RESUMO
Atualmente, evidencia-se uma progressão da transição nutricional, caracterizada pela redução
na prevalência dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade
não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes, presente tanto em países
desenvolvidos como em desenvolvimento. A obesidade pode ser relacionada a uma alta taxa
de morbidade e mortalidade, resultante de inúmeros fatores tais como: aspectos biológicos,
psicológicos, sociais, culturais, econômicos. O objetivo desta pesquisa foi analisar as
Representações Sociais (RS) de saúde e doença de crianças e adolescentes com problema de
sobrepeso e obesidade, bem como realizar avaliação postural destas crianças e adolescentes.
Participaram desta pesquisa 17 usuários de ambos os sexos, sendo 13 meninas e quatro
meninos que estavam cadastrados no Programa de Obesidade Infantil (POI) do Hospital
Regional Rosa Pedrossian, no município de Campo Grande, MS, nos meses de maio a julho
de 2007. Os instrumentos utilizados foram: uma entrevista estruturada com o intuito de
analisar as RS que os usuários atribuem à saúde e à doença e informações complementares
como, o perfil sócio-demográfico, a relação familiar e a vivência escolar; um roteiro de
avaliação postural, simetrográfo e fio de prumo para avaliar as possíveis alterações posturais
decorrentes da obesidade, bem como, o Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes. Os
resultados revelaram que houve maior incidência de meninas com sobrepeso e/ou obesidade
76,47% (n=13). Identificou-se também a presença de alteração postural em ambos os sexos de
joelho valgo (88,23%), ombro em desnível (64,70%), assimetria de tornozelo (64,70%),
escápulas aduzidas (76,47%), escoliose (23,53%), abdome protuso (83,35%), hiperlordose
lombar (70,6%) e pé plano (58,8%). Esses desvios podem alterar a curvatura vertebral
modificando a postura causando dor, deformidades, limitações, cansaço físico etc. A análise
das respostas sobre as RS de saúde e de doença foram agrupadas e categorizadas. Para as RS
de saúde foram descritas cinco categorias, as mais incidentes foram: atribuir sensações e/ou
sentimentos (felicidade, bem-estar/disposição) (47,04%), ser magro (a) (29,40%), ter hábito
de vida saudável (17,64%). E para as RS de doença foram descritas cinco categorias, sendo
que as que mais se destacaram foram: problema de saúde (doença de pele, febre, gripe, dor,
depressão, cardiopatia) (64,70%), obesidade (35,28%). E em relação à imagem corporal,
observou-se que todos os participantes sentiam-se insatisfeitos com sua forma física. Ao que
se refere à presença de sobrepeso e obesidade em outros integrantes da família, 58,82%
(n=10) dos participantes residiam com algum familiar com essa condição. E ainda, os
próprios familiares foram citados como fonte de comentários preconceituosos sobre seu
estado. Acredita-se que esses resultados possam subsidiar a elaboração de possíveis ações e
estratégias de cunho preventivo e também que estejam voltados à promoção da saúde no que
se refere à obesidade e suas vicissitudes, contemplando não só a criança e o adolescente que
freqüenta o POI, mas, também, seus familiares.
Palavras chaves: obesidade; saúde; doença; alterações posturais.