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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
MARCELO GENTIL AVILA
ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DA FAUNA DE CAMARÕES
PESCADOS ARTESANALMENTE NA PRAIA DA PINHEIRA
PALHOÇA/SC
ITAJAÍ
2008
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MARCELO GENTIL AVILA
ASPECTOS BIOECOLÓGICOS DA FAUNA DE CAMARÕES
PESCADOS ARTESANALMENTE NA PRAIA DA PINHEIRA
PALHOÇA/SC
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Ciência e Tecnologia Ambiental, Curso
de Pós-Graduação Stricto Sensu em
Ciência e Tecnologia Ambiental, centro
de Ciências Tecnológicas da Terra e do
Mar, Universidade do Vale do Itajaí.
Orientador: Prof. Dr
2
. Joaquim Olinto
Branco.
ITAJAÍ
2008
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Prof. Dr
2
. Joaquim Olinto Branco, pela amizade de mais de
quinze anos e por ter me aceitado no laboratório de Biologia do
CTTMar/UNIVALI como orientando do Mestrado em Ciência e Tecnologia
Ambiental, e neste período de trabalho, pela atenção, paciência e conselhos
que acredito serviram para meu crescimento profissional e pessoal.
Aos meus pais Miguel Jo Ávila Neto e cia Regina Ávila pela
dedicação e exemplo de vida, servindo de incentivo nesta caminhada.
Ao grande amigo e companheiro Herbert Silva Monteiro, pela
cumplicidade no trabalho de campo e de laboratório, e também um ombro
amigo nas horas difíceis de minha vida.
Aos companheiros do Laboratório de Biologia do CTTMar/UNIVALI,
Irece Farina Machado, Marcos Siqueira Bovendorp sem o qual as saídas de
campo não existiriam, Felipe Freitas Júnior, Cristiano Lombardo Evangelista,
Jurandir Joaquim Bernardes Júnior (orientando no PIPG), responsável pela
digitação e organização dos dados com muita eficiência, entre outros que
colaboraram esporadicamente.
A UNIVALI, através do programa PIPG, por ter concedido bolsas para o
desenvolvimento deste trabalho, bem como aos Laboratórios de
Geoprocessamento, Geologia e Biologia do CTTMar/UNIVALI pelo suporte
prestado.
Ao técnico do laboratório, Sr. Anilton Bispo dos Santos, pela calma com
que mantinha tudo em ordem para o funcionamento do laboratório.
Ao Sr. Cheiro e sua família, por alugar sua embarcação para a
realização das coletas, por sua amizade e por suas dicas e ensinamentos
sobre pesca artesanal.
Aos meus filhos, Thaís e Bernar pelo sorriso que sempre me estimulava
ao trabalho, mesmo quando isso significava ficar longe deles.
A Pamella, minha esposa pela participação e companheirismo em
diversos momentos.
A minha família pelo auxílio, apoio e paciência neste período e a todos
que colaboraram mesmo sem saber.
i
S
UMÁRIO
LISTA DE TABELAS
...................................................................................................iii
LISTA DE FIGURAS
....................................................................................................iii
RESUMO
......................................................................................................................vii
ABSTRACT
.................................................................................................................viii
1. INTRODUÇÃO
..........................................................................................................1
2. OBJETIVOS
..............................................................................................................8
2.1 Objetivo Geral................................................................................................8
2.2 Objetivos Específicos.....................................................................................8
3. ÁREA DE ESTUDO.......................................................................................
..9
4. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................
11
4.1 Trabalho de Campo.....................................................................................11
4.2 Trabalho de Laboratório...............................................................................11
4.3 Análise dos Dados.......................................................................................12
5. RESULTADOS
.......................................................................................................13
5.1 Temperatura................................................................................................13
5.2 Salinidade....................................................................................................13
5.3 Granulometria..............................................................................................14
5.4 Participação dos grupos integrantes na pesca artesanal do camarão........15
5.5 Proporção entre camarão e fauna acompanhante......................................16
5.6 Composição dos camarões por área de coleta...........................................16
5.7 Flutuação espaço temporal da abundância e CPUE...................................21
5.8 Ocorrência das espécies e proporção sexual..............................................25
5.9 Artemesia longinaris....................................................................................26
5.10 Pleoticus muelleri.......................................................................................31
5.11 Farfantepenaeus brasiliensis.....................................................................36
5.12 Farfantepenaeus paulensis........................................................................38
5.13 Xiphopenaeus kroyeri................................................................................40
5.14 Litopenaeus schimitti.................................................................................41
5.15 Sicyonia dorsalis........................................................................................42
6. DISCUSSÃO
...........................................................................................................43
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
.................................................................................52
8. CONCLUSÕES
.......................................................................................................53
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
...................................................................54
ii
LISTA DE TABELAS
Tabela I. Composição do substrato e sua porções granulométricas nas áreas de
coleta............................................................................................................................15.
Tabela II. Proporção das capturas, na pesca de arrasto dirigida aos camarões na Praia
da Pinheira...................................................................................................................16.
Tabela III. Relação das espécies de camarões e suas respectivas ocorrências durante
o período de coleta, Praia da Pinheira, Palhoça, SC, durante novembro/2003 a
outubro/2004. A ocorrência (O) das espécies nas coletas é representada por: (>)
regular, (+) sazonal, (<) ocasional................................................................................21.
Tabela IV. Relação das espécies da camarões coletadas nas áreas de amostragem
separados por sexo dos exemplares medidos e pesados...........................................26.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Indicação das áreas de coletas de camarões através da pesca de arrasto na
praia da Pinheira, Palhoça-SC, durante o período de novembro/03 a outubro/04.......10.
Figura 2. Variação mensal média da temperatura do ar (a) e da salinidade (b), na
Praia da Pinheira, Palhoça, SC. As barras verticais correspondem ao erro da
média............................................................................................................................14.
Figura 3. Participação em biomassa dos grupos pertencentes à fauna acompanhante
da pesca do camarão, na Praia da Pinheira, Palhoça, SC..........................................15.
Figura 4. Morfologia externa de Artemesia longinaris.................................................17.
Figura 5. Morfologia externa de Pleoticus muelleri......................................................17.
Figura 6. Morfologia externa de Farfantepenaeus brasiliensis....................................17.
iii
Figura 7. Morfologia externa de Farfantepenaeus paulensis......................................18.
Figura 8. Morfologia externa de Xiphopenaeus Kroyeri..............................................18.
Figura 9. Morfologia externa de Litopenaeus schmitti.................................................18.
Figura 10. Morfologia externa de Sicyonia dorsalis.....................................................19.
Figura 11. Contribuição (%) em número do total de camarões capturados por área de
amostragem..................................................................................................................19.
Figura 12. Variação mensal no número de camarões(N) e da CPUE (kg) nas áreas de
coleta na Praia da Pinheira, SC...................................................................................22.
Figura 13. Variação média em número de exemplares de camarões, ao longo do ano
na Praia da Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média..........23.
Figura 14. Variação média em número de exemplares de camarões, por estação de
coleta na Praia da Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da
média............................................................................................................................23.
Figura 15. Variação média em número de camarões, por estação do ano na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média..............................24.
Figura 16. Variação média mensal da CPUE de camarões nas áreas de coleta na
Praia da Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média...............24.
Figura 17. Variação da CPUE de camarões nas áreas de coleta na Praia da Pinheira,
SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.............................................25.
Figura 18. Variação sazonal da CPUE de camarões nas estações do ano na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média..............................25.
Figura 19. Variação média anual do número de indivíduos capturados de Artemesia
longinaris durante o ano (a) e valores médios da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC.
As barras verticais correspondem ao erro da média....................................................27.
iv
Figura 20. Artemesia longinaris, distribuição mensal da freqüência de ocorrência e
machos e fêmeas. * = diferença significativa, x
2
(p<0,05)............................................27.
Figura 21. Artemesia longinaris. Distribuição de freqüência por classe de
comprimento. Lt= comprimento total............................................................................28.
Figura 22. Artemesia longinaris. Distribuição de freqüência por classe de comprimento
nas áreas de coleta. Lt= comprimento total.................................................................29.
Figura 23. Artemesia longinaris. Distribuição de freqüência por classe de comprimento
nas estações do ano. Lt= comprimento total...............................................................30.
Figura 24. Variação média anual do número de indivíduos capturados de Pleoticus
muelleri durante o ano (a) e valores médios da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC. As
barras verticais correspondem ao erro da média.........................................................31.
Figura 25. Pleoticus muelleri, distribuição mensal da freqüência de ocorrência e
machos e fêmeas. * = diferença significativa, x
2
(p<0,05)............................................32.
Figura 26. Pleoticus muelleri. Distribuição de freqüência por classe de comprimento. Lt
= comprimento total......................................................................................................33.
Figura 27. Pleoticus muelleri. Distribuição de freqüência por classe de comprimento
nas áreas de coleta. Lt = comprimento total.................................................................34.
Figura 28. Pleoticus muelleri. Distribuição de freqüência por classe de comprimento
nas estações do ano. Lt = comprimento total...............................................................35.
Figura 29. Variação média anual do número de indivíduos capturados de
Farfantepenaeus brasiliensis durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média..............................36.
Figura 30. Farfantepenaeus brasiliensis. Distribuição de freqüência por classe de
comprimento nas estações do ano. Lt = comprimento total.........................................37.
v
Figura 31. Variação média anual do número de indivíduos capturados de
Farfantepenaeus paulensis durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média..............................37.
Figura 32. Farfantepenaeus paulensis. Distribuição de freqüência por classe de
comprimento nas estações do ano. Lt = comprimento total.........................................39.
Figura 33. Variação anual do número de indivíduos capturados de Xiphopenaeus
kroyeri durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC.................40.
Figura 34. Variação anual do número de indivíduos capturados de Litopenaeus
schimitti durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC. As barras
verticais correspondem ao erro da média....................................................................41.
Figura 35. Variação anual do número de indivíduos capturados de Sicyonia dorsalis
durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC. As barras verticais
correspondem ao erro da média..................................................................................42.
vi
RESUMO
A pesca de arrasto dirigida a camarões é tradicional ao longo do litoral
brasileiro e realizada de forma artesanal e industrial com importância social e
econômica. A rede-de-arrasto é eficiente na captura das espécies-alvo,
entretanto a temperatura, profundidade e o tipo de fundo são fatores
ambientais que interferem na abundância dos recursos, além do ciclo de vida.
A maior abundância dos camarões ocorreu nas áreas I e II com elevados
teores de matéria orgânica no substrato, em oposição a III e IV com areia e
cascalho. Foram capturadas três famílias de camarão, Sicyonidae,
Selenoceridae e Penaeidae com sete espécies. Entre estas, Artemesia
longinaris foi à espécie dominante ao longo das coletas com as maiores taxas
de captura (4,0 kg/h) nas áreas I e II, próximas à praia e profundidade em torno
dos 17m, onde as fêmeas predominaram significativamente sobre os machos.
