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UFS – POSGRAP – NEREN
DISSERTAÇÃO
ASPECTOS DO LEITE E MASTITE EM OVINOS DA
RAÇA SANTA INÊS EM SERGIPE.
VERA LUCIA MIÑAN DE OLIVEIRA
2006
2
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Oliveira, Vera Lucia Miñan de
O48a Aspectos do leite e mastite em ovinos da raça Santa Inês em
Sergipe / Vera Lucia Miñan de Oliveira. - São Cristóvão, 2006.
70 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Agroecossistemas) – Núcleo de Pesquisa e
Pós-Graduação e Estudos em Recursos Naturais, Universidade Federal de
Sergipe.
Orientador: Prof. Dr. Cristiano Barros de Melo.
1. Ovinocultura – Raça Santa Inês – Sergipe. 2. Desenvolvimento
sustentável. 3. Leite – Mastite – Ovinos. 4. Criação de ovelhas – Estação
Pedro Arle – Frei Paulo/SE. I. Título.
CDU 636.32/.38(813.7Frei Paulo)
BIBLIOTECÁRIA: NELMA CARVALHO - CRB -5/1351
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – POSGRAP
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS -
NEREN
ASPECTOS DO LEITE E MASTITE EM OVINOS DA
RAÇA SANTA INÊS EM SERGIPE.
VERA LUCIA MIÑAN DE OLIVEIRA
Sob a Orientação do Professor
Dr. Cristiano Barros de Melo
Dissertação submetida como
requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre
em Agroecossistemas.
São Cristóvão, SE.
Janeiro de 2006
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFS
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA – POSGRAP
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E ESTUDOS EM RECURSOS NATURAIS – NEREN
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGROECOSSITEMAS
VERA LUCIA MIÑAN DE OLIVEIRA
Dissertação/Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação em Agroecossistemas,
como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Agroecossistemas.
DISSERTAÇÃO APROVADA EM _____ / _____ / _____
______________________________________
Prof. Dr. Cristiano Barros de Melo
______________________________________
Profª Drª Rita de Cássia Trindade
______________________________________
Prof. Dr. Rômulo Cerqueira Leite
5
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais, Valdir de Oliveira e
Raquel Dalila Miñan de Oliveira, exemplos de
vida e dignidade;
Ao meu marido Célio Crus, pelo apoio
constante durante o curso e em todos os
momentos de minha vida;
Aos meus filhos Priscila, Rodrigo e Daniel
pelo incentivo, esperando que fique germinada
em seus corações a semente do saber;
6
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, por todas as oportunidades concedidas na minha
vida.
A Embrapa Tabuleiros Costeiros, pela realização das pesquisas e pela utilização
dos animais na Estação Experimental Pedro Arle, no município de Frei Paulo; Em
especial ao Dr. Samuel da Mata, ao Dr. Amaury Apolônio de Oliveira e ao Dr. Silvio
Aragão Almeida, bem como aos colegas dos laboratórios, pelo processamento das
amostras no laboratório de microbiologia.;
A Embrapa Gado de Leite, pela realização das análises laboratoriais nas
amostras de leite, em especial ao Doutor José Renaldi Feitosa Brito;
Aos meus colegas do Serviço de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), especialmente ao Doutor Jorge
Caetano Júnior, por consentir a minha liberação para este Curso de Mestrado;
Aos meus colegas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) – Superintendência Federal de Agricultura em Sergipe, principalmente, Sinval
Aragão Almeida e Eduardo Luiz Silva Costa, pelas palavras de incentivo que não me
deixaram esmorecer nesta luta;
Aos mestrandos de 2005 do NEREN, principalmente a Tânia Maria Brito,
Bernadeth Moda de Almeida e aos mestrandos de 2004, especialmente Fátima Hora,
Eliane Vargas, Genival Nunes e Vandemberg Salvador, pelas manifestações de apoio,
solidariedade e amizade. À Silvia Letícia Bonfim Barros pelos ensinamentos e
colaboração especial nesta dissertação;
Aos funcionários da EMBRAPA e tratadores dos ovinos da Estação
Experimental Pedro Arle, incluindo Railton, Nelson, Sr. Nestor, Tico, Nau,
Nestorzinho, Gaúcho e Tonho, bem como os técnicos Frederico e David, do Laboratório
de doenças infecciosas do CPATC, pela paciência e boa vontade em nos auxiliar em
tudo o que foi necessário para a execução desse experimento;
Aos bolsistas José Almeida Fontes e Gabriel Oliveira Martins, pelo auxilio
incondicional na condução do experimento;
A Fundação de Amparo à Pesquisa de Sergipe (FAP) e ao Conselho de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento desta pesquisa,
7
através do Processo 03/2003-1-12 PPP dos editais FAP-SE/FUNTEC/MCT/CNPq n
o
03/2003 e FAP-SE/FUNTEC/MCT/CNPq n
o
01/2004;
Aos professores do NEREN, pelas preciosas orientações e conhecimentos
partilhados, bem como à Universidade Federal de Sergipe, pela acolhida;
Ao meu orientador, Cristiano Barros de Melo, por sempre me incentivar em
todos os momentos deste Mestrado e por transformar em realidade meus projetos e
sonhos.
E a todos que contribuíram de alguma forma para a realização dessa dissertação.
8
SUMÁRIO
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO ............................................................................... 1
CAPÍTULO 2 - REFERENCIAL TEÓRICO........................................................... 2
2.1 Sustentabilidade dos sistemas produtivos .............................................................. 3
2.2 Agricultura familiar e ovinocultura......................................................................... 3
2.3 A mastite e os impactos economicos à ovinocultura............................................... 5
2.3.1 Etiologia e diagnóstico das mastites em ovinos.................................................. 7
3.2.1 Medidas de prevenção e controle da mastite ovina..........................................................
10
CAPÍTULO 3 – ARTIGOS......................................................................................... 11
3.1 A ovinocultura como alternativa de desenvolvimento sustentável em Sergipe:
uma revisão....................................................................................................................
12
3.2 Caracterização microbiológica da mastite em um rebanho ovino Santa Inês como
auxílio para a sustentabilidade da ovinocultura em Sergipe..........................................
19
3.3 Avaliação do diagnostico da mastite em ovelhas Santa Inês no contexto da
sustentabilidade em Sergipe.........................................................................................
28
3.4 Avaliação da composição do leite no decorrer da lactação em ovelhas Santa Inês
criadas sob sistema semi-intensivo em Sergipe.............................................................
36
CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................... 44
CAPÍTULO 5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 45
ANEXO 1...................................................................................................................... 51
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparação de médias entre os teores de gordura, proteína, extrato
seco e log de CCS do leite de ovelhas da raça Santa Inês criadas,
criadas sob sistema semi-intensivo, no município de Frei Paulo,
Sergipe, pelo Teste de Tuckey a 2% de
probabilidade.........................................................................................
40
10
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico1
Porcentagem de isolamentos bacterianos no leite de ovelhas da raça
Santa Inês no município de Frei Paulo, em Sergipe..............................
24
Gráfico 2
Variação média dos teores em porcentagem de proteína, lactose,
gordura, extrato seco total do leite de ovelhas da raça Santa Inês,
criadas sob sistema semi-intensivo, no município de Frei Paulo, no
decorrer da lactação...............................................................................
41
11
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1
Animal utilizado nos experimentos e identificado com colar colorido..... 53
Fig. 2
Placa de identificação dos animais, por numeração.................................. 53
Fig. 3
Úbere normal de uma das ovelhas estudadas nos experimentos............... 53
Fig. 4
Aspectos do local de coleta do leite das ovelhas estudadas...................... 54
Fig. 5
Aspectos da desinfecção das mãos do ordenhador antes da coleta das
amostras de leite......................................................................................
54
Fig. 6
Aspectos da desinfecção das tetas antes da coleta das amostras de
leite..........................................................................................................
54
Fig.7
Aspectos da utilização de papel toalha para secagem das tetas, antes da
coleta das amostras de leite......................................................................
55
Fig.8
Realização do teste da Caneca Telada em um animal experimental........ 55
Fig.9
Aspectos do teste da Caneca Telada, contendo grumos e leite
gelatinoso, em um animal experimental..................................................
55
Fig.10
Coleta do leite na bandeja do CMT......................................................... 56
Fig.11
Aspectos da realização do teste de CMT: adicionamento do detergente
aniônico.....................................................................................................
56
Fig.12
Aspectos da realização do teste de CMT: observação dos resultados do
CMT: a amostra superior apresenta-se gelatinosa....................................
56
Fig.13
Coleta da amostra de leite para CCS........................................................ 57
Fig.14
Frasco contendo a amostra de leite e dicromato de potássio para a
realização da CCS.....................................................................................
57
Fig.15
Frasco contendo a amostra de leite para a realização da cultura
bacteriana...................................................................................................
57
12
RESUMO
OLIVEIRA, Vera Lucia M. Aspectos do leite e mastite em ovinos da raça Santa Inês
em Sergipe, São Cristóvão: UFS, 2005. 58p. (Dissertação, Mestrado em
Agroecossistemas).
O Santa Inês é resultante de cruzamentos de raças nativas com raças estrangeiras
o que resultou em um produto bem adaptado às condições climáticas do Nordeste e
mais particularmente, de Sergipe. A ovinocultura é importante para a sustentabilidade
da agricultura familiar em todo o Estado e é incentivada através de políticas
governamentais. Embora o cenário para o desenvolvimento da ovinocultura seja
propício, ainda é necessário promover ações para a melhoria da sustentabilidade do
agroecossistema que envolve a ovinocultura. A mastite ovina é responsável por
expressivas perdas econômicas, no entanto, não é tem sido bem estudada nesses ovinos.
Foram realizadas pesquisas para caracterização microbiológica, determinação de
parâmetros do leite destas ovelhas e foram comparados métodos de diagnóstico da
mastite ovina. A ocorrência da mastite foi de 29%, predominando o isolamento de
Staphylococcus aureus. Os métodos de diagnóstico foram significantes na indicação da
mastite e a um baixo custo, com exceção do teste da caneca telada. Na composição do
leite, observou-se redução significativa dos teores de lactose e proteína durante o
período de lactação. Os resultados deste trabalho poderão servir de base para um
manejo profilático da mastite em ovelhas Santa Inês e para estudos da sustentabilidade.
Palavras chave: Sustentabilidade, leite de ovelhas; mastite; Santa Inês; ovino.
13
ABSTRACT
OLIVEIRA, Vera Lúcia M. Aspects of the milk and mastitis in Santa Ines ewes in
the state of Sergipe, Brazil. São Cristovão: UFS, 2006 58 p. (Thesis, Master of
Science in Agroecosystems).
The Santa Inês is a result of the breeding between natives and foreigner breeds,
which resulted in an animal well adapted to the brazilian northeast weather, more
specifically Sergipe state. The sheep raising is important to the sustainability of the
family agriculture in this State and is encouraged by government politics. Although the
set for the development of sheep raising is favourable, it is still necessary to promote
actions which improves the agroecosystems sustainability that involves sheep raising.
The sheep mastitis is responsible for great economic lost, however it is not well studied
for beef sheep. Aiming to stimulate the study of this problem in the region, researches
were developed to characterize microbiologically and determine parameters of these
sheep´s milk, it was also made comparisons between the diagnosis methods of the sheep
mastitis. The occurrence of mastits was of 29%, occurring mainly the isolation of
Staphylococcus aureus. The diagnosis methods were significant in indicating the
mastitis, with the exception of the strip cup test. A significant drop of lactose and
protein levels occurred during the lactation period. The results of this research can be
used as reference for studies about sustainability and profilatic handling of the mastitis
in Santa Inês.
Key words: Sustentability; ewe milk; mastits, agroecosystems, ewe, sheep.
14
1. CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
As rápidas mudanças que acontecem no mundo estão levando as instituições e
as unidades produtivas a se adaptarem a nova ordem de globalização, sob pena de
desaparecerem diante da intensa competição pelos espaços disponíveis nos diferentes
mercados. Neste contexto, é necessário enfocar o desafio dos ovinocultores nordestinos,
e em particular os sergipanos, no sentido de assumir uma postura profissional ao que se
refere à economia familiar, sobretudo através da adoção de técnicas modernas de
criação, prevenção e manejo nos rebanhos ovinos da raça Santa Inês.
As dificuldades de promoção continuada e sustentável da economia rural
nordestina brasileira têm sua origem na admissão, pelos órgãos gestores da agricultura
do país, em atuar no sentido de desenvolver e estimular a agricultura familiar. Nesse
passo, a principal preocupação que serve de base ao estudo que aqui se inicia é a de
como criar condições dignas de vida para o sertanejo e criá-las no sentido de
desenvolver potencialidades (valorizando as habilidades e dificuldades infra-
estruturais), de modo a promover o desenvolvimento sustentável e continuado dessa
região tão desigual do Brasil.
Este trabalho enfoca a possibilidade de contribuir com o estudo sobre as
perspectivas econômico-sociais da criação de ovinos da raça Santa Inês, sobretudo em
face da sua adaptação às condições adversas do sertão nordestino, centrando esforços
no potencial para a produção de carne desta raça, como instrumento de geração de
renda para o produtor, ou criador familiar e consequentemente a melhoria da qualidade
de vida dos contingentes populacionais envolvidos neste processo.
A criação desses ovinos oferece um significativo leque de opções comerciais,
leite, pele e carne, de modo a estabelecer um rol de posturas do homem rural nas suas
relações com a sociedade mercantil. No que se refere à agricultura familiar, a
ovinocultura deve possibilitar a manutenção do aglomerado consanguíneo em
condições dignas, não o sujeitando de modo algum ao constrangimento da necessidade
de migrações.
Considerando os princípios de sustentabilidade, o objetivo geral desse trabalho é
avaliar aspectos da lactação, do leite e da ocorrência da mastite em ovinos da raça Santa
Inês no Estado de Sergipe, problema este altamente correlacionado com a
sustentabilidade da ovinocultura Santa Inês. De forma mais específica, caracterizar o
tipo de mastite relacionada à criação, a partir da avaliação dos agentes etiológicos;
avaliar métodos diagnósticos para mastite em ovelhas, mais confiáveis e viavéis ao
produtor; avaliar os teores de gordura, lactose, proteína e extrato seco total no leite
ovino no decorrer da lactação e determinar o período crítico para o aparecimento da
mastite. A importância desse estudo consiste na necessidade da correta identificação da
mastite em ovelhas através de parâmetros próprios, deixando de fazer uso de padrões de
outras espécies, nem sempre adequados. Além disso, do reconhecimento da origem
dessa doença, para favorecer o planejamento de um manejo profilático eficaz, uma vez
que esta enfermidade representa um dos principais entraves para a garantia de
produtividade e sustentabilidade da ovinocultura praticada no Nordeste brasileiro.
