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Rodolfo Marcassi Favaro
Aspectos bionômicos de Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei
(Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) e seu controle com fungos
entomopatogênicos.
Dissertação apresentada à Coordenação do Curso
de Pós-Graduação em Ciências Biológicas, área de
concentração em Entomologia, da Universidade
Federal do Paraná, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas.
Orientadora: Dr
a
Keti Maria Rocha Zanol
Co-orientadora: Dr
a
Dalva Luiz de Queiroz Santana
Curitiba
2006
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Rodolfo Marcassi Favaro
“Aspectos bionômicos de Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964)
(Hemiptera: Psyllidae) e seu controle com fungos entomopatogênicos”.
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre
em Ciências, no Programa de Pós-Graduação
em Ciências Biológicas, Área de
Concentração em Entomologia, da Universidade Federal do Paraná, pela
Comissão formada pelos professores:
Prof
a
. Dr
a
.
Keti Maria Rocha Zanol (Orientadora)
UFPR
Dr
a
. Dalva Luiz de Queiroz Santana
Embrapa Florestas
Dr. Rodney Ramiro Cavichioli
UFPR
Curitiba, 31 de março de 2006
i
ads:
Dedico
Em especial a minha mãe Otilia e minha
vó Olga, por tudo que fizeram por mim
durante toda minha vida.
A meus irmãos Rodrigo e Ronaldo, pelo
companheirismo e amizade em todos os
momentos.
A Joelma, pelo estímulo, compreensão,
companheirismo e ajuda durante a
realização do trabalho.
A toda minha família pelo estímulo.
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), pela bolsa concedida durante a realização do curso.
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Florestas, por
permitir o uso da estrutura laboratorial.
Ao curso de Pós-Graduação em Entomologia da Universidade Federal do
Paraná, pela oportunidade da realização do curso.
À Dr
a
Dalva Luiz de Queiroz Santana, por toda ajuda desde o tempo de
graduação, pelos ensinamentos, incentivos e conselhos nos estudos, pela
paciência, discussões e correções deste trabalho, Muito Obrigado mesmo.
À Dr
a
Keti Maria Rocha Zanol, professora do Departamento de Zoologia, Setor
de Ciências Biológicas, pela orientação, ajuda nos desenhos, ensinamentos,
discussões e correções deste trabalho.
À Dr
a
Maria Silvia Pereira Leite, pelo auxílio, críticas, discussões e sugestões
nos trabalhos com fungos.
À mestranda Joelma Melissa Malherbe Camargo e a doutoranda Scheila
Ribeiro Messa Zaleski pelas críticas, discussões e sugestões e auxílio nas
análises estatísticas relacionados aos trabalhos com fungos.
À Ana Lúcia Jarretta Loyola Rocha, Charlote Wink e Fernanda Dalprá Faria,
bolsista e estagiárias do Laboratório de Entomologia da Embrapa Florestas por
toda colaboração nos trabalhos de campo e laboratório, e também pelo
companheirismo e amizade.
Aos amigos, que muito me ajudaram, na medida do possível, com sugestões,
críticas, discussões, e principalmente pela amizade e companheirismo, valeu
mesmo galera: Rosi, Juliana Bertolino, Kelli, Lisi, Jonny, Edílson, Eduardo
iii
Kawahara, Eduardo Oliveira, Antonio, Ana, Luciana, Victor, Levi, Luis Gustavo,
Tiago, e a todos os alunos da Pós-Graduação em Entomologia.
Ao doutorando Venício Borges Silva pelo auxílio na identificação dos
coccinelídeos.
À mestranda Mirian Nunes Morales pela identificação do sirfídeo.
Ao Dr. Edílson Batista de Oliveira, pesquisador da Embrapa Florestas, pelo
auxílio nas análises estatísticas relacionados à flutuação populacional.
Aos pesquisadores, funcionários, bolsistas e estagiários do Laboratório de
Entomologia da Embrapa Florestas pelo estímulo e auxílio.
A todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho.
iv
ÍNDICE
Página
LISTA DE FIGURAS vi
LISTA DE TABELAS ix
ABSTRACT 1
RESUMO 2
INTRODUÇÃO GERAL 3
REFERÊNCIAS 4
CAPÍTULO I - Morfologia externa e Comportamento de ninfas e adultos de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae).
INTRODUÇÃO 5
MATERIAL E MÉTODOS 6
RESULTADOS E DISCUSSÃO 7
REFERÊNCIAS 14
FIGURAS 15
CAPÍTULO II - Flutuação Populacional de Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei
(Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) em Eucalyptus sp em Curitiba-PR.
INTRODUÇÃO 24
MATERIAL E MÉTODOS 24
RESULTADOS E DISCUSSÃO 25
REFERÊNCIAS 32
ANEXOS 34
CAPÍTULO III - Eficiência de fungos entomopatogênicos para controle de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) em Eucalyptus
camaldulensis Dennh.
INTRODUÇÃO 35
MATERIAL E MÉTODOS 36
RESULTADOS E DISCUSSÃO 38
REFERÊNCIAS 43
v
LISTAS DE FIGURAS
CAPÍTULO I - Morfologia externa e Comportamento de ninfas e adultos de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera:Psyllidae).
Figura 1. Material utilizado em laboratório e Glycaspis (G.) brimblecombei
(Moore, 1964). A. discos de folhas de eucalipto em frascos de
prolipropileno; B. gaiola de PVC contendo uma muda de eucalipto; C-D.
ovos; E. conchas sobre as folhas; F. ninfa construindo a concha. P:
pedúnculo.
15
Figura 2. Glycaspis (G) brimblecombei (Moore, 1964). A. concha, vista
interna; B. exúvia ninfa de 5° ínstar; C. concha com fungo; D. concha com
ninfa parasitada; E. concha com orifício de saída do parasitóide. Be:
borda expandida da concha; Bn: borda normal da concha; Ex: exúvia; Or:
orifício de saída do parasitóide.
16
Figura 3. Ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. ninfa
de 1° ínstar; B. ninfa de 2° ínstar; C. ninfa de 3° ínstar; D. ninfa de 4°
ínstar.
17
Figura 4. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. antena de 1°
ínstar; B. antena de 2° ínstar; C. antena de 3° ínstar; D. antena de 4°
ínstar; E. perna metatorácica da ninfa de 4° ínstar. Cc: cerdas capitadas;
Co: coxa; Fe: fêmur; Ri: rinária; TT: tíbia-tarso; Ut: unha tarsal.
18
Figura 5. Ninfa 5° ínstar Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A.
vista dorsal; B. antena; C. vista ventral; D. perna metatorácica. Cc: cerdas
capitadas; Co: coxa; Fe: fêmur; Po: poros anais; Ri: rinária; Ta: tarso; Ti:
tíbia; Ut. Unha tarsal.
19
vi
Figura 6. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. ninfa de 5°
ínstar; B-C. adultos.An: antena; Cf: cefalotórax; Cl: clípeo; Co: coxa; Ea:
escleritos abdominais; Ec: escleritos cefalotorácicos; Et: escleritos
torácicos; Fé: fêmur; Ol: olho; Ta: tarso; Tea: teca alar anterior; Tep: teca
alar posterior; Ti: tíbia; 1°pp: primeiro par de pernas, 2°pp: segundo par de
pernas; 3°pp: terceiro par de pernas.
20
Figura 7. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. cabeça vista
dorsal; B. antena; C. asa anterior; D. asa posterior; E. detalhe da veia na
asa. A: veia anal; An: antena; Cg: cones genais; Cu: veia cubital; Ge:
gena; ICM: 1ª célula marginal; IICM: 2ª célula marginal; M: veia média; Ol:
olho; Oc: ocelo; Pe: projeções espiniformes; Pt: pterostigma; R: veia
radial; Ri: rinária; Rs: veia setor radial; Sc: sutura claval; St: sutura
coronal; Tc: tufo de cerdas.
21
Figura 8. Ápice das pernas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore,
1964). A. perna mesotorácica; B. perna metatorácica. Al: almofada tarsal;
Cc: cerdas capitadas; Cl: cerdas lanceoladas; Mc: macro cerdas; Pa:
processos aculeiformes; Pu: pulvilo; Tar: tarsômeros; Ti: tíbia; U: unha.
22
Figura 9. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. cápsula genital;
B. edeago; C. cópula. Aa: abertura anal; C: conectivo; Ed: edeago; Pg:
pigóforo; Pr: parâmeros; Psg: placa subgenital.
23
CAPÍTULO II - Flutuação Populacional de Glycaspis (Glycaspis)
brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) em Eucalyptus sp. em
Curitiba-PR.
Figura 1. Número médio de ovos e ninfas de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) por folha e fatores climáticos em plantas de
Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
26
Figura 2. Número médio de adultos coletados em armadilhas adesivas de
vii
Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) e fatores climáticos em
plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
27
Figura 3. Número médio de ovos e ninfas de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) por folha e precipitação pluviométrica em
plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
28
Figura 4. Número médio de adultos coletados em armadilhas adesivas de
Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) e precipitação pluviométrica
em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
28
Figura 5. Número médio de ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei
(Moore, 1964) por folha e do seu parasitóide Psyllaephagus bliteus Riek,
1962 (Hymenoptera: Encyrtidae) coletados em armadilhas adesivas em
plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
29
Figura 6. Número médio de adultos de Glycaspis (G.) brimblecombei
(Moore, 1964) e do seu parasitóide Psyllaephagus bliteus Riek, 1962
(Hymenoptera: Encyrtidae) coletados em armadilhas adesivas em plantas
de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
29
Figura 7. Número médio de ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei
(Moore, 1964) por folha e Coccinellidae coletados em armadilhas
adesivas em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
30
Figura 8. Inimigos naturais de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore,
1964). A. Psyllaephagus bliteus Riek, 1962; B. Olla v-nigrum (Mulsant,
1850); C. Cycloneda sanguinea Linnaeus, 1763; D. Harmonia axyridis
Pallas; E. Hyppodamia convergens Guerin, 1842; F. Cycloneda pulchella
(Klug, 1829).
