RESUMO
Este trabalho tem por objetivos identificar as representações que
uma professora de Geografia constrói sobre si mesma, sobre leitura e
avaliação e verificar como a mudança da prática de leitura em sala de aula
desencadeou uma mudança dessas representações. Busca discutir as
representações da professora que emergem durante o processo de
formação docente e a aplicação de novas ferramentas pedagógicas - o
protocolo verbal em grupo (Zanotto, 1997, 2005) e o revoicing (O´Connor
& Michaels, 1996)- em aulas de leitura, de uma escola estadual da Grande
SP. Teoricamente, a pesquisa está embasada na perspectiva sócio-
histórica (Vygotsky, 1934/2000). Parte ainda da concepção de leitura como
processo social tal como proposta por Bloome (1993) e do conceito de
representação, nos termos de Spink (2003,1993ҡ2004), Freire e Lessa
(2003) e Magalhães (2004), e a noção de representação mental negativa
(Sato 1993ҡ 2004). Trata-se de uma pesquisa etnográfica de cunho
colaborativo, definida como a que possibilita a negociação entre a
professora participante da pesquisa, os alunos e a
pesquisadora/formadora, num processo recíproco de aprendizagem. Os
dados foram coletados em 2005 e são relativos à demanda da professora -
sua dificuldade na prática de leitura de textos específicos de Geografia. A
análise dos dados foi realizada segundo a proposta de Bronckart (1999)
sobre os conteúdos temáticos, ligados às representações. Os resultados
apontam que a problematização das representações da professora durante
o trabalho contribuiu para a reversão de sua prática tradicional de leitura
e avaliação, com menos domínio dos turnos na interação e a participação
mais efetiva dos alunos nas aulas de Geografia, desencadeando um
processo de mudança das representações da professora com relação a si
mesma como profissional. Além disso, o trabalho resultou numa inovação:
o uso do protocolo verbal em grupo – que é um instrumento de pesquisa ¬-
também como instrumento de avaliação.
Palavras chave: professora de Geografia – representação social – leitura
– avaliação – novas ferramentas pedagógicas
ABSTRACT
The present work aims to identify the representations that a
geography teacher constructs about herself and to verify how the change
on the practice of reading unchains a change in these representations. It
seeks to discuss the representations of this teacher during a teacher's
education work and the use of new didactic resources ¬- the verbal
protocol in group or thinking aloud (Zanotto, 1997; 2005) and revoicing
(O'Connor & Michaels, 1996) – in reading classes of a São Paulo State
school. Theoretically, the research is based in the social-historical
perspective (Vygotsky, 1934/2000). It also adopts the conception of
reading as a social process as proposed by Bloome (1993) and the
concept of representation according to Spink (2003, 1993/2004), Freire &
Lessa (2003) and Magalhães (2004), as well as the notion of negative
mental representation (Sato 1993/2004). It is an ethnographic research of
a collaborative kind, defined as one that makes possible the negotiation
among the teacher participating of the research, the pupils and the