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ASPECTOS DA BIOLOGIA DE DYSMICOCCUS TEXENSIS (TINSLEY)
(HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) E SEU CONTROLE COM
NEMATÓIDES ENTOMOPATOGÊNICOS
VIVIANE SANDRA ALVES
2006
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1
VIVIANE SANDRA ALVES
ASPECTOS DA BIOLOGIA DE DYSMICOCCUS TEXENSIS (TINSLEY)
(HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) E SEU CONTROLE COM
NEMATÓIDES ENTOMOPATOGÊNICOS
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-graduação em Agronomia/Entomologia,
área de concentração em Entomologia Agrícola,
para obtenção do título de “Doutor”.
Orientador
Prof. Dr. Alcides Moino Junior
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2006
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2
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Alves, Viviane Sandra
Aspectos da biologia de Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera:
Pseudococcidae) e seu controle com nematóides entomopatogênicos / Viviane
Sandra Alves. – Lavras
: UFLA, 2006.
110 p. : il.
Orientador:
Alcides Moino Junior
.
Tese (Doutorado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro. 2. Biologia. 3. Controle. 4. Nematóide entomopatogênico. I. Universidade
Federal de Lavras. II. Título.
CDD-595.754
3
VIVIANE SANDRA ALVES
ASPECTOS DA BIOLOGIA DE DYSMICOCCUS TEXENSIS (TINSLEY)
(HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) E SEU CONTROLE COM
NEMATÓIDES ENTOMOPATOGÊNICOS
Tese apresentada à Universidade Federal de
Lavras como parte das exigências do Programa
de Pós-graduação em Agronomia/Entomologia,
área de concentração em Entomologia Agrícola,
para obtenção do título de “Doutor”.
APROVADA em 22 de setembro de 2006
Prof. Dr. Pedro Manuel O. J. Neves UEL
Dra. Lenira Viana Costa Santa-Cecília EPAMIG
Prof. Dr. Jair Campos de Moraes UFLA
Prof. Dr. Luis Cláudio Paterno Silveira UFLA
Prof. Dr. Alcides Moino Junior
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
4
“Algumas pessoas passam em nossas vidas e deixam muito de si. Outras,
passam e levam muito da gente.”
Aos amigos de ontem, hoje e principalmente aos que serão sempre!
Ane, Milena, Danila e Fabricia!
Porque os grandes amigos ficam pra sempre, mesmo que não estejam perto da
gente!!!
OFEREÇO
Família ê, Família a... Família!!!
Aos meus pais, Luis e Celestina, pelo apoio incondicional, respeito, confiança e
por todas as lições de vida e amor que me ajudaram a ser quem sou...
Aos meus irmãos, Adriani e Alex, pela força, carinho e admiração...
Amo muito vocês!!!
DEDICO
“Diante da imensidão do tempo e do espaço que existe no mundo,
é bom saber que Deus me colocou ao seu lado no mesmo local e na mesma
fração da existência.”
Ao Fabio, pela compreensão na ausência, apoio no desânimo e esperança de que
dias melhores estavam por vir...
E como valeu a pena esperar!
Obrigada por me amar e por fazer parte da minha vida.
5
AGRADECIMENTOS
Ao professor Alcides Moino Junior pela orientação, apoio, confiança,
paciência e principalmente pela amizade.
À pesquisadora Lenira Viana Costa Santa-Cecilia da EPAMIG, pelos
esclarecimentos, conselhos e apoio nos momentos difíceis, não me deixando
desanimar.
Ao pesquisador Julio César de Souza da EPAMIG, pela ajuda e
incentivo.
Aos funcionários do Departamento de Entomologia, pela ajuda,
dedicação e atenção disponibilizados durante toda a execução do trabalho.
Ao Consórcio Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras CBP&D-Café, pelo
suporte financeiro do projeto.
Às amigas de turma Fabricia e Danila, por todas as noites
compartilhadas estudando fisiologia, fazendo terapia de grupo e relembrando de
casa e dos nossos amores distantes.
Às amigas, Milena e Danila, pela boa convivência, pelos incansáveis
conselhos, pelas festas e pela grande amizade.
Aos amigos do Laboratório de Patologia de Insetos: Vanessa, Gisele,
Ricardo, Graziele e Juan Pablo, pela boa convivência, experiências trocadas e
pela ajuda sem a qual este trabalho não estaria concluído.
À Cris e Marco Aurélio, que, além da ajuda nos trabalhos, foram amigos
constantes, ouvindo, dando conselhos... valeu mesmo!
Às amigas Thais, Vanvan e Patrícia, pelos bons momentos de
convivência.
A minha família pelo apoio constante, incentivo, confiança e certeza de
que sempre estiveram comigo. Vocês foram e sempre serão meu forte.
6
Ao amado Fabio pelo companheirismo, amizade, por acreditar no meu
sonho e ser capaz de sonhar comigo. Por todo o amor de sempre e
principalmente pelo de hoje.
À professora Urânia, por despertar em mim o interesse pela biologia e a
capacidade de sonhar com o mundo da ciência; Por ensinar a melhor de todas as
lições que aprendi: a importância de ser apaixonada pelo que faço.
Ao professor Luis Alves, pela amizade, pelo incentivo e por
proporcionar que o mundo da ciência fosse realidade em minha vida.
Aos amigos do departamento de Entomologia e aos companheiros de
turma.
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização
deste trabalho.
E por último, mas não com menor importância, a Deus por permitir que
tudo isso acontecesse e por colocar todos vocês em minha vida.
“Todos aqueles que se tornaram grandes cientistas, antes foram chamados
de loucos”
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................i
ABSTRACT............................................................................................. iii
INTRODUÇÃO GERAL..........................................................................1
Referências Bibliográficas........................................................................4
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 1.........................................................6
Biologia da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis
(Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) usando broto de batata (Solanum
tuberosum L.) como substrato de alimentação............................................6
Abstract ..................................................................................................8
Resumo...................................................................................................9
Criação de Dysmicoccus texensis.....................................................12
Biologia de Dysmicoccus texensis....................................................13
Biologia de Dysmicoccus texensis....................................................14
Referências Bibliográficas ...............................................................19
ARTIGO 2................................................................................................24
Patogenicidade de nematóides entomopatogênicos à Cochonilha-da-raiz-
do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae)
em laboratório............................................................................................24
Abstract ................................................................................................26
Resumo.................................................................................................28
Material e Métodos...............................................................................32
Criação de Dysmicoccus texensis.....................................................32
Obtenção de isolados de nematóides................................................32
Seleção de isolados...........................................................................35
1
Concentração Letal Máxima (CL
99
).................................................36
Eficiência dos isolados sobre criptas................................................37
Resultados e Discussão ........................................................................38
Seleção de isolados...........................................................................38
Estimativa da Concentração Letal Máxima (CL
99
)..........................42
Avaliação de patogenicidade a criptas .............................................43
Referências Bibliográficas ...................................................................46
ARTIGO 3................................................................................................55
Deslocamento vertical de nematóides entomopatogênicos (Rhabditida:
Heterorhabditidae) na busca por Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) em laboratório e casa-de-vegetação ..........55
Abstract ................................................................................................57
Resumo.................................................................................................59
Material e Métodos...............................................................................63
Criação de Dysmicoccus texensis.....................................................63
Obtenção de isolados de nematóides................................................63
Deslocamento em coluna de areia (Teste em Laboratório)..............64
Deslocamento em coluna de solo (teste em casa-de-vegetação)......65
Resultados e Discussão ........................................................................67
Deslocamento na coluna de areia.....................................................67
Deslocamento em coluna de solo.....................................................68
Referências Bibliográficas ...................................................................74
ARTIGO 4................................................................................................84
Testes em condições de casa-de-vegetação e campo para o controle de
Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) em cafeeiro
2
com nematóides entomopatogênicos do gênero Heterorhabditis
(Rhabditida: Heterorhabditidae)................................................................84
Abstract ................................................................................................86
Resumo.............................................................................................88
Material e Métodos...............................................................................92
Testes em casa-de-vegetação............................................................92
Testes em campo..............................................................................93
Resultados e Discussão ........................................................................95
Testes em casa-de-vegetação............................................................95
Testes em campo..............................................................................97
Referências Bibliográficas .................................................................102
Considerações Finais.............................................................................110
i
RESUMO
ALVES, Viviane Sandra. Aspectos da biologia de Dysmicoccus texensis
(Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) e seu controle com nematóides
entomopatogênicos. 2006. 110 p. Tese (Doutorado em Entomologia)
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
1
A cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera:
Pseudococcidae), é uma praga de grande importância para esta cultura. Os danos
ocorrem nas raízes da planta onde, devido à constante sucção da seiva e à
instalação das colônias de insetos, são formadas as criptas ou “pipocas”, que
impedem a absorção de água e nutrientes pela raiz, levando ao enfraquecimento
das plantas e causando conseqüentes perdas na produção. Informações quanto à
biologia e hábitos do inseto, bem como métodos de controle adequados, são
bastante escassas, dificultando a instalação de programas de manejo. Assim, este
trabalho objetivou avaliar a biologia do inseto, bem como testar, em condições
de laboratório, casa-de-vegetação e campo, o uso de nematóides
entomopatogênicos (NEPs) para o controle da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro.
A biologia do inseto foi feita sobre brotos de batata (Solanum tuberosum L.) da
variedade Ágata, em câmara climatizada, com temperatura de 27±1ºC, sem
fotofase e com umidade relativa de 70±10%. Foram feitas 52 repetições, sendo
que cada repetição (parcela) consistiu de um broto de batata com duas ninfas de
um dia de idade, acondicionadas em placa do tipo ELISA de 24 cavidades, com
avaliação diária. Foi também realizado teste de seleção de isolados de
nematóides entomopatogênicos, estimativa da concentração letal máxima (CL
99
)
e patogenicidade a criptas coletadas no campo, bem como a capacidade de
deslocamento vertical dos nematóides em coluna de areia e solo. Foram ainda
realizados testes de eficiência dos NEPs, em condições de casa-de-vegetação e
campo. Quanto à biologia, os resultados demonstram que a duração média da
fase ninfal foi de 29,45 dias e a fase adulta foi de 31,06 dias, totalizando
aproximadamente 60 dias de ciclo de vida. Os isolados Heterorhabditis sp. CCA
e Heterorhabditis sp. JPM3 foram os que apresentaram maior virulência,
alcançando valores máximos de mortalidade de 100 e 80,9% respectivamente, na
maior concentração testada (100 Juvenis Infectivos (JIs)/inseto). A CL
99
estimada foi de 530 JIs/placa para CCA e 560 JIs/placa para JPM3. Quanto ao
deslocamento vertical, para o experimento de coluna de areia, não houve
diferença entre os isolados avaliados, sendo que ambos alcançaram valor de 92%
de mortalidade. No experimento de deslocamento em coluna de solo, observou-
1
Orientador: Alcides Moino Junior - UFLA
ii
se que JPM3 aplicado em suspensão aquosa foi o melhor tratamento, em quase
todas as profundidades avaliadas. Os resultados dos testes de casa-de-vegetação
e campo também apontaram o isolado JPM3 aplicado em suspensão aquosa
como o melhor tratamento, apresentando eficiência de controle de 70% em casa-
de-vegetação e 65% de eficiência de controle em condições de campo.
iii
ABSTRACT
ALVES, Viviane Sandra. Biologics aspects of Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) and their control with entompathogenic
nematodes. 2006. 110 p. Tese (Doctor in Entomology) Federal University of
Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil.
2
The coffee root mealybug Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera:
Pseudococcidae) is a pest of great importance to this crop. Damage occurs on
plant roots where crypts or “pop corns” are formed due to intense sucking and
fixing of insect colonies, preventing water and nutrients absorption, weakening
the plants and resulting in losses in yield. Informations on biology and behavior
of the insects, and adequate control methods are scarce, making the application
of management methods. Thus, this work has the objective of evaluate the insect
biology and this susceptibility to the entomopathogenic nematodes in laboratory,
green-house and field conditions. The studies on biological aspects of the
immature stage of D. texensis were carried out in climatic chambers at 27±1ºC,
70±10% RH in darkness, using Agata variety potato sprouts as feeding substrate.
There were 52 replicates (plots), each one consisting of a dip on an Elisa plate
with a potato sprout with two one-day old nymphs, which were daily evaluated.
A selection test of EPN isolates, maximum lethal concentration (CL
99
) and
pathogenecity to crypts in the field collected was carried out as well as vertical
displacement capacity of nematodes in sand and soil columns. Efficiency tests of
EPNs were also conducted under semi-field and field conditions. Biology,
results demonstrate that mean nymphal phase duration was of 29.45 days, and
31.06 days for the adult phase, totaling approximately 60 days of life cycle. The
highest virulence was found in Heterorhabditis sp. CCA and Heterorhabditis sp.