1
CAPÍTULO 2
REFERENCIAL TEÓRICO
2
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1
A Sustentabilidade dos sistemas produtivos
Os principais problemas mundiais são a fome e a pobreza e cerca de 800 milhões
de pessoas não possuem o aporte de nutrientes necessários à manutenção da vida (FAO,
2004). Com o crescimento populacional, novas práticas de produção de alimentos
devem ser repensadas de maneira que possam minimizar a problemática da fome.
Dentre essas práticas, a produção sustentável, aparece como alternativa, preservando os
recursos naturais e garantindo a sobrevivência de futuras gerações.
Sustentabilidade é a condição de utilização de um sistema por um período
indeterminado de tempo, de maneira a garantir que a capacidade de renovação desse
sistema não seja comprometida nas gerações presentes e nas futuras (GLIESMANN,
2000). Embora este conceito admita várias interpretações, a peça fundamental, a partir
do Relatório de Brundtland em 1987, reside na capacidade de satisfazer as necessidades
das gerações futuras sem, contudo, comprometer as próprias necessidades (CNMAD,
1992).
A sustentabilidade tem por princípio a transformação progressiva da economia,
da sociedade e dos aspectos político-culturais, objetivando o aumento do potencial
produtivo além dos ganhos ambientais. Nesse molde de desenvolvimento sustentável,
surge a agroecologia, ciência que serve de guia para as mudanças conceituais,
metodológicas e até mesmo organizacionais, com a finalidade de incrementar a
sustentabilidade rural (COSTABEBER, 2003).
2.2
A Agricultura Familiar e a Ovinocultura
A sustentabilidade rural pode ser implementada de várias formas de acordo com
a situação encontrada nos sistemas de produção. A agricultura familiar sustentável
destaca-se como uma das mais viáveis alternativas para o aumento da produção de
alimentos e geração de emprego e renda. Esta apresenta como principal característica à
gestão da propriedade realizada por indivíduos que apresentam laços consangüíneos de
parentesco ou matrimônio, sendo o trabalho realizado por membros da família e a
propriedade permanecendo como unidade produtiva (COSTABEBER, 2003).
No Brasil, a agricultura familiar, desponta de forma competitiva às grandes
culturas (MULLER, 1989), uma vez que esta encontra-se presente em
aproximadamente 85,2% dos estabelecimentos rurais, contribuindo com 38% de
participação no Valor Bruto de Produção, índice econômico utilizado para avaliação da
produtividade nacional (FAO/INCRA, 1996).
O Nordeste do Brasil possui a maior parte de seu território ocupado por
vegetação xerófila denominada caatinga, que fitogeograficamente ocupa cerca de 11%
do território nacional e 70% da região (IBGE, 2000). Nessa região, a agricultura
familiar está sendo bastante incentivada através de políticas públicas como o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar Agroecológica e através do programa de
Arranjos Produtivos Locais (APL/ SEBRAE). Em Sergipe, particularmente, 85% das
propriedades possuem menos de 10 hectares e praticam a agricultura familiar. No que
3
tange aos incentivos financeiros, no ano de 2005 recebeu do governo R$ 20.985.000
para programas de fortalecimento de agricultura familiar contemplando 18.l28
produtores (BCB, 2005).
Estima-se que mais de 46 milhões de habitantes estejam concentrados na região
Nordeste do país. Uma região que padece de problemas estruturais quanto a
sustentabilidade dos sistemas de produção de alimentos aliados aos constantes efeitos
negativos do clima, a exemplo da ocorrência de seca, que dificultam sua manutenção e
desenvolvimento. Esta associação contribui com o processo de deterioração do solo e
água, diminuição da biodiversidade de espécies e, como conseqüência ao meio
ambiente (SOUZA, 2004).
O maior bolsão de pobreza do Brasil encontra-se no nordeste e segundo o IPEA
(Intituto de Pesquisas Aplicadas), esta região apresenta 17,3 milhões de indigentes
(pessoas que se encontram abaixo da linha de pobreza). Ainda dentro deste contexto a
ovinocultura aparece como uma atividade fundamental para contribuição sócio-
econômica da região, e representa uma alternativa na oferta de carne, leite e seus
derivados, favorecendo o aspecto alimentar, particularmente da população rural
(LEITE, 2005).
No estado de Sergipe existem 79.409 proprietários que se dedicam a atividade
de ovinocultura e o rebanho ovino evoluiu de 87.917 cabeças em 1999 para 139.064
animais em 2004 (IBGE, 2005). O crescimento e desenvolvimento da exploração
econômica de pequenos ruminantes na região Nordeste tem possibilitado a
transformação do cenário dos sistemas produtivos Nacionais. De fato, ao longo das
últimas décadas, a caprinocultura e ovinocultura têm sofrido transformações radicais
nos diversos elos de suas cadeias produtivas, tendo em vista uma significativa expansão
dos mercados interno e externo (LEITE, 2005).
A ovinocultura é uma atividade econômica desenvolvida em quase todos os
países do mundo com diferentes tipos de clima e vegetação, dependendo das
características da produção, lã ou carne. Os animais com aptidão para lã desenvolvem-
se melhor em regiões temperadas enquanto que os ovinos produtores de carne se
desenvolvem bem em regiões de clima quente. O efetivo ovino mundial é de
898.132.000 de cabeças, sendo que a Austrália, China e Nova Zelândia concentram o
maior rebanho mundial, correspondendo a 28% do total (FAO, 2004). Quanto à
importação, a participação no mercado mundial da carne ovina alcançou 147 mil
toneladas em 2000, representando um implemento de quase 600% comparado com as
importações de 1992. As peles dos ovinos também são valorizadas no mercado
internacional, totalizando um montante de importação de US$ 6,1 milhões de dólares no
período de 1992 a 1999 (VASCONCELOS, 2004).
O Brasil apresenta um cenário favorável à expansão da ovinocultura, contando
com um rebanho de 15.058.000 animais e mantendo o posto de 8º lugar na produção
mundial de ovinos (IBGE, 2004). Possui potencial para se tornar um grande produtor
mundial devido à territorialidade, clima e adaptabilidade de espécies ao ecossistema da
caatinga, que permite a implantação de sistemas produtivos diversificados. No entanto,
esta atividade foi desenvolvida no país por um longo período sem tecnificação, fazendo
com que fosse considerada apenas uma alternativa. Somente a partir da década de 90, a
ovinocultura passou a ser estruturada em algumas regiões como Centro Oeste, Sudeste,
e principalmente no Nordeste (QUIRINO et al, 2004).
É possível perceber que no Nordeste brasileiro há ampla possibilidade de
expansão da criação de ovinos de corte. Analisando-se a cadeia produtiva, percebe-se
que existe um espaço do mercado em “déficit” na comercialização da carne e pele.
Apesar desta região, concentrar o maior número de ovinos com aptidão para a produção
4
de carne, cerca de 50% da carne consumida nos seus Estados é exportada do Rio
Grande do Sul ou até mesmo de outros países como o Uruguai (SIMPLICIO, 1999).
Em Sergipe, a venda de peles se encontra prejudicada, similarmente aos demais
Estados nordestinos, particularmente pela ausência de curtumes. Em estudo realizado
por Alves (2003), verificou-se que o preço pago por uma pele ovina salgada, variava de
R$ 3,00 a 5,00 a unidade, e esta mesma pele depois de exportada e processada
alcançava o preço de R$ 30,00 a 45,00 por unidade, podendo ser superior para raças
mais especializadas como a Santa Inês, o que representa um valor agregado
significativo para o pequeno produtor (VILLARROEL, 2004).
Diversos fatores contribuem para que a ovinocultura em Sergipe não se
desenvolva de maneira sustentável, entre eles, podemos citar, a baixa tecnologia da
criação, principalmente desenvolvida pelos pequenos produtores, o número insuficiente
de abatedouros para pequenos animais, a comercialização deficiente (feiras e mercados
públicos) e problemas sanitários do rebanho ovino, além de falta de padronização de
lotes a serem abatidos e o abate de animais velhos e de descarte (MELO et al, 2003).
Dentre as doenças mais notificadas pelo Setor de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, destacam-se a linfadenite caseosa, podridão dos cascos,
ceratoconjuntivite e as mastites, que apesar de serem observadas com freqüência em
todos os sistemas de produção, inclusive até em animais de elite destinados a
participação em leilões e exposições, não são notificados rotineiramente (BRASIL-SFA,
2004).
2.3 A Mastite e os
impactos econômicos proporcionados à Ovinocultura
As mastites em ovinos, assim como nas espécies bovina e caprina, representam
um importante fator impactante na produção de leite, já que podem ocorrer
modificações significativas nos teores de proteína, gordura, lactose, entre outros
componentes, e diminuição na produção. A partir dessa influência negativa sobre o
leite, também é capaz de prejudicar a cadeia produtiva da carne comprometendo, desta
maneira, a sustentabilidade da atividade (FIGUEIRÓ, 1990; FARIAS, 1997;
LANGONI, 2005).
Por definição, a mastite é um processo inflamatório da glândula mamária
(úbere). O termo provém do grego das palavras “mastos” (mama) associada a “itis”
(inflamação). Consiste numa reação do tecido secretor do leite a uma injúria produzida
por agentes físicos introduzidos no interior da glândula, ou mais comumente por
bactérias e suas toxinas. É uma das mais comuns razões para descarte de matrizes em
rebanhos (MENZIES, 2000; FONSECA e SANTOS, 2000; SWARTZ, 2001). Apesar
de ocorrer freqüentemente em rebanhos bovinos e ovinos, forte ênfase tem sido dada ao
manejo e controle da mastite em vacas, mas pouco tem sido feito para se determinar à
extensão desta enfermidade nas ovelhas (FONSECA e SANTOS, 2000; MCFARLAND
et al, 2000).
A mamite, como também é conhecida, é uma doença complexa que pode ter
diferentes, causas, graus de intensidade, variações de duração e conseqüências
(SCHALM et al, 1971). A sua apresentação no rebanho é considerada como resultado
da interação entre o agente infeccioso, o animal e o ambiente, que inclui por exemplo,
as instalações, o homem e o manejo da ordenha e dos animais (BRITO E BRITO,
2000).
5
Quanto à forma de manifestação, a mastite pode ser classificada em clínica e
subclínica, com e sem apresentação de sintomas respectivamente, ambas podendo
ocorrer durante a lactação ou ainda como seqüela de um processo de desmame mal
conduzido (ONNASH et al, 2000). A dificuldade de rápido reconhecimento pelos
produtores da mastite subclínica, pela ausência de sintomatologia, torna-a como mais
preocupante quanto aos riscos aos quais o rebanho encontra-se submetido
(MCFARLAND et al, 2000).
A mastite ocupa o primeiro lugar entre as causas de perdas econômicas na
ovinocultura. Ovelhas saudáveis produzem 11,5% mais leite do que aquelas com
mastite subclínica unilateral e 58,3% a mais que aquelas com infecção intramamária
bilateral. A produção de leite pode ser reduzida em até 37% em ovelhas apresentando
mastite subclínica e seus cordeiros apresentam 66g a menos de ganho de peso diário,
em relação aos animais hígidos (LANGONI, 2005).
Segundo Domingues e Leite (2005), a mastite pode ser responsável pela morte
de cordeiros por inanição e ainda pode causar o descarte precoce de ovelhas e,
ocasionalmente, morte de ovelhas. Por encontrar-se relacionada com drástica redução
no ganho de peso dos cordeiros, faz com que estes sejam, num primeiro momento,
descartados em negociações (KALINOWSKA, 1990).
Os cordeiros, nas primeiras semanas de vida dependem exclusivamente do leite
materno para alcançar o peso ideal para abate (COUTINHO e SILVA, 1989; CUNHA
et al, 1990; COIMBRA FILHO, 1992). Sendo assim, quando bem alimentados na fase
de lactação, além de redução da mortalidade, os animais podem ser desmamados aos 45
a 52 dias, e abatidos precocemente, garantindo assim, uma qualidade de carne desejável
pelos consumidores (com pouco teor de gordura) (FIGUEIRÓ e BENEVIDES, 1990).
São atribuídos importantes custos como resultados da mastite em ovelhas
lactantes. Estes se referem ao tratamento antibiótico usado para a cura da infecção, a
perda do leite produzido devido aos resíduos do antibiótico, o tempo que o produtor
leva para tratar o animal, a diminuição na produção do leite para o resto da lactação e,
por fim, o descarte. Em ovelhas de aptidão típica leiteira, a alta contagem de células
somáticas também tem um efeito negativo no processamento do leite, pela diminuição
da produção e desenvolvimento de odores desagradáveis nos produtos industrializados
finais (TEN HAG, 2002).
O período de maior susceptibilidade para a ocorrência da mastite tem sido
indicado como sendo a primeira semana pós-parto, seguido do intervalo entre a quarta e
sétima semana após o parto. Não foi determinada interferência da raça dos animais, no
entanto, o número de cordeiros mamando parece influenciar a ocorrência de mastite
clínica, quando o número destes supera a média aceitável para a lactação (ONNASH et
al, 2000).
Apesar de não existir consenso entre os pesquisadores, Jordan (2002) sugeriu
que a incidência de mastite em ovelhas aumenta com a idade numa taxa de 2,2% ao
ano. E assim indicou que a maior incidência de úberes lesionados em ovelhas com mais
de 5 ½ anos de idade aliado a menor performance reprodutiva, tornam mais benéfico o
descarte das matrizes com a idade entre 5 ½ e 6 ½ anos.
Na Irlanda, onde há uma grande incidência da mastite do tipo crônica, cerca de
um terço do descarte em matrizes foi relacionada a essa enfermidade, influenciando de
forma negativa diretamente a indústria ovina, principalmente pela maioria dos animais
a serem descartados aos cinco anos de idade ou menos (ONNASH et al, 2000).
Na Austrália, observou-se que tetas e úberes lesionados podem ser uma
importante causa de morte em cordeiros, e em alguns rebanhos ovinos, a incidência da
mastite chega a 25 %. A mastite nestas ovelhas afetadas foi responsável por queda de
6
42% na produção do leite e na sobrevivência dos cordeiros e por um crescimento
diminuído em 21% dos cordeiros sobreviventes (JORDAN, 2002).