Pleoticus muelleri foi regular nas áreas I e III e sazonal nas áreas II e IV e
predomínio nos meses de inverno, com uma proporção anual machos/fêmeas
de 0,46:1. O camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis
apresentaram uma proporção sexual em torno de 1:0,9 a favor dos machos e
ocorrência alternando-se entre ocasional e sazonal. Xiphopenaeus kroyeri
esteve restrita apenas na área I, próxima da saída da baía, onde as fêmeas
contribuíram com 73,5% e os com machos 26,5%. O camarão-branco
Litopenaeus schmitti participou com apenas 62 exemplares, sendo sazonal na
área I e ocasional nas demais; enquanto que Sycione dorsalis esteve
esporadicamente presente nos arrastos. Na pesca de arrasto direcionada a
captura de camarões marinhos deve-se ter uma visualização clara das
condições das populações exploradas, bem como da fauna acompanhante que
é capturada acidentalmente e composta por biota diversificada, onde os peixes,
geralmente apresentam maior abundância. Na Praia da Pinheira os camarões
ocuparam a terceira posição (17,2%) em biomassa, enquanto que a Ictiofauna
acompanhante foi o grupo dominante (63,5%), seguido pela Cnidofauna
(19,7%), carcinofauna (6,5%), equinodermafauna (5,5%), lixo (0,6%) e
malacofauna (0,6%).
Palavras-chave: Penaeidae, fauna acompanhante, pesca artesanal.
vii
ABSTRACT
The trawling for shrimps is traditional in the Brazilian seashore and performed
not only by fishermen, but also by companies playing an important role in the
social and economic life. The trawling net is highlly efficient to catch specific
species, however the temperature, depth and the type of the seabottom can
interfere in the quantity of the species, besides their life cycle. The biggest
abundance of shrimp happened in areas I and II with high levels of organic
material in the substrate, differing from areas III and IV with sand and gravel.
Three families of shrimps were caught: Sicyonidae, Selenoceridae and
Penaeidae presenting seven species. Among these, Artemesia longinaris , was
the dominant species among the collection with the highest tax of capture (4,0
kg/h) in areas I and II, next to the beaches and depth around 17m, where the
females were much more abundant than the males. Pleoticus muelleri was
common in areas I and III and seasonal in areas II and IV, and predominant in
the winter time, with the anual proportion males/females of 0,46:1.
Farfantepenaeus paulensis and F. brasiliensis (commonly known as pink-
shrimp) present and sexual proportion around 1:0,9 more males and their
presence was occasional and seasonal. Xiphopenaeus kroyeri was presented
only in área I , next to the bay exit, where the females made up 73,5% and the
males 26,5% of the total. Litopenaeus schmittiI (commonly known as white-
shrimp) presented just 62 units, being seasonal in área I and occasional on the
other áreas. Sycione dorsalis was presented sporadically in the trawing. When
trawling for sea shrimps one must have a clear vision of the conditions of the
exploited population, as well as the captured fauna that comes together in the
net. This fauna is composed by diversified biota, where fish is usually abundant.
On the Pinheira Beach the shrimps came in third position (17,2%) in the
biomass, while the accompanying Ictiofauna was the dominant group (63,5%),
followed by Cnidofauna (19,7%), carcinofauna (6,5%), equinodermafauna
(5,5%), trash (5,5%) and malacofauna (0,6%).
Key words: Penaeidae, accompanying fauna, fishing.
viii
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
1
1 - INTRODUÇÃO
A atividade pesqueira ao longo dos tempos tem sido responsabilizada
pelo sustento de grande parte da população mundial (OLIVEIRA, 1988). A
atividade pesqueira é usualmente dividida em pesca de subsistência, amadora
ou recreativa, pesca artesanal e pesca industrial. A pesca de subsistência e a
amadora, não possuem fins comerciais, enquanto nas modalidades artesanal e
industrial a captura é comercializada. As principais características que
diferenciam a pesca industrial da artesanal são (1) a utilização de embarcações
e petrechos com maior poder de pesca e tecnologia, (2) divisão do trabalho
em atividades especializadas, e (3) os proprietários das embarcações e
petrechos não participam da pesca. Na legislação brasileira, os proprietários
dos meios de produção da pesca industrial foram caracterizados como
armadores de pesca ou indústrias pesqueiras. Armadores de pesca são
pessoas físicas ou jurídicas que possuem uma ou mais embarcações
pesqueiras cuja soma da arqueação bruta totalize ou ultrapasse 10 toneladas.
As indústrias pesqueiras são pessoas jurídicas que além da pesca, atuam
também no processamento ou industrialização da captura (KLIPPEL et al.,
2005).
Cresce o reconhecimento de que a pesca artesanal é menos predatória
que a pesca industrial, visto que sua produção está intimamente ligada ao
ambiente no qual vivem e à adaptação que possuem para viver e explorar o
mesmo (FERNANDES & MACHADO-GUIMARÃES, 1994). Entretanto, a pesca
artesanal no Brasil recebe poucos incentivos governamentais, mesmo
importante no abastecimento local e regionalmente dos mercados de
pescados, é uma atividade de parcela expressiva da população litorânea
(CABRAL, 1997). As atividades da pesca propiciam alimentação e empregos
convenientes nas pequenas comunidades, porém os interesses econômicos
sobrepõem esses objetivos, à medida que estes se desenvolvem (BETITO &
JULIANO, 2001).
O modelo econômico adotado no Brasil nos últimos anos tem gerado
uma política de concentração de renda e apresenta-se voltado para exportação
de grandes empresas. O mesmo vem acentuar o abandono por que passa a
pequena produção no país, tanto agrícola, quanto pesqueira, em particular a
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
2
pesca artesanal. O resultado mais evidente desta política foi à depredação dos
recursos vivos marinhos, exploração de mão-de-obra e empobrecimento do
próprio pescador artesanal (DIEGUES, 1995).
A exploração dos recursos marinhos no litoral de Santa Catarina exerce
papel relevante no contexto sócio-econômico e cultural. Essa atividade foi uma
dentre os legados da cultura açoriana que contribuiu de maneira expressiva
para o desenvolvimento da pesca artesanal e industrial no litoral catarinense
(BRANCO, 1999).
Atualmente, as comunidades pesqueiras vêm sofrendo diversos
impactos, colocando em risco sua sobrevivência e a cultura açoriana. A intensa
atuação da frota industrial, o crescimento desordenado do turismo e do cultivo
de mexilhões vem provocando uma disputa pelo espaço costeiro. A situação
dos pescadores artesanais da região sul-sudeste do Brasil, é bem mais
complexa e crítica. É uma questão de sobrevivência de toda uma classe
trabalhadora e de seus familiares, pois as capturas são progressivamente mais
escassas em safras cada vez mais curtas, que não lhes rendem o sustento
anual (IBAMA, 1993; CABRAL, 1997).
A pesca industrial ocorre ao longo da costa Sul do Brasil, entre o Cabo
de Santa Marta (28°S) e o Chuí (34°S), é realizada principalmente por frotas
sediadas no Rio Grande Sul (RS) e Santa Catarina (SC), e, em menor
proporção, por frotas dos estados do Sudeste do Brasil (BARCELLOS et aI.,
1991; VALENTINI et al., 1991a; KOTAS, 1991, 1998; HAIMOVICI, 1997;
MIRANDA & VOOREN, 2003). Em SC, as cidades vizinhas de Itajaí e
Navegantes (26°48'S) representam o maior pólo da pesca industrial no estado,
respondendo juntas por 86% da produção total (UNIVALI - CTTMar, 2003).
Também desembarques da pesca industrial nas cidades catarinenses de
Laguna, Porto Belo, Florianópolis, Governador Celso Ramos e Passo de
Torres.
O desembarque mundial de camarões encontra-se estimado em torno
de 1,8 milhões de toneladas por ano (ALVERSON et al., 1994), sendo que em
1970, o Brasil ocupou o lugar em produção mundial (IWAI, 1973).
Atualmente essa atividade é considerada de grande importância entre os
recursos pesqueiros do nosso litoral. Entretanto, segundo estatísticas do
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
3
CEPENE/IBAMA (2002), a produção de camarão vem decrescendo ao longo
dos anos, atingindo o patamar de 11.378,5 toneladas no ano de 2002.
Os camarões marinhos de interesse econômico pertencem na sua
maioria à família Penaeidae, e dentre eles, os do gênero Penaeus foram
revisados taxonomicamente por PÉREZ-FARFANTE & KENSLEY (1997), com
isto, alguns subgêneros foram elevados à categoria de gênero surgindo assim
Farfantepenaeus com as espécies Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille,
1817) e Farfantepenaeus paulensis (PÉREZ FARFANTE, 1967). Estes últimos
são conhecidos nas regiões Sudeste e Sul do Brasil como camarão-rosa, mas
o interesse comercial também abrange o camarão-branco Litopenaeus schmitti
(Burkenroad, 1936), camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri (Heller,1862),
camarão-barba-ruça ou camarão-ferrinho Artemesia longinaris (Bate, 1888) e
camarão-vermelho Pleoticus muelleri (Bate, 1888) da família Solenoceridae.
Estas espécies contribuem com aproximadamente 6% em peso e 24% em
valor econômico total do pescado nessas regiões (VALENTINI et al., 1991a).
A pesca de camarões nas regiões Sudeste e Sul do Brasil é
desenvolvida, principalmente, sobre os estoques de camarão-rosa (F.
brasiliensis e F. paulensis) e de camarão-sete-barbas (X. kroyeri). A
denominação camarão-rosa para as espécies F. brasiliensis e F. paulensis são
generalizadas, devido incapacidade de distinção das mesmas pelos
pescadores artesanais. Desta maneira, os dados estatísticos de captura
pertencentes ao camarão-rosa não diferenciam as duas espécies (VALENTINI
et al., 1991a).
A pesca de arrasto direcionada a captura de camarões, é uma das
modalidades pesqueiras mais comuns no litoral brasileiro, realizada de forma
artesanal e industrial, apresentando uma grande importância social e
econômica (BRANCO, 2005). Essa atividade deve ser praticada de maneira
racional, possibilitando a manutenção dos estoques das espécies-alvo e das
acompanhantes.
Como em diversas comunidades pesqueiras ao longo da costa do Brasil
e de Santa Catarina a pesca artesanal na região da Praia da Pinheira, ainda é
praticada pela insistência dos pescadores locais que sustentam suas famílias.
Muitas destas famílias utilizam o arrasto de fundo, que é um aparelho de pesca
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
4
pouco seletivo e que causa danos físicos ao substrato marinho
(KLIPPEL,2005).
Por mais que o esforço pesqueiro seja dirigido a uma espécie-alvo (ou
grupo de espécies), sempre haverá a captura de outras espécies (SLAVIN,
1983). Em geral, para obter a ordenação de uma pescaria, deve haver uma
completa compreensão das condições biológicas e das interações das
espécies-alvo e da fauna acompanhante com ela relacionada (FAO, 2003).
