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MARY ARLETE PAYÃO PELA
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA, ESPAÇOS FORMATIVOS E
INCLUSÃO: A PERSPECTIVA DE GRADUANDOS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL
UNICID - Universidade Cidade de São Paulo
São Paulo
2006
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MARY ARLETE PAYÃO PELA
A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA, ESPAÇOS FORMATIVOS E
INCLUSÃO: A PERSPECTIVA DE GRADUANDOS COM
DEFICIÊNCIA VISUAL
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Universidade Cidade de
São Paulo, como exigência para obtenção
do Título de Mestre em Educação, sob a
orientação da Profª Dra. Sylvia Helena de
Souza da Silva Batista.
UNICID - Universidade Cidade de São Paulo
São Paulo
2006
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Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza . UNICID
P381b
Pela, Mary Arlete Payão.
A biblioteca universitária , espaços formativos e
inclusão: a perspectiva de graduandos com deficiência
visual/ Mary Arlete Payão Pela. --- São Paulo, 2006.
93 p. il. ; anexos.
Bibliografia
Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de
São Paulo - Orientadora: Profª Dra. Sylvia Helena de
Souza da Silva Batista.
1. Deficiente visual. 2. Biblioteca universitária –
responsabilidade social. 3. Inclusão social. 4. Educação
especial. I. Batista, Sylvia Helena de Souza. II. Título.
371.911
COMISSÃO JULGADORA
LUZ NA ESCURIDÃO
Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer
arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo,
tomou um instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O
instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais,
uma infecção atingiu o olho direito e o menino ficou totalmente cego.
Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens
foram gradualmente desaparecendo e ele não se lembrava mais das cores.
Aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de couro. Ia
para a escola e todos se admiravam da sua memória.
De verdade, ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler livros.
Escrever cartas, como os seus colegas. Um dia, ouviu falar de uma escola para
cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado pelo pai, e se matriculou no
instituto nacional para crianças cegas. Ali havia livros com letras grandes em
relevo. Os estudantes sentiam, pelo tato, as formas das letras e aprendiam as
palavras e frases.
Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram
muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura
era muito demorado. A impressão de tais volumes era muito cara.
Em pouco tempo, o menino tinha lido tudo que havia na biblioteca. Queria
mais. Como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. O amor à
música aguçou seu desejo pela leitura. Queria ler também notas musicais. Passava
noites acordado, pensando em como resolver o problema. Ouviu falar de um
capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no
Fonte: http://www.reflexao.com.br/mensagem_ler.php?idmensagem=126
escuro. A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no
papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar
de luz. Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.
Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez
uma série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao
que o cegara em pequeno. Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no
sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita
resistência. Os donos do instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos
livros com as letras em relevo. Não queriam que tudo fosse por água abaixo.
Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. Os meninos do
instituto se interessavam. À noite, às escondidas, iam ao seu quarto, para
aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível
com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. O
sistema permitia também ler e escrever música. A idéia acabou por encontrar
aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis disse a um amigo:
"Tenho certeza de que minha missão na Terra terminou." Dois dias depois de
completar 43 anos, Louis Braille faleceu.
Nos anos seguintes à sua morte, o método se espalhou por vários países.
Finalmente, foi aceito como o método oficial de leitura e escrita para aqueles que
não enxergam. Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo
graças a um menino imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para
enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontram privados da visão física.
Há quem use suas limitações como desculpa para não agir nem produzir. No
entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está, justamente,
em superar as piores condições e realizar o melhor para si e para os outros.
Dedicatória
À minha mãe Maria (Mariinha)
sinônimo de força, união e amor
E à memória de meu pai, Josino, (Nenê)
sinônimo de coragem, honestidade e amor
Aos meus irmãos Sydnei e Gilberto
sinônimo de garra, inteligência e amor
À minha família
José, Neto e Adriano
pelo companheirismo, força e amor.
Aos usuários da Biblioteca Prof. Lúcio de Souza e em especial aos usuários
com deficiência visual por proporcionarem a execução deste trabalho,
permitindo incluí-los como personagens, inspiração
e a realização de um sonho.
Agradecimentos
A todos os funcionários da biblioteca da Unicid que colaboraram no
entendimento da necessidade deste trabalho.
Aos amigos e amigas Prof. Antônio de Siqueira e Silva, Rita, Nilton, Bira,
Lauricio, Sérgio Naddeo, Kátia Gerrera e em especial à amiga Eico
e ao amigo Cássio, Nelson pelo apoio, carinho e trocas.
Aos professores do programa de Mestrado pelo
incentivo e aprendizado.
Ao Chanceler Prof. Paulo Naddeo pelo crédito inicial
ao meu trabalho.