JPM3, reaching maximum mortality values of 100 and 80.9% respectively, on
the highest concentration tested (100 infectant juveniles (IJs)/insect). The
estimated CL
99
was 530 IJs/dish for CCA and 560 IJs/dish for JPM3. For the
vertical displacement, no difference was found on sand column for the evaluated
isolates, with both reaching 92% mortality. For the soil column test, aqueous
suspension of JPM3 was the best treatment on almost all depths evaluated.
Results of green-house and field tests also demonstrated that the JMP3 isolate
2
Orientador: Alcides Moino Junior - UFLA
iv
applied in aqueous suspension was the best treatment, with 70% efficiency in
greenhouse and 65% under field conditions.
1
INTRODUÇÃO GERAL
O café pertence ao gênero Coffea da família Rubiaceae. Dentre as
espécies cultivadas, destacam-se Coffea arabica L., conhecida como café
Arábica, e Coffea canephora Pierre & Froehner, conhecida como café Conilon
ou Robusta. O café Arábica é originário das florestas subtropicais da região
serrana da Etiópia e se adequa ao clima tropical de altitude, correspondendo a
aproximadamente 80% do café cultivado no Brasil. o café Robusta é
originário das regiões equatoriais baixas, quentes e úmidas do Congo e adapta-se
melhor a regiões baixas, protegidas de ventos, sendo portanto menos adaptado às
regiões tropicais brasileiras e por isso menos cultivado (aproximadamente 20%
do café cultivado no Brasil) (Melo et al., 1998).
O Brasil é o maior produtor e exportador de café, sendo responsável por
mais de 30% da produção mundial, seguido pela Colômbia e Indonésia. Para a
safra de 2006/2007 são estimadas 43,581 mil sacas de café beneficiado, sendo
que destas, aproximadamente, 19 mil sacas serão produzidas no estado de Minas
Gerais. O restante da produção nacional está distribuída nos estados do Espírito
Santo, São Paulo, Paraná, Bahia, Rondônia e Rio de Janeiro (Agrianual, 2006;
Nogueira, 2003; Prado & Nascimento, 2003).
Segundo pesquisa da CONAB, a safra de 2006, quando comparada à
safra de 2004/2005, teve um acréscimo de 2,68%. Entretanto, apesar do
incremento na produção e das boas perspectivas de mercado, é necessário que a
sustentabilidade da cultura seja mantida, ou seja, que a produtividade seja
aumentada sem agressão ao meio ambiente, de maneira a se obter um produto de
qualidade sem afetar o bem estar da sociedade. Fatores como o uso de
variedades melhoradas, manejo adequado da terra, do suprimento de água e
2
nutrientes e aplicação do MIP (Manejo Integrado de Pragas) são as chaves para
o sucesso na produção (Zambolim, 2000).
A cultura do café hospeda inúmeras espécies de insetos e ácaros, sendo
que algumas delas são de importância econômica, por causarem danos
significativos, levando a perdas na produção.
Entre as principais pragas, estão as cochonilhas que atacam a parte aérea
e também as raízes do cafeeiro. A cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, também
conhecida como cochonilha-farinhenta, Dysmicoccus texensis (Tinsley), tem se
tornado um sério problema em quase todos os estados onde a cultura está
presente. Os prejuízos ocorrem devido à continua sucção de seiva, que leva ao
enfraquecimento da planta e conseqüentes perdas na produção. A cochonilha-da-
raiz-do-cafeeiro vive nas raízes, formando nodosidades, provocando
amarelecimento e queda das folhas, podendo levar a planta à morte. As raízes
atacadas apresentam nódulos, criptas ou “pipocas” devido à instalação da
colônia. O sistema radicular da planta fica tomado pela cochonilha e pelo fungo
Bornetina, impedindo a absorção de água e nutrientes (Santa-Cecília et al., 2000;
Souza & Ribeiro, 2003). Um agravante do ataque dessa cochonilha é que as
plantas apresentam sintomas de ataque quando quase todo o sistema radicular
foi afetado.
Ainda se conhece muito pouco a respeito dessa praga e dados sobre sua
biologia e métodos alternativos de controle são escassos. O método mais
utilizado é o controle químico, com o uso de produtos neonicotinóides (Santa-
Cecília et al., 2005).
O uso de nematóides pode ser viável, pois o ambiente ocupado pela
cochonilha é bastante semelhante ao exigido pelos nematóides
entomopatogênicos. Andaló et al. (2004), em trabalho realizado para seleção de
isolados de fungos e nematóides entomopatogênicos para o controle de D.
texensis, observaram que os nematóides são mais virulentos que os fungos,
3
alcançando valores de até 78% de mortalidade, enquanto que os fungos
alcançaram valor máximo de 62% de mortalidade.
Na estratégia de utilização desses organismos, como agentes no controle
de D. texensis, é necessário obter informações sobre o ciclo de vida do inseto,
para adoção de técnicas de controle adequadas e, posteriormente, a realização de
seleção de isolados de nematóides entomopatogênicos, em condições de
laboratório e com potencial de controle em condições de casa-de-vegetação e
campo.
Assim, este trabalho teve como objetivo estudar a biologia de D.
texensis e o potencial de nematóides entomopatogênicos, como agentes de
controle para este inseto em condições de laboratório, casa-de-vegetação e
campo.
4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRIANUAL. FNP: Produtos e Serviços > Anuários. Disponível em:
<http://www.agrafnp.com.br/prodserv/anuarios/agrianual.,php?PHPSESSID=33
a7a6483598757bb7c66af8d83dfca9>. Acesso em: 15 mar. 2006.
ANDALÓ, V.; MOINO JR., A.; SANTA-CECILIA, L. V. C.; SOUZA, G. C.
Seleção de isolados de fungos e nematóides entomopatogênicos pra a
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley). Arquivos do
Instituto Biológico, São Paulo, v. 71, n. 2, p. 181-187, abr./jun. 2004.
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Indicadores
da agropecuária. Disponível em:
<http://www.conab.gov.br/conabweb/index.php>. Acesso em: 15 mar. 2006.
MELLO, B. de; BARTHOLO, G. F.; MENDES, A. N. G. Café: variedades e
cultivares. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 19, n. 193, p. 92-96,
1998.
NOGUEIRA, A.M. Características fenológicas e de produtividade de
linhagens das cultivares Catuaí vermelho e amarelo de Coffea arabica L.
plantadas individualmente ou em combinação. 2003. 50 p. Tese (Doutorado
em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
PRADO, R. M.; NASCIMENTO, V. M. Manejo da adubação do cafeeiro no
Brasil. Ilha Solteira: UNESP/FEIS, 2003. 273 p.
SANTA-CECILIA, L. V. C.; SOUSA, J. C.; REIS, P. R. Novas constatações da
cochonilha-da-raiz Dysmicoccus criptus em lavouras de café no sul de Minas
Gerais. Lavras: EPAMIG, 2000. 2 p. (EPAMIG. Circular Técnica, n. 130).
SANTA-CECÍLIA, L. V. C.; SOUZA, B.; PRADO, E.; SOUZA, J. C.;
FORNAZIER, M. J. Cochonilhas-farinhentas em cafeeiros: reconhecimento e
controle. Lavras: EPAMIG, 2005. (EPAMIG. Circular Técnica, n. 189).
SOUZA, J. C.; RIBEIRO, J. A. Cochonilha-da-raiz: cafeicultor, conheça e
saiba como controlar esta praga com inseticidas neonicotinóides. Lavras:
EPAMIG, 2003. 3 p. (EPAMIG. Circular Técnica, n. 162).
5
ZAMBOLIM, L. Manejo integrado de doenças do cafeeiro. Summa
Phytopathologica, São Paulo, v. 26, n. 1, p. 152-153, jan./mar. 2000.
6
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA 1
Biologia da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis
(Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) usando broto de batata (Solanum
tuberosum L.) como substrato de alimentação
(Preparado de acordo com as normas da revista “Neotropical
Entomology”)
V
IVIANE
S.
A
LVES
1
A
LCIDES
M
OINO
J
UNIOR
1
L
ENIRA
V.
C.
S
ANTA
-C
ECILIA
2
1
Universidade Federal de Lavras, Departamento de Entomologia, CP 30,
CEP 37200-000, Lavras, MG, Brasil.
2
Epamig-CTSM/EcoCentro, Lavras, MG, Brasil.
7
Biologia da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis
(Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) usando broto de batata (Solanum
tuberosum L.) como substrato de alimentação
8
Biology of the coffee root mealybug Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) on potato sprout (Solanum tuberosum L.) as
feeding substrate
ABSTRACT
This work has the objective studies on biological aspects of D.
texensis using potato sprouts as feeding substrate. There were 52
replicates (plots), each one consisting of a dip on an ELISA plate with a
potato sprout with two one-day old nymphs, which were daily evaluated.
The study revealed that mean nymphal stage duration was of 29.45 days,
with 12.82 days for the first, 8.53 for the second and 8.1 days for the third
instar, and 31.06 days for the adult stage. Mortality was of 32.7, 18.6 and
14.0% for the first, second and third instars, respectively.
Keywords: Dysmicoccus texensis, coffee pests, biology, mealybugs.
9
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo estudar os aspectos biológicos da
fase imatura de D. texensis, usando como substrato de alimentação brotos
de batata (Solanum tuberosum L.), na temperatura de 27±1ºC, no escuro e
com U.R. de 70±10%. Foram feitas 52 repetições, contendo duas ninfas
de um dia de idade cada. A duração média da fase ninfal foi de 29,45
dias. O primeiro, segundo e terceiro ínstar tiveram duração média de
12,82; 8,53 e 8,1 dias respectivamente. A fase adulta foi de 31,06 dias. A
mortalidade foi de 32,7 % no primeiro ínstar, 18,6 % no segundo e14 %
no terceiro.
Palavras-chave: Dysmicoccus texensis, pragas do café, biologia,
cochonilhas.
10
Registros da ocorrência de pseudococcídeos em raiz de cafeeiro
no Brasil foram feitos por Hempel (1918), que verificou tratar-se da
espécie Pseudococcus cryptus Hempel. Posteirormente, Silva et al. (1968)
catalogaram esta espécie como Planococcus cryptus (Hempel). Williams
(1970) descreveu novamente a espécie cryptus, colocando-a no gênero
Dysmicoccus, sendo, porém, a correta identificação Dysmicoccus texensis
(Tinsley) (= bispinosus Bearsley) (Miller & Polavarapu, 1997; Williams
& Granara de Willink, 1992). Em trabalho de Santa-Cecília et al. (2002),
os autores relatam a ocorrência de D. texensis (Tinsley), que foi
identificada a partir de material enviado para especialistas na área,
ocorrendo no Brasil em Coffea spp. (
Rubiaceae
) e Trifolium sp (Fabaceae).
A cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro D. texensis (Hemiptera:
Pseudococcidae) é uma praga de grande importância para essa cultura,
devido aos danos decorrentes de sua alimentação, que levam ao
enfraquecimento das plantas, causando conseqüentes perdas na produção
(Santa-Cecília et al., 2000). O que a destaca em relação a outras pragas é
que o cafeeiro apresenta sintomas de ataque, quando quase todo o seu
sistema radicular foi afetado. Sua localização no subsolo dentro das
11
criptas prejudica a ação de inimigos naturais e de produtos químicos,
dificultando a adoção de medidas de controle (Santa-Cecília et al., 2002).
As fêmeas adultas de D. texensis são ápteras e apresentam o corpo
em formato ovalado, com a cabeça e tórax fundidos, coloração rosada,
recoberto com cerosidade branca, finamente granulada, o que lhes confere
o aspecto de haverem sido polvilhadas com farinha. Possuem apêndices
filamentosos ao redor do corpo, em número de 34, com 17 de cada lado,
sendo os dois posteriores mais longos. As ninfas são menores, mais ágeis
e com menor quantidade de cerocidade sobre o corpo (Nakano, 1972;
Souza & Ribeiro, 2003).
Atualmente, existem registros da ocorrência desse inseto em quase
todos os estados brasileiros produtores de café, tornando preocupante a
situação dos produtores. Relatos foram feitos nos estados de Minas
Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná. Entre os agravantes desta
situação, está a falta de conhecimentos sobre a biologia e caracterização
dos hábitos e danos da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro (Santa-Cecilia et
al., 2005).
Dados referentes à biologia desse inseto são escassos, dificultando
a adoção de medidas de controle, bem como a previsão de ocorrência do
12
inseto. Este tipo de informação é imprescindível na adoção de métodos de
controle, principalmente do controle biológico.
Assim, este trabalho objetivou o estudo da biologia da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro usando broto de batata
(Solanum tuberosum
L.) como
substrato de alimentação de acordo com a metodologia de
Nakano & Lima, 1968.
Criação de Dysmicoccus texensis
A criação de D. texensis foi conduzida no laboratório de Patologia
de Insetos da Universidade Federal de Lavras - UFLA, em Lavras no
Campus da UFLA.
Como substrato para criação das cochonilhas foram utilizadas
abóboras do tipo moranga, variedade “Cabotcha”.
