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EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: NOTAS SOBRE A APRENDIZAGEM
PROFISSIONAL À DISTÂNCIA
Fernando Ferreira de Mello Jr. *
Luis Moretto Neto *
Luiz Salgado Klaes *
RESUMO
O texto evidencia o papel potencial da EAD — Educação à Distância no âmbito
da aprendizagem profissional no Brasil. Aponta a legitimação da EAD em foros
internacionais e a progressiva superação de preconceitos. Argumenta que novos estudos
administrativos enfatizam as relações entre o capital humano e a longevidade das
organizações que aprendem. Observa que a educação permanente tem "locus" privilegiado
no próprio ambiente de trabalho e que este fato é importante vetor para a expansão da
educação profissional à distância. Indica a assimilação irreversível do modo à distância
nas ações das agências de aprendizagem profissional. Defende a formulação de uma
política pública nacional de EAD com ênfase na aprendizagem profissional, contando
com a integração e os recursos de natureza tributátia hoje arrecadados por agências geridas
pela representação sindical patronal, cujo papel institucional deveria ser revisto.
PALAVRAS — CHAVE
Educação à distância; aprendizagem profissional; organizações de aprendizagem.
ABSTRACT
The text manifests the potential role of DE - Distant Education in the scope of
professional learning in Brasil. It indicates the legitimization of DE on international
forums and the progressive overcome of prejudice.
It infers that new administrative studies emphasizes the relation between human capital
and the longevity of the learning organizations. It observes that permanent education
*Professores do Departamento de Ciências da Administração da Universidade Federal de Santa Catarina e Doutorandos do
P.P.G. em Engenharia de Produção e Sistemas - UFSC
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has a ptivileged "locus" in the working environment itself and this fact is an important
vector to the spread of professional distant education. It indicates an irreversible integration
of the distant way in the professional learning agencies actions. It supports the creation
of a DE national public policy with emphasis on professional learning, counting on the
integration and the resources from tributary nature that are collected today by agencies
managed by the companies syndicate, which institutional role should be reviewed.
KEY WORDS
Distant education, professional learning, learning organizations
1. EAD: LEGITIMAÇÃO E SUPERAÇÃO DE PRECONCEITOS
A comunicação por meios tecnológicos, alguns dotados de interatividade e com
custos decrescentes, propicia a oportunidade para uma ação coletiva, quase planetária,
de resgate ampliado da condição humana através da democratização do acesso ao
conhecimento dirigido à cidadania e ao trabalho.
Nesta senda, a EAD não é panacéia. Contudo, se for concebida como ação
educacional sistematizada, democraticamente estruturada, que aproxime as pessoas pelo
conhecimento, e sustente um processo de educação permanente, poderá reduzir as
distâncias sociais e econômicas entre as pessoas.
O informe preparado pela Comissão Internacional sobre a Educação para o Século
XXI, apresentado na Conferência Mundial da UNESCO realizada em outubro de 1998,
em Paris, enfatiza que:
"O desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação devem dar suporte
para reflexão geral sobre o acesso ao conhecimento no mundo de amanhã"
(DELORS, 1998).
A Comissão recomenda expressamente:
a diversificação e o melhoramento da educação à distância mediante o uso das
novas tecnologias;
maior utilização destas tecnologias no âmbito da educação de adultos,
especialmente para a formação continuada do pessoal docente;
c) o fortalecimento das infra-estruturas e capacidades de cada país, no tocante ao
desenvolvimento da educação à distância, assim como a difusão dessas tecnologias no
conjunto da sociedade.
A "Conferência Internacional de Ensino à Distância: paradigma de novo século",
promovida pelo Centro Tecnológico da UFSC — Universidade Federal de Santa Catarina,
sob a coordenação do Laboratório de Ensino à Distância, realizada em Florianópolis, em
setembro de 1998, e o V Congresso Internacional de Educação à Distância, ocorrido em
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São Paulo, numa promoção conjunta da ABED — Associação Brasileira de Educação à
Distância e do SENAC — Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, constituem
eventos emblemáticos do interesse, dos horizontes e dos novos desafios que a relação
"tecnologias de informação e comunicação" e "educação" desperta.
No plano jurídico-formal, o caput do art. 80, da nova lei de diretrizes e bases para
a educação nacional (Lei n° 9394/96), introduziu norma programática, ao dispor que
"o
poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino à distância,
em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada."
