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JOSÉ SOLLA VÁZQUEZ JÚNIOR
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A Ciência e a Tecnologia desempenham papel fundamental nessa equação
política. Por isso, o orçamento chinês para P&D é um dos que mais
rapidamente crescem no mundo. A intensidade (a participação dos
investimentos) em P&D da China passou de 0,6% do PIB, em 1995, para
0,69%, em 1998, 0,95%, em 2001, 1,07%, em 2002, 1,13%, em 2003,
1,23%, em 2004, 1,33%, em 2005, e 1,42%, em 2006.
Em 2007, atingiu 1,43% (US$ 47 bilhões) do PIB (US$ 3,3 trilhões). A
meta é elevar essa intensidade a 2%, em 2010, e a 2,5%, em 2020, ano em
que também se espera reduzir a dependência de tecnologias importadas a
30%. Metas igualmente ambiciosas existem para a publicação de artigos
científicos e a obtenção de patentes.
Embora modestos em relação às economias centrais e, sobretudo, às
ambições chinesas, esses investimentos têm resultado em avanços científico-
tecnológicos significativos nas últimas duas décadas. Em sua travessia de
economia planificada para economia de mercado, a RPC ainda ressente-se
de que o nível de desenvolvimento alcançado não corresponda a sua posição
de quarta economia mundial (se medida em PPP, já é a segunda economia
mundial).
Essa posição relativamente modesta explica-se pelo fato de a China
ter um baixo índice de intensidade de pesquisa básica, 0,07%, inferior a
países como o México (0,11%). Do total gasto na RPC em P&D em
2006, apenas 5,2% correspondeu a pesquisas básicas (OCDE, 2008). A
área de ciências aplicadas recebeu 16,8% desses recursos e a de
desenvolvimento experimental, 78%. Em países desenvolvidos, as ciências
aplicadas costumam receber de 35 a 50% de todos os gastos feitos com
P&D. Nos países da OCDE, de 10 a 20% desses recursos destinam-se
a pesquisas básicas.
De fato, dados do Escritório Estatal da Propriedade Intelectual indicam
que, entre os pedidos de patentes e registros, ainda prevalecem modificações
de tecnologias já conhecidas. Ademais, a inovação depende ainda de
estratégias econômico-comerciais de empresas multinacionais, responsáveis
por 74% das patentes de invenção.
Para alterar esse cenário, as autoridades chinesas buscam a “autonomia
com cooperação” em C&T mediante a absorção de conhecimentos pelo
estímulo interno à inovação e à formação e capacitação de profissionais locais
em paralelo a parcerias internacionais nos setores público e privado - instâncias
que costumam se confundir.