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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO TECNOLÓGICO - CIENTÍFICO
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Cosme Faria Corrêa
ASPECTOS ECONÔMICOS DO DESENVOLVIMENTO DE CÓDIGO
ABERTO
NITERÓI
2008
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COSME FARIA CORRÊA
ASPECTOS ECONÔMICOS DO DESENVOLVIMENTO DE CÓDIGO ABERTO
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre. Área de
concentração: Estratégia, Gestão e
Finanças Empresariais.
Orientador:
Prof. Ruderico Ferraz Pimentel
NITERÓI
2008
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Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e
Instituto de Computação da UFF
C824 Corrêa, Cosme Faria.
Aspectos econômicos do desenvolvimento de código aberto /
Cosme Faria Corrêa.Niterói, RJ : [s.n.], 2008.
117 f.
Orientador: Ruderico Ferraz Pimentel .
Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -
Universidade Federal Fluminense, 2008.
1. Software livre. 2. Desenvolvimento de software. 3. Linux. 4.
Engenharia de produção. I. Título.
CDD 005.1
COSME FARIA CORRÊA
ASPECTOS ECONÔMICOS DO DESENVOLVIMENTO DE CÓDIGO ABERTO
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em Engenharia de
Produção da Universidade Federal
Fluminense, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre. Área de
concentração: Estratégia, Gestão e
Finanças Empresariais.
Aprovada em 28/11/2008
Banca Examinadora
________________________________________
Prof. Ruderico Ferraz Pimentel, PhD – Orientador
Universidade Federal Fluminense
________________________________________
Prof. Annibal Parracho , PhD
Universidade Federal Fluminense
________________________________________
Prof. Luérbio Faria, PhD
Universidade Estadual do Rio de Janeiro
NITERÓI
2008
Às mulheres da minha vida: Carmélia,
Irene, Eloiza, Neidi e Sofia.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que nos últimos meses conseguiram suportar horas e
horas de conversas sobre temas distantes de suas rotinas, amigos que receberam
uma considerável carga de informações estranhas e que rotineiramente eram
questionados sobre interpretações de eventos e fatos fora do cotidiano da maioria
das pessoas.
Discutindo, especulando, criticando ou simplesmente ouvindo assuntos tão
diversos.
Ao Sr. Nicolau Sebastião, que com seu raciocínio veloz ajudou a derrubar
algumas idéias não muito sólidas em nossas conversas.
À Sra. Marildéia Coutinho, pelo seu carinho e sua busca por objetividade
constante.
Ao Sr. Douglas Almeida, que por sua inteligência e forte desconfiança no
modelo de negócio de código aberto nos levou a adotar uma postura mais crítica
sobre o tema.
À Associação Comercial e Industrial do Rio de Janeiro, na figura de seu
presidente Luiz Paulino Moreira Leite, que sempre tem se mostrado cooperativa e
estimulado as nossas atuações.
Impensável não falar sobre a minha equipe de trabalho. O Bruno e o Nilton
foram fundamentais para este trabalho.
Agradeço ao Bruno Olimpio, por ser capaz de aprender numa velocidade
impressionante e me livrar de boas cargas de trabalho, que de outra forma teriam
matado este trabalho.
Agradeço ao Nilton Neto, por sua capacidade de descobrir sobre o Código
Aberto e transmitir um entusiasmo que poderia sair de um mestre em Sociologia.
Em pouco tempo descobri ao meu lado alguém que acredita mais no processo do
que eu mesmo, apresentando diversas facetas que no meu radar passam como
pontinhos apenas.
À Neidimar Miranda, que com grande paciência acompanhou a maior parte
deste período instável e nebuloso que foi a execução deste trabalho.
À Sofia Corrêa, que muito ajudou apenas sendo maravilhosa e falando
“papaií”. Sem dúvida um dos melhores motivos para prosseguir.
À Carla Lage, que nos instantes finais contribuiu com sua recente experiência
na obtenção de um grau de mestrado, revisando, corrigindo e direcionando muito da
versão final deste trabalho.
Especial menção deve ser feita ao Professor Ruderico, que em muitos
momentos acreditou neste trabalho mais do que eu mesmo. Cobrou, revisou,
revisou, revisou e reclamou dos meus textos. Apontou direções e recusou idéias.
Muito obrigado.
RESUMO
CORRÊA, Cosme. Aspectos Econômicos do desenvolvimento de código aberto;
Prof. Orientador: Ruderico Ferraz Pimentel; Niterói: UFF, 2008, qtde_folhas 118.,
Dissertação de Conclusão de Curso.
Este trabalho examina o efeito da utilização e o desenvolvimento do software
livre no mercado de tecnologia da informação atual. Foi reconstruído o contexto de
seu surgimento, amadurecimento e possível futuro, levando em consideração sua
interação com os mais variados segmentos da nossa sociedade, como por exemplo,
a gestão da inovação e os limites negociados das liberdades individuais. Explorou-
se os aspectos econômicos, características e viabilidades sobre o movimento de
código aberto e seu impacto nas estruturas econômicas estabelecidas.
Para isso, realizou-se uma pesquisa com pequenas e médias empresas na
região metropolitana do Rio de Janeiro. Os dados apontam a tendência nos critérios
de escolha, onde a alta gerência define a sua utilização; adoção, onde sua utilização
concentra-se nas soluções mais populares como Open Office, Apache, Linux entre
outros; e expansão das soluções, onde maioria optou por manter e ampliar os
investimentos de código aberto dentro das empresas.
Palavras-chaves: Código Aberto, Código Livre, Linux
ABSTRACT
CORRÊA, Cosme. Economic aspects of the development of open source;
Prof. Advisor: Ruderico Ferraz Pimentel; Niterói: UFF, 2008, 118.pages, Dissertation
Completion of course.
This study examines the effect of the use and development of free software on
the market for information technology today. It was rebuilt the beginning, maturation
and possible future, taking into account their interaction with the most varied
segments of our society, such as the management of innovation and the limits
negotiated individual freedoms. It is exploring economic aspects, features and
viability of the open source movement and its impact on economic structures
established.
To do this, a research with small and medium-sized businesses in the metropolitan
region of Rio de Janeiro. The data suggest the trend on the criteria of choice, where
the top management down to its use; adoption, where its use is concentrated in the
most popular as Open Office, Apache, Linux among others, and expansion of the
solutions, where most chose maintain and expand investments in open-source
businesses.
Key words: Open Source, Open Source, Linux
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Desenvolvimento do Linux...........................................................................66
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Quadro representativo sobre as previsões de Gordon Moore criado por
Silveira Neto [SILVEIRA NETO, 2006] .......................................................................41
Gráfico 2: Contagem de Acessos. Fonte: http://marketshare.hitslink.com..............58
Gráfico 3: Contagem de Acessos - Participações menores. Fonte:
http://marketshare.hitslink.com...................................................................................58
Gráfico 4: Contagem de Acessos - Participações menores, Fonte:
http://marketshare.hitslink.com...................................................................................59
Gráfico 5: Contagem de Acessos - Microsoft Aberta. Fonte:
http://marketshare.hitslink.com...................................................................................60
Gráfico 6: Participação dos Servidores de HTTP.......................................................62
Gráfico 7: Alterações por versão do kernel................................................................68
Gráfico 8: Alterações por hora por versão do kernel..................................................69
Gráfico 9: Tamanho por versão do kernel..................................................................70
Gráfico 10: Taxa de alteração por versão do kernel...................................................71
Gráfico 11: Envolvimento............................................................................................77
Gráfico 12: Produtos Usados......................................................................................78
Gráfico 13: Origem da Iniciativa de Adoção...............................................................78
Gráfico 14: Motivação para a Mudança......................................................................79
Gráfico 15: Treinamento e Motivação.........................................................................79
Gráfico 16: Impacto do Projeto de SL.........................................................................80
Gráfico 17: Ganhos com o Software Livre..................................................................80
Gráfico 18: Futuro do Software Livre na Empresa......................................................81
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Lançamento do Linux..................................................................................56
Tabela 2: Contagem de Acessos. Fonte:http://marketshare.hitslink.com .................57
Tabela 3: Contagem de Acessos - Microsoft Aberta. Fonte:
http://marketshare.hitslink.com...................................................................................59
Tabela 4: Comparativo dos Projetos...........................................................................64
Tabela 5: Freqüência de lançamento do kernel.........................................................67
Tabela 6: Número de desenvolvedores independentes e empregadores................72
Tabela 7: Colaboradores independentes do kernel....................................................73
Tabela 8: Empresas trabalhando voltadas para o aprimoramento do kernel............74
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
OSS Open Source software
GPL General Public License
FOSS free/open source software
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO......................................................................................................14
1.1.SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA...............................................................................16
1.2.OBJETIVOS...........................................................................................................17
2.FORMAS DE COORDENAÇÃO DA PRODUÇÃO................................................18
2.1.ECONOMIA E SOCIEDADE.................................................................................22
3.A QUESTÃO DO TRABALHO..............................................................................31
4.A PRODUÇÃO DE SOFTWARE...........................................................................40
4.1.PROCESSO HISTÓRICO.....................................................................................40
4.1.1.Introdução......................................................................................................40
4.2. LEI DE MOORE....................................................................................................40
4.3.A RUPTURA..........................................................................................................41
4.4. RICHARD STALLMAN.........................................................................................42
4.5.OS TIPOS DE LIBERDADE DE ACORDO COM A FSF......................................43
4.6.O IMPACTO NO MERCADO................................................................................44
5.PRESENÇA NA SOCIEDADE...............................................................................46
5.1.GUERRA...............................................................................................................46
5.2.CULTURA..............................................................................................................47
5.3.CIÊNCIA E TECNOLOGIA ...................................................................................48
5.4.SANTOS DUMONT ..............................................................................................49
6.ESTUDO DE CASOS............................................................................................51
6.1.O MÉTODO COCOMO.........................................................................................51
6.2.LINUX....................................................................................................................53
6.3.APACHE ...............................................................................................................60
6.4.OPENOFFICE.......................................................................................................62
6.5. ASTERISK............................................................................................................63
7.O DESENVOLVIMENTO DO LINUX.....................................................................65
7.1.MODELO DE DESENVOLVIMENTO....................................................................65
7.2.FREQÜÊNCIA DE LANÇAMENTO.......................................................................67
7.3.VELOCIDADE DAS ALTERAÇÕES.....................................................................68
7.4.TAMANHO DO FONTE DO KERNEL...................................................................69
7.5.QUEM ESTÁ FAZENDO O TRABALHO...............................................................72
7.6.QUEM ESTÁ FINANCIANDO O TRABALHO.......................................................73
8.PESQUISA............................................................................................................76
8.1.METODOLOGIA....................................................................................................76
8.2.DELINEAMENTO DA PESQUISA.........................................................................76
8.3.COLETA DE DADOS............................................................................................76
8.4.ANÁLISE DE DADOS...........................................................................................77
9.CONCLUSÕES.....................................................................................................83
GLOSSÁRIO............................................................................................................90
APÊNDICE A – LICENÇAS DE SOFTWARE LIVRE...............................................94
A.1 O PROJETO GNU E A FUNDAÇÃO PARA O SOFTWARE LIVRE....................94
A.2 GPL – LICENÇA PÚBLICA GERAL GNU.............................................................97
A.4 LICENÇA BSD....................................................................................................106
A.5 LICENÇA APACHE.............................................................................................108
APÊNDICE B – PESQUISA NA INTERNET BASEADA EM LINKS......................115
ANEXO A – FORMULÁRIO DE PESQUISA .........................................................117
15
1. INTRODUÇÃO
“Show me the code.”
Linus Torvalds
De forma antes incomum, grupos crescentes de voluntários começaram, por
passatempo, a produzir peças de software. Com a entrada da Rede Mundial de
Computadores, a Internet, nas casas de cada vez mais pessoas o seu custo caiu, a
escala de participantes estourou e surgiu uma nova dinâmica de inovação desafiando
muitas empresas estabelecidas. Em paralelo temos programadores interagindo e
produzindo cada vez mais softwares de código aberto.
Código aberto significa que uma peça de programa que esteja disponível ao
uso, deve oferecer condições para que possa ser também mudada. Se buscarmos
um paralelo em automóvel seria como se a compra de um carro permitisse ao
proprietário, a troca da cor, substituição do volante, escolher qual a oficina mecânica,
trocar o carburador e etc. O exemplo anterior visa destacar direitos que parecem
óbvios em outras áreas, mas que, na área de software, não eram normalmente
permitidos.
Os defensores do movimento “open source” sustentam que não se trata de
algo anarquista anti-capitalismo, mas de uma alternativa ao modelo de negócio para
a indústria de software. Esta alternativa não gira em torno de regras econômicas
ortodoxas, mas vai além e questiona princípios, inclusive dos modelos econômicos
ortodoxos aplicados à esfera virtual. Além de questionar esses princípios econômicos
o modelo colaborativo de produção intelectual oferece um novo paradigma para o
direito autoral. Algumas empresas comerciais como IBM, HP, Intel, Dell, entre outras,
também têm investido no software de código aberto, juntando seus esforços para a
criação do Open Source Development Lab [OSDL, 2008], instituição destinada à
criação de tecnologias de código aberto.
Simultaneamente encontramos reflexos, ou seriam indícios, destes
comportamentos distribuídos pela sociedade e pelo sistema produtivo, gerando-se a
desconfiança que não está se discutindo na verdade Código Aberto, mas sim,
práticas mais antigas como as tratadas pela “Teoria da Dádiva” [MAUSS, 1924] e o
compartilhamento como base da geração de valor.
Embora o desenvolvimento do software aberto possa ser feito por empresas, a
grande força do software livre está no potencial de reciprocidade para o
desenvolvimento do produto coletivo, capaz de neutralizar pressões mercadológicas
16
e políticas e melhor dominar complexidades. Por que isto existe? Como se sustenta?
Quais os impactos que está trazendo para a sociedade nos âmbitos ideológico e
econômico?
É pouco provável que se encontre na literatura acadêmica contemporânea um
conceito que seja capaz de referir-se às mudanças societárias em curso no ambiente
empresarial de modo tão adequado como no ambiente de redes.
O advento da internet expandiu o conceito de proximidade, criando o
atualmente conceito de proximidade virtual em que os usuários acessam os mesmos
dados ou invocan as mesmas aplicações em um ambiente virtual [MATSUURA et al.,
1993].
Passando a investigar mais precisamente o problema tema desta pesquisa, à
medida que se descobria o modo de funcionamento das redes de trabalho
colaborativo no desenvolvimento do software livre, verificou-se que as relações de
proximidade, real ou virtual, eram fundamentais para a sua constituição e operação.
Portanto, a complexidade é que a rede de desenvolvimento do sofwtare livre pode
envolver atores sociais heterogêneos, ligados por características diversas, tais como:
a amizade, a etnia e a identidade. Em meio a esse processo, um aspecto chamou
mais a atenção do que todos os outros: o papel das relações de reciprocidade para a
manutenção dos laços que fundamentam as redes.
A noção de reciprocidade parecia explicar a trama que se sucedia, pois uma
economia moral fornecia as bases do funcionamento da economia material, recursos
sociais disponíveis no território para aqueles que partilham os códigos sociais e que
estão inseridos na história local. Desse modo, uma questão que surge é: como as
relações de reciprocidade, proximidade, amizade podem ser constituintes de redes
sociais e econômicas e capazes de estimular o desenvolvimento? Entretanto, as
primeiras investidas a campo mostraram que a diversidade de formas pelas quais
estas redes de relações se apresentam é expressiva. Assim, mesmo havendo um
núcleo comum que estrutura a natureza dos vínculos sociais locais, este se aproxima
mais de uma raiz originária histórica, ainda bastante presente, que não chega a
extinguir as particularidades e diferenças existentes entre redes distintas
[CASTELLS, 1999].
Assim sendo, observamos que, mesmo com origens sociais diversas e
multiculturais, as redes de trabalho, no caso das redes de produção de software
Livre, apresentam características comuns no que diz respeito a formas de trabalho,
modo de operação e regulação da concorrência entre os empreendimentos.
17
A fim de entender os processos sociais em torno das relações em rede de
programadores e por meio da reciprocidade, este estudo centrou-se em quatro
projetos. A partir da observação entre as redes acima descritas, e focando nos
resultados, ou seja, nos projetos, a intenção é que se possa caracterizar e analisar
as particularidades sociais e econômicas existentes no local, bem como mostrar a
dinâmica do mercado de trabalho.
O trabalho está dividido em nove capítulos, sendo esta introdução consituinte
do primeiro capítulo. No segundo capítulo aborda-se referenciais teóricos que
embasam a análise econômica de um segmento na sociedade. No terceiro capítulo
discute-se o impacto do software livre na questão do trabalho. No quarto capítulo
exploramos o desenvolvimento histórico e alguns conceitos próprios do software
livre.
Continua-se no quinto capítulo identificando como origem do código aberto a
livre circulação de informações e destaca-se seus aspectos na sociedade. No sexto
capítulo utiliza-se o método COCOMO (COnstructive COst Model) [BOEHM, 1981]
para avaliar quatro grandes projetos de código aberto. No sétimo capítulo destaca-se
a avaliação quantitativa do desenvolvimento do LINUX. Para avaliar o uso do
software livre no mercado do RJ apresenta-se uma pesquisa dessa utilização no
capítulo oitavo. As cosiderações finais encerram esse trabalho no nono capítulo.
1.1.SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA
Desde seu início a indústria do software buscou modelos, dentre os já
existentes, para tentar compreender seu próprio funcionamento. A sociedade
paulatinamente foi absorvendo essa nova área, hora incorporando modelos
funcionais em outras áreas, tais linha de produção para desenvolvimento de software
no modelo em cascata [ROYCE, 1970].
Na última década do Século XX entra em cena uma nova abordagem que
rompe com todos os modelos de negócio na área de modelos de negócio em
software [TAURION, 2004]. O modelo de desenvolvimento de código aberto possui
um processo dinâmico com pouca relação técnica com os outros modelos
estabelecidos. O desenvolvimento em código aberto
1
nasce da tradição da pesquisa
científica e surge rompendo com os padrões comerciais estabelecidos.
1 Neste trabalho as expressões “software livre” e “código aberto” são usadas indistintamente.
18
1.2.OBJETIVOS
Existe uma dinâmica econômica significativamente caracterizada por uma teia
de relações entre os produtores de software livre. Segundo CASTELLS [CASTELLS,
1999] essa dinâmica bem pode ser interpretada por meio do conceito de sociedade
em rede na internet. A partir da utilização desse conceito, este trabalho visa focalizar
os processos de interação social da produção do software livre.
O objetivo desse trabalho é examinar os efeitos da utilização e do
desenvolvimento do software livre no mercado de tecnologia da informação atual.
Para isso busca-se explorar os aspectos econômicos, características e viabilidades
sobre o movimento de código aberto e seu impacto nas estruturas econômicas
estabelecidas.
Deve ser analisado o contexto do surgimento do software livre e seu,
amadurecimento,levando em consideração sua interação com os mais variados
segmentos da sociedade, como por exemplo, a gestão da inovação e os limites
negociados das liberdades individuais.
19
2. FORMAS DE COORDENAÇÃO DA PRODUÇÃO
The correct decision being taken is only defined by events after the decision
Murphy´s Law.
A questão da organização da produção tem colocado em oposição os
sistemas de coordenação pelo mercado e os de coordenação hierárquica
centralizado pelo Estado.
Na década de 1970, o fim do longo ciclo de crescimento econômico
inaugurado no pós-guerra trouxe ao debate político o questionamento das formas de
organização e intervenção do Estado associadas ao welfare state [SCHUMPETER,
1908]. Tanto teóricos marxistas como liberais partem do princípio que a crise do
welfarism pode ser explicada por fatores propriamente econômicos. A crise instaura-
se porque, enquanto sistema sociocultural envolvido na provisão da ordem e
significado para a vida humana, o welfare state é incapaz de responder as suas
próprias contradições e legitimar a sua intervenção. O resultado é uma crise de
legitimação e caráter. A “crise de caráter” é conseqüência da contradição entre a
mentalidade de mercado predominante, com sua ênfase no individualismo e no
motivo do ganho próprio, e as aspirações progressistas do Estado de Bem-Estar em
torno de um idéia de solidariedade e igualdade. A predominância da mentalidade de
mercado significa que uma ênfase menor é colocada naqueles que deveriam ser os
maiores objetivos do Estado de Bem-Estar: reduzir a desigualdade social e criar
maior segurança econômica. Essa contradição se revela de forma mais acentuada na
captura das políticas públicas por grupos de interesses privados.
A partir destes estudos surge uma nova economia política
2
, de acordo com
essa perspectiva, o movimento de reestruturação dos governos na década de 1980
na direção de padrões operativos mais flexíveis e orientados para o mercado foi a
resposta dada por coalizões políticas conservadoras nos países da [OCDE, 2008]
(três quartos da OCDE) aos problemas herdados de décadas de welfarism. A
resposta à “crise de caráter” do Estado implícita nessas reformas envolvia dois
princípiossicos. De um lado, procurava-se adequar o comportamento maximizador
à consecução eficiente de objetivos coletivos por meio de controles de mercado; de
2 Refiro-me, como se explicita no parágrafo seguinte, particularmente, à teoria da escolha pública (public
choice), escola de pensamento econômico que se empenha em aplicar o ferramental microeconômico
neoclássico e da teoria dos jogos à análise política, tendo por pressuposto básico o comportamento auto-
interessado dos atores. O termo "nova economia política" tem sido utilizado para denominar também a
economia das organizações de Oliver Williamson, vertente do novo institucionalismo na economia.
20
outro, através da redução do tamanho e das funções do Estado, buscava-se reduzir
as oportunidades para a corrupção [SENNETT, 1999].
Neste sentido, surgiu a “teoria da escolha pública” que oferece um modelo em
que políticos, burocratas e eleitores são maximizadores de utilidade, atuando sob a
coerção de determinadas regras institucionalizadas. Neste modelo uma variável
crucial nos modelos econômicos da burocracia é a possibilidade de captura das
agências de governo por grupos de interesses privados. Desde que haja a
possibilidade de intervenção no domínio econômico, diversos grupos de interesse
especiais irão competir para influenciar o governo mediante atividade de lobby e
captura da arena pública que a literatura especializada denomina rent seeking
(literalmente caça-à-renda) [OLSON,1982].
Outro ramo da nova economia política, a economia das organizações, de
Oliver Williamson, traz importante complemento à análise da escolha pública. Esta
corrente surge da teoria da firma [COASE, 1937], buscando entender sistemas
hierárquicos e mercados como estruturas alternativas de governança. O fenômeno
organizacional, seja uma grande corporação, seja o Estado, é visto como fruto da
decisão de atores racionais em cooperar, tendo em vista a possibilidade de
economizar custos de transação presentes no mercado
3
. Os economistas da
organização partem da idéia de racionalidade limitada para explicar o comportamento
dos atores, supondo que a conduta é estritamente racional até o ponto em que
cada indivíduo tem acesso às informações necessárias à tomada de decisão. A
existência de assimetrias informacionais em mercados e contextos hierárquicos abre
espaço para o oportunismo, isto é, a busca do auto-interesse com objetivos
maliciosos e/ou fraudulentos [WILLIAMSON,1979]
Segundo Coase [COASE, 1937], a forma que privilegia o mercado, tem sua
origem na obra de Adam Smith [SMITH, 2003], com a idéia central de que o mercado,
como uma “mão invisível”, direciona os recursos no sistema econômico, de forma
eficiente e descentralizada, com o sistema de preços funcionando de modo tal que o
ajustamento entre oferta e demanda é automático. Esta é a forma privilegiada na
análise microeconômica tradicional.
As relações contratuais, estejam elas ocorrendo entre ou dentro das
empresas, necessitam de coordenação. Ocorrendo dentro das empresas, entende-se
que o coordenador poderá ser o empresário, cujos objetivos, em geral, são bem
definidos. Se ocorrerem entre empresas, naturalmente surgirá a questão da divisão
3 Os custos de transação podem ser de dois tipos: a) os custos de elaboração e renegociação de contratos entre
cada um dos agentes envolvidos em transações no mercado; b) os custos de se obter os preços relevantes
(Coase, 1991).
21
dos resultados. Mesmo quando as transações ocorrerem dentro das empresas,
existe a questão acerca dos direitos de propriedade sobre os resíduos, que são
parcialmente definidos contratualmente entre os empregados e os acionistas.