Fruto da regulamentação expressa no Decreto 2.494, de 10.02.98, é possível que
as iniciativas públicas e também privadas de EAD venham a se expandir rapidamente
no Brasil.
Por estas breves observações, verifica-se que estamos terminando o século vencendo
uma das barreiras mais fortes colocadas à educação à distância: a do preconceito. A
legitimação social e o irreversível reconhecimento institucional de suas possibilidades
vieram do persistente pioneirismo do ensino por correspondência, passando pelo rádio, e
consolidaram-se definitivamente com o advento das tecnologias dotadas de interatividade.
E a revolução maior ainda está por vir, mas não tardará, com a incorporação plena da
realidade virtual no processo de aprendizagem, o que alavancará ainda mais a EAD.
2. APRENDIZAGEM PROFISSIONAL À DISTÂNCIA:
A OPORTUNIDADE DE UMA POLÍTICA NACIONAL
Parece também ser pensamento dominante que o caminho para o desenvolvimento
sustentado, associado ao modo democrático do viver em sociedade, passa necessariamente
pela educação proporcionada a todos, estimuladora do exercício da cidadania e capaz
de habilitar as pessoas para o mundo do trabalho.
A questão recorrente então é: como modelar um sistema educacional capaz de
atender tais anseios ? E neste passo: que modelos organizacionais e de gestão seriam
adequados para alavancas a educação nacional ? Que papel pode ser atribuído às novas
tecnologias a serviço da educação ? Como financiá-la ?
O quadro social é desalentador: a sociedade brasileira ingressa no novo milênio
marcada pelas desigualdades sociais e de renda, tanto no plano pessoal/familiar como no
plano espacial/regional. Milhões de brasileiros continuam excluídos da modernidade e
sem perspectiva de acesso a serviços sociais e de infra-estrutura básicos.
Também a denominada crise fiscal do Estado brasileiro, agravada mais
recentemente pelas politicas conjunturais para estabilização dos preços e de tentativa de
preservação do valor da moeda, aponta na direção de dificuldades crescentes no âmbito
do setor público para ampliar sua participação no financiamento da educação nacional.
Assim, para que o país não perca a oportunidade de dar um "salto para o futuro"
valendo-se da tecnologia a serviço da educação, a resposta pode estar, inicialmente, na
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formulação de uma política nacional de educação à distância com ênfase na aprendizagem
profissional e que envolva eficaz parceria entre o setor público (as três esferas de governo),
o segmento empresarial e as organizações do terceiro setor ligadas à educação. Uma
política de educação à distância que afaste os preconceitos residuais, rompa com o
maniqueísmo, com a descoordenação, com a duplicidade de esforços e desperdício de
recursos. Para tanto se requer vontade política e ação administrativa com metas, prazos,
alocação de recursos, e atribuição clara de responsabilidades; enfim, o estabelecimento
de uma politica pública nacional (diferente de uma política estatal! ) para a educação
profissional que integre o Estado, as empresas e organizações de aprendizagem profissional
do terceiro setor.
A inovação tecnológica e o acirramento da competição num mercado globalizado
ampliaram a seletividade e as exigências de capacitação para o ingresso e permanência
no mundo do trabalho, tanto para empregos formais como para o desempenho de outras
atividades laborais geradoras de renda (MENEZES ,1997). É notável a demanda por
pessoas portadoras de conhecimentos e habilidades que a escola tradicional não tem a
capacidade de proporcionar. Do mesmo modo, a formação para o trabalho num ambiente
de inovação tecnológica freqüente, acelerada, implica numa concepção de educação
continuada para o ser humano, e esta responsabilidade está longe de poder ser atribuída
à escola tradicional. Na expressão de GASS (1993), "parece se formar novo consenso de
que o objetivo da escola não é mais fornecer um
produto acabado
para a indústria."
Contudo, nem mesmo a noção taylorista da divisão racional do trabalho, reservando-
se à escola a formação geral e à empresa a formação profissional específica, parece
sustentar-se. A escola não pode estar divorciada, alienada, do meio em que os aprendizes
deverão encontrar sua realização profissional, assim como às empresas não é mais
suficiente
treinar mão-de-obra
em processos e rotinas como pseudo-máquinas. Portanto,
cresce a necessidade de alianças estratégicas entre o mundo acadêmico e as empresas,
o que pode ocorrer agora em larga escala por meio de processos de educação à distância
(HANNA,1998).
