expressão de IFNγ e IL-2 nos pacientes com
Introdução 5
TB ativa e pacientes com outras pneumopatias. Concluímos que não seria uma ausência na
sinalização da resposta imune a causa do desenvolvimento da TB ativa, mas a persistência da
resposta imune negativa no sítio da infecção concomitante à resposta imune protetora.
Paralelo a isto vimos a necessidade de estabelecimento de estudos longitudinais, que nos
levou a optar pelo uso de outro método para acesso ao compartimento pulmonar em
portadores de TB, o escarro induzido (EI). Este tipo de amostra é obtida por um processo
menos invasivo, com maior custo-benefício, e uma maior sensibilidade para o diagnóstico da
TB através de baciloscopia (Conde et al. 2000; Conde et al. 2003), bem como para a detecção
de marcadores imunológicos durante o tratamento anti-TB (Ribeiro-Rodrigues et al. 2002).
Utilizando este tipode amostras a presença de uma proteína secretada pelo M. tb, CFP32 e sua
correlação com os níveis de IL-10 (Huard et al. 2003a).
Neste estudo damos seqüência ao trabalho anterior utilizando o escarro induzido (EI),
como ferramenta e acompanhamos pacientes portadores de tuberculose em estudo
longitudinal, antes, durante e ao final do tratamento anti-TB. Esta metodologia possibilitou o
acompanhamento da resposta imunológica paralelamente ao tratamento anti-TB.
Revisão da Literatura 6
2.0 Revisão da literatura:
2.1 Tuberculose: aspectos gerais e elementos históricos
A tuberculose humana (TB) é uma doença infecciosa crônica causada principalmente
pelo Mycobacterium tuberculosis, uma bactéria aeróbica patogênica que estabelece a sua
infecção usualmente nos pulmões. Dados da literatura afirmam que o M. tb mata mais
indivíduos que qualquer outro agente infeccioso (Frieden 2003). Em 2006, Daniel et al.
(2006) revendo alguns aspectos históricos, verificaram a existência de uma antiga hipótese
que sugeria que o gênero Mycobacterium teria sido originado há mais de 150 milhões de anos,
ainda no período jurássico, devido à peculiaridades de distribuição geográfica e habitat da
espécie Mycobacterium ulcerans. Segundo Gutierrez et al. (2005) o ancestral progenitor do
M. tuberculosis esteve presente no leste africano há aproximadamente 3 milhões de anos
infectando hominídeos já naquele período. No entanto, outros membros modernos do
complexo M. tuberculosis, como Mycobacterium africanum e Mycobacterium canetti assim
como o Mycobacterium bovis, apresentam um ancestral comum cerca de 15 a 35.000 anos
atrás (Kapur et al. 1994; Brosch et al. 2002).
Assim como no Egito, evidências arqueológicas primárias de tuberculose também
foram documentas em múmias achadas na América. Evidências obtidas através de tipagem
molecular demonstraram a presença do M. tb em tecidos de múmias egípcias de mais de 5.000
anos, as quais apresentavam anormalidades e deformidades da doença em sua forma óssea,
incluindo as características de deformidade de Pott (Ducati et al. 2006). Outras evidências
históricas sugerem que a primeira descrição da doença consta de textos provenientes da Índia,
China e particularmente da Grécia antiga, na qual a tuberculose pulmonar já era conhecida,
sendo referida nos tempos de Hipócrates, como tísica (do grego “phthisikos”, ou seja, que traz
consumpção) (Kritski et al. 2000; Daniel 2006). Hipócrates descreveu ainda em seus
aforismas uma maior incidência da doença ativa em jovens no início da fase adulta, conforme
Revisão da Literatura 7
revisto por Daniel (2006):
“Phthisis faz o seu ataque principalmente entre a idade de 18 e 35 anos de idade”.
A TB foi responsável por milhões de mortes humanas no passado, quando não havia
métodos para tratamento clínico adequado para pacientes infectados, segundo dados históricos
revisto por Ducati et al. (2006). Na segunda metade do século XVII a doença atingiu índices
alarmantes de morte na Europa e prevaleceu assim até a o final do século XIX, e início do
século XX, sendo conhecida como a peste branca. As primeiras especulações com bases
científicas sobre a transmissão da TB foram propostas em 1722 pelo médico britânico
Benjamim Marten, que sugeriu que a tuberculose deveria ser transmitida através da respiração
de um indivíduo doente para um indivíduo sadio através do processo de inalação. Em 1819, o
francês René Laennec, o inventor do estetoscópio e vítima da doença, determinou pela
primeira vez que o “tubérculo” (granuloma) estava presente em todas as manifestações da
doença. Quando a TB tornou-se completamente estabelecida em todas classes sociais na
Europa, afligindo desde as camadas sociais mais desfavorecidas até a realeza do continente na
segunda metade do século XIX, esta foi romantizada e representada em quadros e pinturas
com típicos sintomas apresentando faces pálidas e finas dos infectados, tornando-se um sinal
de beleza de época.
Em 1865, o cirurgião militar Jean-Antoine Villemin demonstrou formalmente que TB
é uma doença contagiosa; seus experimentos puderam ser efetivamente reproduzidos em
coelhos. No entanto seus achados foram ignorados por seus contemporâneos por um longo
tempo. Em 1882, Carlos Forlanini, da Itália, criou a colapsoterapia médica pelo pneumotórax
artificial que disseminou-se amplamente por todos os países, constituindo-se num tratamento
com algum sucesso e presente até o início da década de 1950, quando surgiram as drogas anti-
tuberculosas (Rosemberg et al. 1999). Um dos mais importantes trabalhos em tuberculose de
todos os tempos foi apresentado em 24 de março de 1882 por Hermann Heinrich Robert
Revisão da Literatura 8
Koch. Koch fez a sua famosa apresentação, Die Aetiologie der tuberculose, para a “Berlin
Physiological Society”, aonde descreveu o isolamento do M. tb de tubérculos macerados
(Apud - Daniel 2006). Em seu trabalho experimental o cientista isolou, identificou, cultivou a
bactéria em meio de cultura in vitro, designando a mesma como agente etiológico da TB e
apresentando os postulados de Koch-Henle, a saber:
A) Isolamento do organismo patogênico da lesão produzida pela enfermidade.
B) Propagação deste em meio de cultura in vitro.
C) A inoculação do agente etiológico é capaz de reproduzir a doença em cobaias.
D) Re-isolamento do agente etiológico proveniente das cobaias.
As contribuições de Koch para a bacteriologia foram muitas e em 1905 foi agraciado
com o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia pela sua elucidação da etiologia da tuberculose.
Descobriu ainda a tuberculina em 1890 e posteriormente documentou sua utilidade para o
diagnóstico da TB. O teste tuberculínico de pele descrito por ele, já neste período, tornou-se o
principal ferramenta para o diagnóstico da infecção por TB. Posteriormente, um trabalho
colaborativo entre Koch e o médico alemão e bacteriologista Paul Ehrlich possibilitou ainda
um outro método de detecção do bacilo baseado na coloração de lâminas de esfregaço de
escarro, comumente utilizada ainda hoje, e denominado método de Ziehl-Nielsen.
No Brasil acredita-se que a tuberculose tenha sido introduzida pelos portugueses e
missionários Jesuítas desde 1500. Ruffino-Neto e Pereira (1981) discutem alguns aspectos do
estudo de evolução da mortalidade por TB, particularmente no Rio de Janeiro, no período de
1860 a 1960, aonde analisam os fatores econômicos, demográficos, sociais e as políticas de
saúde aí existentes, desde a chegada da Família Real aqui no Brasil em 1808 até o final da
década de 80 no século XX. Segundo os autores, medidas preventivas para contenção da
doença foram implementadas já no início do século XIX, entretanto a BCG oral foi
administrada pela primeira vez somente em 1927 por Arlindo de Assis a um recém-nascido. A
Revisão da Literatura 9
injeção intra-dérmica do BCG foi implementada em 1973, tornando-se obrigatória para
menores de um ano de idade desde 1976 (Ducati et al. 2006). Os índices de mortalidade
foram drasticamente reduzidos no Brasil pela introdução de drogas tuberculostáticas por volta
de 1940, incluindo a estreptomicina (1948), ácido p-aminosalicílico (1949) e isoniazida
(1952) (Ducati et al. 2006). Na década de 1960 foi instituído o esquema de tratamento
combinado, usando três antibióticos ao mesmo tempo, que conseguem curar cerca de 95% dos
pacientes. Estes antibióticos eram administrados a pacientes internados em sanatórios,
diariamente, por um tempo de 18 a 24 meses. Com a introdução da rifampicina no tratamento
combinado, no início da década de 1970, e posteriormente da pirazinamida, foi possível
encurtar o tratamento para seis meses, e tornar o tratamento ambulatorial, esquema que é
utilizado até os dias de hoje em todo o mundo.
2.2 Epidemiologia da tuberculose:
No Brasil, a tuberculose não é um problema emergente de saúde pública, como a
AIDS, e tampouco re-emergente, como a dengue. Ela é um problema presente há longo
tempo, com profundas raízes sociais, conforme salienta Ruffino-Neto (2002). Está
intimamente ligada à pobreza e à má distribuição de renda, além de provocar um estigma que
implica na não adesão dos portadores e/ou familiares/contactantes aos esquemas de
tratamento ou prevenção. O surgimento da epidemia de AIDS e o aparecimento de focos de
tuberculose multirresistente agravaram ainda mais o problema da doença não somente no
Brasil, como também no mundo.
Segundo estimativas da OMS, a tuberculose é, dentre as doenças infecciosas, a maior
causadora de sofrimento em todo o mundo, com uma taxa de 8.8 milhões de novos casos e 1.6
milhões de óbitos em 2005 e constitui um problema de saúde pública em muitos países (WHO
2007). Estima-se ainda que mais de um terço da população mundial esteja infectada pelo M.
Revisão da Literatura 10
tb, sendo esta população um importante reservatório para a reativação da TB (WHO 2007),
porém a quebra do ciclo de infecção da tuberculose é extremamente difícil devido a sua
progressão extremamente lenta.
O Brasil ocupa o 15º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos
de tuberculose no mundo (Figura 1). Estima-se uma prevalência de 50 milhões de infectados,
com cerca de 111.000 casos novos e 6.000 óbitos ocorrendo anualmente em decorrência da
doença, segundo dados eletrônicos do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do
Ministério da Saúde em 2007. Outros dados do Programa Nacional de Controle da
Tuberculose, em 2006 indicam que são notificados anualmente 85 mil casos novos
(correspondendo a um coeficiente de incidência de 47/100.000 habitantes) no Brasil. As
metas internacionais estabelecidas pela OMS e pactuadas pelo governo brasileiro são de
detectar 70% dos casos de tuberculose estimados e curá-los em 85%. A região Sudeste
apresenta cerca de 48,24% do total de casos e particularmente o Rio de Janeiro, é o estado que
apresenta a mais alta taxa de incidência de tuberculose do país. A cada ano são notificados em
média 16.000 casos de tuberculose, sendo os casos diagnosticados em unidades hospitalares e
emergências correspondente a cerca de 20% do total de casos notificados a cada ano. Os 32
municípios prioritários no Rio de Janeiro concentram 95% dos casos de tuberculose e a região
metropolitana é responsável por 86% dos casos notificados no estado, de acordo com o
boletim informativo da Secretaria do Estado da Saúde (Assessoria de Pneumologia Sanitária
2005).
Revisão da Literatura 11
Figura 1.
2.3 O Mycobacterium tuberculosis e a patogênese da doença
Sem Estimativa
0-999
10 000-99 999
100 000- 999 999
1 000 000 ou mais
1000-9999
s
timativa do número de novos
casos de TB
(todas as formas clínicas)
Estimativa do número de novos casos, 2005
Adaptado do WHO REPORT 2007 Global Tuberculosis
As espécies do gênero Mycobacterium que causam a TB humana e animal estão
agrupadas no complexo Mycobacterium tuberculosis (MTC). As espécies clássicas do MTC
incluem
Mycobacterium tuberculosis, Mycobacterium africanum (com vários subtipos),
Mycobacterium microti e Mycobacterium bovis [e sua cepa variante, o bacilo M. bovis
bacillus Calmette-Guérin (BCG), utilizada amplamente como vacina] (Brosh et al. 2002;
Huard et al. 2003b; Mostowy, et al. 2002). Novas espécies reconhecidas e adicionadas
recentemente ao MTC incluem o
Mycobacterium caprae e Mycobacterium pinnipedii (Aranaz
et al. 2003; Cousins et al. 2003). E por último existem as raras variantes do MTC
denominadas como bacilos “dassie” e “oryx”, que ainda dependem de definição para inclusão
no MTC (Mostowy et al. 2004; van Soolingen et al. 1994).
O Mycobacterium tuberculosis (M. tb) é uma forma de transição entre as eubactérias e
os actinomicetos. É um bacilo álcool-ácido resistente não formador de esporos, sem flagelos,
não produtor de toxinas, espécie aeróbica restrita e intracelular facultativo. Mede cerca de 0,3
a 0,6 µm de largura. Possui longo período de geração (16 a 20 horas) e de duplicação (18 a 48
Revisão da Literatura 12
horas), dependendo da oferta de oxigênio, nutrientes e de pH do meio. Esta forma de
crescimento lento forma a base para a natureza crônica da infecção e também da doença,
dificulta o diagnóstico microbiológico e exige um longo período para o tratamento.
O M. tuberculosis, em si, não apresenta um fator de virulência característico da
doença, como já descrito em outros patógenos bacterianos, como a produção de toxinas pelo
Corynebacterium diphtheriae, Echerichia coli O157:H7, Shigella dysenteriae e Vibrio
cholerae. Entretanto, elementos como mortalidade (percentagem de animais mortos em um
determinado tempo após infecção), morbidade (extensão do dano causado por determinada
cepa patogênica que pode incidir em morte) e carga bacilar (número de bactérias achadas no
hospedeiro após a infecção) são aspectos mensuráveis nas infecções. Conseqüentemente,
vários genes descritos na literatura são importante na patogenicidade do M. tuberculosis e
podem ser agrupados com a função de suas proteínas e pela notação da seqüência de DNA.
Smith 2003, revendo muitos destes aspectos, descreveu as proteínas do filtrado de
cultura ou CFPs Estas proteínas extremamente imunogênicas, e dentre elas podemos citar o
KatG (catalase peroxidase), SodA (superóxido dismutase) e enzimas que degradam radicais
intermediários de oxigênio (ROIs), importantes na sobrevivência do M. tb durante o processo
de infecção. Outras CFPs, bem como componentes de superfície celular são importantes como
por exemplo o HspX, Esat6, CF-10, proteína de 19kD, glnA1, Erp, Mas, Fas26, FbpA, OmpA
entre outras que apresentam funções amplas para o M. tb, como crescimento atenuado ou
inibição em condições de stress, ativação de citocinas e imunoproteínas, ativação de
metabólitos essenciais de nitrogênio, degradação de ácidos graxos e outros componentes
celulares, síntese de ácidos micólicos para ligação em proteínas de matriz extracelular,
proteína indutora de poros, entre outras já descritas na literatura.
Smith 2003 aborda ainda outros fatores de virulência como genes envolvidos no
metabolismo celular essencial do M. tb, associados à ativação enzimática, metabolismo de
Revisão da Literatura 13
lipídeos e ácidos graxos, ferro, magnésio e triptofano, biosíntese de aminoácidos, respiração
anaeróbica, proteína envolvidas no stress oxidativo como peróxidos de oxigênio e hidrogênio,
e ainda, fatores reguladores de transcrição da micobactéria são alguns exemplos descritos na
literatura da amplitude dos fatores de virulência descritos atualmente.
Recentemente, após o sequenciamento do genoma de M. tb (4.4Mb) e através de
técnicas de microarranjos foram identificados cerca de 2.441 genes com funções atribuídas,
912 genes com funções hipotéticas conservadas, 606 genes com funções desconhecidas e a
ausência de 129 genes, em relação ao M. bovis BCG (Kaufmann 2001). O M. tuberculosis
apresenta uma parede celular composta de ácido graxo de cadeias longas (ácidos micólicos) e
ainda glicolipídeos, entre outros componentes. Aproximadamente 250 genes do M. tb estão
envolvidos na síntese metabólica de compostos da parede celular. Uma vez associados a
peptidoglicanos, os ácidos graxos formam uma parede periférica hidrofóbica que ainda
contribui para aspectos de patogenicidade do M. tb, como a inibição de IFNγ (Banaiee et al.
2006) ou a alteração do estado de latência (Keep et al. 2006). A complexa estrutura da parede
bacteriana do M. tb possui uma alta imunogenicidade, particularmente pela presença de
proteínas específicas da parede de M. tb recentemente descritas, Malato Sintetase (GlcB) e a
proteína de ligação à fibronectina C 85C (MPT51). Anticorpos contra estas proteínas estão
presentes em cerca de 90% de pacientes com infecção latente por tuberculose (Singh et al.
2005). Bactérias recombinantes para MPT-51 e GlcB são capazes de induzir a resposta imune
celular em camundongos via células citotóxicas T e a produção de IFNγ (Suzuki et al. 2004).
Como revisto por Flynn & Chan (2001), o M. tb é um patógeno obrigatoriamente
aeróbico, intracelular e que tem a predileção pelo tecido pulmonar rico em oxigênio. O bacilo
se dissemina a partir do sítio inicial de infecção no pulmão via sistema linfático e ainda por
disseminação hematogênica. Cerca de 15% dos pacientes com tuberculose apresentam formas
extra-pulmonares, como pleural, linfática, óssea, gênito-urinária, meníngea, peritonial ou
Revisão da Literatura 14
cutânea. Como revisto por Lima-Filho (1993), a transmissão ocorre majoritariamente através
de aerossóis produzidos durante a tosse ou outros movimentos expiratórios de uma pessoa
bacilífera. Os bacilos ficam contidos em partículas infectantes denominadas Núcleos de Wells,
que podem ficar suspensas por horas e quando inaladas por indivíduos sadios, inicia-se novo
processo de infecção. A TB pode-se manifestar basicamente em qualquer tipo de tecido,
porém o pulmão é o órgão de predileção para manifestação da doença. Os macrófagos
alveolares caracterizam-se como a primeira linha de defesa do organismo após a infecção,
sendo responsáveis pelo reconhecimento e combate inicial ao M. tb. Células T específicas são
estimuladas no linfonodo periférico de drenagem da lesão inicial e induzidas à contenção
bacteriana em pequenas lesões granulomatosas no pulmão que podem, ou não, levar à
erradicação do M. tb. Na infecção latente, um balanço entre a resposta imune do hospedeiro e
a persistência bacteriana se estabelece e pode ser mantida durante o longo período de
incubação em que o indivíduo infectado não sofre qualquer manifestação clínica da doença.
Segundo estatísticas, cerca de 5 a 10% das pessoas imunocompetentes com infecção latente
sofrem reativação das lesões e desenvolvem a forma ativa da TB (Selwyn et al. 1989). Uma
vez a doença se desenvolvendo, se não for tratada, tem um grande potencial de tornar-se fatal.
A tuberculose pulmonar é a manifestação mais freqüente da doença, contribuindo com
mais de 80% das formas clínicas. Esta localização preferencial tem relevância
epidemiológica, pois o paciente com tuberculose pulmonar é o responsável pela transmissão
do bacilo para pessoas não-contaminadas, permitindo a manutenção do ciclo infeccioso, já
que a doença não tem vetor nem hospedeiro intermediário. Nem todas as pessoas, porém, que
aspiram o bacilo eliminado por portador de tuberculose, desenvolvem a infecção. Nos casos
em que os mecanismos de defesa da árvore respiratória, como a depuração mucociliar, e que a
resposta imune inata seja predominante, há a contenção da infecção na porta de entrada, sem
dano residual para os pulmões nem desenvolvimento da resposta imune adaptativa efetora.
Revisão da Literatura 15
2.3.1 O Esquema de tratamento quimioterápico da tuberculose e outros
aspectos
Após a descoberta em 1944 da primeira droga anti-tuberculose, a estreptomicina,
estudos clínicos revelaram que a resistência a este agente foi prontamente desenvolvida pelo
M. tb. Porém o maior avanço ocorreu no final da década de 60, no século XX, com a
descoberta da rifampicina, que permitiu a redução do tempo de tratamento de 18-24 meses
para 6 meses. O tratamento com combinação de várias drogas anti-TB em longo prazo,
aparentemente, tornou-se a única opção viável para o tratamento das formas ativas de
tuberculose, inclusive das formas resistentes a múltiplas drogas. O tratamento padrão se
baseia em duas etapas:
1) Uma fase inicial intensa desenhada para eliminação de bacilos ativos ou ainda em
baixa atividade metabólica através do uso conjunto de rifampicina (RIF), isoniazida (INH) e
pirazinamida (PZA) por 2 meses.
2) Uma fase de continuação que se estende com o uso de RIF e INH por quatro meses.
A INH e a RIF são as duas drogas anti-TB mais potentes atualmente no mercado,
eliminando mais de 99% dos bacilos num período de dois meses. O principal objetivo do
tratamento não é somente curar o paciente mas também prevenir a sua recidiva, e ainda
prevenir o surgimento de cepas resistentes. No entanto pode haver uma resistência inicial do
M. tb à INH sendo necessária a adição de outras drogas à primeira linha de tratamento anti-
TB. Quando há a resistência a RIF e INH caracteriza-se, neste momento, a tuberculose
resistente a múltiplas drogas (MDR-TB) (Telenti e Iseman 2000). Então, torna-se necessária a
extensão do período de tratamento e a opção pelo uso de uma segunda ou ainda terceira linha
de drogas, mesmo que a toxicidade seja um fator negativo. As drogas utilizadas no tratamento
anti-TB são selecionadas para uma rápida eliminação dos bacilos na cavidade pulmonar,
Revisão da Literatura 16
destruir bacilos metabolicamente menos ativos em lesões fechadas acidificadas ou ainda
anóxicas e bacilos em forma inativa que possam causar futura recidiva (Mitchison 2000).
Revisão da Literatura 17
Tabela 1: Esquemas de tratamento preconizados pelo Ministério da Saúde.
Esquema Indicado: Fase Duração Drogas
1
a
2 meses
Rifampicina
Isoniazida
Pirazinamida
Esquema I- 2RHZ/RH
Doentes virgens de tratamento com baciloscopia positiva;
tuberculose miliar; tuberculose extra torácica, exceto os
portadores de formas meningoencefálicas.
2
a
4 meses
Rifampicina
Isoniazida
1
a
2 meses
Rifampicina
Isoniazida
Pirazinamida
Esquema II- 2RHZ/7RH
Forma meningoencefálica.
2
a
7 meses
Rifampicina
Pirazinamida
1
a
2 meses
Rifampicina
Isoniazida
Pirazinamida
Estreptomicina
Esquema I reforçado – 2RHZE/4RHE
Recidiva após cura ou retorno após abandono do esquema
I.
2
a
4 meses
Rifampicina
Isoniazida
Estreptomicina
1
a
3 meses
Estreptomicina
Pirazinamida
Etionamida
Etambutol
Esquema III- 3SEtEZ / 9EtE
Falência do tratamento dos esquemas I e I reforçado.
2
a
9 meses
Etambutol
Etionamida
Tabela baseada nos dados do “Guia de Vigilância Epidemiológica da Tuberculose” Publicado no Ministério da
Saúde sobre o Programa Nacional de Controle da Tuberculose 2007.
Revisão da Literatura 18
Segundo a OMS, a cura do paciente com baciloscopia positiva é a melhor medida
preventiva contra a tuberculose. Entretanto, Kritski et al. (2000) chamaram a atenção para um
grupo especial de indivíduos. Segundo os autores os contatos domiciliares representam um
grupo com um elevado risco de infecção e adoecimento por TB. Resultados descritos pelos
autores demonstram que nos contatos intradomiciliares de casos bacilíferos, as taxas de
infecção pelo M. tb, avaliada através do teste tuberculínico, eram cerca de dez vezes
superiores àquelas encontradas na população em geral. Determina-se assim que a avaliação de
contatos de pacientes com TB pulmonar bacilífera por um período mínimo de um ano, com
consultas agendadas para o mais breve possível após o diagnóstico do caso índice deve ser
uma prioridade. O mesmo estudo sugere ainda uma especial observação para os contatos que
apresentam viragem tuberculínica, ou seja, convertores recentes, já que a estes deve ser
oferecida prontamente a quimioprofilaxia preconizada.
Outro aspecto a ser observado é que a infecção pelo HIV é considerada hoje um dos
principais fatores de risco para o desenvolvimento da TB ativa, devido ao comprometimento
da resposta imunológica do paciente (Kerr-Pontes et al. 1997).
Na fase inicial da doença, os
pacientes com HIV que apresentam contagem de células CD4 maior que 200/mm
3
apresentam
TB com características clínicas semelhantes às dos demais pacientes não infectados pelo HIV.
Já os pacientes em fase avançada da síndrome da imunodeficiência adquirida, que têm
contagem de CD4 menor que 200/mm
3
, apresentam-se clinicamente de forma diferente, com
teste tuberculínico negativo, exame de escarro também negativo, presença de TB extra-
pulmonar (gânglios, pleura, pericárdio) e nas formas pulmonares ocorre apresentação
radiológica atípica, com presença de infiltrados semelhantes ao visto em outras patologias
pulmonares. Com isso, o diagnóstico torna-se mais difícil, aumentando o risco de transmissão
da TB e conseqüentemente agravando o quadro de morbi-mortalidade a ela associado (Havlir
et al. 1999).
No Brasil, altos índices de associação entre TB e HIV têm sido observados nos
Revisão da Literatura 19
últimos anos em estudos elaborados em diversas regiões, como no Sul (Hijjar 2005) e no
Sudeste (Oliveira et al. 2004) aonde a co-infecção TB/HIV foi observada em 55,1% dos
pacientes que evoluíram para óbito.
Evidências da literatura sugerem que a recidiva de tuberculose, ou seja, a existência de
um segundo episódio de adoecimento em indivíduos previamente tratados corretamente é
maior do que se supunha. Segundo Verver et al. (2005), em uma população da África do Sul
com alta prevalência de casos (313/100.000 habitantes) avaliada num período de cinco anos,
cerca de 14% dos pacientes submetidos ao tratamento completo apresentaram recidiva e 77%
destes pacientes apresentaram reinfecção por uma cepa diferente à apresentada no primeiro
episódio. Estes dados sugerem que indivíduos previamente tratados apresentam alto risco de
re-infecção com desenvolvimento de TB ativa, cerca de quatro vezes superior à da população
geral. Certamente, alguns indivíduos apresentam maior suscetibilidade ao desenvolvimento da
TB, devido provavelmente a fatores genéticos, mas também devem ser observados os
aspectos genéticos da cepa infectante.
2.3.2 Predisposição genética e expressão gênica no hospedeiro humano
Alguns pacientes aparentam uma predisposição genética para a tuberculose. Esta idéia
ganhou espaço na comunidade científica a partir de estudos prévios entre gêmeos
monozigóticos e dizigóticos, demonstrando que há risco ao desenvolvimento da tuberculose
de acordo com o histórico de incidência da infecção na ancestralidade familiar (Comstock
1978). Alguns estudos recentes consideraram a influência genética na suscetibilidade de
diferentes populações à TB, em aspectos envolvidos com a reatividade celular, apresentação
antigênica, fagocitose, cooperação linfócitos T e B ou ainda atividade bactericida com base na
dependência da especificidade do sistema HLA. Os resultados obtidos em populações da
Europa (Dubaniewicz et al. 2007), Coréia (Kim et al. 2005), Índia (Ravikumar et al. 1999)
Revisão da Literatura 20
descrevem aspectos da suscetibilidade ligados à tuberculose, enfatizando a associação com
vários haplótipos do HLA. Dentre eles, o HLA-B51, DQB105 e particularmente o
DRB10803 possuem correlações estatisticamente significativas com resistência a droga,
formação de lesões avançadas e recidiva em populações de pacientes com TB na Coréia (Kim
et al. 2005). Outros estudos de base populacional têm estabelecido correlação entre a
tuberculose e polimorfismos nos genes que codificam para resistência natural associada a
proteínas de macrófagos (NRAMP1), receptor de Vitamina D
3
, IL-1, IL-10, IFNγ (Awomoyi
et al. 2002; Selvaraj et al. 2000; Selvaraj et al. 2001; Wilkinson et al. 1999; Vidiarani et al.
2006, Amim et al. 2007). A importância funcional da maioria destes polimorfismos ainda não
está completamente descrita; no entanto o polimorfismo para o alelo 2 da extremidade 5’ do
NRAMP1 parece influenciar a suscetibilidade à tuberculose por estar associado ao aumento da
produção de IL-10, de acordo com Awomoyi et al. (2002). Segundo Reuss et al. (2002), cerca
de 50% da produção de IL-10 é determinada geneticamente e os outros 50% são por
determinação de fatores ambientais. Recentemente foi descrito que os genes de citocinas são
regulados via expressão estocástica monoalélica, provavelmente devido ao número de
modificações cumulativas na cromatina e por seleção indireta de células ativadas (Paixão et
al. 2007). Já Calado et al. (2006) particularmente descrevem que o gene de IL-10 apresenta
expressão monoalélica em células T CD4 em modelos murinos. E o início da transcrição
monoalélica depende da força de ligação ao receptor de célula T (TCR) e a subseqüente
capacidade de sobrepor a restrição imposta pela hipoacetilação da cromatina. Outras
associações entre genética e tuberculose implicam ainda a origem étnica. Entretanto, a
extensão que os polimorfismos gênicos contribuem para a extensão da tuberculose
mundialmente ainda são inconclusivas, devido à grande dificuldade de separação das
influências do meio ambiente da predisposição genética ao longo da vida humana.
Revisão da Literatura 21
2.3.3 A Imunopatogenia da tuberculose e a imunidade inata
As pessoas saudáveis se protegem dos microorganismos inaláveis através de barreiras
físicas como pelos nasais, angulação de vias aéreas, secreção traqueobrônquica, depuração
mucociliar; entretanto outros aspectos como a resposta imune inata são essencialmente
importantes na contenção dos processos infecciosos. A fagocitose, por células mononucleares,
é um dos principais componentes formadores da imunidade inata. Contudo, este é um
processo iniciado em ausência da prévia exposição de moléculas antigênica via MHC de
classe II. Outros elementos podem ainda ser citados como a produção de proteína do
macrófago associada a resistência natural (NRAMP), a participação de neutrófilos, células
tipo T CD-1, células T CD8
+
restritas, células T natural “killer” (células T NK), envolvidas na
produção de IFNγ, que podem ativar os macrófagos para a eliminação de micobactérias
internalizadas. Em paralelo, os macrófagos podem atuar também na fase efetora da resposta
imune específica para contenção dos processos infecciosos. Em conjunto, estes elementos
descritos podem atuar como fatores na primeira linha de defesa que é a resposta imune inata
ao M. tb.
Os receptores tipo Toll (Toll-like receptors, TLRs) estabelecem a ligação da
imunidade inata à imunidade adaptativa. De forma geral, os receptores TLR constituem uma
família de proteínas trans-membrana que reconhecem padrões moleculares de ligantes
microbianos que são capazes de induzir a sinalização de vias inflamatórias e/ou anti-
inflamatórias (Berrington & Hawn et al. 2007). Segundo Raja et al. (2004), na tuberculose as
interações M. tb e TLRs são complexas, pois as moléculas do M. tb podem interagir com
diferentes membros da família dos TLR ao mesmo tempo. Berrington & Hawn et al. (2007),
descrevem ainda que as moléculas do M. tb reconhecíveis por TLR são lipopeptídeos (seja por
TLR2 ou por heteredímero de TLR1 ou TLR6), lipopolissacarídeo (por TLR4), flagelina (por
TLR5) e DNA bacteriano CpG (por TLR9).
Revisão da Literatura 22
Vários aspectos da imunidade inata, no entanto, não podem explicar os diferentes
graus de resistência natural que ocorrem na espécie humana. Entretanto, a maior ou menor
resistência natural parece estar relacionada com o maior ou menor velocidade com que o
hospedeiro infectado é capaz de desenvolver sua resistência adquirida (Kritski et al. 2000). A
exposição de uma molécula “non-self” ao sistema imune humano, via MHC de classe II, é
capaz de deflagrar a expansão clonal de células T antígeno-específico, levando ao início do
processo de formação e desenvolvimento da resposta imune específica. Sendo assim, a
resposta imune pode ser revista como o(s) evento(s) específico(s) de resposta a uma molécula
imunogênica, sendo a imunidade adquirida dividida em fase celular e humoral.
Particularmente na resposta imune a tuberculose os desfechos são: controle da
infecção pelo M. tb através da imunidade inata, latência e TB ativa (Ehrt et al. 1997).
O controle da infecção pelo M. tb no hospedeiro humano pelos mecanismos da
resposta imune inata envolvem elementos já citados como a fagocitose da micobactéria por
células dendríticas e macrófagos alveolares, com subseqüente secreção de IL-12, ou ainda a
produção de NRAMP (Raja et al. 2004). Estes são processos iniciados na ausência de uma
exposição prévia ao agente etiológico, portanto se caracterizam como componentes da
resposta imune inata e que podem determinar as direções que a resposta imune adaptativa,
mediada por células T, seguirão na apresentação de antígenos micobacterianos, expressão de
sinais co-estimulatórios e produção de citocinas (Van Crevel et al. 2002). Outros dados da
literatura indicam que a lisozima, assim como outras enzimas, podem atuar como importante
linha de defesa na imunidade inata associada ao M. tb. (Sevaraj et al. 1997). Recentemente, o
mapeamento de um lócus no cromossomo 1 em cepas de camundongo congênitos
denominado de Super-Suscetibilidade a Tuberculose 1 ou (sst1) descreveu um gene
denominado de Patógeno Intracelular Resistente (Ipr1). Este gene é positivamente regulado
em macrófagos sst1 resistentes após a infecção, porém não é expresso em macrófagos sst1
Revisão da Literatura 23
suscetíveis. Pan et al. (2005) demonstram que a expressão do gene Ipr1 em macrófagos
susceptíveis à infecção por M. tb é capaz de conter não somente a infecção, mas ativar
mecanismos de defesa da imunidade inata nos processos infecciosos. O produto gênico de
Ipr1 aparenta uma função ainda não documentada, gerada pela sinalização intracelular de
cepas virulentas de M. tb e L. monocytogenes no macrófago, que aciona a regulação positiva
dos marcadores de apoptose. O Ipr1 apresenta um homólogo humano com 41% de identidade
que é o SP110b (Block et al. 2000), presente no cromossomo humano 2, podendo ser ativado
via receptores de corticosteróides, ativação de peroxissomos e receptores de vitamina D. A
vitamina D está diretamente relacionada com mecanismos, no macrófago, associados a ciclo
celular, ativação, diferenciação e resposta a patógenos e apoptose.