31
Figura 9. Inimigos naturais de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore,
1964). A. Allograpta exotica (Wiedemann, 1830), B. larva de crisopideo.
32
viii
CAPÍTULO III - Eficiência de fungos entomopatogênicos para controle de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) em Eucalyptus
camaldulensis Dennh
Figura 1. Materiais utilizados no bioensaio. A, mudas de eucalipto em
gaiolas de PVC ; B, mini-pulverizador.
38
Figura 2. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A, adulto infectado
por Beauveria sp.; B, ninfa infectada por Lecanicillium sp.
41
Figura 3. Mortalidade acumulada de Glycaspis (G.) brimblecombei
(Moore, 1964) ocasionados por fungos entomopatogênicos e testemunha,
utilizados na concentração de 1,5 x 10
7
conídios/mL, em laboratório.
41
Figura 4. Mortalidade diária de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore,
1964) ocasionados por fungos entomopatogênicos e testemunha,
utilizados na concentração de 1,5 x 10
7
conídios/mL, em laboratório.
42
LISTAS DE TABELAS
CAPÍTULO III - Eficiência de fungos entomopatogênicos para controle de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) em Eucalyptus
camaldulensis Dennh
Tabela 1. Mortalidade média, Mortalidade corrigida pela fórmula de
Abbott, TL
50
e número total de postura por tratamento de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) ocasionados por fungos
entomopatogênicos, utilizados na concentração de 1,5 x 10
7
conídios/mL,
em laboratório.
(1)
Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não
diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey à 5% de probabilidade.
39
ix
Bionomics aspects of Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964)
(Hemiptera: Psyllidae) and its control with entomopathogenic fungi.
ABSTRACT
Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) or red-gum-lerp-psilid, was
detected in eucalypt plantations in Brazil in June of 2003 and has became an
important pest in the country. Due to this importance the objective of this
research was study the external morphology, behavior, populational dynamics
and control with entomopathogens fungal of nymphs and adults of G.
brimblecombei. Many differences were found among the different instars
nymphs, mainly with relation to antennae. The morphology of the adults was
presented with details of the antennae, wings veins, legs and genitals. With
these studies was possible to characterize the behavior of nymphs and adults.
In all studied sites, eggs, nymphs and adults of G. (G.) brimblecombei were
found in all collection, with a polivoltine pattern and population picks in January
and February. Despite of low correlation indexes, was possible observed that
the environmental factors influence in the pest population. The natural enemies
registered were Coccinellidae (Coleoptera), Syrphidae (Diptera), Chrysopidae
(Neuroptera) and the fungi Beauveria sp. Entomopatogenic fungii seem to be a
good tool to the biological control of red-gum-lerp-psilid. The fungii tested in lab
were highly efficient in populational control and reduction of number of lay eggs.
KEY-WORDS: Glycaspis (G.) brimblecombei, red-gum-lerp-psilid, morphology,
behavior, population dynamics, entomopathogenic fungi, eucalypt pest.
1
Aspectos bionômicos de Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964)
(Hemiptera: Psyllidae) e seu controle com fungos entomopatogênicos.
RESUMO
Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) ou psilídeo-de-concha, foi
detectado no Brasil em junho de 2003 em plantios de eucalipto, onde se tornou
uma importante praga no país. Devido a esta importância, este trabalho teve
como objetivo estudar a morfologia externa, comportamento, flutuação
populacional e controle com a utilização de fungos entomopatogênicos das
ninfas e adultos G. (G.) brimblecombei. Muitas diferenças foram observadas
nos estudos morfológicos entre os diferentes ínstares ninfais, principalmente
com relação às antenas. A morfologia dos adultos foi apresentada com
detalhamento das antenas, da venação das asas, pernas e terminália. Com
estes estudos foi possível caracterizar o comportamento para ninfas e adultos.
Nos locais estudados, ovos, ninfas e adultos de G. (G.) brimblecombei foram
observados em todas as coletas, com um padrão polivoltino e picos
populacionais nos meses de janeiro e fevereiro. Apesar dos baixos índices de
correlação, foi possível observar que os fatores ambientais influenciam na
população da praga. Os inimigos naturais encontrados foram Coccinellidae
(Coleoptera), Syrphidae (Diptera), Chrysopidae (Neuroptera) e o fungo
Beauveria sp. Para o controle de G. (G.) brimblecombei, os fungos
entomopatogênicos parecem ser uma boa ferramenta para o controle biológico
do psilídeo-de-concha. Os fungos testados em laboratório se mostraram muito
eficientes no controle populacional e também reduzindo o número de postura.
PALAVRAS-CHAVE: Glycaspis (G.) brimblecombei, psilídeo-de-concha,
morfologia, comportamento, flutuação populacional, fungos
entomopatogênicos, praga de eucalipto.
2
Introdução
A cada ano que passa aumenta-se a área plantada com espécies
florestais no Brasil para suprir a crescente demanda de produção de papel,
celulose, madeira para construção civil, madeira para energia, entre outros.
Dentre as espécies mais plantadas para estas finalidades destaca-se as
espécies do gênero Eucalyptus ocupando grande parte de florestas plantadas
no Brasil.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura (2001) o gênero
Eucalyptus ocupa cerca de 3,0 milhões de hectares, de um total de 5,0 milhões
de hectares de florestas plantadas no Brasil.
Em face da extensão de florestas plantadas foram surgindo com o
decorrer do tempo, problemas fitossanitários, ocorrendo adaptação de pragas
nativas as florestas de eucalipto como as formigas cortadeiras, os cupins,
besouros e lepidópteros desfolhadores.
Além desses, pragas exóticas foram introduzidas no Brasil, tais como os
besouros dos gêneros Gonipterus (Curculionidae) e Phoracantha
(Cerambycidae) em florestas de eucalipto. Entretanto essas pragas exóticas
haviam causado perdas econômicas reduzidas. Porém, uma nova ameaça se
configura no cenário florestal, com a recente introdução dos psilídeos.
Segundo Burckhardt (1994), os psilídeos apresentam um alto grau de
especificidade de hospedeiros e geralmente de pouca importância econômica.
Porém em alguns países da Europa, Ásia, África e América do Norte tornaram-
se importantes pragas.
Desde meados dos anos 90 até hoje quatro espécies de psilídeos já
foram introduzidas em plantios de eucalipto no Brasil.
Em junho de 1998 foi introduzida nos EUA causando secamento dos
ponteiros em E. camaldulensis, E. tereticornis e E. rudis. Esta praga em 2000
dispersou-se por todo o México e em 2002 foi detectado no Chile (Dahlsten,
2003).
No Brasil a primeira detecção de Glycaspis brimblecombei (também
chamado de psilídeo-de-concha) foi em junho de 2003, no estado de São
Paulo, atacando E. camaldulensis e E. tereticornis, causando redução no
tamanho, deformação da folha e presença de fumagina. Árvores altamente
3
infestadas pelo psilídeo apresentavam desfolha de 100%, sem possibilidade de
recuperação (Wilcken, 2003).
Hoje o psilídeo-de-concha encontra-se espalhado por todas as regiões
produtoras de eucaliptos do Brasil
No Paraná esta praga foi detectada em novembro de 2003, com altas
infestações no município de Paranavaí. Posteriormente foi detectado nos
municípios de Sengés, Telêmaco Borba e Curitiba (Santana et al, 2004).
O psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei) é de origem australiana
e utiliza como hospedeiras espécies do gênero Eucalyptus, com preferência ao
E. camaldulensis e E. tereticornis, porém ataca várias outras espécies, tais
como: E. diversicolor, E. globulus, E. leucoxilon, E. macrandra, E. grandis, E.
nicholli, E. plarypus, E. rudis e E. viminalis (Brennan, et. al, 2001).
Por se tratar de uma praga recentemente introduzida no Brasil, que em
pouco tempo causou grandes perdas, e também pela ausência de estudos
aprofundados sobre esta espécie, este trabalho pretende estudar a morfologia,
comportamento, flutuação populacional e testar cepas de fungo para controle
desta praga, com finalidade de fornecer base científica e auxiliar pesquisadores
e técnicos de empresas florestais para a implantação de um programa de
manejo e controle desta praga.
Referências Bibliográficas
Brennan, E. B.; W. Levison Jr.; G. F. Hrusa; S. A. Weinbaum. 2001. Resistence
of Eucalyptus species of red gum lerp psyllid (Glycaspis brimblecombei)
(Homoptera: Psyllidae) in San Francisco Bay area. Pan Pacific
Entomologist, v. 77, n. 3, p. 249-253.
Dahlsten, D. L.; S. H. Dreistadt; R. W. Garrison; R. J. Gill. 2003. Pest notes:
Eucalyptus redum psyllid. University of California Agricultural Natural
Resources Publications, n. 7460, p 1-4. (htpp://www.ipm.ecdavis.edu
-
27/06/2004).