Mesmo sendo uma questão com certo grau de dificuldade, é muito significativa
para a ordenação da atividade pesqueira (COELHO et al., 1987). A pesca de
arrasto com redes equipadas com portas é considerada predatória danificando
substancialmente as comunidades bentônicas, sendo freqüentemente realizada
em criadouros de espécies com interesse econômico (BRANCO &
FRACASSO, 2004).
Segundo VENDEVILLE (1990), a pesca de arrasto direcionada aos
camarões captura um grande número de organismos considerados fauna
acompanhante, aqui definida como todo o espécime ou conjunto de espécimes,
de qualquer espécie ou tamanho, capturados conjuntamente com a espécie-
alvo (GRAÇA-LOPES, 1996).
A fauna acompanhante da pesca de arrasto do camarão apresenta-se
muito diversificada, composta por cnidários, moluscos e peixes dentre outros e
sua participação em cada arrasto é freqüentemente elevada. Outra
característica dessa forma de pescaria é a captura de indivíduos imaturos
(BRANCO, 1999, BRANCO & VERANI, 2006). Segundo RODRIGUES et al.,
(1985), é desconhecido o impacto da mortalidade desses indivíduos no
equilíbrio ecológico das áreas de pesca.
Esta fauna, geralmente é composta por duas porções: uma que é
desembarcada, representada por exemplares das espécies de interesse
econômico e com tamanho de comercialização; outra que é rejeitada,
composta por indivíduos sem valor econômico ou por exemplares de pequeno
porte das espécies exploradas (GRAÇA-LOPES, 1996; BRANCO, 1999, 2005).
Em Santa Catarina, a frota industrial de arrasto duplo desembarcou um
total de 4.242t de crustáceos no ano de 2000 (GPE/CTTMAR, 2000), portanto o
conhecimento de como essa modalidade atua sobre os recursos marinhos é
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
5
fundamental para a sustentabilidade deste ecossistema (RUFFINO &
CASTELLO, 1992/93).
A proporção mundial por arrasto em peso camarão/peixe é de 1:5 kg em
águas temperadas e de 1:10 kg em águas tropicais (SLAVIN, 1983).
A captura total de camarão em 1985 nas regiões Sudeste e Sul do Brasil
atingiu 28.021 ton/ano com uma fauna acompanhante de 308.021 ton,
correspondendo a uma proporção média de 11:1 de fauna
acompanhante/camarão (CONOLLY, 1986). Esse número pode ser maior, se
levar em conta que a taxa de rejeição na pesca do camarão sete-barbas pode
alcançar até 25:1 (COELHO et al., 1988). Entretanto, em revisão sobre o
assunto, ALVERSON et al. (1994) afirmam que, os dados disponíveis são
incompletos, principalmente para o Atlântico Sul, onde a quantidade de
informações é muito baixa.
Em Santa Catarina a análise da rejeão da fauna acompanhante é ainda
incipiente; dessa maneira, estudos quali-quantitativos da fauna acompanhante
associados ao comportamento biológico das espécies de camarão capturada nas
pescarias, são de fundamental importância, visto que os arrastos são realizados
frequentemente em criadouro de diversas espécies de interesse ecomico; além
disso, a pesca de arrasto é considerada uma arte de captura predaria e
desestabilizadora das comunidades bentônicas (BRANCO & VERANI, 2006).
De acordo com TISCHER & SANTOS (2001), grande parte da composição
da ictiofauna acompanhante capturada é formada por espécimes em fase juvenil,
representando uma perda considerável na formão da futura biomassa alimentar
e, principalmente colocando em risco à manutenção de sua sustentabilidade.
Crustáceos decápodos são importantes membros das comunidades
bentônicas tropicais, incluindo os estuários. Além do fato das espécies maiores
e mais abundantes serem usualmente utilizadas como alimento pelo homem,
existe uma grande variedade de pequenas espécies que contribuem para o
tamanho, complexidade e funcionamento dos ecossistemas tropicais
(HENDRICKX, 1995).
A captura industrial dos camarões barba-ruça (A. longinaris) e santana
(P. muelleri) tem crescido, principalmente na Região Sul (CEPSUL/IBAMA
1991, 1992, 1993), com significativas flutuações inter-anuais (HAIMOVICI &
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
6
MENDONÇA, 1996). Além dessas espécies, também é explorado o camarão-
branco (L. schmitti).
A distribuição geográfica desses recursos pesqueiros é bastante ampla
e foi estudada por D’INCAO (1995). F. brasiliensis distribui-se desde a Carolina
do Norte (USA) até o Rio Grande do Sul (Brasil); F. paulensis ocorre de Ilhéus
(Bahia, Brasil) a Mar Del Plata (Argentina); X. kroyeri foi registrado desde a
Virgínia (USA) até o Rio Grande do Sul (Brasil); L. schmitti ocorre da Baia de
Matanzas (Cuba) ao Rio Grande do Sul (Brasil); A. longinaris e P. muelleri
distribuem-se desde o norte do Rio de Janeiro (Brasil) até o sul da Argentina
(Chubut e Santa Cruz, respectivamente).
A pesca do camarão-rosa é efetuada sobre seus dois estratos
populacionais, com a captura de juvenis e pré-adultos em áreas estuarinas e
lagunares (pesca artesanal) e a de adultos em águas oceânicas (pesca
industrial). O início da pesca artesanal na região é indefinido, mas os primeiros
dados disponíveis sobre a produção em criadouros datam de 1945, no Rio
Grande do Sul. A pesca industrial foi iniciada após a II Grande Guerra, na
década de 40 (VALENTINI et al., 1991a).
Embora F. paulensis e F. brasiliensis sejam um recurso intensamente
explorado no litoral catarinense, existem poucas informações sobre o seu ciclo
de vida (NASCIMENTO & POLI, 1986). No entanto, a análise dos dados
oriundos dos desembarques da frota artesanal e industrial tem demonstrado
uma ótima contribuição para a avaliação do estoque de camarão-rosa da
região Sudeste-Sul (VALENTINI et al., 1991a). BRANCO & VERANI (1998)
avaliaram a estrutura populacional de F. paulensis na Lagoa da Conceição em
Florianópolis, neste local evidenciaram um domínio das fêmeas sobre os
machos, no referido trabalho foi verificado que a abundância sexual
aparentemente não é influenciada pela salinidade e sim pela temperatura
ambiental.
F. paulensis e F. brasiliensis apresentam ciclo de vida que segue o
padrão do gênero Farfantepenaeus. A reprodução ocorre em mar aberto, entre
40 a 100 metros de profundidade durante o ano todo. As pós-larvas penetram
nos estuários onde ocorre o crescimento e a migração dos juvenis e pré-
adultos para o mar ocorre entre os meses de fevereiro a maio (D'INCAO,
1991).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
7
F. brasiliensis apresenta uma distribuição como locais de maior
abundância as Regiões Sudeste e Sul, mais precisamente Cabo Frio, na costa
do Rio de Janeiro e em São Paulo as cidades de Santos e Cananéia (BOSCHI,
1969; PÉREZ-FARFANTE, 1967; IWAI, 1973; SILVA, 1976). Com a exploração
comercial das espécies, as mesmas passaram a ser estudadas, ZENKER &
AGNES (1977) observaram duas regiões de grande abundância destes
camarões no nosso litoral, uma em frente à Santa Catarina e outra, de menor
importância entre Santos e a Ilha de São Sebastião em São Paulo. No Rio
Grande do Sul e Uruguai, não são conhecidas áreas de concentração da
espécie na plataforma continental, apenas nos estuários (IWAI, 1973; ZENKER
& AGNES, 1977; D’INCAO, 1984).
Outra espécie capturada na Praia da Pinheira é Xiphopenaeus kroyeri
(Heller, 1862) conhecido como camarão sete-barbas que segundo HOLTHUIS
(1980), está restrita à costa Oeste do Atlântico, da Carolina do Norte (USA) ao
Estado de Santa Catarina. A pescaria do camarão-sete-barbas ocorre no litoral
dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina. Os primeiros dados de desembarque disponíveis provêm de São
Paulo e referem-se ao ano de 1959 (VALENTINI et al., 1991b).
Ao contrário dos camarões do gênero Penaeus, X. kroyeri (Heller, 1862)
não depende dos estuários para o desenvolvimento dos juvenis, sendo
encontrados nas regiões de praia (SANTOS, 1978). Entretanto, para alguns
autores, a presença da espécie em zonas estuarinas está associada à
salinidade que deve ser superior a 30‰ (HOLTHUIS, 1959; PAIVA, 1971). A
questão da influência da salinidade na presença da espécie foi comprovada por
WILLIAMS (1965) que constatou sua ocorrência em rios durante a estação de
seca ou com salinidade maior, ratificando este fator ambiental AMADO (1978) e
NEIVA & WISE (1963) relacionaram sua presença a ambientes com salinidade
entre 33 a 36 ‰.
BRANCO (2005) na região de Penha/SC, estudando X. kroyeri (Heller,
1862) determinou as distribuições de freqüências relativas de machos e fêmeas
por classes de comprimento total, os resultados demonstram que ocorreram
exemplares numa amplitude de variação entre 3,0 a 14,0 cm para machos e
entre 4,0 a 16,0 cm para fêmeas. As freqüências percentuais de machos e
fêmeas na área amostral apresentaram uma proporção de 1:1 (50,02% para
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
8
machos e 49,97% nas fêmeas, no ultimo ano amostrado) o que segundo o
autor era o resultado esperado.
D’INCAO (1999) relata que a distribuição de A. longinaris ocorre ao
longo da costa do Brasil entre o Rio de Janeiro (21ºS) até a Argentina (44ºS).
P. muelleri ocorre no Atlântico ocidental, desde o Espírito Santo, Brasil, (22ºS)
até Santa Cruz, na Argentina, (49º45’S), e as maiores concentrações desta
espécie ocorrem no litoral da Patagônia, Argentina.
Estudos de BOSCHI (1997) e GAVIO & BOSCHI (2004) demonstraram
uma forte associação entre essas espécies, A. longinaris e P. muelleri com um
ciclo de vida exclusivamente marinho, com deslocamento apenas entre águas
rasas e mais profundas onde se reproduzem e desenvolvem. E apesar de
pertencerem a famílias distintas (Penaeidae e Solenoceridae,
respectivamente), parecem compartilhar a mesma gama de requerimentos
ambientais (profundidade, salinidade e temperatura).
Por se tratar de um importante recurso sócio-econômico no litoral
catarinense, estudos sobre os aspectos bioecológicos das espécies de
camarões e habitats explorados pela frota artesanal são requisitos básicos para
o manejo sustentável dos mesmos.
2 - OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
Caracterizar as espécies de camarões que ocorrem na Praia da
Pinheira, Palhoça, SC ao longo de um ciclo anual através da abundância,
distribuição espaço-temporal e aspectos do ciclo de vida.
2.2 - Objetivos Específicos
Identificar as espécies de camarões capturadas na Praia da Pinheira,
Palhoça – SC;
Descrever a estrutura populacional determinando a abundância e
flutuações sazonais das espécies de camarões capturadas;
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
9
Caracterizar a influência das variáveis ambientais na distribuição da
abundância/frequência e nas taxas de captura dos camarões;
Analisar a proporção entre camarões capturados e a fauna
acompanhante na pesca de arrasto artesanal na Praia da Pinheira, Palhoça,
SC.
3 - ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo está localizada na região litorânea do Parque Estadual
da Serra do Tabuleiro, entre a Praia da Pinheira e a Praia da Gamboa, no
município de Palhoça (27º52’53” - 27°53’00,3” S; 48°34’49” - 48°35’21,9” W)
(Fig. 1).
Este parque apresenta um conjunto de montanhas de formas
arredondadas situadas ao longo da costa oceânica, cobertas pela floresta
atlântica em sua maior parte (ROSÁRIO, 2003). Na menor porção pela floresta
de Araucária na formação da matinha nebular e campos de altitude, em toda
região da baixada, a paisagem de restinga é a mais expressiva, nas áreas mais
próximas do mar encontramos espécies herbáceas e rastejantes. Visualizando
a paisagem marinha, encontramos sete ilhas costeiras compondo este
ambiente: do Coral, Moleques do Sul, da Fortaleza ou Araçatuba, das Irmãs,
dos Cardos e Papagaio Pequena. Este conjunto contribui para atividade
pesqueira devido à troca constante de nutrientes entre dois ambientes, terra e
mar (ROSÁRIO, 2003).
O substrato areno-lodoso é predominante nas áreas de pesca, porém nas
praias próximas é constituído por areia fina. Uma característica oceanográfica
importante na região é a penetração da massa de Água Central do Atlântico
Sul (ACAS) na camada inferior da plataforma continental durante o verão,
formando uma termoclina numa profundidade de aproximadamente 10,0 a
15,0m, com o retrocesso da ACAS durante o inverno, a distribuição da
temperatura na zona costeira torna-se homogênea com águas entre 20,0 e
23,0°C e salinidade de 35,0 ‰ (MATSUURA, 1986).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
10
As áreas de coleta foram estabelecidas em função dos locais de atuação da
frota artesanal na captura do camarão, sendo: Área I localiza - se em frente à
Praia da Pinheira com profundidade em torno dos 17,0m; Área II entre a ilha do
Coral e a praia da Gamboa, com profundidade entre 15,0 a 17,0m; Área III
próxima a Ilha dos Corais entre 28,0 a 30,0m e Área IV em frente à Ponta Sul
da Ilha de Santa Catarina, com profundidade de 28,0 a 30,0m (Fig. 1).
Figura 1. Indicação das áreas de coletas de camarões através da pesca de arrasto na
praia da Pinheira, Palhoça - SC, durante o período de novembro/03 a outubro/04.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
11
4 - MATERIAL E MÉTODOS
4.1 - Trabalho de Campo
As coletas foram realizadas mensalmente, durante o período de
novembro de 2003 a outubro de 2004, a partir da Praia da Pinheira, Palhoça,
SC, em quatro áreas utilizadas pela pesca tradicional de arrasto dos camarões
marinhos (Fig. 1). Cada coleta constitui de um arrasto por área, com duração
de 30 minutos entre profundidades de 17,0 a 30,0 metros, utilizando-se duas
redes de arrasto com portas, malha de 3,0cm na manga e corpo de 2,0cm no
ensacador, tracionadas por baleeira com 9,0m de comprimento e 3,0m de boca
e motor a diesel de 60Hp, com velocidade média de dois nós (BRANCO, 2005).
Após o arrasto, o material capturado foi acondicionado em caixas de
isopor e mantido resfriado com gelo para ser transportado ao laboratório de
Biologia do CTTMAR/UNIVALI. Em cada arrasto foi registrada a temperatura do
ar e água de superfície com um termômetro, profundidade com ecobatímetro, e
coletado amostra de água para determinar a salinidade de superfície em
laboratório, através de um salinômetro óptico.
4.2 - Trabalho de Laboratório
Paralelamente às coletas foram registradas a temperatura e salinidade
da água de superfície, e foi obtida uma amostra de sedimento por área,
utilizada na determinação do teor de carbonato e conteúdo de matéria
orgânica. O carbonato de cálcio foi dosado utilizando-se o método gravimétrico,
a partir de uma subamostra de 100g, a qual foi submetida ao ataque com ácido
clorídrico (HCL) a 50ºC. Para determinação da matéria orgânica total, as
amostras foram queimadas em forno mufla a 800ºC durante oito horas e os
teores determinados a partir da diferença dos pesos iniciais e finais. Para a
caracterização granulométrica e textural do sedimento as mesmas foram
submetidas aos processos de lavagem, peneiramento em intervalo de ¼ de phi
(KRUMBEIN, 1934), pesagem (SHEPARD, 1954), e obtenção de parâmetros
estatísticos (FOLK & WARD, 1954).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
12
No laboratório, o produto de cada arrasto foi separado por grupo
taxonômico, sendo quantificado e registrado suas biomassas. Os camarões
foram identificados através de chaves dicotômicas e quando possível foi
determinado o sexo (pois em indivíduos muito pequenos esta determinação
não pode ser obtida), estádio de maturação conforme PÉREZ-FARFANTE
(1978), comprimento total e da carapaça em centímetros e o peso total (Wt) em
gramas (BRANCO, 2005). Os dados biométricos: comprimento total,
comprimento do cefalotórax e peso foram obtidos através de carcinômetro,
paquímetro e balança de precisão 0,01g, respectivamente. Os dados obtidos
foram cadastrados em fichas padronizadas para posterior digitação em
planilhas eletrônicas, utilizadas na análise estatística. Também foram
registrados dados da fauna acompanhante em número de exemplares e a
biomassa total.
4.3 - Alise dos Dados
De acordo com a ocorrência nas coletas, as espécies foram
classificadas em três categorias: regular (9 a 12 meses); sazonal (6 a 8 meses)
e ocasional (1 a 5 meses) (ANSARI et al., 1995; BRANCO, 1999).
A captura por unidade de esforço (CPUE/KG) foi calculada mensalmente
e por estação do ano para cada área de amostragem. As estações do ano
foram estabelecidas da seguinte maneira: Inverno (julho, agosto e
setembro/04), Primavera (novembro, dezembro/03 e outubro/04,), Verão
(janeiro, fevereiro e março/04), Outono (abril, maio e junho/04).
Para caracterizar a estrutura populacional das espécies dominantes,
foram consideradas as distribuições de freqüências por classe de comprimento.
A ANOVA (SOKAL & ROHLF 1969) foi utilizada para verificar a existência de
diferenças significativas nas CPUE das espécies amostradas.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
13
5 - RESULTADOS
5.1 - Temperatura
A temperatura da água apresentou flutuações sazonais moderadas entre
as áreas de coleta com valores os maiores valores ocorrendo em fevereiro
(30,3°C) e abril/04 (31,6°C) e os menores entre maio e julho/04 (11,0°C) (Fig.
2a).
O padrão de variação da temperatura da água manteve-se uniforme na
região em estudo (F
3–7
= 0,5069, p>0,05), ocorrendo apenas pequenas
oscilações entre as estações de primavera (19,3°C), verão (24,7°C), outono
(22,2°C) e inverno (21,6°C), com uma média anual de 21,1°C (Fig. 2a).
5.2 - Salinidade
A salinidade da água de superfície manteve o padrão sazonal de
flutuação, sem diferença significativa entre as áreas (F
3–44
= 0,6427; p>0,05),
com os maiores teores médios ocorrendo entre dezembro/03 a fevereiro/04 e
os menores em abril/04 (Fig. 2b). Em geral, os maiores valores médios de
salinidades foram registradas durante os meses de verão (35,5‰) e inverno
(34,2‰), e os menores no outono (31,4‰) e primavera (32,7‰) (Fig. 2b).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
14
Figura 2. Variação mensal média da temperatura da água(a) e da salinidade (b), na
Praia da Pinheira, Palhoça, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
5.3 - Granulometria
De acordo com a tabela I, os maiores percentuais de areia foram
encontrados na Área III e Área IV, e os menores ocorreram na II e I, enquanto
que os maiores percentuais de matéria orgânica foram obtidos na Área II e I,
com os menores na III e IV.
10
13
16
19
22
25
28
31
34
37
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
o C
(a)
25
27
29
31
33
35
37
39
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
Salinidade
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
15
Tabela I. Composição do substrato e sua porções granulométricas nas áreas de
coleta.
Áreas de Coleta
Itens I II III IV
Cascalho 0 0 0,663 0,481
Areia 93,204 93,304 99,154 98,634
Silte 6,769 6,696 0,0182 0,885
Argila 0 0 0 0
Carbonato% 2,07 2,55 9,71 2,54
Matéria orgânica% 1,27 1,72 0,33 0,47
5.4 - Participação dos grupos integrantes na pesca artesanal do camarão
Durante o período de coleta, a presença de lixo inorgânico (0,2%) e o
orgânico (0,4%) foi pouco significativa. Os camarões ocuparam a terceira
posição (17,2%) em biomassa, enquanto que a Ictiofauna acompanhante foi o
grupo dominante (63,5%), seguido pela Cnidofauna (19,7%), carcinofauna
(6,5%), equinodermafauna (5,5%), lixo (0,6%) e malacofauna (0,6%) (Fig. 3).
63,5
19,7
17,2
6,5
5,5
0,6
0 10 20 30 40 50 60 70
Ictiofauna
Cnidofauna
Camao
Carcinofauna
Equinodermafauna
Malacofauna
%
Figura 3. Participação em biomassa dos grupos pertencentes à fauna acompanhante
da pesca do camarão, na Praia da Pinheira, Palhoça, SC.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
16
5.5 - Proporção entre camarão e fauna acompanhante
A proporção dos camarões capturados ao longo do ano na Praia da
Pinheira oscilou entre os grupos integrantes da fauna acompanhante, com a
ictiofauna apresentando a maior proporção (1:3,69kg), seguido da cnidofauna,
carcinofauna, equinodermatofauna malacofauna (Tab. II), sendo que a
proporção entre os camarões e a fauna acompanhante durante o período de
coleta foi de 1:5,61kg.
Tabela II. Proporção das capturas, na pesca de arrasto dirigida aos camarões na Praia
da Pinheira.
Grupos Proporção (Kg)
Camarão:Malacofauna 1:0,03
Camarão:Equinodermatofauna 1:0,32
Camarão:Carcinofauna 1:0,38
Camarão:Cnidofauna 1:1,15
Camarão:Ictiofauna 1:3,69
Camarão:Fauna acompanhante 1:5,61
5.6 - Composição dos camarões por área de coleta
Foram capturados um total de 38315 camarões, pertencentes a sete
espécies Artemesia longinaris (Fig. 4); Pleoticus muelleri (Fig. 5);
Farfantepenaeus brasiliensis (Fig. 6); Farfantepenaeus paulensis (Fig. 7);
Xiphopenaeus kroyeri (Fig. 8); Litopenaeus schmitti (Fig. 9) e Sicyonia dorsalis
(Fig. 10).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
17
Figura 4. Morfologia externa de Artemesia longinaris.
Figura 5. Morfologia externa de Pleoticus muelleri.
Figura 6. Morfologia externa de Farfantepenaeus brasiliensis.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
18
Figura 7. Morfologia externa de Farfantepenaeus paulensis.
Figura 8. Morfologia externa de Xiphopenaeus kroyeri.
Figura 9. Morfologia externa de Litopenaeus schmitti.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
19
Figura 10. Morfologia externa de Sicyonia dorsalis.
As espécies estão distribuídas em três famílias nas quatro áreas de
coleta na Praia da Pinheira (Tab. III), as espécies com maior ocorrência foram
Artemesia longinaris (60,96%) e Pleoticus muelleri (32,24%).
A maior contribuição em número de exemplares ocorreu na Área I com
49,57% dos camarões coletados, seguido da Área II (36,48%) e das III e IV,
que em conjunto participaram com 13,94% (Fig. 11.
49,57
36,48
7,28
6,66
0 10 20 30 40 50 60
Área I
Área II
Área III
Área IV
%
Figura 11. Contribuição (%) em número do total de camarões capturados por área de
amostragem.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
20
Entre os camarões capturados, os Penaeidae participaram com cinco
espécies (Tab. III), onde Artemesia longinaris foi dominante e regularmente
coletada nas áreas I e II, próximas à praia e profundidade média de 17m,
enquanto que Farfantepenaeus brasiliensis ocorreu sazonalmente, exceto na
Área I, próxima a foz da Baía Sul onde foi ocasional. Xiphopenaeus kroyeri e
Litopenaeus schmitti foram ocasionalmente capturados nas áreas mais rasas
em baixa abundância.
A família Solenoceridae representada por Pleoticus muelleri, ocupou a
segunda posição entre espécies mais abundante, alternando-se entre a
ocorrência regular e sazonal nas coleta.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
21
Tabela III. Relação das espécies de camarões e suas respectivas ocorrências durante
o período de coleta, Praia da Pinheira, Palhoça, SC, durante novembro/2003 a
outubro/2004. A ocorrência (O) das espécies nas coletas é representada por: (>)
regular, (+) sazonal, (<) ocasional.
5.7 - Flutuação espaço temporal da abundância e CPUE
A figura 5 mostra as flutuações em número de exemplares ao longo do
ano por área de coleta. Na Área I, as maiores contribuições ocorreram em
agosto e novembro, seguido de oscilações e ausência de exemplares em
junho/04. Na Área II, as principais capturas foram obtidas em novembro/03,
agosto e setembro/04, seguido de oscilações e ausência em fevereiro, abril e
julho. A Área III manteve o pico em agosto, seguido de oscilações e ausência
de exemplares em alguns meses, enquanto que na Área IV as maiores
capturas ocorreram nos meses de novembro, março e setembro (Fig. 12).
Quando confrontadas as contribuições mensais em CPUE das áreas de
coleta (Fig. 12), fica evidente o padrão sazonal de ocorrência dos camarões
com as maiores biomassas entre as áreas I e II; enquanto que nas III e IV,
apesar dos picos em novembro, março, agosto e setembro, as capturas ao
longo do ano foram incipientes.
I
O
II
O
III
O
IV
O
Total
PENAEIDAE
Artemesia lon
ginaris
(Bate, 1888)
13018
>
9080
>
665
<
610
+
23373
Farfantepenaeus brasiliensis
(Latreille, 1817)
419
<
301
+
388
+
479
+
1587
Farfantepenaeus paulensis
(Pérez Farfante, 1967)
133
<
132
+
360
<
140
<
765
Litopenaeus schmitti
(Burkenroad, 1936)
43
+
11
<
5
<
3
<
62
Xiphopenaeus kroyeri
(Heller, 1862)
113
<
128
SOLENOCERIDAE
Pleoticus muelleri
(Bate, 1888)
5242
>
4446
+
1354
>
1321
+
12363
SICYONIIDAE
Sicyonia dorsalis
(Kingsley, 1878)
39
<
3
<
18
<
2
<
62
Áreas
FAMÍLIA / ESPÉCIE
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
22
Figura 12. Variação mensal no número de camarões(N) e da CPUE (kg) nas áreas de
coleta na Praia da Pinheira, SC.
ÁREA I
N =19007
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
ÁREA II
N =13988
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
ÁREA III
N =2790
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
ÁREA IV
N =2555
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
Área I
0
2
4
6
8
10
12
14
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE (Kg)
Área II
0
1
2
3
4
5
6
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE (Kg)
Área III
0
1
2
3
4
5
6
7
8
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE (Kg)
Área IV
0
1
2
3
4
5
6
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE (Kg)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
23
A flutuação média de exemplares ao longo do ano (Fig. 13) apresenta
um incremento nos meses de agosto, setembro e novembro, nos demais a
abundância permaneceu em torno dos 1000 exemplares por coleta. A ANOVA
indicou que ocorreu diferença significativa na abundância de camarões ao
longo do ano (F
11-36
= 3,951; p<0,05), influenciada pelas maiores médias de
captura em agosto. Padrão semelhante foi observado entre áreas de coleta
(F
3-44
= 3,602; p<0,05), onde a Área I contribui com as maiores taxas de
captura (Fig. 14). Apesar do predomínio nos meses de inverno, não foram
observados diferença significativa (F
3-44
= 1,596; p>0,05) na abundância de
camarões entre as estações do ano (Fig. 15).
N
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
Figura 13. Variação média em número de exemplares de camarões, ao longo do ano
na Praia da Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
I II III IV
Área
N
Figura 14. Variação média em número de exemplares de camarões, por estação de
coleta na Praia da Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
24
N
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
P V O I
Estações
Figura 15. Variação média em número de camarões, por estação do ano na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
A ANOVA aplicada a variação média mensal da CPUE (Fig. 16)
apresentou diferença significativa (F
11-36
= 5,730 ; p<0,05) atribuída as maiores
médias nos meses de agosto, março e novembro. Entretanto, quando
comparado a variação entre as áreas de coleta (Fig. 17), essas foram
estatisticamente similares (F
3-44
= 1,392; p>0,05). Quando a comparação é
realizada entre a variação sazonal da CPUE de camarões nas estações do ano
também não se verifica diferença significativa (F
3-44
= 1,980; p>0,05) (Fig.18).
GERAL
0
1
2
3
4
5
6
7
8
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE (Kg)
Figura 16. Variação média mensal da CPUE de camarões nas áreas de coleta na
Praia da Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
25
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
I II III IV
Área
CPUE (Kg)
Figura 17. Variação da CPUE de camarões nas áreas de coleta na Praia da Pinheira,
SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
CPUE (Kg)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
P V O I
Estações
Figura 18. Variação sazonal da CPUE de camarões nas estações do ano na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
5.8 - Ocorrência das espécies e proporção sexual
Em geral, a abundância das fêmeas de Artemesia longinaris foi superior
aos machos nas áreas de coleta. Pleoticus muelleri manteve a dominância das
fêmeas, onde contribuíram com aproximadamente 70% dos exemplares
capturas na Praia da Pinheira; enquanto que em Farfantepenaeus brasiliensis,
os machos foram mais abundantes nas Áreas III e IV, e F. paulensis manteve
uma tendência de equilíbrio entre os sexos (Tab. IV). As demais espécies
apresentaram ocorrência esporádica nas coletas.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
26
5.9 - Artemesia longinaris (camarão barba-ruça, ferrinho)
Apesar de apresentar ocorrência irregular ao longo do ano, com as
maiores taxas de captura ocorrendo em novembro, agosto e setembro, essa
espécie foi a dominante nas coletas participando com um total de 23373
exemplares (Fig. 19a). Os valores dios mensais de CPUE mantiveram a
tendência de flutuação, exceto em maio que foram superiores aos de setembro
(Fig. 19b).
Tabela IV. Relação das espécies da camarões coletadas nas áreas de amostragem
separados por sexo dos exemplares medidos e pesados
ÁREAS
FAMÍLIA/ESPÉCIE I II III IV
M F M F M F M F
PENAEIDAE
Artemesia longinaris (Bate, 1888) 131 295 88 260 6 106 37 141
Farfantepenaeus brasiliensis (Latreille, 1817) 101 160 53 60 37 33 37 30
Farfantepenaeus paulensis (Péres Farfante, 1967) 62 63 66 56 51 40 27 29
Litopenaeus schmitti (Burkenroad, 1936) 14 29 1 10 2 3 1 2
Xiphopenaeus kroyeri (Heller, 1862) 28 74 3 12 0 0 0 0
SOLENOCERIDAE
Pleoticus muelleri (Bate, 1888) 96 239 75 142 56 55 55 174
SICYONIIDAE
Sicyonia dorsalis (Kingsley, 1878) 1 18 0 3 7 1 1 1
As fêmeas de A. longinaris apresentaram freqüências relativas superior
aos machos em todos os meses (Fig. 20). Essas diferenças significativas
(x
2
,p<0,05) em novembro, dezembro, março, maio, julho, agosto, setembro e
outubro. Nos demais meses, foi observado um equilíbrio na proporção sexual
da população.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
27
Figura 19. Variação média anual do número de indivíduos capturados de Artemesia
longinaris durante o ano (a) e valores médios da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC.
As barras verticais correspondem ao erro da média.
Figura 20. Artemesia longinaris, distribuição mensal da freqüência de ocorrência e
machos e fêmeas. * = diferença significativa, x
2
(p<0,05).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
%
Machos = 264
Fêmeas = 835
*
*
*
*
*
*
*
*
Geral
N = 23373
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
0
1
2
3
4
5
6
7
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
28
A distribuição das freqüências relativas por classes de comprimento total
de A. longinaris (Fig. 21), indicam que ocorreram fêmeas numa amplitude entre
1,0 a 11,0 cm e machos de 1,0 a 10,0 cm. A espécie apresentou uma
distribuição unimodal, com as maiores taxas de capturas na classe de 5,0 cm
para ambos os sexos (Fig. 21).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Lt
(cm)
%
Machos = 264
Fêmeas = 835
Figura 21. Artemesia longinaris. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento. Lt= comprimento total (do telson a ponta do rostro).
A distribuição de freqüência por classe de comprimento nas áreas de
coleta seguindo o padrão geral (Fig. 22), com os maiores freqüências de
exemplares capturados ocorrendo entre as classes 4,0 a 6,0 cm, também com
contribuição expressiva na classe de 7,0 cm da Área I.
A distribuição de comprimento de A. longinaris na primavera apresentou
fêmeas entre 3,0 a 11,0 e machos de 3,0 a 8,0 cm (Fig.23). No verão entre 3,0
até 10,0 cm nos machos e 11,0 cm nas fêmeas, enquanto que no outono foram
amostrados exemplares ambos os sexos de 2,0 cm até 9,0 cm machos e
fêmeas 11,0 cm. No inverno foram capturados camarões entre as classes 1,0 a
7,0 cm (machos) e 1,0 a 9,0cm (fêmeas) (Fig.23).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
29
Figura 22. Artemesia longinaris. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento nas áreas de coleta. Lt= comprimento total.
#1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cm
%
Machos = 133
Fêmeas = 328
#2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cm
%
Machos = 88
Fêmeas = 260
#3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
cm
%
Machos = 6
Fêmeas = 106
#4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cm
%
Machos = 37
Fêmeas = 141
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
30
Figura 23. Artemesia longinaris. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento nas estações do ano. Lt= comprimento total.
Primavera
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
cm
%
Machos = 48
Fêmeas = 277
Verão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
cm
%
Machos = 68
Fêmeas = 129
Outono
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
cm
%
Machos = 70
Fêmeas = 133
Inverno
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
cm
%
Machos = 78
Fêmeas = 296
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
31
5.10 - Pleoticus muelleri (camarão vermelho, santana)
Com um total de 12363 indivíduos, P. muelleri ocupou a segunda
posição entre os camarões da Praia da Pinheira, apresentando ocorrência
irregular ao longo do ano e as com maiores taxas de captura nos meses de
agosto e setembro. Os valores médios mensais de CPUE mantiveram a
tendência de flutuação sazonal (Fig. 24b).
Figura 24. Variação média anual do número de indivíduos capturados de Pleoticus
muelleri durante o ano (a) e valores médios da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC. As
barras verticais correspondem ao erro da média.
Geral
N = 12363
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
a
b
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
32
As fêmeas de P. muelleri apresentam freqüências relativas superior aos
machos em quase todos os meses, entretanto em outubro foram capturados
apenas machos e em janeiro fêmeas (Fig. 25). O teste do x
2
(p<0,05) mostrou
diferenças significativas em novembro, dezembro, fevereiro, março, abril, maio
e agosto, nos demais meses, foi observado um equilíbrio na proporção sexual
da população.
Figura 25. Pleoticus muelleri, distribuição mensal da freqüência de ocorrência e
machos e fêmeas. * = diferença significativa, x
2
(p<0,05).
A distribuição das freqüências relativas por classes de comprimento de
P. muelleri (Fig. 26), indicam que ocorreram fêmeas e machos numa amplitude
entre 1,0 a 12,0 cm. A espécie apresentou uma distribuição unimodal, com as
maiores taxas de capturas na classe 4,0 e 5,0 cm para machos e 6,0 cm nas
fêmeas (Fig. 26).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
%
Machos = 282
Fêmeas = 707
*
*
*
*
*
*
*
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
33
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
cm
% Machos = 282
Fêmeas = 707
Figura 26. Pleoticus muelleri. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento. Lt = comprimento total.
A distribuição de freqüência por classe de comprimento nas áreas de
coleta seguindo o padrão esperado para a espécie (Fig. 27), com as maiores
freqüências de exemplares nas classes 4,0 a 7,0 cm e contribuição expressiva
de fêmeas nos 8,0 cm da Área I.
A distribuição de comprimento de P. muelleri na primavera apresentou
fêmeas entre 3,0 a 11,0 e machos 3,0 a 10,0 cm (Fig. 28). No verão entre 1,0
até 10,0 cm nos machos e 12,0 cm nas fêmeas, enquanto que no outono foram
amostrados exemplares de ambos os sexos de 2,0 cm a 9,0 cm machos e
fêmeas 12,0 cm. No inverno foram capturados camarões entre as classes 2,0 a
9,0 cm (machos) e 2,0 a 10,0 cm (fêmeas) (Fig. 28).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
34
Figura 27. Pleoticus muelleri. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento nas áreas de coleta. Lt = comprimento total.
#1
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
cm
%
Machos = 96
Fêmeas = 239
#2
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cm
%
Machos = 75
Fêmeas = 142
#3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cm
%
Machos = 56
Fêmeas = 152
#4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
cm
%
Machos = 55
Fêmeas = 174
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
35
Figura 28. Pleoticus muelleri. Distribuição de freqüência por classe de comprimento
nas estações do ano. Lt = comprimento total.
Primavera
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
cm
%
Machos = 86
Fêmeas = 141
Verão
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
cm
%
Machos = 24
Fêmeas = 201
Outono
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
cm
%
Machos = 43
Fêmeas = 152
Inverno
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
cm
%
Machos = 129
Fêmeas = 213
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
36
5.11 - Farfantepenaeus brasiliensis (camarão-rosa)
Essa espécie foi à terceira espécie em abundancia com 1587 indivíduos,
apresentando distribuição irregular, com a maioria dos exemplares coletados
entre janeiro a abril (Fig. 29a). Não foram capturados camarões em dezembro,
junho e outubro.
A figura 29b mostra que os valores absolutos da CPUE foram maiores
entre os meses de janeiro a abril, sendo que em março as taxas de captura
foram superiores aos demais.
Figura 29. Variação média anual do número de indivíduos capturados de
Farfantepenaeus brasiliensis durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
N = 1587
0
50
100
150
200
250
300
350
400
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
37
F. brasiliensis
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
cm
%
Machos = 225
Fêmeas = 282
Figura 30. Farfantepenaeus brasiliensis. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento. Lt = comprimento total.
A distribuição das freqüências relativas por classes de comprimento de
F. brasiliensis (Fig. 30), indicam que ocorreram fêmeas variaram entre as
classes 5,0 a 19,0 cm e machos numa amplitude entre 4,0 a 15,0 cm. A
espécie apresentou uma distribuição unimodal, com as maiores taxas de
capturas na classe 7,0 e 8,0 cm para machos e 9,0 cm nas fêmeas (Fig. 30).
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
38
5.12 - Farfantepenaeus paulensis (camarão-rosa)
Apresentou ocorrência irregular ao longo do ano, com a maior taxa de
captura em março e uma abundância anual de 765 exemplares, nos meses de
fevereiro, maio, junho, julho e outubro não foram coletados exemplares (Fig.
31a).
Os valores absolutos da CPUE mantiveram a mesma tendência de
flutuação da abundância (Fig. 31b).
Figura 31. Variação média anual do número de indivíduos capturados de
Farfantepenaeus paulensis durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da
Pinheira, SC. As barras verticais correspondem ao erro da média.
N = 765
0
50
100
150
200
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
0
2
4
6
8
10
12
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
39
A distribuição das freqüências relativas por classes de comprimento total
de F. paulensis (Fig. 32), indicam que ocorreram fêmeas numa amplitude entre
5,0 a 21,0 cm e machos de 6,0 a 18,0 cm. A espécie apresentou uma
distribuição unimodal, com as maiores taxas de capturas na classe de 10,0 cm
para ambos os sexos (Fig. 32).
F. paulensis
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
cm
%
Machos = 206
Fêmeas = 188
Figura 32. Farfantepenaeus paulensis. Distribuição de freqüência (%) por classe de
comprimento. Lt = comprimento total.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
40
5.13 - Xiphopenaeus kroyeri (camarão sete-barbas)
Essa espécie somente foi capturada na Área I, com um total de 113
indivíduos em março, abril, maio, junho e agosto, não ocorrendo nos demais
meses (Fig.33). A CPUE (Fig. 33b) manteve a tendência de flutuação, exceto
em abril, que foi inferior ao de março.
Figura 33. Variação anual do número de indivíduos capturados de Xiphopenaeus
kroyeri durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC.
N = 113
0
10
20
30
40
50
60
70
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
Geral
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
41
5.14 - Litopenaeus schmitti
Essa espécie apresentou ocorrência irregular ao longo do ano, com as
maiores taxas de captura ocorrendo em janeiro e maio, embora encontrada
durante quase todo o ano, participou com apenas 62 exemplares e esteve
ausente em julho, setembro e outubro (Fig. 34a). Os valores absolutos mensais
de CPUE mantiveram a tendência de flutuação, exceto em janeiro que foi
inferior novembro, dezembro e março (Fig. 34b).
Figura 34. Variação anual do número de indivíduos capturados de Litopenaeus
schmitti durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC. As barras
verticais correspondem ao erro da média.
N = 62
0
2
4
6
8
10
12
14
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
N
Geral
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
42
5.15 - Sicyonia dorsalis
S. dorsalis é a única das coletadas na Praia de Pinheira que não tem
valor comercial, mas participou com apenas 62 exemplares e apresentou
ocorrência esporádica durante o ano (Fig. 35a). A CPUE manteve a tendência
de flutuação, exceto em março que superou janeiro e abril (Fig. 35b).
Figura 35. Variação anual do número de indivíduos capturados de Sicyonia dorsalis
durante o ano (a) e valores da CPUE (b) na Praia da Pinheira, SC. As barras verticais
correspondem ao erro da média.
N = 62
0
5
10
15
N/03 D J/04 F M A M J J A S O Meses
N
Geral
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
N/03 D J/04 F M A M J J A S O
Meses
CPUE
(a)
(b)
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
43
6. DISCUSSÃO
A pesca de arrasto direcionada a captura de camarões, é uma das
modalidades mais tradicionais ao longo do litoral brasileiro, realizada de forma
artesanal e industrial, apresentando uma grande importância social e
econômica (BRANCO, 2005). A utilização de rede-de-arrasto com portas
rígidas é considerada eficiente na obtenção das espécies-alvo (RODRIGUES et
al. 1985; GRAÇA-LOPES et al. 2002; BRANCO & FRACASSO, 2004;
BRANCO & VERANI, 2006).
MELO (1985) relata que principalmente a temperatura, a profundidade e
o tipo de fundo são fatores ambientais que interferem na distribuição das
espécies de crustáceos marinhos nos diferentes estádios do ciclo de vida. A
temperatura da água de superfície na Praia da Pinheira apresentou uma
flutuação relacionada ao padrão sazonal com os menores valores ocorreram
nos meses de inverno e os maiores no de verão, estando de acordo com o
esperado para a região, bem como a salinidade da água de superfície que
apresentou teores, típicos de zonas costeiras (MATSUURA, 1986; BRANCO,
1999). Uma característica oceanográfica importante na região é a formação de
termoclina em profundidade de 10,0 a 15,0m, com a penetração da massa de
Água Central do Atlântico Sul (ACAS) na camada inferior da plataforma
continental, durante o verão e o retrocesso no inverno, onde uma
distribuição homogênea da temperatura na zona costeira com águas entre 20,0
e 23,0°C (MATSUURA, 1986).
Segundo ISHIKAWA (1989) em algumas regiões do Japão a
composição do substrato está relacionada diretamente com a distribuição e
abundância dos organismos bentônicos. Essa relação é evidente para a
maioria dos crustáceos da costa brasileira, onde os camarões explorados
comercialmente ocupam preferencialmente fundos de lama e areia
(SEVERINO-RODRIGUES et al. 2002). Essa preferência é confirmada no
presente estudo, com a maior abundância dos camarões nas áreas I e II, que
apresentam maiores teores de matéria orgânica no substrato, em oposição a III
e IV com fundo de areia e cascalho.
Para uma melhor compreensão e ordenação das artes de pesca, deve-
se ter uma visualização clara das condições da população explorada, bem
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
44
como das espécies associadas. Para GULLAND (1977) uma significativa e
difícil questão é a ordenação da interação entre as espécies-alvo e as
populações a elas relacionadas. Entretanto uma multiplicidade faunística
denominada fauna acompanhante é capturada acidentalmente em função da
área de pesca, profundidade e época do ano (BRANCO, 1999; RUFINNO &
CASTELO, 1992/93; CARRANZA-FRASER & GRANDE, 1982).
A fauna acompanhante na pesca de arrasto de camarão apresenta-se
muito diversificada, composta por cnidários, moluscos e peixes dentre outros e
sua participação em cada arrasto é freqüentemente elevada; dentre os grupos
integrantes, destacam-se os peixes de maior abundância e interesse
econômico (BRANCO, 1999; BRANCO & VERANI, 2006), essa tendência foi
observada neste estudo com captura de cnidários (19,7%), equinodermos
(5,5%) e outros crustáceos (6,5%). A ictiofauna acompanhante da pesca
representou 63,5% da biomassa total capturada, superando a espécies-alvo
(17,2%) em biomassa. Esse valor supera as estimativas de ALVERSON et al.,
(1994), onde um terço das capturadas em biomassa seria de ictiofauna
acompanhante.
De acordo com BRANCO (1999 e 2005), BRANCO & VERANI (2006),
uma grande preocupação relacionada à fauna acompanhante capturada
pelos barcos arrasteiros da pesca artesanal de camarões marinhos, visto que
em nível mundial, a proporção está em torno de um quilo de camarão para
cinco de peixes em águas temperadas e de 10 quilos em águas tropicais
(SLAVIN, 1983). No litoral brasileiro, essa proporção vem apresentando
flutuações ao longo dos anos com 1:1,26kg na Baía de Santos, SP (PAIVA-
FILHO & SCHMIEGELOW, 1986), no Rio Grande do Sul, a relação camarão
barba-ruça/ictiofauna em 1980 foi de 1:12,7kg, em 1990 de 1:0,5kg e em 1997
de 1:4,5kg (RUFFINO & CASTELLO, 1992/93), enquanto que na região de
Penha, SC, a proporção de camarão sete-barbas foi de 1:7,81kg de ictiofauna
(BRANCO, 1999); na Praia da Pinheira, a proporção de camarão marinho foi de
1:3,7, essa redução pode ser atribuída à maior abundância de peixes nas áreas
de arrasto e a incidência da pesca sobre os exemplares juvenis. Para BRANCO
(1999) o número de espécies da ictiofauna acompanhante da pesca artesanal
do camarão sete-barbas oscila entre as regiões, com tendência a um
incremento do Sul para o Sudeste do Brasil.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
45
Na região de Matinhos, PR a frota artesanal de barcos arrasteiros de
camarões capturou onze espécies de crustáceos de quatro famílias
(LUNARDON-BRANCO & BRANCO, 1993), enquanto que na Armação do
Itapocoroy, a carcinofauna esteve representada por 22 espécies, pertencentes
a onze famílias de decápodos (BRANCO,1999), onde os camarões das famílias
Penaeidae, Sergestidae e Solenoceridae, em conjunto, foram responsáveis por
74,9% da carcinofauna. Para BRANCO & VERANI (2006) a família Penaeidae
confirmou a tendência das regiões Sudeste-Sul do Brasil, participando com seis
espécies. Na Praia da Pinheira foram capturadas três famílias; Sicyonidae e
Selenoceridae com uma espécie cada e a Penaeidae com cinco espécies,
resultado esperado para a região Sudeste-Sul.
SEVERINO-RODRIGUES et al., (2002) trabalhando com a fauna
acompanhante da pesca do X. Kroyeri na Praia de Perequê em SP, descreve
esta como constante (+ 50%), como também A. longinaris, L. schmitti, P.
muelleri e S. dorsalis, e acessórias (25% a 50%) F. paulensis e F. Brasiliensis.
Embora com metodologia diferente, analisando os dados da Praia da Pinheira
ajustados, A. longinaris, F. brasiliensis e P. muelleri apresentam-se como
constantes e as demais como ocasionais. As diferenças encontradas
possivelmente se devem as características ambientais próprias de cada área.
Artemesia longinaris
Para DUMONT (2003) A. longinaris é uma espécie costeira, que prefere
salinidade mais elevada e concentrando maiores níveis de abundância entre o
infralitoral superior a 30m de profundidade. Padrão semelha foi observado na
Praia da Pinheira, com a maior abundância ocorrendo nas áreas I e II, as mais
próximas à praia com 17m. Essa espécie apresenta um papel fundamental na
cadeia trófica no litoral do Rio Grande do Sul, sendo abundante e intensamente
predadas por peixes, representando até 30% da sua dieta na região (CAPITOLI
et al., 1994).
BRANCO & FRACASSO (2004) analisando a fauna acompanhante da
pesca do camarão sete-barbas consideraram a presença de A. longinaris como
ocasional em 1996 a 1998; regular de 1998/99 e sazonal de 1999/2000. No
litoral de Ubatuba, SP, as maiores abundâncias foram obtidas durante o
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
46
inverno (FRANSOZO et al., 2004). Essa espécie demonstra preferência por
temperaturas entre 8,0 e 22,0ºC, o que poderia estar relacionado com as
ocorrências no final do inverno e da primavera (FRANSOZO et al.,1995).
METRI (2007) relata que a serie histórica de desembarques de A. longinaris
evidencia a ocorrência de ciclos de produção, além de um incremento no
volume de desembarques a partir do final da década de 1990, passando do
patamar anual médio de 1.573t antes de 1990, para 1.945t entre 1991 e 1999,
e atingindo 4.297t a partir de 2000.
No presente estudo, as maiores taxas mensais em CPUE ficaram em
torno dos 4,0 kg/h e muito inferior as capturas no litoral do Rio Grande do Sul
que pode chegar até 258,0 kg/h (DUMONT 2005). METRI (2007) com amostras
do programa permanente de Estatística Pesqueira para Santa Catarina do
Grupo de Estudos Pesqueiros do CTTMar/UNIVALI ao longo da costa Sudeste-
Sul obteve uma taxa de captura média de 35 kg/h no litoral do RS e 15 kg/h no
estado de Santa Catarina.
A proporção sexual média anual de A. longinaris na Praia da Pinheira
demonstrou o predomínio significativo das fêmeas sobre os machos, os valores
obtidos por DUMONT (2005); CASTILHO, (2004) e METRI (2007) corroboram
essa superioridade, com uma proporção de 0,61:1 (machos:fêmeas). Para
METRI (2007) as possíveis causas desse predomínio podem ser atribuídas a
maior mortalidade dos machos ou vulnerabilidade das fêmeas em relação ao
artefato de pesca. De fato, o maior tamanho alcançado pelas fêmeas as torna
mais suscetíveis aos mesmos. Além disso, nos casos de grandes volumes
capturados, a seleção pode ser feita na própria embarcação, descartando os
camarões menores, principalmente machos (WYNGAARD &
BERTUCHE,1982).
Pleoticus muelleri
D’INCAO (1995) descreve o camarão-santana (P. muelleri) como
endêmico e monotípico das águas costeiras do Atlântico Sudoeste, com
distribuição desde a praia de Atafona (Rio de Janeiro) até a Província de Santa
Cruz (Argentina), portando abrangendo a área amostral. A espécie
desempenha um papel fundamental na cadeia trófica sendo muito predada por
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
47
peixes (CAPITOLI et al., 1994). A captura comercial deste camarão ocorre por
toda sua área de distribuição, sendo utilizado tanto para o consumo humano
quanto para isca na pesca esportiva (BOSCHI,1969).
DUMONT (2005) descreve que o ciclo de vida e a estrutura populacional
de P. muelleri na plataforma do Rio Grande do Sul são pouco conhecidos,
que a variabilidade anual do recrutamento e a menor abundância da espécie
dificultam os estudos, mas na Argentina é o principal alvo da pesca comercial e
artesanal. De acordo com BRANCO & FRACASSO (2004) P. muelleri foi
ocasionalmente capturado de 1996 a 1998; regular de 1998/99 e sazonal de
1999/2002 na fauna acompanhante do camarão sete-barbas, enquanto que na
Praia da Pinheira foi regular nas áreas I e III e sazonal nas áreas II e IV.
VALENTINI et al., (1991b) destaca o aumento da importância comercial
desta espécie em detrimento da queda na pesca do camarão-rosa. BOSCHI
(1969) descreve que a maior abundância de P. muelleri ocorre em
profundidades de até 30m e salinidade mais elevada, características similares
às obtidas no presente estudo. Para DUMONT (2005) as maiores densidades
de P. muelleri ocorrem na profundidade de 15m com sedimentos finos (areia),
fato confirmado, também na Praia da Pinheira, especialmente nas áreas I e II
com características ambientais semelhantes e maior abundância (78,3%) de
exemplares.
Para METRI (2007) a produção anual de P. muelleri no período 1978-
2005 oscilou entre 150 e 3.253t, com pulsos de produção entre 1982-1986 e
pico de 1.504t; 1988 - 1991 atingindo 2.416t e 1993-1997 com máximo de
3.253t em 1995, e entre 1999 - 2002 com 2.961t, em 2004 foram
desembarcados em Santa Catarina 824,5t desta espécie. Esses dados
demonstram uma queda na produção total, que pode demonstrar uma captura
excessiva deste recurso, dificultando a recuperação dos estoques.
DUMONT (2005) apresentou no Rio Grande do Sul dados de CPUE de
até 59,2 Kg/h, na Praia da Pinheira a CPUE mostra uma grande amplitude de
variação, com maior esforço de captura verificado no inverno, apresentando um
pico de 6,0kg/h em agosto. Entretanto, na área II, aproximadamente 45% dos
exemplares foram capturados no mês de setembro. Nos demais meses houve
baixa abundância relativa, com pequenas variações durante a pesca que
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
48
diverge do registrado por FRANSOZO et. al., (1995), para a mesma área de
estudo, onde obtiveram as maiores capturas durante o verão.
A média da proporção anual machos:fêmeas de P. muelleri foi de 0,46:1
demonstrando uma superioridade para fêmeas. WYNGAARD & BERTUCHE
(1982), DIAZ (2003) e METRI (2007) apresentaram, também superioridade das
fêmeas com uma proporção muito próxima a deste trabalho 0,51:1. METRI
(2007) explica essa superioridade com os mesmos argumentos utilizados em
A. longinaris, mas neste caso não ocorreu a seleção de tamanhos em nossa
amostra, portanto a diferença pode ser explicada por fatores regionais ou
ambientais.
Farfantepenaeus paulensis e Farfantepenaeus brasiliensis
Segundo VALENTINI et al., (1991a) a pesca do camarão-rosa é
efetuada sobre seus dois estratos populacionais, com a captura de juvenis e
pré-adultos em áreas estuarinas e lagunares (pesca artesanal) e a de adultos
em águas oceânicas (pesca industrial). O início da pesca artesanal na região é
indefinido, mas os primeiros dados disponíveis sobre a produção em criadouros
datam de 1945 no Rio Grande do Sul. A pesca industrial foi iniciada após a II
Grande Guerra, na década de 40. Na região da Pinheira as espécies
representaram aproximadamente 6,0% da abundância total dos camarões, e o
maior esforço de pesca em março, período em que inicia o defeso de ambas as
espécies no litoral sudeste-sul.
A pesca do camarão-rosa F. paulensis na região Sudeste/Sul
apresentou um declínio das capturas e dos rendimentos da frota comercial na
década de 90 proporcionando a transformação dessa atividade em uma
pescaria multi-específica buscando espécies alternativas para a manutenção
da atividade econômica (D’INCAO et al., 2002). Este fato também foi verificado
entre os pescadores artesanais da Praia da Pinheira, que passaram a capturar
também outras espécies, principalmente as descritas anteriormente.
D’INCAO (1984) observou que as maiores capturas de F. paulensis
ocorrem em épocas em que as temperaturas são mais elevadas, entre os
meses de janeiro a abril. Este padrão de abundância foi observado na área de
estudo para ambas as espécies. BRANCO & FRACASSO (2004) analisando a
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
49
fauna acompanhante da pesca do camarão sete-barbas avaliam a presença de
F. brasiliensis como ocasional de 1996/97 e 2000/01 e de F. paulensis como
ocasional de 1996/97 e 1999/2000; sazonal 1998/99. Na Praia da Pinheira F.
brasiliensis foi ocasional na área I e sazonal nas demais áreas, e F. paulensis
ocasional nas áreas I, III e IV e sazonal na II.
D’INCAO et al., (2002) relatam que as alterações no regime de pesca do
segmento produtivo impõem um novo modelo de gerenciamento dos estoques
que, fatalmente, deverá incluir rigoroso controle da pesca artesanal e da
conservação ambiental nas áreas de criadouro, além da proibição do arrasto,
com emprego de redes camaroneiras, por um período suficiente para a
recuperação dos estratos oceânicos.
BRANCO & VERANI (1998) na Lagoa da Conceição em SC, descrevem
que a população de juvenis e pré-adultos de F. paulensis apresenta proporção
sexual esperada de 1:1 para machos e fêmeas, resultado semelhante ao obtido
neste estudo com 1:0,9. Esses autores relatam um incremento mensal na
abundância à partir de agosto/92 até fevereiro/93, na Praia da Pinheira ocorreu
um acréscimo em abril, esta diferença pode estar relacionada aos diferentes
tipos de ambientes e os extratos populacionais sobre a atenção da pesca.
Xiphopenaeus kroyeri
HOLTHUS (1980) relata que a espécie apresenta uma ampla
distribuição geográfica no Atlântico Ocidental, ocorrendo da Carolina do Norte
(USA) ao Estado de Santa Catarina (BR). Habita águas costeiras rasas com
fundo de areia e lama até 30m de profundidade (IWAI, 1973), características
encontradas na região da Praia da Pinheira.
O camarão-sete-barbas, para D’INCAO et al., (2002), apresentou uma
produção desembarcada, no período de 1986 - 1999, superior aos outros
camarões de interesse comercial nas regiões sudeste e sul. Em 2004, cerca de
465,5 toneladas foram capturadas no litoral catarinense, representando a
espécie mais abundante. BRANCO (2005) em estudo realizado na Armação do
Itapocoroy, Penha-SC, verificou uma média de captura de 130,82
toneladas/ano entre os anos de 1996 e 2003, sendo considerada também a
espécie alvo nos arrastos da frota artesanal. Entretanto, os arrastos realizados
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
50
na praia da Pinheira evidenciam uma baixa ocorrência. Exemplares de X.
kroyeri foram observados apenas na área I localizada na saída da baía, esta
baixa ocorrência deve estar associada a temperatura da água no local, visto
que no norte do estado de Santa Catarina ocorre uma maior abundância desta
espécie.
BRANCO et al., (1999) obteve freqüências relativas das meas (53,5%)
e dos machos (46,5%) foram diferentes do esperado de 1:1 na população, na
Pinheira as freqüências relativas também foram diferentes do esperado, porém
com uma diferença maior, fêmeas (73,5%) e machos (26,5%), fato que pode
estar relacionado a baixa abundância da espécie na região.
As distribuições de freqüências relativas de machos e fêmeas por classe
de comprimento total encontradas por BRANCO et al., (1999), apresentaram
uma amplitude de comprimento entre 4,0 a 12,0cm (machos) e 4,0 a 14,0cm
(fêmeas), muito próximo ao encontrado na Praia da Pinheira com 4,0 a 13,0cm
(machos) e 3,0 a 14,0cm (fêmeas).
Litopenaeus schmitti
BRANCO & FRACASSO (2004) consideram a presença de L. schmitti
como ocasional de 1999 a 2000; regular de 1997/98 e sazonal entre 1996/97;
1998/99 e 2000/02. No presente estudo a espécie se comporta como sazonal
na área I e ocasional nas demais.
Apesar da baixa abundância, o camarão-branco, esteve presente nas
quatro áreas, apresentando duas modas em número médio de exemplares em
janeiro (5,5±3,57) e maio (5,7±4,09). Diferente do observado na praia da
Pinheira, SANTOS & FREITAS (2004) verificaram para a Lagoa Papari,
município de Nísia Floresta-RN, que esta espécie é a mais abundante da pesca
artesanal em profundidades de até 15m.
Sycione dorsalis
BRANCO & FRACASSO (2004) analisando a fauna acompanhante da
pesca do camarão sete-barbas avaliam a presença de S. dorsalis como
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
51
ocasional de 1996/98 e 2001/02; regular de 1998/99 e sazonal de 1999/2001,
neste trabalho a espécie foi ocasional em todas as áreas de coleta.
S. dorsalis apresentou uma abundância total de 62 exemplares. Por
dificuldades no processo de sexagem em virtude do tamanho, foram obtidos
dados biométricos de 33 fêmeas e nove machos. O menor macho apresentou
comprimento de 3,3cm e maior 5,3cm (4,5±0,22). As fêmeas estiveram
presentes entre 0,6 e 1,6cm (4,1±0,18). o foi possível verificar as diferenças
na proporção sexual, já que o número amostrado foi insuficiente para ser
determinado com um nível de confiança de 95%.
A carência de trabalhos bem como informações atualizadas ou
disponíveis na literatura nacional sobre esta espécie em geral e na área estudo
dificultou em parte a discussão desta.
Este trabalho contribuiu para estudo da bioecologia e identificação das
espécies de camarões e da região da Praia da Pinheira e avaliou fatores como
abundância, distribuições espaciais, flutuações sazonais, biomassa e
características biométricas.
Por se tratar de uma região de natureza dinâmica com hábitats diversos
e tratando de espécies que possuem horários de atividade próprios seria
importante a realização de trabalhos futuros que utilizem metodologias de 24
horas, bem como a demarcação de novas áreas de coleta, buscando assim
uma descrição mais completa do ambiente.
O desenvolvimento de um programa de educação ambiental com os
pescadores na comunidade local, mostrando a importância do manejo e
utilização correta deste recurso ajudaria na preservação do estoque e a
continuação da atividade de forma sustentável.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
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7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho contribuiu para um melhor conhecimento das espécies
capturadas através de arrasto na Praia da Pinheira, pois não existem registros
de trabalhos deste porte e sobre este tema na área. O conhecimento e a
análise destes dados abrem perspectivas de novas pesquisas na localidade por
se tratar de uma comunidade com grande atividade pesqueira. Maiores estudos
devem ser realizados, pois através deste identificamos que a pesca artesanal
da forma que está sendo realizada é muito prejudicial às comunidades
marinhas existentes.
Os relatos dos pescadores da região demonstram uma queda nas
quantidades e diversidade de peixes e crustáceos que acreditamos estar
relacionada com os métodos utilizados na captura e também a problemas nas
épocas de defeso aplicadas na região. Estes fatores têm provocado na região
uma mudança de atividades, onde muitos estão abandonando a profissão de
pescador e partindo para outras áreas, isso acaba gerando problemas sociais e
ambientais, pois muitos vendem de suas casas ou terrenos na região gerando
êxodo e especulação. A continuidade deste trabalho é fundamental para se
conhecer melhor as comunidades de camarões e o impacto da sua pesca nas
outras espécies capturadas, bem como identificar corretamente as épocas de
defeso das espécies para que se for necessário fazer modificações na mesma,
implantando uma portaria que realmente proteja os estoques de camarões,
definindo a disponibilidade e produtividade da região. Seria muito importante
também desenvolver na comunidade local um programa de educação
ambiental junto a comunidade local, principalmente com as crianças, pois
muitos podem continuar exercendo a profissão no futuro, mas com uma maior
consciência de preservação.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
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8 - CONCLUSÕES
- A temperatura da água apresentou valores esperados para a região, bem
como os teores da salinidade mantiveram padrão sazonal de flutuação.
- A pesca artesanal dirigida à captura de camarões na Praia da Pinheira é uma
atividade econômica de caráter sazonal e de baixa seletividade, representada
por três famílias e sete espécies, onde as maiores taxas de capturas foram
registradas na Área I em agosto e novembro.
- A pesca na região está centrada sobre o camarão-rosa Farfantepenaeus
paulensis e F. brasiliensis, entretanto a diminuição dos estoques promoveu a
valorização de Artemesia longinaris e Pleoticus muelleri.
- Artemesia longinaris foi a espécie mais capturada e apresentou uma
preferência por águas rasas com predomínio das fêmeas sobre machos. O
tamanho médio mais abundante nos dois sexos esteve na classe de 5,0cm,
sendo que as fêmeas foram maiores que os machos.
- Pleoticus muelleri apresentou ocorrência irregular nas coletas com as maiores
abundâncias no inverno e predominância das fêmeas e alcançando tamanho
médio superior aos machos.
- O camarão sete-barbas Xiphopenaeus kroyeri é uma espécie abundante no
litoral norte de Santa Catarina, entretanto na região da Praia da Pinheira sua
participação foi reduzida nas coletas, sendo considerada de ocorrência
esporádica.
- Os camarões Litopenaeus schmitti e Sicyonia dorsalis apresentaram
distribuição irregular e baixa abundância, onde os exemplares de pequeno
porte, geralmente foram descartados pelos pescadores.
Aspectos bioecológicos da fauna de camarões... Avila, 2008
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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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