Parece evidente que na realidade brasileira melhor será construir estas alianças no
âmbito de uma política nacional dirigida para a formação profissional; vale dizer, dirigida
para a educação continuada.
3. EAD: SUPORTE PARA AS ORGANIZAÇÕES QUE APRENDEM
Trazer para dentro da organização capital intelectual movido pela criatividade,
iniciativa, ética da convicção, enfim, incorporar as dimensões do ser humano esquecidas
no modelo racional/burocrático, compõe hoje a agenda de estudos na fronteira do
conhecimento administrativo (SENGE, 1990).
Esta nova visão de gestão de pessoas (e não de mão-de-obra) está em sintonia
com os desenvolvimentos recentes da aplicação da teoria de sistemas às organizações
o amorro oz alma DA Acwournt,43
46
complexas. Daí emergiu a concepção de que as organizações que aprendem são capazes
de enfrentar melhor os desafios do ambiente incerto, ganhar vantagens competitivas e
assegurar longevidade (GEUS, 1998).
A compreensão das novas forças e estratégias que vão mover as organizações na
alvorada do milênio permite deduzir que o futuro ambiente de trabalho (que em
determinados setores poderá ser a própria casa do colaborador) associará a função de
produção de bens e serviços com a função de aprendizagem continuada. Este novo
paradigma organizacional se integra com perfeição às novas perspectivas colocadas à
educação em geral e tem como suporte a incorporação das novas tecnologias da informação
e comunicação, pois estas viabilizam a reconstrução do conhecimento (aprendizagem)
em espaço físico distinto dos agentes facilitadores e emissores de conhecimento (ensino).
Construindo então parcerias com agências dotadas de credibilidade e com atuação
sob a égide de princípios éticos, as empresas terão ganhos evidentes, pois, trabalhando o
estado da arte,
podem de imediato contrastar com o conhecimento tácito que praticam e
assim construir a síntese inovadora, capaz de rejuvenescer o empreendimento assegurando-
lhe longevidade (GEUS,1998). Em última análise, trata-se de no mesmo espaço e no
mesmo tempo fazer convergir teoria e prática, mediadas por tecnologias de informação e
comunicação apropriadas.
Neste contexto de mudanças, algumas agências nacionais de formação, capacitação
e aperfeiçoamento do homem para o mundo do trabalho têm buscado caminhos para
adaptarem-se à nova ordem.
4. A QUESTÃO DOS RECURSOS DE NATUREZA TRIBUTÁRIA
PARA AS AGÊNCIAS DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL
No Brasil, parcela expressiva da preparação e orientação de profissionais de nível
médio para a indústria e o setor de serviços vem sendo satisfeita por um mecanismo que
associa gestão privada com financiamento de natureza tributária. Estes recursos são
recolhidos sob a forma de encargo compulsório, a base de cálculo é a folha de pagamentos,
a empresa é o contribuinte de direito e o consumidor o contribuinte de fato.
Assim, SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, SENAI - Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial, e, mais recentemente, o SENAT - Serviço Nacional
de Aprendizagem do Transporte e o SEBRAE, são agências sob direção executiva das
entidades sindicais patronais, portanto integrantes do 3° Setor (ou seriam privadas ?),
porém mantidas por contribuição compulsória (recolhida com a contribuição
previdenciária) das empresas do respectivo segmento. Estas entidades complementam
ainda suas receitas mediante cobrança de valores que recuperam parcialmente os custos
dos serviços que oferecem.
As discussões freqüentes no seio do empresariado sobre o chamado "custo Brasil",
e
mais particularmente sobre o excesso de encargos associados
à contratação de
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empregados, e nele estão contidas estas contribuições compulsórias antes mencionadas,
criam um clima de instabilidade para estes sistemas de aprendizagem profissional que
afeta diretamente a escolha de cursos alternativos de ação. Assim, diferentemente de
anos passados, verifica-se hoje uma tendência de buscar caminhos de autofinanciamento,
mediante aplicação de taxas e cobrança do aprendiz, das empresas diretamente
beneficiárias, ou conciliando a sua produção privada de serviços com provisão pública
de recursos mediante a cobertura de custos com fundos carreados dos orçamentos da
União, Estados e Municípios, mediante convênios específicos.
