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UFS - POSGRAP - NEREN
MESTRADO EM AGROECOSSISTEMAS
DISSERTAÇÃO
Aspectos dos Agroecossistemas de Produção
Apícola Sergipana
Bióloga Maria Emilene Correia de Oliveira
2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÙCLEO DE ESTUDOS E PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS
MESTRADO EM AGROECOSSISTEMAS
Aspectos dos Agroecossistemas de Produção
Apícola Sergipana
Bióloga Maria Emilene Correia de Oliveira
Sob a Orientação do Professor Dr.
Genésio Tâmara Ribeiro
Dissertação apresentada a Universidade
Federal de Sergipe, como parte das exigências
do Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em
Recursos Naturais NEREN, para obtenção do
título de Mestre em Agroecossistemas.
São Cristóvão - SE
Fevereiro de 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
O48a
Correia-Oliveira, Maria Emilene
Aspectos dos agroecossistemas de produção
apícola sergipana / Maria Emilene Correia de Oliveira.
– São Cristóvão, 2008.
126 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas)
Núcleo de Pós-Graduação e Estudos em Recursos
Naturais, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa,
Universidade Federal de Sergipe, 2008.
Orientador: Prof. Dr. Genésio Tâmara Ribeiro
1. Apicultura. 2. Mel. 3. Pólen. 4. Agroecossistemas
- Sustentabilidade. I. Título.
CDU 638.16::638.138
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – POSGRAP
NÚCLEO DE POS-GRADUAÇÃO E ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS -
NEREN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSISTEMAS
MARIA EMILENE CORREIA DE OLIVEIRA
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas, como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agroecossistemas
DISSERTAÇÃO APROVADA EM 29 / 02 / 2008
_____________________________________
Prof. Dr. Genésio Tâmara Ribeiro
Núcleo de Engenharia Florestal
Universidade Federal de Sergipe
(Orientador)
____________________________________
Prof. Dr. Edílson Divino Araújo
Laboratório de Biologia Tropical
Universidade Tiradentes
_____________________________________
Prof. Dr. Alceu Pedrotti
Universidade Federal de Sergipe
SENHOR...
Agradeço todas as oportunidades que colocastes
na minha vida. A realização desse sonho, que
abre as portas para tantos outros...
Obrigada DEUS...
Por todo o consolo nos momentos de angústia, a
força e determinação nos momentos de fraqueza
e por sua presença, que sempre ilumina a minha
vida.
A minha mãe Maria José e irmãs Elizabete,
Elizângela e Ednívia, exemplos de vida para
mim, minhas companheiras, que sempre me
incentivaram a ir além dos meus limites.
Ao meu pai Luiz José, que me ensinou a
enfrentar as adversidades da vida e que nada é
impossível quando existe a necessidade de fazer.
OFEREÇO
Ao meu filho Glauber e ao meu marido Thiago
que me impulsionaram na busca desse objetivo,
por todo amor e companheirismo que os fizeram
suportar todos os tormentos do caminho, sem
nunca me abandonar.
DEDICO
i
AGRADECIMENTOS
A Universidade federal de Sergipe (UFS), pela oportunidade de realização do Curso de
Mestrado.
A CAPES, pela bolsa a mim concedida.
Ao Professor Doutor Genésio Tâmara Ribeiro, pela confiança a mim depositada, pela
orientação, amizade e lições de vida que tanto contribuíram para o meu crescimento e
amadurecimento científico.
Ao Professor Doutor Edílson Divino Araújo, pelo apoio, orientação, soluções quando
tudo parecia perdido, pela disponibilização do Laboratório de Biologia Tropical, para
realização de análises das amostras e pela amizade.
Ao presidente da Federação Apícola do Estado de Sergipe e presidentes das
Associações Apícolas dos municípios participantes deste trabalho, por toda ajuda com a
coleta dos dados.
Ao SEBRAE-SE, na pessoa da Bióloga Marianita Mendonça representante do
departamento de Apicultura, por todo apoio, material disponibilizado e amizade.
Aos apicultores, que participaram do estudo e forneceram as amostras, pela
colaboração, paciência, confiança e amizade.
Ao Professor Doutor Marcelo Carnelossi, pela orientação com as análises físico-
química, pela presença amiga e por disponibilizar o Laboratório de Tecnologia de
Alimentos para as análises do mel e do pólen.
Á Professora Doutora Renata Silva Mann, pela amizade e por toda colaboração para a
realização das análises físico-química.
Á Professora Doutora Gláucia Barreto, pelo auxílio com maquinário para registro das
amostras e pela amizade.
Ao Professor Doutor Alceu Pedrotti, pela confiança, apoio, ensinamentos e amizade.
Aos professores do Curso de Mestrado em Agroecossistemas, pelos ensinamentos e
experiências transmitidas.
A Drª. Laura Vasconcelos, minha mãe científica, grande amiga, que sempre acreditou
em mim e me estimulou a buscar mais na carreira científica.
Aos amigos do Laboratório de Pragas Agrícolas e Florestais, Júlio Poderoso, Priscylla
Dantas, Ana Carolina Lessa, Francineide Bezerra, eternos amigos que fiz e que sem a
ajuda deles não teria concluído esse trabalho.
ii
A Adailton Ferreira, pela dedicação pela qual abraçou esse trabalho, pela força nos
momentos de tormento, sempre confiante que tudo ia dar certo, uma das pessoas
fundamentais para a realização dessa dissertação e principalmente por sua amizade.
A Rogena Amaral, Cleverton Santos e Andréia Pimentel, por toda dedicação, ajuda,
compreensão, carinho com o qual me acolheram e pela amizade.
A Paula Yaguiu pela amizade e iniciação nas análises físico-químicas.
Aos estagiários do Laboratório de Biologia tropical Jaltaíra Araújo, Cleverton Santos e
Meryellen Pereira, e ao aluno de agronomia Raulkiony Santana pela ajuda com as
análises.
A Jennifer Silva (J. SI) e Josenice Costa (J. CO), pela amizade, companheirismo e por
toda ajuda prestada na realização das análises.
Aos colegas dos mestrados, Evelyne, Francisco, Lindamar, Celso, Angélica, Marito,
Cíntia, Ivana, Josué, Tereza, Wesley, Clélio, Marcos, amigos de luta e estudos, que
tanto contribuíram para o meu crescimento científico.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste sonho, muito
obrigada.
iii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1. Distribuição dos apicultores sergipanos por sexo .............................................34
Figura 3.2. Distribuição das faixas etárias dos apicultores sergipanos entrevistados..........35
Figura 3.3. Nível de escolaridade dos apicultores sergipanos.............................................36
Figura 3.4. Tempo de ingresso na apicultura pelos produtores sergipanos .........................37
Figura 3.5. Número de colméias dos apicultores sergipanos...............................................38
Figura 3.6. Percentagem da utilização de mão de obra pelos apicultores sergipanos..........39
Figura 3.9. Percentuais de produtos apícolas produzidos no Estado de Sergipe.................42
Figura 3.10. Tipo de propriedades utilizadas pelos apicultores para instalação do apiário.43
Figura 3.11. Tipo de roupas utilizadas pelos apicultores para manejo em seus apiários.....44
Figura 3.12. Cores preferidas pelos apicultores para pintura das colméias.........................44
Figura 3.13. Número de quadros nas melgueiras utilizadas pelos apicultores sergipanos ..45
Figura 3.14. Critérios avaliados pelos apicultores durante a manutenção dos enxames .....45
Figura 3.15. Percentuais de escoamento do produto apícola no Estado de Sergipe ............46
Figura 4.1. Consumidores e não consumidores de produtos apícolas.................................55
Figura 4.2. Faixa etária dos não consumidores (em anos) de produtos apícolas.................55
Figura 4.3. Nível de escolaridade dos não consumidores de produtos Apícolas.................56
Figura 4.4. Percentual de consumidores de produtos apícolas de acordo com o sexo ........57
Figura 4.5. Percentagem de idades dos consumidores de produtos apícolas entrevistados.57
Figura 4.6. Nível de escolaridade dos consumidores de produtos apícolas.........................58
Figura 4.7. Utilização do mel pelos entrevistados...............................................................59
Figura 4.8. Local de aquisição de mel pelos consumidores.................................................60
Figura 4.9. Consumo ou não de produtos apícolas pelos entrevistados ..............................62
Figura 4.10. Percentagem de respostas sobre o motivo do consumo de mel e produtos
apícolas pelos entrevistados ................................................................................................62
Figura 5.1. Municípios sergipanos onde foram coletadas as amostras de pólen apícola
desidratado...........................................................................................................................72
Figura 5.2. Amostras de pólen apícola coletados nos municípios produtores do estado de
Sergipe.................................................................................................................................74
Figura 5.3. Fragmentos de insetos encontrados nas amostras de polens apícolas
analisadas.............................................................................................................................82
Figura 5.4. Bolotas de própolis encontradas nas amostras de polens apícolas analisadas...82
iv
Figura 6.1. Municípios sergipanos onde foram obtidas as amostras de méis ao longo do
ano de 2007..........................................................................................................................95
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de polens
apícolas desidratados produzidos no primeiro trimestre de 2007........................................83
Tabela 5.2. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de polens
apícolas desidratados produzidos no segundo trimestre de 2007........................................83
Tabela 5.3. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de polens
apícolas desidratados produzidos no terceiro trimestre de 2007.........................................84
Tabela 5.4. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de pólen
apícola desidratado produzido no quarto trimestre de 2007................................................84
Tabela 6.1. Freqüência das amostras dos municípios participantes ao longo dos
trimestres de 2007................................................................................................................99
Tabela 6.2. Resultados do primeiro trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe.................................................................................................................................102
Tabela 6.3. Resultados do segundo trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe.................................................................................................................................103
Tabela 6.4. Resultados do terceiro trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe.................................................................................................................................104
Tabela 6.5. Resultados do quarto trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe.................................................................................................................................105
vi
SUMÁRIO
Página
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 01
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO..................................................................................03
2.1. O Agroecossistema............................................................................................. 03
2.2. As Abelhas..........................................................................................................04
2.3. A Apicultura.......................................................................................................05
2.4. A Apicultura no Brasil........................................................................................06
2.4.1. O Cenário Apícola Nacional............................................................................08
2.4.2. O cenário Apícola Nordestino e Sergipano.....................................................10
2.5. Apicultura e o Desenvolvimento Sustentável.....................................................11
2.6. O mel e o Pólen Apícola.....................................................................................12
2.6.1. O mel............................................................................................................... 12
2.6.2. O Pólen............................................................................................................ 13
2.7. Os Parâmetros Físico-Químicos.........................................................................15
2.7.1. Açúcares.......................................................................................................... 15
2.7.2. Umidade .......................................................................................................... 15
2.7.3. Grau Brix......................................................................................................... 15
2.7.4. Atividade de Água........................................................................................... 16
2.7.5. Sólidos Insolúveis............................................................................................ 16
2.7.6. Hidroximetilfurfural........................................................................................ 17
2.7.7. Acidez..............................................................................................................17
2.7.8. pH.................................................................................................................... 17
2.7.9. Cinzas.............................................................................................................. 18
2.7.10. Lipídios.......................................................................................................... 18
2.7.11. Proteínas........................................................................................................ 18
2.7.12. Fibra Bruta..................................................................................................... 18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................19
3. CAPÍTULO I: APICULTORES DO ESTADO DE SERGIPE, BR. ....................30
RESUMO .................................................................................................................. 30
ABSTRACT.............................................................................................................. 31
3.1.INTRODUÇÃO................................................................................................... 32
3.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................33
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................33
3.3.1. Sexo dos Entrevistados....................................................................................33
3.3.2. Faixa Etária......................................................................................................34
3.3.3. Nível de Escolaridade......................................................................................34
3.3.4. Capacitações.................................................................................................... 36
3.3.5. Tempo de Atividade Apícola...........................................................................37
3.3.6. Número de Colméias .......................................................................................37
3.3.7. Atividades Complementares............................................................................38
3.3.8. Utilização de Mão de Obra.............................................................................. 39
3.3.9. Produto Apícola Produzido ............................................................................. 40
3.3.10. Apiário...........................................................................................................40
3.3.11. Manejo Apícola............................................................................................. 42
3.3.12. Processamento e Distribuição do Produto..................................................... 43
3.3.13. Problemas do Setor Apícola.......................................................................... 45
3.4. CONCLUSÕES.................................................................................................. 46
vii
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................47
4. CAPÍTULO II: CARACTERIZAÇÃO DOS CONSUMIDORES DE MÉIS
E OUTROS PRODUTOS APÍCOLAS EM SERGIPE, BR...................................... 50
RESUMO .................................................................................................................. 50
ABSTRACT.............................................................................................................. 51
4.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 52
4.2. MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................53
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................54
4.3.1. Não Consumidores de Produtos Apícolas....................................................... 55
4.3.2. Consumidores de Produtos Apícolas............................................................... 56
4.4CONCLUSÕES.................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................64
5. CAPÍTULO III: ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA EM POLENS DE
ABELHAS
Apis mellifera
, PRODUZIDO EM SERGIPE, BR.................................68
RESUMO .................................................................................................................. 68
ABSTRACT.............................................................................................................. 69
5.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 70
5.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................72
5.2.1. Obtenção da Amostra de Pólen Apícola Desidratado......................................72
5.2.2. Análises Físico-Químicas das amostras...........................................................72
a - Teor de Minerais (Cinzas).................................................................................... 73
b - pH.........................................................................................................................73
c - Umidade ...............................................................................................................73
d - Atividade de Água................................................................................................73
e - Lipídios.................................................................................................................74
f - Nitrogênio .............................................................................................................75
g - Proteínas............................................................................................................... 75
h - Fibra Bruta............................................................................................................ 75
i - Sujidade................................................................................................................. 76
5.2.3. Análise Estatística ........................................................................................... 76
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................76
5.3.1. Minerais (cinzas) ............................................................................................77
5.3.2. pH.................................................................................................................... 77
5.3.3. Umidade .......................................................................................................... 77
5.3.4. Atividade de Água........................................................................................... 79
5.3.5. Lipídios............................................................................................................ 80
5.3.6. Nitrogênio........................................................................................................ 80
5.3.7. Proteínas.......................................................................................................... 80
5.3.8. Fibras ...............................................................................................................81
5.3.9. Sujidade........................................................................................................... 81
5.4. CONCLUSÕES.................................................................................................. 85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................85
6. CAPÍTULO IV: AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS DE
Apis
mellifera
PRODUZIDOS NO ESTADO DE SERGIPE, BR.................................... 92
RESUMO .................................................................................................................. 92
ABSTRACT.............................................................................................................. 93
6.1. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 94
viii
6.2. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................95
6.2.1. Obtenção das Amostras................................................................................... 95
6.2.2. Análise Físico-Químicas das Amostras........................................................... 96
a - Umidade por Refratometria.................................................................................. 96
b - Grau Brix.............................................................................................................. 96
c - Açúcares redutores ...............................................................................................96
d - Cinzas...................................................................................................................96
e - Acidez livre ..........................................................................................................96
f - pH..........................................................................................................................97
g - Sólidos insolúveis em água .................................................................................. 97
h - Atividade de Água................................................................................................97
6.2.3. Análise Estatística ........................................................................................... 97
6.3. RESULTADOS ..................................................................................................98
6.3.1. Umidade por refratometria .............................................................................. 98
6.3.2. Grau Brix......................................................................................................... 98
6.3.3. Açúcares redutores ..........................................................................................99
6.3.4. Cinzas.............................................................................................................. 100
6.3.5. Acidez livre ..................................................................................................... 100
6.3.6. pH.................................................................................................................... 101
6.3.7. Sólidos insolúveis em água.............................................................................. 101
6.3.8. Atividade de Água........................................................................................... 101
6.4. CONCLUSÕES.................................................................................................. 105
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................106
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................... 111
ANEXO.....................................................................................................................112
RESUMO
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Aspectos dos Agroecossistemas de Produção Apícola
Sergipana. São Cristóvão: UFS, 2008. 126f. (Dissertação, Mestrado em
Agroecossistemas).
Atualmente, o homem tem discutido e contabilizado as agressões à natureza decorrentes
da utilização dos recursos para a produção de bens e serviços à sociedade. A apicultura
pode ser uma alternativa para a preservação dos Biomas, pois favorece a geração de
emprego e renda onde se desenvolve, fixando o homem do campo em sua terra. O
objetivo deste trabalho foi estudar o cenário apícola do estado de Sergipe, para tanto se
realizou caracterização do perfil dos apicultores e consumidores, bem como análises
físico-químicas de mel e pólen apícola desidratado, produzidos no estado. Os
apicultores sergipanos são jovens, com segundo grau completo em sua maioria, e
podem ser considerados apicultores comerciais. Os consumidores sergipanos,
utilizam o mel em casos de doença e confiam mais no supermercado na hora de comprar
seus produtos. O mel e o pólen sergipano apresentam boa qualidade, porém os estudos
mostram a necessidade de melhorias na parte de manejo, principalmente com relação à
colheita de mel e processamento do pólen. A melhoria do setor apícola neste Estado
pode contribuir para a sustentabilidade dos agroecossistemas naturais, bem como
auxiliar na preservação dos biomas sergipanos, pois para produzir as abelhas necessitam
das plantas e consequentemente “obrigam” os apicultores preservarem esses biomas
para poderem garantir a sua produção.
Palavras chave: Apicultura, agroecossistemas, pólen, mel.
ABSTRACT
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Beekeeping Aspects Produtcion Agroecosystems in the
State of Sergipe. São Cristóvão: UFS, 2008. 126f. (Dissertation, Master Science in
Agroecosystems).
Now, the man has been discussing and counted the aggressions to the current of the use
of the resources nature for the production of goods and services to the society. The
beekeeping can be an alternative for the preservation of Biomes, because it favors the
employment generation and income where it is developed, fastening the man of the field
in its earth. The objective of this work went study the scenery beekeeper of the state of
Sergipe, for so much he/she took place the beekeepers' characterization and consumers,
as well as analyses physical-chemistries and of botanical families of honey and pollen
dehydrated beekeeper, produced in the state. The beekeepers sergipanos is young, with
second complete degree in its majority, and commercial beekeepers can be considered.
The consuming sergipanos, only uses the honey in cases of disease and they trust the
supermarket more in the hour of buying its products. The honey and the pollen
sergipano present good quality, even so the studies show the need of improvements in
the handling part, mainly with relationship to the honey crop and processing of the
pollen. The improvement of the section beekeeper in this State can contribute to the
sustentability of the natural agroecosyms, as well as to aid in the preservation of the
biomes sergipanos, because to produce the bees they need the plants and consequently "
they force " the beekeepers they to preserve those biomes for they could guarantee its
production.
Key word: beekeepers, agroecosystems, pollen, honey.
1
1. INTRODUÇÃO
A necessidade do desenvolvimento sustentável fincou raízes na Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizado na cidade de Estocolmo em 1972, onde
foram questionados os limites do crescimento econômico, populacional, uso dos
recursos naturais, que estavam em constante declínio, às condições do meio ambiente
atual e, a previsão para perspectiva futura do planeta, se não fossem controlados todos
esses fatores. nessa conferência foi alertado para a necessidade da adoção de medidas
que limitasse o uso dos recursos naturais não-renováveis. Porém, o desenvolvimento
sustentável que os ambientalistas sugeriam na década de 1970 favorecia apenas aos
países desenvolvidos, sendo então repudiados pelos países do “Terceiro Mundo”, que,
naquele momento, iniciavam a sua industrialização. Em 1992 no Rio de Janeiro, foi
realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,
onde ficou definido que “O Desenvolvimento Sustentável é aquele que atende às
necessidades da geração presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações
de atender às suas necessidades” (MATERIAL, 2004).
A palavra desenvolvimento deveria significar a realização de potencialidades
socioculturais e econômicas de uma sociedade em harmonia com o meio ambiente.
Porém, com o pensamento liberal, o conceito de desenvolvimento passou a conotar uma
idéia de crescimento econômico, adotando como parâmetros de desenvolvimento os
padrões de vida e consumo das nações ocidentais industrializadas (CARPORAL E
COSTABEBER, 2000).
Para Leff (2001), o desenvolvimento sustentável é mais que uma simples relação
ecológica e econômica, abrange outros conhecimentos, onde o saber ambiental passa
pela diversidade cultural no conhecimento da realidade e saberes dentro de diferentes
ordens culturais e étnicas.
A conscientização quanto aos problemas ambientais nos força a adotar uma
visão sistêmica, onde o homem deixa de ser o centro do planeta e passa a integrá-lo,
sofrendo as conseqüências dos impactos e destruições que causa. Sifuentes
(2004)
define sistemas como
complexos dinâmicos de elementos que permanecem em
interação mútua como um todo e mantém sua integridade mediante essa integração de
suas partes
. Todas as ações direta ou indireta influenciam na manutenção do nosso
maior sistema que é o planeta Terra.
Na crescente busca por atividades agrícolas com métodos de exploração menos
impactantes ao ambiente e mais integradas aos ecossistemas locais, os sistemas de
2
produção agroecológica, orgânica e seus correlatos têm se apresentado como opções de
produção viáveis. Nestes tipos de sistemas têm sido incentivadas atividades, como a
apicultura, que se coadunam com os princípios de sustentabilidade para os ecossistemas
e, em especial, para os agroecossistemas (DA SILVA, 2004).
Segundo Altiere (2000), uma compreensão mais profunda da ecologia
humana dos sistemas agrícolas pode levar a medidas coerentes com uma agricultura
realmente sustentável, que seja culturalmente sensível, socialmente justa e
economicamente viável, derivando esta do equilíbrio entre fatores bióticos e abióticos.
A apicultura destaca-se das demais atividades agrícolas, em benefícios sociais,
econômicos e ecológicos, gerando em todo o país milhares de empregos (SILVA,
2007). Utiliza mão-de-obra desde a manutenção dos apiários à produção de
equipamentos, além dos empregos relativos ao beneficiamento dos produtos e à
polinização de pomares, atingindo diretamente pequenos e médios agricultores
(SOMMER, 1996). Sendo uma alternativa de subsistência para o homem do campo,
devido ao seu baixo custo inicial e fácil manejo em relação a outros agronegócios. É
considerado o tripé da sustentabilidade, pois permite a melhoria de vida dos produtores
sem agressão ao meio ambiente (FREITAS et al., 2004).
A apicultura no Brasil está em processo de desenvolvimento e aprimoramento de
técnicas visando à melhoria da qualidade dos produtos apícolas. Conhecer o potencial
apícola, bem como a qualidade dos produtos de uma localidade é essencial para o
crescimento sustentável dessa atividade econômica. A apicultura no Estado de Sergipe
necessita de estudos para gerar conhecimento científico para a busca da qualidade e
sustentabilidade da produção. E uma apicultura cada vez mais integrada e que
possibilite a sustentabilidade dos envolvidos, beneficia não somente os humanos mais
principalmente o meio ambiente.
3
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O Agroecossistema
A agricultura mudou a relação entre o homem e o meio ambiente. Os
agroecossistemas eram distribuídos como pequenas manchas na paisagem natural
maior. Os habitats manejados mantinham a integridade dos ecossistemas naturais, ao
mesmo tempo em que diversificavam a paisagem. Atualmente, predominam os usos
agrícolas da terra, fazendo dos habitats naturais manchas dispersas (GLIESSMANN,
2001).
Buscando conciliar o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental,
(questões que antigamente eram tratadas separadamente) idealizou-se o conceito de
desenvolvimento sustentável. Neste momento ocorre a consciência de que é preciso
racionalizar os recursos naturais, que não são ilimitados, com a mobilização da
sociedade no sentido de se organizar para que o desenvolvimento econômico não seja
predatório, mas sim, “sustentável”. Porém, o desenvolvimento sustentável, baseado na
manutenção da biodiversidade e no equilíbrio dos ecossistemas, requer mudança
completa no comportamento dos processos humanos de produção diante da natureza
(SOARES e FERREIRA, 2004).
Segundo Caporal e Costabeber (2000) a palavra desenvolvimento deveria
significar a realização de potencialidades socioculturais e econômicas de uma sociedade
em harmonia com seu entorno ambiental. Porém, com o pensamento liberal, o conceito
de desenvolvimento passou a conotar uma idéia de crescimento econômico, adotando
como parâmetros de desenvolvimento os padrões de vida e consumo das nações
ocidentais industrializadas. O desenvolvimento sustentável passou a ser discutido
amplamente pela sociedade, englobando vários níveis de interesses. Foram surgindo
diversas interpretações com relação ao seu significado de acordo com o interesse dos
envolvidos, provocando uma reflexão sobre as diferentes dimensões que compõe o
desenvolvimento sustentável: econômica, social, ambiental, cultural, política,
tecnológica, jurídica entre outras (MARTINS, 2001).
As diferentes dimensões do conceito de desenvolvimento sustentável, identifica o
que deve ser sustentado, e a quem se destina e para que se necessita da sustentabilidade
(MOREIRA, 1994). Em seu conceito oficial o desenvolvimento sustentável é aquele
4
que satisfaz as necessidades presentes sem comprometer as necessidades das gerações
futuras,
permitindo com isso inferir as dimensões econômicas, sociais e ambientais,
transmitindo uma preocupação de equilíbrio com vistas a alcançar o desenvolvimento
humano (MARTINS, 2001).
Atualmente, o homem tem discutido e contabilizado as agressões à natureza
decorrentes da utilização dos recursos para a produção de bens e serviços à sociedade.
Ao longo de séculos, ele buscou alcançar níveis elevados de produtividade sem,
contudo avaliar o custo ambiental e social da degradação dos ecossistemas. Assim, os
agroecossistemas passaram a ser cruciais na implantação de programas que almejem a
sustentabilidade dos sistemas produtivos (CUNHA, 2006).
Sabendo que a diversidade biológica possui valor incomensurável acredita-se
que sua deterioração vem ocorrendo pela fragmentação e destruição do habitat natural,
(matas ciliares, florestas etc.), tendo como os maiores responsáveis por essa destruição,
o crescimento contínuo das cidades, da malha rodoviária e a expansão da fronteira
agrícola (BORÉM, 2000). Na crescente busca por atividades agrícolas com todos de
exploração menos impactante ao ambiente e mais integradas aos ecossistemas locais, os
sistemas de produção agroecológica, orgânica e seus correlatos têm se apresentado
como opções de produção viáveis. Nestes tipos de sistemas têm sido incentivadas
atividades, como a apicultura, que se coadunam com os princípios de sustentabilidade
para os ecossistemas e, em especial, para os agroecossistemas (DA SILVA, 2004).
Por isso a apicultura pode ser considerada uma das poucas atividades pecuárias
que atende integralmente as questões mundiais de sustentabilidade. E uma apicultura
cada vez mais integrada e que possibilite a sustentabilidade dos envolvidos, visa
beneficiar não somente os humanos mais principalmente o meio ambiente (GRECO e
RESENDE, 2004).