Caracteristicamente, a rota de entrada do M. tb no organismo é a via respiratória. Ao
conseguir ultrapassar as barreiras naturais, o M. tb alcança os pulmões. Macrófagos alveolares
residentes são os primeiros tipos celulares envolvidos no combate inicial ao patógeno. Após
este primeiro encontro, células dendríticas e macrófagos derivados de monócitos
recentemente recrutados tomam parte neste processo (Henderson et al. 1997; Thurnher et al.
1997). Em seguida a endocitose do M. tb envolve diferentes receptores que podem tanto se
ligar às micobactérias não opsonizadas quanto às opsoninas na superfície parasitária.
Comumente, as micobactérias podem invadir o macrófago, após opsonização com fatores
como o complemento C3, seguida de ligação e internalização através dos receptores do
complemento CR1, CR3 e CR4. A fagocitose não opsonizada pode ocorrer ainda através de
receptores de manose, que reconhecem terminações de resíduos de manose na micobactérias
(Schlesinger et al. 1993; Schlesinger et al. 1996), receptores scavengers (Zimmerli et al.
1996) ou de receptores tipo Fcγ, os quais são menos comumente descritos como vias de
internalização (Armstrong et al. 1975).
Paralelamente à fagocitose, o reconhecimento do M. tb ou de moléculas do
Revisão da Literatura 24
Micobacterium é uma etapa crucial na resposta imune inata do hospedeiro. O reconhecimento
imune da maioria dos componentes micobacterianos de parede celular de origem lipídica,
como lipoarabinomanana (LAM), é aparentemente similar ao reconhecimento de
lipopolissacarídeos (LPS) das bactérias gram-negativas (Zhang et al. 1993). Vários fatores
circulantes e receptores estão envolvidos neste processo. Proteínas séricas ligadas ao LPS,
como a LBP (LPS-binding protein), são capazes de aumentar a resposta de macrófagos a LPS
e LAM via receptor de superfície CD14 (Fenton & Golembock 1998). Em paralelo, as
concentrações de CD14 e proteínas associadas a LPS no soro estão elevadas em pacientes
com tuberculose ativa (
Juffermans et al. 1998).
Por outro lado, temos os receptores Toll-like (TLR), que são filogeneticamente
conservados e participam da imunidade inata e são essenciais para o reconhecimento
microbiano por macrófagos e células dendríticas (Lemaitre et al. 1996; Medzhitov et al. 1997;
Visintin et al. 2001). Até o momento 10 tipos de TLRs foram identificados, dos quais TLR2,
TLR4 e TLR9 parecem ser responsáveis pela resposta celular a peptidoglicanos e
lipopeptídeos bacterianos (Yoshimura et al. 1999), endotoxinas de bactérias gram-negativas
(Schlesinger et al. 1990) e DNA bacteriano respectivamente (Hemmi et al. 2000). Através de
TLRs, lisados de M. tb e ou lipoproteínas solúveis de parede celular micobacteriana induzem
a produção direta de IL-12 (Brightbill et al. 1999). Interessantemente, TLR2 e TLR4 ou ainda
outros TLRs (TLR6 ou TLR1) podem estar envolvidos no reconhecimento de moléculas do
M. tb que traduzem um sinal intracelular por heterodimerização (Bulut et al. 2001; Ozinsky et
al. 2000). TLR9 reconhece dinucleotídeos CG do DNA bacteriano (Hajjar et al. 2001; Hemmi
et al. 2000).
Uma vez o M. tb internalizado no macrófago alveolar, os aspectos de reconhecimento
celular como a interação macrófagos células T e o processamento e apresentação de antígenos
via MHC de classe II, produção de IFNγ, indução da síntese do óxido nítrico 2 (NOS
2
) e
Revisão da Literatura 25
produção de mediadores como o óxido nítrico e outros radicais intermediários de nitrogênio
(RNIs) são ditos como essenciais na contenção e eliminação do agente patogênico, em
associação com outros aspectos tanto da resposta imune inata como na adaptativa. Um dos
possíveis desfechos deste intrincado mecanismo é a contenção da infecção. No entanto, em
alguns casos mesmo o macrófago alveolar amplamente ativado pode falhar na erradicação de
M. tb residentes. Aparentemente, a micobactéria é capaz de residir no endossoma primário e
subseqüentemente impedir a fusão endossoma-lisossoma devido ao seqüestro de íons de ferro,
que são utilizados amplamente nos mecanismos de defesa da célula hospedeira (Schaible et
al. 1999; Andrews 2000). Como revisto por Salgame (2005), o M. tb persiste no fagossoma
também por interferência no tráfico de membranas e na biogênese do fagolisossoma, exclusão
vacuolar de H
+
-ATPase (Sturgill-Koszycki et al. 1994; Xu et al. 1994) ou ainda por retenção
de TACO (proteína rica em aspartato de triptofano conhecida como corinina 1) na membrana
do fagossoma de macrófagos J774, que diminuiriam a fusão fagolisossômica e
conseqüentemente eliminação do BCG em ensaios in vitro (Ferrari et al. 1999). Ao que
parece, esta capacidade está correlacionada não somente à presença de lipídeos
micobacterianos mas também à serina/treonina proteína quinase G (Walburguer et al. 2004).
Bhatt & Salgame (2007) estabelecem bem alguns aspectos de ligação entre a imunidade inata
e adaptativa e a sobrevivência do M. tb no macrófago, como os aspectos da biogênese típica
do fagolisossomo que são afetados pelo M. tb. As alterações no tráfico primário do fagossomo
de M. tb são determinantes para a sua sobrevivência como a aquisição de ferro e
glicoesfingolipídeos e o bloqueio de ATPase vacuolar, mas também as hidrolases lisossomais
e fosfatidilinisotol 3 fosfato.
O hospedeiro humano é capaz de conter a replicação micobacteriana principalmente
através da produção de IFNγ, seguida da ativação de macrófagos, produção de moléculas pro-
inflamatórias como IL-8, TNFα e IL-1β. Em contraste as células dendríticas detêm a
Revisão da Literatura 26
capacidade de capturar antígenos da periferia e direcioná-los aos órgãos linfóides secundários.
Contudo, células DC’s precursoras, ao encontrar organismos patogênicos, são capazes de
induzir o aumento e a produção de citocinas e quimiocinas e em contra-partida podem atrair
e/ou ativar outros tipos celulares como eosinófilos, macrófagos e células NK ou ainda conter a
infecção através do desenvolvimento e formação do granuloma no pulmão. Experimentos in
vitro indicam que IFNγ opõe-se à sobrevivência do M. tb e leva à modificação do nicho
fagossômico pela promoção da acidificação do fagossoma e promoção da fusão
fagolisossômica (Schaible et al. 1998; Via et al. 1998). O IFNγ induz autofagia por diferentes
sinais, incluindo a produção de LRG-47, uma GTPase anti-microbiana e que atua
independentemente da expressão de NOS2 (MacMicking et al. 2003). Este aumenta a
aquisição da proteína autofágica beclin-1 pelo fagossomo de M. tb e incapacita o andamento
da biogênese normal do fagossomo, resultando assim na supressão da replicação
micobacteriana (Gutierrez et al. 2004).
Outros aspectos indicam ainda que uma vez detectada uma anomalia na resposta
imune, devido ao aumento da intensidade de resposta do hospedeiro, o M. tb é capaz de
reprogramar os seus genes e entrar numa fase dita de latência para posterior ativação em
ambientes mais favoráveis no organismo humano. Isto foi observado via assinatura de
marcação de mutagênese por transposons: três genes de M. tb foram aparentemente
identificados e demonstram ser essenciais para o crescimento in vivo, especialmente sob a
pressão imune do IFNγ (Hisert et al. 2004). Estes genes reconhecem uma poliquetidina
sintase 6 e uma glicosil transferase putativa. Entretanto como o M. tb regula estes genes para a
adaptação ao ambiente intracelular ainda precisa ser esclarecido.
2.3.4 O Granuloma
A formação do granuloma, principalmente quando acompanhado de necrose caseosa,
Revisão da Literatura 27
caracteriza-se como marca registrada da tuberculose e está diretamente associada à resposta
crônica local e a estimulação antigênica. Esta estrutura pode ainda ser identificada em outras
doenças infecciosas, incluindo a esquistomossomose, hanseníase e malária (Boros 1999;
Palma & Saraiva 1997; Modlin & Rea 1988). A estrutura e composição do granuloma
tuberculoso variam de organismo para organismo e é observada em concomitância com uma
alta atividade celular. O granuloma é composto por diferentes tipos celulares, incluindo
macrófagos, linfócitos CD4 e CD8 e células B (Gonzalez-Juarrero et al. 2001). Em
granulomas humanos, os macrófagos são espacialmente localizados na área central da
estrutura e totalmente rodeados por linfócitos. Alguns dos macrófagos estão infectados e
outros apresentam sinais de ativação. Segundo dados revistos por Raja (2004), o primeiro
passo importante para a formação da estrutura do granuloma é o recrutamento intravascular de
células imunes para a proximidade do foco de infecção e posterior localização nas regiões
infectadas. Células T CD4
+
são predominantes na camada linfocítica ao redor do granuloma,
assim como foi também detectada a presença de células T CD8
+
. Granulomas maduros em
humanos geram uma grande proporção de células em processo de apoptose e a proliferação
bacteriana in situ ocorre tanto em linfócitos quanto em macrófagos derivados desta estrutura
biológica (Spector e Lykke 1966), indicando que a persistência e o isolamento das
micobactérias na lesão granulomatosa pode se dar anos após a primo-infecção (Flynn & Chan
2001). Outra característica de composição é o envolvimento do granuloma por tecido
conjuntivo, que no caso da tuberculose humana é promovido pela presença de TGF-β,
induzindo síntese de colágeno pelos fibroblastos (
Marshall et al. 1996). A fibrose é
minimamente expressa nos estágios primários, porém com alta detecção de fibroblastos
ativados em granuloma em estágios mais avançados (Wangoo et al. 2005). Uma das funções
do granuloma é o controle da infecção pela interferência na comunicação entre as células
imunocompetentes. No granuloma em desenvolvimento, há células de adesão homotípicas e
Revisão da Literatura 28
heterotípicas que utilizam moléculas de adesão intracelular tipo I ICAM-1 e que são
efetivamente induzidas por M. tb ou por LAM (Lopez Ramirez 1994). Células epitelióides
diferenciadas produzem proteínas de matriz extracelular (fibronectina e osteopontina), que
promovem o ancoramento celular através de moléculas de integrinas (Nau 1997). Alguns
autores ainda subdividem a organização dos granulomas com base nos tipos e números de
células e a natureza da necrose (Raja 2004). Flynn & Chan (2003) reavaliaram a contribuição
da produção do fator de necrose tumoral-alfa (TNFα) na manutenção da função do granuloma
durante o estado de latência da infecção. Em linhas gerais, o granuloma permite a infecção
persistente do hospedeiro e a estimulação crônica das células forma a base para as lesões
tuberculosas, ao mesmo tempo que o isolamento físico do M. tb. sustenta a contenção da
infecção, em um equilíbrio instável que pode se romper por falha dos mecanismos imunes.
No centro do granuloma, uma alta taxa de fagócitos infiltrados e células do
parênquima do pulmão também morrem, produzindo assim caracteristicamente uma necrose
sólida, chamada cáseo. Caso a infecção não seja controlada, o cáseo poderá se liquefazer e
induzir a uma maior replicação extracelular do M. tb. Os granulomas caseosos podem ou não
progredir para formação de cavitação dentro do pulmão. E em um nível mais elementar, a
tuberculose latente pode ser vista como uma relação harmônica de parasitismo entre o bacilo e
o hospedeiro.
2.3.5 Imunidade adaptativa ou adquirida na tuberculose
É fato que a imunidade inata e adaptativa estão claramente conectadas. Macrófagos e
células dendríticas, são os tipos celulares primários envolvidos na resposta imune inata a
micobactérias e desempenham uma via crucial na iniciação da imunidade adaptativa. A
principio alguns processos contribuem para iniciação da imunidade adaptativa: apresentação
antigênica, co-estimulação, e a produção de citocinas. Em paralelo, ainda podemos citar a
Revisão da Literatura 29
ativação clonal de células T e os mecanismos de resolução da infecção associados à produção
de radicais de nitrogênio e oxigênio. Contudo, pacientes com TB ativa podem sofrer de
anergia ou a não responsividade das células T (Hirsch et al. 1999), o que pode ser causada
pela inibição dinâmica de um dos processos acima citados.
Entretanto, a apresentação de antígenos micobacterianos por macrófagos e células
dendríticas envolvem mecanismos distintos. Primeiro, estes antígenos precisam ser
processados em um compartimento fagolisossomal na célula apresentadora de antígeno
profissional. Segundo, moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC) de
classe I, expressos em todas as células nucleadas, são capazes de apresentar proteínas
micobacterianas para células T CD8
+
antígeno específicas. Este mecanismo permite a
apresentação de antígenos citosólicos do M. tb que eventualmente escapem da fagossoma
(Mazzacaro et al. 1996). A importância da apresentação de antígenos via MHC de classe I foi
demonstrada em modelos murinos (Souza et al. 2000) e em células da PBMC de paciente com
tuberculose pulmonar indicando populações distintas de células T CD8
+
com epítopos
dominantes para os antígenos leucocitários humanos (HLA) HLA-A*0301, A*2402, B*0801
e B*1501 ou ainda co-dominates para antígenos de TB apresentados via HLA-B*0702 ou
ainda com reconhecimento amplo de antígenos apresentados via HLA-A*0201. Em terceiro,
as moléculas do MHC de classe I não polimórficos como as CD1 (-a, -b, e –c) que são
expressas em macrófagos e células dendríticas, são capazes de apresentar lipoproteínas
micobacterianas para células T CD1-restritas. Este mecanismo de apresentação antigênica
permite a ativação de uma grande fração de células T em um ponto primário do processo de
infecção, antes da especificidade antigênica ter se desenvolvido. E uma quarta via pode
envolver moléculas de MHC de classe Ib não polimórficas. Recentemente Rajeswari et al.
(2007), descreveram que certas variantes alélicas do HLA, especificamente a HLA-DR2, foi
associada a baixa produção de perforina por linfócitos T citotóxicos e linfócitos NK em
Revisão da Literatura 30
pacientes com tuberculose pulmonar. Em um outro contexto, Sousa et al. (1997), citam que
polimorfismos no HLA podem explicar a vulnerabilidade de certos grupos populacionais
como de índios Yanomamis da Amazônia que apenas recentemente se expuseram a
tuberculose e apresentaram extrema susceptibilidade ao M. tb e anergia ao teste tuberculínico.
A resposta bem sucedida de células T frente a infecções bacterianas é induzida pela
maturação de moléculas do MHC de classe II antígeno-específicas na superfície de células
apresentadoras de antígenos profissionais. Tanto que a infecção pelo M. tb, moléculas do
MHC de classe II são reguladas positivamente nos macrófagos e particularmente nas células
dendríticas nas primeiras 48 horas (Henderson et al. 1997; Bodnar et al. 2001). Entretanto,
lipoproteínas de M. tb e outros componentes do envelope celular da micobactéria, atuando
como agonista de TLR2, são capazes de inibir a indução de IFNγ via regulação negativa de
MHC de classe II em macrófagos (Kincaid et al. 2007).
Já está bem estabelecido que a apresentação antigênica depende da presença de sinais
co-estimulatórios para ativação de células T. Os sinais co-estimulatórios estão bem descritos
na literatura: B-7.1 (CD80) e B-7.2 (CD86) estão expressos na superfície de macrófagos e
células dendríticas e ligam-se a CD28 e CTLA-4 em células T. Interessantemente, infecções
in vitro de monócitos com o M. tb determinam a diminuição da expressão de B-7.1 (Saha et
al. 1994). Por outro lado, a infecção de células dendríticas com o M. tb induziria a expressão
de B7.1, CD40 e ICAM-1, segundo revisto por van Crevel et al. (2002). E ainda a indução do
aumento de CD86, IL-10 e TGFβ por CFP10 de M. tb (Latchumanan et al. 2005). Contudo, a
expressão de moléculas apresentadoras de antígeno e ativação celular é um processo dinâmico
que também é regulado pela presença de citocinas. Muitas citocinas produzidas por monócitos
e células dendríticas ativadas são essenciais para a estimulação de linfócitos T, tanto que para
o controle da infecção necessitam da resposta imune Th-1. A IL-12 é induzida, seguida da
fagocitose do M. tb por macrófagos e DCs (Flynn 2004), que direcionam o desenvolvimento
Revisão da Literatura 31
da resposta imune Th-1 com a produção de IFNγ para o controle da infecção pelo M. tb. IFN é
uma citocina importante na ativação de macrófagos, produção de iNOS. Ainda neste contexto,
citamos o TNFα como uma molécula com múltiplas funções na resposta imune patológica na
tuberculose (Flynn 2004). TNFα é essencialmente produzida por macrófagos e está envolvida
no controle da infecção, morte bacteriana, produção de moléculas de adesão, quimiocinas e
receptores para quimiocinas, controle e formação do granuloma e migração celular para os
tecidos infectados pelo M. tb.
Em função de prever a super-expressão de citocinas inflamatórias capazes de induzir o
dano tecidual, moléculas do M. tb, como o LAM e o CFP32 (Flynn & Chan 2005; Bonecini-
Almeida et al. 2004), parecem promover também a expressão de citocinas do eixo Th-2 como
TGFβ e IL-10 (Martino et al. 2004). Entretanto, a produção prematura ou a secreção
desproporcional de citocinas anti-inflamatórias podem beneficiar o M. tb. Altos níveis de IL-
10 foram também associados à ineficiência na resolução de processos infecciosos por agentes
patogênicos como o rinovírus humano, Leishmania spp. e Mycobacterium leprae ou
progressão da doença pelo HIV (Kane & Mosser 2001; Sieling et al. 1993; Stockl et al. 1999;
Stylianou et al. 1999). Estudos recentes têm sugerido que este deve ser o caso na infecção
pelo M. tb (Huard et al. 2003a; Bonecini-Almeida et al. 2004 e Mason et al. 2007).
Células dendríticas e macrófagos alveolares iniciam eficientemente a resposta de
células T in vitro frente a antígenos do M. tb (Serbina et al. 2001). Evidência da migração de
uma resposta imune robusta do pulmão para os linfonodos pela ação de células dendríticas foi
detectada, levando ao estabelecimento de uma resposta imune Th-1 efetiva. Esta migração é
proporcionada principalmente por moléculas tipo CCR7 (Bhatt et al. 2004) e CCR5 (Algood
et al. 2004). A eficiência de ativação imune depende de moléculas co-estimulatórias (Soler et
al. 1999) e o reconhecimento celular é principalmente direcionado pela família dos receptores
TLR, que proporcionam uma das principais ligações entre aspectos da imunidade inata e
Revisão da Literatura 32
adaptativa (Fremond et al. 2004).
M. tb reside primariamente nos vacúolos alveolares e a apresentação de antígenos
micobacterianos via MHC de classe II a células T CD4
+
gera um dos principais desfechos da
infecção. Estas células são umas das mais importantes na resposta imune protetora frente ao
M. tb. Estudos em modelos murinos utilizando anticorpos para depleção de células T
CD4
+
(Muller et al. 1987), transferência adotiva (Orme et al. 1984) ou camundongos
knockout” (Caruso et al. 1999) demonstram que as células T CD4
+
são necessárias para o
reconhecimento e controle da infecção pelo M. tb. Acosta-Rodriguez et al. (2007) descrevem
um perfil populacional de linfócitos T produtores de IL-17 (Th-17 T cells) que caracterizam
células efetoras e também de memória na resposta imune ao M. tb. Em humanos, a patogênese
da infecção pelo HIV demonstra que a perda de células T CD4
+
aumenta drasticamente a
suscetibilidade tanto aguda quanto de reativação da TB (Selwyn et al. 1989). Camundongos
knockout” para MHC classe II ou CD4
+
apresentam níveis mais baixos de IFNγ durante a
infecção experimental por micobactérias (Caruso et al. 1999). A expressão de NOS2 em
macrófagos é essencialmente retardada em camundongos que apresentam deficiência em
células T CD4
+
, contudo retornam a níveis comparáveis aos camundongos selvagens com a
expressão de IFNγ (Caruso et al. 1999). Células do lavado broncoalveolar de pacientes com
tuberculose não cavitária exibem um significativo aumento de células T CD4
+
e uma paralela
redução da população de células T CD8
+
se comparadas a indivíduos sadios (Mazzarella et al.
2003). A sinergia entre as populações de células T CD4+ e CD8+ T é importante. Estudos
avaliando moléculas do M. tb que deflagrem a ativação da resposta imune de ambos os tipos
celulares apresentam melhores chances de combater a tuberculose (Behar et al. 2007).
Células CD8
+
são também capazes de secretar citocinas como IFNγ e IL-4 e podem ter
importância na regulação celular de perfis Th-1 e Th-2 em pacientes com tuberculose
pulmonar. Mazzarella et al. (2003) descreveram um aumento da população de células CD8
+
Revisão da Literatura 33
em lavado broncoalveolar de pacientes com TB cavitária, se comparado a outros pacientes
com tuberculose não cavitária ou ainda indivíduos sadios. Similarmente, células T CD8
+
,
assim como as células T CD4
+
, podem produzir IFNγ, porém sua principal função associada à
TB é a morte de células alvo (Mazzarella et al. 2003). Através deste processo de lise das
células infectadas do hospedeiro por células T CD8
+
, pode-se facilitar a translocação do M. tb
de células já incapacitadas para células efetoras mais eficientes. A produção de granulisina e
perforina, por células T CD8
+
, seria responsável diretamente pela morte do M. tb (Kaufmann
et al. 1999; Stenger et al. 1997). Granulisina é responsável pela morte bacteriana
presumivelmente através do acesso ao M. tb residente no interior do macrófago, através da
formação de poros pela perforina. Maglione et al. (2007) descrevem que camundongos
knockout” para células B (-/-) infectados via aerosol com 100 CFU de M. tb cepa Erdman
apresentam uma imunopatologia exacerbada, com recrutamento de neutrófilos para o sítio
pulmonar, paralelo ao aumento dos níveis de IL-10, indicando desta forma que as células B
representam uma via significativa na resposta imune pulmonar frente à tuberculose.
2.3.6 Células T regulatórias CD4+CD25+ na resposta imune adaptativa
Células ditas não convencionais, as células regulatórias T (T
reg
-
CD4
+
CD25
+
) atuam
no sistema imune na prevenção ou minimização da reatividade, contenção da super-expressão
da resposta imune a um determinado patógeno e apresentam duas populações majoritárias,
designadas de Natural T
reg
e T
reg
IL-10 secretora. Estas são células responsáveis tanto pela
imunidade inata quanto adaptativa (Sakaguchi et al. 2001; Shevach et al. 2002). Dados
recentes descrevem que as T
reg
são produtoras de IL-10 e secretoras de TGF-β e apresentam
expressão do fator de transcrição Foxp3 (Oida et al. 2003), o qual é especificamente expresso
em células T CD25
+
e são responsáveis pelo aumento da produção de IL-10 (Fontenot et al.
2003). Células T
reg
produtoras de IL-10 e TGF-β têm demonstrado serem importantes
Revisão da Literatura 34
mediadoras na supressão de doenças auto-imunes e patologias alérgicas (Barrat et al. 2002;
Green et al. 2003; Zhang et al. 2004). Estudos recentes em pacientes indicam que há um
aumento de número de células T
reg
CD4
+
CD
25
FoxP3
+
tanto no sangue quanto no sítio de
infecção nos pacientes com TB ativa. A freqüência destas células é inversamente proporcional
à imunidade local contra a micobactéria e os linfócitos T
reg
CD4
+
CD
25
FoxP3
+
são capazes de
suprimir a indução de IFNγ em pacientes com TB ativa (Chen et al. 2007). Entretanto,
Barcelos et al. (2006) descrevem que são baixos os níveis de células CD4
+
CD25
high
em
pacientes com TB ativa. Modelos animais indicam que na tuberculose pulmonar não há
alteração da expressão de IFNγ e IL-2 em células T CD4
+
mesmo que se iniba a expressão de
células T
reg
(CD4
+
CD
25
FoxP3
+
) por anticorpo monoclonal anti CD25 (PC61), após infecção
local no pulmão de camundongos infectados com M. bovis BCG (Quinn et al. 2006). Porém
um dos elementos que efetivamente podem alterar a expressão de IFNγ, segundo o autor, é o
bloqueio do receptor II de TGFβ (TGFβ-RII) por anticorpo anti-TGFβ-RII nas culturas de
células T CD4
+
, levando a um significativo aumento da expressão de IFNγ nos linfócitos in
vitro (Mason et al. 2007).
2.3.7 Células T
γδ
Todos os vertebrados contêm uma segunda linha de células T TCR positivas dotadas
de cadeias γδ. É um tipo celular distinto primeiramente pela ontogenia. Elas deixam o timo
ainda na fase embrionária ou após o nascimento periodicamente e em ondas de expansão
clonal, que persistem até a fase adulta, como uma população periférica autoreplicante.
Ocupam diferentes nichos teciduais diferentes das células T αβ. E são células raras no sistema
sangüíneo mas ocupam o intestino, as mucosas, inclusive as vias aéreas (Curtis 2005). E
também aparentam importante função na resposta imune contra a tuberculose (Kaufmann
Revisão da Literatura 35
2001), tanto em humanos quanto em modelos animais (Chen 2005), e ainda encontram-se
envolvidas na regulação e formação dos granulomas. A presença destas células no interior do
granuloma está intimamente relacionada a estágios avançados de necrose e mineralização
durante o desenvolvimento do granuloma de M. bovis (Wangoo et al. 2005). Muito se deve ao
fato de que as células T γδ serem uma das principais fontes de produção de IL-17, e estarem
possivelmente relacionadas à resposta inflamatória e influxo de neutrófilos para sítios de
infecção (Shibata et al. 2007). É considerada uma célula essencialmente envolvida na resposta
imune primária, tornando-se uma ponte entre a imunidade inata e adaptativa e na regulação de
neutrófilos (Shibata et al. 2007).
As células T γδ (Vγ2Vδ2) são direcionadas para a expansão clonal e adaptativa
durante infecção micobacteriana de forma ainda não claramente descrita. Primariamente, em
infecções com M. bovis BCG as células T γδ (Vγ2Vδ2) reconhecem fosfoantígenos
micobacterianos específicos. Surpreendentemente, existem células T γδ antígeno-específicas
de memória capazes de montar uma resposta rápida, robusta e prolongada após a re-infecção
por BCG ou infecção por M. tb em macacos previamente expostos e vacinados com BCG (Lai
et al. 2003). O mesmo perfil também é descrito em humanos, principalmente quando
estimulados por via aérea, quando se detecta ampla expansão de células T CD4
+
, CD8
+
e γδ
(Chen et al. 2005). E ao que parece estas células atuam na via imuno-regulatória mediada por
citólise (Curtis 2005), tanto que camundongos desprovidos de células T γδ apresentam
sensibilidade exagerada a múltiplos patógenos, incluindo M. tuberculosis (D’Sousa et al.
1997). Durante a tuberculose crônica aparentemente há uma regulação negativa da resposta
nas células γδ, tanto no sangue quanto no fluido broncoalveolar, quando comparados a
indivíduos normais (Li et al. 1996; Carvalho et al. 2002). Foi também demonstrado que
durante a TB ativa induz-se em células γδ uma baixa na produção de citocinas e na resposta
proliferativa in vitro, quando estimulados com fosfoantígenos (Li et al. 1996; Gioia et al.
Revisão da Literatura 36
2002). A regulação negativa das células T γδ parece ser relacionada ao estado de anergia ou
ausência de resposta das células T CD4 no teste de reatividade ao PPD identificado em
pacientes com tuberculose ativa (Toosi et al. 2002; Delgado et al. 2002).
2.3.8 As células CD1+
Outro tipo celular não convencional são as células T expressando moléculas CD1, que
caracteristicamente apresentam especificidade para glicolipídeos bacterianos e apresentam
importante papel na geração ou manutenção da resposta imune à tuberculose (Schaible &
Kaufmann 2000).
Estudos em células humanas T CD1+ identificaram esta família de moléculas
apresentadoras de antígeno relacionadas do ponto de vista estrutural e evolutivo às moléculas
do MHC de classe I e II, sendo considerado um terceiro sistema de apresentação antigênica
(Porcelli et al. 1999). Em humanos, a família das moléculas CD1 consiste de cinco isoformas
(CD1a, -b, -c, -d, e -e), que são codificadas em um cluster gênico minimamente polimórfico e
mapeado fora do MHC. Segundo Ulrichs et al. (2003), foram detectadas células T CD1-
restritas em indivíduos imunes ao M. tb que secretavam altos níveis de IFNγ, mediante
estimulação por antígeno lipídico purificado. Elas estavam presentes na fração de células T
CD4
+
. Roura-mir et al. (2005), utilizando o isolamento de lipídeos de M. tb CD1 específicos
por cromatografia de fase, demonstrou que este tipo de lipídeos polares da parede celular
sinaliza via TLR2 no macrófago. Já Fischer et al. (2004), analisando determinantes estruturais
de M. tb com ligação via CD1d e reconhecidos por células T, identificaram o fosfatidilinositol
manosídeo (PIM) de parede bacteriana, capaz de induzir a produção de IFNγ em células T NK
murina e humana na regulação imune antimicobacteriana, resultando em aumento de
citotoxicidade.
Revisão da Literatura 37
2.3.9 Imunidade adquirida humoral e proteínas do M. tb
A imunidade adquirida humoral é mediada por moléculas capazes de efetuar o
reconhecimento específico e a eliminação de antígenos, podendo ser transferida a indivíduos
não imunizados por frações do sangue que não contenham células, como, por exemplo o
plasma e o soro. Anticorpos IgG específicos, via expressão de receptor CD16 (FcγRIIIb), na
superfície de células polimorfonucleares (PMN) podem desempenhar um importante papel na
indução de apoptose nestas células frente a infecção pelo M. tb (Alemán et al. 2007). Estudos
in vitro demonstram que os PMN têm importância na infecção pelo M. tb., principalmente
quando em presença de baixa produção de IFNγ (Feng et al. 2006). Entretanto, Pierrot et al.
(2007), descreveram em modelos de malária, por análise de transcriptoma de transferência
adotiva imune de células do baço em ratos infectados, que os neutrófilos apresentam efeito
protetor contra a infecção parasitária através do uso, ao menos parcial, da proteína 1 defensina
de neutrófilos. Já Appelberg et al. (2002) indicam que a infecção intra-peritoneal de M. bovis
BCG (Cepa Pasteur) em camundongos C57BL/6 é capaz de recrutar significativamente
neutrófilos via células CD4
+
e CD8
+
. Por outro lado as células B estão presentes em grande
número tanto no granuloma tuberculoso de humanos quanto de camundongos (Randhawa et
al. 1990; Bosio et al. 2000) e são essenciais na formação do granuloma e controle da infecção
micobacteriana através da produção de citocinas e quimiocinas (Bosio et al. 2000).
A presença da imunidade humoral na infecção por micobactérias pode ter importância
no estabelecimento de métodos diagnósticos rápidos e na identificação de antígenos de
micobactérias que podem ter importância no desenvolvimento de novas vacinas. Em pacientes
com TB latente, cerca de 90% das amostras de soro de pacientes TB/HIV positivos
apresentaram anticorpos específicos anti-MPT-51 e anti-GlcB de M. tb, não estando presente
entre os controles do estudo (Singh et al. 2005). Antígeno MPT-51 de M. tb é capaz de ativar
a expansão clonal de linfócitos T citotóxicos produtores de IFNγ (Miki et al. 2004). Os
Revisão da Literatura 38
autores de Melo Cardoso Almeida, et al.(2008) descrevem que IgM contra MPT51 e IgG
contra GlcB estão aumentadas entre pacientes com TB ativa se comparadas com controles
individuais. E combinando a sensibilidade de detecção para MPT51 e GlcB estes representam
90.8% de especificidade e 75.5% de sensibilidade de detecção entre os pacientes com TB
ativa na população brasileira. Uma tendência recente é o direcionamento de estudos na
imunidade humoral e a infecção recente pelo M. tb via dosagem do soro ou no escarro de
pacientes com TB ativa e subclínica. Kaisermann et al. (2005) descrevem que a análise do
fluído pleural de pacientes com pleurisia tuberculínica foi capaz de detectar IgA específica
contra MPT64 e MT-10.3, sugerindo que estes testes sejam usados no diagnóstico de TB
pleural no Brasil. Rabahi et al. (2007) indicaram um aumento dos níveis de IgM contra as
HsPX em funcionários de laboratório com infecção latente para TB. Demkow et al. (2005),
demonstraram variações significativas da IgG e IgA, para 38kDA+ LAM, no BAL de
pacientes com TB ativa se comparados a grupos de indivíduos ausentes de TB.
Muito destes fatores de virulência putativos do M. tb que estão implicados no “stress”
oxidativo e na imunidade ativa foram identificados por serem encontrados no filtrado de
cultura (CF) e posicionados estrategicamente como moléculas efetoras para detrimento do
hospedeiro e/ou benefício do patógeno (Harth et al. 1999; Sonnenberg & Belisle 1997). Os
mecanismos pelos quais as CFPs são secretadas ainda são desconhecidos, mas cerca de
aproximadamente 200 já foram descritas (Sonnenberg & Belisle 1997). As CFPs são
ativamente estudadas por vários pesquisadores na área de tuberculose, pois muitas são
reconhecidas no soro dos pacientes com TB. Foi também postulado que as vacinas do M. tb
vivo e atenuado são mais eficazes comparadas as das micobactérias mortas por aquecimento,
devido ao fato de que durante o crescimento no hospedeiro, o M. tuberculosis libera as CFPs
que estimulam os mecanismos imunes do hospedeiro (Andersen 1994). Interessantemente,
KatG (catalase peroxidase) e SodA (superóxido dismutase), enzimas que degradam radicais
Revisão da Literatura 39
intermediários de oxigênio (ROI) e são importantes na sobrevivência do M. tb durante a
infecção são achados no filtrado de cultura. A significância desta localização não é bem
conhecida, mas especula-se que permitam uma maior detoxificação de moléculas prejudiciais
produzidas pelo hospedeiro no fagossomo (Braunstien & Belisle et al. 2000). Outros
antígenos micobacterianos, como antígeno 85b, ESAT-6, proteínas antigênicas do filtrado de
cultura 10 (CFP-10) (Ravn et al. (2005); Chee et al. 2007) e ainda os antígenos lipídicos, que
representam cerca de 40% do peso seco do organismo, são responsáveis pela ativação da
resposta imunológica não somente via linfócito T (Mendelson et al. 2005).