A proposta simplista de supressão destas contribuições, se de um lado significa
redução de carga tributária, de outro provoca uma simultânea e equivalente redução dos
recursos destinados compulsoriamente à educação no país, e subjacente ainda traz o
risco de tornar ociosa ou desativada importante infra-estrutura fisica e capacitação técnica,
suportes, ambas, de uma boa experiência de educação profissional e de educação
continuada, tanto no modo presencial como à distância.
Assim, o foco das discussões necessita ser reorientado. A ação destas agências,
embora sem sistemática avaliação externa (controle social) das relações custo/beneficio,
tem boa aceitação nas comunidades. E em muitos locais constituem a única fonte de
transmissão organizada de saber profissionalizante.
Então, para otimizar os recursos sociais, obter eficácia e efetividade de um
verdadeiro
sistema educacional voltado para o desenvolvimento do país, a equação da
questão passa por integrar formalmente a ação destas agências numa política educacional
nacional, onde por suas peculiaridades poderiam ser destacadas executoras do
desenvolvimento da educação para a cidadania e para o trabalho no modo à distância,
inclusive.
O SENAC, por exemplo, com forte tradição no modo presencial e com atividades
descentralizadas e relativamente autônomas em suas unidades regionais, tem recebido
de sua Direção Nacional estímulos para incorporar a educação a distância nos seus
programas de trabalho. A educação à distância foi considerada uma questão estratégica
para a instituição, por três razões:
econômicas : escala na prestação de serviços;
potencial de contribuição para divulgação institucional;
c) integração no "modelo SENAC de formação profissional".
Como se depara, a motivação estratégica para a educação à distância ainda está
associada a uma visão corporativa, quando muito setorial, portanto relativamente
enclausurada, e não na perspectiva de uma política educacional para o país. Isto seria até
compreensível se não houvesse recursos de natureza tributária envolvidos. O fato, todavia,
é
que estas agências não estatais vêm cumprindo, ao seu modo, o papel de suprir carências
deixadas pelas estruturas formais de ensino por insuficiência e/ou ineficácia de oferta.
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Entretanto, a contribuição compulsória é um tema não resolvido.
5. A IRREVERSÍVEL ASSIMILAÇÃO
DA EAD PELAS AGÊNCIAS DE APRENDIZAGEM PROFISSIONAL
As maiores agências não governamentais brasileiras de aprendizagem profissional,
SENAC e SENAI (não é o caso do SENAT, que, criado em 1993 e em razão de seu
público alvo, logo assumiu a EAD como prioridade), têm ainda uma atuação incipiente
no modo à distância, quando comparadas com sua experiência presencial. Entretanto, a
leitura do ambiente com que interagem mostra forças em movimento que apontam para
a adoção, sem retorno, da EAD nesta área, pois:
há forte demanda de qualificação e requalificação profissional no mercado de
trabalho (DEMO, 1997);
cresce a demanda de aprendizagem permanente no ambiente das organizações,
tanto públicas como privadas;
é
pensamento dominante que ingressamos na era do conhecimento (SVEIBY,
1998); portanto, uma estratégia de desenvolvimento nacional requer fundamento na
educação e o modo à distância, lembrando Proust, pode ser
o tempo redescoberto
desde que
se vá
em busca do tempo perdido;
a total exposição da economia brasileira (e também da cultura !) à competição
internacional torna obrigatória uma equalização e realinhamento dos serviços
educacionais;
o marco legal deixa de ser impeditivo e abre os caminhos para a EAD formal e
certificada;
a infra-estrutura brasileira de telecomunicações é boa e espera-se que as recentes
privatizações alavanquem investimentos no setor;
a expansão das atividades de educação pelas agências profissionalizantes legitima
a arrecadação das contribuições compulsórias vigentes;
o preconceito vai deixando de ser barreira significativa, à medida em que as
modernas tecnologias vão sendo apropriadas pela EAD;
é inequívoco o aval e estímulo dos organismos internacionais de educação e
cultura;
o déficit educacional brasileiro é muito grande para ser recoberto exclusivamente
pelo ensino presencial;
é bom o nível técnico dos profissionais brasileiros ligados às tecnologias de
comunicação e informação atuando no setor empresarial (TV's, estúdios de produção,
agências de criação, mídia impressa, rádio, etc.) e capazes de serem incorporados a um
esforço no campo educacional.