2.2. As Abelhas
Existem aproximadamente 115.000 espécies de Hymenoptera conhecidos (LA
SALLE e GAULD, 1993), dentre as quais encontramos as abelhas com mais de 20.000
espécies descritas distribuídas em todas as regiões do mundo onde ocorrem
angiospermas (MICHENER, 1979). Embora sejam escassas evidências fósseis que
indiquem realmente o surgimento das abelhas, acredita-se que elas tenham evoluído
5
juntamente com o surgimento das plantas fanerógamas, no Período Cretáceo, que
ocorreu entre 146 a 76 milhões de anos (COLLET, 2004). As famílias das abelhas
modernas existem pelo menos 80 milhões anos, tendo sua diversificação ocorrida
juntamente com a irradiação evolutiva das plantas angiospermas (RAVEN et al., 2001),
provavelmente através de vespas predadoras, que passaram a aproveitar pólen, mel e
cuidar de suas crias (CALATAYUD, 2005).
Os mais antigos fósseis de abelhas o do período Eoceno, aproximadamente
40 milhões de anos, porém, estudos especializados já sugeriam que esses animais
haviam surgido antes desse período. Evidências morfológicas mostram que houve pouca
evolução das abelhas nestes 30 milhões de anos, e a semelhança física dos fósseis
quando comparadas às operárias atuais, indicam que o complexo comportamento social
destes animais estava desenvolvido, deste o Mioceno, aproximadamente 27
milhões de anos (WINSTON, 2003).
O sucesso evolutivo desses insetos foi devido a duas características
fundamentais, a capacidade de controlar a temperatura interna de suas colônias e a
capacidade de se agrupar. Estas características permitiam a permanência destas em
locais de temperaturas variadas, favorecendo assim a sua dispersão por regiões de
climas variados (COLLET, 2004).
2.3. A Apicultura
A utilização dos produtos apícolas para consumo acompanhou a evolução
humana, quando os primeiros homens coletavam mel para sua alimentação. As pinturas
rupestres de mais de 10.000 anos relatam a coleta de mel em árvores e rochas. Entre
8.000 e 4.000 anos a.C. o homem começou a desenvolver a atividade apícola comercial
(CALATAYUD, 2005).
O mel é um alimento rodeado de misticismos, lendas e crenças. Pinturas
rupestres encontradas na Espanha, mostram homens coletando mel. No oriente, o deus
Visnú era representado como uma abelha sobre uma flor de lótus. Uma mistura
fermentada alcoólica de mel e água foi uma das primeiras cervejas ingerida pelos
homens. Era conhecida como néctar divino, pois proporcionava uma espécie de êxtase.
Os vocábulos bier (alemão), beer (inglês), bierre (francês) e birra (italiano) que
significam cerveja, derivam daquela primeira bebida fermentada, obtida do mel, a qual
os celtas denominavam biura” (LENGLER, 2000). Nas cidades celtas e anglosaxãs do
centro e norte de Europa onde não era possível cultivar uvas para a fabricação de vinho,
6
o mel fermentado (denominado pelos romanos de hidromel) foi uma das primeiras
bebidas alcoólicas do mundo (TELLERÍA, 2001).
A atividade apícola foi oficialmente reconhecida no Egito há cerca de 2.400 anos
a.C. Os egípcios começaram as primeiras técnicas de manejo, passando a colocar as
abelhas em potes de barro, visando ao transporte das colméias. A palavra colméia vem
de colmo (recipientes com forma de sino feito de palha trançada) sendo de origem grega
(CARVALHO, 2005). Apicultura é o nome dado à criação racional de abelhas do
nero
Apis
, com finalidade econômica (VILELA, 2000b).
A apicultura é considerada uma atividade de grande importância econômica,
pois apresenta uma alternativa de ocupação e renda para o homem do campo. É uma
atividade de fácil manutenção e de baixo custo inicial em relação às demais atividades
agropecuárias (FREITAS et al., 2004).
A apicultura vem se destacando como agronegócio brasileiro desde os anos
oitenta, quando o movimento naturalista passou a divulgar a importância da utilização
na alimentação natural e na melhoria da qualidade de vida do homem. Isso
proporcionou o aumento da procura por produtos apícolas e sua valorização.
Consequentemente, o mercado para esses produtos espalhou-se pelo Brasil e a criação
de abelhas, que era uma tradição quase que exclusiva das regiões Sul e Sudeste, passou
a ser praticada também nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste (SOUZA, 2004).
2.4. A Apicultura no Brasil
Em 1839, o padre Antonio Carneiro Aureliano mandou vir colméias de Portugal
e instalou-as no Rio de Janeiro. Em 1841 havia mais de 200 colméias, instaladas na
Quinta Imperial. Em 1845, colonizadores alemães trouxeram abelhas da Alemanha
conhecidas como Nigra, (
Apis mellifera melífera
) e iniciaram a apicultura nos Estados
do sul (TRINDADE et al., 2004).
Em 1840 os imigrantes trouxeram raças espanholas, portuguesas e alemãs para
povoarem o país. Porém em 1950 a vulnerabilidades dessas raças dizimou cerca de 80%
dos enxames. Com o intuito de melhorar a apicultura nacional, em 1956, o professor
Warwick Stevam Kerr, selecionou abelhas rainhas africanas
A. mellifera scutellata
,
consideradas mais produtivas e resistentes a doenças, que foram trazidas ao Brasil para
pesquisas comparativas com as variedades européias (PEREIRA e VILELA, 2003). Dos
enxames existentes, 26 fugiram acidentalmente do apiário experimental, que se
localizava no horto florestal de Rio Claro, no estado de São Paulo (KERR, 1967;
7
NOGUEIRA-NETO, 1964; PORTUGAL-ARAÚJO, 1971). Acredita-se que devido ao
seu grande poder de colonização e maior defensividade, as abelhas africanas
possivelmente intercruzaram com as formas européias existentes na região sudeste do
Brasil, originando as abelhas africanizadas (MATIS, 1991; WINSTON, 1992).
Por sua maior rusticidade e melhor adaptação ao clima no Brasil, às abelhas
africanas se espalharam pelo país e devido a sua dominância genética, ocorreu à
miscigenação das abelhas européias e africanas na maioria dos apiários em apenas 02
anos (SILVA, 2001). Em meados dos anos 70, apicultores e pesquisadores passaram a
desenvolvem novas técnicas possibilitando o manejo dessa nova variedade e a
apicultura brasileira entrou em período de crescimento (PEREIRA e VILELA, 2003).
Em 1980, os Estados Unidos tomaram diversas medidas, para impedir a entrada das
abelhas africanizadas no país, pois como eles utilizavam abelhas para polinização de
culturas agrícolas, e as abelhas africanas são conhecidas por serem altamente
defensivas, os agricultores acreditavam que esses animais não serviriam para atuar
como polinizadores (COLLET, 2004). Para ressaltar a agressividade das abelhas poli-
híbrido, criaram o termo pejorativo de “killer bee” (abelhas assassinas) ou abelhas
brasileiras, porém esta ultima denominação é usada para nomear as abelhas nativas, que
não possuem ferrão, então se criou o termo abelha africanizada, que se refere ao poli-
híbrido existente no Brasil (GONÇALVES, 2006). Mesmo com todas as restrições e
cuidados, em 1992, as abelhas africanizadas foram localizadas na América do Norte
(SILVA, 2001).
Na década de 50, antes da chegada das abelhas africanas, a produção nacional de
mel girava em torno de cinco mil toneladas/ano, passando atualmente, para 50 mil
toneladas/ano (GONÇALVES, 2006) e no Brasil hoje, quase todas as abelhas do nero
Apis
são africanizadas (SILVA, 2001).
A alta capacidade de defesa, de adaptação a ambientes inóspitos e a capacidade
de reprodução com ciclo de vida mais curto que as demais subespécies aqui existentes,
são características das africanizadas que muito se assemelham às das abelhas africanas
nativas. Tais características permitem a esta raça de abelhas uma rápida ampliação da
biomassa e significativo aumento populacional (GONÇALVES, 1994). Em todo o
Brasil, a apicultura é desenvolvida com abelhas africanizadas (um poli-hibrido)
que
apresentam produtividade superior às demais, maior resistência a doenças e melhor
adaptação às condições climáticas brasileiras. Apesar de mais agressivas, as abelhas
8
africanizadas respondem docilmente a um manejo adequado, reservando o potencial de
agressividade para os inimigos naturais (VILELA, 2000b).
A produção mundial de mel é de aproximadamente 1,2 milhões de
toneladas/ano, tendo a China como maior exportador e a Alemanha como principal
comprador, adquirindo 50% do mel exportado no mundo e produzindo apenas 33 mil
t/ano. O Japão tem se tornado um importante comprador de mel, principalmente devido
à redução do número de apicultores, em decorrência da competição dos preços de
importação e da diminuição de áreas melíferas, utilizando 60% do mel para a indústria e
40% como mel de mesa (EMBRAPA, 2007).
Em 2002 os Estados Unidos e a União Européia suspenderam a importação de
mel da China devido a elevados índices de resíduos de drogas veterinárias encontradas
no mel daquele país, juntamente com esse fato houve a suspensão da importação do mel
da Argentina pelos Estados Unidos, que alegavam concorrência desleal em relação aos
preços dos produtores americanos (EMBRAPA, 2007). Consequentemente ocorreu um
desequilíbrio no mercado com redução da oferta e aumento do preço do mel no mercado
externo (SEBRAE, 2007).
Com a desvalorização da moeda brasileira (real), tornou-se mais viável para os
produtores brasileiros exportar o mel, iniciando a era da exportação do mel brasileiro,
sendo a produção nacional nos últimos quatro anos voltada para tal fim atingindo um
total de 65% em 2004. Em 2005, porém a China retoma as exportações de mel para a
União Européia, coincidindo com a valorização do real frente ao dólar americano,
desfavorecendo a exportação, e viabilizando as vendas no mercado interno (SOUZA,
2006). O Problema passa a ser o baixo consumo nacional (que é medido pela soma da
produção interna mais as importações e menos as exportações) frente aos outros
mercados. Enquanto no Brasil é consumido em média 60 gramas de mel/ano, em países
como Estados Unidos, Alemanha e Suíça, o consumo chega a 910, 960 e 1.500
gramas/ano respectivamente (RESENDE e VIEIRA, 2006).
2.4.1. O Cenário Apícola Nacional
No ano de 2001, devido à suspensão das importações do mel da China pela
Comunidade Européia, ocorre a falta do produto no mercado externo, e
consequentemente uma elevação no preço do mel, incentivando com esse evento, a
exportação do mel brasileiro. Consequentemente nesse mesmo período ocorreu aumento
no preço do produto no mercado interno e queda das vendas fracionadas, o que
9
dificultou a atividade de pequenos produtores, surgindo então à necessidade de
organização do setor (SOUZA, 2004).
Em 2004, somente a União Européia foi responsável pela compra de 94% do
mel brasileiro disponível para a exportação. Com o retorno da China como exportador
de mel para a União Européia em 2005, o panorama mudou, diminuindo a procura,
tornando o mel abundante no mercado interno, aumentando a competição e provocando
a queda nos preços. Em março de 2006, houve o bloqueio da exportação do mel
brasileiro pelo mercado europeu, devido ao pouco controle sobre a aplicação de
resíduos contaminantes no mel, como antibióticos (cloretetraciclina, oxitetraciclina,
tetraciclina, sulfametazina etc.), compostos halogenados e organoclorados (aldrin, alfa-
endosulfan lindane etc.), carbamatos e piretróides (permetrina, deltrametrina,
carbofurano etc.) e organofosforados (pirimifós metil, clorpirifós, dimetoato, terbufós
etc), limitando ainda mais o mercado externo para o Brasil. Com o aumento da oferta e
com medo de novas contaminações, o mercado externo tornou-se mais exigente em
relação à qualidade do mel.
A não adequação da apicultura nacional aos parâmetros de
qualidade e produtividade pode comprometer seriamente a sustentabilidade da atividade
no País, que sem as exportações o setor corre um sério risco de desaquecimento e
retração (SOUZA, 2006).
A produção de pólen apícola iniciou-se no Brasil no final da década de 80 de
forma modesta, porém atualmente o mercado de produtos naturais, vem favorecendo a
produção, porém apesar do constante crescimento de mercado para o pólen apícola. O
preço do quilo do pólen no mercado interno varia substancialmente, indo de R$15,00 o
produto sem processamento até R$40,00 o quilo (produto beneficiado). No varejo pode-
se encontrar o preço do quilo de pólen variando entre R$30,00 a R$150,00. A maioria
dos Estados brasileiros produz o pólen para consumo interno, porém os Estados do
Paraná, Santa Catarina e Bahia abastecem o mercado nacional, e Santa Catarina ainda
exporta para a Colômbia e Uruguai (BARRETO et al., 2006).
Atualmente o Brasil ocupa o lugar na exportação mundial de própolis, com
mais de 250 toneladas anuais e o Japão é seu maior comprador. O país, também,
encontra-se entre os países exportadores de cera, juntamente com Chile, Tanzânia,
Holanda e Austrália. Os maiores importadores da cera nacional são Estados Unidos,
Alemanha, Reino Unido, Japão e França (DA SILVA, 2004).
10
2.4.2. O cenário Apícola Nordestino e Sergipano
A apicultura e principalmente a produção de mel de abelhas surge como uma das
poucas atividades capazes de criar uma nova dinâmica de geração de ocupação e renda
no Nordeste, principalmente para áreas de caatingas, que tem nas condições
climáticas da região um dos seus principais aliados (VILELA, 2000a). Schowalter
(2000) ressalta que a produção de mel de abelhas é uma atividade que pode ser
desenvolvida por pequenos produtores com um retorno significativo e baixo impacto
para o meio ambiente, sendo, portanto uma atividade potencialmente sustentável já
constatado cientificamente do ponto de vista ecológico. As abelhas como polinizadoras
representam um papel importante na manutenção da estabilidade de ambientes.
O semi-árido abrange 59% do território Nordestino, com apenas duas estações
climáticas, a chuvosa, com duração variando entre 4 a 6 meses que geralmente ocorre
no primeiro semestre do ano, e a estação seca que se estende entre 6 a 8 meses no
segundo semestre do ano. Essa região possui a caatinga como vegetação predominante
(FREITAS et al., 2004).
Pesquisas realizadas no sertão de Pernambuco mostraram que as abelhas
produzem mais nessa região do que na zona da mata, devido ao clima, condições
ecológicas e vegetação nativa praticamente inalterada (LIMA, 1990).
O Nordeste possui uma capacidade de produção de mel de aproximadamente 2
mil toneladas/ano, e nenhuma outra região do país ou do mundo possui estas condições
para o desenvolvimento da apicultura (RIBEIRO, 1998). Com isso vem se destacando
na produção de mel, sendo que em 1995 esta região produziu 8.500 toneladas de mel e
os principais produtores foram Piauí, Bahia e Pernambuco, enquanto que a produção
nacional foi em torno de 34.500 toneladas (LEVY, 1998). Em 2004 a Região Nordeste
produziu 10.401 toneladas de mel e o estado de Sergipe participou com 55 toneladas,
produção que o coloca em nono lugar entre os estados desta Região, contribuindo com
0,17% para a produção nacional e 0,52% para a produção nordestina. Internamente, a
mesorregião geográfica do sertão sergipano contribuiu com 50% da produção total de
mel do estado, seguido da mesorregião do leste sergipano com 35% e a mesorregião do
agreste sergipano com 15% (CARVALHO, 2005). Em 2006 a produção sergipana de
mel aumentou mais de 50%, alcançando 75 toneladas (IBGE, 2007). Com relação à
produção de pólen esta atividade ainda é inexpressiva no Estado, porém apresenta um
grande potencial de produção, devido às extensas áreas de coqueirais irrigados. Sendo a
média de produção mensal de uma colméia nesta região de 900g a 8 kg. Atualmente o
11
estado de Sergipe conta com cinco municípios produtores de pólen e um total de 450
colméias e 30 apicultores destinados para esta produção (BRITO, 2006).
2.5. Apicultura e o Desenvolvimento Sustentável
As abelhas dependem de flores, principalmente como recursos de néctar e pólen,
para a sua alimentação e também como provisão para as suas crias (TAURA e
LAROCA, 2004).
A apicultura é uma alternativa de subsistência para o homem do campo, devido
ao seu baixo custo inicial e fácil manejo em relação a outros agronegócios. É
considerado o tripé da sustentabilidade, pois permite a melhoria de vida dos produtores
sem agressão ao meio ambiente (FREITAS et al., 2004). Possui um papel sócio-
econômico importante, proporcionando dezenas de empregos, diretos e indiretos. Utiliza
mão-de-obra desde a manutenção dos apiários à produção de equipamentos e
beneficiamento dos produtos, além de favorecer a polinização de pomares, beneficiando
diretamente pequenos e médios agricultores (SOMMER, 1996). Ocupa principalmente
a o-de-obra familiar no campo, diminuindo o êxodo rural das famílias envolvidas.
(ALCOFORADO FILHO, 1998).
O numero de apicultores é inferior à necessidade e capacidade de produção
nacional, além disso, o crescimento da apicultura necessariamente conduz a preservação
ambiental, pois, esta é necessária para a obtenção dos produtos apícolas (SÀ, 1984). Em
alguns estados do Nordeste, a apicultura não é ainda devidamente praticada, fazendo
com que apenas 15% do potencial apícola do Nordeste sejam explorados, ou seja, deixa
de gerar emprego e renda para os Estados, que por sua vez suprem à carência de
produtos apícolas comprando em outros Estados e regiões (SILVA, 2000).
As vantagens da criação de abelhas fazem da apicultura uma atividade que
estimula mudanças de atitudes no apicultor promovendo uma mentalidade mais
preservacionista, auxilia-o a permanecer na terra e, ainda, os rendimentos da atividade
torna viável a pequena propriedade fundamentada em mão-de-obra familiar, ao mesmo
tempo em que estimula a preservar o conhecimento ecológico local e a cultura que o
ator social possui (DA SILVA, 2004).
O que talvez ainda não tenha sido pesado é o impacto, causado pela introdução
das abelhas melíferas no Brasil. Como as abelhas africanas são muito territoriais, não
admitem competição com outras espécies de abelha, isso inclui as nativas, que já sofrem
12
com a degradação acelerada de seus habitats. Porém, a avaliação de tal impacto, é
dificultada diretamente, devido a dificuldade de definir a metodologia adequada para
inferir sobre os parâmetros de intervenção de uma espécie sobre o nicho da outra, ou
especificamente - da abelha africanizada sobre o nicho das abelhas nativas
(DRUMMOND e MALHEIROS, 2006).
O valor ambiental da apicultura é caracterizado pela interdependência da
vegetação com a biodiversidade, pois as visitas das abelhas às flores de espécies nativas
e agrícolas garantem a polinização (produção de frutos e sementes), aumentando a
produtividade agrícola e garantindo a regeneração e a perpetuação das espécies nativas
(PEGORARO e ZILLER, 2003).
Cerca de 67% das plantas produtoras de flores, dependem dos insetos, para a
realização da polinização. Dentre os insetos as abelhas são os mais eficientes agentes
polinizadores, e sua importância se pelo fato das larvas desses animais necessitarem
de néctar e pólen para a sua alimentação. Atualmente um terço das culturas que fazem
parte da base alimentar mundial, necessita da ação dos polinizadores para que ocorra a
formação de suas sementes e frutos. Porém a introdução de espécies exóticas,
desmatamento, fragmentação de habitats, uso de agroquímicos entre outros fatores,
afeta diretamente a polinização, pois reduz o número de espécies de insetos no
ambiente. Uma das soluções seria a utilização de abelhas
A. mellifera
, para realizar a
polinização em culturas agrícolas (VIANA e SILVA, 2006). Devido a sua abundância e
freqüência as abelhas
A. mellifera
, estão demonstrando serem uma alternativa eficiente
para polinização de culturas onde ocorre déficit de polinizadores nativos, enfatizando a
importância da apicultura migratória para suprir essa carência (D’AVILA e
MARCHINI, 2005).
Consciente da necessidade de proteção do meio ambiente e de garantir a
sobrevivência das futuras gerações, a Organização Mundial para a Agricultura e
Alimentação (FAO), Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento (PNUD), Ministério do Meio Ambiente e o Fundo Mundial para o
Meio Ambiente (GEF), deram início ao programa de iniciativa brasileira de
polinizadores (IBP), um projeto com mais seis países (Gana, Índia, Quênia, Nepal,
Paquistão e África do Sul) cuja finalidade é promover e assegurar a produtividade das
culturas agrícolas de comunidades rurais, garantindo com isso a alimentação das
gerações futuras, através do conhecimento,
entendimento e conscientização dos
13
múltiplos benefícios dos serviços prestados pelos polinizadores. O Projeto tem previsão
de duração de cinco anos, com início em 2006 e término em 2011.
O objetivo imediato será identificar ao nível mundial, práticas de manejo de uso
sustentável, tecnologias e políticas que promovam impactos positivos e minimizem
impactos negativos da agricultura na diversidade e atividade de polinizadores (DIAS et
al., 2006).
2.6. O mel e o Pólen Apícola
2.6.1. O mel
Segundo Campos et al. (2001), o mel pode ser elaborado a partir do néctar de
flores (mel floral), secreções de parte viva de plantas e ou excreções de insetos
sugadores de partes vivas das plantas (mel de melato). Esse néctar após ser coletado,
sofre reações físicas e químicas, por ação das enzimas da saliva das abelhas, que
transformam e o combinam com substâncias específicas próprias, produzindo então o
mel (LENGLER, 2000).
As propriedades físico-químicas do mel são influenciadas por vários fatores,
como a composição florística, a temperatura, quantidade e do tamanho dos cristais
(COSTA et al., 2005), além de condições edafológicas da região onde se localizam
essas flores (SODRÉ et al., 2003). As abelhas precisam do mel como fonte de energia,
ou carboidratos na forma de açúcares (WINSTON, 2003).
O mel como todo produto alimentício deve atender a requisitos mínimos de
qualidade físico-química em méis florais, como os índices de açúcares redutores
(mínimo permitido 65%), sacarose aparente (máximo de 6%) e umidade (até 20%), que
são indicativos de maturação do produto, sólidos insolúveis em água e teor de minerais
(máximo de 0,1 e 0,6% respectivamente) que indicam a pureza do mel e acidez
(máximo de 50 miliequivalentes por quilo/mEq/Kg), atividade diastásica (mínimo de 8
e na escala Gothe e/ou 3 se o hidroximetilfurfural HMF for inferior a 15 mg/Kg) e
hidroximetilfurfural (máximo tolerado 60 mg/kg), que são indicativos da deterioração
deste produto (BRASIL, 2000). Podendo ainda ser empregado outros parâmetros como
o pH, índice de formol, condutividade elétrica e cor (ARRUDA, 2003).
A análise físico-química de méis visa contribuir no controle da qualidade de
méis importado e nacional. Seus resultados são comparados com padrões citados por
órgãos oficiais internacionais (no caso de importação ou exportação) e /ou com os
14
padrões do próprio país, garantindo que o produto que chega ao consumidor não possuía
adulterações (SODRÉ et al., 2001).
A caracterização regional do mel é muito importante, pois leva-se em
consideração a grande diversidade botânica e variação edafoclimática de cada região
estudada (CARVALHO et al., 2000).
2.6.2. O Pólen
O pólen é o gameta masculino da flor, e é utilizado muito tempo,
principalmente por naturalistas como um suplemento da dieta humana (DADANT,
1966). Para as abelhas o pólen fornece proteínas, ácidos graxos, vitaminas e sais
minerais, além de ser a única fonte de alimento nitrogenado disponível para a
alimentação das larvas, e a ausência do pólen numa colméia pode levá-la a extinção
(FREITAS, 1991; BASTOS, 2002).
Ao ser coletado pelas abelhas o pólen sofre a adição de saliva desses animais,
cuja função é aglutinar o pólen, tornando possível o transporte deste nas corbículas
(cestas das patas traseiras) das abelhas. Possuindo ainda, minerais, proteínas e fibras
vegetais (LENGLER, 2000).
O pólen apícola é coletado por uma grade de retenção, caindo em um recipiente
coletor, conjunto este denominado de coletor de pólen. No final da coleta encontram-se
reunidas as bolotas de grãos de coloração variável, indicando as diversas comunidades
botânicas colecionadas pelas abelhas, formando uma mistura conhecida por “mix”
polínico, sendo esse material removido pelo apicultor para o beneficiamento,
comercialização e consumo animal e humano (BRASIL, 2001).
Foram estabelecidos padrões básicos para tentar fixar a identidade do pólen
brasileiro buscando atingir os requisitos mínimos de qualidade destinados ao comércio
nacional e internacional, tendo como parâmetros valores máximos e mínimos para os
parâmetros lipídios, proteínas, fibra bruta, umidade, acidez, pH e açúcares totais
(BARRETO et al., 2006).
Da mesma forma que o mel varia de cor, sabor, densidade, de acordo com a
planta originária, o pólen também possui grandes variações de cor, aminoácidos,
umidade, açúcares, dependendo da planta onde foi coletado (REIS e MARCHINI,
2000).
15
2.7. Os Parâmetros Físico-Químicos
2.7.1. Açúcares
A maior parte de matéria seca do mel é representado pelos carboidratos, que são
responsáveis por suas qualidades, propriedades físicas, valores energéticos e atividade
antimicrobiana (CRANE, 1990). O teor de glicose é quem determinará a tendência do
mel à cristalização, isso corre devido a sua pouca solubilidade, a frutose favorece a
doçura do mel, possuindo alta higroscopicidade, ou seja, capacidade de absorção de
água (HORN et al., 1996). No pólen mede-se o teor de açúcar total, que deve ter o
mínimo de 14,5% e o máximo de 55% m/m na base seca (BRASIL, 2001).
2.7.2. Umidade
Dos componentes do mel, a umidade é o segundo em quantidade (15 a 20%),
pode ser influenciada pela origem botânica do néctar, por condições edafoclimáticas e
pela colheita do mel antes da completa maturação (CANO, 2002). Teores de umidade
acima de 20% aumentam o risco de fermentação do mel (SCHWEITZER, 2001), pois a
água presente neste produto apresenta uma forte interação com as moléculas dos
açúcares, deixando poucas moléculas de água disponíveis para os microrganismos
(VERÍSSIMO, 1987). A legislação brasileira permite teores de umidade de no máximo
20% (BRASIL, 2000), a comunidade européia 21% e a farmacopéia portuguesa 22%
(FELLER-DEMALSY et al., 1989).
No Pólen os teores de umidade variam de acordo com a presença ou não de
processamento, em pólen apícola (não desidratado) é admitido um máximo de 30% de
umidade, porém no material desidratado os teores máximos são de até 4% (BRASIL,
2001). A umidade é um dos parâmetros mais importantes no estudo da qualidade do
pólen no que se refere à sua conservação. O pólen por ser higroscópico absorve
umidade do ar com grande facilidade e se não for manipulado com os cuidados
necessários no seu processamento ou não for armazenado em condições adequadas isto
poderá prejudicar sua qualidade final diminuindo sua vida de prateleira, pois quanto
mais úmido maior é sua vulnerabilidade à deterioração por microorganismos
(SCHAUSE, 1998).