Para infestação de novas abóboras, pedaços de uma abóbora
infestada foram colocados sobre as novas, esperando pela passagem das
ninfas e adultos da cochonilha. Assim que a infestação ocorria, os
pedaços eram retirados para evitar a contaminação com fungos.
Os frutos infestados permaneceram em condições controladas de
temperatura de 27 ± 1ºC, com umidade relativa de 70 ± 10% e no escuro,
em câmara climática.
13
Biologia de Dysmicoccus texensis
A biologia de D. texensis foi avaliada usando, como substrato de
alimentação, broto de batata (Solanum tuberosum L.) var. Ágata,
conforme metodologia de Nakano & Lima, 1968. Para montagem do
experimento, fêmeas adultas da cochonilha foram transferidas com
auxílio de um pincel para uma nova abóbora cortada ao meio, disposta em
um prato de vaso e mantida em câmara climática a 27±1 ºC, com umidade
relativa de 70±10 % no escuro e foi feita a verificação diária até a eclosão
de ninfas. As ninfas de um dia foram transferidas duas a duas para os
brotos de batata colocados dentro de placas do tipo ELISA, com 24
cavidades (cavidade de 1,5 cm de diâmetro por 1,5 cm de altura) (Fig. 1).
Cada broto recebeu 2 ninfas (parcela). A placa foi vedada com filme de
PVC, perfurado com um alfinete. Foi realizada a substituição dos brotos
semanalmente, colocando-se um novo sobre o velho, e, assim que a ninfa
passava para o novo, o velho era retirado. A avaliação para verificação da
ocorrência de ecdises foi diária, sendo anotado o mero de ecdises/dia e
a retirada das exúvias com auxílio de pincel.
O experimento constou de 52 repetições, sendo cada parcela
composta por um broto de batata com 2 ninfas.
14
Foram avaliados o número e a duração dos ínstares, a duração
total da fase ninfal, mortalidade nos diferentes ínstares (número de insetos
que sobreviveram ao respectivo ínstar) e a longevidade dos adultos.
Biologia de Dysmicoccus texensis
Não houve ocorrência de indivíduos machos, sendo descrito
apenas o desenvolvimento das fêmeas.
1º Ínstar
A duração média do primeiro ínstar foi de 12,82 dias (Tabela 1).
Nakano (1972) avaliando a biologia de Dysmicoccus cryptus (Hempel,
1918) (Hemiptera: Pseudococcidae), obteve duração de 11,95 dias a 25
ºC, assim como Menezes (1973) encontrou dados semelhantes para
Dysmicoccus brevipes (Cokerell, 1893) (Hemiptera: Pseudococcidae)
(14,68 dias). Garcia et al. (1992) obtiveram duração de 12,6 dias a 25º
para D. cryptus. Dados semelhantes foram encontrados por Colen et al.
(2000), onde a duração do primeiro ínstar de D. brevipes a 25º foi 12,7
dias.
2º Ínstar
A duração média do segundo ínstar de D. texensis foi de 8,53 dias
(Tabela 1). Esses dados são bastante semelhantes aos encontrados por
15
Garcia et al. (1992) para D. cryptus (8,9 dias a 25ºC). Por outro lado,
Nakano (1972) obteve duração de 10,3 dias para este mesmo inseto com
temperatura de 25 ºC e U.R. de 50±10. Para D. brevipes, a duração do
segundo ínstar é 12,4 dias quando avaliada a 25º C, porém, em
temperatura mais elevada (30º C), a duração deste ínstar diminui para 7,9
dias (Colen et al., 2000). Desta forma, é possível observar que D. texensis
tem desenvolvimento mais rápido, mesmo em temperatura mais amena.
3º Ínstar
A duração média do terceiro ínstar foi de 8,1 dias (Tabela 1).
Testes realizados com D. cryptus (Nakano, 1972) a 25º C mostraram que
o terceiro ínstar destes insetos teve duração de 11,65 dias. Garcia et al.
(1992) obtiveram duração de 9,1 dias a 25 ºC. Ainda Colen et al. (2000),
trabalhando com D. brevipes, mostraram que a duração do terceiro ínstar
desses insetos foi de 12,7 dias a 25º C.
Período ninfal
A duração total do período ninfal foi de 29,45 dias (Tabela 1).
Estes dados são semelhantes aos encontrados por Garcia et al. (1992) para
D. cryptus, onde a duração do período ninfal a 25ºC foi de 30,6 dias.
Outros pseudococcídeos, como D. brevipes, apresentam fase ninfal mais
16
longa, chegando a até 58 dias (Colen et al., 2000). A duração da fase
ninfal pode variar em função das condições climáticas apresentadas.
Trabalhos, avaliando a duração da fase ninfal em diferentes temperaturas
e com diferentes substratos de alimentação, demonstram que a duração de
cada ínstar é afetada, quando estas condições não são adequadas (Colen et
al., 2000; Garcia et al., 1992; Ghose, 1983; Santa-Cecília et al., 1992).
Para a maioria dos pseudococcídeos, as fêmeas apresentam três
instares, enquanto que os machos passam por quatro, sendo que a partir
do ínstar esses constroem um casulo de filamentos cerosos, onde
passam o e o instares, até atingirem a fase adulta (Colen et al.,
2000). Entretanto, neste experimento não foram observados machos,
sendo possível descrever apenas o desenvolvimento das fêmeas.
Os dados observados apresentam concordância com o referencial
teórico, indicando que a duração da fase ninfal de D. texensis é bastante
semelhante à apresentada por outros pseudococcídeos.
As condições climáticas, nas quais o experimento foi conduzido
foram determinadas a partir da bibliografia estudada e também de
observações práticas, durante a condução dos experimentos. De acordo
com os resultados, as mesmas parecem ser adequadas, uma vez que o
17
desenvolvimento dos insetos foi compatível ao encontrado por outros
autores.
Adultos
Após a ultima ecdise, a duração média dos insetos na fase adulta
foi de 31,06 dias, totalizando aproximadamente 60,51 dias de ciclo de
vida.
Algumas fêmeas chegaram a ovipositar, sendo que o número
máximo de ovos por fêmea foi de 32 ovos, ovipositados num período de
até 81 dias.
Garcia et al. (1992) obtiveram dados semelhantes para D. cryptus,
onde a 25º C os insetos apresentaram ciclo vital de 53,5 dias.
Mortalidade
Quanto a dados de sobrevivência em cada ínstar, é possível
observar que, à medida que o inseto se desenvolve, o índice de
mortalidade diminui. Assim, o primeiro ínstar foi o que apresentou maior
mortalidade (32,7%), seguido do segundo (18,6%) e depois pelo terceiro
ínstar (14%).
Uma possível explicação para a maior mortalidade no primeiro
ínstar é que, fisiologicamente e morfologicamente, os insetos são mais
18
frágeis quando mais jovens, pois apresentam o corpo coberto por pouca
cerosidade, o que os torna mais susceptíveis aos fatores ambientais,
mesmo quando estes são sobremaneira controlados.
A cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro D. texensis apresentou ciclo de
vida semelhante ao relatado por Garcia et al. (1992) e Nakano (1972) para
D. cryptus em condições semelhantes. Desta forma, este trabalho
complementa cientificamente o trabalho de Santa-Cecília et al. (2002),
onde os autores afirmam que D. texensis é a nova classificação adotada
para D. cryptus.
Além disso, este trabalho vem auxiliar no conhecimento do ciclo
de vida da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, bem como facilitar a adoção
de medidas adequadas de controle, visando diminuir os danos e prejuízos
que este inseto vem causando.
19
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21
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22
Tabela 1. Duração dos instares, período ninfal, fase adulta e porcentagem
de mortalidade da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis
em brotos de batata da variedade. Ágata conduzido em câmara climática a
27±1 ºC, umidade relativa de 70±10% e no escuro.
1º Ínstar 2º Ínstar 3º Ínstar Período
Ninfal
Adulto
Duração 12,82 ±3,61 8,53 ±3,70 8,1 ±1,70 29,45 31,06 ±13,2
(n
1
) 104 70 57 49 29
Mortalidade
32,7% 18,6 14% 40% -
(n
2
) 34 13 8 20 -
n
1
= número de insetos vivos em cada ínstar
n
2
= número de insetos mortos em cada ínstar
23
Figura 1. Placa do tipo ELISA com brotos de batata utilizada na biologia
de D. texensis.
24
ARTIGO 2
Patogenicidade de nematóides entomopatogênicos à cochonilha-da-raiz-
do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae)
em laboratório
(Preparado de acordo com as normas da revista “Neotropical
Entomology”)
V
IVIANE
S.
A
LVES
1
A
LCIDES
M
OINO
J
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1
L
ENIRA
V.
C.
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ECILIA
2
V
ANESSA
A
NDALÓ
1
G
ISELE
C.
S
OUZA
1
1
Universidade Federal de Lavras, Departamento de Entomologia, CP 30,
CEP 37200-000, Lavras, MG, Brasil.
2
Epamig-CTSM/EcoCentro, Lavras, MG, Brasil.
25
Patogenicidade de nematóides entomopatogênicos à cochonilha-da-raiz-
do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae)
em laboratório
26
Entomopathogenic nematodes pathogenicity to coffee root
mealybug Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae)
under laboratory
ABSTRACT
Coffee root mealybug Dysmicoccus texensis (Tinsley) attacks
coffee plant roots and may cause heavy damage to the crop that resulting
losses. Entomopathogenic nematodes are efficient control agents of pests
with potential suggest efficiency for control of coffee root mealybug. So
this study aimed to evaluate the pathogenicity tests with eleven isolates of
Steinernematidae and Heterorhabditidae, and the estimation of maximum
lethal concentration (C
99
) were carried out under laboratory conditions.
Petri dishes containing 20g of sand and one potato sprout with ten adult
females were used on both experiments. The sprouts were dipped into the
sand, the nematode suspension poured over them using a pipette and
evaluations made five days after. Pathogenicity tests on field collected
crypts were also conducted. The highest virulence was found in
Heterorhabditis sp. CCA, H. bacteriophora, Heterorhabditis sp. JPM3 l
and Heterorhabditis sp. JPM3, reaching maximum mortality values of
27
100, 94, 93.6 and 80.9%, respectively on the highest concentration tested
(100 infectant juveniles (IJs)/insect). The estimated CL
99
was 530 IJs/dish
for CCA and 560 IJs/dish for JPM3 and the density were 28 and 29
IJs/cm
2
for CCA and JPM3, respectively. Both entomopathogenic
nematode isolates were pathogenic to the insects on tests with crypts.
Keywords: Microbial Control, Heterorhabditis, Steinernema,
Dysmicoccus texensis.
28
RESUMO
A cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, Dysmicoccus texensis (Tinsley),
ataca as raízes desta planta, podendo causar sérios danos à cultura e
conseqüentes perdas na produção. Os nematóides entomopatogênicos são
agentes eficientes no controle de pragas de solo, com potencial para o da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro. Dessa forma, este trabalho objetivou
avaliar a patogenicidade de alguns isolados de nematóides
entomopatogênicos à cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, através de testes em
condições de laboratório. Foi realizado teste de seleção de isolados, com
11 isolados de nematóides das famílias Sterinernematidae e
Heterorhabditidae, bem como a determinação da concentração letal
máxima (CL
99
). Para realização destes dois experimentos, foram usadas
placas de Petri, contendo areia (20g) e um broto de batata, sobre o qual
foram colocadas dez fêmeas adultas do inseto. Em seguida, o broto foi
enterrado na areia e a suspensão de nematóides, aplicada sobre o mesmo,
com auxílio de pipeta. A avaliação foi feita 5 dias após a aplicação. Foi
também feito um teste de patogenicidade a criptas coletadas no campo.
Os isolados Heterorhabditis sp. CCA, H. bacteriophora, Heterorhabditis
sp. JPM3.1 e Heterorhabditis sp. JPM3 foram os que apresentaram maior
29
virulência, alcançando valores máximos de mortalidade de 100, 94, 93,6 e
80,9% respectivamente, na maior concentração testada (100 Juvenis
Infectivos (JIs)/inseto). A CL
99
, para o isolado CCA, foi estimada em 530
JIs/placa. Valor semelhante foi encontrado para o isolado JPM3, que teve
a CL
99
igual a 560 JIs/placa . Estimando a densidade por área, o valor
obtido para os isolados CCA e JPM3 foi de 28 e 29 JIs/cm
2
,
respectivamente. No teste realizado com criptas, ambos os isolados de
nematóides entomopatogênicos foram patogênicos aos insetos.
Palavras-chave: Controle Microbiano, Heterorhabditis, Steinernema,
Dysmicoccus texensis..
30
A cultura do café é uma das mais importantes no Brasil e também
uma das mais significativas do mundo, movimentando a economia
nacional e internacional. Entretanto, ocorrem perdas consideráveis todos
os anos, devido ao grande número de pragas que atacam essa cultura
(Zambolim, 2000).