Santana, D. L. Q., R. C. Z. Carvalho, R. M. Favaro, L. M. Almeida. 2004.
Glycaspis brimblecombei (Hemiptera: Psyllidae) e seus inimigos naturais
na Paraná. XX Congresso Brasileiro de Entomologia. Gramado, RS.
SBS 2004. Sociedade Brasileira de Silvicultura: Setor Florestal Brasileiro.
(http://www.sbs.org.br/estatisticas.html
-15/04/2004)
Wilcken, C. F. 2003. Ocorrência do psilídeo de concha (Glycaspis
brimblecombei) em florestas de eucalipto no Brasil. Alerta Protef.
(http://www.ipef.br/protecao/psilideo.html-
08/09/2003).
4
Capítulo I. Morfologia externa e Comportamento de ninfas e adultos de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera:Psyllidae)
Introdução
Psilídeos ou “jumping plant-lice” (Homoptera, Sternorrhyncha,
Psylloidea) são insetos pequenos (1-5 mm), sugadores da seiva do floema que
se alimentam exclusivamente de plantas dicotiledôneas perenes (Hodkinson,
1974). Também podem ser chamados de “lerp insects”, por formarem uma
concha ou carapaça protetora.
A classificação de Psylloidea (Hemiptera) é baseada quase que
exclusivamente em caracteres morfológicos de espécimens adultos coletados
em regiões de clima temperado (Hodkinson, 1974). White & Hodkinson (1985)
estudaram caracteres morfológicos de ninfas de 303 espécies de 94 gêneros
quando observaram uma grande variação e discutiram os caracteres mais
adequados para os estudos taxonômicos; apresentaram chaves para as
famílias, subfamílias e para alguns gêneros e sugeriram relacionamentos
filogenéticos para os grupos estudados.
A descrição de Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) foi
baseada em caracteres de machos evidenciando a importância do ápice do
edeago e dos parâmeros. Quanto ao conhecimento das ninfas poucos são os
caracteres estudados e quando mencionados estes estão relacionados à ninfa
de 5
o
ínstar e sobre a forma da concha que é característica e a difere de outras
espécies.
Moore (1970) fez uma revisão do gênero e propôs três subgêneros:
Glycaspis (Glycaspis), Glycaspis (Boreiglycaspis) e Glycaspis (Singlycaspis),
os quais se diferenciavam através da forma das asas, clasper (ou parâmeros) e
edeago.
Atualmente o gênero Glycaspis é composto por 127 espécies e a maioria
delas associadas à Eucalyptus sp. (Halbert et al., 2001).
Pouco se conhece sobre o comportamento das ninfas, isto
provavelmente pelo interesse dos estudos estarem voltados aos danos
causados ao eucalipto.
5
Devido à importância de G. brimblecombei como praga de eucalipto, o
presente trabalho tem como objetivo descrever aspectos da morfologia externa
dos adultos e ninfas bem como o seu comportamento.
Material e Métodos
Folhas de Eucalyptus sp. infestadas por Glycaspis (G.) brimblecombei
(Moore, 1964) contendo ovos, ninfas e adultos foram coletadas em área de
arborização, na cidade Industrial de Curitiba e levadas ao Laboratório de
Entomologia da Embrapa Florestas.
As folhas que continham ovos foram cortadas em forma de disco e foram
colocados em frascos de polipropileno de 2 cm de diâmetro contendo uma
lâmina de água (Fig. 1A) e mantidos em sala climatizada, com temperatura de
22º C ± 2º C, fotofase 12 horas e UR de 70% ± 10%.
Foram realizadas observações diárias a partir da eclosão sendo parte
das ninfas separadas por ínstares e conservadas em uma solução de álcool
70% e, parte foram mantidas vivas para estudos de comportamento e obtenção
dos adultos. As ninfas e adultos foram então clarificados em solução de KOH à
4% para observação dos caracteres morfológicos.
Ilustrações foram feitas a partir de material preparado em lâminas com
glicerina líquida e, com auxílio de câmara clara acoplada ao microscópio
estereoscópico Wild M5 e microscópio óptico M20, pertencentes ao
Departamento de Zoologia da UFPR.
Para os estudos de comportamento as ninfas foram mantidas nos discos
de folhas e observadas diariamente até a emergência do adulto.
Para observação do comportamento dos adultos, em laboratório, ninfas
de 5° ínstar foram colocadas em mudas de E. camaldulensis com auxílio de um
pincel e, sendo observadas diariamente até a emergência dos adultos. Estes
foram mantidos nas mudas acondicionadas em gaiolas de PVC de 37 cm X 10
cm para evitar a fuga (Fig. 1B). Observações de comportamento também foram
realizadas em campo.
As fotos foram obtidas através de uma câmara fotográfica acoplada ao
microscópio estereoscópio Olympus SZ 40.
6
Resultados e Discussão
Ovos
São elípticos, afilados na extremidade inferior e arredondado na
extremidade superior. A postura é realizada nas superfícies abaxial e adaxial
das folhas sendo os ovos colocados isolados ou em grupos (Fig. 1C), e fixados
nas folhas através de um pedúnculo ou pedicelo basal que é inserido dentro
dos tecidos da planta hospedeira (Fig. 1D). Segundo White (1968) a água é
retirada da planta através do pedúnculo e os ovos ressecam rapidamente se a
fonte de água é removida. Portanto os ovos retirados das folhas não eclodem.
Logo após a postura os ovos são esbranquiçados e pouco tempo depois
se tornam amarelos. Pouco antes da eclosão da ninfa, o ovo fica alaranjado e,
observam-se dois pontos de cor vermelha na parte superior, que são
correspondentes as manchas ocelares.
Características gerais das ninfas
As ninfas apresentam corpo comprimido, ou seja, achatado
dorsoventralmente margeado por setas tubulares os quais apresentam tufos de
cera. Segundo Hodkinson (1974) a forma achatada dorsoventralmente torna-as
susceptíveis à perda de água principalmente em altas temperaturas.
Cabeça com olhos arredondados e avermelhados. Antenas com duas
longas cerdas apicais. Aparelho bucal típico de Sternorrhyncha, com 3
artículos, com o ápice do clípeo se estendendo até o mesotórax, e lábio com 2
artículos, sendo o último de coloração escura.
A cabeça encontra-se estreitamente unida ao protórax formando o
cefaloprotórax onde se observa 1+1 escleritos ocupando grande parte desta
região. Logo após observa-se 1+1 escleritos correspondendo ao protórax
(White & Hodkinson, 1985).
Mesonoto e metanoto com pequenos escleritos laterais e medianos.
Segundo White & Hodkinson (1985) muitas ninfas de Psyllidae e
Spondyliaspididae possuem pequenos escleritos laterais e medianos. Pernas
constituídas de coxa, fêmur e tíbia-tarso; observam-se, também, duas longas
cerdas apicais capitadas entre as unhas.
7
Abdome contendo na margem setas tubulares, setas lanceoladas e
setas alongadas e estreitas, sendo que no último segmento observam-se
apenas setas lanceoladas; observam-se, também, três campos de poros anais
ventrais; terço apical com margem ondulada e ápice afilado, em forma de um
cone.
Uma característica das ninfas desta espécie é a construção de uma
concha (Fig. 1E) que as protegem contra os possíveis predadores, pois estes
não têm a capacidade de levantá-la para se alimentar. A concha, também, evita
que a ninfa perca água deixando o ambiente mais úmido protegendo-as das
altas temperaturas (Hodkinson, 1974). As ninfas constroem a concha com
"honeydew" (ou cera?) (Russel (1971) e White (1971) apud Hodkinson, 1974) e
seu principal componente é amilase (Catling, 1971; White, 1972 apud
Hodkinson, 1974). Segundo Wineriter et al. (2003) a concha das ninfas de G.
brimblecombei é composta de secreção de carboidratos eliminados pelo ânus o
que permite diferenciar de Boreioglycaspis melaleucae que produz filamentos
de cera para sua proteção visto que as ninfas destas duas espécies são muito
parecidas.
Para construir a concha, primeiramente a ninfa começa a fazer um
acúmulo de "honeydew" em alguns pontos (entre 3 a 5 pontos) sobre a folha
até que esses acúmulos fiquem com formato de um monte. A seguir ela da um
formato de arco para esses montes, como se fossem os “alicerces” até que
eles se encontrem no centro da concha (Fig. 1F). Esporadicamente, enquanto
a ninfa dá o formato de arco aos montes, ela volta à base dos “alicerces”
acumulando mais "honeydew", como se estivessem reforçando a base dessas
estruturas. Este processo ocorre simultaneamente entre todos os pontos que a
ninfa marca no início da construção da concha. Quando esses “alicerces” já
estão unidos na parte central, a ninfa começa a fazer alguns “alicerces”
secundários a partir dos “alicerces” principais, para depois preencher os
espaços entre eles até fechar completamente a concha. As ninfas modelam as
conchas com a parte apical do abdome, que ficam com um formato cônico.
Todo esse processo de construção da concha ocorre durante um período em
torno de 4 horas.
As ninfas permanecem em grande parte do seu desenvolvimento dentro
da concha e, à medida que crescem elas aumentam o tamanho da concha.
8
Neste caso é possível observar a exúvia na parte superior interna da concha
(Fig. 2A). Estas podem, também, abandonar a concha pouco antes da muda
(Fig. 2B), ou quando sobre a concha começa a crescer um fungo que depois
acaba indo para dentro da concha (Fig. 2C); esse comportamento é observado
freqüentemente em laboratório, ou em ambientes úmidos, pois favorecem o
crescimento do fungo.
