realizarem a FBN mais eficientemente no interior dos tecidos vegetais. Com isso, o interesse
por pesquisas com bactérias endofíticas, como as dos gêneros Herbaspirillum e Burkholderia,
vem crescendo junto à comunidade científica.
No Brasil, pesquisas recentes desenvolvidas na Embrapa Agrobiologia, propiciaram o
desenvolvimento de um inoculante à base da mistura de Gluconacetobacter diazotrophicus,
Herbaspirillum seropedicae, H. rubrisubalbicans, Burkholderia tropica e Azospirillum
amazonense, que mostrou ser capaz de substituir parte do nitrogênio mineral aplicado na
cana-de-açúcar (OLIVEIRA et al., 2006). Estudos desenvolvidos na Embrapa Soja e
Universidade Federal do Paraná, também levaram a produção de um inoculante comercial à
base de estirpes de Azospirillum brasilense para as culturas do milho e arroz.
O gênero Herbaspirillum foi descrito em 1986 por BALDANI et al. (1986), que
relataram como principais características, células Gram-negativas, vibróides as vezes
helicoidal, não fermentativas, flageladas (1 a 3 flagelos em um ou ambos os pólos), que
utilizam de preferência ácidos orgânicos como fonte de carbono, embora possam utilizar
glucose, galactose, L-arabinose, manitol, sorbitol e glicerol.
Este gênero apresenta até o momento 10 espécies, das quais quatro foram descritas
como diazotróficas. A primeira espécie diazotrófica a ser identificada foi a Herbaspirillum
seropedicae (BALDANI et al., 1986), que é uma espécie considerada endofítica obrigatória
por não sobreviver em condições naturais no solo, sendo encontrada nos tecidos de várias
plantas tais como, milho, sorgo, arroz, cana-de-açúcar e várias gramíneas forrageiras
cultivadas no Brasil, além de plantas não leguminosas como abacaxizeiro e bananeira
(BALDANI et al., 1997; WEBER et al., 1999).
Posteriormente, outras espécies foram incluídas ao gênero, como a espécie
Herbaspirillum rubrisubalbicans (BALDANI et al., 1996a), até então descrita como
Pseudomonas rubrisubalbicans, que embora fixadora de nitrogênio, foi considerada
fitopatogênica fraca em sorgo e variedades suscetível de cana-de-açúcar (PIMENTEL et al.,
1991; JAMES et al., 1997; OLIVARES, et al., 1997). Outra espécie descrita foi a
Herbaspirillum frisingense, que foi isolada de plantas de Miscanthus spp. e Spartina pectinata
cultivadas na Alemanha, e Pennisetum purpureum cultivados no Brasil (KIRCHHOF et al.,
2001).
A última espécie descrita como diazotrófica foi a Herbaspirillum lusitanum, isolada de
nódulos de feijão coabitando com rizóbio em Portugal (VALVERDE et al., 2003). DING &
YOKOTA (2004), ao descrever a espécie Herbaspirillum putei, verificaram que a estirpe
padrão 7-2
T
possuía o gene nif-H, um dos genes que codifica a MoFe-proteína componente da
nitrogenase, porém não demonstrou atividade de fixação de nitrogênio.
O gênero Burkholderia foi descrito por YABUUCHI et al.(1992), sendo composto por
bactérias Gram-negativas, não fermentativas, móveis ou não, com flagelos simples ou em
tufos quando móveis. A estirpe tipo, B. cepacea, é capaz de oxidar adonitol, D-xilose,
galactose, inositol, manose, sorbitol e sucrose, além de ácidos orgânicos e aminoácidos como
fonte de carbono e energia.
Há uma grande diversidade de espécies no gênero Burkholderia, e estas ocorrem em
diversos ambiente como solo, água e em associação com vários organismos vivos (COENYE
& VANDAMME, 2003). Desde a criação do gênero em 1992 por YABUUCHI et al. (1992)
até a mais recente descrição (VANLAERE et al., 2009), foram incorporadas ao gênero 15
espécies até então pertencentes a outros gêneros, e várias outras foram descobertas, somando
até o momento 63 espécies com nomes validados (EUZÉBIO, 2009), e mais três espécies
candidatus (OEVELEN et al., 2002; 2004).
Algumas destas espécies são patogênicas para humanos, animais e plantas, no entanto,
a maioria apresenta o potencial de ser utilizada na agricultura como biocontrole de doenças,
promotoras de crescimento e biorremediadoras (PARKE & GURIAN-SHERMAN, 2001),