À Profa Ana Gracinda pelo incentivo inicial.
À minha orientadora Sylvia Helena pela presença contínua e pelas muitas
leituras do texto fazendo rever as construções para o
aprimoramento da pesquisa.
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1 - Aluno estudando em Braille na Biblioteca da Unicid ............................ 41
Figura 2 - Aluno utilizando o computador na Biblioteca em companhia do seu
cão guia................................................................................................ 44
Figura 3 - Aluno circulando no espaço da biblioteca com o cão guia ................... 44
Tabela 1 - Número de Alunos DV por Curso na UNICID...................................... 46
Tabela 2 - Número de alunos matriculados conforme os semestres letivos de
2005................................................................................................... 47
Tabela 3 - Número de alunos conforme a atividade (função) exercida em 2005 . 47
Tabela 4 - Fatores Facilitadores do Desempenho na Universidade..................... 55
Tabela 5 - Dificuldades encontradas na utilização da Biblioteca.......................... 59
Tabela 6 - Sugestões para melhoria dos serviços da Biblioteca .......................... 61
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1
1.1 Na trajetória, as origens da pesquisa...................................................... 1
1.2 Problematizando o Objeto de Pesquisa.................................................. 3
1.3 As Questões Norteadoras e os Objetivos de Pesquisa .......................... 5
1.4 Procedimentos Metodológicos................................................................ 6
1.4.1 O contexto da pesquisa................................................................ 7
1.4.2 Sujeitos da Pesquisa.................................................................... 7
1.4.3 Processos de Coleta e Análise de Dados .................................... 8
2 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA - CONHECENDO UM ESPAÇO ACADÊ-
MICO. ............................................................................................................. 10
2.1 Livro, Leitura e Leitor .............................................................................. 10
2.2 A Biblioteca Universitária ........................................................................ 14
2.3 Biblioteca e a Universidade no Brasil...................................................... 17
2.4 A Biblioteca Universitária e a Inclusão.................................................... 19
2.4.1 A Formação para espaços de inclusão ........................................ 29
3 A EXPERIÊNCIA DA BIBLIOTECA PROF. LÚCIO DE SOUZA DA UNIVER-
SIDADE CIDADE DE SÃO PAULO (UNICID) NO CAMPO DE APOIO E
SUPORTE A ALUNOS DEFICIENTES VISUAIS............................................ 34
3.1 No Centro de Apoio Acadêmico aos Deficientes (CAAD), as origens do
trabalho com a educação inclusiva na UNICID....................................... 36
3.2 Relatando um processo na biblioteca ..................................................... 37
3.2.1 Recursos e ferramentas necessárias para o DV.......................... 38
3.2.1.1 Preparação do material................................................... 38
3.2.2 Coleção em Braille ....................................................................... 41
3.2.2.1 Empréstimo de material em Braille ................................. 41
3.2.3 Conversão texto para voz ............................................................ 42
3.2.4 Sala de multimídia........................................................................ 42
3.2.5 Virtual Vision ................................................................................ 45
4 CONHECENDO OS GRADUANDOS E SUAS EXPERIÊNCIAS.................... 46
4.1 Os graduandos: alguns traços de inserção na universidade e no
mundo do trabalho .................................................................................. 46
4.2 Os graduandos e suas experiências escolares....................................... 48
4.3 Os graduandos e as experiências com a biblioteca na universidade...... 55
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 65
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 68
ANEXOS .............................................................................................................. 72
RESUMO
Esta pesquisa tem foco nas relações entre a biblioteca universitária e os estudantes
com deficiência visual, sendo que o objeto de investigação abrange as percepções
dos alunos sobre a biblioteca universitária da UNICID como espaço formativo. Nesse
sentido, assumiu-se como objetivo analisar os olhares de estudantes DV em relação
à biblioteca, identificando dificuldades e possibilidades na utilização da biblioteca
como um espaço formativo. O referencial teórico adotado privilegiou incursões sobre
o livro, processo de leitura, a formação do leitor e suas relações com a biblioteca,
destacando-se nesta seus movimentos no contexto universitário e sua função no
processo de educação inclusiva. Os procedimentos metodológicos abrangeram a
contextualização da Biblioteca da Universidade Cidade de São Paulo e sua história
em relação às políticas de inclusão, bem como a aplicação de questionário semi-
estruturado a 21 graduandos deficientes visuais que freqüentam a referida biblioteca
da UNICID. No tocante à análise dos dados, procurou-se analisar as dimensões
relativas aos significados emergentes nas manifestações dos estudantes. Os
resultados apontam para a importância de fatores como atenção, compreensão,
acolhimento no âmbito da relação professores-aluno, além da identificação da
necessidade da prática da linguagem Braille para o desenvolvimento educacional e
a integração do aluno com deficiência visual na sociedade. Destaca-se, também,
que a ausência de material adaptado dificultou muito o contato com os livros. Os
estudantes reconheceram a biblioteca como um espaço formativo, sinalizando
pontos fortes e nós críticos no que se refere às atividades realizadas no decorrer do
curso de graduação. Observa-se, dessa maneira, que a gestão da Biblioteca requer
reavaliação das posturas dos profissionais que atuam nesse espaço, mediante as
políticas de inclusão e conscientização da comunidade acadêmica. Os dados
parecem reforçar o pressuposto de que a biblioteca universitária pode significar um
caminho a serviço da diminuição e superação das diferenças, fortalecendo a
construção da cidadania e participando da rede de ações comprometidas com a
inclusão social.