Segundo estes autores, a hierarquia, sob a forma de organizações, ou o
mercado, sob a forma de contratos, são formas alternativas de coordenar e controlar
as atividades e tarefas. No primeiro caso estamos perante uma forma de controle e
coordenação diretos e no segundo caso estamos perante uma forma de intervenção
indireta através de incentivos, com o recurso ao mercado.
A questão que fica é saber em quais circunstâncias um ou outro modelo é
preferível.
A argumentação de Williamson [WILLIAMSON,1979] para sustentar cada um
dos modelos baseia-se na idéia de transação, entendida como a troca de bens e
serviços entre pessoas ou através de fronteiras. Nesta visão, o destaque não se situa
exclusivamente na tecnologia ou na função de produção, mas principalmente nos
custos associados com as transações e portanto com as estruturas que governam
essas transações: as organizações, hierarquia, ou o mercado, contratos. Desta
forma, a escolha por um ou outro modelo, refletiria nos custos de transação
associados com a produção de determinado serviço ou bem. A complexidade das
relações, a incerteza e as assimetrias de informação são fatores críticos que vão
determinar os custos de transação e, naturalmente, a opção por uma ou outra forma
de coordenação.
Aparentemente, o racionalismo econômico da nova economia política e dos
ideólogos gerencialistas parece enxergar no princípio do mercado um bálsamo
redentor capaz de purificar o setor público de todos os seus males: o clientelismo, o
descaso com o dinheiro público, a corrupção pura e simples. Subjacente a esta
pressuposição está a crença de que a ética utilitarista do homo economicus pode
constituir-se em fundamento para a solução dos problemas de ordem moral da
sociedade.
Porém, quase uma década após a decretada vitória do capitalismo e da
ideologia liberal sobre o socialismo, não nada que indique que a expansão da
mentalidade de mercado àqueles setores ainda não "colonizados" da vida social seja
capaz de oferecer uma resposta adequada aos problemas morais da sociedade
moderna. No caso das reformas gerenciais é possível sustentar, ao contrário, que o
consenso moral em torno de uma ética empresarial e de mercado deve apenas
agravar a "crise de caráter" do Estado identificada por McClintock e Stanfield
[MCCLINTOCK e STANFIELD, 1991].
22
Apesar da sua simplicidade e grande poder analítico, os modelos da teoria da
escolha pública e da economia das organizações estão baseados em modelos
excessivamente generalistas e abstratos sem vinculação alguma com o contexto
histórico, o que dificulta o entendimento das diferenças entre países e sistemas
políticos. Estudos institucionalistas recentes têm procurado superar o reducionismo
dessas abordagens, resgatando o pensamento Weberiano. Significativo desta
tendência é o trabalho de Evans [EVANS, 1993] sobre as burocracias dos Estados
desenvolvimentistas.
Em uma crítica às abordagens neo-utilitaristas, Evans [EVANS, 1993] observa
que a burocracia idealizada por Weber era útil ao mercado justamente por obedecer
a uma lógica completamente diversa da lógica mercantil. A organização hierárquica
da burocracia obrigava os funcionários a perseguirem objetivos coletivos como se
fossem os seus próprios. A eficiência burocrática era resultado da coerência interna
da corporação, do insulamento em relação às demandas externas e da concentração
de conhecimento técnico.
Contrariamente à visão conservadora, que assume o postulado da
naturalidade do comportamento maximizador e auto-interessado do homo
economicus, resgata-se, neste trabalho, a crítica antropológica de Karl Polanyi
[POLANYI, 1980] à ciência econômica convencional. Para Polanyi, a mentalidade de
mercado é fenômeno relativamente recente, fruto das mudanças sociais e culturais
que acompanham o surgimento do capitalismo. Portanto, longe de ser natural e
inerente ao ser humano, como sustenta a abordagem da escolha pública, o
comportamento maximizador egoísta depende de longa construção sociocultural.
Segundo Weber [WEBER, 1998], temos o fato da burocracia pública obedecer a uma
lógica completamente distinta da lógica utilitarista o que a torna útil para o setor
privado. Mais ainda, dado seu afastamento em relação à sociedade, os burocratas
têm o poder de desenvolver preferências distintas dos agentes presentes no
mercado ou mesmo de outras elites políticas [EVANS e RUESCHMEYER, 1985]. A
construção de um conjunto de valores éticos de serviço público baseado na
confiança e no comprometimento é pressuposto da coerência corporativa e da
eficiência da burocracia.
Em sua crítica antropológica à ciência econômica convencional, Karl Polanyi
defende a tese de que anteriormente à nossa época não existiu nenhuma economia
que fosse controlada por mercados. O que se observa em formações sociais pré-
capitalistas é a ausência da motivação do lucro e, principalmente, a ausência de
qualquer instituição baseada em motivações econômicas [POLANYI, 1980].
23
É somente nas sociedades capitalistas modernas que se pode observar o tipo
de comportamento maximizador e auto-interessado previsto pelos liberais do culo
XIX, o que levou Polanyi a afirmar, quanto à obra de Adam Smith, que "nenhuma
leitura errada do passado foi tão profética do futuro" [POLANYI, 1977]
4
.
Ao contrário do que acreditavam os economistas clássicos, o egoísmo do
homo economicus não é causa, mas conseqüência do surgimento do mercado. Em
formações sociais pré-capitalistas, longe de ser aceito como natural, o
comportamento maximizador descrito por Adam Smith seria considerado como "o
mais baixo tipo de avareza e como uma atitude desprovida de auto-respeito"
[WEBER, 1998]. Para Karl Marx [MARX, 1982], a idéia de indivíduos isolados e
egoístas que constroem a sociedade a partir do nada era uma ilusão tipicamente
burguesa, fruto das pobres ficções das robinsonadas do século XVIII. Historicamente,
a construção do mercado foi um processo planejado e controlado centralmente pelo
Estado, envolvendo a criação artificial da escassez (cercamento de terras, cobrança
de impostos "por cabeça") para moldar o comportamento dos camponeses europeus
e das colônias asiáticas e africanas segundo a orientação para o trabalho
característica do "espírito do capitalismo" [POLANYI, 1980].
Neste texto recorremos às análises de Polanyi e de uma de suas fontes,
Marcel Mauss para avaliar que as mudanças recentes ocorridas na sociedade
através da informática produziu uma novo tipo de sociedade, que recorrendo a
Manuel Castells, podemos denominar de sociedades em redes, em que as relações
sociais que predominam neste universo são solidárias, recíprocas e distributivas,
sem a intervenção do Estado e ao contrário da onda que surgiu a partir da década de
1970, seriam o contraponto das relações egoístas em que a busca individual da
maximização da eficiência e do lucro seria o escopo principal dessas relações.
2.1.ECONOMIA E SOCIEDADE
Observando-se os escritos de autores contemporâneos sobre as relações
existentes entre a economia e as instituições de uma sociedade, torna-se bastante
4 A obra de Smith, em desacordo com as interpretações dadas por alguns economistas modernos, jamais poderia
ser uma descrição da ordem liberal tal e qual ela se apresentava no século XVIII, pois o mercantilismo vigente
na Inglaterra da época era precisamente o que sufocava a ascensão da nova classe de empreendedores descrita
em A Riqueza das Nações.
24
difícil não se surpreender com as muitas referências a um dos primeiros autores a
analisar esta questão, Karl Polanyi. Pode-se afirmar que sua obra foi dedicada a
pensar os aspectos históricos, sociais e institucionais sob os quais as sociedades
organizam suas economias. Em um dos seus textos mais conhecidos, [POLANYI,
1980] procurou demonstrar que nenhuma sociedade não-capitalista conheceu um
tipo de sistema econômico baseado no livre intercâmbio, ou seja, totalmente
regulado por mercados. O mercado é apenas um dos quatro princípios que este autor
postulou para explicar as economias, como quatro princípios de integração
econômica: mercado (oferta e procura de bens e ou serviços), redistribuição (por
parte de uma entidade central), reciprocidade (relação de partilha entre as pessoas) e
administração doméstica ou domesticidade (produção para auto-consumo).
O mercado é onde se o encontro entre a oferta e a procura de bens e
serviços tendo como finalidade a troca.
Na redistribuição, a produção é dirigida a uma autoridade central, sendo
armazenada e posteriormente distribuída. Ou seja, implica que a sociedade tenha um
centro, que reparta os recursos depois de os ter recebido.
A reciprocidade corresponde ao ato da “dádiva”, que implica uma “contra-
dádiva”: uma pessoa oferece qualquer coisa a outra pessoa e esta retribui qualquer
coisa à primeira. Esta oferenda de “dádivas” tem um efeito social relevante, podendo
assumir o caráter particular (doação interpessoal) ou geral (doação a uma
coletividade). O fundamento da “dádiva” é que os objetos não são dissociados de
quem os oferece e representam essencialmente um comportamento social.
Em relação à domesticidade, consiste na produção para consumo próprio; o
princípio é a produção e armazenamento para satisfazer as necessidades do grupo.
Para Polanyi, cada um destes quatro princípios de integração econômica está
associado a um determinada modelo institucional de suporte. Pode-se dizer que é o
modelo institucional da centralidade que permite a redistribuição. A centralidade
supõe uma autoridade e uma divisão do trabalho entre os representantes dessa
autoridade e os membros do grupo, podendo as relações entre os representantes
dessa autoridade e os outros membros do grupo, podendo as relações entre o grupo
dirigente e os subordinado diferir consoante o poder político instituído. Isto significa
que na redistribuição, o movimento não se poderá efetuar sem um centro
estabelecido de onde a redistribuição se realiza. Neste sentido, podemos considerar
que este princípio envolve uma relação hierárquica, onde os modelos de sociedade
de economia “Keneysiana e de bem-estar se adéquam. A redistribuição não é um
25
padrão individual de comportamento e depende de um centro reconhecido
[POLANYI, 1977].
Na domesticidade, o modelo base de suporte é a autarquia, podendo a
natureza do núcleo institucional diferir pelo sexo, pela família patriarcal, pelo poder
político, como pelo poder senhorial. A organização interna do grupo pode ser
democrática ou não e a dimensão do grupo pode variar consideravelmente.
Por outro lado, o modelo de reciprocidade pressupõe uma relação simétrica.
Este modelo é favorecido pela circulação de bens e serviços sem a necessidade de
qualquer contrato pré-estabelecido, correspondente à sociedade burguesa da
modernidade. A reciprocidade envolve a presença de dois ou mais grupos dispostos
simetricamente, cujos membros se podem comportar de forma semelhante em
relação uns aos outros, corresponde às sociedades que antropólogos clássicos
apresentaram em estudos interessantes a respeito da maritimidade de povos
insulares com uma série de trabalhos onde eles aplicavam métodos antropológicos,
destinados à sociedade em geral, em grupos insulares por estarem em ambientes
fechados, propícios ao estudo. Pode-se destacar Malinowisk [MALINOWSKI, 2003],
por meio de seu estudo do Kula King (ilhas Trobriand). O kula é um sistema intertribal
de trocas praticado na Melanésia e existente ainda hoje, envolvendo transações
locais e em todo o arquipélago. Colares e braceletes de conchas, oferecidos com um
certo intervalo de tempo, percorrem depois um mesmo circuito fechado, mas em
sentido inverso. Após certo período, os objetos recebidos são repostos em
circulação; seu valor reside na continuidade da transmissão. A posse provisória
fornece prestígio e renome. A primeira forma de troca mencionada, o kula, foi
qualificada por Marcel Mauss, fundador da antropologia francesa, de "fenômeno
social total". O kula esteve no centro da análise publicada por Mauss entre 1923 e
1925, intitulada “Ensaio sobre a dádiva: forma e razão da troca nas sociedades
arcaicas”. Nessa obra, ele formulou a regra fundamental da troca: uma tripla
obrigação que consiste em dar, receber e retribuir. Essa norma permite, em todas as
sociedades, o estabelecimento e a manutenção de relações sociais. Assim, quando
entramos em um sistema de trocas, somos inseridos em um ciclo do qual é difícil sair
sem prejuízo social: renunciar à reciprocidade pode levar à ruptura do vínculo. É claro
que o presente é também um instrumento de poder, uma vez que pode ser
impossível retribuir o que recebemos. Nesse caso, assumimos o papel de eternos
devedores, a menos que recusemos receber.
Neste modelo a hierarquia não estaria presente e a troca de bens possui uma
obrigatoriedade, que é o pressuposto para o estabelecimento da relação, não
26
envolvendo necessariamente um bem de acordo com as necessidade materiais dos
grupos. Geralmente nestas sociedades a troca é o meio para o estabelecimento das
relações sociais, colocando em primeiro lugar a própria relação entre os grupos, do
que a necessidade do bem trocado, que adquire um valor simbólico nas relações.
Mas que é obrigatório para que elas se estabeleçam.
O que deve ser realçado na presente análise é que a idéia de uma sociedade
regulada por mercados, para Polanyi, fundamenta-se no livre intercâmbio de
mercadorias (e força de trabalho), um sistema de impessoalidade. É este tipo de
sociabilidade que se estabelece no capitalismo, na qual a economia deixa de ser
submersa na sociedade e se particulariza numa esfera do social. Polanyi afirma que
as pesquisas históricas e antropológicas concluem que, “a economia do homem,
como regra, está submersa nas suas relações sociais” [POLANYI, 1980] e que
recentemente é que a economia é controlada e regulada por mercados. Baseando-se
nos estudos das sociedade tribais estudadas por Malinowisk, no princípio do século
XX. Assim, neste tipo de sociedades, a ordem na produção e na distribuição é
fornecida, na sua maior parte, por dois princípios não associados basicamente à
economia: a reciprocidade e a redistribuição [POLANYI, 1980]. Em algumas
sociedades tribais, os atos de troca (que se tratavam de atos de dádiva) eram
gratuitos, não se esperando mais nada além da reciprocidade (não necessariamente
pelos mesmos indivíduos), levando a supor a inexistência da noção de lucro ou até
mesmo de riqueza. Contudo, estes dois princípios não se podem concretizar sem a
garantia de uma simetria nas relações e a centralidade. Desta forma para Polanyi,
nas sociedades tribais, o sistema econômico é mera função da organização social e,
enquanto esta seguir a sua rotina normal, “não razão para a interferência de
qualquer motivação econômica individual” ).
Em algumas sociedades tribais existia um intermediário que recebia e
distribuía os bens, ou seja, redistribuía-os. Para Polanyi, a redistribuição tende a
enredar o sistema econômico em relações de poder, pelo que é freqüente encontrar
a redistribuição como parte do sistema político vigente, quer seja simples ou bastante
complexo.
Contudo, o mecanismo da redistribuição apareceu com maior visibilidade
quando do crescimento econômico, que levou a uma complexa divisão do trabalho
[POLANYI, 1980]. Todos os sistemas econômicos conhecidos por nós, até ao fim do
feudalismo na Europa Ocidental, foram organizados segundo os princípios da
redistribuição, ou da reciprocidade ou da domesticidade, ou por alguma combinação
dos três princípios. Estas formas de integração eram institucionalizadas com a ajuda
27
de uma organização social de algum tipo e com o uso dos padrões de simetria,
centralidade e autarcia. Outros aspectos, como os costumes, a religião e a magia,
favoreciam o cumprimento das regras por parte dos indivíduos. Resumindo, para
Polanyi os mercados não desempenharam um papel importante no sistema
econômico até ao fim da Idade Média, prevalecendo outras formas institucionais
[POLANYI, 1976].
Polanyi percebeu que à medida que a mercantilização avançava, enfraquecia-
se a reciprocidade e a redistribuição. Contudo, como acreditava na necessidade de
regular e frear este processo (o moinho satânico) através de instituições e do Estado,
observou que não havia impedimentos para a coexistência entre formas de troca por
reciprocidade e por intercâmbio.
Para Polanyi [POLANYI, 1980], em todas as sociedades não-capitalistas os
princípios da vida econômica são institucionalizados através de uma organização
social, isto é, eles são disciplinados por padrões específicos de comportamento. Vale
ser ressaltado que em seus escritos aparece a tese de que a sociedade mantém-se
no direito de regular os mercados e não o inverso.
Nesse sentido, para Polanyi, o "ator econômico" é uma categoria possível
apenas no sistema capitalista de relações sociais. Pesquisadores que procuraram
dar continuidade às suas pesquisas se depararam com um modelo teórico no qual
este ator seria brutalmente particularizado quando em seu contexto de ação
econômica, e deixaria o mundo da impessoalidade quando estivesse em outro
contexto de ação (não-produtivo). Conseqüentemente a dádiva e a reciprocidade
seriam categorias pré-históricas, assim como as sociedades em que elas ocorriam,
ou absolutamente "anti-econômicas". A alternativa a isto seria considerar a
importância da reciprocidade mesmo num ambiente econômico transformado
historicamente, como no capitalismo, com a instauração da impessoalidade, mas não
a sua completude, portanto sem o aniquilamento das relações de proximidade entre
os atores sociais, seja em contextos produtivos seja em não-produtivos.
Se, por um lado, Polanyi sugere que, nas sociedades reguladas pelos
princípios de redistribuição ou reciprocidade, o intercâmbio livre aparece, muitas
vezes, de forma residual; de outro, pouco espaço para considerar as formas de
economia de redistribuição e de reciprocidade depois que o capitalismo instaura os
mercados livres e as práticas de intercâmbio.
É neste sentido que a noção de rede se torna um importante referencial a
partir do qual analisar as relações sociais e econômicas num dado contexto. Se os
mercados são constituídos por atores sociais que estabelecem interações
28
específicas e concretas, as posições dos indivíduos, as relações de proximidade e os
vínculos sociais que possuem determinada história personalizam os mercados. Essa
configuração faz com que os mercados não sejam anônimos, ao contrário, conhecer
as pessoas faz parte das ações que se realizam neste espaço social, e, dessa
maneira, há a possibilidade de se conformarem redes.
O modelo de organização prevalecente nas sociedades modernas é produto
da aplicação da tecnologia nos processos de trabalho e das idéias defendidas por
Adam Smith e outros sobre a especialização e a divisão do trabalho. Estas idéias
produziram também influências nos sistemas políticos de administração. Max Weber
no seu ‘tipo-ideal’ de organização burocrática avança com argumentos idênticos,
colocando grande destaque na competência técnica e na divisão de trabalho.
Entretanto, a divisão do trabalho aumenta a escala de trabalho nas estruturas
organizacionais e torna o seu funcionamento mais complexo, exigindo a coordenação
de atividades inter-relacionadas. O recurso à hierarquia é a solução que permite a
supervisão e o controle dessas atividades e tarefas. Esta tem sido a forma tradicional
de estruturar a Administração Pública. As atividades são organizadas de acordo com
uma hierarquia de autoridade formal e de acordo com um sistema impessoal de
regras. Na concepção tradicional de organização burocrática de Max Weber
[WEBER, 1998]a coordenação hierárquica caracteriza-se pela definição de áreas de
atuação, relações do tipo superior-subordinado e confiança nas regras. Através do
estabelecimento de uma cadeia hierárquica é possível aplicar e desenvolver
atividades e manter um controle centralizado delas. Com este modelo está a idéia de
poder e autoridade, cuja amplitude varia e distribui-se ao longo da estrutura
hierárquica. Assim, os funcionários implementam passivamente e de forma eficiente
e efetiva as políticas da empresa.
O que os estudos sobre reciprocidade e sua vinculação ao tema do
desenvolvimento tentam mostrar é que existe uma externalidade positiva quando a
intensidade dos laços sociais de proximidade auxilia na promoção de sinergias locais
entre os atores sociais. A profusão das pesquisas em torno do conceito de capital
social indica que o assunto é relevante, embora esta perspectiva tenda a incidir em
dois aspectos que aqui se considera pouco promissores. O primeiro se traduz na
visão apenas positiva destes laços, desconsiderando aquilo que a dádiva tem de
negativo: a formação de relações assimétricas e a dádiva agonística, tal qual
Bourdieu [BOURDIEU, 1996] mostrou. O segundo está ligado à crença exacerbada
na capacidade "natural" de que toda região ou grupo social pode gerar capital social,
29
e que somente precisaria ser estimulado. Portanto a reciprocidade traduz o terreno
movediço que é a relação humana.
Os subsídios conceituais sobre os quais se discorreu até esta parte permitirão
entender as peculiaridades dos casos analisados. A particularidade esno olhar que
é lançado sobre os fenômenos da configuração do mercado de trabalho e da
interação entre as empresas locais, sempre de uma perspectiva histórica e relacional
que marca estes processos sociais.
2.2. REDE E RECIPROCIDADE
Desde Marcel Mauss, acerca do seu Ensaio sobre a Dádiva [MAUSS, 1924] o
horizonte analítico da teoria das trocas na vertente francesa apostou fortemente que
os laços sociais se fundamentam em trocas (não apenas econômicas). Portanto,
dádiva e reciprocidade são momentos que se seguem num mesmo ato, e Mauss
observou que na troca sempre três momentos que se revertem no princípio da
ação recíproca dar, receber, retribuir. A troca não seria somente uma permuta de
produtos, ela carrega a potencialidade da sociabilidade humana, sobre a qual se
fundam a solidariedade, a integração social e as obrigações mútuas.
Mauss retorna a uma teoria que permaneceu confinada à Antropologia,
sobretudo aos estudos sobre sociedades tradicionais. o é porque Mauss
observara o fenômeno primordialmente a partir dos trobriandeses da Polinésia (por
meio dos textos de Malinowski) e das sociedades indígenas no noroeste da América
do Norte que estas práticas seriam localizadas ou primitivas. Ao contrário, desde
Durkheim, a análise das sociedades (chamadas de) simples tem a função sociológica
de lançar luzes sobre as (chamadas de) complexas. E o próprio Mauss faz uma
consideração fundamental na parte final do Ensaio sobre a reciprocidade nas
diferentes sociedades, afirmando que "uma parte considerável de nossa moral e
nossa vida permanece sempre nesta atmosfera da dádiva, da obrigação e, ao
mesmo tempo, da liberdade" [MAUSS, 1924].
Além das considerações preceituais que a reciprocidade impõe, ou seja, sobre
que fundamentos éticos o entendimento sobre a dádiva e a retribuição podem
amparar as relações sociais (e econômicas) humanas, pode-se ponderar sobre as
conseqüências para uma teoria do social que este pensamento oferece. Relendo
Mauss, pode-se sustentar a partir dos casos estudados que a dádiva é
simultaneamente obrigação e liberdade. É na "aposta da dádiva" que os atores
30
sociais manterão suas ligações, mas a dádiva não é norma, pode-se verificar que,
entre os atores da troca, uma procura pela retribuição o mais depressa possível,
sendo que a obrigação mútua se mantém entre aqueles que estabelecem esta troca.
Entretanto, pode-se perceber que o cerne de uma conceituação da dádiva nas
relações de trabalho foi necessário vencer pólos redutores tais como a
preponderância da obrigação, de um lado, ou da espontaneidade, de outro; do
instrumentalismo ou do prazer, dos atos interessados ou desinteressados. Propomos
que o conceito de dádiva é inaplicável se não houver tudo isso: obrigação, liberdade,
interesse, espontaneidade e prazer.
Assim, o problema da reciprocidade como constituinte da relação social é
trabalhado por Mauss a partir de dois aspectos fundamentais: o elemento simbólico e
a materialidade do ato. Estes dois aspectos não são excludentes e separados, eles
compõem o ato da troca, que é uma ação objetiva.
À medida que estes laços sociais se constituem com extensões ampliadas,
não somente ligando indivíduos em relações diádicas, a noção de rede passa a ser
um recurso explicativo para um conjunto específico de relações numa determinada
sociedade. Esta perspectiva, trabalhada no pensamento social francês apenas
recentemente, encontrou espaço de profícuo desenvolvimento nas Ciências Sociais
britânicas desde os anos 1940. Do ponto de vista estrutural-funcionalista de
Radcliffe-Brown [RADCLIFFE-BROWN, 1952] para quem rede era a estrutura da
sociedade. Ocorre que a reciprocidade pode sedimentar as relações sociais, pois
vincula os sujeitos por meio de suas condutas (isto é, das obrigações morais e da
liberdade do agir recíproco) e da carga simbólica que contém o dar e o retribuir.
Porém, é incapaz de explicar, por si só, porque certas coalizões interpessoais são
mais importantes que outras em dada sociedade, ou qual o papel da posição dos
sujeitos para suas interações.