2.7.3. Grau Brix
O grau brix indica a quantidade em gramas dos sólidos que se encontram
dissolvidos na água existente no alimento (CHITARRA e CHITARRA, 1990).
16
2.7.4. Atividade de Água (Aa)
O tempo de vida do produto, bem como textura, consistência e viscosidade estão
diretamente relacionados ao teor de água presente. A existência dessa água ocorre como
atividade de água e água ligada, resultando assim no conteúdo total de água que é o teor
de umidade. A água ligada às moléculas constituintes do produto não pode ser
desassociada ou utilizada em qualquer tipo de reação química. Porém nos alimentos
existe uma fração de água que fica disponível para reações físicas (como a evaporação),
química e microbiana, tornando-se a principal responsável pela deterioração do produto.
Essa quantidade de água é chamada de atividade de água, e é medida para determinar a
suscetibilidade do produto à degradação.
A atividade de água (Aa) de uma solução ou alimento pode ser definida como a
relação entre a pressão de vapor da solução (P) e a pressão de vapor do solvente puro
(Po). Geralmente os produtos com alto teor de açúcar apresentam baixa Aa, e
consequentemente são microbiologicamente estáveis, porém tendem a ser
higroscópicos, ou seja, tendem a absorver umidade. Quando não existe água disponível
a medida da Aa será igual a zero sendo o máximo de Aa igual a 1,000 (teor encontrado
em amostras constituídas em sua totalidade por água) (BOLETIM, 2007).
A maioria dos microrganismos que causam deterioração possui dificuldade de se
desenvolver em produtos com Aa inferiores a 0,90. O crescimento de leveduras e
fungos cessa em Aa abaixo de 0,85 e 0,70 respectivamente. Pode-se considerar um
alimento estável geralmente quando a atividade de água é inferior a 0,60 sendo esses
alimentos classificados como desidratados (LABUZA, 1980).
Os microrganismos toleram diferentes teores mínimos de Aa, porém quando se
alcança o limite individual de Aa de um produto, os respectivos microrganismos não
têm condições para desenvolverem. Por isso a Aa pode ser utilizado como parâmetro
para avaliar a qualidade de um produto (RÔDEL et al., 1990).
O conhecimento dos valores de Aa de produtos doces pode ser utilizado para
determinar o tempo de prateleira, tipos de embalagens e condições de armazenamento
adequadas para os produtos (BOLETIM, 2007).
2.7.5. Sólidos Insolúveis
A analise de sólidos insolúveis em água em amostras de is, é utilizado para
indicar o teor de pureza das amostras, o ximo tolerável é de 0,1%, porém em méis
17
prensados para venda ao consumidor o teor de sólidos insolúveis permitidos pode
chegar a até 0,5% (BRASIL, 2000).
2.7.6. Hidroximetilfurfural
Este parâmetro é formado pela reação de certos açúcares com ácidos,
principalmente pela decomposição da frutose na presença de ácidos. O seu teor pode
aumentar com a elevação da temperatura e armazenamento do mel (SALINAS et al.,
1991). Sua presença em altos teores evidencia essas condições, causando ao mel queda
no seu valor nutritivo devido à destruição de algumas enzimas e vitaminas termolábeis
(VERÍSSIMO, 1988; REGO et al., 202).
2.7.7. Acidez
A acidez fornece dados sobre o estado de conservação de um produto
alimentício, pois em processos de decomposição, a concentração de íons de hidrogênio,
apresenta-se geralmente alterada, sendo a sua medição utilizada para avaliar o estado
atual do produto (BRASIL, 2005). Os ácidos presentes no mel podem ser um indicativo
de armazenamento e do processo de fermentação, pois estão dissolvidos e produzem
íons de hidrogênio promovendo sua acidez ativa (CORNEJO, 1988). Em amostras de
pólen admite-se acidez de no máximo 300 mEq/kg (BRASIL, 2001).
2.7.8. pH
O pH determina os íons de hidrogênio presentes no mel (VIDAL e FREGOSI,
1984). O pH pode ser influenciado pela origem botânica e concentrações de diferentes
ácidos e minerais encontrados no mel, dentre os quais o cálcio, sódio e potássio (FRIAS
E HARDISSON, 1992). A determinação deste parâmetro é importante devido a fatores
como, influência na palatabilidade, desenvolvimento de microrganismos, escolha da
embalagem que será utilizada para acondicionamento entre vários outros (CHAVES,
1992). O pH pode influenciar ainda na formação de outros componentes, como na
velocidade de produção do hidroximetilfurfural (HMF) (VIDAL e FREGOSI, 1984).
Segundo Crane (1990), o pH poderá ser influenciado pelo pH do néctar, variando de
acordo com a sua origem botânica. Para o pólen os valores de pH devem estar entre 4 a
6 (BRASIL, 2001).
18
2.7.9. Cinzas
Expressam o conteúdo de sais minerais encontrados no mel e no pólen. A
quantidade de minerais influencia diretamente na coloração do mel, ou seja, quanto
mais escuro o mel, o percentual de sais minerais é maior (WHITE JUNIOR, 1984).
O
pólen é rico em minerais (cálcio, cloro, cobre, ferro, magnésio, iodo, cobalto,
molibdênio, selênio, estrôncio, estanho, boro, flúor, vanádio, cromo, fósforo, potássio,
silício, enxofre, alumínio, ferro, manganês, níquel, titânio e zinco) (DONADIEU, 1983;
LENGLER, 2002; MORETI, 2004) e o conhecimento sobre seu teor em cinzas é
importante uma vez que um valor elevado nesse parâmetro indica que o pólen,
provavelmente, não foi bem limpo no seu processamento, podendo ter em seu conteúdo
resíduo vegetais, poeira, própolis e fragmentos de abelhas (RIBEIRO e SILVA, 2006).
2.7.10. Lipídios
O pólen apícola é rico em lipídios, e a legislação brasileira estabelece que o
valor mínimo que uma amostra deve ter é de 1,8% m/m na base seca (BRASIL, 2001).
2.7.11. Proteínas
O pólen é um dos poucos alimentos que contém todos os aminoácidos essenciais
que o organismo, por si só, não consegue sintetizar (LENGLER, 2002). Isso vem
chamando a atenção dos consumidores para a qualidade desse produto (RIBEIRO e
SILVA, 2006). A média de proteínas para um pólen considerado de qualidade é de no
mínimo 8,0% (BRASIL, 2001).
2.7.12. Fibra Bruta
A fibra bruta representa o resíduo das substâncias das paredes celulares. O
processo mais comum para sua determinação é o de Hennermberg, que apesar de datar
de 1964, vem sendo bastante utilizado com algumas modificações. O método visa
simular in vitro” o processo da digestão “in vivo”. Consta fundamentalmente de uma
digestão em meio ácido, seguida por uma digestão em meio alcalino (SANT’ANA et
al., 2005). O valor mínimo exigido pela legislação brasileira é de 2% m/m, na base seca
(BRASIL, 2001).
A caracterização físico-química e botânica do mel ainda é pouco conhecida
principalmente nas regiões tropicais onde existe elevada diversidade de flora apícola
associadas às altas umidades e temperaturas ambientais (SODRÉ, 2000). É necessária a
19
criação de padrões, de acordo com os fatores edafoclimáticos e florísticos das regiões,
estabelecendo critérios comparativos nas análises e controlando possíveis fraudes no
mel (CRANE, 1990).
Além do potencial apícola de cada planta, é necessário conhecer também o valor
nutricional do pólen dessas plantas. Este tipo de informação sobre os diferentes tipos
polínicos de uma região ou época do ano pode contribuir para a escolha do local de
instalação dos apiários, podendo contribuir ainda para elaboração de projetos de
reflorestamento de áreas degradadas, recomposição de mata ciliar entre outros
(MODRO, 2006). O conhecimento nutricional do pólen pode auxiliar no controle de
qualidade do produto, principalmente para direcionar a produção comercial do pólen
monofloral (ALMEIDA-MURADIAN et al., 2005).
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30
3. CAPÍTULO I
APICULTORES DO ESTADO DE SERGIPE, BR.
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Apicultores do Estado de Sergipe, Br. São Cristóvão:
UFS, 2008. 126f. (Dissertação, Mestrado em Agroecossistemas).
RESUMO
A apicultura pode ser considerada uma atividade sócio-econômica conservadora das
espécies, pois possui um baixo impacto ambiental, possibilitando a utilização
permanente dos recursos naturais e consequentemente, não destruição do meio
ambiente. O objetivo do trabalho foi estudar o perfil dos apicultores sergipanos,
buscando gerar informações sobre o setor no Estado de Sergipe. A pesquisa foi
realizada entre os apicultores ao longo do ano de 2007. Foram aplicados 180
questionários semi-estruturados com 30 questões, avaliando 36% do total de apicultores
do Estado, considerando-se um índice de confiabilidade de 95% e margem de erro
amostral de aproximadamente 6%. 92% dos apicultores pertencem ao sexo masculino,
com faixa etária de 26 a 40 anos e ensino médio. 82% possuem treinamento em
apicultura, e 82% produzem mel. Os apicultores entrevistados enxergam a apicultura
como um complemento da sua renda, disponibilizando pouco tempo para esta atividade.
Uma das questões conflitantes é a diversidade de informações, materiais e de manejo
utilizados pelos apicultores, o que muitas vezes pode comprometer a qualidade do que é
produzido.
Palavras – chave: Apicultura, aspectos sociais, mel.
31
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Beekeepers of the State of Sergipe, Br. São Cristóvão:
UFS, 2008. 126f. (Dissertation, Master Science in Agroecosyms).
ABSTRACT
The beekeeping can be considered an activity socioeconomic conservative of the
species, because it possesses a low environmental impact, facilitating the permanent use
of the natural resources and consequently, non destruction of the environment. The
objective of the work went study the profile of the beekeepers sergipanos, looking for to
generate information on the section in the State of Sergipe. The research was
accomplished among the beekeepers of the State of Sergipe along the year of 2007.
They were applied 180 questionnaires half-structured with 30 subjects. Evaluating 36%
of the beekeepers' of the State total, being considered an index of reliability of 95% and
margin of mistake sample of approximately 6%. 92% of the beekeepers belong to the
masculine sex, with age group of 26 to 40 years and medium teaching. 82% possess
training in beekeeping, and 82% produce honey. The beekeepers interviewees see the
beekeeping as a complement of its income, available little time for this activity. One of
the subjects conflict is the diversity of information, materials and of handling used by
the beekeepers, which a lot of times can commit the quality than it is produced.
Key words: Beekeeping, social aspects, honey.
32
3.1. INTRODUÇÃO
A apicultura é uma atividade que pode ser desenvolvida por pequenos
produtores com um retorno significativo e baixo impacto ao meio ambiente
(SCHOWALTER, 2000), sendo considerada uma atividade sócio-econômica
conservadora das espécies vegetais nativas, possibilitando a utilização permanente
desses recursos naturais. Sendo uma das poucas atividades que engloba o tripé da
sustentabilidade: o econômico gerador de renda para os produtores; o social ocupador
de mão-de-obra familiar no campo, com diminuição do êxodo rural e o ecológico, já que
não se desmatam para criar abelhas, necessitando-se elas, ao contrário, plantas vivas
para a retirada do pólen e do néctar de suas flores, suas fontes alimentares básicas
(SANTOS et al., 2006).
O Agronegócio apícola vem se destacando nacionalmente, desde os anos oitenta,
a partir do movimento naturalista, que começou a pregar a utilização de alimentas mais
saudáveis bem como a melhoria da qualidade de vida do homem. Isso proporcionou o
aumento da procura dos produtos da colméia e, consequentemente, sua valorização,
possibilitando ao apicultor uma melhor remuneração. Esses e outros eventos
propiciaram a expansão do mercado apícola e a apicultura no Brasil, que até aquele
momento era uma tradição quase que exclusiva das regiões Sul e Sudeste, passou a ser
praticada também nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste (SOUZA, 2004a).
O resultado mais importante do incremento da apicultura na região Nordeste do
Brasil é a conservação dos ecossistemas, pois a falta de alternativa para a sobrevivência
do sertanejo o conduz a acelerar o processo de degradação ambiental com a retirada de
lenha, desmatamentos e queimadas (SOUZA, 2002)
.
O apicultor é um ator social que têm os fenômenos macrossociais e os recursos
físicos atuando fortemente quanto à sua prática criatória (DA SILVA, 2004). A
atividade agrícola escolhida não representa somente produção e trabalho, mas satisfação
pessoal, para a maioria dos produtores, e retorno às tradições familiares, para outros
(BENNETT, 1982).
Os modelos tecnológicos para a atividade apícola devem procurar utilizar mais o
conhecimento do apicultor do que investir no capital e, sobretudo, devem ser mais
adaptados aos ambientes naturais em que vivem as populações rurais (DA SILVA,
2004).
33
O objetivo do trabalho foi avaliar o perfil dos apicultores sergipanos, buscando
gerar informações sobre o setor no Estado de Sergipe.
3.2. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada entre os apicultores do estado de Sergipe, ao longo do
ano de 2007, inicialmente em reuniões das associações dos apicultores dos municípios
de Aracaju, Brejo Grande, Lagarto, Nossa Senhora de Glória, Pacatuba, Porto da Folha,
Poço Redondo, Poço Verde, São Cristóvão, Santana de São Francisco e Tobias Barreto,
depois foram aplicados ainda questionários durante o seminário sergipano de apicultura,
buscando expandir os questionamentos para as mais variadas regiões. Foram aplicados
180 questionários semi-estruturados com 30 questões (Anexo 3.1).
A amostra estudada baseia-se nos números de Carvalho (2005), que registrou um
total de 500 apicultores associados que são atendidos pelo projeto de apicultura da
Unidade de Atendimento Coletivo do Agronegócio do SEBRAE-SE, avaliando,
portanto 36% da população total. Este valor foi obtido, considerando-se um índice de
confiabilidade de 95% e uma margem de erro amostral de aproximadamente 6%,
utilizando a fórmula
2
0
0
1
E
n =
, para o cálculo do tamanho mínimo da amostra, onde “n
0
é igual a uma primeira aproximação para o tamanho da amostra e “E
0
” é o erro amostral
tolerável, e corrigida em função do número da população pela fórmula,
0
0
nN
nN
n
+
´
=
,
onde “N” é o tamanho da população e “n
0
” é uma primeira aproximação para o tamanho
da amostra (BARBETTA, 2005).
Buscou-se primeiramente avaliar o perfil dos entrevistados, identificando o sexo,
faixa etária e nível de escolaridade, seguido de suas preferências com relação ao
manejo, questões com relação ao apiário e problemas enfrentados pelo setor. Os
resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva, expondo os dados e
informações da população pesquisada.
3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.3.1. Sexo dos Entrevistados
Dos apicultores entrevistados 92% pertencem ao sexo masculino e 8% ao sexo
feminino (Figura 3.1). Resultado semelhante ao observado em Santa Catarina, na região
34
Masculino
92%
Feminino
8%
de Ubirici onde a apicultura é praticada apenas por homens e em Joinville 14% dos
apicultores pertencem ao sexo feminino (DA SILVA, 2004), e no Estado do Tocantins,
onde 85,6% dos apicultores pertencem ao sexo masculino (TSCHOEKE et al., 2006),
caracterizando a atividade apícola como eminentemente masculina, porém não como
uma atividade excludente.
3.3.2. Faixa Etária
A faixa etária de concentração dos entrevistados foram de 26 a 40 anos, (Figura
3.2). Esses dados evidenciam que no Estado de Sergipe que a faixa etária em fase de
afirmação no mercado de trabalho está se interessando por esse agronegócio, que se
encontra em amplo desenvolvimento. Resultado discordante encontrado em Tocantins
onde 75,5% dos apicultores entrevistados com idade superior aos 36 anos (TSCHOEKE
et al., 2006), e em Santa Catarina onde os apicultores concentram-se na faixa etária
entre 20 a 60 anos de idade (DA SILVA, 2004).
3.3.3. Nível de Escolaridade
Os apicultores sergipanos possuem desde a ausência da escolaridade até o nível
superior completo (Figura 3.3), sendo que a maior concentração (31%) dos apicultores
sergipanos possui ensino médio completo (antigo segundo grau). Resultado semelhante
aos encontrado em Alagoas, onde acima de 30% dos apicultores possui segundo grau
completo (PEREIRA e VILELA, 2003). Nível escolar mais elevado pode significar que
o agronegócio apícola pode estar atraindo pessoas que terão mais facilidades para
assimilar as novidades tecnológicas. A escolaridade pode ser um dos fatores que
dificultam a compreensão das orientações recebidas, ignorando-as, por considerarem
Figura 3.1. Distribuição dos apicultores sergipanos por sexo. São
Cristóvão, 2008.
35
que, se eles sempre agiram da mesma forma e conseguiram se manter, não
necessidade de mudanças (PATRIARCA e CRUZ, 2007). Por outro lado esses
resultados divergem daqueles observados no nos municípios da Região Sul da Bahia
com 43% dos apicultores analfabetos ou com até a quarta série do ensino fundamental
(PIMENTEL et al., 2007), no município de Messias Targino (RN) onde 63,4% possuem
o nível fundamental, sendo que destes 26,7% são analfabetos ou analfabetos funcionais
(OLIVEIRA et al., 2007), no litoral Sul da Bahia onde 24% dos apicultores possuem
ensino médio completo (SANTOS et al., 2006), no Tocantins com 48,9% dos
apicultores que possuem o ensino fundamental completo (TSCHOEKE et al., 2006), no
município de Ubirici (SC), em que o nível de escolaridade mais representativo era o
fundamental incompleto (73,4%) (DA SILVA, 2004), no Rio Grande do Norte onde
36,4% dos apicultores são analfabetos (VILELA e PEREIRA, 2002).
Os resultados evidenciam que a apicultura é praticada por pessoas com um nível
de escolaridade maior que os demais produtores, como os de café orgânico do Espírito
Santo, com média de 8,02 anos estudados (PARTELLI et al., 2006), de Santa Helena
(PR) com 80% de produtores rurais que estudaram no máximo até a oitava série do
ensino fundamental (CURTARELLI et al., 2006).
Figura 3.2. Distribuição das faixas et
árias dos apicultores
sergipanos entrevistados. São Cristóvão, 2008.
4
13
16 16
16
9
10
7
3
6
0
2
4
6
8
10
12
14
16
(%)
<18 18-25 26-30 31-35 36-40 41-45 46-50 51-55 56-60 >60
Idade (anos)
36
3
1
12
23
17
31
7
6
0
5
10
15
20
25
30
35
(%)
N.A A. 1ª-4ª 5ª-8ª E.M.I E.M.C. N.S.I. N.S.C.
3.3.4. Capacitações
Apenas 18% dos entrevistados o possuíam nenhum tipo de curso em
apicultura, demonstrando o interesse da maioria em iniciar esse agronegócio com
práticas corretas e a possível intenção de profissionalizar a apicultura, não praticando-a
apenas como um complemento em que o manuseio, fica apenas para quando sobra
tempo. Dos 82% que possuem capacitação na área apícola, 24% possui mais de 25
horas de treinamento, 43% passaram de 25 a 60 horas e 33% possuem mais de 60 horas
em treinamento. O elevado número de capacitações pode ser decorrente ao nível escolar
dos apicultores. Dentre as capacitações cursadas foram citados, básico em apicultura,
práticas e manejo, produção de pólen e produção de rainhas. Resultados semelhantes
aos encontrados em Alagoas, onde 87,2% dos apicultores possuem capacitação
(PEREIRA e VILELA, 2003). em Santa Catarina 93,38% dos apicultores possuem
capacitação na área apícola em Ubirici, em Joinville todos os apicultores possuem
algum tipo de capacitação na área (DA SILVA, 2004).
3.3.5. Tempo de Atividade Apícola
A grande maioria dos apicultores (60%) é relativamente nova na apicultura,
possuindo entre dois a nove anos de trabalho nesse agronegócio (Figura 3.4). O que
Figura 3.3. Nível de escolaridade dos apicultores sergipanos.
N.A. - Não Alfabetizado; Alfa. Alfabetizado; -
-
4ª séries do ensino fundamental; -
8ª séries do
ensino fundamental; E.M.I. -
ensino médio
incompleto; E.M.C. -
ensino médio completo; N.S.I.
- nível superior incompleto; N.S.C. -
nível superior
completo. São Cristóvão, 2008.
37
13
30 30
13
14
0
5
10
15
20
25
30
(%)
1 2 a 4 5 a 9 10 >10
Tempo de Atividade Acola (anos)
pode facilita a adoção de novas práticas por partes dos mesmos. Mostrando que a
apicultura no Estado de Sergipe é uma atividade recente, que se iniciou provavelmente
em 1990, os dados evidenciam que uma grande parcela dos apicultores iniciou as
atividades em 2002, ano em que ocorreu o embargo europeu às exportações da China e
Argentina, e que a apicultura brasileira foi muito incentivada no pelo governo,
começando a ganhar destaque no Nordeste. Dado semelhante observado no Estado de
Alagoas, com 29,1% dos apicultores ingressaram na atividade em 2002 (PEREIRA e
VILELA, 2003).
3.3.6. Número de Colméias
A grande maioria dos apicultores sergipanos (62%) possui entre 1 e 50 colméias
(Figura 3.5), o que segundo Silva (2001) os classificam como pequenos apicultores, ou
apicultores familiares. E 38% possuem acima de 50 colméias são considerados
apicultores profissionais ou comerciais, necessitando com isso mais atenção e,
consequentemente, tempo como apicultor. Em levantamento realizado para o Sebrae-
SE, em municípios onde presta assistência (um total de 16 no Estado) obteve-se um
total de 16.775 colméias, que se estivessem todas povoadas e bem manejadas renderiam
uma produção aproximada de 671 mil quilos de mel, considerando a produtividade
média de 40 kg/colméia/ano (CARVALHO, 2005). Resultados superiores aos da Região
Sul da Bahia, onde 28% dos apicultores têm menos de 10 colméias e 11,6% possuem
Figura 3.4. Tempo de ingresso na apicultura pelos
produtores sergipanos. São Cristóvão, 2008.
38
8
5
49
23
10
2
3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
(%)
1 a 5 6 a 10 11 a 50 51-100 101-200 201-300 >300
Número de Colméias
mais que 50 colméias (PIMENTEL et al., 2007). E inferiores aos encontrados em
Alagoas, onde 78% dos apicultores possuem de 1 a 50 colméias, 10% de 50 a 100 e
12% mais que 100 colméias (PEREIRA e VILELA, 2003), no Vale do Paraíba (SP)
com 68,74% dos apicultores que possui de 1 a 50 colméias, 15,62% de 51 a 100 e 15,62
possuem mais de 100 colméias (BENDINI et al., 2002).
3.3.7. Atividades Complementares
Quase a totalidade dos entrevistados (91%) afirmou possuir outra atividade além
da apicultura. Essa realidade pode ocorrer devido à apicultura no Estado ser no âmbito
familiar, onde a maioria dos apicultores possui poucas colméias e necessitam de
complementação de sua renda. Desse total 56% são agricultores e 44% possui outras
atividades como o ensino, pecuária, carpintaria, assistência técnica, funcionalismo
público, etc. Resultado semelhante foi observado em Messias Targino (RN) com 93%
(OLIVEIRA et al., 2007), no Tocantins com 93,6% e destes 47,75% são produtores
rurais (TSCHOEKE et al., 2006), e em Alagoas com 92,7% (PEREIRA e VILELA,
2003). Cenário diferente é encontrado em Santa Catarina onde 43,3% dos produtores
sobrevivem apenas dos ganhos com a apicultura, o que os torna mais preocupados em
melhorar a qualidade e a quantidade de sua produção (DA SILVA, 2004).
Para muitos a apicultura é vista como uma maneira de conseguir uma renda extra e
paralela às suas atividades profissionais, porém para render boas safras sendo necessário
a profissionalização da apicultura, que deve ser exercida como ocupação principal
Figura 3.5. Número de colméias dos apicultores sergipanos.
São Cristóvão, 2008.
39
29
18
6
2
20
16
9
0
5
10
15
20
25
30
(%)
M.F.N.R M.F.R. C.A.P. C.A.E. T.S.A. T.S. OUT.
Utilização de o de Obra
(BÖHLKE e PALMEIRA, 2006). E talvez esse seja um dos fatores que causam
ocasionam os baixos índices de produtividade da apicultura nordestina e brasileira.
3.3.8. Utilização de Mão de Obra
A apicultura sergipana tem características familiares, em concordância a maioria
dos apicultores (29%) ainda utiliza a mão de obra de parentes, geralmente membros da
família, como esposa, filhos e ou irmão, que não recebem nenhuma remuneração pelo
serviço prestado, outros 20% dos apicultores trabalham sozinhos, ou seja, não
necessitando auxílio para realização das tarefas apícolas. Apenas 6% empregam mão de
obra permanentemente em seus apiários, porém quando necessitam de auxílio,
geralmente em período de safra ou migração a diária paga pelos apicultores é em média
R$ 20,00 (Figura 3.6). Resultados inferiores aos 83,3% dos apicultores catarinenses que
utilizam mão de obra familiar e 16,7% que contratam mão de obra e/ou fazem parcerias
(DA SILVA, 2004), e aos 77,2% dos apicultores alagoanos (SOUZA, 2006b).
3.3.9. Produto Apícola Produzido
Com relação ao produto apícola, 82% produzem mel (Figura 3.9),
provavelmente por ser um dos produtos de mais fácil obtenção, que exige pouca
Figura 3.6. Percentagem da utilização de mão de obra pelos
apicultores sergipanos. M.F.N.R. -
membro familiar não
remunerado; M.F.R. -
membro familiar remunerado;
C.A.P. - contratada, assalariada permanente; C.A.E.
-
contratada, assalariada eventual; T.S.A. -
troca serviços
com outros apicultores; T.S. -
trabalha sozinho. São
Cristóvão, 2008.
40
atenção, menor tempo do apicultor, menor nível de capacitação e acessórios para a
produção. Dos apicultores entrevistados 6% trabalham com outros produtos que não os
encontrados nos questionários, entre eles a produção de cera e de cosméticos a base de
mel. Resultados superiores aos encontrados na Região Sul da Bahia com 65% de
apicultores produzindo mel e 35%
pólen, própolis e cera (PIMENTEL et al., 2007), em
Cáceres (MT) onde os apicultores citam o mel (100%) como principal produto extraído
das abelhas, sendo seguido da própolis (47,1%), cera (23,5%), pólen (17,6%) e geléia
real (11,8%) (MODRO et al., 2006), em Santa Catarina, com 50% dos apicultores
produzem apenas mel, 26,7% produzem mel, própolis e pólen, e 23,3% mel e própolis
(DA SILVA, 2004).