Palavras-chave: Deficiente visual, Biblioteca universitária-Responsabilidade social,
Inclusão social, Educação especial.
ABSTRACT
The present research is focused on relationship between the university library and
visual disabled students, given that the object of the investigation involves the
perception of the students within the UNICID university library as an educational
area. In this meaning, the objective of the research was the analysis of what were
visual disabled students looking at in the library, and the identification of difficulties
and possibilities of use of the library as an educational area. The theoric references
adopted in this research were concentrated on book investigations, reading process,
development of the reader and its relationship with the library, accentuating within
these activities its movements in the university context and its role in the process of
education leading to inclusion. Methodological procedures involved the description of
the approach of the University Library of the City of Săo Paulo and its history in
relation to inclusion policy as well as the analysis of the answers to semi-structured
questionnaires forwarded to 21 graduating visual disabled students that frequently
use the mentioned UNICID library. As to data analysis, we tried to analyze
dimensions relative to elements established on the basis of student´s replies. Beyond
the identification of the necessity of practicing Braile language for the educational
development and the integration of the visual disabled student within the society, the
results also pointed out the importance of such factors as attention, comprehension,
reception within the environment of relationship between professors and students. It
should be pointed out that the absence of adapted material turned the contact with
books extremely difficult. Students defined the library as an educational area,
defining its strong sides and critical points in relation to activities executed during the
graduation course. We have therefore concluded that the management of the Library
requires a reevaluation of the approach of professionals that work within this area
through the implementation of inclusion policies and increasing the knowledge and
notion of the academic community. Obtained data seem to reinforce the assumed
theory that the university library may be a path leading to decrease and surpass
differences, strengthening the construction of the society and participating in the
network of liable activities aimed at social inclusion.
Key-words: Visual disabled, University Library, Social Responsibility, Social Inclusion,
Special Education.
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Na trajetória, as origens da pesquisa
A minha vida profissional sempre foi no segmento da educação. Hoje,
trazendo à memória toda essa trajetória, na realidade, é uma história com inícios e
reinícios. Uma história vivida por um único personagem principal, salpicada de
desafios e que, a cada resposta, configurava-se um reinício e até mesmo um início.
Fundação Casa de Rui Barbosa foi o local da minha primeira experiência
profissional, onde, no dia-a-dia, vivenciei e aprendi, trabalhando com uma pessoa
com deficiência física, dizia que o importante é viver a nossa vida ao máximo, sem
olhar as nossas limitações, sejam elas quais forem porque, no fundo, somos todos
iguais. Essa convivência despertou, em mim, a sensibilidade e o interesse por este
assunto na medida em que, nele, encontro respostas e significados das muitas
ações e decisões do dia-a-dia do trabalho.
Reportando-me, ainda, à experiência inicial, ela foi marcada por momentos
repletos de significados que possibilitaram revelar a essência profissional do ser
bibliotecário. O prazer da busca de informações e conhecimentos, do indicar
caminhos que conduzem a aprendizados, de mediatizar entre o ser que desconhece
e o conhecido, da generosidade e solidariedade, do amor e dedicação ao usuário e
também o papel de guardiã do maior legado das civilizações, a memória da
humanidade.
Passados esses momentos iniciais de euforia e entusiasmo, surge o desafio
de analisar e apreciar o bibliotecário em ação. Algumas ações trazem boas
lembranças e proporcionam momentos agradáveis de reflexão; outras muitas, com
duplo significado ou mesmo antagônicas, vêm impregnadas de tristeza e alegria, de
frustração e satisfação.
O bibliotecário, que há séculos organiza livros e informações, atua como
mediador entre a informação e o sujeito em formação. Assim, o bibliotecário deve
estar capacitado para atender as necessidades de informação de todos os usuários
com responsabilidade, sensibilidade e respeito para com a diversidade que lhe é
apresentada em seu cotidiano.
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