As proteínas do CF apresentam uma alta capacidade imunoestimulatória e podem
contribuir para o controle imune da infecção, em vários aspectos (Smith 2003). Recentemente,
Huard et al. (2003a) descreveram um produto denominado de CFP32 (originalmente descrito
como Rv0577) como um biofator exclusivamente relacionado ao complexo micobacteriano
(MTC) e ausente em MOTT. O autor aborda a hipótese de que o biofator CFP32 atuaria de
forma precoce durante o estabelecimento da infecção, levando à secreção desproporcional de
citocinas imunosupressoras e favorecendo o patógeno no processo de infecção. Os resultados
demonstraram funções relacionadas à estrutura da proteína, como hidrolases e a conservação
de alguns aminoácidos de tirosina e ácido aspártico do CFP32, que podem ser importantes nos
mecanismos catalíticos nas células infectadas. Anticorpos contra CFP32 foram detectados em
56% dos pacientes com TB mas não nos controles saudáveis e 59% dos pacientes com
tuberculose cavitária foram positivos para detecção do CFP32 no escarro. Outra correlação
significativa foi detectada entre o CFP32 e a presença de IL-10 no escarro de pacientes com
TB, mas não de IFNγ nas mesmas amostras (Huard et al. 2003a). Segundo Benabdesselem et
al. (2006) o uso potencial do CFP32 recombinante (rCFP32), sintetizado de diversos
hospedeiros heterólogos, abre novas possibilidades para o sorodiagnóstico em TB. Estudos
preliminares daquele grupo apresentaram uma sensibilidade de 85% e especificidade de 98%
Revisão da Literatura 40
nos testes para o rCFP32 em levedura em portadores de TB ativa.
2.4 A participação das citocinas e outros fatores moleculares na resposta
imune à tuberculose.
A resposta imune protetora desencadeada pelo hospedeiro contra o M. tb regula
eventos complexos e multifacetados. Devido a esta complexidade, descreveremos aqui alguns
componentes desta vasta rede de fatores moleculares que atuam em conjunto no desfecho das
infecções pelo M. tb.
2.4.1 IFN
γ
Está amplamente estabelecido que o interferon gama (IFNγ) regula vias
essencialmente importantes na imunidade inata e adquirida protetora contra vários agentes
patogênicos intracelulares.
IFNγ humano situa-se no braço longo do cromossomo 12, na região q14 (Human
GeneID 3458 - Pubmed). O gene humano compõe-se de quatro exons e três introns, com um
tamanho de 4.9 Kb. Esta seqüência genômica origina um transcrito primário de 1.2 Kb,
incluindo regiões 3´ e 5´ não traduzidas (UTR), que determinam uma proteína de 166
aminoácidos (aa).
É uma citocina chave no controle da infecção pelo M. tb e é produzida principalmente
por células CD4
+
e CD8
+
e células NK. Células T γδ e T CD1 restritas também podem
produzir IFNγ durante a fase primaria de infecção por M. tb (van Crevel et al. 2002). As
moléculas de IFNγ se ligam aos receptores IFNγR1/R2 nos fagócitos mononucleares. A
sinalização pelo receptor é transmitida pelas vias JANUS e STAT quinases, particularmente
via Jak1, Jak2, e Stat1. IFNγ e TNFα são capazes de ativar radicais intermediários de
Revisão da Literatura 41
nitrogênio (RNI) nos fagócitos mononucleares em combinação com outros fatores como a
Vitamina D e a presença de linfócitos (Flynn et al. 1993). Este é um dos principais
mecanismos pelo qual o macrófago pode eliminar intracelularmente o M. tb. Entretanto, o
IFNγ pode também induzir LRG-47, que é uma GTPase que trabalha independente de NOS2.
E pode induzir autofagia como uma outra atividade anti-bactericida induzida pelo IFNγ em
fagossomas infectados pelo M. tb (MacMicking et al. 2003; Gutierrez et al. 2004).
Recentemente, Grassi et al. (2006) detectaram a regulação positiva de citocinas, incluindo
IFNγ, e genes envolvidos na ativação de IFNγ no lavado broncoalveolar de pacientes com TB
ativa, se comparados aos controles. Já Ribeiro-Rodrigues et al. (2002) demonstraram que o
IFNγ detectado no escarro induzido (EI) de pacientes com TB ativa sugere que esta molécula
é um potencial marcador da resposta imunológica efetiva durante o período de tratamento da
tuberculose.
Em macrófagos infectados com patógenos intracelulares, a ativação por IFNγ em
combinação com o TNFα resulta em um mecanismo imunitário de grande impacto biológico.
Indivíduos com deficiência completa no receptor do gene para IFNγ apresentam uma
suscetibilidade aumentada à infecção micobacteriana (M. bovis BCG ou micobactérias
atípicas) ou ao desenvolvimento de TB ativa, ainda que mais raramente. Em paralelo, estes
indivíduos estão associados a tipo grave, até mesmo fatal, de infecção por agente viral,
podendo resultar numa infecção generalizada (Ottenhoff et al. 2005; Mansouri et al. 2005).
Em contrapartida, pacientes com defeito no receptor de IL-12 continuam a produzir baixos
níveis de IFNγ e sobrevivem (Altare e et al. 1998). A inibição das vias de sinalização para
transcrição de genes de citocinas seria um mecanismo de escape do M. tb no processo da
infecção por M. tb (Ting e et al. 1999; Kincaid et al. 2003). Sendo o M. tb. um parasito
intracelular, que se replica nos macrófagos a despeito da existência de uma resposta imune
mediada por célula, sobreviveria à fagocitose dos macrófagos através da inibição da produção
Revisão da Literatura 42
de IFNγ, exercida ao nível da transcrição gênica. Alguns indícios já apontam a influência da
regulação do IFNγ em outras doenças, como leishmaniose por Leishmania donovani, onde o
agente etiológico inibe a produção de IFNγ em resposta a inibição de fosforilação de tirosina
de STAT1 por JAK1 e JAK2 (Nandan et al. 1995), ou ainda a infecção pelo citomegalovírus
(CMV), que inibe a expressão de IFNγ em fibroblastos e células endoteliais infectadas, por
depleção das JAK quinases através da degradação por proteossomas (Miller e et al. 1998).
2.4.2 TNF
α
O Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFα) ou caquetina é um gene que codifica uma
citocina pró-inflamatória multifuncional que pertence à superfamília do Fator de Necrose
Tumoral. É uma citocina principalmente secretada por macrófagos, que pode se ligar ou
ainda ativar suas funções via receptores TNFRSF1A/TNFR1 e TNFRSF1B/TNFBR. Esta
citocina está envolvida na regulação de um amplo espectro de processos biológicos,
incluindo proliferação celular, diferenciação, apoptose, metabolismo de lipídeos e
coagulação (Chouaib et al. 1992) e possui uma atividade imunoestimulatória. O TNFα é
também um importante mediador contra infecções de diferentes etiologias, podendo
exercer efeitos benéficos ou deletérios ao organismo dependendo da quantidade de
proteína que é secretada in vivo.
A molécula de TNFα pode existir sob duas formas: uma forma membranar de 26 kDa,
e uma forma secretada de 17 kDa. A forma secretada nada mais é do que a forma membranar
com o domínio hidrofóbico transmembranar clivado, que foi inicialmente identificada na
urina de pacientes febris, no soro e na urina de pacientes com insuficiência renal e de
pacientes com câncer em estágios avançados (Fiers 1995).
O gene humano que codifica para TNFα localiza-se no braço curto do cromossomo 6
Revisão da Literatura 43
na região p21.3, consiste de quatro exons e três introns e abrange 2.7 Kb. (Gene ID: 7124 -
Pubmed) Esta seqüência genômica dá origem a um RNA mensageiro (RNAm) de 1.6 Kb,
incluindo regiões 5’ e 3’ UTR (180 e 793 bp, respectivamente). TNFα é produzido como um
pró-hormônio de 233 aa que é processado em uma proteína madura (não glicosilada), com
157 aa, por clivagem de um peptídeo de 76 aa. A seqüência N-terminal contém domínios
hidrofílicos e hidrofóbicos, o que resulta na presença de TNFα na sua forma de membrana, da
qual a proteína madura é liberada por clivagem proteolítica.
Como amplamente revisto por Flynn (2004) e Flynn & Chan (2001; 2005), o maior
mecanismo efetor responsável pela atividade anti-bactericida de IFNγ e TNFα é a indução da
produção de óxido nítrico e de produção de radicais intermediários de nitrogênio (RNI) por
macrófagos via a ativação da forma induzida de sintase do óxido nítrico (NOS2). De fato,
ambas as citocinas, atuando sinergisticamente, são necessárias para a indução da expressão de
vias geradoras de RNI.
Em paralelo, os mecanismos regulatórios de formação do granuloma na tuberculose
ainda são indefinidos, entretanto o TNFα é uma molécula essencial na formação e
manutenção desta estrutura tanto no camundongo quanto no humano. E de forma ainda
paradoxal, o TNFα também contribui para a imunopatologia da TB (Flynn & Chan 2005).
Claramente o TNFα afeta a migração celular e a co-localização dentro de tecidos infectados
pelo M. tb e capaz de influenciar a expressão de moléculas de adesão bem como de
quimiocinas, e seus receptores para quimiocinas (Flynn 2004). Já a ausência completa de
TNFα ou do receptor para TNFα (TNFR), em camundongos, gera infecção crônica,
desorganização do granuloma, patologia aberrante e morte subseqüente (Mohan et al. 2001).
Foi ainda demonstrado que o bloqueio do TNF utilizando anticorpo anti-TNFα em paciente
com desordens inflamatórias, como artrite reumatóide e doenças de Crohn, resultam no
aumento da suscetibilidade à tuberculose (Keane et al. 2001). Amostras histológicas
Revisão da Literatura 44
pulmonares de pacientes demonstram que o bloqueio de TNFα induz aumento do infiltrado
linfocítico e ampla desorganização do granuloma de pacientes tuberculosos (Flynn & Chan
2005). Em um estudo in vitro realizado por Rhoades et al. (2005) foi demonstrado que vários
lipídeos micobacterianos conjugados com esferas induzem a migração celular e formação de
um granuloma rudimentar, sem a necessidade de presença de qualquer micobactéria viva. Em
paralelo foi observada a presença significativa de citocinas inflamatórias (IL-1, IL-6 e TNFα)
no sobrenadante de cultura destes pacientes. Estas observações suportam a teoria que o TNFα
é essencial nas vias de contenção da tuberculose latente e a manutenção da estrutura do
granuloma de pacientes com TB (Flynn 2004; Flynn & Chan 2005).
2.4.3 IL-12p35 e IL-12p40
A IL-12 é uma citocina que atua principalmente nas células T e nas células NK e
possui também um amplo espectro de atividades biológicas. Segundo Seder et al. (1993) “a
interleucina 12 (IL-12) é um fator determinístico na regulação dos padrões Th-1 e Th-2 em
modelos de infecção". É primariamente produzida por monócitos ativados, sua unidade
biologicamente ativa, IL-12p70 é um heterodímero dissulfídico composto de duas sub-
unidades covalentemente associadas, p35 e p40, sendo altamente expressa (cerca de dez
vezes) na resolução das infecções intracelulares (Sieling e et al. 1994).
Os genes que codificam para cada sub-unidade da IL-12 localizam-se em
cromossomos distintos em humanos. O gene da subunidade p40 (IL-12B) está localizado no
braço longo do cromossomo 5 entre a região q31.1 - 33.1 (GeneID: 3593 - Pubmed) e
apresenta seis exons e cinco introns, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR. O gene apresenta 15 Kb,
transcreve um RNAm linear de 2.3 Kb e traduz uma proteína de 328 aa. Já o gene que
codifica para a subunidade p35 (IL-12A) está localizado no braço longo do cromossomo 3
entre a região q25.33 – q26 (GeneID 3592 - Pubmed) apresenta sete exons e seis introns,
Revisão da Literatura 45
incluindo regiões 5’ e 3’ UTR. O gene apresenta 7.2 Kb e transcreve um RNAm linear de 1.4
Kb e traduz uma proteína madura de 253 aa. A subunidade maior é uma proteína de 40 kDa
(p40) que está associada a uma família de receptores de citocinas, e a subunidade menor é
composta por uma proteína de 35 kDa (p35) (Sieburth et al. 1992). A junção das subunidades
determina uma proteína ativa de 70 kDa e uma das vias fundamentais da IL-12 provém da sua
participação na imunidade inata, que é exemplificada em alguns estudos experimentais em
camundongos infectados com M. tb (Cooper et al. 1997). Alguns indícios sugerem claramente
a importância da regulação de citocinas e a participação de IL-12 no desenvolvimento de
formas graves da TB.
O eixo de ativação da IL-12 parece desempenhar um papel crucial no desenvolvimento
e manutenção da resposta imune frente ao M. tb (Flynn et al. 1993). IL-12 é produzida
principalmente por células fagocíticas e a fagocitose do M. tb aparentemente parece
necessária para sua produção (Flynn et al. 2004). IL-12 tem uma participação especial na
produção de IFNγ e ativação de células T CD4+ primárias, (CD4+CD45RA+ ou naive T
cells), e células de memória (CD4+CD45RA+ Memory T cells) na resposta imune juntamente
com o outro membro da família da IL-12, a IL-27 (Beadling & Slifka 2006). Em pacientes
com tuberculose, IL-12 foi detectada em infiltrados pulmonares, granuloma (Fenhalls et al.
2002), pleurisia (Okamoto et al. 2005) e na linfodenite (Serour et al. 2006).
Taha et al. (1997) descreveram um significativo aumento da expressão do RNAm de
IL-12 em células do BAL de pacientes com tuberculose pulmonar, como também um aumento
da expressão do RNAm do receptor (β1 e β2) em pacientes com TB pulmonar ativa (Taha et
al. 1999). Já em modelos de estudo de Paracoccidioides brasiliensis observa-se que a
deficiência da subunidade β1 do receptor de IL-12 representa uma alteração drástica no eixo
de expressão para IL-12, IL-23 e IFNγ, com presença da forma disseminada da doença e
aumento da produção de IL-4, IL-5 e IL-10 (Moraes-Vasconcelos et al. 2005). Estudos em
Revisão da Literatura 46
camundongos “knockout” para IL-12, com ausência da sub-unidade p40, verificaram maior
suscetibilidade à infecções pelo M. tb (Cooper et al. 2002). Há também aumento do
crescimento micobacteriano e produção reduzida de IFNγ. Aparentemente, segundo Verreck
et al.(2004), estudos in vitro e a polarização de populações de macrófagos do tipo 1 (Th-1
indutoras) na resposta imune e demonstram a produção tardia de IL-12 se comparado a IL-23
(dependente de IFNγ) após a estimulação com M. tb H37Rv. Entretanto há indícios de que a
molécula de TNFα poderia afetar os níveis de RNAm de IL-12p40 (Ma et al. 2000). Outros
estudos in vitro em células dendríticas transfectadas com plasmídios geneticamente
modificados expressando citocinas heterodiméricas da família da IL-12 e submetidos a
infecção com antígeno 85 de M. bovis BCG correlacionam a expressão principalmente de IL-
12 e IL-23 no envolvimento como coadjuvantes no aumento na resposta imune protetora anti-
TB (Wozniak et al. 2006). Em linhas gerais, evidências colocam a IL-12 como essencial à
ativação e diferenciação de células T CD4+ produtoras de IFNγ (Beadling & Slifika 2006).
Outros estudos ainda confirmam a importância da sub-unidade p40 como essencial na
resposta imune, assim como marcador de suscetibilidade à infecções pelo M. tb,
principalmente na expansão de células T antígeno-específicas secretoras de IFNγ em modelos
de vacinas de DNA.
2.4.4 IL-23p19
A IL-23 é um citocina que recentemente foi identificada como um membro da família
da IL-12 e também está envolvida nos mecanismos de defesa contra o M. tb. A IL-23 é uma
molécula do grupo das citocinas heterodiméricas dissulfídicas, que compartilha a sub-unidade
p40 com a IL-12, mas que apresenta uma única cadeia p19, que se assemelha a p35
(Oppmann et al. 2000). É produzida principalmente por células dendríticas, monócitos e
Revisão da Literatura 47
macrófagos, estimulando a produção de IFNγ e proliferação por células T (CD4+ e CD8+)
ativas/memória, CD4
+
CD45RO
+
, mas não as células primárias, “naive”, CD4
+
CD45RA
+
.
Tanto a IL-12 quanto a IL-23 dividem a mesma ligação de afinidade para sub-unidade do
receptor IL-12Rβ1; no entanto, IL-23 liga-se a um receptor distinto IL-23 específico (IL-
23R), enquanto IL-12 utiliza IL-12Rβ2 como seu co-receptor (Parham et al. 2002).
O gene que codifica para a cadeia p19 específica da IL-23 localiza-se no braço longo
do cromossomo 12 região q13.2 (GeneID: 51561 - Pubmed) e apresenta quatro exons e três
introns incluindo regiões 5’ e 3’ UTR. O gene apresenta 1,5 Kb, transcreve um RNAm linear
de 1,0 Kb e traduz uma proteína de 189 aa. Já o gene que codifica para a subunidade p40
apresenta-se como anteriormente descrito para IL-12.
Estudos prévios indicaram maior importância da expressão intacta de IL-12/23 p40, se
comparada à expressão vista pela sub-unidade IL-12 p35, indicando relevância na resposta
imune ao M. tb em modelos animais “knockout” para estas subunidades (Cooper et al. 2002).
Estudo in vitro com células monocíticas demonstram que a IL-23 parece ter significativa
expressão em monócitos tipo 1 após ativação com componentes micobacterianos, M.bovis
BCG ou M. tb (Verreck et al. 2004). IL-23p19 está presente localmente no pulmão de
camundongos infectados com M. tb H37Rv e observa-se a expressão associada de IL-17 e
IFNγ em células T pulmonares ativadas. A expressão localizada destas moléculas sugere o
controle da infecção pelo M. tb e uma menor reação inflamatória local, com um aumento do
número de células T CD4
+
CD25
+
expressando IL-23 e IFNγ, que subseqüentemente
aumentam a fagocitose e a morte bacteriana nos camundongos infectados com o M. tb H37Rv
(Happel et al. 2005). Outro estudo feito em camundongos C57BL/6 KO para IL-23 p19
infectados por M. tb H37Rv via aerosol demonstrou efetivamente que mesmo na ausência de
IL-23p19 o crescimento micobacteriano foi controlado, e não há diminuição de células T
CD4
+
antígeno-específicas produtoras de IFNγ ou da expressão local de RNAm para IFNγ. No
Revisão da Literatura 48
entanto houve uma redução quase total da produção de IL-17 ou expressão de RNAm por
células T CD4
+
. Observa-se também nestes camundongos “knockout” infectados a expressão
inalterada de genes micobactericidas como NOS2 e a LRG-47. A ausência simultânea de IL-
23 e IL-17 implica diretamente na presença de mediadores inflamatórios que afetam
substancialmente a resposta granulomatosa na infecção pulmonar local na resposta ao M. tb
(Khader et al. 2005).
McKenzie et al. (2006) descreveram o potente eixo pró-inflamatório (Th-17), que é
estimulado pela produção de IL-23, a qual irá induzir a expansão de células T produtoras de
IL-17, de forma distinta do eixo Th-1 e Th-2, com produção de IFNγ e IL-4. Aparentemente,
citocinas do eixo da família IL-12 (IL-12, IL-23 e IL-27) estão implicadas na resposta imune
Th-1 frente a patógenos intracelulares, mas as três citocinas não são inteiramente redundantes
na resposta imune, apesar da deficiência seletiva de uma das citocinas do hospedeiro poder ser
compensada pela presença das outras. Entretanto, em alguns casos uma citocina pode ser
requerida primariamente na geração de uma resposta antimicrobicida, enquanto que outra
citocina pode estar envolvida numa fase mais tardia da resposta após a eliminação do
patógeno (Beadling & Slifka 2006).
2.4.5 IL-10
É uma citocina regulatória anti-inflamatória produzida primariamente por macrófagos
e monócitos, mas também podem ser induzidas em células T, B e eosinófilos. É uma citocina
com efeito pleiotrópico e que in vivo é capaz de limitar a resposta inflamatória assim como
induzir imunoregulação. Regula negativamente a expressão de citocinas Th-1, a apresentação
de antígenos via MHC de classe II e a expressão de moléculas co-estimulatórias no
macrófago. Em células B, é capaz de influenciar a meia-vida destas células, afetar a
proliferação e a produção de anticorpos.
Revisão da Literatura 49
O gene para IL-10 localiza-se no braço longo do cromossomo 1 entre a região q31-q32
(GeneID: 3586 PubMed) e apresenta cinco exons e quatro introns incluindo regiões 5’ e 3’
UTR. O gene possui um tamanho de 4.9 Kb, transcreve um RNAm linear de 1.6 Kb e traduz
uma proteína de 178 aa.
A IL-10 é produzida inicialmente após a fagocitose do M. tb por macrófagos (Shaw et
al. 2000) e em pacientes com TB a expressão de RNAm foi demonstrada em células
mononucleares circulantes, no sítio da infecção pleural e no lavado broncoalveolar (Aubert-
Pivert et al. 2000). Como revisto por van Crevel et al. (2002), a IL-10 antagoniza a resposta
de citocinas pró-inflamatórias através da regulação negativa de IFNγ, TNFα e IL-12. A
participação destas citocinas, como anteriormente descrito, é essencial à resposta imune
protetora contra a TB, sendo a IL-10 não somente capaz de restringir a resposta imune
protetora do hospedeiro como a participação do macrófago na contenção primária da infecção
in vitro do M. bovis BCG (Murray & Young 1999). Os camundongos transgênicos que
expressam altos níveis de IL-10 são mais susceptíveis à infecção micobacteriana, mesmo que
estes camundongos continuem a produzir IFNγ em níveis normais semelhantes aos detectados
nos controles (Murray et al. 1997). Resultados similares demonstram que a presença de IL-10,
juntamente com TNFα e IFNγ, estão aumentadas no soro de pacientes com TB ativa antes do
tratamento, se comparado a seus respectivos controles. Uma redução significativa é observada
para IL-10 e TNFα após quatro meses de terapia e IFNγ após dois meses de tratamento anti-
TB (Deveci et al. 2005). Segundo Salgame et al. (2005) a presença de IL-10 seria induzida
através da sinalização de TLR2, em resposta à infecção pelo M. tb, como parte de mecanismo
regulatório negativo da resposta imune, que inibiria a resposta inflamatória para limitar o
dano colateral. Em trabalho recente a participação de células T regulatórias
(CD4
+
CD25
+
FoxP3
+
Treg) também foi relacionada à supressão da resposta imune local em
pacientes infectados com M. tb, através da regulação direta de IL-10 e IFNγ por estas células
Revisão da Literatura 50
(Chen et al. 2007). Porém Jang et al. (2006), avaliando células mononucleares do sangue
periférico (PBMCs) de pacientes com tuberculose ativa, mas negativos para reação
tuberculínica, verificou que apresentaram altos níveis de IL-10, além de correlação positiva
entre IL-10 e IFNγ na resposta imune da TB. Outros trabalhos identificaram que o perfil
imunossupressor da IL-10 por células apresentadoras de antígenos se estende à inibição de
resolução de infecções virais persistentes, devido a mecanismos que induzem a inatividade de
células T. A administração terapêutica de anticorpos que bloqueiam o receptor de IL-10 é
capaz de induzir o retorno das funções das células T e levar à eliminação da infecção viral
(Brooks et al. 2006). Bonecini-Almeida et al. (2004) descreveram a presença combinada de
citocinas imunossupressoras como IL-10 e TGF-β e a co-expressão de seus receptores
(TGFβ-RI e TGFβ-RII) no fluido broncoalveolar de portadores de TB ativa, que podem atuar
localmente no pulmão na regulação negativa da resposta imune, permitindo a replicação do
M. tb.
2.4.6 Receptores
2.4.6.1 TGF
β
-RI e TGF
β
-RII
O fator transformador de crescimento β ou superfamília TGF-β
é um amplo grupo de
ligantes estruturais relacionados que regulam vários processos celulares, incluindo progressão
de ciclo celular, diferenciação celular, funções reprodutoras, desenvolvimento, motilidade,
adesão, atividade neuronal, morfogênese óssea, cicatrização e vigilância imunológica (Lin et
al. 2006). As respostas celulares aos ligantes de TGF-β são traduzidas através de interações
com dois receptores distintos serina-treonina quinase de membrana, denominados receptores
tipo I e tipo II e são glicoproteínas de aproximadamente 55 e 70 kDa respectivamente, que
interagem com a respectiva molécula de TGF-β (Lin et al. 2006).
Revisão da Literatura 51
O gene que codifica para TGFβ-RI localiza-se no braço longo do cromossomo 9
região q22 (GeneID: 7046 - Pubmed) e apresenta nove exons e oito introns, incluindo regiões
5’ e 3’ UTR. O gene apresenta 49 Kb, transcreve um RNAm linear de 6.4 Kb e traduz uma
proteína de 503 aa.
O gene que codifica para TGFβ-RII localiza-se no braço curto do cromossomo 3
região p22 (GeneID: 7048 - Pubmed) e devido ao “splicing” alternativo, o gene de TGFβ-RII
apresenta duas isoformas, A e B. A isoforma precursora A é a maior, com oito exons e sete
introns, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR. Esta apresenta um gene de 87 Kb, transcreve um
RNAm linear de 4.7 Kb e traduz uma proteína de 592 aa, já a isoforma B determina uma
proteína de 567 aa.
A molécula de TGF-β parece agir na contenção da imunidade protetora à tuberculose.
Componentes micobacterianos induzem a produção de TGF-β em macrófagos, monócitos e
células dendríticas, regulando negativamente a resposta inflamatória (Latchumanan et al.
2005; Toosi et al. 1997). Assim como a IL-10, a produção de TGF-β encontra-se aumentada
no sítio da infecção durante a tuberculose, entretanto sua atuação em conjunto não significa
um efeito aditivo ou inibição sinergística pois, assim como provocado pela IL-10, o TGF-β
também inibiria diretamente as funções de células T CD4+ e células T γδ (Rojas et al. 1999).
Mas isto leva a uma supressão da produção de IL-2, da expressão de receptores para IFNγ e
de moléculas do complexo de histocompatibilidade principal II (MHC de classe II) (Tada et
al. 1991; Pinson et al. 1992; Geiser et al. 1993) e com o bloqueio da ativação induzida por
IFNγ, em macrófagos (Tsunawaki et al. 1988), causaria baixa da produção de IL-1, TNFα e
iNOS (Chantry et al. 1989; Ding et al. 1990). Othieno et al. (1999) descrevem o sinergismo
entre a IL-10 e o TGF-β na supressão da produção de IFNγ por células T estimuladas com
PPD. Em paralelo, Maeda & Shiraishi (1996), através de experimentos in vivo em células de
Revisão da Literatura 52
linhagem tímica de camundongo EL4, indicam que a presença de TGFβ e IL-10 seria capaz
de promover o direcionamento da resposta imune para um perfil Th-2.
Um aspecto interessante é demonstrado por Dahl et al. (1996) referente a uma
variação na produção específica de TGF-β em monócitos de sangue periférico através da
indução por lipoarabinomanana (LAM) de cepas virulentas Erdman e H37Rv de M. tb.
Resultados clínicos indicam ainda que TGF-β é capaz de induzir o dano tecidual e fibrose
durante a tuberculose ativa, pela síntese de colágeno (van Crevel et al. 2002; Hernandes-
Pando et al. 2006). Contudo, McCaffrey et al. (1995) descrevem a importância dos receptores
TGFβ-RI e TGFβ-RII como pré-requisito na regulação da molécula bioativa de TGF-β1 nas
lesões em doenças fibroproliferativas, que resultam em efeitos distintos mediante a exposição
da molécula ao receptor, confirmando a importância da resposta antiproliferativa do receptor
TGFβ-RII no seu modelo de estudo. Aparentemente, o receptor TGFβ-RII estaria mais
associado a alterações referentes à indução da proliferação celular, enquanto que o receptor
TGFβ-RI está envolvido na indução da síntese protéica em resposta à molécula de TGFβ1
(Apud McCaffrey 1995). Bonecini-Almeida et al. (2004), descreveram que a presença da
molécula bioativa assim como os receptores TGFβ-RI e TGFβ-RII são significativamente co-
expressos em células do BAL de pacientes com tuberculose ativa, se comparado aos
respectivos controles, indicando assim a participação dos receptores da molécula bioativa de
TGF-β no processo da tuberculose ativa.
2.4.6.2 CD80 e CD86
CD80 e CD86 são membros da super-famílias das imunoglobulinas (Ig) e são
expressos principalmente em células apresentadoras de antígeno (APCs) como macrófagos,
Revisão da Literatura 53
monócitos e células dendríticas (Freeman et al. 1991; Freeman et al. 1993). Estas moléculas
se ligam a duas proteínas de superfície celular, CD28 ou à proteína associada a linfócito T
citotóxico 4 (CTLA-4), constitutivamente expressas em células CD4
+
e CD8
+
, e são
responsáveis por atividades de co-estimulação, indução de proliferação celular, expressão de
citocinas ou ainda regulação positiva/negativa da resposta imunológica (Green 2000).
O gene humano que codifica para CD80 localiza-se no braço longo do cromossomo 3
na região q13.3-q21, consiste de cinco exons e quatro introns e abrange 3.5 Kb (GeneID: 941
- Pubmed). Esta seqüência genômica dá origem a um RNAm linear de 2.8 Kb, incluindo
regiões 5’ e 3’ UTR e sintetiza uma proteína de 288 aa.
O gene humano que codifica para CD86 localiza-se no braço longo do cromossomo 3
região q21, consiste de 65 Kb e por “splicing” alternativo o gene de CD86 apresenta duas
isoformas precursoras, 1 e 2 (GeneID: 942 – Pubmed). A isoforma precursora 1, a maior entre
ambas, com sete exons e seis introns, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR, origina um RNAm linear
de 2.8 Kb e sintetiza uma proteína de 329 aa, enquanto a isoforma 2 determina uma proteína
final de 323 aa.
A densidade relativa na superfície celular de CD80 e CD86 em células B ativadas seria
capaz de influenciar a natureza da resposta “T helper” (Vijayakrishnan et al. 2000). Em
paralelo há uma regulação distinta entre as duas moléculas: em células B ativadas, uma vez
estimuladas, a presença de anti-CD86 induziria uma regulação positiva de CD80 na superfície
celular (Sahoo et al. 2002). Resultados similares em camundongos BALB/c foram obtidos em
células dendríticas (DCs) quando estimuladas com anti-CD80. Este foi capaz de induzir
aumento específico da densidade da expressão de CD86, na superfície de células dendríticas
maduras isoladas. A regulação positiva de CD86, em DCs maduras, induziria ainda um
aumento da expressão dos níveis de IL-10 e TGF-β. Entretanto, a presença de CD80
promoveria majoritariamente a produção de IFNγ e IL-12p40. Estes resultados indicam que a
Revisão da Literatura 54
estimulação de CD80 seria capaz de modular o perfil de secreção de citocinas e a densidade
da expressão de CD86 em DCs, com direcionamento qualitativo da resposta de células T
(Balkhi et al. 2004). A predominância dos antígenos de M. tb leva à regulação negativa da
resposta imune, com aumento em cerca de dez vezes da densidade de CD86 na superfície
celular de células dendríticas maduras, levando concomitantemente ao aumento da expressão
de IL-10 e TGF-β. O tratamento das células com IL-12p70 e/ou IFNγ leva à reversão do perfil
Th-2 (Balkhi et al. 2004a). Outros dados indicam que a vacinação de animais com M.bovis
BCG associado a CD80/CD86 diminuiria a patologia da tuberculose bovina no pulmão e
também nos linfonodos associados (Maue et al. 2004). Um dado interessante descrito por Kai
et al. (2006) indicam que a expressão de moléculas co-estimulatórias CD80, CD86, CD40 e
MHC de classe II estão positivamente regulada em DCs após estimulação com altas doses de
M. tb in vitro. Nosso grupo ainda demonstrou em trabalho recente que há uma menor
expressão da molécula co-estimulatória CD80 e de HLA-DR em macrófagos obtidos por
escarro induzido em pacientes com TB ativa se comparados aos controles (Flores Batista et al.
2007).
2.4.6.3 IL-1Rn
A proteína codificada por este gene é um membro da família das interleucinas 1. Esta
proteína inibe a atividade de IL-1α e IL-1β. Três são as formas protéicas resultantes do gene
para antagonista do receptor de IL-1 (IL-1Rn), duas intracelulares e uma terceira secretora
(sIL-1Rn) (Nambu et al. 2006; Dinarello 2003). IL-1Rn é responsável pela variabilidade da
ação da IL-1 na resposta imune e inflamatória e está elevada no soro de pacientes com
diversas condições, como sepsis, doenças auto-imunes e doenças inflamatórias (Brown et al.
1996) ou ainda na adipogênese e homeostase de energia, como visto em modelos de
camundongos por Somm et al. (2005).
Revisão da Literatura 55
O gene humano que codifica para IL-1RN localiza-se no braço longo do cromossomo
2 região q14.2, consiste de 16 Kb e por “splicing” alternativo o gene de IL-1RN apresenta
quatro isoformas (GeneID: 3557 – Pubmed). A isoforma precursora 1, a menor de todas, com
quatro exons e três introns incluindo regiões 5’ e 3’ UTR, origina um RNAm linear de 1,7 Kb
e sintetiza uma proteína de 177 aa. Já a isoforma 2, a maior de todas, determina uma proteína
final de 180 aa.
Resultados indicam que IL-4 induz ao aumento de IL-1Rn em células da PBMC in
vitro estimuladas com M. tb, em contrapartida altos níveis de IFNγ e o decréscimo da
expressão de IL-10 diminua efetivamente a produção de IL-1β, sendo este um indício de
desregulação de IL-1Rn/IL-1β (Wilkinson et al. 1999). Outros resultados descrevem que o
IL-1Rn é um gene de expressão imediata e que é ativado pela via IFNβ em monócitos
humanos in vitro independente de STAT1 (Molnarfi et al. 2005). A desregulação da
expressão de IL-1/IL-1Ra, que é vista em doenças inflamatórias, determina que a produção de
IFNγ e IL-17 esteja aumentada em células T de camundongo IL-1Rn
-
/
-
(Matsuki et al. 2005;
Nakae et al. 2003). Avaliando aspectos da indução local da inflamação na hipersensibilidade
tardia (DTH), Nambu et al. (2006) demonstraram que camundongos “knockout” IL-1Rn
-/-
apresentam resposta DTH parcialmente reduzida. Entretanto, outros fatores contribuem para a
resposta inflamatória, como a presença de TNFα, sustentando a produção e mediando vários
efeitos da ação da IL-1. A expressão de IL-23p19, IL-12p40, IL-17 e IL-1β é aumentada em
camundongos IL-1Ra
-
/
-
, e o excesso de IL-1β livre levaria à indução significativa da produção
de IL-23 (Cho et al. 2006). Parece existir uma alça regulatória na produção de altos níveis de
IL-23, IL-17 e IL-1 no processo inflamatório quando em ausência de IL-1Rn.