A ocorrência de mastite ovina no Brasil é pouco conhecida. No Rio Grande do
Sul e Santa Catarina, há relatos de ocorrência de mastite subclínica em torno de 10%
em ovelhas produtoras de leite (FERNADES e CARDOSO 1985) e prevalência de 5%,
em ovelhas oriundas de 22 propriedades (VAZ, 1996).
2.3.1 Etiologia e diagnóstico das mastites em ovinos
A mastite bacteriana em pequenos ruminantes pode ser causada por uma série
de bactérias, como o Staphylococcus aureus (causa mastite subclínica até a mastite
gangrenosa), o Staphylococcus coagulase negativos, não hemolíticos (normalmente
isolados de casos subclínicos), a Mannheimia haemolytica (isolada de casos crônicos
com formação de abscessos ou de mastite gangrenosas agudas e disseminadas pela boca
de cordeiros contaminados), o Corynebacterium pseudotuberculosis (pode causar
mastite purulenta e abscedação dos linfonodos supramamários), a Nocardia sp
(causadora de mastite crônica) e a Brucella mellitensis (causadora de mastite
especialmente em cabras) (INHALTSVERZEICHNIS, 2000).
Particularmente, as ovelhas parecem ser mais acometidas pelo S. aureus,
Streptococcus spp, Escherichia coli, Pseudomonas sp, Afeanobacteriam pyogenes,
Staphylococcus coagulase negativos, Corynebacterium spp e os Clostridium spp
(DOMINGUES e LEITE, 2005).
Em estudo realizado por Vaz (1996), os microrganismos isolados foram:
Staphylococcus coagulase negativos (59,3%), S. aureus (7,41%), Pasteurella.
haemolytica (3,7%), Streptococcus sp (7,41%), Micrococcus sp (3,7%),
Corynebacterium sp (3,7%), além de outras bactérias não identificadas (7,41%).
Culturas bacterianas de S. aureus e de Staphylococcus coagulase-negativo foram
isoladas de ovelhas com mastite subclínica, mas a correlação entre a presença
bacteriana e a incidência da mastite não foi analisada (MCFARLAND et al, 2000).
Os Staphylococcus coagulase-negativos foram considerados a principal causa de
mastite subclínica em ovelhas e de aumentos na contagem de células somáticas (CCS)
no leite (BURRIEL, 1997). Já na mastite clínica, em estudo realizado na Irlanda, o S.
aureus foi o isolado mais freqüente (46%), seguido da Mannheimia haemolytica (21%)
e do Streptococcus spp (16%). Neste mesmo estudo, S. aureus foi mais freqüentemente
isolado entre a quinta e sétima semana da lactação, enquanto a Escherichia coli foi
identificada apenas nas primeiras três semanas após o desmame (ONNASH et al,
2000). Fernández-Garayzábal et al (1998) descreveram casos de mastite em ovelhas
subclínica causadas por Streptococus parasanguinis.
Ainda relacionado à etiologia, classificam-se as mastites em dois tipos,
ambiental e contagiosa. A mastite contagiosa caracterizando-se por baixa incidência de
casos clínicos e alta incidência de casos subclínicos, geralmente de longa duração ou
crônicos e apresentando alta contagem de células somáticas (CCS). Sendo causada por
patógenos cujo habitat preferencial é o interior da glândula mamária e a superfície da
pele das tetas. Dessa forma, o principal momento de transmissão ocorre durante a
ordenha dos animais. Já a ambiental, foi associada a agentes que vivem
preferencialmente no habitat normal dos animais, em locais que apresentam esterco,
urina, barro e camas orgânicas. Esse tipo de mastite caracterizando-se pela alta
incidência de casos clínicos, de curta duração, frequentemente com a manifestação
7
aguda e com maior concentração nos momentos de pré e pós-parto imediato (VAZ,
1996; FONSECA e SANTOS, 2000). Além disso, as bactérias presentes na mastite
contagiosa estariam subdivididas em dois grupos patogênicos quais sejam: patógenos
principais e patógenos secundários. Entre os patógenos principais, destacando-se o S.
aureus e o Streptococcus agalactiae e entre os secundários, o Corynebacterium bovis
(FONSECA E SANTOS, 2000, MENZIES, 2000).
Inúmeras técnicas diretas e indiretas são descritas ara o diagnóstico da mastite
em animais destinados à produção de leite. Independente de qual método seja
empregado há uma concordância de que este deva ser realizado de maneira a identificar
os animais doentes o mais rapidamente possível, para que se evitem a disseminação da
enfermidade, o descarte dos animais, a perda de peso da cria, e os gastos com
medicamentos inadequados e até problemas de saúde pública pelo consumo de produtos
de origem de animais contaminados. Igualmente, é interessante que estes sejam
compatíveis economicamente com a realidade do produtor (VAZ, 1996; LADEIRA,
1998; LAS HERAS, 1999).
Para todos os tipos de mastite é conveniente o emprego do isolamento
bacteriano, com finalidade de identificar o agente etiológico da doença e proceder às
orientações adequadas ao tratamento (MENZIES 2000). Os métodos de avaliação física
da glândula mamária são utilizados rotineiramente para a detecção de mastites clínicas.
Devendo ser precedido de uma criteriosa anamnese, onde informações como período do
parto, estágio de lactação, presença de sinais sistêmicos, como apatia, anorexia e
informações sobre o cordeiro, sejam obtidas. Incluem-se no exame físico do úbere a
avaliação da coloração (vermelhidão, cianose), da temperatura das mucosas, assim
como da presença de ulcerações e assimetrias das tetas. Nos ovinos, as tetas devem ser
examinadas separadamente, verificando-se a inserção do úbere e através de rolagem das
tetas entre os dedos perceber-se o aumento de temperatura, a consistência e a existência
de edemas. De forma geral verifica-se por palpação a inserção da glândula, a presença
de nódulos, o enfartamento de linfonodos e a consistência (ALICE et al, 2004).
Ainda relacionado à avaliação física é possível realizar a identificação da
conformação da gordura corpórea pela determinação de escores, para a avaliação do
estado de nutrição dos ovinos (CUNHA et al, 2001). Mediante palpação da região
lombar, verifica-se a quantidade de gordura e de músculo depositadas na região da
apófise transversa e classifica-se os animais de acordo com critérios subjetivos
aplicando uma escala ascendente que vai de 1,0 a 5,0. A menor quantidade de gordura
representando perda de peso corporal das ovelhas em decorrência da instalação de
doenças debilitantes, como as mastites (RUSSEL e GUN, 1969).
Nas mastites clínicas, modificações profundas na estrutura do leite são
produzidas (MENZIES, 2000). Com base nesses princípios o teste da caneca telada ou
de fundo escuro tem sido bem utilizado em vacas e cabras, no sentido de detectar a
mastite de uma forma menos custosa ao produtor. O teste consiste em no momento da
ordenha, passar jatos de leite por um tamis acoplado a uma caneca com interior escuro,
com objetivo de facilitar a visualização. Desta maneira quando o leite apresenta
alterações em decorrência da mastite são observados no tamis, a presença de grumos,
sangue ou o aspecto gelatinoso do leite (SCHALM e NOORLANDER, 1957).
A Contagem de Células Somáticas (CCS) é uma medida de contagem de células
brancas no leite, individualmente em ovelhas pode indicar o estado de saúde do úbere.
As células somáticas estão sempre presentes no leite, mas a CCS irá aumentar quando
um agente infeccioso entrar no úbere ou quando o úbere estiver lesionado (TEN HAG,
2002).
8
As células epiteliais são oriundas da descamação do epitélio de revestimento da
glândula mamária e constituem cerca de 2 a 25% do total de células observadas no leite
e os leucócitos podem constituir cerca de 75 a 98%, dependendo do grau de infecção da
glândula mamária, porque quanto maior é a infecção maior é a migração de células de
defesa do sangue para o local afetado (RIBAS, 2001).
A CCS pode ser realizada por vários métodos, tais como a microscopia óptica
direta através da contagem de células somáticas coradas por hematoxilina e eosina
(PRESCOTT e BREED, 1910) e por métodos eletrônicos baseados nos princípios de
óptica e fluorescência da citometria de fluxo, onde as células de defesa, presentes na
amostra de leite, recebem uma coloração específica através da injeção de um corante e
por aplicação de um feixe de raio infravermelho são transformadas em impulsos
elétricos que são utilizados na contagem final da análise e processados em um
computador (GREEN, 1984).
Vários fatores afetam a CCS em ovelhas, podendo-se destacar principalmente o
manejo do rebanho, o estágio de lactação, a idade da ovelha, o estado da infecção
(subclínica ou clínica) e a raça (TEN HAG, 2002). Valores médios de 150.000 céls./ ml
para ovelhas determinam a ausência de mastite subclínica, enquanto um valor médio de
14 milhões de céls./ ml indicam sua presença. Apesar disto, é preciso que ocorra a
determinação de um valor médio adequado de CCS para ovelhas, não apenas para a
determinação da ocorrência da mastite subclínica (MCFARLAND et al, 2000), como
também para verificação da qualidade do leite, uma vez que CCS superior a 1.000.000
céls./ ml foram considerados indesejáveis para a fabricação de queijo (JAEGGI, 2001
apud TEN HAG, 2002).
O CMT (California Matistis Test) tem sua base na CCS no leite, no entanto,
identificando aumentos na quantidade de células de forma indireta. Tal procedimento
exige a utilização de um detergente aniônico neutro que atua rompendo a membrana das
células presentes na amostra de leite liberando o material nucléico (DNA), o qual
apresenta alta viscosidade. O grau de gelatinização ou viscosidade da mistura de partes
iguais de leite e reagente indica o resultado. Quanto à forma de apresentação dos
resultados, estes são expressos em cinco escores: negativo, traço, um, dois, ou três
sinais positivos (SCHALM, 1957; BLOOD e RADOSTITS, 1991; CLEMENTS, 2003).
Principalmente no que se refere às mastites subclínicas, devido a
impossibilidade de observação de sintomatologia, sempre que possível, deve ser
realizado o isolamento bacteriológico para a identificação do agente etiológico em
laboratório especializado. A identificação das bactérias pode ser feita de várias
maneiras, não existindo normativas legais. A técnica mais utilizada é a passagem em
meio de triagem, como o ágar-sangue de carneiro a 5% e incubação de 24 a 48 horas a
37ºC. Um dos principais critérios para a identificação é a coloração de Gram
(CARTER, 1998) e os microorganismos isolados são classificados segundo a
morfologia e padrão de coloração apresentado, em: cocos Gram positivos
(Staphylococcus sp e Streptococcus sp), bastonetes Gram negativos (Pseudomonas sp e
Enterobactérias) e bastonetes Gram positivos (Corynebacterium sp e Corynebacterium
bovis). Meios de culturas especiais podem ser utilizados para a identificação específica
de algumas bactérias e provas bioquímicas podem ser associadas (CARTER, 1998;
BRITO e BRITO, 1999; 2002).
A determinação dos teores de gordura, proteína, lactose e extrato seco, também
são importantes para se avaliar os parâmetros normais de leite das ovelhas e as
alterações provocadas pela mastite. Os componentes do leite podem ser analisados por
diversas metodologias como a determinação de proteína pelo método de Kjedahl, a
determinação de gordura pelo método de extração de Soxlhet, entre outros, ou através
9
de analisadores eletrônicos por absorção de raios infravermelhos (BENTLEY, 1995). A
composição do leite de ovinos depende de vários fatores, entre os quais a raça, a aptidão
produtiva, o estágio da lactação, a alimentação e a saúde da glândula mamária
(ASSENAT, 1991; LUQUET, 1991; GONZALO, 1994).
2.3.2 Medidas de prevenção e controle da mastite ovina
Na Europa e Estados Unidos, os programas de controle de mastite tem sido
largamente aplicados, resultando em uma diminuição muito importante na prevalência
das mastites clínica e subclínica. Esta melhoria tem sido facilmente demonstrada pelo
acompanhamento mensal da média da CCS nas fazendas ou cooperativas. Em adição a
estes programas de controle, outras importantes medidas foram implementadas, tais
como incentivo à profissionalização dos produtores e aumento do tamanho médio dos
rebanhos para ampliar a oferta de leite disponível, evitando a morte dos cordeiros por
inanição. Assim, todas estas transformações implicaram em mudanças no manejo dos
animais, de forma que se pudesse efetivamente se determinar a etiologia dos casos de
mastite observados. De forma geral, as orientações foram conduzidas no sentido de
estabelecer estratégias de prevenção (APARÍCIO, 2002; EXPONOL, 2002).
Estudos sobre os métodos de diagnóstico da mastite ovina estão sendo
desenvolvidos no sentido de minimizar as perdas econômicas causadas pela mastite
(BAHOUT, 1992; CLEMENTS, 2002; BARBOSA et al, 2004; SOUZA, 2004). A
exemplo do que acontece para a espécie bovina e caprina, a remuneração dos produtores
de ovinos tende a ser baseada nos padrões de qualidades apresentados pelo leite,
incentivando a ampliação dos sistemas de manejo para controle e prevenção da mastite,
que apresentem baixa CCS (BRASIL, 2003). No entanto, ao que se refere a
ovinocultura e particularmente àquela desenvolvida nos sistemas de agricultura familiar,
não há orientações específicas, o que deixa vulnerável a criação e vai de encontro com a
garantia de sustentabilidade de todo um agroecossistema em que essa atividade
encontra-se envolvida.
10
CAPÍTULO 3
11
A OVINOCULTURA COMO ALTERNATIVA DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM SERGIPE: UMA
REVISÃO.
RESUMO
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. A ovinocultura como alternativa de
desenvolvimento sustentável em Sergipe: uma revisão. In:_ Aspectos do leite e mastite
em ovinos da raça Santa Inês em Sergipe. 2006. Cap. 3 Dissertação de Mestrado em
Agroecossistemas – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão.
