tendo em vista que os enfermeiros cuidam das pessoas em meio à saúde, dor, perdas, medo,
desfiguração, morte, desafios, crescimento, nascimento e transição, sobre uma base íntima.
Asseveram também, as referidas autoras, que a AIDS é única entre as doenças
contemporâneas, pois é, simultaneamente, aguda, crônica, progressiva, infecciosa, fatal e,
apesar das terapias farmacológicas, para grande parte dos problemas que acometem pessoas
com a doença, não existem substitutivos para o lidar, formas de cuidados físicos e
interpessoais, face a face. Tais aspectos, constituem o centro da enfermagem, em relação aos
quais se destaca entre os profissionais de saúde (FOX; AIKEN; MESSIKOMER, 1990).
Assim, entre as diversas pesquisas de caráter psicossocial desenvolvidas em relação às
questões relacionadas ao HIV/AIDS, quantitativo significativo refere-se, igualmente, à
abordagem de suas relações com os profissionais de enfermagem, em diferentes loci de
atuação, como evidenciado em levantamentos bibliográficos efetivados por Oliveira et al.
(2006), Acioli et al. (2006) e Marques, Tyrrel e Oliveira (2006).
Além disso, tal qual identificado por tais levantamentos, houve, entre as pesquisas,
também, um destaque para a utilização do aporte oriundo da teoria das representações sociais
(TRS) como referencial (ACIOLI et al., 2006; MARQUES; TYRREL; OLIVEIRA, 2006;
OLIVEIRA et al., 2006). Isto porque, dentre outros aspectos, a TRS permite explicar as
relações estabelecidas entre o universo individual e as condições sociais nas quais os sujeitos
interagem, permitindo resgatar, na situação de pesquisa, um contexto mais próximo daquele
vivenciado por profissionais e por atores expostos ao HIV, em seus cotidianos de vida e
trabalho (OLIVEIRA et al., 2007a).
Os estudos efetivados à luz desta teoria contribuem, portanto, para a identificação de
uma “teoria do senso comum” constituída a partir das diversas dimensões do HIV/AIDS,
permitindo compreender as diferentes formas dos grupos sociais lidarem com o fenômeno, em
contextos e momentos distintos. Neste ponto, é importante salientar que
[...] se desejamos transformar as práticas de saúde, é necessário pensá-las em sua expressão
objetiva e subjetiva, uma vez que as estratégias de intervenção em saúde são efetivadas por
pessoas, que agem segundo as suas representações do real e também segundo as suas
representações do possível. Transformar as ações, portanto, significa, transformar as
representações que as orientam (OLIVEIRA, 2005, p.137).
A TRS teve seu surgimento a partir da pesquisa “La psychanalyse, son image et son
public”, desenvolvida e publicada, em 1961, por Serge Moscovici, o qual as define como
[...] um conjunto de conceitos, proposições e explicações originado na vida cotidiana no curso
de comunicações interpessoais. [...] são o equivalente, em nossa sociedade, dos mitos e
sistemas de crenças das sociedades tradicionais; podem também ser vistas como a versão
contemporânea do senso comum (MOSCOVICI, 1981 apud SÁ, 2002, p. 31).