Dinarello (2003) descreve que paciente com sepsis em risco de morte que foram
tratados com bloqueadores de TNFα ou com IL-1Rα, suprimindo a atividade de IL-1α e IL-
Revisão da Literatura 56
1β, apresentaram melhora e aumento da sobrevida. Similarmente, resultados descritos por
Juffermans et al. (1998b) indicam níveis aumentados de IL-1Rn e TNFαRI e TNFαRII em
pacientes com tuberculose ativa associado com quadros graves de anorexia ou febre, se
comparados a seus contatos e controles saudáveis analisados, desta forma descrevendo estas
moléculas como marcadores de doença ativa grave. A deficiência de IL-1R (
-
/
-
), em
camundongos estimulados por LAM de M. tb, promove a diminuição do influxo de
granulócitos no BAL e a diminuição da presença de TNFα localmente no pulmão (Juffermans
et al. 2000). A inativação da IL-1 em camundongos afetaria a resposta inflamatória diante de
antígenos do M. tb, com maior ênfase na organização do granuloma e na resposta inicial
inflamatória com influxo da população de células T.
2.4.6.4 TLR2
A proteína codificada por este gene é um membro dos receptores Toll-like (TLR). Esta
família é fundamental no reconhecimento de patógenos e ativação da imunidade inata. Os
TLRs são altamente conservados, desde drosófila até humanos, e dividem similaridades
funcionais e estruturais. Estes grupo de receptores reconhecem padrões moleculares
associados a patógenos (pathogen associated molecular patterns, PAMPs) que são expressos
em agentes infecciosos e mediam a produção de citocinas necessárias para o desenvolvimento
da imunidade inata. Os vários TLR exibem diferentes padrões de expressão. TLR2 é expresso
mais abundantemente em leucócitos de sangue periférico e media a resposta do hospedeiro a
bactérias Gram-positivas e leveduras via estimulação por NF-κB.
O gene humano que codifica para TLR2 localiza-se no braço longo do cromossomo 4
região q32, e consiste de 21 Kb com apenas uma região codificante (GeneID:7097– Pubmed).
Esta seqüência genômica dá origem a um RNAm linear de 3.4 Kb, incluindo regiões 5’ e 3’
UTR e sintetiza uma proteína de 784 aa.
Revisão da Literatura 57
A literatura ainda é muito contraditória sobre a atuação dos receptores TLR2 na
resposta imune frente à tuberculose. Mas Drennnan et al.(2004) descreve que camundongos
TLR2
-/-
são mais susceptíveis à infecção pelo M. tb e apresentam aumento na carga bacilar,
principalmente no baço, fígado e no pulmão. Estes animais geneticamente deficientes
apresentam ainda redução da produção de IL-12p40 e TNFα e são incapazes de formar um
granuloma de contenção da infecção. Já Bafica et al. (2005), baseado na teoria de cooperação
entre receptores TLR na resposta imune inata a diferentes patógenos, descreve que
camundongos duplamente “knockout” TLR2
-/-
e TLR9
-/-
apresentam maior suscetibilidade à
infecções in vivo pelo M. tb, e somente neste grupo de camundongos foi observada uma baixa
de produção concomitante de IL-12p40 e IFNγ. Soma-se a isto a significativa redução de
IFNγ em células CD4
+
, porém o mesmo não é visto na população de células CD8
+
. Brightbill
et al. (1999) demonstram que o M. tb induz a expressão de um amplo repertório de ligantes a
TLR2. A lipoproteína 19-kDa (LpqH), um antígeno secretado de M. tb, foi descrito como o
primeiro ligante de M. tb a interagir especificamente com TLR2 para induzir TNFα e produzir
óxido nítrico, tanto em macrófagos murinos quanto em humanos. Re et al. (2004) verificaram
que a estimulação de TLR2 através de agonistas aparentemente dá maior suporte à
polarização da resposta Th-2, com maior expressão de IL-10; e a estimulação de TLR2,
induzindo expressão de IL-10, é capaz de silenciar a indução de IP-10 e IL-12p35 frente à
estimulação com agonistas para TLR3 e TLR4. A exposição à lipoproteína de M. tb (19-kDa)
em estudos in vitro em macrófagos murinos indica que a inibição da produção de IFNγ está
relacionada a vários genes no macrófago, particularmente envolvidos no processamento de
MHC Classe II e recrutamento de células T. Foi observado também que a via de ativação de
macrófagos por IFNγ é dependente de MyD88 (Pai et al. 2004) assim como a mesma via de
sinalização de TLR2. Entretanto, Banaiee et al. (2006) descrevem que a desativação de IFNγ
está diretamente relacionada à expressão de TLR2 em células fagocíticas HEK293. Já Curry
Revisão da Literatura 58
et al. (2004) citam que a redução da estimulação de TLR2 por agonista específico ou
estimulação com M. avium (10:1 CFU) em células macrofágicas RAW264.7 demonstra uma
redução da expressão (RNAm) do receptor para IFNγ (IFNGR-1) sugerindo uma possível
regulação transcricional ou pós-transcricional do gene, reduzindo assim paralelamente a
presença de IFNγ como proteína final.
2.4.7 Mediadores intracelulares, imunossupressores e enzima
2.4.7.1 IRAK-M
A Quinase 3 Associada ao Receptor de Interleucina 1 (IRAK-M) faz parte de um
grupo de moléculas mediadoras da transdução de sinal para citocina pró-inflamatória 1, IL-1,
que foi posteriormente implicado na transdução de sinais para outros membros da família de
TLR/IL-1R. Quatro tipos de moléculas
foram identificadas na família IRAK sendo
duas quinases ativas (IRAK-1 e IRAK-4) e
duas quinases inativas (IRAK-2 e IRAK-
M). Todas as moléculas de IRAK estão
situadas na cascata de ativação abaixo de
MyD88 e são capazes de se ligar a
TRAF6, causando a ativação de NFκB e
MAPK (Janssens et al. 2003; Wesche et
al. 1999; Li et al. 2002; Medzhitov et al.
1998; Wesche et al. 1997). Entretanto,
dentre os receptores da família IRAK, o IRAK-M é o único expresso somente em
monócitos/macrófagos.
Figura 2: Modelo de ação de IRAK
Adaptada de Kobayashi et al. (2002)
Revisão da Literatura 59
O gene humano que codifica para IRAK-M localiza-se no braço longo do cromossomo
12 região q14.3, e consiste de 12 exons e 11 introns, apresentando um tamanho de 59 Kb
(GeneID: 11213 - Pubmed). Esta seqüência genômica dá origem a um RNAm linear de 2.3
Kb, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR e sintetiza uma proteína de 596 aa.
Segundo Kobayashi et al. (2002), a presença de IRAK-M intracelular exerce um papel
crítico na regulação negativa de citocinas pró-inflamatórias. Consistentemente, camundongos
IRAK-M
-/-
, quando infectados por bactérias gram-negativas mortas ou vivas (Salmonella
typhimurium ou Escherichia coli) apresentam um aumento na expressão de citocinas pró-
inflamatórias. Adicionalmente, os autores propõem um modelo de funcionamento para IRAK-
M conforme Figura 2. A ativação por dimerização dos receptores TLRs em reconhecimento
dos Padrões Moleculares de Associação a Patógenos (PAMPs) é seguida da associação de
IRAK e IRAK-4 e o recrutamento de MyD88, que resultam em subseqüente ativação e
fosforilação (Figura 2A). A fosforilação de IRAK ou IRAK4 resulta na alteração
conformacional, causando perda de afinidade do complexo de sinalização TLR ativado a
cascata de sinalização IRAK-TRAF6. IRAK-M atua neste processo por inibição de
dissociação de IRAK e IRAK-4 ou estabilização do complexo TLR/MyD88/IRAK-4 de
acordo com a Figura 2B. Em paralelo Nakayama et al. (2004) confirma a atuação de IRAK-
M como importante modulador da ativação de receptores TLR.
Poucos trabalhos na literatura avaliam esta molécula utilizando a tuberculose como
modelo. Recentemente, Pathak et al. (2005) descreveram que o efeito da lipoarabinomanana
recoberta por manose (Manose-capped Lipoarabimanan Man-LAM), um membro do grupo
de modulinas de M. tb que o bacilo utiliza para subverter a resposta imune inata, induz a
produção de IRAK-M em macrófagos in vitro, levando à inibição de IL-12 em vários níveis.
Sobre esta via sugere-se que Man-LAM inibe a transcrição e síntese protéica do gene de IL-
12p40, influenciando diretamente a translocação de NFκB para o núcleo. Além disso, a
Revisão da Literatura 60
inibição de NFκB está associada ao aumento direto da expressão de IRAK-M, como
demonstrado em ensaios de gene reporter (Reporter Gene).
2.4.7.2 SOCS1 e SOCS3
Os Supressores de sinalização de citocinas (SOCS) pertencem a uma família de
proteínas que regulam, em intensidade e duração, a cascata de sinalização de citocinas. Foram
inicialmente descritos como SH2 (Cytokine-inducible Ser homology 2) por Yoshimura et al.
(1995). Esta família é composta por oito fatores identificados até o momento como CIS e
SOCS1-7 (Yoshimura et al. 1995; Naka et al. 1997; Starr et al. 1997; Endo et al. 1997);
Hilton et al. 1998). As proteínas desta família contêm o domínio SH2 e o segmento chamado
de SOCs-box, localizado próximo da região C terminal. Fisiologicamente, SOCS1 é o maior
inibidor de IFNγ e outras citocinas envolvidas na homeostase linfocítica, enquanto que
SOCS3 inibe a família de IL-6-LIF de citocinas e
exerce outras funções gerais como regulador
negativo de inflamação. Em linhas gerais a
expressão dos genes SOCS1 e SOCS3 ocorre em
estado basal, mas é rapidamente estimulada por
citocinas, hormônios, fatores de estimulação de
colônia e fatores de crescimento via sinalização de
JAK-STAT. Por outro lado, a ativação desta
molécula direciona a inibição da própria via
indutora STAT, constituindo uma alça negativa de
regulação (Tan & Rabkin 2005) como ilustrado
pela Figura 3.
Figura 3: Modelo de ação de SOCS
Adaptado de Heeg & Dalpke (2003)
O gene humano que codifica para SOCS1 localiza-se no braço curto do cromossomo
Revisão da Literatura 61
16 na região p13.13, possui um tamanho de aproximadamente 1.7 Kb com apenas uma região
codificante (CDs) (GeneID:8651– Pubmed). Esta seqüência genômica dá origem a um RNAm
linear de 1.2 Kb, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR e traduz uma proteína de 211 aa. O gene
humano que codifica para SOCS3 localiza-se no braço longo do cromossomo 17, região q25.3
e consiste de 3.3 Kb com apenas uma região codificante (CDs) (GeneID:9021– Pubmed). Esta
seqüência genômica dá origem a um RNAm linear de 2.7 Kb, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR e
traduz uma proteína de 225 aa.
Uma das principais características do M. tb é a capacidade de replicar
intracelularmente em macrófagos humanos. Estudos in vitro, especificamente em modelos
analisando o M. bovis BCG e o 6,6’ dimicolato/ fator corda, o maior componente celular da
parede do M. tuberculosis, demonstram induzir a produção de SOCS1 e paralelamente de
SOCS3 em macrófagos murinos J774 e inibir a produção de IFNγ via inibição de fosforilação
de STAT1. O M.bovis BCG também é capaz de reduzir a ativação e translocação de STAT1,
mas não de STAT3, para o núcleo e fosforilação de JAK 1 e JAK2. Isto sugere que o M.bovis
BCG e fatores componentes do M. tb são capazes de interferir também na sinalização
intracelular de macrófagos, inibindo desta forma a produção de IFNγ (Imai et al. 2003). M. tb
é capaz de suprimir a expressão de MHC Classe II (Pai et al. 2003). Outros aspectos se
estendem ainda ao balanço entre a ativação da resposta imune Th-1 com o tipo de cepa
infectante e a produção de IFNγ como molécula imuno-reguladora da resposta imune.
Seguindo esta linha, Manca et al. (2005) descreveram que a infecção com isolados clínicos de
M. tb da cepa W/Beijing em camundongos induzem a maior expressão do RNAm de SOCS1,
4 e 5 e outros reguladores negativos da sinalização JAK/STAT (Pai et al. 2003). Blumenthal
et al.(2005) descrevem que diferentes cepas de M. avium tendem a induzir a maior expressão
de IL-12p40, SOCS-1 e IL-10 como forma de manipulação específica de genes do hospedeiro.
Camundongos SOCS1
-/-
apresentam morte neonatal prematura mas alguns trabalhos
Revisão da Literatura 62
descrevem que a deficiência de SOCS1 é capaz de induzir aumento da expressão de IL-12,
TNF e IFNγ em células T e NK podendo até levar a reações inflamatórias agudas e
indiretamente ao aumento da produção de fatores de inibição de resposta imune local, como
IDO, e sistêmica, como a IL-10 (Eyles et al. 2002; Chong et al. 2005; Tsukada et al. 2005).
Ainda sobre a atividade de moléculas da família de supressores, podemos descrever
que a expressão primária e aumentada de SOCS3 e IL-10 induz a inibição da expressão de IL-
12 e TNFα em monócitos de vacas com infecção sub-clínica por M. avium subespécie
paratuberculosis, sugerindo uma atenuação da capacidade de monócitos em iniciar a resposta
imune inflamatória adaptativa (Weiss et al. 2005). Chen et al. (2005) descrevem que a
deficiência de SOCS3 em células T estaria diretamente relacionada à produção de IL-23 e que
este supressor é essencial na regulação negativa da sinalização de IL-23 via STAT3. A
proteína SOCS3 aparentemente também é um regulador da expressão de TGF-β1 e IL-10 via
regulação positiva de STAT3, em modelos de estudos in vitro com células T de camundongos
infectados por Leishmania major, segundo Kinjyo et al. (2006). SOCS3 é também
predominantemente expressa em células com perfil Th-2 via redução da IL-12 por inibição de
STAT4 (Seki et al. 2003; Kinjyo et al. 2006).
Os mediadores intracelulares SOCS são importantes reguladores de sinalização de
receptores TLR. Inicialmente, evidências experimentais sugeriram que os receptores TLR são
capazes de induzir IFNs tipo I (Alfa e Beta), os quais seriam fortes indutores de moléculas
SOCS, particularmente SOCS1 (Heeg & Dalpke et al. 2003). Baetz et al. (2004) descreveram
uma regulação indireta de SOCS1 na via de ativação de genes induzidos por TLR2, 3, 4 e 9
por inativação de STAT1. Entretanto Mansell et al. (2006) descreve que SOCS1 pode
diretamente suprimir a resposta imune por degradação de uma proteína adaptadora Mal, um
mediador chave de sinalização de TLR4 e TLR2, regulando, assim, aspectos da resposta pró-
inflamatória. A descrição prévia de que ligantes de TLR influenciam rapidamente a indução
Revisão da Literatura 63
de proteínas SOCS, combinado com a demonstração de SOCS1 mediando a degradação de
Mal, revela um rápido mecanismo de feedback no controle da sinalização de receptores TLR.
2.4.7.3 IDO
“Indoleamine-Pyrrole 2,3 dioxygenase” ou IDO é uma enzima envolvida no
catabolismo de triptofano em diferentes metabólitos (ácido 3-hidroxiantranílico, picolínico e
ácido quinolínico), dos quais os principais produtos são as quinurenina. IDO é expresso
primariamente por monócitos, macrófagos e células dendríticas e por depleção local de
triptofano, compostos reativos de oxigênio (ROS) e a produção das quinureninas podem inibir
a ativação celular de linfócitos T. Estas células são extremamente sensíveis à baixa de
triptofano ou à presença de quinurenina e outros metabólitos gerados por IDO. A ativação de
IDO pode causar o aprisionamento dos linfócitos T na fase G1 do ciclo celular ou ainda sua
baixa responsividade. Outros resultados indicam que as quinureninas e outros metabólitos de
triptofano podem promover a apoptose e influenciar o balanço entre a função de células T nas
células Th-1 e Th-2, devido ao fato das células Th-1 serem sensíveis a metabólitos de IDO
(Munn et al. 2006; Mellor et al. 2005).
O gene humano que codifica para IDO localiza-se no braço longo do cromossomo 8
região p12-p11, e consiste de dez exons e nove introns com um tamanho de aproximadamente
14 Kb (GeneID: 3620 - Pubmed). Esta seqüência genômica dá origem a um RNAm linear de
aproximadamente 1,6 Kb, incluindo regiões 5’ e 3’ UTR e traduz uma proteína de 403 aa.
Poucos trabalhos descrevem a relação existente entre este supressor local da resposta
imune e a tuberculose. Entretanto, alguns indícios de atuação desta molécula em outros
modelos, principalmente em câncer e tolerância imunológica, demonstram que IFNγ induz
significativa ativação de IDO em células dendríticas CD8
+
, as quais são células de alta
produção de IL-10 (Grohmann et al. 2000). Outros indícios sugerem ainda que tanto as
Revisão da Literatura 64
células T CD4
+
quanto as células T CD8
+
são inibidas pela ativação de IDO. Uma hipótese
recente é a de que a ativação de IDO no processo de inibição celular é dependente do
engajamento de moléculas B7.1 / B7.2 no processo de apresentação das DCs junto às células
T e que na ausência deste sinal as células dendríticas seriam incapazes de regular
positivamente a atividade funcional de IDO. O autor descreve ainda que a expressão de
CTLA-4 em células T CD4
+
atua como regulador fisiológico na resposta de células T in vivo
(Munn et al. 2004). Van der Sluijs et al. (2006) sugerem que IDO é um importante modulador
da resposta inflamatória local, no pulmão, em infecções por vírus da influenza seguidas de
infecção secundária com pneumococos (S. pneumoniae) em camundongos. Resultados
indicam que a atividade de IDO está associada ao aumento da produção de IL-10, por
mecanismo ainda não completamente elucidado, levando a um estado imunosupressivo.
Contraditoriamente, Hayashi et al. (2001) descreveram que a inibição do crescimento de M.
avium tanto no baço como no pulmão em macrófagos e monócitos murinos seria mediada por
IDO. O aumento da expressão de IDO levanta alguns aspectos a serem considerados já que o
crescimento micobacteriano necessita da síntese de alguns aminoácidos, incluindo triptofano,
que é catabolizado por IDO. Esta inibição também está associada ao crescimento de
metabólitos tóxicos derivados do catabolismo de IDO como L-quineurinina, ácido 3-
hidroxiantranilico, picolínico e ácido quinolínico que são localmente induzidos.
2.4.7.4 NEMO
IκB complexo quinase (IKK) regula a fosforilação de IκB por promoção de
ubiquitinação e degradação proteossômica para a via de liberação de NFκB. IKK é composto
de três subunidades: IKKα e IKKβ, que servem como componentes catalíticos, e NEMO ou
IKKγ (
IKBKG inhibitor of kappa light polypeptide gene enhancer in B-cells, kinase gama)
que é um componente sem função catalítica mas apresenta-se como um modulador essencial
Revisão da Literatura 65
na regulação de NFκB (Uzel et al. 2005).
NEMO centraliza várias vias de
sinalização intracelular, sendo este fator
essencial na formação do complexo
funcional IKK e uma vez livre deste
complexo a molécula de NFκB é capaz de
migrar para o núcleo e iniciar a transcrição
de vários genes envolvidos na imunidade,
inflamação, apoptose, adesão celular e
crescimento (Uzel et al. 2005), como
ilustrado pela Figura 4.
O gene humano que codifica para
NEMO localiza-se no braço longo do cromossomo X região q28, e consiste de nove exons e
oito introns e possui aproximadamente 17 Kb (GeneID: 8517 - Pubmed). Esta seqüência
genômica dá origem a um RNAm linear de aproximadamente 2.1 Kb, incluindo regiões 5’ e
3’ UTR traduzindo uma proteína de 419 aa.
Figura 4: Modelo de ação de NEMO
Adaptado de Uzel et al. (2005).
Poucos trabalhos na literatura realmente abrangem a relação entre NEMO e as
infecções com M. tb. Ottenhoff et al.(2005) descreveram que pacientes com defeitos em
NEMO parecem ter maior suscetibilidade à TB, sendo ele um importante regulador NFκB. Os
autores sugeriram uma drástica alteração na ligação entre a resposta imune inata e adaptativa
em paciente com alterações de expressão no eixo IL-12/IL-23-IFNγ. Outros estudos em busca
de biomarcadores de proteção contra doenças identificaram casos de infecções por bactérias
não usuais [Mycobacterium não-tuberculosa (MOTT) ou M. bovis Bacille Calmette-Guérin
(BCG) ou espécies de Salmonella] em pacientes com alterações nos genes de citocinas
(TNFα, IL-12 IFNγ) essenciais na resposta imune à micobactérias e que são regulados via
Revisão da Literatura 66
NFκB. Algumas destas alterações foram associadas à deficiência genética na molécula de
NEMO (Ottenhoff et al. 2005). Camundongos “knockout” para NEMO sem atividade de
NFκB morrem de apoptose maciça no fígado em torno de 13 dias de vida (Schmidt-Supprian
et al. 2000). Defeitos que levam ao bloqueio da produção ou alteração na expressão de
NEMO, e diretamente a regulação de NFκB causam implicações severas como osteopatia e
mosaicismo desencadeando uma resposta inflamatória extremamente tardia e insuficiente, a
despeito de uma infecção grave (von Bernuth et al. 2005).
2.5 A Resposta imune compartimentalizada no pulmão
De forma geral o pulmão maduro possui regiões anatômicas distintas cobertas por
diferentes tipos de células epiteliais. A traquéia e o brônquio principal estão cobertos por um
epitélio pseudo-estratificado ciliado. Os bronquíolos possuem um revestimento por células
ciliadas e por células não ciliadas chamadas de células de Clara. O alvéolo é revestido por
células escamosas horizontais (pneumócito tipo 1) e cubóides (pneumócitos tipo 2). Alguns
aspectos de resposta imune contra o Mycobacterium tuberculosis, com relação a resposta local
no sítio de infecção, como no pulmão, são ainda amplamente desconhecidos. Os principais
estudos envolvendo a análise imunológica e a investigação da patogenia de doenças que
acometem o sítio pulmonar, particularmente a tuberculose, descrevem o lavado
broncoalveolar (BAL) como uma ferramenta de comprovada validade. Células
broncoalveolares obtidas do fluido do BAL de pacientes com tuberculose ativa caracterizam-
se por apresentarem cerca de 20% de macrófagos alveolares imaturos recentemente recrutados
da corrente sangüínea (Schwander et al. 1996), um percentual aumentado de linfócitos
alveolares T expressando receptores αβ e marcadores de ativação (Schwander et al. 1996;
Hoheisel et al. 1994), assim como um aumento variável do número de neutrófilos (Schwander
et al. 1996; Zhang et al. 1995) e células T alveolares de memória CD4 responsivas ao PPD
Revisão da Literatura 67
(Barnes et al. 1989; Fujiwara et al. 1986).
O Trabalho desenvolvido por Schwander (1998), avaliando o perfil de resposta de
células broncoalveolares do BAL, demonstrou a compartimentalização de células antígeno-
específicas em áreas afetadas do pulmão durante a tuberculose ativa, fato este não observado,
no mesmo estudo, em amostras de BAL de indivíduos saudáveis (Schwander et al. 1998;
Schwander et al. 2000). A alta concentração de IFNγ no compartimento broncoalveolar estava
diretamente relacionada à presença de células linfocíticas alveolares em pacientes com
tuberculose ativa. Destacava-se também a co-participação de macrófagos e neutrófilos
alveolares destes pacientes. Mais recentemente, Mazzarella (2003) relatou que a polarização
da imunidade local pode ter correlação clínica, tendo sido observada a predominância Th-1,
com aumento de células CD4
+
e produção de IFNγ, em pacientes com TB pulmonar não
cavitária, enquanto que o perfil linfocítico Th-2 estaria presente em pacientes com cavitação e
necrose extensa do tecido pulmonar. Já Grassi et al. (2006) utilizando a tecnologia de
microarranjos e reação em cadeia da polimerase em tempo real (Real-Time PCR), analisou o
BAL de pacientes com tuberculose ativa e detectou a variação de 847 genes codificados para
a mediação da resposta imune pró-inflamatória. Foi demonstrada a existência de uma rede
complexa para a ativação gênica com regulação positiva de citocinas, que incluíam genes na
cascata de ativação de IFNγ e vários genes pró-apoptóticos e potentes ativadores de
transcrição.
A despeito dos resultados significativos obtidos através do BAL, este procedimento
caracteriza-se por ser invasivo, caro e causador de grande desconforto ao paciente, o que
inviabiliza sua utilização como ferramenta para acompanhamento de pacientes em estudos
longitudinais durante o tratamento. Sendo assim, muito avanços foram obtidos através de
modelos animais ou ainda por avaliação de compartimentos longínquos, em relação ao
pulmão, como o sangue periférico.
Revisão da Literatura 68
Evidências recentes de outros estudos pulmonares em asma e doença pulmonar crônica
obstrutiva indicaram que amostras de escarro induzido (EI) podem prover uma pronta
alternativa ao BAL nos estudos longitudinais, com excelente tolerância e baixo custo, o que
permite que seja repetido várias vezes, além de não ser um método invasivo na avaliação de
fatores envolvidos na imunologia pulmonar (Fahy 1995; Keatings et al. 1996). Através do
método do EI, as amostras podem ser obtidas das vias aéreas inferiores e fornecem parâmetros
tão bons ou melhores se comparado aos dados obtidos através do BAL (Bhowmik et al. 1998;
D’Ippolito et al. 1999). Scheicher et al.(2003) indicam que durante o procedimento do EI o
método é capaz de obter amostras de vias aéreas centrais inicialmente, enquanto amostras de
vias aéreas periféricas e alveolares poderão ser obtidas posteriormente com o procedimento.
O perfil celular presente nas amostras de EI define-se pela grande presença de células
escamosas, sendo 25 a 50% de presença de células epiteliais. Relatos indicam que, excluindo-
se as epiteliais, obtém-se de 50-75% neutrófilos, 25-50% macrófagos e cerca de 1% linfócitos
(Scheicher et al. 2003; Ribeiro-Rodrigues 2002). Trabalhos neste campo de avaliação
demonstram que o total diferencial de células tanto quanto o conteúdo de citocinas são
relativamente comparáveis no escarro espontâneo, escarro induzido e no lavado
broncoalveolar (D’Ippolito et al. 1999; Henig et al. 2001). Ribeiro-Rodrigues (2002)
descreveu que, através do EI, é possível observar a presença de células T reativas no sítio da
infecção e variação da produção de marcadores, como o IFNγ, refletindo a intensidade da
infecção pelo M. tb. e inflamação pulmonar correspondente à evolução do tratamento, sendo
portanto uma ferramenta útil para avaliação seqüencial da resposta imune do hospedeiro e
para a avaliação microbiológica no acompanhamento durante o período de tratamento anti-
TB. Algumas desvantagens estão presentes nesta metodologia, pois o EI apresenta relativa
diluição do material, já que o material se obtém não somente da área da lesão, como também
de outras regiões pulmonares não afetadas. Além disso há um risco de contaminação do
Revisão da Literatura 69
médico que está responsável pela condução do exame. Sendo assim, medidas de proteção
devem ser utilizadas a fim de prevenir o risco de transmissão da doença (McWilliams 2002).
Hipótese e Objetivos 70
3.0 Hipótese
Nossa hipótese é que o Mycobacterium tuberculosis, pela excessiva atividade
regulatória através da expressão de proteínas micobacterianas, como por exemplo o CFP32,
seria capaz de desestruturar aspectos da resposta imune, associados à produção, por células
imunocompetentes, de mediadores imunológicos, imunossupressores e outros mediadores
intracelulares da ação microbicida dos macrófagos, permitindo-lhes evadir os mecanismos de
defesa, mesmo na presença de quantidades adequadas de citocinas estimuladoras,
principalmente as do eixo IL-12/IL-23 - IFNγ. A esterilização progressiva da lesão
tuberculosa por meio da quimioterapia eficaz suprimiria o estímulo a tal indução de citocinas
desativadoras, permitindo a retomada do equilíbrio entre o hospedeiro e o parasita na
resolução do processo de infecção.
4.0 Objetivos geral
1-Avaliar a expressão de mediadores imunológicos na resposta imune na tuberculose humana
utilizando modelos in vivo e in vitro.
4.1 Objetivos específicos
1 Avaliar a expressão de TNFα, IL-10, IL-12p35, IL-12p40, IFNγ, TGFβ-RI, TGFβ-RII, IL-
1Rn, CD80, CD86, SOCS1, SOCS3, TLR2, IRAK-3, NEMO e IDO como mediadores
imunológicos por PCR em Tempo Real na resposta imunológica em pacientes com
tuberculose, outras pneumopatias e voluntários saudáveis antes e durante o tratamento.
2 Avaliar a expressão de TNFα, IL-10, IL-12p35, IL-12p40, IFNγ, TGFβ-RI, TGFβ-RII, IL-
1Rn, CD80, CD86, SOCS1, SOCS3, TLR2, IRAK-3, NEMO e IDO como mediadores
imunológicos por PCR em Tempo Real na resposta imunológica em células da PBMC e em
monócitos humanos frente ao M. tb H37Rv:
Hipótese e Objetivos 71
2.1 M. tb H37Rv WT - cepa selvagem
2.2 M. tb H37Rv KoCFP32 - knockout para o gene CFP32
2.3 SN M. tb H37Rv - filtrado de cultura para o WT
2.4 SN M. tb H37Rv KoCFP32 - filtrado de cultura para o gene CFP32
Materiais e Métodos 72
5.0 Materiais e Métodos:
5.1 Desenho do estudo
Realizou-se de um estudo longitudinal, clínico-experimental, de grupos de indivíduos
que se apresentaram aos ambulatórios do Instituto de Doenças do Tórax (IDT) e do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) com suspeita clínica de tuberculose e que necessitaram de indução de escarro para
comprovação diagnóstica. Após o esclarecimento diagnóstico, os indivíduos foram
convidados a participar do estudo, e foi explicada a necessidade de novas induções de escarro
nos seguintes tempos após a introdução da quimioterapia: 15, 30, 60 e 180 dias. O estudo foi
realizado na Divisão de Pneumologia e Tisiologia (DPT) do IDT e no Programa de Controle
da Tuberculose Hospitalar (PCTH) do IDT/HUCFF, que possuem experiência em
acompanhar estes pacientes, contando com instalações adequadas para a coleta do escarro
induzido, inclusive equipamentos de biossegurança. A parte experimental foi realizada no
Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa do HUCFF e na Divisão de Doenças Infecciosas da
Universidade Cornell (Nova York-EUA), equipado com o instrumental necessário para a
realização dos experimentos.
5.2 Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo pacientes com idade de 18 a 70 anos que procuraram a
UPT/IDT e PCTH com queixas de febre, tosse, perda de peso e imagem radiológica
compatível com tuberculose, sem escarro ou com exame direto negativo para bacilo álcool-
ácido resistente. Destes casos foram incluídos os que se confirmaram como portadores de
tuberculose (TB e os que apresentavam outras pneumopatias não tuberculosas (OLD, Other
Lung Diseases). Funcionários e estudantes do HUCFF saudáveis foram voluntários (VOL).
Materiais e Métodos 73
5.3 Critérios de exclusão
Foram excluídos do estudo aqueles pacientes com uso empírico de esquema anti-
tuberculose por 15 dias ou mais, doenças crônicas como insuficiência hepática, renal
(creatinina > 1,5 mg/dl), diabetes melito tipo I e II (glicose > 110 mg/dl), alcoolismo (Critério
de Cage), usuários de drogas injetáveis, problemas sócio-econômicos que impedissem a
aderência ao tratamento ou localização em caso de falta às consultas ambulatoriais.
5.4 Tamanho amostral
Em uma fase inicial do projeto foi descrita variação significativa na dosagem de IL-10
ao longo de cinco avaliações (seis meses de acompanhamento). Estes dados foram utilizados
para o cálculo do tamanho amostral, aonde foram consideradas as seguintes suposições: nível
de significância de 5% ou p < 0,05, poder do teste estatístico de 80% e queda esperada da
expressão de IL-10 após o tratamento em aproximadamente 40% dos pacientes. Utilizando-se
a metodologia previamente descrita por Cohen (1969), o número de casos necessários no
estudo foi de 23 pacientes com tuberculose ativa que completaram o tratamento.
Considerando-se que em torno de 50% dos pacientes incluídos nos estudos anteriores
conduzidos pelo PCTH tinham tuberculose e que haveria uma perda amostral de 20% para um
estudo com seis meses de acompanhamento, foram incluídos no recrutamento inicial 70
pacientes.
5.5 Aspectos éticos
Pacientes com indicação clínica inicial de procedimentos como escarro induzido para
esclarecimento diagnóstico foram convidados a participar do estudo. Sorologia para HIV foi
realizada em todos os participantes, precedida e seguida de aconselhamento. Foi explicada a
Materiais e Métodos 74
necessidade de retornar quinze dias após o início do tratamento para nova coleta de escarro
induzido, assim como 30, 60 e 180 dias após o início. Foram explicados os riscos do
procedimento, assim como a relevância do projeto. A partir do momento que o paciente se
sentiu esclarecido, foi convidado a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (Anexos). As amostras colhidas nos exames foram primeiramente destinadas aos
exames diagnósticos e o excesso foi destinado ao estudo. Os pacientes foram acompanhados
nos ambulatórios da UPT/IDT e PCTH do HUCFF e toda a medicação fornecida
gratuitamente. Não houve retribuição financeira pela participação no projeto, que foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Medicina/HUCFF/UFRJ
(028/98), legalmente constituído nos termos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde e pelo Institutional Review Board, Weill Medical College of Cornell University número
0759-926 (Anexos). Ficaram assegurados os mesmos direitos aos pacientes que se recusaram
a participar do projeto. Todos os pacientes diagnosticados com tuberculose realizaram o
tratamento com Esquema I (rifampicina, isoniazida e pirazinamida) preconizado pelo
Ministério da Saúde para tratamento não-supervisionado, com consulta mensal e dispensação
de medicação. Nos anexos estão o TCLE e as aprovações pelo CEP.
5.6 Questionário padronizado
Todos os pacientes responderam a um questionário que incluiu os aspectos sócio-
demográficos, clínicos e laboratoriais, além de terem assinado o TCLE. Além do questionário,
foram anotados pela equipe do estudo os dados clínicos e radiológicos: apresentação
radiológica, com número de lobos envolvidos, carga bacilar inicial, tempo de negativação do
escarro. O questionário conta dos Anexos.
Materiais e Métodos 75
5.7 Pacientes envolvidos no estudo.
Pacientes recentemente diagnosticados com episódios de tuberculose pulmonar foram
identificados no Programa de Controle da Tuberculose Hospitalar (PCTH) do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), um hospital referência para o tratamento da
tuberculose no estado do Rio de Janeiro, entre abril de 1998 e junho de 2001.
Foram incluídos neste estudo trinta (30) pacientes com tuberculose ativa confirmada,
de ambos os gêneros, com apresentação clínica variada (grave a não grave), independente de
cor que: a) apresentaram cultura positiva para micobactéria e subseqüente confirmação
bioquímica da espécie como M. tuberculosis em amostras clínicas respiratórias ou não; b)
aceitaram participar do estudo e assinarem o TCLE.