O entusiasmo, todavia, não deve ceder lugar à precipitação. Embora necessária
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4
49
uma avaliação mais rigorosa, que vai além do escopo deste trabalho, percebem-se casos
em que se tratou de encontrar uma solução tecnológica adequada. Porém, a formação
profissional parece ser de corte taylorista, padronizada, relativamente homogeneizante,
que contrasta com as visões mais modernas do processo de aprendizagem, que
privilegiam a criatividade, o saber pensar, a construção em equipe, a adequação de
conteúdos às especificidades da empresa, e menos as rotinas, o treinamento, o aprender
para a tarefa.
É necessário que as agências executoras pratiquem efetivamente novos princípios,
métodos e conteúdos, sintonizados com a preparação das pessoas para enfrentar as
incertezas e o caráter mutante da era do conhecimento, portanto com maior capacidade
de adaptabilidade e flexibilidade. Para trilhar o caminho do êxito, devem evitar o ensino
autoritário, o ensino massificante, o ensino industrializado, o ensino consumista, o ensino
institucionalizado, segundo a categorização de riscos enunciada por GUTIERREZ e
PRIETO (1994).
Não se trata de embrulhar velhas e superadas práticas de ensino em sofisticada
tecnologia (EASTMOND, 1994); (SARAIVA, 1995). As ações de EAD não se confundem
com o uso do aparato tecnológico. A tecnologia tem caráter instrumental e de mediação.
E tem limites. A educação à distância pressupõe uma interação entre sujeitos: sujeitos de
aprendizagem, sujeitos facilitadores, sujeitos sistematizadores do conhecimento. E estes,
a rigor, não têm limites.
Assim, mesmo que se avalie positivamente o balanço dos fatores ambientais que
envolvem a EAD como nicho potencial, o êxito das agências de aprendizagem profissional
vai depender dos fundamentos, princípios e conceitos que elegerem e da fidelidade com
que os praticarem.
De qualquer forma, a ampla experiência acumulada de ensino presencial, mais os
projetos de EAD já promovidos, formam uma excelente plataforma para a construção,
insistimos, de uma politica de educação continuada como dispõe a nova lei de diretrizes
bases da educação. Uma política de integração, de cooperação, e, sobretudo, nacional.
Seria ingenuidade imaginar facilidades. Sem embargo, no próprio meio acadêmico e nas
estruturas governamentais ainda há segmentos que oferecem fortes resistências ao
desenvolvimento da educa.ção à distância, como expõem BARCIA e VIANNEY (1998).
6. CONCLUSÕES
As empresas que possuem uma visão estratégica de aprendizagem organizacional
os segmentos sociais de renda mais elevada usarão as tecnologias de informação e
comunicação e a EAD para ampliar, valorizar e acumular capital intelectual.
A falta de uma política nacional com ações coordenadas no campo da educação
continuada e profissional pelo modo à distância contribui para que as novas tecnologias
de comunicação e
informação reforcem os desequilíbrios de saber, e, portanto, a exclusão
..,AwrIAWNTO as alrieua e...Amuarmo.
50
I
social. Se o acesso a estes meios depender de ações isoladas ou permanecer no domínio
restrito das classes mais favorecidas economicamente - e aos demais as migalhas - estará
configurado mais um mecanismo excludente sem ação compensatória pública. Assim, urge
disponibilizar programas educacionais e também espaços de uso
comunitário dotados de
tutoria e tecnologia apropriadas para que operem como suporte do amplo espectro de
possibilidades de educação à distância.
Um programa nacional de qualificação permanente das pessoas para o mundo do
trabalho implica repensar o papel institucional das principais agências de aprendizagem
profissional do país, adequando-as administrativa, pedagógica e tecnologicamente para
novas missões, pois a elas pode ser atribuído papel ainda mais relevante do que aquele já
cumprido. Para tanto, é preciso superar a visão corporativa e ir além de suas fronteiras
tradicionais, para integrar suas ações numa aliança estratégica que otimize a ação e os
recursos públicos, e componha um esforço coletivo de superação das nossas desigualdades.
Este pode ser um belo desafio a enfrentar com as armas da educação/aprendizagem
profissional à distância, pois a lógica igualitária que preside os ideais de democracia se
estende à educação enquanto possibilidade de dar a todos oportunidades iguais.
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