Um comportamento bastante interessante está associado à ninfa
parasitada. Neste caso, a concha não oferece proteção, pois o parasitóide
consegue perfurá-la com seu ovipositor. A ninfa parasitada começa a depositar
sobre a superfície da folha "honeydew" alargando a base da concha como se
estivesse fechando-a completamente (Fig. 2D). Porém o parasitóide sai da
concha por um orifício que ele abre na mesma (Fig. 2E). Este comportamento
da ninfa pode ser algum tipo de comportamento induzido pela ação do
parasitóide.
As ninfas dos primeiros quatro ínstares permanecem dentro da concha,
ou quando estão fora, geralmente estão construindo outra concha.
Ninfa de primeiro ínstar
Corpo com coloração amarelo pálida com duas manchas alaranjadas
bem visíveis cobrindo grande parte do abdome (Fig. 3A). Olhos avermelhados.
Antenas com três artículos, com uma rinária no ápice do artículo II (Fig. 4A).
Pernas sem tarso aparente.
Neste ínstar as ninfas são ativas, principalmente após a eclosão, pois
estão procurando de um local para construção da concha. Após a escolha do
local a ninfa começa a se alimentar para depois iniciar a construção da concha.
Ninfa de segundo ínstar
Semelhante na forma e coloração às ninfas de 1° ínstar diferenciando
apenas por pequenas protuberâncias, as quais darão origem aos rudimentos
ou brotos alares (Fig. 3B). Antenas com três artículos, com uma rinária no
ápice dos artículos II e III (Fig. 4B). Pernas sem tarso aparente.
9
Ninfa de terceiro ínstar
Corpo com coloração amarela como às ninfas de 1° e 2
o
ínstares (Fig.
3C). Antenas com quatro artículos, com uma rinária no ápice dos artículos II e
III (Fig. 4C). Neste ínstar já se observa o desenvolvimento dos rudimentos ou
brotos alares. Pernas sem tarso aparente.
Ninfa de quarto ínstar
Corpo semelhante às anteriores (Fig. 3D). Antenas com sete artículos,
com uma rinária no ápice dos artículos III, V e VI (Fig. 4D). Brotos alares
desenvolvidos com coloração marrom clara. Pernas sem tarso aparente (Fig.
4E).
Ninfa de quinto ínstar
Corpo com coloração variando do amarelo-pálido ao amarelo-escuro,
esverdeado ao marrom-claro com manchas em tons de verdes, alaranjadas e
marrons. Escleritos torácicos marrom-escuros (Fig. 5A). Antenas com nove
artículos, apresentando quatro rinárias apicais nos artículos III, V, VII e VIII
(Fig. 5B); artículos apicais marrons. Segundo White & Hodkinson (1985) as
rinárias das ninfas de 5
o
ínstar apresentam posição homologa às dos adultos e
estas estão localizadas nos artículos IV, VI, VII e IX. A posição das rinárias em
G. blimblecombei diferem da posição dos autores supra citados, mas coincidem
com a posição observada por Santana & Zanol (2005) para Ctenarytaina
spatulata Taylor, 1997.
Mesonoto e metanoto com pequenos escleritos laterais e medianos.
Brotos alares bem desenvolvidas; ápice do broto alar anterior adjacente à
margem do broto alar posterior, ápice da broto alar posterior externamente à
margem do abdome; lobo humeral ausente. Coloração variando do marrom-
claro ao marrom-escuro. Pernas amarelas com tarso aparente (Fig. 5D).
Abdome com os escleritos basais pequenos e descontínuos; superfície
dorsal com 1+1 escleritos por segmentos; superfície ventral com 1+1 escleritos
por segmento podendo, nos segmentos apicais apresentar 2+2 escleritos; três
pares de campos de poros anais são observados (Fig. 5C). White & Hodkinson
(1985) descreveram que os escleritos dos segmentos apicais na superfície
dorsal e ventral fundem-se formando a placa caudal e anal, respectivamente.
10
Em G. blimbecombei não se observa esta fusão e os escleritos são visíveis, em
todos os segmentos, com superfície áspera e de coloração marrom-escuro.
Neste ínstar a maior parte das ninfas abandonam as conchas, podendo
algumas ficar nelas e sair pouco antes da emergência dos adultos. O padrão
de coloração observado neste ínstar geralmente é também observado no
adulto.
Adultos
Os adultos machos e fêmeas são bem parecidos, sendo que as fêmeas
são um pouco maiores.
Logo após a emergência apresentam coloração amarelada, azulada ou
verde-clara; em pouco tempo o corpo começa a escurecer e ficam com
coloração verde ou amarela, com pequenas áreas dispersas amarelo-pálida,
marrom e/ou avermelhada (Figs. 6B e C). Antenas amareladas ou
esverdeadas, tornando-se mais escuras gradativamente, com os dois últimos
artículos de coloração marrom. Asas transparentes. Segundo Moore (1970) a
variação na coloração está relacionada com a variação sazonal, no entanto no
Brasil todos os padrões de coloração são observados simultaneamente em
qualquer época do ano.
A cabeça em vista dorsal é mais larga do que longa, com a coroa
completamente dividida pela sutura coronal; olhos arredondados e
proeminentes; ocelos em número de três, sendo dois posteriores próximos aos
olhos na margem posterior da coroa, e um ocelo mediano, anterior, no ápice da
sutura coronal (Fig. 7A). Antenas com 10 artículos, sendo o último com duas
cerdas apicais; apresentam uma rinária no ápice dos artículos IV, VI, VIII e IX
(Fig. 7B). Genas proeminentes com ápices arredondados, em forma de cones,
denominados cones genais (Hodkinson & White, 1979), providas de um tufo de
cerdas no ápice.
Tórax é congruente com o descrito por Hodkinson & White (1979: 4-5).
As asas anteriores (Fig. 7C) transparentes com os ápices arredondados e mais
pigmentados que as asas posteriores. Quanto a venação, apresentam as veias
Radio (R), Média (M) e Cubito (Cu) fundidas desde a base formando o ramo
R+M+Cu. Estas se bifurcam formando dois ramos: o M+Cu e a R. A R se divide
em R
1,
alcançando a região anterior da asa antes do terço final, e R
s
(radio-
11
setor), estendendo-se até o ápice da asa. A área que se localiza entre R e
margem costal denomina-se pterostigma (Pt), que apresenta muita granulação.
A M dividi-se, pouco antes do terço apical, em M
1+2
e M
3+4
formando a 2
a
célula
marginal (IICM). A Cu divide-se em Cu
1
e Cu
2
formando a 1
a
célula marginal
(ICM). A sutura claval é demarcada por uma linha transparente sem
pigmentação. No clavo observa-se somente uma veia anal (A). Hodkinson &
White (1979) consideraram a sutura claval como Cu
2
e Cu
1
dividida em Cu
1a
e
Cu
1b.
Todas as veias da asa anterior apresentam lateralmente projeções
espiniformes (Fig. 7E).
As asas posteriores (Fig. 7D) são transparentes com venação bastante
tênue. As veias R, M e Cu acham-se fundidas na base formando o ramo
R+M+Cu. Após a bifurcação observa-se o ramo M+Cu e a R que continua
como Rs até o ápice. A M apresenta um único ramo até o ápice e Cu dividi-se
em Cu
1
e Cu
2
. Uma única veia anal é observada.
Pernas protorácicas e mesotorácicas apresentam macrocerdas apicais
nas tíbias; tarsômeros basais com uma fileira de cerdas nas laterais. Ápice das
tíbias metatorácicas com uma coroa de macrocerdas e um processo
aculeiforme bífido de cada lado; tarsômeros basais com uma fileira de
macrocerdas laterais e um processo aculeiforme de cada lado. Nos tarsômeros
apicais observa-se um par de setas lanceoladas e, entre as unhas um par de
setas capitadas. Entre os tarsômeros basais observa-se uma área
membranosa com pequenas cerdas (Figs. 8A e B). Segundo Santana & Zanol
(2005) esta região também é observada em Ctenarytaina spatulata, e foi
denominada de almofada tarsal.
Terminália
Macho
Pigóforo (Pg) glabro, mais ou menos retangular. Tubo anal (Tb) pequeno
e arredondado com pequenas cerdas. Placa subgenital (Psg) triangular.
Parâmeros (Pr) com formato de pé, estreito na região mediana, arredondado
no ápice e mais alargado na base; bordas internas e externas e superfície com
inúmeras setas. Conetivo (C) achatado e linear como uma fita (Fig. 9A).
Edeago (Ed) longo e tubular, maior que o pigóforo; ápice alargado,
12
obliquamente truncado, com pequeno processo sinuoso, voltado para trás;
gonóporo subapical (Fig. 9B).
Fêmea
Externamente semelhante ao macho; coloração da cápsula genital é
semelhante à coloração do corpo. Pigóforo mais ou menos triangular com
várias cerdas na superfície; abertura anal de forma irregular margeada por
duas fileiras de poros anais.
Quando comparamos G. brimblecombei com ilustrações de outras
espécies de Glycaspis observa-se que são muito parecidas sendo
diferenciadas através da posição e textura das setas existentes nos parâmeros
e pela posição e tamanho do processo apical do edeago. Quanto a fêmea as
descrições são muito sucintas e referem-se apenas à coloração, sem maiores
detalhes. Segundo Moore (1970) existe uma grande variação na coloração da
espécie e esta está relacionada com a variação sazonal. Segundo Wineriti et
al. (2003) os adultos de G. brimblecombei são muito parecidos e portanto
podem ser confundidos com Boreiglycaspis melaleucae e para diferenciá-las é
necessário observar se as ninfas formam concha ou filamentos de cera.