Foram excluídos os pacientes: a) cujos materiais clínicos não tenham sido
submetidos aos exames constantes do protocolo de rotina de investigação diagnóstica; b) que
não aceitaram participar do estudo.
Os paciente elegíveis foram em seguida submetidos a entrevista padronizada e
assinatura de termo de consentimento para participação do estudo científico aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ - Brasil) e da
Weill Medical College of Cornell University (New York-EUA). Os paciente em seguida
foram submetidos ainda a teste de avaliação para detecção de HIV, via Western Blot, e ainda
a coleta de material biológico. Todos os participantes em potencial tiveram avaliação médica,
exame físico, tele-radiografia de tórax, escarro induzido (EI), baciloscopia, cultura
micobacteriana e hemograma completo avaliados. Todos os paciente incluídos neste estudo
foram submetidos a esquema de tratamento quimioterápico padrão por seis meses
(rifampicina, isoniazida e pirazinamida por dois meses seguido por rifampicina e isoniazida
por outros quatro meses). Foram acompanhados por cinco a seis anos após o término do
tratamento. Dos trinta pacientes com TB ativa arrolados no estudo, 22 foram reavaliados em
Materiais e Métodos 76
agosto de 2005. A média de acompanhamento para estes pacientes foi de cinco anos, variando
de quatro a sete anos, após o final do tratamento. Em oito pacientes não foi possível
acompanhamento devido à perda de contato, principalmente por motivo de mudança de
residência. Quatro pacientes apresentaram diagnóstico positivo para infecção por HIV-1
durante o tratamento ou após o final do tratamento, devido à demora ao consentimento à
testagem para a sorologia para HIV. No entanto nenhum dos pacientes HIV/AIDS fazia
terapia anti-retroviral no momento do diagnóstico ou nas fases iniciais do tratamento.
Pacientes em avaliação pela Divisão de Pneumologia do IDT que apresentaram
sintomas respiratórios, mas sem aspectos clínicos ou evidências laboratoriais de tuberculose
ativa, onze (11), foram arrolados como controles (pacientes com outras pneumopatias ou
other lung disease” - OLD). Dezesseis (16) adultos voluntários que trabalharam no HUCFF
(health care workers - HCW) assintomáticos, não tabagistas e soro-negativos para HIV foram
incluídos como controles saudáveis.
5.8 Indução do escarro
Os pacientes em jejum lavaram a boca, escovaram os dentes, a língua e a superfície
gengival com uma escova de dentes macia e solução salina, seguida de gargarejo repetido
com água, com a finalidade de minimizar a contaminação com saliva. Foi iniciada então a
inalação de solução salina hipertônica (pois é mais eficiente do que a isotônica) estéril a 3%
através de nebulizador ultrassônico conectado a tubo com alta saída de solução salina, em
média de 2,5 ml/min (UltraNeb 99; DeVilbis-Sunrise Medical – Carlsbad, CA USA). (É
recomendado o uso de nebulizador ultrassônico para a indução de escarro pelo fato de que os
outros nebulizadores não possuem uma suficiente saída de solução salina inalada). Após 20
minutos de inalação o paciente assoou o nariz, lavou a boca e foi encorajado a respirar
profundamente, tossir e expectorar utilizando manobras expiratórias forçadas. Os espécimes
Materiais e Métodos 77
de escarro foram colhidos em frasco estéril. Durante todo o procedimento, os pacientes foram
acompanhados por pessoal médico e o exame foi interrompido quando houve desconforto
respiratório ou sinais clínicos ou funcionais de broncoespasmo. O material colhido foi
dividido igualmente em dois frascos estéreis, um deles foi levado ao Laboratório de
Micobacteriologia para posterior confirmação de tuberculose, através de coloração
denominada Ziehl-Nielsen para BAAR (bacilo álcool-ácido resistente) e cultura de 60 dias
para BK, e o outro frasco foi imediatamente enviado ao laboratório para processamento.
5.9 Manipulação do escarro
O escarro coletado foi conduzido ao Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa sob
refrigeração e imediatamente processado em câmara de fluxo (Labconco Purifier Class II
Biosafety Cabinet – Kansas, MO USA). Metade do escarro foi separada e enviada para o
Laboratório de Micobactérias do IDT e processada para baciloscopia para bacilos álcool-ácido
resistente (BAAR) pela coloração de Ziehl-Nielsen e para cultura para micobactérias, em
meio enriquecido de Löwenstein-Jensen, seguindo as normas recomendadas pelo Ministério
da Saúde.
5.10 Separação do material
A parte mucóide do escarro foi separada da saliva em uma placa de Petri com o auxílio
de uma pipeta Pasteur estéril (Standard bulb pipet, Fisher Scientific – New Hampshire USA) .
Utilizou-se esta parte viscosa para processamento do escarro descrito logo abaixo. Dois tipos
de processamento foram empregados, a separação de uma alíquota de escarro sem tratamento
com ditiotreitol (DTT, Sigma Chemical CO - St. Louis, MO USA) e o tratamento do restante
do escarro com DTT.
a) A Alíquota:
Materiais e Métodos 78
- 0,5 ml ou 500 µl de escarro + 2,5 ml ou 2500 µl de água para injeção (ou água destilada).
Esta alíquota foi colocada em um tubo siliconizado (Nalgene centrifuge ware - Rochester, NY
USA) capacidade 10 ml) e passada no vórtex.
- Após este procedimento inicial, a alíquota foi então centrifugada em centrífuga refrigerada
Beckman J2-21 (Beckman Coulter, Inc. Fullerton, CA USA) por 30 minutos, a 15.000 rpm, à
temperatura de 4°C. Finalizada a centrifugação, o tubo foi retirado cuidadosamente para não
haver mistura do “pellet” celular com o sobrenadante;
- Na câmara de fluxo, foi retirado o sobrenadante da alíquota e colocado em tubos tipo
eppendorf com capacidade para 1,5 ml (Axygen Scientific, Inc. - Union City, CA USA). Estes
foram fechados, etiquetados e selados com parafilm. Os sobrenadantes foram colocados em
isopor com gelo para mantê-los sempre resfriados. No fim do processamento, os mesmos
foram estocados em freezer -80°C para posterior análise das citocinas IL-10 e IFN-γ em outro
estudo.
b) O escarro tratado com DTT.
(O DTT 0,1% é mais eficiente do que o PBS para dispersar as células, e não apresenta
nenhum efeito adverso na contagem celular).
- Após ter sido retirado 0,5 ml de escarro para a alíquota, foi colocado o restante do material
em um tubo Falcon de 15 ml;
- A quantidade de DTT que foi colocada juntamente ao material estava diretamente ligada à
viscosidade e à quantidade do mesmo. A solução estoque de DTT correspondia a 0,010g de
pó + 650 µl de PBS estéril (do inglês, Phosphate Buffered Saline). Desta solução estoque, foi
retirado o necessário para a diluição realizada, como descrito abaixo. A quantidade de solução
de DTT adicionada ao escarro foi devidamente anotada.
- Após ter colocado o DTT juntamente com o escarro, o tubo Falcon foi agitado no vórtex
com a finalidade de homogeneizá-lo e, finalmente conduzido ao banho-maria a 37°C agitado
Materiais e Métodos 79
por 20 minutos com a finalidade de permitir a mucólise;
- O “pellet” da alíquota que sobrou foi acrescentado ao tubo Falcon que continha o escarro
propriamente dito. Novamente, este tubo foi ressuspenso no vórtex;
- O escarro foi então centrifugado em centrífuga refrigerada à 1500 rpm, por 10 minutos, à
temperatura de 5°C, para separação do sobrenadante;
- Após esta primeira centrifugação, foi retirado o sobrenadante do escarro e aliquotado em
eppendorfs devidamente etiquetados e vedados com parafilm. Estes foram mantidos em
isopor com gelo para que, ao final do processamento, fossem estocados em freezer -80°C;
- O “pellet” celular foi ressuspenso em 1 mL de PBS e o tubo foi então agitado no vórtex;
- O material foi centrifugado pela segunda vez seguindo o mesmo procedimento descrito
acima, com a finalidade de lavar as células. O sobrenadante foi desprezado e o “pellet” celular
foi ressuspenso novamente em 1 mL de PBS. O tubo foi agitado no vórtex;
- O escarro foi centrifugado pela terceira e última vez seguindo o mesmo procedimento acima.
O sobrenadante foi retirado e desprezado. Finalmente, o “pellet” celular foi ressuspenso em 1
mL de PBS. O tubo foi agitado com o auxílio de uma pipeta Pasteur. Neste estágio do
processamento não foi utilizado o vórtex para homogeneizar o tubo com o objetivo de não
romper as células para a contagem em Câmara de Neubauer;
- Contagem global celular: foram colocados 20 µl do corante Azul de Tripan (Sigma-Aldrich -
St. Louis, MO USA) com 20 µl de células em um eppendorf. O mesmo foi homogeneizado e
colocado, por capilaridade, na Câmara de Neubauer.
- A contagem das células viáveis foi realizada em microscópio óptico (Nikon – Melville, NY
USA), sendo a contagem realizada em quatro quadrantes, usando-se a fórmula: N° de células
contadas
÷ 4 (nº de quadrantes contados) × 2 (fator de diluição) × 10
4
.
- Uma parte das células obtidas com este procedimento foram direcionadas para estudos com
cito-centrifugados e o restante das células obtidas foram armazenadas em 0,5mL de Trizol®
Materiais e Métodos 80
(Invitrogen, Life technology - Carlsbad, CA USA) em tubos eppendorf RNAse free para
posterior estudo da expressão gênica.
5.11 Coloração:
- Foi selecionada a melhor lâmina das 12 dos citocentrifugados e realizada a coloração
denominada May-Grunwald-Giemsa (Kit Panótico Rápido LB, Laborclin, Pinhais, PR Brasil),
cujas etapas encontram-se descritas logo abaixo:
a) 5 imersões em “buffer” (solução tampão, fixadora): corante azul claro; compõe-se de uma
solução de triarilmetano a 0,1% (Panótico Rápido n° 1);
b) 10 imersões em eosina: corante alaranjado; compõe-se de uma solução de xantenos a 0,1%
(Panótico Rápido n° 2);
c) 10 imersões em hematoxilina: corante roxo; compõe-se de uma solução de tiazinas a 0,1%
(Panótico Rápido n° 3);
d) 10 imersões em água corrente;
e) Secar bem a lâmina;
f) 5 imersões em xilol, com a finalidade de clarear as células;
g) Montar a lâmina com solução de Permount (Fisher Scientific – New Hampshire USA).
(Macroscopicamente a coloração deve apresentar uma tonalidade rosa-mate. Lâminas muito
vermelhas indicam acidez excessiva, e muito azuladas, alcalinidade excessiva.)
- As demais lâminas (n=11) foram imersas em clorofórmio-acetona preparado em diluição 1:1
(utilizado exclusivamente para material contaminado) por, no mínimo, 10 minutos para obter
uma boa fixação do material. As lâminas foram secas em temperatura ambiente e
embrulhadas, com suas faces opostas, em um filme plástico (PVC). Este foi identificado com
um esparadrapo contendo o nome do paciente, o nome do projeto, a data e a quantidade de
lâminas que foram feitas. Por fim, foram estocadas em freezer -20°C.
Materiais e Métodos 81
- Após o término do processamento, todos os materiais utilizados foram tratados com
hipoclorito de sódio à 5% e álcool à 70%.
5.12 Obtenção de células mononucleares de sangue periférico e
monócitos.
Amostras de “Buffy coat” obtidas do centro de coleta de Nova York, NY (NY-USA)
foram utilizadas para obtenção de células mononucleares de sangue periférico (PBMC) e
células monocíticas (Mφ). O volume total de “buffy coat” foi dividido em duas partes no
laboratório e seguidamente direcionado para a obtenção da PBMC e dos Mφ.
As PBMC foi isolada inicialmente por centrifugação em Ficoll-Paque (Amersham
Pharmacia Biotech - Piscataway, NJ USA) e seguindo instruções do fabricante as amostras de
sangue foram diluídas em solução salina tamponada de Hanks (HBSS) (Fisher Scientific - Bio
Whithakker - New Hampshire USA) , assentadas sobre um gradiente de Ficoll em tubo Falcon
de 50 mL (BD, Franklin Lakes, New Jersey USA) e centrifugadas por 25 minutos. As células
foram coletadas e novamente submetidas a uma centrifugação para lavagem em HBSS no
total de duas vezes. Posteriormente, as células foram contadas em câmara de Neubauer e
ressuspensas em meio X-VIVO 20 (Fisher Scientific -Bio Whithakker - New Hampshire
USA). Cerca de 3x10
6
células da PBMC foram plaqueadas em placas de cultura Corning de
60 mm (Corning Internacional. New York USA) e incubadas a 37°C com 0,05% CO
2
até o
momento da infecção.
Os Mφ foram obtidos usando o protocolo comercial RosetteSep, para “Human
Monocytes Enrichment Cocktail” (Steam Cell Technologies - Vancouver, BC Canada) e os
procedimentos de obtenção celular seguidos de acordo com instruções do fabricante. Em
resumo: para cada 2 ml da buffy-coat 100 µL de RosetteSep foi adicionado. O volume total
Materiais e Métodos 82
existente foi mantido a temperatura ambiente por 20 minutos em garrafas Corning de 500mL
(Corning International, New York USA) e centrifugados em gradiente de Ficoll- Ficoll-Paque
(Amershan, Pharmacia Biotech - Piscataway, NJ USA) por 25 minutos. O procedimento a
partir deste momento foi idêntico ao desenvolvido para obtenção de células da PBMC.
5.13 Estímulo micobacteriano e ELISA.
Experimentos celulares in vitro com cinética foram elaborados e as PBMCs e Mφ em
ausência ou em presença de micobactérias vivas, ou “single cells colonies”, numa razão de 0.1
CFUs, por monócito, foram infectadas com H37Rv ou diferentes construções
micobacterianas: 0.577 knockout do CFP32 (M. tb H37RvKocfp32), 0.577 Complemento do
gene CFP32 (M. tb H37RvKocfp32compl) (Richard C. Huard, comunicação pessoal) ou ainda
com 50µg/poço com proteínas do filtrado de cultura das proteínas do filtrado de cultura de
H37Rv selvagem (SN H37Rv WT) e proteína do filtrado de cultura do knockout CFP32 (SN
H37RvKocfp32). As culturas foram estimuladas entre 4 horas e 24 horas e os sobrenadantes
coletados e congelados para posterior avaliação. As células que foram coletadas após cultura,
foram centrifugadas e ressuspensas em 1 mL de reagente de T
RIzol® (Invitrogen, Life
technology - Carlsbad, CA USA.) e congeladas a -70°C para posterior utilização.
A detecção de IL-10 e IFNγ por ELISA no sobrenadante de cultura foi realizada
utilizando protocolo do próprio laboratório com anticorpo monoclonal humano produzido em
camundongo [Hu-mAb anti-mouse IL-10 e IFNγ, isotipo IgG
1
(Santa Cruz Biotechnology Inc.
Califórnia USA) de acordo com o descrito por Huard et al. (2003a). Em linhas gerais, 2 µg
de Hu-mAb anti-mouse (1:10
5
em salina de tampão fosfato [PBS], 50µL por poço) foi
adicionado em placas de 96 poços para ELISA (Corning International, New York USA) e
incubado “overnight” a 4°C. PBSt (PBS com 0.1% Tween 20) foi utilizado para lavar as
Materiais e Métodos 83
placas, no total de três vezes, e seguida de 2,5 horas de incubação com 100 µL de tampão de
bloqueio (PBS com 10% Soro Fetal Bovino [SFB]) por 1 hora à temperatura ambiente e
agitação seguida de lavagem quatro vezes com PBSt. Amostras duplicadas de cada
sobrenadante teste foram utilizadas para um volume de 50 µL por poço e foram então
incubadas por 2 horas com agitação lenta, à temperatura ambiente e subseqüentemente
lavadas três vezes em PBSt. O anticorpo secundário biotinilado humano (0,5 µg/mL, 100 µL
por poço) e conjugado com streptavidina-horseadish peroxidase (Amersham, Pharmacia
Biotech - Piscataway, NJ USA) foi adicionado à placa e incubado por 2 horas com agitação
lenta, à temperatura ambiente, e em seguida lavado três vezes em PBSt. O conjugado
extravidina-peroxidase (1:2 x 10
3
em PBS, 10 µl por poço) (Sigma-Aldrich St. Louis, MO
USA) foi então adicionado à placa sob agitação lenta por 30 minutos e subseqüentemente
lavado três vezes com PBSt. 3,3’,5,5’-Tetrametilbenzidina (TMB) (Sigma-Aldrich St. Louis,
MO USA) atuou como substrato cromogênico (100 µL por poço) e uma vez a cor azul tenha
sido suficientemente detectada a olho nu a reação foi interrompida utilizando 0,5 M H
2
SO
4
(50µL) e a placa imediatamente submetida à leitura a 450 nm em leitor de ELISA – EL 340
Biokinetics Reader (BioTek Instruments Inc., Winooski, Vt. USA).
5.14 Isolamento do RNA total e síntese de DNA complementar.
RNA total extraído das células pulmonares e células restantes dos estudos in vitro
usando 0,5 ml de T
RIzol® Reagent (Invitrogen, Life technology - Carlsbad, CA, USA) foram
processados de acordo com instruções do fabricante e armazenadas a -70°C. A análise
espectofotométrica foi realizada a 260 nm para medição da pureza e concentração das
amostras de RNA. Em seguida, as amostras foram submetidas à eletroforese usando um gel
desnaturante para confirmação da integridade dos RNA estudados para validação dos dados
Materiais e Métodos 84
obtidos por espectrofotometria. Cerca de 1µg de material usando 50 nM de Oligo (dT)
18-20
(Invitrogen, Life technology - Carlsbad, CA USA) foi reversamente transcrito utilizando
SuperScrip
TM
II Reverse Transcriptase (Invitrogen, Life technology - Carlsbad, CA USA) de
acordo com instruções do fabricante e todas as amostras de DNAc foram levadas ao volume
de 100 µl em água estéril.
5.15 Iniciadores ou primers:
Todas as seqüências de “primers” foram desenhadas utilizando o programa Primer 3
software (http://frodo.wi.mit.edu/cgi-bin/primer3/primer3_www.cgi), respeitando algumas
exigências padrão como tamanho dos “primers” (18-20 pares de base (pb) com o máximo de
27 pb) e amplicom entre 100 e 500 bp. Todas as seqüências foram sintetizadas por Sigma-
Genosys (Sigma-Aldrich - St. Louis, MO USA.) e os produtos de amplificação 5’-3’ do PCR
resultante foram desenhados para regiões específicas de RNAm que amplifiquem no mínimo
uma junção exon-exon, prevenindo desta forma a amplificação de contaminantes de DNA
presentes nas amostras. Controles positivos e negativos para quantificação de DNAs por RT-
PCR foram também utilizados independentemente dos controles de reação da placas conforme
a Tabela 2.
Materiais e Métodos 85
Tabela 2. Primers utilizados nas análises por RT-PCR
Primer Sequences 5´-3´ PCR size Observations
GAPDH
For: GAGTCAACGGATTTGGTCGT
Rev: AAATGAGCCCCAGCCTTCT
316 bp Exon-Exon junction covered on both sides:
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 4º-5º exons
TNFα
For: CCCCCAGAGGGAAGAGTTC
Rev: GAGGGTTTGCTACAACATGG
119 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 3º-4º exons
IL-10
For: GAGAACAGCTGCACCCACTT
Rev: ACAGCGCCGTAGCCTCAG
300 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 4º-5º exons
IL-12 p35
For: ATGCTCCAGAAGGCCAGAC
Rev: TCTGGAATTTAGGCAACTCTCA
150 bp Exon-Exon Junction on one side
Forward: 2º-3º exons
Reverse: 4º exon
IFNγ
For: GCATCGTTTTGGGTTCTCTT
Rev: CAGTTACCGAATAATTAGTCAGCTTTT
336 bp Exon-Exon Junction on one side
Forward: 1º exon
Reverse: 3º-4º exons
TGFβRI
For: CGACGGCGTTACAGTGTTT
Rev: AAACCTGAGCCAGAACCTGA
487 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 3º-4º exons
TGFβRII
For: GCACGTTCAGAAGTCGGTTA
Rev: CGTCATTCTTTCTCCATACAGC
200 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 2º-3º exons
IL-1RN
For: GCCTTCAGAATCTGGGATGT
Rev: CAGCTGGAGTCTGGTCTCATC
207 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 3º-4º exons
Reverse: 5º-6º exons
CD80
For: CACCTCTCCTGGTTGGAAAA
Rev: AGCAGTAGGTCAGGCAGCAT
286 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 3º exon
Reverse: 4º-5º exons
SOCs3
For: GCCACCTACTGAACCCTCCT
Rev: ACGGTCTTCCGACAGAGATG
177 bp Only inside the Exon region
Forward: 1º exon
Reverse: 1º exon
SOCs1
For: AGAGCTTCGACTGCCTCTTC
Rev: AGGGGAAGGAGCTCAGGTAG
201 bp Only inside the Exon region
Forward: 1º exon
Reverse: 1º exon
TLR2
For: GTCTTGGGGGTCATCATCAG
Rev: TCCTGTTGTTGGACAGGTCA
163 bp Only inside the Exon region
Forward: 1º exon
Reverse: 1º exon
IRAK-3
For: GGCCTGGCAGAGAGACTTT
Rev: TGAATAGCTCGACGATGTCC
173 bp Exon-Exon Junction on one side
Forward :1-2 exons
Reverse: 2 exon
CD-86
For: CTGCTCTCTGGTGCTGCTC
Rev: CGGCCCATATACTTGGAATG
200 bp Exon-Exon Junction on one side
Forward :2-3 exons
Reverse: 3 exon
IL-12p40
For: CCTGGAGAAATGGTGGTCCT
Rev: GCTTAGAACCTCGCCTCCTT
171 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 2º-3º exons
NEMO
For: AAGGCCCAGGCGGATATCTA
Rev: ATCCTGGCCGACTCCTGAC
155 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 6º-7º exons
Reverse: 7º-8º exons
IDO
For: GCCAAATCCACAGGAAAATC
Rev: GGCAAGACCTTACGGACATC
237 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 3º-4º exons
IL-23p19
For: TGGGACACATGGATCTAAGAGA
Rev: TGCAAGCAGAACTGACTGTTG
121 bp Exon-Exon Junction covered on both sides
Forward: 1º-2º exons
Reverse: 2º-3º exons
DNA
sequence
For: GCCCCTCCCAGTTCTAGTTC
Rev: CTTCTGGGCCACTGACTGAT
170 bp
DNA sequence for TNFα promoter
Materiais e Métodos 86
5.16 Real time PCR
As reações de RT-PCR foram todas elaboradas com concentração 1x QuantiTect
TM
SYBR® Green (Qiagen - Valencia, CA, USA.), 2.5 mM MgCl
2,
2 µl of DNA complementar
(DNAc) alvo e 0,3 µM iniciadores “primer” de junção exon-exon (Tabela 2) e controles
específicos: gliceraldehido-3-fosfato dehidrogenase (GADPH, positivo), o controle negativo
sem o “template” e o controle para contaminação de DNA (TNF-α intron primers). As
reações respeitaram ciclos de 95°C por 10 minutos (min) seguidos de 40 ciclos de 94°C por
45’, 62ºC por 45’, e 72°C por 90’, sendo todas realizadas em placas óticas de 384 poços
(Applied Biosystems - Foster City, CA USA) em sistema de sequenciamento ABI PRISM
7900 (Applied Biosystems - Foster City, CA USA). Para verificar se os “amplicons
específicos do PCR quantitativo produzem um produto único de amplificação foi ainda
adicionado um protocolo de curva de dissociação ao final da reação de RT-PCR para algumas
amostras. Logo em seguida o “amplicon” foi carreado em um gel de agarose 1.5%, corado
com brometo de etídio (Figura 5) e posteriormente seqüenciado no centro de instalações
laboratoriais da Cornell University e o “BLAST database” das seqüências efetuado através do
endereço eletrônico (
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/) confirmando a amplificação do
produto específico único para os genes alvo.
A quantificação relativa dos níveis de expressão gênica foram validadas utilizando a
curvas padrão seguindo o protocolo comercial QuantiFast
TM
SYBR® PCR Handbook (Qiagen
- Valencia, CA, USA) de acordo com as instruções do fabricante como descritas nos itens
5.17 e 5.18).
Materiais e Métodos 87
Figura 5: Relação de Genes analisados por RT-PCR.
1
23
4
5
6
7
8
9
10 11
PS
PI
Parte Superior
1- 100pb Marcador DNA
2- GAPDH (316pb)
3- TNF-α (119pb)
4- IL-10 (300pb)
5- IFNγ (336pb)
6- IL-12p35 (150pb)
7- IL-12p40 (171pb)
8- TGFβ-RI (487pb)
9- TGFβ-RII (200pb)
10- IL-1Ra (207pb)
11- CD-80 (286pb)
Parte Inferior
1-100pb Marcador DNA
2- CD-86 (200pb)
3- SOCS1 (201pb)
4- SOCS3 (177pb)
5-TLR2 (163pb)
6- IRAK-M (173pb)
7- NEMO (155pb)
8- IDO (237pb)
9- IL-23p19 (121pb)
10-TNF-α promoter (170pb)
Amostra de DNA
11-TNF-α promoter - Amostra
de DNAc
Gel de agarose 1.5% TAE
100pb
600pb
100pb
600pb
5.17 Eficiência de quantificação dos genes alvo:
A amplificação por RT-PCR de cada diluição em série das amostras de DNAc
determinou que a diferença entre as curvas Slopes resultantes entre todos os iniciadores
utilizados foi >0,1. Sendo assim, foi utilizada a curva padrão, como sendo o método de
análise para quantificação relativa das amostras (Figura 6).
5.18 Curvas padrão:
As curvas padrão geradas para a quantificação relativa de cada “primer” foram
elaboradas utilizando amostra de DNAc referência de PBMC de doadores sadios e
estimuladas com PHA 10µg por 72 horas. Os DNAc foram diluídos serialmente 1:6 em água
trídestilada três vezes e submetidas ao RT-PCR com os “primers” específicos de amplificação
para cada molécula estudada. As curvas padrão foram plotadas com os valores de C
T
de cada
Materiais e Métodos 88
diluição seriada 1:6 obtidos versus o logarítimo de base 2 (Log
2
) do fator de diluição.
30
10
15
20
25
30
35
40
0
5
35
40
45
5
10
15
20
35
10
15
20
25
Figura 6: Curvas Padrão para determinação da eficiência de amplificação por RT-
PCR dos genes alvo.
IFN gamma
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
-202468
TLR2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-202468
IRAK-M
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-202468
IL-12p40
10
15
20
-202468
NEMO
0
5
10
15
20
25
30
35
-202468
IDO
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-202468
GAPDH
0
5
25
-2-1012345678
TGFB RI
34
35
36
37
38
39
40
01 23 45 67
TGFB RII
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-2-1012345678
IL-1 Rn
0
5
30
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
CD-80
0
25
30
-2-1012345678
SOCS3
0
5
10
15
20
25
30
-2-1012345678
SOCS1
0
5
10
15
20
25
30
35
-2-1012345678
Promoter TNF
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
TNF alpha
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-2-1012345678
IL-23
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-2-10 12345678
IL-10
0
5
10
15
20
25
30
35
-2-10 12345678
CD86
0
5
10
15
20
25
30
35
40
-202468
IL-12p35
33
34
35
36
37
38
39
40
01234567
Mediadores Slope Intercept Mediadores Slope Intercept
GAPDH -1.008704751 25.619454 SOCS3 -1.041 28.409
TNF -0.950 34.376 SOCS1 -1.031 30.889
IL-10 -1.042 30.705 TLR2 -0.836136436 29.212397
IL-12p35 -0.874 36.004 IRAK-M -0.877208018 29.439171
IFN -0.787 31.598 CD86 -1.065766133 36.884214
TGFβ-RI -0.934 38.653 IL-12p40 -0.837772832 28.651085
TGFβ-RII -1.008 37.034 NEMO -0.959124822 28.783171
IL-1-Rn -0.894 27.395 IDO -0.900706313 30.79896
CD80 -1.087 40.023 TNFα promoter -0.951165699 26.472
Desta forma obtivemos os valores dos Slopes e Interceps por ponto de diluição para a
geração da curva padrão em si (Figura 6). Em seguida, foram estabelecidas as eficiências de
amplificação dos “primers” pela diferença entre os Slopes das curvas dos genes estudados e
Materiais e Métodos 89
pudemos confirmar visualmente que a diferença entre as curvas Slopes resultantes entre todos
os iniciadores utilizados foi >0,1. As fórmulas utilizadas para derivação dos valores
quantitativos e números de cópias relativas para cada gene em estudo estão de acordo com as
instruções do fabricante. A quantificação relativa final dos níveis de expressão gênica foi
validada utilizando a equação linear na qual:
y = mx +b m = Slope
x = Ct individual
b= intercept
A derivação do número de cópias de GAPDH foi utilizada como gene referência e a
seguinte formula foi utilizada para cálculo da expressão do gene alvo:
Expressão final = [anti-log
2
y (gene alvo)/anti-log y
2
(GADPH)]
Todos os cálculos foram gerados utilizando Microsoft Excell, e as figuras foram
geradas e compiladas em GraphPad Prism version 4.03 (GraphPad Software Inc. – San Diego,
CA USA.).
5.19 Análise estatística:
As análises estatísticas empregadas neste estudo foram realizadas no programa
estatístico GraphPad Prism 4.03 (GraphPad Software Inc. – San Diego, CA USA).
Teste de Kruskal-Wallis e correção pós-teste de Dunn foram aplicados para avaliação
de variáveis contínuas e teste exato de Fisher para variáveis categóricas nos três grupos de
comparação e estes critérios foram usados para geração da Figura 7 e Tabela 5. O teste de
Wilcoxon foi utilizado para a comparação e duração dos sintomas entre pacientes TB e OLD
(Tabela 3). Para a Figura 8 os mediadores em que os valores foram segregados como
0.00001; ou > 0.00001 como detecção mínima do RT-PCR foi feita análise pelo teste de
Fischer, representados como *P.
Materiais e Métodos 90
Para comparar as diferenças dos valores das medianas na Figura 9 e Tabela 5 três
diferentes métodos foram empregados na avaliação de variáveis contínuas, análise de
variância (ANOVA), Equação das Estimativas Generalizadas (GEE) e os modelos mistos.
Esta abordagem foi utilizada devido ao fato de não haver método estatístico capaz de avaliar a
informação longitudinal dos nossos dados.
Resultados 91
6.0 Resultados
6.1 Dados demográficos clínicos e laboratoriais
No período de março de 1998 a março de 2001 foram submetidos a indução de escarro
172 pessoas que se apresentaram aos ambulatórios do serviço de Pneumologia do HUCFF
com os sinais e sintomas sugestivos de tuberculose, descritos anteriormente. Destas, 69
apresentaram confirmação diagnóstica por métodos bacteriológicos ou foram submetidas a
tratamento quimioterápico anti-tuberculose baseado em critérios clínico-radiológicos
empíricos. Vinte e dois casos foram excluídos do estudo por terem diagnóstico prévio de
soropositividade ao HIV. Dezessete pacientes foram convidados a participar do estudo, mas
se recusaram a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e não foram
incluídos. Trinta indivíduos portadores de tuberculose aceitaram participar e foram incluídos
no estudo longitudinal, após assinarem o TCLE. Destes, quatro (pacientes códigos 12, 13, 14,
e 23) foram mantidos no presente estudo mesmo após ter-se determinado soropositividade
para o HIV após a sua inclusão. Como houve uma certa demora na constatação da
positividade destes indivíduos, nenhum dos pacientes HIV/AIDS positivos foi tratado com
anti-retrovirais no momento do diagnóstico ou na fase primária do tratamento anti-TB. O
paciente (código número 14, HIV+) apresentou contagem de linfócitos de 32% (2464) dos
leucócitos e as células T CD4 representam 14% (344µL
-1
) e CD4/CD8 =0,2 do total de
linfócitos após seis meses após o final do tratamento anti-TB. Já o paciente (código número
12, HIV+) apresentou contagem total de linfócitos de 43% (3.723) dos leucócitos e as células
T CD4 representam 19% (707µL
-1
) (CD4/CD8= 0,3) e ainda episódio de recidiva confirmado
após seis anos do final do tratamento.
Constitui-se então o objeto do presente trabalho 30 portadores de tuberculose que
completaram o protocolo de estudo e apresentaram material broncopulmonar à indução de
escarro nos pontos pré-determinados. Em agosto de 2005, todos os 30 indivíduos foram
Resultados 92
contatados pela equipe de estudo, sendo que 22 foram encontrados e responderam a novo
questionário, visando determinar que tipos de eventos sanitários eles apresentaram neste
período de evolução após o tratamento para tuberculose. Destes, seis apresentaram um
segundo episódio de tuberculose, sendo que desses, três apresentavam história de tuberculose
no passado, um desses, teve um outro episódio após o fim do acompanhamento de 180 dias do
protocolo. O tempo médio de seguimento foi de 69,8 ± 1,3 meses.
O grupo de pacientes com outras pneumopatias (OLD) e voluntários (HCW) foram
arrolados no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) nos mesmo período
inicial do estudo, preencheram o TCLE, aceitaram participar do estudo e foram
diagnosticados pela rotina clínica do HUCFF.
A Tabela 3 apresenta as características demográficas e clínicas da casuística no
momento de diagnóstico (T0). Os portadores de tuberculose apresentaram uma idade média
de 34,7 ± 11.1 (p<0,0001). Uma proporção maior de homens (67%) foi detectada entre
pacientes com TB ativa, similar à média nacional no Brasil descrita pela Secretaria de
Vigilância Sanitária em 2005. No grupo de pacientes com outras pneumopatias detectamos
proporções de homens de 46%, com idade média de 57,1 ± 4,7 e duração dos sintomas 5,2 ±
1,9 semanas. Já nos voluntários a idade média foi de 24,4 ± 1,3 com equilíbrio na distribuição
dos sexos na população analisada.
Neste estudo, não foram observados fumantes no grupo de voluntários (HCW), no
entanto uma grande proporção de casos de TB era tabagista, se comparado aos grupos
controles de pacientes com OLD (p<0,0001). Cerca de 36,7% dos pacientes com tuberculose
apresentavam lesão radiológica confinada em menos de um lobo pulmonar, enquanto 63,3%
tinham lesão radiológica extensa, configurada pela ocupação de mais de um lobo. Uma grande
proporção (56,7%) tinha lesão não-cavitária ao RX de tórax. Vinte um (2/3) dos portadores
de tuberculose apresentaram pesquisa de bacilos álcool-ácido resistente no escarro positiva e
Resultados 93
28/30 apresentaram cultura para Mycobacterium tuberculosis positiva na cultura do escarro
em meio de Löwenstein-Jensen, sendo que dois indivíduos com sintomatologia e achados
radiológicos compatíveis com tuberculose foram tratados e acompanhados baseados em
diagnóstico empírico da doença, porque tanto o exame direto do escarro quanto a cultura em
meio sólido para Mycobacterium tuberculosis foram negativas (critério clínico-radiológico de
diagnóstico da tuberculose).