A literatura sobre o tema das redes é bastante ampla, mas vale destacar que a
perspectiva adotada neste trabalho procura dialogar com estas duas concepções
sobre a natureza do vínculo social, a reciprocidade e a rede. Isto se tornou
fundamental, pois as interpretações sobre os fatos econômicos que se ancoram na
noção de reciprocidade, geralmente, fazem menção à manutenção dos laços sociais
por um conjunto de atores sociais. Assim, as redes seriam a materialização das
interações empreendidas coletivamente.
A emergência e a rápida difusão da noção de redes parece estar conectada
tanto ao processo de globalização como à proliferação massiva das tecnologias de
comunicação e informática. Por isso, não surpreende que o livro de Castells
31
[CASTELLS, 1999], “A sociedade em rede”, tenha se tornado um quase best-seller
entre as obras de interpretação das mudanças sociais recentes.
Redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades, e a difusão da
lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos
processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Embora a forma de
organização social em redes tenha existido em outros tempos e espaços, o novo
paradigma da tecnologia da informação fornece a base material para sua expansão
penetrante em toda a estrutura social. Além disso, eu afirmaria que essa lógica de
redes gera uma determinação social em nível mais alto que a dos interesses sociais
específicos expressos por meio das redes: o poder dos fluxos é mais importante que
os fluxos do poder. A presença na rede ou a ausência dela e a dinâmica de cada rede
em relação às outras são fontes cruciais de denominação e transformação de nossa
sociedade: uma sociedade que, portanto, podemos apropriadamente chamar de
sociedade em rede, caracterizada pela primazia da morfologia social sobre a ação
social. Manuel Castells.
Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e
instituições, de forma participativa, compartilhando objetivos comuns. Estruturas
flexíveis, as redes se estabelecem por relações horizontais, atuando de forma
colaborativa e participativa.
Na verdade, talvez seja possível dizer que a noção de rede, neste caso, alçou-
se a um sentido alegórico, tornando-se a imagem e a representação emblemática
dos processos sociais mundializados.
No entanto, mais sintomático parece ser o movimento reverso que ocorre
simultaneamente a este e que passa a requerer legitimidade para o uso da noção de
rede. Para além da sua significação vinculada à globalização, a noção de rede
passou a atrair a atenção de pesquisadores em ambientes acadêmicos que estavam
preocupados em compreender os movimentos e as articulações que ocorrem em
nível local. É como se as teorias pudessem ser renovadas a partir de um conceito
que procura desvendar algo não necessariamente novo nas relações sociais que são
localizadas, e que podem ser potencializadas pelo uso da noção de rede.
A utilização do conceito de redes entre os estudiosos do desenvolvimento é
ainda mais recente e difusa. Com algum esforço é possível dizer que os estudos
recentes sobre capital social e território, levaram os acadêmicos a pensar além das
noções de estrutura social e funções de causalidade. Ocorre que estas perspectivas
não se revelavam satisfatórias para compreender e explicar os modos de interação
social que mudam de forma e conteúdo em face das tecnologias de propagação da
comunicação humana (Internet, etc.). Apesar destas tecnologias criarem novas
sociabilidades, o fato é que passam a exigir e a retomar velhos mecanismos de
controle e poder.
32
3. A QUESTÃO DO TRABALHO
“As we look ahead into the next century, leaders will be those who empower others.”
Bill Gates
Hermano Viana [VIANA, 2004] no prefácio do livro software Livre e Inclusão
Digital, que é uma excelente introdução a várias experiências no Brasil com a
aplicação de softwares livres em projetos sociais, escreve que a questão da
liberdade digital é “a batalha política mais importante que está sendo travada hoje
nos campos tecnológicos, econômicos, sociais, culturais.” Diante deste fenômeno
Vianna cultiva o otimismo com a impressão de que as lições trazidas e propostas
pelo desenvolvimento de uma comunidade internacional de programadores de
software livre podem ter impacto decisivo na maneira como pensamos, vivemos e
lidamos com todos os outros fenômenos avassaladores que se descortina neste
início de século, o terrorismo, as guerras no Iraque e no Afeganistão, o
fundamentalismo religioso. Para Viana o processo que envolve o regime de
colaboração que tornou possível a existência de um sistema operacional como o
GNU-Linux, ou de toda a internet que não existiria sem o software livre, não parece
ter paralelo na história da humanidade. Este é descentralizado e envolve uma massa
muitas vezes anônima de trabalhadores de todos os cantos do planeta. Pessoas de
muitas tradições culturais diferentes, que trabalham freqüentemente de graça em
torno de um projeto comum e global. E isto sem estarem necessariamente guiadas
por um programa corporativo ou por uma ideologia partidária ou por um único grupo
organizado.
Assim, como para Viana, Fábio Malini [MALINI, 2007] afirma que “o movimento
social que possibilita a produção do software livre surge como uma grande novidade
em termos de agrupamentos políticos, revelando uma estratégia extremamente
criativa de utilização dos meios de comunicação de massa como ambiente
emancipatório e não-alienante.”
O que Malini percebe neste início de século, é uma grande pressão social para
que um circuito mediático mais abrangente seja estruturado por nossas instituições
democráticas. Essa “multidão” que pode ser tratada conceitualmente como um
agente que se interliga em rede e que constitui a partir de seus próprios desejos em
comum, que se compartilham internamente. Essas singularidades em rede estão
constituindo um novo espaço político de atuação, algo que, aliás, poucos políticos
33
perceberam. Cineastas, videomakers, dramaturgos, atores, dançarinos,
programadores de softwares livres, músicos, artistas plásticos, designers, jornalistas,
publicitários, editores, enfim, todo uma gama de produtores, são todos periféricos na
estrutura, mas centrais na produção de novos paradigmas, pensamentos, estilos, ou
linguagens.
Neste cenário de produtores exposto por Malini podemos perceber que se
afirma com estas novas formas de produção a perda de um paradigma, que tem sido
colocado por vários pensadores no final do século passado, que é o paradigma
central da modernidade, segundo Karl Marx [MARX, 1982], o trabalho.
A contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, está
diretamente vinculada ao caráter social da riqueza, ou seja, ao valor, que é a
manifestação social desta sob o capitalismo. O trabalho não é entendido como forma
absoluta de produção do mundo e da riqueza, mas num sentido absolutamente
histórico. O trabalho como elemento essencial da riqueza sob o capitalismo é a
abstração do trabalho concreto, com a utilização de força de trabalho, exemplificada
por cérebro, músculos, nervos, mãos, etc. sem consideração pela forma como foi
utilizada. Assim, o trabalho não é considerado como a forma universal e absoluta de
atividade humana, de relação sujeito e objeto, mas a forma social a que são
convertidas as atividades humanas em geral sob o capitalismo.
André Gorz [GORZ, 1980] abriu o patamar para este debate com a obra Adeus
ao Proletariado, que afirmava, capturando uma tendência em curso que indicava uma
significativa redução do operariado industrial nas sociedades capitalistas avançadas,
o sociólogo francês vaticinou o fim do proletariado, com todas as conseqüências
teóricas e políticas decorrentes desta afirmação. Vários textos o sucederam, cujas
formulações, direta ou indiretamente, confirmaram ou refutaram as teses de André
Gorz. acerca de dimensões que dizem respeito ao presente e futuro do mundo do
trabalho.
No Brasil, Ricardo Antunes [ANTUNES, 2003], publicou a obra Adeus ao
Trabalho, que teve ampla repercussão internacional. Nesta obra o autor refuta os
argumentos de Gorz que defendia o fim da centralidade do trabalho no mundo
capitalista contemporâneo.
Entre uma das teses que procuram invalidar a centralidade do trabalho, que
Antunes refuta, é a que propõe a substituição do valor-trabalho pela ciência, ou mais
ainda, pela vigência de uma rede de trabalhadores que se relacionam e produzem no
ambiente informacional, que se colocaria em posição de superioridade diante da
34
formulação de Karl Marx da centralidade do trabalho e da teoria do valor, esta teoria
será melhor exposta adiante.
Antunes irá abordar no prefácio à sétima edição desta obra, “Com a conversão
do trabalho vivo em trabalho morto, a partir do momento em que, pelo
desenvolvimento dos softwares, a máquina informacional passa a desempenhar
atividades próprias da inteligência humana, o que se pode presenciar é um processo
de objetivação das atividades cerebrais junto à maquinaria, de transferência do saber
intelectual e cognitivo da classe trabalhadora para a maquinaria informatizada. A
transferência de capacidades intelectuais para a maquinaria informatizada, que se
converte em linguagem da máquina própria da fase informacional, através dos
computadores, acentua a transformação de trabalho vivo em trabalho morto.” (grifos
do autor)
Neste ponto vemos forte intercessão com a obra de Nonaka e Takeuch
[NONAKA e TAKEUCH, 1995] onde explora-se os conceitos de conhecimento “Tácito
e Explícito”, buscando as bases para a materialização do saber como patrimônio, das
pessoas e empresas, e desta forma lidando com sua materialização, ou
transformação em valor tangível.
Antunes conclui neste prefácio que ao invés da substituição do trabalho pela
ciência, ou ainda, da substituição da produção de valores pela esfera
comunicacional, da substituição da produção pela informação, o que vem ocorrendo
no mundo contemporâneo é uma maior inter-relação, maior interpenetração, entre as
atividades produtivas e improdutivas, entre as atividades fabris e de serviços, entre
as atividades laborativas e atividades de concepção, que se expandem no contexto
da reestruturação produtiva do capital. Requer-se uma concepção ampliada de
trabalho que possibilita entender o papel que ele exerce na sociabilidade
contemporânea, neste limiar de século que se inicia.
A entrevista com André Gorz, vai esclarecer melhor a sua concepção do “fim
do trabalho”, respondendo à crítica surgida com a sua obra. Segundo Gorz, “o
trabalho no sentido antropológico jamais desaparecerá enquanto a humanidade
existir, todas as sociedades fundaram-se no trabalho em sentido antropológico, no
trabalho como realização e tendências da natureza, através da atividade do ser
humano. Na sociedade fordista, o trabalho era a base de um status e de um direito
social, ambos ligados a ele. Em troca, hoje nos transformamos numa sociedade na
qual o trabalho não é auto-apropriado, auto-atividade no sentido filosófico, nem
tampouco vinculado aos direitos sociais e econômicos”.
35
Com os paradigmas que surgem com a sociedade informatizada ou em redes,
segundo Gorz, “não acaba com o 'trabalho´ no sentido propriamente ontológico, mas,
sim, no fim do trabalho fordista. Hoje, tanto, o saber vivo quanto o saber
informaticamente registrado são as mais importantes forças produtivas. O volume de
trabalho assalariado se reduz cada vez mais rapidamente”.
Segundo Gorz, “considerando a utopia de Marx e Hegel, isto é, de que cedo ou
mais tarde, o trabalho terá que ser revogado. O trabalho organizado socialmente será
sistematicamente extinto, sem que o tempo livre que surge através da eliminação do
trabalho possa ser apropriado por aqueles que trabalham. Estamos numa transição
em que as forças do capital servem-se da concorrência industrial, aprofundada por
ele mesmo, para exigir que o Estado destrua sua política social, desregule os
mercados e as condições de trabalho liberando-os ao domínio das puras leis do
mercado”. Indo ao encontro das teses radicais de Hayek [HAYECK, 1945] e dos
princípios do lassez-faire de Adam Smith [SMITH, 2003], uma devoção à crença de
que a liberdade do mercado libertaria o homem e lhe propiciaria riqueza.
O software livre, considerando o ideário liberal econômico, estaria atendendo a
esta crença ao criar leis anônimas, dentro de um universo não regulado pela
sociedade/Estado, estaria reforçando ideologicamente também uma sociedade de
iguais, ou seja, todos são patrões de si mesmos, assim o sistema econômico se
protegeria das leis estatais que restringem a sua mobilidade. No entanto, ao
pensarmos sobre a dinâmica da economia, as suas próprias forças engendram suas
contradições internas, pois, enquanto o capital financeiro apregoa o fim da
regulamentação do Estado, enquanto o trabalho tende a estagnação ou a encolher
no setor fabril, ele aumenta nos serviços e encontra uma renovação das formas
tradicionais de concorrência anterior, ao monopólio entre as muitas formas que
proliferam em campos que exigem pequeno capital inicial, como as pequenas firmas
que prestam serviços de informática.
Esta estrutura produtiva recorrendo a força de trabalho amplamente não
sindicalizada e retirada da reserva de mercado disponível na sociedade, criam novos
setores de baixa remuneração e essas pessoas são mais intensamente exploradas
(do que os empregados nos setores mecanizados de produção). Pois, sofrem com
uma dupla expropriação, são expropriados do seu trabalho na medida em o risco fica
somente para quem trabalha, sem nenhuma proteção, como também, do baixo valor
que o trabalho passa a ser remunerado . Assim, a “guerra” que ocorre entre a
propriedade de marcas e patentes e o movimento do software livre, talvez seja uma
marca da contradição da própria economia. Uma “guerra” entre as forças vivas e
36
mortas do trabalho. Esta contradição estaria expressa na luta que a Microsoft e a
indústria fonográfica fazem para manter o monopólio do mercado com o
licenciamento de seus softwares e músicas, como exemplos de processos fordistas
de produção, este setor estaria sendo fragmentado pela própria dinâmica
contraditória da economia, que estaria estimulando a produção de softwares livres de
licenciamento e, com isso, desregulamentando o grande mercado de softwares.
O estímulo a esta desregulamentação permitiria se apropriar a baixo custo de
softwares que estariam sendo produzidos em função de “necessidades” que
poderiam ser criadas pelo próprio sistema de produção. Por exemplo, certas
possibilidades que estariam sendo previstas pelas grandes corporações poderiam
ser lançadas pela rede, com simulações/softwares produzidas por uma “multidão” de
produtores de softwares livres, atendendo assim, a uma necessidade do mercado
que poderia se desdobrar a uma produção a partir destas inúmeras simulações
softwares produzidas “gratuitamente”.
Ao nos referirmos a “multidão” de produtores de softwares, conforme Malini, se
considerarmos esta produção “gratuita” de softwares livres, fica uma questão aberta
quanto ao lucro que esta operação envolveria, na medida que o software é público,
gratuito e disponível para todos, qual seria a vantagem do capitalismo de estimular
esta produção? O deslumbramento que muitos programadores vêem de
possibilidades criativas na produção de softwares livres estaria encobrindo uma outra
relação não visível a estes programadores. A gratuidade dos softwares livres seria
compensada em grande escala, no varejo, por esta “multidão”. Pois, o lucro adviria
do uso e da finalidade operacional dos softwares.
Assim, poderia se ter uma “multidão” resolvendo problemas que do ponto de
vista de uma organização corporativa por maior que fosse, mesmo contratando
muitos programadores não conquistaria resultados no prazo que esta rede de
programadores de softwares livres atendem. Mantendo este raciocínio, com
pequenas ofertas de patrocínio, considerando o valor do investimento que uma
corporação sozinha teria que arcar dependendo do problema, mesmo o investimento
não retornando com a propriedade do software, é possível ter uma “multidão” de
produtores resolvendo, a um custo muito baixo, o problema específico que o mercado
estaria necessitando, sem a contraparte assalariada do modelo fordista.
O processo de colaboração que Viana se refere na produção do software livre,
em vez de apontar uma “revolução”, pode ser o reflexo de um processo de transição
do economia contemporânea[VIANA, 2004]. As análises e os debates que surgiram a
partir da obra de Gorz colocaram em certo consenso, nos autores que o sucederam,
37
que a crise que estamos vivendo seria de fato a do modelo fordista de produção.
Neste sentido, empresas como a Microsoft e as fonográficas estariam se apegando
ao velho modelo, hoje sustentado pelo sistema de marcas e patentes.
Na entrevista de Gorz ele aponta que o modo de produção fordista tende a
decrescer em favor do “capital financeiro e desnacionalizado, que torna os Estados
nacionais largamente impotentes e impor, sob o apelo das chamadas ‘leis de
mercado’, a sua ordem.” Segundo ele, “a opinião dominante não quer perceber, nem
aceitar, que não nos encontramos simplesmente em uma crise, mas em uma
‘mutação’, numa época de transição. Não numa ‘revolução industrial’, mas sim no
‘advento da economia do imaterial’, no qual as leis até conhecidas carecem de
validade.”
Na perspectiva de Gorz, podemos situar o software livre se tornando, pensando a sua forma de
produção, “de produtores sem ocupação integral, com trabalho descontínuo, uma possibilidade de
se tornar para todos, uma fonte de uma vida altamente rica, criativa e livresob a condição de que
os períodos de trabalho e de não trabalho possam ser tanto escolhidos à semana, mês, ano, e assim
por diante; e que, durante o período de não ocupação, a todos seja garantida uma renda
suficiente”[GORZ, 1980].
Ao contrário deste argumento, como Antunes defende, estas novas condições
reforçariam a precarização do trabalho.
As questões que se colocam para a distinção entre trabalho material e
imaterial são importantes para situarmos melhor esta discussão: os termos “trabalho
produtivo” e “trabalho improdutivo” decorrem de longa discussão que ocorreu entre os
economistas clássicos, e que Marx analisou tão completamente na primeira parte de
sua Teorias da mais-valia, trabalho inconcluso que foi rascunhado no quarto volume
de O Capital. A fim de entender a terminologia é necessário em primeiro lugar ter em
mente que à análise de trabalho produtivo e improdutivo empreendida por Marx não
implicava julgamento quanto à natureza dos processos de trabalho em discussão ou
quanto a sua utilidade para os homens em particular ou à sociedade em geral, mas
interessava-se específica e inteiramente pelo papel do trabalho no modo capitalista
de produção e, em última instância, da estrutura de classe da sociedade, e não da
utilidade de determinadas variedades de trabalho.
A Economia Política clássica, tanto de Ricardo como a crítica marxista,
defrontava-se com um mundo em que a maior parte do trabalho podia ainda ser
admitida como improdutiva. Em essência, Marx ao criticar a definição de trabalho dos
economistas clássicos redefiniu o trabalho produtivo no capitalismo, como aquele
que produz valor de uso, e, por conseguinte, valor excedente, para o capital. Isto
exclui todo o trabalho que não é trocado por capital. Trabalhadores por conta própria,
nesta condição, podemos incluir atualmente os produtores de softwares livres
38
enquadram-se nesta definição de trabalhadores não produtivos porque seu trabalho
não é trocado por capital e não contribui diretamente para aumentar o capital.
Um momento de reflexão mostrará a importância dessa distinção para a
evolução da economia durante os últimos duzentos anos. A mudança em toda a
forma social do trabalho, a partir do que é, do ponto de vista econômico, trabalho
improdutivo, para o que é produtivo, significa a transformação do trabalho por conta
própria em emprego formal, de simples produção de mercadoria em produção
assalariada de mercadoria, de relações entre pessoas para relações entre coisas, de
uma sociedade de produtores esparsos, como podemos pensar os produtores de
softwares livres, em uma sociedade de “produção” empresarial. Neste sentido,
podemos pensar quantos destes produtores foram assimilados, de diversas formas,
pelas empresas a partir da divulgação de seus softwares “gratuitos”.
Assim, a distinção entre trabalho produtivo e improdutivo, que despreza sua
forma concreta a fim de analisá-lo como forma social, longe de ser uma abstração
ociosa, representa uma questão decisiva na análise da economia, e mostra-nos uma
vez mais como as formas sociais dominam e transformam a significância das coisas
e processos sociais.
Na obra de Braverman [BRAVERMAN, 1981] ao analisar as mudanças da
economia a partir de uma nova variedade da produção econômica, a partir dos
escritórios na década de 1970, ele já apontava estas mudanças que vemos
atualmente na produção de softwares livres. Podemos pensar o movimento dos
softwares livres como o desenvolvimento dessas mudanças que ele verificava
naquela época e na sua análise ele utiliza os conceitos de trabalho produtivo e
produtivo que estamos centrando até aqui no nosso texto. A sua análise é tão rica
em comparação com o que estamos assistindo hoje com os softwares livres que
vamos abusar da citação deste autor.
“Para os economistas atuais, portanto, a questão de ‘produtividade’ ou
‘improdutividade’ do trabalho perdeu o grande interesse que apresentava aos
economistas burgueses clássicos, assim, como perdeu interesse para a própria
gerência capitalista. Ao invés, a medida da produtividade do trabalho veio a ser
aplicada ao trabalho de todos os tipos, mesmo ao trabalho que não tem produtividade
alguma. Ela se refere, no modo de falar burguês, à Economia com a qual o trabalho
pode desempenhar qualquer tarefa fixada pelo capital, inclusive aquelas que nada
acrescentam à riqueza nacional. E a própria idéia de ‘riqueza das nações’
desapareceu suplantada pelo conceito de ‘prosperidade’, noção que nada tem a ver
39
com a eficácia do trabalho na produção de bens úteis e serviços, mas que se refere à
velocidade do fluxo dentro dos circuitos do capital e mercadorias no mercado.
Por conseguinte, as enormes quantidades de trabalho socialmente inútil que
entram nesta circulação, estão nas mentes dos modernos ideólogos do capital
misturadas com os processos gerais do trabalho, assim como estão misturadas nas
mentes dos administradores. Todos os processos de trabalho são considerados
igualmente úteis inclusive aqueles que produzem, concretizam ou desviam o
excedente. As formas de trabalho produtivo e improdutivo estão confundidas, nas
firmas individuais e na Economia como um todo, em igual nível. E a organização do
trabalho nos aspectos improdutivos da atividade empresarial segue as diretrizes
lançadas no setor produtivo; o trabalho de ambos os setores torna-se, cada vez mais,
uma massa indiferenciada.”.
Nesta lógica de Braverman podemos considerar a “multidão” de Malini como a
massa indiferenciada de produtores de softwares que produzem uma quantidade
enorme de trabalho, que poderia ser considerado inútil, na visão clássica dos
economistas, mas que estaria de qualquer forma sendo utilizado pelo sistema, como
reserva de produtos que podem a qualquer momento serem utilizadas.
Um autor que vem se destacando recentemente e que podemos dizer,
continuidade ao pensamento de Gorz, é o filósofo italiano Antonio Negri [NEGRI e
HARDT, 2005] Ele entende que:
“só podemos avançar por meio de uma nova concepção do trabalho. Não existe mais uma classe
operária que tenha a capacidade de dirigir o movimento. Isto está comprovado. Temos que parar de
fazer de conta que ela existe. Hoje em dia, você tem um novo proletariado. Não sei como chamá-lo!
Nós utilizamos o termo ‘multidão’. Uma multidão de singularidades, de coisas diferentes que
trabalham com a cabeça e com as mãos, com o afeto, que trabalham um movimento, imigrando, que
trabalham de todas as maneiras”
Podemos ver que o termo “multidão que vem sendo utilizado por vários
autores, foi melhor conceituado por Negri, e ele aponta um “novo proletariado”.
Entendemos que os produtores de softwares livres estariam nesta condição de novos
proletários deste início de século.
Ao contrário de pensar que não haveria um marco ideológico no movimento de
softwares livres. Pois, mesmo ao produzirem conhecimento a baixo custo para a
economia, uma nova proletarização destes sujeitos anônimos sem a contrapartida de
assalariamento, estariam de fato sendo expropriados de sua produção, incorporando
valor não a troca e sim ao seu uso, ou seja, a mercadoria/software disponível na rede
teria valor somente na sua utilização, na medida em que fosse utilizado pelo sistema.
Mas pensando na lógica de Bravermam temos uma valia absoluta do trabalho
expresso por esta “multidão” de produtores de softwares livres quando disponibilizam
40
o resultado de seu trabalho para a rede, aparentemente não utilizados pelo sistema.
Ao contrário destas coisas aparentes que vemos, tanto o trabalho do software livre
que é utilizado para determinado fim, que serve-se da expropriação do trabalho do
programador livre, como aquele que não tem o seu software apropriado pelo sistema,
estariam todos servido ao sistema econômico.
Mas se pensarmos o movimento do software livre como possibilidade de
resistência ao sistema econômico, mesmo com a expropriação do trabalho destes
programadores, eles teriam a possibilidade de se organizarem para subverter o
sistema econômico impondo novas regras, como os proletários do modelo fordista no
século passado fizeram com os seus sindicatos.
Se esta subversão se colocar em vista dos meios, quer dizer, através da
produção dos softwares, ela estará fadada a ser incorporada ideologicamente em
curto prazo de tempo ao sistema econômico, se é que não se esgotou esta
possibilidade.
No entanto, se esta possibilidade está aberta, como Negri com otimismo
coloca, ao menos é importante desconstruir as ilusões que à margem do sistema
econômico, e é mais ilusório ainda pensar que exista algo fora da lógica deste
sistema econômico na contemporaneidade, para construirmos possibilidades de
transformação da sociedade.
