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interpretado como edema. Pelo menos, em bovinos inoculados com peçonha de B. alternatus,
trata-se de hemorragia (sangue total) e não edema. Por outro lado, não se pode afirmar que o
mesmo ocorre com relação a outros ofídios do gênero Bothrops, nem no que se relaciona a
outras espécies envenenadas, uma vez que venenos ofídicos, comprovadamente, podem ter
efeitos diferentes em diferentes espécies envenenadas. Tal fato já foi observado em bovinos
inoculados com o veneno de Crotalus durissus terrificus, que não desenvolvem mioglobinúria
como parte dos humanos envenenados pelo mesmo ofídio (GRAÇA, 2007, BIRGEL, et al.,
1983). Os animais tornaram-se menos responsivos aos estímulos externos, havia aumento da
freqüência cardíaca, dispnéia mista e hipotermia. Estes achados também foram encontrados
por Grunert (1967); Grunert, E.; Grunert, D. (1969); Méndez (2001). As coletas de sangue
realizadas (0, 2, 6, 12, 24, 48 horas) após a inoculação agravaram o quadro hemorrágico
determinado pelo efeito anti-coagulante do veneno. Um animal apresentou hemorragias na
região cervical inferior, ocasionada pela coleta de sangue na jugular, que proporcionou a
formação de um grande hematoma nesta área e agravamento do quadro clínico. Devido a este
fato, nos demais animais a coleta de sangue foi realizada na veia medial caudal, que também
apresentou formação de um hematoma, porém menor e controlável, através de garrotes. Em
experimentos realizados em cães, também foram observadas estas mesmas alterações (coletas
foram realizadas nas veias jugular e cefálica) (SANTOS et al., 2003; PÉREZ et al., 1997).
Para os exames laboratoriais é muito importante que a coleta de sangue seja realizada em uma
veia de menor calibre, pois se for feita, por exemplo, na veia jugular, pode acelerar a morte do
animal. Hematomas presentes em outras áreas do corpo foram notados, principalmente, em
locais de trauma, ocasionados pela contenção (tronco de contenção), achado também
observado por Novaes et al., (1986). Aumento da freqüência cardíaca, mucosas hipocoradas e
hipotermia são achados que, geralmente, ocorrem no choque hipovolêmico e levam o animal a
óbito. Neste estudo observamos que o acentuado quadro hemorrágico levou ao choque
hipovolêmico e foi determinante para a morte dos animais.
O interesse pelo alimento e água foi mantido de início em todos animais, com exceção
do bovino 5714, que apresentou, além de anorexia e adipsia, também apatia e atonia ruminal
na fase final do envenenamento, provavelmente, pelo agravamento do quadro clínico.
A freqüência respiratória manteve-se constante com exceção dos bovinos 5717 e 5718,
cujas freqüências ficaram entre 36 e 48; provavelmente, devido à dor, pela inoculação do
veneno por via intramuscular; nos demais animais observou-se dispnéia mista, caracterizada
por aumento da intensidade dos movimentos inspiratórios e expiratórios, que ocorria na fase
final do envenenamento, possivelmente, devido ao quadro de choque hipovolêmico.
A temperatura manteve-se constante em todos os casos, salvo no bovino 5715, no qual
a temperatura oscilou entre 39,5° a 41,2ºC. O comportamento sanguíneo desse animal e o
estresse podem ter contribuído para essa alteração (MENEZES, 1995/96).
“Bruxismo” foi observado em dois bovinos (5711 e 5716), esse sintoma também pode
ocorrer em situação de estresse (THOMAS, 2000).
Havia presença de petéquias e equimoses na gengiva e sangramento nasal (epistaxe)
apenas no animal 5713; quadro de sangramento nasal e oral também foi observado por
Grunert (1967), Grunert; E., Grunert, D. (1969) e Méndez (2001).
Grunert (1967), Grunert; E., Grunert, D. (1969) e Méndez (2001) verificaram
hematoquesia em animais naturalmente envenenados, achado observado em três bovinos
(5713, 5714, 5716) do nosso experimento; dois destes (5713, 5714), em concomitância,
apresentaram fezes ressequidas; houve necessidade de se realizar enema em um deles (5714).
Claudicação foi notada em três bovinos (5711, 5717, 5718) e tornou-se mais acentuada
com o passar do tempo, principalmente, nos animais que receberam o veneno por via
intramuscular. O mesmo foi observado nos casos naturais por Grunert (1967), Grunert; E.,