A contagem diferencial dos citocentrifugados no momento do diagnóstico demonstrou
prevalência dos macrófagos como células majoritárias no EI. As diferenças entre pacientes
com TB e OLD ou HCW não foram estatisticamente significantes, entretanto os pacientes
com TB apresentaram uma percentagem um pouco maior de macrófagos se comparados a
OLD. Uma baixa percentagem de neutrófilos foram detectadas nos pacientes com OLD ou
HCW. Eosinófilos e linfócitos foram similarmente baixos em todos os três grupos estudados.
Resultados 94
Tabela 3. Dados demográficos, clínicos e laboratoriais de todos os indivíduos envolvidos
no estudo no momento do diagnóstico
Características Clínicas TB (n=30) OLD (n=11) HCW
(n=16)
Valor de P
Idade em anos, mediana
(media ±SD)
33
(34,7 ± 11,1)
64
(57,1 ± 15,6)
24
(24,4 ± 5,1)
<0,0001
Homens ( %)
67 46 50 0,36
Fumantes (%)
46,7 18,2 0 <0,0001
Envolvimento pulmonar:
< 1 lobo (%)
1 lobo (%)
36,7
63,3
81,8
18,2
NA
0,015
Cavitação (%)
56,7 0 NA <0,001
Baciloscopia Positiva BAAR
(%)
70 0 NA <0,0001
Cultura Micobacteriana
Positiva (%)
83,3
0
NA
<0,0001
BAAR e/ ou Cultura
Mycobacteriana Positiva %
93,3
0
NA
<0,0001
Duração dos sintomas,
semanas, mediana (média
±SD)
8
(10,5 ± 7,0)
3
(5,2 ± 6,4)
NA
0,25
Escarro Induzido células x 10
6
/ml (media ±SD):
Total
7,32 ± 15,7 3,33 ± 5,4 1,43 ± 1,3 0,22
Macrófagos
3,71 ± 6,6 2,19 ± 4,9 0,95 ± 0,98 0,052
Linfócitos
0,02 ± 0,08 0,005 ± 0,014 0,017 ± 0,04 0,004
Neutrófilos
3,51 ± 9,15 0,94 ± 1,85 0,44 ± 0,5 0,63
Eosinófilos
0,05 ± 0,19 0,017 ± 0,027 0,003 ±
0,005
0,19
Células Epiteliais
0,05 ± 0,08 0,01 ± 0,02 0,05 ± 0,01 0,21
TB clínica (n=2) foi definida por presença de clínica compatível e parâmetros radiológicos e sua
resolução após o tratamento anti-TB, entretanto os demais casos de TB foram diagnosticados por
baciloscopia e/ou cultura micobacteriana. Todos os pacientes com outras pneumopatias (OLD) tiveram
baciloscopia ou cultura micobacteriana negativa e foram diagnosticados como apresentando infecção
inespecífica do trato respiratório (n=9) por definição radiológica e/ou resposta ao tratamento com
antibióticos não-quinolônicos; um indivíduo apresentou pneumopatia por Paracoccidioides
brasiliensis e 01 paciente tinha câncer pulmonar. Profissionais do HUCFF e estudantes de medicina
foram voluntários (HCW). Todos indivíduos foram arrolados após assinatura do termo de
consentimento. Para comparação estatística foram utilizados: Kruskal-Wallis (três grupos) ou teste de
Wilcoxon para variáveis contínuas e teste exato de Fisher para varáveis categóricas. Abreviaturas: NA,
não aplicado; SD, desvio padrão.
Resultados 95
6.2 Expressão de mediadores imunológicos em células pulmonares no
momento do diagnóstico
A expressão dos mediadores imunológicos nas células obtidas do escarro induzido dos
pacientes com TB ativa diagnosticados (TB), pacientes com outras pneumopatias (OLD) e
voluntários saudáveis (HCW) foram avaliados por RT-PCR após transcrição reversa do
RNAm. A quantificação relativa do produto de PCR foi gerado via curva padrão e
normalizado pela expressão de gene constitutivo GAPDH como referência antes do início do
tratamento anti-tuberculose (T0). A Figura 7 ilustra os resultados antes do inicio do
tratamento anti-TB, em três painéis, nos quais os mediadores são agrupados como inibidores
da resposta Th1 (painel A: IL-10, TGFβ RI, TGFβ RII, IRAK-M, SOCS1, SOCS3, IL-1Rn e
IDO), indutores da resposta Th1 (painel B: IFN-γ, IL-12p35, IL-12p40, IL-23p19, TNFα e
NEMO) e fatores que promovem efeitos variáveis na resposta imunológica em células Th1 e
Th2 (painel C: CD80, CD86 and TLR2). No total dos dezessete (17) mediadores ilustrados,
treze (13) deles apresentaram significância estatística nos pacientes com TB quando
comparados a pacientes OLD e HCW (representados por **); e 14 na comparação TB versus
HCW (TGFβ-RI). Quatro dos mediadores avaliados (TNFα, IL-23p19, TGFβ-RI e a molécula
co-estimulatória CD80) apresentaram expressões muito similares nos pacientes com TB ativa
e controles OLD e HCW (p 0.05, Teste de Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn ou teste
exato de Fisher). A expressão de RNAm dos mediadores foi segregada como negativa
arbitrariamente ( 0.001; ou positivos > 0.001) para minimizar as variações dos achados
descritos nas Figuras, em função da não representação da expressão do zero na escala
logarítmica.
Nos portadores de TB houve expressão significativa de altos níveis dos mediadores
com atividade anti-inflamatórias e/ou mediadores que podem subverter a resposta imune Th1
(IL-10, TGFβ-RII, IRAK-M, IL-1Rn, SOCS1, SOCS3 e IDO), quando comparados aos
Resultados 96
grupos controles (pacientes OLD e HCW) de acordo com a Figura 7A. Nos pacientes com
TB foi possível também detectar a alta expressão de mediadores indutores da resposta Th1
como IL-12p35, IL-12p40, NEMO e em destaque a alta de IFNγ, quando comparados aos
grupos controles (Figura 7B).
Resultados 97
Figura 7. Avaliação da expressão dos mediadores imunológicos pulmonares em
pacientes com TB ativa, outras pneumopatias (OLD) e voluntários saudáveis (HCW)
antes do início do tratamento anti-TB
IFN
IFN
γ
γ
**
**
0.1
1
10
100
1000
HCW
16
TB
30
OLD
11
P<0.05
P<0.01
IL
IL
-
-
12
12
-
-
p35**
p35**
HCW
16
OLD
11
TB
30
P=0.0006
P<0.01
IL
IL
-
-
12
12
-
-
p40**
p40**
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
100000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.05
P=0.0009
IL
IL
-
-
23
23
-
-
p19
p19
0.00001
0.0001
0.001
0.01
0.1
1
10
HCW
16
OLD
11
TB
17
NS
NS
TNF
TNF
α
α
1
10
100
1000
HCW
16
OLD
11
TB
30
NS
NEMO**
NEMO**
0.1
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P=0.0006
P<0.0001
CD
CD
-
-
80
80
0.1
1
10
100
HCW
16
OLD
11
TB
30
NS
NS
CD
CD
-
-
86**
86**
HCW
16
OLD
11
TB
30
P=0.02
P=0.02
TLR2**
TLR2**
0.1
1
10
100
1000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.003
P<0.01
IL
IL
-
-
10**
10**
0.001
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.02
P<0.01
TGF
TGF
β
β
-
-
RI
RI
1
10
100
1000
10000
HCW
16
OLD
11
TB
30
NS
P<0.01
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.05
P<0.001
IRAK
IRAK
-
-
M**
M**
0.01
0.1
1
10
100
1000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.05
P<0.001
SOCS1**
SOCS1**
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.01
P<0.001
SOCS3**
SOCS3**
0.1
1
10
100
1000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P<0.001
P<0.001
IL1
IL1
-
-
Rn**
Rn**
HCW
16
OLD
11
TB
30
P=0.05
P<0.001
IDO**
IDO**
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
100000
HCW
16
OLD
11
TB
30
P=0.002
P<0.001
TGF
TGF
β
β
-
-
RII**
RII**
1
10
100
1000
10000
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
0.01
0.1
1
10
100
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
0.01
0.1
1
10
100
NS
Número de Cópias do Gene Relativos a GAPDH
B
C
A
Expressão dos níveis de RNAm, em escala de Log
10
,
representada pelo número de cópias dos genes
relativos ao gene referência GAPDH em células pulmonares de pacientes com TB, outras
pneumopatias (OLD) e voluntários saudáveis (HCW). A quantificação relativa de cada produto foi
realizada através de método utilizando a curva padrão de análise. Fig 7A. Expressão dos mediadores
de inibição da resposta imunológica Th1. Fig 7B. Mediadores que promovem a resposta imune Th1.
Fig 7C. Fatores que promovem efeitos variáveis na resposta imunológica em células Th1 e Th2. O
símbolo representa o resultado de cada indivíduo e os símbolos em vermelho representam pacientes
co-infectados pelo HIV-1. Os símbolos (**) sobre os mediadores indicam significância estatística
entre os casos de TB e OLD e HCW (Kruskal-Wallis e pós teste de Dunn ou *Teste exato de Fisher).
Os valores de p para comparação dos grupos estão abaixo do eixo horizontal.
Resultados 98
6.3 Expressão de mediadores imunológicos em células pulmonares de
portadores de TB ao longo do tratamento
Em seguida, avaliamos a expressão dos mediadores pulmonares no momento do
diagnóstico e em resposta ao tratamento anti-TB como ilustrado na Figura 8. Observamos
uma ampla variação dos níveis relativos dos mediadores estudados, que parecem segregar em
dois ou três padrões de expressão. Se considerarmos a mediana de expressão destas moléculas
no decorrer da terapia anti-TB, aparentemente há uma tendência de diminuição de alguns
fatores, como pode ser observada visualmente para TGFβ-RII, SOCS3, IL-1Rn e IDO.
Detectamos ainda que outros mediadores apresentam uma tendência ao aumento como IL-
12p35 e IL-12p40 enquanto que outros apresentam uma tendência de expressão inalterada
como IL-10, IRAK-M, IL-23p19, SOCS1. Pudemos confirmar na Figura 8 a presença
indicativa de clusters de expressão de dois mediadores, alta e baixa expressão, IDO e NEMO,
que foram inicialmente detectadas antes do início do tratamento nos pacientes com TB ativa, e
apresentam as mesma tendências ao longo e ao final da terapia anti-TB. Paralelamente, os
pacientes com tuberculose ativa / HIV positivos (pontos vermelhos) destacam-se por
apresentarem uma expressão dos mediadores imunológicos variável ao longo de todo
tratamento específico anti-TB.
Resultados 99
Figura 8. Avaliação dos mediadores imunológicos pulmonares no momento do
diagnóstico (0) e durante o tratamento anti-TB (15, 30, 60 e 180 dias)
SOCS1
0 15 30 60 180
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
100000
Tratamento anti-TB (dias)
SOCS3
0 15 30 60 180
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
100000
IL1-Rn
0 15 30 60 180
0.1
1
10
100
IRAK-M
0 15 30 60 180
0.01
0.1
1
10
100
1000
IDO
0 15 30 60 180
0.001
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
IL-10
0 15 30 60 180
0.001
0.01
0.1
1
10
100
TGF
β
-RI
0 15 30 60 180
0.1
1
10
100
1000
0 15 30 60 180
0.1
1
10
100
1000
TGF
β
-RII
IL-12-p35
0 15 30 60 180
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
IFNγ
0 15 30 60 180
0.1
1
10
100
1000
10000
TNF
α
0 15 30 60 180
1
10
100
1000
IL-12-p40
0 15 30 60 180
0.01
1
100
10000
1000000
1.0×10
8
NEMO
0 15 30 60 180
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
IL-23p19
0 15 30 60 180
0.00001
0.0001
0.001
0.01
0.1
1
10
CD80
0 15 30 60 180
0.01
0.1
1
10
100
1000
Tratamento anti-TB (dias)
CD-86
0 15 30 60 180
0.001
0.01
0.1
1
10
100
1000
TLR2
0 15 30 60 180
0.1
1
10
100
1000
10000
Número de Cópias do Gene Relativos a GAPDH
Tratamento anti-TB (dias) Tratamento anti-TB (dias)
Tratamento anti-TB (dias) Tratamento anti-TB (dias)
Tratamento anti-TB (dias)
B
C
A
A expressão das células pulmonares dos pacientes com TB ativa foi quantificado por RT-PCR no
momento do diagnóstico (dia 0) e durante o tratamento anti-TB (15, 30, 60 e 180 dias). Estes achados
foram segregados como mediadores que inibem a resposta imune Th1 (A), promovem a imunidade
Th1 (B) ou são fatores que promovem efeitos variáveis na resposta imunológica em células Th1 e Th2
(C). Os casos de TB co-infectados por HIV ( ) são indistinguíveis dos pacientes com TB ativa ao
longo do tratamento. As barras transversais representam a mediana de expressão dos pacientes
avaliados.
Resultados 100
6.4 Evolução temporal dos mediadores imunológicos expressos por células
pulmonares de portadores de TB corrigidos pela expressão inicial (tempo zero)
Para avaliar a tendência temporal destes mediadores, dividimos o número de cópias de
cada gene de cada paciente portador de TB nos tempos 15, 30, 60, 180 dias de tratamento
anti-TB pelos valores obtidos no dia zero, antes do tratamento. Após a transformação, foram
calculadas as medianas para cada mediador, em cada tempo. Três padrões emergiram no
tempo de 15 dias: mediadores que sofreram decréscimo igual ou superior a duas vezes a
expressão inicial (Figura 9A); mediadores que variaram menos de duas vezes a expressão
inicial (Figura 9B); medidores que sofreram acréscimo igual ou superior a duas vezes a
expressão inicial (Figura 9C). A aplicação da diferença de variação em vezes dos genes está
de acordo com a convenção usada para microarranjos, que presume que a diferença de duas
vezes na expressão gênica apresenta impacto biológico (Chaussabel et al. 2003). Alguns
mediadores que são inibidores das imunidade tipo Th1 declinaram 2 vezes (TGFβ-RII,
SOCS3, IL-1Rn e IDO) outros apresentaram variação < 2 vezes a expressão inicial (IL-10,
SOCS1 ou IRAK-M) sendo que destes IL-10 e IRAK-M apresentaram as maiores tendências
decrescentes. Em contraste, os mediadores que promovem imunidade Th1 majoritariamente
apresentaram aumento 2 vezes (Figura 9C) durante o tratamento anti-TB (IFNγ, IL-12p40,
IL-12p35, NEMO e TLR2).
Resultados 101
Figura 9. Variações da expressão de RNAm dos mediadores imunológicos nos
pacientes com TB ativa durante o tratamento anti-TB
0 15 30 60 180
-1000
-500
-7
-5
-3
-1
1
3
0 15 30 60 180
-3
-1
1
3
0 15 30 60 180
0
1
2
3
4
5
6
7
8
10
12
14
16
Tratamento
Tratamento
anti
anti
-
-
TB (
TB (
dias
dias
)
)
Varia
Varia
ç
ç
ão
ão
de
de
Expressão
Expressão
do
do
RNAm
RNAm
SOCs3
SOCs3
IL
IL
-
-
1Rn
1Rn
IDO
IDO
TGF
TGF
β
β
-
-
RII
RII
TNF
TNF
α
α
SOCs1
SOCs1
IRAK
IRAK
-
-
M
M
IL
IL
-
-
10
10
CD80
CD80
CD86
CD86
IL
IL
-
-
23p19
23p19
TGF
TGF
β
β
-
-
RI
RI
NEMO
NEMO
IFN
IFN
γ
γ
IL
IL
-
-
12
12
-
-
p35
p35
TLR2
TLR2
IL
IL
-
-
12
12
-
-
p40
p40
C
B
A
A variação em vezes descrita para cada mediador imunológico foi baseada na mediana de expressão de
cada gene durante o período de tratamento anti-TB (15, 30, 60 e 180) comparada ao tempo zero (0)
dos portadores de TB. Os resultados foram separados em três painéis, de acordo com as tendências
observadas aos 15 dias de tratamento anti-TB (T15); declínio da expressão 2-vezes em relação ‘a
vista no momento do diagnostico (A), alteração <2-vezes (B), ou aumento 2-vezes (C). Dados
iniciais de grupamento determinados por Kruskal-Wallis e pós teste de Dunn’s.
Resultados 102
6.5 Análise estatística dos mediadores imunológicos em TB ao longo do
tratamento comparada à expressão inicial em OLD e HCW
Realizamos em seguida a comparação estatística entre os grupos representados na
Figura 9 como A (decréscimo em T15 igual ou superior a duas vezes a expressão gênica
inicial), B (variações menor de duas vezes a expressão gênica inicial), C (aumento superior a
duas vezes a expressão gênica inicial) A Tabela 4 descreve os resultados da análise utilizando
o teste ANOVA (Tabela 4A), GEE (Tabela 4B), e o teste de Modelos Mistos (Tabela 4C).
Observamos que a comparação entre grupos (p<0.05), sem modelagem de ajuste de curva ou
slope, demonstra existirem grupos distintos na expressão destes mediadores imunológicos em
paciente com TB, podendo ser segregados e agrupados de acordo com o seu nível de
expressão ao longo do tratamento anti–TB como inicialmente descrito na Figura 9.
Resultados 103
Tabela 4. Comparação dos grupos L, M e H dos mediadores imunológicos por múltiplos
testes estatísticos
A. Comparação múltipla dos grupos L, M e H dos mediadores imunológicos através da
media de expressão utilizando teste ANOVA multivariado.
Parâmetro Estimativa Erro Padrão Valor de t Pr >valor de T
L vs M
0.88832913 0.42602430 2.09
0.0402
H vs M
1.18463673 0.40619824 2.92
0.0046
H vs L
2.07296586 0.42602430 4.87
<.0001
B. Comparação múltipla dos grupos L, M e H dos mediadores imunológicos através da
media de expressão utilizando teste GEE.
Parâmetro Estimativa Erro
Padrão
Alfa Confidência Limites Qui-
Quadrado
Pr > Qui-
Quadrado
L vs M
0.8883291 0.5109 0.05 -0.1130 1.8896 3.02
0.0821
H vs M
1.1846367 0.4832 0.05 0.2376 2.1316 6.01
0.0142
H vs L
2.0729658 0.5603 0.05 0.9748 3.1711 13.69
0.0002
C: Comparação múltipla dos grupos L, M e H dos mediadores imunológicos através da
media de expressão utilizando teste Modelos Mistos (Mixed Models).
Parâmetro Estimativa Erro Padrão DF T value Pr > valor de T
L vs M
0.8883291 0.5109 14 2.09
0.05
H vs M
1.1846367 0.4832 14 2.92
0.01
H vs L
2.0729658 0.5603 14 4.87
0.0002
Foram utilizados os testes ANOVA, GEE e Modelos Mistos para avaliação dos estudos longitudinais
aonde estatisticamente p
0.05 representa a distinção dos grupos de expressão. Altos produtores (H)
(IL-12-p40; 'TLR2; TGFβRI; NEMO; IFNγ; IL-12p35 – Grupo representativo da Figura 9C),
Médios produtores (M) ('SOCS1; IL-23; CD80; CD86; IL10; IRAK-M – Grupo representativo da
Figura 9B) e Baixos produtores (L) (TGFβ-RII; TNFα; SOCS3; IL-1Rn; IDO – Grupo
representativo da Figura 9A).
Resultados 104
6.6 Comparação dos mediadores expressos em casos de TB durante o
tratamento com a expressão inicial em OLD e HCW
Para investigar se o tratamento anti-TB estava associado com a normalização dos
mediadores pulmonares, os valores quantificados de cada mediador relativos a GAPDH,
testados para os casos de TB durante o tratamento nos tempos de 15, 30, 60, 180 dias (Figura
8), foram comparados com o grupos controle (HCW e OLD Figura 7). Dos quatorze (14)
mediadores que apresentaram resultados estatisticamente significantes no momento do
diagnóstico, comparados com HCW (Figura 7), seis (TGFβ-RI, TGFβ-RII, IL-1Rn, IDO,
CD86, IL-10) demonstraram um declínio sustentado em resposta às drogas anti-TB para os
níveis similares aos dos HCW. Os oito mediadores restantes (SOCS3, SOCS1, IRAK-M, IL-
12p35, IL-12p40 TLR2, NEMO, IFNγ) não normalizaram quando comparados a HCW e aos
pacientes com OLD. Particularmente, SOCS3 apresenta declínio sustentável somente após 30
dias de tratamento anti-TB. Cinco dos sete mediadores (IL-12p35, IL-12p40, TLR2, NEMO e
IFNγ) que promovem a imunidade tipo Th1 aumentam em duas vezes na resposta ao
tratamento anti-TB (Figura 9) e sustentam níveis significativos durante todo o tratamento
quando comparado aos pacientes com OLD e HCW (Tabela 3). Contudo, os dois mediadores
restantes, SOCS1 e IRAK-M, importantes na subversão da ativação de macrófagos, mantêm-
se persistentemente elevados frente ao tratamento anti-TB e foram significativamente maiores
em OLD e HCW, inclusive mostrando-se presentes até o final do tratamento (Tabela 5).
Resultados 105
Tabela 5. Comparação dos mediadores expressos em casos de TB durante o tratamento anti-TB com a expressão em controles saudáveis
HCW e portadores de outras pneumopatias OLD.
Mediadores Número de Cópias normalizados por GAPDH durante os Dias de Tratamento Anti-TB
15 dias 30 dias 60 dias 180 dias
Diminuição > 2-vezes
TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value
TGF
β
-RII 5.240 1.000 1.000 ns 4.790 1.000 1.000 Ns 3.370 1.000 1.000 ns 7.110 1.000 1.000 ns
TNF-α 4.950 1.000 12.60 ns 7.205 1.000 12.60 Ns 3.455 1.000 12.60 ns 7.825 1.000 12.60 ns
SOCs3 4.535 0.10 0.10
0.0011
3.925 0.10 0.10
0.0011
4.815 0.10 0.10 ns 3.055 0.10 0.10 ns
IL-1Rn 0.9400 0.6400 0.0100 ns 1.410 0.6400 0.0100 Ns 0.8400 0.6400 0.0100 ns 0.9750 0.6400 0.0100 ns
IDO 0.18 0.01 0.01 ns 0.155 0.01 0.01 Ns 0.055 0.01 0.01 ns 0.075 0.01 0.01 ns
15 dias 30 dias 60 dias 180 dias
Alteração < 2-vezes
TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value
SOCS1 85.09 0.1000 1.222
0.0001
36.08 0.10 1.222
0.000
4
86.95 0.1000 1.222
0.0001
41.58 0.10 1.222
0.0003
IL-23
p
19 0.0089 0.01 0.0001 ns 0.0023 0.0100 0.0001 Ns 0.0023 0.0100 0.0001 ns 0.0012 0.0100 0.0001 ns
CD80 0.10 0.10 0.10 ns 0.69 0.10 0.10 Ns 0.10 0.10 0.10 ns 0.875 0.10 0.10 ns
CD86 0.39 3.63 0.6178 ns 0.4857 3.630 0.6178 Ns 0.1600 3.630 0.6178 ns 1.110 3.630 0.6178 ns
IL-10 0.0400 0.0010 0.0010 ns 0.0600 0.0010 0.0010 Ns 0.0500 0.0010 0.0010 ns 0.0600 0.0010 0.0010
0.022*
IRA
K
-M 0.6700 0.0100 0.0100
0.002
0.7700 0.0100 0.0100
0.0002
0.3750 0.0100 0.0100
0.0009
0.6350 0.0100 0.0100
0.0005
15 dias 30 dias 60 dias 180 dias
Aumento < 2-vezes
TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value TB OLD HCW P value
IL-12
p
40 3223 0.170 49.76
0.0006
2754 0.170 49.76
0.000
4
1409 0.1700 49.76 ns 2704 0.1700 49.76
0.0003
TLR2 23.56 0.6600 0.10
0.0006
17.87 0.6600 0.1000
0.0003
19.72 0.6600 0.1000
0.001
28.08 0.6600 0.1000
0.0002
TGF
β
RI 6.005 1.000 1.000 ns 1.000 1.000 1.000 Ns 1.000 1.000 1.000 ns 1.000 1.000 1.000 ns
NEMO 8.620 0.5200 0.6061
0.005*
2.720 0.5200 0.6061
0.002*
1.585 0.5200 0.6061
0.002*
2.395 0.5200 0.6061
0.001*
IFN
γ
2.530 0.1000 0.1000
0.0003
0.1000 0.1000 0.1000
0.001
0.1000 0.1000 0.1000 ns 1.070 0.1000 0.1000
0.001
IL-12
p
35
4097 9.730 85.55 0.006* 3062 9.730 85.55 0.003* 1765 9.730 85.55 0.003* 1523 9.730 85.55 0.002*
Resultados
106
Para validar que o tratamento normalizou a expressão dos mediadores imunológicos para o nível dos
controles. O número de cópias dos mediadores é relativa à expressão constitutiva de GAPDH
registrada durante o tratamento (15, 30, 60, 180 dias) dos casos de TB (ilustrado na Figura 8) foram
comparadas aos valores do grupo controle HCW e OLD (apresentados na Figura 7), utilizando-se os
testes de Kruskal-Wallis com correção pelo teste de Dunn e o teste exato de Fisher [*]. A tabela
mostra as medianas das cópias gênicas relativas a GAPDH para cada grupo e para cada mediador
(expressas nas Figuras 7 e 8 como barras longitudinais). Para comparação associada com a Figura 9,
os mediadores foram agrupados em três grupos (decréscimo 2 vezes, variação estável < 2 vezes,
aumento 2 vezes). Em resposta ao tratamento anti-TB, a maioria dos mediadores pulmonares em
casos de TB retornaram a níveis semelhantes aos quantificados para pacientes com outras
pneumopatias (OLD) e voluntários saudáveis (HCW). Os mediadores indicam significância estatística,
p<0.05, entre os casos de TB e OLD e HCW (Kruskal-Wallis e pós teste de Dunn ou *Teste exato de
Fisher).
Resultados
107
6.7 Correlação da expressão gênica com características clínicas em
portadores de TB
Analisamos as correlações associadas destes mediadores com o estado clínico ou a
incidência de segundo episódio de TB. A Tabela 6 apresenta alguns dos mediadores
associados com as característica clínicas. Foi observado que em pacientes com TB ativa
houve uma associação (Wilcoxon, P < 0.05) da presença de cavitação com altos níveis de IL-
23 e IRAK-M. A disseminação da doença para mais de um lobo estava ligada a altos níveis de
SOCS3, enquanto que a incidência de um segundo episódio de TB ativa estava associada a
baixos níveis de NEMO e altos níveis de CD80.
Tabela 6: Aspectos clínicos e a correlação com os mediadores imunológicos em pacientes
com TB ativa
Características Clínicas Mediador Nível médio
(Sim versus Não)
Tratamento
Dia
Valor de P
Cavitação
IL-23 (36.2 ; 24.9) 15 até 180
0.047
IL-23 (36.7 ; 20.5) 180
0.016
IRAK-M (7.8 ; 0.97) 15
0.02
Doença em mais de um lobo
SOCS3 (226.3 ; 44.4) 60
0.023
Segundo episódio de TB
CD80 (0.82 ; 0.11) 60
0.011
NEMO (1746 ; 5904) 30
0.048
No estudo de manifestação clínica ou desfecho do tratamento, vinte (20) dos trinta (30) pacientes e/ou
suas famílias foram localizados 4 anos após o final do tratamento. Dos vinte pacientes, cinco (5)
apresentaram um segundo episódio dos dois anos de pós-tratamento anti-TB. Estas informações foram
obtidas através dos prontuários médicos e entrevistas com os pacientes. A avaliação clínica foi
realizada por clínicos sem o conhecimento dos níveis dos mediadores e a análise estatística foi
efetuada por teste de Wilcoxon, p<0.05. Os valores de Nível médio representam as médias de
expressão baseado nos valores de Ct das amostras entre os pacientes analisados.
Resultados
108
6.8 Expressão de mediadores imunológicos em células do sangue periférico
(PBMC) estimuladas “in vitro” por antígenos de Mycobacterium tuberculosis
Na tentativa de confirmar a indução de alguns mediadores imunológicos na resposta
imune celular por componentes do M. tb, realizamos estudos com modelos in vitro, utilizando
os mediadores imunológicos descritos anteriormente. Avaliamos a sua expressão por RT-PCR
em PBMCs humanas estimuladas por M. tb e por uma proteínas do filtrado de cultura, o
CFP32, já descrito em nosso grupo por Huard et al. (2003a). A Figura 10 representa a
expressão de RNAm de mediadores imunológicos em monócitos infectados in vitro por M.
tb H37Rv. Nossos resultados demonstraram que o M. tuberculosis H37Rv (Wild type)
promove aumento da expressão de SOCS1, SOCS3, TGFβ-RII e TLR2, um leve aumento de
IRAK-M e IL-10, bem como da expressão de TNFα, IL-12p35, IL-12p40 e NEMO em
monócitos humanos cultivados in vitro. Em contraste, nos monócitos infectados com M. tb
mutante sem CFP32 (H37Rv KoCFP32) nota-se uma redução dos níveis de expressão,
similares aos observados nos monócitos não infectados. Surpreendentemente, monócitos
estimulados com o sobrenadante de cultura (SN) de M. tb, mas não os do H37Rv KoCFP32,
são capazes de induzir a expressão de mediadores supressores da resposta imune Th1 como
SOCS1, SOCS3, TGFβ-RII, TLR2, IL-10, IRAK-M e ainda TNFα, mas não a expressão de
IL-12p35, IL-12p40 e NEMO.
Resultados
109
Figura 10. Expressão de RNAm de mediadores imunológicos durante a resposta em
monócitos in vitro infectados pelo M. tuberculosis H37Rv
TNF
α
0.1
1
10
100
4
IL-12p35
0.1
1
10
10
100
24
IL-12p40
0.1
1
10
10
100
24
NEMO
0.1
1
10
24
IL-10
0.01
0.1
1
10
24
IRAK-M
0.1
1
24
TLR2
0.1
1
10
10
100
24
TGF
β
-RII
0.1
1
10
10
100
24
SOCS1
0.1
1
10
10
100
24
SOCS3
0.1
1
10
100
Monocitos
Monócitos + H37Rv WT
Monócitos + H37Rv KoCFP32
Monócitos + SN H37Rv WT
Monócitos + SN H37Rv KoCFP32
24
Número de Cópias Relativas
a GAPDH
Número de Cópias Relativas
a GAPDH
Número de Cópias Relativas
a GAPDH
Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas)
Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas)
Tempo de Cultura (Horas)
Tempo de Cultura (Horas)
M. tuberculosis induz vários mediadores capazes de inibir a ativação da resposta imune Th1.
Monócitos humanos não estimulados (Monócitos) ou após estimulo com bacilo vivo M. tuberculosis
H37Rv Wild Type (Selvagem) ou o mutante 0577Null M. tb H37RvKocfp32 (sem o CFP32) (Inoculo
padrão estocado a -80
o
C) ou filtrado de cultura (SN) derivado do sobrenadante de cultura destes
bacilos foram avaliados in vitro através da expressão gênica em tempos (hora) de cultura distintos. As
culturas de monócitos, derivados de seleção negativa foram infectados com WT ou 577Null mutante
M. tb H37Rv na razão de 0.1 unidades formadoras de colônia (CFU) per monócito ou tratada com 50
µg of CF (derivados dos WT ou o mutante M. tb H37Rv) por 10
6
células por poço. As células foram
estimuladas, RNAm extraído, RT-PCR realizado usando Syber Green (ABI Prism 7900HT). A figura
é representativa de dois experimentos independentes.
Resultados
110
Em seguida verificamos a expressão dos mediadores imunológicos nas PBMC
infectadas com M. tb H37Rv e no M. tb mutante sem CFP32 (H37Rv KoCFP32). A infecção
pelo M. tb aumenta a expressão de SOCS1, SOCS3, IL-10, IRAK-M, TLR2 e IDO, bem como
TNFα, IL-12, CD-80 e NEMO, acima da linha basal de expressão vista nos mutantes H37Rv
KoCFP32 na qual estas moléculas foram menos expressas de acordo com a Figura 11.
Figura 11: Expressão de RNAm de mediadores imunológicos durante a resposta de
PBMC in vitro infectadas pelo M. tuberculosis H37Rv
TNF
α
1
10
100
1000
4
IL-12p35
1
10
100
1000
1000
10000
4
CD-80
1
10
4
NEMO
1
10
100
4
IL-10
0.01
0.1
1
24
IRAK-M
1
10
100
4
TLR2
10
100
1000
4
INDO
0.001
0.01
0.1
1
24
SOCS1
1
10
100
4
SOCS3
0.1
1
10
100
PBMC
PBMC + H37 Rv WT
PBMC + H37 Rv KoCFP32
4
Número de Cópias Relativas
a GAPDH
Número de Cópias Relativas
a GAPDH
Número de Cópias Relativas
a GAPDH
Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas)
Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas) Tempo de Cultura (Horas)
Tempo de Cultura (Horas)
Tempo de Cultura (Horas)
A expressão de mediadores capazes de inibir a resposta imune Th1 é observadas também em culturas
in vitro de PBMC. PBMC não estimuladas (PBMC) ou após estimulo com bacilo vivo M. tuberculosis
H37Rv WT (selvagem) e o mutante 0577Null H37RvKocfp32 (sem CFP32). Os estímulos in vitro
obedeceram a razão de 0.1 unidades formadoras de colônia (CFU) por monócito. A figura é
representativa de dois experimentos independentes.
Resultados
111
A Figura 12 ilustra as concentrações protéicas de IL-10 no sobrenadante das culturas
de PBMCs por M. tb e o componente moleculares micobacteriano CFP32. Dados
anteriormente publicados pelo nosso grupo já descreveram a influência do Mycobacterium
tuberculosis na indução de IL-10 (Bonecini-Almeida et al 2004). Observamos que houve a
indução de IL-10, confirmando que tanto o monócito quanto as PBMCs foram diretamente
afetados pelo M. tb H37Rv, influenciando o aumento da sua produção em ambas condições
experimentais estimuladas. Entretanto, nas micobactérias mutantes H37Rv KoCFP32
observou-se uma baixa protéica da concentração de IL-10, indicando a participação efetiva do
componente antigênico CFP32 de M. tb H37Rv na indução de IL-10. Interessantemente,
pudemos observar que a indução de IFNγ parecem ser similares à expressão basal, como visto
tanto em PBMCs quanto nos monócito estimulados com M. tb H37Rv. Com a retirada
específica do gene CFP32 da M. tb (H37RV KoCPF32) podemos observar um aumento da
indução final de IFNγ tanto em PBMCs quanto em monócitos, como demonstrado na Figura
12.