Ao refletirmos sobre o movimento dos softwares livres, como um dos fatores
presentes na mutação “gorziana” da economia, podemos atuar a partir de “dentro” e
nos setores mais avançados do sistema econômico hoje, que é o domínio da técnica
pela informatização, construindo possibilidades alternativas na sociedade.
41
4. A PRODUÇÃO DE SOFTWARE
“Analytical software enables you to shift human resources from rote data collection to value-added
customer service and support where the human touch makes a profound difference.”
Bill Gates
4.1.PROCESSO HISTÓRICO
4.1.1.Introdução
No fim da primeira metade do século XX as condições técnicas fizeram
florescer os computadores eletrônicos. Diversos projetos, dos dois lados do
Atlântico, surgiam e disputavam diversos pequenos avanços na tecnologia e
notáveis avanços de desempenho. Pouco depois tais máquinas, saindo dos
laboratórios, passaram para o uso na administração dos governos e na
iniciativa privada.
Nesta época o software era um brinde, um acréscimo de pouco valor, quando
comparado aos altos custos dos equipamentos da época. Iniciou-se assim um
movimento de crescente avanço no hardware. Este avanço significa
normalmente a ampliação da capacidade computacional numa taxa que tem
se mostrado contante, sendo conhecida como a Lei de Moore.
4.2. LEI DE MOORE
Gordon Moore, fundador da Intel, verificou que a cada 2 anos a capacidade de
processamento dos computadores dobra, enquanto os custos permanecem os
mesmos [MOORE, 1965]. Isto significa que daqui a dois anos você vai poder
comprar um chip com o dobro da capacidade de processamento pelo mesmo
preço que você paga hoje.
42
Gráfico 1: Quadro representativo sobre as previsões de Gordon Moore criado por Silveira Neto
[SILVEIRA NETO, 2006]
4.3.A RUPTURA
A queda constante nos preços dos produtos de tecnologia digital exige uma
mudança no modo de pensar. Basta imaginar a Lei de Moore aplicada ao setor
automobilístico, por exemplo. As grandes montadoras lançariam carros com o
dobro da performance pelo mesmo preço do modelo lançado um ano e meio
Esta dinâmica, que não afetava diretamente os custo do software e
proporcionou o descolamento dos dois componentes da composição dos custo
dos sistemas computacionais. O sofware libertou-se do hardware.
Neste ponto nasce o mercado de software. Nasce rompendo um padrão
estabelecido sobre a aparente pouca importância e valor do software
transformando-se num produto a ser vendido e defendido como fonte de
renda. Esta mudança impacta as atividades dos programadores da época e
incomoda um jovem no MIT, Richard Stallman.
43
4.4. RICHARD STALLMAN
Richard Stallman [STALLMAN, 2008], trabalhava nos laboratórios do MIT como
desenvolvedor de sistemas operacionais e o laboratório em que ele trabalhava
recebeu da Xerox uma impressora de presente. Era uma impressora a laser,
um presente interessantíssimo, que ninguém fora da Xerox possuía uma
impressora deste tipo. Tinha sua qualidades, como impressão rápida, mas,
não era nem um pouco confiável. Na realidade, esta impressora era uma
copiadora convertida em impressora, possuindo todos os problemas que uma
copiadora possuía. Imagine uma impressora engasgando como as copiadoras.
Era assim que em geral a impressora funcionava, isto, quando funcionava,
que na maior parte do tempo a mesma estava engasgada.
Sendo aquele um laboratório de desenvolvedores, os mesmos tiveram uma
idéia. Desenvolver um software que, quando a impressora engasgasse, o
mesmo avisasse ao computador central, que avisaria os usuários que a
mesma estava com problemas. Sendo assim, algum dos usuários que
estivesse esperando alguma impressão, iria até lá, e resolveria o problema.
O primeiro problema apareceu. Como criar um software deste tipo, que o
programa da impressora não era livre - ou seja, era somente um binário.
Juntamento com ele não estavam os fontes. E, a Xerox, não tinha nenhuma
intenção de fornecer o código fonte para aqueles "nerds" de laboratório.
Sem poder resolver aquele problema, os membros do laboratório, mesmo com
suas altas habilidades como programadores e desenvolvedores de sistemas
operacionais, foram forçados a conviver com a impressora e os atrasos que a
mesma causava a todos eles.
Um dia Stallman ficou sabendo que uma pessoa na universidade de Carnegie
Mellon tinha uma cópia do software. Depois de algum tempo resolveu ir ao
escritório da pessoa, e disse "Oi, eu sou do MIT. Posso copiar o código fonte
da impressora ? ". E recebeu de resposta "Não, eu prometi não dá-lo a você".
Este foi o primeiro contato de Stallman, com algo que era muito comum na
época e ainda hoje, que são os acordos de confidencialidade.
Stallman acabou ficando em um grande dilema. Ele recebeu uma proposta de
um acordo de confidencialidade. Como já havia passado por problemas com
este tipo de acordo, e havia aprendido com o erro, resolveu o aceitar a
44
proposta. Apesar de saber que poderia ter grandes vantagens aceitando este
tipo de contrato, resolveu que iria contra os seus princípios.
Ele estava vivendo o momento de ruptura e como tal lembrava de como era
antes e das perdas impostas à sociedade pela restrição à livre circulação de
conhecimento. Destas experiências surgiram a decisão que valia a pena
defende a liberdade. Neste cenário foi cunhada a definição de liberdade
adotada pela Free software Fundation.
4.5.OS TIPOS DE LIBERDADE DE ACORDO COM A FSF
"software Livre" é uma questão de liberdade, não de preço. Para entender o
conceito, você deve pensar em "liberdade de expressão", não em "cerveja
grátis".
"software livre" se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem,
distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Mais
precisamente, ele se refere a quatro tipos de liberdade, para os usuários do
software:
0. A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade
no. 0)
1. A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as
suas necessidades (liberdade no. 1). Acesso ao código-fonte é um pré-
requisito para esta liberdade.
2. A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao
seu próximo (liberdade nº. 2).
3. A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus
aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se beneficie
(liberdade nº. 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta
liberdade.
Conceituação leve
A filosofia do Código Aberto tem como princípio que o surgimento de qualquer
restrição artificial ao compartilhamento de informações causa um dano social
injustificável e portanto, deve ser evitado.
45
A tradição acadêmica mostra que para a construção do conhecimento seguir o
seu ritmo mais produtivo, a livre troca de dados, informações e conhecimento se
mostra como condição fundamental. Embora este modo de agir encontre uma
tradição de comportamento no espaço científico, no mercado encontramos
exatamente o oposto como tradição.
No mercado a assimetria de informações é parte fundamental do conjunto de
forças participantes do esforço de inflacionar as margens de lucro. Desenha-se
assim uma estrutura que não apenas usa, mas depende que o outro desconheça
informações para melhor atingir o objetivo da lucratividade maior.
Este conflito de comportamento está na base do surgimento do movimento do
software Livre.
4.6.O IMPACTO NO MERCADO
Observa-se um forte impacto nas relações econômicas onde o livre fluxo de
informações e trabalho tem se estabelecido. Num cenário de progressiva
“comoditização” de todos os serviços e produtos não é difícil observar a liberdade
obtida com o livre circular de idéias e contribuições de trabalho como uma força que
acelera a erosão de muitos negócios estabelecidos.
Não se trata aqui de levantar a bandeira que o desenvolvimento em Código
Aberto inova neste aspecto, mas trata-se, sem dúvida, da busca de uma
contextualização mais adequada. Identifica-se na engrenagem econômica uma
constante busca de lucratividade. Nesta busca uma das ferramentas clássicas é a
obtenção de eficiência na melhoria dos processos produtivos. O inevitável resultado
disto é a ampliação da margem de lucro, que mais uma vez inevitavelmente, desliza
para a redução dos preços, como manobra de defesa frente a concorrência.
Este já surrado esquema, que é muito mais perceptível sobre as atividades
produtivas materiais mas possuem um impacto também nas atividades intelectuais.
A erosão de valor sobre as atividades intelectuais alcançou patamares impensáveis.
A “comoditização” atinge agora também a “inteligentza”. Se anteriormente este
fenômeno era tratado com característica do processos produtivo, agora transforma-
se em questão central da civilização.
A produção de software, por sua natureza pouco material, acabou sendo uma
das áreas de impacto da comoditização mais prematuro da área intelectual e cujo
alto potencial de valor financeiro ajudou na divulgação da comoditização dessa
46
atividade intelectual. Apesar de recentemente o impacto sobre diversas outras áreas
e comercialização do conhecimento ter se tornado mais visível, o desenvolvimento de
software ganha destaque por dois motivos: acesso precoce aos instrumentos e
ambientes de tecnologia e ao perceptível valor econômico da atividade.
Enquanto alguns observadores continuavam explorando o impacto nas
estruturas produtivas, e por conseguinte, sobre as estruturas de trabalho, a área de
software adotou como jargão a questão da liberdade. Num inovador discurso
produzido dentro de sua própria estrutura, unindo aspectos reconhecidamente de
direita e esquerda, aconteceu a gênese de uma auto-explicação para a existência e
neste passo surge um estranho guru de um tempo que ainda não tinha chegado,
Richard Stallman.
47
5. PRESENÇA NA SOCIEDADE
"Imagination is more important than knowledge."
Albert Einstein
Discutiu-se anteriormente o impacto da criação do software livre dentro do
mercadao de desenvolvimento de software, entretanto sua influência ultrapassa esta
área com interessantes impactos em diversas outras.
5.1.GUERRA
Criado na Rússia comunista, o AK-47 apareceu em 92 países, participou de
90% das batalhas da 2ª metade do século XXs vezes dos dois lados da disputa), e
foi a arma usada para matar pelo menos 7 milhões de pessoas. Venceu os rifles
americanos no Vietnan, substituiu a lança de tribos guerreiras da África, virou ícone
da bandeira de Moçambique, monumento na Nicarágua e, hoje, está nas mãos de
terroristas islâmicos e traficantes cariocas. Aos 60 anos, o AK-47 conta a história do
século XX.
A criação do AK-47 nada teve de milagre: foi resultado de um longo trabalho,
sancionado por vários fracassos lancinantes que Kalachnikov superou, graças a essa
famosa obstinação de camponês que já o tirara de situações difíceis na infância. A
idéia de uma arma nova obcecou-o durante cinco anos, desde a época do hospital,
onde, ferido, desenhava seus primeiros croquis em cadernos, até o glorioso dia em
que a Direção Geral da Artilharia aceitou seu primeiro protótipo.
A criação do AK foi mais empírica, realizada por meio de "tentativas e erros",
do que científica. Kátia, aquela que iria se tornar sua mulher, ainda estava
desenhando as peças do protótipo quanto ele acabara de "juntá-las" em sua
oficina, com as próprias mãos! A história de Kalachnikov e de seus dedos de ouro
lembra um pouco o início de Bill Gates ou de Steve Jobs, rapazes loucos elaborando
a futura indústria informática em garagensticas.
Na época da ex-URSS, este regime concedeu licenças gratuitas de produção a
outros países comunistas que, após a desagregação do bloco soviético, continuaram
a fabricar a arma, sob outras designações e a menor preço. Uma original custa cerca
de 300 euros enquanto as cópias se situam abaixo dos cem euros. Produziram
diversos países comunistas do Leste Europeu, como Polônia, Hungria, Bulgária,
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Alemanha Oriental, e Iugoslávia. Outros países foram a Albânia, Egito, Hungria,
Coréia do Norte, China, Índia, Iraque e Romênia. Para os responsáveis da fábrica da
cidade russa de Ijevsk, uma empresa búlgara e uma outra americana são os
principais imitadores.
Apesar de se tentar lidar com esta questão como pirataria, na verdade definiu-
se um padrão de projeto que hoje é executado e aprimorado em diversas fábricas
pelo mundo afora.
Estima-se que sejam produzidas um milhão de Kalashnikovs no mundo por
ano, mas destas só cem mil têm origem em Ijevsk.
Em 2000, o jornal francês Libération fez uma divertida lista dos "objetos do
século". O AK-47 ocupa um lugar de destaque, ao lado da televisão, do antibiótico e
do sutiã.
5.2.CULTURA
Mashup é uma palavra que pode ter vários significados. Um deles é a
recriação de músicas e deos através da edição de trechos de um ou outros. Estas
brincadeiras tornaram-se muito populares e podem ser assistidas em grande
quantidade no youtube.com. Se estas iniciativas amadoras precisam das vistas
grossas para a questão propriedade intelectual, as empresas de tecnologia também
fazem seus Mashups: neste caso são iniciativas que utilizam os conteúdos de mais
de uma fonte de dados para criar algum novo serviço, como o WikiMapia.org que
utiliza os dados do Google Maps para realizar um mapeamento colaborativo de todo
o globo.
Acompanhados de movimentos organizados como os de software livre, ou
conceitos flexíveis de propriedade intelectual, como o Creative Commons, os
mashups existem como um fenômeno da nossa vocação para lidar com a informação
de uma forma generosa, como nossos ancestrais costumavam fazer.
O cantor, compositor e ministro da educação Gilberto Gil, em entrevista à
revista Wired disse:
““Os fundamentalistas do controle absoluto sobre a propriedade” sejam corporações ou governos
representam obstáculos no caminho para a democracia cultural e o crescimento econômico que o
mundo digital pode trazer. O que eles oferecem, em troca, é uma sociedade onde cada pedaço de
informação possa ser bem trancado, qualquer uso de informação (justo ou não) deva ser autorizado,
e todo consumidor de informação seja como um colono, implorando pela permissão do senhor do
feudo para poder acessar seu próprio hard drive. Um mundo aberto pelas comunicações não pode se
manter fechado em uma visão feudal de propriedade. Nenhum país, nem os Estados Unidos, ou a
Europa, pode ficar no caminho. É uma tendência global. É parte do próprio processo de civilização.
49
É a abundância semântica do mundo moderno, do mundo pós-modernoe não por que resistir a
isso.”
Gilberto Gil
Gilberto Gil transformou-se num forte defensor da livre circulação de
informações, posicionando-se, e por conseqüência o governo brasileiro numa
posição de vanguarda nas discussões sobre as necessidade de se revisar a política
atual de direitos autorais.
“A batalha do software livre, da Internet livre e das conexões livres o muito além delas, de seus
interesses. É a mais importante, e também a mais interessante, e a mais atual das batalhas políticas.
Claro que há uma revolução francesa, ou várias revoluções francesas, a fazer no planeta, seja dentro
dos países, seja no comércio internacional. Ainda nos defrontamos o apenas com discursos do
século XIX, mas também com realidades doculo 19. Mas não podemos secundarizar o presente.
E o futuro”.
Gilberto Gil
5.3.CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A Procter & Gamble identificou-se como incapaz, dentro da estrutura
tradicional, de se manter em dia com o rápido passo da inovação na área química.
Sua resposta foi abrir a sua relação com os fornecedores de trabalho, formalmente
os empregados.
O ritmo de inovação na sua indústria duplicou nos últimos cinco anos e agora
o seu exército de 7500 pesquisadores não é suficiente para sustentar a sua
liderança.
O presidente, A. G. Lafley, ao invés de contratar mais pesquisadores
encarregou os chefes das unidades de negócio a buscarem 50 por cento das idéias
dos seus novos produtos e serviços de fora da empresa. Agora você pode trabalhar
para a P & G sem estar em sua folha de pagamento. Basta registar-se no
InnoCentive, rede onde você, e outros noventa mil cientistas de todo o mundo, pode
ajudar a resolver problemas difíceis em P&D por uma recompensa em dinheiro.
A InnoCentive solicita que os cientistas,"solvers", tentem solucionar os
problemas apresentados pelas empresas, “seekers” e premia os resultados.
Atualmente a InnoCentive tem 34 desses "seekers" ,incluindo a Procter & Gamble,
Dow AgroSciences e Eli Lilly, que conta com mais de 145,000 “Solvers” em 175
países, atua em 40 áreas e já disponibilizado mais de 200 desafios.
Num movimento inconcebível décadas atrás as empresas, buscando
eficiência, se aproveitam e promovem as estruturas de rede para a melhor
apropriação de novas tecnologias. Mais do que inflados discursos sobre o poder que
50
a colaboração tem e como pode ser usado para dinamizar os negócios, iniciativas
como esta trazem para o centro da economia o que antes parecia estar relegado a
estudos acadêmicos do funcionamento das redes de colaboração.
Em recente entrevista seu presidente, Dwayne Spradlin, falou sobre as
dificuldades iniciais de operação:
“Sem falar das dificuldades e dos desafios próprios de se lançar um negócio, nós passamos por um
processo muito forte de convencimento do mercado de que aquilo realmente poderia funcionar. Os
exemplos incluíram o movimento da comunidade dedigo aberto, suporte de TI online via chat e
tudo aquilo que pode se encaixar na categoria "um desafio, muitas mentes".
As companhias valorizaram, sim, a colaboração e elas têm feito isto anos. Tradicionalmente, por
meio de universidades, parceiros ou organizações de pesquisa. Cada vez mais, as organizações têm
observado que a colaboração com indivíduos e grupos pequenos centrados em resolver suas
dificuldades resultam em soluções mais diversificadas, em custo reduzido e menor tempo.”
Dwayne Spradlin
5.4.SANTOS DUMONT
103 anos, em 1906, Santos Dumont alcançou seu objetivo no campo de
Bagatelle, na França. Paralelamente sabe-se que havia outros inventores tentando
construir um aeroplano que voasse por seus próprios meios.
Logo após voar em seu 14 Bis, o brasileiro Santos Dumont fez questão de
publicar, nas revistas técnicas da época, todos os detalhes de seu experimento. O
14-Bis não foi o primeiro equipamento que voou por suas "próprias asas"; foi
também um exemplo de código aberto, onde Santos Dumont disponibilizou o projeto
sem cobrar por isso (free source, em termos atuais).
Mais que isso, declarou que qualquer interessado poderia copiar e utilizar
livremente aquela tecnologia, segundo ele, “um presente para a humanidade”. O “Pai
da Aviação” reconhecia que aquele não era um invento exclusivamente seu, mas a
compilação de uma série de conhecimentos já existentes que, reunidos, permitiram a
decolagem de um objeto mais pesado que o ar.
Segundo Marcos Mazoni, diretor-presidente do Serpro, o desprendimento de
Santos Dumont reflete bem o espírito que deve permear a utilização dos programas
de código aberto [TEMA, 2008]. “O desenvolvimento de novas tecnologias em
software livre permite oportunidades fantásticas de cooperação. Agregar
conhecimentos e esforços entre os órgãos de governo e a sociedade é o melhor
caminho para reduzir a ambigüidade entre avanço tecnológico e exclusão digital”,
avalia Mazoni.
51
6. ESTUDO DE CASOS
“Intelligence is the ability to avoid doing work, yet getting the work done.”
Linus Torvalds
Neste capítulo apresenta-se um pequeno histórico do método COCOMO
[BOEHM, 1981] e depois apresenta-se o conceito de valor de mercado.
Aborda-se em seguida alguns projetos de código aberto. Foram selecionados
alguns projetos clássicos, de grande visibilidade até para pessoas de fora da área e
alguns com menor visibilidade.
6.1.O MÉTODO COCOMO
Na busca de uma métrica para avaliar os projetos uma miríade de
possibilidades surgiu. A questão central tronou-se como medir uma base com
características tão distintas como:
nível de maturidade
tamanho do código
diversas linguagens de programação
variável mutabilidade
continua reescrita
Optou-se pela concentração no tamanho atual da base de código de cada
projeto. Conscientes da impossibilidade de se produzir um número objetivo e
comparável de valor, voltamos a atenção para o custo. Quanto seria necessário para
se recriar o projeto em seu estado atual a partir do nada.
Adotaremos neste trabalho o método COCOMO de análise. O “COnstructive
COst MOdel”, ou COCOMO, foi desenvolvido no ano de 1981 por Barry Boehm para
obter uma estimativa do numero de homens-mês necessários de desenvolvimento de
programas.
O COCOMO possui uma hierarquia crescente de precisão e detalhamento.
COCOMO Básico
COCOMO Intermediário
COCOMO Detalhado
52
Como a base de informações disponíveis sobre os projetos não é uniforme e
como o objetivo de evitarmos cair no erro de compararmos laranjas com bananas
optamos por adotar sua forma mais básica.
COCOMO Básico: trata-se de um modelo de avaliação estática que mede o
esforço, e custo, do desenvolvimento de programas baseado no tamanho do
programa a partir de seu número de linhas. O Cocomo básico é bom por ser rápido
em estimativas e custos de software, mas sua precisão é afetada pela ausência de
fatores para explicar as diferenças entre ferramentas, qualidade de pessoal e
experiência, uso de ferramentas modernas e técnicas, e outros atributos de projeto
que influenciam nos custos de software. Possui três classes de projetos de software:
Projetos Orgânicos o os projetos entre pequenos e médios num
ambiente interno e já conhecido.
Projetos Semi livres – com complexidade intermediária
Projetos Rígidos representa o desenvolvimento de sistemas de
software com muitas restrições. O produto deverá operar num ambiente
de software e hardware complexo, interativo e direcionado à
produção. Exemplos podem ser: sistemas militares de missão crítica e
controle de tráfego aéreo.
O COCOMO básico apresenta estas equações:
E=a
b
KLOC
b
b
D=c
b
E
d
b
Onde:
E é o esforço aplicado pela pessoa no mês;
D é o tempo de desenvolvimento em meses cronológicos;
KLOC é o número calculado de linhas de código para o projeto, em
milhares;
P é o número das pessoas necessário.
Os coeficientes a
b
, b
b
, c
b
e d
b
são dados na seguinte tabela:
Projeto a
b
b
b
c
b
d
b
Orgânico 2,40 1,05 2,50 0,38
Semi Livre 3,00 1,12 2,50 0,35
Rígido 3,60 1,20 2,50 0,32
A metodologia COCOMO será aplicada para avaliar o esforço estimado para
se reconstruir o projeto do nada até o estágio atual.
53
6.2.LINUX
Um sistema operacional é formado por um conjunto de programas e rotinas
computacionais que têm como objetivo criar uma camada de abstração entre o
usuário e o hardware propriamente dito. Entende-se por usuário todo e qualquer
objeto que precise de acesso aos recursos de um computador (seja ele um usuário
"real" ou aplicativo).
Todos os dispositivos de informática a nossa volta possuem Sistemas
Operacionais. Do computador ao DVD, passando inevitavelmente pelo celular, todos
possuem programas que fazem a comunicação com o hardware, simplificando a
comunicação e facilitando o uso dos recursos.
História do Linux
A história dos sistema operacionais de computador inicia na década de 50 com
os esquemas para permitir que os programas em lote, “batch”, roda eficientemente
minimizando o tempo ocioso entre eles. Um programa em lote é um programa que
não interage com o usuário. Tradicionalmente oferecia-se o código, a massa de
dados. Após a execução obtém-se um relatório com os resultados. Este relatório era
a fonte de estudos e aperfeiçoamentos futuros, a produção de um novo programa e a
escolha de outra seleção de dados.
Uma década depois a interatividade entra em cena. Diversos usuários
passaram a atualizar o computador simultaneamente a partir de diferentes terminais.
Surgiram os sistemas de tempo compartilhado “time-sharing”.
A complexidade de sistemas de tempo compartilhado não encontra paralelo
em seus antecessores, os de processamento em lote. Diversas tentativas existiram e
entre elas destacou-se o projeto MULTICS [CORBATÓ et al., 1972].
O MULTICS, entretanto, não obteve sucesso por uma longa lista de motivos.
Um dos participantes desistiu, a “Bell Labs”. As pessoas envolvidas no projeto dentro
da BL decidiram fazer seu próprio sistema utilizando o conhecimento adquirido.
Desta iniciativa nasceu o UNIX.
Originalmente distribuído gratuitamente, o UNIX ganhou muita popularidade no
meio acadêmico. Com o surgimento da pilha TCP/IP o UNIX ganhou um novo
impulso.
54
O projeto GNU foi lançado em 1984 por Richard Stallman [STALLMAN, 2008].
Seu objetivo era criar um sistema operacional aberto. A partir desse ponto iniciou-se
um movimento que mescla abordagens técnicas filosóficas sobre trabalho e
liberdade. Sua forte influência acadêmica se faz presente na defesa da liberdade de
informação na dispersão do conhecimento como o único e verdadeiro mecanismo de
produção de valor. Tornando desta forma um direito inalienável do indivíduo o acesso
à informação.
