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Hall (1997a, p.25, grifo do autor, tradução nossa) “[...] reconhece que nem as coisas em si
mesmas nem os usuários individuais podem fixar o sentido na linguagem. As coisas não
significam – nós construímos os sentidos, usando os sistemas de representação – conceitos e
signos”. Dessa forma, não se pode confundir o mundo material, onde as coisas e pessoas
existem de fato, com as práticas e processos simbólicos através dos quais a representação, o
sentido e a linguagem operam. Embora não neguem, obviamente, a existência do mundo
material, os construcionistas ressaltam que não é este que significa; o que significa, fixa e
transmite o sentido é a linguagem. O significado depende não da qualidade material do signo,
mas sim da sua função simbólica: “É porque um determinado som ou palavra está no lugar
de, simboliza ou representa um conceito que este som ou palavra pode funcionar, na
linguagem, como um signo e transmitir sentido – ou, como dizem os construcionistas,
significar.” (HALL, 1997a, p.26, grifo do autor, tradução nossa).
Portanto, torna-se claro que o autor é influenciado pelo pós-estruturalismo, pois é
este que vai questionar a noção filosófica clássica de representação baseada no mimetismo e
na realidade. No entanto, Silva (2000) enfatiza a preocupação em utilizar o conceito de
representação em conexão com uma teorização sobre a produção social da identidade e da
diferença:
Nesse contexto, a representação é concebida como um sistema de significação, mas
descartam-se os pressupostos realistas e miméticos associados com sua concepção
filosófica clássica. Trata-se de um representação pós-estruturalista. Isso significa,
primeiramente, que se rejeitam, sobretudo, quaisquer conotações mentalistas ou
qualquer associação com uma suposta interioridade psicológica. No registro pós-
estruturalista, a representação é concebida unicamente em sua dimensão de
significante, isto é, como um sistema de signos, como pura marca material. A
representação expressa-se por meio de uma pintura, de uma fotografia, de um filme,
de um texto, de uma expressão oral. A representação não é, nessa concepção, nunca,
representação mental ou interior. A representação é, aqui, sempre marca ou traço
visível, exterior. Em segundo lugar [...] o conceito de representação incorpora todas
as características de indeterminação, ambigüidade e
instabilidade atribuídas à
linguagem [...]. Aqui, a representação não aloja a presença do “real” ou do
significado. A representação não é simplesmente um meio transparente de expressão
de algum suposto referente. Em vez disso, a representação é, como qualquer
sistema de significação, uma forma de atribuição de sentido. Como tal, a
representação é um sistema lingüístico e cultural: arbitrário, indeterminado e