São elaboradas considerações sobre o papel da ovinocultura como atividade sustentável,
no nordeste e principalmente em Sergipe, destacando-se o agroecossistema que envolve
a criação de ovinos da raça Santa Inês. A partir da analise sócio-econômica da
atividade, no sentido de proporcionar a geração de emprego e renda para o homem do
campo foram feitas considerações quanto às políticas públicas de incentivo da
ovinocultura e a agricultura familiar em Sergipe e os problemas encontrados na cadeia
produtiva da carne que apresenta como entrave para a sustentabilidade, a insuficiência
de animais com características desejadas pelos consumidores (animais jovens, sem odor
e com pouca quantidade de gordura). A existência de criações com animais de baixo
valor zootécnico, manejo deficiente e com problemas sanitários fazem com que a
ovinocultura, apesar de todo o cenário favorável não consiga se desenvolver de maneira
a suprir a realidade mercadológica. Dificuldades sanitárias observadas nos rebanhos
ovinos e principalmente a mastite e suas influências negativas na criação são
comentadas.
Palavras-chave: Agricultura familiar, sustentabilidade, agroecossistema.
12
THE SHEEP RAISING AS A WAY OF SUSTAINABLE
DEVELOPMENT IN SERGIPE: A REVIEW
ABSTRACT
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. The sheep raising as an alternative of sustainable
development: a review. In:_ Aspects of the milk and masitits in Santa Inês sheep in
Sergipe. 2006. Chap. 3. Thesis, Masters of Science in agroecosystems – Universidade
Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe.
Considerations about the role of sheep raising as a sustainable activity, in the northeast
especially in Sergipe, are elaborated pointing in evidence the agroecosystems which
involves sheep raising in Sergipe. Based on social-economic analyses of the activity, in
a way to provide the creation of employment and income to the coutryman,
considerations had been done regarding public polices of sheep raising and family
agriculture incitement in Sergipe and the problems found in the meat productive chain,
which represents a barrier for the sustainability, such as the lack of animals with
desirable features by the consumers (young animals, without bad smell and with small
amount of fat). The existence of breeding with animal of low zootecnic value, deficient
management and sanitary problems make that the sheep raising, despite all favorable
set, does not get to grow in a way to fulfill the marketing reality. Sanitary difficulties
observed in the ovine flock and specially the mastits and its negative influences in the
breeding are commentated.
Key-words: family agriculture, sustainability, agroecosystems.
13
1. INTRODUÇÃO
Sergipe apresenta uma das maiores concentrações de ovinos por áera do Brasil e
por ser considerado o berço da raça Santa Inês, possui um rico banco genético e chega a
exportar animais para 17 estados da Federação (BRASIL-SFA, 2004). Possui um
efetivo estimado em 139.000 cabeças, distribuído principalmente nos municípios de
Tobias Barreto e Boquim, na região agreste do município de Lagarto e no sertão da
região do São Francisco (IBGE, 2004). Os animais são criados na sua maioria em
sistema extensivo para a produção de carne, e dentre as raças destaca-se a Santa Inês,
pela rusticidade, prolificidade e adaptabilidade (NOGUEIRA, 2001; NUNES 1997).
A criação de ovinos no estado de Sergipe é realizada principalmente por
pequenos produtores. Verifica-se que 85% das propriedades do Estado possuem menos
de 10 hectares e encontram-se sob sistema de agricultura familiar (DEAGRO, 2005).
Assim, a ovinocultura vem sendo desenvolvida amparada por programas de inclusão
social e melhoria das condições de vida dos agricultores e fortalecimento da agricultura
familiar, tais como o PRONAF e o PRONAF agroecologia (BRASIL-MDA, 2003).
Entretanto, apesar de todas as condições favoráveis, como clima, vegetação,
capacidade de produção de carne e aspectos culturais, o que mais se observa nas
criações no Estado é o baixo rendimento de carcaça nos animais abatidos, pouca
uniformidade nos lotes e idade avançada ao abate, obtendo-se dessa maneira
características indesejáveis na comercialização da carne, como grande quantidade de
gordura e rigidez, que aliados á pequena remuneração dos produtores rurais fazem com
que ocorra um entrave na produção sustentável (MELO, 2003; BRASIL SFA, 2004).
Entre os fatores abordados nesse estudo, destacam-se os culturais, os sócio-
econômicos e higiênico-sanitários. As considerações aqui realizadas têm por objetivo
discutir a problemática da sustentabilidade da ovinocultura na região do sertão
sergipano.
2. AGRICULTURA FAMILIAR E A OVINOCULTURA
A conceituação de agricultura familiar não chega a se constituir uma definição
muito precisa. Empregam-se, usualmente diversas expressões e conceitos para
identificar tal fenômeno, tais como: pequena produção, agricultura de subsistência,
produção de baixa renda, agricultura camponesa etc. De acordo com Abromovay
(1992), apesar de todos estes termos apresentarem em comum a presença do trabalho
familiar, tais expressões não conseguem evidenciar aspectos singulares que constituem
a agricultura familiar.
No Brasil, a produção familiar na agricultura aparece como uma forma de
produção alternativa às grandes culturas (MULLER, 1989). Desenvolveu-se no período
colonial, nas fronteiras das grandes propriedades, ocupando pequenas extensões de
terra, utilizando tecnologias rudimentares e destinando grande parte da produção ao
auto-consumo. Nesse sistema, predominantemente na região Nordeste, o agricultor era
obrigado a pagar pelo uso da terra com dinheiro ou parte da produção, fortalecendo
ainda mais as relações sociais como o compadrio, o assistencialismo e a lealdade
política (MULLER, 1989).
Atualmente observa-se a existência de diversas formas de produção agrícola
organizada em torno do trabalho familiar, originadas em contextos históricos e sociais
14
distintos, e que são responsáveis por expressiva parcela da produção de alimentos,
chegando a alcançar em 2003 10,1% do produto interno bruto Nacional (BRASIL –
FOME ZERO, 2004).
A viabilidade econômica e social da agricultura familiar é de maneira geral
associada à multiplicação das unidades familiares de produção. A viabilidade da
agricultura familiar não pode ser visualizada somente do ponto de vista de produção e
do mercado, devendo ser analisada também a partir da organização das estruturas
sociais produtivas e dos aspectos cultural repassados para as novas gerações e a
manutenção dos agroecossistemas (CHAYANOV, 1996; LAMARCHE, 1993;
ABROMOVAY, 1992). Depende do ambiente institucional, regional e global das
cadeias produtivas e políticas públicas governamentais (COSTABEBER, 2003).
Várias políticas públicas para o desenvolvimento, inclusão social e melhoria das
condições de vida dos agricultores, bem como fortalecimento da agricultura familiar,
vêm utilizando a ovinocultura como alternativa de sustentabilidade, embasadas em
recomendações da FAO (FAO - Plano Plurianual 2004-2007 - Metas do Milênio), entre
outras fontes de análises sócio-econômicas. A exemplo do PRONAF Agroecologia, um
novo programa apresentado no Plano de Safra da agricultura familiar desenvolvido pelo
Governo Federal e que representa uma inovação no sentido de promoção de uma
agricultura sustentável, com um correto manejo de recursos naturais, agregando dessa
forma, renda e qualidade de vida aos agricultores familiares (BRASIL MDA, 2003).
No âmbito da política estadual em Sergipe, o governo recentemente distribuiu
através da Secretaria da Agricultura no ano de 2005, em regime de comodato, 6.000
ovinos para mil pequenos produtores familiares, com previsão de mais 6.000 animais
para o ano de 2006, contemplando mais 1.000 famílias. Além de financiamento
(PRONESE) na ordem de 2,5 milhões de reais, atingindo 11 municípios do agreste e
sertão sergipano e beneficiando 973 famílias, proporcionando melhoria da qualidade de
vida através do aumento do consumo de proteína animal e geração de renda (SAGRI,
2005).
Os ovinos são altamente adaptáveis às condições inóspitas do Nordeste e
apresentam grandes vantagens quando comparados a criação de bovinos, no que se
refere à menor demanda nutricional, a precocidade de abate e a necessidade de área para
criação. Os ovinos podem ser criados em pastagens cultivadas, nativas ou melhoradas e
representam uma possibilidade de melhoria do consumo de proteína animal, visto que, o
hábito de consumo da carne ovina é comum nas propriedades rurais, além disso a venda
do animal abatido e a facilidade no abate, proporcionam um retorno financeiro mais
rápido ao homem do campo (NOGUEIRA FILHO, 1999; NUNES 1997).
A ovinocultura pode ser desenvolvida segundo princípios agroecológicos, sem
agredir o ambiente. A produção animal pode ser integrada a produção vegetal em um
agroecossistema, a exemplo da utilização do bagaço de cana para a alimentação desses
animais, que em contrapartida fornecem esterco de ótima qualidade que pode ser
empregado na reposição dos nutrientes ao solo (VENEGAS, 1996).
3. A SUSTENTABILIDADE DA OVINOCULTURA EM SERGIPE
Dentre os ovinos criados na região Nordeste destaca-se, o Santa Inês, uma raça
tipicamente brasileira, muito provavelmente originada em Sergipe e Bahia e resultante
do cruzamento entre carneiros da raça Bergamáscia (raça italiana) e ovelhas Morada
Nova (originárias do Ceará) e crioulas. As raças Somalis e Crioula também
15
contribuíram para a formação do Santa Inês. As características atuais do animal são
resultado dos trabalhos de seleção genética de técnicos e criadores. As principais
características desses animais são a grande adaptabilidade ao clima quente e a aptidão
para produção de carne. São férteis, prolíferos e precoces, destacando-se também pela
habilidade materna e excelente capacidade de produção de leite (THOMAS, 1991).
Vários são os entraves para a sustentabilidade da ovinocultura praticada no
estado de Sergipe, alguns destes são representados pelos problemas enfrentados na
comercialização da carne ovina. Menos de 10% do efetivo ovino é abatido em
frigorífico inspecionado pelo Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultora
e a maior parte é realizado de maneira clandestina, sem cuidados higiênico-sanitários.
As condições de venda em mercados públicos e feiras, também não obedecem as
recomendações de comercialização preconizado pela Portaria 304 de fevereiro de1996
do Ministério da Agricultura (BRASIL SFA, 2004).
A ausência de curtumes também prejudica a viabilidade da ovinocultura no
Estado, porque a venda de peles curtidas poderia agregar renda aos pequenos produtores
de ovinos. As peles dos ovinos são reunidas e encaminhadas ao estado da Bahia para
serem exportadas principalmente para Espanha (DEAGRO, 2005).
O consumo per capita de carne ovina no Brasil ainda é baixo, quando
comparado com o consumo de carne bovina e a região Nordeste apesar de deter a maior
criação de ovinos ainda continua exportando carne de outros Estados (IBGE, 2002).
As exigências dos consumidores, tais como o abate precoce de animais (em
torno de seis meses de idade) para prevenir a existência de odores e a oferta de carne
ocorre de maneira sazonal. A oferta de animais também é insuficiente. Um dos fatores
que concorrem para o agravamento dessas condições é o estágio sanitário dos rebanhos,
onde se observa a ocorrência de diversas enfermidades, como aquelas provocadas por
parasitos, vírus e bactérias (BRESSAN, 2001).
As doenças mais observadas nas criações de ovinos em Sergipe, são a
ceratoconjuntivite, a linfadenite caseosa, a epididimite, a podridão dos cascos e a
mastite, que embora ocorra com certa freqüência, não são informadas adequadamente
pelos médicos veterinário responsáveis pelas unidades locais de atenção veterinária
(BRASIL-SFA-2004).
4. O IMPACTO DA MASTITE NA OVINOCULTURA
A mastite é uma inflamação da glândula mamária, causada pela infecção por
bactérias patogênicas, vírus ou injúrias. É uma doença multifatorial, surgindo como
resultado da interação do agente infeccioso, do animal e do ambiente (BRITO e BRITO,
1999).
Em ovinos é um fator impactante de extrema importância, uma vez que pode
influenciar negativamente toda a cadeia produtiva da carne. Provoca perdas econômicas
significativas sendo responsável pelo descarte precoce por perda da glândula mamária
de ovelhas, abate tardio devido às modificações no leite causadas pela mastite e até a
morte de cordeiros por inanição, causada pela impossibilidade total de alimentação da
cria (DOMINGUES e LEITE, 2005).
Os relatos sobre a ocorrência da mastite são bem diversos em diferentes partes
do mundo. Em estudo realizado no Reino Unido, a mastite foi responsabilizada por
8,4% de morte das ovelhas e 34% de morte dos cordeiros (BLOOD e RADOSTITS,
1991). Na Irlanda, a incidência é de 0,53%, o que poderia ser considerada baixa, no
entanto 72% das ovelhas acometidas perderam a função da glândula mamária (ONASH,
1998).
16
No Brasil, ainda existem poucas pesquisas sobre o assunto, a maioria realizada
em ovelhas com aptidão para a produção de leite, mas informam a ocorrência da mastite
em 10% das ovelhas no Rio Grande do Sul, com uma morbidade de 10 a 20% e
letalidade de 50% (FERNANDES e CARDOSO, 1985).
Em Sergipe, em observações preliminares realizados em sistema semi-intensivo
de criação de ovelhas Santa Inês, a ocorrência de mastite encontrada foi de 29%,
possivelmente em parte, pelo longo período de lactação (duas semanas a mais que
outras raças produtoras de carne) observado nesta raça e herdada dos animais
Bergamáscia (MELO, C.B. – Informação pessoal).
5. CONCLUSÕES
A partir dessas informações é possível considerar que a agricultura familiar
representa uma importante alternativa para a produção de alimentos e para a melhoria
da qualidade de vida do pequeno produtor e tem sido incentivada no Nordeste através
de políticas públicas;
A ovinocultura insere-se adequadamente nos conceitos agroecológicos da
agricultura familiar e representa uma atividade com ampla potencialidade para
desenvolvimento na região Nordeste do Brasil;
Apesar das vantagens verificadas na ovinocultura, nesta observa-se inúmeros
entraves para o seu desenvolvimento, entre os quais principalmente o problema da
mastite que prejudica de forma severa a sustentabilidade da atividade.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABROMAVAY, R. Paradigmas do capitalismo agrário em questão. São Paulo: Hucitec,
1992
BLOOD, D.C; RADOSTITS O. M. Veterinary Medicine 7.ed. London: Baillere Tindall,
p 501-509, 1991;
BRITO, M A P e BRITO, J R F Brito; Diagnóstico Microbiológico da Mastite Circular
técnica nº 55 da EMBRAPA, Juiz de Fora, MG: Embrapa, Gado de Leite, 26p.,1999;
BRASIL - FOME ZERO –Agricultura familiar.disponível em www.fomezero.gov.br,
acessado em 23/09/2005;
BRASIL - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Superintendência
Federal de Agricultura em Sergipe, Relatório de Gestão, p.96, 2004;
BRASIL – Ministério do Desenvolvimento Agrário. Relatório de Gestão, 2004
disponível em
www.mda.gov.br. Acessado em 07/09/2005;
BRASIL Secretaria de agricultura. PRONESE Relatório de Gestão, 2004;
BRASIL - Secretaria de Agricultura do Estado de Sergipe, DEAGRO - Compilação de
dados de movimentação de couros através de certificados CIS modelo E, 2004;
17
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18
CARACTERIZAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA MASTITE EM UM
REBANHO OVINO SANTA INÊS, COMO AUXÍLIO PARA A
SUSTENTABILIDADE DA OVINOCULTURA EM SERGIPE.