O desenvolvimento do sistema operacional GNU progrediu rapidamente. Ao
final a década de 1990 o único grande componente faltando era o Kernel.
em 1990 o UNIX [BACH, 1990] tinha uma posição estabelecida no meio
acadêmico e no mercado de servidores. Os estudantes normalmente trabalhavam
com sistemas UNIX e sito produziu toda uma geração de especialistas. Muitos
desejavam rodar UNIX em suas estações, mas nesta época ele era comercial e caro.
O 386BSD existia, mas ainda era imaturo e sua exigência de hardware era
muito alta para a época. Posteriormente o 386BSD frutificou em vários Sistemas
Operacionais, dentre eles: NetBSD, FreeBSD e OpenBSD [BSD, 2008].
Vale destacar a exceção. O MINIX [TANENBAUM e WOODHULL, 2006]era um
projeto acadêmico orientado ao ensino feito pelo professor Andrew Tanenbaum. Por
seu foco ser didático não conseguia atender aos desejos de alguns usuários e seu
criador marcou a posição que não mudaria seu objetivo final. Com a compra do livro
da Tanenbaum ganhava-se acesso ao código fonte do MINIX, com 12.000 linhas de
código C e linguagem de montagem, “Assembly”. Isto permitiu um tremendo efeito
multiplicador desse conhecimento. Pela primeira vez os programadores iniciantes
puderam ler as entranhas de um sistema operacional. Observe que os UNIXs
comercias guardavam esta informação vigorosamente.
Num mercado de microinformática completamente dominado pelo DOS,
especificamente o MS-DOS, não era fácil obter estimulação intelectual na área de
desenvolvimento de Sistemas Operacionais.
Em 1991 o projeto GNU tinha criado muitas ferramentas. O fundamental
compilador GNU C estava disponível, mas ainda não existia um kernel. Mesmo o
MINIX ainda tinha que ser comprado, mudança que veio posteriormente. O Hurd
[SALUS, 2008], kernel do projeto GNU, já estava em desenvolvimento, mas não se
previa sua finalização em menor prazo que alguns anos.
Nesta busca um estudante de Ciência da Computação na Finlândia, Linus
Torvalds, inciou o desenvolvimento de seu próprio sistema operacional,
55
especificamente o kernel, de nome LINUX. Posteriormente Linus declarou que se
existisse um outro kernel de código aberto na época ele não teria iniciado o seu.
Linus, em 25 de agosto de 1991, enviou ou grupo e notícias MINIX a histórica
mensagem:
From: [email protected] (Linus Benedict Torvalds)
Newsgroups: comp.os.minix
Subject: What would you like to see most in minix?
Summary: small poll for my new operating system
Message-ID: <1991Aug25.205708.9541@klaava.Helsinki.FI>
Date: 25 Aug 91 20:57:08 GMT
Organization: University of Helsinki
Hello everybody out there using minix -
I'm doing a (free) operating system (just a hobby, won't be big and
professional like gnu) for 386(486) AT clones. This has been brewing
since april, and is starting to get ready.I'd like any feedback on
things people like/dislike in minix, as my OS resembles it somewhat
(same physical layout of the file-system(due to practical reasons)
among other things). I've currently ported bash(1.08) and gcc(1.40),and
things seem to work.This implies that I'll get something practical within a
few months, andI'd like to know what features most people would want. Any
suggestions are welcome, but I won't promise I'll implement them :-)
PS. Yes - it's free of any minix code, and it has a multi-threaded fs.
It is NOT protable (uses 386 task switching etc), and it probably never
will support anything other than AT-harddisks, as that's
all I have :-(.
Inicialmente o LINUX foi muito bem recebido pela comunidade de acadêmica
de “hobistas”. Tal receptividade hoje constitui um dos pilares a respeito do
desenvolvimento em código aberto. As condições necessários para se criar um
projeto, atrair pessoas, estabelecer uma governança e obter resultados nasceram
deste sucesso inicial.
56
O crescimento da comunidade ao redor do Linux definiu um novo modelo de
desenvolvimento de software. Um texto muito feliz em explorar as características
desta nova dinâmica é “A Catedral e o Bazar” de Eric S. Raymond [RAYMOND,
1999]. A idéia central do ensaio de Raymond é que "Dado um número de olhos
suficiente, todos os erros são triviais" (que é o enunciado da Lei de Linus): se o
código fonte está disponível para teste, escrutínio e experimentação pública, então
os erros serão descobertos rapidamente, e pela sua natureza a um custo
infinitamente menor.
A IBM identificou no LINUX uma tecnologia disruptiva que permitira retomar a
influência no mercado de Sistemas Operacionais após o abandono do OS/2 e adotou
um postura de aliança com a comunidade de desenvolvimento em código aberto. A
IBM apenas abriu a passagem de grandes empresas no movimento.
Após se firmar como base de solução no campo dos servidores o atual desafio
é se posicionar como solução viável para a área dos Desktops.
Destacando apenas os dois maiores projetos de interface gráfica, o KDE e o
GNOME, temos uma evolução de mais de 10 anos com muito código, teste e
inovações. Recentemente o desktop atingiu um patamar de facilidade de uso onde
Tabela 1: Lançamento do Linux
Data Evento
1984
Janeiro
1985
Mês Desconhecido
Março
1991
August 25 Linus concebe a idéia do Linux e anuncia o projeto na Usenet
Setembro Versão 0.01 é disponibilizada na Internet
1992
Janeiro
Abril
Novembro
1993
Junho
Agosto
Richard Stallman pede demissão do MIT e inicia o Projeto GNU.
Free software Foundation, uma organização para a criação e
promoção do software livre é fundada por Richard Stallman.
The GNU manifesto, um artigo de Richard Stallman defendendo a
causa do movimento de software livre, é publicado no Dr. Dobb's
Journal
1º Linux Newsgroup: alt.os.linux aberto na UseNet
Ari Lemmke abre o newsgroup comp.os.linux na UseNet
Adam Richter anuncia o lançamento da primeira distribuição Linux de
sua companhia: Yggdrasil
Slackware, a famosa distribuição Linux, é lançada por Peter
Volkerding
Matt Welsh lança Linux Installation and getting started:
version 1
57
diversos testes com não usuários de informática mostraram que sua intuitividade
ultrapassa o Windows Vista.
A questão que se coloca agora é como quebrar a inércia do mercado que
segue, em muitos casos, automaticamente os lançamentos da Microsoft.
Situação atual no Mercado
Apresenta-se como um desafio interessante a busca por uma métrica do
alcance de um produto de código aberto. Delinearemos os problema abaixo.
Um produto comercial pode ser avaliado pelo balanço fiscal das empresa que
o produz. Como avaliar a penetração de um produto que:
Originalmente é distribuído pela internet
cada cópia pode ser instalada em diversas máquinas, diversas
vezes
Muitos fazem ajustes e os redistribuem.
Não é possível nem determinarmos quantos fazem a
redistribuição
Após avaliar estes pontos optou-se por usar os dados de uma empresa de
análise de links. Maiores informações estão condensadas no Apêndice B
Tabela com a variação de contagem de acessos de Março de 2007 a Janeiro
de 2008
Tabela 2: Contagem de Acessos. Fonte:http://marketshare.hitslink.com
Trabalhando um pouco os dados observamos as seguintes tendências:
Os produtos da Microsoft têm sofrido um ligeira queda.
Linux Outros
Março 93,40% 6,09% 0,40% 0,00% 0,11%
Abril 93,21% 6,24% 0,41% 0,00% 0,14%
Maio 92,94% 6,48% 0,43% 0,00% 0,15%
Junho 93,34% 6,03% 0,43% 0,00% 0,20%
Julho 93,28% 5,99% 0,46% 0,04% 0,23%
Agosto 93,06% 6,18% 0,47% 0,05% 0,24%
Setembro 92,47% 6,63% 0,49% 0,07% 0,34%
Outubro 92,49% 6,58% 0,50% 0,07% 0,36%
Novembro 92,42% 6,80% 0,57% 0,09% 0,12%
Dezembro 91,79% 7,31% 0,63% 0,12% 0,15%
Janeiro 91,46% 7,57% 0,67% 0,13% 0,17%
Variação -2,08% 24,30% 67,50% - 54,55%
Windows Mac iPhone
58
Gráfico 2: Contagem de Acessos. Fonte: http://
marketshare.hitslink.com
Enquanto a concorrência ganha participação.
Gráfico 3: Contagem de Acessos - Participações
menores. Fonte: http://marketshare.hitslink.com
Produzindo o seguinte cenário:
Março
Maio
Julho
Setembro
Novembro
Janeiro
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Windows Mac Linux
iPhone Outros
Março
Maio
Julho
Setembro
Novembro
Janeiro
0,00%
1,00%
2,00%
3,00%
4,00%
5,00%
6,00%
7,00%
8,00%
Mac Linux iPhone Outros
59
Gráfico 4: Contagem de Acessos - Participações
menores, Fonte: http://marketshare.hitslink.com
Na verdade o que ocorre é uma forte migração do Windows XP para o
Windows Vista. Vamos abrir os principais produtos da Microsoft:
Tabela 3: Contagem de Acessos - Microsoft Aberta. Fonte: http://marketshare.hitslink.com
-10,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
-2,08%
24,30%
67,50%
54,55%
Windows Mac Linux
iPhone Outros
WXP Wvista Mac W2000 Linux W98 Other
Março 83,72% 2,05% 6,09% 4,72% 0,40% 1,37% 1,65%
Abril 82,97% 3,03% 6,24% 4,44% 0,41% 1,27% 0,11%
Maio 82,25% 3,75% 6,48% 4,32% 0,43% 1,25% 0,12%
Junho 82,30% 4,54% 6,03% 4,01% 0,43% 1,14% 0,17%
Julho 81,75% 5,43% 5,99% 3,75% 0,46% 1,06% 0,19%
Agosto 80,84% 6,29% 6,18% 3,68% 0,47% 0,98% 0,20%
Setembro 79,66% 7,41% 6,63% 3,33% 0,49% 0,90% 0,31%
Outubro 79,41% 7,94% 6,58% 3,17% 0,50% 0,82% 0,33%
Novembro 78,37% 9,19% 6,80% 2,97% 0,57% 0,76% 0,09%
Dezembro 76,91% 10,48% 7,31% 2,66% 0,63% 0,70% 0,11%
Janeiro 75,07% 11,96% 7,57% 2,71% 0,67% 0,66% 0,13%
Variação -10,33% 483,41% 24,30% -42,58% 67,50% -51,82% -92,12%
60
Gráfico 5: Contagem de Acessos - Microsoft
Aberta. Fonte: http://marketshare.hitslink.com
Conclusões:
Apesar da pequena participação do mercado de estações de trabalho o Linux
avançou 67,5% no último ano frente a uma queda de 2% da plataforma Windows em
geral.
Custo de Mercado – Utilizando o COCOMO básico
9.859.958 Linhas de Código
3.123 Homens Ano
US$ 187.382,76 se usarmos uma referência de salário anual em US$
60.000,00.
6.3.APACHE
Trata-se do software que lida com todos os pedidos de arquivos armazenados
no servidor, localiza o conteúdo e o encaminha à máquina certa.
Ao acessar qualquer site, há um servidor por trás daquele endereço
responsável por disponibilizar as páginas e todos os demais recursos que você pode
acessar. Assim, quando você envia um e-mail através de um formulário, coloca uma
mensagem em um fórum de discussão, faz uma compra on-line, etc, um servidor
Web (ou um conjunto de servidores) é responsável por processar todas essas
informações.
Um servidor Web é um computador que processa solicitações HTTP (Hyper-
Text Transfer Protocol), o protocolo padrão da Web. Quando você usa um navegador
-200,00%
-100,00%
0,00%
100,00%
200,00%
300,00%
400,00%
500,00%
600,00%
-10,33%
483,41%
24,30%
-42,58%
67,50%
-51,82%
WXP Wvista Mac W2000
Linux W98 Other
61
de internet para acessar um site, este faz as solicitações devidas ao servidor Web do
site através de HTTP e então recebe o conteúdo correspondente. Executa-se o
HTTP, como outros protocolos, tais como o HTTPS (O HTTP combinado com a
camada de segurança SSL - Secure Socket Layer), o FTP (File Transfer Protocol),
entre outros.
História
A primeira versão do servidor WEB Apache foi criada por Robert McCool
quando este desenvolvia o HTTP para o NCSA (Centro Nacional para Aplicações em
Supercomputação). A saída dele do NCSA, em 1994 levou ao abandono do projeto,
mesmo existindo uma boa quantidade de correções e melhoria do código que
circulavam por e-mail.
Desta situação surgiu uma das explicações para o nome do projeto Apache.
Para ser utilizado como servidor HTTP, além do código fonte original, era necessário
aplicar um conjunto de correções (patches). Obtinha-se assim a patchy server ou
“um servidor remendado”. Da proximidade sonora chegou-se a Apache Server.
Vários outros desenvolvedores participavam, entre eles Brian Behlendorf, Roy
T. Fielding, Rob Hartill, David Robinson, Cliff Skolnick, Randy Terbush, Robert S.
Thau, Andrew Wilson, Eric Hagberg, Frank Peters e Nicolas Pioch.
A primeira versão oficial do Apache foi a 0.6.2, lançada em Abril de 1995,
neste período a NCSA retomava o desenvolvimento de seu servidor web, tendo como
participantes Brandon Long e Beth Frank que também se tornaram membros
especiais do grupo Apache, compartilhando idéias sobre seus projetos.
A IBM, quando decidiu descontinuar seu próprio projeto de servidor web e incorporar
o Apache à linha de produtos Websphere, foi a responsável pela mudança nas
estrutura de retaguarda do Apache. Como grande corporação, era imprescindível ter
garantias legais quanto a procedência e continuidade da tecnologia, e a empresa
acabou fornecendo auxílio legal para a incorporação da Apache software Foundation,
ASF. Curiosamente a IBM apresentou algo muito valioso, sob o ponto de vista da
comunidade, para que a parceria fosse firmada: patches que tornavam o Apache
mais rápido e estável na plataforma Windows.
Apache Foundation é organização de desenvolvimento de hardware livre mais
influente na atualidade. Ela tem hoje uma influência tão grande sobre a indústria de
informática, que conseguiu dobrar algumas das maiores empresas do setor, incluindo
a Sun e a Oracle, membros do Java Community Proccess, de modo a tornar
62
possíveis implementações abertas e certificadas dos padrões para a plataforma
Java.
Custo de Mercado - Utilizando o COCOMO básico
203.789 Linhas de Código
52 Homens Ano
US$ 3,098,921 se usarmos uma referência de salário anual em US$
60.000,00.
Market Share para os servidores HTTP mais utilizados de Agosto 1995 a-
Fevereiro 2008
Gráfico 6: Participação dos Servidores de HTTP
Fonte: Netcraft - http://news.netcraft.com/archives/web_server_survey.html
6.4.OPENOFFICE
Programas para escritório, ou suite de aplicativos de escritório, são todos os
aplicativos voltados para as tarefas de escritório. Enquadram-se nessa categoria
editores de texto, editores de planilhas, editores de apresentação, aplicativos de
agenda de compromissos, contatos, entre outros. Visam a dinamização das tarefas
do dia-a-dia de um escritório genérico. São reunidos com uma interface de usuário
consistente e intercompatibilidade entre os diferentes elementos.
63
História
O OpenOffice teve seu desenvolvimento inciado pela empresa alemã
StarDivision, fundada por Marco Börries em 1984 na cidade de Lüneburg, Alemanha.
Chamava-se à época de StarOffice.
Iniciaram com o desenvolvimento do StarWriter para uma máquina Z80,
passaram por várias plataformas, entre elas o CPM e o OS/2, até chegarem ao
Windows e o Unix. Com o pacote de aplicativos conhecido como StarOffice.
A empresa foi adquirida pela Sun Microsystems em 1999 por US$73.5
milhões. O objetivo era competir o Office da Microsoft e evitar o gasto com as
licenças da empresa concorrente, visto que nesta época a SUN tinha 42.000
empregados e muitos deles precisariam de duas licenças.
Inicialmente a SUN liberou o pacote gratuitamente para uso pessoal. Após isto
adotou um modelo parecido com o licenciamento do Mozilla pela Netscape e liberou
a maior parte do código subordinado à esta licença, fazendo nascer o projeto
OpenOffice.org. Atualmente a SUN faz uma cópia do projeto, incorpora seus
acréscimos proprietários e comercializa desta forma o StarOffice.
Recentemente, o OpenOffice obteve uma vitória quando conseguiu o
reconhecimento internacional com o padrão ISO-26300, Open document format for
office applications [ISO, 2006]. Desta forma, obteve uma forte vantagem sobre a
Microsoft no mercado público internacional.
Custo de Mercado - Utilizando o COCOMO básico
5.402.619 Linhas de Código
1619 Homens Ano
US$ 97,119,087 se usarmos uma referência de salário anual em US$
60.000,00.
6.5. ASTERISK
Um PABX, sigla em inglês para Private Automatic Branch Exchange, cuja
tradução seria Troca automática de ramais privados, é um centro de distribuição
telefônica pertencente à uma empresa que não inclua como sua atividade o
fornecimento de serviços telefônicos ao público em geral. Um PABX permite efetuar
64
ligações entre telefones internos sem intervenção manual, ou ainda telefonar e
receber telefonemas da rede externa, geralmente pública. Podem consistir de uma
plataforma de hardware ou somente software, este último que pode ser instalado no
computador para a interação com a telefonia via Internet.
História
Mark Spencer resolveu montar uma empresa de suporte técnico para Linux em
1999. Como toda empresa em seu início, sua verba era limitada e insuficiente para
comprar uma ferramenta crucial à sua operação: um sistema de PABX. Assim ele
desenvolveu o Asterisk em código aberto com o objetivo inicial de apenas usá-lo. Em
2001, a empresa tomou a decisão de direcionar seus esforços para o
desenvolvimento e suporte ao Asterisk.
O Asterisk é um plataforma aberta de convergência de comunicação. Foi
projetado para comportar diferentes tipos de equipamentos de telefonia IP,
conectando middleware e software de forma consistente, a melhor definição seria de
PABX IP.
Desta forma ele é capaz de integrar diversas tecnologias de comunicação
como linhas e telefones normais, vários protocolos de comunicação IP, caixa de
correio com a caixa de mensagens telefônicas, Instant Messenger, URA, áudio
conferência e até FAX.
Seu desenvolvimento tem invadido agressivamente o fechado e caro mercado
de equipamentos de telefonia trazendo mais esta área para a batalha campal da
“comoditização”.
Custo de Mercado - Utilizando o COCOMO básico
605.973 Linhas de Código
167 Homens Ano
US$ 10,013,249 se usarmos uma referência de salário anual em US$
60.000,00.
Tabela 4: Comparativo dos Projetos
Projeto Linhas de Código Homens Ano Valor (US$)
Linux 9.859.958 3.123 18.382,76
Apache 203.789 52 3.098.921,00
Open Office 5.402.619 1.619 97.119.087,00
Asterisk 605.973 167 10.013.249,00
65
7. O DESENVOLVIMENTO DO LINUX
“If you want to accomplish something in the world, idealism is not enough - you need to choose a
method that works to achieve the goal.”
Richard Stallman
Quando nos referimos aqui ao Linux, na verdade estamos lidando com o
Kernel. Um distribuição moderna pode vir num DVD e desta forma trazer milhares de
pacotes, os módulos de instalação de softwares, mas o Linux mesmo trata-se apenas
do kernel, normalmente contido em apenas um pacote.
Por sua natureza a observação do desenvolvimento do Kernel traz algumas
possibilidades de acompanhar uma grande comunidade de desenvolvimento tanto no
quesito de número de participantes quanto na velocidade de desenvolvimento
7.1.MODELO DE DESENVOLVIMENTO
Com a série 2.6.x, o kernel Linux se moveu para um modelo de lançamento
relativamente estrito, baseado no tempo. No “2005 Kernel Developer Summit”, em
Ottawa, Canadá, foi decidido que as versões do kernel sairiam em intervalos de 2-3
meses, com cada lançamento sendo um “grande” lançamento, no qual são incluídos
novos recursos e mudanças internas nas API´s.
O ciclo rápido de lançamentos foi escolhido como uma forma de trazer novos
recursos aos usuários de uma forma estável com o mínimo de atraso possível. Como
resultado, o novo código - recursos, drivers de dispositivos, etc. - é disponível em um
kernel estável com poucos meses de sua conclusão, minimizando ou eliminando a
necessidade dos distribuidores de criar patches para as versões estáveis. Então, os
kernels lançados por distribuidores contém muito poucas modificações específicas da
distribuição, rendendo alta estabilidade e poucas diferenças entre distribuições.
66
Figura 1: Desenvolvimento do Linux
Fonte: Linux.org
No diagrama mostrado na Figura 1 é explicado o lançamento das versões do
kernel. Cada versão 2.6.x é uma versão estável, a qual é liberada quando a lista de
grande bugs se torna tão pequena quanto possível. Para problemas que aparecem
após um lançamento de kernel, a seção “-stable”, na cor verde, funciona como uma
forma de rapidamente trazer as correções para a comunidade.
A equipe do kernel lançou a versão 2.6.19 como uma versão estável. Então, os
desenvolvedores começaram a trabalhar em novos recursos e a lançar versões
release candidate como kernels em desenvolvimento para que as pessoas
ajudassem a testar e depurar as mudanças. Após todos terem concordado que a
versão em desenvolvimento estava suficientemente estável, ela foi lançada como o
kernel 2.6.20.
67
Enquanto o desenvolvimento de novos recursos foi acontecendo, a 2.6.19.1,
2.6.19.2 e outras versões estáveis do kernel foram lançadas, contendo correções de
bugs e atualizações de segurança.
Esse material foca exclusivamente nas principais versões 2.6.x, excluindo as
atualizações estáveis. Essas atualizações são pequenas e, de qualquer forma, o
design do processo de desenvolvimento requer que as correções aceitas para o
-stable sejam também aceitas na próxima grande atualização.
7.2.FREQÜÊNCIA DE LANÇAMENTO
Quando os desenvolvedores do kernel decidiram por seu novo ciclo de
desenvolvimento, isso significou que um novo kernel, a partir de então, seria lançado
a cada 2-3 meses, no intuito de evitar que muitos novos desenvolvimentos sejam
apoiados de uma única vez. O atual número de dias entre os lançamentos pode ser
visto na Tabela abaixo.
Constata-se que eles estavam muito corretos, com a média sendo de 2,7
meses entre os lançamentos.
Tabela 5: Freqüência de lançamento do kernel
Versão do Kernel Data de Lançamento Dias de Desenvolvimento
2.6.11 2005-03-02 69
2.6.12 2005-05-17 76
2.6.13 2005-08-28 103
2.6.14 2005-10-27 60
2.6.15 2006-01-02 67
2.6.16 2006-03-19 76
2.6.17 2006-06-17 90
2.6.18 2006-09-19 94
2.6.19 2006-11-29 71
2.6.20 2007-02-14 77
2.6.21 2007-04-21 66
2.6.22 2007-07-08 78
2.6.23 2007-10-09 93
2.6.24 2008-01-24 107
68
7.3.VELOCIDADE DAS ALTERAÇÕES
Enquanto preparam o trabalho para submeterem ao kernel do Linux, os
desenvolvedores dividem suas alterações em pequenas unidades individuais, os
chamados patches. Esses patches normalmente fazem somente uma alteração no
código fonte; eles são construídos uns em cima dos outros, modificando o código
fonte por troca, adição ou remoção de linhas de código. Cada patch deve, quando
aplicado, gerar um kernel que ainda construa e funcione corretamente.
Gráfico 7: Alterações por versão do kernel
A disciplina força os desenvolvedores do kernel a dividir suas mudanças em
pequenas porções lógicas; como resultado, cada mudança pode ser revista
ampliando sua qualidade e exatidão. Outro resultado é que o número de mudanças
individuais que vão em cada versão do kernel é muito grande, como pode ser visto
no Gráfico 7.
69
Gráfico 8: Alterações por hora por versão do kernel
Trazendo o cálculo da quantia de tempo necessária para cada versão do
kernel, podemos chegar no número de alterações aceitas no kernel por hora. Os
resultados podem ser vistos no Gráfico 8.