Resultados
112
Figura 12: Concentração dos mediadores imunológicos durante a resposta de
PBMCs in vitro infectados pelo M. tuberculosis H37Rv por ELISA
PBMC
0
150
300
450
600
24
Tempo de Cultura (Horas)
IL-10 (pg/mL)
PBMC
0
40
80
120
160
200
PBMC
PBMC + H37Rv WT
PBMC + H37RV KoCFP32
24
Tempo de Cultura (Horas)
Monócitos
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
24
Tempo de Cultura (Horas)
IL-10 (pg/mL)
Monócitos
0
30
60
90
120
Monocytes
Monócitos + H37Rv WT
Monócitos + H37RV KoCFP32
24
Tempo de Cultura (Horas)
IFNγ (pg/mL)
IFNγ (pg/mL)
A produção de IL-10 e IFNγ, mensurados por ELISA, em sobrenadantes de cultura de monócitos ou
PBMCs estimuladas por M. tb H37Rv WT (selvagem) e o 0577Null H37Rv KoCFP32 (mutante sem o
CFP32). CFP32 de M. tb H37Rv é capaz de promover a produção de IL-10 e inibir a produção de
IFNγ. A indução de proteínas no sobrenadante de cultura detectada por ELISA demonstra que há
variações na produção de IL-10 e IFNγ tanto em PBMCs quanto nos monócitos humanos. A figura é
representativa de 02 experimentos independentes.
Discusssão 113
7.0 Discussão
No presente estudo foram utilizadas células do escarro induzido para responder a
questões associadas à resposta imune no ambiente pulmonar durante a TB ativa e ainda
ensaios in vitro comparativos em células mononucleares sanguíneas. O escarro induzido (EI)
demonstrou ser um bom modelo ex vivo para avaliação da expressão de marcadores
imunológicos em células pulmonares de pacientes com tuberculose ativa numa perspectiva
longitudinal, mesmo em função da baixa quantidade total de células pulmonares. Ribeiro
Rodrigues et al. (2002), descreveram a detecção de marcadores imunológicos no EI que se
compararam às amostras obtidas em lavado broncoalveolar. Em paralelo, outros estudos em
células do sangue periférico descreveram alterações no perfil populacional de leucócitos, se
comparados antes e após tratamento anti-TB (Lee et al. 2003). O perfil de celularidade do EI
em nosso estudo demonstrou algumas diferenças entre os pacientes com TB ativa, pacientes
com outras pneumopatias ou voluntários saudáveis. Observou-se a presença de menos de 1%
de linfócitos presentes na população de células pulmonares. Entretanto, houve uma tendência
de aumento na população de macrófagos nos pacientes com TB ativa. Esta observação quanto
à população linfocítica, ao que parece, é um fato inerente ao método, visto que foi
anteriormente descrita por Ribeiro-Rodrigues et al. (2002) em células do EI e do escarro
espontâneo (EA). Baseados nestes dados não podemos descrever a participação majoritária de
um perfil clássico Th-1 versus Th-2 já que temos cerca de 1% de linfócitos no EI. Podemos
supor através de nossos dados que os aspectos imunossupressivos poderiam estar sendo um
reflexo do ambiente pulmonar revisto principalmente pela população majoritária de
macrófagos alveolares no EI.
No presente estudo confirmamos e ampliamos a análise de mediadores imunológicos
que influenciam a resposta ao M. tb, indicando a ativação de várias moléculas
imunoreguladoras em células pulmonares. Nos pacientes com TB ativa, se comparados aos
Discusssão 114
controles (OLD e HCW), detectamos um aumento tanto de moléculas envolvidas na resposta
celular ativa Th1 (IFNγ, IL-12p35, IL-12p40 e NEMO) quanto na resposta supressora Th2
(IL-10, TGFβ-RII, IL-1Rn, IRAK-M, SOCS1, SOCS3 e IDO) e algumas moléculas que
promovem efeitos variáveis na resposta imunológicas em células Th-1 e Th-2 (CD86 e
TLR2), antes do tratamento anti-TB. Estes resultados parecem contraditórios pela presença de
moléculas antagônicas, expressas simultaneamente no sítio da lesão. Entretanto, nossas
observações estão de acordo com alguns estudos da literatura, que detectaram o aumento da
expressão de IFNγ, TNFα ou IL-12 no soro e sangue total (Marchant et al. 2001; Deveci et al.
2005), assim como na avaliação por “microarray” em células do BAL de pacientes com TB
ativa (Grassi et al. 2006). Ao que tudo indica o aumento da expressão de mediadores Th1, em
pacientes com TB, se acompanha de altos níveis de vários mediadores extracelulares anti-
inflamatórios e/ou imunosupressores (como IL-10, TGFβ-RI e TGFβ-RII, IL-1Rn e IDO),
frente aos controles OLD e HCW demonstrados na Figura 7. A expressão de IL-10, TGFβ-RI
e TGFβ-RII por células pulmonares durante a TB ativa confirma os resultados prévios
obtidos em nosso estudo com células do BAL (Bonecini-Almeida et al. 2004), assim como
também foi demonstrado o aumento da expressão de TGFβ no BAL de pacientes com TB
ativa (Grassi et al. 2006). Mediante este resultado interpretamos que a expressão sustentada
de um amplo perfil de moléculas imunossupressores, antes do quimioterapia anti–TB, podem
afetar várias etapas da ativação e sinalização da resposta imune inata e adaptativa, ou o
recrutamento de leucócitos no sítio pulmonar afetados pelo M. tb. Detectamos um paralelo
entre os nossos resultados e a literatura que descreve uma significativa alteração na resposta
imune, levando à sustentação da viabilidade bacteriana no hospedeiro humano e permitindo a
sobrevivência e disseminação do Mycobacterium. Rook et al. (2005) descreveram que a
vacinação com BCG recombinante seria capaz de induzir a resposta Th1, que é um importante
fator para a proteção contra a infecção por M. tb, devido à produção final de IFNγ em
Discusssão 115
camundongos. No entanto, mesmo baixos números de colônias vivas de M. tb necessárias
para alavancar a infecção resulta na produção de citocinas do perfil Th2 (IL-4), que
perturbaria a resposta imune protetora, sustentaria o estabelecimento da infecção pelo M. tb e
conseqüentemente aumentaria a disseminação para outras células e a transmissão para outros
organismos susceptíveis (Rook et al. 2005; Marchant et al. 2001).
Um outro aspecto a ser abordado é o momento em que os pacientes com diagnóstico
de TB ativa foram arrolados. Nós não sabemos quando a predominância de um perfil
imunossupressor, descrito através das moléculas estudadas, ocorreu antes do início da
sintomatologia da doença ativa. É concebível que fatores genéticos possam favorecer o
estabelecimento deste tipo de resposta frente ao M. tb, os quais podem influenciar diretamente
a susceptibilidade à doença. Isto se reflete na expressão variável e sustentada demonstrada
pelas moléculas antes e durante o tratamento anti-TB, conforme ilustrado nas Figuras 7, 8 e
9. Resultados recentes descritos por Wakeham et al. (2000) demonstraram que a resposta
imune específica tardia (no 43° dia) é deficiente nos camundongos susceptíveis BALB/c
frente à infecção por M. bovis BCG. Entretanto, o aumento da neutrofilia pulmonar e citocinas
(IL-12, IFNγ e TNFα) in vivo em células pulmonares de camundongos C57BL/6 (resistentes)
e BALB/c (susceptíveis) em etapas primárias de infecção demonstraram ser similares. Isto
sugere que a heterogeneidade genética pode ser crucial no estabelecimento da resposta imune
inata e especialmente crítica na resposta adaptativa em infecções micobacterianas. Este dado
apóia os resultados obtidos nos pacientes com TB ativa ao longo do tratamento em que vimos
a regulação positiva de inibidores da resposta imune Th1, possivelmente promovendo a
desativação da resposta específica como será discutido à frente.
Pacientes com TB ativa analisados neste estudo apresentaram um perfil heterogêneo
de expressão dos mediadores imunológicos. A expressão polarizada de IDO e NEMO,
segregados em duas populações que ora apresentaram alta, ora baixa expressão do RNAm
Discusssão 116
(Figuras 7 e 8) pode ser um reflexo de aspectos genéticos ou fisiológicos. Alguns estudos
analisaram os aspectos genéticos de atividade funcional de triptofano e indicaram que há uma
baixa significativa desta molécula nos estados de depressão, relacionadas a alterações de
humor, diminuição dos níveis de IL-1 e IL-6 e principalmente inibição celular (Ravindran et
al. 1999). Paralelamente, a literatura descreve que a presença do polimorfismo no gene de
IFNγ, posição +874 genótipo T/A, aonde o alelo T está relacionado à alta produção de IFNγ, é
capaz de afetar diretamente o aumento da atividade de IDO na população de mulheres
envolvidas no estudo (Raitala et al. 2005). Em paralelo, algumas doenças genéticas tem sido
relacionadas a disfunções na via de ativação de NFκB, com associação a polimorfismos no
gene de NEMO. A incontinência pigmenti, ou IP, letal ao sexo masculino, é uma desordem
imunológica dominante ligada ao cromossomo X, é uma delas (Smahi et al. 2000). Descreve-
se ainda a displasia ectodermal anidrótica ligada ao cromossomo X com imunodeficiência
(EDA-ID), que em homens apresentam susceptibilidade em múltiplos sítios como digestivo,
pele e respiratório, combinados à susceptibilidade a agentes infecciosos como bactérias
piogênicas gram-positivas e gram-negativas e micobactérias (Döfinger et al 2001).
Recentemente foram descritos polimorfismos em um cluster do gene de IL-1Rn que estão
associados à susceptibilidade a infecções micobacterianas na população da Gâmbia (Bellamy
et al. 1998). De forma mais ampla, outros estudos descrevem a participação de polimorfismos
em genes associados à regulação da resposta imune, como as citocinas, receptores e
mediadores intracelulares em várias doenças. Há uma tendência recente de estudos genéticos
em doenças infecciosas destacarem a associação entre prevalência, susceptibilidade e
gravidade como já descrito na AIDS (Opdal 2004), hanseníase (Moraes et al. 2004),
leishmaniose (Salih et al. 2007) ou tuberculose (Gomez et al. 2006). Células T PPD
específicas isoladas de derrame pleural de pacientes com TB pulmonar, antes do tratamento e
de voluntários saudáveis, na Itália e Gâmbia, apresentaram diferenças significativas no perfil
Discusssão 117
de polarização da resposta Th entre estas duas populações, sugerindo fortemente que o fator
genético tem uma via importante na regulação da resposta imune do hospedeiro contra a
tuberculose (Marchant et al. 2001).
Como descrevemos em nosso estudo anterior (Bonecini-Almeida et al. 2004) e
confirmamos em nossos dados recentes, o aumento da expressão de IL-10 e TGFβ nos
pulmões dos pacientes com TB ativa poderia estar induzindo supressores extracelulares (IL-
1Rn e IDO) ou ainda reguladores negativos intracelulares (IRAK-M e SOCS) que podem
inibir a imunidade Th1. De forma especulativa demonstramos a inter-regulação destes
mediadores imunológicos na Figura 13 como um modelo proposto de participação de
moléculas no ambiente imune pulmonar durante a TB ativa.
Figura 13: Modelo ilustrativo da modulação imunológica negativa no pulmão
associada com a TB ativa
Th1
Th1
Th0
Th0
IFN-γ
T
N
F
-
α
I
L
-1
2
IL
IL
-
-
10
10
TGF-βRI
I
L
-
1
R
n
N
E
M
O
N
E
M
O
S
O
C
s
S
O
C
s
T
L
R
s
Th2
Th2
M
Ly
S
O
C
s
S
O
C
s
S
O
C
s
S
O
C
s
CD80
CD86
Macrófagos
Linfócitos
Linfócitos
Th
Th
-
-
1
1
IFN-γ
I
D
O
TGF-βRII
IL-23
TGF-β
Proliferação / Expansão
Proliferação / Expansão
S
O
C
s
S
O
C
s
Ativação
I
R
A
K
I
R
A
K
-
-
M
M
S
O
C
s
1
S
O
C
s
1
IL-10
TNF-α
IL-17
IL-10
IL
IL
-
-
12
12
IFN-γ
IFN-γR
I
L
-
1
2
R
I
F
N
-
γ
R
I
L
-
2
3
R
I
L
-
1
2
R
T
N
F
α
-
R
M.tb
T
L
R
-
2
I
F
N
-
γ
R
Discusssão 118
Ilustramos na Figura 13 um modelo especulativo que propõe a participação de alguns
mediadores pulmonares durante a TB ativa abordados neste estudo. O aumento significativo
de IL-10 e TGFβ-RII no grupo de pacientes com TB ativa sugere que aspectos
imunossupressores já estão modulados ativamente no sítio infectado. IL-10 e TGFβ
apresentam secreção aumentada in vitro tanto em PBMC quanto em monócitos de pacientes
estimulados com antígenos do M. tb (Fulton et al. 1998). IL-10 e TGFβ1 apresentam indução
de hiporresponsividade (anergia) em células do compartimento pulmonar com baixa ativação
de células T CD4 in vitro (Weiner 2001). Foi ainda descrito que a expressão de IL-10 também
está associada a imunossupressão em infecções crônicas como leishmaniose visceral e HIV,
segundo revisto por Nylén & Sacks (2007). Tanto que a capacidade de monócitos/macrófagos
humanos em restringir o crescimento do M. tb é inversamente proporcional à quantidade
secretada de IL-10 e TGFβ (Hirsch et al. 1994; Bonecini-Almeida et al. 1998). De acordo
com o descrito por McCaffrey et al. (1995) a expressão dos receptores tipo I e Tipo II de
TGFβ são pré-requisitos para atuação de TGFβ1 em modelos de doenças fibroproliferativas.
Particularmente o aumento da expressão de TGFβRII está relacionado à baixa indução de
proliferação celular. Soma-se a isto a observação de que células do tipo T
reg
CD4
+
CD25
+
são
produtoras de IL-10 e TGFβ no pulmão de camundongos infectados pelo M. tb. E que o
bloqueio de TGFβ-RII incide num significativo aumento de IFNγ em linfócitos in vitro
(Mason et al 2007).
Altos níveis de IL-1Rn podem inibir o direcionamento da resposta em células Th0 para
Th1, quando IL-1 promove a inflamação tipo Th1 em algumas condições clínicas graves
como sepsis e doenças auto-imunes (Nambu et al. 2006). Não detectamos a expressão de
TNFα em nosso estudo, o que poderia estar ligado ao aumento da expressão de vários fatores,
como os mediadores anti-inflamatórios descritos. Particularmente, citamos o exemplo do
Discusssão 119
aumento da expressão de IL-1RN, que poderia resultar na redução endógena de IL-1 e no
influxo de neutrófilos via TNFα (Juffermans et al. 2000) antes do tratamento. A estrutura e
composição do granuloma poderia estar sendo afetada, já que é TNFα dependente (Flynn &
Chan 2005), facilitando desta forma o estabelecimento da infecção. Conforme Cho et al.
(2006) há indícios que o aumento da expressão de IL-1RN é capaz de afetar negativamente a
alça regulatória inflamatória entre IL-23 e IL-17 via IL-1 em células de camundongo BALB/c
em um modelo de artrite espontânea. Isto poderia indicar resultados obtidos com a ausência
de IL-23 no grupo de pacientes com TB ativa, se comparado aos controles. O decréscimo de
IL-1 levaria também à diminuição da proliferação celular e desenvolvimento funcional
(Matsuki et al. 2006).
A expressão conjunta aumentada de IL-1RN e IDO na infecção pelo M. tb poderia
resultar em interferência direta na população de células T, via produção metabólica tóxica de
quinureninas (KYN), que afetam o perfil de células Th1, como demonstrado pela indução de
apoptose via IDO produzida por células dendríticas em células T CD8
+
de memória (Liu et al.
2007). Outros dados ainda indicam que parasitas intracelulares como Toxoplasma,
Leishmania e M. tuberculosis são capazes de induzir a expressão de IDO em macrófagos e
células dendríticas (Chaussabel et al. 2003).
As moléculas co-estimulatórias CD80 e CD86 são capazes de afetar diretamente a
resposta Th1 e Th2 respectivamente, no entanto, o efeito co-estimulatório das moléculas
CD80 e CD86 em células Th0 é bastante complexo, pois estes receptores apresentam aspectos
funcionais dependentes da densidade na superfície celular e ainda da seqüência temporal dos
eventos de ativação (Balkhi et al. 2004a e 2004b). No presente verificamos que os níveis de
expressão de CD80 nos pacientes com TB ativa foram similares aos pacientes com OLD e os
HCW. Nossos achados sugerem que a expressão aparentemente sustentável de CD80 no
contexto da baixa expressão de CD86 seria capaz de afetar a imunidade Th2 nos pacientes
Discusssão 120
com TB ativa. Em estudo recente de nosso grupo (Anexo 9), avaliando moléculas co-
estimulatórias (CD86, CD40, CD40L CD28 e CD152) e moléculas apresentadoras de
antígenos (MHC de classe II e CD1) em células pulmonares obtidas do EI, observamos uma
disfunção na presença e no percentual de moléculas envolvidas no processo de ativação e
apresentação antigênica a células T entre os casos com TB ativa (10/22), se comparados aos
controles (16/17). Neste contexto, foi possível demonstrar uma baixa percentagem de células
HLA-DR
+
(P<0.001) como também um baixo percentual de células expressando CD86
+
(P=0.04) em pacientes com TB. O baixo percentual de células expressando CD86
+
se estende
ainda aos pacientes com doença (TB) limitada ( 1 lobo), se comparados a pacientes com
doença (TB) avançada (> 1 lobo).
Os dois painéis inferiores na Figura 13 ilustram que a expressão de SOCS1 e SOCS3
foi significativamente aumentada nos casos de TB comparadas aos controles. Estes achados
sugerem que, a despeito da expressão aumentada dos mediadores Th1 em TB, o ambiente
pulmonar na TB torna-se permissivo para a proliferação descontrolada do M. tuberculosis
durante a doença ativa. A expressão constante de SOCS1 e SOCS3 descrita nos pacientes com
TB confirma observações anteriores: 1) a infecção in vitro de macrófagos murinos J774 com
M. bovis BCG induz aumento da expressão de SOCS1 e SOCS3 (Imai et al. 2003) e 2)
SOCS1, 4 e 5 são preferencialmente regulados nos pulmões de camundongos infectados com
cepas W/Beijing se comparados à cepa menos virulenta CDC1551 (Manca et al. 2005).
Como ilustrado pelos linfócitos (à direita na figura 13) Th1, SOCS1 e SOCS3 em
conjunto podem interferir em um ou mais passos da cascata de sinalização, iniciada por IFNγ,
IL-12 e IL-23, através da ligação direta ao receptor e/ou a proteína transdutora de sinalização
STAT (Tan & Rabkin 2005). A conseqüência pode ser a menor proliferação e expansão de
células Th1. Em apoio a este conceito, nossos resultados indicam que há um aumento da
produção de IFNγ em reposta ao tratamento se comparado aos níveis produzidos no pré-
Discusssão 121
tratamento (Figura 9C e Tabela 4). A expressão direta de SOCS3 foi descrita como
predominante em células com perfil Th2 (Seki et al. 2003), paralelo ao fato de que a indução
de SOCS3 pelo M. tb poderia estar influenciando a resposta em células T secretoras de IL-17,
como descrito por Chen et al. (2006), principalmente via a regulação negativa de IL-23 e
inibição da fosforilação de STAT3.
Como ilustrado nos macrófagos (à esquerda na figura 13), o aumento de SOCS1 pode
inibir a ativação celular por IFNγ, resultando em uma baixa ou nenhuma atividade anti-
micobacteriana capaz de permitir uma proliferação intracelular e extracelular descontrolada
do M. tb (Heeg & Dalpke 2003). Dados recentes demonstram que SOCS1 participa da
regulação indireta de receptores TLR via indução positiva da expressão de CD40 em células
RAW (Baetz et al. 2004). assim como da regulação descrita por Mansell et al. (2006)
indicando que SOCS1 é capaz de regular a resposta imune inata negativamente via Mal, que é
um mediador chave na sinalização de TLR2 e TLR4. A via normal de sinalização por Mal é
capaz de ativar a fostorilação de p65 e transativação de NFκB para indução de genes
inflamatórios envolvidos nesta cascata de sinalização. Entretanto, SOCS1 é capaz de modular
a resposta inflamatória diretamente via degradação proteossômica de Mal, que é induzida pela
poliubiquitinização via ação da ligase de E3 associada à fosforilação de tirosinas quinases
desta proteína. Estes aspectos são relativamente importantes se formos considerar os longos
períodos em que o M. tb está restrito ao granuloma. O principal mecanismo de sobrevivência
da micobactéria é a inibição das vias de sinalização induzidas e geradoras de IFNγ, ou ainda a
ativação do estado de latência do Mycobacterium tuberculosis em caso de pressão
imunológica seletiva, conforme descrito por Salgame (2005). Soma-se ainda o fato de que o
aumento da expressão de SOCS1 em células do sistema imune inato é capaz de inibir a
aquisição da imunidade adaptativa por células T CD4 e CD8 contra agentes virais (Song et al.
2006). Nós observamos neste estudo altos níveis de expressão de SOCS1, IRAK-M e TLR2 e
Discusssão 122
estes se mantêm aumentados independentemente do tratamento anti-TB (Tabela 5). Nenhum
destes mediadores atinge os níveis de expressão dos OLDs e HCWs mesmo ao final do
tratamento, com cura clinica e radiológica. A super-expressão de IRAK-M nos casos de TB
seria capaz de inibir a ativação máxima dos macrófagos por PAMPs do M. tuberculosis.
IRAK-M normalmente atua como um regulador negativo dos receptores TLR, após conexão
com os ligantes microbianos (Kobayashi et al. 2002). A expressão sustentada de IRAK-M
durante o tratamento de pacientes com TB pode no entanto alterar a sensibilidade dos ligantes
micobacteriano à família de receptores TLRs, em particular TLR2, TLR4, TLR9, que são
considerados essenciais no controle do M. tuberculosis (Bafica et al. 2005; Krutzik & Modlin
2004).
Em paralelo, foi detectado um aumento de expressão de TLR2 nos pacientes com TB
se comparado aos controles. O aumento da expressão de TLR2 pode prover informações
significativas para explorar outros aspectos associados à subversão imune ligados aos PAMPs
de M. tb em células da imunidade inata aparentemente sensíveis a TLR2. Isto inclui as
lipoproteínas e ESAT6, que inibem a ativação imune via NFκB, e fatores reguladores de IFN
(IRFs), após sinalização específica por TLR2, favorecendo a resposta imune anti-inflamatória
(Pathak et al. 2007). Já Re & Strominger et al. (2004), em análise comparativa com agonistas
específicos de TLR2, 3, 4, 5 e TLR7 em DCs detectaram que a estimulação específica em
TLR2 determina um bloqueio na indução de IP10, IL-12p35 e IFNγ. Foi observado ainda
indício de uma polarização para a resposta anti-inflamatória Th2 com aumento primário de
IL-10. O aumento da expressão de IL-10 via indução por TLR2 nos macrófagos seria talvez
uma forma de evasão ao reconhecimento imune celular como descrito também por Netea et al
(2004). À luz destes achados in vitro, especulamos que a via preferencial de sinalização por
TLR2 em pacientes com TB ativa resulta na ampliação de uma rede anti-inflamatória, que é
Discusssão 123
capaz de desativar o macrófago e resguardar o M. tuberculosis, permitindo assim uma
proliferação irrestrita e ativação da tuberculose.
As variações temporais observadas para cada mediador pulmonar em resposta ao
tratamento anti-TB apóiam nossas hipóteses de que as alterações são especificamente ativadas
pela presença do M. tuberculosis (Figura 9 e Tabela 5). Especificamente, observamos que os
mediadores imunes tipo Th1 estão majoritariamente aumentados ( 2 vezes) após 15 dias de
tratamento e parcialmente elevados durante a seqüência de tratamento anti-TB, inclusive ao
final, enquanto que a maioria dos supressores Th2 declina ( 2 vezes) a níveis comparáveis
aos controles. Seqüencialmente, evidências de que estes mediadores estão relacionados à
resposta ao M. tb estão refletidas na estatística entre os grupos de expressão durante o
tratamento anti-TB, comparados aos paciente com OLD e HCW. A interpretação a respeito
destas mudanças de expressão ao longo do tratamento anti-TB é que a remoção do M.
tuberculosis promova a retomada do padrão normal na resposta imune. No entanto, nosso
grupo não exclui a possibilidade de que as alterações no influxo de células no ambiente
pulmonar na resposta imune inata e o desenvolvimento da resposta adaptativa contribuíram
para os nossos achados. Mesmo independentemente da cura clínica pelas drogas anti-TB,
IRAK-M e SOCS1 (um supressor intracelular de TLR e IFNγ) ainda se mantêm expressos de
forma significativa ao final do tratamento anti-TB. A presença residual destes mediadores
intracelulares da imunidade inata e de ativação celular pode-se refletir na reparação do dano
tecidual pulmonar e/ou numa modulação residual de antígenos e/ou bacilos dormentes
existentes. Sugere-se ainda que a persistência do estado de regulação negativa pode aumentar
o risco de re-infecção por novas cepas de M. tb. Similarmente, um estado associado de
supressão foi demonstrado em pacientes com infecção por influenza e sarampo (Moss et al.
2004; van der Sluijs et al. 2006). Ambas as infecções virais implicam em aumento do risco de
infecção bacteriana. Um trabalho recente descrito por Verver et al. (2005) observou risco
Discusssão 124
aumentado de sete vezes de recidiva em pacientes tratados por TB em população da África do
Sul. Sendo assim, especula-se que o M. tb pode modificar o ambiente pulmonar, de modo a
torná-lo mais permissivo à re-infecção, o que de fato corrobora os dados obtidos neste estudo.
Nosso estudo abordou a relação de dados clínicos com a expressão de alguns
mediadores imunológicos. Apesar da pertinência biológica estatisticamente
significativa(p0.05), (cavitação e baixa de IRAK-M e altos níveis de SOCS3 e doença em
mais de um lobo) não creditamos valor estatístico ao dado devido ao fato de nenhuma das
associações apresentar valor de p0.001. Este estudo não foi desenhado para análise de
correlação clinica e associado a isto não dispúnhamos de uma população suficiente para
análise (“n” baixo de 30 pacientes). Tal justificativa baseia-se no trabalho descrito por Jamil
et al. (2007) avaliando aspectos da gravidade da tuberculose extra-pulmonar com a produção
de IL-10/IFNγ, aonde obteve-se uma alta correlação no estudo. Sobretudo, ficamos atentos à
expressão dos mediadores imunes de quatro pacientes HIV positivos dos 30 TB, conforme a
Figura 8. Estes pacientes foram diagnosticados no decorrer do tratamento e apresentaram
uma resposta imune variável em intensidade e expressão, comparada aos pacientes com
tuberculose ativa ao longo do tratamento. Porém, nenhum dos pacientes HIV
+
apresentou
segundo episódio de TB, apesar dos três apresentarem TB avançada.
Em nossos resultados dos estudos in vitro observamos que o padrão de expressão
destes mediadores imunes é também detectável em células da cultura in vitro. Vimos
essencialmente que a expressão do RNAm de vários mediadores nos ensaios utilizando
monócitos com 24 horas de cultura [TNFα (pico em 4 horas), IL-12p35 e p40, NEMO, IL-10,
IRAK-M, TLR2 TGFβ-RII, SOCS1 e SOCS3] e em PBMCs a partir de 4 horas de cultura
[TNFα, IL-12p35, CD80, NEMO, IL-10, IRAK-M, TGFβ-RII, IDO (pico em 24 horas de
expressão), SOCS1 e SOCS3]. Confirmamos que o Mycobacterium tuberculosis, seja a
bactéria viva, seja proteínas do filtrado de cultura, pode direcionar estes mediadores
Discusssão 125
imunológicos na resposta imune celular em células sanguíneas (PBMC e em monócitos) no
estudo in vitro. Algumas das variações observadas são parcialmente influenciadas pela
presença da proteína imunogênica, CFP32, que é um antígeno do M. tb específico do MTC
(Figura 11). Esta pode ser detectada no escarro induzido de pacientes com TB ativa com
100% de especificidade e foi também demonstrada uma associação direta com a produção de
IL-10 (Huard et al. 2003a). Este dado reforça os achados descritos nos estudos in vivo neste
trabalho com referência a especificidade da expressão de medidores imunológicos induzidas
exclusivamente pelo M. tb. PBMCs, monócitos e células dendríticas humanas são capazes de
produzir IL-10 quando estimuladas com M. tb (Barnes et al. 1992; Henderson et al. 1997) ou
ainda IFN tipo I (Giacomini et al. 2001; Prabhakar et al. 2005). Os dados sugerem que há
uma ação imunossupressiva envolvendo a indução de IL-10 e outros mediadores
imunológicos. Destaca-se nos experimentos com PBMC o aumento da expressão de IDO,
responsável pela supressão local de linfócitos T, o que aparentemente indica haver a real
necessidade de interação de monócitos e linfócitos para expressão bioativa destas moléculas
como já descrito por Munn et al. (2004) e majoritariamente de supressores de citocinas como
SOCS1 e SOCS3 nos monócitos. Sabemos que a indução de IL-10 é multifatorial e envolve
tanto a contribuição do hospedeiro quanto do patógeno. Já foi descrito na literatura que entre
as estratégias de evasão o M. tb pode induzir a produção de IL-10, suprimir a resposta celular
para IFNγ e promover a sobrevivência dentro do macrófago (Bonecini-Almeida et al. 1998).
O aumento de IL-10 incidiria na indução de células T CD4 regulatórias 1 (Tr1) (Akbari et al.
2001). De fato a maioria dos clones de célula T CD4
+
do lavado broncoalveolar são células
tipo Th-1 (Gerosa et al. 1999), que produzem IFNγ, e que contraditoriamente também estão
implicadas na anergia em resposta ao PPD em pacientes com TB ativa. Neste âmbito podemos
descrever os pacientes anérgicos com TB, que respondem negativamente ao teste contra a
proteína tuberculínica e que secretam IL-10, também secretam pouca IL-2 ou IFNγ em
Discusssão 126
resposta ao M. tb (Boussiotis et al. 2000; Delgado et al. 2002). Estas células poderiam ser as
recentemente descritas como célula T regulatórias tipo CD4(+)CD25(+)FoxP3(+) (Chen et al.
2007).
De fato, é bem possível que a excessiva atividade regulatória principalmente das
células T, mediante a intensa presença de mediadores imunológicos, venha a contribuir para o
bloqueio da resposta imune protetora contra o M. tb. Em trabalho revisto por Rook et al.
(2005) os autores observam que não é a intensidade da resposta Th1 o fator crucial de
proteção contra o M. tb em estudos com vacina. O que se observa é que, ao invés de tentar
evitar a elaboração de uma resposta imune celular Th1, o M. tb provavelmente precisa induzir
tal resposta. No entanto, é também necessário corromper esta resposta imune para que haja a
morte ineficiente de micobactérias, induzindo o aumento do dano tecidual pulmonar e
permitindo a disseminação das M. tb existentes, talvez como forma de exaurir o sistema
imune para o estabelecimento da infecção (Figura 13).
Uma outra interpretação sugere ainda que o próprio M. tb, pela promoção destes vários
mediadores, representados na Figura 13, interferiria nas vias normais de ativação
imunológica resultando na:
1) Subversão da resposta inflamatória, uma vez que a inflamação foi ativada via
receptores TLRs pela indução de IRAK-M, que alimentaria o bloqueio de sinalização de TLR;
2) Facilitação do dano tecidual (TGFβ, IRAK-M e receptores), que também teria
efeito anti-inflamatório, em paralelo à queda de eficiência na resposta imune Th-1 pela
promoção de imunossupressores (IL-10, ligantes de TGFβ e receptores);
3) Interferência de ativação do eixo IFNγ-IL-12 em macrófagos pulmonares ativos e
inibição do desenvolvimento de células T via ativação de moléculas SOCS. Inativação celular
via IL-1R respectivamente; e/ou deleção de células Th1 e promoção de um perfil Th-2 através
das quinureninas, subproduto de IDO na conversão de triptofano, que é biologicamente
Discusssão 127
ativado pela ligação de moléculas co-estimulatórias CD80 e CD86.
Em suma, os nossos achados sugerem que o M. tuberculosis promove a regulação
negativa dos mediadores imunes pulmonares que se contrapõem à resposta imune Th1 e à
imunidade inata, como uma estratégia patológica na tuberculose ativa. As alterações
temporais de certos mediadores imunes durante o tratamento anti-TB substanciam que estes
mediadores são modulados pelo M. tuberculosis. Diferenças nos níveis de expressão dos
mediadores pulmonares imunes entre os casos com TB e os pacientes com OLD ou HCW, e
nas alterações temporais em resposta para a terapia anti-TB, sugerem que certos mediadores
têm o potencial para serem marcadores imunológicos para diagnóstico de TB e de resposta ao
tratamento. Marcadores imunológicos são criticamente necessários para monitorar a resposta
ao tratamento para drogas anti-TB, especialmente em locais de poucos recursos de pessoal
e/ou equipamento para realização de cultura micobacteriana (Perrin et al. 2007; Wallis et al.
2007).
Conclusões 128
8.0 Conclusões
1) O escarro induzido é capaz de prover informações relevantes referentes à
celularidade e imunologia pulmonar nos portadores de tuberculose ativa, principalmente sob o
aspecto da análise de um estudo longitudinal.
2) A expressão dos mediadores imunossupressores como IL-10, TGFβ-RII, IRAK-M,
IL-1Rn, SOCS1, SOCS3 e IDO) está aumentada antes do tratamento nos pacientes com TB
ativa, em relação aos controles. Tal aumento possivelmente resulta em inibição tanto da
imunidade inata quanto da adaptativa, induzindo o estabelecimento e progressão do processo
infeccioso por M. tuberculosis.
3) M. tuberculosis parece influenciar diretamente a regulação da resposta imune nos
pacientes com tuberculose ativa, tendo em vista o modulação da resposta inflamatória e anti-
inflamatória antes e durante o estabelecimento do processo de infecção pelo M. tb.
4) Algumas alterações seletivas na expressão dos mediadores imunes em resposta ao
tratamento anti-TB, refletidas na sustentabilidade da expressão dos supressores SOCS1 e
IRAK-M, proviram evidências de que há uma “resistência” residual à normalização da
resposta imune associada diretamente ao M. tb ou à presença de antígenos viáveis do
Mycobacterium ainda persistentes.
5) Os achados da expressão de supressores imunológicos também se estendem às
análises in vitro em PBMCs e monócitos estimulados por M. tb H37RV e pelo componente
micobacteriano CFP32. O CFP32 parece ter importância direta na regulação da expressão de
IL-10.