O estudo evidência a necessidade de diversificação na produção apícola,
aproveitando as áreas com aptidão para determinado produto, como o caso do litoral,
onde pode ser mais proveitoso e rentável a produção de pólen e própolis que somente
mel. Além de que a diversificação da produção pode ser a solução para os baixos preços
do mel e problemas com o escoamento da produção. Com esse pensamento as
associações, federação sergipana e órgãos governamentais incentivam a produção de
pólen em municípios do Baixo São Francisco, em Pacatuba e Brejo Grande, do litoral
em Estância, e na região centro sul em Tobias Barreto (que possui vegetação típica de
mata do agreste), e a produção de cosméticos e alimentos a base de mel. Porém essas
produções ainda são pequenas, necessitando de continuo incentivo e de uma maior
organização com relação à comercialização desses produtos.
3.3.10. Apiários
Com relação aos apiários dos entrevistados, foi questionado se eles possuíam as
condições mínimas de segurança e com relação ao conforto das abelhas (pasto apícola e
água), pois se as condições não forem favoráveis para elas, pode ocorrer baixa produção
e em casos mais extremos abandono das colméias.
Do total dos entrevistados apenas 10% possui placa de sinalização informando a
presença do apiário, muitos afirmam que não adotam essa prática devido ao receio de
ocorrer roubo de colméias e/ou de mel em seus apiários, porém essa prática coloca em
perigo a população que reside nas proximidades dos apiários, bem como possíveis
transeuntes.
Apenas 18% possuem cerca ao redor dos apiários, impedindo a proximidade de
pessoas e, principalmente, de animais que acidentalmente podem esbarrar nas colméias
41
durante a sua alimentação. 90% dos apicultores afirmaram que seus apiários ficam
isolados de residências, e 75% ficam isolados de criações de animais, o que reduz os
riscos de acidentes, o que poderia prejudicar o apicultor, bem como o funcionamento de
seu apiário, pois o medo das abelhas por parte da população ainda é muito grande.
A disposição das colméias mais utilizada pelos apicultores é a paralela (45%),
seguida da circular (36%), outras disposições que as não citadas no questionário, como
diagonal, quadrado etc., (11%), em forma de “U” (6%) e em forma de “Z” (2%).
Os apiários também possuem fácil acesso de veículos (70%), diminuindo o
desgaste físico do apicultor durante a realização do manejo e colheita do produto
apícola. Dos entrevistados, 80% possuem fonte de água natural nas proximidades de
seu apiário, e os demais (20%) mantêm fontes artificiais de água para suprir a
necessidade das abelhas.
Com relação ao pasto apícola, ou seja, à quantidade de vegetação para que as
abelhas possam buscar matéria prima para sua alimentação e produção de reservas (que
o apicultor retira da colméia), 40% dos entrevistados afirmam que possuem pasto
apícola suficiente para as abelhas, 35% que seu apiário possui pasto apícola abundante e
25% que o pasto apícola fica a pelo menos 1 km de distância do apiário, o que pode
acarretar um maior desgaste para as abelhas que precisam voar por um período maior
em busca do alimento, reduzindo sua expectativa de vida. Foi questionado ainda com
relação ao tipo de vegetação no entorno do apiário, onde 25% informaram que seus
apiários ficam nas proximidades de culturas agrícolas, 24% possuem vegetação típica de
Caatinga, 22% vegetação rasteira (podendo ser culturas abandonadas, ou vegetação de
Cerrado sergipano), 14% vegetação da Mata Atlântica, 11% Manguezais e 4% outros
que os entrevistados não especificaram.
Os apiários geralmente se localizam em terrenos de propriedade dos próprios
apicultores (44%) (Figura 3.10). Os tamanhos dos apiários variam de acordo com o
tamanho do local onde este está instalado, existindo apiários com de 40 m
2
a 330.000
m
2
. Com relação à quantidade de colméias por apiário, os apicultores as distribuem
muitas vezes em um único apiário, sendo informado a existência de apiários contendo
mais de 100 colméias. O número de colméia deve ser disponibilizado de acordo com a
florada, e para facilitar o manejo, recomenda-se que em um apiário possua no máximo
30 colméias, se o apiário for fixo e até 50 colméias em caso de migração (SOUZA,
2004b).
42
82
3
4
1
2 2
6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
(%)
Mel Prop l G.R. Vd.E. Vd.R. Out
Produto
A migração para pastos mais favoráveis é realizada por 56% dos apicultores
sergipanos, garantindo uma continuidade na produção durante todo o ano. Geralmente a
migração ocorre nas estações desfavoráveis (inverno no litoral, verão no sertão).
Apesar de a apicultura ser considerada uma atividade que incentiva a
consciência ecológica, apenas 24% dos entrevistados, já plantaram alguma espécie
vegetal para a melhoria do pasto apícola. Resultados inferiores aos observados em
Alagoas, onde 56,6% dos apicultores introduziram plantas em seus apiários
(PEREIRA e VILELA, 2003). Um número pequeno considerando o percentual de
apicultores que afirmam possuir apiários em terrenos próprios. As espécies vegetais
mais citadas pelos apicultores foram leucena, caju, sabiá, craibeira, algaroba,
manjericão, ipê amarelo, arruda, jenipapo, neen, moringa, candeia, iburana, laranja,
girassol, astrapéa e mimo do céu.
3.3.11. Manejo Apícola
Os apicultores sergipanos geralmente realizam revisões quinzenais e mensais
(ambos com 34%), manutenção semanal (8%) e realização em períodos diferentes
(24%), que podem ser desde visitas diárias (o que estressa as abelhas), a visitas
trimestrais, semestrais, por estação (entrada ou término de estação específica) e ainda
apenas no período da produção. Resultados discordantes aos dos apiários catarinenses
onde a revisão é realizada de acordo com a estação do ano e os períodos críticos, a
Figura 3.9. Percentuais de produtos apícolas produzidos no Estado de
Sergipe. Prop. própolis; Pol. – pólen; G.R.
geléia real;
Vd.E. – venda de enxames; Vd.R.
venda de rainhas;
Out.
outros. São Cristóvão, 2008.
43
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
(%)
P. A. Ar. C.E. Out.
Terreno Utilizado
maioria não revisa de modo periódico ou programado, realizando-a de acordo com a
disponibilidade de tempo (DA SILVA, 2004).
As roupas utilizadas para o trabalho no apiário são compradas por 88% dos
entrevistados, que preferem vestir macacões (46%) (Figura 3.11). As colméias são
pintadas (71%), e 47% dos apicultores as pintam da cor azul (Figura 3.12), e 48%
utilizam melgueiras com nove quadros (Figura 3.13).
Geralmente os apicultores utilizam serragem (73%) para combustão dos
fumigadores, enquanto 13% galhos e/ou folhas, 3% sabugo de milho, 2% palha de arroz
e 9% utilizam outros produtos, dentre os quais foram citados ervas medicinais.
Com relação ao o que observam em seus enxames durante o manejo, os
apicultores citaram com mais freqüência a qualidade do enxame (24%), onde observam
se o enxame está em desenvolvimento, forte ou não, entre outros fatores (Figura 3.14).
3.3.12. Processamento e Distribuição do Produto
Com relação ao processamento dos produtos apícolas, muitos apicultores
reclamam que não possuem estrutura, maquinário e transporte adequado para levar o
material colhido para o local de beneficiamento. 36% beneficiam e ou extraem seus
produtos apícolas em suas próprias residências, 26% em unidades de processamento e
ou em casa de mel, 25% utilizam estruturas de associações que não possuem
maquinário para o beneficiamento, e 13% utilizam outros locais que não os citados. Os
Figura 3.10. Tipo de propriedades utilizadas pelos apicultores
para instalação do apiário. P.
terreno próprio;
A. alugado; Ar. arrendado; C.E.
cedido ou
emprestado; Out. – outros. São Cristóvão, 2008.
44
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
(%)
Jaleco Macacão Jaleco +
calça
Outros
Tipo de Roupa Utilizada pelos Apicultores
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
(%)
Az Ve Br Am Ci Va
Cores
apicultores informam que muitas vezes extraem o mel no próprio apiário, com no
máximo, uma lona como proteção, procedimento que pode prejudicar a qualidade do
produto.
Com relação à venda dos produtos apícolas, a maioria vende o mel sem registro
de inspeção, municipal, estadual e ou federal (37%) sendo apenas 25% vendem o
produto diretamente ao consumidor com registro de inspeção (Figura 3.15).
Figura 3.11. Tipo de roupas utilizadas pelos apicultores para
manejo em seus apiários. São Cristóvão, 2008.
Figura 3.12. Cores preferidas pelos apicultores para
pintura das colméias. Az azul; Ve
verde;
Br branco; Am amarelo; Ci cinza; Va
varia cores. São Cristóvão, 2008.
45
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
(%)
10 Qs 9 Qs 8 Qs Out
Número de Quadros de Melgueira
0
5
10
15
20
25
(%)
E.R. P.R. P.I.N. N.A. Q.E. Out.
Cririos Avaliados na Revisão
3.3.13. Problemas do Setor Apícola
O maior problema do setor apícola de acordo com os apicultores entrevistados é
a comercialização dos produtos, seguido da questão financeira, desunião da categoria,
pouco incentivo do governo estadual e a disponibilidade de pasto apícola no estado, que
é dificultado devido ao acelerado processo de desmatamento. Justamente nessas
questões que a associação e outras entidades de cooperação entre os apicultores mais os
Figura 3.13. Número de quadros nas melgueiras utilizadas
pelos apicultores sergipanos. São Cristóvão,
2008.
Figura 3.14. Critérios avaliad
os pelos apicultores durante a
manutenção dos enxames. E.R.
existência da
rainha; P.R. postura da rainha; P.I.N.
presença
de inimigos naturais; N.A.
nível de alimento; Q.E.
qualidade do enxame; Out.
outros. o
Cristóvão, 2008.
46
0
5
10
15
20
25
30
35
40
(%)
Ass. D.C.S.R. D.C.C.R. Out.
Local deExtração dos Produtos Apícolas
auxiliam, bem como na aquisição de beneficiamentos para a classe, como cursos,
viagens, palestras, troca de informações e conhecimento entre os apicultores, facilitação
para a aquisição de materiais e a disponibilização de rótulos para a venda do produto
aos consumidores finais. Para que a apicultura possa ser representativa ambientalmente,
social e economicamente no Nordeste é necessário que os governos possam exercer uma
ação sistemática de apoio à cadeia produtiva (SOUZA, 2006b).
3.4. CONCLUSÕES
Apesar de a apicultura ser um negócio rentável, a maioria dos apicultores a
como um complemento da sua renda, disponibilizando pouco tempo para esta atividade,
evitando a diversificação da sua produção para o comprometer suas demais
atividades;
A apicultura sergipana pode ser classificada como familiar, objetivando
principalmente a produção de mel;
Apesar de 44% dos apicultores possuírem escolaridade entre ensino médio e
superior, 82% possuírem capacitações, existe a necessidade de padronização na
Figura 3.15. Pe
rcentuais de escoamento do produto apícola
no Estado de Sergipe. Ass.
associação;
D.C.S.R.
diretamente com o consumidor
sem registro; D.C.C.R.
diretamente com o
consumidor com registro; Out.
outros. o
Cristóvão, 2008.
47
apicultura sergipana, existindo pouca similaridade entre as técnicas de manejo, o que
podem comprometer a qualidade do que é produzido;
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VILELA, S.L.O.; PEREIRA, F.M. Cadeia Produtiva do Mel no Estado do RN. Natal:
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50
4. CAPÍTULO II
PREFERÊNCIAS DA POPULAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE
ARACAJU (SE), SOBRE O CONSUMO DE PRODUTOS APÍCOLAS.
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Preferências da População da Região Metropolitana
de Aracaju (SE) Sobre o Consumo de Produtos Apícolas. São Cristóvão: UFS, 2008.
126f. (Dissertação, Mestrado em Agroecossistemas).
RESUMO
Atualmente, parte da produção de mel está destinada à exportação apenas 50 a 60% da
produção fica no mercado interno. Porém, em função do embargo das exportações
brasileiras para a União Européia, acontecida em 2006, uma preocupação com o
destino comercial do mel produzido. Uma alternativa é o mercado brasileiro, mas existe
pouco conhecimento sobre o perfil do consumidor local, por isso, para a caracterização
da apicultura no estado de Sergipe, torna-se necessário conhecer o consumidor dos
produtos apícolas. Para a realização deste estudo foram aplicados 534 questionários nas
cidades de Aracaju e São Cristóvão. A amostra foi obtida através de amostragem
aleatória simples, com índice de confiabilidade de 95% e margem de erro amostral de
4,3%. Observou-se que 22% dos entrevistados não consomem mel. Entre os
consumidores a faixa etária predominante vai de 18 a 25 anos (22%), 38% possuem o
ensino dio completo, 66% consomem mel apenas em caso de doença, e compram o
produto no supermercado (31%) e 78% começaram a consumir mel ou outros produtos
apícolas por iniciativa própria. Existe a necessidade de esclarecimento sobre os
benefícios dos produtos apícolas bem como sobre o processamento e maneiras de
adquirir esses produtos sem risco de fraudes.
Palavras-chave: apicultura, mercado, consumo, mel.
51
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Preferences of the Population of the Metropolitan
Area of Aracaju (SE) on Bee’s Productos Consumption. São Cristóvão: UFS, 2008.
126f. (Dissertation, Master Science in Agroecosystems).
ABSTRACT
Now, it leaves of the honey production it is destined to the export 50 to 60% of the
production it is just in the internal market. Even so, in function of the seizure of the
Brazilian exports for the European Union, happened in 2006, there is a concern with the
commercial destiny of the produced honey. An alternative is the Brazilian market, but
little knowledge exists on the local consumer's profile, that, for the characterization of
the beekeeping in the state of Sergipe, he/she becomes necessary to know the consumer
of the products the of bees. For the accomplishment of this study they were applied 534
questionnaires in the cities of Aracaju and São Cristóvão. The sample was obtained
through simple aleatory sampling, with index of reliability of 95% and margin of
mistake amostral of 4,3%. it was Observed that 22% of the interviewees don't consume
honey. Among the consumers the predominant age group is going from 18 to 25 years
(22%), 38% possess the complete medium teaching, 66% just consume honey in case of
disease, and they buy the product in the supermarket (31%) and 78% began to consume
honey or other products apícolas for own initiative. The esclarecimento need exists on
the benefits of the products the of bees as well as on the processing and ways to acquire
those products without risk of frauds.
Key word: beekeeping, market, consumption, honey.
52
4.1. INTRODUÇÃO
Com a globalização, a competitividade entre empresas tornou-se mais acirrada e,
para permanecer no mercado é necessário estabelecer em qual segmento de mercado a
empresa irá atuar, e decidir que posição irá ocupar nesse segmento. Para auxiliar na
tomada de decisão é comum utilizar-se de técnicas de pesquisa de marketing, que tem
como principal objetivo, obter informações específicas e concretas referentes ao
mercado consumidor, com as quais seja possível planejar, visando à satisfação das
necessidades dos clientes (LENGLER e DIAS, 2000a).
Com relação ao produto, a pesquisa de consumidor fornece subsídios para
localizar as resistências ou aceitações em torno da marca, da embalagem, do formato, da
cor, do preço, enfim de todo o conjunto de fenômenos que afetam a operação da
gerência do produto (CHAMARELLI, 2004). A importância de se procurar entender
como se processa o comportamento de compra do consumidor, quais os fatores por ele
considerados prioritários ou que agregam mais valor aos seus objetivos principais,
reside no fato de que, existe uma relação direta entre a satisfação do consumidor,
qualidade do produto e serviço e a rentabilidade da empresa (KOTLER e
ARMSTRONG, 1999). A construção de um produto começa, com as necessidades dos
clientes (CHAMARELLI, 2004). A pesquisa orienta a empresa a reconhecer as
necessidades, percepções e preferências de acordo com as características sociais e
econômicas do consumidor (KOTLER, 1998), já que os consumidores indicam a
estratégia de mercado para melhoria na apresentação do produto, a ser adotada pelo
setor alimentício e pelos produtores (MIGUEL et al., 2007).
A variedade de produtos apícolas que podem ser comercializados é ampla, e
segundo Pereira e Vilela (2003) é fundamental conhecer as preferências dos
consumidores apícolas, para o crescimento da apicultura.
Considerando-se as características climáticas do Brasil, sua ampla área territorial
e sua rica vegetação, pode-se evidenciar o elevado potencial apícola, possibilitando o
crescimento substancial da apicultura no país. Para que isso ocorra, além do necessário
incentivo às atividades apícolas que contribuirão para o aumento da produção, é
importante também o desenvolvimento da parte final do processo, que consiste na
chegada do produto ao consumidor final, o que se faz não através do
desenvolvimento dos meios de distribuição, como também através de estudos do perfil
do consumidor final dos produtos apícolas, conhecendo suas preferências e exigências
53
quanto ao produto, embalagem, preço etc., informações importantes para qualquer
estratégia de vendas (VILCKAS et al., 2001).
A falta de hábito do consumo do mel e seus derivados pela população brasileira
e a dependência do mercado externo para escoar a produção, estão entre as principais
ameaças à apicultura brasileira (SOUZA, 2006). Como conseqüência o consumo
aparente de mel no Brasil, medido pela soma da produção interna mais as importações e
menos as exportações, é muito baixo comparado a outros mercados. Levantamentos
indicam que cada brasileiro consome apenas 60 gramas de mel/ano. Esse consumo é
maior no Sul do país passando a 200 a 300 gramas/ano e, com a classe alta, atingindo a
300 gramas/ano. Nos EUA, Alemanha e Suíça, o consumo per capita ano é de 910, 960
e 1.500 g/ano, respectivamente (RESENDE e VIEIRA, 2006).
Com o crescimento da produção apícola, principalmente, em função do aumento
no número de colméias e de apicultores no País, a produção de mel brasileira aumentou
em 45% no período de 2001 a 2004. Hoje parte da produção de mel esta destinada ao
mercado externo, ficando entre 50 a 60% da produção no mercado interno. Contudo, em
função do embargo das exportações brasileiras para a União Européia, acontecida em
Março de 2006, existe grande preocupação com o destino comercial a ser dado ao mel
produzido. Uma alternativa efetiva é o mercado brasileiro, mas pouco se sabe sobre o
comportamento e o perfil do consumidor local (FREITAS et al., 2006). Portanto, a
análise do perfil do consumidor para venda de produtos alimentícios é essencial, para a
definição de volume de produção, logística de distribuição, estratégias de apresentação e
marketing (SILVEIRA et al., 2006). Por isso, para a caracterização da apicultura no
estado de Sergipe, torna-se necessário conhecer primeiramente o consumidor dos
produtos apícolas, buscando possíveis estratégias para o escoamento da produção
apícola no Estado.
4.2. MATERIAL E MÉTODOS
Para a caracterização de perfil do consumidor de produtos apícolas foram
aplicados 534 questionários semi-estruturados com 11 questões, nas cidades sergipanas
de Aracaju e São Cristóvão. A aplicação dos questionários realizou-se entre os meses de
dezembro de 2006 a fevereiro de 2007. A população, estudada, é de 574.713 habitantes,
encontrada nos municípios citados no ano de 2006, de conformidade com as
informações IBGE. A amostra foi obtida através de uma amostragem aleatória simples,
Este resultado foi obtido, considerando-se um índice de confiabilidade de 95% e uma
54
margem de erro amostral de aproximadamente 4,3%. Através da fórmula, n
o
=1/
2
0
E
para
o cálculo do tamanho mínimo da amostra, onde “n
0
é igual a uma primeira
aproximação para o tamanho da amostra e “E
0
é o erro amostral tolerável
(BARBETTA, 2005), buscando caracterizar pelo menos 0,1% de consumidores em cada
um dos municípios.
Foi aplicada uma porcentagem de 0,1% dos questionários por cidade, de acordo
com a população de cada, sendo distribuídos 460 para Aracaju (nos bairros Siqueira
Campos, Nova Saneamento, Augusto Franco e Jardins e em terminais de integração de
ônibus no mercado municipal de Aracaju, Distrito Industrial de Aracaju, Zona Oeste e
Centro, sendo aplicado aproximadamente 50 questionários por localidade pesquisada) e
78 questionários em São Cristóvão, distribuídos igualmente entre os bairros Rosa Elze e
Eduardo Gomes.
Buscou-se primeiramente avaliar o perfil dos entrevistados, identificando o sexo
dos entrevistados, faixa etária e nível de escolaridade. Analisou-se ainda a preferência
da população com relação à compra (preço, embalagem, local etc.), conhecimento dos
produtos apícolas, consumo dos produtos apícola, nível de confiança nos produtos
comprados, nível de escolaridade, entre outros (Anexo 4.1).
Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva, expondo
os dados e informações da população pesquisada.
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A representação feminina foi maior entre os participantes do estudo (68%),
mostrando uma maior colaboração das pessoas desse sexo, que a pesquisa não era
dirigida por sexo e os entrevistados eram indagados sobre o interesse ou não de serem
entrevistados.
Dos entrevistados 22% não são consumidores de produtos apícolas (Figura 4.1),
resultado semelhante encontrado no Estado de Sergipe com 19% (SEBRAE-SE, 2002),
em Ribeirão Preto (SP) com 25,2% (VILCKAS et al., 2001). Discordantes dos
resultados encontrados em Santa Maria (RS) com 8,41% (LENGLER e DIAS, 2000b),
em Taubaté (SP) com 8,67% (BENDINI et al., 2002), e do Estado da Paraíba, nos
municípios de Areias com 9%, João Pessoa com 16% e Umbuzeiro com 15% (ROCHA
et al., 2004).
55
21
15
8
4
7
13
6
14
12
0
5
10
15
20
25
(%)
18-25 26-30 31-36 36-40 41-45 46-50 51-55 56-65 >66
Faixa Eria (anos)
Consumidores
78%
o
consumidores
22%
4.3.1. Não Consumidores de Produtos Apícolas
Neste grupo de entrevistados, a faixa etária predominante foi de 18 a 25 anos
(21%) (Figura 4.2), porém 55% desses não consumidores possuem idade entre 18 a 45
anos e responderam que não consomem mel, por não gostar do sabor, os que os tornam
possíveis consumidores de outros produtos apícolas. a menor concentração de não
consumidores possuem idade entre 76 a 85 anos (3%).
O nível de escolaridade com maior representação foi a série (28%) (Figura
4.3), sendo o percentual de não consumidores que possuem o ensino fundamental igual
a 57%, apenas 5% de entrevistados que pertencem a este grupo possui nível superior
completo e nenhum possui pós-graduação.
Figura 4.2. Faixa etária dos não consumidores (em anos) de
produtos apícolas. São Cristóvão, 2008.
Figura 4.1. Consumidores e
não consumidores
de produtos apícolas. São
Cristóvão, 2008.
56
5
4
20
28
14
16
8
5
0
0
0
5
10
15
20
25
30
(%)
N.A.
A.
1ª-4ª
5ª-8ª
M.I.
M.C.
S.I.
S.C.
Esp.
Msc.
4.3.2. Consumidores de Produtos Apícolas
Entre os 78% de consumidores de produtos apícolas, 69% pertenciam ao sexo
feminino (Figura 4.4). Resultado semelhante ao encontrado entre os consumidores de
mel de Cachoeira do Sul (RS) com 62,7% (LUNARDI et al., 2007), em Recife (PE)
entre os consumidores de produtos orgânicos com 66,4% (VASCONCELOS et al.,
2005), em Campina Grande (PB) entre os consumidores de carne suína (BEZERRA et
al., 2007) e em Porto Alegre entre os consumidores de carne de frango, com 62%
(FRANCISCO et al., 2007). Inferiores aos 78% de consumidoras de plantas medicinais
e condimentares do município de Pato Branco (PR) (MARCHESE et al., 2004), e
discordante aos encontrados na região da fronteira Noroeste do Rio Grande do Sul, onde
apenas 40% dos entrevistados pertenciam ao sexo feminino (ZAMBERLAN et al.,
2006). Segundo Cerveira e Castro (1999), no Brasil as mulheres respondem por 70%
das decisões de compras e priorizam produtos saudáveis, pois se preocupam com a
alimentação da família sendo mais exigente e demonstrando maior atenção aos detalhes
e maior cuidado na escolha dos produtos (MARCOS, 2001).
Figura 4.3. Nível de escolaridade dos não consumidores de
produtos. N.A. - Não Alfabetizado, A. -
Alfabetizado,
a séries, a séries, M.I.
ensino médio
incompleto, M.C. ensino médio completo, S.I.
-
ensino superior incompleto, S.C.
ensino superior
completo. Esp. especialização e Msc. –
mestrado. São
Cristóvão, 2008.
57
22
15
10
12 12
7
8
9
5
0
5
10
15
20
25
(%)
18-25 26-30 31-36 36-40 41-45 46-50 51-55 56-65 >66
Faixa Etária
Masculino
32%
Feminino
68%
A faixa etária predominante neste grupo foi de 18 a 25anos (22%) e a menor 76
a 85 anos (2%) (Figura 4.5), resultados semelhantes ao encontrados em Santa Maria
(RS) com média de idade de 26,84 anos (LENGLER e DIAS, 2000a), entre
consumidores de carne suína de Campina Grande-PB com idade entre 20 a 29 anos
(BEZERRA et al., 2007). Em Gurupi (TO) os entrevistados que possuem entre 15 a 25
anos foram os maiores consumidores de mel dentre os demais consumidores,
informando consumir acima de 100 gramas/ano (SILVEIRA et al., 2006).
Para
Marchese et al. (2004) a faixa etária entre 21 a 60 anos, engloba os consumidores
economicamente ativos.
Figura 4.5. Percentagem de idades dos consumidores de produtos
apícolas entrevistados (em anos). São Cristóvão, 2008.
Figura 4.4.
Percentual de consumidores de produtos
apícolas de acordo com o sexo. São
Cristóvão, 2008.
58
1
0
10
17
9
38
11
12
1
1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
(%)
N.A. A. 1ª - 4ª 5ª - M.I. M.C. S.I. S.C. Esp. Msc.
Os consumidores possuem maior nível de escolaridade que os não
consumidores, com entrevistados especialistas (1%) e mestres (1%), porém a maior
concentração possui ensino médio completo (38%) (Figura 4.6). Resultado semelhante
ao encontrado em Ponta Grossa (PR) com 75% dos entrevistados com ensino dio
completo ou cursando-o, e ensino superior completo ou incompleto e a Pato Branco
(PR) com 24,3% dos entrevistados entre nível superior completo ou incompleto
(MARCHESE, et al., 2004). Superiores aos encontrados em Cachoeira do Sul (RS),
onde a maior concentração de consumidores (35,55%) possui nível fundamental
incompleto (LUNARDI et al., 2007), e discordantes aos resultados dos consumidores
com nível superior encontrado em Porto Alegre (RS) com 30% (FRANCISCO et al.,
3007), em Pelotas (RS) com 68% (STORCH et al., 2003) e em Recife (PE) com 80%.