RESUMO
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. Caracterização microbiológica da mastite em um
rebanho ovino Santa Inês como auxílio para a sustentabilidade da ovinocultura em
Sergipe. In:_ Aspectos do leite e mastite em ovinos da raça Santa Inês em Sergipe.
2006. Cap. 3 Dissertação de Mestrado em Agroecossistemas – Universidade Federal de
Sergipe, São Cristóvão.
Realizou-se uma pesquisa com ovelhas da raça Santa Inês no Município de Frei Paulo,
Sergipe, com objetivo de caracterizar microbiologicamente a mastite em um rebanho
criado em condições de manejo semi-intensivo. Foram analisadas 186 amostras de leite
destas ovelhas, obtidos por meio de ordenha manual e individual. Como resultado dos
exames bacteriológicos, obteve-se 29% de isolamentos positivos e 61.2% de resultados
negativos e 9.8% foram descartadas devido à contaminação. Das
amostras positivas foram
isolados 44,5%% de bactérias do gênero
Staphylococcus
,
sendo que, 28,9% de
Staphylococcus
aureus,
15,6% de
Staphylococcus coagulase negativa,
29,6% de
Corynebacterium bovis
e
ulcerans
, 14,0 % de
Enterococcus
e 11,4% de
Streptococcus uberis.
O p
eríodo mais crítico
para a ocorrência da mastite em ovelhas da raça Santa Inês do presente estudo, foi
correspondente a 3ª e 4ª semana após o parto. O reconhecimento do agente etiológico
mais frequentemente isolado e da época de maior susceptibilidade foi realizado com o
objetivo de embasar futuros estudos sobre esta enfermidade e possibilitar a tomada de
decisões frente ações preventivas, evitando-se gastos desnecessários com tratamentos e
garantir a sustentabilidade da ovinocultura.
Palavras-chave: Ovelha; mastite; Santa Inês; leite; microbiologia; sustentabilidade.
19
MICROBIOLOGIC CHARACTERIZATION OF THE MASTITS IN
A SANTA INÊS OVINE FLOCK, AS AN AID TO THE
SUSTAINABILITY OF SHEEP RAISING IN SERGIPE.
ABSTRACT
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. Microbiologic characterization of the mastits in a
Santa Inês ovine flock, as an aid to the sustainability of sheep raising in Sergipe state.
In:_ Aspects of the milk and mastitis in Santa Ines ewes in the state of Sergipe, Brazil.
2006. Chap. 3, Thesis, Masters of Science in Agroecosystems – Universidade Federal
de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe.
It was performed a research with sheep of the Santa Inês breed in Frei Paulo county,
Sergipe, with the aim to microbiologically characterize the mastits in a flock raised in a
semi-intensive management conditions. It was analysed 186 milk samples of these
sheep, obtained by manual and individual milking. As a result of the bacteriological
survey, were obtained 29% of positive isolations, 61.2% of negative results and 9.8%
were rejected because of contamination. In the positive samples, the bacteria isolated
were
Staphylococcus
44,5%
(
Staphylococcus aureus
28,9%
,
and
Staphylococcus coagulase
negative,
15,6%),
Corynebacterium bovis
and
Corynebacterium ulcerans
29,6%,
Enterococcus
14,0 % and
Streptococcus uberis
11,4%. The most critical period for the
occurrence of mastits in Santa Inês sheep in the present study, was in the 3
rd
and 4
th
week after
the parturition. The recognition of the etiologic agent most frequently isolated and the period of
most susceptibility was accomplished with the aim to obtain data to future researches about this
disease and to enable the decisions regarding preventive actions, avoiding unnecessary expenses
with treatment, and guarantee the sheep raising sustainability.
Key-words:
Sheep, mastits, Santa Inês, milk, microbiology, sustaintability.
20
1. INTRODUÇÃO
A ovinocultura é uma atividade econômica explorada em diversos países do
mundo, por se adaptar aos diversos tipos de clima, solos e vegetações. Os maiores
criadores de ovinos são a Austrália, China e Nova Zelândia, que somados detém cerca
de 28% do efetivo mundial (FAO, 1996). O Brasil possui um rebanho de 15.058.000
ovinos concentrados principalmente na região nordeste e representando 57% do rebanho
Nacional (IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2004), criados na sua maioria em
pequenas propriedades rurais com menos de 10 hectares. Em Sergipe a mesma situação
é encontrada, cerca de 85% das propriedades possuem menos de 10 ha que encontram-
se sob o sistema de agricultura familiar (DEAGRO, 2004). A região Nordeste do Brasil
apresenta condições favoráveis tanto territoriais, quanto climáticas ao desenvolvimento
da ovinocultura, entretanto as criações apresentam baixo índice zootécnico, baixa
tecnologia e precárias condições de saúde animal. Somente a mastite é responsável por
perdas econômicas na ordem de 11,5% na produção de leite, comparando-se com uma
ovelha normal (LANGONI, 2005).
A mastite é um processo inflamatório da glândula mamária que afeta tanto em
qualidade quanto em quantidade a produção leiteira e tem como características
alterações físicas e químicas no leite, bem como alterações patológicas de tecido
glandular (BLOOD e RADOSTITS, 1991). As alterações produzidas na glândula
mamária dos ovinos e conseqüentemente no leite são as causas da queda na produção
do leite e transtornos no crescimento da cria, podendo levar até a morte do cordeiro por
inanição, destruição do parênquima epitelial da glândula e perda irreversível da função
mamária, a depender de diversos fatores, entre eles o curso da enfermidade, a
resistência do animal, as condições sanitárias dos ovinos, o estágio da lactação, entre
outros.
Quanto à etiologia das mastites ovinas pode-se dizer que ela é múltipla, sendo
causada principalmente por bactérias, leveduras, algas e vírus ou por injúrias,
traumatismos e processos alérgicos. A prevenção e controle da doença freqüentemente
só são possíveis com o estudo da ocorrência da enfermidade e identificação do agente
etiológico (McFARLAND, 2000; ONASH, 2000). A maior parte dos trabalhos de
isolamento bacteriano, são realizados em ovinos com aptidão leiteira, principalmente
em criações destinadas à produção de queijos finos (MENZIES, 2000). O diagnóstico
bacteriológico é um método indireto que permite a identificação do agente etiológico e
a orientação correta da proflaxia e tratamento dessa enfermidade. As mastites, quanto à
manifestação da enfermidade podem ser clínica ou subclínica, de acordo com a
presença ou ausência de sintomas (FAGUNDES, 2004).
Na mastite crônica é possível observar nódulos e abscessos no parênquima
mamário e úbere aumentados e endurecidos, o que configura uma lesão de fibrose. A
mastite crônica é geralmente conseqüência de mastite aguda ocorrida durante a
lactação, mas que não foi detectada ou tratada (VAZ, 1996).
A ocorrência das mastites clínicas durante o período de lactação é menor que
5%, essa ocorrência é encontrada tanto nos rebanhos leiteiros quanto nos rebanhos
destinados à produção de carne, de forma esporádica ou epidêmica, acometendo fêmeas
mais jovens com cerca de dois ou três anos de idade. Em alguns surtos, a ocorrência da
mastite pode variar entre 30 a 50%, com mortalidade alta e descarte de mais de 90% das
ovelhas do rebanho. Quantos as mastites subclínicas, nos rebanhos de corte varia entre
5 a 30%, e nos rebanhos leiteiros de 20 a 30% (LANGONI, 2005). A identificação do
agente etiológico permite estabelecer procedimentos de prevenção e tratamento das
mastites em um rebanho.
21
Entre os patógenos principais destacam-se o Staphylococcus aureus,
Streptocuccus uberis e as bactérias do gênero Corynebacterium bovis. As bactérias do
gênero Staphylococcus existem normalmente na superfície da teta, entretando,
encontrando condições favoráveis penetra no parêmquima da glândula formando uma
espécie de filme, podendo chegar até a provocar lesões pemanentes na estrutura
mamária, é de difícil tratamento sendo a principal causa da mastite clínica, aguda e do
tipo contagioso (BURRIEL, 1997; FERNÁNDEZ-GARAYZÁBAL et al 1978). As
mastites podem ser classificadas em contagiosas e ambientais, Os Staphylococcus
aureus e Staphylococcus sp. coagulase negativa, são responsáveis pela mastite
contagiosa, cuja disseminação da enfermidade acontece durante a ordenha e de animal
para animal no ato da amamentação, tendem a se manifestar de forma subclínica,
tornando-se crônica com o decorrer da evolução da doença. Mastite ambiental, causada
por bactérias como Streptococcus uberis e bactérias do gênero Enterococcus, são
isolados normalmente nas fezes, úbere e pele dos animais, representam um indicativo
da higiene do ambiente e do manejo utilizado. No caso das bactérias do gênero
Corynebacterium, também representam um indicativo das condições higiênicas do
ambiente.
Tendo em vista, a escassez de estudos nesta área, este trabalho tem por objetivo
caracterizar microbiologicamente os agentes etiológicos da mastite em um rebanho de
ovinos da raça Santa Inês.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado na Estação Experimental Pedro Arle (EMBRAPA
Tabuleiros Costeiros) que está localizada no Povoado de Queimadas, município de Frei
Paulo em Sergipe. A referida Estação Experimental pertence à microrregião de Carira e
a mesorregião do Sertão Sergipano, apresentando geograficamente, limites com os
municípios de Ribeirópolis, Itabaiana, Macambira, Pinhão e Carira, perfazendo uma
área com cerca de 406,08 km², distante 74 km da Capital sergipana. Situada sob as
coordenadas geográficas de 10º33’04” de latitude e 37º 32’0’’ de longitude e
apresentando clima megatérmico semi-árido, com temperatura média anual de 24,5ºC,
possui precipitação pluviométrica média anual de 832,4 mm. A região também pertence
à bacia hidrográfica composta por Rio Sergipe e Rio Salgado. A vegetação existente é a
de capoeira e caatinga, sendo o solo tipo podzólico vermelho amarelo, apresentando
aptidão que varia de boa a regular para lavouras e restrita para pastagens naturais
(SEPLANTEC, 1997).
O rebanho da estação Experimental Pedro Arle no período de experimento era
composto por 1284 ovinos da raça Santa Inês, distribuídos entre reprodutores, fêmeas
adultas e cordeiros.
Os animais eram criados em sistema de semi-confinamento onde eram soltos em
pastos e piquetes de capim Pangola (Digitaria decumbens), pastagens naturais de capim
Búfel (Cenchrus ciliaris), suplementadas com Leucena (Leucaena leucocephala),
silagem e concentrado. Os animais adultos permaneciam no pasto durante o dia
separados dos cordeiros e reunidos no período da tarde, ocasião na qual recebiam a
suplementação.
Deste rebanho, foram selecionadas aleatoriamente 40 fêmeas primíparas, de
acordo com Sampaio (1998) (amostragem mínima = 32), onde foi seguido o manejo
habitual da Estação Experimental. A estação de monta foi realizada no período de
janeiro a fevereiro de 2004 e a parição das ovelhas selecionadas, de parto simples,
ocorreu no período de 19 a 21 de junho daquele mesmo ano.
22
As ovelhas utilizadas no experimento foram identificadas por numeração
individual por meio de colar colorido (ANEXO I - PRANCHA 01), com a finalidade de
facilitar a diferenciação dos demais animais da fazenda, já que estes permaneceram
junto com as outras matrizes da fazenda e submetidas ao mesmo manejo.
Este experimento teve a duração de 16 semanas, compreendendo um período de
coletas e observações entre 28 de junho a 14 de outubro de 2004. O primeiro passo para
realização da coleta, de acordo com o protocolo estabelecido por Fonseca e Santos
(2000), foi a verificação do número de identificação da ovelha seguida de lavagem das
mãos do ordenhador com água e sabão e álcool a 70 %, secagem das mãos com papel
toalha, quando após isso realizou-se a lavagem do úbere do animal com água e sabão,
secagem do úbere com papel toalha e aplicação de álcool 70%. Somente após a total
secagem do úbere, se procedia a ordenha da ovelha para se realizar a coleta do leite, em
tubo de rosca, esterilizado, acondicionado em caixa isotérmica, contendo gelo
reciclável.
As amostras de leite foram encaminhadas para o Laboratório de Sanidade
Animal da Embrapa Tabuleiros Costeiros (CPATC) e analisadas de acordo com a
metodologia descrita por Brito e Brito (1999). As amostras de leite foram semeadas em
ágar sangue de carneiro a 5%, incubadas por 48 horas a 37 ºC, quando as placas eram
observadas e interpretadas. Considera-se a formação de um tipo característico de
colônia na identificação dos microorganismos. As bactérias do gênero Corynebacterium
foram identificadas como colônias punctiformes, as do Staphylococcus e Streptococcus,
apresentavam bordos regulares, lisos e brilhantes, os Enterococcus apresentavam
colônias irregulares, acinzentadas e brilhantes.
As placas com contaminação foram descartadas utilizando o critério
estabelecido na circular Técnica nº 55 da Embrapa (BRITO e BRITO, 1999), no qual
determina como placa contaminada aquelas onde mais de três tipos de colônias foram
isoladas de uma mesma teta.
Logo após a identificação das colônias, realizava-se esfregaço em lâmina,
fixado pelo calor e procedia-se à coloração pelo método de Gram. Os microorganismos
isolados foram classificados, segundo a morfologia, como: cocos Gram positivos
(Staphylococcus sp e Streptococcus sp), bastonetes Gram negativos (Pseudomonas sp e
Enterobactérias) e bastonetes Gram positivos (Corynebacterium sp e Corynebacterium
bovis). Os microrganismos do gênero Staphylococcus foram semeados em agar-soja-
tripticaseína e ainda submetido aos testes de produção de catalase, coagulase e hemólise
beta e a produção de acetoína. Os microorganismos do gênero Streptococcus, foram
identificados pela ausência de produção de catalase, pelo crescimento em meio
contendo 6,5% de NaCl e pelo teste de CAMP (Christie, Atkins e Munch-Peterson),
escullina e hidrolise do hipurato.