Comportamento
Em G. brimblecombei ocorre corte antes do acasalamento. Macho e
fêmea ficam de frente um para o outro durante algum tempo. Após este
primeiro contato o macho vira-se ficando lado a lado com a fêmea e tenta
copular; após algumas tentativas o macho segura as valvas da fêmea com
seus parâmeros ocorrendo a cópula (Fig. 9C). Segundo White (1970) em
Cardiaspina densitexta é bem definido um padrão de comportamento pré-
copulatório onde os machos tentam repetitivamente copular, mas a fêmea os
repugna.
Um outro comportamento observado é que tanto machos quanto fêmeas
ficam constantemente tateando a superfície da folha com os tarsos e antenas
como, também, ficam com o abdome balançando de um lado para o outro por
um longo período. Possivelmente este comportamento seja algum tipo de
chamamento para a cópula.
13
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14
A B
P
C D
E F
Figura 1. Material utilizado em laboratório e Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. discos de folhas de
eucalipto em frascos de prolipropileno; B. gaiola de PVC contendo uma muda de eucalipto; C-D. ovos; E. conchas
sobre as folhas; F. ninfa construindo a concha.
P: pedúnculo.
15
Ex
A B
Bn
Be
C D
Or
E
Figura 2. Glycaspis (G) brimblecombei (Moore, 1964). A. concha, vista interna; B. exúvia ninfa de 5° ínstar; C. concha com
fungo; D. concha com ninfa parasitada; E. concha com orifício de saída do parasitóide.
Be: borda expandida da concha; Bn: borda normal da concha; Ex: exúvia; Or: orifício de saída do parasitóide.
16
A B
C D
Figura 3. Ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. ninfa de 1° ínstar; B. ninfa de 2° ínstar; C. ninfa de 3°
ínstar; D. ninfa de 4° ínstar.
17
Ri
Ri
0,1 mm
0,1 mm
A B
Ri
Ri
0,1 mm
0,2 mm
C D
0,5 mm
Cc
Ut
TT
Fe
Co
E
Figura 4. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. antena de 1° ínstar; B. antena de 2° ínstar; C. antena de 3° ínstar;
D. antena de 4° ínstar; E. perna metatorácica da ninfa de 4° ínstar.
Cc: cerdas capitadas; Co: coxa; Fe: fêmur; Ri: rinária; TT: tíbia-tarso; Ut: unha tarsal.
18
0,2 mm
Ri
A B
Cc
Ut
0,5 mm
Ta
Ti
Po
Co
Fe
C D
Figura 5. Ninfa 5° ínstar Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. vista dorsal; B. antena; C. vista ventral; D.
perna metatorácica.
Cc: cerdas capitadas; Co: coxa; Fe: fêmur; Po: poros anais; Ri: rinária; Ta: tarso; Ti: tíbia; Ut. Unha tarsal.
19
A
Cf
Co
Ti
Fe
Ta
Ol
Tea
Tep
Ec
Et
Ea
3°pp
2°pp
1°pp
Cl
An
1 mm
Fotos: Francisco Santana
B C
Figura 6. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. ninfa de 5° ínstar; B-C. adultos.
An: antena; Cf: cefalotórax; Cl: clípeo; Co: coxa; Ea: escleritos abdominais; Ec: escleritos cefalotorácicos; Et: escleritos
torácicos; Fé: fêmur; Ol: olho; Ta: tarso; Tea: teca alar anterior; Tep: teca alar posterior; Ti: tíbia; 1°pp: primeiro par de
pernas, 2°pp: segundo par de pernas; 3°pp: terceiro par de pernas.
20
Tc
Ri
An
Ge
Cg
0,5 mm
1 mm
Ol
St
Oc
A B
R+M+Cu
A
R
M+Cu
Sc
R
1
R+M+Cu
Pt
Cu
Sc
M
A
Rs
M+Cu
0,5 mm
Cu
2
Cu
1
Cu
ICM
Cu
2
Rs
M
Cu
1
M
3+4
M
1+2
0,1 mm
Pe
IICM
C D E
Figura 7. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. cabeça vista dorsal; B. antena; C. asa anterior; D. asa
posterior; E. detalhe da veia na asa.
A: veia anal; An: antena; Cg: cones genais; Cu: veia cubital; Ge: gena; ICM: 1ª célula marginal; IICM: 2ª célula
marginal; M: veia média; Ol: olho; Oc: ocelo; Pe: projeções espiniformes; Pt: pterostigma; R: veia radial; Ri: rinária; Rs:
veia setor radial; Sc: sutura claval; St: sutura coronal; Tc: tufo de cerdas.
21
Cc
0,1 mm
Al
Mc
Pa
Pu
U
Cl
Tar
Pa
Ti
A B
Figura 8. Ápice das pernas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. perna mesotorácica; B. perna
metatorácica.
Al: almofada tarsal; Cc: cerdas capitadas; Cl: cerdas lanceoladas; Mc: macro cerdas; Pa: processos aculeiformes; Pu:
pulvilo; Tar: tarsômeros; Ti: tíbia; U: unha.
22
Pr
Ed
Aa
0,5 mm
Psg
Pg
C
A
0,2 mm
B
C
Figura 9. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. cápsula genital; B. edeago; C. cópula.
Aa: abertura anal; C: conectivo; Ed: edeago; Pg: pigóforo; Pr: parâmeros; Psg: placa subgenital.
23
Capítulo II - Flutuação Populacional de Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei
(Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae) em Eucalyptus sp. em Curitiba-PR.
Introdução
Dentre os fatores físicos que exercem influência sobre os insetos, os
mais importantes são a temperatura, a umidade, a luz e o vento (Lara, 1979).
Clark & Dallwitz (1974) em um estudo sobre a abundância de espécies
de psilídeos em E. camaldulensis, concluiu que a disponibilidade de folhas
como alimento foi o principal fator que afeta a abundância de cada espécie.
Este mesmo autor relata que outro fator que também pode afetar a abundância
são as características dos psilídeos que definem seus requerimentos
alimentares e habilidade para obter alimento.
Clark (1962) estudando o efeito do vento na dispersão do adulto de
Cardiaspina albitextura sugere que o padrão de dispersão dos psilídeos é
influenciado consideravelmente pela direção e velocidade do vento.
Os danos causados pelos insetos às plantas são variáveis, podendo ser
observados em todos os órgãos vegetais. Dependendo da espécie e da
densidade populacional da praga, do estádio de desenvolvimento e estrutura
vegetal atacada e da duração do ataque, poderá haver maior ou menor
prejuízo quantitativo e qualitativo. Tais danos são variáveis de país para país,
de acordo com características climáticas, variedades, técnicas agronômicas
utilizadas e, obviamente, características socioeconômicas (Gallo et. al., 2002).
Por se tratar de uma espécie recentemente introduzida no Brasil e pela
falta de informações sobre estudos biológicos e ecológicos no Brasil, este
trabalho tem por objetivo estudar a flutuação populacional de G. brimblecombei
na região de Curitiba-PR e analisar a influência dos fatores ambientais sobre a
população da praga.
Material e Métodos
Os estudos de flutuação populacional foram realizados em árvores de
Eucalyptus sp, com idade superior a 10 anos, na região da Cidade Industrial de
24
Curitiba (CIC), Curitiba-PR. Estas árvores estão localizadas dentro da área de
uma empresa e servem para arborização do local.
Foram coletados quinzenalmente, no período de outubro de 2004 a
outubro de 2005, ramos pequenos contendo folhas novas e folhas maduras
(folhas que já apresentavam sintomas de ataque da praga) infestadas por G.
brimblecombei.
As coletas destes ramos foram realizadas com auxílio de tesoura de
poda, podão ou simplesmente coletados manualmente. Os ramos estavam
localizados entre 1,5 e 6,0 metros de altura. Para as coletas nos ramos mais
altos utilizou-se também uma escada.
Os ramos foram acondicionados em sacos plásticos transparentes e
levados ao Laboratório de Entomologia da Embrapa Florestas onde foram
avaliados no microscópio Olympus SZ 40.
Foram avaliadas dez folhas (cinco novas e cinco maduras), sorteadas ao
acaso, quantificando ovos, ninfas, ninfas parasitadas, adultos, parasitóides e
outros inimigos naturais. Também foram colocadas 2 armadilhas adesivas
amarelas, também com coletas quinzenais, para quantificação de adultos,
parasitóides e inimigos naturais.
Dados sobre as condições climáticas, como temperatura (média,
máxima e mínima), precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar, foram
fornecidos pela estação SIMEPAR.
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa
“Statistica”.
Resultados e Discussão
Glycaspis brimblecombei é uma espécie polivoltina, pois durante todo o
período de coleta foram encontrados ovos, ninfas de diferentes estágios e
adultos (Fig. 1 e 2). Segundo White, 1971 G. brimblecombei no sul da Austrália
pode ter 6 ou mais gerações que se sobrepõem durante o ano, então todos os
estágios podem estar presentes ao mesmo tempo.