O nível de escolaridade mais elevado pode facilitar a aceitação de novos
produtos apícolas, como a própolis, pólen e geléia real, e o entendimento dos benefícios
nutricionais do mel e dos demais produtos apícolas. Vilckas et al. (2001), afirma que o
consumo de mel aumenta em função do aumento do nível social. Neste estudo não foi
avaliado o consumo dos produtos apícolas pelos entrevistados, porém as pessoas mais
esclarecidas tendem a ter uma preocupação maior com a saúde, buscando alimentos
ricos em nutrientes essenciais para a sua alimentação.
Figura 4.6. Nível de escolaridade dos co
nsumidores de produtos
apícolas. N.A. - Não Alfabetizado, A. -
Alfabetizado,
a 4ª séries, a 8ª séries, M.I.
ensino médio
incompleto, M.C. ensino médio completo, S.I.
-
ensino superior incompleto, S.C.
ensino superior
completo. Esp. especialização e Msc. –
mestrado. São
Cristóvão, 2008.
59
66
20
5
9
0
10
20
30
40
50
60
70
(%)
Doe Dia Ado Rec
Com relação ao consumo de mel, 66% utilizam o mel em casos de doenças
(Figura 4.7). Resultados semelhantes aos encontrados em Taubaté (SP) com 67,88%
(BENDINI et al., 2002) e na Paraíba com 52% (ROCHA et al., 2004), superiores aos
36,5% encontrados em Ribeirão Preto (SP) (VILCKAS et al., 2001), e aos 30% do
Paraná (DZAZIO et al., 2007). Inferiores aos 92,3% encontrados na Região Fronteira
Noroeste do Rio Grande do Sul, (ZAMBERLAN et al., 2006). E discordantes com os
resultados encontrados em Santa Maria (RS), onde 47,6% utilizam o mel como alimento
(LENGLER e DIAS, 2000b), e em Cachoeira do Sul, onde 59,83% consomem o mel
como alimento no café da manhã, (LUNARDI et al., 2007). Estudos realizados na
Região de o Luís de Montes Belos (GO) evidenciam que o consumo de mel na forma
líquida é maior entre as classes sociais mais altas (TOMAZELLO et al., 2007).
Dos consumidores 31% adquirem o mel principalmente nos supermercados e
14% dos pesquisados adquirem o mel em farmácias e lojas de produtos naturais (aqui
classificados como outros) (Figura 4.8), mostrando a busca por produtos com melhor
qualidade, pois para a comercialização do mel em supermercados é necessário que o
beneficiador do produto tenha selo de inspeção, quer seja municipal, estadual ou
federal, a aquisição em farmácia e lojas de produtos naturais, pode estar vinculada
com o fato de muitos considerarem o mel como um medicamento natural. Resultado
semelhante encontrado no Estado de Sergipe com 37% (SEBRAE-SE, 2002), e no Piauí
com 44,7% (FREITAS et al., 2006) e discordantes aos encontrados no Estado do
Tocantins, onde 43% adquirem o mel com o produtor (SILVEIRA et al., 2006), aos de
Figura 4.7. Utilização do mel pelos entrevistados. Doe
Doença; Dia Diariamente; Ado
Adoçante; Rec
– Receitas culinárias. São Cristóvão, 2008.
60
31
19
17
19
14
0
5
10
15
20
25
30
35
(%)
Sup. Prod. F.L Amb. Out.
Taubaté (SP), onde 51,09% dos entrevistados compram o mel diretamente do produtor
(BENDINE et al., 2002).
A compra do mel nas cidades estudadas ocorre por outros fatores (55%)
(qualidade do produto, aspecto, densidade e confiança no vendedor) e não pelo preço
(23%), rótulo (11%) ou pela embalagem (11%), resultado semelhante aos encontrados
no Piauí, onde os
critérios considerados na compra são os aspectos (cor / densidade),
preço e marca (FREITAS et al., 2006),
na Paraíba com 52% dos entrevistados que
observam a qualidade do mel na hora da compra, e 55% que não confiam nos rótulos
das embalagens de méis (ROCHA et al., 2004), e em Ribeirão Preto-SP com 52,5% dos
entrevistados que observam a aparência, cor e densidade do mel na hora da compra
(Vilckas et al., 2001) e 34,6% que desconfiam do mel vendido em embalagens com
rótulos (Vilckas et al., 2000). Esses resultados mostram a necessidade de esclarecimento
da população, uma vez que a cor, densidade, odor e sabor variam de acordo com o
néctar floral que compõe o mel, e ainda expõem a desconfiança destes consumidores
com relação à legitimidade do produto adquirido.
A adulteração do mel constitui um sério problema para as empresas apícolas e
para os consumidores, e essa adulteração geralmente é realizada por empresas
clandestinas e vendedores ambulantes, como conseqüência, muitos consumidores
sentem-se receosos com relação à qualidade do mel, e procuram adotar critérios
empíricos e populares para constatar a qualidade do produto (VILCKAS et al., 2001).
As adulterações mais freqüentes são as misturas de xarope de milho hidrolisado, açúcar
Figura 4.8. Local de aquisição de mel pelos consumidores. S
up.
– supermercado; Prod. – produtor; F.L.
feira
livre; Amb. ambulante; Out.
outros. São
Cristóvão, 2008.
61
invertido ou melado de cana com mel legítimo, mistura de sacarose ao mel legítimo e a
denominação de méis cujas qualidades são inexistentes, como mel de laranjeira, mel de
eucalipto etc., que possuem o aroma artificial não sendo proveniente de tais floradas
(STONOGA, 1994).
Dos entrevistados, 40% afirmam confiar mais nos produtos vendidos em
supermercados, a justificativa para a confiança neste local, segundo os consumidores, é
devido ao controle com a qualidade dos alimentos expostos que estes estabelecimentos
possuem. 38% confiam mais no produtor, por acreditar que o mel dele é mais “puro”,
pois o apicultor é o fornecedor do produto, e 22% dos consumidores confiam nos
vendedores de feiras livres e em vendedores ambulantes. Resultado semelhante aos
45,6% de consumidores de Aracaju (SE) que confiam na qualidade dos méis vendidos
em supermercados (DANTAS et al., 2006).
Os consumidores dão preferência ao mel sergipano (51%), enquanto 40%
afirmam que não se importam com a origem do produto, e 9% que preferem méis
produzidos em outros estados, dentre os quais os Estados de Alagoas e Bahia.
Similaridade encontrada no Estado de Tocantins com 67% de preferência pelo mel local
(SILVEIRA et al., 2006).
Com relação ao consumo de outros produtos apícolas (Figura 4.9), 56% dos
entrevistados afirmam não consumir outro produto além do mel, sendo observado que
muitos não conheciam os outros produtos e muitas vezes os confundia com produtos
industrializados, como o caso de um entrevistado que confundiu geléia real com geléia
de mocotó. Similaridade encontrada em Sergipe onde além do mel o produto mais
utilizado é a própolis, seguido da geléia real e o pólen (SEBRAE-SE, 2002), e em Santa
Maria (RS) onde a própolis é o produto mais conhecido, depois do mel (LENGLER e
DIAS, 2000a
)
, o que evidência a necessidade de divulgação dos demais produtos
apícolas, já que somente a própolis é o produto mais conhecido depois do mel e
geralmente é utilizada como medicamento ou adicionada a produtos de higiene pessoal.
Com relação ao motivo, que levou o consumidor a utilizar o mel ou demais
produtos apícolas, 79% afirmaram foi por iniciativa própria (Figura 4.10) e apenas um
entrevistado relatou ter iniciado o consumo de mel em função da indicação de
conhecidos (outros), demonstrando a necessidade de divulgação por profissionais da
área de nutrição alimentar sobre os benefícios do consumo desses produtos na
alimentação diária da população.
62
79
14
7
0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
(%)
I.N.C. R.M.N. P.R.T. O.
56
38
6
0
0
10
20
30
40
50
60
(%)
N.C. D.P. G.R. Po.
Figura 4.9. Consumo ou não de produtos apícolas pelos
entrevistados. N.C. –
não consome outro produto
além do mel; D.P. derivados com própolis; G.R.
geléia real; Po. – pólen apícola. São Cristóvão, 2008.
Figura 4.10. Percentagem de respostas sobre o motivo do
consumo de mel e produtos apícolas pelos
entrevistados. I.N.C.
iniciativa própria,
curiosidade; R.M.N.
recomendação médica ou
nutricional; P.R.T. -
Propaganda em revista e
TV; O. – outros. São Cristóvão, 2008.
63
4.4. CONCLUSÕES
A maioria dos entrevistados possui idade economicamente ativa, porém o
nível de escolaridade é maior entre os consumidores, o que pode ser um dos fatores que
contribuem para a aceitação dos produtos apícolas, já que as razões que fazem a maioria
dos 22% de entrevistados não consumirem esses produtos não são relacionados a
problemas com a saúde;
Nos municípios estudados o mel é consumido pela maioria como medicamento,
e o consumo desse alimento por iniciativa própria pode ser um fator negativo nesse
caso, devido à informação da maioria de que o mel é um remédio, tendendo a utilizar-
los apenas em períodos de inverno ou em casos de doenças, fortalecendo assim, essa
informação;
A própolis é o produto apícola mais conhecido e utilizado depois do mel,
possivelmente devido a sua utilização pela população como medicamento, e por ser
comercializada em supermercados e farmácias, o que não ocorre com a geléia real e o
pólen apícola desidratado;
Existe, portanto a necessidade de trabalhos informativos junto à população sobre
as propriedades nutricionais e os benefícios da introdução dos produtos apícolas, na
alimentação. Esclarecendo questões relacionadas com as características físicas do
produto, e a informando sobre as possíveis falsificações desses produtos e o que fazer
para evitar as falsificações;
Os resultados desta pesquisa refletem as preferências da população dos
municípios de Aracaju e São Cristóvão (SE), com relação ao consumo ou não de
produtos apícolas, revelando suas preferências e apresentando subsídio para que o
produtor avalie quais as características ideais segundo o consumidor, indicando aos
produtores os aspectos que podem ser melhorados na qualidade dos produtos, uma vez
que o consumidor prioriza a questão da qualidade dos produtos.
64
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68
5. CAPÍTULO III
ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE PÓLEN APÍCOLA DESIDRATADO
PRODUZIDO NO ESTADO DE SERGIPE, BR.
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Análise Físico-Química do Pólen Apícola Desidratado
Produzido no Estado de Sergipe, BR. São Cristóvão: UFS, 2008. 126f. (Dissertação,
Mestrado em Agroecossistemas).
RESUMO
O pólen apícola é o resultado da aglutinação do pólen das flores coletado pelas abelhas
operárias, podendo ser recolhido no ingresso da colméia. Sua composição química varia
de acordo com a espécie vegetal, condições ambientais, idade e estado nutricional da
planta durante o desenvolvimento do pólen. É necessário a caracterização do pólen
apícola desidratado com relação aos parâmetros físico-químicos, para garantir ao
consumidor a segurança de que ele está adquirindo produto de qualidade e ao apicultor
conhecer o seu produto. Desta forma, este estudo objetivou realizar caracterização
quanto aos parâmetros físico-químicos do pólen apícola desidratado produzido no
estado de Sergipe, Brasil. As amostras foram provenientes dos municípios de Brejo
Grande, Estância, Neópolis, Pacatuba e Tobias Barreto, ao longo dos trimestres do ano
de 2007. As análises foram realizadas de acordo com a metodologia desenvolvidas pelo
Instituto Adolfo Lutz e Association of Official Analytical Chemists. Apenas quanto ao
teor de umidade, todas as amostras tiveram teores de umidade acima do aceitável pelas
normas nacionais. Os demais parâmetros apresentaram aceitáveis pela legislação
brasileira. O pólen apícola desidratado de Sergipe apresenta características nutricionais
satisfatórias para o mercado nacional, necessitando apenas de maior controle quanto a
questão da umidade desse produto.
Palavras chave: Apicultura, produto apícola, pólen.
69
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Physical-Chemical Analysis of Pollen of Bee Produced
Dehydrated in the State of Sergipe, BR. São Cristóvão: UFS, 2008. 126f.
(Dissertation, Master Science in Agroecosystems).
ABSTRACT
The pollen of bee is the result of the agglutination of the pollen of the flowers collected
by the labor bees, could be picked up in the entrance of the beehive. Its chemical
composition varies in agreement with the vegetable species, environmental conditions,
age and state nutrition of the plant during the development of the pollen. It is necessary
the characterization of the pollen apícola dehydrated with relationship to the physical-
chemical parameters, to guarantee to the consumer the safety that he is acquiring quality
product and to the beekeeper to know its product. This way, this study objectified to
accomplish characterization with relationship to the physical-chemical parameters of the
pollen dehydrated apícola produced in the state of Sergipe, Brazil. The samples were
coming of the municipal districts of Brejo Grande, Estância, Neópolis, Pacatuba and
Tobias Barreto, along the quarters of the year of 2007. The analyses were accomplished
in agreement with the methodology developed by the Institute Adolfo Lutz and
Association of Official Analytical Chemists. Just with relationship to the humidity text,
all the samples had humidity texts above the acceptable for the national norms. The
other parameters presented acceptable for the Brazilian legislation. The pollen
dehydrated of bee of Sergipe presents characteristic satisfactory nutritions for the
national market, just needing larger control as the subject of the humidity of that
product.
Key words: Beekeeping, product of bee, pollen.
70
5.1. INTRODUÇÃO
Acredita-se que o surgimento das abelhas está diretamente relacionado à
evolução das angiospermas. Inicialmente a alimentação das abelhas era constituída por
néctar floral, como fonte energética e pequenos animais, como fonte protéica (REIS e
MARCHINI, 2000).
Dentre as abelhas a
Apis mellifera
foi a mais difundida para a criação,
especialmente a partir do século XVII, com a colonização européia de novos
continentes. A preferência por essa espécie ocorreu por seu hábito generalista quanto às
plantas procuradas (produzindo mel a partir de grande variedade floral), por ter um
número maior de indivíduos por família, e por ser domesticável. Essa abelha não existia
nas Américas e Oceania antes de os conquistadores europeus colonizarem estes
continentes (SEELEY
,
1985).
Flores e insetos co-evoluíram. O inseto desenvolve um papel fundamental na
polinização das plantas, e as abelhas são os insetos mais adaptados para a polinização
(JONES e JONES, 2001). Os caracteres fenotípicos das subespécies de
A. mellifera
, são
fortemente relacionados à sua coevolução com as plantas fanerógamas. Esses caracteres
são resultantes das interações dos genes com o ambiente e as características adquiridas
irão refletir na morfologia, na fisiologia e nos comportamentos das abelhas. Esta
interação as tornou aptas a viverem em diferentes ecossistemas, de milhões de anos
atrás até os dias de hoje (GRAMACHO e GONÇALVES
,
2002). O pólen é a única
fonte protéica das abelhas, sendo rico em lipídios, vitaminas e minerais necessários para
o desenvolvimento da colônia (PERNAL e CURRIE, 2000).
A
A. mellifera
é classificada como polilécticas, pois utilizam várias espécies
vegetais (GRANT, 1950). Suas operárias visitam as flores, de cujos estames coletam o
pólen e aglutinam-no com néctar e substâncias salivares. O produto deste trabalho é
colocado nas corbículas e é transportado para a colméia (ANDRÉS et al
.
, 1993; LIMA,
1995). Essas cargas de pólen pesam em média 11,4 mg, nas duas corbículas,
correspondendo a aproximadamente 17% do peso da operária coletora, sendo que 98%
da carga de pólen é constituída de uma única espécie botânica (TOLEDO, 1997), e
representa a maior fonte de proteínas, lipídeos, minerais e vitaminas para a colônia
(ANDRÉS et al
.
, 1993).
A composição química do pólen varia de acordo com a espécie vegetal,
condições ambientais, idade e estado nutricional da planta durante o desenvolvimento
do pólen (HERBERT e SHIMANUKI, 1978), de acordo com o local onde a planta se
71
encontra, entre estações do ano e em diferentes anos (O'ROURKE e BUCHMANN,
1991), mais, geralmente é composto por água, carboidratos, polissacarídeos insolúveis,
frutose, glicose, sacarose, proteínas (na maioria enzimas), aminoácidos, lipídios, e em
pequenas quantidades minerais, flavonóides e vitaminas (BOGNODOV, 2004). A
coloração do grão de pólen também varia de acordo com a planta originária (REIS e
MARCHINI, 2000).
O pólen possui em sua composição β-caroteno como pró-vitamina A, vitaminas
C, E, D e do complexo B, além de ser fonte de carboidratos, lipídios e sais minerais,
possuindo grande importância nutricional para seres humanos (CAMPOS et al., 1997).
A produção brasileira de pólen apícola começou modestamente no final da
década de 80, porém, tem crescido devido ao mercado favorável de produtos naturais,
complementares à dieta ou com efeitos terapêuticos (BARRETO et al., 2005).
O pólen apícola transportado é recolhido no ingresso da colméia (BRASIL, 2001), por
uma grade de retenção, caindo num recipiente coletor, onde quando retirado observa-se
reunidas bolotas de grãos de coloração variável, indicando as diversas espécies
botânicas coletadas pelas abelhas, formando uma mistura conhecida por “mix” polínico,
sendo este material removido pelo apicultor para o beneficiamento, comercialização e
consumo humano e/ou animal (LUZ e BARTH, 2001).
A utilização de coletor de pólen
para a produção cresceu devido ao aumento do consumo de pólen pelo homem, e
também para uso de pólen em dietas suplementares fornecidas às colônias na época de
escassez ou para estimular a postura da rainha (FUNARI et al, 2003b).
A legislação brasileira determina que para ser comercializado no país o pólen
deve ter os seguintes requisitos físico-químicos: umidade máxima de 4%; cinzas
máximo de 4%; lipídeos mínimo de 1,8%; proteínas mínimo de 8%; açúcares totais de
14,5% a 55,0%; fibra bruta mínimo de 2% e pH entre 4 e 6 (BRASIL, 2001). Por outro
lado a legislação, não possui normas para a questão da presença de partículas estranhas
no pólen, entretanto a presença desses elementos estranhos pode comprometer suas
características organolépticas, devendo este ser puro, limpo, isento de matéria terrosa,
parasitas, sujidades, microrganismos patogênicos, e apresentar seus índices físico-
químicos nos padrões da legislação vigente no país (BARRETO et al., 2005).
Destacando-se, portanto a importância de se conhecer e caracterizar os produtos
apícolas com relação aos parâmetros físico-químicos, para garantir ao apicultor e ao
consumidor a segurança de que esta adquirindo um produto de qualidade. Desta forma,
72
este estudo objetivou realizar caracterização com relação aos parâmetros físico-
químicos de pólen apícola produzido no Estado de Sergipe, Brasil.
5.2. MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1. Obtenção das Amostras de Pólen Apícola Desidratado
As amostras de pólen (Figura 5.2) foram coletadas trimestralmente durante o ano
de 2007, de produtores nos municípios sergipanos de Brejo Grande, Estância, Neópolis,
Pacatuba e Tobias Barreto, principais pólos produtores de pólen apícola do Estado
(Figura 5.1). Sendo recolhido para análises 300g/município/trimestre.
Os municípios estudados possuem vegetações dos biomas Mata Agreste do
Cerrado, Cerrado, Mata Atlântica, Restinga e Manguezal, evidenciando a riqueza
botânica das regiões. Foram coletadas quatro amostras por município ao longo do ano,
apenas em Estância e Pacatuba, não foram obtidas amostras do terceiro trimestre,
devido ao inverno. O primeiro trimestre correspondia aos meses de janeiro, fevereiro e
março, segundo trimestre aos meses de abril, maio e junho, terceiro trimestre aos meses
julho, agosto e setembro e quarto trimestre aos meses outubro, novembro e dezembro.
Figura 5.1. Municípios sergipanos onde foram coletadas as amostras de
pólen apícola desidratado. São Cristóvão, 2008.
73
5.2.2. Análises Físico-Químicas das Amostras
As análises físico-químicas das amostras de pólen apícola desidratado foram
realizadas no Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da Universidade Federal
de Sergipe. Foram realizadas três repetições por amostra para cada parâmetro físico-
químico analisado. Foram avaliados os parâmetros físico-químicos de teor de minerais
(cinzas), pH, umidade, a atividade de água, lipídios, nitrogênio, proteínas, fibras e
avaliação de partículas estranhas (sujidade).
a - Teor de Minerais (Cinzas) (%)
Foi realizado de acordo com as normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz
(BRASIL, 2005). Para tanto a amostra é submetida à queima em forno mufla em
temperatura de 600
o
C por aproximadamente 5 horas ou até peso constante. Após
pesagem a porcentagem de cinzas é calculada pela fórmula:
P
N
cinza
´
=
100
%
Onde:
N = valor em gramas obtidos das cinzas;
P = peso da amostra.
b - pH
A determinação do pH foi realizada de acordo com as normas analíticas do
Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005), diluindo-se 10 gramas da amostra e em seguida
determinando o pH com aparelho pHmetro.
c - Umidade (%)
Na determinação da umidade utilizou-se a metodologia de perda por dissecação
através de aparelho analisador de umidade por infravermelho, com aquecimento da
amostra a 105ºC até peso constante.
d - Atividade de Água (aW)
Para a avaliação da atividade de água (Aa ou aW activity water), utilizou-se o
aparelho AquaLab, que
utiliza a técnica de determinação do ponto de orvalho em
espelho encapsulado para medir a atividade de água de um produto.
74
Figura 5.2. Amostras de pólen apícola coletados nos municípios produtores do estado de Sergipe; A
amostra de Brejo Grande; B amostra de Estância; C amostra de Neópolis; D
amostra de Pacatuba; E – amostra de Tobias Barreto. São Cristóvão, 2008.
e - Lipídios (%)
A percentagem de lipídios contidos nas amostras foi determinada utilizando a
metodologia adotada pelo Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005). Através da
Determinação de extrato etéreo pelo método gravimétrico,
com aparelho extrator de
75
Soxhlet, utilizando hexano (C
6
H
14
) como solvente e aplicando-se a fórmula:
P
N
L
´
=
100
%
para determinação da porcentagem do extrato etéreo onde,
N = quantidade em gramas de gordura do balão após extração da amostra;
P = peso da amostra utilizada.
f - Nitrogênio (%)
O teor de nitrogênio presente nas amostras foi determinado pelo método de Kjeldahl,
recomendado pela AOAC, (ASSOCIATION, 1984), utilizando um digestor Tecnal
(modelo 007D), e aplicando a seguinte fórmula:
( )
100
014,0
% ´
´
´
´
=
amostrap
fNV
N
HCl
onde,
%N = percentagem de nitrogênio presente na amostra;
V = volume de ácido clorídrico (HCl) gasto para titular a amostra;
N = valor de normalidade da solução de ácido clorídrico (HCl);
f
HCl
= fator de correção da solução de HCl utilizada na titulação da amostra.
g - Proteínas (%)
Na avaliação da porcentagem de proteína contida na amostra, primeiramente é
necessário determinar o teor de nitrogênio da amostra. Essa metodologia é recomendada
pela AOAC, (
ASSOCIATION, 1984),
onde após determinação do nitrogênio aplica-se a
seguinte fórmula:
fNproteína
´
=
%%
,
onde
%N = porcentagem de nitrogênio presente na amostra;
F = fator de conversão de alimentos que geralmente é 6,25.
h - Fibra Bruta (%)
A análise da fibra foi realizada de acordo com a metodologia Cecchi (1999).
A
fibra bruta representa o resíduo das substâncias das paredes celulares. O processo mais
comum para sua determinação é o de Hennermberg, que apesar de datar de 1964, vem
sendo bastante utilizado com algumas modificações. O método visa simular “in vitro” o
processo da digestão “in vivo”. Consta fundamentalmente de uma digestão em meio
ácido, seguida por uma digestão em meio alcalino. Com estes tratamentos, removem-se
76
as proteínas, os açúcares e o amido, a hemicelulose e as pectinas. Fica como resíduo
apenas a celulose e a lignina insolúvel em ácido, além do material mineral.
i - Sujidade (%)
Para avaliação do teor de sujidade (partículas estranhas) encontradas nas
amostras, é realizada catação manual das partículas estranhas encontradas, as quais o
separadas e pesadas para então serem relacionadas com o peso total da amostra (100g) e
obter a porcentagem de sujeiras encontradas, que são classificadas de acordo com a
escala desenvolvida por Barreto, et al. (2006), onde os níveis de partículas iniciam do
zero com escala de dois, até atingir 100% da amostra analisada.
5.2.3. Análise Estatística
Para análise dos dados foi aplicado o delineamento inteiramente casualizado
(DIC), composto pelas amostras (municípios) e as três repetições de cada parâmetro
avaliado. Os resultados foram analisados objetivando identificar diferenças no que se
refere às características físico-químicas nas amostras de is. Os dados obtidos foram
submetidos a análises de variância pelo teste F e a comparação entre as médias dos
dados experimentais foi feita pelo teste de Tukey utilizando o programa computacional
Assistat.
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram analisados um total de 15 amostras ao longo do ano de 2007, o primeiro,
segundo e quarto trimestres foram analisados amostras de todos os municípios, porém
no terceiro trimestre não foram obtidas amostras dos municípios de Estância e Pacatuba
,
devido ao inverno. Os resultados das análises das análises físico-química das 18
amostras de pólen acola do Estado de Sergipe são descritos a seguir.
5.3.1. Minerais (cinzas)
A percentagem de cinzas variou entre 2.4% nos municípios de Brejo Grande e
Tobias Barreto a 4.0% no município de Tobias Barreto (Tabela 5.1 a 5.4), estando
dentro das normas nacionais. Os resultados foram distintos a cada trimestre, o que
segundo Souza (2004) pode ser devido à presença de espécies de plantas que podem
diferir de uma estação para outra, influenciando na maior ou menor concentração desses
constituintes nutricionais. As cinzas representam à quantidade de sais minerais
77
presentes no pólen, o resultado evidencia que o pólen sergipano é rico nesse nutriente e
os resultados são superiores às médias encontradas em Viçosa (MG) com valores entre
2,83 a 3,02% (MODRO et al., 2007), no estado do Paraná com 1,6 a 3,6% (ALMEIDA-
MURADIAN et al., 2007), em Piracicaba (SP) com 3,1 e 2,6% (MARCHINI et al.,
2006), na Bahia com 2,9%, no Paraná com 2,84%, Minas Gerais com 3,34%, Sergipe
com 2,86%, São Paulo 2,46%, Distrito Federal 2,92%, Rio Grande do Sul 3,26% e
Santa Catarina com 2,57% (BARRETO et al., 2005), em Botucatu (SP) com 2,6%
(FUNARI et al., 2003), e na região sul do Brasil com 2,2% (SAMPAIO, 1991) e em
Santa Maria com 2,14 a 3,55% (NEUMAIER e LENGLER, 1998).