Então, da versão 2.6.11 a 2.6.24 do kernel (um total de 1140 dias), temos, na
média, 2,83 patches aplicados na árvore do kernel por hora. E esses são somente os
patches que foram aceitos. A habilidade de manter essa taxa de alterações por anos
não encontra precedentes em qualquer outro projeto público de software.
7.4.TAMANHO DO FONTE DO KERNEL
O kernel do Linux mantém-se crescendo em tamanho ao longo do tempo a
medida que mais hardware é suportado e novos recursos são adicionados. Para os
números a seguir, nós contabilizamos tudo lançado no pacote fonte do Linux como
“código fonte”, mesmo uma pequena porcentagem do total sendo os scripts utilizados
para configurar e construir o kernel, assim com uma pequena quantia sendo
documentação. Esses arquivos também são parte de um grande trabalho e, assim,
merecem ser contabilizados.
70
A informação no Gráfico 9 mostra o número de arquivos e linhas em cada
versão do kernel.
Gráfico 9: Tamanho por versão do kernel
Além desses lançamentos, a equipe do kernel tem uma taxa de crescimento
constante de 10% ao ano - um número muito impressionante dado o tamanho da
árvore de código. Mas o kernel não está crescendo. Com cada alteração que é
feita na árvore fonte do kernel, linhas são adicionadas, modificadas e deletadas de
forma a acompanhar as mudanças necessárias. Olhar para esses números, divididos
por dias, mostra quão rapidamente a árvore fonte do kernel es sendo trabalhada ao
longo do tempo. Isso pode ser visto no Gráfico 10.
71
Gráfico 10: Taxa de alteração por versão do kernel
Somando esses números chegamos a impressionantes 3.621 linhas
adicionadas, 1.550 linhas removidas e 1.425 linhas alteradas todos os dias dois
anos e meio. Essa velocidade de alteração é maior que a de qualquer outro projeto
público de software, de qualquer tamanho.
7.5.QUEM ESTÁ FAZENDO O TRABALHO
O número de diferentes desenvolvedores que estão fazendo o
desenvolvimento do kernel do Linux e o de empresas identificadas que estão
financiando tem crescido sobre as diferentes versões do kernel, como pode ser visto
na tabela abaixo.
72
De fato, a comunidade de desenvolvimento individual dobrou nos últimos três
anos.
Apesar do grande número de desenvolvedores independentes, ainda um
número relativamente pequeno dos quais estão fazendo a maioria do trabalho. Nos
últimos três anos, os 10 maiores desenvolvedores independentes contribuíram com
quase 15% do número de mudanças e os 30 maiores desenvolvedores contribuíram
com 30%. A lista dos desenvolvedores independentes, o número de mudanças que
eles contribuíram e a porcentagem geral total pode ser vista na Tabela abaixo.
Tabela 6: Número de desenvolvedores independentes e empregadores
Versão do Kernel # de Desenvolvedores # de Empresas Conhecidas
2.6.11 483 71
2.6.12 702 90
2.6.13 640 91
2.6.14 628 89
2.6.15 680 96
2.6.16 778 100
2.6.17 787 106
2.6.18 899 121
2.6.19 880 126
2.6.20 728 130
2.6.21 836 132
2.6.22 958 176
2.6.23 992 178
2.6.24 1.038 168
Total 3.678 271
73
7.6.QUEM ESTÁ FINANCIANDO O TRABALHO
O kernel do Linux é um recurso utilizado por uma vasta variedade de
empresas. Muitas delas nunca participaram do desenvolvimento do kernel; elas estão
satisfeitas com o software como está e não sentem a necessidade de ajudar a trilhar
seu desenvolvimento em nenhuma direção em particular. Mas, como pode ser visto
na Tabela 4, um crescente número de empresas estão trabalhando voltadas para o
aprimoramento do kernel.
Tabela 7: Colaboradores independentes do kernel
Nome # de Mudanças % de Mudanças
Al Viro 1.571 1,9%
David S. Miller 1.520 1,8%
Adrian Bunk 1.441 1,7%
Ralf Baechle 1.346 1,6%
Andrew Morton 1.222 1,5%
Andi Kleen 993 1,2%
Takashi Iwai 963 1,2%
Tejun Heo 938 1,1%
Rusel King 926 1,1%
Stephen Hemminger 920 1,1%
Thomas Gleixner 754 0,9%
Patrick McHardy 740 0,9%
Ingo Molnar 735 0,9%
Trond Myklebust 664 0,8%
Neil Brownell 646 0,8%
Randy Dunlap 645 0,8%
Jean Delvare 617 0,7%
Jeff Garzik 615 0,7%
Christoph Hellwig 615 0,7%
David Brownell 588 0,7%
Paul Mundt 581 0,7%
Alan Cox 571 0,7%
Jeff Dike 558 0,7%
Herbert Xu 538 0,6%
David Woodhouse 503 0,6%
Greg Kroah-Hartman 496 0,6%
Linus Torvalds 495 0,6%
Dmitry Torokhov 494 0,6%
Alan Stern 478 0,6%
Ben Dooks 477 0,6%
74
A seguir veremos com mais atenção as empresas que estão empregando
desenvolvedores do kernel. Para cada desenvolvedor, a filiação corporativa é obtida
através de um ou mais dos seguintes: (1) o uso de endereços de email da empresa,
(2) informações do patrocinador inclusas no código que ele submeter, ou (3)
simplesmente perguntando aos desenvolvedores diretamente. Os números
apresentados são necessariamente aproximados; desenvolvedores ocasionalmente
mudam de empresas, além do que eles podem fazer trabalho pessoal fora do
escritório. Mas eles serão precisos o suficiente para gerar várias conclusões.
Existe uma série de desenvolvedores para quem não podemos determinar
uma filiação corporativa; eles estão agrupados sobre o “Desconhecido” na Tabela
acima. Com poucas exceções, todas as pessoas nessa categoria contribuíram com
Tabela 8: Empresas trabalhando voltadas para o aprimoramento
do kernel
Nome da Empresa # de Mudanças % de Mudanças
Nenhum 11.594 13,9%
Desconhecido 10.803 12,9%
Red Hat 9.351 11,2%
Novell 7.385 8,9%
IBM 6.952 8,3%
Intel 3.388 4,1%
Linux Foundation 2.160 2,6%
Consultant 2.055 2,5%
SGI 1.649 2,0%
MIPS Technologies 1.341 1,6%
Oracle 1.122 1,3%
MontaVista 1.010 1,2%
Google 965 1,2%
Linutronix 817 1,0%
HP 765 0,9%
NetApp 764 0,9%
Swsoft 762 0,9%
Renesas Tecnology 759 0,9%
Freescale 730 0,9%
Astaro 715 0,9%
Academia 656 0,8%
Cisco 442 0,5%
Simtec 437 0,5%
Linux Network 434 0,5%
Qlogic 398 0,5%
Fujitsu 389 0,5%
Broadcom 385 0,5%
Analog Device 358 0,4%
Mandriva 329 0,4%
Mellanox 294 0,4%
Snapgear 285 0,3%
75
10 ou menos alterações no kernel durante os últimos três anos, ainda que o grande
número desses desenvolvedores ocasionem numa contribuição total bastante
elevada.
A categoria “Nenhum”, ao contrário, representa os desenvolvedores que são
conhecidos por fazerem o trabalho por si próprio, sem contribuição financeira
proveniente de nenhuma empresa.
Os 10 maiores colaboradores, incluindo os grupos “Desconhecido” e
“Nenhum”, somam mais de 75% do total de colaborações para o kernel. Vale notar
que, mesmo se assumirmos que todos os colaboradores “Desconhecido” estão
trabalhando em seu próprio tempo, mais de 70% de todo o desenvolvimento do
kernel é comprovadamente feito por desenvolvedores que estão sendo pagos pelo
seu trabalho.
O que nós vemos aqui é que um pequeno número de empresas é responsável
por uma larga porção do total de alterações do kernel. Mas há uma longa lista de
empresas que fizeram alterações significativas. o existem outros exemplos, de
uma base de código tão vasta e compartilhada por atores independentes, quanto a
do kernel do Linux.
76
8. PESQUISA
"We are moving aggressively into open source. We're embracing it, we're not going to fight this
trend. We think if we're clever we can make it work to our advantage."
Oracle CEO Larry Ellison
Neste trabalho foram tratadas diversas questões sobre o desenvolvimento de
software livre. Visando aprofundar a compreensão da utilização desses softwares no
mercado brasileiro, especificamente no Rio de Janeiro, realizou-se uma pesquisa de
campo. Assim, a mesma objetivava avaliar a aceitação, o perfil de seus utilizadores e
percepção do sucesso desses softwares em pequenas e médias empresas.
8.1.METODOLOGIA
Trabalhamos com um formulário, constante do anexo A deste trabalho,
consultando às empresas sobre a participação atual do software livre, a participação
planejada e a percepção de valor do Código Aberto na mesma.
Inicialmente, foram definidas duas formas de coleta. Na primeira, as empresas
receberam o formulário de pesquisa com as instruções para preenchimento. Na
segunda forma, a empresa recebia uma visita, onde era apresentado o trabalho e as
instruções eram passadas pessoalmente.
8.2.DELINEAMENTO DA PESQUISA
Listamos alguns objetivos:
Identificar o uso atual de código aberto
Identificar a tendência de uso
Identificar as motivações de adoção
Identificar o nível de envolvimento
77
8.3.COLETA DE DADOS
Os formulários foram entregues para empresas, para a figura do diretor de
Tecnologia da Informação (TI) ou responsável equivalente.
Pessoalmente foram distribuídos mais de 50 formulários e feitas 40 entrevistas
de apresentação. Nesta entrega o foram apresentadas as empresas o objetivo deste
trabalho e alguns termos foram esclarecidos.
Pela internet entramos em contato com 50 pessoas e obtivemos 38 respostas.
As instruções para preeencimento foram enviadas junto com o formulário.
Apesar de termos obtido uma boa massa de dados apenas pela Internet,
observou-se que a resposta pela Internet mostrou falhas de coerência. Desta forma,
após a coleta, optamos por ficar apenas com as informações dos relatórios
entregues pessoalmente. Análisando os formulários respondidos pessoalmente,
identificou-se que a interação pessoal e apresentação do objetivo do trabalho foram
mais eficazes para o recebimento de respostas congruentes.
8.4.ANÁLISE DE DADOS
Questão1
Você identifica na tua empresa algum envolvimento com tecnologias de
Código Aberto?
Gráfico 11: Envolvimento
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Envolvimento com Código Aberto
Sim
o
78
Questão 2
Quais produtos/projetos a sua empresa utiliza?
Gráfico 12: Produtos Usados
Questão 3
Quem apresentou o projeto dentro da empresa?
Gráfico 13: Origem da Iniciativa de Adoção
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Produtos de Código Aberto Usados
Open
Office
Linux
Apache
Moz illa
Outros
0
2
4
6
8
10
12
Iniciativa de Adoção
Presidênci
a
Diretoria
Adm
TI
Outros
79
Questão 4
O que motiva a adoção do Código Aberto na tua empresa?
Gráfico 14: Motivação para a Mudança
Questão 5
Como foi o esforço de treinamento/motivação para a mudança?
Gráfico 15: Treinamento e Motivação
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Motivação
Liberdade
Custos
Tecnologia
Outros
0
2
4
6
8
10
12
14
Treinamento/Motivação
Intenso
Adequado
Ruim
Inexistente
80
Questão 6
Qual o impacto que teve sobre o atendimento interno?
Gráfico 16: Impacto do Projeto de SL
Questão 7
Como foram os ganhos?
Gráfico 17: Ganhos com o Software Livre
0
2
4
6
8
10
12
Ganhos
Negativos
Pequenos
Bons
Ótimos
0
2
4
6
8
10
12
Impacto
Grande
Médio
Baixo
Nulo
81
Questão 8
Qual o planejamento para o futuro?
Gráfico 18: Futuro do Software Livre na Empresa
8.5.Análise de resultados
O crescimento do uso de Software Livre nas empresas é uma tendência que
vem sendo acompanhada desde a última década do século XX. A monitação desta
tendência encontra dificuldades da ordem prática, pois muitas vezes o uso do
Software Livre não é do conhecimento da média e alta gerência das empresas. Como
não existe a questão financeira de licenciamento, a avaliação pelos processos de
compra não alimenta os controles de software.
A dificuldade das empresas em monitorarem precisamente a adoção do
Software Livre no seu ambiente de trabalho impacta diretamente nas respostas das
duas primeiras questões do formulário, sintetizadas nos Gráficos 11 e 12. Este
aspecto também explica a alta concentração de uso do software livre apenas nos
principais projetos existentes, descritas no Gráfico 12. indícios que a distribuição
dessa utilização por diversos outros softwares, seja muito maior. Como inventariar o
uso é complicado, ficamos limitados a fragilidade das respostas das duas primeiras
questões.
Conforme Gráfico 13 é interessante notar que as diretorias das empresas,
destacaram-se como o nível que mais contribuiu para o início de projetos de adoção
do software livre. Conversas periféricas indicaram que neste nível percebe-se melhor
0
2
4
6
8
10
12
Futuro
Recuar
Manter
Avançar
82
os ganhos da mudança sem as ameças técnicas advindas dela. Situação diferente é
encontrada nas gerências dias, onde em alguns momentos a percepção de risco
tem levado a escolhas mais conservadoras.
Desde o início o Software Livre adotou um forte discurso libertário. A
abordagem ideológica é constantemente exaltada como a força principal do
movimento, que pode ser observado no Gráfico 14. Na empresas o critério, que o
poderia ser diferente, é econômico. Nota-se também que a percepção de
superioridade técnica apresenta-se como segundo motivo de adoção. Existem alguns
critério técnicos, a segurança é um deles, onde a sensação de superioridade das
soluções abertas sobre o software proprietário, faz-se presente.
Na adoção de software livre, existem dois grandes atributos para seu sucesso:
a motivacão e a capacitação dos empregados. Pode-se observar no Gráfico 15 que
esses atributos foram negligenciados pela maioria das empresas. Isso acontece
geralmente por questões de economia e de mal planejamento da implantação.
A falta de treinamento impacta diretamente no aumento de chamados técnicos
ao suporte, para a solução de pequenos problemas, conforme demonstrado no
Gráfico 16. Estima-se que grande parte desses chamados poderiam não ocorrer caso
a capacitação dos usuários fosse realizada. .
A questão da avaliação dos ganhos enfrenta a clássica separação entre
cliente e usuário. Cliente é quem paga, usuário é quem usa. Desta forma
dependendo de para quem a pergunta é feita dentro da empresa as respostas
poderão ser opostas. Numa mudança para o Código Aberto, os ganho financeiros
ficam longe dos usuários, que por causa das mudanças percebem apenas o custo da
troca. Mal treinados, o impacto da mudança diminui a produtividade e eleva a
insatisfação dos usuários. Conforme visto no parágrafo anterior, o “custo” do suporte
técnico também aumenta. Como a maioria dos empregados são usuários, em vista
dos problemas da mudança, a sensação de que os ganhos foram pequenos
desponta na pesquisa conforme Gráfico 17.
Finalizamos observando que mais da metade das empresas pesquisadas tem
planos de progredir na adoção do Software Livre em seus negócios, demonstrado no
Gráfico 18. Embora, o gráfico aponte que metade das empresas não pretende
avançar, de acordo com essas empresas, a estagnação deve-se tão somente ao
período de avaliação do impacto da adoção.
83
9. CONCLUSÕES
O presente trabalho fez um estudo sobre diversos aspectos do
desenvolvimento em código aberto e sobre sua adoção em uma parte do mercado
brasileiro, mais especificamente em empresas de pequeno e médio porte no Rio de
Janeiro.
O modelo de desenvolvimento de código aberto sofre, por suas peculiares
características, da ausência de semelhanças com as principais formas de se avaliar
os mercados de softwares atualmente. No Software Livre, a distribuição não é
centralizada e os licenciamentos permitem a redistribuição. Desta forma, torna-se
inviável a obtenção de referência sólidas sobre o número de instalações e usuários.
Como o foco do desenvolvimento de Software Livre encontra-se nas atividades
de serviço e não na venda dos produtos, qualquer tentativa de comparação dos
números entre os dois tipos de software é pouco representativa da realidade.
Identificou-se então, que as atuais ferramentas para avaliação da disseminação de
softwares proprietários não são adequadas para a mesma avaliação em software de
Código Aberto. Assim, buscou-se dados de adoção de Software Livre em métodos
indiretos, como as estatíticas da empresa Net Applications [NETAPLLICATIONS,
2008], explicado no Apêndice B.
Durante a execução deste trabalho, consegui-se abrir oportunidades de
conversas em vários segmentos da sociedade. Empresários, pequenos e grandes,
gerentes, profissionais de TI e estudantes fizeram muitas contribuições, apesar de
não ser possível a identificação individualizada aqui.
Baseado em idéias que privilegiam o coletivo e a liberdade individual, existe
um movimento hoje que desafia a nossa capacidade de produzir números precisos.
Buscando em sites de projetos não é difícil atingir números como 100.000 projetos
abertos e mais de 10 vezes isto como o número de desenvolvedores. Toda esta
estrutura atraiu uma massa considerável de empresas, que reformando sua
proposta de trabalho, consegue reduzir mais uma vez os custos e pavimentar o
discurso de liberdade. Discurso este que não conseguiria conceber como as
engrenagens da economia poderiam fazer tais idéias progredirem.
Como observado na pesquisa do Capítulo 8, o principal ponto que define aa
adoção do software livre não é a ideologia, mas suas funcionalidades. A liberdade
ficou relegada ao segundo plano e a questão financeira colocou-se como
84
fundamental para os grupos que menos conseguem entender sobre os diversos
componentes de custos de uma solução de TI. Devido a falhas nos planejamentos de
adoção do software livre, os ganhos ainda não são tão evidentes. Entretanto, nas
pequenas e médias empresas do Rio de Janeiro, a adoção do software livre tende a
continuar crescendo.
Indiferente às avaliações sobre o mercado de trabalho para bens materiais e a
auto-justificativa de defesa da liberdade individual da área de software livre, o
compartilhamento de informações segue afetando outras áreas da sociedade,
influenciando a guerra, a cultura e a tecnologia.
9.1. TRABALHOS FUTUROS
Este trabalho permite várias e diferentes direções de estudo. Entre elas:
1. O desenvolvimento de software Livre nacional Pode-se abordar como
o software Livre se desenvolve em terras brasileiras. Pode-se buscar a
participação de produtos, empresas e desenvolvedores para se obter
informações sobre sua dinâmica local.
1. Foco nos desenvolvedores Coletar e analisar as motivações,
histórias trajetórias de uma grupo de desenvolvedores. Seria
fonte de informações para as políticas privadas de recrutamento
na área.
2. Foco nas empresas Avaliar como as empresas se envolvem,
como sobrevivem e prosperam nesta ramo, pode servir para
subsidiar políticas públicas de desenvolvimento.
2. Políticas Públicas Por todo o mundo, inclusive no Brasil, a software
Livre tem sensibilizado as autoridades e entrado nas definições de
políticas públicas.
1. Comparativo entre várias nações O Brasil tem um política de
Sofware livre que é citada mundialmente, mas como isto se
compara a de outros países? Existem 3 grandes possibilidades
de comparação
1. Países Sulamericamos
2. Países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE)
3. Países do Brasil, Russia, India e China (BRIC)
85
2. Distância entre proposta e executado pelo governo Apesar de
possuirmos uma política vigorosa, muito bem estrutura do
e-PING, existe naturalmente uma distância entre as definições e
suas implementações. Estudar como elas se desenvolvem e se
instalam pode ser de extrema utilidade para a correção de rumo
das iniciativas atuais.
86
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originalmente derivado da distribuição "Release Berkeley Net / 2". Muitas
novas e inovadoras características foram adicionadas ao 386BSD desde o seu
lançamento original em junho de 1992.
BRIC É um acrônimo criado em novembro de 2001 pelo economista Jim O´Neill, do
grupo Goldman Sachs, criou o termo para designar os 4 (quatro) principais
países emergentes do mundo, a saber: Brasil, Russia, India e China no relatório
"Building Better Global Economic Brics". Usando as últimas projeções
demográficas e modelos de acumulação de capital e crescimento de
produtividade, o grupo Goldman Sachs mapeou as economias dos países
BRICs a 2050. Especula-se que esses países poderão se tornar a maior força
na economia mundial.
Comoditização Dificuldade cada vez maior que um produto tem para se diferenciar de
outro,tanto do ponto de vista técnico quanto do ponto de vista de utilidade. Os
produtos estão cada vez mais parecidos, similares, e a profusão de marcas e
fabricantes acaba comprimindo as margens de lucro. De fato, pouca ou
nenhuma diferença entre, por exemplo, uma dezena de marcas de massa de
tomate, creme dental e mesmo carros de um mesmo segmento.
CP/M Acrônimo para Control Program/Microcomputer ou "Programa de Controle
para Microcomputadores") é um sistema operacional em disco desenhado para
os processadores Intel 8080, Intel 8085 e Zilog Z80. Foi desenvolvido por
Gary Kildall da Digital Research, Inc e utilizado amplamente nos
microcomputadores CPC, Commodore 128, TRS-80 e BBC Micro
DRAGON
FLY
É um sistema operacional livre do tipo Unix, o qual originou-se de um fork do
FreeBSD 4.8.
E-PING Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico define um conjunto
mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que regulamentam a
utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) no governo
federal, estabelecendo as condições de interação com os demais Poderes e
esferas de governo e com a sociedade em geral.
http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-ping-padroes-de-
interoperabilidade
FORK Em engenharia de software, um fork acontece quando um desenvolvedor ,ou
um grupo de desenvolvedores, inicia um projeto independente com base no
código de um projeto existente, ou seja, quando um software é desenvolvido
com base em outro, já existente, sem a descontinuidade deste último.
O termo é particularmente usado no software livre ou de código aberto, quando
uma divisão ocorre por causa de diferentes objetivos. Alguns vêem os forks
como uma fraqueza no software livre, mas outros acreditam que eles
demonstram a adaptabilidade do modelo. A relação entre os times pode ser
cordial ou muito dura. Com o fork ambos os lados herdam propriedade
intelectual idêntica, mas tipicamente apenas o maior grupo, ou aquele que
contém o arquiteto original, irá manter o nome original e o seu capital social
associado. Então, existe uma penalidade na reputação associada com o fork.
FREEBSD Um sistema operacional livre baseado no BSD 4.4-lite da Universidade da
Califórnia em Berkeley. Compatibilidade binária com muitos programas
construídos para a SCO, BSDI, NetBSD, 386BSD, e Linux. O aplicativos do
FreeBSD são compatíveis, ao nível de código fonte, com alguns dos sistemas
Unix comerciais mais populares.
91
FSF Fundação para o software Livre é uma organização sem fins lucrativos,
fundada em 1985 por Richard Stallman e que se dedica à eliminação de
restrições sobre a cópia, redistribuição, entendimento e modificação de
programas de computadores bandeiras do movimento do software livre, em
essência. Faz isso promovendo o desenvolvimento e o uso de software livre em
todas as áreas da computação mas, particularmente, ajudando a desenvolver o
sistema operacional GNU e suas ferramentas.
FTP Significa File Transfer Protocol (Protocolo de Transferência de Arquivos), e é
uma forma bastante rápida e versátil de transferir arquivos (também
conhecidos como ficheiros), sendo uma das mais usadas na internet.
HTTP Acrônimo para Hypertext Transfer Protocol, que significa Protocolo de
Transferência de Hipertexto) é um protocolo de comunicação (na camada de
aplicação segundo o Modelo OSI) utilizado para transferir dados por intranets e
pela World Wide Web.
HTTPS Acrônimo para HyperText Transfer Protocol Secure), é uma implementação do
protocolo HTTP sobre uma camada SSL ou do TLS. Essa camada adicional
permite que os dados sejam transmitidos através de uma conexão criptografada
e que se verifique a autenticidade do servidor e do cliente através de
certificados digitais.
Kernel Núcleo ou cerne de um sistema operacional. Representa a camada de software
mais próxima do hardware, sendo responsável por gerenciar os recursos do
sistema computacional como um todo.
MINIX É um sistema baseado em Unix, livre e de código aberto, liberado sob a licença
BSD. Andrew S. Tanenbaum escreveu o sistema operacional a ser utilizado
para fins educativos. MINIX também inspirou a criação do kernel do Linux. O
seu nome deriva da expressão mínimo e Unix.
MS BOB O Microsoft Bob foi uma interface gráfica alternativa criada pela Microsoft
que falhou por completo, foi considerado pela crítica como o seu maior
fracasso.