Os bastonetes Gram negativos foram submetidos ao teste da catalase F oxidase e
semeados em meio O/F (oxidação/ fermentação) e também semeados em meio de
MacConkey, com finalidade de isolamento de enterobactérias. As bactérias do gênero
Corynebacterium foram testadas para produção de catalase e realizou-se a observação
da hemólise total (beta), bem como identificadas como Corynebacterium bovis quando
apresentavam catalase positiva e forma difteroíde na coloração de Gram. Placas onde
ocorreu o isolamento de Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativa e
Streptococcus foram consideradas como responsáveis pela infecção sempre que
isoladas e as bactérias do gênero Corynebacterium sp foram consideradas agentes
etiológicos das mastites provenientes do ambiente quando obtidos de culturas puras.
Para facilitar a avaliação estatística, no caso do isolamento bacteriológico, o
período de lactação foi dividido em: colostro (período correspondente a duas semanas
23
após o parto); início da lactação (período da 3ª e 4ª semana após o parto); lactação
(correspondente a uma duração de 12 semana) e desmame (período correspondente a 15
e 16ª semanas após o parto).
As amostras foram então tabuladas por freqüência de dados não paramétricos
referentes ao isolamento bacteriano para análise de resultados no “software SAS –
Statistical Analyses System. SAS Institute Inc. Care, NC. USA, versão 8.01 release
8.01 versão for windows 4102222 licensed to SAS Institute Brasil”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise das 186 amostras de leite, foram encontradas nos
isolamentos bacterianos: 29% amostras positivas, 61,2% amostras negativas e 9,8%
amostras contaminadas Das amostras positivas, 44,5% apresentaram ao isolamento
bactérias do gênero Staphylococcus, sendo que 28,9% de Staphylococcus aureus e
15,6% Staphylococcus coagulase negativa, além desses, 29,6% de Corynebacterium
bovis e ulcerans, 14,0% de Streptococcus uberis e 11,4% Enterococcus. Os resultados
encontrados, conforme a Figura 1, neste experimento foram semelhantes aos dos
estudos realizados com ovinos com aptidão leiteira no Rio Grande do Sul
(FERNANDES e CARDOSO, 1985; VAZ, 1996). Apesar do manejo habitual não
prever a ordenha mecânica ou manual, as bactérias encontradas, observando-se os
agentes etiológicos (gênero Staphylococcus) isolados sugerem a indicação da mastite
contagiosa. A bactéria mais isolada no leite de ovelhas foi a do gênero Staphylococcus,
concordando com os achados para ovelhas de corte da raça Santa Inês (SILVA, 2002) O
Staphylococcus aureus, é o principal agente etiológico da mastite ovina (MENZIES,
2000).
GRAFICO 1. Porcentagem de isolamentos bacterianos no leite de ovelhas da raça
Santa Inês no município de Frei Paulo, em Sergipe:
Isolamento bacteriano
14%
29%
16%
30%
11%
Streptococcus uberes
Staphylococcus aureus
Staphylococus coagulase negativa
Corynebacteryum bovis e Corynebacteryum ulcerans
Enterococus
24
Comparando-se a ocorrência da mastite nas ovelhas deste experimento,
verificou-se que no período compreendido pelo colostro (duas semanas após o parto),
8,7% das ovelhas foram acometidas. Já no início da lactação (período correspondente as
3ª e 4ª semanas após o parto), 20,8% das ovelhas apresentaram resultados positivos.
27% das ovelhas no período de lactação (período correspondente a 5ª a 14ª semana após
o parto) apresentaram o problema e finalmente, no período correspondente ao desmame
(15ª e 16ª semanas após o parto) 30,4% das ovelhas mostraram-se acometidas.
Nas ovelhas, logo após o parto, (ANEXO 1) com 8,7% de aparecimento de
casos, observou-se maior ocorrência de isolamentos de Staphylococcus coagulase
negativa, sendo provavelmente explicado pelo fato do estresse causado pelo nascimento
do cordeiro ter sido responsável pelo aparecimento da mastite nas ovelhas, já que os
glicocorticóides circulantes no sangue neste período, contribuem para diminuição dos
mecanismos de defesa do animal além do que as bactérias permanecem em estado
latente, no interior da glândula mamária até o parto (BRADLEY e GREEN, 2000),
predispondo a instalação da infecção na glândula mamária.
No período do início da lactação foram identificados, através do isolamento
bacteriano 12,1% a mais de casos novos de mastite, enquanto que no período da
lactação, detectou-se 6,2% de casos de mastite e no desmame, somente 2,6% de novos
casos de mastite foram identificados.
De acordo com Vaz (1996), a maior ocorrência das mastites em ovinos de corte
acontece no período de pico de produção leiteira, aproximadamente na 3ª e 4ª semanas
após o parto, já que as mastites ocorridas no período após o desmame é o reflexo
provável de uma infecção ocorrida durante a lactação que não foi detectada e tratada. A
curva de lactação de ovelhas Santa Inês apresenta um período cerca de duas semanas
maior que a de outras raças de ovelhas deslanadas, correspondendo o pico de produção
leiteira com o período correspondente a 3ª e 4ª semanas após o parto.
4. CONCLUSÕES
Os Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativa foram as
bactérias mais encontrados como causadores da mastite nas ovelhas da raça Santa Inês
estudadas na estação experimental no município de Frei Paulo, Sergipe. Considerando o
isolamento bacteriano encontrado, sugere a ocorrência de mastite do tipo contagiosa. O
período mais crítico para a ocorrência da mastite foi correspondente a 3ª e 4ª semana
após o parto.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa de Sergipe (FAP-SE) e ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
financiamento desta pesquisa (Edital FAP-SE/FUNTEC/MCT/CNPq – Nº 03/2003 –
PPP, Processo 03/2003-1-12). Também somos gratos à Embrapa Tabuleiros Costeiros e
à Embrapa Gado de Leite, pela colaboração na execução deste trabalho.
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27
AVALIAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA MASTITE EM OVELHAS
SANTA INÊS NO CONTEXTO DA SUSTENTABILIDADE EM
SERGIPE.
RESUMO
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. Avaliação do diagnóstico da mastite em ovelhas
Santa Inês no contexto da sustentabilidade em Sergipe, 2006. Cap. 3, Dissertação de
Mestrado em Agroecossistemas – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão,
Sergipe.
Foram realizadas 641 observações em ovelhas da raça Santa Inês criadas sob sistema
semi-extensivo, no município de Frei Paulo, sertão de Sergipe, em um período
correspondente a 16 semanas a partir do parto, com o objetivo de tecer considerações a
respeito de métodos para diagnóstico de mastite, uma vez que as metodologias
existentes encontram-se bem fundamentadas apenas em espécies leiteiras de interesse
econômico, como bovinos, caprinos e bubalinos. Sob as condições estudadas, foi
analisada a detecção da mastite através de exame físico que incluía a avaliação do
escore corporal das ovelhas, o balanceamento das glândulas mamárias e a palpação do
úbere, além dos testes da caneca telada, “Califórnia Mastitis Test” e contagem
eletrônica de células somáticas, comparativamente com a avaliação bacteriológica do
leite de cada animal. Houve correlação negativa entre a palpação do úbere e o
desbalanceamento da glândula e entre o CCS e o escore corporal, ocorreu correlação
positiva entre o CCS e o CMT, e correlação fortemente positiva entre o CCS e o
isolamento bacteriano, demonstrando haver dependência entre os fatores avaliados com
índice de significância de 5% (p<0,05). Os testes acima identificados apresentaram-se
úteis na detecção da mastite em ovinos com exceção do teste da caneca telada, que sob
as condições do experimento não apresentou resultados satisfatórios, no entanto,
devendo ser aplicados associadamente e confirmados com o isolamento bacteriano.
Palavras-chave: Ovelha, mastite, Santa Inês, diagnóstico, sustentabilidade.
28
EVALUATION OF MASTITS DIAGNOSIS IN SANTA INES EWES
IN THE CONTEXT OF SUSTAINABILITY IN SERGIPE.
ABSTRACT
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. Evaluation of mastits diagnosis in Santa Ines ewes
in the context of sustainability in Sergipe. 2006. Chap. 3, Thesis, Masters of Science in
Agroecosystems – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, Sergipe.
There were performed 641 observations in sheep of the Santa Inês breed raised under a
semi-intensive system, in Frei Paulo county, in Sergipe, in a period of 16 weeks starting
from the parturition, with the aim to weave considerations regarding methods for
mastitis diagnosis, because the existing methodologies are well based only in species of
economic interests, as the bovines, goat and buffaloes. Under the studied conditions, it
was analysed the mastitis diagnosis through physical examination, which included the
evaluation of the ewes’ corporeal score, the unbalancing of the mammary glands, the
udder palpation, the strip cup test, the Californian Mastitis Test, electronic counting of
somatic cells comparing to the bacteriological evaluation of the milk from each animal.
There was negative correlation between the udder palpation and the unbalancing the
mammary glands and between the CCS and the corporeal score, it happened positive
correlation between the CCS and the CMT, and a strong positive correlation between
the CCS and the bacterial isolation, demonstrating to have dependency between the
evaluated factors with a significance index of 5% (p<0,05). The tests above identified
had been presented useful in the mastitis diagnosis in ovine, with the exception of the
strip cup test, that under the experiment conditions did not present satisfactory results
having to be applied associated and to be confirmed with the bacterial isolation.
Key-words: sheep, mastits, Saint Ines, diagnosis, sustaintabiliy.
29
1. INTRODUÇÃO
A ovinocultura é uma atividade econômica cosmopolita devido à adaptabilidade
dos ovinos às diversas condições climáticas e geográficas. Também representa uma
fonte de proteína de boa qualidade, obtida a um preço menor que a bovina em uma área
consideravelmente menor. No Brasil, segundo dados mais recentes, a região Nordeste
concentra o maior efetivo ovino do país, embora considerando as perspectivas
favoráveis de clima, territorialidade, possibilidade de geração de renda e fixação do
homem ao campo, a ovinocultura ainda não se encontra bem desenvolvida nesta região.
Além de problemas sanitários e de manejo, observa-se rebanhos com lotes
heterogêneos, baixos índices zootécnicos e de tecnologia nas propriedades e no abate,
por motivo de uma maior remuneração segundo peso apresentado, verifica-se animais
com idade avançada e baixa qualidade de carcaça.
Dentre as enfermidades que mais comprometem a criação de ovinos, a mastite é
responsável por perdas econômicas que atingem toda a cadeia produtiva, pois tanto é
responsável pelo descarte da matriz por perda da função da glândula mamária, como
pelo baixo peso ao abate e desmame tardio de cordeiros que não podem ser
adequadamente alimentados devido às alterações na qualidade do leite e quantidade de
alimento produzido pela fêmea.
O diagnóstico das mastites são mais estudados nas espécies bovina, caprinas e
mais recentemente bubalina, principalmente a do tipo subclínica, na qual não é possível
a visualização macroscópica de sintomas. A preocupação com a mastite é mais evidente
em ovinos de produção leiteira, mas com a percepção da perda econômica causada por
esta enfermidade, essa atitude está mudando, sendo motivo de preocupação tamm em
rebanhos de ovinos com aptidão para carne (FUENTE, 1997).
As metodologias de diagnóstico para mastite aplicáveis aos ovinos,
principalmente no que se refere à Contagem de Células Somáticas (CCS), “Califórnia
Mastitis Test” (CMT) e exame físico não encontram-se bem definidas com padrões
específicos diferentemente do que ocorre nas espécies bovinas e caprinas, onde já existe
inclusive Legislação própria sobre os padrões específicos de qualidade do leite.
Sendo assim, este experimento teve como objetivo avaliar métodos de
diagnóstico da mastite em ovinos da raça Santa Inês criados em sistema semi-extensivo,
no município de Frei Paulo, Sergipe, quanto à confiabilidade na determinação dos
animais enfermos, comparando com o exame bacteriológico.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este experimento foi realizado na Estação Pedro Arle, da EMBRAPA -
Tabuleiros Costeiros, localizada no Município de Frei Paulo, Sergipe, no período de 28
de junho a 14 de outubro de 2004. A Estação encontra-se no povoado de Queimadas,
microrregião de Carira e mesorregião do sertão sergipano, com as seguintes
coordenadas geográficas: latitude 10º33’04” e longitude de 37º 32’0”.
O rebanho, na ocasião do estudo era composto de 1.284 ovinos da raça Santa
Inês, distribuídos entre reprodutores, fêmeas, e cordeiros. O manejo habitual da Estação
Pedro Arle foi seguido e a estação de monta das ovelhas foi realizada nos meses de
janeiro e fevereiro de 2004.
Foram selecionadas para este trabalho de maneira aleatória, 40 fêmeas
primíparas considerando possíveis perdas de animais durante a execução do
experimento (“n” mínimo = 32, SAMPAIO, 1998), com parições entre 19 a 21 de junho
de 2004 (todas as fêmeas apresentaram partos simples). As ovelhas foram identificadas
30
por numeração individual em placa presa ao pescoço por colar de coloração
diferenciada (ANEXO 1).
Durante o período experimental, os animais foram observados quanto ao estado
de carne por escore corporal através de palpação na região lombar, a altura do último
par de costelas e verificação da deposição de gordura na região da apófise transversa,
classificadas então em escores que variavam de 1,0 a 5.0 (CUNHA et al, 2001).
Quanto ao úbere, foram avaliados como balanceados, quando as glândulas
estavam uniformes ou desbalanceados, quando a glândula apresentava-se com tamanhos
diferentes. Todas as fêmeas tiveram o úbere fotografado (ANEXO I) e o resultado das
observações foram anotados em planilha própria, para estudo da evolução da mastite e
alterações na glândula mamária. No decorrer do experimento foram realizadas 641
observações e coletas de leite para realização da Contagem Eletrônica de Células
Somáticas (CECS).
Cada animal do experimento foi submetido à palpação do úbere e avaliado
segundo a apresentação de alterações tais como: edema, rubor, dor, presença de
nódulos, endurecimento etc (FONSECA, E SANTOS, 2000).