Entre as pragas de maior importância está a cochonilha-da-raiz-
do-cafeeiro, Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera;
Pseudococcidae), que se alimenta sugando a seiva das raízes, onde forma
colônias que, associadas a fungos do gênero Bornetina, levam à formação
de nódulos, criptas ou “pipocas”, que impedem a absorção de água e
nutrientes pela planta, causando desde o enfraquecimento até a morte da
planta (Santa-Cecília et al., 2002, Santa-Cecília et al., 2005).
O controle desse inseto é difícil, devido à sua localização no
subsolo, o que dificulta a ão de inseticidas e também de inimigos
naturais. Os insetos localizam-se em volta das raízes da planta, a partir da
região do colo, e, em altas infestações, alojam-se nas criptas que se
formam nas raízes primárias e secundárias. Além disso, o hábito críptico
dificulta a percepção da ocorrência, que muitas vezes é confundida com o
ataque de outras pragas (nematóides da raiz, por exemplo), ou ainda com
31
deficiência de nutrientes, uma vez que os sintomas apresentados pela
planta são semelhantes (Santa-Cecília et al., 2005; Souza et al., 2001;
Souza & Ribeiro, 2003).
O uso de nematóides entomopatogênicos para o controle deste
inseto tem potencial, pois o ambiente ocupado pela cochonilha é bastante
semelhante ao exigido pelos nematóides (Grewal et al., 2001; Lewis et al.,
2006).
Algumas espécies de nematóides entomopatogênicos se
mostraram patogênicas à cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, em testes
realizados em laboratório (Andaet al., 2004). Entretanto, é necessária a
avaliação de um número maior de isolados, que, nos testes realizados
até agora, a mortalidade máxima obtida foi de 78%. São necessários
também testes quanto à capacidade de deslocamento do nematóide, uma
vez que o inseto apresenta comportamento críptico, aumentando assim as
chances do encontro entomopatógeno-hospedeiro.
Esse trabalho teve como objetivo avaliar a patogenicidade de
alguns isolados de nematóides entomopatogênicos à cochonilha-da-raiz-
do-cafeeiro em laboratório.
32
Material e Métodos
Criação de Dysmicoccus texensis
A criação de D. texensis foi conduzida no laboratório de Patologia
de Insetos da Universidade Federal de Lavras - UFLA, em Lavras, no
Campus da UFLA.
Como substrato para criação das cochonilhas, foram utilizadas
abóboras do tipo moranga, variedade “Cabotcha”.
Para infestação de novas abóboras, pedaços de uma abóbora
infestada foram colocados sobre as novas, esperando pela passagem das
ninfas e adultos da cochonilha. Assim que a infestação ocorria, os
pedaços eram retirados para evitar a contaminação com fungos.
Os frutos infestados permaneceram em condições controladas de
temperatura de 27 ± 1ºC, com umidade relativa de 70 ± 10% e no escuro,
em câmara climática.
Obtenção de isolados de nematóides
Os isolados foram obtidos do Banco de Entomopatógenos do
Laboratório de Patologia de Insetos da UFLA (Tabela 1), onde
permaneceram armazenados em frascos Erlenmeyer, em suspensão
33
aquosa, em temperatura ambiente e em condições controladas a 16 ± 1ºC,
no escuro e na concentração de até 500 Juvenis Infectivos (JIs)/mL.
Quando necessário, a multiplicação foi feita em larvas de último
ínstar da traça-dos-favos, Galleria mellonella L. (Lepidoptera: Pyralidae),
provenientes do Laboratório de Biologia de Insetos do Departamento de
Entomologia da UFLA.
A dieta para desenvolvimento larval de G. mellonella tem a
seguinte composição (Dolinski, comunicação pessoal):
Farinha de trigo 200g
Farelo de trigo 200g
Leite em pó desnatado 400g
Levedura de cerveja 120g
Gérmen de trigo 200g
Mel 240g
Glicerina 130g
Água destilada 20mL
O preparo da dieta foi feito misturando-se todos os ingredientes. A
farofa resultante foi colocada sobre folha de papel, dentro dos potes
plásticos e, sobre esse substrato, foram colocadas as posturas de G.
34
mellonella, permitindo que as larvas, ao eclodirem, encontrassem
facilmente o alimento. Após a passagem das larvas para o estágio pupal,
estas foram transferidas para os frascos de vidro, contendo no interior
papel sanfonado para postura.
Completando o ciclo, as posturas foram retiradas e transferidas
para os potes plásticos com dieta, iniciando-se nova geração de larvas.
A criação foi mantida em sala climatizada a 25±2
o
C, umidade
relativa de 70±10% e fotofase de 12 horas e a manutenção foi feita em
dias alternados, fazendo-se a limpeza dos recipientes, coleta de posturas e
adição de dieta.
Para multiplicação dos isolados de nematóides foi utilizada a
metodologia descrita por Poinar (1979), na qual a infecção de larvas de
último instar de G. mellonella com JIs é realizada por meio do sistema de
infecção tópica. Após a infecção, as larvas foram incubadas a 25 ± 2°C e
transferidas para câmara seca. Finalmente, armadilhas de White (White,
1927) foram usadas para obtenção dos nematóides sob as mesmas
condições. Para montagem dos experimentos, os JIs emergidos foram
armazenados sob temperatura de 16 °C, por no máximo cinco dias.
35
Seleção de isolados
Os isolados testados foram obtidos junto ao Banco de
Entomopatógenos do Laboratório de Patologia de Insetos do
Departamento de Entomologia da UFLA, sendo 4 do gênero Steinernema
(S. glaseri, S. anomali, S. carpocapsae e S. riobravis) e 7 do gênero
Heterorhabditis (H. bacteriophora, Heterorhabditis bacteriophora HP88,
Heterorhabditis sp. CCA, Heterorhabditis sp. JPM3, Heterorhabditis sp.
JPM3.1, Heterorhabditis sp. JPM4 e Heterorhabditis sp. PI).
Cada isolado foi testado em três diferentes concentrações (25, 50 e
100 JIs/inseto), resultando num delineamento experimental fatorial 3x11.
Cada tratamento teve cinco repetições, sendo cada uma delas composta
por dez fêmeas adultas da cochonilha. Foram utilizadas placas de Petri de
5 cm, de diâmetro contendo 20 g de areia esterilizada+broto de batata,
sobre o qual foram dispostos os dez insetos. Cada placa recebeu 1 mL de
suspensão, aplicado com auxílio de micropipeta, de maneira homogênea,
em toda a área da placa. Após a inoculação, os brotos, contendo os
insetos, foram recobertos com a areia e as placas acondicionadas em
caixas plásticas, contendo espuma embebida em água destilada, para
manutenção da umidade.
36
As caixas foram mantidas em câmara climática a 25±1 ºC,
70±10% de umidade e fotofase de 12 horas. Além dos tratamentos que
receberam os isolados, foi também montado um tratamento adicional, que
recebeu apenas água destilada esterilizada (testemunha).
Após 5 dias, foi realizada a avaliação. As cochonilhas mortas
foram retiradas e armazenadas em câmara seca para observação da
sintomatologia, para confirmação da morte pelos nematóides
entomopatogênicos.
Os dados de mortalidade foram corrigidos pela formula de Abbott
(Alves et al., 1998). Em seguida, foram submetidos à análise de variância
e ao teste Scott-Knott (P<0,05), para comparação entre as médias.
Concentração Letal Máxima (CL
99
)
Foram selecionados dois isolados, que se mostraram mais
virulentos à cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, para utilizá-los nos testes
subseqüentes.
A CL
99
foi escolhida como fator de seleção porque, para
nematóides entomopatogênicos, valores inferiores de concentração (CL
50
,
por exemplo) podem não ser muito expressivos. Devido à alta virulência
dos mesmos ao inseto, em concentrações menores, a grande maioria dos
37
isolados apresentaria eficiência, sendo que a CL
99
propicia diferenciar
quais são os isolados com maior potencial para o controle da cochonilha-
da-raiz-do-cafeeiro.
Para estimativa da concentração letal máxima (CL
99
) foram
avaliadas 10 concentrações: 50, 100, 250, 500, 750, 1000, 1250, 1500,
1750 e 2000 JIs/ placa, aplicados em dois mL de água destilada, de
maneira homogênea, em toda a área de placa. Cada tratamento foi
repetido quatro vezes e cada parcela consistiu de uma placa de Petri de 5
cm de diâmetro, contendo areia e um broto de batata, sobre o qual foram
dispostas 10 fêmeas adultas da cochonilha. A testemunha recebeu apenas
água destilada esterilizada. Os dados foram corrigidos pela fórmula de
Abbott e submetidos à análise de regressão pelo programa Sigma-Plot
(2003). Para estimativa da CL
99
foi utilizada a equação de regressão
derivada, estimando-se o valor desejado no intervalo avaliado.
Eficiência dos isolados sobre criptas
As criptas foram coletadas no campo, cortadas em pedaços de 1,5
cm
2
e colocadas em placas de Petri de 5 cm de diâmetro, contendo 20 g
de areia. A concentração usada foi de 500 JIs/placa. Cada tratamento foi
repetido 5 vezes e a avaliação foi feita após 5 dias, sendo os insetos
38
mortos, transferidos para câmara seca, para confirmação da mortalidade
pela sintomatologia. A testemunha recebeu apenas água destilada
esterilizada.
Os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de
Scott-Knott (P<0,05), para comparação entre as médias. A porcentagem
de mortalidade foi corrigida pela fórmula de Abbott (Alves et al., 1998).
Resultados e Discussão
Seleção de isolados
Verificou-se que todos os isolados testados foram patogênicos à
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, nas três concentrações utilizadas. De
forma geral, os isolados pertencentes ao gênero Steinernema foram menos
virulentos do que os do gênero Heterorhabditis (Tabela 2).
para heterorhabditideos, os isolados CCA, H. bacteriophora,
JPM3.1 e JPM3, foram os que apresentaram maior virulência, alcançando
valores máximos de mortalidade de 100, 94, 93,6 e 80,9%
respectivamente, na maior concentração testada (100 JIs/inseto).
Na menor concentração testada (25 JIs/inseto), o isolado JPM3 foi
o que também causou maior mortalidade (80%) dos insetos. A
39
concentração com menor variação entre os isolados testados foi a de 50
JIs/ inseto, sendo nítida a diferença de virulência entre os isolados de
heterorhabditídeos e esteinernematídeos.
Esses resultados foram semelhantes aos obtidos por Stuart et al.,
(1997) que, avaliando a susceptibilidade de Dysmicoccus vacinii Miller &
Polavarapu a diferentes isolados de nematóides entomopatogênicos,
observaram a maior suscetibilidade deste inseto às espécies pertencentes
ao gênero Heterorhabditis, com valores de até 90% de mortalidade.
Diferentemente, Andaló et al. (2004), realizando trabalho de
seleção de isolados de nematóides entomopatogênicos para D. texensis,
observaram que S. carpocapsae foi o que se mostrou mais virulento. No
entanto, a porcentagem de mortalidade foi baixa (78%), quando
comparada com os dados obtidos neste trabalho.
Os resultados demonstram que houve grande variabilidade na
susceptibilidade de D. texensis aos diferentes isolados testados, com
resultados que variam de apenas 3% de mortalidade (S. riobravis na
concentração de 25 JIs/placa) a até 100% (CCA na concentração de 100
JIs/placa). Essas diferenças reforçam a necessidade de testes de seleção
com um número elevado de isolados de nematóides entomopatogênicos,
40
pois as características e adaptações que cada isolado possui em relação ao
ambiente e ao hospedeiro podem variar enormemente (Gaugler et al.,
1997).
Larvas do coleóptero Otiorhinchus sulcattus Fabricius
(Coleoptera: Curculionidae) também são mais susceptíveis aos
heterorhabditídeos que aos esteinernematídeos, sendo possível observar
que ocorre variação também na susceptibilidade do inseto a isolados de
uma mesma espécie de Heterorhabditis (van Tol & Raupp, 2006; van Tol
et al., 2004).
Vários fatores justificam as diferenças de virulência entre isolados
da mesma espécie. Isolados de diferentes locais podem estar adaptados a
diferentes condições climáticas, ou mesmo ter desenvolvido
especificidade a hospedeiros locais, o que é evidenciado no experimento,
uma vez que os isolados autóctones (JPM3, JPM4 e CCA) demonstraram
maior eficiência no controle, quando comparado com H. bacteriophora,
por exemplo, que apesar de ser um heterorhabditideo, não apresentou
resultado tão eficiente.
A maior susceptibilidade aos heterorhabditídeos do que aos
esteinernematídeos pode ser, em parte, explicada pelo menor tamanho que
41
estes possuem. Segundo Stuart et al. (1997), os esteinernematídeos podem
ter dificuldades de penetrar pelas aberturas naturais de insetos menores,
como é o caso da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro. Entretanto, uma série de
outros fatores pode influenciar, como por exemplo, especificidade entre
patógeno e hospedeiro.