Durante o período de avaliação não foi possível verificar um padrão de
flutuação para G. brimblecombei. Picos populacionais para adultos foram
25
observados entre os meses de dezembro de 2004 e janeiro de 2005, baixando
significativamente a população até o fim do período de avaliação.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
15/10/04
05/11/04
19/11/04
03/12/04
17/12/04
04/01/05
21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/2005
Período
Média de indi
v
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Tempera
t
Ovos Ninfas Temp. Máx. (°C) Temp. Méd.C) Temp. Mín. (°C)
Figura 1. Número médio de ovos e ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) por
folha e fatores climáticos em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
Para ovos foram obtidas correlações positiva para as temperaturas
máxima, mínima e média (r= 0, 10, r= 0,12 e r= 0,13, respectivamente), porém
nenhuma foi significativa (p= 0,66, p= 0,57 e p= 0,55). Para ninfas, a correlação
foi negativa para temperatura máxima (r= -0,25), podendo ser um indicativo de
que as temperaturas mais elevadas interferem no desenvolvimento da espécie,
e para as temperaturas mínima e média foram obtidas correlações positivas (r=
0,17 e r= 0,08 respectivamente), porém também não foi significativo (p= 0,41 e
p= 0,70). Para adultos capturados com armadilhas adesivas obtiveram-se
correlações positivas para temperatura mínima e média (r= 0,45 e r= 0,42
respectivamente) e altamente significativa (p= 0,02 e p= 0,04 respectivamente).
Segundo Santana & Zanol (2003) e Santana et al. (2004) os picos
populacionais para Ctenarytaina spatulata foram à época mais fria do ano.
Com relação à precipitação pluviométrica, G. brimblecombei não
apresentou índices de correlação significativos (r= 0,23 e p= 0,27 para ovos, r=
-0,17 e p= 0,41 para ninfas e r= 0,11 e p= 0,67 para adultos) (figuras 3 e 4). O
baixo índice de correlação para ninfas pode ser devido à construção da
concha, a qual protege-as contra a ação das chuvas. Apesar dos índices de
correlação não serem significativos, observa-se que as chuvas têm influência
na população de G. brimblecombei, principalmente nos adultos, com os
26
mesmos decrescendo na época chuvosa. Segundo Ramírez et al (2003) os
fatores ambientais tem efeitos diretos tanto na praga como em seu parasitóide,
pois a chuva causa uma diminuição da população de psilídeo, e chuvas
constantes contribuíram para a queda das conchas. Segundo este mesmo
autor, somente a chuva não controla a praga, mas ajuda a diminuir a densidade
populacional do inseto.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
15/10/04
05/11/04
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03/12/04
17/12/04
04/01/05
21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/2005
Período
Adult
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
Temper
a
Adultos Temp.Max. Temp. Média Temp. Min.
Figura 2. Número médio de adultos coletados em armadilhas adesivas de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) e fatores climáticos em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba,
PR.
No presente estudo não foi observada nenhuma influência da umidade
relativa do ar sobre a população de G. brimblecombei.
Yamamoto et al. (2001) estudando a flutuação populacional de
Diaphorina citri em pomares de citros na região norte do estado de São Paulo,
obtiveram picos populacionais no começo do verão no 1° ano e, no 2° ano o
pico foi no final da primavera. Segundo Whiteside et al. (1993) relatam que a
população de D. citri é suprimida por alta precipitação e umidade relativa.
Segundo Borges et al. (2003) a maior ocorrência da ampola-da-erva-
mate Gyropsylla spegazziniana (Hemiptera: Psyllidae) em erval adensado e
nativo ocorreram no período de novembro/2000 a janeiro/2001. Segundo este
mesmo autor apesar do resultado estatístico não indicar correlação entre
pluviosidade e número de ampolas, foi observada acentuada diminuição na
população após chuvas pesadas. O mesmo ocorre para G. brimblecombei, e
também segundo Santana (2003) para C. spatulata.
27
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
15/10/04
05/11/04
19/11/04
03/12/04
17/12/04
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21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/2005
Período
Média de indiví
d
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
Precipitão (
m
Ovos Ninfas Precip. (mm)
Figura 3. Número médio de ovos e ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964)
por
folha e precipitação pluviométrica em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
0
200
400
600
800
1000
1200
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15/10/04
05/11/04
19/11/04
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17/12/04
04/01/05
21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/2005
Período
Média de indiví
d
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
Precipitão (
m
Adultos Precip. (mm)
Figura 4. Número médio de adultos coletados em armadilhas adesivas de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) e precipitação pluviométrica em plantas de Eucalyptus sp, em
Curitiba, PR.
Foram observados inimigos naturais em todas as coletas. O mais
frequente e principal inimigo natural desta praga é o parasitóide Psyllaephagus
bliteus (Hymenoptera: Encyrtidae) Riek, 1962
(Fig. 8A), o qual apresentou
índice de correlação altamente significativo para ninfas (r= 0,57 e p= 0,004) e
adultos (r= 0,81 e p= 0,000) (figuras 5 e 6). Segundo Ramírez et al (2003) após
a liberação do parasitóide no México, a população de G. brimblecombei
28
apresentou uma redução, devido o estabelecimento do mesmo nas áreas
atacadas.
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
15/10/04
05/11/04
19/11/04
03/12/04
17/12/04
04/01/05
21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/2005
Período
Média de ni
n
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Média Parasit
ó
Ninfas Parasitóide
Figura 5. Número médio de ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) por folha e
do seu parasitóide Psyllaephagus bliteus Riek, 1962 (Hymenoptera: Encyrtidae) coletados em
armadilhas adesivas em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
15/10/04
05/11/04
19/11/04
03/12/04
17/12/04
04/01/05
21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/2005
Período
Média de indiví
d
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Parasitói
d
Adulto Parasitóide
Figura 6. Número médio de adultos de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) e do seu
parasitóide Psyllaephagus bliteus Riek, 1962 (Hymenoptera: Encyrtidae) coletados em
armadilhas adesivas em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba, PR.
Além do seu parasitóide, outros inimigos naturais ocorreram em grande
parte das coletas, principalmente insetos da família Coccinellidae (Coleoptera),
porém não apresentando correlação significante com ninfas, que é a fase da
29
qual eles se alimentam. A época do ano onde ocorreram mais coccinelídeos
foi durante o verão (figura 7).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
15/10/04
05/11/04
19/11/04
03/12/04
17/12/04
04/01/05
21/01/05
04/02/05
18/02/05
07/03/05
21/03/05
05/04/05
20/04/05
05/05/05
19/05/05
06/06/05
17/06/05
07/07/05
21/07/05
5/8/2005
19/8/2005
5/9/2005
3/10/2005
25/10/200
Período
Média nin
f
0
2
4
6
8
10
12
Média Coccinel
l
Ninfas Coccinellidae
Figura 7. Número médio de ninfas de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) por folha e
Coccinellidae coletados em armadilhas adesivas em plantas de Eucalyptus sp, em Curitiba,
PR.
Foram observadas as seguintes espécies de Coccinellidae: Olla v-
nigrum (Mulsant, 1850) (Fig. 8B), Cycloneda sanguinea Linnaeus, 1763 (Fig.
8C), Harmonia axyridis Pallas (Fig. 8D), Hyppodamia convergens Guerin, 1842
(Fig. 8E), Cycloneda pulchella (Klug, 1829) (Fig. 8F).
Também foram observadas larvas de Syrphidae (Diptera) e Chrysopidae
(Neuroptera) (Fig. 9A) predando ninfas de G. brimblecombei, porém apenas
uma larva de Syrphidae foi criada até o estágio adulto, possibilitando a
identificação da espécie como Allograpta exotica (Wiedemann, 1830) (Fig. 9B).
30
A
B
C
D
E
F
Foto: Francisco Santana
Foto: Francisco Santana
Foto: Francisco Santana
Foto: Francisco Santana
Figura 8. Inimigos naturais de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. Psyllaephagus
bliteus Riek, 1962; B. Olla v-nigrum (Mulsant, 1850); C. Cycloneda sanguinea Linnaeus, 1763;
D. Harmonia axyridis Pallas; E. Hyppodamia convergens Guerin, 1842; F. Cycloneda pulchella
(Klug, 1829).
31
A B
Foto: Francisco Santana
Figura 9. Inimigos naturais de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A. larva de
crisopídeo; B. Allograpta exotica (Wiedemann, 1830).
Poucos são os fatores ambientais (meteorológicos) que afetaram a
população de G. brimblecombei, podendo evidenciar que esses fatores não são
limitantes para o desenvolvimento da espécie durante o período analisado na
região estudada. Existe um grande número de inimigos naturais presente na
área, porém não em quantidade suficiente para controlar a praga.
Uma provável explicação para o declínio da população de G.
brimblecombei pode ser pela presença crescente e estabelecimento do seu
parasitóide e pelas chuvas.
Referências Bibliográficas
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32
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Eucalyptus grandis Hill ex. Maiden. XX Congresso Brasileiro de
Entomologia. Gramado, RS.
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Diaphorina citri Kuwayama (Hemiptera: Psyllidae) em pomares de citros na
região norte do estado de São Paulo. Neotropical Entomology 30(1): 165-
170.