Perspectivas e Limitações 129
9.0 Perspectivas e limitações do estudo
Esta analise foi elaborada no intuito de avaliar aspectos da resposta imunológica em
pacientes com tuberculose ativa em um estudo longitudinal. Entretanto, algumas limitações
foram observadas ao longo deste trabalho:
Nós reconhecemos que o RT-PCR não é uma ferramenta prática para utilização em
ampla escala em regiões de poucos recursos. No entanto, o teste de ELISA apresenta boa
relação custo-benefício, forma rápida e sensível. Já utilizamos ELISA de captura de antígeno
para diagnóstico de TB, utilizando a presença de proteínas do M. tuberculosis, CFP32, no
escarro induzido (Huard et al. 2003a). Efetivamente, na mesma amostra de escarro induzido,
os níveis de CFP32 se correlacionaram positivamente com os níveis de IL-10, mas não de
IFNγ. Seria necessária ainda a ampliação do número amostral em função da necessidade de
confirmar nossos achados destas proteínas do hospedeiro poderem atuar realmente como
marcadores para o diagnóstico da TB e resposta ao tratamento, especialmente em casos
emergentes de multidroga resistência.
Nossos resultados não respondem se as diferenças entre os grupo de mediadores
descritos neste estudo estão associadas a variáveis genéticas do hospedeiro, que estariam
influenciando a sua expressão, ou se estariam associadas a diferentes tipos de cepas de M.
tuberculosis. Estas podem efetivamente diferir no potencial de indução de alguns mediadores
imunológicos, como já descrito na literatura para diferentes tipos de cepas M. bovis BCG (Wu
et al. 2007). Seguindo esta linha de análise, para estudos futuros seriam necessários o
aumento do número de pacientes arrolados, de modo a se fazer as correlações clínicas. Uma
análise específica da influência de diferentes cepas de M. tb poderia ser desenvolvida em um
estudo conjunto in vitro e in vivo, aonde as correlações com as células pulmonares e PBMCs
indicariam padrões ou assinaturas imunológicas das diferentes cepas de M. tb com o processo
de infecção primário, tardio, antes e ao longo do tratamento.
Perspectivas e Limitações 130
Uma análise dos perfis de produção protéica no sobrenadante das amostras de escarro
induzido poderia sugerir a indução de outros mediadores na resposta imunológica antes e
durante o tratamento. Entretanto, nenhuma informação relevante foi obtida com esta
abordagem devido às baixas titulações de IFNγ e TNFα das amostras dosadas dos pacientes
arrolados (dados não demonstrados).
Uma nova linha de análise abordando o estudo a partir da presença de proteínas
imunogênicas do M. tb, assim como descrita para o CFP32, vem em andamento na Divisão de
Doenças Infecciosas da Cornell University, com caracterização e análise imunobiológica dos
genes MPT-51 (Rv3803) e o GlcB (Rv1837) de M. tb. Anteriormente descritas como Proteína
de Ligação a Fibronectina
C - 85C e Malato Sintetase, são moléculas imunomodulatórias que
foram detectadas em cerca de 90% dos soros de pacientes com TB subclínica (Sing et al
2005). Estes genes já foram clonados em sistema utilizando TOPO-TA Cloning System
(Invitrogen, Life technology - Carlsbad, CA, USA), confirmados por sequenciamento e
digeridos duplamente utilizando Bam-HI e Hind-III e analisados em gel de agarose TAE, de
acordo com a Figura 14. Neste momento apresentam-se em fase de expressão da proteína em
vetor de expressão (pQE - Invitrogen, Life technology - Carlsbad, CA, USA) para futuros
testes imunológicos. Resultados preliminares de nosso grupo destacam que esta é uma
proteína que está presente em outros clusters bacterianos do complexo M. tb, de acordo com a
Figura 15 (MPT-51) e Figura 16 (GlcB), e também será avaliado em MOTT.
Perspectivas e Limitações 131
Figura 14. Clonagem e Digestão dos genes GlcB e MPT-51 de M. tb
1 2 3
1 2 3
Parte Superior
1- 1kb Marcador DNA
2- GlcB-TOPO TA Clone
(Digerido por BamHI e HindIII)
3- Vetor pQE-30 (3.5kb)
Parte Inferior
1- 1Kb Marcador DNA
2- MPT-51 – TOPO-TA Clone
(Digerido por BamHI e HindIII)
3- Vetor pQE-30 (3.5kb)
0.5kb
Gel de Agarose 1.5% TAE
1kb
2kb
0.5kb
GlcB - 2.2kb
TA Clone Vector
3.9kb
MPT-51 - 900kb
TA Clone Vector
3.9kb
Figura 15. Blots de Hibridização dos diferentes clusters de M. tb (IS6110)
comparação com a presença do gene MPT-51 de M. tb
Blots de hibridixação. Clusters de M. tb (I-VIII) marcados com sondas
específicas para IS6110 (A) e Probes para o gene MPT51 (B). Produto digerido
por PvuII.
Perspectivas e Limitações 132
Figura 16. Blots de Hibridização dos diferentes clusters de M. tb e comparação
com a presença do gene GlcB de M. tb
Blots de hibridixação. Clusters de M. tb (I-VIII) marcados com sondas
específicas para IS6110 (A) e Probes para o gene GlcB (B). Produto
digerido por PvuII.
Referencias Bibliográficas 133
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does not alter the survival and growth of Mycobacterium tuberculosis in human macrophages. Am J
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Anexos 154
11.0 Anexos:
11.1- Anexo 1
Aprovação original do projeto pelo CEP FM/HUCFF
11.2- Anexo 2 Última aprovação do projeto pelo CEP FM/HUCFF
11.3- Anexo 3 Aprovação original do projeto pelo IRB WMCCU
11.4- Anexo 4 Ultima aprovação do Projeto pelo IRB WMCCU
11.5- Anexo 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
11.6- Anexo 6 Questionário de entrevista
11.7- Anexo 7
Artigo submetido à avaliação da revista Journal
Experimental Medicine
11.8- Anexo 8 artigo no PRELO- Pediatrics
11.9- Anexo 9 artigo publicado- Braz J Med Biol Res
Anexos 155
11.1- Anexo 1 Aprovação original do projeto pelo CEP FM/HUCFF
Anexos 156
11.2- Anexo 2 Última aprovação do projeto pelo CEP FM/HUCFF
Anexos 157
11.3- Anexo 3 Aprovação original do projeto pelo IRB WMCCU
Anexos 158
Anexos 159
11.4- Anexo 4 Ultima aprovação do Projeto pelo IRB WMCCU
Anexos 160
11.5- Anexo 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Título do projeto: História natural da tuberculose: investigação através do escarro induzido seriado
antes, durante e após a introdução da quimioterapia.
Os Drs. José Roberto Lapa e Silva e Afrânio Lineu Kritski, do serviço de pneumologia do
HUCFF/UFRJ, estão realizando uma pesquisa sobre como as pessoas adoecem por tuberculose. Como o(a) Sr.
(a) sabe, a tuberculose é uma doença que ataca vez mais pessoas. São 10 milhões de pessoas no mundo inteiro
todo ano. Só no Rio de Janeiro 10.000 pessoas adoecem por ano. Ainda não se conhecem as razões porque
algumas pessoas que se contaminam com o bacilo da tuberculose adoecem e a grande maioria não. Este estudo
vai procurar razões para esta diferença tanto no sistema de defesa do organismo contra as infecções como no
próprio bacilo da tuberculose. Se estas dúvidas ficarem esclarecidas, novas vacinas ou novos remédios contra a
tuberculose poderão ser encontrados.
Os exames que serão realizados são bastante simples e seguros e são também necessários para provar
se o(a) Sr.(a) está doente ou não. Se estiver doente, o(a) Sr. (a) ficará em acompanhamento no ambulatório de
Pneumologia e receberá os remédios de graça, e precisará voltar todo mês para a consulta. No primeiro mês de
tratamento, voltará de quinze em quinze dias para repetir a nebulização para colher catarro. Nos outros meses,
voltará apenas para consulta. A nebulização será então repetida na consulta do segundo e do sexto mês. Se o(a)
Sr. (a) não quiser participar do estudo, continuará sendo tratado no hospital da mesma maneira.
Os exames são necessários para confirmar se o(a) Sr. (a) tem ou não tuberculose. Os exames durante o
tratamento ajudarão a ver se as drogas estão sendo capazes de matar o bacilo. Todo exame tem algum risco,
geralmente muito pequeno. No início, o(a) Sr. (a) responderá a um questionário sobre a doença que o trouxe ao
hospital. Os seguintes exames serão feitos:
1- Coleta de escarro: o escarro será colhido após nebulização com soro durante 20 minutos. A nebulização
poderá provocar tosse e pequena falta de ar, que somem ao fim do exame. A nebulização será repetida mais
quatro vezes se ficar, provado que o(a) Sr. (a) está com tuberculose;
2- Lavado broncoalveolar: o exame consiste em introduzir um aparelho, o broncoscópio, pela boca até o
pulmão, onde vai colher secreções. O exame é feito com anestesia local e sedação com tranqüilizante. Pode
provocar tosse, dor de garganta e um pouco de escarro com sangue que desaparecem algumas horas após o
exame. Este exame será feito apenas na primeira vez.
3- Coleta de sangue: o(a) Sr. (a) fará exame para HIV. Este exame é importante porque algumas pessoas com
tuberculose também têm o vírus da AIDS. A coleta de sangue poderá dar pequena dor local e hematoma, que
desaparecerá ao fim de alguns dias. Os médicos estão prontos a lhe explicar tudo o que o(a) Sr. (a) queira saber
sobre o HIV.
Peça mais alguns esclarecimentos aos médicos do projeto. Se o(a) Sr. (a) não tiver mais dúvidas e
quiser participar do estudo, por favor assine a declaração abaixo.
Declaro, de livre e espontânea vontade, que me sinto esclarecido sobre o projeto “História natural da
tuberculose, investigação através do escarro induzido seriado antes, durante e após introdução da
quimioterapia” e concordo em participar.
Rio de Janeiro, de de
Anexos 161
__________________________
_______________________
Participante Representante legal
CPF
RG
__________________________
________________________
Testemunha Testemunha
CPF
RG
Anexos 162
11.6- Anexo 6 Questionário de entrevista
DIAGNÓSTICO FINAL:_________________________ CÓDIGO: _____
PROJETO: ESTABELECIMENTO DE “SCORE” CLÍNICO-RADIOLÓGICO
PARA PACIENTES COM SUSPEITA DE TUBERCULOSE PULMONAR. (versão
junho/99)
Ficha número_________ Data ___/___/___ Pront.___________________ REC ________
IDENTIFICAÇÃO
1. Nome__________________________________________________
2. Nasc___/___/___ idade____
3. Sexo (___) 1. M 2. F
4. Cor (___) 1. Branco 2. Negro 3. Pardo 4. Amarelo
5. Naturalidade (Estado) _________________
6. Estado Civil (___) 1. Casado 2. Não Casado
7. Profissão__________________________
7.1. Ocupação Atual __________________________
7.2. Ocupação(ões) Anterior(es) ______________________
8. Endereço_______________________________________________________
Referência______________________________________________________
9. Tel___________________________
Tipo de contato___________________________
10. Serviço de origem ____________________________
10.1. Paciente do HUCFF: (___) 0 N 1S
Anexos 163
11. Internado no momento (___) 0 N 1S
Onde?_______________________________________
QUESTIONÁRIO
12.
PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO
12.1. O sr. sabe ler e escrever? (___) 0 N 1 S
12.1.2. O sr. estudou ? (___) 0 N 1 S
12.1.3. O sr. estudou até o (___)
A. primeiro grau incompleto C. segundo grau incompleto E. superior incompleto
B. primeiro grau completo. D. segundo grau completo F. superior completo
12.2. A sua renda familiar é proveniente de fonte fixa e regular (salário, mesada,
rendimentos): (___) 0 N 1 S
12.3. Qual o valor médio da sua renda e de seus familiares, em salários mínimos, seja ela
regular ou irregular: (___)
A. até 1 sal/mês C. de 2-3 sal/mês E. de 4-5 sal/mês
B. de 1-2 sal/mês D. de 3-4 sal/mês F. > 5 sal/mês
12.4. Qual o número de pessoas sustentadas com essa renda familiar? (incluíndo-se o
próprio) _____
13.
CONDIÇÕES DE MORADIA
13.1. O sr. mora em (___)
A.
Apartamento
B.casa C.quarto D.
vaga
E.barraco na
favela
F.barraco na
rua
G.na rua sem
barraco
H. outro
Anexos 164
13.2. Qual o n° de cômodos da residência (___)
13.3. Quantas pessoas moram com o sr. (excluíndo-se o próprio) (___)
13.4. Possui água encanada (___) 0 N 1 S
13.5. Possui luz elétrica (___) 0 N 1 S
13.6. Possui rede de esgoto (___) 0 N 1 S
13.7. Possui coleta regular de lixo (___) 0 N 1 S
14. RISCO PARA TUBERCULOSE
14.1. O sr. já teve algum problema no pulmão (tuberculose, mancha no pulmão, água na
pleura, pneumonia e etc...) que tivesse sido tratado em posto de saúde ou hospital por
mais de 3 meses? (___) 0 N 1 S. Caso a resposta seja
SIM, responda as próximas
questões assinalando no campo específico o evento mais recente, porém registrando na
frente (nos espaços em branco) os outros que possam ter ocorrido. Se NÃO, pule para a
questão 14.1.3 respondendo dessa mesma forma.
14.1.1. Há quanto tempo? ___________ meses
14.1.2. O sr. recebeu alta como curado pelo médico do posto de saúde ou do hospital?
(___) 0 N 1 S
14.1.3. O sr. já teve tuberculose em algum outro lugar fora do pulmão?
(___) 0 N 1 S
Caso a resposta seja SIM, responda as próximas questões. Se NÃO, pule para a questão
14.2.
14.1.4. Em que local do corpo o sr. teve essa tuberculose?__________________
14.1.5. Há quanto tempo? ___________ meses
14.1.6. O sr. recebeu alta como curado pelo médico do posto de saúde ou do hospital?
(___) 0 N 1 S
Anexos 165
14.2. O sr. já teve contato com alguma pessoa que estivesse com tuberculose ou em
tratamento para tuberculose? (___) 0 N 1 S. Caso a resposta seja SIM, responda as
próximas três questões assinalando no campo específico o contato mais recente, porém
registrando na frente (nos espaços em branco) os outros que possam ter ocorrido. Se
NÃO, pule para a questão 14.3.
14.2.1. Há quanto tempo isto ocorreu? _____ anos
14.2.2. Em que ambiente isto ocorreu? (___)
A. domiciliar B. trabalho C. hospitalar D. social
14.2.3. Qual era a intensidade do contato ? (___)
A. diário contínuo (5 a 7 dias/semana, > 6 h/dia)
B. diário intermitente (5 a 7 dias/semana, < 6 h/dia )
C. entre 2 a 4 dias/semana
D. semanal
E. quinzenal
F. não sabe
14.3.
FATORES DE RISCO PARA CONTAMINAÇÃO
14.3.1. sabe ter diabetes ou usa insulina ou remédio para baixar a glicose
(___) 0 N 1 S
14.3.2. tratamento de câncer até 6 meses atrás (___) 0 N 1 S
14.3.3. cirurgia de estômago (___) 0 N 1 S
14.3.4. usa meticorten ou decadron (corticóides) (___) 0 N 1 S
14.3.5. passado de hepatite ou icterícia ou ter ficado amarelo (___) 0 N 1 S
15. FUMO
15.1. Atualmente o sr. fuma? (___) 0 N 1 S.
Caso a resposta seja
SIM, responda as questões 15.2, 15.3 e 15.8. Se não, pule para 15.4.
15.2. Quantos cigarros por dia? _____
Anexos 166
15.3. Quantos anos tinha quando começou a fumar? _____
15.4. Já fumou alguma vez? (___) 0 N 1 S. Caso a resposta seja SIM, responda as
próximas questões. Se não, pule para a questão 16.
15.5. Quantos cigarros por dia o senhor fumava? _____
15.6. Quantos anos tinha quando começou a fumar? _____
15.7. Há quanto tempo parou de fumar? _____ anos
15.8. Quantos maços/ano: _____
16.
ALCOOLISMO
Qual tipo de bebida o senhor prefere? (___)
A. cachaça B. cerveja C. vinho D. whisky E. outros F. nenhum
Caso o paciente admita o uso de qualquer das bebidas, passe ao item seguinte.
Caso o paciente escolha o item F, passe direto a questão 16.1 e marque 0 (NÃO).
a) O sr. tem facilidade de fazer amizades? (pergunta preparatória)
b) Alguma vez sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida?
(___) 0 N 1 S
c) Alguém critica ou já criticou o seu modo de beber? (___) 0 N 1 S
d) O sr. costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca? (___) 0 N 1
S
e) O sr. se sente culpado pela maneira que costuma beber? (___) 0 N 1 S
Caso o paciente tenha respondido
SIM a pelo menos DUAS das questões (b, c, d, e),
considere o item
16.1 (ALCOOLISMO) como positivo, e marque a opção 1 ( SIM ).
Anexos 167
16.1. Alcoolismo (___) 0 N 1 S
SINTOMAS
17. TOSSE
17.1. Nos últimos meses o sr. teve algum tipo de tosse? (___) 0 N 1 S
Se a resposta for
NÃO, pule direto para o item 18.1. Se a resposta for SIM,
responda os próximos itens:
17.2. Há quanto tempo? ___________ semanas. Para ajudar o paciente, pode perguntar:
janeiro (ano novo) abril (páscoa) julho (férias)
outubro (dia das crianças)
fevereiro (carnaval) maio (dia das mães) agosto (dia dos pais)
novembro (finados)
março (começo das aulas) junho (São João) setembro (7 de
setembro) dezembro (natal)
17.3. Nos últimos 7 dias o sr. tem tido tosse : (___)
A. todo dia C. pelo menos uma vez por
semana
B. Duas a três vezes por semana D. não teve tosse nos últimos 7 dias
17.4. Quando o sr. respira fundo, a sua tosse: (___)
A. piora muito B. piora só um pouco C. não muda nada
D. não sabe informar
18.
ESCARRO
18.1. O sr. escarrou ou teve catarro no pulmão nos últimos meses?
(___) 0 N 1 S
Se a resposta for
NÃO, pule direto para o item 18.7. Se a resposta for SIM,
responda os próximos itens:
Anexos 168
18.2. Há quanto tempo? ___________semanas. Para ajudar o paciente, pode perguntar:
janeiro (ano novo) abril (páscoa) julho (férias)
outubro (dia das crianças)
fevereiro (carnaval) maio (dia das mães) agosto (dia
dos pais) novembro (finados)
março (começo das aulas) junho (São João) setembro (7 de
setembro)
dezembro (natal)
18.3. Nos últimos 7 dias o sr. tem escarrado ou tido catarro no pulmão? (___)
A. Todo dia C. Pelo menos uma vez por semana
B. Duas a três vezes por semana D. Não teve escarro nos últimos 7 dias
18.4. O volume de catarro que o sr. coloca(va) para fora em um dia é(era) capaz de
encher: (___)
A. Menos de uma colher de café D. Uma colher de sopa G. Um copo
ou mais de escarro
B. Uma colher de café E. Mais de uma colher de sopa H. Ignora
C. Duas colheres de café F. Meio copo
18.5. O seu catarro é(era) na maioria das vezes:
(___) A. Espesso ou grosso B. Fino ou fluido
18.6. O seu catarro tem (tinha) na maioria das vezes uma coloração? (___)
A. Branco ou claro B. Amarelado C. Esverdeado D.
Cinza
18.7. Alguma vez o sr. já escarrou sangue ou teve sangue misturado em seu catarro?
(___) 0 N 1 S
Caso a resposta seja
SIM, responda as próximas questões. Se não, pule para a
questão 19.1.
Anexos 169
18.8. Há quanto tempo? ___________ semanas
18.9. O sangue em seu catarro é (era): (____)
A. Em raias B. Em coágulos C. Líquido ou
sangue puro
19.
FEBRE
19.1 Nos últimos meses o sr. teve febre? (___) 0 N 1 S
Se a resposta for
NÃO, pule direto para o item 20.1. Se a resposta for SIM, responda
os próximos itens:
19.2. Há quanto tempo? ___________ semanas. Para ajudar o paciente, pode perguntar:
janeiro (ano novo) abril (páscoa) julho (férias)
outubro (dia das crianças)
fevereiro (carnaval) maio (dia das mães) agosto (dia dos pais)
novembro (finados)
março (começo das aulas) junho (São João) setembro (7
de setembro)
dezembro (natal)
19.3. Nos últimos 7 dias o sr. teve febre? (___)
A. todo dia C. pelo menos uma vez por semana
B. Duas a três vezes por semana D. não teve tosse nos últimos 7 dias
19.4. A que horas a febre aparece na maioria das vezes? (___)
A. manhã (6h às 12h) C. de tardinha (17h às 19h) E. madrugada (24h às 6h)
B. tarde (12h às 17h) D. noite (19h às 24h) F. sem relação com horário
20.
SUDORESE
20.1. Nos últimos meses o sr. tem apresentado suor em quantidade superior a que
costumava ter normalmente, antes da doença? (sem relação com atividade física) (___) 0
N 1 S
Anexos 170
Se a resposta for NÃO, pule direto para o item 21.1. Se a resposta for SIM,
responda os próximos itens:
20.2. Há quanto tempo? ___________ semanas. Para ajudar o paciente, pode perguntar:
janeiro (ano novo) abril (páscoa) julho (férias)
outubro (dia das crianças)
fevereiro (carnaval) maio (dia das mães) agosto (dia dos pais)
novembro (finados)
março (começo das aulas) junho (São João) setembro (7
de setembro)
dezembro (natal)
20.3. Nos últimos 7 dias o sr. teve este tipo de suor? (___)
A. todos os dias. C. pelo menos uma vez por semana
B. duas a três vezes por semana D. não teve sudorese nos últimos 7 dias
21.
DOR TORÁCICA
21.1. Nos últimos meses o sr. teve dor no peito ou nas costas? (___) 0 N 1 S
Se a resposta for
NÃO, pule direto para o item 22. Se a resposta for SIM, responda
os próximos itens:
21.2. Há quanto tempo? ___________ semanas. Para ajudar o paciente, pode perguntar:
janeiro (ano novo) abril (páscoa) julho (férias)
outubro (dia das crianças)
fevereiro (carnaval) maio (dia das mães) agosto (dia dos pais)
novembro (finados)
março (começo das aulas) junho (São João) setembro (7
de setembro)
dezembro (natal)
21.3. Nos últimos 7 dias o sr. teve dor no peito ou nas costas? (___)
Anexos 171
A. todos os dias. C. pelo menos uma vez por semana
B. duas a três vezes por semana D. não teve dor nos últimos 7 dias
21.4. Esta dor piora(va) com o esforço? (___) 0 N 1 S
21.5. Qual o tipo dessa dor? (___)
A. Pleurítica B. Não Pleurítica (ex: contínua, constritiva, s/ relação c/
respiração, outras)
21.6. Qual a localização onde essa dor mais lhe incomoda(va)?
21.6.1. Retroesternal (___) 0 N 1 S
21.6.2. Qual o hemitórax? (___) A. Direito B. Esquerdo C. Bilateral
21.6.3. Qual a localização? (___)
A. 1/3 superior B. 1/3 médio C. 1/3 inferior
D. 2/3 superior E. 2/3 inferior F. Difusa
21.6.4. Qual o tipo? (___) A. Superficial B. Profunda
22. TEMPO DE INÍCIO DO PRIMEIRO SINTOMA: ______ semanas
QUAL? ____________
23. BAAR ANTERIOR DE ESCARRO ESPONTÂNEO: (___) 0 N 1 S
LOCAL DE REALIZAÇÃO? ______________________________________
23.1. PPD: (___) 0 N 1 S ______ mm Data: ___/___/___
24. EMAGRECIMENTO (+ de 10% do peso habitual): (___) 0 N 1 S
25. FALTA DE AR (distinguir de astenia ou cansaço): (___) 0 N 1 S
26. PERDA DE APETITE: (___) 0 N
1 S
27. USO PRÉVIO DE ANTIBIÓTICO (para a doença atual): (___) 0 N 1 S
QUAL? _________________________
Anexos 172
28. FATORES PREDITIVOS NEGATIVOS
Nos últimos trinta dias o sr. teve?
28.1. dor de cabeça na região da testa: (___) 0 N 1 S
28.2. dor na face: (___) 0 N 1 S
28.3. dor de garganta: (___) 0 N 1 S
28.4. frio maior que as outras pessoas: (___) 0 N 1 S
28.5. tremores incontroláveis (calafrio): (___) 0 N 1 S
28.6. dor muscular: (___) 0 N 1 S
28.7. diarréia aquosa: (___) 0 N 1 S
28.8. vômitos: (___) 0 N 1 S
28.9. Eu vou dizer alguns problemas de saúde para o senhor. Por favor diga quais são os
dois que mais o incomodaram nos últimos dias, a ponto de fazê-lo procurar o médico
(___) (___)
A. falta de ar E. tosse com
sangue
I. dor na face M.outro_____________
B. dor torácica F. febre J.
emagrecimento
C. tosse G. sudorese K. diarréia
D. tosse produtiva H. cefaléia na
testa
L. vômito
29. RISCO PARA HIV
29.1. De 1983 até agora o sr. teve relações sexuais? (___) 0 N 1 S
Em caso de
NÃO ou recusa em responder, pule para a questão 29.6. Em caso de
SIM, responda as próximas perguntas:
Anexos 173
29.2. O sr. durante toda a sua vida teve relações sexuais somente com homens? Somente
com mulheres? Com homens e mulheres? (___) (marcar o comportamento sexual do
entrevistado)
A. homem heterossexual C. homem homossexual E. homem bissexual
B. mulher heterossexual D. mulher homossexual F. mulher bissexual
29.3. O sr. já teve algum parceiro sexual que em seu conhecimento fosse: (____)
A. usuário de drogas na veia C. que exercia a prostituição E. ignora
B. hemofílico D. portador de HIV
29.4. Aproximadamente com quantas pessoas o sr. teve relações sexuais nos últimos 12
meses? (___)
29.5. O sr. usa camisinha? (___) 0 N 1 S
29.5.1. Caso SIM, responda: (___)
A. sempre B. na maioria das vezes C. raramente
29.6. O sr. é hemofílico? (___) 0 N 1 S
29.7. Já tomou sangue ou foi submetido a transfusão sanguínea? (___) 0 N 1 S
29.8. Quando? _______ (ANO)
29.9. Já fez uso de drogas na veia? (___) 0 N 1 S
29.10. Já foi submetido a alguma cirurgia ("operação")? (___) 0 N 1 S
QUANDO? ______ (ANO)
QUAL? __________________________________
30.
PESQUISA DE ANTI-HIV
30.1. O sr. já realizou exame de sangue para pesquisa de anti-HIV (AIDS)? (___) 0 N 1
S Data ___ /___ /___
30.1.1. Resultado (__)
1. POSITIVO 2. NEGATIVO 3. IGNORADO
Anexos 174
31.
COMORBIDADE
31.1. Rinite/Asma (___) 0 N 1 S
31.2. DPOC (___) 0 N 1 S
31.3. Insuficiência Renal (___) 0 N 1 S
31.4. ICC (___) 0 N 1 S
31.5. Insuficiência Hepática (___) 0 N 1 S
31.6. Outras: _________________________________________
EXAME CLÍNICO
32.
INSPEÇÃO
32.1. Performance status - índice de Karnofisky (____)
DEFINIÇÃO % CRITÉRIO
Capaz de manter atividades físicas e
de trabalho normais. Não necessita
cuidados especiais
100 Normal e sem queixas. Sem evidências de doença
90 Capaz de levar vida normal. Sinais e sintomas minor
de doença.
80 Atividade normal com esforço. Alguns sinais e
sintomas de doença.
Incapaz de trabalhar. Capaz de viver
em casa e resolver suas necessidades
pessoais. Uma quantidade variável de
cuidados é necessário
70 Cuidados pessoais. Incapaz de ter atividades normais
ou trabalhar ativamente
60 Necessita ocasionalmente de ajuda, mas é capaz de
suprir a maioria das próprias necessidades
50 Necessita de ajuda considerável e freqüentes cuidados
médicos
Anexos 175
Incapaz de cuidar de si mesmo.
Necessita do equivalente aos
cuidados hospitalares. Doença
progride rapidamente
40 Incapacitado. Necessita de cuidados especiais e
assistência
30 Severamente incapacitado. A hospitalização é
indicada, embora o óbito seja iminente
20 Muito doente. A hospitalização é necessária. Suporte
ativo de tratamento é necessário
10 Moribundo
32.2. Freqüência respiratória: _____ irpm
32.3. Temperatura Axilar _____ °C
32.4. Cianose (___) 0 N 1 S
32.5. Icterícia (___) 0 N 1 S
32.6. Hipohidratado (___) 0 N 1 S
32.7. Hipocorado (___) 0 N 1 S
32.8. Dispnéico (___) 0 N 1 S
32.9. Tiragem intercostal (___) 0 N 1 S
32.10. Cicatriz de vacinação com BCG (___) 0 N 1 S (inserção inferior do músculo
deltóide direito)
33.
EXAME FÍSICO
33.1. Adenomegalia (___) 0 N 1 S
33.2. Localização (___)
A. no pescoço
B. na axila
C. na virilha
D. em dois locais (pescoço/axila/virilha)
Anexos 176
E. generalizada
F. outras: __________
33.3. Ausculta pulmonar I (___) A. Normal B. Anormal
Caso o item marcado na questão anterior tenha sido o A, pule a próxima questão:
33.3.1. Ausculta pulmonar II (___/___/___) (___/___/___) (___/___/___)
A. ester.
Crepitante
E. MV
diminuído
1. direita Y. 1/3 médio V. difuso
B. ester.
Subcrepitante
F. MV
abolido
2. esquerda Z. 1/3
inferior
C. roncos G. atrito
pleural
3. bilateral W. 2/3
superior
D. sibilos H. sopro
tubário
X. 1/3
superior
K. 2/3
inferior
33.4. Hepatomegalia (___) 0 N 1 S
33.5. Esplenomegalia ou traube ocupado (___) 0 N 1 S
33.6. Ascite (___) 0 N 1 S
33.7. Massa abdominal palpável (___) 0 N 1 S
33.8. Edema em membros inferiores (___) 0 N 1 S
33.9. Panturrilhas (___) A. Livres B. Empastadas
33.10. CRITÉRIO DE CARACAS/RIO DE JANEIRO
1- ( ) 10 Sarcoma de Kaposi
2- ( ) 10 TB disseminada/extrapulmonar/pulmonar não cavitária
3- ( ) 5 Candidíase oral ou leucoplasia pilosa
4- ( ) 5 TB pulmonar cavitária ou não especificada
5- ( ) 5 Herpes zoster em indivíduos com até 60 anos de idade
6- ( ) 5 Disfunção do SNC
Anexos 177
7- ( ) 2 Diarréia 1 mês
8- ( ) 2 Febre 1 mês
9- ( ) 2 Caquexia ou perda de peso corporal > 10%
10-( ) 2 Astenia 1 mês
11-( ) 2 Dermatite persistente
12-( ) 2 Anemia e/ou linfopenia e/ou trombocitopenia
13-( ) 2 Tosse persistente ou qualquer pneumonia (exceto TB)
14-( ) 2 Linfadenopatia 1cm, 2 sítios extra-inguinais, por período 1 mês
CARACAS ( ) 0 < 10 1 10
33.11. Escrever o valor do somatório: _______
34.
TRATAMENTO ASSOCIADO
34.1. O paciente está usando alguma medicação no momento? (___) 0 N 1 S
34.2. Quais e há quanto tempo ? (___/___) (___/___ ) (___/___) (___/___) (___/___)
A.
isoniazida
D. pentamidina G. DDI J. Antibiótico
Qual?____________________
B. esquema
tríplice
(RIP)
E. nizoral H. AZT K. Outros
Qual?____________________
C. bactrin F. fluconazol I. DDS 1. há 1 semana ou menos
2. entre 7 e
14 dias
3. entre 14 e 21
dias
4. entre 21 e
28 dias
5. há mais de 28 dias
36.1. Quantas alíquotas (20 ml) de solução salina foram necessárias p/ a
obtenção do material: _____.
37. Tempo gasto para indução do escarro? ______ minutos
38. Qualidade do material obtido?
(___) A. Bom B. Ruim C. Insuficiente
38.1. Apresentou alguma intercorrência durante o exame? (___) 0 N 1 S
Anexos 178
QUAL? ______________
38.2. Necessitou interromper o exame? (___) 0 N 1 S
40. RADIOGRAMA TORÁCICO
40.1. Data ___/___/___ (___) 0 Normal 1 Anormal
40.2. Alterações: (___/____/___) (___/____/___) (___/____/___) (___/____/___)
(___/____/___)
A. Direito B. Esquerdo C. Bilateral
1. Consolidação homogêneo 2. Consolidação heterogêneo 4.Infiltradointersticial
nodular
5. Infiltrado intersticial reticular 6. Infiltrado intersticial retículo-nodular
7. Infiltrado intersticial micronodular 8. Cavidade 2 cm 9. Cavidade > 2
cm
11. Calcificação 12. Derrame pleural 13. Espessamento
pleural
14. Adenomegalia hilar 15. Adenomegalia mediastinal 16. Nódulo
17. Massa 20. Trave fibrótica 21. Outros:
____________
X. Superior Y. Médio W. Inferior V. Difuso
Quem preencheu? NOME:_______________________________
ASS: ________________________________
Quem revisou? NOME:__________________________
ASS: _______________________DATA: ___/___/___
Anexos 179
11.7- Anexo 7 Artigo submetido à avaliação
da revista J Exp Medicine
Anexos 180
Anexos 181
Anexos 182
Anexos 183
Anexos 184
Anexos 185
Anexos 186
Anexos 187
Anexos 188
Anexos 189
Anexos 190
Anexos 191
Anexos 192
Anexos 193
Anexos 194
Anexos 195
Anexos 196
Anexos 197
Anexos 198
Anexos 199
Anexos 200
Anexos 201
Anexos 202
Anexos 203
Anexos 204
Anexos 205
Anexos 206
Anexos 207
Anexos 208
Anexos 209
Anexos 210
Anexos 211
Anexos 212
Anexos 213
Anexos 214
Anexos 215
Anexos 216
11.8- Anexo 8 artigo no PRELO- Pediatrics
Anexos 217
Anexos 218
Anexos 219
Anexos 220
Anexos 221
Anexos 222
Anexos 223
Anexos 224
Anexos 225
Anexos 226
Anexos 227
11.9- Anexo 9 artigo publicado- Braz J Med Biol Res
Anexos 228
Anexos 229
Anexos 230
Anexos 231
Anexos 232
Anexos 233
Anexos 234
Anexos 235
Anexos 236
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