A especificidade que cada isolado possui sobre determinado
hospedeiro está diretamente ligada a sua eficiência em alcançar o
hospedeiro, penetrar no mesmo e causar uma doença, além de driblar o
sistema imunológico do inseto, para que este não seja capaz de combatê-
lo. Mas como um isolado pode “saber” se determinado inseto é ou não
susceptível a ele? Este é um processo bem complexo, mas cuja
compreensão pode esclarecer o porquê de tanta variabilidade na eficiência
de diferentes espécies, ou mesmo isolados sobre determinados
hospedeiros (Lewis et al., 2006).
Assim, a co-evolução entre as espécies pode proporcionar o
desenvolvimento de mecanismos de reconhecimento do hospedeiro pelos
nematóides, como percepção química ou desenvolvimento de estruturas
físicas específicas, que auxiliem no processo de infecção. Quanto aos
estímulos químicos, os nematóides podem reconhecer aqueles emitidos
42
pelo próprio hospedeiro ou por plantas por ele atacadas (emissão de CO
2
,
por exemplo) e deslocar-se na sua direção (van Tol et al., 2001).
A diferença na susceptibilidade de D. texensis às diferentes
espécies e isolados avaliados, reforça a necessidade da realização de
testes de seleção, demonstrando que diferentes espécies apresentam maior
ou menor especificidade em atacar o inseto, e que isolados nativos
apresentam maior virulência sobre o inseto do que espécies exóticas.
Estimativa da Concentração Letal Máxima (CL
99
)
Para o isolado CCA a CL
99
foi estimada em 530 JIs/placa (Fig. 1).
Valor semelhante foi encontrado para o isolado JPM3 que teve a CL
99
igual a 560 JIs/placa (Fig. 2). Estimando a concentração por área, o valor
obtido para CCA e JPM3 foi de 28 e 29 JIs/cm
2
, respectivamente.
Esta concentração é inferior à encontrada por Stuart et al. (1997),
que, trabalhando com D. vaccinii, alcançaram valor máximo de
mortalidade de 83%, aplicando 500 JIs/placa. Alguns insetos, como os
cupins, por exemplo, também requerem doses bem maiores (1000
JIs/inseto) para um controle eficiente (Wang et al., 2002).
Quando a concentração encontrada é extrapolada para aplicações a
campo o valor é de 2,8x10
9
JIs/ha. Este valor é inferior ao encontrado em
43
vários trabalhos, onde se recomendam aplicações de 1x10
10
JIs/ha (Ebssa
et al., 2004; Siegel et al., 2004; Thurston et al., 1994). Isso evidencia que
o uso de nematóides entomopatogênicos pode ser viável no controle da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, pois a aplicação de concentrações
menores com boa eficiência de controle pode significar um menor custo
final de produção.
Por outro lado, a determinação da concentração ideal, para uso em
laboratório, pode não ser eficiente em condições de semi-campo e campo,
onde o número de fatores não controlados são maiores. Em condições de
laboratório, o inseto fica altamente exposto ao ataque do nematóide,
enquanto que, em condições de semi-campo e campo, o nematóide é que
fica exposto a uma rie de intempéries, como variação da temperatura e
da umidade, além de ter que buscar o hospedeiro.
Avaliação de patogenicidade a criptas
Os dois isolados testados foram eficientes no controle da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, abrigada em criptas (Tabela 3). O isolado
CCA causou até 84% de mortalidade, enquanto que JPM3 matou 93% dos
insetos.
44
O inseto Eurhizococcus brasiliensis (Hempel) (Hemiptera:
Margarodidae), também conhecido como pérola-da-terra, possui hábitos
semelhantes aos da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, permanecendo
abrigado junto às raízes de videiras. Segundo Hickel et al. (2001), testes
realizados, avaliando o efeito de produtos químicos sobre cistos da
cochonilha, resultaram em valores máximos de mortalidade em torno de
83,3%. Segundo os autores, a profundidade em que os cistos se
encontravam influenciou diretamente na eficiência do controle.
Insetos com hábitos crípticos como pérola-da-terra e a cochonilha-
da-raiz-do-cafeeiro dificultam a ação de produtos fitossanitários e
também de inimigos naturais, especialmente dos parasitóides e
predadores. Entretanto, a alta susceptibilidade que os insetos
apresentaram aos nematóides, mesmo quando abrigados nas criptas, é um
bom indício da eficiência destes agentes no controle do inseto em
condições de campo, apesar de que, neste experimento, as criptas foram
cortadas, facilitando o acesso dos JIs.
Desta maneira, este trabalho demonstrou que a realização de testes
de seleção de isolados é muito importante, vista a grande variação que
houve quanto à virulência dos mesmos sobre D. texensis. Além disso, a
45
determinação de concentrações ideais e avaliações, que levem em
consideração condições próximas às encontradas no campo, favorecem o
sucesso do controle, quando este é levado a campo.
46
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50
Tabela 1. Isolados e origem dos nematóides entomopatogênicos utilizados
no teste de seleção.
Linhagem Local de Origem
Steinernema (= anomali) arenarium Voronezh / Rússia
Steinernema carpocapsae All Carolina do Norte / USA
Steinernema riobravis 355 Texas / USA
Steinenema glaseri NA Flórida / USA
Heterorhabditis bacteriophora
New Jersey / USA
Heterorhabditis bacteriophora HP88 New Jersey / USA
Heterorhabditis sp. (CCA) Araras / SP / Brasil
Heterorhabditis sp. (JPM4) Lavras / MG / Brasil
Heterorhabditis sp. (JPM3.1) Lavras / MG / Brasil
Heterorhabditis sp. (JPM3) Lavras / MG / Brasil
Heterorhabditis sp. (PI) Teresina / PI / Brasil
51
Tabela 2. Porcentagem de mortalidade média de fêmeas adultas da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro D. texensis causada por diferentes isolados
de nematóides entomopatogênicos em três concentrações em câmara
climática a 25±1 ºC, 70±10% de umidade e fotofase de 12 horas. Lavras,
2006.
Concentração (JIs/ Inseto)
1
Isolados
25 50 100
Heterorhabiditis sp JPM3 83,3 ± 11,91 a 83,0 ± 7,66 a 80,9 ± 15,32 b
Heterorhabiditis sp CCA 70,8 ± 11,67 b 97,9 ± 3,33 a 100 ± 0,00 a
Heterorhabiditis sp JPM4 63,8 ± 9,36 b 78,7 ± 8,51 a 59,6 ± 6,81 c
Heterorhabiditis sp PI 59,6 ± 6,81 b 78,7 ± 8,51 a 80,0 ± 14,47 b
Heterorhabiditis sp JPM3.1 44,7 ± 6,81 c 89,4 ± 8,61 a 93,6 ± 7,66 a
H. bacteriophora 42,0 ± 13,60 c 90,0 ± 4,00 a 94,0 ± 7,20 a
Heterorhabiditis sp.HP88 30,0 ± 8,00 d 20,0 ± 4,00 b 40,0 ± 16,00 d
S. riobravis 3,0 ± 3,20 e 22,6 ± 8,00 b 22,0 ± 10,40 e
S. anomali 27,1 ± 8,33 d 25,0 ± 3,33 b 33,3 ± 7,50 d
S. carpocapsae 17,5 ± 7,47 e 16,3 ± 0,13 b 20,8 ± 13,33 e
S. glaseri 14,6 ± 6,67 e 20,8 ± 5,00 b 31,3 ± 9,17 d
1
Médias seguidas por letras distintas nas colunas, diferem entre si pelo
teste Scott-Knott (P<0,05).
52
Tabela 3. Porcentagem de mortalidade de D. texensis em criptas
inoculadas com dois isolados do gênero Heterorhabditis na concentração
de 500 JIs/placa em câmara climática a 25±1 ºC, 70±10% de umidade e
fotofase de 12 horas. Lavras, 2006.
Isolados
% Mortalidade
1
Testemunha 8,3 ± 0,04 b
H. sp. CCA 84,1 ± 0,08 a
H. sp. JPM3 93,6 ± 0,10 a
C.V.= 19,69%
1
Medias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste Scott-Knott
(P<0,05).
53
0
20
40
60
80
100
120
0 500 1000 1500 2000 2500
Concentração (JIs/placa)
% Mortalidade
Val. observados
Val. estimados
Figura 1. Curva de regressão para o isolado CCA, considerando o número
de Juvenis Infectivos (JIs)/placa necessários para causar 99% de
mortalidade (CL
99
).
54
0
20
40
60
80
100
120
0 500 1000 1500 2000 2500
Concentração (JIs/placa)
% Mortalidade
Val. observados
Val. estimados
Figura 2. Curva de regressão para o isolado JPM3, considerando o
número de Juvenis Infectivos (JIs)/placa necessários para causar 99% de
mortalidade (CL
99
).
55
ARTIGO 3
Deslocamento vertical de nematóides entomopatogênicos (Rhabditida:
Heterorhabditidae) na busca por Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) em laboratório e casa-de-vegetação
(Preparado de acordo com as normas da revista “Neotropical
Entomology”)
V
IVIANE
S.
A
LVES
1
A
LCIDES
M
OINO
J
UNIOR
1
1
Universidade Federal de Lavras, Departamento de Entomologia, CP 30,
CEP 37200-000, Lavras, MG, Brasil.
56
Deslocamento vertical de nematóides entomopatogênicos (Rhabditida:
Heterorhabditidae) na busca por Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) em laboratório e casa-de-vegetação
57
Vertical displacement of entomopathogenic nematodes (Rhabdita:
Heterorhabditidae) in search of Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) under laboratory and greenhouse
conditions.
ABSTRACT
In studies for evaluation of entomopathogenic nematodes as insect
pest control agents is important to know the search capacity, besides
pathogenicity and virulence, since the greater the efficiency, the higher
the chance to host finding. Thus, in laboratory conditions, aqueous
suspension of CCA and JMP3 isolates (Heterorhabditis) were placed on
top of 5-cm high sand columns and insect mortality checked after 5 days.
Similar procedure was followed on 30 cm soil columns composed of six
5-cm extracts. The same isolates were used but with two application
methods dead infected insect and aqueous suspension both evaluated
in different depths and in a 2x2x6 factorial statistical design under
greenhouse conditions. No difference was detected between the isolates in
the sand experiment, with 92% mortality for both. For the soil
experiment, the JMP3 isolate was better than CCA on both application
58
methods. Better results were obtained with aqueous suspension and JPM3
the best treatment on almost all depths evaluated.
Keywords: Heterorhabditis, “cruiser”, “ambusher”, Dysmicoccus
texensis.
59
RESUMO
Vários fatores devem ser considerados na avaliação da eficiência
de um entomopatógeno no controle de um inseto-praga. Com relação aos
nematóides entomopatogênicos, além da patogenicidade e virulência, é
importante conhecer a capacidade de busca, pois quanto maior sua
eficiência, maior a chance de encontro com o hospedeiro. Assim, este
trabalho objetivou avaliar o deslocamento vertical de nematóides
entomopatogênicos (Heterorhabditis), visando o controle da cochonilha-
da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley). Para avaliação em
laboratório, foi feito teste em coluna de areia de 5 cm, onde os isolados
CCA e JPM3 foram aplicados em suspensão aquosa no topo da coluna e a
mortalidade dos insetos verificada após 5 dias. No experimento de coluna
de solo foi usada uma coluna de 30 cm, composta por seis extratos de 5
cm. Foram utilizados dois isolados (CCA e JPM3) e dois métodos de
aplicação (cadáver infectado e suspensão aquosa), ambos avaliados nas
diferentes profundidades, sendo que o experimento foi conduzido num
delineamento fatorial 2x2x6, em condições de casa-de-vegetação. No
experimento de coluna de areia, não houve diferença entre os isolados
avaliados, sendo que ambos alcançaram valor de 92% de mortalidade. No
60
experimento de deslocamento em coluna de solo, observou-se que JPM3
foi mais eficiente que CCA, nos dois métodos de aplicação avaliados.
Quanto aos métodos de aplicação, o de suspensão aquosa apresentou
melhores resultados para os dois isolados, sendo que JPM3, aplicado em
suspensão aquosa, foi o melhor tratamento em quase todas as
profundidades avaliadas.
Palavras-chave: Heterorhabditis, cruiser”, “ambusher”, Dyzmicoccus
texensis.
61
Os nematóides entomopatogênicos das famílias Steinernematidae
e Heterorhabditidae têm se mostrado agentes promissores e alternativos
ao controle químico de muitos insetos-pragas e sua utilização em
programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) já é realidade em muitos
países (Georgis et al., 2005; Kaya 1985).
Entre as vantagens apresentadas pelos nematóides
entomopatogênicos, com relação a outros agentes de controle microbiano,
está a capacidade de busca pelo hospedeiro. Neste sentido, eles podem
apresentar dois tipos de comportamento: “cruiser” e “ambusher”. Esta
classificação é baseada na diferença de tempo que o nematóide passa
parado à espreita do hospedeiro (“ambusher”) e no tempo em que ele se
desloca em busca do hospedeiro (“cruiser”) (Huey & Pianka, 1981;
O’Brien et al., 1989). Alguns nematóides podem apresentar
comportamento intermediário.