33
Anexos
Variáveis OVOS NINFAS N_PARAS_ N_TOT_ AD_MANUA AD_ARM_ PARASITO COCCINEL
OVOS
1
p= ---
0,3771
p=,069
0,0438
p=,839
0,4058
p=,049
0,0406
p=,850
0,5784
p=,003
0,4372
p=,033
-0,131
p=,542
NINFAS
0,3771
p=,069
1
p= ---
-0,0537
p=,803
0,9977
p=,000
0,196
p=,359
0,4507
p=,027
0,57
p=,004
0,1805
p=,399
N_PARAS_
0,0438
p=,839
-0,0537
p=,803
1
p= ---
-0,0177
p=,935
0,4305
p=,036
-0,1311
p=,541
0,0359
p=,868
0,05
p=,816
N_TOT_
0,4058
p=,049
0,9977
p=,000
-0,0177
p=,935
1
p= ---
0,2173
p=,308
0,4602
p=,024
0,5858
p=,003
0,1787
p=,403
AD_MANUA
0,0406
p=,850
0,196
p=,359
0,4305
p=,036
0,2173
p=,308
1
p= ---
0,3902
p=,059
0,5847
p=,003
0,6241
p=,001
AD_ARM_
0,5784
p=,003
0,4507
p=,027
-0,1311
p=,541
0,4602
p=,024
0,3902
p=,059
1
p= ---
0,8078
p=,000
0,3447
p=,099
PARASITO
0,4372
p=,033
0,57
p=,004
0,0359
p=,868
0,5858
p=,003
0,5847
p=,003
0,8078
p=,000
1
p= ---
0,5806
p=,003
COCCINEL
-0,131
p=,542
0,1805
p=,399
0,05
p=,816
0,1787
p=,403
0,6241
p=,001
0,3447
p=,099
0,5806
p=,003
1
p= ---
Anexo 1. Matrix de correlação entre os diferentes estágios de desenvolvimento de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) e seus principais inimigos naturais. Programa “Statistic”. Células
marcadas em vermelho são significantes a 0,05% de probabilidade.
Variáveis MAX MIN MED UMIDADE PRECIPIT
OVOS
0,1027
p=,633
0,1207
p=,574
0,1281
p=,551
0,0996
p=,643
0,2344
p=,270
NINFAS
-0,0246
p=,909
0,1746
p=,415
0,0821
p=,703
0,1982
p=,353
-0,1757
p=,412
N_PARAS_
0,034
p=,875
-0,0445
p=,836
-0,0062
p=,977
-0,0417
p=,847
-0,0924
p=,668
N_TOT_
-0,0212
p=,922
0,1816
p=,396
0,0884
p=,681
0,212
p=,320
-0,1672
p=,435
AD_MANUA
0,2186
p=,305
0,1945
p=,362
0,1986
p=,352
-0,0959
p=,656
-0,0807
p=,708
AD_ARM_
0,3208
p=,126
0,4545
p=,026
0,4216
p=,040
0,0807
p=,708
0,1063
p=,621
PARASITO
0,3357
p=,109
0,4779
p=,018
0,4277
p=,037
0,0999
p=,642
0,0144
p=,947
COCCINEL
0,4914
p=,015
0,5053
p=,012
0,4935
p=,014
-0,1475
p=,491
-0,2852
p=,177
Anexo 2. Matrix de correlação entre os diferentes estágios de desenvolvimento de Glycaspis (G.)
brimblecombei (Moore, 1964) e seus principais inimigos naturais de acordo com os fatores
ambientais. Programa “Statistic”. Células marcadas em vermelho são significantes a 0,05% de
probabilidade.
34
Capítulo III - Eficiência de fungos entomopatogênicos para controle de
Glycaspis (Glycaspis) brimblecombei (Moore, 1964) (Hemiptera: Psyllidae)
em Eucalyptus camaldulensis Dennh., em laboratório.
Introdução
Fungos entomopatogênicos são importantes como agentes no controle
natural de muitos insetos, incluindo várias pragas (Carruthers & Hural, 1990).
Segundo Gustafsson (1971) insetos sugadores são propensos ao ataque
de fungos porque somente estes patógenos têm as enzimas necessárias para
penetrar em sua cutícula.
Segundo Alves (1998) os fungos foram os primeiros patógenos a serem
utilizados no controle microbiano de insetos, e apresentam uma característica
que é considerada uma das principais vantagens desses organismos,
apresentam grande variabilidade genética. Este mesmo autor relatou que
alguns fungos são virulentos, e a maioria é altamente especializada na
penetração via tegumento, o que os coloca em vantagem quando comparados
com outros grupos de patógenos que só entram no inseto via oral, penetrando
através do mesêntero.
O ciclo das relações fungo-hospedeiro depende das condições
ambientais, como temperatura, umidade, luz, radiação ultravioleta, assim como
das condições nutricionais e susceptibilidade do hospedeiro. Os indivíduos
atacados por Beauveria sp apresentam corpo coberto por micélio branco, com
a formação de grande quantidade de conidióforos e conídios característicos da
espécie. Dentro dos insetos, além das estruturas fúngicas, ocorrem cristais de
diferentes toxinas Alves (1998).
O gênero Verticillium foi recentemente revisado, sendo todas as
espécies patogênicas a insetos e nematoides, reclassificadas dentro do gênero
Lecanicillium (Zare, et. al. 2000). Os insetos atacados por Verticillium lecanii
são caracterizados pelo aparecimento de um halo branco em volta do inseto
atacado, associado à estrutura característica do conidióforo e dos conídios do
fungo.
35
Na Inglaterra, o fungo L. lecanii vem sendo utilizado com sucesso sobre
plantas cultivadas, em estufas, para o controle de hemípteros, na formulação
comercial Vertalec
®
e Mycotal
®
(Hall, 1981).
Beauveria bassiana também é produzido em escala comercial e utilizado
para o controle de várias pragas no mundo. Mais recentemente foi
desenvolvido no Brasil o produto Metaquino®
(Burgues 1998). Na França com
o nome de Naturalis e Mycotrol nos Estados Unidos, são produtos
desenvolvidos com B. bassiana (Glare, 2004).
A cada ano pesquisas com a utilização de entomopatógenos, visando o
controle biológico, vêm crescendo no Brasil, devido ao aumento de pragas
introduzidas e um grande número de insetos que se adaptaram a culturas
produzidas comercialmente no Brasil.
O psilídeo-de-concha (Glycaspis (G.) brimblecombei) foi detectado no
Brasil em junho de 2003 em plantios comerciais de eucaliptos. As espécies de
eucalipto mais atacadas por esta praga são Eucalyptus camaldulensis, E.
tereticornis e híbrido urograndis. A praga causa danos como queda prematura
e redução da área fotossintética das folhas, e em ataques severos podem
causar a morte da planta (Wilcken, 2003).
Devido à escassez de trabalhos para o controle desta praga, o objetivo
deste trabalho foi testar em laboratório a eficiência dos fungos Lecanicillium sp
e Beauveria sp para controle do psilídeo-de-concha.
Materiais e Métodos
Os psilídeos utilizados no bioensaio foram coletados em árvores de
eucalipto e transportados para a criação em laboratório, em mudas de
Eucalyptus camaldulensis. Após a segunda geração, transferiu-se 10 ninfas do
quinto ínstar do psilídeo-de-concha, para gaiolas de PVC, medindo 10 x 37 cm,
com três aberturas laterais cobertas por um plástico resistente e transparente,
sendo duas aberturas fixas e uma móvel, contendo uma muda de E.
camaldulensis de aproximadamente 15 cm de altura, previamente desinfectada
com hipoclorito de sódio a 1% (Fig. 1A).
Foram avaliados dois isolados de Lecanicillium sp, e um isolado de
Beauveria sp quanto à sua patogenicidade, em delineamento experimental
36
inteiramente ao acaso, com 50 repetições, sendo cada unidade experimental
constituída de uma ninfa. Cada tratamento foi constituído de 5 mudas de
eucalipto, sendo que em cada muda eram colocadas 10 ninfas.
Os isolados de Lecanicillium sp utilizados foram obtidos do pulgão-
gigante-do-pinus, Cinara atlantica (Wilson, 1919) (Hemiptera: Aphididae) em
plantios de pinus localizados nos estados do Paraná (CG 904) e Santa
Catarina (CG 902).
O isolado de Beauveria sp (BF 01) foi obtido com a captura de adultos
mortos de G. brimblecombei com auxílio de armadilhas adesivas, em plantios
de eucalipto localizados na Cidade Industrial de Curitiba.
Os isolados de Beauveria sp. e Lecanucillium sp. foram cultivados em
placas de Petri contendo meio de cultivo BDA e incubados durante 10 dias a
22º C ± 2º C. Posteriormente, foi transferido um disco de inóculo do isolado de
Beauveria sp para frascos de Erlenmeyer contendo 100g de arroz previamente
esterilizado e incubado a 24º C ± 2º C. Os inóculos dos isolados de
Lecanicillium sp foram transferidos para meio líquido contendo extrato de
levedura e sacarose, os quais permaneceram 5 dias em mesa agitadora a 150
rpm, a 24º C ± 2º C.
As suspensões foram filtradas em gaze esterilizada, sendo suas
concentrações quantificadas e ajustadas para 1,5 x 10
7
conídios/mL, mediante
o uso de câmara de Neubauer. Com um mini-pulverizador manual (Fig. 1B),
aplicou-se 1,4 mL de suspensão fúngica em cada muda de eucalipto, as quais
foram posteriormente acondicionadas em gaiolas. Para a testemunha
pulverizou-se apenas água esterilizada contendo Tween 70%.
Foram realizadas observações diárias, durante dez dias, registrando-se
o número de insetos mortos. Os insetos mortos foram imersos em álcool 70%
por três segundos, em seguida, em água destilada, e mantidos em câmara
úmida para extrusão do fungo e confirmação do agente causal da morte. O
experimento foi conduzido em salas climatizadas com temperatura de 22º C ±
2º C, fotofase 12 horas e UR de 70% ± 10%.