5.3.2. pH
Os teores de pH encontrados nas 18 amostras variam de 4,19 a 5,36 (Tabela 5.1
a 5,4). O resultado evidência a acidez de todas as amostras encontram-se dentro da
legislação brasileira entre 4 a 6 (BRASIL, 2001). Em todos os trimestres o município de
Neópolis foi o que apresentou o valor de pH mais elevado (4,78, 4,65, 5,07 e 5,36
respectivamente). O município de Tobias Barreto foi o que apresentou os menores
índices de pH no primeiro segundo e quarto trimestres (4,24, 4,19 e 4,69
respectivamente), no terceiro trimestre o município de Brejo Grande apresentou o
menor teor de pH (4,24). A diferença talvez seja devido às condições edafoclimáticas e
botânicas deste município, já que é o único que diferentemente dos demais não se
localiza no litoral e sua florada predominante não são coqueirais. Esses resultados são
semelhantes aos obtidos em Piracicaba com 4,8 a 5,3 (MARCHINI et al., 2006) e 4,66 a
5,54 (REIS e MARCHINI, 2000), Sergipe com 4,47 a 4,23, Bahia com 4,12 a 4,88,
Distrito Federal com 4,62 a 4,85, Minas Gerais com 4,47 a 4,90, Paraná com 4,53 a
4,59, Rio Grande do Sul de 4,37 a 4,39, Santa Catarina com 4,81 a 5,35 e São Paulo
com 4,57 a 4,80 (BARRETO et al., 2005), e no Paraná com 4,60 a 5,90 (SAMPAIO,
1991).
5.3.3. Umidade
Nenhuma das amostras analisadas ficou dentro do padrão exigido pelas normas
Brasileiras em que a umidade xima para pólen apícola desidratado que é de 4%
(BRASIL, 2001). Os índices de umidade das amostras avaliadas variaram entre 4,2%
(Brejo Grande) a 12,5% (Estância) (Tabela 5.1 a 5.4). No primeiro e segundo trimestre
os menores teores de umidade pertenceram ao município de Pacatuba (9,83 e 8,96%
78
respectivamente), no terceiro trimestre Brejo Grande apresentou a menor umidade
(4,2%) e no quarto trimestre Estância e Neópolis apresentaram umidade igual a 4,46%
respectivamente. Em todos os trimestres o município de Tobias Barreto apresentou os
maiores valores de umidade (11,66, 11,16, 8,73 e 7,63% respectivamente).
A embalagem em que as amostras foram entregues para análises pode ter
influenciado diretamente na porcentagem de umidade, pois o índice mais baixo de
umidade encontrado (Brejo Grande), foi com uma amostra acondicionada em garrafa
pet de 500 mL e selada com embalagem plástica, a amostra do quarto trimestre de
Tobias Barreto, também foi acondicionada em garrafa pet e neste trimestre observou-se
o menor teor de umidade entre as amostras desta cidade. As demais amostras estavam
acondicionadas em saco plástico selado. Segundo Bastos et al., (2003) é necessária à
educação dos apicultores quanto ao todo de desidratação adequados, que garantam a
qualidade do produto e também em relação ao armazenamento, no que se refere à
utilização de embalagem adequada e condições de temperatura e umidade.
Os valores de umidade observados em Sergipe não diferem daqueles observados
no Piauí, com valores entre 4,55% para pólen apícola recém processado e 10,98% para
pólen apícola desidratado vendido em estabelecimentos comerciais (RIBEIRO e
SILVA, 2007), em Minas Gerais e São Paulo com 5,6 a 19,3% (BASTOS et al., 2003),
e
no Paraná com 2,61 a 11,06% (SAMPAIO, 1991). E superiores aos 4,4% encontrados
na Bahia, 3,78% no Distrito Federal, 4,45% em Minas Gerais, 3,96% no Paraná, 3,79%
no Rio Grande do Sul, 3,53% em santa Catarina, 3,95% em Sergipe e 3,84% em São
Paulo (BARRETO et al., 2005).
A umidade das amostras de pólen apícola desidratado não é homogênea. Isso
pode ocorrer devido à constituição da bolota de pólen que é formada por milhares de
grãos aglutinados, esses grãos muitas vezes pertencem a plantas diferentes, com
características físico-químicas distintas. Durante o processo de desidratação nem todas
as bolotas são expostas ao calor pelo mesmo período, nem as faces da bolota não são
expostas de maneira homogênea, ocorrendo na maioria das vezes, o efeito de
desidratação superficial da bolota, onde externamente estarão com aspectos de
desidratadas, mais internamente a desidratação da bolota pode não ocorrer. Quando esse
pólen processado é armazenado seu percentual de umidade pode aumentar
comprometendo a qualidade do produto. Uma opção poderia ser o processamento do
pólen na forma de ao invés de bolotas, pois garantiria uma maior homogeneidade no
seu processamento e consequentemente um maior controle da qualidade deste produto.
79
É importante ressaltar que a bolota de pólen é um reflexo adaptativo relacionado ao
melhor formato para o transporte de pólen nas corbículas das abelhas. Entretanto, o fato
do pólen ser comercializado preservando o formato de bolotas parece ser apenas uma
evidência da carência em investimento tecnológico para o desenvolvimento desse
produto como suplemento alimentar.
5.3.4. Atividade de Água (Aa)
A menor atividade de água foi observada no município de Neópolis (0,248 Aa) e
a maior em Brejo Grande (0,605 Aa) (Tabela 5.1 a 5.4). No primeiro trimestre todas as
amostras ficaram com valores inferiores a 0,570 Aa, no segundo trimestre apenas
Neópolis e Tobias Barreto, apresentaram Aa abaixo de 0,57. No terceiro e quarto
trimestres todas as amostras apresentaram teores de Aa satisfatórios, sendo que esse
último trimestre apresentou os menores valores de Aa em todas as amostras,
coincidentemente as amostras também apresentaram os menores valores de umidade
neste período, mostrando que o teor de umidade pode está relacionado com a atividade
de água da amostra.
A atividade de água é uma medida muito importante na determinação da
estabilidade de certos alimentos processados, refletindo o grau de ligação da água aos
componentes do material, não se encontrando disponível para as reações bioquímicas
(ex. oxidação lipídica, reações enzimáticas, etc.) e para o crescimento de
microorganismos (MOTARJEMI, 1988), como os esporos de
Clostridium botulinum
,
que não se multiplicam em alimentos com Aa abaixo de 0,93 (CERESER et al., 2008).
A legislação brasileira, não estabelece parâmetros para a atividade de água em amostras
de pólen, porém esse dado pode ser utilizado para avaliar a qualidade do produto, pois
segundo Labuza (1980), a maioria dos microrganismos que causam deterioração possui
dificuldade de se desenvolver em produtos com Aa inferiores a 0,90. Podendo
considerar um alimento estável quando a atividade de água for inferior a 0,60
classificando esse alimento como desidratado.
Barreto et al. (2005) afirma que para o pólen ser considerado desidratado a
atividade de água deve ser de aproximadamente 0,42 a 0,57 (Aa), portanto apenas as
amostras de Brejo Grande, Estância e Pacatuba do segundo trimestre que não podem ser
consideradas desidratadas, por apresentarem Aa de 0,605, 0,602 e 0,509
respectivamente. Resultado semelhante aos observados em amostras de pólen de São
Paulo e Minas Gerais em que a atividade de água variou entre 0,300 e 0,600 (BASTOS
80
et al., 2003), em Londrina (PR) com doces, entre 0,592 a 0,893 (FERRARI et al., 2007),
em castanha do Brasil com 0,496 a 0,588 (SILVA e MARCAIOLI JR, 2003), em
bombons comerciais com 0,440 (RICHTER e LANNES, 2007) e em farinha de
mandioca, com teores de Aa entre 0,380 a 0,440 (CHISTÉ, 2007).
5.3.5. Lipídios
Os teores de lipídios variaram de 1,33% em Pacatuba (segundo trimestre) a
6,78% em Estância (primeiro trimestre). Apenas a amostra de Pacatuba do segundo
trimestre não estava de acordo com as normas brasileiras, que estabelece os valores
mínimos de lipídios em 1,8% (BRASIL, 2001). O primeiro trimestre apresentou as
maiores percentagens dentre os trimestres estudados, o segundo apresentou as
menores percentagens. Esses valores não diferem dos encontrados no Paraná com 2,17 a
5,63% (SAMPAIO, 1991), 2,90 a 2,29% (PALMA, 1992) e 3,79% (BARRETO et al,
2005), em Viçosa, MG com 2,29 a 2,60% (MODRO et al., 2007) e 3,50% (BARRETO
et al, 2005), em Botucatu, SP com 5,10% em média (FUNARI et al., 2003) e 2,20 a
3,10% (MARCHINI et al., 2006), na Bahia com 3,84%, Distrito Federal com 3,82%,
Rio Grande do Sul com 3,29%, Santa Catarina com 4,72%, Sergipe com 4,02%, São
Paulo com 3,61% (BARRETO et al, 2005), e no Sul do Brasil com 6,00% (ALMEIDA-
MURADIAN et al., 2007). Porém inferiores aqueles observados em Santa Maria, RS
com 9,85 a 10,00% (NEUMAIER e LENGLER, 1998).
5.3.6. Nitrogênio
As percentagens de nitrogênio também não constam nos parâmetros nacionais de
qualidade e identidade para o pólen apícola. Porém é um parâmetro importante, que
sem ele não é possível avaliar a percentagem de proteínas em amostras de pólen. Os
maiores e menores teores deste parâmetro foram encontrados no segundo trimestre no
município de Tobias Barreto (2,29%) e terceiro trimestre em Brejo Grande (2,24%)
(Tabela 5.1 a 5.4). Resultados semelhantes aos observados em Botucatu (SP) com
3,58% de nitrogênio (FUNARI et al., 2003).
5.3.7. Proteínas
O menor e maior índice apresentados foram nos municípios de Brejo Grande
(14,05%) e Tobias Barreto (26,42%) no terceiro e quarto trimestres. Como a dia de
proteínas para o pólen apícola desidratado ser considerado de qualidade é de no mínimo
81
8,00% (BRASIL, 2001), todas as amostras analisadas estão dentro do padrão nacional
(Tabela 5.1 a 5.4). Os resultados foram semelhantes aos encontrados em Viçosa, MG
com 28,27% (MODRO et al., 2007) Minas Gerais e São Paulo com 16,00 a 27,50%
(BASTOS et al., 2003), em Botucatu, SP com 26,20% (FUNARI et al., 2003), em Santa
Maria, MG com 13,02 a 23,26% (NEUMAIER e LENGLER, 1998) e no Paraná com
13,84% a 27,84% (SAMPAIO, 1991). Superiores aos observados em Piracicaba, SP
com 21,40% (MARCHINI et al., 2006), em Taubaté, SP com 20,00 a 20,30%
(BARRETO et al., 2000), na Região Sul do Brasil com 20,00% (ALMEIDA-
MURADIAN et al., 2004), em Minas Gerais com 21,89 a 24,90% (MODRO et al.,
2007) e 16,91% (BARRETO et al., 2005), porém inferiores ao observado em Maringá
(PR) com 30,40% (COSTA et al., 2000).
5.3.8. Fibras
As amostras avaliadas apresentaram teores diversos, variando de 3,49 no
município de Estância a 17,20% em Pacatuba, (Tabela 5.1 a 5.2) como o valor mínimo
exigido pela legislação brasileira é de 2,00% m/m, na base seca (BRASIL, 2001), todas
as amostras estão dentro das normas nacionais. Os resultados foram superiores aos
encontrados em Santa Maria, RS com 2,14 a 3,55% (NEUMAIER e LENGLER, 1998),
no Paraná com 1,58% a 3,61% (SAMPAIO, 1991) e 4,79% (BARRETO et al., 2005),
em Botucatu, SP com 1,10% (FUNARI et al., 2003), na Bahia com 4,68%, no Distrito
Federal com 5,46%, Minas Gerais com 4,44%, Rio grande do Sul com 4,12%, em Santa
Catarina com 4,92%, em Sergipe, 4,14% e em São Paulo com 4,24% (BARRETO et al.,
2005).
5.3.9. Sujidade
Com relação à sujidade, as amostras em todos os trimestres apresentaram teores
menores que 2% de partículas estranhas nas amostras analisadas (Tabelas 5.1 a 5.4).
Porém o maior índice foi observado no município de Neópolis (0,1803g) e o menor no
município de Pacatuba (0,0006g). As partículas encontradas foram fibras de tecidos,
bolotas de própolis e partes de insetos (Figuras 5.3 e 5.4), não tendo sido encontrado
insetos inteiros. Os valores do município de Neópolis foram aproximados aos
encontrados por Gonçalves et al. (2004) nos Estados de Minas Gerais (0,94g) e Rio
Grande do Sul (1,22g). Barreto et al. (2005) analisando amostras de sete Estados e do
Distrito Federal brasileiro encontrou valores de sujidade de 0 a 26%. Os alimentos
82
contaminados com sujidades leves têm aparência normal, não permitindo que o
consumidor as identifique apenas ao olhar (DIMOV et al., 2004), podendo causar
prejuízos quantitativos e qualitativos e provocados condições ideais de temperatura e
umidade para o desenvolvimento de fungos (BORGES et al., 2003). Em amostras de
erva-mate produzida em São Mateus do Sul, PR, foram encontrados 0,33g de insetos
inteiros, 1,33g de ácaro e 0,66g de pêlo de roedor (BORGES et al., 2003), e em
amostras de arroz comercializado na Região Sul do Brasil, das dez amostras analisadas
nove continham contaminantes com teores de no máximo 0,25% de matéria estranha
(NUNES et al., 2003).
Figura 5.3. Fragmentos de insetos encontrados nas amost
ras de polens
apícolas analisadas. São Cristóvão, 2008.
Figura 5.4. Bolotas de própolis encontradas nas amostras de polens
apícolas analisadas. São Cristóvão, 2008.
83
Tabela 5.1. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de de
polens apícolas desidratados produzidos no primeiro trimestre de 2007.
Primeiro Trimestre (Jan/Mar) 2007
Município
Cinzas
(%)
pH Umid
(%)
A.a Lipíd
(%)
Nitro
(%)
Prot
(%)
Fibras
(%)
Sujid
(g)
Leg. BR <4 4-6 <4 - >1,8 - >8% >2% -
B.Grande
3,00
**
a
4,64
**
a
10,60
**
ab
0,487
**
bc
3,05
**
c
3,16
**
b
19,76
**
b
9,79
**
a
0,0350
**
a
Estância
3,06
**
a
4,77
**
a
10,50
**
ab
0,462
**
c
6,78
**
a
4,20
**
a
26,27
**
a
3,49
**
b
0,0200
**
b
Neópolis
3,16
**
a
4,78
**
a
10,30
**
b
0,505
**
ab
6,55
**
a
4,18
**
a
26,15
**
a
9,68
**
a
0,0380
**
b
Pacatuba
2,93
**
a
4,67
**
a
9,830
**
b
0,516
**
ab
2,85
**
c
3,11
**
b
19,46
**
b
4,63
**
b
0,0006
**
c
T.Barreto
3,26
**
a
4,24
**
b
11,66
**
a
0,536
**
a
4,61
**
b
3,33
**
b
20,83
**
b
12,94
**
a
0,0250
**
a
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05) Umid. = umidade; A.a = atividade
de água; Lipíd. = lipídios; Nitro. = nitrogênio; Sujid. = sujidade; Leg. BR = Legislação Brasileira;
B.Grande = Brejo Grande;
Tabela 5.2. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de de
polens apícolas desidratados produzidos no segundo trimestre de 2007.
Primeiro Trimestre (Jan/Mar) 2007
Município
Cinzas
(%)
pH Umid
(%)
A.a Lipíd
(%)
Nitro
(%)
Prot
(%)
Fibras
(%)
Sujid
(g)
Leg. BR <4 4-6 <4 - >1,8 - >8% >2% -
B.Grande
3,01
**
ab
4,51
**
b
9,90
**
ab
0,605
**
a
1,97
**
b
2,93
**
c
18,36
**
c
6,65
**
b
0,0120
**
a
Estância
3,51
**
a
4,38
**
c
12,50
**
a
0,602
**
a
2,52
**
ab
3,63
**
a
22,72
**
a
8,20
**
b
0,0200
**
a
Neópolis
3,59
**
a
4,65
**
a
10,93
**
ab
0,524
**
c
1,92
**
b
2,98
**
bc
18,65
**
bc
7,08
**
b
0,0036
**
b
Pacatuba
3,21
**
a
4,25
**
d
8,96
**
b
0,596
**
a
1,33
**
b
3,32
**
ab
20,75
**
ab
17,20
**
a
0,0190
**
a
Tobias
Barreto
2,40
**
b
4,19
**
d
11,16
**
ab
0,561
**
a
3,25
**
a
2,29
**
d
14,32
**
d
7,85
**
b
0,0063
**
b
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05). Umid. = umidade; A.a = atividade
de água; Lipíd. = lipídios; Nitro. = nitrogênio; Sujid. = sujidade; Leg. BR = Legislação Brasileira;
B.Grande = Brejo Grande;
84
Tabela 5.3. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de polens
apícolas desidratados produzidos no terceiro trimestre de 2007. Porém, sem amostras
dos municípios de Estância e Pacatuba.
Primeiro Trimestre (Jan/Mar) 2007
Município
Cinzas
(%)
pH Umid
(%)
A.a Lipíd
(%)
Nitro
(%)
Prot
(%)
Fibras
(%)
Sujid
(g)
Leg. BR <4 4-6 <4 - >1,8 - >8% >2% -
B.Grande
2,40
**
b
4,24
**
b
4,2
**
b
0,482
**
a
4,11
**
a
2,24
**
b
14,05
**
b
8,43
**
a
0,015
**
a
Neópolis
3,17
**
ab
5,07
**
a
5,3
**
b
0,342
**
a
3,38
**
a
2,64
**
b
16,55
**
b
8,43
**
a
0,004
**
b
Tobias
Barreto
4,01
**
a
5,04
**
a
8,73
**
a
0,363
**
b
3,00
**
a
3,38
**
a
21,13
**
a
8,53
**
a
0,028
**
a
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05). Umid. = umidade; A.a = atividade
de água; Lipíd. = lipídios; Nitro. = nitrogênio; Sujid. = sujidade; Leg. BR = Legislação Brasileira;
B.Grande = Brejo Grande;
Tabela 5.4. Resultados obtidos nas análises físico-químicas com as amostras de pólen
apícola desidratado produzido no quarto trimestre de 2007.
Primeiro Trimestre (Jan/Mar) 2007
Município
Cinzas
(%)
pH Umid
(%)
A.a Lipíd
(%)
Nitro
(%)
Prot
(%)
Fibras
(%)
Sujid
(g)
Leg. BR <4 4-6 <4 - >1,8 - >8% >2% -
B.Grande
3,91
ns
a
4,98
**
b
5,53
**
b
0,349
**
b
2,06
**
a
3,68
**
b
23,01
**
b
9,08
**
b
0,0673
**
b
Estância
3,17
ns
a
5,03
**
b
4,46
**
b
0,307
**
c
2,30
**
a
2,36
**
d
14,80
**
d
7,13
**
bc
0,0166
**
c
Neópolis
3,55
ns
a
5,36
**
a
4,46
**
b
0,248
**
d
3,10
**
a
2,68
**
cd
16,75
**
cd
8,28
**
bc
0,1803
**
a
Pacatuba
3,50
ns
a
4,86
**
c
5,26
**
b
0,250
**
d
3,36
**
a
2,88
**
c
18,05
**
c
6,10
**
c
0,0880
**
b
Tobias
Barreto
3,84
ns
a
4,69
**
d
7,63
**
a
0,396
**
a
2,25
**
a
4,22
**
a
26,42
**
a
11,88
**
a
0,0053
**
d
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05). Umid. = umidade; A.a = atividade
de água; Lipíd. = lipídios; Nitro. = nitrogênio; Sujid. = sujidade; Leg. BR = Legislação Brasileira;
B.Grande = Brejo Grande;
85
5.4. CONCLUSÕES
Todas as amostras apresentam teor de umidade acima do padrão nacional para pólen
apícola desidratado;
Nos demais parâmetros analisados todas as amostras encontram-se dentro da
normalidade;
O município de Tobias Barreto apresentou dados diferentes dos demais, e isso pode ser
devido as suas condições edafoclimáticas e botânicas, que são diferentes dos demais
municípios;
Os teores de atividade de água permitem afirmar que apesar da umidade alta apenas às
amostras do segundo trimestre dos municípios de Brejo Grande, Estância e Pacatuba,
não poderiam ser consideradas desidratadas;
Apesar de todas as amostras apresentarem sujidade esses valores ficaram abaixo de 2%
em todos os trimestres, evidenciando a preocupação dos produtores com o risco dos
consumidores encontrarem partículas estranhas no pólen apícola desidratado
comercializado;
O pólen apícola desidratado de Sergipe apresenta características nutricionais
satisfatórias para o mercado nacional, necessitando apenas de maior controle com a
questão da umidade do produto.
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.
92
6. CAPÍTULO IV
AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE MÉIS DE
Apis mellifera
PRODUZIDOS
NO ESTADO DE SERGIPE, BR.
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Avaliação Físico-Química de Méis de
Apis mellifera
Produzidos no Estado de Sergipe, BR. São Cristóvão: UFS, 2008. 126f. (Dissertação,
Mestrado em Agroecossistemas).
O mel como todo produto alimentício deve atender a requisitos mínimos de qualidade
físico-química, sendo que sua análise contribui no controle da qualidade de méis
importado e nacional. Os resultados das análises físico-químicas de méis quando
comparados com padrões recomendados por órgãos oficiais internacionais (no caso de
importação ou exportação) e/ou com os padrões do próprio país, pode garantir que o
produto que chega ao consumidor não possui adulterações. Foram realizadas análises
para os parâmetros de umidade, grau brix, açúcares redutores, teor de minerais (cinzas),
acidez total, pH, sólidos insolúveis em água e atividade de água. As amostras foram
coletadas nos municípios de Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Brejo Grande, Carira,
Frei Paulo, Lagarto, Neópolis (platô irrigado e região de Mata Atlântica), Nossa
Senhora de Glória, Porto da Folha, Poço Redondo, Poço Verde, São Cristóvão, Santana
de São Francisco e Tobias Barreto. A qualidade das amostras analisadas pode ser
considerada muito boa, apesar de alguns resultados discordantes com as normas
nacionais de qualidade do mel.
Palavras chave: Apicultura, mel,
Apis mellifera
.
93
CORREIA-OLIVEIRA, M.E. Physical-
Chemical Evaluation
of Honeys of
Apis mellifera
Produced in the State of Sergipe, BR. o Cristóvão:
UFS, 2008. 126f. (Dissertation, Master Science in Agroecosystems).
The honey as whole nutritious product should assist to minimum requirements of
quality physical-chemistry, and its analysis contributes in the control of the imported
quality of honeys and national. The results of the physical-chemical analyses of honeys
when compared with patterns recommended by international official organs (in the case
of import or export) e/ou with the patterns of the own country, can guarantee that the
product that arrives to the consumer doesn't possess adulterations. Analyses were
accomplished for the humidity parameters, degree brix, sugars reducers, text of minerals
(ashes), total acidity, pH, insoluble solids in water and activity of water. The samples
were collected in the municipal districts of Areia Branca, Barra dos Coqueiros, Brejo
Grande, Carira, Frei Paulo, Lagarto, Neópolis (irrigated area and Atlantic forest area),
Nossa Senhora de Glória, Porto da Folha, Poço Redondo, Poço Verde, São Cristóvão,
Santana de São Francisco e Tobias Barreto. The quality of the analyzed samples can be
considered very good, in spite of some tuneless results with the national norms of
quality of the honey.
Key words: Beekeeping, honey,
Apis mellifera
.
94
6.1. INTRODUÇÃO
O mel é um alimento que pode ser elaborado a partir do néctar de flores, sendo
chamado de mel floral, de secreções de parte viva de plantas e ou excreções de insetos
sugadores de partes vivas das plantas, sendo denominado de mel de melato (CAMPOS
et al., 2001). Esse néctar após ser coletado, sofre reações físicas e químicas, por ação
das enzimas da saliva das abelhas, que transformam e o combinam com substâncias
específicas próprias, produzindo então o mel (LENGLER, 2000).
As propriedades físico-químicas do mel são influenciadas por vários fatores,
como a composição florística, a temperatura, quantidade e do tamanho dos cristais
(COSTA et al., 2005), além de condições edafológicas da região onde se localizam
essas flores (SODRÉ et al., 2003). As abelhas precisam do mel como fonte de energia,
ou carboidratos na forma de açúcares (WINSTON, 2003).
O mel como todo produto alimentício deve atender a requisitos mínimos de
qualidade físico-química em méis florais, como os índices de açúcares redutores
(mínimo permitido 65%), sacarose aparente (máximo de 6%) e umidade (até 20%), que
são indicativos de maturação do produto, sólidos insolúveis em água e teor de minerais
(máximo de 0,1 e 0,6% respectivamente) que indicam a pureza do mel e acidez
(máximo de 50 miliequivalentes por quilo/mEq/Kg), atividade diastásica (mínimo de 8
e na escala Gothe e/ou 3 se o hidroximetilfurfural HMF for inferior a 15 mg/Kg) e
hidroximetilfurfural (máximo tolerado 60 mg/kg) , que são indicativos da deterioração
deste produto (BRASIL, 2000). Podendo ainda ser empregado outros parâmetros como
o pH, índice de formol, condutividade elétrica e cor (ARRUDA, 2003).
A análise físico-química de méis visa contribuir no controle da qualidade de
méis importado e nacional. Seus resultados são comparados com padrões citados por
órgãos oficiais internacionais (no caso de importação ou exportação) e/ou com os
padrões do próprio país, garantindo que o produto que chega ao consumidor não possuia
adulterações (SODRÉ et al., 2001).
A caracterização regional do mel é muito importante, pois leva-se em
consideração a grande diversidade botânica e variação edafoclimática de cada região
estudada (CARVALHO et al., 2000).
O objetivo deste trabalho foi realizar análises físico-químicas de méis, buscando
verificar a qualidade deste produto no Estado de Sergipe, Brasil.
95
6.2. MATERIAIS E MÉTODOS
6.2.1. Obtenção da amostra
As amostras foram obtidas de diferentes cidades produtoras do Estado de
Sergipe (Figura 6.1), sendo que os apicultores que forneceram amostras pertenciam a
associações apícolas de suas referidas cidades. As amostras foram fornecidas
diretamente pelo apicultor em recipiente de 100g e em triplicata. Encaminhadas ao
Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da Universidade Federal de Sergipe,
onde foram realizadas análises os parâmetros: umidade, grau brix, açúcares redutores,
teor de minerais, acidez total, pH, sólidos insolúveis em água e atividade de água.