Nematóides com comportamento “cruiser” têm alta probabilidade
de sucesso no controle de insetos-pragas com hábito sedentário ou
críptico, enquanto que nematóides com comportamento “ambusher” são
mais indicados para o controle de insetos ativos, que se movimentam no
ambiente (Lewis et al., 2006).
62
A cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro, Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae), é um exemplo de inseto com hábito
críptico e seu ataque tem causado sérios prejuízos à cultura do café
(Souza & Ribeiro, 2003). Os insetos instalam-se na raiz principal, na
região abaixo do colo da planta, e distribuem-se para as raízes secundárias
nas quais, associados ao fungo Bornetina sp., formam as chamadas
criptas ou “pipocas”, no interior das quais se alojam. As criptas impedem
a absorção de água e nutrientes pela planta, que, em altas infestações,
pode morrer (Nakano, 1972; Santa-Cecília et al., 2000; Sousa et al.,
2001).
O hábito críptico desse inseto dificulta o controle químico e a ação
de inimigos naturais como parasitóides e fungos entomopatogênicos. Por
outro lado, os nematóides entomopatogênicos têm demonstrado um bom
potencial para o controle desse inseto (Alves et al., Andaló et al., 2004a;
Andaló et al., 2004b, dados não publicados). Assim, o objetivo deste
trabalho foi avaliar a capacidade de deslocamento vertical de dois
isolados de nematóides entomopatogênicos (Heterorhabditis sp. CCA e
JPM3) na busca de D. texensis, em condições de laboratório e casa-de-
vegetação.
63
Material e Métodos
Criação de Dysmicoccus texensis
A criação de D. texensis foi conduzida no laboratório de Patologia
de Insetos da Universidade Federal de Lavras - UFLA, em Lavras, no
Campus da UFLA.
Como substrato para criação das cochonilhas, foram utilizadas
abóboras do tipo moranga, variedade “Cabotcha”.
Para infestação de novas abóboras, pedaços de uma abóbora
infestada foram colocados sobre as novas, esperando pela passagem das
ninfas e adultos da cochonilha. Assim que a infestação ocorria, os
pedaços eram retirados para evitar a contaminação com fungos.
Os frutos infestados permaneceram em condições controladas de
temperatura de 27 ± 1ºC, com umidade relativa de 70 ± 10% e no escuro,
em câmara climática.
Obtenção de isolados de nematóides
Os isolados utilizados foram Heterorhabditis sp. CCA (Araras, SP
Brasil) e Heterorhabditis sp. JPM3 (Lavras, MG Brasil) e foram
obtidos do Banco de Entomopatógenos do Laboratório de Patologia de
Insetos da UFLA, sendo armazenados em frascos Erlenmeyer em
64
suspensão aquosa, em condições controladas a 16º ± 1ºC, com umidade
relativa de 70 ± 10%, e no escuro, na concentração de até 500 Juvenis
Infectivos (JIs)/mL.
Quando necessário, a multiplicação foi feita em larvas de último
ínstar da traça-dos-favos, Galleria mellonella L. (Lepidoptera: Piralidae),
provenientes do Laboratório de Biologia de Insetos do Departamento de
Entomologia da UFLA.
Deslocamento em coluna de areia (Teste em Laboratório)
O teste de deslocamento em coluna de areia foi conduzido no
Laboratório de Patologia de Insetos do Departamento de Entomologia da
UFLA. Foram usadas placas de Petri de 5 cm de diâmetro, com 20 g de
areia esterilizada + broto de batata para onde foram transferidas 10
fêmeas adultas da cochonilha. Em seguida, um cano plástico de PVC de 5
cm de altura e 4 cm de diâmetro foi colocado sobre a base da placa,
mantendo-se o broto no fundo, e preenchido com areia até o topo
(aproximadamente 80 g). A areia foi umedecida com 8 mL de água
destilada (10% do peso da areia) e, a seguir, as suspensões de nematóides
foram aplicadas em três concentrações (50, 100 e 500 JIs/inseto). O cano
de PVC foi, então, coberto com a tampa da placa de Petri, armazenado em
65
caixas plásticas, contendo algodão umedecido e mantidas em câmara
climática a 27±C, 70±10% de umidade e no escuro. Cada tratamento
foi repetido 5 vezes. A avaliação foi feita após 5 dias, sendo os insetos
mortos transferidos para câmara seca, para confirmação da mortalidade
pela sintomatologia. Para o tratamento testemunha, foram seguidos os
mesmos passos, porém este recebeu aplicação apenas de água destilada
esterilizada. Os dados de mortalidade foram submetidos à análise de
variância e ao teste Scott-Knott (P<0,05) para comparação entre as
médias.
Deslocamento em coluna de solo (teste em casa-de-vegetação)
Os dois isolados foram também avaliados quanto à capacidade de
deslocamento em coluna de solo, simulando uma situação mais próxima
às condições de campo.
Para montagem da coluna foram utilizados pedaços de cano PVC
de 150 mm de diâmetro, com altura de 5 cm, com tela plástica colada em
uma das extremidades. Cada pedaço de cano, após ser preenchido com
solo não esterilizado, recebeu um broto de batata sobre o qual foram
transferidos 10 insetos. Os pedaços de cano foram então empilhados até a
altura de 25 cm (5 pedaços) e unidos com fita adesiva.
66
Foram avaliados dois métodos de aplicação: através de suspensão
aquosa (150 mL) e pelo método de cadáver infectado (larvas de G.
mellonella, previamente infestadas), sendo usada uma larva por coluna,
enterrada na superfície da mesma. A suspensão aquosa foi aplicada no
topo da coluna na concentração de 28 JIs/cm
2
para CCA e 29 JIs/cm
2
para
JPM3. Após a aplicação, as colunas de solo foram mantidas em casa-de-
vegetação do Departamento de Entomologia da UFLA.
A avaliação foi feita 5 dias após, desmontando-se as colunas e
contando o número de insetos vivos e mortos em cada extrato da coluna.
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado, com esquema fatorial 3 (dois isolados e a testemunha,) x 2
(dois métodos de aplicação) x 5 (diferentes profundidades). Os dados
referentes aos diferentes métodos de aplicação foram submetidos ao teste
de comparação de médias Scott-Knott (P<0,05), enquanto que o
desempenho de cada tratamento, quanto ao deslocamento, foi submetido à
análise de regressão.
67
Resultados e Discussão
Deslocamento na coluna de areia
Foi possível observar que ambos os isolados foram eficientes no
deslocamento através da coluna de areia, causando mortalidade mínima
de 72% na menor concentração (CCA) e máxima de 92% na maior
concentração (CCA e JPM3). Não houve diferença entre os dois isolados
em nenhuma das concentrações testadas (Tabela 1).
Stuart et al. (1997) desenvolveram trabalho semelhante, para
avaliar a capacidade de deslocamento de várias espécies de nematóides,
objetivando o controle de Dysmicoccus vacinni (Hemiptera:
Pseudococcidae). Segundo os autores, H. bacteriophora e H. indicus
causaram até 90% de mortalidade.
Também Poinar & Hom (1986) avaliaram a capacidade de
deslocamento de S. carpocapsae, em condições de laboratório. Segundo
eles, fatores como temperatura, umidade e tipo de solo podem influenciar
na capacidade de deslocamento dos juvenis infectivos.
Vários fatores podem estar envolvidos no processo de
deslocamento de JIs. Estes fatores podem ser ambientais como umidade,
composição e granulometria do solo, temperatura, presença ou não de
68
hospedeiro, liberação de substâncias de sinalização pelas plantas atacadas
entre outros; e também próprios do nematóide como idade e reserva de
energia (Fitters & Griffin 2005; Poinar & Hom, 1986; Rasmann et al.,
2005; van Tol et al., 2001; Wennemann et al., 2004).
Deslocamento em coluna de solo
No experimento de deslocamento em coluna de solo, foram
avaliados os fatores independentemente e também a interação entre os
dois isolados avaliados com os métodos de aplicação e com a
profundidade, e ainda a interação dos métodos de aplicação com a
profundidade. De acordo com a Tabela 2, é possível observar que apenas
a interação, método de aplicação e profundidade, não foi significativa.
Tanto o fator isolado quanto o método de aplicação foram significativos
quando combinados com a profundidade.
Quanto à interação isolado x método de aplicação, pode-se
observar (Tabela 3) que o tratamento suspensão aquosa JPM3 apresentou
diferença significativa, causando até 84% de mortalidade. O isolado CCA
também diferiu da testemunha, apresentando valor máximo de 68% de
mortalidade.
69
No tratamento cadáver infectado, o resultado foi semelhante,
porém a porcentagem de mortalidade foi inferior ao tratamento suspensão
aquosa, sendo os valores máximos de mortalidade de 15 e 60% para CCA
e JPM3, respectivamente.
Comparando os dois métodos de aplicação dentro de cada isolado,
observou-se que CCA apresentou variação significativa, causando 68% de
mortalidade no tratamento suspensão aquosa e apenas 15% no tratamento
cadáver infectado. O isolado JPM3 também apresentou variação
significativa entre os dois métodos de inoculação, alcançando valores de
60 e 84% de mortalidade nos tratamentos cadáver infectado e suspensão
aquosa, respectivamente. De maneira geral, o isolado JPM3 apresentou
melhores resultados de deslocamento, em ambos os métodos de aplicação
na busca de D. texensis.
A interação isolado x profundidade também foi significativa.
Analisando primeiramente o fator métodos de aplicação, dentro de cada
isolado, podemos observar (Fig. 1) que, para o isolado CCA, o método
suspensão aquosa foi mais eficiente no deslocamento que o método
cadáver infectado, alcançando valor máximo de mortalidade na
profundidade mais superficial (5 cm) de até 88%.
70
Na profundidade de 25 cm deste mesmo tratamento, a mortalidade
foi de 55%. Mesmo este valor está acima do obtido no tratamento cadáver
infestado na profundidade de 5 cm, que alcançou mortalidade de apenas
23%. Na profundidade de 25 cm, o tratamento cadáver infestado causou
mortalidade de 5%, valor este abaixo até mesmo da testemunha.
O isolado JPM3 apresentou resultado de 90% de mortalidade, na
profundidade de 5 cm no método de suspensão aquosa, variando ao
valor de 68% na profundidade de 25 cm. No tratamento cadáver
infectado, o valor máximo de mortalidade foi obtido na profundidade de
10 cm, e o menor, na profundidade de 25 cm, 73 e 43%, respectivamente
(Fig. 2).
Analisando os dois isolados avaliados, dentro de cada método de
aplicação, podemos observar (Fig. 3) que, no método cadáver infectado,
JPM3 apresentou melhores resultados que o isolado CCA. Resultados
semelhantes foram observados no método de suspensão aquosa (Fig. 4),
com exceção na profundidade 5 cm, onde o desempenho dos dois isolados
foi bastante semelhante. Porém, à medida que a profundidade foi
aumentada, o isolado JPM3 causou maior mortalidade, quando
comparado ao isolado CCA.
71
A maior parte das formulações de nematóides entomopatogênicos
disponíveis no mercado, são feitas a partir de suspensões aquosas. No
entanto, outras formulações estão sendo estudadas e testadas como amido,
areia, solo, espumas e também cadáveres infectados. Entre os problemas
enfrentados estão as dificuldades de estocagem e de aplicação. Entretanto,
em trabalho desenvolvido por Shapiro-Ilan et al. (2001), os autores
concluem que o uso de cadáveres infectados é uma forma promissora de
aplicação de nematóides entomopatogênicos no controle de insetos-praga,
apresentando, entre outras vantagens, a diminuição nos custos.
No entanto, de acordo com os dados obtidos neste trabalho, a
aplicação de nematóides, pelo método de cadáver infectado teve
desempenho inferior à aplicação via suspensão aquosa, para ambos os
isolados avaliados. Uma possível explicação seria a diferença de umidade,
já que no tratamento de cadáver infectado não foi aplicado, água no
momento da inoculação. Este fator pode ter influenciado na emergência e
mesmo no deslocamento dos JIs, na coluna de solo.
O uso da técnica de cadáver infectado tem se difundido nos
últimos anos, alcançando bons resultados em alguns casos, quando
comparado com a aplicação via suspensão aquosa em condições de
72
laboratório (Shapiro-Ilan et al., 2003). Entre as vantagens apresentadas
por este método, está a ausência do estresse físico, provocado no método
de suspensão aquosa, e possivelmente a componentes presentes no inseto
hospedeiro que podem aumentar a infectividade e a capacidade de
dispersão (Shapiro-Ilan et al., 2005).
Por outro lado, na ausência de condições favoráveis (umidade,
temperatura, presença de outro hospedeiro), os JIs podem persistir dentro
do hospedeiro, esperando por condições adequadas para sua emergência,
e se estas não ocorrerem, os juvenis podem morrer dentro do corpo do
cadáver infectado, sem que a emergência ocorra.