Logo após os exames físicos, antes das fêmeas promoverem o aleitamento dos
cordeiros, procedia-se à realização dos testes de caneca telada, CMT e coleta de
material para CCS e para a cultura bacteriana.
As coletas do leite foram sempre realizadas no período vespertino, e obtidas por
meio de ordenha manual e individual segundo Fonseca e Santos (2000), antecedida por
lavagem das mãos do ordenhador e do úbere do animal com água e sabão e álcool a
70%, com secagem dos mesmos com papel toalha. A primeira avaliação a ser realizada
foi o teste da caneca telada, no qual se passava o leite por um tamis com o objetivo de
verificar as alterações na estrutura física do leite, isto é, a presença de pús, grumos ou
sangue (FONSECA e SANTOS, 2000). Em seguida foi realizado o teste CMT com
reagente comercial (CMT Yakult), seguindo as determinações do fabricante (ANEXO
1). Observando-se as modificações ocorridas, classificou-se os resultados de acordo
com a reação de viscosidade encontrada na mistura final em: negativa, traços, 1+, 2+ e
3+ (SCHALM, 1957; BLOOD e RADOSTIS, 1991; PHILPORT , 1998).
Após a realização dos testes da caneca telada e do CMT (ANEXO 1) procedeu-
se a coleta de leite para a realização do CCS (CECALAIT, 1970), através do
acondicionamento das amostras em frascos plásticos com capacidade para 40ml
contendo dicromato de potássio a 0,05% e mantidos sob refrigeração em caixas de
isopor com gelo reciclável. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de
Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora, Minas Gerais para
análise no equipamento SOMACOUNT 300. O equipamento foi calibrado com leite de
vaca, a partir de amostras com contagens de células somáticas previamente conhecidas:
padrão de baixa contagem (165.000 células/ ml), padrão de média contagem (700.000
células/ ml) e padrão de alta contagem (acima de 1.040.000 células/ ml), cada um deles
aferidos três vezes (Bentley Instruments Incorporatated, Minnesota, USA).
Para as análises bacteriológicas, as coletas foram realizadas em tubo de rosca
estéril com capacidade de 10ml e acondicionadas imediatamente em caixa isotérmicas
com gelo reciclável e enviadas ao Laboratório de Sanidade Animal da EMBRAPA
Tabuleiros Costeiros (CPATC), em Aracaju, Sergipe. O isolamento e a identificação das
bactérias seguiram o protocolo estabelecido pela Circular Técnica nº55 da EMBRAPA
(BRITO e BRITO, 1999).
Na análise estatística, foram utilizados o teste do Qui-quadrado (α= 5%), para
dados não paramétricos; teste F na análise da variância, e teste de correlação de Pearson
(SAMPAIO, 1998) através do “software” “SAS- Statistical Analyses System - SAs
31
Institute Inc Care, USA, versão 8.01 versão for windows 4102222, licensed to SAS
Institute Brasil”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A avaliação física mediante determinação de escore corporal, balanceamento das
glândulas mamárias e palpação do úbere, bem como os testes de CMT e CCS
apresentaram correlação com o isolamento bacteriano e significância ao teste de Qui
quadrado a 5%. Assim sendo, as determinações realizadas no exame físico, apesar de
subjetivas, dentro das condições avaliadas podem ser utilizadas como triagem para
detecção de mastite pelo próprio produtor, apresentando como vantagens frente aos
demais testes a praticidade e o baixo custo, viabilizando a sustentabilidade da
ovinocultura (BARBOSA , 2004).
O escore corporal teve como média em todo o experimento um índice de 2.50
(desvio-padrão de 0.53, valor mínimo de 1.89 e máximo de 3.50). Na análise de dados,
observou-se um decréscimo no índice de avaliação de conformação de carne das
ovelhas, sendo as médias mais altas no início da lactação, reduzindo significativamente
no final do período. Ao analisar-se a correlação entre o escore corporal e a CCS,
verificou-se uma correlação negativa substancial, isto é quanto maior o valor da CCS,
menor o índice corporal do animal, indicando possivelmente que nas condições
avaliadas os animais apresentaram perda de peso decorrente da mastite.
Quanto ao CMT, em 641 observações foram encontrados 58,9% de amostras de
leite consideradas negativas, 20,1% de amostras apresentando reações de gelificação do
leite considerada como traços, 2,8% de amostras consideradas como reação 1+, 2,8% de
amostras de leite consideradas 2+ e 6,6% de amostras de leite consideradas 3+. Quando
comparado com a CCS, observou-se correlação positiva entre os testes. Considerando
os custos de envio ao laboratório e de realização do teste de CCS e o tempo de entrega
dos resultados, o CMT representa um teste mais vantajoso para o pequeno produtor.
Obtiveram-se das fêmeas nas condições do estudo, segundo o período da
lactação, as seguintes concentrações de CCS: no início da lactação (colostro) 318.000
células/ ml, no meio da lactação (entre a 3ª e 14ª semana) 239.000 células/ ml e no final
da lactação (desmame) 417.000 células /ml. Para evitar que o alto coeficiente de
variação interferisse na análise estatística, as CCS foram transformadas em logaritmos,
obtendo-se os seguintes valores de log da CCS: no período colostral 1.92; no meio da
lactação 1.83 e no período de desmame 2.02. A média do log de CCS do experimento
foi de 2.10 (desvio padrão de 0.29, valor mínimo de 1.35 e máximo de 2.49). Após
ajuste, o coeficiente de variação da CCS foi de 25,46%, valor considerado aceitável
para experimentos com animais (SAMPAIO, 1998).
A avaliação dos resultados de CCS permitiu a observação de um valor superior
durante a fase colostral, possivelmente por uma maior descamação de células somáticas
e encontra-se de acordo com as observações realizadas por outros pesquisadores
(MENZIES, 2000; GONZALO et al.,1994).
Nas condições estudadas, 85,4% das ovelhas encontrava-se em uma faixa de
CCS abaixo de 500.000 células/ ml, 8,06% das ovelhas apresentaram CCS entre
500.001 a 750.000 células/ ml, 2,1% apresentaram CCS compreendidas entre 750.001 a
1.050.000 e 4,31% apresentaram CCS acima de 1.050.001. As concentrações inferiores
a 500.000 células/ ml obtidas na maioria das ovelhas avaliadas não invalidam a
existência de mastite.
É possível que essa predominância de baixas contagens possa ter sido
influenciada pelo fato das ovelhas avaliadas serem primíparas e ou pela execução das
32
coletas durante o período da segunda ordenha (mamada), fatores estes observados por
Menzies (2000). Os resultados de baixa CCS concordam com os valores encontrados
para ovelhas com aptidão leiteira por Brito (2004) de 171.000 a 370.600 células por ml,
entretanto, são bem inferiores ao valores relatados por Schalm et al (1971).
Outra possibilidade pode ter sido a utilização como padrão na CCS, de amostras
de leite de vacas, que apesar de garantir um menor custo na realização do teste
(ausência de calibração específica para ovelhas) tem sido discutido por alguns autores
como passíveis de adequação considerando as diferenças fisiológicas em cada espécie
(ZENG e ESCOBAR, 1996). Em importante salientar o custo excessivo em calibrar um
equipamento como o utilizado neste experimento com leite ovino e o fato, em parte
explicado por isso, da não concordância dos laboratórios em realizar essa calibração.
Os resultados obtidos neste experimento encontram-se de acordo com aqueles
encontrados em estudo realizado por Fuente et al (1997), com ovelhas de aptidão
leiteira, nas quais foi verificada uma média de CCS entre 229.000 e 1.000.000 células/
ml. Entretanto, não havia indicações quanto o fator de calibração utilizado.
Apenas o teste de caneca telada não apresentou correlação com o isolamento
bacteriano, nem significância no teste de Qui quadrado a 5%, indicando que nessas
condições experimentais, este teste não deve ser utilizado como indicativo de mastite
em ovelhas da raça Santa Inês.
4. CONCLUSÕES
Mediante as observações realizadas pode-se concluir que os testes de avaliação
física (determinação de escore corporal, balanceamento das glândulas mamárias e
palpação do úbere), os teste de CMT e de CCS são aplicáveis na determinação de
mastite em ovinos da raça Santa Inês nas condições estudadas, com exceção do teste de
caneca telada quando comparados com o isolamento bacteriano.
Uma vez que houve correlação entre os testes de avaliação física e o CMT
quando comparados com a CCS e levando em consideração o menor custo para
execução dos primeiros, estes são mais indicados para a utilização pelos pequenos
produtores. Torna-se necessário estimular o estudo de parâmetros de leite
regionalizados para obtenção de um padrão para ovinos com aptidão para a produção de
carne e estimular pesquisas de métodos de diagnóstico próprios para esta espécie.
5. AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa de Sergipe (FAP-SE -
FAPITEC) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pelo financiamento desta pesquisa (Edital FAP-SE/FUNTEC/MCT/CNPq – Nº
03/2003 – PPP, Processo 03/2003-1-12). Também somos gratos à Embrapa Tabuleiros
Costeiros e à Embrapa Gado de Leite, pela colaboração na execução deste trabalho.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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34
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35
AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DO LEITE NO DECORRER DA
LACTAÇÃO EM OVELHAS SANTA INÊS CRIADAS SOB
SISTEMA SEMI-INTENSIVO EM SERGIPE.
RESUMO
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. Avaliação da composição do leite no decorrer da
lactação em ovelhas Santa Inês criadas sob sistema semi-intensivo em Sergipe. In:_
Aspectos do leite e mastite em ovinos da raça Santa Inês em Sergipe. 2006. Cap. 3
Dissertação de Mestrado em Agroecossistemas – Universidade Federal de Sergipe, São
Cristóvão.
Realizou-se uma pesquisa com ovelhas da raça Santa Inês criadas sob regime semi-
intensivo, no Município de Frei Paulo, Sergipe, com objetivo de verificar a composição
do leite durante diferentes períodos da lactação. Foram investigadas 587 amostras de
leite, obtidas no decorrer de 16 semanas pós parto. O leite foi analisado através de
absorção de infravermelho utilizando-se um processador Bentley® acoplado a um
contador de células somáticas Somacount® 300. Verificou-se que durante o período de
lactação as médias de lactose, proteína, gordura e extrato seco total variaram
significativamente. Os teores de lactose decresceram no decorrer da lactação quando
comparadas com o período de colostro, enquanto os teores de proteína e gordura
aumentaram.
Palavras-chave: Ovelha; Santa Inês; composição do leite; lactose; proteína, gordura;
extrato seco.
36
EVALUATION OF THE MILK´S COMPOSITION ALONG THE
LACTATION IN SANTA INÊS SHEEP RAISED UNDER A SEMI-
INTENSIVE SYSTEM IN SERGIPE.
ABSTRACT
OLIVEIRA, Vera Lúcia Miñan de. Evaluation of the milk’ s composition along the
lactation in Santa Inês ewes raised under a semi-intensive system in Sergipe. In: _
Aspects of the milk and mastitis in Santa Ines ewes in the state of Sergipe, Brazil. 2006.
Chap. 3, Thesis, Masters of Science in Agroecosystems – Universidade Federal de
Sergipe, São Cristóvão, Sergipe.
It was performed a research with sheep of the Santa Inês breed raised under a semi-
intensive system, in Frei Paulo county, Sergipe, with the aim to verify the milk’s
composition during different lactation periods. It had been studied 587 milk samples,
obtained during 16 weeks after the postpartum. The milk was analyzed through infra-
red ray absorption using a Bentley® processor connected to a somatic cells accountant
Somacount® 300. It was verified that during the lactation period the averages of
lactose, protein, fat and total dry extract had varied significantly. The lactose contents
decreased during the lactation when compared with the colostrums period, while the
protein and fat contents increased.
Key-word: Sheep; Saint Inês; milk’s composition; lactose; protein, fat; dry extract.
37
1. INTRODUÇÃO
A criação de ovinos leiteiros é uma atividade de cunho sócio-econômico,
responsável pela manutenção de milhares de famílias. A produção mundial de leite é
estimada em 7,8 milhões de litros/ano, sendo a maior produção concentrada nos países
do Mediterrâneo e Península Ibérica, onde existe a tradição da fabricação de queijos
finos e produtos lácteos (FAO, 2001).
No Brasil, a criação de ovinos com aptidão para a produção de leite, está mais
concentrada nos Estados da região Sul do país. O leite de ovelha raramente é consumido
na forma líquida, apresentando excelente rendimento para a fabricação de queijos
devido ao alto teor de gordura em sua composição. O iogurte é mais leve e 50% mais
nutritivo que o produzido a partir do leite de vaca e também é indicado como alimento
especial para crianças com intolerância ao leite bovino. Na região Nordeste, a produção
de leite assume papel importante na sustentabilidade da cadeia produtiva de ovino para
corte, visto que, os animais criados nessa região possuem boa aptidão para a produção
da carne. O leite produzido pela ovelha tem a função de fornecer todos os nutrientes
necessários à manutenção e desenvolvimento do cordeiro, sendo essencial nos primeiros
meses de vida, quando o animal passa a ser capaz de se alimentar sozinho e
gradativamente e o leite passa a ser substituído por outros tipos de alimentos, como
volumosos e rações (COUTINHO E SILVA, 1989; COIMBRA FILHO, 1992;
GODFREY e COLINS, 1997).
O leite, também mantém a saúde dos cordeiros, reduzindo a taxa de mortalidade
e a idade de desmame (para 45 a 52 dias) quando fornecido de forma adequada
(FIGUEIRÓ e BENEVIDES, 1990). Há diminuição da idade de abate (em torno de 60
dias) garantindo características na carne desejáveis pelos consumidores finais, tais como
menor quantidade de gordura e maciez (BRESSAN, 2001).
A qualidade do leite produzido é altamente influenciada pela saúde da glândula
mamária (FUENTE, 1998). Especialmente, as ovelhas Santa Inês parecem ser mais
susceptíveis a mastite devido a sua alta capacidade de produção de leite (descendência
da raça Bergamáscia) associada a realização de desmame precoce, por exigência do
mercado consumidor e da falta de cuidados higiênico-sanitários nas criações,
geralmente extensivas (BAGLEY, 1968).