Participaram da pesquisa os municípios de Areia Branca, Barra dos Coqueiros,
Brejo Grande, Carira, Frei Paulo, Lagarto, Nossa Senhora de Glória, Porto da Folha,
Poço Redondo, Poço Verde, São Cristóvão, Santana de São Francisco e Tobias Barreto
e Neópolis que participou com amostras do platô irrigado (todos os trimestres) e com
uma amostra da região de Mata Atlântica (primeiro trimestre).
Figura 6.1. Municípios sergipanos onde foram obtidas as amostras de méis
ao longo do ano de 2007. São Cristóvão, 2008.
96
6.2.2. Análises Físico-Químicas das Amostras
a - Umidade por Refratometria (%)
A metodologia utilizada é recomendada pelo Instituto Adolfo Lutz (BRASIL,
2005), e baseia-se no método refratométrico de Chataway, revisado por Wedmore, onde
se utiliza a medida de índice de refração da amostra para ser convertida em porcentagem
de umidade.
b - Grau Brix (%)
Para determinação de grau Brix utilizou-se refratômetro de bancada, em se
utiliza à medida de índice de refração da amostra para ser convertida em porcentagem
de grau Brix.
c - Açúcares Redutores (%)
Para avaliação do teor de açúcares redutores utilizou-se a metodologia do
Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005). No qual utiliza-se no calculo açúcares invertido
(glicose + frutose). O método é uma modificação do procedimento desenvolvido por
Lane e Eynon, e envolve a redução da solução de Fehling modificada por Soxhlet,
durante a titulação no ponto de ebulição (VILHENA e ALMEIDA-MURADIAN,
1999).
d - Cinzas (%)
Foi realizado de acordo com as normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz
(BRASIL, 2005). Para tanto a amostra de mel é submetida à queima em forno mufla em
temperatura de 600
o
C por aproximadamente 5 horas ou até peso constante. Após
pesagem das cinzas utiliza-se a fórmula:
P
N
cinza
´
=
100
%
onde,
N =valor em gramas obtidos das cinzas;
P = peso da amostra.
e - Acidez Livre (meq/kg)
Esse procedimento analítico é baseado numa titulação simples, utilizando
pHmetro para acompanhar a medida do pH (VILHENA E ALMEIDA-MURADIAN,
1999). A metodologia adotada é utilizada pelo Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005).
97
O método baseia-se na determinação da acidez livre, lactônica e total. A acidez livre é a
medida obtida da titulação com hidróxido de sódio até o ponto de equivalência.
f - pH
A determinação do pH foi realizada de acordo com as normas analíticas do
Instituto Adolfo Lutz (BRASIL, 2005), diluindo-se 10 gramas da amostra em água
destilada e em seguida determinando o pH com aparelho pHmetro.
g - Sólidos Insolúveis em Água (%)
A metodologia utilizada foi baseada em Andrade (2006), dissolvendo-se 20
gramas da amostra a ser analisada em 30 a 50 mL de água destilada aquecida a 80ºC, e
em seguida filtrado em papel filtro quantitativo previamente umidecido com água
destilada, seco em estufa a 105ºC e pesado, por um período mínimo de 1 hora, sendo
utilizado na diluição aproximadamente 1L de água destilada. Após diluição o papel
filtro é colocado em estufa a 105ºC até peso constante. Sendo então aplicado a fórmula:
gSIAg
P
N
100/
100
=
´
,
N = massa seca de sólidos insolúveis em grama;
P = peso da amostra.
h - Atividade de Água (A
a
)
Na avaliação da atividade de água (A
a
ou a
W
activity water), utilizou-se o
aparelho AquaLab, que
considera a técnica de determinação do ponto de orvalho em
espelho encapsulado para medir a atividade de água de um produto.
6.2.3. Análise Estatística
Para análise e avaliação dos dados foi aplicado o delineamento inteiramente
casualizado (DIC), composto pelas amostras (municípios) e as três repetições de cada
parâmetro avaliado. Os resultados foram analisados objetivando identificar diferenças
no que se refere às características físico-químicas nas amostras de méis. Os dados
obtidos foram submetidos a análises de variância pelo teste F e a comparação entre as
médias dos dados experimentais foi feita pelo teste de Tukey utilizando o programa
computacional Assistat.
98
6.3. RESULTADOS
Não foi possível conseguir que todos os produtores mantivessem a freqüência de
amostras ao longo do ano, havendo trimestres em que não foram obtidas amostras
alguns municípios (Tabela 6.1).
6.3.1. Umidade por refratometria
Os dois primeiros trimestres apresentaram os maiores níveis de umidade, como
as normas brasileiras estabelecem que a umidade máxima deve ser 20%, as amostras do
primeiro trimestres os municípios de Carira (20,8%) e São Cristóvão (21,4%) no
segundo trimestre os municípios de Lagarto (20,13), Neópolis na região do platô
(20,46%), Poço Redondo (21,13%), Santana de São Francisco (22%) e São Cristóvão
(20,66%) não se enquadraram nas normas. No terceiro e quarto trimestre todas as
amostras analisadas estavam dentro do padrão nacional. O teor de umidade médio
estadual foi 19,14%, variando entre 17,33% e 22% (Tabelas 6.2 a 6.5). Resultados
semelhantes aos encontrados em méis do Baixo Jaguaribe, CE com teores de umidade
entre 17,4 a 21% (SILVA, 2006), em amostras do litoral norte da Bahia com 19,77%
(SODRÉ et al., 2003), no Pantanal com 19,6% (MENDES et al., 2006), em Campos
Gerais do Paracom 21,58% (VARGAS, 2006), no nordeste da Bahia com 19,47%
(BORGES et al., 2006), no Piauí com 19,96% (BRITO NETA et al., 2006), no Piauí
com teores de 14,6 a 19,3% (CARNEIRO et al., 2002), na região do Cariri Paraibano
com 18,6% e de 18,76% na região do Brejo Paraibano (EVANGELISTA-RODRIGUES
et al., 2005), no Mato Grosso do Sul com 16,56% (BONILLA et al., 2000), na Bahia
com 17,66% (BORGES et al., 2004), no Mato Grosso com 17,24% (MENDONÇA et
al., 2004), no Ceará com 18,17% (SODRÉ e MARCHINI, 2004b), em Viçosa, MG em
méis com SIF (17,3%) e sem SIF (17,8%) (SILVA, 2007) em méis de Alagoinhas, BA
com 16,89% (REBOUÇA et al., 2006).
6.3.2. Grau Brix
O teor de sólidos solúveis, ou grau brix, nas amostras analisadas, foi em média
78,96% (mínimo de 76% e máximo de 81,58%) (Tabelas 6.2 a 6.5). A legislação
brasileira não estipula um valor para o grau brix. O resultado foi semelhante aos
encontrados em amostras de méis da Bahia com 77,72% (CARVALHO et al., 1998) e
80,81% (BORGES et al., 2004), no Piauí com 78,7% (SILVA et al., 2004) e 78,56 a
79,76% (BRITO NETA et al., 2006), em méis de laranja com 79,65%, cana com
99
71,25% e de eucalipto com 76,2% (MARCHINI e D'ARCE, 1990), e no Baixo
Jaguaribe, CE com valores entre 78,3 a 85% (SILVA, 2005).
Tabela 6.1. Freqüência das amostras dos municípios participantes ao longo dos
trimestres de 2007. São Cristóvão, 2008.
Trimestres de 2007 Município
Primeiro Segundo Terceiro Quarto
Areia Branca
x x
Brejo Grande
x
Barra dos Coqueiros
x x x
Carira
x x x x
Frei Paulo
x x x
Lagarto
x x
Neópolis Platô Irrigado
x x x x
Neópolis Mata Atlântica
x
Nossa Senhora de Glória
x x x
Poço Redondo
x x x
Poço Verde
x x x x
Porto da Folha
x x
São Cristóvão
x x
Santana de São Francisco
x x
Tobias Barreto
x x x x
6.3.3. Açúcares Redutores (%)
No primeiro trimestre os municípios de Brejo Grande (63,76%), Poço verde
(61,31%) e Tobias Barreto (57,69%) foram os que apresentaram teores abaixo dos 65%,
que é o percentual mínimo exigido pela legislação brasileira (BRASIL, 2000), no
segundo trimestre Nossa Senhora da Glória (64,08%), Poço Verde (64,44%), Porto da
Folha (63,73%) e São Cristóvão (62,5%), no terceiro trimestre todas as amostras
encontravam-se dentro das normas nacionais e no quarto trimestre os município de Frei
Paulo (64,52%) e Neópolis (61,88%) apresentaram os menores percentuais deste
parâmetro. A dia de úcares redutores nas amostras foi de 68,65%, com mínima de
57,69% e máxima de 81,58% (Tabelas 6.2 a 6.5). Resultados semelhantes aos
encontrado no Ceará com 77,38% (SODRÉ e MARCHINI, 2004b), na região do Baixo
100
Jaguaribe com 68,44% (SILVA, 2006) e em Crato com 59,38 a 76,45% (ARAÚJO et
al., 2006), em Viçosa, MG em amostras de méis sem SIF (Selo de Inspeção Federal)
68,4% e com SIF 66,9% (SILVA, 2007), na Bahia, no Litoral Norte com 69,2%
(SODRÉ et al., 2003), no Sul com 67,87% a 72,97% (MAGALHÃES et al., 2002) e no
nordeste da Bahia com 63,89 a 73,35% (BORGES et al., 2006), no Paraná com 58,75 a
82,37% (VARGAS, 2006), no Piauí com 70,38 a 87,39% (CARNEIRO et al., 2002) e
65,34 a 72,19% (BRITO NETA et al., 2006), em méis de laranja com 69,4% e eucalipto
com 93,95% (KOMATSU et al., 2002), no Mato Grosso do Sul com 71,38%
(BONILLA et al., 2000) e em Cáceres, MT com 80,83% (MENDONÇA et al., 2004).
6.3.4. Cinzas (%)
Quanto ao teor de cinzas, a média foi 0,31%, com valores mínimos de 0,05 e
com xima de 0,80% (Tabelas 6.2 a 6.5). A legislação permite teores de cinzas para
méis florais de no ximo 0,6%, no estado de Sergipe apenas três amostras das 40
analisadas não se enquadraram nas normas. Os resultados são semelhantes aos
encontrados em amostras da Bahia com 0,08% (CARVALHO et al., 1998), na região do
litoral norte com 0,3% (SODRÉ et al., 2003) e na região nordeste com 0,32%
(BORGES et al., 2006), no Piauí com 0,32% (Carneiro et al., 2002) e com 0,18 e 0,26%
(BRITO NETA et al., 2006), no Ceacom 0,231% (SILVA, 2005), 0,11% (ARRUDA
et al., 2005), 0,19% (SODRÉ e MARCHINI, 2004b) e 0,185% (SODRÉ e MARCHINI,
2004a), na região do Cariri Paraibano com 0,17% e na região do Brejo Paraibano com
0,20% (EVANGELISTA-RODRIGUES et al., 2005), no Paraná com 1,68% (VARGAS,
2006), no Mato Grosso do Sul com 0,22% (BONILLA et al., 2000), e em Viçosa, MG
em amostras de méis que possuía SIF com 0,119% e sem SIF com 0,115% (SILVA,
2007).
6.3.5. Acidez Livre (meq/kg)
A acidez dos méis sergipanos ficou em média 20,19 meq/kg, com valor mínimo
de 6,93 meq/kg no município de Poço Verde e máximo de 42 meq/kg nos municípios de
Carira e Santana de São Francisco (Tabela 6.2 a 65). Resultados semelhantes aos
encontrados na Bahia com 16,4 a 85,6 meq/kg (BRITO NETA et al., 2006), em
Alagoinhas com 23,55 meq/kg (REBOUÇAS et al., 2006) e no litoral norte da Bahia
encontrou valores de acidez iguais a 29,1 meq/kg (SODRÉ et al., 2003), no Piauí com
18,98 a 56,18 meq/kg (CARNEIRO et al., 2002), na Paraíba, região do Cariri Paraibano
101
com 41,66 meq/kg e na região do Brejo Paraibano com 35meq/kg EVANGELISTA-
RODRIGUES et al., 2005), no Paraná com 10,27 a 62,71 meq/kg
(VARGAS, 2006), e
no Mato Grosso do Sul com 23,70 meq/kg (BONILLA et al., 2000).
6.3.6. pH
Os valores mínimos de pH foram de 3,5 enquanto que os valores máximos foram
4,27, sendo a média geral 3,85 (Tabela 6.2 a 6.5). O mel é naturalmente ácido, e todos
os méis sergipanos enquadraram-se nessas normas. Resultados semelhantes encontrados
na Bahia com 3,67 (CARVALHO et al., 1998), 3,86 (BORGES et al., 2006)e 4,12
(NETO et al., 2006) e ainda na região do litoral Norte com 3,77 (SODRÉ et al., 2003) e
em Alagoinhas com 4,21 (REBOUÇAS et al., 2006), na Paraíba, região do Cariri
Paraibano com 3,85 e na região do Brejo Paraibano com 4,61 EVANGELISTA-
RODRIGUES et al., 2005) e no ceará com 3,71 (ARRUDA et al., 2005).
6.3.7. Sólidos Insolúveis em Água
Apenas três amostras do total analisado possuíam valor de sólidos insolúveis
acima de 0,1%, valor máximo estipulado pela legislação brasileira. Os valores dios
de sólidos insolúveis das amostras sergipanas foi 0,0653%. Com valores mínimos de
0,0073 e máximos de 0,16% (Tabelas 6.2 a 6.5). Resultados semelhantes aos
encontrados no Piauí com 0,01 a 1,28% (CARNEIRO et al., 2002) e 0,08% (SILVA et
al., 2004) na Paraíba com 0,01% (EVANGELISTA-RODRIGUES et al., 2005), e no
Ceará com 0,03 a 0,24% (ARAÚJO et al., 2006).
6.3.8. Atividade de Água (A
a
)
Das 40 amostras analisadas, apenas oito apresentaram atividade de água superior
a 0,61. O valor mínimo das amostras foi 0,543A
a
, máximo de 0,639A
a
e média do
Estado foi de 0,591 A
a
(Tabelas 6.2 a 6.5). A atividade de água não é um parâmetro
regulamentado pela legislação brasileira, porém segundo Mendes et al. (2006) os
valores de atividade de água críticos (A
a
acima de 0,61) contribuem para o
desenvolvimento de leveduras osmotolerantes, as quais poderiam conduzir o mel à
fermentação, prejudicando a sua vida de prateleira, portanto o resultado dessa análise
pode avaliar a qualidade do mel. Resultado semelhante aos obtidos no Pantanal, MT
com 0,548 a 0,624 A
a
(MENDES et al., (2006) e São Paulo com 0,578 A
a
(DENARDI et
al., 2005).
102
Tabela 6.2. Resultados do primeiro trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe.
Primeiro Trimestre de 2007 Mun.
U (%) ºBrix
(%)
A.R.
(%)
Cinzas
(%)
A.L.
(meq/kg)
pH S. I.
(%)
A.a
Legis. BR ≤20 - ≥65 0,6 ≤50 - ≤0,1 -
B.Grande 20,13
**
bc
78,50
**
cd
63,76
ns
a
0,16
**
a 13,73
**
f 3,79
**
abcdef
0,0403
**
bcde
0,607
**
bc
B.C. 20,00
**
bcd
78,50
**
cd
68,1
ns
a 0,30
**
bcd
16,13 ef 4,04
**
a
0,0486
**
de
0,602
**
cd
Carira 20,80
**
ab
78,00
**
de
76,53
ns
a
0,54
**
a 40,00
**
a 3,98
**
ab
0,0992
**
a
0,615
**
b
Frei Paulo 18,86
**
de
79,50
**
abc
74,08
ns
a
0,16
**
def
19,93
**
def
3,89
**
abcd
0,0986
**
a
0,588
**
e
Lagarto 19,00
**
cde
78,66
**
cd
65,86
ns
a
0,34
**
b 37,60
**
ab
3,78
**
abcdef
0,0073
**
e
0,608
**
bc
Neóp. P. 18,00
**
e
80,50
**
a
68,27
ns
a
0,56
**
a 41,33
**
a 3,91
**
abcd
0,0958
**
a
0,595
**
de
Neóp. M. 19,40
**
cd
78,9
**
1
bcd
71,29
ns
a
0,16
**
def
23,46
**
cde
3,63
**
def
0,068
**
abcd
0,613
**
bc
N.S.G. 19,46
cd
78,83
**
bcd
81,06
ns
a
0,09
**
f 18,93
**
def
3,50
**
f
0,027
**
cde
0,588
**
e
P. Red. 19,33
**
cd
78,75
**
cd
71,47
ns
a
0,16
**
def
27,33
**
cd
3,69
**
bcdef
0,0322
**
cde
0,596
**
de
P. Verde 18,00
**
e
80,25
**
a
61,31
ns
a
0,14
**
ef
19,20
**
def
3,96
**
abc
0,0718
**
abc
0,588
**
e
P. Folha 19,33
**
cd
79,00
**
bcd
67,59
ns
a
0,32
**
bc
30,60
**
bc
3,66
**
cdef
0,0236
**
cde
0,591
**
e
S. Cris. 21,40
**
a
77,25
**
e
65,25
ns
a
0,27
**
bcde
31,06
**
bc
3,81
**
abcde
0,0866
**
ab
0,632
**
a
T. Barreto 18,06
**
e
80,00
**
ab
57,69
ns
a
0,18
**
cdef
15,60
**
ef 3,59
**
ef
0,0856
**
ab
0,595
**
de
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05); Mun. = município; U = Umidade;
ºBrix = Grau Brix; A.R. = Açúcares Redutores; A. = Acidez; S.I. = Sólidos Insolúveis em Água; A.a. =
Atividade de Água; Legis. BR = Legislação Brasileira; B. Grande = Brejo Grande; B.C. = Barra dos
Coqueiros; Neóp. P. = Neópolis região do platô irrigado; Neóp. M. = Neópolis Região de Mata Atlântica;
N. S. Glória = Nossa Senhora de Glória; P. Red. = Poço redondo; P. Verde = poço Verde; P. Folha =
Porto da Folha; S. Cris. = São Cristóvão; T. Barreto = Tobias Barreto.
103
Tabela 6.3. Resultados do segundo trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe.
Segundo Trimestre de 2007 Mun.
U (%) ºBrix A.R.
(%)
Cinzas
(%)
A.L.(meq
/kg)
pH S. I. (%) A.a
(A.a.)
Legis. BR ≤20 - ≥65 ≤0,6 ≤50 - ≤0,1 -
Carira 19,53
**
bcd
78,13
**
abc
70,30
ns
a
0,66
**
a 42,00
**
a 4,06
**
a 0,0931
**
a 0,593
**
d
Lagarto 20,13
**
bcd
77,75
**
abc
69,70
ns
a
0,40
**
ab
24,66
**
b 3,74
**
cd
0,0599
**
b
0,597
**
d
Neóp. P. 20,46
**
abc
77,33
**
bc
68,12
ns
a
0,14
**
bc
41,60
**
a 3,68
**
d 0,0933
**
a 0,618
**
bc
N.S.
Glória
18,73
**
d
79,83
**
a
64,08
ns
a
0,05
**
c 9,33
**
d 3,93
**
b 0,0426
**
c 0,581
**
e
P.Redondo 21,13
**
ab
77,00
**
bc
66,85
ns
a
0,15
**
bc
16,00
**
c 3,75
**
cd
0,0998
**
a 0,610
**
c
P. Verde 19,20
**
cd
77,58
**
abc
64,44
ns
a
0,20
**
bc
14,33
**
cd 4,00
**
ab
0,0495
**
bc
0,582
**
e
P. Folha 19,33
**
cd
78,66
**
ab
63,73
ns
a
0,09
**
c 12,66
**
cd 3,83
**
c 0,0398
**
cd
0,594
**
d
S.S. Franc. 22,00
**
a
76,00
**
c
66,19
ns
a
0,21
**
bc
42.00
**
a 3,67
**
b 0,0399
**
cd
0,639
**
a
S.Crist. 20,66
**
abc
77,66
**
abc
62,50
ns
a
0,28
**
bc
24,66
**
b 4,00
**
ab
0,0248
**
d
0,622
**
b
T.Barreto 18,73
**
d
79,16
**
ab
69,90
ns
a
0,19
**
bc
16,86
**
c 3,93
**
b 0,0565
**
bc
0,574
**
e
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05); Mun. = município; U = Umidade;
ºBrix = Grau Brix; A.R. = Açúcares Redutores; A. = Acidez; S.I. = Sólidos Insolúveis em Água; A.a. =
Atividade de Água; Legis. BR = Legislação Brasileira; B.C. = Barra dos Coqueiros; Neóp. P. = Neópolis
região do platô irrigado; N. S. Glória = Nossa Senhora de Glória; P. Red. = Poço redondo; P. Verde =
poço Verde; P. Folha = Porto da Folha; S. Cris. = São Cristóvão; T. Barreto = Tobias Barreto; S.S. Franc.
= Santana de São Francisco.
104
Tabela 6.4. Resultados do terceiro trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe. São Cristóvão, 2008.
Terceiro Trimestre de 2007 Mun.
U
(%)
ºBrix A.R.
(%)
Cinzas
(%)
A.L.
(meq/kg)
pH S. I. A.a
Legis. BR ≤20 - ≥65 ≤0,6 ≤50 - ≤0,1 -
A.Branca 18,26
**
ab
79,41
**
bc
85,16
ns
a
0,22
ns
a 14,40
**
a
b
3,80
**
d
0,024
ns
a
0,575
**
cd
B.C. 19,26
**
a
79,41
**
bc
68,12
ns
a
0,40
ns
a 17,06
**
a
b
4,01
**
b
0,084
ns
a
0,592
**
b
Carira 19,00
**
a
80,50
**
ab
68,65
ns
a
0,51
ns
a 18,13
**
a
4,08
**
a
0,160
ns
a
0,579
**
bcd
Frei Paulo 19,00
**
a
80,00
**
abc
68,94
ns
a
0,34
ns
a 13,33
**
a
b
3,94
**
bc
0,036
ns
a
0,589
**
bc
Neóp.P. 18,93
**
a
79,33
**
bc
75,80
ns
a
0,34
ns
a 16,46
**
a
b
3,63
**
e
0,048
ns
a
0,593
**
b
N.S.Glória 18,20
**
ab
80,00
**
abc
73,97
ns
a
0,33
ns
a 18,53 a 3,88
**
c
0,105
ns
a
0,565
**
d
P.Red. 18,53
**
ab
78,66
**
c
66,20
ns
a
0,18
ns
a 14,93
**
a
b
3,77
**
d
0,049
ns
a
0,611
**
a
P.Verde 18,66
**
a
79,41
**
bc
68,22
ns
a
0,13
ns
a 17,73
**
a
3,95
**
bc
0,029
ns
a
0,579
**
bcd
T.Barreto 17,53
**
b
81,58
**
a
70,76
ns
a
0,34
ns
a 11,60
**
b
3,88
**
c
0,145
ns
a
0,573
**
d
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05);U = Umidade; ºBrix = Grau Brix;
A.R. = Açúcares Redutores; A. = Acidez; S.I. = Sólidos Insolúveis em Água; A.a. = Atividade de Água.
A. Branca = Areia Branca; B.C. = Barra dos Coqueiros; Neóp. P. = Neópolis região do platô irrigado; N.
S. Glória = Nossa Senhora de Glória; P. Red. = Poço redondo; P. Verde = poço Verde; P. Folha = Porto
da Folha; T. Barreto = Tobias Barreto.
105
Tabela 6.5. Resultados do quarto trimestre das análises físico-química de méis de
Sergipe. São Cristóvão, 2008.
Quarto Trimestre de 2007 Mun.
U (%) ºBrix A.R.
(%)
Cinzas
(%)
A.
(meq/kg)
pH S. I. A.a
Legis.
BR
≤20 - 65 ≤0,6 ≤50 - ≤0,1 -
A.Branca 17,33
**
f 79,91
**
a 65,34
ns
a
0,38
**
b
10,93
**
bc
3,86
**
b
0,0599
**
abc
0,586
**
c
B.C. 19,00
**
bc
78,50
**
c 66,81
ns
a
0,75
**
a
9,20
**
cd
3,86
**
b
0,0465
**
bc
0,579
**
d
Carira 17,86
**
ef 79,75
**
a 65,02
ns
a
0,80
**
a
17,46
**
a
4,27
**
a 0,0299
**
c
0,568
**
e
Frei
Paulo
19,80
**
a 78,00
**
d 64,52
ns
a
0,32
**
b
8,66
**
cd
3,81
**
b
0,0850
**
ab
0,606
**
a
Neóp. P. 18,60
**
cd
79,00
**
b 61,88
ns
a
0,23
**
b
14,13
**
ab
3,77
**
b
0,0796
**
ab
0,593
**
b
P. Verde 18,20
**
de
80,00
**
a 72,59
ns
a
0,42
**
b
6,93
**
d
3,89
**
b
0,0633
**
abc
0,575
**
d
S. S.
Franc.
18,60
**
cd
80,00
**
a 71,09
ns
a
0,34
**
b
8,40
**
cd
3,72
**
b
0,0767
**
ab
0,563
**
f
T.
Barreto
19,40
**
ab
78,25
**
cd
73,64
ns
a
0,27
**
b
11,06
**
abc
3,81
**
b
0,0932
**
a
0,601
**
a
Obs.: Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5%
de probabilidade (0,01 =< p < 0,05); ns não significativo (p >= 0,05); U = Umidade; ºBrix = Grau Brix;
A.R. = Açúcares Redutores; A. = Acidez; S.I. = Sólidos Insolúveis em Água; A.a. = Atividade de Água.
A. Branca = Areia Branca; B.C. = Barra dos Coqueiros; Neóp. P. = Neópolis região do platô irrigado; P.
Verde = poço Verde; T. Barreto = Tobias Barreto; S.S. Franc. = Santana de São Francisco.
6.4. CONCLUSÕES
As análises evidenciam a necessidade de aumentar os cuidados com a qualidade
do mel em relação aos parâmetros umidade, cinzas, açúcares redutores e sólidos
insolúveis;
A análise de atividade de água pode ser utilizada como parâmetro no controle de
qualidade do mel visto que amostras com atividade de água abaixo de 0,60 apresentam
umidade abaixo de 20%;
A qualidade das amostras analisadas pode ser considerada muito boa, apesar de
alguns resultados discordantes com as normas nacionais de controle da qualidade do
mel.