Quanto à dispersão vertical dos nematóides, vários fatores podem
influenciá-la. Boff & Smits (2001) estudaram a influência da densidade,
idade e presença do hospedeiro na dispersão de H. megidis, sabendo
previamente do comportamento “cruiser” deste nematóide. Segundo os
autores, todos estes fatores podem influenciar no deslocamento dos JIs,
concluindo que a dispersão é maior quando os JIs estão em altas
densidades, são mais jovens e respondem de maneira diferenciada à
presença de determinados hospedeiros.
73
De maneira geral, os resultados indicam que o isolado JPM3 teve
melhor desempenho do que o isolado CCA, quanto à capacidade de busca
pela cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro. O método de aplicação por
suspensão aquosa também se mostrou mais eficiente do que o método de
cadáver infectado. Além disso, a eficiência de ambos os isolados é
inversamente proporcional à profundidade, ou seja, a eficiência diminui à
medida que a profundidade aumenta.
74
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2004.
77
Tabela 1. Porcentagem de mortalidade de D. texensis, em diferentes
concentrações de JIs de 2 isolados aplicados sobre coluna de areia.
Concentrações (JIs/inseto)
1
Isolados
50 100 500
Heterorhabditis sp.CCA 72 ± 0,12 a 90 ± 0,03 a 92 ± 0,00 a
Heterorhabditis sp. JPM3 76 ± 0,04 a 92 ± 0,00 a 92 ± 0,00 a
Testemunha 4 ± 0,0 b 4 ± 0,0 b
4 ± 0,0 b
C.V.= 8,20%
1
Médias seguidas por letras distintas minúsculas nas colunas diferem
entre si pelo teste Scott-Knott (P<0,05).
78
Tabela 2. Análise de variância do deslocamento dos isolados
Heterorhabiditis sp. CCA e Heterorhabiditis sp. JPM3 em coluna de solo
aplicados pelos métodos de suspensão aquosa e cadáver infectado.
FV GL
SQ QM Fc Pr>Fc
Isolados 2 84560.00000
42280.000000
193.74 0.000*
Mét. Aplic. 1 19763
.333333
19763.333333
0.563 0.000*
Profundidade 4
3278.333333
819.583333
32.275 0.007*
Isol x Metod 2
14086.666667
7043.333333
32.275 0.000*
Isol x Prof. 8
3481.666667
435.208333
1.994 0.055*
Mét. x Prof. 4
1278.333333
319.583333
1.464 0.2191
Repetição 3
390.000000
130.000000
0.596 0.6193
Erro 95
20731.666667
218.228070
Total
119 147570.00000
C.V. = 36.48%
* Valores significativos com P<0,05
79
Tabela 3. Porcentagem média de mortalidade de D. texensis causada pelos
isolados Heterorhabditis sp. CCA e Heterorhabditis sp. JPM3 em coluna
de solo aplicados pelos métodos de suspensão aquosa e cadáver infectado.
Tratamentos Métodos de Aplicação
Suspensão Aquosa Cadáver Infectado
CCA 68 ± 13,00 Ab
1
15 ± 12,00 Bb
JPM3 84 ± 12,20 Aa 60 ± 21,00 Ba
Testemunha 7 ± 8,00 Ac 7 ± 8,00 Ac
C.V.= 36,48
1
Médias seguidas de letras iguais maiúsculas nas linhas e minúsculas nas
colunas não diferem entre si pelo teste de médias Scott-Knott (P<0,05).
80
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
Profundidade
% Mortalidade
Suspensão Cadáver Testemunha
Figura 1. Curva de regressão para o isolado CCA, aplicado pelos métodos
suspensão aquosa e cadáver infestado, considerando a porcentagem de
mortalidade de D. texensis em função da profundidade em cm.
81
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
Profundidade (cm)
% Mortalidade
Suspensão Cadaver Testemunha
Figura 2. Curva de regressão para o isolado JPM3, aplicado pelos
métodos suspensão aquosa e cadáver infestado, considerando a
porcentagem de mortalidade de D. texensis em função da profundidade
em cm.
82
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
Profundidade (cm)
% Mortalidade
JPM3 CCA Testemunha
Figura 3. Curva de regressão para o isolado JPM3, CCA e Testemunha,
aplicados pelo método cadáver infestado, considerando a porcentagem de
mortalidade de D. texensis em função da profundidade em cm.
83
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
Profundidade (cm)
% Mortalidade
CCA JPM3 Testemunha
Figura 4. Curva de regressão para o isolado JPM3, CCA e Testemunha,
aplicados pelo método suspensão aquosa, considerando a porcentagem de
mortalidade de D. texensis em função da profundidade em cm.
84
ARTIGO 4
Testes em condições de casa-de-vegetação e campo para o controle de
Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) em cafeeiro
com nematóides entomopatogênicos do gênero Heterorhabditis
(Rhabditida: Heterorhabditidae)
(Preparado de acordo com as normas da revista “Neotropical
Entomology”)
V
IVIANE
S.
A
LVES
1
A
LCIDES
M
OINO
J
UNIOR
1
L
ENIRA
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R
OHDE
1
M
ARCO
A
URÉLIO
T
RAMONTIN
D
A
S
ILVA
1
1
Universidade Federal de Lavras, Departamento de Entomologia, CP 30,
CEP 37200-000, Lavras, MG, Brasil.
2
Epamig-CTSM/EcoCentro, Lavras, MG, Brasil.
85
Testes em condições de casa-de-vegetação e campo para o controle da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley)
(Hemiptera: Pseudococcidae) com nematóides entomopatogênicos do
gênero Heterorhabditis (Rhabditida: Heterorhabditidae)
86
Green-house and field tests for the control of coffee root mealybug
Dysmicoccus texensis (Tinsley) (Hemiptera: Pseudococcidae) with
Heterorhabditis (Rhabditida: Heterorhabditidae)
ABSTRACT
Entomopathogenic nematodes (EPNs) have potential for
biological pest control and have been successfully used in several
countries in soil and cryptic pests control like the coffee root mealybug
Dysmicoccus texensis (Tinsley). Laboratory tests demonstrated that these
agents are highly virulent to the insect but semi-field and field tests are
needed to determine their efficiency. Greenhouse tests were made in
infested pots with two isolates and two application methods dead insect
bodies and aqueous suspension in a complete randomized design with 5
replicates. Field tests were made in randomize plots (6 plots) to evaluate
six isolates of heterorhabditids on coffee root mealybug control.
Greenhouse results demonstrate that aqueous suspension were better for
the two isolates, with 70% control efficiency for JPM3. In field
experiments, treatments with aqueous suspensions of insecticide
87
(thiamethoxan) and JPM3 were the only ones statistically different from
control, with 81 and 65% control efficiency, respectively.
Key-words: Heterorhabditidae, biological control, Dysmicoccus texensis.
88
RESUMO
Os nematóides entomopatogênicos (NEPs) apresentam potencial
para o controle biológico de pragas e têm sido usados com sucesso, em
vários países, no controle de pragas de solo e de ambientes crípticos,
como a cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis (Tinsley).
Testes de laboratório demonstram que estes agentes apresentam alta
virulência sobre o inseto. No entanto, são necessários testes que avaliem a
eficiência dos NEPs em condições de casa-de-vegetação e campo, sendo
este o objetivo deste trabalho. O experimento, em condição de casa-de-
vegetação para controle da cochonilha, foi realizado em vasos infestados,
usando dois isolados e dois métodos de aplicação (cadáver infectado e
suspensão aquosa), conduzido em delineamento inteiramente casualisado
com 5 repetições. O experimento a campo foi conduzido em blocos
casualisados (6 blocos), para avaliar a eficiência de dois isolados
heterorhabditídeos no controle da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro. Os
resultados mostraram que, em casa-de-vegetação, o método de suspensão
aquosa apresentou melhores resultados para os dois isolados, sendo que
JPM3, aplicado em suspensão aquosa, foi o melhor tratamento,
apresentando eficiência de controle de 70%. No experimento de campo,
89
apenas o tratamento inseticida (thiamethoxan), usado como padrão de
comparação, e JPM3, aplicado em suspensão aquosa, diferiram da
testemunha, apresentando 81 e 65% de eficiência de controle,
respectivamente.
Palavras-chave: Heterorhabditidae, controle biológico, Dysmicoccus
texensis.
90
O uso de nematóides entomopatogênicos, como agentes de
controle microbiano, ainda é limitado, quando comparado com outros
agentes, como os fungos e bactérias (Grewal et al., 2001). No entanto, os
nematóides apresentam uma combinação única de atributos que os tornam
agentes promissores no controle microbiano de vários insetos-praga
(Georgis et al., 2005; Grewal et al., 2005; Grewal et al., 1999; Kaya &
Gaugler, 1993; Shapiro-Ilan, 2004).
Entre as principais vantagens apresentadas por estes agentes, está
o fato de serem mais resistentes que outros entomopatógenos a produtos
fitossanitários, possibilitando sua utilização em programas de Manejo
Integrado de Pragas (MIP); podem apresentar ação sinergística com
outros agentes entomopatogênicos; apresentam boa capacidade de
adaptação a novos ambientes, desde que estes não apresentem condições
adversas extremas; algumas espécies podem movimentar-se no ambiente,
buscando pelo hospedeiro; podem reproduzir-se por partenogênese e são
inócuos a plantas e outros animais, inclusive ao homem (Ferraz, 1998;
Lewis et al., 2006; Shapiro-Ilan et al., 2005).
Como limitações para o uso de nematóides entomopatogênicos no
MIP, podemos citar a falta de produtos disponíveis no mercado. O
91
desenvolvimento de um produto à base de um agente entomopatogênico
passa por inúmeras fases, entre elas a caracterização e comprovação da
eficiência do agente biológico, para o controle de determinado inseto-
praga, e esses procedimentos requerem tempo e custos (Ferraz, 1998).
Estudos sobre virulência, concentração letal e outros testes de
laboratório são o princípio para a caracterização de isolados, para sua
utilização como agentes de um programa de controle (Alves et al., 1998,
Pereira et al., 1998).
Por outro lado, estudos em condições de casa-de-vegetação e
campo também o importantes, pois retratam verdadeiramente quais as
possibilidades de sucesso de um isolado, como agente eficiente no
controle de um inseto-praga. Fatores como variação da temperatura,
umidade, radiação solar e mesmo encontro do hospedeiro podem
influenciar enormemente no sucesso de um agente de controle.
Assim, este trabalho teve como objetivos avaliar o desempenho
de dois isolados heterorhabditídeos, previamente testados em condições
de laboratório para o controle de Dysmioccus texensis, em condições de
casa-de-vegetação e campo.
92
Material e Métodos
Testes em casa-de-vegetação
Foram plantadas previamente 200 mudas de café Coffea arabica
L. cultivar Mundo Novo, var. 476-4 em vasos com capacidade para 3
litros, utilizando-se, como substrato, esterco bovino e adubo na dosagem
recomendada na região. As mudas foram produzidas na Fazenda
Experimental de Lavras (FELA) da Empresa de Pesquisa Agropecuária de
Minas Gerais – EPAMIG, em Lavras – MG.
A infestação das mudas com a cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro foi
feita, colocando um pedaço de aproximadamente 4 cm
2
de abóbora
cabotcha, infestada com adultos e ninfas da cochonilha D. texensis, junto
ao colo da planta durante 3 dias. Para mudas nas quais não ocorreu
infestação, o procedimento foi repetido até que a infestação se instalasse
na muda de café. A verificação da infestação foi feita, escavando-se em
volta do caule, na região do colo, e também pela presença de formigas
doceiras, que são um indicativo da presença da praga nas plantas. Uma
vez infestadas, as mudas foram então submetidas aos tratamentos.
Para avaliação da eficiência de controle, em condições de casa-de-
vegetação, os isolados heterorhabditídeos, previamente testados em
93
condições de laboratório, foram aplicados através de duas formas:
inoculação direta de suspensão aquosa no solo e pelo método de cadáver
infectado, sendo aplicados na concentração de 28 e 29 JIs/cm
2
(200
mL/vaso, aplicados próximo do colo da planta) e uma larva de G.
mellonella/vaso (enterrada próxima do colo da planta) para os isolados
CCA e JPM3, respectivamente.
A avaliação foi feita 7 dias após a aplicação, através da contagem
do número total de insetos vivos, em toda a área de raiz das plantas.
Cada tratamento foi repetido 5 vezes, sendo cada parcela
composta por uma planta e o experimento foi conduzido em delineamento
inteiramente casualizado. Os dados foram submetidos a teste de
comparação de médias Scott-Knott (P<0,05). A eficiência de controle dos
tratamentos foi calculada através da fórmula de Abbott (1998).
Testes em campo
Os testes, em condições de campo, foram conduzidos na
propriedade Vista Alegre, no município de Garça, estado de São Paulo
(49º64´s / 22º23´s com altitude de 682m), sendo que a montagem do
experimento foi no dia primeiro de Junho de 2005 e a avaliação no dia 30
do mesmo mês.