Assim, este trabalho teve como objetivo a avaliação da composição do leite de
ovelhas Santa Inês criados sob sistema semi-extensivo, no município de Frei Paulo,
Sergipe, analisando particularmente os teores de lactose, proteína, gordura e extrato
seco total, no decorrer de 16 semanas de lactação com o propósito de se conhecer
características do leite desta raça de aptidão para corte.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado na Estação Experimental Pedro Arle (EMBRAPA
Tabuleiros Costeiros) que está localizada no Povoado de Queimadas, município de Frei
Paulo, em Sergipe. A referida Estação Experimental pertence à microrregião de Carira e
a mesorregião do Sertão Sergipano, apresentando geograficamente, limites com os
municípios de Ribeirópolis, Itabaiana, Macambira, Pinhão e Carira, perfazendo uma
área com cerca de 406,08 km². Esta situada sob as coordenadas geográficas de
10º33’04” de latitude e 37º32’00’’ de longitude e apresentando clima megatérmico
semi-árido, com temperatura média anual de 24,5ºC e precipitação pluviométrica média
anual de 832,4 mm
3
. A região também pertence à bacia hidrográfica composta pelo Rio
Sergipe e pelo Rio Salgado. A vegetação existente é a de capoeira e caatinga, sendo o
38
solo tipo podzólico vermelho amarelo, apresentando aptidão que varia de boa a regular
para lavouras e restrita para pastagens naturais (SEPLANTEC, 1997).
O rebanho da estação experimental, no período de pesquisa era composto por
1.284 ovinos da raça Santa Inês, distribuídos entre reprodutores, fêmeas adultas e
cordeiros. O sistema de criação é o de semi-confinamento, onde os animais eram soltos
em pastos e piquetes de capim Pangola (Digitaria decumbens), pastagens naturais de
capim Búfel (Cenchrus ciliaris), suplementadas com Leucena (Leucaena
leucocephala), silagem e concentrado. Os animais adultos permaneciam no pasto
durante o dia separados dos cordeiros e reunidos no período da tarde, ocasião na qual
recebiam a suplementação.
Deste rebanho, foram selecionadas aleatoriamente 40 fêmeas primíparas, de
acordo com Sampaio (1998). Seguindo o manejo habitual da estação experimental.
Assim, realizou-se a estação de monta no período de janeiro a fevereiro de 2004, com
consequente período de parição entre 19 a 21 de junho e todas as ovelhas selecionadas
apresentaram parto simples. As ovelhas utilizadas no experimento foram identificadas
por numeração individual por meio de colar diferenciado colorido (ANEXO I), com a
finalidade de facilitar a localização dos animais do experimento, já que estes
permaneceram junto com as demais matrizes da fazenda.
O experimento teve a duração de 16 semanas, compreendendo um período de
coletas e observações. O primeiro passo para realização da coleta, de acordo com o
protocolo estabelecido por Fonseca e Santos (2000), foi a verificação do número de
identificação dos animais seguida da lavagem das mãos do ordenhador e do úbere das
ovelhas com água e sabão, aplicação de álcool a 70 % e secagem com papel toalha.
Somente após a total secagem do úbere, se procedia a ordenha para a realização da
coleta do leite, em tubo plástico, com capacidade de 40ml contendo uma pastilha de
dicromato de potássio a 0,05%. As amostras foram acondicionadas em caixa isotérmica,
contendo gelo reciclável e encaminhado ao Laboratório da EMBRAPA Gado de Leite,
em Juiz de Fora, Minas Gerais. As análises foram realizadas no processador BENTLEY
2000 ®, acoplado ao SOMACOUNT 300 ®, através da técnica de absorção
infravermelha (Bentley Instruments Incorporatated, Minnesota, USA).
As análises estatísticas foram realizadas através de teste de comparação de
médias Teste de Tuckey e Teste F e os desvios padrão efetuados através do “software”
“SAS – Statistical Analyses System. SAS Institute Inc. Care, NC. USA, versão 8.01
release 8.01 versão for windows 4102222 licensed to SAS Institute Brasil”.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das análises dos teores de proteína, gordura, lactose e extrato seco
total, das 587 amostras de leite de ovelhas hígidas da raça Santa Inês, encontram-se
reunidos na Tabela 1. Observa-se que os teores de lactose decresceram de maneira
significativa, quando comparados com os encontrados no início da lactação,
concordando com os achados de Snowder e Glimp (1991), que relataram a queda do
teor de lactose a partir do 28º dia de lactação e com os verificados por Assenat (1991)
que também indicaram a diminuição da lactose de 5% para 4,2% no período final da
lactação.
39
TABELA 1. Comparação de médias entre os teores de gordura, proteína, lactose, extrato
seco e log de CCS do leite de ovelhas da raça Santa Inês, criadas sob sistema semi-
extensivo, no município de Frei Paulo, Sergipe, pelo teste de Tuckey a 1% de
probabilidade
.
Período Gordura Proteína Lactose Extrato
seco
log
CCS
colostro 4,82 a 5,89 a 4,71 a 16,66 a 1,92 a
In.lact. 3,59 b 4,79 b 4,93 ab 14,56 b 1,83 a
lactação 6,74 c 5,3 c 4,56 b 17,66 c 2,18 b
desmame 9,51 d 6,6 d 3,56 c 21,24 d 2,20 b
c.v. 33,87 16,36 11,74 14,06 25,46
Médias seguidas da mesma letra, da mesma letra, não diferem significativamente entre si, pelo teste de Tuckey na
probabilidade adotado.
O coeficiente de variação do experimento encontra-se dentro do estabelecido
como aceitável por Sampaio (1998). Na análise de variância, o valor médio de lactose
encontrado foi de 4,5%, apresentando um R² de 0,33 e coeficiente de variação de 11.74.
Em ovelhas da raça Corriedale, de aptidão leiteira, os valores médios encontrados
foram de 5,27% e em ovelhas da raça Lacaune, de aptidão mista, foi de 4.60%
(KREMER et al, 1996; BRITO, 2003).
Para a gordura, na análise da variância as porcentagens médias do experimento,
foram de 6.45% (R² = 0.35 e coeficiente de variação de 33,87%). O teor de gordura
variou de maneira inversamente proporcional ao log das células somáticas do leite.
Estudos indicaram a variação de porcentagem de teores de gordura entre 5,97 até 8,38%
no decorrer do período de lactação (ASSENAT, 1991). Já em ovelhas com aptidão
mista, foram relatadas variações de 5,3% a 7,8% (BRITO, 2003).
O teor de extrato seco total depende muito do teor de gordura. Neste
experimento o teor de extrato seco total oscilou de 16,66 para 21,24% nos períodos de
colostro e desmame respectivamente. O valor médio do extrato seco total foi de 17,71%
apresentando na análise de variância um R² de 0,32 e um coeficiente de variação de
25.46. Os valores médios de extrato seco encontrados no leite de ovelhas da raça Santa
Inês são inferiores aos encontrados em ovelhas com aptidão leiteira, de 19,1%
(ALVARENGA, 2000) e superior ao valor médio de extrato seco total em ovelhas de
aptidão mista da raça Lacaune (BRITO, 2003).
A concentração em porcentagem de proteína média, apresentada na análise da
variância, foi de 5,49 (R² = 0,28 e coeficiente de variação de 16,36), enquanto que
estudos realizados com ovelhas de aptidão leiteira e mista, apontaram médias de
proteína variando de 4,87 a 6% e de 3,8 a 5% respectivamente (ASSENAT, 1991;
BRITO, 2003). Comparando-se, através da análise da variância, obteve-se nas
condições do experimento um teor de proteína superior aos encontrados na raça leiteira
e com aptidão mista, indicando que possivelmente, a depender do sistema de criação, o
leite de ovelhas da raça Santa Inês poderá ser útil para outras finalidades como
fabricação de produtos lácteos.
Comparando-se o escore corporal médio das fêmeas no inicio da lactação
(FIGURA 1), verificou-se escores entre 2,83 com desvio padrão de 0,89 e no período de
desmame as fêmeas apresentavam um escore médio de 1,73 com desvio padrão de 0,25.
Os valores do escore apresentavam-se inversamente proporcional ás concentrações de
proteína e gordura. As ovelhas deste experimento, possivelmente pelas condições
inerentes a raça das ovelhas aqui estudadas, apresentaram um escore corporal abaixo do
40
encontrado por Baertsch (1988), para raças leiteiras, que apresentou um escore médio
de 2.5.
Teores de gordura, protna, lactose, extratos secos
0
5
10
15
20
25
1234567891011121314151617
Semanas
Porcentagem
gord
Prot
lact
es
scorp
GRAFICO 1. Variação média dos teores em porcentagem de proteína, lactose, gordura e extrato
seco total
do leite de ovelhas da raça Santa Inês, criadas sob sistema semi-extensivo, no município de Frei
Paulo, Sergipe, no decorrer da lactação.
Quanto os valores médios do log da CCS, nas condições estudadas, verificou-se
um aumento fisiológico no início e no final da lactação concordando com achados de
Gonzalo et al (1994) sem contudo, houvesse indicação de presença da mastite, já que os
isolamentos bacteriológicos foram considerados negativos, tendo em vista que para
obtenção de parâmetros do leite foram computados nas análises de variância somente
as amostras negativas para o isolamento bacteriológico. As médias de CCS (log) ao
longo da lactação foram: 2.10, R²= 0,6 e CV=25.46%. Devido ao aumento fisiológico
das células somáticas no leite, as interpretações de métodos de diagnóstico baseados na
presença de células de defesa no leite, como o CMT e a CCS, devem ser feitas de
maneira criteriosa, conjugando os resultados obtidos com o isolamento bacteriano.
4. CONCLUSÕES
A partir das analises realizadas no leite de ovelhas da raça Santa Inês, criadas
sob sistema semi-extensivo, no município de Frei Paulo, Sergipe, verificou-se que
durante o período de lactação as médias de lactose, proteína, gordura e extrato seco
total variaram significativamente. Particularmente os teores de lactose decresceram no
decorrer da lactação quando comparadas com o período de colostro, enquanto os teores
de proteína e gordura aumentaram.
5. AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Fundação de Amparo à Pesquisa de Sergipe (FAP-SE /
FAPITEC) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) pelo financiamento desta pesquisa (Edital FAP-SE/FUNTEC/MCT/CNPq – Nº
03/2003 – PPP, Processo 03/2003-1-12). Também somos gratos à Embrapa Tabuleiros
Costeiros e à Embrapa Gado de Leite, pela colaboração na execução deste trabalho.
41
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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43
CAPÍTULO 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
44
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As informações reunidas e obtidas através desse trabalho permitem considerar
que:
A ovinocultura no mundo vem sendo implementada como alternativa para
solucionar os problemas da fome e pobreza. Representa uma possibilidade de geração
de empregos, agregação de renda ao pequeno produtor;
A criação de ovinos é atividade importante para a manutenção, em condições
dignas, dos aglomerados consangüíneos da agricultura familiar;
A ovinocultura é uma atividade que se adapta bem aos princípios da
sustentabilidade rural, podendo até mesmo ser desenvolvida em moldes agroecológicos;
O desenvolvimento da ovinocultura, com incentivos governamentais, de
fortalecimento da agricultura familiar, pode garantir a sustentabilidade da produção
rural;
Os rebanhos ovinos do estado de Sergipe apresentam, na sua maioria, problemas
estruturais como baixa tecnologia, falta de informação do produtor e problemas
sanitários, sendo a mastite o principal deles;
O conhecimento de métodos de diagnóstico ágeis, eficazes e com custo
compatível aos produtores permitiria o melhor controle da mastite e a determinação dos
principais agentes etiológicos envolvidos possibilitaria a orientação correta, de manejo
e tratamento, evitando gastos desnecessários ao produtor;
O agente etiológico mais isolado nesse trabalho foi o Staphylococcus aureus,
sugerindo mastite do tipo contagiosa;
O exame físico, com observação das glândulas mamárias, palpação associada a
uma adequada anamnese e o CMT, fornecem bons indicativos da presença da
enfermidade com baixo custo financeiro;
O teste da caneca telada como meio de diagnóstico da mastite, nas condições
estudadas não apresentou resultados seguros para detecção da mastite clínica ovina;
O período crítico para o aparecimento da mastite nas ovelhas Santa Inês, nas
condições estudadas é a 3ª e 4ª semanas após o parto;
Durante os estágios da lactação, os teores de proteína, lactose, gordura e extrato
seco total variaram significativamente. Os teores de lactose decresceram no decorrer da
lactação, enquanto os teores de proteína e gordura aumentaram.
Estudos regionalizados sobre a atividade da ovinocultura devem ser
incentivados.
45
CAPÍTULO 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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50
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2004;
51
ANEXO 1
52
Aspectos dos experimentos realizados na Estação Experimental de
Queimadas, em Frei Paulo Sergipe.
Figura 1. Animal utilizado nos experimentos e identificado com colar colorido (Frei
Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
Figura 2. Placa de identificação dos animais, por numeração (Frei Paulo – SE, 2004.
Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
3.3 Exame físico do úbere
Figura 3. Úbere normal de uma das ovelhas estudadas nos experimentos (Frei Paulo –
SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
53
Figura 4. Aspectos do local de coleta do leite das ovelhas estudadas (Frei Paulo – SE,
2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
Figura 5. Aspectos da desinfecção das mãos do ordenhador antes da coleta das amostras
de leite (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA
CPATC).
Figura 6. Aspectos da desinfecção das tetas antes da coleta das amostras de leite (Frei
Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
54
Figura 7. Aspectos da utilização de papel toalha para secagem das tetas, antes da coleta
das amostras de leite (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe –
EMBRAPA CPATC).
Figura 8: Realização do teste da Caneca Telada em um animal experimental (Frei Paulo
– SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
Figura 9. Aspectos do teste da Caneca Telada, contendo grumos e leite gelatinoso, em
um animal experimental (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe –
EMBRAPA CPATC).
55
Figura 10. Coleta do leite na bandeja do CMT (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade
Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
Figura 11. Aspectos da realização do teste de CMT: adicionamento do detergente
aniônico (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA
CPATC).
Figura 12. Aspectos da realização do teste de CMT: observação dos resultados do CMT:
a amostra superior apresenta-se gelatinosa (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal
de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
56
Figura 13. Coleta da amostra de leite para CCS. (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade
Federal de Sergipe – EMBRAPA CPATC).
Figura 14. Frasco contendo a amostra de leite e dicromato de potássio para a realização
da CCS. (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe –
EMBRAPA,CPATC).
Figura 15. Frasco contendo a amostra de leite para a realização da cultura
bacteriológica. (Frei Paulo – SE, 2004. Universidade Federal de Sergipe – EMBRAPA
CPATC).
57
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