37
A B
Figura 1. Materiais utilizados no bioensaio. A, mudas de eucalipto em gaiolas de PVC ; B, mini-
pulverizador.
Resultados
Na testemunha ocorreu uma mortalidade de 38%, diferindo
estatisticamente dos outros tratamentos, com tempo médio de mortalidade de
6,83 dias. Dentre os indivíduos mortos na testemunha nenhum apresentou
mortalidade por fungos, sendo a causa da morte desconhecida. A mortalidade
neste tratamento foi homogênea durante todo o período de avaliação. As
fêmeas colocaram um total de 160 ovos, com uma média de 32 ovos por gaiola
(Tab. 1).
Mesmo ocorrendo uma grande mortalidade na testemunha (38%), parte
destas mortes pode ser explicada pela biologia desta espécie. Segundo
Firmino (2004) a longevidade média de adultos de G. brimblecombei à uma
temperatura de 22° C é de 9,3 ± 0,54 dias podendo variar de 2 a 20 dias. Isto
poderia explicar parte da mortalidade observada, pois o experimento foi
avaliado até o 10° dia, onde todos os insetos já estavam na fase adulta.
O isolado de Beauveria sp controlou 81% da população inicial, com
tempo médio de mortalidade de 4,86 dias. Os insetos infectados por este fungo
apresentaram os sintomas típicos, conforme descrição de Alves, 1998 (Figura
2A). As fêmeas infectadas por este isolado colocaram com um total de 7 ovos,
com uma média de 1,4 ovos por gaiola (Tab. 1), muito menor que o número de
38
ovos da testemunha, que foi de 160 ovos, com uma média de 32 ovos por
gaiola.
Puterka et al (1994) testaram dois isolados de Beauveria bassiana para
controle do psilídeo da pêra, Cacopsylla pyricola (Foerster). A concentração de
conídios utilizada foi de 1 x 10
7
conídios/mL aplicadas sobre ninfas de 3° ínstar.
O controle obtido para o psilídeo da pêra foi de 40,6%, 85,6% e 92,5% para o
isolado (2430), e de 57,4%, 93,8% e 99,6% para o isolado (2860) avaliados no
3°, 5° e 7° dia após a aplicação, respectivamente. O psilídeo da pêra
apresentou um tempo médio de mortalidade de 2,9 dias para o isolado B.
bassiana (2430) e 3,2 dias para o isolado B. bassiana (2860).
As porcentagens de mortalidade obtidas por Puterka et al (1994) (acima
de 90% ao final do 7° dia) foram superiores ao isolado testado em G.
brimblecombei (com 81% ao final do 10° dia), e o tempo médio de mortalidade
foi inferior para o psilideo da pêra do que para o psilídeo-de-concha.
Ambos os isolados de Lecanicillium sp. (CG904 e CG902) infectaram
adultos e ninfas de G. brimblecombei, apresentando a extrusão do fungo
(Figura 2B), causando mortalidade de 80% e 66%, respectivamente. O tempo
médio de mortalidade foi de 6,52 para CG904 e 7,03 dias para CG902.
Nenhuma fêmea de G. brimblecombei nos tratamentos com Lecanicillium sp
efetuou postura (Tab. 1), podendo evidenciar que este fungo possa ter um
efeito maior sobre a biologia reprodutiva da espécie.
Tabela 1. Mortalidade média, Mortalidade corrigida pela Fórmula de Abbott, TL
50
e número total
de postura por tratamento de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) ocasionados por
fungos entomopatogênicos, utilizados na concentração de 1,5 x 10
7
conídios/mL, em
laboratório.
(1)
Médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem estatisticamente
pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Isolados Origem
Mortalidade
(%)
(1)
Mort.
corrigida
TL
50
(dias)
Postura
Beauveria sp.
BF 01
Curitiba, PR 81 A 69,35 4,86 7
Lecanicillium sp.
CG904
Arapoti, PR 80 A 67,74 6,52 0
Lecanicillium sp.
CG 902
São
Joaquim, SC
66 AB 45,16 7,03 0
Testemunha 38 B ----- 6,83 160
39
Os dois isolados de Lecanicillium sp. causaram menor mortalidade e
maior tempo médio de mortalidade que o isolado Beauveria sp., porem não
houve diferença estatística entre o isolado Lecanicillium sp. CG904 e Beauveria
sp., mas sim entre Lecanicillium sp. CG902 e os tratamentos anteriores.
Comparando-se os resultados dos isolados Beauveria sp. e Lecanicillium
sp. CG904 e CG902 com os resultados da testemunha, observa-se que o
controle foi eficaz tanto para a população inicial (população que foi colocada
nas mudas de eucalipto) como também para a próxima geração, reduzindo
significativamente o número de ovos.
A mortalidade acumulada do isolado Beauveria sp. obteve um controle
mais eficiente no início do experimento (a partir do 2° dia de avaliação), e o
isolado Lecanicillium sp CG904 apresentando também um controle bastante
eficaz a partir do 5° dia (Fig. 3).
A mortalidade diária de G. brimblecombei apresenta picos entre o 5° e o
8° dia de avaliação, e com o isolado Beauveria sp. ocorreu a partir do 2° dia
(Fig. 4).
Leite et al (2005) testaram o isolado Verticillium lecanii CG902 para
controle de Cinara atlantica obtiveram um controle de 67,3%, porcentagem
semelhante ao encontrado para G. brimblecombei (66%), porem o TL
50
foi de
7,03 dias para G. brimblecombei, e 8,52 dias para C. atlantica.
O isolado CG904 de Verticillium lecanii também foi testado em C.
atlantica por Leite et al (2005) causando mortalidade de 64,1%, porcentagem
inferior ao encontrado para G. brimblecombei (80%), indicando que esta
espécie foi mais susceptível a este isolado. Os tempos médios de mortalidade
obtidos para as duas espécies foram bem próximos, sendo 6,99 dias para C.
atlantica e 6,52 para G. brimblecombei.
Puterka et al (1994) testou um isolado de Verticillium lecanii para
controle do psilídeo da pêra, Cacopsylla pyricola (Foerster), aplicadas sobre
ninfas de 3° ínstar. O controle obtido para este psilídeo foi de 17%, 81,1% e
98,6% no 3°, 5° e 7° dia após a aplicação, respectivamente. As porcentagens
de mortalidade do isolado de V. lecannii (causando mais de 98% de
mortalidade ao final do 7° dia) foi superior aos isolados de Lecanicillium sp.
CG904 e CG902 testado em G. brimblecombei (com 80% de mortalidade para
o isolado CG904 e 66% para o isolado CG902 ao final do 10° dia). O tempo
40
médio de mortalidade do psilídeo da pêra foi 4,3 dias, porcentagem inferior a
encontrada para o psilídeo-de-concha que foi de 6,52 dias para o isolado
CG904, e de 7,03 dias para o isolado CG902.
Desta forma, os isolados testados por Puterka et al (1994) para o
psilídeo da pêra, C. pyricola, teoricamente foram mais virulentos, devido à alta
mortalidade e menor tempo médio de mortalidade em todos os isolados,
quando comparados aos isolados aqui testados para G. brimblecombei. Porém
o teste de controle do psilídeo de pêra foi sobre ninfas de 3° ínstar, e o teste
para G. brimblecombei foi em ninfas de 5° ínstar, podendo evidenciar que
ninfas de ínstares menores são mais susceptíveis ao ataque por fungos.
A B
Figura 2. Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964). A, adulto infectado por Beauveria sp; B,
ninfa infectada por Lecanicillium sp.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
12345678910
Dias
% Mortalidade acumu
l
Beauveria sp Lecanicillium sp CG 904 Lecanicillium sp CG 902 Testemunha
Figura 3. Mortalidade acumulada de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) ocasionados
por fungos entomopatogênicos e testemunha, utilizados na concentração de 1,5 x 10
7
conídios/mL, em laboratório.
41
0
5
10
15
20
25
12345678910
Dias
% mortalidade di
á
Beauveria sp Lecanicillium sp CG904 Lecanicillium sp CG 902 Testemunha
Figura 4. Mortalidade diária de Glycaspis (G.) brimblecombei (Moore, 1964) ocasionados por
fungos entomopatogênicos e testemunha, utilizados na concentração de 1,5 x 10
7
conídios/mL,
em laboratório.
Dentre todos os isolados testados para G. brimblecombei, Beauveria sp.
foi o mais infectivo (81%) e o que apresentou a menor TL
50
(4,86 dias).
Ninfas e adultos de G. brimblecombei são altamente susceptíveis ao
ataque dos fungos. As ninfas que estavam dentro da concha também foram
mortas pelo fungo, e provavelmente a umidade no seu interior facilitou o
desenvolvimento do fungo.
Com os resultados pode-se afirmar que quando comparamos a
mortalidade dos tratamentos com relação à testemunha, houve uma diferença
significativa com relação ao controle, e quando comparamos os tratamentos e
testemunha com relação à número de ovos também ocorre uma diferença
muito significativa, ocorrendo também um controle sobre a 2° geração.
Apesar dos resultados terem sido obtidos em laboratório, é possível
concluir que a utilização de fungos entomopatogênicos apresenta um grande
potencial para controle do psilídeo-de-concha. No entanto, sugere-se que
outros estudos sejam conduzidos para se obter maiores informações a respeito
de outros isolados e sua patogenicidade em campo.
42
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43
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