94
Foram utilizadas 36 plantas de café Coffea canephora Pierre &
Froehner, cv. Apoatã, de 2 anos e meio de idade, infestadas naturalmente
com D. texensis, distribuídas em 6 blocos, contendo 6 tratamentos cada.
Os tratamentos consistiram de nematóides Heterorhabiditis sp. JPM3 e
Heterorhabiditis sp. CCA, duas formas de aplicação (suspensão aquosa e
cadáver infectado), testemunha e produto químico (thiamethoxan 250
WG), como padrão de comparação. Os blocos foram distribuídos em três
ruas, a partir da borda do cafezal.,
Todas as parcelas receberam 1 litro de água antes de receberem os
tratamentos. A aplicação do produto químico foi feita por inundação na
concentração recomendada pelo fabricante. Os nematóides foram
aplicados através de dois métodos: inundação (da mesma forma que o
produto químico) na concentração de 3,6x10
5
JIs/planta (100 JIs/cm
2
) e
pelo método de cadáver infectado, sendo que foram enterradas 10 larvas
(cinco de cada lado da planta) a 10 cm de profundidade e a 5 cm do colo
da planta. O produto químico foi aplicado na concentração de 0,23g
p.c./planta em 80 mL de solução (Souza & Ribeiro, 2003), sendo metade
da calda aplicada de cada lado da planta. O tratamento testemunha
recebeu apenas água.
95
A avaliação foi feita 30 dias após a aplicação, através da retirada
de 2 cm
2
de caule da região do colo, com auxílio de um estilete e feita a
contagem do mero de insetos. Além disso, foi feita avaliação da
persistência dos nematóides no campo, coletando-se 300 g de solo em
volta das plantas, nas quais esses foram aplicados. As amostras de solo
foram encaminhadas ao Laboratório de Patologia de Insetos do
Departamento de Entomologia da UFLA em caixa térmica, onde foram
submetidas à análise de persistência pela técnica isca-viva (
Kaya & Stock,
1997
), usando larvas de último instar de G. mellonella. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste
Scott-Knott (P<0,05). A eficiência de controle dos tratamentos foi
calculada através da fórmula de Abbott (Alves et al., 1998).
Resultados e Discussão
Testes em casa-de-vegetação
No teste de patogenicidade de nematóides a D. texensis em vasos
na casa-de-vegetação, não houve interação entre os fatores testados
(isolados x método de aplicação).
96
O isolado JPM3, aplicado pelo método de suspensão aquosa
alcançou valores significativos de controle de 68%. Quando aplicado pelo
método de cadáver infectado, a eficiência de controle diminuiu para
apenas 46% (Tabela 1).
Por outro lado, o isolado CCA alcançou valor máximo de
eficiência de 28%, quando aplicado em suspensão aquosa, e de apenas
18% quando aplicado pelo método de cadáver infectado (Tabela 1).
Os resultados obtidos são devidos, principalmente, à alta
variabilidade entre diferentes espécies, ou mesmo entre diferentes
isolados, além de vários outros fatores, que podem influenciar na
eficiência de um agente, no controle de um inseto: fatores ambientais,
como temperatura, umidade relativa do ar e do solo, radiação, entre
outros. Assim, a biologia e o comportamento do isolado, do inseto
hospedeiro e as condições ambientais em que o programa será
desenvolvido são essenciais no estabelecimento da estratégia de controle
(Georgis et al., 2005).
Vários isolados, avaliados como eficientes no controle de insetos
em condições de laboratório, quando levados a condições de campo,
podem não apresentar os mesmos resultados, pois fatores do ambiente
97
como temperatura, umidade relativa do ar e do solo, luminosidade; fatores
do hospedeiro como comportamento (séssil ou móvel), hábitos de vida,
resistência e por último, fatores do isolado como capacidade de busca,
especificidade ou não ao hospedeiro, resistência a condições ambientais
desfavoráveis (Dowds & Peters, 2002). Esses fatores devem ser levados
em consideração, na implementação de um programa de controle, e a
avaliação de tais fatores nem sempre é possível em condições de
laboratório.
Testes em campo
No experimento realizado a campo, os dados foram semelhantes
ao experimento em casa-de-vegetação. Apenas o isolado JPM3, aplicado
pelo método de suspensão aquosa, e o inseticida apresentaram valores de
eficiência significativos no controle de D. texensis (65 e 81%,
respectivamente) (Tabela 2). Quando aplicado pelo método de cadáver
infectado, o isolado JPM3 apresentou apenas 19% de eficiência. O
isolado CCA não foi eficiente em nenhum dos métodos de aplicação, o
diferindo da testemunha.
Quanto à recuperação dos nematóides, através de armadilha de
isca viva, foi possível observar que, nos tratamentos que não receberam
98
aplicação de nematóides (testemunha e inseticida), não houve nenhuma
ocorrência de nematóides. Por outro lado, todos os tratamentos, em que
houve aplicação de nematóides, apresentaram amostras positivas de
isolamento (Tabela 3).
Os melhores índices de recuperação, para os dois isolados, foram
obtidos nos tratamentos de aplicação através de suspensão aquosa (100%
para CCA e 83% para JPM3). Nos tratamentos de aplicação através de
cadáver infectado, o índice de recuperação foi menor, sendo 50% para
JPM3 e 17% para CCA.
Vários fatores podem ter contribuído para a persistência dos
isolados no campo, como por exemplo, a temperatura, umidade relativa
do ar e do solo e radiação. De acordo com os dados do INPE (2006) para
o mês de junho de 2005, a precipitação máxima na cidade de Garça - SP
foi de 80 mm, com temperatura do ar média de 20º C (Fig. 1). Esses
fatores provavelmente contribuíram para a sobrevivência dos nematóides
no campo, propiciando sua recuperação.
A eficiência dos nematóides entomopatogênicos, em condições de
campo, requer umidade do solo adequada para sua sobrevivência. A
ausência de umidade pode levá-los a dessecação, enquanto que o excesso
99
de água no solo causa diminuição do oxigênio disponível e também
dificuldade de movimentação (Kaya, 1990; Koppenhofer et al., 1995;
Peres et al., 2003). De acordo com os dados apresentados na Figura 1, é
possível observar que a precipitação, acumulada no período em que o
experimento foi conduzido, favoreceu os JIs aplicados, uma vez que a
concentração de água no solo manteve-se em torno de 80 mm. As
variações na temperatura e na umidade do solo podem influenciar na
emergência e na sobrevivência de JIs do gênero Heterorhabditis (Brown
& Gaugler, 1997).
A temperatura ideal para infecção e reprodução dos nematóides
entomopatogênicos varia entre as diferentes espécies, e mesmo entre
isolados (Grewal et al., 1994; Shapiro-Ilan et al., 2005; Van Tol & Raupp,
2006). A aplicação dos nematóides, em temperaturas muito baixas ou
muito altas, próximas de seu limiar de sobrevivência, pode interferir na
sua atividade, ou até torná-los inviáveis (Lacey et al., 2005).
Entretanto, um fato curioso ficou evidente nos resultados: se
ambos os isolados estavam presentes em ambas as formas de aplicação,
então porque apenas JPM3 aplicado pelo método de suspensão aquosa foi
eficiente no controle da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro? Uma possível
100
explicação seria a forma de busca dos dois isolados. JPM3,
provavelmente, é um isolado “cruiser”, enquanto que CCA apresenta
comportamento “ambusher”.
Nematóides que possuem estratégia de busca do tipo “ambusher”
são mais eficientes no controle de insetos que são ativos (que se
movimentam mais), enquanto que nematóides que apresentam estratégia
“cruiser” são mais eficientes no controle de insetos sésseis ou com
hábitos cripticos (Lewis et al., 1992; Lewis, 2002; Lewis et al., 2006).
A classificação de um nematóide como “cruiser” ou “ambusher” é
baseada na diferença de tempo em que o nematóide permanece estático ou
o tempo em que ele gasta, movimentando-se através do ambiente (Huey
& Pianka, 1981; O´Brien et al., 1989). Mesmo estrategistas do tipo
“ambusher” podem mover-se e estrategistas “cruiser” também podem
permanecer estáticos por algum tempo. Isso explica também a existência
de isolados que apresentam comportamento intermediário.
Quanto aos mecanismos comportamentais de busca, eles são
melhor retratados nos nematóides, que apresentam estratégia do tipo
“cruizer” (Lewis et al., 2006). O uso de quimiotaxia na localização do
hospedeiro já está bem evidenciada em vários trabalhos (Elliot et al.,
101
2000; Baldwin et al., 2002; Degenhardt et al., 2003; Rasmann et al., 2005;
van Tol et al., 2001).
Neste estudo, vários fatores indicam o isolado JPM3 como um
agente promissor no controle de D. texensis, entretanto, testes mais
detalhados ainda são necessários. Técnicas de aplicação em larga escala
precisam ser avaliadas, testes sobre persistência dos JIs no campo,
durante períodos maiores, são necessários, bem como técnicas de
produção e formulações adequadas que facilitem e disponibilizem tais
recursos para o produtor. Mesmo assim, o isolado JPM3, aplicado em
suspensão aquosa, teve uma eficiência similar ao do inseticida
thiamethoxan, indicando-o como um agente promissor no controle da
cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro.
102
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106
Tabela 1. Número médio de insetos vivos e porcentagem de eficiência de
controle da cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro em condições de casa-de-
vegetação utilizando dois isolados (Heterorhabditis sp. CCA e
Heterorhabditis sp. JPM3 ) através de dois métodos de .
Métodos de aplicação
Suspensão aquosa Cadáver infectado
Isolados
Nº médio de
insetos/planta
Eficiência
(%)
Nº médio de
insetos/planta
Eficiência
(%)
CCA 11 ± 4,72 Aa
1
28 13 ± 5,52Aa 18
JPM3 3 ± 2,72 Ba 68 8 ± 3,44 Aa 46
Test. 17 ± 4,72 Aa - 17 ± 4,72Aa -
C.V.= 55,23%
1
Médias seguidas de letras distintas maiúsculas nas colunas e minúsculas
nas linhas diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.
107
Tabela 2. Número médio de insetos vivos por planta e eficiência de
controle de D. texensis em condições de campo após aplicação de
inseticida e nematóides entomopatogênicos.
Tratamentos Nº médio de insetos/
2cm
2
casca
Eficiência (%)
Inseticida 6 ± 7,78 a
1
81
JPM3 suspensão 11 ± 8,83 a 65
JPM3 Cadáver infectado 24 ± 19,50 b 19
CCA suspensão 31 ± 9,56 b 0
CCA Cadáver infectado 32 ± 17,00 b 0
Testemunha 30 ± 10,00 b -
C.V.= 71,98%
1
Médias seguidas de letras distintas minúsculas nas colunas diferem entre
si pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância.
108
Tabela 3. Recuperação de nematóides entomopatogênicos aplicados
através de diferentes métodos para controle da cochonilha-da-raiz-do-
cafeeiro D. texensis .
Tratamentos
Amostras
positivas
Amostras
negativas
Recuperação
(%)
Inseticida 0 6 0
JPM3 suspensão 5 1 83
JPM3 Cadáver infectado
3 3 50
CCA suspensão 6 0 100
CCA Cadáver infectado 1 5 17
Testemunha 0 6 0
109
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 5 10 15 20 25 30
Dias do mês
mm acumulados
A
B
0
5
10
15
20
25
30
35
0 5 10 15 20 25 30
Dia do mês
ºC
C
Figura 1. A: Precipitação pluviométrica acumulada; B: temperatura média
do solo; C: Temperatura média do ar para o mês de Junho de 2005 na
cidade de Garça – São Paulo (INPE, 2006).
0
5
10
15
20
25
30
35
0
5
10 15
20
25
30
Dia do mês
ºC
110
Considerações Finais
O crescente progresso na elaboração de métodos de produção
massal e formulações adequadas para aplicação e armazenamento de
nematóides entomopatogênicos, a descoberta de novos isolados e a
constante busca de meios alternativos ao controle químico têm resultado
num crescente interesse comercial e científico sobre estes agentes.
Neste trabalho foi possível observar que insetos de difícil controle,
devido a seus hábitos crípticos, como a cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro,
podem ter, nesses agentes, inimigos naturais, com bom potencial para
utilização em programas de controle biológico.
Entretanto, ainda muito a ser feito. Estudos para isolamento de
isolados nativos são necessários, bem como testes de caracterização e
identificação dos já existentes.
Com certeza, a maior dificuldade para o uso de nematóides
entomopatogênicos, hoje, no Brasil, é a falta de tecnologia de produção,
armazenamento e o desenvolvimento de formulações adequadas. Cabe a
nós, comunidade científica envolvida, lutar por melhorias em nossas
instituições e maiores investimentos em projetos de pesquisa cientifica
para a mudança desse quadro, bem como estimular a iniciativa privada,
para investimentos no desenvolvimento de produtos comerciais de
qualidade.
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