Este programa surgiu em 1995 para substituir o ambiente de trabalho do
Windows 3.1 e Windows 95, com o objectivo de criar um interface mais
apelativo para os utilizadores pouco experientes.Tinha a originalidade de ser
desenhado usando imagens vetoriais. Todos os objetos eram representados e
podiam ser alterados no seu tamanho.
MS-DOS É um sistema operacional que foi baseados no CP/M (Control Program / (for)
Microcomputers — Programa de Controle para Microcomputadores), que era o
sistema operacional de disco dominante entre os microcomputadores baseados
nos processadores de 8 bits Intel 8080 e Zilog Z80.
O DOS possui nativamente uma interface de linha de comandos através do seu
interpretador de comandos, command.com, porém não existe apenas uma
versão do DOS. A mais conhecida e popular é o MS-DOS, da Microsoft (por
isso, as iniciais MS).
MULTICS Multiplexed Information and Computing Service, era um conceito avançado
para a época de sua criação em 1964. Foi o primeiro sistema operacional de
tempo compartilhado(CTSS - Compatible Time-Sharing System). A última
instalação operacional do Multics foi desligada apenas em 31 de outubro do
ano de 2000.
Originalmente foi o resultado do projeto MAC cooperativo liderado pelo
MIT(com Fernando Corbató), junto da divisão de produtos para grandes
computadores da companhia General Electric e dos Laboratórios Bell de
telefonia. Os laboratórios Bell abandonaram o projeto em 1969, e em 1970 a
empresa GE, incluindo o Multics, foram comprados pela Honeywell.
92
NCSA Acrônimo de National Center for Supercomputing Applications, que significa
Centro Nacional de Aplicações de Supercomputação, em inglês. É um
organismo dos Estados Unidos da América relacionado com a investigação no
campo da informática e telecomunicações
NETBSD É um sistema operacional de código aberto que busca ser seguro e portável
para diversas plataformas. Pode ser instalado, por exemplo, em servidores 64-
bit ou em sistemas desktop.
OCDE A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, ou
OECD em inglês) é uma organização internacional dos países comprometidos
com os príncipios da democracia representativa e da economia de livre
mercado. A sede da organização fica em Paris, na França.
OPENBSD É um sistema operacional livre da família UNIX, multiplataforma. Seu time de
desenvolvedores enfatiza a portabilidade, padronização, correção e segurança.
OSDL Sigla em inglês de Open Source Development Lab é uma instituição destinada
à criação de tecnologias de código aberto
OS/2 É um sistema operacional da IBM. A sigla significa "Operating System/2". O
sistema foi concebido para a linha de computadores PS/2 sendo mais tarde
adaptado a PCs comuns. Competiu com o Windows nos anos 90 no segmento
Desktop mas foi descontinuado pela IBM para o usuário final. Ele ainda é
vendido como pacote de soluções para grandes empresas para rodar no servidor
AS/306, permanecendo restrito ao meio corporativo.
PBX Sigla em inglês de Private Branch Exchange ou ainda PABX para Private
Automatic Branch Exchange, cuja tradução seria Troca automática de ramais
privados, é um centro de distribuição telefônica pertencente à uma empresa
que não inclua como sua atividade o fornecimento de serviços telefônicos ao
público em geral.
PBX-IP Apresenta a possibilidade de integração com a rede de telefonia tradicional,
tornando um microcomputador um PBX de baixo custo com todos os recursos
atualmente disponíveis apenas em PBX de última geração.
SSL Secure Sockets Layer SSL é um protocolo criptográfico que provê
comunicação segura na Internet para serviços como email, navegação por
páginas (HTTP) e outros tipos de transferência de dados.
UNIX Sistema operacional, multitarefa e multiusuário, originalmente criado por Ken
Thompson, que também desenvolveu a linguagem C. À época da criação do
UNIX, trabalhava nos Laboratórios Bell.
URA Abreviatura de Unidade de Resposta Audível. Trate-se de um aparelho
utilizado por empresas de call center (atendimento) para que possam ser
digitadas opções no atendimento eletrônico.
Z80 O Zilog Z80 é um microprocessador de 8 bits projetado e vendido pela Zilog a
partir de julho de 1976. Foi amplamente usado, tanto em microcomputadores
desktop quanto em sistemas embarcados, bem como para fins militares. O Z80,
seus derivados e clones constituem uma das famílias de UCPs mais usadas em
todos os tempos e, juntamente com a família MOS Technology 6502 dominou
o mercado de microcomputadores de 8 bits de fins da década de 1970 a
meados dos anos 1980.
Websphere IBM WebSphere é uma família de produtos e ofertas construídas sobre padrões
abertos. Oferece amplo suporte ao B2B (business to business) e B2C (business
to consumer), em aplicações Web, Intranets e Extranets.
93
Welfare State Estado de bem-estar Social ou Estado-providência é um tipo de organização
política e econômica que coloca o Estado (nação) como agente da promoção
(protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o
Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e
econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis
diferentes, de acordo com a nação em questão. Cabe ao Estado do bem-estar
social garantir serviços públicos e proteção à população.
94
APÊNDICE A – LICENÇAS DE SOFTWARE LIVRE
Este apêndice contém vários exemplos de licenças empregadas na publicação
de software livre. Sempre que possível, o texto contém a versão em Português da
respectiva licença.
Os textos das Seções A.1 e A.2 são versões das páginas disponíveis em
www.fsf.org e foram editadas para remover material que não pertence às licenças
propriamente ditas.
A.1 O PROJETO GNU E A FUNDAÇÃO PARA O SOFTWARE LIVRE
Nós mantemos esta definição do software Livre para mostrar claramente o que
deve ser verdadeiro à respeito de um dado programa de software para que ele seja
considerado software livre.
"software Livre" é uma questão de liberdade, não de preço. Para entender o
conceito, você deve pensar em "liberdade de expressão", não em "cerveja grátis".
software livre se refere à liberdade dos usuários executarem, copiarem,
distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Mais
precisamente, ele se refere a quatro tipos de liberdade, para os usuários do software:
0. A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0)
1. A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para as suas
necessidades (liberdade 1). O acesso ao código-fonte é um pré-requisito
para esta liberdade.
2. A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa ajudar ao seu
próximo (liberdade nº 2).
3. A liberdade de aperfeiçoar o programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos,
de modo que toda a comunidade se beneficie deles (liberdade 3). O
acesso ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade.
Um programa é software livre se os usuários tem todas essas liberdades.
Portanto, você deve ser livre para redistribuir cópias, seja com ou sem modificações,
seja de graça ou cobrando uma taxa pela distribuição, para qualquer um em qualquer
lugar. Ser livre para fazer essas coisas significa (entre outras coisas) que você não
tem que pedir ou pagar pela permissão.
95
Você deve também ter a liberdade de fazer modifcações e usá-las
privativamente no seu trabalho ou lazer, sem nem mesmo mencionar que elas
existem. Se você publicar as modificações, você não deve ser obrigado a avisar a
ninguém em particular, ou de nenhum modo em especial.
A liberdade de utilizar um programa significa a liberdade para qualquer tipo de
pessoa física ou jurídica utilizar o software em qualquer tipo de sistema
computacional, para qualquer tipo de trabalho ou atividade, sem que seja necessário
comunicar ao desenvolvedor ou a qualquer outra entidade em especial.
A liberdade de redistribuir cópias deve incluir formas binárias ou executáveis
do programa, assim como o código-fonte, tanto para as versões originais quanto para
as modificadas. Está ok se não for possível produzir uma forma binária ou executável
(pois algumas linguagens de programação não suportam este recurso), mas deve ser
concedida a liberdade de redistribuir essas formas caso seja desenvolvido um meio
de cria-las.
De modo que a liberdade de fazer modificações, e de publicar versões
aperfeiçoadas, tenha algum significado, deve-se ter acesso ao código-fonte do
programa. Portanto, acesso ao código-fonte é uma condição necessária ao software
livre.
Para que essas liberdades sejam reais, elas tem que ser irrevogáveis desde
que você não faça nada errado; caso o desenvolvedor do software tenha o poder de
revogar a licença, mesmo que você não tenha dado motivo, o software não é livre.
Entretanto, certos tipos de regras sobre a maneira de distribuir software livre
são aceitáveis, quando elas não entram em conflito com as liberdades principais. Por
exemplo, copyleft (apresentado de forma bem simples) é a regra de que, quando
redistribuindo um programa, você não pode adicionar restrições para negar para
outras pessoas as liberdades principais. Esta regra não entra em conflito com as
liberdades; na verdade, ela as protege.
Portanto, você pode ter pago para receber cópias do software GNU, ou você
pode ter obtido cópias sem nenhum custo. Mas independente de como você obteve a
sua cópia, você sempre tem a liberdade de copiar e modificar o software, ou mesmo
de vender cópias.
"software Livre" Não significa "não-comercial". Um programa livre deve estar
disponível para uso comercial, desenvolvimento comercial, e distribuição comercial.
O desenvolvimento comercial de software livre não é incomum; tais softwares livres
comerciais são muito importantes.
96
Regras sobre como empacotar uma versão modificada são aceitáveis, se elas
não acabam bloqueando a sua liberdade de liberar versões modificadas. Regras
como "se você tornou o programa disponível deste modo, você também tem que
torná-lo disponível deste outro modo" também podem ser aceitas, da mesma forma.
(Note que tal regra ainda deixa para você a escolha de tornar o programa disponível
ou não.) Também é aceitável uma licença que exija que, caso você tenha distribuído
uma versão modificada e um desenvolvedor anterior peça por uma cópia dele, você
deva enviar uma.
No projeto GNU, nós usamos "copyleft" para proteger estas liberdades
legalmente para todos. Mas também existe software livre que não é copyleft. Nós
acreditamos que hajam razões importantes pelas quais é melhor usar o copyleft, mas
se o seu programa é free-software mas não é copyleft, nós ainda podemos utilizá-lo.
Veja Categorias de software Livre (18k characters) para uma descrição de
como "software livre", "software copyleft" e outras categoria se relacionam umas com
as outras.
Às vezes regras de controle de exportação e sanções de comércio podem
limitar a sua liberdade de distribuir cópias de programas internacionalmente.
Desenvolvedores de software não tem o poder para eliminar ou sobrepor estas
restrições, mas o que eles podem e devem fazer é se recusar a impô-las como
condições para o uso dos seus programas. Deste modo, as restrições não afetam as
atividades e as pessoas fora da jurisdição destes governos.
Quando falando sobre o software livre, é melhor evitar o uso de termos como
"dado" ou "de graça", porque estes termos implicam que a questão é de preço, não
de liberdade. Alguns temos comuns como "pirataria" englobam opiniões que nós
esperamos você não irá endossar. Veja frases e palavras confusas que é melhor
evitar para uma discussão desses termos. Nós também temos uma lista de traduções
do termo "software livre" para várias línguas.
Finalmente, note que critérios como os estabelecidos nesta definição do
software livre requerem cuidadosa deliberação quanto à sua interpretação. Para
decidir se uma licença se qualifica como de software livre, s a julgamos baseados
nestes critérios para determinar se ela se segue o nosso espírito assim como as
palavras exatas. Se uma licença inclui restrições impensadas, nós a rejeitamos,
mesmo que nós não tenhamos antecipado a questão nestes critérios. Às vezes um
requerimento de alguma licença levanta uma questão que requer excessiva
deliberação, incluindo discussões com advogados, antes que nós possamos decidir
97
se o requerimento é aceitável. Quando nós chegamos a uma conclusão sobre uma
nova questão, s frequentemente atualizamos estes critérios para tornar mais fácil
determinar porque certas licenças se qualificam ou não.
Se você está interessado em saber se uma licença em especial se qualifica
como uma licença de software livre, veja a nossa lista de licenças. Se a licença com
a qual você es preocupado não está listada, você pode nos questionar enviando e-
mail para <licensi[email protected]>.
Com a garantia destas liberdades, a GPL permite que os programas sejam
distribuídos e reaproveitados, mantendo, porém, os direitos do autor por forma a não
permitir que essa informação seja usada de uma maneira que limite as liberdades
originais. A licença não permite, por exemplo, que o código seja apoderado por outra
pessoa, ou que sejam impostos sobre ele restrições que impeçam que seja
distribuído da mesma maneira que foi adquirido.
A GPL es redigida em inglês e atualmente nenhuma tradução é aceita como
válida pela Free software Foundation, com o argumento[1] de que o risco de
introdução de erros de tradução que poderiam deturpar o sentido da licença. Deste
modo, qualquer tradução da GPL é não-oficial e meramente informativa, mantendo-
se a obrigatoriedade de distribuir o texto oficial em inglês com os programas.
Texto original disponível em www.fsf.org/philosophy/free-
sw.pt.html
A.2 GPL – LICENÇA PÚBLICA GERAL GNU
Versão 2, junho de 1991
This is an unofficial translation of the GNU General Public License into
Brazilian Portuguese. It was not published by the Free software Foundation, and does
not legally state the distribution terms for software that uses the GNU GPL -- only the
original English text of the GNU GPL does that. However, we hope that this
translation will help Brazilian Portuguese speakers understand the GNU GPL better.
Esta é uma tradução não-oficial da Licença Pública Geral GNU ("GPL GNU")
para o português do Brasil. Ela não foi publicada pela Free software Foundation, e
legalmente não afirma os termos de distribuição de software que utiliza a GPL GNU --
apenas o texto original da GPL GNU, em inglês, faz isso. Contudo, esperamos que
98
esta tradução ajude aos que utilizam o português do Brasil a entender melhor a GPL
GNU.
Copyright (C) 1989, 1991 Free software Foundation, Inc. 675 Mass Ave,
Cambridge, MA 02139, USA
A qualquer pessoa é permitido copiar e distribuir cópias desse documento de
licença, desde que sem qualquer alteração.
A.2.1 Preâmbulo
As licenças da maioria dos softwares são elaboradas para suprimir sua
liberdade de compartilhá-los e modificá-los. A Licença Pública Geral do GNU, ao
contrário, visa garantir sua liberdade de compartilhar e modificar softwares livres para
assegurar que o software seja livre para todos os seus usuários. Esta Licença
Pública Geral é aplicável à maioria dos softwares da Free software Foundation
[Fundação do software Livre] e a qualquer outro programa cujos autores se
comprometerem a usá-la. (Em vez dela, alguns outros softwares da Free software
Foundation são cobertos pela Licença blica Geral de Biblioteca do GNU). Você
também poderá aplicá-la aos seus programas.
Quando falamos de software livre, estamos nos referindo à liberdade, não ao
preço. Nossas Licenças Públicas Gerais visam garantir que você tenha a liberdade
de distribuir cópias de software livre (e cobrar por isso se desejar), que receba
código-fonte ou possa obtê-lo se desejar, que possa modificá-lo ou usar partes dele
em novos programas livres; finalmente, que você tenha ciência de que pode fazer
tudo isso.
Para proteger seus direitos, necessitamos fazer restrições que proíbem que
alguém negue esses direitos a você ou que solicite que você renuncie a eles. Essas
restrições se traduzem em determinadas responsabilidades que você deverá
assumir, se for distribuir cópias do software ou modificá-lo.
Por exemplo, se você distribuir cópias de algum desses programas, tanto
gratuitamente como mediante uma taxa, você terá de conceder aos receptores todos
os direitos que você possui. Você terá de garantir que, também eles, recebam ou
possam obter o código-fonte. E você terá a obrigação de exibir a eles esses termos,
para que eles conheçam seus direitos.
Protegemos seus direitos através de dois passos: (1) estabelecendo direitos
autorais sobre o software e (2) concedendo a você esta licença, que permissão
legal para copiar, distribuir e/ou modificar o software.
99
Além disso, para a proteção de cada autor e a nossa, queremos ter certeza de
que todos entendam que não nenhuma garantia para este software livre. Se o
software for modificado por alguém e passado adiante, queremos que seus
receptores saibam que o que receberam não é o original, de forma que quaisquer
problemas introduzidos por terceiros não afetem as reputações dos autores originais.
Finalmente, qualquer programa livre é constantemente ameaçado por patentes
de software. Queremos evitar o risco de que redistribuidores de um programa livre
obtenham individualmente licenças sob uma patente, tornando o programa, com
efeito, proprietário. Para impedir isso, deixamos claro que qualquer patente deve ser
licenciada para o uso livre por parte de qualquer pessoa ou, então, simplesmente não
deve ser licenciada.
Os exatos termos e condições para cópia, distribuição e modificação seguem
abaixo.
A.2.2 Licença Pública Geral GNU
TERMOS E CONDIÇÕES PARA CÓPIA, DISTRIBUIÇÃO E MODIFICAÇÃO
0. Esta Licença se aplica a qualquer programa ou outra obra que contenha um
aviso inserido pelo respectivo titular dos direitos autorais, informando que a
referida obra pode ser distribuída em conformidade com os termos desta
Licença Pública Geral. O termo "Programa", utilizado abaixo, refere-se a
qualquer programa ou obra, e o termo "obras baseadas no Programa" significa
tanto o Programa, como qualquer obra derivada nos termos da legislação de
direitos autorais: isto é, uma obra contendo o Programa ou uma parte dele,
tanto de forma idêntica como com modificações, e/ou traduzida para outra
linguagem. (Doravante, o termo "modificação" inclui também, sem reservas, a
tradução). Cada licenciado, doravante, será denominado "você".
Outras atividades que não a cópia, distribuição e modificação, não são
cobertas por esta Licença; elas estão fora de seu escopo. O ato de executar o
Programa não tem restrições e o resultado gerado a partir do Programa
encontra-se coberto somente se seu conteúdo constituir uma obra baseada no
Programa (independente de ter sido produzida pela execução do Programa).
Na verdade, isto dependerá daquilo que o Programa faz.
1. Você poderá fazer cópias idênticas do código-fonte do Programa ao recebê-lo
e distribui-las, em qualquer mídia ou meio, desde que publique, de forma
ostensiva e adequada, em cada cópia, um aviso de direitos autorais (ou
copyright) apropriado e uma notificação sobre a exoneração de garantia;
mantenha intactas as informações, avisos ou notificações referentes a esta
100
Licença e à ausência de qualquer garantia; e forneça a quaisquer outros
receptores do Programa uma cópia desta Licença junto com o Programa.
Você poderá cobrar um valor pelo ato sico de transferir uma cópia, e você
pode oferecer, se quiser, a proteção de uma garantia em troca de um valor.
2. Você poderá modificar sua cópia ou cópias do Programa ou qualquer parte
dele, formando, dessa forma, uma obra baseada no Programa, bem como
copiar e distribuir essas modificações ou obra, de acordo com os termos da
Cláusula 1 acima, desde que você também atenda a todas as seguintes
condições:
a. Você deve fazer com que os arquivos modificados contenham avisos,
em destaque, informando que você modificou os arquivos, bem como a
data de qualquer modificação.
b. Você deve fazer com que qualquer obra que você distribuir ou publicar,
que no todo ou em parte contenha o Programa ou seja dele derivada, ou
derivada de qualquer parte dele, seja licenciada como um todo sem
qualquer custo para todos terceiros nos termos desta licença.
c. Se o programa modificado normalmente comandos interativamente
quando executado, você deverá fazer com que ele, ao começar a ser
executado para esse uso interativo em sua forma mais simples, imprima
ou exiba um aviso incluindo o aviso de direitos autorais (ou copyright)
apropriado, além de uma notificação de que não garantia (ou, então,
informando que você oferece garantia) e informando que os usuários
poderão redistribuir o programa de acordo com essas condições,
esclarecendo ao usuário como visualizar uma cópia desta Licença.
(Exceção: se o Programa em si for interativo mas não imprimir
normalmente avisos como esses, não é obrigatório que a sua obra
baseada no Programa imprima um aviso).
Essas exigências se aplicam à obra modificada como um todo. Se
partes identificáveis dessa obra não forem derivadas do Programa e
puderem ser consideradas razoavelmente como obras independentes e
separadas por si próprias, nesse caso, esta Licença e seus termos não
se aplicarão a essas partes quando você distribuí-las como obras
separadas. Todavia, quando você distribui-las como parte de um todo
que constitui uma obra baseada no Programa, a distribuição deste todo
terá de ser realizada em conformidade com esta Licença, cujas
permissões para outros licenciados se estenderão à obra por completo
101
e, conseqüentemente, a toda e qualquer parte, independentemente de
quem a escreveu.
Portanto, esta cláusula não tem a intenção de afirmar direitos ou
contestar os seus direitos sobre uma obra escrita inteiramente por você;
a intenção é, antes, de exercer o direito de controlar a distribuição de
obras derivadas ou obras coletivas baseadas no Programa.
Além do mais, a simples agregação de outra obra que não seja baseada
no Programa a ele (ou a uma obra baseada no Programa) em um
volume de mídia ou meio de armazenamento ou distribuição, não inclui
esta outra obra no âmbito desta Licença.
3. Você poderá copiar e distribuir o Programa (ou uma obra baseada nele, de
acordo com a Cláusula 2) em código-objeto ou formato executável de acordo
com os termos das Cláusulas 1 e 2 acima, desde que você também tome uma
das providências seguintes:
a. Incluir o código-fonte correspondente completo, passível de leitura pela
máquina, o qual terá de ser distribuído de acordo com as Cláusulas 1 e
2 acima, em um meio ou mídia habitualmente usado para intercâmbio
de software; ou,
b. Incluir uma oferta por escrito, válida por pelo menos três anos, para
fornecer a qualquer terceiro, por um custo que não seja superior ao seu
custo de fisicamente realizar a distribuição da fonte, uma cópia
completa passível de leitura pela máquina, do código-fonte
correspondente, a ser distribuído de acordo com as Cláusulas 1 e 2
acima, em um meio ou mídia habitualmente usado para intercâmbio de
software; ou,
c. Incluir as informações recebidas por você, quanto à oferta para distribuir
o código-fonte correspondente. (Esta alternativa é permitida somente
para distribuição não-comercial e apenas se você tiver recebido o
programa em código-objeto ou formato executável com essa oferta, de
acordo com a letra b, acima).
O código-fonte de uma obra significa o formato preferencial da obra
para que sejam feitas modificações na mesma. Para uma obra
executável, o código-fonte completo significa o código-fonte inteiro de
todos os módulos que ela contiver, mais quaisquer arquivos de
definição de interface associados, além dos scripts usados para
controlar a compilação e instalação do executável. Entretanto, como
102
uma exceção especial, o código-fonte distribuído não precisa incluir
nada que não seja normalmente distribuído (tanto no formato fonte
como no binário) com os componentes principais (compilador, kernel e
assim por diante) do sistema operacional no qual o executável é
executado, a menos que este componente em si acompanhe o
executável.
Se a distribuição do executável ou código-objeto for feita mediante a
permissão de acesso para copiar, a partir de um local designado, então,
a permissão de acesso equivalente para copiar o código-fonte a partir
do mesmo local se considerada como distribuição do código-fonte,
mesmo que os terceiros não sejam levados a copiar a fonte junto com o
código-objeto.
4. Você não poderá copiar, modificar, sublicenciar ou distribuir o Programa,
exceto conforme expressamente estabelecido nesta Licença. Qualquer
tentativa de, de outro modo, copiar, modificar, sublicenciar ou distribuir o
Programa será inválida, e automaticamente rescindirá seus direitos sob esta
Licença. Entretanto, terceiros que tiverem recebido cópias ou direitos de você
de acordo esta Licença não terão suas licenças rescindidas, enquanto estes
terceiros mantiverem o seu pleno cumprimento.
5. Você não é obrigado a aceitar esta Licença, uma vez que você não a assinou.
Porém, nada mais concede a você permissão para modificar ou distribuir o
Programa ou respectivas obras derivativas. Tais atos são proibidos por lei se
você não aceitar esta Licença. Conseqüentemente, ao modificar ou distribuir o
Programa (ou qualquer obra baseada no Programa), você estará manifestando
sua aceitação desta Licença para fazê-lo, bem como de todos os seus termos
e condições para copiar, distribuir ou modificar o Programa ou obras nele
baseadas.
6. Cada vez que você redistribuir o Programa (ou obra baseada no Programa), o
receptor receberá, automaticamente, uma licença do licenciante original, para
copiar, distribuir ou modificar o Programa, sujeito a estes termos e condições.
Você não poderá impor quaisquer restrições adicionais ao exercício, pelos
receptores, dos direitos concedidos por este instrumento. Você não tem
responsabilidade de promover o cumprimento por parte de terceiros desta
licença.
