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imagens, valores e compromissos diferentes, para formar a nova personalidade.
190
Norbert Mette, citando G. Bussmann, no tópico “Aprender a fé no decorrer da vida”,
comenta que o desenvolvimento da fé é um processo que se completa “‘durante a
vida inteira sobre experiências críticas, da primeira infância à madura idade adulta, e
que abrange todo o desenvolvimento da personalidade’”, bem assim “dirige-se de
uma progressiva descentralização da visão de mundo, ainda egocêntrica na primeira
infância, até a formação de um ponto de vista universal”.
191
Por último, cabe destacar a visão de Neighbour acerca do discipulador. A
ideia do plano de ensino é tornar o membro discipulador sem que antes possa ser
um discípulo. Tudo acontece rápido, o tempo de ser discípulo é de apenas duas
estações (livretes 2 e 3). Este aspecto é notado na lição de Neighbour quando revela
sua visão de discipulador, cujo trecho já foi mencionado neste trabalho.
192
Não há
tempo para o indivíduo se desenvolver e amadurecer enquanto recém-convertido.
Isto remete aos conceitos desenvolvidos por Fowler referentes aos estágios da fé.
Uma vez que ser discípulo de Jesus perpassa a visão de discipulado da visão
celular, envolve ser e fazer. Ser, na condição de nascido de novo, novo ser humano,
consciente dessa condição e obediente. Fazer, no sentido, como já visto em tópico
anterior deste trabalho, de estar preparado para ensinar, o que necessita de
competências, aprendidas no aprender a conhecer, no aprender a viver juntos,
dominando os instrumentos dos saberes, conhecedor de Deus, de si mesmo, ante o
estudo da Palavra e nela capacitado. Tudo isso, contrário ao ensinado pelo
movimento celular, amolda-se à proposta de educação cristã reformada, ensinada
por Jesus e vivenciada pela Igreja Primitiva, de formação universal para toda a vida.
A educação cristã, portanto, não é vista como um processo com fases encadeadas e
interativas e interdependentes de transformação do ser de dentro para fora.
En passante, a Igreja é parte desse processo. Ela é responsável por uma
educação nesse patamar. É a doadora, por excelência, de pessoas à comunidade
com competências conseguidas através dos referidos pilares capazes de conviver
em um ambiente plural e relativista, sem perder de vista: a missão maior,
evangelização; a natureza do ser humano; e a visão de si mesmo, como agência do
190
Os estágios da fé descritos por Fowler são: primeira fé, fé intuitivo-projetiva, fé mítico-literal, fé
sintético-convencional, fé individuativo-reflexiva, fé conjuntiva e fé universalizante.
191
METTE, Norbert. Pedagogia da religião. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 168.
192
NEIGHBOUR Jr., 2005, Livro 4, p. 120.