106
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111
7. CONSIDERAÇÕES GERAIS
A apicultura favorece a geração de emprego e renda onde se desenvolve, fixando
o homem do campo em sua terra. Essa atividade no Estado de Sergipe está em
crescimento, sendo relativamente nova e, portanto ainda adequando-se as normas do
mercado consumidor de mel. Conhecer os hábitos dos apicultores propicia uma busca
por alternativas para a melhoria da qualidade, da apicultura no estado, que favorece o
conhecimento das necessidades dos apicultores, e de seus possíveis problemas, gerando
informações que podem auxiliar na busca por soluções para a melhoria da qualidade da
apicultura no Estado.
Existe ainda a necessidade de conhecer o mercado consumidor, visto que umas
das mais insistentes reclamações dos apicultores são com relação ao escoamento do
produto. Os consumidores sergipanos só consomem mel em caso de doença, sendo
necessário um trabalho de esclarecimento sobre as propriedades nutricionais dos
produtos apícolas e os benefícios que a sua ingestão diária pode trazer para o
consumidor.
Como resultado deste trabalho, comprovou-se que o mel e o pólen produzidos no
Estado de Sergipe apresentam boa qualidade físico-química, apesar de alguns
parâmetros indicarem a necessidade de maior atenção por parte dos apicultores como o
manejo na hora da colheita do mel e no processamento e armazenamento do pólen. A
melhoria do setor apícola em Sergipe pode contribuir para a sustentabilidade dos
agroecossistemas naturais, bem como auxiliar na preservação dos biomas sergipanos,
pois para produzir as abelhas necessitam das plantas e consequentemente “obrigam” os
apicultores preservarem esses biomas para poderem garantir a sua produção.
ANEXOS
113
ANEXO 1.
Perfil do Apicultor Sergipano
1. Idade______ 2. Sexo M ( ) F ( )
3.Cidade_____________________________Povoado___________________________
4. Escolaridade: ( ) não alfabetizado; ( ) alfabetizado; ( ) a série; ( ) 5ª a 8ª série;
( )2º grau incompleto; ( )2º grau completo; ( ) nível superior incompleto; ( ) nível
superior.
5. Tempo na atividade apícola _____ anos.
6. Número de Colméias______ povoadas ____
7. Possui capacitação? ( )sim; ( )não. Se sim quais?
Horas do treinamento: ( )20 horas; ( )25-60 horas; ( )acima de 60 horas;
8. Emprega mão de obra? ( )membro familiar não remunerados; ( )membro familiar
remunerados; ( )contratada/assalariada permanente; ( )assalariada/contratada eventuais;
( )troca serviços com outros apicultores;( )trabalho sozinho; ( )outros.
9. valor da diária trabalhada em média R$
10. A mão de obra utilizada possui treinamento (que não outros apicultores) ( ) sim; ( )
não.
11. Possui outra atividade ( ) sim; ( ) não; se sim, qual?
12. A apicultura contribui com quanto na sua renda familiar: ( )2 salários mínimos; ( )4
salários; ( ) acima de 04 salários mínimos; ( ) Outros.
13. Produto apícola comercializado: ( ) mel; ( ) própolis; ( ) pólen; ( ) geléia real; ( )
venda de enxames; ( ) venda de rainhas; ( ) outros.
14. Localização do apiário: ( )próprio; ( )alugado; ( )arrendado; ( )cedido/emprestado;
( ) outros.
15. Para a questão abaixo coloque X para as situações encontradas em seu apiário: O
local possui as condições necessárias? ( )isolamento de residências; ( )cerca no entorno;
( )placas de aviso; ( )distância de criações de animais; ( )fonte de água próxima ( )
natural rio, riacho, etc.; ( ) fonte de água artificial-manilha de cimento, etc; ( )fácil
acesso de veículos; ( ) abundante pasto apícola; ( ) pasto apícola suficiente; ( ) pasto
apícola à mais de 1 km; ( ) vegetação de Mata Atlântica; ( ) vegetação de cultura
agrícola; ( ) vegetação típica de Caatinga; ( ) vegetação de Manguezal; ( ) vegetação
rasteira.
114
16. Em sua opinião, qual o principal problema para o crescimento da apicultura em
Sergipe?
Realiza migração dos enxames ( ) sim ( ) não.
Para onde?
Em que período?
18. No ano de 2006 a sua produção cresceu ( ) ou diminuiu ( )?
A que o senhor (a) atribui isso?
19. Foi introduzida para melhoria da produção dos produtos apícolas alguma espécie de
planta? ( ) sim ( ) não.
Se sim, por favor, informe o (s) nome (s).
20. A sua roupa apícola é: ( ) comprada; ( )fabricação própria;
Tipo de roupa utilizada: ( ) jaleco e calça; ( ) somente jaleco; ( )macacão; ( ) outros.
21. As suas colméias são: ( )comprada; ( )fabricação própria;
( )pintadas (cor_______________); ( ) sem pintura.
22. O senhor (a) utiliza as melgueiras com: ( )10 quadros; ( ) 9 quadros; ( ) 08 quadros
(quadros largos); ( ) outros.
23. Utiliza fumigador com que material para queima? ( )folhas e galhos; ( )sabugo de
milho; ( ) palha de arroz; ( )serragem. ( )outros.
24. Seu apiário possui que tamanho?
E quantas colméias?
25. Qual a arrumação das colméias do seu apiário? ( )circular; ( )paralelas; ( )forma de
Z: ( ) forma de U; ( )outro tipo de arrumação que não os citados;
Qual a distância entre as colméias?
26. Qual a freqüência de revisão que o senhor (a) realiza? ( ) semanal; ( ) quinzenal; ( )
mensal; ( ) apenas na época de produção.
27. Que critérios o senhor (a) analisa quando realiza a sua revisão?
( )existência de rainha;( ) postura da rainha; ( )presença de inimigos naturais no enxame;
( )nível de alimento; ( )qualidade do enxame; ( )outros.
O senhor realizou alguma seleção (escolha) de enxame de acordo com a produção
escolhida? ( ) sim; ( ) não. E troca de rainhas? ( )sim; ( )não
115
29. Onde são processados os materiais coletados? ( ) unidade de processamento de
pólen/casa de mel; ( ) associação sem unidade de processamento; ( ) residência do
apicultor; ( )outros.
30. Como o senhor (a) comercializa o seu produto? ( ) através da associação; ( )
diretamente com o consumidor (sem registro); ( ) diretamente com o consumidor (com
registro); ( ) outros.
31. Como a associação dos apicultores, Cooperativa e Federação apícola ajudam o
senhor (a)?
Obrigada, por sua colaboração.
116
ANEXO 2.
Questionário sobre consumo de mel
Cidade pesquisada: ________________________Local_____________________
1. Sexo: M( ) F ( )
2. Faixa etária: ( )18-25; ( )26-30; ( ) 31-36; ( )36-40; ( )41-45; ( )46-50; ( )
51-55; ( )56-65; ( )66-75; ( )76 – 85; ( ) >86
3. Nível de escolaridade: ( ) não alfabetizado; ( )alfabetizado; ( ) 1ª a 4ª série; ( ) 5ª
a série; ( ) Fundamental incompleto (2º grau); ( ) Fundamental completo (2º
grau); ( ) Nível superior incompleto; ( )Nível superior completo; (
)Especialização; ( )Mestrado;( )Doutorado; ( )PhD.
4. O senhor (a) consome mel em que situação?
( ) doenças; ( )diário; ( ) como adoçante; ( ) no preparo de receitas.
5. Onde o senhor (a) adquire o mel consumido? ( ) Supermercados / Mercearias; ( )
Produtor; ( )Feira livre; ( )vendedor ambulante; ( ) outros _____________________
6. O senhor (a) escolhe a marca de acordo com? ( ) embalagem; ( ) preço; ( )
rótulo; ( )outros______________________________________________________
7. O senhor (a) confia mais nos produtos de qual local? ( )supermercados / mercearia; (
) produtor; ( )vendedor ambulante; Justifique?_________________________________
8. Sua preferência é pelo mel: ( )Local; ( ) de outros estados; ( ) não compro mel em
estabelecimentos comerciais.
9. O senhor (a) consome outro produto além do mel? ( )Não; ( ) derivados com
própolis; ( ) pólen; ( ) geléia real.
10. O senhor (a) possui conhecimento das propriedades nutricionais dos produtos
apícolas e os consome por: ( ) iniciativa própria / curiosidade; ( ) recomendação
médica/nutricionista; ( ) propaganda em revista/ tv; ( ) não tenho conhecimento
sobre o assunto/ não consumo os produtos.
117
ANEXO 3.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO
GABINETE DO MINISTRO
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 11, DE 20 DE OUTUBRO DE 2000.
O MINISTRO ESTADO, INTERINO, DA AGRICULTURA E DO
ABASTECIMENTO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, parágrafo único,
inciso II, da Constituição, tendo em vista o disposto no Processo
21000.002119/2000-03 e na Resolução MERCOSUL GMC 89/99, que aprovou o
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel, e
Considerando a necessidade de padronizar o processamento de produtos de
origem animal, visando assegurar condições igualitárias e total transparência na
elaboração e comercialização destes produtos, resolve:
Art. 1º Aprovar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel,
conforme o Anexo a esta Instrução Normativa.
Art. Revogar a Portaria 367, de 4 de setembro, que aprovou o
Regulamento Técnico para fixação de Identidade e Qualidade do Mel.
Art. 3º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação,
MÁRCIO FORTES DE ALMEIDA
ANEXO
REGULAMENTO TÉCNICO DE IDENTIDADE E QUALIDADE DO MEL
1. Alcance
1.1. Objetivo: Estabelecer a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que deve
cumprir o mel destinado ao consumo humano direto.
118
Este Regulamento não se aplica para mel industrial e mel utilizado como ingrediente em
outros alimentos.
1.2. Âmbito de Aplicação: O presente Regulamento Técnico se aplicará em todo
território dos Estados Partes, no comércio entre eles e nas importações extra-zona.
2. Descrição
2.1. Definição: Entende-se por mel, o produto alimentício produzido pelas abelhas
melíferas, a partir do néctar das flores ou das secreções procedentes de partes vivas das
plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que ficam sobre partes vivas de
plantas, que as abelhas recolhem, transformam, combinam com substâncias específicas
próprias, armazenam e deixam madurar nos favos da colméia.
2.2. Classificação:
2.2.1. Por sua origem:
2.2.1.1. Mel floral: é o mel obtido dos néctares das flores.
a) Mel unifloral ou monofloral: quando o produto proceda principalmente da origem de
flores de uma mesma família, nero ou espécie e possua características sensoriais,
físico-químicas e microscópicas próprias.
b) Mel multifloral ou polifloral: é o mel obtido a partir de diferentes origens florais.
2.2.1.2. Melato ou Mel de Melato: é o mel obtido principalmente a partir de secreções
das partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores de plantas que se
encontram sobre elas.
2.2.2. Segundo o procedimento de obtenção de mel do favo:
2.2.2.1. Mel escorrido: é o mel obtido por escorrimento dos favos desoperculados, sem
larvas.
2.2.2.2. Mel prensado: é o mel obtido por prensagem dos favos, sem larvas.
2.2.2.3. Mel centrifugado: é o mel obtido por centrifugação dos favos desoperculados,
sem larvas.
2.2.3. Segundo sua apresentação e/ou processamento:
2.2.3.1. Mel: é o mel em estado líquido, cristalizado ou parcialmente cristalizado.
2.2.3.2. Mel em favos ou mel em secções: é o mel armazenado pelas abelhas em células
operculadas de favos novos, construídos por elas mesmas, que não contenha larvas e
comercializado em favos inteiros ou em secções de tais favos.
119
2.2.3.3. Mel com pedaços de favo: é o mel que contém um ou mais pedaços de favo
com mel, isentos de larvas.
2.2.3.4. Mel cristalizado ou granulado: é o mel que sofreu um processo natural de
solidificação, como conseqüência da cristalização dos açúcares.
2.2.3.5. Mel cremoso: é o mel que tem uma estrutura cristalina fina e que pode ter sido
submetido a um processo físico, que lhe confira essa estrutura e que o torne fácil de
untar.
2.2.3.6. Mel filtrado: é o mel que foi submetido a um processo de filtração, sem alterar o
seu valor nutritivo.
2.3. Designação (denominação de venda):
2.3.1. O produto definido no item 2.2.1.1. se designará Mel, podendo se agregar sua
classificação, segundo indicado no item 2.2.2 e 2.2.3, em caracteres não maiores do que
o da palavra Mel.
2.3.2. O produto definido no item 2.2.1.2., e sua mistura com mel floral, se designará
Melato ou Mel de Melato podendo se agregar sua classificação, segundo o indicado no
item 2.2.2 e 2.2.3, em caracteres não maiores do que os da palavra Melato ou Mel de
Melato.
3. Referências
- Comissão do Codex Alimentarius, FAO/OMS - Norma Mundial do Codex para o Mel,
Codex Stan 12-1981, Rev. 1987, Roma 1990.
- CAC/VOL. III, Supl. 2, 1990.
- A.O.A.C. 16th Edition, Rev. 4th, 1998.
- Regulamento Técnico do MERCOSUL sobre as condições higiênico-sanitárias e de
Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos elaboradores/industrializadores de
alimentos Resolução GMC Nº 80/96.
- Regulamento Técnico MERCOSUL para rotulagem de alimentos embalados -
Resolução GMC Nº 36/93.
4. Composição e Requisitos
4.1. Composição: O mel é uma solução concentrada de açúcares com predominância de
glicose e frutose. Contém ainda uma mistura complexa de outros hidratos de carbono,
enzimas, aminoácidos, ácidos orgânicos, minerais, substâncias aromáticas, pigmentos e
grãos de pólen podendo conter cera de abelhas procedente do processo de extração.
120
4.1.1. O produto definido neste regulamento não poderá ser adicionado de açúcares e/ou
outras substâncias que alterem a sua composição original.
4.2. Requisitos
4.2.1. Características Sensoriais
4.2.1.1. Cor: é variável de quase incolor a pardo-escura, segundo definido em 2.2.1.
4.2.1.2. Sabor e aroma: deve ter sabor e aroma característicos de acordo com a sua
origem, segundo definido em 2.2.1.
4.2.1.3. Consistência: variável de acordo com o estado físico em que o mel se apresenta.
4.2.2. Características físico-químicas:
4.2.2.1. Maturidade:
Açúcares redutores (calculados como açúcar invertido):
Mel floral: mínimo 65 g/100 g.
Melato ou Mel de Melato e sua mistura com mel floral: mínimo 60 g/100 g.
Umidade: máximo 20 g/100 g.
Sacarose aparente:
Mel floral: máximo 6 g/100 g.
Melato ou Mel de Melato e sua mistura com mel floral: máximo 15 g/100 g.
4.2.2.2. Pureza:
a) Sólidos insolúveis em água: máximo 0,1 g/100 g., exceto no mel prensado, que se
tolera até 0,5 g/100 g., unicamente em produtos acondicionados para sua venda direta ao
público.
b) Minerais (cinzas): máximo 0,6 g/100 g. No Melato ou mel de melato e suas misturas
com mel floral, se tolera até 1,2 g/100 g.
c) Pólen: o mel deve necessariamente apresentar grãos de pólen.
4.2.2.3. Deterioração
Fermentação: O mel não deve ter indícios de fermentação.
a) Acidez: máxima de 50 mil equivalentes por quilograma.
b) Atividade diastásica: como mínimo, 8 na escala de Göthe. Os méis com baixo
conteúdo enzimático devem ter como mínimo uma atividade diastásica correspondente a
3 na escala de Göthe, sempre que o conteúdo de hidroximetilfurfural o exceda a
15mg/kg.
c) Hidroximetilfurfural: máximo de 60 mg/kg.
4.2.3. Acondicionamento:
121
O mel pode apresentar-se a granel ou fracionado. Deve ser acondicionado em
embalagem apta para alimento, adequada para as condições previstas de armazenamento
e que confira uma proteção adequada contra contaminação. O mel em favos e o mel
com pedaços de favos devem ser acondicionados em embalagens destinadas para sua
venda direta ao público.
5. Aditivos
É expressamente proibida a utilização de qualquer tipo de aditivos.
6. Contaminantes
Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem estar presentes em quantidades
superiores aos limites estabelecidos pelo Regulamento Técnico MERCOSUL
correspondente.
7. Higiene
7.1. Considerações Gerais:
As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o
Regulamento Técnico MERCOSUL sobre as condições Higiênico-Sanitárias e de Boas
Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de
Alimentos.
7.2. Critérios Macroscópicos e Microscópicos
O mel não deve conter substâncias estranhas, de qualquer natureza, tais como insetos,
larvas, grãos de areia e outros.
8. Pesos e Medidas
Aplica-se o Regulamento Técnico MERCOSUL específico.
9. Rotulagem
Aplica-se o Regulamento Técnico MERCOSUL para a Rotulagem de Alimentos
Envasados Res. GMC Nº 36/93.
9.1. O produto se denominará Mel, Melato ou mel de Melato, de acordo com o item 2.3.
9.2. O Mel floral conforme item 2.2.1.1. item a) poderá se designar Mel Flores de ......,
preenchendo-se o espaço existente com a denominação da florada predominante.
9.3. O Melato ou Mel de Melato conforme item 2.2.1.2. poderá se designar Melato de
......... ou Mel de Melato de ........, preenchendo-se o espaço existente com o nome da
planta de origem.
10. Métodos de Análises
Os parâmetros correspondentes às características físico-químicas do produto são
determinados conforme indicado a seguir:
122
DETERMINAÇÃO REFERÊNCIA
Açúcares redutores CAC/VOL. III, Supl. 2, 1990, 7.1
Umidade (método refratométrico) A.O.A.C. 16th Edition, Rev. 4th, 1998 -
969.38 B
Sacarose aparente CAC/Vol. III, Supl. 2, 1990, 7.2
Sólidos insolúveis em água CAC/Vol. III, Supl. 2, 1990, 7.4
Minerais (cinzas) CAC/Vol. III, Supl. 2, 1990, 7.5
Acidez A.O.A.C. 16th Edition, Rev. 4th, 1998 -
962.19
Atividade diastásica CAC/Vol. III, Supl. 2, 1990, 7.7
Hidroximetilfurfural (HMF) A.O.A.C. 16th Edition, Rev. 4th,
1998 - 980.23
11. Amostragem
Seguem-se os procedimentos recomendados pela: Comissão do Codex Alimentarius,
FAO/OMS, Manual de Procedimento, Décima Edição.
Deverá diferenciar-se entre produto a granel e produto fracionado (embalagem
destinada ao consumidor).
11.1. Colheita de amostras de mel a granel:
11.1.1. Materiais necessários:
a) Trado: são varetas de forma triangular.
b) Frascos para amostras: frascos de 35 a 40 ml de capacidade, fixado por meio de uma
braçadeira e uma vareta de comprimento suficiente para chegar ao fundo do recipiente
onde está contido o mel.
O frasco tem uma tampa móvel unida a um cordão. É introduzido fechado a várias
profundidades dentro da embalagem, onde se tira a tampa para enchê-lo.
c) Pipetas para amostras: tubos de 5 cm de diâmetro por um metro de comprimento.
Afinadas em suas extremidades a uns 15mm de diâmetro.
11.1.2. Obtenção de amostras:
a) Mel cristalizado: realiza-se a extração da amostra com a ajuda do trado.
b) Mel líquido que pode ser homogeneizado: homogeneiza-se e logo toma-se a amostra
com a pipeta até extrair 500 ml.
c) Mel líquido que não pode ser homogeneizado: com o frasco para amostra se extrai 10
(dez) amostras de 50 ml cada uma, de diferentes níveis e de distintas posições.
123
ANEXO 4
INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 3, DE 19 DE JANEIRO DE 2001
O secretário de defesa agropecuária, substituto, do ministério da agricultura e do
abastecimento, no uso da atribuição que lhe confere o art. 83, inciso IV do Regimento
Interno da Secretaria, aprovado pela Portaria Ministerial 574, de 8 de dezembro de
1998, considerando que é necessário instituir medidas que normatizem a
industrialização de produtos de origem animal, garantindo condições de igualdade entre
os produtores e assegurando a transparência na produção, processamento e
comercialização, e o que consta do Processo nº 21000.002814/2000-67, resolve:
Art. Aprovar os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Apitoxina,
Cera de Abelha, Geléia Real, Geléia Real Liofilizada, Pólen Apícola, Própolis e Extrato
de Própolis, conforme consta dos Anexos desta Instrução Normativa.
Art. 2º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.
RUI EDUARDO SALDANHA VARGAS
ANEXO V
REGULAMENTO TÉCNICO PARA FIXAÇÃO DE IDENTIDADE E QUALIDADE
DE PÓLEN APÍCOLA
1. Alcance
1.1. Objetivo: Estabelecer a identidade e os requisitos mínimos de qualidade que deve
atender o Pólen Apícola.
1.2. Âmbito de Aplicação: O presente Regulamento se refere ao Pólen Apícola
destinado ao comércio nacional ou internacional.
2. Descrição
2.1. Definição: Entende-se por Pólen Apícola o resultado da aglutinação do pólen das
flores, efetuada pelas abelhas operárias, mediante néctar e suas substâncias salivares, o
qual é recolhido no ingresso da colméia.
2.2. Classificação:
2.2.1. Segundo o teor de umidade o Pólen Apícola se classifica em:
2.2.1.1. Pólen Apícola: É o produto coletado em sua forma original;
2.2.1.2. Pólen Apícola Desidratado: É o produto submetido ao processo de desidratação
em temperatura não superior a 42ºC, e com teor de umidade não superior a 4%.
2.3. Designação (Denominação de Venda): Pólen Apícola, Pólen Apícola Desidratado.
124
3. Referências:
- ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normas ABNT. Plano de
Amostragem e Procedimentos na Inspeção por atributos- 03.011 - NBR 5426 -
JAN/1985.
- AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Analitical Chemists.
Arlington, 1992.
- AOAC. Official Methods of Analysis of the Association of Analitical Chemists, 16 th
Edition, cap. 4.1.03, 1995.
- BRASIL. Código de Defesa do Consumidor. Lei n0 8.078 de 11 de Setembro de 1990.
- BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria 368, de 04/09/97
Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de
Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores / Industrializadores de Alimentos,
1997.
- BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Resolução GMC 36/93 -
Mercosul, Portaria nº. 371, de 04/09/97 – Regulamento técnico para Rotulagem de
Alimentos.
- BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria 001, de 07 de
outubro de 1981. Métodos Analíticos Oficiais para Controle de Produtos de Origem
Animal e seus Ingredientes: Métodos Físico-Químicos, Cap. 2, p. 3, met. 3, 1981.
- BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Programa Nacional de
Controle de Resíduos Biológicos. Instrução Normativa n. 3 de 22 de Janeiro de 1999.
- BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Portaria 248, de 30 de
dezembro de 1998, publicada no DOU de 05 de janeiro de 1999. Estabelece o todo
Oficial para Detecção de Paenibacillus larvae em Mel e Produtos Apícolas.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Padrões Microbiológicos. Portaria 451 de 19/09/97
– Publicada no DOU de 02/07/98.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria 540, de 27 de outubro de 1997 Publicada
no DOU de 28 de outubro de 1997. Regulamento Técnico: Aditivos Alimentares
definições, classificação e emprego.
- BRASIL. RIISPOA - Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de
Origem Animal. Decreto n0 30.691, de 29 de março de 1952.
- FAO/OMS. Organización de las Naciones unidas para la Agricultura y la
Alimentacíon. Codex Alimentarius, CAC/vol. A, 1985.
125
- ICMSF - Microorganismus in foods. 2. Sampling for microbiological analysis:
Principles and specific applications. University of Toronto. Press, 1974.
- ICMSF. Compendium of Methods for Microbiological Examination of Foods, 1992.
- Instituto Adolfo Lutz. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. Edição, vol. I,
pg. 44.
4. Composição e Requisitos:
4.1. Composição: O Pólen Apícola compõem-se basicamente de proteínas, lipídios,
açúcares, fibras, sais minerais, aminoácidos e vitaminas.
4.2. Requisitos:
4.2.1. Características Sensoriais:
4.2.1.1. Aroma: característico, de acordo com a origem floral;
4.2.1.2. Cor: característica, de acordo com a origem floral;
4.2.1.3. Aspecto: grãos heterogêneos, de forma e tamanhos variados, tendendo a
esféricos;
4.2.1.4. Sabor: característico.
4.2.2. Requisitos físico-químicos:
4.2.2.1. Umidade:
Pólen Apícola: máximo 30%;
Pólen Apícola Desidratado: máximo 4%.
4.2.2.2. Cinzas: máximo de 4%; m/m, na base seca;
4.2.2.3. Lipídios: mínimo de 1,8%; m/m, na base seca;
4.2.2.4. Proteínas: mínimo 8%; m/m, na base seca;
4.2.2.5. Açúcares Totais: 14,5% a 55,0 %; m/m, na base seca;
4.2.2.6. Fibra Bruta: mínimo 2%; m/m, na base seca;
4.2.2.7. Acidez livre: máximo 300 mEq/kg;
4.2.2.8. pH: 4 a 6.
4.2.3. Acondicionamento: Deverão ser embalados com materiais bromatologicamente
aptos e que confiram ao produto uma proteção adequada.
5. Aditivos
Não se autoriza.
6. Contaminantes
Os contaminantes orgânicos e inorgânicos não devem estar presentes em quantidades
superiores aos limites estabelecidos no Regulamento específico.
6.1. Outros contaminantes:
126
Pesquisa de esporos de Paenibacillus larvae em 25g de pólen (utilizando a metodologia
descrita na Portaria 248, de 30/12/1998). Resultado Aceitável: Ausência de esporos em
25g.
7. Higiene
7.1 Considerações Gerais:
As práticas de higiene para elaboração do produto devem estar de acordo com o
Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e de Boas Práticas de
fabricação para Estabelecimentos Elaboradores / Industrializadores de Alimentos.
7.2. Critérios Macroscópicos e Microscópicos:
O produto não deve conter substâncias estranhas, com exceção dos fragmentos,
acidentalmente presentes, de: abelhas, madeira, vegetais e outros, inerentes ao processo
de obtenção do pólen pelas abelhas.
Nota: Os critérios de tolerância, macro e microscópicos, serão estabelecidos em
regulamento específico.
7.3. Critérios Microbiológicos:
Aplica-se o Regulamento Específico.
8. Pesos e Medidas
Aplica-se o Regulamento Específico.
9. Rotulagem
Aplica-se o Regulamento específico.
10. Métodos de Análise
Métodos Analíticos Oficiais para Controle de Produtos de Origem Animal e seus
Ingredientes. Portaria 001/81 07/10/1981. Ministério da Agricultura e do
Abastecimento.
AOAC. Oficial Methods of Analysis of the Association of Analitical Chemists.
Arlington, AOAC, 1992.
Metodologias validadas pelo Ministério da Agricultura.
Métodos de Análise Microbiológica para Alimentos. Pesquisa de
Paenibacillus larvae
em mel e produtos apícolas. Portaria 248 30/12/1998. Ministério da Agricultura e do
Abastecimento.
11. Amostragem
Seguem-se os procedimentos recomendados na norma vigente.
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