7. Se, como resultado de uma sentença judicial ou alegação de violação de
patente, ou por qualquer outro motivo (não restrito às questões de patentes),
103
forem impostas a você condições (tanto através de mandado judicial, contrato
ou qualquer outra forma) que contradigam as condições desta Licença, você
não estará desobrigado quanto às condições desta Licença. Se você não
puder atuar como distribuidor de modo a satisfazer simultaneamente suas
obrigações sob esta licença e quaisquer outras obrigações pertinentes, então,
como conseqüência, você não poderá distribuir o Programa de nenhuma
forma. Por exemplo, se uma licença sob uma patente não permite a
redistribuição por parte de todos aqueles que tiverem recebido cópias, direta
ou indiretamente de você, sem o pagamento de royalties, então, a única forma
de cumprir tanto com esta exigência quanto com esta licença será deixar de
distribuir, por completo, o Programa.
Se qualquer parte desta Cláusula for considerada inválida ou não executável,
sob qualquer circunstância específica, o restante da cláusula deverá continuar
a ser aplicado e a cláusula, como um todo, deverá ser aplicada em outras
circunstâncias.
Esta cláusula não tem a finalidade de induzir você a infringir quaisquer
patentes ou direitos de propriedade, nem de contestar a validade de quaisquer
reivindicações deste tipo; a única finalidade desta cláusula é proteger a
integridade do sistema de distribuição do software livre, o qual é implementado
mediante práticas de licenças públicas. Muitas pessoas têm feito generosas
contribuições à ampla gama de software distribuído através desse sistema,
confiando na aplicação consistente deste sistema; cabe ao autor/doador
decidir se deseja distribuir software através de qualquer outro sistema e um
licenciado não pode impor esta escolha.
Esta cláusula visa deixar absolutamente claro o que se acredita ser uma
conseqüência do restante desta Licença.
8. Se a distribuição e/ou uso do Programa for restrito em determinados países,
tanto por patentes ou por interfaces protegidas por direito autoral, o titular
original dos direitos autorais que colocar o Programa sob esta Licença poderá
acrescentar uma limitação geográfica de distribuição explícita excluindo esses
países, de modo que a distribuição seja permitida somente nos países ou
entre os países que não foram excluídos dessa forma. Nesse caso, esta
Licença passa a incorporar a limitação como se esta tivesse sido escrita no
corpo desta Licença.
9. A Free software Foundation poderá de tempos em tempos publicar novas
versões e/ou versões revisadas da Licença Pública Geral. Essas novas
104
versões serão semelhantes em espírito à presente versão, mas podem
diferenciar-se, porém, em detalhe, para tratar de novos problemas ou
preocupações.
Cada versão recebe um número de versão distinto. Se o Programa especificar
um número de versão desta Licença que se aplique a ela e a "qualquer versão
posterior", você terá a opção de seguir os termos e condições tanto daquela
versão como de qualquer versão posterior publicada pela Free software
Foundation. Se o Programa não especificar um número de versão desta
Licença, você poderá escolher qualquer versão publicada pela Free
software Foundation.
10.Se você desejar incorporar partes do Programa em outros programas livres
cujas condições de distribuição sejam diferentes, escreva ao autor solicitando
a respectiva permissão. Para software cujos direitos autorais sejam da Free
software Foundation, escreva para ela; algumas vezes, abrimos exceções para
isso. Nossa decisão será guiada pelos dois objetivos de preservar a condição
livre de todos os derivados de nosso software livre e de promover o
compartilhamento e reutilização de software, de modo geral.
EXCLUSÃO DE GARANTIA
11.COMO O PROGRAMA É LICENCIADO SEM CUSTO, NÃO HÁ NENHUMA
GARANTIA PARA O PROGRAMA, NO LIMITE PERMITIDO PELA LEI
APLICÁVEL. EXCETO QUANDO DE OUTRA FORMA ESTABELECIDO POR
ESCRITO, OS TITULARES DOS DIREITOS AUTORAIS E/OU OUTRAS
PARTES, FORNECEM O PROGRAMA "NO ESTADO EM QUE SE
ENCONTRA", SEM NENHUMA GARANTIA DE QUALQUER TIPO, TANTO
EXPRESSA COMO IMPLÍCITA, INCLUINDO, DENTRE OUTRAS, AS
GARANTIAS IMPLÍCITAS DE COMERCIABILIDADE E ADEQUAÇÃO A UMA
FINALIDADE ESPECÍFICA. O RISCO INTEGRAL QUANTO À QUALIDADE E
DESEMPENHO DO PROGRAMA É ASSUMIDO POR VOCOASE, Ronald H.
(1991)[1937], "The Nature of the Firm", in O. Williamson e S. Winter (orgs.),
The Nature of the Firm
Origins, Evolution andfaperj Development. New
York, Oxford University Press. CÊ. CASO O PROGRAMA CONTENHA
DEFEITOS, VOCÊ ARCARÁ COM OS CUSTOS DE TODOS OS SERVIÇOS,
REPAROS OU CORREÇÕES NECESSÁRIAS.
12.EM NENHUMA CIRCUNSTÂNCIA, A MENOS QUE EXIGIDO PELA LEI
APLICÁVEL OU ACORDADO POR ESCRITO, QUALQUER TITULAR DE
105
DIREITOS AUTORAIS OU QUALQUER OUTRA PARTE QUE POSSA
MODIFICAR E/OU REDISTRIBUIR O PROGRAMA, CONFORME PERMITIDO
ACIMA, SERÁ RESPONSÁVEL PARA COM VOCÊ POR DANOS, INCLUINDO
ENTRE OUTROS, QUAISQUER DANOS GERAIS, ESPECIAIS, FORTUITOS
OU EMERGENTES, ADVINDOS DO USO OU IMPOSSIBILIDADE DE USO
DO PROGRAMA (INCLUINDO, ENTRE OUTROS, PERDAS DE DADOS OU
DADOS SENDO GERADOS DE FORMA IMPRECISA, PERDAS SOFRIDAS
POR VOCÊ OU TERCEIROS OU A IMPOSSIBILIDADE DO PROGRAMA DE
OPERAR COM QUAISQUER OUTROS PROGRAMAS), MESMO QUE ESSE
TITULAR, OU OUTRA PARTE, TENHA SIDO ALERTADA SOBRE A
POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DESSES DANOS.
FINAL DOS TERMOS E CONDIÇÕES
Como Aplicar Estes Termos para Seus Novos Programas
Se você desenvolver um programa novo e quiser que ele seja da maior
utilidade possível para o público, o melhor caminho para obter isto é fazer dele um
software livre, o qual qualquer pessoa pode redistribuir e modificar sob os presentes
termos.
Para fazer isto, anexe as notificações seguintes ao programa. É mais seguro
anexá-las ao começo de cada arquivo-fonte, de modo a transmitir do modo mais
eficiente a exclusão de garantia; e cada arquivo deve ter ao menos a linha de
"direitos autorais reservados" e uma indicação de onde a notificação completa se
encontra.
<uma linha para informar o nome do programa e uma breve idéia do que ele
faz.>
Direitos Autorais Reservados (c) <ano> <nome do autor>
Este programa é software livre; você pode redistribuí-lo e/ou modificá-lo sob os
termos da Licença Pública Geral GNU conforme publicada pela Free software
Foundation; tanto a versão 2 da Licença, como (a seu critério) qualquer versão
posterior.
Este programa é distribuído na expectativa de que seja útil, porém, SEM
NENHUMA GARANTIA; nem mesmo a garantia implícita de COMERCIABILIDADE
OU ADEQUAÇÃO A UMA FINALIDADE ESPECÍFICA. Consulte a Licença Pública
Geral do GNU para mais detalhes.
Você deve ter recebido uma cópia da Licença Pública Geral do GNU junto com
este programa; se não, escreva para a Free software Foundation, InCOASE, Ronald
H. (1991)[1937], "The Nature of the Firm", in O. Williamson e S. Winter (orgs.), The
106
Nature of the Firm
Origins, Evolution and Development. New York, Oxford
University Press. c., no endereço 59 Temple Street, Suite 330, Boston, MA 02111-
1307 USA.
Inclua também informações sobre como contatar você por correio eletrônico e
por meio postal.
Se o programa for interativo, faça com que produza uma pequena notificação
como esta, quando for iniciado em um modo interativo:
Versão 69 do Gnomovision, Direitos Autorais Reservados (c) ano nome do
autor. O Gnomovision NÃO POSSUI QUALQUER TIPO DE GARANTIA; para
detalhes, digite 'show w'. Este é um software livre e você é bem-vindo para
redistribuí-lo sob certas condições; digite 'show c' para detalhes.
Os comandos hipotéticos `show w' e `show c' devem mostrar as partes
apropriadas da Licença Pública Geral. Naturalmente, os comandos que você utilizar
poderão ter outras denominações que não `show w' e `show c'; eles poderão até ser
cliques do mouse ou itens de um menu - o que for adequado ao seu programa.
Você também pode solicitar a seu empregador (se você for um programador)
ou sua instituição acadêmica, se for o caso, para assinar uma "renúncia de direitos
autorais" sobre o programa, se necessário. Segue um exemplo; altere os nomes:
A Yoyodyne Ltda., neste ato, renuncia a todos eventuais direitos autorais
sobre o programa `Gnomovision' (que realiza passagens em compiladores), escrito
por James Hacker.
<Assinatura de Ty Coon>
1º de abril de 1989, Ty Coon, Presidente
Esta Licença Pública Geral não permite a incorporação do seu programa a
programas proprietários. Se seu programa é uma biblioteca de sub-rotinas, você
poderá considerar ser mais útil permitir a ligação de aplicações proprietárias à sua
biblioteca. Se isso é o que você deseja fazer, utilize a Licença Pública Geral de
Biblioteca do GNU, ao invés desta Licença.
A.4 LICENÇA BSD
The BSD License
107
The following is a BSD license template. To generate your own license,
change the values of OWNER, ORGANIZATION and YEAR from their original values
as given here, and substitute your own. Also, you may optionally omit clause 3 and
still be OSD conformant.
Note: On January 9th, 2008 the OSI Board approved the "Simplified BSD
License" variant used by FreeBSD and others, which omits the final "no-
endorsement" clause and is thus roughly equivalent to the MIT License.
Historical Note: The original license used on BSD Unix had four clauses. The
advertising clause (the third of four clauses) required you to acknowledge use of U.C.
Berkeley code in your advertising of any product using that code. It was officially
rescinded by the Director of the Office of Technology Licensing of the University of
California on July 22nd, 1999. He states that clause 3 is "hereby deleted in its
entirety." The four clause license has not been approved by OSI. The license below
does not contain the advertising clause.
This prelude is not part of the license.
<OWNER> = Regents of the University of California
<ORGANIZATION> = University of California, Berkeley
<YEAR> = 1998
In the original BSD license, both occurrences of the phrase "COPYRIGHT
HOLDERS AND CONTRIBUTORS" in the disclaimer read "REGENTS AND
CONTRIBUTORS".
Here is the license template:
Copyright (c) <YEAR>, <OWNER>
All rights reserved.
Redistribution and use in source and binary forms, with or without modification,
are permitted provided that the following conditions are met:
108
* Redistributions of source code must retain the above copyright notice, this
list of conditions and the following disclaimer.
* Redistributions in binary form must reproduce the above copyright notice,
this list of conditions and the following disclaimer in the documentation and/or other
materials provided with the distribution.
* Neither the name of the <ORGANIZATION> nor the names of its
contributors may be used to endorse or promote products derived from this software
without specific prior written permission.
THIS software IS PROVIDED BY THE COPYRIGHT HOLDERS AND
CONTRIBUTORS "AS IS" AND ANY EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES,
INCLUDING, BUT NOT LIMITED TO, THE IMPLIED WARRANTIES OF
MERCHANTABILITY AND FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE ARE
DISCLAIMED. IN NO EVENT SHALL THE COPYRIGHT OWNER OR
CONTRIBUTORS BE LIABLE FOR ANY DIRECT, INDIRECT, INCIDENTAL,
SPECIAL, EXEMPLARY, OR CONSEQUENTIAL DAMAGES (INCLUDING, BUT NOT
LIMITED TO, PROCUREMENT OF SUBSTITUTE GOODS OR SERVICES; LOSS OF
USE, DATA, OR PROFITS; OR BUSINESS INTERRUPTION) HOWEVER CAUSED
AND ON ANY THEORY OF LIABILITY, WHETHER IN CONTRACT, STRICT
LIABILITY, OR TORT (INCLUDING NEGLIGENCE OR OTHERWISE) ARISING IN
ANY WAY OUT OF THE USE OF THIS software, EVEN IF ADVISED OF THE
POSSIBILITY OF SUCH DAMAGE.
A.5 LICENÇA APACHE
Apache License, Version 2.0
Apache License
Version 2.0, January 2004
http://www.apache.org/licenses/
109
TERMS AND CONDITIONS FOR USE, REPRODUCTION, AND
DISTRIBUTION
1. Definitions.
"License" shall mean the terms and conditions for use, reproduction, and
distribution as defined by Sections 1 through 9 of this document.
"Licensor" shall mean the copyright owner or entity authorized by the copyright
owner that is granting the License.
"Legal Entity" shall mean the union of the acting entity and all other entities that
control, are controlled by, or are under common control with that entity. For the
purposes of this definition, "control" means (i) the power, direct or indirect, to cause
the direction or management of such entity, whether by contract or otherwise, or (ii)
ownership of fifty percent (50%) or more of the outstanding shares, or (iii) beneficial
ownership of such entity.
"You" (or "Your") shall mean an individual or Legal Entity exercising
permissions granted by this License.
"Source" form shall mean the preferred form for making modifications, including
but not limited to software source code, documentation source, and configuration files.
"Object" form shall mean any form resulting from mechanical transformation or
translation of a Source form, including but not limited to compiled object code,
generated documentation, and conversions to other media types.
"Work" shall mean the work of authorship, whether in Source or Object form,
made available under the License, as indicated by a copyright notice that is included
in or attached to the work (an example is provided in the Appendix below).
"Derivative Works" shall mean any work, whether in Source or Object form, that
is based on (or derived from) the Work and for which the editorial revisions,
annotations, elaborations, or other modifications represent, as a whole, an original
work of authorship. For the purposes of this License, Derivative Works shall not
110
include works that remain separable from, or merely link (or bind by name) to the
interfaces of, the Work and Derivative Works thereof.
"Contribution" shall mean any work of authorship, including the original version
of the Work and any modifications or additions to that Work or Derivative Works
thereof, that is intentionally submitted to Licensor for inclusion in the Work by the
copyright owner or by an individual or Legal Entity authorized to submit on behalf of
the copyright owner. For the purposes of this definition, "submitted" means any form
of electronic, verbal, or written communication sent to the Licensor or its
representatives, including but not limited to communication on electronic mailing lists,
source code control systems, and issue tracking systems that are managed by, or on
behalf of, the Licensor for the purpose of discussing and improving the Work, but
excluding communication that is conspicuously marked or otherwise designated in
writing by the copyright owner as "Not a Contribution."
"Contributor" shall mean Licensor and any individual or Legal Entity on behalf
of whom a Contribution has been received by Licensor and subsequently incorporated
within the Work.
2. Grant of Copyright License.
Subject to the terms and conditions of this License, each Contributor hereby
grants to You a perpetual, worldwide, non-exclusive, no-charge, royalty-free,
irrevocable copyright license to reproduce, prepare Derivative Works of, publicly
display, publicly perform, sublicense, and distribute the Work and such Derivative
Works in Source or Object form.
3. Grant of Patent License.
Subject to the terms and conditions of this License, each Contributor hereby
grants to You a perpetual, worldwide, non-exclusive, no-charge, royalty-free,
irrevocable (except as stated in this section) patent license to make, have made, use,
offer to sell, sell, import, and otherwise transfer the Work, where such license applies
only to those patent claims licensable by such Contributor that are necessarily
infringed by their Contribution(s) alone or by combination of their Contribution(s) with
the Work to which such Contribution(s) was submitted. If You institute patent litigation
111
against any entity (including a cross-claim or counterclaim in a lawsuit) alleging that
the Work or a Contribution incorporated within the Work constitutes direct or
contributory patent infringement, then any patent licenses granted to You under this
License for that Work shall terminate as of the date such litigation is filed.
4. Redistribution.
You may reproduce and distribute copies of the Work or Derivative Works
thereof in any medium, with or without modifications, and in Source or Object form,
provided that You meet the following conditions:
1. You must give any other recipients of the Work or Derivative Works a copy
of this License; and
2. You must cause any modified files to carry prominent notices stating that
You changed the files; and
3. You must retain, in the Source form of any Derivative Works that You
distribute, all copyright, patent, trademark, and attribution notices from the Source
form of the Work, excluding those notices that do not pertain to any part of the
Derivative Works; and
4. If the Work includes a "NOTICE" text file as part of its distribution, then any
Derivative Works that You distribute must include a readable copy of the attribution
notices contained within such NOTICE file, excluding those notices that do not pertain
to any part of the Derivative Works, in at least one of the following places: within a
NOTICE text file distributed as part of the Derivative Works; within the Source form or
documentation, if provided along with the Derivative Works; or, within a display
generated by the Derivative Works, if and wherever such third-party notices normally
appear. The contents of the NOTICE file are for informational purposes only and do
not modify the License. You may add Your own attribution notices within Derivative
Works that You distribute, alongside or as an addendum to the NOTICE text from the
Work, provided that such additional attribution notices cannot be construed as
modifying the License.
You may add Your own copyright statement to Your modifications and may
provide additional or different license terms and conditions for use, reproduction, or
distribution of Your modifications, or for any such Derivative Works as a whole,
112
provided Your use, reproduction, and distribution of the Work otherwise complies with
the conditions stated in this License.
5. Submission of Contributions.
Unless You explicitly state otherwise, any Contribution intentionally submitted
for inclusion in the Work by You to the Licensor shall be under the terms and
conditions of this License, without any additional terms or conditions. Notwithstanding
the above, nothing herein shall supersede or modify the terms of any separate license
agreement you may have executed with Licensor regarding such Contributions.
6. Trademarks.
This License does not grant permission to use the trade names, trademarks,
service marks, or product names of the Licensor, except as required for reasonable
and customary use in describing the origin of the Work and reproducing the content of
the NOTICE file.
7. Disclaimer of Warranty.
Unless required by applicable law or agreed to in writing, Licensor provides the
Work (and each Contributor provides its Contributions) on an "AS IS" BASIS,
WITHOUT WARRANTIES OR CONDITIONS OF ANY KIND, either express or
implied, including, without limitation, any warranties or conditions of TITLE, NON-
INFRINGEMENT, MERCHANTABILITY, or FITNESS FOR A PARTICULAR
PURPOSE. You are solely responsible for determining the appropriateness of using
or redistributing the Work and assume any risks associated with Your exercise of
permissions under this License.
8. Limitation of Liability.
In no event and under no legal theory, whether in tort (including negligence),
contract, or otherwise, unless required by applicable law (such as deliberate and
grossly negligent acts) or agreed to in writing, shall any Contributor be liable to You
for damages, including any direct, indirect, special, incidental, or consequential
damages of any character arising as a result of this License or out of the use or
113
inability to use the Work (including but not limited to damages for loss of goodwill,
work stoppage, computer failure or malfunction, or any and all other commercial
damages or losses), even if such Contributor has been advised of the possibility of
such damages.
9. Accepting Warranty or Additional Liability.
While redistributing the Work or Derivative Works thereof, You may choose to
offer, and charge a fee for, acceptance of support, warranty, indemnity, or other
liability obligations and/or rights consistent with this License. However, in accepting
such obligations, You may act only on Your own behalf and on Your sole
responsibility, not on behalf of any other Contributor, and only if You agree to
indemnify, defend, and hold each Contributor harmless for any liability incurred by, or
claims asserted against, such Contributor by reason of your accepting any such
warranty or additional liability.
END OF TERMS AND CONDITIONS
APPENDIX: How to apply the Apache License to your work
To apply the Apache License to your work, attach the following boilerplate
notice, with the fields enclosed by brackets "[]" replaced with your own identifying
information. (Don't include the brackets!) The text should be enclosed in the
appropriate comment syntax for the file format. We also recommend that a file or
class name and description of purpose be included on the same "printed page" as the
copyright notice for easier identification within third-party archives.
Copyright [yyyy] [name of copyright owner]
Licensed under the Apache License, Version 2.0 (the "License"); you may not use this
file except in compliance with the License. You may obtain a copy of the License at
http://www.apache.org/licenses/LICENSE-2.0 Unless required by applicable law or
agreed to in writing, software distributed under the License is distributed on an "AS
IS" BASIS, WITHOUT WARRANTIES OR CONDITIONS OF ANY KIND, either
express or implied. See the License for the specific language governing permissions
and limitations under the License.
114
APÊNDICE B – PESQUISA NA INTERNET BASEADA EM LINKS
About Our Market Share Statistics
This data provides valuable insight into significant trends for internet usage. These statistics include monthly
information on key statistics such as browser trends (e.g. Internet Explorer vs. Firefox market share), search
engine referral data (e.g. Yahoo vs. MSN vs. Google traffic market share) and operating system share (Windows
vs. Mac vs. Linux market share or even the iPhone market share vs. Windows Mobile).
We use a unique methodology for collecting this data. We collect data from the browsers of site visitors to our
exclusive on-demand network of live stats customers. The data is compiled from approximately 160 million
visitors per month. The information published is an aggregate of the data from this network of hosted website
statistics. The site unique visitor and referral information is summarized on a monthly basis.
In addition, we classify 430+ referral sources identified as search engines. Aggregate traffic referrals from these
engines are summarized and reported monthly. The statistics for search engines include both organic and
sponsored referrals. The websites in our population represent dozens of countries in regions including North
America, South America, Western Europe, Australia / Pacific Rim and Parts of Asia.
The data is made available free of charge on a monthly basis that includes monthly browser market share trends,
top search engine referrals, screen resolutions, top ISPs and operating systems trends. An upgraded version is
available that provides reports by geolocation, preview weekly data and other features.
Additional estimates about the website population:
76% participate in pay per click programs to drive traffic to their sites.
43% are commerce sites
18% are corporate sites
10% are content sites
29% classify themselves as other (includes gov, org, search engine marketers etc..)
Recent Changes to Site
We have recently upgraded our method of presenting the data. We now group search engines and
operating systems in reports in addition to displaying the market share of the versions. For example,
Google has many international versions of its search engine. In the past, we displayed data for Google's
main site and all the international versions (like www.google.co.uk for the United Kingdom version), but
not a summary report of all the versions combined. This is now displayed in our summary report as
"Google - Global".
We have applied filtering technology to eliminate sites and visitors that would skew the data with
automated or unrepresentative traffic generation. We have removed the skewing data from the historical
reports.
We have added tracking for one hundred and thirty more international search engines. This has the
effect of reducing the share of the main search engine site by the amount of the new versions. The
summary reports are unaffected. For example, in the Search Engine Versions report, Google Argentina
used to be grouped into the generic 'Google' line item, but is now broken out into its own line item.
Want to Track Statistics For Your Own Website?
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statistics on your website, > click here to signup.
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Our monthly newsletter provides trend data and analysis. Subscribe by > clicking here. The newsletter
is monthly and is generally delivered within the first few days of the month.
Distribute Data Freely Only With Live Link
115
The free data provided can be freely distributed provided it is attributed to Net Applications.com and a
live link is provided on the attribution for HTML-based publications. Examples:
Data provided by > Net Applications
Data provided by > HitsLink.com
Data provided by > HitsLink Market Share
116
ANEXO A – FORMULÁRIO DE PESQUISA
Pesquisa da campo realizada para o Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, para a obtenção do título de
Mestre em Engenharia de Produção
1. Você identifica na tua empresa algum envolvimento com tecnologias de
Código Aberto?
2. Quais produtos/projetos atua empresa usa?
3. Quem apresentou o projeto dentro da empresa?
4. O que motiva a adoção do Código Aberto na tua empresa?
5. Como foi o esforço de treinamento/motivação para a mudança?
6. Qual o impacto que teve sobre o atendimento interno?
7. Como foram os ganhos?
8. Qual o planejamento para o futuro?
Sim Não
OpenOffice Linux Apache
Mozilla
_____________________
Presidência Diretoria Adminstração
_____________________
TI
Liberdade de Fornecedor Custos
Tecnologia
_____________________
Intenso Adequado
Ruim Inexistente
Grande Médio
Baixo Imperceptível
Negativos Pequenos
Bons Ótimos
Recuar Manter Avançar
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo