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as madeiras, com isso, logo após a derrubada, ateavam fogo para fazer a queimada.
Somente três a quatro anos depois dos primeiros habitantes, chegaram a Floraí as
primeiras serrarias, que passaram então a comprar a madeira. Como a matéria-prima
era abundante, os serralheiros só compravam toras com mais de 40 cm de diâmetro e
davam preferência para a Peroba, o Cedro, a Gurucaia e a Canafístula. Praticamente
todas as casas erguidas no município eram construídas com materiais provenientes
dessas madeiras.
No ano de 1958, segundo os pioneiros, praticamente já não havia mata em
Floraí, restando apenas algumas capoeiras e pequenas áreas isoladas em algumas
propriedades. Toda paisagem havia se transformado pela ação antrópica. Naquela
época não havia nenhum tipo de preocupação ambiental, sendo que o próprio governo
colaborava para que a devastação fosse grande, cobrando imposto de quem não
derrubasse a mata, nem as margens e as proximidades de nascentes e margens de
ribeirões eram poupadas, sendo comum empurrar troncos e galhos para dentro dos
cursos d’água. Se a flora era abundante, a fauna também era muito rica e variada, entre
os espécimes que aqui viviam predominavam os macacos, veados, catetos, antas,
cachorro do mato, quati, onça, capivara, paca, cutia, preguiça, queixada, tatus, eram os
mais comuns; bem variada também era a quantidade de aves que aqui existiam, os
jacus, as araras, os papagaios,as maitacas, os tucanos, codornas, inhambus,
perdizes,jacus, macucos e jacutingas entre outros, ainda eram muito comuns os
animais peçonhentos tais como, a muçurana, a boipeba, a cascavel, a urutu, a jararaca,
só para citar alguns (CAMARGO,1994).
Após a derrubada, ateava-se fogo quando os galhos e folhas caídas já estavam
secos, sendo necessário depois da queimada fazer a “descoivara” um trabalho árduo e
estafante, que consistia em amontoar em leiras as galhadas. Depois deste trabalho os
agricultores preparavam as covas e semeavam o café, normalmente de sete a oito
sementes por cova, com espaçamento de 18 x 18 palmos, a uma profundidade de 40
cm. As sementes começavam a germinar aos 60 dias após a semeadura e este período
coincidia com a época mais quente do ano, tornando-se necessário fazer a cobertura da
planta jovem com lascas de madeira retiradas dos troncos das árvores caídas. Todos os
pioneiros se emocionam ao narrar estes detalhes, e são unânimes em afirmar que esta
foi a época mais difícil de suas vidas. Nestes tempos sua pele ficava queimada pelo
sol, suas mãos ficavam rachadas e grossas. Mulheres e crianças que também
trabalhavam nestas tarefas, muitas delas ficavam doentes, as pessoas emagreciam e