epistemológica, ou seja, reconhece a docência como um campo de
conhecimentos específicos configurados em quatro grandes
conjuntos, a saber: 1) conteúdos das diversas áreas do saber e do
ensino, ou seja, das ciências humanas e naturais, da cultura e das
artes; 2) conteúdos didático -pedagógicos, diretamente relacionados
ao campo da prática profissional; 3) conteúdos ligados aos saberes
pedagógicos mais amplos do campo teórico da prática educacional;
4) conteúdos ligados à explicitação do sentido da existência humana
individual, com sensibilidade pessoal e social. E essa formação
identitária é também profissional.
Não podemos esquecer que o professor é um ser humano, uma
pessoa que se depara com questões também complexas de ordem sócio -
econômica, política, tecnológica que se tornam conflitantes para pensar a ação
docente. Ao se preparar para essa ação docente, o professor não tem como se
despir de seus desafios, seus conflitos, seus medos, suas angústias, suas tristezas,
suas alegrias perante tantas incertezas.
O mundo atual, que passa por profundas transformações sociais,
com a evolução tecnológica, por meio das tecnologias da informação e
comunicação, exige que o jovem domine esses conhecimentos e cabe à educação
prepará-los, uma vez que é a resposta defendida para suprir a exigência
mercantilista do mundo do trabalho.
No ensino superior, o responsável para responder a esses desafios
do cenário acadêmico é o professor, que é um profissional da educação, mas acima
de tudo uma pessoa humana, com sentimentos, valores e saberes que personificam
sua forma de ser a pessoa do professor. É o q ue explicita Nóvoa (1995, p.7):
Hoje sabemos que não é possível separar o eu pessoal do eu
profissional, sobretudo numa profissão fortemente impregnada de
valores e ideais e muito exigente do ponto de vista do
empenhamento e da relação humana. Houve um te mpo em que a
possibilidade de estudar o ensino, para além da subjetividade do
professor, foi considerada um sucesso científico e um passo
essencial em direção a uma ciência de educação. Mas as utopias
racionalistas não conseguiram pôr entre parênteses a es pecificidade
irredutível da ação de cada professor, numa óbvia relação com as
características pessoais com as suas vivências profissionais como
escreve Jennifer Nias:
O professor é a pessoa; e uma parte
importante da pessoa é o professor
(grifo do autor).
Santos Neto (2002, p. 44) afirma que “A formação tradicional não
cuidou de forma sistemática desses aspectos humanos”. Os aspectos humanos a